mudanças climáticas€¦ · planos e as leis que asseguram o bem estar do planeta, diante das...

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mudanças climáticas ATerra Planeta Efeito estufa Nordeste Como a Terra reage às injustiças climáticas provocadas pelas mudanças de clima Você sabe o que é efeito estufa? Como a emissão de gases de efeito estufa está causando o aquecimento global O semiárido, bioma mais frágil do ecossitema, é o que mais vai sentir os impactos climáticos O POVO | Fortaleza, 25 de maio de 2010

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Page 1: mudanças climáticas€¦ · planos e as leis que asseguram o bem estar do planeta, diante das mudanças climáticas. E por último, a . Luta. Como o cidadão, em especial o cearen-se,

mudançasclimáticasA Terra

Planeta Efeito estufa NordesteComo a Terra reage às injustiças climáticas provocadas pelas mudanças de clima

Você sabe o que é efeito estufa? Como a emissão de gases de efeito estufa está causando o aquecimento global

O semiárido, bioma mais frágil do ecossitema, é o que mais vai sentir os impactos climáticos

O POVO | Fortaleza, 25 de maio de 2010

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#Data: 20100525 #Clichê: Primeiro #Editoria: Caderno Comercial
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#Observação: Mudanças Climáticas
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A terraEnfrentamos aquela que é a maior batalha da humanidade: a preservação do planeta. É responsabi-lidade nossa. Você pode fazer alguma coisa.Para despertar a sociedade para a luta pelo bem da Terra, a Fundação Demócrito Rocha em parceria com a CARE, publica a partir de hoje uma trilogia sobre as mudanças cli-máticas.O cenário está posto: as regiões mais secas e mais pobres se-rão as mais atingidas, as mais prejudicadas. O Nordeste está na linha de fogo. Mas já disse Euclides da Cunha: o sertanejo é antes de tudo um forte.Inspirados no épico do autor, Os Sertões, os cadernos apre-sentam um raio X sobre a batalha que é enfrentar as mudan-ças climáticas.O primeiro, este que você tem em mãos, é a Terra. Reuni-mos as informações para entender o que acontece no pla-neta, as reações provocadas pelas mudanças climáticas, o cenário brasileiro, o perigo nordestino.No segundo, o Homem. Como cientistas e governantes das nações tratam o tema. As negociações e acordos políticos, os

planos e as leis que asseguram o bem estar do planeta, diante das mudanças climáticas.E por último, a Luta. Como o cidadão, em especial o cearen-se, se coloca como guerreiro da batalha. Como se prevenir e como agir para reduzir os impactos e a degradação ambien-tal e social provocadas pelas mudanças climáticas.Em A Terra, o que parece ser um assunto de cientistas, emis-são de gases, efeito estufa, IPCC, percebe-se que são assuntos que deveriam ser do nosso cotidiano. Porque é este que está em xeque. O aquecimento global cresce assustadoramente. E é impressionante, como poucos são os que se dão conta do que acontece sob nossas cabeças. A partir dessa leitura, o leitor vai ser despertado por um sentimento dúbio. Foi assim com a equipe que elaborou esse trabalho. Ao mesmo tempo em que você se vê alarma-do, chocado com o progresso do aumento da temperatura, você ganha energia, motivação, há de se chamar paixão para exercer o papel de cidadão e se colocar como ator a favor do bem do Planeta.Abrace a causa. Essa luta é nossa e a vitória é sua!

editorial

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Presidente | Luciana DummarVice - Presidente| João Dummar NetoDiretor Geral de Novos Negócios | Demócrito FilhoDiretor Institucional | Plinio BortolottiDiretor Financeiro | André AzevedoDiretor Geral de Jornalismo|Arlen Medina Diretora Executiva de Redação | Fátima Sudário Editor Chefe Executivo | Erick Guimarães Diretora Comercial | Mariza QuinderéDiretoria de Mercado Leitor | Victor Chidid

Presidente|Luciana DummarDiretora Executiva|Eloísa Vidal

Diretor Executivo|Markus BroseGerentes|Waldir Mafra, Renata Pereira e José Cláudio Barros

Projeto Mudanças Climáticas e Combate à PobrezaDiretor Executivo|Markus Brose

Concepção|Cliff Villar e Markus BroseCoordenação Geral|Eloísa Vidal e Cliff VillarConsultoria Técnica|Juliana Aziz Russar (CARE Brasil - São Paulo), Paulo Arlindo Oliveira e (Fortaleza) e Ayri Saraiva Rando (Teresina) Gestão de Execução|Ana CavalcanteExecutivo de Produção| Tiago BarbosaAssessoria de Imprensa| Joelma Leal Marketing | Delviane Melo

TRILOGIA MUDANÇAS CLIMÁTICASCoordenação e edição|Paula Lima Projeto gráfico|Alessandro Muratore Textos|Alinne Rodrigues, Larissa Lima Ilustrações| J. Domingues

O Projeto Mudanças Climáticas e Desenvolvimento Local é uma iniciativa da Fundação Demócrito Rocha, do grupo O POVO, e Governo do Estado do Ceará, em parceria com a CARE Brasil, com o apoio da CARE Reino Unido com recursos do DFID – Department for International Development UK.

Paula Lima > [email protected]

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#Autor: Paula Lima #Observação: Mudanças Climáticas <CLIMA> <MEIO AMBIENTE> <FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA> <CARE>
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#Data: 20100525 #Clichê: Primeiro #Editoria: Caderno Comercial
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CARE + FDR

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Na era em que o mundo vol-ta-se à contemplação da qualidade de vida, a busca individual é cada vez mais valorizada. É preciso cuidar da casa da gente. O lugar em que vivemos, onde nos alimentamos e onde crescem nos-sos fi lhos: a Terra.

Falar em Terra, o planeta, pode pare-cer distante. Então, cuide da sua região, do seu Estado, do seu bairro. Quem grita por ajuda é a vida, a má utilização dos recursos naturais está agravando o aquecimento global. O tema é uma das maiores preocupações ambientais da atualidade.

É preciso jogar luz sobre o assunto.

