mortalidade evitÁvel na regiÃo sul do brasil, 2000: desigualdades raciais e sexuais

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ANNA VOLOCHKO MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS. Tese apresentada ao Programa de Pós Graduação em Ciências da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciências. São Paulo 2005

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Health & Medicine


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Raça e Saúde

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Page 1: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

ANNA VOLOCHKO

MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO

BRASIL, 2000:

DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS.

Tese apresentada ao Programa de Pós

Graduação em Ciências da Coordenadoria de

Controle de Doenças da Secretaria de Estado da

Saúde de São Paulo para obtenção do título de

Doutor em Ciências.

São Paulo

2005

Page 2: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

ANNA VOLOCHKO

MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO

BRASIL, 2000:

DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS.

Tese apresentada ao Programa de Pós

Graduação em Ciências da Coordenadoria de

Controle de Doenças da Secretaria de Estado da

Saúde de São Paulo para obtenção do título de

Doutor em Ciências.

Área de concentração: Infectologia em Saúde Pública

Orientadora: Profa. Dra Wilza Vieira Villela

São Paulo

2005

Page 3: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pelo Centro de Documentação – Coordenadoria de Controle de Doenças/SES

©reprodução autorizada pelo autor

Volochko, Anna Mortalidade evitável na região Sul do Brasil, 2000: desigualdades raciais e sexuais / Anna Volochko – São Paulo, 2005.

Tese (doutorado)—Programa de Pós-Graduação em Ciências da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

Área de concentração: Infectologia em Saúde Pública Orientadora: Wilza Vieira Villela 1. Grupos étnicos 2. Gênero 3. Mortalidade diferencial

4. Mortalidade

SES/CCD/CD-067/05

Page 4: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

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Ao Ricardo Bruno

para dividir, multiplicar

e somar. Para o prazer e para a luta.

Para o compromisso. E para todo o imenso indizível

E para sempre

Page 5: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

ii

Agradecimentos

Gostaria de começar com algumas declarações de amor ao Rafael, Anna

Maria e Clara, que hoje, como ontem, enchem meus dias de luz, cor, calor, música e

poesia. Há aí quem dance, como e com as labaredas da paixão; há quem cante e nos

preencha de sons e há os que sorriem poesias, sorriem abraços e acariciam ternuras.

Quero agradecer minha mãe, esse apoio eterno, esse nunca se acabar de força

e garra.

Não me esqueço nem deixo de lamentar a saudade que o Regis deixou,

amante, amigo, interlocutor.

Agradeço à Wilza Villela, pela orientação, pelo apoio, pelas conversas e

idéias audaciosas e brilhantes. Pela paciência e compreensão;

ao Luis Eduardo Batista, peço a benção e agradeço o calor;

à amiga Suzana, com quem sempre concordo, mesmo discordando; essa

chama flamejante;

à Tereza Toma, discreta, sorridente e apaixonada. Um universo a descobrir.

à Marina Réa, amiga, irmã, emuladora.

Agradeço à Vanessa pelo apoio solícito e pela força que me deu em várias

etapas desta empreitada. Espero sempre, inesperadamente, uma poesia da Claudete.

Quero registrar minha apreciação pela solicitude e apoio que sempre

encontrei quando busquei, da direção do Instituto de Saúde, na figura da Eliete e

Malu e dos demais amigos e colegas da pós graduação e da administração.

Page 6: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

iii

Expresso aqui minha apreciação pelo debate e críticas muito bem colocadas

pelos membros das bancas de qualificação e doutorado Professora Dra Rita de Cássia

Barradas Barata, Professor Doutor José Cássio de Morais, Professora Dra Cassia

Buchalla, Dr. Carlos Eugênio de Carvalho Ferreira e Dr Luis Eduardo Batista.

Gostaria de registrar também os agradecimentos para com o pessoal da Pós

Graduação do Emílio Ribas, Monica, Margaret e Dr Nilton pela sua competência e

solicitude.

Agradeço a Profa Cássia Buchalla à sua cuidadosa leitura do texto e as seus

comentários e sugestões, todos muito pertinentes.

E agradeço sobretudo à Fátima Carvalho pela presteza e habilidade com

solucionou os inúmeros meandros do processador de textos e de tabelas e gráficos.

And last but not least, a lembrança de nossas conversas pelas madrugadas,

nossos trios com a Elizeth, nossas elocubrações gastronômicas coletivas e outras

tantas ressoavam nas linhas do Ricardo Bruno que leio e releio e redescubro e me

acompanharam cotidianamente na elaboração deste trabalho.

Page 7: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

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Resumo

Volochko, Anna. Mortalidade evitável na região Sul do Brasil, 2000: desigualdades raciais e sexuais. Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Ciências, da Coordenadoria de Controle de Doenças, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. 2.005.

Persistem no país desigualdades sócio-econômicas mais marcadas em alguns

grupos sociais. O Índice de Desenvolvimento Humano revela grandes desigualdades entre grupos de raça/cor e gênero. Há gradiente decrescente de IDH do homem branco, mulher branca, homem negro e mulher negra, expressas pela distribuição desigual de bens como educação, renda, trabalho, habitação e saúde.

O objetivo do estudo é explorar a utilidade da mortalidade evitável como indicador capaz de desvelar as desigualdades na mortalidade por raça e gênero.

Foram analisadas as causas de morte e sua evitabilidade de 152.426 mortes da Região Sul do pais por cor; sexo e faixas etárias selecionadas em 2.000.

A mortalidade geral bruta de homens brancos foi 706,2/100.000homens brancos, e as principais causas foram doenças circulatórias (210,1); câncer (121,9); externas (109,3); respiratórias (80,8) e mal definidas (40,1). Sua mortalidade evitável foi 223,5 e evitabilidade 31,6%. A mortalidade geral bruta de homens pretos foi 796,5/100.000homens pretos, a evitável 364,8 e a evitabilidade de 45,8%. As principais causas foram as circulatórias (238,3); externas (129,1); câncer (120,2); respiratórias (81,1) e mal definidas (42,6).

Em mulheres brancas a mortalidade bruta foi 496,7/100.000 mulheres brancas e a evitável 162,1 e evitabilidade de 32,6%. As principais causas foram as circulatórias (185,1), câncer (88,8); respiratórias (55,8); endócrinas (31,7) e mal definidas (30,9). A mortalidade bruta de mulheres pretas foi 583,1/100.000 mulheres pretas, a evitável 211,9 e evitabilidade de 36,3%. As principais causas foram as circulatórias (240,3), câncer (87,6); respiratórias (57,2); endócrinas (50) e mal definidas (29,1).

A mortalidade de homens e mulheres pardos foi menor que a de brancos em todas as causas sugerindo evasão de mortes de pardos para brancos.

A mortalidade geral e evitável de homens pretos foi 10% e 60% maior que a de brancos respectivamente e a de mulheres pretas 20% e 30% maior que a de brancas. As diferenças aumentaram em dados desagregados por idade.

A proporção de óbitos sem registro de cor foi 12,8% em infantes; 10,3% em crianças (1 a 9 anos); 5,5% em adolescentes (10-19 anos); 6,8% em homens adultos (20-59 anos) e 8,5% em mulheres adultas, distorcendo a mortalidade das minorias raciais.

Concluí-se que há indícios de discriminação racial nos serviços de saúde, tema que merece aprofundamento; as taxas de mortalidade de pretos e pardos são as mínimas devendo ser maiores com melhor adscrição de cor; evasão de mortes de pardos para brancos aumentou a mortalidade dos últimos, diminuindo sua diferença em relação a pretos e pardos.

Palavras-chave – Mortalidade, mortalidade evitável, desigualdades raciais em

saúde, desigualdades de gênero em saúde.

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Abstract

Volochko, Anna. Avoidable mortality in Southern Brazil, 2.000. Race and Sex inequalities. PhD thesis submitted to the Science Pos Graduate Programme, Disease Control Coordination, São Paulo State Health Secretary.

Socioeconomic inequalities still persist in Brazil, more marked in some social

groups. Human Development Index shows great racial and gender disparities. There is a decreasing HDI from white men, to white women to black men and black women. Differences are expressed by unequal distribution of social wealth such as education, income, work opportunities, housing and health.

The aim of this study is to explore the utility of avoidable mortalily as an indicator sensitive to racial and gender mortality inequalities.

Causes and avoidability of all 152.426 deaths occurring in 2.000 in the Southern Region were analyzed by race, sex and selected age groups.

Crude mortality for white men was 706,2/100.000 white men and avoidable mortality 223,5, with 31,6% of deaths being avoidable. Main causes of death were circulatory diseases (210,1); cancer (121,9); injuries (109,3); respiratory (80,8) e ill defined (40,1). Crude mortality rate for black men was 795,5/100.000 black men, avoidable mortality was 364,8; with 45,8% of deaths being avoidable. Main causes of death for black men were circulatory diseases (238,3), injuries (129,3); cancer (120,2); respiratory (81,1) e ill defined causes (42,6).

White women crude mortality was 496,7/100.000 white women and avoidable mortality 162,1 with an avoidability of 32,6%. Main causes of death were circulatory (185,1), cancer (88,8); respiratory (55,8); endocrine (31,7) and ill defined (30,9). Black women crude mortality rate was 583,1/100.000 black women and avoidable mortality 211,9 with an avoidability of 36,3%. Main causes of death were circulatory (240,3); cancer (87,6); respiratory (57,2); endocrine (50) and ill definied (29,1)

Brown men and women mortality rate was lower than that of white men and women for all causes suggesting an outflow of brown deaths to white deaths.

Black men overall and avoidable mortality was respectively 10% and 60% greater than that of white men while that of black women was 20% and 30% greater than that of white women. Differences were greater in data split by age.

Proportion of deaths without skin colour registry was 12,8% for infants; 10,3% for children (1 to 9 years old); 5,5% for adolescents (10-19 years old); 6,8% for adult men (20-59 years old) and 8,5% for adult women, skewing mortality for minorities.

Conclusions - there are indications of racial discrimination in health services, specially for black women, an issue deserving further research; mortality rates for black and brown are minimal and will probably be greater with better colour registration on death certificates; outflow of brown persons deaths to white persons deaths increased artificially the later mortality reducing differences with black mortality.

Key words – mortality, avoidable mortality; racial inequalities in health; gender

inequalities in health.

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Lista de Tabelas

Tabela 4.1. Distribuição da população por sexo e cor (%). Brasil e Regiões. 2.000. ............ 38 Tabela 4.2. Porcentagem de óbitos por raça/cor por Região. 2000........................................ 39 Tabela 4.3. Proporção de óbitos por Causas Mal Definidas, por sexo, cor e regiões. Brasil.

2000.................................................................................................................... 40 Tabela 5.1-1. Número de óbitos, proporção, taxa de mortalidade geral e risco relativo de

homens sobre mulheres por capítulo e sexo. Região Sul. 2.000 ........................ 43 Tabela 5.1-2. Número de óbitos, proporção, taxa de mortalidade evitável e risco relativo de

homens sobre mulheres por capítulo e sexo. Região Sul. 2.000 ........................ 44 Tabela 5.2-1. Distribuição etária de população e óbitos, mortalidade e diferença entre mortes

masculinas e femininas por sexo. Região Sul, 2.000 ......................................... 49 Tabela 5.3-1. População em números absolutos e proporção por cor e sexo. Razão de

masculinidade (RM). Região Sul, 2.000 ............................................................ 62 Tabela 5.3-2. Mortalidade em números absolutos e proporção por cor e sexo. Região Sul,

2.000................................................................................................................... 63 Tabela 5.3.1-1. Distribuição dos óbitos masculinos por causa e cor e proporção das causas.

por cor. Região Sul, 2.000.................................................................................. 65 Tabela 5.3.3-1. Distribuição dos óbitos femininos por causa e cor e proporção das causas por

cor. Região Sul, 2.000 ........................................................................................ 72 Tabela 5.4.2-1. Distribuição dos óbitos e porcentagem por cor e sexo. Crianças. Região Sul,

2.000................................................................................................................. 107 Tabela 5.4.3.1-1. Distribuição e proporção de óbitos por causa, cor e sexo. Adolescentes .

Região Sul, 2.000 ............................................................................................. 131 Tabela 5.4.4-1. Distribuição e proporção de óbitos por causa, cor e sexo. Adultos. Região

Sul. 2.000 ......................................................................................................... 156

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vii

Lista de gráficos

Gráfico 5.1-1. Taxas de mortalidade total e evitável. Mulheres e homens. Região Sul, 2.000.................................................................................................................................. 47

Gráfico 5.1-2. Diferenças na mortalidade geral e evitável de homens em relação a mulheres. Região Sul, 2.000...................................................................................................... 47

Gráfico 5.2-1. Mortalidade por sexo e idade. Região Sul, 2.000........................................... 50 Gráfico 5.2.1-2. Mortalidade geral e evitável. Infantes por sexo e causa. Região Sul, 2.000 59 Gráfico 5.2.2-1. Mortalidade geral e evitável. Crianças por causa e sexo. Região Sul, 2.000

.................................................................................................................................. 60 Gráfico 5.2.3-1. Mortalidade geral e evitável de adolescentes por causa e sexo. Região Sul,

2.000 ......................................................................................................................... 60 Gráfico 5.2.4-1. Mortalidade geral e evitável de adultos (20-59 anos) por causa e sexo.

Região Sul, 2.000...................................................................................................... 61 Gráfico 5.2.5-1. Mortalidade geral e evitável de idosos por causa e sexo. Região Sul, 2.000

.................................................................................................................................. 61 Gráfico 5.3.1-1. Mortalidade geral por capítulo e cor. Homens. Região Sul, 2.000.............. 70 Gráfico 5.3.2-1. Mortalidade evitável por capítulo e cor. Homens. Região Sul, 2.000 ......... 70 Gráfico 5.3.1-2. Diferenças raciais na mortalidade geral por causas. Homens. Região Sul,

2.000 ......................................................................................................................... 71 Gráfico 5.3.2-2. Diferenças raciais na mortalidade evitável por causas. Homens. Região Sul,

2.000 ......................................................................................................................... 71 Gráfico 5.3.3-1. Mortalidade geral de mulheres. Capítulo e cor. Região Sul, 2.000............. 76 Gráfico 5.3.3-2. Diferenças raciais na mortalidade geral de mulheres por causas. Região Sul,

2.000 ......................................................................................................................... 77 Gráfico 5.3.4-2. Diferenças raciais na mortalidade evitável de mulheres por causas. Região

Sul, 2.000 .................................................................................................................. 77 Gráfico 5.4.1.1-1. Mortalidade geral de infantes por causa e cor. Região Sul, 2.000............ 84 Gráfico 5.4.1.2-1. Mortalidade evitável de infantes por cor e causa. Região Sul, 2.000....... 84 Gráfico 5.4.1.1-2. Diferenças sexuais na mortalidade geral de infantes por cor e causa.

Região Sul, 2.000...................................................................................................... 85 Gráfico 5.2.1.2-2. Diferenças sexuais na mortalidade evitável de infantes por cor e causa.

Região Sul, 2.000...................................................................................................... 85 Gráfico 5.4.1.1-3. Diferenças raciais na mortalidade geral de infantes por causa. Região Sul,

2.000 ......................................................................................................................... 86 Gráfico 5.4.1.2-3. Diferenças raciais na mortalidade evitável de infantes por causa. Região

Sul, 2.000 .................................................................................................................. 86 Gráfico 5.4.1.3-1. Mortalidade geral de infantas por causa e cor. Região Sul, 2.000............ 91 Gráfico 5.4.1.4-2. Mortalidade evitável de infantas por causa e cor. Região Sul, 2.000....... 91 Gráfico 5.4.1.3-2. Diferenças raciais na mortalidade geral de infantas por causa. Região Sul,

2.000 ......................................................................................................................... 92 Gráfico 5.4.1.4-2. Diferenças raciais na mortalidade geral de infantas. Região Sul, 2.000... 92 Gráfico 5.4.2.1-1. Mortalidade geral de meninos por causa e cor. Região Sul, 2.000......... 114 Gráfico 5.4.2.2-1. Mortalidade evitável de meninos por causa e cor. Região Sul, 2.000.... 114 Gráfico 5.4.2.1-2. Diferenças sexuais na mortalidade geral de meninos por causa e cor.

Região Sul, 2.000.................................................................................................... 115 Gráfico 5.4.2.2-2. Diferenças sexuais na mortalidade evitável de meninos por causa e cor.

Região Sul, 2.000.................................................................................................... 115

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viii

Gráfico 5.4.2.1-3. Diferenças raciais na mortalidade de meninos por causa. Região Sul, 2.000................................................................................................................................ 116

Gráfico 5.4.2.2-3. Diferenças raciais na mortalidade evitável de meninos por causa. Região Sul, 2.000 ................................................................................................................ 116

Gráfico 5.4.2.3-1. Mortalidade geral de meninas por causa e cor. Região Sul, 2.000......... 121 Gráfico 5.4.2.4.1. Mortalidade evitável de meninas por causa e cor. Região Sul, 2.000..... 121 Gráfico 5.4.2.3-2. Diferenças raciais na mortalidade geral de meninas por causa. Região Sul,

2.000 ....................................................................................................................... 122 Gráfico 5.4.2.4-2. Diferenças raciais na mortalidade evitável de meninas por causa. Região

Sul, 2.000 ................................................................................................................ 122 Gráfico 5.4.3.1-1. Mortalidade geral de moços por causa e cor. Região Sul, 2.000............ 138 Gráfico 5.4.3.1-2. Diferenças sexuais na mortalidade geral de moços por cor e causa. Região

Sul, 2.000 ................................................................................................................ 139 Gráfico 5.4.3.2-2. Diferenças sexuais na mortalidade evitável de moços por cor e causa.

Região Sul, 2.000.................................................................................................... 139 Gráfico 5.4.3.1-3. Diferenças raciais na mortalidade geral de moços por causa. Região Sul,

2.000 ....................................................................................................................... 140 Gráfico 5.4.3.2-3. Diferenças raciais na mortalidade evitável de moços por causa. Região

Sul, 2.000 ................................................................................................................ 140 Gráfico 5.4.3.4-1. Mortalidade evitável de moças por causa e cor. Região Sul, 2.000 ....... 146 Gráfico 5.4.3.3-2. Diferenças raciais na mortalidade geral por causas. Moças. Região Sul.

2.000. ...................................................................................................................... 147 Gráfico 5.4.3.4-2. Diferenças raciais na mortalidade evitável por causas. Moças. Região Sul,

2.000 ....................................................................................................................... 147 Gráfico 5.4.4.1-1. Mortalidade geral de homens por causa e cor. Região Sul, 2.000.......... 163 Gráfico 5.4.4.2-1. Mortalidade evitável de homens por causa e cor. Região Sul, 2.000 ..... 163 Gráfico 5.4.4.1-2. Diferenças sexuais na mortalidade geral de homens por cor e causa.

Região Sul, 2.000.................................................................................................... 164 Gráfico 5.4.4.2-2. Diferenças sexuais na mortalidade evitável de homens por cor e causa.

Região Sul, 2.000.................................................................................................... 164 Gráfico 5.4.4.1-3. Diferenças raciais na mortalidade geral de homens por causa. Região Sul,

2.000 ....................................................................................................................... 165 Gráfico 5.4.4.2-3. Diferenças raciais na mortalidade evitável de homens por causa. . Região

Sul, 2.000 ................................................................................................................ 165 Gráfico 5.4.4.3-1. Mortalidade geral de mulheres por causa e cor. Região Sul, 2.000........ 172 Gráfico 5.4.4.3-2. Diferenças raciais na mortalidade geral de mulheres por causa. Região

Sul, 2.000 ................................................................................................................ 173 Gráfico 5.4.4.4-2. Diferenças raciais na mortalidade evitável de mulheres por causa. Região

Sul, 2.000 ................................................................................................................ 173

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ix

Lista de quadros

Quadro 4.1. Nomes e limites das faixas etárias. .................................................................... 32 Quadro 4.2. Cobertura dos registros de óbitos e classificação (CELADE) nos Estados da

Região Sul. 1998 ............................................................................................... 35 Quadro 5.2.1-1. Mortalidade geral e evitável de infantes (< 1 ano) por causa e sexo. Região

Sul, 2.000 .......................................................................................................... 51 Quadro 5.2.2.1. Mortalidade geral e evitável de crianças (1-9 anos) por causas e sexo. Região

Sul, 2.000 .......................................................................................................... 53 Quadro 5.2.3-1. Mortalidade geral e evitável de adolescentes (10-19 anos) por causa e sexo.

Região Sul, 2.000 .............................................................................................. 54 Quadro 5.2.4-1. Mortalidade geral e evitável de adultos (20-59 anos) por causa e sexo.

Região Sul. 2.000 .............................................................................................. 56 Quadro 5.2.5-1. Mortalidade geral e evitável de idosos (60 e + anos) por sexo e causa.

Região Sul, 2.000 .............................................................................................. 58 Quadro 5.3.1-2. Mortalidade geral e diferenças raciais por causas. Homens. Região Sul,

2.000.................................................................................................................. 66 Quadro 5.3.2-1. Mortalidade evitável, evitabilidade e diferenças raciais por causas. Homens.

Região Sul, 2.000 .............................................................................................. 68 Quadro 5.3.3-2. Mortalidade geral e diferenças raciais. Mulheres. Região Sul, 2.000 ......... 73 Quadro 5.3.4-1. Mortalidade evitável, evitabilidade e diferenças raciais por causas.

Mulheres. Região Sul, 2.000 ............................................................................. 75 Quadro 5.4.1.1-1. Mortalidade geral e diferenças sexuais e raciais por causas. Infantes.

Região Sul, 2.000 .............................................................................................. 79 Quadro 5.4.1.2-1. Evitabilidade, mortalidade evitável e diferenças raciais. Infantes. Região

Sul, 2.000 .......................................................................................................... 82 Quadro 5.4.1.3-1. Mortalidade geral e diferenças raciais na mortalidade por causas. Infantas.

Região Sul, 2.000 .............................................................................................. 87 Quadro 5.4.1.4-1. Evitabilidade, mortalidade evitável e diferenças raciais por causas.

Infantas. Região Sul, 2.000 ............................................................................... 89 Quadro 5.4.1.5.1. Principais causas de morte em infantes brancos (15). Região Sul, 2.000 . 94 Quadro 5.4.1.5-2. Principais causas de morte de infantes pretos por sexo. Região Sul, 2.000

......................................................................................................................... 101 Quadro 5.4.1.5-3. Principais causas de mortes de infantes pardos. Região Sul, 2.000........ 102 Quadro 5.4.1.5-4. Principais causas de morte de infantes de cor ignorada, por sexo. Região

Sul, 2.000 ........................................................................................................ 105 Quadro 5.4.2.1-1. Mortalidade geral, diferenças sexuais e raciais por causas. Meninos Região

Sul, 2.000 ........................................................................................................ 109 Quadro 5.4.2.2-1. Evitabilidade, mortalidade evitável e diferenças raciais por causas.

Meninos. Região Sul, 2.000 ............................................................................ 111 Quadro 5.4.2.3-1. Mortalidade geral e diferenças sexuais e raciais por causas. Meninas.

Região Sul, 2.000 ............................................................................................ 113 Quadro 5.4.2.4. Evitabilidade, mortalidade evitável e diferenças raciais por causas. Meninas

Região Sul, 2.000 ............................................................................................ 118 Quadro 5.4.2.5-1. Principais causas de morte de crianças brancas. Região Sul, 2.000 ....... 123 Quadro 5.4.2.5-2. Principais causas de morte de crianças pretas. Região Sul, 2.000.......... 127 Quadro 5.4.2.5-3. Principais causas de morte em crianças pardas. Região Sul, 2.000........ 128

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x

Quadro 5.4.2.5-4. Principais causas detalhadas de morte de crianças sem registro de cor.. Região Sul, 2.000 ............................................................................................ 129

Quadro 5.4.3.1-1. Mortalidade geral, diferenças sexuais e raciais por causas. Moços. Região Sul, 2.000 ........................................................................................................ 132

Quadro 5.4.3.2-1. Evitabilidade, mortalidade evitável e diferenças raciais por causas. Moços. Região Sul, 2.000 ............................................................................................ 134

Quadro 5.4.3.3-1. Mortalidade geral, diferenças sexuais e raciais por causas. Moças. Região Sul, 2.000 ........................................................................................................ 141

Quadro 5.4.3.4. Evitabilidade, mortalidade evitável e diferenças raciais por causas. Moças. Região Sul, 2.000 ............................................................................................ 143

Quadro 5.4.3.5.1-1. Principais causas detalhadas de morte de adolescentes brancos. Região Sul, 2.000 ........................................................................................................ 149

Quadro 5.4.3.5.2-1. Principais causas detalhadas de morte de adolescentes pretos. Região Sul, 2.000 ........................................................................................................ 151

Quadro 5.4.3.5.3-1. Principais causas detalhadas de morte de adolescentes pardos. Região Sul, 2.000 ........................................................................................................ 154

Quadro 5.4.4.5.4-1. Principais causas detalhadas de morte de adolescentes sem registro de cor. Região Sul, 2.000 ..................................................................................... 155

Quadro 5.4.4.1-1. Mortalidade geral, diferenças sexuais e raciais por sexo causas. Homens. Região Sul, 2.000 ............................................................................................ 157

Quadro 5.4.4.2-1. Evitabilidade, mortalidade evitável e diferenças raciais por causas. Homens. Região Sul, 2.000............................................................................. 160

Quadro 5.4.4.4.3-1. Mortalidade geral, diferenças sexuais e raciais por causas. Mulheres. Região Sul, 2.000 ............................................................................................ 166

Quadro 5.4.4.4-1. Evitabilidade, mortalidade evitável e diferenças raciais por causas. Mulheres. Região Sul, 2.000 ........................................................................... 168

Quadro 5.4.4.5.1-1. Principais causas de morte de homens brancos. Região Sul, 2.000..... 174 Quadro 5.4.4.5.2-1. Principais causas detalhadas de morte por sexo. Adultos pretos. Região

Sul, 2.000 ........................................................................................................ 179 Quadro 5.4.4.5.3-1. Principais causas detalhadas de morte de adultos pardos. Região Sul,

2.000................................................................................................................ 183 Quadro 5.4.4.5.4-1. Principais causas detalhadas de mortes sem registro de cor. Adultos.

Região Sul, 2.000 ............................................................................................ 186

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xi

Lista de abreviaturas

% V- proporção por capítulos %E - proporção de evitabilidade AI – Amarelos e indígenas Cap. – Capítulo CID-10 – Classificação Internacional de Doenças E – evitável H – Homens Ign / Ignor. – Cor ignorada M – Mulher Pop – população REB – risco relativo de mortalidade evitável em relação a brancos REM – Risco relativo de mortalidade evitável em relação a mulheres RM – risco de mortalidade em relação a mulheres RRB – risco relativo de mortalidade em relação a brancos TM – taxa de mortalidade TME – taxa de mortalidade evitável TMEH – taxa de mortalidade evitável de homens TMEM – taxa de mortalidade evitável de mulheres TMH – taxa de mortalidade de homens TMM – taxa de mortalidade de mulheres

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Índice

1 Apresentação ................................................................................................................ 1 2 Introdução..................................................................................................................... 3

2.1. A epidemiologia ....................................................................................................... 3 2.2. Condições de vida e saúde...................................................................................... 12 2.3. Condições de vida e saúde da população negra...................................................... 16 2.5. Mortalidade evitável ............................................................................................... 23

3 Objetivos .................................................................................................................... 29 3.1. Objetivo Geral ........................................................................................................ 29 3.2. Objetivos específicos .............................................................................................. 29

4 Materiais e métodos ................................................................................................... 31 5 Resultados e Comentários .......................................................................................... 41

5.1. Mortalidade geral e evitável por sexo..................................................................... 42 5.2. Mortalidade geral e evitável por idade.................................................................... 48 5.3. Mortalidade geral e evitável por cor, sexo e idade ................................................. 62 5.4. Causas de mortalidade geral e evitável por cor, idade e sexo................................. 78 5.4.1. Mortalidade geral e evitável de menores de 1 ano por cor e sexo ...................... 78 5.4.2. Mortalidade geral e evitável de crianças de 1 a 9 anos por cor e sexo .............. 107 5.4.2.1. Mortalidade geral de meninos por cor ............................................................ 108 5.4.2.3. Mortalidade geral de meninas ......................................................................... 113 5.4.2.4. Mortalidade evitável de meninas .................................................................... 118 5.4.2.5-1. Crianças brancas .......................................................................................... 120 5.4.2.5-2. Crianças pretas............................................................................................. 126 5.4.2.5-3. Crianças pardas............................................................................................ 127 5.4.2.5-4. Crianças sem registro de cor........................................................................ 128 5.4.3. Mortalidade geral e evitável de adolescentes por cor e sexo. ........................... 130 5.4.3.3. Mortalidade geral de moças por cor................................................................ 137 5.4.3.4. Mortalidade evitável de moças por cor ........................................................... 142 5.4.3.5. Principais causas detalhadas de morte de adolescentes por cor...................... 148 5.4.3.5.1. Adolescentes brancos................................................................................... 148 5.4.3.5.2. Adolescentes pretos ..................................................................................... 150 5.4.3.5.3. Adolescentes pardos..................................................................................... 152 5.4.3.5.4. Mortes de adolescentes sem registro de cor................................................. 154 5.4.4. Mortalidade geral e evitável de adultos por cor................................................. 156 5.4.4.2. Mortalidade evitável de homens por cor......................................................... 159 5.4.4.5. Principais causas detalhadas de morte de adultos........................................... 171 5.4.4.5.1. Adultos brancos ........................................................................................... 171 5.4.4.5.2. Adultos pretos .............................................................................................. 178

6 Conclusões ............................................................................................................... 188 7 Bibliografia............................................................................................................... 193

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1

1 Apresentação

Embora as doenças sejam socialmente determinadas e o impacto dos serviços de

saúde no perfil de morbidade de populações seja limitado, eles tem impacto sobre a

mortalidade de doenças evitáveis por imunização e vulneráveis a tratamento oportuno e

adequado, sobre a idade de morte e sobre a qualidade de vida.

Atualmente não há porque morrer de hérnias ou úlceras pépticas, tratáveis por

abordagens clínicas e cirúrgicas. Diversas doenças crônicas como hipertensão ou

hipotireoidismo são controláveis por medicação e a maioria de seus portadores morrem

em idade provecta, com essas doenças e não delas.

O conjunto de doenças imunopreveníveis; curáveis; tratáveis nos estágios iniciais

ou controláveis é chamado de doenças evitáveis, teoricamente evitáveis para todos, isto é

com medicação adequada e perene a morte por epilepsia é igualmente evitável para

criança ou adulto, homem ou mulher; branco ou preto; pobre ou rico. A capacidade de

serviços de saúde evitarem doenças e mortes depende cruacialmente de sua distribuição e

qualidade e da acessibilidade a eles.

Serviços de saúde são bens sociais como educação, moradia, oportunidades de

trabalho, etc e sua distribuição e qualidade espontâneas segue a lei inversa das

necessidades, isto é, quem mais precisa tem menos e piores serviços e oportunidades.

Page 17: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

2

Considerando que no Brasil “Saúde é direito de todos e dever do Estado” garantida

na constituição, e que foi implantada o Sistema Único de Saúde no território nacional,

cujos princípios são a universalidade, eqüidade, integralidade e controle social, parece útil

buscar indícios de desigualdades remanescentes na saúde para municiar o SUS a buscar

formas de repará-las, proporcionando mais e melhores serviços a quem mais precisa.

O objetivo deste trabalho é explorar a utilidade da mortalidade evitável como

indicador sensível das disparidades de saúde de grupos demográficos e sociais.

Para tanto balizar-se-á inicialmente o marco conceitual que fundamenta a escolha

do objeto, as hipóteses subjacentes, a metodologia de pesquisa e análise. No capítulo

introdutório, a uma breve revisão da história e paradigmas da epidemiologia seguem-se

considerações sobre desigualdade na saúde em geral e em especial as desigualdades

regionais, etárias, de gênero e raça/etnia em saúde. Também será apresentada uma breve

revisão sobre a mortalidade evitável.

No capítulo da Metodologia será apresentado o desenho da pesquisa e algumas

considerações sobre a adscrição de cor e raça no Brasil. .

Os resultados serão apresentados através de tabela e gráficos e discutidos.

Nas conclusões serão apresentadas as limitações do trabalho e as recomendações

para pesquisas subseqüentes e propostas de intervenção visando aumentar a qualidade da

adscrição de cor nos certificados de óbito.

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3

2 Introdução

2.1. A epidemiologia

O objetivo desta digressão sobre Epidemiologia é relatar o percurso da construção

do referencial teórico que fundamenta o trabalho. As leituras foram abrangentes e, embora

tivesse sido um processo mais demorado, permitiu uma visão panorâmica e possibilitou

desenvolver um olhar, ao mesmo tempo mais aberto e mais crítico. O maior aprendizado

foi comprovar a não linearidade na apreensão e interpretação da realidade e construção do

conhecimento.

Fala-se de crise na saúde coletiva ao se constatar o insuficiente impacto das

reformas sanitárias na saúde de muitas populações. O paradoxo é atribuído, em parte, à

incapacidade explicativa de disciplinas que fundamentam as práticas de saúde, como a

epidemiologia, mercê de fundamentação epistemológica superficial e insuficiente

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4

(Almeida Filho et al, 1998). As incertezas na definição do objeto, ilustrado pelo leque de

adjetivos que tem recebido – epidemiologia clássica, clínica, social, molecular,

aprofundam a crise (Barreto, 1998; Almeida Filho, 1989; Buck et al, 1988; Terris, 1962).

Para compreender a crise recupero, resumidamente, a historia da epidemiologia e

da medicina, disciplina que a fundamenta.

A divisão social do trabalho medieval herdou da Antigüidade as esferas da vida

ativa e contemplativa,. A cada uma, um modo particular de vida. O trabalho de

reprodução da existência – atividade de escravos, artesãos, servos, comerciantes e

cirurgiões barbeiros inscreviam-se na primeira, correspondendo a necessidades materiais.

Os cidadãos, livres das necessidades materiais dedicavam-se à vida contemplativa –

filosofia, estética, política. Na medicina os físicos, oriundos das elites doutas, teorizavam

sobre doenças enquanto os cirurgiões barbeiros se atracavam com o corpo natural sob a

vigilância daqueles (Ayres, 1995).

O pensamento médico oscilava entre a concepção ontológica (moléstias como

seres malignos invasores a serem tratados pelo exorcismo; retirados com sangrias ou

sanguessugas) e a concepção dinâmica (doença como desequilíbrio da natureza e seu

esforço de se restabelecer cujo tratamento era reforçar o processo natural de cura, com

ação humana passiva e contemplativa).

A legitimação da interferência humana na natureza, antes prerrogativa divina,

estabelece as condições da ruptura epistemológica na medicina. Até então a doença diferia

da saúde em qualidade, agora, normal e patológico são quantidades diversas de vida

biológica, permitindo elaborar abstratos constantes, fundantes das leis gerais da ciência

médica (Canguilem, 1982).

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5

Toda abstração obedece um sentido cognitivo intencional que no caso consiste na

“... postulação da ilegitimidade das dimensões psicológicas e sociais enquanto constitutivas do diagnóstico, sua redução à condição de contaminantes, no pior dos casos, ou de condicionantes ou moduladoras, no melhor. O modo pelo qual se abstrai do real para construir o conceito de Doença e, por extensão, para elaborar cada diagnóstico tem portanto, a especificidade de fazê-lo reduzindo ao biológico um fenômeno ... mais complexo. A essa opção ... aplica-se a noção de biologicismo.” (Mendes Gonçalves, 2002)

O processo de abstração que reconstitui o homem que se sente doente é

“... caracterizado como obscurecedor das demais dimensões em que essa realidade parcial – um homem doente – se dá.” (Mendes Gonçalves, 2002)

A medicina moderna emerge no século XVIII alimentada pelo empirismo, apogeu

da racionalidade tecnológica, lançando raízes profundas na prática e pesquisa médicas. Se

implanta como paradigma pelo aprendizado formal, condicionamento cultural, regras

institucionais, generalizando o empirismo dedutivista e técnicas quantitativas (Ayres,

1995).

Concomitantemente à medicina individual desenvolveu-se a medicina das

populações para Foucault (1981) com três vertentes, a medicina de Estado, a urbana e a da

força de trabalho.

A medicina de Estado, buscando melhorar a saúde da população, floresceu na

Alemanha no século XVIII com a Medizinichepolizei, noção criada por Rau,

caracterizando-se pela vigilância de epidemias e endemias a partir de dados de médicos e

hospitais; organização de um saber médico estatal; normatização e subordinação dos

médicos à administração central e criação da carreira hierarquizada de oficiais médicos

(Rosen, 1994).

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6

A medicina urbana francesa se calcava na quarentena. Na Idade Média ela exilava

os leprosos, limpando as urbes. No século XVIII incorporou a vigilância dos internos em

hospitais ou domicílios (peste). Isolavam-se e exilavam–se os acúmulos causadores de

doenças – lixos, esgotos, cemitérios, matadouros, removendo-os aos subúrbios.

Desobstruiu-se a circulação de ar e água, planejou-se a captação de água potável e

emissão de dejetos. (Foucault, 1981)

A terceira modalidade - a inglesa, foi a medicina dos pobres, da força de trabalho.

Para ser assistido pelo Poor Act o pobre sujeitar-se-ia a controles médicos. Nasce a idéia

de sanar os problemas de saúde dos pobres para proteger a saúde dos ricos de epidemias.

Essa legislação se consolidou após 1870 pela organização de serviços de controle médico

com vacinação compulsória; obrigatoriedade da auto-declaração de doenças, destruição de

focos de insalubridade. Esta modalidade vingou por permitir a coexistência de três

sistemas articulados – medicina estatal (pobres), pública (saúde populacional) e privada

(Foucault, 1981).

O paradigma empirista da medicina individual aplica-se também à epidemiologia.

Cabe identificar as limitações do paradigma individual, quando aplicado a fenômenos

coletivos.

A Epidemiologia clássica se auto define como estudo da distribuição e

determinação das doenças no homem (MacMahon & Pugh, 1970).

O estudo das associações entre variações na incidência de moléstias em indivíduos

e sua exposição a estímulos deriva da indução estatística. O mecanismo causal é

fisiopatológica e dedutivamente determinado. O que permite imputar causalidade à

associação estatística não é sua força estatística mas a legitimidade dos nexos causais

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7

entre as variáveis associadas, ou seja, é o conceito de doença que autoriza julgar quais as

associações causais, as moduladoras, as interferentes e as espúrias (Gonçalves, 2002).

Assim, a diferença metodológica entre Epidemiologia e Fisiopatologia é de nível,

não de paradigma. O estudo das causas advém de critérios que escolhem certas categorias

de fatos antecedentes e associados como mutáveis, em detrimento de outras. Os critérios

são políticos e alinhados ao projeto de reprodução social prevalente. O instrumental

teórico para contornar as dificuldades da causalidade é o conceito de risco, que possibilita

identificar grupos de risco e prescrever ações preventivas (Gonçalves, 2002).

Susser & Susser (1996) apontam correntes teóricas da Epidemiologia e

correspondentes métodos analíticos e estratégias preventivas e curativas - os paradigmas

do miasma, do germe, da caixa preta e das caixas chinesas.

A vertente “miasmática” (Villalba, 1802)1 coletava estatísticas sanitárias e

predominou entre os séculos 18 e 19. Atribuía as doenças a condições de vida (Villerme,

1840) e meio ambiente. Preconizava identificar os determinantes sociais, sobretudo os

associados à pobreza (Snow, 1864), nutrição (Casal, 1762) e trabalho (Farr, 1864).

Indicava a necessidade de políticas públicas (habitação, nutrição, trabalho) e ações

sanitárias para mudar condições de vida. A Epidemiologia Clássica se apropriou do que

na obra de Snow era exemplo de investigação empírica de associação causal, descarnando

–o do conjunto de análises do autor sobre os processos envolvidos na causação, dos

biológicos aos políticos, passando pelos sócio-economicos (Costa e Costa, 1990).

A “teoria do germe” fundamenta a maioria das pesquisas e ações em saúde do fim

1 Villalba descreve observações da Idade Média sobre epidemias de doença caracterizada por fadiga e febre alta que ocorria em arrozais alagados da Espanha, posteriormente identificada como malária.

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do século 19 até hoje. A hipótese de que infecções eram causas importantes de doença só

foi comprovada por Pasteur, em 1865. Mesmo antes, estudos de Semmelweiss (1855),

sobre infecção puerperal e de Panum (1846) sobre sarampo, reforçavam a teoria

infecciosa. Começa a era das infecções causadas pelos “socialmente neutros” micróbios.

A promoção, prevenção, terapia e reabilitação dirigem-se ao agente, não às condições de

vida. Essa linha conduz à intervenções sociais circunscritas, mas logra grandes progressos

terapêuticos. A saúde pública atua no controle dos agentes e na redução da chance

individual de adoecer.

Em meados do século XX a atenção volta-se a doenças não transmissíveis. Na

ausência de bases etiofisiopatológicas para explicar o câncer e as cardiopatias isquêmicas

ou hipóteses causais que articulassem sua distribuição a desigualdades sociais, a

Epidemiologia explora relações entre as condições e fatores de risco por varredura de

associações (Goldberg, 1982) e análises estatísticas complexas, a caixa preta a que Susser

e Susser (1996) aludiam. Predomina a teoria da multicausalidade (Barata, 2.000) e o foco

da análise permanece individual. No plano da prática, paralelamente à cobertura

diagnóstica com baterias de exames e crescente gama terapêutica sofisticada e cara,

campanhas educativas exortam a hábitos individuais saudáveis e seguros. Mas o

paradigma não deslinda as causas sociais das doenças e as mudanças de comportamento

individual não são efetivas (Susser, 1995).

Avanços na biologia (engenharia genética), técnicas biomédicas (diagnóstico por

imagens) e sistemas de informação (internet) impõe reformulações nas disciplinas da

saúde. A mudança nos padrões de saúde e nas tecnologias requer novo paradigma com

sistemas causais em diferentes níveis - fatores de risco no plano individual; rotas causais

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no plano social e patogênese no molecular – o paradigma eco-epidemiológico (Susser &

Susser, 1998).

Esta periodização linear e evolucionista mostra a Epidemiologia clássica ancorada

na opção tecno-conservadora de busca de agentes infecciosos, fatores de risco e

características sócio-econômicas individuais (Ayres, 1993). Mas a produção científica é

bem mais diversa. Em plena era miasmática, Lind (1753), Casal (1762), Baker (1776)

descobrem os nexos causais do escorbuto, pelagra e saturnismo respectivamente enquanto

Snow aponta para o mecanismo de transmissão da cólera. Na era do germe, Takaki (1906)

estudou o beriberi; Bigelow e Lombard (1933) as doenças crônicas e Greenwood (1935) o

câncer.

Criticando a insuficiência do determinismo de Laplace e da linearidade de Newton

na Epidemiologia clássica, Fhilippe (1998) cita 4 tipos de modelagem:

♦ linear estocástica – regressão múltipla, em que todos os fatores têm efeitos diretos

e independentes no resultado. O todo é igual a soma das partes;

♦ equação estrutural (path analysis) – análise estocástica ampliada com efeitos

diretos e indiretos calculados por modelos complexos de superposição de

regressões lineares;

♦ dinâmica não determinista – selecionam-se interações com comportamento

dinâmico mais adequados;

♦ sistemas adaptativos complexos (fractal estocástica) – admite grande número de

graus de liberdade, como no risco para doenças cardíacas (mais de 200 fatores).

propondo a metáfora do “conjunto” de Cantor, representação geométrica de estrutura

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hierárquica auto-similar (labirinto cujas paredes se rearranjam a cada passo) para o último

modelo.

A Epidemiologia Social contrapõe concepções dialéticas e estruturalistas às

correntes positivista e fenomenológica. Propõe níveis hierárquicos de determinação e

métodos de estudo do processo saúde-doença segundo a causalidade socio-histórica de

cada grupo social. Seus fundamentos são engajados pretendendo-se instrumentos de

mudanças sociais (Breilh, 1987).

O desafio é compreender como o contexto socioeconômico molda padrões de

saúde e doença. No plano geral, a reprodução social das condições de vida se insere na

lógica de acumulação capitalista. Formas particulares de reprodução multidimensional

refletem as relações específicas entre grupos sociais no trabalho; o consumo individual e

coletivo (mediados pelo mercado e políticas redistributivas); a relação com o espaço, as

relações políticas, culturais e ideológicas e os processos biopsíquicos humanos (Laurell,

1982).

Castellanos (1997) defende o diagnóstico de saúde e formulação de políticas

públicas a partir da assunção da existência de desigualdades entre grupos sociais, com a

ecologia como principal método de estudo e intervenção. O diagnóstico deve focalizar

carências específicas dadas pelas condições de vida; problemas (expressão das carências)

hierarquizados e respostas sociais de solução. Saúde e doença não são manifestações

biológicas individuais de processos sociais mas “fenômenos que expressam a reprodução

social no plano individual e coletivo (biológico, econômico, social e formas de

consciência e conduta).”

Estas concepções ecoam na literatura internacional (Shy, 1997) e, apesar de

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diferenças teórico-metodológicas, comungam da idéia de determinação social da saúde e

da doença por componentes dos processos de produção e reprodução sociais, que gerando

desigualdades no trabalho, consumo e necessidades, moldam as disparidades nas

condições de vida, situações de saúde, perfis de doença, modos de recuperação e na

morte.

O conceito de vulnerabilidades de Mann, Tarantola e Netter (1993) no contexto na

epidemia da AIDS e adaptado no Brasil por Ayres et al (1999) é um exemplo de

operacionalização das concepções da Epidemiologia Crítica.

Outro exemplo é o de Williams (1997) sobre desigualdades étnicas em saúde,

modelo com diversos níveis de determinação e causalidade, do biológico molecular ao

psicológico, social, político e institucional perpassados pelo racismo e discriminação

racial.

Na década de 70, paralelamente à crítica da multicausalidade (Arouca, 1975;

Mendes Gonçalves, 1979) e a modelos de reforma da Saúde como Medicina Preventiva e

Comunitária; se consolidam no país o movimento de Saúde Coletiva e o interesse pela

determinação sócio-econômica das desigualdades em saúde

Uma das marcas da Saúde Coletiva é o rompimento da naturalização do social,

recolocando o biológico e o clínico nos lugares devidos, ademais da busca de uma nova

articulação entre objetividade e subjetividade na saúde. A valorização da vivência de

clientes e provedores possibilitam o diálogo com outros saberes e práticas abrindo novas

perspectivas de reflexão e ação. Saúde passa a ser concebida como expressão da interação

entre modo de vida -[condições e estilo de vida (Possas, 1989)], condições de trabalho e

meio ambiente - os determinantes do perfil epidemiológico de grupos e populações.

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Ações de saúde coletiva carecem da adesão e compromisso da sociedade para

produzir ambientes e populações saudáveis, expressando o embate entre liberdades

individuais e responsabilidades coletivas, interesses privados e públicos. Seu escopo

depende de negociações intersetoriais, do Estado com a sociedade e com instâncias

econômicas, políticas e ideológicas.

A Saúde Coletiva tem como alvos preferenciais de intervenção instâncias

“políticas (formas de distribuição do poder); práticas (mudanças de comportamento,

cultura, instituições, produção de conhecimento, práticas institucionais, profissionais e

relacionais); técnicas (organização e regulação dos recursos e processos produtivos;

corpo/ambiente); e instrumentais (meios de produção da intervenção)” (Paim & Almeida

Fo , 1998).

É neste campo de conhecimento e vinculado à ação política emancipatória e

solidária que o presente estudo foi elaborado, desdobramento e aprofundamento de

trabalho coletivo anterior (Lopes et al, 2003) como explicitado adiante.

2.2. Condições de vida e saúde

A revolução industrial, iniciada na Inglaterra na segunda metade do século XVIII,

propagou-se pelos demais países europeus e teve grande impacto sobre as condições de

vida e saúde devido à rápida urbanização e pauperização dos trabalhadores oriundos do

campo. Além de visitas a bairros operários de Manchester, Glasgow e Londres, Engels se

baseou em publicações (Crocker, 1808; Kay, 1832; Alison, 1840; Chadwick 1842) e

relatórios oficiais para escrever, em 1845, A Situação da Classe Trabalhadora na

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Inglaterra, uma das primeiras contribuições de cientistas sociais para a Saúde Coletiva

(Engels, 1988).

Entre 1830 e 1850, a França foi assolada pela cólera (Ackernecht, 1948), que

agravou as más condições de vida e trabalho dos operários têxteis franceses (Villermé,

1840) enquanto na Alemanha, Virchow e Neumann estabeleciam as bases da medicina

social (Rosen, 1994).

As precárias condições de vida, trabalho e saúde deflagraram movimentos

populares como a Comuna de Paris, e agilizaram a implantação de políticas públicas de

saneamento, regulação do trabalho e redução do preço de alimentos (Engels, 1976).

Com o advento da era do germe, as condições de vida foram relegadas a

componente do meio ambiente, externas ao processo saúde/doença. (Castellanos, 1997)

Mas a crise do capitalismo, cujo apogeu ocorreu entre as duas grandes guerras mundiais

do século XX, obrigou sua volta à cena. Condições precárias de vida são

responsabilizadas pela maior incidência de infecções e doenças não transmissíveis nas

populações carentes. (Bigelow & Lombard, 1933)

Na Grã-Bretanha, Greenwood (1935) introduziu a noção de classe social como

variável de análise da mortalidade mostrando que ela era maior nas classes de menor

renda na maioria das causas. Sua metodologia, incorporada ao sistema oficial de

estatísticas vitais, iniciou tradição da apresentar os dados desagregados por classe social,

fundamentando as propostas de reforma sanitária no pós-guerra e implantação do Welfare

State.

