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BOLETIM JURÍDICO INFORMATIVO - SEBRAE NA contato: [email protected] I N F O R M A T I V O 11ª EDIÇÃO / OUTUBRO 2015 BOLETIM JURÍDICO O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a anulação do pregão eletrônico 12/2015 para Sistema de Registro de Preços (SRP) conduzido pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG). O objetivo do pregão envolvia a prestação de serviços de planejamento, organização e coordenação de eventos. O valor inicialmente estimado para a contratação era de R$ 24,4 milhões. No entanto, devido à alta disputa do pregão, com a participação de 65 empresas, o lance vencedor foi de R$ 9,9 milhões, um desconto de 59,41% em relação ao estimado. A vantagem para a administração, porém, não ocorreria, pois o TCU verificou que o contrato previa que os quantitativos da planilha orçamentária eram apenas estimativos, sem expectativa de contratação. Esta ocorreria pelo valor de cada item registrado como valor unitário na ata de registro de preços, a critério do MPOG. Esse registro unitário foi observado pelo Tribunal como possibilidade de causar dano ao erário, porque eventuais adesões por outros órgãos à ata de registro de preços seriam feitas por itens individuais, e não pelo lote de itens ofertados pela licitante ganhadora. Tais itens da licitação, que teve como critério o menor preço global, poderiam ter custos unitários superiores aos ofertados pelos demais licitantes, permitindo a contratação com empresa que não ofereceu o melhor preço para determinado componente. O possível prejuízo ocorreria, também, pelo fato de que o orçamento base da licitação não previu preços coerentes com os valores de mercado. A análise do TCU constatou que o edital continha excesso de requisitos para qualificação econômico-financeira, fixação de preços mínimos e superdimensionamento de demanda da contratação. O TCU também verificou falta de regionalização dos preços, contratação de uma única empresa para atuação em todo o País e dupla remuneração, pois a empresa a ser contratada receberia as diárias de serviço de assessoria técnica, além da taxa de administração incidente nos serviços. O trabalho também identificou ausência de justificativa para o pagamento de hospedagem a servidores públicos e colaboradores eventuais mediante a utilização de contratos de promoção de eventos, em vez do pagamento regulamentar de diárias previsto em lei. Outro aspecto verificado foram indícios de sobrepreço, quando a licitação foi comparada com outras semelhantes. O Tribunal tem firmado entendimento, a exemplo do Acórdão nº 1.678/2015-TCU Plenário, sobre a não utilização do SRP para casos em que não houver demanda de itens isolados, pelo fato de os serviços não poderem ser dissociados uns dos outros, não havendo, assim, a divisibilidade do objeto. A contratação de empresas promotoras de eventos configura essa impossibilidade, pois o parcelamento da licitação em itens é inviável, por resultar na contratação de vários fornecedores ou prestadores de serviço para a realização de um único evento. Outro fator que impede a utilização do SRP para contratação de eventos, segundo o TCU, é a ausência de padronização, ocasionada, entre outros, por diferença de custos do setor entre as empresas, sazonalidades e volatilidade dos custos de mão de obra. De acordo com o relator do processo, ministro Benjamin Zymler, “o SRP é mais uma poderosa arma num arsenal de mecanismos para melhor dotar os gestores de instrumentos para contratações que mais atendam o interesse público, mas alguns tipos de objeto, por suas singularidades e características, não podem ser contratados mediante registro de preços”. O relator também mencionou que “em tais objetos, não padronizáveis por natureza, caracterizados por elevada imponderação em termos de satisfação das necessidades pelo adquirente, o SRP é inaplicável”. Assim, o Tribunal determinou ao MPOG que, no prazo de 15 dias, anule o pregão eletrônico para registro de preços 12/2015. Além disso, o TCU determinou as seguintes medidas a serem observadas em futuras licitações para registro de preços: deve ser obrigatória a contratação por item e não por preço global; deve ser motivada no edital a eventual previsão de adesão à ata por órgãos ou entidades, chamados de “caronas”, não participantes dos procedimentos iniciais; e o objeto deve ser padronizável. Leia a íntegra da decisão: Acórdão 1712/2015 - Plenário Processo: 004.937/2015-5 Sessão: 15/07/2015 Secom – PB/SG MPOG DEVE ANULAR PREGÃO ELETRÔNICO PARA CONTRATAÇÃO DE EVENTOS, DETERMINA TCU

