monografia sucessao familiar

44
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA UNIPÊ PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO COORDENAÇÃO DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO EMANUELA MOREIRA TRAJANO SUCESSÃO FAMILIAR: Vantagens e desvantagens nas microempresas na cidade de Itambé-PE. João Pessoa - PB 2008

Upload: gustavo-cassiolato

Post on 11-Aug-2015

112 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Monografia Sucessao Familiar

10

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA – UNIPÊ

PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO

COORDENAÇÃO DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

EMANUELA MOREIRA TRAJANO

SUCESSÃO FAMILIAR:

Vantagens e desvantagens nas microempresas na cidade de Itambé-PE.

João Pessoa - PB

2008

Page 2: Monografia Sucessao Familiar

11

EMANUELA MOREIRA TRAJANO

SUCESSÃO FAMILIAR:

Vantagens e desvantagens nas microempresas na cidade de Itambé-PE.

Monografia apresentada ao Centro

Universitário de João Pessoa - UNIPÊ,

como requisito parcial para a obtenção do

título de Bacharel em Administração.

Orientador: Profº Esp. Lúcio Mariano Albuquerque Melo

João Pessoa – PB

2008

Page 3: Monografia Sucessao Familiar

12

CUTTER T766s TRAJANO, Emanuela Moreira. Sucessão Familiar:

vantagens e desvantagens nas microempresas na

cidade de Itambé – PE / Emanuela Moreira

Trajano. Itambé, 2008. 44p.

Monografia de Conclusão de Curso (Graduação em

Administração) – Centro Universitário de João pessoa/UNIPÊ.

1 Sucessão familiar – Empresas familiares - Processo -

Microempresas- Monografia.

I Título

CDU: 658

Page 4: Monografia Sucessao Familiar

13

EMANUELA MOREIRA TRAJANO

SUCESSÃO FAMILIAR:

Vantagens e desvantagens nas microempresas na cidade de Itambé-PE.

Monografia apresentada ao Centro

Universitário de João Pessoa - UNIPÊ,

como requisito parcial para a obtenção do

título de Bacharel em Administração.

Aprovada em ........./......./ de...........

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________

Profº Esp. Lúcio Mariano Albuquerque Melo

Orientador – UNIPÊ

______________________________________

Profº Esp. Reginaldo Cipriano dos Santos

Examinador - UNIPÊ

______________________________________

Profª Ms. Cristiana Cartaxo de Melo Lula

Examinadora - UNIPÊ

Page 5: Monografia Sucessao Familiar

14

A minha mãe, Clívia Moreira Trajano, pela

sua dedicação constante, pelo amor

incondicional e pelas suas experiências de

vida. Obrigada por ter me ensinado como

viver com dignidade.

Dedico!

Page 6: Monografia Sucessao Familiar

15

AGRADECIMENTOS

Existem pessoas em nossas vidas que nos deixam felizes pelo simples fato de terem cruzado o

nosso caminho. Algumas percorrem ao nosso lado, vendo muitas luas passarem, mas outras

apenas vemos entre um passo e outro. Hoje eu venho agradecer aquelas pessoas que passaram

na minha vida e plantaram suas sementes, meus sinceros agradecimentos a estas pessoas que

de uma forma ou de outra, contribuíram para o término desta pesquisa.

Primeiramente agradeço ao meu Deus, pela sua presença constante em minha vida, sem que

eu precisasse pedir e por ter guiado meus caminhos neste longo trajeto.

Agradeço a meu pai, Joaquim Trajano e a minha mãe, Clívia Moreira, pela base sólida que

sempre me deu força para encarar a vida de frente, por todo amor, carinho e apoio

incondicional, vocês são meus exemplos, amo muito vocês!

Ao meu noivo Emerson Oliveira, que na hora do descanso me deu motivação para continuar,

pelo auxílio nas minhas escolhas e por ter me confortado nas horas difíceis.

Agradeço também a minha turma, amigos com quem eu passei os melhores e piores

momentos desta caminhada, momentos onde pude dividir alegrias e aflições. Agradeço a

vocês por terem me ajudado de forma direta na conclusão desse trabalho.

A minha professora Maria Nilza Barbosa Rosa, pela sua dedicação, paciência e compreensão

nas horas mais difíceis dessa caminhada.

Ao meu querido orientador, Lúcio Mariano Albuquerque Melo, que me acolheu numa hora de

desespero, obrigada pelo seu auxílio, seus conhecimentos, seus conselhos, pelo suporte para o

término deste trabalho.

Enfim, a todos que de alguma maneira contribuíram para a execução desse trabalho, seja pela

ajuda constante ou por uma palavra de amizade!

Muito Obrigada!

Page 7: Monografia Sucessao Familiar

16

“Tentar alcançar realizações sem um objetivo

firme na vida é igual a não alcançar nada”.

Mary G. Roebling*

Page 8: Monografia Sucessao Familiar

17

TRAJANO, Emanuela Moreira. SUCESSÃO FAMILIAR: vantagens e desvantagens

nas microempresas na cidade de Itambé-PE. 44f. Centro Universitário de João pessoa:

UNIPÊ. 2008.2. Monografia (graduação em Administração).

RESUMO

As pequenas e médias empresas familiares proporcionam mais de dois milhões de empregos

diretos, sendo responsáveis por 60% da oferta de empregos no Brasil e por 48% da produção

nacional. O tema central do presente trabalho é a sucessão familiar: vantagens e desvantagens

nas microempresas da cidade de Itambé-PE. O principal objetivo deste trabalho é analisar

como se dá o processo de sucessão familiar dentro das microempresas da cidade de Itambé -

PE, relatando suas principais vantagens e desvantagens originadas pelo processo sucessório,

na primeira geração, portanto busca-se conhecer as opiniões dos dirigentes das oito

microempresas selecionadas, com característica de empresa familiar, sobre o processo

sucessório em suas empresas. A sucessão familiar é habitualmente considerada a causa da

maioria dos fracassos e do crescimento das organizações, mas a história das empresas

familiares bem sucedidas mostra que isso não precisa acontecer necessariamente. Como

ocorre a sucessão nessas microempresas? Quais as principais vantagens e desafios

enfrentados pelas gerações que se sucedem no comando dessas microempresas? Esses são

alguns dos pontos relevantes desta pesquisa. A coleta dos dados foi feita através de uma

pesquisa de campo, utilizando o questionário como instrumento de coleta, para o

levantamento de dados qualitativos e quantitativos, buscando identificar os efeitos e

significados necessários para a compreensão da realidade estudada. O processo de sucessão

apresenta-se como um elemento de vital importância para a empresa familiar, podendo

influenciar todos os indivíduos envolvidos no processo, por isso a necessidade de gerir os

conflitos que podem ser causados pela sucessão, pois este período pode representar o sucesso

ou a falência da organização.

Palavras. chave: Sucessão familiar. Empresas familiares. Processo. Microempresas.

Page 9: Monografia Sucessao Familiar

18

TRAJANO, Emanuela Moreira. FAMILY SUCCESSION: advantages and disadvantages in

the small businesses in the city of Itambé - PE. 44f. Center Academical of João Pessoa.

UNIPÊ. 2008.2. monograph (graduation in Administration).

ABSTRACT

The small ones and averages family companies provide more than two million direct jobs,

being responsible for 60% of the offer of jobs in Brazil and for 48% of the national

production. The central theme of the present work is the family succession: advantages and

disadvantages in the small businesses of the city of Itambé - PE. The main objective of this

work is to analyze as feels the process of family succession inside of the small businesses of

the city of Itambé - PE, telling their main advantages and disadvantages originated by the

succession process, in the first generation, therefore it is looked for to know the leaders' of the

eight selected small businesses opinions, with characteristic of family company, on the

succession process in their companies. The family succession is habitually considered the

cause of most of the failures and of the growth of the organizations, but the history of the

family companies well happened shows that that doesn't need to happen necessarily. How

does it happen the succession in those small businesses? Which done the main advantages and

challenges face by the generations that are happened in the command of those small

businesses? Those are some of the relevant points of this research. The collection of the data

was made through a field research, using the questionnaire as collection instrument, for the

rising of qualitative and quantitative data, looking for to identify the effects and necessary

meanings for the understanding of the studied reality. The succession process comes as an

element of vital importance for the family company, could influence all of the individuals

involved in the process, for that the need to manage the conflicts that can be caused by the

succession, because this period can represent the success or the bankruptcy of the

organization.