Apesar da criação do Serviço Nacional de Saúde em 1946, as iniquidades de saúde

por classes sociais persistiam na Grã-Bretanha na década de 70. McKeown & Lowe

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(1974) mostram que a morbimortalidade vinha caindo na Inglaterra desde o fim do século

XIX mercê de melhorias nas habitações e nutrição da população2 e que os serviços de

saúde causaram pouco impacto sobre o perfil de saúde.

Nos Estados Unidos, desde 1915, a mortalidade materna e infantil são listados para

brancos e não brancos, a raça indicando estrato social. (USDHEW, 1963)

Nos anos 70 realizaram-se entre nós estudos sobre o agravamento da situação de

saúde decorrente do modelo de desenvolvimento adotado (Leser, 1972; Goldbaum, 1976;

Monteiro, et al, 1980). Vários autores operacionalizaram o conceito marxista de classe

social como atributo indivídual para captar desigualdades em saúde (Bronfman 1988;

Lombardi 1988; Victora et al 1990; Volochko, 1991).

Dada a dificuldade conceitual e metodológica de operacionalizar classes sociais,

Possas (1989) propõe modelo de determinação do perfil epidemiológico da população

pelas categorias condições de trabalho e de vida, como mediadoras da classe social.

Atribui-se ao trabalho a estruturação do modo de vida, passível de decomposição, para

fins analíticos, em condições de vida (garantidos pelo salário) e estilo de vida (conjunto de

hábitos e comportamentos).

Estudos da situação de saúde e condições de vida destacam 4 dimensões da

reprodução social: 1ª- das relações econômicas de produção, distribuição e consumo; 2ª -

das formas de consciência e comportamento, dadas pela cultura; 3ª - das relações

ecológicas, interação de pessoas e grupos com o meio ambiente no lar e trabalho e 4ª - a

biológica, da suscetibilidade e resistência imunológica e herança genética.

2 Em 1981 a desigualdade na saúde permanecia no Reino Unido (Townsend& Davidson, 1981) e também no norte da Inglaterra em 1991(Phillimore & Morris1991) e em Londres em 2.000.(Atkinson, 2002).

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15

Outro modo de evidenciar desigualdades no perfil de morbimortalidade deriva da

construção de indices, compostos por vários indicadores sócio-econômicos. (Castellanos,

1997) Condições de vida derivam de condições materiais e dependem do tipo de inserção

na cadeia produtiva, expressando o pertencimento de classe.

O conceito de território e espaço, enquanto resultado da ação da sociedade sobre o

meio natural (Silva, 2.000) aparece como outra possibilidade de apreender as necessidades

e desigualdades sociais em saúde. Fundamenta-se na concepção de que o padrão espacial

da cidade (ou município) é definido pelas relações sociais, dadas pelo modo de produção,

e concretizados nos processos de urbanização, industrialização, expansão de fronteiras

agrícolas e migrações (Santos, 1991)

Dessa forma

“Reconhecendo-se as condições de vida como específicas de cada classe ou fração de classe social, seja em função dos rendimentos auferidos que permitam a identificação de estratos, seja considerando o acesso a bens de consumo coletivo propiciado pelas políticas públicas formuladas pelo Estado, poder-se-ia considerá-las como mediadoras dos determinantes estruturais no marco conceitual explicitado a partir do modelo de Possas. Do mesmo modo, considerando-se os grupos humanos dispostos em diferentes espaços da cidade, a operacionalização desse conceito através das variáveis e de indicadores selecionados permitiria uma aproximação da realidade sem contudo minimizar sua complexidade...” (Paim, 1997)

No estudo da situação de saúde em Salvador, os autores usaram 3 métodos de

estratificação das condições de vida: - capital econômico e cultural, de Bourdieu; -

Índice de Condições de Sobrevivência adaptado e - escores de mescla indicadores de

condições de vida –Índice de Condições de Vida. (Silva et al, 1999)

A produção conceitual e empírica sobre a determinacão da situação de saúde pelas

condições de vida é bastante ampla e rica, com contribuições importantes como de

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Castellanos na reflexão conceitual e metodológica (brechas redutíveis de mortalidade);

Akerman na solução das necessidades (apontando a intersetorialidade para apreender e

resolver problemas de saúde no marco de Cidades Saudáveis); Campaña que aborda o

tema a partir da qualidade de vida e desenvolvimento humano e introduz a reflexão sobre

bem estar psíquico; e muitos outros mais, mas para os objetivos deste trabalho - avaliar a

utilidade do indicador mortalidade evitável para medir desigualdades de saúde entre

grupos sociais, basta esta sucinta apresentação.

2.3. Condições de vida e saúde da população negra

Em biologia não há raças humanas, isto é, geneticamente é impossível definir

raças que correspondam às delimitadas pela noção nativa. Raças baseadas em traços

fisionômicas, fenótipos ou genótipos não têm base científica (Appiah, 1997).

O mercantilismo capitalista homogeneizou a diversidade sócio-cultural das etnias

africanas no conceito de raça negra, abstração baseada em características fenotípicas

consideradas válidas para classificar e subordinar seres humanos. A representação de raça

negra é ideologicamente comprometida, apresentando o africano como inferior, atrasado,

selvagem e ímpio, justificando, religiosa e moralmente, o imperialismo do branco europeu

(Barbosa, 1998).

No Brasil, raça é um conceito nativo (categoria com sentido prático em contexto

histórico específico) denotando uma categoria de posição social. O país foi construído

pelo trabalho escravo de povos de Moçambique, Congo, Zaire, Angola, Nigéria, Niger e

Golfo de Benin, os africanos ou negros, que ocupavam na sociedade o lugar de escravos.

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17

Raça designava a posição deste grupo nas relações de trabalho, apontando, desde o início,

a estreita relação entre raça e a mais baixa das posições sociais.

O anti-racialismo é uma das ideologias fundantes da nação brasileira, criada na

década de 20 e 30 e veiculada por Freyre e intelectuais da Semana de Arte Moderna– a

sociedade brasileira como sociedade multirracial de classes (Freyre, 1933). Para Pierson

(1971), que estudou relações raciais na Bahia, o preconceito, como reação emocional de

um grupo racial (branco) que se sente ameaçado por outro (negro) ao competir por

recursos em uma ordem democrática, não existe. Bastide e Fernandes (1995) rompem

com essa concepção, concordando com o movimento negro que, desde 1930, denuncia o

preconceito racial. A democracia social como discurso simbólico de dominação, não

expressa o ideal e menos ainda o real, e o reverso da medalha é o preconceito racial e a

discriminação sistemática dos negros.

Em algum momento histórico substituiu-se a raça pela cor (Guimarães, 1999) e “a

classificação por cor é orientada pela idéia de raça, ou seja, a classificação por cor é

orientada por discurso sobre qualidades, atitudes e essências transmitidas pelo sangue,

remontando a origem ancestral comum numa das ‘subespécies humanas’” (Guimarães,

2003). Mudou-se o rótulo mas a essência discriminatória permaneceu.

Estudos recentes de relações raciais na região Sudeste deslocam o foco da análise

para práticas racistas e discriminatórias atuais que reproduzem e perpetuam desigualdades

históricas, como mostram as análises de dados do IBGE de Hasenbalg (1979) e Silva

(1980). As desigualdades econômicas e sociais entre brancos e negros (pretos e pardos)

não são explicadas pela herança escravagista ou pertencimento a classes sociais diversas,

mas pelas diferenças de oportunidades e formas peculiares de tratamento.

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Apesar de ingresso mais precoce no mercado de trabalho, negros tem mais

dificuldade em superar a pobreza pelo trabalho, lhes sendo destinados principalmente

trabalhos marginais, temporários e precários e postos menos qualificados com pior

remuneração (Chaia, 1988). Mesmo em ocupações iguais, negros chegam a receber menos

da metade de brancos. O desemprego, aberto e encoberto, é maior entre eles (Barros et al.,

1990).

O preconceito3 e a discriminação4 racial se referem à competição por posições na

estrutura social e se refletem na mobilidade social. A população negra vem sofrendo de

um “processo de acumulação de desvantagens” em sua trajetória social, com menor

mobilidade ascendente e maior dificuldade das famílias negras de classe média

transmitirem as posições sociais conquistadas a seus descendentes.

“Além dos indivíduos herdarem uma situação sócio-econômica, existe ainda uma

herança de raça que faz com que os indivíduos de cor se encontrem em desvantagem

competitiva em relação aos brancos na disputa por posições na estrutura social”. (Chaia,

1988)

Em resumo, o mercado de trabalho é negativamente seletivo para o negro, que vive

em pobreza maior, apropriando-se de parte menor do que é produzido pela sociedade.

Para Barbosa (1999) o racismo é parte estrutural do processo de produção e reprodução do

capital.

Revisões da literatura de Hasenbalg (1979) e Silva (1980) sobre acesso a educação

formal verificaram fenômeno semelhante ao do trabalho. A proporção de negros sem

3 Preconceito – atitude, sentimento ou parecer insensato de natureza hostil, conseqüência de generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio, intolerância

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acesso ao ensino formal é 3 vezes maior que de brancos; o ingresso é mais tardio; obtém

escolaridade menor que brancos de mesma situação social e sua inserção ocupacional e

renda é menor que de brancos de mesma escolaridade.

A formação capitalista brasileira implicou na produção e reprodução de complexa

rede de inclusões e exclusões sociais. A industrialização e modernização criaram e

recriaram critérios particulares e temporais de seleção social geradora de desigualdades. A

revolução burguesa transformou grupos populacionais tidos como inferiores – negros,

índios e imigrantes em trabalhadores, mas não em cidadãos. As desigualdades foram

incorporando diversidades raciais e de classe, amalgamando uma dupla contradição e

discriminação de classe e raça (Ianni, 1991). Seus efeitos evidenciam-se pela menor

apropriação econômica de bens, serviços e direitos sócio-políticos comparada a brancos,

produzindo desvantagens intergeracionais cumulativas e maior vulnerabilidade aos fatores

de risco de doenças (Cunha, 2001).

Paixão (2000) e Sant’Anna (2001) fornecem as provas empíricas destas conclusões

mostrando as desigualdades étnico/raciais em indicadores sintéticos de condições de vida

como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e Esperança de Vida. A posição do

Brasil no ranking mundial de IDH seria 48º, usando o IDH da população branca mas

saltaria à 91º posição usando o IDH da população negra. Paralelamente, a esperança de

vida de homens negros é 7 anos (62 vs 69) e a de mulher negra 5 anos (66 vs 71) menor

que de brancos. Assim, as condições materiais de vida particulares dos negros,

determinadas por sua inserção no processo produtivo e distributivo da mais valia moldam,

articuladas a determinações biológicas, ambientais e culturais, sua vida e morte.

4 Discriminação – tratamento pior ou injusto dado a alguém por causa de características pessoais.

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2.4. Saúde e grupos étnicos

No Brasil são poucas as pesquisas sobre saúde e raça/etnia porque o quesito cor,

como indicador de raça/etnia, está ausente da maioria dos documentos e dados de saúde,

impossibilitando seu uso enquanto variável e categoria de análise.

Embora a Lei 6015 de 31/ 12/1973 determinasse que o assento de óbito e

nascimento devesse conter informações sobre cor, seu registro nem sempre ocorria. O

Ministério da Saúde tornou obrigatório o quesito cor nas declarações de óbito a partir de

1996 mas há ainda proporção importante de subregistro, em especial no Norte e Nordeste.

Nenhum dos demais registros do SUS: morbidade hospitalar, ambulatorial, doenças de

notificação compulsória publica cor, embora seja coletada.

Outro fato relevante é que raça/cor na declaração de óbito não é auto-referida

como nos censos e pesquisas por amostragem de domicílio. Proporção desconhecida de

pardos e pretos não se auto-denominam como tal, embora sejam reconhecidos e

discriminados pelos demais grupos. A duplicidade de fontes de adscrição da cor produz

distorções desconhecidas nas taxas de mortalidade.

Estudos de mortalidade de negros mostram maior vulnerabilidade a causas

cardiovasculares, externas (Barbosa, 1998; Batista 2002); mortes infantis (Cunha, 2001) e

maternas (Martins e Tanaka, 2000) e por aids em mulheres (Lopes, 2003).

Cunha (1994, 1997, 2001) mostra, a partir de estimativas demográficas, que a

mortalidade infantil no Brasil é maior em filhos de mães negras e embora decrescente, se

reduz menos que em brancos, com aumento da diferença inter racial. A autora também

Page 36: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

21

aponta grande subregistro de cor de infantes tanto em registros de óbitos quanto de

nascimentos.

Bento (1996) busca o nexo causal entre leucopenias de trabalhadores, em especial

negros, e insalubridade no trabalho por exposição a benzeno. Nas ações trabalhistas essas

leucopenias têm sido, em geral, atribuídas a fatores genéticos.

Barbosa (1998, 2001) calculou os anos potenciais de vida perdidos mostrando que

a mortalidade negra, masculina e feminina, é mais precoce que a branca. A mulher branca

tem menos anos de vida potenciais perdidos, seguida pelo homem branco e mulher negra.

O homem negro é o que mais cedo morre.

O mesmo gradiente de mortalidade por sexo e cor foi encontrado por Batista

(2002) no Estado de São Paulo, que aponta maior mortalidade de pretos para tuberculose,

alcoolismo, hipertensão, doença cerebro-vascular, diabetes, mal-definidas e causas

externas. A mortalidade dos brancos é maior apenas para câncer.

Martins (2001) mostra que o risco de morte materna para mulheres pretas no

Paraná em 1993 foi 7,4 vezes maior que o das mulheres brancas.

Os estudos são, contudo, poucos e esparsos, apontando a necessidade de pesquisas

mais globais. Faltam estudos comparativos mais aprofundados sobre causas de morte em

diferentes regiões, por raça/cor e sexo e investigações sobre barreiras diferenciais de

acesso e acessibilidade a serviços de saúde, entre outros.

Nos Estados Unidos a desagregação de dados de mortalidade por raça/etnia é uma

prática bem consolidada e neste país também abundam estudos sobre acesso,

acessibilidade e qualidade diferencial de tratamento por raça/cor-etnia.

Breve seleção de estudos estadunidenses mostra diferenças na mortalidade,

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22

prevalência e/ou incidência de doenças por raça como maior severidade da esclerose

sistêmica hospitalar entre não brancos, mostrando barreiras no acesso de casos de

gravidade moderada dre negros (Nietert et al, 2001).

Houve aumento geral da mortalidade por câncer de pulmão; redução da por câncer

coloretal em brancos e aumento entre negros; pequeno aumento na incidência de câncer

prostático em brancos e aumento dramático em negros. Câncer de mama se estabilizou em

mulheres brancas mas cresceu muito entre negras; uterino se reduziu mas o de ovário

aumentou nas duas etnias. (Piffath et. al. 2001)

Quenan & Remington (2000) mostraram que a diferença de mortalidade por

diabetes aumentou na última década, em especial em mulheres negras e Howard et al

(2000) examinaram diferenças raciais na mortalidade por diabetes atribuíveis à situação

sócio-econômica.

A mortalidade materna de negras é 3 a 4 vezes maior que de brancas desde 1940

(Chang et al. 2003), o risco de morte por hemorragia cerebral foi 4 vezes maior em negros

de 45-59 anos que em brancos no Texas. (Morgenster e Spears, 1997).

Outra linha estuda a diferença de qualidade de tratamento nas mesmas doenças a

pacientes de diversas etnias, apontando que, para além das diferenças de acesso a

acessibilidade a serviços de qualidade também difere.

Em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva terapia menos enérgica é mais

comum em negros que brancos. Taxas de uso de procedimentos diagnósticos e

terapêuticos mais sensíveis e caros são menores em negros e mulheres com piores

desfechos (Philbin e DiSalvo, 1998; Ayanian et al, 1993; Schulman et al, 1999).

Pacientes negros com insuficiência renal crônica por doença falciforme tem menor

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23

chance de entrar na lista de espera ou receber transplante renal embora seu excesso de

mortalidade desapareça ao se controlar pelas baixas taxas de transplante renal. (Abbott et

al, 2002)

Assim, serviços de saúde, intencionalmente ou não, contribuem para reproduzir a

desigualdade racial na saúde. Evidências empíricas mostram que ela não se associa à

situação sócio-econômica do negro sugerindo a existência de racismo institucional,

resultado do conjunto de políticas e normas de procedimentos e do comportamento dos

membros das instituições (van Ryn e Fu, 2003).

A terceira vertente busca formular marcos conceituais das relações entre saúde e

raça/cor. Williams (1997), afinado com os conceitos da epidemiologia crítica, constrói um

modelo de rede de determinações multicausais hierarquizadas, desde determinantes

fundantes (estrutura econômica, política e jurídica, condições históricas e instituições

sócio-culturais que modelam a expressão do racismo); contexto social (situação sócio-

econômica, raça, gênero, idade, situação marital); causas mediatas (práticas de saúde,

estresse, recursos psicosociais e assistência médica); processos biológicos adaptativos

(sistema nervoso, endócrino, metabólico, imunológico, cardiovascular) e perfil de saúde

(morbi- mortalidade, incapacidade, saúde mental). A partir deste modelo diversos autores

exploram questões particulares como articulações entre discriminação e nível sócio-

econômico (Ren et al, 1999); comportamento de provedores de serviços sociais e de saúde

e sua relação com racismo institucional (van Ryn e Fu, 2003), etc.

2.5. Mortalidade evitável

A morte é inexorável mas as ciências da saúde têm por objetivo adiá-la e melhorar

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24

a qualidade de vida pela promoção da saúde (políticas públicas intersetoriais de melhoria

de condições de vida e trabalho); prevenção primária (imunização e ações educativas);

ações de recuperação (detecção precoce e tratamentoadequado e oportuno pelos serviços

de saúde) e reabilitação (fisioterapia) da saúde. As doenças cuja incidência, prevalência e

gravidade são vulneráveis a uma ou ao conjunto de ações descrito são chamadas de

doenças evitáveis. Seu elenco se amplia à medida que o conhecimento e tecnologia

médicas estabelecem os determinantes, fisiopatologia e arsenais diagnósticos, terapêuticos

e reabilitativos de condições até então refratárias aos cuidados.

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida é um exemplo. No fim dos anos 70,

dela nada se sabia. Suas características sugeriam natureza infecciosa, estudavam -se

modos de contágio. Definido o modo de transmissão, a infecção passa a ser evitável por

medidas de controle do sangue transfusional e comportamentos sexual e social seguros. A

descoberta do agente etiológico permite fabricar medicamentos crescentemente efetivos

no controle da infecção, enquanto se buscam terapêuticas curativas e imunizadoras. Os

antiretrovirais ao diminuir a carga viral prolongam a vida e reduzem a transmissão vertical

e sexual. O acesso universal à terapia e a adesão a comportamentos seguros tem tido

grande impacto no controle da aids no Brasil. A produção da vacina é questão de tempo e

pode-se predizer que em algumas décadas será possível controlar, senão erradicar o vírus

e a doença. Para o bem da humanidade, a aids foi identificada inicialmente em grupo

social muito competente política, economica e socialmente, que foi capaz de desencadear

políticas públicas e articular a destinação de recursos para pesquisas nos mais em diversos

campos das ciências biológicas e humanas para a cura da doença.

Em 1976, Rutstein e colaboradores publicaram o relatório do grupo de trabalho

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sobre Doenças Evitáveis e Tratáveis, criando conceitos como “eventos sentinela, doenças

e mortes prematuras e desnecessárias” e instando para que se considerassem como

determinantes de doenças não apenas as causas imediatas, mas também as mediatas,

mesmo que as intervenções estivessem fora da alçada do setor saúde. “Se houver

evidências claras que fatores sociais, econômicos, ambientais, genéticos ou de estilo de

vida são responsáveis por doenças, incapacidades ou mortes desnecessárias ou precoces,

eles devem ser identificados e eliminados.”

Para os autores um caso desnecessário de difteria, sarampo ou poliomielite pode

dever-se ao legislativo por não aprovar os recursos necessários; aos serviço de

imunizações que não implementam adequadamente o programa; à oposição de entidades

médica à atuação de centros públicos de saúde; a médicos que não vacinam seus clientes;

a proibições religiosas; a dificuldade ou descaso da mãe em levar seu filho pra vacinar.

Ademais, invalidez permanente por doenças como acidente vascular cerebral, hanseníase

ou artrite reumatóide pode decorrer de instruções, demonstrações e encorajamentos

insuficientes de exercícios, ausência de fisioterapeutas ou não cooperação do paciente. Por

último, morte por câncer de pulmão pode resultar da incapacidade ou não desejo de parar

de fumar; propaganda da indústria de cigarros; ausência de programa efetivo de educação

nas escolas e na comunidade, ausência de legislação anti-fumo, etc.

Embora não o único responsável por erros de omissão ou comissão que resultem

em eventos sentinela, o médico tem, sempre, responsabilidade inicial ou subseqüente,

sendo o ator competente a aconselhar profissionalmente políticos, gestores, indústria,

público e pacientes. O fato de seus conselhos não serem acolhidos não o exime da

responsabilidade de informar publicamente sobre fatos científicos relevantes para a

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melhoria da saúde.

O grupo elaborou listas de eventos sentinela de uso local, regional e/ou nacional.

A seleção das condições partiu do pressuposto de que se tudo tivesse corrido bem, a

doença teria sido evitada ou tratada sem deixar seqüelas nem causar morte. A cadeia de

responsabilidades pela prevenção de doenças e incapacidades desnecessárias e mortes

prematuras pode ser longa e complexa, mas factível.

O rol elaborada pelo grupo de Rutstein constava de 3 listas com cerca de 130

condições, algumas das quais correspondiam a grupos ou capítulos como mortalidade

materna ou infantil. (Rutstein, 1976)

A mortalidade evitável gerou interesse inspirando estudos internacionais (Charlton

e Velez, 1986; Poikolainem e Eskola, 1988; Kunst et al, 1988); nacionais na Inglaterra

(Charlton et al, 1983; Charlton et al, 1984; Bauer e Charlton, 1986, Carr-Hill et al, 1987),

Holanda (Mackenbach e al, 1988a e b), Bélgica (Humblet et al, 1987), Espanha (Sanchez

et al, 1993), Finlândia (Poikolainen e Eskola, 1986), Suécia (Westerling, 1992), Canadá

(Pampalon, 1993), Nova Zelândia (Malcolm e Salmond, 1993) entre outros, e uma Ação

Conjunta da Comunidade européia (Holland, 1986).

A lista original de condições evitáveis foi reduzida, foram exvluídos o câncer de

pulmão e cirrose hepática mas foram incluídos acidentes de trânsito; e as condições

sensíveis a tratamento - câncer do colo e corpo uterino; Hodgkin; diabetes; doença

reumática cardíaca crônica; hipertensão e doença cerebrovascular; doenças respiratórias

agudas e crônicas, pneumonias; apendicite; hérnias; colecistite e colelitíase; mortalidade

materna e perinatal, usadas no Atlas de Mortalidade Evitável na Comunidade Européia

(Holland, 1988).

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A aprovação da entrada de novos países na Comunidade Européia depende do

cumprimento de extensa lista de requisitos. No setor saúde a mortalidade evitável tem

sido usada como indicador da efetividade de serviços de saúde com a conseqüente

produção de diversos estudos comparativos com os países do leste europeu ou de ex

repúblicas socialistas (Boys et al 1991; Gaizauskienë e Gurevins 1995; Ginter, 2.000;

Andreew et al, 2.003; Logminiene, 2004).

Alguns autores associam variações regionais e internacionais à diferenças na

incidência ou prevalência de doenças (Treurniet et al, 1999) mais que à de recursos de

saúde (Charlton et al 1983; Bojan et al 1991; Suarez-Varela et al 1996); outros à fatores

socioeconômicos (desemprego e renda) (Carr-Hill et al 1987; Westerling et all, 1996) e

outros ainda a classes sociais e acessibilidade e utilização diferenciada de serviços de

saúde, introduzindo o conceito de cultura sanitária (Mackenbach et al, 1990a;

Mackenbach et al, 1990b; Marshall et al, 1993). Além de estudos abordando diferenças na

mortalidade por gênero e idade (Westerling, 2003) há os que analisam as diferenças por

raça e etnia, nos Estados Unidos (Woolhandler et al 1985); na Nova Zelândia (Tobias &

Jackson, 2001) e em Singapura (Niti e Ng, 2001).

Estudos de tendência mostram que mortes evitáveis diminuíram mais que as

demais na Inglaterra, Estados Unidos, França, Japão, Itália e Suécia, redução atribuída a

melhoria do acesso e qualidade dos serviços médicos (Charlton & Velez, 1986).

Investigou-se também o impacto de sua redução sobre a esperança de vida (Sanchez et al,

1993) tendo Benavides et al, 1992 mostrado que em Valencia (Espanha) 62,6% do

aumento de esperança de vida decorreu de doenças vulneráveis à prevenção e 21,3% por

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28

doenças tratáveis .

Pesquisa sueca retomou a lista de Rutstein ( ver Anexo 1) e concluiu que, de 1974

a 1985, 18% das mortes masculinas e 22% das femininas foram evitáveis, 47% em

homens e 50% em mulheres por neoplasias e 17 e 15% por doenças respiratórias. O autor

defende que a listagem de Rutstein não é definitiva e sugere a inclusão de novas

condições como acidentes de trânsito e suicídios por considerar que há acúmulo de

conhecimento sobre sua prevenção e manejo. (Westerling, 1992)

Atualmente embora só causas mais freqüentes da lista original sejam usadas, ela

foi expandida em relação a do Atlas Europeu incluindo infecções; câncer de mama,

testículo; cólon e reto; doenças da tireóide, nefrites e nefroses, hiperplasia prostática

benigna, anomalias cardíacas congênitas e doenças cardíacas isquêmicas. O limite etário

de algumas condições foi aumentado - diabetes até 49 anos; leucemias e câncer de corpo

de útero até 44 anos; infecções intestinais, coqueluche, sarampo e todas as doenças

respiratórias até 14 anos e as demais até 74 anos em vez de 69. Outro grande avanço foi

considerar que pelo menos metade das mortes por doença cardíaca isquêmica até 74 anos

são evitáveis (Nolte & McKee, 2003).

A listagem original além de datada não considera muitas endemias de países em

desenvolvimento, descompassos já antecipados pelos autores ao assumir que, para

alcançar o objetivo de manter a saúde e prevenir, tratar e recuperar doenças, os cuidados

médicos requerem atualização contínua de prioridades e avaliação do impacto das ações

dada a mutabilidade social e o avanço tecnológico.

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29

3 Objetivos

3.1. Objetivo Geral

Explorar a utilidade da mortalidade evitável como indicador de desigualdades no

perfil de mortalidade de populações de homens e mulheres brancos, pretos e pardos em

faixas etárias selecionadas de 0 a 59 anos na Região Sul do país em 2.000.

3.2. Objetivos específicos

1- Mensurar a mortalidade geral e evitável de infantes, crianças, adolescentes, adultos e

idosos na Região Sul do Brasil em 2.000.

2- Identificar diferenças raciais na mortalidade geral e evitável de infantes, crianças,

adolescentes e adultos por sexo e cor na Região Sul do Brasil em 2.000.

3- Apresentar e discutir brevemente as principais causas gerais e evitáveis evitáveis de

morte em infantes, crianças, adolescentes e adultos por sexo e cor.

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31

4 Materiais e métodos

Este trabalho aprofunda a pesquisa Mortalidade da população negra no Brasil do

projeto Situação de Saúde da População Negra Brasileira e Recomendações para Políticas,

Ações e Programas, Convênio: UNESCO/914BRA3002/04.

Usou-se o banco de dados Sistema de Informação de Mortalidade (SIM -

DATASUS-MS) para 2000 em Tabwin do Ministério da Saúde. As causas de morte, por

três dígitos da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas

Relacionados à Saúde, Décima Revisão, CID-10 (OPS, OMS et al, 2003) por grupos

quinqüenais de idade, sexo e cor foram analisados a partir de tabulações especiais da

Fundação Seade. A autora selecionou e agregou as faixas etárias, selecionou as causas de

morte evitáveis, confeccionou todas as tabelas, cálculos das proporções e taxas de

mortalidade por sexo, cor e causas específicas e todos os gráficos .

Estudou-se a mortalidade total (0 na 80+) por faixas etárias; por sexo e por cor

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32

para a região Sul do país, considera a de melhores condições de vida.. A desagregação por

causa detalhada, cor, sexo e idade foi estudada para infantes, crianças, adolescentes e

adultos.

As faixas etárias e suas denominações são mostradas no Quadro 1. As

denominações visam apenas nomear as faixas etárias sem se pretender categorias.

Quadro 4.1. Nomes e limites das faixas etárias. Denominação Limites em anos

Infante <1 Crianças 1-9

Adolescentes 10-19 Adultos 20-59 Idosos 60 +

A desagregação das mortes por faixas etárias possibilita estudo mais detalhado das

causas de morte gerais e evitáveis e permite identificar grupos etários e causas prioritários

para intervenção. Ademais permitir a comparação direta das taxas de mortalidade dos

grupos de raça/cor e sexo, tornando a padronização etária da população menos necessária,

em especial nas faixas estreitas.

A análise da mortalidade por sexo visa diferenças de gênero, categoria socialmente

construída e que, têm natureza eminentemente relacional.

Infelizmente, não serão estudadas as diferenças de mortalidade por estrato social

pois os dados de mortalidade não estão disponíveis desagregados por indicadores de

estratificação sócio-econômica (ocupação, escolaridade e renda).

Neste trabalho será usada a cor como definida pela Fundação Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (FIBGE) - pretos, pardos, brancos, amarelos, indígenas e cor

ignorada que constarão das tabelas, quadros e gráficos. O foco principal do trabalho são

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33

os grupos branco, preto e pardo. Devido ao pequeno contingente populacional e de óbitos,

indígenas e amarelos foram computados em conjunto. Em estudos de população e

mortalidade a categoria negro (pretos + pardos) é de utilidade discutível, sendo mais

adequado o uso das variáveis cor do FIBGE. Citando Sergio Costa (2002)

“Válida e mesmo imprescindível no âmbito do estudo das desigualdades raciais, a categoria raça, quando transformada em instrumento geral de análise e desiderato normativo, leva a uma compreensão incompleta da formação nacional brasileira, a uma visão objetivista das relações sociais e à redução das identidades sociais a sua dimensão político-instrumental”

A mortalidade será expressa pela taxa de mortalidade específica geral e evitável

por capítulos da CID10 e para as principais causas ou grupos de causas nas faixas etárias

citadas, sexo e cor.

Todas as taxas de mortalidade são específicas, isto é, expressas por 100.000 da

população referida. Assim, a mortalidade de homens é expressa por 100.000 da população

de homens; a mortalidade de meninas pardas por 100.000 da população de meninas

pardas, etc, segundo a fórmula:

No de óbitos por causa, cor, sexo, idade ______________________________________________ X 100.000

População por cor, sexo, idade

A diferença na mortalidade foi medida pela relação entre a mortalidade dos grupos

de cor sobre a mortalidade de brancos ou risco relativo em relação à brancos (RB). As

diferenças na mortalidade de homens em relação a mulheres de todas as idades

configuraram o indicados RM (risco em relação a mulheres).

Para o calculo das taxas foram usados os dados de população por idade, cor, sexo e

região do Censo de 2000 da FIBGE, tabulados pela Fundação Seade. A população de

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menores de 1 anos e de 1 a 4 anos por cor e sexo foram gentilmente cedidas por Celso

Simões da FIBGE.

Para a seleção das causas evitáveis será utilizada a lista de Rutstein et al, 1976

combinada às inclusões descritas por Nolte e McKee, 2003.

A classificação do grau de evitabilidade usado será

• Baixa – até 20% de mortes evitáveis

• Moderada – entre 20 até 50% de mortes evitáveis

• Alta – mais de 50% de mortes evitáveis.

4. Limitações metodológicas

4.1. Tabwin

Embora um avanço na acessibilidade de dados pelo gestor local para diagnóstico

de saúde municípial a formatação do Tabwin impede tabulações complexas. A

exportação de dados a outros programas requer profissional experiente. Para gerar

uma tabela única de mortalidade por causa, cor, sexo, idade é preciso rodar cinco

tabelas em Tabwin e montá-las no Excel.

4.2. Cobertura dos óbitos registrados

A cobertura do registro de óbitos varia por estado Embora a cobertura no país seja

satisfatória (Jasper_Faijer e Orellana, 1994)5, sua desagregação mostra que no Norte 3

estados têm cobertura Deficiente e 4 Regular; no Nordeste 2 tem Regular e 7 Deficiente.

A cobertura nos estados da Sul é satisfatória (Quadro 4-2).

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Quadro 4.2. Cobertura dos registros de óbitos e classificação (CELADE) nos Estados da Região Sul. 1998

Cobertura Classificação Residência Registro %

Total 81,67 Satisfatório SUL Paraná 96,63 Boa Santa Catarina 94,35 Boa Rio Grande do Sul 101,75 Boa

Fonte: Paes e Albuquerque, 1999.

4.3. Limitações da cor como indicador de pertencimento étnico-racial.

A cor da pele é dada pela concentração de melanócitos na epiderme. É

geneticamente determinada mas muito sensível ao meio. Na terceira geração filhos de

mestiços podem apresentar fenótipo da raça branca (Skidmore, 1976)

4.3.1 Limitações intrínsecas do indicador cor

As limitações da variável cor são de diversas naturezas e certamente serão

necessários mais estudos para avaliar sua sensibilidade e especificidade.

4.3.1.1. Limitações do indicador cor quanto a sensibilidade

A cor da pele é um indicador frágil e instável de pertencimento étnico-racial. É

provável que sua sensibilidade seja baixa, isto é, sua capacidade de diferenciar

verdadeiramente o afro-descendente do descendente de europeus ou de mestiços de

qualquer outra miscigenação seja pequena e de magnitude desconhecida. Algumas das

razões estão listadas abaixo.

4.3.1.1.1. Variabilidade da cor da pele

5 . O Centro Latinoamericano de Demografia CELADE considera Satisfatória a cobertura de 80 a 90% dos óbitos.

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36

A cor da pele varia segundo a influência da exposição ao sol ou de doenças. Um

branco exposto ao sol do Norte ou Nordeste adquire tons mais ou menos morenos,

podendo ser classificado como pardo. Pessoas com anemia, câncer ou insuficiência renal

ficam pálidas podendo transformar pardos, amarelos e indígenas em brancos e afecções

hepáticas podem tornar os brancos amarelos ou pardos.

4.3.1.1.2. Subjetividade da hetero-classificação.

Estudos americanos mostram que a classificação da cor/etnia de um falecido pelos

provedores de serviços de saúde é influenciada pela causa (Harwell et al, 2002). Na

ausência de critérios objetivos de intensidade de melanócitos na pele há muita variação no

entendimento de quem é branco, pardo, preto, amarelo ou indígena. É possível que a

discordância inter-observador sobre cor seja grande.

4.3.1.1.3. Subjetividade da auto-classificação

Pele branca é pensada no imaginário coletivo como portadora de direitos e

privilégios exclusivos e há uma tendência ideológica geral de embranquecimento. O

jornal Folha de São Paulo (2004) mostra dados da Associação Internacional de

Informações sobre Despigmentação Artificial (AIIDA - ONG do Senegal, França e Mali)

onde respectivamente 67, 58 e 25% das mulheres no Senegal, Togo e Mali despigmentam

a pele com “khessal” pois os homens preferem mulheres brancas.

No Brasil, pesquisas mostram que a identidade racial é intrinsicamente ambígua

(Motta, 2.000) e fluida (Travassos & Williams, 2004). Sua ambiguidade se revela nas

centenas de termos (até 500) usados para descrever a cor em questionários abertos

(Schwartzman, 1999; Turra & Venturini, 1995). A fluidez da identificação de cor se

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expressa pelo fato de variar contextualmente e ser influenciado pela posição social e

renda. Pessoas com alta renda e fenótipo mais escuro tendem a se classificar e ser

classificado pelos outros em categorias mais claras (Telles e Lim, 1998).

O impacto desse fenomeno na população é a redução artificial do grupo preto da

população com conseqüente aumento da taxa de mortalidade e aumento artificial das

populações pardas e brancas e redução de suas taxas de mortalidade.

4.3.1.1.4. Mescla de auto e hetero-referência.

Como a metodologia da coleta da informação de cor na população é por auto-

referência e nos dados de óbitos por hetero-referência há uma somatória de erros intra-

observador e inter-observador de natureza ainda desconhecida.

4.3.2. Limitações do indicador cor quanto à especificidade

A especificidade da cor como indicador étnico, isto é, seu poder de discriminar

falsos negativos, é desconhecida, mas suspeita-se que baixa porque o grupo de cor parda é

heterogêneo e pode conter várias miscigenações - mulatos, cafuzos, mamelucos, caboclos,

europeus, asiáticos, árabes, latinos, indígenas.

4.3.3 Limitações extrínsecas

As limitações extrínsecas decorrem de seu subregistro nos documentos do censo e

nas declarações de óbitos, figurando como ignorada. Ver Tabelas 4-1 e 4-2. Embora

pequena, a proporção de população de cor não registrada é maior que a de idade.

No censo a qualidade do dado é menor no Norte e Nordeste que no Sul e Sudeste.

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38

Em ambos os sexos cor ignorada é 3 vezes maior no Norte que no Sul embora este erro

seja aceitável e os dados do Censo sejam considerados muito bons.

Tabela 4.1. Distribuição da população por sexo e cor (%). Brasil e Regiões. 2.000. Brancos Pretos Pardos AmIn Ign Total

H M H M H M H M H M H M Pop Geral

Brasil 25,8 27,9 3,2 3,0 19,40 19,1 0,4 0,5 0,4 0,4 49,2 50,8 169.872.726

Norte 13,5 14,6 2,8 2,2 32,80 31,2 1,0 0,9 0,6 0,6 50,6 49,4 12.911.047

Nordeste 15,4 17,6 4,0 3,7 28,97 29,0 0,2 0,3 0,4 0,4 49,0 51,0 47.782.361

Centro-oeste 24,1 25,7 2,5 2,1 22,28 21,4 0,6 0,6 0,3 0,3 49,9 50,2 11.638.536

Sudeste 29,9 32,5 3,4 3,2 14,89 14,6 0,5 0,5 0,3 0,3 48,3 51,7 72.430.073

Sul 40,9 42,7 1,9 1,8 5,98 5,5 0,4 0,4 0,2 0,2 49,4 50,6 25.110.228

Fonte: Dados do Censo de 2.000. FIBGE.

Exploração dos dados do SIM para avaliar proporção de óbitos por cor mostrou

que em 15,9% dos 946.392 óbitos em 2.000 no país não tinham registro de cor com

grande variação intra e interregional (Tabela 2). A variação do subregistro foi 6 a 30%

(média = 18,3) no Norte; no Nordeste 5,6 - 58,4% (29,9); Sudeste, 6,8- a 32,1 (11,5); Sul,

3,6 - 15,4 (7,9) e Centro-oeste, 7 - 23,2 (15,2). O sub registro de cor nos óbitos só é menor

de 10% no Sul.

A magnitude de óbitos se, registro de cor excede em todas as regiões a magnitude

dos óbitos de pretos, amarelos e indígenas, que podem estar sub-registradas em seus

respectivos grupos e super-registradas nos de cor ignorada. Por outro lado o grupo pardo é

heterogêneo, composto pelas miscigenações mais diversas. Isto confere fragilidade aos

dados de mortalidade destes grupos que podem variar muito à medida que melhore a

qualidade do registro de raça/cor.

Para indígenas há duas situações distintas: a dos aldeados, sob tutela da Funai e a

dos dispersos fora das terras demarcadas. No caso dos primeiros a Funai é a responsável

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pelo atestado de óbito. É possível que os dados sobre indígenas do SIM decorram desta

fonte, cuja cobertura e qualidade de informação não é conhecida. No caso dos não

aldeados é provável que sua etnia não seja declarada e que sejam classificados como

pardos ou de cor ignorada. A mortalidade indígena não é o foco deste trabalho e o

esclarecimento destas dúvidas não foi buscado mas constituirá o cerne de trabalho futuro.

Tabela 4.2. Porcentagem de óbitos por raça/cor por Região. 2000. Branca Preta Amarela Parda Indígena Ignorada

Residência % % % % % % Total 52,72 6,55 1,10 23,49 0,24 15,90NORTE 22,18 4,67 0,44 53,04 1,33 18,35NORDESTE 24,51 6,22 0,50 38,60 0,23 29,95SUDESTE 60,98 7,75 1,77 17,93 0,11 11,46SUL 82,51 4,28 0,37 4,89 0,10 7,86CENTRO OESTE 43,75 5,82 0,48 33,87 0,86 15,22

4.4. Qualidade da adscrição da causa

As estatísticas de mortalidade têm sido usadas por epidemiologista, demógrafos,

planejadores e gestores de saúde e também por grupos populares de pressão para avaliar a

situação da saúde da população. Em muitos lugares a única fonte de dados

epidemiológicos são os registros de mortese. Face à sua importância é essencial saber a

qualidade dos registros. O conhecimento da natureza das limitações dos dados permitem

cálcular estimativas e possibilitam intervenções para contínua melhoria da cobertura e

qualidade. A qualidade dos dados de mortalidade é medida pela proporção de óbitos

devidos a causas do Capítulo XVIII - Sintomas, sinais e achados anormais de exames

clínicos e de laboratórios não classificados em outra parte (causas mal definidas).

Óbitos são classificados como Causas Mal Definidas quando os serviços não

conseguem atribuir uma causa básica definida. Neste sentido indica a capacidade do

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40

Sistema de Saúde local, regional ou nacional, atender a demanda da população por

assistência à saúde. Se a causa do óbito é Morte Sem Assistência Médica sinaliza sua

incapacidade de diagnosticar as causas de morte por barreiras no acesso a serviços de

saúde ou na acessibilidade a diagnósticos e terapias. Assim, além de indicar a qualidade

do registro indica também a qualidade do sistema de saúde.

A proporção de Causas Mal Definidas foi 11,46% no Brasil em 2.000, mas há

grande variação por região, sexo e cor. (Tabela 4.3). A maior diferença étnico/racial é

interregional e não intraregional.

A qualidade do registro e assistência é pior para todos (homens e mulheres de

todas etnias) no Norte e Nordeste comparados ao Centro-oeste, Sul e Sudeste. No Sul o

registro é melhor para mulheres que homens em todas as raças e é melhor para homens e

mulheres pretos do que nas demais raças.

Tabela 4.3. Proporção de óbitos por Causas Mal Definidas, por sexo, cor e regiões. Brasil. 2000.

Homens Mulheres Branco Preto Pardo Branca Preta Parda BRASIL 8,02 12,46 13,41 8,36 13,61 15,86 Norte 14,31 19,17 20,25 16,63 18,75 24,85 Nordeste 16,74 18,15 15,78 19,55 19,56 21,17 Centro-Oeste 6,37 8,20 7,62 5,92 9,43 7,80 Sudeste 7,88 11,08 9,07 7,79 13,29 11,30 Sul 4,76 4,70 6,43 4,52 4,01 5,65

Fonte: SIM- Datasus/FSeade. Tabulações Especiais: Instituto de Saúde.

Viana, et al. (2001) usam as mortes por causas mal definidas para analisar

desigualdades em saúde (qualidade da atenção). Nesse sentido, mulheres e negros teriam

pior qualidade de atenção nos serviços de saúde.

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5 Resultados e Comentários

Algumas considerações sobre a apresentação dos dados

Para explorar a utilidade da mortalidade evitável a análise será feita em

desagregações sucessivas dos dados, do geral ao particular, iniciando-se com mortalidade

geral e evitável por sexo; depois sexo e idade; sexo e cor e por fim sexo, cor e idade.

Alguns dados serão apresentados como tabelas mas a maioria como quadro, por excluir

capítulos com poucos óbitos e a soma das colunas não corresponder ao total. As taxas de

mortalidade serão por 100.000 da população específica. A evitabilidade é a proporção de

óbitos por causas evitáveis de cada capítulo e será denominada %E nas tabelas e quadros.

No texto serão comentados e não descritos os dados das tabelas e quadros. Será

descrita no texto a proporção das cinco principais causas de morte para cada grupo, que,

por questões logísticas não serão mostrados nas tabelas e quadros.

As seções 5.1- Mortalidade geral e evitável por sexo; 5.2 – Mortalidade geral e

evitável por idade e sexo; 5.3 mortalidade geral e evitável por sexo e cor se referem a

mortes de 0 a 80 e mais, isto é, ao total de óbitos enquanto a seção 5.4 se refere aos grupos

etários infantes, crianças, adolescentes e adultos.

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5.1. Mortalidade geral e evitável por sexo

A Região Sul possuía, segundo o censo de 2.000, algo mais de 25 milhões de

habitantes, mais mulheres (12.708.204 - 50,6%) do que homens (12.401.924).

Das 152.426 mortes desta região em 2.000, 57,8% (88.132) foram de homens e

42,2% (64.294) de mulheres. A tabela 5.1-1 descreve causas gerais de mortes masculinas

e femininas por todos os capítulos da CID-10, mesmo os com pequeno número de mortes

como doenças dos olhos e ouvido (< 0,1%) que serão excluídos dos demais quadros e

gráficos deste trabalho.

As duas primeiras causas de morte coincidiram em homens e mulheres – doenças

circulatórias (210,1/100.000 homens e 29,6% e 187,7/100.000 mulheres e 37,1%

respectivamente) e neoplasias (119,1 e 16,8% e 88,6 e 17,5%). A terceira causa deles

foram as externas (109,4 e 15,4%) seguidas de doenças respiratórias (79,5 e 11,2%) e mal

definidas (43,5 e 6,1%) e as delas foram respectivamente doenças respiratórias (56,1 e

11,1%); mal definidas (33,2 e 6,6%) e endócrinas (32,5 e 6,4%). Causas externas

ocuparam a sexta posição entre mulheres com mortalidade de 24,3 e 4,8% das mortes.

A mortalidade masculina total foi 40% maior que a feminina e maior em todos

capítulos exceto doenças do sangue, endócrinas, osteomusculares e da pele. Só doenças

endócrinas têm magnitude apreciável entre os capítulos em que mortes femininas

predominam. As maiores diferenças se deram nos transtornos mentais e causas externas,

mais de 4 vezes e também foi expressiva nas doenças digestivas, causas relacionados ao

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bem estar, ou melhor, ao mal estar psíquico e os remédios que os homens usam para

aliviá-lo – drogas, álcool, cigarros e violência. As mortes masculinas por doenças

circulatórias excederam em apenas 10% as femininas. Essa causa também se associa ao

estresse e a um de seus remédios, o fumo, mostrando que as mulheres estão submetidas

aos mesmos agravos que os homens.

Tabela 5.1-1. Número de óbitos, proporção, taxa de mortalidade geral e risco relativo de homens sobre mulheres por capítulo e sexo. Região Sul. 2.000

No óbitos % do Total TM Cap Causas de morte por capítulo

H M H M H M RM

I Infecções e parasitoses (A00-B99) 3.559 2.230 4,0 3,5 28,7 17,5 1,6II Neoplasias (Tumores) (C00-D48) 14.768 11.263 16,8 17,5 119,1 88,6 1,3III Doenças do sangue etc (D50-D89) 274 301 0,3 0,5 2,2 2,4 0,9IV Doenç as endócrinas etc (E00-E90) 3.195 4.136 3,6 6,4 25,8 32,5 0,8V Transtornos mentais (F00-F99) 870 203 1,0 0,3 7,0 1,6 4,4VI Doenças nervosas (G00-G99) 1.193 1.009 1,4 1.6 9,6 7,9 1,2VII Doenças dos olhos etc (H00-H59) 1 0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0VIII Doenças do ouvido etc (H60-H96) 10 13 0,0 0,0 0,1 0,1 1,0IX Doenças circulatórias (I00-I99) 26.056 23.858 29,6 37,1 210,1 187,7 1,1X Doenças respiratórias (J00-J99) 9.859 7.125 11,2 11,1 79,5 56,1 1,4XI Doenças digestivas (K00-K93) 4.860 2.671 5,5 4,2 39,2 21,0 1,9XII Doenças pele e subcutâneo (L00-l99) 74 117 0,1 0,2 0,6 0,9 0,6XIII Doenças osteomusculares (M00-M99) 185 325 0,2 0,5 1,5 2,6 0,6XIV Doenças geniturinárias (N00-N99) 1.015 918 1,2 1,4 8,2 7,2 1,1XV Gravidez, parto e puerpério (O00-O99) 0 243 0,0 0,4 0,0 1,9 0,0XVI Afecções perinatais (P00-P96) 2.364 1.769 2,7 2,8 19,1 13,9 1,4XVII Malformações etc (Q00-Q99) 878 800 1,0 1,2 7,1 6,3 1,1XVIII Sintomas, sinais etc (R00-R99) 5.400 4.219 6,1 6,6 43,5 33,2 1,3XX Causas externas (V01-Y98) 13.571 3.094 15,4 4,8 109,4 24,3 4,5

Total 88.132 64.294 100,0 100,0 710,6 505,9 1,4H – homem M – mulher TM – taxa de mortalidade RM – risco relativo de mortalidade masculina sobre mortalidade feminina

A evitabilidade total das mortes foi bem próxima em homens (33,5%) e mulheres

(33,1%), contingente alarmante, dados os critérios conservadores da classificação e o grau

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de desenvolvimento da região. Ver tabela 5.1-2.

