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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA- UNIR CAMPUS DE JI-PARANÁ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA PRÁTICAS ESCOLARES COM AS DATAS COMEMORATIVAS: DIA DAS MÃES E DIA DOS PAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS INICIAIS Lucinéia de Souza Professora Orientadora: Profª Irmgard Margarida Theobald Ji- Paraná, RO – 2019

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Page 1: MONOGRAFIA Lucineia de Souza VERSAO FINAL · Monografia apresentada á Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR, Campus de Ji-Paraná/RO, Departamento de Ciências Humanas

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA- UNIR CAMPUS DE JI-PARANÁ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

PRÁTICAS ESCOLARES COM AS DATAS COMEMORATIVAS: DIA DAS MÃES E DIA DOS PAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS INICIAIS

Lucinéia de Souza

Professora Orientadora: Profª Irmgard Margarida Theobald

Ji- Paraná, RO – 2019

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Lucinéia de Souza

PRÁTICAS ESCOLARES COM AS DATAS COMEMORATIVAS: DIA DAS MÃES E DIA DOS PAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS INICIAIS

Monografia apresentada á Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR, Campus de Ji-Paraná/RO, Departamento de Ciências Humanas e Sociais, como requisito avaliativo de conclusão do Curso de Licenciatura em Pedagogia, sob orientação da professora Irmgard Margarida Theobald.

Ji-Paraná, RO - 2019

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Dedicatória

Dedico esse trabalho a todos da minha família, em especial aos meus

pais: José Grosmam de Souza, Marilda selão de Souza, a minha filha

Gabryelle Carolyne de Souza, e aos meus irmãos, Julio Cesar e Sandra

Souza, pois sem o apoio de todos eles não teria conseguido realizar este

estudo.

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Agradecimentos

Primeiramente agradeço a Deus, por ter fortalecido sempre a minha fé,

em meios há tantas dificuldades enfrentadas.

A minha Orientadora professora Irmgard Margarida Theobald pelo

apoio e orientações desempenhadas.

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Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática.

Paulo Freire (1996)

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PRÁTICAS ESCOLARES COM AS DATAS COMEMORATIVAS: DIA DAS MAES E

DIA DOS PAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS INICIAIS

RESUMO: No calendário civil anual existem várias datas comemorativas, sendo estas oriundas de diversos segmentos, como: fatos históricos, datas religiosas e outras, podendo estas estar relacionadas também á acontecimentos culturais, étnicos e civis. E algumas dessas datas estão anualmente em evidencia na sociedade atual, e estas refletem diretamente no contexto escolar, estando presentes nos currículos das escolas brasileiras. E a escola por meio de sua função social conecta o aluno aos acontecimentos sociais por meio das práticas pedagógicas. Este estudo tem como objetivo entender como as práticas escolares com as datas comemorativas “Dia das Mães e Dias dos Pais, estão organizadas no currículo escolar no Ensino fundamental – Anos Iniciais, a partir dos referenciais teóricos de Ostetto, Vieira (2018), Tonholo (2013, 2014), Proêncio, Lira, Dominico( 2017), Maia (2015), Bernstein (2016) Freire (1987, 1996), Coll (2006), Silva, Bolze (2016), Pereira e Santos (2018), Veiga (2010). Para essa análise a metodologia adotada foi pesquisa bibliográfica em artigos já publicados sobre o tema, pesquisa documental, destacando dois documentos oficiais: a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o Projeto Político Pedagógico da Escola (PPP) analise em livros didáticos vigentes, e pesquisa de campo com aplicação de um questionário á quatro professores (as), do ensino fundamental I, especificamente do 1° ao 5° ano, em uma escola no município de Ji-Paraná, RO, no ano de 2019. Com isto, buscou-se compreender como essas práticas pedagógicas com datas comemorativas dia das Mães e dia dos Pais estão inseridas em sala de aula nas escolas. Na perspectiva que essas duas datas estão relacionada a componente familiar: pai/mãe, e a família nuclear, ou seja, pai/mãe/filhos(as), adaptou-se as transformações sociais vigentes advindas de inúmeros fatores, a qual originou novos modelos de configurações familiares. A partir dos estudos chega ao resultado que, mesmo não sendo obrigatório pelo Ministério da Educação (MEC), órgão este que delineia as Bases educacionais para as escolas brasileiras, os professores trabalham sim as duas datas comemorativas, e esta sem maioria de forma ainda tradicional, sendo poucos os professores que usam uma prática de modo contextualizado com a realidade social do aluno, vinculado ao modelo e contexto familiar na qual ele vive. Conclui-se que o problema não é inserir estas datas comemorativas no currículo escolar, mas sim a forma de abordá-las na prática pedagógica, porque toda prática curricular necessita ser contextualizada com meio social ao qual o aluno vivencia, para que a aprendizagem desejada seja alcançada de modo significativo.

Palavras-chave: Datas comemorativas: dia das mães e dia dos pais. Família. Ensino

Fundamental 1 - Anos Iniciais. Práticas Pedagógicas Significativas.

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LISTA DE IMAGENS/FOTOS

Imagem 1-Representação de Família - Livro didático de Geografia 1° ano - Anos Iniciais..17 Imagem 2-Representação de Família - Livro didático de Let, Alf. e Geo. 2° ano - Anos In..17 Imagem 3-Representação de Família - Livro didático de História 1° ano - Anos Iniciais......18

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BNCC - Base Nacional Comum Curricular

CONSED - Conselho Nacional de Secretários de Educação

CNE- Conselho Nacional de Educação

ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente

LDBEN – Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MEC - Ministério da Educação

PPP – Projeto Político Pedagógico

UNDIME - União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................................... 8

1. ESCOLA, DATAS COMEMORATIVAS E FAMILIA....................................................... 11

1.1 Datas Comemorativas no Contexto Escolar........................................................................... 11

1.2 O Currículo e as Datas Comemorativas.................................................................................. 13 1.3 Ressignificando o conceito de Família, e sua representação nos livros Didáticos – Anos

Iniciais...........................................................................................................................................

17

1.4 Práticas escolares com datas comemorativas: Dia das Mães e Dia dos Pais.......................... 22

2.BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR, PROJETO POLÍTICO

PEDAGÓGICO ESCOLAR E DATAS COMEMORATIVAS: DIA DAS MAES E DIA

DOS PAIS....................................................................................................................................

26

2.1Conhecendo um pouco sobre a BNCC – Base Nacional Comum Curricular da Educação e

o PPP – Projeto Político Pedagógico............................................................................................

26

2.2Análises documentais: o que consta sobre as Datas comemorativas: dia das mães e dia dos

pais na BNCC do Ensino Fundamental – Anos Iniciais e no PPP - Projeto Político Pedagógico

da escola colaboradora..................................................................................................................

30

3.PERSPECTIVAS DE PROFESSORES SOBRE A ABORDAGEM DAS DATAS

COMEMORATIVAS - DIAS DAS MAES E DIA DOS PAIS- EM SALA DE AULA:

DADOS DE UMA ESCOLA......................................................................................................

34

3.1Conhecendo a escola colaboradora: dados do seu PPP - Projeto Político Pedagógico........... 34

3.2Perspectivas de professores sobre as pratica pedagógicas com datas comemorativas dia das

mães e dia dos pais, por meio de aplicação de questionários.......................................................

35

3.3Comentando as respostas dos professores............................................................................... 37

3.4 Dialogando com os autores sobre “datas comemorativas....................................................... 40

3.5 Discussão e repercussão dos resultados.................................................................................. 42

CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................... 45

REFERÊNCIAS.......................................................................................................................... 47

APENDICE................................................................................................................................. 50

ANEXOS...................................................................................................................................... 52

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INTRODUÇÃO

No calendário civil anual brasileiro existem várias datas comemorativas advindas de

diversos motivos, dentre eles, fatos históricos, religiosos, como também relacionados á

acontecimentos culturais, civis e outros. Algumas dessas datas são muito evidenciadas pela

sociedade, como também no contexto escolar, estando sempre presentes em práticas escolares.

Dentre essas datas comemorativas, este estudo é direcionado para duas em especial que são:

Dia das mães e Dia dos pais. Reflito particularmente sobre essas atividades inseridas nas

escolas que estão ligadas aos componentes familiares pai e mãe, podendo este impactar

conflituosamente parte dos alunos, que frequentam as escolas brasileiras no ensino

fundamental, a depender da configuração familiar a qual pertencem.

A organização das famílias atuais vem se modificando devido ao surgimento de novos

tipos, decorrentes de diversos fatores sociais, os quais possibilitam que inúmeras

configurações sejam denominadas pelo termo família. Neste sentido, este trabalho tem como

objetivos:

� Entender como as datas comemorativas dias das mães e dias dos pais estão

organizadas atualmente no contexto curricular escolar anos iniciais do ensino

fundamental, considerando os diferentes tipos de família contemporâneas.

� Verificar como as datas comemorativas Dia das Mães e Dia dos Pais são

inseridas no contexto escolar.

� Averiguar sobre a existência de orientação legal e pedagógica em documentos

do Ministério da Educação – MEC, sobre a inclusão destas datas

comemorativas no currículo escolar dos anos iniciais do ensino fundamental.

� Reconhecer e discutir quais são as práticas educativas quanto a inserção das

datas comemorativas do Dia das mães e Dia dos pais, presentes no Projeto

Político Pedagógico (PPP) de uma escola da rede municipal localizada no

município de Ji-Paraná, RO.

� Identificar o que pensam os professores de uma escola da rede municipal,

sobre a abordagem das datas comemorativas dos dias das mães e do dia dos

pais na sua prática pedagógica.

Metodologicamente, a pesquisa deu-se através de consulta bibliográfica, por meio de

leituras sobre o tema em artigos de revistas científicos, anais de eventos, em documentos

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oficiais como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN 9394\96, o Estatuto

da Criança e Do Adolescente – ECA, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC),

complementada com uma pesquisa de campo em uma escola de ensino fundamental

pertencente a rede escolar do município de Ji-Paraná, RO, por meio de pesquisa documental

coletando informações no Projeto Político Pedagógico da escola, e aplicando um questionário

aos professores do 1° ao 5° ano.

Buscou-se por foco delinear como as práticas pedagógicas destas duas datas

comemorativas estão inseridas em sala de aula atualmente nas escolas. Este tema insere a

questão social do aluno, o que indaga a entender como fica os alunos envolvidos nessas

atividades que não tem a mãe e o pai presente, e as escolas sempre programam essas datas

comemorativas em seus planos de aulas, fazendo lembrancinhas que são entregues aos

pais/mães. Mas, e aqueles alunos que não tem a família nuclear( pai/mãe/filho), para quem

irão entregar as lembrancinhas confeccionadas nesses dias em sala de aula? Quais os impactos

quanto a aprendizagem que esta atividade terá para aquela criança que vive em arranjo

familiar diferente da tradicional, sem mãe ou sem pai?

Toda prática curricular necessita ser contextualizada para que a aprendizagem desejada

seja alcançada de modo satisfatório. Aprender de forma significativa é interpretar a sua

totalidade, ou seja, o meio ao qual pertencemos, aprendendo a viver e entender o seu contexto

familiar e social.

Este trabalho esta organizado em três capítulos, o primeiro capitulo aborda sobre

Escola, Datas comemorativas e Família, descrito em quatro subtítulos: Datas comemorativas

no contexto escolar, o Currículo e as Datas Comemorativas; Ressignificando o conceito de

Família, e sua representação nos livros Didáticos Anos Iniciais; e Práticas escolares com datas

comemorativas: Dia das Mães e Dia dos Pais. O segundo capitulo disserta sobre Base

Nacional Comum Curricular, projeto político pedagógico escolar e datas comemorativas: dia

das mães e dia dos pais, em dois subtítulos: Conhecendo um pouco sobre a Base Nacional

Comum Curricular – BNCC, Projeto Político Pedagógico – PPP; e Análises documentais: o

que consta sobre as Datas comemorativas: dia das mães e dia dos pais na BNCC do Ensino

Fundamental – Anos Iniciais e no PPP - Projeto Político Pedagógico da escola colaboradora.

E o terceiro capitulo apresenta Perspectivas de professores sobre a abordagem das

datas comemorativas - dias das mães e dia dos pais em sala de aula: dados de uma escola,

em cinco subtítulo: Conhecendo a escola colaboradora: dados do seu PPP - Projeto Político

Pedagógico; Perspectivas de professores sobre as pratica pedagógicas com datas

comemorativas dia das mães e dia dos pais, por meio de aplicação de questionários;

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Comentando as respostas dos professores; Dialogando com os autores sobre datas

comemorativas; e Discussão e repercussão dos resultados.

