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MOZAMBIQUE Boletim de Preços mVAM #1: Julho 2016
Milho em grão duas vezes mais caro do que em Julho de 2015
Destaques:
A seca reduziu a produção de cereais, tornando o milho em grão duas vezes mais caro em Gaza, Tete e Sofala comparado a Julho de 2015.
Em Julho de 2016, Gaza registou o preço mais elevado para o milho em grão, enquanto Tete registou o mais elevado preço de farinha de milho, particularmente no distrito de Mágoe.
O milho em grão foi o alimento de primeira necessidade que os comerciantes mais reportaram ter abastecimento reduzido.
WFP/Hagar Ibrahim
Metodologia: mVAM (mobile Vulnerability Analysis and Mapping)- colheita de
dados à distância para Análise de Vulnerabilidade e Mapeamento
Em Junho de 2016, o escritório nacional do PMA Moçambique criou condições para ter
uma central de chamadas no âmbito da iniciativa global do PMA para colheita de dados à
distância, usando telefone celular, para colheita de dados sobre preços e disponibilidade
de alimentos, como parte da Análise de Vulnerabilidade e Mapeamento (mVAM). Os
dados incluídos neste Boletim foram obtidos por um operador, através de entrevistas
semanais feitas telefonicamente, entre os dias 4 e 29 de Julho, a 69 comerciantes de 13
distritos em Gaza, Tete e Sofala. As perguntas da entrevista focalizaram nos preços de
alimentos básicos tais como milho em grão, farinha de milho, arroz e óleo de cozinha.
Houve também uma pergunta aberta sobre a percepção dos comerciantes em relação à
situação de segurança alimentar em suas zonas. As respostas foram também analisadas
pelo cálculo de frequência de palavras (Word Cloud). As respostas às perguntas ao
telefone podem ser tendenciosas, pelo que este Boletim reporta padrões e tendências ao
invés de estimativas precisas.
Cerca de 14 por cento da população (cerca de 1.5 milhão de
pessoas) está na Fase 3 (Crise) do IPC (Classificação Integrada de Fases
de Segurança Alimentar) em 73 distritos de 7 províncias mais afectadas
pela seca. Cinco por cento da população em Tete, Sofala e Gaza está na
Fase 4 (Emergência) do IPC; agregados familiares nestas províncias foram
mais afectadas pela má colheita e deterioração de formas de vida. Embora
se espere que a situação melhore ligeiramente entre Julho e Setembro de
2016 devido à colheita de segunda época, que representa apenas 5 por
cento da colheita anual, é provável que a segurança alimentar deteriore
durante a época magra (Outubro 2016 a Fevereiro 2017), quando cerca de
30 a 45 por cento de agregados familiares estará em situação de
insegurança alimentar aguda, da qual 5 a 10 por cento estará na Fase 4
(Emergência) do IPC (IPC Note Summary, July 2016).
Situação Actual de Segurança Alimentar
WFP/Hagar Ibrahim
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Boletim de Preços mVAM #1: Julho 2016
Milho em grão duas vezes mais caro do que no ano passado (2015)
MOZAMBIQUE
Mapa 1: Preço de milho em grão (1kg) de distritos monitorados, Julho de 2016
A produção de cereais na campanha agrícola 2015/6 esteve abaixo da média, particularmente nas áreas afectadas pela seca em partes do sul e centro de Moçambique.
Condições de seca e chuvas fracas prejudicaram a produção de culturas e causaram perdas, levando ao aumento dos preços de alimentos. Cerca de 12 por cento da área
total semeada ficou perdida por causa da seca em Sofala, Tete, Inhambane, Gaza e Maputo (FAO/GIEWS, April 2016).