Keyword: Family succession. Family companies. Process. Small businesses.

Page 10: Monografia Sucessao Familiar

19

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Percentual de Sobrevivência da Empresa Familiar de Geração a Geração 21

Gráfico 2: Empresas por Setor Econômico 30

Gráfico 3: Causa para a Sucessão 31

Gráfico 4: Treinamento 32

Gráfico 5: Permanência da Mesma Equipe de Trabalho 32

Gráfico 6: Sobrevivência das Empresas 33

Page 11: Monografia Sucessao Familiar

20

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

10

2 EMPRESA FAMILIAR 12

2.1 ORIGEM E IMPORTÂNCIA 12

2.2 O QUE É UMA EMPRESA FAMILIAR? 13

2.3 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS FAMILIARES 14

2.4 TIPOLOGIA 15

2.5 FASES DE DESENVOLVIMENTO 16

3 O PROCESSO DA SUCESSÃO 17

3.1 SUCESSÃO E CULTURA ORGANIZACIONAL 19

3.1.1 Cultura e sua Gênese 19

3.1.2 Cultura Organizacional 19

3.2 A SUCESSÃO FAMILIAR X CULTURA ORGANIZACIONAL 20

3.3 SUCESSÃO FAMILIAR: VANTAGENS E DESVANTAGENS 21

4 METODOLOGIA DA PESQUISA 26

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO 26

4.2 PROBLEMATIZAÇÃO 27

4.3 OBJETIVOS 27

4.3.1 Objetivo Geral 27

4.3.2 Objetivos Específicos 27

4.4 UNIVERSO E AMOSTRA 28

4.5 INSTRUMENTO DE COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS 28

5 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 30

5.1 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS DA EMPRESAS 30

5.2 ANÁLISE DO PROCESSO SUCESSÓRIO 31

5.3 VANTAGENS E DESVANTAGENS 33

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES 35

REFERÊNCIAS

37

APÊNDICE 40

Page 12: Monografia Sucessao Familiar

10

1 INTRODUÇÃO

As pesquisas sobre empresas familiares em todo o mundo tomam um volume tão

grande que já não pode haver dúvidas quanto à predominância das mesmas e,

conseqüentemente, quanto a sua importância e significação para a economia, em particular e

para a sociedade, em geral. Estudos abordando esse tema nós permite desenvolver pesquisas

tendo o assunto como interesse primeiro, tendo como objetivo geral analisar como se dá o

processo de sucessão familiar dentro das microempresas da cidade de Itambé - PE, relatando

suas principais vantagens e desvantagens originadas pelo processo sucessório, na primeira

geração.

As empresas familiares surgiram no Brasil, juntamente com as companhias

hereditárias, assim contribuindo para o aumento dessas empresas no país. Como salienta

Gersik (1997, p. 2), 40% das quinhentas maiores empresas listadas pela revista Fortune são

de propriedades de famílias ou por elas controladas, tais como: Du Pont, Ford, Chase

Manhattan, Cargill, Corning Glass, Upjohn e Firestone. Essas empresas geram metade do

Produto Nacional Bruto (PNB) dos Estados Unidos e empregam metade da sua força de

trabalho. As empresas familiares brasileiras correspondem cerca de 80% da quantidade das

empresas privadas, respondendo por mais de 60% da receita e por 67% dos empregos das

mesmas.

Para Lodi (1993), o conceito de empresa familiar nasce, com a segunda geração de

dirigentes, isso porque o fundador pretende abrir caminho para seus antigos colaboradores ou

porque os futuros sucessores precisam criar uma ideologia que justifique sua ascensão ao

poder, como se pode perceber em suas próprias palavras “empresa familiar é aquela em que a

importância da sucessão da diretoria está ligada ao fator hereditário e onde os valores

institucionais da firma identificam-se com o sobrenome da família ou com a figura de um

fundador” (LODI, 1993, p. 6).

Apesar de muitos acreditarem que família e empresa, quando reunidas, tendem a

enfraquecer reciprocamente a sua eficiência, a história das empresas familiares bem

sucedidas mostra que isso não precisa acontecer necessariamente. O aspecto “familiar” está

muito mais ligado ao estilo que a empresa é administrada, do que somente ao fato de seu

capital pertencer a uma ou mais famílias.

O processo sucessório na empresa familiar é assunto relevante e ao mesmo tempo

delicado. Não pode ser tratado apenas sob aspectos puramente lógicos da administração, pois

envolve pontos afetivos e emocionais muito fortes e relacionados com a própria estrutura

Page 13: Monografia Sucessao Familiar

11

familiar. Alguns desses pontos são de profunda importância e devem ser encarados para que

esse processo não comprometa a sobrevivência da empresa, são: o sucedido, o sucessor, a

organização, a familiar, o mercado e a comunidade. Por isso, mas do que nunca se deve

observar o interior da empresa e prepará-la para ultrapassar os limites da existência de uma

sucessão.

Compreender organizações familiares não é fácil e mais complicado é tratar do

processo sucessório, mas devido a sua importância a sucessão familiar torna-se um assunto

atual e relevante para países como o Brasil e outras nações em que companhias familiares

têm extrema representatividade na economia.

Esta pesquisa justifica-se pela necessidade de mostrar as formas, os pontos críticos,

as vantagens e desvantagens do processo sucessório dentro das microempresas.

Assim introduzindo alternativas estratégicas para que se possa diminuir o grande

índice de mortalidade das empresas familiares. Afinal a questão sobre sucessão familiar

assumiu um caráter generalizado, pois a continuidade e o sucesso do negócio tornam-se, de

interesse não só da familiar, mas como: dos funcionários, da comunidade e, dependendo do

porte da empresa, até do País.

Page 14: Monografia Sucessao Familiar

12

2 EMPRESA FAMILIAR

No presente capítulo traça-se um cenário sobre á empresa familiar, abordando sua

origem e importância, o que é uma empresa familiar, características das empresas familiares,

tipologia, fases de desenvolvimento e as principais características.

2.1 ORIGEM E IMPORTÂNCIA

Em termos históricos, logo após a descoberta de Portugal, no século XIV, as

empresas familiares surgiram no Brasil, juntamente com as companhias hereditárias. Essas

companhias podiam ser passadas aos sucessores dos capitães que administravam as terras

brasileiras.

Posteriormente, alguns imigrantes portugueses, italianos, alemães, judeus, árabes,

galícias, gregos, russos, ucranianos e franceses marcam o perfil dos iniciadores do processo

de industrialização brasileira, adquirindo empresas nacionais. Assim utilizando-se da

tecnologia e do conhecimento do mercado brasileiro, esses imigrantes, pretendendo atuar no

mercado, compraram essas empresas, em sua maioria, tornando-as familiares. Esse é um dos

motivos que contribui para o aumento das empresas familiares no Brasil.

As empresas familiares representam um grande percentual daquelas com maior

expressão no cenário nacional e global, como salienta Gersick (1997, p.2), 40% das

quinhentas maiores empresas listadas pela revista Fortune são de propriedades de famílias ou

por elas controladas, tais como: Du Pont, Ford, Chase Manhattan, Cargill, Corning Glass,

Upjohn e Firestone. Essas empresas geram metade do Produto Nacional Bruto (PNB) dos

Estados Unidos e empregam metade da sua força de trabalho.

Na América Latina, grupos construídos e controlados por famílias constituem a

principal forma de propriedade privada na maioria dos setores industriais, como mostra

Oliveira (1999, p.22), as empresa familiares brasileiras correspondem cerca de 80% da

quantidade das empresas privadas, respondendo por mais de 60% da receita e por 67% dos

empregos das mesmas.

O sucesso dessas empresas é desejado por todos os integrantes da família, que

esperam que o empreendimento empresarial seja passado para os sucessores, como filhos e

filhas, ou até mesmo genros e noras, os quais possam dá continuidade ao empreendimento

iniciado pelo proprietário. Esse fato faz com que as empresas familiares, progridam mais do

Page 15: Monografia Sucessao Familiar

13

que as outras, quanto à qualidade, isso porque o nome da família é associado aos produtos e

serviços que são oferecidos por ela ao mercado.

2.2 O QUE É UMA EMPRESA FAMILIAR?

A resposta a essa pergunta parece ser simples e surge naturalmente, a empresa familiar

é aquela que tem sua origem e sua história vinculada a uma família ou aquela que mantém

membros da família na administração do negócio. Mas, no entanto a resposta dada acima é

exageradamente simplista para se caracterizar o que vem a ser uma empresa familiar.

