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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ ESCOLA POLITÉCNICA CURSO DE ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO MAICKON MARTIN SCHWARZ ANÁLISE DE RISCOS DE UMA MICROEMPRESA FABRICANTE DE MÓVEIS ACOLCHOADOS UTILIZANDO O MÉTODO DE APR CURITIBA 2014

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  • PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DO PARAN

    ESCOLA POLITCNICA

    CURSO DE ENGENHARIA DE SEGURANA DO TRABALHO

    MAICKON MARTIN SCHWARZ

    ANLISE DE RISCOS DE UMA MICROEMPRESA FABRICANTE DE MVEIS

    ACOLCHOADOS UTILIZANDO O MTODO DE APR

    CURITIBA

    2014

  • MAICKON MARTIN SCHWARZ

    ANLISE DE RISCOS DE UMA MICROEMPRESA FABRICANTE DE MVEIS

    ACOLCHOADOS UTILIZANDO O MTODO DE APR

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso de Especializao em Engenharia de Segurana do Trabalho da Pontifcia Universidade Catlica do Paran, como requisito parcial obteno do ttulo de Especialista em Engenharia de Segurana do Trabalho. Orientador: Prof. Lucianna Maria Baggiotto Fernandes.

    CURITIBA

    2014

  • Dados da Catalogao na Publicao

    Pontifcia Universidade Catlica do Paran

    Sistema Integrado de Bibliotecas SIBI/PUCPR

    Biblioteca Central

    Schwarz, Maickon Martin

    S411a Anlise de riscos de uma microempresa fabricante de mveis acolchoados

    2014 utilizando o mtodo de APR / Maickon Martin Schwarz ; orientadora, Lucianna

    Maria Baggiotto Fernandes. 2014.

    73 f. : il. ; 30 cm

    TCC (especializao em Engenharia de Segurana do Trabalho) -

    Pontifcia Universidade Catlica do Paran, Curitiba, 2014

    Bibliografia: f. 57-58

    1. Segurana do trabalho. 2.Indstria de mveis. 3. Pequenas e mdias

    empresas. 4. Avaliao de riscos. I. Fernandes, Lucianna Maria Baggiotto.

    II. Pontifcia Universidade Catlica do Paran. Escola Politcnica. III. Ttulo.

    CDD 20. ed. 363.11

  • MAICKON MARTIN SCHWARZ

    ANLISE DE RISCOS DE UMA MICROEMPRESA FABRICANTE DE MVEIS

    ACOLCHOADOS UTILIZANDO O MTODO DE APR

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso de Especializao em Engenharia de Segurana do Trabalho da Pontifcia Universidade Catlica do Paran, como requisito parcial obteno do ttulo de Especialista em Engenharia de Segurana do Trabalho.

    COMISSO EXAMINADORA

    _____________________________________

    Altair Rosa. Prof. Me.

    PUCPR

    _____________________________________

    Mirre Liluz Milanez, Prof. Me.

    PUCPR

    _____________________________________

    Armando Augusto Martins Campos, Prof. Me.

    PUCPR

    Curitiba, 17 de Maio de 2014.

  • RESUMO

    O presente trabalho busca fazer uma anlise preliminar de riscos das atividades executadas pelos funcionrios e da instalao fsica de uma microempresa do ramo moveleiro. Os aspectos principais observados na anlise esto relacionados aos processos produtivos, os equipamentos utilizados, o ambiente de trabalho, os equipamentos de segurana e as instalaes das mquinas e equipamentos. A partir dos dados obtidos feita anlise dos riscos existentes, sua severidade e probabilidade. O objetivo deste trabalho realizar uma anlise preliminar de riscos em uma indstria moveleira de pequeno porte. Para realizar este objetivo, necessria a identificao dos processos produtivos e das atividades existentes na fabricao dos mveis. Aps esta identificao, so verificados quais os riscos presentes e seu nvel. A anlise feita observando os mtodos utilizados pelos trabalhadores em suas atividades dirias. Aps identificao dos riscos, estes foram discutidos com os funcionrios para que se identificassem meios de reduzir ou eliminar tais riscos. Por fim foram recomendadas alteraes que possam trazer mais segurana aos trabalhadores.

    Palavras-chave: Anlise de riscos. Microempresa. Indstria moveleira.

  • ABSTRACT

    The present paper aims to make a preliminary risk analysis of activities performed by employees and the physical installation of a furniture industry microenterprise. The main aspects observed in the analysis are related to production processes, the equipment used, the working environment, safety equipment and machinery installations and equipment. The risk analysis is made from data analysis as well as their severity and probability. The objective of this study is to perform a preliminary risk analysis on a small furniture industry. To accomplish this goal, the identification of production processes and existing activities in furniture manufacturing is required. After this identification, it is verified which are the risks present and their category. The analysis is done by observing the methods used by employees in their daily activities. After identifying the risks, these were discussed with employees to identify ways to reduce or eliminate such risks. Finally, changes that may contribute to a safer environment to workers were recommended.

    Key-words: Risk analysis. Microenterprise. Furniture industry.

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 - Tupia ......................................................................................................... 27

    Figura 2 - Detalhe tupia ............................................................................................. 27

    Figura 3 - Trabalhador utilizando serra de fita ........................................................... 28

    Figura 4 - Serra circular com coifa ............................................................................ 29

    Figura 5 - Serra circular e seu disco de corte ............................................................ 29

    Figura 6 - Local de trabalho....................................................................................... 32

    Figura 7 - Molas na garagem .................................................................................... 33

    Figura 8 - Depsito de espumas na laje e mezanino ................................................ 34

    Figura 9 - rea de depsito da madeira .................................................................... 34

    Figura 10 - Projeto de estofado em prancheta .......................................................... 35

    Figura 11 - Serra destopadeira .................................................................................. 36

    Figura 12 - Grampeador pneumtico ........................................................................ 37

    Figura 13 - Tupia ....................................................................................................... 37

    Figura 14 - Ferramenta de corte ................................................................................ 38

    Figura 15 - Bancada para aplicao da cola ............................................................. 39

    Figura 16 - Overclock e maquina de costura reta ...................................................... 40

    Figura 17 - Impermeabilizante ................................................................................... 41

    Figura 18 - Aplicao impermeabilizante .................................................................. 41

    Figura 19 - Aspirador de p ....................................................................................... 42

    Figura 20 Destopadeira .......................................................................................... 44

    Figura 20 Colando as espumas .............................................................................. 45

    Figura 21 Adesivo em contato com a pele ............................................................. 45

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 Categorias de frequncia ....................................................................... 19

    Quadro 2 - Categorias de severidade ....................................................................... 19

    Quadro 3 - Matriz de classificao ............................................................................ 20

    Quadro 4 - Descrio dos nveis de risco .................................................................. 20

    Quadro 5 Anlise de riscos .................................................................................... 47

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    APR

    CNAE

    Anlise preliminar de riscos

    Classificao Nacional de Atividades Econmicas

    FISPQ

    IEC

    Ficha de informao de segurana de produtos qumicos

    International Electrotechnical Commission

    INSS Instituto nacional de seguro social

    IPI

    ISO

    Imposto sobre produtos industrializados

    International Organization for Standardization

    Mdf Medium density fiberboard

    NBR

    NR

    Norma brasileira de regulamentao

    Norma regulamentadora

    PPRA

    SGA

    Programa de preveno de riscos ambientais

    Sistema de gesto ambiental

    SST Segurana e sade no trabalho

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ............................................................................................. 11

    1.1 PROBLEMATIZAO .................................................................................. 12

    1.2 OBJETIVOS ................................................................................................. 13

    1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 13

    1.2.2 Objetivos Especficos ................................................................................ 13

    1.3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS ..................................................... 13

    2 FUNDAMENTAO TERICA ................................................................... 15

    2.1 SEGURANA E SADE NO TRABALHO .................................................... 15

    2.1.1 Conceitos .................................................................................................... 15

    2.2 GERENCIAMENTO DE RISCOS ................................................................. 17

    2.2.1 AVALIAO DE RISCOS ............................................................................ 17

    2.2.2 TCNICAS DE ANLISE DE RISCOS ........................................................ 18

    2.2.2.1 Anlise preliminar de riscos .......................................................................... 18

    2.2.2.2 Anlise de modos de falha e efeitos ............................................................. 21

    2.2.2.3 Estudo de perigos e operabilidade ............................................................... 21

    2.2.3 RISCOS AMBIENTAIS ................................................................................. 21

    2.2.4 ACIDENTES DE TRABALHO ...................................................................... 22

    2.2.5 Legislao ................................................................................................... 22

    2.3 A INDSTRIA MOVELEIRA DE SANTA CATARINA ................................... 24

    2.4 MQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA FABRICAO DE

    MVEIS .................................................................................................................... 26

    2.4.1 Tupia ............................................................................................................ 26