Pensando nisso, a Fundação Demó-crito Rocha em parceria com a CARE Brasil desenvolveu o projeto Mudan-ças Climáticas e Desenvolvimento Local. Partindo desse conceito, foram montadas ações para envolver todos os setores da sociedade, do cidadão comum a empresários e gestores pú-blicos, atores desse cenário para que possam refl etir e agir de forma coleti-va e consistente em favor da vida.

“O Aquecimento Global se faz pre-sente em praticamente todas as ativida-des sócio-econômicas do mundo atual. Não podemos falar de educação, saúde, saneamento básico, energia, combus-

tíveis, alimentação, resíduos sólidos, transportes, pecuária, agricultura, cons-trução civil, água, uso do solo, fl orestas, rios, mares...sem citarmos as Mudanças Climáticas”, explica Cliff Villar, execu-tivo de Projetos Especiais do Grupo O POVO de Comunicação, um dos idea-lizadores do Projeto.

A primeira ação é a trilogia que vai situar o leitor sobre as causas, impactos, debates e mostrar os possíveis cami-nhos de mitigação. (As demais ações no quadro ao lado). “A longo prazo, a melhor ferramenta de adaptação está na melhoria da educação pública. Tan-to pela introdução dos temas de desen-

volvimento local e mudanças climáticas no currículo, como na qualifi cação da formação empreendedora dos jovens”, diretor executivo da CARE Brasil, tam-bém idealizador do projeto.

“O presente projeto é ambicioso tan-to em suas ações como nas conseqüên-cias dessas. O desafi o de comunicar informando e formando. O desafi o de provocar, sugerir e no pós–momento, cobrar. O desafi o individual e coletivo de que, ser assim universal é resultado de um agir local, regional”, defi ne Cli-ff . Parafraseando Tolstoi, “se queres ser universal, começa por pintar (modifi -car) a tua aldeia”.

Para mudar o mundo, sim!A Fundação Demócrito Rocha em parceria com a CARE Brasil desenvolve o projeto Mudanças Climáticas e Desenvolvimento Local para esclarecer a população do maior problema ambiental da atualidade: o aquecimento global

FDR A Fundação Demócrito Rocha tem 25 anos de experiência em cursos com ensi-

no à distância, projetos educacionais, editoração de livros, produção de programas de TV, edição de cadernos, realização de eventos. A FDR possui braços operacio-nais como a Editora Demócrito Rocha com mais 400 títulos publicados, A Uni-versidade Aberta do Nordeste com mais de 450 mil alunos certifi cados e a TV O POVO, emissora educativa com atuação no estado do Ceará.

CAREA CARE é uma das mais importantes organizações não governamentais do

mundo, presente e mais de 60 países. Possui larga experiência em mobilização so-cial, em especial nas ações de formação política, geração de renda e desenvolvimen-to local. Está presente no Brasil há dez anos e desenvolve atividades nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Amazonas e Piauí.

Publicação de uma trilogia de cader-

nos especiais, encartada no O POVO,

visando disponibilizar, de forma

acessível, informações a respeito do

aquecimento global e suas trágicas

consequências.

Encontro Diálogo, destinado a líderes

empresariais, o objetivo é o do desen-

volvimento da consciência crítica do

empresariado na questão das mudan-

ças climáticas. O evento ocorrerá na

Fiec, dia 25.

Publicação de um suplemento espe-

cial Icid 2010, com o registro de temas

discutidos na conferência sobre o tema

que ocorrerá em Fortaleza. O suple-

mento será encartado no O POVO.

Realização de um Curso à Distância

com o tema: Mudanças Climáticas e

Desenvolvimento Local. O objetivo do

curso é instrumentalizar tecnicamente,

educadores, gestores públicos, jornalis-

tas e radialistas, líderes comunitários e

líderes empresariais a um tema comum

a todos: o aquecimento global. O curso

terá 12 fascículos, encartados semanal-

mente, gratuitamente, no O POVO.

Implementação de uma áudio-cartilha

com o passo-a-passo para o entendi-

mento do tema entre populações de

baixa escolaridade, e com baixo índice

de leitura. A áudio-cartilha será distri-

buída gratuitamente nas associações

de moradores e entidades de movi-

mentos populares de todo o Estado.

Congresso de Mudanças Climáticas

no Ambiente Escolar. O objetivo é

o de, sensibilizando os educadores,

transformar cada aluno em agente

da causa, divulgando as ações de

combate e propagando o tema no

seio do ambiente familiar e na comu-

nidade em que vive.

Dentro da programação do evento: um

painel, com o tema Mudanças Climáti-

cas e os Desafios das Gestões Munici-

pais, voltado aos prefeitos e secretários

dos municípios cearenses.

Finalizando, será lançado o Vade Me-cum Mudanças Climáticas – um li-

vro com artigos, entrevistas, matérias

com cases, legislação comentada,

agenda com as instituições e entida-

des não governamentais, links impor-

tantes e todas as informações neces-

sárias para compreender o tema.

ETAPAS DO PROJETO

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#Observação: Mudanças Climáticas <PROJETO> <CLIMA> <MEIO AMBIENTE> <FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA> <CARE>
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#Data: 20100525 #Clichê: Primeiro #Editoria: Caderno Comercial
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Planeta Terra

O sol sobre nossas cabeças pare-ce estar mais forte que nunca. É um sol que queima a pele, tosta a terra que já quase não tem água. Desequilíbrio am-biental que gera desequilíbrio social. Nos polos do planeta, as geleiras der-retem. Se antes os efeitos do tão falado aquecimento global pareciam reverbe-rar tão longe da gente, em abril último eles deram sinal que estão chegando com força total: no Brasil, o Rio de Ja-neiro foi vítima de uma chuva que pa-recia não ter fi m. A água vinha do céu e arrastava morro, casa, carro, gente.

Dentre todos os organismos vivos na Terra, o homem foi o único que adqui-

riu a capacidade de alterar a composição da atmosfera. Com a fumaça das fábri-cas, dos carros, das queimadas, o clima vem sendo modifi cado a passos largos. Em um futuro mais próximo do que a gente gostaria, as temperaturas de todo o mundo poderão ser bem diferentes, afetando o equilíbrio dos ecossistemas. A situação é delicada, e só nós podemos revertê-la. Ainda há tempo, mas, para agir, é necessário entender o que acon-tece, os limites entre o natural e o que é acelerado ou provocado pelo homem.

