monografia samuel enfermagem 2012
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Enfermagem 2012TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
BACHARELADO EM ENFERMAGEM
SAMUEL OLIVEIRA GONÇALVES
AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE MEDICAMENTOS ENTRE OS IDOSOS ATENDIDOS NO HOSPITAL DOM ANTÔNIO MONTEIRO EM
SENHOR DO BONFIM-BA
SENHOR DO BONFIM 2012
SAMUEL OLIVEIRA GONÇALVES
AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE MEDICAMENTOS ENTRE OS IDOSOS ATENDIDOS NO HOSPITAL DOM ANTÔNIO MONTEIRO EM
SENHOR DO BONFIM-BA
Monografia apresentada como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem pela Universidade do Estado da Bahia. Orientado pela Enfermeira Especialista Thaisy Luzia Campos Fernandes e co-orientado pelo Drª. Artur Gomes Dias Lima.
SENHOR DO BONFIM 2012
Samuel Oliveira Gonçalves. Avaliação do consumo de medicamentos entre os idosos atendidos
no Hospital Dom Antônio Monteiro em Senhor do Bonfim-Ba.
Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem.
_____/_____/_____
Data da aprovação
Banca Examinadora
______________________________________________________ Enfermeira Especialista Thaisy Luzia Campos Fernandes
Orientadora
______________________________________________________ Enfermeira Especialista Gláucia Sá Brandão
Membro da Banca
______________________________________________________ Drª. Maria de Fátima Brazil dos Santos Souto
Membro da Banca
Senhor do Bonfim 2012
“Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória
é o desejo de vencer.” Mahatma Gandhi
Dedico esta conquista à toda minha familia Meus avôs Cornélio e Manoel “In memoriam”
Aos meus amados pais Raimundo e Rosinete e ao meu irmão e afilhado amado Rafael.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter iluminado e conduzido meu caminho
com clareza e perseverança.
Dedico essa conquista aos meus queridos avôs Cornélio e Manoel que
‘partiram’ com a benção de Deus;
Agradeço especialmente ao meu Pai, minha Mãe e meu Irmão que sempre
formam meu refúgio, meu alicerce e meu porto seguro. A eles também sou grato
pelos puxões de orelha, pela confiança e amor absoluto. Obrigado por terem
acreditado em mim e por terem me apoiado nas minhas decisões. Agradeço ainda,
pela luta constante na vida, pelo esforço econômico e por terem feito o possível e o
impossível para me darem a oportunidade de estudar na universidade e numa
cidade longe de casa. Fico eternamente grato. Devo a vocês tudo e com e por vocês
compartilho nossa conquista. Amo vocês.
A toda minha amada, querida e maravilhosa família (Vó Áurea, tios, tias,
primos e primas) por compreender minha ausência, pelo apoio e carinho
incondicional, além de toda a confiança que sempre depositaram em mim.
À minha amada companheira Vania, sempre amiga e conselheira. Pela sua
paciência, motivação e compreensão nos momentos mais complicados, pelo
constante apoio e por compreender a importância desta conquista e aceitar a minha
ausência quando necessário. O meu muito obrigado por ser a pessoa que é e por
sempre estar comigo em todas as fases pelas quais passei.
Sou grato também aos professores Marcos Fábio e Andréa Cristina pela
ajuda na elaboração deste projeto.
A professora e amiga Thaisy Luzia Campos Fernandes pelo apoio, incentivo e
confiança. Bem como pela paciência nestes anos.
Ao professor e amigo Artur Gomes Dias Lima por me apresentar o tema e ser
um dos meus maiores incentivadores.
Um obrigado peculiar à amiga, conselheira e protetora professora Maria de
Fátima Brasil Santos Souto pela preocupação, paciência e dedicação ao me atender
e nortear na execução deste trabalho. Uffa! Deu tudo certo Pró!
Aos irmãos que ganhei nesta trajetória Gilson, Poliana, Ubiratan e Angelita:
vocês fizeram cada dia na universidade mais divertido e especial. Valeu mesmo à
pena!
A todos meus professores e colegas, aos meus amigos de ontem e de hoje,
fico imensamente grato pela a amizade, companheirismo e transmissão de
conhecimentos.
Compartilho com todos a imensa felicidade que não cabe em palavras...!!
Enfim, mais um projeto na vida realizado. Porém, um novo se inicia. E o
futuro... ahh o futuro... ele que me aguarde!
O sabor desta conquista e de estar vivo alavanca minha fé e ousadia em
prosseguir.
“[...] Mil poderão cair ao teu lado, e dez mil à tua direita; mas tu não serás atingido [...]”
Salmo 91:7
RESUMO
O crescente número da população idosa no Brasil traz, cada vez mais, desafios aos serviços e aos profissionais de saúde, principalmente ao alto e muitas vezes indiscriminado consumo de medicamentos, onde este grupo pode apresentar reações adversas mais freqüentes e mais graves. Porém, cabe uma reflexão importante: os idosos consomem remédios por conta própria ou apenas com prescrição médica? Este questionamento resultou na execução deste estudo entre idosos em um hospital no interior da Bahia, que teve como objetivo verificar a prática da automedicação entre os idosos atendidos no ambulatório do Hospital Dom Antonio Monteiro em Senhor do Bonfim-BA. Realizou-se uma pesquisa descritiva de natureza quantiqualitativa, tipo inquérito populacional através de entrevista estruturada com perguntas objetivas aos idosos presentes no ambulatório do hospital. Verificou-se que existe a prática da automedicação entre os idosos, sendo comprovado que 73,3% dos entrevistados se automedicam, destes 90,9% possuem renda familiar mensal de até três salários mínimos e 60% citaram os analgésicos como os medicamentos mais consumidos sem receita médica.
DESCRITORES: Medicamentos, Consumo, Automedicação, Idosos.
ABSTRACT
The crescent number of elderly population in Brazil brings, increasingly, challenges to health services and professionals, especially the loud and often indiscriminate use of medicines, where, this group, can have adverse effects more frequent and more severe. However, there is an important consideration: the elderly consume drugs on their own or only with a doctor’s prescription? This inquiry resulted in the execution of this study among elderly in a hospital in Bahia, which aimed to verify self-medication among the elderly seen at the Dom Antonio Monteiro Hospital, in Senhor do Bonfim, BA. We conducted a descriptive, of nature quantiqualitative, type population survey, using a structured interview with objective questions to the elderly present in the ambulatory. It was found that there is self-medication among the elderly, demonstrated that 73.3% of respondents self-medicate, of these 90.9% have a monthly income of up to three minimum wages, and 60% cited that analgesics are the most frequently consumed drugs without a prescription.
KEYWORDS: Drugs, Consumption, Self Medication, the Elderly.
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 – Frequência de idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por idade. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
24
Tabela 02 – Frequência dos idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por grau de escolaridade. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
25
Tabela 03 – Frequência dos idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por escolaridade e sexo. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
26
Tabela 04 – Frequência de idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por sexo e prática da automedicação. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
29
Tabela 05 – Frequência de idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por idade e prática da automedicação. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
29
Tabela 06 – Frequência de idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por escolaridade e prática da automedicação. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
30
Tabela 07 – Frequência de idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por renda mensal e prática da automedicação. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
31
Tabela 08 –
Frequência de idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por consultas realizadas no último ano e prática da automedicação. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
35
Tabela 09 – Frequência de idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por leitura das bulas de medicamentos. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
36
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 – Frequência de idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por sexo. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
24
Gráfico 02 – Frequência dos idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por estado civil. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
25
Gráfico 03 – Frequência dos idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por renda familiar. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
27
Gráfico 04 – Frequência dos idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por prática da automedicação. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
27
Gráfico 05 – Frequência de medicamentos mais utilizados entre os idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por classe farmacêutica. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
33
Gráfico 06 – Frequência de idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por influência de propagandas de medicamentos. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
37
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO 12
2 REVISÃO DE LITERATURA 13
3 METODOLOGIA 21
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 23
5 CONCLUSÃO 40
6 RECOMENDAÇÕES 42
REFERÊNCIAS 43
APÊNDICES 50
ANEXO 56
12
1 APRESENTAÇÃO
As mudanças tecnológicas que ocorreram no século XX levaram ao
desenvolvimento das indústrias e como um todo e proporcionou um grande
proporcionou um grande avanço na indústria farmacêutica favorecendo a síntese de
novos compostos para diversos fins e a expansão de seu mercado, trazendo
consigo um arsenal de novos produtos e transformações importantes no perfil de
utilização de medicamentos em todo o mundo (MARGONATO et al., 2008).