    2.4.2 Serra de fita ................................................................................................. 28

    2.4.3 Serra circular .............................................................................................. 28

    2.4.4 Esmeril ......................................................................................................... 29

    2.4.5 Destopadeira ............................................................................................... 30

    3 ESTUDO DE CASO ..................................................................................... 31

    3.1 A EMPRESA ................................................................................................. 31

    3.1.1 Recebimento dos materiais ....................................................................... 32

    3.2 O PROCESSO DE FABRICAO ............................................................... 35

    3.2.1 Madeira ........................................................................................................ 35

    3.2.2 Espumas ...................................................................................................... 38

  • 3.2.3 Tecidos ........................................................................................................ 39

    3.2.4 Acabamento ................................................................................................ 40

    3.2.5 Descarte de materiais ................................................................................. 42

    3.3 APLICAO DA APR ................................................................................... 43

    4 ANLISE DOS RESULTADOS.................................................................... 53

    5 CONSIDERAES FINAIS ......................................................................... 55

    5.1 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................ 56

    REFERNCIAS ......................................................................................................... 57

    ANEXO A ESPECIFICAES DO IMPERMEABILIZANTE ................................. 59

    ANEXO B FISPQ DO ADESIVO ............................................................................ 60

    ANEXO C FISPQ DO SOLVENTE ......................................................................... 67

  • 11

    1 INTRODUO

    Segundo Cardoso (2012), o setor moveleiro ainda causa graves acidentes

    alm de expor os trabalhadores a riscos qumicos, a riscos de acidentes e a riscos

    ergonmicos. Embora grandes empresas do setor j invistam em tecnologia

    utilizando equipamentos modernos e seguros, as empresas de menor porte ainda

    atuam com maquinrios obsoletos e sem oferecer a segurana adequada aos seus

    funcionrios.

    Na indstria moveleira, de acordo com Salim (2007), de 3357 casos de

    acidentes de trabalho registrados no INSS em cidades consideradas polos

    moveleiros, 1426 casos referiam-se aos trabalhadores de micro e pequenas

    empresas.

    Para Muccillo (2012), a incluso da Segurana e Sade no Trabalho (SST)

    nas micro e pequenas empresas pode ser considerada um desafio, pois muitos

    gestores afirmam que a SST expe ao risco o desempenho e a receita dos

    negcios. Mesmo conhecendo casos de empresas similares que sofreram perdas

    devido falta de cumprimento da SST, alguns gestores continuam a ignorar as

    prticas de preveno de acidentes.

    De acordo com Seiffert (2011), em pases industrializados, o nmero de

    pequenas e mdias empresas tem registrado um aumento significativo. Essas

    empresas enfrentam desafios associados ao macro ambiente em que se situam. Em

    tal macro ambiente operam foras econmicas, ambientais, tecnolgicas, polticas e

    legais que determinam as oportunidades, limites e desafios que estas empresas

    devem enfrentar. Para isso so determinantes a viso estratgica, modelo de

    gesto, valores e ramos de atuao adotados pelas empresas.

    O presente trabalho prope identificar os riscos de uma microempresa do

    setor moveleiro especializada na fabricao de mveis acolchoados. So

    considerados mveis acolchoados os estofados, as banquetas, os sofs-camas e

    outros similares. A identificao dos riscos em uma empresa abrange todos os

    setores nela existentes, as atividades exercidas e os equipamentos utilizados.

    Para a aplicao de uma anlise de riscos, deve-se utilizar uma metodologia

    adaptvel as circunstncias. A Anlise Preliminar de Riscos (APR) comumente

    utilizada na fase concepo ou desenvolvimento de um sistema, mas tambm pode

    ser utilizada nos estudos de reviso de segurana de uma instalao existente.

  • 12

    Segundo Belasco (2011), a APR consiste no estudo, ainda na fase de projeto

    de um novo sistema, dos riscos que podero estar presentes durante a operao do

    sistema. A APR procura pesquisar quais os pontos de maior risco no sistema e

    prioriz-los no momento da continuao dos estudos de segurana.

    Este trabalho est dividido em cinco sesses: na primeira sesso

    apresentado o problema de pesquisa, o objetivo geral e os objetivos especficos a

    serem atingidos e os procedimentos metodolgicos adotados para a elaborao do

    trabalho; na segunda sesso apresentada a fundamentao terica com conceitos

    sobre a segurana do trabalho, o gerenciamento de riscos, a indstria moveleira,

    seus equipamentos e a legislao a ela aplicvel. Na terceira sesso apresentada

    a empresa analisada, o processo produtivo para a fabricao dos mveis

    acolchoados e a anlise preliminar de riscos. A quarta sesso exibe a anlise dos

    resultados obtidos pelo uso da anlise preliminar de riscos e a quinta seo conclui

    a pergunta de pesquisa.

    1.1 PROBLEMATIZAO

    Quais os riscos presentes em uma microempresa do ramo moveleiro?

    O presente trabalho se apresenta na rea da engenharia de segurana do

    trabalho, na anlise de riscos.

    Justifica-se por demonstrar a realidade em que se encontram os

    trabalhadores deste setor industrial, que apresenta maquinrios capazes de causar

    acidentes que pem em risco a vida dos trabalhadores. No caso da microempresas

    a situao tende a ser mais grave, dada a falta de investimentos em novas

    mquinas, equipamentos de segurana e melhorias do processo produtivo que

    busquem reduzir os riscos para os trabalhadores.

    Assim, busca-se chamar a ateno dos envolvidos, como os sindicatos,

    empresrios do setor e rgos de fiscalizao, para os perigos a que esto expostos

    os trabalhadores. O presente trabalho contribuir com a sociedade sugerindo

    melhorias na segurana dos trabalhadores para as situaes de riscos

    apresentadas.

  • 13

    1.2 OBJETIVOS

    1.2.1 Objetivo Geral

    Realizar uma anlise preliminar de riscos em uma indstria moveleira de

    pequeno porte.

    1.2.2 Objetivos Especficos

    a) Identificar quais so os processos e atividades existentes na fabricao

    dos mveis;

    b) Verificar quais os riscos presentes;

    c) Determinar o nvel dos riscos.

    d) Sugerir meios para o controle dos riscos

    1.3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

    As visitas ao local onde ocorreu a anlise foram realizadas nos meses de

    janeiro e maio de 2014. A microempresa onde foi realizada a anlise ser

    identificada neste trabalho com o nome fictcio de Empresa J. A pesquisa foi

    realizada atravs de consultas bibliogrficas, observao do local de trabalho e

    dilogo com os funcionrios.

    O presente trabalho faz uma anlise de riscos em uma microempresa do setor

    moveleiro para a identificao dos riscos aos quais seus trabalhadores esto

    expostos. Para isso, foram realizadas visitas ao local de trabalho durante o

    expediente dos trabalhadores. Primeiro foi feita uma apresentao do ambiente da

    microempresa e depois foram identificadas as etapas do processo produtivo.

    Tambm foram identificadas as mquinas e os equipamentos utilizados pela

    microempresa. Aps esta identificao, cada etapa da fabricao foi acompanhada e

    observada, buscando identificar detalhes e ouvir as opinies dos trabalhadores a

    respeito de suas tarefas e suas condies de trabalho. Depois foram identificados e

    determinados os riscos de acordo com o processo da anlise preliminar de riscos.

    Aps terminar esta etapa foram feitas recomendaes com a finalidade de eliminar

  • 14

    ou reduzir os riscos identificados para que a empresa analisada possa oferecer a

    seus funcionrios um ambiente de trabalho mais seguro.

  • 15

    2 FUNDAMENTAO TERICA

    Para um melhor entendimento deste trabalho, so apresentados a seguir

    alguns fundamentos e definies que abrangem a segurana do trabalho e sua

    histria, o gerenciamento de riscos, as micro indstrias, a indstria moveleira e os

    equipamentos nela utilizados, e os acidentes do trabalho.

    2.1 SEGURANA E SADE NO TRABALHO

    Segundo Patricio (2013), a Segurana no Trabalho uma conquista recente

    da sociedade, pois ela s comeou a se desenvolver modernamente a partir de 1978

    com a publicao das Normas Regulamentadoras pelo Ministrio do Trabalho.

    De acordo com Benitte (2004), a Segurana no Trabalho pode ser classificada

    como: o estado de estar livre de riscos inaceitveis de danos nos ambientes de

    trabalho, garantindo o bem estar fsico, mental e social dos trabalhadores.

    Para Schaab (2005), segurana e sade do trabalho o conjunto de medidas

    que visam minimizar os acidentes de trabalho e as doenas ocupacionais, proteger a

    integridade fsica do trabalhador e sua capacidade de trabalho. Uma maior

    produtividade no trabalho, um menor nmero de erros na execuo das tarefas e um

    menor nmero de acidentes do trabalho so consequncias de condies trabalho

    que garantem a sade e a segurana do trabalhador. Para que essas condies

    adequadas de trabalho existam, necessria a participao todos que trabalham no

    ambiente.

