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PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DO PARAN
ESCOLA POLITCNICA
CURSO DE ENGENHARIA DE SEGURANA DO TRABALHO
MAICKON MARTIN SCHWARZ
ANLISE DE RISCOS DE UMA MICROEMPRESA FABRICANTE DE MVEIS
ACOLCHOADOS UTILIZANDO O MTODO DE APR
CURITIBA
2014
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MAICKON MARTIN SCHWARZ
ANLISE DE RISCOS DE UMA MICROEMPRESA FABRICANTE DE MVEIS
ACOLCHOADOS UTILIZANDO O MTODO DE APR
Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso de Especializao em Engenharia de Segurana do Trabalho da Pontifcia Universidade Catlica do Paran, como requisito parcial obteno do ttulo de Especialista em Engenharia de Segurana do Trabalho. Orientador: Prof. Lucianna Maria Baggiotto Fernandes.
CURITIBA
2014
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Dados da Catalogao na Publicao
Pontifcia Universidade Catlica do Paran
Sistema Integrado de Bibliotecas SIBI/PUCPR
Biblioteca Central
Schwarz, Maickon Martin
S411a Anlise de riscos de uma microempresa fabricante de mveis acolchoados
2014 utilizando o mtodo de APR / Maickon Martin Schwarz ; orientadora, Lucianna
Maria Baggiotto Fernandes. 2014.
73 f. : il. ; 30 cm
TCC (especializao em Engenharia de Segurana do Trabalho) -
Pontifcia Universidade Catlica do Paran, Curitiba, 2014
Bibliografia: f. 57-58
1. Segurana do trabalho. 2.Indstria de mveis. 3. Pequenas e mdias
empresas. 4. Avaliao de riscos. I. Fernandes, Lucianna Maria Baggiotto.
II. Pontifcia Universidade Catlica do Paran. Escola Politcnica. III. Ttulo.
CDD 20. ed. 363.11
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MAICKON MARTIN SCHWARZ
ANLISE DE RISCOS DE UMA MICROEMPRESA FABRICANTE DE MVEIS
ACOLCHOADOS UTILIZANDO O MTODO DE APR
Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso de Especializao em Engenharia de Segurana do Trabalho da Pontifcia Universidade Catlica do Paran, como requisito parcial obteno do ttulo de Especialista em Engenharia de Segurana do Trabalho.
COMISSO EXAMINADORA
_____________________________________
Altair Rosa. Prof. Me.
PUCPR
_____________________________________
Mirre Liluz Milanez, Prof. Me.
PUCPR
_____________________________________
Armando Augusto Martins Campos, Prof. Me.
PUCPR
Curitiba, 17 de Maio de 2014.
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RESUMO
O presente trabalho busca fazer uma anlise preliminar de riscos das atividades executadas pelos funcionrios e da instalao fsica de uma microempresa do ramo moveleiro. Os aspectos principais observados na anlise esto relacionados aos processos produtivos, os equipamentos utilizados, o ambiente de trabalho, os equipamentos de segurana e as instalaes das mquinas e equipamentos. A partir dos dados obtidos feita anlise dos riscos existentes, sua severidade e probabilidade. O objetivo deste trabalho realizar uma anlise preliminar de riscos em uma indstria moveleira de pequeno porte. Para realizar este objetivo, necessria a identificao dos processos produtivos e das atividades existentes na fabricao dos mveis. Aps esta identificao, so verificados quais os riscos presentes e seu nvel. A anlise feita observando os mtodos utilizados pelos trabalhadores em suas atividades dirias. Aps identificao dos riscos, estes foram discutidos com os funcionrios para que se identificassem meios de reduzir ou eliminar tais riscos. Por fim foram recomendadas alteraes que possam trazer mais segurana aos trabalhadores.
Palavras-chave: Anlise de riscos. Microempresa. Indstria moveleira.
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ABSTRACT
The present paper aims to make a preliminary risk analysis of activities performed by employees and the physical installation of a furniture industry microenterprise. The main aspects observed in the analysis are related to production processes, the equipment used, the working environment, safety equipment and machinery installations and equipment. The risk analysis is made from data analysis as well as their severity and probability. The objective of this study is to perform a preliminary risk analysis on a small furniture industry. To accomplish this goal, the identification of production processes and existing activities in furniture manufacturing is required. After this identification, it is verified which are the risks present and their category. The analysis is done by observing the methods used by employees in their daily activities. After identifying the risks, these were discussed with employees to identify ways to reduce or eliminate such risks. Finally, changes that may contribute to a safer environment to workers were recommended.
Key-words: Risk analysis. Microenterprise. Furniture industry.
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LISTA DE ILUSTRAES
Figura 1 - Tupia ......................................................................................................... 27
Figura 2 - Detalhe tupia ............................................................................................. 27
Figura 3 - Trabalhador utilizando serra de fita ........................................................... 28
Figura 4 - Serra circular com coifa ............................................................................ 29
Figura 5 - Serra circular e seu disco de corte ............................................................ 29
Figura 6 - Local de trabalho....................................................................................... 32
Figura 7 - Molas na garagem .................................................................................... 33
Figura 8 - Depsito de espumas na laje e mezanino ................................................ 34
Figura 9 - rea de depsito da madeira .................................................................... 34
Figura 10 - Projeto de estofado em prancheta .......................................................... 35
Figura 11 - Serra destopadeira .................................................................................. 36
Figura 12 - Grampeador pneumtico ........................................................................ 37
Figura 13 - Tupia ....................................................................................................... 37
Figura 14 - Ferramenta de corte ................................................................................ 38
Figura 15 - Bancada para aplicao da cola ............................................................. 39
Figura 16 - Overclock e maquina de costura reta ...................................................... 40
Figura 17 - Impermeabilizante ................................................................................... 41
Figura 18 - Aplicao impermeabilizante .................................................................. 41
Figura 19 - Aspirador de p ....................................................................................... 42
Figura 20 Destopadeira .......................................................................................... 44
Figura 20 Colando as espumas .............................................................................. 45
Figura 21 Adesivo em contato com a pele ............................................................. 45
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Categorias de frequncia ....................................................................... 19
Quadro 2 - Categorias de severidade ....................................................................... 19
Quadro 3 - Matriz de classificao ............................................................................ 20
Quadro 4 - Descrio dos nveis de risco .................................................................. 20
Quadro 5 Anlise de riscos .................................................................................... 47
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
APR
CNAE
Anlise preliminar de riscos
Classificao Nacional de Atividades Econmicas
FISPQ
IEC
Ficha de informao de segurana de produtos qumicos
International Electrotechnical Commission
INSS Instituto nacional de seguro social
IPI
ISO
Imposto sobre produtos industrializados
International Organization for Standardization
Mdf Medium density fiberboard
NBR
NR
Norma brasileira de regulamentao
Norma regulamentadora
PPRA
SGA
Programa de preveno de riscos ambientais
Sistema de gesto ambiental
SST Segurana e sade no trabalho
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SUMRIO
1 INTRODUO ............................................................................................. 11
1.1 PROBLEMATIZAO .................................................................................. 12
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................. 13
1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 13
1.2.2 Objetivos Especficos ................................................................................ 13
1.3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS ..................................................... 13
2 FUNDAMENTAO TERICA ................................................................... 15
2.1 SEGURANA E SADE NO TRABALHO .................................................... 15
2.1.1 Conceitos .................................................................................................... 15
2.2 GERENCIAMENTO DE RISCOS ................................................................. 17
2.2.1 AVALIAO DE RISCOS ............................................................................ 17
2.2.2 TCNICAS DE ANLISE DE RISCOS ........................................................ 18
2.2.2.1 Anlise preliminar de riscos .......................................................................... 18
2.2.2.2 Anlise de modos de falha e efeitos ............................................................. 21
2.2.2.3 Estudo de perigos e operabilidade ............................................................... 21
2.2.3 RISCOS AMBIENTAIS ................................................................................. 21
2.2.4 ACIDENTES DE TRABALHO ...................................................................... 22
2.2.5 Legislao ................................................................................................... 22
2.3 A INDSTRIA MOVELEIRA DE SANTA CATARINA ................................... 24
2.4 MQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA FABRICAO DE
MVEIS .................................................................................................................... 26
2.4.1 Tupia ............................................................................................................ 26
2.4.2 Serra de fita ................................................................................................. 28
2.4.3 Serra circular .............................................................................................. 28
2.4.4 Esmeril ......................................................................................................... 29
2.4.5 Destopadeira ............................................................................................... 30
3 ESTUDO DE CASO ..................................................................................... 31
3.1 A EMPRESA ................................................................................................. 31
3.1.1 Recebimento dos materiais ....................................................................... 32
3.2 O PROCESSO DE FABRICAO ............................................................... 35
3.2.1 Madeira ........................................................................................................ 35
3.2.2 Espumas ...................................................................................................... 38
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3.2.3 Tecidos ........................................................................................................ 39
3.2.4 Acabamento ................................................................................................ 40
3.2.5 Descarte de materiais ................................................................................. 42
3.3 APLICAO DA APR ................................................................................... 43
4 ANLISE DOS RESULTADOS.................................................................... 53
5 CONSIDERAES FINAIS ......................................................................... 55
5.1 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................ 56
REFERNCIAS ......................................................................................................... 57
ANEXO A ESPECIFICAES DO IMPERMEABILIZANTE ................................. 59
ANEXO B FISPQ DO ADESIVO ............................................................................ 60
ANEXO C FISPQ DO SOLVENTE ......................................................................... 67
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1 INTRODUO
Segundo Cardoso (2012), o setor moveleiro ainda causa graves acidentes
alm de expor os trabalhadores a riscos qumicos, a riscos de acidentes e a riscos
ergonmicos. Embora grandes empresas do setor j invistam em tecnologia
utilizando equipamentos modernos e seguros, as empresas de menor porte ainda
atuam com maquinrios obsoletos e sem oferecer a segurana adequada aos seus
funcionrios.
