mulher no mercado de trabalho

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1 1 Introdução A partir da década de 1970, intensificou-se a participação das mulheres na atividade econômica em um contexto de expansão da economia com acelerado processo de industrialização e urbanização. Prosseguiu na década de 1980, apesar da estagnação da atividade econômica e da deterioração das oportunidades de ocupação. Nos anos 1990, década caraterizada pela intensa abertura econômica, pelos baixos investimentos e pela terceirização da economia, continuou a tendência de crescente incorporação da mulher na força de trabalho. Contudo, incrementa-se, nessa última década, o desemprego feminino, indicando que o aumento de postos de trabalho para mulheres não foi suficiente para absorver a totalidade do crescimento da PEA feminina. Várias mudanças no perfil das trabalhadoras acompanharam esse aumento de participação. Uma delas diz respeito ao perfil etário, ao estado civil e à escolaridade. Na década de 1970, as trabalhadoras eram na sua maioria jovens, solteiras e pouco escolarizadas. Na década de 1980, as mulheres com idade acima de 25 anos, chefes e cônjuges, com níveis mais elevados de instrução e com nível de renda não muito baixo, foram as que mais aumentaram sua participação no trabalho remunerado (Bruschini e Lombardi, 1996; Jatobá, 1994; Sedlacek e Santos, 1991; Leone, 2000). O aumento da participação da mulher cônjuge reflete, de um lado, o fato de algumas delas, com mais de 25 anos, terem começado a trabalhar por remuneração e, de outro, a permanência no trabalho remunerado daquelas que começaram a trabalhar jovens e não se afastaram da atividade econômica com a idade e amudança no estado civil (Wajnman e

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Page 1: Mulher No Mercado de Trabalho

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1 Introdução

A partir da década de 1970, intensificou-se a participação das mulheres na atividade

econômica em um contexto de expansão da economia com acelerado processo de

industrialização e urbanização. Prosseguiu na década de 1980, apesar da estagnação

da atividade econômica e da deterioração das oportunidades de ocupação. Nos anos

1990, década caraterizada pela intensa abertura econômica, pelos baixos

investimentos e pela terceirização da economia, continuou a tendência de crescente

incorporação da mulher na força de trabalho. Contudo, incrementa-se, nessa última

década, o desemprego feminino, indicando que o aumento de postos de trabalho para

mulheres não foi suficiente para absorver a totalidade do crescimento da PEA

feminina. Várias mudanças no perfil das trabalhadoras acompanharam esse aumento

de participação. Uma delas diz respeito ao perfil etário, ao estado civil e à

escolaridade. Na década de 1970, as trabalhadoras eram na sua maioria jovens,

solteiras e pouco escolarizadas. Na década de 1980, as mulheres com idade acima de

25 anos, chefes e cônjuges, com níveis mais elevados de instrução e com nível de

renda não muito baixo, foram as que mais aumentaram sua participação no trabalho

remunerado (Bruschini e Lombardi, 1996; Jatobá, 1994; Sedlacek e Santos, 1991;

Leone, 2000). O aumento da participação da mulher cônjuge reflete, de um lado, o fato

de algumas delas, com mais de 25 anos, terem começado a trabalhar por

remuneração e, de outro, a permanência no trabalho remunerado daquelas que

começaram a trabalhar jovens e não se afastaram da atividade econômica com a

idade e amudança no estado civil (Wajnman e Rios-Neto, 2000). Nos anos 1990, a

continuidade da ampliação das taxas de participação feminina, sobretudo entre

mulheres não muito jovens, foi o único fator responsável pelo crescimento da PEA. Em

decorrência do estreitamento do mercado de trabalho para os jovens e do aumento da

participação da mulher adulta na atividade econômica, a força de trabalho, nos anos

1990, assumiu traços diferentes, ficando mais adulta e com uma parcela feminina

maior. No que diz respeito à inserção ocupacional das mulheres, essa é mais marcada

por continuidades do que por mudanças (Bruschini, 1998). As ocupações menos

valorizadas e tradicionalmente femininas do mercado de trabalho continuam se

reproduzindo, implicando a persistência de nichos ocupacionais, como, por exemplo, o

do emprego doméstico. O aumento do emprego doméstico aliado ao aumento do

trabalho autônomo reflete maior proporção de mulheres na informalidade,

Page 2: Mulher No Mercado de Trabalho

2

desprotegidas de qualquer regulamentação que lhes garanta importantes direitos

sociais, como carteira de trabalho assinada, licença-maternidade e acesso a creche,

entre outros. Deve-se salientar que o aumento de ocupações precárias tem ajudado

também a absorver uma parcela de homens, ocorrendo, por vias transversas, redução

da segmentação por gênero. Assim, as diferenças de trabalho masculino e feminino

estão diminuindo, só que agora não somente pela capacidade das mulheres de

entrarem no mercado reservado aos homens, mas também pela redução deste último

e pela participação conjunta de homens e mulheres nos empregos precários que hoje

o mercado de trabalho oferece a ambos os sexos (Leone, 2003).