O conceito de empresas familiares varia de acordo com alguns autores, para Lodi

(1993), o conceito de empresa familiar nasce, com a segunda geração de dirigentes, isso

porque o fundador pretende abrir caminho para seus antigos colaboradores ou porque os

futuros sucessores precisam criar uma ideologia que justifique sua ascensão ao poder, como

se pode perceber em suas próprias palavras, “a empresa familiar é aquela em que a

importância da sucessão da diretoria está ligada ao fator hereditário e onde os valores

institucionais da firma identificam-se com o sobrenome da família ou com a figura de um

fundador” (LODI, 1993, p. 6).

Seguindo a mesma linha de pensamento, Bernhoreft (1991), diz que “a organização

empresarial que tem sua origem e sua história vinculadas a uma mesma família há pelo menos

duas gerações, ou aquela que matem membros da família na administração dos negócios, são

consideradas empresas familiares” (BERNHOREFT,1991, p.19), ou seja, empresa que é

controlada ou administrada por membros de uma família.

Apesar de muitos acreditarem que família e empresa, quando reunidas, tendem a

enfraquecer reciprocamente a sua eficiência, a história das empresas familiares bem sucedidas

mostra que isso não precisa acontecer necessariamente. Não é a família em si que atrapalha a

empresa, ou vice-versa, mas a ignorância dos problemas desse relacionamento e a falta de um

código de relações.

A empresa familiar precisa definir com objetividade como os parentes estão

contribuindo para o sucesso do empreendimento, o que implica num programa sistemático de

avaliação dos diretores e gerentes. A empresa familiar precisa também identificar as suas

forças e fraquezas, ou seja, suas oportunidades e ameaças.

Page 16: Monografia Sucessao Familiar

14

2.3 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS FAMILIARES

Uma organização é considerada empresa familiar, quando esta perfeitamente

identificada ou ligada a uma família há pelo menos duas gerações e quando essa ligação

resulta numa influência recíproca na política geral da organização e nos interesses e objetivos

da família. Para exemplificar, mostram-se abaixo alguns pontos, segundo Donnelly (1984,

p.37) que caracterizam uma empresa familiar:

Forte valorização da confiança mutua independente de vínculos familiares

(exemplos são os “velhos de casa” ou ainda “os que começaram com o

velho”); Laços afetivos extremamente fortes influenciando os

comportamentos, relacionamentos e decisões da organização; Valorização da

antiguidade como um atributo que supera a exigência de eficácia ou

competência. Exigência de dedicação “vestir a camisa”, caracterizada por

atitudes tais como não ter horário para sair, levar trabalho para casa, dispor

dos fins-de-semana para convivência com pessoas do trabalho etc. Postura

de austeridade, seja na forma de vestir, seja na administração dos gastos.

Expectativa de alta fidelidade, manifestada através de comportamentos como

não ter outras atividades profissionais não relacionadas com a vida da

empresa. Dificuldades na separação entre o que é emocional e racional,

tendendo mais para o emocional. Jogos de poder, onde muitas vezes, mas

vale a habilidade política do que a capacidade administrativa.

Muitas dessas características poderão também ser encontradas em empresas tidas

como “profissionais”, portanto o aspecto “familiar” está muito mais ligado ao estilo que a

empresa é administrada, do que somente ao fato de seu capital pertencer a uma ou mais

famílias.

Existe, no entanto, algo de considerável importância para identificar uma empresa

como “familiar” e este ponto está na sua própria história. De maneira geral, a origem destas

empresas tem um ponto em comum: foi um ideal que deu certo. No passado de cada

empreendimento, houve um momento em que seu fundador teve uma idéia. A maior

probabilidade é que tenha tido, de fato, apenas uma idéia. Nem sempre havia recursos

facilmente disponíveis, mas o que houve foi um comportamento empreendedor do fundador,

que lutou com todas as forças para viabilizar aquela idéia. Essa observação tem significativa

relevância.

Page 17: Monografia Sucessao Familiar

15

2.4 TIPOLOGIA

Podem-se destacar três tipos básicos de empresa familiar:

A tradicional, que mais corresponde ao estereótipo da instituição, o capital é

fechado, existe pouca transparência administrativa e financeira e a família exerce um domínio

completo sobre os negócios.

A híbrida, onde o capital é aberto, mas a família ainda detém o controle, havendo,

contundo maior transparência e participação na administração por profissionais não-

familiares.

A de influência familiar, em que a maioria das ações esta em poder do mercado, mas

a família, mesmo afastada da administração cotidiana, mantém uma influência estratégica

através de participação acionária significativa.

As empresas familiares podem ainda se apresentar de diferentes formas, podendo ser

classificadas como: a do proprietário controlador, a da sociedade entre irmãos, e a da

propriedade de primos.

A primeira está no estágio inicial e no comando apenas de um proprietário que

possui todo o controle sobre a empresa. De modo que a experiência do fundador da primeira

geração é única, sendo que todos os estágios subseqüentes são afetados por aquilo que

acontece durante os primeiros anos de vida da empresa, até que ela se torne uma empresa

familiar.

A segunda são aquelas empresas que passaram do estágio empreendedor para o de

expansão, e que transferem o controle acionário de um proprietário controlador para a

segunda forma de empresa familiar, a da sociedade entre Irmãos, onde os membros da família

estão no estágio de entrada na empresa, épocas em que os filhos estão entre 15 a 25 anos de

idade e assumem o controle da empresa, e os pais, estão na meia idade ou acabaram de passar

por ela.

A terceira refere-se a um tipo de empresa familiar, a qual já passou por várias

gerações e atingiu um estágio de desenvolvimento maduro. Este é um tipo raro e nela a

maioria dos acionistas não trabalham na empresa, por isso possuem apenas informações

indiretas a respeito de assuntos relativos à organização. Apenas um pequeno número de

membros da família tem acesso direto às informações, obtidas por meio do pai, irmão,

cônjuge ou filho. Isso acontece, porque manter acionistas informados requer um criterioso

gerenciamento das informações, assim, nem todas as empresas conseguem fazer com que

essas informações sejam passadas aos acionistas.

Page 18: Monografia Sucessao Familiar

16

A fase de transição da empresa, quando ocorre a sucessão, é o teste supremo de uma

empresa familiar, pois ele passa de um empreendimento individual para um familiar, e sua

continuidade torna-se de grande importância para toda a família. Isso porque a atual gestão

deve preocupar-se em passar a empresa com lucratividade e em boas condições para uma

nova geração de líderes que a administrará.

2.5 FASES DE DESENVOLVIMENTO

A empresa familiar passa por fases ou estágios. A primeira, refere-se à criação da

empresa, onde se encontra presente o fundador com uma idéia de produto. O desenvolvimento

predomina através da instalação dos produtos e o recrutamento de empregados familiares ou

não-familiares de confiança.

A fase do crescimento e desenvolvimento, caracterizada pela incapacidade do

fundador em gerir todos os setores da empresa, cuja preocupação é transmitir os seus valores

e a sua visão dos negócios da empresa aos colaboradores, principalmente aos familiares. A

delegação de responsabilidades, a retirada, a transição de posse, a distribuição do valor

acrescentado, são fatores que predominam nesta fase.

A fase da maturidade, na qual a empresa é um sistema complexo e o sucessor tem

normalmente uma formação acadêmica e profissional diferente do fundador, tendo uma visão

sobre a trajetória da empresa diferente, provoca conflitos internos.

Na quarta e última fase, a organização vai-se debater com a necessidade de

abandonar o “nicho” mercadológico em que se instalara e responder, de uma forma

competitiva, as exigências do ambiente. A gestão vai deixar de ser tipicamente familiar para

se transformar numa gestão profissional, através de uma procura de capital adicional,

decidindo a empresa abrir as “suas portas” ao capital público, normalmente através da

emissão de obrigações ou ações. A seleção e o recrutamento de gestores profissionais para

eventuais lacunas dos membros familiares dirigentes nas áreas de marketing, finanças,

contabilidade e informática.

Page 19: Monografia Sucessao Familiar

17

3 O PROCESSO DA SUCESSÃO

Existe um provérbio popular brasileiro que diz que família e negócio são coisas que

deveriam não ser misturadas, pois sempre acabam na ruína da família ou da organização. No

decorrer deste capítulo, trata-se melhor a respeito desses dilemas.

