mós - aldeia medieval

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MÓS TORRE DE MONCORVO ANTIGA VILA MEDIEVAL

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Page 1: Mós - Aldeia Medieval

MÓSTORRE DE MONCORVO

ANTIGA VILA

MEDIEVAL

Page 2: Mós - Aldeia Medieval

Com um conjunto de fotografias que fui batendo pensei elaborar uma apresentação legendada para dar a conhecer esta esquecida aldeia de Trás-os-Montes, que teve foral de

D. Afonso Henriques em 1162 e de novo em 1512 pelo Rei D. Manuel I, foi sede de concelho e hoje está à beira de

desaparecer como unidade autárquica. Mas é uma terra com história, a minha terra!

Nem são precisas legendas! As ruínas do castelo, as fontes, os cruzeiros, os montes e o casario falam por si.

No entanto dou a palavra a Miguel Torga em prosa e poesia. Ele consegue dizer tudo sobre estas terras e estas gentes.

Nem sempre as fotografias condizem com o texto, pois o objectivo é dar a conhecer a aldeia e a força das suas gentes. Visitem-na!

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Vou falar-lhes dum Reino Maravilhoso.

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Embora muitas pessoas digam que não,

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sempre houve e haverá reinos maravilhosos neste mundo.

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O que é preciso, para os ver,

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é que os olhos não percam a virgindade original diante da realidade,

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e o coração,

Bebedouro para os animais

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depois, não hesite. Do alto do Castelo

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Ora, o que pretendo mostrar,

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meu e de todos os que queiram merecê-lo,

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não só existe,

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como é dos mais belos que se possam imaginar.

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Começa logo porque fica no cimo de Portugal,

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como os ninhos ficam no cimo das árvores para que a distância os torne mais impossíveis e apetecidos.

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E quem namora ninhos cá de

baixo,

Igreja e pormenor da rosácea

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se realmente é rapaz e não tem medo das alturas,

Um dos cruzeiros

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depois de trepar e atingir a crista do sonho,

Recinto da festa a Stª Bárbara

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Vê-se primeiro um mar de pedras.

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Vagas e vagas sideradas, hirtas e

hostis, contidas na sua força desmedida pela mão inexorável dum

Deus criador e dominador.

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Tudo parado e mudo.

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Apenas se move e se faz ouvir o coração no peito, inquieto,

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a anunciar o começo duma grande hora.

Ruínas do Castelo

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De repente, rasga a crosta do silêncio uma voz de franqueza desembainhada:

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- Para cá do Marão, mandam os que cá estão!...

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Sente-se um calafrio. A vista alarga-se de ânsia e de assombro.

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Que penedo falou? Que terror respeitoso se apodera de nós?

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Mas de nada vale interrogar o grande oceano megalítico,

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porque o nume invisível ordena:

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- Entre!

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A gente entra, e já está no Reino Maravilhoso.

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A autoridade emana da força interior que cada qual traz do berço.

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Dum berço que oficialmente vai de Vila Real a Chaves, de Chaves a Bragança, de Bragança a Miranda, de Miranda a Régua.

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Um mundo!

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Um nunca acabar de terra grossa, fragosa, bravia,

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que tanto se levanta a pino num ímpeto de subir ao céu,

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como se afunda nuns abismos de angústia, não se sabe por que telúrica contrição.

Fonte Romana

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Terra-Quente e Terra-Fria.

Page 39: Mós - Aldeia Medieval

Léguas e léguas de chão raivoso,

contorcido, queimado por um sol de fogo ou por um frio de neve.

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Serras sobrepostas a serras.

Page 41: Mós - Aldeia Medieval

Montanhas paralelas a montanhas.

Capela do Stº Cristo

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Nos intervalos, apertados entre os rios de água cristalina, cantantes, a matar a sede de tanta angústia.

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E de quando em quando, oásis da inquietação que fez tais rugas geológicas,

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um vale imenso, dum húmus puro, onde a vista descansa da agressão das penedias.

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Mas novamente o granito protesta.

Page 46: Mós - Aldeia Medieval

Novamente nos acorda para a força medular

de tudo.

Page 47: Mós - Aldeia Medieval

E são outra vez serras, até perder de vista.

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Não se vê por que maneira este solo é capaz de dar pão e vinho. Mas dá.