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1. ESCOLA, DATAS COMEMORATIVAS E FAMILIA

1.1 Datas Comemorativas no Contexto Escolar

Os alunos que frequentam o ensino fundamental anos iniciais ao compreenderem a

sociedade e os sujeitos que as constituem como, por exemplo, a escola, a família, e os outros

meios sociais aos quais eles pertencem se tornam conscientes que somos sujeitos sociais, e

que estamos constantemente em processo de mudanças. Os fatos sociais relacionados ao ser

social variam, e afeta todos nós, refletindo positivamente ou negativamente, e as crianças não

entendem esse processo de modo completo. Umas das atividades do ensino fundamental que

fazem parte desse meio, são as relacionadas a Família, que são as datas comemorativas: Dia

das Mães e Dia dos Pais. Portanto, cabe aos professores o papel de prepará-los, ensinando este

contexto, para que eles entendam como tudo isso funciona.

A escola por meio de sua função social integra os alunos à sociedade e aos seus

acontecimentos através das práticas escolares inseridas em sala de aula, como por exemplo, as

datas comemorativas Dia das Mães e Dia dos Pais, muito evidenciadas no contexto social e

educacional. Assim sendo, as atividades escolares abordadas nessa etapa requerem

planejamentos pensados nessa totalidade

O que é ensinado nas escolas prepara os alunos para concretizar seus projetos na vida adulta? Em um mundo sofrendo constantes mudanças sociais, econômicas e ambientais, como fornecer educação de qualidade para que o estudante adquira na escola os conhecimentos e as habilidades necessários para interpretar os elementos presentes em seu cotidiano e se transforme em um cidadão competente na busca de soluções para os problemas que surgem? (BERNSTEIN, 2016, p.1).

As práticas escolares significativas são fundamentais para o ensino e aprendizagem

satisfatórios. E essas práticas escolares sempre tão evidenciadas em sala de aula demandam

aos professores consciência social, visto que essas estão ligadas a fatores pessoais, ou seja, a

família, e aos alunos possuem famílias e realidades diferentes, por tanto é preciso ter cuidado

em incluir essas atividades com datas festivas, porque por trás de uma simples atividade pode-

se acarretar vários contextos emocionais no aluno devido a realidade atual vivenciada.

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), na fase do Ensino

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Fundamental - Anos Iniciais, os alunos passam por mudanças comportamentais, devido aos

níveis de desenvolvimento de cada ano. Ao sair da educação Infantil, e ingressar no ensino

fundamental, nível mais complexo para uma criança, com inserção de novas disciplinas e

novos conteúdos, o aluno pode ter dificuldades, por isso a importância de práticas

pedagógicas adequadas a esta fases são essenciais no processo do ensino e aprendizagem.

Pois, ao migrar para o ensino fundamental o aluno, que antes tinha a aprendizagem na

educação infantil associada com brincar e interagir e, quase todas as atividades envolviam

brincadeiras, passa a ter conteúdos direcionados mais para a escrita, leitura, interpretação

textual, dentre outros, ou seja, é uma alteração bastante complexa para o aluno acostumado a

um universo escolar lúdico. Nessa perspectiva de transição da educação infantil para os anos

iniciais, o professor deve ter cuidado nessa fase, para o aluno não se impactar

desfavoravelmente, atuando com práticas educativas que desenvolvam os conteúdos de

maneira que o brincar continue fazendo parte do processo do ensino e da aprendizagem do

aluno.

Nos anos iniciais do Ensino Fundamental os alunos estão com idade em média de 06 a

10 anos. Além dos conteúdos específicos de cada disciplina, eles também aprendem sobre o

contexto social, e de como os sujeitos compõem e fazem faz parte da sociedade. Almeja-se

que os conhecimentos obtidos na escola ajudem às crianças e adolescentes a compreender

esse processo e, sobretudo aprender a lidar com o significado e a importância social que cada

pessoa tem ao fazer parte da sociedade. A relação professor, aluno e sociedade, constituem a

matriz da aprendizagem social, articulações essenciais para a compreensão das relações

sociais, como diz a BNCC

[...]Tal articulação precisa prever tanto a progressiva sistematização dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, em uma atitude ativa na construção de conhecimentos. (BRASIL, 2017e, p.58).

As aprendizagens adquiridas nessas fases desenvolverão nas crianças conhecimentos

que contribuíram para suas vivencias em sociedade, vínculos esses fundamentais para a

aquisição de conhecimentos significativos, sendo esses essenciais para termos futuramente

cidadãos críticos reflexivos, preparados para enfrentar as adversidades sociais vigentes. E as

datas comemorativas Dia das mães e dia dos pais é um exemplo de uma situação que envolve

a questão social, pois essas estão ligadas à família, e atualmente devido a eventuais problemas

sociais se modifica conforme seu contexto, por isso a indagação dessa prática escolar. É

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preciso pensar o contexto: escola/sociedade/aluno.

1.2 O Currículo e as Datas Comemorativas

De acordo com a LDBEN - Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a qual

estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, para o Ensino Fundamental - Art.32

(II, IV), que tem como objetivo a formação Básica do cidadão, mediante:

II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social ( BRASIL, 1996b, p.14).

O instrumento que a escola possui para o alcance destes objetivos é o currículo

escolar, onde se prevê de maneira organizada e sequencial os conteúdos, as competências e

habilidades que uma criança precisa desenvolver ao longo da vida escolar dos cinco anos do

Ensino Fundamental I.

Com as atuais transformações sociais ocorridas na sociedade, houve mudanças em

diversos setores. Nos meios educacionais também não foi diferente, ocorreram modificações e

adaptações a esse processo de evolução, dentre essas alteração o currículo como elemento

fundamental no meio escolar também se modificou. Antes tínhamos um currículo com

método tradicional, onde a função do professor era transferir conhecimento, o qual Freire

(1987) definiu em Pedagogia do Oprimido como a educação bancária. Como alternativa a esta

educação conservadora, Freire delineou a Pedagogia da Autonomia (1996) que tem como

ideias-chave que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua

própria produção ou construção.

O currículo não tem uma organização engessada, sua estrutura varia de acordo com o

meio social ao qual está conectado e conforme a escolha teórica da tendência pedagógica feita

pela escola. Portanto, o currículo está diretamente ligado a sociedade, e a escola ao planejá-lo

tende a ter a visão de levar o aluno a aprender e compreender o âmbito social ao que faz parte,

preparando-o para os diferentes níveis que engloba a sociedade conforme a linha teórica que

lhe dá suporte.

Acompanhando a evolução da sociedade, busca-se hoje um currículo voltado em

atender as necessidades dos educandos, objetivando obter ensino e aprendizagem de

qualidade, com valores significativos ao aluno. Mas muitas instituições ainda não pensam nos

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alunos nessa perspectiva, planejam o currículo sem contextualizar os sujeitos que fazem parte

desse processo, inserem certas práticas educativas que não são pensadas conforme a realidade

dos alunos, em seus diferentes contextos, como por exemplo, as atividades com datas

comemorativas.

Muitas escolas organizam o currículo no ano letivo começando pelo carnaval, passando pela Páscoa, dia do índio, dia das mães, festa junina, dia dos pais, dia do folclore, dia do soldado, dia da pátria, dia das crianças e Natal. Ano após ano as crianças passam pela escola comemorando estas datas, na maioria das vezes, inclusive, de forma desconectada de outros conhecimentos e atividades (MAIA, 2011, p.23).

Algumas atividades são propostas aos alunos sem permitir aos mesmos um significado

contextualizado, visto que essas não são adaptadas aos alunos, dificultando assim a sua

compreensão e aprendizagem. Tem práticas escolares que simplesmente são inseridas em sala

de aula por fazer parte de uma tradição, ou pertencer a um determinado contexto cultural.

Como por exemplos as datas comemorativas do dia das mães e dia dos pais que são o foco

deste trabalho.

O currículo e sucessivamente as atividades escolares devem ser construídos a partir da

realidade dos alunos, seu planejamento e suas estruturas precisam contemplar metodologias

de aprendizagem que partam das necessidades dos alunos, respeitando assim os estudantes

envolvidos de forma personalizada e única para cada estudante.

Os acontecimentos sociais fazem parte do processo de evolução, e do desenvolvimento

dos alunos, por isso as atividades educativas com datas festivas de caráter familiar devem ser

planejadas com as várias configurações familiares atuais existentes. Visto que o currículo

repercute diretamente na sociedade e consequentemente nos sujeitos envolvidos, ou seja, no

contexto social, é tão importante repensar a sua elaboração, baseando-se no que se quer

almejar. César Coll (2006, p. 45) diz que “o currículo proporciona informações concretas

sobre o que ensinar, quando ensinar, como ensinar e que, como e quando avaliar.” Portanto o

currículo é fonte primordial para bons resultados no desenvolvimento da aprendizagem.

Quando as escolhas das práticas escolares estão relacionadas com os diferentes tipos de

sujeitos, nas variadas culturas, é possível desenvolver ensino e aprendizagem de forma

significativa, e desta maneira, a escola contribuir diretamente na construção de identidade dos

estudantes.

Em se tratando das datas comemorativas inseridas no currículo deve-se ter uma

perspectiva significativa, quando essas forem inseridas no meio escolar, a questão é a maneira

de ser trabalhado, de modo correto, agregar o aluno a sociedade em seus diferentes contextos.

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As escolas devem entender que, cada aluno é único, e que as aprendizagens dos mesmos

variam de acordo com o contexto social no qual estão inseridos. Entendendo assim que,

alunos de contextos diferentes requerem estratégias diferentes ao desenvolvimento do mesmo

currículo.

Um dos temas que fazem parte da lista de conteúdos curriculares são as “Datas

comemorativas”, muito presentes atualmente nas práticas escolares em sala de aula. Na escola

algumas datas comemorativas são sempre lembradas, por remeter ao contexto histórico

brasileiro, como por exemplo: Independência do Brasil, Descobrimento do Brasil, Abolição

da Escravatura, Proclamação da República, Tiradentes e outras.

Conviver com as datas comemorativas nas instituições educativas é algo que nos inquieta e nos preocupa, uma vez que não está claro seu lugar no planejamento, bem como o sentido e o significado que as práticas a elas associadas teriam para as crianças. Enfim, em nosso ponto de vista representam momentos que precisam ser problematizados com a intenção de pensar: O que evocam tais ‘celebrações’? A que servem? Quais intencionalidades tem esse trabalho? O que agregam ao desenvolvimento das crianças? Como se relacionam com as necessidades e curiosidades das crianças?( PROENIO, LIRA, DOMINICIO, 2017, p.10736).

No calendário civil anual existem várias datas comemorativas, as quais remetem a

tradições religiosas, fatos históricos, conquistas importantes para certo grupo de pessoas, ou

fazem homenagens a algo ou alguém. Podendo estes também estar relacionados com

acontecimentos culturais, étnicos, civis e outros. No Brasil a Lei 10.607/2002 declara cinco

datas comemorativas que são nacionais: 1º de janeiro, 1º de maio, 7 de setembro, 15 de

novembro e 25 de dezembro (BRASIL, Casa Civil, 2019). Há datas que são decretadas e

reconhecidas mundialmente, outras somente em seu país, e algumas apenas em uma

localidade especifica, e essas datas estão muito presentes no currículo das escolas brasileiras

do Ensino Fundamental I – anos iniciais. As datas comemorativas que constam ao longo do

ano civil, advêm de diversos segmentos: históricas, religiosas, comerciais e sociais. Sendo

estas abaixo as mais evidenciadas, pesquisada no site: bd.camara.gov.br da Biblioteca Digital

Câmara dos deputados.

� Datas Históricas:21 de abril – Tiradentes;22 de abril - Descobrimento do

Brasil; 13 de maio - Abolição da Escravatura;07 de setembro - Independência

do Brasil;15 de novembro - Proclamação da República.

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� Datas Religiosas: São Sebastião - 20 de janeiro; Sexta-Feira da Paixão -

Sexta-feira antes da Páscoa; Domingo de Páscoa; Dia Nacional da Marcha para

Jesus – 1° sábado 60 dias após a Páscoa; 18 de junho - dia do Evangélico

(Feriado estadual no estado de Rondônia); Nossa senhora Aparecida – 12 de

Outubro; Natal – 25 de Dezembro.