A perspectiva da vida econômica do país, através de estímulos ao mercado interno e

as tendências para a abertura do capital, deverão apresentar novas oportunidades e desafios

para a empresa familiar brasileira. Entre os desafios importantes, cabe destacar o

encaminhamento do processo sucessório, pois ele tem relação direta com a sobrevivência e a

expansão do próprio negócio. A empresa familiar desempenha um papel significativo no

desenvolvimento econômico, social e até político de vários países. O Brasil insere-se neste

contexto com maior razão, no momento em que nos aproximamos de uma nova fase da nossa

história.

O processo sucessório na empresa familiar é assunto relevante e ao mesmo tempo

delicado. Não pode ser tratado apenas sob aspectos puramente lógicos da administração, pois

envolve pontos afetivos e emocionais muito fortes e relacionados com a própria estrutura

familiar. Alguns pontos são de profunda importância e devem ser encarados para que esse

processo não comprometa a sobrevivência da empresa, são: o sucedido, o sucessor, a

organização, a familiar, o mercado e a comunidade. Por isso, mas do que nunca se deve

observar o interior da empresa e prepará-la para ultrapassar os limites da existência de uma

sucessão.

O termo sucessão não deve ser visualizado como causa da desestruturação de toda

empresa familiar, e nem que os sucessores possam se apoiar nela para julgar quaisquer

problemas como um reflexo do processo sucessório pelo qual a empresa esteja passando. Mas

como um problema similar a outros, que precisa ser planejado para evitar complicações

futuras. Os sucessores naturais, membros da família devem desenvolver o processo sucessório

com base na realidade da empresa, isto é, tendo por base seu histórico e diagnóstico. Nesse

sentido, a direção da empresa deve ser composta por familiares que sejam competentes, que

desempenhem bem o cargo para que fora designado, caso contrário, deve passar para a

sucessão profissional, que se dá pela sucessão do proprietário por um executivo que não é do

núcleo familiar.

Na sucessão familiar, busca-se cultivar o espírito familiar, que é um fator muito

importante, requisitado inclusive por empresas não familiares. O sucesso de uma sucessão

Page 20: Monografia Sucessao Familiar

18

para membros da família, empregados ou terceiros exige um planejamento prévio de

desligamento do proprietário, pois que:

O êxito de um programa sucessório depende da maneira como o pai, que

também é o presidente da empresa, preparou sua família para o poder e a

riqueza. Quando esta próxima à sucessão, o presidente que se retira deve

estar alerta para os seus próprios problemas existenciais, os quais podem

retarda a decisão de afastamento (LODI, 1993, p.21)

O ideal é que se estabeleça um plano que possa ser desenvolvido num prazo de três a

cinco anos antes do afastamento do proprietário. Pois, quanto maior for o tempo de

preparação do sucessor, maiores serão as recompensas para a empresa no que se refere à

flexibilidade estrutural no período da transição. Nesse prazo tem-se a oportunidade de testar

os sucessores em diferentes papéis e avaliar a maturidade, compromisso, esperteza

empresarial e liderança dos mesmos, já que é nesse período de planejamento que surgem

problemas latentes e podem-se ainda avaliar se os sucessores e herdeiros satisfazem as

expectativas profissionais esperadas.

Como observa Lodi (1993), para a entrada da segunda geração na empresa familiar é

aconselhável que se leve em consideração algumas diretrizes, tais como:

a) Que os filhos façam o seu aprendizado profissional em outras empresas no período que

medeia entre o fim da faculdade e o início da dedicação completa a empresa da família;

b) É importante começar por baixo, aprendendo nas áreas-chaves da empresa, porém não

perdendo muito tempo no caminho para chegar à posição de comando;

c) Se até os 35 anos um familiar não assumiu um cargo de direção geral na empresa, mesmo

que pequena, é pouco provável que tenha sucesso como generalista dessa idade em diante;

d) O pai não deve forçar à entrada dos filhos no negócio familiar, porque afinal o tempo está a

favor deles, a menos que a empresa precise com urgência;

e) É prudente evitar a coincidência de uma crise da firma com o momento da sucessão. Esse

tipo de problema não é aconselhável, ao ponto de se poder dizer que a prioridade é sempre a

estabilização da empresa;

f) Uma nova geração de profissionais deve cresce junto com o filho até que ele suceda ao

presidente. Não é de se esperar que os velhos empregados, companheiros do pai permaneçam

por muito tempo na equipe do futuro presidente. O jovem deve buscar outros jovens para uma

equipe de longa duração.

O sucesso ou o fracasso da transferência empresarial muitas vezes começa no

momento em que a empresa e a família se entrelaçam, e é exatamente nesta sobreposição que

Page 21: Monografia Sucessao Familiar

19

pode ocorrer o conflito. Assim, para evitar problemas futuros é importante o estabelecimento

de regras baseado na sucessão, participação, remunerarão e responsabilidade dos herdeiros

sobre a empresa.

Além disso, os problemas da empresa não devem ser discutidos no ambiente

familiar, mas no ambiente empresarial para que se evitem conflitos familiares e pessoais.

3.1 SUCESSÃO E CULTURA ORGANIZACIONAL

Neste capítulo relata-se a cultura das microempresas de um modo geral, assim

fazendo uma correlação entra a cultura organizacional com a sucessão familiar.

3.1.1 Cultura e sua Gênese

A necessidade de saber e de dominar é a grande mola propulsora da raça humana. O

homem dominou os animais, cruzou os mares, quebrou paradigmas e fez muito mais em nome

do novo e do poder de modificação que existe nele. Essa expedição chegou ao ponto em que o

homem se deparar com o seu semelhante, ou seja, depara-se com o diferente, percebe que

todo mundo não é igual e todos têm seus costumes e visões de mundo, a essas idiossincrasias

chamou-se de cultura. A palavra de origem grega significa cultivar, os romanos usaram o

termo para denominar alguém sofisticado, erudito e refinado (SANTOS, 2004).

A cultura está em destaque no cotidiano da vida moderna, surgi como várias

camadas dos relacionamentos humanos. O indivíduo está submerso da sua cultura familiar,

ele é membro de sua rede de relacionamentos pessoais, faz parte da cultura do seu trabalho e

ainda é membro ativo da cultura da região em que vive.

Assim, surge à concepção do homem social no qual nenhum homem é uma ilha

auto-suficiente, cada um é parte do continente, ele está inserido num contexto no qual

influencia e é influenciado pelo meio, logo, o homem social e a cultura apresenta-se numa

linha insignificante que acaba se mesclando e vai sofrendo alterações de acordo com

mudanças biopsicossociais.

3.1.2 Cultura Organizacional

Uma das variáveis que podem auxiliar a ciência da administração a discernir melhor

esse ativo intangível é a cultura organizacional. A cultura de uma empresa é de suma

Page 22: Monografia Sucessao Familiar

20

importância para poder compreender o modus operandi de uma corporação.

Cultura organizacional é de suma importância para a gestão das empresas,

pois tanto a estratégia e os objetivos quanto o modo de operação da empresa

e o comportamento das pessoas são influenciados pelos elementos culturais.

O desvendar do papel da cultura na vida organizacional é fundamental

quando se deseja torná-la mais eficiente e eficaz (SCHEIN apud

CARVALHO. C; RONCHI. C, 2005, p. 17)

Pode-se entender que a cultura empresarial está ligada a pressupostos básicos que

são criados a partir de experiências compartilhadas dos membros que daí por diante nascem

seus valores, crenças e verdades e não só isso, ela também define através da socialização as

estruturas organizacionais, os poderes atribuídos a cada membro, os códigos de condutas,

comportamentos esperados pelos mesmos e os ritos de iniciação para a entrada e aceitação ao

grupo, ou seja, é a identidade organizacional que é própria e única de cada empresa.

3.2 A SUCESSÃO FAMILIAR X CULTURA ORGANIZACIONAL

Na empresa familiar a cultura organizacional torna-se mais visível, pois ela é o

espelho da cultura do fundador e a sucessão representa um novo ciclo que se inicia na família

empresária.

A cultura tem grande valia para a sucessão na empresa familiar. Ela representa o

ponto de encontro entre a cultura vigente do fundador e a cultura do sucessor num único

ambiente. Por isso que na sucessão ela é tão viva, ela representa uma mudança cultural

natural, pois o sucedido está encerrando o seu ciclo e o sucessor está iniciando o seu. É bem

diferente da mudança intencional, que geralmente não alcança o resultado desejado no tempo

e empenho necessário para o êxito da transição.

