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Universidade Paulista UNIP Rafael Prado de Oliveira

ESTADO COMO FORNECEDOR DE SERVIOS EM FACE DO CDC

CAMPINAS

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2011

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Universidade Paulista UNIP Rafael Prado de Oliveira

ESTADO COMO FORNECEDOR DE SERVIOS EM FACE DO CDC

Trabalho de Concluso de Curso para obteno do ttulo de Graduao em Direito apresentado Universidade Paulista UNIP.

Orientador: Prof.: Antnio Jos Iatarola

CAMPINAS 2011

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Universidade Paulista UNIP Rafael Prado de Oliveira

ESTADO COMO FORNECEDOR DE SERVIOS EM FACE DO CDC Trabalho de Concluso de Curso para obteno do ttulo de Graduao em Direito apresentado Universidade Paulista UNIP.

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA:

CAMPINAS 2011

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RESUMO

O Cdigo de Defesa do Consumido foi estabelecido em 1990, logo aps a constituio federal de 1988, onde era solicitado, a criao de uma legislao para regular as relaes de consumo. Com isso iniciou-se uma ampla discusso sobre a figura do estado com fornecedor de servio. O Objetivo desta pesquisa identifica os diversos pontos da legislao vigente, jurisprudncias, e doutrinas, nas quais o dever de seguir o CDC, tambm imposto ao Estado. Por fim foi identificado que no obsta a obrigao de oferecer servios contnuos, essenciais com qualidade, mas a necessidade de o Estado buscar novas formas de faz-lo melhor, atravs de maiores e melhores investimentos.

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ABSTRACT

In 1990, shortly after the federal constitution of 1988, was created the Consumers Bill(CDC), in order regulate the relations of consumption. Thus began an extensive discussion on the figure of the state with the obligation of services provider. The objective of this research is to identify the various points of the legislation, jurisprudence and doctrine, in which the duty to follow the CDC, is also imposed on the state. Finally it was identified that does not preclude the obligation to provide continuous services, essential quality, but the need for the state to seek new ways to do it better, through increased and better investments.

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SUMRIO INTRODUO....................................................................................................8 RELAO DE CONSUMO...............................................................................10 Consumidor...................................................................................................11 Fornecedor....................................................................................................12 Servios.........................................................................................................13 Harmonia na relao.....................................................................................13 SERVIO PBLICO.........................................................................................16 Princpios.......................................................................................................17 Classificao.................................................................................................17 Modalidades..................................................................................................18 Servios Sem Remunerao........................................................................19 Servios Eficientes.......................................................................................20 Servio Essencial Continuo..........................................................................21 ESTADO FORNECEDOR DE SERVIOS......................................................25 Contrato de Fornecimento de Servio Pblico.............................................27 VCIOS E DEFEITOS.......................................................................................29 Vcio no Servio Pblico...............................................................................30 RESPONSABILIDADE DO ESTADO...............................................................33 CONCLUSO...................................................................................................36 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................38

8

INTRODUO

O Cdigo de Defesa do Consumidor foi institudo com a lei 8.088/90, visando cumprir as determinaes da Constituio federal de 1988, que em seus artigos iniciais confere a todos os brasileiros o direito a dignidade da pessoa humana e ainda visa promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, mais adiante no art. 175 o legislador incumbiu ao Poder Pblico a prestao de servios diretamente, e em outras formas, mas sempre com a obrigao de manter o servio adequado. poca da promulgao do Cdigo de Defesa do Consumidor (CDC), ainda estvamos sob vigncia do cdigo civil de 1917, que teve como base, as legislaes vigentes na Europa no sculo XIX. O que no impediu os legisladores de criarem um cdigo atualizado e adequado as regular as relao de consumo, nos dias de hoje, mesmo aps a atualizao do cdigo civil de 2002. Direito e Estado convivem em uma simbiose to perfeita que impossvel determinar o que deu origem a que. O Estado se concretiza com o Direito, e este o elemento de que se compe aquele. Os Estados absolutistas, em que no havia uma diviso do poder, mantinham-se sustentados no Direito proveniente do arbtrio do rei, que no conhecia qualquer forma de limite para seus atos, fossem eles executivos legislativos ou judicirios. Imperava a idia de que o Rei detinha um poder de origem divina e, em decorrncia disso, era infalvel. Seus atos e comandos eram indiscutveis, e quem ousasse se levantar contra o poder estava passvel de severas punies. No era admitido que o Estado, personificado na figura do Rei, cometesse erros, pois seu poder provinha de uma fonte sobrenatural (no-humana). Essa idia de que o Estado no erra deu origem teoria conhecida como irresponsabilidade, onde o Estado (Rei) no respondia pelos danos que causasse aos administrados no exerccio das funes estatais, fundada na regra inglesa The King can do no wrong (O Rei nunca erra). De fato, essa teoria sustentava o Estado absolutista, pois havia uma confuso entre o Rei e o prprio Estado, tornando-o imune a erros. Dessa forma, sempre que a atuao estatal lesasse os direitos de um particular, era impossvel requerer do Estado qualquer tipo de indenizao, pois sendo este e o Rei uma nica pessoa, a

9

soberania

o

blindava.

Havia

somente

a

possibilidade

de

acionar

o

servidor/funcionrio que houvesse executado algum ato lesivo, o Estado mantinhase totalmente distanciado de qualquer responsabilidade, era soberano e intocvel. O CDC em seu artigo 3 1 estabelece uma ampla definio de quem pode ser classificado como fornecedor, seja produtos ou servios. A inteno do legislador foi responsabilizar quaisquer figuras que venham atuar na venda, ou na prestao de servios incluindo ainda todos os envolvidos na cadeia de produo do produto vendido ou utilizado para devida prestao do servio Com o passar dos anos, o Estado passou a realizar concesses para a prestao de servios, como distribuio de energia, gua, telecomunicaes entre outros, porm em servios como segurana, sade, isto no foi possvel, devido natureza deste servio publico, mas incontveis empresas surgiram para cobrir o espao deixado pelos servios precrios prestados pelo governo. As inmeras empresas que buscam cobrir os espaos deixados pelo estado esto claramente obrigadas a cumprir as disposies do cdigo de defesa do consumidor, diferentemente do Estado, que busca se isentar desta responsabilidade. A frequente e continua precarizao dos servios pblicos essenciais oferecidos pelo estado aponta para uma real e urgente necessidade de responsabilizar o Estado, por seus servios prestados, independente do pagamento pelo servio prestado. Uma vez que estes servios so financiados atravs de incontveis impostos, taxas entre outras formas de contribuio.