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B O L E T I M J U R Í D I C O I N F O R M A T I V O - S E B R A E N A contato: [email protected]

I N F O R M A T I V O11ª EDIÇÃO / OUTUBRO 2015

BOLETIM J U R Í D I C O

O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a anulação do pregão eletrônico 12/2015 para Sistema de Registro de Preços (SRP) conduzido pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG). O objetivo do pregão envolvia a prestação de serviços de planejamento, organização e coordenação de eventos.

O valor inicialmente estimado para a contratação era de R$ 24,4 milhões. No entanto, devido à alta disputa do pregão, com a participação de 65 empresas, o lance vencedor foi de R$ 9,9 milhões, um desconto de 59,41% em relação ao estimado. A vantagem para a administração, porém, não ocorreria, pois o TCU verificou que o contrato previa que os quantitativos da planilha orçamentária eram apenas estimativos, sem expectativa de contratação. Esta ocorreria pelo valor de cada item registrado como valor unitário na ata de registro de preços, a critério do MPOG.

Esse registro unitário foi observado pelo Tribunal como possibilidade de causar dano ao erário, porque eventuais adesões por outros órgãos à ata de registro de preços seriam feitas por itens individuais, e não pelo lote de itens ofertados pela licitante ganhadora. Tais itens da licitação, que teve como critério o menor preço global, poderiam ter custos unitários superiores aos ofertados pelos demais licitantes, permitindo a contratação com empresa que não ofereceu o melhor preço para determinado componente. O possível prejuízo ocorreria, também, pelo fato de que o orçamento base da licitação não previu preços coerentes com os valores de mercado.

A análise do TCU constatou que o edital continha excesso de requisitos para qualificação econômico-financeira, fixação de preços mínimos e superdimensionamento de demanda da contratação. O TCU também verificou falta de regionalização dos preços, contratação de uma única empresa para atuação em todo o País e dupla remuneração, pois a empresa a ser contratada receberia as diárias de serviço de assessoria técnica, além da taxa de administração incidente nos serviços.

O trabalho também identificou ausência de justificativa para o pagamento de hospedagem a servidores públicos e colaboradores eventuais mediante a utilização de contratos de promoção de

eventos, em vez do pagamento regulamentar de diárias previsto em lei. Outro aspecto verificado foram indícios de sobrepreço, quando a licitação foi comparada com outras semelhantes.

O Tribunal tem firmado entendimento, a exemplo do Acórdão nº 1.678/2015-TCU Plenário, sobre a não utilização do SRP para casos em que não houver demanda de itens isolados, pelo fato de os serviços não poderem ser dissociados uns dos outros, não havendo, assim, a divisibilidade do objeto. A contratação de empresas promotoras de eventos configura essa impossibilidade, pois o parcelamento da licitação em itens é inviável, por resultar na contratação de vários fornecedores ou prestadores de serviço para a realização de um único evento. Outro fator que impede a utilização do SRP para contratação de eventos, segundo o TCU, é a ausência de padronização, ocasionada, entre outros, por diferença de custos do setor entre as empresas, sazonalidades e volatilidade dos custos de mão de obra.

De acordo com o relator do processo, ministro Benjamin Zymler, “o SRP é mais uma poderosa arma num arsenal de mecanismos para melhor dotar os gestores de instrumentos para contratações que mais atendam o interesse público, mas alguns tipos de objeto, por suas singularidades e características, não podem ser contratados mediante registro de preços”. O relator também mencionou que “em tais objetos, não padronizáveis por natureza, caracterizados por elevada imponderação em termos de satisfação das necessidades pelo adquirente, o SRP é inaplicável”.

