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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA- UNIR CAMPUS DE JI-PARANÁ
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
PRÁTICAS ESCOLARES COM AS DATAS COMEMORATIVAS: DIA DAS MÃES E DIA DOS PAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS INICIAIS
Lucinéia de Souza
Professora Orientadora: Profª Irmgard Margarida Theobald
Ji- Paraná, RO – 2019
Lucinéia de Souza
PRÁTICAS ESCOLARES COM AS DATAS COMEMORATIVAS: DIA DAS MÃES E DIA DOS PAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS INICIAIS
Monografia apresentada á Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR, Campus de Ji-Paraná/RO, Departamento de Ciências Humanas e Sociais, como requisito avaliativo de conclusão do Curso de Licenciatura em Pedagogia, sob orientação da professora Irmgard Margarida Theobald.
Ji-Paraná, RO - 2019
Dedicatória
Dedico esse trabalho a todos da minha família, em especial aos meus
pais: José Grosmam de Souza, Marilda selão de Souza, a minha filha
Gabryelle Carolyne de Souza, e aos meus irmãos, Julio Cesar e Sandra
Souza, pois sem o apoio de todos eles não teria conseguido realizar este
estudo.
Agradecimentos
Primeiramente agradeço a Deus, por ter fortalecido sempre a minha fé,
em meios há tantas dificuldades enfrentadas.
A minha Orientadora professora Irmgard Margarida Theobald pelo
apoio e orientações desempenhadas.
Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática.
Paulo Freire (1996)
PRÁTICAS ESCOLARES COM AS DATAS COMEMORATIVAS: DIA DAS MAES E
DIA DOS PAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS INICIAIS
RESUMO: No calendário civil anual existem várias datas comemorativas, sendo estas oriundas de diversos segmentos, como: fatos históricos, datas religiosas e outras, podendo estas estar relacionadas também á acontecimentos culturais, étnicos e civis. E algumas dessas datas estão anualmente em evidencia na sociedade atual, e estas refletem diretamente no contexto escolar, estando presentes nos currículos das escolas brasileiras. E a escola por meio de sua função social conecta o aluno aos acontecimentos sociais por meio das práticas pedagógicas. Este estudo tem como objetivo entender como as práticas escolares com as datas comemorativas “Dia das Mães e Dias dos Pais, estão organizadas no currículo escolar no Ensino fundamental – Anos Iniciais, a partir dos referenciais teóricos de Ostetto, Vieira (2018), Tonholo (2013, 2014), Proêncio, Lira, Dominico( 2017), Maia (2015), Bernstein (2016) Freire (1987, 1996), Coll (2006), Silva, Bolze (2016), Pereira e Santos (2018), Veiga (2010). Para essa análise a metodologia adotada foi pesquisa bibliográfica em artigos já publicados sobre o tema, pesquisa documental, destacando dois documentos oficiais: a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o Projeto Político Pedagógico da Escola (PPP) analise em livros didáticos vigentes, e pesquisa de campo com aplicação de um questionário á quatro professores (as), do ensino fundamental I, especificamente do 1° ao 5° ano, em uma escola no município de Ji-Paraná, RO, no ano de 2019. Com isto, buscou-se compreender como essas práticas pedagógicas com datas comemorativas dia das Mães e dia dos Pais estão inseridas em sala de aula nas escolas. Na perspectiva que essas duas datas estão relacionada a componente familiar: pai/mãe, e a família nuclear, ou seja, pai/mãe/filhos(as), adaptou-se as transformações sociais vigentes advindas de inúmeros fatores, a qual originou novos modelos de configurações familiares. A partir dos estudos chega ao resultado que, mesmo não sendo obrigatório pelo Ministério da Educação (MEC), órgão este que delineia as Bases educacionais para as escolas brasileiras, os professores trabalham sim as duas datas comemorativas, e esta sem maioria de forma ainda tradicional, sendo poucos os professores que usam uma prática de modo contextualizado com a realidade social do aluno, vinculado ao modelo e contexto familiar na qual ele vive. Conclui-se que o problema não é inserir estas datas comemorativas no currículo escolar, mas sim a forma de abordá-las na prática pedagógica, porque toda prática curricular necessita ser contextualizada com meio social ao qual o aluno vivencia, para que a aprendizagem desejada seja alcançada de modo significativo.
Palavras-chave: Datas comemorativas: dia das mães e dia dos pais. Família. Ensino
Fundamental 1 - Anos Iniciais. Práticas Pedagógicas Significativas.
LISTA DE IMAGENS/FOTOS
Imagem 1-Representação de Família - Livro didático de Geografia 1° ano - Anos Iniciais..17 Imagem 2-Representação de Família - Livro didático de Let, Alf. e Geo. 2° ano - Anos In..17 Imagem 3-Representação de Família - Livro didático de História 1° ano - Anos Iniciais......18
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BNCC - Base Nacional Comum Curricular
CONSED - Conselho Nacional de Secretários de Educação
CNE- Conselho Nacional de Educação
ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente
LDBEN – Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MEC - Ministério da Educação
PPP – Projeto Político Pedagógico
UNDIME - União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................................... 8
1. ESCOLA, DATAS COMEMORATIVAS E FAMILIA....................................................... 11
1.1 Datas Comemorativas no Contexto Escolar........................................................................... 11
1.2 O Currículo e as Datas Comemorativas.................................................................................. 13 1.3 Ressignificando o conceito de Família, e sua representação nos livros Didáticos – Anos
Iniciais...........................................................................................................................................
17
1.4 Práticas escolares com datas comemorativas: Dia das Mães e Dia dos Pais.......................... 22
2.BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR, PROJETO POLÍTICO
PEDAGÓGICO ESCOLAR E DATAS COMEMORATIVAS: DIA DAS MAES E DIA
DOS PAIS....................................................................................................................................
26
2.1Conhecendo um pouco sobre a BNCC – Base Nacional Comum Curricular da Educação e
o PPP – Projeto Político Pedagógico............................................................................................
26
2.2Análises documentais: o que consta sobre as Datas comemorativas: dia das mães e dia dos
pais na BNCC do Ensino Fundamental – Anos Iniciais e no PPP - Projeto Político Pedagógico
da escola colaboradora..................................................................................................................
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3.PERSPECTIVAS DE PROFESSORES SOBRE A ABORDAGEM DAS DATAS
COMEMORATIVAS - DIAS DAS MAES E DIA DOS PAIS- EM SALA DE AULA:
DADOS DE UMA ESCOLA......................................................................................................
34
3.1Conhecendo a escola colaboradora: dados do seu PPP - Projeto Político Pedagógico........... 34
3.2Perspectivas de professores sobre as pratica pedagógicas com datas comemorativas dia das
mães e dia dos pais, por meio de aplicação de questionários.......................................................
35
3.3Comentando as respostas dos professores............................................................................... 37
3.4 Dialogando com os autores sobre “datas comemorativas....................................................... 40
3.5 Discussão e repercussão dos resultados.................................................................................. 42
CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................... 45
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................... 47
APENDICE................................................................................................................................. 50
ANEXOS...................................................................................................................................... 52
8
INTRODUÇÃO
No calendário civil anual brasileiro existem várias datas comemorativas advindas de
diversos motivos, dentre eles, fatos históricos, religiosos, como também relacionados á
acontecimentos culturais, civis e outros. Algumas dessas datas são muito evidenciadas pela
sociedade, como também no contexto escolar, estando sempre presentes em práticas escolares.
Dentre essas datas comemorativas, este estudo é direcionado para duas em especial que são:
Dia das mães e Dia dos pais. Reflito particularmente sobre essas atividades inseridas nas
escolas que estão ligadas aos componentes familiares pai e mãe, podendo este impactar
conflituosamente parte dos alunos, que frequentam as escolas brasileiras no ensino
fundamental, a depender da configuração familiar a qual pertencem.
A organização das famílias atuais vem se modificando devido ao surgimento de novos
tipos, decorrentes de diversos fatores sociais, os quais possibilitam que inúmeras
configurações sejam denominadas pelo termo família. Neste sentido, este trabalho tem como
objetivos:
� Entender como as datas comemorativas dias das mães e dias dos pais estão
organizadas atualmente no contexto curricular escolar anos iniciais do ensino
fundamental, considerando os diferentes tipos de família contemporâneas.
� Verificar como as datas comemorativas Dia das Mães e Dia dos Pais são
inseridas no contexto escolar.
� Averiguar sobre a existência de orientação legal e pedagógica em documentos
do Ministério da Educação – MEC, sobre a inclusão destas datas
comemorativas no currículo escolar dos anos iniciais do ensino fundamental.
� Reconhecer e discutir quais são as práticas educativas quanto a inserção das
datas comemorativas do Dia das mães e Dia dos pais, presentes no Projeto
Político Pedagógico (PPP) de uma escola da rede municipal localizada no
município de Ji-Paraná, RO.
� Identificar o que pensam os professores de uma escola da rede municipal,
sobre a abordagem das datas comemorativas dos dias das mães e do dia dos
pais na sua prática pedagógica.
Metodologicamente, a pesquisa deu-se através de consulta bibliográfica, por meio de
leituras sobre o tema em artigos de revistas científicos, anais de eventos, em documentos
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oficiais como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN 9394\96, o Estatuto
da Criança e Do Adolescente – ECA, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC),
complementada com uma pesquisa de campo em uma escola de ensino fundamental
pertencente a rede escolar do município de Ji-Paraná, RO, por meio de pesquisa documental
coletando informações no Projeto Político Pedagógico da escola, e aplicando um questionário
aos professores do 1° ao 5° ano.
Buscou-se por foco delinear como as práticas pedagógicas destas duas datas
comemorativas estão inseridas em sala de aula atualmente nas escolas. Este tema insere a
questão social do aluno, o que indaga a entender como fica os alunos envolvidos nessas
atividades que não tem a mãe e o pai presente, e as escolas sempre programam essas datas
comemorativas em seus planos de aulas, fazendo lembrancinhas que são entregues aos
pais/mães. Mas, e aqueles alunos que não tem a família nuclear( pai/mãe/filho), para quem
irão entregar as lembrancinhas confeccionadas nesses dias em sala de aula? Quais os impactos
quanto a aprendizagem que esta atividade terá para aquela criança que vive em arranjo
familiar diferente da tradicional, sem mãe ou sem pai?
Toda prática curricular necessita ser contextualizada para que a aprendizagem desejada
seja alcançada de modo satisfatório. Aprender de forma significativa é interpretar a sua
totalidade, ou seja, o meio ao qual pertencemos, aprendendo a viver e entender o seu contexto
familiar e social.
Este trabalho esta organizado em três capítulos, o primeiro capitulo aborda sobre
Escola, Datas comemorativas e Família, descrito em quatro subtítulos: Datas comemorativas
no contexto escolar, o Currículo e as Datas Comemorativas; Ressignificando o conceito de
Família, e sua representação nos livros Didáticos Anos Iniciais; e Práticas escolares com datas
comemorativas: Dia das Mães e Dia dos Pais. O segundo capitulo disserta sobre Base
Nacional Comum Curricular, projeto político pedagógico escolar e datas comemorativas: dia
das mães e dia dos pais, em dois subtítulos: Conhecendo um pouco sobre a Base Nacional
Comum Curricular – BNCC, Projeto Político Pedagógico – PPP; e Análises documentais: o
que consta sobre as Datas comemorativas: dia das mães e dia dos pais na BNCC do Ensino
Fundamental – Anos Iniciais e no PPP - Projeto Político Pedagógico da escola colaboradora.
E o terceiro capitulo apresenta Perspectivas de professores sobre a abordagem das
datas comemorativas - dias das mães e dia dos pais em sala de aula: dados de uma escola,
em cinco subtítulo: Conhecendo a escola colaboradora: dados do seu PPP - Projeto Político
Pedagógico; Perspectivas de professores sobre as pratica pedagógicas com datas
comemorativas dia das mães e dia dos pais, por meio de aplicação de questionários;
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Comentando as respostas dos professores; Dialogando com os autores sobre datas
comemorativas; e Discussão e repercussão dos resultados.
