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MORFODINÂMICA DA PRAIA DO ATALAIA – SALINÓPOLIS/PARÁ Aderson Manoel da Silva Gregório 1 , Amilcar Carvalho Mendes 1 & Débora Vieira Busman 2 1 Coord. Ciências da Terra e Ecologia, Programa de Estudos Costeiros, MPEG. ([email protected] ; [email protected] ) 2 Curso de Pós-Grad. Oc. Física, Química e Geológica, FURG ([email protected] ) Abstract: Three perpendicular to the shoreline profile in a macrotidal beach (Atalaia – Salinópolis/Pará - Brasil) they had been monitored, aiming to characterize the morphodynamic changes. The results show that the Atalaia beach is composed by fine quartzous sands, presents low gradient, waves with spilling breaker type, a wide and developed surf zone, beyond some parallel systems ride-and-runnel to the shoreline. Presented characteristics that had fit it in the dissipative model, dominated for waves. However the effect of the semidiurnal macrotides cannot be ignored. The morphology of the beach presented referring variations monthly the sedimentary rocking: in the extremities (east and west) it had negative, while that in the central sector were positive. Exactly with negative sedimentary rocking, visually the sector east does not present erosive characteristics, in contrast of the sector west. The morphodynamics variations of the Atalaia beach can inside only are a recurrence of a bigger cycle. With the monitoring most effective (bigger number of profiles) it will be possible to the identification and detailed description more of these processes and its possible generators. In addition, what it is if processing in the sector west of the Atalaia beach is resulted of a cycle of scale of lesser time and is about the retrograding of the shoreline for natural remobilization sedimentary (erosion), for times influenced by antropics factors. Palavras-chave: macromaré, ambiente praial, morfodinâmica. 1. Introdução As praias, mesmo ocupando uma pequena parcela da superfície total do planeta, possuem papel fundamental do ponto de vista sócio-ambiental. Por serem sistemas transicionais altamente dinâmicos e sensíveis, constantemente ajustam-se às flutuações dos níveis de energia locais, respondendo morfo-sedimentarmente a estas flutuações. Estas, por sua vez, são causadas pelo retrabalhamento oriundos de processos eólicos, biológicos e hidrodinâmicos. O presente trabalho desenvolveu-se no âmbito do Projeto Institutos do Milênio – RECOS: Uso e Apropriação dos Recursos Costeiros e objetiva apresentar um panorama sobre a variação morfológica da praia do Atalaia e suas implicações geoambientais. Consorciada com os parâmetros morfodinâmicos do sistema, essa caracterização delimita sítios preferenciais à acumulação ou erosão que, por sua vez, subsidiam tomadas de decisão relativa à manutenção do equilíbrio geoambiental. 2. Características da Área de Estudo Abrigando cerca de 43% da população do Estado, a zona costeira paraense caracteriza-se pela alternância de manguezais, restingas, campos de dunas, estuários, planícies de marés e outros ecossistemas importantes do ponto de vista ecológico (Souza Filho 2000). A praia do Atalaia dista aproximadamente 220 km de Belém e está localizada na ilha homônima, pertencente ao

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MORFODINÂMICA DA PRAIA DO ATALAIA – SALINÓPOLIS/PARÁ

Aderson Manoel da Silva Gregório1, Amilcar Carvalho Mendes1 & Débora Vieira Busman2

1 Coord. Ciências da Terra e Ecologia, Programa de Estudos Costeiros, MPEG.([email protected]; [email protected])

2 Curso de Pós-Grad. Oc. Física, Química e Geológica, FURG ([email protected])

Abstract: Three perpendicular to the shoreline profile in a macrotidal beach (Atalaia – Salinópolis/Pará - Brasil) they had been monitored, aiming to characterize the morphodynamic changes. The results show that the Atalaia beach is composed by fine quartzous sands, presents low gradient, waves with spilling breaker type, a wide and developed surf zone, beyond some parallel systems ride-and-runnel to the shoreline. Presented characteristics that had fit it in the dissipative model, dominated for waves. However the effect of the semidiurnal macrotides cannot be ignored. The morphology of the beach presented referring variations monthly the sedimentary rocking: in the extremities (east and west) it had negative, while that in the central sector were positive. Exactly with negative sedimentary rocking, visually the sector east does not present erosive characteristics, in contrast of the sector west. The morphodynamics variations of the Atalaia beach can inside only are a recurrence of a bigger cycle. With the monitoring most effective (bigger number of profiles) it will be possible to the identification and detailed description more of these processes and its possible generators. In addition, what it is if processing in the sector west of the Atalaia beach is resulted of a cycle of scale of lesser time and is about the retrograding of the shoreline for natural remobilization sedimentary (erosion), for times influenced by antropics factors.

Palavras-chave: macromaré, ambiente praial, morfodinâmica.

