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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO ADEMIR MACEDO NASCIMENTO MUITO MAIS DO QUE CONTATO COM OS AMIGOS: Fatores que estimulam as pessoas a continuar utilizando uma rede social virtual São Cristóvão (SE) 2013

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Dissertação de mestrado que propõe fatores que são levados em conta pelos usuários no momento de decidir se irão continuar utilizando uma rede social.

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Page 1: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

ADEMIR MACEDO NASCIMENTO

MUITO MAIS DO QUE CONTATO COM OS AMIGOS: Fatores que estimulam as pessoas a continuar utilizando uma rede social virtual

São Cristóvão (SE) 2013

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ADEMIR MACEDO NASCIMENTO

MUITO MAIS DO QUE CONTATO COM OS AMIGOS: Fatores que estimulam as pessoas a continuar utilizando uma rede social virtual

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de mestre pelo Programa de Mestrado em Administração da Universidade Federal de Sergipe. Orientadora: Prof. Dra. Maria Conceição Melo Silva Luft

São Cristóvão (SE) 2013

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ADEMIR MACEDO NASCIMENTO

MUITO MAIS DO QUE CONTATO COM OS AMIGOS: Fatores que estimulam as pessoas a continuar utilizando uma rede social virtual

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa de Mestrado em Administração da Universidade Federal de Sergipe.

Aprovada em:________.________.________________

BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________________________ Maria Conceição Melo Silva Luft – Universidade Federal de Sergipe - Orientadora ___________________________________________________________________ Jefferson David Araujo Sales – Universidade Federal de Sergipe – Examinador Interno ___________________________________________________________________ Elizabeth Rosa Silva Gonçalves – Universidade Tiradentes – Examinadora Externa

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Dedico este trabalho a todos os entusiastas da Internet e àqueles que acreditam no potencial que as redes sociais têm para ajudar os outros e para tornar os sonhos realidade. #VemPraRua

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AGRADECIMENTOS Apesar do tempo de um mestrado ser bem menor do que o necessário para a graduação, ele com certeza é muito mais intenso. Ao final desta trajetória, percebi que a dedicação é muito maior (assim como as madrugadas estudando) e que apesar de ser trabalhoso estagiar e fazer um curso de graduação, fazer um mestrado trabalhando é um desafio que consegue facilmente consumir as 24 horas do dia (e os 7 dias da semana). Todo este esforço muitas vezes me fez colocar em xeque se deveria de fato continuar me dedicando às duas carreiras (acadêmica e profissional) simultaneamente, mas com a ajuda de várias pessoas pude concluir esta fase sem ter que abrir mão de nenhum dos lados.

Meu primeiro agradecimento com certeza será para minha orientadora, pois o bom relacionamento com ela foi fundamental para que eu não desistisse, desde o apoio no tema que eu desejava tratar (algo não tão comum no programa) às cobranças que me fizeram sempre entregar as versões da dissertação e dos artigos em dia (ou quase em dia kkk).

Tenho que agradecer também aos professores que me fizeram amadurecer bastante no meio acadêmico, e em especial à professora Débora por ser alguém que sempre torceu por mim desde minha graduação.

Não posso esquecer também dos colegas que compartilharam a correria na entrega de resenhas e artigos. Apesar de ser o “caçula” da turma, tive uma relação muito bacana com todos e aprendi muito com suas experiências de vida.

Fora do meio acadêmico, agradeço a minha “chefa” do Sebrae, Débora Mendonça, pela compreensão. Apesar dos dias que tive que faltar no treinamento ou em alguma reunião, ela sempre se mostrou bastante compreensiva (mas claro, sem deixar de lado os puxões de orelha).

Por fim, mas não menos importante, agradeço o apoio e a compreensão da minha família nesta correria, o que me fez ouvir algumas frases engraçadas como “Vai dormir hoje ou vai ficar estudando?”.

No geral, evoluí muito nestes dois anos e pude estudar algo que eu realmente gosto e que acredito que pode tornar o mundo um lugar melhor: as redes sociais. Como disse a Ministra de Cooperação de Desenvolvimento Internacional da Suécia, Gunilla Carlsson: “Onde tem água, tem vida. E onde tem Internet, tem esperança. Deve-se garantir que todo mundo tenha mais do que o suficiente dos dois”.

Enfim, como diria um de meus melhores amigos “é hora de encerrar ciclos”. Um muito obrigado a todos.

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O acaso favorece a mente conectada! (adaptado de Louis Pasteur).

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RESUMO

Apesar da importância dos sistemas de informação (SI), percebe-se na literatura uma alta taxa de insucesso em seus projetos. Por esta razão, uma grande quantidade de estudos sobre a aceitação de SI vem sendo desenvolvida nas últimas décadas. No entanto, Limayem, Hirt e Cheung (2003) ressaltam que a adoção de um sistema de informação é apenas o primeiro passo para o seu sucesso, pois caso não se atendam as necessidades de seus usuários, o SI pode ser descontinuado, independente de uma adoção bem sucedida anteriormente. Nesta direção, Bhattacherjee (2001) desenvolveu um estudo seminal de continuidade de uso de sistemas de informação, no qual vários outros autores se basearam, dentre eles Shi et al. (2010), que criaram um modelo para avaliar a intenção de continuidade de uso em uma rede social virtual, ou social network site (SNS). O modelo proposto destaca apenas o uso pessoal das SNS, sem avaliar a importância do relacionamento com organizações, sejam elas públicas ou privadas, e sem avaliar a influência de familiares, amigos e da mídia de massa na intenção de continuidade de uso. A partir deste fato, este estudo tem como objetivo expandir o modelo de continuidade de uso de uma rede social virtual de Shi et al. (2010) acrescentando o construto “relacionamento com organizações”, proposto pelo autor deste trabalho, e os construtos “influência interpessoal” e “influência externa” propostos por Roca, Chiu e Martínez (2006). Para tal, foi realizado um survey através de um questionário online junto a 4078 usuários ativos do Facebook®. Após a coleta destes dados foi utilizada a análise fatorial para verificar se alguma das novas variáveis propostas neste estudo se adequava aos construtos já validados por Shi et al. (2010) assim como verificar os novos construtos formados, o que resultou na adaptação de três dos quatro construtos já validados e na geração de quatro novos construtos voltados ao relacionamento com organizações. A seguir, foi realizada a modelagem de caminhos através da técnica dos mínimos quadrados parciais para verificar quais os construtos que mais influenciam a intenção de continuidade de uso. Dentre os fatores ligados ao “relacionamento com organizações” no Facebook®, destacou-se o “relacionamento indireto com empresas”, no qual os usuários pesquisam atualizações de seus pares para conhecer melhor uma empresa no Facebook®. Já dentre as formas de influência na intenção de continuidade de uso, as mídias de massa superaram a influência interpessoal de familiares, amigos e colegas. Ademais, este estudo teve como principal contribuição, a validação de construtos relacionados ao relacionamento com organizações, podendo tais construtos serem utilizados como base para pesquisa em redes sociais virtuais de nicho ou serem aplicados com amostras específicas de usuários.

Palavras-chave: Redes sociais virtuais. Continuidade de Uso. Facebook®. Sistema de informação. Relacionamento com organizações.

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ABSTRACT Despite the importance of information systems (IS), we find in the literature a high failure rate in their projects. For this reason, a lot of studies on acceptance of IS has been developing for decades. However, Limayem, Hirt and Cheung (2003) point out that the adoption of an information system is only the first step to your success, because if they do not meet the needs of its users, the IS may be discontinued, independent of a successful adoption above. In this direction, Bhattacherjee (2001) developed a seminal study of use continuance on information systems, in which several other authors relied, among them Shi et al. (2010), who created a model to evaluate the intention of use continuance on a social network site (SNS). The proposed model highlights only the personal use of the SNS without appreciating the importance of relationships with organizations, whether public or private, and non-evaluate the influences of family, friends and the mass media with the intention of use continuance. From this fact, this study aims to expand the model of use continuance of a social network site from Shi et al. (2010) adding the construct "relationship with organizations", proposed by the author from this study, and the constructs "interpersonal influence" and "external influence" proposed by Roca, Chiu and Martínez (2006). To this end, a survey was conducted via an online questionnaire together with 4078 active users of Facebook®. After collecting these data, the factor analysis was used to see if any new variables proposed in this study suited to the constructs already validated by Shi et al. (2010) as well as checking the new constructs formed, resulting in the adaptation of three of the four previously validated constructs and in the generation of four new constructs focused on the relationship with organizations. Next, we performed the modeling of paths through the technique of partial least squares to see which constructs that influence the intention to use continuance. Among the factors related to the "relationship with organizations" on Facebook®, the highlight was the "indirect relationship with companies," in which users search for updates from your peers to better understand a company on Facebook®. Among the forms of influence on intention to use continuance, the mass media to overcome the interpersonal influence of family, friends and colleagues. Furthermore, this study had as main contribution, the validation of constructs related to relationships with organizations, such constructs can be used as a basis for research in social networks sites from niche or be applied to samples of specific users. Keywords: Social networks sites. Use continuance. Facebook® ®. Information system. Relationship with organizations.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Diagrama conceitual da pesquisa............................................................ 24

Figura 2 Exemplos de sistemas de informação mandatórios e voluntários........... 26

Figura 3 Modelo de aceitação da tecnologia (TAM)................................................ 28

Figura 4 Modelo de Pós Aceitação de Tecnologia (PAM)...................................... 31

Figura 5 Aprimoramentos do Modelo de Pós Aceitação de Tecnologia.................. 32

Figura 6 Modelo de Roca, Chiu e Martínez (2006)................................................. 33

Figura 7 Modelo de Limayem e Cheung (2008)...................................................... 34

Figura 8 Modelo de Lee e Kwon (2010).................................................................. 36

Figura 9 Modelo de Shi et al. (2010)........................................................................ 38

Figura 10 As maiores SNS no Brasil em 2012......................................................... 43

Figura 11 Post do presidente Barack Obama sobre sua reeleição........................... 46

Figura 12 Crescimento do Facebook® como principal SNS ao redor do

mundo....... 48

Figura 13 Características básicas do positivismo e da fenomenologia..................... 51

Figura 14 O modelo de pesquisa.............................................................................. 53

Figura 15 Operacionalização das variáveis............................................................... 56

Figura 16 Análises realizadas no estudo................................................................... 64

Figura 17 Distribuição dos respondentes por gênero................................................ 66

Figura 18 Grau de escolaridade dos entrevistados................................................... 68

Figura 19 Distribuição dos respondentes por renda familiar..................................... 69

Figura 20 Grau de escolaridade dos entrevistados................................................... 70

Figura 21 Estado civil dos entrevistados................................................................... 71

Figura 22 Distribuição dos respondentes por estado................................................ 72

Figura 23 Frequência de uso de dispositivos para acessar as SNS......................... 73

Figura 24 Tempo semanal gasto no Facebook®....................................................... 74

Figura 25 Perfil de frequência de uso do Facebook®................................................ 79

Figura 26 Fatores sobre o uso do Facebook®.......................................................... 91

Figura 27 Resultado da análise confirmatória........................................................... 98

Figura 28 Modelo de pesquisa após análise fatorial................................................. 99

Figura 29 Análise da modelagem de caminhos........................................................101

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Distribuição dos respondentes por faixa de idade................................. 69 Tabela 2 Ocupação dos entrevistados................................................................. 71 Tabela 3 Redes sociais utilizadas pelos respondentes........................................ 73

Tabela 4 Média, Moda e Desvio padrão do construto “Manter os contatos off-line”....................................................................................................

75

Tabela 5 Média, Moda e Desvio padrão do construto “Conhecer Novas Pessoas”................................................................................................

76

Tabela 6 Média, Moda e Desvio padrão do construto “Busca de Informações” 76 Tabela 7 Média, Moda e Desvio padrão do construto “Entretenimento”.............. 77

Tabela 8 Média, Moda e Desvio padrão do construto “Relacionamento com organizações”........................................................................................

78

Tabela 9 Média, Moda e Desvio padrão do construto “Influência interpessoal” 79 Tabela 10 Média, Moda e Desvio padrão do construto Influência Externa............ 80

Tabela 11 Média, Moda e Desvio padrão do construto Intenção de continuidade de uso....................................................................................................

80

Tabela 12 Matriz de correlação dos usos do Facebook®.........................................

82

Tabela 13 Matriz de significância dos usos do Facebook®......................................

83

Tabela 14 Comunalidades dos usos do Facebook®................................................

85

Tabela 15 Variância explicada pelos fatores extraídos dos usos do Facebook®.....

86

Tabela 16 Matriz padrão dos fatores do uso do Facebook® (rotacionada).......... 87 Tabela 17 Confiabilidade da análise fatorial exploratória....................................... 92 Tabela 18 Matriz de correlação do construto “Influência interpessoal”.................. 93 Tabela 19 Comunalidades do construto “Influência interpessoal”......................... 93

Tabela 20 Variância explicada pelos fatores extraídos do construto “Influência interpessoal”..........................................................................................

94

Tabela 21 Matriz padrão dos fatores do construto “Influência interpessoal” (rotacionada).........................................................................................

94

Tabela 22 Matriz de correlação do construto “Influência externa”......................... 95 Tabela 23 Comunalidades do construto “Influência externa”................................. 95 Tabela 24 Matriz padrão do fator do construto “Influência externa”....................... 95 Tabela 25 Matriz de correlação do construto “Intenção de continuidade de uso” 96 Tabela 26 Comunalidades do construto “Intenção de continuidade de uso”......... 96

Tabela 27 Segunda matriz de correlação do construto “Intenção de continuidade de uso”.............................................................................

97

Tabela 28 Nova Comunalidade do construto “Intenção de continuidade de uso” 97 Tabela 29 Matriz padrão do fator do construto “Influência externa”....................... 97 Tabela 30 Influência do uso pessoal na continuidade de uso do Facebook®.......103

Tabela 31 Influência do relacionamento com organizações na continuidade de uso do Facebook®................................................................................

103

Tabela 32 Influência interpessoal e externa na continuidade de uso do Facebook®............................................................................................

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LISTA DE SIGLAS

BI Busca de informação

CNP Conhecer novas pessoas

ENT Entretenimento

IBM International Business Machines

IC Intenção de continuidade

INFE Influência externa

INFI Influência interpessoal

IS Information systems

KMO Kaiser-Meyer-Olkim

MCO Manter os contatos off-line

MIT Massachusetts Institute of Technology

MQP Mínimos quadrados parciais

PAM Post Acceptance Model / Modelo de pós-aceitação de tecnologia

RO Relacionamento com organizações

SI Sistema de informação

SNS Social network site / Rede social virtual

SPSS Statistic Package for Social Sciences

TAM Technology Acceptance Model / Modelo de Aceitação de Tecnologia

TDE Teoria da desconfirmação de expectativas

TI Tecnologia da Informação

UFS Universidade Federal de Sergipe

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇAO.............................................................................................. 13

2 CONTEXTO DA PESQUISA........................................................................ 17

2.1 AMBIENTE.................................................................................................... 17

2.2 CENÁRIO...................................................................................................... 18

2.3 PROBLEMA.................................................................................................. 19

2.4 OBJETIVOS.................................................................................................. 20

2.4.1 Objetivo Geral............................................................................................. 21

2.4.2 Objetivos Específicos................................................................................ 21

2.5 JUSTIFICATIVA............................................................................................ 21

3. REVISÃO DA LITERATURA....................................................................... 24

3.1 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO..................................................................... 25

3.2 ACEITAÇÃO E USO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO............................ 27

3.2.1 Continuidade de uso de sistemas de informação.................................. 30

3.2.2 Evoluções do Modelo de Pós-Aceitação de Tecnologia......................... 32

3.3 REDES SOCIAIS........................................................................................... 39

3.3.1 Redes Sociais Virtuais................................................................................ 41

3.3.2 Uso de redes sociais virtuais.................................................................... 43

3.3.3 Facebook®................................................................................................... 47

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..................................................... 51

4.1 FILOSOFIA E NATUREZA DO ESTUDO...................................................... 51

4.2 MODELO DE PESQUISA E HIPÓTESES..................................................... 52

4.3 DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS E INDICADORES............................................ 55

4.4 MÉTODO DE PESQUISA............................................................................. 59

4.5 ESTRATÉGIA DE PESQUISA...................................................................... 59

4.6 COLETA DE DADOS.................................................................................... 60

4.7 POPULAÇÃO E AMOSTRA DA PESQUISA................................................. 62

4.8 ANÁLISE DOS DADOS................................................................................. 64

4.9 CUIDADOS METODOLÓGICOS.................................................................. 66

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................................................... 68

5.1 ANÁLISE DESCRITIVA: PERFIL DOS RESPONDENTES.......................... 68

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5.2 ANÁLISE UNIVARIADA................................................................................ 75

5.3 ANÁLISE FATORIAL EXPLORATÓRIA........................................................ 81

5.4 ANÁLISE FATORIAL CONFIRMATÓRIA...................................................... 93

5.5 MODELAGEM DE CAMINHOS..................................................................... 98

6 CONCLUSÕES.............................................................................................105

6.1 LIMITAÇÕES.................................................................................................108

6.2 SUGESTÕES PARA FUTUROS ESTUDOS................................................109

REFERÊNCIAS........................................................................................................110

APÊNDICES..............................................................................................................117

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO PARA A COLETA DE DADOS............................117

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1 INTRODUÇÃO

A tecnologia da informação (TI) e, em especial, os sistemas de informação

(SI), têm o potencial para transformar os meios pelos quais as informações são

acessadas, armazenadas e transmitidas. Essas tecnologias permitem que muitas

atividades sejam realizadas de forma mais rápida, flexível e eficiente (ROCA; CHIU;

MARTÍNEZ, 2006).

Para Dewett e Jones (2001) assim como para Audy, Andrade e Cidral (2005),

os conceitos de TI e SI são indissociáveis, não havendo na literatura um consenso

sobre sua diferenciação. Neste ponto, Rodrigues Filho e Ludmer (2005) acrescentam

que o conceito de SI vem sendo ampliado ao longo dos anos, passando de um

fenômeno puramente técnico para um fenômeno social. Por outro lado, os referidos

autores destacam que a taxa de sucesso em projetos de SI atinge um baixo

percentual, sendo um dos principais motivos, o fato dos usuários serem

componentes secundários nos projetos de desenvolvimento.

Devido a este alto percentual de insucesso, encontra-se uma quantidade

considerável de pesquisas acadêmicas que avaliam os determinantes de aceitação

e utilização dos sistemas de informação entre os usuários, como por exemplo, os

estudos de Davis, Bagozzi e Warshaw (1989), Bhattacherjee (2001), Roca, Chiu e

Martínez (2006), Vasconcellos e Fleury (2008), Limayem e Cheung (2008), Shi et al.

(2010) e Lee e Kwon (2010).

Esses estudos podem ser divididos em duas categorias: a primeira, que avalia

a aceitação de uma nova tecnologia pelo usuário, e a segunda, que avalia a

intenção do usuário em continuar utilizando uma tecnologia que já havia sido aceita

anteriormente.

Entre os modelos que avaliam a aceitação de uma nova tecnologia, descritos

na literatura, um dos mais amplamente aceitos é o “technology acceptance model”

(TAM) proposto por Davis, Bagozzi e Warshaw (1989). Tal modelo prevê a aceitação

de uma determinada tecnologia pelo usuário baseado na influência de dois fatores: a

utilidade e a facilidade de uso percebida por este usuário.

Além do TAM, outros modelos de aceitação de tecnologia têm enfocado

principalmente a busca por determinantes de aceitação de tarefas orientadas a

sistemas de informação, tais como sistemas de informações gerenciais

(VENKATESH et al., 2003). Além disso, Rau, Gao e Ding (2008) destacam que os

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fatores sociais e emocionais devem ser considerados para explicar as construções

convencionais, tal como ocorre com a facilidade de uso percebida no TAM.

Desta forma, percebe-se que muitos modelos (DAVIS; BAGOZZI;

WARSHAW, 1989; VENKATESH et al., 2003; VASCONCELLOS; FLEURY, 2008)

têm se preocupado exclusivamente com as razões para adoção de novas

tecnologias. No entanto, Limayem, Hirt e Cheung (2003) ressaltam que a adoção de

uma nova tecnologia é apenas o primeiro passo para o seu sucesso, pois caso não

se atendam às necessidades de seus usuários, a tecnologia pode ser

descontinuada.

Nesta direção, ao perceber a necessidade de entender os fatores que levam a

uma utilização contínua, Bhattacherjee (2001) desenvolveu um modelo de

continuidade de uso em SI, também conhecido como modelo de pós-aceitação em

SI, tendo como base a “teoria da desconfirmação de expectativas” (TDE). De acordo

com Bhattacherjee (2001), tal intenção refere-se especificamente à decisão de um

usuário em continuar a utilizar um sistema específico que ele já vinha utilizando

anteriormente, ao invés de descontinuar seu uso.

De acordo com Shi et al. (2010), a partir deste modelo inicial, a intenção de

continuidade de uso se tornou um importante tema de estudo no campo de sistemas

de informação, o que provocou diversas novas propostas de modelos que explicam

como os usuários estão motivados a continuar utilizando um sistema de informação,

como é o caso do modelo desenvolvidos por Lee e Kwon (2010) que sugerem o

acréscimo dos fatores familiaridade e a intimidade ao modelo inicial de Bhattacherjee

(2001), e os estudos de Kwon e Wen (2010) que sugerem que a identidade social, o

altruísmo e a telepresença afetam diretamente a continuidade de uso de um SI.

Devido às peculiaridades de alguns tipos de sistemas de informação, muitos

dos modelos de continuidade de uso desenvolvidos nos últimos anos procuraram

avaliar seus efeitos em SI específicos, como é o caso dos modelos propostos por

Roca, Chiu e Martínez (2006) e Limayem e Cheung (2008) que avaliam a intenção

de continuidade de uso em sistemas de e-learning.

No caso das redes sociais virtuais, em inglês social network sites (SNS),

objeto deste estudo, Shi et al. (2010) propõem um modelo de continuidade de uso

específico para este tipo de SI, adaptando o modelo inicial de Bhattacherjee (2001).

Os referidos autores destacam a importância deste tipo de SI devido ao seu rápido

crescimento nos últimos anos e a grande variedade de SNS que surge a cada dia.

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No entanto, o modelo de Shi et al. (2010) leva em conta apenas fatores

pessoais como influenciadores da intenção de continuidade de uso de uma SNS,

como por exemplo o uso de uma rede social virtual para manter contato com amigos

da faculdade ou para conhecer novas pessoas. Desta forma, apesar de ser um

modelo pioneiro neste tipo de SI, ele não considera a possibilidade de uso de uma

SNS para relacionar-se com organizações nem avalia a influência das pessoas

próximas ao usuário e de outros tipos de mídia na intenção de continuidade de uso

(KIRKPATRICK, 2011).

É nesta temática que se encaixa esta dissertação: a intenção de continuidade

de uso de uma rede social virtual. O ponto focal deste estudo é expandir o modelo

proposto por Shi et al. (2010), acrescentando os construtos “Relacionamento com

organizações”, “Influência interpessoal” e “Influência externa”. A partir disso,

pretende-se demonstrar a importância destas variáveis quando comparadas ao uso

pessoal do Facebook®.

Para tal, a pesquisa investiga a relação desses fatores com a intenção de

continuidade de uso junto a usuários da rede social virtual Facebook®, mediante um

survey com usuários residentes nas 27 unidades federativas do Brasil.

Para relatar como esta pesquisa está implementada, este estudo estrutura-se

a partir desta introdução, seguido da seção 2, na qual são definidos o contexto e o

ambiente estudado, o problema de pesquisa, o objetivo e a justificativa desta

pesquisa.

A seção 3 refere-se à revisão da literatura, tendo como ponto inicial os

sistemas de informação e seu o contexto de adoção. Após este tema, são

abordados os modelos teóricos de aceitação de tecnologia e, em seguida, os

modelos de continuidade de uso de sistemas de informação, dando destaque aos

modelos propostos por Shi et al. (2010) e Roca, Chiu e Martínez (2006). Em seguida

é apresentada uma revisão sobre redes sociais e SNS e os motivos de uso de tais

redes, destacando-se o Facebook®, cenário do qual trata esta pesquisa.