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Nas margens de um rio de oiro, crucificado entre o calor do céu que de cima o bebe e a sede do leito que de baixo o seca, erguem-se os muros do milagre.

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Em íngremes socalcos, varandins que nenhum palácio aveza, crescem as cepas como os manjericos às janelas.

Capela de Stº António

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No Setembro, os homens deixam as eiras da Terra-Fria e descem, em rogas, a escadaria do lagar de xisto.

Resto das tulhas para azeitona

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Cantam, dançam e trabalham.

Page 53: Mós - Aldeia Medieval

Depois sobem. E daí a pouco

há sol engarrafado a embebedar os quatro cantos

do mundo.

Page 54: Mós - Aldeia Medieval

A terra é a própria generosidade ao natural. Como num paraíso, basta estender a mão.

Page 55: Mós - Aldeia Medieval

Bata-se a uma porta,

rica ou pobre, e

sempre a mesma voz confiada

nos responde:

Page 56: Mós - Aldeia Medieval

- Entre quem é!

Page 57: Mós - Aldeia Medieval

Sem ninguém perguntar mais nada, sem ninguém vir à janela espreitar, escancara-se a intimidade duma família inteira.

Page 58: Mós - Aldeia Medieval

O que é preciso agora é merecer a magnificência

da dádiva.

Page 59: Mós - Aldeia Medieval

Nos códigos e no

catecismo o pecado de orgulho é

dos piores.

Capela de Nª Srª de

Fátima. Existem mais

duas idênticas, uma das quais em

honra de São Nuno

Page 60: Mós - Aldeia Medieval

Talvez que os códigos e o catecismo tenham razão.

Page 61: Mós - Aldeia Medieval

Resta saber se haverá coisa mais bela nesta vida do que o puro dom de

se olhar um estranho como se

ele fosse um irmão bem-vindo, embora

o preço da desilusão seja às vezes uma facada.

Page 62: Mós - Aldeia Medieval

Dentro ou fora do seu dólmen

(maneira que eu tenho de chamar aos buracos onde vive a maioria)

estes homens não têm medo senão da pequenez.

Page 63: Mós - Aldeia Medieval

Medo de ficarem aquém do estalão por

onde, desde que o mundo é mundo, se

mede à hora da morte o tamanho de uma

criatura.

Page 64: Mós - Aldeia Medieval

Acossados pela

necessidade e pelo amor da

aventura emigram.

Page 65: Mós - Aldeia Medieval

Metem toda a quimera numa

saca de retalhos, e lá

vão eles. Os que ficam, cavam a

vida inteira.

Page 66: Mós - Aldeia Medieval

E, quando se cansam, deitam-se no caixão com a serenidade de

quem chega honradamente ao fim

dum longo e trabalhoso dia.

Pelourinho

Page 67: Mós - Aldeia Medieval

O nome de Trasmontano, que quer dizer filho de Trás-os-Montes, pois assim se chama o Reino Maravilhoso de que vos falei.

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Regresso às fragas de onde me roubaram. Ah! minha serra, minha dura infância!

Page 69: Mós - Aldeia Medieval

Como os rijos carvalhos me acenaram, Mal eu surgi, cansado, da distância!

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Cantava cada fonte à sua porta: O poeta voltou!

Page 71: Mós - Aldeia Medieval

Atrás ia ficando a terra morta Dos versos que o desterro esfarelou.

Page 72: Mós - Aldeia Medieval

Depois o céu abriu-se num sorriso, E eu deitei-me no colo dos penedos

Page 73: Mós - Aldeia Medieval

A contar aventuras e segredos Aos deuses do meu velho paraíso.

Page 74: Mós - Aldeia Medieval

OBRIGADO

ApAReçAm! NãO teNDO CeNtRO De SAúDe, CORReIO Ou quAlqueR OutRO SeRvIçO púBlICO A NãO SeR A

JuNtA De FReGueSIA, pOR peRtO, muItO peRtO, pODe-Se COmeR, BeBeR e DORmIR em lOCAl De quAlIDADe.

Formatado por Américo Lino VinhaisExcepto as imagens do diapositivo inicial, dos javalis mortos, do barbeiro e das

três mulheres, que foram retiradas da Internet, as fotografias foram batidas pelo autor

Está escrito de acordo com o que minhas professoras me ensinaram na escola primária(D. Isolina, D. Dorinda e D. Gentil)