� Datas comemorativas Culturais: Dia da paz (Ano Novo – Réveillon) 01 de

janeiro; Carnaval; Dia do índio – 19 de abril; Dia das mães – 2° domingo do

mês de Maio; Festa do Divino - 31 de maio; Festa Junina(comemoram-se três

santos: Santo Antônio - dia 13, São João - 24 e São Pedro - dia 29); Dia dos

namorados – 12 de junho; Dia dos pais –2° domingo do mês de Agosto; Dia

do folclore – 22 de agosto; Círio de Nazaré - 2° domingo de outubro; Dia das

Bruxas ( Halloween) - 31 de outubro; Dia das crianças – 12 de outubro.

� Datas comemorativas que remetem a Conquistas ou homenagens: 08 de

Março - Dia Internacional da Mulher; Dia Internacional contra a Discriminação

Racial 21 de março; 1º de Maio -Dia do Trabalho; Dia das mães – 2° domingo

de Maio; Dia da família - 15 de maio; Dia dos namorados – 12 de junho; Dia

do estudante - 11 de agosto; Dia dos pais – 2° domingo de agosto; Dia das

crianças – 12 de outubro; 15 de outubro - Dia do Professor; Dia da Consciência

Negra - 20 de Novembro.

Este estudo é direcionado para duas datas em especial que são: Dia das mães e Dia dos

pais. Reflito particularmente sobre essas atividades inseridas nas escolas, que estão ligadas a

componente curricular família, podendo este impactar conflituosamente parte dos alunos, que

frequentam as escolas no ensino fundamental, a depender da configuração familiar a qual

pertencem.

As datas festivas Dia das Mães e dia dos Pais são comemoradas no Brasil há muito

tempo, e atualmente são uma das que mais se destacam, devido ao seu valor sentimental a

qual essas possuem. Segundo os autores Fernandes e Campos em publicações no site Brasil

escola, essas duas datas foram comemoradas inicialmente em

O Dia das Mães foi comemorado pela primeira vez em 12 de maio de 1918. [...]. Mas foi somente em 1932, durante o governo provisório de Getúlio Vargas, que o Dia das Mães passou a ser celebrado segundo o molde dos Estados Unidos, isto é, em todo segundo domingo do mês de maio. O Dia dos Pais é celebrado sempre no segundo domingo de agosto. A ideia da comemoração surgiu de uma ação do publicitário Sylvio Bhering, em 1953.

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[...] A celebração espalhou-se pelo resto do Brasil até que se decidiu por oficializar o Dia dos Pais no segundo domingo de agosto (FERNANDES, CAMPOS, s.d, p.01 )

E estas duas datas estão anualmente presentes nas atividades escolares. Essas práticas

que abordam as datas comemorativas, tendo como tema especificamente Dia das mães e dia

dos Pais, agregam valores afetivos e emocionais aos alunos, atentando-se para aquela criança

que não tem o pai ou a mãe presente, visto que muitos alunos não têm a “família Padrão”,

composta de pai/mãe/filhos.

As famílias atuais têm diversas configurações que compõe diferentes formatos de

famílias, por esse motivo a indagação em relação a estas práticas escolares. Espera-se que as

atividades pedagógicas abordando estes temas acolham e ajudem o aluno. Neste estudo

aprendemos a nos indagar como a prática pedagógica na abordagem das datas comemorativas

do Dia das Mães e Dia dos Pais poderá potencializar nas crianças sentimentos de

discriminação, preconceito, inferioridade, tristeza, sofrimento e constrangimento. Emoções

que muitas vezes são anteriores ao ingresso da criança na escola. Por isso é essencial, em

primeiro lugar, aprender a ter um olhar crítico em relação às escolhas que o professor faz

quanto a essas atividades desenvolvidas na escola.

O primeiro grupo social que a criança convive é a família, em segundo vem a escola.

E, é a escola que faz a ligação entre o aluno e a sociedade, para que o mesmo aprenda a viver

socialmente da melhor maneira possível. Por isso é tão importante a função da escola e do

professor, nesse sentido é essencial que o professor considere o aluno em suas diferentes

identidades familiares, garantindo assim o seu processo de desenvolvimento significativo. A

família também é uma forma de gestão social, pois ela contribui na organização da sociedade,

quando a criança aprende em seu meio familiar alguns aspectos importantes para viver em

sociedade, ao qual irá vivenciar socialmente, como respeitar as diferenças, torna-se mais fácil

ela conviver e viver socialmente

1.3. Ressignificando o conceito de Família, e sua representação nos livros Didáticos –

Anos Iniciais

Ao pesquisar o termo Família obtive vários conceitos. O Dicionário Aurélio (2008,

p.396) da algumas definições a palavra Família: “Pessoas aparentadas que vivem na mesma

casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos; A que é constituída pelo casal e seus filhos.”

Mas esse conceito de família que consta no dicionário foge da configuração atual, a qual a

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sociedade moderna vivencia. A família tradicional que antes era pai/mãe/filhos(as), conforme

define o dicionário, adaptou-se as transformações atuais, advindas de variados fatores, a qual

originou diversos modelos de novas configurações familiares. Dentre essas mudanças

familiares podemos verificar algumas que as autoras Regiane Silva e Simone Bolze relatam.

[...]Alguns exemplos desses arranjos são: a) famílias monoparentais: sendo inúmeras crianças vivendo com pais solteiros ou divorciados; b) famílias homoafetivas: constituída por pais do mesmo sexo; c) famílias extensas: nas quais as crianças convivem com parentes próximos como tios e avós; d) famílias recasadas, nas quais as crianças convivem com o novo cônjuge do pai ou da mãe, além de, por vezes, com os filhos desses e/ou com os irmãos dessas novas uniões ( SILVA, BOLZE, 2016, p.2)

A família monoparental consiste em um único mantenedor, modelo este da maioria das

famílias brasileiras. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBGE, no Censo 2010 a proporção de famílias com mulheres sem cônjuge é de 87,4 %, com

estimativa de 2.342.003 famílias com mulheres responsáveis pela sua família. (IBGE, 2010).

Oriunda dessa mudança com a nova formação familiar, a criação dos filhos(as) desagregou-se,

além das mães, os filhos podem ser criados pelo pai, ou ainda por avôs, tios ou outro membro

familiar, tornando eles responsáveis pela função que seria do Pai ou da Mãe. Ainda citando as

autoras Silva e Bolze “É em família que acontecem as primeiras identificações e vínculos que

serão fundamentais no decorrer de sua vida”, por isso a família é tão importante para a

criança. É em família que a criança aprende valores antes de chegar à escola, sendo estes

essenciais para as primeiras vivências escolares.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Lei n° 8.096, de 13 de junho de 1990,

define Família Natural no Art.25 por

[...] a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade (BRASIL, 1990a, p.27).

Portanto, o Estatuto já tem uma definição de família diferente do dicionário Aurélio,

ou seja, o ECA entende por família o grupo com o qual a crianças convive, podendo este ser

os pais (pai e mãe), só a mãe, só o pai ou outros parentes. Definição essa mais adequada ao

contexto familiar atual. Dentro deste contexto ”família” tem também as crianças adotadas por

mães ou pais solteiros, por casais homoafetivos, ou advindas de produções independentes.

Essa nova estrutura mostra as mudanças ocorridas no núcleo familiar,e algumas escolas não se

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atentam a isso nos eventos escolares.

Para verificar a representação/ilustração de família no contexto escolar foi buscada

informação em três livros didáticos dos anos iniciais, como a Família é retratada. Em

conversa com os professores colaboradores, foi lhes perguntado se nos livros didáticos em uso

neste ano letivo, existia alguma representação sobre família. Os docentes disseram que sim e

me emprestaram os livros e, no mesmo instante foi feita uma busca em cada um deles.

Abaixo, seguem as imagens encontradas nos livros didáticos:

IMAGEM 1 – Representação de família no livro didático 1° ano - Anos Iniciais.

ROCHA, Robson. Aprender Juntos Geografia 1° ano: ensino fundamental. São Paulo: SM, 2017

A imagem demonstra uma família nuclear: pai/mãe/filhos(as), que pode não condizer

com a realidade atual das famílias das crianças usuárias deste livro. Pensando pelo olhar de

um aluno que usa esse livro em sala de aula, aqueles que não têm essa estrutura de família da

ilustração, possivelmente podem sentir-se constrangidos, por ensinar algo fora do seu

contexto.

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IMAGEM 2 – Representação de família no livro didático2° ano - Anos Iniciais.

TRADEI, Jordana Lima de Moura. Letramento e alfabetização, Geografia e História. São

Paulo: Global, 2018.

Esta imagem também traz a representação semelhante com a da imagem anterior, ou

seja, a família com pai/mãe/filhos(as). Para uma criança é importante aprender e entender os

vários contextos sociais, dentre eles os familiares, que esses são semelhantes e diferentes ao

mesmo tempo, e que todos têm os mesmos direitos e deveres perante a sociedade. Nas duas

ilustrações os livros demonstram as famílias vistas por um modelo único, sendo que as

famílias que temos hoje são diferentes a esse conceito ilustrado. Como por exemplo, as que

têm somente o pai e os filhos, ou a mãe e os filhos, as famílias homoafetivos, ou seja,

atualmente as famílias possuem vários tipos de configurações, e isso não está sendo proposto

nos livros didáticos contemporâneos.

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IMAGEM 3 – Representação de família no livro didático1° ano - Anos Iniciais.

FUNARI, Raquel dos santos. Aprender juntos História. São Paulo: SM, 2017.

Nesta imagem temos duas versões de família, uma do século passado, e outra recente

de 2016, mas também correspondente as representações anteriores, portanto essa questão de

representação familiar modelo pai\mãe e filhos são históricos, pois no século passado já tinha

a mesma forma de representação, e com a passar do tempo esta não mudou, e nem se adequou

ao contexto social vivenciado. A autora Barbara Venturoso em sua tese de mestrado com tema

“Discursos, Identidades e Representações de Família em Livros Didáticos da Educação

Básica, diz que

A grande problemática da construção de identidades em materiais didáticos é a sua difusão repetitiva. Essa repetição de representações é perigosa, pois pode gerar a naturalização de identidades, que são, sem dúvida nenhuma, resultado de uma disputa de poder entre discursos socialmente hegemônicos, e que, portanto, representam as classes dominantes, excluindo todas as outras que não correspondam ao idealizado ( VERTUROSO, 2017, p.36).

Nos livros investigados não foram constatados outros tipos de ilustração familiar,

somente a dita como padrão. Todas demonstram famílias felizes, com a presença do pai, da

mãe e dos filhos, mostrando a família perfeita, o que pode se mostrar distante da realidade de

muitas famílias brasileiras, pois devidos aos problemas sociais existentes que as atingem são

bem diferentes dessas ilustrações, sendo a presença de pai e mãe uma realidade ausente na

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vida real, mas presente nos livros didáticos analisados.

A mesma autora em outro parágrafo destaca

Essa identidade familiar em seu formato tradicional, sustentada pelos materiais didáticos, possui efeitos tanto coletivos, como a manutenção de ideologias dominantes, quanto individuais, como os que afetam a construção da individualidade de cada estudante, principalmente daqueles que não se enxergarem contemplados no modelo representado. Para muitos indivíduos na sociedade brasileira, é importante ter em mente, que essa é só mais uma forma de exclusão ( VERTUROSO, 2017, p.120).

A partir deste cenário surgem algumas indagações sobre as atividades com as datas

comemorativas dia das mães e dia dos pais, que envolve um membro familiar, ou seja, a mãe

ou o pai. São elas: Qual o modo adequado de inserir estas práticas numa sala onde podemos

ter crianças que “vivem só com a mãe, onde o pai é ausente ou inexistente”. Ou com o pai

tendo a mãe ausente. Outros que moram com os avôs/avós/tios(as), ou com

padrasto/madrasta, e o mais agravante as crianças “órfãs” que não tem pai e nem mãe. Enfim,

há muito que se pensar sobre essas práticas nas escolas com relação a essas duas datas.