Na seção 4 é abordada a metodologia empregada neste estudo, descrevendo

a filosofia adotada, assim como a caracterização do estudo, o método de pesquisa e

a estratégia utilizada. Nesta seção é demonstrado, também, o modelo de pesquisa

proposto e as hipóteses que são testadas, assim como os procedimentos utilizados

para a análise dos dados e os cuidados metodológicos.

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16

A seção 5 trata da análise dos dados coletados, iniciando pela estatística

descritiva da amostra estudada e, em seguida, pela análise univariada dos

indicadores descritos na metodologia. Nesta seção, é evidenciada a análise fatorial

exploratória dos usos do Facebook® e a análise fatorial confirmatória da influência

interpessoal, influência externa e da intenção de continuidade de uso. Logo após, o

modelo de pesquisa é redesenhado a partir dos resultados da análise fatorial e é

aplicada a modelagem de caminhos com o intuito de medir a influência das variáveis

exógenas na intenção de continuidade de uso.

Por fim, a seção 6 apresenta as conclusões, respondendo os objetivos do

estudo, abordando em seguida as sugestões para estudos futuros, além das

considerações finais.

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17

2 CONTEXTO DA PESQUISA

Esta seção descreve o ambiente e o cenário da pesquisa, bem como explicita

o problema de pesquisa que norteia este estudo, seu objetivo geral e os objetivos

específicos, além de ressaltar a justificativa para sua realização.

2.1 AMBIENTE

A população mundial cresceu muito rapidamente nas últimas décadas,

atingindo a marca dos 7 bilhões de habitantes, no ano de 2011, e podendo atingir a

marca dos 8 bilhões já em 2025 (UNITED NATIONS POPULATION FUND, 2011).

Ao mesmo tempo, o acesso à Internet e as conexões entre indivíduos de

diversos pontos do planeta se tornaram muito mais fáceis devido às melhorias na

infraestrutura das telecomunicações. A Internet, antes utilizada apenas para fins

militares, apresentou um enorme crescimento em suas capacidades técnicas e em

sua penetração em diversos territórios ao ser liberada para o público em geral

(WACHTER; GUPTA; QUADDUS, 2000).

Para Castells (2003), tais avanços possibilitaram uma melhor visualização do

conceito de sociedade da informação, caracterizada pela capacidade de seus

membros (cidadãos, empresas e administração pública) de obter e compartilhar

qualquer informação, instantaneamente, de qualquer lugar e da maneira mais

adequada. Vive-se hoje em uma sociedade na qual a Internet não é uma simples

forma de comunicação, mas o centro de muitas áreas de atividades sociais,

econômicas e políticas, constituindo-se, na perspectiva de Castells (2003, p. 07),

“[...] o tecido de nossas vidas. Se a tecnologia da informação é hoje o que a eletricidade foi na Era Industrial, em nossa época a Internet poderia ser equiparada tanto a uma rede elétrica quanto ao motor elétrico, em razão de sua capacidade de distribuir a força da informação por todo o domínio da atividade humana [...].”

Com o advento da Internet, várias aplicações têm sido desenvolvidas e

disseminadas, como os blogs, redes sociais virtuais e as plataformas de

compartilhamento (O'REILLY, 2005).

Neste contexto, Kaufman (2010) suscita que o desenvolvimento das redes

sociais virtuais talvez seja um dos maiores acontecimentos dos últimos anos, por

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18

representar uma nova maneira de organização da sociedade contemporânea. Por

seu intermédio, os indivíduos têm a oportunidade de complementar seus contatos

presenciais com seus relacionamentos íntimos e não íntimos, gerando uma rede

social, se não mais sólida, pelo menos mais próxima em relação ao

acompanhamento recíproco da vida cotidiana.

Para Recuero (2009), uma rede social virtual nada mais é do que uma

plataforma web que permite aos usuários construir o seu próprio perfil e compartilhar

conexões com seus amigos dentro deste sistema. Fialho e Lutz (2011) destacam

que tais redes estão em crescente expansão e têm assumido um papel de alta

relevância dentre as opções de comunicação e informação na Internet.

Para se ter uma ideia da penetração das SNS no Brasil, em junho de 2012,

dos mais de 88 milhões de internautas, 66% possuíam uma conta ativa no

Facebook®. Dessa forma, dentro do ambiente das redes sociais virtuais, será

investigado como cenário de estudo o Facebook®, uma SNS que possui mais de um

bilhão de usuários em cerca de 100 países (INTERNET WORLD STATS, 2013).

2.2 CENÁRIO

O Facebook® foi criado em 2004 como uma SNS para estudantes de

universidades americanas, sendo liberado para o público em geral dois anos mais

tarde, atingindo um dos maiores crescimentos em número de usuários já visto. Esta

SNS é uma ferramenta que permite que os usuários gerenciem, mantenham e

aumentem suas conexões sociais, ajudando as pessoas a encontrar e se comunicar

com conhecidos (SHI et al., 2010).

Segundo Recuero (2009), o Facebook® funciona por meio de perfis e

comunidades, onde há também a possibilidade de adicionar aplicativos extras a

esses perfis, como jogos e ferramentas. Ele também é visto como uma das redes

sociais virtuais mais privadas, pois apenas os usuários que fazem parte da mesma

rede podem visualizar os perfis uns dos outros. Para a referida autora, o Facebook®

é uma ferramenta de rápida integração, pois cada vez que um usuário atualiza uma

mensagem de status, escreve sobre seu perfil, faz um comentário ou interage com

uma marca, seus seguidores descobrem e isso aumenta o retorno das ações.

Para Kaufman (2010), a estratégia de criação e manutenção do Facebook® é

constituir-se efetivamente como uma comunidade, facultando aos internautas não só

Page 20: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

19

se tornarem usuários como também “co-gestores”, agregando continuamente novos

aplicativos e ferramentas. Ellison, Steinfeld e Lampe (2007) citam ainda que os

usuários do Facebook® também podem participar de grupos baseados em

interesses comuns, o que os estimula a conhecer novas pessoas dentro desta SNS.

Mesmo sendo proibido na China e na Rússia (primeiro e nono países mais

populosos do mundo), o Facebook® é a rede social virtual com o maior número de

usuários ativos no planeta. Além disso, atualmente o Brasil é o país que mais

interage nesta SNS e o segundo país com o maior número de usuários, ficando atrás

apenas dos Estados Unidos (SOCIALBAKERS, 2012).

Devido ao potencial de comunicação apresentado pelo Facebook® e pela sua

ampla adoção nos últimos anos, tanto a nível global como no Brasil, tal SNS foi

escolhida como cenário para este estudo.

2.3 PROBLEMA

Entre os anos 2005 e 2010, a quantidade de internautas brasileiros cresceu

1.418,9%, sendo que metade desses usuários acessa a Internet por meio de lan

houses e integram as classes C, D e E (SEBRAE, 2011). Segundo Vieira (2009),

esse crescimento se deve, em parte, ao surgimento das redes sociais virtuais,

principalmente o Orkut®, o Facebook® e o Twitter®.

De acordo com Corrêa (2008), as redes sociais virtuais começaram a ganhar

destaque na Internet a partir de 2002 e, desde então, se expandem conquistando

novos adeptos com o intuito de ajudar seus membros a reencontrar amigos,

conhecidos e a criar novas amizades, transformando-se em um fenômeno de

popularidade em território nacional, uma vez que os brasileiros aparecem como um

dos líderes em participação.

Assim, ao atender ao desejo das pessoas para as interações sociais e de

entretenimento, as redes sociais virtuais têm atraído pessoas que constantemente

contribuem com seu tempo e dinheiro para a construção de um mundo virtual (SHIH,

2004).

No entanto, Recuero (2009) cita que algumas redes sociais virtuais que

tiveram uma alta taxa de aceitação inicial acabaram entrando em desuso e seus

usuários optaram por migrar para outras SNS que possuem funcionalidades muito

semelhantes, como é o caso das SNS Orkut®, Formspring® e MySpace®, que hoje

Page 21: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

20

em dia possuem um pequeno número de usuários. Por outro lado, o Facebook®

vem crescendo desde o ano em que foi criado, mesmo apresentando características

muito semelhantes às demais redes.

A partir dessas constatações, Shi et al. (2010) evidenciam que apesar das

redes sociais virtuais terem se tornado populares nos últimos anos, a maior parte

dos estudos sobre este tema preocupa-se em identificar seus impactos no cotidiano

dos usuários sem avaliar os motivos que levam o usuário a permanecer utilizando

determinada rede social virtual. Para suprir esta lacuna, Shi et al. (2010) propõem

um modelo de continuidade de uso para as redes sociais virtuais, identificando como

determinantes quatro construtos relacionados com o uso pessoal: manter os contato

off-line, conhecer novas pessoas, entretenimento e busca de informações.

Entretanto, diversos autores relatam que com a consolidação das SNS, os

usuários começaram a criar novas formas de utilização que afetam tanto o

relacionamento pessoal quanto o relacionamento com empresas e órgãos públicos

(CROSS; THOMAS, 2009; KIRKPATRICK, 2011). Além disso, Roca, Chiu e Martínez

(2006) indagam que a continuidade de uso de um sistema de informação sofre

influência interpessoal e influência externa, seja da família ou mesmo de

comentários em outros meios de comunicação, o que leva o usuário a permanecer

em determinada rede social. Sendo assim, cabe uma oportunidade para analisar a

seguinte questão:

• Qual a importância dos construtos “Relacionamento com organizações”,

“Influência interpessoal” e “Influência externa” na intenção de continuidade

de uso de uma rede social virtual, quando comparado com o

relacionamento pessoal?

2.4 OBJETIVOS

Esta subseção destina-se a apresentar o objetivo geral deste estudo de

acordo com o problema de pesquisa abordado anteriormente, assim como

demonstrar seus desdobramentos através dos objetivos específicos.

Page 22: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

21

2.4.1 Objetivo Geral

Uma vez que a proposta de pesquisa deste estudo está voltada em discutir a

importância dos construtos “Relacionamento com organizações”, “Influência

interpessoal” e “Influência externa”, e que a literatura não possui um modelo que

aborde todos estes construtos, será adotado o modelo de Shi et al. (2010), por se

tratar de um modelo voltado para as SNS, embora apresente apenas usos pessoais.

Desta forma, para que se consiga responder o problema de pesquisa, será

definido o seguinte objetivo geral: Expandir o modelo de intenção de continuidade de

uso de redes sociais virtuais proposto por Shi et al. (2010) acrescentando o

construto “Relacionamento com organizações”, proposto pelo autor deste trabalho, e

os construtos “influência interpessoal” e “influência externa”, propostos por Roca,

Chiu e Martínez (2006).

2.4.2 Objetivos Específicos

Situando a pesquisa no cenário do Facebook®, pretende-se como

desdobramento da pesquisa:

• Levantar as principais variáveis ligadas ao relacionamento do usuário com

organizações nas redes sociais virtuais;

• Verificar a adequação das novas variáveis nos construtos já existentes no

modelo de Shi et al. (2010);

• Identificar novos construtos a partir das variáveis analisadas que não se

adéquem ao proposto por Shi et al. (2010);

• Avaliar o impacto da “Influência interpessoal” e da “Influência externa” na

intenção de continuidade de uso, de acordo com os construtos propostos por

Roca, Chiu e Martínez (2006);

• Comparar a influência do construto “Relacionamento com organizações” com

os construtos propostos por Shi et al. (2010) na intenção de continuidade de

uso de uma rede social virtual.

Page 23: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

22

2.5 JUSTIFICATIVA

Dentre as SNS ativas atualmente, vale destacar que o Facebook® foi a que

apresentou o maior crescimento e a maior inserção global, estando presente em

mais de 100 países. Ademais, esta SNS conseguiu desbancar duas outras líderes

de mercado mesmo apresentando funcionalidades bastante semelhantes, a saber, o

MySpace® nos Estados Unidos e o Orkut® no Brasil (RECUERO, 2009).

Ao atingir a marca de um bilhão de usuários ativos, apenas 7 anos depois de

permitir a participação de pessoas de fora das universidades americanas, o

Facebook® se revelou uma importante ferramenta para as mais diversas situações,

como por exemplo, nas mobilizações e protestos políticos na Colômbia e no Irã

(KIRKPATRICK, 2011).

A rede social que inicialmente tinha sido criada com a intenção de conectar

amigos e conhecidos da universidade, passou a ter diversos outros usos. Devido a

essa mudança, alguns autores como Martin (2011) e Brogan (2012) afirmam que as

empresas, independente do setor em que atuam, devem estar presentes nas redes

sociais virtuais, pois o usuário passou a exigir contato com estas empresas, seja

para reclamar ou recomendar uma marca.

Howe (2006) cita ainda que, atualmente, o internauta também costuma utilizar

as redes sociais virtuais para propor melhorias nas organizações ou mesmo para

propor novos produtos e serviços para as empresas, sendo, portanto uma excelente

fonte de informação.

Ademais, seguindo este crescimento acelerado em número de usuários, é

cada vez mais difícil abandonar uma SNS, uma vez que a pressão social dos amigos

e familiares, ou mesmo os comentários feitos nas mídias de massa, como TV e

Rádio, impulsionam o usuário a continuar utilizando determinada SNS (ROCA;

CHIU, MARTÍNEZ, 2006).

Para Karahanna et al. (1999), essa continuidade de uso é um aspecto

extremamente relevante, uma vez que a viabilidade a longo prazo e seu eventual

sucesso dependerão do seu uso continuado ao invés de sua primeira utilização.

Neste sentido, é importante apontar que outras SNS já obtiveram alto grau de

aceitação de uso, mas em pouco tempo perderam boa parte de seus usuários.

Nesta temática, Shi et al. (2010) sugerem quatro fatores que avaliam os

motivos de uso de redes sociais virtuais, sendo um dos poucos modelos

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23

encontrados na literatura para este fim. De acordo com os referidos autores, manter

contato com amigos que se conhece presencialmente, conhecer novas pessoas,

buscar informações e entretenimento são as principais motivações que afetam a

intenção de continuidade de uso de uma SNS.

Entretanto, percebe-se que, com a consolidação das redes sociais virtuais,

diversos novos usos surgiram, não estando contemplados no modelo de Shi et al.

(2010). Uma série de utilizações referentes à relação dos usuários de redes sociais

com as organizações é citada na literatura (CROSS; THOMAS, 2009; RECUERO,

2009; HUNT, 2010; KIRKPATRICK, 2011; MARTIN, 2011; BROGAN, 2012) o que

demonstra uma lacuna que merece ser estudada.

Ainda assim, Roca, Chiu e Martínez (2006) advertem que independente das

motivações de uso, é importante entender que a pressão social dos familiares e

conhecidos acaba influenciando a continuidade de uso, o que pode ser ainda mais

crítico nas redes sociais virtuais devido a sua natureza e a grande quantidade de

usuários.

Dentro deste contexto, pretende-se dar uma contribuição ao estudo sobre

intenção de continuidade de uso de redes sociais virtuais, avaliando a importância

da “Influência interpessoal”, da “Influência externa” e do “Relacionamento com

organizações”, uma vez que os estudos feitos nesta área não contemplam todos

estes aspectos.

Além disso, pretende-se com o modelo proposto, comparar a influência dos

construtos relacionados ao relacionamento pessoal com a dos construtos voltados

ao “Relacionamento com organizações”, visando permitir uma análise mais

condizente com o uso das redes sociais virtuais no atual cenário brasileiro.

Assim, além da expansão do modelo teórico de continuidade de uso de redes

sociais virtuais, este estudo permitirá um novo olhar sobre o Facebook®, apontando

sua importância no campo da administração, no que tange à expectativa do usuário

em relacionar-se com as organizações.

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24

3 REVISÃO DA LITERATURA

Nesta seção são expostos os estudos tomados como referência para dar

suporte à pesquisa, conforme a sequência de tópicos representados em três

subseções expostas na figura 1. Inicialmente é apresentada uma subseção sobre

sistemas de informação (SI), seguida por uma subseção sobre aceitação e uso de

SI, e ao final, uma subseção sobre redes sociais virtuais.

Na primeira subseção consta uma descrição sobre sistemas de informação e

seus contextos de adoção: mandatórios e voluntários. Na segunda subseção são

demonstrados os principais modelos de aceitação de sistemas de informação

propostos na literatura, seguidos pelos modelos de continuidade de uso. Por fim, na

terceira subseção é abordada a literatura referente às redes sociais virtuais, seu uso

e sua evolução ao longo dos anos, destacando-se o Facebook®.

Figura 1 – Diagrama Conceitual da Pesquisa

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Sistemas de informação

Redes Sociais Virtuais

Facebook

Uso de redes sociais virtuais

Continuidade de uso de sistemas de informação

Aceitação de uso uso de sistemas de informação

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3.1 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Castells (2003) descreve que a sociedade contemporânea está centrada no

uso e aplicação de informação e conhecimento, cuja base material está sendo

alterada aceleradamente por uma revolução tecnológica em meio a profundas

mudanças nas relações sociais e nos sistemas políticos, causadas principalmente

pela tecnologia da informação (TI).

A TI, por sua vez, é apontada como um dos fatores responsáveis pela

complexidade do mercado atual, com potencial para tornar-se uma ferramenta de

atração de clientes. Com o uso da TI, em especial dos sistemas de informação (SI),

é possível estreitar o relacionamento com o cliente e extrair informações em tempo

real, que podem gerar novos produtos e serviços (CSILLAG; GRAEML, 2005).

Laudon e Laudon (2007) destacam também que, nas últimas décadas o

mundo dos negócios passou pela transição da economia industrial para a economia

baseada em informação. A partir dessa transição foram criados sistemas que

pudessem processar todas essas informações a fim de facilitar os processos e

proporcionar maiores vantagens às empresas.

Ao tentar delimitar o campo de estudo de SI, Rodrigues Filho e Ludmer (2005)

discutem que o conceito de sistemas de informação vem sendo ampliado ao longo

dos anos em resposta aos contínuos desafios das inovações tecnológicas de

informação e comunicação. No entanto, Dewett e Jones (2001) ressaltam que o

conceito de SI é indissociável do conceito de TI, não havendo um consenso na

literatura sobre sua diferenciação.

Mesmo assim, para Stair e Reinolds (2009) os sistemas de informação podem

ser definidos como um conjunto de componentes inter-relacionados que coletam,

processam, recuperam e distribuem informações que proporcionam suporte à

tomada de decisões. Laudon e Laudon (2007) destacam também que, os SI

envolvem, além de tecnologia, outros fatores como pessoas e procedimentos para

atender às necessidades da organização.

Moresi (2000) ressalta ainda, que os sistemas de informação têm sido

desenvolvidos para otimizar o fluxo de informação relevante no âmbito de uma

organização, desencadeando um processo de conhecimento e de tomada de

decisão e intervenção na realidade.

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26

A partir dessa gama de aplicações, Boghi e Shitsuka (2005) e Rezende e

Abreu (2009) destacam que os sistemas de informação podem ser classificados de

diversas formas sendo uma das mais comuns, a classificação de acordo com o

suporte a decisões. Nesta classificação, os sistemas de informação podem ser

divididos em: sistemas de processamento de transações, sistemas de informação

gerencial, sistemas de apoio à decisão e sistemas de informação executiva.

Além do prisma do suporte a decisões, os sistemas de informação podem ser

analisados de acordo com seu contexto de adoção. Neste aspecto, Rawstorne et al.

(1998) destacam que os contextos de adoção de SI variam em duas situações,

tendo relação direta com o tipo de processo a que atendem, a saber: o uso

voluntário e o uso mandatório.

O uso voluntário acontece quando o usuário final tem a liberdade, sem

retribuição, para decidir se irá ou não utilizar o SI. Já o uso mandatório ocorre

quando o usuário final é forçado pela organização a usar um SI específico para

manter e executar seu trabalho (BROWN et al., 2002).

Na prática, isso significa que, no contexto de adoção mandatório o usuário faz

uso do sistema de informação em função da exigência de seu superior ou de alguma

regra específica. Já no contexto de adoção voluntário, o usuário tem autonomia para

decidir se irá utilizar determinado sistema de informação, se optará por um SI similar,

ou se escolherá não utilizar o SI (FIALHO; LOBLER; LUTZ, 2010). Alguns exemplos

destes dois tipos de sistemas de informação podem ser observados na figura 2.

Figura 2 – Exemplos de sistemas de informação mandatórios e voluntários

SI MANDATÓRIOS SI VOLUNTÁRIOS

- SI de matrícula de uma universidade

- SI de declaração do imposto de renda

- SI impostos pela alta gerência de uma

organização

- SI utilizados para educação à distância

(quando há apenas esta forma de

atendimento)

- SI utilizados para educação à distância

(quando a capacitação também pode ser

realizada presencialmente)

- Redes sociais virtuais

- SI de netbanking utilizados pelos clientes

Fonte: elaborado pelo autor (2012), baseado em Fialho, Lobler e Lutz (2010)

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27

Karahanna et al. (1999) destacam ainda que, no contexto de adoção

mandatório, o usuário não tem a escolha em não utilizá-lo. Por outro lado, Brown et

al. (2002) definem que no contexto de adoção voluntário os usuários percebem a

utilização do SI como uma escolha pessoal, ou seja, o usuário pode decidir ou não

se continuará utilizando o sistema.

Ademais, Fialho, Lobler e Lutz (2010) destacam que a análise de sistemas

de informação de acordo com o contexto de adoção é a mais adequada para estudar

os fatores que influenciam sua continuidade de uso. Para os referidos autores, nos

SI mandatórios, a continuidade de uso está atrelada a obrigatoriedade de utilização,

enquanto nos SI voluntários a continuidade de uso é explicada por diversos fatores.

A partir desta diferenciação, Venkatesh et al. (2003) afirmam que, enquanto

os fatores de aceitação de SI são importantes tanto para sistemas mandatórios

como para os sistemas voluntários, os fatores de continuidade de uso são mais

difíceis de serem identificados nos sistemas voluntários.

Esses fatores de adoção e de continuidade de uso serão detalhados na

próxima subseção destacando-se os principais modelos utilizados para identificá-los.

3.2 ACEITAÇÃO E USO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

A relação entre o ser humano e a tecnologia tem sido objeto de vários

estudos, principalmente no campo de sistemas de informação (SILVA; DIAS; SENA

JÚNIOR, 2008). Neste campo de estudo, Anandarajan, Igbaria e Anakwe (2002)

argumentam que uma grande quantidade de pesquisas está focada na adoção de

um SI devido à importância de avaliar sua futura implantação. Por outro lado, os

referidos autores destacam que são vários os fatores que tendem a limitar o uso de

sistemas de informação dentro das organizações, tais como: a resistência a novas

tecnologias, a falta de motivação, a falta de compreensão da importância da

tecnologia e a falta de habilidade dos usuários.

Com o intuito de buscar melhorias constantes nos sistemas de informação e

no uso dos mesmos, alguns estudiosos da área propuseram vários testes e métodos

de avaliar o comportamento dos usuários quanto à aceitação e o uso de sistemas de

informação. São os chamados modelos teóricos de avaliação e uso de sistemas de

informação, cada um competindo entre si com diferentes determinantes de aceitação

(VENKATESH, 2000).

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28

Estes estudos começaram na década de 80 com o modelo de aceitação de

tecnologia, em inglês, Technology Acceptance Model (TAM), proposto por Davis

(1989). A intenção de desenvolvimento do modelo TAM originou-se de um contrato

com a International Business Machines (IBM) do Canadá com o Massachusetts

Institute of Technology (MIT), nos meados dos anos 80 para avaliar o potencial de

mercado para novos produtos da marca e possibilitar uma explicação dos

determinantes da utilização de computadores. Especificamente, o modelo TAM foi

projetado para compreender a relação causal entre variáveis externas de aceitação

dos usuários e o uso real do computador, buscando entender o comportamento

deste usuário através do conhecimento da utilidade e da facilidade de utilização

percebida por ele (DAVIS, BAGOZZI; WARSHAW, 1989).