1

Art. 3 Fornecedor toda pessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada, nacional ou criao, construo, transformao, importao, exportao, distribuio ou

estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produo, montagem, comercializao de produtos ou prestao de servios.

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RELAO DE CONSUMO

A lei 8078/90 nomeada de Cdigo de Defesa do Consumidor veio para regular todas as relaes de consumo, com a exceo dos casos onde o destinatrio final adquire produtos ou servios de uma figura que no se encaixa como fornecedor, devido existncia de uma eventualidade da transao comercial. Excees estas que devero ser reguladas pelo Cdigo Civil. Concebido em 1990, visando atender uma das determinaes da Constituio Federal de 1988. O artigo 170 V da estabelece que a defesa do consumidor tambm constitui princpio da ordem econmica. Com este reconhecimento o legislador conferiu ao Estado o dever de intervir nas relaes contratuais em defesa do elo mais fraco da relao, o consumidor. Por ser um direito fundamental, a defesa aos direitos do consumidor no poderia apenas ficar atrelada as relaes de direito privado, ou seja, simplesmente aos negcios mantidos entre os particulares. Na verdade, a inteno do legislador consumerista foi expandir o antigo conceito de relao de consumo, onde em um plo se tinha o consumidor, destinatrio final do produto ou servio, e do outro lado o fornecedor, que era, na sua maioria, a pessoa jurdica de direito privado, representada principalmente pelas grandes empresas e lojas. Uma das funes do Cdigo trazer o reequilbrio nas relaes, impondo a boa f, a transparncia e a lealdade de comportamento como princpios bsicos que norteiam essa relao e fixam condies prvias para a constituio do contrato. Assim, a concepo tradicional de que o contrato deve exprimir a livre manifestao da vontade das partes, e que, firmado, se transforma em lei entre aquelas, fica apenas dependendo, nas relaes consumeristas, do cumprimento prvio de impertinncias da lei. A autonomia do direito do consumidor significa que no mero ramo do direito civil ou comercial, nem querer isol-lo dos demais ramos jurdicos, mas ao contrrio ressaltar que sua estrutura gira em torno de um ncleo particular que uniforme e coerente, o que lhe d o contorno de regime especial dotado de princpios, conceitos, institutos e mtodo interpretativo prprios.

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Busca ainda suprimir vulnerabilidade do consumidor, nos aspectos tcnico, patrimonial e jurdico, uma caracterstica importante da relao de consumo. Tal caracterstica classifica a relao como uma relao desigual. Dessa forma, a legislao de consumo vem para estabelecer a isonomia faltante atravs de instrumentos de direito material e processual visando aparelhar o consumidor para que ele possa ter dignidade no mercado.

Consumidor

Visando delimitar quem de fato seria protegido pelo cdigo que estava sendo elaborado o legislador, definiu inicialmente no artigo 2:

Art. 2. Consumidor toda pessoa fsica ou jurdica que adquire ou utiliza produto ou servio como destinatrio final. Pargrafo nico. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indeterminveis, que haja intervindo nas relaes de consumo.

O consumidor definido como destinatrio final, e buscando ainda ampliar a proteo a todos envolvida na relao de consumo, incluindo at mesmo quem indiretamente, e ainda mesmo que o personagem esteja apenas exposto a determinadas prticas do fornecedor de servios ou produtos. Protees conferidas nos artigos 17 e 292. notrio que o legislador buscou definir o conceito de consumidor, de forma a evitar uma possvel limitao da abrangncia do termo com as advindas doutrinas e jurisprudncias. A teoria utilizada finalista, ela sugere um conceito econmico de consumidor. Para ela, no basta ser o destinatrio final ftico ou adquirente do bem ou servio, o consumidor deve ser aquele que o destinatrio final econmico do2

Art 17 Para os efeitos desta Seo, equiparam-se aos consumidores todas as vtimas do

evento. Art. 29. Para os fins deste Captulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinveis ou no, expostas s prticas nele previstas.

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bem ou servio. A utilizao do bem ou servio deve ser para o atendimento da necessidade privada, no podendo ser reutilizado, de forma direta ou indireta, o bem ou servio no processo produtivo. Apesar das inmeras qualidades do CDC este pecou por no deixar estabelecido claramente que o contribuinte poderia ser enquadrado como consumidor nas relaes de consumo, fato este pode e deve ser efetivamente corrigido com propostas de criao do Cdigo de Defesa do Contribuinte, fazendo com que o Estado tenha de fato uma obrigao com a aplicao correta do valor arrecadado, em servios de plena eficincia.

Fornecedor

No artigo seguinte a definio de consumidor, o legislador estabelece de no artigo 3 de forma ampla quem se encaixa no perfil de fornecedor para as relaes de consumo reguladas pelo CDC;

Art. 3 Fornecedor toda pessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produo, montagem, criao, construo, transformao, importao, exportao, distribuio ou comercializao de produtos ou prestao de servios

Visando ampliar as figuras que se encaixam como fornecedor, o legislador no excluiu nenhuma espcie de pessoa jurdica, buscando incluir todo e qualquer modelo seja ela nacional, multinacional, annima, ou qualquer outro modelo. Destaca-se que o termo atividade, pode ser entendido de duas maneiras, atividade tpica e atividade eventual. Na atividade tpica, entende-se como fornecedor toda a pessoa que exera uma atividade regular, que se encontra listado em seu estatuto, ou mesmo ainda que a atividade no seja mencionada no estatuto, esta figura jurdica pode ser vista como fornecedor caso esta atividade seja exercida sob uma determinada frequencia. Quanto atividade eventual no podemos

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estabelecer a figura do fornecedor uma vez que a transao comercial espordica, devendo esta relao ser regulada pelo Cdigo Civil.

Servios

Foi de uma forma abrangente que o legislador descreveu a atividade de prestao servios no art. 3 23, no satisfeito com a utilizao do termo qualquer atividade, o legislador foi mais alm, especificando a incluso das atividades de natureza bancria, financeira, de crdito e securitrias. O servio uma ao humana, na qual existe para uma determinada finalidade, entende-se que extinguida a finalidade, a prestao de servio est encerrada. Porm com a incluso de atividades securitrias, e servios educacionais, estabeleceu-se o rtulo de servios durveis, alm dos j previstos no durveis. importante observar que o legislador cuidou de excluir os trabalhos prestados sob vnculo empregatcio, ou seja, quando esto presentes as figuras do patro e do empregado, no so considerados servios, para efeito de aplicao do CDC.