A criação de uma cultura organizacional se dá basicamente de três situações (DIAS,

2003): A primeira é formada pelo fundador, ele é o idealizador do empreendimento, ele põe

em prática as ações para o nascimento da empresa, logo, ele e a organização tornam-se um

único elemento, com isso, as suas crenças, valores e concepções são as mesmas.

A segunda situação é o seu índice de sucesso. Uma vez criada, o que determinará se

a cultura prevalecerá ou não, é o sucesso que sua forma de gestão terá no alcance dos

objetivos, pois o êxito gera confiança e credibilidade da cultura imposta, permitindo a sua

consolidação na organização.

Page 23: Monografia Sucessao Familiar

21

A terceira refere-se à entrada de novos valores e crenças através da chegada de

novos membros e líderes. Os momentos de crise são mais propícios à entrada de novos

valores e crenças, pois a situação crítica põe em cogitação a cultura vigente e abre as portas

para algo que auxilie a organização sair desse ponto de vulnerabilidade.

As três situações são pontos de mudança, mas no caso da família empresária, é

possível entender porque a cultura do fundador é tão presente dentro da empresa, por isso que

a criação de um novo ciclo organizacional do sucessor é um trabalho árduo, pois os laços

entre a organização e o seu idealizador são bastante estreitos e o afastamento de uma das

partes levanta muita incerteza sobre o futuro da empresa e do novo dirigente.

3.3 SUCESSÃO FAMILIAR: VANTAGENS E DESVANTAGENS

A empresa familiar brasileira tem problemas e características como já podemos ver

que as diferenciam das outras empresas. Como é mostrado no Gráfico1, tem-se que 50% das

empresas familiares não sobrevivem à passagem da primeira pra a segunda geração, do

fundador ao sucessor, pois o tema sucessão familiar ainda é tratado de forma muito amadora,

principalmente no pequeno negócio, e 34% não sobrevivem da segunda para a terceira

geração, cada etapa de transição gerencial modifica a forma como se pensa e se conduz a

empresa (LODI, 1987).

1% 15%

34%

50%

Gráfico 1- Percentual de Sobrevivência da Empresa Familiar de Geração a Geração

Fonte: Adaptado de Lodi, 1987.

Ocorrem conflitos estruturais nas famílias, cujas raízes estão de 20 a 30 anos atrás.

Segundo Lodi (1978, p.7), “a sucessão é determinada ao longo prazo pela maneira como os

pais construíram e educaram a família, preparando-a para o poder e a riqueza”. Com isso

acontecem efeitos culturais como do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”,

desenvolvendo uma lealdade passiva aos funcionários, desempenhando suas funções mais por

Page 24: Monografia Sucessao Familiar

22

acomodação e inércia do que pela motivação e comprometimento que deveriam ter com suas

funções.

A empresa familiar apresenta algumas desvantagens evidentes, quando é comparada

com as subsidiárias de multinacionais e com as estatais:

1. Conflitos de interesse entre família e empresa, que se refletem na descapitalização, na falta

de disciplina, na utilização ineficiente dos administradores não-familiares e no excesso de

personalização dos problemas administrativos;

2. Uso indevido dos recursos da empresa por membros da família transformando a companhia

num cofre dos familiares. O famoso complexo “A galinha dos ovos de ouro”;

3. Falta de sistemas de planejamento financeiro e de apuração de custos e de outros

procedimentos de contabilidade e de orçamento, que tornam o lucro um resultado totalmente

fortuito e não planejado;

4. Resistência à modernização do marketing, fincando a comercialização sujeita a alguns

vendedores antigos e de confiança ou a falta de uma boa política de produtos e de mercados;

5. Emprego e promoção de parente por favoritismo e não por competência anteriormente

provada;

6. A disputa de poder entre os seus membros, a dificuldade encontrada nos momentos de

demitir o executivo sucessor e ao ato de seus membros desempenharem diferentes papeis

dentro da organização;

7. O sucessor não é o fundador. Muitas vezes o sucessor procura comparar-se com o sucedido

e tenta imita-lo ou supera-lo. Este fato torna-se um problema, pois as exigências e o perfil de

um sucessor são completamente diferentes dos de um fundador.

Lodi (1987, p.4), ao tratar o problema da má sucessão em empresas familiares,

simplifica essas desvantagens, dizendo que:

[ ] a família não estava preparada para entender a empresa; a atitude dos

familiares foi de dilapidação do patrimônio; o fundador consumiu suas

energias na construção do império e não teve tempo para educar e ensinar

seus filhos. A profissionalização descaracterizou a empresa familiar, após a

idade de ouro do fundador, não se conseguiu uma reorganização satisfatória;

na ultima fase da vida, o fundador deixou sua crise existencial dilacerar a

organização; não há um sucessor preparado ou não há consenso na família

sobre qual dos pretendentes deve assumir; a rivalidade entre irmãos

desorienta os profissionais.

Page 25: Monografia Sucessao Familiar

23

Como a empresa familiar é formada por membros de uma só família, pode ocasionar

que o fundador não tem uma postura de patrão perante seus parentes, como também, certas

informalidades existentes no ambiente familiar são transferidas para o ambiente empresarial,

ocasionando graves problemas, como não se tornando claras e definidas as regras e normas

existentes na empresa. Prevalece neste caso a lógica individualista: “cada um faz o que acha

certo”.

Numa empresa familiar é indispensável para o sucesso de uma sucessão eficaz que

se crie um conselho familiar, para que sejam estabelecidos acordos familiares, buscando

através de regras o acesso dos jovens da família na empresa como também regras para o

sucessor. Planejando treinamentos para fazer dos jovens da família bons profissionais e um

plano de aposentadoria para o presidente permitindo a renovação no comando e a criação de

um conselho administrativo e o conselho consultivo.

Toda estratégia deve ser baseada nas forças da organização, por isso as desvantagens

expostas acima não devem suceder as vantagens de uma sucessão familiar.

Para superar a informalidade excessiva na empresa, faz-se necessário definir a

estrutura de gestão da empresa familiar, investindo na capacitação gerencial e no

desenvolvimento das equipes. O dirigente numa empresa familiar procura reproduzir uma

harmonia familiar, sem conflitos ou disputas. Embora exista uma competição latente, esta é

negada pelo superior, causando efeitos como travamento nas decisões, já que os problemas

nunca são de fato explicitados, ocasionando entre eles um estresse excessivo em todo o grupo.

Para ultrapassar estes conflitos, precisa ser encarado de forma profissional, fazendo

um planejamento estratégico da competição entre parentes. Regulando as medidas tomadas na

solução dos problemas.

As vantagens competitivas existentes em uma empresa familiar são indispensáveis,

pois dividir responsabilidades de uma gestão com parentes pode ser uma estratégia muito

eficiente, sendo que os diferenciais sejam potencializados e os riscos administrados com

cuidado.

Não só de fraquezas vivem as empresas familiares, mais de forças, ou melhor,

dizendo de vantagens como relata Lodi (1978, p.17) em consulta a dirigentes de empresas

familiares em decorrência de seminários.

A lealdade dos empregados é mais acentuada na empresa familiar, após

algum tempo, pois os colaboradores se identificam com pessoas concretas

que aí estão o tempo todo, e não com dirigentes eleitos por mandatos de

assembléias, ou por imposição de poderes públicos;

Page 26: Monografia Sucessao Familiar

24

O nome da família pode ter grande reputação no estado, na região ou no país

inteiro, funcionando como uma cobertura econômica e política. O nome

pode ser tão lendário a ponto de ter força de título negociável em banco, ou

forte circulação em Brasília;

A continuidade da administração. A sucessão de familiares competentes na

direção do negócio dá origem a um grande respeito pela firma;

A união entre os acionistas e os dirigentes, fazendo com que os acionistas

sustentem a empresa mesmo quando há perdas, e também facilitando a

comunicação entre a Diretoria Executiva, o Conselho de Administração e a

Assembléia dos Acionistas;

O sistema de decisão mais rápido, pois, termina ali, no Escritório Central,

três ou no máximo quatro níveis acima do nível de execução;

Sensibilidade social e política do grupo familiares dirigentes que cria raízes

na elite nacional, a influência e é por ela alimentado de informações. Perfeita

permeabilidade de influências aos interesses nacionais e regionais;

As gerações familiares em sucessão permitindo um traço de união entre o

passado e o futuro, entre os valores do fundador e as vocações e visões

pessoais dos dirigentes atuais.