Assim, o Tribunal determinou ao MPOG que, no prazo de 15 dias, anule o pregão eletrônico para registro de preços 12/2015. Além disso, o TCU determinou as seguintes medidas a serem observadas em futuras licitações para registro de preços: deve ser obrigatória a contratação por item e não por preço global; deve ser motivada no edital a eventual previsão de adesão à ata por órgãos ou entidades, chamados de “caronas”, não participantes dos procedimentos iniciais; e o objeto deve ser padronizável.

Leia a íntegra da decisão: Acórdão 1712/2015 - PlenárioProcesso: 004.937/2015-5Sessão: 15/07/2015Secom – PB/SG

MPOG DEVE ANULAR PREGÃO ELETRÔNICO PARA CONTRATAÇÃO DE EVENTOS, DETERMINA TCU

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15% sobre as notas fiscais de serviços prestados por pessoas físicas vincula-das a cooperativas, e determinar que a União se abstenha de constituir crédito em desfavor da autora, especificamente quanto à referida exação.

A decisão, ainda que preliminar, interessa a todo o Sistema Sebrae. Parabéns à assessoria jurídica pela atuação e empenho na condução do processo.

Ação Civil Pública SGC – Sebrae SPFoi firmado no dia 17 de julho

de 2015, acordo entre o Sebrae SP e o Ministério Público do Trabalho (MPT), no âmbito da Ação Civil Pú-blica (ACP), contando, assim, com a participação do Tribunal Superior do Trabalho (TST) - (Processo nº TST--RR-73800-04.2006.5.02.0056).

A redação do acordo foi favorável à forma de atuação do Sebrae, conside-rando que restringiu a contratação de cooperativas, ou quaisquer empresas interpostas, quando presente os requi-sitos dos artigos 2º e 3º da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT): continuidade; onerosidade; pessoalidade; alteridade; e subordinação.

Quanto ao valor da multa, esta restou firmada em R$ 10 milhões, a ser revertida em algumas atividades em prol do trabalhador, definidas pelo MPT.

Acreditamos que o saldo tenha sido bem favorável ao Sistema Se-brae, considerando o vulto que a ACP tomou e a sua potencialidade de pre-juízo. Parabéns à equipe do Sebrae SP pela excelente condução do assunto e pela importante vitória.

Vitória do Sebrae ESO Sebrae ES obteve importante deci-

são em ação tributária movida em face do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Em síntese, a ação objetiva o re-

conhecimento da inconstitucionalidade da contribuição social prevista no artigo 22, inciso IV, da Lei nº 8.212/1991, paga pelo tomador do serviço à base de 15% sobre as notas fiscais de serviços pres-tados por pessoas físicas vinculadas a cooperativas.

Entre os pedidos do autor, foi reque-rida a concessão de tutela antecipada, para que fosse determinada à União a suspensão da exigibilidade da contribui-ção em questão até o julgamento final da ação, bem como que a ré se abstivesse de constituir crédito em desfavor da parte autora.

A União reconheceu a pro-cedência do pedido quanto à inconstitucionalidade decla-rada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da contribuição previdenciária cobrada dos tomadores de serviços de cooperativas, afirmando que, no prazo de contestação, irá se manifestar acerca da cor-reção dos valores indicados para repetição.

Assim, restou deferido o pedido de antecipação de tutela para suspender a exigibilidade da contribuição previdenciária prevista no artigo 22, inciso IV, da Lei nº 8.212/1991, paga pelo to-mador do serviço à base de

VITÓRIAS DO SISTEMA SEBRAE: IMPORTANTES DECISÕES JUDICIAIS OBTIDAS RECENTEMENTE

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XIX ENCONTRO NACIONAL DAS ASSESSORIAS JURÍDICAS

B O L E T I M J U R Í D I C O I N F O R M A T I V O - S E B R A E N A

Prezados colegas, infelizmente, em razão das últimas notícias sobre possíveis cortes no orçamento do Sistema Sebrae, não será mais realizada a 19ª edição do Encontro Nacional

das Assessorias Jurídicas do Sistema Sebrae, em 2015.

Pedimos desculpas por eventuais transtornos causados a todos, em especial, ao Sebrae SC e às unidades de

CURSO: O NOVO CÓDIGO DE

PROCESSO CIVIL BRASILEIRO

apoio do Sebrae NA que já estavam em processo de organização do evento.