Nas páginas a seguir, você vai en-tender como ocorrem as mudanças climáticas.

No dia a dia, costumamos dizer que o clima está bom ou ruim, dependendo das condições do céu. O correto seria dizer que o tempo está bom ou ruim. Chama-se tempo a condição da at-mosfera em um lugar e em um horário específi cos. Já o clima é determinado pelas informações de tempo a longo prazo, uma média do que acontece com a atmosfera em cada período do

ano. Mesmo sendo baseado em mé-dias, o clima pode mudar por diversos fatores naturais: o deslocamento de continentes, mudanças na órbita e na inclinação da Terra, acúmulo de gelo e neve, impactos de asteróides, erupções vulcânicas e variações como El Niño e La Niña, que, ao contrário do que se imagina, não são responsáveis pelas mudanças bruscas que têm acontecido.

Tempo X Clima

Alinne Rodrigues | [email protected]

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Nossa mãe TerraO que são as mudanças climáticas? A influência das atividades humanas na temperatura do planeta

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#Autor: Alinne Rodrigues #Observação: Mudanças Climáticas <EFEITO ESTUFA> <CLIMA> <MEIO AMBIENTE>
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#Data: 20100525 #Clichê: Primeiro #Editoria: Caderno Comercial
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Ao redor da Terra, uma camada de cerca de 30 km de espessura nos mantém aquecidos: a atmosfera, for-mada principalmente por nitrogênio e oxigênio, possui em sua compo-sição ingredientes surpreendentes, como os vilões dióxido de carbono e metano. Acontece que os gases que tomamos por nocivos são os respon-sáveis pela manutenção da tempera-tura no planeta.

Como uma redoma de vidro so-bre plantas, a atmosfera permite que a luz e parte do calor a atravesse, mas difi culta sua saída para o espaço.

Tudo isso signifi ca que o efeito estufa é um fenômeno natural e que ocorre há milhões de anos. Sem ele, a tem-peratura na Terra seria 33ºC mais baixa, e a vida como a conhecemos não seria possível.

Mas quando o efeito estufa pas-sou de um acontecimento normal e necessário para uma das grandes ameaças ao equilíbrio do meio am-biente? A resposta é simples: quan-do as concentrações desses gases de efeito estufa (GEE), presentes em pequenas quantidades na atmosfe-ra (cerca de 1% dela é formada por

eles), passaram a ser mais altas que a média natural.

Há 150 anos, o homem vem re-alizando atividades que emitem ga-ses de efeito estufa, aumentando a concentração desses gases que não deixam o calor se dissipar. É a partir da relação entre o aumento da con-centração dos GEE e do aumento da temperatura da atmosfera que ocorre o aquecimento global e, con-sequentemente, o derretimento das geleiras, o aumento do nível do mar e fenômenos climáticos extremos cada vez mais frequentes.

Efeito estufa: fenômeno natural e aquecimento global

Os gases de efeito estufa não são gases tóxicos.. Além do temido di-óxido de carbono (CO2), do óxido nitroso (NO2) e do metano (CH4), o ozônio, que ajuda a proteger a Terra da incidência de raios ultravioleta, e o vapor d’água também compõem o rol dos GEEs.

Claro que esses elementos todos estão em pequenas concentrações na atmosfera. O CO2 é o mais emitido

pelas atividades antrópicas, por isso é o que mais contribui para o aque-cimento global - em 2004, de acor-do com o quarto relatório IPCC, de maio de 2007, ele representou 77% das emissões ao redor do mundo. O que agrava o quadro é que o tempo mínimo de permanência do dióxido de carbono na atmosfera é de, no mí-nimo, 100 anos. Ou seja, o que emi-timos hoje só vai se dissipar no pró-

ximo século, com um provável forte impacto para o regime climático.

O metano, por sua vez, mesmo estando presente em menor quanti-dade, tem potencial de aquecimento 21 vezes maior que o do dióxido de carbono. O caso do óxido nitroso e dos clorofl uorocarbonos (CFC) segue o mesmo padrão, mas ainda mais gra-ve, podendo chegar a ser 7.100 vezes mais poderosos que o CO2.

Gases de efeito estufa

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Planeta Terra

O carbono é indispensável à vida do planeta: está na atmosfera, nos oceanos, nos solos, nas rochas sedimentares, nos combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural). Apesar de fazer par-te da composição de todos esses elementos, o carbono não perma-nece estático. As rochas, expostas durante longos períodos de tempo ao dióxido de carbono, liberam o elemento para a natureza, que acaba caindo em rios e desaguan-do no mar. O carbono repousa no fundo do oceano, se consolida e dá origem a uma rocha sedimen-tar. De lá, pode acabar retornando à atmosfera por uma erupção vul-cânica, quando a rocha derrete. Estando presente no subsolo, ele se torna carvão ou petróleo e, sendo queimado, retorna à atmosfera.

As plantas fazem parte do ciclo do carbono ao absorvê-lo em for-ma de dióxido pela fotossíntese. Por outro lado, tanto plantas quanto animais lançam o elemento de vol-ta para o ar através da respiração. A difusão é uma outra forma de intercâmbio de carbono, que con-siste na sua liberação via queima de combustíveis fósseis e mudanças no uso da terra (queimadas e desma-tamentos, principalmente). Essas interferências do homem alteram os fl uxos naturais entre os estoques de carbono e são protagonistas da mu-dança do clima na Terra.

A queima de combustíveis fósseis, por exemplo, contribui com a maior parte das emissões globais, que giram em torno de 7,2 bilhões de toneladas de carbono ao ano (dados referentes ao período de 2000 a 2005, segundo o quarto relatório IPCC, Grupo de Trabalho I, de fevereiro de 2007). O número é ainda mais assustador quando lembramos que uma tone-lada de carbono corresponde a 3,67 toneladas de CO2.