Tabela 5.1-2. Número de óbitos, proporção, taxa de mortalidade evitável e risco relativo de homens sobre mulheres por capítulo e sexo. Região Sul. 2.000

No evitáveis % do total Evitabi - lidade TM Evitável

Cap Causas de morte por capítulo H M H M H M H M R

MI Infecções e parasitoses (A00-B99) 1.295 898 4,4 4,2 36,4 40,3 10,4 7,1 1,5II Neoplasias (Tumores) (C00-D48) 4.383 4.232 14,8 19,9 29,4 37,6 35,3 33,3 1,1III Doenças do sangue etc (D50-D89) 62 54 0,2 0,3 22,6 17,9 0,5 0,4 1,2IV Doenças endócrinas etc (E00-E90) 557 466 1,9 2,2 14,7 11,3 4,5 3,7 1,2V Transtornos mentais (F00-F99) 6 6 0,0 0,0 0,7 3,0 0,0 0,0 1,0VI Doenças nervosas (G00-G99) 298 233 1,0 1,1 25,0 23,1 2,4 1,8 1,3VIII Doenças do ouvido (H60-H96) 9 12 0,0 0,0 90,0 92,3 0,0 0,1 0,7IX Doenças circulatórias (I00-I99) 10.817 7.332 36,6 34,4 41,5 30,7 87,2 51,2 1,5X Doenças respiratórias (J00-J99) 4.783 3.183 16,2 14,9 48,5 44,7 38,6 25,0 1,5XI Doenças digestivas (K00-K93) 504 342 1,7 1,6 10,4 12,8 4,1 2,7 1,5XII Doenças pele e subcutâneo (L00-l99) 27 32 0,1 0,2 36,5 27,4 0,2 0,3 0,9XIII Doenças osteomusculares (M00-M99) 50 25 0,2 0,1 27,0 7,7 0,4 0,2 2,0XIV Doenças geniturinárias (N00-N99) 429 348 1,5 1,6 42,3 37,9 3,5 2,7 1,3XV Gravidez, parto, puerpério (O00-O99) 0 243 0,0 1,1 0,0 100,0 0,0 1,9 0,0XVI Afecções perinatais (P00-P96) 2.364 1.769 8,0 8,3 100,0 100,0 19,1 13,9 1,4XVII Malformações etc (Q00-Q99) 361 310 1,2 1,5 41,1 38,8 2,9 2,4 1,2XVIII Sintomas, sinais etc (R00-R99) 3.583 2.201 12,1 9,5 66,4 47,9 28,9 15,9 1,8XX Causas externas (V01-Y98) 18 32 0,1 0,2 0,1 1,0 0,1 0,3 0,6Total 29.546 21.311 100,0 100,0 33,5 33,1 238,2 207,2 1,1

Excluídas da tabela as doenças dos olhos (capítulo VII - 1). TME – taxa de mortalidade evitável

No capítulo transtornos mentais apenas mortes por retardo mental são tidas como

evitáveis desconsiderando-se as devidas ao uso de substâncias psicoativas como álcool,

numericamente mais importante. Entre as Causas Externas só se computam como

evitáveis os acidentes decorrentes de assistência médica.

Em homens menos de 20% dos óbitos por doenças endócrinas (14,7%), digestivas

(10,4%), causas externas (0,1%) e transtornos mentais (0,7%) foram evitáveis. Mais de

20% das mortes foram evitáveis por câncer (29,4%); doenças do sangue (22,6%),

Page 60: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

45

nervosas (25%) e osteomusculares (27%). Mais de 1/3 das mortes por infecções (36,4%);

mais de 40% das por malformações (41,1%); circulatórias (41,5%), respiratórias (48,5%)

e geniturinárias (41,1%). Foram evitáveis 66,4% das mortes mal fefinidas; 90% das do

ouvido e todas as afecções do período perinatal.

As principais mortes evitáveis masculinas foram por doenças circulatórias

(87,2/100.000 homens e 32,8%), respiratórias (38,6 e 15,5%) câncer (35,3 e 13,8%), mal-

definidas (28,9 e 12,1%) e perinatais (19,1 e 8%). Ações adequadas dos serviços de saúde

evitariam, em 2.000, 10.817 mortes por doenças circulatórias; 4.783 por respiratórias;

4.383 por câncer - 67,6% das evitáveis e 29.546 no total.

A mortalidade evitável masculina total foi 10% maior que a feminina; o dobro nas

doenças osteomusculares, 80% maior nas mal definidas e 50% maior nas infecções,

circulatórias, respiratórias e digestivas. Mortes mal definidas são consideradas evitáveis

até os 74 anos. Nos homens a maioria (93,7%) desses óbitos ocorre antes dos 75 anos

enquanto nas mulheres a maioria (52,1%) se dá após essa idade.

A evitabilidade das mortes femininas foi em geral menor que a masculina exceto

em infecções, câncer, doenças digestivas e mortes maternas respectivamente 40,3% versus

36,4%; 37,6% vs 29,4%; 12,8% vs 10,4% e 1,9% vs zero. Menos de 10% das mortes por

causas externas (1%), transtornos mentais (3%) e doenças osteomusculares (7,7%) foram

evitáveis; menos de 20% das por sangue (17,9%), endócrinas (11,3%) e digestivas

(12,8%) foram evitáveis e mais de 20% as nervosas (23,1%) e da pele (27,4%). Quase um

terço das mortes cardiovasculares (30,7%) foi evitável e mais de 1/3 das neoplasias

(37,6%), geniturinárias (37,9%) e mal formações (38,8%). Foram assim classificadas mais

de 40% das mortes por infecções (40,3%) e respiratórias (44,7%); quase metade das mal

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46

definidas (47,9%) e todas as mortes maternas e perinatais.

Acessibilidade e boa qualidade de serviços de saúde pouparia em 2.000 a vida de

21.311 mulheres e o tratamento adequado e oportuno das principais causas evitáveis –

doenças circulatórias (7.332); neoplasias (4.232) e respiratórias (3.183) impediria 69,1%

das mortes evitáveis. Serviços obstétricos de boa qualidade teriam grande impacto

poupando a morte de 2.355 infantes (5,9% das mortes masculinas evitáveis) e 1.769

infantas (8,3% das mortes femininas evitáveis) por causas do período perinatal e de 243

mulheres por mortes maternas (1,1%).

O gráfico 5.1-1 ilustra a mortalidade geral e evitável apresentados acima. Barras à

esquerda representam mortes femininas e à direita as masculinas. Barras escuras

representam mortalidade total, as claras mortalidade evitável. O gráfico 5.1-2 ilustra as

diferenças de mortalidade geral e evitável por sexo. Barras à direita indicam quantas vezes

a mortalidade masculina é maior que a feminina e barras à esquerda quantas vezes é

menor que a feminina.

As desigualdades na mortalidade e evitabilidade entre os sexos são moldadas pelos

mesmos determinantes que conformam a natureza das relações de gênero da sociedade.

Page 62: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

-300,0 -200,0 -100,0 0,0 100,0 200,0 300,0

por 100.000 população específica

Infecções

Neoplasia

Sangue

Endócrinas

Mentais

Nervosas

Circulatórias

Respiratórias

Digestivas

Pele

Osteomusculares

Geniturinárias

Maternas

Perinatais

Malformações

Mal definidas

Causas externas

TMH TMEH TMM TMEM

Gráfico 5.1-1. Taxas de mortalidade total e evitável. Mulheres e homens. Região Sul, 2.000

TMH – taxa de mortalidade de homens TMEH – taxa de mortalidade evitável de homens TMM – taxa de mortalidade de mulheres TMEM – taxa de mortalidade evitável de mulheres.

Gráfico 5.1-2. Diferenças na mortalidade geral e evitável de homens em relação a mulheres. Região Sul, 2.000

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0

Mortes totais

Mortes evitáveis

Causas externas

Mal definidas

Malformações

Perinatais

Geniturinárias

Osteomusculares

Pele

Digestivas

Respiratórias

Circulatórias

Nervosas

Mentais

Endócrinas

Sangue

Neoplasia

Infecções

Page 63: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

48

5.2. Mortalidade geral e evitável por idade

As desigualdades na mortalidade são também decorrem da mortalidade específica

das faixas etárias. Diferenças na natalidade e mortalidade de homens e mulheres modulam

a distribuição etária por sexo, que por sua vez influem no perfil de mortalidade. Algumas

dessas diferenças são mostradas na tabela 5.2.1.

A principal diferença populacional entre homens e mulheres é a maior proporção

de crianças e jovens nos primeiros (38,5% vs 35,7%) e a menor de adultos e idosos

respectivamente 61,5% e 64,5%. A mortalidade por idade e sexo ajuda a explicá-las.

A seleção das faixas etárias obedeceu a um misto de critérios sociais e biológicos

muito usado: infantes, crianças, adolescentes, adultos e idosos. Deve-se lembrar que os

grupos são heterogêneos quanto ao grau de agregação requerendo cautela na interpretação

de comparações de dados proporcionais. Infantes são compostos por grupo etário anual;

crianças e adolescentes por grupos decenais; adultos por grupo de 40 anos e idosos por

grupo aberto de no mínimo 40 anos.

O menor grupo na população é o de menores de 1 ano, respectivamente 1,8% e

1,7% de homens e mulheres da região sul no censo de 2.000. Suas mortes representaram

4,7% e 5% dos óbitos, a segunda maior taxa de mortalidade.

Page 64: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

49

Tabela 5.2-1. Distribuição etária de população e óbitos, mortalidade e diferença entre mortes masculinas e femininas por sexo. Região Sul, 2.000

Homens Mulheres Idade % Pop % Óbitos TM RM % Pop % Óbitos TM

<1 ano 1,8 4,7 1.924,9 1,3 1,7 5,0 1.495,61-9 16,9 1,3 55,9 1,3 15,6 1,2 41,610-19 19,8 2,5 89,1 2,3 18,4 1,3 37,920-59 53,2 35,8 476,6 2,3 54,0 20,2 207,960+ 8,3 55,3 4.741,3 1,2 10,3 72,8 3.917,4Ign 0 0,4 0 0,2 Total 100,0 100,0 710,5 44,9 100,0 100,0 554,4

TM por 100.000 de população específica.

O segundo menor grupo é de idosos, 8,3% e 10,3% da população e com a maior

taxa de mortalidade, 55,3% e 72,8% dos óbitos de homens e mulheres. A proporção de

morte de idosas é bem maior que a de idosos.

O terceiro menor grupo é de crianças, 16,9% e 15,6% da população, grupo de

menor mortalidade entre homens e segunda menor nas mulheres.

O segundo maior grupo populacional é de adolescentes – 19,8% e 18,4%, com a

segunda menor mortalidade entre homens e a menor entre mulheres.

O maior grupo populacional é de adultos, 53,2% e 54% da população de homens e

mulheres e tem a terceira mortalidade, 35,8% entre os homens e 20,2% entre as mulheres.

Em resumo, a menor mortalidade de homens ocorre nas crianças e a maior em

idosos. Nas mulheres a menor mortalidade é entre adolescentes e a maior nas idosas. Em

infantes e crianças a mortalidade masculina é 30% maior que a feminina, em adolescentes

e adultos 2,3 vezes maior, voltando a ser 1,2 vezes maior entre idosos.

O gráfico 5.2-1 a seguir reproduz a clássica distribuição de mortes por idade, com

taxas por 100.000 da população específica e não mortalidade proporcional.

Page 65: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

50

Gráfico 5.2-1. Mortalidade por sexo e idade. Região Sul, 2.000

Só 0,4% dos óbitos masculinos tinham idade ignorada (372). Destes, 37,6% foram

por afecções perinatais (5,9% dos óbitos por esta causa) e 7,8% por malformações (3,3%),

permitindo inferir que se tratava de menores de 1 ano; 24,7% por causas externas (0,7%

do total); 9,4% por mal definidas (0,6%) e 7,3% por doenças circulatórias (0,0%). Só 164

óbitos femininos tinham idade ignorada (0,3%), das quais metade por afecções perinatais.

E em 2.000 os óbitos de idade ignorada foram ínfimos em ambos os sexos na região Sul e

metade ocorreu em menores de 1 ano.

São apresentadas a seguir as causas de morte geral e evitável por idade de homens

e mulheres. O grupo de idade ignorada e os capítulos com menos de 1% das mortes serão

excluídos. Para cada grupo etário haverá listagem de excluídos.

5.2-1. Infantes - menores de 1 ano

Houve 7.347 mortes de infantes , 56,3% masculinas e 43,7% femininas, com taxas

1,0

10,0

100,0

1000,0

10000,0

<1 1-9 10-19 20-59 60+Faixas etárias em anos

por 1

00.0

00 p

opul

ação

esp

ecífi

ca

H M

Page 66: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

51

de 1.864,4/100.000 infantes (4,7% das mortes masculinas) e 1.495,6/100.000 infantas (5%

das mortes femininas). Foram classificadas como evitáveis 81,9% das mortes de infantes

– com taxa de 1.527,8/100.000; e 80,8% das de infantas – taxa de 1.208/100.000. A

mortalidade geral e evitável de infantes foi 25% maior que das infantas.

Poucas causas ultrapassaram 1%. Foram excluídos os capítulos de transtornos

mentais, doenças dos olhos e causas maternas por não terem óbitos e neoplasias (18

óbitos); sangue (15); ouvidos – (4); pele (5); osteomusculares (4) e geniturinárias (81). Os

capítulos excluídos totalizam 0,8% das mortes de infantes e 0,7 das de infantas.

As principais causas de morte foram iguais nos dois sexos: afecções originadas no

período perinatal (53,5% em infantes e 52% nas infantas); malformações (16,9% e 17,4%;

respiratórias (7,5% e 8,3%); infecções (6,1% e 7%) e mal definidas (5,5% e 5,4%). As

taxas são menores nas infantas em todas as causas como mostra o quadro 5.2.1-1.

Quadro 5.2.1-1. Mortalidade geral e evitável de infantes (< 1 ano) por causa e sexo. Região Sul, 2.000

H – Infantes M – Infantas Cap Causa (CID10 3C) No TM RM %E RME TME No TM %E TME

I Infecções 253 113,9 1,1 85,0 1,1 96,8 226 105,0 81,0 85,0IV Endócrinas 83 37,4 1,2 89,2 1,2 33,3 66 30,7 86,4 26,5VI Nervosas 70 31,5 1,6 50,0 0,9 15,8 42 19,5 57,1 11,2IX Circulatórias 26 11,7 1,5 26,9 1,4 3,2 17 7,9 11,8 0,9X Respiratórias 310 139,5 1,1 100,0 1,1 139,5 266 123,6 100,0 123,6XI Digestivas 39 17,6 2,4 12,8 - 2,3 16 7,4 0,0 0,0XVI Perinatais 2217 997,7 1,3 100,0 1,3 997,7 1674 777,8 100,0 777,8XVII Malformações 682 306,9 1,2 41,8 1,3 128,3 559 259,7 37,4 97,1XVIII Mal definidas 227 102,2 1,2 100,0 1,2 102,2 175 81,3 100,0 81,3XX Causas externas 200 90,0 1,2 1,0 1,8 0,9 160 74,3 0,6 0,5

Total 4143 1864,4 1,2 81,9 1,3 1527,8 3219 1495,6 80,8 1208,0

A saúde de infantes depende criticamente dos cuidados lhes dispensados, expresso

Page 67: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

52

pela alta evitabilidade de suas mortes – 4 de cada 5 óbitos de infantes foram evitáveis. A

evitabilidade variou com a causa, 1% n as causas externas a 100% nas afecções perinatais,

doenças respiratórias e mal definidas. As principais causas evitáveis foram perinatais,

respiratórias, malformações, infecções e mal definidas nos dois sexos. Além da alta

evitabilidade das mortes evitáveis por afecções perinatais e malformações notar a alta

concentração de mortes evitáveis nos infantes - 16,6% das mortes infeciosas evitáveis dos

homens e nas infantas - 20,4% das mortes infecciosas evitáveis das mulheres. O gráfico

5.2.1-2 adiante ilustra a mortalidade geral e evitável de infantes.

5.2.2. Crianças – 1 a 9 anos

O quadro 5.2.2-1 a seguir mostra as causas de morte de crianças. Foram excluídos

os capítulos das doenças dos olhos e causas maternas por não terem óbitos; os transtornos

mentais e dos ouvidos - 1 morte em cada; pele- 1 óbito; osteomusculares (2);

geniturinárias (8) e perinatais (8).

Das 2.055 mortes de crianças 56,9% (1.169) foram de meninos e 43,1% (886) de

meninas e taxa de mortalidade total de 50,1/100.000 crianças de 1 a 9 anos; 55,9 para

meninos e 44,1 para meninas, um excesso de 30% em meninos.

As principais causas de morte de meninos foram causas externas (21,7/100.000

meninos); neoplasias (6,7/100.000); infecções (6,3/100.000); doenças respiratórias

(5,7/100.000) e nervosas (4,6/100.000). Meninos perfazem 16,9% da população e 1,3%

dos óbitos masculinos, evidenciando sua baixa suscetibilidade.

Page 68: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

53

Quadro 5.2.2.1. Mortalidade geral e evitável de crianças (1-9 anos) por causas e sexo. Região Sul, 2.000

Meninos Meninas Cap Causa (CID10 3C) No TM RM %E REM TME No TM %E TEM

I Infecções 131 6,3 1,2 68,7 1,1 4,3 107 5,3 72,9 3,9II Neoplasias 141 6,7 1,4 33,3 1,6 2,2 99 4,9 29,2 1,4III Sangue 12 0,6 6 16,7 1,0 0,1 8 0,4 37,5 0,1IV Endócrinas 47 2,2 1,2 61,7 1,1 1,4 37 1,8 58,0 1,3VI Nervosas 97 4,6 1,3 25,8 0,6 1,2 69 3,4 9,5 2,0IX Circulatórias 16 0,8 0,8 56,3 4,0 0,4 21 1,0 100,0 0,1X Respiratórias 119 5,7 1,0 100,0 1,0 5,7 119 5,9 3,0 5,9XI Digestivas 12 0,6 0,5 8,3 1,0 0,0 26 1,3 0 0,0XVII Malformações 90 4,3 0,9 43,3 0,7 1,9 99 4,9 52,5 2,6XVIII Mal definidas 40 1,9 0,8 100,0 0,8 1,9 46 2,3 100,0 2,3XX Externas 454 21,7 1,8 0,2 1,0 0,0 244 12,1 0,0 0,0

Total 1169 55,9 1,3 35,1 1,0 19,6 886 44,1 46,3 20,4

As principais causas de óbito entre meninas foram causas externas (44,3/100.000

meninas); doenças respiratórias (5,9/100.000); infecções (5,3/100.000); neoplasias e

malformações (4,9/100.000 cada). Sua mortalidade é pouco menor que a de meninos, para

infecções, neoplasias, endócrinas, nervosas e em especial causas externas que sobrepujam

o excesso de mortes femininas por doenças circulatórias, respiratórias, digestivas,

malformações e mal definidas. Como entre os meninos, a proporção de meninas na

população feminina é substancial – 15,8%, mas sua proporção de mortes corresponde a

apenas 1,4% dos óbitos, revelando baixa suscetibilidade desse grupo.

A mortalidade evitável de meninos e meninas foi praticamente igual. As principais

causas evitáveis foram doenças respiratórias (29%); infecções (19%); malformações

(12,7%); mal definidas (11,2%) e nervosas (9,8%). Todavia a evitabilidade das mortes da

meninas foi maior que a dos meninos.

O gráfico 5.2.2-1, a seguir, ilustra a mortalidade de crianças.

Page 69: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

54

5.2.3. Adolescentes – 10 a 19 anos

As causas de morte geral e evitável de adolescentes estão no Quadro 5.2.3-1.

Foram excluídos os capítulos de transtornos mentais (5 mortes); olhos (1); ouvidos (4);

pele (6); geniturinárias (13) e perinatais (5).

Em 2.000 morreram no Sul 3.100 adolescentes – com taxa de mortalidade de

64,2/100.000. Das mortes, 70,4% (2.184) foram de garotos (89,1/100.000 adolescentes

masculinos) e 29,6% (916) de garotas (38,6/100.0000 adolescentes femininas). A taxa

masculina foi 2,3 vezes maior!

Quadro 5.2.3-1. Mortalidade geral e evitável de adolescentes (10-19 anos) por causa e sexo. Região Sul, 2.000

Cap. Causa Adolescentes masculinos Adolescentes femininas (CID10 3C) No TM E %E TME No TM E %E TMEI Infecções 45 1,8 21 46,7 0,9 51 2,1 28 54,9 1,2II Neoplasias 155 6,3 63 40,6 2,6 102 4,3 41 40,2 1,7III Sangue 14 0,6 8 57,1 0,3 4 0,2 3 75,0 0,1IV Endócrinas 12 0,5 9 75,0 0,4 22 0,9 14 63,6 0,6VI Nervosas 82 3,3 19 23,2 0,8 65 2,7 47 72,3 2,0IX Circulatórias 54 2,2 17 31,5 0,7 51 2,1 9 17,6 0,4X Respiratórias 58 2,4 50 86,2 2,0 44 1,9 34 77,3 1,4XI Digestivas 15 0,6 2 13,3 0,1 20 0,8 6 30,0 0,3XIII Osteomusculares 7 0,3 3 42,9 0,1 12 0,5 1 8,3 0,0XV Gravidez etc - - - - - 40 1,7 40 100,0 1,7XVII Malformações 29 1,2 15 51,7 0,6 27 1,1 18 66,7 0,8XVIII Mal definidas 59 2,4 59 100,0 2,4 37 1,6 37 100,0 1,6XX Causas externas 1639 66,9 1 0,1 0,0 422 17,8 1 0,2 0,0

Total 2184 89,1 277 12,7 11,3 916 38,6 318 34,7 13,4

As principais causas de morte dos adolescentes foram causas externas (66,9/

100.000 garotos); câncer (6,3); nervosas (3,3); mal definidas e respiratórias (2,4). A

magnitude das causas externas torna as demais pouco importantes. Adolescentes

Page 70: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

55

constituem 19,8% da população e 2,5% dos óbitos masculinos totais, evidenciando baixa

suscetibilidade. Entretanto, este grupo representou 12,1% do total de óbitos masculinos

por causas externas.

Causas externas não são consideradas evitáveis e a proporção de evitabilidade foi

baixa – 12,7%. As principais causas evitáveis foram câncer (22,7%); mal definidas

(21,3%) respiratórias (18,1%); infecções (7,6%) e nervosas (3,8%) mas não chegaram a

1% das mortes evitáveis masculinas.

Adolescentes femininas perfazem 18,7% da população e sua mortalidade

representa 1,4% do total de mortes femininas, sendo o grupo etário com a menor

mortalidade entre mulheres. Este é também o grupo em que a mortalidade das mulheres se

distancia da dos homens. Mas neste grupo se concentram 16,5% das mortes maternas e

13,6% das causas externas das mulheres.

As principais causas nas adolescentes foram causas externas (17,8/100.000

garotas); câncer (4,3); nervosas (2,7) infecções e circulatórias (2,1). Também aqui causas

externas foram importantes, causando 46,1% das mortes de adolescentes e 13,2% das

mortes femininas em geral.

A evitabilidade geral das mortes foi 34,7% com diversos capítulos com mais de

50% de mortes evitáveis. As principais causas evitáveis foram doenças nervosas (14,8%);

neoplasias (12,9%); causas maternas (12,6%); mal definidas (11,6%) e respiratórias

(10,7%). Como 100% das mortes maternas é evitável elas representaram 16,5% das

mortes femininas evitáveis desta causa.

Na maioria das causas a morte masculina é maior que a feminina mas a maior

diferença ocorre nas causas externas (3,8 vezes) e doenças do sangue (3,4 vezes).

Page 71: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

56

5.2.4. Adultos – 20 a 59anos

O Quadro 5.2.4-1 mostra as causas de morte geral e evitável de adultos. Não houve

mortes nos capítulos de olhos e perinatais. Foram excluídos os capítulos de doenças do

sangue (181 mortes); ouvidos (7); pele (41) e malformações (98). Os excluídos somaram

0,5% das mortes masculinas e 1,1% das femininas.

Dos 46.718 óbitos de adultos com taxa de mortalidade de 347,6/100.000 adultos,

67,4% (31.501) foram de homens (476,6/100.000 adultos) e 32,6% (15.217) de mulheres

(222,7/100.0000 adultas). A taxa de mortalidade masculina foi o dobro da feminina.

As principais causas de morte de homens foram causas externas (145,3/100.000

homens); doenças circulatórias (100,8); câncer (71,3); digestivas (38,4) e infecções (33,7).

Homens adultos constituem a maioria da população – 53,3% e 35,7% dos óbitos

masculinos totais ocorreram neste grupo.

Quadro 5.2.4-1. Mortalidade geral e evitável de adultos (20-59 anos) por causa e sexo. Região Sul. 2.000

Causa Homens Mulheres Cap. (CID10 3C) No TM E %E TME No TM E %E TMEI Infecções 2230 33,7 635 28,5 9,6 972 14,2 340 35,0 5,0II Neoplasias 4715 71,3 1653 35,1 25,0 4099 60,0 2318 56,6 33,9IV Endócrinas 843 12,8 293 34,8 4,4 776 11,4 271 34,9 4,0V Mentais 594 9,0 5 0,8 0,1 90 1,3 3 3,3 0,0VI Nervosas 423 6,4 175 41,4 2,6 271 4,0 102 37,6 1,5IX Circulatórias 6664 100,8 4059 60,9 61,4 4260 62,4 638 15,0 9,3X Respiratórias 1795 27,2 1262 70,3 19,1 1084 15,9 828 76,4 12,1XI Digestivas 2538 38,4 178 7,0 2,7 729 10,7 122 16,7 1,8XIII Osteomusculares 66 1,0 19 18,8 0,3 116 1,7 9 7,8 0,1XIV Geniturinário 232 3,5 162 69,8 2,5 227 3,3 165 72,7 2,4XV Gravidez - - - - - 203 3,0 203 100,0 3,0XVIII Mal definidas 1649 24,9 1649 100,0 24,9 725 10,6 725 100,0 10,6XX Causas externas 9607 145,3 9 0,1 0,1 1483 21,7 19 1,3 0,3

Total 31501 476,6 10156 32,2 153,6 15217 222,7 5805 38,1 85,0

Page 72: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

57

Quase 1/3 (32,2%) das mortes de homens foi evitável. As principais causas de

morte evitáveis foram as circulatórias (40%); câncer (16,3%), mal definidas (16,2%)

respiratórias (12,4%) e infecções (6,3%). Todas suas mortes mal definidas foram evitáveis

assim como 70,3% das respiratórias; 60,9% das circulatórias e 69,8% das geniturinárias.

Mulheres adultas correspondem à maioria da população de mulheres – 53,5% da

população mas suas mortes somaram menos de ¼ (23,7%) da mortalidade feminina geral.

As principais causas de morte de adultas foram doenças circulatórias (62,4/

100.000 mulheres adultas); neoplasias (60); causas externas (21,7); respiratórias (15,9) e

infecções (14,2).

Das mortes de mulheres 38,1% foi evitável. As principais causas foram câncer

(29,7%); doenças respiratórias (10,6%); mal definidas (9,3%); circulatórias (8,2%) e

infecções (4,4%). A evitabilidade foi alta nas neoplasias (56,6%), doenças respiratórias

(76,4%), geniturinárias (72,7%), gravidez (100%) e mal definidas (100%).

A mortalidade de homens foi maior que a de mulheres na maioria das causas. Nas

infecções foi 2,4 vezes maior; no câncer 20%; nas endócrinas 10%; nos transtornos

mentais 6,8 vezes; 60% nas doenças nervosas e circulatórias; 70% nas respiratórias; 3,6

vezes nas digestivas; 60% em doenças da pele; 2,4 vezes em mal definidas e 6,7 vezes em

causas externas. Foi menor em doenças do sangue ((10%); osteomusculares (40%) e

metade nas malformações.

Além dos transtornos mentais e causas externas também as mortes por doenças do

aparelho digestivo têm relação com o mal estar mental pois doenças associadas ao abuso

de álcool como doença hepática alcoólica tem grande prevalência.

O gráfico 5.2.4-1 adiante ilustra a mortalidade de adultos.

Page 73: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

58

5.2.5-1. Idosos – 60+ anos

O quadro 5.2.5 - 1 exibe as causas de morte geral e evitável de idosos. Não houve

mortes em doenças dos olhos, maternas e perinatais. Foram excluídos óbitos por doenças

do sangue (357); ouvidos (8); pele (148); osteomusculares (329) e malformações (33). Os

excluídos somaram 0,6% das mortes masculinas e 1% das femininas.

Quadro 5.2.5-1. Mortalidade geral e evitável de idosos (60 e + anos) por sexo e causa. Região Sul, 2.000

Causa Idosos Idosas Cap. (CID10 3C) No TM E %E TME No %H TM % E TMEI Infecções 898 87,3 331 36,9 32,2 1010 45,3 79,2 28,2 22,3II Neoplasias 9742 947,6 2613 26,8 254,2 8249 73,2 646,5 22,9 147,9IV Endócrinas 2202 214,2 150 6,8 14,6 3839 92,8 300,9 2,8 8,4V Transtornos mentais 270 26,3 1 0,4 0,1 128 63,1 10,0 2,3 0,2VI Nervosas 518 50,4 44 8,5 4,3 645 63,9 50,5 3,1 1,6IX Circulatórias 19258 1873,2 6704 34,8 652,1 22394 93,9 1755,0 3,1 55,0X Respiratórias 7557 735,1 3026 40,0 294,3 6400 89,8 501,6 29,1 145,8XI Digestivas 2241 218,0 318 14,2 30,9 2180 81,6 170,8 9,1 15,6XIV Geniturinário 769 74,8 258 33,6 25,1 764 83,2 59,9 21,6 12,9XVIII Mal definidas 3388 329,6 1573 46,4 153,0 3586 85,0 281,0 27,1 76,1XX Causas externas 1579 153,6 5 0,3 0,5 869 28,1 68,1 1,3 0,9

Total 48743 4741,2 15086 31,0 1467,4 50618 78,7 3966,8 6275 491,8

Dos 99.361 óbitos de idosos em 2.000 no Sul, com taxa de mortalidade de

4312,4/100.000 idosos, 48,1% (48.743) foram de homens (4.741,2/100.000 homens

idosos) e 50,9% (50.618) de mulheres (3.966,8/100.0000 mulheres idosas). A taxa de

mortalidade masculina foi 20% maior que a feminina.

As principais causas de morte de idosos foram doenças circulatórias (1.873,2/

100.000 idosos); câncer (947,6); respiratórias (735,1) digestivas (218) e endócrinas

(214,2). Homens idosos constituem 8,3% da população de homens e seus óbitos 55,3%

dos óbitos masculinos totais e 31% de suas mortes foram evitáveis sendo as circulatórias

Page 74: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

59

(44,4%); respiratórias (20,1%); câncer (17,3%); mal definidas (10,4%) e infecções (2,2%)

as principais. A maioria das mortes é evitáveis até os 74 anos, um limite demográfico, não

técnico. As maiores evitabilidades foram das mal definidas (46,4%) e respiratórias (40%).

Idosas foram 10% da população feminina e suas mortes 78,7% do total de óbitos

de mulheres. As principais causas foram doenças circulatórias (1.755/100.000 idosas);

neoplasias (646,5); respiratórias (501,6); endócrinas (300,9) e mal definidas (281). Só

12,4% das mortes de idosas foi evitável (dado a alta proporção de óbito de idosas com

mais de 74 anos). As principais causas foram câncer (30,1%); respiratórias (29,1%); mal

definidas (15,5%); circulatórias (11,2%) e infecções (4,5%).

A mortalidade total de idosos foi só 20% maior que de idosas e em todas as causas

menos endócrinas – 30% menor, transtornos mentais ( 2,6 vezes maior) e causas externas

(2,3 vezes maior). O diferencial de sexo na mortalidade diminuiu no grupo idoso.

O gráfico 5.2.5-1 a seguir ilustra a mortalidade de idosos.

Gráfico 5.2.1-2. Mortalidade geral e evitável de infantes por sexo e causa. Região Sul, 2.000

-2000,0 -1500,0 -1000,0 -500,0 0,0 500,0 1000,0 1500,0 2000,0

por 100.000 população específica

Infecções

Neoplasias

Sangue

Endócrinas

Nervosas

Circulatórias

Respiratórias

Digestivas

Perinatais

Malformações

Mal definidas

Causas externas

TMH TMEH TMM TMEM

Page 75: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

60

Gráfico 5.2.2-1. Mortalidade geral e evitável de crianças por causa e sexo. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.2.3-1. Mortalidade geral e evitável de adolescentes por causa e sexo. Região

Sul, 2.000

-15,0 -10,0 -5,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0

por 100.000 população específica

Infecções

Neoplasias

Sangue

Endócrinas

Nervosas

Circulatórias

Respiratórias

Digestivas

Malformações

Mal definidas

Causas externas

TMH TEH TMM TEM

-20,0 -10,0 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0

por 100.000 população específica

Infecções

Neoplasias

Sangue

Endócrinas

Nervosas

Circulatórias

Respiratórias

Digestivas

Gravidez

Malformações

Mal definidas

Causas externas

TMH TEH TMM TEM

Page 76: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

61

Gráfico 5.2.4-1. Mortalidade geral e evitável de adultos (20-59 anos) por causa e sexo. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.2.5-1. Mortalidade geral e evitável de idosos por causa e sexo. Região Sul, 2.000

-2000,0 -1500,0 -1000,0 -500,0 0,0 500,0 1000,0 1500,0 2000,0 2500,0 3000,0

por 100.000 população específica

Infecções

Neoplasias

Sangue

Endócrinas

Transtornos mentais

Nervosas

Circulatórias

Respiratórias

Digestivas

Geniturinário

Mal definidas

Causas externas

TMH TEH TMM TEM

-100,0 -50,0 0,0 50,0 100,0 150,0 200,0

por 100.000 população especifica

Infecções

Neoplasias

Sangue

Endócrinas

Transtornos mentais

Nervosas

Circulatórias

Respiratórias

Digestivas

Osteomusculares

Geniturinário

Gravidez

Mal definidas

Causas externas

TMH TEH TMM TEM

Page 77: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

62

5.3. Mortalidade geral e evitável por cor, sexo e idade

Além das diferenças de mortalidade por sexo e idade é objetivo do trabalho

explorar diferenças de mortalidade por cor, testando a utilidade da mortalidade evitável

como indicador das desigualdades por raça/cor.

Segundo dados do Censo de 2.000 na Região Sul brancos são a maioria da

população – 83,6%; pretos representam 3,7%; pardos 11,5%; amarelos, indígenas e

população de cor ignorada alcançam 0,4% cada. A Razão de Masculinidade varia por

raça/cor, maior em pardos e menor em brancos, a proporção de brancas é maior que a de

brancos; a de pretas, pardas e amarelas e indígenas é menor que a dos respectivos homens,

ao passo que a população de homens e mulheres de cor ignorada é semelhante. A tabela

5.3-1 mostra a distribuição da cor por sexo na população.

Tabela 5.3-1. População em números absolutos e proporção por cor e sexo. Razão de masculinidade (RM). Região Sul, 2.000

Homens Mulheres Cor No % No % RM

Branca 10.271.180 82,8 10.720.661 84,4 48,9 Preta 483.514 3,9 457.688 3,6 51,4 Parda 1.502.557 12,1 1.382.163 10,9 52,1 AI 94.502 0,8 94.445 0,7 50,0 Ignorada 50.171 0,4 53.347 0,4 48,5 Total 12.401.924 100,0 12.708.304 100,0 49,4 Fonte : Censo 2.000. FIBGE a partir de tabulações especiais do Seade.

Page 78: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

63

Se a mortalidade fosse igual nos grupos raciais a proporção de óbitos por cor seria

igual à proporção das raças na população. A tabela 5.3-2 mostra a distribuição das mortes

segundo a cor e comparando-a à tabela 5.3-1 nota-se que as proporções das raças na

população e no total de óbitos são bem distintas.

Tabela 5.3-2. Mortalidade em números absolutos e proporção por cor e sexo. Região Sul, 2.000

Homens Mulheres Cor No % TM RRB No % TM RRB Branca 72.540 82,3 706,2 1,0 53.250 82,8 496,7 1,0Preta 3.851 4,4 796,5 1,1 2.669 4,2 583,1 1,2Parda 4.668 5,3 310,7 0,4 2.785 4,3 201,5 0,4AI 411 0,5 434,9 0,6 306 0,5 324,0 0,7Ignorada 6.662 7,6 13.278,6 18,8 5.284 8,2 9905,0 19,9Total 88.132 100,0 710,6 1,0 64.294 100,0 505,9 1,0

Fonte: Censo 2.000. FIBGE a partir de tabulações especiais do Seade.

A proporção de óbitos de homens e mulheres brancas foi um pouco menor que sua

proporção na população, menor nas mulheres. Para pretos a proporção de óbitos foi um

pouco maior que na população, nos dois sexos. Para pardos a proporção de mortes foi

menos da metade de sua proporção na população, nos dois sexos! Também foi menor que

o da população para o grupo amarelo e indígena. Entretanto foi respectivamente 7 e 8

vezes maior para homens e mulheres de cor desconhecida.

A mortalidade geral de homens pretos foi 10% maior que de brancos; a de pardos e

indígenas respectivamente, 60% e 40% menor que de brancos, isto é, pouco mais e pouco

menos da metade da mortalidade de brancos! Para mulheres a taxa de pretas é 20% maior,

a de pardas e amarelas e indígenas 60 e 30% menor. As diferenças destes dois últimos

grupos discordam de resultados de outras pesquisas no país. (Batista 2002; FUNASA,

2002) e no exterior (Rhoades, 2003; Anderson, 2002) que mostram que a mortalidade de

Page 79: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

64

negros (pretos e pardos) e indígenas é sempre substancialmente maior que a de brancos.

A proporção de mortes de homens e mulheres sem registro de cor foi 7,6 e 8,2%

respectivamente, que embora pequena em relação ao total de mortes, foi maior que a

proporção de mortes de pretos, pardos ou amarelos e indígenas. A mortalidade de cor

ignorada é cerca de 19 e 20 vezes maior que a de homens e mulheres brancas. A

população sem registro de cor no censo é bem pequena e a taxa assume valores esdrúxulos

apesar do cálculo estar conceitualmente correto, mostrando como a proporção de óbitos

sem cor distorce as taxas dos grupos populacionais.

Não há estudos sobre a fidedignidade da adscrição da cor em atestados de óbito

que sugiram distribuição real de cor. A atual adscrição tanto pode ser fruto de descuido

aleatório quanto manifestação de intencionalidade, discriminatória ou não.

Assim as afirmações sobre taxas de mortalidade, em particular de grupos não

brancos, são aproximações que refletem a situação atual da declaração de cor. A

atualização dos dados depende de melhor preenchimento do quesito cor nos atestados de

óbitos. Espera-se que, pelo menos no início, com melhor certificação da cor a mortalidade

de pretos, pardos e indígenas aumente. A análise dos dados de mortalidade como se nos

apresentam hoje, constitui estudo exploratório e um marco de referência (baseline) para

futuros progressos da mortalidade e da qualidade da informação sobre cor dos óbitos.

5.3.1 Mortalidade geral de homens por cor

A tabela 5.3.1-1 mostra a distribuição das mortes masculinas e sua proporção por

cor e capítulos da CID-10.

Page 80: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

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Tabela 5.3.1-1. Distribuição dos óbitos masculinos por causa e cor e proporção das causas. por cor. Região Sul, 2.000

SUL/HOMENS Brancos Pretos Pardos AI Ignor. Total 10.271.180 483.514 1.502.557 94.504 50.171 12.401.926 Cap. Capítulos

(CID10 3C) No %V No %V No %V No %V No %V No %V I Infecções 2.750 3,8 237 6,2 230 4,9 24 5,8 318 4,8 3.559 4,0II Neoplasias 12.522 17,3 581 15,1 496 10,6 65 15,8 1.104 16,6 14.768 16,8III Sangue 213 0,3 13 0,3 15 0,3 4 1,0 29 0,4 274 0,3IV Endócrinas 2.609 3,6 160 4,2 149 3,2 24 5,8 253 3,8 3.195 3,6V Mentais 675 0,9 70 1,8 62 1,3 1 0,2 62 0,9 870 1,0VI Nervosas 989 1,4 42 1,1 64 1,4 8 1,9 90 1,4 1.193 1,4VII Olhos 1 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 0,0VIII Ouvidos 8 0,0 1 0,0 1 0,0 0 0,0 0 0,0 10 0,0IX Circulatórias 21.569 29,7 1.152 29,9 1.337 28,6 123 29,9 1.875 28,1 26.056 29,6X Respiratórias 8.294 11,4 392 10,2 446 9,6 55 13,4 672 10,1 9.859 11,2XI Digestivas 3.965 5,5 237 6,2 261 5,6 14 3,4 383 5,7 4.860 5,5XII Pele 58 0,1 2 0,1 3 0,1 0 0,0 11 0,2 74 0,1XIII Osteomusculares 152 0,2 7 0,2 9 0,2 0 0,0 17 0,3 185 0,2XIV Geniturinárias 826 1,1 41 1,1 56 1,2 4 1,0 88 1,3 1.015 1,2XVI Perinatais 1.875 2,6 71 1,8 115 2,5 9 2,2 294 4,4 2.364 2,7XVII Malformações 692 1,0 15 0,4 28 0,6 1 0,2 142 2,1 878 1,0XVIII Mal definidas 4.115 5,7 206 5,3 339 7,3 35 8,5 705 10,6 5.400 6,1XX Externa 11.227 15,5 624 16,2 1.057 22,6 44 10,7 619 9,3 13.571 15,4

Total 72.540 100,0 3.851 100,0 4.668 100,0 411 100,0 6.662 100,0 88.132 100,0

Nos demais quadros de mortalidade de homens serão excluídos dados sobre

amarelos e indígenas (exceto 5.4-2 ) e sobre os capítulos: doenças dos olhos (1 óbito);

ouvidos (10); pele (74) e osteomusculares (185). Embora passível de exclusão (menos de

1% de óbitos) foi mantido o de doenças do sangue por ser bandeira do movimento negro.

A taxa de mortalidade total para homens no Sul foi 710,6/100.000 homens. Das

88.132 mortes masculinas 82,3% (72.540) foram de brancos com mortalidade de 706,2/

100.000 homens brancos; 4,4% (3.851) de pretos e taxa de 796,5/100.000 homens pretos;

5,3% (4.668) de pardos e taxa de 310,7/100.000 homens pardos; 0,5% (411) de amarelos e

indígenas e taxa de mortalidade de 310,7 e 7,6% (6.662) de cor desconhecida produzindo

a espantosa taxa de 13.278,9/100.000 homens de cor desconhecida. (Quadro 5.4-1)

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Doenças circulatórias (210/100.000 homens brancos); câncer (121,9); externas

(109,3); respiratórias (80,8) e mal definidas (40,1) foram as principais causas de morte de

homens brancos.

Nos homens pretos doenças circulatórias (238,3/ 100.000 homens pretos); externas

(129,1); câncer (120,2); respiratórias (81,1) e digestivas (49) foram as principais causas.

Nos homens pardos as principais causas foram circulatórias (89/100.000 homens

pardos); externas (70,3); neoplasias (33); respiratórias (29,7) e mal definidas (22,6).

Nos homens as principais causas sem registro de cor foram doenças circulatórias

(28,1%); câncer (16,6%); mal definidas (10,6%); respiratórias (10,1%) e externas (9,3%).

Quadro 5.3.1-2. Mortalidade geral e diferenças raciais por causas. Homens. Região Sul, 2.000

Brancos Pretos Pardos Total Cap Causa (CID10 3C) TM TM RB TM RB No TM

I Infecções 26,8 49,0 1,8 15,3 0,6 3.559 28,7 II Neoplasias 121,9 120,2 1,0 33,0 0,3 14.768 119,1 III Sangue 2,1 2,7 1,3 1,0 0,5 274 2,2 IV Endócrinas 25,4 33,1 1,3 9,9 0,4 3.195 25,8 V Mentais 6,6 14,5 2,2 4,1 0,6 870 7,0 VI Nervosas 9,6 8,7 0,9 4,3 0,4 1.193 9,6 IX Circulatórias 210,0 238,3 1,1 89,0 0,4 26.056 210,1 X Respiratórias 80,8 81,1 1,0 29,7 0,4 9.859 79,5 XI Digestivas 38,6 49,0 1,3 17,4 0,4 4.860 39,2 XIV Geniturinário 8,0 8,5 1,1 3,7 0,5 1.015 8,2 XVI Perinatais 18,3 14,7 0,8 7,7 0,4 2.364 19,1 XVII Malformações 6,7 3,1 0,5 1,9 0,3 878 7,1 XVIII Mal definidas 40,1 42,6 1,1 22,6 0,6 5.400 43,5 XX Externas 109,3 129,1 1,2 70,3 0,6 13.571 109,4

Total 706,2 796,5 1,1 310,7 0,4 88.132 710,6

Os capítulos com maior proporção de não registro de cor foram malformações

(16,2%); pele (14,9%); mal definidas (13,1%); perinatais (12,4%) e do sangue (10,6%).

A mortalidade geral de pretos só foi marginalmente maior que de brancos mas

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variou por capítulos. Homens pretos tem diferença de morte menor nas doenças nervosas

(0,9); pele (0,7); perinatais (0,8) e malformações (0,5) e igual nas respiratórias e

osteomusculares. Nas demais a diferença de morte é maior: 10% (circulatórias,

geniturinárias, mal-definidas); 20% (causas externas); 30% (sangue, endócrinas,

digestivas); 80% (infecções) e 2,2 vezes maior (transtornos mentais).

Homens pardos têm diferença de morte menor que homens brancos para todas as

causas como mostra o quadro 5.4-2. Certamente há aí evasão de óbitos.

5.3.2. Mortalidade evitável de homens por cor

Foram excluídos dos quadros de mortalidade evitável capítulos com menos de 1%

de mortes mesmo com alta evitabilidade e capítulos de evitabilidade pequena que nos

homens foram transtornos mentais (6 mortes evitáveis); olhos (zero); ouvidos (9); pele

(32); osteomusculares (53) e causas externas (19). A diferença de mortalidade evitável de

pretos em relação a brancos foi respectivamente 3 e 2,5 vezes e metade para doenças dos

ouvidos, pele e osteomusculares.

Mais de 1/3 das mortes masculinas (33,5%) foram evitáveis na Região Sul 2.000,

matando 29.546 homens com uma taxa de mortalidade evitável de 238,2/100.000homens.

O quadro 5.3.2-1 mostra mortes evitáveis, mortalidade, evitabilidade e diferença

de mortes evitáveis de homens pretos e pardos em relação a brancos, além do número e

proporção de mortes evitáveis sem registro de cor bem como sua evitabilidade. A taxa de

mortalidade evitável foi calculada por 100.000 da população específica.

Nos homens brancos 31,6% das mortes foram evitáveis com taxa de 223,5/100.000

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homens brancos. As principais causas – doenças circulatórias (79,2/100.000); respiratórias

(38,4); neoplasias (38,3); mal definidas (26,2) e perinatais (18,3). As evitabilidades

maiores ocorreram nas perinatais (100%); mal definidas (65,5%); respiratórias (47,6%);

malformações (41,8%) e circulatórias (37,7%). Mortes evitáveis de brancos somaram

77,7% do total de evitáveis, proporção menor que na população (82,8%) e nas mortes

totais (82,3%), mostrando que sua mortalidade evitável foi menor que a esperada.

Quadro 5.3.2-1. Mortalidade evitável, evitabilidade e diferenças raciais por causas. Homens. Região Sul, 2.000

SUL/HOMENS Brancos Pretos Pardos Ignor. Cap

. Causa

(CID10 3C) E TME %E E TME %E REB E TME %E REB E % V %E

I Infecções 989 9,6 36,0 85 17,6 35,9 1,8 94 6,3 40,9 0,6 113 8,7 35,5II Neoplasias 3524 34,3 28,1 306 63,3 52,7 1,8 252 16,8 50,8 0,5 292 6,7 26,4III Sangue 54 0,5 25,4 4 0,8 30,8 1,6 3 0,2 20,0 0,4 1 1,6 3,4IV Endócrinas 390 3,8 14,9 96 19,9 60,0 5,2 29 1,9 19,5 0,5 38 6,8 15,0VI Nervosas 230 2,2 23,3 24 5,0 57,1 2,2 23 1,5 35,9 0,7 19 6,4 21,1IX Circulatório 8135 79,2 37,7 707 146,2 61,4 1,8 781 52,0 58,4 0,7 1156 10,7 61,7X Respiratórias 3945 38,4 47,6 225 46,5 57,4 1,2 223 14,8 50,0 0,4 370 7,7 55,1XI Digestivas 381 3,7 9,6 69 14,3 29,1 3,8 20 1,3 7,7 0,4 33 6,5 8,6XIV Geniturinárias 357 3,5 43,2 19 3,9 46,3 1,1 23 1,5 41,1 0,4 27 6,3 30,7XVI Perinatais 1875 18,3 100,0 71 14,7 100,0 0,8 115 7,7 100,0 0,4 294 12,4 100,0XVII Malformações 289 2,8 41,8 9 1,9 60,0 0,7 10 0,7 35,7 0,2 52 14,4 36,6XVIII Mal definidas 2695 26,2 65,5 145 30,0 70,4 1,1 254 16,9 74,9 0,6 471 13,1 66,8XX Causas externas 16 0,2 0,1 0 0,0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 0,0 2 11,1 0,3

Total 22954 223,5 31,6 1764 364,8 45,8 1,6 1832 121,9 39,2 0,5 2877 43,2

Em homens pretos 45,8% das mortes foram evitáveis (364,8/100.000 pretos). As

causas principais foram circulatórias (146,2/100.000); neoplasias (63,3); respiratórias

(46,5); mal definidas (30) e endócrinas (19,9). As causas com as maiores evitabilidades

foram as perinatais (100%); mal definidas (70,4%); circulatórias (61,4%); endócrinas e

malformações (60%) e respiratórias (57,4%). Para todas as causas citadas a evitabilidade

foi maior em pretos que brancos, exceto perinatais em que a evitabilidade é a mesma.

