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Sociedade Brasileira de Pediatria NOTÍCIAS N o 10 Ano II Fevereiro - Março / 2000 Projeto inclui o pediatra no Programa Saúde da Família 9 Conheça as propostas da entidade para a tabela do SUS 5 SBP realiza I Encontro de Residentes 4 Florianópolis recebe Congresso Nacional/ Região Sul 10 Sociedade lança nova fase da Campanha (págs. 6 e 7) Sociedade lança nova fase da Campanha (págs. 6 e 7) Congresso Brasileiro de Pesquisa em Saúde da Criança e do Adolescente debate trabalhos inéditos (Pág. 3) Congresso Brasileiro de Pesquisa em Saúde da Criança e do Adolescente debate trabalhos inéditos (Pág. 3) Márcia Ramalho

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Page 1: Márcia Ramalho Sociedade lança nova fase da Campanha · Márcia Ramalho. 2 uais os prin-cipais pro-blemas de cri-anças e adoles-centes no Mato Grosso? O maior de todos é a precariedade

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Sociedade Brasileira de Pediatria

N O T Í C I A SNo 10 Ano II Fevereiro - Março / 2000

Projeto inclui opediatra no ProgramaSaúde da Família

9

Conheça aspropostas daentidade para atabela do SUS

5

SBP realizaI Encontro deResidentes

4

Florianópolis recebeCongresso Nacional/Região Sul

10

Sociedadelança nova

fase daCampanha

(págs. 6 e 7)

Sociedadelança nova

fase daCampanha

(págs. 6 e 7)

Congresso Brasileiro de Pesquisaem Saúde da Criança e do Adolescente

debate trabalhos inéditos(Pág. 3)

Congresso Brasileiro de Pesquisaem Saúde da Criança e do Adolescente

debate trabalhos inéditos(Pág. 3)

Márcia R

amalho

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uais os prin-cipais pro-

blemas de cri-anças e adoles-centes no MatoGrosso?

O maior detodos é a precariedade da ação do poderpúblico no combate ou mesmo na dimi-nuição da miséria: praticamente não in-veste na rede de esgotos, casas popula-res, maior controle de zoonoses, progra-mas de planejamento familiar consisten-tes, ampliação dos leitos hospitalares pú-blicos (temos apenas um hospital públi-co, que atende praticamente todos osserviços de urgência e emergência dacapital, interior e algumas cidadescircunvizinhas de outros estados) etc.

Por isso, o nosso Estado convive coma dengue, o pavor da febre amarela, ní-veis alarmantes da raiva, desnutrição,prostituição infantil, maus-tratos, cári-es dentárias, tuberculose e uma infini-dade de deformações biopsicossociais.

E quanto ao pediatra?A sensação é de que num futuro pró-

aro amigo,É com satis-

fação que possodizer que come-çamos o ano comrealizações ex-tremamente re-

rezado colega,A SBP passahoje por um

rápido e constan-te processo demudanças em to-das as áreas,

destacando-se a criação das sedes regio-nais, lançamento de campanhas públicas,dinamização da educação continuada ediversos outros projetos em benefício dosassociados. Tais mudanças também se re-fletem no dia-a-dia da secretaria-geral.Grande parte das consultas de sócios/nãosócios, leigos e das mais variadas entida-

SBP Notícias

Uma publicação da Sociedade Brasileira dePediatria.

Conselho Editorial: Lincoln Freire, Wania delFavero e Reinaldo Martins.

Editora e coordenadora de produção: MariaCelina Machado (reg. prof. 2.774/ MG) /ENFIMComunicação;

Relações Públicas da SBP: Andréa de Souza;

Projeto gráfico e diagramação: Paulo Felício;

Estagiárias: Daniela Zdanowsky e Lígia Diniz;

Colaboraram nesta edição: Aliedo (ilustrador),José Eudes Alencar (redator/copidesque) e osfotógrafos Angélica de Carvalho, Carlos Albertoda Silva, Silvio Vera e Márcia Ramalho.

Colaboraram também os funcionários da SBP;

Impressão: Grafline Artes Gráficas e EditoraLtda. Av. Mem de Sá 69 - Centro - Rio de Janeiro-RJ. Cep 20230-150 Tel. (0xx21) 221-6331.

Endereço para correspondência: SBP/ RuaSanta Clara, 292.Copacabana, Rio de Janeiro. CEP22041-010. RJ. Tel./Fax (0xx21) 548-1999.E-mail: [email protected]: http://www.sbp.com.br

levantes. O Congresso Brasileiro de En-sino e Pesquisa, em São Paulo, representauma imprescindível integração com aUniversidade e o I Encontro de MédicosResidentes é um passo importante, nosentido do fortalecimento da entidade edo objetivo de agregar na SBP, cada vezmais, todos os setores da nossa catego-ria. Além disso, já podemos anunciar que

des são feitas por e-mail ([email protected])e a agilização deste processo de comuni-cação é nossa meta prioritária. Assim, cri-amos o Banco de Pareceres – arquivo ex-tremamente útil e que deu a partida ao SBPResponde, seção do SBP Notícias queaborda as dúvidas mais freqüentes, sobuma ótica prática.

Outro trabalho desenvolvido foi o decatalogar os editais e atas das comissõesparitárias de todos os Títulos de Especi-alistas (incluindo Área de Atuação), des-de as primeiras provas aplicadas, geran-do, assim, um documento com o objeti-vo de uniformizar a condução das futu-ras provas e agilizar a expedição dos cer-tificados, juntamente com a AMB .

Com os Departamentos Científicoselaboramos o CID Para as PrincipaisAfecções Pediátricas, um manual de bol-so, para facilitar o trabalho dos colegas.A repercussão foi extremamente positi-va e estamos trabalhando no CID II, quecontemplará outras patologias, semprecom a colaboração dos departamentoscientíficos.

Os stands da SBP nos eventos cientí-ficos também têm sido objeto de nossaatuação, sempre em sintonia com a Dire-toria de Cursos e Eventos.

Em parceria com a Diretoria de In-tercâmbio Internacional, concluímos, emoutubro de 1998, o acordo com a Aca-demia Americana de Pediatria, para a

criação do sócio internacional SBP / AAP.Este novo serviço foi implementado nosúltimos meses e atualmente somos omaior contingente de sócios não-ameri-canos da AAP. No momento, estamosoperacionalizando pacotes (tarifas redu-zidas de inscrição, passagens aéreas ehospedagem) para participação destessócios no próximo Annual Meeting daAAP, a ser realizado de 28 de outubro a01 de novembro de 2000, em Chicago.

Finalizando, gostaria de colocar asecretaria-geral à disposição de todos ossócios - patrimônio máximo de nossaentidade científica.

Ricardo do Rêgo BarrosSecretário-geral

ximo seremos uma especialidade pulve-rizada, caminhando para a extinção!Quantas das nossas crianças e adoles-centes estão sendo adenoidectomizadas,amigdalectomizadas, submetidas a tes-tes alérgicos e vacinas para alergias in-conseqüentemente! De quantas delas nãotem sido retirado sangue para uma infi-nidade de exames pré-operatórios! Tudoisso, freqüentemente, sem nossa avalia-ção prévia!

Temos realmente acompanhado osnossos adolescentes em consultórios darede pública, privada e nos serviços deurgência e emergência? Deve-se deixarbem claro que a adolescência é um cam-po de atuação pediátrica. É muito fre-qüente ouvirmos “está começando amenstruar, vai ao ginecologista”; “estácom espinhas, ao dermatologista”; “fun-gando ao nariz, ao otorrinolaringologis-ta”; “está complicado, ao psicólogo”.

Como o sr. está vendo o traba-lho desenvolvido pela SBP?

Estamos passando por um progressi-vo fortalecimento e melhoria de auto-es-tima, fruto de uma SBP mais próxima dosnossos anseios, de cursos de atualização,reciclagens, periódicos freqüentes, pro-

duções científicas relevantes ao bom de-sempenho da nossa profissão. Observa-mos, também, um maior inter-relaciona-mento com todos os profissionais que,de alguma forma, têm envolvimento comnossas crianças e adolescentes.

Quais as suas sugestões para oaprimoramento da atuação da SBP?

Gostaria de receber orientações es-pecíficas em relação às aplicações devacinas em consultórios particulares.Sugiro a criação de comitês de fiscaliza-ção das vacinas públicas e privadas nasfiliadas. Outra sugestão é a publicação,pelas Sociedades Estaduais, de informa-tivos a respeito de profissionais e/ou en-tidades que também atuam com crian-ças e adolescentes. Além disso, poderiahaver uma divulgação mais efetiva juntoàs entidades públicas e privadas de quea adolescência é campo de atuação dapediatria. Por fim, sugiro uma assesso-ria aos pediatras do interior do Estadoem relação a laboratórios de referência,hospitais e pediatras com habilitação emoutras áreas.

Dr. Celso Taques Saldanha épediatra em Cuiabá (MT). Foi escolhido

aleatoriamente para participar desta seção, quea cada edição ouve um profissional.