Para Davis (1989) as pessoas tendem a usar, ou não, uma tecnologia com o

objetivo de melhorar seu desempenho no trabalho, ou seja, com base na utilidade

percebida. Porém, mesmo que essa pessoa entenda que uma determinada

tecnologia é útil, sua utilização poderá ser prejudicada se o uso for muito

complicado, de modo que o esforço não compense o uso, representado no modelo

pela facilidade percebida, conforme se observa na figura 3.

Figura 3 - Modelo de aceitação da tecnologia (TAM)

Fonte: adaptado de Davis (1989)

Em face do exposto na figura 3, a respeito do modelo TAM, pode-se afirmar

que os indivíduos usarão a tecnologia se acreditarem que este uso fornecerá

resultados positivos, focalizando-se na facilidade de uso percebida e na utilidade

percebida. Assim, o TAM é utilizado para entender o porquê de o usuário aceitar ou

rejeitar um sistema de informação e, a partir disto, descobrir como melhorar sua

aceitação (DAVIS, 1989).

De acordo com Roca, Chiu e Martínez (2006), as relações causais destes

construtos foram validadas empiricamente em vários estudos e, com o passar do

Utilidade percebida

Facilidade de uso

Intenção de uso Uso real

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29

tempo, novas variáveis externas foram acrescentadas ao TAM seguindo

características específicas da tecnologia ou sistema: individual, a tarefa do sistema,

ou características organizacionais.

No entanto, embora o TAM tenha sido bem sucedido na América do Norte, foi

necessário testá-lo fora da cultura norte-americana, pois as variáveis de aceitação

podiam não ter os mesmos efeitos em todas as culturas (SILVA; DIAS; SENA

JÚNIOR, 2008). Desse modo, os estudos sobre a aceitação do usuário a uma nova

tecnologia são descritos como uma das áreas mais maduras na literatura

contemporânea de sistemas de informação (VENKATESH et al., 2003).

Por outro lado, apesar do importante corpo de investigação associado à

adoção de sistemas de informação, os modelos desenvolvidos não conseguem

explicar todos os fenômenos que lhe estão associados (FIALHO; LOBLER; LUTZ,

2011). Tal fato se deve a complexidade dos processos de adoção, principalmente

porque envolvem pessoas e interferem em suas percepções de natureza cognitiva,

as quais nem sempre se regem por interesses organizacionais (sendo afetados por

questões de natureza individual e cultural) e, por outro, à natureza fortemente

dinâmica e evolutiva dos sistemas de informação, mudando muito rapidamente os

paradigmas tecnológicos e criando novos campos de investigação (SILVA; DIAS;

SENA JÚNIOR, 2008).

Segundo Dias, Zwicker e Vincentin (2003), alguns autores abordam o

comportamento dos usuários com relação a não aceitação da tecnologia como uma

questão de resistência às mudanças, sem entender, contudo, os motivos de tal

resistência. Porém, conforme explicam Maia e Cedón (2005), existem outros fatores

que também comprometem o comportamento do usuário, como, por exemplo, a

habilidade técnica especifica desse usuário, assim como o contexto e o espaço onde

a pessoa desenvolve o uso.

Para Silva, Dias e Sena Júnior (2008), os sistemas de informação que tendem

a incomodar ou frustrar os usuários não podem ser sistemas eficazes, seja qual for

seu grau de elegância técnica e de eficácia no processamento de dados. Portanto,

os processos de criação de um sistema de informação devem ser centrados nos

usuários, sua interface deve ser projetada com o objetivo de satisfazer as

necessidades dos usuários, ao invés de analisar somente os fatores que influenciam

a aceitação de um SI, sendo de vital importância verificar os fatores que influenciam

sua continuidade de uso.

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30

3.2.1 Continuidade de uso de sistemas de informação

Como foi visto na subseção anterior, nas últimas décadas surgiram diversos

estudos baseados no uso de sistemas de informação abordando variáveis que

motivam os indivíduos a aceitarem um SI. No entanto, a aceitação de um sistema de

informação é apenas o primeiro passo para que este SI tenha sucesso, pois no

longo prazo, o sucesso de qualquer sistema de informação depende de fato da sua

continuidade de uso (BHATTACHERJEE, 2001). Entender tal continuidade é vital

para a sobrevivência de muitos sistemas de informação, como por exemplo, os SI

utilizados para comércio eletrônico, o internet banking e as redes sociais virtuais.

Esse conceito de continuidade de uso em sistemas de informação vem sendo

trabalhado na literatura como uma extensão do conceito de aceitação de sistemas.

Isso decorre, porque a partir dos modelos de aceitação, não é possível explicar

porque alguns usuários deixam de utilizar um sistema de informação no qual havia

alto grau de aceitação, ou seja, o TAM permite apenas uma explicação limitada

sobre a continuidade de uso de SI (LEE; KWON, 2010).

Bhattacherjee (2001) define a intenção de continuidade de uso como a

decisão de manter a utilização de um sistema informação, sendo esta decisão

influenciada pelo contato inicial com o SI. O referido autor propõe um modelo de

continuidade de uso de sistemas de informação denominado Post Acceptance Model

(PAM), tendo como base o modelo TAM e a teoria da desconfirmação de

expectativas (TDE).

A teoria da desconfirmação de expectativas (TDE) foi proposta por Oliver

(1980) como uma estrutura para avaliar o efeito da satisfação com um produto ou

serviço sobre o comportamento de compra. O principal ponto desta teoria é que a

decisão de recompra é dependente da satisfação, que por sua vez, é uma função

das expectativas do cliente antes de comprar ou usar o produto. Conforme descrito

por Oliver (1980), as expectativas dos usuários são a primeira forma de interação

com um serviço. A satisfação deste usuário é demonstrada como uma função

positiva da diferença entre o desempenho percebido e as expectativas. Em resumo,

o cliente irá comparar as percepções antes e após utilizar um serviço para formar um

grau de satisfação.

Utilizando o PAM, Bathacherjee (2001) descobriu, a partir de uma amostra de

usuários de um sistema bancário virtual, que o antecedente mais significativo da

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31

intenção de continuidade de uso de um SI é a satisfação, que por sua vez, foi

determinada pela confirmação de expectativas iniciais dos usuários e pela utilidade

percebida pelos mesmos.

Ao empregar a TDE para examinar a continuidade de um internet banking,

Bhattacherjee (2001) mostrou que esta teoria também era aplicável num contexto de

sistemas de informação. A partir deste estudo, o referido autor tornou-se referência

na academia justamente por chamar a atenção para as diferenças entre os fatores

que influenciam a adoção de um SI e os fatores que determinam a continuidade de

uso de um sistema de informação.

Especificamente, o PAM, desenvolvido por Bhattacherjee (2001) procura

explicar a intenção dos usuários em continuar usando um determinado sistema de

informação. Como pode ser visto na figura 4, o modelo baseia-se na suposição de

que os usuários, depois da aceitação formam uma opinião de quanto suas

expectativas foram confirmadas (ou desconfirmadas). Simultaneamente, os usuários

desenvolvem opiniões sobre os benefícios (utilidade percebida). Esses dois fatores

irão influenciar a percepção de satisfação do usuário em relação ao SI (satisfação).

Finalmente, a percepção de utilidade e a satisfação contribuem para a explicação da

boa vontade dos usuários em continuar usando o SI (intenção de continuidade).

Figura 4 – Modelo de Pós Aceitação de Tecnologia (PAM)

Fonte: Adaptado de Bhattacherjee (2001)

Segundo Bhattacherjee (2001), a expectativa oferece parâmetros para que os

usuários julguem sua confirmação, com a finalidade de determinar sua resposta

avaliativa ou satisfação. A confirmação é positivamente relacionada à satisfação com

Utilidade percebida

Intenção de continuidade de uso de SI

Satisfação

Confirmação de

expectativas

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32

o uso de SI porque implica a ocorrência de benefícios do uso dos sistemas,

enquanto que a desconfirmação (performance percebida aquém da expectativa)

denota falha em alcançar a expectativa. Destarte, expectativas baixas e/ou

performances mais altas levam a maiores confirmações, as quais influenciam

positivamente a satisfação dos clientes e a intenção de continuidade.

Por este modelo seminal ter chamado a atenção da academia, vários autores

procuraram expandi-lo ao longo do tempo, adicionando construtos que pudessem

analisar de forma mais abrangente a continuidade de uso de sistemas de

informação.

3.2.2 Evoluções do Modelo de Pós-Aceitação de Tecnologia

Após o modelo seminal do PAM, diversos autores procuraram construtos que

pudessem expandi-lo, analisando seu uso em outros tipos de sistemas de

informação como plataformas de educação à distância e redes sociais virtuais.

Dentre esses autores, destacam-se quatro estudos que conseguiram validar

empiricamente seus construtos. Tais estudos e os referentes construtos que foram

validados podem ser observados na figura 5 e serão detalhados a seguir.

Figura 5 – Aprimoramentos do Modelo de Pós Aceitação de Tecnologia

AUTORES CONSTRUTOS ADICIONADOS

Roca, Chiu e Martínez (2006) Qualidade percebida, usabilidade percebida, controle

percebido e normas subjetivas

Limayem e Cheung (2008) Hábito e comportamento anterior

Lee e Kwon (2010) Familiaridade e intimidade

Shi et al. (2010) Motivações do uso de redes sociais

Fonte: elaborado pelo autor (2012)

Dos quatro modelos citados acima, os três primeiros foram validados ao se

estudar a continuidade de uso junto a usuários de uma plataforma de educação à

distância e o último foi validado junto a usuários de uma rede social virtual.

No primeiro modelo citado, Roca, Chiu e Martínez (2006) aprimoraram o PAM

com o auxílio da taxonomia proposta por Delone e McLean (2003). Esta taxonomia

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33

incluiu quatro grandes dimensões no modelo PAM original, a saber: qualidade

percebida, usabilidade percebida, controle percebido e normas subjetivas.

Como pode ser visto na figura 6, na dimensão “qualidade percebida”, os

autores destacam a qualidade da informação, a qualidade do sistema e a qualidade

do serviço como atributos principais. Para os referidos autores, a “qualidade

percebida” está diretamente ligada à qualidade dos resultados obtidos no sistema de

informação.

Figura 6 – Modelo de Roca, Chiu e Martínez (2006)

Fonte: adaptado de Roca, Chiu e Martínez (2006)

Já a dimensão da “usabilidade percebida” trata-se de uma agregação dos

atributos propostos por Davis, Bagozzi e Warshaw (1989) moderados pela absorção

cognitiva do usuário. Esta dimensão, por sua vez, é diretamente afetada pelo

Controle percebido

Qu

alid

ade

Qualidade da informação

Qualidade do serviço

Qualidade do sistema

Confirmação Influência interpessoal

Influência externa

Intenção de Continuidade de

uso de E-learning

Satisfação

Utilidade percebida

Absorção Cognitiva

Facilidade de uso

percebida

Auto-eficácia do

computador

Auto-eficácia da

Internet

Normas subjetivas

Usabilidade percebida

Page 35: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

34

“controle percebido”, ou seja, a eficácia da Internet e do computador que o usuário

utiliza.

Por fim, na dimensão “normas subjetivas”, destacam-se a influência externa e

a influência interpessoal exercida na satisfação dos usuários.

A influência interpessoal tem como objetivo avaliar como a comunicação entre

os usuários, após usarem o sistema de informação, influencia na continuidade de

uso, destacando a influência de familiares, de amigos e de colegas.

No caso da influência externa, avalia-se a importância da comunicação de

“massa”, como relatos da mídia impressa, da televisão e do rádio, assim como a

opinião de especialistas.

A partir desta junção, Roca, Chiu e Martínez (2006) propuseram um modelo

conceitual mais amplo, embora mais complexo, cujo pressuposto básico é que a

intenção de continuidade de uso é determinada pela satisfação do usuário, que por

sua vez é uma função de vários outros construtos. Os referidos autores destacam

ainda que algumas normas subjetivas, como a influência interpessoal de amigos e

familiares são fatores decisivos na continuidade de uso de um sistema de

informação, embora raramente sejam estudados neste campo de pesquisa.

Somado a isso, alguns destes construtos se revelam característicos dos

sistemas de e-learning como a usabilidade e o controle percebidos, enquanto outros

construtos, como as normas subjetivas, parecem se encaixar perfeitamente no

universo das redes sociais virtuais devido a sua aplicação em ambientes em que há

muita interação.

Dessa forma, pode-se sugerir a hipótese de que a influência interpessoal e a

influência externa afetam a intenção de continuidade de uso de uma rede social

virtual.

No segundo modelo citado nesta subseção, o de Limayem e Cheung (2008),

os referidos autores destacam que o PAM não consegue explicar alguns

comportamentos dos usuários e argumentam que, nas situações relacionadas ao

uso continuado, não é a intenção que determina sua continuidade de uso, mas sim o

hábito.

O modelo proposto por estes autores procurou aprimorar o modelo de

Bhatharcherjee (2001) ao adicionar o moderador hábito, criando uma ligação direta

entre a satisfação e a continuidade de uso, bem como entre o comportamento e uso

continuado.

Page 36: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

35

Diferente do que é exposto no PAM, o modelo de Limayem e Cheung (2008)

afirma que quando os usuários ganham experiência com um sistema de informação,

há uma mudança de comportamento consciente para um comportamento habitual,

fazendo com que este fator influencie diretamente a continuidade de uso daquele

sistema de informação, como pode ser visto na figura 7. De forma simplificada, para

os referidos autores, quanto mais um usuário utiliza determinado SI, mais ele tende

a utilizá-lo novamente devido a rotina criada.

Figura 7 – Modelo de Limayem e Cheung (2008)

Fonte: adaptado de Limayem e Cheung (2008)

Cabe destacar que mesmo com este efeito moderador, ainda assim, nesta

proposição, a satisfação é o fator mais importante para determinar o nível de

continuidade e está diretamente ligada a utilidade percebida e a confirmação das

expectativas iniciais. Ademais, este modelo expandido explica apenas cerca de 23%

da variância na continuidade de uso, sendo necessários outros fatores significativos

para explicar a decisão dos usuários (LIMAYEM; CHEUNG , 2008).

No terceiro modelo citado nesta subseção, Lee e Kwon (2010) também

sugerem uma expansão para o PAM. Para os referidos autores, os fatores sugeridos

Utilidade Percebida

Comportamento anterior

Hábito

Continuidade de uso de SI

Intenção de continuidade de uso de SI

Satisfação

Confirmação

Efeito direto

Efeito moderador

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36

nos estudos de intenção de continuidade de uso podem ser classificados em dois

tipos: cognitivo e afetivo.

Fatores cognitivos são aqueles relacionados com o processo mental do saber,

incluindo aspectos como o raciocínio, percepção e julgamento, como por exemplo:

utilidade percebida, facilidade de utilização percebida, segurança, risco percebido e

custo de mudança. Já os fatores afetivos estão relacionados a emoções específicas

ou estados de sentimento.

Por acreditarem que o uso continuado de um sistema de informação pode ser

interpretado como uma relação de longo prazo, os autores sugerem o acréscimo de

dois fatores afetivos para explicar a intenção de continuidade: a intimidade e a

familiaridade, que são emoções criadas cumulativamente durante o tempo e que

podem ser úteis para explicar melhor a intenção de continuidade de uso,

principalmente quando as relações entre usuários e sistemas de informação são

construídas devido ao uso repetitivo.

Para definir o conceito de intimidade, os autores adotaram o estudo de

Tolstedt e Stokes (1983), que a define como um sentimento de proximidade e

ligação emocional. Em relação à familiaridade, foi adotado o estudo de Ecker et al.

(2007), que tem como definição um sentimento geral de ter encontrado um ente

específico antes.

Além disso, os autores ressaltam que existe uma relação entre familiaridade e

intimidade, já que a familiaridade é um dos pré-requisitos para a intimidade

(WILLIAMS, 2001). Nesta perspectiva, Gobbini et al. (2004) argumentam que a

familiaridade se desenvolve naturalmente com anos de interação social. Já Córdova

e Scott (2001) destacam ainda que a intimidade não se baseia em um único evento,

mas em vez disso, num acúmulo de eventos ao longo do tempo.

Portanto, Lee e Kwon (2010) defendem que a familiaridade e a intimidade são

fatores úteis para explicar a intenção do usuário em continuar utilizando sistemas de

informação, visto que, para os autores o uso continuado de SI pode ser interpretado

como uma relação de longo prazo.

Desse modo, os pesquisadores propõem um modelo similar ao de

Bhattacherjee (2001) como pode ser visto na figura 8, incluindo os fatores de

intimidade e de familiaridade para explicar por que os usuários continuam a usar um

sistema de informação.

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37

Figura 8 – Modelo de Lee e Kwon (2010)

Fonte: adaptado de Lee e Kwon (2010)

Os autores destacam que, em seu modelo, o papel que a intimidade

desempenha na intenção de continuidade compara-se com o mesmo papel que este

fator tem na solidificação das relações humanas.

Com relação à familiaridade, o modelo desenvolvido observa o quanto um

usuário se sente proficiente com determinado sistema de informação. Já o fator

confirmação representa o grau em que as expectativas dos usuários foram atendidas

na realidade, sendo o resultado de um processo racional de comparar as

expectativas iniciais com experiência real (LEE; KWON, 2010).

No caso da satisfação, os autores a definem como um estado afetivo positivo

resultante de uma avaliação global do desempenho com base em experiências

passadas. Por fim, a utilidade percebida é o grau em que um usuário acredita que o

uso do sistema resultará em benefícios.

Por último, o quarto modelo citado foi desenvolvido a partir de um estudo

realizado com usuários do Facebook® em Hong Kong. Neste modelo, Shi et al.

(2010) sugerem um aprimoramento do PAM voltado especificamente para as redes

sociais virtuais, no qual a satisfação dos usuários é fruto exclusivamente da

confirmação de expectativas dos usuários, sem levar em conta a utilidade percebida.

Confirmação

Satisfação

Familiaridade

Intimidade

Intenção de continuidade

de uso

Utilidade Percebida

Page 39: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

38

Dentre as diversas expectativas sobre redes sociais virtuais encontradas na

literatura, os autores selecionaram quatro motivações, fundamentadas no estudo de

Ellison, Steinfield e Lampe (2006), que são:

• Manter contatos off-line: as pessoas usam as redes sociais virtuais para

manter relacionamentos já existentes fora das SNS, podendo se comunicar

tanto com pessoas que encontram frequentemente quanto com velhos amigos

e colegas;

• Conhecer novas pessoas: refere-se ao uso das redes sociais virtuais para

fazer novos amigos ou iniciar novas conexões. Neste contexto, eles podem

conhecer uns aos outros numa rede social virtual e depois trazer esta relação

para a vida real;

• Busca de informações: esta terceira motivação destaca o uso das redes

sociais virtuais para obter informações sobre eventos futuros, notícias,

músicas, dentre outros;

• Entretenimento: refere-se ao uso das redes sociais virtuais para preencher o

tempo ocioso. Esta motivação tem como princípio que muitas pessoas usam

as redes sociais virtuais, porque elas podem se divertir em seu tempo livre do

trabalho/estudo ou simplesmente passar o tempo quando se sentem

entediadas.

A partir destas quatro motivações, Shi et al. (2010) propõem um novo modelo

de intenção de continuidade de uso de sistemas de informação voltado ao contexto

das redes sociais virtuais, como pode ser visto na figura 9. Neste modelo, tal qual no

modelo seminal de Bhattacherjee (2001), a desconfirmação de expectativas iniciais é

um fator que influencia diretamente a satisfação do usuário, e por consequência sua

intenção de continuidade de uso. No entanto, diferente dos demais modelos, Shi et

al. (2010) não destacam a influência da utilidade percebida, por acreditar que este

fator está implícito nas expectativas iniciais.

Tal modelo se mostra bastante adequado para este estudo, uma vez que,

diferente dos modelos citados anteriormente, não foi desenvolvido tendo como base

um sistema educação à distância ou um sistema bancário virtual, mas sim uma rede

social virtual, em específico o Facebook®.

Page 40: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

39

Por outro lado, cabe destacar que é importante analisar outros fatores que

podem ser acrescentados a este modelo tornando-o mais completo, como é o caso

do relacionamento com organizações.

Figura 9 – Modelo de Shi et al. (2010)

Fonte: Shi et al (2010).

Faz-se necessário portanto, um maior aprofundamento sobre a literatura de

redes sociais virtuais, a fim de poder detalhar as expectativas iniciais descritas no

modelo de Shi et al. (2010) à realidade atual. Tais conceitos são tratados na

subseção seguinte, dando destaque ao Facebook®, rede social virtual que será

analisada neste estudo.

3.3 REDES SOCIAIS

De uma forma geral, Castells (2003) define redes sociais como estruturas

abertas com capacidade de se expandir de forma ilimitada integrando novos nós,

desde que permaneçam dentro da rede, e compartilhando os mesmos códigos de

comunicação, os quais ele exemplifica como sendo valores e/ou objetivos de

desempenho. Junqueira (2006) destaca ainda, que as redes sociais só se sustentam

Manter os contatos off-

line

Conhecer novas pessoas

Buscar informações

Entretenimento

Satisfação do usuário

Intenção de continuidade

Page 41: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

40

se os integrantes tiverem objetivos em comum e se estes forem suficientemente

fortes para que os atores continuem a investir neles.

Lomnitz (2009) acrescenta que as redes sociais são campos em que os

indivíduos praticam trocas e relações de diferentes tipos, gerando o chamado capital

social, ou seja, o valor que essas relações oferecem aos pares seja de ordem

econômica ou não. Corroborando com esta visão, Hunt (2010) aponta que para

aproveitar as oportunidades de uma rede social é necessário se tornar um capitalista

social, trabalhando sua influência e reputação.

Lèbre (1999) relata que os benefícios de usar uma rede social vão muito além

de conversar com amigos, podendo incluir a formação de redes de propaganda, de

informação e de oportunidades. Nesta relação, a autora cita que, quando se

aproveita o potencial de uma rede social, pode-se utilizar os seus contatos para lhe

auxiliar em momentos de necessidade, seja divulgando seus produtos ou serviços

no mercado (rede de propaganda) ou servindo como conexão para oportunidades de

difícil acesso (rede de oportunidades). A referida autora cita ainda que, como

frequentemente somos bombardeados por diversas informações, ter uma rede de

contatos que já tenha transformado parte destas informações em conhecimento,

através da experiência, pode auxiliar bastante na tomada de decisão.

Com relação a sua composição, Recuero (2009) afirma que uma rede social é

definida como um conjunto de dois elementos: atores (pessoas, instituições ou

grupos, chamados de nós da rede) e suas conexões (interações ou laços sociais),

no qual os atores desta rede não são exatamente pessoas, mas sim uma

representação destas.

Em adição, Corrêa (2008) atesta que os atores de uma rede social são

conectados por laços sociais, que por sua vez, variam em conteúdo, direção e força.

Os laços são concebidos normalmente como fracos ou fortes. Em geral, os laços

fracos não são mantidos com frequência, pois não envolvem um grau de intimidade

como, por exemplo, colegas de ambiente de trabalho que não estabelecem relações

de amizade. Já os laços fortes incluem combinações de intimidade, cumplicidade e

prestação de serviços recíprocos, sendo os contatos mais intensos. São os casos de

parentesco e os relacionamentos muito próximos com amigos.

Morais e Luz (2010) ressaltam ainda que o valor destas conexões é

configurado pelo seu grau de interesse, pela disponibilidade de tempo e recursos, e

pela facilidade de acesso, entre outros, que podem facilitar ou restringir a interação.

Page 42: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

41

Entretanto, com a evolução da Internet as redes sociais ganharam força e ampliaram

suas capacidades de conexões, como também, a capacidade de informações e

conhecimento, gerando mais valor aos sujeitos e fortalecendo os vínculos entre as

pessoas que compõem a rede.

Assim, constata-se que essa evolução social vem ocorrendo desde os

primeiros registros históricos do homem, porém, nunca houve registro de avanços

tão acelerados como os presenciados atualmente com o advento da Internet,

expandindo as redes sociais para o mundo virtual. Tal mudança interferiu no modo

como as empresas negociam, como as pessoas se relacionam dentro da sociedade,

na maneira como as redes sociais são formadas e até mesmo na expansão de valor

do capital social (CASTELLS, 2003; SOUZA; FILENGA; SANCHEZ, 2011).