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1. ESCOLA, DATAS COMEMORATIVAS E FAMILIA
1.1 Datas Comemorativas no Contexto Escolar
Os alunos que frequentam o ensino fundamental anos iniciais ao compreenderem a
sociedade e os sujeitos que as constituem como, por exemplo, a escola, a família, e os outros
meios sociais aos quais eles pertencem se tornam conscientes que somos sujeitos sociais, e
que estamos constantemente em processo de mudanças. Os fatos sociais relacionados ao ser
social variam, e afeta todos nós, refletindo positivamente ou negativamente, e as crianças não
entendem esse processo de modo completo. Umas das atividades do ensino fundamental que
fazem parte desse meio, são as relacionadas a Família, que são as datas comemorativas: Dia
das Mães e Dia dos Pais. Portanto, cabe aos professores o papel de prepará-los, ensinando este
contexto, para que eles entendam como tudo isso funciona.
A escola por meio de sua função social integra os alunos à sociedade e aos seus
acontecimentos através das práticas escolares inseridas em sala de aula, como por exemplo, as
datas comemorativas Dia das Mães e Dia dos Pais, muito evidenciadas no contexto social e
educacional. Assim sendo, as atividades escolares abordadas nessa etapa requerem
planejamentos pensados nessa totalidade
O que é ensinado nas escolas prepara os alunos para concretizar seus projetos na vida adulta? Em um mundo sofrendo constantes mudanças sociais, econômicas e ambientais, como fornecer educação de qualidade para que o estudante adquira na escola os conhecimentos e as habilidades necessários para interpretar os elementos presentes em seu cotidiano e se transforme em um cidadão competente na busca de soluções para os problemas que surgem? (BERNSTEIN, 2016, p.1).
As práticas escolares significativas são fundamentais para o ensino e aprendizagem
satisfatórios. E essas práticas escolares sempre tão evidenciadas em sala de aula demandam
aos professores consciência social, visto que essas estão ligadas a fatores pessoais, ou seja, a
família, e aos alunos possuem famílias e realidades diferentes, por tanto é preciso ter cuidado
em incluir essas atividades com datas festivas, porque por trás de uma simples atividade pode-
se acarretar vários contextos emocionais no aluno devido a realidade atual vivenciada.
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), na fase do Ensino
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Fundamental - Anos Iniciais, os alunos passam por mudanças comportamentais, devido aos
níveis de desenvolvimento de cada ano. Ao sair da educação Infantil, e ingressar no ensino
fundamental, nível mais complexo para uma criança, com inserção de novas disciplinas e
novos conteúdos, o aluno pode ter dificuldades, por isso a importância de práticas
pedagógicas adequadas a esta fases são essenciais no processo do ensino e aprendizagem.
Pois, ao migrar para o ensino fundamental o aluno, que antes tinha a aprendizagem na
educação infantil associada com brincar e interagir e, quase todas as atividades envolviam
brincadeiras, passa a ter conteúdos direcionados mais para a escrita, leitura, interpretação
textual, dentre outros, ou seja, é uma alteração bastante complexa para o aluno acostumado a
um universo escolar lúdico. Nessa perspectiva de transição da educação infantil para os anos
iniciais, o professor deve ter cuidado nessa fase, para o aluno não se impactar
desfavoravelmente, atuando com práticas educativas que desenvolvam os conteúdos de
maneira que o brincar continue fazendo parte do processo do ensino e da aprendizagem do
aluno.
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental os alunos estão com idade em média de 06 a
10 anos. Além dos conteúdos específicos de cada disciplina, eles também aprendem sobre o
contexto social, e de como os sujeitos compõem e fazem faz parte da sociedade. Almeja-se
que os conhecimentos obtidos na escola ajudem às crianças e adolescentes a compreender
esse processo e, sobretudo aprender a lidar com o significado e a importância social que cada
pessoa tem ao fazer parte da sociedade. A relação professor, aluno e sociedade, constituem a
matriz da aprendizagem social, articulações essenciais para a compreensão das relações
sociais, como diz a BNCC
[...]Tal articulação precisa prever tanto a progressiva sistematização dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, em uma atitude ativa na construção de conhecimentos. (BRASIL, 2017e, p.58).
As aprendizagens adquiridas nessas fases desenvolverão nas crianças conhecimentos
que contribuíram para suas vivencias em sociedade, vínculos esses fundamentais para a
aquisição de conhecimentos significativos, sendo esses essenciais para termos futuramente
cidadãos críticos reflexivos, preparados para enfrentar as adversidades sociais vigentes. E as
datas comemorativas Dia das mães e dia dos pais é um exemplo de uma situação que envolve
a questão social, pois essas estão ligadas à família, e atualmente devido a eventuais problemas
sociais se modifica conforme seu contexto, por isso a indagação dessa prática escolar. É
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preciso pensar o contexto: escola/sociedade/aluno.
1.2 O Currículo e as Datas Comemorativas
De acordo com a LDBEN - Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a qual
estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, para o Ensino Fundamental - Art.32
(II, IV), que tem como objetivo a formação Básica do cidadão, mediante:
II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social ( BRASIL, 1996b, p.14).
O instrumento que a escola possui para o alcance destes objetivos é o currículo
escolar, onde se prevê de maneira organizada e sequencial os conteúdos, as competências e
habilidades que uma criança precisa desenvolver ao longo da vida escolar dos cinco anos do
Ensino Fundamental I.
Com as atuais transformações sociais ocorridas na sociedade, houve mudanças em
diversos setores. Nos meios educacionais também não foi diferente, ocorreram modificações e
adaptações a esse processo de evolução, dentre essas alteração o currículo como elemento
fundamental no meio escolar também se modificou. Antes tínhamos um currículo com
método tradicional, onde a função do professor era transferir conhecimento, o qual Freire
(1987) definiu em Pedagogia do Oprimido como a educação bancária. Como alternativa a esta
educação conservadora, Freire delineou a Pedagogia da Autonomia (1996) que tem como
ideias-chave que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua
própria produção ou construção.
O currículo não tem uma organização engessada, sua estrutura varia de acordo com o
meio social ao qual está conectado e conforme a escolha teórica da tendência pedagógica feita
pela escola. Portanto, o currículo está diretamente ligado a sociedade, e a escola ao planejá-lo
tende a ter a visão de levar o aluno a aprender e compreender o âmbito social ao que faz parte,
preparando-o para os diferentes níveis que engloba a sociedade conforme a linha teórica que
lhe dá suporte.
Acompanhando a evolução da sociedade, busca-se hoje um currículo voltado em
atender as necessidades dos educandos, objetivando obter ensino e aprendizagem de
qualidade, com valores significativos ao aluno. Mas muitas instituições ainda não pensam nos
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alunos nessa perspectiva, planejam o currículo sem contextualizar os sujeitos que fazem parte
desse processo, inserem certas práticas educativas que não são pensadas conforme a realidade
dos alunos, em seus diferentes contextos, como por exemplo, as atividades com datas
comemorativas.
Muitas escolas organizam o currículo no ano letivo começando pelo carnaval, passando pela Páscoa, dia do índio, dia das mães, festa junina, dia dos pais, dia do folclore, dia do soldado, dia da pátria, dia das crianças e Natal. Ano após ano as crianças passam pela escola comemorando estas datas, na maioria das vezes, inclusive, de forma desconectada de outros conhecimentos e atividades (MAIA, 2011, p.23).
Algumas atividades são propostas aos alunos sem permitir aos mesmos um significado
contextualizado, visto que essas não são adaptadas aos alunos, dificultando assim a sua
compreensão e aprendizagem. Tem práticas escolares que simplesmente são inseridas em sala
de aula por fazer parte de uma tradição, ou pertencer a um determinado contexto cultural.
Como por exemplos as datas comemorativas do dia das mães e dia dos pais que são o foco
deste trabalho.
O currículo e sucessivamente as atividades escolares devem ser construídos a partir da
realidade dos alunos, seu planejamento e suas estruturas precisam contemplar metodologias
de aprendizagem que partam das necessidades dos alunos, respeitando assim os estudantes
envolvidos de forma personalizada e única para cada estudante.
Os acontecimentos sociais fazem parte do processo de evolução, e do desenvolvimento
dos alunos, por isso as atividades educativas com datas festivas de caráter familiar devem ser
planejadas com as várias configurações familiares atuais existentes. Visto que o currículo
repercute diretamente na sociedade e consequentemente nos sujeitos envolvidos, ou seja, no
contexto social, é tão importante repensar a sua elaboração, baseando-se no que se quer
almejar. César Coll (2006, p. 45) diz que “o currículo proporciona informações concretas
sobre o que ensinar, quando ensinar, como ensinar e que, como e quando avaliar.” Portanto o
currículo é fonte primordial para bons resultados no desenvolvimento da aprendizagem.
Quando as escolhas das práticas escolares estão relacionadas com os diferentes tipos de
sujeitos, nas variadas culturas, é possível desenvolver ensino e aprendizagem de forma
significativa, e desta maneira, a escola contribuir diretamente na construção de identidade dos
estudantes.
Em se tratando das datas comemorativas inseridas no currículo deve-se ter uma
perspectiva significativa, quando essas forem inseridas no meio escolar, a questão é a maneira
de ser trabalhado, de modo correto, agregar o aluno a sociedade em seus diferentes contextos.
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As escolas devem entender que, cada aluno é único, e que as aprendizagens dos mesmos
variam de acordo com o contexto social no qual estão inseridos. Entendendo assim que,
alunos de contextos diferentes requerem estratégias diferentes ao desenvolvimento do mesmo
currículo.
Um dos temas que fazem parte da lista de conteúdos curriculares são as “Datas
comemorativas”, muito presentes atualmente nas práticas escolares em sala de aula. Na escola
algumas datas comemorativas são sempre lembradas, por remeter ao contexto histórico
brasileiro, como por exemplo: Independência do Brasil, Descobrimento do Brasil, Abolição
da Escravatura, Proclamação da República, Tiradentes e outras.
Conviver com as datas comemorativas nas instituições educativas é algo que nos inquieta e nos preocupa, uma vez que não está claro seu lugar no planejamento, bem como o sentido e o significado que as práticas a elas associadas teriam para as crianças. Enfim, em nosso ponto de vista representam momentos que precisam ser problematizados com a intenção de pensar: O que evocam tais ‘celebrações’? A que servem? Quais intencionalidades tem esse trabalho? O que agregam ao desenvolvimento das crianças? Como se relacionam com as necessidades e curiosidades das crianças?( PROENIO, LIRA, DOMINICIO, 2017, p.10736).
No calendário civil anual existem várias datas comemorativas, as quais remetem a
tradições religiosas, fatos históricos, conquistas importantes para certo grupo de pessoas, ou
fazem homenagens a algo ou alguém. Podendo estes também estar relacionados com
acontecimentos culturais, étnicos, civis e outros. No Brasil a Lei 10.607/2002 declara cinco
datas comemorativas que são nacionais: 1º de janeiro, 1º de maio, 7 de setembro, 15 de
novembro e 25 de dezembro (BRASIL, Casa Civil, 2019). Há datas que são decretadas e
reconhecidas mundialmente, outras somente em seu país, e algumas apenas em uma
localidade especifica, e essas datas estão muito presentes no currículo das escolas brasileiras
do Ensino Fundamental I – anos iniciais. As datas comemorativas que constam ao longo do
ano civil, advêm de diversos segmentos: históricas, religiosas, comerciais e sociais. Sendo
estas abaixo as mais evidenciadas, pesquisada no site: bd.camara.gov.br da Biblioteca Digital
Câmara dos deputados.
� Datas Históricas:21 de abril – Tiradentes;22 de abril - Descobrimento do
Brasil; 13 de maio - Abolição da Escravatura;07 de setembro - Independência
do Brasil;15 de novembro - Proclamação da República.
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� Datas Religiosas: São Sebastião - 20 de janeiro; Sexta-Feira da Paixão -
Sexta-feira antes da Páscoa; Domingo de Páscoa; Dia Nacional da Marcha para
Jesus – 1° sábado 60 dias após a Páscoa; 18 de junho - dia do Evangélico
(Feriado estadual no estado de Rondônia); Nossa senhora Aparecida – 12 de
Outubro; Natal – 25 de Dezembro.
� Datas comemorativas Culturais: Dia da paz (Ano Novo – Réveillon) 01 de
janeiro; Carnaval; Dia do índio – 19 de abril; Dia das mães – 2° domingo do
mês de Maio; Festa do Divino - 31 de maio; Festa Junina(comemoram-se três
santos: Santo Antônio - dia 13, São João - 24 e São Pedro - dia 29); Dia dos
namorados – 12 de junho; Dia dos pais –2° domingo do mês de Agosto; Dia
do folclore – 22 de agosto; Círio de Nazaré - 2° domingo de outubro; Dia das
Bruxas ( Halloween) - 31 de outubro; Dia das crianças – 12 de outubro.
