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1 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13 th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X REPRESENTAÇÕES DE GÊNERO NA MÍDIA SOBRE A CORRIDA DE AVENTURA Fabiana Duarte e Silva 1 Ludmila Nunes Mourão 2 Resumo: Corrida de Aventura (CA) é uma competição multiesportiva em que participam equipes formadas por atletas de ambos os gêneros, com o intuito de percorrer longas distâncias em diferentes modalidades esportivas tal como mountain bike, trekking, canoagem, técnicas verticais e orientação cartográfica, no menor tempo possível, exigindo o máximo de sua resistência física e mental (Townes et al.,2004). Este trabalho tem como objetivo analisar as representações de gênero na corrida de aventura (CA) a partir da mídia. Para tal foi feita uma busca na ferramenta Google com as palavras chave mulher e corrida de aventura, no período de novembro e dezembro de 2016 e foram localizadas e analisadas reportagens nos sites: Revista Isto é, IG Esportes, Portal sua Corrida e Webventure. A partir da análise de sete reportagens foi possível observar que os discursos midiáticos são performativos e ajudam a preservar a tradicional hierarquia de gênero presente no esporte, também na CA. Verificou-se que as narrativas representam as mulheres atletas de CA como deusas e musas embora exaltem sua coragem e reforça a sua sub- representação no esporte quando destaca que na equipe a competência e função da mulher é de cuidadora, mediadora de conflitos e responsável pela alimentação. Estas mulheres na maioria das vezes são valorizadas muito mais por sua beleza física e coragem do que pela sua competência, conhecimento e resistência para a prática do esporte. Palavras-chave: Corrida de Aventura. Mulher. Mídia. Gênero. Introdução A corrida de aventura (CA) ainda é um esporte muito pouco conhecido e de pouca divulgação na mídia. Talvez por se tratar de um esporte de logística complexa, com provas de longa duração, e acontecer em ambientes inóspitos. Corrida de Aventura (CA) é uma competição multiesportiva em que participam equipes formadas por atletas de ambos os gêneros, com o intuito de percorrer longas distâncias em diferentes modalidades esportivas tais como mountain bike, trekking, canoagem, técnicas verticais e orientação cartográfica, no menor tempo possível, exigindo o máximo de sua resistência física e mental (TOWNES et al., 2004). A CA é praticada em equipes de duas ou quatro pessoas, onde o quarteto misto (tem a obrigatoriedade de um membro do sexo oposto), com a configuração de três homens e uma mulher, é a formação mais tradicional nas principais competições do Brasil e do mundo. Neste contexto, o que tem nos despertado interesse é a peculiaridade da participação das mulheres na CA e, especialmente, a imagem construída pela mídia a respeito destas mulheres. Esta pesquisa investigou reportagens em mídia digital sobre as mulheres atletas de CA. Nos tempos 1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Física. Universidade Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora, MG, Brasil 2 Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação em Educação Física. Universidade Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora, MG, Brasil

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Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),

Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X

REPRESENTAÇÕES DE GÊNERO NA MÍDIA SOBRE A CORRIDA DE AVENTURA

Fabiana Duarte e Silva1

Ludmila Nunes Mourão2

Resumo: Corrida de Aventura (CA) é uma competição multiesportiva em que participam equipes formadas por atletas

de ambos os gêneros, com o intuito de percorrer longas distâncias em diferentes modalidades esportivas tal como

mountain bike, trekking, canoagem, técnicas verticais e orientação cartográfica, no menor tempo possível, exigindo o

máximo de sua resistência física e mental (Townes et al.,2004). Este trabalho tem como objetivo analisar as

representações de gênero na corrida de aventura (CA) a partir da mídia. Para tal foi feita uma busca na

ferramenta Google com as palavras chave mulher e corrida de aventura, no período de novembro e dezembro de 2016 e

foram localizadas e analisadas reportagens nos sites: Revista Isto é, IG Esportes, Portal sua Corrida e Webventure. A

partir da análise de sete reportagens foi possível observar que os discursos midiáticos são performativos e ajudam a

preservar a tradicional hierarquia de gênero presente no esporte, também na CA. Verificou-se que as narrativas

representam as mulheres atletas de CA como deusas e musas embora exaltem sua coragem e reforça a sua sub-

representação no esporte quando destaca que na equipe a competência e função da mulher é de cuidadora, mediadora de

conflitos e responsável pela alimentação. Estas mulheres na maioria das vezes são valorizadas muito mais por sua

beleza física e coragem do que pela sua competência, conhecimento e resistência para a prática do esporte.