    Para Fruhauf, Campos e Huppes (2005), tanto a empresa quanto os

    trabalhadores tem por objetivo a no ocorrncia de doenas ocupacionais e

    acidentes do trabalho, mas por razes distintas. Enquanto os trabalhadores

    objetivam sua integridade fsica, a empresa visa reduo dos custos que estes

    acidentes representam.

    2.1.1 Conceitos

    Agentes qumicos: Segundo a NR 9, so as substncias, compostos ou

    produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratria, nas formas de

    poeiras, fumos, nvoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da

  • 16

    atividade de exposio, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo

    atravs da pele ou por ingesto.

    Agentes fsicos: Segundo a NR 9, so as diversas formas de energia a que

    possam estar expostos os trabalhadores, tais como: rudo, vibraes, presses

    anormais, temperaturas extremas, radiaes ionizantes, radiaes no ionizantes,

    bem como o infra-som e o ultra-som.

    Anlise de riscos: De acordo com o ISO Guide 73 (2009), o processo que

    busca compreender a natureza do risco e determinar o nvel do risco.

    Anlise preliminar de riscos: Segundo a NR 33, a avaliao inicial dos

    riscos potenciais, suas causas, consequncias e medidas de controle.

    Ato inseguro: Segundo a NBR 14280, a ao ou omisso que, contrariando

    preceito de segurana, pode causar ou favorecer a ocorrncia de acidente.

    Condio ambiente de insegurana (condio ambiente): Segundo a NBR

    14280, a condio do meio que causou o acidente ou contribuiu para a sua

    ocorrncia.

    Fonte de riscos: De acordo com o ISO Guide 73 (2009), o elemento que

    sozinho ou em combinao tem o potencial intrnseco para dar origem a um risco.

    Gerenciamento de riscos: De acordo com o ISO Guide 73 (2009), so as

    atividades coordenadas para direcionar e controlar uma organizao com relao

    aos riscos.

    Identificao dos riscos: De acordo com o ISO Guide 73 (2009), o processo

    de encontrar, reconhecer e descrever os riscos.

    Metodologias para anlise de riscos: Segundo a NR 20, so os mtodos e

    tcnicas que, aplicados a operaes que envolvam processo ou processamento,

    identificam os cenrios hipotticos de ocorrncias indesejadas (acidentes), as

    possibilidades de danos, efeitos e consequncias.

    Perigo: Segundo a NBR 14726, a situao com potencial de provocar

    leses pessoais ou danos sade, ao meio ambiente ou ao patrimnio, ou

    combinao destas.

    Risco: Segundo a NBR 14726, a propriedade de um perigo promover

    danos, com possibilidade de perdas humanas, ambientais, materiais e/ou

    econmicas, resultante da combinao entre frequncia esperada e consequncia

    destas perdas.

  • 17

    2.2 GERENCIAMENTO DE RISCOS

    Para Fruhauf et al (2005), na implementao de Sistemas de Gesto de

    Segurana e Sade no Trabalho, a Gesto de Riscos constitui o aspecto essencial a

    ter em conta na poltica de preveno integrada definida pelas empresas.

    De acordo com Benite (2004) os modelos de gesto de riscos no podem se

    limitar a atender as requisies das normas de segurana, mas sim criar um sistema

    de preveno que garanta a segurana e o bem estar dos trabalhadores, podendo

    desencadear assim uma maior qualidade nos servios prestados ou um aumento da

    produtividade.

    Segundo Belasco (2011), o Gerenciamento de Riscos tem como objetivo

    manter os riscos abaixo dos valores de tolerncia. As medidas e sugestes que so

    resultados das anlises e avaliaes de riscos so partes integrantes do sistema de

    gerenciamento de riscos. Para complementar o sistema e gesto ainda podem-se

    prever outras medidas, sendo que em instalaes com processos ou substncias

    perigosas suas operaes e manutenes devem ser mantidas dentro dos padres

    de tolerncia.

    Entre as normas utilizadas na gesto de riscos se destaca a NBR ISO 31000

    (2009), que fornece princpios genricos para a gesto de riscos. Ela pode ser

    utilizada por empresa pblica, privada ou comunitria, durante qualquer fase da vida

    de uma organizao e em uma ampla gama de atividades. Pode ser aplicada para

    qualquer tipo de riscos e tem a finalidade de harmonizar os processos de gesto de

    riscos.

    J a norma IEC/ISO 31010 (2009), funciona como um suporte ISO 31000

    fornecendo informaes relativas s tcnicas de avaliao de riscos. Nela so

    apresentados os mtodos de aplicao de uma variedade de tcnicas, mas nem

    todas esto presentes. Isto no significa que as tcnicas no apresentadas na

    norma deixam de ser vlidas.

    2.2.1 AVALIAO DE RISCOS

    De acordo com Fruhauf et al (2005), a avaliao de riscos um exame

    sistemtico de todo o processo produtivo em todos os locais de trabalho da

    empresa, levando em conta as condies existentes e as caractersticas do

  • 18

    trabalhador. Nela se procura a identificao dos danos que possam ocorrer, a

    eliminao dos perigos e a adoo de medidas preventivas que controlem os riscos.

    A avaliao de riscos ajuda a estimar a amplitude destes riscos para que se adotem

    as medidas preventivas adequadas.

    Segundo Boaventura (2009), a avaliao permite definir as classes do risco,

    que por sua vez determinado por sua severidade e sua probabilidade. A

    severidade dividida nos nveis maior, mdio e baixo. J a probabilidade a

    frequncia com que pode ocorrer o perigo, sendo medida nos nveis: pequena,

    mdia e grande probabilidade.

    2.2.2 TCNICAS DE ANLISE DE RISCOS

    Na concepo de Nunes (2007), o desenvolvimento da industrializao

    acompanhado pelo aumento do nmero de acidentes do trabalho. Assim as tcnicas

    de anlise de riscos so importantes ferramentas para a soluo destes problemas

    que so os acidentes do trabalho e para obter um conhecimento detalhado sobre os

    riscos de um ambiente de trabalho, equipamento ou processo para que se possam

    adotar medidas preventivas.

    De acordo com Belasco (2011), para que se tenha xito no gerenciamento de

    riscos, necessrio que antes se realize uma anlise de riscos visando preveno

    de perdas e a reduo de riscos. Para isso deve-se utilizar uma metodologia que se

    adapte s circunstncias e aos resultados esperados. Os riscos mudam de acordo

    com o passar do tempo, por isso o processo para identificao dos riscos requer

    uma metodologia contnua.

    2.2.2.1 Anlise preliminar de riscos

    Segundo Belasco (2011), a anlise preliminar de riscos o estudo realizado

    durante a fase de projeto de um sistema, com a finalidade de identificar os riscos

    que podem estar presentes durante a fase operacional do mesmo. A APR nasceu na

    rea militar como reviso do sistema de msseis. Como os msseis eram carregados

    com lquidos inflamveis, exigia-se maior qualidade na segurana. O risco

    determinado pela probabilidade de que o dano ocorra e a gravidade potencial do

    dano.

  • 19

    A tcnica de APR foi escolhida para a realizao da anlise de riscos neste

    trabalho por sua facilidade de execuo, que atende bem a situao da

    microempresa moveleira analisada, sendo que esta nunca realizou uma anlise de

    riscos em seu ambiente. A utilizao do mtodo de APR reafirma a qualidade deste

    mtodo de investigao por seus resultados objetivos e sua fcil aplicao.

    Para a aplicao da APR foram utilizadas as seguintes tabelas de

    classificao da severidade dos riscos (apud QUEIROZ, 2013). O Quadro 1 indica

    as categorias de frequncia.

    Quadro 1 Categorias de frequncia

    Categoria de

    frequncia

    Denominao Descrio

    E Frequente Esperado ocorrer muitas vezes

    D Provvel Esperado ocorrer mais de uma vez

    C Pouco provvel Possvel ocorrer at uma vez

    B Remota No esperado ocorrer, apesar de haver

    referncias histricas.

    A Extremamente remota Conceitualmente possvel, mas

    extremamente improvvel.

    Fonte: apud QUEIROZ, 2013.

    O Quadro 2 apresenta as categorias de severidade das consequncias do

    evento.

    Quadro 2 - Categorias de severidade

    Categorias de

    severidade

    Denominao Caractersticas

    IV Catastrfico Provoca morte ou leses graves

    III Crtico Leses de gravidade moderada

    II Marginal Leses leves

    I Desprezvel Sem leses

    Fonte: apud QUEIROZ, 2013.

  • 20

    O Quadro 3 apresenta a matriz de classificao dos nveis de risco.

    Quadro 3 - Matriz de classificao

    Severidade

    IV M M NT NT NT

    III T M M NT NT

    II T T M M M

    I T T T T M

    A B C D E

    Frequncia

    Fonte: apud QUEIROZ, 2013.

