mulher, direitos humanos e África - evolução e considerações

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1 Mulher, Direitos Humanos e África evolução e considerações 12 Isabela Battistello Espíndola 3 Resumo O presente artigo tem por objetivo analisar a evolução dos direitos humanos das mulheres, discorrrendo sobre sua proteção e evolução no âmbito nas Nações Unidas e posterior desenvolvimento na África. Considera-se que nas últimas décadas, o mundo presenciou profundas mudanças de diversas naturezas, as quais alteraram todo o Sistema Político Internacional. Uma das principais relaciona-se aos direitos humanos, e a questão da mulher é central nesse debate. Parte-se da Declaração Universal de 1948, com ênfase na universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos, para em seguida apreciar os demais documentos produzidos que dispõem sobre os direitos humanos das mulheres. Em uma terceira etapa são apresentados brevemente alguns dos instrumentos de proteção aos direitos humanos na África. Por fim, conclui-se que o rol dos direitos humanos evoluiu muito nos últimos anos e no quesito dos direitos das mulheres, tem-se que estas são agentes ativos das mudanças, atuando como verdadeiras promotoras das transformações sociais ligadas aos seus direitos. No entanto, apesar de inúmeras conquistas, ainda se verificam diversos problemas associados a aspectos estruturais, econômicos, políticos e culturais, os quais podem ser considerados fatores limitantes que negam-lhes a legitimidade como sujeitos políticos e econômicos no meio em que vivem. Palavras-chave: Direitos humanos das mulheres; ONU; África Abstract This article aims to analyze the evolution of the human rights of women, discoursing on their protection and progress within the United Nations and further development in Africa. It is considered that in recent decades, the world has witnessed profound changes of different natures, which changed the entire international political system. One of the main changes is related to the human rights, and the issue of women is central in this debate. From the Universal Declaration of 1948, emphasizing the universality, indivisibility and interdependence of human rights, and then the other documents produced to provide for the human rights of women are appreciated. In a third stage some of the main instruments for protecting human rights in Africa are briefly presented. 1 Artigo derivado do trabalho de conclusão de curso de Isabela Battistello Espíndola, desenvolvido sob a orientação do Profº Acácio Almeida, como requisito para a aprovação na disciplina de Monografia II nas Faculdades de Campinas FACAMP, em outubro de 2011. 2 Seção de apresentação: graduação 3 Economista e Internacionalista, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCam), Departamento de Ciências Ambientais, UFSCar São Carlos, SP. E-mail: [email protected]. Telefone: (16) 9 9455 5445

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Mulher, Direitos Humanos e África – evolução e considerações12

Isabela Battistello Espíndola3

Resumo

O presente artigo tem por objetivo analisar a evolução dos direitos humanos das mulheres, discorrrendo sobre sua proteção e evolução no âmbito nas Nações Unidas e posterior desenvolvimento na África. Considera-se que nas últimas décadas, o mundo presenciou profundas mudanças de diversas naturezas, as quais alteraram todo o Sistema Político Internacional. Uma das principais relaciona-se aos direitos humanos, e a questão da mulher é central nesse debate. Parte-se da Declaração Universal de 1948, com ênfase na universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos, para em seguida apreciar os demais documentos produzidos que dispõem sobre os direitos humanos das mulheres. Em uma terceira etapa são apresentados brevemente alguns dos instrumentos de proteção aos direitos humanos na África. Por fim, conclui-se que o rol dos direitos humanos evoluiu muito nos últimos anos e no quesito dos direitos das mulheres, tem-se que estas são agentes ativos das mudanças, atuando como verdadeiras promotoras das transformações sociais ligadas aos seus direitos. No entanto, apesar de inúmeras conquistas, ainda se verificam diversos problemas associados a aspectos estruturais, econômicos, políticos e culturais, os quais podem ser considerados fatores limitantes que negam-lhes a legitimidade como sujeitos políticos e econômicos no meio em que vivem. Palavras-chave: Direitos humanos das mulheres; ONU; África

Abstract

This article aims to analyze the evolution of the human rights of women, discoursing on their protection and progress within the United Nations and further development in Africa. It is considered that in recent decades, the world has witnessed profound changes of different natures, which changed the entire international political system. One of the main changes is related to the human rights, and the issue of women is central in this debate. From the Universal Declaration of 1948, emphasizing the universality, indivisibility and interdependence of human rights, and then the other documents produced to provide for the human rights of women are appreciated. In a third stage some of the main instruments for protecting human rights in Africa are briefly presented.