O forte crescimento do número de mulheres adultas ocupadas reflete variadas

circunstâncias. Entre as mulheres situadas em níveis ocupacionais mais baixos – em

setores que no passado serviram de postos de entrada no mercado de trabalho para

jovens que posteriormente se deslocavam para outros setores –, a dificuldade de

encontrar alternativas de emprego melhor levou muitas dessas mulheres a

permanecer nas mesmas atividades, usufruindo de um progresso muito menor do que

no passado, quando tiveram a oportunidade de mudar de ocupação. A permanência

de mulheres nesses primeiros empregos transitórios vem dificultando a inserção das

jovens no mercado de trabalho. Já as mulheres em níveis ocupacionais mais elevados

e que entraram mais tarde no mercado de trabalho ocuparam as oportunidades

criadas por alguns setores, como o de atividades sociais (saúde, educação,

previdência e assistência social), serviços auxiliares da atividade econômica e

administração pública, muitas vezes disputando essas ocupações com os homens.

Essa disputa foi mais exacerbada nos setores de atividade em que não houve

aumento no total de oportunidades ocupacionais.

A consolidação da participação da mulher no mercado de trabalho não se reflete

somente na aproximação por sexo das taxas de participação, mas também na

diminuição do hiato salarial entre homens e mulheres. Em 1981, o rendimento médio

do trabalho da mulher equivalia a 55,7% do rendimento médio do trabalho do homem e

essa relação passou a ser de 70,6% em 2002. A análise feita por Leme e Wajnman, na

perspectiva de coortes, confirma a tendência de aproximação dos rendimentos do

trabalho das mulheres e dos homens ao mostrar que o diferencial tende a ser menor

para as coortes mais jovens e mais elevado para as coortes mais idosas (Leme e

Wajnman, 2000).

Page 3: Mulher No Mercado de Trabalho

3

Nesse contexto de crescente participação das mulheres no mercado de trabalho e de

diminuição das diferenças de rendimentos, a questão que se coloca neste trabalho são

os efeitos dessas mudanças de participação feminina no mercado de trabalho sobre a

desigualdade da renda domiciliar per capita.

O efeito da ampliação da participação feminina para aumentar ou reduzir a

desigualdade dos rendimentos domiciliares per capita depende basicamente do grau

de associação entre os rendimentos das mulheres e as outras fontes de renda dos

domicílios, ou seja, o trabalho dos homens, as aposentadorias e pensões, os aluguéis,

as doações, os juros e outros rendimentos. Estudos sobre esse problema mostraram

para os países desenvolvidos que, nos anos 60, o baixo salário do marido afetava a

oferta de trabalho das cônjuges, levando a uma diminuição das diferenças de renda

domiciliar, na medida em que os rendimentos da mulher compensariam aqueles

domicílios nos quais os homens tinham rendas menores (Mincer, 1962; Mincer, 1974).

Assim, o baixo salário das mulheres naquela época fez com que a ampliação da

participação da mulher na atividade econômica, de um lado, contribuísse para

aumentar a desigualdade de rendimentos individuais e, de outro, apresentasse um

efeito no sentido da redução da desigualdade entre as rendas dos domicílios. Há

indicações de que isso ocorreu no Brasil entre 1970 e 1980 (Hoffmann e Kageyama,

1986).

O aumento de participação feminina na força de trabalho amplia o efeito de seus

rendimentos sobre a desigualdade de renda domiciliar. Esse efeito também depende,

como já dito, da correlação entre os rendimentos femininos e os demais e da

desigualdade dos rendimentos femininos. É ilustrativo imaginar as seguintes situações

extremas:

- se o aumento de participação feminina ocorre apenas para mulheres de altos

proventos que são de domicílios com alta renda, então a desigualdade

domiciliar irá aumentar com a maior participação feminina;

- se, pelo contrário, o aumento de participação feminina deve-se a mulheres de

domicílios de baixa renda que irão auferir rendimentos relativamente baixos,

então irá ocorrer redução da desigualdade da renda domiciliar com a maior

participação da mulher.