Palavras-chave: Corrida de Aventura. Mulher. Mídia. Gênero.

Introdução

A corrida de aventura (CA) ainda é um esporte muito pouco conhecido e de pouca

divulgação na mídia. Talvez por se tratar de um esporte de logística complexa, com provas de longa

duração, e acontecer em ambientes inóspitos.

Corrida de Aventura (CA) é uma competição multiesportiva em que participam equipes

formadas por atletas de ambos os gêneros, com o intuito de percorrer longas distâncias em

diferentes modalidades esportivas tais como mountain bike, trekking, canoagem, técnicas verticais e

orientação cartográfica, no menor tempo possível, exigindo o máximo de sua resistência física e

mental (TOWNES et al., 2004).

A CA é praticada em equipes de duas ou quatro pessoas, onde o quarteto misto (tem a

obrigatoriedade de um membro do sexo oposto), com a configuração de três homens e uma mulher,

é a formação mais tradicional nas principais competições do Brasil e do mundo.

Neste contexto, o que tem nos despertado interesse é a peculiaridade da participação das

mulheres na CA e, especialmente, a imagem construída pela mídia a respeito destas mulheres. Esta

pesquisa investigou reportagens em mídia digital sobre as mulheres atletas de CA. Nos tempos

1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Física. Universidade Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora, MG, Brasil 2 Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação em Educação Física. Universidade Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora, MG, Brasil

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atuais, os pesquisadores contam com a Internet como uma nova categoria de fontes documentais

para pesquisas históricas (ALMEIDA, 2011). No caso da Corrida de Aventura, por se tratar de um

esporte pouco conhecido, a maioria das matérias publicadas é por meio de site especializados, daí o

fato de nossa pesquisa ocorrer no Ciberespaço. Segundo Lévy (1999), o ciberespaço, ou rede

compreende um meio contemporâneo de interação interpessoal, oriundo da interconexão mundial de

computadores, configurando-se em um espaço-tempo eletrônico (apud RIHAN 2016, p. 17).

A pesquisa foi realizada por meio de busca na ferramenta Google com as palavras-chave

“mulher” e “corrida de aventura”, no período de novembro e dezembro de 2016, onde foram

localizadas sete reportagens, num recorte histórico de 2002 a 2013, com as seguintes manchetes: “A

garota Ecomotion” (Isto É - Gente), “Musas Aventureiras” (Isto É - Gente), “’Equipamento

Obrigatório, mulher é campeã de resistência na Corrida de Aventura” (IG Esportes), “Mulheres nas

Corridas de Aventura” (Webventure), “Vantagens e desvantagens encontradas por uma atleta de

corrida de aventura” (Webventure), “Força de Mulher” (Isto É - Comportamento) e “Sexo Fragil?”

(WRun - Portal sua Corrida).

De acordo com Rihan (2016, p.16) o webjornalismo configura-se como um novo meio de

divulgação da notícia esportiva. Por meio de notebooks, tablets, smartphones, ligados a uma rede, é

possível obter informações sobre variados esportes em qualquer momento ou lugar.

Ainda segundo a autora, “a mídia veicula representações e, juntamente com outros meios de

comunicação e com a própria vivência cotidiana, nos ajuda a compreender o mundo em que

vivemos, ainda que, na maioria das vezes, por meio de estereótipos” (RIHAN, 2016, p.16).

Estudos de vários autores que pesquisam a mídia e o esporte, demonstraram que a

representação da imagem da mulher atleta pela mídia brasileira, historicamente, está envolta em

uma nuvem de estereótipos, principalmente relacionados à estética corporal (GOELLNER, 2005;

MOURÃO, 2000; MOREL, 2005; TAVARES, 2015; RIHAN, 2016).