O controle e gestão na empresa familiar são diferentes apesar das semelhanças ou

coincidências que surgem na maior parte das empresas. Uma das alternativas é a

profissionalização dos membros familiar. Para que tal profissionalização ocorra é necessário

que a família pretenda manter-se à frente do negócio, que haja a pretensão de manter os

valores existentes, que existam pessoas capazes de se apropriar de novos conhecimentos e que

a empresa não esteja fortemente pressionada a mudar pelo seu meio ambiente.

A formação dos membros da família requer um programa interno e externo. O

programa externo deve proporcionar uma formação formal dentro da gestão e/ou a aquisição

de experiências em outras empresas. Isto é de forte importância para o caso dos jovens

sucessores. Já o programa interno para membro familiar, se tornaria interessante um “estágio”

com membros não familiares da empresa, para aprendizagem de aspectos práticos do trabalho,

normas e valores.

Outra opção é a profissionalização dos membros não-familiares da empresa. Que se

deve ser levado em conta quando o número de membros familiares não é suficiente, quando o

nível de confiança entre a família e o restante dos trabalhadores é elevado ou quando existe

uma forte motivação e um potencial disponível.

A inserção dos membros não-familiares profissionalizados em esquemas de

comunicação interna pode lhes permitir um conhecimento mais profundo da realidade da

empresa e um tratamento mais igualitário face aos membros da família, compensando em

Page 27: Monografia Sucessao Familiar

25

termos de benefícios materiais através da atribuição de recompensas, que levante o moral das

mesmas.

Nas duas alternativas (profissionalização dos membros familiares e dos membros

não familiares) implicam numa mudança gradual e planeada da empresa familiar ao longo de

anos. A cultura não vai mudar drasticamente, ocorre uma mudança de gestão pela cultura.

Quando o planejamento não é efetuado e a empresa familiar se debate com a

urgência da mudança, a solução facilmente adotada da profissionalização é a da contratação

de gestores profissionais. Na terceira alternativa deverá ser acompanhada de algumas medidas

tendentes a controlar os riscos.

Page 28: Monografia Sucessao Familiar

26

4 METODOLOGIA DA PESQUISA

Neste capítulo serão abordados os procedimentos metodológicos adotados para o

desenvolvimento deste trabalho. Apresentam-se a caracterização do estudo, a

problematizarão, os objetivos gerais e específicos, universo e amostra, assim como os

instrumentos de coleta de dados.

O estudo de campo está direcionando a um único conjunto de empresas, no caso as

microempresas da cidade de Itambé-PE, com composição familiar.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

Adota-se neste trabalho a abordagem qualitativa, quantitativa e descritiva, que

propicia uma visão amplificada sobre o problema de estudo.

De acordo com Richardson (1999, p.91) a pesquisa qualitativa pode ser

caracterizada como “a tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e

características situacionais apresentadas pelos entrevistadores em lugar de produção de

medidas quantitativas de características ou comportamento”.

A abordagem descritiva é praticada, segundo Triviños (1987), quando o que se

pretende buscar “é o conhecimento de determinadas informações e por ser um método capaz

de descrever com exatidão os fatos e fenômenos de determinada realidade, utilizando de

questionários como instrumento de coleta de dados”.

De acordo com Triviños (1987):

A abordagem quantitativa, procura medir em números o comportamento das

pessoas, buscando sempre responder à questão "quanto" para cada objetivo

do projeto de pesquisa que tenha adotado esta metodologia. Daí a

necessidade destes estudos serem realizados a partir do calculo/elaboração

da amostra da população, utilizando-se da estatística para este fim. Os

resultados da pesquisa quantitativa são analisados e interpretados a partir de

médias e percentuais das respostas obtidas.

Essas abordagens, portanto, serão indispensáveis para o devido entendimento do

tema estudado nesta monografia e principalmente ao tipo de instrumentos que serão adotados

para a coleta de dados.

Page 29: Monografia Sucessao Familiar

27

4.2 PROBLEMATIZAÇÃO

Muitos negócios promissores não resistem à disputa familiar e fraquejam, destruindo

a empresa, o patrimônio e até a relação familiar. Transferir o controle de uma empresa

tipicamente familiar pode ser o início de uma série de conflitos e de decisões que vão

interferir no desempenho futuro, da organização e em alguns casos na permanência no

mercado.

De acordo com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo

(SEBRAE- SP) 90% das empresas brasileiras instaladas em nosso país têm o perfil de

empresa familiar. A questão da pesquisa retém-se em ressaltar como se dá o processo da

sucessão familiar dentro das empresas de pequeno porte, enquanto causa relevante do

desaparecimento das mesmas. Atualmente, de cada 100 empresas, apenas 33 passam da

primeira para a segunda geração da família. Deste total, somente 50% das empresas são

passadas para a terceira geração. Faz-se necessário, portanto observar: Quais vantagens e

desvantagens enfrentadas pelas microempresas frente ao processo da sucessão familiar?

4.3 OBJETIVOS

Neste capítulo trata-se dos objetivos, tanto gerais como específicos. A elaboração dos

objetivos é feita de forma clara e direta, pois estes se devem as linhas, as ações e os caminhos

para toda ação a ser desenvolvida.

4.3.1 Objetivo Geral

O objetivo geral da presente pesquisa é analisar como se dá o processo de sucessão

familiar dentro das microempresas da cidade de Itambé - PE, com características de empresa

familiar, relatando suas principais vantagens e desvantagens originadas pelo processo

sucessório, na primeira geração.

4.3.2 Objetivos Específicos

a) Contextualizar os aspectos socioeconômicos das empresas em questão;

b) Analisar as principais características do processo sucessório;

c) Relatar os obstáculos enfrentados por elas diante este processo.

Page 30: Monografia Sucessao Familiar

28

4.4 UNIVERSO E AMOSTRA

No presente estudo a pesquisa abrange as microempresas da cidade de Itambé-PE,

com características de sucessão familiar, totalizando oito microempresas. Assim formando o

universo da pesquisa igualmente como a amostra, por se tratar de um universo pequeno optou-

se por trabalhar com a totalidade.

Como relata Richardson (1999, p. 57), totalidade ou população “é um conjunto de

elementos que possuem determinadas características, e o caráter representativo de uma

amostra depende evidentemente da maneira pela qual é estabelecida”.

Na definição de Marconi e Lakatos (2003, p. 223), “Amostragem só ocorre quando a

pesquisa não é censitária, isto é, não abrange a totalidade dos componentes do universo,

surgindo à necessidade de investigar apenas uma parte dessa população”.

Será desenvolvida uma pesquisa, com aplicação de questionário nessas oito

microempresas, independentemente do ramo de negócio, que tenham, portanto, características

de sucessão familiar.

4.5 INSTRUMENTO DE COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS

Elaborou-se um questionário semi estruturado, aplicado aos oito respondentes, para

analisar como essas empresas encaram o processo sucessório e identificar as principais

vantagens e desvantagens enfrentadas, diante do processo da sucessão familiar, com o

objetivo de fazer uma correlação entre a teoria preestabelecida e prática. Assim a pesquisa se

direciona para uma abordagem quantitativa, sendo desenvolvida no âmbito natural da situação

que esta sendo estuda. Como também para uma abordagem qualitativa, onde se preocupa em

compreender, identificar e expressar o sentido dos resultados trata-se de reduzir a distância

entre a teoria e os dados, entre contexto e ação.

Segundo Ricahrdson (1999, p.70) “a abordagem refere-se à quantificação tanto para

a coleta de informações quanto para o seu tratamento, desde as técnicas estatísticas mais

simples, como percentual, desvio padrão, média, como também correlação, análise de

regressão”.

O desenvolvimento de um estudo de pesquisa qualitativa resulta na pesquisa

descritiva, pois o trabalho de descrição tem caráter fundamental num estudo qualitativo, pois é

por meio dele que os dados são coletados.

Page 31: Monografia Sucessao Familiar

29

Segundo Richardson (1999), o pesquisador informa o período da coleta de

informações e a possível colaboração de entrevistadores: se são entrevista, questionários,

fichas, etc.