Agradecemos imensamente a compreensão de todos!

O Sebrae Nacional o ferecerá aos advogados do Sistema Sebrae c u r s o s o b r e o n o v o C ó d i g o d e Processo Civi l (CPC). O objet ivo será atual izar os operadores do direito com relação ao novo código, m e d i a n t e a p r o b l e m a t i z a ç ã o das mudanças p roced imen ta i s

p r o m o v i d a s p e l o n o v o C P C , comparando -as à d inâmica do código vigente, bem como discutir os temas cont roversos do novo código. O curso será realizado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em parceria com a Universidade Corporativa (UC) do

Sebrae, e ocorrerá nas dependências da UC Sebrae, nos dias 12, 13, 14 de novembro de 2015 (Módulo 1) e 26, 27 e 28 de novembro de 2015 (Módulo 2), em Brasília, com carga horária de 48 horas. Em breve, informaremos mais detalhes e os procedimentos para realização das inscrições.

LEMBRETEJá enviamos no e-mail do grupo, os modelos de petição sobre a incidência da contribuição previdenciária

sobre serviços prestados por cooperativas, bem como sobre o pedido de imunidade tributária decorrente do

imposto de renda sobre aplicações financeiras.

Pedimos aos colegas que ajuizarem as ações que nos informem sobre o ingresso e sobre as decisões para que

possamos compartilhar o quadro geral com todos os colegas.

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QUEM É QUEM

Unidade de Assessoria Jurídica – UASJUR

Presidente do Conselho Deliberativo Nacional: Robson Braga de Andrade | Diretor-Presidente: Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho | Diretora Técnica: Heloisa Regina Guimarães

de Menezes | Diretor de Administração e Finanças: José Claudio dos Santos | Gerente da Unidade: Larissa Costa | Coordenação: Emily Lima | Apoio: Neliany Medeiros |

Advogados da Uasjur: Emily Lima | Jussara Malheiros | Larissa Costa| Rodrigo Debiasi | Rosane Azevedo | Sérgio Carazza | Simone Caixeta | Thiago D’Albuquerque

Nesta edição, o integrante da equipe da Assessoria Jurídica do Sebrae Nacional.Rosane Ferreira AzevedoTempo no Sebrae: 18 anos.E-mail: [email protected]

“Há 18 anos no Sebrae Nac iona l , trabalhei por quatro anos na Presidência do Conselho Deliberativo Nacional (CDN), responsável pela agenda de t rabalho do Presidente e apoio às reuniões do CDN. Depois, na Unidade de Assessoria In te rnac iona l , e ra responsáve l pe la organização de missões internacionais. Em 2001, na Secretaria Geral, apoiei o Processo Decisório e o relacionamento do Sebrae Nacional com as Diretorias e Conse lhos dos Seb rae UFs . A tue i c o m o r e p r e s e n t a n t e d o S e b r a e n o s CDE/AC e no CDE/SE e também como gestora do projeto Gestão de Processos organizacionais . Formada em Dire i to desde 2007, e com a carteira da ordem, pleiteei uma oportunidade na Unidade de Assessor ia Jur íd ica, na qual atuo desde setembro/2009, trabalhando com processos administrativos e judiciais. Fui responsável por apoiar a implantação do projeto Modelo de Advocacia Preventiva no Sebrae AC e no Sebrae BA . Desde 2014, sou educadora corporativa pela UCSebrae com a of ic ina Instrução de Processos Administrativos. Trabalhar no

Contamos com a colaboração de todos os colegas, que podem enviar suas sugestões de matérias, críticas e elogios para o e-mail: [email protected].

Sebrae abriu um horizonte com relação à responsabilidade política e econômica n o a p o i o a o s p e q u e n o s n e g ó c i o s , responsáveis pela maioria dos empregos no País. Embora tivesse uma bagagem de trabalho aqui no Sebrae, e mesmo fora, trabalhar na Uasjur é um desafio que estimula o meu crescimento pessoal e profissional e sou muito grata por isso.”