A partir destas considerações iniciais, trazemos como objetivo do estudo, analisar as

representações de gênero na CA a partir da mídia, por meio da análise crítica das reportagens

selecionadas à luz dos estudos pós-estruturalistas. Neste sentido, de acordo com Goellner (2013), o

feminismo pós-estruturalista se opõe à visão reducionista e binária (homem/mulher) e exalta as

diversas formas de vivenciarmos masculinidades e feminilidades, dentro das relações sociais.

Os “lifestyle sports” são dominados geralmente pela participação de homens e são

percebidos geralmente como masculinos, pelas características das vestimentas, estilo dos

praticantes, expressões e jargões (ANDERSON, 1999; FORD E BROWN, 2006; THORPE, 2011).

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Na América do Norte, comumente as pesquisas em esportes de aventura basearam-se em

posições teóricas de Bourdieu e Foucault com foco em relações de poder, teorias pós-modernas e

estudos sobre risco controlado. Entre os temas que foram examinados estão a comercialização, a

mediação (mídias sociais, vídeos, filmes, canais especializados como ESPN etc), desenvolvimento

de identidade e comunidades entre os participantes (SISJORD, 2015).

Os esportes de aventura também são conhecidos como esportes da natureza, já que a maior

diferenciação com os outros esportes é justamente o ambiente de prática. De acordo com Stoddart

(apud SCHWARTZ et al, 2013), o ambiente de prática dos esportes é capaz de incitar as questões

de gênero e as relações de poder existentes, o que poderia explicar a predominância masculina nos

esportes vividos em ambientes inóspitos.

Já para Anthonissen (apud SCHWARTZ et al, 2013), na natureza encontra-se presente a

pressão ao conformismo de gênero, o que pode favorecer oportunidades de reflexão sobre a

perspectiva de alteração de valores estereotipados. Essa afirmação tem origem na percepção de que

os esportes de aventura exigem características ditas masculinas, como autonomia, liderança, força

física e tomada de decisão.

Entretanto, de acordo com os estudos pós-estruturalistas, que tratam o gênero como

“categoria analítica”, compartilhamos da recusa de que o sexo anatômico é determinante na

imposição das diferenças entre homens e mulheres. Ademais, apontaremos que essas identidades

são construídas social e culturalmente.

Mulher invisível

A luta feminina pela igualdade de gênero associada ao campo do esporte parece agora, mais

do que nunca, exceder as quadras e pistas, adentrando as atividades e esportes de aventura

(SCHWARTZ et al, 2013).

Estudos apontam que mulheres, ao longo da história, superam barreiras culturalmente

impostas para se inserirem no campo dos esportes de aventura em diferentes modalidades

(FIGUEIRA, 2008; KAY; LABERGE, 2004; KNIJNIK et al, 2010; LIPPA, 2010; LARENDEAU;

SHARARA, 2008; ROBERTSON, 2003; SCHWARTZ et al, 2013; SISJORD, 2013; THORPE,

2011). Entretanto elas são praticamente invisíveis e suas conquistas ainda representam muito pouco

perto dos desafios que enfrentam. As mulheres ainda sofrem com avaliações negativas e restritivas

relativas à preferência pelo espaço público do esporte (MOURÃO, 2000).

A mídia, de certa forma, reforça este status quo, já que o destaque à figura masculina nos

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esportes é notória nos comerciais e materiais publicitários em que o homem (atletas masculinos de

renome) é mais cobiçado pelas grandes marcas.

Em algumas mídias especializadas em esportes de aventura, como canais de TV por

assinatura, é possível perceber, a predominância de reportagens sobre atletas homens, em relação às

atletas mulheres. Geralmente as mulheres que aparecem em programas de esportes ao ar livre nem

são atletas que se destacam nessas modalidades, e sim praticantes amadoras que possuem como

característica principal a beleza física. É raro ver programas com atletas mulheres que praticam

esportes de aventura como protagonistas, mostrando suas habilidades técnicas, sua competência

estratégica na atividade, ou sua coragem e radicalidade em determinado esporte ou competição

(FIGUEIRA, 2008).