� Datas comemorativas que remetem a Conquistas ou homenagens: 08 de
Março - Dia Internacional da Mulher; Dia Internacional contra a Discriminação
Racial 21 de março; 1º de Maio -Dia do Trabalho; Dia das mães – 2° domingo
de Maio; Dia da família - 15 de maio; Dia dos namorados – 12 de junho; Dia
do estudante - 11 de agosto; Dia dos pais – 2° domingo de agosto; Dia das
crianças – 12 de outubro; 15 de outubro - Dia do Professor; Dia da Consciência
Negra - 20 de Novembro.
�
Este estudo é direcionado para duas datas em especial que são: Dia das mães e Dia dos
pais. Reflito particularmente sobre essas atividades inseridas nas escolas, que estão ligadas a
componente curricular família, podendo este impactar conflituosamente parte dos alunos, que
frequentam as escolas no ensino fundamental, a depender da configuração familiar a qual
pertencem.
As datas festivas Dia das Mães e dia dos Pais são comemoradas no Brasil há muito
tempo, e atualmente são uma das que mais se destacam, devido ao seu valor sentimental a
qual essas possuem. Segundo os autores Fernandes e Campos em publicações no site Brasil
escola, essas duas datas foram comemoradas inicialmente em
O Dia das Mães foi comemorado pela primeira vez em 12 de maio de 1918. [...]. Mas foi somente em 1932, durante o governo provisório de Getúlio Vargas, que o Dia das Mães passou a ser celebrado segundo o molde dos Estados Unidos, isto é, em todo segundo domingo do mês de maio. O Dia dos Pais é celebrado sempre no segundo domingo de agosto. A ideia da comemoração surgiu de uma ação do publicitário Sylvio Bhering, em 1953.
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[...] A celebração espalhou-se pelo resto do Brasil até que se decidiu por oficializar o Dia dos Pais no segundo domingo de agosto (FERNANDES, CAMPOS, s.d, p.01 )
E estas duas datas estão anualmente presentes nas atividades escolares. Essas práticas
que abordam as datas comemorativas, tendo como tema especificamente Dia das mães e dia
dos Pais, agregam valores afetivos e emocionais aos alunos, atentando-se para aquela criança
que não tem o pai ou a mãe presente, visto que muitos alunos não têm a “família Padrão”,
composta de pai/mãe/filhos.
As famílias atuais têm diversas configurações que compõe diferentes formatos de
famílias, por esse motivo a indagação em relação a estas práticas escolares. Espera-se que as
atividades pedagógicas abordando estes temas acolham e ajudem o aluno. Neste estudo
aprendemos a nos indagar como a prática pedagógica na abordagem das datas comemorativas
do Dia das Mães e Dia dos Pais poderá potencializar nas crianças sentimentos de
discriminação, preconceito, inferioridade, tristeza, sofrimento e constrangimento. Emoções
que muitas vezes são anteriores ao ingresso da criança na escola. Por isso é essencial, em
primeiro lugar, aprender a ter um olhar crítico em relação às escolhas que o professor faz
quanto a essas atividades desenvolvidas na escola.
O primeiro grupo social que a criança convive é a família, em segundo vem a escola.
E, é a escola que faz a ligação entre o aluno e a sociedade, para que o mesmo aprenda a viver
socialmente da melhor maneira possível. Por isso é tão importante a função da escola e do
professor, nesse sentido é essencial que o professor considere o aluno em suas diferentes
identidades familiares, garantindo assim o seu processo de desenvolvimento significativo. A
família também é uma forma de gestão social, pois ela contribui na organização da sociedade,
quando a criança aprende em seu meio familiar alguns aspectos importantes para viver em
sociedade, ao qual irá vivenciar socialmente, como respeitar as diferenças, torna-se mais fácil
ela conviver e viver socialmente
1.3. Ressignificando o conceito de Família, e sua representação nos livros Didáticos –
Anos Iniciais
Ao pesquisar o termo Família obtive vários conceitos. O Dicionário Aurélio (2008,
p.396) da algumas definições a palavra Família: “Pessoas aparentadas que vivem na mesma
casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos; A que é constituída pelo casal e seus filhos.”
Mas esse conceito de família que consta no dicionário foge da configuração atual, a qual a
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sociedade moderna vivencia. A família tradicional que antes era pai/mãe/filhos(as), conforme
define o dicionário, adaptou-se as transformações atuais, advindas de variados fatores, a qual
originou diversos modelos de novas configurações familiares. Dentre essas mudanças
familiares podemos verificar algumas que as autoras Regiane Silva e Simone Bolze relatam.
[...]Alguns exemplos desses arranjos são: a) famílias monoparentais: sendo inúmeras crianças vivendo com pais solteiros ou divorciados; b) famílias homoafetivas: constituída por pais do mesmo sexo; c) famílias extensas: nas quais as crianças convivem com parentes próximos como tios e avós; d) famílias recasadas, nas quais as crianças convivem com o novo cônjuge do pai ou da mãe, além de, por vezes, com os filhos desses e/ou com os irmãos dessas novas uniões ( SILVA, BOLZE, 2016, p.2)
A família monoparental consiste em um único mantenedor, modelo este da maioria das
famílias brasileiras. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBGE, no Censo 2010 a proporção de famílias com mulheres sem cônjuge é de 87,4 %, com
estimativa de 2.342.003 famílias com mulheres responsáveis pela sua família. (IBGE, 2010).
Oriunda dessa mudança com a nova formação familiar, a criação dos filhos(as) desagregou-se,
além das mães, os filhos podem ser criados pelo pai, ou ainda por avôs, tios ou outro membro
familiar, tornando eles responsáveis pela função que seria do Pai ou da Mãe. Ainda citando as
autoras Silva e Bolze “É em família que acontecem as primeiras identificações e vínculos que
serão fundamentais no decorrer de sua vida”, por isso a família é tão importante para a
criança. É em família que a criança aprende valores antes de chegar à escola, sendo estes
essenciais para as primeiras vivências escolares.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Lei n° 8.096, de 13 de junho de 1990,
define Família Natural no Art.25 por
[...] a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade (BRASIL, 1990a, p.27).
Portanto, o Estatuto já tem uma definição de família diferente do dicionário Aurélio,
ou seja, o ECA entende por família o grupo com o qual a crianças convive, podendo este ser
os pais (pai e mãe), só a mãe, só o pai ou outros parentes. Definição essa mais adequada ao
contexto familiar atual. Dentro deste contexto ”família” tem também as crianças adotadas por
mães ou pais solteiros, por casais homoafetivos, ou advindas de produções independentes.
Essa nova estrutura mostra as mudanças ocorridas no núcleo familiar,e algumas escolas não se
19
atentam a isso nos eventos escolares.
Para verificar a representação/ilustração de família no contexto escolar foi buscada
informação em três livros didáticos dos anos iniciais, como a Família é retratada. Em
conversa com os professores colaboradores, foi lhes perguntado se nos livros didáticos em uso
neste ano letivo, existia alguma representação sobre família. Os docentes disseram que sim e
me emprestaram os livros e, no mesmo instante foi feita uma busca em cada um deles.
Abaixo, seguem as imagens encontradas nos livros didáticos:
IMAGEM 1 – Representação de família no livro didático 1° ano - Anos Iniciais.
ROCHA, Robson. Aprender Juntos Geografia 1° ano: ensino fundamental. São Paulo: SM, 2017
A imagem demonstra uma família nuclear: pai/mãe/filhos(as), que pode não condizer
com a realidade atual das famílias das crianças usuárias deste livro. Pensando pelo olhar de
um aluno que usa esse livro em sala de aula, aqueles que não têm essa estrutura de família da
ilustração, possivelmente podem sentir-se constrangidos, por ensinar algo fora do seu
contexto.
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IMAGEM 2 – Representação de família no livro didático2° ano - Anos Iniciais.
TRADEI, Jordana Lima de Moura. Letramento e alfabetização, Geografia e História. São
Paulo: Global, 2018.
Esta imagem também traz a representação semelhante com a da imagem anterior, ou
seja, a família com pai/mãe/filhos(as). Para uma criança é importante aprender e entender os
vários contextos sociais, dentre eles os familiares, que esses são semelhantes e diferentes ao
mesmo tempo, e que todos têm os mesmos direitos e deveres perante a sociedade. Nas duas
ilustrações os livros demonstram as famílias vistas por um modelo único, sendo que as
famílias que temos hoje são diferentes a esse conceito ilustrado. Como por exemplo, as que
têm somente o pai e os filhos, ou a mãe e os filhos, as famílias homoafetivos, ou seja,
atualmente as famílias possuem vários tipos de configurações, e isso não está sendo proposto
nos livros didáticos contemporâneos.
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IMAGEM 3 – Representação de família no livro didático1° ano - Anos Iniciais.
FUNARI, Raquel dos santos. Aprender juntos História. São Paulo: SM, 2017.
Nesta imagem temos duas versões de família, uma do século passado, e outra recente
de 2016, mas também correspondente as representações anteriores, portanto essa questão de
representação familiar modelo pai\mãe e filhos são históricos, pois no século passado já tinha
a mesma forma de representação, e com a passar do tempo esta não mudou, e nem se adequou
ao contexto social vivenciado. A autora Barbara Venturoso em sua tese de mestrado com tema
“Discursos, Identidades e Representações de Família em Livros Didáticos da Educação
Básica, diz que
A grande problemática da construção de identidades em materiais didáticos é a sua difusão repetitiva. Essa repetição de representações é perigosa, pois pode gerar a naturalização de identidades, que são, sem dúvida nenhuma, resultado de uma disputa de poder entre discursos socialmente hegemônicos, e que, portanto, representam as classes dominantes, excluindo todas as outras que não correspondam ao idealizado ( VERTUROSO, 2017, p.36).
Nos livros investigados não foram constatados outros tipos de ilustração familiar,
somente a dita como padrão. Todas demonstram famílias felizes, com a presença do pai, da
mãe e dos filhos, mostrando a família perfeita, o que pode se mostrar distante da realidade de
muitas famílias brasileiras, pois devidos aos problemas sociais existentes que as atingem são
bem diferentes dessas ilustrações, sendo a presença de pai e mãe uma realidade ausente na
22
vida real, mas presente nos livros didáticos analisados.
A mesma autora em outro parágrafo destaca
Essa identidade familiar em seu formato tradicional, sustentada pelos materiais didáticos, possui efeitos tanto coletivos, como a manutenção de ideologias dominantes, quanto individuais, como os que afetam a construção da individualidade de cada estudante, principalmente daqueles que não se enxergarem contemplados no modelo representado. Para muitos indivíduos na sociedade brasileira, é importante ter em mente, que essa é só mais uma forma de exclusão ( VERTUROSO, 2017, p.120).
A partir deste cenário surgem algumas indagações sobre as atividades com as datas
comemorativas dia das mães e dia dos pais, que envolve um membro familiar, ou seja, a mãe
ou o pai. São elas: Qual o modo adequado de inserir estas práticas numa sala onde podemos
ter crianças que “vivem só com a mãe, onde o pai é ausente ou inexistente”. Ou com o pai
tendo a mãe ausente. Outros que moram com os avôs/avós/tios(as), ou com
padrasto/madrasta, e o mais agravante as crianças “órfãs” que não tem pai e nem mãe. Enfim,
há muito que se pensar sobre essas práticas nas escolas com relação a essas duas datas.
1.4. Práticas escolares com datas comemorativas: Dia das Mães e Dia dos Pais
Por informação empírica, observo que as atividades realizadas no ano letivo
relacionadas ao Dia das Mães e Dia dos Pais nas escolas, variam de acordo com escola, há
aquelas que optam por essas atividades, desenvolvendo lembrançinhas, como desenhos
coloridos pelos próprios alunos, objetos confeccionados com EVA juntamente com a
professora, que serão entregues aos pais, outras ensaiam músicas para apresentar aos
homenageados na referida data. Porém, nas apresentações musicais nem todos os pais podem
estar presentes por motivo de trabalho ou por outras circunstâncias adversas que possam
surgir. Imagina uma criança que fica um longo tempo ensaiando uma apresentação e no dia
o\a pai/mãe não pode estar para assisti-la. É desmotivador para o educador, e mais ainda para
a criança. E as tais lembrancinhas, como já foi descrito, serão entregues ao destinatário? Seja
ele o pai ou a mãe? Essas questões envolvem diversas situações que poderão dar errado, por
isso é importante repensar essas práticas educativas com datas comemorativas relacionadas ao
dia do\a pai ou a mãe. Atualmente muito se discute sobre o ensino e aprendizagem, onde o
foco principal é o aluno, ensinar deixou de ser somente os conteúdos, e sim ensinar de
maneira significativa, ou seja, o seu aprender deve fazer sentido ao aluno, preparando para a
realidade ao qual faz parte.