1. Introdução

As praias, mesmo ocupando uma pequena parcela da superfície total do planeta, possuem papel fundamental do ponto de vista sócio-ambiental. Por serem sistemas transicionais altamente dinâmicos e sensíveis, constantemente ajustam-se às flutuações dos níveis de energia locais, respondendo morfo-sedimentarmente a estas flutuações. Estas, por sua vez, são causadas pelo retrabalhamento oriundos de processos eólicos, biológicos e hidrodinâmicos.

O presente trabalho desenvolveu-se no âmbito do Projeto Institutos do Milênio – RECOS: Uso e Apropriação dos Recursos Costeiros e objetiva apresentar um panorama sobre a variação morfológica da praia do Atalaia e suas implicações geoambientais.

Consorciada com os parâmetros morfodinâmicos do sistema, essa caracterização delimita sítios preferenciais à acumulação ou erosão que, por sua vez, subsidiam tomadas de decisão relativa à manutenção do equilíbrio geoambiental.

2. Características da Área de Estudo

Abrigando cerca de 43% da população do Estado, a zona costeira paraense caracteriza-se pela alternância de manguezais, restingas, campos de dunas, estuários, planícies de marés e outros ecossistemas importantes do ponto de vista ecológico (Souza Filho 2000).

A praia do Atalaia dista aproximadamente 220 km de Belém e está localizada na ilha homônima, pertencente ao

Município de Salinópolis. Limita-se pelos paralelos 00°35’22’’S e 00°38’43’’S e meridianos 47°15’47’’W e 47°21’12’’W.

A ilha do Atalaia apresenta cerca de 12 km de linha de praia expostos a ventos alíseos de N-NE, durante grande parte do ano) (CPTEC 2005), com velocidades médias de 7,9 m/s, mais fortes entre os meses de dezembro e maio. Obedece a um regime de macromarés semidiurnas, que algumas vezes ultrapassam 5,0 m de altura (DHN 2005), e um regime de ondas moderadas a altas – 1,5 a 2 m (CPTEC op. cit.).

3. Métodos e Técnicas

Três perfis perpendiculares à linha de costa (Fig. 01) foram monitorados no período de setembro de 2003 a novembro de 2004, utilizando-se o método “stadia”, sempre levando em consideração a maré de sizígia de lua cheia. Os equipamentos utilizados foram um Nível Topográfico Nikon (modelo AX-1S Japan) e uma mira (régua) graduada em centímetros, com extensão total de 4 metros.

Dados sobre período das ondas foram obtidos segundo metodologia descrita por Muehe (1996) e de altura foram obtidos no site “Portal Oceânico” (CPTEC op cit.).

Com o pacote Golden Software (aplicativos Grapher 2.0 e Surfer 8.0) foi executado o processamento dos dados do nivelamento topográfico e cálculo de volume remobilizado de sedimento.

4. Resultados e Discussões

Possuindo um traçado aproximadamente retilíneo e orientado na direção NW-SE, a praia em estudo apresentou largura variando de 200 m (perfil AT3) a 500 m (perfil AT1).

A dinâmica fez-se observar pela migração do sistema crista-calha ao longo dos perfis, correspondentes a eventos de remoção e acreção do volume de areia nos

subambientes praiais (Fig. 2). A alta energia das ondas desempenha papel fundamental, uma vez que acometem semidiurnalmente a face praial, remobilizando transversal (pelas frentes de ondas) e longitudinalmente (pela deriva litorânea) os sedimentos.

O sistema morfológico de crista-e-calha (rigde-and-runnel) esteve presente em todos os meses monitorados, ocorrendo variações em número e posição dos mesmos. Esta tipologia está de acordo com o modelo morfológico de Short (2003) para praias de meso e/ou macromarés.

Este comportamento também foi verificado nas praias de Ajuruteua na praia dos Pescadores, ambas localizadas no nordeste do Estado do Pará, município de Bragança (Alves 2001; Silva 2001).

Localizado no setor leste, o perfil AT1 apresentou o mais extenso comprimento (até 500 m), sendo possível à observação do berma praial que apresentou largura variável (80 a 125 m). O perfil AT2, no setor central, inicia-se no sopé de uma duna frontal e apresentou extensão média de 345 metros. No setor oeste (perfil AT3) foi observado o menor valor de comprimento (em média 200 m).

As maiores larguras da face praial no setor leste (perfis AT1 e AT2), quando comparados com o setor oeste (perfil AT3), tem como causa a presença de barras de maré vazante da baia do Arapepó. Estas barras são responsáveis por intensa refração e difração dos trens de onda. Na área de sombra destas barras, que coincide com o ponto de inflexão da linha de costa, ocorre o alargamento da face praial em decorrência da migração desses bancos na direção da linha de costa e para oeste, relacionado com a deriva litorânea.

