ms 32033 gilmar mendes rodrigo

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  • MEDIDA CAUTELAR EM MANDADO DE SEGURANA 32.033 DISTRITO FEDERAL

    RELATOR : MIN. GILMAR MENDESIMPTE.(S) :RODRIGO SOBRAL ROLLEMBERG ADV.(A/S) :MARIA CLAUDIA BUCCHIANERI PINHEIRO IMPDO.(A/S) :PRESIDENTE DA CMARA DOS DEPUTADOS ADV.(A/S) :ADVOGADO-GERAL DA UNIO IMPDO.(A/S) :PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL ADV.(A/S) :ADVOGADO-GERAL DA UNIO

    DECISO: Trata-se de mandado de segurana preventivo, com pedido de medida liminar, impetrado pelo Exmo. Sr. Senador Rodrigo Sobral Rollemberg, em que se aduz a violao do devido processo legislativo quanto tramitao do PL n 4.470/2012, o qual estabeleceria que a migrao partidria que ocorrer durante a legislatura, no importar na transferncia dos recursos do fundo partidrio e do horrio de propaganda eleitoral no rdio e na televiso.

    Aponta-se como autoridade coatora tanto (1) a Cmara dos Deputados por j ter procedido votao, aprovao e ao envio do Projeto de Lei n 4.470/2012, supostamente viciado, ao plenrio do Senado Federal, para posterior deliberao, como (2) o Exmo. Sr. Presidente do Senado Federal, tendo em vista que poder vir a incluir, a qualquer momento, o referido projeto de lei em pauta de votao.

    O impetrante alega que, logo aps o julgamento da ADI 4.430 (Rel. Min. Dias Toffoli, Pleno, ata de julgamento publicada em 9.8.2012), que disps expressamente sobre o tema, houve a apresentao do referido projeto de lei (de autoria do Deputado Edinho Arajo PMDB/SP), com disposies que colidiriam com os termos da mencionada deciso desta Corte acerca da adequada interpretao de dispositivos constitucionais e legais.

    Afirma, ainda, que, aps ficar sem tramitao desde meados de 2012, o projeto de lei em questo passou a tramitar no ano de 2013, com aprovao rpida de adoo de regime de urgncia na Cmara dos Deputados, com o ntido objetivo de prejudicar a formao de novas agremiaes partidrias de oposio (em fase avanada de criao, a

    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Pblicas Brasileira - ICP-Brasil. Odocumento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o nmero 3694991.

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    saber: partido Rede e partido Solidariedade), bem como a fuso de agremiaes partidrias de oposio (PPS e PMN): fuso ao final aprovada pelas agremiaes em congresso ocorrido no ltimo dia 17/04, quarta-feira.

    Assevera que se trata de uma manobra arbitrria, casustica e inconstitucional da maioria parlamentar para obstaculizar a criao de novas agremiaes partidrias antes das eleies gerais de 2014, por meio de utilizao inadequada do processo legislativo como forma de sufocamento da legtima mobilizao das minorias parlamentares que intentariam formar novos partidos polticos (j em estado avanado e com notoriedade nacional).

    Alega que, ao se permitir a migrao de parlamentares para novos partidos criados, sem que com isso ocorra a transferncia proporcional dos recursos do fundo partidrio e do horrio de propaganda eleitoral no rdio e na televiso, haveria, de fato, uma verdadeira barreira ou desestmulo criao de novas agremiaes polticas, em evidente frustrao da norma constitucional (art. 17, caput e 3, CF/88).

    Assevera, ainda, que a proposio do referido projeto de lei diametralmente oposta s diretrizes definidas na deciso tomada por esta Corte no recente julgamento da ADI 4.430, o que pode ser constatado por simples cotejo analtico.

    Em sntese, afirma que a plausibilidade do seu direito lquido e certo consiste na demonstrao do abuso de poder legislativo, o que se verificaria a partir dos seguintes aspectos: (1) tramitao de projeto de lei casuisticamente forjado para prejudicar destinatrios certos e definidos na presente legislatura; (2) esvaziamento do direito fundamental livre criao de novos partidos e do pluralismo poltico, nos termos em que definido pelo STF na deciso proferida na ADI 4430; (3) esmagamento e sufocamento de novos movimentos polticos; (4) quebra do princpio da igualdade entre partidos, ainda que permitida certa gradao de tratamento diferenciado; (5) discriminao indevida pela criao de parlamentares de primeira e de segunda categorias; (6) excepcionalidade do caso.