Figueira e Goellner (2012), em estudo com mulheres skatistas, destacam que estas atletas,

para se fazerem vistas no campo do skate, tiveram que produzir e distribuir seus próprios meios de

divulgação. Através da criação da revista Check It Out, as skatistas ganharam voz e puderam dar

visibilidade às suas realizações no esporte, desde as manobras e participações em competições até

trajetórias pessoais, lutas, histórias, frustrações e conquistas.

As reportagens

Iniciaremos as análises com a reportagem da revista Isto É Gente, intitulada “Garota

Ecomotion”, veiculada no dia 27 de novembro de 2006, que tem como tema a participação da

Equipe Atenah na competição Ecomotion Pro, a maior corrida de aventura da América Latina. É

importante destacar que esta equipe foi a única em que a formação foi exclusivamente composta por

mulheres a participar de competições nacionais e internacionais de CA. Conforme trecho da

reportagem:

Mesmo após os intermináveis 558 quilômetros de prova, quem encontrou Sílvia Guimarães, a

Shubi, a bela capitã da equipe Vivo Atenah de corrida de aventura, minutos após cruzar a

linha de chegada, teve a impressão de que a moça foi dar uma voltinha no quarteirão.[...] a

musa da aventura brasileira conduziu o time que leva o nome da deusa grega da sabedoria ao

quarto lugar no Ecomotion Pró, a maior prova da modalidade da América Latina. [...] Além

de bela, Shubi, 1,67m de altura e 62kg, é fera [...] Ser atleta de aventura não é mesmo

sinônimo de desleixo. Antes das provas, Shubi sempre vai ao cabeleireiro fazer as mãos.[...]

Aos 30 anos, a capitã acredita que ainda terá muitas aventuras pela frente. [...] Sorte no

esporte, azar no amor. Pelo menos até agora Shubi ainda não encontrou seu corredor

“encantado”. Apesar da extenuante rotina de treinos e viagens, ela sonha em ter marido e

família para cuidar. (“Garota Ecomotion”. Fonte: Revista Isto É Gente, 2006).

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Já no título, a atleta ganha a alcunha de “Garota Ecomotion” e no discurso também destaca-

se os adjetivos utilizados, como musa e bela, típicas da forma preconceituosa da mídia na apreensão

limitada do universo feminino (FIGUEIRA; GOELLNER, 2009).

Quando o repórter se empenha em questionar sobre os cuidados com a beleza e a vida

afetiva, reforça a visão já destacada por Goellner (2003), de que sobre as mulheres interessam os

atributos de bela, feminina e maternal, pouco importando sua potencialidade em outros campos,

como por exemplo, no esporte. Mesmo se tratando de uma atleta, a entrevista prefere dar destaque

aos aspectos relacionados aos atributos da feminilidade normativa.

É interessante notar que dois anos depois, a mesma revista, elegeu as ‘musas’ da

competição, em ocasião da final do mundial de aventura em 2008. Abaixo trecho da matéria

intitulada “Musas Aventureiras - As atletas da corrida de aventura Ecomotion/Pro provam que é

possível unir força e vaidade numa das competições mais completas - e difíceis - do mundo”:

Mas engana-se quem pensa que uma corrida de aventura é território apenas masculino. As

mulheres representavam 25% dos atletas das 60 equipes participantes do Ecomotion/Pro. E,

além de poderosas, elas são belas e vaidosas.

Gente elegeu as musas da competição: Silvia Guimarães, a Shubi, 32 anos, que participa

das corridas de aventura há dez anos e se tornou uma referência no esporte, com cerca de 80

participações em competições nacionais e internacionais; e Suyanne Lourenço Freitas, 27

anos, que se apaixonou pela categoria há três anos[...].Grifo nosso. (“Musas Aventureiras”.

Fonte: Revista Isto É Gente, 2008).

Percebemos que em um período de dois anos, apesar da participação das mulheres

na competição ter aumentado, pouca coisa mudou na forma como elas são percebidas pela mídia.

O que observamos no esporte em geral, é que a figura do guerreiro é representada pelo

homem, sinônimo de atividade, virilidade e força. À mulher, até bem pouco tempo no ocidente, era

reservada uma figura passiva, mais como um objeto a ser contemplado do que um sujeito ativo.