Os dados do mVAM de Julho de 2016 mostram que,
em todas as províncias monitoradas, o preço médio do
milho em grão é mais que o dobro do preço em igual
período do ano passado. Os preços do milho em grão,
em Gaza e Sofala variam entre 22.60 a 27.30
meticais/kg. Os preços mais baixos foram registados
em Xai-Xai (Gaza) e Beira (Sofala), os maiores
mercados de ambas as províncias. O preço mais
elevado foi registado em Bilene-Macia (Gaza), onde
comerciantes enfrentaram dificuldades no transporte
de alimentos. O transporte de alimentos foi
prejudicado pelo agravamento de insegurança militar
na região central, que também abastece os mercados
do sul com produtos alimentares básicos. O preço do
milho em grão em Tete variou muito de distrito para
distrito. Os preços mais baixos foram registados nas
áreas de produção do norte da província tais como os
distritos de Chifunde e Tsangano, enquanto os preços
mais elevados foram observados em Mutarara e
Mágoe, onde as más condições das estradas
contribuem para os preços elevados do milho em grão.
Para a farinha de milho, o preço médio mais elevado
em Julho de 2016 registou-se em Tete na ordem dos
40.8 meticais/kg, cerca de 17 por cento mais alto que
em Julho de 2015 (Sistema de Informação de
Mercados Agrícolas – SIMA). Na província da Tete, o
preço mais alto da farinha de milho foi registado no
distrito de Mágoe (55.4 meticais/kg). Em Gaza, o preço
médio da farinha de milho foi de 36.3 meticais/kg; o
preço mais baixo foi registado em Chókwe e o mais
elevado em Massingir.
Figura 1: Preço de retalho para milho em grão (1kg) por distrito e
província em Julho de 2016 vs. média mensal por província em
Julho de 2015*
Figura 2: Preço de retalho para farinha de milho (1kg) por distrito
e província em Julho de 2016 vs. média mensal por província em
Julho de 2015*
Fontes: mVAM Julho 2016
Fontes: mVAM Julho 2016; SIMA para Julho de 2015
Fontes: mVAM Julho 2016; SIMA para Julho de 2015
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Boletim de Preços mVAM #1: Julho 2016
Produtos importados mais caros devido à depreciação do metical
MOZAMBIQUE
Figura 3: Preço de retalho para arroz (1kg) por distrito e província em Julho de
2016 vs. média mensal por província em Julho de 2015*
Figura 4: Preço de retalho para óleo de cozinha (1 litro) por distrito e província
em Julho 2016 vs. média mensal por província em Julho de 2015*
Fontes: mVAM Julho 2016; SIMA para Julho de 2015 Fontes: mVAM Julho 2016; SIMA para Julho de 2015
*Média por província é exibida apenas se a monitoria cobre mais de um 1 distrito
Uma forte depreciação do metical está a sobrecarregar o preço de alimentos importados
como o arroz e o óleo de cozinha. Em média, os preços do arroz subiram 16 por cento em Gaza e 33 por cento em Tete
comparado a Julho de 2015 (SIMA). Em Gaza, os preços variaram de 40 meticais/kg em
Chókwe a 47 meticais/kg em Bilene-Macia. Em Tete, o preço mais baixo foi reportado na
cidade de Tete; os preços foram mais elevados em zonas rurais remotas, tais como Zumbo
e Mágoe. Comerciantes entrevistados nestes distritos disseram que abastecimentos são
muitas vezes escassos por causa de vias inacessíveis, e o comércio transfronteiriço para
Zâmbia e Zimbabwe é a principal fonte de abastecimento. Entre todas as áreas
monitoradas, o preço mais baixo para o arroz foi registado na Beira (Sofala), que constitui
um dos pontos de entrada para o comércio internacional no País. No geral, o preço médio de óleo de cozinha variou entre 95 meticais/litro em Xai-Xai e 108 meticais/litro em Mutarara, enquanto em Zumbo preços chegaram até aos 150 meticais/litro. Atualmente, o preço medio para o óleo está quase 50 por cento acima dos níveis do ano passado na província de Tete.
WFP/H
agar
Ibra
him
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Preocupações em relação à escassez de alimentos e reservas de produtos alimentares esgotadas
Boletim de Preços mVAM #1: Julho 2016 MOZAMBIQUE
WFP/Hagar Ibrahim
Comerciantes cada vez mais dependentes de comércio interprovincial/
distrital e transfronteiriço
Comerciantes preocupados com baixa precipitação e elevados preços de
alimentos
Durante o mês de Julho, o milho em grão foi o alimento de primeira necessidade com
menor disponibilidade. A falta de milho em grão foi mencionada pelos entrevistados em
67 por cento das chamadas feitas semanalmente em Gaza (maioritariamente nos distritos
de Chibuto e Chókwe) e em 29 por cento das chamadas semanais feitas em Tete
(principalmente em Mágoe). Comerciantes também reportaram fracos fornecimentos de
feijão nhemba, seguido de óleo de cozinha, arroz importado e farinha de milho.