    Dessa forma, o impetrante afirma ser essencial a impetrao do

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    presente writ para defender seu direito lquido e certo de no se submeter votao de proposta legislativa que, alm de claramente ofensiva Constituio da Repblica, foi casustica, abusiva e ilicitamente forjada com o esprio propsito de atingir, especificamente, pela via da lei, determinados movimentos polticos, que se pretende esvaziar.

    Ademais, o perigo da demora se evidenciaria pela iminente possibilidade de o projeto de lei vir a ser apresentado para votao no Senado Federal, onde j foi recebido e tramita como PLC 14/2013. Nesse sentido, ainda destaca: mais do que isso, por volta das 20h de hoje [23.04.2013], foi lido pela Mesa e encaminhado Comisso de Constituio e Justia, havendo fundado receio considerado o ritmo de tramitao, que prprio de maiorias opressoras de que venha a ser votado amanh, 24/04, quarta-feira.

    Requer o deferimento da medida liminar para que seja sustada a tramitao do PL 4.470/2012, preservando-se o direito lquido e certo do impetrante em no ter que aturar, como verdadeiro co-partcipe, na discusso e votao de proposio evidentemente casustica, abusiva, utilizada com o claro e desvirtuado propsito de discriminar e perseguir grupos polticos minoritrios perfeitamente individualizveis, e plurimamente inconstitucional, consoante j o disse o Supremo Tribunal Federal, h poucos meses atrs, nos autos da ADI 4.430.

    No mrito, pede a concesso, em definitivo, da ordem mandamental, confirmando-se a liminar anteriormente deferida, para que referido projeto de lei seja definitivamente arquivado, considerando-se que sua mera tramitao, casustica e abusiva, alm de se qualificar como causa de sensvel perturbao institucional, ofende de morte os postulados bsicos, centrais e fundantes da ordem constitucional, tais como o plurapartidarismo, a igualdade entre agremiaes partidrias, o direito livre criao de partidos, elementos sem os quais resta substancialmente comprometida a prpria sobrevivncia de nosso sistema democrtico.

    Decido.

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    I - O CABIMENTO E OS LIMITES DO MANDADO DE SEGURANA PARA O CONTROLE DO DEVIDO PROCESSO LEGISLATIVO

    Preliminarmente, destaco que a jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal admite o controle de constitucionalidade prvio dos atos legislativos, no obstante o seu carter poltico, sempre que os corpos legislativos ultrapassem os limites delineados pela Constituio ou exeram as suas atribuies institucionais com ofensa a direitos pblicos subjetivos impregnados de qualificao constitucional e titularizados, ou no, por membros do Congresso Nacional (MS 24.849, Pleno, Rel. Celso de Mello, DJ 29.9.2006). O Tribunal reconhece, ainda, a legitimidade ativa dos parlamentares para provocar esse controle por meio da impetrao do mandado de segurana (MS 24.356/DF, rel. Carlos Velloso, Pleno, DJ 12.09.2003).

    tambm firme o posicionamento desta Corte no sentido do cabimento de mandado de segurana para coibir atos praticados no processo de aprovao de leis e emendas constitucionais que no se compatibilizam com o processo legislativo constitucional (MS 24.642, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ de 18.6.2004; MS 20.452/DF, Rel. Min. Aldir Passarinho, RTJ, 116 (1)/47; MS 21.642/DF, Rel. Min. Celso de Mello, RDA, 191/200; MS 24.645/DF, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 15.9.2003; MS 24.593/DF, Rel. Min. Maurcio Corra, DJ de 8.8.2003; MS 24.576/DF, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ de 12.9.2003; MS 24.356/ DF, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ de 12.9.2003.).