    O Quadro 4 apresenta uma breve descrio de cada categoria de risco:

    Quadro 4 - Descrio dos nveis de risco

    Nvel de risco Denominao Descrio

    NT No tolervel Os controles existentes so

    insuficientes. Mtodos alternativos devem

    ser considerados para reduzir a

    probabilidade de ocorrncia e

    adicionalmente, as consequncias, de

    forma a trazer os riscos para regies de

    menor magnitude de riscos.

    M Moderado Controles adicionais devem ser

    avaliados com objetivo de obter-se uma

    reduo dos riscos e implementados

    aqueles considerados praticveis.

    T Tolervel No h necessidade de medidas

    adicionais. A monitorao necessria

    para assegurar que os controles sejam

    mantidos.

    Fonte: apud QUEIROZ, 2013.

  • 21

    2.2.2.2 Anlise de modos de falha e efeitos

    De acordo com Belasco (2011), uma tcnica muito utilizada atualmente

    devido a sua capacidade de determinar a confiabilidade de um sistema avaliando

    cada um de seus componentes individualmente. Tambm prev os efeitos das

    falhas desses componentes sobre outros componentes do sistema.

    Preferencialmente deve ser aplicada na fase de projeto do sistema, mas pode ser

    aplicada em fases posteriores. A anlise pode ser tanto qualitativa como

    quantitativa, estimando taxas de falhas e propiciando mudanas que possibilitem a

    diminuio da probabilidade de falhas, deste modo aumentando a confiabilidade do

    sistema.

    2.2.2.3 Estudo de perigos e operabilidade

    Segundo Belasco (2011), uma tcnica de anlise qualitativa que examina

    linhas de processo para a identificao dos riscos. Tambm muito utilizado na fase

    de projeto ou em modificaes de processos que j existem. Sua aplicao ideal

    antes mesmo da fase de detalhamento do projeto, evitando que sejam modificaes

    no projeto devido aos resultados da anlise. Esta tcnica pode ser aplicada tanto em

    projetos grandes como em projetos pequenos.

    2.2.3 RISCOS AMBIENTAIS

    De acordo com Schaab (2005), para se realizar uma anlise dos riscos que os

    agentes ambientais oferecem aos trabalhadores, devem-se considerar

    conjuntamente os riscos ambientais, a suscetibilidade do indivduo ao agente

    ambiental e tambm as caractersticas produtivas da atividade profissional.

    Na concepo de Boaventura (2009), os riscos ambientais podem ser

    separados em cinco grupos principais:

    Riscos fsicos, gerados por equipamentos e condies fsicas do local

    de trabalho.

    Riscos qumicos, advindos das substncias qumicas encontradas nas

    formas lquida, slida e gasosa, e que podem ser absorvidas pelo

    organismo humano.

  • 22

    Riscos biolgicos, causados por fungos, bactrias, bacilos e outros

    microrganismos invisveis a olho nu.

    Riscos ergonmicos, originados pela disfuno entre o posto de

    trabalho, os equipamentos utilizados e o trabalhador.

    Riscos de acidentes, originados pelo processo produtivo e condies

    do ambiente de trabalho.

    Segundo Assumpo (2011), nos locais de estocagem e de emprego dos

    produtos qumicos tem-se utilizado identificaes de risco que podem ser montadas

    de forma simples e de pouco custo. Para isso utiliza-se as figuras contidas na Norma

    ABNT 7500 e que podem ser complementadas com informaes necessrias.

    Depois o material impresso em folha A4, plastificado e fixado no local onde existe

    o risco qumico.

    2.2.4 ACIDENTES DE TRABALHO

    Segundo a NBR 14280:2001, acidente do trabalho a ocorrncia imprevista

    e indesejvel, instantnea ou no, relacionada com o exerccio do trabalho, que

    provoca leso pessoal.

    De acordo com a lei 8.213 de 24 de julho de 1991:

    Acidente do trabalho o que ocorre pelo exerccio do trabalho a servio da empresa ou pelo exerccio do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando leso corporal ou perturbao funcional que cause a morte ou a perda ou reduo, permanente ou temporria, da capacidade para o trabalho.

    O artigo 11 inciso VII citado acima determina que so segurados obrigatrios

    da previdncia social as pessoas fsicas na categoria de segurados especiais. Nessa

    categoria esto inclusos os residentes em rea rural ou aglomerado que seja

    produtor, pescador artesanal, entre outros.

    2.2.5 Legislao

    O setor moveleiro no possui NR especfica, mas as medidas de segurana

    devem ser observadas nas Normas Regulamentadoras j existentes. As requisies

    para anlises de riscos so encontradas em algumas das Normas

    Regulamentadoras.

  • 23

    Na NR 10 (2004), existe a requisio de uso de tcnicas de anlise de riscos

    para adoo das medidas preventivas de controle do risco eltrico e de outros riscos

    nas intervenes em instalaes eltricas. A anlise de riscos deve ser elaborada

    previamente no caso de novos equipamentos eltricos instalados. Nos

    procedimentos de trabalho, deve ser levada em conta a anlise de riscos para se

    efetuar a alternncia das atividades. A anlise de riscos tambm item integrante na

    programao dos treinamentos requisitados pela norma, tanto no curso bsico

    quanto no curso complementar.

    Na NR 12 (2013), a anlise de riscos pode ser utilizada para indicar a

    interface de segurana do circuito eltrico para comando de partida e de parada do

    motor de um equipamento. Ela tambm determina a categoria de segurana dos

    sistemas de segurana a serem instalados nas zonas de perigo das mquinas e

    equipamentos. A anlise de riscos deve ser utilizada para elaborar os procedimentos

    de trabalho e de segurana e para determinar a utilizao do cesto suspenso, com

    previso de realizao de operao de emergncia para retirado de trabalhador, e

    necessidade de redundncia na utilizao da chave de segurana eletromecnica.

    Na NR 20 (2012), a anlise de riscos utilizada para determinar os

    equipamentos e medidas de segurana nas instalaes de classe 2 e 3. utilizada

    tambm para a atualizao de projetos de instalaes existentes com medidas de

    segurana complementares, nas modificaes das instalaes que possam afetar a

    segurana dos trabalhadores e na elaborao de permisses de trabalho no

    rotineiras. Os planos de preveno e controle de vazamentos devem ser atualizados

    conforme a recomendao da anlise de riscos. A anlise de riscos tambm item

    integrante do pronturio da instalao.

    Na NR 33 (2012), o programa de proteo respiratria deve ser implementado

    conforme a anlise de riscos. O procedimento para trabalho deve levar em

    considerao, entre outros itens, a anlise de riscos. O nmero de trabalhadores

    envolvidos nos trabalhos executados em espaos confinados e os procedimentos de

    emergncia e resgate so determinados pela anlise de riscos.

    Na NR 34 (2014), o procedimento de estabilizao especfico deve

    contemplar, entre outros itens, a anlise de riscos. A anlise de riscos tambm

    item integrante do curso bsico de segurana para trabalhos a quente.

    Conforme a NR 35 (2014), responsabilidade do empregador assegurar a

    realizao da anlise de riscos. A anlise de riscos determina a forma de superviso

  • 24

    dos trabalhos em altura, integra o contedo programtico do treinamento para

    capacitar o trabalhador, precede todo trabalho em altura, fornece disposies e

    medidas para a permisso de trabalho e estabelece o sistema de ancoragem.

    A utilizao da ficha de informao de segurana de produtos qumicos

    (FISPQ), abordada na NR 26 (2011). Esta norma afirma que todo fabricante ou

    fornecedor de produto qumico perigoso deve elaborar e disponibilizar a FISPQ do

    produto. O empregador deve assegurar o acesso dos trabalhadores FISPQ dos

    produtos por eles utilizados. Os trabalhadores devem receber treinamento para

    entender as informaes contidas na FISPQ.

    2.3 A INDSTRIA MOVELEIRA DE SANTA CATARINA

    De acordo com Rosa (2007), nas ltimas dcadas a indstria moveleira teve

    um ganho produtivo graas, principalmente, evoluo de equipamentos eletrnicos

    e utilizao de novos tipos de madeira. Essa busca por novos tipos de madeira

    deve-se pelo controle do governo ao uso das madeiras nobres, e levou utilizao

    de outros tipos de matria prima, como aglomerados, MDF, eucalipto e pinus. Ainda

    assim, o Brasil dispe de boa quantidade de matria prima e mo de obra, suprindo

    parte do mercado interno. No mercado internacional a participao do Brasil

    pequena e as exportaes so sensveis s variaes cambiais. Os maiores

    produtores nacionais de mveis so os estados de So Paulo, Santa Catarina e Rio

    Grande do Sul, dos quais Santa Catarina tem a vantagem do rpido crescimento do

    pinus e do eucalipto. As primeiras marcenarias da regio nordeste de Santa Catarina

    surgiram nos tempos da colonizao produzindo carroas para o transporte da erva-

    mate. Nesta regio, cerca de 80% dos mveis produzidos destinado exportao,

    caracterstica que a diferencia das demais.