23
Quando vejo as escolas desenvolvendo e realizando atividades que comemoram essas
duas datas, sempre penso nos alunos que não tem uma família padrão, aquela composta pelo
pai, mãe e filhos. Como deve ser triste para ela não ter pra quem entregar a lembrancinha
confeccionada por ela na escola. Essas práticas escolares com datas comemorativas “Dia das
Mães e dia Dos Pais” por abranger diversos contextos, requerem uma reflexão preventiva,
devido as diferentes configurações de família que temos atualmente, podendo a aluno ter ou
não ter a figura do pai ou mãe presente, e sim uma pessoa que cuida dela, fazendo assim o
papel que seria dos pais.
Quando estas datas, dia das Mães e dos Pais, são festejadas de forma tradicional, essas mudanças familiares são postas de lado e os alunos acabam sendo negligenciados no contexto escolar. Pois, estas famílias que compõe a comunidade escolar, nem sempre contam com esses “Pais” ou “Mães” propriamente ditos, mas sim figuras cuidadoras (OSTETTO, VIEIRA, 2018, p.08).
É importante que quando desenvolvida seja contextualizada e explicada às crianças os
diferentes tipos de família, aquele alunos que não têm um ou o outro, e tem uma pessoa que
cuida dela tem grande valor, para o mesmo não se sinta inferior aos demais colegas. Nas
atividades desenvolvidas em sala que englobam a todas as crianças devemos ter o cuidado
para não afetar de modo negativo alguns alunos. Por isso, quando iniciamos o ano escolar em
uma turma, devemos fazer um levantamento da realidade de dos alunos, para assim atuar e
aplicar conteúdos adequadamente, pois conhecendo a identidade do aluno, teremos meios para
atingir os nossos objetivos, sem constranger ou prejudicar ninguém, ensinando assim de
forma significativa.
O aluno necessita aprender os conteúdos, mas também compreender sua realidade e
vivência em sociedade, para superar e entender as mudanças cotidianas que possa surgir, seja
familiar, escolar, enfim em todo o seu âmbito social. As autoras Pereira e Santos (2018, p.
214) fazem alguns questionamentos sobre as datas comemorativas.
Há que se pensar, portanto, como o calendário de datas comemorativas constante do planejamento escolar dialoga com o calendário da vida social e cultural mais ampla. Em que medida esse calendário de datas comemorativas inscreve as crianças no círculo da cultura da humanidade e de seus pares, em que medida se esteriliza quando transformado em “conteúdo escolar”?
A escola funciona como meio de ligação entre aluno e sociedade, inserindo os mesmos
aos acontecimentos que nela acorre, com, por exemplo, as datas comemorativas tão evidentes
24
atualmente. Ao conectar o aluno ao seu contexto atual através de métodos significativos, o
aluno aprende de forma contextualizada, fazendo com que ele entenda o convívio social e a
sua realidade, assim a escola contribui para o processo de construção do cidadão.
Como já mencionado o contexto familiar atual está modificado, os alunos tem
diferentes tipos de família em casa, em consequência é importante repensar essas atividades
com data do dia das mães e dia dos pais. Às vezes faltam meios à escolas e aos professores
que auxiliam essas crianças a compreender os transtornos sociais que as afetam, como por
exemplo, um psicólogo seria de suma importância para os alunos que passam pelas mudanças
em família, como um separação dos pais em sua família. Muitos alunos não têm auxilio e
acompanhamento em casa, algumas ensinamentos que seria de obrigação dos pais, muitas das
vezes acaba sobrando pra escola, sobrecarregando assim os professores. Mas a escola como
formadora social, além do seu papel de ensinar conteúdos também deve instruir-los para a
vivência em sociedade, através dos direito e deveres fundamentais para viver em sociedade,
como respeito e outros.
O aluno precisa aprender a conviver, e viver em sociedade, tornando-se sujeito
consciente do seu papel social, e se adaptar ao contexto social que o envolve. Nas práticas
educacionais com datas comemorativas “dia das mães e dia dos pais” é de suma importância
ter um olhar para com os alunos que não estão dentro dos padrões familiares que essas datas
envolvem.
[...] é preciso ter em vista que a escola é um lugar de acolhida e reconhecimento do indivíduo, o que nos leva a questionar como os alunos que possuem outros modelos familiares seriam contemplados com datas que se restringem à homenagem apenas aos pais e mães, e não suas figuras cuidadoras (VIEIRA, OSTETTO, 2018, p.9).
Dado que a escola é um reflexo da sociedade, e a sociedade se encontra em processo
de mudanças gradativamente, cabe a escola, gestores e professores, mudar e adaptar-se
também conforme seus alunos sejam provenientes dessas mudanças. Pesquisando artigos
acadêmicos sobre as Práticas escolares com datas comemorativas “Dias das mães e dia dos
pais”os encontrados dividem opiniões, uns dizem que a escola deve trabalhar sim, mas de
forma significativa, outros não trabalham especificamente pai/mãe e sim “Dia da Família”,
pois trabalhando a família, não exclui aqueles alunos que não tem pai ou mãe, e sim
valorizam as pessoas a qual moram com elas, as que cuidam delas, seja ela qual for outras já
optam por não trabalha as atividades do dia das mães e dia dos pais. Há quem diz que essas
datas são práticas tradicionais, ligadas ao consumismo.
25
É inegável o fato de que, hoje em dia na sociedade, algumas datas comemorativas são impulsionadas por questões comerciais. Muitas vezes, tal ideia é incorporada na escola sem maiores questionamentos. Por isso, se faz necessário partir do pressuposto de que é preciso refletir sobre a forma como são trabalhadas as datas comemorativas dentro da instituição escolar, deixando de ser apenas uma transmissão de conteúdos, apresentação de trabalhos para os pais, ou como uma forma de instigar o consumo (TONHOLO, 2013, p.186).
A escola tem um papel importante na construção do conhecimento dos alunos. Desde a
construção do currículo escolar, até as atividades desenvolvidas em sala de aula. Por isso é
importante questionarmos antes de planejar e aplicar os conteúdos a serem desenvolvidos.
Como diz Freire (1996, p. 42)“Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática”. Segundo o
mesmo autor
O pensar certo sabe, por exemplo, que não é a partir dele como um dado dado, que se conforma a prática docente crítica, mas sabe também que sem ele não se funda aquela. A prática docente crítica, implicante do pensar certo, envolve o movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer (1996, p.43).
Refletindo sobre sua prática o educador cria novas possibilidades de intervenção, a
reflexão o torna consciente de seus métodos, e se suas atividades em sala de aula estão tendo
aprendizagem significativa. A escola necessita adaptar-se à sociedade, ligando os alunos ao
contexto atual, preparando-os para as transformações que constantemente a sociedade passa,
alunos preparados por escola consciente, que se empenha em dar uma boa educação,
contribuem diretamente para o desenvolvimento social.
Percebi-se que o tema família nos livros didáticos não são representado de forma
adequadas aos alunos atuais, mas cabe aos professores em sala de aula refletir e aderir
propostas adaptadas aos seus alunos em suas diferentes realidades de famílias.
Então, quando a atividade escolar envolve temas que afetam a vida privada das
crianças temos sempre que ter um olhar crítico reflexivo, como professor é essencial pensa na
criança antes de planejar e aplicar as atividades que irão ser desenvolvidas em sala de aula,
porque ali se tem diversos tipos de alunos com identidades.
26
2. BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR, PROJETO POLÍTICO
PEDAGÓGICO ESCOLAR E DATAS COMEMORATIVAS: DIA DAS MAES E DIA
DOS PAIS
As escolhas e decisões metodológicas quanto à maneira como o professor vai conduzir
a prática pedagógica em sala de aula são norteadas por marcos legal do Congresso Nacional, e
Ministério da Educação (MEC). Alguns documentos são guias fundamentais para o ensino e
aprendizagem nos ambientes escolares. São eles: LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, BNCC – Base Nacional Comum Curricular e PPP – Projeto Político
Pedagógico.
2.1. Conhecendo um pouco sobre a BNCC – Base Nacional Comum Curricular da
Educação e o PPP – Projeto Político Pedagógico
A construção da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) da Educação Básica teve
três versões, iniciando em 2014, mas somente em 2015 com 12 milhões de contribuições de
diversos setores educacionais chegou a sua 1° versão oficial. Em Maio de 2016 por iniciativa
do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação) e Undime (União Nacional dos
Dirigentes Municipais de Educação),reuniram-se cerca de9 mil professores, gestores e
especialistas que aprovaram a 2° versão, e em abril de 2017 o MEC entregou sua 3° versão
ao CNE (Conselho Nacional de Educação) sendo esta a versão final e atual. Todo esse
processo causou grande discutição e repercussão no contexto educacional, para se chegar até a
versão aprovada e homologada em 2017.
Como o próprio nome já diz “base”, a BNCC funciona como um embasamento, ou
seja, um meio norteador normativo que as escolas brasileiras devem seguir, na construção dos
Currículos escolares. Contendo regras a serem seguidas em todas as redes escolares, seja
ensino público ou privado, englobando assim a Educação Básica Brasileira (Educação
Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio). Ou seja, esclarecendo melhor
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento. (BRASIL, 2017e, p. 5).
27
Na educação Básica de acordo com a BNCC as “aprendizagens essenciais devem
concorrer para assegurar aos estudantes o desenvolvimento de dez competências gerais”(p.8).
Sendo essas fundamentais para a aprendizagem e o desenvolvimento dos alunos. São elas:
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artísticas, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários
Ao adquirir tais conhecimentos na educação básica, o aluno desenvolvera meios e
habilidades para conviver melhor em sociedade, exercendo seu papel de cidadão consciente,
como também o preparando para o mercado de trabalho. Tendo como referencia a BNCC, o
28
nível de desenvolvimento da aprendizagem dos alunos espera-se uma equidade educacional
no país. Esta garante aos estudantes uma educação básica de qualidade para os cidadãos,
sendo este o principal objetivo. O documento diz que as instituições escolares seguindo a
BNCC têm condições de ofertar aprendizagem nas diferentes redes de ensino, ou seja,
isonômica no nível de desenvolvimento da aprendizagem dos alunos. Na etapa de Ensino
Fundamental - Anos Iniciais de acordo com a BNCC, a escola deve atentar-se a sua prática
escolar, visto que
As características dessa faixa etária demandam um trabalho ambiente escolar que se organize em torno dos interesses manifestos pelas crianças, de suas vivências mais imediatas para que, com base nessas vivências, elas possam, progressivamente, ampliar essa compreensão, o que se dá pela mobilização de operações cognitivas cada vez mais complexas e pela sensibilidade para apreender o mundo, expressar-se sobre ele e nele atuar. (BRASIL, 2017e,p.58).
Conforme a BNCC (p.57), nessa fase o aluno passa por diversas transformações
“relacionadas a aspectos físicos, cognitivos, afetivos, sociais, emocionais” podendo também
este vivenciar outros fatores que advir em seu meio social. Dentre essas estão as relacionadas
a questões sociais ligadas a família, fatos esses que interferem no desenvolvimento da criança.
Como separação dos pais, mudança de grupo familiar e outros, visto que tudo isso atinge
diretamente a aprendizagem do aluno. Nos anos Iniciais a Base diz que as escolas devem:
Ampliam-se a autonomia intelectual, a compreensão de normas e os interesses pela vida social, o que lhes possibilita lidar com sistemas mais amplos, que dizem respeito às relações dos sujeitos entre si, com a natureza, com a história, com a cultura, com as tecnologias e com o ambiente. (BRASIL, 2017e, p. 59).
A relação social que a escola proporciona, ajuda o aluno a se desenvolver e aprender
sobre diversos contextos culturais, históricos, sociais, como também o respeito às diferenças,
melhorando assim a relação interpessoal. Portanto, adquirindo conhecimentos entre as
diversas culturas, e convivendo com as diferentes identidades, os alunos aprenderão a
conviver entre as diversidades, ou seja, contribui para o seu desenvolvimento social.