3.3.1 Redes Sociais Virtuais

A história da Internet iniciou-se em 1969, quando a então Arpanet começou a

ser utilizada pelo departamento de defesa dos Estados Unidos para comunicação e,

mais tarde por cientistas, para a colaboração em pesquisas. Desde então, a Internet

obteve um grande crescimento em suas capacidades técnicas e possibilidades de

uso (WACHTER, GUPTA; QUADDUS, 2000).

Mais tarde, ao se tornar de acesso público, a Internet consolidou-se como

canal de comunicação graças à facilidade de estabelecer contato com outras

pessoas, independente das barreiras geográficas e temporais (CORRÊA, 2008).

Ainda assim, nos primeiros anos de sua utilização a Internet era um território

inexplorado e com a predominância de páginas estáticas. Atualmente, ela evoluiu

para uma plataforma de valor mais relevante para as organizações e indivíduos, a

partir da incorporação de vários recursos e ferramentas (ALMEIDA et al., 2012).

Kirkpatrick (2011) destaca que antigamente a difusão de informações em

larga escala era privilégio das mídias de massa, mas a disseminação da Internet e

as novas funcionalidades interativas têm alterado a maneira como as pessoas se

comunicam e compartilham informações. Para Maness (2007), essa nova forma de

interação na Internet pode ser conhecida como web 2.0, ou seja, uma web onde é

necessário que haja o diálogo.

Kaufman (2010) afirma que, atualmente, a web 2.0 deixou de ser uma

tendência, já estando consolidada de forma irreversível. A título de exemplo, o

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42

referido autor cita que o número de blogs aumentou de apenas 50, no ano de 1990,

para cerca de 112 milhões em 2010. Além disto, Krasnova et al. (2010) ressaltam

que as redes sociais virtuais, outro exemplo de funcionalidade da web 2.0, vêm

crescendo rapidamente nos últimos anos.

Na visão de Boyd e Ellison (2007), estas redes sociais virtuais, ou social

network sites (SNS), podem ser definidas de acordo com os serviços que

proporcionam aos usuários. Sendo assim, uma SNS deve permitir aos usuários

construir um perfil público ou semipúblico, articular uma lista de perfis de outros

usuários com os quais mantém uma conexão e ainda, ver a lista de conexões de

outros usuários. Já na visão de Recuero (2009), apesar das SNS serem percebidas

como extensões das redes sociais reais, é importante salientar que são, em si,

sistemas de informação utilizados para aprimorar as possibilidades de uma rede

social. Por meio desta definição, é possível exemplificar algumas redes sociais

virtuais, como o Google+® ®, o Facebook® ®, o Linkedin® ® e o Twitter® ®.

De acordo com Trusov, Bucklin e Pauwels (2009), tais redes sociais virtuais

permitem ao usuário construir e manter uma rede de amigos para interação pessoal

ou profissional, sendo que os perfis individuais, geralmente são uma combinação de

imagens que representam o usuário, suas listas de interesses e de contatos.

Deste modo, vale salientar que apesar das redes sociais ocorrerem em

diversos contextos, seja no cotidiano das famílias ou no ambiente de trabalho, é pelo

avanço da TI que as SNS têm se viabilizado, pois proporcionam conexões em tempo

real com vários indivíduos em diferentes locais, e aumentam o volume de interações

entre esses atores (AFONSO, 2009; ROCHA et al., 2011).

Essas redes sociais virtuais estão em crescente expansão e têm assumido

um papel de grande relevância dentre as opções de comunicação na Internet. De

acordo com Huberman, Romero e Wu (2009), algumas interfaces permitem a

interação entre as pessoas e possibilitam o contato em rede: entre amigos,

familiares e conhecidos.

Para Corrêa (2008), todo o atrativo comercial em torno das SNS pode ser

explicado pela sua funcionalidade, servindo como espaços de interação, uma vez

que cada pessoa registra seu perfil, contata seus amigos e conhecidos, alarga sua

rede de amizade e constitui laços comunitários, que são instituídos a partir do

compartilhamento de afinidades.

Page 44: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

43

Além disso, as redes sociais virtuais têm se destacado pelo grande número

de usuários como pode ser visto na figura 10. Nas SNS destacadas pode-se

observar que, em 2012, o Twitter® já possuía cerca de 500 milhões de usuários em

todo o mundo e que o Facebook® possuía uma quantidade ainda maior, próxima de

um bilhão de usuários (DALMORO et al., 2010).

Figura 10 – As maiores SNS no Brasil em 2012.

Fonte: TechTudo (2012).

Esses dados refletem o uso massivo das redes sociais virtuais, o que no

Brasil é a principal atividade dos internautas (QUALMAN, 2012). Devido à grande

quantidade de usuários ativos e ao rápido crescimento observado nas redes sociais

virtuais, faz-se necessário discutir seu uso.

3.3.2 Uso de redes sociais virtuais

Para Kirkpatrick (2011), as redes sociais virtuais apresentam essencialmente

dois papéis que podem coexistir, à medida que um não invalida o outro: podem

servir para promover encontros e reencontros de amigos e conhecidos, como é o

caso do Facebook®, e podem ter um perfil profissional, a exemplo do Linkedin®. Em

ambas as circunstâncias, são instrumentos recomendados para o estabelecimento

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44

de contato social, seja para unir as pessoas em grupos visando à ampliação de

círculos de amizade ou em busca de parcerias comerciais etc.

Independente do foco, todas as redes sociais virtuais permitem que os

indivíduos compartilhem interesses e atividades uns com os outros (KWON; WEN,

2010). Boyd e Ellison (2007) destacam ainda que as pessoas têm várias razões para

usar as SNS, a saber: manter contato com amigos e familiares, conhecer novas

pessoas, divulgar a imagem pessoal, compartilhar conteúdo e mídia e criar grupos

para que se possa interagir com outros usuários que têm interesses semelhantes.

De forma similar, Nyland et al. (2007) identificaram cinco usos de redes

sociais virtuais, sendo dois deles semelhantes aos apontados por Boyd e Ellison

(2007): conhecer novas pessoas e manter relacionamentos off-line. Os outros três

usos correspondem a: entretenimento, organização de eventos sociais e criação de

mídia. Já Joinson (2008) identificou sete tipos de usos do Facebook® em seu

estudo, que no geral, são desmembramentos dos motivos citados acima, a saber:

conexão social, compartilhar identidades, divulgar fotografias, divulgar conteúdos,

investigação social, entretenimento e atualizações de status.

Dentro destas utilidades levantadas, vale destacar a formação de grupos com

interesses em comum. Diferente dos tipos tradicionais de grupos, nos quais os laços

são constituídos pela relação de parentesco ou vizinhança, nos grupos formados

nas SNS, os usuários trocam informações com outros usuários que compartilham

seus gostos, independente de sua localização geográfica (RHEINGOLD, 1998).

Martin (2012) destaca ainda que as redes sociais virtuais são fontes

constantes de informações, uma vez que a rapidez na disseminação é muito maior

do que nos meios tradicionais. O referido autor cita como exemplo que, se uma

pessoa fica curiosa sobre uma notícia, ela automaticamente pergunta aos contatos

de sua SNS ao invés de esperar o próximo noticiário.

Agregando as diversas formas de uso pessoal das SNS, Elisson et al. (2006)

resumem todos os pontos citados em quatro fatores, a saber: manter os contatos off-

line, conhecer novas pessoas, busca de informação e entretenimento. Shi et al.

(2010) corroboram com esta afirmação citando que estes quatro fatores conseguem

agregar de maneira satisfatória as razões para o uso de redes sociais virtuais, em

especial para o uso do Facebook®.

Por outro lado, Hunt (2010), Kirkpatrick (2011) e Giardelli (2012) citam que o

uso das redes sociais virtuais também tem sido explorado como instrumento de

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45

ativação de movimentos sociais e culturais como a luta dos direitos humanos,

feministas, ambientalistas, dentre outros. Os referidos autores citam como exemplo,

o uso do Facebook® e do Twitter® em protestos na Colômbia e na onda de

manifestações que ocorreram no Oriente Médio.

Além disso, vale destacar o uso das redes sociais virtuais na relação com

organizações, sejam elas públicas ou privadas. Para Martin (2012) as redes sociais

virtuais ajudam a interagir com mais facilidade e freqüência com importantes

contatos profissionais e oportunidades de emprego, citando como exemplo que nos

Estados Unidos, 89% das empresas pesquisam nas SNS para recrutar profissionais.

Neste ponto Brogan (2012) destaca que mesmo que existam redes sociais

virtuais voltadas para o perfil profissional, como é o caso do Linkedin®, muitas

empresas preferem buscar informações nos perfis pessoais dos candidatos, pois

acreditam que permitem uma visão mais rica.

Ademais, Hunt (2010) afirma que além de contatos profissionais, as pessoas

têm cada vez mais a necessidade de interagir com as marcas através das redes

sociais virtuais, seja para solicitar suporte sobre algum produto comprado

recentemente, seja para opinar no processo de desenvolvimento e adaptação de

produtos.

De acordo com o Syncapse (2013), uma organização responsável por medir o

retorno das ações em redes sociais virtuais, o impacto positivo de uma pessoa que

defende uma marca nas redes sociais virtuais pode chegar a 174 dólares, levando-

se em conta desde o valor gasto por este usuário adquirindo produtos e serviços até

as recomendações para seus contatos.

Nas redes sociais virtuais é possível também perceber necessidades não

atendidas dos clientes, ouvir reclamações e observar de modo geral qual a imagem

de uma empresa e de suas concorrentes. De acordo com Brogan (2012), isto

acontece porque as SNS dão voz aos clientes, permitindo que interajam tanto com

seus pares quanto com as organizações, o que demonstra que atualmente as

pessoas não usam as redes sociais virtuais apenas para se distrair, pois vêm aos

poucos percebendo suas diversas utilizações.

Neste novo cenário, até o governo está percebendo a necessidade que os

usuários tem em participar das discussões que os envolvem. Nos EUA, destaca-se o

uso das SNS na campanha eleitoral do atual presidente Barack Obama, na qual o

mesmo obteve o apoio de diversos internautas, tendo inclusive a postagem mais

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46

compartilhada do Twitter® (mais de 600 mil compartilhamentos) e do Facebook®

(com mais de 500 mil compartilhamentos e mais de 4 milhões de “curtir”), como pode

ser visto na figura 11.

Figura 11 – Post do presidente Barack Obama sobre sua reeleição

Fonte: Facebook® (2012)

Corroborando com este uso, Zhang et al. (2010) destacam que as redes

sociais virtuais tem um papel importante no processo democrático, influenciando

atitudes políticas e a participação da população, citando como exemplo o caso da

Islândia que decidiu levar a discussão sobre a reforma constitucional para o

Facebook® ®.

Percebe-se portanto que, apesar de terem uma concepção inicial para uso

pessoal, as redes sociais virtuais vêm sendo utilizadas também para se relacionar

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47

com organizações públicas e privadas e que na maior parte dos casos, o Facebook®

têm se destacado nestas ações, o que torna necessário conhecer mais

profundamente esta SNS.

3.3.3 Facebook®

A era das redes sociais virtuais começou no início de 1997 com uma empresa

chamada Sixdegrees®. De lá pra cá, diversas outras SNS foram surgindo, como a

Plaxo®, a Ryze® e finalmente o Friendster®, a primeira SNS a fazer sucesso nos

Estados Unidos. No entanto, devido a problemas em sua infraestrutura, esta SNS

acabou perdendo lugar para o MySpace®, uma rede social voltada para o público

adolescente (KIRKPATRICK, 2011).

Para competir com esta SNS, a empresa de tecnologia Google® decidiu criar

sua própria rede social virtual, lançando no início de 2004 o Orkut®. No entanto,

apesar do seu sucesso inicial no Estados Unidos, esta SNS acabou sendo tomada

por brasileiros, tornando-se a principal rede social virtual do país pelos próximos

cinco anos (LARA; NAVAL, 2010).

Neste mesmo ano, um grupo de estudantes de ciência da computação de

Harvard havia criado uma rede social virtual exclusiva para estudantes universitários,

conhecida como Facebook®. Com a popularidade desta SNS, seu uso foi liberado

para estudantes secundaristas e mais tarde para o público em geral (KIRKPATRICK,

2011).

O crescimento do Facebook® aconteceu de forma exponencial, tendo atingido

a marca dos 955 milhões de usuários, em 2012, com previsões de chegar ao

primeiro bilhão de usuários já em 2013.

Devido a este grande crescimento, esta SNS conseguiu desbancar o

MySpace® como principal rede social virtual utilizada nos Estados Unidos e mais

tarde, com sua expansão para outros países, também conseguiu desbancar o

Orkut® no Brasil e diversas outras SNS ao redor do mundo, como pode ser visto na

figura 12.

Com exceção de quatro países em que esta rede social virtual é restringida

pelo governo local, o Facebook® é considerado a principal rede social virtual do

mundo.

Page 49: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

48

Figura 12 – Crescimento do Facebook® como principal SNS ao redor do mundo

Fonte: Canal Tech (2013)

Page 50: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

49

Vale destacar ainda que o Facebook® está disponível em mais de 70 idiomas,

adaptando-se à realidade dos 213 países que o utilizam (UOL, 2012). Em função

deste contexto, Kirkpatrick (2011) aponta que o Facebook® tem o objetivo de se

tornar a rede social virtual padrão em todo o mundo, tomando como preceito o fato

de que os usuários não têm paciência para administrar diversas SNS, o que os

levaria a optar pela SNS mais utilizada pelos seus conhecidos. Partindo deste

pressuposto o autor posiciona a influência interpessoal como o fator preponderante

na intenção de continuidade de uso de uma rede social virtual.

Sobre suas funcionalidades, Recuero (2009) relata que o Facebook® funciona

por meio de perfis e grupos, onde há também a possibilidade de adicionar

aplicativos extras, como jogos e ferramentas. Esta SNS é vista ainda como uma das

redes sociais virtuais com melhores configurações de privacidades, pois apenas os

usuários que fazem parte de uma mesma rede de contatos podem visualizar o

conteúdo uns dos outros.

Shi et al. (2010) afirmam que o Facebook® é uma ferramenta de rápida

integração, pois cada vez que um usuário atualiza uma mensagem de status,

escreve sobre seu perfil, faz um comentário, ou interage com uma marca, seus

seguidores descobrem e isso aumenta o retorno das ações.

Kirkpatrick (2011) ressalta que o Facebook® foi a primeira SNS a permitir que

qualquer entidade comercial pudesse criar uma página gratuitamente (diferente da

página de um usuário comum), permitindo assim que muitas empresas criassem um

novo canal de comunicação com o cliente dentro do Facebook®. Alguns anos

depois, isto fez com que muitas empresas dessem mais ênfase às suas páginas do

Facebook® do que aos seus sites, uma vez que nas páginas as ações dos fãs se

propagam muito mais rápido.

Devido a estas páginas diferenciadas, esta SNS vêm sendo utilizada como

forma de comunicação das empresas com seus clientes. De acordo com a

consultoria americana Constant Contact (2011), o Facebook® é a SNS mais

utilizada pelas micro e pequenas empresas americanas que atuam em redes sociais

virtuais, com 86% das empresas classificando-o como efetivo e 70% informando que

utilizam o Facebook® para se comunicar tanto com seus clientes atuais quanto com

seus clientes potenciais.

Para Kirkpatrick (2011) o Facebook® possui a melhor forma de direcionar um

anúncio para o público-alvo, pois antes desta SNS era necessário fazer um trabalho

Page 51: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

50

especializado para inferir gênero, idade e interesse a partir dos sites que as pessoas

visitavam, já no Facebook® os usuários oferecem estes dados voluntariamente, o

que tende a conectá-los a páginas que tenham interesse.

A importância desta rede pode ser observada ainda no cotidiano empresarial.

Numa pesquisa realizada pela consultoria brasileira Gentis Panel, em 2011, com

funcionários de empresas de grande porte, 77% dos respondentes afirmaram utilizar

o Facebook® no ambiente corporativo. Os entrevistados declararam ainda que

dentre os objetivos de utilizar o Facebook® no ambiente de trabalho estão: descobrir

informações sobre o mercado e concorrência; conversar com amigos e parentes;

descobrir as novidades sobre amigos; e por fim, relaxar no trabalho.

Dentre os 213 países que o Facebook® está inserido, o Brasil é o país que

mais teve crescimento absoluto de usuários em 2012, sendo que apenas nos seis

primeiros meses do ano, 16 milhões de brasileiros aderiram a este SNS

(TECHTUDO, 2012).

Todos esses fatores apontam a notoriedade desta SNS no cenário atual e a

importância de se avaliar os fatores que mantém os brasileiros utilizando esta rede

social virtual.

Page 52: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

51

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Nesta seção são apresentados os procedimentos metodológicos adotados na

investigação de acordo com os objetivos propostos, a saber: a filosofia e natureza do

estudo, o modelo de pesquisa e suas hipóteses, as definições das variáveis e

indicadores utilizados, o método do presente estudo, a estratégia de pesquisa

adotada, a descrição de como ocorreu a coleta de dados, a definição da população e

amostra, os procedimentos para análise dos dados, e por fim os cuidados

metodológicos utilizados para garantir a efetiva aplicação do estudo.

4.1 FILOSOFIA E NATUREZA DO ESTUDO

De acordo com Easerby-Smith, Thorpe e Lowe (2002), no tocante à filosofia

de pesquisa, existem basicamente duas tradições principais com características

distintas: o positivismo e a fenomenologia, conforme pode ser visto na figura 13.

Figura 13- Características básicas do positivismo e da fenomenologia POSITIVISMO FENOMENOLOGIA

Crenças

O mundo é externo e objetivo O mundo é construído socialmente e

subjetivo

O observador é independente O observador é parte do que é observado

A ciência é isenta de valores A ciência é movida por interesses humanos

O

pesquisador

deve:

Focalizar os fatos Focalizar significados

Buscar causalidade e leis

fundamentais Procurar entender o que está acontecendo

Reduzir os fenômenos aos

elementos mais simples Olhar para a totalidade de cada situação

Formular hipóteses e testá-

las a seguir

Desenvolver ideias a partir dos dados

através de indução

Os métodos

preferidos

incluem:

Operacionalização de

conceitos para que possam

ser medidos

Uso de métodos múltiplos para estabelecer

visões diferentes dos fenômenos

Tomar grandes amostras Pequenas amostras investigadas em

profundidade ou ao longo do tempo

Fonte: Easerby-Smith, Thorpe e Lowe (2002)

Page 53: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

52

No positivismo, Bryman e Bell (2011) citam que a ideia básica é que as

propriedades do mundo devem ser medidas por meio de métodos objetivos e não

serem inferidas subjetivamente por meio de sensações, da reflexão ou da intuição.

Na fenomenologia, por outro lado, Saunders, Lewis e Thornhill (2007) citam

que o mundo não é objetivo, já que são as pessoas que o constroem socialmente e

lhe dão significado.

Portanto, devido ao seu caráter objetivo, sua necessidade de medição dos

fenômenos pesquisados e sua busca por causalidade, este estudo situa-se no

paradigma positivista.

Já em relação à natureza da pesquisa, Triviños (1995) cita que os estudos

podem ser divididos em três categorias:

1. Exploratório: estudos que permitem ao pesquisador aumentar sua

experiência em torno de determinado problema.

2. Descritivo: estudos nos quais o foco essencial reside no desejo de

conhecer determinado fenômeno.

3. Explanatório: esta categoria exige um planejamento rigoroso e o

estabelecimento de hipóteses a serem testadas.

Nesta direção, no tocante à natureza da pesquisa, o presente estudo situa-se

numa posição intermediária entre explanatório e descritivo. É explanatório, pois

pretende estabelecer uma relação de causalidade a partir de hipóteses previamente

estabelecidas, demonstrando a influência de diversos fatores sobre a intenção de

continuidade de uso de uma rede social virtual. É também um estudo descritivo, uma

vez que pretende levantar a situação de determinada população sem interferir no

ambiente de pesquisa (COOPER, SCHINDLER, 2003).

4.2 MODELO DE PESQUISA E HIPÓTESES

Nesta subseção é descrito o modelo teórico da pesquisa e são formalizadas

as hipóteses que o compõem. O modelo adotado foi estruturado a partir do estudo

sobre continuidade de uso de redes sociais virtuais de Shi et al. (2010),

acrescentando-se os construtos “Influência interpessoal” e “Influência externa”

propostos por Roca, Chiu e Martínez (2006) e o construto “Relacionamento com

organizações” proposto pelo autor deste trabalho. Desta forma, tal modelo está

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53

delineado em torno de oito construtos, já discutidos nas seções anteriores desta

dissertação: “Manter os contatos off-line”; “Conhecer novas pessoas”; “Busca de

informação”; “Entretenimento”; “Influência interpessoal”; “Influência externa”;

“Relacionamento com organizações”; e “Intenção de continuidade de uso de uma

rede social virtual”.

A partir da revisão da literatura foram identificadas relações causais que

foram transformadas nas hipóteses da pesquisa. Para Kline (1998), um modelo de

relações causais possui variáveis exógenas, aquelas cujas variações são explicadas

por fatores externos ao modelo e as variáveis endógenas, aquelas que sofrem os

efeitos de outras variáveis no modelo. Neste ponto, este estudo difere do realizado

por Shi et al. (2010) por definir a “Intenção de continuidade de uso” como única

variável endógena, sem que seja analisado a variável intermediária “Satisfação”.

Desta forma todos os demais construtos são analisados com variável exógena,

como pode ser visto na figura 14.

Figura 14 – O modelo de pesquisa

Fonte: elaborado pelo autor (2013).

Norma subjetiva - proposta por Roca, Chiu e Martínez (2006).

H6 H5

Uso

s p

esso

ais

de

um

a S

NS

– p

rop

ost

o

Sh

i et

al.

(201

0)

Relacionamento com organizações - Proposto pelo autor

H7

H2

H3

H4

H1

Busca de Informação

Entretenimento

Influência Interpessoal

Intenção de Continuidade de uso de uma rede

social virtual

Manter os contatos off-line

Conhecer Novas

Pessoas

Influência Externa

Relacionamento com organizações

Page 55: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

54

Collis e Hussey (2005) citam que em estudos positivistas, é tradicional fazer

as perguntas de pesquisa como hipóteses, principalmente se a pesquisa for de

natureza explanatória. Nesta direção, Kerlinger (1980) descreve uma hipótese como

sendo um enunciado conjectural das relações entre dois ou mais construtos, sendo

mais específicas que o problema de pesquisa e estando mais próximas das

operações de teste.

Desta forma, a partir do modelo de pesquisa citado, este estudo levanta sete

hipóteses referentes à intenção de continuidade de uso de uma rede social virtual.

Como este trabalho foi aplicado em uma realidade distinta do realizado

anteriormente por Shi et al. (2010), optou-se por analisar também as variáveis já

validadas pelo referidos autores, sendo estas as quatro primeiras hipóteses do

estudo.

H1: O construto “Manter os Contatos off-line” influencia positivamente a

intenção de continuidade de uso de uma rede social virtual.

H2: O construto “Conhecer Novas Pessoas” influencia positivamente a

intenção de continuidade de uso de uma rede social virtual.

H3: O construto “Busca de Informações” influencia positivamente a

intenção de continuidade de uso de uma rede social virtual.

H4: O construto “Entretenimento” influencia positivamente a intenção de

continuidade de uso de uma rede social virtual.

Além disto, este estudo pretende expandir o modelo de Shi et al. (2010). Para

tal, são propostos os construtos relacionados à norma subjetiva, elencados por

Roca, Chiu e Martínez (2006). Portanto as hipóteses 5 e 6 são:

H5: O construto “Influência Interpessoal” influencia positivamente a

intenção de continuidade de uso de uma rede social virtual.

H6: O construto “Influência Externa” influencia positivamente a intenção

de continuidade de uso de uma rede social virtual.

A última hipótese baseia-se na revisão da literatura sobre os diversos usos do

Facebook®, destacando os usos não abordados no modelo inicial de Shi et al.