    Ainda segundo Rosa (2007), na regio oeste do estado a atividade madeireira

    se desenvolve junto com a Estrada de Ferro So Paulo/Rio Grande. Na dcada de

    1960 a produo ainda era limitada s encomendas, mas na dcada de 1980 houve

    um crescimento da produo nessa regio. O desenvolvimento deste polo deve-se

    tambm diminuio da populao rural e ao crescimento da populao urbana, o

    que causou um aumento da demanda do consumo local.

  • 25

    Na ultima dcada, a desvalorizao do dlar em relao ao real atingiu a

    indstria moveleira do norte do estado, que exportava a maior parte de sua

    produo. Para superar a crise foi necessrio que a indstria moveleira da regio

    direcionasse sua produo para o mercado interno. Para isso foi necessrio uma

    readequao da produo, criando produtos novos e diferentes. Para reconquistar o

    consumidor nacional, foi criado o selo Biomvel, que garante que o mvel

    sustentvel e de qualidade. Tambm houve uma reformulao da feira Mvel Brasil,

    que antes era voltada para a exportao, e agora voltada ao mercado interno. Hoje

    a indstria de mveis de Santa Catarina vai superando esse perodo de queda das

    vendas, demisses e fechamento de fbricas.(MACHADO, 2014).

    Apesar da reduo das vendas para o exterior, nos anos de 2012 e 2013

    houve alta do faturamento real, indicando que o mercado brasileiro absorveu parte

    da produo. Esse processo de transio exigiu das empresas a reduo de custos,

    cortes de funcionrios, terceirizao de algumas atividades e a reviso de processos

    produtivos, sendo que uma das dificuldades dessa transio foi a adaptao do

    parque fabril. Nos materiais exportados havia menos preocupao com o desenho

    dos mveis, e o objetivo era o preo baixo. Para atender o mercado interno houve

    um investimento em pesquisa e desenvolvimento para adaptar os mveis as

    exigncias do consumidor brasileiro. Seguindo a tendncia de apartamentos cada

    vez menores, no Brasil a preferncia por mveis de dimenses reduzidas que

    aproveitem ao mximo o espao disponvel. O mercado interno, em geral, tem

    preferncia por cores mais claras, por madeiras mais duras e por mveis com

    poucos detalhes. Tambm foi necessria uma adaptao fabricao de mveis de

    MDF (mdium density fiberboard) para atender o mercado de baixa renda. Esse tipo

    de material, que hoje supera a madeira em participao da produo de mveis,

    tambm diminui custos de produo por no exigir mo de obra especializada.

    Outras medidas adotadas foram a diversificao do portflio e a venda de mveis

    pela internet. (MACHADO e CAVALLI, 2014)

    Alguns fatores que fazem com que a indstria moveleira perca

    competitividade so a alta carga tributria, a infraestrutura logstica para o

    escoamento da produo e a dificuldade de recrutar mo de obra. O IPI, Imposto

    sobre Produtos Industrializados, havia sido zerado no ano de 2010 como parte de

    um pacote de estmulos s indstrias. Desde 30 de junho de 2014 vem sendo

    cobrada uma alquota de 5% do IPI, o que representa um novo nus para a indstria

  • 26

    e um aumento do preo dos mveis para o consumidor (MACHADO e CAVALLI,

    2014).

    2.4 MQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA FABRICAO DE MVEIS

    Para Schaab (2005), a operao de mquinas exige alguns cuidados dos

    trabalhadores para que o trabalho seja realizado com segurana, como no utilizar

    anis, relgios e outros adornos, ou camisas de manga longa. Deve-se tambm

    utilizar a mquina apenas para a finalidade a que se destina, mantendo suas peas

    de proteo. Deve-se ainda realizar manuteno preventiva, limpar as mquinas ao

    trmino da jornada de trabalho e manter a organizao do ambiente.

    2.4.1 Tupia

    De acordo com Schaab (2005), a tupia utilizada para fresar a madeira,

    abaular cantos, fazer rasgos e contornos. A tupia um dos equipamentos que mais

    causa acidentes, pois durante seu uso o trabalhador maneja a madeira muito

    prxima da lmina de corte. Acidentes com essa mquina podem causar mutilaes

    dos dedos.

    A Figura 1 e a Figura 2 mostram a tupia utilizada na estofaria onde foi

    realizado este trabalho. A lmina de corte est exposta, assim como a correia do

    motor. A fiao eltrica utilizada para o acionamento da mquina est exposta e sem

    fixao junto base da tupia.

  • 27

    Figura 1 - Tupia

    Fonte: o autor, 2014.

    Figura 2 - Detalhe tupia

    Fonte: o autor, 2014.

  • 28

    2.4.2 Serra de fita

    De acordo com Schaab (2005), a serra de fita utilizada tanto para realizar

    cortes retos quanto cortes curvos na madeira. Ela deve possuir dispositivo que que

    garanta a no exposio da serra quando a mquina no estiver sendo utilizada.

    Na Figura 3 mostrada a serra de fita pertencente Empresa J sendo

    utilizada por um dos trabalhadores. A mquina utilizada no possui o dispositivo que

    impede a exposio da serra.

    Figura 3 - Trabalhador utilizando serra de fita

    Fonte: o autor, 2014.

    2.4.3 Serra circular

    De acordo com Schaab (2005), a serra circular serve tanto para transformar

    pranchas de madeira em tbuas quanto para cortar madeiras e perfis. Devido

    exposio de seu disco de corte, existe a possibilidade de amputao de dedos e

    mos dos trabalhadores em caso de acidente. Por isso, o disco o disco de corte

    deve ser protegido por coifa.

    A serra circular utilizada pela empresa J, vista na Figura 4 e na Figura 5,

    possui coifa protetora do disco de corte, assim com proteo na correia e eixo do

    motor, impedindo o contato do trabalhador com essas partes.

  • 29

    Figura 4 - Serra circular com coifa

    Fonte: o autor, 2014.

    Figura 5 - Serra circular e seu disco de corte

    Fonte: o autor, 2014.

    2.4.4 Esmeril

    Segundo Schaab (2005), o esmeril um equipamento que possui vrias

    funes, como afiar ferramentas ou desbastar peas de ao. Apesar de sua

  • 30

    aparente simplicidade de operao, oferece riscos ao trabalhador que o opera, como

    cortes nas mos, choques eltricos, projeo de fragmentos nos olhos. A quebra do

    rebolo pode causar acidentes fatais devido a sua alta rotao.

    2.4.5 Destopadeira

    uma mquina geralmente utilizada para cortes do topo da madeira, mas

    utilizada tambm para cortes no processo de criao da armao dos mveis

    acolchoados. Possui bancada para posicionamento da madeira e uma serra circular

    utilizada com o uso de uma alavanca.

  • 31

    3 ESTUDO DE CASO

    3.1 A EMPRESA

    Segundo os proprietrios, trata-se de uma microempresa com 13 anos de

    experincia na fabricao de mveis acolchoados localizada em Jaragu do Sul,

    Santa Catarina. A empresa J fabrica estofados feitos sob medida tendo como

    clientes pessoas fsicas ou lojas de mveis. Sua linha de produo pode ser dividida

    em trs partes: recebimento da matria prima, montagem dos estofados e entrega

    dos estofados.

    A Empresa J possui 4 funcionrios, sendo que dois homens participam em

    todas as fases do processo produtivo, enquanto que duas mulheres fazem a costura

    dos tecidos. A jornada de trabalho de 44 horas semanais, com intervalo para

    almoo de 1 hora.

    A rea construda da Empresa J, dimensionada na Figura 6, formada por

    uma rea de trabalho onde ocorre o processo produtivo, duas salas utilizadas como

    depsitos, um banheiro e a garagem. O espao da garagem para o caminho de

    entregas tambm utilizado como depsito temporrio e em alguns casos so

    estacionados os caminhes dos fornecedores para a realizao da descarga de

    material. No existe delimitao de espao de onde termina a garagem e onde

    comea a rea de trabalho da Empresa J. A empresa no possui PPRA, seu CNAE

    31.01-2, fabricao de mveis com predominncia de madeira, e seu grau de risco

    3.

  • 32

    Figura 6 - Local de trabalho

    Garagem

    Depsito

    Depsito

    rea de

    trabalho

    Banheiro

    rea de

    trabalho

    Extintores

    Fonte: o autor, 2014

    3.1.1 Recebimento dos materiais

    Os principais materiais utilizados na fabricao dos estofados so a madeira,

    molas, espumas e tecidos. O material entregue na Empresa J pelas empresas que

    vendem os materiais, sendo que o material descarregado do caminho e

    depositado no devido local pelos funcionrios da empresa fornecedora.