Harmonia na relao

importantssimo constatarmos que a harmonia das relaes de consumo tem ascendncia nos princpios constitucionais, sendo algum deles o da isonomia ou igualdade, da solidariedade e dos princpios gerais da atividade econmica, elencados no Art. 170, da Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988;Art. 170. A ordem econmica, fundada na valorizao do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existncia digna, conforme os ditames da justia social, observados os seguintes princpios:3

Servio qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remunerao,

inclusive as de natureza bancria, financeira, de crdito e securitria, salvo as decorrentes das relaes de carter trabalhista.

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I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - funo social da propriedade; IV - livre concorrncia; V - defesa do consumidor; VI - VETADO VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e servios e de seus processos de elaborao e prestao; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 42, de 19.12.2003) VII - reduo das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - VETADO IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constitudas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administrao no Pas. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 6, de 1995) Pargrafo nico. assegurado a todos o livre exerccio de qualquer atividade econmica, independentemente de autorizao de rgos pblicos, salvo nos casos previstos em lei.

Quando se discute a relao de consumo h sempre que se remeter a alguns aspectos da Poltica Nacional de Relaes de Consumo - PNRC4, com os agentes j definidos anteriormente esta poltica, alm de dedicar-se s carncias do consumidor, com respeito a sua dignidade, sade, segurana, melhorando sua qualidade de vida, tem por objetivo alcanar a harmonia nas relaes de consumo, respeitando diversos princpios. Tal comentrio encontra base no inciso III, do Art. 4, do CDC, que informa:III - harmonizao dos interesses dos participantes das relaes de consumo e compatibilizao da proteo do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econmico e tecnolgico, de modo a viabilizar os princpios nos quais se funda a ordem econmica (art. 170, da Constituio Federal), sempre com base na boa-f e equilbrio nas relaes entre consumidores e fornecedores;

Quando discutimos a funo da Poltica Nacional de Relaes de Consumo, chegamos compreenso de que essencial que se estabeleam diretrizes para garantir a harmonia como um todo e, que dever reger todos os atos negociais. Para operacionalizar todas as diretrizes acima, a lei de consumo institui, em seus Arts. 105, 106 e seguintes, o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor. Sobre o tema, discursaram os Autores do Anteprojeto:

4

Capitulo II, do Ttulo I, do CDC

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Alm dos princpios que devem reger referida poltica, tero relevncia fundamental os instrumentos para sua execuo, e no apenas os institucionalizados, como os previstos pelo art. 5 do Cdigo e pelos mencionados arts. 105 e 106, como tambm os privados, consistentes na atividade das prprias empresas produtoras de bens e servios (...) 5

importantssimo constatarmos que a harmonia das relaes de consumo tem ascendncia nos princpios constitucionais, sendo algum deles o da isonomia ou igualdade, da solidariedade e dos princpios gerais da atividade econmica, este amparado no Art. 170, da Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988.

5

GRINOVER, Ada Pellegrini et al., op. cit., 2007, p. 61.

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SERVIO PBLICO

O Conceito de servio pbico est intimamente ligado a atividade administrativa, na qual o estado busca atender todas as necessidades do cidado, atravs de seus membros, diretos ou indiretos. O servio pode ser generalizado atendendo toda uma comunidade iluminao pblica, coleta de lixo entre outros, como pode ser individualizado nos casos de atendimento mdico. A administrao publica o ente responsvel pelo oferecimento de todos os servios pblicos cabe-se, a outorga dos servios a terceiros onde a legislao permitir, tal ao no exime a administrao publica da fiscalizao da qualidade dos servios prestados, pelo outorgado. Diante do exposto podemos destacar seguinte definio de Servio Publico: Segundo Alberto Angerami (2008, p.171) Servio publico todo aquele prestado pela Administrao ou por que lhe faa s vezes, mediante as regras estabelecidas por ela, visando atender ao interesse pblico. Enquanto Hely Lopes afirmava que Qualquer coisa feita pela administrao Pblica um Servio Pblico No Brasil, leva-se em considerao o conceito formal, ou seja, que define servio pblico como qualquer atividade prestada sob o regime de Direito Pblico. Por esta acepo, no importa quem presta o servio, mas sim o regime jurdico a qual est vinculado. Assim, nas palavras do grande publicista Celso Antnio Bandeira de Mello, servio pblico:

toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade material fruvel diretamente pelos administrados, prestado pelo Estado ou por quem lhe faa s vezes, sob um regime de Direito Pblico portanto, consagrador das prerrogativas de supremacia e de restries especiais institudos pelo Estado em favor dos interesses que houver definido como prprios no sistema normativo.

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Princpios

Os servios pblicos so sustentados por cinco princpios informadores, que devem estar sempre presentes, no podendo haver a inexistncia de um deles:

Permanncia Se refere ausncia de interrupo, segundo a natureza da atividade desenvolvida e do interesse a ser atendido. Em termos prticos, trata-se de regularidade na prestao da atividade. O princpio da continuidade imprescindvel na prestao dos servios essenciais. A continuidade dos servios essenciais significa que devem ser prestados de modo permanente, sem interrupo

Generalidade a oferta do servio, de boa qualidade, ao maior nmero possvel de usurios, atendendo todas as necessidades que motivaram a instituio do servio.

Eficincia envolve uma relao de custo-benefcio, onde se consideram as vantagens e as desvantagens das providncias destinadas reduo dos riscos. A atividade deve ser estruturada segundo as regras tcnicas de modo a proporcionar servios com qualidade e segurana para satisfazer as necessidades dos usurios

Segurana o desenvolvimento da atividade sem pr em risco a integridade fsica dos usurios. Porm, no existe segurana em termos absolutos, mas deve-se procurar minimizar todo e qualquer risco na prestao do servio pblico, ou seja, a adoo das tcnicas conhecidas e de todas as providncias possveis para reduzir os riscos de dano.

Classificao

Tendo em vista a grande quantidade servios pblicos ofertados pela administrao pblica em vista da busca pelo bem estar do cidado, podemos

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classificar os servios com relao a seus destinatrios podendo ser eles determinveis e indeterminveis. Com base nisso, a doutrina divide os servios pblicos em dois grandes grupos:

Os servios pblicos uti universi (universal) - aqueles destinados a generalidades das pessoas; Os servios pblicos uti singuli (singular) - aqueles destinados satisfao individual de uma necessidade.