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Mortes evitáveis dos pretos somaram 6% do total, mais que sua proporção na

população (3,9%) e nas mortes gerais (4,4%) e portanto maiores que as esperadas.

A mortalidade evitável de pretos foi 60% maior que a de brancos com ampla

variação entre capítulos. Foi menor nas perinatais (20%) e malformações (30%) porém

maior nas demais: geniturinárias e mal definidas (10%); respiratórias (20%); sangue

(60%); infecções, câncer e circulatórias (80%); doenças nervosas (2,2 vezes maior);

digestivas (3,8) e endócrinas (5,2).

Verifica-se assim que, embora a mortalidade geral dos pretos tivesse sido apenas

10% maior que a dos brancos, sua mortalidade evitável foi 60% maior, demonstrando a

maior sensibilidade deste indicador para detectar desigualdades.

Em pardos 39,2% das mortes foram evitáveis. As principais causas foram

circulatórias (52/100.000 homens pardos); mal definidas (16,9); neoplasias (16,8);

respiratórias (14,8) e perinatais (7,7). As maiores evitabilidade foram nas perinatais

(100%); mal definidas (74,9); circulatórias (58,4%) e neoplasias (50,8%) Sua mortalidade

evitável foi metade da de brancos e menor em todos os capítulos.

Das mortes sem registro de cor 43,2% foram evitáveis e as principais causas foram

circulatórias (40,2%); mal definidas (16,4%); respiratórias (12,9%); perinatais (10,2%) e

câncer (10,1%). As maiores evitabilidades ocorreram nas perinatais (100%); mal definidas

(66,8%); circulatórias (61,7%) e respiratórias (55,1%). É importante ressaltar que 10,7%

das mortes evitáveis das doenças circulatórias, 12,4% das perinatais, 14,4% das

malformações e 13,1 dass mal definidas não tinham registro de cor.

Os gráficos 5.3.1-1 e 5.3.2–1 abaixo ilustram as mortalidades gerais e evitáveis por

capítulos e cor. A inclusão do grupo sem registro de cor obrigou o uso de escala

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logarítmica. Os gráfico 5.3.1-2 e 5.3.2-2 abaixo mostram as diferenças de morte gerais e

evitáveis de homens pretos e pardos em relação a de homens brancos

Gráfico 5.3.1-1. Mortalidade geral por capítulo e cor. Homens. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.3.2-1. Mortalidade evitável por capítulo e cor. Homens. Região Sul, 2.000

0,1

1,0

10,0

100,0

1000,0

10000,0

mor

talid

ade

por 1

00.0

00 h

omen

s

Neopla

sias

Sangu

e

Mentai

s

Nervoso

Digesti

vo

Perina

tais

Mal de

finida

s

Causas

exter

nas

Bco Pto Pdo AI Ign

0,0

0,1

1,0

10,0

100,0

1000,0

10000,0

mor

talid

ade

por 1

00.0

00 h

omen

s

Neopla

sias

Sangu

e

Mentai

s

Nervoso

Digesti

vo

Perina

tais

Mal de

finida

s

Causas

exter

nas

Bco Pto Pdo AI Ign

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Gráfico 5.3.1-2. Diferenças raciais na mortalidade geral por causas. Homens. Região Sul,

2.000

Gráfico 5.3.2-2. Diferenças raciais na mortalidade evitável por causas. Homens. Região Sul, 2.000

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5

Pto

Pdo

Causas externas

Mal definidas

Malformações

Perinatais

Geniturinárias

Digestivo

Respiratórias

Circulatórias

Nervoso

Mentais

Endócrinas

Sangue

Neoplasias

Infecções

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0

Pta

Pda

Mal definidas

Malformações

Perinatais

Geniturinárias

Digestivo

Respiratórias

Circulatórias

Nervoso

Endócrinas

Sangue

Neoplasias

Infecções

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5.3.3 Mortalidade geral de mulheres – causas e raça/cor

Em 2.000 morreram 64.294 mulheres no Sul com taxa de 509,9/100.000 mulheres,

das quais 82,8% (53.250) brancas com taxa de mortalidade de 496,7/100.000 mulheres

brancas; 4,2% de pretas e taxa de 583,1/100.000 mulheres pretas; 4,3% (2.785) de pardas

e taxa de 201,5/100.000 mulheres pardas; 0,5% (306) de amarelas/indígenas e taxa de

324/100.000 amarelas/indígenas e 8,2% (64.294) de mulheres sem registro de cor. A

proporção de mortes em brancas, pardas e amarelas/indígenas foi menor que sua

proporção na população e nas pretas ela foi maior que sua proporção na população. A

tabela 5.3.3-1 mostra a distribuição das mortes e a proporção das causas por cor.

Tabela 5.3.3-1. Distribuição dos óbitos femininos por causa e cor e proporção das causas por cor. Região Sul, 2.000

Brancas Pretas Pardas AI Ign Total Cap Causa

(CID10 3C) No %V No %V No %V No %V No %V No %VI Infecções 1748 3,3 125 4,7 123 4,4 11 3,6 223 4,2 2230 3,5 II Neoplasia 9518 17,9 401 15,0 395 14,2 44 14,4 905 17,1 11263 17,5 III Sangue 242 0,5 18 0,7 9 0,3 2 0,7 30 0,6 301 0,5 IV Endócrinas 3394 6,4 229 8,6 172 6,2 25 8,2 316 6,0 4136 6,4 V Mentais 168 0,3 15 0,6 14 0,5 0 0,0 6 0,1 203 0,3 VI Nervosas 844 1,6 35 1,3 39 1,4 4 1,3 87 1,6 1009 1,6 VIII Ouvido 9 0,0 0 0,0 1 0,0 0 0,0 3 0,1 13 0,0 IX Circulatórias 19842 37,3 1100 41,2 1059 38,0 112 36,6 1745 33,0 23858 37,1 X Respiratórias 5983 11,2 262 9,8 307 11,0 32 10,5 541 10,2 7125 11,1 XI Digestivas 2187 4,1 116 4,3 117 4,2 10 3,3 241 4,6 2671 4,2 XII Pele 91 0,2 8 0,3 6 0,2 2 0,7 10 0,2 117 0,2 XIII Osteomusculares 265 0,5 19 0,7 9 0,3 0 0,0 32 0,6 325 0,5 XIV Geniturinárias 758 1,4 46 1,7 37 1,3 2 0,7 75 1,4 918 1,4 XV Gravidez 188 0,4 19 0,7 22 0,8 0 0,0 14 0,3 243 0,4 XVI Perinatais 1430 2,7 42 1,6 69 2,5 5 1,6 223 4,2 1769 2,8 XVII Malformações 627 1,2 13 0,5 35 1,3 4 1,3 121 2,3 800 1,2 XVIII Mal definidas 3309 6,2 133 5,0 204 7,3 28 9,2 545 10,3 4219 6,6 XX Causas externas 2647 5,0 88 3,3 167 6,0 25 8,2 167 3,2 3094 4,8

Total 53250 100,0 2669 100,0 2785 100,0 306 100,0 5284 100,0 64294 100,0

Dos quadros de mortalidade feminina a seguir serão excluídos dados de amarelas e

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indígenas e os capítulos de doenças dos olhos (nenhum óbito); ouvidos (13); pele (117) e

osteomusculares (325). Também entre mulheres foram mantidas as doenças do sangue.

Em brancas todas as causas de morte, menos as externas (85,6%), ficaram aquém

de sua proporção na população (85%). A proporção de mortes entre as pretas foi maior

que na população mas a das pardas menor, sendo a mortalidade das primeiras maior e a

das segundas menor do que a esperada.

As principais causas de morte de mulheres brancas foram as circulatórias (185,1/

100.000 mulheres brancas); câncer (88,6); respiratórias (55,8); endócrinas (31,7) e mal

definidas (30,9). Ver quadro 5.3.3-1.

Quadro 5.3.3-2. Mortalidade geral e diferenças raciais. Mulheres. Região Sul, 2.000 Branca

s Pretas Pardas Total Cap. Causa (CID10 3C)

TM TM RR TM RR TM I Infecções 16,3 27,3 1,7 8,9 0,5 17,7 II Neoplasia 88,8 87,6 1,0 28,6 0,3 89,3 III Sangue 2,3 3,9 1,7 0,7 0,3 2,4 IV Endócrinas 31,7 50,0 1,6 12,4 0,3 32,8 V Mentais 1,6 3,3 2,1 1,0 0,6 1,6 VI Nervosas 7,9 7,6 1,0 2,8 0,3 8,0 IX Circulatórias 185,1 240,3 1,3 76,6 0,4 189,2 X Respiratórias 55,8 57,2 1,0 22,2 0,4 56,5 XI Digestivas 20,4 25,3 1,2 8,5 0,4 21,2 XIV Geniturinárias 7,1 10,1 1,4 2,7 0,3 7,3 XV Gravidez 1,8 4,2 2,4 1,7 1,0 1,9 XVI Perinatais 13,3 9,2 0,7 5,0 0,4 14,0 XVII Malformações 5,8 2,8 0,5 2,5 0,4 6,3 XVIII Mal definidas 30,9 29,1 0,9 14,8 0,4 33,5 XX Causas externas 24,7 19,2 0,8 12,1 0,5 24,5

Total 496,7 583,1 1,2 201,5 0,4 509,9

Nas pretas as principais causas foram circulatórias (240,3/100.000 mulheres

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pretas); câncer (87,6); respiratórias (57,2), endócrinas (50) e mal definidas (29,1).

Nas pardas elas foram as circulatórias (76,6/100.000 mulheres pardas); câncer

(28,6); respiratórias (22,2); mal definidas (14,8) e endócrinas (12,4).

Doenças circulatórias (33,0%); câncer (17,1); mal definidas (10,3%); respiratórias

(10,2%) e digestivas (10,2%) foram as principais causas de óbitos femininos sem registro

de cor. Os capítulos com maior proporção de mortes sem registro de cor foram as

malformações (15,1%); mal definidas (12,9); perinatais (12,6); infecções e sangue (10%).

A mortalidade geral de pretas foi 20% maior que de brancas. Foi menor em

malformações (0,5), perinatais (0,7), externas (0,8) e mal definidas (0,9); igual no câncer,

nervosas e respiratórias e maior em digestivas (20%); circulatórias (30); geniturinárias

(40); endócrinas (60); infecções e sangue (70); mentais (2,1 vezes) e maternas(2,4).

Pardas tiveram mortalidade menor que brancas para todas as causas.

5.3.4. Mortalidade evitável de mulheres por cor

Na Região Sul em 2.000 33,5% das mortes femininas foram evitáveis, vitimando

21.539 mulheres com taxa de mortalidade evitável de 170,8/100.000 mulheres.

Foram excluídos do quadro de mortalidade evitável de mulheres capítulos com

menos de 1% de óbitos e os amarelos/indígenas, ou seja, os transtornos mentais (6 óbitos),

olhos (zero); ouvidos (12); pele (32); osteomusculares (28) e causas externas (32).

Nas mulheres brancas 32,6% das mortes foram evitáveis - taxa de 162,1/100.000.

As principais evitáveis foram as circulatórias (54,2); câncer (33,1); respiratórias (25); mal

definidas (14,5) e perinatais (13,3). O quadro 5.3.4-1 mostra a evitabilidade por capítulo.

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Mortes evitáveis de brancas perfizeram 80,7% do total de mortes evitáveis femininas,

proporção menor que na população (85%) e na mortalidade geral (82,8%) confirmando a

hipótese de que a mortalidade evitável em brancas seria menor que a esperada.

Quadro 5.3.4-1. Mortalidade evitável, evitabilidade e diferenças raciais por causas. Mulheres. Região Sul, 2.000

Brancas Pretas Pardas Ignor Cap Causa

(CID-10 3C) E %E TME E %E TME RRE E %E TME RRE E % Cap %E

I Infecções 691 39,5 6,4 48 38,4 10,5 1,6 53 43,1 3,8 0,6 99 5,0 44,4II Neoplasia 3549 37,3 33,1 163 40,6 35,6 1,1 168 42,5 12,2 0,4 338 17,2 37,3III Sangue 45 18,6 0,4 3 16,7 0,7 1,6 1 11,1 0,1 0,2 5 0,2 16,7IV Endócrinas 363 10,7 3,4 26 11,4 5,7 1,7 29 16,9 2,1 0,6 41 2,1 13,0VI Nervosas 186 22,0 1,7 14 40,0 3,1 1,8 16 41,0 1,2 0,7 16 0,8 18,4IX Circulatórias 5815 29,3 54,2 439 39,9 95,9 1,8 462 43,6 33,4 0,6 593 30,1 34,0X Respiratórias 2682 44,8 25,0 110 42,0 24,0 1,0 149 48,5 10,8 0,4 234 11,9 43,3XI Digestivas 279 12,8 2,6 11 9,5 2,4 0,9 15 12,8 1,1 0,4 36 1,8 14,9XIV Geniturinárias 269 35,5 2,5 22 47,8 4,8 1,9 20 54,1 1,4 0,6 35 1,8 46,7XV Gravidez 188 100,0 1,8 19 100,0 4,2 2,4 22 100,0 1,7 1,0 14 0,7 100,0XVI Perinatais 1430 100,0 13,3 42 100,0 9,2 0,7 69 100,0 5,0 0,4 223 11,3 100,0XVII Malformações 247 39,4 2,3 4 30,8 0,9 0,4 13 37,1 0,9 0,4 44 2,2 36,4XVIII Mal definidas 1552 46,9 14,5 70 52,6 15,3 1,1 108 52,9 7,8 0,5 280 14,1 51,4

Total 17378 32,6 162,1 975 36,3 211,9 1,3 1131 40,6 81,8 0,5 1970 100,0 37,3

Em pretas 36,3% das mortes foram evitáveis (211,9/100.000 pretas) e as principais

causas foram as circulatórias (95,9/100.000); neoplasias (35,6); respiratórias (24); mal

definidas (15,3) e infecções (10,5). As evitabilidades para câncer, endócrinas, nervosas,

circulatórias, geniturinárias e mal definidas foram maiores que de brancas. Mortes

evitáveis somaram 4,5% do total de evitáveis femininas, proporção maior que na

população (3,6%) e nas mortes gerais (4,2%) e maior que a esperada. Foi 30% maior que

de brancas. Menor em digestivas, perinatais e mal formações; igual em respiratórias e

maior em câncer; mal definidas (30%); infecções e sangue (60%); endócrinas (70%);

nervosas e circulatórias (80%) e maternas (2,4 vezes maior). A diferença na mortalidade

evitável em relação às brancas foi pouco maior que na mortalidade geral (20%).

Page 91: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

76

Em pardas 40,6% das mortes foram evitáveis e as principais foram circulatórias

(33,4/100.000); neoplasias (12,2); respiratórias (10,8), mal definidas (7,8) e perinatais (5).

Suas mortes evitáveis foram metade da de brancas, menor em todos os capítulos.

Os gráficos 5.3.3-1 e 5.3.4-1 mostram as taxas e os 5.3.3-2 e 5.3.4-2 as diferenças

na mortalidade geral e evitável de mulheres pretas e pardas em relação às brancas.

Gráfico 5.3.3-1. Mortalidade geral de mulheres. Capítulo e cor. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.3.4-1. Mortalidade evitável. Capítulo e cor. Mulheres. Região Sul, 2.000

0,1

1,0

10,0

100,0

1000,0

10000,0

por 1

00.0

00 m

ulhe

res

Neopla

sia

Sangu

e

Mentai

s

Nervosa

s

Digesti

vas

Gravide

z

Perina

tais

Mal de

finida

s

Causas

exter

nas

Bca Pta Pda AI Ign

0,0

0,1

1,0

10,0

100,0

1000,0

10000,0

por 1

00.0

00 p

opul

ação

esp

ecífi

ca

Neopla

sia

Sangu

e

Mentai

s

Nervosa

s

Digesti

vas

Gravide

z

Perina

tais

Mal de

finida

s

Causas

exter

nas

Bca Pta Pda AI Ign

Page 92: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

77

Gráfico 5.3.3-2. Diferenças raciais na mortalidade geral de mulheres por causas. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.3.4-2. Diferenças raciais na mortalidade evitável de mulheres por causas. Região Sul, 2.000

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5

Pta

Pda

Causas externas

Mal definidas

Malformações

Perinatais

Gravidez

Geniturinárias

Digestivas

Respiratórias

Circulatórias

Nervosas

Endócrinas

Sangue

Neoplasia

Infecções

0 0,5 1 1,5 2 2,5

Pta

Pda

Causas externas

Mal definidas

Malformações

Perinatais

Gravidez

Geniturinárias

Digestivas

Respiratórias

Circulatórias

Nervosas

Mentais

Endócrinas

Sangue

Neoplasia

Infecções

Page 93: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

78

5.4. Causas de mortalidade geral e evitável por cor, idade e sexo

Foram analisadas até aqui as desagregações habituais de trabalhos epidemiológicos

sexo, idade e cor, embora a última seja uma desagregação recente entre nós. A análise

será a seguir refinada buscando as diferenças entre grupos mais homogêneos e detalhando

as causas de morte.

5.4.1. Mortalidade geral e evitável de menores de 1 ano por cor e sexo

Em 2.000 foram recenseados 437.447 menores de 1 ano, 51% do sexo masculino e

49% do feminino. Entre os infantes 85,8% eram brancos; 2,9 pretos; 10,1 pardos, 0,6

amarelos/indígenas e 0,7 sem registro de cor. As proporções foram as mesmas nas

infantas.

Houve 7.347 mortes de menores de 1 ano com taxa de 1.679,5/100.000 menores

de 1 ano, 87,2% (6.406) dos quais evitáveis (1.464,4/100.000). Das mortes, 56,3% (4.143)

foram de infantes e 3.204 de infantas. A proporção de brancos, pretos, pardos, amarelos/

indígenas e sem registro de cor entre as mortes masculinas foi respectivamente 79,1%

(3.276); 2,6% (108); 5,1% (210); 0,5% (19) e 12,8% (530) e entre as femininas foi 79,3%

(2.542); 2,6% (82); 4,5% (145), 0,5% (17) e 13% (418). Em ambos os sexos a proporção

de óbitos de cor ignorada excedeu à soma das mortes de não brancos.

Page 94: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

79

Serão excluídos dos quadros e análises os óbitos de amarelos e indígenas e os

capítulos de transtornos mentais, olhos e gravidez, parto e puerpério (zero mortes); ouvido

(4); pele (3); osteomusculares (4) e geniturinárias (8). Os excluídos totalizaram 0,3% dos

óbitos de infantes.

Por questões de viabilidade, apresentarei quadros e gráficos de causas por raça/cor

para cada sexo, inicialmente da mortalidade geral e depois da mortalidade evitável.

5.4.1.1 Mortalidade geral de infantes por cor

As causas mais importantes de morte de infantes, em todas as raças, são as

afecções originadas no período perinatal, responsáveis por mais da metade dos óbitos.

Quadro 5.4.1.1-1. Mortalidade geral e diferenças sexuais e raciais por causas. Infantes. Região Sul, 2.000

Brancos Pretos Pardos Ignor. Cap. Causa

(CID10 3C) TM RM TM RB RM TM RB RM Nº %V RM

I Infecções 100,3 1,1 109,6 1,1 1,0 84,7 0,8 1,2 33 6,2 1,1II Neoplasias 4,7 2,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0 3 0,6 2,9III Sangue 3,7 1,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0 2 0,4 0,0IV Endócrinas 35,5 1,6 31,3 0,9 0,0 26,8 0,8 1,0 5 0,9 0,3VI Nervosas 29,8 1,6 15,7 0,5 0,0 13,4 0,4 0,0 8 1,5 1,9IX Circulatórias 9,9 1,7 0,0 0,0 0,0 4,5 0,4 1,0 5 0,9 1,6X Respiratórias 127,5 1,1 219,3 1,7 1,2 98,1 0,8 1,1 29 5,5 1,4XI Digestivas 17,8 2,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5 0,9 2,4XVI Perinatais 917,6 1,3 1096,5 1,2 1,6 472,7 0,5 1,5 276 52,1 1,2XVII Malformações 275,9 1,2 109,6 0,4 0,6 111,5 0,4 1,3 121 22,8 1,2XVIII Mal definidas 93,5 1,2 62,7 0,7 0,6 84,7 0,9 3,7 24 4,5 0,9XX Externas 89,4 1,3 47,0 0,5 0,7 40,1 0,4 0,7 16 3,07 1,7

Total 1712,0 1,2 1691,7 1,0 1,3 936,5 0,5 1,4 530 100,0 1,2

Em 2.000 morreram 3.276 infantes brancos (1.712/100.000 bebês brancos) cujas

principais causas foram perinatais (53,6% – 917/100.000 infantes brancos); malformações

(16,1 e 275,9); respiratórias (7,4 e 127,5); infecções (5,9 e 100,3) e mal definidas (5,5 e 93,5).

Page 95: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

80

A mortalidade de infantes brancos foi 20% maior que o de infantas brancas para

todas as causas desde 10% maior em infecções e respiratórias até 2,2 vezes no câncer.

Morreram 108 bebês pretos com taxa de 1691,7/100.000 infantes pretos. Esse

número é pequeno, sujeito a flutuações. As principais causas foram perinatais (64,8% –

1.096,5/100.000); respiratórias (13% e 219,3); infecções e malformações (6,5% e 109,6) e

mal definidas (3,7% e 62,7). Causas externas ocupam o sexto posto mas com metade da

mortalidade de brancos.

A mortalidade geral de bebês pretos foi igual a de brancos mas foi 10% maior em

infecções, 70% nas respiratórias; 20% nas perinatais e menor nas demais. Ela também foi

30% maior que a de infantas pretas, 20% nas respiratórias e 60% nas perinatais.

Houve 210 mortes de nenês pardos com mortalidade de 936,5/100.000 infantes

pardos. Causas mais importantes - perinatais (50,5% e 472,7/100.000) malformações

(11,9% e 111,5); respiratórias (10,5% e 98,1), infecções e mal definidas (9% e 84,7), e

causas externas (4,3% e 40,1). Todas as causas têm proporção menor que a esperada e o

risco de morte de infantes pardos é metade do de brancos! A mortalidade de infantes

pardos foi 40% maior que de infantas pardas, 3,7 vezes maior nas causas mal definidas.

Öbitos de bebês sem registro de cor foram 530, 12,8% do total de mortes da faixa

etária e quase o dobro da soma de não brancos, tornando o cálculo de taxas muito

impreciso. Suspeita-se que a cor é mais facilmente identificável em bebês brancos que nos

não brancos e que a incerteza leva ao não preenchimento do quesito.

Sua principais causas de morte foram as perinatais (52,1%) e mal formações

(22,8%), quase ¾ das mortes. O fato da maioria delas ocorrer no período neonatal precoce

(0 a 7 dias) reforça a hipótese da dificuldade de atribuição de cor a recém nascidos. Resta

Page 96: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

81

saber se a dificuldade é técnica ou burocrática, talvez uma mistura de ambos. Uma em

quatro mortes por câncer nesta faixa etária, 22,2% das mortes por doenças do sangue,

19,2% das circulatórias e 13% das infecções não teve registro de cor. A com menor

proporção de cor ignorada ocorreu nas endócrinas (6%) e externas (8%).

Também neste grupo a mortalidade masculina foi 20% maior no total; 2,9 vezes

para câncer e 2,4 para digestivas.

5.4.1.2 Mortalidade evitável de infantes por cor

Das 4.143 mortes de infantes 87,3% (3617) eram evitáveis e taxa de 1.621,3/

100.000 infantes. A evitabilidade por capítulo variou de 26,9% nas circulatórias a 100%

nas respiratórias, perinatais e mal definidas. As principais causas de morte evitável foram

as perinatais (61,5% e 993,7/100.000 infantes); respiratórias (8,6% e 139,1); mal

formações (8% e 129,5); infecções (6,5% e 105,3) e mal definidas (6,3% e 101,7).

A mortalidade evitável masculina foi 30% maior que a feminina, 90% maior em

câncer e doenças do sangue; 2,1 vezes para digestivas e 3,4 vezes para circulatórias e

79,3% ocorreram em brancos; 3,7% em pretos; 5,3% em pardos, 0,5% em

amarelos/indígenas e 12,1% em infantes de cor não especificada.

Das 3.276 mortes de infantes brancos 87,5% eram evitáveis. As principais causas

foram as perinatais (61,2% e 917,6/100.000 infantes brancos); respiratórias (8,5 e 127,5);

malformações (7,9 e 118,6); infecções e mal definidas (6,2 e 93,5) e externas (5,5 e 83,1).

Além das mortes respiratórias, perinatais e mal definidas cuja evitabilidade é 100% ela foi

alta em infecções (92,7%), endócrinas (86,8%) e externas (93%). A mortalidade evitável

Page 97: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

82

de nenês brancos masculinos foi 20% maior que a feminina no total e 2,4 e 2,7 vezes

maior nas circulatórias e digestivas.

Quadro 5.4.1.2-1. Evitabilidade, mortalidade evitável e diferenças raciais. Infantes. Região Sul, 2.000

Brancos Pretos Pardos Ignor. Cap Causa

(CID10 3C) %E TME %E TME REB %E TME REB No. % VI Infecções 92,7 93,0 100,0 109,6 1,3 100,0 84,7 0,9 29 6,7II Neoplasias 33,3 1,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3 0,7III Sangue 28,6 1,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0IV Endócrinas 86,8 30,8 100,0 31,3 1,6 100,0 26,8 0,9 5 1,1VI Nervosas 61,4 18,3 0,0 0,0 0,0 66,7 8,9 0,5 4 0,9IX Circulatórias 26,3 2,6 0,0 0,0 0,0 100,0 4,5 1,7 1 0,2X Respiratórias 100,0 127,5 100,0 219,3 1,9 100,0 98,1 0,8 29 6,7XI Digestivas 58,8 10,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0XVI Perinatais 100,0 917,6 100,0 1096,5 1,5 100,0 472,7 0,5 276 63,3XVII Malformações 43,0 118,6 42,9 47,0 0,5 36,0 40,1 0,3 49 11,2XVIII Mal definidas 100,0 93,5 100,0 62,7 0,8 100,0 84,7 0,9 24 5,5XX Externas 93,0 83,1 100,0 47,0 0,7 100,0 40,1 0,5 16 3,7

Total 87,5 1498,2 95,4 1613,4 1,3 91,9 860,7 0,6 436 100,0

Das 108 mortes de infantes pretos 95,4% (103) eram evitáveis e as principais

causas foram: perinatais (68% e 1.096,5/100.000 infantes pretos); respiratórias (13,6 e

219,3); infecções (6,8 e 109,6); mal definidas (3,9 e 62,7) e malformações e externas

(2,9% e 47). A evitabilidade foi total em infecções, doenças endócrinas, respiratórias,

perinatais, mal definidas e externas.

A mortalidade evitável foi 40% maior nos bebês pretos que nas pretas, 20% nas

respiratórias e 60% nas perinatais. Também foi 30% maior do que em brancos no total e

30% em infecções, 60 em endócrinas, 90% em respiratórias e 50 nas perinatais e menor

em malformações e mal definidas talvez pela deficiente adscrição de cor nestas causas.

Das 210 mortes de infantes pardos 91,9% (193) eram evitáveis. As principais

foram perinatais (54,9% e 472,7/100.000 bebês pardos); respiratórias (11,4 e 98,1);

Page 98: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

83

infecções e mal definidas (9,8 e 84,7), malformações e externas (4,7 e 40,1). Foi 100% a

evitabilidade em infecções, endócrinas, circulatórias, perinatais, mal definidas e externas.

A mortalidade evitável de infantes pardos foi 40% menor que a de brancos no total

e 70% maior nas circulatórias. Mas foi 40% maior que de infantas, 30 em infecções; 10

nas respiratórias; 50 nas perinatais, 70 nas malformações e 3,7 vezes nas mal definidas.

Dos 530 óbitos de bebês sem registro de cor 82,3% eram evitáveis e 100% em

câncer, endócrinas, respiratórias, perinatais, mal definidas e externas. Causas evitáveis

principais – perinatais (63,3%); malformações (11,2); infecções e respiratórias (6,7); mal

definidas (5,5) e externas (3,7). A mortalidade de infantes foi 20% maior que nas infantas.

Os gráfico 5.4.1.1-1 e 5.4.1.2-1 mostram respectivamente a distribuição da

mortalidade geral e evitável de infantes por cor e causa; os gráficos 5.4.1.1-2 e 5.4.1.2.-2

mostram as diferenças sexuais na mortalidade geral e evitável de infantes em relação às

infantas por cor e causa e os gráficos 5.4.1.1-3 e 5.4.1.2-3 mostram as diferenças raciais

em relação a infantes brancos na mortalidade geral e evitável.

5.4.1.3. Mortalidade geral de infantas por causa e raça/cor

Houve 2.542 mortes de infantas brancas (1.382,6/100.000 infantas brancas). As

principais causas, proporções e taxas foram perinatais (53,0% - 732,1/100.000 infantas

brancas); malformações (16,9 e 233,9); respiratórias (8,5 e 116,9); infecções (6,8 e 93,6) e

mal definidas (5,4 e 75,1).

Page 99: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

84

Gráfico 5.4.1.1-1. Mortalidade geral de infantes por causa e cor. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.4.1.2-1. Mortalidade evitável de infantes por cor e causa. Região Sul, 2.000

1,0

10,0

100,0

1000,0

10000,0

100000,0

por 1

00.0

00 p

opul

ação

esp

ecífi

ca

Neopla

sias

Sangu

e

Nervosa

s

Digesti

vas

Perina

tais

Mal de

finida

s

Causas

exter

nas

Bco Pto Pdo Ig

1,0

10,0

100,0

1000,0

10000,0

100000,0

por 1

00.0

00 p

opul

ação

esp

ecífi

ca

Neopla

sias

Sangu

e

Nervosa

s

Digesti

vas

Perina

tais

Mal de

finida

s

Causas

exter

nas

Bco Pto Pdo Ig

Page 100: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

85

Gráfico 5.4.1.1-2. Diferenças sexuais na mortalidade geral de infantes por cor e causa. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.2.1.2-2. Diferenças sexuais na mortalidade evitável de infantes por cor e causa. Região Sul, 2.000

0 ,0 0 ,5 1 ,0 1 ,5 2 ,0 2 ,5 3 ,0 3 ,5 4 ,0

B co

P to

Pdo

Ig

C ausas externas

M al definidas

M alfo rm ações

P erina ta is

D igestivas

R esp ira tórias

C ircula tó ria s

N ervosas

E ndócrinas

S angue

N eop las ias

Infecções

0,0 0 ,5 1 ,0 1 ,5 2 ,0 2 ,5 3 ,0 3 ,5 4 ,0

Bco

Pto

Pdo

Ig

C ausas externas

M al definidas

M alformações

Perinatais

D igestivas

R espiratórias

C irculatórias

N ervosas

Endócrinas

Sangue

N eoplasias

Infecções

Page 101: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

86

Gráfico 5.4.1.1-3. Diferenças raciais na mortalidade geral de infantes por causa. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.4.1.2-3. Diferenças raciais na mortalidade evitável de infantes por causa. Região

Sul, 2.000

0 ,1 1 ,0 1 0 ,0 1 0 0 ,0

P to

P d o

Ig

C aus as ex te rnas

M al d efin id as

M alfo rm aç õ es

P erina ta is

D iges tiv as

R es p ira tó rias

C irc u la tó rias

N erv o s as

E n d ó c rin as

S an gu e

N eo p las ias

In fec ç õ es

0,1 1,0 10,0 100,0 1000 ,0

Pto

Pdo

Ig

Causas externas

M al definidas

M alformações

Perinatais

D igestivas

Respiratórias

C irculatórias

N ervosas

Endócrinas

Sangue

N eoplasias

Infecções

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Faleceram 82 bebês pretas com taxa de 1.337/100.000 infantas pretas. Perinatais

(50% – 668,5/100.000 infantas pretas); malformações (14,6 – 195,7); respiratórias (13,4 e

179,4); infecções (6,5 e 114,1) e mal definidas (3,7 e 97,8) foram as principais causas. A

mortalidade de bebês pretas foi igual à de brancas mas foi 20% maior em infecções, 7,5

vezes em câncer, 50% nas respiratórias e 30% nas mal definidas.

Quadro 5.4.1.3-1. Mortalidade geral e diferenças raciais na mortalidade por causas. Infantas. Região Sul, 2.000

Brancas Pretas Pardas Ignor. Cap Causa

(CID10 3C) TM TM RB TM RB Nº % V I Infecções 93,6 114,1 1,2 69,6 0,7 29 6,9 II Neoplasias 2,2 16,3 7,5 0,0 0,0 1 0,2 III Sangue 2,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0 0,0 IV Endócrinas 21,8 0,0 0,0 27,8 1,3 14 3,3 VI Nervosas 19,0 0,0 0,0 0,0 0,0 4 1,0 IX Circulatórias 6,0 0,0 0,0 4,6 0,8 3 0,7 X Respiratórias 116,9 179,4 1,5 88,2 0,8 20 4,8 XI Digestivas 7,1 0,0 0,0 4,6 0,7 2 0,5 XVI Perinatais 732,1 668,5 0,9 306,3 0,4 216 51,7 XVII Malformações 233,9 195,7 0,8 88,2 0,4 94 22,5 XVIII Mal definidas 75,1 97,8 1,3 23,2 0,3 25 6,0 XX Externas 71,3 65,2 0,9 60,3 0,8 9 2,2

Total 1382,6 1337,0 1,0 673,0 0,5 418 100,0

Morreram 145 nenês pardas – mortalidade de 673/100.000 infantes pardas. Causas

mais importantes: perinatais (45,5% e 306,3/100.000); malformações e respiratórias (13,1

e 88,2); infecções (10,3 e 69,6), externas (9 e 60,3) e endócrinas (4,1 e 27,8). A

mortalidade de infantas pardas foi metade do de brancas.

Em 2.000 faleceram 418 bebês sem registro de cor, quase o dobro da soma de

óbitos de não brancas (246), correspondendo a 13% das mortes desta faixa etária.

Dada a diminuta parcela de minorias raciais na população mesmo falhas pequenas

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no registro de cor prejudica a precisão das taxas, o que significa que elas podem ser

consideravelmente maiores do que aqui apresentado.

As principais causas de morte em infantas sem registro de cor foram afecções

perinatais (52,1%) e malformações (22,8%) com quase ¾ das mortes. A morte ocorrer no

período neonatal precoce (0 a 7 dias) reforça a hipótese da dificuldade de atribuição de cor

em recém nascidos. Das mortes por câncer 25% não teve registro de cor, assim como

22,2% das por sangue; 19,2% das circulatórias e 13% das infecções. Os capítulos com

menor proporção de cor ignorada foram as endócrinas (6%) e causas externas (8%).

5.4.1.4. Mortalidade evitável de infantas por raça/cor

Das 3.204 mortes de infantas 86,5% foram evitáveis com taxa de 1.293,2/100.000

infantes. A evitabilidade variou de 13,3% nas circulatórias a 100% nas respiratórias,

perinatais e mal definidas. As principais causas evitáveis foram as perinatais (60,4% e

781/100.000 infantas); respiratórias (9,6 e 124,1); malformações (7,5 e 97,5); infecções

(7,3 e 93,8) e mal definidas (6,3 e 81,6). A mortalidade evitável infantil feminina foi

menor que a masculina em todos os capítulos e em todas as raças. Dentre as mortes

evitáveis 79,3% foram de brancas; 2,6 de pretas; 4,5 de pardas, 0,5 de amarelas/indígenas

e 13% de infantas sem registro de cor.

Das 2.542 mortes de infantes brancas, 80,0% foram evitáveis e as principais causas

foram as perinatais (60,7% e 732,1/100.000); respiratórias (9,7 e 116,9); malformações

(7,6 e 91,9); infecções (6,8 e 81,6) e mal definidas (6,2 e 75,1).

Além dos capítulos totalmente evitáveis normalmente (perinatais, mal definidas e

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respiratórias) também foram 100% evitáveis mortes por câncer, sangue e circulatórias. A

evitabilidade foi alta em infecções (97,2%), endócrinas (90%) e externas (92,4%).

Quadro 5.4.1.4-1. Evitabilidade, mortalidade evitável e diferenças raciais por causas. Infantas. Região Sul, 2.000

Brancas Pretas Pardas Ignor. Cap. Causa

(CID10 3C) %E TME %E TME REB %E TME REB E %E %V I Infecções 87,2 81,6 100,0 114,1 1,4 93,3 65,0 0,8 27 93,1 6,9 II Neoplasias 75,0 1,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0 0,0 0,2 III Sangue 25,0 0,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 IV Endócrinas 90,0 19,6 0,0 0,0 0,0 100,0 27,8 1,4 11 78,6 3,3 VI Nervosas 57,1 10,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3 75,0 1,0 IX Circulatórias 18,2 1,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0 0,0 0,7 X Respiratórias 100,0 116,9 100,0 179,4 1,5 100,0 88,2 0,8 20 100,0 4,8 XI Digestivas 53,8 3,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2 100,0 0,5

XVI Perinatais 100,0 732,1 100,0 668,5 0,9 100,0 306,3 0,4 216 100,0 51,7 XVII Malformações 39,3 91,9 33,3 65,2 0,7 26,3 23,2 0,3 31 33,0 22,5 XVIII Mal definidas 100,0 75,1 100,0 97,8 1,3 100,0 23,2 0,3 25 100,0 6,0

XX Externas 95,4 68,0 100,0 65,2 1,0 100,0 60,3 0,9 9 100,0 2,2 Total 87,2 1205,8 89,0 1190,3 1,0 88,3 594,1 0,5 344 82,3 100,0

Das 82 mortes em infantas pretas 89% eram evitáveis com as seguintes causas:

perinatais (68% e 1.096,5/100.000); respiratórias (13,6 e 219,3); infecções (6,8 e 109,6);

mal definidas (3,9 e 62,7) e malformações e externas (2,9 e 47). A evitabilidade foi 100%

em infecções, respiratórias, perinatais, mal definidas e externas.

A mortalidade evitável infantil das pretas foi praticamente igual a das brancas no

total, mas 40% maior em infecções, 70% em respiratórias e 30% em mal definidas.

Entre as 145 mortes de infantas pardas 88,3% eram evitáveis. As perinatais (51,6%

e 306,3/100.000 infantas pardos); respiratórias (14,8 e 88,2); infecções (10,9 e 65,0);

externas (10,2 e 60,3); endócrinas (4,7 e 27,8) e malformações e mal definidas (3,9 e 23,2)

foram as principais causas. A evitabilidade foi total nas doenças endócrinas, respiratórias,

perinatais, mal definidas e causas externas. Sua mortalidade evitável foi metade da de

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90

brancas no total mas 40% maior nas doenças endócrinas.

Dos 418 óbitos de infantas sem registro de cor 82,3% foram evitáveis e as

principais causas foram perinatais (62,8%); malformações (9%); infecções (7,8); mal

definidas (7,3) e respiratórias (5,8). A evitabilidade foi 100% em câncer, endócrinas,

respiratórias, perinatais, mal definidas e externas.

O total de mortes evitáveis de cor ignorada excede a soma dos óbitos de não

brancos e a adscrição correta da cor potencialmente aumentará as taxas dos não brancos.

Na página 91 encontram-se os gráficos 5.4.1.3-1 e 5.4.1.4-1 que mostram

respectivamente a mortalidade geral e evitável das infantas por cor e causa e na página 92

os gráficos 5.4.1.3-2 e 5.4.1.4-2 que ilustram respectivamente as diferenças raciais na

mortalidade geral e evitável de infantas.

5.4.1.5. Principais causas de morte de infantes.

As causas detalhadas de morte de uma população permitem acionar políticas

públicas específicas e ações preventivas, curativas, paliativas e investigativas. O ideal é

uma cesta diversificada de intervenções capaz de atender às diferentes necessidades de

assistência a saúde. Este conhecimento assume particular importância nas causas evitáveis

de doença ou de morte.

O modelo biomédico atual vem priorizando ações de natureza curativa e paliativa

individuais, reduzindo ou não aumentando investimentos em propostas preventivas de

âmbito coletivo. A distinção entre evitar doenças ou mortes, a escolha do modelo de

intervenção e a disputa entre os modelos polares são históricas na medicina.

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Gráfico 5.4.1.3-1. Mortalidade geral de infantas por causa e cor. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.4.1.4-2. Mortalidade evitável de infantas por causa e cor. Região Sul, 2.000

1,0

10,0

100,0

1000,0

10000,0

100000,0

por

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Neopla

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Sangu

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Causas

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Bcas Ptas Pdas Ig

0,1

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Causas

exter

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Bcas Ptas Pdas Ig

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92

Gráfico 5.4.1.3-2. Diferenças raciais na mortalidade geral de infantas por causa. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.4.1.4-2. Diferenças raciais na mortalidade geral de infantas. Região Sul, 2.000

0,1 1,0 10,0 100,0

Ptas

Pdas

Ig

Causas externas

Mal definidas

Malformações

Perinatais

Digestivas

Respiratórias

Nervosas

Endócrinas

Infecções

0,1 1,0 10,0 100,0

Ptas

Pdas

Ig

Causas externas

Mal definidas

Malformações

Perinatais

Digestivas

Respiratórias

Circulatórias

Nervosas

Endócrinas

Sangue

Neoplasias

Infecções

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93

Metodologicamente o detalhamento das causas de morte em populações

minoritárias esbarra com a flutuação de pequenos números, agravada pelo impacto crítico

da qualidade do dado, como a adscrição de cor e do diagnóstico da causa de morte. Em

estudos exploratórios como o presente, de testagem de indicadores, estes

constrangimentos não invalidam resultados positivos, e apontam para a necessidade de

refinamentos metodológicos no caso de resultados negativos. Em outras palavras, mesmo

que a fragilidade dos atuais dados tenda a velar a realidade, a descoberta de desigualdade

racial na mortalidade poderá nortear os ajustes metodológicos, institucionais e processuais

necessários para a plena efetividade do indicador.

O número de mortes nos grupos raciais minoritários em algumas faixas etárias foi

pequeno e sua fragmentação em causas pode se resumir em 1 ou 2 mortes por causa,

sujeita portanto a grandes flutuações. Uma forma de minimizar o fenômeno, é usar o

número médio de mortes por ano computado a partir dos dados de 3 anos consecutivos.

Outra forma é realizar estudo secular em que a tendência secular se sobrepõe às oscilações

de curto prazo. Nenhuma destas alternativas era factível neste estudo e o critério de

inclusão entre as principais causas a serem consideradas era ter no mínimo 3. óbitos. Isto

explica porque foram selecionadas 15 causas entre infantes brancos e menos nas demais.

Usou-se a doença codificada por 3 algarismos ou o agrupamento da CID 10

sempre que as ações preventivas/curativas/paliativas fossem assemelhadas.

5.4.1.5-1 Infantes brancos

O quadro 5.4.1.5.1 mostra as 15 principais causas de morte de infantes e infantas

brancos, que totalizaram respectivamente 77,4% e 79,1% das mortes de infantes brancos.

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94

Como as quinze causas nem sempre são as mesmas para os dois sexos os números entre

parêrenteses pertencem a causas que não estão entre as quinze naquele sexo, não foram

computadas no subtotal e foram mantidos para ilustrar as diferenças entre os sexos.

Quadro 5.4.1.5.1. Principais causas de morte em infantes brancos (15). Região Sul, 2.000 Brancos Brancas Posição H/MCausa (CID10 3C) No TM No TM H M

P20-P29 Transtornos resp/cardio perinatal 1021 533,5 773 420,4 1 1 1,3P35-P39 Infecções do perinatal 229 119,7 170 92,5 2 2 1,3Q20-Q28 Malformações ap. circulatório 227 118,6 169 91,9 3 3 1,3J10-J22 Infecções de VA inferiores 167 87,3 142 77,2 4 4 1,1P00-P04 Fatores maternos e complic. G,TP e P 165 86,2 137 74,5 5 5 1,2P05-P08 Duração e crescimento fetal 140 73,2 98 53,3 6 7 1,4W78-W84 Inalação conteúdo gástrico, etc. 131 68,5 104 56,6 7 6 1,2A00-A09 Diarréias 95 49,6 80 43,5 8 9 1,1Q00-Q07 Malformações nervosas 92 48,1 90 49,0 9 8 1,0P96 Outras afecções do perinatal 70 36,6 69 37,5 10 10 1,0R98 Morte sem assistência 68 35,5 56 30,5 11 12 1,2A40-A41 Septicemias 60 31,4 56 30,5 12 12 1,0E40-E63 Desnutrição 59 30,8 (36) (19,6) 13 1,4P50-P61 Transtornos hemorrágicos etc. 58 30,3 47 25,6 14 15 1,2Q89 Outras malformações 54 28,2 57 31,0 15 11 0,9R99 Causas mal definidas (53) (27,7) 56 30,5 12 0,9

Subtotal 2636 1377,5 2104 1144,4

Transtornos respiratórios e cardiovasculares específicos do período perinatal foram

a principal causa de morte em infantes brancos e a síndrome da angústia respiratória do

recém nascido é o principal deles. A síndrome decorre do nascimento sem a devida

maturação pulmonar, desencadeada pelo stress do trabalho de parto, como em cesáreas

eletivas antes do início espontâneo do trabalho de parto. (Hjalmarson, 1991) O mesmo

quadro pode ser codificado como afecção respiratória não especifica originada no período

perinatal. Estes diagnósticos responderam por quase 2/3 dos óbitos do grupo.

Outra causa importante neste grupo é a asfixia ao nascer, influenciada pela

amniotomia precoce, prática obstétrica rotineira de acelerar o trabalho de parto. A

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amniotomia escoa o líquido amniótico que amortece a compressão do cordão umbilical

durante a contração uterina e também protege o crânio e cérebro fetal. Pesquisas mostram

que a amniotomia reduz o fluxo sanguíneo uterino por tempo suficiente para causar

acidose respiratória e metabólica (Martell et all, 1976), que indicam sofrimento fetal.

As infecções por germes hospitalares resistentes como estreptococos, estafilococos

e bactérias anaeróbias e disseminadas preferencialmente por profissionais de saúde

somaram 83,8% das infecções específicas do período perinatal. Toques vaginais repetidos

no trabalho de parto e amniotomia aumentam o risco das infecções (Wagner, 1994).

Muitas das malformações cardíacas decorrem da infecção da gestante no primeiro

trimestre pelo vírus da rubéola (Sheridan, 1989), evitável por imunização. O número

expressivo de mortes requer avaliação da cobertura e eficácia vacinal.

Na análise de infecções de vias aéreas inferiores em nenês é preciso considerar os

determinantes sócio-econômicos – renda, escolaridade, habitação e o desempenho do

setor saúde, em atividades preventivas – saúde reprodutiva e educação em saúde e nas

intervenções curativas e reabilitativas oportunas e de qualidade.

No plano das ações preventivas, com o expressivo contingente de mães

adolescentes são críticas atividades educativas de assistência à maternagem, incentivo à

amamentação e cuidados específicos no uso da mamadeira. A redução das ações de

puericultura deixou um vácuo na transmissão do saber de maternagem. Práticas como

deixar o bebê adormecer no berço com mamadeira na boca ou colocá-lo adormecido no

berço após a mamada, sem provocar a eructação possibilitam a inalação por regurgitação

ou escorrimento de leite da mamadeira causando pneumonite, pneumonia ou otite média.

A somatória de condições possivelmente associadas a esta prática - pneumonite

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por sólidos e líquidos (39 óbitos); refluxo gastro-esofágico (12); parcela desconhecida de

causas respiratórias mal definidas como insuficiência respiratória e outros transtornos

respiratórios (83); inalação de líquidos, sólidos, etc (235) além das infecções das vias

respiratórias podem catapultar esta causa à segunda posição de morte de infantes.

Número apreciável de bebês morreu por fatores maternos e complicações na

gestação, trabalho de parto e parto que deveriam ter sido detectadas e efetivamente

tratados no pré-natal, trabalho de parto ou parto. É importante mencionar a necessidade de

ações educativas em saúde reprodutiva e aconselhamento anticoncepcional a mulheres

portadoras de doenças crônicas cardíacas, respiratórias, endócrinas, renais ou sistêmicas

que afetem o feto ou recém-nascido ou a si próprias. Também para os transtornos relativos

a duração do parto e crescimento fetal se dispõe de tecnologia de acompanhamento pré-

natal e tratamento no parto e puerpério capaz de minimizar desfechos desfavoráveis.

Na sétima posição em infantes e sexta em infantas aparece a inalação ou aspiração

de conteúdo gástrico, alimento, objeto estranho ou sufocação, como acidente. Como

citado acima, esses óbitos refletem falhas no cuidado ao infante e requerem ações

educativas sobre maternagem.