    As molas so depositas na garagem, conforme Figura 7. As molas so

    entregues presas, de maneira que fiquem comprimidas para ocuparem menos

  • 33

    espao. Ao solt-las, as molas so liberadas, de forma que elas saltam. De acordo

    com um dos estofadores, ele j foi atingido no rosto pelas molas no momento em

    que as soltou.

    Figura 7 - Molas na garagem

    Fonte: o autor, 2014.

    As espumas mais espessas so depositadas acima da laje da rea de

    produo, conforme ilustrado na Figura 8. Os tecidos e as espumas menos

    espessas so guardados no depsito.

  • 34

    Figura 8 - Depsito de espumas na laje e mezanino

    Fonte: o autor, 2014.

    As madeiras so depositas aos fundos da rea de trabalho, prximo das

    mquinas de corte, conforme mostra Figura 9.

    Figura 9 - rea de depsito da madeira

    Fonte: o autor, 2014.

  • 35

    3.2 O PROCESSO DE FABRICAO

    O projeto do sof, mostrado na Figura 10, pode ser feito sob medida, de

    acordo com as necessidades do cliente. Para isso um dos funcionrios se desloca

    at o local para tirar as medidas para a construo do estofado

    Tambm so fabricados estofados para serem vendidos por lojas de mveis.

    Nesse caso, as lojas que fornecem as dimenses e demais informaes para a

    fabricao dos estofados.

    Figura 10 - Projeto de estofado em prancheta

    Fonte: o autor, 2014.

    3.2.1 Madeira

    Os entregadores da madeira trazem a madeira, tabua por tabua para a mesa

    e o estofador coloca uma por uma no lugar

    A madeira cortada de acordo com as dimenses especificadas no projeto.

    Para abrir a madeira, ou seja, cort-la em pedaos que podem ser utilizados para a

    construo de diferentes modelos e estofados, utilizado a serra circular.

    As mquinas utilizadas para a serragem no possuem sistema de freios. A

    destopadeira, mostrada na Figura 11, depois de desligada continua com a serra

    girando por aproximadamente mais 10 segundos.

  • 36

    Figura 11 - Serra destopadeira

    Fonte: o autor, 2014.

    No processo de montagem da estrutura de madeira so utilizados

    grampeadores pneumticos com dois tamanhos diferentes de grampos. No so

    utilizados pregos, e podem ser utilizados parafusos para a fixao de ferragens na

    madeira. Estas ferragens tm como finalidade dar mobilidade a algumas partes dos

    estofados, como por exemplo um sof-cama que pode ser puxado ou um apoio para

    os ps.

    Os grampeadores pneumticos, um deles mostrado na Figura 12, so

    utilizados diariamente, tanto na fixao da madeira quanto na fixao dos tecidos.

    Segundo relato dos funcionrios, os dois funcionrios estofadores j tiveram os

    dedos perfurados por grampos de ambos os tamanhos.

  • 37

    Figura 12 - Grampeador pneumtico

    Fonte: o autor, 2014.

    A tupia ou tupiadeira, mostrada na Figura 13, a mquina que faz os cantos

    arredondados na madeira.

    Figura 13 - Tupia

    Fonte: o autor, 2014.

  • 38

    3.2.2 Espumas

    As espumas j vm cortadas em lminas e enroladas. O corte conforme a

    dimenso necessria para os estofados feito manualmente com uma ferramenta

    de corte mostrada na Figura 14.

    Figura 14 - Ferramenta de corte

    Fonte: o autor, 2014.

    Para fazer a colagem das espumas so utilizados uma cola e um solvente.

    Ambos ficam depositados ao lado da bancada. O solvente diludo na cola e a

    mistura aplicada com uma pistola de ar comprimido, em uma bancada especfica

    para este trabalho, mostrada na Figura 15.

    A empresa J possui dois extintores, um extintor de p qumico pressurizado

    para combater princpios de incndio de equipamentos eltricos energizados e

    lquidos inflamveis, e um extintor de gua pressurizada para combater princpios de

    incndio em materiais slidos, como a madeira e a espuma.

  • 39

    Figura 15 - Bancada para aplicao da cola

    Fonte: o autor, 2014.

    3.2.3 Tecidos

    Para a costura so utilizadas duas mquinas, uma overclock e uma mquina

    de costura reta. A overclock, mostrada na Figura 16, utilizada em tecidos que

    desfiam, criando uma costura de proteo para que o tecido no desfie. A mquina

    reta faz a finalizao da costura. Ambas as costureiras j furaram algum dedo com

    agulhas enquanto costuravam.

  • 40

    Figura 16 - Overclock e maquina de costura reta

    Fonte: o autor, 2014.

    Depois de costurada a pea de tecido, ela vestida sobre a estrutura de

    madeira com espuma. Para fix-la, um dos estofadores utiliza o grampeador

    pneumtico.

    3.2.4 Acabamento

    Ao final da montagem aplicado um impermeabilizante, apresentado na

    Figura 17, que isola a fibra do tecido para passagem de lquidos. Desta forma o

    tecido dos estofados fica protegido de lquidos.

  • 41

    Figura 17 - Impermeabilizante

    Fonte: o autor, 2014.

    O impermeabilizante aplicado de duas a trs vezes sobre o tecido do

    estofado com o uso de uma bomba manual, conforme Figura 18.

    Figura 18 - Aplicao impermeabilizante

    Fonte: o autor, 2014.

  • 42

    No existe local especfico na planta para a aplicao do impermeabilizante.

    Esta aplicao pode ocorrer perto das mquinas de corte ou na garagem, prximo

    das mquinas de costura.

    3.2.5 Descarte de materiais

    Os materiais so descartados em recipientes separados para madeira,

    plstico e espuma. Os restos da madeira e poeira so aspirados por um aspirador

    de p, visto na Figura 19. Quando esto muito dispersos, os restos da madeira e o

    p so varridos com uma vassoura para depois serem aspirados pelo aspirador.

    Figura 19 - Aspirador de p

    Fonte: o autor, 2014.

  • 43

    Os restos de madeira no aproveitados para a fabricao de estofados so

    doados como lenha para fogueira, a espuma moda vendida, e o papelo

    descartado para reciclagem.

    3.3 APLICAO DA APR

    A aplicao da APR foi feita para cada etapa da produo dos mveis

    estofados por serem diferenciadas entre si. No foram utilizados instrumentos de

    medio, mas os funcionrios foram questionados sobre temperatura, rudos e

    iluminao, e se declarassem algum desconforto envolvendo estes itens, ou fosse

    perceptvel sua ineficincia, seria sugerida na APR a realizao de medio.

    O ambiente de trabalho possui temperatura agradvel. Mesmo com a

    temperatura exterior acima dos 30 graus, no interior do estabelecimento trs

    ventiladores e janelas basculantes abertas garantem a circulao de ar. Existe

    material de fcil combusto estocado pelas reas de trabalho, sendo os tecidos,

    madeiras, espumas, cola e solvente. As instalaes eltricas no esto devidamente

    protegidas. Algumas tomadas de parede esto com os fios expostos e alguns

    equipamentos possuem fiao antiga ou com remendos. O cho limpo, sendo

    utilizado o aspirador de p para a limpeza, e a vassoura quando necessrio. Existe

    um compressor no local, mas o mesmo possui uma proteo de madeira que faz a

    isolao para diminuir o rudo produzido.

    No processo de corte da madeira so utilizados vrios tipos de serras. A serra

    circular a de maior rudo, possui proteo do disco e da correia e utilizada uma

    vez por semana por aproximadamente 2 horas. O estofador utiliza o mesmo protetor

    auricular de borracha h aproximadamente um ano. A serra fita utilizada quase

    diariamente, no possui proteo na serra de corte e apesar de possuir proteo da

    correia, uma parte do eixo do motor fica exposta muito prxima ao cho. A serra fita

    no possui mecanismo de parada do motor, assim depois de desligada continua

    com a serra em movimento por aproximadamente um minuto. Nenhuma das

    mquinas possua fiao de aterramento.

    A serra destopadeira possui uma alavanca que puxa a lmina para frente,

    para fazer o corte da madeira, conforme Figura 20.

  • 44

    Figura 20 Destopadeira

    Fonte: o autor, 2014.

    Esta destopadeira possua um mecanismo que fazia a serra retornar aps

    soltar a alavanca, mas esse mecanismo foi retirado. Agora, aps o funcionrio soltar

    a alavanca, a serra permanece sobre a mesa de corte.

    Os produtos qumicos, a cola, o solvente e o impermeabilizante so

    depositados ao lado da bancada de aplicao. No processo de colagem das

    espumas, o trabalhador no utiliza luvas e o material utilizado, uma mistura de cola e

    solvente, acaba grudando em sua mo e no seu jaleco, conforme apresentado na

    Figura 20 e na Figura 21.