    Se certo que a jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal reconhece a possibilidade de avanar na anlise da constitucionalidade da administrao ou organizao interna das Casas Legislativas, tambm verdade que isso somente tem sido admitido em situaes excepcionais, em que h flagrante desrespeito ao devido processo legislativo ou aos direitos e garantias fundamentais.

    Com o reconhecimento do princpio da supremacia da Constituio como corolrio do Estado Constitucional e, consequentemente, com a

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    ampliao do controle judicial de constitucionalidade, consagrou-se a ideia de que nenhum assunto, quando suscitado luz da Constituio, poder estar previamente excludo da apreciao judicial.

    Nesse sentido, afirma Jos Elaeres Teixeira, em estudo especfico sobre o tema:

    Assim, ainda que uma questo tenha contedo poltico, desde que apresentada ao Judicirio na forma de um que deva ser decidido em contraste com o texto constitucional, torna-se uma questo jurdica. Como juiz das suas atribuies e das atribuies dos demais Poderes, o Supremo Tribunal Federal est habilitado a se pronunciar sobre todo ato, ainda que poltico, praticado no exerccio de uma competncia constitucional. (Teixeira, Jos Elaeres Marques. A doutrina das questes polticas no Supremo Tribunal Federal. Porto Alegre: Fabris Editor, 2005, p. 229).

    De toda forma, no o caso de se perquirir a fundo, ao menos neste juzo prvio, sobre a amplitude e a complexidade relacionadas ao debate acerca da doutrina das questes polticas, que parece remontar, nesta Corte, ao famoso e polmico julgamento do HC n 300, impetrado por Rui Barbosa em 18 de abril de 1891.

    Por ora, o necessrio a consignar que, mesmo alternando momentos de maior e menor ativismo judicial, o Supremo Tribunal Federal, ao longo de sua histria, tem entendido que a discricionariedade das medidas polticas no impede o seu controle judicial, desde que haja violao a direitos assegurados pela Constituio. De todo modo, devem-se verificar, caso a caso, os aspectos fticos e jurdicos de cada demanda.

    Mantendo essa postura, o Supremo Tribunal Federal, nos ltimos tempos, tem atuado ativamente no tocante ao controle judicial de questes polticas quando h violao Constituio Federal. Os diversos casos trazidos recentemente ao Tribunal acerca de atos das Comisses Parlamentares de Inqurito corroboram essa afirmao.

    No julgamento do MS n 23.452/RJ, Rel. Min. Celso de Mello, por exemplo, deixou o Tribunal assentado o seguinte entendimento:

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    Os atos das Comisses Parlamentares de Inqurito so passveis de controle jurisdicional, sempre que, de seu eventual exerccio abusivo, derivarem injustas leses ao regime das liberdades pblicas e integridade dos direitos e garantias individuais(MS 23.452/RJ, Relator Celso de Mello, DJ 12.5.2000).

    Tal juzo, entretanto, no pode vir desacompanhado de reflexo crtica acurada. A doutrina tradicional da insindicabilidade das questes interna corporis sempre esteve firmada na ideia de que as Casas Legislativas, ao aprovarem os seus regimentos, estariam a disciplinar to somente questes internas. Por isso, a violao s normas regimentais deveria como tal ser considerada. (Zagrebelsky, Gustavo. La giustizia costituzionale. Bologna, Mulino, 1979, p. 36)

    Muito embora minoritria hoje, no se pode negar que essa postura contempla uma preocupao de ordem substancial: evitar que a declarao de invalidade de ato legislativo marcado por vcios menos graves, ou adotado em procedimento meramente irregular, mas que tenha adeso de ampla maioria parlamentar, seja levada a efeito de forma corriqueira e, por vezes, traduza interferncia indevida de uma funo de poder sobre outra. (Zagrebelsky, Gustavo. La giustizia costituzionale. Bologna, Mulino, 1979, p. 37.)