As calhas existentes na praia do Atalaia apresentam-se com dimensões consideráveis (em média com 15 metros de largura) e ocorrem continuamente, ao longo de uma faixa paralela à linha de costa.

A migração de cristas arenosas é a principal fonte de sedimentos para o berma praial. Deste modo, no perfil AT1 a variação da largura do berma pode ser atribuída à migração das cristas arenosas em direção ao continente.

As maiores modificações morfológicas foram observadas no perfil AT3. Tal fato está relacionado à localização deste perfil, em um trecho da praia topograficamente mais alto e escarpado (presença de falésia ativa). Acrescenta-se ainda à ação de ondas, o fato deste perfil não exibir zona de espraiamento, fazendo com que, durante a preamar, a energia das ondas seja dissipada diretamente nas obras de contenção construídas neste local.

Durante o período de monitoramento, foi observado que ocorreram eventos de acresção e erosão ao longo dos perfis estudados (Fig. 2), reflexo do forte regime de ondas atuando nos processos de construção e de destruição do modelado.

O sentido da deriva litorânea (de leste para oeste) é comprovado quando da observação do valor negativo do balanço sedimentar para o perfil AT1 (Fig. 02), que denota caráter erosivo ao mesmo. Contudo, este setor reflete menos este caráter erosional, dado apresentar uma zona de pós-praia bastante extensa.

Deve ser considerado, também, o fato deste perfil estar localizado próximo às barras arenosas do baía do Arapepó, o que confere a este setor uma complexidade elevada do ponto de vista da morfodinâmica

A praia do Atalaia é composta por areias finas, possui baixa declividade, larga zona de surf e vários sistemas crista-e-calha paralelos à linha de costa. Está exposta a ondas persistentes, cuja altura é moderada (1,5 a 2 m) e períodos curtos (média de 14,1 s). As observações visuais da zona de arrebentação permitiram definir um padrão de ondas com quebra do tipo progressiva ou deslizante (spilling breakers), durante a preamar. Em alguns pontos foram observadas ondas com

quebra do tipo mergulhante, durante a baixamar.

Conforme se observa, há estreita relação entre altura e período de ondas e o tipo de sedimento predominante, semelhante àquela definida por Short (2003), ou seja, a combinação de ondas com períodos entre 12 e 14s, aliados à altura de 2 a 3 m são responsáveis pela definição do estado dissipativo em praias cuja predominância é de sedimentos com granulometria de areia fina a muito fina.

O resultado da equação RTR (2,2) e, sobretudo, as características morfológicas e sedimentológicas mostram que a praia do Atalaia é do tipo dissipativa dominada por onda (Dissipative, Wave-Dominated Beaches), segundo o modelo de Short (op cit.).

Contudo, não se descarta a influência da macromaré semidiurna na praia do Atalaia, sobretudo nas extremidades leste e oeste, sob influência de deltas de maré vazante dos estuários dão rio Destacado e Arapepó, respectivamente. Segundo Masselink (1993) apenas em praias com RTR<<2 a maré não é uma forte componente modificadora da paisagem geomorfológica.

Quando o enfoque é dado para o setor oeste da praia, local onde se localiza o perfil AT3, constata-se um real quadro da erosão. Neste setor predominam falésias ativas (em alguns trechos com até 5 metros de altura) que constituem áreas bastante vulneráveis à erosão e desmoronamentos. Por esta razão, e em decorrência da ocupação humana, este setor é considerado como área de risco a construções.

Apesar das praias dissipativas serem potencialmente menos susceptíveis à erosão, já que possuem estoque sedimentar na forma de bancos submersos, o setor oeste da praia do Atalaia apresenta feições morfológicas erosionais (falésias ativas) amplificadas pelas intervenções humanas desastrosas, conforme demonstrado por Mendes et. al. (1997) e por Busman (2004).

5. Conclusões

A praia do Atalaia é composta por areias quartzosas finas, apresenta baixo gradiente de declividade, ondas com quebra do tipo deslizante ou progressiva, uma larga e bem desenvolvida zona de surfe, além vários sistemas crista-e-calha paralelos à linha de costa.

O setor praial estudado apresentou características que o enquadraram no modelo dissipativo, dominado por ondas. Contudo, não pode se ignorar o efeito, ainda que secundário, das macromarés semidiurnas.

A morfologia da praia apresentou mensalmente variações referentes a balanço sedimentar. Nos extremos (leste e oeste) houve balanço sedimentar negativo, enquanto que no setor central o balanço foi positivo. Mesmo com balanço sedimentar negativo, visualmente o setor leste não apresenta características erosivas, ao contrário do setor oeste.