(2010), que tratam do uso das redes sociais virtuais para relacionar-se com

Page 56: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

55

organizações, sejam elas públicas ou privadas (ZHANG et al., 2010; HUNT, 2010;

KIRKPATRICK, 2011; MARTIN, 2012; BROGAN, 2012; GIARDELLI, 2012). Desta

maneira, a hipótese 7 ficou definida da seguinte forma:

H7: O construto “Relacionamento com Organizações” influencia

positivamente a intenção de continuidade de uso de uma rede social virtual.

Definidas as hipóteses do estudo, é necessário operacionalizar as variáveis

da pesquisa, relatando seus conceitos e indicadores, conforme exposto na próxima

subseção.

4.3 DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS E INDICADORES

Para Collis e Hussey (2005), é essencial a definição de termos em estudos

positivistas, uma vez que isso aumenta a precisão e o rigor da pesquisa. Desta

forma, na Figura 15 são demonstradas as variáveis e suas definições operacionais,

assim como os indicadores que serão utilizados para sua medição.

Seguindo o modelo proposto são elencadas oito variáveis, tendo cada uma

delas recebido uma sigla para melhor identificação dos indicadores. Para facilitar o

entendimento de cada uma destas variáveis é apresentada sua definição

operacional sempre fazendo paralelo com o uso do Facebook®.

Em conformidade com a literatura, cada uma das variáveis é medida através

de uma série de indicadores, que podem variar de dois (“Influência externa”) a dez

indicadores (“Relacionamento com organizações”).

Na última coluna são apresentadas as bases conceituais de todas as

variáveis elencadas, demonstrando os autores que corroboram com este

agrupamento dos indicadores. Vale ressaltar que embora a maior parte do modelo

seja baseado no estudo de Shi et al. (2010) há a contribuição de diversos outros

autores para sua expansão.

Embora os indicadores estejam apresentados de forma agrupada em cada

variável, estas aglomerações obedecem apenas os critérios levantados na literatura,

devendo portanto serem feitas as análises estatísticas adequadas (através da

análise fatorial exploratória ou confirmatória) para definir quais os agrupamentos

estatisticamente confiáveis.

Page 57: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

56

Figura 15 – Operacionalização das variáveis.

VARIÁVEL DEFINIÇÃO

OPERACIONAL INDICADORES

BASE

CONCEITUAL

Intenção de

continuidade (IC)

Intenção do usuário em

continuar utilizando o

Facebook®.

IC1: Estou satisfeito com as possibilidades oferecidas pelo

Facebook®

Bhattachejee (2001);

Roca, Chiu e

Martínez (2006); Shi

et al. (2010)

IC2: Eu pretendo continuar usando o Facebook® no futuro

IC3: Eu vou continuar usando o Facebook® tão regularmente

quanto faço agora ou até mais do que uso agora

IC4: Eu recomendo que os outros usem o Facebook®

IC5: Minha experiência com o uso do Facebook® foi melhor do

que eu esperava

Influência

interpessoal (INFI)

Influência de amigos,

familiares e conhecidos na

utilização do Facebook®.

INFI1: Minha família me estimula a utilizar o Facebook®

Roca, Chiu e

Martínez (2006)

INFI2: Meus colegas de trabalho/estudos me estimulam a utilizar o

Facebook®

INFI3: Outros amigos me estimulam a utilizar o Facebook®

Influência externa

(INFE)

Influência das mídias de

massa e de especialistas na

utilização do Facebook®.

INFE1: Eu lia/assistia reportagens falando bem sobre o

Facebook®.

Roca, Chiu e

Martínez (2006) INFE2: Eu percebia comentários positivos sobre o Facebook® na

Rádio/TV

Page 58: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

57

VARIÁVEL DEFINIÇÃO

OPERACIONAL INDICADORES

BASE

CONCEITUAL

Manter os contatos

off-line (MCO)

Manter, através do

Facebook®, relações já

existentes fora desta SNS

MCO1: Continuar o contato com alguém que você se relaciona

pessoalmente.

Joinson (2008); Shi

et al. (2010)

MOC2: Aprender mais sobre alguém de seu local de

trabalho/turma.

MOC3: Restabelecer o contato com velhos amigos

MOC4: Obter informação em tempo real dos seus contatos.

Conhecer novas

pessoas (CNP)

Utilizar o Facebook® para

iniciar novas conexões

CNP1: Fazer novos amigos com os mesmos interesses que você Shi et al. (2010);

Hunt (2010); Martin

(2012) CNP2: Buscar contatos profissionais

Busca de

Informação (BI)

Utilizar o Facebook® para

procurar informações sobre

eventos, novidades, notícias,

músicas, etc.

BI1: Aprofundar-se sobre o que está acontecendo em sua

escola/local de trabalho

Shi et al. (2010)

BI2: Manter-se atualizado com as tendências atuais

BI3: Obter informações úteis para suas atividades no

trabalho/estudo

BI4: Aprofundar-se sobre assuntos relacionados aos seus

interesses pessoais (Por exemplo: Novos aplicativos, músicas,

filmes, livros, etc.)

Entretenimento

(ENT)

Utilizar o Facebook® para

preencher o tempo livre, dar

uma pausa nas atividades

ou se divertir

ENT1: Preencher o tempo ocioso

Shi et al. (2010) ENT2: Divertir-se

ENT3: Fazer uma pausa no trabalho/estudo

Page 59: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

58

VARIÁVEL DEFINIÇÃO

OPERACIONAL INDICADORES

BASE

CONCEITUAL

Relacionamento

com organizações

(RO)

Utilizar o Facebook® para

relacionar-se com

organizações públicas e

privadas

RO1: Discutir questões relacionadas a assuntos sociais /

ambientais

Zhang et al., (2010);

Hunt, (2010);

Kirkpatrick, (2011);

Martin, (2012);

Brogan, (2012);

Giardelli, (2012)

RO2: Participar de grupos de discussão

RO3: Saber novidades e promoções sobre uma marca/empresa

RO4: Divulgar minhas atividades profissionais

RO5: Conhecer a opinião de outras pessoas sobre

produtos/serviços

RO6: Comunicar-me diretamente com uma empresa

RO7: Reclamar publicamente sobre um produto/serviço

RO8: Recomendar publicamente um produto/serviço

RO9: Sugerir mudanças/melhorias em um produto/serviço

RO10: Ficar atualizado sobre notícias do governo

Fonte: Elaborado pelo autor (2013)

Page 60: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

59

4.4 MÉTODO DE PESQUISA

Em relação ao método, Bryman e Bell (2011) destacam que existe uma

classificação dicotômica na literatura distinguindo pesquisas qualitativas e

quantitativas. Para o referido autor, a pesquisa quantitativa possui orientação

positivista voltada para o teste de uma teoria, enquanto que a pesquisa qualitativa

possui orientação fenomenológica voltada para a geração de teoria.

Corroborando com esta questão, Roesch (2009) cita que enquanto o

propósito da pesquisa quantitativa implica em medir relações entre as variáveis e

obter informações sobre determinada população, a pesquisa qualitativa é apropriada

para a avaliação formativa obtendo informações de pequenos grupos ou casos

específicos.

Neste aspecto, o referido estudo utilizará o método quantitativo. Tal

abordagem se mostra coerente com a filosofia positivista e com a natureza

explanatório-descritiva deste estudo e será exposta através da estratégia de

pesquisa de levantamento de dados.

4.5 ESTRATÉGIA DE PESQUISA

Tendo definido a natureza e o método de pesquisa do estudo, faz-se

necessário decidir qual a estratégia de pesquisa a ser utilizada. Neuman (1997) cita

que as principais estratégias de pesquisa utilizadas em estudos quantitativos são: o

experimento, o survey, a análise de conteúdo e a análise de dados estatísticos

existentes. De acordo com o referido autor, nas duas primeiras estratégias é

necessário realizar um levantamento de dados primários junto à população

estudada, enquanto que nas outras duas estratégias faz-se necessário a análise de

dados secundários. Além disso, no experimento é necessário que o pesquisador

interfira no ambiente de pesquisa a fim de testar determinada hipótese. Por outro

lado, no survey o pesquisador elicita as informações necessárias com o intuito de

descrever o comportamento de determinada população.

Portanto, uma vez que este estudo pretende realizar a coleta dos dados junto

aos respondentes sem interferir no ambiente de pesquisa, será adotada como

estratégia de pesquisa o survey.

Page 61: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

60

Esta estratégia de pesquisa foi escolhida porque, além de seguir a

abordagem quantitativa, não manipula ou simula condições, fazendo com que as

pessoas simplesmente respondam as questões levantadas de acordo com seu

comportamento habitual (NEUMAN, 1997). Ademais, esta estratégia de pesquisa

permite o levantamento de um grande número de respostas em um curto período de

tempo (SAUNDERS; LEWIS; THORNILL, 2007).

Em adição, o survey é uma estratégia de pesquisa lógica, permitindo o exame

de vários questionários para testar proposições envolvendo mais de uma variável.

Este tipo de estratégia permite ainda, obter muitas variáveis, que podem ser

quantificadas e processadas por software específico para uma posterior proposição

de modelo explicativo (BABBIE, 2001).

Isto posto, esta pesquisa é considerada de corte transversal, pois pretende

analisar a intenção de continuidade de uso do Facebook® em um momento

específico, sem fazer comparações com outros períodos (SAUNDERS; LEWIS;

THORNILL, 2007).

4.6 COLETA DE DADOS

Embora o survey possa utilizar vários instrumentos para a coleta de dados

como, por exemplo, a observação estruturada e a entrevista estruturada, Saunders,

Lewis e Thornill (2007) destacam o questionário como o instrumento de coleta mais

utilizado. De acordo com os referidos autores, diferente dos outros instrumentos de

coleta de dados, o questionário possibilita o levantamento de uma grande

quantidade de respostas em um curto período de tempo.

Assim, devido à necessidade da coleta de dados junto a uma grande

quantidade de respondentes, o presente estudo adotará como instrumento para a

coleta de dados o questionário. Corroborando com esta afirmação Collis e Hussey

(2005) citam que em estudos de paradigma positivista, o uso de questionários é

recomendado para os survey de larga escala.

Para Vieira, Castro e Schuch Júnior (2010), o uso de questionários virtuais é

visto como mais conveniente do que os questionários impressos tanto por pessoas

que acessam muito a internet quanto por pessoas que acessam esporadicamente.

O questionário que será utilizado neste estudo (Apêndice A), possui questões

exclusivamente fechadas, nas quais houve a preocupação que fossem incluídas

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61

todas as respostas possíveis e que tais respostas fossem mutuamente excludentes.

A escolha deste tipo de questão visou garantir maior uniformidade de respostas

(BABBIE, 2001).

O referido questionário é dividido em duas partes, na qual a primeira parte

corresponde a um levantamento socioeconômico dos usuários, possibilitando

posteriormente, um detalhamento do perfil destes respondentes. Já a segunda parte

do questionário refere-se diretamente às variáveis levantadas no modelo de

pesquisa adotado neste estudo, na qual foi utilizada para medição uma escala tipo

likert de 5 pontos. De acordo com Hair Júnior et al. (2005), a escala de 5 pontos

permite maior precisão do que a escala de 3 pontos quanto à intensidade que o

respondente concorda ou discorda com a afirmação. Babbie (2001) cita ainda que a

escala de 5 pontos torna as opções mais claras para o respondente do que a escala

de 7 pontos, uma vez que esta última tende a confundir o respondente com opções

muito semelhantes.

Além disso, antes de ser aplicado junto à amostra, este questionário enfrentou

um pré-teste com 22 usuários do Facebook® com o intuito de verificar se todos os

itens estavam claros para os respondentes e se não apresentava termos

“tendenciosos” (BABBIE, 2001). Vale destacar ainda que, como a intenção do

estudo, foi de aplicar o questionário com pessoas de todas as unidades federativas

brasileiras, o pré-teste foi aplicado com respondentes de seis estados diferentes,

com a finalidade de perceber entendimentos regionais distintos.

A partir deste pré-teste, foram identificadas melhorias necessárias para o

questionário, a saber: devido às diversas formas de nomenclatura das SNS em

vários meios, foi adotado o termo “redes/mídias sociais” para evitar dúvidas junto

aos respondentes; como critério para definir se uma pessoa de fato utiliza uma SNS,

foi estabelecido que esta deveria considerar apenas as SNS que acessou nos

últimos 30 dias. Este critério visou evitar que os usuários marcassem SNS que eles

apenas se cadastraram, mas não voltaram a acessar; Por fim, a escala tipo likert

“Concordo-Discordo” se mostrou confusa e tendenciosa para a maioria dos

respondentes, sendo alterada para uma escala “Nunca-Sempre”.

Em relação à forma de aplicação, os questionários foram auto-administrados.

Nesta forma de aplicação a modalidade de entrega se deu por computador utilizando

a plataforma Eval&Go®. De acordo com Cooper e Schindler (2003), neste tipo de

modalidade há a possibilidade de contato com respondentes distantes

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62

geograficamente sem aumento dos custos, o que possibilita a aplicação de um

questionário junto a uma população geograficamente dispersa.

Para facilitar a disseminação e acompanhamento do perfil computacional dos

usuários o link da plataforma Eval&Go® foi encurtado através do encurtador

goo.gl®. Desta forma, passou-se a divulgar o questionário através do link

“http://goo.gl/oa4WU” ao invés do link

“https://usodoFacebook®.evalandgo.com/s/?id=JTlBbSU5Nm0=&a=JTlBaiU5QW4=”,

o que facilitou seu compartilhamento.

Além de facilitar a disseminação, ao encurtar o link, pôde-se acompanhar os

acessos aos questionários e comparar com a quantidade de respostas. Ao total,

durante os meses de janeiro e fevereiro de 2013, o questionário foi acessado 6214

vezes (gerando 4078 respostas válidas) por cinco tipos diferentes de navegadores,

embora cerca de 80% dos respondentes o acessaram pelo navegador Chrome®.

Além disso, foram identificados seis diferentes tipos de sistemas operacionais dentre

os acessos, tendo se destacado o Windows®.

Estes dados são importantes por demonstrarem que a plataforma de

questionários online escolhida pôde ser acessada por vários tipos de perfis distintos,

não se restringindo a desktops ou a navegadores específicos, fatores estes que

poderiam ter causado desistência no preenchimento do questionário.

4.7 POPULAÇÃO E AMOSTRA DA PESQUISA

Para Hair Júnior et al. (2005) a população de um survey é o total de todos os

elementos que compartilham uma característica relevante para o estudo. Desse

modo, identifica-se como população desta pesquisa os usuários brasileiros que

utilizam o Facebook®. Esta população corresponde a cerca de 42 milhões de

usuários, de acordo com a Internet World Stats (2012), e vem crescendo a cada dia,

o que dificulta a mensuração exata da população e impossibilita uma listagem destes

usuários.

Freitas et al. (2000) citam que a amostragem da pesquisa pode ocorrer de

duas formas: probabilística ou não probabilística. A amostra probabilística tem como

principal característica o fato de que todos os membros da população têm a mesma

chance de serem escolhidos, uma vez que, para obter este tipo de amostra é

necessário que haja um cadastro de todos os membros da população. Já a amostra

Page 64: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

63

não probabilística é obtida a partir de algum critério específico, eliminando assim as

chances de generalização do estudo.

Devido à impossibilidade da listagem da população dos usuários brasileiros

no Facebook®, será adotado no presente estudo uma amostragem não

probabilística.

Dentre os critérios utilizados para determinar este tipo de amostra, Hair Júnior

et al. (2005) e Saunders, Lewis e Thornill (2007) citam que os mais comuns são:

• Por conveniência, no qual são selecionados os membros que estejam

mais disponíveis ao pesquisador.

• Por julgamento ou intencional, no qual o pesquisador indica quais são os

respondentes que, em sua visão, melhor representam a população.

• Por quota, no qual o pesquisador pretende que a amostra, mesmo não

probabilística, possua representação proporcional dos estratos da

população.

• Bola-de-neve, em que o pesquisador inicia por uma amostra probabilística

e, a partir destes respondentes, identifica novos respondentes utilizando o

critério de julgamento.

• Por autosseleção, na qual o questionário é disponibilizado para uma

grande quantidade de respondentes, permitindo que cada usuário

verifique a possibilidade de participar.

Dentre os cinco critérios apresentados, este estudo adotará o método de

autosseleção, com o intuito de garantir uma amostra não probabilística heterogênea

e significativa.

A escolha deste critério visa ainda, a participação de respondentes de todas

as regiões do país. Para tal, o link de acesso ao questionário que foi utilizado nesta

pesquisa foi disponibilizado em cento e vinte grupos diferentes dentro do

Facebook®, sendo quatro grupos para cada uma das unidades federativas do Brasil

e mais doze grupos de representatividade nacional. Para escolher em que grupos o

link seria disponibilizado foi feita uma pesquisa no próprio Facebook® a partir do

nome das unidades federativas do Brasil, sendo escolhidos os quatro grupos com

maior número de usuários.

Page 65: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

64

4.8 ANÁLISE DOS DADOS

De acordo com Roesch (2009), na pesquisa quantitativa os dados coletados

são submetidos à análise estatística com a ajuda de softwares, nos quais as

respostas são manipuladas de várias maneiras. Para atingir este objetivo, a análise

dos dados foi realizada em quatro fases como pode ser visto na figura 16.

Figura 16 – Análises realizadas no estudo

Fonte: Elaborado pelo autor (2013)

No primeiro estágio de análise deste estudo é avaliado o perfil dos

respondentes, utilizando o método de estatística descritiva, sendo efetuadas

análises das distribuições de frequência, tal como indicam Collis e Hussey (2005).

Para tal, é utilizado o software Microsoft Excel 2007® devido a sua facilidade e

praticidade para este fim.

Já na segunda fase é feita a análise univariada, no qual são demonstradas as

médias de cada uma das variáveis estudadas, e em seguida a moda, para que

Análise descritiva

Análise fatorial

exploratória

Análise fatorial confirmatória

Modelagem de caminhos através dos mínimos quadrados parciais

Qual o perfil dos respondentes da pesquisa?

As novas variáveis propostas são absorvidas por algum construto já existente ou formam novos construtos?

Os demais construtos possuem boa aderência?

Qual a influência das variáveis exógenas na variável endógena?

Análise univariada

Qual o perfil do comportamento estudado?

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65

possa ser observado qual a resposta mais freqüente em cada questão. Por último é

analisado o desvio padrão para observar as variáveis com maior e menor dispersão.

Na fase seguinte, os dados foram exportados para o software Statistic

Package for Social Sciences (SPSS) 19 for Windows® e foi realizada uma análise

fatorial exploratória com todos os indicadores referentes ao uso do Facebook®, com

o intuito de identificar se haveriam mudanças nos construtos sugeridos, o que de

fato ocorreu.

De acordo com Dancey e Reidy (2006), a análise fatorial tem como intenção

reduzir um grande número de variáveis para um número menor de construtos

(também chamados de variáveis latentes ou fatores) para torná-lo mais manejável

em outros tipos de análise. Esta técnica atende ainda o princípio da parcimônia, no

qual é preferível a explicação mais simples para determinado fenômeno (DOWNING;

CLARK, 2006).

Posteriormente, ainda utilizando o SPSS®, é realizada uma análise fatorial

confirmatória com os construtos “Influência interpessoal” e “Influência externa” e com

o construto endógeno “Intenção de continuidade de uso”. Esta análise teve como

intenção confirmar se estes construtos estavam adequados, para então poder testar

as relações do modelo.

Após as análises fatoriais,é realizado o teste de confiabilidade como forma de

avaliar se as variáveis específicas de cada construto dizem mesmo respeito ao que

está sendo mensurado. Para tal, é calculado o coeficiente do alfa de Cronbach como

indicador da consistência interna de cada construto, tendo que seu valor ser superior

a 0,7 para que o coeficiente seja aceitável (BISQUERRA; SARRIERA; MARTÍNEZ,

2004; LEECH; BARRET; MORGAN, 2005).

Na quinta fase de análise, com o intuito de se testar efetivamente o modelo

proposto, os dados foram extraídos para o software SmartPLS 2.0® para que fosse

realizada a modelagem de caminhos através da técnica dos mínimos quadrados

parciais (MQP).

De acordo com Hair et al. (2006) o foco do MQP é muito mais voltado para

previsão, como é o caso do interesse deste estudo, uma vez que o construto

endógeno (intenção de continuidade de uso) está relacionado à previsão do

comportamento dos entrevistados e não a um fato diretamente observado. Além

disso, diferentes de outras técnicas, é possível medir várias relações ao mesmo

tempo.

Page 67: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

66

Kline (2011) ressalta que, embora o método do MQP tenha uma estimação

estatística inferior a outros métodos de modelagem, quando é utilizado em estudos

com grandes amostras essa diferença não se torna relevante.

Desta forma, nesta fase são estabelecidos os caminhos de influência entre

cada variável exógena (causa) para a variável endógena (efeito) deste estudo.

Primeiramente são verificados os coeficientes de cada caminho com o intuito de

identificar a covariância entre as variáveis “causa-efeito” demonstrando assim o peso

de cada construto na intenção de continuidade de uso. Por fim, é analisada a

estatística do R², que revela o quanto do construto endógeno é explicado pelas

demais variáveis exógenas.

4.9 CUIDADOS METODOLÓGICOS

Em virtude das dificuldades em conseguir alcançar os objetivos do estudo,

faz-se necessário adotar medidas que possam garantir a efetiva aplicação dos

métodos acima propostos.

Em primeiro lugar, cabe ressaltar que devido à amostra não probabilística

utilizada neste estudo, seus resultados não podem ser generalizados para a

população de usuários de redes sociais virtuais ou mesmo usuários do Facebook®.

Ainda assim, com o intuito de possuir uma amostra representativa de usuários do

Facebook®, procurou-se elicitar grupos dentro da SNS que representem todas as

unidades federativas do Brasil, nos quais foi disponibilizado o link do questionário da

pesquisa. Essa medida visou obter um grupo de respostas mais heterogêneo do que

um possível grupo de respostas aplicado em apenas uma cidade.

Em segundo lugar, por utilizar uma pesquisa de amostragem não

probabilística por autosseleção, corre-se o risco de se obter um número muito

pequeno de respondentes, uma vez que a intenção de responder ou não o

questionário depende da disponibilidade e interesse do pesquisado. Para minimizar

tal desvantagem, foi sorteado um cartão-presente para a Livraria Saraiva dentre os

respondentes para estimular sua participação. Tal premiação foi escolhida por poder

ser utilizada por qualquer respondente, independente de sua localização geográfica,

destacando-se ainda que o premiado utilizaria o cartão-presente da maneira como

desejasse.

Page 68: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

67

Vale destacar que apesar de bem intencionada, esta medida gera a

probabilidade de questionários não válidos. Dessa forma, todas as questões do

questionário foram classificadas como obrigatórias na plataforma Eval&Go®, sendo

impossível o seu envio sem o preenchimento de todas as questões. Com esta

medida, não houve dados ausentes, ou missing values, dentre os questionários

coletados.

Por fim, os aspectos éticos apresentados por Tuckman (2002) – direito à

privacidade, direito ao voluntariado, direito ao anonimato e direito à

confidencialidade – foram considerados na aplicação desta pesquisa, uma vez que

não houve obrigatoriedade na participação e na identificação dos participantes na

apresentação dos dados.

Page 69: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

68

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Nesta seção são apresentados os resultados obtidos pelo estudo.

Inicialmente são relatadas as estatísticas descritiva e univariada que estão

relacionadas ao perfil dos respondentes, revelando os grupos e respostas mais

representativos. Em seguida, são apresentadas as análises fatoriais - exploratória e

confirmatória. Na análise fatorial exploratória, são demonstrados os fatores gerados

a partir de todas as variáveis ligadas ao uso do Facebook®. Já na análise fatorial

confirmatória são analisadas as adequações dos fatores “Influência interpessoal”,

“Influência externa” e “Intenção de continuidade de uso”. Por fim, é demonstrada a

adequação do modelo, analisando os impactos de todas as variáveis exógenas na

intenção de continuidade de uso, mediante a modelagem de caminhos através da

técnica nos mínimos quadrados parciais.

5.1. ANÁLISE DESCRITIVA: PERFIL DOS RESPONDENTES

Nesta primeira subseção são apresentados os dados socioeconômicos e

comportamentais dos respondentes desta pesquisa.