    Zagrebelsky afirma, por outro lado, que, se as normas constitucionais fizerem referncia expressa a outras disposies normativas, a violao constitucional pode advir da afronta a essas outras normas, as quais, muito embora no sejam formalmente constitucionais, vinculam os atos e procedimentos legislativos, constituindo-se normas constitucionais interpostas. (Zagrebelsky, Gustavo. La giustizia costituzionale. Bologna, Mulino, 1979, p.40-41)

    Na verdade, o rgo jurisdicional competente deve examinar a regularidade do processo legislativo, sempre tendo em vista a constatao de eventual afronta Constituio (Canotilho, J.J. Gomes. Direito Constitucional, apud Mendes, Gilmar. Controle de Constitucionalidade:

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    aspectos jurdicos e polticos. Saraiva, 1990, p. 35-36), mormente, aos direitos fundamentais.

    O caso dos autos remete a uma questo que envolve tanto a interpretao de dispositivos constitucionais, quanto de dispositivos legais e regimentais do Congresso Nacional.

    Em casos como este, por vezes se cuida de uma utilizao especial do mandado de segurana, no exatamente para assegurar direito lquido e certo de parlamentar, mas para resolver peculiar conflito de atribuies ou conflito entre rgos.

    Assim, costuma-se afirmar que, nas situaes de alegada violao a premissas de validade do processo legislativo, mostra-se cabvel o mandado de segurana para resguardar a regularidade jurdico-constitucional do processo poltico de deliberao e aprovao de leis.

    De toda sorte, o fato que, na maioria dos casos, o mandado de segurana ser utilizado no como simples mecanismo de proteo de direitos fundamentais, mas de prerrogativas e atribuies institucionais e funcionais da pessoa jurdica de direito pblico, assumindo feio de instrumento processual apto a solucionar conflitos entre rgos pblicos, Poderes ou entre entes federativos diversos.

    Ao mesmo tempo, em razo de no ter o mandado de segurana um espectro de apreciao e de eficcia decisria to abrangente, quando comparado ao que comumente a jurisdio constitucional faz uso por meio do controle concentrado de constitucionalidade, necessrio um maior rigor de apreciao e um cuidado redobrado para o seu cabimento e, inclusive, para o deferimento de medidas liminares em casos como o presente, em que se vislumbra um elevado potencial de tenso para a harmonia e independncia dos Poderes. A feio do presente caso, inclusive, parece exigir maior reflexo acerca dos limites do uso do mandado de segurana pelo parlamentar, para evitar o uso abusivo que pode ser exercido por outras vias processuais.

    que, tradicionalmente, o mandado de segurana, deve se limitar a resguardar direito especfico, lquido e certo, que no implique extrapolar os efeitos prprios de um writ a exemplo da vedao de se utiliz-lo

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    para impugnar lei ou ato normativo em tese (Smula 266 do STF).Nesse sentido, desde que presentes os requisitos legais, a concesso

    de liminar deve ater-se ao necessrio e suficiente para resguardar o direito vindicado, no sentido de preserv-lo at a resoluo de mrito da demanda, evitando determinaes que extrapolem o pedido ou seus contornos.

    O exerccio de autoconteno, enquanto prerrogativa bsica do Estado Constitucional, por se configurar em dimenso do Princpio Republicano, comunica-se com o Intrprete da Constituio. E, como ensina Peter Hberle, este intrprete h de verificar o resultado de sua interpretao conforme a reserva da consistncia (Vorbehalt der Bewhrung), levando em conta os fundamentos presentes e assumindo a possibilidade de mudanas:

    Colocado no tempo, o processo de interpretao constitucional infinito, o constitucionalista apenas um mediador (Zwischentrger). O resultado de sua interpretao est submetido reserva da consistncia (Vorbehalt der Bewhrung), devendo ela, no caso singular, mostrar-se adequada e apta a fornecer justificativas diversas e variadas, ou, ainda, submeter-se a mudanas mediante alternativas racionais (HBERLE, Peter. Hermenutica Constitucional - A Sociedade Aberta dos Intrpretes da Constituio: Contribuio para a Interpretao Pluralista e Procedimental da Constituio. Porto Alegre: Sergio Antnio Fabris Editor, 1997. P. 42.).

    Esse modo de operar busca evitar que os integrantes do Poder Judicirio venham a definir explicitamente as pautas do Poder Legislativo, o que acabaria por obstar o exerccio da funo tpica deste. Ao se extrapolarem os limites da autoconteno, necessrios ao sistema de checks and balances, v-se impedida a devida realizao do projeto constitucional.