A redução da mortalidade por doenças diarréicas foi uma história de sucesso mas

há potencial para mais redução através de ações educativas sobre preparo da mamadeira,

alimentos e ambiente doméstico e técnicas de reidratação oral além de acesso oportuno e

efetivo a serviços de saúde.

Proporção importante das malformações do sistema nervoso é evitável pela

ingestão de ácido fólico pelas gestantes, recomendação mandatória no pré-natal. Além

disso uma vez instaladas elas facilmente detectadas pelo ultra-som e são solucionados em

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muitos países através do acesso a aborto terapêutico. Este direito é reconhecido mesmo na

Itália, sede do Vaticano, onde o Estado é laico. O mesmo tem sido reivindicado no Brasil

através de ações judiciais, ação restrito a parcela ínfima da população.

A décima causa (outras afecções originadas no período perinatal) refere-se a

causas não especificadas ou mal definidas do período perinatal devido a incapacidade

diagnóstica do serviço ou preenchimento negligente da causa de morte. Com o SUS é

possível construir mecanismos para reduzir o número de causas mal definidas.

Mortes sem assistência em infantes (11ª causa) e outras causas mal definidas e não

especificadas (15ª nos infantes) poderiam ser reclassificadas por disposição da CID como

síndrome da morte súbita na infância. (16ª em infantes), que ocuparia a 6ª posição.

Septicemias em infantes podem decorrer de pneumonias ou infecções intestinais

que se generalizam rapidamente. Como o sistema imunológico e o mecanismo de

regulação térmica infantil estão em desenvolvimento, é preciso protegê-lo com medidas

de higiene e agasalhamento. Infecções em infantes, mesmo leves, requerem observação e

cuidados criteriosos dos serviços de saúde, especialmente nos estartos de baixa renda.

É preocupante que hajam infantes morrendo de desnutrição no Sul (13º posto em

infantes e 15º em infantas). A questão que se coloca é se esses casos estão associadas a

abandono. Seria útil o envolvimento do conselho tutelar para evitar essas mortes.

O principal transtorno hemorrágico fetal é hemorragia intracraniana não traumática

freqüentemente associada à anóxia fetal. Uma série de práticas rotineiras no trabalho de

parto hospitalar como amniotomia precoce, indução e analgesia (Simkin, 1989), atuam

sinergicamente para aumentar a fragilidade da circulação sanguínea do cérebro fetal. A

revisão e mudança de práticas obstétricas rotineiras é hoje questão de saúde pública.

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A síndrome da morte súbita na infância foi a 16ª causa de morte de infantes (42

mortes e taxa de 21,9/100.000) e matou 22 infantas (12/100.000). Seu número aumentaria

se assim fossem codificadas as mortes sem assistência (encontrado morto) e outras causas

mal definidas e não especificadas de mortalidade (causa desconhecida).

Outra causa com classificação ambígua é a enterocolite necrotizante, responsável

pela morte de 64 infantes brancos e que seria melhor classificada como infecção neonatal

em vez de transtornos digestivos, do ponto de vista de ações de prevenção.

A causa de morte do sistema de informações de mortalidade é o código atribuído

pelo codificador (agente administrativo) a um diagnóstico exarado pelo médico. Segundo

Buchala, 2005, a qualidade da codificação na Região Sul é boa. Mas a adequação do

diagnóstico médico/codificação é questionável em alguns casos. Há especificidade de

causas de morte de infantes. Assim, hemorragia subaracnóidea ou intracerebral em recém

nascido é um trauma de parto e portanto afecção perinatal e não doença circulatória;

paralisia cerebral é trauma de parto; convulsões em recém nascido não é epilepsia (doença

nervosa) mas trauma de parto; insuficiência cardíaca e doença cardíaca mal definida não

devem ser codificadas como doenças circulatórias mas como malformações do sistema

circulatório ou transtornos cardiovasculares do período perinatal; síndrome do desconforto

respiratório do adulto certamente não é uma afecção perinatal.

O quadro 5.4.1.5.1 também ilustra as diferenças na mortalidade sexual dos infantes

brancos em cada uma das principais causas de morte detalhada. A mortalidade de infantes

foi 10% menor que a de infantas em outras malformações congênitas e outras causas mal

definidas e não especificadas; igual nas malformações do sistema nervoso e outras

afecções originadas no período perinatal e maior nas demais.

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De maneira geral há indícios de que melhorando a qualidade do diagnóstico e

codificação haverá aumento dos transtornos originados no período perinatal.

É encorajador para profissionais de saúde coletiva verificar o quanto o perfil da

mortalidade infantil no sul se distanciou do padrão terceiro mundista de grande proporção

de mortes por doenças infecciosas. No entanto, embora em pequeno número há eventos

sentinela que atestam a necessidade de ampliar a cobertura assistencial e melhorar a

qualidade dos serviços e programas de educação em saúde no Sul.

Alguns desses eventos são evitáveis por imunização como a tuberculose (1), tétano

neonatal (3), coqueluche (2), infecção meningocócica (22); outras evitáveis por profilaxia

como aids (37) e sífilis (8) ou ainda diagnóstico precoce e tratamento oportuno – sífilis.

Infecções de vias aéreas responderam por apenas 5,1% das mortes, infecções

intestinais por 2,9% e septicemias por 1,8%. Mas há ainda potencial de redução dessas

causas através de medidas preventivas gerais – habitação, saneamento e provisão de água

potável, inclusão social; medidas preventivas específicas – aumento da prevalência e

duração da amamentação, educação em saúde e cuidados aos recém nascidos; e por fim

medidas terapêuticas oportunas e efetivas.

Além das determinações sócio-econômicas, as mortes por afecções do período

perinatal são sensíveis ao modelo biomédico de alta especialização, excessiva intervenção

e incorporação intensiva de tecnologia de utilidade duvidosa, em especial em obstetrícia.

Sua redução requer o enfrentamento da cultura e conveniências médicas como manobras

de aceleração do trabalho de parto e cesárea eletiva desnecessária entre outras.

Os demais grupos raciais apresentaram número menor de óbitos e na análise das

causas detalhadas se trabalhou com o mínimo de 3 mortes. O número de causas

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100

apresentadas variou, sendo menor que as quinze de infantes brancos. È também patente a

fragilidade desses dados.

5.4.1.5 -2 Infantes pretos

Houve 108 mortes de infantes pretos e 82 de infantas pretas, números pequenos

que favorecem a dispersão e instabilidade dos dados. É preciso entretanto não esquecer a

grande proporção de óbitos de infantes sem registro de cor e a dita dificuldade de

atribuição de cor a recém-nascidos. Uma melhor adscrição de cor nesta faixa etária

certamente aumentara o número de óbitos de bebês não brancos e mostrará um diferencial

ainda mais desfavorável a pretos como mostram as estimativas demográficas. (Cunha,

2001). O quadro 5.4.1.5-2 mostra as 6 principais causas de morte detalhada, que

corresponderam a respectivamente 75 e 67,1% dos óbitos.

Nos nenês pretos as causas do período perinatal ocuparam a 1ª, 3ª, 4ª e 6ª posições,

77% enquanto nas nenês pretas ocuparam a 1ª, 3ª e 4 ª totalizando 68,4%.

A principal causa de morte de bebês pretos dos dois sexos foram os transtornos

respiratórios e cardiovasculares do período perinatal somando respectivamente 39.8 e

37,8% das mortes de infantes e infantas. Destacam-se pela importância o desconforto

respiratório do recém nascido e a síndrome da aspiração neonatal. A mortalidade de

infantes e infantas pretas foi 30 e 20% maior que a dos brancos.

Infecções de vias aéreas inferiores foram a segunda causa de morte de infantes,

responsável por 19,3 e 8,5% das mortes de infantes e infantas pretas e cujas taxas foram

respectivamente 30 e 50% maiores que as de brancos.

A terceira causa de morte nos bebês pretos foram as infecções do período perinatal

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101

com taxa 20% maior que de brancos. Para as infantas pretas a terceira causa foi as

doenças infecciosas intestinais, 90% maior que de brancas!

A quarta causa em infantes pretos foi de fetos ou recém nascidos afetados por

fatores maternos e complicações da gravidez, trabalho de parto e parto, 10% maior que de

brancos. Nas infantas três causas empataram – infecções específicas do período perinatal

(taxa 30% menor que de brancas), malformações do aparelho circulatório (30% menor) e

inalação de conteúdo gástrico, alimentos, objetos estranhos ou sufocação (20% maior).

Quadro 5.4.1.5-2. Principais causas de morte de infantes pretos por sexo. Região Sul, 2.000

Pretos Pretas PosiçãoCausa (CID10 3C) No TM RB No TM RB H M

H/M

P20-P29 Transtornos resp/cardio perinatal 43 673,6 1,3 31 505,5 1,2 1 1 1,3J10-J22 Infecções de VA inferiores 10 156,6 1,3 7 114,1 1,5 2 2 1,4P35-P39 Infecções do perinatal 9 141,0 1,3 4 65,2 0,7 3 4 2,2P00-P04 Fatores maternos e complic. G,TP e P 6 94,0 1,1 (1) (16,3) 0,2 4 5,8A00-A09 Diarréias 4 62,7 1,2 5 81,5 1,9 5 3 0,8P75-P78 Transtornos do ap. Digestivo 3 47,0 1,4 (1) (16,3) 0,0 6 0,0P96 Outras afecções do perinatal 3 47,0 1,2 0 0,0 0,4 6 2,9Q20-Q28 Malformações do circulatório 3 47,0 1,1 4 65,2 0,7 6 4 0,7W78-W84 Inalação conteúdo gástrico, etc. (2) 31,3 1,0 4 65,2 1,2 4 0,7

Subtotal 81 1268,8 55 896,8 1,4

O quinto lugar nos bebês pretos foram as doenças intestinais (30% maiores que de

brancos) e não foi selecionada causa para as infantes pretas por ter menos de 3 mortes.

Três causas empataram no sexto posto em nenês pretos – transtornos digestivos do

feto e recém nascido (2,2 maior que em brancos); outras afecções perinatais (60% menor)

e malformações circulatórias (30% menor).

O quadro também mostra as diferenças por sexo nas principais causas detalhadas

de morte de infantes pretos. A mortalidade dos infantes foi menor nas doenças intestinais

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102

infecciosas (20%), malformações circulatórias e inalação do conteúdo gástrico, etc (30%)

e maior nas demais.

5.4.1.5-3 Infantes pardos

Morreram 210 infantes e 145 infantas pardas, número maior que de pretos. O

quadro 5.4.1.5-3 mostra as 10 principais causas detalhadas de morte de infantes e infantas

pardos, respectivamente 74,8 e 66,9% dos óbitos.

Para nenês pardos as causas do período perinatal ocuparam a 1ª, 3ª e 5ª posições

somando 54,3% das 10 principais causas enquanto para as nenês elas ocuparam a 1ª, 4ª e

6ª posições totalizando 58,8%.

A principal causa de morte de bebês pardos dos dois sexos foram os transtornos

respiratórios e cardiovasculares do período perinatal totalizando 28,1 e 30,3% das mortes

de infantes e infantas. A mortalidade dos infantes pardas foi metade da dos brancos.

Quadro 5.4.1.5-3. Principais causas de mortes de infantes pardos. Região Sul, 2.000 Pretos Pretas PosiçãoCausa (CID10 3C)

No TM RB No TM RB H MH/M

P20-P29 Transtornos resp/cardio perinatal 59 263,1 0,5 44 204,2 0,5 1 1 1,3J10-J22 Infecções de VA inferiores 15 66,9 0,8 (13) (60,3) 0,8 2 2 1,1P35-39 Infecções do perinatal 13 58,0 0,5 5 23,2 0,3 3 7 2,5A00-A09 Diarréias 11 49,1 1,0 11 51,1 1,2 4 3 1,0P00-P04 Fatores maternos e complic.G,TP e P 10 44,6 0,5 8 37,1 0,5 5 5 1,2Q20-Q28 Malformações do circulatório 9 40,1 0,3 5 23,2 0,3 6 7 1,7W78-W84 Inalação conteúdo gástrico, etc. 9 40,1 0,6 10 46,4 0,8 6 4 0,9R95 Síndrome da morte súbita 7 31,2 1,4 (1) (4,6) 0,4 8 6,7R99 Outras causas mal definidas 6 26,8 1,0 3 13,9 0,5 9 10 1,9E40-63 Desnutrição 6 26,8 0,9 6 27,8 1,4 9 6 1,0A40-A41 Septicemias 6 26,8 0,9 (2) (9,3) 0,3 9 2,9Q00-Q07 Malformações nervosas (2) (8,9) (0,2) 5 23,2 0,5 7 1,3

Subtotal 151 682,3 97 450,2 1,3

Page 118: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

103

A segunda causa de morte em infantes e infantas pardos foi infecções de vias

aéreas inferiores, responsável por 19,3 e 8,5% das mortes de infantes e infantas pretas e

cujas taxas foram respectivamente 80 e 50% maiores que as de brancos.

Para nenês pardos a terceira causa de morte foram infecções específicas do período

perinatal, com 6,2% das mortes e metade da taxa de mortalidade dos brancos. Para as

nenês pardas as doenças intestinais infecciosas foram a terceira causa de morte

responsável por 7,6% dos óbitos e mortalidade 20% maior que a de infantas brancas.

A quarta causa de morte em infantes pardos foram as doenças intestinais

infecciosas com 5,2% das mortes e mortalidade igual a de brancos enquanto para infantas

foi inalação do conteúdo gástrico, alimentos, objetos estranhos ou sufocação, totalizando

6,2% dos óbitos e mortalidade foi 20% menor que das brancas

O 5º lugar coincidiu em ambos os sexos: mortes em conseqüências de fatores

maternos e complicações da gravidez, trabalho de parto e parto (4,8 e 5,5%) e metade da

mortalidade dos brancos.

Duas causas empataram em 6º nos nenês pardos – malformações circulatórias e

inalação do conteúdo gástrico, alimentos, objetos estranhos ou sufocação transtornos

digestivos do feto e recém nascido (4,3% das mortes cada) e respectivamente 70% e 40%

menor que em brancos. Para nenês pardas essa posição foi ocupada pela desnutrição

(4,1%) com mortalidade 40% maior que a de brancos.

Para infantes pardos não houve 7º lugar mas para as infantas pardas três causas

empataram, com 3,4% das mortes cada: infecções específicas do período perinatal

(mortalidade 70% menor que de brancas), malformações circulatórias (70% menor) e

malformações do sistema nervoso (metade da mortalidade das brancas).

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104

A 8ª causa para infantes pardos foi a síndrome da morte súbita na infância (3,3%)

e mortalidade 40% maior que a de brancos. Não houve 8ª causa para as infantas.

O 9º lugar nos bebês pardos foi compartilhado por três causas: outras causas mal

definidas (mortalidade igual a de brancos); desnutrição (10% menor) e septicemias (70%

menor). Para as infantas a 9ª causa foi preenchida pelas outras causas mal definidas com

metade da mortalidade de brancas.

O quadro 5.4.1.5-3 também mostra as diferenças na mortalidade de infantes pardos

por sexo. A mortalidade masculina foi menor na inalação de conteúdo gástrico, alimentos,

objetos estranhos ou sufocação (10% menor) e nas malformações do sistema nervoso

(60% menor). Foi igual para doenças intestinais infecciosas e desnutrição. Foi maior para

as demais desde 10% maior nas infecções de vias aéreas inferiores, 20% nas

conseqüências de fatores maternos e complicações obstétricas, 30% nos transtornos

respiratórios e cardiovasculares perinatais específicos, 70% nas malformações

circulatórias, 90% na desnutrição; 2,5 vezes nas infecções perinatais, 2,9 nas septicemias

e 6,7 na síndrome da morte súbita na infância.

5.4.1.5-4 Infantes sem registro de cor

O segundo maior número de morte de infantes ocorreu no grupo sem registro de

cor, 530 infantes e 419 infantas. O quadro 5.4.1.5-4 apresenta as 10 principais causas de

morte detalhada que totalizaram respectivamente 71,5 e 69%.

As causas originados no período perinatal ocuparam o 1º, 3º e 5º posto entre os

infantes sem registro de cor (42,5% do total), e o 1º, 2º, 5º e 9º posto entre as infantas de

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105

cor ignorada (44,1%).

Como nos demais também aqui a primeira causa de morte em infantes de cor

ignorada de ambos os sexos são os transtornos respiratórios e cardiovasculares 31,5% e

27,9% respectivamente do total de óbitos de infantes e infantas. As principais causas

foram desconforto respiratório do recém-nascido (43,1% e 44,4%), outras afecções

respiratórias originadas no período perinatal (18,6% e 18,8%) e síndrome da aspiração

neonatal (13,2% e 16,2%). Como a taxa de mortalidade assume valores extraordinários

não serão apresentados os riscos relativos em relação a brancos pela mesma razão.

Para os infantes a segunda causa foram as malformações do aparelho circulatório

(9,2%) e para as infantas as infecções do período perinatal (8,1%).

Quadro 5.4.1.5-4. Principais causas de morte de infantes de cor ignorada, por sexo. Região Sul, 2.000

Pretos Pretas PosiçãoCausa (CID10 3C) No TM RB No TM RB H M

H/M

P20-P29 Transtornos resp/cardio perinatal 167 10915,0 20,5 117 7959,2 18,9 1 1 1,4Q20-Q28 Malformações do circulatório 49 3202,6 27,0 31 2108,8 22,9 2 3 1,5P35-P39 Infecções do perinatal 37 2418,3 20,2 34 2312,9 25,0 3 2 1,0J10-J22 Infecções de VA inferiores 22 1437,9 16,5 14 952,4 12,3 4 6 1,5P00-P04 Fatores maternos, complic. G,TP e P 21 1372,5 15,9 24 1632,7 21,9 5 5 0,8Q00-Q07 Malformações nervosas 19 1241,8 25,8 25 1700,7 34,7 6 4 0,7R98 Morte sem assistência 14 915,0 25,8 12 816,3 26,8 7 8 1,1A00-A09 Diarréias 13 849,7 17,1 12 816,3 18,8 8 7 1,0Q38-Q45 Malformações digestivas 13 849,7 52,4 3 204,1 14,4 8 4,2Q90-Q99 Anomalias cromossômicas 12 784,3 50,0 6 408,2 23,5 10 11 1,9W78-W84 Inalação conteúdo gástrico, etc. 12 784,3 11,5 5 340,1 6,0 11 2,3P96 Outras afecções do perinatal 11 719,0 19,7 10 680,3 18,1 12 10 1,1E40-E63 Desnutrição 5 326,8 10,6 10 680,3 34,7 15 10 0,5

Subtotal 379 24771,2 289 19659,9 1,3

Infecções específicas do período perinatal foram a 3ª causa de morte dos infantes

(7%) enquanto das infantas foram as malformações do aparelho circulatório (7,4%).

Infecções de vias aéreas inferiores foram o 4º posto em infantes sem registro de

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106

cor (4,2%) e nas infantas foram as malformações do sistema nervoso (6%).

A 5ª causa coincidiu nos dois sexos de nenês sem registro de cor – conseqüências

de fatores maternos e complicações da gravidez, trabalho de parto e parto (4% e 5,7%).

O 6º lugar em infantes de cor desconhecida foi ocupado pelas malformações do

sistema nervoso (3,6%) e nas mulheres por infecções de vias aéreas inferiores (3,3%).

Morte sem assistência foi o 7º posto entre infantes (2,6%) e nas infantas por

diarréias. Em bebês masculinos o 8º lugar ficou para as diarréias e para as infantas as

mortes sem assistência (2,9%).

A 9ª posição foi ocupada pelas malformações do aparelho digestivo para infantes

(2,5%) e pela desnutrição para as infantas (2,4%).

Nos infantes as anomalias cromossômicas e inalação do conteúdo gástrico (2,1%)

ficaram na 10ª posição e nas infantas, outras afecções do período perinatal (2,4%).

Apesar dos valores estranhos das taxas de mortalidade de infantes de cor

desconhecida a diferença de mortalidade por sexo calculada a partir delas não foi diferente

da encontrada nos óbitos de cor identificada sugerindo que não há preferência

pronunciada de ignorar a cor de um sexo em detrimento do outro. Apesar disso a

confiabilidade desses dados é questionável.

Page 122: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

107

5.4.2. Mortalidade geral e evitável de crianças de 1 a 9 anos por cor e sexo

No censo de 2.000 haviam 4.098.339 crianças de 1 a 9 anos, 51,1% meninos e

48,9% meninas. Dos garotos 82,5% eram brancos; 3,5% pretos; 12,9% pardos; 0,6%

amarelos/indígenas e 0,6% sem registro de cor. Das meninas 83,7% eram brancas; 3,3%

pretas; 12,2% pardas; 0,3% amarelas/indígenas e 0,6% de cor desconhecida.

Tabela 5.4.2-1. Distribuição dos óbitos e porcentagem por cor e sexo. Crianças. Região Sul, 2.000

Meninos Meninas Brancos Pretos Pardos Ign. Brancas Pretas Pardas Ign. Cap. Causa

(CID10 3C) No % V No % V No % V % V No % V No % V No % V No % V

I Infecções 96 10,4 4 9,3 15 20,0 12 10,1 81 11,6 6 14,6 6 9,2 13 14,0II Neoplasias 102 11,1 1 2,3 10 13,3 27 22,7 76 10,9 4 9,8 4 6,2 16 17,2III Sangue 7 0,8 1 2,3 1 1,3 3 2,5 5 0,7 1 2,4 1 1,5 1 1,1IV Endócrinas 38 4,1 1 2,3 2 2,7 4 3,4 29 4,2 0 0,0 6 9,2 1 1,1V Mentais 1 0,1 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0VI Nervosas 78 8,5 2 4,7 6 8,0 11 9,2 52 7,4 7 17,1 6 9,2 7 7,5VII Olhos 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0VIII Ouvido 0 0,0 0 0,0 1 1,3 0 0,0 0 0,0 1 2,4 2 3,1 3 3,2IX Circulatório 12 1,3 0 0,0 0 0,0 4 3,4 16 2,3 7 17,1 10 15,4 14 15,1X Respiratórias 90 9,8 10 23,3 5 6,7 10 8,4 92 13,2 1 2,4 4 6,2 3 3,2XI Digestivas 8 0,9 1 2,3 0 0,0 3 2,5 18 2,6 0 0,0 1 1,5 0 0,0XII Pele 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0XIII Osteomusculares 1 0,1 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 0,1 0 0,0 0 0,0 1 1,1IV Geniturinárias 4 0,4 0 0,0 0 0,0 0 0,0 3 0,4 0 0,0 0 0,0 0 0,0XVI Perinatais 3 0,3 0 0,0 0 0,0 0 0,0 4 0,6 1 2,4 0 0,0 0 0,0XVII Malformações 73 7,9 5 11,6 1 1,3 11 9,2 76 10,9 0 0,0 7 10,8 15 16,1XVIII Mal definidas 36 3,9 0 0,0 1 1,3 3 2,5 33 4,7 3 7,3 5 7,7 5 5,4XX Causas externas 371 40,3 18 41,9 33 44,0 31 26,1 212 30,4 10 24,4 13 20,0 14 15,1

Total 920 100,0 43 100,0 75 100,0 119 100,0 698 100,0 41 100,0 65 100,0 93 93,0

Morreram 2.069 crianças com taxa de 50,2/100.000 crianças, das quais 44,2%

(912) eram evitáveis (22,2/100.000). Do total, 56,7% (1.169) foram de meninos e 43,3%

(907) de meninas. Nos garotos a proporção de mortes por cor foi respectivamente 78,7%

3,7; 6,4; 1 e 10,2% em brancos, pretos, pardos, amarelos/indígenas e cor ignorada. Para as

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108

garotas as proporções foram 78,2%; 4,6; 7,3, 1,1 e 10,4.

A adscrição da cor em óbitos de crianças foium pouco melhor que nos infantes. A

proporção de mortes sem registro de cor em meninos (10,2%) foi pouco menor (0,9%)

que a soma das de não brancos (11,1%). Nas meninas a soma de mortes de não brancos

(13%) foi 2,6% maior que a das de cor ignorad, evidenciando maior proporção de óbitos

sem registro de cor entre meninas.

Mortes de amarelos e indígenas somaram 1,0 e 1,1% do total de meninos e

meninas e serão excluídas de gráficos e análises, assim como os capítulos de doenças de

olhos; ouvido e gravidez, parto e puerpério sem óbitos; transtornos mentais (1); pele (1);

osteomusculares (3), geniturinárias (7) e perinatais (7). Os excluídos somaram 0,8% dos

óbitos de meninos e 1% do de meninas. Ver tabela D-2.1 acima.

5.4.2.1. Mortalidade geral de meninos por cor

Crianças foram o grupo de menor mortalidade entre homens e a causa mais

importante de morte em todas as raças foi causas externas. Ver quadro 5.4.2.1-1.

Em 2.000 morreram no Sul 920 meninos brancos (53,2/100.000 meninos brancos).

Principais causas – externas (40,3% e 21,5/100.000 meninos brancos); neoplasias (11,1 e

5,9); infecções (10,4 e 5,6); respiratórias (9,8 e 5,2) e nervosas (8,5 e 4,5). A proporção de

brancos na população de meninos foi 82,7% e exceto nas mal definidas (90%) as demais

causas tiverem proporção menor.

A mortalidade de meninos brancos foi no total 30% maior que o de meninas mas

variou por causa, sendo menor em doenças circulatórias (30%), respiratórias (10%),

digestivas (60%) e malformações (10%) e maior nas demais, 70% maior nas externas.

Page 124: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

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Quadro 5.4.2.1-1. Mortalidade geral, diferenças sexuais e raciais por causas. Meninos Região Sul, 2.000

Brancos Pretos Pardos Ignor. Cap. Causa (CID10 3C) TM RM TM RB RM TM RB RM TM RB RM

I Infecções 5,6 1,1 5,5 1,0 0,6 5,6 1,0 2,3 96,8 17,4 0,8II Neoplasias 5,9 1,3 1,4 0,2 0,2 3,7 0,6 2,3 217,9 36,9 1,5III Sangue 0,4 1,4 1,4 3,4 0,9 0,4 0,9 0,9 24,2 59,7 2,7IV Endócrinas 2,2 1,3 1,4 0,6 0,0 0,7 0,3 0,3 32,3 14,7 3,7VI Nervosas 4,5 1,5 2,7 0,6 0,3 2,2 0,5 0,9 88,8 19,7 1,4IX Circulatório 0,7 0,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 32,3 46,5 1,2X Respiratórias 5,2 0,9 13,7 2,6 1,3 1,9 0,4 0,5 80,7 15,5 0,7XI Digestivas 0,5 0,4 1,4 3,0 0,9 0,0 0,0 0,0 24,2 52,3 0,9XVII Malformações 4,2 0,9 6,9 1,6 0,0 0,4 0,1 0,1 88,8 21,0 0,0XVIII Mal definidas 2,1 1,1 0,0 0,0 0,0 0,4 0,2 0,2 24,2 11,6 0,2XX Causas externas 21,5 1,7 24,7 1,2 1,6 12,2 0,6 2,3 250,1 11,6 5,7

Total 53,2 1,3 59,0 1,1 0,9 27,8 0,5 1,0 960,2 18,0 1,2

Morreram 43 meninos pretos com taxa de 59/100.000 meninos pretos. O número

total foi pequeno. Principais causas - externas (41,9% - 24,7/100.000); respiratórias (23,3

e 13,7); malformações (11,6 e 6,9), infecções (9,3 e 5,5) e nervosas (4,7 e 2,7).

A mortalidade geral de garotos pretos foi 10% maior que de brancos. Foi menor

no câncer (80%), endócrinas e nervosas (40%) e 2,6, 3 e 3,4 vezes maior nas respiratórias;

digestivas e sangue. Nas externas o risco dos pretos foi 20% maior. Ela foi 10% menor

que das meninas pretas; 80, 70 e 40% menor em neoplasias, doenças nervosas e infecções

e 30 e 60% maior nas respiratórias e externas.

A diferença na mortalidade deve ser cautelosamente interpretada pois se a taxa de

mortalidade do numerador ou denominador for zero o indicador não consegue expressar a

diferença. Assim a taxa de mortalidade por malformações congênitas dos meninos pretos

foi 6,9/100.000 e o das meninas zero. Apesar da mortalidade masculina ter sido maior o

risco relativo foi zero.

Page 125: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

110

Houve 75 mortes de meninos pardos com taxa de 27,8/100.000. As causas mais

importantes foram as externas (44% e 12,2/100.000); infecções (20 e 5,6); câncer (13,3 e

7,1); nervosas (8 e 2,2) e respiratórias (6,7 e 1,9). Sua mortalidade foi metade da de

brancos, indicando evasão de óbitos de pardos.

A mortalidade total dos meninos pardos foi igual ao das meninas mas variou por

capítulo tendo sido 2,3 vezes maior nas infecções, neoplasias e causas externas.

Houve 119 mortes de meninos sem registro de cor. Apesar de menor que em

infantes o número é só um pouco menor que a soma de não brancos (130), significando

que sua alocação correta pode alterar as taxas de mortalidade de não brancos.

As principais causas de morte desse grupo foram as externas (26,1%), neoplasias

(22,7), infecções (10,1), nervosas e malformações (9,2) e respiratórias (8,4).

As causas externas, em geral certificadas por legistas, tiveram a menor proporção

não registro de cor (6,8%) seguidas pelas causas mal definidas (7,5%), doenças

respiratórias (8,4), endócrinas (8,5) e infecções (9,2). Nas nervosas e malformações foi

respectivamente 11,3 e 12,2%. Quase 1 em 5 mortes de guris com câncer (19,1%) e 1 em

4 por doenças do sangue foi de cor desconhecida. A adscrição da cor no certificado de

morte não é formalidade burocrática, mas um direito de cidadania.

5.4.2.2. Mortalidade evitável de meninos por cor

Das 1.169 mortes de meninos em 2.000, 42,9% (502) foram evitáveis com taxa de

24/100.000 meninos. A evitabilidade variou de 0,9% em externas a 100% nas respiratórias

e mal definidas. As principais causas evitáveis foram respiratórias (23,7% e 5,7/100.000);

Page 126: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

111

infecções (18,9 e 4,5); nervosas (12,5 e 3); neoplasias (10 e 2,4) e mal definidas (8 e 1,9).

A mortalidade evitável de meninos foi 20% maior que a feminina. Foi menor em

doenças do sangue (40%), malformações (30%) e mal definidas (20%) e maior em câncer

(70%), nervosas (50%) e circulatórias 2,4 vezes. Ver quadro 5.4.2.2-1.

A proporção de garotos brancos na população foi 82,5%, mas no total de mortes

evitáveis foi 68,9%. Em pretos as proporções foram 3,5 e 3,4 respectivamente; nos pardos

12,9 e 6,2; nos amarelos/indígenas 0,6 e 2,2 e nos de cor ignorada 0,6 e 10,4. Há,

proporcionalmente, menos mortes evitáveis em brancos e pardos e mais em

amarelos/indígenas e de cor ignorada. Nos pretos as proporções foram quase as mesmas.

Quadro 5.4.2.2-1. Evitabilidade, mortalidade evitável e diferenças raciais por causas. Meninos. Região Sul, 2.000

Brancos Pretos Pardos Ign. Cap. Causa (CID10 3C) %E TME %E TME RRE %E TME REB %E TME REB REM

I Infecções 71,9 4,0 50,0 2,7 0,7 86,7 4,8 1,2 58,3 56,5 14,1 0,7II Neoplasias 29,4 1,7 100,0 1,4 0,8 40,0 1,5 0,9 51,9 113,0 65,1 3,2III Sangue 28,6 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0IV Endócrinas 63,2 1,4 0,0 0,0 0,0 100,0 0,7 0,5 75,0 24,2 17,4 2,7VI Nervosas 65,4 3,0 50,0 1,4 0,5 83,3 1,9 0,6 54,5 48,4 16,4 1,1IX Circulatório 25,0 0,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 50,0 16,1 92,9 0,9X Respiratórias 100,0 5,2 100,0 13,7 2,6 100,0 1,9 0,4 100,0 80,7 15,5 0,7XI Digestivas 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0 0,0 0,0 1,0 33,3 8,1 0,0 0,0XVII Malformações 43,8 1,9 60,0 4,1 2,2 0,0 0,0 0,0 36,4 32,3 17,4 0,4XVIII Mal definidas 100,0 2,1 100,0 0,0 0,0 100,0 0,4 0,2 100,0 24,2 11,6 0,5XX Causas externas 0,5 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 6,5 16,1 139,4 0,0

Total 37,6 20,0 39,5 23,3 1,2 41,3 11,5 0,6 43,7 419,6 21,0 0,9

Das 920 mortes de meninos brancos 37,6% (346) foram evitáveis. As principais

causas foram respiratórias (26% e 5,2/100.000 meninos brancos); infecções (19,9 e 4);

nervosas (14,7 e 3); mal definidas (10,4 e 2,1) e malformações (9,2 e 1,9).

A evitabilidade foi total nas respiratórias e mal definidas e alta em infecções

Page 127: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

112

(71,9%), endócrinas (63,2) e nervosas (65,4) e foi, no geral, bem menor que a de infantes.

A mortalidade evitável de meninos brancos foi 10% maior que a de meninas brancas;10 e

20% menor nas respiratórias e malformações mas 30 e 80% maior em câncer e nervosas.

Dos 43 óbitos de meninos pretos 39,5% foram evitáveis e as causas principais

foram as respiratórias (58,8% e 13,7/100.000 meninos pretos); malformações (17,6 e 4,1);

infecções (11,8 e 2,7); câncer e nervosas (5,9 e 1,4). A evitabilidade foi total no câncer,

respiratórias e mal definidas; 60% em malformações e metade em infecções e nervosas.

A mortalidade evitável de meninos pretos foi 20% menor que o de meninas; 80%

menor nas nervosas mas 80% e 30% maior nas infecções e respiratórias e foi 20% maior

que em brancos. Foi menor em infecções (30%), neoplasias (20%) e nervosas (50%) e

maior nas respiratórias (2,6 vezes) e malformações (2,2 vezes).

Foram evitáveis 41,3% das 75 mortes de garotos pardos. Infecções (41,9% e 4,8/

100.000 meninos pardos), nervosas e respiratórias (16,1 e 1,9); neoplasias (12,9 e 1,5) e

endócrinas (6,5 e 0,7) foram as principais causas. Evitabilidade total nas endócrinas,

respiratórias e mal definidas e alta nas infecções (86,7%) e nervosas (83,3%).

Sua mortalidade evitável foi 10% maior que de meninas, 2,4 vezes nas infecções;

20% no câncer e 2,3 vezes em nervosas e 40% menor em endócrinas, 20 nas respiratórias

e 80 em mal definidas. Foi 40% menor que a de brancos; 10% em neoplasias, 50% em

endócrinas, 40% em nervosas e 80% em mal definidas e só 20% maior nas infecções.

Dos 119 óbitos de guris sem registro de cor 43,7% eram evitáveis e as principais

causas foram neoplasias (26,9%); respiratórias (19,2); infecções (13,5%); nervosas (11,5)

e malformações (7,7%). A evitabilidade foi 100% nas respiratórias e mal definidas e alta

nas endócrinas (75%). Sua mortalidade evitável foi 20% maior que a de meninas.

Page 128: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

113

Os gráficos 5.4.2.1-1 e 5.4.2.2-1 (pág 114) mostram respectivamente a distribuição da

mortalidade geral e evitável de crianças por cor e causa; os gráficos 5.4.2.1-2 e 5.4.2.2-2

(pág 115) mostram as diferenças sexuais na mortalidade geral e evitável de crianças e os

gráficos 5.4.2.1-3 e 5.4.2.2-3 (pág 116) mostram as diferenças raciais de crianças não

brancas em relação a crianças brancas na mortalidade geral e evitável.

5.4.2.3. Mortalidade geral de meninas

Morreram 698 meninas brancas (45,1/100.000 meninas brancas). As principais

causas foram as externas (30,4% e 12,6/100.000 meninas brancas); respiratórias (13,2 e

74,8); infecções (11,6 e 4,8); câncer (10,9 e 4,5) e nervosas (7,4 e 3,1). Quadro 5.4.2.3-1

Quadro 5.4.2.3-1. Mortalidade geral e diferenças sexuais e raciais por causas. Meninas. Região Sul, 2.000

Brancas Pretas Pardas Ignor. Cap Causa (CID10 3C) TM RH TM RB TM RB RH %H TM RB RH

I Infecções 4,8 0,9 9,2 1,9 2,5 0,5 0,4 12,0 114,9 23,8 1,2II Neoplasias 4,5 0,8 6,1 1,3 1,6 0,4 0,4 16,0 141,4 31,2 0,6III Sangue 0,3 0,7 1,5 5,1 0,4 1,4 1,1 12,5 8,8 29,6 0,4IV Endócrinas 1,7 0,8 0,0 0,0 2,5 1,4 3,3 2,5 8,8 5,1 0,3VI Nervosas 3,1 0,7 10,7 3,5 2,5 0,8 1,1 9,7 61,9 19,9 0,7IX Circulatório 1,0 1,4 1,5 1,6 0,8 0,9 0,0 13,6 26,5 27,8 0,8X Respiratórias 5,5 1,1 10,7 2,0 4,1 0,7 2,2 11,4 123,7 22,5 1,5XI Digestivas 1,1 2,3 1,5 1,4 1,6 1,5 0,0 11,1 26,5 24,7 1,1XVII Malformações 4,5 1,1 0,0 0,0 2,9 0,6 7,7 15,2 132,6 29,2 1,5XVIII Mal definidas 2,0 0,9 4,6 2,3 2,0 1,0 5,5 10,6 44,2 22,4 1,8XX Causas externas 12,6 0,6 15,3 1,2 5,3 0,4 0,4 5,6 123,7 9,8 0,5

Total 41,6 0,8 62,7 1,5 26,6 0,6 1,0 10,3 822,0 19,7 0,9

A proporção de meninas brancas no total da população foi 83,4% mas a proporção

no total de mortes de meninas foi 77%. Somente mortes por causas externas tiveram

proporção maior que o da população (84,8%).

Page 129: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

114

Gráfico 5.4.2.1-1. Mortalidade geral de meninos por causa e cor. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.4.2.2-1. Mortalidade evitável de meninos por causa e cor. Região Sul, 2.000

0,1

1,0

10,0

100,0

1000,0

por 1

00.0

00 p

opul

ação

Neopla

sias

Sangu

e

Nervosa

s

Digesti

vas

Mal de

finida

s

Causas

exter

nas

Bco Pto Pdo AI Ign

0,1

1,0

10,0

100,0

1000,0

por 1

00,0

00 p

opul

ação

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ecífi

ca

Neopla

sias

Sangu

e

Nervosa

s

Digesti

vas

Mal de

finida

s

Causas

exter

nas

Bco Pto Pdo Ign

Page 130: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

115

Gráfico 5.4.2.1-2. Diferenças sexuais na mortalidade geral de meninos por causa e cor. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.4.2.2-2. Diferenças sexuais na mortalidade evitável de meninos por causa e cor. Região Sul, 2.000

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Bco

Pto

Pdo

Ig

Causas externas

Mal definidas

Malformações

Digestivas

Respiratórias

Circulatório

Nervosas

Endócrinas

Sangue

Neoplasias

Infecções

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5

Bco

Pto

Pdo

Ig

Causas externas

Mal definidas

Malformações

Digestivas

Respiratórias

Circulatório

Nervosas

Endócrinas

Sangue

Neoplasias

Infecções

Page 131: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

116

Gráfico 5.4.2.1-3. Diferenças raciais na mortalidade de meninos por causa. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.4.2.2-3. Diferenças raciais na mortalidade evitável de meninos por causa. Região Sul, 2.000

0,0 0,1 1,0 10,0 100,0

Pto

Pdo

Ign

Causas externas

Mal definidas

Malformações

Digestivas

Respiratórias

Circulatório

Nervosas

Endócrinas

Sangue

Neoplasias

Infecções

0,1 1,0 10,0 100,0 1000,0

Pto

Pdo

Ign

Causas externas

Mal definidas

Malformações

Digestivas

Respiratórias

Circulatório

Nervosas

Endócrinas

Sangue

Neoplasias

Infecções

Page 132: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

117

Faleceram 41 garotas pretas (taxa – 62,7/100.000) número sujeito a flutuações. As

causas mais importantes foram externas (24,4% e 15,3/100.000); nervosas e respiratórias

(17,1 e 10,7); infecções (14,6 e 9,2) e neoplasias (9,8 e 6,1). Sua proporção (4,5%) no

total de mortes de meninas foi maior que na população (3,3%).

A mortalidade geral de meninas pretas foi 50% maior que de brancas e maior nas

externas (20%); câncer (30); digestivas (40%); circulatórias (60); infecções (90); o dobro

nas respiratórias; 2,3 vezes nas mal definidas; 3,5 nas nervosas e 5,1 nas do sangue.

As 65 mortes de garotas pardas somaram taxa de 26,6/100.000 meninas e as mais

importantes foram as externas (20% e 5,3/100.000); respiratórias (15,4 e 4,1);

malformações (10,8 e 2,9); infecções, endócrinas e nervosas (9,2 e 2,5).

A proporção de gurias pardas na população foi 12,2% e só 7,2 no total de mortes,

mas maior nas digestivas (14,8%) e endócrinas (15%). Sua mortalidade geral foi 60%

menor que a de brancas mas maior nas do sangue e endócrinas (40%) e digestivas (50%).

Em 2.000 morreram 93 garotas sem registro de cor, 80% da soma de óbitos de não

brancas (116) e 10,3% das mortes desta idade. Embora menor que nas infantas a correta

adscrição de cor nos óbitos pode alterar bastante a mortalidade de grupos não brancos.

As principais causas foram câncer (17,2%); malformações (16,1); respiratórias e

externas (15,1) e infecções (14). É contraditório que uma característica simples como cor

não seja diagnosticada em casos que requerem propedêutica sofisticada como o câncer.

Embora meninas sem registro de cor constituíssem 0.6% da população de meninas

suas mortes constituíram 10,3% dos óbitos de meninas. Dos óbitos de meninas por câncer

16% não tinham registro de cor assim como 15,2% dos por malformações, 13,6 das por

circulatórias, 12% das por infecção, 11,4 das por respiratórias e 11,1% das por digestivas.

Page 133: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

118

5.4.2.4. Mortalidade evitável de meninas

Das 907 mortes de meninas 45,2% foram evitáveis - taxa de 20,4/100.000

meninas. As principais causas foram as respiratórias (30,3% e 5,9/100.000); infecções

(19,5 e 3,9); malformações (12,8 e 2,6); mal definidas (11,6 e 2,3) e nervosas (9,9 e 2).

A distribuição de meninas na população foi respectivamente 83,4; 3,3; 12,2; 0,6 e

0,6% em brancas, pretas, pardas, amarelas/indígenas e cor ignorada mas a de mortes

evitáveis foi 76,4; 4,4; 6,4; 3,3 e 7,1% sendo menor que na população em meninas

brancas e pardas e maior em pretas, amarelas/indígenas e sem registro de cor.

Quadro 5.4.2.4. Evitabilidade, mortalidade evitável e diferenças raciais por causas. Meninas Região Sul, 2.000

Branca Preta Parda Ignor. Cap Causas %E TME REH %E TME REB REH %E TME REB REH %E TME REB REH

I Infecções 76,5 3,7 0,9 16,7 1,5 0,4 0,6 83,3 2,0 0,6 0,4 69,2 79,5 21,5 1,4II Neoplasias 28,9 1,3 0,8 0,0 0,0 0,0 0,0 75,0 1,2 0,9 0,8 25,0 35,4 26,9 0,3III Sangue 40,0 0,1 1,0 100,0 1,5 12,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0IV Endócrinas 69,0 1,2 0,9 100,0 0,0 0,0 0,0 50,0 1,2 1,0 1,7 100,0 8,8 7,4 0,4V Nervosas 53,8 1,7 0,6 71,4 7,6 4,6 5,6 33,3 0,8 0,5 0,4 71,4 44,2 26,5 0,9IX Circulatório 100,0 0,2 1,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 66,7 17,7 98,8 1,1X Respiratórias 100,0 5,5 1,1 100,0 10,7 2,0 0,8 100,0 2,5 0,4 1,3 100,0 123,7 22,5 1,5XI Digestivas 5,6 0,1 0,0 0,0 0,0 1,0 0,0 0,0 0,0 1,0 0,0 0,0 0,0 1,0 0,0XVII Malformações 100,0 2,4 1,3 100,0 0,0 0,0 0,0 42,9 1,2 0,5 0,0 60,0 79,5 33,3 2,5XVIII Mal definidas 100,0 2,0 0,9 100 4,6 2,3 0,0 100,0 1,6 0,8 4,4 100,0 44,2 22,4 1,8

Total 44,4 18,5 0,9 43,9 27,5 1,5 1,2 49,2 10,6 0,6 0,9 53,8 441,9 23,9 1,1

Das 698 mortes de garotas brancas 44,40% foram evitáveis com taxa de 18,5/

100.000 meninas. As principais causas foram respiratórias (29,7% e 5,5/ 100.000);

infecções (20 e 3,7); malformações (12,90 e 2,4); mal definidas (10,6 e 2) e nervosas (9 e

1,7). A proporção de mortes evitáveis de meninas brancas (76,4%) foi menor que sua

proporção na população (83,4%). A evitabilidade foi 100% em circulatórias, respiratórias,

malformações e mal definidas.

Page 134: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

119

Das 82 mortes em garotas pretas 43,9% foram evitáveis com as seguintes causas

principais: respiratórias (38,9% e 10,7/100.000); nervosas (27,8 e 7,6); mal definidas

(16,7 e 4,6); infecções e do sangue (5,6 e 1,5). A evitabilidade foi 100% em sangue,

endócrinas, circulatórias, respiratórias, malformações e mal definidas.

A proporção de mortes evitáveis nas gurias pretas (4,4%) foi maior que na

população (3,3%) e bem maior em respiratórias (5,7%); mal definidas (6,4); nervosas (5)

e sangue (33,3%).

A mortalidade evitável total das meninas pretas foi 50% maior que das brancas:

60% menor nas infecções; igual nas digestivas; o dobro nas respiratórias; 2,3 vezes nas

mal definidas; 4,6 nas nervosas e 12,8 nas do sangue.

Entre as 65 mortes de meninas pardas 49,2% foram evitáveis e as principais causas

foram respiratórias (23,1% e 2,5/100.000 meninas pardas); infecções (19,2 e 2); mal

definidas (15,4 e 1,6); neoplasias, endócrinas e mal formações (11,3 e 1,2).

A proporção de meninas pardas na população foi 12,2% mas na mortalidade

evitável foi 7,8%, menor em todas as causas, sugerindo evasão de mortes. A evitabilidade

foi total nas respiratórias e mal definidas e alta nas infecções (83,3%) e neoplasias (75%).

Coerente com os dados já mostrados também a mortalidade total de meninas

pardas foi menor que a das brancas mas igual nas endócrinas e digestivas.

Dos 93 óbitos de meninas sem registro de cor 53,8% foram evitáveis com taxa de

441,9/100.000. Evitabilidade total nas endócrinas, respiratórias e mal definidas e média

nas malformações (60%), circulatórias (66,7%) e infecções (69,2%).

As principais causas evitáveis foram as respiratórias (28%); infecções e

malformações (18%); doenças nervosas (10%) e neoplasias (8%).

Page 135: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

120

A proporção de meninas de cor ignorada na população foi 0,6% mas suas mortes

evitáveis totalizaram 12,2% do total. Todas as mortes evitáveis por doenças circulatórias

não teve registro de cor. A cor não foi registrada em 3,7% das mortes evitáveis por

doenças endócrinas, 10,9% das mal definidas; 11,5% e 11,8% das infecções e

respiratórias; 12,5% das nervosas, 13,8% das neoplasias e 17,3% das malformações.

Os gráficos 5.4.2.3-1 e 5.4.2.4-1 (pág 121) mostram respectivamente a mortalidade

geral e evitável das meninas por causa e cor e os gráficos 5.4.2.3-2 e 5.5.2.4-2 (pág 122)

mostram as diferenças raciais na mortalidade geral e evitável.

5.4.2.5. Principais causas de morte de crianças.

Como mencionado, esta é a idade de menor mortalidade nos homens e a segunda

menor nas mulheres. Nas crianças não brancas as mortes são poucas, o que, combinado

com a expressiva proporção de óbitos sem registro de cor, tornam os dados frágeis.

Esta faixa etária compreende pessoas com graus variados de desenvolvimento

físico, mental e independência mas que requerem cuidados e vigilância constante para não

sofrer acidentes e para que doenças da infância não causem complicações graves ou fatais.

Como o número de mortes varia por cor também variará o número de principais

causas de cada sexo.

5.4.2.5-1. Crianças brancas

O quadro 5.4.2.5-1 mostra as 20 principais causas de morte de meninos e meninas

brancos, das quais serão brevemente discutidas as 10 primeiras.