Os servios pblicos uti universi no so mensurveis na sua utilizao, sendo mantidos por impostos. os Trata-se por de servios que satisfazem pblica, indiscriminadamente saneamento, etc. J os servios pblicos uti snguli so destinados a usurios determinveis, de utilizao individual e mensurvel. So exemplos desses servios: o fornecimento de energia eltrica, gua, telefone, transporte urbano. Trata-se de servios cuja prestao especifica, mensurvel e individual. todos cidados, exemplo: iluminao

Modalidades

Administrao publica pode com a finalidade de oferecer melhores servios pblicos pode deixar de oferec-los de forma: Centralizada Quando a Administrao presta o servio diretamente atravs de seus rgos, nestes casos o estado o titular e o prestador dos servios. Servios de sade, Segurana Pblica. Descentralizados aquele que o Estado transfere a titularidade para outrem, atravs de outorga ou delegao. Fornecimento de Energia, gua e Tratamento de Esgoto

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Desconcentrado o servio que embora executado centralizadamente pela Administrao Pblica, escalonado entre diversos rgos ou reparties da mesma entidade. Visando simplificar e acelerar a prestao do Servio. Servio de emisso de Documentos Parceria Publico Privada Atravs de recm criado instituto no qual investimentos para a realizao de servios so dividi os entre o governo e a iniciativa privada. Com a correlata diviso dos riscos. Investimentos para construo de novas rodovias e usinas so exemplos onde o modelo de PPP tem sido utilizado

Servios Sem Remunerao

Ainda discutindo a prestao de servios h que se frisar em que a remunerao mencionada pelo legislador no art. 3 2 pode no se referir apenas ao pagamento especfico pelo servio prestado, uma vez que o valor referente a tal servio oferecido gratuitamente est de fato includo no preo de outros servios ou produtos, adquiridos pelo consumidor. No se pode deixar de mencionar a existncia de fato de servios realmente gratuitos, como a transmisso do sinal de uma TV ou Radio, ou como citado por Rizzatto Nunes (Rizzato Nunes, 2011 p.146) um mdico que socorre algum que est passando mal na rua, e no cobre nada pela ajuda prestada. E ainda:

Antes de mais nada, consigna-se que praticamente nada gratuito no mercado de consumo. Tudo tem, na pior das hipteses, um custo, e este acaba direta ou indiretamente, sendo repassado ao consumidor. [...]

Com isso Nunes explicita que a gratuidade do custo de um servio ou produto, com frequencia est relacionada incluso do custo deste servio ou produto, no valor de outros produtos, fato que mais aprofundado poderia ser enquadrado como uma espcie de venda casada, prtica que tambm apresentada como ilegal pelo CDC.

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Servios Eficientes

Este importante ponto, norteador sobre a qualidade dos servios a ser prestado, tem como origem o principio constitucional de mesmo nome, definido artigo 376 da carta magna. Apesar de o referido artigo ter explicitado o principio apenas em 4 de junho de 1998, posteriormente a edio do CDC. Os Professores Luiz Alberto David Arajo e Vidal Serrano Nunes Jnior

O Princpio da eficincia tem partes com as normas de boa administrao, indicando que a Administrao Pblica, em todos os seus setores, deve concretiza a atividade administrativa predisposta extrao do maior nmero possvel de feitos positivos ao administrado. Deve pesar relao de custo-benefcio, buscar a otimizao de recursos, em suma, tem por obrigao dotar da maior eficcia possvel todas as aes do Estado 7

Enquanto Helly Lopes:

o mais moderno princpio da funo administrativa, que j no se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade exigindo resultados positivos para o servio pblico e satisfatrio atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros 8

Com base nos pensamentos dos ilustres professores podemos considerar a eficincia do servio publico quando este prestado de forma a qual atenda todos os seus usurios de forma plena, e que este ainda demande o menor oramento possvel para tal atendimento sem que a qualidade do servio seja afetada. Tal principio reveste-se, no dever do estado, de aplicar a tecnologia disponvel e ainda buscar novas formas a acelerar a prestao de servios, e ainda garantir a qualidade necessria para que todos os usurios sejam atendidos de maneira digna.6

A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados,

do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia e, tambm, ao seguinte: (...)7 8

Curso de direito Constitucional, cit., p 235. Direito Administrativo Brasileiro, cit., p. 90.

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Este principio no se restringe apenas ao material utilizado, ele deve ser igualmente aplicado para garantir que todos os servios pblicos sejam formados por equipes competentes, e com um nmero suficientes de prestadores para que no haja a demora na prestao do servio.

Servio Essencial Continuo

Apesar de todos os servios pblicos possurem um trao de essencialidade, no se pode negar, que uns so mais importantes do que outros. Assim, aqueles que so mais relevantes e indispensveis para a coletividade so considerados essenciais, pois so revestidos do carter de urgncia e precisam ser fornecidos de forma contnua. Antes de se discutir a continuidade deve-se compreender por essencial todo aquele servio no qual fundamental para a existncia da sociedade, uma vez que atravs deste servio o governo visa oferecer, segurana, sade sem contar que o fornecimento de gua, energia, tratamento de esgoto e coleta de lixo, entre outros servios de extrema importncia para que a qualidade de vida dos cidados Da mesma maneira pode-se citar que os servios prestados internamente para administrao pblica no se reveste da essencialidade, bem como a fornecimento de determinados documentos, fala-se em apenas determinados documentos, pois h de se apontar a necessidade e urgncia da entrega de passaportes, alvar de soltura entre outros documentos que no necessariamente serviro para a sociedade como um todo, mas atendendo com urgncia a determinado cidado. Porm mesmo com o entendimento de que todo servio publico oferecido pelo estado essencial, porm o art. 10 da lei de greve 9 estabeleceu no que apenas alguns servios so de fato essenciais e urgentes dessa forma no podendo ser descontinuados:

Art. 10 So considerados servios ou atividades essenciais:9

Lei 7783, de 28 de junho de 1989

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I - tratamento e abastecimento de gua; produo e distribuio de energia eltrica, gs e combustveis; II - assistncia mdica e hospitalar; III - distribuio e comercializao de medicamentos e alimentos; IV - funerrios; V - transporte coletivo; VI - captao e tratamento de esgoto e lixo; VII - telecomunicaes; VIII - guarda, uso e controle de substncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; IX - processamento de dados ligados a servios essenciais; X - controle de trfego areo; XI - compensao bancria