Assim, o objetivo deste trabalho é examinar a contribuição do rendimento do trabalho

das mulheres na renda domiciliar e o seu impacto sobre a desigualdade da renda

domiciliar per capita. Justifica-se considerar o domicílio como unidade de análise, já

Page 4: Mulher No Mercado de Trabalho

4

que é nessa esfera que são tomadas as decisões relativas tanto ao consumo quanto à

participação na atividade econômica de seus membros, que é a principal fonte de

renda para a maioria dos domicílios. O domicílio tem até se mostrado mais adequado

como unidade de análise que a família, quando famílias com laços de parentesco

compartilham um mesmo domicílio. Considerar o domicílio implica incorporar na

análise o comportamento das várias parcelas da renda domiciliar, sejam essas

provenientes do trabalho dos homens, das mulheres, sejam provenientes de outras

fontes de rendimento.

A fonte de dados utilizada foi a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)

referente ao período de 1981 a 2002. A unidade de análise foram os domicílios

particulares permanentes com declaração de rendimento domiciliar, e a metodologia

empregada para avaliar o impacto da renda da mulher na desigualdade de renda

domiciliar per capita consistiu na decomposição do índice de Gini.

Este artigo encontra-se estruturado em quatro itens, além desta introdução e das

conclusões. O segundo item apresenta a evolução das taxas de participação das

mulheres nas duas últimas décadas, mostrando seu incremento e envelhecimento

através do tempo. No terceiro item, analisa-se a participação da mulher na renda

domiciliar para os anos selecionados e, em 2002, por estratos de rendimento domiciliar

per capita. No quarto item, apresenta-se, de forma sucinta, a metodologia da

decomposição do índice de Gini, que também é utilizada no quinto item para avaliar a

contribuição da renda da mulher para a desigualdade dos rendimentos domiciliares per

capita. O artigo finaliza com uma síntese das principais conclusões.

Page 5: Mulher No Mercado de Trabalho

5

2 Evolução das taxas de atividade feminina

A ampliação da participação da mulher na atividade econômica continuou a ocorrer

nas duas últimas décadas, a despeito do contexto econômico pouco favorável para a

inserção no mercado de trabalho, que atingiu a população em idade ativa em geral. De

fato, entre 1981 e 2002, a taxa de atividade feminina elevou-se de 32,9 para 46,6%, ou

seja, um acréscimo de 13,7 pontos percentuais em 21 anos.2 No caso dos homens, a

participação na atividade econômica reduziu-se de 74,6 para 71,4%,

no mesmo período. O Gráfico 1 ilustra essa inequívoca ampliação da participação das

mulheres na atividade econômica nas duas últimas décadas.

Mas não foi somente o aumento que caracterizou a participação da mão-de-obra

feminina; ocorreram também importantes alterações no seu perfil etário. Como se

pode observar no Gráfico 2, nos diferentes anos das décadas de 1980 e 1990, as

curvas referentes às taxas de atividade conforme idade, além de atingirem patamares

mais elevados no decorrer dos anos, mudam de forma, mostrando que a participação

da mulher na atividade econômica vem adquirindo características diferentes. Assim, se

em 1981 a maior taxa de atividade (45,8%) é observada na faixa de 20 a 24 anos, em

1985 as taxas de atividade mais elevadas abrangem também as faixas etárias de 25 a

29, 30 a 34 e 35 a 39 anos, com valores muito similares, em torno de 50%,

aproximadamente, corroborando o fato, já comentado, de que as mulheres não mais

se retiram do mercado de trabalho em razão da maternidade e/ou cuidado dos filhos.

Em 1990, as maiores taxas de atividade são verificadas para as faixas etárias de 30 a

34 e de 35 a 39 anos. Entre 1990 e 1995, ocorre um crescimento mais intenso da taxa

de atividade na faixa de 40 a 44 anos. Entre 1995 e 2002, cabe ressaltar a diminuição

da taxa nas faixas abaixo de 20 anos. Tanto em 1995 como em 2002, a taxa de

atividade atinge um máximo na faixa de 35 a 39 anos, com valores quase igualmente

elevados nas faixas vizinhas. Segundo Wajnman e Rios-Neto (2000), com base numa

Page 6: Mulher No Mercado de Trabalho

6

análise realizada para os anos de 1981 a 1995, o padrão etário da atividade feminina

move-se em direção a um padrão similar ao observado nos países desenvolvidos,

onde se verifica a manutenção do nível elevado de participação feminina em idades

mais avançadas, em torno dos 50 anos.