Neste contexto, deve-se analisar especialmente os idosos, pois apresentam
restrições fisiológicas que ocasionam alterações na farmacocinética clínica
interferindo diretamente nos processos de absorção, distribuição, metabolização e
eliminação dos medicamentos (KATZUNG, 2002), que associado a problemas
crônicos de saúde consomem grande número de medicamentos, que quando mal
utilizados ou consumidos de forma indiscriminada e irracional podem desencadear
complicações sérias (BARROS, 2002 apud MARIN et al., 2008).
Para tanto, considerando a importância do uso correto dos fármacos, este
estudo avalia pela primeira vez o perfil do consumo de medicamentos dos idosos de
Senhor do Bonfim, sob o ponto de vista da Enfermagem, na tentativa de contribuir
para o conhecimento do perfil do consumo de medicamentos dos idosos,
possibilitando o planejamento de estratégias e ações significativas ao combate à
pratica da automedicação, visando reduzir ou até eliminá-la.
13
2 REVISÃO DE LITERATURA
No início do século XX, os primeiros passos da química sintética começaram
a revolucionar a indústria farmacêutica e, com ela, a ciência da farmacologia (RANG,
RITTER, FLOWER, 2007).
Tourinho (2008) argumenta que foi a partir da década de 1920 que a indústria
farmacêutica teve seu maior desenvolvimento e contribuição com fármacos na
melhora dos indicadores de saúde, e hoje, em pleno século XXI, observa-se a
interferência na história natural de diversas doenças, principalmente, com a
introdução dos antibióticos, das vacinas e dos medicamentos anti-hipertensivos. O
autor afirma ainda, que a introdução maciça e progressiva de novos fármacos impôs
à população mundial outro problema, das enfermidades associadas à
farmacoterapia, muitas vezes atribuída ao uso irracional dos medicamentos.
A ausência de iniciativas para formação de profissionais de saúde capazes de
orientar adequadamente sobre o uso correto de medicamentos contribui com a
manutenção de índices elevados de intoxicações medicamentosas no Brasil.
Técnicas de marketing que atraem prescritores e usuários de medicamentos
também favorecem a utilização inadequada desses produtos por uma parcela
considerável da população (MARGONATO, et al., 2008).
De 1993 a 1996, foram registrados no Brasil pelo Sistema Nacional de
Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX), 217.512 casos de intoxicação
humana, sendo que os medicamentos ocuparam o primeiro lugar nas estatísticas
entre os agentes tóxicos com 27% dos casos registrados e responderam por 62%
das tentativas de suicídio registradas no período e correspondendo ao segundo
lugar em número de óbitos (BORTOLETTO, BOCHNER, 1999).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define como utilização de
medicamentos: a comercialização, distribuição, prescrição e uso de medicamentos
em uma sociedade, com ênfase especial sobre as conseqüências médicas, sociais e
econômicas resultantes. Nesta linha, o estudo dos medicamentos como
determinantes de saúde e doença na população é denominado como
14
Farmacoepidemiologia, que tem como atribuições explorar os efeitos e usos dos
tratamentos farmacológicos em tempo, espaço e população definidos (TOURINHO,
2008).
Esta é uma prática comum, vivenciada por civilizações de todos os tempos,
com características peculiares a cada época e a cada região, sendo muitas vezes
influenciada com a prescrição (ou indicação) de medicamentos por pessoas não
habilitadas, como amigos, familiares ou balconistas da farmácia (BORTOLETTO,
BOCHNER, 1999).
De acordo com Paulo e Zanine (1988, p. 69):
A automedicação é um procedimento caracterizado fundamentalmente pela iniciativa de um doente, ou de seu responsável, em obter ou produzir e utilizar um produto que acredita lhe trará benefícios no tratamento de doenças ou alívio de sintomas. A automedicação inadequada, tal como a prescrição errônea, pode ter como conseqüência efeitos indesejáveis, enfermidades iatrogênicas e mascaramento de doenças evolutivas, representando, portanto, problema a ser prevenido.
Para Lefèvre (1983), os medicamentos conseguem iludir e funcionam como
paliativos dos sofrimentos de milhares de indivíduos, não como aparência, mas com
a realidade da sua eficácia científica.
A proposta de alívio imediato do sofrimento como em um passe de mágica é
um apelo atraente, mas tem seu preço, o qual nem sempre se restringe ao
desembolso financeiro e pode ser descontado na própria saúde (AQUINO, 2008).
O uso indevido de substâncias podem acarretar diversas conseqüências
como resistência bacteriana, reações de hipersensibilidade, dependência,
sangramento digestivo, sintomas de retirada e ainda aumentar o risco para
determinadas neoplasias (BORTOLETTO, BOCHNER, 1999).
O risco dessa prática pode estar correlacionado com o grau de instrução e
informação dos usuários sobre medicamentos, bem como com a acessibilidade dos
mesmos ao sistema de saúde e a eficiência do trabalho das várias instâncias que
controlam este mercado também exercem papel de grande relevância nos riscos
implícitos na automedicação (ARRAIS et al., 1997).
15
Segundo a OMS: O uso inadequado de medicamentos é um
problema de Saúde Pública prevalente em todo o mundo. Dados da OMS
revelam que (AQUINO, 2008; ANVISA, 2006):
15% da população mundial consome mais de
90% da produção farmacêutica;
25 a 70% do gasto em saúde nos países em
desenvolvimento correspondem a medicamentos, naqueles
desenvolvidos, esse porcentual é de 15%;
50 a 70% das consultas médicas geram
prescrição medicamentosa;
50% de todos os medicamentos são prescritos,
dispensados ou usados inadequadamente;
Somente 50 % dos pacientes, em média, tomam
corretamente seus medicamentos;
Os hospitais gastam de 15% a 20% de seus
orçamentos para lidar com as complicações causadas pelo
mau uso de medicamentos;
De todos os pacientes que dão entrada em
prontos-socorros com intoxicação, 40% são vítimas dos
medicamentos.
O que tem sido observado no Brasil se contrapõe à proposta da OMS.
Segundo Barros (1989), pelo menos 35% dos medicamentos adquiridos no Brasil
são utilizados através de automedicação. Estatísticas da Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz) revelam que no Brasil 16% dos casos de morte por intoxicações são
causados por medicamentos (AQUINO, 2008).
Dados levantados pela Comissão Parlamentar de Inquérito sobre os
Medicamentos em 2002 mostraram que 15% da população consome 50% do que se
produz de medicamentos, enquanto 51% entre os que ganham até quatro salários-
mínimos consomem 16% (ANVISA, 2006).
16
Arrais (1997) argumenta que em países desenvolvidos, o número de
medicamentos de venda livre tem crescido nos últimos tempos, assim como a
disponibilidade desses medicamentos em estabelecimentos não farmacêuticos, o
que favorece a automedicação.
Enquanto que no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias
Farmacêuticas (ABIFARMA), cerca de 80 milhões de pessoas são adeptas da
automedicação, a má qualidade da oferta de medicamentos, o não-cumprimento da
obrigatoriedade da apresentação da receita médica e a carência de informação e
instrução na população em geral justificam a preocupação com a qualidade da
automedicação praticada no país (ARRAIS et al., 1997).
Entretanto, se o brasileiro tende a se automedicar, pode ser porque não
encontra disponibilidade dos serviços de saúde mais acessíveis, precisa ficar horas
em uma fila e, às vezes, esperar dias e até meses para ser atendido por um médico.
O consumo impróprio de medicamentos é realidade também nas camadas
mais favorecidas da sociedade, onde o alto consumo de forma inadequada de
medicamentos é uma realidade também observada, sendo também em
conseqüência do legado cultural (AQUINO, 2008).
Estudos realizados em países desenvolvidos e em países em
desenvolvimento têm mostrado que o hábito da automedicação está associado à
presença de sinais e sintomas menores de características agudas (dor e febre, por
exemplo).
Entre os fatores que favorecem a automedicação Nascimento (2009) afirma
que as propagandas de medicamentos no Brasil têm participação peculiar, pois se
verifica:
Multas arrecadadas irrisórias comparados aos gastos com publicidade;
As multas são repassadas aos preços;
A punição das irregularidades são realizadas após a infração (quando
a população já foi exposta ao risco).
A frase “Ao persistirem os sintomas o médico deverá ser consultado” em vez
de alertar para os riscos da automedicação estimula o uso pelo menos do primeiro
medicamento sem receita, indicando a busca de um médico só no caso da
permanência dos sintomas (NASCIMENTO, 2009).
