monografia espinheira santa
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Faculdade Delta-Unime Salvador
Camila Santos de Sousa Luz
FARMACOGNOSIA III
Espinheira Santa
Salvador
2013
Faculdade Delta-Unime Salvador
Curso de Graduaccedilatildeo em Farmaacutecia
Espinheira Santa
Trabalho em Farmacognosia III sala
especial apresentado ao curso de
Farmaacutecia da UNIME-SALVADOR
solicitado pelo professor e orientador
Joseacute Fernando
Docente Joseacute Fernando
Discente Camila Santos de Sousa Luz
Salvador
2013
SUMARIO
1 INTRODUCcedilAtildeO2 Propriedades medicinais de espinheira santa uso popular e
estudos cientiacuteficos3 Caracteriacutesticas morfoanatocircmicas e fenoloacutegicas4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicos5 Aspectos silviculturais6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto
socioeconocircmico7 Processamento da espinheira-santa8 Mercado e comercializaccedilatildeo9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e
perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa11Etapas do processo de secagem por aspersatildeo111 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
12Fatores que influenciam o processo121 Influecircncia do material de entrada
13Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa 131Atividade gaacutestrica
132 Atividade antiulcerogecircnica
133 Atividade antimicrobiana
134Atividade sobre o Sistema Nervoso Central
135Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
136Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegena
137Atividade antioxidante e otoprotetora
138Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria
14Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
15Farmacocineacutetica16Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula17Referencias Bibliograacuteficas
INTRODUCcedilAtildeO
A Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek eacute conhecida popularmente como
ldquoespinheira-santardquo ldquocancerosardquo ldquocancorosa-de-sete-espinhosrdquo e ldquomaitenordquo
dentre outros nomes (Lorenzi amp Matos 2002 Brandatildeo et al 2006) Pertence agrave
famiacutelia Celastraceae possuindo 55 gecircneros e 850 espeacutecies espalhadas nas
regiotildees troacutepicas e subtroacutepicas do mundo No contexto brasileiro onde seu
crescimento eacute nativo a espeacutecie M ilicifolia eacute largamente utilizada na medicina
popular (Mossi et al 2004) O uso medicinal de M ilicifolia eacute datado da deacutecada
de 20 desde quando se tem algum registro escrito de sua utilizaccedilatildeo (Cunha et
al 2003)
A praacutetica da substituiccedilatildeo de plantas medicinais seja ela intencional ou natildeo eacute
muito comum no Brasil o que leva muitas vezes as drogas de origem nativa
ao descreacutedito (OLIVEIRA et al 2005) Aliados a essa praacutetica fatores como a
baixa qualidade e padronizaccedilatildeo de produtos comercializados o uso errocircneo de
espeacutecies as adulteraccedilotildees os contaminantes toacutexicos o uso indevido as
interaccedilotildees medicamentosas e as super dosagens motivaram uma preocupaccedilatildeo
por parte das autoridades sanitaacuterias em relaccedilatildeo agrave seguranccedila eficaacutecia e
qualidade da droga vegetal (MELO et al 2004)
O objetivo deste trabalho eacute relatar as atividades farmacoloacutegicas toxicoloacutegicas e
dos constituintes quiacutemicos da espinheira
1 Espinheira Santa
A M ilicifolia eacute uma espeacutecie da famiacutelia Celastraceae conhecida popularmente
como ldquoespinheira-santardquo ldquoespinheira-divinardquo ldquocancorosardquo ldquocancerosardquo e
ldquocancrosardquo (BRASIL 2011) Eacute uma espeacutecie nativa da Regiatildeo Sul do Brasil
tendo ocorrecircncia tambeacutem na Argentina na Boliacutevia no Paraguai e no Uruguai
(ALICE et al 1995)
De acordo com Cirio et al (2003) a espinheira-santa (M ilicifolia) tem sua
obtenccedilatildeo para fins comerciais a partir do extrativismo ou de plantas cultivadas
das quais satildeo coletados os ramos e as folhas do terccedilo superior em podas
anuais Essa espeacutecie estaacute ameaccedilada de extinccedilatildeo no Brasil por ser explorada
em regime basicamente extrativista (BATALHA et al 2002) Seu nome popular
deve-se ao fato de suas folhas possuiacuterem bordas com espinhos e por possuir
propriedades medicinais (MAGALHAtildeES 2002) As folhas secas satildeo inodoras e
com sabor suave levemente adstringente (BRASIL 2011)
As plantas da espeacutecie espinheira-santa (M ilicifolia) ocorrem naturalmente e se
desenvolvem em ambiente sombreado em solos ricos em mateacuteria orgacircnica
dispersa nas matas e com umidade de meacutedia a alta (CIRIO et al 2003) O
estudo fitoquiacutemico da espinheira-santa determinou nas folhas a presenccedila de
flavonoides e taninos e a maior parte dos flavonoides dessa planta se encontra
na forma de heterosiacutedeos (NEGRI 2007)
De acordo com Cirio et al (2003) as folhas de espinheira-santa (M ilicifolia)
possuem grande interesse farmacecircutico Isso ocorre em razatildeo de essa planta
apresentar comprovados efeitos sobre acidez e ulceraccedilotildees do estocircmago
Essas duas atividades medicinais satildeo comprovadas por pesquisas
coordenadas pela Central de Medicamentos (Ceme) do Ministeacuterio da Sauacutede do
Brasil (DI STASI 2004)
2 Propriedades medicinais de espinheira santa uso popular e estudos cientiacuteficos
A espinheira-santa eacute empregada no tratamento de problemas estomacais
(gastrites e uacutelceras) (Lorenzi amp Matos 2002) As pesquisas com as espeacutecies de
espinheira-santa ndash M ilicifolia e M aquifolium ndash foram iniciadas na deacutecada de
60 estimuladas pela sua eficaacutecia no tratamento de uacutelceras e ateacute mesmo do
cacircncer Estudos iniciais revelaram que elas contecircm compostos bioativos que
mostraram potente accedilatildeo anti-tumoral e antileucecircmica em doses muito baixas
Na medicina tradicional o emplastro de suas folhas eacute usado no tratamento do
cacircncer de pele O decocto das folhas eacute usado em lavagens para o mesmo
tratamento M ilicifolia tem sido usada popularmente no Brasil para tratamento
de cacircncer (Fox 1991) Entretanto seu uso mais popular eacute no tratamento de
uacutelceras indigestatildeo gastrites crocircnicas e dispepsia conforme mostrado em
trabalho desenvolvido por Carlini (1988)
Jorge et al (2004) observaram que extratos hexano e etilacetato de M ilicifolia
que promovem um aumento do volume gaacutestrico e do pH no estocircmago
apresentam accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-inflamatoacuteria Foi observado por
Ferreira et al (2004) que o extrato de folhas de M ilicifolia reduz a secreccedilatildeo
aacutecida na mucosa gaacutestrica de ratildes com efeito semelhante ao medicamento
cimetidina M ilicifolia tem se tornado conhecida e usada na medicina
herbaliacutestica dos EUA onde o extrato de suas folhas vem sendo empregado
para uacutelceras para recomposiccedilatildeo da flora intestinal e inibiccedilatildeo de bacteacuterias
patogecircnicas como laxante para eliminar toxinas atraveacutes dos rins e pele e para
regular a produccedilatildeo do aacutecido cloriacutedrico do estocircmago (Lorenzi amp Matos 2002
Melo et al 2001)
Extratos do caule de M ilicifolia mostraram atividade anti-fuacutengica contra
Microsporum gypseum e Trichophyton mentagrophytes mas as folhas natildeo
mostraram o mesmo efeito (Portillo et al 2001) Esta espeacutecie eacute utilizada como
contraceptivo por populaccedilotildees indiacutegenas e do meio rural no Paraguai e como
abortivo por mulheres do nordeste da Argentina (Montanari et al 1998) Os
autores estudaram o efeito do extrato etanoacutelico de folhas de M ilicifolia sobre a
espermatogecircnese em ratos natildeo tendo sido mostrado efeito significativo sobre
a formaccedilatildeo dos espermatozoacuteides Foi observado por Montanari amp Bevilacqua
(2002) que o extrato de folhas desta espeacutecie causou uma perda na preacute-
implantaccedilatildeo embriocircnica em ratos mas sem efeito sobre a implantaccedilatildeo ou
organogecircnese A atividade estrogecircnica do extrato sugere que ele pode estar
interferindo com a receptividade uterina ao embriatildeo Entretanto os efeitos natildeo
foram uniformes entre os animais sendo que em alguns nenhuma alteraccedilatildeo
foi observada nem mesmo na fase de preacute-implantaccedilatildeo do embriatildeo Isto
significa que no caso das mulheres o aborto poderia ocorrer em algumas e em
outras natildeo Existem vaacuterias espeacutecies medicinais do gecircnero Maytenus ndash aleacutem de
M ilicifolia e M aquifolium ndash que vecircm sendo amplamente estudadas como M
senegalensi M macrocarpa e M canariensis (Di Stasi 2004) O autor cita
alguns trabalhos com estas espeacutecies M senegalensis apresenta atividade
antimalaacuterica leishmanicida e inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo do viacuterus HIV-1
(atraveacutes da accedilatildeo da pristimerina) M canariensis apresenta atividade
antibacteriana antifuacutengica e inseticida M macrocarpa apresenta compostos
com accedilatildeo citotoacutexica e leishmanicida Foi evidenciada por Kennedy et al (2001)
a accedilatildeo leishmanicida de M magellanica e M chubutensis
3 Caracteriacutesticas morfoanatocircmicas e fenoloacutegicasA espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) foi descrita por Carvalho-Okano (1992)
como um sub-arbusto ou aacutervore ramificado desde a base podendo atingir uma
estatura de ateacute 5 m com ramos novos glabros angulosos tetra ou
multicarenados
As folhas satildeo congestas coriaacuteceas glabras com estiacutepulas incospiacutecuas limbo
com 22 a 89 cm de comprimento e 11 a 30 cm de largura nervuras
proeminentes na face abaxial de forma eliacuteptica com a margem inteira ou com
espinhos em nuacutemero de um a vaacuterios distribuiacutedos regular ou irregularmente no
bordo geralmente concentrados na metade apical de um ou de ambos os
semilimbos As inflorescecircncias ocorrem em fasciacuteculos multifloros As flores
possuem seacutepalas semicirculares e ciliadas com peacutetalas ovais e inteiras
estames com filetes achatados na base estigma capitado seacutessil ou com
estilete distinto ovaacuterio saliente ou totalmente imerso no disco carnoso
As flores satildeo monoacuteclinas poreacutem haacute evidecircncias fortes de que muitas de suas
flores sejam funcionalmente diclinas O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular
com pericarpo maduro de coloraccedilatildeo vermelho-alaranjada
As sementes satildeo eretas suborbiculares elipsoides ou obovais agraves vezes
angulosas em nuacutemero variaacutevel de 1 a 4 por fruto envoltas inteiramente pelo
arilo A testa eacute rija lisa e brilhante em geral com coloraccedilatildeo castanha ou negra
O endosperma eacute abundante o embriatildeo eacute axial com cotileacutedones planos
membranaacuteceos e eixo hipocoacutetilo-raizinha reta e curta O arilo eacute suculento de
coloraccedilatildeo branca cobrindo toda a semente Um estudo morfoanatocircmico desta
espeacutecies foi ainda realizado por Lula et al (2001) Segundo os autores M
ilicifolia apresenta epiderme adaxial e abaxial glabras com ceacutelulas poligonais
de paredes levemente espessadas retas e cutiacutecula de aspecto granulado Foi
observada a presenccedila de cristais prismaacuteticos nas ceacutelulas epideacutermicas e
tambeacutem de raacutefides Os estocircmatos estatildeo restritos agrave epiderme abaxial e com
frequumlecircncia apresentam cinco ceacutelulas subsidiaacuterias muito pouco diferenciadas
das ceacutelulas epideacutermicas comuns Em corte transversal as epidermes se
apresentam uniestratificadas com ceacutelulas baixas e tabulares e cutiacutecula
relativamente espessa O mesoacutefilo eacute dorsiventral com duas camadas de
parecircnquima paliccedilaacutedico O parecircnquima lacunoso eacute relativamente compacto com
cerca de seis a sete camadas de ceacutelulas As nervuras menores e as
terminaccedilotildees vasculares apresentam uma bainha de fibras esclerenquimaacuteticas
As sementes de M ilicifolia podem ser classificadas como ortodoxas e
estocadas a -20ordmC por um longo periacuteodo em cacircmara fria (Eira et al 1995) M
aquifolium tambeacutem conhecida como espinheira-santa eacute descrita por Carvalho-
Okano (1992) como um arbusto ou aacutervore medindo cerca de 15-12 m de
altura Apresenta ramos novos glabros ciliacutendrico-achatados folhas cartaacuteceas
glabras peciacuteolo com 05-10 cm de comprimento estiacutepulas inconspiacutecuas limbo
com 60-190 cm de comprimento e 20-60 cm de largura nervura primaacuteria
proeminente em ambas as faces nervuras secundaacuterias subsalientes forma
eliacuteptica ou mais comumente oblongo-eliacuteptica base aguda ou obtusa aacutepice
agudo a obtuso com mucron margem com muitos espinhos serrada A
Inflorescecircncia eacute em fasciacuteculos multifloros apresentando pedicelos florais com
04-07 cm de comprimento As seacutepalas satildeo ovais com cerca de 04 cm de
comprimento e 03 cm de largura Os estames apresentam filetes achatados na
base O estigma eacute seacutessil ou com estilete distinto ovaacuterio saliente ou imerso
totalmente no disco carnoso O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular o
pericarpo maduro apresenta coloraccedilatildeo castanho-avemelhada O florescimento
de espinheira-santa ocorre entre os meses de setembro a dezembro e a
frutificaccedilatildeo de outubro a fevereiro (Carvalho-Okano 1992) A frutificaccedilatildeo ocorre
durante um periacuteodo relativamente longo iniciando no Estado do Rio
Grande do Sul seguido por Santa Catarina e por uacuteltimo o Paranaacute (Scheffer amp
Arauacutejo1998) As espeacutecies de espinheira-santa satildeo aloacutegamas Os estudos da
accedilatildeo farmacoloacutegica da espinheira-santa tecircm sido realizados utilizando
principalmente as folhas pois eacute a parte da planta que normalmente eacute utilizada
pela populaccedilatildeo nas infusotildees ou pela induacutestria farmacecircutica para elaboraccedilatildeo de
medicamentos Alguns estudos foram feitos com a raiz pois existem relatos do
uso esporaacutedico desta parte da planta por algumas pessoas para o tratamento
de doenccedilas Em um levantamento do uso da espinheira-santa pelas
comunidades rurais Mariot (2005) identificou um agricultor que utiliza o chaacute
das raiacutezes da espinheirasanta para o tratamento de diabetes Com relaccedilatildeo agrave
localizaccedilatildeo da produccedilatildeo de metaboacutelitos secundaacuterios nas plantas de
espinheirasanta Corsino et al (2000) ao estudarem a biossiacutentese de
triterpenoacuteides em M aquifolium identificaram que as folhas produzem 3b-
friedelanol e friedelina (friedelano) e raiacutezes acumulam maitenina e pristimerina
(quinonametiacutedicos) Os triterpenos derivados de friedelano uma vez
biossintetizados nas folhas satildeo translocados para as raiacutezes e posteriormente
transformados nos triterpenoacuteides quinonametiacutedicos que apresentam accedilatildeo
antitumor Estes triterpenoacuteides natildeo foram encontrados em folhas somente em
raiacutezes Os flavonoacuteides satildeo encontrados em todos os oacutergatildeos das plantas
(Zuanazzi 2001) Existem flavonoacuteides que satildeo encontrados em um oacutergatildeo e em
outros natildeo ou quando existe o mesmo composto em mais de um oacutergatildeo este
pode apresentar diferentes concentraccedilotildees Estes compostos estatildeo localizados
nos vacuacuteolos cloroplastos e cromoplastos (Cardoso et al 2001) Os taninos
ocorrem nos vacuacuteolos e plastiacutedios (Salisbuty amp Ross 1992)
Figura A - Folhas de espinheira-santa (a uacuteltima eacute M aquifolium e as demais
satildeo M ilicifolia) B - flores de espinheira-santa C - ramo com frutos e sementes
de Maytenus ilicifolia
4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicosOs compostos com accedilatildeo bioativa de importacircncia na farmacologia satildeo
produzidos atraveacutes da biossiacutentese dos metaboacutelitos secundaacuterios que estaacute
esquematizado na Figura 1 Nesta figura pode ser observada a formaccedilatildeo dos
principais metaboacutelitos identificados na espinheira-santa como os taninos
flavonoacuteides e terpenos grupo em que estatildeo inseridos os triterpenos
O gecircnero Maytenus eacute rico em espeacutecies com potencial medicinal tendo sido
identificados vaacuterios compostos com accedilatildeo farmacoloacutegica Di Stasi (2004) em
uma revisatildeo sobre compostos bioativos em espeacutecies de Maytenus relata a
presenccedila de pristimerina um triterpeno do tipo friedelano com accedilatildeo
antimalaacuterica e compostos fenoacutelicos com atividade inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo
do viacuterus HIV-1 em M senegalensis Em M canariensis foram isoladas
nortriterpenos com atividade antibioacutetica e sesquiterpenos com atividade
inseticida M macrocarpa apresenta nortriterpenos denominados
macrocarpinas os quais satildeo citotoacutexicos sesquiterpenos com atividade
leishmanicida e triterpenos do tipo friedelano Triterpenoacuteides do tipo friedelano
tambeacutem foram isolados desta espeacutecie por Chavez et al (1998) Foi evidenciado
por Kennedy et al (2001) a accedilatildeo leishmanicida de sesquiterpenos isolados de
M magellanica e M chubutensis
FIGURA 1 Representaccedilatildeo simplificada do ciclo biossinteacutetico dos metaboacutelitos
secundaacuterios terpenoacuteides flavonoacuteides e taninos condensados que ocorrem em
espinheira-santa (adaptado de Santos 2001)
Entre os compostos bioativos em espinheirasanta (M ilicifolia e M aquifolium)
que podem ter accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-gaacutestrica destacam-se os
triterpenos Os triterpenoacuteides satildeo compostos constituiacutedos basicamente de trinta
unidades de carbono ndash seis isoprenos (Cardoso et al 2001) A maioria possui
em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os
heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas
cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de
condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-
cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos
(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da
estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante
precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As
saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos
ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram
identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo
friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos
FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)
Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica
como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que
podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi
desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns
triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica
moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As
estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e
cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes
de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-
caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M
ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do
triterpenoacuteide eritrodiol
Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos
bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia
Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e
elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a
aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium
em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os
sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos
danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram
a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina
E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um
pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias
Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al
1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode
elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo
efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento
cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o
friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos
como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais
Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22
hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M
aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com
diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio
com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura
de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de
espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)
Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas
de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para
estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares
Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e
Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do
desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid
Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco
tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-
hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de
maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo
Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos
presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)
como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais
Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta
com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS
(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil
cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na
concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram
tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os
mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de
uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar
friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta
temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre
extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando
satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os
uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em
espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido
supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10
como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos
triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo
uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma
flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a
condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente
extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo
ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente
exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a
distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de
partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e
friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no
tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada
com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo
farmacoloacutegica
FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa
Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-
santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al
2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de
fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e
alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias
derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e
derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados
(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas
biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido
gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos
condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido
chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas
Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos
condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e
poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas
(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos
flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos
taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura
Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos
condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-
se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as
propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da
placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias
bucais
Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al
(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de
laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do
extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam
habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de
prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa
gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes
como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas
Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua
maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se
estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na
orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas
ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de
glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os
flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA
Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do
acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas
flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae
Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das
trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash
canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e
malvidina
Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de
folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo
composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os
flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave
atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave
caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como
marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus
Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de
quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash
foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M
aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura
3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os
3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-
uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao
decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a
mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as
mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides
poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes
componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por
Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High
Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia
e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie
muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da
folha
5 Aspectos silviculturais
Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das
espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada
pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no
momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a
espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os
Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito
medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato
eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um
instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos
indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma
determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem
que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios
verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos
satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada
ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se
reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem
colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo
natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios
Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes
distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de
aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num
mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano
seguinte do outro lado
Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por
necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie
ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de
plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies
medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia
6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico
A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes
de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no
seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees
italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que
jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute
eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores
portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469
estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave
agricultura ou silvicultura
Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)
Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na
comercializaccedilatildeo da espinheira-santa
Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima
(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas
medicinais inclusive espinheira-santa
(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias
Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda
(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais
(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais
A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de
renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os
coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos
finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de
plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)
7 Processamento da espinheira-santa
Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor
onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao
comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar
aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar
as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da
produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O
combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores
contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas
pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e
rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de
polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou
enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita
para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas
induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o
controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo
microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos
tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos
Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e
satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag
e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma
semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas
rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em
embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de
10 a 30 g
Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-
santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas
digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas
contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa
para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente
hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das
folhas
8 Mercado e comercializaccedilatildeo
Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes
quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias
alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem
embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em
feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por
produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como
Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)
por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas
exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para
comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em
sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e
distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute
comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa
originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a
falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a
regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais
As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os
supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento
normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de
produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que
realizam a distribuiccedilatildeo internamente
9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo
ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para
registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou
comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo
madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que
devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos
oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto
Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A
legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e
produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de
manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo
adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo
Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas
medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de
autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No
periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia
definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo
das autorizaccedilotildees de coleta de plantas
Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas
necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de
extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de
estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de
manejo efetivamente implantado
Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo
federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos
muito complexa e cara para os produtores
Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve
atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da
capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto
deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por
microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as
exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo
dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a
padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em
atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao
mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como
tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras
10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa
A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo
tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo
sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na
produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol
apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre
luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos
(078) foram altas e significativas
Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos
em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul
(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram
menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam
maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas
em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas
das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais
pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de
sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de
folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades
luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas
plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros
ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou
altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo
tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o
incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande
influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa
como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas
coletadas em ambientes diferentes
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
Faculdade Delta-Unime Salvador
Curso de Graduaccedilatildeo em Farmaacutecia
Espinheira Santa
Trabalho em Farmacognosia III sala
especial apresentado ao curso de
Farmaacutecia da UNIME-SALVADOR
solicitado pelo professor e orientador
Joseacute Fernando
Docente Joseacute Fernando
Discente Camila Santos de Sousa Luz
Salvador
2013
SUMARIO
1 INTRODUCcedilAtildeO2 Propriedades medicinais de espinheira santa uso popular e
estudos cientiacuteficos3 Caracteriacutesticas morfoanatocircmicas e fenoloacutegicas4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicos5 Aspectos silviculturais6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto
socioeconocircmico7 Processamento da espinheira-santa8 Mercado e comercializaccedilatildeo9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e
perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa11Etapas do processo de secagem por aspersatildeo111 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
12Fatores que influenciam o processo121 Influecircncia do material de entrada
13Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa 131Atividade gaacutestrica
132 Atividade antiulcerogecircnica
133 Atividade antimicrobiana
134Atividade sobre o Sistema Nervoso Central
135Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
136Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegena
137Atividade antioxidante e otoprotetora
138Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria
14Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
15Farmacocineacutetica16Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula17Referencias Bibliograacuteficas
INTRODUCcedilAtildeO
A Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek eacute conhecida popularmente como
ldquoespinheira-santardquo ldquocancerosardquo ldquocancorosa-de-sete-espinhosrdquo e ldquomaitenordquo
dentre outros nomes (Lorenzi amp Matos 2002 Brandatildeo et al 2006) Pertence agrave
famiacutelia Celastraceae possuindo 55 gecircneros e 850 espeacutecies espalhadas nas
regiotildees troacutepicas e subtroacutepicas do mundo No contexto brasileiro onde seu
crescimento eacute nativo a espeacutecie M ilicifolia eacute largamente utilizada na medicina
popular (Mossi et al 2004) O uso medicinal de M ilicifolia eacute datado da deacutecada
de 20 desde quando se tem algum registro escrito de sua utilizaccedilatildeo (Cunha et
al 2003)
A praacutetica da substituiccedilatildeo de plantas medicinais seja ela intencional ou natildeo eacute
muito comum no Brasil o que leva muitas vezes as drogas de origem nativa
ao descreacutedito (OLIVEIRA et al 2005) Aliados a essa praacutetica fatores como a
baixa qualidade e padronizaccedilatildeo de produtos comercializados o uso errocircneo de
espeacutecies as adulteraccedilotildees os contaminantes toacutexicos o uso indevido as
interaccedilotildees medicamentosas e as super dosagens motivaram uma preocupaccedilatildeo
por parte das autoridades sanitaacuterias em relaccedilatildeo agrave seguranccedila eficaacutecia e
qualidade da droga vegetal (MELO et al 2004)
O objetivo deste trabalho eacute relatar as atividades farmacoloacutegicas toxicoloacutegicas e
dos constituintes quiacutemicos da espinheira
1 Espinheira Santa
A M ilicifolia eacute uma espeacutecie da famiacutelia Celastraceae conhecida popularmente
como ldquoespinheira-santardquo ldquoespinheira-divinardquo ldquocancorosardquo ldquocancerosardquo e
ldquocancrosardquo (BRASIL 2011) Eacute uma espeacutecie nativa da Regiatildeo Sul do Brasil
tendo ocorrecircncia tambeacutem na Argentina na Boliacutevia no Paraguai e no Uruguai
(ALICE et al 1995)
De acordo com Cirio et al (2003) a espinheira-santa (M ilicifolia) tem sua
obtenccedilatildeo para fins comerciais a partir do extrativismo ou de plantas cultivadas
das quais satildeo coletados os ramos e as folhas do terccedilo superior em podas
anuais Essa espeacutecie estaacute ameaccedilada de extinccedilatildeo no Brasil por ser explorada
em regime basicamente extrativista (BATALHA et al 2002) Seu nome popular
deve-se ao fato de suas folhas possuiacuterem bordas com espinhos e por possuir
propriedades medicinais (MAGALHAtildeES 2002) As folhas secas satildeo inodoras e
com sabor suave levemente adstringente (BRASIL 2011)
As plantas da espeacutecie espinheira-santa (M ilicifolia) ocorrem naturalmente e se
desenvolvem em ambiente sombreado em solos ricos em mateacuteria orgacircnica
dispersa nas matas e com umidade de meacutedia a alta (CIRIO et al 2003) O
estudo fitoquiacutemico da espinheira-santa determinou nas folhas a presenccedila de
flavonoides e taninos e a maior parte dos flavonoides dessa planta se encontra
na forma de heterosiacutedeos (NEGRI 2007)
De acordo com Cirio et al (2003) as folhas de espinheira-santa (M ilicifolia)
possuem grande interesse farmacecircutico Isso ocorre em razatildeo de essa planta
apresentar comprovados efeitos sobre acidez e ulceraccedilotildees do estocircmago
Essas duas atividades medicinais satildeo comprovadas por pesquisas
coordenadas pela Central de Medicamentos (Ceme) do Ministeacuterio da Sauacutede do
Brasil (DI STASI 2004)
2 Propriedades medicinais de espinheira santa uso popular e estudos cientiacuteficos
A espinheira-santa eacute empregada no tratamento de problemas estomacais
(gastrites e uacutelceras) (Lorenzi amp Matos 2002) As pesquisas com as espeacutecies de
espinheira-santa ndash M ilicifolia e M aquifolium ndash foram iniciadas na deacutecada de
60 estimuladas pela sua eficaacutecia no tratamento de uacutelceras e ateacute mesmo do
cacircncer Estudos iniciais revelaram que elas contecircm compostos bioativos que
mostraram potente accedilatildeo anti-tumoral e antileucecircmica em doses muito baixas
Na medicina tradicional o emplastro de suas folhas eacute usado no tratamento do
cacircncer de pele O decocto das folhas eacute usado em lavagens para o mesmo
tratamento M ilicifolia tem sido usada popularmente no Brasil para tratamento
de cacircncer (Fox 1991) Entretanto seu uso mais popular eacute no tratamento de
uacutelceras indigestatildeo gastrites crocircnicas e dispepsia conforme mostrado em
trabalho desenvolvido por Carlini (1988)
Jorge et al (2004) observaram que extratos hexano e etilacetato de M ilicifolia
que promovem um aumento do volume gaacutestrico e do pH no estocircmago
apresentam accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-inflamatoacuteria Foi observado por
Ferreira et al (2004) que o extrato de folhas de M ilicifolia reduz a secreccedilatildeo
aacutecida na mucosa gaacutestrica de ratildes com efeito semelhante ao medicamento
cimetidina M ilicifolia tem se tornado conhecida e usada na medicina
herbaliacutestica dos EUA onde o extrato de suas folhas vem sendo empregado
para uacutelceras para recomposiccedilatildeo da flora intestinal e inibiccedilatildeo de bacteacuterias
patogecircnicas como laxante para eliminar toxinas atraveacutes dos rins e pele e para
regular a produccedilatildeo do aacutecido cloriacutedrico do estocircmago (Lorenzi amp Matos 2002
Melo et al 2001)
Extratos do caule de M ilicifolia mostraram atividade anti-fuacutengica contra
Microsporum gypseum e Trichophyton mentagrophytes mas as folhas natildeo
mostraram o mesmo efeito (Portillo et al 2001) Esta espeacutecie eacute utilizada como
contraceptivo por populaccedilotildees indiacutegenas e do meio rural no Paraguai e como
abortivo por mulheres do nordeste da Argentina (Montanari et al 1998) Os
autores estudaram o efeito do extrato etanoacutelico de folhas de M ilicifolia sobre a
espermatogecircnese em ratos natildeo tendo sido mostrado efeito significativo sobre
a formaccedilatildeo dos espermatozoacuteides Foi observado por Montanari amp Bevilacqua
(2002) que o extrato de folhas desta espeacutecie causou uma perda na preacute-
implantaccedilatildeo embriocircnica em ratos mas sem efeito sobre a implantaccedilatildeo ou
organogecircnese A atividade estrogecircnica do extrato sugere que ele pode estar
interferindo com a receptividade uterina ao embriatildeo Entretanto os efeitos natildeo
foram uniformes entre os animais sendo que em alguns nenhuma alteraccedilatildeo
foi observada nem mesmo na fase de preacute-implantaccedilatildeo do embriatildeo Isto
significa que no caso das mulheres o aborto poderia ocorrer em algumas e em
outras natildeo Existem vaacuterias espeacutecies medicinais do gecircnero Maytenus ndash aleacutem de
M ilicifolia e M aquifolium ndash que vecircm sendo amplamente estudadas como M
senegalensi M macrocarpa e M canariensis (Di Stasi 2004) O autor cita
alguns trabalhos com estas espeacutecies M senegalensis apresenta atividade
antimalaacuterica leishmanicida e inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo do viacuterus HIV-1
(atraveacutes da accedilatildeo da pristimerina) M canariensis apresenta atividade
antibacteriana antifuacutengica e inseticida M macrocarpa apresenta compostos
com accedilatildeo citotoacutexica e leishmanicida Foi evidenciada por Kennedy et al (2001)
a accedilatildeo leishmanicida de M magellanica e M chubutensis
3 Caracteriacutesticas morfoanatocircmicas e fenoloacutegicasA espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) foi descrita por Carvalho-Okano (1992)
como um sub-arbusto ou aacutervore ramificado desde a base podendo atingir uma
estatura de ateacute 5 m com ramos novos glabros angulosos tetra ou
multicarenados
As folhas satildeo congestas coriaacuteceas glabras com estiacutepulas incospiacutecuas limbo
com 22 a 89 cm de comprimento e 11 a 30 cm de largura nervuras
proeminentes na face abaxial de forma eliacuteptica com a margem inteira ou com
espinhos em nuacutemero de um a vaacuterios distribuiacutedos regular ou irregularmente no
bordo geralmente concentrados na metade apical de um ou de ambos os
semilimbos As inflorescecircncias ocorrem em fasciacuteculos multifloros As flores
possuem seacutepalas semicirculares e ciliadas com peacutetalas ovais e inteiras
estames com filetes achatados na base estigma capitado seacutessil ou com
estilete distinto ovaacuterio saliente ou totalmente imerso no disco carnoso
As flores satildeo monoacuteclinas poreacutem haacute evidecircncias fortes de que muitas de suas
flores sejam funcionalmente diclinas O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular
com pericarpo maduro de coloraccedilatildeo vermelho-alaranjada
As sementes satildeo eretas suborbiculares elipsoides ou obovais agraves vezes
angulosas em nuacutemero variaacutevel de 1 a 4 por fruto envoltas inteiramente pelo
arilo A testa eacute rija lisa e brilhante em geral com coloraccedilatildeo castanha ou negra
O endosperma eacute abundante o embriatildeo eacute axial com cotileacutedones planos
membranaacuteceos e eixo hipocoacutetilo-raizinha reta e curta O arilo eacute suculento de
coloraccedilatildeo branca cobrindo toda a semente Um estudo morfoanatocircmico desta
espeacutecies foi ainda realizado por Lula et al (2001) Segundo os autores M
ilicifolia apresenta epiderme adaxial e abaxial glabras com ceacutelulas poligonais
de paredes levemente espessadas retas e cutiacutecula de aspecto granulado Foi
observada a presenccedila de cristais prismaacuteticos nas ceacutelulas epideacutermicas e
tambeacutem de raacutefides Os estocircmatos estatildeo restritos agrave epiderme abaxial e com
frequumlecircncia apresentam cinco ceacutelulas subsidiaacuterias muito pouco diferenciadas
das ceacutelulas epideacutermicas comuns Em corte transversal as epidermes se
apresentam uniestratificadas com ceacutelulas baixas e tabulares e cutiacutecula
relativamente espessa O mesoacutefilo eacute dorsiventral com duas camadas de
parecircnquima paliccedilaacutedico O parecircnquima lacunoso eacute relativamente compacto com
cerca de seis a sete camadas de ceacutelulas As nervuras menores e as
terminaccedilotildees vasculares apresentam uma bainha de fibras esclerenquimaacuteticas
As sementes de M ilicifolia podem ser classificadas como ortodoxas e
estocadas a -20ordmC por um longo periacuteodo em cacircmara fria (Eira et al 1995) M
aquifolium tambeacutem conhecida como espinheira-santa eacute descrita por Carvalho-
Okano (1992) como um arbusto ou aacutervore medindo cerca de 15-12 m de
altura Apresenta ramos novos glabros ciliacutendrico-achatados folhas cartaacuteceas
glabras peciacuteolo com 05-10 cm de comprimento estiacutepulas inconspiacutecuas limbo
com 60-190 cm de comprimento e 20-60 cm de largura nervura primaacuteria
proeminente em ambas as faces nervuras secundaacuterias subsalientes forma
eliacuteptica ou mais comumente oblongo-eliacuteptica base aguda ou obtusa aacutepice
agudo a obtuso com mucron margem com muitos espinhos serrada A
Inflorescecircncia eacute em fasciacuteculos multifloros apresentando pedicelos florais com
04-07 cm de comprimento As seacutepalas satildeo ovais com cerca de 04 cm de
comprimento e 03 cm de largura Os estames apresentam filetes achatados na
base O estigma eacute seacutessil ou com estilete distinto ovaacuterio saliente ou imerso
totalmente no disco carnoso O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular o
pericarpo maduro apresenta coloraccedilatildeo castanho-avemelhada O florescimento
de espinheira-santa ocorre entre os meses de setembro a dezembro e a
frutificaccedilatildeo de outubro a fevereiro (Carvalho-Okano 1992) A frutificaccedilatildeo ocorre
durante um periacuteodo relativamente longo iniciando no Estado do Rio
Grande do Sul seguido por Santa Catarina e por uacuteltimo o Paranaacute (Scheffer amp
Arauacutejo1998) As espeacutecies de espinheira-santa satildeo aloacutegamas Os estudos da
accedilatildeo farmacoloacutegica da espinheira-santa tecircm sido realizados utilizando
principalmente as folhas pois eacute a parte da planta que normalmente eacute utilizada
pela populaccedilatildeo nas infusotildees ou pela induacutestria farmacecircutica para elaboraccedilatildeo de
medicamentos Alguns estudos foram feitos com a raiz pois existem relatos do
uso esporaacutedico desta parte da planta por algumas pessoas para o tratamento
de doenccedilas Em um levantamento do uso da espinheira-santa pelas
comunidades rurais Mariot (2005) identificou um agricultor que utiliza o chaacute
das raiacutezes da espinheirasanta para o tratamento de diabetes Com relaccedilatildeo agrave
localizaccedilatildeo da produccedilatildeo de metaboacutelitos secundaacuterios nas plantas de
espinheirasanta Corsino et al (2000) ao estudarem a biossiacutentese de
triterpenoacuteides em M aquifolium identificaram que as folhas produzem 3b-
friedelanol e friedelina (friedelano) e raiacutezes acumulam maitenina e pristimerina
(quinonametiacutedicos) Os triterpenos derivados de friedelano uma vez
biossintetizados nas folhas satildeo translocados para as raiacutezes e posteriormente
transformados nos triterpenoacuteides quinonametiacutedicos que apresentam accedilatildeo
antitumor Estes triterpenoacuteides natildeo foram encontrados em folhas somente em
raiacutezes Os flavonoacuteides satildeo encontrados em todos os oacutergatildeos das plantas
(Zuanazzi 2001) Existem flavonoacuteides que satildeo encontrados em um oacutergatildeo e em
outros natildeo ou quando existe o mesmo composto em mais de um oacutergatildeo este
pode apresentar diferentes concentraccedilotildees Estes compostos estatildeo localizados
nos vacuacuteolos cloroplastos e cromoplastos (Cardoso et al 2001) Os taninos
ocorrem nos vacuacuteolos e plastiacutedios (Salisbuty amp Ross 1992)
Figura A - Folhas de espinheira-santa (a uacuteltima eacute M aquifolium e as demais
satildeo M ilicifolia) B - flores de espinheira-santa C - ramo com frutos e sementes
de Maytenus ilicifolia
4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicosOs compostos com accedilatildeo bioativa de importacircncia na farmacologia satildeo
produzidos atraveacutes da biossiacutentese dos metaboacutelitos secundaacuterios que estaacute
esquematizado na Figura 1 Nesta figura pode ser observada a formaccedilatildeo dos
principais metaboacutelitos identificados na espinheira-santa como os taninos
flavonoacuteides e terpenos grupo em que estatildeo inseridos os triterpenos
O gecircnero Maytenus eacute rico em espeacutecies com potencial medicinal tendo sido
identificados vaacuterios compostos com accedilatildeo farmacoloacutegica Di Stasi (2004) em
uma revisatildeo sobre compostos bioativos em espeacutecies de Maytenus relata a
presenccedila de pristimerina um triterpeno do tipo friedelano com accedilatildeo
antimalaacuterica e compostos fenoacutelicos com atividade inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo
do viacuterus HIV-1 em M senegalensis Em M canariensis foram isoladas
nortriterpenos com atividade antibioacutetica e sesquiterpenos com atividade
inseticida M macrocarpa apresenta nortriterpenos denominados
macrocarpinas os quais satildeo citotoacutexicos sesquiterpenos com atividade
leishmanicida e triterpenos do tipo friedelano Triterpenoacuteides do tipo friedelano
tambeacutem foram isolados desta espeacutecie por Chavez et al (1998) Foi evidenciado
por Kennedy et al (2001) a accedilatildeo leishmanicida de sesquiterpenos isolados de
M magellanica e M chubutensis
FIGURA 1 Representaccedilatildeo simplificada do ciclo biossinteacutetico dos metaboacutelitos
secundaacuterios terpenoacuteides flavonoacuteides e taninos condensados que ocorrem em
espinheira-santa (adaptado de Santos 2001)
Entre os compostos bioativos em espinheirasanta (M ilicifolia e M aquifolium)
que podem ter accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-gaacutestrica destacam-se os
triterpenos Os triterpenoacuteides satildeo compostos constituiacutedos basicamente de trinta
unidades de carbono ndash seis isoprenos (Cardoso et al 2001) A maioria possui
em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os
heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas
cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de
condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-
cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos
(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da
estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante
precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As
saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos
ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram
identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo
friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos
FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)
Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica
como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que
podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi
desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns
triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica
moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As
estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e
cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes
de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-
caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M
ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do
triterpenoacuteide eritrodiol
Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos
bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia
Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e
elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a
aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium
em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os
sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos
danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram
a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina
E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um
pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias
Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al
1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode
elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo
efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento
cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o
friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos
como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais
Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22
hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M
aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com
diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio
com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura
de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de
espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)
Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas
de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para
estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares
Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e
Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do
desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid
Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco
tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-
hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de
maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo
Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos
presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)
como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais
Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta
com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS
(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil
cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na
concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram
tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os
mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de
uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar
friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta
temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre
extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando
satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os
uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em
espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido
supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10
como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos
triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo
uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma
flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a
condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente
extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo
ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente
exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a
distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de
partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e
friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no
tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada
com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo
farmacoloacutegica
FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa
Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-
santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al
2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de
fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e
alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias
derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e
derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados
(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas
biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido
gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos
condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido
chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas
Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos
condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e
poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas
(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos
flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos
taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura
Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos
condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-
se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as
propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da
placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias
bucais
Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al
(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de
laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do
extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam
habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de
prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa
gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes
como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas
Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua
maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se
estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na
orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas
ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de
glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os
flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA
Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do
acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas
flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae
Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das
trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash
canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e
malvidina
Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de
folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo
composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os
flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave
atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave
caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como
marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus
Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de
quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash
foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M
aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura
3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os
3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-
uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao
decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a
mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as
mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides
poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes
componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por
Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High
Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia
e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie
muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da
folha
5 Aspectos silviculturais
Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das
espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada
pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no
momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a
espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os
Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito
medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato
eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um
instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos
indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma
determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem
que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios
verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos
satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada
ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se
reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem
colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo
natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios
Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes
distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de
aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num
mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano
seguinte do outro lado
Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por
necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie
ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de
plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies
medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia
6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico
A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes
de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no
seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees
italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que
jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute
eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores
portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469
estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave
agricultura ou silvicultura
Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)
Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na
comercializaccedilatildeo da espinheira-santa
Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima
(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas
medicinais inclusive espinheira-santa
(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias
Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda
(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais
(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais
A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de
renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os
coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos
finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de
plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)
7 Processamento da espinheira-santa
Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor
onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao
comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar
aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar
as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da
produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O
combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores
contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas
pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e
rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de
polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou
enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita
para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas
induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o
controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo
microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos
tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos
Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e
satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag
e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma
semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas
rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em
embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de
10 a 30 g
Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-
santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas
digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas
contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa
para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente
hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das
folhas
8 Mercado e comercializaccedilatildeo
Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes
quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias
alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem
embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em
feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por
produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como
Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)
por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas
exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para
comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em
sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e
distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute
comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa
originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a
falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a
regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais
As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os
supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento
normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de
produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que
realizam a distribuiccedilatildeo internamente
9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo
ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para
registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou
comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo
madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que
devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos
oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto
Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A
legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e
produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de
manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo
adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo
Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas
medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de
autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No
periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia
definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo
das autorizaccedilotildees de coleta de plantas
Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas
necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de
extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de
estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de
manejo efetivamente implantado
Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo
federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos
muito complexa e cara para os produtores
Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve
atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da
capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto
deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por
microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as
exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo
dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a
padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em
atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao
mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como
tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras
10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa
A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo
tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo
sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na
produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol
apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre
luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos
(078) foram altas e significativas
Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos
em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul
(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram
menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam
maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas
em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas
das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais
pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de
sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de
folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades
luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas
plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros
ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou
altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo
tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o
incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande
influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa
como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas
coletadas em ambientes diferentes
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
SUMARIO
1 INTRODUCcedilAtildeO2 Propriedades medicinais de espinheira santa uso popular e
estudos cientiacuteficos3 Caracteriacutesticas morfoanatocircmicas e fenoloacutegicas4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicos5 Aspectos silviculturais6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto
socioeconocircmico7 Processamento da espinheira-santa8 Mercado e comercializaccedilatildeo9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e
perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa11Etapas do processo de secagem por aspersatildeo111 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
12Fatores que influenciam o processo121 Influecircncia do material de entrada
13Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa 131Atividade gaacutestrica
132 Atividade antiulcerogecircnica
133 Atividade antimicrobiana
134Atividade sobre o Sistema Nervoso Central
135Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
136Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegena
137Atividade antioxidante e otoprotetora
138Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria
14Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
15Farmacocineacutetica16Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula17Referencias Bibliograacuteficas
INTRODUCcedilAtildeO
A Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek eacute conhecida popularmente como
ldquoespinheira-santardquo ldquocancerosardquo ldquocancorosa-de-sete-espinhosrdquo e ldquomaitenordquo
dentre outros nomes (Lorenzi amp Matos 2002 Brandatildeo et al 2006) Pertence agrave
famiacutelia Celastraceae possuindo 55 gecircneros e 850 espeacutecies espalhadas nas
regiotildees troacutepicas e subtroacutepicas do mundo No contexto brasileiro onde seu
crescimento eacute nativo a espeacutecie M ilicifolia eacute largamente utilizada na medicina
popular (Mossi et al 2004) O uso medicinal de M ilicifolia eacute datado da deacutecada
de 20 desde quando se tem algum registro escrito de sua utilizaccedilatildeo (Cunha et
al 2003)
A praacutetica da substituiccedilatildeo de plantas medicinais seja ela intencional ou natildeo eacute
muito comum no Brasil o que leva muitas vezes as drogas de origem nativa
ao descreacutedito (OLIVEIRA et al 2005) Aliados a essa praacutetica fatores como a
baixa qualidade e padronizaccedilatildeo de produtos comercializados o uso errocircneo de
espeacutecies as adulteraccedilotildees os contaminantes toacutexicos o uso indevido as
interaccedilotildees medicamentosas e as super dosagens motivaram uma preocupaccedilatildeo
por parte das autoridades sanitaacuterias em relaccedilatildeo agrave seguranccedila eficaacutecia e
qualidade da droga vegetal (MELO et al 2004)
O objetivo deste trabalho eacute relatar as atividades farmacoloacutegicas toxicoloacutegicas e
dos constituintes quiacutemicos da espinheira
1 Espinheira Santa
A M ilicifolia eacute uma espeacutecie da famiacutelia Celastraceae conhecida popularmente
como ldquoespinheira-santardquo ldquoespinheira-divinardquo ldquocancorosardquo ldquocancerosardquo e
ldquocancrosardquo (BRASIL 2011) Eacute uma espeacutecie nativa da Regiatildeo Sul do Brasil
tendo ocorrecircncia tambeacutem na Argentina na Boliacutevia no Paraguai e no Uruguai
(ALICE et al 1995)
De acordo com Cirio et al (2003) a espinheira-santa (M ilicifolia) tem sua
obtenccedilatildeo para fins comerciais a partir do extrativismo ou de plantas cultivadas
das quais satildeo coletados os ramos e as folhas do terccedilo superior em podas
anuais Essa espeacutecie estaacute ameaccedilada de extinccedilatildeo no Brasil por ser explorada
em regime basicamente extrativista (BATALHA et al 2002) Seu nome popular
deve-se ao fato de suas folhas possuiacuterem bordas com espinhos e por possuir
propriedades medicinais (MAGALHAtildeES 2002) As folhas secas satildeo inodoras e
com sabor suave levemente adstringente (BRASIL 2011)
As plantas da espeacutecie espinheira-santa (M ilicifolia) ocorrem naturalmente e se
desenvolvem em ambiente sombreado em solos ricos em mateacuteria orgacircnica
dispersa nas matas e com umidade de meacutedia a alta (CIRIO et al 2003) O
estudo fitoquiacutemico da espinheira-santa determinou nas folhas a presenccedila de
flavonoides e taninos e a maior parte dos flavonoides dessa planta se encontra
na forma de heterosiacutedeos (NEGRI 2007)
De acordo com Cirio et al (2003) as folhas de espinheira-santa (M ilicifolia)
possuem grande interesse farmacecircutico Isso ocorre em razatildeo de essa planta
apresentar comprovados efeitos sobre acidez e ulceraccedilotildees do estocircmago
Essas duas atividades medicinais satildeo comprovadas por pesquisas
coordenadas pela Central de Medicamentos (Ceme) do Ministeacuterio da Sauacutede do
Brasil (DI STASI 2004)
2 Propriedades medicinais de espinheira santa uso popular e estudos cientiacuteficos
A espinheira-santa eacute empregada no tratamento de problemas estomacais
(gastrites e uacutelceras) (Lorenzi amp Matos 2002) As pesquisas com as espeacutecies de
espinheira-santa ndash M ilicifolia e M aquifolium ndash foram iniciadas na deacutecada de
60 estimuladas pela sua eficaacutecia no tratamento de uacutelceras e ateacute mesmo do
cacircncer Estudos iniciais revelaram que elas contecircm compostos bioativos que
mostraram potente accedilatildeo anti-tumoral e antileucecircmica em doses muito baixas
Na medicina tradicional o emplastro de suas folhas eacute usado no tratamento do
cacircncer de pele O decocto das folhas eacute usado em lavagens para o mesmo
tratamento M ilicifolia tem sido usada popularmente no Brasil para tratamento
de cacircncer (Fox 1991) Entretanto seu uso mais popular eacute no tratamento de
uacutelceras indigestatildeo gastrites crocircnicas e dispepsia conforme mostrado em
trabalho desenvolvido por Carlini (1988)
Jorge et al (2004) observaram que extratos hexano e etilacetato de M ilicifolia
que promovem um aumento do volume gaacutestrico e do pH no estocircmago
apresentam accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-inflamatoacuteria Foi observado por
Ferreira et al (2004) que o extrato de folhas de M ilicifolia reduz a secreccedilatildeo
aacutecida na mucosa gaacutestrica de ratildes com efeito semelhante ao medicamento
cimetidina M ilicifolia tem se tornado conhecida e usada na medicina
herbaliacutestica dos EUA onde o extrato de suas folhas vem sendo empregado
para uacutelceras para recomposiccedilatildeo da flora intestinal e inibiccedilatildeo de bacteacuterias
patogecircnicas como laxante para eliminar toxinas atraveacutes dos rins e pele e para
regular a produccedilatildeo do aacutecido cloriacutedrico do estocircmago (Lorenzi amp Matos 2002
Melo et al 2001)
Extratos do caule de M ilicifolia mostraram atividade anti-fuacutengica contra
Microsporum gypseum e Trichophyton mentagrophytes mas as folhas natildeo
mostraram o mesmo efeito (Portillo et al 2001) Esta espeacutecie eacute utilizada como
contraceptivo por populaccedilotildees indiacutegenas e do meio rural no Paraguai e como
abortivo por mulheres do nordeste da Argentina (Montanari et al 1998) Os
autores estudaram o efeito do extrato etanoacutelico de folhas de M ilicifolia sobre a
espermatogecircnese em ratos natildeo tendo sido mostrado efeito significativo sobre
a formaccedilatildeo dos espermatozoacuteides Foi observado por Montanari amp Bevilacqua
(2002) que o extrato de folhas desta espeacutecie causou uma perda na preacute-
implantaccedilatildeo embriocircnica em ratos mas sem efeito sobre a implantaccedilatildeo ou
organogecircnese A atividade estrogecircnica do extrato sugere que ele pode estar
interferindo com a receptividade uterina ao embriatildeo Entretanto os efeitos natildeo
foram uniformes entre os animais sendo que em alguns nenhuma alteraccedilatildeo
foi observada nem mesmo na fase de preacute-implantaccedilatildeo do embriatildeo Isto
significa que no caso das mulheres o aborto poderia ocorrer em algumas e em
outras natildeo Existem vaacuterias espeacutecies medicinais do gecircnero Maytenus ndash aleacutem de
M ilicifolia e M aquifolium ndash que vecircm sendo amplamente estudadas como M
senegalensi M macrocarpa e M canariensis (Di Stasi 2004) O autor cita
alguns trabalhos com estas espeacutecies M senegalensis apresenta atividade
antimalaacuterica leishmanicida e inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo do viacuterus HIV-1
(atraveacutes da accedilatildeo da pristimerina) M canariensis apresenta atividade
antibacteriana antifuacutengica e inseticida M macrocarpa apresenta compostos
com accedilatildeo citotoacutexica e leishmanicida Foi evidenciada por Kennedy et al (2001)
a accedilatildeo leishmanicida de M magellanica e M chubutensis
3 Caracteriacutesticas morfoanatocircmicas e fenoloacutegicasA espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) foi descrita por Carvalho-Okano (1992)
como um sub-arbusto ou aacutervore ramificado desde a base podendo atingir uma
estatura de ateacute 5 m com ramos novos glabros angulosos tetra ou
multicarenados
As folhas satildeo congestas coriaacuteceas glabras com estiacutepulas incospiacutecuas limbo
com 22 a 89 cm de comprimento e 11 a 30 cm de largura nervuras
proeminentes na face abaxial de forma eliacuteptica com a margem inteira ou com
espinhos em nuacutemero de um a vaacuterios distribuiacutedos regular ou irregularmente no
bordo geralmente concentrados na metade apical de um ou de ambos os
semilimbos As inflorescecircncias ocorrem em fasciacuteculos multifloros As flores
possuem seacutepalas semicirculares e ciliadas com peacutetalas ovais e inteiras
estames com filetes achatados na base estigma capitado seacutessil ou com
estilete distinto ovaacuterio saliente ou totalmente imerso no disco carnoso
As flores satildeo monoacuteclinas poreacutem haacute evidecircncias fortes de que muitas de suas
flores sejam funcionalmente diclinas O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular
com pericarpo maduro de coloraccedilatildeo vermelho-alaranjada
As sementes satildeo eretas suborbiculares elipsoides ou obovais agraves vezes
angulosas em nuacutemero variaacutevel de 1 a 4 por fruto envoltas inteiramente pelo
arilo A testa eacute rija lisa e brilhante em geral com coloraccedilatildeo castanha ou negra
O endosperma eacute abundante o embriatildeo eacute axial com cotileacutedones planos
membranaacuteceos e eixo hipocoacutetilo-raizinha reta e curta O arilo eacute suculento de
coloraccedilatildeo branca cobrindo toda a semente Um estudo morfoanatocircmico desta
espeacutecies foi ainda realizado por Lula et al (2001) Segundo os autores M
ilicifolia apresenta epiderme adaxial e abaxial glabras com ceacutelulas poligonais
de paredes levemente espessadas retas e cutiacutecula de aspecto granulado Foi
observada a presenccedila de cristais prismaacuteticos nas ceacutelulas epideacutermicas e
tambeacutem de raacutefides Os estocircmatos estatildeo restritos agrave epiderme abaxial e com
frequumlecircncia apresentam cinco ceacutelulas subsidiaacuterias muito pouco diferenciadas
das ceacutelulas epideacutermicas comuns Em corte transversal as epidermes se
apresentam uniestratificadas com ceacutelulas baixas e tabulares e cutiacutecula
relativamente espessa O mesoacutefilo eacute dorsiventral com duas camadas de
parecircnquima paliccedilaacutedico O parecircnquima lacunoso eacute relativamente compacto com
cerca de seis a sete camadas de ceacutelulas As nervuras menores e as
terminaccedilotildees vasculares apresentam uma bainha de fibras esclerenquimaacuteticas
As sementes de M ilicifolia podem ser classificadas como ortodoxas e
estocadas a -20ordmC por um longo periacuteodo em cacircmara fria (Eira et al 1995) M
aquifolium tambeacutem conhecida como espinheira-santa eacute descrita por Carvalho-
Okano (1992) como um arbusto ou aacutervore medindo cerca de 15-12 m de
altura Apresenta ramos novos glabros ciliacutendrico-achatados folhas cartaacuteceas
glabras peciacuteolo com 05-10 cm de comprimento estiacutepulas inconspiacutecuas limbo
com 60-190 cm de comprimento e 20-60 cm de largura nervura primaacuteria
proeminente em ambas as faces nervuras secundaacuterias subsalientes forma
eliacuteptica ou mais comumente oblongo-eliacuteptica base aguda ou obtusa aacutepice
agudo a obtuso com mucron margem com muitos espinhos serrada A
Inflorescecircncia eacute em fasciacuteculos multifloros apresentando pedicelos florais com
04-07 cm de comprimento As seacutepalas satildeo ovais com cerca de 04 cm de
comprimento e 03 cm de largura Os estames apresentam filetes achatados na
base O estigma eacute seacutessil ou com estilete distinto ovaacuterio saliente ou imerso
totalmente no disco carnoso O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular o
pericarpo maduro apresenta coloraccedilatildeo castanho-avemelhada O florescimento
de espinheira-santa ocorre entre os meses de setembro a dezembro e a
frutificaccedilatildeo de outubro a fevereiro (Carvalho-Okano 1992) A frutificaccedilatildeo ocorre
durante um periacuteodo relativamente longo iniciando no Estado do Rio
Grande do Sul seguido por Santa Catarina e por uacuteltimo o Paranaacute (Scheffer amp
Arauacutejo1998) As espeacutecies de espinheira-santa satildeo aloacutegamas Os estudos da
accedilatildeo farmacoloacutegica da espinheira-santa tecircm sido realizados utilizando
principalmente as folhas pois eacute a parte da planta que normalmente eacute utilizada
pela populaccedilatildeo nas infusotildees ou pela induacutestria farmacecircutica para elaboraccedilatildeo de
medicamentos Alguns estudos foram feitos com a raiz pois existem relatos do
uso esporaacutedico desta parte da planta por algumas pessoas para o tratamento
de doenccedilas Em um levantamento do uso da espinheira-santa pelas
comunidades rurais Mariot (2005) identificou um agricultor que utiliza o chaacute
das raiacutezes da espinheirasanta para o tratamento de diabetes Com relaccedilatildeo agrave
localizaccedilatildeo da produccedilatildeo de metaboacutelitos secundaacuterios nas plantas de
espinheirasanta Corsino et al (2000) ao estudarem a biossiacutentese de
triterpenoacuteides em M aquifolium identificaram que as folhas produzem 3b-
friedelanol e friedelina (friedelano) e raiacutezes acumulam maitenina e pristimerina
(quinonametiacutedicos) Os triterpenos derivados de friedelano uma vez
biossintetizados nas folhas satildeo translocados para as raiacutezes e posteriormente
transformados nos triterpenoacuteides quinonametiacutedicos que apresentam accedilatildeo
antitumor Estes triterpenoacuteides natildeo foram encontrados em folhas somente em
raiacutezes Os flavonoacuteides satildeo encontrados em todos os oacutergatildeos das plantas
(Zuanazzi 2001) Existem flavonoacuteides que satildeo encontrados em um oacutergatildeo e em
outros natildeo ou quando existe o mesmo composto em mais de um oacutergatildeo este
pode apresentar diferentes concentraccedilotildees Estes compostos estatildeo localizados
nos vacuacuteolos cloroplastos e cromoplastos (Cardoso et al 2001) Os taninos
ocorrem nos vacuacuteolos e plastiacutedios (Salisbuty amp Ross 1992)
Figura A - Folhas de espinheira-santa (a uacuteltima eacute M aquifolium e as demais
satildeo M ilicifolia) B - flores de espinheira-santa C - ramo com frutos e sementes
de Maytenus ilicifolia
4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicosOs compostos com accedilatildeo bioativa de importacircncia na farmacologia satildeo
produzidos atraveacutes da biossiacutentese dos metaboacutelitos secundaacuterios que estaacute
esquematizado na Figura 1 Nesta figura pode ser observada a formaccedilatildeo dos
principais metaboacutelitos identificados na espinheira-santa como os taninos
flavonoacuteides e terpenos grupo em que estatildeo inseridos os triterpenos
O gecircnero Maytenus eacute rico em espeacutecies com potencial medicinal tendo sido
identificados vaacuterios compostos com accedilatildeo farmacoloacutegica Di Stasi (2004) em
uma revisatildeo sobre compostos bioativos em espeacutecies de Maytenus relata a
presenccedila de pristimerina um triterpeno do tipo friedelano com accedilatildeo
antimalaacuterica e compostos fenoacutelicos com atividade inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo
do viacuterus HIV-1 em M senegalensis Em M canariensis foram isoladas
nortriterpenos com atividade antibioacutetica e sesquiterpenos com atividade
inseticida M macrocarpa apresenta nortriterpenos denominados
macrocarpinas os quais satildeo citotoacutexicos sesquiterpenos com atividade
leishmanicida e triterpenos do tipo friedelano Triterpenoacuteides do tipo friedelano
tambeacutem foram isolados desta espeacutecie por Chavez et al (1998) Foi evidenciado
por Kennedy et al (2001) a accedilatildeo leishmanicida de sesquiterpenos isolados de
M magellanica e M chubutensis
FIGURA 1 Representaccedilatildeo simplificada do ciclo biossinteacutetico dos metaboacutelitos
secundaacuterios terpenoacuteides flavonoacuteides e taninos condensados que ocorrem em
espinheira-santa (adaptado de Santos 2001)
Entre os compostos bioativos em espinheirasanta (M ilicifolia e M aquifolium)
que podem ter accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-gaacutestrica destacam-se os
triterpenos Os triterpenoacuteides satildeo compostos constituiacutedos basicamente de trinta
unidades de carbono ndash seis isoprenos (Cardoso et al 2001) A maioria possui
em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os
heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas
cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de
condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-
cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos
(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da
estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante
precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As
saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos
ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram
identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo
friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos
FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)
Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica
como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que
podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi
desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns
triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica
moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As
estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e
cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes
de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-
caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M
ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do
triterpenoacuteide eritrodiol
Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos
bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia
Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e
elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a
aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium
em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os
sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos
danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram
a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina
E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um
pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias
Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al
1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode
elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo
efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento
cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o
friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos
como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais
Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22
hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M
aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com
diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio
com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura
de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de
espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)
Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas
de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para
estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares
Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e
Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do
desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid
Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco
tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-
hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de
maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo
Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos
presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)
como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais
Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta
com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS
(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil
cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na
concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram
tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os
mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de
uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar
friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta
temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre
extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando
satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os
uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em
espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido
supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10
como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos
triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo
uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma
flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a
condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente
extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo
ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente
exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a
distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de
partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e
friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no
tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada
com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo
farmacoloacutegica
FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa
Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-
santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al
2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de
fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e
alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias
derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e
derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados
(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas
biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido
gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos
condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido
chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas
Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos
condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e
poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas
(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos
flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos
taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura
Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos
condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-
se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as
propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da
placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias
bucais
Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al
(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de
laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do
extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam
habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de
prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa
gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes
como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas
Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua
maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se
estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na
orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas
ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de
glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os
flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA
Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do
acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas
flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae
Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das
trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash
canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e
malvidina
Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de
folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo
composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os
flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave
atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave
caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como
marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus
Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de
quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash
foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M
aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura
3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os
3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-
uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao
decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a
mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as
mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides
poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes
componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por
Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High
Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia
e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie
muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da
folha
5 Aspectos silviculturais
Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das
espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada
pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no
momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a
espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os
Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito
medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato
eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um
instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos
indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma
determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem
que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios
verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos
satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada
ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se
reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem
colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo
natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios
Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes
distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de
aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num
mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano
seguinte do outro lado
Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por
necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie
ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de
plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies
medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia
6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico
A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes
de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no
seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees
italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que
jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute
eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores
portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469
estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave
agricultura ou silvicultura
Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)
Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na
comercializaccedilatildeo da espinheira-santa
Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima
(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas
medicinais inclusive espinheira-santa
(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias
Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda
(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais
(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais
A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de
renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os
coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos
finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de
plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)
7 Processamento da espinheira-santa
Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor
onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao
comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar
aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar
as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da
produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O
combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores
contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas
pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e
rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de
polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou
enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita
para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas
induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o
controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo
microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos
tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos
Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e
satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag
e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma
semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas
rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em
embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de
10 a 30 g
Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-
santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas
digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas
contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa
para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente
hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das
folhas
8 Mercado e comercializaccedilatildeo
Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes
quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias
alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem
embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em
feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por
produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como
Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)
por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas
exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para
comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em
sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e
distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute
comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa
originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a
falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a
regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais
As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os
supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento
normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de
produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que
realizam a distribuiccedilatildeo internamente
9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo
ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para
registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou
comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo
madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que
devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos
oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto
Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A
legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e
produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de
manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo
adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo
Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas
medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de
autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No
periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia
definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo
das autorizaccedilotildees de coleta de plantas
Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas
necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de
extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de
estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de
manejo efetivamente implantado
Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo
federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos
muito complexa e cara para os produtores
Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve
atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da
capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto
deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por
microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as
exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo
dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a
padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em
atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao
mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como
tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras
10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa
A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo
tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo
sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na
produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol
apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre
luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos
(078) foram altas e significativas
Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos
em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul
(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram
menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam
maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas
em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas
das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais
pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de
sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de
folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades
luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas
plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros
ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou
altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo
tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o
incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande
influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa
como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas
coletadas em ambientes diferentes
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
INTRODUCcedilAtildeO
A Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek eacute conhecida popularmente como
ldquoespinheira-santardquo ldquocancerosardquo ldquocancorosa-de-sete-espinhosrdquo e ldquomaitenordquo
dentre outros nomes (Lorenzi amp Matos 2002 Brandatildeo et al 2006) Pertence agrave
famiacutelia Celastraceae possuindo 55 gecircneros e 850 espeacutecies espalhadas nas
regiotildees troacutepicas e subtroacutepicas do mundo No contexto brasileiro onde seu
crescimento eacute nativo a espeacutecie M ilicifolia eacute largamente utilizada na medicina
popular (Mossi et al 2004) O uso medicinal de M ilicifolia eacute datado da deacutecada
de 20 desde quando se tem algum registro escrito de sua utilizaccedilatildeo (Cunha et
al 2003)
A praacutetica da substituiccedilatildeo de plantas medicinais seja ela intencional ou natildeo eacute
muito comum no Brasil o que leva muitas vezes as drogas de origem nativa
ao descreacutedito (OLIVEIRA et al 2005) Aliados a essa praacutetica fatores como a
baixa qualidade e padronizaccedilatildeo de produtos comercializados o uso errocircneo de
espeacutecies as adulteraccedilotildees os contaminantes toacutexicos o uso indevido as
interaccedilotildees medicamentosas e as super dosagens motivaram uma preocupaccedilatildeo
por parte das autoridades sanitaacuterias em relaccedilatildeo agrave seguranccedila eficaacutecia e
qualidade da droga vegetal (MELO et al 2004)
O objetivo deste trabalho eacute relatar as atividades farmacoloacutegicas toxicoloacutegicas e
dos constituintes quiacutemicos da espinheira
1 Espinheira Santa
A M ilicifolia eacute uma espeacutecie da famiacutelia Celastraceae conhecida popularmente
como ldquoespinheira-santardquo ldquoespinheira-divinardquo ldquocancorosardquo ldquocancerosardquo e
ldquocancrosardquo (BRASIL 2011) Eacute uma espeacutecie nativa da Regiatildeo Sul do Brasil
tendo ocorrecircncia tambeacutem na Argentina na Boliacutevia no Paraguai e no Uruguai
(ALICE et al 1995)
De acordo com Cirio et al (2003) a espinheira-santa (M ilicifolia) tem sua
obtenccedilatildeo para fins comerciais a partir do extrativismo ou de plantas cultivadas
das quais satildeo coletados os ramos e as folhas do terccedilo superior em podas
anuais Essa espeacutecie estaacute ameaccedilada de extinccedilatildeo no Brasil por ser explorada
em regime basicamente extrativista (BATALHA et al 2002) Seu nome popular
deve-se ao fato de suas folhas possuiacuterem bordas com espinhos e por possuir
propriedades medicinais (MAGALHAtildeES 2002) As folhas secas satildeo inodoras e
com sabor suave levemente adstringente (BRASIL 2011)
As plantas da espeacutecie espinheira-santa (M ilicifolia) ocorrem naturalmente e se
desenvolvem em ambiente sombreado em solos ricos em mateacuteria orgacircnica
dispersa nas matas e com umidade de meacutedia a alta (CIRIO et al 2003) O
estudo fitoquiacutemico da espinheira-santa determinou nas folhas a presenccedila de
flavonoides e taninos e a maior parte dos flavonoides dessa planta se encontra
na forma de heterosiacutedeos (NEGRI 2007)
De acordo com Cirio et al (2003) as folhas de espinheira-santa (M ilicifolia)
possuem grande interesse farmacecircutico Isso ocorre em razatildeo de essa planta
apresentar comprovados efeitos sobre acidez e ulceraccedilotildees do estocircmago
Essas duas atividades medicinais satildeo comprovadas por pesquisas
coordenadas pela Central de Medicamentos (Ceme) do Ministeacuterio da Sauacutede do
Brasil (DI STASI 2004)
2 Propriedades medicinais de espinheira santa uso popular e estudos cientiacuteficos
A espinheira-santa eacute empregada no tratamento de problemas estomacais
(gastrites e uacutelceras) (Lorenzi amp Matos 2002) As pesquisas com as espeacutecies de
espinheira-santa ndash M ilicifolia e M aquifolium ndash foram iniciadas na deacutecada de
60 estimuladas pela sua eficaacutecia no tratamento de uacutelceras e ateacute mesmo do
cacircncer Estudos iniciais revelaram que elas contecircm compostos bioativos que
mostraram potente accedilatildeo anti-tumoral e antileucecircmica em doses muito baixas
Na medicina tradicional o emplastro de suas folhas eacute usado no tratamento do
cacircncer de pele O decocto das folhas eacute usado em lavagens para o mesmo
tratamento M ilicifolia tem sido usada popularmente no Brasil para tratamento
de cacircncer (Fox 1991) Entretanto seu uso mais popular eacute no tratamento de
uacutelceras indigestatildeo gastrites crocircnicas e dispepsia conforme mostrado em
trabalho desenvolvido por Carlini (1988)
Jorge et al (2004) observaram que extratos hexano e etilacetato de M ilicifolia
que promovem um aumento do volume gaacutestrico e do pH no estocircmago
apresentam accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-inflamatoacuteria Foi observado por
Ferreira et al (2004) que o extrato de folhas de M ilicifolia reduz a secreccedilatildeo
aacutecida na mucosa gaacutestrica de ratildes com efeito semelhante ao medicamento
cimetidina M ilicifolia tem se tornado conhecida e usada na medicina
herbaliacutestica dos EUA onde o extrato de suas folhas vem sendo empregado
para uacutelceras para recomposiccedilatildeo da flora intestinal e inibiccedilatildeo de bacteacuterias
patogecircnicas como laxante para eliminar toxinas atraveacutes dos rins e pele e para
regular a produccedilatildeo do aacutecido cloriacutedrico do estocircmago (Lorenzi amp Matos 2002
Melo et al 2001)
Extratos do caule de M ilicifolia mostraram atividade anti-fuacutengica contra
Microsporum gypseum e Trichophyton mentagrophytes mas as folhas natildeo
mostraram o mesmo efeito (Portillo et al 2001) Esta espeacutecie eacute utilizada como
contraceptivo por populaccedilotildees indiacutegenas e do meio rural no Paraguai e como
abortivo por mulheres do nordeste da Argentina (Montanari et al 1998) Os
autores estudaram o efeito do extrato etanoacutelico de folhas de M ilicifolia sobre a
espermatogecircnese em ratos natildeo tendo sido mostrado efeito significativo sobre
a formaccedilatildeo dos espermatozoacuteides Foi observado por Montanari amp Bevilacqua
(2002) que o extrato de folhas desta espeacutecie causou uma perda na preacute-
implantaccedilatildeo embriocircnica em ratos mas sem efeito sobre a implantaccedilatildeo ou
organogecircnese A atividade estrogecircnica do extrato sugere que ele pode estar
interferindo com a receptividade uterina ao embriatildeo Entretanto os efeitos natildeo
foram uniformes entre os animais sendo que em alguns nenhuma alteraccedilatildeo
foi observada nem mesmo na fase de preacute-implantaccedilatildeo do embriatildeo Isto
significa que no caso das mulheres o aborto poderia ocorrer em algumas e em
outras natildeo Existem vaacuterias espeacutecies medicinais do gecircnero Maytenus ndash aleacutem de
M ilicifolia e M aquifolium ndash que vecircm sendo amplamente estudadas como M
senegalensi M macrocarpa e M canariensis (Di Stasi 2004) O autor cita
alguns trabalhos com estas espeacutecies M senegalensis apresenta atividade
antimalaacuterica leishmanicida e inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo do viacuterus HIV-1
(atraveacutes da accedilatildeo da pristimerina) M canariensis apresenta atividade
antibacteriana antifuacutengica e inseticida M macrocarpa apresenta compostos
com accedilatildeo citotoacutexica e leishmanicida Foi evidenciada por Kennedy et al (2001)
a accedilatildeo leishmanicida de M magellanica e M chubutensis
3 Caracteriacutesticas morfoanatocircmicas e fenoloacutegicasA espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) foi descrita por Carvalho-Okano (1992)
como um sub-arbusto ou aacutervore ramificado desde a base podendo atingir uma
estatura de ateacute 5 m com ramos novos glabros angulosos tetra ou
multicarenados
As folhas satildeo congestas coriaacuteceas glabras com estiacutepulas incospiacutecuas limbo
com 22 a 89 cm de comprimento e 11 a 30 cm de largura nervuras
proeminentes na face abaxial de forma eliacuteptica com a margem inteira ou com
espinhos em nuacutemero de um a vaacuterios distribuiacutedos regular ou irregularmente no
bordo geralmente concentrados na metade apical de um ou de ambos os
semilimbos As inflorescecircncias ocorrem em fasciacuteculos multifloros As flores
possuem seacutepalas semicirculares e ciliadas com peacutetalas ovais e inteiras
estames com filetes achatados na base estigma capitado seacutessil ou com
estilete distinto ovaacuterio saliente ou totalmente imerso no disco carnoso
As flores satildeo monoacuteclinas poreacutem haacute evidecircncias fortes de que muitas de suas
flores sejam funcionalmente diclinas O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular
com pericarpo maduro de coloraccedilatildeo vermelho-alaranjada
As sementes satildeo eretas suborbiculares elipsoides ou obovais agraves vezes
angulosas em nuacutemero variaacutevel de 1 a 4 por fruto envoltas inteiramente pelo
arilo A testa eacute rija lisa e brilhante em geral com coloraccedilatildeo castanha ou negra
O endosperma eacute abundante o embriatildeo eacute axial com cotileacutedones planos
membranaacuteceos e eixo hipocoacutetilo-raizinha reta e curta O arilo eacute suculento de
coloraccedilatildeo branca cobrindo toda a semente Um estudo morfoanatocircmico desta
espeacutecies foi ainda realizado por Lula et al (2001) Segundo os autores M
ilicifolia apresenta epiderme adaxial e abaxial glabras com ceacutelulas poligonais
de paredes levemente espessadas retas e cutiacutecula de aspecto granulado Foi
observada a presenccedila de cristais prismaacuteticos nas ceacutelulas epideacutermicas e
tambeacutem de raacutefides Os estocircmatos estatildeo restritos agrave epiderme abaxial e com
frequumlecircncia apresentam cinco ceacutelulas subsidiaacuterias muito pouco diferenciadas
das ceacutelulas epideacutermicas comuns Em corte transversal as epidermes se
apresentam uniestratificadas com ceacutelulas baixas e tabulares e cutiacutecula
relativamente espessa O mesoacutefilo eacute dorsiventral com duas camadas de
parecircnquima paliccedilaacutedico O parecircnquima lacunoso eacute relativamente compacto com
cerca de seis a sete camadas de ceacutelulas As nervuras menores e as
terminaccedilotildees vasculares apresentam uma bainha de fibras esclerenquimaacuteticas
As sementes de M ilicifolia podem ser classificadas como ortodoxas e
estocadas a -20ordmC por um longo periacuteodo em cacircmara fria (Eira et al 1995) M
aquifolium tambeacutem conhecida como espinheira-santa eacute descrita por Carvalho-
Okano (1992) como um arbusto ou aacutervore medindo cerca de 15-12 m de
altura Apresenta ramos novos glabros ciliacutendrico-achatados folhas cartaacuteceas
glabras peciacuteolo com 05-10 cm de comprimento estiacutepulas inconspiacutecuas limbo
com 60-190 cm de comprimento e 20-60 cm de largura nervura primaacuteria
proeminente em ambas as faces nervuras secundaacuterias subsalientes forma
eliacuteptica ou mais comumente oblongo-eliacuteptica base aguda ou obtusa aacutepice
agudo a obtuso com mucron margem com muitos espinhos serrada A
Inflorescecircncia eacute em fasciacuteculos multifloros apresentando pedicelos florais com
04-07 cm de comprimento As seacutepalas satildeo ovais com cerca de 04 cm de
comprimento e 03 cm de largura Os estames apresentam filetes achatados na
base O estigma eacute seacutessil ou com estilete distinto ovaacuterio saliente ou imerso
totalmente no disco carnoso O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular o
pericarpo maduro apresenta coloraccedilatildeo castanho-avemelhada O florescimento
de espinheira-santa ocorre entre os meses de setembro a dezembro e a
frutificaccedilatildeo de outubro a fevereiro (Carvalho-Okano 1992) A frutificaccedilatildeo ocorre
durante um periacuteodo relativamente longo iniciando no Estado do Rio
Grande do Sul seguido por Santa Catarina e por uacuteltimo o Paranaacute (Scheffer amp
Arauacutejo1998) As espeacutecies de espinheira-santa satildeo aloacutegamas Os estudos da
accedilatildeo farmacoloacutegica da espinheira-santa tecircm sido realizados utilizando
principalmente as folhas pois eacute a parte da planta que normalmente eacute utilizada
pela populaccedilatildeo nas infusotildees ou pela induacutestria farmacecircutica para elaboraccedilatildeo de
medicamentos Alguns estudos foram feitos com a raiz pois existem relatos do
uso esporaacutedico desta parte da planta por algumas pessoas para o tratamento
de doenccedilas Em um levantamento do uso da espinheira-santa pelas
comunidades rurais Mariot (2005) identificou um agricultor que utiliza o chaacute
das raiacutezes da espinheirasanta para o tratamento de diabetes Com relaccedilatildeo agrave
localizaccedilatildeo da produccedilatildeo de metaboacutelitos secundaacuterios nas plantas de
espinheirasanta Corsino et al (2000) ao estudarem a biossiacutentese de
triterpenoacuteides em M aquifolium identificaram que as folhas produzem 3b-