(TAMBURRINI, 2001 apud BRANDÃO, CASAL, P.155). Segundo Lippa (2010), comumente o

papel da mulher é associado à fraqueza e detalhes estéticos. Desta forma, a luta das mulheres é

árdua para superar a normatividade cultural e socialmente criada de que as mulheres são muito

“femininas” para viverem se machucando, marcando a pele, ou, o que é pior, a consideração de que

são incompetentes para determinadas atividades.

Em outra reportagem analisada, publicada no Portal IG Esporte/ Aventura, no dia 14 de

agosto de 2013, com o título de ““Equipamento obrigatório”, mulher é campeã de resistência na

corrida de aventura”. O título faz alusão a uma regra específica do esporte, onde as equipes,

obrigatoriamente, precisam ser mistas, ou seja, formadas por homens e mulheres. Mas o que nos

chamou a atenção foi o fato de questionar um papel para a mulher dentro da equipe, como se sua

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presença precisasse ser justificada. Pensamos que a matéria acabou por reforçar papeis

estereotipados, atribuídos às mulheres. Segue início da reportagem:

Qual o papel da mulher na corrida de aventura? Ela é o nosso equipamento obrigatório". Esta

era a conversa na largada para da Ecomotion/Pro, que começou domingo e segue ao longo da

semana na Costa do Cacau, no Sul da Bahia. A brincadeira é por conta de uma exigência da

prova, que reúne equipes de quatro participantes e pelo menos um deve ser do sexo oposto.

Como são todos times masculinos, ter uma mulher virou obrigação. Mas a ala feminina se

mostra mais resistente aos desafios da corrida de aventura e também tem seu papel nas

equipes. (““Equipamento Obrigatório””. Fonte: Portal IG Esporte/ Aventura, 2013).

Dentre os supostos papeis que as mulheres atletas representam na equipe, os mais

destacados foram de ser a “cuidadora”, a “organizadora” (aqui no sentido de arrumadeira), o

“equilíbrio” e o “emocional” da equipe, conforme apontam os estudos de Kay e Laberge (2004). O

referido estudo examinou as relações de gênero na Endurance-based Adventure Racing, que é uma

corrida de aventura sem paradas, de vários dias de disputa entre equipes mistas de gênero. As

autoras concluíram que a CA, apesar de constituir um local de subversão, com a participação das

mulheres, quando destaca funções e papeis específicos da mulher dentro da equipe, ajuda a

preservar a tradicional hierarquia de gênero no esporte, naturalizando a fraqueza das mulheres e,

portanto, legitimando a dominação masculina.

No nosso estudo, na análise da mesma reportagem também encontramos evidências

similares aos estudos de de Kay e Laberge (2004) neste trecho:

“A mulher também pode levar cuidado e sensibilidade ao time, ainda mais falando de uma

prova que dura dias e na qual os competidores sentem fome, estão extremamente cansado,

quase não dormem e percorrem 620km aproximadamente [...] "Eu cuido dos meninos. O

Evandro é o nosso navegador e não me importo de dar a comida na boca se precisar. Eu me

preocupo se eles estão se alimentando, se hidratando", fala Renata Mariani, da Sol de

Indiada.[...] Neste ano, ela também ajudou na logística da prova. "Também sou a parte

técnica, que vê toda a comida, o que levar na caixa, como arrumar a caixa, a nossa

suplementação, os acessórios, se era preciso comprar mais alguma coisa", conta Renata.”

(““Equipamento Obrigatório””. Fonte: Portal IG Esporte/ Aventura, 2013).

Também é possível perceber a ênfase dada aos papeis da mulher no ambiente doméstico, de

acordo com o trecho: Rosemeri Muller faz parte da Papaventuras e compete o Ecomotion pela sexta vez. Não veio

mais porque ficou grávida - tem duas filhas, uma de 13 e outra de cinco anos. Ela se vê como

cérebro da equipe. "Acho que o meu papel no grupo é dar o equilíbrio. Posso dizer que sou o

cérebro, que vai com calma, analisando as coisas, dando um basta quando é necessário. Sou

muito ponderada. Já fiz mais de 50 provas e nunca desisti de nenhuma, então ajudo também

com o estímulo. Mas eu me cuido porque eu sei que tenho casa, duas filhas para cuidar. Eu

vou na minha e me divirto", explica a atleta de 44 anos [...]. Rose ainda brinca com a

diferença física para os homens. "Eles são mais fortes, claro. Não sou uma atleta boa na

corrida ou na bike. Acho que sou tipo um pato. Eu vou, aos poucos, e faço a minha parte em

todas as modalidades".(““Equipamento Obrigatório””. Fonte: Portal IG Esporte/ Aventura,

2013).

Na década anterior, no ano de 2002, a questão da presença da mulher na CA já intrigava a

mídia, como demonstra a matéria intitulada “Mulheres nas corridas de aventura”, veiculada no site

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Webventure:

Nas corridas de aventura, o espaço já está aberto para elas. As multiesportistas mostram,

nesta reportagem da Semana da Mulher, que sua presença é cada vez mais importante para o

sucesso de um time nos desafios extremos.[...]A participação das mulheres nos esportes de

aventura vem crescendo cada vez mais. Antes, o que era visto como dificuldade para o

chamado “sexo frágil”, agora é somente mais um obstáculo a ser atropelado pela força

feminina.[...] O esporte que mais tem favorecido a presença feminina é a corrida de aventura.

Em todas as competições da modalidade é obrigatória a presença de pelo menos uma mulher

na equipe. Elas são como os homens. No dia-a-dia, trabalham nas mais diversas profissões,

mas, na hora da prova, provam que são mais fortes do que possam parecer. (“Mulheres na

Corrida de Aventura”. Fonte: Webventure, 2002).

A matéria enfatiza a obrigatoriedade da mulher na equipe, o que nos faz questionar se a

aceitação da mulher no esporte, na verdade é uma pseudo-aceitação, mais por conta da regra do que

realmente da valorização da mulher no esporte.

A mesma reportagem, apesar de parecer exaltar a presença e a força feminina, reforça os

papeis socialmente esperados da mulher dentro da equipe:

“A mulher traz mais equilíbrio para o time. O homem é mais explosivo, estoura com qualquer

coisa. A mulher sabe como contornar uma situação. A aventura exige raciocínio e a mulher

pensa melhor”, diz Gabriela de Carvalho, estudante de educação física e integrante da equipe

Lobo Guará.[...]“Existem detalhes que o homem tem preguiça de fazer e a mulher tem o

cuidado. A mulher é resistência; o homem, explosão”, diz a administradora Laís Fleury, uma

das mulheres da equipe Rosa dos Ventos.[...] Andréa Catani, [...] diz que o que mais ajuda é o

instinto maternal. “A mulher se preocupa se a pessoa se alimentou e se está bem. Além disso,

passa a tranqüilidade necessária na competição”. [...] “A mulher, sem dúvida, é mais

organizada. Não deixa os homens esquecerem os equipamentos, o mais importante”,

completa a tradutora Luciana Vasconcelos, da equipe Bandeirante. (“Mulheres na Corrida de

Aventura”. Fonte: Webventure, 2002).

Mais uma vez podemos perceber a caracterização da mulher como uma pessoa mais

“equilibrada”, “organizada” e “maternal”. Como já apontou Guacira Lopes Louro (1997), tais

papéis atribuídos a um ou outro sexo, constituem-se como estruturas fixas baseadas em padrões

estabelecidos por cada sociedade. Esta visão limitada e estereotipada rechaça as múltiplas formas

que podem assumir as masculinidades e feminilidades e camuflam redes de poder que constituem as

hierarquias entre os gêneros (LOURO,1997, p. 24).

Mas também encontramos matérias que fogem ao senso comum, provando que nem toda

mídia enxerga as mulheres atletas da mesma forma. As três reportagens analisadas a seguir, todas

escritas por mulheres, vão ao encontro de uma perspectiva diferente, que valoriza a mulher no

esporte e supera os discursos normativos, com papeis definidos para homens e mulheres. Segundo

Louro (1997):

A vertente pós-estruralista, ao operar com o conceito de gênero, projeta para o termo uma

configuração que está para além da sua recorrência como uma categoria analítica. O gênero é

observado como algo que integra a identidade do sujeito, que faz parte da pessoa e a

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constitui. Decorre dessa representação uma importante diferenciação com relação a outras

abordagens feministas e historiográficas, que ao analisarem as mulheres e suas historicidades,

recorrem a conceitos como os de estereótipo e/ou papéis sexuais.” (LOURO,1997, p. 24).

A atleta de CA, Silvia Guimarães, em matéria veiculada no dia 15 de junho de 2005,

compartilha com os (as) leitores (as) sua experiência como integrante da Equipe Atenah, formada

exclusivamente por mulheres, em reportagem intitulada “Vantagens e desvantagens encontradas por

uma atleta de corrida de aventura”. De forma clara e direta, a atleta conta sobre o universo das

mulheres neste esporte, sem negar as diferenças físicas, reforça que estas não são limitadoras para a

participação das mulheres na CA, tampouco as coloca em situações inferiores às dos homens:

Como eu disse antes, esse esporte exige estratégia, além de trabalho em equipe, habilidades,

endurance e uma alta tolerância à dor, que nós sabemos que as mulheres dão um baile nos

homens nesse quesito. Pelo fato da mulher não ter a mesma força, por nossa natureza

acabamos usando mais o cérebro, pensando bem na estratégia, e sendo mais habilidosas nas

partes técnicas [...] (“Vantagens e desvantagens encontradas por uma atleta de corrida de

aventura” Fonte: Webventure, 2005).

A atleta também fala sobre a reação da mídia, em uma de suas participações com a Equipe

Atenah: No ano passado participei de uma competição na Croácia [...] Eu competi com a minha

equipe, e nessa ocasião, totalmente feminina, terminamos a prova em quatro lugar, entre 25

equipes e TODAS com três homens e uma mulher.[...]Quando a equipe apareceu pela

primeira vez no “briefing” da prova (momento da entrega dos mapas e apresentação das

equipes), já deu pra perceber os olhos curiosos, comentários e muito interesse da mídia. Não

foi a minha primeira vez competindo com uma equipe de mulheres, então já conhecia essa

reação, e sabia também que muitos deveriam estar se perguntando se a nossa equipe

terminaria a prova, atitude característica do machismo, não só dos homens, mas também de

algumas mulheres. (“Vantagens e desvantagens encontradas por uma atleta de corrida de

aventura” Fonte: Webventure, 2005).

Outra reportagem que supera os discursos normativos, foi veiculada no portal Isto É em

2004, com o título e subtítulo: “Força de Mulher- Única equipe feminina em corrida de aventura.

Na Croácia a brasileira Atenah conquista um fantástico quarto lugar”. Nesta matéria, a repórter Rita

Moraes conta sobre a participação das brasileiras numa difícil competição na Croácia, sem falar de

assuntos próprios do universo feminino, construídos culturalmente, como vaidade, beleza física ou

comportamentos estereotipados. Abaixo início da reportagem:

Estratégia, preparo, muita garra e dezenas de tubos de pomada contra assadura e vaselina.

Essas foram as armas usadas pelas quatro brasileiras da Clight Salomon Atenah, única equipe

feminina a disputar a quinta edição da Terra Incógnita [...] e conquistaram o quarto lugar. Um

resultado fantástico, já que elas competiam com equipes muito experientes, todas formadas

por três homens e uma mulher. (“Força de Mulher”. Fonte: Isto É, 2004).

A última matéria analisada que também merece destaque foi veiculada em agosto de 2013

no Portal Sua Corrida (WRun), intitulada “Sexo Fragil?”, a qual questiona justamente o rótulo

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culturalmente imposto às mulheres e o determinismo biológico, exaltando a subversão e a

feminilidade de resistência das atletas de CA. Abaixo trecho da reportagem:

A corrida de aventura só pode ser coisa para homem? Nada disso! As mulheres têm presença

marcante aqui no Ecomotion 2013. São 32 participantes, uma para cada equipe, sendo que

três delas são capitãs de seus times. Sem essa de sexo frágil, elas colocam medo em muito

marmanjo por aí. (““Sexo Frágil?””. Fonte: WRun, 2013).