Em resumo, nas últimas décadas, houve aumento generalizado da participação das

mulheres adultas e essa expansão reflete nova e importante tendência de

permanência da cônjuge com filhos no mercado de trabalho. Deve-se mencionar,

entretanto, que essa participação mais intensa das mulheres foi acompanhada por

elevadas taxas de desemprego, explicitando a geração insuficiente de postos de

trabalho pela atividade econômica, incapaz de absorver todo o crescimento da PEA

feminina. Trabalho do SEADE para a Região Metropolitana de São Paulo confirma a

consolidação da participação da mulher na força de trabalho, ao mostrar que as

mulheres que não encontram trabalho, diferentemente de décadas anteriores,

retornam em menor número à inatividade (SEADE, 2001).

Page 7: Mulher No Mercado de Trabalho

7

3 Participação da mulher na renda dos domicílios

De 1981 a 2002, o número médio de pessoas por domicílio foi diminuindo

gradativamente, passando de 4,57 para 3,59. No mesmo período, aumentou a

proporção de domicílios com mulher que trabalha, que passou de 35 para 46,9%, ou

seja, um aumento de 11,9 pontos percentuais nos 21 anos. Foi importante, também, o

aumento na proporção de domicílios com aposentadorias e pensões, que se

intensificou a partir da Constituição de 1988 (variou de 25,9 para 35%) (Tabela 1). No

que diz respeito aos homens, observa-se, na Tabela 1, que a proporção de domicílios

com homem que trabalha diminuiu de 82,2% em 1981 para 72,3% em 2002. A redução

na proporção de domicílios com homem que trabalha está refletindo não somente a

queda da participação masculina no mercado de trabalho, mas também uma

proliferação de domicílios em razão das separações ou da menor frequência dos

casamentos, originando domicílios sem homens na atividade econômica. De fato, o

número de domicílios cresceu a uma taxa de 2,86% ao ano, entre 1981 e 2002,

crescimento bemmaior que o experimentado pela população no seu conjunto (1,68%

ao ano).

Do dito anteriormente, pode-se concluir que estão ocorrendo alterações importantes

na estrutura familiar brasileira, com consequências sobre o número de domicílios,

fenômeno que acompanhou a crescente participação da mulher na atividade

econômica e a elevação da proporção de domicílios com mulher que trabalha por

remuneração e com aposentados e pensionistas.

No conjunto do período 1981-2002, sobretudo nos anos 1980, aumentou de 33,4 para

39,9% a proporção de pessoas com rendimento do trabalho no total de pessoas que

residem em domicílios particulares permanentes. Essa elevação na proporção de

pessoas com rendimento do trabalho expressa fundamentalmente o aumento da

participação feminina no mercado de trabalho, uma vez que a proporção de mulheres

entre as pessoas que têm rendimento do trabalho aumentou de 28,9 para 38,6%.

A composição da renda domiciliar alterou-se bastante entre 1981 e 2002. A proporção

da renda do trabalho do homem na renda domiciliar diminuiu de 69,6 para 53,6%,

queda bastante mais acentuada que a verificada com a proporção de domicílios que

têm homem que trabalha, graças à redução da diferença entre rendimentos individuais

de mulheres e homens e ao crescimento do rendimento de aposentadorias e pensões.

A contrapartida da redução da participação da renda do homem na renda domiciliar foi

Page 8: Mulher No Mercado de Trabalho

8

o aumento simultâneo da renda do trabalho da mulher e da renda das aposentadorias

e pensões.

O aumento da participação da renda da mulher na renda domiciliar é mais uma

consequência da ampliação da participação da mulher no mercado de trabalho do que

um aumento da renda da mulher que trabalha, embora tenha ocorrido substancial

aumento na relação entre rendimentos individuais de trabalho de mulheres e homens.

Nos 21 anos, enquanto a relação entre rendimentos individuais do trabalho de

mulheres e homens crescia 26,8% (de 0,557 para 0,706), o número médio de

mulheres com rendimento de trabalho para cada homem com rendimento de trabalho

aumentou de 0,406 para 0,628, um crescimento de 54,8%. No mesmo período, a

proporção de domicílios com algum rendimento de aposentadorias e pensões aumenta

de 25,9 para 35%, mas a proporção do rendimento domiciliar proveniente dessa fonte

quase dobra, passando de 9,5% em 1981 para 18,7% em 2002.

Complementando a análise anterior, observam-se relações interessantes entre as

variáveis destacadas, medidas segundo estratos de rendimento domiciliar per capita

em 2002. Em primeiro lugar, observa-se, na Tabela 2, que a maioria dos domicílios e

das pessoas concentram-se nos estratos de menor renda. De fato, os domicílios com

renda per capita até R$ 150,00 constituíam 38% dos domicílios, o que abrange 46,4%

da população brasileira e 11,3% da renda total.