1 Artigo derivado do trabalho de conclusão de curso de Isabela Battistello Espíndola, desenvolvido sob a orientação do Profº Acácio Almeida, como requisito para a aprovação na disciplina de Monografia II nas Faculdades de Campinas – FACAMP, em outubro de 2011. 2 Seção de apresentação: graduação 3 Economista e Internacionalista, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCam), Departamento de Ciências Ambientais, UFSCar – São Carlos, SP. E-mail: [email protected]. Telefone: (16) 9 9455 5445

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Finally, it is concluded that the human rights role has evolved during the recent years and in relation to the women's rights agenda, it is seen that they are active agents of their own changes, as they act as true promoters of social transformations related to their rights. However, despite numerous achievements, there are still many problems associated with structural, economic, political and cultural, which can be considered limiting factors that deny their legitimacy as political and economic subjects in the environment where they live. Keywords: Woman human rights; UN; Africa

1. Introdução

Nas últimas décadas o mundo presenciou profundas mudanças de

natureza política, economica e social, tendo por consequência alterado, de forma

repentina, todo o Sistema Político Internacional. Uma das principais mudanças foi

à inserção do tema dos direitos humanos na agenda internacional, de modo que a

dignidade da pessoa humana tornou-se o centro gravitacional de grande parte

das constituições dos mais diversos países ao redor do mundo (BOBBIO, 1992;

ARAUJO, 2008; BARROSO, 2010). Trindade apud Alves (2005, p.12), retomando

a fala do jusfilósofo italiano Noberto Bobbio, denomina este período como ‘era dos

direitos humanos’. O reconhecimento dos direitos humanos é o reconhecimento

universal de que nenhum indivíduo, gênero, etnia, classe social, grupo religioso

ou nação, pode afirmar-se superior aos demais (COMPARATO, 2003).

Dentro deste contexto, estabeleceu-se um marco na história dos direitos

humanos com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), aprovada

em 1948. Em uma sociedade fragilizada pelo fim de uma guerra mundial, houve

uma contestação global para que os direitos fundamentais do ser humano fossem

aferidos a todos os indivíduos a que não tinham sido aplicados até então

(CAMPOS, 2008; BARROSO, 2010; SILVA, 2014). A DUDH foi reconhecida e

subscrita por praticamente todos os países ao longo desses 68 anos de

existência. Seus princípios estão inseridos em boa parte das Constituições do

mundo moderno, são parâmetros para o desenvolvimento da democracia e

servem de guia para a proteção dos direitos humanos (NAPLES; GURR, 2016). A

DUDH deixou “claro que os direitos humanos são iguais para todos os indivíduos,

tanto para homens quanto para mulheres” (SILVA, 2014, p.23).

3

Apesar dos direitos elencados na DUDH serem considerados fundamentais

e indispensáveis para o ser humano, após todos esses anos de existência da

Declaração, em mais de 84 países as práticas de torturas e maus-tratos são

corriqueiras e sistemáticas, sendo que muitos Estados não respeitam, por

exemplo, a igualdade entre os gêneros, ou mesmo entre as raças, disseminando

a discriminação entre suas respectivas populações (ALVES, 2010). A questão de

gênero é uma das mais antigas e são constantes dentro da área dos direitos

humanos (FERNANDES; NETO, 2016). Silva (2014) argumenta que os primeiros

direitos e garantias reconhecidos eram direcionados ao homem, e não as

mulheres, pois estas eram vistas como um “segundo sexo” (BEAUVOIR, 1970

apud DE SOUZA, 2009, p.127)4. Eisler (1987) apresenta esta discussão,

demonstrando que a definição clássica dada aos direitos humanos, a qual alude

apenas ao termo ‘homem’, muitas vezes excluindo a mulher deste direito.

Espíndola e Corte (2016, p.37) ressaltam que “a mulher ainda encontra-se

exposta a vários riscos, que a colocam numa situação de grande vulnerabilidade,

por questões culturais, construções sociais e econômicas, que a relegam à

discriminação, isolamento e exclusão”. Arbour (2008) lembra que apesar dos

progressos, a mulher sofre frequentemente discriminação nos mais diversos

meios e em todo o mundo, mesmo com o amplo rol de direitos e garantias

existentes. Os direitos das mulheres são, todavia, parte inalienável, integral e

indivisível dos direitos humanos internacionais, e nos últimos anos a situação das

mulheres tem evoluído em face do surgimento e acirramento das atividades dos

movimentos feministas (PRA; EPPING, 2012; FERNANDES; NETO, 2016).

A importância da contribuição feminina para a evolução dos direitos

humanos possui grande valor, pois a mulher “enriquece e revigora o labor jurídico,

permitindo doravante a apreciação das instituições e condutas humanas sob um

ângulo inteiramente novo” (PIOVESAN, 2003, p.75). No entanto, a questão da

mulher, do seu papel e de seu lugar na sociedade continua a ser debatido em

todos os fóruns internacionais (IGLÉSIAS, 2007).

4BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo: fatos e mitos. 4. Ed.Tradução Sérgio Milliete. São Paulo: Difel, 1970.

4

Tais contestações alcançaram o próprio continente africano, e este se

tornou palco dos debates do direito e suas implicações para as questões de

gênero (BANDA, 2005). Tripp et. al. (2009) retratam que a evolução dos direitos

humanos das mulheres na África passou a ser desenvolver com mais afinco

desde 1990. Segundo os autores tal desenvolvimento deu-se, principalmente,

pelas próprias mulheres, as quais emergiram como novos atores políticos e se

empenharam para o avanço de seus direitos. Arbour (2008) contribui, introduzindo

que apesar da ratificação generalizada da ‘Carta Africana dos Direitos Humanos e

dos Povos e do Protocolo sobre os Direitos das Mulheres em África’, principal

documento aliado aos direitos humanos das mulheres em solo africano, e da

consagração de todo o aparato normativos dos direitos das mulheres, ainda se

persiste práticas nocivas e ofensivas a esses direitos, como discriminação,

violência em conflitos armados, tráfico de mulheres e mutilação genital feminina.

Não devemos esquecer que a África é uma região vasta, com diversas

culturas e costumes (AJAYI, 2010). Tais particularidades, muitas vezes, dificultam

a aceitação da inserção dos próprios direitos humanos nas sociedades, como

também a existência de bibliografias e fontes de pesquisa atreladas ao tema

(COBBAH, 1987; TRIPP et. al., 2009). Nesse sentido, uma pesquisa acerca dos

direitos humanos, ainda mais os das mulheres, na África justifica-se

especificadamente pelo ‘gap’ existente dentro do tema.

O presente artigo visa superar tal vazio. Fazendo uso do procedimento

metodológico descritivo-analítico, este sendo desenvolvido por meio da pesquisa

bibliográfica via consulta de referências disponibilizadas em meio digital, livros,

revistas especializadas e dados oficiais dos Estados africanos e organizações

internacionais. Serão abordados, primeiramente, os conceitos de direitos

humanos, os principais tratados internacionais, bem como a especificidade do

direito humano das mulheres nos tratados internacionais existentes. Em seguida,

será apresentado como o continente africano abarcou a temática dos direitos

humanos, em especial os das mulheres, discorrendo principalmente do sistema

africano de proteção aos direitos humanos.

5

2. Resultados e Discussões

2.1 Histórico dos direitos humanos da mulher

Ao longo da história da humanidade toda distinção entre homens e

mulheres acabam por levar à condição marginalizada da mulher, seja esta do

ponto de vista econômico, social, político, jurídico ou mesmo religioso

(JUCOVSKY, 2000). Historicamente as mulheres são discriminadas e estiveram

em posição de desigualdade em relação aos homens, independente da área que

tange. A ONU Mulheres (2016) inclui as mulheres como parte do grupo dos

vulneráveis, aqueles que ainda são privados de gozar de seus plenos direitos,

sofrendo constantes discriminações em suas vidas.

Felizmente mudanças vieram a ocorrer a partir do momento que as

mulheres passaram a lutar por seus direitos (MATOS; GITONY, 2007). Nesse

processo de valorização e igualdade de direitos de gênero, o modelo tradicional

que divide homens e mulheres é abalado, uma vez que enquanto as mulheres

ingressam no sistema educacional, interessam-se pela política, iniciam sua vida

laboral e tem atividades profissionais, têm-se, por reflexo, mudanças na situação

socioeconômica das mulheres. Na interpretação de Pra e Epping (2012) uma das

formas de confrontar os problemas ligados a questão de gênero seria por meio da

realização de conferências internacionais, assinatura de tratados, acordos,

protocolos e convenções. A seguir abordaremos um pouco dessas convenções.

Em 1953 foi realizada a Convenção sobre os Direitos Políticos da Mulher,

onde determinou-se o direito ao voto em igualdade para mulheres e homens, bem

como a elegibilidade das mulheres para todos os organismos públicos e a

possibilidade de ocupar postos públicos e exercer funções públicas estabelecidas

pela legislação nacional. Em 1957, a Convenção sobre a Nacionalidade da Mulher

Casada outorgou à mulher o direito de conservar ou mudar de nacionalidade,

independentemente da vontade do marido (AHMED, 2010).

Em 1966 foi realizada a Convenção sobre a Eliminação de Todas as

Formas de Discriminação Racial, com o objetivo de se tornar um instrumento

internacional no combate à discriminação racial. A realização dessa Convenção

acompanhou o ingresso de dezessete países africanos na ONU em 1960. Em

6

1967 foi assinada a Declaração sobre a Eliminação da Discriminação contra a

Mulher, considerada o instrumento de direitos humanos mais eficaz no campo do

trabalho pela igualdade de homens e mulheres (ALVES, 2005).

O ano de 1975 foi considerado pela ONU como o ‘Ano Internacional da

Mulher’. Neste ano foi realizada a I Conferência Mundial da Mulher, no México, a

qual reconheceu o direito da mulher à integridade física, inclusive a autonomia de

decisão sobre o próprio corpo e o direito à maternidade opcional. Outro ponto

importante desta Conferência é que durante sua realização o período de 1975-

1985 foi declarado como a ‘Década da Mulher’ (DE SOUZA, 2009; AHMED,

2010), década em que se incentivou a ocorrência de convenções e reuniões para

formular metas, propostas e políticas para os assuntos atrelados aos direitos das

mulheres (PIOVESAN, 2003; DE SOUZA, 2009). Foi neste contexto que em 1979

realizou-se a Convenção pela Eliminação de todas as Formas de Discriminação

contra a Mulher (Convenção da Mulher ou CEDAW)5, quando então foram

tomadas medidas para acabar com a desigualdade de gênero, eliminando, por

exemplo, a exploração das mulheres (SILVA, 2014).

A CEDAW constitui-se por 30 artigos que versam sobre os direitos das

mulheres que devem ser promovidos, protegidos e respeitados pelos Estados

signatários (DE SOUZA, 2009) para garantir a igualdade de participação na vida

política e pública, seja nacional ou não, e também a igualdade perante as leis, no

emprego, na educação, no acesso a saúde, no direito de família e na segurança

social (ONU - Nações Unidas, 1979). Durante a CEDAW criou-se o Comitê para a

Eliminação da Discriminação contra as Mulheres, responsável por fiscalizar e

garantir a eliminação da discriminação e de assegurar, simultaneamente, a

igualdade de direitos entre os gêneros (ALVES, 2005).

Silva (2014) apresenta esta Convenção com grande estima, pois segundo

a autora foi nela que se produziu o mais importante documento para a proteção e

garantia dos direitos humanos da mulher: a Resolução A-34-180, a qual entrou

em vigor em 3 de setembro de 1981. Em adição, de acordo com Arbour (2008) as

normas desta Convenção são tidas praticamente como universais já que cento e

5 Ver página Oficial do Comitê CEDAW: www.un.org/womenwatch/daw/cedaw/

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oitenta e cinco Estados a aceitaram. Todavia, Arbour faz a ressalva de que nos

termos do quadro normativo dos direitos humanos das mulheres, a presente

Convenção foi a que sofreu mais reservas por parte dos Estados. Para De Souza

(2009, p.131) a quantidade de reservas feitas pelos Estados representa

verdadeiros empecilhos para a aplicação da CEDAW, já que os Estados

signatários “não se obrigam à garantia dos direitos das mulheres no âmbito de

seus territórios”.

Em 1980 foi realizada a II Conferência Mundial sobre a Mulher na

Dinamarca, onde foram examinados os progressos alcançados em cinco anos da

‘Década da Mulher’ (REDI, 2010). Esta Conferência também discutiu questões

ligadas à educação, emprego e a saúde das mulheres (SILVA, 2014). Além disso,

foi nele em que converteu-se o Instituto Internacional de Pesquisa e Treinamento

para a Promoção da Mulher (INSTRAW) em um organismo autônomo no sistema

das Nações Unidas.

A III Conferência Mundial sobre a Mulher foi celebrada em Nairóbi, em

1985, na qual as estratégias para o desenvolvimento e progresso da mulher foram

aprovadas. Nesta mesma conferência converteu-se o Fundo de Contribuições

Voluntárias das Nações Unidas para a Década da Mulher em Fundo de

Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM) (COMPARATO,

2003).

Na década de 90, as estratégias determinadas em Nairóbi foram

examinadas pela Comissão da Condição Jurídica e Social da Mulher, a qual

recomendou a convocação da IV Conferência Mundial sobre a Mulher. Em Viena,

em 1993, foi realizada a Conferência Mundial de Direitos Humanos, a qual

preconizou, novamente, a igualdade de direito das mulheres em qualquer âmbito

da sociedade (ONU – Nações Unidas, 1993). Na interpretação de Mateus (2009)

a Conferência de Viena foi um marco regulatório para o reconhecimento dos

direitos humanos da mulher, pois na propositura desta Convenção discutiu-se a

violência contra a mulher e outras questões vinculadas aos direitos humanos das

mulheres, onde o lema era: ‘os direitos da mulher também são direitos humanos’.

Incluiu-se a partir desta conferência um novo dispositivo para a luta das mulheres.

8

A III Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento foi

realizada em 1994 na cidade do Cairo, tendo como um de seus objetivos

“alcançar a igualdade e a justiça com base em uma parceria harmoniosa entre

homens e mulheres, capacitando as mulheres para realizarem todo o seu

potencial” (ONU – Nações Unidas, 1997, p.50). Esta conferência teve como tema

central os direitos sexuais e os direitos reprodutivos, ainda que tenha tido um

enfoque mais específico no debate sobre as condições demográficas. Dedicou-se,

ainda, à discussão sobre igualdade e equidade entre os sexos e o aborto inseguro

foi reconhecido como um grave problema de saúde pública (ALVES, 1994).

Em 1995 a IV Conferência Mundial da Mulher em Pequim afirmou mais

uma vez, em âmbito mundial, os direitos das mulheres, além de trazer novos

parâmetros de atuação para promover a igualdade de gênero (PIOVESAN, 2003),

via a criação de uma plataforma para disseminação dos direitos humanos das

mulheres como um assunto global, reconhecendo e afirmando fatores críticos que

carecem de atenção, tais como saúde, trabalho, educação e participação no

poder (SILVA, 2014). Nesta Conferência os governos participantes reconheceram

a péssima condição feminina e a partir da formulação de uma declaração,

afirmaram que “os direitos da mulher são direitos humanos (…) indispensáveis ao

seu bem-estar e ao de sua família, assim como para a consolidação da

democracia”, além de que “a paz global, nacional e regional só pode ser

alcançada com o progresso das mulheres, que são uma força fundamental de

liderança, resolução de conflitos” (ONU – Nações Unidas, 1995, p.151).

A II Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos

(Habitat II) ocorreu em Istambul, em 1996, e nela reconheceu-se que mulheres,

crianças e jovens possuem necessidades específicas de viver em condições

seguras, saudáveis e estáveis. Além disso, afirmou a participação plena e

equitativa de todos os homens, todas as mulheres e jovens na vida política,

econômica e social. Durante sua realização questionou-se ainda a necessidade

dos Estados incluírem, junto aos programas voltados para moradia, o acesso livre

para pessoas com deficiências e a igualdade de gênero (REZEK, 1998).

9

Antes da virada do milênio, a Declaração do Milênio (2000) foi assinada

tendo como objetivo promover o desenvolvimento global baseado nas políticas de

valores defendidos pela DUDH. As expectativas desta declaração relacionam-se

ao desejo de se alcançar a paz, segurança, desarmamento, erradicação da

pobreza, proteção dos vulneráveis e reforço das Nações Unidas. Com a

assinatura deste documento, estabeleceram-se as Oito Metas do Milênio, entre

elas: promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres; melhorar

a saúde materna; combater o HIV/Aids, a malária e outras doenças e estabelecer

uma parceria mundial para o desenvolvimento (ALVES, 2010).

Em 2001 em Durban foi realizada a III Conferência Mundial contra o

Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e formas Conexas de Intolerância,

afirmando que o racismo, a discriminação racial e a intolerância correlata

constituem uma negação dos propósitos e princípios da Carta das Nações

Unidas, reafirmando os princípios de igualdade como direito de todos e todas,

sem distinções. Também fora mencionado o dever do Estado de proteger e

promover os direitos humanos e as liberdades fundamentais de todas as vítimas,

bem como a necessidade de se adotar uma perspectiva de gênero e reconhecer

todas as inúmeras formas de discriminação a que são suscetíveis as mulheres

nos âmbitos social, econômico, cultural, civil e político (ALVES, 2005).

Em 2010 a ONU criou a ONU Mulheres, uma ramificação da própria

organização destinada para a defesa dos direitos humanos das mulheres,

enfatizando o papel essencial feminino no desenvolvimento da sociedade e

afirmando a necessidade global em formular e implementar políticas, padrões e

normas relacionados a defesa da mulher. Além de auxiliar os Estados na

definição de políticas públicas, a ONU Mulheres fornece ajuda financeira,

estabelecendo parcerias com a sociedade civil e demais atores políticos (ONU

MULHERES, 2016). Segundo o Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon, “UN

Women will significantly boost UN efforts to promote gender equality, expand

opportunity and tackle discrimination around the globe” (UN - UNITED NATIONS,

2011a). A ONU Mulheres foi o resultado de anos de negociações entre Estados-

10

membros da ONU e pelo movimento de defesa das mulheres no mundo (UN -

UNITED NATIONS, 2011b).

2.2 Os Direitos Humanos no Continente Africano

Banda (2005) coloca que discorrer sobre os direitos humanos das mulheres

na África é discutir sobre os mais diversos instrumentos de direitos humanos, mas

também apresentar o “African Charter on Human and Peoples’ Rights” (1981), e

raciocinar sobre o papel da Convenção pela Eliminação de todas as Formas de

Discriminação contra a Mulher (1979), no “African Charter on the rights and

welfare of the Child” (1990) e no “African Charter on Human and Peoples’ Rights

on the rights of woman in Africa” (2003). Entretanto, faz-se antes necessário

retomar e aludir a criação da Organização da Unidade Africana (OUA), atual

União Africana.

A OUA foi criada em maio de 1963 por meio da assinatura de um ato

constitutivo por representantes de 32 governos de países africanos

independentes. A Organização tem como objetivo promover a unidade e a

solidariedade entre os Estados Africanos, intensificando a cooperação e

defendendo a integridade territorial de cada membro. A OUA visa promover e

respeitar a Carta das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos

Humanos, dando condições para que os países lutem, por exemplo, pela

harmonização de políticas econômicas e sociais africanas. Em 2002, o nome foi

alterado para União Africana (UA), reunindo quase todos os Estados africanos,

exceto Marrocos, que retirou-se em 1985.

A UA procurou seguir os passos da OUA, e buscou desenvolver a

cooperação entre seus membros, incentivando o desenvolvimento e a integração

política e socioeconômica do continente (UNIÃO AFRICANA, 2010)6. Coube a

União a função de zelar pelo respeito aos direitos humanos na África e também

pelos aspectos políticos e práticos da Carta Africana de Direitos Humanos e dos

Povos (ACHPR ou Carta de Banjul). Iglesias (2007, p. 141) ressalta o papel da

UA, pois “em todo o continente, a democracia está a propagar-se, com o apoio da

6 A União Africana, fundada em 2002, reúne todos os países africanos que participavam da Organização da Unidade Africana. Baseada no modelo da União Europeia, ajuda na promoção da democracia, direitos humanos e desenvolvimento na África.

11

União Africana que manifestou uma nova determinação de resolver os conflitos e

censurar os desvios às normas”

A União conta com tratados temáticos e instrumentos jurídicos-legais, tal

como a Carta Africana sobre os Direitos e o Bem Estar da Criança ou a

Convenção para a Eliminação dos Mercenários na África, para proteger os

direitos humanos dos indivíduos (TAQUARY, 2005). Muitos dos valores seguidos

pela União baseiam-se na tradição local e nos valores da civilização africana,

permeando toda a definição e rol dos direitos presentes na Carta de Banjul. A

Carta de Banjul foi aprovada em 1981 pela Conferência Ministerial da

Organização da Unidade Africana (OUA) por ocasião da XVIII Assembleia

Africana de Direitos do Homem e dos Povos para tutelar, promover e proteger os

Direitos Humanos (TAQUARY, 2005). A Carta declara uma cláusula completa

referente a não discriminação no usufruto dos direitos e liberdades, além de

estabelecer os deveres individuais e coletivos dos povos africanos. Para garantir

e controlar o funcionamento do sistema foi criada a Comissão Africana de Direitos

Humanos e Direitos dos Povos, a Corte Africana de Direitos Humanos e Direitos

dos Povos, as demandas interestatais e as demandas não estatais (ACHPR,

2003).

A Carta de Banjul adequa-se ao combate das violações massivas aos

direitos humanos, sejam em violações individuais ou coletivas, inserindo aspectos

determinantes da vida humana digna como os direitos civis, políticos,

econômicos, sociais e culturais, estabelecendo assim os direitos dos povos em

parceria com os direitos individuais. Cada aderente da Carta Africana tem

deveres coletivos e individuais, sendo que esses deveres individuais fazem com

que a Carta seja única, pois foi o primeiro instrumento de direitos humanos a

incluir os deveres dos indivíduos perante o Estado, a sociedade, a família e a

comunidade internacional (UNIÃO AFRICANA, 2010).

A Carta de Banjul estabelece uma ampla declaração sobre os direitos da

vida humana, iniciando seus determinantes com a defesa da igualdade perante a

lei, a liberdade, o direito a livre participação nos governos nos países e a defesa

dos direitos dos povos (TAQUARY, 2005). A União Africana reconhece que 70%

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de seus países membros contam com políticas de gênero, mas restam grandes

desafios em matéria de implementação, sobretudo em decorrência da escassez

de recursos econômicos e também pela falta de homogeneidade política (DEEN,

2010). Um exemplo pode ser a mutilação genital feminina, uma tradição em

algumas sociedades africanas, sobretudo os de religião islâmica, que leva a morte

uma grande quantidade de mulheres todos os anos.

Tal como a DUDH, a Carta de Banjul representa um dos principais

patamares para a defesa dos direitos humanos na África, e atua como alicerce

para o próprio Sistema Africano de Proteção aos Direito Humanos, o qual conta

com instituições que garantem a eficácia da proteção dos direitos humanos

assegurados pela Carta. Uma destas instituições é o Tribunal Africano, criado em

2006, a Comissão Africana de Direitos Humanos e Direitos dos Povos,

responsável pela difusão e promoção dos direitos humanos e dos povos

enunciados na Carta, a Corte Africana de Direitos Humanos e Direitos dos Povos,

a qual atua de modo a complementar o mandato da Comissão Africana definido

nos termos da Carta, e por último os mecanismos de demandas interestatais, não

estatais e os relatórios periódicos dos Estados (TAQUARY, 2005).