O ciclo do carbono

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#Data: 20100525 #Clichê: Primeiro #Editoria: Caderno Comercial
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#Autor: Alinne Rodrigues #Observação: Mudanças Climáticas <EFEITO ESTUFA> <CLIMA> <MEIO AMBIENTE>
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O homem

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A ação humana De onde vem tudo isso? A relação entre atividades humanas (antrópicas), aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera e aumento da temperatura do planeta

Quando se fala em aque-cimento global, imediatamente, pen-samos em poluição, o que é errado. As emissões de gases de efeito estufa (GEE) não são exclusivamente feitas pelo ho-mem (de origem antrópica ou antro-pogênica), mas não se pode negar que ele é o maior agente nessa história. As duas principais fontes são a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento de regiões tropicais como a Amazônia.

A queima dos combustíveis, espe-cialmente do petróleo, faz parte do dia a dia das cidades: desde os meios de transporte, como carros, ônibus e avi-ões, ao setor de produção de energia, representado pelas usinas termelétri-cas, sem esquecermos, claro, das in-dústrias. Além disso, reservatórios na-turais de carbono e sumidouros (que são os ecossistemas capazes de absor-ver e armazenar o CO2 da atmosfera)

também vêm sendo afetados. As florestas, por exemplo, são um

importante estoque de carbono: ab-sorvem o elemento na fotossíntese, liberam-no na respiração e quando morrem. Das raízes às folhas, elas ar-mazenam anualmente bilhões de to-neladas nas árvores e no solo.

Ameaças às florestas tropicais, como secas, queimadas ou desma-tamento liberam o dióxido de car-

bono para a atmosfera e diminuem a capacidade de armazenamento de carbono. Por isso, atualmente, o desmatamento corresponde, segun-do estudos do Ipam, de 15 a 20% de toda a emissão global de CO2 cau-sada pelo homem. Com milhões de hectares sendo perdidos a cada ano, o planeta deixa de aproveitar uma arma poderosa no combate às mu-danças climáticas.

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#Observação: Mudanças Climáticas <HOMEM> <EFEITO ESTUFA> <CLIMA> <MEIO AMBIENTE>
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Gases de efeito estufa

Os outros GEEs

O CO2 é o gás de efeito estufa mais abundante na atmosfera, mas não atua sozinho para o aumento da tempera-tura. O metano (CH4), de efeito mais poderoso, é emitido durante o trans-porte de petróleo e gases, plantações de arroz, no sistema digestivo do gado e de outros animais de fazenda, na decom-pisição da matéria orgânica em aterros sanitários. O óxido nitroso (NO2), por sua vez, é produzido pela agricultura, que se utiliza de compostos do nitrogê-nio como fertilizantes artificiais, além do uso em motores de combustão in-terna (o “nitro”, famoso por aumentar a potência de carros).

Brasil: o quarto maior emissorDe acordo com o estudo Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Brasil 2008, produzido pelo IBGE, o desmatamento, em especial na Amazônia e no Cerrado, resultam em 75% das emissões de gases do efeto estufa no país. Esse número faz do Brasil o quarto maior poluidor do mundo, com cerca de 1,3 Gt/ano. As duas maiores cidades brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro, que fazem uso intensivo de combustíveis fósseis, emitem juntas apenas 3% desse total, aproximadamente.

você sabia?As duas principais

fontes de emissão de GEE são a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento de regiões tropicais como a Amazônia

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#Data: 20100525 #Clichê: Primeiro #Editoria: Caderno Comercial
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#Observação: Mudanças Climáticas <HOMEM> <EFEITO ESTUFA> <CLIMA> <MEIO AMBIENTE>
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AR1Em 1990 foi divulgado o primeiro relatório. Primeira conclusão: atividades

humanas emitem GEE que provocam o aquecimento global. Segunda conclusão: se não houver mudanças nestas atividades humanas geradoras de GEE, o aumento médio da temperatura global será na ordem de 0,3ºC a cada década acompanhado por um aumento no nível do mar na ordem de 65 cm até 2100. O relatório culminou na criação da Convenção do Quadro das Nações Unidas para Mudanças do Clima (ou UNFCCC, sigla em inglês).

AR2Publicado em 1995, propunha um sistema de mitigação da emissão de

CO2, principal fonte causadora da intensifi cação do efeito estufa. o nível de confi ança científi ca aumentou muito.Dois anos após, em 1997, seria instituído, no âmbito da UNFCCC, o Protocolo de Kyoto.

AR3O relatório de 2001, trazia fortes evidências que a ação do homem

era promotora de mudanças climáticas, e projetava cenários alarmantes de aumento de temperatura na Terra e suas conseqüências nos mais diversos biomas.

AR4O quarto relatório, publicado em 2007. A grande diferença entre o 3º e o

4º relatório do IPCC é que, neste último, além de confi rmar a gravidade do aquecimento global, pela primeira vez, o IPCC atribui probabilidades às suas projeções.

Existe um relatório organizado por cerca de 3 mil cientistas de 130 países fazendo o mapeamento dos efeitos das mudanças climáticas, além de possíveis soluções sobre seus impactos ao planeta. É o IPCC (sigla para o nome em inglês: In-tergovernmental Panel on Climate Chan-ge). Esse Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas é um órgão vincula-do à Organização Meteorológica Mundial (WMO) e ao Programa Ambiental das Nações Unidas (PNUMA ou UNEP). O IPCC é a mais conceituada fonte de co-nhecimente o de pesquisas do cenário re-sultante das mudanças do clima no plane-ta. É um calhamaço de dados sobre o que acontece no planeta por causa dos efeitos das mudanças climáticas e suas variáveis, que traduz o complexo conhecimento científi co sobre o tema em recomendações de políticas públicas.

O IPCC surgiu em 1988, quando pes-quisas científi cas de diferentes partes do mundo já alertavam para os altos índices de emissões de GEE. O Painel divide-se em grupos técnicos: de força-tarefa e em grupos políticos: responsáveis pelos diá-logos com as nações. De cinco em cinco anos o IPCC divulga relatórios de avalia-ção do meio ambiente, as ARs.

Paula Lima | [email protected]

Diagnóstico do climaPreocupados com a crescente desproporção de emissões de gases de efeito estufa, 130 nações uniram-se para fazer o raio X da saúde do planeta: o IPCC

Os relatórios

Vencedor do prêmio NobelO IPCC foi o vencedor do prêmio Nobel da Paz de 2007, por conscientizar as nações sobre a importância de se combater imediatamente as mudanças climáticas para garantir a sobrevivência do planeta.

você sabia?

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No dia 17 de abril de 2009 foi ins-tituído pelos ministérios do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia o Painel Brasileiro sobre Mudanças do Clima. Nos moldes do Painel Intergo-vernamental da ONU (IPCC), a inicia-tiva brasileira irá reunir 300 renomados cientistas e pesquisadores de várias ins-tituições importantes, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Embrapa e centros universitários.

Chamado de IPPC brasileiro, o painel irá reunir e analisar a toda a produção científi ca brasileira a res-peito dos mais diferentes aspectos das alterações do clima no país. A ideia é que seja produzido um relatório simi-lar ao do IPCC da ONU, só que vol-tado exclusivamente ao fenômeno no Brasil. Pedro Dias, professor do Insti-tuto Astronômico e Geofísico da Uni-versidade de São Paulo (IAG/USP) e diretor do Laboratório Nacional de Computação Científi ca (LNCC), diz que a discussão do IPCC mundial é muito concentrada nas publicações de outros países, e, por essa razão, o Brasil precisa explorar suas pesquisas de forma mais coerente.

O Cnpq irá disponibilizar bolsas para doutores para completar a equipe de cientistas.

Atualmente, as projeções do IPCC se baseiam em equações matemáti-cas e operam a partir de seis cenários possíveis, que pressupõem trajetórias distintas para uma série de fatores eco-nômicos.

Estudos realizados pelo Inpe (Insti-tuto Nacional de Pesquisas Espaciais) utilizam apenas os cenários A2 e B2 em suas projeções por os considerarem os mais adequados à realidade brasileira. O A2 é o segundo mais pessimista, pre-vê que o mundo continuará consumin-do energia gerada predominantemente a partir de combustíveis fósseis, ocasio-nando uma elevação de 2 a 5,4 graus na temperatura. Já o B2, um dos cená-rios otimistas, aposta no surgimento de uma matriz energética global mais equilibrada, com igual participação de fontes renováveis e de combustíveis fós-seis, com aumento de 1,4 a 3,8 graus.

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Realidade brasileira

O AlertaOs números do IPCC não existem

para provocar pânico, ou fazer alarme na sociedade. Mas indicam a gravida-de das mudanças ambientais previstas para as próximas décadas. Segundo os estudos, uma elevação na temperatura média do planeta até o fi nal do sécu-lo, como previsto nos cenários mais pessimistas do IPCC, pode reduzir a disponibilidade de alimentos e levar mais 530 milhões de pessoas a passar fome. Calcula-se também que 3,2 bi-lhões de indivíduos enfrentem escassez de água, enquanto 20% da população mundial passe a viver em zonas sujei-tas a enchentes. Mais preocupante: es-tudos mais recentes sugerem que essas estimativas são conservadoras e que as consequências das alterações climáticas podem ser ainda mais graves.

Foco no Brasil

[ Foto de Quixadá | Sertão Cearense ]

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A principal conseqüên-cia é que o aquecimento global deixou de ser uma preocupação do futuro. Ele já começou. Segundo o relatório Re-ports to the Nation on Our Changing Climate, de 1997, as temperaturas mé-dias no Brasil subiram 0,5°C e aproxi-madamente 1°C na América Central e América do Sul. Foi também em 1997 que o País teve seu ano mais quente desde 1880. Dessa vez, a situação foi agravada pelo El Niño, fenômeno na-tural que provoca mudanças periódi-cas nos ventos e correntes do Pacífico tropical.

Os oceanos também estão fican-do mais quentes. Os primeiros 300 metros de profundidade aqueceram 0,3°C nos últimos 50 anos. Um es-tudo da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos, ao observar o período de 1948 a 1998, descobriu que todos os oceanos apresentaram aquecimento

pelo menos até os mil metros de pro-fundidade.

O nível dos mares subiu em decor-rência do derretimento de gelo e neve (vamos falar desse caso em breve). De 1993 para cá, de acordo com dados apurados pela Universidade do Colo-rado, nos Estados Unidos, em relató-rio de 2008, foram aproximadamente 3,3 mm por ano, totalizando, para o século XX, algo em torno de 10 a 20 mm segundo o IPCC.

O Instituto Oceanógrafico da USP apurou ainda que, nos últimos 20 anos, o nível dos mares do sudeste da América do Sul subiu de 1 mm ano para até 3 mm por ano. Alguns pon-tos do Brasil registraram aumento de até 4 mm. Continuando assim, a vida das comunidades costeiras – como o nosso caso, em Fortaleza e em todo o litoral do Ceará – estará, em pouco tempo, ameaçada.

A composição da água do mar

também está mudando, pois, inte-grando o ciclo do carbono, está ab-sorvendo cada vez mais CO2. O au-mento da concentração do gás torna o oceano mais ácido, dificultando a for-mação de conchas, corais e plâncton, diminuindo também a população de peixes que se alimentam desses orga-nismos e, consequentemente, afetan-do a pesca artesanal e em larga escala.

Em adição a tudo isso, o aqueci-mento global reverbera nas camadas de gelo e neve do globo. De acordo com o IPCC, a Colômbia teve uma redução de 82% de suas geleiras. O Peru, 22%. Entre 1965 e 2005, a área da região da Chacaltaya, na Bolívia, foi de 0,22 km2 para 0,01 km2, acabando com a lucrativa estação de esqui.

A situação é crítica também no Hemisfério Norte. A calota polar che-gou, em 2007, ao seu nível mais baixo registrado, em dados colhidos por sa-télites do Centro Nacional de Dados

sobre Gelo e Neve (National Snow and Ice Data Center). Isso 30 anos antes do previsto pelos cientistas.

Por fim, a atmosfera aquecida tam-bém modifica os padrões das tempes-tades, influenciando o tempo. A por-centagem de secas severas no planeta mais que dobraram dos anos 1970 para cá, segundo um estudo de 2004 reali-zado pelo Centro Nacional de Pesqui-sas Atmosféricas nos Estados Unidos. Paradoxalmente, o aumento da con-centração do vapor d’água na atmosfe-ra leva a mais chuvas e mais neve, em maior intensidade, principalmente nas zonas temperadas, prejudicando plan-tações e causando inundações.