Na matéria encontramos trecho que parece criticar o papel historicamente imposto às

mulheres de serem vaidosas:

Durante a prova, nada de se preocupar com a vaidade: cabelos presos, unhas cortadas, a

mesma roupa por vários dias, higiene mínima. Os únicos cuidados são com bolhas,

machucados e desconfortos que possam atrapalhar o rendimento. Cremes? Só o protetor

solar, para evitar uma ensolação. Nada de sono da beleza: só descansa o mínimo necessário

para continuar firme na disputa. (““Sexo Frágil?””. Fonte: WRun, 2013).

Em outro trecho mostra que a inserção na corrida de aventura não é algo quase impossível

para as mulheres, fato que pode encorajar outras mulheres na iniciação na CA:

Você corre na rua e quer saber se tem chances de se dar bem na aventura? Vai se animar ao

conhecer a história de gaúcha Leonice Cecconello, 45 anos, competidora da equipe Harpya.

Formada em Educação Física, ela costumava correr provinhas de 10 km na rua, sem grandes

pretensões. [...] Com 10 anos de corridas de aventura na bagagem, a gaúcha dá algumas dicas

para quem está pensando em começar no esporte: “Primeiro, a mulher tem que gostar de

mato, não pode ser patricinha. Tem que saber que vai passar por trilhas, pisar na lama, ver

bichos. Vai chegar toda suja – cabelo, maquiagem, fica tudo para depois, não dá para ser

fresca. (““Sexo Frágil?””. Fonte: WRun, 2013).

Percebemos neste último trecho que a atleta entrevistada dá um recado para as mulheres

“comuns” que obedecem aos parâmetros comportamentais impostos pela cultura, como se dissesse:

Na corrida de aventura não há lugar para vocês! De acordo com Guacira Lopes Louro (2004), os

corpos considerados pela sociedade como “comuns” ou “normais” são produzidos através de uma

série de artefatos culturais e marcas de gênero.

Estas três últimas matérias mostram que é possível fazer um webjornalismo esportivo que

visibiliza as mulheres também como protagonistas da CA.

Considerações Finais

Com a realização deste trabalho foi possível perceber que os discursos midiáticos, em sua

maioria, são performativos e ajudam a preservar a tradicional hierarquia de gênero, presente no

esporte, também na Corrida de Aventura.

As narrativas da mídia representam as mulheres atletas de CA como deusas e musas, embora

exaltem sua coragem. Elas são sub-representadas no esporte e a mídia destaca que, na equipe,

compete às mulheres a função de cuidadora, mediadora de conflitos e responsável pela alimentação.

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Essas mulheres, na maioria das vezes, são muito valorizadas. A beleza física ainda é mais destacada

pela mídia do que a coragem, competência, conhecimento e resistência para a prática do esporte.

Entretanto este estudo nos permitiu reconhecer a resistência das atletas de corrida de

aventura, num espaço comumente destinado aos homens.

Assim, acreditamos que as atletas de CA que são comumente representadas pela mídia como

musas, também chamam a atenção pela performance de ser bruta e enfrentar ambientes inóspitos e

hostis, criados pela natureza selvagem.

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Gender representations in the media about adventure racing

Abstract: Adventure Racing (AR) is a multi-sport competition involving teams formed by athletes

of both genders, with the intention of traveling long distances in different sports modalities such as

mountain biking, trekking, kayaking, vertical techniques and orienteering, in the shortest possible

time, demanding the maximum of their physical and mental resistance (Townes et al.,2004). This

work aims to analyze the representations of gender in the adventure racing from the media. For this

was done a search in the Google tool with the keywords woman and adventure race, in the period of

November and December of 2016. Were found and analyzed reports on the sites: Revista Isto é, IG

Esportes, Portal sua Corrida e Webventure. From the analysis of seven reports it was possible to

observe that the media discourses are performative and help preserve the traditional hierarchy of

gender present in sport, also in AR. It has been found that the narratives represent AR women

athletes as goddesses and muses although they exalt their courage and reinforces her under-

representation in sport when she emphasizes that in the team the competence and function of the

woman is a caregiver, conflict mediator and responsible for food. These women most of the time

are valued much more for their physical beauty and courage than for their competence, knowledge

and resistance to the practice of the sport.

Keywords: Adventure Racing. Woman. Media. Gender.