17
Nascimento (2009) ainda conclui que, do ponto de vista publicitário, veicular
informações sobre riscos e possíveis agravos é visto pelo marketing medicamentoso
como uma contrapropaganda do produto. Estas 1uando surgem, são exibidas em
letras minúsculas aparecendo ligeiramente e com poucas informações, evitando-se
determinar quais os grupos populacionais que não devem tomar o medicamento,
como idosos, crianças, diabéticos, hipertensos e outros.
Ainda ao que se refere à propaganda de medicamentos, pode-se dirigir o
termo manipulação (social) definido por Bobbio (2000): na manipulação social, o
sujeito manipulado não sabe que o é e crê tomar sua decisão de modo livre,
enquanto que o seu comportamento é, na realidade, manobrado pelo manipulador.
Observa-se também que os medicamentos são alvos de medidas que
estimulam o seu consumo como: propagandas, descontos e promoções, tendo na
maioria das vezes o idoso como público alvo (ANDRADE, SILVA, FREITAS, 2004).
Em 1985 a idade de 65 anos foi estabelecida pela Organização das Nações
Unidas (ONU) para determinar uma pessoa idosa nos países desenvolvidos ao
passo que nos países em desenvolvimento devido a estimativa de vida ser menor
considera-se 60 anos como parâmetro (SILVA, et al., 2010), a exemplo do Brasil
conforme o Estatuto do Idoso que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2004
(BRASIL, 2003).
Existe relativamente no Brasil pouco trabalho abordando o risco do consumo
inadequado de medicamentos, essa falta de informação eleva a percentagem no
país de pessoas que praticam a automedicação, seja de interesse próprio, por
indicação de leigos e utilização de receitas antigas (BORTOLETTO e BOCHNER,
1999).
Em estudo realizado por Haak (1989), junto a núcleos familiares em dois
povoados baianos, revelou que os medicamentos modernos são amplamente
utilizados no contexto da automedicação. A atitude da população em relação a
esses medicamentos foi de ampla aceitação. Fatores agravantes nesse quadro
foram: 1) a preferência pela aplicação de medicamentos a recém-nascidos; 2) o alto
custo financeiro envolvido na compra de medicamentos; 3) o exagerado nível de
expectativa em relação aos antibióticos, analgésicos e vitaminas.
18
Arrais et al. (1997) concluiu que a automedicação no Brasil reflete as
carências e hábitos da população, e que é consideravelmente influenciada pela
prescrição médica e tem a sua qualidade prejudicada pela baixa seletividade do
mercado farmacêutico.
Em estudo realizado pelo professor Artur Gomes Dias Lima, foi constatado
que 90% dos 455 entrevistados afirmaram fazer uso de medicamentos sem
prescrição médica, e também, que a automedicação é uma questão cultural, onde
91% dos entrevistados afirmaram que seus pais ou responsáveis tinham hábito de
administrar medicamentos sem indicação médica (REBOUÇAS, 2008). Esse mesmo
estudo refere que a automedicação poderia ser evitada se a venda de
medicamentos fracionados fosse disseminada e incentivada, sendo essa uma
responsabilidade também das farmácias.
Vitor (2008), após pesquisa em Porto Alegre – RS descreveu o padrão de
consumo de medicamentos, e apoiou a hipótese da ingênua e excessiva crença da
sociedade atual no poder dos medicamentos, o que contribui para a crescente
demanda de produtos farmacêuticos para qualquer tipo de transtorno, por mais
banal e autolimitado que seja. Dessa forma, o medicamento foi incorporado à
dinâmica da sociedade de consumo e, portanto, está sujeito às mesmas tensões,
interesses e dura competição de qualquer setor do mercado, afastando-se de sua
finalidade precípua na prevenção, diagnóstico e tratamento das enfermidades.
Entre os idosos, a fatia dos desassistidos cresce. Mesmo aqueles sem
dificuldades de aquisição nem sempre são adequadamente tratados, pois há
distorções nos campos da fabricação, da prescrição e do uso de medicamentos
(ROZENFELD, 2003).
Os medicamentos representam um dos itens mais importantes da atenção à
saúde do idoso. Conhecer os perfis da população geriátrica e de utilização de
medicamentos é essencial para estratégias de prescrição racional e utilização de
fármacos entre os idosos (FILHO, MARCOPITO, CASTELO, 2004).
Existem evidências que grande percentual da renda dos idosos são gastos
com o uso de remédios, comprometendo essa parcela da população
financeiramente, e, predispondo a outros problemas de saúde em função do
consumo indiscriminado de medicamento, a exemplo das reações adversas que são
19
responsáveis por cerca de 10% a 20% das internações hospitalares (SILVA, et al.,
2010).
Estudos populacionais sobre o consumo de medicamentos comprovam o uso
crescente com a idade, tanto em pequenos povoados do interior (HAAK, 1989),
como em grandes centros urbanos (BARROS, 1983; FRANCO et al., 1986/1987
apud ROZENFELD, 2003).
Em estudo realizado no Rio de Janeiro constatou que quase 30% dos
integrantes da pesquisa consumiam medicamentos não-prescritos, sendo que a
maioria dos consumidores possuía idade entre 60 a 69 anos (VERAS, 1994 apud
ROZENFELD, 2003).
Flores e Mengue (2005) em pesquisa na cidade de Porto Alegre, constatou
que 33% dos idosos usavam medicamentos sem consultar um médico, sendo a dor
inespecífica a principal causa de 53%, e 16% utilizavam receitas antigas para
adquirir medicamentos prescritos anteriormente.
Outra pesquisa realizada entre idosos em outro município do Rio Grande de
Sul constatou que o uso de medicamentos não prescritos foi de apenas 3,8% entre
as mulheres e 4,3% entre os homens (FLORES, V. B., BENVEGNÚ, 2008).
O aumento da população idosa no Brasil segue uma tendência já ocorrida em
países desenvolvidos, trazendo cada vez mais desafios aos serviços e aos
profissionais de saúde (FLORES, BENVEGNÚ, 2008), principalmente quanto a
peculiaridades distintas de um grupo no mesmo estado, exigindo então uma
assistência de saúde distinta e adequações das estratégias de saúde para cada
região.
Desta forma, não ocorre uniformidade no tipo de comportamento e padrão de
consumo de medicamentos numa determinada população, sendo significante a
realização de estudos nas mais diversas regiões para estabelecer o consumo de
medicamentos na sua própria população e subsidiar os gestores públicos na
programação de serviços e assistência farmacêutica para idosos (LOYOLA FILHO,
UCHOA, LIMA-COSTA, 2006).
Estudos estatísticos apontam para um grande crescimento da população
idosa nos próximos anos, atingindo cerca de 32 a 33 milhões de pessoas com a
faixa etária maior que 60 (CASTRO, VARGAS, 2005).
20
Cerca de 650 mil novos idosos são agrupados à população por ano, sendo
um total de três milhões em 1960, sete milhões em 1975 e 17 milhões em 2006, o
que resulta crescimento de 600% em menos de 50 anos (GIACOMIN et al., 2005).
Estima-se que em 2020 o Brasil alcance o sexto lugar com maior população de
idosos no mundo com 32 milhões (LIMA-COSTA, VERAS, 2003).
Tais números reforçam uma baixa progressiva da taxa de mortalidade,
evidenciando que, atualmente, a sociedade brasileira atravessa um período de
transição, onde a melhoria da qualidade de vida e a consequente elevação da
expectativa de vida é responsável pelo aumento considerável da população idosa.
Neste sentido, é necessário que as atividades dos profissionais de saúde estejam
consoantes com essa realidade, entendendo que o idoso possui peculiaridades
inerentes ao seu contexto familiar e social, respeitando sua autonomia e
independência (CASTRO, VARGAS, 2005).
Não apenas os profissionais sentirão o impacto desse novo fenômeno, mas,
inclusive, ocorrerá reflexo nos gastos com saúde no Brasil, levando a novas
estratégias e mudanças nas estruturas econômicas governamentais que visem
oferecer recursos e garantir atendimento a camada mais envelhecida que acabam
tendo mais problemas de saúde, que acabam levando à população idosa a um
consumo significativo de medicamentos.
21
3 METODOLOGIA
Tratou-se de uma pesquisa descritiva de natureza quantiqualitativa, tipo
inquérito populacional através de entrevista estruturada (Apêndice A) sendo
apresentado termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice B).