Na indstria moveleira, de acordo com Salim (2007), de 3357 casos de
acidentes de trabalho registrados no INSS em cidades consideradas polos
moveleiros, 1426 casos referiam-se aos trabalhadores de micro e pequenas
empresas.
Para Muccillo (2012), a incluso da Segurana e Sade no Trabalho (SST)
nas micro e pequenas empresas pode ser considerada um desafio, pois muitos
gestores afirmam que a SST expe ao risco o desempenho e a receita dos
negcios. Mesmo conhecendo casos de empresas similares que sofreram perdas
devido falta de cumprimento da SST, alguns gestores continuam a ignorar as
prticas de preveno de acidentes.
De acordo com Seiffert (2011), em pases industrializados, o nmero de
pequenas e mdias empresas tem registrado um aumento significativo. Essas
empresas enfrentam desafios associados ao macro ambiente em que se situam. Em
tal macro ambiente operam foras econmicas, ambientais, tecnolgicas, polticas e
legais que determinam as oportunidades, limites e desafios que estas empresas
devem enfrentar. Para isso so determinantes a viso estratgica, modelo de
gesto, valores e ramos de atuao adotados pelas empresas.
O presente trabalho prope identificar os riscos de uma microempresa do
setor moveleiro especializada na fabricao de mveis acolchoados. So
considerados mveis acolchoados os estofados, as banquetas, os sofs-camas e
outros similares. A identificao dos riscos em uma empresa abrange todos os
setores nela existentes, as atividades exercidas e os equipamentos utilizados.
Para a aplicao de uma anlise de riscos, deve-se utilizar uma metodologia
adaptvel as circunstncias. A Anlise Preliminar de Riscos (APR) comumente
utilizada na fase concepo ou desenvolvimento de um sistema, mas tambm pode
ser utilizada nos estudos de reviso de segurana de uma instalao existente.
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Segundo Belasco (2011), a APR consiste no estudo, ainda na fase de projeto
de um novo sistema, dos riscos que podero estar presentes durante a operao do
sistema. A APR procura pesquisar quais os pontos de maior risco no sistema e
prioriz-los no momento da continuao dos estudos de segurana.
Este trabalho est dividido em cinco sesses: na primeira sesso
apresentado o problema de pesquisa, o objetivo geral e os objetivos especficos a
serem atingidos e os procedimentos metodolgicos adotados para a elaborao do
trabalho; na segunda sesso apresentada a fundamentao terica com conceitos
sobre a segurana do trabalho, o gerenciamento de riscos, a indstria moveleira,
seus equipamentos e a legislao a ela aplicvel. Na terceira sesso apresentada
a empresa analisada, o processo produtivo para a fabricao dos mveis
acolchoados e a anlise preliminar de riscos. A quarta sesso exibe a anlise dos
resultados obtidos pelo uso da anlise preliminar de riscos e a quinta seo conclui
a pergunta de pesquisa.
1.1 PROBLEMATIZAO
Quais os riscos presentes em uma microempresa do ramo moveleiro?
O presente trabalho se apresenta na rea da engenharia de segurana do
trabalho, na anlise de riscos.
Justifica-se por demonstrar a realidade em que se encontram os
trabalhadores deste setor industrial, que apresenta maquinrios capazes de causar
acidentes que pem em risco a vida dos trabalhadores. No caso da microempresas
a situao tende a ser mais grave, dada a falta de investimentos em novas
mquinas, equipamentos de segurana e melhorias do processo produtivo que
busquem reduzir os riscos para os trabalhadores.
Assim, busca-se chamar a ateno dos envolvidos, como os sindicatos,
empresrios do setor e rgos de fiscalizao, para os perigos a que esto expostos
os trabalhadores. O presente trabalho contribuir com a sociedade sugerindo
melhorias na segurana dos trabalhadores para as situaes de riscos
apresentadas.
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1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Realizar uma anlise preliminar de riscos em uma indstria moveleira de
pequeno porte.
1.2.2 Objetivos Especficos
a) Identificar quais so os processos e atividades existentes na fabricao
dos mveis;
b) Verificar quais os riscos presentes;
c) Determinar o nvel dos riscos.
d) Sugerir meios para o controle dos riscos
1.3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS
As visitas ao local onde ocorreu a anlise foram realizadas nos meses de
janeiro e maio de 2014. A microempresa onde foi realizada a anlise ser
identificada neste trabalho com o nome fictcio de Empresa J. A pesquisa foi
realizada atravs de consultas bibliogrficas, observao do local de trabalho e
dilogo com os funcionrios.
O presente trabalho faz uma anlise de riscos em uma microempresa do setor
moveleiro para a identificao dos riscos aos quais seus trabalhadores esto
expostos. Para isso, foram realizadas visitas ao local de trabalho durante o
expediente dos trabalhadores. Primeiro foi feita uma apresentao do ambiente da
microempresa e depois foram identificadas as etapas do processo produtivo.
Tambm foram identificadas as mquinas e os equipamentos utilizados pela
microempresa. Aps esta identificao, cada etapa da fabricao foi acompanhada e
observada, buscando identificar detalhes e ouvir as opinies dos trabalhadores a
respeito de suas tarefas e suas condies de trabalho. Depois foram identificados e
determinados os riscos de acordo com o processo da anlise preliminar de riscos.
Aps terminar esta etapa foram feitas recomendaes com a finalidade de eliminar
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ou reduzir os riscos identificados para que a empresa analisada possa oferecer a
seus funcionrios um ambiente de trabalho mais seguro.
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2 FUNDAMENTAO TERICA
Para um melhor entendimento deste trabalho, so apresentados a seguir
alguns fundamentos e definies que abrangem a segurana do trabalho e sua
histria, o gerenciamento de riscos, as micro indstrias, a indstria moveleira e os
equipamentos nela utilizados, e os acidentes do trabalho.
2.1 SEGURANA E SADE NO TRABALHO
Segundo Patricio (2013), a Segurana no Trabalho uma conquista recente
da sociedade, pois ela s comeou a se desenvolver modernamente a partir de 1978
com a publicao das Normas Regulamentadoras pelo Ministrio do Trabalho.
De acordo com Benitte (2004), a Segurana no Trabalho pode ser classificada
como: o estado de estar livre de riscos inaceitveis de danos nos ambientes de
trabalho, garantindo o bem estar fsico, mental e social dos trabalhadores.
Para Schaab (2005), segurana e sade do trabalho o conjunto de medidas
que visam minimizar os acidentes de trabalho e as doenas ocupacionais, proteger a
integridade fsica do trabalhador e sua capacidade de trabalho. Uma maior
produtividade no trabalho, um menor nmero de erros na execuo das tarefas e um
menor nmero de acidentes do trabalho so consequncias de condies trabalho
que garantem a sade e a segurana do trabalhador. Para que essas condies
adequadas de trabalho existam, necessria a participao todos que trabalham no
ambiente.