1.4. Práticas escolares com datas comemorativas: Dia das Mães e Dia dos Pais

Por informação empírica, observo que as atividades realizadas no ano letivo

relacionadas ao Dia das Mães e Dia dos Pais nas escolas, variam de acordo com escola, há

aquelas que optam por essas atividades, desenvolvendo lembrançinhas, como desenhos

coloridos pelos próprios alunos, objetos confeccionados com EVA juntamente com a

professora, que serão entregues aos pais, outras ensaiam músicas para apresentar aos

homenageados na referida data. Porém, nas apresentações musicais nem todos os pais podem

estar presentes por motivo de trabalho ou por outras circunstâncias adversas que possam

surgir. Imagina uma criança que fica um longo tempo ensaiando uma apresentação e no dia

o\a pai/mãe não pode estar para assisti-la. É desmotivador para o educador, e mais ainda para

a criança. E as tais lembrancinhas, como já foi descrito, serão entregues ao destinatário? Seja

ele o pai ou a mãe? Essas questões envolvem diversas situações que poderão dar errado, por

isso é importante repensar essas práticas educativas com datas comemorativas relacionadas ao

dia do\a pai ou a mãe. Atualmente muito se discute sobre o ensino e aprendizagem, onde o

foco principal é o aluno, ensinar deixou de ser somente os conteúdos, e sim ensinar de

maneira significativa, ou seja, o seu aprender deve fazer sentido ao aluno, preparando para a

realidade ao qual faz parte.

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Quando vejo as escolas desenvolvendo e realizando atividades que comemoram essas

duas datas, sempre penso nos alunos que não tem uma família padrão, aquela composta pelo

pai, mãe e filhos. Como deve ser triste para ela não ter pra quem entregar a lembrancinha

confeccionada por ela na escola. Essas práticas escolares com datas comemorativas “Dia das

Mães e dia Dos Pais” por abranger diversos contextos, requerem uma reflexão preventiva,

devido as diferentes configurações de família que temos atualmente, podendo a aluno ter ou

não ter a figura do pai ou mãe presente, e sim uma pessoa que cuida dela, fazendo assim o

papel que seria dos pais.

Quando estas datas, dia das Mães e dos Pais, são festejadas de forma tradicional, essas mudanças familiares são postas de lado e os alunos acabam sendo negligenciados no contexto escolar. Pois, estas famílias que compõe a comunidade escolar, nem sempre contam com esses “Pais” ou “Mães” propriamente ditos, mas sim figuras cuidadoras (OSTETTO, VIEIRA, 2018, p.08).

É importante que quando desenvolvida seja contextualizada e explicada às crianças os

diferentes tipos de família, aquele alunos que não têm um ou o outro, e tem uma pessoa que

cuida dela tem grande valor, para o mesmo não se sinta inferior aos demais colegas. Nas

atividades desenvolvidas em sala que englobam a todas as crianças devemos ter o cuidado

para não afetar de modo negativo alguns alunos. Por isso, quando iniciamos o ano escolar em

uma turma, devemos fazer um levantamento da realidade de dos alunos, para assim atuar e

aplicar conteúdos adequadamente, pois conhecendo a identidade do aluno, teremos meios para

atingir os nossos objetivos, sem constranger ou prejudicar ninguém, ensinando assim de

forma significativa.

O aluno necessita aprender os conteúdos, mas também compreender sua realidade e

vivência em sociedade, para superar e entender as mudanças cotidianas que possa surgir, seja

familiar, escolar, enfim em todo o seu âmbito social. As autoras Pereira e Santos (2018, p.

214) fazem alguns questionamentos sobre as datas comemorativas.

Há que se pensar, portanto, como o calendário de datas comemorativas constante do planejamento escolar dialoga com o calendário da vida social e cultural mais ampla. Em que medida esse calendário de datas comemorativas inscreve as crianças no círculo da cultura da humanidade e de seus pares, em que medida se esteriliza quando transformado em “conteúdo escolar”?

A escola funciona como meio de ligação entre aluno e sociedade, inserindo os mesmos

aos acontecimentos que nela acorre, com, por exemplo, as datas comemorativas tão evidentes

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atualmente. Ao conectar o aluno ao seu contexto atual através de métodos significativos, o

aluno aprende de forma contextualizada, fazendo com que ele entenda o convívio social e a

sua realidade, assim a escola contribui para o processo de construção do cidadão.

Como já mencionado o contexto familiar atual está modificado, os alunos tem

diferentes tipos de família em casa, em consequência é importante repensar essas atividades

com data do dia das mães e dia dos pais. Às vezes faltam meios à escolas e aos professores

que auxiliam essas crianças a compreender os transtornos sociais que as afetam, como por

exemplo, um psicólogo seria de suma importância para os alunos que passam pelas mudanças

em família, como um separação dos pais em sua família. Muitos alunos não têm auxilio e

acompanhamento em casa, algumas ensinamentos que seria de obrigação dos pais, muitas das

vezes acaba sobrando pra escola, sobrecarregando assim os professores. Mas a escola como

formadora social, além do seu papel de ensinar conteúdos também deve instruir-los para a

vivência em sociedade, através dos direito e deveres fundamentais para viver em sociedade,

como respeito e outros.

O aluno precisa aprender a conviver, e viver em sociedade, tornando-se sujeito

consciente do seu papel social, e se adaptar ao contexto social que o envolve. Nas práticas

educacionais com datas comemorativas “dia das mães e dia dos pais” é de suma importância

ter um olhar para com os alunos que não estão dentro dos padrões familiares que essas datas

envolvem.

[...] é preciso ter em vista que a escola é um lugar de acolhida e reconhecimento do indivíduo, o que nos leva a questionar como os alunos que possuem outros modelos familiares seriam contemplados com datas que se restringem à homenagem apenas aos pais e mães, e não suas figuras cuidadoras (VIEIRA, OSTETTO, 2018, p.9).

Dado que a escola é um reflexo da sociedade, e a sociedade se encontra em processo

de mudanças gradativamente, cabe a escola, gestores e professores, mudar e adaptar-se

também conforme seus alunos sejam provenientes dessas mudanças. Pesquisando artigos

acadêmicos sobre as Práticas escolares com datas comemorativas “Dias das mães e dia dos

pais”os encontrados dividem opiniões, uns dizem que a escola deve trabalhar sim, mas de

forma significativa, outros não trabalham especificamente pai/mãe e sim “Dia da Família”,

pois trabalhando a família, não exclui aqueles alunos que não tem pai ou mãe, e sim

valorizam as pessoas a qual moram com elas, as que cuidam delas, seja ela qual for outras já

optam por não trabalha as atividades do dia das mães e dia dos pais. Há quem diz que essas

datas são práticas tradicionais, ligadas ao consumismo.

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É inegável o fato de que, hoje em dia na sociedade, algumas datas comemorativas são impulsionadas por questões comerciais. Muitas vezes, tal ideia é incorporada na escola sem maiores questionamentos. Por isso, se faz necessário partir do pressuposto de que é preciso refletir sobre a forma como são trabalhadas as datas comemorativas dentro da instituição escolar, deixando de ser apenas uma transmissão de conteúdos, apresentação de trabalhos para os pais, ou como uma forma de instigar o consumo (TONHOLO, 2013, p.186).

A escola tem um papel importante na construção do conhecimento dos alunos. Desde a

construção do currículo escolar, até as atividades desenvolvidas em sala de aula. Por isso é

importante questionarmos antes de planejar e aplicar os conteúdos a serem desenvolvidos.

Como diz Freire (1996, p. 42)“Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática”. Segundo o

mesmo autor

O pensar certo sabe, por exemplo, que não é a partir dele como um dado dado, que se conforma a prática docente crítica, mas sabe também que sem ele não se funda aquela. A prática docente crítica, implicante do pensar certo, envolve o movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer (1996, p.43).

Refletindo sobre sua prática o educador cria novas possibilidades de intervenção, a

reflexão o torna consciente de seus métodos, e se suas atividades em sala de aula estão tendo

aprendizagem significativa. A escola necessita adaptar-se à sociedade, ligando os alunos ao

contexto atual, preparando-os para as transformações que constantemente a sociedade passa,

alunos preparados por escola consciente, que se empenha em dar uma boa educação,

contribuem diretamente para o desenvolvimento social.

Percebi-se que o tema família nos livros didáticos não são representado de forma

adequadas aos alunos atuais, mas cabe aos professores em sala de aula refletir e aderir

propostas adaptadas aos seus alunos em suas diferentes realidades de famílias.

Então, quando a atividade escolar envolve temas que afetam a vida privada das

crianças temos sempre que ter um olhar crítico reflexivo, como professor é essencial pensa na

criança antes de planejar e aplicar as atividades que irão ser desenvolvidas em sala de aula,

porque ali se tem diversos tipos de alunos com identidades.

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2. BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR, PROJETO POLÍTICO

PEDAGÓGICO ESCOLAR E DATAS COMEMORATIVAS: DIA DAS MAES E DIA

DOS PAIS

As escolhas e decisões metodológicas quanto à maneira como o professor vai conduzir

a prática pedagógica em sala de aula são norteadas por marcos legal do Congresso Nacional, e

Ministério da Educação (MEC). Alguns documentos são guias fundamentais para o ensino e

aprendizagem nos ambientes escolares. São eles: LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional, BNCC – Base Nacional Comum Curricular e PPP – Projeto Político

Pedagógico.

2.1. Conhecendo um pouco sobre a BNCC – Base Nacional Comum Curricular da

Educação e o PPP – Projeto Político Pedagógico

A construção da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) da Educação Básica teve

três versões, iniciando em 2014, mas somente em 2015 com 12 milhões de contribuições de

diversos setores educacionais chegou a sua 1° versão oficial. Em Maio de 2016 por iniciativa

do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação) e Undime (União Nacional dos

Dirigentes Municipais de Educação),reuniram-se cerca de9 mil professores, gestores e

especialistas que aprovaram a 2° versão, e em abril de 2017 o MEC entregou sua 3° versão

ao CNE (Conselho Nacional de Educação) sendo esta a versão final e atual. Todo esse

processo causou grande discutição e repercussão no contexto educacional, para se chegar até a

versão aprovada e homologada em 2017.

Como o próprio nome já diz “base”, a BNCC funciona como um embasamento, ou

seja, um meio norteador normativo que as escolas brasileiras devem seguir, na construção dos

Currículos escolares. Contendo regras a serem seguidas em todas as redes escolares, seja

ensino público ou privado, englobando assim a Educação Básica Brasileira (Educação

Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio). Ou seja, esclarecendo melhor

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento. (BRASIL, 2017e, p. 5).

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Na educação Básica de acordo com a BNCC as “aprendizagens essenciais devem

concorrer para assegurar aos estudantes o desenvolvimento de dez competências gerais”(p.8).

Sendo essas fundamentais para a aprendizagem e o desenvolvimento dos alunos. São elas:

1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artísticas, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários

Ao adquirir tais conhecimentos na educação básica, o aluno desenvolvera meios e

habilidades para conviver melhor em sociedade, exercendo seu papel de cidadão consciente,

como também o preparando para o mercado de trabalho. Tendo como referencia a BNCC, o

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nível de desenvolvimento da aprendizagem dos alunos espera-se uma equidade educacional

no país. Esta garante aos estudantes uma educação básica de qualidade para os cidadãos,

sendo este o principal objetivo. O documento diz que as instituições escolares seguindo a

BNCC têm condições de ofertar aprendizagem nas diferentes redes de ensino, ou seja,

isonômica no nível de desenvolvimento da aprendizagem dos alunos. Na etapa de Ensino

Fundamental - Anos Iniciais de acordo com a BNCC, a escola deve atentar-se a sua prática

escolar, visto que

As características dessa faixa etária demandam um trabalho ambiente escolar que se organize em torno dos interesses manifestos pelas crianças, de suas vivências mais imediatas para que, com base nessas vivências, elas possam, progressivamente, ampliar essa compreensão, o que se dá pela mobilização de operações cognitivas cada vez mais complexas e pela sensibilidade para apreender o mundo, expressar-se sobre ele e nele atuar. (BRASIL, 2017e,p.58).

Conforme a BNCC (p.57), nessa fase o aluno passa por diversas transformações

“relacionadas a aspectos físicos, cognitivos, afetivos, sociais, emocionais” podendo também

este vivenciar outros fatores que advir em seu meio social. Dentre essas estão as relacionadas

a questões sociais ligadas a família, fatos esses que interferem no desenvolvimento da criança.

Como separação dos pais, mudança de grupo familiar e outros, visto que tudo isso atinge

diretamente a aprendizagem do aluno. Nos anos Iniciais a Base diz que as escolas devem:

Ampliam-se a autonomia intelectual, a compreensão de normas e os interesses pela vida social, o que lhes possibilita lidar com sistemas mais amplos, que dizem respeito às relações dos sujeitos entre si, com a natureza, com a história, com a cultura, com as tecnologias e com o ambiente. (BRASIL, 2017e, p. 59).