Page 32: Monografia Sucessao Familiar

30

5 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Neste capítulo, trabalha-se analisando os questionários que foram aplicados nas oito

microempresas selecionadas, com o intuito de responder a seguinte questão: Quais vantagens

e desvantagens enfrentadas pelas microempresas frente ao processo da sucessão

familiar?

Assim como, atender os objetivos específicos estabelecidos anteriormente: contextualizar os

aspectos socioeconômicos das empresas em questão, analisar as principais características do

processo sucessório e relatar os obstáculos enfrentados por elas diante este processo.

O questionário aplicado foi divido em três partes, primeiro buscou-se conhecer as

empresas, depois conhecer o sucessor e logo em seguida procurou-se analisar a questão da

pesquisa.

5.1 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS DAS EMPRESAS

Observamos que a maior parte dos sucessores está entre os 30 e 44 anos, o que

comprova a existência de mais de 20 anos dessas empresas, a passagem de pai para filho

acontece nessas empresas mais ou menos na mesma época, que varia de 1987 a 2006.

Foi possível verificar que as microempresas são abertas muitas vezes para suprir

uma necessidade do mercado, tanto em relação ao desemprego quanto para atender às

necessidades dos clientes, muitas vezes pessoas do próprio bairro. Ao contrário do que relata

Oliveira (1999, p.22), que na América latina, os grupos controlados por famílias constituem a

principal forma de propriedade privada na maioria os setores industriais, aqui o setor de

comércio é tão mais significativo, como de alimentação e remédios, sendo bem, mas

representativo do que outro como prestação de serviço como mostra a seguir, no gráfico2.

Gráfico 2 – Empresas por Setor Econômico

Fonte: Pesquisa de campo, 2008

Nota especifica: o gráfico acima foi elaborado a partir do Microsoft Office Excel 2003.

70% 30%

Comércio

Serviço

Page 33: Monografia Sucessao Familiar

31

5.2 ANÁLISE DO PROCESSO SUCESSÓRIO

É possível observar que a sucessão familiar aconteceu significativamente nessas

empresas, depois da morte, acidente ou doença do dirigente, e que apenas 20% dessas

empresas o processo sucessório havia sido planejado com antecedência, dado que implica

num ponto negativo, a falta de preocupação com o planejamento, antes do início da sucessão.

Como foi mostrado anteriormente, Lodi (1993, p.21), ressalta que o êxito de um

programa sucessório depende da maneira como o pai, que também é o presidente, preparou

sua família para o poder e a riqueza. Quando esta próxima a sucessão, o presidente que se

retira deve estar alerta para os seus próprios problemas existenciais, os quais podem retarda a

decisão de afastamento, vejamos:

Gráfico 3 - Causa para a Sucessão Fonte: Pesquisa de campo, 2008. Nota especifica: o gráfico acima foi elaborado a partir do Microsoft Office Excel 2003.

Um aspecto negativamente demonstrado foi à falta de preparação dos sucessores,

antes que pudessem assumir a empresa, apenas 30% das empresas tiveram treinamento,

porém muito escasso realizado na própria empresa, embora dando-lhes suporte e

conhecimento dos setores da empresa. No entanto 70% não tiveram treinamento, acarretando

em sérias dificuldades, como: mau relacionamento com clientes, fornecedores e funcionários,

tornando-se despreparado e inexperiente para competir no mercado de trabalho.

O ideal é que se estabeleça um plano de treinamento que possa ser desenvolvido

num prazo de três a cinco anos antes do afastamento do proprietário. Pois, quanto maior for o

tempo de preparação do processo sucessório maiores serão as recompensas para a empresa.

Como observa Lodi (1993), para a entrada da segunda geração na empresa, é aconselhável,

que os filhos façam o seu aprendizado profissional em outras empresas no período que medeia

entre o fim da faculdade e o inicio da dedicação completa a empresa da família, vejamos:

20% 10%

70%

Por morte

Planejado

Afast. do cargo

Page 34: Monografia Sucessao Familiar

32

Gráfico 4 - Treinamento

Fonte: Pesquisa de campo, 2008.

Nota especifica: o gráfico acima foi elaborado a partir do Microsoft Office Excel 2003.

Essas empresas também foram questionadas, sobre como se deu a contratação de

novos funcionários, ou se permaneceram com a mesma equipe de trabalho. Das empresas em

questão 30% não permaneceram com a mesma equipe de trabalho, visando à redução de

custos, pois se encontravam num momento de crise financeira, no entanto afirmaram que

houve muita resistência por parte de antigos funcionários com a chegada do novo presidente.

Dado que afirma a concepção de Lodi (1993), quando diz que uma geração de profissionais

deve cresce junto com o filho, até que ele suceda ao presidente. Não é de se esperar que os

velhos empregados, companheiros do pai constituam por muito tempo na equipe do futuro

presidente. O jovem deve buscar outros jovens para uma equipe de longa duração, como se

pode notar no gráfico 5.

Gráfico 5 – Permanência da Mesma Equipe de Trabalho

Fonte: Pesquisa de campo, 2008.

Nota especifica: o gráfico acima foi elaborado a partir do Microsoft Office Excel 2003.

Por fim, essas empresas responderam sobre sua permanecia no mercado. Foi

possível observar que mesmo depois da passagem de pai para filho, a cultura do fundador é

muito presente nessas empresas até hoje, e isso dificulta um pouco a mudanças dentro da

empresa, dado que afirma o que Dias (2003), falou quando disse que a criação de um novo

70% 30%

Não teve

treinamento

Teve treinamento

70% 30%

Com a mesma

equipe

Sem a mesma

equipe

Page 35: Monografia Sucessao Familiar

33

ciclo organizacional do sucessor é um trabalho árduo, pois os laços entre a organização e o

seu idealizador são bastante estreitos e o afastamento de uma das partes levanta muita

incerteza sobre o futuro da empresa e do fundador.

Lodi (1987) mostra que 50% das empresas familiares não sobrevivem à passagem da

primeira para a segunda geração, do fundador ao sucessor, pois o tema sucessão familiar

ainda é tratado de forma amadora. No entanto apenas 30% dessas empresas não conseguiram

permanecer no mercado de trabalho, indagando que os principais motivos pra sua falência

seriam: falta de experiência, garra, não vocação para o cargo que ira ser desempenhado e

empenho por parte do sucessor, falta de visão administrativa, para se atualizar no mercado de

trabalho, resultando para essas empresas uma média de apenas 5 anos de permanência no

mercado. Assim:

Gráfico 6 - Sobrevivência das Empresas

Fonte: Pesquisa de campo, 2008.

Nota especifica: o gráfico acima foi elaborado a partir do Microsoft Office Excel 2003.

Contudo esse dado confirma o que Bernhoreft (1991) falou sobre o fato de que

apesar de muitos acreditarem que família e empresa, quando reunidas tendem a diminuir

reciprocamente a sua eficiência, a história das empresas familiares bem sucedidas mostra que

isso não precisa acontecer necessariamente. Não é a família em si que atrapalha a empresa, ou

vice-versa, mas a ignorância dos problemas desse relacionamento e a falta de um código de

relações.

5.3 VANTAGENS E DESVANTAGENS

Em busca de responder a questão da pesquisa, quais vantagens e desvantagens

enfrentadas pelas microempresas frente ao processo da sucessão familiar? As empresas foram

70% 30%

Permaneceram Não permaneceram

Page 36: Monografia Sucessao Familiar

34

questionadas sobre quais, as principais vantagens e desvantagens, que os sucessores

encararam depois de passar pelo processo sucessório.

Principais vantagens consideradas pelos sucessores:

Novas visões de mercado;

Um mercado mais moderno;

Mudança na logística da empresa.

Principais desvantagens consideradas pelos sucessores:

Resistência de antigos funcionários em relação ao novo dono;

Perca de clientes;

Curto prazo para adaptação dentro da empresa;

Surgimento de fortes concorrências, em decorrência da má administração

atual;

Falta de experiência no ramo, em decorrência da falta de treinamento.

Com a chegada do novo dirigente a empresa ganha uma nova visão administrativa

de como atuar no mercado de trabalho, trazendo idéias inovadoras para dentro da empresa,

tornando com capacidade competitiva. No entanto com a falta de treinamento adequado

alguns sucessores acabam se tornando despreparados para assumir a administração da

empresa.