Page 136: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

121

Gráfico 5.4.2.3-1. Mortalidade geral de meninas por causa e cor. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.4.2.4.1. Mortalidade evitável de meninas por causa e cor. Região Sul, 2.000

0 ,1

1 ,0

1 0 ,0

1 0 0 ,0

1 0 0 0 ,0

por 1

00.0

00 d

a po

pula

ção

Neopla

sias

Sangu

e

Nervosa

s

Digesti

vas

Mal de

finida

s

Causas

exter

nas

B ca P ta P da A I Ig

0,0

0,1

1,0

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1000,0

por 1

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Neopla

sias

Sangu

e

Nervosa

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Digesti

vas

Mal de

finida

s

Bca Pta Pda AI Ig

Page 137: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

122

Gráfico 5.4.2.3-2. Diferenças raciais na mortalidade geral de meninas por causa. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.4.2.4-2. Diferenças raciais na mortalidade evitável de meninas por causa. Região Sul, 2.000

0 ,1 1 1 0 1 0 0

Pta

Pda

AI

Ig

M al d e finid as

M alfo rm açõ es

D iges tivas

R esp ira tó rias

C ircula tó rio

N e rvo sas

E nd ó c rina s

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0 ,1 1 ,0 10 ,0 1 00 ,0

P ta

Pda

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M al de finidas

M alfo rm ações

D igestivas

R esp ira tó rias

C ircula tó rio

N ervosas

E ndócrinas

Sangue

N eoplasias

Infecções

Page 138: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

123

Quadro 5.4.2.5-1. Principais causas de morte de crianças brancas. Região Sul, 2.000 Mortes de meninos (1-9 anos) Mortes de meninas (1-9 anos)

Posto Causa (CID10 3C) H TM %V Posto Causa (CID10 3C) M TM %V

1 Ocupante de veículo (V40-V79) 88 5,1 9,6 1 Infecções VA inferiores (J10-J22)

58 3,5 8,3

2 Pedestre (V01-V09) 72 4,2 7,8 2 Pedestre (V01-V09) 53 3,2 7,63 Afogamento (W65-W74) 78 4,5 8,5 3 Ocupante de veículo (V40-V79) 48 2,9 6,94 Infecções das VA inferiores

(J10-J22) 60 3,5 6,5 4 Malformações circulatórias

(Q20-Q28) 40 2,4 5,7

5 Malformações circulatórias (Q20-Q28)

32 1,9 3,5 5 Afogamento (W65-W74) 31 1,8 4,4

6 Septicemias (A40-A41) 29 1,7 3,2 6 Septicemias (A40-A41) 27 1,6 3,97 Paralisia cerebral infantil

(G80) 29 1,7 3,2 7 Diarréias (A00-A09) 24 1,4 3,4

8 Exposição a fumaça, etc (X00-X09) 28 1,6 3,0 8 Câncer de encéfalo (C71) 23 1,4 3,39 Câncer de encéfalo (C71) 25 1,4 2,7 9 Malformações nervosas (Q00-

Q07) 23 1,4 3,3

10 Diarréias (A00-A09) 24 1,4 2,6 10 Leucemias (C91-C95) 20 1,2 2,911 Leucemias (C91-C95) 24 1,4 2,6 11 Exposição a fumaça, etc (X00-

X09) 19 1,1 2,7

12 Desnutrição (E40-E46) 22 1,3 2,4 12 Desnutrição (E40-E46) 18 1,1 2,613 Agressão (X85-Y09) 17 1,0 1,8 13 Paralisia cerebral infantil (G80) 18 1,1 2,614 Intenção não determinada

(Y10-Y34) 16 0,9 1,7 14 Causas mal definidas (R99) 17 1,0 2,4

15 Morte sem assistência (R98) 16 0,9 1,7 15 Morte sem assistência (R98) 15 0,9 2,116 Causas mal definidas (R99) 16 0,9 1,7 16 Outros riscos a respiração (W75-

W84) 13 0,8 1,9

17 Malformações nervosas (Q00-Q07) 15 0,9 1,6 17 Agressão (X85-Y09) 10 0,6 1,418 Meningite bacter NCOP (G00) 14 0,8 1,5 18 Ascaridiase (B77) 8 0,5 1,119 Queda (W00-W19) 14 0,8 1,5 19 Infecção meningocócica (A39) 8 0,5 1,120 Infecção meningocócica (A39) 13 0,8 1,4 20. Intenção não determinada (Y10-

Y34) 8 0,5 1,1

Subtotal 632 36,6 68,7 Subtotal 481 28,7 68,9TOTAL 920 68,1 100,0 TOTAL 698 41,6 100,0

Nos meninos brancos as quatro primeiras causas se destacaram pelo volume com

redução de quase 50% do 4º ao 5º posto o mesmo ocorrendo em meninas, em menor grau.

As principais causas são comuns aos dois sexos mas a ordenação é diferente e com menor

mortalidade para meninas

A primeira causa nos meninos é morte de ocupante de veículo em acidente de

trânsito. Literatura especializada mostra que grande proporção se refere a crianças

Page 139: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

124

transportadas sem cinto de segurança ou no banco da frente. Neste tipo de acidente o

condutor, além de responsável direto ou indireto pelo acidente, também é responsável

pelas normas de segurança no transporte de passageiros, especialmente crianças. Nas

meninas essa causa foi a 3 ª com quase metade da mortalidade dos meninos.

A primeira causa de morte em meninas foram infecções pulmonares, em 4º lugar

nos meninos, causa em que a mortalidade de meninos e meninas foi igual – 3,5/100.000.

A segunda causa coincidiu nos dois sexos mas a mortalidade masculina foi 30%

maior atropelamento de pedestre. A legislação brasileira é leniente na punição deste

crime, eventualmente embutindo e reforçando a desigualdade social. Causas externas não

foram consideradas evitáveis por Rutstein em 1976 por não haver consenso sobre o tema

na época, o que não impediu campanhas educativas, regulação estrita do trânsito e

endurecimento da punição nas infrações e crimes no trânsito nos Estados Unidos e Europa

com conseqüente redução das mortes.

Afogamentos foram a 3ª causa de morte em meninos e 5ª em meninas, com quase

metade da mortalidade. Num país tropical brincadeira de crianças com água é universal

exigindo a vigilância dos cuidadores mas também uma política em que a provisão do

ensino e prática da natação em locais seguros seja contemplada pelo gestor municipal.

A 4ª causa de morte em meninos foram infecções de vias aéreas inferiores,

patologia associada a cuidados de higiene, alimentação e agasalhamento das crianças e

condições de moradia com adequada insolação e metragem. Também é crucial acesso

oportuno a serviços de saúde para terapia antibiótica e ações educativas. Outra política

essencial é a provisão de creches, escolas maternais e escolas primárias em período

integral para cuidar dos filhos de mães trabalhadoras. Para meninas a 4ª causa de morte

Page 140: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

125

foram malformações do sistema circulatório.

Esta foi a 5ª causa de morte em meninos e afogamento nas meninas.

A 6ª causa foi septicemia, coincidente para ambos e mortalidade marginalmente

maior nos meninos. A qualidade dos cuidados à criança, as condições de vida e habitação

e acesso oportuno a tratamento adequado de infecções e gripes são vitais.

A 7ª causa em meninos foi paralisia cerebral, evidenciando as seqüelas da hipóxia

e angústia respiratória do recém nascido a longo prazo. Nas meninas as diarréias,

relacionadas ao acesso a água potável, condições de limpeza e cuidados às crianças.

A 8ª causa de morte de meninos foi exposição a fumaça, fogo e chamas, apontando

para a tragédia de crianças presas em casa enquanto as mães trabalham. Na Europa a lei

proíbe que menores de 14 anos fiquem em casa sem a supervisão de adulto responsável. A

escolarização começa aos 5 anos e elas permanecem na escola das 9 às 16:00 horas.

A 8ª causa de meninas (e 9ª em meninos) é neoplasia de encéfalo, patologia que

vem recebendo a atenção da pesquisa médica com o desenvolvimento de técnicas não

invasivas de tratamento como laser. A questão é a universalização dos diagnósticos por

imagem (tomografia e ressonância magnética) para diagnóstico precoce e acesso a

serviços terciários para tratamento.

Malformações do sistema nervoso foram a 9ª causa de morte nas meninas já

discutidas na seção dos infantes.

A 10ª causa em meninos foram diarréias e nas meninas leucemias. A morte por

leucemias é considerada evitável até os 44 anos pois há tratamento eficaz. Também aqui

se trata do acesso a e qualidade de serviços de saúde colocando desafios ao SUS. A

mortalidade por câncer de encéfalo é a mesma nos dois sexos mas a por leucemia é maior

Page 141: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

126

nos meninos assim como a taxa para paralisia cerebral nos meninos.

Nesta idade a grande diferença de mortalidade por sexo decorre das causas

externas, bem maior nos meninos. A prática da masculinidade hegemônica é inculcada

desde cedo nos meninos e rapidamente mostra as conseqüências. É urgente reconstruir

coletivamente o modelo de masculinidade hegemônica (Braz, 2.005; Souza, 2.005).

5.4.2.5-2. Crianças pretas

Houve 43 mortes de meninos e 41 de meninas pretas, números pequenos e

instáveis. O quadro 5.4.2.5-3 mostra apenas as 4 principais causas de morte detalhada nas

crianças pretas. Houve 1 morte por anemia falciforme em menino preto.

Nos meninos pretos a mortalidade nas principais causas foi maior que de brancos.

Nas infecções respiratórias foi 3,6 vezes maior; nos afogamentos 2,1 vezes; nos

atropelamentos 30% e nas malformações circulatórias 2,2 vezes.

Dada a flutuação de pequenos números e a grande proporção de óbitos de cor

ignorada as taxas de pretos e pardos podem ser pensadas como mínima, o que torna os

dados sobre de mortes de meninas pretas tão dramáticos. Aids foi a primeira causa de

morte de meninas com taxa 21,4 vezes maior e meningite bacteriana, a segunda causa, foi

60 vezes maior que a de brancas! Mortes por infecções respiratórias foram 80% e

atropelamentos 90% maiores que meninas brancas.

As principais causas de morte diferiram entre meninos e meninas sendo comuns

as infecções respiratórias e atropelamentos. As principais causas de morte em crianças

pretas exceto neoplasias de encéfalo eram evitáveis.

Page 142: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

127

Quadro 5.4.2.5-2. Principais causas de morte de crianças pretas. Região Sul, 2.000 Meninos pretos (1-9 anos) Meninas pretas (1-9 anos)

Posto Causa (CID10 3C) H TM RB Posto Causa (CID10 3C) M TM RB

1 Infecções VA inferiores (J10-J22) 9 12,4 3,6 1 Doença pelo HIV

(B20-B24) 5 7,6 21,4

2 Afogamento (W65-W74) 7 9,6 2,1 2 Meningite bacter

NCOP (G00) 4 6,1 61,2

3 Pedestre (V01-V09) 4 5,5 1,3 3 Infecções VA

inferiores (J10-J22) 4 6,1 1,8

4 Malformações circulatórias (Q20-Q28) 3 4,1 2,2 4 Pedestre

(V01-V09) 4 6,1 1,9

Subtotal 23 31,7 Subtotal 17 25,8 Total 43 59,2 Total 41 62,3

5.4.2.5-3. Crianças pardas

Morreram 75 meninos e 65 meninas pardas, número um pouco maior que de pretos

mas ainda pequeno. O quadro 5.4.2.5-3 mostra as principais causas detalhadas de morte

em crianças parda, por sexo. Houve 1 morte de menino por anemia falciforme.

Nos meninos as causas externas ocuparam a primeira, segunda, quarta e sexta

posições – atropelamentos (10% maior que de brancos); afogamentos (30% menor);

outros riscos à respiração (2,9 vezes maior) e ocupante de veículo (70% menor).

Septicemias foram a terceira causa e paralisia cerebral infantil a quinta (ambas 10%

menor). Infecções intestinais (20% menor) e respiratórias (70%) ocuparam a 7ª e 9ª

posições e leucemias ocuparam a 8ª com mortalidade 20% menor que de brancos.

Nas meninas a primeira causa foi desnutrição (90% maior que a de brancas), a

segunda infecções respiratórias (40% menor) seguidas por outras causas mal definidas

(60% maior), refletindo acesso tardio ou serviço de saúde sem capacidade diagnóstica.

Septicemias ocuparam o 4º posto (20% menor) seguidas por outros transtornos do

encéfalo (3,4 vezes maior). Malformações circulatórias ocuparam a 6ª posição (metade) e

Page 143: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

128

o 7º posto foram os atropelamentos (60% menores).

Quadro 5.4.2.5-3. Principais causas de morte em crianças pardas. Região Sul, 2.000

Meninos pardos (1-9 anos) Meninas pardas (1-9 anos) Posto Causa (CID10 3C) H TM RB Posto Causa (CID10 3C) M TM RB

1 Pedestre (V01-V09) 12 4,5 1,1 1 Desnutrição (E40-46) 5 2,0 1,9

2 Afogamento (W65-W74) 8 3,0 0,7 2 Infecções VA inferiores (J10-J22)

5 2,0 0,6

3 Septicemias (A40-A41) 5 1,9 1,1 3 Outras causas mal definidas (R99)

4 1,6 1,6

4 Outros riscos respiratórios (W75-W84)

5 1,9 2,9 4 Septicemias (A40-A41) 3 1,2 0,8

5 Paralisia cerebral infantil (G80)

4 1,5 0,9 5 Outros transtornos do encéfalo (G93)

3 1,2 3,4

6 Ocupante de veículo (V40-V79)

4 1,5 0,3 6 Malformações circulatórias (Q20-Q28)

3 1,2 0,5

7 Infecções intestinais (A00-A09)

3 1,1 0,8 7 Pedestre (V01-V09) 3 1,2 0,4

8 Leucemias (C91-C95) 3 1,1 0,8

9 Infecções VA inferiores (J10-J22)

3 1,1 0,3

De modo geral as mortes das crianças pardas refletem condições de vida precárias

e baixa qualidade de serviços de saúde. As mortes dos meninos são marcadas por causas

violentas de um lado, doenças infecciosas de outro e má qualidade dos serviços de saúde

indicada pelas paralisias cerebrais. O perfil da mortalidade de meninas pardas sugere

baixo estatus social – desnutrição, infecções intestinais e respiratórias maior que em

meninos e causas mal definidas como septicemias, outras causas mal definidas e outros

transtornos do encéfalo, características indicativas de baixo desenvolvimento social.

5.4.2.5-4. Crianças sem registro de cor

O segundo maior número de mortes de crianças não tinha registro de cor, 119 de

meninos e 93 de meninas. O quadro 5.4.2.5-4 mostra as 10 principais causas detalhadas.

Page 144: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

129

As principais causas de morte em crianças sem registro de cor surpreendem por

serem bem definidas e que requerem bom arsenal diagnóstico como câncer ou causas

externas que requerem laudo do legista. A correta adscrição de cor dessas mortes pode

alterar significativamente a mortalidade dos grupos minoritários.

Quadro 5.4.2.5-4. Principais causas detalhadas de morte de crianças sem registro de cor.. Região Sul, 2.000

Meninos de cor ignorada (1-9 anos) Meninas de cor ignorada (1-9 anos) Posto Causa (CID10 3C) H %V Posto Causa (CID10 3C) M %V

1 Leucemias (C91-C95) 12 10,1 1 Malformações circulatórias (Q20-Q28)

9 9,7

2 Infecções VA inferiores (J10-J22) 9 7,6 2 Infecções VA inferiores (J10-J22) 7 7,53 Ocupante de veículos (V40-V79) 7 5,9 3 Câncer de encéfalo (C71) 6 6,54 Neoplasia do encéfalo (C71) 6 5,0 4 Morte sem assistência (R98) 5 55,45 Afogamento (W65-W74) 6 5,0 5 Intenção não determinada (Y10-Y34) 5 5,46 Septicemias (A40-A41) 4 3,4 6 Infecções intestinais (A00-A09) 4 4,37 Paralisia cerebral infantil (G80) 4 3,4 7 Septicemias (A40-A41) 3 3,28 Malformações circulatórias

(Q20-Q28) 4 3,4 8 Leucemias (C91-C95) 3 3,2

9 Pedestre (V01-V09) 4 3,4 9 Meningite bacter NCOP (G00) 3 3,210 Doença pelo HIV (B20-B24) 3 2,5 10 Malformações nervosas (Q00-Q07) 3 3,2

Subtotal 59 49,6 Subtotal 48 51,6Total 119 100,0 Total 93 100,0

A primeira causa de morte sem registro de cor em meninos foram leucemias,

28,6% das mortes de meninos por essa causa e câncer do encéfalo, 18,2% dessas mortes

em meninos. As 3 únicas mortes de meninos por HIV não tiveram registro de cor!

Embora nas meninas a proporção de óbitos sem registro de cor fosse menor que

nos meninos, ao lado de causas bem definidas como malformações circulatórias e

nervosas, leucemias e neoplasias de encéfalo coexistem causas mal definidas como mortes

sem assistência e as de intenção indeterminada.

É essencial que o SUS crie mecanismos para cobrar de municípios e estados uma

melhor adscrição de cor, considerando a simplicidade da obtenção do dado.

Page 145: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

130

5.4.3. Mortalidade geral e evitável de adolescentes por cor e sexo.

No censo de 2.000 havia 4.827.425 adolescentes, 50,8% moços e 49,2% moças.

Entre os moços 82% eram brancos; 3,8% pretos; 13,1% pardos; 0,7% amarelos indígenas

e 0,5% de cor ignorada. Das moças 83% eram brancas; 3,6% pretas; 12,3% pardas; 0,7%

amarelas/indígenas e 0,5% de cor ignorada.

Em 2.000 houve morte de 3.100 adolescentes (10-19 anos) com taxa de

64,2/100.000 jovens, 19,3% evitáveis (12,4/100.000). Destas 70,5% foram de moços e

29,5% de moças. Dos moços 79,5% eram brancos; 5,1% pretos; 9,7% pardos; 0,3%

amarelos/indígenas e 5,4% de cor ignorada. Das moças 81,6% eram brancas; 4% pretas;

8,3% pardas, 0,5% amarelas/indígenas e 5,6% de cor ignorada.

A proporção de mortes sem registro de cor nos adolescentes (5,4) foi menor que

nas crianças (10,2%), e correspondeu a respectivamente 35,8% e 40,6% da soma dos não

brancos em moços e moças. É possível que a melhor adscrição de cor se deva à grande

proporção de causas externas, capítulo em que há menor proporção de cor ignorada.

As mortes de amarelos e indígenas somaram 0,3 e 0,5% do total de moços e moças

e serão excluídas de gráficos e análises bem como os capítulos tranatornos mentais (7

óbitos), olhos (1), ouvidos (4), pele (6) e perinatais (5). Foram excluídos 0,5% dos óbitos

de moços e 0,6% dos de moças.

5.4.3.1. Mortalidade geral de moços por cor

Adolescentes são o segundo grupo de menor mortalidade entre homens. A causa

Page 146: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

131

mais importante foram externas em todas as raças responsável por 75% dos óbitos

Tabela 5.4.3.1-1. Distribuição e proporção de óbitos por causa, cor e sexo. Adolescentes . Região Sul, 2.000

Moços Moças Brancos Pretos Pardos Ign Brancas Pretas Pardas Ign. Cap Causa

(CID10 3C) No % V No % V No % V % V No % V No % V No % V No %V

I Infecções (A00-B99) 29 1,7 5 4,5 4 1,9 6 5,0 38 5,1 4 10,8 6 7,9 3 5,9

II Neoplasias (C00-D48) 132 7,6 2 1,8 4 1,9 17 14,3 80 10,7 3 8,1 6 7,9 13 25,5

III Sangue (D50-D89) 10 0,6 1 0,9 1 0,5 1 0,8 3 0,4 0 0,0 0 0,0 1 2,0

IV Endócrinas (E00-E90) 8 0,5 1 0,9 2 0,9 1 0,8 20 2,7 0 0,0 0 0,0 2 3,9

V Mentais (F00-F99) 3 0,2 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 0,1 1 2,7 0 0,0 0 0,0

VI Nervosas (G00-G99) 64 3,7 4 3,6 9 4,2 5 4,2 56 7,5 2 5,4 5 6,6 2 3,9

VII Olhos (H00-H59) 1 0,1 0 0,0 0 0,0 0 0,0

VIII Ouvido (H60-H96) 0 0,0 1 0,9 0 0,0 0 0,0 2 0,3 0 0,0 1 1,3 0 0,0

IX Circulatório (I00-I99) 47 2,7 3 2,7 3 1,4 1 0,8 37 5,0 4 10,8 5 6,6 4 7,8

X Respiratórias (J00-J99) 48 2,8 3 2,7 5 2,4 2 1,7 37 5,0 3 8,1 3 3,9 1 2,0

XI Digestivas (K00-K93) 13 0,7 0 0,0 0 0,0 2 1,7 17 2,3 0 0,0 1 1,3 2 3,9

XII Pele (L00-l99) 3 0,2 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 0,1 0 0,0 0 0,0 0 0,0

XIII Osteomusculares (M00-M99) 4 0,2 0 0,0 1 0,5 2 1,7 8 1,1 1 2,7 0 0,0 3 5,9

XIV Geniturinárias (N00-N99) 2 0,1 0 0,0 1 0,5 0 0,0 9 1,2 0 0,0 0 0,0 1 2,0

XV Gestação, parto (O00-O99) 32 4,3 1 2,7 5 6,6 2 3,9

XVI Perinatais (P00-P96) 4 0,2 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 0,1 0 0,0 0 0,0 0 0,0

XVII Malformações (Q00-Q99) 24 1,4 2 1,8 1 0,5 2 1,7 23 3,1 0 0,0 4 5,3 0 0,0

XVIII Mal definidas (R00-R99) 44 2,5 3 2,7 5 2,4 7 5,9 31 4,1 2 5,4 3 3,9 1 2,0

XX Causas externas (V01-Y98) 1300 74,9 86 77,5 176 83,0 73 61,3 351 47,0 16 43,2 37 48,7 16 31,4

Total 1736 100,0 111 100,0 212 100,0 119 100,0 747 100,0 37 100,0 76 100,0 51 100,0

Em 2.000 morreram no Sul 1.736 moços brancos (86,4/100.000) cujas principais

causas foram externas (74,9% e 64,7/100.000); neoplasias (7,6 e 6,6); nervosas (3,7 e

3,2); respiratórias (2,8 e 2,4) e mal definidas (2,5 e 2,2).

Page 147: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

132

A proporção de brancos na população de moços foi 82% e maior nas mortes por

câncer, circulatórias, respiratórias, digestivas e malformações.

A mortalidade total de moços brancos foi 2,3 vezes maior que de moças, mas foi

menor em digestivas (20%); infecções (30), osteomusculares (50) e geniturinárias (80);

igual em malformações e maior nas nervosas (10%), circulatórias (20%), respiratórias

(30%), mal definidas (40%), neoplasias (60%), 3,3 vezes no sangue e 3,6 nas externas.

Morreram 111 moços pretos - taxa de 118,9/100.000 moços pretos. Causas

externas (77,7% e 92,1/100.000); infecções (4,5 e 5,4); nervosas (3,6 e 4,3); e

circulatórias, respiratórias e mal definidas (2,7 e 3,2) foram as mais importantes.

Quadro 5.4.3.1-1. Mortalidade geral, diferenças sexuais e raciais por causas. Moços. Região Sul, 2.000

Brancos Pretos Pardos Ign. Cap. Causa (CID10 3C) TM RM TM RB RM TM RB RM TM RB RM

I Infecções (A00-B99) 1,4 0,7 5,4 3,7 1,1 1,2 0,9 0,6 51,7 35,8 1,9II Neoplasias (C00-D48) 6,6 1,6 2,1 0,3 0,6 1,2 0,2 0,6 146,5 22,3 1,3III Sangue (D50-D89) 0,5 3,3 1,1 2,2 0,0 0,3 0,6 0,0 8,6 17,3 1,0IV Endócrinas (E00-E90) 0,4 0,4 1,1 2,7 0,0 0,6 1,6 0,0 8,6 21,6 0,5VI Nervosas (G 00-G99) 3,2 1,1 4,3 1,3 1,8 2,8 0,9 1,6 43,1 13,5 2,4IX Circulatório (I00-I99) 2,3 1,2 3,2 1,4 0,7 0,9 0,4 0,5 8,6 3,7 0,2X Respiratórias (J00-J99) 2,4 1,3 3,2 1,3 0,9 1,6 0,7 1,5 17,2 7,2 1,9XI Digestivas (K00-K93) 0,6 0,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 17,2 26,6 1,0XIII Osteomusculares (M00-M99) 0,2 0,5 0,0 0,0 0,0 0,3 1,6 0,0 17,2 86,5 0,6XIV Geniturinárias (N00-N99) 0,1 0,2 0,0 0,0 0,0 0,3 3,1 0,0 0,0 0,0 0,0XVII Malformações (Q00-Q99) 1,2 1,0 2,1 1,8 0,0 0,3 0,3 0,2 17,2 14,4 0,0XVIII Mal definidas (R00-R99) 2,2 1,4 3,2 1,5 1,4 1,6 0,7 1,5 60,3 27,5 6,7XX Causas externas (V01-Y98) 64,7 3,6 92,1 1,4 4,9 54,8 0,8 4,3 629,0 9,7 4,4

Total 86,4 2,3 118,9 1,4 2,7 66,0 0,8 2,5 1025,3 11,9 2,2

Apesar de serem 3,8% da população mortes de moços pretos somaram 5,1% do

total de óbitos de adolescentes, menor no câncer (1,3%) e maior em nervosas (4,9%); mal

definidas (5,1), externas (5,2), malformações (6,9), sangue (7,1), endócrinas (8,3) e

infecções (11,1).

Page 148: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

133

O risco total de morte de adolescentes pretos foi 40% maior que o de brancos. Foi

menor nas neoplasias (70%) e maior nas demais: 30% em nervosas e respiratórias; 40%

em circulatórias e causas externas; 50% em mal definidas, 2,2 vezes maior nas do sangue,

2,7 em endócrinas e 3,7 nas infecciosas.

A mortalidade total dos moços pretos foi 2,7 vezes maior que a das moças pretas.

Foi menor em câncer (40%), circulatórias (30%) e respiratórias (10%) e 10% maior em

infecções, 40% em mal definidas, 80% em nervosas e 4,0 vezes maior em externas.

Houve 212 mortes de moços pardos e taxa de 66/100.000. Causas principais:

externas (83% e 54,8/100.000); nervosas (4,2 e 2,8); respiratórias e mal definidas (2,4 e

1,6); infecciosas e neoplasias (1,9 e 1,2). A proporção de pardos na população foi 13,1% e

9,7% no total de mortes. Sua mortalidade foi 20% menor que de brancos.

A mortalidade total de rapazes pardos foi 2,5 vezes maior que de moças, menor em

infecções (40%), circulatórias (50) e mal formações (80) e maior nas respiratórias e mal

definidas (50%), nervosas (60) e externas (4,3 vezes).

Em 2.000 faleceram 119 moços sem registro de cor 5,4% das mortes de moços.

Embora menor que em infantes e crianças foi maior que a soma de mortes de pretos e

amarelos/indígenas. Suas principais causas de morte foram as externas (61,3%), câncer

(14,3%), mal definidas (5,9%), infecções (5%), e nervosas (4,2%).

A menor proporção de óbitos sem registro de cor ocorreu nas circulatórias (1,9%)

respiratórias (3,4) e externas (4,5). Foi 6,1% nas nervosas; 6,9 em malformações; 7,1 no

sangue; 8,3 nas endócrinas, 11 no câncer, 11,9 nas mal definidas e 13,3 nas infecções. A

adscrição de cor melhorou em todas as causas mas permaneceu alta nas neoplasias.

A mortalidade masculina foi 2,2 vezes maior que a feminina no total variando por

Page 149: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

134

capítulo. Foi menor nas osteomusculares (40%); endócrinas (50) e circulatórias (80); igual

no sangue e digestivas e maior nas neoplasias (30%); infecções e respiratórias (90), 2,4

vezes nas nervosas; 4,4 nas externas e 6,7 nas mal definidas.

5.4.3.2. Mortalidade evitável de moços por cor

Das 2.184 mortes de rapazes em 2.000, 13,8% eram evitáveis com taxa de 24/

100.000 rapazes. A evitabilidade foi de 0,2% em externas a 100% em mal definidas. As

principais causas de mortes evitáveis foram câncer (21,5% e 2,7/100.000); mal definidas

(19,5 e 2,4); nervosas (14,9 e 1,8); respiratórias (14,6 e 1,8) e infecções (7 e 0,9).

Quadro 5.4.3.2-1. Evitabilidade, mortalidade evitável e diferenças raciais por causas.

Moços. Região Sul, 2.000 Brancos Pretos Pardos Ign. Cap. Causa

(CID10 3C) %E TME REM %E TME REB RM %E TME REB RM %E TME REB REM

I Infecções 51,7 0,7 0,8 40,0 2,1 2,9 0,9 75,0 0,9 1,3 0,5 16,7 8,6 11,5 0,3II Neoplasias 44,7 2,9 1,9 0,0 0,0 0,0 0,0 50,0 0,6 0,2 0,9 23,5 34,5 11,7 0,5III Sangue 60,0 0,3 2,0 100,0 1,1 3,6 0,0 100,0 0,3 1,0 0,0 100,0 8,6 28,8 0,0IV Endócrinas 87,5 0,3 0,5 100,0 1,1 3,1 0,0 50,0 0,3 0,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0VI Nervosas 53,1 1,7 0,8 75,0 3,2 1,9 2,7 55,6 1,6 0,9 1,1 60,0 25,8 15,3 0,0IX Circulatório 34,0 0,8 0,6 0,0 0,0 0,0 0,0 33,3 0,3 0,4 0,9 0,0 0,0 0,0 0,0X Respiratórias 75,0 1,8 1,3 100,0 3,2 1,8 1,4 80,0 1,2 0,7 1,2 50,0 8,6 4,8 1,0XI Digestivas 7,7 0,0 0,2 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 50,0 8,6 173,1 0,0XIII Osteomusculares 50,0 0,1 2,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0XIV Geniturinárias 100,0 0,1 0,2 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,3 3,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0XVII Malformações 50,0 0,6 0,8 100,0 2,1 3,6 0,0 100,0 0,3 0,5 0,2 0,0 0,0 0,0 0,0XVIII Mal definidas 100,0 2,2 1,4 100,0 3,2 1,5 1,4 100,0 1,6 0,7 1,5 100,0 60,3 27,5 6,7XX Causas externas 0,3 0,2 3,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Total 14,1 12,1 0,9 14,4 17,1 1,4 1,1 11,3 7,5 0,6 0,8 15,1 155,1 12,8 0,9

Nos não brancos as mortes evitáveis foram em pequeno número – 16 nos pretos,

24 nos pardos, 18 sem registro de cor.

A mortalidade evitável total dos rapazes foi 10% menor que das raparigas e variou

Page 150: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

135

por capítulo. Foi menor em infecções (30%); endócrinas (40); nervosas (10), circulatórias

(50); digestivas (70) e malformações (20) e 30% maior nas respiratórias; 50 em neoplasias

e mal definidas; 90% em osteomusculares e 2,9 vezes nas do sangue.

A proporção de moços brancos na população foi 82% e no total de mortes

evitáveis 80,8%. Nos pretos elas foram 3,8% e 5,3% respectivamente; nos pardos 13,1% e

7,9%; e nos de cor ignorada 0,5% e 6,0%. Houve, proporcionalmente, menos mortes

evitáveis em brancos, pardos e amarelos/indígenas e mais em pretos e de cor ignorada.

Das 1736 mortes de moços brancos 14,1% (244) foram evitáveis. As principais

causas foram câncer (24,2% e taxa de 2,9/100.000 adolescentes brancos); mal definidas

(18 e 2,2); nervosas (13,9 e 1,7); circulatórias (6,6 e 0,8) e infecções (6,1 e 0,7).

A evitabilidade foi total nas geniturinárias e mal definidas; alta em infecções

(51,7%), sangue (60); endócrinas (87,5); nervosas (53,1); respiratórias (75); malformações

e osteomusculares (50); média em neoplasias (44,7) e circulatórias (34). A evitabilidade

foi menor que a de infantes e crianças. Chama a atenção a alta evitabilidade do câncer e

reitera a necessidade de discutir estratégias preventivas para causas externas.

A mortalidade evitável total dos moços brancos foi 10% menor que das moças

brancas. Foi menor em infecções (20%); endócrinas (50); nervosas (20); circulatórias

(40), digestivas e geniturinárias (80) e malformações (20) e maior nas neoplasias (90%);

sangue (o dobro); respiratórias (30); mal definidas (40) e externas (3,9 vezes).

Dos 111 óbitos de moços pretos 14,4% (16) foram evitáveis. Principais causas:

nervosas, respiratórias e mal definidas (18,8% e 3,2/100.000); infecções e malformações

(12,5 e 2,1). A evitabilidade foi total no sangue, endócrinas, respiratórias; malformações e

mal definidas, alta nas nervosas (75%) e média nas infecções (40%).

Page 151: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

136

Embora a proporção de moços pretos na população fosse 3,8% sua proporção no

total de mortes evitáveis foi 5,3%; e 5,1% nas mal definidas; 6,7% nas nervosas, 6,8% nas

respiratórias, 9,5% nas infecções, 11,1% no do sangue e endócrinas e 13,3% nas

malformações. A mortalidade evitável entre pretos foi proporcionalmente maior,

refletindo pior acesso e/ou pior qualidade da assistência prestada.

A mortalidade evitável de moços pretos foi 10% maior que de moças; 10% menor

em infecções e maior em respiratórias e mal definidas (40%) e 2,7 vezes em nervosas.

Nos rapazes pretos a mortalidade evitável total foi 40% maior que em brancos e

50% maior nas mal definidas; 80 nas respiratórias; 90 nas nervosas; 2,9 vezes maior nas

infecciosas; 3,1 nas endócrinas e 3,6 no sangue.

Foram evitáveis 11,3% das mortes de adolescentes pardos. Doenças nervosas e

mal definidas (20,8% e 1,6/100.000); respiratórias (16,7 e 1,2); infecções (12,5 e 0,9)

foram as principais causas evitáveis.

A evitabilidade dos óbitos de moços pardos foi 100% no sangue, digestivas,

geniturinárias, mal definidas e malformações; alta nas infecções (75%); respiratórias (80);

nervosas (55,6); neoplasias e endócrinas (50) e média nas circulatórias (33,3).

Moços pardos foram 13,1% da população de jovens e suas mortes evitáveis

constituíram 7,9% das mortes evitáveis. Só infecções (14,3%) e geniturinárias (33,3%)

tiveram proporções maiores, as demais foram menores.

A mortalidade evitável total dos moços pardos foi 20% menor que de moças,

menor nas neoplasias e circulatórias (10%) e infecções (50) e maior nas nervosas (10%);

respiratórias (20%) e mal definidas (50%).

Em relação aos brancos a mortalidade evitável total dos moços pardos foi 60%

Page 152: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

137

menor e menor nas endócrinas e nervosas (10%); mal definidas (30); malformações (50);

circulatórias (60) e neoplasias (80); igual no sangue e maior nas infecções (30%) e 3,1

vezes nas geniturinárias.

Dos 119 óbitos de moços sem registro de cor 15,1% foram evitáveis sendo as mal

definidas (38,9%); neoplasias (22,2); nervosas (16,7) e infecções, sangue, respiratórias e

digestivas (5,6) as principais causas.

A evitabilidade foi total em doenças do sangue e mal definidas; alta nas nervosas

(60%), respiratórias e digestivas (50) e média no câncer (23,5).

A mortalidade evitável sem registro de cor de moços foi 10% menor que o de

moças, 50% menor nas neoplasias; 70 nas infecções. Foi igual nas respiratórias e 6,7

vezes maior nas mal definidas.

Os gráficos 5.4.3.1-1 e 5.4.3.2-1 (pág 138) mostram as mortalidades geral e

evitável de moços por causa e co respectivamente; os gráficos 5.4.3.1-2 e 5.4.3.2-2 (pág

139) mostram as diferenças sexuais na mortalidade geral e evitável de moços enquanto os

gráficos 5.4.3.1-3 e 5.4.3.2-3 mostram as diferenças raciais na mortalidade geral e evitável

de moços.

5.4.3.3. Mortalidade geral de moças por cor

Adolescentes é o grupo de menor mortalidade nas mulheres. A principal causa de

morte foram as externas, em todas as raças, responsáveis por 46,1% dos óbitos.

Em 2.000 morreram no Sul 747 adolescentes brancas (37,9/100.000). As principais

causas foram as externas (47% e 17,8/100.000); neoplasias (10,7 e 4,1); nervosas (7,5 e

2,8); infecções (5,1 e 1,9); circulatórias e respiratórias (5 e 1,9).

Page 153: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

138

Gráfico 5.4.3.1-1. Mortalidade geral de moços por causa e cor. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.4.3.1-2. Mortalidade evitável de moços por causa e cor. Região Sul, 2.000

0 ,0

0 ,1

1 ,0

1 0 ,0

1 0 0 ,0

1 0 0 0 ,0

por 1

00.0

00 p

opul

ação

Neopla

sias

Sangu

e

Nervosa

s

Digesti

vas

Osteom

uscula

res

Mal de

finida

s

Causas

exter

nas

B co P to P d o Ig

0 ,0

0 ,1

1 ,0

10 ,0

1 00 ,0

por 1

00.0

00 p

opul

ação

Neopla

sias

Sangu

e

Nervosa

s

Digesti

vas

Osteom

uscula

res

Mal de

finida

s

Causas

exter

nas

B co P to Pdo Ig

Page 154: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

139

Gráfico 5.4.3.1-2. Diferenças sexuais na mortalidade geral de moços por cor e causa. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.4.3.2-2. Diferenças sexuais na mortalidade evitável de moços por cor e causa. Região Sul, 2.000

0 ,0 1 ,0 2 ,0 3 ,0 4 ,0 5 ,0 6 ,0 7 ,0 8 ,0

B c o

P to

P d o

Ig

C au sas ex te rnas

M al d e fin id as

M alfo rm açõ es

G en itu rin á ria s

O steo m u scu la res

D iges tivas

R esp ira tó ria s

C ircu la tó rio

N ervo sas

E nd ó crin as

S an gu e

N eo p las ias

In fecçõ es

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5 ,0 6 ,0 7 ,0 8 ,0

Bco

P to

P do

Ig

C ausas externas

M al definidas

M alformações

G eniturinárias

O steomusculares

D igestivas

R espira tórias

C irculatório

N ervosas

Endócrinas

Sangue

N eoplasias

Infecções

Page 155: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

140

Gráfico 5.4.3.1-3. Diferenças raciais na mortalidade geral de moços por causa. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.4.3.2-3. Diferenças raciais na mortalidade evitável de moços por causa. Região Sul, 2.000

0 ,1 1 ,0 1 0 ,0 1 0 0 ,0

P to

P d o

Ig

C a usa s e x te rna s

M a l d e fin id a s

M a lfo rm a ç õ e s

G e nitu riná ria s

O s te o m usc u la re s

D ige s tiva s

R e sp ira tó ria s

C irc u la tó rio

N e rvo sa s

E nd ó c rina s

S a ngue

N e o p la s ia s

In fe c ç õ e s

0 ,1 1 ,0 1 0 ,0 1 0 0 ,0 1 0 0 0 ,0

P to

P d o

Ig

C a usa s e xte rnas

M al d e fin id a s

M alfo rm aç õ es

G eniturinárias

O s teo m usc ula res

D iges tiva s

R e sp ira tó ria s

C ircu la tó rio

N ervo sas

E nd ó crina s

S a ngue

N eo p la s ia s

Infec çõ e s

Page 156: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

141

Quadro 5.4.3.3-1. Mortalidade geral, diferenças sexuais e raciais por causas. Moças. Região Sul, 2.000

Brancas Pretas Pardas Ign. Cap Causa (CID10 3C) TM RH TM RB RH TM RB RH TM RB RH

I Infecções 1,9 1,3 4,7 2,5 0,9 2,1 1,1 1,6 26,9 14,0 0,5II Neoplasias 4,1 0,6 3,5 0,9 1,7 2,1 0,5 1,6 116,6 28,7 0,8III Sangue 0,2 0,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 9,0 58,9 1,0IV Endócrinas 1,0 2,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 17,9 17,7 2,1VI Nervosas 2,8 0,9 2,4 0,8 0,6 1,7 0,6 0,6 17,9 6,3 0,4IX Circulatório 1,9 0,8 4,7 2,5 1,5 1,7 0,9 1,8 35,9 19,1 4,2X Respiratórias 1,9 0,8 3,5 1,9 1,1 1,0 0,5 0,7 9,0 4,8 0,5XI Digestivas 0,9 1,3 0,0 0,0 0,0 0,3 0,4 0,0 17,9 20,8 1,0XIII Osteomusculares 0,4 2,0 1,2 2,9 0,0 0,0 0,0 0,0 26,9 66,3 1,6XIV Geniturinárias 0,5 4,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 9,0 19,6 0,0XV Gestação etc 1,6 0,0 1,2 0,7 0,0 1,7 1,1 0,0 17,9 11,0 0,0XVII Malformações 1,2 1,0 0,0 0,0 0,0 1,4 1,2 4,4 0,0 0,0 0,0XVIII Mal definidas 1,6 0,7 2,4 1,5 0,7 1,0 0,7 0,7 9,0 5,7 0,1XX Causas externas 17,8 0,3 18,9 1,1 0,2 12,6 0,7 0,2 143,5 8,1 0,2

Total 37,9 0,4 43,7 1,2 0,4 26,0 0,7 0,4 457,3 12,1 0,4

A proporção de moças brancas na população foi 83% em 2.000 mas a proporção

no total de mortes foi 81,6%.

Faleceram 37 moças pretas (taxa - 43,7/100.000) número pequeno e sujeito a

flutuações. As causas mais importantes foram externas (43,2% e 18,9/100.000); infecções

e circulatórias (10,8 e 4,7); neoplasias e respiratórias (8,1 e 3,5).

A mortalidade total de adolescentes pretas foi 20% maior que a de brancas, menor

em câncer (10%), nervosas (20) e gestação, parto e puerpério (30) e 10% maior nas

externas; 50 em mal definidas; 90 em respiratórias; 2,5 vezes em infecciosas e

circulatórias e 2,9 vezes em osteomusculares.

A mortalidade de moças pardas foi 26,6/100.000 e as causas mais importantes

Page 157: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

142

foram as externas (48,7% e 12,6/100.000); infecções e neoplasias (7,9 e 2,1); nervosas,

circulatórias e gestação, parto e puerpério (6,6 e 1,7). A proporção de moças pardas na

população foi 12,3% mas só 8,3% do total de mortes.

Em relação às adolescentes brancas a mortalidade total das pardas foi 30% menor,

mas foi maior nas infecções e gestação, parto e puerpério (10%) e 20% nas malformações

e menor nas demais.

Em 2.000 houve 51 óbitos de moças sem registro de cor, 43,2% da soma de óbitos

de não brancas (118) e correspondendo a 5,6% das mortes desta faixa etária. Embora a

proporção de óbitos sem registro de cor fosse bem menor que em infantas e meninas a

correta adscrição de cor pode alterar a mortalidade de pretas e amarelas/indígenas.

As principais causas sem registro de cor em moças foram as externas (31,4%);

neoplasias (25,5%); circulatórias (7,.8%); infecções e osteomusculares (5,9%).

Adolescentes sem registro de cor constituíram 0.5% da população de moças e

5,6% das mortes de cor de raparigas. Uma em 4 mortes de moças por doenças do sangue e

osteomusculares não tinha registro de cor, assim como nas neoplasias (12,7%); digestivas

e geniturinárias (10); endócrinas(9,1); circulatórias (7,8); infecções (5,9); gestação, parto e

puerpério (5%); externas (3,8); nervosas (3,1); mal definidas (2,7) e respiratórias (2,3).

5.4.3.4. Mortalidade evitável de moças por cor

Das 916 mortes de moças 34,7% foram evitáveis com taxa de 12,4/100.000 moças.

As principais evitáveis foram as nervosas (14,8% e 2/100.000); câncer (12,9 e 1,7);

gestação, parto e puerpério (12,6 e 1,7); mal definidas (11,6 e 1,6) e respiratórias (10,7 e 1,4).

Page 158: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

143

Quadro 5.4.3.4. Evitabilidade, mortalidade evitável e diferenças raciais por causas. Moças. Região Sul, 2.000

Brancas Pretas Pardas Ign. Cap Causa

(CID10 3C) %E TME REH %E TME REB RH %E TME REB RH %E TME REB RH

I Infecções 47,4 0,9 1,1 50,0 2,4 2,6 1,1 83,3 1,7 1,9 1,8 100,0 26,9 29,5 3,1II Neoplasias 37,5 1,5 0,8 66,7 2,4 1,6 0,0 33,3 0,7 0,4 1,1 100,0 62,8 41,2 1,8III Sangue 100,0 0,2 0,1 100,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0IV Endócrinas 65,0 0,7 1,2 100,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 100,0 9,0 13,6 0,0VI Nervosas 75,0 2,1 2,7 50,0 1,2 0,6 0,4 80,0 1,4 0,6 0,9 100,0 0,0 0,0 0,0IX Circulatório 67,6 1,3 2,0 75,0 3,5 2,8 0,0 20,0 0,3 0,3 1,1 75,0 26,9 21,2 0,0X Respiratórias 75,7 1,4 1,1 66,7 2,4 1,7 0,7 100,0 1,0 0,7 0,8 100,0 9,0 6,3 1,0XI Digestivas 100,0 0,3 1,3 100,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,3 1,3 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0XIII Osteomusculares 100,0 0,1 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0XIV Geniturinárias 100,0 0,4 1,7 100,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 100,0 9,0 22,1 0,0XV Gestação etc 100,0 1,6 0,0 100,0 1,2 0,7 0,0 100,0 1,7 1,1 0,0 100,0 17,9 11,0 0,0XVII Malformações 60,9 0,7 1,2 100,0 0,0 0,0 0,0 100,0 1,4 1,9 4,4 100,0 0,0 0,0 0,0XVIII Mal definidas 100,0 1,6 0,7 100,0 2,4 1,5 0,7 100,0 1,0 0,7 0,7 100,0 9,0 5,7 0,1XX Causas externas 0,3 0,1 0,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Total 34,1 12,9 1,1 35,1 15,4 1,2 0,9 38,2 9,9 0,8 1,3 37,3 170,4 13,2 1,1

A mortalidade evitável total de moças foi 10% maior que a dos moços maior nas

nervosas (10%); malformações (20); infecções (40); endócrinas (60); circulatórias (90);

digestivas e geniturinárias (3,1 vezes) e menor em respiratórias (20%); neoplasias (30);

mal definidas (40); circulatórias e osteomusculares (50); no sangue e externas (70).

Conseqüentemente a evitabilidade de suas mortes (34,1%) foi maior que a dos moços

(13,8%). Se os serviços de saúde agissem oportuna e efetivamente eles reduziriam 2,5

vezes mais mortes de moças do que de moços.

Das 747 mortes de moças brancas 34,1% foram evitáveis e taxa de 13,4/100.000

moças. As principais causas foram as nervosas (16,7% e 2,1/100.000); gestação, parto e

puerpério (12,5 e 1,6); mal definidas (12,2 e 1,6); câncer (11 e 1,5) e respiratórias (9 e 1,7).

A proporção de mortes evitáveis totais de moças brancas (80,2%) foi menor que

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144

sua proporção na população (83%) mas concentrou o total de mortes de moças por

doenças do sangue, osteomusculares e externas e foi maior em endócrinas (92,9%),

nervosas (89,4); digestivas (83,3) e mal definidas (83,8) sendo menor nas demais.

A evitabilidade foi total nas mortes por doenças do sangue, digestivas,

osteomusculares, geniturinárias, gestação, parto e puerpério e mal definidas; alta nas

respiratórias (75,7%); nervosas (75), circulatórias (67,6), endócrinas (65) e malformações

(60,9) e média nas infecções (47,4%) e neoplasias (37,5%).

A mortalidade evitável total das moças brancas foi 10% maior que a dos moços

brancos. Foi maior em infecções e respiratórias (10%); endócrinas e mal formações (20);

digestivas (30); circulatórias (2 vezes) e nervosas (2,7) e menor em câncer (20); mal

definidas (30); externas (70) e sangue (90).

Os óbitos de adolescentes pretas, pardas e sem registro de cor foram poucos e os

dados devem ser interpretados com cuidado.

Das 37 mortes de moças pretas 35,1% eram evitáveis. As causas principais foram

circulatórias (23,1% e 3,5/100.000); infecciosas, câncer, respiratórias e mal definidas

(15,4 e 2,4).

A evitabilidade total das mortes de moças pretas (35,1%) foi pouco maior que a

das brancas (34,1%). A evitabilidade foi 100% nas mortes por doenças do sangue;

endócrinas; digestivas; osteomusculares; geniturinárias; gestação, parto e puerpério;

malformações e mal definidas. Foi alta para circulatórias (75%); neoplasias e respiratórias

(66,7%) e infecções e nervosas (50%).

A proporção de moças pretas nas mortes evitáveis (4,1%) foi maior que na

população (3,6) e 20% maior que em brancas: menor em infecções (30%), nervosas (40) e

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145

maior nas mal definidas (50%), câncer (60), respiratórias (70), infecções(2,6 vezes) e

circulatórias (2,8).

Das 76 mortes de moças pardas 38,2% foram evitáveis. As principais causas foram

infecções e gestação, parto e puerpério (17,2% e 1,7/100.000); nervosas e malformações

(13,8 e 1,4); respiratórias e mal definidas (10,3 e 1). Sua proporção na população foi

12,3% e 9,1 na mortalidade evitável, sugerindo evasão de mortes.

Sua mortalidade evitável foi 30% maior que a dos rapazes e 20% menor que a das

brancas mas variou pelos capítulos. Foi menor nas respiratórias e mal definidas (30%);

nervosas (40); neoplasias (60) e circulatórias (70) e maior nas gestação, parto e puerpério

(10); digestivas (30), infecções e malformações (90).