    Alis, como j tive a oportunidade de ressaltar em outra oportunidade (MS 24.138, de minha relatoria, Pleno, DJ 14.03.2003), trata-

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    se de aplicao que poderia ser considerada como uma variante da doutrina brasileira do mandado de segurana. Essa doutrina permite a utilizao desse peculiar instrumento de defesa de direitos subjetivos pblicos na soluo de eventual conflito de atribuies ou de conflito entre rgos, a Organstreitgkeit do direito constitucional alemo (Lei Fundamental, art. 93, I, n 1). Na expresso de Klaus Schlaich, trata-se de um processo destinado a dirimir controvrsias entre rgos constitucionais a propsito de suas competncias (cf., a propsito, Gilmar Ferreira Mendes, Controle de Constitucionalidade: aspectos jurdicos e polticos, So Paulo, Saraiva, 1990, p. 149).

    No que diz respeito admissibilidade do controle preventivo de atos normativos, o mandado de segurana opera como autntico processo de soluo de conflitos entre rgos de perfil constitucional.

    A orientao aqui perfilhada (quanto ao cabimento do presente writ) est em consonncia com o entendimento desta Corte, que, desde o julgamento do MS 20.257-DF (Rel. p/o acrdo o Ministro Moreira Alves, Pleno, DJ 27.02.1981), j acolhia a tese do cabimento do mandado de segurana preventivo nas hipteses em que a vedao constitucional se dirige ao prprio processamento da lei ou da emenda. Nesse caso, a inconstitucionalidade j existiria antes mesmo de o projeto ou de a proposta se transformar ou em lei ou em emenda constitucional, porque o processamento, por si s, j desrespeitaria, frontalmente, a prpria Constituio.

    No presente caso, tendo em vista a peculiaridade de a tramitao aparentemente ocorrer em sentido diametralmente oposto diretriz traada recentemente pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 4430, entendo que o presente mandado de segurana deve ser conhecido, conforme orientao j assentada por esta Corte em casos semelhantes.

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    II ANLISE DOS REQUISITOS DE CONCESSO DO PEDIDO LIMINAR

    Esto presentes os pressupostos para a concesso da medida liminar. A fumaa do bom direito surge ao se apreciar a jurisprudncia

    constitucional desta Corte. O mandado de segurana em exame pretende obstar a tramitao do Projeto de Lei 4.470/2012, que j foi aprovado pela Cmara dos Deputados e, atualmente, encontra-se no Senado Federal, em fase de iminente votao. Alega o impetrante que o referido projeto de lei tem por objetivo, nos termos de sua prpria ementa, determinar que a migrao partidria que ocorrer durante a legislatura no importar na transferncia dos recursos do fundo partidrio e do horrio de propaganda eleitoral no rdio e na televiso.

    A inteno do projeto impedir que os parlamentares, ao criarem novas legendas, levem consigo as suas respectivas cotas de representatividade, ou seja, carreguem para o novo partido o que equivaleria s suas participaes em termos de valores do fundo partidrio e de tempo de propaganda eleitoral no horrio gratuito de rdio e de televiso distribudo aos partidos.

    Importante notar que no a primeira vez que o tema colocado perante esta Corte. No julgamento das ADIs 1351 e 1354, Rel. Min. Marco Aurlio, Plenrio, DJ 30.3.2007, o Supremo Tribunal Federal, por unanimidade, declarou a inconstitucionalidade de lei que visava a restringir o funcionamento parlamentar, por meio da adoo de uma clusula de desempenho, bem como da reduo do tempo de propaganda partidria gratuita e da participao no rateio do Fundo Partidrio. O acrdo das referidas aes diretas de inconstitucionalidade, julgadas em conjunto, restou assim ementado:

    PARTIDO POLTICO FUNCIONAMENTO PARLAMENTAR PROPAGANDA PARTIDRIA GRATUITA FUNDO PARTIDRIO. Surge conflitante com a Constituio Federal lei que, em face da gradao de votos obtidos por partido poltico, afasta o funcionamento parlamentar e reduz,

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    substancialmente, o tempo de propaganda partidria gratuita e a participao no rateio do Fundo Partidrio.