PALAVRA DO PRESIDENTE

PALAVRA DO PEDIATRA

o Memorial da Pediatria Brasileira ga-nha corpo: O Ministério da Cultura aca-ba de aprovar o projeto do livro sobre ahistória da entidade, incluindo-o na LeiRouanet de Incentivos Fiscais (nº8313/91) – facilitando assim, os investimen-tos do setor empresarial. Outra impor-tante batalha é a que estamos travandoem defesa da valorização do trabalho do

pediatra na tabela do SUS (outras infor-mações na pg. 5), pois nossa luta é porprofissionais cada vez mais qualificados,reconhecidos e bem remunerados. Con-to com sua participação,

Um forte abraço,

Lincoln FreirePara falar com o presidente, o endereço

eletrônico é: [email protected]

PALAVRA DO DIRETOR

P

C

Q

Sílvio V

eraA

ngélica de Carvalho

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Textos inéditos serão discutidos no Congresso Brasileiro de Pesquisa em Saúde da Criança e doAdolescente, de 22 a 25 de março, em São Paulo. Com o objetivo de contribuir com o debate, o SBP Notícias

convidou a dra. Nicole Oliveira Mota Gianini, do Departamento Científico de Neonatologia da SBP, para umaentrevista com os professores Fernando C. Barros – co-autor do livro “Epidemiologia da desigualdade”(HUCITEC) – e Leris Salete Haeffner, que apresentarão seus últimos estudos no evento. Fernando Barros é doDepartamento de Medicina Social da Universidade Federal de Pelotas, RS e está há um ano em Montevidéu, comoconsultor da Organização Pan-americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde no Centro Latino-americano

de Perinataologia e Desenvolvimento Humano (CLAP). Leris Haeffner leciona no Departamento de Pediatria ePuericultura do Curso de Medicina da Universidade Federal de Santa Maria. Nicole Gianini é neonatologista da

Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro e chefe de clínica do CETRIN.

FALAM OS ESPECIALISTAS

Crianças nascidas com restriçãode crescimento intra-uterino

nunca recuperam a deficiência

Novas pesquisas em perinatologia e desenvolvimento humano

ra Nicole: Dr. Fernando, a leitura do seulivro nos possibilita muitas reflexões. Comoexemplo, cito a afirmação de que “a situa-

ção de classe de uma família influencia pratica-mente todas as variáveis intermediárias menci-onadas, como saúde da mãe e alimentação dorecém-nascido”. Na sua opinião, o que os pro-fissionais de saúde podem fazer a este respeito?

Dr Fernando: Trabalhamos neste difícil campode encontro dos fenômenos políticos e sociais e desuas conseqüências sobre a saúde. Entendo que exis-tem duas maneiras de atuar: a primeira é nossa açãoindividual, de cuidado e prevenção. A segunda de-corre do nosso reconhecimento como líderes de umacomunidade e nos chama a tomar atitudes políticasem relação aos grupos sociais que protegemos.

Dra Nicole: E quanto a combater o fumo?Pensando no pediatra como formador de opi-nião, seria possível uma parceria com educa-dores, no sentido de orientar as crianças nosbancos escolares?

Dr. Fernando: Todos já sabemos o mal que o fumocausa à mãe e ao feto. Os programas de combate aofumo durante a gravidez funcionam muito bem e de-vem ser adotados pelas clínicasde pré-natal. Mas a posição dosmédicos e de suas entidadesdeve ir muito além. Temos quelutar para que seja proibida apropaganda de cigarros emqualquer âmbito. É preciso con-vencer o governo de que esta éuma forma efetiva de poupardinheiro e cuidar da população. A integração com aescola tem uma função muito importante nesse pro-cesso. Em Pelotas, por exemplo, 17% dos partos ocor-rem entre adolescentes. Em outras áreas do país estaproporção é ainda mais elevada. O problema é que asadolescentes que têm filho são mais pobres, não sãocasadas, não têm companheiros estáveis e tiveram estagravidez sem planejá-la. Como conseqüência, vão ter

que abandonar a escola e não completarão nunca suaformação educacional. Possivelmente vão engravidarde novo ainda enquanto adolescentes! Esta situaçãotem que mudar com posições de política educacionale de saúde corajosas.

Dra Nicole: No capítulo 4 é pontuada a pre-sença do pré-natal. Que oportunidades estamosperdendo?

Dr. Fernando: Creio que é possível fazer mais.Em Pelotas a proporção de mulheres que não fazemnenhuma consulta pré-natal é de 5%. A mesma pro-porção é observada para o Sul do país. Agora, em nossopaís dos contrastes, as cifras de não atenção pré-na-tal no Nordeste são de 25%. Nos cabe um grandeempenho para melhorar a situação dos serviços desaúde no Nordeste, sem, todavia, nos descuidarmosdo objetivo de melhorar a qualidade dos serviços nasregiões Sul e Sudeste.

Dra Nicole: No capítulo 5, a mortalidadeperinatal é abordada. O número de óbitos evi-táveis é grande. A asfixia é a principal causa,sendo 99% dos partos hospitalares!!!!

Dr. Fernando: Em um país com mais de 90% denascimentos hospitalares, o manejo de situações de asfi-xia do recém-nascido passa a ser uma prioridade. Atual-mente, as causas perinatais são responsáveis por cercade 60% dos óbitos infantis no país e dentre as causasperinatais uma proporção importante se deve à asfixia. .

Dra Nicole: O capítulo 9 foi o que mais metocou. Saber que 42% das crianças que nasce-ram com menos de 2000g NUNCA foram ama-mentadas!! Justo a faixa de peso que mais per-manece no ambiente hospitalar no períodoneonatal. Logo o grupo que mais se beneficiariacom a garantia da oferta do leite de sua mãe...

Dr. Fernando: Isto é trágico, mas felizmente asituação brasileira, no que se refere à amamentação,tem mostrado sinais de melhora, e os índices de nos-sa coorte de 1993 já são superiores àqueles descritosem 1982. A melhoria se deve a múltiplos fatores, en-tre eles a uma maior conscientização da classe médi-

ca, provocada pela ação vigorosa de grupos de incen-tivo ao aleitamento e de algumas entidades represen-tativas de médicos.

SBP Notícias: Que trabalho o sr. vai apresen-tar no Congresso de Ensino e Pesquisa em SP?

Dr. Fernando: Vou levar a SP os resultados da pes-quisa que tenho feito sobre fatores de risco e circunstân-cias que levam as crianças a nascerem com baixo peso,e sobre a evolução de crianças de baixo peso - pré-termoe com restrição de crescimento intra-uterino.

SBP Notícias: O sr. pode explicar melhorsua pesquisa?

Dr. Fernando: Venho trabalhando com dois gru-pos de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Um deles com6 mil crianças, nascidas em 1982 e que portanto jáestão com 18 anos, entrando para o quartel. O outro éde crianças nascidas em 1993, hoje com 7 anos. Ve-nho acompanhando o desenvolvimento deles, o peso,o Q.I., a saúde mental, o desempenho escolar, a pres-são arterial, a fim de saber como as crianças de bai-xo-peso evoluiram. São dois grupos diferentes de bai-xo-peso, os pré-termo e os desnutridos intra-uterinos.Em Pelotas, o índice de nascidos com baixo-peso é decerca de 9%.

SBP Notícias: O que leva os bebês a nasce-rem prematuros?

Dr. Fernando: São infecções genitais, infecções notrato urinário materno, hipertensão na gravidez, eclâmpsiae outras doenças da placenta ou do colo do útero. Alémdisso, mulheres que já tiveram um filho prematuro têmmaior chance de ter outro também pré-termo.

SBP Notícias: E o que gera a desnutriçãointra-uterina?

Dr. Fernando: A desnutrição materna, o cigarroou a hipertensão arterial. Há estudos também que in-

D

Dr. Fernando C. Barros

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dicam uma maior prevalência de restrição de cresci-mento intra-uterino em mulheres negras. Não se sabeexatamente por quê.

SBP Notícias: O sr. pode nos resumir suasconclusões principais?

Dr. Fernando: Em poucas palavras, as criançasnascidas pré-termo, mas com um crescimento ade-quado para a idade gestacional, apresentam mortali-dade neonatal bastante mais elevada. Entretanto, sesobrevivem, passam a ter um desenvolvimento bas-tante bom, praticamente igualando-se às criançasnascidas com idade gestacional e peso normais. Poroutro lado, as crianças nascidas com restrição de cres-cimento intra-uterino não têm uma mortalidadeneonatal muito aumentada, mas em contrapartida cres-cem mal e nunca recuperam a deficiência que tinhamao nascimento. Portanto, vão ser menores do que asoutras. Além disso, podem ter problemas de desen-volvimento cognitivo. Outro aspecto importante e quetem sido muito discutido nos últimos tempos, é o acha-do de um pesquisador inglês chamado Barker, de queas crianças que nascem pequenas podem ter mais do-enças crônico-degenerativas, como diabete, hiperten-são, doença coronariana, na vida adulta. Nossos pri-meiros dados, com os adolescentes nascidos em 1982,confirmam esta hipótese. Publicamos no ano passadoque os adolescentes de Pelotas que nasceram comrestrição intra-uterina de cresci-mento apresentarampressão arterial maiselevada do que seuscompanheiros decoorte nascidos compeso apropriadopara a idade gesta-cional.

SBP Notícias:Dra. Leris, a sra. pode nos adiantar um poucodo trabalho que vai apresentar no Congresso?

Dra. Leris: Estudei o crescimento intra-uterino ealgumas condições da vida extra-uterina que podemafetar o peso e a estatura na adolescência. O objetivofoi avaliar a estatura e o Índice de Massa Corporal (IMC)de conscritos de uma coorte nascida de parto únicohospitalar em função de variáveis sociais e biológicasdo nascimento e atuais. Dos 3520 meninos nascidosem Ribeirão Preto em 1 ano (1978/1979), foram avali-ados 2083 no serviço militar. Após exclusão de 35gemelares, resultou uma amostra de 2048 jovens com18 anos de idade. As condições ao nascer foramcoletadas da entrevista realizada com a mãe na data doparto e as condições atuais foram coletadas da ficha dealistamento militar e com entrevista.