Para Fruhauf, Campos e Huppes (2005), tanto a empresa quanto os
trabalhadores tem por objetivo a no ocorrncia de doenas ocupacionais e
acidentes do trabalho, mas por razes distintas. Enquanto os trabalhadores
objetivam sua integridade fsica, a empresa visa reduo dos custos que estes
acidentes representam.
2.1.1 Conceitos
Agentes qumicos: Segundo a NR 9, so as substncias, compostos ou
produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratria, nas formas de
poeiras, fumos, nvoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da
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atividade de exposio, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo
atravs da pele ou por ingesto.
Agentes fsicos: Segundo a NR 9, so as diversas formas de energia a que
possam estar expostos os trabalhadores, tais como: rudo, vibraes, presses
anormais, temperaturas extremas, radiaes ionizantes, radiaes no ionizantes,
bem como o infra-som e o ultra-som.
Anlise de riscos: De acordo com o ISO Guide 73 (2009), o processo que
busca compreender a natureza do risco e determinar o nvel do risco.
Anlise preliminar de riscos: Segundo a NR 33, a avaliao inicial dos
riscos potenciais, suas causas, consequncias e medidas de controle.
Ato inseguro: Segundo a NBR 14280, a ao ou omisso que, contrariando
preceito de segurana, pode causar ou favorecer a ocorrncia de acidente.
Condio ambiente de insegurana (condio ambiente): Segundo a NBR
14280, a condio do meio que causou o acidente ou contribuiu para a sua
ocorrncia.
Fonte de riscos: De acordo com o ISO Guide 73 (2009), o elemento que
sozinho ou em combinao tem o potencial intrnseco para dar origem a um risco.
Gerenciamento de riscos: De acordo com o ISO Guide 73 (2009), so as
atividades coordenadas para direcionar e controlar uma organizao com relao
aos riscos.
Identificao dos riscos: De acordo com o ISO Guide 73 (2009), o processo
de encontrar, reconhecer e descrever os riscos.
Metodologias para anlise de riscos: Segundo a NR 20, so os mtodos e
tcnicas que, aplicados a operaes que envolvam processo ou processamento,
identificam os cenrios hipotticos de ocorrncias indesejadas (acidentes), as
possibilidades de danos, efeitos e consequncias.
Perigo: Segundo a NBR 14726, a situao com potencial de provocar
leses pessoais ou danos sade, ao meio ambiente ou ao patrimnio, ou
combinao destas.
Risco: Segundo a NBR 14726, a propriedade de um perigo promover
danos, com possibilidade de perdas humanas, ambientais, materiais e/ou
econmicas, resultante da combinao entre frequncia esperada e consequncia
destas perdas.
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2.2 GERENCIAMENTO DE RISCOS
Para Fruhauf et al (2005), na implementao de Sistemas de Gesto de
Segurana e Sade no Trabalho, a Gesto de Riscos constitui o aspecto essencial a
ter em conta na poltica de preveno integrada definida pelas empresas.
De acordo com Benite (2004) os modelos de gesto de riscos no podem se
limitar a atender as requisies das normas de segurana, mas sim criar um sistema
de preveno que garanta a segurana e o bem estar dos trabalhadores, podendo
desencadear assim uma maior qualidade nos servios prestados ou um aumento da
produtividade.
Segundo Belasco (2011), o Gerenciamento de Riscos tem como objetivo
manter os riscos abaixo dos valores de tolerncia. As medidas e sugestes que so
resultados das anlises e avaliaes de riscos so partes integrantes do sistema de
gerenciamento de riscos. Para complementar o sistema e gesto ainda podem-se
prever outras medidas, sendo que em instalaes com processos ou substncias
perigosas suas operaes e manutenes devem ser mantidas dentro dos padres
de tolerncia.
Entre as normas utilizadas na gesto de riscos se destaca a NBR ISO 31000
(2009), que fornece princpios genricos para a gesto de riscos. Ela pode ser
utilizada por empresa pblica, privada ou comunitria, durante qualquer fase da vida
de uma organizao e em uma ampla gama de atividades. Pode ser aplicada para
qualquer tipo de riscos e tem a finalidade de harmonizar os processos de gesto de
riscos.
J a norma IEC/ISO 31010 (2009), funciona como um suporte ISO 31000
fornecendo informaes relativas s tcnicas de avaliao de riscos. Nela so
apresentados os mtodos de aplicao de uma variedade de tcnicas, mas nem
todas esto presentes. Isto no significa que as tcnicas no apresentadas na
norma deixam de ser vlidas.
2.2.1 AVALIAO DE RISCOS
De acordo com Fruhauf et al (2005), a avaliao de riscos um exame
sistemtico de todo o processo produtivo em todos os locais de trabalho da
empresa, levando em conta as condies existentes e as caractersticas do
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trabalhador. Nela se procura a identificao dos danos que possam ocorrer, a
eliminao dos perigos e a adoo de medidas preventivas que controlem os riscos.
A avaliao de riscos ajuda a estimar a amplitude destes riscos para que se adotem
as medidas preventivas adequadas.
Segundo Boaventura (2009), a avaliao permite definir as classes do risco,
que por sua vez determinado por sua severidade e sua probabilidade. A
severidade dividida nos nveis maior, mdio e baixo. J a probabilidade a
frequncia com que pode ocorrer o perigo, sendo medida nos nveis: pequena,
mdia e grande probabilidade.
2.2.2 TCNICAS DE ANLISE DE RISCOS
Na concepo de Nunes (2007), o desenvolvimento da industrializao
acompanhado pelo aumento do nmero de acidentes do trabalho. Assim as tcnicas
de anlise de riscos so importantes ferramentas para a soluo destes problemas
que so os acidentes do trabalho e para obter um conhecimento detalhado sobre os
riscos de um ambiente de trabalho, equipamento ou processo para que se possam
adotar medidas preventivas.
De acordo com Belasco (2011), para que se tenha xito no gerenciamento de
riscos, necessrio que antes se realize uma anlise de riscos visando preveno
de perdas e a reduo de riscos. Para isso deve-se utilizar uma metodologia que se
adapte s circunstncias e aos resultados esperados. Os riscos mudam de acordo
com o passar do tempo, por isso o processo para identificao dos riscos requer
uma metodologia contnua.
2.2.2.1 Anlise preliminar de riscos
Segundo Belasco (2011), a anlise preliminar de riscos o estudo realizado
durante a fase de projeto de um sistema, com a finalidade de identificar os riscos
que podem estar presentes durante a fase operacional do mesmo. A APR nasceu na
rea militar como reviso do sistema de msseis. Como os msseis eram carregados
com lquidos inflamveis, exigia-se maior qualidade na segurana. O risco
determinado pela probabilidade de que o dano ocorra e a gravidade potencial do
dano.
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A tcnica de APR foi escolhida para a realizao da anlise de riscos neste
trabalho por sua facilidade de execuo, que atende bem a situao da
microempresa moveleira analisada, sendo que esta nunca realizou uma anlise de
riscos em seu ambiente. A utilizao do mtodo de APR reafirma a qualidade deste
mtodo de investigao por seus resultados objetivos e sua fcil aplicao.
Para a aplicao da APR foram utilizadas as seguintes tabelas de
classificao da severidade dos riscos (apud QUEIROZ, 2013). O Quadro 1 indica
as categorias de frequncia.
Quadro 1 Categorias de frequncia
Categoria de
frequncia
Denominao Descrio
E Frequente Esperado ocorrer muitas vezes
D Provvel Esperado ocorrer mais de uma vez
C Pouco provvel Possvel ocorrer at uma vez
B Remota No esperado ocorrer, apesar de haver
referncias histricas.
A Extremamente remota Conceitualmente possvel, mas
extremamente improvvel.
Fonte: apud QUEIROZ, 2013.
O Quadro 2 apresenta as categorias de severidade das consequncias do
evento.
Quadro 2 - Categorias de severidade
Categorias de
severidade
Denominao Caractersticas
IV Catastrfico Provoca morte ou leses graves
III Crtico Leses de gravidade moderada
II Marginal Leses leves
I Desprezvel Sem leses
Fonte: apud QUEIROZ, 2013.