friedelanol e friedelina (friedelano) e raiacutezes acumulam maitenina e pristimerina
(quinonametiacutedicos) Os triterpenos derivados de friedelano uma vez
biossintetizados nas folhas satildeo translocados para as raiacutezes e posteriormente
transformados nos triterpenoacuteides quinonametiacutedicos que apresentam accedilatildeo
antitumor Estes triterpenoacuteides natildeo foram encontrados em folhas somente em
raiacutezes Os flavonoacuteides satildeo encontrados em todos os oacutergatildeos das plantas
(Zuanazzi 2001) Existem flavonoacuteides que satildeo encontrados em um oacutergatildeo e em
outros natildeo ou quando existe o mesmo composto em mais de um oacutergatildeo este
pode apresentar diferentes concentraccedilotildees Estes compostos estatildeo localizados
nos vacuacuteolos cloroplastos e cromoplastos (Cardoso et al 2001) Os taninos
ocorrem nos vacuacuteolos e plastiacutedios (Salisbuty amp Ross 1992)
Figura A - Folhas de espinheira-santa (a uacuteltima eacute M aquifolium e as demais
satildeo M ilicifolia) B - flores de espinheira-santa C - ramo com frutos e sementes
de Maytenus ilicifolia
4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicosOs compostos com accedilatildeo bioativa de importacircncia na farmacologia satildeo
produzidos atraveacutes da biossiacutentese dos metaboacutelitos secundaacuterios que estaacute
esquematizado na Figura 1 Nesta figura pode ser observada a formaccedilatildeo dos
principais metaboacutelitos identificados na espinheira-santa como os taninos
flavonoacuteides e terpenos grupo em que estatildeo inseridos os triterpenos
O gecircnero Maytenus eacute rico em espeacutecies com potencial medicinal tendo sido
identificados vaacuterios compostos com accedilatildeo farmacoloacutegica Di Stasi (2004) em
uma revisatildeo sobre compostos bioativos em espeacutecies de Maytenus relata a
presenccedila de pristimerina um triterpeno do tipo friedelano com accedilatildeo
antimalaacuterica e compostos fenoacutelicos com atividade inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo
do viacuterus HIV-1 em M senegalensis Em M canariensis foram isoladas
nortriterpenos com atividade antibioacutetica e sesquiterpenos com atividade
inseticida M macrocarpa apresenta nortriterpenos denominados
macrocarpinas os quais satildeo citotoacutexicos sesquiterpenos com atividade
leishmanicida e triterpenos do tipo friedelano Triterpenoacuteides do tipo friedelano
tambeacutem foram isolados desta espeacutecie por Chavez et al (1998) Foi evidenciado
por Kennedy et al (2001) a accedilatildeo leishmanicida de sesquiterpenos isolados de
M magellanica e M chubutensis
FIGURA 1 Representaccedilatildeo simplificada do ciclo biossinteacutetico dos metaboacutelitos
secundaacuterios terpenoacuteides flavonoacuteides e taninos condensados que ocorrem em
espinheira-santa (adaptado de Santos 2001)
Entre os compostos bioativos em espinheirasanta (M ilicifolia e M aquifolium)
que podem ter accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-gaacutestrica destacam-se os
triterpenos Os triterpenoacuteides satildeo compostos constituiacutedos basicamente de trinta
unidades de carbono ndash seis isoprenos (Cardoso et al 2001) A maioria possui
em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os
heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas
cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de
condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-
cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos
(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da
estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante
precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As
saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos
ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram
identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo
friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos
FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)
Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica
como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que
podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi
desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns
triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica
moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As
estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e
cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes
de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-
caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M
ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do
triterpenoacuteide eritrodiol
Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos
bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia
Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e
elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a
aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium
em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os
sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos
danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram
a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina
E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um
pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias
Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al
1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode
elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo
efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento
cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o
friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos
como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais
Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22
hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M
aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com
diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio
com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura
de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de
espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)
Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas
de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para
estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares
Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e
Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do
desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid
Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco
tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-
hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de
maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo
Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos
presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)
como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais
Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta
com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS
(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil
cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na
concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram
tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os
mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de
uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar
friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta
temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre
extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando
satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os
uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em
espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido
supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10
como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos
triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo
uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma
flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a
condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente
extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo
ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente
exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a
distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de
partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e
friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no
tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada
com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo
farmacoloacutegica
FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa
Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-
santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al
2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de
fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e
alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias
derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e
derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados
(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas
biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido
gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos
condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido
chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas
Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos
condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e
poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas
(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos
flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos
taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura
Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos
condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-
se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as
propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da
placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias
bucais
Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al
(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de
laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do
extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam
habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de
prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa
gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes
como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas
Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua
maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se
estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na
orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas
ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de
glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os
flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA
Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do
acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas
flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae
Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das
trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash
canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e
malvidina
Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de
folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo
composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os
flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave
atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave
caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como
marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus
Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de
quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash
foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M
aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura
3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os
3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-
uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao
decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a
mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as
mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides
poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes
componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por
Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High
Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia
e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie
muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da
folha
5 Aspectos silviculturais
Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das
espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada
pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no
momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a
espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os
Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito
medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato
eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um
instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos
indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma
determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem
que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios
verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos
satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada
ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se
reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem
colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo
natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios
Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes
distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de
aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num
mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano
seguinte do outro lado
Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por
necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie
ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de
plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies
medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia
6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico
A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes
de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no
seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees
italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que
jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute
eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores
portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469
estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave
agricultura ou silvicultura
Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)
Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na
comercializaccedilatildeo da espinheira-santa
Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima
(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas
medicinais inclusive espinheira-santa
(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias
Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda
(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais
(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais
A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de
renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os
coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos
finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de
plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)
7 Processamento da espinheira-santa
Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor
onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao
comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar
aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar
as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da
produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O
combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores
contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas
pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e
rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de
polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou
enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita
para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas
induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o
controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo
microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos
tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos
Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e
satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag
e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma
semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas
rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em
embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de
10 a 30 g
Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-
santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas
digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas
contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa
para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente
hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das
folhas
8 Mercado e comercializaccedilatildeo
Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes
quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias
alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem
embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em
feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por
produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como
Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)
por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas
exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para
comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em
sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e
distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute
comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa
originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a
falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a
regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais
As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os
supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento
normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de
produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que
realizam a distribuiccedilatildeo internamente
9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo
ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para
registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou
comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo
madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que
devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos
oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto
Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A
legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e
produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de
manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo
adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo
Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas
medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de
autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No
periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia
definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo
das autorizaccedilotildees de coleta de plantas
Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas
necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de
extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de
estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de
manejo efetivamente implantado
Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo
federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos
muito complexa e cara para os produtores
Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve
atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da
capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto
deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por
microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as
exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo
dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a
padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em
atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao
mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como
tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras
10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa
A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo
tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo
sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na
produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol
apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre
luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos
(078) foram altas e significativas
Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos
em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul
(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram
menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam
maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas
em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas
das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais
pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de
sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de
folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades
luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas
plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros
ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou
altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo
tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o
incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande
influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa
como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas
coletadas em ambientes diferentes
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
1 Espinheira Santa
A M ilicifolia eacute uma espeacutecie da famiacutelia Celastraceae conhecida popularmente
como ldquoespinheira-santardquo ldquoespinheira-divinardquo ldquocancorosardquo ldquocancerosardquo e
ldquocancrosardquo (BRASIL 2011) Eacute uma espeacutecie nativa da Regiatildeo Sul do Brasil
tendo ocorrecircncia tambeacutem na Argentina na Boliacutevia no Paraguai e no Uruguai
(ALICE et al 1995)
De acordo com Cirio et al (2003) a espinheira-santa (M ilicifolia) tem sua
obtenccedilatildeo para fins comerciais a partir do extrativismo ou de plantas cultivadas
das quais satildeo coletados os ramos e as folhas do terccedilo superior em podas
anuais Essa espeacutecie estaacute ameaccedilada de extinccedilatildeo no Brasil por ser explorada
em regime basicamente extrativista (BATALHA et al 2002) Seu nome popular
deve-se ao fato de suas folhas possuiacuterem bordas com espinhos e por possuir
propriedades medicinais (MAGALHAtildeES 2002) As folhas secas satildeo inodoras e
com sabor suave levemente adstringente (BRASIL 2011)
As plantas da espeacutecie espinheira-santa (M ilicifolia) ocorrem naturalmente e se
desenvolvem em ambiente sombreado em solos ricos em mateacuteria orgacircnica
dispersa nas matas e com umidade de meacutedia a alta (CIRIO et al 2003) O
estudo fitoquiacutemico da espinheira-santa determinou nas folhas a presenccedila de
flavonoides e taninos e a maior parte dos flavonoides dessa planta se encontra
na forma de heterosiacutedeos (NEGRI 2007)
De acordo com Cirio et al (2003) as folhas de espinheira-santa (M ilicifolia)
possuem grande interesse farmacecircutico Isso ocorre em razatildeo de essa planta
apresentar comprovados efeitos sobre acidez e ulceraccedilotildees do estocircmago
Essas duas atividades medicinais satildeo comprovadas por pesquisas
coordenadas pela Central de Medicamentos (Ceme) do Ministeacuterio da Sauacutede do
Brasil (DI STASI 2004)
2 Propriedades medicinais de espinheira santa uso popular e estudos cientiacuteficos
A espinheira-santa eacute empregada no tratamento de problemas estomacais
(gastrites e uacutelceras) (Lorenzi amp Matos 2002) As pesquisas com as espeacutecies de
espinheira-santa ndash M ilicifolia e M aquifolium ndash foram iniciadas na deacutecada de
60 estimuladas pela sua eficaacutecia no tratamento de uacutelceras e ateacute mesmo do
cacircncer Estudos iniciais revelaram que elas contecircm compostos bioativos que
mostraram potente accedilatildeo anti-tumoral e antileucecircmica em doses muito baixas
Na medicina tradicional o emplastro de suas folhas eacute usado no tratamento do
cacircncer de pele O decocto das folhas eacute usado em lavagens para o mesmo
tratamento M ilicifolia tem sido usada popularmente no Brasil para tratamento
de cacircncer (Fox 1991) Entretanto seu uso mais popular eacute no tratamento de
uacutelceras indigestatildeo gastrites crocircnicas e dispepsia conforme mostrado em
trabalho desenvolvido por Carlini (1988)
Jorge et al (2004) observaram que extratos hexano e etilacetato de M ilicifolia
que promovem um aumento do volume gaacutestrico e do pH no estocircmago
apresentam accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-inflamatoacuteria Foi observado por
Ferreira et al (2004) que o extrato de folhas de M ilicifolia reduz a secreccedilatildeo
aacutecida na mucosa gaacutestrica de ratildes com efeito semelhante ao medicamento
cimetidina M ilicifolia tem se tornado conhecida e usada na medicina
herbaliacutestica dos EUA onde o extrato de suas folhas vem sendo empregado
para uacutelceras para recomposiccedilatildeo da flora intestinal e inibiccedilatildeo de bacteacuterias
patogecircnicas como laxante para eliminar toxinas atraveacutes dos rins e pele e para
regular a produccedilatildeo do aacutecido cloriacutedrico do estocircmago (Lorenzi amp Matos 2002
Melo et al 2001)
Extratos do caule de M ilicifolia mostraram atividade anti-fuacutengica contra
Microsporum gypseum e Trichophyton mentagrophytes mas as folhas natildeo
mostraram o mesmo efeito (Portillo et al 2001) Esta espeacutecie eacute utilizada como
contraceptivo por populaccedilotildees indiacutegenas e do meio rural no Paraguai e como
abortivo por mulheres do nordeste da Argentina (Montanari et al 1998) Os
autores estudaram o efeito do extrato etanoacutelico de folhas de M ilicifolia sobre a
espermatogecircnese em ratos natildeo tendo sido mostrado efeito significativo sobre
a formaccedilatildeo dos espermatozoacuteides Foi observado por Montanari amp Bevilacqua
(2002) que o extrato de folhas desta espeacutecie causou uma perda na preacute-
implantaccedilatildeo embriocircnica em ratos mas sem efeito sobre a implantaccedilatildeo ou
organogecircnese A atividade estrogecircnica do extrato sugere que ele pode estar
interferindo com a receptividade uterina ao embriatildeo Entretanto os efeitos natildeo
foram uniformes entre os animais sendo que em alguns nenhuma alteraccedilatildeo
foi observada nem mesmo na fase de preacute-implantaccedilatildeo do embriatildeo Isto
significa que no caso das mulheres o aborto poderia ocorrer em algumas e em
outras natildeo Existem vaacuterias espeacutecies medicinais do gecircnero Maytenus ndash aleacutem de
M ilicifolia e M aquifolium ndash que vecircm sendo amplamente estudadas como M
senegalensi M macrocarpa e M canariensis (Di Stasi 2004) O autor cita
alguns trabalhos com estas espeacutecies M senegalensis apresenta atividade
antimalaacuterica leishmanicida e inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo do viacuterus HIV-1
(atraveacutes da accedilatildeo da pristimerina) M canariensis apresenta atividade
antibacteriana antifuacutengica e inseticida M macrocarpa apresenta compostos
com accedilatildeo citotoacutexica e leishmanicida Foi evidenciada por Kennedy et al (2001)
a accedilatildeo leishmanicida de M magellanica e M chubutensis
3 Caracteriacutesticas morfoanatocircmicas e fenoloacutegicasA espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) foi descrita por Carvalho-Okano (1992)
como um sub-arbusto ou aacutervore ramificado desde a base podendo atingir uma
estatura de ateacute 5 m com ramos novos glabros angulosos tetra ou
multicarenados
As folhas satildeo congestas coriaacuteceas glabras com estiacutepulas incospiacutecuas limbo
com 22 a 89 cm de comprimento e 11 a 30 cm de largura nervuras
proeminentes na face abaxial de forma eliacuteptica com a margem inteira ou com
espinhos em nuacutemero de um a vaacuterios distribuiacutedos regular ou irregularmente no
bordo geralmente concentrados na metade apical de um ou de ambos os
semilimbos As inflorescecircncias ocorrem em fasciacuteculos multifloros As flores
possuem seacutepalas semicirculares e ciliadas com peacutetalas ovais e inteiras
estames com filetes achatados na base estigma capitado seacutessil ou com
estilete distinto ovaacuterio saliente ou totalmente imerso no disco carnoso
As flores satildeo monoacuteclinas poreacutem haacute evidecircncias fortes de que muitas de suas
flores sejam funcionalmente diclinas O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular
com pericarpo maduro de coloraccedilatildeo vermelho-alaranjada
As sementes satildeo eretas suborbiculares elipsoides ou obovais agraves vezes
angulosas em nuacutemero variaacutevel de 1 a 4 por fruto envoltas inteiramente pelo
arilo A testa eacute rija lisa e brilhante em geral com coloraccedilatildeo castanha ou negra
O endosperma eacute abundante o embriatildeo eacute axial com cotileacutedones planos
membranaacuteceos e eixo hipocoacutetilo-raizinha reta e curta O arilo eacute suculento de
coloraccedilatildeo branca cobrindo toda a semente Um estudo morfoanatocircmico desta
espeacutecies foi ainda realizado por Lula et al (2001) Segundo os autores M
ilicifolia apresenta epiderme adaxial e abaxial glabras com ceacutelulas poligonais
de paredes levemente espessadas retas e cutiacutecula de aspecto granulado Foi
observada a presenccedila de cristais prismaacuteticos nas ceacutelulas epideacutermicas e
tambeacutem de raacutefides Os estocircmatos estatildeo restritos agrave epiderme abaxial e com
frequumlecircncia apresentam cinco ceacutelulas subsidiaacuterias muito pouco diferenciadas
das ceacutelulas epideacutermicas comuns Em corte transversal as epidermes se
apresentam uniestratificadas com ceacutelulas baixas e tabulares e cutiacutecula
relativamente espessa O mesoacutefilo eacute dorsiventral com duas camadas de
parecircnquima paliccedilaacutedico O parecircnquima lacunoso eacute relativamente compacto com
cerca de seis a sete camadas de ceacutelulas As nervuras menores e as
terminaccedilotildees vasculares apresentam uma bainha de fibras esclerenquimaacuteticas
As sementes de M ilicifolia podem ser classificadas como ortodoxas e
estocadas a -20ordmC por um longo periacuteodo em cacircmara fria (Eira et al 1995) M
aquifolium tambeacutem conhecida como espinheira-santa eacute descrita por Carvalho-
Okano (1992) como um arbusto ou aacutervore medindo cerca de 15-12 m de
altura Apresenta ramos novos glabros ciliacutendrico-achatados folhas cartaacuteceas
glabras peciacuteolo com 05-10 cm de comprimento estiacutepulas inconspiacutecuas limbo
com 60-190 cm de comprimento e 20-60 cm de largura nervura primaacuteria
proeminente em ambas as faces nervuras secundaacuterias subsalientes forma
eliacuteptica ou mais comumente oblongo-eliacuteptica base aguda ou obtusa aacutepice
agudo a obtuso com mucron margem com muitos espinhos serrada A
Inflorescecircncia eacute em fasciacuteculos multifloros apresentando pedicelos florais com
04-07 cm de comprimento As seacutepalas satildeo ovais com cerca de 04 cm de
comprimento e 03 cm de largura Os estames apresentam filetes achatados na
base O estigma eacute seacutessil ou com estilete distinto ovaacuterio saliente ou imerso
totalmente no disco carnoso O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular o
pericarpo maduro apresenta coloraccedilatildeo castanho-avemelhada O florescimento
de espinheira-santa ocorre entre os meses de setembro a dezembro e a
frutificaccedilatildeo de outubro a fevereiro (Carvalho-Okano 1992) A frutificaccedilatildeo ocorre
durante um periacuteodo relativamente longo iniciando no Estado do Rio
Grande do Sul seguido por Santa Catarina e por uacuteltimo o Paranaacute (Scheffer amp
Arauacutejo1998) As espeacutecies de espinheira-santa satildeo aloacutegamas Os estudos da
accedilatildeo farmacoloacutegica da espinheira-santa tecircm sido realizados utilizando
principalmente as folhas pois eacute a parte da planta que normalmente eacute utilizada
pela populaccedilatildeo nas infusotildees ou pela induacutestria farmacecircutica para elaboraccedilatildeo de
medicamentos Alguns estudos foram feitos com a raiz pois existem relatos do
uso esporaacutedico desta parte da planta por algumas pessoas para o tratamento
de doenccedilas Em um levantamento do uso da espinheira-santa pelas
comunidades rurais Mariot (2005) identificou um agricultor que utiliza o chaacute
das raiacutezes da espinheirasanta para o tratamento de diabetes Com relaccedilatildeo agrave
localizaccedilatildeo da produccedilatildeo de metaboacutelitos secundaacuterios nas plantas de
espinheirasanta Corsino et al (2000) ao estudarem a biossiacutentese de
triterpenoacuteides em M aquifolium identificaram que as folhas produzem 3b-
friedelanol e friedelina (friedelano) e raiacutezes acumulam maitenina e pristimerina
(quinonametiacutedicos) Os triterpenos derivados de friedelano uma vez
biossintetizados nas folhas satildeo translocados para as raiacutezes e posteriormente
transformados nos triterpenoacuteides quinonametiacutedicos que apresentam accedilatildeo
antitumor Estes triterpenoacuteides natildeo foram encontrados em folhas somente em
raiacutezes Os flavonoacuteides satildeo encontrados em todos os oacutergatildeos das plantas
(Zuanazzi 2001) Existem flavonoacuteides que satildeo encontrados em um oacutergatildeo e em
outros natildeo ou quando existe o mesmo composto em mais de um oacutergatildeo este
pode apresentar diferentes concentraccedilotildees Estes compostos estatildeo localizados
nos vacuacuteolos cloroplastos e cromoplastos (Cardoso et al 2001) Os taninos
ocorrem nos vacuacuteolos e plastiacutedios (Salisbuty amp Ross 1992)
Figura A - Folhas de espinheira-santa (a uacuteltima eacute M aquifolium e as demais
satildeo M ilicifolia) B - flores de espinheira-santa C - ramo com frutos e sementes
de Maytenus ilicifolia
4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicosOs compostos com accedilatildeo bioativa de importacircncia na farmacologia satildeo
produzidos atraveacutes da biossiacutentese dos metaboacutelitos secundaacuterios que estaacute
esquematizado na Figura 1 Nesta figura pode ser observada a formaccedilatildeo dos
principais metaboacutelitos identificados na espinheira-santa como os taninos
flavonoacuteides e terpenos grupo em que estatildeo inseridos os triterpenos
O gecircnero Maytenus eacute rico em espeacutecies com potencial medicinal tendo sido
identificados vaacuterios compostos com accedilatildeo farmacoloacutegica Di Stasi (2004) em
uma revisatildeo sobre compostos bioativos em espeacutecies de Maytenus relata a
presenccedila de pristimerina um triterpeno do tipo friedelano com accedilatildeo
antimalaacuterica e compostos fenoacutelicos com atividade inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo
do viacuterus HIV-1 em M senegalensis Em M canariensis foram isoladas
nortriterpenos com atividade antibioacutetica e sesquiterpenos com atividade
inseticida M macrocarpa apresenta nortriterpenos denominados
macrocarpinas os quais satildeo citotoacutexicos sesquiterpenos com atividade
leishmanicida e triterpenos do tipo friedelano Triterpenoacuteides do tipo friedelano
tambeacutem foram isolados desta espeacutecie por Chavez et al (1998) Foi evidenciado
por Kennedy et al (2001) a accedilatildeo leishmanicida de sesquiterpenos isolados de
M magellanica e M chubutensis
FIGURA 1 Representaccedilatildeo simplificada do ciclo biossinteacutetico dos metaboacutelitos
secundaacuterios terpenoacuteides flavonoacuteides e taninos condensados que ocorrem em
espinheira-santa (adaptado de Santos 2001)
Entre os compostos bioativos em espinheirasanta (M ilicifolia e M aquifolium)
que podem ter accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-gaacutestrica destacam-se os
triterpenos Os triterpenoacuteides satildeo compostos constituiacutedos basicamente de trinta
unidades de carbono ndash seis isoprenos (Cardoso et al 2001) A maioria possui
em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os
heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas
cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de
condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-
cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos
(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da
estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante
precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As
saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos
ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram
identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo
friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos
FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)
Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica
como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que
podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi
desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns
triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica
moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As
estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e
cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes
de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-
caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M
ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do
triterpenoacuteide eritrodiol
Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos
bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia
Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e
elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a
aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium
em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os
sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos
danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram
a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina
E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um
pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias
Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al
1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode
elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo
efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento
cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o
friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos
como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais
Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22
hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M
aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com
diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio
com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura
de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de
espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)
Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas
de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para
estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares
Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e
Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do
desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid
Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco
tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-
hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de
maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo
Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos
presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)
como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais
Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta
com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS
(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil
cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na
concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram
tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os
mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de
uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar
friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta
temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre
extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando
satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os
uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em
espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido
supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10
como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos
triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo
uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma
flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a
condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente
extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo
ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente
exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a
distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de
partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e
friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no
tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada
com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo
farmacoloacutegica
FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa
Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-
santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al
2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de
fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e
alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias
derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e
derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados
(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas
biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido
gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos
condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido
chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas
Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos
condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e
poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas
(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos
flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos
taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura
Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos
condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-
se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as
propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da
placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias
bucais
Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al
(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de
laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do
extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam
habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de
prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa
gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes
como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas
Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua
maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se
estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na
orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas
ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de
glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os
flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA
Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do
acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas
flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae
Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das
trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash
canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e
malvidina
Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de
folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo
composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os
flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave
atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave
caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como
marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus
Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de
quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash
foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M
aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura
3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os
3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-
uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao
decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a
mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as
mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides
poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes
componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por
Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High
Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia
e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie
muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da
folha
5 Aspectos silviculturais
Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das
espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada
pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no
momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a
espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os
Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito
medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato
eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um
instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos
indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma
determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem
que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios
verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos
satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada
ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se
reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem
colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo
natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios
Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes
distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de
aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num
mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano
seguinte do outro lado
Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por
necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie
ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de
plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies
medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia
6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico
A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes
de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no
seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees
italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que
jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute
eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores
portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469
estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave
agricultura ou silvicultura
Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)
Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na
comercializaccedilatildeo da espinheira-santa
Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima
(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas
medicinais inclusive espinheira-santa
(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias
Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda
(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais
(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais
A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de
renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os
coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos
finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de
plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)
7 Processamento da espinheira-santa
Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor
onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao
comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar
aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar
as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da
produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O
combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores
contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas
pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e
rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de
polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou
enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita
para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas
induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o
controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo
microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos
tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos
Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e
satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag
e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma
semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas
rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em
embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de
10 a 30 g
Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-
santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas
digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas
contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa
para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente
hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das
folhas
8 Mercado e comercializaccedilatildeo
Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes
quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias
alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem
embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em
feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por
produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como
Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)
por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas
exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para
comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em
sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e
distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute
comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa
originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a
falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a
regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais
As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os
supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento
normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de
produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que
realizam a distribuiccedilatildeo internamente
9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo
ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para
registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou
comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo
madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que
devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos
oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto
Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A
legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e
produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de
manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo
adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo
Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas
medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de
autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No
periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia
definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo
das autorizaccedilotildees de coleta de plantas
Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas
necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de
extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de
estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de
manejo efetivamente implantado
Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo
federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos
muito complexa e cara para os produtores
Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve
atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da
capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto
deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por
microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as
exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo
dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a
padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em
atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao
mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como
tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras
10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa
A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo
tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo
sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na
produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol
apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre
luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos
(078) foram altas e significativas
Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos
em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul
(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram
menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam
maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas
em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas
das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais
pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de
sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de
folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades
luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas
plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros
ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou
altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo
tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o
incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande
influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa
como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas
coletadas em ambientes diferentes
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
cacircncer Estudos iniciais revelaram que elas contecircm compostos bioativos que
mostraram potente accedilatildeo anti-tumoral e antileucecircmica em doses muito baixas
Na medicina tradicional o emplastro de suas folhas eacute usado no tratamento do
cacircncer de pele O decocto das folhas eacute usado em lavagens para o mesmo
tratamento M ilicifolia tem sido usada popularmente no Brasil para tratamento
de cacircncer (Fox 1991) Entretanto seu uso mais popular eacute no tratamento de
uacutelceras indigestatildeo gastrites crocircnicas e dispepsia conforme mostrado em
trabalho desenvolvido por Carlini (1988)
Jorge et al (2004) observaram que extratos hexano e etilacetato de M ilicifolia
que promovem um aumento do volume gaacutestrico e do pH no estocircmago
apresentam accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-inflamatoacuteria Foi observado por
Ferreira et al (2004) que o extrato de folhas de M ilicifolia reduz a secreccedilatildeo
aacutecida na mucosa gaacutestrica de ratildes com efeito semelhante ao medicamento
cimetidina M ilicifolia tem se tornado conhecida e usada na medicina
herbaliacutestica dos EUA onde o extrato de suas folhas vem sendo empregado
para uacutelceras para recomposiccedilatildeo da flora intestinal e inibiccedilatildeo de bacteacuterias
patogecircnicas como laxante para eliminar toxinas atraveacutes dos rins e pele e para
regular a produccedilatildeo do aacutecido cloriacutedrico do estocircmago (Lorenzi amp Matos 2002
Melo et al 2001)
Extratos do caule de M ilicifolia mostraram atividade anti-fuacutengica contra
Microsporum gypseum e Trichophyton mentagrophytes mas as folhas natildeo
mostraram o mesmo efeito (Portillo et al 2001) Esta espeacutecie eacute utilizada como
contraceptivo por populaccedilotildees indiacutegenas e do meio rural no Paraguai e como
abortivo por mulheres do nordeste da Argentina (Montanari et al 1998) Os
autores estudaram o efeito do extrato etanoacutelico de folhas de M ilicifolia sobre a
espermatogecircnese em ratos natildeo tendo sido mostrado efeito significativo sobre
a formaccedilatildeo dos espermatozoacuteides Foi observado por Montanari amp Bevilacqua
(2002) que o extrato de folhas desta espeacutecie causou uma perda na preacute-
implantaccedilatildeo embriocircnica em ratos mas sem efeito sobre a implantaccedilatildeo ou
organogecircnese A atividade estrogecircnica do extrato sugere que ele pode estar
interferindo com a receptividade uterina ao embriatildeo Entretanto os efeitos natildeo
foram uniformes entre os animais sendo que em alguns nenhuma alteraccedilatildeo
foi observada nem mesmo na fase de preacute-implantaccedilatildeo do embriatildeo Isto
significa que no caso das mulheres o aborto poderia ocorrer em algumas e em
outras natildeo Existem vaacuterias espeacutecies medicinais do gecircnero Maytenus ndash aleacutem de
M ilicifolia e M aquifolium ndash que vecircm sendo amplamente estudadas como M
senegalensi M macrocarpa e M canariensis (Di Stasi 2004) O autor cita
alguns trabalhos com estas espeacutecies M senegalensis apresenta atividade
antimalaacuterica leishmanicida e inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo do viacuterus HIV-1
(atraveacutes da accedilatildeo da pristimerina) M canariensis apresenta atividade
antibacteriana antifuacutengica e inseticida M macrocarpa apresenta compostos
com accedilatildeo citotoacutexica e leishmanicida Foi evidenciada por Kennedy et al (2001)
a accedilatildeo leishmanicida de M magellanica e M chubutensis
3 Caracteriacutesticas morfoanatocircmicas e fenoloacutegicasA espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) foi descrita por Carvalho-Okano (1992)
como um sub-arbusto ou aacutervore ramificado desde a base podendo atingir uma
estatura de ateacute 5 m com ramos novos glabros angulosos tetra ou
multicarenados
As folhas satildeo congestas coriaacuteceas glabras com estiacutepulas incospiacutecuas limbo
com 22 a 89 cm de comprimento e 11 a 30 cm de largura nervuras
proeminentes na face abaxial de forma eliacuteptica com a margem inteira ou com
espinhos em nuacutemero de um a vaacuterios distribuiacutedos regular ou irregularmente no
bordo geralmente concentrados na metade apical de um ou de ambos os
semilimbos As inflorescecircncias ocorrem em fasciacuteculos multifloros As flores
possuem seacutepalas semicirculares e ciliadas com peacutetalas ovais e inteiras
estames com filetes achatados na base estigma capitado seacutessil ou com
estilete distinto ovaacuterio saliente ou totalmente imerso no disco carnoso
As flores satildeo monoacuteclinas poreacutem haacute evidecircncias fortes de que muitas de suas
flores sejam funcionalmente diclinas O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular
com pericarpo maduro de coloraccedilatildeo vermelho-alaranjada
As sementes satildeo eretas suborbiculares elipsoides ou obovais agraves vezes
angulosas em nuacutemero variaacutevel de 1 a 4 por fruto envoltas inteiramente pelo
arilo A testa eacute rija lisa e brilhante em geral com coloraccedilatildeo castanha ou negra
O endosperma eacute abundante o embriatildeo eacute axial com cotileacutedones planos
membranaacuteceos e eixo hipocoacutetilo-raizinha reta e curta O arilo eacute suculento de
coloraccedilatildeo branca cobrindo toda a semente Um estudo morfoanatocircmico desta
espeacutecies foi ainda realizado por Lula et al (2001) Segundo os autores M
ilicifolia apresenta epiderme adaxial e abaxial glabras com ceacutelulas poligonais
de paredes levemente espessadas retas e cutiacutecula de aspecto granulado Foi
observada a presenccedila de cristais prismaacuteticos nas ceacutelulas epideacutermicas e