A organização pedagógica de como a escola irá desenvolver suas atividades no Ensino
Fundamental, para que seus alunos alcancem o melhor domínio destas competências gerais da
BNCC, é apresentada num documento que se chama PPP – Projeto Político Pedagógico, a ser
elaborado por cada escola.
A LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n°. 9394\96, em seu Art. 14
29
diz que
Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes (BRASIL, 1996b, p.11).
Assim sendo, a escola tem autonomia e, ao mesmo tempo responsabilidade para a
definição de suas normas de acordo com as necessidades da mesma, contando com a
colaboração de todos os envolvidos, visto que isso é garantido pela lei. A construção do PPP
ou a sua reconstrução anualmente na escola, no que diz respeito ao currículo escolar agora
precisa ser atualizada e adequada de acordo com o que estabelece a BNCC.
A Autora Ilma Passos Alencastro Veiga (2013, p.271), diz que o Projeto Político
Pedagógico é um “documento programático que reúne as principais ideias, fundamentos,
orientações curriculares e organizacionais de uma instituição educativa.”A mesma autora fala
também em outro artigo sobre os apontamento e objetivos que deve conter na construção do
Projeto Político Pedagógico:
A construção do projeto político-pedagógico exige reflexão sobre as finalidades da escola, assim como explicitação de seu papel social, definição dos caminhos a serem percorridos e das ações a serem desencadeadas por todos os envolvidos no processo educativo. É, portanto, produto da reflexão sobre a realidade interna da instituição referenciada a um contexto social mais amplo(VEIGA, 2010, p.1).
Para a elaboração do Projeto Político Pedagógico é essencial conhecer o seu público,
ou seja, os alunos e suas realidades, planejando e adequando as ações que irão fazer parte do
ensino e da aprendizagem. Veiga destaca também sobre as exigências atuais escolar na
construção do PPP.
Para nortear a organização do trabalho da escola, a primeira ação fundamental é a construção do projeto político-pedagógico. Concebido na perspectiva da sociedade, da educação e da escola, ele aponta um rumo, uma direção, um sentido específico para um compromisso estabelecido coletivamente. Ao ser claramente delineado, discutido e assumido coletivamente, o projeto constitui-se como processo e, ao fazê-lo, reforça o trabalho integrado e organizado da equipe escolar, assumindo sua função de coordenar a ação educativa da escola para que ela atinja o seu objetivo político-pedagógico( VEIGA, 2010, p.1).
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Ao ser construído a partir da perspectiva da comunidade e dos sujeitos envolvidos,
garante que os objetivos aos quais foram delineados em sua elaboração vejam alcançados,
resultando assim em ensino significativo. Veiga (2010), também afirma que “No âmbito da
gestão democrática, o Projeto Político Pedagógico é um importante instrumento de
sustentação da identidade escolar.” Ou seja, é um documento com os dados importantes da
instituição, contendo também as ações pedagógicas que serão realizadas no decorrer do ano
letivo, visto que este não é fixo, pois os sujeitos e as circunstâncias mudam diariamente, e as
adequações são necessárias de acordo com processo de evolução, como também ser
reconstruir quando necessário for.
Visto que, a escola deve evoluir e se reconstruir conforme o desenvolvimento dos
alunos, e o PPP é um meio de acompanhamento. Outro ponto importante para a melhoria do
ensino é a participação da comunidade, podendo esta acompanharas ações escolares. Uma
gestão democrática reflexivas contribui significativamente para a evolução do ensino, visto
que essa junção colaborativa resulta em ensino e aprendizagem de qualidade.
Por fim, as instruções sobre como a escola desenvolve e trabalha os conteúdos ao
longo do ano letivo, nos anos inicias são encontradas no PPP, que traz explícito ou implícito
dentro dele as competências gerais norteadoras do conteúdo a ser trabalhado.
2.2. Análises documentais: o que consta sobre as Datas comemorativas: dia das mães e
dia dos pais na BNCC do Ensino Fundamental – Anos Iniciais e no PPP - Projeto
Político Pedagógico da escola colaboradora
Para demonstrar a inserção, ou inexistência das práticas pedagógicas com datas
comemorativas Dia das Mães e Dia dos Pais, foi realizada coleta de dados na BNCC do
Ensino Fundamental – Anos Iniciais e no PPP - Projeto Político Pedagógico da escola
colaboradora, com o objetivo de saber o que neles consta sobre essas duas datas
comemorativas, ou outras atividades que envolva o tema.
Pesquisando na BNNC do Ensino Fundamental - Anos Iniciais (1° ao 5° anos),
disponíveis no portal do MEC, constatou-se que em todas as disciplinas não consta nada
especifico sobre Datas Comemorativas do dia das mães e dia dos pais. Aparece apenas, por
exemplo, referências genéricas às “comemorações e festas escolares, diferenciando-as das
datas festivas comemoradas no âmbito familiar ou da comunidade.” (p.407). E outros detalhes
como descrito a seguir.
Nos conteúdos de Ensino Religioso do 2° ano (BNCC, p.444) consta o termo Família,
31
no qual pode ser inserido conteúdo sobre essas datas, pois remete a Família.
Unidade Temática- Identidades e alteridades. Objetos de conhecimento - O eu, a família e o ambiente de convivência. Habilidades - Reconhecer os diferentes espaços de convivência; Identificar costumes, crenças e formas diversas de viver em variados ambientes de convivência (BNCC, 2017e, p.444).
Nessa disciplina diz que a escola em seu papel deve “buscar construir, por meio do
estudo dos conhecimentos religiosos e das filosofias de vida, atitudes de reconhecimento e
respeito às alteridades” (437). Ou seja, respeitar e valorizar o outro, com suas diferenças de
gerações, crenças, religião e culturas. Aprender e compreender o novo que o envolve é a
função da escola nessa fase, os conteúdos devem ser conectados com a realidade e as questões
sociais, para que a aprendizagem tenha sentido ao aluno. A construção da identidade depende
do envolvimento entre o sujeito e sociedade, o outro faz parte do processo de evolução do eu.
As crianças necessitam conhecer sua origem, sua família, para assim compreenderem-se com
sujeito social. Nesse ciclo os alunos estão “vivendo mudanças importantes em seu processo de
desenvolvimento que repercutem em suas relações consigo mesmas, com os outros e com o
mundo. ”(BNCC, p.58). E essa relação contribui para a construção de identidade do aluno, e
seu desenvolvimento social.
Viver em sociedade não é fácil, pois nela existem vários tipos de sujeitos, e que cada um é
diferente um do outro, e que tem crenças, culturas e etnias variadas, por isso, exige-se respeito
às diferenças, a história que nos faz entender esse processo de constituição do sujeito. Nos
conteúdos de História do 1° ano (BNCC, p.406) o tema Família está proposto em duas
Unidades temáticas, sendo a 1ª mundo pessoal meu lugar no mundo e 2ª eu, meu grupo social
e meu tempo. Transcrevendo o texto da BNCC temos:
Unidade temática 1: Mundo pessoal: meu lugar no mundo. Objetos de conhecimento: As fases da vida e a ideia de temporalidade (passado, presente, futuro). As diferentes formas de organização da família e da comunidade: os vínculos pessoais e as relações de amizade. A escola e a diversidade do grupo social Envolvido. Habilidades:Identificar aspectos do seu crescimento por meio do registro das lembranças particulares ou de lembranças dos membros de sua família e/ou de sua comunidade. Identificar a relação entre as suas histórias e as histórias de sua família e de sua comunidade. Descrever e distinguir os seus papéis e responsabilidades l relacionados à família, à escola e à comunidade. Identificar as diferenças entre os variados ambientes em que vive (doméstico, escolar e da comunidade), reconhecendo as especificidades dos hábitos e das regras que os regem. Unidade temática 2: Mundo pessoal: eu, meu grupo social e meu
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tempo. Objetos de conhecimento: A vida em casa, a vida na escola e formas de representação social e espacial: os jogos e brincadeiras como forma de interação social e espacial. A vida em família: diferentes configurações e vínculos. A escola, sua representação espacial, sua história e seu papel na comunidade. A vida em família: diferentes configurações e vínculos. A escola, sua representação espacial, sua história e seu papel na comunidade. Habilidades: Identificar semelhanças e diferenças entre jogos e brincadeiras atuais e de outras épocas e lugares. Conhecer as histórias da família e da escola e identificar o papel desempenhado por diferentes sujeitos em diferentes espaços. Identificar mudanças e permanências nas formas de organização familiar. Reconhecer o significado das comemorações e festas escolares, diferenciando-as das datas festivas comemoradas no âmbito familiar ou da comunidade (BRASIL, 2017e, p. 406).
A disciplina de história Anos iniciais de acordo com a BNCC “considera a construção
do sujeito” (p.403), ou seja, a crianças ao reconhecer-se com parte integrante de uma
sociedade o torna consciente do seu papel na social. Além disso, consta que na disciplina de
História do 1º ao 5º ano “o objetivo primordial é o reconhecimento do “Eu”, do “Outro” e do
“Nós” (p.404). Nessa fase o aluno aprende que fazemos parte de um ciclo social, e que a
junção de todos, o eu o outro e nós compõe a sociedade, e que os sujeitos vivem em grupos,
mas com diferentes de identidades, e que as transformações sociais faz parte desse processo
social. Como por exemplo as famílias as quais fazemos parte estão em constantes mudanças.
A BNCC afirma ainda que os conteúdos de história do ensino fundamental anos
iniciais:
[...] torna-se mais complexo à medida que o sujeito reconhece que existe um “Outro” e que cada um apreende o mundo de forma particular. A percepção da distância entre objeto e pensamento é um passo necessário para a autonomia do sujeito, tomado como produtor de diferentes linguagens. É ela que funda a relação do sujeito com a sociedade. Nesse sentido, a História depende das linguagens com as quais os seres humanos se comunicam, entram em conflito e negociam(BRASIL, 2017e, p.403).
Em analise do Projeto Político Pedagógico(PPP) da escola colaboradora, sendo este
um dos elementos fundamentais para o acompanhamento do desenvolvimento do ensino e
aprendizagem nas escolas. Em sua construção democrática, ou seja, com a participação de
todos envolvidos, a escola trabalha em função de desenvolver práticas educativas
significativas, onde a realidade dos alunos é referencias em sua elaboração.
A pesquisa foi realizada em uma escola Municipal de ensino Fundamental localizada
na zona Rural do Município de Ji-Paraná (RO), a qual oferece modalidades de ensino
Fundamental (1º ao 9º ano). De acordo com o PPP da escola sua missão é ”formar cidadãos
críticos e conscientes”, outro ponto adotado pela escola é a gestão com caráter “participativo e
democrático”, contando sempre com apoio e participação da comunidade. Em se tratando de
33
datas comemorativas a qual é o foco desta pesquisa, no PPP da escola pesquisada não consta
nada sobre essa prática escolar. Visto que foi verificado através de questionário aplicado aos
professores (1° ao 5°) onde foram constatados que todos trabalham essas duas datas
comemorativas, conforme será apresentado no capítulo seguinte deste trabalho, mas mesmo
não estando inserido no Projeto Político Pedagógico é trabalhando essas práticas em sala de
aula sim.
Constata-se que essas duas datas não constam especificamente no documento do
Ministério da Educação (MEC) como a BNCC, sendo este a base para as instituições
escolares, visto que não há a obrigatoriedade de incluir no currículo essas práticas escolares
com datas comemorativas dia das mães e dia dos pais. Tanto na BNCC quanto no PPP não
tem conteúdos específicos sobre essa duas datas festivas. Enfim, nos dois documentos BNCC
e PPP não constam exigências que essas duas datas comemorativas sejam inseridas nas
escolas, o que mostra que essa atividade é uma tradição criada, ou seja, prática de reprodução
posta em sala aula.
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3. PERSPECTIVAS DE PROFESSORES SOBRE A ABORDAGEM DAS DATAS
COMEMORATIVAS - DIAS DAS MAES E DIA DOS PAIS- EM SALA DE AULA:
DADOS DE UMA ESCOLA
3.1 Conhecendo a escola colaboradora: dados do seu PPP - Projeto Político Pedagógico
A escola colaboradora deste estudo, localizada na zona rural do Município de Ji-
Paraná – RO atende aproximadamente 150 alunos do Ensino Fundamental, do 1° ao 9° ano. É
mantida pelo município e administrada pela Secretaria Municipal de Educação. De acordo
com o PPP - Projeto Político Pedagógico (s.d, p.5), a escola tem como missão “formar
cidadãos críticos conscientes, oferecendo serviços educacionais com qualidades, capacitando-
os para o exercício da cidadania.” O PPP (idem), diz também que a instituição escolar tem
como função social “crescimento do acesso ao conhecimento, objetivando contribuir para o
desenvolvimento da aprendizagem, formando sujeitos participativos na sociedade ao qual está
inserido.” (PPP, s.d, p.4).