A maioria dos entrevistados de todas as províncias disseram que estavam preocupados
com o esgotamento das reservas alimentares dentro de uma semana. A incerteza dos
comerciantes em relação à sua capacidade de reabastecimento foi maior durante a
segunda e terceira semanas do mês; mais de 90 por cento dos comerciantes afirmou que
eles não seriam capazes de fazer as encomendas de reabastecimento.
A principal razão dada por comerciantes para as suas preocupações foi o aumento rápido
dos preços. Outros mencionaram restrições de transporte, incapacidade de realizar
grandes encomendas por falta de dinheiro, e a indisponibilidade de alimentos pelas fontes
de abastecimento. Alguns comerciantes também mencionaram que os fornecedores não
aceitam mais fornecer produtos a crédito.
Em Gaza, 56 por cento dos comerciantes entrevistados reportou ter adquirido milho em
grão e farinha de milho de outra província ou distrito – muito provavelmente por causa da
reduzida disponibilidade de milho nas zonas afectadas pela seca. Em Tete, a redução da
produção local obrigou os comerciantes a dependerem cada vez mais do comércio
transfronteiriço. Comerciantes entrevistados no distrito de Mágoe estão a reabastecer
suas reservas de milho em grão a partir do Zimbabwe. Em Tsangano – uma zona de
produção excedentária em Tete – comerciantes estão a reabastecer o milho em grão a
nível do próprio distrito. No caso da farinha de milho, metade dos comerciantes em
Zumbo reportaram o reabastecimento de suas reservas a partir da Zâmbia, enquanto
comerciantes de Mutarara compram na província.
Conforme ilustra a figura 5, comerciantes manifestaram-se preocupados
com a contínua subida dos preços de alimentos causada principalmente
pela falta de chuvas, prejudicando a produção agrícola e reduzindo a
disponibilidade de alimentos no mercado. Com efeito, a palavra ‘chuva’ foi
mencionada por quase 1 em cada 4 inquiridos. O poder de compra baixou,
visto que as pessoas não conseguem fazer face ao aumento acentuado dos
preços. Comerciantes em Tete reportaram que, devido à escassez local, o
milho tem sido importado da Zâmbia e Zimbabwe. Por outro lado, alguns
comerciantes reportaram a falta de arroz importado ligada ao défice de
moeda estrangeira e restrições de transporte.
WFP/Hagar Ibrahim
Fontes: mVAM Julho 2016
Nas palavras dos entrevistados
Recursos mVAM: Website: http://vam.wfp.org/sites/mvam_monitoring/
Blog: mvam.org
Toolkit: http://resources.vam.wfp.org/mVAM
Para mais informações:
Boletim de Preços mVAM #1: Julho 2016 MOZAMBIQUE
“A situação é má. Os preços
estão a subir constantemente e o
poder de compra é baixo”
- (Uma comerciante de Gaza, do
mercado de Chókwe/Lionde)
“Não há suficiente milho no
mercado esta semana. Ainda não
foi colhido da machamba”
- (Uma comerciante de Gaza, do
Mercado da Macia)
“A situação de seca continua,
mas nestes últimos dias caiu
alguma chuva que trouxe alguma
esperança para os agricultores”
- (Um comerciante de Gaza, do
Mercado da Macia/Ulombe)
“Há problemas devido à falta de
chuva. A maior parte do milho
nos mercados vem de outros
distritos e da Zâmbia”
- (Um comerciante de Tete,
Mercado de Magoe/Vembe)
Ute Meir [email protected]
Lara Carrilho [email protected]
Andrew Odero [email protected]
Arif Husain [email protected]
Figura 5: Nuvem de palavras mais referidas nas respostas dos entrevistados, Julho de 2016