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O Quadro 3 apresenta a matriz de classificao dos nveis de risco.
Quadro 3 - Matriz de classificao
Severidade
IV M M NT NT NT
III T M M NT NT
II T T M M M
I T T T T M
A B C D E
Frequncia
Fonte: apud QUEIROZ, 2013.
O Quadro 4 apresenta uma breve descrio de cada categoria de risco:
Quadro 4 - Descrio dos nveis de risco
Nvel de risco Denominao Descrio
NT No tolervel Os controles existentes so
insuficientes. Mtodos alternativos devem
ser considerados para reduzir a
probabilidade de ocorrncia e
adicionalmente, as consequncias, de
forma a trazer os riscos para regies de
menor magnitude de riscos.
M Moderado Controles adicionais devem ser
avaliados com objetivo de obter-se uma
reduo dos riscos e implementados
aqueles considerados praticveis.
T Tolervel No h necessidade de medidas
adicionais. A monitorao necessria
para assegurar que os controles sejam
mantidos.
Fonte: apud QUEIROZ, 2013.
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2.2.2.2 Anlise de modos de falha e efeitos
De acordo com Belasco (2011), uma tcnica muito utilizada atualmente
devido a sua capacidade de determinar a confiabilidade de um sistema avaliando
cada um de seus componentes individualmente. Tambm prev os efeitos das
falhas desses componentes sobre outros componentes do sistema.
Preferencialmente deve ser aplicada na fase de projeto do sistema, mas pode ser
aplicada em fases posteriores. A anlise pode ser tanto qualitativa como
quantitativa, estimando taxas de falhas e propiciando mudanas que possibilitem a
diminuio da probabilidade de falhas, deste modo aumentando a confiabilidade do
sistema.
2.2.2.3 Estudo de perigos e operabilidade
Segundo Belasco (2011), uma tcnica de anlise qualitativa que examina
linhas de processo para a identificao dos riscos. Tambm muito utilizado na fase
de projeto ou em modificaes de processos que j existem. Sua aplicao ideal
antes mesmo da fase de detalhamento do projeto, evitando que sejam modificaes
no projeto devido aos resultados da anlise. Esta tcnica pode ser aplicada tanto em
projetos grandes como em projetos pequenos.
2.2.3 RISCOS AMBIENTAIS
De acordo com Schaab (2005), para se realizar uma anlise dos riscos que os
agentes ambientais oferecem aos trabalhadores, devem-se considerar
conjuntamente os riscos ambientais, a suscetibilidade do indivduo ao agente
ambiental e tambm as caractersticas produtivas da atividade profissional.
Na concepo de Boaventura (2009), os riscos ambientais podem ser
separados em cinco grupos principais:
Riscos fsicos, gerados por equipamentos e condies fsicas do local
de trabalho.
Riscos qumicos, advindos das substncias qumicas encontradas nas
formas lquida, slida e gasosa, e que podem ser absorvidas pelo
organismo humano.
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Riscos biolgicos, causados por fungos, bactrias, bacilos e outros
microrganismos invisveis a olho nu.
Riscos ergonmicos, originados pela disfuno entre o posto de
trabalho, os equipamentos utilizados e o trabalhador.
Riscos de acidentes, originados pelo processo produtivo e condies
do ambiente de trabalho.
Segundo Assumpo (2011), nos locais de estocagem e de emprego dos
produtos qumicos tem-se utilizado identificaes de risco que podem ser montadas
de forma simples e de pouco custo. Para isso utiliza-se as figuras contidas na Norma
ABNT 7500 e que podem ser complementadas com informaes necessrias.
Depois o material impresso em folha A4, plastificado e fixado no local onde existe
o risco qumico.
2.2.4 ACIDENTES DE TRABALHO
Segundo a NBR 14280:2001, acidente do trabalho a ocorrncia imprevista
e indesejvel, instantnea ou no, relacionada com o exerccio do trabalho, que
provoca leso pessoal.
De acordo com a lei 8.213 de 24 de julho de 1991:
Acidente do trabalho o que ocorre pelo exerccio do trabalho a servio da empresa ou pelo exerccio do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando leso corporal ou perturbao funcional que cause a morte ou a perda ou reduo, permanente ou temporria, da capacidade para o trabalho.
O artigo 11 inciso VII citado acima determina que so segurados obrigatrios
da previdncia social as pessoas fsicas na categoria de segurados especiais. Nessa
categoria esto inclusos os residentes em rea rural ou aglomerado que seja
produtor, pescador artesanal, entre outros.
2.2.5 Legislao
O setor moveleiro no possui NR especfica, mas as medidas de segurana
devem ser observadas nas Normas Regulamentadoras j existentes. As requisies
para anlises de riscos so encontradas em algumas das Normas
Regulamentadoras.
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23
Na NR 10 (2004), existe a requisio de uso de tcnicas de anlise de riscos
para adoo das medidas preventivas de controle do risco eltrico e de outros riscos
nas intervenes em instalaes eltricas. A anlise de riscos deve ser elaborada
previamente no caso de novos equipamentos eltricos instalados. Nos
procedimentos de trabalho, deve ser levada em conta a anlise de riscos para se
efetuar a alternncia das atividades. A anlise de riscos tambm item integrante na
programao dos treinamentos requisitados pela norma, tanto no curso bsico
quanto no curso complementar.
Na NR 12 (2013), a anlise de riscos pode ser utilizada para indicar a
interface de segurana do circuito eltrico para comando de partida e de parada do
motor de um equipamento. Ela tambm determina a categoria de segurana dos
sistemas de segurana a serem instalados nas zonas de perigo das mquinas e
equipamentos. A anlise de riscos deve ser utilizada para elaborar os procedimentos
de trabalho e de segurana e para determinar a utilizao do cesto suspenso, com
previso de realizao de operao de emergncia para retirado de trabalhador, e
necessidade de redundncia na utilizao da chave de segurana eletromecnica.
Na NR 20 (2012), a anlise de riscos utilizada para determinar os
equipamentos e medidas de segurana nas instalaes de classe 2 e 3. utilizada
tambm para a atualizao de projetos de instalaes existentes com medidas de
segurana complementares, nas modificaes das instalaes que possam afetar a
segurana dos trabalhadores e na elaborao de permisses de trabalho no
rotineiras. Os planos de preveno e controle de vazamentos devem ser atualizados
conforme a recomendao da anlise de riscos. A anlise de riscos tambm item
integrante do pronturio da instalao.
Na NR 33 (2012), o programa de proteo respiratria deve ser implementado
conforme a anlise de riscos. O procedimento para trabalho deve levar em
considerao, entre outros itens, a anlise de riscos. O nmero de trabalhadores
envolvidos nos trabalhos executados em espaos confinados e os procedimentos de
emergncia e resgate so determinados pela anlise de riscos.
Na NR 34 (2014), o procedimento de estabilizao especfico deve
contemplar, entre outros itens, a anlise de riscos. A anlise de riscos tambm
item integrante do curso bsico de segurana para trabalhos a quente.
Conforme a NR 35 (2014), responsabilidade do empregador assegurar a
realizao da anlise de riscos. A anlise de riscos determina a forma de superviso
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24
dos trabalhos em altura, integra o contedo programtico do treinamento para
capacitar o trabalhador, precede todo trabalho em altura, fornece disposies e
medidas para a permisso de trabalho e estabelece o sistema de ancoragem.
A utilizao da ficha de informao de segurana de produtos qumicos
(FISPQ), abordada na NR 26 (2011). Esta norma afirma que todo fabricante ou
fornecedor de produto qumico perigoso deve elaborar e disponibilizar a FISPQ do
produto. O empregador deve assegurar o acesso dos trabalhadores FISPQ dos
produtos por eles utilizados. Os trabalhadores devem receber treinamento para
entender as informaes contidas na FISPQ.