A pesquisa foi desenvolvida no Hospital Dom Antônio Monteiro (HDAM) na
cidade de Senhor do Bonfim – BA. Esta unidade hospitalar foi selecionada por ser a
única unidade hospitalar pública do município e por estar situada no centro da
cidade, atendendo grande número de usuários diariamente dos mais diversos
bairros, localidades e grupos sociais, permitindo assim uma amostra diversificada.
Este estudo guiou-se pelos princípios éticos de pesquisa, seguindo a
orientação da resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 196 (BRASIL, 1996). A
coleta de dados foi permitida após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade do Estado da Bahia, através do Parecer de processo nº
0603090217743 (Anexo I).
O usuário foi informado quanto à garantia do anonimato e confidencialidade
do estudo e ao aceitar participar da entrevista foi solicitada a assinatura do Termo de
Consentimento Livre Esclarecido – TCLE (Apêndice B), indicando que não haveria
ônus ou bônus aos participantes da pesquisa.
A amostra se fez de forma não-probabilística, de seleção a esmo ou sem
norma. Sendo, em muitas ocasiões, constituída apenas pelos mais acessíveis
(PEREIRA, 1995).
O estudo foi realizado entre os meses de Outubro a Dezembro de 2011, em
dias aleatórios no turno matutino das 08 às 12hs, totalizando oito coletas por mês.
Utilizou-se como elementos de inclusão da pesquisa os usuários de ambos os
sexos que estiveram presentes no horário com idade de 60 anos ou mais de acordo
com a Lei n.º 10.741, de 1.º de Outubro de 2003 (BRASIL, 2003), acamados ou não,
conscientes e com capacidade de se comunicar e os residentes no território (zona
urbana ou rural) do município de Senhor do Bonfim.
22
Foram excluídos do estudo os entrevistados que não possuíam idade igual ou
superior a 60 anos, indivíduos com patologias ou necessidades psiquiátricas, além
daqueles que não residam no município de Senhor do Bonfim.
Os sujeitos foram recrutados na sala de espera de atendimento ambulatorial
do HDAM antes ou após a consulta médica, onde se explicou o tema e o objetivo da
pesquisa. As entrevistas foram realizadas em locais privados, após a assinatura do
termo de consentimento, para que a confidencialidade do participante fosse
preservada.
Para apreciação dos dados utilizou-se o software Epi Info 3.5.1, sendo os
resultados expressos em tabelas e gráficos confeccionados através dos softwares
Microsoft Word 2007 e Microsoft Exel 2007, o que facilitou a visualização e análise
dos resultados.
23
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Hospital Dom Antônio Monteiro - HDAM consiste em uma unidade
hospitalar de médio porte, onde seus 150 leitos são distribuídos entre os serviços de
ginecologia e neonatologia, clínica geral, obstetrícia, pediatria e para cirurgia destas
mesmas especialidades (BRASIL, 2011a). De acordo com Balbueno e Nozawa,
(2004) este total de leitos é suficiente para classificar um hospital como de médio
porte.
Trata-se de uma entidade com esfera administrativa privada, de natureza
beneficente sem fins lucrativos, atualmente sobre intervenção e gestão pública
municipal com atendimento a clientela diferenciada em atendimentos ambulatoriais,
urgência e emergência, internação, cirurgias ortopédicas, vasculares,
gastrointestinais, urológicas e eletivas (BRASIL, 2011a).
O envelhecimento da população é observado por diversos ângulos, dentre
eles o econômico e social, e também, das políticas de saúde específicas para
atender as necessidades desta população (LIMA et al., 2007). Há um ritmo de
crescimento da população idosa que já é maior que o número de nascimentos. Em
2009, o Brasil contava com uma população de cerca de 21 milhões de pessoas de
60 anos ou mais de idade, saltando de um índice de 9,1% em 1999 para 11,3% em
2009 de idosos no país (IBGE, 2010).
A região Nordeste apesar de ainda possuir uma população
predominantemente jovem, há uma crescente proporção no índice dos idosos, que
passou de 5,1% no ano de 1991, 5,8% em 2000 e para 7,2% em 2010 (IBGE,
2011b).
A Bahia é o quarto estado mais populoso do país, com uma população
residente de 14.016.906 milhões de pessoas, a população idosa corresponde a
10,35% ou 1.451.206 milhão de pessoas (IBGE, 2012a). Enquanto que Senhor do
Bonfim soma 11,51% (8.567 pessoas) da população com mais de 60 anos de idade
(IBGE, 2012b).
No estudo desenvolvido com idosos no HDAM em Senhor do Bonfim, o
resultado do estudo concretizado entre os meses de outubro a novembro de 2011
24
envolveu uma amostra de apenas 15 indivíduos entrevistados que atenderam aos
critérios de inclusão da pesquisa e período estabelecido, devido a dificuldades
operacionais que o hospital enfrentou no período da coleta. O perfil da população
estudada obteve uma idade que variou entre 60 a 90 anos de idade, sendo em sua
maioria na faixa etária de 60 e 65 anos (Tabela 01).
TABELA 01 – Frequência de idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por idade. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
Anos de idade
%
60 26,7
61 6,7
62 6,7
65 13,3
70 6,7
71 6,7
72 6,7
74 6,7
75 6,7
79 6,7
90 6,7 TABELA 01 - Percentual dos participantes por idade.
Quanto ao gênero dos entrevistados 53,3% pertenciam ao sexo feminino e
46,7% ao sexo masculino de acordo com o observado no Gráfico 01.
GRÁFICO 01 – Distribuição por sexo.
42
44
46
48
50
52
54
Masculino Feminino
%
Sexo
Gráfico 01 - Frequência de idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por sexo. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
Feminino
Masculino
25
O Gráfico 02 exibe que a maioria entre os entrevistados alegaram o estado
civil como casados totalizando 53,3%.
GRÁFICO 02 – Distribuição por estado civil.
Em relação ao grau de escolaridade foi notória a predominância de
analfabetos, constituindo um total de 53,0% dos entrevistados conforme análise da
Tabela 02.
Tabela 02 - Frequência dos idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por grau de escolaridade. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
Grau de escolaridade %
Não alfabetizado 53,3
Primeiro incompleto 20,0
Segundo completo 20,0
Segundo incompleto 6,7
TABELA 02 – Percentual por grau de escolaridade dos entrevistados.
0
10
20
30
40
50
60
Casados Viúvos Divorciados
%
Estado civil
Gráfico 02 - Frequência dos idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por estado civil. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
Casados
Viúvos
Divorciados
26
Quando analisado sexo e escolaridade na Tabela 03, observa-se que as
mulheres constituíram maior percentual de baixa escolaridade com 62,5% de não
alfabetizadas.
Tabela 03 – Frequência dos idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por escolaridade e sexo. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
Grau de escolaridade
Feminino (%) Masculino (%)
Não alfabetizado 62,5 42,9
Primeiro incompleto
12,5 28,6
Segundo completo 12,5 28,6
Segundo incompleto
12,5 0,0
TABELA 3 - Distribuição por escolaridade e sexo.
Ao se comparar estes dados com estudos desenvolvidos em outras regiões
do país verifica-se similaridade, como apresentado por Silva et al., (2010) em uma
amostra de 211 idosos em Montes Claros-MG, onde apresentou 61,7% da
população feminina com analfabetismo. O autor afirma que entre os fatores
determinantes para este alto percentual, está a sobrecarga de funções das mulheres
no núcleo familiar, que além das funções domésticas exercem atividades externas
ao domicílio e, dessa forma, não demanda tempo ou oportunidade para o empenho
em atividades escolares.
O Gráfico 03 demonstra que em relação à renda familiar mensal 93,3%
possuem renda de até três salários mínimos.
27
GRÁFICO 03 – Distribuição por renda familiar mensal.
Em relação ao consumo de medicamentos entre os idosos no HDAM, o
estudo constatou que 73,3% dos entrevistados afirmaram praticar a automedicação
como indica o Gráfico 04, ou seja, usam medicamentos sem prescrição médica,
onde eles mesmos decidem qual fármaco utilizar (VILARINO et al., 1998).
GRÁFICO 04 - Distribuição por prática da automedicação.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
%
Renda mensal da família
Gráfico 03 - Frequência dos idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por renda familiar. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
1 a 3 salários-mínimos
1 salário-mínimo
73%
27%
Gráfico 04 - Frequência dos idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por prática da automedicação. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
Pratica Não pratica
28
Foram encontrados estudos na literatura com dados semelhantes, mas
também, que contrariam o alto índice analisado no HDAM em Senhor do Bonfim, a
exemplo do trabalho realizado por Loyola Filho et al., (2002) na cidade de Bambuí,
em Minas Gerais, onde se obteve um percentual de somente 46% de idosos que
referiram utilizar medicamentos não prescritos. Em Marília interior de São Paulo,
Marin et al., (2008) constatou através de estudo desenvolvido com uma população
de 301 idosos, que 36,9% utilizaram algum tipo de fármaco sem indicação médica.