Dos 51 óbitos sem registro de cor de moças 37,3% eram evitáveis com taxa de

170,4/100.000. As principais evitáveis foram câncer (36,8%), infecciosas e circulatórias

(15,8) gestação etc (10,5), endócrinas, respiratórias, geniturinárias e mal definidas (5,3).

A proporção de moças sem registro de cor na população foi 0,5% mas foi 6% do

total de mortes evitáveis de jovens. Nas mortes circulatórias de moças 1/3 não tinha

registro de cor, câncer (17,1%); geniturinárias (11,1%); infecções (10,7), endócrinas (7,1)

e gestação etc (5%). Houve expressiva queda do não registro de cor em jovens comparado

a infantes e crianças mas ainda capaz de distorcer a mortalidade dos grupos minoritários.

Os gráficos 5.4.3.3-1 e 5.4.3.4-1 (pág 146) mostram a mortalidade geral e evitável

de moças por causa e cor e os gráficos 5.4.3.3-2 e 5.4.3.4-2 (pág 147) mostram as

diferenças raciais na mortalidade geral e evitável de moças.

Page 161: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

146

Gráfico 5.4.3.3-1. Mortalidade geral por causa e cor. Moças. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.4.3.4-1. Mortalidade evitável de moças por causa e cor. Região Sul, 2.000

0,1

1 ,0

1 0 ,0

1 0 0 ,0

10 0 0 ,0

por 1

00.0

00 p

opul

ação

Neoplas

ias

Sangue

Nervosa

s

Digestiv

as

Osteom

uscula

res

Mal def

inidas

Causas

extern

as

B ca P ta Pda Ig

0,1

1 ,0

10 ,0

100,0

100.

000

da p

opul

ação

Neopla

sias

Nervosa

s

Digesti

vas

Mal de

finida

s

B ca P ta P da Ig

Page 162: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

147

Gráfico 5.4.3.3-2. Diferenças raciais na mortalidade geral por causas. Moças. Região Sul. 2.000.

Gráfico 5.4.3.4-2. Diferenças raciais na mortalidade evitável por causas. Moças. Região Sul, 2.000

0,1 1,0 10,0 100,0

P ta

Pda

Ig

M al definidas

M alform ações

G estação

G eniturinárias

D igestivas

R espira tórias

C irculatório

N ervosas

E ndócrinas

N eoplasias

Infecções

0 ,1 1 ,0 1 0 ,0 1 0 0 ,0

P ta

P da

Ig

C ausas ex te rna s

M a l d e fin id as

M a lfo rm a çõ es

G e s taç ão

G e nitu riná ria s

O s te o m uscula re s

D iges tivas

R esp ira tó ria s

C irc ula tó rio

N e rvo sa s

E nd ó c rinas

S angue

N e o p la s ia s

In fe cç õ es

Page 163: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

148

5.4.3.5. Principais causas detalhadas de morte de adolescentes por cor

A adolescência é a faixa etária de menor mortalidade entre mulheres e a segunda

menor entre homens e o número de óbitos foi pequeno em especial em moças.

5.4.3.5.1. Adolescentes brancos

O quadro D-3.5.1.1 mostra as 20 principais causas de morte de moços e moças

brancos das quais serão brevemente discutidas as 10 primeiras.

Nos moços brancos das 10 primeiras causas 9 foram externas e somente a 9ª é uma

doença – leucemia, o que não surpreende pois elas constituíram ¾ da mortalidade de

jovens brancos. Nas moças 6 das 10 primeiras causas foram por violências mas com taxas

bem menores. Na presente classificação de evitabilidade mortes externas não são

classificadas como evitáveis mas as leucemias sim.

A primeira causa de morte de moços brancos, responsável por 21,3% das mortes,

foi homicídios, 1 em cada 5 moços brancos foi assassinado no Sul em 2.000. A

mortalidade foi 18/100.000 adolescentes brancos, 7,3 vezes maior que o das moças, causa

que nelas ocupou a segunda posição.

Nas moças brancas a primeira causa, responsável por 9,6% das mortes e taxa de

3,7/100.000, foram os acidentes com veículo a motor, taxa 45% menor que a dos moços e

que foi a terceira colocada entre eles.

O segundo posto nos rapazes foram os afogamentos que mataram 1 em cada 10

moços e taxa 4,3 vezes maior que a das raparigas, nas quais foi a 4ª causa.

Page 164: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

149

Quadro 5.4.3.5.1-1. Principais causas detalhadas de morte de adolescentes brancos. Região Sul, 2.000

Posto Causa (CID10 3C) H TM %V Posto Causa (CID10 3C) M TM %V

1 Agressão (X85-Y09)

370 18,4 21,3 1 Acidente veículo motor (V87-V89)

72 3,7 9,6

2 Afogamento (W65-W74)

179 8,9 10,3 2 Agressão (X85-Y09)

49 2,5 6,6

3 Acidente veículo motor (V87-V89)

165 8,2 9,5 3 Ocupante veículo (V40-V89)

46 2,3 6,2

4 Ocupante veículo (V40-V89)

115 5,7 6,6 4 Afogamento (W65-W74)

41 2,1 5,5

5 Pedestre (V01-V09)

92 4,6 5,3 5 Pedestre (V01-V09)

40 2,0 5,4

6 Suicídio (X60-X84)

84 4,2 4,8 6 Suicídio (X60-X84)

38 1,9 5,1

7 Motociclista (V20-V29)

73 3,6 4,2 7 Paralisia cerebral infantil (G80)

34 1,7 4,6

8 Infecções VA inferiores (J10-J22)

63 3,1 3,6 8 Leucemias (C91-C95)

24 1,2 3,2

9 Leucemias (C91-C95)

45 2,2 2,6 9 Cerebrovasculares (I60-I69)

20 1,0 2,7

10 Ciclista traum acid transp (V10-V19)

34 1,7 2,0 10 Infecções VA inferiores (J10-J22)

17 0,9 2,3

11 Infecções VA inferiores (J10-J22)

29 1,4 1,7 11 Infecções VA inferiores (J10-J22)

15 0,8 2,0

12 Morte sem assistência (R98)

26 1,3 1,5 12 Neoplasia maligna encéfalo (C71-C72)

14 0,7 1,9

13 Expôs. corrente elétrica (W85-W99)

22 1,1 1,3 13 Malform. sist. circulatório (Q20-Q28)

14 0,7 1,9

14 Paralisia cerebral infantil (G80)

21 1,0 1,2 14 Morte sem assistência (R98)

14 0,7 1,9

15 Neoplasia maligna encéfalo (C71-C72)

19 0,9 1,1 15 Doenças p/HIV (B20-B24)

11 0,6 1,5

16 Neoplasia maligna ossos (C40-C41)

18 0,9 1,0 16 Linfomas (C81-C90)

10 0,5 1,3

17 Linfomas (C81-C90)

15 0,7 0,9 17 Diabetes mellitus (E10-E14)

10 0,5 1,3

18 Quedas (W00-W19)

14 0,7 0,8 18 Outras causas mal definidas (R99)

10 0,5 1,3

19 Cardiomiopatias (I42)

13 0,6 0,7 19 Neoplasia maligna ossos (C40-C41)

9 0,5 1,2

20 Transt primário músculos (G71)

12 0,6 0,7 20 Ciclista traum acid transp (V10-V19)

9 0,5 1,2

21 Malformação circulatória (Q20-Q28)

12 0,6 0,7 21 Motociclista (V20-V29)

9 0,5 1,2

Subtotal 1421 70,7 81,9 Subtotal 506 25,7 67,7Total 1736 86,4 100,0 Total 747 37,9 100,0

Page 165: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

150

Morte de ocupante de veículo foi a 3ª causa de morte entre raparigas e a 4a. entre

rapazes, tendo sido 2,5 vezes maior neles.

A 5ª e 6ª causas, respectivamente atropelamentos e suicídios, coincidiu nos

adolescentes mas foram 2,4 e 2,2 vezes maior entre os moços.

O 7º posto em rapazes foram mortes por acidente com motociclistas, causa 7,2

vezes maior que o das moças, em que figurou em 21º lugar. Nas adolescentes a paralisia

cerebral infantil, ficou nesta posição e foi 70% maior que nos moços (14º lugar).

Mortes violentas das quais não se soube se acidentais ou intencionais foram a 8ª

causa nos rapazes, 3,9 vezes maior que nas moças, entre as quais ficou no 11º posto. O 8º

lugar entre as moças foram as leucemias, com metade da taxa dos moços.

Nos adolescentes leucemias ficaram em 9º lugar, posição das mortes por doenças

cerebrovasculares nas raparigas, cuja mortalidade foi 2,5 vezes maior que nos moços.

Morte de ciclistas ficou em 10ª posição nos moços com taxa 3,4 vezes maior que o

das adolescentes, entre as quais a causa ocupou a 20ª posição. Entre elas o 10º lugar

meninas foi por pneumonias, com taxa 64% menor que nos rapazes.

Não há como se esquivar de encarar o desafio colocado pelas causas violentas de

morte. É exatamente aí que o modelo biológico da determinação das doenças e seu elenco

terapêutico tem tido pouco sucesso.

5.4.3.5.2. Adolescentes pretos

Houve 111 mortes de moços e 37 de moças pretas, números pequenos. O quadro

5.4.3.5.2-1 mostra as principais causas detalhadas de morte em adolescentes pretos. Dado

o pequeno número as mortes estão muito dispersas sendo listadas só as 6 primeiras.

Page 166: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

151

A primeira causa de morte foi agressões, com taxa 2,4 vezes maior que a de moços

brancos e 18,7 vezes maior que de moças pretas, causa que ficou em a 6ª posição. Entre

elas atropelamentos foram o primeiro posto com taxa 2,9 vezes superior ao das brancas.

Quadro 5.4.3.5.2-1. Principais causas detalhadas de morte de adolescentes pretos. Região Sul, 2.000

Moços pretos Moças pretas Posto Causa (CID10 3C) H TM %V RB Posto Causa (CID10 3C) M TM %V RB

1 Agressão X85 - Y09 42 45,0 37,8 2,4 1 Pedestre

V01-V09 5 5,9 13,5 2,9

2 Afogamento W65-W74 14 15,0 12,6 1,7 2 Afogamento

W65-W74 3 3,5 8,1 1,7

3 Pedestre V01-V09 6 6,4 5,4 1,4 3 Doença p/HIV

B20-B24 2 2,4 5,4 4,0

4 Suicídio X60-X84 6 6,4 5,4 1,5 4 Cerebrovasculares

I60-I69 2 2,4 5,4 2,4

5 Intenção indeterminada Y10-Y34 5 5,4 4,5 1,3 5 Acid veículo motor

V87-V89 2 2,4 5,4 0,6

6 Doença p/HIV B20-B24 3 3,2 2,7 16,

0 6 Agressão X85 – Y09 2 2,4 5,4 1,0

7 Epilepsia G40-G41 3 3,2 2,7 6,4

8 Ocupante de veículo V40-V89 3 3,2 2,7 0,6

9 Acid veículo motor V87-V89 3 3,2 2,7 0,4

Subtotal 85 91,0 76,6 Subtotal 16 18,9 43,2Total 111 118,9 100,0 Total 37 43,7 100,0

A segunda causa de morte coincidiu em ambos os sexos de moços pretos –

afogamentos. A taxa dos moços pretos foi 70% maior que a dos brancos e 4,3 vezes maior

que das moças pretas. A mortalidade delas foi 70% maior que a das brancas.

Atropelamento foi a 3ª nos moços pretos e taxa 40% maior que de brancos e 10%

maior que de moças pretas. Para elas a 3ª causa foi a aids, 4 vezes maior que em brancas.

Suicídios ocuparam a 4ª posição entre moços pretose taxa 50% maior que de

brancos e 5,3 vezes maior que de moças pretas. Entre elas esse posto foi ocupado pelas

doenças cerebrovasculares, com taxa foi 2,4 vezes maior que nas brancas.

Page 167: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

152

A 5ª causa de morte em moços pretos foram fatos de intenção indeterminada, isto

é, mortes sobre as quais as informações disponíveis foram insuficientes para autoridades

médicas ou legais distinguirem acidentes de suicídios e/ou homicídios. Sua taxa foi 30%

maior que nos brancos e 4,5 vezes maior que nas moças. Essa causa indica falta de

capacitação de legistas para identificar a intencionalidade, insuficiência de legistas e/ou

descaso ou negligência, pois tecnologia diagnóstica forense tem feito grandes progressos.

Matutino paulista em reportagem sobre mortes violentas em São Paulo relata casos de

cadáveres com sinais de tortura, hematomas, encontrados com as mãos atadas e cujo

certificado de óbito assinala fato de intenção indeterminada.

Doenças pelo HIV foram a 6ª causa entre rapazes pretos com taxa 16 vezes maior

que a de branco e 33,3% maior que a das moças que tiveram as agressões nesta posição.

A 7ª causa nos jovens pretos foi epilepsia com taxa 6,4 vezes maior que de

brancos. Mortes de ocupantes de veículo e acidentes de veículos a motor ocuparam a 8ª e

9ª posições respectivamente com taxas 40% e 60 % menores que a dos brancos.

Como se vê a mortalidade da maioria das principais causas de moços pretos foram

bem maiores que as de brancos como na aids e epilepsia. Também a mortalidade por

causas violentas excedeu a de brancos exceto em acidentes de veículos e morte de

ocupantes de veículos.

5.4.3.5.3. Adolescentes pardos

Morreram 212 rapazes e 35 raparigas pardas e o quadro 5.4.3.5.3-1 mostra as

principais causas detalhadas de morte. As três primeiras causas coincidiram nos dois

sexos embora as taxas fossem bem maiores nos rapazes.

Page 168: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

153

Nos moços pardos as causas externas ocuparam as oito primeiras posições.

Homicídios foi a primeira causa nos dois sexos. Nos moços pardos a taxa foi 30%

maior que de brancos e em moças 50% maior; A mortalidade masculina foi 6,2 vezes

maior que a feminina.

A segunda causa foi afogamento e nos dois sexos sua mortalidade foi igual a de

seus pares brancos mas foi 4,4 vezes maior nos rapazes pardos que nas moças.

Morte de ocupante de veículo foi a 3ª causa de morte. Entre rapazes pardos foi

30% maior que nos brancos enquanto nas moças foi 30% menor que das brancas. A taxa

nos moços pardos foi 2,4 vezes maior que nas moças.

Eventos de intenção indeterminada foram a quarta causa em moços pardos, com

taxa 3,7 vezes maior que das moças pardas e 30% menor que de brancos. Essa causa foi a

7ª entre moças cuja taxa foi 20% maior que de brancas. Nelas a 4ª posição foi ocupada

pelas malformações do aparelho circulatório, causa 2 vezes maior que a das brancas.

A 5ª causa nos moços foram acidentes com veículo a motor com taxa 10% maior

que de brancos e 10 vezes maior que de moças pardas. Para elas os atropelamentos

ocuparam essa posição, com metade da taxa de brancas.

Suicídios ficaram em 6º lugar em ambos os sexos mas foram 3,1 vezes maiores

nos moços que nas moças e metade da de brancos em ambos os sexos.

A 7ª causa dos rapazes pardos foram atropelamentos, com taxa 40% menor que de

brancos e 2,8 vezes maior que a das moças pardas.

A 8 ª causa foi morte de motociclistas com taxa 60% menor que nos brancos.

Neste grau de desagregação das causas foi possível observar que em algumas

causas como homicídios e ocupante de veículo em moços e homicídios e malformações

Page 169: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

154

circulatórias em moças a mortalidade de pardos for maior que de brancos.

Quadro 5.4.3.5.3-1. Principais causas detalhadas de morte de adolescentes pardos. Região Sul, 2.000

Moços Pardos Moças Pardas Posto Causa (CID10 3C) H TM %V RB Posto Causa (CID10 3C) M TM %V RB

1 Agressao (X85-Y09) 75 23,4 35,4 1,3 1 Agressao

(X85-Y09) 11 3,8 14,5 1,5

2 Afogamento (W65-W74) 30 9,3 14,2 1,0 2 Afogamento

(W65-W74) 6 2,1 7,9 1,0

3 Ocupante veículo (V40-V89) 13 4,0 6,1 1,3 3 Ocupante veículo

(V40-V89) 5 1,7 6,6 0,7

4 Indeterminada (Y10-Y34) 12 3,7 5,7 0,7 4 Malform circulatórias

(Q20-Q28) 4 1,4 5,3 2,0

5 Veículo a motor (V87-V89) 11 3,4 5,2 1,1 5 Pedestre

(V01-V09) 3 1,0 3,9 0,5

6 Suicídio (X60-X84) 10 3,1 4,7 0,5 6 Suicídio

(X60-X84) 3 1,0 3,9 0,5

7 Pedestre (V01-V09) 9 2,8 4,2 0,6 7 Indeterminada

(Y10-Y34) 3 1,0 3,9 1,2

8 Motociclista (V20-V29) 5 1,6 2,4 0,4

Subtotal 165 51,4 77,8 Subtotal 35 12,0 46,1Total 212 66,0 100,0 Total 76 26,0

5.4.3.5.4. Mortes de adolescentes sem registro de cor.

O número de mortes de moços sem registro de cor (119) foi pouco mais da metade

do de pardos (212) e pouco maior que o de pretos (111). Nas moças (51) foi 45,7% e 38%

maiores respectivamente que de pretas (35) e pardas (38). Assim o potencial de distorção

da mortalidade nos adolescentes pela presença de óbitos sem registro de cor é bem maior

no sexo feminino que no masculino. O quadro 5.4.4.5.4-1 mostra as 10 principais causas

de morte detalhada.

As principais causas sem registro de cor em moços teve causas definidas - externas

e as que requerem serviços terciários como câncer. A tabela indica o tipo de serviço que

deve melhorar o registro de cor nos atestados.

Page 170: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

155

Quadro 5.4.4.5.4-1. Principais causas detalhadas de morte de adolescentes sem registro de cor. Região Sul, 2.000

Moços de cor ignorada Moças de cor ignorada Posto Causa (CID10 3C) H %V Posto Causa (CID10 3C) M %V

1 Agressão (X85-Y09) 19 16,0 1 Pedestre (V01-V09) 6 11,82 Pedestre (V01-V09) 11 9,2 2 Leucemias (C91-C95) 4 7,83 Afogamento (W65-W74) 10 8,4 3 Outras septicemias (A41) 3 5,94 Acid. veículo a motor (V87- V89) 9 7,6 4 Agressão (X85-Y09) 3 5,95 Neoplasia de encéfalo (C71-C72) 6 5,0 5 Neopl. coração etc (C38) 2 3,96 Leucemias (C91-C95) 4 3,4 6 Neopl. encéfalo (C71-C72) 2 3,9

7 Ocupante de veículo (V40-V89) 4 3,4 7 Doenças cerebrovasculares (I60-I69) 2 3,9

8 Causas mal definidas (R99) 3 2,5 8 Acid. veículo a motor (V87-V89) 2 3,9

9 Suicídios (X60-X84) 3 2,5 9 Intenção indeterminada (Y10-Y34) 2 3,9

10 Intencão indeterminada (Y10-Y34) 3 2,5Subtotal 72 60,5 Subtotal 26 51,0

Total 119 100,0 Total 51 100,0

Das 10 causas de moços 7 eram externas, sendo homicídios, atropelamentos,

afogamentos e acidentes de veículo as 4 primeiras. Na 5ª e 6ªª posições câncer de encéfalo

e leucemias. No 7º mortes de ocupantes de veículos e 8º mal definidas. No 9º suicídios e

de intenção indeterminada. Dependeram do legista 89% dos óbitos. Nas moças 4 das 9

eram externas, atropelamentos; homicídios; acidentes de trânsito e intenção indeterminada

(25,5%) atestadas por legistas e a 2ª, 5ª e 6ª foram causas manejadas em centros terciários,

representando 15,7% das mortes sem registro de cor em moças.

Outras septicemias ocuparam o 3º posto e doenças cerebrovasculares o 7º.

A análise das causas de morte detalhadas discriminou melhor as desigualdades por

cor e os dados permitem supor que nem toda evasão de óbitos de grupos minoritários seja

para cor ignorada. Parte da evasão de pardos é para brancos.

Page 171: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

156

5.4.4. Mortalidade geral e evitável de adultos por cor

No Censo de 2.000 havia no Sul, 13.441.998 adultos (20-59 anos), 49,2% homens

(6.610.161) e 50,8% mulheres (6.831.831). Dos homens 82,9% eram brancos; 4,1 pretos;

11,9 pardos; 0,8 amarelos/indígenas e 0,3 de cor ignorada. Das mulheres 84,7% eram

brancas; 3,8 pretas; 10,5 pardas; 0,7 amarelas/indígenas e 0,4 de cor ignorada.

Tabela 5.4.4-1. Distribuição e proporção de óbitos por causa, cor e sexo. Adultos. Região Sul. 2.000

Brancos Pretos Pardos Ign. Brancas Pretas Pardas Ign. Cap Causa

(CID10 3C) No %V No %V No %V No %V No %V No %V No %V No %VI Infecções 1700 6,7 186 10,4 138 6,5 194 9,1 717 6,0 85 9,3 70 7,5 98 7,6II Neoplasias 3946 15,6 210 11,8 181 8,5 364 17,0 3383 28,1 154 16,8 190 20,3 362 27,9III Sangue 61 0,2 7 0,4 6 0,3 9 0,4 67 0,6 11 1,2 1 0,1 18 1,4IV Endócrinas 664 2,6 56 3,1 45 2,1 73 3,4 593 4,9 64 7,0 45 4,8 71 5,5V Mentais 447 1,8 53 3,0 47 2,2 46 2,2 63 0,5 11 1,2 13 1,4 3 0,2VI Nervosas 334 1,3 22 1,2 28 1,3 35 1,6 219 1,8 14 1,5 19 2,0 19 1,5VII Olhos 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0VIII Ouvido 3 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 3 0,0 0 0,0 0 0,0 1 0,1IX Circulatório 5330 21,0 404 22,6 441 20,8 460 21,5 3271 27,2 336 36,8 288 30,8 357 27,5X Respiratórias 1412 5,6 127 7,1 128 6,0 123 5,8 861 7,2 63 6,9 76 8,1 82 6,3XI Digestivas 1996 7,9 154 8,6 170 8,0 209 9,8 550 4,6 53 5,8 56 6,0 67 5,2XII Pele 17 0,1 1 0,1 3 0,1 4 0,2 11 0,1 2 0,2 1 0,1 2 0,2XIII Osteomusculares 57 0,2 4 0,2 3 0,1 4 0,2 88 0,7 9 1,0 7 0,7 12 0,9XIV Geniturinárias 182 0,7 10 0,6 18 0,9 21 1,0 179 1,5 13 1,4 14 1,5 21 1,6XV Gestação etc 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 156 1,3 18 2,0 17 1,8 12 0,9XVI Perinatais 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0XVII Malformações 29 0,1 0 0,0 0 0,0 4 0,2 52 0,4 0 0,0 3 0,3 8 0,6XVIII Mal definidas 1203 4,7 85 4,8 143 6,8 207 9,7 543 4,5 35 3,8 48 5,1 94 7,3XX Causas externas 7967 31,4 466 26,1 766 36,2 384 18,0 1269 10,6 46 5,0 87 9,3 69 5,3

Total 25348 100 1785 100 2117 100 2137 100 12025 100 914 100 935 100 1296 100

Em 2.000 houve 46.720 mortes de adultos (mortalidade 347,6/100.000 adultos),

41,4% (19.347) evitáveis (143,3/100.000), das quais 67,4% de homens e 32,6% de

mulheres. A proporção de mortes de homens brancos, pretos, pardos, amarelos/indígenas

Page 172: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

157

e cor desconhecida foi respectivamente 80,5%; 5,7%; 6,7%; 0,4% e 6,8% e de mulheres

79%; 6% ; 6,1%; 0,3% e 8,5%.

A adscrição da cor nas mortes de adultos foi melhor que em crianças (10,2%) mas

pior que em adolescentes (5,4%). Em homens óbitos sem registro de cor somaram cerca

de metade e nas mulheres 67,3% das mortes de não brancos. dos não brancos.

Mortes de amarelos/indígenas somaram 0,4% e 0,3% de homens e mulheres e

serão excluídas das análises assim como capítulo de olhos, ouvido (6 mortes); pele (41) e

malformações (98) totalizando 0,2% das mortes masculinas e 0,5% das femininas.

5.4.4.1. Mortalidade geral de homens por cor

Em 2.000 morreram 25.348 homens brancos com mortalidade de 462,4/100.000. e

as principais causas foram – externas (31,4% e 145,3/100.000); circulatórias (21 e 97,2);

neoplasias (15,6 e 72); digestivas (7,9 e 36,4) e infecções (6,7 e 31).

Quadro 5.4.4.1-1. Mortalidade geral, diferenças sexuais e raciais por sexo causas. Homens. Região Sul, 2.000

Brancos Pretos Pardos Ignor. Cap. Causa (CID10 3C) TM RM TM RB RM TM RB RM TM RB RM

I Infecções 31,0 2,5 68,4 2,2 2,1 17,6 0,6 1,8 899,8 29,0 0,9II Neoplasia 72,0 1,2 77,2 1,1 1,3 23,1 0,3 0,9 1688,2 23,5 0,9III Sangue 1,1 1,0 2,6 2,3 0,6 0,8 0,7 5,5 41,7 37,5 0,6IV Endócrinas 12,1 1,2 20,6 1,7 0,8 5,7 0,5 0,9 338,6 27,9 1,0V Mentais 8,2 7,5 19,5 2,4 4,5 6,0 0,7 3,3 213,3 26,2 2,3VI Nervosas 6,1 1,6 8,1 1,3 1,5 3,6 0,6 1,3 162,3 26,6 1,3IX Circulatórias 97,2 1,7 148,5 1,5 1,1 56,3 0,6 1,4 2133,5 21,9 0,9X Respiratórias 25,8 1,7 46,7 1,8 1,9 16,3 0,6 1,5 570,5 22,1 1,0XI Digestivas 36,4 3,8 56,6 1,6 2,7 21,7 0,6 2,8 969,3 26,6 0,9XIII Osteomusculares 1,0 0,7 1,5 1,4 0,4 0,4 0,4 0,4 18,6 17,8 0,6XIV Geniturinárias 3,3 1,1 3,7 1,1 0,7 2,3 0,7 1,2 97,4 29,3 1,1XVIII Mal definidas 21,9 2,3 31,2 1,4 2,3 18,3 0,8 2,7 960,1 43,7 1,1XX Causas externas 145,3 6,6 171,3 1,2 9,6 97,8 0,7 8,0 1781,0 12,3 1,0

Total 462,4 2,2 656,2 1,4 1,8 270,2 0,6 2,1 9911,4 21,4 0,8

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158

A proporção de brancos na população de homens foi maior que nas mortes, maior

só nas neoplasias e exceto para câncer a mortalidade de brancos é menor que a esperada.

A mortalidade de homens foi 2,2 vezes maior que de mulheres no total e nas

geniturinárias (10%), câncer e endócrinas (20), nervosas e pele (60); circulatórias e

respiratórias (70); mal definidas (2,3 vezes); infecções (2,5); digestivas (3,8), externas

(6,6) e mentais (7,5).

Morreram 1.785 homens pretos com taxa de 656,2/100.000 homens pretos. Causas

externas (26,1% e 171,3/100.000); circulatórias (22,6 e 148,5); neoplasias (11,8 e 77,2);

infecções (10,4 e 68,4) e digestivas (8,6 e 56,6) foram as principais.

Apesar de pretos serem 4,1% da população suas mortes somaram 5,7% dos óbitos

de homens sendo maior que a esperada em geniturinárias (4,3%); câncer (4,5); externas

(4,9); nervosas e mal definidas (5,2); circulatórias, digestivas e osteomusculares (6,1);

endócrinas; (6,6); respiratórias (7,1); infecções (8,3) e mentais (8,9).

A mortalidade total de pretos foi 2,2 vezes maior que de brancos e em todos

capítulos: câncer e geniturinárias (10%); externas (20); 30 nervosas(30); osteomusculares

e mal definidas (40); circulatórias (50%); digestivas (60); endócrinas (70); respiratórias

(80); 2,2 vezes em infecciosas; 2,3 no sangue e 2,4 em mentais.

A mortalidade total dos pretos foi 80% maior que a das pretas. Foi 20% menor nas

endócrinas; 30% nas geniturinárias; 40% no sangue e 60% nas osteomusculares. Foi 10%

maior nas circulatórias; 30% nas neoplasias; 50% nas nervosas, 2,1 vezes nas infecções;

2,3 nas mal definidas; 2,7 nas digestivas; 4,5 nas mentais e 9,6 nas externas.

Morreram 2.117 homens pardos com taxa de 270,2/100.000. Causas externas

(36,2% e 97,8/100.000); circulatórias (20,8 e 56,3); neoplasias (8,5 e 23,7); digestivas (8 e

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159

21,7) e mal definidas (6,8 e 18,3) foram as principais.

A proporção de pardos na população foi 11,9% e 6,7% no total de mortes e menor

em todas as causas. Pela dimensão da evasão de óbito é possível cogitar que além da

evasão para cor ignorada pardos estejam sendo classificados como brancos.

A mortalidade de pardos foi 40% menor que de brancos no total e em todos os

capítulos e 2,1 vezes maior que de mulheres variando por capítulo.

Houve 2.137 óbitos de homens sem registro de cor, 6,8% das mortes de homens.

Seu número foi pouco menor que o de pardos e bem maior que o de pretos. Principais

causas: circulatórias (21,3%), externas (18), câncer (17); digestivas (9,8) e mal definidas (9,7).

A proporção de adultos sem registro de cor na população foi 0,3% e 6,8% nas

mortes variando por capítulo e a mortalidade total de homens sem registro de cor foi 20%

menor que a feminina, variando por capítulo.

5.4.4.2. Mortalidade evitável de homens por cor

Das 31.503 mortes de homens, 36,6% eram evitáveis com taxa de 174,6/100.000

homens. A evitabilidade variou por capítulo e as principais causas evitáveis foram as

circulatórias (33,4% e 58,2/100.000); câncer (14,7 e 25,6); mal definidas (14,3 e 24,90);

respiratórias (10,6 e 18,5) e infecções (5,5 e 9,7).

A mortalidade evitável total de homens foi o dobro do de mulheres, variando por

capítulo, menor em infecções (30%); endócrinas (40); nervosas (10), circulatórias (50);

digestivas e geniturinárias (70) e malformações (20) e maior em respiratórias (30); câncer

e mal definidas (50); osteomusculares (90) e 2,9 vezes nas do sangue.

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160

Homens brancos somaram 82,9% da população e 68,2% das mortes evitáveis de

homens.Em pretos as proporções foram respectivamente 4,1 e 5,6; em pardos 11,9 e 5,5;

em amarelos/indígenas 0,8 e 0,4 e nos sem registro de cor 0,3 e 6,8. Houve menos mortes

evitáveis em brancos, pardos e amarelos e indígenas e mais em pretos e cor ignorada.

Das 25.348 mortes de homens brancos 31% eram evitáveis - taxa de 143,4/

100.000 homens e as principais causas foram as circulatórias (38,2% e 54,8); câncer (18,9

e 27,1); mal definidas (15,3 e 21,9); respiratórias (12,1 e 17,4) e infecções (6 e 8,6).

Quadro 5.4.4.2-1. Evitabilidade, mortalidade evitável e diferenças raciais por causas. Homens. Região Sul, 2.000

Brancos Pretos Pardos Ign. Cap Causa

CID10 3C %E TME RM %EV TME RB RM %E TME RB RM %E TME REB RMI Infecções 27,9 8,6 2,0 8,5 20,2 2,3 1,0 36,2 6,4 0,7 2,0 26,8 241,2 27,9 0,7II Neoplasias 37,7 27,1 0,8 8,0 19,1 0,7 0,7 23,2 5,4 0,2 0,4 29,4 496,3 18,3 0,8III Sangue 39,3 0,4 1,2 0,2 0,4 0,8 0,4 16,7 0,1 0,3 0,0 22,2 9,3 21,2 0,6IV Endócrinas 33,9 4,1 1,1 4,2 9,9 2,4 1,0 33,3 1,9 0,5 0,9 13,7 46,4 11,3 0,5VI Nervosas 44,9 2,7 2,0 1,9 4,4 1,6 0,8 64,3 2,3 0,8 1,6 42,9 69,6 25,4 2,2IX Circulatórias 56,4 54,8 1,6 48,3 115,1 2,1 0,9 57,1 32,2 0,6 1,2 57,2 1219,8 22,3 0,9X Respiratórias 67,5 17,4 1,5 13,7 32,7 1,9 1,7 63,3 10,3 0,6 1,5 79,7 454,5 26,1 1,2XI Digestivas 7,4 2,7 1,6 0,8 1,8 0,7 0,5 6,5 1,4 0,5 1,4 6,7 64,9 24,2 0,9XIII Osteomusculares 28,1 0,3 2,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0XIV Geniturinárias 70,9 2,4 1,0 1,2 2,9 1,2 0,8 66,7 1,5 0,7 1,0 81,0 78,8 33,5 1,2XVIII Mal definidas 100,0 21,9 2,3 13,1 31,2 1,4 1,0 100,0 18,3 0,8 2,7 100,0 960,1 43,7 1,1XX Causas externas 0,3 0,4 1,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1 0,3 0,3 0,3 4,6 11,1 0,7

Total 31,0 143,4 1,3 100,0 238,2 1,7 1,0 29,7 80,3 0,6 1,2 37,0 3668,7 25,6 1,0

A evitabilidade variou por capítulo como mostra o quadro tendo sido alta nas

circulatórias (56,4%); respiratórias (67,5); geniturinárias (70,9) e mal definidas (100%).

A proporção de homens brancos na população foi 82,9% e esperar-se-ia proporção

semelhante nas mortes mas na evitável ela foi bem menor – 68,2% variando por capítulo.

A mortalidade evitável total dos brancos foi 30% maior que das mulheres brancas

mas 20% menor em câncer.

Page 176: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

161

Dos 1.785 óbitos de homens pretos 36,3% foram evitáveis e as principais foram as

circulatórias (48,3% e 115,1/100.000 homens pretos); respiratórias e mal definidas (13 e

32,7); infecções (8,5 e 20,2) e neoplasias (8 e 19,1).

A evitabilidade foi total em mal definidas; alta em geniturinárias (80%),

circulatórias (77,5); respiratórias (70,1) e nervosas (54,5) e embora a proporção de pretos

na população tenha sido 4,1%, ela foi 5,6% no total de mortes evitáveis; 7,3% nas

respiratórias; 8,1 nas circulatórias; 8,6 nas infecções e 9,7 nas endócrinas. Verifica-se que

a mortalidade evitável entre pretos é proporcionalmente maior que a esperada, refletindo

pior acesso e/ou qualidade da assistência prestada.

A mortalidade evitável dos pretos foi igual a das pretas no total; 70% maior nas

respiratórias; igual em infecções, endócrinas e mal definidas e menor em circulatórias;

nervosas e geniturinárias; câncer; digestivas e sangue.

A mortalidade evitável de pretos foi 70% maior que dos brancos. Menor no sangue

(20%), neoplasias e digestivas (30); e maior em geniturinárias (20%); mal definidas (40);

nervosas (60); respiratórias (90); circulatórias (2,1 vezes); infecciosas (2,3) e endócrinas (2,4).

Foram evitáveis 29,7% das mortes de homens pardos e as principais foram as

circulatórias (40,1% e 32,2/100.000); mal definidas (22,7 e 18,3); respiratórias (12,9 e

10,3); infecções (7,9 e 6,4) e neoplasias (6,7 e 5,4).

Sua evitabilidade foi 100% em mal definidas e alta nas geniturinárias (66,7%);

respiratórias (63,3); nervosas (64,3) e circulatórias (57,1). Pardos foram 11,9% da

população de adultos mas as mortes evitáveis apenas 5,5% do total.

Sua mortalidade evitável foi 20% maior que das mulheres pardas, 60% menor no

câncer e 70 nas externas e 20% maior em circulatórias, 40 em digestivas; 50 em

Page 177: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

162

respiratórias; 60 em nervosas; o dobro nas infecções e 2,7 vezes nas mal definidas.

A mortalidade evitável total dos homens pardos foi 40% menor do que a de

brancos e em todos os capítulos:

Dos 2.137 óbitos sem registro de cor de homens 37% eram evitáveis sendo

circulatórias (33,2%); mal definidas (26,2); neoplasias (13,5); respiratórias (12,4) e

infecções (6,6) as principais.

A evitabilidade foi total em mal definidas e alta em geniturinárias (81%);

respiratórias (79,7); circulatórias (57,2) e média em nervosas (42,4), câncer (23,5),

infecções (26,8) e sangue (22,2).

A proporção de homens sem registro de cor foi 0,3% na população e 6,9% das

mortes evitáveis, maior que de pretos, pardos ou amarelo/indígenas, impactando a em suas

mortalidades evitáveis. Sua mortalidade evitável foi igual à de mulheres sem registro de cor.

Gráficos 5.4.4.1-1 e 4.4.4.2-1 (pág 163) mostra a mortalidade geral e evitável de

homens por causa e cor; gráficos 5.4.4.1-2 e 4.4.4.2-2 (pág 164) mostram as diferenças

sexuais na mortalidade geral e evitável de adultos por cor e causa e gráficos 5.4.4.1-3 e

4.4.4.2-3 (pág 165) mostram as diferenças raciais na mortalidade geral e evitável por causa.

5.4.4.3. Mortalidade geral de mulheres por cor

Morreram 12.025 mulheres (207,9/100.000) e suas causas foram câncer (28,1 e

58,5); circulatórias (27,2 e 56,6); externas (10,6 e 21,9); respiratórias (7,2 e 14,9) e

infecções (6 e 12,4).

Page 178: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

163

Gráfico 5.4.4.1-1. Mortalidade geral de homens por causa e cor. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.4.4.2-1. Mortalidade evitável de homens por causa e cor. Região Sul, 2.000

0 ,1

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Page 179: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

164

Gráfico 5.4.4.1-2. Diferenças sexuais na mortalidade geral de homens por cor e causa. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.4.4.2-2. Diferenças sexuais na mortalidade evitável de homens por cor e causa.

Região Sul, 2.000

0 ,0 2 ,0 4 ,0 6 ,0 8 ,0 1 0 ,0 1 2 ,0

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Causas externas

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Respiratórias

Circulatórias

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Endócrinas

Sangue

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Infecções

Page 180: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

165

Gráfico 5.4.4.1-3. Diferenças raciais na mortalidade geral de homens por causa. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.4.4.2-3. Diferenças raciais na mortalidade evitável de homens por causa. . Região Sul, 2.000

0 ,1 1 ,0 1 0 ,0 1 0 0 ,0

P to

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Page 181: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

166

A proporção de mulheres brancas na população foi 84,7% mas sua proporção no

total de mortes femininas foi 79%.

Quadro 5.4.4.4.3-1. Mortalidade geral, diferenças sexuais e raciais por causas. Mulheres. Região Sul, 2.000

Brancas Pretas Pardas Ign. Cap. Causa (CID10 3C) TM RH TM RB RH TM RB RH %H TM RB RH

I Infecções 12,4 0,4 33,1 2,7 1,2 9,8 0,8 0,6 10,1 398,6 32,2 1,1II Neoplasias 58,5 0,8 60,0 1,0 1,0 26,6 0,5 1,1 8,8 1472,5 25,2 1,1III Sangue 1,2 1,0 4,3 3,7 1,6 0,1 0,1 0,2 18,6 73,2 63,2 1,7IV Endócrinas 10,3 0,8 24,9 2,4 1,4 6,3 0,6 1,1 9,1 288,8 28,2 1,0V Mentais 1,1 0,1 4,3 3,9 1,6 1,8 1,7 0,3 3,3 12,2 11,2 0,4VI Nervosas 3,8 0,6 5,5 1,4 1,1 2,7 0,7 0,7 7,0 77,3 20,4 0,8IX Circulatórias 56,6 0,6 131,0 2,3 1,5 40,3 0,7 0,7 8,4 1452,2 25,7 1,2X Respiratórias 14,9 0,6 24,6 1,6 0,9 10,6 0,7 0,7 7,6 333,6 22,4 1,0XI Digestivas 9,5 0,3 20,7 2,2 1,4 7,8 0,8 0,4 9,2 272,5 28,7 1,1XIII Osteomusculares 1,5 1,5 3,5 2,3 1,6 1,0 0,6 2,6 10,3 48,8 32,1 1,8XIV Geniturinárias 3,1 0,9 5,1 1,6 1,5 2,0 0,6 0,9 9,3 85,4 27,6 0,9XV Gravidez etc 2,7 0,0 7,0 2,6 0,0 2,4 0,9 0,0 5,9 48,8 18,1 0,0XVIII Mal definidas 9,4 0,4 13,6 1,5 1,0 6,7 0,7 0,4 13,0 382,4 40,7 0,9XX Causas externas 21,9 0,2 17,9 0,8 0,7 12,2 0,6 0,1 4,7 280,7 12,8 1,0 Total 207,9 0,4 356,2 1,7 1,2 130,7 0,6 0,5 8,5 5271,7 25,4 1,2

Faleceram 914 mulheres pretas (356,2/100.000). As causas mais importantes

foram as circulatórias (36,8% e 131/100.000 mulheres pretas); neoplasias (16,8 e 60);

infecções (9,3 e 33,1); endócrinas (7 e 24,9) e respiratórias (6,9 e 24,6).

A proporção de mortes de mulheres pretas (6%) no total de mortes foi maior que

na população (3,8%), e 7,2% em digestivas; 7,8 em osteomusculares; 7,9 em

circulatórias; 8,2 em endócrinas; 8,7 em infecciosas e 8,9 na gestação,parto e puerpério.

A mortalidade total das pretas foi 70% maior que a das brancas e menor somente

nas externas (20%); igual no câncer e maior nas nervosas (40); mal definidas (50);

respiratórias e geniturinárias (60); 2,2 vezes nas digestivas; 2,3 em circulatórias e

osteomusculares; 2,4 nas endócrinas; 2,6 na gestação, parto e puerpério; 2,7 nas infecções;

Page 182: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

167

3,7 vezes no sangue e 3,9 vezes nos transtornos mentais.

As 935 mortes de mulheres pardas somaram taxa de 130,7/100.000 e as principais

causas foram circulatórias (30,8% e 40,3/100.000 mulheres pardas); neoplasias (20,3 e

26,6); externas (9,3 e 12,2); respiratórias (8,1 e 10,5) e infecções (7,5 e 9,8).

A proporção de mulheres pardas na população foi 10,5% mas no total de mortes

apenas 6,1%, mas foi maior nos transtornos mentais (14,4%).

A mortalidade geral das pardas foi 40% menor que a das brancas e só foi maior

nos transtornos mentais (70%).

Houve 1.296 óbitos de mulheres sem registro de cor, 69,4% da soma de óbitos de

não brancas e 8,5% das mortes desta faixa etária, proporção menor que nas infantas e

meninas mas maior que nas adolescentes e nos homens (6,8%). A correta adscrição de cor

pode alterar muito as taxas de mortalidade de pretas, pardas e amarelas/indigenas.

As principais causas de morte sem registro de cor foram neoplasias e circulatórias

(27,5%); infecções (7,3); mal definidas (7,3) e respiratórias (6,3). Óbitos sem registro de

cor foram 18,6% dos do sangue, e nas mal definidas alcançaram 13%; osteomusculares

(10,3); infecções; (10,1); geniturinárias (9,3) ; digestivas (9,2); endócrinas (9,1); câncer

(8,8); circulatórias (8,4); respiratórias (7,6) e nervosas (7).

5.4.4.4. Mortalidade evitável de mulheres por cor

Das 15.217 mortes de mulheres 51,45% eram evitáveis e taxa de 114,4/ 100.000

mulheres. As principais causas evitáveis foram circulatórias (33,9% e 38,8/100.000

mulheres); câncer (29,7 e 33,9); respiratórias (10,6 e 12,1); mal definidas (10,6 e 12,1) e

infecciosas (4,4 e 5).

Page 183: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

168

Quadro 5.4.4.4-1. Evitabilidade, mortalidade evitável e diferenças raciais por causas. Mulheres. Região Sul, 2.000

Brancas Pretas Pardas Ignor. Cap. Causa

(CID10 3C) %E TME RH %E TME RB RH %E TME RB RH %E TME RB RHI Infecções 34,7 4,3 0,5 30,6 10,1 2,4 2,4 32,9 3,2 0,7 0,5 41,8 166,8 38,7 1,4II Neoplasias 57,2 33,4 1,2 57,8 34,7 1,0 1,5 54,2 14,4 0,4 2,7 51,4 756,6 22,6 1,2III Sangue 31,3 0,4 0,8 18,2 0,8 2,1 5,5 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 12,2 33,6 1,6IV Endócrinas 35,9 3,7 0,9 34,4 8,6 2,3 2,2 35,6 2,2 0,6 1,2 26,8 77,3 21,0 1,9V Mentais 4,8 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0VI Nervosas 37,0 1,4 0,5 50,0 2,7 1,9 2,4 52,6 1,4 1,0 0,6 100,0 16,3 11,6 0,5IX Circulatórias 61,5 34,8 0,6 62,5 81,8 2,4 2,6 69,4 28,0 0,8 0,9 61,3 890,8 25,6 1,1X Respiratórias 78,9 11,7 0,7 54,0 13,3 1,1 0,7 67,1 7,1 0,6 0,7 76,8 256,3 21,8 0,8XI Digestivas 17,8 1,7 0,6 11,3 2,3 1,4 2,8 12,5 1,0 0,6 0,7 16,4 44,7 26,4 1,1XIII Osteomusculares 9,1 0,1 0,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 4,1 29,4 0,0XIV Geniturinárias 72,6 2,2 1,0 69,2 3,5 1,6 1,9 78,6 1,5 0,7 1,0 100,0 61,0 27,1 0,8XV Gravidez etc 100,0 2,7 0,0 100,0 7,0 2,6 0,0 100,0 2,4 0,9 0,0 100,0 48,8 18,1 0,0XVIII Mal definidas 100,0 9,4 0,4 100,0 13,6 1,5 1,5 100,0 6,7 0,7 0,4 100,0 382,4 40,7 0,9XX Causas externas 1,2 0,3 0,6 0,0 0,0 0,0 0,0 3,4 0,4 1,6 3,3 1,4 4,1 15,7 1,4Total 51,3 106,6 0,7 50,2 178,9 1,7 1,7 52,5 68,6 0,6 0,9 52,2 2749,8 25,8 1,0

A mortalidade evitável total de mulheres foi 30% menor que dos homens mas 30%

maior em neoplasias e 60% em malformações mas sua evitabilidade foi maior, 51,4%

contra 36,6 dos homens.

Das 12.025 mortes de mulheres brancas 51,3% eram evitáveis com taxa de 106,6/

100.000 mulheres brancas e as principais causas foram circulatórias (32,6% e 34,8);

câncer (31,4 e 33,4); respiratórias (11 e 11,7); mal definidas (8,8 e 9,4) e infecciosas (4 e 4,3).

A proporção de mortes evitáveis de mulheres brancas (78,2%) foi menor que na

população (83%) mas concentraram o total das evitáveis por transtornos mentais e 88,9%

das osteomusculares. Nas demais a proporção foi menor que na população apontando

melhor acessibilidade/resolutividade dos serviços de saúde para mulheres brancas.

A evitabilidade foi total nas mortes por doenças da gestação, parto e puerpério e

Page 184: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

169

mal definidas, alta nas respiratórias (78,9%); geniturinárias (72,6); circulatórias (61,5) e

neoplasias (57,2).

A mortalidade evitável de mulheres brancas foi 30% menor que dos brancos,

maior nas neoplasias (20%) e igual nas geniturinárias.

Das 914 mortes de mulheres pretas 50,2% eram evitáveis com mortalidade de

178,9/100.000 mulheres pretas. As causas principais foram circulatórias (45,8% e 81,8/

100.000); câncer (19,8 e 34,7); mal definidas (7,6 e 13,6); respiratórias (7,4 e 13,3) e

infecciosas (5,7 e 10,1).

A evitabilidade das mortes de mulheres pretas (50,2%) foi pouco menor que de

brancas (51,3%); foi total nas mortes maternas e mal definidas; alta nas geniturinárias

(69,2%); circulatórias (62,5%); neoplasias (57,8%) respiratórias (54%) e nervosas (50%).

A proporção de mulheres pretas nas mortes evitáveis (5,9%) foi maior que na

população (3,8%), 4,1% nas respiratórias; 4,8% nas mal definidas; 4,9% nas digestivas;

5,5% nas geniturinárias; 6,9% nas nervosas ; 7,6% nas infecciosas; 7,7% nas do sangue;

7,9% nas circulatórias; 8,1% nas endócrinas e 8,0% nas maternas. Depreende-se dos

dados que doenças de mulheres pretas têm acessibilidade e/ou resolutividade menor nos

serviços de saúde.

A mortalidade evitável das pretas foi 70% maior que dos pretos e também 70%

maior que o das brancas. Foi igual em neoplasias e 10% maior em respiratórias; 40 nas

digestivas; 50 em mal definidas; 60 nas geniturinárias; 90 nas nervosas; 2,1 vezes no

sangue; 2,3 em endócrinas; 2,4 vezes em infecções e circulatórias e 2,6 vezes nas maternas.

Das 935 mortes de mulheres pardas 52,5% eram evitáveis com taxa de 68,6/

100.000 mulheres pardas. As principais causas foram as circulatórias (40,7 e 28); câncer

Page 185: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

170

(21 e 14,4); respiratórias (10,4 e 7,1); mal definidas (9,8 e 6,7) e infecções (4,7 e 3,2).