Como já mencionado, entre 1981 e 2002, houve forte ampliação do número de

domicílios com mulher na atividade econômica. A Tabela 2 permite constatar, para

2002, que a proporção de domicílios com mulher ocupada tende a aumentar com a

renda domiciliar, atingindo os valores mais elevados nos estratos do meio da

distribuição – nos estratos situados entre R$ 500,00 e R$ 3.000,00 – nos quais cerca

de 60% dos domicílios têm mulher na atividade econômica. Verifica-se também que,

nos domicílios localizados no estrato de renda “mais de 3.000 a 4.000”, a renda da

mulher contribui mais para a renda domiciliar (27%). Nos estratos de renda inferiores e

superiores da distribuição, a proporção de domicílios com mulher que trabalha é

menor. Assim, os dois estratos de menor rendimento apresentam as menores

proporções de domicílios com mulher que trabalha, 26,8 e 35,5%, respectivamente.

Esses dados corroboram trabalho anterior, para a década de 1990, no qual se

constatou, para as regiões metropolitanas do País, que a maior participação da mulher

na atividade econômica ocorria entre as mulheres pertencentes às camadas não-

pobres da população (Leone, 2000). A menor participação das mulheres dos estratos

Page 9: Mulher No Mercado de Trabalho

9

inferiores de renda deve-se, provavelmente, às dificuldades dessas mulheres de sair

do lar para o trabalho remunerado por causa do cuidado dos filhos, associadas à falta

de creches no País. Já nas faixas de renda domiciliar mais elevadas (mais de R$

4.000,00 per capita), a proporção de domicílios com mulher que trabalha é

relativamente alta; porém, o peso da renda da mulher na renda domiciliar não atinge

os 20%, em parte por causa do maior peso das outras rendas no domicílio, confirmado

pelo fato de que nesses estratos a participação do rendimento de trabalho fica abaixo

de 75% do rendimento domiciliar.

Refletindo a maior concentração de domicílios com mulher que trabalha nos estratos

do “meio” da distribuição, verifica-se, também na Tabela 2, que nesses mesmos

estratos é maior a proporção de mulheres no total de pessoas com trabalho

remunerado e, consequentemente, maior também a participação das mulheres na

renda derivada do trabalho. A maior proporção de mulheres no total de pessoas com

rendimento do trabalho ocorre no estrato de R$ 3.000,00 a R$ 4.000,00, com 45,6%.

Essas mulheres eram responsáveis por 36,2% da renda total proveniente do trabalho

nesse estrato. Os rendimentos provenientes do trabalho, como é sabido, constituem a

principal fonte de renda da população e, como já constatado, houve uma ampliação da

proporção de pessoas com rendimentos do trabalho entre 1981 e 2002, por causa, em

grande medida, da maior proporção de mulheres que passaram a ter trabalho

remunerado.

A diferença de rendimentos entre homens e mulheres têm sido uma característica

marcante das desigualdades de gênero, e essa diferença vêm diminuindo, conforme

constatado anteriormente. Na análise por estratos de renda, verifica-se que nos

estratos inferiores os rendimentos das mulheres correspondem a uma parcela maior

dos rendimentos dos homens, consequência dos baixos salários dos homens nesses

estratos de renda. As maiores diferenças de rendimentos do trabalho são verificadas

nos domicílios dos estratos superiores de renda, reflexo da elevada renda dos homens

desses domicílios.

Em síntese, nos estratos de renda não muito baixos nem muito altos é onde ocorre

maior proporção de domicílios com mulher que trabalha; são as mulheres desses

domicílios que mais contribuem para a renda domiciliar e são responsáveis, também,

por maior parcela dos rendimentos provenientes do trabalho. Contudo, são as

mulheres dos estratos inferiores de renda que conseguem maior aproximação entre

Page 10: Mulher No Mercado de Trabalho

10

seus rendimentos do trabalho e os dos homens, por causa dos baixos salários destes

nessas camadas da população.