    NORMATIZAO INCONSTITUCIONALIDADE VCUO. Ante a declarao de inconstitucionalidade de leis, incumbe atentar para a inconvenincia do vcuo normativo, projetando-se, no tempo, a vigncia de preceito transitrio, isso visando a aguardar nova atuao das Casas do Congresso Nacional.

    Nesse julgamento, mencionei, em obiter dictum, que o sistema poltico brasileiro passava por uma crise e que a intensa migrao de parlamentares de uma legenda para outra estava a merecer maior ateno, uma vez que poderia significar afronta vontade do eleitor. Na oportunidade, durante os debates, afirmei:

    E acredito que ns aqui estamos inclusive desafiados a repensar esse modelo a partir da prpria jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal e vou um pouco alm da questo posta neste voto, neste caso: talvez estejamos desafiados a pensar inclusive sobre a conseqncia da mudana de legenda por aqueles que obtiveram o mandato no sistema proporcional. um segredo de carochinha que todos dependem da legenda para obter o mandato. E depois comea esse festival de trocas j anunciadas. Uma clara violao vontade do eleitor.

    Em momento posterior, o Supremo Tribunal afirmou que a fidelidade partidria decorria do sistema eleitoral adotado, bem como de outras regras e princpios constitucionais (confiram-se os Mandados de Segurana 26.602, 26.603 e 26.604, de relatoria dos ministros Eros Grau, Celso de Mello e Crmen Lcia, respectivamente).

    No julgamento dos referidos mandados de segurana, salientei que a fidelidade partidria condicionava o processo democrtico, ao impor normas de preservao dos vnculos polticos e ideolgicos entre eleitores, eleitos e partidos. Nesse sentido, o transfuguismo partidrio

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    excessivo que se estava a vivenciar contaminava todo o processo democrtico, gerando repercusses negativas sobre o funcionamento parlamentar dos partidos.

    Ao assentar a imperiosidade da fidelidade partidria, a Corte delegou ao Tribunal Superior Eleitoral a edio de Resoluo que regulamentasse todos os aspectos decorrentes de sua deciso. Verifique-se trecho da ementa do julgado do MS 26.602, Rel. Min. Eros Grau:

    (...) O abandono de legenda enseja a extino do mandato do parlamentar, ressalvadas situaes especficas, tais como mudanas na ideologia do partido ou perseguies polticas, a serem definidas e apreciadas caso a caso pelo Tribunal Superior Eleitoral.

    A proibio do troca-troca partidrio no representou, por bvio, a asfixia da liberdade de criao de partidos polticos, garantida pelo art. 17 da Constituio Federal, tampouco a vedao do acesso de novos partidos aos recursos do fundo partidrio e ao tempo de propaganda eleitoral no rdio e na televiso, in verbis:

    Art. 17. livre a criao, fuso, incorporao e extino de partidos polticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrtico, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humanas e observados os seguintes preceitos:

    (...) 3 Os partidos polticos tm direito a recursos do fundo

    partidrio e acesso gratuito ao rdio e televiso, na forma da lei.

    Justamente nesse contexto, o STF, ao interpretar os dispositivos transcritos, em Sesso Plenria realizada em 29.6.2012, julgou a ADI 4.430, de relatoria do Ministro Dias Toffoli, e concedeu interpretao conforme Constituio ao inciso II do 2 do art. 47 da Lei 9.504/97, para assegurar aos partidos novos, criados aps a realizao das ltimas eleies gerais

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    para a Cmara dos Deputados, o direito de acesso proporcional aos dois teros do tempo destinado propaganda eleitoral gratuita no rdio e na televiso, considerada a representao dos deputados federais que migrarem diretamente dos partidos pelos quais foram eleitos para a nova legenda no momento de sua criao.

    Essa interpretao foi observada pelo sistema poltico nas ltimas eleies municipais e, portanto, abarcou os atores polticos aos quais foi aplicada at o momento. O PLC 14/2013 perece afrontar diretamente a interpretao constitucional veiculada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI 4.430, Rel. Min. Dias Toffoli, a qual resultou de gradual evoluo da jurisprudncia da Corte, conforme demonstrado.