Fenômenos extremos e incomuns também vêm ocorrendo na América do Sul: secas na Amazônia, tempes-tades de granizo na Bolívia e na Ar-gentina e um furacão sem preceden-tes como o Catarina, que arrasou o Atlântico Sul em 2004.

Alinne Rodrigues | [email protected]

O futuro é agoraNa prática as consequências da elevação da temperatura são sentidas nos quatro cantos do mundo. O que já aconteceu?

BD.Rebeca
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#Autor: Alinne Rodrigues #Observação: Mudanças Climáticas <EFEITO ESTUFA> <CLIMA> <MEIO AMBIENTE>
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#Data: 20100525 #Clichê: Primeiro #Editoria: Caderno Comercial
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Temperatura

Desde o final do século XVIII, quan-do teve início a revolução industrial, a concentração de CO2 na atmosfera começou a se elevar. Grandes quanti-dades de carvão mineral e petróleo ali-mentavam o progresso. No ano de 1750, quando começaram a ser registradas as informações de tempo e clima, eram 280 ppm (partes por milhão) do dióxi-do. Em 2005, segundo o quarto relatório IPCC, já eram 379 ppm, um aumento de 31%. Com isso, a atmosfera aumen-tou sua capacidade de reter calor (efeito estufa), agindo como um cobertor sobre a Terra.

Por dois milhões de anos, a atmosfe-ra teve uma concentração de CO2 igual a 30 ppm, e 30 ppm foi a quantidade de pontos que essa concentração subiu so-mente nos últimos 18 anos. O ritmo é tão intenso que o IPCC estima, até 2100, as emissões na atmosfera chegando a valores em torno de 540 a 970 ppm, ou seja, 90 a 250% acima do nível de 1750.

A previsão é de que essa concentração resulte em um aumento médio de 4°C na temperatura da Terra até o final do século, podendo chegar a 7°C. Para se ter ideia do que isso significa, pense em quando você tem febre. Apenas 1°C a mais faz a dife-rença em como você se sente.

Para o planeta, esse aumento vai ocasionar um aumento da evaporação de água e, consequentemente, um au-mento do efeito estufa, que, por sua vez, vai causar um maior aquecimento, em um ciclo que vai modificar as condições climáticas no planeta e a circulação da umidade: as áreas secas ficarão mais se-cas, e as úmidas, mais úmidas.

Se essas previsões se cumprirem, as geleiras intertropicais vão derreter em 15 anos, afetando severamente os re-cursos hídricos da região. Até o fim do século, os cientistas do IPCC estimam um aumento de até meio metro no nível do mar, que pode vir a inundar terras relativamente distantes do litoral que se tem hoje. Esse número, pode, inclusi-ve, chegar a seis metros, a depender da velocidade do derretimento das calotas polares e da Groenlândia.

Onde vamos parar?

O avanço no aumento da temperatura

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#Data: 20100525 #Clichê: Primeiro #Editoria: Caderno Comercial
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#Autor: Alinne Rodrigues #Observação: Mudanças Climáticas <EFEITO ESTUFA> <CLIMA> <MEIO AMBIENTE>
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Na seca, fica mais difícil vi-ver. O acesso à água de beber e à água de cuidar da plantação, conseguir o ali-mento. E uma das consequências mais esperadas das mudanças climáticas é que os eventos climáticos já considera-dos extremos pelos especialistas, como as secas e as cheias, devem ficar ainda mais extremos. Ou seja, os períodos se-cos vão ficar ainda mais secos.

Por não possuírem uma margem de fatores sociais e econômicos que pos-sam ajudar a minimizar essa situação, as populações do Nordeste aparecem como especialmente vulneráveis aos efeitos do aquecimento global no País.

Quem já sofria com a incerteza das chuvas poderá sofrer mais. No pior ce-nário construído pelo IPCC, o Nordes-te terá um aumento de 4ºC na tempera-tura média até 2070.

Os pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) desenvolveram em 2008 um projeto de pesquisa que considerou cená-rios futuros para a região Nordeste até 2050. No centro das projeções, a adaptação que o nordestino mais po-bre encontrará para não sofrer toda a magnitude dos efeitos do aquecimen-to global: as migrações. Como a agri-

cultura e a pecuária devem ser afeta-das pela falta de água, os estudiosos apontar para um fluxo intenso dos pequenos produtores para os grandes centros urbanos.

Tomando com referência o pior ce-nário pintado pelo IPCC, o Ceará seria o Estado com a maior redução de áreas cultiváveis para a agricultura (-79,6%). Toda essa perda na agricultura também traria um baque para o Produto Interno Bruto (PIB) da região. Se nada for fei-to para reduzir as emissões de carbono ou para adaptar os estados nordestinos ao aquecimento, o Nordeste vai perder 11,4% do PIB até 2050.

Larissa Lima | [email protected]

Nordeste: o mais vulnerávelA região, considerada a mais desfavorecida, é a que mais vai sentir os impactos do aquecimento global. A caatinga é o bioma mais frágil do ecossistema

Leia na íntegra a pesquisa sobre mudanças climáticas, migrações e saúde no Nordeste www.cedeplar.ufmg.br/pesquisas/projetos-concluidos/migracoes-e-saude.php

Internet

O cientista José Marengo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), desenvolveu um estudo em que aplicou uma versão do modelo climático desenvolvido pelo Hadley Centre sobre um cenário de altas emissões para investigar as conseqüências desse aquecimento global de 3,3ºC no Nordeste. Este estudo indica que

até 2100 as chuvas no Nordeste seriam reduzidas entre 40% e 60% em comparação com os níveis atuais. Além disso, a duração média da temporada seca saltaria de 12 dias para 30 dias por ano, aumentando o risco de estiagens, e a área utilizável para plantações de grãos como arroz, feijão e soja também cairia bastante.

você sabia?O aquecimento nordestino

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#Data: 20100525 #Clichê: Primeiro #Editoria: Caderno Comercial
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#Autor: Larissa Lima #Observação: Mudanças Climáticas <SEMI-ÁRIDO> <EFEITO ESTUFA> <CLIMA> <MEIO AMBIENTE>
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O POVO - Já estamos sentindo os efei-tos das mudanças climáticas no Ceará?Eduardo Sávio Martins - Preci-samos entender que esse é um pro-cesso que a gente só percebe tendo um olhar distante no tempo. Nós es-tamos falando do que vai acontecer com o clima daqui a 100 anos. Olhan-do uma janela temporal mais recen-te, a gente não pode estabelecer, por exemplo, que o que aconteceu no ano passado em termos de cheia é efeito das mudanças climáticas, apesar de a intensifi cação dos (eventos climá-ticos) extremos ser esperada. Pode ser simplesmente um aspecto da va-riabilidade natural. Se esperamos que existam mudanças climáticas? Lógi-co, pela razão física do processo. O aquecimento do planeta é esperado,

por causa do aumento de concen-tração dos gases do efeito estufa, que conseguem manter a radiação do sol mais próxima à superfície terrestre. OP - Temos uma previsão de quais áre-as do Ceará serão mais afetadas pelas mudanças climáticas?Eduardo - Não, não temos. Esse olhar detalhado a gente não consegue dar nem na nossa previsão de curto prazo. É mais difícil ainda num olhar mais distante. A gente consegue saber o que vai acontecer em termos médios numa grande área. OP - E o aumento do calor em Fortale-za? Pode ter relação com o aquecimen-to global?Eduardo - Teríamos que ter uma série

(histórica) maior para dizer. Acho até que tivemos anos mais quentes do que este. Mas, se a gente avaliar as tempera-turas (no Ceará) nos últimos 15 anos, tivemos 11 que foram considerados os mais quentes. Isso dá um sinal de alerta em termos de aquecimento. Agora, se você fala de sensação térmica em For-taleza, tem aspectos locais que têm que ser levados em consideração, como a cidade ser toda urbanizada, asfaltada. OP - Temos como contornar essa situ-ação do aquecimento global?Eduardo - Temos. Reverter, acho que não, acho que chegamos ao grau do im-possível. A reversão completa, todos os especialistas que a gente conhece - eu não sou especialista em mudanças cli-máticas, apenas leio muito - apontam

que a reversão não dá mais para ser feita. O que dá para fazer é uma redução dos efeitos. Como: apostando numa matriz energética mais limpa. O Ceará vem se preparando ao longo dos anos para o uso da energia eólica, da energia solar. Isso é um processo, um investimento a longo prazo. Mas uma preocupação ainda mais importante é uma adaptação preventiva. Nós sabemos que a tendência é nós ter-mos uma duração maior do período seco. Então nas culturas de ciclo mais longo vai ser difícil a gente ter uma ga-rantia maior de produção. Então nós temos que trabalhar com culturas de ciclo mais curto ou então trabalhar no melhoramento genético dessas varieda-des no ciclo mais longo, na tentativa de diminuir o ciclo ou diminuir a sua ne-cessidade por água.

As mudanças climáticas podem afetar fortemente a agricultura no Nordeste. Projeções apontam para uma perda de quase 80% da área agriculturável no Ceará até 2050 caso o planeta não consiga reduzir as emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE). Atualmente, os estudos da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) já ajudam a orientar os agricultores do Estado com as previsões meteorológicas cotidianas. No entanto, ainda é preciso avançar em estudos especí� cos sobre os cenários do aquecimento global no Ceará. Con� ra uma entrevista com o presidente do órgão, Eduardo Sávio Martins. (Larissa Lima)

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Entrevista

“Chegamos ao grau do impossível”

“ Se avaliarmos as temperaturas (no Ceará) nos temperaturas (no Ceará) nos últimos 15 anos, tivemos 11 últimos 15 anos, tivemos 11 que foram considerados os que foram considerados os mais quentes. Isso dá um mais quentes. Isso dá um sinal de alerta em termos de aquecimento”aquecimento”

>> Eduardo Sávio Martins, presidente da Funceme

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#Observação: Mudanças Climáticas <ENTREVISTA> <EDUARDO SÁVIO MARTINS>
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Semiárido

Saiba mais sobre a Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridaswww.icid18.org

Internet

Impactos na saúdeSe uma grande leva de pequenos

agricultores nordestinos migrarem para os centros urbanos maiores por conta dos prejuízos com as mudanças climá-ticas, carregarão consigo repercussões até para a saúde pública do País. Segun-do o pesquisador Ulisses Confalonieri, da UFMG, um dos autores do estudo Mudanças climáticas, migrações e saúde: cenários para o Nordeste brasileiro, um dos problemas principais até 2050 seria a redistribuições de doenças no espaço geográfico. “Um exemplo é a pessoa que sai com leishmaniose da zona rural e provoca novos focos da doença na peri-feria das cidades grandes”, explica.

Apesar de não ser possível projetar quais doenças exatamente aumenta-riam, o pesquisador aponta que para o

sistema de saúde público restará o desa-fio de atender à demanda multiplicada. “Havendo um fluxo para as capitais, aumenta a pressão no Sistema Único de Saúde (SUS). Aumenta o número de usuários, a carga de doenças e o custo”.

Confalonieri lembra que, mesmo sem considerar as migrações, a pró-pria seca já traz consequências graves para a população, de ordem nutricio-nal. “As pessoas entram numa situa-ção de insegurança alimentar, de má qualidade da água, tem a questão da higiene. É um problema muito com-plicado, aliado a outros problemas de infraestrutura, falta de saneamento e o deslocamento dos doentes com a pos-sibilidade de focos novos para as áreas de destino da migração.”

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#Observação: Mudanças Climáticas <SEMI-ÁRIDO> <EFEITO ESTUFA> <CLIMA> <MEIO AMBIENTE>
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Fragilidades

Antônio Rocha Magalhães é diretor da II Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (Icid+18). Ela vai ser realizada de 16 a 20 de agosto em Fortaleza (CE).

A primeira edição do evento foi promovida há 18 anos, na perspectiva de incluir com mais força as problemáticas do semiárido na Rio 92. Agora, a ideia é dar subsídios para a Rio+20, que começa a ser preparada para se reunir em 2012.