2.3 A INDSTRIA MOVELEIRA DE SANTA CATARINA
De acordo com Rosa (2007), nas ltimas dcadas a indstria moveleira teve
um ganho produtivo graas, principalmente, evoluo de equipamentos eletrnicos
e utilizao de novos tipos de madeira. Essa busca por novos tipos de madeira
deve-se pelo controle do governo ao uso das madeiras nobres, e levou utilizao
de outros tipos de matria prima, como aglomerados, MDF, eucalipto e pinus. Ainda
assim, o Brasil dispe de boa quantidade de matria prima e mo de obra, suprindo
parte do mercado interno. No mercado internacional a participao do Brasil
pequena e as exportaes so sensveis s variaes cambiais. Os maiores
produtores nacionais de mveis so os estados de So Paulo, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul, dos quais Santa Catarina tem a vantagem do rpido crescimento do
pinus e do eucalipto. As primeiras marcenarias da regio nordeste de Santa Catarina
surgiram nos tempos da colonizao produzindo carroas para o transporte da erva-
mate. Nesta regio, cerca de 80% dos mveis produzidos destinado exportao,
caracterstica que a diferencia das demais.
Ainda segundo Rosa (2007), na regio oeste do estado a atividade madeireira
se desenvolve junto com a Estrada de Ferro So Paulo/Rio Grande. Na dcada de
1960 a produo ainda era limitada s encomendas, mas na dcada de 1980 houve
um crescimento da produo nessa regio. O desenvolvimento deste polo deve-se
tambm diminuio da populao rural e ao crescimento da populao urbana, o
que causou um aumento da demanda do consumo local.
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25
Na ultima dcada, a desvalorizao do dlar em relao ao real atingiu a
indstria moveleira do norte do estado, que exportava a maior parte de sua
produo. Para superar a crise foi necessrio que a indstria moveleira da regio
direcionasse sua produo para o mercado interno. Para isso foi necessrio uma
readequao da produo, criando produtos novos e diferentes. Para reconquistar o
consumidor nacional, foi criado o selo Biomvel, que garante que o mvel
sustentvel e de qualidade. Tambm houve uma reformulao da feira Mvel Brasil,
que antes era voltada para a exportao, e agora voltada ao mercado interno. Hoje
a indstria de mveis de Santa Catarina vai superando esse perodo de queda das
vendas, demisses e fechamento de fbricas.(MACHADO, 2014).
Apesar da reduo das vendas para o exterior, nos anos de 2012 e 2013
houve alta do faturamento real, indicando que o mercado brasileiro absorveu parte
da produo. Esse processo de transio exigiu das empresas a reduo de custos,
cortes de funcionrios, terceirizao de algumas atividades e a reviso de processos
produtivos, sendo que uma das dificuldades dessa transio foi a adaptao do
parque fabril. Nos materiais exportados havia menos preocupao com o desenho
dos mveis, e o objetivo era o preo baixo. Para atender o mercado interno houve
um investimento em pesquisa e desenvolvimento para adaptar os mveis as
exigncias do consumidor brasileiro. Seguindo a tendncia de apartamentos cada
vez menores, no Brasil a preferncia por mveis de dimenses reduzidas que
aproveitem ao mximo o espao disponvel. O mercado interno, em geral, tem
preferncia por cores mais claras, por madeiras mais duras e por mveis com
poucos detalhes. Tambm foi necessria uma adaptao fabricao de mveis de
MDF (mdium density fiberboard) para atender o mercado de baixa renda. Esse tipo
de material, que hoje supera a madeira em participao da produo de mveis,
tambm diminui custos de produo por no exigir mo de obra especializada.
Outras medidas adotadas foram a diversificao do portflio e a venda de mveis
pela internet. (MACHADO e CAVALLI, 2014)
Alguns fatores que fazem com que a indstria moveleira perca
competitividade so a alta carga tributria, a infraestrutura logstica para o
escoamento da produo e a dificuldade de recrutar mo de obra. O IPI, Imposto
sobre Produtos Industrializados, havia sido zerado no ano de 2010 como parte de
um pacote de estmulos s indstrias. Desde 30 de junho de 2014 vem sendo
cobrada uma alquota de 5% do IPI, o que representa um novo nus para a indstria
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26
e um aumento do preo dos mveis para o consumidor (MACHADO e CAVALLI,
2014).
2.4 MQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA FABRICAO DE MVEIS
Para Schaab (2005), a operao de mquinas exige alguns cuidados dos
trabalhadores para que o trabalho seja realizado com segurana, como no utilizar
anis, relgios e outros adornos, ou camisas de manga longa. Deve-se tambm
utilizar a mquina apenas para a finalidade a que se destina, mantendo suas peas
de proteo. Deve-se ainda realizar manuteno preventiva, limpar as mquinas ao
trmino da jornada de trabalho e manter a organizao do ambiente.
2.4.1 Tupia
De acordo com Schaab (2005), a tupia utilizada para fresar a madeira,
abaular cantos, fazer rasgos e contornos. A tupia um dos equipamentos que mais
causa acidentes, pois durante seu uso o trabalhador maneja a madeira muito
prxima da lmina de corte. Acidentes com essa mquina podem causar mutilaes
dos dedos.
A Figura 1 e a Figura 2 mostram a tupia utilizada na estofaria onde foi
realizado este trabalho. A lmina de corte est exposta, assim como a correia do
motor. A fiao eltrica utilizada para o acionamento da mquina est exposta e sem
fixao junto base da tupia.
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27
Figura 1 - Tupia
Fonte: o autor, 2014.
Figura 2 - Detalhe tupia
Fonte: o autor, 2014.
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28
2.4.2 Serra de fita
De acordo com Schaab (2005), a serra de fita utilizada tanto para realizar
cortes retos quanto cortes curvos na madeira. Ela deve possuir dispositivo que que
garanta a no exposio da serra quando a mquina no estiver sendo utilizada.
Na Figura 3 mostrada a serra de fita pertencente Empresa J sendo
utilizada por um dos trabalhadores. A mquina utilizada no possui o dispositivo que
impede a exposio da serra.
Figura 3 - Trabalhador utilizando serra de fita
Fonte: o autor, 2014.
2.4.3 Serra circular
De acordo com Schaab (2005), a serra circular serve tanto para transformar
pranchas de madeira em tbuas quanto para cortar madeiras e perfis. Devido
exposio de seu disco de corte, existe a possibilidade de amputao de dedos e
mos dos trabalhadores em caso de acidente. Por isso, o disco o disco de corte
deve ser protegido por coifa.
A serra circular utilizada pela empresa J, vista na Figura 4 e na Figura 5,
possui coifa protetora do disco de corte, assim com proteo na correia e eixo do
motor, impedindo o contato do trabalhador com essas partes.
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29
Figura 4 - Serra circular com coifa
Fonte: o autor, 2014.
Figura 5 - Serra circular e seu disco de corte
Fonte: o autor, 2014.
2.4.4 Esmeril
Segundo Schaab (2005), o esmeril um equipamento que possui vrias
funes, como afiar ferramentas ou desbastar peas de ao. Apesar de sua
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30
aparente simplicidade de operao, oferece riscos ao trabalhador que o opera, como
cortes nas mos, choques eltricos, projeo de fragmentos nos olhos. A quebra do
rebolo pode causar acidentes fatais devido a sua alta rotao.
2.4.5 Destopadeira
uma mquina geralmente utilizada para cortes do topo da madeira, mas
utilizada tambm para cortes no processo de criao da armao dos mveis
acolchoados. Possui bancada para posicionamento da madeira e uma serra circular
utilizada com o uso de uma alavanca.
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31
3 ESTUDO DE CASO
3.1 A EMPRESA
Segundo os proprietrios, trata-se de uma microempresa com 13 anos de
experincia na fabricao de mveis acolchoados localizada em Jaragu do Sul,
Santa Catarina. A empresa J fabrica estofados feitos sob medida tendo como
clientes pessoas fsicas ou lojas de mveis. Sua linha de produo pode ser dividida
em trs partes: recebimento da matria prima, montagem dos estofados e entrega
dos estofados.
A Empresa J possui 4 funcionrios, sendo que dois homens participam em
todas as fases do processo produtivo, enquanto que duas mulheres fazem a costura
dos tecidos. A jornada de trabalho de 44 horas semanais, com intervalo para
almoo de 1 hora.
A rea construda da Empresa J, dimensionada na Figura 6, formada por
uma rea de trabalho onde ocorre o processo produtivo, duas salas utilizadas como
depsitos, um banheiro e a garagem. O espao da garagem para o caminho de
entregas tambm utilizado como depsito temporrio e em alguns casos so
estacionados os caminhes dos fornecedores para a realizao da descarga de
material. No existe delimitao de espao de onde termina a garagem e onde
comea a rea de trabalho da Empresa J. A empresa no possui PPRA, seu CNAE
31.01-2, fabricao de mveis com predominncia de madeira, e seu grau de risco
3.