Desta forma visando impedir a interrupo da prestao de servios pblicos, distinguindo o carter no essencial de servios administrativos do estado e apontando o Carter de urgncia da prestao de determinado servios. As empresas ao cortarem o fornecimento de gua ou energia eltrica, por exemplo, o fazem como visvel forma de compelir o usurio ao pagamento de seu dbito, mas o fazem de forma a extrapolar os limites da legalidade, pois existe o Poder Pblico que dispe dos meios cabveis. severamente questionado o fato da interrupo do servio ser feita sem que o consumidor tenha direito defesa, ocorrendo em sua maioria de forma administrativa sem ser iniciado um processo judicial que garantiria os direitos desse consumidor. No se deve simplesmente ignorar a possibilidade, por exemplo, de diversos casos levados ao Judicirio em que foi pago o valor correspondente ao consumo e por um erro do banco esse valor no foi repassado empresa responsvel. Esse um exemplo em que se evidencia uma possibilidade onde no haveria justificativa para o corte do fornecimento. A luz do artigo 22 do CDC

Art. 22 - Os rgos pblicos, por si ou suas empresas, concessionrias, permissionrias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, so obrigados a fornecer servios adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contnuos. Pargrafo nico. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigaes referidas neste artigo, sero as pessoas jurdicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste cdigo.

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A partir deste dispositivo os tribunais vm decidindo comumente a favor do consumidor pelo cumprimento da continuidade do servio pblico no que tange ao fornecimento de gua, gs, energia.

"ENERGIA ELTRICA - SUSPENSO DO FORNECIMENTO, ATRAVS DE ATO DA CONCESSIONRIA DO SERVIO PBLICO, POR ATRASO NO PAGAMENTO DA FATURA ILEGALIDADE MANDADO DE SEGURANA CONCESSO - RECURSO PROVIDO. O fornecimento de energia eltrica constitui servio pblico essencial, devendo ser prestado continuamente (artigo 22, Lei 8.078/90), no sendo admissvel a suspenso com fundamento no atraso quanto ao pagamento da fatura, uma vez que o fornecedor pode se utilizar dos meios de cobrana que o sistema jurdico lhe proporciona.( TJPR Ac. 18.450 - Apelao Cvel n 94.883-2, Relator: Juiz Convocado Lauro Laertes de Oliveira. Julg. 21.03.2001.)10

Neste mesmo sentido julga o Tribunal de Justia do Rio Grande do Sul:

"DIREITO ADMINISTRATIVO E DO CONSUMIDOR. ACAO DE REVISAO DE VALORES DEVIDOS POR FORNECIMENTO DE AGUA - CUMULADA COM PRETENSAO INDENIZATORIA POR DANO MORAL E PEDIDO DE RESTABELECIMENTO DO SERVIO COM TUTELA ANTECIPADA JULGADA IMPROCEDENTE. ERRO OU ABUSO NO LEVANTAMENTO DO DBITO DO AUTOR E RESPECTIVOS JUROS DE MORA, NO DEMONSTRADOS. A MULTA DE 10% - H de reduzir-se ao limite de 2% estabelecido na legislao consumista, por aplicvel o Cdigo de Defesa do Consumidor nas relaes de fornecimento de servios essenciais, como o de abastecimento de gua, ainda que ao cargo de Autarquia Municipal. Dano Moral e responsabilidade do ru pela denominada cobrana vexatria, no demonstrada. Dividas pretritas de consumidor que vem pagando as contas desde o restabelecimento do servio por efeito de tutela antecipada no justificam novas interrupes no fornecimento de gua, devendo a prestadora do servio valer-se da cobrana judicial para v-las resolvidas. Apelao parcialmente provida. (Apelao Cvel n 70001095231, 2 Cmara Cvel, Tribunal de Justia do RS, Relator: Des. Elvio Schuch Pinto, julgado em 25/10/2000).

O

administratista

Digenes

Gasparini

sopesa

o

entendimento

da

impossibilidade do corte no fornecimento de servios compulsrios:

Com efeito, se a Administrao Pblica os considera essenciais e os impe, coercitivamente, aos usurios situados no interior da rea de10

No mesmo sentido os Acrdos do Tribunal de justia do Paran n 4.993/14.346/10.097

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prestao, como ocorre com os servios de coleta de esgoto sanitrio, no os pode suprimir ante a falta de pagamento. Ademais, sendo o servio compulsrio remunerado por taxa, espcie do gnero tributo, possui a administrao ao seu dispor o meio eficaz e prprio (ao de execuo) para obter o valor devido e os acrscimos legais, no lhe cabe impor outras sanes. 11

Tais obrigaes ainda encontram-se reunidas no Princpio da Adequao do Servio Pblico, o qual pressupe que a prestao destes servios deve atender plenamente s necessidades dos usurios, satisfazendo, assim, as condies de regularidade, continuidade, eficincia (servio satisfatrio qualitativa e quantitativamente), segurana, atualidade, generalidade (servio para todos os usurios), cortesia na sua prestao (bem tratamento aos usurios) e modicidade das tarifas (tarifas razoveis), reunindo-se a, todos os princpios que dominam a execuo dos servios pblicos, e que constituem as obrigaes a serem cumpridas pelos seus fornecedores. Embora o interesse pblico esteja acima do particular, no pode a Administrao prevalecer-se dessa condio para deixar de honrar seus compromissos, em especial com empresas prestadoras de servios essenciais a toda a coletividade, quebrando o equilbrio econmico-financeiro do contrato e desestabilizando a prestao desses servios. Logo, a falta de pagamento por parte de rgos da Administrao Pblica, direta ou indireta, acaba sendo mais prejudicial, na medida em que diminui, e muito, os recursos captados pelas empresas fornecedoras do servio, contribuindo assim, para um possvel risco de toda a coletividade ter o servio interrompido ou de receb-lo com qualidade inferior esperada. No se restringindo apenas a suspenso no fornecimento do servio nos casos de inadimplncia, deve apontar para a necessidade da continuidade prestao de servio at mesmo nos casos de greve dos servidores pblicos que por ainda no possuir uma legislao especfica editada por cada ente federal, torna geralmente o ato ilegal pelo fato de que os interesses da coletividade sempre dever ser sobrepostos sobre os interesses particulares

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(in DIREITO ADMINISTRATIVO, Saraiva, 1995, pp. 218).