No interior do estado de Pernambuco, foi demonstrada alta taxa (60%) de
automedicação entre os idosos (BARROS E SÁ, BARROS, SÁ, 2007). Taxas
elevadas sobre automedicação foram observadas no Rio Grande do Sul por
Cascaes, Falchetti e Galato (2008), onde se encontrou uma alta freqüência (80,5%)
de automedicação entre os idosos. Em outro estudo também desenvolvido no Rio
Grande do Sul, na cidade de Santa Maria se verificou na população de idade entre 0
a 89 anos, que 76,1% dos participantes da pesquisa se automedicaram ou eram
automedicados (VILARINO et al., 1998).
Quando a automedicação é analisada e relacionada com o gênero alguns
estudos revelaram que as mulheres constituem o grupo que mais utiliza
medicamentos sem prescrição, como no estudo realizado por Bortolon et al., (2008)
que mostrou que apenas 30,8% das idosas praticavam a automedicação. Em meio
as idosas entrevistadas no HDAM, o resultado prevalente foi mais que o dobro
deste, consistindo em 62,5% de uso de medicamentos sem prescrição. Valor menor
que entre os homens, onde se constatou prevalência maior com 85,7% de
automedicação entre os homens conforme a Tabela 04.
29
Tabela 04 - Frequência de idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por sexo e prática da automedicação. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
Sexo Pratica (%) Não Pratica (%)
Feminino 62,5 37,5
Masculino 85,7 14,3
TABELA 04 – Distribuição por sexo e prática da automedicação.
Este índice entre os homens é muito superior quando comparado com o
estudo de Loyola Filho et al., (2002), onde somente 52,5% dos homens faziam uso
exclusivo de medicamentos não prescritos
Entretanto, em trabalho desenvolvido por Barros e Sá, Barros, Sá, (2007) a
prática da automedicação foi predominante entre idosos do sexo feminino. Os
autores atribuem este percentual ao fato de as mulheres serem mais submetidas à
medicalização, se cuidarem mais e frequentarem com mais frequência os serviços
de saúde.
Observou-se na população entrevistada a predominância entre a faixa etária
de 60 a 65 anos de idade incidindo um total de 46,7% entre os que se automedicam,
onde 26,6% possuem entre 70 e 79 anos de idade como indica a Tabela 05,
demonstrando que é na primeira década da terceira idade que os indivíduos tendem
a se automedicar.
Tabela 05 - Frequência de idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por idade e automedicação. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
Anos de Idade %
60 a 65 46,7
70 a 79 26,6
TABELA 05 - Distribuição por idade e automedicação.
30
De acordo com Rozenfeld (2003), a idade é uma variável preditora do uso de
medicamentos, e seus efeitos se produzem mesmo antes dos 60 anos. Nesta fase é
comum o surgimento de doenças crônicas, aumento da incidência de afecções
agudas, redução das condições socioeconômicas e o consumo de quantidades
elevadas de medicamentos (OLIVEIRA, et al., 2009).
Na maioria das vezes o consumo simultâneo de um maior número de
fármacos prescritos, associados aos não prescritos aumenta a probabilidade de
ocorrência de reações adversas e interações medicamentosas (ROZENFELD,
2003).
Verificou-se que a maioria dos entrevistados que praticam a automedicação
possuem baixo grau de escolaridade. Sendo os analfabetos que compõem 36,4%
entre aqueles que utilizam medicamento por vontade própria e 27,3% possuem
primeiro grau incompletos conforme a Tabela 06, e juntos sinalizam 63,7% entre
aqueles que se automedicam.
Tabela 06 - Frequência de idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por escolaridade e prática da automedicação. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
Grau de escolaridade Pratica (%)
Não alfabetizado 36,4
Primeiro incompleto 27,3
Segundo completo 27,3
Segundo incompleto 9,1
TABELA 06 – Distribuição por grau de escolaridade e prática da automedicação.
Existem, portanto, pesquisas com a população idosa, mas que não
correlacionam a escolaridade com o uso irracional de medicamentos. Como,
exemplo, Loyola Filho et al., (2002) comprovou que 19,7% consumiam
medicamentos exclusivamente não prescritos possuíam menos de 4 anos de estudo,
e os que possuíam de quatro a sete anos de escolaridade 44% faziam uso exclusivo
da automedicação. Na região sul do Brasil Flores e Mengue (2005) obtiveram em no
31
estudo 78% da população idosa com baixa escolaridade que consumiam 78,2% dos
medicamentos relatados que incluíram prescritos e não prescritos.
Entretanto, contrastando estas taxas, no trabalho de Vilarino et al., (1998)
houve correlação entre os anos de estudo e automedicação. Entre os que nunca
tiveram educação formal em escola 66,1% se automedicaram, entre os que tiveram
8 anos de educação o percentual subiu para 71,8% e dos com 12 anos ou mais de
estudo 87,9% utilizaram medicamentos sem prescrição médica. Ao passo que
Cascaes, Falchetti e Galato (2008) não observaram associações significantes entre
a prática da automedicação com gênero, idade e escolaridade.
Dentre as variáveis analisadas, observa-se na Tabela 07 que a renda mensal
da família contribui no padrão de utilização de medicamentos na população em
questão, pois 90,9% dos entrevistados que utilizam medicamentos sem indicação
médica possuem renda mensal de até três salários mínimos, e apenas 9,1% possui
renda de um salário mínimo.
Tabela 07 - Frequência de idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por renda mensal e prática da automedicação. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
Renda mensal da família Pratica (%)
1 a 3 salários-mínimos 90,9
1 salário-mínimo 9,1
TABELA 07 – Distribuição por renda mensal e prática da automedicação.
Deve-se levar em consideração que a senilidade acarreta problemas de
saúde e consequente elevação dos gastos com medicamentos em comparação ao
observado nas demais faixas etárias (METGE, et al., 1999; MUELLER, SCHUR,
O’CONNELL, 1997 apud LIMA, et al., 2007).
Além disso, é importante lembrar que este alto índice de automedicação em
relação com a renda mensal está diretamente relacionado com o processo de
transferência de renda e ganho de produtividade nesta faixa etária, afetadas
32
diretamente por políticas sociais de forma mais determinante nos campos da saúde
pública (NERI, SOARES, SIMAS, 2007). Esta é a situação que a população idosa
brasileira vem passando nos últimos anos, que associado a ações assistenciais do
governo vêm resultando em maior acesso aos bens e serviços de saúde (VERAS,
2007).
De acordo com Lima-Costa, Barreto e Giatti (2003), o consumo médio mensal
com medicamentos empenha em média 23% da aposentadoria da população idosa
brasileira. Sendo os custos com medicamentos e os índices de automedicação
elevados, tornam-se necessárias políticas neste país para melhorar o controle e o
acesso dos idosos aos medicamentos (LIMA-COSTA, BARRETO, GIATTI, 2003).
Diante da tamanha diversidade, a utilização de medicamentos nem sempre se
constitui numa prática saudável, pois atualmente circulam no mercado nacional
cerca de 1.500 fármacos com aproximadamente 5.000 nomes comerciais,
apresentados sob cerca de 20.000 formas farmacêuticas e embalagens diferentes
(SECOLI, 2001).
Os resultados do presente estudo também demonstram os tipos de
medicamentos mais utilizados entre os entrevistados, onde foram citados os
analgésicos, antialérgicos, antibióticos, antiinflamatórios, antitérmicos,
antitussígenos e gástricos como ilustra o Gráfico 05. Os analgésicos foram citados
por 60% dos participantes, sendo, portanto, o medicamento mais utilizado sem
prévia indicação médica entre a amostra estudada, seguindo uma tendência
observada em vários estudos.
33
GRÁFICO 05 – Medicamentos mais utilizados distribuição por classe farmacêutica
Em uma pesquisa de proporção nacional sobre o perfil da automedicação no
Brasil, Arrais et al., (1997) analisou um total de 4.174 questionários onde foram
citados 5.332 nomes de especialidades farmacêuticas, sendo principalmente o
subgrupo dos analgésicos com 17,3% da freqüência geral entre os questionários.