-
32
Figura 6 - Local de trabalho
Garagem
Depsito
Depsito
rea de
trabalho
Banheiro
rea de
trabalho
Extintores
Fonte: o autor, 2014
3.1.1 Recebimento dos materiais
Os principais materiais utilizados na fabricao dos estofados so a madeira,
molas, espumas e tecidos. O material entregue na Empresa J pelas empresas que
vendem os materiais, sendo que o material descarregado do caminho e
depositado no devido local pelos funcionrios da empresa fornecedora.
As molas so depositas na garagem, conforme Figura 7. As molas so
entregues presas, de maneira que fiquem comprimidas para ocuparem menos
-
33
espao. Ao solt-las, as molas so liberadas, de forma que elas saltam. De acordo
com um dos estofadores, ele j foi atingido no rosto pelas molas no momento em
que as soltou.
Figura 7 - Molas na garagem
Fonte: o autor, 2014.
As espumas mais espessas so depositadas acima da laje da rea de
produo, conforme ilustrado na Figura 8. Os tecidos e as espumas menos
espessas so guardados no depsito.
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34
Figura 8 - Depsito de espumas na laje e mezanino
Fonte: o autor, 2014.
As madeiras so depositas aos fundos da rea de trabalho, prximo das
mquinas de corte, conforme mostra Figura 9.
Figura 9 - rea de depsito da madeira
Fonte: o autor, 2014.
-
35
3.2 O PROCESSO DE FABRICAO
O projeto do sof, mostrado na Figura 10, pode ser feito sob medida, de
acordo com as necessidades do cliente. Para isso um dos funcionrios se desloca
at o local para tirar as medidas para a construo do estofado
Tambm so fabricados estofados para serem vendidos por lojas de mveis.
Nesse caso, as lojas que fornecem as dimenses e demais informaes para a
fabricao dos estofados.
Figura 10 - Projeto de estofado em prancheta
Fonte: o autor, 2014.
3.2.1 Madeira
Os entregadores da madeira trazem a madeira, tabua por tabua para a mesa
e o estofador coloca uma por uma no lugar
A madeira cortada de acordo com as dimenses especificadas no projeto.
Para abrir a madeira, ou seja, cort-la em pedaos que podem ser utilizados para a
construo de diferentes modelos e estofados, utilizado a serra circular.
As mquinas utilizadas para a serragem no possuem sistema de freios. A
destopadeira, mostrada na Figura 11, depois de desligada continua com a serra
girando por aproximadamente mais 10 segundos.
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36
Figura 11 - Serra destopadeira
Fonte: o autor, 2014.
No processo de montagem da estrutura de madeira so utilizados
grampeadores pneumticos com dois tamanhos diferentes de grampos. No so
utilizados pregos, e podem ser utilizados parafusos para a fixao de ferragens na
madeira. Estas ferragens tm como finalidade dar mobilidade a algumas partes dos
estofados, como por exemplo um sof-cama que pode ser puxado ou um apoio para
os ps.
Os grampeadores pneumticos, um deles mostrado na Figura 12, so
utilizados diariamente, tanto na fixao da madeira quanto na fixao dos tecidos.
Segundo relato dos funcionrios, os dois funcionrios estofadores j tiveram os
dedos perfurados por grampos de ambos os tamanhos.
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37
Figura 12 - Grampeador pneumtico
Fonte: o autor, 2014.
A tupia ou tupiadeira, mostrada na Figura 13, a mquina que faz os cantos
arredondados na madeira.
Figura 13 - Tupia
Fonte: o autor, 2014.
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38
3.2.2 Espumas
As espumas j vm cortadas em lminas e enroladas. O corte conforme a
dimenso necessria para os estofados feito manualmente com uma ferramenta
de corte mostrada na Figura 14.
Figura 14 - Ferramenta de corte
Fonte: o autor, 2014.
Para fazer a colagem das espumas so utilizados uma cola e um solvente.
Ambos ficam depositados ao lado da bancada. O solvente diludo na cola e a
mistura aplicada com uma pistola de ar comprimido, em uma bancada especfica
para este trabalho, mostrada na Figura 15.
A empresa J possui dois extintores, um extintor de p qumico pressurizado
para combater princpios de incndio de equipamentos eltricos energizados e
lquidos inflamveis, e um extintor de gua pressurizada para combater princpios de
incndio em materiais slidos, como a madeira e a espuma.
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39
Figura 15 - Bancada para aplicao da cola
Fonte: o autor, 2014.
3.2.3 Tecidos
Para a costura so utilizadas duas mquinas, uma overclock e uma mquina
de costura reta. A overclock, mostrada na Figura 16, utilizada em tecidos que
desfiam, criando uma costura de proteo para que o tecido no desfie. A mquina
reta faz a finalizao da costura. Ambas as costureiras j furaram algum dedo com
agulhas enquanto costuravam.
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40
Figura 16 - Overclock e maquina de costura reta
Fonte: o autor, 2014.
Depois de costurada a pea de tecido, ela vestida sobre a estrutura de
madeira com espuma. Para fix-la, um dos estofadores utiliza o grampeador
pneumtico.
3.2.4 Acabamento
Ao final da montagem aplicado um impermeabilizante, apresentado na
Figura 17, que isola a fibra do tecido para passagem de lquidos. Desta forma o
tecido dos estofados fica protegido de lquidos.
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41
Figura 17 - Impermeabilizante
Fonte: o autor, 2014.
O impermeabilizante aplicado de duas a trs vezes sobre o tecido do
estofado com o uso de uma bomba manual, conforme Figura 18.
Figura 18 - Aplicao impermeabilizante
Fonte: o autor, 2014.
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42
No existe local especfico na planta para a aplicao do impermeabilizante.
Esta aplicao pode ocorrer perto das mquinas de corte ou na garagem, prximo
das mquinas de costura.
3.2.5 Descarte de materiais
Os materiais so descartados em recipientes separados para madeira,
plstico e espuma. Os restos da madeira e poeira so aspirados por um aspirador
de p, visto na Figura 19. Quando esto muito dispersos, os restos da madeira e o
p so varridos com uma vassoura para depois serem aspirados pelo aspirador.
Figura 19 - Aspirador de p
Fonte: o autor, 2014.
-
43
Os restos de madeira no aproveitados para a fabricao de estofados so
doados como lenha para fogueira, a espuma moda vendida, e o papelo
descartado para reciclagem.
3.3 APLICAO DA APR
A aplicao da APR foi feita para cada etapa da produo dos mveis
estofados por serem diferenciadas entre si. No foram utilizados instrumentos de
medio, mas os funcionrios foram questionados sobre temperatura, rudos e
iluminao, e se declarassem algum desconforto envolvendo estes itens, ou fosse
perceptvel sua ineficincia, seria sugerida na APR a realizao de medio.
O ambiente de trabalho possui temperatura agradvel. Mesmo com a
temperatura exterior acima dos 30 graus, no interior do estabelecimento trs
ventiladores e janelas basculantes abertas garantem a circulao de ar. Existe
material de fcil combusto estocado pelas reas de trabalho, sendo os tecidos,
madeiras, espumas, cola e solvente. As instalaes eltricas no esto devidamente
protegidas. Algumas tomadas de parede esto com os fios expostos e alguns
equipamentos possuem fiao antiga ou com remendos. O cho limpo, sendo
utilizado o aspirador de p para a limpeza, e a vassoura quando necessrio. Existe
um compressor no local, mas o mesmo possui uma proteo de madeira que faz a
isolao para diminuir o rudo produzido.
No processo de corte da madeira so utilizados vrios tipos de serras. A serra
circular a de maior rudo, possui proteo do disco e da correia e utilizada uma
vez por semana por aproximadamente 2 horas. O estofador utiliza o mesmo protetor
auricular de borracha h aproximadamente um ano. A serra fita utilizada quase
diariamente, no possui proteo na serra de corte e apesar de possuir proteo da
correia, uma parte do eixo do motor fica exposta muito prxima ao cho. A serra fita
no possui mecanismo de parada do motor, assim depois de desligada continua
com a serra em movimento por aproximadamente um minuto. Nenhuma das
mquinas possua fiao de aterramento.