SBP Notícias: A que conclusões a sra. chegou?Dra. Leris: Pode-se concluir que as condições

intra-uterinas que influenciaram positiva ou negati-vamente no crescimento do feto repercutiram na es-

tatura final e as condições sócio-econômicas durantea vida extra-uterina exacerbaram esta repercussão. Ascondições de nascimento e atuais estudadas parece-ram repercutir mais sobre o crescimento linear do quesobre o crescimento ponderal. Isto é, as condições denascimento interferemno peso, mas principal-mente na estatura nofinal da adolescência.Condições de nasci-mento adversas, comobaixo peso, menorcomprimento ao nas-cer, ser o quarto oumais na ordem de nas-cimento, classe social menos favorecida e mãe ado-lescente, sem companheiro, com baixa escolaridade,levam a menores médias na estatura em relação aosque não sofreram estas adversidades. Os dados serãoapresentados no Congresso.

Dra. Nicole: A relação entre o fumo mater-no, diminuindo a nutrição do concepto e sendocausa de menor ganho ponderal de recém-nas-cidos, tem sido difundida. Quais as hipótesesque explicariam um maior IMC em adolescen-tes filhos de mães fumantes?

Dra. Leris: Alguns estudos com seguimento atéo final da adolescência indicaram que peso em adul-tos jovens é, em parte, determinado pelo peso ao nas-cer. Contudo, não foi observado que o retardo do cres-cimento intra-uterino e o baixo peso ao nascer sejamfatores de risco para obesidade. O baixo peso ao nas-cer tem sido referido como um preditor de doençacardíaca, coronariana e diabetes. Foi observado emalguns estudos uma fraca associação entre maior pesoao nascer e obesidade futura, o que levou os pesqui-sadores a sugerirem que os fatores de risco ligados àscondições de nascimento podem exercer influênciade forma casual. Os resultados observados no nossoestudo também levam a sugerir que as variáveis donascimento, principalmente em relação ao hábito defumar materno e o IMC aos 18 anos de idade, tam-bém exerceram influência de forma casual, uma vezque outras variáveis não analisadas podem estar in-

terferindo. Uma das nossas hipóteses é de que no perí-odo da coleta de dados dos recém-nascidos, o hábitode fumar ocorria mais entre as mulheres com melhorescondições sócio-econômicas, o que pode ter levado tam-bém a um maior IMC dos filhos cujas mães fumaramdurante a gestação. Contudo, mais estudos serão ne-cessários para maior elucidação desta questão.

Dra. Nicole: O fato dos filhos de mães com

As condições de nascimentointerferem principalmente na

estatura no final da adolescência

mais de 20 anos serem mais altos, pode serjustificado pelo maior risco que a gravidez naadolescência costuma possuir? Há outra expli-cação para isso?

Dra. Leris: Nossos resultados mostraram que amédia de estatura dos filhos cujas mães tinham me-nos de 18 anos de idade foi de 172,9 cm, menor que174,3 cm e 175,7 cm encontrada nos filhos cujas mãestinham 18 a 19 anos e 20 ou mais anos de idade,respectivamente. Este fato deve explicitar condiçõesde vida mais adversas, como piores condições sócio-econômicas, mãe sem companheiro, entre outras. Éprovável que não esteja relacionado com fatores bio-lógicos relacionados com a fase de crescimento apre-sentada pela adolescente, o que poderia influenciarno crescimento fetal. n

Como proceder nocredenciamento de serviços

Quanto ao credenciamento de novos serviçosde residência, a dra. Cleide informa que os ma-nuais estão à disposição em todas as sociedadesestaduais de pediatria. Acompanha o manual umdisquete com o documento básico a ser preen-chido e enviado ao escritório da SBP em BeloHorizonte (Rua Padre Rolim 123/ sala 301, Fun-cionários, Belo Horizonte/ Minas Gerais, Cep30130-090). A pediatra lembra também quemuitos serviços já estão com o credenciamentovencido e, portanto, há necessidade de renová-los, seguindo o mesmo procedimento.

Para o final de abril, já estão programadasvisitas a Salvador, Fortaleza e ao interior de SãoPaulo. Assim, a dra. Cleide solicita que, nesteslocais, os serviços interessados procurem as fili-adas o mais rapidamente possível, para que asvisitas possam ser otimizadas. O credenciamentoé parte do projeto de valorização da formação doprofissional, com o treinamento em residência,estágio e a especialização. n

Residências estão em debateO grande objetivo do I Encontro Nacional de

Médicos-Residentes em Pediatria, em São Pau-lo, dia 21 de março, é atualizar os programas deresidência e definir qual a formação adequadaao médico-residente, observando as diferençasde cada região do Brasil. Segundo a dra. CleideTrindade, coordenadora do Grupo de Trabalho deCredenciamento de Residências, uma grandemesa-redonda tratará de temas como a diversi-dade de programas e a adequação às necessida-des da comunidade. No encontro, grupos de dis-cussão formados por residentes e preceptores detodo país debatem sobre a necessidade de for-mulação de programas mínimos e sobre os crité-rios de seleção e avaliação. n

Dra. Leris Salete Haeffner

Dra. Nicole Oliveira Mota Gianini

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Reanimação Neonatalprojeta metas para o ano

O Grupo Executivo e os Coordena-dores Regionais do Programa de Rea-nimação Neonatal da SBP reuniram-sepela segunda vez (foto) , na sede da en-tidade, no Rio de Janeiro, e reafirma-ram seu compromisso com o treinamen-to de instrutores (já foram realizados 8cursos), para tornar os programas esta-duais autosuficientes. Segundo a dire-tora, dra. Alzira Lobo, o objetivo é ba-ratear os custos e conseguir mais efici-ência ainda. Ficou decidido também odescredenciamento dos instrutores quenão ministraram cursos nos últimos doisanos. Para este ano, o plano de trabalhoprevê uma nova publicação do cartaz,de maneira que supra a demanda e che-gue a todas as maternidades do país.Dra. Alzira explica que trata-se de umresumo audio-visual do Curso, sendo

○ ○ ○ ○ ○

PRONAP IV: inscrições prorrogadasQuem ainda não se inscreveu no ciclo IV do PRONAP – Programa Nacional de

Educação Continuada em Pediatria – tem uma boa notícia: o prazo final foi adia-do. Mas os interessados devem se apressar, já que as inscrições só poderão serfeitas até o dia 15 de abril. O dr. João Coriolano, diretor do Programa, lembra quepreço da assinatura anual é de R$ 60,00 para sócios da SBP e R$ 180,00 paranão-sócios. n

SBP EM AÇAO~

A assessoria técnica da SBP fez umestudo comparativo entre a portaria pu-blicada pelo MS recentemente e o pro-jeto encaminhado pela entidade, de va-lorização do trabalho do pediatra nasTabelas do SUS. A conclusão é que osreajustes concedidos pelo MS não con-templam as reivindicações apresentadas.O documento, levado ao Ministério emdezembro pelo dr. Lincoln Freire e pelopresidente do Conselho Acadêmico, dr.Nelson Barros, foi fruto de pesquisa coma qual colaboraram 500 pediatras e deum estudo realizado por assessoria téc-nica especializada. Aborda todos os pro-cedimentos das tabelas ambulatorial e ahospitalar realizados pelo pediatra.

A SBP conclama os profissionaispara que se engajem nesta campanha,cobrando o empenho dos deputadose autoridades a que têm acesso. Paraisto, podem solicitar a sua filiada odocumento completo entregue pela

Sociedade ao dr. Renilson Rehem deSouza, Secretário de Assistência àSaúde do Ministério, em 09 de de-zembro último.

O pediatra na tabela do SUS

AposentadoriaA Diretoria de Defesa Profissio-

nal avisa aos associados que até o fi-nal de maio podem continuar man-dando suas dúvidas relativas à apo-sentadoria. Devem ser remetidas pelo

Correio (Rua Padre Rolim 123/ sala301, Funcionários, Belo Horizonte/Minas Gerais, Cep 30130-090) e se-rão respondidas pelo escritório Wil-son Assessoria Previdenciária, con-tratado pela SBP.

Congresso Brasileiro de Pediatria já tem programação científica definida

O XXXI Congresso de Pediatria, que vai ser realizado em outubro, em Fortale-za (CE), já está com a programação científica definida. A comissão organizadora –

dr. João Borges, dr. Dirceu Solé e dr. Lincoln Freire – e a comissãocientífica – dra. Anamaria Cavalcante e dr. Nelson Rosário – sereuniram em fevereiro para acertar os detalhes da segunda maladireta do congresso, que chega aos pediatras ainda este mês. O dr.João Borges lembra que o objetivo é realizar um encontro bastante

interativo, com grande participação dos congressistas. Para aquelesque ainda não fizeram suas inscrições, atenção: até o dia 21 de abril, os sócios daSBP pagam o preço promocional de apenas R$100,00. n

Acima, alguns exemplos da dife-rença entre os valores concedidospelo MS em novembro e as propostasda Sociedade.