Processos de degradação ambiental que já afetam as regiões semi-áridas, como a desertificação, agravam ainda mais os efeitos das mudanças climáticas, como os riscos para a biodiversidade.

Existem muitas definições técnicas para explicar o que é uma região semiárida. O dado importante é o índice de aridez, a relação entre a quantidade de água da chuva pela perda máxima possível de água pela evaporação e pela transpiração das plantas. Quanto menor o índice, mas árido é o clima da região. Nas semiáridas, esse índice fica entre 0,21 e 0,50, de acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

O Ministério da Integração Nacional considera integrantes do semiárido brasileiro 1.132 municípios, que juntos representam 969.589,4 quilômetros quadrados do Brasil.

saiba+Impactos na saúde Atenção para o semiáridoAs características climáticas do

semiárido dominam o Nordeste bra-sileiro. E muito da vulnerabilidade encontrada nas populações daqui são reproduzidas em vários outros lugares. Os eventos climáticos extremos, como as secas e as enchentes, sempre castiga-ram os cerca de dois bilhões de habitan-tes dessas regiões no planeta. E eles não têm muitos mecanismos de adaptação.

O doutor em Economia pela Uni-versidade de São Paulo, Antônio Rocha Magalhães, lembra que as regiões semi-áridas correspondem a cerca de 40% do território do planeta, onde os processos

de degradação dos recursos naturais já estão avançados e a pobreza é um dos grandes desafi os. “Elas correspondem a aproximadamente 33% da população mundial, têm dimensões muito gran-des e são superpopulosas”, acrescenta.

Além dessa fragilidade antecipada, as áreas mais secas não existem iso-ladamente. Elas se relacionam com o seu entorno e têm infl uência global. As migrações partindo das regiões semiá-ridas para os grandes centros urbanos e até para outros países, por exemplo, podem dar margem ao início ou apro-fundamento de confl itos.

[ Foto Ibaretama | Sertão Cearense | Foto de queimada ]

As secas e as enchentes, sempre castigaram As secas e as enchentes, sempre castigaram os cerca de dois bilhões de habitantes dessas regiões no planetaregiões no planeta

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O recente relatório Economia da Mu-dança do Clima no Brasil, publicado em março por um consórcio de instituições públicas, aponta para o fato de que as mudanças climáticas intensificarão até 2050 as desigualdades regionais. As re-giões mais pobres do país, com maior incidência de beneficiários do Bolsa-Família, irão sofrer os maiores impactos.

Os impactos sobre o Nordeste, em especial as regiões semiáridas, serão os mais intensos, a ponto de merecer um capítulo especial no relatório. Dado o grande número de cidades na costa nordestina, a elevação do nível do mar poderá criar áreas de risco ou mesmo impróprias à manutenção de patrimô-nio e infraestrutura urbana em gran-des faixas de extensão. Deverá ocorrer uma drástica redução da oferta de água, com impactos na oferta de alimentos e na saúde da população. Aumenta a probabilidade da ocorrência de casos de desnutrição infantil e de mortalida-de infatil por diarreia, nas áreas rurais mais pobres. O rio São Francisco terá

sua vazão reduzida afetando a capa-citade de geração de energia. Por sua vez, a ampliação do uso de sistema de ar condicionado em residências e em-presas por causa das ondas de calor irá aumentar a demanda por energia. A agricultura de irrigação irá sofrer du-plamente mediante redução da oferta de água, bem como redução da oferta de energia. No Ceará, o encolhimento de áreas favoráveis ao cultivo de milho, arroz, feijão, algodão e girassol pode al-cançar 79,6% do Estado.

O conceito de justiça ambiental está alicerçado na ideia de que os benefícios e os impactos decorrentes do uso dos re-cursos naturais devem estar igualmente distribuídos entre toda a população. As mudanças climáticas alteram isso. Em outras palavras, a população do Nordes-te, que pouco ou nada contribuiu para as mudanças climáticas, estará entre as mais afetadas pelos seus impactos.

A resposta a esta situação de injustiça ambiental está na adaptação às mudan-ças climáticas. No Sudeste e Sul do país,

a adaptação começou na esfera indivi-dual, por exemplo, através da ampliação do mercado do seguro residencial. Nos primeiros quatro meses do ano, houve um aumento de 40% nas contratações de seguro residencial e predial por causa da maior incidência de raios e venda-vais. Mas em larga escala, a adaptação tem que ocorrer de modo coletivo.

A sociedade, em especial nossa eco-nomia, não deve esperar pelos eventos climáticos extremos, principalmente secas e enchentes, que serão cada vez mais comuns no Nordeste. Conforme o dito popular: “é melhor prevenir que re-mediar”. Esta não é apenas uma lição da vida, estudos de impacto demonstram que a cada R$ 1 investido na prevenção da emergências climáticas são economi-zados R$ 7 que seriam gastos na reme-diação dos danos.

É necessário ampliar a capacidade de adaptação tanto das famílias como da coletividade. Precisamos qualificar e expandir a capacidade da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros em prever e mi-

nimizar os danos imediatos de eventos climáticos extremos. Além disso, preci-samos oferecer portas de saída da vulne-rabilidade das famílias que vêm do Bol-sa Família ou dependem da agricultura familiar de subsistência. A longo prazo, a melhor ferramenta de redução da vul-nerabilidade e aumento da capacidade de adaptação está na melhoria da educa-ção pública. Tanto pela introdução dos temas de desenvolvimento local e mu-danças climáticas no currículo, como também na qualificação da formação empreendedora dos jovens.

Tendo em vista esse cenário, o projeto “Mudanças climáticas, comu-nicação e desenvolvimento local no Ceará” desenvolvido pela CARE Bra-sil em parceria com o grupo O POVO busca contribuir para o melhor enten-dimento das pessoas sobre as mudan-ças climáticas, trazendo informações qualificadas para a população do Nor-deste, em especial do Ceará. O acesso à informação e sua compreensão é o primeiro passo para a ação!

É melhor prevenir que remediar

Artigo

Markus Brose | Diretor Executivo da CARE Brasil

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As mudanças climáticas provocarão impactos mais intensos no Nordeste. Markus Brose, diretor executivo da CARE Brasil reflete sobre as possíveis respostas às injustiças ambientais

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