Page 11: Mulher No Mercado de Trabalho

11

4 Desigualdade de renda domiciliar e trabalho remunerado da mulher

Os anos 1980 conformaram uma década de estagnação com períodos recessivos e

elevada inflação, que repercutiram na sociedade, destacando-se a permanência de

alto grau de pobreza e, no final da década, a ampliação da desigualdade socio-

econômica. O nível de atividade econômica não teve um comportamento uniforme,

apresentando diversas oscilações. Assim, entre 1981 e 1983, verificou-se um período

de recessão, destacando-se a crise da dívida externa, agravada pela elevação das

taxas

de juros nos EUA, desde 1979, e pela interrupção dos financiamentos externos, em

1982, com a moratória do México. Uma severa política de ajuste do ritmo de atividade

econômica foi instaurada pelo governo, a fim de cumprir os compromissos com os

credores externos, resultando em recessão e aumento do desemprego (Carneiro,

1991; Texeira, 1992).

Entre 1984 e 1986, a atividade econômica se recupera com base num excepcional

aumento das exportações, vinculado à desvalorização do cruzeiro e à retomada do

crescimento da economia americana. A recuperação da economia prosseguiu com o

aumento do emprego e dos salários, culminando com o Plano Cruzado, que, se

conseguiu bloquear temporariamente os aumentos de preços, de um lado, elevou

significativamente o poder de compra dos salários, especialmente das categorias mais

desfavorecidas, sem poder de barganha para usufruir da retomada da produção e do

emprego, de outro (Baltar, 1996).

Os anos de 1987 a 1989 foram um período de flutuação da atividade econômica, que

se caracterizou pelo arrocho salarial de 1987, quando a inflação retornou e os salários

nominais foram contidos pela desaceleração do ritmo da produção provocada pela

restrição do crédito e dos gastos públicos. O bom desempenho das exportações,

entretanto, impediu uma maior recessão (Baltar, 1996; Mattoso e Baltar, 1997). A

elevação da inflação contribuiu para aumentar a desigualdade da distribuição de renda

que atingiu um ápice em 1989, quando o valor do índice de Gini do rendimento das

pessoas ocupadas atingiu o valor de 0,63, colocando o Brasil na triste posição do país

mais desigual do mundo, entre aqueles que tinham dados confiáveis sobre distribuição

de renda (Hoffmann, 2002).

Page 12: Mulher No Mercado de Trabalho

12

A década de 1990 iniciou-se com um acelerado processo de abertura econômica e

com a implementação de mais um plano de combate à inflação. A abertura comercial e

financeira e as privatizações

estimularam a entrada de produtos importados e de capital estrangeiro, alterando as

condições de concorrência no mercado interno e obrigando as empresas a

implementar estratégias de adaptação na tentativa de reduzir seus custos.

A baixa atividade econômica alastra- se até 1992, quando Itamar Franco substitui

Collor, não alterando, porém, significativamente, a estratégia de abertura econômica,

mas usufruindo de uma nova situação financeira internacional mais favorável à entrada

de capital no País. Nesse contexto internacional, o Brasil voltou a ter crédito externo,

mas continuou o desequilíbrio macroeconômico manifesto na elevada inflação

(Pacheco, 1996; Dedecca, 1996). Em 1993, o índice de Gini da distribuição do

rendimento das pessoas economicamente ativas com rendimento ficou um pouco

acima de 0,6, valor superior ao verificado 23 anos antes, em 1970, após uma década

de intenso crescimento da desigualdade no País (Hoffmann, 2002).

Em 1994, o Plano Real logrou reduzir a inflação, ajudado pelo aumento de

importações de todo o tipo de bens, com uma taxa de câmbio reduzida. A valorização

da moeda nacional provocada pela forte entrada de recursos externos inverteu o

superávit da Balança Comercial, provocando elevado déficit na conta corrente do

Balanço de Pagamentos. O PIB aumentou com a ampliação do consumo,

consequência da estabilização dos preços e retorno do crédito. O aumento do

consumo estimulou o investimento, mas o País não conseguiu voltar a crescer, uma

vez que, diante do elevado déficit de conta corrente, o governo elevou o nível das

taxas de juros para evitar a saída de recursos do País e a desvalorização da moeda

nacional, que poderia aumentar novamente a inflação (Pacheco, 1996; Dedecca, 1996;

Baltar, 2000). Quanto à desigualdade, apesar de o índice de Gini da distribuição da

renda entre pessoas economicamente ativas com rendimento apresentar uma redução

entre 1993 e 1995 e outra entre 1995 e 1999, essa manteve-se em níveis bastante

elevados, superando 0,57 (Hoffmann, 2002).