A relação social que a escola proporciona, ajuda o aluno a se desenvolver e aprender

sobre diversos contextos culturais, históricos, sociais, como também o respeito às diferenças,

melhorando assim a relação interpessoal. Portanto, adquirindo conhecimentos entre as

diversas culturas, e convivendo com as diferentes identidades, os alunos aprenderão a

conviver entre as diversidades, ou seja, contribui para o seu desenvolvimento social.

A organização pedagógica de como a escola irá desenvolver suas atividades no Ensino

Fundamental, para que seus alunos alcancem o melhor domínio destas competências gerais da

BNCC, é apresentada num documento que se chama PPP – Projeto Político Pedagógico, a ser

elaborado por cada escola.

A LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n°. 9394\96, em seu Art. 14

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diz que

Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes (BRASIL, 1996b, p.11).

Assim sendo, a escola tem autonomia e, ao mesmo tempo responsabilidade para a

definição de suas normas de acordo com as necessidades da mesma, contando com a

colaboração de todos os envolvidos, visto que isso é garantido pela lei. A construção do PPP

ou a sua reconstrução anualmente na escola, no que diz respeito ao currículo escolar agora

precisa ser atualizada e adequada de acordo com o que estabelece a BNCC.

A Autora Ilma Passos Alencastro Veiga (2013, p.271), diz que o Projeto Político

Pedagógico é um “documento programático que reúne as principais ideias, fundamentos,

orientações curriculares e organizacionais de uma instituição educativa.”A mesma autora fala

também em outro artigo sobre os apontamento e objetivos que deve conter na construção do

Projeto Político Pedagógico:

A construção do projeto político-pedagógico exige reflexão sobre as finalidades da escola, assim como explicitação de seu papel social, definição dos caminhos a serem percorridos e das ações a serem desencadeadas por todos os envolvidos no processo educativo. É, portanto, produto da reflexão sobre a realidade interna da instituição referenciada a um contexto social mais amplo(VEIGA, 2010, p.1).

Para a elaboração do Projeto Político Pedagógico é essencial conhecer o seu público,

ou seja, os alunos e suas realidades, planejando e adequando as ações que irão fazer parte do

ensino e da aprendizagem. Veiga destaca também sobre as exigências atuais escolar na

construção do PPP.

Para nortear a organização do trabalho da escola, a primeira ação fundamental é a construção do projeto político-pedagógico. Concebido na perspectiva da sociedade, da educação e da escola, ele aponta um rumo, uma direção, um sentido específico para um compromisso estabelecido coletivamente. Ao ser claramente delineado, discutido e assumido coletivamente, o projeto constitui-se como processo e, ao fazê-lo, reforça o trabalho integrado e organizado da equipe escolar, assumindo sua função de coordenar a ação educativa da escola para que ela atinja o seu objetivo político-pedagógico( VEIGA, 2010, p.1).

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Ao ser construído a partir da perspectiva da comunidade e dos sujeitos envolvidos,

garante que os objetivos aos quais foram delineados em sua elaboração vejam alcançados,

resultando assim em ensino significativo. Veiga (2010), também afirma que “No âmbito da

gestão democrática, o Projeto Político Pedagógico é um importante instrumento de

sustentação da identidade escolar.” Ou seja, é um documento com os dados importantes da

instituição, contendo também as ações pedagógicas que serão realizadas no decorrer do ano

letivo, visto que este não é fixo, pois os sujeitos e as circunstâncias mudam diariamente, e as

adequações são necessárias de acordo com processo de evolução, como também ser

reconstruir quando necessário for.

Visto que, a escola deve evoluir e se reconstruir conforme o desenvolvimento dos

alunos, e o PPP é um meio de acompanhamento. Outro ponto importante para a melhoria do

ensino é a participação da comunidade, podendo esta acompanharas ações escolares. Uma

gestão democrática reflexivas contribui significativamente para a evolução do ensino, visto

que essa junção colaborativa resulta em ensino e aprendizagem de qualidade.

Por fim, as instruções sobre como a escola desenvolve e trabalha os conteúdos ao

longo do ano letivo, nos anos inicias são encontradas no PPP, que traz explícito ou implícito

dentro dele as competências gerais norteadoras do conteúdo a ser trabalhado.

2.2. Análises documentais: o que consta sobre as Datas comemorativas: dia das mães e

dia dos pais na BNCC do Ensino Fundamental – Anos Iniciais e no PPP - Projeto

Político Pedagógico da escola colaboradora

Para demonstrar a inserção, ou inexistência das práticas pedagógicas com datas

comemorativas Dia das Mães e Dia dos Pais, foi realizada coleta de dados na BNCC do

Ensino Fundamental – Anos Iniciais e no PPP - Projeto Político Pedagógico da escola

colaboradora, com o objetivo de saber o que neles consta sobre essas duas datas

comemorativas, ou outras atividades que envolva o tema.

Pesquisando na BNNC do Ensino Fundamental - Anos Iniciais (1° ao 5° anos),

disponíveis no portal do MEC, constatou-se que em todas as disciplinas não consta nada

especifico sobre Datas Comemorativas do dia das mães e dia dos pais. Aparece apenas, por

exemplo, referências genéricas às “comemorações e festas escolares, diferenciando-as das

datas festivas comemoradas no âmbito familiar ou da comunidade.” (p.407). E outros detalhes

como descrito a seguir.

Nos conteúdos de Ensino Religioso do 2° ano (BNCC, p.444) consta o termo Família,

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no qual pode ser inserido conteúdo sobre essas datas, pois remete a Família.

Unidade Temática- Identidades e alteridades. Objetos de conhecimento - O eu, a família e o ambiente de convivência. Habilidades - Reconhecer os diferentes espaços de convivência; Identificar costumes, crenças e formas diversas de viver em variados ambientes de convivência (BNCC, 2017e, p.444).

Nessa disciplina diz que a escola em seu papel deve “buscar construir, por meio do

estudo dos conhecimentos religiosos e das filosofias de vida, atitudes de reconhecimento e

respeito às alteridades” (437). Ou seja, respeitar e valorizar o outro, com suas diferenças de

gerações, crenças, religião e culturas. Aprender e compreender o novo que o envolve é a

função da escola nessa fase, os conteúdos devem ser conectados com a realidade e as questões

sociais, para que a aprendizagem tenha sentido ao aluno. A construção da identidade depende

do envolvimento entre o sujeito e sociedade, o outro faz parte do processo de evolução do eu.

As crianças necessitam conhecer sua origem, sua família, para assim compreenderem-se com

sujeito social. Nesse ciclo os alunos estão “vivendo mudanças importantes em seu processo de

desenvolvimento que repercutem em suas relações consigo mesmas, com os outros e com o

mundo. ”(BNCC, p.58). E essa relação contribui para a construção de identidade do aluno, e

seu desenvolvimento social.

Viver em sociedade não é fácil, pois nela existem vários tipos de sujeitos, e que cada um é

diferente um do outro, e que tem crenças, culturas e etnias variadas, por isso, exige-se respeito

às diferenças, a história que nos faz entender esse processo de constituição do sujeito. Nos

conteúdos de História do 1° ano (BNCC, p.406) o tema Família está proposto em duas

Unidades temáticas, sendo a 1ª mundo pessoal meu lugar no mundo e 2ª eu, meu grupo social

e meu tempo. Transcrevendo o texto da BNCC temos:

Unidade temática 1: Mundo pessoal: meu lugar no mundo. Objetos de conhecimento: As fases da vida e a ideia de temporalidade (passado, presente, futuro). As diferentes formas de organização da família e da comunidade: os vínculos pessoais e as relações de amizade. A escola e a diversidade do grupo social Envolvido. Habilidades:Identificar aspectos do seu crescimento por meio do registro das lembranças particulares ou de lembranças dos membros de sua família e/ou de sua comunidade. Identificar a relação entre as suas histórias e as histórias de sua família e de sua comunidade. Descrever e distinguir os seus papéis e responsabilidades l relacionados à família, à escola e à comunidade. Identificar as diferenças entre os variados ambientes em que vive (doméstico, escolar e da comunidade), reconhecendo as especificidades dos hábitos e das regras que os regem. Unidade temática 2: Mundo pessoal: eu, meu grupo social e meu

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tempo. Objetos de conhecimento: A vida em casa, a vida na escola e formas de representação social e espacial: os jogos e brincadeiras como forma de interação social e espacial. A vida em família: diferentes configurações e vínculos. A escola, sua representação espacial, sua história e seu papel na comunidade. A vida em família: diferentes configurações e vínculos. A escola, sua representação espacial, sua história e seu papel na comunidade. Habilidades: Identificar semelhanças e diferenças entre jogos e brincadeiras atuais e de outras épocas e lugares. Conhecer as histórias da família e da escola e identificar o papel desempenhado por diferentes sujeitos em diferentes espaços. Identificar mudanças e permanências nas formas de organização familiar. Reconhecer o significado das comemorações e festas escolares, diferenciando-as das datas festivas comemoradas no âmbito familiar ou da comunidade (BRASIL, 2017e, p. 406).

A disciplina de história Anos iniciais de acordo com a BNCC “considera a construção

do sujeito” (p.403), ou seja, a crianças ao reconhecer-se com parte integrante de uma

sociedade o torna consciente do seu papel na social. Além disso, consta que na disciplina de

História do 1º ao 5º ano “o objetivo primordial é o reconhecimento do “Eu”, do “Outro” e do

“Nós” (p.404). Nessa fase o aluno aprende que fazemos parte de um ciclo social, e que a

junção de todos, o eu o outro e nós compõe a sociedade, e que os sujeitos vivem em grupos,

mas com diferentes de identidades, e que as transformações sociais faz parte desse processo

social. Como por exemplo as famílias as quais fazemos parte estão em constantes mudanças.

A BNCC afirma ainda que os conteúdos de história do ensino fundamental anos

iniciais:

[...] torna-se mais complexo à medida que o sujeito reconhece que existe um “Outro” e que cada um apreende o mundo de forma particular. A percepção da distância entre objeto e pensamento é um passo necessário para a autonomia do sujeito, tomado como produtor de diferentes linguagens. É ela que funda a relação do sujeito com a sociedade. Nesse sentido, a História depende das linguagens com as quais os seres humanos se comunicam, entram em conflito e negociam(BRASIL, 2017e, p.403).

Em analise do Projeto Político Pedagógico(PPP) da escola colaboradora, sendo este

um dos elementos fundamentais para o acompanhamento do desenvolvimento do ensino e

aprendizagem nas escolas. Em sua construção democrática, ou seja, com a participação de

todos envolvidos, a escola trabalha em função de desenvolver práticas educativas

significativas, onde a realidade dos alunos é referencias em sua elaboração.

A pesquisa foi realizada em uma escola Municipal de ensino Fundamental localizada

na zona Rural do Município de Ji-Paraná (RO), a qual oferece modalidades de ensino

Fundamental (1º ao 9º ano). De acordo com o PPP da escola sua missão é ”formar cidadãos

críticos e conscientes”, outro ponto adotado pela escola é a gestão com caráter “participativo e

democrático”, contando sempre com apoio e participação da comunidade. Em se tratando de

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datas comemorativas a qual é o foco desta pesquisa, no PPP da escola pesquisada não consta

nada sobre essa prática escolar. Visto que foi verificado através de questionário aplicado aos

professores (1° ao 5°) onde foram constatados que todos trabalham essas duas datas

comemorativas, conforme será apresentado no capítulo seguinte deste trabalho, mas mesmo

não estando inserido no Projeto Político Pedagógico é trabalhando essas práticas em sala de

aula sim.

Constata-se que essas duas datas não constam especificamente no documento do

Ministério da Educação (MEC) como a BNCC, sendo este a base para as instituições

escolares, visto que não há a obrigatoriedade de incluir no currículo essas práticas escolares

com datas comemorativas dia das mães e dia dos pais. Tanto na BNCC quanto no PPP não

tem conteúdos específicos sobre essa duas datas festivas. Enfim, nos dois documentos BNCC

e PPP não constam exigências que essas duas datas comemorativas sejam inseridas nas

escolas, o que mostra que essa atividade é uma tradição criada, ou seja, prática de reprodução

posta em sala aula.