Como relatado na metodologia, ao todo foram analisados 4078 questionários

válidos. Dentre estes respondentes, cerca de 53% eram de respondentes do sexo

feminino e 47% do sexo masculino conforme pode ser visto na Figura 17, o que se

mostrou uma amostra bastante equilibrada no tocante ao gênero.

Figura 17 – Distribuição dos respondentes por gênero

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Page 70: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

69

Com relação à idade, destaca-se que quase 92% dos respondentes tem

menos de 35 anos, como pode ser visto na tabela 1.

De forma geral, a partir dos 18 anos, quanto maior a faixa de idade, menor o

número de participantes na amostra. Destaca-se ainda a concentração de cerca de

metade dos respondentes na faixa dos 18 aos 24 anos.

Tabela 1 – Distribuição dos respondentes por faixa de idade

Idade Quantidade %

Até 17 anos 571 14%

18 - 24 anos 2123 52,06%

25 - 34 anos 1052 25,80%

35 - 44 anos 207 5,08%

45 - 54 anos 92 2,26%

55 - 64 anos 22 0,54%

mais de 64 anos 11 0,27%

Total 4078 100%

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Quando questionados sobre a renda familiar, a maioria dos respondentes

afirmou possuir um renda entre 2 e 10 salários mínimos, o que revela que a grande

quantidade de usuários das classes média e classe média baixa, conforme figura 19.

Figura 19 – Distribuição dos respondentes por renda familiar

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Page 71: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

70

No quesito escolaridade, mais de 46% dos respondentes estão cursando o

ensino superior, enquanto que 32,5% já possuem nível superior ou acima deste,

como pode ser visto na figura 20.

Desta forma, percebeu-se um nível de escolaridade elevado dentre os

respondentes do estudo, ressaltando que menos de 2% possuem apenas o nível

fundamental.

Dentre as formações mais citadas, destacam-se os cursos de Administração

(498 respondentes), Engenharias (244 respondentes), Licenciaturas (190

respondentes), Direito (158 respondentes) e Comunicação Social (140

respondentes).

Figura 20 – Grau de escolaridade dos entrevistados

Fonte: elaborado pelo autor (2013) Quando avaliado o estado civil, cerca de 87% dos entrevistados declararam-

se como solteiros contra cerca de 11% casados, 2% separados/divorciados e

apenas 0,1% viúvos.

Page 72: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

71

Vale destacar ainda que, dentre os declarados solteiros, cerca de 25% (dos

87%) relataram estar em um “relacionamento sério, mas não casados”, um indicador

comum no Facebook®, mas não comumente analisado em estudos científicos, como

pode ser visto na Figura 21.

Figura 21 – Estado civil dos entrevistados

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

No quesito ocupação, 68% dos respondentes declaram-se como estudantes,

muito embora uma boa parte destes respondentes também tenha outra ocupação

como funcionário de empresa privada (20,9%) ou funcionário público (12,4%),

conforme pode ser observado na tabela 2.

Destaca-se ainda a grande quantidade de bolsistas de

estudos/pesquisa/extensão (15,7%) e de estagiários (10,4%) na amostra. Tal fator é

consequente da grande quantidade estudantes de nível superior na amostra.

Tabela 2 – Ocupação dos entrevistados Ocupação Quantidade %

Estudante 2775 68,05% Menor Aprendiz / Estagiário 425 10,42% Bolsista (estudos/pesquisa/extensão) 643 15,77% Trainee 33 0,81% Funcionário de empresa privada 854 20,94% Funcionário Público 504 12,36%

Profissional Liberal / Empresário 406 9,96% Aposentado 27 0,66% Desempregado 451 11,06%

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

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72

Já na distribuição geográfica, foram obtidas respostas das 27 unidades

federativas do Brasil, com picos de resposta nos estados de São Paulo, Sergipe,

Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande do Sul. Quando analisadas as 5

regiões geográficas, o maior número de respostas foram advindas da região Sudeste

(36,8%) e da região Nordeste (35,5%) como pode ser visto na figura 22.

Figura 22 – Distribuição dos respondentes por estado

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Na análise do comportamento dos respondentes, sobre o uso das redes

sociais virtuais, foi arguido sobre qual dispositivo era utilizado para acessar as SNS

utilizando uma escala tipo Likert de cinco pontos que vai de “Nunca” a “Sempre”.

A partir das respostas, percebeu-se que a maioria dos respondentes utiliza o

computador pessoal, uma vez que cerca de 81% da amostra o utiliza sempre ou

frequentemente. No entanto, vale destacar que o uso de dispositivos móveis foi

bastante comentado, demonstrando que mais de 60% sempre ou frequentemente

utilizam tais equipamentos.

Por outro lado, vale destacar que o uso de computadores públicos (como

computadores de bibliotecas e lan houses) parece ser bastante evitado para este

fim. Ao total, mais de 51% dos entrevistados afirmaram nunca utilizá-lo para este fim

e 38% raramente o fazem. Por fim, o uso de computadores do trabalho para acessar

as redes sociais virtuais é pequeno embora considerável, já que mais de 21% o

fazem sempre ou frequentemente, como pode ser observado na figura 23.

Page 74: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

73

Figura 23 – Frequência de uso de dispositivos para acessar as SNS

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Além do tempo semanal utilizado para acessar as redes sociais virtuais, os

usuários foram questionados sobre quais as SNS que mais acessavam além do

Facebook®. Dentre as redes sociais virtuais relatadas, o Twitter® se destacou,

sendo utilizado por quase 42% dos entrevistados, como pode ser visto na tabela 3.

Tabela 3 – Redes sociais utilizadas pelos respondentes

Rede Social Virtual Quantidade Percentual

Twitter® 1706 41,83%

Google+® 1106 27,12%

Instagram® 916 22,46%

Orkut® 813 19,94%

Linkedin® 714 17,51%

Outros 710 17,41%

Pinterest® 191 4,68%

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Vale destacar ainda o uso do Orkut® por quase 20% dos entrevistados.

Embora esta rede social virtual tenha sido abandonada pela maioria dos usuários do

Facebook®, nesta amostra uma quantidade de significativa de pessoas afirmou

continuar acessando a SNS Orkut®.

Page 75: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

74

Ressalta-se ainda que mesmo acessando outras SNS, 92% dos respondentes

afirmaram dedicar mais tempo ao Facebook® do que às demais, o que reitera a

importância desta rede social virtual para os usuários brasileiros conforme ressaltado

por Giardelli (2012).

Especificamente sobre o Facebook®, foi perguntado sobre o tempo semanal

gasto nesta rede social virtual, o que revelou uma grande permanência nesta SNS,

com mais de 47% dos respondentes gastando mais de 8 horas semanais no

Facebook® e mais de 23% passando de 4 a 8 horas, conforme observa-se na figura

24.

Figura 24 – Tempo semanal gasto no Facebook®

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

De uma forma geral, pode-se dizer que o perfil preponderante do respondente

desta pesquisa refere-se a uma pessoa do sexo feminino, de 18 a 24 anos de idade,

cursando o ensino superior, pertencente à classe média, solteira, da região sudeste,

que acessa o Facebook® e o Twitter® mais de 8 horas por semana a partir do

computador de casa, embora dedique mais tempo ao Facebook®.

Feito este delineamento do perfil dos respondentes desta pesquisa, cabe

agora apresentar as análises estatísticas sobre as variáveis do modelo que se

pretende testar.

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75

5.2 ANÁLISE UNIVARIADA

Nesta subseção é feita a análise univariada de cada uma das variáveis

endógenas e exógenas deste estudo com o intuito de demonstrar quais as respostas

mais freqüentes.

Como relatado na metodologia, cada uma das questões (com exceção das

variáveis do construto “Intenção de continuidade de uso”) utilizou uma escala tipo

Likert de 5 pontos, no qual o escore 1 significa que o respondente nunca utilizou o

Facebook® para o item questionado, o escore 2 indica que ele raramente o faz, o

escore 3 que ele as vezes utiliza o Facebook® para o item em questão, o escore 4

que ele frequentemente o faz, e o escore 5 que ele sempre o utiliza.

Para realizar esta análise univariada são utilizadas a média, o desvio padrão

e a moda de cada uma das variáveis. De acordo com Aaker e Kumar (1995) embora

a média aponte o valor central de um conjunto de dados, seu valor pode ser

distorcido por números extremos. Para resolver esta questão, os referidos autores

recomendam a análise do desvio padrão, com o intuito de verificar a variação das

respostas em relação à média, sendo que, quanto menor o valor do desvio padrão,

mais confiável é o valor informado na média. Ademais, será analisada também a

moda de todas as variáveis com a finalidade de descobrir o valor que mais se repetiu

nas questões.

Analisando o primeiro construto proposto (tabela 4), percebe-se que “Manter

contato com pessoas que já conhece pessoalmente” é o uso mais relatado pelos

respondentes, tanto pela média como por sua moda. Este item também apresenta o

menor desvio padrão, o que indica ser mais consensual entre os respondentes do

que os demais itens, tal qual encontrado no estudo de Shi et al. (2010).

Tabela 4 – Média, Moda e Desvio padrão do construto “Manter os contatos off-line” VARIÁVEL MÉDIA MODA DESVIO PADRÃO

Manter contato com pessoas que já conhece

pessoalmente 4,5 5 0,736

Conhecer mais detalhes sobre a vida de alguém 2,88 3 1,099

Manter contato com velhos amigos que

dificilmente encontra pessoalmente 3,92 4 0,977

Ter informação em tempo real dos seus contatos 3,09 3 1,259

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Page 77: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

76

Por outro lado, as variáveis “Conhecer mais detalhes sobre a vida de alguém”

e “Ter informação em tempo real dos seus contatos” apresentaram as menores

médias e modas, embora estejam próximas do escore central. Ainda sim, estes itens

apresentam um desvio padrão relativamente elevado, o que revela que seu uso não

é consensual na amostra.

Já no segundo construto proposto, ambas as variáveis apresentam média e

moda com valores baixos, tendendo ao uso raro do Facebook® para tais itens. Além

disto, o desvio padrão de ambas as variáveis foi elevado, indicando um

comportamento divergente dos usuários nestes dois itens, conforme pode ser visto

na tabela 5.

Tabela 5 – Média, Moda e Desvio padrão do construto “Conhecer Novas Pessoas”

VARIÁVEL MÉDIA MODA DESVIO PADRÃO

Fazer novos amigos que tenham os mesmos

interesses que você 2,44 2 1,161

Buscar contatos profissionais 2,57 2 1,225

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

No construto “Busca de informações”, apesar do desvio padrão elevado de

todos os itens, percebeu-se uma tendência da maioria das variáveis para o uso

frequente, com exceção da variável “Auxiliar nas atividades do trabalho/estudo”

como pode ser visto na tabela 6. Por outro lado “Manter-se atualizado sobre notícias

no geral” foi a variável mais consistente e com maior média.

Tabela 6 – Média, Moda e Desvio padrão do construto “Busca de Informações”

VARIÁVEL MÉDIA MODA DESVIO PADRÃO

Atualizar-se sobre assuntos que envolvam sua

escola/local de trabalho 3,69 4 1,197

Manter-se atualizado sobre notícias no geral 3,89 4 1,022

Auxiliar nas atividades do trabalho/estudo 3,16 3 1,254

Aprofundar-se sobre assuntos relacionados ao

seu interesse 3,63 4 1,133

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

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77

Diferente dos demais construtos, o uso do Facebook® para “Entretenimento”

se mostrou bastante irregular, tal como mostra a tabela 7. Enquanto o seu uso para

“Preencher o tempo ocioso do dia” tende ao uso freqüente pelos respondentes

(sendo que a moda revela que a maioria dos usuários sempre o faz), o uso desta

SNS para “Utilizar aplicativos e jogos” tende ao uso raro, sendo que boa parte dos

respondentes nunca o fez. Já o uso para “Fazer uma pausa no trabalho/estudo”

apresentou uma medida central, embora tenha alto desvio padrão.

Tabela 7 – Média, Moda e Desvio padrão do construto “Entretenimento”

VARIÁVEL MÉDIA MODA DESVIO PADRÃO Preencher o tempo ocioso do dia 3,81 5 1,089

Usar aplicativos/ jogos 1,89 1 1,118

Fazer uma pausa no trabalho/estudo 3,32 3 1,168

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Este comportamento é bem distinto do defendido por Kirkpatrick (2012), que

relata que o Facebook® se destaca pela grande quantidade de aplicativos e jogos

disponíveis.

Já no construto “Relacionamento com organizações” sugerido neste estudo, a

maioria das variáveis (“Saber de novidades de uma empresa”, “Conhecer a opinião

de outras pessoas sobre um produto/serviço”, “Discutir questões relacionadas a

assuntos sociais/ambientais”, “Ficar atualizado sobre notícias do governo” e

“Participar de grupos de discussão”) tendeu ao ponto central, embora todas elas

tenham apresentado alto valor de desvio padrão indicando uma variação significativa

das respostas em relação à média

As demais variáveis deste construto (“Divulgar minhas atividades

profissionais”, “Comunicar-me diretamente com uma empresa”, “Reclamar

publicamente sobre um produto/serviço”, “Recomendar publicamente um

produto/serviço” e “Sugerir mudanças/melhorias em um produto/serviço”) tenderam

ao uso raro, sendo que a maioria dos respondentes nunca o fez, o que demonstra

que embora muitos usuários consultem seus pares sobre uma empresa e

acompanhem novidades e promoções, poucos deles tem a iniciativa de iniciar um

diálogo com uma empresa pelo Facebook®, e dentre os que o fazem, tal diálogo não

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78

ocorre com muita frequência, sendo realizado no geral para resolver questões

pontuais, como pode ser constatado na tabela 8.

Tabela 8 – Média, Moda e Desvio padrão do construto “Relacionamento com

organizações”

VARIÁVEL MÉDIA MODA DESVIO PADRÃO

Saber de novidades e promoções de uma

marca/empresa 2,74 3 1,212

Divulgar minhas atividades profissionais 2,36 1 1,275

Comunicar-me diretamente com uma empresa 2,11 1 1,152

Conhecer a opinião de outras pessoas sobre um

produto/serviço 2,68 3 1,184

Discutir questões relacionadas a assuntos

sociais/ ambientais 2,72 3 1,16

Reclamar publicamente sobre um

produto/serviço 2,26 1 1,179

Recomendar publicamente um produto/serviço 2,4 1 1,17

Sugerir mudanças/ melhorias em um

produto/serviço 2,01 1 1,084

Ficar atualizado sobre notícias do governo 2,87 3 1,273

Participar de grupos de discussão 2,95 3 1,301

Fonte: elaborado pelo autor

Observando-se as análises sobre a média, moda e desvio padrão de todas as

variáveis relacionadas aos usos do Facebook®, pode-se traçar um perfil dos

respondentes deste estudo com relação à frequência de uso destes itens.

Inicialmente percebe-se que nenhuma das variáveis apresentou frequência de

uso com tendência ao escore 1 (“Nunca”), revelando que mesmo que haja pouca

frequência de uso em alguns itens, todos são utilizados em algum momento.

No outro extremo, apenas uma das variáveis (“Manter contato com pessoas

que já conhece pessoalmente”) apresentou tendência ao escore 5 (Sempre), sendo

a maioria das variáveis relatadas se enquadrou entre os escores 2 e 4, conforme

pode ser visto na figura 25. Ressalta-se porém, que a frequência de uso não está

relacionada diretamente á importância da variável para o respondente, uma vez que

algumas variáveis naturalmente tem baixa frequência de uso.

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79

Figura 25 – Perfil de frequência de uso do Facebook® FREQUÊNCIA DE USO USOS DO FACEBOOK®

Sempre Manter contato com pessoas que já conhece pessoalmente

Frequentemente

Manter contato com velhos amigos que dificilmente encontra pessoalmente

Atualizar-se sobre assuntos que envolvam sua escola/local de trabalho

Manter-se atualizado sobre notícias no geral

Aprofundar-se sobre assuntos relacionados ao seu interesse

Preencher o tempo ocioso do dia

As vezes

Conhecer mais detalhes sobre a vida de alguém

Ter informação em tempo real dos seus contatos

Buscar contatos profissionais

Auxiliar nas atividades do trabalho/estudo

Fazer uma pausa no trabalho/estudo

Saber de novidades e promoções de uma marca/empresa

Conhecer a opinião de outras pessoas sobre um produto/serviço

Discutir questões relacionadas a assuntos sociais/ ambientais

Ficar atualizado sobre notícias do governo

Participar de grupos de discussão

Raramente

Fazer novos amigos que tenham os mesmos interesses que você

Usar aplicativos/ jogos

Divulgar minhas atividades profissionais

Comunicar-me diretamente com uma empresa

Reclamar publicamente sobre um produto/serviço

Recomendar publicamente um produto/serviço

Sugerir mudanças/ melhorias em um produto/serviço

Nunca - Fonte: elaborado pelo autor

No construto “Influência interpessoal”, percebeu-se que as maiores médias

estão relacionadas às sugestões dos colegas de trabalho/estudo e de outros

amigos, sendo que os membros da família são os que menos sugerem a utilização

do Facebook®, conforme visto na tabela 9.

Tabela 9 – Média, Moda e Desvio padrão do construto “Influência interpessoal”

VARIÁVEL MÉDIA MODA DESVIO PADRÃO

Minha família me sugeria utilizar o Facebook® 1,79 1 1,098

Meus colegas de trabalho/estudo me sugeriam

utilizar o Facebook® 3,36 4 1,4

Outros amigos me sugeriam utilizar o Facebook® 3,55 4 1,296

Fonte: elaborado pelo autor

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80

Por outro lado, no construto “Influência Externa”, uma quantidade

relativamente pequena de respondentes informou utilizar o Facebook® devido a

comentários sobre esta SNS nas mídias de massa, conforme pode ser visto na

tabela 10. No entanto, o desvio padrão das duas variáveis é elevado, o que revela

que ocorreram respostas bastantes distintas nestes itens.

Tabela 10 – “Média, Moda e Desvio padrão do construto Influência Externa”

VARIÁVEL MÉDIA MODA DESVIO PADRÃO

Eu Lia/Assistia reportagens falando bem sobre o

Facebook® 2,42 1 1,28

Eu percebia comentários positivos sobre o

Facebook® na Rádio/TV 2,25 1 1,28

Fonte: elaborado pelo autor

Por fim, no construto endógeno “Intenção de continuidade de uso”, utilizou-se

uma escala tipo Likert de 5 pontos, no qual o escore 1 significa que o respondente

discorda totalmente, o escore 2 significa que ele apenas discorda, o escore 3 que

ele nem concorda e nem discorda, o escore 4 que o respondente apenas concorda e

o escore 5 significa que o respondente concorda totalmente.

A partir da análise das médias, percebe-se uma perspectiva otimista dos

respondentes, uma vez que a maioria esmagadora concorda totalmente que

pretende continuar utilizando esta SNS no futuro, conforme visto na tabela 11.

Tabela 11 – Média, Moda e Desvio padrão do construto Intenção de continuidade de

uso

VARIÁVEL MÉDIA MODA DESVIO PADRÃO

Estou satisfeito com as possibilidades oferecidas pelo Facebook®

3,86 4 0,886

Eu pretendo continuar utilizando o Facebook® no futuro

4,21 5 0,874

Eu vou continuar usando o Facebook® tão regularmente quanto faço agora ou até mais do que uso agora

3,29 4 1,166

Eu recomendo que os outros usem o Facebook® 3,8 4 1,069

Minha experiência com o uso do Facebook® foi melhor do que eu esperava

3,77 4 1,078

Fonte: elaborado pelo autor

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81

Além disso, a maioria dos respondentes afirma que está satisfeita com as

possibilidades oferecidas pelo Facebook® e recomenda que seus conhecidos

também utilizem esta SNS.

Por outro lado, percebe-se que quando questionados se pretendem utilizar o

Facebook® tão ou mais frequentemente do que o fazem atualmente, os

respondentes adotam uma medida central e apresentam elevado desvio padrão. Isto

pode se justificar pela grande quantidade de horas semanais já utilizadas no

Facebook® atualmente, como relatado na subseção anterior.

Feita a análise univariada das respostas, cabe agora utilizar da análise fatorial

para averiguar como as novas variáveis propostas neste estudo podem se adequar

às variáveis já propostas por Shi et al. (2010).

5.3 ANÁLISE FATORIAL EXPLORATÓRIA

Esta subseção apresenta a análise fatorial exploratória realizada entre todas

as variáveis propostas por Shi et al. (2010) e as variáveis propostas neste estudo

que dizem respeito ao relacionamento com organizações. Esta análise tem o intuito

de verificar se alguma das variáveis sugeridas pode agregar-se a algum dos

construtos de Shi et al. (2010) ao invés de formar um novo construto, e vice-versa.

Vale ressaltar que os construtos “Influência interpessoal” e “Influência

externa” não serão analisados neste momento por não se tratarem de usos do

Facebook®, tampouco o construto “Intenção de continuidade de uso”, por se tratar

de um construto endógeno.

Para realizar tal análise, as variáveis selecionadas foram exportadas para o

software Statistic Package for Sociail Sciences 20 e foram extraídos os construtos

através da análise de componentes principais e rotacionados obliquamente através

da técnica de Oblimin direto para melhorar a interpretação.

De acordo com Field (2009), a rotação oblíqua por Oblimin direto é realizada

para facilitar a interpretação quando há evidências teóricas que os fatores podem

estar correlacionados, como é o caso deste estudo. O referido autor cita ainda que

em estudos que envolvam percepção dos respondentes, a rotação oblíqua sempre é

mais indicada. Hair et al. (2006) destacam que, para se possa realizar a análise

fatorial exploratória, é necessário inicialmente analisar a matriz de correlação.

Page 83: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

82 Para que a análise fatorial possa ocorrer, as variáveis devem estar altamente correlacionadas, mas não perfeitamente

correlacionadas. Para tal foi verificado que nenhuma das correlações era maior do 0,9, conforme pode ser visto na Tabela 12.

Tabela 12 – Matriz de correlação dos usos do Facebook®

MCO1 MCO2 MCO3 CNP1 CNP2 MCO4 BI1 BI2 BI3 BI4 ENT1 ENT2 ENT3 NC1 NC2 NC3 NC4 NC5 NC6 NC7 NC8 NC9 NC10

MCO1

MCO2 ,194

MCO3 ,379 ,119

CNP1 ,007 ,147 ,127

CNP2 ,075 ,059 ,190 ,323

MCO4 ,148 ,403 ,089 ,160 ,111

BI1 ,206 ,185 ,183 ,078 ,253 ,164

BI2 ,174 ,130 ,161 ,174 ,231 ,215 ,386

BI3 ,196 ,157 ,158 ,084 ,294 ,158 ,478 ,354

BI4 ,133 ,137 ,120 ,252 ,177 ,154 ,265 ,490 ,329

ENT1 ,162 ,275 ,057 ,090 -,091 ,276 ,072 ,141 ,064 ,185

ENT2 ,034 ,114 ,036 ,078 ,039 ,134 ,046 ,090 ,076 ,111 ,242

ENT3 ,173 ,251 ,121 ,049 ,055 ,237 ,190 ,166 ,205 ,159 ,402 ,161

NC1 ,134 ,195 ,154 ,131 ,275 ,250 ,220 ,286 ,237 ,307 ,145 ,187 ,199

NC2 ,089 ,080 ,133 ,210 ,504 ,157 ,220 ,200 ,260 ,161 -,048 ,077 ,102 ,327

NC3 ,096 ,117 ,138 ,210 ,375 ,165 ,186 ,221 ,219 ,230 ,018 ,124 ,117 ,433 ,441

NC4 ,101 ,146 ,142 ,214 ,341 ,185 ,211 ,282 ,219 ,300 ,067 ,113 ,129 ,465 ,457 ,505

NC5 ,088 ,035 ,165 ,256 ,221 ,065 ,168 ,301 ,187 ,316 ,063 ,103 ,126 ,134 ,227 ,229 ,250

NC6 ,095 ,109 ,131 ,195 ,259 ,172 ,117 ,185 ,147 ,194 ,079 ,131 ,140 ,305 ,348 ,610 ,420 ,314

NC7 ,099 ,121 ,155 ,211 ,322 ,193 ,142 ,215 ,181 ,214 ,059 ,134 ,125 ,364 ,423 ,581 ,490 ,273 ,724

NC8 ,073 ,119 ,143 ,236 ,341 ,180 ,152 ,203 ,186 ,197 ,035 ,123 ,105 ,339 ,403 ,633 ,460 ,289 ,689 ,691

NC9 ,075 ,053 ,128 ,203 ,257 ,111 ,237 ,486 ,233 ,361 ,040 ,053 ,079 ,221 ,220 ,299 ,304 ,449 ,293 ,291 ,348

NC10 ,108 ,084 ,161 ,283 ,247 ,117 ,186 ,248 ,204 ,306 ,084 ,064 ,186 ,240 ,264 ,258 ,276 ,455 ,300 ,288 ,292 ,321

Fonte: elaborado pelo autor

Page 84: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

83

Na matriz de significância, apenas 2 valores excedem 0,05, o que possibilitará o uso da análise fatorial, como demonstrado

na tabela 13. Ademais, o determinante desta matriz de correlação foi de 0,01, bem maior do que o necessário que é de 0,0001.

Tabela 13 – Matriz de significância dos usos do Facebook®

MCO1 MCO2 MCO3 CNP1 CNP2 MCO4 BI1 BI2 BI3 BI4 ENT1 ENT2 ENT3 NC1 NC2 NC3 NC4 NC5 NC6 NC7 NC8 NC9 NC10

MCO1

MCO2 ,000

MCO3 ,000 ,000

CNP1 ,318 ,000 ,000

CNP2 ,000 ,000 ,000 ,000

MCO4 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

BI1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

BI2 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

BI3 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

BI4 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

ENT1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

ENT2 ,016 ,000 ,011 ,000 ,006 ,000 ,002 ,000 ,000 ,000 ,000

ENT3 ,000 ,000 ,000 ,001 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

NC1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

NC2 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,001 ,000 ,000 ,000

NC3 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,120 ,000 ,000 ,000 ,000

NC4 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

NC5 ,000 ,012 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

NC6 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 0,000 ,000 ,000

NC7 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 0,000 ,000 ,000 0,000

NC8 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,012 ,000 ,000 ,000 ,000 0,000 ,000 ,000 0,000 0,000

NC9 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,005 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

NC10 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Page 85: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

84

De acordo com Field (2009), estes testes são necessários para verificar se

alguma das variáveis pode estar atrapalhando as demais, ou se duas variáveis

podem estar muito correlacionadas, devendo-se utilizar apenas uma delas, o que

não ocorreu neste estudo.

O referido autor afirma ainda que é importante analisar a medida de

adequação de Kaiser-Meyer-Olkim (KMO) para verificar se as correlações permitem

que a análise fatorial seja utilizada. Nesta medida de adequação, é necessário que

haja um valor acima de 0,5 para que a análise seja aceitável, embora apenas

valores acima de 0,7 sejam considerados bons e valores acima de 0,8 sejam

considerados excelentes.

No referido estudo, o valor do KMO foi de 0,881, o que significa uma

adequação excelente da amostra. Ademais todos os valores individuais de KMO,

para cada variável, foram superiores a 0,7, reiterando a boa adequação da amostra,

tanto a nível individual quanto a nível geral.

Antes de aplicar a análise fatorial, é preciso realizar também o teste de

esfericidade de Bartlet. Este teste analisa se os coeficientes de correlação entre as

variáveis são diferentes de zero, o que de acordo com Hair et al. (2006) é condição

básica para a análise fatorial.

Para que a análise fatorial possa ser realizada, é necessário que o teste de

esfericidade de Bartlet seja menor que 0,05, o que no caso deste estudo se mostrou

verdadeiro, uma vez que o valor foi de 0,001.

Além disto, Field (2009) cita que, para que os dados não sejam prejudicados,

a porcentagem dos resíduos entre as correlações observadas e as correlações

reproduzidas não deve ser superior ao valor de 50%. Felizmente, neste estudo, os

resíduos gerados foram de cerca de 22%, o que mais uma vez revela a adequação

da amostra a esta análise.

Como última análise antes de aplicar a análise fatorial, percebe-se que todas

as comunalidades das variáveis estão acima de 0,5, o que demonstra que todas as

variáveis possuem uma covariância compartilhada acima de 50%, como pode ser

visto na tabela 14. Esta covariância compartilhada é vital para que os fatores

gerados sejam adequados, pois de acordo com Field (2009), sem que haja altos

valores de comunalidades, os fatores gerados podem ser pouco representativos.

Page 86: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

85

Tabela 14 – Comunalidades dos usos do Facebook®

VARIÁVEL INICIAL EXTRAÇÃO

Manter contato com pessoas que já conhece pessoalmente 1,000 0,697

Conhecer mais detalhes sobre a vida de alguém 1,000 0,677

Manter contato com velhos amigos que dificilmente encontra

pessoalmente. 1,000 0,739

Fazer novos amigos que tenham os mesmos interesses que

você 1,000 0,692

Buscar contatos profissionais 1,000 0,726

Ter informação em tempo real dos seus contatos 1,000 0,678

Atualizar-se sobre assuntos que envolvam sua escola/local

de trabalho 1,000 0,688

Manter-se atualizado sobre notícias no geral. 1,000 0,697

Auxiliar nas atividades do trabalho/estudo 1,000 0,710

Aprofundar-se sobre assuntos relacionados ao seu interesse 1,000 0,972

Preencher o tempo ocioso do dia. 1,000 0,756

Usar aplicativos/ jogos. 1,000 0,732

Fazer uma pausa no trabalho/estudo. 1,000 0,670

Saber de novidades e promoções de uma marca/empresa. 1,000 0,681

Divulgar minhas atividades profissionais 1,000 0,641

Comunicar-me diretamente com uma empresa 1,000 0,740

Conhecer a opinião de outras pessoas sobre um

produto/serviço. 1,000 0,811

Discutir questões relacionadas a assuntos sociais/

ambientais. 1,000 0,765

Reclamar publicamente sobre um produto/serviço. 1,000 0,775

Recomendar publicamente um produto/serviço. 1,000 0,661

Sugerir mudanças/ melhorias em um produto/serviço 1,000 0,680

Ficar atualizado sobre notícias do governo 1,000 0,881

Participar de grupos de discussão 1,000 0,693

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Tendo a amostra passado por todos os testes necessários, a primeira parte

da análise fatorial é delimitar o número de fatores. Neste estudo, foi utilizado o

critério de Jolliffe (reter fatores com autovalores maiores que 0,7). Este critério foi

utilizado devido ao maior poder explicativo proporcionado pelos fatores.

Page 87: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

86

Deste modo, emergiram 10 fatores que explicam 72,88 % da variância das 23

variáveis analisadas como pode ser visto na tabela 15, sendo que o fator 1 explica

26,02% de toda a variância, o segundo fator explica 9,34%, o terceiro fator explica

7,29%, o quarto fator explica 5,85%, o quinto fator explica 5,05%, o sexto fator

explica 4,69%, o sétimo fator explica 4,11%, o oitavo fator explica 3,85%, o nono

fator explica 3,51% e o décimo fator explica 3,13% de toda a variância.

Tabela 15 – Variância explicada pelos fatores extraídos dos usos do Facebook®

Fator Autovalor % da variância % Acumulada

1 5,986 26,025 26,025

2 2,149 9,342 35,366

3 1,678 7,298 42,664

4 1,345 5,850 48,514

5 1,162 5,053 53,567

6 1,080 4,696 58,263

7 ,947 4,116 62,379

8 ,887 3,854 66,233

9 ,808 3,512 69,745

10 ,722 3,138 72,883

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Tendo determinado a quantidade de fatores que seriam extraídos, é

necessário agora definir quais as variáveis que irão fazer parte de cada um destes

fatores observando a matriz padrão dos fatores.

Como relatado anteriormente, para melhor interpretar os fatores resultantes,

foi utilizada a rotação oblíqua por Oblimin Direto. Essa técnica serve para melhor

expor as diferenças entre os fatores e assim, facilitar sua separação.

Uma vez que a identificação a partir da matriz padrão dos fatores causa

dúvidas sobre a separação das variáveis nos fatores, foi utilizada a matriz

rotacionada obliquamente por Oblimin Direto para que fosse realizada esta análise,

conforme pode ser visto na matriz padrão representada na tabela 16.

Page 88: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

87 Tabela 16 – Matriz padrão dos fatores do uso do Facebook® (rotacionada)

FATORES

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Reclamar publicamente sobre um produto/serviço. 0,93 0,07 0,03 0,05 0,01 -0,03 0,00 0,00 0,10 -0,01

Sugerir mudanças/ melhorias em um produto/serviço 0,87 -0,04 -0,03 0,02 -0,01 0,04 0,01 -0,02 0,03 0,03

Recomendar publicamente um produto/serviço. 0,85 0,02 0,01 -0,01 0,02 0,01 0,00 -0,01 -0,04 0,01

Comunicar-me diretamente com uma empresa. 0,69 -0,02 -0,06 -0,08 0,01 0,04 0,00 0,00 -0,25 -0,03

Fazer uma pausa no trabalho/estudo. 0,03 0,80 -0,20 0,17 0,00 -0,07 -0,02 -0,13 -0,07 0,03

Preencher o tempo ocioso do dia. 0,04 0,68 0,09 -0,07 0,03 0,09 0,17 0,22 0,03 0,14

Auxiliar nas atividades do trabalho/estudo. 0,04 0,09 -0,83 -0,04 0,01 0,01 0,03 0,05 0,04 -0,03

Atualizar-se sobre assuntos que envolvam sua escola/local de trabalho. 0,00 0,02 -0,81 -0,02 0,06 -0,05 -0,01 0,06 0,07 0,08

Discutir questões relacionadas a assuntos sociais/ ambientais 0,07 -0,02 0,02 0,83 0,05 0,01 0,10 0,06 0,13 -0,02

Participar de grupos de discussão -0,02 0,20 0,06 0,76 0,03 0,09 -0,08 -0,08 -0,13 -0,01

Ficar atualizado sobre notícias do governo. 0,15 -0,24 -0,10 0,50 -0,03 -0,07 0,02 0,40 0,00 0,09

Page 89: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

88

FATORES

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Manter contato com velhos amigos que dificilmente encontra pessoalmente. 0,00 -0,07 0,03 0,05 0,85 0,11 0,04 -0,05 -0,01 -0,06

Manter contato com pessoas que já conhece pessoalmente. 0,01 0,06 -0,05 -0,03 0,80 -0,13 -0,04 0,03 -0,01 0,07

Fazer novos amigos que tenham os mesmos interesses que você. 0,06 0,02 0,08 0,04 0,00 0,92 0,00 0,11 0,12 0,09

Buscar contatos profissionais. 0,04 -0,18 -0,35 0,08 0,04 0,44 0,02 -0,28 -0,26 -0,02

Usar aplicativos/ jogos. -0,01 0,03 -0,01 0,01 -0,01 -0,01 0,99 -0,06 -0,03 -0,02

Aprofundar-se sobre assuntos relacionados ao seu interesse. -0,01 0,14 -0,15 0,07 0,02 0,24 -0,01 0,66 -0,24 -0,09

Manter-se atualizado sobre notícias no geral. -0,03 -0,10 -0,33 0,16 0,04 0,00 0,03 0,58 -0,14 0,10

Saber de novidades e promoções de uma marca/empresa. 0,03 0,08 0,06 -0,05 0,07 -0,08 0,09 0,14 -0,81 0,09

Conhecer a opinião de outras pessoas sobre um produto/serviço. 0,26 -0,02 0,05 0,06 0,01 0,02 -0,03 0,08 -0,62 0,04

Divulgar minhas atividades profissionais. 0,13 -0,10 -0,23 0,17 -0,02 0,13 0,02 -0,37 -0,46 0,04

Ter informação em tempo real dos seus contatos -,008 -,033 ,020 ,042 -,049 -,009 ,025 -,025 -,085 ,851

Conhecer mais detalhes sobre a vida de alguém -,001 ,070 -,037 -,061 ,061 ,069 -,033 -,043 ,051 ,792

Page 90: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

89

O primeiro fator é composto pelas variáveis: “Reclamar publicamente sobre

um produto/serviço”, “Recomendar publicamente um produto/serviço”, “Sugerir

mudanças em um produto/serviço” e “Comunicar-me diretamente com uma

empresa”. De acordo com Martin (2012), Brogan (2012) e Giardeli (2012), este fator

está ligado à ideia de relacionar-se diretamente com uma empresa. Portanto, daqui

em diante este primeiro fator será denominado “Relacionar-se diretamente com uma

empresa”.

O segundo fator, composto pelas variáveis “Fazer uma pausa no

trabalho/estudo” e “Preencher o tempo ocioso do dia”, embora bem similares com o

encontrado por Shi et al. (2009) não engloba o uso de aplicativos e jogos. Ainda

assim, devido à grande similaridade este segundo fator será denominado

“Entretenimento”.

O terceiro fator faz relação com o uso do Facebook® envolvendo a

escola/local de trabalho do respondente e é composto pelas variáveis “Auxiliar nas

atividades do trabalho/estudo” e “Atualizar-se sobre assuntos que envolvam sua

escola/local de trabalho”. Martin (2012) cita que cada vez mais o Facebook® é

utilizado para auxiliar em atividades rotineiras, inclusive atividades acadêmicas e

profissionais. Desta forma, este fator será denominado “Auxiliar nas atividades

acadêmicas/profissionais”.

Rheingold (2008) e Zhang et al. (2010) ressaltam a importância do ativismo

nas redes sociais virtuais, seja participando de grupos de discussão ou levantando

questões sociais e ambientais em perfis pessoais. No quarto fator, evidenciou-se

justamente este uso, através das variáveis “Discutir questões relacionadas a

assuntos sociais/ambientais”, “Participar de grupos de discussão” e “Ficar atualizado

sobre notícias do governo”. Sendo assim, tal construto será denominado de

“Ativismo”.

O quinto e o sexto fatores se mostram bastante semelhantes aos relatados

por Shi et al. (2009). No quinto fator é ressaltado o uso do Facebook® para manter

contato com velhos amigos que dificilmente se encontra pessoalmente e com

pessoas que já se conhece pessoalmente. Já no sexto, é destacado o uso para

conhecer pessoas com os mesmo interesses ou buscar contatos profissionais. Desta

forma, serão preservados os nomes dos fatores como “Manter os contatos off-line” e

“Conhecer Novas Pessoas” respectivamente.

Page 91: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

90

O sétimo fator é formado por apenas uma variável, que aparentemente não

demonstra correlação com qualquer outro uso. Este fator está ligado ao uso do

Facebook® para “Usar aplicativos e jogos”.

O oitavo fator, é bastante similar ao construto “Busca de Informação” relatado

por Shi et al. (2010), demonstrando o interesse do usuário em utilizar o Facebook®

para manter-se atualizado sobre notícias do seu interesse e notícias em geral,

ficando preservada a nomenclatura.

O nono fator trata do relacionamento indireto com uma empresa. Diferente do

primeiro fator, neste construto o usuário está preocupado em conhecer a empresa e

não em se comunicar diretamente com a empresa. Fazem parte deste construto, as

variáveis “Saber de novidades e promoções de uma marca/empresa”, “Conhecer a

opinião de outras pessoas sobre um produto/serviço” e “Divulgar as atividades

profissionais”.

Por fim, o último fator está diretamente ligado a “Investigação social” citada

por Joinson (2008), no qual um usuário utiliza o Facebook® para saber mais

detalhes sobre a vida de alguém ou para ter informação em tempo real dos seus

contatos.

Os fatores resultantes da análise fatorial exploratória podem ser vistas na

tabela 26.

Figura 26 – Fatores sobre o uso do Facebook®

VARIÁVEL INDICADORES

Relacionar-se diretamente com

uma empresa

Reclamar publicamente sobre um produto/serviço.

Sugerir mudanças/ melhorias em um produto/serviço

Recomendar publicamente um produto/serviço.

Comunicar-me diretamente com uma empresa.

Entretenimento Fazer uma pausa no trabalho/estudo.

Preencher o tempo ocioso do dia.

Auxiliar nas atividades

acadêmicas / profissionais

Auxiliar nas atividades do trabalho/estudo.

Atualizar-se sobre assuntos que envolvam sua

escola/local de trabalho.

Ativismo

Discutir questões relacionadas a assuntos sociais/ ambientais

Participar de grupos de discussão

Ficar atualizado sobre notícias do governo.

Page 92: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

91

VARIÁVEL INDICADORES

Manter os contatos off-line

Manter contato com velhos amigos que dificilmente

encontra pessoalmente.

Manter contato com pessoas que já conhece

pessoalmente.

Conhecer Novas Pessoas

Fazer novos amigos que tenham os mesmos

interesses que você.

Buscar contatos profissionais.

Usar aplicativos/ jogos. Usar aplicativos/ jogos.

Busca de Informação

Aprofundar-se sobre assuntos relacionados ao seu

interesse.

Manter-se atualizado sobre notícias no geral.

Relacionar-se indiretamente

com uma empresa

Saber de novidades e promoções de uma

marca/empresa.

Conhecer a opinião de outras pessoas sobre um

produto/serviço.

Divulgar minhas atividades profissionais.

Investigação social Ter informação em tempo real dos seus contatos.

Conhecer mais detalhes sobre a vida de alguém

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Nota-se que dos cinco construtos propostos inicialmente, puderam ser

extraídos dez construtos que melhor explicam o uso do Facebook®.

Terminada a análise fatorial exploratória, é necessário ainda analisar a

confiabilidade da escala do instrumento. Hair et al. (2006) afirmam que a

confiabilidade demonstra que a escala utilizada no construto é consistente, sendo o

alfa de Cronbach, uma das medidas mais comumente aceitas na literatura. Para os

referidos autores, valores a partir de 0,7 são aceitos, embora valores acima de 0,8

indiquem uma alta confiabilidade.

Field (2009) destaca ainda a necessidade de verificar se alguma das variáveis

pode estar interferindo negativamente na confiabilidade dos fatores, tendo portanto

que analisar se o valor do Alfa de Cronbach sofre mudanças caso a variável seja

excluída.

Na análise exploratória apresentada nesta subseção, foi identificado um valor

de Alfa de Cronbach elevado (0,860) e evidenciado que a exclusão de nenhuma das

Page 93: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

92

variáveis poderia elevar este valor consideravelmente, como pode ser observado na

tabela 17.

Tabela 17 – Confiabilidade da análise fatorial exploratória

Variável Alfa (se a variável for removida)

MCO1 0,859

MCO2 0,859

MCO3 0,859

CNP1 0,857

CNP2 0,854

MCO4 0,858

BI1 0,856

BI2 0,853

BI3 0,855

BI4 0,853

ENT1 0,861

ENT2 0,862

ENT3 0,859

NC1 0,852

NC2 0,852

NC3 0,849

NC4 0,850

NC5 0,854

NC6 0,850

NC7 0,849

NC8 0,849

NC9 0,853

NC10 0,853

Alfa = 0,860

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Finalizada a análise fatorial exploratória com as variáveis que representam os

usos do Facebook®, é necessário fazer a análise fatorial confirmatória com o

construto endógeno (intenção de continuidade de uso) e com os construtos

propostos por Roca, Chiu e Martínez (2006).

Page 94: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

93

5.4 ANÁLISE FATORIAL CONFIRMATÓRIA

Nesta subseção são apresentadas as análises fatoriais realizadas com os

construtos “Influência interpessoal”, “Influência externa” e “Intenção de continuidade

de uso”. Em todas estas análises foi utilizado o método de componentes principais, a

rotação oblíqua por Oblimin direto e o critério de Jollife para autovalores, pelos

mesmos motivos já citados acima.

Inicialmente foi realizada a análise fatorial com as variáveis que formam o

construto “Influência interpessoal”. Para tal, foi analisado em um primeiro momento,

a matriz de correlações (todas abaixo de 0,9), conforme pode ser visto na tabela 18,

de significância (todas abaixo de 0,05) e do determinante de correlação (0,663),

pôde-se prosseguir com o uso desta técnica.

Tabela 18 – Matriz de correlação do construto “Influência interpessoal”

INFI1 INFI2 INFI3

INFI1

INFI2 ,276

INFI3 ,204 ,528

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Após a análises destes pré-requisitos, foi verificado o KMO. Ressalta-se que a

medida de adequação da amostra KMO apresentou um valor relativamente baixo

(0,571). No entanto, Field (2009) ressalta que valores acima de 0,5, embora não

ideais são aceitáveis para o uso da técnica. Por outro lado, a significância do teste

de esfericidade de Bartlet apresentou um valor excelente (0,001). Além disto, todas

as comunalidades apresentaram valores bem acima do mínimo necessário para que

a análise fatorial pudesse ocorrer (que é de 0,5).

Tabela 19 – Comunalidades do construto “Influência interpessoal”

VARIÁVEL INICIAL EXTRAÇÃO

INFI1 1,000 ,993

INFI2 1,000 ,753

INFI3 1,000 ,788

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Page 95: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

94

Após realizar a extração dos fatores, notou-se que diferente do proposto por

Roca, Chiu e Martínez (2006), nesta amostra o construto foi dividido em dois fatores,

sendo que o primeiro fator explica 54,47% da variância total e o segundo explica

28%, ambos relatados na tabela 20.

Tabela 20 – Variância explicada pelos fatores extraídos do construto “Influência

interpessoal”

Fator Total % da variância % Acumulada

1 1,694 56,476 56,476

2 ,840 28,008 84,483

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Para definir as variáveis que iriam fazer parte de cada um dos fatores, foi

analisada a matriz padrão dos fatores rotacionada obliquamente por Oblimin direto,

demonstrando que o primeiro fator é representado pela influência de amigos e

colegas e o segundo fator é voltado exclusivamente para a influência da família no

uso do Facebook®, conforme pode ser visto na tabela 21.

Tabela 21 – Matriz padrão dos fatores do construto “Influência interpessoal”

(rotacionada)

VARIÁVEL FATORES

1 2

Outros amigos me sugeriam utilizar o

Facebook®. ,905 -,076

Meus colegas de trabalho/estudo me sugeriam

utilizar o Facebook®. ,839 ,092

Minha família me sugeria utilizar o Facebook®. ,004 ,996

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Na análise fatorial do construto “Influência externa”, foram feitas também

todas as validações anteriormente citadas para o uso da técnica, destacando-se

uma alta correlação entre as duas variáveis presente no fator (0,704) conforme pode

ser visto na tabela 22, o que de acordo com Field (2009) é um valor excelente para a

análise fatorial.

Page 96: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

95

Tabela 22 – Matriz de correlação do construto “Influência externa”

INFE1 INFE2

INFE1

INFE2 ,704

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Com relação à medida de adequação da amostra, observou-se um valor

relativamente baixo, porém aceitável (0,591), assim como adequação unitárias

acima de 0,5. Por outro lado, os valores das comunalidades foram bastante elevados

(ambos acima de 0,85), como pode ser evidenciado na tabela 23.

Tabela 23 – Comunalidades do construto “Influência externa”

VARIÁVEL INICIAL EXTRAÇÃO

INFE1 1,000 ,852

INFE2 1,000 ,852

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Por fim, a partir da matriz principal dos fatores não rotacionada (uma vez que

havia apenas um fator), foi confirmado que estas duas variáveis apresentam todos

os requisitos para formar o construto “Influência externa”, conforme pode ser

observado na tabela 24.

Tabela 24 – Matriz padrão do fator do construto “Influência externa”

VARIÁVEL Fator

1

Eu percebia comentários positivos sobre o Facebook® na Rádio/TV. ,923

Eu Lia/Assistia reportagens falando bem sobre o Facebook®. ,923

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Na última análise fatorial, do construto “Intenção de continuidade de uso”, foi

inicialmente verificada a matriz de correlação, que apresentou valores significativos,

não excedendo 0,9. Como esperado, os níveis de significância foram baixos (menos

de 0,001) e o determinante de correlação foi de 0,203, muito acima do mínimo

necessário, como pode ser evidenciado na tabela 25.