    A aprovao do projeto de lei em exame significar, assim, o tratamento desigual de parlamentares e partidos polticos em uma mesma legislatura. Essa interferncia seria ofensiva lealdade da concorrncia democrtica, afigurando-se casustica e direcionada a atores polticos especficos.

    O perigo na demora revela-se na singular celeridade da tramitao do PL em questo, principalmente considerando o impacto da proposio legislativa nas mobilizaes polticas voltadas criao e fuso de novos partidos. necessrio que as regras de regncia do prximo pleito sejam claras e aplicadas de modo isonmico e uniforme a todos os envolvidos.

    Por essa razo, leis casusticas so altamente questionveis. Em outras oportunidades manifestei-me sobre o tema:

    Outra limitao implcita que h de ser observada diz respeito proibio de leis restritivas, de contedo casustico ou discriminatrio. Em outros termos, as restries aos direitos individuais devem ser estabelecidas por leis que atendam aos requisitos da generalidade e da abstrao, evitando, assim, tanto a violao do princpio da igualdade material quanto a possibilidade de que, por meio de leis individuais e concretas, o legislador acabe por editar autnticos atos administrativos (Bodo Pieroth e Bernhard Schlink, Grundrechte Staatsrecht II, cit., p. 70.)

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  • MS 32033 MC / DF

    Sobre o significado de princpio, vale registrar o magistrio de Canotilho:

    As razes materiais desta proibio sintetizam-se da seguinte forma: (a) as leis particulares (individuais e concretas), de natureza restritiva, violam o princpio material da igualdade, discriminando, de forma arbitrria, quanto imposio de encargos para uns cidados em relao aos outros; (b) as leis individuais e concretas restritivas de direitos, liberdades e garantias representam a manipulao da forma da lei pelos rgos legislativos ao praticarem um ato administrativo individual e concreto sob as vestes legais (os autores discutem a existncia, neste caso, de abuso de poder legislativo e violao do princpio da separao dos poderes; (c) as leis individuais e concretas no contm uma normatizao dos pressupostos da limitao, expressa de forma previsvel e calculvel e, por isso, no garantem aos cidados nem a proteo da confiana nem alternativas de ao e racionalidade de atuao. (Canotilho, Direito constitucional, cit., p. 614.)Diferentemente das ordens constitucionais alem e

    portuguesa, a Constituio brasileira no contempla expressamente a proibio de lei casustica no seu texto.

    Isso no significa, todavia, que o princpio da proibio da lei restritiva de carter casustico no tenha aplicao entre ns. Como amplamente admitido na doutrina, tal princpio deriva do postulado material da igualdade, que veda o tratamento discriminatrio ou arbitrrio, seja para prejudicar, seja para favorecer. (Cf., sobre o assunto, Canotilho, Direito constitucional, cit., p. 614-615; Herzog, in Maunz-Drig, dentre outros, Grundgestz, cit., Kommentar zu art. 19, I, n. 9).

    Resta evidente, assim, que a elaborao de normas de carter casustico afronta, de plano, o princpio da isonomia.

    de observar, outrossim, que tal proibio traduz uma exigncia do Estado de Direito democrtico, que se no compatibiliza com a prtica de atos discriminatrios ou arbitrrios. Nesse sentido, preciso o magistrio de Pontes de

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    Miranda nos seus comentrios ao art. 153, 2, da Constituio de 1967/69:

    Nos Estados contemporneos no democratizados, a segurana de que as regras jurdicas emanam de certa fonte, com a observncia de pressupostos formais, muito serve liberdade, sem, contudo, bastar-lhe. No aqui o lugar para mostrarmos como se obtm tal assegurao completa da liberdade, pela convergncia de trs caminhos humanos (democracia, liberdade, igualdade). (...) O art. 153, 2, contm em si um dos exemplos: se o Estado democrtico, a proposio, que se acha no art. 153, 2, como se dissera Ningum pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, seno em virtude de regra jurdica emanada dos representantes do povo (democracia, arts. 27-59), formalmente igual para todos (igualdade, art. 153, 1). Pontes de Miranda, Comentrios Constituio de 1967/69, cit., t. 5, p. 2-3).Se no h dvida de que, tambm entre ns, revela-se