    Foram solicitadas aos fabricantes as FISPQ do solvente, do adesivo e do

    impermeabilizante. A empresa que fabrica o impermeabilizante no forneceu a

    FISPQ do produto, fornecendo apenas a ficha de informaes apresentada no

    Anexo A.

  • 45

    Figura 20 Colando as espumas

    Fonte: o autor, 2014.

    A fabricante do solvente e do adesivo recomenda, conforme FISPQ no Anexo

    B e Anexo C, evitar contato do produto com olhos, pele e vestimentas, assim como a

    inalao dos vapores e a utilizao de protetor respiratrio ao manusear o produto.

    Figura 21 Adesivo em contato com a pele

    Fonte: o autor, 2014.

  • 46

    O solvente e o adesivo utilizados na mistura para fabricao da cola,

    conforme informaes apresentadas em sua FISPQ, so produtos perigosos e

    txicos por inalao, ingesto e contato com a pele. Os vapores liberados so

    depressivos do sistema nervoso central e o contato prolongado com a pele e

    mucosas causa irritao. Os efeitos toxicolgicos agudos causados pela exposio

    excessiva so a dor de cabea, nuseas, tonturas, sonolncia e dermatites na pele.

    O manuseio desses produtos deve ser realizado em ambiente que possua

    ventilao diluidora ou exaustora. necessria a conscientizao de que o produto

    inflamvel e o aterramento dos equipamentos para se evitar a formao de

    eletricidade esttica. Deve existir no local a sinalizao indicando que os produtos

    so inflamveis. So recomendados a utilizao de luvas de borracha, culos de

    proteo, e respiradores semi-faciais ou descartveis, de acordo com os nveis de

    vapores orgnicos obtidos nas medies. recomendada tambm a utilizao de

    uniforme, pois pode ocorrer a contaminao do vesturio do trabalhador.

    O estofador utiliza culos de proteo na utilizao dos grampeadores

    pneumticos para prender o tecido e tambm para fazer a montagem da madeira.

    possvel que um grampo seja arremessado na direo dos olhos do estofador se for

    grampeado em cima de outro grampo. Os grampeadores no possuem proteo que

    evite que os grampos sejam arremessados nesses casos.

    O ambiente de trabalho no possui delimitaes para identificar locais de

    depsito dos materiais ou reas de circulao. Os funcionrios no possuem locais

    adequados para guardar seus EPIs. O par de culos para proteo dos olhos

    guardado junto com ferramentas pontiagudas que podem arranhar as lentes, e os

    dois estofadores utilizam o mesmo par de culos.

    O impermeabilizante tem odor forte, que pode ser sentido por todos os

    ambientes. Apesar disso os funcionrios dizem j estar acostumados e no sentem

    dores de cabea. Quanto ao p da madeira no ambiente, apenas um dos

    estofadores disse ter alguma alergia, enquanto os demais funcionrios no tm

    alergias pela poeira.

    A anlise preliminar de riscos apresentada no Quadro 5.

  • 47

    Quadro 5 Anlise de riscos

    01. APR Recebimento de materiais

    Risco Causa Efeito Frequncia Severidade Nvel de risco Observaes e

    recomendaes

    Acidente Queda de materiais

    durante o

    transporte

    Ferimento dos

    membros

    superiores ou

    inferiores

    D III NT Demarcar

    reas de

    circulao e

    elaborar

    procedimento

    para a

    atividade.

    Acidente Soltar molas Conjunto de

    molas pode

    saltar e atingir

    trabalhador

    D II M Elaborar

    procedimento

    para a atividade

    Ergonmico Levantar e

    transportar

    materiais pesados

    Dores

    musculares

    D III NT Elaborar

    procedimento

    para transporte

    dos materiais

  • 48

    Quadro 5 - Continuao

    02. APR Trabalhos com madeira

    Risco Causa Efeito Frequncia Severidade Nvel de risco Observaes e

    recomendaes

    Fsico Rudo das serras e

    ar comprimido

    Perda da

    audio se

    acima do

    limite

    E III NT Realizar

    medio dos

    nveis de rudo

    Qumico Poeiras da madeira Irritao das

    vias

    respiratrias

    E III NT Utilizao de

    mscara

    Acidente Corte com serra fita Amputaes e

    cortes

    E IV NT Instalar

    proteo da

    serra de corte.

    Acidente Corte com

    destopadeira

    Amputaes e

    cortes

    E IV NT Instalar sistema

    de recolhimento

    do disco de

    corte.

  • 49

    Quadro 5 -

    continuao

    Risco

    Causa

    Efeito

    Frequncia Severidade Nvel de

    risco

    Observaes e

    recomendaes

    Acidente Eixo do motor da

    serra circular

    Amputaes e

    cortes.

    Roupa ou calado

    pode se prender no

    eixo do motor.

    E IV NT Proteger parte

    mvel exposta

    Acidente Grampos

    projetados contra

    trabalhadores

    Atingir olhos dos

    trabalhadores

    D III NT Instalar

    ponteira de

    proteo

    Acidente Utilizao da tupia Amputaes e

    cortes

    E IV NT Instalao da

    proteo das

    partes mveis.

    Acidente Falta de

    aterramento

    Choque eltrico.

    Formao de

    eletricidade esttica.

    E IV NT Instalao de

    aterramento

  • 50

    Quadro 5 - continuao

    03. APR Trabalhos com espumas

    Risco Causa Efeito Frequncia Severidade Nvel de risco Observaes e

    recomendaes

    Qumicos Vapores e contato

    com cola e

    solvente

    Pode causar

    dependncia e

    danos

    irreversveis a

    sade

    E IV NT Utilizar EPI

    adequado.

    Separar cabine

    de aplicao do

    resto do

    ambiente.

    Acidente Ferramenta de

    corte

    Cortes ou

    amputao de

    dedos e

    membros

    E IV NT Substituir por

    ferramenta

    adequada para

    corte de

    espumas.

  • 51

    Quadro 5 continuao.

    04. APR Trabalhos com tecidos

    Risco Causa Efeito Frequncia Severidade Nvel de risco Observaes e

    recomendaes

    Acidente Utilizao do

    grampeador

    pneumtico

    Trabalhadores

    atingidos por

    grampos

    E III NT Instalar

    ponteira de

    proteo

    Ergonmico Movimentos

    repetitivos

    Leso por

    esforo

    repetitivo

    E III NT Incluir pausas

    ou variao das

    atividades

    05. APR Acabamento

    Risco Causa Efeito Frequncia Severidade Nvel de risco Observaes e

    recomendaes

    Qumico Aplicao de

    impermeabilizante

    Nveis de

    vapor acima

    de 156 ppm

    so nocivos a

    sade

    E III NT Realizar

    medio de

    nveis de vapor

    durante

    aplicao.

  • 52

    Quadro 5 - continuao

    06. APR Descarte de materiais

    Risco Causa Efeito Frequncia Severidade Nvel de risco Observaes e

    recomendaes

    Qumico Varrio do local

    de trabalho

    Irritao das

    vias

    respiratrias

    por poeiras

    E II M Utilizao de

    panos midos

    Fonte: o autor, 2014

  • 53

    4 ANLISE DOS RESULTADOS

    As medidas de controle para riscos sugeridas foram organizadas por nvel de

    risco, sendo as mais urgentes as no tolerveis e as menos urgentes as moderadas.

    Nvel de risco: no tolerveis

    Realizar medio dos nveis de rudo, a fim de identificar a necessidade e

    adequao de medidas de proteo ao trabalhador;

    Utilizao de mscara;

    Instalar proteo da serra de corte, de modo que ela no fique exposta

    enquanto no estiver sendo utilizada;

    Instalar sistema de recolhimento do disco de corte, para que o disco no

    fique sobre a bancada de trabalho aps o trabalhador solt-lo;

    Demarcar reas de circulao e elaborar procedimento para a atividade,

    evitando que o transporte de materiais pesados seja feito por apenas uma

    pessoa;

    Elaborar procedimento para transporte dos materiais, e considerar

    utilizao de carrinho para movimentao dos estofados;

    Instalar ponteira de proteo, para evitar que os grampos sejam

    arremessados pelo grampeador;

    Proteger parte mvel exposta, para evitar que os ps do trabalhador

    tenham contato com o eixo do motor;

    Instalao proteo das partes mveis, tanto da correia e eixo do motor

    quanto da lmina de corte;

    Utilizar EPI adequado, que evite o contato da pele com o produto e a

    inalao dos vapores;

    Separar cabine de aplicao do resto do ambiente, para que evitar

    vapores e odores atinjam todos os trabalhadores;

    Incluir pausas ou variao das atividades, para evitar procedimentos

    excessivamente repetitivos;

  • 54

    Realizar medio de nveis de vapor durante aplicao do

    impermeabilizante;

    Substituir por ferramenta adequada para corte de espumas. A ferramenta

    atual possui lmina gasta e no adequada ao uso.