A serra destopadeira possui uma alavanca que puxa a lmina para frente,
para fazer o corte da madeira, conforme Figura 20.
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44
Figura 20 Destopadeira
Fonte: o autor, 2014.
Esta destopadeira possua um mecanismo que fazia a serra retornar aps
soltar a alavanca, mas esse mecanismo foi retirado. Agora, aps o funcionrio soltar
a alavanca, a serra permanece sobre a mesa de corte.
Os produtos qumicos, a cola, o solvente e o impermeabilizante so
depositados ao lado da bancada de aplicao. No processo de colagem das
espumas, o trabalhador no utiliza luvas e o material utilizado, uma mistura de cola e
solvente, acaba grudando em sua mo e no seu jaleco, conforme apresentado na
Figura 20 e na Figura 21.
Foram solicitadas aos fabricantes as FISPQ do solvente, do adesivo e do
impermeabilizante. A empresa que fabrica o impermeabilizante no forneceu a
FISPQ do produto, fornecendo apenas a ficha de informaes apresentada no
Anexo A.
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45
Figura 20 Colando as espumas
Fonte: o autor, 2014.
A fabricante do solvente e do adesivo recomenda, conforme FISPQ no Anexo
B e Anexo C, evitar contato do produto com olhos, pele e vestimentas, assim como a
inalao dos vapores e a utilizao de protetor respiratrio ao manusear o produto.
Figura 21 Adesivo em contato com a pele
Fonte: o autor, 2014.
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46
O solvente e o adesivo utilizados na mistura para fabricao da cola,
conforme informaes apresentadas em sua FISPQ, so produtos perigosos e
txicos por inalao, ingesto e contato com a pele. Os vapores liberados so
depressivos do sistema nervoso central e o contato prolongado com a pele e
mucosas causa irritao. Os efeitos toxicolgicos agudos causados pela exposio
excessiva so a dor de cabea, nuseas, tonturas, sonolncia e dermatites na pele.
O manuseio desses produtos deve ser realizado em ambiente que possua
ventilao diluidora ou exaustora. necessria a conscientizao de que o produto
inflamvel e o aterramento dos equipamentos para se evitar a formao de
eletricidade esttica. Deve existir no local a sinalizao indicando que os produtos
so inflamveis. So recomendados a utilizao de luvas de borracha, culos de
proteo, e respiradores semi-faciais ou descartveis, de acordo com os nveis de
vapores orgnicos obtidos nas medies. recomendada tambm a utilizao de
uniforme, pois pode ocorrer a contaminao do vesturio do trabalhador.
O estofador utiliza culos de proteo na utilizao dos grampeadores
pneumticos para prender o tecido e tambm para fazer a montagem da madeira.
possvel que um grampo seja arremessado na direo dos olhos do estofador se for
grampeado em cima de outro grampo. Os grampeadores no possuem proteo que
evite que os grampos sejam arremessados nesses casos.
O ambiente de trabalho no possui delimitaes para identificar locais de
depsito dos materiais ou reas de circulao. Os funcionrios no possuem locais
adequados para guardar seus EPIs. O par de culos para proteo dos olhos
guardado junto com ferramentas pontiagudas que podem arranhar as lentes, e os
dois estofadores utilizam o mesmo par de culos.
O impermeabilizante tem odor forte, que pode ser sentido por todos os
ambientes. Apesar disso os funcionrios dizem j estar acostumados e no sentem
dores de cabea. Quanto ao p da madeira no ambiente, apenas um dos
estofadores disse ter alguma alergia, enquanto os demais funcionrios no tm
alergias pela poeira.
A anlise preliminar de riscos apresentada no Quadro 5.
-
47
Quadro 5 Anlise de riscos
01. APR Recebimento de materiais
Risco Causa Efeito Frequncia Severidade Nvel de risco Observaes e
recomendaes
Acidente Queda de materiais
durante o
transporte
Ferimento dos
membros
superiores ou
inferiores
D III NT Demarcar
reas de
circulao e
elaborar
procedimento
para a
atividade.
Acidente Soltar molas Conjunto de
molas pode
saltar e atingir
trabalhador
D II M Elaborar
procedimento
para a atividade
Ergonmico Levantar e
transportar
materiais pesados
Dores
musculares
D III NT Elaborar
procedimento
para transporte
dos materiais
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48
Quadro 5 - Continuao
02. APR Trabalhos com madeira
Risco Causa Efeito Frequncia Severidade Nvel de risco Observaes e
recomendaes
Fsico Rudo das serras e
ar comprimido
Perda da
audio se
acima do
limite
E III NT Realizar
medio dos
nveis de rudo
Qumico Poeiras da madeira Irritao das
vias
respiratrias
E III NT Utilizao de
mscara
Acidente Corte com serra fita Amputaes e
cortes
E IV NT Instalar
proteo da
serra de corte.
Acidente Corte com
destopadeira
Amputaes e
cortes
E IV NT Instalar sistema
de recolhimento
do disco de
corte.
-
49
Quadro 5 -
continuao
Risco
Causa
Efeito
Frequncia Severidade Nvel de
risco
Observaes e
recomendaes
Acidente Eixo do motor da
serra circular
Amputaes e
cortes.
Roupa ou calado
pode se prender no
eixo do motor.
E IV NT Proteger parte
mvel exposta
Acidente Grampos
projetados contra
trabalhadores
Atingir olhos dos
trabalhadores
D III NT Instalar
ponteira de
proteo
Acidente Utilizao da tupia Amputaes e
cortes
E IV NT Instalao da
proteo das
partes mveis.
Acidente Falta de
aterramento
Choque eltrico.
Formao de
eletricidade esttica.
E IV NT Instalao de
aterramento
-
50
Quadro 5 - continuao
03. APR Trabalhos com espumas
Risco Causa Efeito Frequncia Severidade Nvel de risco Observaes e
recomendaes
Qumicos Vapores e contato
com cola e
solvente
Pode causar
dependncia e
danos
irreversveis a
sade
E IV NT Utilizar EPI
adequado.
Separar cabine
de aplicao do
resto do
ambiente.
Acidente Ferramenta de
corte
Cortes ou
amputao de
dedos e
membros
E IV NT Substituir por
ferramenta
adequada para
corte de
espumas.
-
51
Quadro 5 continuao.
04. APR Trabalhos com tecidos
Risco Causa Efeito Frequncia Severidade Nvel de risco Observaes e
recomendaes
Acidente Utilizao do
grampeador
pneumtico
Trabalhadores
atingidos por
grampos
E III NT Instalar
ponteira de
proteo
Ergonmico Movimentos
repetitivos
Leso por
esforo
repetitivo
E III NT Incluir pausas
ou variao das
atividades
05. APR Acabamento
Risco Causa Efeito Frequncia Severidade Nvel de risco Observaes e
recomendaes
Qumico Aplicao de
impermeabilizante
Nveis de
vapor acima
de 156 ppm
so nocivos a
sade
E III NT Realizar
medio de
nveis de vapor
durante
aplicao.
-
52
Quadro 5 - continuao
06. APR Descarte de materiais
Risco Causa Efeito Frequncia Severidade Nvel de risco Observaes e
recomendaes
Qumico Varrio do local
de trabalho
Irritao das
vias
respiratrias
por poeiras
E II M Utilizao de
panos midos
Fonte: o autor, 2014
-
53
4 ANLISE DOS RESULTADOS
As medidas de controle para riscos sugeridas foram organizadas por nvel de
risco, sendo as mais urgentes as no tolerveis e as menos urgentes as moderadas.
Nvel de risco: no tolerveis
Realizar medio dos nveis de rudo, a fim de identificar a necessidade e
adequao de medidas de proteo ao trabalhador;
Utilizao de mscara;
Instalar proteo da serra de corte, de modo que ela no fique exposta
enquanto no estiver sendo utilizada;
Instalar sistema de recolhimento do disco de corte, para que o disco no
fique sobre a bancada de trabalho aps o trabalhador solt-lo;
Demarcar reas de circulao e elaborar procedimento para a atividade,
evitando que o transporte de materiais pesados seja feito por apenas uma
pessoa;
Elaborar procedimento para transporte dos materiais, e considerar
utilizao de carrinho para movimentao dos estofados;
Instalar ponteira de proteo, para evitar que os grampos sejam
arremessados pelo grampeador;
Proteger parte mvel exposta, para evitar que os ps do trabalhador
tenham contato com o eixo do motor;
Instalao proteo das partes mveis, tanto da correia e eixo do motor
quanto da lmina de corte;
Utilizar EPI adequado, que evite o contato da pele com o produto e a
inalao dos vapores;
Separar cabine de aplicao do resto do ambiente, para que evitar
vapores e odores atinjam todos os trabalhadores;
Incluir pausas ou variao das atividades, para evitar procedimentos
excessivamente repetitivos;
-
54
Realizar medio de nveis de vapor durante aplicao do
impermeabilizante;
Substituir por ferramenta adequada para corte de espumas. A ferramenta
atual possui lmina gasta e no adequada ao uso.