Com respeito às mulheres, a União Africana criou um protocolo, o apêndice

sobre os “Direitos das Mulheres”, ratificado por 17 países, agregado à Carta

Africana sobre Direitos Humanos e dos Povos, que entrou em vigor em 1986

(DEEN, 2010, p.14). Em 2010 criou o Fundo Africano para as Mulheres, durante a

realização de uma assembléia da União em Adis Abeba. Este fundo tem por

objetivo apoiar a implementação das diversas iniciativas e protocolos que já foram

ratificados pelos países africanos. Os recursos referentes ao programa serão

utilizados para ajudar os Estados membros a implementarem os direitos das

mulheres integrados nos vários instrumentos políticos existentes. Entre os anos

de 2010 a 2020, a União Africana promoverá a Década das Mulheres a fim de que

se promova a adoção de políticas de gênero nas nações partidárias do bloco. Os

preparativos iniciaram-se em 2009, mas a Década começou, oficialmente, em 15

de outubro de 2010 (REDI, 2010).

13

Considerações finais

O rol dos direitos humanos evoluiu muito nos últimos anos, sobretudo após

as atrocidades contra a humanidade cometidas nas grandes guerras mundiais.

Aprovada em 1948, a DUDH encabeça todo o sistema de proteção aos direitos

humanos, servindo como guia para os Estados e de diretriz para o

desenvolvimento de políticas. Além da DUDH, os direitos humanos também são

discutidos pelas demais Convenções de Direitos Humanos.

Dentro os mais diversos direitos auferidos no sistema de proteção aos

direitos humanos, discutiu-se neste artigo aqueles que referenciam a mulher. Em

geral, todas as convenções e tratados internacionais sobre direitos das mulheres

tendem a abordar tópicos similares, mas sempre dando continuidade às políticas

passadas e, ao mesmo tempo, adaptando os novos acordos a realidade em que a

mulheres vivem. Um dos principais documentos ligados ao tema é a CEDAW, a

qual apesar de não ter sido a primeira a tratar dos direitos das mulheres no

âmbito das Nações Unidas, foi a responsável por determinar que os Estados

devem trabalhar para eliminar de modo progressivo a discriminação contra as

mulheres.

De certo que as mulheres são agentes ativos das mudanças, atuando

como verdadeiras promotoras das transformações sociais ligadas aos seus

direitos. No entanto, apesar de inúmeras conquistas, ainda se verificam diversos

problemas associados a aspectos estruturais, econômicos, políticos e culturais, os

quais podem ser considerados fatores limitantes para as mulheres no

enfrentamento do padrão secular de subordinação, mantendo estas em situação

de desvantagem, negando-lhes a legitimidade como sujeitos políticos e

econômicos no meio em que vivem.

Verifica-se, ainda, que os desafios para superar as diferentes dimensões

da exclusão das mulheres passam por enfrentar e desafiar um padrão secular de

subordinação e negação das mulheres como sujeitos políticos e econômicos nos

países. Dentro deste contexto, o desafio a postular é considerar assimetrias nas

relações sociais de gênero como um dos aspectos estruturadores de

desigualdade no campo do direito, reconhecendo as mulheres não apenas como

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indivíduos, mas como sujeitos de políticas, que podem participar no mercado, na

sociedade e no governo. Enfatiza-se a necessidade de reconhecer a igualdade de

direitos de mulheres e homens no lar, no local de trabalho, na produção e na vida

social e política, garantindo a elas as mesmas possibilidades dos homens.

De forma adicional aos diversos olhares desta pesquisa, verifica-se que a

construção do campo feminino na esfera dos direitos humanos, mais

especificamente através de estruturas e deliberações internacionais, permitiu-nos

vislumbrar a dinâmica que cerca a construção dos direitos da pessoa humana na

perspectiva de género. Conclui-se ainda que falar de direitos humanos da mulher

não é, muitas vezes, uma tarefa fácil, na medida em que, para sua compreensão,

se mostra necessário analisar os motivos que levam os fazedores de

instrumentos jurídicos de proteção dos direitos humanos a isolarem os direitos

das mulheres da categoria geral dos direitos humanos e a explorarem as razões

que os levam a pensar que as mulheres precisam de uma proteção especial.

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