As variações morfodinâmicas da praia do Atalaia podem apenas ser uma recorrência dentro de um ciclo maior. Com o monitoramento mais efetivo (maior número de perfis) será possível à identificação e descrição mais detalhada destes processos e de seus possíveis geradores.

O que está se processando no setor oeste da praia do Atalaia é resultado de um ciclo de escala de tempo menor e trata-se da retrogradação da linha de costa por remobilização sedimentar natural (erosão), por vezes influenciada por fatores antrópicos.

5. Referências

ALVES, M. A. M. S. 2001. Morfodinâmica e Sedimentologia da Praia de Ajuruteua-NE do Pará. 104 p. UFPA (Dissertação de Mestrado).

BUSMAN, D. V. 2004. Valoração de danos de erosão na praia do Farol

Velho (Salinópolis), NE do Pará. 50 p. UFPA (Trabalho de Conclusão de Curso).

CPTEC, 2005. Portal Oceânico. Disponível em: http://www.cptec.inpe.br/.

DHN. 2005. Tábuas de maré para o fundeouro de Salinópolis (Estado do Pará). Disponível em: http://www.dhn.mar.mil.br

MASSELINK, G. 1993. Simulating the effects of tides on beach morphodymics. Journal of Coastal Research, 8: 180-197.

MENDES, A. C.; SILVA, M. S. & FARIA Jr., L. E. C., 1997. Expansão urbana e seus efeitos danosos ao meio ambiente da ilha do Atalaia - Salinópolis/PA. In: Costa, M. L. & Angélica, R. S. (coord.) Contribuições à Geologia da Amazônia. Belém, FINEP – SBG/NO. p. 359-396.

MUEHE, D. 1996. Geomorfologia Costeira. In: Cunha, S. B. & Guerra, A. J. T., 1996. Geomorfologia: exercícios, Técnicas e Aplicações. Rio de Janeiro, Ed. Bertrand Brasil. p. 191-238.

SHORT, A. D. 2003. Australia beach system – the morphodynamic of wave through tide-dominated beach-dune systems. Journal of Coastal Research, SI 35: 07-20.

SILVA, M. G. L. 2001. Avaliação Multitemporal de dinâmica costeira da praia do Pescador, Bragança (Norte do Brasil). 127 p. UFPA (Dissertação de mestrado).

SOUZA FILHO, P. W. M. 2000. Avaliação e Aplicação de dados de sensores remotos no estudo de ambientes costeiros tropicais úmidos, Bragança, Norte do Brasil. 210 p. UFPA (Tese de Doutorado).

Fig. 01: Mapa de localização dos perfis estudados.

Período m3/mSET/2003 - JAN/2004 300JAN/2004 - ABR/2004 88,32ABR/2004 - AGO/2004 -5,03AGO/2004 - NOV/2004 21,10SET/2003 - NOV/2004 -195,62

Período m3/mSET/2003 - JAN/2004 27,02JAN/2004 - ABR/2004 -203,71ABR/2004 - AGO/2004 -3,69AGO/2004 - NOV/2004 210,52SET/2003 - NOV/2004 -67,52

Período m3/mSET/2003 - JAN/2004 -51,80JAN/2004 - ABR/2004 461,49ABR/2004 - AGO/2004 -457,83AGO/2004 - NOV/2004 340,78SET/2003 - NOV/2004 396,24

0 100 200 300 400 500Distância (m)

-10

-8

-6

-4

-2

0

Cota

(m)

AT2SET/2003NOV/2004

0 100 200 300 400 500Distância (m)

-10

-8

-6

-4

-2

0

Cota

(m)

AT3SET/2003NOV/2004

0 100 200 300 400 500Distância (m)

-10

-8

-6

-4

-2

0

Cota

(m)

AT1SET/2003NOV/2004

0 50 100 150 200 250 300 350Distância (m)

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

Cota

(m)

SET/2003 - JAN/2004

JAN/2004 - ABR/2004

ABR/2004 - AGO/2004

AGO/2004 - NOV/2004

SET/2003 - NOV/2004Perfil AT1

Acresção

Erosão

0 40 80 120 160 200 240 280Distância (m)

-8

-6

-4

-2

0

Cota

(m)

SET/2003 - JAN/2004

JAN/2004 - ABR/2004

ABR/2004 - AGO/2004

AGO/2004 - NOV/2004

SET/2003 - NOV/2004

Perfil AT2

Acresção

Erosão

0 60 120 180Distância (m)

-5

-4

-3

-2

-1

0

Cota

(m)

SET/2003 - JAN/2004

JAN/2004 - ABR/2004

ABR/2004 - AGO/2004

AGO/2004 - NOV/2004

SET/2003 - NOV/2004

Perfil AT3

Acresção

Erosão

PARÁ

Fig. 2. Seqüência temporal das modificações morfológicas nos perfis estudados na praia do Atalaia, NE do Pará.