Vilarino et al., (1998) constatou que dentre os grupos farmacológicos 49,2%
dos entrevistados utilizavam analgésicos, antitérmicos e antiinflamatórios quando se
automedicavam. Em Bambuí, Minas Gerais, os remédios mais consumidos foram
analgésicos e antipiréticos (47,6%), em seguida os antiespasmódicos, antiácidos e
antidiarréicos – (8,5%), antibióticos ou quimioterápicos (Loyola Filho et al, 2002).
Flores e Mengue (2005) também observaram elevado consumo de
analgésicos e de medicamentos envolvendo o aparelho digestivo, revelando o
desconforto eminente dos idosos e sua tentativa em aliviar ou eliminar suas dores
agudas
Outro fator relevante encontrado no estudo é o uso de antimicrobianos sem
prescrição médica, sendo evidenciado que 13,3% dos entrevistados afirmaram
utilizar antibióticos sem a obrigatória receita médica.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou a Portaria nº
1.524 em 27 de outubro de 2010 estabelecendo critérios na tentativa de controlar o
acesso a estes medicamentos por parte da população, com a retenção da primeira
0
10
20
30
40
50
60
70
%
Medicamentos utilizados
Gráfico 05 - Frequência de medicamentos mais utilizados entre os idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por classe farmacêutica. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
Analgésicos
Antialérgicos
Antibióticos
Antiinflamatórios
Antitérmicos
Antitussígenos
Gástricos
34
via da receita nas farmácias e a segunda entregue aos pacientes (BRASIL, 2010).
Os dados encontrados revelam que após mais de um ano de vigência desta
resolução, em Senhor do Bonfim há o descumprimento desta obrigatoriedade na
compra ou aquisição de antibióticos.
Outro achado significante sucedeu sobre o consumo de chás como
substâncias farmacológicas. Constatou-se que 72,8% dos entrevistados afirmaram
utilizar os chás para fins farmacológicos.
Outros trabalhos em outras regiões do país que abordam o tema
automedicação, que diante de suas tradições e características indicam resultados
diversos, que registram o consumo de chás entre os participantes.
Na cidade de Tubarão, no estado de Santa Catarina, evidenciou-se que a
alternativa mais adotada pelos entrevistados foram as plantas medicinais no preparo
de chás, sendo citado por 55,4% dos envolvidos (CASCAES, FALCHETTI, GALATO,
2008). Em Porto Alegre foi apurado que 56% dos idosos utilizavam chás como
medicamentos (FLORES, MENGUE, 2005).
Já em estudo na cidade de Fortaleza, capital do estado do Ceará, realizado
com idosos encontrou-se o uso de chás e lambedores com representação de 8,1%
dos itens em uso pelos entrevistados (COELHO FILHO, MARCOPITO, CASTELO,
2004).
Neste estudo os participantes também foram indagados sobre o uso de
remédios por conta própria antes de ir ao HDAM, sendo observada uma prevalência
de 40% entre àqueles que praticaram a automedicação procurar assistência médica
na unidade.
Neste contexto, torna-se importante analisar o fato de que as demandas por
atenção à saúde não são plenamente atendidas (NAVES et al., 2010), favorecendo
com que as farmácias sirvam como estabelecimento de saúde mais acessível à
população e constituindo um importante local de busca por atendimento primário de
saúde (W.H.O., 1997 apud NAVES et al., 2010).
No tocante à procura por serviços de saúde, o presente estudo avaliou o
comportamento dos entrevistados frente quantidade de consultas médicas
realizadas conforme a Tabela 08. Entre os que realizam a automedicação 54,6%
foram ao médico ao menos duas vezes no último ano. Entre as mulheres (87,5%) e
35
homens (71,4%) a maioria foi ao médico pelo menos uma vez nos últimos doze
meses.
Tabela 08 - Frequência de idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por consultas realizadas no último ano e prática da automedicação. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
Quantas consultas com médico fez no último ano?
%
Duas ou três 27,3
Mais de três 27,3
Não se lembra 9,1
Nenhuma 18,2
Uma 18,2
TABELA 08 - Distribuição por consultas realizadas no último ano e prática automedicação.
No entanto, possuem estudos em que a relação entre consultas e
automedicação não possuem ligação proporcionais. Loyola Filho et al., (2002)
constatou que 61% dos entrevistados não fizeram nenhuma consulta médica no
último ano, ao passo que somente 25,6% foram ao menos uma única vez ao
médico, enquanto apenas 13,4% fizeram duas ou mais consultas no último ano.
O elo entre o aumento do consumo de medicamentos sem prescrição
relacionadas com as consultas médicas realizadas pode decorrer das próprias
consultas, como demonstrou Vilarino (1998) em pesquisa feita em Santa Maria-RS,
onde os fármacos utilizados na automedicação 51,7% eram provenientes de
prescrições médicas emitidas em consultas anteriores, através da reutilização de
receitas antigas.
A análise deste comportamento foi realizada neste estudo, onde se constatou
que 80% dos entrevistados não utilizam receitas antigas para adquirir
medicamentos. Ressalta-se que somente 27,3% que praticam a automedicação
36
utilizam receitas antigas para obter medicamentos, reforçando que a maioria dos
remédios utilizados por conta própria são adquiridos sem receitas.
Os entrevistados assinalaram, também, questões referentes ao acesso dos
serviços de saúde de Senhor do Bonfim, observando-se que 73,3% afirmaram não
possuírem dificuldades (filas, custos, atendimento precário, medo) para ir ao posto
de saúde ou hospital, ao passo que 26,7% alegaram não gostar de buscar
assistência médica.
Um dos meios mais importantes de obter orientações quanto ao medicamento
utilizado é a leitura da bula dos medicamentos adquiridos com ou sem receita
médica. Neste estudo, observou-se que 73,3% dos indivíduos entrevistados não
possuem o hábito de ler as bulas dos remédios utilizados como observa-se na
Tabela 09.
Tabela 09 - Frequência de idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por leitura das bulas de medicamentos. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
Você lê a bula dos medicamentos que utiliza?
%
As vezes 6,7
Não 73,3
Sim 20,0
TABELA 09 - Distribuição por leitura das bulas de medicamentos
Além de a automedicação possuir origens de herança cultural e folclórica, em
orientações profissionais prévias ou ainda ser simplesmente instintiva sem qualquer
base racional, pode receber influência principalmente de campanhas publicitárias
(OLIVEIRA, 1998 apud SÁ, 2004).
No entanto, os indivíduos entrevistados não são influenciados por comerciais
ou anúncios de medicamentos em rádio, televisão ou internet, onde se comprovou
que 80,0% nunca foram influenciados na compra de medicamentos por publicidades
nestes meios de comunicação (Gráfico 06).
37
GRÁFICO 06 - Distribuição por influência de propagandas de medicamentos.
Dentre àqueles que se automedicam 27,3% afirmaram que anúncios
publicitários já os influenciaram na escolha ou compra de medicamentos. Na cidade
de Salgueiro, em Pernambuco, 49% dos senis informaram ter praticado a
automedicação, haviam obtido informação através de propaganda veiculada em
cartazes (BARROS E SÁ, BARROS, SÁ, 2007). De tal forma, o consumo pode ser
influenciado negativamente pelo acesso sem barreiras e pela promoção e
publicidade de medicamentos (NAVES et al., 2010)
A sociedade brasileira encontra-se excessivamente exposta à propaganda de
medicamentos, sem ter o devido esclarecimento sobre os riscos associados ao seu
uso (OLIVEIRA et al., 2009).
A principal tarefa do marketing é atrair novos clientes e manter os atuais,
alcançando o crescimento lucrativo para a empresa (SIMON, KOTLER, 2004;
KOTLER, ARMSTRONG, 2005 apud NASCIMENTO, 2009).
Dessa forma, a publicidade influencia o julgamento de usuários e prescritores,
com a finalidade de convencer e estimular o consumo do produto, desde o
prescritor, passando pelo dispensador até o usuário (BRASIL, 2005).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
%
Propagandas ajudou na escolha de um medicamento?
Gráfico 06 - Frequência de idosos entrevistados no HDAM. Distribuição por influência de propagandas de medicamentos. Senhor do Bonfim-Ba, out/dez 2011.
Sim
Não
38
No Brasil, as estratégias utilizadas pelas indústrias farmacêuticas em
anúncios demonstram descumprimento das normas da Resolução de Diretoria
Colegiada (RDC) 102/2000 da Anvisa (BRASIL, 2000), que deveria impor limites ao
setor de publicidade farmacêutica, principalmente quando é investido em média 35%
do valor das vendas com a chamada promoção farmacêutica, publicidade e
marketing de seus produtos (SOARES, 2008 apud JÚNIOR et al., 2010).