Os objetivos e princípios da escola previstos em seu PPP (s.d., p.4) são:
[...] objetiva sua ação educativa, fundamentada nos princípios da universalização de igualdade de acesso, permanência e sucesso, da obrigatoriedade da Educação Básica e da gratuidade escolar. Propomos uma Escola de qualidade, democrática, participativa e comunitária, como espaço cultural de socialização e desenvolvimento do/a educando/a visando também prepará-lo/a para o exercício da cidadania através da prática e cumprimento de direitos e deveres em conformidade com as Leis vigentes.
A instituição escolar desenvolve vários projetos, alguns criados pela escola e outros
designados pela Secretaria Municipal de Educação. Estão listados no PPP(s.d., p.37) seis
projetos, dentre os quais destaca-se o “Projeto ‘Família na Escola’, através deste projeto
busca-se uma maior aproximação entre escola-família para que essa parceria transforme a
educação.” Além desses projetos, de acordo com o PPP (s.d.), os professores podem propor
outros no decorrer do ano letivo, e executá-los após aprovados pela coordenação pedagógica e
direção da escola.
O PPP(s.d.) explica ainda que o currículo é desenvolvido ao longo a partir do Plano de
Estudo da escola, que garante a articulação entre a práxis pedagógica com a realidade, como
também a organização dos conteúdos. Seu planejamento é a partir de temas geradores,
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predefinidos juntamente com a comunidade escolar, nos quais são classificados de acordo
com os anos e os ciclos. Os temas geradores têm como objetivo fazer uma reflexão sobre as
vivencias dos alunos, das famílias e da comunidade, que o aluno faz parte. Entretanto, o Plano
de Estudo destaque mais os temas da realidade do aluno, é elaborado periodicamente pelos
educadores e estudantes, contextualizando a realidade, como o eixo central do ensino e
aprendizagem..
O PPP (s.d., p.24) ressalta ainda “a importância de organizar a pesquisa do Plano de
Estudo, seguindo os seguintes princípios filosóficos e pedagógicos: Conhecer, Analisar e
Transformar, presentes na Resolução 076/2017 do conselho municipal de educação.”
Por fim, fazendo a leitura do PPP da escola na íntegra, em busca de saber se teria
orientações sobre a inclusão das datas comemorativas no currículo escolar, ao longo do ano
letivo, não foi encontrada nenhuma menção ao tema em suas quarenta e cinco páginas. O que
leva a inferir que o tema é abordado a partir da sua ligação com algum dos temas geradores
que são definidos em cada bimestre.
3.2 Perspectivas de professores sobre as pratica pedagógicas com datas comemorativas
dia das mães e dia dos pais, por meio de aplicação de questionários
O objetivo da presente pesquisa foi entender como as práticas escolares com as datas
comemorativas “Dia das Mães e Dias dos Pais estão organizadas no currículo escolar no
Ensino fundamental – Anos Iniciais(1 ao5 ano), e verificar através de aplicação de
questionário com professores, como as datas são inseridas e trabalhadas em sala de aula,
considerando os diferentes modelos de família atuais.
De inicio, foi solicitada, na data de 10 de setembro de 2019, a autorização ao diretor
(ver modelo Apêndice) da referida instituição, explicando-lhe tema e o foco da pesquisa, o
qual concordou com a realização da mesma, e foi também acordado que não se faria a
identificação da escola, e nem dos professores colaboradores. Após sua autorização e
assinatura do termo de consentimento, foi realizado contato com os professores do 1° ao 5°
ano, aos quais foi informado sobre a pesquisa e o questionário. Todos aceitaram participar
assinando o termo de consentimento(ver modelo em Apêndice). Em seguida entreguei o
questionário aos mesmos, que responderam e devolveram na semana seguinte.
O questionário aplicado (modelo em Apêndice), aos professores teve nove questões
abordando o tema: Datas Comemorativas Dia das mães e dia dos pais. Cientifico que a escola
e nem os professores serão identificados, visto que ficou definido que esses dados seriam
36
mantidos em sigilo. Assim, usarei letras para identificar os professores:Professor A(1° ano),
Professor B(2° ano), Professor C(3° e 4° ano), e Professor D(5°ano). Observação, a
Professora C leciona para as duas turmas, devido a pouca quantidade de alunos existentes
formou-se uma turma só.
As questões e respostas que fizeram parte da pesquisa foram: 1. Que turma atua neste
ano de 2019? Professor A: 1° ano; Professor B: 2° ano; Professor C: 3° e 4° ano, e Professor
D: 5° ano. 2. Quantos anos de docência você tem no Ensino Fundamental – Anos Iniciais?
Professor A: 32 anos; Professor B: 24 anos; Professor C: 10 anos e Professor D: 04 anos. 3.
Tem formação profissional em graduação superior? Respostas: Todos responderam SIM. 4.
Em qual curso? (favor especifique se é licenciatura ou não): Todos responderam Pedagogia
Licenciatura. 5. Qual é a sua percepção sobre as práticas educacionais com data
comemorativas nas escolas? Acha importante trabalhá-las no currículo escolar do Ensino
Fundamental I - Anos Iniciais? Por quê? Professor A: importante, porque adquiri
conhecimentos. Professor B: além de contribuir na alfabetização dos educandos, permite que
não quebre essa corrente histórica tradicional para informações necessárias. Professor C: sim,
é um momento de homenagear e resgatar as datas comemorativas. Professor D: sim, acredito
que um currículo e conteúdos que busquem trabalhar a realidade do aluno é realmente
proveitoso e as datas comemorativas fazem parte da cultura. Se não valorizarmos a cultura o
que será do nosso país. 6. Como professor (a) você trabalha as Datas comemorativas “Dia
das Mães e dia dos Pais” em sala de aula? De que forma? Professor A: sim, forma com
desenhos, pinturas e frases. Professor B: sim, com textos, dinâmicas, apresentações com todo
respeito à individualidade e vivencia de cada um (a). Professor C: sim, através de roda de
conversas sobre a família do século XXI, e as mudanças que ocorreram. Professor D: sim, em
religião aproveito para trabalhar valores morais, em português produção textual e em artes
produção de lembrancinhas. 7. Como você insere essas duas datas em sua turma para os
alunos que não tem pai ou mãe, ou não convive com os mesmos, como esses alunos são
abordados nessas atividades? Professor A: normal, desde que não causem diferenças entre os
mesmos. Professor B: trabalhos normais com todo respeito de modo de vida de cada um
independente com quem vive. Professor C: através de roda de conversas, leituras de livros
literários que retratam a família de hoje e filmes. Professor D: no meu ver e entender, pais não
são apenas os biológicos, mas sim aqueles que cuidam, dão amor e carinho, ensinam valores e
respeito. Assim abordo de maneira natural e procuro mostrar que todos somos uma família
que devemos ser feliz e gratos sempre. 8. Osteto (2019, p.9) diz que “[...] é preciso ter em
vista que a escola é um lugar de acolhida e reconhecimento do indivíduo, o que nos leva a
37
questionar como os alunos que possuem outros modelos familiares seriam contemplados
com datas que se restringem à homenagem apenas aos pais e mães, e não suas figuras
cuidadoras.”Pensando nisso faz-se necessário repensarmos as práticas educacionais com
datas comemorativas, visto que essas causam grande impacto (emocional, afetivo)nos
educandos. Qual sua opinião sobre isso? Professor A: não podemos deixar as datas
comemorativas afetarem o emocional das crianças. Professor B: concordo plenamente com o
ponto de visa de OSTETO(2019). Respeito pleno e com trabalhos diferenciados se for o caso
desde que não interfira no psicológico do educando. Professor C: devemos respeitar a cultura
de cada família, acolher e propor atividade que possa ser contemplados a todos os alunos.
Professor D: não concordo, como disse posteriormente procuro mostrar aos alunos que pais
não são os biológicos e que eles devem amar sua família como ela é. Como educadores
precisamos atentar-se para não sermos inconvenientes, mesmo que o ponto de vista pessoal
não concorde. Devemos aceitar o aluno e cuidar para que ele se sinta confortável no ambiente
escolar. 9. Considerando o contexto familiar atual quanto à presença da mãe e do pai no
convívio familiar apresenta-se em diferentes modelos familiares: em casais de segunda
união como madrasta/padrasto, mães ou pais solteiros, muitas vezes a criança não tem
contato com o outro (pai ou mãe - biológicos) ou tem relação conflituosa, crianças que são
criadas como filhos pelos avós, mães ou pais adotivos solteiros ou casados e a relação com
os pais biológicos é desconhecida ou negada, mas desejada, crianças criadas em abrigos
por motivos judiciais e tantas outras situações. Observa-se que nestes exemplos muitas
vezes a criança não convive ou nem conhece sua mãe ou seu pai biológico. De acordo com
sua opinião, como pensar e inserir estas datas comemorativas no currículo? Qual a forma
mais adequada de planejar, organizar e desenvolver atividades envolvendo as datas
comemorativas “Dias das Mães e dia dos Pais”, especificamente, de modo significativo
para todos os alunos? Professor A: eu planejo normal, oriento sobre cada situação de modo
que nã4o atinge o emocional em nenhum dos casos. Professor B: não respondeu. Professor C:
propor roda de conversas sobre a data comemorativa que será trabalhada, fazer
questionamentos com os alunos sobre o tema. Propor a equipe pedagógica a inserir essas
datas comemorativas, através de projetos ao currículo. Professor D: disse que já havia
respondido essa questão na questão anterior, achou repetido o assunto.
3.3 Comentando as respostas dos professores
No total foram quatro professores, todos eles com graduação, Licenciatura em
38
Pedagogia, com experiência entre 04 a 32 anos em sala de aula. Conforme demonstrado
através das respostas dos professores, todos trabalham as atividades do dia das mães e dia dos
pais, mesmo que estas não estejam especificadas na BNCC e nem no Projeto Político
Pedagógico.
Inicio as reflexões a partir da questão seis, pois é a partir dela que é tratado o tema
foco desse estudo. Com o pergunta Como professor (a) você trabalha as Datas
comemorativas “Dia das Mães e dia dos Pais” em sala de aula? De que forma?
Todos responderam sim, três trabalham de modo tradicional/convencional, com pinturas,
lembrançinhas e músicas. Somente a professora C diz que trabalha de forma diferente, ou
seja, de maneira contextualizada “através de roda de conversas sobre a família do século XXI,
e as mudanças que ocorreram.”Esse seria o modo viável de trabalhar essa atividade. A autora
Thamiris Bettiol Tonholo (2014) fala sobre essas práticas em relação a datas comemorativas,
afirmando que
Muitas vezes, tal ideia é incorporada na escola sem maiores questionamentos. Por isso, se faz necessário refletir sobre a forma como são trabalhadas as datas comemorativas dentro da instituição escolar, deixando de ser apenas uma transmissão de conteúdos, apresentação de trabalhos para os pais, ou como uma forma de instigar o consumo( TONHOLO, 2014, p 47).
Como se pode ver nas respostas dos professores as atividades são constantemente
inseridas em sala de aula, provavelmente sem reflexão sobre a realidade de cada aluno e suas
diferentes famílias.
A questão sete teve com questionamento o seguinte Como você insere essas duas
datas em sua turma para os alunos que não tem pai ou mãe, ou não convive com os mesmos,
como esses alunos são abordados nessas atividades? Três responderam que trabalham do
modo habitual. Como na questão anterior a professora C destacou a importância de trabalhar
de maneira adaptada, respondeu que insere essas atividades através de estratégias que lhe
permitem fazer cada criança entender o significado das datas conforme sua leitura de mundo
por meio de roda de conversas, filmes, leituras de livros literários que retratam a família de
hoje.
Já na questão oito quis saber a opinião deles sobre As práticas educacionais com datas
comemorativas causam grande impacto (emocional, afetivo) nos educandos. Qual sua
opinião sobre isso? Dois professores disseram que tais datas não afetam emocionalmente as
crianças. No entanto, todos sabem que falar de e sobre nossa mãe e nosso pai, é um assunto
39
que repercute no mais íntimo de cada pessoa, envolvendo sentimentos e emoções. Isto
também acontece quando as crianças realizam atividades escolares sobre este assunto, os
aspectos afetivos e emocionais de cada criança são aflorados.