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3. PERSPECTIVAS DE PROFESSORES SOBRE A ABORDAGEM DAS DATAS

COMEMORATIVAS - DIAS DAS MAES E DIA DOS PAIS- EM SALA DE AULA:

DADOS DE UMA ESCOLA

3.1 Conhecendo a escola colaboradora: dados do seu PPP - Projeto Político Pedagógico

A escola colaboradora deste estudo, localizada na zona rural do Município de Ji-

Paraná – RO atende aproximadamente 150 alunos do Ensino Fundamental, do 1° ao 9° ano. É

mantida pelo município e administrada pela Secretaria Municipal de Educação. De acordo

com o PPP - Projeto Político Pedagógico (s.d, p.5), a escola tem como missão “formar

cidadãos críticos conscientes, oferecendo serviços educacionais com qualidades, capacitando-

os para o exercício da cidadania.” O PPP (idem), diz também que a instituição escolar tem

como função social “crescimento do acesso ao conhecimento, objetivando contribuir para o

desenvolvimento da aprendizagem, formando sujeitos participativos na sociedade ao qual está

inserido.” (PPP, s.d, p.4).

Os objetivos e princípios da escola previstos em seu PPP (s.d., p.4) são:

[...] objetiva sua ação educativa, fundamentada nos princípios da universalização de igualdade de acesso, permanência e sucesso, da obrigatoriedade da Educação Básica e da gratuidade escolar. Propomos uma Escola de qualidade, democrática, participativa e comunitária, como espaço cultural de socialização e desenvolvimento do/a educando/a visando também prepará-lo/a para o exercício da cidadania através da prática e cumprimento de direitos e deveres em conformidade com as Leis vigentes.

A instituição escolar desenvolve vários projetos, alguns criados pela escola e outros

designados pela Secretaria Municipal de Educação. Estão listados no PPP(s.d., p.37) seis

projetos, dentre os quais destaca-se o “Projeto ‘Família na Escola’, através deste projeto

busca-se uma maior aproximação entre escola-família para que essa parceria transforme a

educação.” Além desses projetos, de acordo com o PPP (s.d.), os professores podem propor

outros no decorrer do ano letivo, e executá-los após aprovados pela coordenação pedagógica e

direção da escola.

O PPP(s.d.) explica ainda que o currículo é desenvolvido ao longo a partir do Plano de

Estudo da escola, que garante a articulação entre a práxis pedagógica com a realidade, como

também a organização dos conteúdos. Seu planejamento é a partir de temas geradores,

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predefinidos juntamente com a comunidade escolar, nos quais são classificados de acordo

com os anos e os ciclos. Os temas geradores têm como objetivo fazer uma reflexão sobre as

vivencias dos alunos, das famílias e da comunidade, que o aluno faz parte. Entretanto, o Plano

de Estudo destaque mais os temas da realidade do aluno, é elaborado periodicamente pelos

educadores e estudantes, contextualizando a realidade, como o eixo central do ensino e

aprendizagem..

O PPP (s.d., p.24) ressalta ainda “a importância de organizar a pesquisa do Plano de

Estudo, seguindo os seguintes princípios filosóficos e pedagógicos: Conhecer, Analisar e

Transformar, presentes na Resolução 076/2017 do conselho municipal de educação.”

Por fim, fazendo a leitura do PPP da escola na íntegra, em busca de saber se teria

orientações sobre a inclusão das datas comemorativas no currículo escolar, ao longo do ano

letivo, não foi encontrada nenhuma menção ao tema em suas quarenta e cinco páginas. O que

leva a inferir que o tema é abordado a partir da sua ligação com algum dos temas geradores

que são definidos em cada bimestre.

3.2 Perspectivas de professores sobre as pratica pedagógicas com datas comemorativas

dia das mães e dia dos pais, por meio de aplicação de questionários

O objetivo da presente pesquisa foi entender como as práticas escolares com as datas

comemorativas “Dia das Mães e Dias dos Pais estão organizadas no currículo escolar no

Ensino fundamental – Anos Iniciais(1 ao5 ano), e verificar através de aplicação de

questionário com professores, como as datas são inseridas e trabalhadas em sala de aula,

considerando os diferentes modelos de família atuais.

De inicio, foi solicitada, na data de 10 de setembro de 2019, a autorização ao diretor

(ver modelo Apêndice) da referida instituição, explicando-lhe tema e o foco da pesquisa, o

qual concordou com a realização da mesma, e foi também acordado que não se faria a

identificação da escola, e nem dos professores colaboradores. Após sua autorização e

assinatura do termo de consentimento, foi realizado contato com os professores do 1° ao 5°

ano, aos quais foi informado sobre a pesquisa e o questionário. Todos aceitaram participar

assinando o termo de consentimento(ver modelo em Apêndice). Em seguida entreguei o

questionário aos mesmos, que responderam e devolveram na semana seguinte.

O questionário aplicado (modelo em Apêndice), aos professores teve nove questões

abordando o tema: Datas Comemorativas Dia das mães e dia dos pais. Cientifico que a escola

e nem os professores serão identificados, visto que ficou definido que esses dados seriam

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mantidos em sigilo. Assim, usarei letras para identificar os professores:Professor A(1° ano),

Professor B(2° ano), Professor C(3° e 4° ano), e Professor D(5°ano). Observação, a

Professora C leciona para as duas turmas, devido a pouca quantidade de alunos existentes

formou-se uma turma só.

As questões e respostas que fizeram parte da pesquisa foram: 1. Que turma atua neste

ano de 2019? Professor A: 1° ano; Professor B: 2° ano; Professor C: 3° e 4° ano, e Professor

D: 5° ano. 2. Quantos anos de docência você tem no Ensino Fundamental – Anos Iniciais?

Professor A: 32 anos; Professor B: 24 anos; Professor C: 10 anos e Professor D: 04 anos. 3.

Tem formação profissional em graduação superior? Respostas: Todos responderam SIM. 4.

Em qual curso? (favor especifique se é licenciatura ou não): Todos responderam Pedagogia

Licenciatura. 5. Qual é a sua percepção sobre as práticas educacionais com data

comemorativas nas escolas? Acha importante trabalhá-las no currículo escolar do Ensino

Fundamental I - Anos Iniciais? Por quê? Professor A: importante, porque adquiri

conhecimentos. Professor B: além de contribuir na alfabetização dos educandos, permite que

não quebre essa corrente histórica tradicional para informações necessárias. Professor C: sim,

é um momento de homenagear e resgatar as datas comemorativas. Professor D: sim, acredito

que um currículo e conteúdos que busquem trabalhar a realidade do aluno é realmente

proveitoso e as datas comemorativas fazem parte da cultura. Se não valorizarmos a cultura o

que será do nosso país. 6. Como professor (a) você trabalha as Datas comemorativas “Dia

das Mães e dia dos Pais” em sala de aula? De que forma? Professor A: sim, forma com

desenhos, pinturas e frases. Professor B: sim, com textos, dinâmicas, apresentações com todo

respeito à individualidade e vivencia de cada um (a). Professor C: sim, através de roda de

conversas sobre a família do século XXI, e as mudanças que ocorreram. Professor D: sim, em

religião aproveito para trabalhar valores morais, em português produção textual e em artes

produção de lembrancinhas. 7. Como você insere essas duas datas em sua turma para os

alunos que não tem pai ou mãe, ou não convive com os mesmos, como esses alunos são

abordados nessas atividades? Professor A: normal, desde que não causem diferenças entre os

mesmos. Professor B: trabalhos normais com todo respeito de modo de vida de cada um

independente com quem vive. Professor C: através de roda de conversas, leituras de livros

literários que retratam a família de hoje e filmes. Professor D: no meu ver e entender, pais não

são apenas os biológicos, mas sim aqueles que cuidam, dão amor e carinho, ensinam valores e

respeito. Assim abordo de maneira natural e procuro mostrar que todos somos uma família

que devemos ser feliz e gratos sempre. 8. Osteto (2019, p.9) diz que “[...] é preciso ter em

vista que a escola é um lugar de acolhida e reconhecimento do indivíduo, o que nos leva a

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questionar como os alunos que possuem outros modelos familiares seriam contemplados

com datas que se restringem à homenagem apenas aos pais e mães, e não suas figuras

cuidadoras.”Pensando nisso faz-se necessário repensarmos as práticas educacionais com

datas comemorativas, visto que essas causam grande impacto (emocional, afetivo)nos

educandos. Qual sua opinião sobre isso? Professor A: não podemos deixar as datas

comemorativas afetarem o emocional das crianças. Professor B: concordo plenamente com o

ponto de visa de OSTETO(2019). Respeito pleno e com trabalhos diferenciados se for o caso

desde que não interfira no psicológico do educando. Professor C: devemos respeitar a cultura

de cada família, acolher e propor atividade que possa ser contemplados a todos os alunos.

Professor D: não concordo, como disse posteriormente procuro mostrar aos alunos que pais

não são os biológicos e que eles devem amar sua família como ela é. Como educadores

precisamos atentar-se para não sermos inconvenientes, mesmo que o ponto de vista pessoal

não concorde. Devemos aceitar o aluno e cuidar para que ele se sinta confortável no ambiente

escolar. 9. Considerando o contexto familiar atual quanto à presença da mãe e do pai no

convívio familiar apresenta-se em diferentes modelos familiares: em casais de segunda

união como madrasta/padrasto, mães ou pais solteiros, muitas vezes a criança não tem

contato com o outro (pai ou mãe - biológicos) ou tem relação conflituosa, crianças que são

criadas como filhos pelos avós, mães ou pais adotivos solteiros ou casados e a relação com

os pais biológicos é desconhecida ou negada, mas desejada, crianças criadas em abrigos

por motivos judiciais e tantas outras situações. Observa-se que nestes exemplos muitas

vezes a criança não convive ou nem conhece sua mãe ou seu pai biológico. De acordo com

sua opinião, como pensar e inserir estas datas comemorativas no currículo? Qual a forma

mais adequada de planejar, organizar e desenvolver atividades envolvendo as datas

comemorativas “Dias das Mães e dia dos Pais”, especificamente, de modo significativo

para todos os alunos? Professor A: eu planejo normal, oriento sobre cada situação de modo

que nã4o atinge o emocional em nenhum dos casos. Professor B: não respondeu. Professor C:

propor roda de conversas sobre a data comemorativa que será trabalhada, fazer

questionamentos com os alunos sobre o tema. Propor a equipe pedagógica a inserir essas

datas comemorativas, através de projetos ao currículo. Professor D: disse que já havia

respondido essa questão na questão anterior, achou repetido o assunto.

3.3 Comentando as respostas dos professores

No total foram quatro professores, todos eles com graduação, Licenciatura em

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Pedagogia, com experiência entre 04 a 32 anos em sala de aula. Conforme demonstrado

através das respostas dos professores, todos trabalham as atividades do dia das mães e dia dos

pais, mesmo que estas não estejam especificadas na BNCC e nem no Projeto Político

Pedagógico.

Inicio as reflexões a partir da questão seis, pois é a partir dela que é tratado o tema

foco desse estudo. Com o pergunta Como professor (a) você trabalha as Datas

comemorativas “Dia das Mães e dia dos Pais” em sala de aula? De que forma?

Todos responderam sim, três trabalham de modo tradicional/convencional, com pinturas,

lembrançinhas e músicas. Somente a professora C diz que trabalha de forma diferente, ou

seja, de maneira contextualizada “através de roda de conversas sobre a família do século XXI,

e as mudanças que ocorreram.”Esse seria o modo viável de trabalhar essa atividade. A autora

Thamiris Bettiol Tonholo (2014) fala sobre essas práticas em relação a datas comemorativas,

afirmando que

Muitas vezes, tal ideia é incorporada na escola sem maiores questionamentos. Por isso, se faz necessário refletir sobre a forma como são trabalhadas as datas comemorativas dentro da instituição escolar, deixando de ser apenas uma transmissão de conteúdos, apresentação de trabalhos para os pais, ou como uma forma de instigar o consumo( TONHOLO, 2014, p 47).

Como se pode ver nas respostas dos professores as atividades são constantemente

inseridas em sala de aula, provavelmente sem reflexão sobre a realidade de cada aluno e suas

diferentes famílias.

A questão sete teve com questionamento o seguinte Como você insere essas duas

datas em sua turma para os alunos que não tem pai ou mãe, ou não convive com os mesmos,

como esses alunos são abordados nessas atividades? Três responderam que trabalham do

modo habitual. Como na questão anterior a professora C destacou a importância de trabalhar

de maneira adaptada, respondeu que insere essas atividades através de estratégias que lhe

permitem fazer cada criança entender o significado das datas conforme sua leitura de mundo

por meio de roda de conversas, filmes, leituras de livros literários que retratam a família de

hoje.