Fóruns Estaduais discutirãomortalidade perinatalA batalha contra a mortalidade

perinatal continua. O documento “Or-ganização e Melhoria da Qualidade daAssistência Perinatal no Brasil”, elabo-rado conjuntamente pela SBP e pelaFederação Brasileira das Sociedades deGinecologia e Obstetrícia (Febrasgo) –e entregue no último Dia da Criança aoMS, em ato público, em Foz do Iguaçu– já foi encaminhado para todas as So-ciedades Estaduais de Pediatria e So-ciedades de Ginecologia e Obstetrícia.Ao longo deste ano, serão realizadosfóruns estaduais para discutir o assun-to. As conclusões e propostas serão le-vadas ao Congresso Brasileiro de Pedi-atria, em outubro, no Ceará, e ao Con-gresso Latino-americano dePerinatologia, em novembro/dezembro,no Rio de Janeiro. n

portanto, de grande valia. A diretorainforma ainda que o Grupo vai produ-zir um vídeo didático, dirigido a pedia-tras e profissionais de saúde em geral,que quiserem aprender ou relembrar atécnica de reanimação de recém-nas-

cidos. Já tendo treinado quase 8 milprofissionais, a meta da SBP é capaci-tar pelo menos metade de seus associa-dos, contribuindo assim, para a redu-ção dos alarmantes índices de mortali-dade perinatal. n

Angélica de C

arvalho

Sugestões para mudança nos valores dos procedimentos hospitalares (Tabela SIH/SUS)

código SIH/SUS Procedimento Valor proposto pela SBP Valor Tab SIA/SUS (nov. 99)

43100007 Diagnóstico/1º Atendimento 15,00 9,91

71100016 Prematuridade 108,80 54,89

76400271 Entero-infecções em lactente 72,00 46,62

81100035 Meningite 120,00 46,77

76100073 Afecções pulmonares72,30 29,24

76300080 Broncopneumonia

PROFISSAO

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cada dia 18 mil crian-ças e adolescentes sãoespancados no Brasil.As que mais sofrem são as meninas, entre 7 e

14 anos de idade. Este número, que faz parte do estu-do do Unicef sobre a Situação Mundial da Infância2000, apesar de assustador, representa apenas umapequena amostra da violência que é praticada contraos jovens em nosso país. É para tentar mudar estatriste realidade que a Sociedade Brasileira de Pedia-tria se prepara para lançar a segunda etapa da Cam-panha Nacional de Prevenção de Acidentes e Violên-cia na Infância e Adolescência.

Com o slogan VVVVViolência é covariolência é covariolência é covariolência é covariolência é covardia. As mardia. As mardia. As mardia. As mardia. As mar-----cas ficam na sociedadecas ficam na sociedadecas ficam na sociedadecas ficam na sociedadecas ficam na sociedade, a SBP pretende – junta-mente com os Ministérios da Saúde e Justiça, o Unicef,a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), a Pas-toral da Criança e o Centro Latino-americano de Es-tudos de Violência e Saúde (Claves)/Escola Nacionalde Saúde Pública (ENSP/FIOCRUZ) – chamar a aten-ção dos profissionais de saúde e da população em geralpara este grave problema de saúde pública.

Para isto, já está sendo preparado o Guia de AGuia de AGuia de AGuia de AGuia de Atu-tu-tu-tu-tu-ação Fação Fação Fação Fação Frrrrrente aos Mausente aos Mausente aos Mausente aos Mausente aos Maus-----TTTTTratosratosratosratosratos, com Orientaçõespara pediatras e demais profissionais da área de saú-de, cartaz, folder e camiseta, que serão distribuídosem todo o país. De acordo com o dr. Lincoln Freire,presidente da SBP, “a Campanha é um sucesso e te-mos visto aumentar a consciência de que os aciden-tes são evitáveis”. O diretor de Promoção Social daentidade, dr. João Régis, acrescenta: “Queremos agoraparticipar, cada vez mais, do esforço dos setores soci-ais inseridos na luta contra violência, contribuindo parao entendimento de que esta também se previne”.

Para a coordenadora da Campanha, dra. RachelNiskier, o objetivo é “despertar, no sistema de saúde,a necessidade urgente de discutir o tema e organizaros serviços para o atendimento dos casos e, na popu-lação, o sentimento de participação e solidariedade,combatendo a omissão, pois o silêncio é uma formade conivência que perpetua a violência”. A pediatralembra que, no caso de crianças e adolescentes,estamos falando também da violência estrutural quese manifesta como a negação de direitos básicos, comoalimentação, vestuário, afeto e proteção. “Direitoscomo o do registro civil e o de nascer e viver comsaúde – importantes bandeiras já assumidas pelaSBP”, frisa a dra. Célia Silvany, presidente do Depar-tamento Científico de Defesa dos Direitos da Criançae do Adolescente.

Para Olga Câmara, diretora do Departamento da

sem punição”. E também exis-tem os agravantes, como asdrogas e o estilo da vida mo-

derna. “Muitas famílias vivem em um universo de ten-são permanente”, comenta.

Além disso, a maioria dos casos ainda ésubnotificado. Uma das violências menos denuncia-das é o abuso sexual. Somente 2% dos casos de abuso

Mortalidade de Crianças e Adolescentes no BrasilÓbitos por Causas Externas - CID 10

Causa CID 10 - Capítulo XX (Causas Externas) Total de Óbitos de 0 - 19 anos Freq %

Total de causas externas 22.657 100

103. Acidentes de transportes 6.832 30

109. Agressões 6.170 27

112. Todas as outras causas externas 3.427 15

105. Afogamentos e submersões acidentais 2.985 13

110. Eventos cuja intenção é indeterminada 1.548 7

108. Lesões autoprovocadas voluntariamente 750 3

104. Quedas 497 2

106. Exposição à fumaça, fogo e chamas 368 2

107. Envenenamentos / Intoxicações 76 <1Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) / CENEPI / MS – 1996

contra crianças dentro da família são levados à polí-cia, de acordo com estudo da OPAS de 1994. O abusosexual está ainda vinculado a outros problemas decomportamento, como uso de drogas, relação sexualsem proteção e prostituição. “A violência no Brasil éum fenômeno clandestino e silencioso”, afirmaManrique. “Os números ainda estão distantes da rea-lidade”, diz.

Foi o que comprovou a socióloga e sanitarista Su-eli Deslandes, membro do Instituto Fernandes Figueirae do CLAVES/ENSP, em sua pesquisa de doutorado

Criança e do Adolescente (DCA) do MJ, membro doConselho Nacional dos Direitos de Crianças e Ado-lescentes (Conanda) e militante das lutas em defesados direitos infantis há muitos anos, as campanhaseducativas têm tido fundamental importância naconscientização da população. As pessoas, pouco apouco, vão adquirindo mais consciência de seus di-reitos e de que podem denunciar algo que está erra-do. “É preciso fazer o alerta de que estamos na lutacontra este grave problema. Inclusive para os profis-sionais de saúde, que ainda têm receio de lidar comisto”, ressalta.

No país, as causas externas (acidentes e violênci-as) são as maiores responsáveis por mortes entre 5 e19 anos. Dentre estas, as agressões ocupam o segundolugar, superadas apenas por acidentes no trânsito. Apartir dos 15 anos, a violência mais freqüente é o ho-micídio. Os dados são do Ministério da Saúde para oano de 1996. Mas o problema não é só no Brasil. O dr.Jacobo Finkerman, representante da OPAS, diz que aviolência já alcançou proporções epidêmicas nos paí-ses onde a entidade atua e é uma questão prioritária.Nas Américas, em 28,7% dos homicídios, as vítimassão adolescentes entre 10 e 19 anos, de acordo com aedição de 1998 do estudo La salud en las Américas daOPAS e Organização Mundial da Saúde (OMS).

E isto é só uma parte do problema. O impacto dascausas externas sobre a morbidade é enorme. Segun-do o estudo da OMS, a estimativa é que, para cadajovem que morre por algum traumatismo, 15 ficamgravemente feridos e outros 30 a 40 também sofremalgum dano que necessita de cuidados médicos oupsicológicos. De acordo com Manuel Manrique, ofi-cial de programas sênior do Unicef, no Brasil “já estáinternalizado na população, por exemplo, que bater éuma forma de educar e que o poder pode ser exercido

O objetivo é a organização dosserviços de saúde para oatendimento dos casos

Doenças doaparelho

circulatório3,2 %

Causas de mortalidade dos 5 até os19 anos no Brasil, 1995

Causas externas68,7 %

Neoplasmas7,6%

Afecções maldefinidas10,7%

Obs. As causas externas ocupam o primeiro lugar nas estatísticasde mortalidade na faixa etária entre 5 e 19 anos. No entanto, sefor considerada a faixa de 0 a 19 anos, passam a ser a segundamaior responsável por óbitos, precedidas pelas afecções perinatais.Fonte: Fundação Nacional de Saúde / Ministério da Saúde - 1995

Doenças doaparelho

respiratório6,5%

Doençasinfecciosas eparasitárias

3,3 %

A SBP contra a violênciaCAPA

A

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sobre o assunto. “Nos próprios hospitais, os registrosrealizados pelo plantão policial são ainda muito pre-cários. Identificam o instrumento, mas não qualifi-cam o tipo de violência – se doméstica por exemplo –e não há a chamada busca ativa. Se alguém foi balea-do e é dito que trata-se de um acidente com arma defogo, no próprio critério do profissional em notificarou não está presente a falta de percepção e até o pre-conceito racial. Ou seja, se é negro, vira registro. Se ébranco, não é notificado”, diz.

A pesquisadora realizou, durante um mês e com acolaboração de 21 estudantes de medicina, uma ob-servação de campo durante 24hs por dia, na emer-gência de dois hospitais no Rio de Janeiro, o MiguelCouto e o Souza Aguiar. “Qualquer pessoa que entra-va, com exceção dos pacientes por causas clínicas,era registrada”, diz. O trabalho incluiu também osadultos vítimas de violência.