Nascimento (2009) demonstrou em cem publicidades analisadas que todas
desobedeciam ao menos um artigo da resolução. Além disso, dados da própria
Anvisa mostram que mais de 90% das publicidades de medicamentos apresentam
informações irregulares, o que contribui para desinformação de profissionais e
consumidores (ANVISA, 2005).
Em estudo de Júnior et al., (2010) foi analisado que o grupo de idosos que
consome medicamentos influenciado pela propaganda não leva em consideração os
riscos. O mesmo autor sugere maior aprofundamento no debate sobre a propaganda
envolvendo tanto a população quanto profissionais de saúde e órgão reguladores, a
fim de avaliar os riscos e benefícios provenientes do marketing de medicamentos.
Para evitar tal situação, o acesso a informações adequadas e orientações são
fundamentais para o uso consciente e responsável desses produtos (SOARES,
2008).
Todos os entrevistados (100%) afirmaram não conhecer os efeitos colaterais
dos medicamentos que utilizam e 60% não procuram informações quando adquirem
medicamentos.
A automedicação possui como risco e uma de suas principais desvantagens é
o agravamento de problemas de saúde, já que os usuários que se automedicam não
recebem orientação e tratamento correto, restando apenas à sensação de melhora
ao usar medicamentos (NAVES et al., 2010).
Nesta ótica, se pode afirmar que os medicamentos servem quase sempre
para iludir com a aparência da eficácia científica, mas que na verdade, garante o
acúmulo de valor de um dos segmentos mais lucrativos do capital industrial, a
indústria farmacêutica (CORDEIRO, 1980 apud SÁ, 2004/2005).
Além das características notadas ao buscar remédios em farmácias ou nos
postos de saúde, outro ponto considerado no trabalho foi o hábito de possuir mini-
39
farmácias, ou seja, medicamentos armazenados em casa, onde 46,7% dos
indivíduos alegaram empregar tal prática e todos (100%) se automedicam. Verificou-
se que a maioria dos homens (57,1%) possui medicamentos armazenados em casa,
enquanto que entre as mulheres são minoria (37,5%).
As informações obtidas sobre os medicamentos nem sempre são
esclarecedoras. Naves et al., (2008) observou em seu trabalho que a maioria dos
participantes se manifestou insatisfeita com a qualidade das orientações recebidas
durante o atendimento de saúde, inclusive na rede particular. O autor menciona que
a percepção do profissional médico é que a consulta se resume a ouvir os sintomas
e identificar o medicamento mais adequado para aquela queixa.
O presente estudo identificou que todos os participantes (100%) julgaram
necessárias orientações feitas por um profissional de saúde, sobre como e cuidados
necessários ao utilizar medicamentos.
Cabe ressaltar que a utilização criteriosa e cautelosa dos medicamentos, seu
uso correto – dose, tipo e intervalos – e a orientação adequada são alguns dos
elementos essenciais para a prevenção de iatrogenia medicamentosa (PAZ,
SANTOS, 2006 apud SILVA et al., 2010).
Em pesquisa onde a maioria dos idosos (75%) referiu ter recebido orientações
no serviço de saúde sobre a medicação, verificou-se associação significante para
ausência de dificuldades no uso do medicamento (SILVA et al., 2010).
No entanto, ocorrem situações onde as orientações parecem ser insuficientes
quanto ao uso dos medicamentos, pois 81,7% dos idosos afirmaram que sabem a
indicação do mesmo, enquanto apenas 27,2% alegaram estar informados sobre os
efeitos adversos (MARIN et al., 2008).
Cascaes, Falchetti e Galato (2008) afirmam que os idosos se automedicam
apenas por ser mais prático para o manejo dos problemas de saúde que identificam
como simples e, ainda defende, que é dever dos profissionais da área da saúde,
orientar a população no uso racional dos medicamentos, capacitando o idoso para
lidar com os possíveis efeitos colaterais e interações medicamentosas.
40
5 CONCLUSÃO
Diante dos achados neste trabalho, conclui-se que os objetivos propostos
foram alcançados. Sendo possível comprovar um alto e significativo percentual
(73%) entre os idosos atendidos no Hospital Dom Antônio Monteiro que praticam a
automedicação, sendo que os homens prevaleceram com maior percentual que as
mulheres. Entre as classes farmacêuticas, a mais utilizada sem prescrição (60%)
são os analgésicos.
Entre os fatores relevantes que contribuem para a automedicação encontrou-
se a renda mensal da família e o baixo grau de escolaridade. Foi possível verificar
que é nos primeiros dez anos de senilidade (60 a 70 anos) que os indivíduos tendem
a consumir remédios por conta própria. Além disso, demonstrou-se também a
utilização de receitas antigas para a aquisição de medicamentos e o costume de
manter mini-farmácias em casa.
Os resultados sugerem que a população de idosos de Senhor do Bonfim
tende a se automedicar e se expor a riscos que desconhecem, como demonstrado
no estudo que (100%) todos os indivíduos alegaram desconhecer sobre os efeitos
colaterais que os medicamentos podem produzir. E, diante da alta prevalência
encontrada, (73,3%) utilizam chás de ervas e plantas medicinais para fins
farmacêuticos.
O poder aquisitivo da população poderia inferir em fácil acesso aos serviços
de saúde para o tratamento farmacológico correto e orientado. Mas contrastam
significativamente com a facilidade de se obter medicamentos, pois sem pagamento
de consulta e sem a obrigatoriedade da receita médica, acabam recorrendo
primeiramente aos medicamentos em busca do alívio imediato.
Dessa maneira a maior efetivação das políticas educativas, assim como,
políticas de controle e fiscalização nos processos de prescrição, venda e
dispensação de medicamentos torna-se indispensável no combate desta prática.
Diante isso, é imprescindível salientar a importância que a orientação dos
profissionais da saúde possuem no contexto quanto à utilização e os cuidados ao se
utilizar medicamentos, já que esta questão foi citada pela (100%) unanimidade dos
41
indivíduos, evidenciando que ainda há uma lacuna a ser preenchida entre o acesso
à informação e orientação sobre medicamentos e os profissionais da área da saúde.
Esta situação abre espaço para a inserção do profissional enfermeiro tanto da
atenção básica, quanto da assistência hospitalar, sendo este profissional o principal
agente de educação em saúde nos dois ambientes e possui uma arma
importantíssima: o maior tempo de contato e permanência com os usuários dos
serviços de saúde. Podendo ser utilizada de maneira oportuna e eficaz no combate
destas taxas e consequentemente reduzir à exposição da população, principalmente
a idosa aos riscos inerentes ao uso indiscriminado de medicamentos.
Além das ações da enfermagem com estratégias educativas, a assistência
multidisciplinar de profissionais de saúde torna-se indispensável, com o objetivo de
evitar intoxicações e supressão de patologias e alterações fisiológicas que possam
resultar em dano, agravamento e até mesmo morte de idosos por uso inadequado
de medicamentos.
42
6 RECOMENDAÇÕES
Recomenda-se outro estudo a ser desenvolvido sobre o olhar da área da
saúde, sobre as ervas e plantas medicinais utilizadas para fins farmacêuticos.
Analisando a influência do uso dos chás, bem como seus tipos, formas de preparo e
quando e como são utilizados. Podendo ser por se entender que esta variável deva
ser analisada de forma mais aprofundada.
Bem como, é imprescindível que um estudo populacional dentro desta faixa
etária com uma amostra maior e posteriormente com outras faixas etárias, para o
conhecimento de forma ampla e diversificada do perfil e padrão do uso de
medicamentos. Para que se possibilite uma atuação mais abrangente no combate à
automedicação na terceira idade, que demande planejamento de campanhas e
atividades intensificadas em todo município visando à conscientização e uso racional
de medicamentos pela população idosa de Senhor do Bonfim.
43
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APÊNDICES
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NOME: SEXO: IDADE:
OCUPAÇÃO:
CIDADE:
1. Qual o seu estado civil? ( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Separado(a)/desquitado(a)/divorciado(a) ( ) Viúvo(a) ( ) Outro.