Outra professora disse que “devemos aceitar o aluno e cuidar para que ele se sinta
confortável no ambiente escolar.” Mas, pode ser que algum aluno se sinta desconfortável em
fazer essas atividades se ele não tem o pai ou a mãe presente, ou não vive numa família
tradicional pai/mãe/filho(a). Pereira e Santos (2018, p. 213), falam que “a relação da escola
com essas datas pode revelar até mesmo a cristalização de conceitos idealizados como, por
exemplo, de modelos de famílias, por vezes dissonantes da diversidade presente na nossa
sociedade”. Visto que a realidade que vivemos atualmente é com famílias de segunda ou
terceira união, mães ou pais solteiros, crianças adotivas, crianças criadas pelos avôs, casais
homoafetivos.
A professora C diz na sua resposta que “devemos respeitar a cultura de cada família,
acolher e propor atividade que possa ser contemplados a todos os alunos.” Esta resposta
mostra que a professora faz a opção de trabalhar este conteúdo sem reforçar os conceitos
cristalizados sobre família os quais Pereira e Santos (op. cit.) mencionam. Modo este mais
adequado do professor trabalhar essa atividade em sala de aula.
A última questão diz Considerando o contexto familiar atual quanto a presença da
mãe e do pai no convívio familiar apresenta-se em diferentes modelos familiares, onde muitas
vezes a criança não convive ou nem conhece sua mãe ou seu pai biológico. Qual sua opinião,
como inserir estas datas comemorativas no currículo, a forma mais adequada de desenvolver
atividades envolvendo as datas comemorativas “Dias das Mães e dia dos Pais”de modo
significativo para todos os alunos. Dois professores não responderam essa questão, porque
entenderam que já haviam respondido na questão anterior. Outra disse que planeja como o de
costume. E a professora C com sua prática significativa, deu a seguinte resposta “ proponho
roda de conversas sobre a data comemorativa que será trabalhada, faço questionamentos com
os alunos sobre o tema.”
Percebe-se nas respostas que uma professora insere as datas comemorativas dias das
mães e dia dos pais de forma mais consciente no currículo, considerando a realidade de cada
um dos seus alunos, e três trabalham de uma maneira mais tradicional, com evidências em
algumas respostas que procuram considerar a realidade dos seus alunos, no entanto
demonstram menos clareza sobre como fazer, que atividades escolher e preparar para abordar
o tema.
Compreende-se que para ajudar os docentes a se preparar com mais segurança para
40
abordar o tema “Dia das Mães e Dia dos Pais”, é necessário discutir-se essas práticas
escolares habituais que persistem nas salas de aula, e assim encontrar alternativas de
abordagem e estratégias didáticas condizentes com a necessidade das crianças. Pois,
[...] os educadores, juntamente com toda a equipe escolar, precisam pensar sobre essa questão, e escolher se querem continuar fazendo tudo somente pela tradição e repetir a cada ano as mesmas ações ou refletir e conduzir aos alunos o real sentido e significado dessas datas, de forma que sejam propulsoras de um ensino significativo (TONHOLO, 2013, p. 186).
Os alunos precisam de escolas e professores que lhes ensinam levando em conta seu
contexto familiar, para que assim o seu aprender seja conectado às origens e ao seu meio
social.
3.4 Dialogando com os autores sobre “datas comemorativas”
A partir dos pressupostos teóricos de: Ostetto, Vieira (2018), Tonholo (2013, 2014),
Proêncio, Lira, Dominico( 2017), Maia (2015), apresenta-se alguns apontamentos dos
autores(a) citados anteriormente, os quais trazem contribuições significativas sobre o tema.
No artigo “Acabem com o tormento das festas de dia das mães da escola, aproveitem
e cancelem a do dia dos pais também: o olhar das professoras sobre as datas comemorativas
no ensino fundamental.”de autoria de Vieira e Ostetto (2018), as mesmas refletem sobre o
papel das datas comemorativas em divulgar um modelo de família estereotipado, sendo esta a
forma mais presente nas escolas brasileiras.
Destacam que
Há anos a escola tem como alicerce as datas comemorativas, resultando desta forma, em uma homogeneização das comemorações escolarizadas, as quais deveriam demonstrar os princípios básicos familiares, levando em consideração não apenas o modelo padrão de família (p.8)
Com esta leitura é possível fazer uma auto-avaliação das práticas pedagógicas em sala
de aula, como a atividade escolhida para abordar as datas comemorativas do dia das mães e
dia dos pais irá impactar os alunos. Visto que a escola é espaço de inclusão, sendo necessário
ter em mente que atividade e aluno devem estar adequados, condição fundamental para o
sucesso do ensino e a aprendizagem.
Seguindo, Tonholo (2013) em “Datas comemorativas no contexto escolar”, a autora
faz discussões sobre as possibilidades de trabalhar as datas comemorativas de modo
41
significativo, com atividades interdisciplinares.
[...] quando o trabalho com tais datas é existente, mas não é planejado e sistematizado em torno de objetivos definidos, corre-se o risco de incitar para o consumo, ferir a liberdade religiosa ou desrespeitar a diversidade cultural das famílias de alunos. Trabalhar data comemorativa de forma significativa implica uma visão pautada em outras perspectivas, abrangendo de forma interdisciplinar saberes decorrentes de sala de aula, mas que não se reduzem somente a isso (p.192).
A mesma autora em (2014) no artigo “Ressignificando o trabalho com as datas
comemorativas na escola: outros olhares para a prática educativa.” Traz Estudo sobre
compreender a dinâmica da escola no que diz respeito à maneira como as mesmas interpretam
e realizam um trabalho pedagógico em torno das datas comemorativas.
É preciso considerar que na escola há diferentes tipos de realidade, famílias, formas de viver, crenças, religiões, e valores que norteiam a vida de cada indivíduo e o trabalho com as datas comemorativas torna-se um grande desafio, pois traz para dentro da escola toda essa diversidade(TONHOLO, 2014, p. 50).
Os alunos são socialmente diferentes, por esse motivo nas atividades com datas
comemorativas como o dia das mães e dias dos pais, é necessário ter esse cuidado, já que as
atividades refletem ao contexto do aluno. As práticas educativas nas escolas devem dialogar
com a realidade do aluno, o que resulta em aprendizagem significativa.
Outro estudo que também fala sobre as datas comemorativas é o das autoras Proêncio,
Lira e Dominico (2017) com o titulo “É preciso falar sobre isso! As datas comemorativas nas
instituições educativas.”As mesmas questionam as práticas escolares baseadas em datas
comemorativas de maneira superficial e estereotipada. Os conteúdos usados nessas atividades
geralmente são iguais para todos,sendo que os alunos são de diferentes contextos
familiares,como é o caso específico do dia das mães e dia dos pais, no entanto são feitas e
aplicadas atividades de forma homogeneizada.
As celebrações e festividades são feito parte da cultura escolar há anos, e tratadas de forma naturalizada. O que questionamentos não são as datas em si, mas a forma como são trabalhadas, seu lugar no currículo e no planejamento, sua existência cotidiana. [...] A execução de atividades repetitivas, destituídas de significado e participação efetiva das crianças, vai na contramão de uma educação humanizadora, desloca a energia dos professores para esses momentos, deixando de lado questões curriculares imprescindíveis para a formação (p.10738)
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Como em toda prática educativa, também nas datas festivas, é fundamental pensar o
aluno de maneira que o seu aprender faça sentido para ele, assim a escola estará fazendo seu
papel de integração do sujeito com a sociedade. Em suas considerações finais as autoras
concluem que “Todo e qualquer momento dentro de uma instituição deve agregar
conhecimento e fazer memória à cultura, sem reforçar preconceitos e estereótipos”(p.10746).
Visto que a escola é parte importante para o desenvolvimento do conhecimento.
Por fim, o último artigo escolhido sobre este assunto, tem como título “Currículo,
datas e tradição – uma análise necessária” de Marta Nidia Varella Gomes Maia (2015).A
autora fala sobre os conteúdos com datas comemorativas que são inseridos nos currículos
escolares devido às tradições inventadas na sociedade
Há datas que nos levam a pensar sobre as tradições inventadas que são criadas à medida que há a necessidade de buscar estabilidade num mundo cada vez mais instável. [...] Essas datas vão sendo incorporadas ao calendário escolar sem que isso passe necessariamente por um debate e uma reflexão por dentro da escola. As datas são instituídas e são incorporadas (p.8).
Como já discutido no decorrer deste trabalho, na maioria das escolas as datas
comemorativas são inseridas em sala de aula de modo tradicional, não é realizado uma
reflexão antes sobre o conteúdo aplicado, visando aprender significativo. Portanto isso
demonstra que a forma habitual ainda persiste nas escolas.
Em relação às práticas com datas comemorativas, os autores concordam que elas
sejam contextualizadas e adaptadas a realidade dos alunos. Também questionam as atividades
com datas comemorativas inseridas em sala de aula de modo tradicional, em sua grande
maioria sem valores significativos. As duas datas comemorativas abordadas neste estudo em
especifico, dia das mães e dia dos pais, têm diferentes significados, pois estão ligadas a
questões familiares que envolvem cunho pessoal e particular do modo de ser das pessoas, e os
alunos possuem atualmente vários tipos de famílias, os professores devem considerar o aluno,
quando planejam suas aulas sobre essas duas datas.
3. 5 Discussão e repercussão dos resultados
Questionar é o primeiro passo para a transformação. Que as duas datas comemorativas
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“Dia das mães e dia dos Pais” estão presentes em sala de aula isso é fato presenciado
anualmente nas escolas, e agora confirmado pela pesquisa de campo. A escola vive
diariamente com o desafio de conviver com os problemas sociais que se refletem no contexto
escolar, e isso não é tarefa fácil para os professores. As mudanças ocorrem em todos meios
sociais e na escola não é diferente, portanto é preciso evoluir, buscar um ensino com
qualidade significativo, onde aprender seja satisfatório a quem aprende.
Por exemplo, numa sala de aula com vários alunos, é provável que dentre eles há
aquele que não tem o pai ou a mãe presentes no seu convívio familiar. Portanto indago como
ficam esses alunos nas atividades relacionadas com o tema “Dia das Mães ou Dia dos Pais” na
escola? Uma vez que essas crianças já sofrem pela falta dos pais presentes, ea escola que tem
a função de auxiliar o aluno a compreender as questões sociais vivenciadas,a depender de
como fará a abordagem deste tema pode excluir, discriminar ou estigmatizar ainda mais o
aluno, com atividades propostas ao contexto tradicional,ditado pela sociedade, e não
adequado a sua realidade pessoal deste aluno.
Dias dos pais/mães são datas que estão geralmente relacionadas à afetividade. Por isso,
é fundamental questionar, como por exemplo: como pedir às crianças que façam atividades
para os pais/mães, quando na verdade os mesmos não são presentes. A criança irá fazer uma
“lembrancinha” pra pai/mãe ausente? Não tendo nenhum dos dois, há quem ela dará?
Questões essas que se aliam à tantas outras situações já mencionadas em torno do tema.
Os professores deixam marcas em seus alunos que eles levam para a vida toda e, que,
por meio de uma reflexão sobre como desenvolver um conteúdo de forma mais significativa
para seus alunos pode contribuir para que as marcas sobre o “Dia das Mães ou Dia dos Pais”
que seus alunos guardam para sempre, sejam de estímulo e aprendizagem que os ajude a
superar as diversidades sociais que eles venham vivenciar. Por isso, é fundamental que
professores tenham essa visão, de que o ensino de hoje reflete diretamente no futuro do aluno,
e que algumas práticas escolares de sala de aula tem grandes impactos, podendo agregadas há
sentimentos pessoais e sociais devido ao contexto do qual o aluno faz parte.
Enfim, tecendo conclusões sobre o tema posposto a esse estudo, que mesmo não sendo
obrigatório pelo Ministério da educação, e nem estabelecido no currículo da escola no seu
Projeto Político Pedagógico, como este estudo teve a pretensão de averiguar, ficou
evidenciado que as datas comemorativas do dia das mães e dia dos pais estão presentes
atualmente em sala de aula como conteúdo. Foi constatado através da pesquisa de campo com
os professores, como também demonstram os artigos já publicados sobre o tema que
embasaram a reflexão teórica.
