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Processo Constituinte em Angola Figura em destaque pág. 8 Pe. José Tchivangulula Entrevista pág. 13 Confira nesta edição pág. 9 IV Semana Social Nacional de Angola inform Informação sobre Direitos Humanos e o trabalho do Centro Cultural Mosaiko Edição trimestral F Distribuição gratuita Nº 10 Março 2010 Mosaiko Mosaiko Presidente executivo da Associação YOVE Balombo e Bucoio Ir. Domingas Loureiro

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O Processo Constituinte em Angola

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Page 1: Mosaiko inform 010

Processo Constituinte

em Angola

Figura em destaque

pág. 8

Pe. José Tchivangulula

Entrevista

pág. 13

Confira nesta edição pág. 9

IV Semana Social Nacional de Angola

inform Informação sobre Direitos Humanos e o trabalho do Centro Cultural Mosaiko Edição trimestral F Distribuição gratuita

Nº 10 Março 2010MosaikoMosaiko

Presidente executivo da Associação YOVE

Balombo e Bucoio

Ir. Domingas Loureiro

Page 2: Mosaiko inform 010

“ A minha liberdade termina onde começa a liberdade do outro”

Toda a relação entre pessoas é regida por um acordo simbólico entre as partes. Este

acordo pode ser escrito ou tácito. Independentemente da forma que este acordo assuma, a

vida em sociedade é um pacto entre os seus membros que deve visar multiplicar a harmonia

e reduzir ou controlar os conflitos.

As Constituições surgiram para pôr um travão ao poder “sem limites” dos “ soberanos”.

E assim, a história dos povos, das nações, dos Estados… as histórias de longe e de perto…

estão repletas de exemplos em que a finalidade principal destes contratos nem sempre foi res-

peitada. Houve chefes, sobas, reis…, que se julgaram insubstituíveis valorizando mais o seu

poder que o bem do seu povo. Mas importa reconhecer também que houve e há exemplos de

chefes – como Julius Nyerere ou Nelson Mandela - que depois de cumprirem a sua missão de

liderança em prol do seu povo, transmitiram-na a outros para que lhe dessem continuidade.

O processo constituinte angolano que se foi arrastando com diferentes enquadramentos

desde 1998, acabou por ser concluído de forma repentina, dando lugar à Constituição apro-

vada e promulgada em Fevereiro de 2010. Certamente que este texto tem elementos consen-

suais e outros mais discutíveis. Mas uma vez promulgado é actualmente a Lei-Mãe de Angola

e regula ou deve regular as relações entre nós. Mesmo o seu aperfeiçoamento será feito no

quadro da actual Constituição. De facto, a Constituição de Angola é de todos independente-

mente da nossa cor partidária e do ponto do país de que sejamos oriundos. A Constituição é de

todos nós, de Cabinda ao Cunene. Por isso é que o dever primeiro de todos nós é conhecê-la,

estudá-la, aprofundá-la e pôr em prática os princípios nela enunciados, a fim de que cada um

saiba os ganhos obtidos e os desafios a ultrapassar. Mas, acima de tudo, para que aumente a

nossa cultura de respeito pelas leis, a nossa cultura Democrática.

Contribuir para o aumento da cultura democrática em Angola foi um dos objectivos da IV

Semana Social Nacional. Numa iniciativa da CEAST e realização do Centro Cultural Mosaiko,

a IV Semana Social de 2011 teve como tema “ Democracia e Participação”. Na mesma senda

tem trabalhado o Y.O.V.E, nos municípios do Bocoio e Balombo, lutando sempre mais pela

Verdade, pela Justiça e pelo Desenvolvimento. A história da Ir. Domingas Loureiro é o exemplo

trazido para nos mostrar alguém cuja vida é dedicada ao serviço do bem-estar de outros.

Boa leitura!

Júlio Gonçalves Candeeiro, op

2Mosaiko

informMosaiko

ÍNDICE

Editorial .......................................................... 02

Júlio Gonçalves Candeeiro, op

Informando

A caminhada histórica da

Constituição Angolana ...................... 03

Lima de Oliveira

Estórias da História

A Revolução Francesa ............................... 07

Martins Figueira Bumba

Figura em destaque

Ir. Domingas Loureiro ................................ 08

Centro Cultural Mosaiko

Construindo

IV Semana Social Nacional

de Angola ............................................. 09

José Manuel Sebastião, op

Entrevista com

Pe. José Tchivangulula ........................... 13

Mónica Guedes

Reflectindo

O contributo dos agentes sociais

na divulgação da Constituição ............. 16

António Ebo

A importância da Constituição

na

nossa vida .................................................18

Faustina Icaia

Breves ............................................................ 20

e d i t o r i a le d i t o r i a le d i t o r i a le d i t o r i a le d i t o r i a le d i t o r i a le d i t o r i a le d i t o r i a le d i t o r i a le d i t o r i a le d i t o r i a le d i t o r i a l

Page 3: Mosaiko inform 010

Nº 10 / Março 2011 3

I n f o r m a n d oI n f o r m a n d oI n f o r m a n d oI n f o r m a n d oI n f o r m a n d oI n f o r m a n d oI n f o r m a n d oI n f o r m a n d oI n f o r m a n d oI n f o r m a n d oI n f o r m a n d oI n f o r m a n d oI n f o r m a n d oI n f o r m a n d oA aprovação da Constituição da República

conheceu um percurso bastante longo e complexo. O factor relevante atribui-se ao facto de que até 1975, Angola era uma colónia portuguesa com o estatuto de «Província Ultramarina». A Constituição que estava em vigor em Angola era a da República Portuguesa.

Um dos objectivos da luta de libertação nacional contra o colonialismo português era a conquista de um estatuto jurídico-constitucional próprio, que manifestaria as mais profundas aspirações do povo angolano. É assim que a recém aprovada «Consti-

tuição da República de Angola se filia e enquadra

directamente na já longa e persistente luta do povo

angolano, primeiro, para resistir à ocupação coloni-

zadora, depois para conquistar a independência e

a dignidade de um Estado soberano e, mais tarde,

para edificar, em Angola, um Estado democrático de

direito e uma sociedade justa»1 . O leitor irá descobrir os «altos e baixos» que

afectaram a caminhada processual em análise, até à sua aprovação. Em forma de resumo, mencionamos três importantes fases históricas que marcaram o processo constituinte angolano, desde 1975 até 2010:

Primeira fase

O processo constituinte angolano vem desde 1975, altura em que o nosso país tornou-se indepen-dente do colonialismo português. Desde o dia 11 de Novembro de 1975, os angolanos esperavam ter uma Constituição que regulasse a forma como estariam organizados politicamente. Infelizmente, o sonho não se realizou porque os representantes dos três movimentos de libertação nacional – nomeadamente, a FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola), o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola)

e UNITA (União Nacional para Independência Total de Angola) – não estavam de acordo, relativamente à construção de um Estado democrático de direito. O MPLA, na pessoa do seu re-presentante, Agostinho Neto, proclamou a independência de Angola e uma Lei Constitucional de cariz socialista.

A Lei Constitucional de 1975 foi apro-vada pelo organismo máximo do Estado socialista: o Conselho da Revolução2 e «no dia 11 de Novembro de 1975, entrou

em vigor a primeira Lei Constitucional da

história de Angola»3 . A mesma Lei tinha como objectivo «a total libertação do

Povo Angolano dos vestígios do colonialismo e da do-

minação e agressão do imperialismo e a construção

dum país próspero e democrático, completamente

livre de qualquer forma de exploração do homem pelo

homem…»4. Apesar de «toda a soberania» residir «no Povo Angolano», cabia ao MPLA a «direcção política, económica e social da Nação»5.

Neste contexto, a primeira alteração, efectuada em 1976, foi para reforçar os poderes e o papel do Presidente da República (Lei nº 71/76, de 11 de Novembro). A segunda ocorreu em 1977, que dava competência ao Presidente da República para nome-ar e exonerar o Primeiro-Ministro e o Vice Primeiro-Ministro (Lei nº 13/77, de 7 de Agosto). A terceira alteração aconteceu em 1979, com a extinção dos cargos de Primeiro-Ministro e Vice Primeiro-Ministro – órgãos herdados do governo colonial português (Lei nº 1/79).

A quarta alteração à Lei Constitucional de 1975 aconteceu em 23 de Setembro de 1980, quando o então Comité Central do MPLA aprovou uma resolu-

ção que havia alterado uma boa parte do conteúdo

1 Ver 5º parágrafo, do Preâmbulo da Constituição da República de Angola

2 O Conselho da Revolução era o «ór-gão supremo do poder do Estado». constituído por altos dirigentes do MPLA, do Governo e das FAPLA. Foi o órgão que fez o papel da As-sembleia do Povo até 1980.

3 Ver 2º parágrafo, do Preâmbulo da Constituição da República de Angola

4 Artigo 1º, da Lei Constitucional, da República Popular de Angola, de 1975.

5 Idem… artigo 2º

A Caminhada Histórica da Constituição Angolana

Page 4: Mosaiko inform 010

4Mosaiko

informMosaiko

i n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oda referida Lei Constitucional. A grande novidade da época foi a criação dos órgãos populares, tais como: a Assembleia do Povo e as Assembleias Po-pulares locais (Provinciais, Municipais e Comunais). A Assembleia do Povo (herdeira do antigo Conselho de Revolução) era agora «o órgão supremo do

poder do Estado», com a competência de «alterar

a Lei Constitucional, exercer a função legislativa

e exercer o controlo das actividades dos órgãos

centrais do aparelho do Estado: Governo, Tribunal

Supremo, Procuradoria, bem como as Assembleias

Provinciais6». É de salientar que o Presidente da Assembleia do Povo era o Presidente da República, que também era o Chefe do Governo da época. Era manifesto o princípio do centralismo democrático.