2. Com quem você mora atualmente? ( ) Com os pais e/ou outros parentes ( ) Com esposo(a) e/ou filho(s) ( ) Com amigos (compartilhando despesas ou de favor) ( ) Com colegas em alojamento universitário ( ) Sozinho(a)
3. Com quantas pessoas você mora? ( ) Ninguém ( ) Um ou dois ( ) Três ou quatro ( ) Cinco ou seis ( ) Três ou mais
4. Qual a faixa de renda mensal de sua família (conjugue, filhos e irmãos)? ( ) Até 1 salário-mínimo ( ) De 1 a 3 salários-mínimos ( ) De 4 a 10 salários-mínimos ( ) De 10 a 30 salários-mínimos
5. Qual seu grau de escolaridade? ( ) Não alfabetizado Primeiro grau ( ) Completo ( ) Incompleto Segundo grau ( ) Completo ( ) Incompleto Superior ( ) Completo ( ) Incompleto
6. Você trabalha? ( ) Sim ( ) Não
7. Se sim, quantas horas por dia? ( ) 2 a 4 horas ( ) 5 a 8 horas ( ) 9 a 12 horas ( ) Mais de 12 horas
APÊNDICE A – Entrevista estruturada.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB
CAMPUS VII – SENHOR DO BONFIM
COLEGIADO DE ENFERMAGEM
52
8. Você se automedica (toma remédio por conta própria e/ou sem prescrição médica)? Sim ( ) Não ( )
9. Se sim, marque os tipos medicamento que mais utiliza: ( ) Estimulante Sexuais (Pramil®, Viagra® )
( ) Antibióticos/Antimicóticos/Antiviral/Anti-parasitários (Beta-lactâmicos, Penicilinas, Albendazol, Mebendazol, Metronidazol, Zentel®,
Pantelmin®Ampicilina, Amoxicilina, Oxacilina, Piperacilina, Gentamicina, Tetraciclinas, Cloranfenicol, Vancomicina, Ceftazidina, Cefalexina,
Espiramicina, Claritromicina)
( ) Tranqüilizantes (Valium®, Diazepam, Tensil®, Relaxil®, Relax®, Lexotan®)
( ) Analgésico, Antitérmico e Antiinflamatório (Tylenol, AAS, Dipirona, Paracetamol, Aspirina®, Anador®, Doril®, Dorflex®, Alivium®,
Advil®, Flanax®, Voltaren®, Cataflan®, Ponstan®, Celebra®, Gelol®, Salonpas®)
( ) Anti-espamódico (Buscopan®)
( ) Antidepressivo/ansiolítico ( Rivotril®, Amitriptilina®)
( ) Gástricos (Cimetitina, Cimetilab®, Ranitidina, Antak®, Omeprazol, Losaprol®, Omeprotec®, Cytotec®, Mylanta Plus®, Gastrol®,
Pepsamar®, Magnésia Bisurada®, Sonrisal®, Eno®, Estomazil®)
( ) Antitussígenos (Silomat®, Sobrerol®, Sobrepin®, Ambroxol®, Fluidin®, Mucolin®, Ambroten®, Fluibron®, Mucibron®, Mucofan®,
Mucocetil®, Notuss®, Broncfin®, Lisomucin®, Xarope Vick®, Antux®)
( ) Descongestionante Nasal (Adnax®, Afrin®, Conidrin®, Nasalin®, Nasoflux®, Rinosoro®, Rinisone®, Rinatrol®, Sorine®,
Sorinal®,Coristina®, Resprin®)
( ) Antialérgicos/Corticóides (Atarax®, Coraphene®, Tavist®, Alertrin®, Histadin®, Claritine®, Allegra®, Polaramine®, Decadron®, Metilpren®,
Livostin®)
( ) Outro (s) ..........................................................................................................................................................................................................
10. Tomou algum medicamento sem prescrição antes de vir à unidade? ( ) Sim ( ) Não Qual:.................................
11. Qual a principal causa para o uso do medicamento?
( ) Dor ( ) Tosse ( ) Mal estar geral ( ) Gripe ( ) Febre ( ) Diarréia ( ) Nervoso/ansiedade ( ) Alergia ( ) Inflamação ( ) Outro O que:
12. Quantas consultas com médico fez no último ano?
Nenhuma ( ) Uma ( ) Duas ou três ( ) Mais de três ( ) Não se lembra ( )
13. Qual ou quais as suas dificuldades para ir ao Hospital e/ou Posto de Saúde:
Não tenho dificuldades ( ) Não gosto ( ) Dificuldades de acesso (filas, custos, atendimento precário, medo) ( )
14. Você conhece os possíveis efeitos colaterais dos medicamentos utilizados? Sim ( ) Não ( ) em parte ( )
15. Você possui uma “mini-farmácia” em casa? Sim ( ) Não ( )
16. Que medicamentos não podem faltar nela?
17. Quando pega em posto ou compra um medicamento, você procura informações sobre o mesmo? Sim ( ) Não ( )
18. Você lê a bula dos medicamentos que utiliza? Sim ( ) Não ( ) Às vezes ( )
19. O que acha da bula? Não ajuda ( ) Ajuda ( ) Difícil de entender ( )
20. Se um profissional lhe orientasse sobre como usar o medicamento, ou sobre os cuidados ao utilizar o medicamento: Seria bom ( ) Não faria diferença ( ) Não precisa ( )
21. Propagandas em televisão, rádio ou Internet já lhe ajudaram na escolha de um medicamento? Sim ( ) Não ( )
22. Algum funcionário de farmácia já lhe indicou algum medicamento? Sim ( ) Não ( )
23. Você utiliza ou utilizou receita antiga para adquirir medicamento? Sim ( ) Não ( )
24. Você já indicou um medicamento para alguém (vizinho, amigo, parente)? Sim ( ) Não ( )
25. Tomar medicamento sem indicação médica? Não acho arriscado ( ) Acho arriscado ( )
26. “Já tomei medicamento indicado por alguém” Sim ( ) Não ( )
27. Já teve alguma reação adversa a medicamento que tomou sem prescrição? Sim ( ) Não ( )
28. Se sim, quais das descritas abaixo:
Náuseas ( ) Vômitos ( ) Dor de cabeça ( ) Manchas na pele ( ) Sudorese ( ) Irritabilidade ( ) Inquietude ( ) Diarréia ( ) Distúrbios Cardíacos ( ) Sonolência ( ) Distúrbios Respiratórios ( ) Outros:.( )...........................................................
53
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
Departamento de Educação Campus VII: Rodovia Lomanto Jr. BR 407 km 127 –
Senhor do Bonfim – BA. Tel.: 74 – 3541 – 4071. www.uneb.br/senhor-do-
bonfim/dedc
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
O (a) Sr (a) está sendo convidado (a) para participar da pesquisa sobre a
Avaliação do consumo de medicamentos por idosos do município de senhor
do Bonfim, que tem como objetivo, analisar a prática da automedicação por idosos
da população de Senhor do Bonfim. Onde a pesquisadora responsável pelo projeto
compromete-se a cumprir rigorosamente a Resolução do CNS 196/96 em todas as
etapas do estudo.
Estudante: Samuel Oliveira Gonçalves
Pesquisador/Orientador: Thaisy Luzia Campos Fernandes
Suas respostas serão tratadas de forma anônima e confidencial, isto é, em
nenhum momento será divulgado o seu nome em qualquer fase do estudo. A
pesquisa poderá servir de instrumento teórico para os funcionários de saúde e
gestores, basearem os setores que mais necessitam de sua atuação. Este estudo
não oferece risco ao seu participante de maneira psicológica ou física, o
participante estará aceitando participar sem qualquer ônus ou bônus, por
contrapartida fica seu nome ou quaisquer informações que possam identificá-lo não
serão divulgados. Você tem o direito de retirar seu consentimento e a sua
participação da pesquisa a qualquer momento, não havendo nenhuma forma de
penalização.
Eu, DECLARO, para devidos fins, que após convenientemente esclarecido pelo
pesquisador e ter entendido o que me foi explicado, consinto voluntariamente em
APÊNDICE B – Termo de consentimento livre e esclarecido.
54
participar desta pesquisa, declarando ainda que o termo foi assinado em duas
vias, uma ficando comigo e outra com o responsável pela entrevista.
Senhor do Bonfim, _____ de ____________________ de 20____
Nome do pesquisador:
Samuel Oliveira Gonçalves ____________________________
(estudante)
Nome do (a) participante:
_______________________________
(participante)
Pesquisador/Orientador:
Thaisy Luzia Campos Fernandes _______________________________
(orientador)
Nome da testemunha:
_______________________________
(testemunha)
55
Contato do estudante: Samuel Oliveira Gonçalves, Cel.: (74) 9135-8871 e (75)
9190 0911 ou de forma virtual através do email: [email protected].
Contato da pesquisadora/orientadora responsável: Thaisy Luzia Campos
Fernandes, Cel.: (74) 9121-6435 ou de forma virtual através do email:
56
ANEXO
57
ANEXO I DECLARAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA
DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA