mudança no tratamento de Água para caldeira

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Consucal Atuação Acervo Serviços Clientes Contato SIAC MUDANÇA NO TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CALDEIRA. PROCEDIMENTO BANAL? Copyright 2007, ABENDE, ABRACO e IBP Trabalho apresentado durante a 9ª. COTEQ – Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos. As informações e opiniões contidas neste trabalho são de exclusiva responsabilidade do(s) autor(es). Sinopse A maior preocupação de um usuário de caldeira está relacionada à possibilidade da ocorrência de falhas e, conseqüentemente, de parada da unidade e interrupção da produção. Aliada a esta preocupação encontra-se a constante busca da melhor relação custo/beneficio. Assim, com a rápida evolução nos processos de tratamento de água para sistemas geradores de vapor, não é raro empresas comprarem novos pacotes e, inadvertidamente, apesar das inúmeras publicações de trabalhos técnicos e recomendações por parte de entidades de estudos relacionados ao tratamento de águas para caldeiras, proceder à mudança de tratamento sem a necessária preparação da unidade. Desta forma, ainda hoje, ocorrem inúmeras falhas extremamente danosas aos equipamentos com envolvimento de grandes perdas monetárias. Introdução Os casos descritos neste trabalho têm por objetivo alertar os profissionais, técnicos, engenheiros e operadores de sistemas geradores de vapor, especialmente caldeiras de alta pressão, para os riscos envolvidos quando da substituição inadvertida do programa de tratamento interno. As ocorrências aqui apresentadas envolveram uma caldeira de recuperação do tipo Kellogg e uma caldeira do tipo “A”. Visando eliminar problema de incrustação na turbina, decorrente da adição de fosfato na linha de água de alimentação, antes da tomada de água de atemperação, a empresa responsável pela aplicação do tratamento optou por substituir “imediatamente” o tratamento com fosfato por tratamento totalmente volátil, sem que o sistema fosse previamente preparado para tal. 1. Inicio do Trabalho O fosfato, nas suas diferentes formas, é largamente utilizado no tratamento de água de caldeira para prevenir a deposição de sais de cálcio, formando um composto insolúvel, denominado de hidroxiapatita, não aderente, que é facilmente removido através das purgas de superfície ou de fundo das caldeiras. Também, erroneamente, são utilizados para tamponar o valor pH das águas de caldeiras, mesmo quando estas recebem água de excelente qualidade, ou seja, isentas de sais dissolvidos. Não raramente, nós encontramos plantas onde o produto é adicionado na linha de água de alimentação, a montante da tomada de água de atemperação do vapor superaquecido, que acaba por causar sérios problemas de deposição nas palhetas das turbinas. Nas três formas, o fosfato trissódico, dissódico e monossódico, quando em solução, libera íons ácidos conforme reações abaixo: (a) Na 3 PO 4 + H 2 O ↔ PO 4 -3 + 3Na + + H 2 O ↔ HPO 4 -2 + OH - + 3Na + (b) Na 2 HPO 4 + H 2 O ↔ H 2 PO 4 - + OH - + 2Na + Clique Aqui Soluções específicas e customizadas para cada cliente Clique Aqui Aprimore o seu programa de manutenção preventiva Clique Aqui Controle efetivo da corrosão em Geradores de Vapor Clique Aqui Determine o momento exato de execução da Limpeza Química NAVEGAÇÃO Home Notícias SIAC Busca Contato

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TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CALDEIRA

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  • Consucal Atuao Acervo Servios Clientes Contato SIAC

    MUDANA NO TRATAMENTO DE GUA PARACALDEIRA. PROCEDIMENTO BANAL?

    Copyright 2007, ABENDE, ABRACO e IBP

    Trabalho apresentado durante a 9. COTEQ Conferncia sobre Tecnologia

    de Equipamentos.

    As informaes e opinies contidas neste trabalho so de exclusiva

    responsabilidade do(s) autor(es).

    Sinopse

    A maior preocupao de um usurio de caldeira est relacionada possibilidade da ocorrncia de

    falhas e, conseqentemente, de parada da unidade e interrupo da produo. Aliada a esta

    preocupao encontra-se a constante busca da melhor relao custo/beneficio. Assim, com a rpida

    evoluo nos processos de tratamento de gua para sistemas geradores de vapor, no raro

    empresas comprarem novos pacotes e, inadvertidamente, apesar das inmeras publicaes de

    trabalhos tcnicos e recomendaes por parte de entidades de estudos relacionados ao tratamento

    de guas para caldeiras, proceder mudana de tratamento sem a necessria preparao da

    unidade. Desta forma, ainda hoje, ocorrem inmeras falhas extremamente danosas aos

    equipamentos com envolvimento de grandes perdas monetrias.

    Introduo

    Os casos descritos neste trabalho tm por objetivo alertar os profissionais, tcnicos, engenheiros e

    operadores de sistemas geradores de vapor, especialmente caldeiras de alta presso, para os riscos

    envolvidos quando da substituio inadvertida do programa de tratamento interno.