Como se acabou de ver, apesar de se terem feito alterações mais ou menos profundas, a organização do poder político do Estado, o sistema de governo e o regime político até então vigentes na dinâmica constitucional, nunca foram tocados.

Em 1991, o mundo testemunhou grandes refor-mas nos campos, político, económico e social; o destaque vai para a dissolução do bloco socialista do Leste Europeu e a queda do Muro de Berlim que unificou as antigas e desavindas Repúblicas Federal Alemã (RFA) e Democrática Alemã (RDA). Nessa altura, o país também estava a viver momentos cru-ciais: os acordos de Paz, entre o Governo angolano e a UNITA e a implantação da democracia multipar-tidária. No mesmo ano, a então Assembleia do Povo tinha aprovado a Lei nº 12/917 , que permitia criar as condições constitucionais necessárias para a imple-mentação da democracia pluripartidária; a ampliação do reconhecimento e garantias dos direitos e liber-dades fundamentais dos cidadãos; e a consagração constitucional da economia de mercado.

Segunda fase

Em 1992, a Assembleia do Povo aprovou a Lei nº 23/92, de 16 de Setembro (a segunda Lei de Revisão Constitucional) que deu azo às seguintes alterações: 1º) a designação do Estado para República de Angola

(em substituição da antiga República Popular de Angola); 2º) a designação do órgão legislativo para Assembleia Nacional (a nova designação da antiga Assembleia do Povo); e 3º) a retirada da designação Popular na denominação dos Tribunais.

No capítulo dos Direitos e Deveres Fundamen-tais, a Lei introduziu novos elementos, reforçando o reconhecimento e as garantias sobre os direitos e liberdades fundamentais, com base nos principais tratados sobre Direitos Humanos de que Angola já era Estado-Parte. Sobre a organização e funcionamento dos Órgãos do Estado, a Lei de Revisão Constitu-cional introduzia alterações de fundo, que obrigaram a reformulação de toda a redacção da primeira Lei Constitucional, com base no espírito do novo Estado democrático de direito assente num modelo de orga-nização do Estado baseado na separação de funções e interdependência dos órgãos de soberania e num sistema político semipresidencialista.

Foi através desta lei que se aprovou a primeira Lei Constitucional de um verdadeiro Estado democrá-tico de direito e com ela, nasce a Segunda República. O fundamento desta lei foi a construção do Estado democrático de direito, o exercício do poder político através do voto livre e secreto para a escolha dos órgãos de soberania. O sistema de governo que vigorou nesta fase foi o semi-presidencialista.

A aprovação da Constituição, segundo a referida lei, dependia da realização das eleições gerais em Se-tembro do mesmo ano, da estabilização sócio-política e económica do país e da criação de um conjunto de instituições que assegurassem o normal funcionamen-to do Estado democrático de direito vigente.

A referida aprovação da Constituição não veio a concretizar-se porque durante as eleições, o país caiu outra vez numa guerra fratricida. De facto, o prosseguimento de um processo constituinte – como este – precisava de uma estabilidade total no país, isto é, da consolidação da paz e da democracia. Só com essa «estabilidade» é que «o futuro órgão

legislativo» podia decidir e concretizar «o exercício

das suas competências de revisão constitucional e

6 Idem… p. 24

7 A Lei 12/91, não surgiu por acaso. Ele aparece como consequência do processo da desintegração do Bloco do Leste, mais concretamente a dis-solução da antiga União Soviética e a queda do Muro de Berlim (que cul-minou com a reunificação das antigas República Federal Alemã (RFA) e a República Democrática Alemã (RDA).

Page 5: Mosaiko inform 010

5Nº 10 / Março 2011

i n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oaprovação da Constituição da República de Angola»8 Infelizmente, a referida estabilidade não aconteceu porque, depois da realização das primeiras eleições multipartidárias, o país ficou (outra vez) mergulhado no conflito armado.

Terceira fase

A guerra pós-eleitoral (1992-1994) terminou com a assinatura do protocolo de Lusaka, entre o Governo e a UNITA. No mesmo Protocolo, estatuía-se a necessidade de se criar as con-dições necessárias para a aprovação da Cons-tituição. Foi assim que, em 28 de Outubro de 1997, a Assembleia Nacional criou a Comissão Constitucional, com o objectivo de “culminar o processo de reforma constitucional democrática9 em curso – conforme o que vinha previsto na Lei Constitucional e no Protocolo de Lusaka.

No ano seguinte (1998), a Assembleia Nacio-nal aprova a Lei 1/98, de 20 de Fevereiro, que exigia a aprovação da “futura Constituição de

Angola, antes da realização das próximas eleições

no País”10 . Pretendia-se “com este novo passo de reforma constitucional em Angola aprovar uma Constituição que promovesse e consolidasse as conquistas democráticas do Povo Angolano”11.

Os principais partidos com assento no Par-lamento da altura (MPLA, UNITA, FNLA e PRS) apresentaram as suas propostas de Constituição à presidência da Assembleia Nacional. Após alguns arranjos, os projectos foram entregues à apre-ciação dos cidadãos; houve até resoluções para a aprovação de novos símbolos da República: a bandeira e o hino nacional.

A sociedade civil organizou-se (apesar das poucas associações que existiam na época) e apresentou um conjunto de propostas à Comis-são Constitucional da Assembleia Nacional para serem tidas em conta. Tudo parecia decorrer normalmente, mas os pontos de vista defendidos por diferentes Partidos Políticos fizeram com que o processo ficasse encalhado e toda a sua estru-

tura orgânica – a Comissão Constitucional – fosse extinta em Dezembro de 2004.

Quarta fase

Uma década depois da interrupção do processo constituinte de 1998, os angolanos foram, pela se-gunda vez às urnas, isto é, no dia 5 de Novembro de 2008, para escolherem os deputados à Assembleia Nacional. Essas eleições deviam ter sido realizadas em 1996 ou 97, porque os Deputados à Assembleia Nacional são eleitos por sufrágio universal periódico, para um mandato de quatro anos12; mas o conflito armado que assolou o país durante 10 anos, não permitiu a realização do processo eleitoral.

Apesar das controvérsias que se registaram durante o processo eleitoral, as eleições foram consideradas «livres e justas» pelos observadores internacionais.

Em Janeiro de 2009, a Assembleia Nacional retomou o processo constituinte que havia sido suspenso, por divergências internas. O processo é retomado e tudo pareceu decorrer normalmente e, mais uma vez, os principais partidos políticos com assento parlamentar apresentaram as suas propostas de Constituição.

Sob a supervisão da presidência da Assem-bleia Nacional, a Comissão Constitucional começou, em finais Outubro, a publicar e apresentar aos cidadãos os três projectos de Constituição e seus respectivos sistemas de governo, nomeadamente:

Projecto A – sistema Presidencialista; Projecto B – sistema Semi-Presidencialista; Projecto C – sistema Presidencialista-Parlamentar.

Os referidos Projectos foram apresentados ao público no período de Novembro e Dezembro de 2009. Para alguns constitucionalistas, o tempo dado foi muito pouco. Nas suas habituais reflexões, o constitucionalista e professor universitário, Fernando Macedo interrogou-se a propósito: “Porquê tanta pres-

sa… tanto da Assembleia Nacional quanto do Tribunal

Constitucional?13”. Na visão de Fernando Macedo “o

processo (constituinte) deveria ter duas fases, uma pri-

meira, de educação cívica do povo. Nesta fase explicar-

8 5º parágrafo do Preambulo da Lei nº 23/92, de 16 de Setembro.

9 Terceiro parágrafo do preâmbulo da Lei 1/98, de 20 de Fevereiro.

10 Quarto parágrafo do preâmbulo da Lei 1/98, de 20 de Fevereiro.

11 Idem… quinto parágrafo.

12 Última parte do número 1, do artigo 78º, LC.

13 MACEDO, Fernando, in Sem Meias Pala-vras, Semanário Angolense, Sábado, 6 de Fevereiro de 2010, p. 22

Page 6: Mosaiko inform 010

6Mosaiko

informMosaiko

i n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d oi n f o r m a n d o

Lima de Oliveira

se-ia ao povo quais devem ser as características de

uma constituição democrática, os vários sistemas de

governo democráticos que podem ser adoptados e os

que não podem ser adoptados, por causa do artigo

159º da actual Constituição provisória (Lei Constitucio-

nal). Esta fase poderia demorar mais ou menos um ano.

Numa segunda fase, a Assembleia Nacional passaria

então a apresentação da proposta de Constituição,

para a qual os cidadãos seriam chamados, já mais

bem informados e formados a apresentara as suas

contribuições. Depois, seguir-se-ia o tratamento das

contribuições dos cidadãos.

E finalmente a aprovação da

Constituição.14”No dia 21 de Janeiro de

2010, a Assembleia Nacio-nal, nas vestes de Assem-bleia Constituinte, apro-vou a minuta final do texto constitucional, adoptando-o como futuro estatuto da organização política da sociedade angolana. Mas o acto da aprovação foi tão controverso que o processo teve que ser submetido à apreciação do Tribunal Constitucional, para depois, voltar a ser aprovada sob a revisão do referido órgão judicial. Por isso é que, no último parágrafo do Título VIII (Disposições Finais e Transitórias) da Constituição está escrito assim: «Vista e aprovada pela Assembleia Consti-

tuinte, aos 21 de Janeiro de 2010 e, na sequência do

Acórdão do Tribunal Constitucional n.º 111/2010, de

30 de Janeiro, aos 03 de Fevereiro de 2010».No dia 5 de Fevereiro de 2010, a Constituição

da República foi promulgada, pelo Presidente da República, numa cerimónia que decorreu no Palácio Presidencial, em Luanda. O evento foi marcado com dois discursos principais: um do Juiz Presidente do Tribunal Constitucional que apresentou a visão do Tribunal Constitucional sobre o texto da Constituição e outro do Presidente da República que destacou os “compromissos” do Estado face às exigências cons-

titucionais, à luz do artigo 21º da Constituição. A imprensa que cobriu o evento considerou o acto

da seguinte forma: «A terceira República nasceu com

a promulgação… da Constituição da República de

Angola, pondo fim aos 19 anos de transição consti-

tucional democrática iniciada em 1991»15.No discurso solene que marcou o acto da promul-

gação, o juiz presidente do Tribunal Constitucional considerou a nova Constituição da seguinte forma: “esta é a Constituição dos angolanos, a Constituição

soberana e legitimamente sufragada pelos legítimos

representantes do titular

da soberania, o Povo”. É “uma Constituição moderna,

avançada, inovadora e vira-

da para o futuro”. Na óptica do Juiz Rui Ferreira “a carta

magna ora promulgada…

respeitou as regras sobre o

procedimento constituinte

estabelecidas na Lei Cons-

titucional”. “A fiscalização do Tribunal Constitucional

foi isenta, imparcial, criteriosa, objectiva e fundamen-

tada como se espera de um Tribunal num Estado

democrático de direito” 16. Por sua vez, o Presidente da República de-

fendeu que a Lei Magna ora promulgada responde às necessidades e expectativas mais nobres do nosso Povo e, segundo acrescentou, é fruto de um prolongado debate aberto, livre e democrático com todas as forças vivas da Nação. Segundo os dados apresentados pelo Presidente José Eduardo dos Santos, 94 por cento do conteúdo da Constituição foi aprovado por consenso. Apenas em cerca de 20 dos seus 244 artigos não existiu o desejável con-senso, razão pela se recorreu à sua aprovação, com apenas duas abstenções. Na ocasião, o Presidente aproveitou para anunciar a realização das eleições

gerais17 em 2012.

14 Idem… Semanário Angolense, Sá-bado, 19 de Dezembro de 2009, p. 14

15 Jornal de Angola, 6 de Fevereiro de 2010, p. 2

16 Idem.

17 As Eleições Gerais são aquelas que são realizadas em simultâneo, quer as legislativas como as presi-denciais. Mas à luz da nova Consti-tuição, as eleições presidenciais se fundem nas legislativas, na medida em que o candidato à Presidência da República é o cabeça de lista do partido. Ao votar no partido de sua escolha, o cidadão eleitor estará a votar, automaticamente, no candida-to do partido, que é também o cabe-ça de lista. Ficam de fora os chama-dos candidatos independentes.

Page 7: Mosaiko inform 010

7Nº 10 / Março 2011

e s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i ae s t ó r i a s d a H i s t ó r i aA Revolução Francesa

Se a marcha do Estado e a evolução da sociedade

correspondessem aos anseios da maioria dos súbditos

de Luís XVI, eles teriam sido suficientemente atilados

para se terem poupado a uma revolução. Desta feita,

para determinar as causas essenciais da Revolução,

basta responder a esta pergunta: contra quem foi feita

a Revolução? Mais tarde teremos ocasião de discernir

por quem e de concluir para quem.

A Revolução Francesa foi provocada por um mau

governo e enormes dife-

renças entre os ricos e

pobres, incentivadas por

novas ideias do Iluminis-

mo sobre os direitos das

pessoas e acelerada pela

revolução americana. Ou

seja, foi feita, em primeiro

lugar, contra o despotis-

mo; e, os promotores são

os próprios privilegiados,

que, contrariamente não

comungavam os projectos

fiscais de Calonne.

Quando os cidadãos de Paris souberam, revolta-

ram-se. O tumulto marcou o início de uma revolução

sangrenta na qual os rebeldes exigiam “Liberdade,

Igualdade e Fraternidade”.

Luís XVI, apesar da sua fuga, foi capturado e pre-

so. Em 04 de Junho de 1789, a monarquia foi abolida

e no ano seguinte Luís e sua mulher, Maria Antonieta,

foram executados. Nessa altura, o governo revolucio-

nário estava em guerra com a maioria dos Estados eu-

ropeus, que receavam que a revolução se espalhasse

aos seus países.

A característica essencial da Revolução Francesa

consistiu em realizar a unidade nacional do país atra-

vés da destruição do regime senhorial e das ordens

feudais privilegiadas, abolindo por todo o lado o resto

das instituições da Idade Media.

O papel jurídico da lógica deve-se ao facto de o es-

tudo da constituição dar lugar à consagração de diver-

sos conceitos, tais como a soberania, o governo, o sis-

tema político, a assembleia, os direitos fundamentais

(consagrados em todas as constituições dos Estados,

sem excepção), a revisão constitucional, etc.

A Revolução Francesa fundou uma nova socieda-

de. A burguesia que havia

tomado o poder político

tinha necessidade de im-

plantar um novo sistema

jurídico que a libertasse de

todas as sujeições e de to-

dos os entraves que o “an-

cien regime” fazia pesar

sobre ela, ao mesmo tem-

po que procurava aperfei-

çoar a doutrina económica

que estabelecia que a eco-

nomia era regida por leis

naturais que asseguravam

o equilíbrio e o progresso e sobre a qual o Estado não

devia intervir para que o equilíbrio se mantivesse.

Os novos detentores do poder que haviam fundado

a sociedade burguesa têm dificuldades em encontrar o

Estado adequado à sua gestão. É a partir desse mo-

delo de gestão de sociedade que se vão desenvolver

em diversos países a teoria do Direito Constitucional e

outras disciplinas tais como a teoria do Estado, a Ciên-

cia Política, a Sociologia Política, a História das Ideias

Políticas, etc.

Esta instabilidade histórica e constitucional tem re-

flectido, por um lado, as posições de Montesquieu e

por outro as posições de Rousseau.Martins Figueira Bumba

Page 8: Mosaiko inform 010

8Mosaiko

informMosaiko

Ficha Técnica

Mosaiko Inform

PropriedadeCentro Cultural Mosaiko

NIF: 7405000860

Nº registoMCS-492/B/2008

RedacçãoFernando da Silva

Florência ChimuandoHermenegildo Teotónio

Luis de França, opMónica Guedes

Colaboradores: António Ebo

Faustina IcaiaJosé Manuel Sebastião, op

Lima de OliveiraMartins Figueira Bumba

Técnico GráficoGabriel Kahenjengo

ContactosCentro Cultural Mosaiko

Bairro da Estalagem Km 12 - Viana

Caixa Postal 6945 CLuanda - Angola

Telefones923 543 546 / 912 508 604

Endereço electró[email protected]

Sítio na internethttp://mosaiko.op.org

ImpressãoIndugráfica, LdaFátima - Portugal

Tiragem: 2 500 exemplares

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Ir. Domingas LoureiroDomingas Loureiro nasceu em Angola, no seio

de uma família católica, na província rural do Kwan-za Norte. Quando tinha seis anos de idade, devido a uma condição com a sua perna, mudou-se para Lu-anda para viver com a sua tia. Foi durante este tempo que ela decidiu que o seu trabalho deveria ser ajudar as crianças, pois foram as crianças que a defenderam dos abusos da sua tia.

Estudou em Luanda até à quarta classe, altura em que regressou à sua terra de origem. Lá conheceu a irmã Fernanda Reis e começou a sua jornada para ser missionária. Elas divulgavam uma mensagem de esperança e de novos começos durante este tempo tumultuoso na história de Angola após a sua recente independência.

Entrou na Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena, sedeada em Luanda, na Igreja do Carmo, em 14 de Setembro de 1981 para se tornar numa missionária. Estudou até 1986 e foi assignada pela primeira vez na comunidade de Nda-latando, na Paróquia de S. João Baptista. Trabalhou nesta comunidade durante 3 anos e depois adoeceu; foi enviada para Portugal, para fazer tratamento. Foi em Portugal que a sua visão de educação e da estru-tura da sua futura escola nasceu. Ela viu rapazes e raparigas, ricos e pobres a estudarem juntos e deci-diu trazer o formato para Angola.

Quando regressou a Angola foi o período entre guerras e, novamente, espalhou a missão de paz e de renascimento. Começou com os programas de alfabetização, ganhando confiança nas suas habi-lidades e qualidades inatas, mas devido à segunda guerra de 1992, o projecto parou. A Irmã Domingas fi-cou a ajudar os necessitados durante dois anos, mas, novamente, caiu numa forte depressão e pediu tempo para regressar a Luanda para tratamento.

Na capital ela encontrou muitas pessoas desloca-das e começou a organizar esforços para ajudá-las a organizar campos e abrigos. Ela estava determina-da a ajudar na alfabetização das crianças e pediu à

sua congregação para construir uma escola para as crianças. Conseguiu o apoio financeiro da Sonangol e construiu a escola, a Escola da Paz, com vinte e duas salas de aula, campo de jogos, uma igreja, um posto médico e uma casa para as missionárias trabalharem ali.

As associações estavam tão impressionadas com o seu trabalho que ela recebeu novo financiamento para expandir a escola. Apesar de tudo, foi com este dinheiro que, eventualmente, se tornou a raiz do seu grande projecto.

A 23 de Agosto de 2002, ela obteve, finalmente, o estatuto legal para a Obra de Caridade da Criança Santa Isabel. Já tinha quinze crianças em casa da sua mãe. Obteve fundos adicionais de várias fontes e com um orçamento inicial de setenta mil dólares, a Irmã Domingas começou com o seu trabalho. Ha-via cinco jovens raparigas que trabalhavam com ela e que fizeram os milagres acontecer dentro da orga-nização. No início de 2003 ela recebeu mais fundos após visitas que revelavam o bom progresso no seu trabalho.

Recebeu apoio dos Missionários Salesianos de Dom Bosco, os quais a ajudaram imensamente. Mais tarde, contactou os seus amigos para irem aos fins-de-semana e ajudarem a formar as jovens. Ela ob-tinha credibilidade à medida que o sucesso do seu trabalho se expandia; trabalhava, eventualmente, em vinte e cinco bairros. Mais tarde, construiu quatro es-colas. Com isto o número de crianças foi gradualmen-te crescendo, de quinze para cinquenta.

A Irmã Domingas sempre sonhou em fazer algo pelas crianças. Para tanto deixou o convento por um ano, e teve que pedir autorização ao Vaticano para continuar o seu trabalho.

Neste projecto que nasceu em 2002, já cuidou de mais de 500 crianças, e alfabetizou cerca de 12 mil pessoas, entre jovens e adultos.

Centro Cultural Mosaiko

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C o n s t r u i n d oC o n s t r u i n d oC o n s t r u i n d oC o n s t r u i n d oC o n s t r u i n d oC o n s t r u i n d oC o n s t r u i n d oC o n s t r u i n d oC o n s t r u i n d oC o n s t r u i n d oC o n s t r u i n d oC o n s t r u i n d oC o n s t r u i n d o

Decorreu, de 11 a 15 de Janeiro de 2011, em Luanda, nas instalações do Seminário Maior de Lu-anda, a IV Semana Social Nacional de Angola. As Semanas Sociais Nacionais em Angola são uma ini-ciativa da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST - Bispos Católicos) que, até ao pre-sente, foram realizadas pelo Centro Cultural Mosai-ko. Como se faz questão de sublinhar nos diferentes documentos informativos das semanas sociais, elas são “um espaço de estudo, reflexão e debate aberto

em torno de um tema socialmente relevante para

ajudar os cristãos a tomar maior consciência das

suas enormes responsabilidades sociais, e procu-

rar caminhos concretos que possam ser sinais elo-

quentes do Evangelho de Cristo no mundo de hoje.

Porém, embora seja um acontecimento eclesial,

uma Semana Social é também um acontecimento

social que está aberto a escutar a voz de e a dar a

mão a pessoas de todas as correntes sociais, se-

jam aconfessionais, de outros credos religiosos ou

de outras confissões cristãs, promovendo, assim,

um maior conhecimento mútuo e lançando bases

para colaborações futuras. Além dos bispos, parti-

cipam na Semana Social representantes de todas

as dioceses e dos mais variados e relevantes sec-

tores da sociedade angolana”. Inspiradas no Evan-gelho e dentro da missão evangelizadora da Igreja, para quem nenhuma realidade humana é alheia, as Semanas Sociais, cuja primeira sessão teve lugar em França, vêm sendo realizadas há mais de cem anos em considerável número de nações de todos os continentes.

Até ao presente, em Angola, foram realizadas as seguintes semanas sociais nacionais: I) Educação para uma Cultura de Paz (1999), II) O Cidadão e a Política (2003), III) Justiça Social (2007). A IV acaba

IV Semana Social Nacional de Angola

de ser realizada. A escolha do seu tema “Democra-

cia e Participação” procurou, no actual contexto an Participação” procurou, no actual contexto an Participação” -golano de transição política, ainda de criação e ou consolidação de insti-tuições e processos democráticos, colocar no centro das aten-ções as distâncias entre a democracia formal (legal) e a de-mocracia substancial (decisões tomadas a partir de processos democráticos e parti-cipativos), estimulando à promoção de iniciativas por parte dos cristãos e de outros cidadãos. Assim, a IV Semana Social Nacional procurou contribuir para o aumento da consciência da necessidade de se promover uma crescente democratização para a consolidação da Paz em Angola.

Tendo como tema principal “Democracia e Parti-

cipação”, a IV Semana Social Nacional sub-dividiu-se em cinco painéis (um por dia) sub-divididos, por sua vez, em sub-temas: I-DEMOCRACIA E PAR-TICIPAÇÃO (Democracia Representativa e Demo-cracia Participativa; Experiências de Democracia Participativa: o caso da Noruega; Experiências de Democracia Participativa em Angola: experiências do LUPP – Programa de Luta contra a Pobreza Ur-bana); II-PODER LOCAL (Experiências Históricas de Poder Local em Angola; Experiências de Poder Local: o caso de Cabo-Verde; A realidade dos Con-selhos de Auscultação e Concertação Social: es-tudo de casos; Caminhos para a descentralização em Angola); III-ORÇAMENTO PÚBLICO E PARTI-

CIPAÇÃO (Processo de Orçamentação Pública

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A IV Semana Social

Nacional procurou

contribuir para o

aumento da consci-

ência da necessida-

de de se promover

uma crescente de-

mocratização para

a consolidação da

Paz em Angola..

em Angola; Gestão e Fiscalização do Orçamento; Orçamento Geral do Estado e Direitos Humanos: passado, presente e futuro; Garantias dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais em Angola); IV-

JUSTIÇA E PAR-TICIPAÇÃO (A Dimensão So-cial e Política da Justiça como um marco civilizacio-nal: o princípio da certeza e da se-

gurança do Direito; Virtudes, Limitações e Perspectivas no plano da or-ganização, da investigação e da Administração da Justiça em Angola; Relação directa entre Justiça, Constituição e Democracia; O Instituto da Defesa Pública na Constituição da República de Angola: conceitos, potencialidades, implicações e desa-fios); e V-IGREJA E PARTICIPAÇÃO (O Cristão e a participação na vida público-política; Estruturas de Participação na Vida da Igreja).

Os temas foram abordados por figuras, tanto internas (nacionais) como externas (estrangeiras), marcadamente afirmadas e de credibilidade re-conhecida, especialistas nos temas e com longos anos de prática sobre os mesmos temas. A confe-rência inaugural foi proferida pelo Professor Doutor Jorge Miranda, conceituado constitucionalista da Faculdade de Direito de Lisboa. A Semana contou ainda, entre outras, com a participação do Dr. José Luís Livramento Brito, destacada personalidade da elite cabo-verdiana e respeitado “opinion maker” desse país. O Dr. Paulo Tjipilika (Provedor da Jus-tiça de Angola), a Dra. Joaquina do Nascimento (Juíza Conselheira do Tribunal Supremo), o Dr. In-glês Pinto (Bastonário da Ordem dos Advogados de Angola), o Dr. Marcolino Moco (antigo primeiro mi-nistro), a Doutora Elisa Rangel, o Dr. Hermenegildo Cachimbombo (Presidente do Conselho Provincial de Luanda da Ordem dos Advogados de Angola) e o Dr. Samuel Aço (Antropólogo). Dois peritos nacio-

nais deram também a sua contribuição para esta IV Semana Social Nacional – o Dr. Alves da Rocha, economista e o Eng. Fernando Pacheco – agróno-mo, Coordenador do OPSA (Observatório Político e Social de Angola).

A Semana foi iniciada com uma celebração eu-carística presidida por D. Gabriel Mbilingi, Presiden-te da Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé, seguindo-se a abertura presidida por D. António Jaca – Bispo de Caxito e Presidente da Comissão Episcopal de Justiça e Paz. A Semana encerrou com uma celebração eucarística presidida por Sua Eminência Cardeal Alexandre do Nascimento que, como outros bispos, esteve presente em todas as sessões da Semana Social. D. Francisco da Mata Mourisca (Bispo Emérito do Uije), além de ter feito a homilia na missa de encerramento, proferiu, dentro do programa da Semana, uma conferência sobre “O Cristão e a participação na vida público-política”. D. Jaca, por sua vez, também proferiu o discurso de encerramento.

Embora magra de recursos financeiros, a pre-sente Semana Social ultrapassou largamente os limites de todas as outras. As sessões contaram com a presença média diária de cerca de 300 parti-cipantes. Estes eram representantes das diferentes dioceses, paróquias e organismos sócio-pastorais da Igreja e dos mais variados sectores da vida sócio-política angolana. Participaram eminentes representantes dos diferentes órgãos do Estado, deputados, juízes e altos funcionários de minis-térios. Os partidos políticos e as organizações da sociedade civil e das igrejas estiveram amplamente representados.

Nenhum meio de comunicação social relevan-te de Angola ficou sem divulgar a Semana Social, desde o seu lançamento, cujo momento alto foi a Conferência de Imprensa realizada na sede da Con-ferência Episcopal e presidida por D. Emílio Sum-belelo, seu Secretário Geral, até à divulgação das conclusões e recomendações e respectivos resulta-dos imediatos. Os mais diferentes órgãos com seus

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Emissora Católica de Angola, cognominada Rádio

de Confiança, Rádio do Povo e Rádio das Verda-des, transmitiu em directo todas as sessões, além de tê-lo feito em relação à conferência de imprensa, de ter-lhe dedicado o seu habitual debate informati-vo de Sábado (neste caso, o Sábado imediatamen-te anterior à Semana Social) e de ter repetidamente passado antes, durante e depois, diversos spots e anúncios sobre a semana. Além da transmissão em directo, a Rádio Ecclesia também retransmi-tiu várias conferências em momentos posteriores. Espantosamente, na altura em que decorreu a Semana Social, nenhum evento, em proporção, lhe ultrapassou em co-bertura mediática, o que resultou num aumento da presença de partici-pantes ao longo da se-mana, alguns mesmos vindos do interior do país motivados pelo que liam, viam e ouviam na media, já a Semana Social tinha começado.

O conjunto desta IV Semana Social revelou-se como um rebentar de balão farto, tão intensos e vi-vos eram os debates. Ficou mais do que evidente que “Democracia e Participação” são deveras ob-jecto da muita fome e da muita sede da vida sócio-política dos angolanos. A metodologia simples e di-recta usada fez que os conteúdos levantados pelos participantes em perguntas, comentários, réplicas, etc., fossem focalizados e objectivos, permitindo explorar, no máximo possível, da oportunidade e das implicações presentes nos e através dos enun-ciados dos temas, dos conteúdos apresentados e dos prelectores, vários dos quais com destacado poder de decisão e ou influência na sociedade em geral e nos sectores de sua inserção nos órgãos do Estado e nas organizações da sociedade civil.

Numa Angola a re-encontrar-se, vinda de longos anos de repressão colonial seguidos imediatamente de guerra civil de cerca de quarenta anos e estando ainda presentes, simultaneamente, os traumas e os seus causadores e mecanismos, a Semana So-cial, à diferença de muitos espaços aparentemente similares, revelou-se como um oásis de debates profundos, livres, frontais, desapaixonados, porque marcados por uma forte intencionalidade de busca de caminhos para o início e a consolidação efecti-va de hábitos e mecanismos de democracia e de participação pública. Porém, embora muitas, e em alguns casos as mesmas pessoas, puderam intervir no debate, infelizmente, o tempo não permitiu que todas falassem, o que recomenda que as próximas

Semanas Sociais sejam organizadas de tal modo que dediquem mais tem-po ao debate.

Entre os assuntos mais debatidos sobres-saíram a necessidade de implementação urgente das autarquias; transpa-

rência e participação nos processos de elaboração, implementação e fiscalização do Orçamento Geral do Estado; igualdade de oportunidades económicas e imparcialidade e celeridade da Justiça.

As conclusões e recomendações foram con-sentâneas em relação às reflexões e debates. Elas foram amplamente difundidas pela media e levadas pelos participantes. Não podendo destacar todas aqui, retenham-se, entretanto os pontos salientes de algumas:

v Que a Assembleia Nacional e o Executivo re-únam, sem delongas, todas as condições para que, num curto espaço de tempo, sejam criadas autarquias locais a fim de que as comunidades venham a ser, verdadeiramente e por direito, os autores do seu

desenvolvimento local;

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O conjunto desta

IV Semana Social

revelou-se como

um rebentar de

balão farto, tão

intensos e vivos

eram os debates.

Ficou mais do que

evidente que “De-

mocracia e Partici-

pação” são deveras

objecto da muita

fome e da muita

sede da vida sócio-

política dos ango-

lanos.

v Que as localidades e regiões mais recônditas do país sejam priorizadas nos diversos estudos e programas sociais, pois o processo de desenvolvi-mento deveria iniciar aí, como pudemos aprender de exemplos bem sucedidos noutros países;

v Considerando que a ri-queza do país é de todos e não de alguns, sejam criados e am-plamente divulgados os meca-nismos de participação efectiva dos cidadãos no processo de elaboração, execução e fisca-lização do Orçamento Geral do Estado nas diferentes regiões do país, invertendo-se a lógica actual em que a sua maior fatia é gerida pelos órgãos centrais do

Estado;v Os diferentes níveis do Executivo e as de-

mais entidades públicas prestem maior e melhor atenção a todas as formas associativas legítimas de cidadãos, sobretudo às organizações da so-ciedade civil instaladas no seio das comunidades, para melhor estudo dos problemas e identificação de soluções mais sustentáveis a partir de proces-sos participativos;

v Que os avanços no campo legislativo, no qual se destacam os princípios fundamentais que têm um amplo respaldo constitucional, sejam acom-panhados por uma concretização que não crie des-fazamentos entre o ser e o dever ser, ou seja, entre a Constituição e a prática constitucional;

v Que se activem os mecanismos para o exer-cício efectivo, por parte dos cidadãos, dos direitos fundamentais consagrados na Constituição quer conforme o quadro da democracia representativa quer o da democracia participativa;

v Que se reconheça que Justiça e Participação pressupõem, tal como o próprio conceito de demo-

cracia, o exercício efectivo de direitos por parte do cidadão e a protecção e garantia dos mesmos por parte do Estado, o que mobiliza uma dimensão éti-ca vinculativa a governantes e governados, em que a Justiça é chamada a assegurar e certificar a rela-ção criada na ordem jurídico-social;

v Que sejam assegurados aos cidadãos me-canismos legais necessários para o usufruto do instituto da Defesa Pública consagrado na Consti-tuição;

v Que as diferentes dioceses e as paróquias que tenham capacidade para tal se empenhem na realização de Semanas Sociais Diocesanas ou Pa-roquiais, de modo a que os frutos desta IV Semana Social possam multiplicar-se e ser mais amplamen-te assimilados.

Por tudo o que a constituiu esta IV Semana So-cial Nacional marcou um precedente e tornou-se re-ferência para a possibilidade de muita coisa, como: abordagem focalizada de temas e conteúdos mobi-lizadores para a sociedade, envolvimento de signi-ficativos representantes dos mais variados sectores da sociedade, abordagem serena e desapaixonada de temas com considerável carga potencialmente conflituante, expansão dos conteúdos através da media. Foi espantoso ver tantos representantes dos órgãos do Estado na Semana Social e tão in-teressados nos temas e debates. Os mais de 300 participantes foram assumindo o todo da Semana como seu e como algo altamente necessário. Fora da sala, na grande sociedade exterior, em vários momentos das conversas entre pessoas, apareciam referências à Semana Social. Em parte, isto revelou o trabalho feito pela comunicação social, produzida e divulgada em Angola, mas também produzida e divulgada fora do país, nomeadamente em língua portuguesa. Os vários meios de comunicação so-cial do Vaticano divulgaram a Semana e os seus

ecos antes, durante e depois.

José Manuel Sebastião, op

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E n t r e . . . v i s t aE n t r e . . . v i s t aE n t r e . . . v i s t aE n t r e . . . v i s t aE n t r e . . . v i s t aE n t r e . . . v i s t aE n t r e . . . v i s t aE n t r e . . . v i s t aE n t r e . . . v i s t aE n t r e . . . v i s t aE n t r e . . . v i s t aE n t r e . . . v i s t aE n t r e . . . v i s t aE n t r e . . . v i s t a

13Nº 10 / Março 2011

MI: Como é que está constituída a Associação Y.O.V.E?

PT: A Associação Y.O.V.E é estruturada de modo se-guinte: Assembleia Geral, Conselho de Direcção com vários secretariados: Informação, Relações de Intercâmbio e Representações, Projectos, Re-creação e Cultura, Património e Conselho Fiscal.

MI: O que motivou a constituição do grupo?PT: Algumas anomalias sociais nas comunidades

rurais motivaram a criação da Associação, tais como, conflitos entre partidários do MPLA e da UNITA nos Municípios do Bocoio e Balombo em 2007; violência doméstica; acusações de feitiça-ria; falta de informação mediática sobre a evolução política e social do país nas comunidades rurais; analfabetismo acentuado entre os jovens, enfim, desconhecimento total dos direitos e deveres pe-los camponeses perante abusos provocados pelas autoridades administrativas municipais, comunais, policiais e outras.

MI: Quais são os seus objectivos?PT: Perante as anomalias tornou-se imperioso inverter

o quadro investindo na formação das lideranças locais em matérias de Direitos Humanos, Reso-lução de Conflitos e Liderança Participativa. Este foi o objectivo do Projecto Y.O.V.E que implemen-tamos desde Setembro de 2008 até Outubro de 2009. Aos 24 de Outubro de 2009 ascendemos à categoria de Associação com o mesmo nome. Ac-tualmente, achamos que o principal objectivo da Associação Y.O.V.E é contribuir para a construção de uma sociedade de paz através da formação e informação das lideranças comunitárias (rurais e

urbanas), com base nos valores e princípios de-mocráticos consagrados na legislação angolana e nos instrumentos internacionais assumidos pelo Estado Angolano.

MI: O Y.O.V.E surgiu como um projecto. Mais tarde, constituiu-se como uma associação. Como é que decorreu este processo?

PT: Enquanto implementávamos o projecto, e preven-do-se que iria terminar com o apoio financeiro dado pela CRS (Lobito), várias solicitações vieram dos beneficiários do projecto nas comunidades rurais que estiveram em contacto com as sessões de formação dadas pelos activistas sobre os Direitos Humanos. Eles diziam que aquelas sessões esta-vam a provocar uma mudança positiva nas suas comunidades e que os conflitos entre partidários estavam a diminuir. A convivência já era um fac-to. É aqui onde nasce a ideia de continuidade do trabalho em Direitos Humanos e a vantagem que uma associação podia desempenhar nesse esfor-ço. Em Outubro de 2009, depois de uma forma-ção dada pelo Centro Cultural Mosaiko sobre a Lei das Associações, perante observadores da CRS e representantes da Administração Municipal do Ba-lombo, na Comuna de Tchindumbo, proclamou-se publicamente a Associação Y.O.V.E. A cerimónia foi presenciada também pelos sobas (Autoridades Tradicionais) vindos de todas as Comunas dos Municípios do Balombo e do Bocoio. Hoje somos uma Associação que se compromete a «defender a verdade e proteger a justiça na sociedade».

MI: Sobre o processo de legalização, qual é o ponto da situação?

“Yakela Otchili, Vindikiya Esunga”, em português, “Lutar pela Verdade e proteger a Justiça”. Este é o lema do YOVE, o projecto criado pelos Missionários Espiritanos, a 30 de Setembro de 2008. Sedeado na Missão Católica da Ndjinga, o YOVE tem como objectivo principal “ajudar as pessoas que vivem nas comunidades rurais dos municípios do Bocoio e do Balombo a conhecerem e defenderem os seus direitos a fim de serem capazes de criar iniciativas locais que contribuam para o desenvolvimento político, económico, social, religioso e cultural das suas comunidades”. O nosso entrevistado é o Pe. José Tchivangulula (PT), presidente executivo da YOVE.

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Pe. José Tchivangulula, CSSp.

É natural de Quipungo, Província

da Huíla. Realizou o Curso Supe-

rior de Filosofia e o Curso Superior

de Teologia no Seminário Maior de

Cristo-Rei no Huambo. Foi Vigá-

rio Paroquial da Sé-Catedral em

Ndalatando (de 1997 a 2002);

Director Diocesano da Cáritas em

Ndalatando (de 1998 a 2002);

Director e Professor do IMNE na

Escola Stª Maria Goretti em Nda-

latando (1998 a 2002); Director

e Professor do Seminário Prope-

dêutico à Filosofia Espiritano em

Malanje (2002 a 2005). Desde

2007 até ao presente, é o Superior

da Missão do Imaculado Coração

de Maria na Ndjinga, Balombo,

em Benguela. É o Presidente Execu-

tivo da Associação Y.O.V.E. (mem-

bro fundador), cargo que ocupa

desde 2009.

14Mosaiko

informMosaiko

PERFIL DE

Pe. José Tchivangulula, Pe. José Tchivangulula, CSSp.

É natural de Quipungo, Província É natural de Quipungo, Província

da Huíla. Realizou o Curso Supe-da Huíla. Realizou o Curso Supe-

rior de Filosofia e o Curso Superior rior de Filosofia e o Curso Superior

de Teologia no Seminário Maior de de Teologia no Seminário Maior de

Cristo-Rei no Huambo. Foi Vigá-Cristo-Rei no Huambo. Foi Vigá-

rio Paroquial da Sé-Catedral em rio Paroquial da Sé-Catedral em

Ndalatando (de 1997 a 2002); Ndalatando (de 1997 a 2002);

Director Diocesano da Cáritas em Director Diocesano da Cáritas em

Ndalatando (de 1998 a 2002); Ndalatando (de 1998 a 2002);

Director e Professor do IMNE na Director e Professor do IMNE na

Escola Stª Maria Goretti em Nda-Escola Stª Maria Goretti em Nda-

latando (1998 a 2002); Director latando (1998 a 2002); Director

e Professor do Seminário Prope-e Professor do Seminário Prope-

dêutico à Filosofia Espiritano em dêutico à Filosofia Espiritano em

Malanje (2002 a 2005). Desde Malanje (2002 a 2005). Desde

2007 até ao presente, é o Superior 2007 até ao presente, é o Superior

da Missão do Imaculado Coração da Missão do Imaculado Coração

de Maria na Ndjinga, Balombo, de Maria na Ndjinga, Balombo,

em Benguela. É o Presidente Execu-em Benguela. É o Presidente Execu-

tivo da Associação Y.O.V.E. (mem-tivo da Associação Y.O.V.E. (mem-

bro fundador), cargo que ocupa bro fundador), cargo que ocupa

desde 2009.desde 2009.

PT: O processo de legalização é o corolário da Asso-ciação Y.O.V.E. Primeiro queriamos reforçar as condições de trabalho para os associados poderem trabalhar, criando três escritórios de representação e equipá-los com meios capazes de responder à demanda de solicitações dos cidadãos em tempo útil. Como esta tarefa foi concluída com êxito, nada mais falta agora senão legalizar a Associação de âmbito local, cobrindo territorialmente a província de Benguela. É uma das actividades que está na programação de 2011.

MI: Qual é o número dos seus associados?PT: Actualmente a Associação Y.O.V.E conta com 80

membros efectivos, sendo 37 mulheres e 43 ho-mens, dos quais 20% são funcionários públicos e 80% são camponeses. Estes últimos vivem por conta própria, sem instrução académica ou profis-sional e são socialmente pobres.

MI: Enquanto associação, quais são as principais actividades que realiza?

PT: Durante os 14 meses de sua existência, a Associa-ção Y.O.V.E construiu e apetrechou três escritórios de representação nas sedes municipais do Bocoio e Balombo, participou em seminários sobre: Direi-tos e Liberdades Fundamentais e sua Protecção (Centro Cultural Mosaiko); Constituição da Repú-blica de Angola e História das Constituições (Cen-tro Cultural Mosaiko); Lei de Terras e Meio Rural (Centro Cultural Mosaiko); Micro-Crédito e Crédito Agrícola em Angola (ADRA e CRS) e finalmente, organizou um seminário sobre Educação para a Cidadania para as Autoridades Tradicionais do Município do Balombo (Centro Cultural Mosaiko). Além disso, os associados continuam a divulgar os Direitos Humanos nas comunidades rurais e acompanham com a sua perícia os casos em que aparece violação dos mesmos.

MI: Quais são os principais desafios que se apre-sentam ao Y.O.V.E?

PT: Os principais desafios são: fazer com que os servi-ços da educação, saúde e agricultura beneficiem as famílias camponesas cada vez mais pobres. Apoio

às Administrações Municipais do Bocoio e Balombo para que se regularizem as condições da gestão da Justiça junto dos Tribunais Municipais para pode-rem servir melhor o povo que controlam. É lamen-tável que em pleno século XXI se verifiquem cen-tenas de crianças sem escolas nem professores, centenas de famílias sem assistência médica e me-dicamentosa nem postos e centros de saúde para acudir as pessoas das doenças correntes e uma produção miserável de alimentos, porque falta tudo aquilo que permite aos camponeses produzirem mais e melhor. Portanto, os serviços adminstrativos estão muito aquém das suas responsabilidades.

MI: E obstáculos?PT: Os obstáculos são a falta de meios materiais e fi-

nanceiros para se poder trabalhar com eficiência com as Administações locais, as Igrejas e seus lí-deres, os partidos políticos e seus líderes, militares e polícias, Autoridades Tradicionais, mulheres e associações de mulheres, jovens bem como para se trabalhar mais na divulgação dos princípios cívi-cos junto das crianças que estão na escola e fora dela.

MI: Pode referir algumas conquistas do Y.O.V.E en-quanto projecto?

PT: O projecto Y.O.V.E previa atingir cerca de 19.000 pessoas, mas quando fizemos o balanço final con-tabilizou-se mais de 40.000 beneficiários. O projec-to foi conhecido como aquele que veio salvar as pessoas da ignorância das leis que regulam o país bem como para permitir a convivência entre as pes-soas que acabam de sair de uma guerra fratricida. O projecto foi um programa de desarmamento das consciências tanto de civis como de ex-militares. Era necessário que a cultura da guerra fosse subs-tituída pela cultura da paz e de desenvolvimento. Em suma, reabilitar o Homem que a guerra degra-dou. Enquanto Associação, apontamos a constru-ção de três escritórios para permitir responder em tempo «record» as solicitações dos cidadãos.

MI: Qual é o nível de relacionamento/colaboração entre o Y.O.V.E e as autoridades locais?

e n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t a

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15Nº 10 / Março 2011

PT: Sem prejuizo do princípio de autonomia, existe uma boa colaboração entre a Associação Y.O.V.E e as autoridades locais. Aliás, as Administrações Muni-cipais já exprimiram o seu contentamento perante a actuação que a Associação Y.O.V.E tem feito em favor da reconciliação dos angolanos.

MI: Qual é o reconhecimento do trabalho feito pela Associação por parte dos cidadãos, órgãos do Estado, das autoridades tradicionais, etc?

PT: A Associação Y.O.V.E. foi convidada pela Adminis-tração Municipal para ser membro do Comité de Pilotagem do Crédito de Campanha Agrícola no Balombo em 2010.

MI: Pe. Tchivangulula, na sua condição de líder de uma associação cívica, qual é a importância da Constituição na vida da própria organização e das comunidades com que trabalha?

PT: Para mim, a Constituição tem uma grande impor-tância na medida em que ela se torna uma refe-rência obrigatória para a organização do país e suas instituições. Neste sentido será legal todo o comportamento humano que não fira as normas constitucionais. A lei das associações encontra o seu suporte na Constituição.

MI: Em Março de 2010 o Y.O.V.E solicitou ao Mo-saiko que facilitasse uma formação sobre a Constituição. O que é que originou esse pedi-do/necessidade?

PT: Uma Associação cívica como a nossa necessita conhecer as principais leis do país para melhor aju-dar os cidadãos na resolução dos seus problemas. A preocupação abrangeu o estudo de outros instru-mentos legais: Lei das Associações, Lei de Terras, Micro-Crédito e Crédito Agrícola, etc.

MI: Que impacto é que essa formação teve nos par-ticipantes?

PT: Esta formação deu personalidade aos associados para trabalharem em conjunto numa causa comum. Cada um pode ser activista dos Direitos Humanos, contudo é mais seguro trabalhar em equipa. É a união entre os associados que protege cada as-

sociado. O conhecimento sobre a Constituição au-mentou a capacidade de defesa e promoção, dis-cussão e participação consciente no debate sobre os direitos e deveres dos cidadãos.

MI: A Associação Y.O.V.E tem conhecimento de casos de violação de direitos consagrados na Constituição? Se sim, qual é o tratamento que têm dado?

PT: Sim. Todos os casos que a Associação recebeu so-bre a violação dos direitos consagrados na Consti-tuição e com provas evidentes receberam o devido tratamento, isto é, aconselhando as vítimas sobre os procedimentos legais ou encaminhá-los às ins-tâncias competentes. Na ausência de Tribunais Municipais, os casos foram encaminhados para a Polícia de Investigação Criminal ou aos superiores hierárquicos dos infratctores.

MI: Têm acompanhado esses casos? PT: Todos os casos que chegam aos Escritórios da As-

sociação são registados. Recolhe-se o maior núme-ro de dados para a sua compreensão e no fim são apresentados à DNIC (se houver indícios de crime) ou então são encaminhados para os organismos de tutela, quando se trata de conflitos laborais.

MI: Para terminar a nossa entrevista, como avalia a aplicação da Constituição no dia-a-dia dos cidadãos do município?

PT: São dois os municípios (Bocoio e Balombo) que estão na nossa observação. Ainda precisamos de caminhar muito para que os cidadãos respeitem as leis na vida do dia-a-dia. Não raras vezes, os cidadãos fazem justiça por mãos próprias porque receiam que nem a Administração Municipal nem a Polícia mereçam sua confiança para resolver os seus problemas. Creio que se houver Tribunais Municipais no Balombo e no Bocoio haverá mais seriedade no respeito da Constituição. Actualmen-te vigora mais a lei da força do que a Força da Lei.