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ESTADO FORNECEDOR DE SERVIOS

Com a edio do Cdigo de Defesa do Consumidor, tudo isso mudou. Ao Estado no apenas recaiu a obrigao de defender os direitos do consumidor, mas tambm a respeit-los, eis que, de acordo com o artigo 3 do Cdigo de Defesa do Consumidor, so considerados como fornecedores as pessoas jurdicas de direito pblico, estas que representam o Estado, seja atravs da Administrao Direta ou da Administrao Indireta, com as autarquias e fundaes pblicas. No artigo 3 o legislador buscando ampliar o alcance da figura de fornecedor estabeleceu que qualquer pessoa pblica tambm figura como fornecedor de servios. No satisfeito o legislador definiu no artigo 2212 que os rgos pblicos ou representantes so obrigados a prestar servios pblicos de qualidade, eficientes, seguros e contnuos quando estes servios forem essenciais, no obstante ainda no pargrafo nico deste mesmo artigo responsabiliza juridicamente as pessoas responsveis pela prestao dos servios, quando da no observao do artigo 22. Com a utilizao dos termos rgos pblicos, por si ou suas empresas, concessionrias, permissionrias ou sob qualquer outra forma de empreendimento evitou-se que prestadores de servios pblicos tecessem teorias nas quais elas estariam isentas de praticar os servios da forma descrita na norma consumerista. Como define Rizzatto Nunes (2011, p. 148): [...]O que caracteriza a pessoa responsvel na relao jurdica de consumo estabelecida o servio pblico que ela esta oferecendo e/ou prestando[...] Ao reconhecer que o Estado pode figurar como fornecedor de servios, o legislador acabou com as diferenas entre a iniciativa privada e o poder pblico, uma vez que, se ambos exercem atividades econmicas, no h motivos para que o Estado fique sem cumprir as normas do CDC. Porm, sabido que as atividades12

Art. 22 CDC - Os rgos pblicos, por si ou suas empresas, concessionrias,

permissionrias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, so obrigados a fornecer servios adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contnuos. Pargrafo nico. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigaes referidas neste artigo, sero as pessoas jurdicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste cdigo.

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desenvolvidas pelo Estado so diferentes das realizadas pela iniciativa privada, no se podendo incidir da mesma maneira o CDC. Destaca-se o caso da deciso da 3 Cmara Civil do Tribunal de Justia de So Paulo no agravo de instrumento interposto pela Companhia de Saneamento Bsico do Estado de So Paulo Sabesp.

Nas razes do recurso do feito, que envolve a discusso a respeito de valores cobrados pelo fornecimento de gua e esgoto (que o consumidor alega foram cobrados exorbitantemente), a empresa fornecedora fundamenta sua resignao na no subordinao da relao jurdica subjacente quela legislao especial (o CDC). O Tribunal, de maneira acertada, rejeitou a resistncia da SABESP: indiscutvel que a situao versada, mesmo envolvendo prestao de servios pblicos, se insere no conceito de relao jurdica de consumo. Resulta evidente subordinar-se ela, portanto, ao sistema do Cdigo de Defesa do Consumidor

Para sustentar a existncia de diversos servios pblicos, sem pagamento imediato faz com que o Estado estipule Tributos a fim de cobrir os gastos realizados com tais servios. Mesmo existncia do tributo sem a especificao final para aplicao dos recursos recebidos como o IRPF ou IPVA, ou ainda em casos especficos como taxa de coleta de lixo, tarifa de custeio da iluminao pblica, entre outros de fato. Deve-se confundir a figura do consumidor com a figura do contribuinte. Despiciendo frisar que o imposto pago pelo contribuinte tem por finalidade financiar as atividades fundamentais do Estado. Essa relao jurdica contribuintepoder pblico estranha ao campo de incidncia das disposies deste Cdigo Existem servios pblicos em que no existe uma contraprestao imediata do usurio como segurana pblica, coleta de lixo, devido impossibilidade da identificao do usurio para a efetivao da cobrana, mas a impossibilidade do relacionamento do pagamento especifico para um determinado servio, no deve impedir que este consumidor busque ressarcimento por danos causados durante a prestao de servios.

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Contrato de Fornecimento de Servio Pblico

O fornecimento de servios pblicos uti singuli (gua, energia eltrica e telefonia) populao feita por meio de contrato de adeso entre o cidado e o Estado. Na prestao de tais servios, h uma relao contratual entre o cidado (usurio) e o poder pblico (diretamente ou indiretamente). O cidado solicita o servio e em contrapartida paga uma tarifa por aquilo que consumiu. O contrato de adeso um contrato padro oferecido ao pblico em formulrio impresso, no qual o contratado adere sem discutir as clusulas. A ilustre doutrinadora Cludia Lima Marques conceitua contrato de adeso como sendo aquele:

"cujas clusulas so preestabelecidas unilateralmente pelo parceiro economicamente mais forte (fornecedor), ne varietur, isto , sem que o outro parceiro (consumidor) possa discutir ou modificar substancialmente o contedo do contrato escrito."

Esse tipo de contrato cada vez mais utilizado no mundo contemporneo em virtude da multiplicidade de usurios para compra de produtos ou utilizao de servios oferecidos pelo mesmo fornecedor. O prestador de servios no ir discutir as clusulas contratuais com cada usurio, por isso, opta-se pela utilizao de um contrato padro (contrato de adeso) para disciplinar a relao contratual. O Cdigo de Defesa do Consumidor em seu art. 54, caput, define contrato de adeso nos seguintes termos:

Contrato de adeso aquele cuja clusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou servios, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu contedo.