Page 37: Monografia Sucessao Familiar

35

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

Esta pesquisa buscou analisar as principais vantagens e desvantagens originadas pelo

processo sucessório, nas microempresas da cidade de Itambé-PE. Para isso foi elaborado um

questionário semi estruturado a oito respondentes, com o objetivo de ressaltar como se dá o

processo de sucessão familiar dentro das empresas de pequeno porte, fazendo uma correlação

entre a teoria preestabelecida e prática.

Descobriu-se vários aspectos que em conjunto determinam, o modo como esses

sucessores encararam e enfrentaram o processo sucessório dentro das suas empresas.

Foi verificado que nem sempre família e negócio quando juntos resultam no declínio

das empresas familiares.

Uma empresa familiar é muito vantajosa no sentido de que, seus colaboradores

acabam se tornam mais leais, vivendo dentro de um ambiente familiar, onde os laços afetivos

são estreitamente fortes e presentes, influenciando no comportamento e decisões da

organização, resultando num clima de união dentro da empresa, assim fortalecendo-a para o

mercado e tornando-a mais rápida, dinâmica e competitiva. No entanto para o sucesso de uma

empresa familiar, faz-se necessário que aconteça um plano de treinamento com o sucessor,

como afirma Lodi (1993), para a entrada da segunda geração na empresa, é aconselhável, que

os filhos façam o seu aprendizado profissional em outras empresas no período que medeia

entre o fim da faculdade e o inicio da dedicação completa a empresa da família.

Esse plano de treinamento precisa ser feito para impedir que ocorra o pior numa

empresa familiar. O planejamento é a alternativa estratégica para a diminuição da mortalidade

dessas empresas, assim tornando-se imprescindível para quem deseja garantir o sucesso da

empresa sem que isso signifique a perda da presença do seu fundador.

Concluindo, deve-se levar em conta aspectos que podem ser classificados de mais

humanos para o sucesso de uma empresa familiar após ter passado pelo processo sucessório: a

transparência, a capacidade de separar o afeto familiar da avaliação profissional e, sobretudo,

capacidade dos sucedidos de conscientizar os herdeiros de que mais importante do que

receberem da empresa é da a ela.

Este estudo possibilitou, mais do que uma análise de como o processo sucessório

acontece nas microempresas, mostrou a maneira como estas pessoas envolvem-se com amor e

dedicação, e que de uma forma ou de outra a presença do fundador permanece dentro da

empresa. Eles buscam manter os princípios de seus fundadores, mais com uma perspectiva

inovadora e com uma visão administrativa moderna.

Page 38: Monografia Sucessao Familiar

36

Também foi possível perceber o valor dessa pesquisa tanto para a academia quanto

para a prática administrativa, uma vez que tais dados são de significativa importância na

administração. Eles poderão servir de referencial para outros trabalhos que tratem do processo

sucessório nas microempresas.

Page 39: Monografia Sucessao Familiar

37

REFERÊNCIAS

BERNHOEFT, Renato. Sucessão profissionalizada ou sobrevivência comprometida. São

Paulo: Nobel,1991.

BERNHOEFT, Renato. Como criar, manter e sair de uma sociedade familiar(sem brigar).

São Paulo: SENAC, 1996.

CERVO, Amado luiz/Pedro alcino Bervian. Metodologia cientifica. 4ª.ed, São Paulo:

Makron Books, 1996

DIAS, R. Cultura organizacional. Campinas: editora Alínea, 2003.

FRITZ, Roger. Empresa familiar: uma visão empreendedora.Makron Books.1993.

GERSICK, Klein E.; LANSBERG, Ivan; DAVIS, John A.; HAMPTON, Marion M. De

geração para geração, ciclos de vida das empresas familiares. São Paulo: Negócios, 1997.

GOMES, THIAGO SIMÕES. CESUC. Planejamento da Sucessão Familiar. Disponível

em: www.cesuc.br/revista/ed-6/SUCESSAOFAMILIAR.pdf>. Acesso em: 15 de junho. 2008.

LEONE, N. Sucessão na empresa familiar: preparando mudanças para garantir

sobrevivência no mercado globalizado. São Paulo: Editora Atlas, 2005.

LESLIE, A. A Sucessão na empresa familiar. São Paulo: Editora Lazuli.

LODI, João Bosco. A empresa familiar. São Paulo: Pioneira, 1993.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia.

5.ed. São Paulo: Atlas, 2003

NEVES, JOSÉ LUIS. EDA. Pesquisa Qualitativa- Uso, Características e Possibilidades.

Disponível em: <www.ead.fea.usp.br/cad-pesq/arquivos/C03-art06.pdf>. Acesso em: 09 de

julho. 2008.

OLIVEIRA, Djalma de Pinho R. de. Empresa familiar. São Paulo: Atlas, 1999.

Page 40: Monografia Sucessao Familiar

38

RICCA, Domingos. Da empresa familiar a empresa profissional. São Paulo: CLA Cultural,

1998.

SANTOS, J.O que é cultura. São Paulo: Editora Brasiliense, 2004.

SCHEIN. E. Guia de sobrevivência da cultura corporativa. Rio de Janeiro: Editora José

Olympio, 2001.

Page 41: Monografia Sucessao Familiar

39

APÊNDICE A

Page 42: Monografia Sucessao Familiar

40

Visando o cumprimento do Trabalho de Conclusão do Curso de Administração, do Centro

Universitário de João Pessoa - UNIPE, solicito o preenchimento do questionário a seguir, de

forma a obter informações sobre o processo de sucessão familiar analisando suas principais

vantagens e desvantagens. Por favor, apresente a sua opinião sincera para cada uma das

questões. Sua contribuição é de extrema importância para o sucesso da pesquisa e do trabalho.

Você não precisará se identificar.

QUESTIONÁRIO

IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA:

1. Nome de fantasia:_____________________________________________________

2. Razão Social:________________________________________________________

3. Ramo de atividade:___________________________________________________

4. Data de constituição:__________________________________________________

5. Bairro: _____________________________________________________________

6. Nº de Funcionários:___________________________________________________

7. Nº de associados(caso exista):___________________________________________

IDENTIFICAÇÃO DO DIRIGENTE DA EMPRESA:

1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

2. Estado Civil: ( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Divorciado(a)

( ) Viúvo(a) ( ) União estável

3. Nível de escolaridade:

( ) Sem estudo ( ) 1º Grau completo ( ) 1º Grau Incompleto

( ) 2º Grau completo ( ) 2º Grau Incompleto ( ) 3º Grau completo

( ) 3º Grau Incompleto

4. Faixa Etária:___________________

IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA:

1. A instituição se caracteriza como empresa familiar? ( ) sim ( ) não

2. Na instituição já aconteceu à sucessão familiar (a passagem de pai/filho)?

( ) sim ( ) não

3. Em que ano aconteceu essa passagem?_________________________________

4. Qual motivo levou a empresa a passar pelo processo de sucessão?

( ) O processo sucessório na empresa já havia sido planejado com antecedência;

( ) Herança;

( ) Morte, acidente ou doença do dirigente;

( ) afastamento do dirigente do cargo;

( ) processo inesperado de mudança da direção;

Page 43: Monografia Sucessao Familiar

41

5. O processo sucessório foi visto como uma situação natural a ser enfrentada?

( ) sim ( ) não

6. Quais as principais vantagens que a empresa considera após passar pelo processo

sucessório?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

7. Quais as principais desvantagens que a empresa enfrentou ao passar pelo processo

sucessório?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

____________________________________________________

8. A empresa permaneceu com a mesma equipe de trabalho?

( ) sim ( ) não

9. Caso a empresa não tenha permanecido com a mesma equipe de trabalho, quais os

motivos que levaram a tal atitude?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

____________________________________________________

10. A empresa conseguiu sobreviver ao processo sucessório?

( ) sim ( ) não

11. Se a resposta anterior foi NÃO, quais os principais motivos que levaram a falência da

empresa e quanto tempo ela conseguiu permanecer no mercado de trabalho?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

_______________________________________________

12. Houve algum tipo de treinamento com o sucessor, quando foi assumir a Direção da

empresa?

( ) sim ( ) não

13. Se a resposta da pergunta anterior foi SIM, como se deu esse treinamento? E quais

vantagens foram adquiridas?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

____________________________________________________

Page 44: Monografia Sucessao Familiar

42

14. Se a resposta da questão nº 12 foi NÃO, que não houve uma preocupação em dar um

treinamento ao sucessor, quais desvantagens ou dificuldades o sucessor teve?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

____________________________________________________