Mónica Guedes

e n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t ae n t r e . . . v i s t a

O conhecimento

sobre a Consti-

tuição aumentou

a capacidade de

defesa e promo-

ção, discussão e

participação cons-

ciente no debate

sobre os direitos e

deveres dos cida-

dãos.

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R e f l e c t i n d oR e f l e c t i n d oR e f l e c t i n d oR e f l e c t i n d oR e f l e c t i n d oR e f l e c t i n d oR e f l e c t i n d oR e f l e c t i n d oR e f l e c t i n d oR e f l e c t i n d oR e f l e c t i n d oR e f l e c t i n d o

16Mosaiko

informMosaiko

Estamos, certamente, todos lembrados da po-lémica que se gerou em torno do processo cons-tituinte angolano que culminou com a aprovação da Constituição da República de Angola pela Assembleia Constituinte, no dia 21 de Janeiro de 2010 e, na sequência do Acórdão do Tribunal Constitucional n.º 111/2010, de 30 de Janeiro, aos 3 de Fevereiro de 2010 e a sua consequente pro-mulgação pelo Presidente da República no dia 5 de Fevereiro de 2010. Devemos também lembrar-nos de que “a actual Constituição representa o culminar do processo de transição constitucional iniciado em 1991, com a aprovação, pela Assem-bleia do Povo, da lei n.º 12/91, que consagrou a democracia multipartidária, as garantias dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos e o sistema económico de mercado, mudanças aprofundadas, mais tarde, pela Lei de Revisão Constitucional n.º 23/92”. (Preâmbulo da CRA)

Embora o processo tenha sido marcado por uma grande velocidade de cruzeiro nos seus trâ-mites – o que, segundo especialistas na matéria, não é bom para um documento de tal magnitude -, uma significativa falta de consulta pública, com polémicas de inconstitucionalidades e intenções políticas inconfessas que subvertem o Estado democrático e de direito à mistura. O que é fac-to é que, como dizia Bornito de Sousa ao Jornal de Angola, “ Agora sim, e definitivamente, temos

constituição”. (in JA de 4 de Fevereiro de 2010)Apesar de tudo, é com base nesta Constitui-

ção – visto ser a “Lei Suprema e Fundamental

da República de Angola” (Preâmbulo da CRA) – que, doravante, iremos orientar todos os nossos interesses e conflitos jurídicos. Deste ponto de vista, é bom que todos nós a conheçamos.

Decorre daqui, a necessidade de todos os agentes sociais (entenda-se pessoas individu-ais ou colectiva facilitadoras de processos de desenvolvimento comunitário) prestarem o seu contributo no processo de divulgação da Cons-tituição. Só assim, poderemos reunir o máximo de contribuições no sentido de manter o que há de positivo, por um lado, aperfeiçoar o que deve ser aperfeiçoado mediante os mecanismos que ela mesma propõe nos artigos 233º; 234º; 235º; 236º e 237º.

Por outro lado, ajudar os cidadãos a cumprir com os seus deveres, exigir que os seus direitos sejam respeitados e exigir dos órgãos do Estado o cumprimento escrupuloso das normas constitu-cionais. Só assim poderemos reduzir o fosso en-tre a Constituição real e a formal, ou seja, entre o que diz a Constituição e a prática de aplicação da mesma.

Fica-se com a sensação de que, depois da aprovação da Constituição, certos agentes so-ciais, mais do que se preocuparem em estudar e divulgá-la, a fim de que todos a conheçam, estão a partir para um discurso excessivamente nega-tivista, deixando a impressão de que temos uma Constituição que não serve para nada. Tem razão Marcelo Rebelo de Sousa, professor catedrático de Direito, quando constata a necessidade de de-bate sobre a Constituição, dizendo que ´”É inevi-

tável que haja debate sobre a Constituição. Mas

há dois tipos de debates. Um debate que eu acho

salutar é o de olhar para a Constituição e explicar,

fazer pedagogia, dizer às pessoas o que está lá

e, sobretudo, saber como é que a Constituição se

aplica no dia-a-dia. Isto é positivo. Outra coisa é,

mal começou a ser aplicada a Constituição, co-

O momento exi

bastante trabalho

Constituição seja

menos pela maio-

nos.

R e f l e c t i n d oR e f l e c t i n d oR e f l e c t i n d oR e f l e c t i n d oR e f l e c t i n d oR e f l e c t i n d o

O momento exi O momento exi O momento exi O momento exi O momento exi O momento exi O momento exi O momento exi O momento exi O momento exi O momento exi O momento exi O momento exi O momento exi

bastante trabalho bastante trabalho bastante trabalho

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menos pela maiomenos pela maio-

nos.nos.nos.nos.nos.nos.

O Contributo dos Agentes Sociais na Divulgação da Constituição

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17Nº 10 / Março 2011

r e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d omeçar já a pensar-se numa nova Constituição ou

ainda revê-la. Isto é negativo. Porque, para mexer

numa Constituição que acabou de ser aprovada,

concorde-se ou não com ela, é preciso alguma

experiência. Ver como é que ela se molda a rea-

lidade. Onde se molda bem não é preciso mudar,

onde se adapta mal é preciso mudar.”(in Jornal onde se adapta mal é preciso mudar.”(in Jornal onde se adapta mal é preciso mudar.”

Expansão de 23 de Abril 2010) Nota-se pouco esforço, nas ONG´s, escolas,

rádios, televisões no que se refere ao processo de divulgação (acesso ao texto e respectivas explicações) da Constituição. Se a Constituição tem alguns pontos negativos é preciso que as pessoas tenham consciência de tais pontos para que, em tempo oportuno, se possa, no quadro dos processos normais, fazer-se as revisões que se impõem. É divulgando a Constituição que isso será possível e não, como tem estado a aconte-cer, permanecer no “trauma” do seu aparecimen-to controverso.

O momento exige de todos os agentes so-ciais bastante trabalho e criatividade a fim de que, esta Constituição seja conhecida e enten-dida, se não por todos, pelo menos pela maioria dos angolanos.

Para tal, é preciso que tanto o Estado como a Sociedade Civil se desdobrem no processo de divulgação da Constituição.

Para as ONG´s e os órgãos do Estado com relevância neste processo, vale resgatar aqui a ideia do investigador Paulo Filipe, numa entrevis-ta sobre a Lei de Terras ao Semanário Angolense de 20 de Março de 2010, que dizia ser “neces-

sário fazer-se a divulgação e educação sobre a

Lei [Constituição]. Temos que ir mais longe no

sentido de criar uma coisa que eu chamaria «ca-

ravana de aconselhamento legal», que seria uma

espécie de um escritório móvel com uma equipa

que se desdobraria de aldeia em aldeia e fazer

educação (…)” sobre a Constituição. Esta equipa educação (…)” sobre a Constituição. Esta equipa educação (…)”

deve ser multidisciplinar constituída de técnicos (Educador ou Assistentes Sociais, Juristas e um interprete da língua local) de reconhecida compe-tência técnica, preparados para o efeito, munidos de instrumentos legais, cópias da Constituição ou resumos dela e divulgá-la por todo o país.

É necessário ainda, que as Escolas e Univer-sidades públicas e privadas em colaboração com as ONG’s e órgão do Estado, Secretaria de Es-tado para os Direitos Humanos, só para citar um exemplo, cada uma ao seu nível, colaborem para que se realizem sessões de formação sobre a Constituição nos seus programas extra- curriculares para que, des-de muito cedo, o estudante tenha contacto com a Lei Fundamental do país.

As Rádios também devem criar espaços em que especialistas tenham tempo de ir explicando a Constituição, articulando-a aos factos do dia-a-dia, numa linguagem acessível, sem perder o rigor científico que a ciência jurídica impõe. O mesmo se pode dizer das Televisões, pública e privada, que são mecanismos bastante fortes em matéria de divulgação de informação e for-mação de consciência. Mas este espaço deve ser permanente. Às vezes é triste notar que, ao nível da TPA, por exemplo, há espaço para qua-se tudo, desde humor, música até concursos de Miss, etc – não há nada contra isso - , mas não há um espaço próprio para tratar da divulgação da Constituição, nem já no próprio programa “Lei para Todos” há tanta dedicação para tal.

Em conclusão, podemos dizer que Angola tem uma Constituição, concordemos ou não com ela, e que deve merecer a atenção de to-dos no seu conhecimento, respeito e crítica. É com esta Constituição que nos iremos orientar,

doravante.

António Ebo

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r e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d o

Mosaikoinform

Mosaiko18

Na vida, tudo tem uma origem ou algo que lhe sirva de suporte. Com as leis não acontece de modo diferente. Num país, existe uma lei que está acima de todas as outras e que dá origem a elas. É consi-derada como a mãe de todas as outras leis ou ainda

como o tronco de uma árvore e as outras leis como seus ramos.

Em Angola, tal como em mui-tos outros países, esta lei mãe é a Constituição da República, tam-bém designada Carta Magna.

A Constituição pode ser entendida

como um documento que contém os direitos, deve-res e garantias dos cidadãos de um país, sua rela-ção com o Estado e a organização política e admi-nistrativa do mesmo país estando no topo ou sendo a base para a criação de todas as outras leis.

A nossa Constituição foi aprovada a 21 de Ja-neiro de 2010 pela Assembleia Constituinte.

Como Lei Magna do país, a Constituição contém os direitos e deveres fundamentais dos cidadãos, garantias do gozo e defesa desses mesmos direitos e garantias de respeito da própria Constituição.