Já na questão oito quis saber a opinião deles sobre As práticas educacionais com datas

comemorativas causam grande impacto (emocional, afetivo) nos educandos. Qual sua

opinião sobre isso? Dois professores disseram que tais datas não afetam emocionalmente as

crianças. No entanto, todos sabem que falar de e sobre nossa mãe e nosso pai, é um assunto

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que repercute no mais íntimo de cada pessoa, envolvendo sentimentos e emoções. Isto

também acontece quando as crianças realizam atividades escolares sobre este assunto, os

aspectos afetivos e emocionais de cada criança são aflorados.

Outra professora disse que “devemos aceitar o aluno e cuidar para que ele se sinta

confortável no ambiente escolar.” Mas, pode ser que algum aluno se sinta desconfortável em

fazer essas atividades se ele não tem o pai ou a mãe presente, ou não vive numa família

tradicional pai/mãe/filho(a). Pereira e Santos (2018, p. 213), falam que “a relação da escola

com essas datas pode revelar até mesmo a cristalização de conceitos idealizados como, por

exemplo, de modelos de famílias, por vezes dissonantes da diversidade presente na nossa

sociedade”. Visto que a realidade que vivemos atualmente é com famílias de segunda ou

terceira união, mães ou pais solteiros, crianças adotivas, crianças criadas pelos avôs, casais

homoafetivos.

A professora C diz na sua resposta que “devemos respeitar a cultura de cada família,

acolher e propor atividade que possa ser contemplados a todos os alunos.” Esta resposta

mostra que a professora faz a opção de trabalhar este conteúdo sem reforçar os conceitos

cristalizados sobre família os quais Pereira e Santos (op. cit.) mencionam. Modo este mais

adequado do professor trabalhar essa atividade em sala de aula.

A última questão diz Considerando o contexto familiar atual quanto a presença da

mãe e do pai no convívio familiar apresenta-se em diferentes modelos familiares, onde muitas

vezes a criança não convive ou nem conhece sua mãe ou seu pai biológico. Qual sua opinião,

como inserir estas datas comemorativas no currículo, a forma mais adequada de desenvolver

atividades envolvendo as datas comemorativas “Dias das Mães e dia dos Pais”de modo

significativo para todos os alunos. Dois professores não responderam essa questão, porque

entenderam que já haviam respondido na questão anterior. Outra disse que planeja como o de

costume. E a professora C com sua prática significativa, deu a seguinte resposta “ proponho

roda de conversas sobre a data comemorativa que será trabalhada, faço questionamentos com

os alunos sobre o tema.”

Percebe-se nas respostas que uma professora insere as datas comemorativas dias das

mães e dia dos pais de forma mais consciente no currículo, considerando a realidade de cada

um dos seus alunos, e três trabalham de uma maneira mais tradicional, com evidências em

algumas respostas que procuram considerar a realidade dos seus alunos, no entanto

demonstram menos clareza sobre como fazer, que atividades escolher e preparar para abordar

o tema.

Compreende-se que para ajudar os docentes a se preparar com mais segurança para

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abordar o tema “Dia das Mães e Dia dos Pais”, é necessário discutir-se essas práticas

escolares habituais que persistem nas salas de aula, e assim encontrar alternativas de

abordagem e estratégias didáticas condizentes com a necessidade das crianças. Pois,

[...] os educadores, juntamente com toda a equipe escolar, precisam pensar sobre essa questão, e escolher se querem continuar fazendo tudo somente pela tradição e repetir a cada ano as mesmas ações ou refletir e conduzir aos alunos o real sentido e significado dessas datas, de forma que sejam propulsoras de um ensino significativo (TONHOLO, 2013, p. 186).

Os alunos precisam de escolas e professores que lhes ensinam levando em conta seu

contexto familiar, para que assim o seu aprender seja conectado às origens e ao seu meio

social.

3.4 Dialogando com os autores sobre “datas comemorativas”

A partir dos pressupostos teóricos de: Ostetto, Vieira (2018), Tonholo (2013, 2014),

Proêncio, Lira, Dominico( 2017), Maia (2015), apresenta-se alguns apontamentos dos

autores(a) citados anteriormente, os quais trazem contribuições significativas sobre o tema.

No artigo “Acabem com o tormento das festas de dia das mães da escola, aproveitem

e cancelem a do dia dos pais também: o olhar das professoras sobre as datas comemorativas

no ensino fundamental.”de autoria de Vieira e Ostetto (2018), as mesmas refletem sobre o

papel das datas comemorativas em divulgar um modelo de família estereotipado, sendo esta a

forma mais presente nas escolas brasileiras.

Destacam que

Há anos a escola tem como alicerce as datas comemorativas, resultando desta forma, em uma homogeneização das comemorações escolarizadas, as quais deveriam demonstrar os princípios básicos familiares, levando em consideração não apenas o modelo padrão de família (p.8)

Com esta leitura é possível fazer uma auto-avaliação das práticas pedagógicas em sala

de aula, como a atividade escolhida para abordar as datas comemorativas do dia das mães e

dia dos pais irá impactar os alunos. Visto que a escola é espaço de inclusão, sendo necessário

ter em mente que atividade e aluno devem estar adequados, condição fundamental para o

sucesso do ensino e a aprendizagem.

Seguindo, Tonholo (2013) em “Datas comemorativas no contexto escolar”, a autora

faz discussões sobre as possibilidades de trabalhar as datas comemorativas de modo

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significativo, com atividades interdisciplinares.

[...] quando o trabalho com tais datas é existente, mas não é planejado e sistematizado em torno de objetivos definidos, corre-se o risco de incitar para o consumo, ferir a liberdade religiosa ou desrespeitar a diversidade cultural das famílias de alunos. Trabalhar data comemorativa de forma significativa implica uma visão pautada em outras perspectivas, abrangendo de forma interdisciplinar saberes decorrentes de sala de aula, mas que não se reduzem somente a isso (p.192).

A mesma autora em (2014) no artigo “Ressignificando o trabalho com as datas

comemorativas na escola: outros olhares para a prática educativa.” Traz Estudo sobre

compreender a dinâmica da escola no que diz respeito à maneira como as mesmas interpretam

e realizam um trabalho pedagógico em torno das datas comemorativas.

É preciso considerar que na escola há diferentes tipos de realidade, famílias, formas de viver, crenças, religiões, e valores que norteiam a vida de cada indivíduo e o trabalho com as datas comemorativas torna-se um grande desafio, pois traz para dentro da escola toda essa diversidade(TONHOLO, 2014, p. 50).

Os alunos são socialmente diferentes, por esse motivo nas atividades com datas

comemorativas como o dia das mães e dias dos pais, é necessário ter esse cuidado, já que as

atividades refletem ao contexto do aluno. As práticas educativas nas escolas devem dialogar

com a realidade do aluno, o que resulta em aprendizagem significativa.

Outro estudo que também fala sobre as datas comemorativas é o das autoras Proêncio,

Lira e Dominico (2017) com o titulo “É preciso falar sobre isso! As datas comemorativas nas

instituições educativas.”As mesmas questionam as práticas escolares baseadas em datas

comemorativas de maneira superficial e estereotipada. Os conteúdos usados nessas atividades

geralmente são iguais para todos,sendo que os alunos são de diferentes contextos

familiares,como é o caso específico do dia das mães e dia dos pais, no entanto são feitas e

aplicadas atividades de forma homogeneizada.

As celebrações e festividades são feito parte da cultura escolar há anos, e tratadas de forma naturalizada. O que questionamentos não são as datas em si, mas a forma como são trabalhadas, seu lugar no currículo e no planejamento, sua existência cotidiana. [...] A execução de atividades repetitivas, destituídas de significado e participação efetiva das crianças, vai na contramão de uma educação humanizadora, desloca a energia dos professores para esses momentos, deixando de lado questões curriculares imprescindíveis para a formação (p.10738)

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Como em toda prática educativa, também nas datas festivas, é fundamental pensar o

aluno de maneira que o seu aprender faça sentido para ele, assim a escola estará fazendo seu

papel de integração do sujeito com a sociedade. Em suas considerações finais as autoras

concluem que “Todo e qualquer momento dentro de uma instituição deve agregar

conhecimento e fazer memória à cultura, sem reforçar preconceitos e estereótipos”(p.10746).

Visto que a escola é parte importante para o desenvolvimento do conhecimento.

Por fim, o último artigo escolhido sobre este assunto, tem como título “Currículo,

datas e tradição – uma análise necessária” de Marta Nidia Varella Gomes Maia (2015).A

autora fala sobre os conteúdos com datas comemorativas que são inseridos nos currículos

escolares devido às tradições inventadas na sociedade

Há datas que nos levam a pensar sobre as tradições inventadas que são criadas à medida que há a necessidade de buscar estabilidade num mundo cada vez mais instável. [...] Essas datas vão sendo incorporadas ao calendário escolar sem que isso passe necessariamente por um debate e uma reflexão por dentro da escola. As datas são instituídas e são incorporadas (p.8).

Como já discutido no decorrer deste trabalho, na maioria das escolas as datas

comemorativas são inseridas em sala de aula de modo tradicional, não é realizado uma

reflexão antes sobre o conteúdo aplicado, visando aprender significativo. Portanto isso

demonstra que a forma habitual ainda persiste nas escolas.

Em relação às práticas com datas comemorativas, os autores concordam que elas

sejam contextualizadas e adaptadas a realidade dos alunos. Também questionam as atividades

com datas comemorativas inseridas em sala de aula de modo tradicional, em sua grande

maioria sem valores significativos. As duas datas comemorativas abordadas neste estudo em

especifico, dia das mães e dia dos pais, têm diferentes significados, pois estão ligadas a

questões familiares que envolvem cunho pessoal e particular do modo de ser das pessoas, e os

alunos possuem atualmente vários tipos de famílias, os professores devem considerar o aluno,

quando planejam suas aulas sobre essas duas datas.

3. 5 Discussão e repercussão dos resultados

Questionar é o primeiro passo para a transformação. Que as duas datas comemorativas

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“Dia das mães e dia dos Pais” estão presentes em sala de aula isso é fato presenciado

anualmente nas escolas, e agora confirmado pela pesquisa de campo. A escola vive

diariamente com o desafio de conviver com os problemas sociais que se refletem no contexto

escolar, e isso não é tarefa fácil para os professores. As mudanças ocorrem em todos meios

sociais e na escola não é diferente, portanto é preciso evoluir, buscar um ensino com

qualidade significativo, onde aprender seja satisfatório a quem aprende.

Por exemplo, numa sala de aula com vários alunos, é provável que dentre eles há

aquele que não tem o pai ou a mãe presentes no seu convívio familiar. Portanto indago como

ficam esses alunos nas atividades relacionadas com o tema “Dia das Mães ou Dia dos Pais” na

escola? Uma vez que essas crianças já sofrem pela falta dos pais presentes, ea escola que tem

a função de auxiliar o aluno a compreender as questões sociais vivenciadas,a depender de

como fará a abordagem deste tema pode excluir, discriminar ou estigmatizar ainda mais o

aluno, com atividades propostas ao contexto tradicional,ditado pela sociedade, e não

adequado a sua realidade pessoal deste aluno.

Dias dos pais/mães são datas que estão geralmente relacionadas à afetividade. Por isso,

é fundamental questionar, como por exemplo: como pedir às crianças que façam atividades

para os pais/mães, quando na verdade os mesmos não são presentes. A criança irá fazer uma

“lembrancinha” pra pai/mãe ausente? Não tendo nenhum dos dois, há quem ela dará?

Questões essas que se aliam à tantas outras situações já mencionadas em torno do tema.

Os professores deixam marcas em seus alunos que eles levam para a vida toda e, que,

por meio de uma reflexão sobre como desenvolver um conteúdo de forma mais significativa

para seus alunos pode contribuir para que as marcas sobre o “Dia das Mães ou Dia dos Pais”

que seus alunos guardam para sempre, sejam de estímulo e aprendizagem que os ajude a

superar as diversidades sociais que eles venham vivenciar. Por isso, é fundamental que

professores tenham essa visão, de que o ensino de hoje reflete diretamente no futuro do aluno,

e que algumas práticas escolares de sala de aula tem grandes impactos, podendo agregadas há

sentimentos pessoais e sociais devido ao contexto do qual o aluno faz parte.

Enfim, tecendo conclusões sobre o tema posposto a esse estudo, que mesmo não sendo

obrigatório pelo Ministério da educação, e nem estabelecido no currículo da escola no seu

Projeto Político Pedagógico, como este estudo teve a pretensão de averiguar, ficou

evidenciado que as datas comemorativas do dia das mães e dia dos pais estão presentes

atualmente em sala de aula como conteúdo. Foi constatado através da pesquisa de campo com

os professores, como também demonstram os artigos já publicados sobre o tema que

embasaram a reflexão teórica.