44
Já se tinha a hipótese de que essa prática com as datas comemorativas trata-se de
atividades habituais, que surgiram casualmente e foram inseridas em sala de aula por um
costume que se criou, mas não se sabe bem de onde, nem o porque. A questão é a maneira de
inseri-las, visto que todas as práticas curriculares necessitam ser contextualizadas, e adaptadas
aos alunos, para que a aprendizagem delineada seja alcançada de modo significativo, e o
desenvolvimento dos alunos depende de boas práticas educativas em sala de aula.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo teve como intuito entender como as práticas escolares com as datas
comemorativas “Dia das Mães e Dias dos Pais” estão organizadas e inseridas no currículo
escolar no Ensino fundamental – Anos Iniciais, visto que, estas são evidenciadas
rotineiramente nas atividades escolares anuais.
Que essas duas datas estão presentes nas escolas isso é fato, o que preocupa é maneira
como alguns professores atuam, abordando o tema de forma habitual, repetitiva e igual para
todas as crianças. E, por outro lado, os alunos possuem socialmente realidades diferentes
quanto à organização familiar na qual vivem. Por isto os professores necessitam fazer essa
reflexão sobre a prática com estas duas datas comemorativas: dias das mães e dia dos pais que
envolvem o tema Família.
Atualmente é possível observar que os alunos de uma escola vivem em diversos tipos
de configurações familiares, diferentes dos modelos tradicionais. Dentre estas configurações,
ocorre, por exemplo, a possibilidade de uma criança transitar por diferentes contextos
familiares, em lugar de permanecer em sua família de origem, como por exemplo, na guarda
compartilhada ou situações em que uma criança vive só com a mãe, só com o pai, com as
avós, com dois pais ou duas mães nas famílias homoafetivas. E, na escola estas crianças como
alunos, são tratados de maneira homogênea nas atividades inseridas em sala de aula de forma
tradicional, constatadas nos livros didáticos e nas atividades que o professor e a escola
desenvolvem.
Pois, essas atividades estão ligadas a fatores emocionais, e os alunos vivendo em
realidades diferentes, necessitam de práticas pedagógicas com abordagens voltadas a esse
contexto social vigente, e que a escola os acolham, e auxiliam a compreender esse processo de
mudanças, visto que estes são complexos, e que há diferentes problemas sociais que são
vivenciados em sociedade.
A partir dos estudos teóricos, e da reflexão sobre os dados do questionário, chegou-se
a resultados que apontam os professores em sua maioria trabalham as duas datas
comemorativas de forma habitual, sendo poucos professores que inserem essas práticas de
forma contextualizada de acordo com a realidade social do aluno. Ainda temos professores
que não percebem que seus alunos procedem dos mais diferentes contextos familiares, e usam
e aplicam atividades como se a realidade de todos fosse a mesma. Mas, entendendo-se o
professor com agente de transformação social, faz-se necessário ele repensar sua prática sobre
estas datas comemorativas, para que o ensino e a aprendizagem sejam significativos para
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todos os seus alunos.
Entendendo-se que os professores deixam marcas em seus alunos, que eles levam para
a vida toda e, que, por meio de uma reflexão sobre como desenvolver um conteúdo de forma
significativa para seus alunos pode contribuir para que as marcas sobre o “Dia das Mães ou
Dia dos Pais” que seus alunos guardam para sempre, sejam de estímulo e aprendizagem que
os ajude a superar as diversidades sociais que eles venham vivenciar. Por isso, é fundamental
que professores tenham essa visão, de que o ensino de hoje reflete diretamente no futuro do
aluno, e que algumas práticas escolares de sala de aula tem grandes impactos, podendo
agregadas há sentimentos pessoais e sociais devido ao contexto do qual o aluno faz parte.
Conclui-se que o problema não é inserir estas datas comemorativas no currículo
escolar, mas sim a forma de abordá-las na prática pedagógico, porque toda prática curricular
necessita ser contextualizada, para que a aprendizagem desejada seja alcançada de modo
significativo.
Por fim, fica a certeza que os professores e professoras passam por muitos desafios em
sala de aula, um deles é trabalhar com as diferentes identidades dos seus alunos, com práticas
que engloba a todos, mas de modo satisfatório. Portanto é fundamental que as instituições
escolares estejam inteiradas das mudanças ocorridas constantemente no contexto social, e que
os conteúdos sejam inseridos no currículo e abordados de acordo com a sociedade envolvente.
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REFERÊNCIAS
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APÊNDICE
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDONIA – UNIR
CAMPUS DE JI-PARANÁ- CURSO DE PEDAGOGIA
ROTEIRO ENTREVISTA ESTRUTURADA REALIZADA COM OS PROFESSORES
COLABORADORES
Prezado Professor(a) colaborador(a):
O objetivo da presente pesquisa é verificar como as datas comemorativas “Dia das
Mães e dia dos Pais” são inseridas no contexto escolar.
Esta pesquisa só será possível com sua colaboração, pela qual agradecemos
antecipadamente.
Questionário aplicado aos Professores Colaboradores do Ensino Fundamental (1° ao 5° anos)
da Rede Municipal Ji-Paraná, RO
1. Turma que atua neste ano de 2019?
2. Quantos anos de docência você tem no Ensino Fundamental – Anos Iniciais?
3. Tem formação profissional em graduação superior? ( )sim ( ) não
4. Em qual curso? (favor especifique se é licenciatura ou não):
5. Qual é a sua percepção sobre as práticas educacionais com datas comemorativas nas
escolas?Acha importante trabalhá-las no currículo escolar do Ensino Fundamental I - Anos
Iniciais? Por quê?
6. Como professor (a) você trabalha as Datas comemorativas “Dia das Mães e dia dos
Pais”em sala de aula? De que forma?
7. Como você insere essas duas datas em sua turma para os alunos que não tem pai ou mãe,
ou não convive com os mesmos, como esses alunos são abordados nessas atividades?
8. Osteto (2019) diz que [...] é preciso ter em vista que a escola é um lugar de acolhida e
reconhecimento do indivíduo, o que nos leva a questionar como os alunos que possuem outros
modelos familiares seriam contemplados com datas que se restringem à homenagem apenas
aos pais e mães, e não suas figuras cuidadoras. Pensando nissofaz-se necessário repensarmos
as práticas educacionais com datas comemorativas, visto que essas causam grande impacto
(emocional, afetivo)nos educandos. Qual sua opinião sobre isso?
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9. Considerando o contexto familiar atual quanto a presença da mãe e do pai no convívio
familiar apresenta-se em diferentes modelos familiares: em casais de segunda união como
madrasta/padrasto, mães ou pais solteiros, muitas vezes a criança não tem contato com o outro
(pai ou mãe - biológicos) ou tem relação conflituosa, crianças que são criadas como filhos
pelos avós, mães ou pais adotivos solteiros ou casados e a relação com os pais biológicos é
desconhecida ou negada mas desejada, crianças criadas em abrigos por motivos judiciais e
tantas outras situações. Observa-se que nestes exemplos muitas vezes a criança não convive
ou nem conhece sua mãe ou seu pai biológico. De acordo com sua opinião, como pensar e
inserir estas datas comemorativas no currículo? Qual a forma mais adequada de planejar,
organizar e desenvolver atividades envolvendo as datas comemorativas “Dias das Mães e dia
dos Pais”, especificamente, de modo significativo para todos os alunos?
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ANEXO 01
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDONIA – UNIR
CAMPUS DE JI-PARANÁ- CURSO DE PEDAGOGIA
JI-PARANÁ, RO, ____de_______ de 2019.
CARTA DE APRESENTAÇÃO E AUTORIZAÇÃO
De:
Para:
Assunto: SOLICITA ACEITE E AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES
CORRELATAS À TRABALHO MONOGRAFICO.
Senhor Diretor:
O Curso de Pedagogia da Fundação Universidade Federal de Rondônia do Campus de
Ji-Paraná, em sua Matriz Curricular, contempla o componente Elaboração de Trabalho
Monográfico. Vimos, por meio deste, solicitar o aceite e a autorização de inserção da
estudante:...............................................nesta renomada instituição, para realizar atividades
como entrevistas com professores, acessar informar documentais do Projeto Pedagógico,
observar a organização física e pedagógica e outras, em consonância com os objetivos
referentes à construção e desenvolvimento de sua Monografia
denominado................................................................................................................................
Informamos que se a estudante precisar fazer coleta de dados individualmente (questionário,
entrevista, documentos) com membros da comunidade escolar adultos, a mesmoa deverá
providenciar por escrito, a respectiva autorização individual com a população envolvida,
conforme necessário à sua Metodologia.
Salientamos que a estudante devera realizar a coleta de dados sem interferir no
andamento das atividades, jamais podem solicitar aos docentes e funcionários para realizar as
tarefas em seu horário de aulas ou enquanto atendem alunos, devem também respeitar todas
as normas de funcionamento praticadas nesta instituição, bem como seguir rigorosamente
todas as instruções da direção, equipe gestora, pedagógica e docente da escola onde realizarão
53
sua atividade de campo
Antecipadamente, expressamos nossos sinceros agradecimentos pela compreensão e
colaboração desta renomada Instituição na co-formação de nossos professores. Colocamo-nos
a disposição para maiores esclarecimentos ou solucionar eventuais situações decorrentes deste
pleito pessoalmente.
Reiterando sinceros votos de estima e apreço pela preciosa contribuição na formação dos
futuros docentes.
Prof.
Professora Coordenadora da disciplina Elaboração de Monografia
Email: Telefone
Recebido em _______/____________________ de 2019. Fica autorizada pela Instituição (
)aplicação de questionário aos funcionários; ( )acessar documentos autorizados pela direção
ou pessoa responsável pelo setor; ( ) outras:
_________________________________________________________________
CARIMBO (SE TIVER OU NOME POR EXTENSO EM MAIUSCULAS) E ASSINATURA
DO/A RESPONSAVEL DA INSTITUIÇÃO
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ANEXO 02
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDONIA – UNIR
CAMPUS DE JI-PARANÁ- CURSO DE PEDAGOGIA
JI-PARANÁ - RO, ____ DE______________2019
TERMO ACEITE PROFESSORES COLABORADORES
De:
Para:
Assunto: SOLICITA ACEITE E AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DE
ATIVIDADES CORRELATAS À PROJETO DE PESQUISA DE INICIAÇÃO
CIENTIFICA OU TRABALHO ACADÊMICO
Prezado(a) Senhor(a):
O Curso de Pedagogia da Fundação Universidade Federal de Rondônia do Campus de
Ji-Paraná, em sua Matriz Curricular, contempla o componente Elaboração de Monografia.
Venho, por meio deste, solicitar o seu aceite e a autorização em contribuir na coleta de dados
para minha MONOGRAFIA com TITULO:...............................................................................,
para realizar atividades em consonância com os objetivos referentes à construção e
desenvolvimento de Monografia descritos no espaço específico ao final deste termo.
Informo que fui orientado para fazer coleta de dados individualmente (questionário,
entrevista) de acordo com a respectiva autorização individual das pessoas envolvidas,
conforme necessário à sua Metodologia
Saliento que deverei realizar a coleta de dados sem interferir no andamento das suas
atividades profissionais, jamais poderei solicitar para realizar as tarefas concernentes à
pesquisa no horário de aulas ou enquanto o docente atendeseus alunos, devotambém respeitar
todas as normas de funcionamento praticadas nesta instituição, bem como seguir
rigorosamente todas as instruções da direção, equipe gestora, pedagógica e docente da escola
onde realizar as atividades de campo.
Antecipadamente, expresso meus sinceros agradecimentos pela sua compreensão e
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colaboração na co-formação de nossos/as professores/as. Coloco-me a disposição para
maiores esclarecimentos ou solucionar eventuais situações decorrentes deste pleito
pessoalmente. Informo que a docente orientadora do Projeto de Pesquisa que estou
desenvolvendo éProfª_______________________________
Reiterando sinceros votos de estima e apreço pela preciosa contribuição na formação dos
futuros docentes.
Estudante Pesquisadora
Email:______________________________Telefone:______________
Recebi em _______/____________________/ 2019. Fica autorizado; ( )aplicação de
questionário e uso das minhas respostas e informações; ( ) acessar e usar dados dos
documentos impressos ou digitais como Plano de Curso, Sequências Didáticas e demais; ( )
outras: _________________________________________________________________
ASSINATURA POR EXTENSO EM MAIUSCULAS DO/A COLABORADOR/A