Instalar aterramento dos equipamentos e carcaas dos motores.
Nvel de risco: moderado
Elaborar procedimento para a atividade soltar molas, no podendo ser
realizado por apenas um trabalhador;
Utilizao de panos midos ou outras ferramentas de limpeza que no
levantem poeira;
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5 CONSIDERAES FINAIS
Aps a verificao da anlise de resultados possvel identificar os riscos a
que esto expostos os trabalhadores de uma microempresa do setor moveleiro.
Muitos destes riscos poderiam ser eliminados com investimentos de baixo custo.
Para que possveis acidentes sejam evitados recomenda-se que a empresa J
adote as recomendaes obtidas atravs da APR, dando prioridade aos riscos de
maior nvel.
Muitas das situaes observadas poderiam ser evitadas com o conhecimento
das normas de segurana o trabalho, tanto por parte da empresa quanto pelos
empregados. Ainda que o empregador tenha a obrigao de conhec-las, as normas
de segurana deveriam ter um espao maior nas atividades da empresa,
acompanhamento do sindicato ou fiscalizao dos rgos responsveis. A falta de
fiscalizao contribui para que a segurana seja considerada um item acessrio,
custando ao trabalhador a possibilidade de ter suas capacidades produtivas e
sociais comprometidas por um acidente de trabalho.
Algumas dificuldades foram encontradas durante a realizao deste trabalho.
A primeira foi a falta de segurana dos funcionrios para comentar sobre situaes
que colocam sua sade em risco. Em alguns momentos eles se mostravam
constrangidos, limitando os comentrios e informaes sobre os equipamentos ou
processos de trabalho adotados.
Outra dificuldade foi para obter a FISPQ dos produtos qumicos. Nenhuma foi
obtida por correio eletrnica, apesar das tentativas. As fichas foram fornecidas
apenas aps ligaes telefnicas, e uma das empresas exigiu que a ligao fosse
feita pelo proprietrio da microempresa J. Apesar dessa exigncia, no foi fornecida
a FISPQ e sim uma ficha de especificaes simples.
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5.1 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS
Como sugesto para trabalhos futuros, pode ser realizada uma anlise
quantitativa dos riscos, como os nveis de rudo durante a operao das mquinas
ou uma anlise dos nveis de vapor no ambiente durante a aplicao do
impermeabilizante.
Outra sugesto para futuros trabalhos a realizao do gerenciamento de
riscos focado nos riscos do e-social. O e-social um projeto do Governo Federal
que visa unificar as informaes dos empregados enviadas pelos empregadores.
Entre as informaes que sero unificadas esto os registros de eventos
trabalhistas, tais como a comunicao de acidente de trabalho, o atestado de sade
ocupacional, o retorno de afastamento temporrio, entre outros.
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REFERNCIAS
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 14726: Brigada de incndio Normas para brigada de incndio. Rio de Janeiro, 2006.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 14280: Cadastro de acidente de trabalho Procedimento e classificao. Rio de Janeiro, 2001.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR ISO 31000: Gesto de riscos Princpios e diretrizes. Rio de Janeiro, 2009.
ASSUMPO, Luiz F. J. Sistema de gesto ambiental: manual prtico para implementao de SGA e certificao ISO 14.001/2004. 3 ed. Curitiba: Jaru Editora, 2011. 324 p.
BELASCO, Fbio Gledson. Gerenciamento de Riscos, tcnicas de anlise de riscos. Material de apoio Notas de aula. PUCPR, 2011.
BENITE, Anderson Glauco. Sistema de gesto da segurana e sade no trabalho para empresas construtoras. 2004. 236f. Dissertao de Mestrado em Engenharia da Universidade de So Paulo, 2004.
BOAVENTURA, Lucilena. Identificao e anlise de riscos em uma fbrica de rao animal de uma suinocultura. 2009. 50f. Monografia de Concluso do Curso de Ps Graduao em Engenharia de Segurana do Trabalho da Universidade Federal de Mato Grosso, 2009.
BRASIL. Lei n 8.213, de 24 de julho de 1991. Dirio Oficial, Braslia, 1991. Disponvel em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm>. Acesso em: 08 fev. 2014.
BRASIL. Norma Regulamentadora n 9: Programa de preveno de riscos ambientais, Portaria SSST n. 25, de 29 de dezembro de 1994, (DOU de 30/12/90) Repblica Federativa do Brasil
BRASIL. Norma Regulamentadora n 10: Segurana em instalaes e servios em eletricidade, Portaria GM n. 598, de 7 de dezembro de 2004, (DOU de 08/09/04) Repblica Federativa do Brasil
BRASIL. Norma Regulamentadora n 12: Segurana no trabalho em mquinas e equipamentos, Portaria MTE n. 1.893, de 09 de dezembro de 2013, (DOU de 11/12/13) Repblica Federativa do Brasil
BRASIL. Norma Regulamentadora n 20: Segurana e sade no trabalho com inflamveis e combustveis, Portaria SIT n. 308, de 29 de fevereiro de 2012, (DOU de 06/03/12) Repblica Federativa do Brasil
BRASIL. Norma Regulamentadora n 33: Segurana e sade nos trabalhos em espaos confinados, Portaria MTE n. 1409, de 29 de agosto de 2012, (DOU de 31/08/12) Repblica Federativa do Brasil
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BRASIL. Norma Regulamentadora n 34: Condies e meio ambiente de trabalho na indstria da construo e reparao naval, Portaria MTE n. 592, de 28 de abril de 2014, (DOU de 30/04/14) Repblica Federativa do Brasil
BRASIL. Norma Regulamentadora n 35: Trabalho em altura, Portaria MTE n. 593, de 28 de abril de 2014, (DOU de 31/10/83) Repblica Federativa do Brasil
CARDOSO, Marla. Risco constante. Revista proteo, n. 244, p. 48-62, abr. 2012
FRUHAUF, Dlson Valrio; CAMPOS, Douglas Tadeu Ansolin; HUPPES, Mauro Nestor. Aplicao da ferramenta anlise preliminar de riscos - estudo de caso industria frigorfica de frangos. 2005. 42f. Monografia de Concluso do Curso de Ps Graduao em Engenharia de Segurana do Trabalho da Universidade Estadual de Ponta Grossa, 2005.
INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION. IEC ISO 31010: Risk management - risk assessment techniques. Geneva, 2009.
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO guide 73: Risk management vocabulary. Switzerland, 2009
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MUCCILLO, Maria. Qualificando o gestor. Revista proteo, n. 246, p. 90-94, jun. 2012
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QUEIROZ, Willian F. L. de. Anlise dos aspectos de segurana em um laboratrio de corroso: um estudo de caso. 2013. 80 f. Monografia de Concluso do Curso de Ps Graduao em Engenharia de Segurana do Trabalho da Universidade Federal Fluminense, 2013.
ROSA, Eliane da. Arranjos produtivos locais: o caso da indstria moveleira de Palhoa (SC). 2007, 53f. Monografia em Cincias Econmicas, Universidade Federal de Santa Catarina, 2007.
SALIM, Celso A. Relatrio tcnico 2 indstria moveleira. 2007. 74 f. Relatrio tcnico FUNDACENTRO, Belo Horizonte, 2007.
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SEIFFERT, Mari E. B. ISO 14001 sistemas de gesto ambiental: implantao objetiva e econmica. 4 ed. So Paulo: Atlas, 2011. 239 p.
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ANEXO A ESPECIFICAES DO IMPERMEABILIZANTE
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ANEXO B FISPQ DO ADESIVO
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ANEXO C FISPQ DO SOLVENTE
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