tambeacutem de raacutefides Os estocircmatos estatildeo restritos agrave epiderme abaxial e com
frequumlecircncia apresentam cinco ceacutelulas subsidiaacuterias muito pouco diferenciadas
das ceacutelulas epideacutermicas comuns Em corte transversal as epidermes se
apresentam uniestratificadas com ceacutelulas baixas e tabulares e cutiacutecula
relativamente espessa O mesoacutefilo eacute dorsiventral com duas camadas de
parecircnquima paliccedilaacutedico O parecircnquima lacunoso eacute relativamente compacto com
cerca de seis a sete camadas de ceacutelulas As nervuras menores e as
terminaccedilotildees vasculares apresentam uma bainha de fibras esclerenquimaacuteticas
As sementes de M ilicifolia podem ser classificadas como ortodoxas e
estocadas a -20ordmC por um longo periacuteodo em cacircmara fria (Eira et al 1995) M
aquifolium tambeacutem conhecida como espinheira-santa eacute descrita por Carvalho-
Okano (1992) como um arbusto ou aacutervore medindo cerca de 15-12 m de
altura Apresenta ramos novos glabros ciliacutendrico-achatados folhas cartaacuteceas
glabras peciacuteolo com 05-10 cm de comprimento estiacutepulas inconspiacutecuas limbo
com 60-190 cm de comprimento e 20-60 cm de largura nervura primaacuteria
proeminente em ambas as faces nervuras secundaacuterias subsalientes forma
eliacuteptica ou mais comumente oblongo-eliacuteptica base aguda ou obtusa aacutepice
agudo a obtuso com mucron margem com muitos espinhos serrada A
Inflorescecircncia eacute em fasciacuteculos multifloros apresentando pedicelos florais com
04-07 cm de comprimento As seacutepalas satildeo ovais com cerca de 04 cm de
comprimento e 03 cm de largura Os estames apresentam filetes achatados na
base O estigma eacute seacutessil ou com estilete distinto ovaacuterio saliente ou imerso
totalmente no disco carnoso O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular o
pericarpo maduro apresenta coloraccedilatildeo castanho-avemelhada O florescimento
de espinheira-santa ocorre entre os meses de setembro a dezembro e a
frutificaccedilatildeo de outubro a fevereiro (Carvalho-Okano 1992) A frutificaccedilatildeo ocorre
durante um periacuteodo relativamente longo iniciando no Estado do Rio
Grande do Sul seguido por Santa Catarina e por uacuteltimo o Paranaacute (Scheffer amp
Arauacutejo1998) As espeacutecies de espinheira-santa satildeo aloacutegamas Os estudos da
accedilatildeo farmacoloacutegica da espinheira-santa tecircm sido realizados utilizando
principalmente as folhas pois eacute a parte da planta que normalmente eacute utilizada
pela populaccedilatildeo nas infusotildees ou pela induacutestria farmacecircutica para elaboraccedilatildeo de
medicamentos Alguns estudos foram feitos com a raiz pois existem relatos do
uso esporaacutedico desta parte da planta por algumas pessoas para o tratamento
de doenccedilas Em um levantamento do uso da espinheira-santa pelas
comunidades rurais Mariot (2005) identificou um agricultor que utiliza o chaacute
das raiacutezes da espinheirasanta para o tratamento de diabetes Com relaccedilatildeo agrave
localizaccedilatildeo da produccedilatildeo de metaboacutelitos secundaacuterios nas plantas de
espinheirasanta Corsino et al (2000) ao estudarem a biossiacutentese de
triterpenoacuteides em M aquifolium identificaram que as folhas produzem 3b-
friedelanol e friedelina (friedelano) e raiacutezes acumulam maitenina e pristimerina
(quinonametiacutedicos) Os triterpenos derivados de friedelano uma vez
biossintetizados nas folhas satildeo translocados para as raiacutezes e posteriormente
transformados nos triterpenoacuteides quinonametiacutedicos que apresentam accedilatildeo
antitumor Estes triterpenoacuteides natildeo foram encontrados em folhas somente em
raiacutezes Os flavonoacuteides satildeo encontrados em todos os oacutergatildeos das plantas
(Zuanazzi 2001) Existem flavonoacuteides que satildeo encontrados em um oacutergatildeo e em
outros natildeo ou quando existe o mesmo composto em mais de um oacutergatildeo este
pode apresentar diferentes concentraccedilotildees Estes compostos estatildeo localizados
nos vacuacuteolos cloroplastos e cromoplastos (Cardoso et al 2001) Os taninos
ocorrem nos vacuacuteolos e plastiacutedios (Salisbuty amp Ross 1992)
Figura A - Folhas de espinheira-santa (a uacuteltima eacute M aquifolium e as demais
satildeo M ilicifolia) B - flores de espinheira-santa C - ramo com frutos e sementes
de Maytenus ilicifolia
4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicosOs compostos com accedilatildeo bioativa de importacircncia na farmacologia satildeo
produzidos atraveacutes da biossiacutentese dos metaboacutelitos secundaacuterios que estaacute
esquematizado na Figura 1 Nesta figura pode ser observada a formaccedilatildeo dos
principais metaboacutelitos identificados na espinheira-santa como os taninos
flavonoacuteides e terpenos grupo em que estatildeo inseridos os triterpenos
O gecircnero Maytenus eacute rico em espeacutecies com potencial medicinal tendo sido
identificados vaacuterios compostos com accedilatildeo farmacoloacutegica Di Stasi (2004) em
uma revisatildeo sobre compostos bioativos em espeacutecies de Maytenus relata a
presenccedila de pristimerina um triterpeno do tipo friedelano com accedilatildeo
antimalaacuterica e compostos fenoacutelicos com atividade inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo
do viacuterus HIV-1 em M senegalensis Em M canariensis foram isoladas
nortriterpenos com atividade antibioacutetica e sesquiterpenos com atividade
inseticida M macrocarpa apresenta nortriterpenos denominados
macrocarpinas os quais satildeo citotoacutexicos sesquiterpenos com atividade
leishmanicida e triterpenos do tipo friedelano Triterpenoacuteides do tipo friedelano
tambeacutem foram isolados desta espeacutecie por Chavez et al (1998) Foi evidenciado
por Kennedy et al (2001) a accedilatildeo leishmanicida de sesquiterpenos isolados de
M magellanica e M chubutensis
FIGURA 1 Representaccedilatildeo simplificada do ciclo biossinteacutetico dos metaboacutelitos
secundaacuterios terpenoacuteides flavonoacuteides e taninos condensados que ocorrem em
espinheira-santa (adaptado de Santos 2001)
Entre os compostos bioativos em espinheirasanta (M ilicifolia e M aquifolium)
que podem ter accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-gaacutestrica destacam-se os
triterpenos Os triterpenoacuteides satildeo compostos constituiacutedos basicamente de trinta
unidades de carbono ndash seis isoprenos (Cardoso et al 2001) A maioria possui
em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os
heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas
cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de
condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-
cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos
(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da
estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante
precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As
saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos
ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram
identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo
friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos
FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)
Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica
como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que
podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi
desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns
triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica
moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As
estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e
cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes
de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-
caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M
ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do
triterpenoacuteide eritrodiol
Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos
bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia
Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e
elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a
aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium
em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os
sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos
danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram
a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina
E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um
pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias
Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al
1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode
elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo
efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento
cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o
friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos
como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais
Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22
hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M
aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com
diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio
com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura
de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de
espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)
Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas
de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para
estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares
Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e
Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do
desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid
Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco
tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-
hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de
maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo
Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos
presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)
como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais
Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta
com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS
(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil
cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na
concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram
tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os
mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de
uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar
friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta
temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre
extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando
satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os
uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em
espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido
supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10
como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos
triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo
uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma
flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a
condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente
extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo
ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente
exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a
distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de
partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e
friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no
tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada
com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo
farmacoloacutegica
FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa
Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-
santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al
2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de
fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e
alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias
derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e
derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados
(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas
biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido
gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos
condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido
chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas
Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos
condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e
poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas
(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos
flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos
taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura
Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos
condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-
se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as
propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da
placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias
bucais
Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al
(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de
laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do
extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam
habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de
prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa
gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes
como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas
Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua
maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se
estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na
orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas
ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de
glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os
flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA
Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do
acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas
flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae
Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das
trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash
canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e
malvidina
Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de
folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo
composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os
flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave
atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave
caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como
marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus
Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de
quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash
foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M
aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura
3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os
3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-
uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao
decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a
mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as
mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides
poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes
componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por
Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High
Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia
e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie
muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da
folha
5 Aspectos silviculturais
Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das
espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada
pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no
momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a
espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os
Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito
medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato
eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um
instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos
indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma
determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem
que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios
verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos
satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada
ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se
reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem
colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo
natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios
Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes
distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de
aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num
mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano
seguinte do outro lado
Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por
necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie
ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de
plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies
medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia
6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico
A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes
de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no
seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees
italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que
jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute
eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores
portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469
estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave
agricultura ou silvicultura
Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)
Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na
comercializaccedilatildeo da espinheira-santa
Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima
(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas
medicinais inclusive espinheira-santa
(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias
Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda
(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais
(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais
A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de
renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os
coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos
finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de
plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)
7 Processamento da espinheira-santa
Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor
onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao
comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar
aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar
as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da
produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O
combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores
contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas
pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e
rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de
polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou
enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita
para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas
induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o
controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo
microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos
tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos
Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e
satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag
e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma
semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas
rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em
embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de
10 a 30 g
Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-
santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas
digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas
contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa
para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente
hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das
folhas
8 Mercado e comercializaccedilatildeo
Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes
quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias
alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem
embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em
feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por
produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como
Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)
por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas
exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para
comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em
sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e
distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute
comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa
originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a
falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a
regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais
As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os
supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento
normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de
produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que
realizam a distribuiccedilatildeo internamente
9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo
ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para
registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou
comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo
madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que
devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos
oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto
Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A
legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e
produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de
manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo
adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo
Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas
medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de
autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No
periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia
definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo
das autorizaccedilotildees de coleta de plantas
Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas
necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de
extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de
estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de
manejo efetivamente implantado
Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo
federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos
muito complexa e cara para os produtores
Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve
atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da
capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto
deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por
microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as
exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo
dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a
padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em
atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao
mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como
tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras
10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa
A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo
tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo
sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na
produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol
apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre
luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos
(078) foram altas e significativas
Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos
em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul
(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram
menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam
maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas
em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas
das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais
pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de
sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de
folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades
luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas
plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros
ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou
altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo
tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o
incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande
influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa
como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas
coletadas em ambientes diferentes
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
outras natildeo Existem vaacuterias espeacutecies medicinais do gecircnero Maytenus ndash aleacutem de
M ilicifolia e M aquifolium ndash que vecircm sendo amplamente estudadas como M
senegalensi M macrocarpa e M canariensis (Di Stasi 2004) O autor cita
alguns trabalhos com estas espeacutecies M senegalensis apresenta atividade
antimalaacuterica leishmanicida e inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo do viacuterus HIV-1
(atraveacutes da accedilatildeo da pristimerina) M canariensis apresenta atividade
antibacteriana antifuacutengica e inseticida M macrocarpa apresenta compostos
com accedilatildeo citotoacutexica e leishmanicida Foi evidenciada por Kennedy et al (2001)
a accedilatildeo leishmanicida de M magellanica e M chubutensis
3 Caracteriacutesticas morfoanatocircmicas e fenoloacutegicasA espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) foi descrita por Carvalho-Okano (1992)
como um sub-arbusto ou aacutervore ramificado desde a base podendo atingir uma
estatura de ateacute 5 m com ramos novos glabros angulosos tetra ou
multicarenados
As folhas satildeo congestas coriaacuteceas glabras com estiacutepulas incospiacutecuas limbo
com 22 a 89 cm de comprimento e 11 a 30 cm de largura nervuras
proeminentes na face abaxial de forma eliacuteptica com a margem inteira ou com
espinhos em nuacutemero de um a vaacuterios distribuiacutedos regular ou irregularmente no
bordo geralmente concentrados na metade apical de um ou de ambos os
semilimbos As inflorescecircncias ocorrem em fasciacuteculos multifloros As flores
possuem seacutepalas semicirculares e ciliadas com peacutetalas ovais e inteiras
estames com filetes achatados na base estigma capitado seacutessil ou com
estilete distinto ovaacuterio saliente ou totalmente imerso no disco carnoso
As flores satildeo monoacuteclinas poreacutem haacute evidecircncias fortes de que muitas de suas
flores sejam funcionalmente diclinas O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular
com pericarpo maduro de coloraccedilatildeo vermelho-alaranjada
As sementes satildeo eretas suborbiculares elipsoides ou obovais agraves vezes
angulosas em nuacutemero variaacutevel de 1 a 4 por fruto envoltas inteiramente pelo
arilo A testa eacute rija lisa e brilhante em geral com coloraccedilatildeo castanha ou negra
O endosperma eacute abundante o embriatildeo eacute axial com cotileacutedones planos
membranaacuteceos e eixo hipocoacutetilo-raizinha reta e curta O arilo eacute suculento de
coloraccedilatildeo branca cobrindo toda a semente Um estudo morfoanatocircmico desta
espeacutecies foi ainda realizado por Lula et al (2001) Segundo os autores M
ilicifolia apresenta epiderme adaxial e abaxial glabras com ceacutelulas poligonais
de paredes levemente espessadas retas e cutiacutecula de aspecto granulado Foi
observada a presenccedila de cristais prismaacuteticos nas ceacutelulas epideacutermicas e
tambeacutem de raacutefides Os estocircmatos estatildeo restritos agrave epiderme abaxial e com
frequumlecircncia apresentam cinco ceacutelulas subsidiaacuterias muito pouco diferenciadas
das ceacutelulas epideacutermicas comuns Em corte transversal as epidermes se
apresentam uniestratificadas com ceacutelulas baixas e tabulares e cutiacutecula
relativamente espessa O mesoacutefilo eacute dorsiventral com duas camadas de
parecircnquima paliccedilaacutedico O parecircnquima lacunoso eacute relativamente compacto com
cerca de seis a sete camadas de ceacutelulas As nervuras menores e as
terminaccedilotildees vasculares apresentam uma bainha de fibras esclerenquimaacuteticas
As sementes de M ilicifolia podem ser classificadas como ortodoxas e
estocadas a -20ordmC por um longo periacuteodo em cacircmara fria (Eira et al 1995) M
aquifolium tambeacutem conhecida como espinheira-santa eacute descrita por Carvalho-
Okano (1992) como um arbusto ou aacutervore medindo cerca de 15-12 m de
altura Apresenta ramos novos glabros ciliacutendrico-achatados folhas cartaacuteceas
glabras peciacuteolo com 05-10 cm de comprimento estiacutepulas inconspiacutecuas limbo
com 60-190 cm de comprimento e 20-60 cm de largura nervura primaacuteria
proeminente em ambas as faces nervuras secundaacuterias subsalientes forma
eliacuteptica ou mais comumente oblongo-eliacuteptica base aguda ou obtusa aacutepice
agudo a obtuso com mucron margem com muitos espinhos serrada A
Inflorescecircncia eacute em fasciacuteculos multifloros apresentando pedicelos florais com
04-07 cm de comprimento As seacutepalas satildeo ovais com cerca de 04 cm de
comprimento e 03 cm de largura Os estames apresentam filetes achatados na
base O estigma eacute seacutessil ou com estilete distinto ovaacuterio saliente ou imerso
totalmente no disco carnoso O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular o
pericarpo maduro apresenta coloraccedilatildeo castanho-avemelhada O florescimento
de espinheira-santa ocorre entre os meses de setembro a dezembro e a
frutificaccedilatildeo de outubro a fevereiro (Carvalho-Okano 1992) A frutificaccedilatildeo ocorre
durante um periacuteodo relativamente longo iniciando no Estado do Rio
Grande do Sul seguido por Santa Catarina e por uacuteltimo o Paranaacute (Scheffer amp
Arauacutejo1998) As espeacutecies de espinheira-santa satildeo aloacutegamas Os estudos da
accedilatildeo farmacoloacutegica da espinheira-santa tecircm sido realizados utilizando
principalmente as folhas pois eacute a parte da planta que normalmente eacute utilizada
pela populaccedilatildeo nas infusotildees ou pela induacutestria farmacecircutica para elaboraccedilatildeo de
medicamentos Alguns estudos foram feitos com a raiz pois existem relatos do
uso esporaacutedico desta parte da planta por algumas pessoas para o tratamento
de doenccedilas Em um levantamento do uso da espinheira-santa pelas
comunidades rurais Mariot (2005) identificou um agricultor que utiliza o chaacute
das raiacutezes da espinheirasanta para o tratamento de diabetes Com relaccedilatildeo agrave
localizaccedilatildeo da produccedilatildeo de metaboacutelitos secundaacuterios nas plantas de
espinheirasanta Corsino et al (2000) ao estudarem a biossiacutentese de
triterpenoacuteides em M aquifolium identificaram que as folhas produzem 3b-
friedelanol e friedelina (friedelano) e raiacutezes acumulam maitenina e pristimerina
(quinonametiacutedicos) Os triterpenos derivados de friedelano uma vez
biossintetizados nas folhas satildeo translocados para as raiacutezes e posteriormente
transformados nos triterpenoacuteides quinonametiacutedicos que apresentam accedilatildeo
antitumor Estes triterpenoacuteides natildeo foram encontrados em folhas somente em
raiacutezes Os flavonoacuteides satildeo encontrados em todos os oacutergatildeos das plantas
(Zuanazzi 2001) Existem flavonoacuteides que satildeo encontrados em um oacutergatildeo e em
outros natildeo ou quando existe o mesmo composto em mais de um oacutergatildeo este
pode apresentar diferentes concentraccedilotildees Estes compostos estatildeo localizados
nos vacuacuteolos cloroplastos e cromoplastos (Cardoso et al 2001) Os taninos
ocorrem nos vacuacuteolos e plastiacutedios (Salisbuty amp Ross 1992)
Figura A - Folhas de espinheira-santa (a uacuteltima eacute M aquifolium e as demais
satildeo M ilicifolia) B - flores de espinheira-santa C - ramo com frutos e sementes
de Maytenus ilicifolia
4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicosOs compostos com accedilatildeo bioativa de importacircncia na farmacologia satildeo
produzidos atraveacutes da biossiacutentese dos metaboacutelitos secundaacuterios que estaacute
esquematizado na Figura 1 Nesta figura pode ser observada a formaccedilatildeo dos
principais metaboacutelitos identificados na espinheira-santa como os taninos
flavonoacuteides e terpenos grupo em que estatildeo inseridos os triterpenos
O gecircnero Maytenus eacute rico em espeacutecies com potencial medicinal tendo sido
identificados vaacuterios compostos com accedilatildeo farmacoloacutegica Di Stasi (2004) em
uma revisatildeo sobre compostos bioativos em espeacutecies de Maytenus relata a
presenccedila de pristimerina um triterpeno do tipo friedelano com accedilatildeo
antimalaacuterica e compostos fenoacutelicos com atividade inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo
do viacuterus HIV-1 em M senegalensis Em M canariensis foram isoladas
nortriterpenos com atividade antibioacutetica e sesquiterpenos com atividade
inseticida M macrocarpa apresenta nortriterpenos denominados
macrocarpinas os quais satildeo citotoacutexicos sesquiterpenos com atividade
leishmanicida e triterpenos do tipo friedelano Triterpenoacuteides do tipo friedelano
tambeacutem foram isolados desta espeacutecie por Chavez et al (1998) Foi evidenciado
por Kennedy et al (2001) a accedilatildeo leishmanicida de sesquiterpenos isolados de
M magellanica e M chubutensis
FIGURA 1 Representaccedilatildeo simplificada do ciclo biossinteacutetico dos metaboacutelitos
secundaacuterios terpenoacuteides flavonoacuteides e taninos condensados que ocorrem em
espinheira-santa (adaptado de Santos 2001)
Entre os compostos bioativos em espinheirasanta (M ilicifolia e M aquifolium)
que podem ter accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-gaacutestrica destacam-se os
triterpenos Os triterpenoacuteides satildeo compostos constituiacutedos basicamente de trinta
unidades de carbono ndash seis isoprenos (Cardoso et al 2001) A maioria possui
em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os
heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas
cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de
condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-
cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos
(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da
estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante
precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As
saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos
ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram
identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo
friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos
FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)
Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica
como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que
podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi
desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns
triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica
moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As
estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e
cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes
de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-
caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M
ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do
triterpenoacuteide eritrodiol
Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos
bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia
Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e
elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a
aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium
em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os
sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos
danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram
a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina
E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um
pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias
Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al
1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode
elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo
efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento
cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o
friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos
como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais
Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22
hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M
aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com
diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio
com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura
de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de
espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)
Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas
de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para
estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares
Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e
Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do
desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid
Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco
tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-
hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de
maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo
Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos
presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)
como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais
Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta
com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS
(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil
cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na
concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram
tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os
mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de
uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar
friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta
temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre
extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando
satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os
uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em
espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido
supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10
como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos
triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo
uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma
flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a
condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente
extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo
ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente
exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a
distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de
partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e
friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no
tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada
com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo
farmacoloacutegica
FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa
Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-
santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al
2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de
fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e
alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias
derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e
derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados
(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas
biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido
gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos
condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido
chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas
Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos
condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e
poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas
(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos
flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos
taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura
Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos
condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-
se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as
propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da
placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias
bucais
Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al
(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de
laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do
extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam
habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de
prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa
gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes
como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas
Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua
maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se
estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na
orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas
ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de
glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os
flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA
Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do
acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas
flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae
Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das
trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash
canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e
malvidina
Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de
folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo
composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os
flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave
atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave
caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como
marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus
Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de
quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash
foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M
aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura
3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os
3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-
uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao
decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a
mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as
mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides
poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes
componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por
Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High
Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia
e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie
muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da
folha
5 Aspectos silviculturais
Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das
espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada
pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no
momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a
espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os
Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito
medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato
eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um
instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos
indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma
determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem
que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios
verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos
satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada
ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se
reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem
colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo
natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios
Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes
distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de
aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num
mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano
seguinte do outro lado
Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por
necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie
ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de
plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies
medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia
6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico
A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes
de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no
seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees
italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que
jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute
eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores
portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469
estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave
agricultura ou silvicultura
Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)
Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na
comercializaccedilatildeo da espinheira-santa
Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima
(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas
medicinais inclusive espinheira-santa
(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias
Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda
(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais
(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais
A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de
renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os
coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos
finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de
plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)
7 Processamento da espinheira-santa
Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor
onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao
comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar
aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar
as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da
produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O
combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores
contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas
pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e
rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de
polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou
enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita
para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas
induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o
controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo
microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos
tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos
Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e
satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag
e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma
semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas
rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em
embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de
10 a 30 g
Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-
santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas
digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas
contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa
para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente
hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das
folhas
8 Mercado e comercializaccedilatildeo
Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes
quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias
alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem
embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em
feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por
produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como
Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)
por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas
exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para
comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em
sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e
distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute
comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa
originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a
falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a
regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais
As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os
supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento
normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de
produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que
realizam a distribuiccedilatildeo internamente
9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo
ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para
registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou
comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo
madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que
devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos
oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto
Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A
legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e
produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de
manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo
adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo
Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas
medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de
autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No
periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia
definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo
das autorizaccedilotildees de coleta de plantas
Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas
necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de
extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de
estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de
manejo efetivamente implantado
Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo
federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos
muito complexa e cara para os produtores
Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve
atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da
capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto
deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por
microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as
exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo
dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a
padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em
atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao
mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como
tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras
10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa
A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo
tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo
sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na
produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol
apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre
luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos
(078) foram altas e significativas
Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos
em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul
(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram
menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam
maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas
em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas
das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais
pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de
sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de
folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades
luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas
plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros
ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou
altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo
tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o
incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande
influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa
como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas
coletadas em ambientes diferentes
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
ilicifolia apresenta epiderme adaxial e abaxial glabras com ceacutelulas poligonais
de paredes levemente espessadas retas e cutiacutecula de aspecto granulado Foi
observada a presenccedila de cristais prismaacuteticos nas ceacutelulas epideacutermicas e
tambeacutem de raacutefides Os estocircmatos estatildeo restritos agrave epiderme abaxial e com
frequumlecircncia apresentam cinco ceacutelulas subsidiaacuterias muito pouco diferenciadas
das ceacutelulas epideacutermicas comuns Em corte transversal as epidermes se
apresentam uniestratificadas com ceacutelulas baixas e tabulares e cutiacutecula
relativamente espessa O mesoacutefilo eacute dorsiventral com duas camadas de
parecircnquima paliccedilaacutedico O parecircnquima lacunoso eacute relativamente compacto com
cerca de seis a sete camadas de ceacutelulas As nervuras menores e as
terminaccedilotildees vasculares apresentam uma bainha de fibras esclerenquimaacuteticas
As sementes de M ilicifolia podem ser classificadas como ortodoxas e
estocadas a -20ordmC por um longo periacuteodo em cacircmara fria (Eira et al 1995) M
aquifolium tambeacutem conhecida como espinheira-santa eacute descrita por Carvalho-
Okano (1992) como um arbusto ou aacutervore medindo cerca de 15-12 m de
altura Apresenta ramos novos glabros ciliacutendrico-achatados folhas cartaacuteceas
glabras peciacuteolo com 05-10 cm de comprimento estiacutepulas inconspiacutecuas limbo
com 60-190 cm de comprimento e 20-60 cm de largura nervura primaacuteria
proeminente em ambas as faces nervuras secundaacuterias subsalientes forma
eliacuteptica ou mais comumente oblongo-eliacuteptica base aguda ou obtusa aacutepice
agudo a obtuso com mucron margem com muitos espinhos serrada A
Inflorescecircncia eacute em fasciacuteculos multifloros apresentando pedicelos florais com
04-07 cm de comprimento As seacutepalas satildeo ovais com cerca de 04 cm de
comprimento e 03 cm de largura Os estames apresentam filetes achatados na
base O estigma eacute seacutessil ou com estilete distinto ovaacuterio saliente ou imerso
totalmente no disco carnoso O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular o
pericarpo maduro apresenta coloraccedilatildeo castanho-avemelhada O florescimento
de espinheira-santa ocorre entre os meses de setembro a dezembro e a
frutificaccedilatildeo de outubro a fevereiro (Carvalho-Okano 1992) A frutificaccedilatildeo ocorre
durante um periacuteodo relativamente longo iniciando no Estado do Rio
Grande do Sul seguido por Santa Catarina e por uacuteltimo o Paranaacute (Scheffer amp
Arauacutejo1998) As espeacutecies de espinheira-santa satildeo aloacutegamas Os estudos da
accedilatildeo farmacoloacutegica da espinheira-santa tecircm sido realizados utilizando
principalmente as folhas pois eacute a parte da planta que normalmente eacute utilizada
pela populaccedilatildeo nas infusotildees ou pela induacutestria farmacecircutica para elaboraccedilatildeo de
medicamentos Alguns estudos foram feitos com a raiz pois existem relatos do
uso esporaacutedico desta parte da planta por algumas pessoas para o tratamento
de doenccedilas Em um levantamento do uso da espinheira-santa pelas
comunidades rurais Mariot (2005) identificou um agricultor que utiliza o chaacute
das raiacutezes da espinheirasanta para o tratamento de diabetes Com relaccedilatildeo agrave
localizaccedilatildeo da produccedilatildeo de metaboacutelitos secundaacuterios nas plantas de
espinheirasanta Corsino et al (2000) ao estudarem a biossiacutentese de
triterpenoacuteides em M aquifolium identificaram que as folhas produzem 3b-
friedelanol e friedelina (friedelano) e raiacutezes acumulam maitenina e pristimerina
(quinonametiacutedicos) Os triterpenos derivados de friedelano uma vez
biossintetizados nas folhas satildeo translocados para as raiacutezes e posteriormente
transformados nos triterpenoacuteides quinonametiacutedicos que apresentam accedilatildeo
antitumor Estes triterpenoacuteides natildeo foram encontrados em folhas somente em
raiacutezes Os flavonoacuteides satildeo encontrados em todos os oacutergatildeos das plantas
(Zuanazzi 2001) Existem flavonoacuteides que satildeo encontrados em um oacutergatildeo e em
outros natildeo ou quando existe o mesmo composto em mais de um oacutergatildeo este
pode apresentar diferentes concentraccedilotildees Estes compostos estatildeo localizados
nos vacuacuteolos cloroplastos e cromoplastos (Cardoso et al 2001) Os taninos
ocorrem nos vacuacuteolos e plastiacutedios (Salisbuty amp Ross 1992)
Figura A - Folhas de espinheira-santa (a uacuteltima eacute M aquifolium e as demais
satildeo M ilicifolia) B - flores de espinheira-santa C - ramo com frutos e sementes
de Maytenus ilicifolia
4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicosOs compostos com accedilatildeo bioativa de importacircncia na farmacologia satildeo
produzidos atraveacutes da biossiacutentese dos metaboacutelitos secundaacuterios que estaacute
esquematizado na Figura 1 Nesta figura pode ser observada a formaccedilatildeo dos
principais metaboacutelitos identificados na espinheira-santa como os taninos
flavonoacuteides e terpenos grupo em que estatildeo inseridos os triterpenos
O gecircnero Maytenus eacute rico em espeacutecies com potencial medicinal tendo sido
identificados vaacuterios compostos com accedilatildeo farmacoloacutegica Di Stasi (2004) em
uma revisatildeo sobre compostos bioativos em espeacutecies de Maytenus relata a
presenccedila de pristimerina um triterpeno do tipo friedelano com accedilatildeo
antimalaacuterica e compostos fenoacutelicos com atividade inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo
do viacuterus HIV-1 em M senegalensis Em M canariensis foram isoladas
nortriterpenos com atividade antibioacutetica e sesquiterpenos com atividade
inseticida M macrocarpa apresenta nortriterpenos denominados
macrocarpinas os quais satildeo citotoacutexicos sesquiterpenos com atividade
leishmanicida e triterpenos do tipo friedelano Triterpenoacuteides do tipo friedelano
tambeacutem foram isolados desta espeacutecie por Chavez et al (1998) Foi evidenciado
por Kennedy et al (2001) a accedilatildeo leishmanicida de sesquiterpenos isolados de
M magellanica e M chubutensis
FIGURA 1 Representaccedilatildeo simplificada do ciclo biossinteacutetico dos metaboacutelitos
secundaacuterios terpenoacuteides flavonoacuteides e taninos condensados que ocorrem em
espinheira-santa (adaptado de Santos 2001)
Entre os compostos bioativos em espinheirasanta (M ilicifolia e M aquifolium)
que podem ter accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-gaacutestrica destacam-se os
triterpenos Os triterpenoacuteides satildeo compostos constituiacutedos basicamente de trinta
unidades de carbono ndash seis isoprenos (Cardoso et al 2001) A maioria possui
em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os
heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas
cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de
condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-
cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos
(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da
estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante
precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As
saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos
ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram
identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo
friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos
FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)
Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica
como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que
podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi
desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns
triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica
moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As
estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e
cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes
de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-
caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M
ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do
triterpenoacuteide eritrodiol
Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos
bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia
Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e
elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a
aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium
em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os
sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos
danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram
a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina
E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um
pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias
Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al
1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode
elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo
efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento
cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o
friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos
como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais
Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22
hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M
aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com
diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio
com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura
de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de
espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)
Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas
de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para
estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares
Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e
Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do
desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid
Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco
tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-
hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de
maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo
Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos
presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)
como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais
Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta
com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS
(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil
cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na
concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram
tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os
mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de
uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar
friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta
temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre
extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando
satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os
uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em
espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido
supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10
como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos
triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo
uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma
flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a
condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente
extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo
ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente
exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a
distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de
partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e
friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no
tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada
com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo
farmacoloacutegica
FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa
Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-
santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al
2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de
fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e
alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias
derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e
derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados
(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas
biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido
gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos
condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido
chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas
Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos
condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e
poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas
(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos
flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos
taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura
Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos
condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-
se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as
propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da
placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias
bucais
Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al
(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de
laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do
extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam
habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de
prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa
gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes
como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas
Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua
maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se
estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na
orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas
ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de
glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os
flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA
Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do
acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas
flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae
Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das
trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash
canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e
malvidina
Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de
folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo
composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os
flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave
atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave
caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como
marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus
Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de
quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash
foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M
aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura
3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os
3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-
uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao
decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a
mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as
mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides
poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes
componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por
Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High
Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia
e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie
muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da
folha
5 Aspectos silviculturais
Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das
espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada
pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no
momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a
espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os
Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito
medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato
eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um
instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos
indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma
determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem
que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios
verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos
satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada
ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se
reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem
colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo
natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios
Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes
distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de
aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num
mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano
seguinte do outro lado
Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por
necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie
ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de
plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies
medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia
6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico
A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes
de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no
seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees
italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que
jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute
eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores
portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469
estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave
agricultura ou silvicultura
Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)
Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na
comercializaccedilatildeo da espinheira-santa
Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima
(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas
medicinais inclusive espinheira-santa
(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias
Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda
(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais
(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais
A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de
renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os
coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos
finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de
plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)
7 Processamento da espinheira-santa
Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor
onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao
comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar
aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar
as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da
produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O
combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores
contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas
pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e
rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de
polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou
enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita
para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas
induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o
controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo
microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos
tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos
Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e
satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag
e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma
semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas
rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em
embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de
10 a 30 g
Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-
santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas
digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas
contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa
para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente
hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das
folhas
8 Mercado e comercializaccedilatildeo
Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes
quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias
alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem
embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em
feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por
produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como
Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)
por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas
exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para
comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em
sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e
distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute
comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa
originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a
falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a
regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais
As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os
supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento
normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de
produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que
realizam a distribuiccedilatildeo internamente
9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo
ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para
registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou
comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo
madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que
devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos
oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto
Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A
legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e
produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de
manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo
adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo
Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas
medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de
autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No
periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia
definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo
das autorizaccedilotildees de coleta de plantas
Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas
necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de
extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de
estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de
manejo efetivamente implantado
Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo
federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos
muito complexa e cara para os produtores
Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve
atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da
capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto
deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por
microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as
exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo
dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a
padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em
atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao
mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como
tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras
10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa
A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo
tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo
sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na
produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol
apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre
luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos
(078) foram altas e significativas
Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos
em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul
(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram
menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam
maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas
em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas
das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais
pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de
sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de
folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades
luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas
plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros
ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou
altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo
tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o
incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande
influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa
como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas
coletadas em ambientes diferentes
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
pela populaccedilatildeo nas infusotildees ou pela induacutestria farmacecircutica para elaboraccedilatildeo de
medicamentos Alguns estudos foram feitos com a raiz pois existem relatos do
uso esporaacutedico desta parte da planta por algumas pessoas para o tratamento
de doenccedilas Em um levantamento do uso da espinheira-santa pelas
comunidades rurais Mariot (2005) identificou um agricultor que utiliza o chaacute
das raiacutezes da espinheirasanta para o tratamento de diabetes Com relaccedilatildeo agrave
localizaccedilatildeo da produccedilatildeo de metaboacutelitos secundaacuterios nas plantas de
espinheirasanta Corsino et al (2000) ao estudarem a biossiacutentese de
triterpenoacuteides em M aquifolium identificaram que as folhas produzem 3b-
friedelanol e friedelina (friedelano) e raiacutezes acumulam maitenina e pristimerina
(quinonametiacutedicos) Os triterpenos derivados de friedelano uma vez
biossintetizados nas folhas satildeo translocados para as raiacutezes e posteriormente
transformados nos triterpenoacuteides quinonametiacutedicos que apresentam accedilatildeo
antitumor Estes triterpenoacuteides natildeo foram encontrados em folhas somente em
raiacutezes Os flavonoacuteides satildeo encontrados em todos os oacutergatildeos das plantas
(Zuanazzi 2001) Existem flavonoacuteides que satildeo encontrados em um oacutergatildeo e em
outros natildeo ou quando existe o mesmo composto em mais de um oacutergatildeo este
pode apresentar diferentes concentraccedilotildees Estes compostos estatildeo localizados
nos vacuacuteolos cloroplastos e cromoplastos (Cardoso et al 2001) Os taninos
ocorrem nos vacuacuteolos e plastiacutedios (Salisbuty amp Ross 1992)
Figura A - Folhas de espinheira-santa (a uacuteltima eacute M aquifolium e as demais
satildeo M ilicifolia) B - flores de espinheira-santa C - ramo com frutos e sementes
de Maytenus ilicifolia
4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicosOs compostos com accedilatildeo bioativa de importacircncia na farmacologia satildeo
produzidos atraveacutes da biossiacutentese dos metaboacutelitos secundaacuterios que estaacute
esquematizado na Figura 1 Nesta figura pode ser observada a formaccedilatildeo dos
principais metaboacutelitos identificados na espinheira-santa como os taninos
flavonoacuteides e terpenos grupo em que estatildeo inseridos os triterpenos
O gecircnero Maytenus eacute rico em espeacutecies com potencial medicinal tendo sido
identificados vaacuterios compostos com accedilatildeo farmacoloacutegica Di Stasi (2004) em
uma revisatildeo sobre compostos bioativos em espeacutecies de Maytenus relata a
presenccedila de pristimerina um triterpeno do tipo friedelano com accedilatildeo
antimalaacuterica e compostos fenoacutelicos com atividade inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo
do viacuterus HIV-1 em M senegalensis Em M canariensis foram isoladas
nortriterpenos com atividade antibioacutetica e sesquiterpenos com atividade
inseticida M macrocarpa apresenta nortriterpenos denominados
macrocarpinas os quais satildeo citotoacutexicos sesquiterpenos com atividade
leishmanicida e triterpenos do tipo friedelano Triterpenoacuteides do tipo friedelano
tambeacutem foram isolados desta espeacutecie por Chavez et al (1998) Foi evidenciado
por Kennedy et al (2001) a accedilatildeo leishmanicida de sesquiterpenos isolados de
M magellanica e M chubutensis
FIGURA 1 Representaccedilatildeo simplificada do ciclo biossinteacutetico dos metaboacutelitos
secundaacuterios terpenoacuteides flavonoacuteides e taninos condensados que ocorrem em
espinheira-santa (adaptado de Santos 2001)
Entre os compostos bioativos em espinheirasanta (M ilicifolia e M aquifolium)
que podem ter accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-gaacutestrica destacam-se os
triterpenos Os triterpenoacuteides satildeo compostos constituiacutedos basicamente de trinta
unidades de carbono ndash seis isoprenos (Cardoso et al 2001) A maioria possui
em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os
heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas
cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de
condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-
cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos
(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da
estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante
precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As
saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos
ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram
identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo
friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos
FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)
Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica
como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que
podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi
desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns
triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica
moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As
estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e
cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes
de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-
caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M
ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do
triterpenoacuteide eritrodiol
Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos
bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia
Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e
elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a
aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium
em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os
sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos
danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram
a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina
E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um
pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias
Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al
1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode
elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo
efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento
cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o
friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos
como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais
Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22
hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M
aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com
diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio
com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura
de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de
espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)
Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas
de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para
estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares
Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e
Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do
desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid
Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco
tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-
hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de
maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo
Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos
presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)
como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais
Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta
com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS
(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil
cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na
concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram
tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os
mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de
uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar
friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta
temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre
extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando
satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os
uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em
espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido
supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10
como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos
triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo
uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma
flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a
condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente
extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo
ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente
exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a
distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de
partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e
friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no
tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada
com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo
farmacoloacutegica
FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa
Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-
santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al
2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de
fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e
alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias
derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e
derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados
(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas
biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido
gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos
condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido
chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas
Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos
condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e
poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas
(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos
flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos
taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura
Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos
condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-
se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as
propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da
placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias
bucais
Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al
(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de
laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do
extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam
habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de
prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa
gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes
como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas
Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua
maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se
estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na
orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas
ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de
glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os
flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA
Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do
acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas
flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae
Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das
trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash
canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e
malvidina
Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de
folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo
composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os
flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave
atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave
caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como
marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus
Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de
quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash
foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M
aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura
3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os
3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-
uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao
decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a
mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as
mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides
poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes
componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por
Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High
Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia
e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie
muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da
folha
5 Aspectos silviculturais
Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das
espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada
pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no
momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a
espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os
Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito
medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato
eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um
instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos
indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma
determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem
que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios
verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos
satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada
ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se
reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem
colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo
natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios
Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes
distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de
aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num
mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano
seguinte do outro lado
Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por
necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie
ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de
plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies
medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia
6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico
A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes
de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no
seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees
italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que
jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute
eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores
portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469
estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave
agricultura ou silvicultura
Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)
Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na
comercializaccedilatildeo da espinheira-santa
Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima
(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas
medicinais inclusive espinheira-santa
(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias
Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda
(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais
(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais
A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de
renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os
coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos
finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de
plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)
7 Processamento da espinheira-santa
Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor
onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao
comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar
aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar
as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da
produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O
combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores
contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas
pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e
rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de
polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou
enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita
para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas
induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o
controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo
microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos
tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos
Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e
satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag
e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma
semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas
rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em
embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de
10 a 30 g
Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-
santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas
digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas
contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa
para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente
hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das
folhas
8 Mercado e comercializaccedilatildeo
Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes
quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias
alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem
embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em
feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por
produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como
Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)
por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas
exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para
comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em
sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e
distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute
comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa
originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a
falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a
regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais
As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os
supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento
normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de
produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que
realizam a distribuiccedilatildeo internamente
9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo
ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para
registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou
comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo
madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que
devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos
oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto
Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A
legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e
produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de
manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo
adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo
Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas
medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de
autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No
periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia
definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo
das autorizaccedilotildees de coleta de plantas
Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas
necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de
extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de
estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de
manejo efetivamente implantado
Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo
federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos
muito complexa e cara para os produtores
Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve
atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da
capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto
deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por
microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as
exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo
dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a
padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em
atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao
mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como
tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras
10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa
A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo
tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo
sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na
produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol
apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre
luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos
(078) foram altas e significativas
Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos
em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul
(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram
menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam
maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas
em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas
das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais
pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de
sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de
folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades
luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas
plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros
ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou
altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo
tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o
incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande
influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa
como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas
coletadas em ambientes diferentes
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
Figura A - Folhas de espinheira-santa (a uacuteltima eacute M aquifolium e as demais
satildeo M ilicifolia) B - flores de espinheira-santa C - ramo com frutos e sementes
de Maytenus ilicifolia
4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicosOs compostos com accedilatildeo bioativa de importacircncia na farmacologia satildeo
produzidos atraveacutes da biossiacutentese dos metaboacutelitos secundaacuterios que estaacute
esquematizado na Figura 1 Nesta figura pode ser observada a formaccedilatildeo dos
principais metaboacutelitos identificados na espinheira-santa como os taninos
flavonoacuteides e terpenos grupo em que estatildeo inseridos os triterpenos
O gecircnero Maytenus eacute rico em espeacutecies com potencial medicinal tendo sido
identificados vaacuterios compostos com accedilatildeo farmacoloacutegica Di Stasi (2004) em
uma revisatildeo sobre compostos bioativos em espeacutecies de Maytenus relata a
presenccedila de pristimerina um triterpeno do tipo friedelano com accedilatildeo
antimalaacuterica e compostos fenoacutelicos com atividade inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo
do viacuterus HIV-1 em M senegalensis Em M canariensis foram isoladas
nortriterpenos com atividade antibioacutetica e sesquiterpenos com atividade
inseticida M macrocarpa apresenta nortriterpenos denominados
macrocarpinas os quais satildeo citotoacutexicos sesquiterpenos com atividade
leishmanicida e triterpenos do tipo friedelano Triterpenoacuteides do tipo friedelano
tambeacutem foram isolados desta espeacutecie por Chavez et al (1998) Foi evidenciado
por Kennedy et al (2001) a accedilatildeo leishmanicida de sesquiterpenos isolados de
M magellanica e M chubutensis
FIGURA 1 Representaccedilatildeo simplificada do ciclo biossinteacutetico dos metaboacutelitos
secundaacuterios terpenoacuteides flavonoacuteides e taninos condensados que ocorrem em
espinheira-santa (adaptado de Santos 2001)
Entre os compostos bioativos em espinheirasanta (M ilicifolia e M aquifolium)
que podem ter accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-gaacutestrica destacam-se os
triterpenos Os triterpenoacuteides satildeo compostos constituiacutedos basicamente de trinta
unidades de carbono ndash seis isoprenos (Cardoso et al 2001) A maioria possui
em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os
heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas
cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de
condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-
cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos
(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da
estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante
precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As
saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos
ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram
identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo
friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos
FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)
Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica
como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que
podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi
desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns
triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica
moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As
estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e
cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes
de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-
caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M
ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do
triterpenoacuteide eritrodiol
Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos
bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia
Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e
elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a
aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium
em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os
sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos
danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram
a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina
E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um
pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias
Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al
1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode
elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo
efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento
cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o
friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos
como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais
Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22
hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M
aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com
diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio
com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura
de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de
espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)
Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas
de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para
estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares
Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e
Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do
desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid
Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco
tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-
hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de
maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo
Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos
presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)
como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais
Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta
com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS
(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil
cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na
concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram
tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os
mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de
uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar
friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta
temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre
extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando
satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os
uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em
espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido
supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10
como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos
triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo
uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma
flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a
condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente
extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo
ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente
exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a
distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de
partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e
friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no
tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada
com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo
farmacoloacutegica
FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa
Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-
santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al
2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de
fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e
alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias
derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e
derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados
(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas
biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido
gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos
condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido
chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas
Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos
condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e
poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas
(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos
flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos
taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura
Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos
condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-
se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as
propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da
placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias
bucais
Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al
(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de
laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do
extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam
habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de
prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa
gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes
como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas
Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua
maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se
estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na
orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas
ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de
glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os
flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA
Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do
acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas
flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae
Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das
trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash
canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e
malvidina
Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de
folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo
composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os
flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave
atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave
caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como
marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus
Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de
quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash
foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M
aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura
3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os
3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-
uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao
decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a
mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as
mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides
poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes
componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por
Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High
Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia
e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie
muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da
folha
5 Aspectos silviculturais
Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das
espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada
pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no
momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a
espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os
Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito
medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato
eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um
instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos
indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma
determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem
que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios
verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos
satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada
ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se
reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem
colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo
natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios
Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes
distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de
aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num
mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano
seguinte do outro lado
Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por
necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie
ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de
plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies
medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia
6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico
A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes
de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no
seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees
italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que
jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute
eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores
portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469
estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave
agricultura ou silvicultura
Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)
Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na
comercializaccedilatildeo da espinheira-santa
Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima
(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas
medicinais inclusive espinheira-santa
(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias
Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda
(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais
(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais
A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de
renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os
coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos
finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de
plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)
7 Processamento da espinheira-santa
Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor
onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao
comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar
aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar
as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da
produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O
combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores
contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas
pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e
rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de
polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou
enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita
para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas
induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o
controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo
microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos
tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos
Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e
satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag
e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma
semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas
rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em
embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de
10 a 30 g
Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-
santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas
digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas
contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa
para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente
hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das
folhas
8 Mercado e comercializaccedilatildeo
Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes
quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias
alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem
embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em
feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por
produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como
Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)
por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas
exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para
comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em
sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e
distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute
comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa
originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a
falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a
regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais
As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os
supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento
normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de
produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que
realizam a distribuiccedilatildeo internamente
9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo
ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para
registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou
comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo
madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que
devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos
oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto
Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A
legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e
produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de
manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo
adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo
Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas
medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de
autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No
periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia
definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo
das autorizaccedilotildees de coleta de plantas
Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas
necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de
extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de
estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de
manejo efetivamente implantado
Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo
federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos
muito complexa e cara para os produtores
Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve
atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da
capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto
deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por
microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as
exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo
dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a
padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em
atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao
mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como
tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras
10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa
A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo
tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo
sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na
produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol
apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre
luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos
(078) foram altas e significativas
Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos
em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul
(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram
menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam
maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas
em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas
das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais
pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de
sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de
folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades
luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas
plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros
ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou
altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo
tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o
incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande
influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa
como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas
coletadas em ambientes diferentes
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
uma revisatildeo sobre compostos bioativos em espeacutecies de Maytenus relata a
presenccedila de pristimerina um triterpeno do tipo friedelano com accedilatildeo
antimalaacuterica e compostos fenoacutelicos com atividade inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo
do viacuterus HIV-1 em M senegalensis Em M canariensis foram isoladas
nortriterpenos com atividade antibioacutetica e sesquiterpenos com atividade
inseticida M macrocarpa apresenta nortriterpenos denominados
macrocarpinas os quais satildeo citotoacutexicos sesquiterpenos com atividade
leishmanicida e triterpenos do tipo friedelano Triterpenoacuteides do tipo friedelano
tambeacutem foram isolados desta espeacutecie por Chavez et al (1998) Foi evidenciado
por Kennedy et al (2001) a accedilatildeo leishmanicida de sesquiterpenos isolados de
M magellanica e M chubutensis
FIGURA 1 Representaccedilatildeo simplificada do ciclo biossinteacutetico dos metaboacutelitos
secundaacuterios terpenoacuteides flavonoacuteides e taninos condensados que ocorrem em
espinheira-santa (adaptado de Santos 2001)
Entre os compostos bioativos em espinheirasanta (M ilicifolia e M aquifolium)
que podem ter accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-gaacutestrica destacam-se os
triterpenos Os triterpenoacuteides satildeo compostos constituiacutedos basicamente de trinta
unidades de carbono ndash seis isoprenos (Cardoso et al 2001) A maioria possui
em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os
heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas
cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de
condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-
cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos
(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da
estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante
precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As
saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos
ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram
identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo
friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos
FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)
Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica
como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que
podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi
desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns
triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica
moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As
estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e
cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes
de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-
caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M
ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do
triterpenoacuteide eritrodiol
Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos
bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia
Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e
elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a
aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium
em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os
sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos
danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram
a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina
E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um
pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias
Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al
1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode
elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo
efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento
cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o
friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos
como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais
Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22
hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M
aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com
diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio
com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura
de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de
espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)
Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas
de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para
estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares
Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e
Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do
desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid
Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco
tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-
hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de
maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo
Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos
presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)
como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais
Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta
com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS
(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil
cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na
concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram
tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os
mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de
uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar
friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta
temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre
extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando
satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os
uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em
espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido
supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10
como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos
triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo
uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma
flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a
condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente
extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo
ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente
exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a
distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de
partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e
friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no
tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada
com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo
farmacoloacutegica
FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa
Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-
santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al
2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de
fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e
alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias
derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e
derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados
(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas
biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido
gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos
condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido
chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas
Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos
condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e
poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas
(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos
flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos
taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura
Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos
condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-
se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as
propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da
placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias
bucais
Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al
(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de
laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do
extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam
habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de
prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa
gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes
como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas
Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua
maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se
estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na
orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas
ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de
glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os
flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA
Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do
acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas
flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae
Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das
trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash
canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e
malvidina
Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de
folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo
composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os
flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave
atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave
caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como
marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus
Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de
quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash
foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M
aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura
3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os
3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-
uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao
decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a
mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as
mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides
poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes
componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por
Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High
Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia
e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie
muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da
folha
5 Aspectos silviculturais
Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das
espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada
pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no
momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a
espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os
Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito
medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato
eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um
instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos
indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma
determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem
que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios
verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos
satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada
ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se
reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem
colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo
natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios
Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes
distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de
aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num
mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano
seguinte do outro lado
Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por
necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie
ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de
plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies
medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia
6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico
A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes
de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no
seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees
italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que
jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute
eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores
portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469
estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave
agricultura ou silvicultura
Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)
Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na
comercializaccedilatildeo da espinheira-santa
Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima
(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas
medicinais inclusive espinheira-santa
(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias
Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda
(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais
(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais
A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de
renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os
coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos
finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de
plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)
7 Processamento da espinheira-santa
Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor
onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao
comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar
aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar
as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da
produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O
combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores
contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas
pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e
rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de
polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou
enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita
para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas
induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o
controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo
microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos
tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos
Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e
satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag
e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma
semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas
rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em
embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de
10 a 30 g
Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-
santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas
digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas
contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa
para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente
hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das
folhas
8 Mercado e comercializaccedilatildeo
Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes
quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias
alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem
embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em
feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por
produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como
Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)
por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas
exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para
comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em
sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e
distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute
comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa
originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a
falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a
regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais
As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os
supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento
normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de
produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que
realizam a distribuiccedilatildeo internamente
9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo
ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para
registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou
comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo
madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que
devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos
oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto
Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A
legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e
produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de
manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo
adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo
Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas
medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de
autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No
periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia
definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo
das autorizaccedilotildees de coleta de plantas
Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas
necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de
extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de
estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de
manejo efetivamente implantado
Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo
federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos
muito complexa e cara para os produtores
Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve
atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da
capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto
deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por
microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as
exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo
dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a
padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em
atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao
mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como
tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras
10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa
A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo
tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo
sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na
produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol
apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre
luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos
(078) foram altas e significativas
Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos
em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul
(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram
menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam
maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas
em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas
das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais
pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de
sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de
folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades
luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas
plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros
ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou
altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo
tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o
incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande
influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa
como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas
coletadas em ambientes diferentes
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os
heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas
cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de
condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-
cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos
(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da
estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante
precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As
saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos
ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram
identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo
friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos
FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)
Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica
como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que
podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi
desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns
triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica
moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As
estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e
cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes
de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-
caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M
ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do
triterpenoacuteide eritrodiol
Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos
bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia
Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e
elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a
aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium
em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os
sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos
danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram
a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina
E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um
pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias
Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al
1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode
elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo
efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento
cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o
friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos
como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais
Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22
hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M
aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com
diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio
com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura
de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de
espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)
Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas
de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para
estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares
Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e
Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do
desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid
Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco
tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-
hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de
maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo
Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos
presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)
como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais
Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta
com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS
(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil
cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na
concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram
tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os
mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de
uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar
friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta
temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre
extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando
satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os
uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em
espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido
supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10
como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos
triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo
uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma
flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a
condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente
extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo
ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente
exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a
distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de
partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e
friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no
tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada
com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo
farmacoloacutegica
FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa
Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-
santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al
2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de
fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e
alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias
derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e
derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados
(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas
biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido
gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos
condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido
chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas
Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos
condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e
poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas
(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos
flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos
taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura
Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos
condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-
se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as
propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da
placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias
bucais
Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al
(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de
laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do
extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam
habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de
prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa
gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes
como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas
Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua
maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se
estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na
orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas
ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de
glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os
flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA
Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do
acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas
flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae
Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das
trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash
canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e
malvidina
Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de
folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo
composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os
flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave
atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave
caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como
marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus
Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de
quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash
foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M
aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura
3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os
3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-
uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao
decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a
mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as
mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides
poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes
componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por
Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High
Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia
e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie
muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da
folha
5 Aspectos silviculturais
Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das
espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada
pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no
momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a
espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os
Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito
medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato
eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um
instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos
indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma
determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem
que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios
verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos
satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada
ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se
reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem
colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo
natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios
Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes
distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de
aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num
mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano
seguinte do outro lado
Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por
necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie
ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de
plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies
medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia
6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico
A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes
de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no
seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees
italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que
jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute
eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores
portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469
estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave
agricultura ou silvicultura
Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)
Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na
comercializaccedilatildeo da espinheira-santa
Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima
(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas
medicinais inclusive espinheira-santa
(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias
Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda
(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais
(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais
A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de
renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os
coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos
finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de
plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)
7 Processamento da espinheira-santa
Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor
onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao
comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar
aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar
as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da
produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O
combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores
contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas
pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e
rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de
polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou
enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita
para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas
induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o
controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo
microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos
tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos
Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e
satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag
e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma
semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas
rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em
embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de
10 a 30 g
Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-
santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas
digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas
contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa
para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente
hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das
folhas
8 Mercado e comercializaccedilatildeo
Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes
quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias
alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem
embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em
feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por
produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como
Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)
por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas
exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para
comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em
sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e
distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute
comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa
originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a
falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a
regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais
As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os
supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento
normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de
produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que
realizam a distribuiccedilatildeo internamente
9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo
ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para
registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou
comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo
madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que
devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos
oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto
Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A
legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e
produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de
manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo
adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo
Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas
medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de
autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No
periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia
definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo
das autorizaccedilotildees de coleta de plantas
Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas
necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de
extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de
estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de
manejo efetivamente implantado
Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo
federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos
muito complexa e cara para os produtores
Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve
atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da
capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto
deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por
microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as
exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo
dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a
padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em
atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao
mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como
tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras
10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa
A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo
tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo
sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na
produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol
apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre
luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos
(078) foram altas e significativas
Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos
em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul
(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram
menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam
maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas
em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas
das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais
pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de
sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de
folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades
luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas
plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros
ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou
altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo
tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o
incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande
influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa
como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas
coletadas em ambientes diferentes
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica
moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As
estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e
cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes
de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-
caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M
ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do
triterpenoacuteide eritrodiol
Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos
bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia
Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e
elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a
aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium
em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os
sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos
danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram
a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina
E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um
pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias
Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al
1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode
elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo
efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento
cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o
friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos
como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais
Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22
hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M
aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com
diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio
com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura
de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de
espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)
Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas
de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para
estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares
Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e
Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do
desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid
Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco
tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-
hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de
maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo
Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos
presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)
como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais
Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta
com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS
(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil
cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na
concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram
tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os
mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de
uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar
friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta
temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre
extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando
satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os
uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em
espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido
supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10
como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos
triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo
uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma
flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a
condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente
extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo
ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente
exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a
distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de
partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e
friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no
tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada
com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo
farmacoloacutegica
FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa
Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-
santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al
2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de
fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e
alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias
derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e
derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados
(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas
biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido
gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos
condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido
chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas
Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos
condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e
poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas
(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos
flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos
taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura
Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos
condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-
se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as
propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da
placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias
bucais
Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al
(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de
laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do
extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam
habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de
prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa
gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes
como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas
Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua
maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se
estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na
orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas
ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de
glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os
flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA
Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do
acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas
flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae
Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das
trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash
canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e
malvidina
Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de
folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo
composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os
flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave
atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave
caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como
marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus
Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de
quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash
foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M
aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura
3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os
3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-
uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao
decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a
mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as
mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides
poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes
componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por
Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High
Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia
e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie
muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da
folha
5 Aspectos silviculturais
Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das
espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada
pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no
momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a
espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os
Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito
medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato
eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um
instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos
indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma
determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem
que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios
verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos
satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada
ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se
reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem
colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo
natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios
Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes
distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de
aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num
mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano
seguinte do outro lado
Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por
necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie
ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de
plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies
medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia
6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico
A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes
de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no
seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees
italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que
jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute
eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores
portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469
estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave
agricultura ou silvicultura
Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)
Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na
comercializaccedilatildeo da espinheira-santa
Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima
(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas
medicinais inclusive espinheira-santa
(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias
Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda
(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais
(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais
A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de
renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os
coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos
finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de
plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)
7 Processamento da espinheira-santa
Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor
onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao
comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar
aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar
as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da
produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O
combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores
contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas
pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e
rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de
polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou
enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita
para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas
induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o
controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo
microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos
tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos
Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e
satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag
e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma
semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas
rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em
embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de
10 a 30 g
Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-
santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas
digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas
contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa
para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente
hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das
folhas
8 Mercado e comercializaccedilatildeo
Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes
quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias
alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem
embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em
feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por
produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como
Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)
por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas
exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para
comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em
sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e
distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute
comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa
originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a
falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a
regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais
As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os
supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento
normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de
produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que
realizam a distribuiccedilatildeo internamente
9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo
ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para
registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou
comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo
madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que
devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos
oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto
Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A
legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e
produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de
manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo
adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo
Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas
medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de
autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No
periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia
definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo
das autorizaccedilotildees de coleta de plantas
Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas
necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de
extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de
estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de
manejo efetivamente implantado
Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo
federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos
muito complexa e cara para os produtores
Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve
atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da
capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto
deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por
microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as
exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo
dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a
padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em
atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao
mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como
tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras
10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa
A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo
tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo
sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na
produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol
apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre
luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos
(078) foram altas e significativas
Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos
em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul
(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram
menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam
maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas
em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas
das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais
pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de
sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de
folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades
luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas
plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros
ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou
altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo
tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o
incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande
influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa
como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas
coletadas em ambientes diferentes
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas
de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para
estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares
Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e
Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do
desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid
Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco
tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-
hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de
maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo
Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos
presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)
como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais
Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta
com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS
(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil
cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na
concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram
tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os
mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de
uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar
friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta
temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre
extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando
satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os
uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em
espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido
supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10
como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos
triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo
uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma
flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a
condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente
extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo
ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente
exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a
distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de
partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e
friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no
tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada
com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo
farmacoloacutegica
FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa
Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-
santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al
2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de
fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e
alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias
derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e
derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados
(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas
biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido
gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos
condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido
chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas
Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos
condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e
poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas
(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos
flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos
taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura
Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos
condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-
se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as
propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da
placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias
bucais
Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al
(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de
laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do
extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam
habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de
prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa
gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes
como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas
Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua
maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se
estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na
orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas
ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de
glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os
flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA
Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do
acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas
flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae
Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das
trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash
canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e
malvidina
Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de
folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo
composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os
flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave
atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave
caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como
marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus
Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de
quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash
foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M
aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura
3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os
3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-
uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao
decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a
mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as
mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides
poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes
componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por
Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High
Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia
e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie
muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da
folha
5 Aspectos silviculturais
Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das
espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada
pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no
momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a
espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os
Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito
medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato
eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um
instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos
indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma
determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem
que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios
verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos
satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada
ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se
reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem
colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo
natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios
Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes
distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de
aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num
mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano
seguinte do outro lado
Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por
necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie
ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de
plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies
medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia
6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico
A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes
de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no
seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees
italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que
jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute
eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores
portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469
estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave
agricultura ou silvicultura
Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)
Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na
comercializaccedilatildeo da espinheira-santa
Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima
(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas
medicinais inclusive espinheira-santa
(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias
Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda
(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais
(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais
A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de
renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os
coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos
finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de
plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)
7 Processamento da espinheira-santa
Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor
onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao
comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar
aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar
as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da
produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O
combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores
contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas
pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e
rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de
polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou
enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita
para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas
induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o
controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo
microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos
tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos
Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e
satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag
e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma
semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas
rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em
embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de
10 a 30 g
Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-
santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas
digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas
contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa
para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente
hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das
folhas
8 Mercado e comercializaccedilatildeo
Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes
quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias
alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem
embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em
feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por
produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como
Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)
por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas
exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para
comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em
sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e
distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute
comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa
originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a
falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a
regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais
As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os
supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento
normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de
produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que
realizam a distribuiccedilatildeo internamente
9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo
ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para
registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou
comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo
madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que
devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos
oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto
Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A
legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e
produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de
manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo
adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo
Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas
medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de
autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No
periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia
definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo
das autorizaccedilotildees de coleta de plantas
Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas
necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de
extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de
estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de
manejo efetivamente implantado
Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo
federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos
muito complexa e cara para os produtores
Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve
atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da
capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto
deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por
microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as
exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo
dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a
padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em
atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao
mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como
tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras
10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa
A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo
tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo
sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na
produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol
apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre
luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos
(078) foram altas e significativas
Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos
em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul
(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram
menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam
maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas
em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas
das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais
pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de
sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de
folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades
luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas
plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros
ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou
altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo
tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o
incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande
influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa
como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas
coletadas em ambientes diferentes
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente
exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a
distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de
partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e
friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no
tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada
com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo
farmacoloacutegica
FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa
Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-
santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al
2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de
fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e
alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias
derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e
derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados
(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas
biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido
gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos
condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido
chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas
Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos
condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e
poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas
(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos
flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos
taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura
Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos
condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-
se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as
propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da
placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias
bucais
Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al
(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de
laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do
extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam
habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de
prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa
gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes
como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas
Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua
maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se
estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na
orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas
ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de
glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os
flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA
Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do
acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas
flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae
Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das
trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash
canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e
malvidina
Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de
folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo
composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os
flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave
atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave
caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como
marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus
Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de
quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash
foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M
aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura
3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os
3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-
uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao
decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a
mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as
mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides
poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes
componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por
Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High
Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia
e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie
muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da
folha
5 Aspectos silviculturais
Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das
espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada
pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no
momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a
espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os
Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito
medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato
eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um
instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos
indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma
determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem
que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios
verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos
satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada
ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se
reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem
colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo
natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios
Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes
distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de
aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num
mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano
seguinte do outro lado
Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por
necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie
ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de
plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies
medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia
6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico
A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes
de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no
seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees
italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que
jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute
eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores
portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469
estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave
agricultura ou silvicultura
Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)
Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na
comercializaccedilatildeo da espinheira-santa
Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima
(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas
medicinais inclusive espinheira-santa
(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias
Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda
(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais
(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais
A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de
renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os
coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos
finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de
plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)
7 Processamento da espinheira-santa
Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor
onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao
comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar
aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar
as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da
produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O
combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores
contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas
pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e
rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de
polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou
enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita
para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas
induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o
controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo
microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos
tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos
Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e
satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag
e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma
semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas
rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em
embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de
10 a 30 g
Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-
santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas
digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas
contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa
para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente
hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das
folhas
8 Mercado e comercializaccedilatildeo
Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes
quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias
alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem
embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em
feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por
produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como
Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)
por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas
exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para
comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em
sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e
distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute
comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa
originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a
falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a
regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais
As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os
supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento
normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de
produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que
realizam a distribuiccedilatildeo internamente
9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo
ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para
registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou
comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo
madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que
devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos
oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto
Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A
legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e
produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de
manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo
adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo
Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas
medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de
autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No
periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia
definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo
das autorizaccedilotildees de coleta de plantas
Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas
necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de
extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de
estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de
manejo efetivamente implantado
Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo
federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos
muito complexa e cara para os produtores
Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve
atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da
capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto
deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por
microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as
exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo
dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a
padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em
atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao
mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como
tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras
10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa
A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo
tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo
sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na
produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol
apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre
luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos
(078) foram altas e significativas
Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos
em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul
(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram
menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam
maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas
em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas
das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais
pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de
sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de
folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades
luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas
plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros
ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou
altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo
tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o
incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande
influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa
como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas
coletadas em ambientes diferentes
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas
Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos
condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e
poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas
(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos
flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos
taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura
Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos
condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-
se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as
propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da
placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias
bucais
Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al
(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de
laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do
extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam
habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de
prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa
gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes
como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas
Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua
maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se
estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na
orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas
ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de
glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os
flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA
Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do
acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas
flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae
Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das
trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash
canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e
malvidina
Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de
folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo
composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os
flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave
atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave
caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como
marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus
Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de
quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash
foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M
aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura
3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os
3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-
uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao
decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a
mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as
mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides
poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes
componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por
Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High
Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia
e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie
muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da
folha
5 Aspectos silviculturais
Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das
espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada
pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no
momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a
espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os
Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito
medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato
eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um
instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos
indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma
determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem
que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios
verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos
satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada
ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se
reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem
colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo
natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios
Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes
distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de
aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num
mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano
seguinte do outro lado
Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por
necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie
ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de
plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies
medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia
6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico
A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes
de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no
seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees
italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que
jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute
eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores
portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469
estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave
agricultura ou silvicultura
Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)
Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na
comercializaccedilatildeo da espinheira-santa
Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima
(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas
medicinais inclusive espinheira-santa
(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias
Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda
(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais
(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais
A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de
renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os
coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos
finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de
plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)
7 Processamento da espinheira-santa
Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor
onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao
comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar
aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar
as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da
produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O
combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores
contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas
pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e
rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de
polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou
enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita
para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas
induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o
controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo
microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos
tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos
Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e
satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag
e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma
semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas
rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em
embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de
10 a 30 g
Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-
santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas
digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas
contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa
para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente
hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das
folhas
8 Mercado e comercializaccedilatildeo
Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes
quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias
alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem
embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em
feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por
produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como
Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)
por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas
exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para
comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em
sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e
distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute
comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa
originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a
falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a
regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais
As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os
supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento
normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de
produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que
realizam a distribuiccedilatildeo internamente
9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo
ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para
registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou
comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo
madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que
devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos
oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto
Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A
legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e
produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de
manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo
adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo
Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas
medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de
autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No
periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia
definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo
das autorizaccedilotildees de coleta de plantas
Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas
necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de
extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de
estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de
manejo efetivamente implantado
Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo
federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos
muito complexa e cara para os produtores
Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve
atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da
capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto
deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por
microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as
exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo
dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a
padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em
atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao
mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como
tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras
10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa
A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo
tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo
sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na
produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol
apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre
luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos
(078) foram altas e significativas
Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos
em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul
(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram
menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam
maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas
em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas
das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais
pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de
sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de
folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades
luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas
plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros
ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou
altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo
tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o
incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande
influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa
como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas
coletadas em ambientes diferentes
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e
malvidina
Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de
folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo
composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os
flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave
atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave
caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como
marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus
Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de
quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash
foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M
aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura
3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os
3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-
uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao
decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a
mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as
mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides
poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes
componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por
Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High
Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia
e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie
muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da
folha
5 Aspectos silviculturais
Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das
espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada
pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no
momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a
espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os
Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito
medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato
eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um
instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos
indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma
determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem
que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios
verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos
satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada
ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se
reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem
colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo
natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios
Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes
distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de
aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num
mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano
seguinte do outro lado
Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por
necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie
ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de
plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies
medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia
6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico
A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes
de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no
seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees
italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que
jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute
eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores
portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469
estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave
agricultura ou silvicultura
Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)
Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na
comercializaccedilatildeo da espinheira-santa
Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima
(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas
medicinais inclusive espinheira-santa
(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias
Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda
(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais
(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais
A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de
renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os
coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos
finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de
plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)
7 Processamento da espinheira-santa
Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor
onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao
comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar
aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar
as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da
produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O
combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores
contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas
pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e
rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de
polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou
enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita
para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas
induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o
controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo
microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos
tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos
Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e
satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag
e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma
semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas
rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em
embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de
10 a 30 g
Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-
santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas
digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas
contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa
para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente
hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das
folhas
8 Mercado e comercializaccedilatildeo
Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes
quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias
alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem
embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em
feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por
produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como
Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)
por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas
exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para
comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em
sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e
distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute
comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa
originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a
falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a
regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais
As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os
supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento
normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de
produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que
realizam a distribuiccedilatildeo internamente
9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo
ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para
registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou
comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo
madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que
devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos
oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto
Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A
legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e
produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de
manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo
adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo
Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas
medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de
autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No
periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia
definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo
das autorizaccedilotildees de coleta de plantas
Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas
necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de
extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de
estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de
manejo efetivamente implantado
Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo
federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos
muito complexa e cara para os produtores
Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve
atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da
capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto
deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por
microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as
exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo
dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a
padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em
atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao
mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como
tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras
10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa
A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo
tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo
sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na
produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol
apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre
luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos
(078) foram altas e significativas
Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos
em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul
(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram
menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam
maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas
em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas
das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais
pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de
sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de
folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades
luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas
plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros
ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou
altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo
tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o
incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande
influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa
como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas
coletadas em ambientes diferentes
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato
eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um
instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos
indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma
determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem
que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios
verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos
satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada
ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se
reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem
colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo
natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios
Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes
distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de
aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num
mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano
seguinte do outro lado
Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por
necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie
ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de
plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies
medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia
6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico
A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes
de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no
seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees
italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que
jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute
eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores
portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469
estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave
agricultura ou silvicultura
Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)
Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na
comercializaccedilatildeo da espinheira-santa
Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima
(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas
medicinais inclusive espinheira-santa
(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias
Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda
(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais
(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais
A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de
renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os
coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos
finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de
plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)
7 Processamento da espinheira-santa
Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor
onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao
comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar
aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar
as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da
produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O
combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores
contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas
pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e
rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de
polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou
enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita
para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas
induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o
controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo
microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos
tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos
Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e
satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag
e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma
semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas
rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em
embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de
10 a 30 g
Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-
santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas
digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas
contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa
para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente
hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das
folhas
8 Mercado e comercializaccedilatildeo
Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes
quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias
alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem
embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em
feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por
produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como
Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)
por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas
exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para
comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em
sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e
distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute
comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa
originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a
falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a
regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais
As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os
supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento
normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de
produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que
realizam a distribuiccedilatildeo internamente
9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo
ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para
registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou
comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo
madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que
devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos
oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto
Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A
legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e
produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de
manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo
adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo
Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas
medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de
autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No
periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia
definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo
das autorizaccedilotildees de coleta de plantas
Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas
necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de
extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de
estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de
manejo efetivamente implantado
Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo
federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos
muito complexa e cara para os produtores
Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve
atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da
capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto
deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por
microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as
exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo
dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a
padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em
atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao
mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como
tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras
10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa
A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo
tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo
sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na
produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol
apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre
luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos
(078) foram altas e significativas
Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos
em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul
(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram
menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam
maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas
em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas
das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais
pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de
sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de
folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades
luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas
plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros
ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou
altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo
tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o
incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande
influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa
como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas
coletadas em ambientes diferentes
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)
Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na
comercializaccedilatildeo da espinheira-santa
Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima
(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas
medicinais inclusive espinheira-santa
(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias
Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda
(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais
(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais
A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de
renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os
coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos
finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de
plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)
7 Processamento da espinheira-santa
Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor
onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao
comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar
aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar
as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da
produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O
combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores
contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas
pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e
rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de
polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou
enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita
para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas
induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o
controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo
microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos
tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos
Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e
satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag
e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma
semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas
rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em
embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de
10 a 30 g
Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-
santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas
digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas
contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa
para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente
hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das
folhas
8 Mercado e comercializaccedilatildeo
Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes
quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias
alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem
embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em
feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por
produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como
Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)
por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas
exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para
comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em
sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e
distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute
comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa
originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a
falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a
regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais
As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os
supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento
normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de
produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que
realizam a distribuiccedilatildeo internamente
9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo
ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para
registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou
comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo
madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que
devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos
oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto
Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A
legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e
produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de
manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo
adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo
Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas
medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de
autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No
periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia
definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo
das autorizaccedilotildees de coleta de plantas
Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas
necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de
extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de
estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de
manejo efetivamente implantado
Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo
federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos
muito complexa e cara para os produtores
Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve
atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da
capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto
deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por
microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as
exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo
dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a
padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em
atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao
mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como
tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras
10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa
A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo
tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo
sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na
produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol
apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre
luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos
(078) foram altas e significativas
Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos
em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul
(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram
menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam
maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas
em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas
das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais
pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de
sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de
folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades
luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas
plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros
ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou
altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo
tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o
incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande
influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa
como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas
coletadas em ambientes diferentes
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o
controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo
microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos
tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos
Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e
satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag
e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma
semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas
rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em
embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de
10 a 30 g
Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-
santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas
digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas
contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa
para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente
hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das
folhas
8 Mercado e comercializaccedilatildeo
Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes
quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias
alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem
embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em
feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por
produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como
Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)
por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas
exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para
comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em
sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e
distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute
comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa
originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a
falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a
regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais
As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os
supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento
normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de
produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que
realizam a distribuiccedilatildeo internamente
9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo
ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para
registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou
comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo
madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que
devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos
oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto
Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A
legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e
produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de
manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo
adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo
Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas
medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de
autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No
periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia
definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo
das autorizaccedilotildees de coleta de plantas
Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas
necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de
extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de
estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de
manejo efetivamente implantado
Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo
federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos
muito complexa e cara para os produtores
Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve
atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da
capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto
deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por
microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as
exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo
dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a
padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em
atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao
mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como
tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras
10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa
A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo
tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo
sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na
produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol
apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre
luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos
(078) foram altas e significativas
Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos
em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul
(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram
menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam
maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas
em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas
das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais
pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de
sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de
folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades
luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas
plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros
ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou
altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo
tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o
incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande
influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa
como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas
coletadas em ambientes diferentes
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas
exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para
comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em
sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e
distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute
comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa
originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a
falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a
regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais
As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os
supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento
normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de
produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que
realizam a distribuiccedilatildeo internamente
9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo
ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para
registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou
comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo
madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que
devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos
oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto
Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A
legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e
produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de
manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo
adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo
Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas
medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de
autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No
periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia
definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo
das autorizaccedilotildees de coleta de plantas
Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas
necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de
extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de
estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de
manejo efetivamente implantado
Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo
federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos
muito complexa e cara para os produtores
Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve
atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da
capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto
deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por
microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as
exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo
dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a
padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em
atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao
mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como
tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras
10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa
A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo
tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo
sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na
produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol
apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre
luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos
(078) foram altas e significativas
Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos
em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul
(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram
menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam
maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas
em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas
das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais
pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de
sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de
folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades
luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas
plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros
ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou
altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo
tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o
incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande
influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa
como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas
coletadas em ambientes diferentes
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou
comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo
madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que
devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos
oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto
Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A
legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e
produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de
manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo
adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo
Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas
medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de
autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No
periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia
definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo
das autorizaccedilotildees de coleta de plantas
Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas
necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de
extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de
estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de
manejo efetivamente implantado
Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo
federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos
muito complexa e cara para os produtores
Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve
atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da
capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto
deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por
microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as
exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo
dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a
padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em
atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao
mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como
tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras
10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa
A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo
tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo
sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na
produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol
apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre
luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos
(078) foram altas e significativas
Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos
em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul
(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram
menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam
maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas
em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas
das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais
pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de
sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de
folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades
luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas
plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros
ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou
altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo
tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o
incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande
influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa
como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas
coletadas em ambientes diferentes
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao
mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como
tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras
10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa
A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo
tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo
sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na
produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol
apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre
luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos
(078) foram altas e significativas
Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos
em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul
(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram
menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam
maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas
em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas
das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais
pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de
sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de
folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades
luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas
plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros
ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou
altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo
tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o
incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande
influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa
como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas
coletadas em ambientes diferentes
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com
uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como
taninos e polifenoacuteis totais
Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do
Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi
(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das
populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil
acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-
ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o
autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas
ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das
variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo
idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados
do que as condiccedilotildees macro ambientais
Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees
de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os
compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de
dois tipos morfoloacutegicos
O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que
possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em
niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo
farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca
eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado
oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees
seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo
ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e
toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente
Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos
secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser
analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor
genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e
dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp
Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse
tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor
geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)
Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)
identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de
emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento
tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle
do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os
coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para
os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram
iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as
variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de
melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em
caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute
considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa
caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de
metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter
importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os
altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido
por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres
Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos
exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de
fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise
atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa
Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium
tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por
Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a
produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira
santa
O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos
trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles
apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas
de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista
pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no
processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e
quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que
envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute
relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al
2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo
indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de
seleccedilatildeo
11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais
Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande
aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar
aquecido havendo transferecircncia de calor
Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa
Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da
superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente
apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima
etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo
posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al
2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma
camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no
interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e
da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como
esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas
(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos
diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em
torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma
maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor
de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)
12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do
processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser
controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade
adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na
cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As
propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores
relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento
isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)
131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso
de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito
comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas
dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose
maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
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Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado
de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental
importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos
podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade
13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades
farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas
atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis
(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica
do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de
colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam
diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar
variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)
141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al
1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia
apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)
relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de
um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve
somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi
demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os
taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em
especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores
Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o
abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior
seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo
pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato
aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse
possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas
parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a
ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e
bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi
demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol
(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa
gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)
142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade
antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em
ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio
de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas
temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato
liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um
aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica
Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos
naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia
responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos
confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos
aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de
inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da
secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)
143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a
maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram
positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos
das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre
eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp
144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que
potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos
145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia
quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de
causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes
celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e
inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar
danos agrave espermatogecircnese
Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-
se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M
ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees
indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem
natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo
Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade
uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)
146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em
aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas
antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por
Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M
ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos
satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o
mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores
147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de
espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de
ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de
lipoperoxidaccedilatildeo
Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz
tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a
capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)
Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes
dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos
quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo
De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em
que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente
tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da
planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por
produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de
administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura
Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a
M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico
administrado nas cobaias
Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M
ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes
realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de
formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em
relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-
picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes
temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)
demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e
gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o
poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de
temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta
Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos
isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos
brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de
fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais
os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor
capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa
possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela
capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves
substacircncias trolox e vitamina C
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M
ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia
quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-
se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias
Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um
edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de
formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino
Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas
(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg
Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi
administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta
foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados
obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos
principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante
para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica
(JORGE et al 2004)
14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa
Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e
12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de
avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo
psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila
no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e
natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados
como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100
mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000
1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos
resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos
principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram
observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais
Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem
mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a
interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia
sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na
boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem
segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela
ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria
antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em
casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)
De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia
foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a
utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como
resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura
paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI
1988)
15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus
taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via
oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes
uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123
mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado
(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de
epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute
eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda
dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a
concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma
meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das
24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada
no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)
Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves
proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da
epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma
especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
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Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco
conhecida (Sazuka et al 1996)
16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se
necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para
atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da
espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a
espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-
se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a
precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos
parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de
seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de
agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima
para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser
efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros
contaminantes
Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada
sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos
quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz
de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil
na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como
sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento
A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir
A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando
sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que
especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium
guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos
colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias
farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira
homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que
apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade
terapecircutica
Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie
medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma
mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por
exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e
as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros
casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a
Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de
qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se
conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada
A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente
agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto
em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de
coleta
Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute
Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da
droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada
conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de
chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar
para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
Formas soacutelidas
Caacutepsulas
Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca
triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento
de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas
moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo
portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial
deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as
caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a
desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou
deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para
que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se
garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento
de um nuacutemero determinado de caacutepsulas
O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros
especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no
modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra
moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir
se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as
caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial
para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as
partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e
determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente
A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho
das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir
com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
Controle de Qualidade
Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser
monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-
prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final
tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a
garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo
produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas
necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas
Droga
A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no
Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado
pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes
aspectos
- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal
esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas
caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade
da droga
- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de
perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo
evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl
Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em
temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico
- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus
constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam
realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores
atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica
espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc
- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma
tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode
ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente
Preparado Intermediaacuterio
As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem
retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido
a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do
solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de
substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a
necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas
extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor
solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil
cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo
microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis
Fitoteraacutepico
Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas
avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para
os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados
para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os
ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos
Prazo de Validade
Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas
utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o
acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do
medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar
em diversos niacuteveis
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica
Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas
como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas
para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo
informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica
A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais
sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos
princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do
ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico
pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas
preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica
cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a
determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser
comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do
tempo de armazenamento
- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica
A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo
medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado
durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A
observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees
sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de
armazenamento
Teacutecnicas Gerais
Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem
basicamente
- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e
triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos
botanicamente certificados
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada
evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga
s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada
- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na
droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao
longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de
cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo
da qualidade das espeacutecies vegetais
- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca
triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e
trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras
espeacutecies
- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo
do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas
- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes
que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas
preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos
- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem
em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas
evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de
microrganismos potencialmente patogecircnicos
Garantia de Qualidade
Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro
medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir
a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na
reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no
acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser
conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem
registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das
etapas do processamento
Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a
qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente
aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente
deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para
a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A
monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do
fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade
desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura
ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a
influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa
a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima
para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem
elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o
ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a
devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada
em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua
utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de
processamento e respectivos responsaacuteveis
A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo
tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve
apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de
medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a
legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool
comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como
excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade
do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as
operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de
cada lote de cada produto
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a
validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia
documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade
quando utilizados ou realizados corretamente
Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo
das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em
funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da
produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva
Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a
caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das
condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da
Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas
Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo
Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas
Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de
04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria
brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto
possiacutevel o seguinte
- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores
- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da
colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)
- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica
- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de
identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores
- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou
marcadores
- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por
pesticidas e os limites aceitos
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais
estranhos e adulterantes
- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana
Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas
ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais
procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos
testes e limites residuais
Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados
pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a
produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo
processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as
estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar
de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute
a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico
Dispensaccedilatildeo
Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde
o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento
mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a
toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que
o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza
Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas
caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu
papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico
O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos
seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa
Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do
medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas
pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se
incorrer em riscos desnecessaacuterios
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado
dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila
- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de
doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo
- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no
aspecto teoacuterico quanto praacutetico
- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas
medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal
Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados
quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as
quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os
dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem
daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia
cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e
cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo
Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica
apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em
muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos
nem adversos nem de interaccedilotildees
Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae
Medicamento fitoteraacutepico
Parte utilizada Folhas
Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa
espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa
ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -
Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada
Via oral
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
Uso adulto
Composiccedilatildeo
Cada caacutepsula conteacutem
Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg
Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)
equivalente a 133 mg de taninos totais
Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado
Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como
coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno
Como este medicamento funciona
Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a
proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica
Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave
falta de estudos disponiacuteveis
bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode
provocar contraccedilotildees uterinas
bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a
outras plantas da famiacutelia Celastraceae
O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias
bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres
graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento
natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do
cirurgiatildeo dentista
Interaccedilotildees medicamentosas
bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros
medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis
sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico
Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum
outro medicamento
Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e
30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade
Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho
Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem
Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido
Guarde-o em sua embalagem original
Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme
Caracteriacutesticas organoleacutepticas
Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor
Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo
de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o
farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas
Como devo usar este medicamentoModo de usar
As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de
aacutegua para que possam ser deglutidas
Posologia
Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas
Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este
medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os
sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista
Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado
O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento
retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo
Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou
do cirurgiatildeo-dentista
Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas
Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem
em risco a sauacutede dos pacientes
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
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Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender
o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica
Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de
reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento
Induacutestria Brasileira
Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em
12012011
Farmacecircutica resp Dra (Nome )
CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011
Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de
Atendimento ao Consumidor
O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses
excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando
vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia
Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de
imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure
rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se
possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas
procure orientaccedilatildeo meacutedica
Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
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(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
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Conclusatildeo
A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica
principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila
Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas
e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e
graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem
de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do
embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade
antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina
Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia
ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente
A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a
verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos
pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como
adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que
comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila
terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim
realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a
verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da
populaccedilatildeo
Referecircncias Bibliograacuteficas
Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo
Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae
Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras
Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009
Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das
propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia
Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012
MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791
Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
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Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
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Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
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Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e
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MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do
Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de
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Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa
Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa
postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para
correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium
Mart)
CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de
Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em
ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras
(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP
1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo
antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna
(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira
santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera
gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e
outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005
Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo
(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)
641-650 AgoSet 2010
Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba
Paranaacute Brasil
Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005