O fornecimento de gua, energia eltrica e telefonia se incluem entre os chamados contratos cativos porque so servios essenciais vida e, na maioria das

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vezes, fornecido sob a forma de monoplio, o que torna o usurio dependente do servio e do prestador de servios. A prestao desses servios envolve obrigaes de longo prazo, constituindo uma relao de trato sucessivo que torna o usurio cativo, pois o dever de prestar o servio se renova automaticamente e o vnculo contratual se mantm tornando a relao contratual perene

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VCIOS E DEFEITOS

Figurando como uma necessidade de consumo, qualquer servio est sujeito a apresentao de vcios ou defeitos, porm independente da vontade do prestador direito bsico do consumidor receber servios adequados e eficazes. Fato que nos leva a obrigao do estado a ofertar servios que atendam de fato a expectativa do consumidor H que se distinguir os vcios dos defeitos uma vez que estes fora tratados separadamente pelo legislador. H antes que entender o conceito de vcio, pois este pode existir, sem o defeito que por sua vez no existe sozinho, sendo ele uma conseqncia do vcio. O vcio uma caracterstica intrnseca ao produto e ao servio, dessa forma o tema foi abordado pelo legislador nos artigos 12 a 14, classificando os por aparentes ou ocultos, sempre e somente um dos vcios, desta forma descreve Rizzato Nunes:

So consideradas vcio so consideradas as caractersticas de qualidade e quantidade que tornem o produto ou servio imprprios ou inadequado para o consumo a que destinam e tambm que lhes diminuam o valor.

O defeito ficou regulado pelos artigos 18, 19 e 20 CDC, definindo que este tem relao direta com o vcio, porm este acrescenta um ampliando dano ao consumidor, Rizzatto Nunes definiu defeito como:

O defeito o vcio acrescido de um problema extra, alguma coisa extrnseca ao produto ou servio que causa um dano maior que simplesmente o mau funcionamento, o no funcionamento, a quantidade errada, a perda do valor pago j que o produto ou servio no cumpriram o fim ao qual se destinavam. O Defeito causa alm desse dano do vcio, outro ou outros danos ao patrimnio jurdico material e/ou moral e/ou esttico e/ou a imagem do consumidor

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Vcio no Servio Pblico

Sobre os vcios da prestao de servios ficou regulado pela letra da lei que apenas os vcios de qualidade, observam-se a utilizao o termo de fornecedor no singular como descrito no artigo 2013. Atenta-se a este fato e que o legislador buscou responsabilizar apenas o prestador final do servio, pois este quem de fato, sacia a necessidade do consumidor, Assim como qualquer outro fornecedor ao ofertar determinado servio o Estado est assumindo todos os riscos decorrentes, da prtica em questo, dessa forma o estado no pode, nem deve buscar se eximir das regras impostas pelo cdigo de defesa do consumidor. Pode-se considerar como vcio na prestao de servio publico, uma constante oscilao da tenso da energia eltrica entregue, a grande concentrao de partculas impuras no fornecimento de gua, o falecimento de um paciente que aguardava para atendimento em hospital que no possua mdicos de planto entre outros inmeros fatos que levaro o consumidor a um prejuzo, levando a necessidade ressarcimento ao consumidor do prejuzo causado pela m prestao do servio. Defeito que, de acordo com Jos Geraldo Brito Filomeno:

So anomalias constatadas em produtos e servios, que no apenas os tornem inadequados aos fins a que se destinam, como tambm causados danos aos seus consumidores, ou ento representam risco vida, sade ou segurana dos efetivos ou potenciais consumidores.".

Art. 20. O fornecedor de servios responde pelos vcios de qualidade que os tornem imprprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicaes constantes da oferta ou mensagem publicitria, podendo o consumidor exigir, alternativamente e sua escolha: I - a reexecuo dos servios, sem custo adicional e quando cabvel; II - a restituio imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuzo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preo. 1 A reexecuo dos servios poder ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor. 2 So imprprios os servios que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que no atendam as normas regulamentares de prestabilidade.

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Com efeito, o poder pblico sempre deve primar pela adequao, eficincia, segurana e continuidade dos servios pblicos. A eficincia, que um dos princpios constitucionais da administrao pblica, e que para Helly Lopes Meireles, "o mais moderno princpio da funo administrativa, que j no se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o servio pblico e satisfatrio atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros. A eficincia no se refere ao fato de que o Estado no s deve se ater a prestar o servio, mas deve o faz-lo da melhor maneira possvel, satisfazendo todas as necessidades e expectativas dos usurios. Para Antnio Rizzatto, "o servio pblico eficiente aquele que cumpre a sua finalidade na realidade concreta, sendo eficiente aquilo que funciona ou tem resultado positivo.. Quanto adequao e a segurana, estes devem emanar do prprio servio eficiente. impossvel considerar que algo seja eficiente e que no traga segurana para o usurio. Alm disso, o servio s eficiente ser for adequado, pois como ir funcionar se no se encaixar nas necessidades esperadas pelo consumidor? Nas palavras de NUNES, adequao, segurana, eficincia e continuidade formam uma caracterstica nica. O objetivo primordial dos servios pblicos suprir as necessidades vitais e bsicas da sociedade como um todo. Assim, obrigao do Estado prest-los da melhor maneira possvel, evitando trazer quaisquer prejuzos coletividade, pois, caso contrrio, se, atravs de servios viciados ou defeituosos, acarretar danos patrimoniais ou extrapatrimoniais aos seus usurios, diante da existncia da relao de consumo, far com que surja a responsabilidade civil, sendo o Estado obrigado a reparar os danos dela decorridos. O defeito na prestao de um servio pblico o resultado da sua inadequao, ou seja, do no atendimento a algum de seus princpios fundamentais. A magnitude deste dispositivo, porm, reside no fato de que basta apenas a existncia do liame causal entre o defeito na prestao do servio e o dano sofrido pelo consumidor para que a empresa prestadora seja responsabilizada. Com a devida classificao do Estado como fornecedor de servios pblicos destinados ao consumo, ele se iguala as pessoas jurdicas de direito privado, aplicando-se, igualmente, todas as normas do CDC. Logo, caso exista a incidncia de prestao de servios pblicos sem a devida qualidade, ensejar a aplicao da responsabilidade objetiva constantes nos artigos 14 e 20, onde no se precisar

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discutir sobre a culpabilidade do servidor ou empregado pblico. Presentes os danos e o nexo de causalidade surgir o dever de reparao, devendo, somente depois disso, o ente estatal ir, em ao regressiva, buscar que o seu agente responde pelos prejuzos acarretados.

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RESPONSABILIDADE DO ESTADO

Diante do j exposto da possibilidade da existncia de risco na atividade prestada pelo Estado, no h o que se discutir quando se fala no dever de ressarcir os prejuzos causados uma vez o CDC, menciona que quem presta servios assume todos os riscos por danos que venham causados pela prestao do servio. Vale-se mencionar que o art. 37 6.

As pessoas jurdicas de direito pblico e as de direito privado prestadoras de servios pblicos respondero pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsvel nos casos de dolo ou culpa.