Page 97: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

96

Tabela 25 – Matriz de correlação do construto “Intenção de continuidade de uso”

IC1 IC2 IC3 IC4 IC5

IC1

IC2 ,468

IC3 ,310 ,523

IC4 ,419 ,523 ,486

IC5 ,443 ,462 ,422 ,607

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

A medida de adequação da amostra deste último construto apresenta um

valor considerado ótimo (0,814) e o teste de esfericidade é menor do 0,05, o que

demonstra que a amostra se adequa muito bem ao construto. Quando analisadas as

medidas de adequação de cada variável, percebe-se que todos os valores estão em

nível bom ou ótimo, o que corrobora com o KMO geral.

No entanto, ao se analisar as comunalidades, percebeu-se que a variável

“estou satisfeito com as possibilidades oferecidas pelo Facebook®” não possuía

uma covariância compartilhada aceitável (acima de 0,5) para participar deste

construto, o que fez com que esta variável fosse excluída para não prejudicar a

integridade do instrumento utilizado, conforme visto na tabela X.

Tabela 26 – Comunalidades do construto “Intenção de continuidade de uso” VARIÁVEL INICIAL EXTRAÇÃO

Estou satisfeito com as possibilidades oferecidas pelo Facebook®. 1,000 0,465

Eu pretendo continuar utilizando o Facebook® no futuro. 1,000 0,624

Eu vou continuar usando o Facebook® tão regularmente quanto

faço agora ou até mais do que uso agora. 1,000 0,517

Eu recomendo que os outros usem o Facebook®. 1,000 0,659

Minha experiência com o uso do Facebook® foi melhor do que eu

esperava. 1,000 0,610

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Após a variável ser excluída, foi refeita a análise fatorial. A nova matriz de

correlação foi analisada, não se identificando valores acima de 0,9 ou níveis de

significância acima de 0,05, como constatado na tabela 27.

Page 98: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

97

Tabela 27 – Segunda matriz de correlação do construto “Intenção de continuidade de uso”

IC1 IC2 IC3 IC4

IC1

IC2 ,523

IC3 ,523 ,486

IC4 ,462 ,422 ,607 Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Novamente a medida de adequação apresentou um valor aceitável (0,772) e

o teste de esfericidade de Barltlet foi inferior a 0,05. Já as comunalidades

apresentaram valores superiores devido à exclusão da variável “estou satisfeito com

as possibilidades oferecidas pelo Facebook®”, como pode ser visto na tabela 28.

Tabela 28 – Nova Comunalidade do construto “Intenção de continuidade de uso” VARIÁVEL INICIAL EXTRAÇÃO

Eu pretendo continuar utilizando o Facebook® no futuro. 1,000 0,624

Eu vou continuar usando o Facebook® tão regularmente

quanto faço agora ou até mais do que uso agora. 1,000 0,577

Eu recomendo que os outros usem o Facebook®. 1,000 0,693

Minha experiência com o uso do Facebook® foi melhor

do que eu esperava. 1,000 0,619

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Por último, a partir da matriz principal dos fatores não rotacionada (uma vez

que havia apenas um fator), foi confirmado que as quatro variáveis apresentam os

requisitos necessários para formar o construto “Intenção de continuidade de uso”,

conforme pode ser observado na tabela 29.

Tabela 29 – Matriz padrão do fator do construto “Influência externa”

VARIÁVEL Fator

1

Eu recomendo que os outros usem o Facebook®. 0,832

Eu pretendo continuar utilizando o Facebook® no futuro. 0,790

Minha experiência com o uso do Facebook® foi melhor do que eu esperava. 0,787

Eu vou continuar usando o Facebook® tão regularmente quanto faço agora

ou até mais do que uso agora. 0,760

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Page 99: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

98

Terminadas todas as análises fatoriais, resume-se o resultado dos quatro

fatores resultantes na figura 27.

Figura 27 – Resultado da análise confirmatória

VARIÁVEL INDICADORES

Influência de amigos

e colegas

Outros amigos me sugeriam utilizar o Facebook®.

Meus colegas de trabalho/estudo me sugeriam utilizar o Facebook®.

Influência da família Minha família me sugeria utilizar o Facebook®.

Influência Externa Eu Lia/Assistia reportagens falando bem sobre o Facebook®.

Eu percebia comentários positivos sobre o Facebook® na Rádio/TV.

Intenção de

Continuidade de

Uso

Eu pretendo continuar utilizando o Facebook® no futuro.

Eu vou continuar usando o Facebook® tão regularmente quanto faço

agora ou até mais do que uso agora.

Eu recomendo que os outros usem o Facebook®.

Minha experiência com o uso do Facebook® foi melhor do que eu

esperava.

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Depois de todos os construtos serem testados e validados, pode-se enfim

executar a modelagem de caminhos pela técnica dos mínimos quadrados parciais.

5.5 MODELAGEM DE CAMINHOS

Nesta seção será aplicada a modelagem de caminhos, que tem como

finalidade testar um modelo teórico, medindo a relação de influência de construtos

exógenos em um construto endógeno (SANCHEZ, 2009).

Para utilizar a modelagem de caminhos, primeiro é necessário definir o

modelo proposto, ressaltando-se que após as análises fatoriais, alguns construtos

sofreram modificações, sendo necessário redesenhar os caminhos que influenciam a

intenção de continuidade de uso.

Para tal, é proposto um novo modelo de pesquisa, diferente do anteriormente

apresentado que pode ser visto na figura 28.

Page 100: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

99

Figura 28 – Modelo de pesquisa após análise fatorial

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Norma subjetiva - adaptado de Roca, Chiu e Martínez (2006)

Uso

s pess

oais

de

uma S

NS

– a

dapta

do

de S

hi e

t al.

(2010)

Relacionamento com organizações - proposto pelo autor

Busca de Informação

Entretenimento

Influência de amigos e colegas

Intenção de Continuidade

de uso de uma SNS

Manter os contatos off-line

Conhecer Novas

Pessoas

Influência Externa

Relacionar-se diretamente

com uma empresa

Influência de

familiares

Relacionar-se indiretamente

com uma empresa

Auxiliar nas atividades

acadêmicas / profissionais

Ativismo Usar aplicativos

e jogos

Investigação social

Page 101: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

100

Após definidos os caminhos do novo modelo de pesquisa, os dados foram

exportados para o software SmartPLS 2.0, um software utilizado exclusivamente

para este fim.

Como alguns dos construtos possuem apenas uma ou duas variáveis, foi

necessário utilizar a modelagem de caminhos através do método de estimação dos

mínimos quadrados parciais (MQP). De acordo com Hair et al. (2006), esta técnica é

mais simples e robusta do que outras técnicas semelhantes como a modelagem de

equações estruturais, embora nos casos de grandes amostras, apresente resultados

tão confiáveis quanto outras técnicas.

Ao analisar o MQP no modelo de pesquisa citado, obteve-se os valores de

influência de cada um dos construtos sobre a intenção de continuidade de uso,

como pode ser observado na figura 29.

Dentre os diversos usos do Facebook® estudados, percebe-se que “Manter

os contatos off-line” (11,6%) e “Investigação social” (11,8%) são os fatores que mais

influenciam a continuidade de uso do Facebook®. Estes construtos estão

diretamente ligados ao relacionamento com pessoas que se conhece pessoalmente

e a investigação sobre tais pessoas nesta SNS.

Estes resultados confirmam a primeira hipótese deste estudo (H1), que afirma

que o construto “Manter os contatos off-line” influenciam positivamente a intenção de

continuidade de uso. Apesar de não previsto nos procedimentos metodológicos, o

construto “Investigação social” está contemplado em H1.

Com relação a segunda hipótese deste estudo (H2), que relata que o

construto “Conhecer novas pessoas” influencia positivamente a intenção de

continuidade de uso de uma rede social virtual, percebe-se que diferente do

encontrado por Shi et al. (2010), neste estudo tal hipótese se mostra verdadeira,

embora com baixa influência direta (4%).

A terceira hipótese do estudo (H3), afirma que o construto “Busca de

informações” influencia positivamente a intenção de continuidade de uso de uma

rede social virtual. Após a análise do modelo, percebe-se que a hipótese é

verdadeira, demonstrando uma influência positiva direta de 9,4%.

Já a quarta hipótese (H4) possui a mesma particularidade de H1, uma vez

que após a análise fatorial, o construto “Entretenimento” gerou um segundo

construto. Ainda assim, a hipótese pode ser considerada verdadeira, uma vez que

ambos os construtos possuem influência positiva na variável endógena.

Page 102: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

101

Figura 29 – Análise da modelagem de caminhos

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

0,118

0,035

0,094

0,016

0,04

0,116

- 0,036 - 0,013 0,072

0,067

0,125 0,03 0,096

Norma subjetiva - adaptado de Roca, Chiu e Martínez (2006)

Uso

s pess

oais

de

uma S

NS

– a

dapta

do

de S

hi e

t al.

(2010)

Relacionamento com organizações - proposto pelo autor

Busca de Informação

Entretenimento

Influência de amigos e colegas

Intenção de Continuidade

de uso de uma SNS

Manter os contatos off-line

Conhecer Novas

Pessoas

Influência Externa

Relacionar-se diretamente

com uma empresa

Influência de

familiares

Relacionar-se indiretamente

com uma empresa

Auxiliar nas atividades

acadêmicas / profissionais

Ativismo

Usar aplicativos e jogos

Investigação social

R² = 0,171

Page 103: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

102

No que tange às variáveis propostas por Roca, Chiu e Martínez para

continuar utilizando o Facebook® (quinta e sexta hipóteses), diferente do que era

esperado, a influência das mídias de massa (12,5%) teve um impacto mais

significativo do que a influência dos amigos e colegas (9,6%).

Em último lugar, com apenas 3% ficou a influência de familiares, o que

demonstra que sugestões advindas deste grupo tem pouca relevância no caso de

continuidade de uso do Facebook®.

Desta forma, pode-se indicar que H5 e H6 são verdadeiras, demonstrando

que os construtos “Influência interpessoal” e “Influência externa” influenciam

positivamente a intenção de continuidade de uso de uma rede social virtual.

A última hipótese (H7) relata que o construto “Relacionamento com

organizações” influencia positivamente a intenção de continuidade de uso de uma

rede social virtual. No entanto, após a análise fatorial, foram gerados quatro novos

construtos não previstos anteriormente, sendo que dois destes construtos

apresentam influência positiva na intenção de continuidade de uso, mas os outros

dois apresentam influência negativa na intenção de continuidade de uso.

Desta forma, pode-se afirmar que o relacionamento direto (3,5%) ou indireto

(6,7%) com empresas influencia positivamente na intenção de continuidade de uso

de uma rede social virtual. No entanto, o auxilio em atividades

acadêmicas/profissionais e ativismo possuem influência negativa na intenção de

continuidade de uso de uma rede social virtual.

Este achado difere bastante do relatado por Kirkpatrick (2012) e por Zhang et.

al (2010), que demonstram que em países como Colômbia e Irlanda, o Facebook®

vem sendo utilizado como ferramenta de mobilização social, o que pode levar a

entender que no momento de coleta de dados (janeiro e fevereiro de 2013), a

realidade do Brasil era diferente, tendo o uso do Facebook® voltado para outros fins.

Ademais, vale destacar o valor de R² (17,1%), que revela o quanto a intenção

de continuidade de uso é explicada pelos construtos adotados neste estudo. Embora

este valor pareça pequeno, vale destacar que se analisada a influência direta na

intenção de continuidade de uso, este modelo possui maior poder explicativo do que

o estudo original de Shi et al. (2010).

Feitas as análises do modelo, são agora apresentados os três grupo de

variáveis exógenas do estudo com o intuito de ordenar as variáveis que mais

influenciam a intenção de continuidade de uso.

Page 104: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

103

Inicialmente são apresentadas as variáveis ligadas ao uso pessoal adaptadas

do estudo de Shi et al. (2010), revelando a “Investigação social” e “Manter os

contatos off-line” como maiores influenciadores. Por outro lado, percebe-se a

influência ínfima de “Usar aplicativos e jogos” na intenção de continuidade de uso de

uma rede social virtual, conforme pode ser visto na tabela 30.

Tabela 30 – Influência do uso pessoal na continuidade de uso do Facebook®

CONSTRUTO INFLUÊNCIA

Investigação social 11,80%

Manter os contatos off-line 11,60%

Busca de Informação 9,40%

Entretenimento 7,20%

Conhecer Novas Pessoas 4,00%

Usar aplicativos/ jogos. 1,60%

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

No que tange ao relacionamento com organizações (tabela 31), percebe-se

uma influência significativa do relacionamento indireto com uma empresa na

intenção de continuidade de uso. Caso o relacionamento seja direto, este valor

diminui consideravelmente.

No caso do uso para ativismo ou para auxiliar nas atividades

acadêmicas/profissionais destaca-se uma influência negativa na intenção de

continuidade de uso, o que pode revelar que os respondentes desta amostra

preferem não comentar sobre estudos, trabalho ou causas sociais no Facebook®,

restringindo tais assuntos para fora desta SNS.

Tabela 31 – Influência do relacionamento com organizações na continuidade de uso

do Facebook®

CONSTRUTO INFLUÊNCIA

Relacionar-se indiretamente com uma empresa 6,70%

Relacionar-se diretamente com uma empresa 3,50%

Auxiliar nas atividades acadêmicas/profissionais -1,30%

Ativismo -3,60%

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Page 105: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

104

No terceiro e último bloco, referente aos construtos propostos por Roca, Chiu

e Martínez (2006), vistos na tabela 32, destaca-se a influência das mídias de massa

na intenção de continuidade de uso do Facebook® (apresentando um percentual

maior que os relativos aos usos do Facebook®).

Na outra ponta, a influência de familiares se mostrou positiva, embora seja

bem menor do que a de amigos e colegas.

Tabela 32 – Influência interpessoal e externa na continuidade de uso do Facebook®

CONSTRUTO INFLUÊNCIA

Influência externa 12,50%

Influência de amigos e colegas 9,60%

Influência de familiares 3,00%

Fonte: elaborado pelo autor (2013)

Desta forma, percebe-se que embora a literatura comente sobre o uso do

Facebook® como canal de relacionamento direto com o cliente (BROGAN, 2012;

GIARDELI, 2012), este item ainda parece ser timidamente cobrados pelos usuários,

embora muito se pesquise sobre as empresas de maneira indireta no Facebook®, o

que demonstra que as empresas devem estar preocupadas sobre o conteúdo

produzido sobre sua marca.

Page 106: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

105

6. CONCLUSÕES

Nesta seção são apresentadas as conclusões sobre a pesquisa realizada com

usuários do Facebook® sobre sua intenção de continuidade de uso. Buscou-se

neste estudo expandir o modelo proposto por Shi et al. (2010), incluindo construtos

ligados ao relacionamento com organizações, sejam elas empresas privadas ou

entidades governamentais. Além disto, este estudo buscou incluir a “Influência

interpessoal” e a “Influência externa” propostas por Roca, Chiu e Martínez (2006),

por serem construtos diretamente ligados a softwares sociais.

A revisão da literatura envolveu os modelos de aceitação de tecnologia, os

modelos de continuidade de uso, assim como literatura sobre redes sociais e redes

sociais virtuais. Procurou-se neste momento fazer um levantamento na literatura

sobre todos os possíveis usos das SNS para relacionar-se com organizações, sendo

tais usos (um total de dez) elencados na metodologia para formar um novo

construto.

Diferente do estudo original de Shi et al. (2010), que foi realizado com

estudantes de universidades de Hong Kong, neste estudo procurou-se obter uma

amostra o mais heterogênea possível de respondentes brasileiros. Desta forma,

através de um questionário virtual, foram coletadas 4078 respostas válidas de

respondentes das vinte e sete unidades federativas do Brasil. Além da

heterogeneidade regional, conseguiu-se também uma boa participação de ambos os

sexos e de diferentes classes sociais.

Quando realizada a análise estatística, foi revelado que nem todos os

construtos propostos puderam ser validados, embora muitos dos novos construtos

se mostraram tão importantes quanto os já validados pela literatura. Além disto,

alguns construtos demonstraram uma configuração distinta dos construtos já

validados em outros estudos. Desta forma, as principais contribuições deste estudo

referem-se aos novos construtos gerados e à comparação da influência de tais

construtos na intenção de continuidade de uso.

No que tange aos novos construtos gerados, há diferenças significativas em

comparação ao estudo de Shi et al. (2010). Inicialmente, o construto “Manter os

contatos off-line” passou a ser formado por apenas duas variáveis, gerando o

construto “Investigação social” a partir das variáveis que não se adequaram a este.

Já o construto “Entretenimento”, perdeu uma de suas variáveis, que passou a

Page 107: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

106

formar um construto único denominado “Usar aplicativos e jogos”. Este

comportamento leva a crer que por mais que as pessoas usem o Facebook® para

fazer uma pausa no trabalho ou preencher o tempo ocioso, os usuários não

aproveitam este tempo utilizando aplicativos e jogos da SNS, ou se o fazem,

preferem utilizar jogos e aplicativos em outros ambientes, como smartphones.

O construto “Conhecer novas pessoas” continuou com duas variáveis tal qual

era no estudo original. No entanto, abrangeu questões pessoais e profissionais

(MARTIN 2012), sendo voltado para conhecer pessoas com os mesmos interesses

em comum e contatos profissionais.

Apesar de algumas variáveis terem se adequado aos construtos já existentes,

houve a geração de quatro novos construtos ligados diretamente ao relacionamento

com organizações.

O primeiro destes construtos destaca o relacionamento direto com uma

empresa, seja reclamando ou recomendando publicamente um produto ou serviço,

seja comunicando-se com esta empresa através do Facebook® para sugerir

mudanças e melhorias, como destacado por Brogan (2012) e Giardeli (2012).

O segundo uso trata-se do inverso do relatado acima, pois destaca o

relacionamento indireto com uma empresa. Neste caso, o usuário não pretende falar

diretamente com uma empresa para conhecê-la, mas sim, conhecer a opinião e

experiência de outras pessoas sobre esta empresa ou apenas acompanhar a página

da empresa no Facebook®.

O terceiro construto validado sobre relacionamento com organizações diz

respeito ao uso do Facebook® para auxiliar nas atividades acadêmicas/

profissionais, seja conhecendo melhor sobre a organização onde trabalha/estuda,

seja utilizando o Facebook® para ajudar diretamente nas tarefas.

Por fim, o construto ativismo, demonstra o uso do Facebook® para discutir

questões relacionadas a assuntos sociais/ambientais, seja abertamente no perfil do

usuário, seja em grupos de discussão específicos, como destacado por Zhang et

al.(2010) e Kirkpatrick (2012).

Vale destacar que além destes construtos, relacionados tanto ao uso pessoal

quando ao relacionamento com organizações, neste estudo foi possível ainda validar

os construtos de influência propostos por Roca, Chiu e Martínez (2006). Neste caso,

embora o construto “Influência externa” tenha sido validado sem sofre alterações, o

construto “Influência interpessoal” teve de ser dividido em dois construtos distintos

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107

devido às diferenças de covariância, a saber: Influência de familiares e Influência de

amigos e colegas.

Por fim, este estudo teve como pergunta de pesquisa, descobrir qual a

importância do relacionamento com organizações, da “Influência interpessoal” e da

“Influência externa” na intenção de continuidade de uso do Facebook®.

No tocante ao primeiro ponto da pergunta de pesquisa, ressalta-se que

embora “Investigação social” e “Manter os contatos off-line” sejam os principais

influenciadores da intenção de continuidade de uso, o relacionamento com

organizações demonstrou um papel importante, estando presente no relacionamento

direto e indireto com empresas.

Mesmo que o Facebook® originalmente não tenha sido concebido para

promover este tipo de relacionamento (KIRKPATRICK 2012), atualmente o contato

de pessoas com organizações já é uma realidade e tal fenômeno merece atenção da

academia.

Por outro lado, ainda neste primeiro ponto, vale destacar que o “Ativismo” e o

“Auxílio nas atividades acadêmicas/profissionais” apresentaram influências negativas

na intenção de continuidade de uso, demonstrando que para a amostra estudada

estes dois fatores não são bem vistos. Ainda assim, acredita-se que tratam-se de

dois fatores relevantes, uma vez que o uso das redes sociais virtuais vem

amadurecendo ao longo dos anos.

No tocante ao segundo e terceiro pontos da pergunta de pesquisa, em

relação aos construtos propostos por Roca, Chiu e Martínez (2006), a influência das

mídias de massa revelou ser o maior influenciador para a continuidade de uso de

uma rede social virtual. Embora Giardeli (2012) cite que muitas vezes as SNS falem

sobre a televisão, o inverso parece ser verdadeiro, pois a partir dos dados obtidos,

percebe-se que ações ou comentários no rádio, TV e revistas levam os usuários a

continuarem utilizando o Facebook®.

Este fenômeno talvez se explique pela grande quantidade de ações

promocionais realizadas nas mídias de massa para atrair o público para suas

páginas no Facebook®.

Por fim, este estudo teve como principal contribuição demonstrar o

amadurecimento das redes sociais virtuais. Inicialmente voltadas apenas para se

relacionar com os amigos da faculdade ou da escola, as SNS foram se expandindo e

se tornando canais de ligação para que pessoas que nunca se viram pessoalmente

Page 109: Muito mais do que contato com os amigos: Fatores que estimulam os usuários a continuar utilizando uma rede social

108

se conhecessem. Com o passar do tempo, começou-se a gerar uma grande

quantidade de informações e as SNS passaram a servir como filtro de notícias e até

mesmo de fonte de entretenimento.

Atualmente, possuem uma gigantesca taxa de adesão, o que chamou a

atenção de empresas dos mais diversos portes e segmentos fazendo com que as

SNS se transformassem em potenciais canais de divulgação, de relacionamento ou

até mesmo de colaboração, sendo que esta colaboração pode ser organizada tanto

para tarefas cotidianas como para mobilizações sociais.

É justamente esta evolução no uso de redes sociais que o modelo proposto

pretendeu abordar neste estudo e acredita-se que o objetivo foi atingido.

6.1 LIMITAÇÕES

Em virtude das decisões metodológicas adotadas neste estudo, algumas

limitações inevitavelmente surgem, dentre elas:

• A impossibilidade de generalização dos resultados para a população.

Embora o autor tenha procurado atingir uma amostra o mais

heterogênea possível, a decisão por uma amostra não-probabilística

impossibilita qualquer tipo de generalização.

• Embora se tenha tentado obter uma distribuição regional dos

respondentes condizente com o número de internautas em cada

unidade federativa, houve uma grande concentração de respondentes

nos estados de Sergipe e Bahia devido a divulgação do link do

questionário no perfil pessoal do autor.

• Os resultados obtidos apontam as respostas de uma população

bastante heterogênea, sendo que muito provavelmente a importância

dos construtos deve variar de acordo com o nível de escolaridade dos

respondentes ou de acordo com outros fatores demográficos.

• Por se tratar de uma pesquisa de corte transversal, pôde-se retratar

apenas uma fotografia da amostra naquele momento, sendo que, se a

coleta de dados tivesse sido realizada em junho de 2013,

provavelmente os dados sobre o construto “Ativismo” tivessem

apresentados valores distintos.

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6.2 SUGESTÕES PARA FUTUROS ESTUDOS

Como sugestão para futuras pesquisas, indica-se um estudo em outro

momento a fim de fazer uma comparação longitudinal com os achados e verificar se

houve evolução nos usos do Facebook®.

Além disto, sugere-se o uso dos construtos validados neste estudo para

outras redes sociais virtuais emergentes, como é o caso do Twitter® e do Google+®,

verificando se apresentam influências semelhantes na intenção de continuidade de

uso.

Estas variáveis podem ser utilizadas também para redes sociais virtuais com

focos específicos, como é o caso do Linkedin® ou mesmo para redes sociais

corporativas, o que pode gerar a resultados bem diferentes, em especial no

construto “Auxiliar nas atividades acadêmicas/profissionais”.

Sugere-se ainda que sejam analisados grupos demográficos específicos para

avaliar diferenças de comportamento no Facebook®, como por exemplo, estudantes,

funcionários celetistas e aposentados, uma vez que cada um destes grupos pode ter

um foco específico dentro de uma mesma rede social virtual.

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APÊNDICES

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO PARA A COLETA DE DADOS

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