    inadmissvel a adoo de leis singulares, individuais ou pessoais com objetivo de restringir direitos, cumpre explicitar as caractersticas dessas leis. Segundo Canotilho (Canotilho, Direito constitucional, cit., p. 614). , lei individual restritiva inconstitucional toda lei que:

    imponha restries aos direitos, liberdades e garantias de uma pessoa ou de vrias pessoas determinadas;

    imponha restries a uma pessoa ou a um crculo de pessoas que, embora no determinadas, podem ser determinveis por intermdio da conformao intrnseca da lei e tendo em conta o momento de sua entrada em vigor.

    O notvel publicista portugus acentua que o critrio fundamental para a identificao de uma lei individual restritiva no a sua formulao ou o seu enunciado lingustico, mas o seu contedo e respectivos efeitos. Da reconhecer a possibilidade de leis individuais camufladas, isto , leis que, formalmente, contm uma normao geral e abstrata, mas que, materialmente, segundo o contedo e efeitos,

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    dirigem-se a um crculo determinado ou determinvel de pessoas. (Canotilho, Direito constitucional, cit., p. 614.)

    No parece ser outra a orientao da doutrina tedesca. A tcnica de formulao da lei no decisiva para a identificao da lei restritiva individual ou casustica. Decisiva a consequncia ftica (tatschliche Wirkung) da lei no momento de sua entrada em vigor. (Herzog, in Maunz-Drig, dentre outros, Grundgesetz, cit., Kommentar zu art. 19, I, n. 36)

    A deciso do Supremo Tribunal Federal sobre a inconstitucionalidade da Lei dos Partidos Polticos parece compreender-se tambm no contexto dessa proibio, na medida em que se afirma ali que se cuida, propriamente, de repudiar uma deciso que limita a participao dos partidos no pleito eleitoral, mas de se ter como inaceitvel a adoo de critrios assentados no passado em fatos j verificados e consumados para definir essa participao futura. (ADI 958, Rel. Min. Marco Aurlio, DJ de 25-8-1995, p. 26021.)

    Observo que no se est a impedir a livre conformao legislativa. O que se pretende resguardar a manifestao do Pleno do Tribunal acerca de sua fiel interpretao da Constituio e o tratamento isonmico, em uma mesma legislatura, de todos os atores e partidos polticos interessados, sob pena de violao aos princpios democrtico, do pluripartidarismo e da liberdade de criao de legendas.

    importante ressaltar, a despeito de eu ter ficado vencido na hiptese, que o Supremo j considerou inconstitucional a tentativa de o legislador, por lei ordinria, superar interpretao constitucional fixada previamente pela Corte, como ocorrido na ADI 2.797, Rel. Min. Seplveda Pertence, DJ 19.12.2006.

    Desse modo, afigura-se prudente suspender a tramitao do PLC 14/2013, at a deliberao final do Plenrio da Corte sobre o mrito da presente ao mandamental.

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    Ante o exposto, considerando (i) a excepcionalidade do presente caso, confirmada pela extrema velocidade de tramitao do mencionado projeto de lei em detrimento da adequada reflexo e ponderao que devem nortear tamanha modificao na organizao poltica nacional; (ii) a aparente tentativa casustica de alterar as regras para criao de partidos na corrente legislatura, em prejuzo de minorias polticas e, por conseguinte, da prpria democracia; e (iii) a contradio entre a proposio em questo e o teor da Constituio Federal de 1988 e da deciso proferida pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 4430; vislumbro possvel violao do direito pblico subjetivo do parlamentar de no se submeter a processo legislativo inconstitucional e defiro o pedido de liminar para suspender a tramitao do PLC 14/2013, at o julgamento de mrito do presente mandado de segurana.

    Comunique-se com urgncia ao Presidente do Senado Federal.Solicitem-se informaes.

    Publique-se. Int..Braslia, 24 de abril de 2013.

    Ministro GILMAR MENDESRelator

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    2013-04-24T21:41:10-0300GILMAR FERREIRA MENDES:44Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Pblicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o nmero 3694991.