A socióloga informa que foram registrados 13 ca-sos de violência contra crianças em uma das institui-ções que pesquisou, e 12 na outra. Observa que setratavam de histórias de violência assumidas pelapessoa que socorreu a vítima, pois esta era a entre-vistada e o que dizia era considerado verdade. “Tra-balhamos em um mês considerado de rotina e assim,se multiplicarmos o resultado pelos 12 meses do ano,como eram registradas apenas as agressões declara-das, ainda assim saberemos que muitos outros casos

ocorreram. São índices alarmantes!”, assinala.Depois de acompanhar o dia-a-dia destas emer-

gências, Sueli Deslandes comenta que, pela sua prá-tica, o profissional de saúde “tem uma boa percepçãopara identificar os casos de violência, o que, no en-tanto, não quer dizer que vai notificar”. Muito embo-ra, no Brasil, isto seja uma obrigação legal,estabelecida pelo Estatuto da Criança e do Adoles-cente (ECA). “O profissional está despreparado paralidar com estas situações no cotidiano e não sabe o quefazer, o que é uma contradição muito grande, pois aviolência faz parte do seu dia-a-dia de trabalho”, diz.

Sueli Deslandes acredita, no entanto, que se hou-vesse uma dinâmica nas instituições de saúde sobrecomo proceder nos casos em que se suspeita de vio-lência, a prática seria naturalmente incorporada. Épreciso também estar atento para a abordagem aosparentes e “deixar claro que a família receberá apoioe que não se trata de criminalizá-la – a não ser emcasos extremamente graves – mas de apoiá-la, protegê-la. É uma ação de saúde”, ressalta.

A mesma opinião tem a dra. Célia Silvany. No hos-pital em que trabalha, o Santo Antônio, em Salvador,teve a oportunidade de coordenar uma equipe

multiprofissional – duas enfermeiras, dois psicólogos,cinco residentes em pediatria, duas assistentes soci-ais, um terapeuta ocupacional, estudantes destas árease um advogado – e realizar um trabalho exemplar. Os

Thiago Lacerda e a fotógrafaMárcia Ramalho na Campanha O ator principal da novela da TV Globo Ter-

ra Nostra, Thiago Lacerda, é solidário na lutacontra violência. Convidado para posar para onovo cartaz da Campanha, Thiago afirma que sesente contente em participar deste trabalho embenefício das crianças e adolescentes brasilei-ros. “Feliz do ser humano que pode ajudar osoutros”, diz. E vestindo, literalmente, a camisado movimento, foi fotografado por MárciaRamalho, vencedora do Leão de Prata de publi-cidade 1999, em Cannes, na França. Ambos do-aram seu trabalho para esta mobilização. Thiagojá participou do movimento contra o câncer demama e gravou uma mensagem de rádio para oMS, mas esta é a primeira vez que lança umacampanha.

profissionais foram treinados para identificar os ca-sos de violência e trabalharam durante 10 meses napediatria geral. Os pacientes estavam sendo atendidospelos mais diferentes motivos e o objetivo era saber setinham sofrido maus-tratos e com que freqüência.

De acordo com a pediatra, a violência doméstica éum fenômeno crônico e repetitivo, mas os profissio-nais podem contribuir para sua redução, identifican-do-a precocemente e, assim, interrompendo o ciclo.Os resultados do Hospital Santo Antônio mostram queforam encontrados sinais de alerta para maus-tratosem 134 das 1.629 crianças e adolescentes acompa-nhados. Destes 134, 90 casos foram comprovados, oque corresponde a 5,5%.

Negligência foi a violência mais comum, seguidapor agressão física, abuso sexual e Síndrome deMunchausen por Procuração – aquela em que a cri-ança é levada para cuidados médicos em conseqüên-cia de sintomas inventados ou provocados pelos res-ponsáveis. Os casos de maus-tratos psíquicos não fo-ram classificados, devido à dificuldade de avaliação.Em relação ao sexo, o estudo concluiu que as meni-nas sofreram mais violência sexual, na proporção de4 para 1. Todos os casos foram devidamente encami-nhados para o Conselho Tutelar ou para o Juizado daInfância e Juventude, quando eram mais graves.

A dra. Célia informa também que, nos 90 casoscom evidência de maus-tratos, 72,2% dos pacientesjá apresentavam sinais de alerta na história clínica.Os outros 27,8% não registraram correlação naanamnese, mas durante a internação hospitalar, ossinais foram identificados pelos membros da equipe,“o que revela a necessidade de buscá-los em todos osníveis de atenção à saúde”, diz. E acrescenta que “oconhecimento dos critérios para a suspeita fundamen-tada protege o paciente, sua família, o pediatra, a ins-tituição e facilita as ações preventivas”.

Para isso, a SBP, o IFF e o CLAVES preparam oGuia dirigido aos profissionais de saúde, completa adra. Rachel Niskier, comentando que “existe muitadesinformação em torno da questão. Imagina-se queo paciente irá para uma Febem, que o profissional

A violência no Brasil é umfenômeno muitas vezesclandestino e silencioso

que fez a notificação terá que depor em delegaciasinúmeras vezes. Mas tudo isto tem muito mais de mitodo que de realidade”. Quanto ao risco de o médicoser agredido pela família do paciente, a coordenado-ra da Campanha reconhece que pode existir, mas quevai depender muito da condução do caso que, na ver-dade, deve ser assumido pela instituição. “Quem tra-balha sozinho, em consultório particular, deve procu-rar o apoio dos conselhos regionais de medicina, deredes de apoio e das sociedades científicas”, sugere.

Em termos de legislação, Manuel Manrique acre-dita que o Brasil tem uma grande vantagem: o ECA,que é uma doutrina de proteção integral aos jovens,que engloba todos sem exceção, e não apenas aquelesem situações de conflito com a lei. “É um grande avan-ço na maneira de enxergar a atenção e tratamento es-peciais que necessitam nossas crianças e adolescen-tes”, afirma. No entanto, poucos dos 3.081 Conse-lhos Municipais de Direitos e os 2.047 ConselhosTutelares, segundo dados de 1998, funcionam ativa-mente. “Falta ao poder público uma noção mais clarada importância destes órgãos”, diz.

Sueli Deslandes

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SBP EM AÇAO~

Estão abertas as inscrições paraos candidatos a estágio nos EstadosUnidos. Segundo a dra. ConceiçãoSegre, diretora de Intercâmbio In-ternacional, as instituições partici-pantes são a Universidade doArizona e a Universidade de Miamie as áreas abrangidas gastroentero-logia e neonatologia. Os interessa-dos devem solicitar a ficha de ins-

Finalização da pesquisaPerfil do Pediatra

depende agora do retornodos questionários

A pesquisa que irá definir o perfildo pediatra brasileiro está em fase fi-nal. Na primeira etapa, pediatras pre-sentes ao Curso Nestlé, em outubro pas-sado, responderam a um questionárioque, posteriormente, foi enviado aosestados que não apresentaram amostrassuficientes. No entanto, alguns destesainda não retornaram grande parte dosquestionários. O dr. Eduardo Vaz, dire-tor de patrimônio da SBP, explica que,por este motivo, a pesquisa ainda nãopôde ser concluída e solicita que os es-tados enviem o mais rapidamente pos-sível suas respostas. Os que ainda nãoretornaram os questionários são: Acre,Amazonas, Pará, Bahia, Pernambuco,Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Pau-lo, Paraná, Rio Grande do Sul, DistritoFederal e Goiás. n

Sócio da SBP pode seinscrever no Centro de

Treinamento de ServiçosO Centro de Treinamento em Ser-

viço (CTS) já iniciou o contato comos associadosque demonstra-ram, por carta,

e-mail ou telefone,interesse em estági-os de curta duração.

A iniciativa da SBP emdisponibilizar serviços credenciadospara treinamento é mais uma formade proporcionar reciclagem profissi-onal aos associados, facilitando o con-tato com hospitais, entidades e uni-versidades. Os interessados devempreencher uma ficha de inscrição comopções de tipo de estágio, local, épo-ca do ano e carga horária pretendi-dos. Para solicitá-la, o telefax é(0xx11) 3068-8618 e o e [email protected]. n

Estágio Internacionalcrição ao escritório da SBP em SãoPaulo, no telefone (0xx11) 3068-8618. Depois de preenchidos, osformulários deverão ser enviados àRua Augusta 1939, 5º andar, Sala53, São Paulo, SP, Cep: 01413-000,contendo em anexo um currículoresumido com cópia em inglês, ondedeverão estar destacadas as áreasde interesse do candidato.

A SBP acaba de formar um Grupo queirá estudar medidas para prevenir a sur-dez em crianças. A Força Tarefa sobre Per-das Auditivas na Infância objetiva definirestratégias de atuação, para que seja rea-lizado o diagnóstico precoce deste pro-blema, que atinge de 1 a 3 bebês a cada1000 recém-nascidos saudáveis e em tor-no de 2 a 4 em cada 100 provenientes daUTI Neonatal. Segundo a coordenadora,dra. Conceição Segre, se o diagnóstico forfeito até os três meses de idade e a inter-venção médica até os seis meses, aschances de recuperação são de pratica-

mente 100%. A pediatra lembra que oscustos para a realização destes procedi-mentos preventivos seriam bem menoresdo que os gastos com o tratamento dascrianças deficientes. O grupo é formadoainda pela dra. Olga Penalva, do GT deAtenção Integral à Criança Portadora deRisco ou Deficiente e pelos presidentesdos Departamentos de Otorrinolaringo-logia, dr. Manoel de Nóbrega, de SaúdeEscolar, dra. Jussara Loch e de CuidadosPrimários, dra. Eliane Maluf. Pelo Depar-tamento de Neonatologia, participa a dra.Edna Albuquerque. n

Criada Força Tarefa sobre Perdas Auditivas na Infância

Pacotes de viagem para congressosO dr. Navantino Alves Filho, di-

retor de Intercâmbio Internacional,avisa aos interessados em participarde congressos científicos em outrospaíses, que devem ficar atentos. Paraos próximos meses, dois pacotes deviagem estão sendo organizados. Emmaio, entre os dias 12 e 16, estaráacontecendo, em Boston (EUA), oAdvancing Children´s Health 2000,congresso anual das sociedades aca-dêmicas de Pediatria. O custo éUS$1.455,00 (apto. duplo) ou

US$1.909,00 (apto. individual).Entre os dias 25 e 29 de junho,em Montreal, no Canadá, será re-alizado o III Congresso Mundialde Terapia Intensiva Pediátrica. Opreço é US$1.266,00 (apto. du-plo) ou US$1.650,00 (apto. indi-vidual). Os dois pacotes incluempassagem aérea, hospedagem eseguro viagem. Para outras infor-mações, os tels. são (0 xx21)2521757, fax (0xx21) 252-6023 eo e-mail [email protected].