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Já se tinha a hipótese de que essa prática com as datas comemorativas trata-se de

atividades habituais, que surgiram casualmente e foram inseridas em sala de aula por um

costume que se criou, mas não se sabe bem de onde, nem o porque. A questão é a maneira de

inseri-las, visto que todas as práticas curriculares necessitam ser contextualizadas, e adaptadas

aos alunos, para que a aprendizagem delineada seja alcançada de modo significativo, e o

desenvolvimento dos alunos depende de boas práticas educativas em sala de aula.

.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo teve como intuito entender como as práticas escolares com as datas

comemorativas “Dia das Mães e Dias dos Pais” estão organizadas e inseridas no currículo

escolar no Ensino fundamental – Anos Iniciais, visto que, estas são evidenciadas

rotineiramente nas atividades escolares anuais.

Que essas duas datas estão presentes nas escolas isso é fato, o que preocupa é maneira

como alguns professores atuam, abordando o tema de forma habitual, repetitiva e igual para

todas as crianças. E, por outro lado, os alunos possuem socialmente realidades diferentes

quanto à organização familiar na qual vivem. Por isto os professores necessitam fazer essa

reflexão sobre a prática com estas duas datas comemorativas: dias das mães e dia dos pais que

envolvem o tema Família.

Atualmente é possível observar que os alunos de uma escola vivem em diversos tipos

de configurações familiares, diferentes dos modelos tradicionais. Dentre estas configurações,

ocorre, por exemplo, a possibilidade de uma criança transitar por diferentes contextos

familiares, em lugar de permanecer em sua família de origem, como por exemplo, na guarda

compartilhada ou situações em que uma criança vive só com a mãe, só com o pai, com as

avós, com dois pais ou duas mães nas famílias homoafetivas. E, na escola estas crianças como

alunos, são tratados de maneira homogênea nas atividades inseridas em sala de aula de forma

tradicional, constatadas nos livros didáticos e nas atividades que o professor e a escola

desenvolvem.

Pois, essas atividades estão ligadas a fatores emocionais, e os alunos vivendo em

realidades diferentes, necessitam de práticas pedagógicas com abordagens voltadas a esse

contexto social vigente, e que a escola os acolham, e auxiliam a compreender esse processo de

mudanças, visto que estes são complexos, e que há diferentes problemas sociais que são

vivenciados em sociedade.

A partir dos estudos teóricos, e da reflexão sobre os dados do questionário, chegou-se

a resultados que apontam os professores em sua maioria trabalham as duas datas

comemorativas de forma habitual, sendo poucos professores que inserem essas práticas de

forma contextualizada de acordo com a realidade social do aluno. Ainda temos professores

que não percebem que seus alunos procedem dos mais diferentes contextos familiares, e usam

e aplicam atividades como se a realidade de todos fosse a mesma. Mas, entendendo-se o

professor com agente de transformação social, faz-se necessário ele repensar sua prática sobre

estas datas comemorativas, para que o ensino e a aprendizagem sejam significativos para

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todos os seus alunos.

Entendendo-se que os professores deixam marcas em seus alunos, que eles levam para

a vida toda e, que, por meio de uma reflexão sobre como desenvolver um conteúdo de forma

significativa para seus alunos pode contribuir para que as marcas sobre o “Dia das Mães ou

Dia dos Pais” que seus alunos guardam para sempre, sejam de estímulo e aprendizagem que

os ajude a superar as diversidades sociais que eles venham vivenciar. Por isso, é fundamental

que professores tenham essa visão, de que o ensino de hoje reflete diretamente no futuro do

aluno, e que algumas práticas escolares de sala de aula tem grandes impactos, podendo

agregadas há sentimentos pessoais e sociais devido ao contexto do qual o aluno faz parte.

Conclui-se que o problema não é inserir estas datas comemorativas no currículo

escolar, mas sim a forma de abordá-las na prática pedagógico, porque toda prática curricular

necessita ser contextualizada, para que a aprendizagem desejada seja alcançada de modo

significativo.

Por fim, fica a certeza que os professores e professoras passam por muitos desafios em

sala de aula, um deles é trabalhar com as diferentes identidades dos seus alunos, com práticas

que engloba a todos, mas de modo satisfatório. Portanto é fundamental que as instituições

escolares estejam inteiradas das mudanças ocorridas constantemente no contexto social, e que

os conteúdos sejam inseridos no currículo e abordados de acordo com a sociedade envolvente.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDONIA – UNIR

CAMPUS DE JI-PARANÁ- CURSO DE PEDAGOGIA

ROTEIRO ENTREVISTA ESTRUTURADA REALIZADA COM OS PROFESSORES

COLABORADORES

Prezado Professor(a) colaborador(a):

O objetivo da presente pesquisa é verificar como as datas comemorativas “Dia das

Mães e dia dos Pais” são inseridas no contexto escolar.

Esta pesquisa só será possível com sua colaboração, pela qual agradecemos

antecipadamente.

Questionário aplicado aos Professores Colaboradores do Ensino Fundamental (1° ao 5° anos)

da Rede Municipal Ji-Paraná, RO

1. Turma que atua neste ano de 2019?

2. Quantos anos de docência você tem no Ensino Fundamental – Anos Iniciais?

3. Tem formação profissional em graduação superior? ( )sim ( ) não

4. Em qual curso? (favor especifique se é licenciatura ou não):

5. Qual é a sua percepção sobre as práticas educacionais com datas comemorativas nas

escolas?Acha importante trabalhá-las no currículo escolar do Ensino Fundamental I - Anos

Iniciais? Por quê?

6. Como professor (a) você trabalha as Datas comemorativas “Dia das Mães e dia dos

Pais”em sala de aula? De que forma?

7. Como você insere essas duas datas em sua turma para os alunos que não tem pai ou mãe,

ou não convive com os mesmos, como esses alunos são abordados nessas atividades?

8. Osteto (2019) diz que [...] é preciso ter em vista que a escola é um lugar de acolhida e

reconhecimento do indivíduo, o que nos leva a questionar como os alunos que possuem outros

modelos familiares seriam contemplados com datas que se restringem à homenagem apenas

aos pais e mães, e não suas figuras cuidadoras. Pensando nissofaz-se necessário repensarmos

as práticas educacionais com datas comemorativas, visto que essas causam grande impacto

(emocional, afetivo)nos educandos. Qual sua opinião sobre isso?

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9. Considerando o contexto familiar atual quanto a presença da mãe e do pai no convívio

familiar apresenta-se em diferentes modelos familiares: em casais de segunda união como

madrasta/padrasto, mães ou pais solteiros, muitas vezes a criança não tem contato com o outro

(pai ou mãe - biológicos) ou tem relação conflituosa, crianças que são criadas como filhos

pelos avós, mães ou pais adotivos solteiros ou casados e a relação com os pais biológicos é

desconhecida ou negada mas desejada, crianças criadas em abrigos por motivos judiciais e

tantas outras situações. Observa-se que nestes exemplos muitas vezes a criança não convive

ou nem conhece sua mãe ou seu pai biológico. De acordo com sua opinião, como pensar e

inserir estas datas comemorativas no currículo? Qual a forma mais adequada de planejar,

organizar e desenvolver atividades envolvendo as datas comemorativas “Dias das Mães e dia

dos Pais”, especificamente, de modo significativo para todos os alunos?

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ANEXO 01

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDONIA – UNIR

CAMPUS DE JI-PARANÁ- CURSO DE PEDAGOGIA

JI-PARANÁ, RO, ____de_______ de 2019.

CARTA DE APRESENTAÇÃO E AUTORIZAÇÃO

De:

Para:

Assunto: SOLICITA ACEITE E AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES

CORRELATAS À TRABALHO MONOGRAFICO.

Senhor Diretor:

O Curso de Pedagogia da Fundação Universidade Federal de Rondônia do Campus de

Ji-Paraná, em sua Matriz Curricular, contempla o componente Elaboração de Trabalho

Monográfico. Vimos, por meio deste, solicitar o aceite e a autorização de inserção da

estudante:...............................................nesta renomada instituição, para realizar atividades

como entrevistas com professores, acessar informar documentais do Projeto Pedagógico,

observar a organização física e pedagógica e outras, em consonância com os objetivos

referentes à construção e desenvolvimento de sua Monografia

denominado................................................................................................................................

Informamos que se a estudante precisar fazer coleta de dados individualmente (questionário,

entrevista, documentos) com membros da comunidade escolar adultos, a mesmoa deverá

providenciar por escrito, a respectiva autorização individual com a população envolvida,

conforme necessário à sua Metodologia.

Salientamos que a estudante devera realizar a coleta de dados sem interferir no

andamento das atividades, jamais podem solicitar aos docentes e funcionários para realizar as

tarefas em seu horário de aulas ou enquanto atendem alunos, devem também respeitar todas

as normas de funcionamento praticadas nesta instituição, bem como seguir rigorosamente

todas as instruções da direção, equipe gestora, pedagógica e docente da escola onde realizarão

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sua atividade de campo

Antecipadamente, expressamos nossos sinceros agradecimentos pela compreensão e

colaboração desta renomada Instituição na co-formação de nossos professores. Colocamo-nos

a disposição para maiores esclarecimentos ou solucionar eventuais situações decorrentes deste

pleito pessoalmente.

Reiterando sinceros votos de estima e apreço pela preciosa contribuição na formação dos

futuros docentes.

Prof.

Professora Coordenadora da disciplina Elaboração de Monografia

Email: Telefone

Recebido em _______/____________________ de 2019. Fica autorizada pela Instituição (

)aplicação de questionário aos funcionários; ( )acessar documentos autorizados pela direção

ou pessoa responsável pelo setor; ( ) outras:

_________________________________________________________________

CARIMBO (SE TIVER OU NOME POR EXTENSO EM MAIUSCULAS) E ASSINATURA

DO/A RESPONSAVEL DA INSTITUIÇÃO

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ANEXO 02

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDONIA – UNIR

CAMPUS DE JI-PARANÁ- CURSO DE PEDAGOGIA

JI-PARANÁ - RO, ____ DE______________2019

TERMO ACEITE PROFESSORES COLABORADORES

De:

Para:

Assunto: SOLICITA ACEITE E AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DE

ATIVIDADES CORRELATAS À PROJETO DE PESQUISA DE INICIAÇÃO

CIENTIFICA OU TRABALHO ACADÊMICO

Prezado(a) Senhor(a):

O Curso de Pedagogia da Fundação Universidade Federal de Rondônia do Campus de

Ji-Paraná, em sua Matriz Curricular, contempla o componente Elaboração de Monografia.

Venho, por meio deste, solicitar o seu aceite e a autorização em contribuir na coleta de dados

para minha MONOGRAFIA com TITULO:...............................................................................,

para realizar atividades em consonância com os objetivos referentes à construção e

desenvolvimento de Monografia descritos no espaço específico ao final deste termo.

Informo que fui orientado para fazer coleta de dados individualmente (questionário,

entrevista) de acordo com a respectiva autorização individual das pessoas envolvidas,

conforme necessário à sua Metodologia

Saliento que deverei realizar a coleta de dados sem interferir no andamento das suas

atividades profissionais, jamais poderei solicitar para realizar as tarefas concernentes à

pesquisa no horário de aulas ou enquanto o docente atendeseus alunos, devotambém respeitar

todas as normas de funcionamento praticadas nesta instituição, bem como seguir

rigorosamente todas as instruções da direção, equipe gestora, pedagógica e docente da escola

onde realizar as atividades de campo.

Antecipadamente, expresso meus sinceros agradecimentos pela sua compreensão e

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colaboração na co-formação de nossos/as professores/as. Coloco-me a disposição para

maiores esclarecimentos ou solucionar eventuais situações decorrentes deste pleito

pessoalmente. Informo que a docente orientadora do Projeto de Pesquisa que estou

desenvolvendo éProfª_______________________________

Reiterando sinceros votos de estima e apreço pela preciosa contribuição na formação dos

futuros docentes.

Estudante Pesquisadora

Email:______________________________Telefone:______________

Recebi em _______/____________________/ 2019. Fica autorizado; ( )aplicação de

questionário e uso das minhas respostas e informações; ( ) acessar e usar dados dos

documentos impressos ou digitais como Plano de Curso, Sequências Didáticas e demais; ( )

outras: _________________________________________________________________

ASSINATURA POR EXTENSO EM MAIUSCULAS DO/A COLABORADOR/A