Assim como não existe nenhuma lei que es-teja acima da Constituição, não pode existir qual-quer documento que discorde dela, ninguém pode fazer uma coisa que discorde com o que ela diz porque estaria a cometer um acto designado como inconstitucional. Por exemplo: a Constituição diz no artigo 59º que não é permitida a pena de morte, temos aqui uma garantia de respeito a vida de to-

das as pessoas, logo não pode surgir uma lei que diga o contrário. Quando tutela um direito, ou seja consagra-o, a Constituição fá-lo de modo absoluto não podendo determinada pessoa ou órgão dizer que não há-de cumprir o que está escrito nela in-dependentemente das razões que aponte, isto está claramente referido no artigo 56º nº 2, que cita as autoridades públicas, mas claro que é aplicável a todas as pessoas.

A Lei Magna não é importante apenas para os juristas que são as pessoas que estudam as leis, ela diz respeito a todas as pessoas do país a que pertence. Porquê?

Nela, estão consagrados, entre outros, os Direi-tos Humanos das pessoas, que são aqueles direi-tos que acompanham a pessoa em todos os luga-res e são essenciais para a afirmação da dignidade humana.

Os Direitos Humanos encontram-se escritos em muitos documentos tais como, tratados e con-venções que de forma mais abrangente, ou não, tratam deles. Não podemos ter acesso a todos os tratados e convenções. Assim, de forma resumida, a Constituição apresenta-os todos e de acordo com a sua classificação em civis e políticos, económi-cos sociais e culturais e difusos. Bem como o modo de agir para poder beneficiar deles ou protege-los quando alguém quiser ou estiver a viola-los.

Existem direitos, que por serem fundamentais se podem reclamar apenas com base na Constitui-ção, mas há outros que precisam que surja uma ou-tra lei que trate especificamente deles. Mas, tanto uns como outros, pelo facto de estarem na Lei-mãe de todas as leis, criam a obrigação do Estado agir para que os cidadãos possam gozar deles.

A Constituição age como uma forma de o Esta-do angolano trabalhar para que as pessoas benefi-ciem dos seus direitos.

A importância da Constituiçãonossa vida

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r e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d or e f l e c t i n d o A primeira base para que as pessoas possam

reclamar dos seus direitos é a própria Lei-Mãe que claramente diz no artigo 56º “O Estado reconhece

como invioláveis os direitos e liberdades fundamen-

tais consagrados na Constituição (…)” e o mais im-

portante “(…) cria condições politicas, económicas,

sociais culturais de paz e estabilidade que garan-

tam a efectivação e protecção nos termos da Cons-

tituição e da lei”

Quer dizer que a Lei Magna cria mecanismos para que o cidadão possa defender-se de possí-veis violações aos seus direitos, estes mecanismos são as chamadas garantias constitucionais, que são mecanismos pos-tos à disposição das pessoas para, atra-vés da Constituição, defenderem os seus direitos.

As garantias cons-titucionais podem ser judiciais quando o direito é tutelado através do recurso aos Tribunais, e extra judiciais, quando os direitos são tutelados sem re-curso aos Tribunais, como a queixa ao Provedor de Justiça, o direito de reclamação e impugnação dos actos administrativos, o habeas corpus, etc.

Queixar-se sim, pois é um direito que a Cons-tituição consagra (artº.73º), mas onde? É preciso saber onde queixar-se, e a esta questão, também responde a Constituição, exemplo art.º. 29 nº1

Através da Constituição, podemos saber qual o regime político do nosso país e para um Estado de-mocrático como é o nosso caso, vamos consulta-la para saber como exercer a democracia.

Além destes existem muitos outros aspectos, de tal modo importantes, para o exercício da cidadania que foi um grande marco a aprovação da presente Lei-mãe.

Podemos concluir com toda a segurança que um país sem Constituição é como uma pessoa sem Bilhete de Identidade.

Não cabe apenas aos órgãos do poder a tarefa de divulgar a Constituição, pois ela é benéfica para todos.

Qualquer pessoa, individualmente ou integra-da em uma organização (governamental ou não), deve contribuir para a divulgação da Constituição. Deste modo tem agido o Centro Cultural Mosaiko, instituição criada pela Ordem dos Dominicanos em

1997, que visa a de-fesa e divulgação dos Direitos Humanos. O MOSAIKO tem pro-movido seminários, palestras e conferên-cias, nomeadamente Semanas Sociais, bem como publicado livros (incluindo em línguas nacionais) que têm ajudado as

pessoas a conhecerem os seus direitos, principal-mente os constitucionalmente consagrados, levan-do a mesma até a regiões do interior em que não só predomina a baixa escolaridade como muitas vezes não chegam as emissões dos órgãos de comunica-ção social.

O Centro Cultural Mosaiko tem ainda, de forma simples e muito abrangente, publicado textos de interesse geral e que se relacionam com os direi-tos através das suas agendas cívicas e calendários cujo interesse não se esgota com o ano civil, uma vez que os seus textos continuam a ser utilizados como referência, principalmente por estudantes, mas também por núcleos de defesa dos Direitos Humanos.

Nº 10 / Março 201119

Faustina Icaia

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Construindo Cidadania direitos Humanos

na sua rádio de Confiança

aos sábados das 08H30 às 09H30

Decorreu entre os dias 24 a 29 de Janeiro de 2011, em Viana, a seDecorreu entre os dias 24 a 29 de Janeiro de 2011, em Viana, a se-

gunda fase da formação jurídica básica sobre os direitos fundamentais e gunda fase da formação jurídica básica sobre os direitos fundamentais e

mecanismos de defesa em Angola. Organizado pelo Centro Cultural Momecanismos de defesa em Angola. Organizado pelo Centro Cultural Mo-

saiko, o seminário contou com a participação de 25 activistas de Direitos saiko, o seminário contou com a participação de 25 activistas de Direitos

Humanos vindos da Comissão Mista de Direitos Humanos do Kwanza-Humanos vindos da Comissão Mista de Direitos Humanos do Kwanza-

Norte e Sub-Comissão do Dondo, o Núcleo de Direitos Humanos da Norte e Sub-Comissão do Dondo, o Núcleo de Direitos Humanos da

Matala, Núcleo Dinamizador de Direitos Humanos do Cubal, represenMatala, Núcleo Dinamizador de Direitos Humanos do Cubal, represen-

tantes da Associação

Y.O.V.E. (Benguela) e

da Comissão “Justiça e

Paz” da Gabela.

Dando sequência

à primeira fase, que

aconteceu no ano pas-

sado, de 17 a 28 de Maio, a formação teve como objectivo geral contrisado, de 17 a 28 de Maio, a formação teve como objectivo geral contri-

buir para a elevação da cultura jurídica, para o acesso dos cidadãos aos buir para a elevação da cultura jurídica, para o acesso dos cidadãos aos

direitos e à Justiça, para a responsabilização e protecção dos direitos direitos e à Justiça, para a responsabilização e protecção dos direitos

fundamentais, particularmente onde o trabalho entre os grupos locais e fundamentais, particularmente onde o trabalho entre os grupos locais e

o Centro Cultural Mosaiko tem sido mais frutuoso.o Centro Cultural Mosaiko tem sido mais frutuoso.

O seminário foi assegurado por uma equipa do Mosaiko, constituida O seminário foi assegurado por uma equipa do Mosaiko, constituida

pelo Padre Dr. Mulewu Munuma Yôk Clément, Dr. Lima de Oliveira, Noé pelo Padre Dr. Mulewu Munuma Yôk Clément, Dr. Lima de Oliveira, Noé

Kinanga e Barros Manuel. Dos temas abordados destacamos: Kinanga e Barros Manuel. Dos temas abordados destacamos:

v Noções básicas de direito, o direito civil e sobretudo o direito Noções básicas de direito, o direito civil e sobretudo o direito

processual civil, o direito penal substantivo e adjectivo;processual civil, o direito penal substantivo e adjectivo;

v Mecanismos de defesa e protecção dos direitos em Angola; Mecanismos de defesa e protecção dos direitos em Angola;

v Introdução às garantias jurídicas e judiciais. Introdução às garantias jurídicas e judiciais.

Por iniciativa e organização LARDEF - Liga de Apoio à Reabilitação dos

Deficientes, realizou-se um seminário de formação sobre “Direitos Humanos

da Mulher com deficiência”. Este seminário teve lugar em Luanda, nas insta-

lações do Instituto Nacional da Criança (INAC), nos dias 27 e 29 de Janeiro

de 2011. O Centro Cultural Mosaiko, a convite da LARDEF, interveio com

uma equipa para facilitar a formação.

O seminário foi dirigido a um grupo de 14 pessoas do sexo feminino, com

idadades compreendidas entre os 26 e os 56 anos.

As participantes esperavam, com esta formação, aprender a evitar o tra-

tamento diferente entre as pessoas com deficiência e as sem deficiência,

conhecer os direitos da pessoa portadora de deficiência física e aprender

para partilhar com o resto da comunidade.

Para corresponder às expectativas das participantes, durante os dois

dias de formação foram abordados os seguintes temas: Breves explicações

do reconhecimento dos Direitos Humanos; Surgimento do reconhecimen-

to dos Direitos Humanos das Mulheres; Direitos Cíveis e Políticos; Direitos

Económicos, Sociais e Culturais; Meios de Defesa dos Direitos Humanos. A

facilitação destes temas esteve a cargo da Advogada/formadora do Centro

Cultural Mosaiko, Faustina Icaia.

Por sua vez, a Directora da LARDEF, Carla Luís, abordou os seguin-

tes temas: Breve Historial do Surgimento do Movimento Associativo de Luta

pelos Direitos das Pessoas com Deficiência; Direitos Civis e Políticos: con-

dições necessárias para que as mulheres deficientes possam gozar deles;

Direitos Económicos, Sociais e Culturais: condições necessárias para que as

mulheres deficientes possam gozar deles; Documentos Nacionais e Interna-

cionais relativos aos Direitos da Pessoa com Deficiência.

Mosaiko organiza segunda fase

de forMação básica sobre direitos fundaMentais

Mosaiko facilita forMação sobre direitos HuManos

da MulHer coM deficiência

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