De 29 de novembro a 02 de dezembro deste ano ocor-rerá, em Montevidéu, o XII Congresso Latino-America-no de Pediatria, realizado conjuntamente com o XIX Con-gresso Pan-Americano e com o XXIII Congresso Uru-

guaio de Pediatria. Os principais temas a serem discuti-dos serão os direitos das crianças e adolescentes no próximo

milênio e o papel do pediatra na atenção primária à saúde. O preço da inscri-ção para médicos com mais de cinco anos de formados e sócios da ALAPE éUS$ 150,00. Médicos com menos de cinco anos de formados e sócios daALAPE pagam US$100,00; médicos não-sócios pagam US$250,00. O preçopara estudantes e enfermeiros é US$ 70,00 e acompanhantes pagam US$100,00. Estes valores são válidos até 18 de agosto.

Será entregue no congresso o prêmio “Prof. Luis Morquio en el centenariode su asuncion a la catedra de pediatria” para o melhor trabalho científicosobre pediatria geral. Concorrerão trabalhos inéditos realizados por membrosde sociedades nacionais filiadas à ALAPE. Os candidatos podem enviar seustrabalhos, até o dia 18 de agosto, à Secretaria Geral do Congresso. O prêmio éde US$ 5.000,00. Os interessados em participar do congresso e/ou do concur-so devem entrar em contato com a Personas S.R.L., através do telefax(00xx5982) 408-1015 ou (00xx5982) 408-2951.

ENTIDADES

XII Congresso Latino-Americano de Pediatria

○ ○ ○ ○ ○

RetificaçãoO CID para consulta pediátrica publicado no último SBP NotíciasSBP NotíciasSBP NotíciasSBP NotíciasSBP Notícias não estavacorreto. Pedimos desculpas pelo equívoco. Atenção leitor para o código:Consulta pediátrica e consulta de puericultura: Z00.1

SBP RESPONDE

Dra. Conceição Segre

Carlos A

lberto da Silva

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SBP EM AÇAO~

O livro comemorativo dos 90 anosda Sociedade Brasileira de Pediatriaestá quase pronto. Já estão finaliza-dos os cinco primeiros capítulos, quecontam desde a história do “peitan”– como era chamada a criança indí-gena – até o início da pediatria noBrasil, com os médicos CarlosMoncorvo e Moncorvo Filho, conside-rados os pais da especialidade no país.

Os pediatras do país inteiro – só-cios e não-sócios da SBP – estão re-cebendo o TEP 99 Comentado. Pro-duzido pela Comissão Executiva doTítulo de Especialista em Pediatria(CEXTEP) e com uma tiragem de 40mil exemplares, o TEP Comentadotraz todas as questões de múltipla es-colha e dissertativas do exame, segui-das de gabarito – incluindo índice de

NOTICIAS DE BRASILIA´´

A SBP acaba de apresentar ao Ministério da Saúde (MS) um projeto pro-pondo a participação do pediatra no Programa Saúde da Família (PSF). O do-cumento, elaborado pelo Departamento de Cuidados Primários, com a partici-pação do Departamento de Defesa Profissional, foi entregue em janeiro, pelodr. Lincoln Freire e pela dra. Anamaria Cavalcante e Silva, à dra. HeloísaMachado, coordenadora nacional do Programa.

O PSF teve início no Brasil em 1994, nas regiões Norte e Nordeste e hoje jáabrange municípios de quase todo o país. Buscando desenvolver um modelo deatenção primária e secundária à saúde, o atendimento é feito por uma equipecomposta por um médico generalista, um enfermeiro, um auxiliar de enferma-gem e de 5 a 15 agentes comunitários de saúde. Cada uma destas equipes éresponsável pela promoção da saúde de 750 a 1000 famílias. Em caso de neces-sidade, o paciente é encaminhado a um especialista ou hospital. (ver pg. 12)

Segundo a dra. Anamaria Cavalcante e Silva, foram encaminhados dois pro-jetos distintos: o primeiro propõe que o Departamento de Cuidados Primários daSBP participe da elaboração dos programas dos cursos de formação para médi-cos de família e auxilie em sua realização, ao lado da Coordenação de AtençãoBásica (COAB) do MS e dos Pólos de Capacitação do PSF de cada estado. Osegundo propõe a participação efetiva do pediatra na equipe do PSF. A estrutu-ração deste sistema seria feito de acordo com a realidade de cada município e adisponibilidade de profissionais. Assim, em municípios de pequeno porte – commenos de 15 mil habitantes – um pediatra atuaria como referência para um totalde dez equipes. Já em municípios de médio porte – de 15 a 50 mil habitantes –um pediatra ficaria responsável por 5.000 famílias ou cinco equipes. Por fim,nos municípios maiores, com mais de 50 mil habitantes, o objetivo seria ter umpediatra em cada equipe, atuando ao lado do médico generalista.

SBP quer participação do pediatra no Programa Saúde da Família

Indicados os nomes dos drs.Clóvis Constantino e Fernan-do Ramos, pelo ConselhoSuperior e das dras. DalvaSayeg e Núbia Mendonça,pelo Conselho Acadêmico,

O jornalista Glauco Carneiro, respon-sável pela obra, conta que conversouao todo com trinta pediatras, entre ex-presidentes, membros do ConselhoAcadêmico e outras lideranças do país.O livro, intitulado “SBP 90 Anos: umcompromisso com a esperança”, serálançado no dia 27 de julho, aniversá-rio da SBP e data escolhida para a co-memoração do dia do pediatra.

Está quase pronto o livroque conta a história da SBP

Comissão dos 90 anosestá sendo formada a Comissão

encarregada de preparar ascomemorações do aniversá-rio de 90 Anos da SBP. Maisdetalhes, no próximo SBP

Notícias.

○ ○ ○ ○ ○

○ ○ ○ ○ ○

○ ○ ○ ○ ○

O edital do TEP por proficiênciaserá publicado no Jornal de Pediatria,na edição de março/abril e, a partirde então, o prazo improrrogável paraque os pediatras façam seus pedidosserá de dois anos. Foi criada no finaldo ano passado uma Comissão Espe-cial de Avaliação, responsável pela

análise dos pedidos de concessão doTEP por proficiência. Este título seráconcedido a profissionais de notóriosaber que exerçam a pediatria há pelomenos dez anos, portadores de certi-ficado de residência pediátrica ouequivalente, em serviço cadastrado ereconhecido pela SBP. n

Atenção ao prazo de 2 anos para o Tep por proficiência!

dra. Ana Lúcia Goulart (SP); dra. LígiaMaria Suppo de Souza Rugolo (SP); dr.Arthur Lopes Gonçalves (SP); dr. Cláu-dio Drummond Pacheeco (MG); dra. Vâ-nia O. Stefen Abdallah (MG); dra. KátiaAceti Oliver (PR); dr. ClóvisWeissheimer (RS); dr. Hans W. FerreiraGreve (BA); dr. Nelson Diniz de Olivei-ra (DF); dr. Luiz Eduardo Vaz de Miranda(RJ) e a dra. Sylvia Maria P. Pereira (RJ).A dra. Karla Vanessa de L. S. Cisneiros(PB) ficou como primeira suplente. Osselecionados devem entrar em contatocom o dr. Benjamin Kopelman, pelo tel.(0xx11) 573 4255. n

Já foram selecionados 11 candida-tos para treinamento na Divisão de Neo-natologia da University of MiamiSchool of Medicine, entre os 51 profis-sionais inscritos. O intercâmbio é partedo Programa Multidisciplinar de Aten-ção Integral ao Recém-nascido de MuitoBaixo Peso ao Nascer. A Comissão Ava-liadora – formada pelo dr. LincolnFreire, pelo dr. Cláudio Leone, vice-pre-sidente da SBP e pelos drs. BenjaminKopelman, presidente do Departamen-to Científico de Neonatologia e AlziraLobo, coordenadora do Curso de Rea-nimação Neonatal – informa quem são:

Sai a lista dos selecionados para o treinamento em Miami

acertos – comentários e ainda, no fi-nal do volume, uma bibliografia bási-ca. O diretor responsável, dr. HélcioVillaça, conta que o objetivo é servircomo instrumento de reciclagem paraaqueles que já têm o título e de pre-paração para os candidatos ao exame.O TEP 2000 será realizado no dia 27de maio e espera-se cerca de 1.500candidatos. n

TEP Comentado

Glauco Carneiro (esq.) entrevista a dra. Dalva Sayeg, do Conselho Acadêmico e os ex-presidentesda SBP Júlio Dickstein (no centro) e Jairo Valle (o segundo, à esq.)

Angélica de C

arvalho

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FILIADAS

Atualize sua inscrição na SBP

1. Faça um depósito em favor da Sociedade Brasileira de Pediatria na conta nº 029292-3 da agência nº 0227-5 do Bradesco (para saber ovalor da anuidade, integral ou parcelada em duas vezes, telefone para 0xx21.548-1999 / Setor de Cadastro da SBP);

2. Preencha os dados do cupom abaixo;3. Envie cópia do comprovante do depósito pelo fax 0xx21.548-1999 ou pelo Correio, juntamente com o cupom preenchido ou reprodução deste.

Você sabia? Na Sociedade Brasileira de Pediatria, não existem débitos anteriores. Cada inscrição valepor um ano e pode ser feita em qualquer mês. Se você é sócio e não está quite, siga o roteiro abaixo evoltará a obter os benefícios de ser associado de uma das maiores entidades médicas do mundo:

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Nome: CPF:

Endereço: Tel: ( )

Bairro: CEP:

Cidade: Estado: E-mail:

Data: / / Assinatura:

Cursos ItinerantesA diretoria de Cursos e Eventos da SBP

já fechou o programa para os CursosItinerantes de Reciclagem e Atualizaçãoem Pediatria (CIRAPs) dos próximos me-ses. De 12 a 15 de abril, São Mateus (ES)receberá os cursos de infectologia, gastro-enterologia e pneumologia. Em Palmas,(TO), entre os dias 13 e 15 de abril, serãorealizados os de neonatologia, infectologiae gastroenterologia. Nos dias 27 e 28 deabril, é a vez de Rio Branco (AC), com ostemas infectologia, segurança, pneumologiae adolescência. Bacabal e Imperatriz (MA)sediarão o CIRAP entre os dias 17 e 20 deabril. Em maio, Alagoas, Sergipe eRondônia recebem cursos sobre nutrição

Consolidados os pólos deReanimação PediátricaOs pólos de Reanimação Pediátrica

já estão realizando seus cursos a todovapor. O dr. Paulo Carvalho, diretor docurso, informa que os pólos já dispõemde todo material necessário. Em abril,

estão previstos cursos no Rio de Janei-ro (RJ), nos dias 08 e 09 e em Belém(PA) nos dias 12 e 13 e 15 e 16. Cincopólos realizarão cursos em maio: nosdias 06 e 07, as aulas são em Porto Ale-gre (RS) e São Paulo (SP); Salvador (BA)e Fortaleza (CE) realizam seus cursosnos dias 18 e 19. Nos dias 20 e 21 é avez do Rio de Janeiro (RJ), que realizacursos também em junho, nos dias 17 e18. Ainda em junho, nos dias 10 e 11,Macapá (AP) recebe o curso, assimcomo Joinville (SC), nos dias 16 e 17.Finalmente, nos dias 17 e 18, BeloHorizonte (MG) será a sede. Os inte-ressados devem procurar suas filiadaspara confirmar as datas e obter maioresinformações. n

Coerente com a programação cien-tífica, que gira em torno do tema “Qua-lidade de vida da criança e do adoles-cente”, o III Congresso Nacional de Pe-diatria da SBP: Região Sul – marcadopara Florianópolis (SC), entre os dias02 e 05 de abril – terá também eventosvoltados para a população. Segundo apresidente, dra. Vera Regina Fernan-des, os organizadores vão realizar umaFeira de Saúde, um Fórum sobre Di-reitos, voltado para juizes, promotores,professores, assistentes sociais e de-mais profissionais que atuam na área eainda uma jornada para agentes de saú-de, na qual pediatras oferecerãoreciclagem sobre vacinas, teste do pe-zinho, prevenção de acidentes e vio-lência.

Serão realizados colóquios,conferências e mesas redondas,sobre hepatites, insuficiência re-nal aguda, alergia alimentar,

Estratégia AIDPI será debatidaUm dos destaques do Congresso será

o simpósio satélite a ser realizado pelaAssociação Latino-Americana de Pedia-tria (ALAPE) sobre as Ações Integradasem Doenças Prevalentes na Infância(AIDPI) e a Prática Pediátrica. Presididopelo argentino Teodoro Puga, vice-presi-dente, e coordenado pelo dr. MárioSantoro, tesoureiro da entidade e diretorda SBP, o simpósio ocorrerá no dia 03 ediscutirá o controle e tratamento das do-enças diarréicas agudas e das doenças

Congresso Nacional na Região Sul recebe convidados estrangeirostransmissão pe-rinatal do HIV,novos antibióti-cos na práticapediátrica e ain-da temas como

os dilemas bioéticos em pediatria ea segurança da criança e do adoles-cente. n

Prevenção de Acidentes eViolência é projeto oficial

na ParaíbaA Campanha de Prevenção de Aci-

dentes e Violência na Infância e Ado-lescência – lançada em 1998 pela SBPem todo o país – foi assumida na Paraíbapelo governo do Estado. A SociedadeParaibana de Pediatria firmou parceriacom a Secretaria de Saúde e, com a pre-sença do dr. Lincoln Freire, lançou emjaneiro uma cartilha e cartazes, distri-buídos em postos de saúde. Membrosdos programas Saúde da Família (PSF)e Agentes Comunitários de Saúde(PACS) também receberam o material,para divulgar a campanha no interior.A dra. Mariângela Barbosa, presidenteda SPP, está entusiasmada. “Nossa metaé fazer da Campanha um Programa deSaúde permanente”, comenta. n

Manaus ganhaUTI Neonatal

Em dezembro, dr. Lincoln Freire es-teve em Manaus, onde reuniu-se com oprefeito e a diretoria da SociedadeAmazonense de Pediatria. O encontro teveótima repercussão. Segundo o dr. FabilianoRodrigues, presidente da entidade, logodepois foi aberta a primeira UTI Neonatalda cidade. O presidente da SBP visitouvários serviços pediátricos, entre prontos-socorros, hospitais e maternidades. O dr.Fabiliano informa que a prefeitura assu-

I Fórum de Saúde daCriança Indígena

A Sociedade de Pediatria de Brasília(SPB) está organizando, com a participa-ção da SBP e o apoio das sociedades depediatria do centro-oeste e do Unicef, o IFórum Brasileiro de Saúde da Criança In-dígena. Será no Dia do Índio, 19 de abril,no auditório da Associação Médica do Dis-trito Federal, de 8 às 18hs. Segundo o dr.Dioclécio Campos, presidente da SPB,participarão profissionais de vários esta-dos da região, que vão elaborar propostaspara melhorar a saúde dos “curumins”. n

(SE), terapia intensiva (RO), alergia (AL eRO) e otorrinolaringologia e pneumologia(SE, AL, e RO). n

miu o compromisso de ativar diversosoutros serviços. n

respiratórias, além da imunização - as-sunto que ficou a cargo do chilenoLionel Bernier, que deverá defender ainclusão nos calendários públicos dasvacinas que só podem ser acessadaspelos que podem pagar. O vice-presi-dente da SBP, dr. Cláudio Leone, faráum histórico da AIDPI e o presidenteda ALAPE, dr. César Villamizar, daColômbia, abordará o tema “Conver-sando com as mães”.

A taxa para o Congresso é deR$150,00 para sócios da SBP,RS250,00 para não-sócios, R$75,00para residentes e R$55,00 para estu-dantes. A inscrição para os cursos pré-congresso custa R$80,00 para sóciosda SBP, R$170,00 para não-sócios eR$40,00 para estudantes e residen-tes. Outras informações pelo telefax(0xx48) 222-7255, e-mail:[email protected], ouhomepage www.acm.org.br/scp. n

Dr. Paulo Carvalho, em reunião com oscoordenadores dos pólos de ReanimaçãoPediátrica

Angélica de C

arvalho

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DEPARTAMENTOS CIENTÍFICOS´

A situação atual da febre amarelaé de cuidado, mas não de pânico. Oprofessor Eduardo S. Carvalho, pre-sidente do Departamento de Infecto-logia da SBP, informa que o últimocaso de febre amarela urbana no Bra-sil ocorreu em 1942. Hoje, com ocrescimento do turismo ecológico e agrande quantidade de pessoas (caça-dores, pescadores, madeireiros, ga-rimpeiros etc.) que vão dos grandescentros para as regiões endêmicas –Acre, Amazonas, Amapá, Goiás,Maranhão, Mato Grosso, Mato Gros-so do Sul, Pará, Rondônia, Roraimae Tocantins – aliada à maior facilida-de de circulação em nosso país, au-mentam as chances de a doença che-gar ao meio urbano. Para que isso sejaevitado, a primeira ação fundamen-tal é que a vacina seja aplicada emtodos os indivíduos que residem ouvão se deslocar para áreas de risco.

A febre amarela é uma doença in-fecciosa febril, causada por um vírusdo grupo dos Arbovírus, habitante nor-mal de regiões de mata. O ciclo nor-mal deste vírus se realiza entre omosquito da família dos Haemagogos

e o macaco, nas copas das árvores.Quando um homem entra neste ambi-ente, principalmente quando existe umaalteração ambiental (ex: desmatamen-to), pode ser picado pelo mosquito, tor-nando-se um hospedeiro acidental dovírus e contraindo a denominada febreamarela silvestre. Ao voltar para o am-biente urbano, fica exposto ao mosqui-

Alerta para a Febre Amarela

to Aedes aegypti – transmissor tambémda dengue – que, caso contraia o vírus,poderá transmiti-lo a outras pessoas,urbanizando a febre amarela.

O professor Eduardo explica que osmosquitos desta espécie se desenvol-vem bem em áreas urbanizadas, poisprocriam em água limpa. Além disso,

quanto maior o número de mosquitosna cidade, maior é o risco de contami-nação. Assim, além da vacinação roti-neira em áreas endêmicas, em cidadescom grande número de Aedes aegypti aaplicação da vacina contra febre ama-rela também já entrou na rotina. É ocaso, por exemplo, do litoral de SãoPaulo e da região de Campinas.

O presidente do Departamento deInfectologia informa que o Brasil é umdos maiores produtores da vacina con-tra a febre amarela, feita a partir do ví-rus vivo atenuado e altamente eficaz.Conta também que o governo está pau-latinamente instituindo a aplicação davacina em todo o país, começando pela

“Unir, tratar, prevenir – uma pers-pectiva holística para o novo milênio”é o lema do XIICongresso Brasi-leiro de Infectolo-gia Pediátrica, queocorrerá de 27 a30 de junho, noRio de Janeiro(RJ). Na progra-mação científica,convidados brasileiros e estrangeirosdiscutirão temas como infecçõesbacterianas graves, avanços em imuni-zação, erradicação de doenças imuno-preveníveis e Aids. A Comissão organi-zadora, liderada pelo dr. Reinaldo deMenezes Martins, está trabalhando paraapresentar no evento as mais recentespesquisas da área e também para ofe-recer uma programação social ampla eagradável.

Os três melhores trabalhos na cate-

Congresso de Infectologia

população que vive nas áreas de mai-or risco, próximas às áreas de mata,passando progressivamente às cida-des e regiões com maior quantidadede Aedes aegypti.

A recomendação da SBP – partedo Calendário Vacinal para o ano2000 – é de que a vacinação podeser feita a partir dos nove meses deidade, seguindo as orientações dasautoridades sanitárias locais e emconsenso com o Ministério da Saúde.

O professor Eduardo S. Carva-lho lembra que a vacina é válida pordez anos, não havendo necessida-de de nova aplicação antes desteperíodo. Só está disponível nos ser-viços públicos de saúde, pois vemenvasada em frascos de múltiplasdoses e deve ser utilizada em aténo máximo quatro horas após serreconstituída.

ConcursoDurante o evento, também será rea-

lizada a prova para concessão do Títulode Especialista com Área de Atuação emInfectologia Pediátrica. Interessados po-dem se inscrever até o dia 30 de abrilnas sociedades estaduais de pediatria ouna Sociedade Brasileira de Infectologia.O edital e as normas do concurso estãodisponíveis nestes locais e ainda no siteda SBP www.sbp.com.br. n

Com o tema central “Humanização”,será realizado em Natal (RN) o III Con-gresso Brasileiro In-tegrado de PediatriaAmbulatorial, SaúdeEscolar e CuidadosPrimários, entre osdias 15 e 19 de abril.Segundo a presiden-te, dra. Maria Spinelli, serão realizadasconferências, mesas redondas e coló-quios sobre assuntos relativos à preven-ção, não só de doenças orgânicas, mastambém das patologias sociais. O obje-tivo é reunir pediatras, enfermeiros eprofissionais de educação para discutirassuntos atualizados e de interesse mul-tidisciplinar.

Para a população, estão sendo orga-nizados quatro fóruns, com temas comoa valorização dos direitos da criança edo adolescente e a responsabilidade da

III Congresso Brasileiro Integrado de PediatriaAmbulatorial, Saúde Escolar e Cuidados Primários

imprensa na educação infantil – estecom a presença de jornalistas convida-

dos. No dia 15 deabril, ocorrerão os cur-sos pré-congresso,com assuntos como asexualidade na infân-cia e adolescência, di-ficuldades escolares,

imunização e dietética em pediatria. Ataxa de inscrição é de R$100,00 parasócios da SBP e para outros profissio-nais das áreas de educação e saúde,R$200,00 para não-sócios e R$80,00para residentes e estudantes. Já os cur-sos pré-congresso têm como taxa parasócios da SBP, médicos-residentes, es-tudantes e demais profissionais de saú-de e educação R$25,00 (1 curso) eR$35,00 (dois cursos). O valor paranão-sócios é R$35,00 e R$60,00, res-pectivamente. n

Vacina contra febreamarela / MS-SBP

Idade Nº de doses

9 meses Única

goria de pôsteres e temas livres rece-berão o prêmio Conselho Acadêmico daSBP e R$1.000,00 cada um. O valorda inscrição até o dia 31 de março, éde R$150,00 para sócios quites da en-tidade, R$ 250,00 para não-sócios e R$90,00 para estudantes, residentes eoutros profissionais de saúde. Maioresinformações pelo telefax (0xx21) 539-1214, e-mail [email protected] ouhomepage www.cmeventos.com.br. n

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Pediatria total

TENDÊNCIAS & CULTURA^

riança de quatro meses chegaao consultório. Sua mãe traz aqueixa de cansaço e febre. Oprofissional inicia o atendimen-

to perguntando o nome, idade e verifi-ca imediatamente se há sinais de gra-vidade. Se estiverem presentes, devetomar decisões rápidas. Se não, conti-nua o atendimento:“Tem dificuldade derespirar? Há quantotempo?”. Verifica en-tão a freqüência res-piratória por minuto,a existência de tira-gem e/ou estridor e si-bilância. Com esteselementos, classificaa eventual doençarespiratória. Em se-guida, pergunta se obebê está com diar-réia. Recebendo aresposta negativa,passa à pergunta se-guinte: “Tem febre?Há quantos dias?”,tira a temperatura, examina a nuca paradetectar sinais de rigidez, observa a pre-sença de petéquias, abaulamento dafontanela e coriza. Classifica a doençafebril. Pesquisa, a seguir, se há algumproblema de ouvido e há quanto tempo– se há secreção purulenta e/ou

tumefação dolorosa retro-auricular –classificando, assim o problema. Con-tinua o exame, atento aos sinais de des-nutrição e anemia. Passa ao calendáriovacinal e, se possível, aproveita a opor-tunidade para atualizá-lo. O passo se-guinte é a alimentação, observando aforma como o bebê é aleitado ao seio, afreqüência, e se há risco para o desma-me. Por fim, verifica a presença de ou-tros problemas.

Este é o atendimento que a Organi-zação Pan-Americana de Saúde (OPAS)pretende difundir entre os países daAmérica Latina e o Ministério da Saú-de (MS) quer ver totalmente implanta-

do no Brasil. É a estratégia de AtençãoIntegrada às Doenças Prevalentes naInfância (AIDPI) – uma abordagem queenfatiza, como diz o próprio nome, “aintegralidade” do atendimento, valori-zando os sinais e sintomas das doençasmais comuns e que levam ao maior nú-mero de adoecimentos e óbitos na faixaetária que vai até cinco anos. Será uti-lizada no programa “Crianças Saudá-veis: a meta de 2002”– lançado emdezembro de 99, em Washington – e quepretende, neste prazo, evitar 100 milmortes de menores de cinco anos.

O dr. Cláudio Leone, vice-presidenteda SBP e representante da Sociedadena AIDPI, explica que o método permi-te que o médico aproveite a visita dacriança ao posto de saúde para avaliaro seu estado geral, não se atendo ape-nas ao motivo da consulta, mas identi-ficando qualquer problema e promoven-do a prevenção de doenças. Os profis-sionais orientam também a comunida-de sobre práticas saudáveis, hábitosalimentares e o próprio cumprimento dotratamento médico indicado. A estraté-gia inclui também a observação dos as-pectos psico-afetivos.

A AIDPI é repassada a médicos,

enfermeiros e agentes comunitários emcursos ministrados pelos chamadosfacilitadores – profissionais responsá-veis pela multiplicação do conhecimen-to por todos os países. Estes cursos são

realizados no Brasil em cinco centrosde referência, capacitados pelo MS, nosestados do Rio de Janeiro, São Paulo,Paraíba, Ceará e Pernambuco. O próxi-mo passo é incluir o programa no currí-culo das faculdades de medicina. Asuniversidades de Sergipe e da Paraíba,por exemplo, já estão trabalhando nes-te sentido.O assessor regional da AIDPIda OPAS/OMS, dr. Yehuda Benguigui,conta que nos últimos 30 anos, as mor-tes por infecções respiratórias e doen-ças diarréicas diminuíram consideravel-mente, porém as enfermidades comunsrepresentam ainda 60% do atendimen-to de rotina. No Brasil, a difusão vemse dando principalmente através do Pro-grama Saúde da Família (PSF), do MS.

A SBP quer resgatar ahumanização do

atendimento e buscarentender a dinâmica da

família e da comunidade,para possibilitar a

compreensão da criançacomo um todo

A OPAS pretende evitar100 mil mortes de

menores de cinco anosaté 2002

A dra. Anice Fontenele, responsávelpela AIDPI na Área de Saúde da Cri-ança do Ministério, informa que atual-mente existem cerca de cinco mil equi-pes do PSF atuando em vários estados,principalmente do Norte e Nordeste dopaís. O objetivo é que, em 2002, sejamvinte mil. Para isso, o MS conta com oapoio de diversos consultores, dentreeles as sociedades científicas. “A par-ceria com a Sociedade Brasileira de Pe-diatria está sendo fundamental na for-mação dos profissionais do PSF”, diz adra. Anice. Membros do DepartamentoCientífico de Cuidados Primários daSBP estarão recebendo o curso AIDPIno final de março, tornando-sefacilitadores da estratégia no país.

A dra. Eliane Maluf, presidente doDepartamento, considera a capacitaçãodo pediatra na AIDPI um ótimo métodode reciclagem profissional. Segundo ela,há uma tendência, nas escolas, à ênfa-se em uma “medicina mais sofistica-da”, porém menos de acordo com a re-alidade brasileira. Por outro lado, a dra.Eliane acredita que o apoio do pediatraà formação das equipes do ProgramaSaúde da Família é essencial. “A SBPquer resgatar a humanização do aten-

dimento e buscar entender a dinâmicada família e da comunidade, para pos-sibilitar a compreensão da criança comoum todo. Neste contexto, a estratégiaAIDPI é instrumento muito importantepara a melhoria da qualidade da saúdeinfantil”, conclui.

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