Nesse contexto econômico, interessa avaliar a evolução da desigualdade de renda e,

particularmente, a contribuição dos rendimentos das mulheres para essa

desigualdade.6 Os valores do índice de Gini do rendimento domiciliar per capita para o

Brasil, entre 1981 e 2001, permitem avaliar a evolução da desigualdade. Na Tabela 3,

pode-se observar que o valor do índice em 1981 era 0,582 e, a partir desse nível, a

Page 13: Mulher No Mercado de Trabalho

13

desigualdade tende a aumentar, principalmente após o fracasso da tentativa de baixar

a inflação em 1986 (Plano Cruzado), atingindo o valor máximo em 1989 (0,634). É

razoável relacionar o aumento do índice de Gini, no final dos anos 1980, com o

aumento descontrolado da inflação. O índice ficou relativamente baixo em 1992, mas

manteve-se num patamar próximo a 0,6 nos anos seguintes, apesar da redução da

inflação após o Plano Real. A decomposição do índice de Gini permite avaliar a

participação das parcelas do rendimento domiciliar na formação desse índice,

indicando quais delas poderiam estar contribuindo mais para a desigualdade dos

rendimentos domiciliares per capita. Como neste estudo interessa, em particular,

avaliar a contribuição dos rendimentos da mulher para a desigualdade global, foram

considerados, para uma análise comparativa, além dos rendimentos da mulher, os

rendimentos do homem, os rendimentos de aposentadorias e pensões e um resíduo

formado pelos demais rendimentos (aluguéis, doações, juros, etc.). Iniciando a análise

pelas razões de concentração, verifica-se que aquelas referentes às três primeiras

parcelas – rendimento do trabalho do homem (C1), da mulher (C2) e aposentadorias e

pensões (C3) – acompanham o comportamento dos valores do índice de Gini. No

Gráfico 3, pode-se visualizar que a razão de concentração do rendimento de trabalho

de homens oscila paralelamente ao índice de Gini, permanecendo sempre em nível

umpouco mais baixo. A razão de concentração do rendimento do trabalho de

mulheres, por sua vez, permanece sempre acima do índice de Gini. A razão de

concentração do rendimento de aposentadorias e pensões mostra comportamento um

pouco mais irregular, mas com tendência a crescer a partir de 1992. O comportamento

da razão de concentração dos demais rendimentos é muito mais irregular, porém isso

não têm importância para a análise desenvolvida aqui, já que se trata de parcela

pequena que corresponde, em geral, a menos de5% do rendimento domiciliar.

Na mesma Tabela 3, pode-se observar também que o rendimento do homem

apresentou participação mais elevada do que as outras componentes no total dos

rendimentos domiciliares em todo o período considerado. Contudo, essa participação,

que em 1981 era de 69,6%, reduz-se para 53,6% em 2002, ou seja, um decréscimo de

16,0 pontos percentuais em21 anos. Deve-se salientar que essa redução da

participação começou a ocorrer de forma mais intensa a partir de 1988. Como

contrapartida à redução de participação dos homens na renda total, constatam-se

aumentos de participação dos rendimentos das mulheres, bem como de

aposentadorias e pensões. No caso específico da mulher, sua contribuição na renda

Page 14: Mulher No Mercado de Trabalho

14

domiciliar aumentou de forma relativamente regular, passando de 15,7% em 1981 para

23,8% em 2002. Um aspecto interessante a destacar é que, entre os anos de 1988 e

1992, quando houve forte redução de participação masculina, a parcela que mais

aumentou, em compensação, foi a que corresponde à renda de aposentadorias e

pensões. O Gráfico 4 mostra como evoluíram, nesses 21 anos, as participações dos

rendimentos da mulher, do homem, de aposentadorias e pensões e da componente

residual.

Na Tabela 4, repete-se, na primeira coluna, o índice de Gini da distribuição do

rendimento domiciliar per capita no Brasil, de 1981 a 2002, já apresentado na Tabela

3. As demais colunas da Tabela 4 mostram a decomposição desse índice de Gini,

considerando as quatro parcelas do rendimento domiciliar.

Refletindo, em grande parte, as variações na composição do rendimento domiciliar,

também se altera a composição do índice de Gini. Já se assinalou, na Tabela 3, a

redução da participação do rendimento do trabalho de homem na renda domiciliar. A

Tabela 4 mostra que, em 1981, a contribuição da parcela dos homens para a

desigualdade era de 67,2% e caiu para 52% em 2002, uma redução de mais de 15

pontos percentuais nos 21 anos. Já o peso da parcela das mulheres teve crescimento

constante, variando de 16,7 para 24,9% no período considerado. Pode-se verificar que

esse aumento da contribuição do rendimento de mulheres para o índice de Gini se

deve, essencialmente, ao crescimento da participação (F2) desse rendimento no total

domiciliar, já que não se constata tendência de crescimento da respectiva razão de

concentração (C2). Não obstante, a razão de concentração do rendimento do trabalho

das mulheres supera o índice de Gini em todos os anos, ao contrário da razão de

concentração do rendimento do trabalho dos homens e mesmo das aposentadorias e

pensões, indicando a diversidade de parcelas de renda domiciliar associadas ao

trabalho feminino, que reflete não apenas a desigualdade dos proventos obtidos pelas

mulheres, mas também a localização dessas mulheres que trabalham nos estratos

domiciliares definidos pela renda per capita.