Mediante a tal regra, surgiu duas vertentes, a da responsabilidade objetiva e da responsabilidade subjetiva, sendo esta ltima descartada pela legislao consumerista uma vez quem no artigo 14 CDC estabelece-se claramente a responsabilidade objetiva do prestador de servio, tendo ele causado o dano diretamente ou indiretamente, independente de sua inteno, encaixando-se na teoria do risco administrativo. direito seguro e inegvel de todo e qualquer consumidor demandar contra o Estado quando a prestao dos servios inadequada, inoperante ou ainda que no observe e respeite a devida proteo integridade fsica e moral do consumidor, uma vez que sempre cabe a administrao Pblica buscar o fiel cumprimento dos ditames da lei. Com isso podemos ressaltar o ensinamento de Hely Lopes Meirelis:

Na Administrao Pblica no h liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administrao particular lcito fazer tudo que a lei no probe, na administrao pblica s permitido fazer o que a lei autoriza. A lei para o particular significa pode fazer assim; para o administrador pblico significa deve fazer assim

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Fazer o que a lei manda, esta deve ser a primcia bsica para o Estado, na prestao de servios, quer dizer, ao oferecer um servio, o Estado de se vestir de fornecedor para que no reste qualquer espcie de dvida quanto as suas responsabilidades, pelas quais no se deve ser perseguir a iseno e sim almejar a reduo da possibilidade de gerar danos ao consumidor. Rizzatto Nunes esclarece que:

[...] O risco do prestado do servio mesmo integral, tanto que a lei no prev como excludente do dever de indenizar o caso fortuito e a forca maior. E, como a norma no estabelece, no pode o prestador de o servio responsvel alegar em sua defesa essas duas excludentes.

No somente o CDC estabelece que toda a carga econmica recaia sobre o fornecedor, tal responsabilidade tambm conferida pela Carta Magna de que a liberdade de empreendimento aufere o direito legtima ao lucro e o dever de assumir a responsabilidade integral pelo risco inerte a prestao. Considera-se ainda que aplicao das excludentes de caso fortuito ou fora maior possuem relao direta com a culpa e dolo, ambas as condutas do agente, assim estas deveriam ser fundamentadas na teoria de responsabilidade subjetiva, fato que totalmente descartado pela lei consumerista. Portanto, em face do pargrafo nico do artigo 22 do CDC, caso os servios pblicos apresentem vcios ou defeitos, surgir ao Estado o dever de responsabilidade civil, alicerado nos artigos 14 e 20 da legislao consumerista. O Poder Pblico ser obrigado a indenizar no s os prejuzos patrimoniais, mas tambm os extrapatriomoniais acarretados. Outro fator importante, que no se precisar discutir o elemento anmico do agente causador dos danos, apenas se analisar se houve um dano e se existe o nexo de causalidade que, restando-os inconcusso, ensejar a responsabilidade civil. Da exegese combinao dos artigos 37, 6 CF e 22 CDC, fcil concluir que o legislador constituinte originrio e o legislador consumerista expuseram que recai sobre o Estado fornecedor de servios pblicos destinados ao consumo, a responsabilidade civil objetiva, esta que independe da perquirio da existncia de

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dolo ou culpa, fazendo-se, apenas, necessrio a presena do ato, do dano e do nexo causalidade entre estes Alerta-se que o Poder Pblico no somente ficar obrigado a indenizar quando os seus servios forem viciados ou defeituosos. Haver, de forma equivalente, a responsabilidade sempre que no forem respeitados, o dever de informar, de no praticar abusos, no fazer publicidade enganosa, dar oramento, reparar todos os danos causados.

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CONCLUSO

Sendo o consumidor o elo mais fraco da relao de consumo e mediante a posio de fornecedor do estado onde muitas vezes ele o nico fornecedor de servios, no deixando escolha para o consumidor a no ser busc-lo para a prestao de servios, na qual mesmo sem a existncia do Cdigo de Defesa do Consumidor j era possvel identificar, o estado como responsvel pelos servios prestados, devido tcita explanao pela carta magna. Com o advento o do CDC, ficou ainda mais explicitado que o estado sim de fato responsvel por todos os seus servios prestados e deve primar pela eficincia, Continuidade. O CDC foi alm de estabelecer princpios para a prestao de servios pblicos, ele tornou clara que a responsabilidade objetiva, assim no dependendo da vontade do prestador. J existe inmeras decises, favorveis, a consumidores referentes a reclamaes quanto qualidade e interrupo de servios que devem ser contnuos, por serem essencial a vida. Tal prestao de servio pblico de forma eficaz e adequada constitui-se em direito bsico do consumidor. Assim dito, em reforo a tese, ora defendida, os rgos pblicos, bem como suas empresas, concessionrias ou permissionrias, so obrigados a fornecer servios adequados, eficientes, seguros, e, quanto aos essenciais, sempre contnuos Mas novas decises se fazem necessrias uma vez que ainda existem tribunais que enxergam o consumidor e o contribuinte de maneiras diferentes. Com isso fica claro a necessidade do legislador buscar complementar o cdigo de defesa do consumidor, para extinguir qualquer duvida existente a classificao do contribuinte como consumidor, sendo ele direto ou no. O Contribuinte recolhe incontveis impostos, para que este dinheiro seja investido na maquina administrativa, e esta oferece um pacote todos os servios essenciais para o desenvolvimento da sociedade, cuja qual o contribuinte faz parte. Sendo assim se qualquer servios oferecidos no se enquadre nos princpios estabelecidos, este possui plenos direitos estabelecidos pela Constituio Federal e CDC de solicitar que o estado repare os danos causados.

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Mesmo que este contribuinte no seja usurio de determinado servio pblico, por ser contribuinte este o direito de ter um servio de qualidade a disposio. Considerando a teoria do risco administrativo o Estado tem o dever de assumir todos os risco da prestao ao colocar a disposio qualquer especial de servio. Nada mais resta ao Estado do que seguir a lei, realizando atos e oferecer servios de qualidade, pois isto o que a legislao impe a Administrao Pblica, sendo est nica responsvel pelos servios pblicos. Devendo no buscar se eximir da responsabilidade dos danos causados por ela e sim esta deve investir corretamente os valores arrecadados para a prestao de servios especficos, e tambm zelar para que todos os tributos sejam corretamente investidos, tornando assim seus servios eficazes de fato, e desta forma oferecendo o menor risco possvel a seus usurios.

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