Apesar da proporção de pardas ter sido 10,5% na população ela foi 6,3 na

mortalidade evitável mas foi maior nas causas externas (15,8%), refletindo uma possível

melhor certificação de cor pelos legistas.

A evitabilidade das mortes de mulheres pardas foi alta nas nervosas (52,6);

neoplasias (54,2); respiratórias (67,1); circulatórias (69,4) e geniturinárias (78,6) e total

nas maternas e sua mortalidade evitável foi 10% menor que dos homens mas 20% maior

nas endócrinas; 2,7 vezes nas neoplasias e 3,3 vezes nas externas.

A mortalidade evitável total das pardas foi 40% menor que a das brancas variando

por capítulo e foi 60% maior nas causas externas.

Dos 1.296 óbitos sem registro de cor de mulheres 52,2% eram evitáveis e as

principais causas evitáveis foram circulatórias (32,4%); neoplasias (27,5), mal definidas

(13,9); respiratórias (9,3) e infecciosas (6,1).

A evitabilidade foi alta no câncer (51,4%); circulatórias (61,3) e respiratórias

(76,8). Embora a proporção de mulheres com cor ignorada na população tivesse sido 0,4%

ela somou 8,6% do total de mortes. Não havia registro de cor em 5,3% das mortes

evitáveis por externas; 5,9 das maternas; 7 das endócrinas; 7,6 das respiratórias; 8 das

neoplasias; 8,3 das circulatórias; 9 das digestivas; 11,1 das osteomusculares; 11,5 das do

sangue; 12,1 das infecções e 13 das mal definidas.

Embora menor que o subregistro de cor de infantas e meninas o subregistro de cor

nos óbitos de mulheres foi menor que o de adolescentes.

A mortalidade evitável sem registro de cor das mulheres foi igual a dos homens.

Os gráficos 5.4.4.3-1 e 4.4.4.4-1 (pág 171) mostram a mortalidade geral e evitável

Page 186: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

171

de mulheres por causa e cor e os gráficos 5.4.4.3-2 e 4.4.4.4-2 (pág 172) mostram as

diferenças raciais na mortalidade geral e evitável por causa.

5.4.4.5. Principais causas detalhadas de morte de adultos

Adultos formam o maior contingente populacional tanto de homens quanto de

mulheres e para todas as cores, o mesmo acontecendo para as mortes. Assim cada grupo

de cor produziu número de mortes adequado para análise de causas embora a instabilidade

e flutuação permaneça para as causas detalhadas com pequeno número de óbitos.

5.4.4.5.1. Adultos brancos

O quadro 5.4.4.5.1-1 mostra as 20 principais causas de morte de homens e

mulheres das quais serão brevemente discutidas as 10 primeiras.

O perfil de mortalidade é bem distinto entre homens e mulheres brancos.

Nos homens das 10 primeiras causas de morte 4 foram de externas enquanto nas

mulheres não houve causas externas entre as 10 primeiras. A 11ª causa de morte das

mulheres foram os suicídios seguidos pelos homicídios em 12ª posição, por outro lado nas

mulheres chamou a atenção a presença de câncer de mama., útero e pulmão nas 10

primeiras posições além das doenças circulatórias.

A primeira causa de morte de homens brancos, responsável por 9,7% das mortes,

foram doenças isquêmicas do coração. Metade das mortes isquêmicas do coração de

pessoas de zero a 74 anos é considerada evitável (Nolte & McKee, 2003) eliminando o

cigarro, controle da hipertensão, exercícios, alimentação saudável, redução de peso e estresse.

Page 187: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

172

Gráfico 5.4.4.3-1. Mortalidade geral de mulheres por causa e cor. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.4.4.4-1. Mortalidade evitável de mulheres por causa e cor. Região Sul, 2.000

0,1

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Nervosa

s

Digesti

vas

Osteom

uscula

res

Gravide

z etc

Mal de

finida

s

Causas

exter

nas

B c a P ta P d a Ig

Page 188: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

173

Gráfico 5.4.4.3-2. Diferenças raciais na mortalidade geral de mulheres por causa. Região Sul, 2.000

Gráfico 5.4.4.4-2. Diferenças raciais na mortalidade evitável de mulheres por causa.

Região Sul, 2.000

0 ,1 1 ,0 1 0 ,0 1 0 0 ,0

P ta

P d a

Ig

C a u s a s e x te rn a s

M a l d e fin id a s

G ra v id e z e tc

G e n itu rin á ria s

O s te o m u s c u la re s

D ig e s tiv a s

R e s p ira tó ria s

C irc u la tó ria s

N e rv o s a s

E n d ó c rin a s

S a n g u e

N e o p la s ia

In fe c ç õ e s

0,1 1 ,0 10 ,0 100,0

P ta

P da

Ign

C ausas externas

M al definidas

G ravidez e tc

G eniturinárias

O steom usculares

D igestivas

R espira tórias

C irculatórias

N ervosas

M enta is

Endócrinas

Sangue

N eoplasia

Infecções

Page 189: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

174

A mortalidade masculina por essa causa foi 2,4 vezes maior que a das mulheres

para quem essa foi a segunda causa de morte

Quadro 5.4.4.5.1-1. Principais causas de morte de homens brancos. Região Sul, 2.000 Homens Mulheres

Posto Causa (CID10 3C) No %V TM Posto Causa (CID10 3C) No % V TM

1 Isquemias do coração (I20-I25)

2453 9,7 44,8 1 Cerebrovasculares (I60-I69)

1109 9,2 19,2

2 Homicídios (X85-Y09)

2182 8,6 39,8 2 Isquemias do coração (I20-I25)

1073 8,9 18,6

3 Cerebrovasculares (I60-I69)

1383 5,5 25,2 3 Câncer da mama (C50)

707 5,9 12,2

4 Acid veículo motor (V89)

1145 4,5 20,9 4 Câncer do útero (C53-C55)

523 4,3 9,0

5 Suicídio (X60-X84)

1038 4,1 18,9 5 Diabetes mellitus (E10-E14)

463 3,8 8,0

6 Doenças p/HIV (B20-B24)

1012 4,0 18,5 6 Crônicas VA infer (J40-J47)

425 3,5 7,3

7 Ocupante veículo (V40-V89)

819 3,2 14,9 7 Doenças p/HIV (B20-B24)

358 3,0 6,2

8 Doença alcoólica fígado (K70)

749 3,0 13,7 8 Morte s/assist (R98)

310 2,6 5,4

9 Câncer de pulmão (C34)

669 2,6 12,2 9 Câncer pulmão (C34)

273 2,3 4,7

10 Morte s/assist (R98)

647 2,6 11,8 10 Doenças hipertensi-vas (I10-I15)

250 2,1 4,3

11 Fibrose / cirrose hepáticas (K74)

600 2,4 10,9 11 Suicídio (X60-X84)

235 1,9 4,1

12 Pedestre (V01-V99)

543 2,1 9,9 12 Homicídios (X85-Y09)

225 1,9 3,9

13 Crônicas VA infer (J40-J47)

540 2,1 9,9 13 Pneumonias (J10-J22)

222 1,8 3,8

14 Intenção ignorada (Y10-Y35)

476 1,9 8,7 14 Insuf cardíaca (I50)

221 1,8 3,8

15 Pneumonias (J10-J22)

453 1,8 8,3 15 Acidente veículo motor (V89)

198 1,6 3,4

16 Diabetes mellitus (E10-E14)

409 1,6 7,5 16 Ocupante veículo (V40-V89)

173 1,4 3,0

17 Transt mentais p/ alcool (F10)

398 1,6 7,3 17 Câncer de estômago (C16)

157 1,3 2,7

18 Câncer de esôfago (C15)

396 1,6 7,2 18 Câncer do cólon (C18)

157 1,3 2,7

19 Afogamento (W66-W74)

375 1,5 6,8 19 Câncer do encéfalo (C71)

151 1,3 2,6

20 Outras mal definidas (R99)

369 1,5 6,7 20 Pedestre (V01-V99)

145 1,2 2,5

Sub total 16.656 65,7 303,9 Subtotal 7375 61,3 127,5Total 25.348 100,0 462,4 Total 12.025 100,0 207,9

Page 190: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

175

Nas mulheres brancas a primeira causa, com taxa de 19,2/100.000, foram as

doenças cerebrovasculares, consideradas evitáveis de 0 a 74 anos pelo controle da

hipertensão; diagnóstico precoce e tratamento efetivo. Essa causa ocupou a terceira

posição entre homens para quem a mortalidade foi 30% maior que para mulheres.

O segundo posto nos homens foram homicídios, cuja mortalidade (39,8/100.000)

foi 10,2 vezes maior que para mulheres e 2,2 vezes maior que nos adolescentes brancos.

Nas mulheres essa causa ocupou a 12ª posição. Embora não classificada como evitável

por Rutstein, diversos países reduziram essa mortalidade através de medidas como

política de tolerância zero, desarmamento, limitação do horário de venda de bebidas

alcoólicas, vigilância comunitária, ação policial imediata para desordens e política

agressiva contra o crime organizado. Em um país que é o penúltimo colocado no ranking

internacional de sociedades igualitárias e com alta prevalência, por padrões mundiais, de

corrupção e impunidade, essas questões devem ser incluídas entre as políticas de redução

de violência.

Câncer de mama foi a 3ª causa de morte das mulheres com taxa de 12,2/100.000.

O câncer de mama é considerado evitável quando diagnosticado e tratado precocemente.

A doença vem crescendo em mulheres mais jovens e preconiza-se sua inclusão em

programas de rastreamento por mamografia. A tamização é inútil sem um sistema de

referência organizado para tratamento cirúrgico, radioterápico e/ou quimioterápico e

posterior seguimento.

Acidentes de trânsito ocuparam o 4º lugar entre homens e o 15º entre mulheres. A

taxa masculina foi 6,1 vezes maior que a de mulheres. A associação de ingestão de álcool,

condução perigosa e acidentes de trânsito é grande mas ainda são tímidas as iniciativas

Page 191: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

176

visando hábitos saudáveis e responsáveis de beber. Por outro lado a punição penal nos

acidentes de trânsito são leves e a fiscalização praticamente inexistente. De qualquer

modo, apesar de não constar das causas evitáveis uma vez que as iniciativas capazes de

reduzir sua mortalidade encontram-se no campo legal, extrapolando o setor saúde, houve

drástica redução de sua magnitude em diversos países. Altas taxas de acidentes de trânsito

são atualmente características de países em desenvolvimento.

Entre mulheres o 4º posto foi preenchido pelo câncer de útero com taxa de

9/100.000 mulheres. É surpreendente tal proeminência de uma causa cuja evitabilidade é

conhecida há muito tempo em estados com o grau de desenvolvimento dos estados do Sul.

A coexistência de altas taxas de mortalidade de câncer de mama e de útero depõe contra

noção evolucionista do padrão de mortalidade expressa pelo termo transição.

Causa consternação descobrir que a 5ª causa de morte de homens no Sul sejam os

suicídios, por ser um indício de como a sociedade pode ser inóspita para seus membros. A

mortalidade nos homens foi 4,6 vezes maior que nas mulheres, para quem foi a 11ª causa.

Diversos países escandinavos e europeus consideram os transtornos mentais, em especial

a depressão, o alcoolismo e os suicídios causas evitáveis vulneráveis às ações de apoio e à

políticas de inclusão social, capazes de restabelecerem a auto estima e adaptação social.

Nas mulheres morte por diabetes ocupou o 5º posto com mortalidade praticamente

igual a de homens, nos quais ocupa o 16º. Essa morte é considerada evitável até os 49

anos, certamente uma estimativa conservadora frente a ampliação do elenco de medidas

de controle do diabetes no plano nutricional e no dos efeitos de exercícios físicos.

Doenças pelo HIV foram a 6ª causa de morte de homens com taxa de 18,5/

100.000, 3 vezes maior que nas mulheres nas quais ocupa o 7º posto. Há uma sobeja

Page 192: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

177

literatura sobre estratégias de prevenção, tratamento e políticas de redução de danos

associadas à aids com resultados expressivos na redução de sua epidemia.

A 6ª causa nas mulheres foram as doenças crônicas das vias aéreas inferiores, que

ocuparam o 13º lugar nos homens e cuja mortalidade é 40% maior que nas mulheres. Esse

grupo é constituído pelas bronquites, enfisemas e asma, doenças com grande potencial

evitável, dos quais o fumo ativo e passivo, a poluição, o tratamento precoce das infecções,

exercícios respiratórios e intervenções no ambiente doméstico tem papel importante.

Morte de ocupante de veículo ficou no 7º lugar e é uma das faces dos acidentes de

trânsito vulneráveis a políticas de redução de acidentes. A taxa dos homens foi 5 vezes

maior que de mulheres. Nas mulheres esse posto é ocupado pela aids e tem potencial de

expansão dada a maior vulnerabilidade biológica, social e programáticas das mulheres.

Outra face da violência estrutural da sociedade nos homens se manifesta pela

grande prevalência do alcoolismo, do qual a doença alcoólica do fígado é uma expressão

terminal que ocupou o 8º lugar nos homens. Esse tipo de reação masculina, junto com

atitudes agressivas, faz parte do elenco de comportamentos aceitos pelo modelo

hegemônico de masculinidade para lidar com frustrações e depressão. Fatores genéticos

contribuem para o quadro mas o peso das estruturas e relações sociais competitivas e

ausência de laços de solidariedade exercem papel preponderante. Para homens a

mortalidade por essa causa foi 9,8 vezes maior que para mulheres.

Morte sem assistência foi a 8ª causa de morte de mulheres e a 10ª para os homens,

para quem a mortalidade foi 2,1 vezes maior que para as primeiras. Essa é uma causa que

revela os problemas e carências organizacionais do SUS, especialmente se analisada para

o conjunto das mortes da população. Esta é uma causa evitável e reflete a incapacidade

Page 193: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

178

dos serviços de garantir o acesso da população.

O nono posto – câncer de pulmão – coincide nos dois sexos embora a mortalidade

masculina tivesse sido 3,3 vezes maior. Tabagismo foi a principal causa dessa doença e

expressa outra estratégia das pessoas para lidar com a ansiedade.

A 10ª causa nos homens foram mortes sem assistência mencionadas acima e em

mulheres doenças hipertensivas cujas mortes são consideradas evitáveis até os 74 anos.

Como se depreende do exposto, a maioria das principais causas de morte de

homens e mulheres poderiam e deveriam ter sido adiadas pela intervenção oportuna e

resolutiva de serviços de saúde ou implantação e/ou efetivação de políticas públicas de

redução da violência.

5.4.4.5.2. Adultos pretos

O quadro D-4.5.2.1 mostra as principais causas de morte em adultos pretos.

Nos homens pretos a primeira causa de morte foram os homicídios, com taxa 70%

maior que a de brancos. O preconceito racial tem-se concretizado em ações

discriminatórios contra pretos. Nos primeiros meses de 2.005 dois fatos chegaram às

manchetes de jornais de São Paulo – num a vítima de um assalto, um dentista preto, foi

tomado pela polícia como o assaltante, baleado e morto. No outro, o genro preto de um

homem rendido na porta de casa por assaltante e que fora socorrer a vítima, foi tomado

pela polícia como bandido e apesar dos protestos do sogro baleado e morto.

A mortalidade masculina por homicídios foi 14,4 vezes maior que a de mulheres

pretas, causa que nelas ocupou a 17ª posição.

Page 194: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

179

Quadro 5.4.4.5.2-1. Principais causas detalhadas de morte por sexo. Adultos pretos. Região Sul, 2.000

Homens Mulheres Posto Causa (CID10 3C) No %V TM Posto Causa (CID10 3C) No % V TM

1 Homicídios (X85-Y09)

184 10,3 67,6 1 Cerebrovasculares (I60-I69)

118 12,9 46,0

2 Isquemias coração (I20-I25)

138 7,7 50,7 2 Isquemias do coração (I20-I25)

85 9,3 33,1

3 Cerebrovasculares (I60-I69)

131 7,3 48,2 3 Doença por HIV (B20-B24)

55 6,0 21,4

4 Doença por HIV (B20-B24)

115 6,4 42,3 4 Diabetes mellitus (E10-E14)

53 5,8 20,7

5 Doenc alcoólica fígado (K70)

65 3,6 23,9 5 Doenças hipertensivas (I10-I15)

40 4,4 15,6

6 Pedestre (V01-V99) 58 3,2 21,3 6 Insuf cardíaca (I50) 34 3,7 13,3

7 Suicídio (X60-X84) 57 3,2 21,0 7 Câncer da mama (C50)

25 2,7 9,7

8 Câncer do esôfago (C15)

51 2,9 18,7 8 Câncer do útero (C53-C55)

25 2,7 9,7

9 Transt mentais álcool (F10)

51 2,9 18,7 9 Pneumonias (J10-J22) 21 2,3 8,2

10 Morte s/assist (R98) 49 2,7 18,0 10 Morte s/assist (R98) 18 2,0 7,0

11 Fibrose / cirrose hepáticas (K74)

48 2,7 17,6 11 Cardiomiopatias (I42) 18 2,0 7,0

12 Crônicas VA infer (J40-J47)

46 2,6 16,9 12 Crônicas VA infer (J40-J47)

17 1,9 6,6

13 Pneumonias (J10-J22) 43 2,4 15,8 13 Doenc alcoólica fígado (K70)

17 1,9 6,6

14 Acid veic motor (V89) 42 2,4 15,4 14 Tuberculose (A15-A19)

15 1,6 5,8

15 Doenças hipertensivas (I10-I15)

40 2,2 14,7 15 Câncer pulmão (C34) 16 1,8 6,2

16 Tuberculose (A15-A19)

38 2,1 14,0 16 Edema pulmonar (J81)

14 1,5 5,5

17 Diabetes mellitus (E10-E14)

33 1,8 12,1 17 Homicídios (X85-Y09)

12 1,3 4,7

18 Insuf cardíaca (I50) 32 1,8 11,8 18 Câncer esôfago (C15) 11 1,2 4,3

19 Câncer do pulmão (C34)

31 1,7 11,4 19 Transt mentais álcool (F10)

10 1,1 3,9

20 Cardiomiopatias (I42) 29 1,6 10,7 20 Pedestre (V01-V99) 10 1,1 3,9

21 Intenção ignorada (Y10-Y35)

29 1,6 10,7

Sub total 1310 73,3 481,6 Subtotal 614 67,2 239,3Total 1786 100,0 656,6 Total 914 100,0 356,2

Nas mulheres pretas doenças cerebrovasculares ocuparam o primeiro posto, como

em brancas, mas com taxa de mortalidade 2,4 vezes superior à delas, causa que ficou em

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180

3º nos homens, com mortalidade praticamente igual a das mulheres, mas 90% maior que

em brancos. Questões como acesso e acessibilidade a serviços de saúde, adesão ao

tratamento anti-hipertensivo e manutenção de alto nível de estresse pela contínua

discriminação contribuem para tornar pretos mais vulneráveis a essa causa de morte.

A segunda causa de morte coincidiu nos dois sexos – doenças isquêmicas do

coração. A taxa dos homens pretos foi 10% maior que a de brancos e 50% maior que das

mulheres pretas. A mortalidade delas foi 80% maior que das brancas.

Nas mulheres pretas a 3ª causa de morte foi a aids, com taxa 3,4 vezes maior que

nas brancas, causa que foi a 4ª nos homens pretos e cuja mortalidade foi o dobro da das

mulheres pretas e 2,3 vezes maior que de homens brancos.

A 4ª causa em mulheres pretas foi diabetes com mortalidade 2,6 vezes maior que

nas brancas e 11,5 vezes maior que a de homens pretos, em quem foi o 17º posto. A

mortalidade dos homens pretos por diabetes foi um quarto da dos brancos.

Doença alcoólica do fígado foi a 5ª causa de morte de pretos, com taxa 70% maior

que de brancos e 3,6 vezes maior que nas mulheres pretas, para quem ocupou a 13ª

posição. O comprometimento hepático pelo álcool depende de uma série de fatores entre

as quais o comprometimento funcional hepático por hepatites de diversas etiologias entre

as quais a desnutrição.

Em mulheres as doenças hipertensivas ocuparam a 5ª posição e sua mortalidade foi

3,6 vezes maior que das brancas e praticamente igual a dos homens pretos para quem essa

causa ocupou o 15º posto.

Atropelamentos foram a 6ª causa de morte em pretos com taxa 2,1 vezes maior que

a de homens brancos e 5,5 vezes que a de mulheres. Deve-se ter em mente a associação

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181

entre embriagues e atropelamento em adultos

Nas pretas essa posição foi ocupada pela insuficiência cardíaca, cuja mortalidade

foi 3,5 vezes maior que a das brancas e 10% maior que a dos pretos. Essa causa ocupou a

18ª posição nos homens e sua mortalidade foi 3,5 vezes maior que a de brancos. Atentar

que esta é uma entidade clínica mal definida, fase terminal de inúmeras doenças cardíacas

como hipertensão, doença reumática, doença isquêmica do coração, transtornos

valvulares, miocardites e outras. Para avaliação da adequação do tratamento dispensado é

crucial o conhecimento da causa básica. Um diagnóstico como esse no atestado de óbito

aponta para a baixa capacidade diagnóstica do serviço de saúde.

Suicídios foram a 7ª causa de morte de homens pretos no sul, com mortalidade

10% maior que nos brancos e 6,8 vezes maior que nas mulheres. A depressão tem peso

importante na causação dos suicídios; situações de acuamento, impotência e falta de luz

perspectivas como no desemprego, subemprego contribuem para a depressão.

Nas mulheres pretas este posto foi ocupado pelo câncer de mama cuja mortalidade

foi 20% menor que nas brancas.

Câncer de esôfago ocupou a 8ª posição entre homens pretos e sua mortalidade foi

2,6 vezes maior que dos homens brancos e 4,3 vezes que das mulheres pretas para as

quais foi a 18ª causa de morte. Ingestão de álcool é a principal causa de câncer de esôfago

e portanto muito associado as injunções sociais que levam ao alcoolismo.

Em mulheres pretas o 8º posto foi do câncer de útero com mortalidade

praticamente igual a das brancas. Causa evitável pela ação de serviços de saúde.

O 9º posto foi ocupado nos homens pretos por transtornos mentais pelo álcool com

mortalidade 2,6 vezes maior que a de homens brancos e 4,8 vezes maior que para

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182

mulheres pretas. A depressão e baixa estima insidiosamente inculcadas pelo racismo e

discriminação econômica, associada às estratégias de solução permitidas pelo modelo

hegemônico de masculinidade conduzem à busca da felicidade rápida e barata no álcool e

suas conseqüências. Quadro de simples solução teórica e complexa resolução prática.

Pneumonias foram a nona causa de morte nas mulheres pretas com mortalidade 2,2

vezes maior que nas brancas e metade da mortalidade dos homens pretos. Proporção

importante dessas mortes podem estar associadas a alcoolismo crônico. Outra causa

evitável pela oportuna intervenção dos serviços de saúde e acesso à terapia.

A 10ª causa de morte coincidiu em homens e mulheres pretos - mortes sem

assistência, com mortalidade 53% maior nos homens pretos que nos brancos e 30% maior

nas mulheres pretas que nas brancas.

5.4.4.5.3. Adultos pardos

O quadro 5.4.4.5.3-1 mostra as principais causas detalhadas de morte de homens e

mulheres pardas. A primeira causa de morte dos homens pardos foram homicídios, com

taxa igual a dos brancos e 12,5 vezes maior que de mulheres pardas. Para elas a primeira

causa foram doenças cerebrovasculares cuja taxa de mortalidade foi 27% menor que o das

brancas e praticamente igual a dos homens pardos.

Doenças isquêmicas do coração ocuparam o segundo lugar nos adultos pardos. A

mortalidade dos pardos foi pouco mais da metade da dos brancos e 81% maior que a das

mulheres. A taxa das mulheres pardas foi 31,7% menor que das brancas.

A quarta causa de morte em homens pardos foi suicídio cuja taxa de mortalidade

foi 48,3% menor que a dos brancos e 5,6 vezes maior que o das mulheres pardas. Nas

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183

mulheres esse posto foi ocupado pelas doenças hipertensivas com taxa 21% maior que nas

brancas e 40% maior que nos homens pardos, para os quais foi o 19º lugar.

Quadro 5.4.4.5.3-1. Principais causas detalhadas de morte de adultos pardos. Região Sul, 2.000

Homens Mulheres Posto Causa (CID10 3C) No %V TM Posto Causa (CID10 3C) No % V TM

1 Homicídios (X85-Y09) 307 14,5 39,2 1 Cerebrovasculares (I60-I69)

103 11,0 14,4

2 Isquemias coração (I20-I25)

181 8,5 23,1 2 Isquemias coração (I20-I25)

91 9,7 12,7

3 Cerebrovasculares (I60-I69)

123 5,8 15,7 3 Diabetes mellitus (E10-E14)

37 4,0 5,2

4 Suicídio (X60-X84) 85 4,0 10,8 4 Doenças hipertensivas (I10-I15)

37 4,0 5,2

5 Morte s/assist (R98) 71 3,4 9,1 5 Doença por HIV (B20-B24)

35 3,7 4,9

6 Acid veic motor (V89) 68 3,2 8,7 6 Crônicas VA infer (J40-J47)

33 3,5 4,6

7 Pedestre (V01-V99) 67 3,2 8,6 7 Câncer mama (C50) 30 3,2 4,2

8 Doença por HIV (B20-B24)

61 2,9 7,8 8 Câncer útero (C53-C55) 30 3,2 4,2

9 Doenc alcoólica fígado (K70)

61 2,9 7,8 9 Morte s/assist (R98) 30 3,2 4,2

10 Causas mal definidas (R99)

52 2,5 6,6 10 Insuf cardíaca (I50) 23 2,5 3,2

11 Intenção ignorada (Y10-Y35)

48 2,3 6,1 11 Homicídios (X85-Y09) 23 2,5 3,2

12 Crônicas VA infer (J40-J47)

47 2,2 6,0 12 Pneumonias (J10-J22) 22 2,4 3,1

13 Transt mentais álcool (F10)

46 2,2 5,9 13 Câncer pulmão (C34) 19 2,0 2,7

14 Fibrose / cirrose hepáticas (K74)

45 2,1 5,7 14 Doenc alcoólica fígado (K70)

19 2,0 2,7

15 Ocupante de veículo (V40-V79)

45 2,1 5,7 15 Fibrose / cirrose hepáticas (K74)

14 1,5 2,0

16 Insuf cardíaca (I50) 44 2,1 5,6 16 Tuberculose (A15-A19) 13 1,4 1,817 Afogamenro (W66-W74) 42 2,0 5,4 17 Suicídio (X60-X84) 13 1,4 1,8

18 Pneumonias (J10-J22) 35 1,7 4,5 18 Insuficiência renal (N17-N19)

11 1,2 1,5

19 Doenças hipertensivas (I10-I15)

31 1,5 4,0 19 Acid veic motor (V89) 111 1,2 1,5

20 Diabetes mellitus (E10-E14)

28 1,3 3,6 20 Causas mal definidas (R99)

10 1,1 1,4

21 Tuberculose (A15-A19) 28 1,3 3,6 Sub total 1515 71,6 193,4 Subtotal 614 65,7 85,8

Total 2117 100,0 270,2 Total 935 100,0 130,7

Page 199: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

184

A 3ª causa de morte nos homens pardos foram as doenças cerebrovasculares, cuja

taxa foi 37,7 menor que a dos brancos e como já mencionada quase igual ao das mulheres

pardas. Para elas o diabetes ocupou o 3º lugar, com taxa 35% menor que das mulheres

brancas e 72,2% menor da dos homens pardos, para a qual ocupou o 20º posto.

O 5º posto foi ocupado por mortes sem assistência, com mortalidade 22,8% menor

que a de brancos e 2,1 vezes maior que nas mulheres pardas, para quem ficou em 9º lugar.

Nas mulheres pardas essa posição foi ocupada pela aids, com mortalidade 21% menor que

de brancas e 37,2% menor que de homens pardos, para os quais ocupou a 8ª posição.

Acidentes de trânsito ficaram em 6º lugar nos homens com taxa 58,4% menor que

nos brancos e 5,8 vezes maior que nas mulheres, em quem essa causa ocupou o 19º lugar.

Para as mulheres pardas essa posição foi ocupada por doenças pulmonares crônicas cuja

taxa foi 37% menor que a das brancas.

Atropelamentos ficaram em 7º lugar nos homens pardos, com taxa 13% menor que

de brancos e 6,1 vezes maior que para mulheres pardas. Para as mulheres esse posto foi

ocupado pelo câncer de mama cuja mortalidade foi 65,5% menor que das brancas.

A 8ª causa de morte de homens pardos foi a aids com mortalidade 43% menor que

a dos brancos, e 2,1 vezes maior que as das mulheres pardas, para quem essa causa

ocupou a 5ª posição. Nas mulheres pardas o 8º lugar ficou com mortes por câncer de útero

com taxa de mortalidade 53,3 menor que de brancas.

Doença alcoólica do fígado ocupou a 9ª posição no ranking de morte dos homens

pardos, com taxa 43,1% menor que a de brancos e 2,9 vezes maior que a das mulheres

pardas, nas quais ocupou o 14º posto. Para mulheres essa posição foi ocupada por mortes

Page 200: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

185

sem assistência cuja mortalidade foi 22,2% menor que a das brancas.

A 10ª causa de morte nos pardos foram as mortes sem assistência e taxa 44%

menor que a de brancos e 57% maior que a das pardas. Para elas este posto foi preenchida

pela insuficiência cardíaca, cuja taxa de mortalidade foi 15,8% menor que a das brancas e

42,8 menor que dos homens pardos, para os quais essa causa ocupou o 16º lugar.

Este grau de desagregação das causas de morte reitera o achado anterior de a

mortalidade dos homens e mulheres pardos ser menor do que a dos brancos para todas as

principais causas. Esse resultado aumenta a suspeita da evasão de mortes de pardos para

brancos. Ou seja pessoas que se autodeclararam pardas foram classificadas como brancas

na certidão de óbito aumentando o numerador dos brancos e diminuindo a dos pardos com

conseqüente aumento da mortalidade de brancos e diminuição da de pardos.

Esse fenômeno é coerente com a ideologia do branqueamento da população

brasileira. A fluidez e subjetividade da adscrição de cor trabalham contra a estabilização

desse conceito dificultando a apreensão mais fidedigna do perfil de mortalidade dessa

parcela da população.

5.4.4.5.4. Óbitos de adultos sem registro de cor

O número de mortes sem registro de cor de homens (2.137) foi 19,7% maior que o

total de óbitos de pretos (1.785) e 0,9% maior que o de pardos (2.117). Para mulheres ele

(1.296) foi respectivamente 41,8% e 38,6% maior que o das pretas (935) e pardas (914).

Isto significa que o potencial de distorção da taxa de mortalidade nos adultos pela

presença de cor ignorada é grande para ambos os sexos e maior no feminino. O quadro

Page 201: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

186

5.4.4.5.4-1 apresenta as 10 principais causas de morte detalhada sem registro de cor, sem

o cálculo das mortalidades nem de sua relação com a de adultos brancos pela

inconsistência dos dados.

Como já ocorrera nas demais faixas etárias analisadas, há causas bem definidas

entre as principais causas de morte sem registro de cor como nas externas e neoplasias. Da

lista de 20 causas serão comentadas as 10 primeiras.

Quadro 5.4.4.5.4-1. Principais causas detalhadas de mortes sem registro de cor. Adultos. Região Sul, 2.000

Homens Mulheres Posto Causa (CID10 3C) No %V Posto Causa (CID10 3C) No % V

1 Isquemias coração (I20-I25) 172 8,0 1 Cerebrovasculares (I60-I69) 127 9,82 Cerebrovasculares (I60-I69) 145 6,8 2 Isquemias coração (I20-I25) 95 7,33 Morte s/assist (R98) 139 6,5 3 Câncer da mama (C50) 70 5,44 Doença por HIV (B20-B24) 125 5,8 4 Morte s/assist (R98) 62 4,85 Homicídios (X85-Y09) 78 3,6 5 Diabetes mellitus (E10-E14) 60 4,66 Doenc alcoólica fígado (K70) 70 3,3 6 Doença por HIV (B20-B24) 50 3,97 Fibrose / cirrose hepáticas (K74) 59 2,8 7 Câncer do útero (C53-C55) 46 3,58 Suicídio (X60-X84) 58 2,7 8 Crônicas VA infer (J40-J47) 37 2,99 Acid veículos motor (V89) 57 2,7 9 Câncer do pulmão (C34) 31 2,4

10 Câncer do pulmão (C34) 51 2,4 10 Pneumonias (J10-J22) 29 2,211 Crônicas VA infer (J40-J47) 51 2,4 11 Insuf cardiaca (I50) 27 2,112 Pneumonias (J10-J22) 45 2,1 12 Septicemias (A40-A41) 26 2,013 Causas mal definidas (R99) 44 2,1 13 Doenças hipertensivas (I10-I15) 26 2,014 Transt mentais álcool (F10) 44 2,1 14 Câncer do encefalo (C71) 20 1,515 Ocupante veículo (V40-V89) 42 2,0 15 Causas mal definidas (R99) 19 1,516 Diabetes mellitus (E10-E14) 39 1,8 16 Leucemias (C91-C95) 18 1,417 Câncer do esôfago (C15) 36 1,7 17 Cardiomiopatias (I42) 18 1,418 Intenção ignorada (Y10-Y35) 32 1,5 18 Reumáticas cardíacas (I00-I09) 16 1,219 Câncer do encéfalo (C71) 29 1,4 19 Ocupante veículo (V40-V89) 15 1,220 Pedestre (V01-V99) 27 1,3 20 Linfomas (C81-C90) 13 1,0

Sub total 1343 62,8 Subtotal 805 62,1Total 2.137 100,0 Total 1.296 100,0

O perfil das principais causas de morte sem registro de cor foram semelhantes ao

perfil geral de adultos sugerindo mais para um fenômeno aleatório que intencional.

A primeira causa de morte sem registro de homens foram as isquêmicas do

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187

coração seguido pelas cerebrovasculares. Mortes sem assistência ocuparam a 3ª posição e

a aids a 4ª. Homicídios, suicídios e acidentes de trânsito ocuparam respectivamente o 5º,

8ºe 9º lugares. No 6º as doenças alcoólicas do fígado e no 7º as fibroses/cirroses hepáticas,

geralmente seqüelas de hepatite. Em décimo o câncer de pulmão.

Entre as mulheres as principais causas de mortes sem registro de cor foram, em

primeiro lugar as doenças cerebrovasculares seguidas das isquemias do coração. Câncer

de mama ocupou o 3º posto e mortes sem assistência o 4º. No 5º lugar ficou o diabetes e

em 6º a aids. A 7ª e 9ª posições foram preenchidas respectivamente pelo câncer de útero e

de pulmão. No nono lugar as doenças pulmonares crônicas e no 10º as pneumonias.

Page 203: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

188

6 Conclusões

Teço alguns comentários apressados e exploratórios sobre os resultados das

agregações e desagregações de indicadores e relações produzidas pelo trabalho. Considero

este o início de uma série de explorações que carecem de aprofundamentos posteriores.

Neste sentido esta é uma obra inacabada, não só pela vastidão do tema como pela

premência temporal a que me vi submetida.

Posso agora, mais experiente, calcular e delimitar o trabalho face ao prazo que se

venha a estabelecer no futuro. As explorações prelimanares, as tabelas e graficos que

relevam e os que ocultam já foram percorridos. Resta relacioná-los com a produção

disponível no pais e fora.

Esta é uma tarefa não poderei fazer aqui a não ser incipientemente.

Logo no início da apresentação dos resultados os dados sobre a relação da

mortalidade de homens e mulheres no conjunto da população mostram que, se é verdade,

como muitos autores afirmam que a mortalidade masculina é maior que a feminina e no

caso da região Sul em 2.000 ela foi 40% maior no total, mostram também que a

composição dessa mortalidade por capítulos (Tabela A-1) é feita de relações maiores e

menores. Para algumas causas a mortalidade masculina geral foi maior, para outras ela

foi, menor concordando com os resultados de (Laurenti et al, 2.005) A mortalidade

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189

evitável também foi maior nos homens mas agora só 10% maior que para mulheres.

As sucessivas sucessivas desagregações por idade vão mostrando que as relações

são dinâmicas.

Em infantes o padrão de predominância da mortalidade masculina permanece ao

passo que nas crianças a evitabilidade das mortes das meninas foi 46,3% maior do que a

dos meninos.

A mortalidade de adolescentes é muito baixa e o perfil é interamente tomado pelas

causas externas.

Na mortalidade de adultos enquanto as taxas indicam mortalidade geral e evitável

maior nos homens há uma maior evitalidade das mortes femininas. Isto é, morrrem mais

homens do que mulheres mas as mulheres que morrem mais de mortes evitáveis.

De uma forma geral, neste grau de agregação a mortalidade geral e evitável é

maior para homens e a aplicação da mortalidade evitável apresenta utilidade marginal.

A coisa começa a mudar de figura quando se desagrega a população por cor.

Embora a mortalidade geral mostre uma sobremortalidade discreta nos homens pretos em

relação aos brancos (10%) a mortalidade evitável discrimina mais mostrando uma

sobremortalidade evitável para pretos de 60%. Nas mulheres a utilidade da mortalidade

evitável é pequena mostrando uma sobremortalidade de 30% quando a sobremortalidade

geral tinha sido 20%.

A faixa etária de infantes tem a maior proporção de óbitos sem registro de cor

praticamente o dobro da soma de óbitos de não brancos, tornando os dados oficiais muito

pouco propícios a se estudar diferenças raciais de mortalidade, tema muito bem trabalhado

em diversos trabalhos por Cunha, 1994, 2001.

Page 205: MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E SEXUAIS

190

A utilidade da mortalidade evitável como discriminador de diferenças e

eventualmente desigualdades

Nos infantes começa a aparecer alguma diferença na mortalidade entre pretos e

brancos somente no nível das causas detalhadas de morte. Por exemplo a mortalidade de

infantes pretos foi 40% maior nos transtornos do aparelho digestivo no feto cuja causa

predominante é a enterocolite necrotizante, uma causa evitável de morte. Nas infantas há

uma sobremortalidade de 90% nas diarréia e 50% nas infecções de vias aéreas inferiores.

É preciso ter em mente que esses sãos os valores mínimos dada a grande proporção de

óbitos sem registro de cor.

Nas crianças a utilidade da mortalidade evitável para captar diferenças raciais é

pequena provavelmente devida à ainda grande proporção de óbitos de cor ignorada. A

verdadeira diferença de mortalidade entre crianças brancas e pretas ocorre no nível da

causa detalhada de morte. Nos meninos a sobremortalidade de pretos foi evidente nas

infecções respiratórias 3,6 vezes, nas malformações do aparelho circulatório 2,2 e nos

afogamentos (todas evitáveis) e nas meninas a sobremortalidade foi evidente na aids (7,6

vezes) na meningite bacteriana, pneumonias e atropelamentos (6,1 vezes). Exceto pela

última causa que se encontra fora do ambito da saúde embora seja evitável, nas demais é

flagrante o racismo institucional por omissão ou comissão dos serviço de saúde. (Lopes,

2003)

Adolescentes são o grupo de menor proporção de óbitos evitáveis explicados pela

grande incidência de mortes por causas externas. Aí a mortalidade por capítulos já é

sensível para exibir a sobremortalidade dos adolescentes pretos – 3,7 vezes nas infecções,

2,7 vezes nas endócrinas , 2,2 nas doenças do sanhue, 80% mas malformaçõess e 40%

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191

nas causas externas. O mesmo ocorre com as moças pretas que apresentam uma

sobremortalidade de 20% em relação as brancas no total mas exibem sobremortalidades

de 2,5 vezes nas doencças infecciosas e circulatórias, 2,9 vezes nas osteomusculares e

90% nas respiratórias.

Também aqui as causas detalhadas de morte são mais sensíveis para captar as

diferenças raciais. Nos moços pretos a sobremortalidade por aids foi 16 vezes em relação

aos brancos, na epilepsia, 6,4 e nos homicídios 2,4 vezes. Nas moças pretas a

sobremortalidade por aids foi 4 vezes, a por atropelamento 2,0 vezes e a por doenças

cerebrovasculares 2,4 vezes. Excluíndo as causas externas cuja evitabilidade se encontra

fora do setor saúde as demais causas de morte são evitáveis pela ação de serviços de saúde

adequados e oportunos.

É provável que parte dos adolescentes que morreram por aids tenham sido

contaminados por transmissão vertical e certamente é o caso da maioria das crianças. Esse

é um fato duplamente inaceitável em um país que tem a fama internacional de modelo de

prevenção e controle da aids e de democracia racial, ainda mais ocorrendo na região mais

desenvolvida do país.

Nos adultos cada um dos indicadores estudados – mortalidade geral, mortalidade

evitável e causas detalhadas lança luz sobre aspectos distintos das diferenças raciais na

mortalidade.

Nos homens a mortalidade geral desvela as diferenças de mortalidade em capítulos

em que a evitabilidade é baixa como nos transtornos mentais com sobremortalidade de 2,4

vezes nos transtornos mentais, e,3 vezes nas doenças do sangue e 2,3 vezes nas infecções.

e 2,2 vezes. Já a mortalidade evitável revela as diferenças nos capítulos em que a

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192

evitabilidade é alta – endócrinas, com sobremortalidade 2,4 nos pretos, 2,1 vezes nas

doenças circulatórias; 90% nas doenças respiratórias vezes maior.

O mesmo ocorre nas mulheres pretas , nas quais a mortalidade geral mostra uma

sobremortalidade de 2,7 em relação às brancas nas doenças infecciosas, ; 3,7 vezes nas do

sangue, 3,9 vezes nas mentais, 2,6 nas mortes decorrentes de gestação, parto e puerpério

enquanto a mortalidade evitável destaca a sobremortalidade nas doenças infeciosas 2,4,

endócrinas 2,3; 2,1 nas do sangue, 2,5 nas circulatórias e 2,6 nas decorrentes da gestação,

parto e puerpério

Já as causas detalhadas são importantes nas causas ou grupos de causas mais

importantes, isto é com maior expressão numérica.

Assim elas mostram uma sobremortalidade para homens pretos dee 2,3 vezes para

aids, 2,6 no câncer de esôfago, 2,6 no alcoolismo, 2,1 nos atropelamentos. Nas mulheres

as causas detalhadas mostram uma sobremortalidade para as pretas em relação às brancas

de 2,4 vezes nas doenças cerebrovasculares, 3,4 vezes na aids, 2,6 do diabetes; 3,6 das

doenças hipertensivas; 3,5 vezes na insuficiência cardíaca e 2,2 vezes nas pneumonias.

Assim o uso da mortalidade como indicador de desigualdades depende de uma

maior cobertura do registro de cor nos atestados de óbito, para qualquer um dos

indicadores. Esta cobertura de adscrição de cor deve ser grande o suficiente para ser

menor que a proporção de mortes dos grupos minoritários.

A mortalidade geral mostra as diferenças na mortalidade que ocorrem nas causas

de baixa evitabilidade, pelo menos na atual definição enquanto a mortalidade evitável está

mais voltada para apreender as diferenças no acesso e qualidade dos serviços de saúde.

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193

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Anexo A Quadro 1. Índices de qualidade do cuidado de uso imediato

CID 10

Condição Doença Desnec

Incapac desnec

Morte desnec

Notas

Cólera Febre tifóide Salmoneloses Botulismo Tuberculose (todas) Silicotuberculose Peste Tularemia Antrax Febre da mordida de rato Difteria Coqueluche Amigdalite estreptocócica e escarlatina Tétano Poliomielite Varíola Sarampo Rubéola Febre amarela Psitacose Tifo por carrapato Tifo por pulga Febre maculosa Sífilis congênita Sífilis primária Complicações da sífilis Infecções gonocócicas Linfogranuloma venéro Triquiníase Ancilostomose Ascaridíase

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P – Ocupacional Inclusive tétano neonatal Incapacidade na prole

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Câncer de lábio Câncer da lingua (menos base), assoalho da boca e mucosa bucal Câncer da laringe Câncer da traquéia, bronquio e pulmão Câncer de pleura Câncer de pele Câncer de colo de útero Câncer de bexiga Retinoblastoma Neuroblastoma (< 1 ano ) Tumor de Wilms Câncer da tireóide Leucemia mielóide Bócio endêmico Tireotoxicose Cretinismo congênito Myxedema Avitaminoses e outras deficiências nutricionais Marasmo Gota Hipervitaminose A Hipervitaminose D Anemia ferropriva Anemia perniciosa Outras anemias por deficiência de vitamina B12 Anemia por deficiência de ácido fólico Anemia por deficiência de vitamina B6 Anemia aplástica Meningite bacteria –Haemophilus, pneumo, strepto e staphylococcus Glaucoma crônico Otite média ou mastoidite Febre reumática ativa Cor Pulmonale Infecções respiratórias, gripe, pneumonia e bronquite agudas Bronquite, emfisema ou doença pulmonar obstrutiva crônica

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Cachimbo e exposição ao sol Fumantes e mascadores de fumo de corda Charuto e cigarro Cigarro, exposição ocupacional Exposição a asbestos Exceto melanoma, radiação e sol Pigmentos e cigarro Genético – tamizagem e tratamento Diagnóstico e tratamento precoces Diagnóstico e tratamento precoces Radiação Radiação Deficiência de iodo Não associada a câncer ou malbsorção Bom indicador de saúde pública Exposição ao benzeno, cloranfenicol Diagnóstico precoce, tratamento imediato Evitar a recorrência Exposicão ocupacional e ambiental Morte < 50anos não associadosa defeitos imunológicos ou câncer Cigarros e outros riscos ambientais

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Asma Hipertrofia ou inflamação de amígdalas e adenóides Todas as pneumoconioses Apendicite Hernias enguinais ou abdominais Colecistite e colelitíase aguda e crônica (Continuação do Quadro A) Estreitamento uretral Doenças do útero e orgãos genitais Infecções da pele e subcutâneo Outros eczemas e dermatites Artrites piogênicas Cegueira por artrite reumatóide juvenil Osteomielite aguda e crônica Anomalias congênitas associadas a rubéola Incompatibilidade RH Sintomas e doenças maldefinidas Todas as mortes maternas, inclusive aborto Mortalidade infantil em geral Retardo mental induzido por desnutrição materna; rubéola materna; incompatibilidade Rh; doença Tay-Sachs Condições criadas pelo homem, inclusive ocupacionais como 1. agentes tóxicos (tetracloreto de carbono), carcinogênicos (cloreto

de vinila); mutagênicos (chumbo); teratogênicos (talidomida); pesticidas (inibidores da colinesterase); irritantes (dermatoses ocupacionais); sensibilizantes de contato (niquel); poluentes da água (bifenis policlorinados); poluentes do ar (dióxido de enxofre)

2. agentes físicos como radiação (médica, industrial e bélica); ruído (música pop) e vibrações – perfuratrizes e britadeiras

3. ambientes artificiais, espaçonaves; aviões; Unidades de terapia intensiva, prédios selados condicionados.

4. Acidentes 5. Riscos biológicos em laboratório, indústrias ou matas

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Morte por auto-inalação <50anos Taxas de amigdaletomias Taxas de apendicectomias Morte <65 anos Morte < 65 anos Tratar gonorréia Taxas de histeroctomia Exposição ocupacional e ambiental a agentes específicos P – Secundárias a infecções piogênicas Uveítes Catarata, persistência do duto arterioso, surdez e retardo mental Mau diagnóstico –indica má qualidade Educação dos pais e aconselhamento genético (ver Quadro 2)

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Quadro 2. Uso limitado do indicador de qualidade do cuidado

CID 10 Condição Doença

desnec Incapac desnec

Mortedesnec Notas

Desinteria bacilar Intoxicação alimentar Hepatite infecciosa Hepatite B Malária Câncer do intestino grosso, reto e junção reto-sigmóide Câncer de vagina Doença de Hodgkin Leucemia linfática aguda Diabetes mellitus com acidose ou coma Hemofilia Enurese Epilepsia generalizada Doenças hipertensivas Doenças cardio e cerebrosvasculares hipertensivas Cáries dentárias Úlceras pépticas Distúrbios menstruais Sintomas da menopausa Artrite reumatóide Cifose Anomalias congênitasdo coração e grandes vasos Retardo mental por Incompatibilidades sanguíneas que não Rh Paralisia cerebral; Septicemia perinatal; Toxoplasmose; Herpes simples Doenças metabólicas Fenilcetonúria, Aminoacidúria;

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Tratamento precoce infecção por falcipoarum Jovens – terapia com dietilestilbestroll Estágios iniciais em jovens Mortes específica e por hipoglicemia Excesso de complicações por hipertensão Fluoretação e redução ingestão de açúcar Mortes <55 anos Diagn óstico precoce e referência

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Intoxicação acidental medicamentos, inclusive anticoncepcionais Complicações e acidentes médicos e cirúrgicos Infecções hospitalares Doenças iatrogênicas (não elegíveis para o Quadro 1)

P P P

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Doenças iatrogênicas, merece estudo especial Doenças iatrogênicas, merece estudo especial

Quadro 3. Categorias que necessitam de melhor definição e estudos especiais

CID 10

Condição Doença desnec

Incapac desnec

Morte desnec

Notas

Problemas medico-sociais graves incluindo Alcoolismo Psicoses alcoólicas Cirrose alcoólica do fígado Dependência de drogas Maus tratos de infantes Suicídios Homicídios Transtornos mentais

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