De acordo com os dados da PNAD de 2002, os domicílios sem rendimento do trabalho

de mulher incluíam 49,3% do total de pessoas. Nos demais domicílios o índice de Gini

do valor domiciliar per capita do rendimento de mulheres era 0,605, fazendo com que

no conjunto de todos os domicílios o índice de Gini do valor domiciliar per capita do

rendimento de mulheres fosse 0,800. Note-se que no cálculo desses índices de Gini os

rendimentos per capita mencionados são colocados em ordem crescente. Se essa

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15

ordem fosse idêntica à ordem dos demais rendimentos per capita de cada domicílio, a

razão de concentração do rendimento das mulheres também seria 0,800. Na realidade

essa razão de concentração é menor (C2 = 0,615, conforme consta da Tabela 3),

devido ao fato de a ordenação do valor domiciliar per capita do rendimento de

mulheres ser diferente da ordenação do valor domiciliar per capita de todos os

rendimentos dos respectivos domicílios. Essa sequência de cálculos que levam à

determinação da razão de concentração do rendimento do trabalho de mulheres

sugere várias mudanças possíveis para reduzir essa razão de concentração:

- facilitar a participação das mulheres no mercado de trabalho, particularmente

nas famílias mais pobres (aumentando, por exemplo, a oferta de serviços de

creches);

- diminuir a desigualdade dos rendimentos entre mulheres que trabalham (por

meio de qualquer política que reduza as desigualdades no mercado de

trabalho), junto com outras medidas que também contribuam para reduzir a

associação entre o rendimento do trabalho das mulheres e os demais

rendimentos dos domicílios.

Trata-se, em grande parte, de políticas gerais de combate à desigualdade, uma vez

que o rendimento do trabalho das mulheres já representa, em média, quase do total

domiciliar. Desnecessário dizer que não se pode pensar em diminuir a contribuição do

rendimento das mulheres para a desigualdade reduzindo a participação das mulheres

no mercado de trabalho.

Page 16: Mulher No Mercado de Trabalho

16

5 Conclusões

O trabalho constatou que, nas duas últimas décadas, continuou a aumentar a

participação da mulher na atividade econômica e essa ampliação foi acompanhada por

um envelhecimento da população feminina ocupada. Com a intensificação da

participação das mulheres na atividade econômica, elevou-se a proporção de

domicílios com mulher na força de trabalho. Verificou-se também que a maior

participação das mulheres na atividade econômica e a maior contribuição dos

rendimentos das mulheres para a renda domiciliar ocorrem nos estratos intermediários

da distribuição dos domicílios segundo a renda per capita.

A desigualdade medida pelo índice de Gini aumentou na década de oitenta, atingindo

um ápice em 1989, para depois recuar, ficando num patamar próximo a 0,6. As razões

de concentração referentes aos rendimentos do trabalho de homens e mulheres

acompanharam as oscilações do índice de Gini, com a razão de concentração do

rendimento de homens permanecendo um pouco abaixo do índice de Gini e a razão de

concentração do rendimento de mulheres permanecendo um pouco acima do índice

de Gini, indicando que o rendimento das mulheres está contribuindo para que seja

elevada a desigualdade. A razão de concentração do rendimento de aposentadorias e

pensões oscila em torno do índice de Gini e mostra elevação a partir de 1992. A razão

de concentração do rendimento do trabalho das mulheres é, entretanto, maior do que

a das aposentadorias e pensões, refletindo a diversidade das parcelas do rendimento

feminino entre os estratos de renda domiciliar per capita. Ocorreram alterações na

composição do rendimento domiciliar, diminuindo a participação dos rendimentos do

trabalho do homem e aumentando, em contrapartida, a participação da renda do

trabalho da mulher e das rendas de aposentadorias e pensões. Como reflexo dessa

mudança na composição da renda domiciliar, verificou-se uma diminuição da

contribuição do rendimento do trabalho masculino para a desigualdade, um

crescimento constante da contribuição do rendimento do trabalho feminino e um

aumento, após a Constituição de 1988, da contribuição das rendas de aposentadorias

e pensões.

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