    Instalar aterramento dos equipamentos e carcaas dos motores.

    Nvel de risco: moderado

    Elaborar procedimento para a atividade soltar molas, no podendo ser

    realizado por apenas um trabalhador;

    Utilizao de panos midos ou outras ferramentas de limpeza que no

    levantem poeira;

  • 55

    5 CONSIDERAES FINAIS

    Aps a verificao da anlise de resultados possvel identificar os riscos a

    que esto expostos os trabalhadores de uma microempresa do setor moveleiro.

    Muitos destes riscos poderiam ser eliminados com investimentos de baixo custo.

    Para que possveis acidentes sejam evitados recomenda-se que a empresa J

    adote as recomendaes obtidas atravs da APR, dando prioridade aos riscos de

    maior nvel.

    Muitas das situaes observadas poderiam ser evitadas com o conhecimento

    das normas de segurana o trabalho, tanto por parte da empresa quanto pelos

    empregados. Ainda que o empregador tenha a obrigao de conhec-las, as normas

    de segurana deveriam ter um espao maior nas atividades da empresa,

    acompanhamento do sindicato ou fiscalizao dos rgos responsveis. A falta de

    fiscalizao contribui para que a segurana seja considerada um item acessrio,

    custando ao trabalhador a possibilidade de ter suas capacidades produtivas e

    sociais comprometidas por um acidente de trabalho.

    Algumas dificuldades foram encontradas durante a realizao deste trabalho.

    A primeira foi a falta de segurana dos funcionrios para comentar sobre situaes

    que colocam sua sade em risco. Em alguns momentos eles se mostravam

    constrangidos, limitando os comentrios e informaes sobre os equipamentos ou

    processos de trabalho adotados.

    Outra dificuldade foi para obter a FISPQ dos produtos qumicos. Nenhuma foi

    obtida por correio eletrnica, apesar das tentativas. As fichas foram fornecidas

    apenas aps ligaes telefnicas, e uma das empresas exigiu que a ligao fosse

    feita pelo proprietrio da microempresa J. Apesar dessa exigncia, no foi fornecida

    a FISPQ e sim uma ficha de especificaes simples.

  • 56

    5.1 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS

    Como sugesto para trabalhos futuros, pode ser realizada uma anlise

    quantitativa dos riscos, como os nveis de rudo durante a operao das mquinas

    ou uma anlise dos nveis de vapor no ambiente durante a aplicao do

    impermeabilizante.

    Outra sugesto para futuros trabalhos a realizao do gerenciamento de

    riscos focado nos riscos do e-social. O e-social um projeto do Governo Federal

    que visa unificar as informaes dos empregados enviadas pelos empregadores.

    Entre as informaes que sero unificadas esto os registros de eventos

    trabalhistas, tais como a comunicao de acidente de trabalho, o atestado de sade

    ocupacional, o retorno de afastamento temporrio, entre outros.

  • 57

    REFERNCIAS

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 14726: Brigada de incndio Normas para brigada de incndio. Rio de Janeiro, 2006.

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 14280: Cadastro de acidente de trabalho Procedimento e classificao. Rio de Janeiro, 2001.

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR ISO 31000: Gesto de riscos Princpios e diretrizes. Rio de Janeiro, 2009.

    ASSUMPO, Luiz F. J. Sistema de gesto ambiental: manual prtico para implementao de SGA e certificao ISO 14.001/2004. 3 ed. Curitiba: Jaru Editora, 2011. 324 p.

    BELASCO, Fbio Gledson. Gerenciamento de Riscos, tcnicas de anlise de riscos. Material de apoio Notas de aula. PUCPR, 2011.

    BENITE, Anderson Glauco. Sistema de gesto da segurana e sade no trabalho para empresas construtoras. 2004. 236f. Dissertao de Mestrado em Engenharia da Universidade de So Paulo, 2004.

    BOAVENTURA, Lucilena. Identificao e anlise de riscos em uma fbrica de rao animal de uma suinocultura. 2009. 50f. Monografia de Concluso do Curso de Ps Graduao em Engenharia de Segurana do Trabalho da Universidade Federal de Mato Grosso, 2009.

    BRASIL. Lei n 8.213, de 24 de julho de 1991. Dirio Oficial, Braslia, 1991. Disponvel em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm>. Acesso em: 08 fev. 2014.

    BRASIL. Norma Regulamentadora n 9: Programa de preveno de riscos ambientais, Portaria SSST n. 25, de 29 de dezembro de 1994, (DOU de 30/12/90) Repblica Federativa do Brasil

    BRASIL. Norma Regulamentadora n 10: Segurana em instalaes e servios em eletricidade, Portaria GM n. 598, de 7 de dezembro de 2004, (DOU de 08/09/04) Repblica Federativa do Brasil

    BRASIL. Norma Regulamentadora n 12: Segurana no trabalho em mquinas e equipamentos, Portaria MTE n. 1.893, de 09 de dezembro de 2013, (DOU de 11/12/13) Repblica Federativa do Brasil

    BRASIL. Norma Regulamentadora n 20: Segurana e sade no trabalho com inflamveis e combustveis, Portaria SIT n. 308, de 29 de fevereiro de 2012, (DOU de 06/03/12) Repblica Federativa do Brasil

    BRASIL. Norma Regulamentadora n 33: Segurana e sade nos trabalhos em espaos confinados, Portaria MTE n. 1409, de 29 de agosto de 2012, (DOU de 31/08/12) Repblica Federativa do Brasil

  • 58

    BRASIL. Norma Regulamentadora n 34: Condies e meio ambiente de trabalho na indstria da construo e reparao naval, Portaria MTE n. 592, de 28 de abril de 2014, (DOU de 30/04/14) Repblica Federativa do Brasil

    BRASIL. Norma Regulamentadora n 35: Trabalho em altura, Portaria MTE n. 593, de 28 de abril de 2014, (DOU de 31/10/83) Repblica Federativa do Brasil

    CARDOSO, Marla. Risco constante. Revista proteo, n. 244, p. 48-62, abr. 2012

    FRUHAUF, Dlson Valrio; CAMPOS, Douglas Tadeu Ansolin; HUPPES, Mauro Nestor. Aplicao da ferramenta anlise preliminar de riscos - estudo de caso industria frigorfica de frangos. 2005. 42f. Monografia de Concluso do Curso de Ps Graduao em Engenharia de Segurana do Trabalho da Universidade Estadual de Ponta Grossa, 2005.

    INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION. IEC ISO 31010: Risk management - risk assessment techniques. Geneva, 2009.

    INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO guide 73: Risk management vocabulary. Switzerland, 2009

    MACHADO, Pedro. (2014, 5 de abril). Mudana de rumo. ANotcia, Negcios e Cia, pp. 1.

    MACHADO, Pedro; CAVALLI, Janana. (2014, 5 de abril). Mvel catarinense invade o Brasil. ANotcia, Negcios e Cia, pp. 4, 5.

    MUCCILLO, Maria. Qualificando o gestor. Revista proteo, n. 246, p. 90-94, jun. 2012

    NUNES, Deise Delfino; SOUZA, Rosilda Maria de. Anlise de riscos nas atividades de execuo de formas na operao com serra circular. 2007. 103 f. Monografia de Concluso do Curso de Ps Graduao em Engenharia de Segurana do Trabalho da Universidade do Extremo Sul Catarinense, 2007.

    QUEIROZ, Willian F. L. de. Anlise dos aspectos de segurana em um laboratrio de corroso: um estudo de caso. 2013. 80 f. Monografia de Concluso do Curso de Ps Graduao em Engenharia de Segurana do Trabalho da Universidade Federal Fluminense, 2013.

    ROSA, Eliane da. Arranjos produtivos locais: o caso da indstria moveleira de Palhoa (SC). 2007, 53f. Monografia em Cincias Econmicas, Universidade Federal de Santa Catarina, 2007.

    SALIM, Celso A. Relatrio tcnico 2 indstria moveleira. 2007. 74 f. Relatrio tcnico FUNDACENTRO, Belo Horizonte, 2007.

    SCHAAB, Juliano Ricardo Lenzi. Anlise dos riscos de acidentes: estudo de caso em uma marcenaria. 2005, 86f. Monografia de Concluso do Curso de Ps Graduao em Engenharia de Segurana do Trabalho da Universidade Federal do Mato Grosso, 2005.

    SEIFFERT, Mari E. B. ISO 14001 sistemas de gesto ambiental: implantao objetiva e econmica. 4 ed. So Paulo: Atlas, 2011. 239 p.

  • 59

    ANEXO A ESPECIFICAES DO IMPERMEABILIZANTE

  • 60

    ANEXO B FISPQ DO ADESIVO

  • 61

  • 62

  • 63

  • 64

  • 65

  • 66

  • 67

    ANEXO C FISPQ DO SOLVENTE

  • 68

  • 69

  • 70

  • 71

  • 72

  • 73