    As ocorrncias aqui apresentadas envolveram uma caldeira de recuperao do tipo Kellogg e uma

    caldeira do tipo A. Visando eliminar problema de incrustao na turbina, decorrente da adio de

    fosfato na linha de gua de alimentao, antes da tomada de gua de atemperao, a empresa

    responsvel pela aplicao do tratamento optou por substituir imediatamente o tratamento com

    fosfato por tratamento totalmente voltil, sem que o sistema fosse previamente preparado para tal.

    1. Inicio do Trabalho

    O fosfato, nas suas diferentes formas, largamente utilizado no tratamento de gua de caldeira para

    prevenir a deposio de sais de clcio, formando um composto insolvel, denominado de

    hidroxiapatita, no aderente, que facilmente removido atravs das purgas de superfcie ou de fundo

    das caldeiras. Tambm, erroneamente, so utilizados para tamponar o valor pH das guas de

    caldeiras, mesmo quando estas recebem gua de excelente qualidade, ou seja, isentas de sais

    dissolvidos. No raramente, ns encontramos plantas onde o produto adicionado na linha de gua

    de alimentao, a montante da tomada de gua de atemperao do vapor superaquecido, que acaba

    por causar srios problemas de deposio nas palhetas das turbinas.

    Nas trs formas, o fosfato trissdico, dissdico e monossdico, quando em soluo, libera ons

    cidos conforme reaes abaixo:

    (a) Na3PO4 + H2O PO4-3 + 3Na+ + H2O HPO4

    -2 + OH- + 3Na+

    (b) Na2HPO4 + H2O H2PO4- + OH- + 2Na+

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  • (c) NaH2PO4 + H2O H2PO4- + OH- + Na+ HPO4

    -2 + H+ + Na+

    Quando estes ons cidos se cristalizam nas paredes dos tubos da fornalha, devido ao fenmeno

    denominado hideout, no havendo alcalinizao suficiente para manter o meio com pH elevado,

    ocorre severa e acelerada corroso.

    Hideout a reduo de solubilidade dos sais de fosfato proporcionalmente ao aumento da

    temperatura da gua da caldeira, principalmente em regies de alta transferncia de calor e/ou onde

    ocorrerem perturbaes de fluxo. Nesta condio, comum notar a queda na concentrao do

    produto e aumento do valor pH. Ao contrrio, quando ocorre a reduo da temperatura da gua da

    caldeira estes sais precipitados se redissolvem e reaparecem na soluo conforme reaes a, b e c,

    apresentando significativas queda do valor pH. Este fenmeno observado, principalmente, em

    caldeiras de alta presso, predominantemente em unidades que operam com temperatura acima de

    240C.

    De acordo com o levantamento de dados referentes s unidades, nas quais foram registradas as

    ocorrncias descritas abaixo, foi confirmado que devido impossibilidade operacional de transferir a

    adio do fosfato, diretamente para os tambores de vapor das respectivas caldeiras, optou-se,

    simplesmente, pela substituio do tipo de tratamento, passando de tratamento por fosfato

    coordenado, razo Na/PO4 de 2,2 a 2,6:1, para tratamento totalmente voltil, com uma mistura de

    aminas aplicada na sada do desaerador. As falhas foram observadas aps sete meses da alterao

    do tipo de tratamento.

    1 Caso Formao de laranja com conseqente vazamento em tubos de parede de gua.

    Caractersticas do Equipamento:

    Equipamento Caldeira

    Tipo "Tipo A" - Aquatubular

    Ano de Fabricao 1978

    Ano de entrada em operao 1978

    Produo nominal de vapor 32 ton/h

    Produo real de vapor 40 ton/h

    Presso de Operao 9,8 MPa

    Retorno de Condensado 48%

    Economizador Sim

    Temperatura da gua de Alimentao 242 C

    Temperatura do Vapor Superaquecido 312 C

    gua de Makeup Desmineralizada

    Combustvel Gs de Refinaria

    Esta caldeira opera no regime de carga mxima durante vinte e quatro horas por dia e com parada

    anual programada para manuteno geral.

    H registros de retubulao completa da caldeira em 2001, em decorrncia de falhas de corroso nos

    tubos geradores de vapor, cujas causas no foram anotadas ou avaliadas.

    A troca de tratamento ocorreu seis meses antes da ocorrncia das falhas sendo que, neste perodo,

    os valores mdios do pH da gua de alimentao e da caldeira apresentaram resultados conforme

    grficos 1 e 2, abaixo:

    Grfico 1

    Clique para ampliar

    Grfico 2

    Clique para ampliar

    Ocorrncia

    Em maro de 2005, a caldeira encontrava-se em operao normal, produzindo 40 t/h de vapor,

    quando foi percebido um escorrimento de gua pelo fundo da fornalha. A unidade foi, imediatamente,

    retirada de operao e resfriada para inspeo interna. Anteriormente a esta ocorrncia, j era

    percebido que a unidade no concentrava e operava com valores de pH inferiores a faixa de controle

    recomendada, variando entre 8,4 e 9,0, no balo superior. A unidade foi inspecionada e foi constatada

    a existncia de dois tubos da parede de gua, lado oeste, numa regio de curva, junto ao balo

    superior, com formao de laranja e furos. Tambm, no seguimento de tubo removido da fornalha,

    foram observadas diversas reas j com deposio. As reas sob depsito apresentavam severa

    corroso, conforme pode ser observado nas fotos 1 e 2.

    A anlise do material por fluorescncia de raios X, no depsito coletado no local, apresentou

    concentrao elevada de xidos de ferro (95,8% como Fe2O3) e presena de fosfato (1,13% como

    P2O5) e sdio (0,23% como Na2O), caracterizando a existncia de maricita, condio para a

    existncia da corroso por fosfato cido.

    Foto 1 Tubo com corroso sob depsito

    Foto 2 Detalhe do ponto corrodo

  • 2 Caso Rompimento de tubo de gua da parede de gua Caldeira de Recuperao.

    Caractersticas do Equipamento:

    Equipamento Caldeira

    Tipo Recuperao - Kellog

    Ano de Fabricao 1968

    Ano de entrada em operao 1970

    Produo nominal de vapor 60 ton/h

    Produo real de vapor 100 ton/h

    Presso de Operao 10 MPa

    Retorno de Condensado 48%

    Economizador No

    Temperatura da gua de Alimentao 242 C

    Temperatura do Vapor Superaquecido 343 C

    gua de Makeup Desmineralizada

    Combustvel Gs de Processo

    Desenho esquemtico de caldeira tipo Kellogg

    Detalhe do cap

    Conforme exemplo da caldeira do caso anterior, tambm nesta unidade a troca de tratamento ocorreu

    no mesmo perodo e a falha foi registrada em maio de 2005, ou seja, nove meses de operao sob a

    nova condio, neste perodo os valores mdios do pH da gua de alimentao e da caldeira

    apresentaram resultados conforme grficos 3 e 4 abaixo:

    Grfico 3

    Clique para ampliar

    Grfico 4

    Clique para ampliar

    Ocorrncia

    Quando da ocorrncia, devido s condies operacionais do sistema, a caldeira foi imediatamente

    retirada de operao. Aps a remoo do feixe tubular da caldeira foi observado que um tubo havia

    rompido na regio do cap, sada de gua da baioneta e entrada na bainha. Constatou-se tambm

    que, na regio do rompimento do tubo, havia grande concentrao de material, predominantemente,

    xidos de ferro, o que, possivelmente, impediu o resfriamento por falta de recirculao. A anlise do

    material, por fluorescncia de raios X, apresentou o seguinte resultado: xidos de ferro (96,0% como

    Fe2O3) e presena de fosfato (1,36% como P2O5) e sdio (0,13% como Na2O).

    Foto 3 Terminal do feixe tubular Lado de Gases

    Foto 4 Cap Depsito

  • comentar

    2. Concluses

    Devido similaridade das falhas e de outros fatos tais como: ambas as caldeiras receberam o

    mesmo tratamento interno, utilizaram mesma gua de alimentao e as anlises dos depsitos

    apresentaram as mesmas caractersticas, ns conclumos que as falhas foram causadas pela

    deposio de fosfato cido que deveria ser removido por limpeza qumica, antes da troca de

    tratamento.

    Tomando-se por referncia os casos acima e levando-se em conta as recomendaes largamente

    encontradas em literaturas, chamamos a ateno para a necessidade de se fazer uma limpeza

    qumica na caldeira, antes de efetivar a substituio do tratamento interno da gua (2).

    Depois de constatadas as causas das falhas, todo o tratamento interno das caldeiras passou a ser

    realizado por meio da adio de fosfato trissdico, na concentrao de 2 a 5 ppm e pH mantido na

    faixa de 9,5 a 10. Nesta relao molar, de acordo com as pesquisas realizadas por Tremaine,

    caldeiras operando com temperatura at de 360C no apresentaram formao de maricita (3).

    Assim, at a presente data no foram registradas novas falhas e as inspees realizadas, no

    perodo, no indicaram a existncia de formao de depsitos.

    3. Referncias bibliogrficas

    (1)HOWELL, Andrew G. Boiler Waterwall Corrosion Damage Due to Concentration of Phosphate in

    Deposits. Corrosion, Paper N 612. NACE, New York, 1995.

    (2) DOOLEY, Barry; SHIELDS, Kevin. Beneficial Use of EPRI Chemical Cleaning Guidelines.

    International Water Conference, Paper N 02-60. Pittsburgh, PA, Engineers Society of Western

    Pennsylvania, October, 2002.

    (3) DOOLEY, Barry; SHIELDS, Kevin. Cycle Chemistry for Conventional Fossil Plants and Combined

    Cycle/HRSGs. Power Plant Chemistry, p.153-64, volume 6(3), 2004.

    Antonio Sergio B. Neves , Francisco A. Passos

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