monográfia contabilidade ambiental - pós-graduação

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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pós-Graduação ”Lato Sensu” em Gerência Contábil, Auditoria e Finanças CONTABILIDADE AMBIENTAL Éderson Cristiano Aragão dos Santos LINS – SP 2007

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Page 1: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Pós-Graduação ”Lato Sensu” em Gerência Contábil, Auditoria e Finanças

CONTABILIDADE AMBIENTAL

Éderson Cristiano Aragão dos Santos

LINS – SP

2007

Page 2: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Pós-Graduação ”Lato Sensu” em Gerência Contábil, Auditoria e Finanças

CONTABILIDADE AMBIENTAL

Éderson Cristiano Aragão dos Santos

LINS – SP 2007

Page 3: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

CONTABILIDADE AMBIENTAL

Monografia apresentada à Banca

Examinadora do Centro Universitário

Católico Salesiano Auxilium, como

requisito parcial para obtenção do título de

especialista em Gerência Contábil,

Auditoria e Finanças sob a orientação dos

Professores M.Sc. André Ricardo Ponce

dos Santos e M.Sc. Heloisa Helena

Rovery da Silva.

Éderson Cristiano Aragão dos Santos

LINS – SP

2007

Page 4: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

ÉDERSON CRISTIANO ARAGÃO DOS SANTOS

CONTABILIDADE AMBIENTAL

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de especialista em Gerência Contábil, Auditoria e

Finanças.

Aprovada em: ____/____/____

Banca Examinadora:

Prof. M.Sc. André Ricardo Ponce dos Santos

Mestre em Administração pela FEAU – UNIMEP

_______________________________________________________________

Profª M.Sc. Heloísa Helena Rovery da Silva

Mestre em Administração pela CNEC/FACECA – MG

_______________________________________________________________

Lins – SP

2007

Page 5: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

AGRADECIMENTOS

Agradeço a DEUS por tudo o que Ele tem feito, fez e o irá fazer por mim.

Pelo Teu amor que nos capacita e nos habilita para todo trabalho... “Para

aprender a sabedoria e o ensino; para entender as palavras de inteligência;

para obter o ensino do bom proceder, a justiça, o juízo; para dar aos simples

prudência e aos jovens, conhecimento e bom siso; ouça o sábio e cresça em

prudência; e o instruído adquira habilidade... Porque o Senhor da a sabedoria e

da sua boca vem à inteligência e o entendimento”. (Provérbios 1: 1-5; 2:6)

Agradeço também a toda a FAMÍLIA (em especial a minha Esposa) e

AMIGOS, sou realmente grato pela paciência extraordinária e pela bondade

demonstrada mais nessa etapa da minha vida.

Desejo também agradecer aos MESTRES e ORIENTADORES, em

especial ao professor André Ricardo Ponce dos Santos, com participação

fundamental nos resultados obtidos e, também, a professora Heloisa Helena

Rovery da Silva, pela paciência e firmeza nas orientações técnicas do trabalho.

Agradeço a todos que direta ou indiretamente me apoiou e

contribuiu para o desenvolvimento deste trabalho.

“Se me perguntares o segredo do sucesso, não sabereis responder, porém o

segredo do fracasso é achar que posso agradar todo mundo”. (John Kennedy)

“Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa

explicação” (Mário Quintana)

“Tudo posso naquele que me fortalece”. (Filipenses 4:13)

DEUS os abençoe ricamente!

Page 6: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

RESUMO

A presente pesquisa demonstra que a influência sobre o ecossistema terrestre, com o desenvolvimento de forma rápida e predatória comprometendo o padrão de vida das pessoas, com os impactos no meio ambiente, tendo como origem esses problemas, em como os recursos naturais são consumidos e na relação de quais são os efetivos benefícios desse consumo. A sociedade ainda não se conscientizou em mudar os hábitos e o comportamento para a preservação do meio ambiente, porém, há alguns anos, tem-se aumentado consideravelmente as discussões acerca das questões ambientais, preferindo produtos que não causem danos ou menores impactos ao meio ambiente. Fazendo as organizações se adequarem a esse novo contexto, nesse sentido, com a contabilidade ambiental pode-se identificar, estimar, alocar, administrar e reduzir os custos ambientais da organização, trazendo grandes benefícios para os usuários internos e externos, com o uso mais adequado dos recursos naturais. Os relatórios fornecidos pela contabilidade ambiental, juntamente com o sistema de gestão ambiental adequado, auxiliam os gestores na busca de tomar decisões benéficas à organização, sendo assim, considerando as questões ambientais de forma estratégica. Entretanto, há algumas organizações que ainda vêem os custos ambientais imaginando um resultado onde ocorrerá diminuição das vendas e lucro menor. Há várias maneiras de classificar as questões ambientais administradas pelas organizações, tais como: baseada de artifícios; baseada em respostas; baseada na conformidade; gestão ambiental; prevenção de poluição e desenvolvimento sustentável. Não só a contabilidade ambiental, mais também a utilização de um sistema de gestão ambiental e, também, a auditoria ambiental resultará no desenvolvimento sustentável, otimizando o uso racional dos recursos naturais, garantindo o bem estar das gerações futuras, com responsabilidade social, moral e ética.

Palavras-chave: meio ambiente; contabilidade ambiental; gestão ambiental;

responsabilidade social.

Page 7: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: A empresa é uma coalizão de interesses............................... 14

Figura 2: Equilíbrio dinâmico da sustentabilidade ................................. 21

Figura 3: Gráfico dos seis passos ......................................................... 23

Figura 4: Processo decisório na gestão ambiental ................................ 25

Figura 5: Atividade de gestão ambiental – visão geral .......................... 26

Figura 6: Modelos de decisão para a questão do meio ambiente.......... 30

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Resumo dos principais acontecimentos relacionados com o

desenvolvimento sustentável ............................................................... 17

Quadro 2: Visão geral da gestão ambiental.......................................... 24

Quadro 3: Balancete de Verificação ..................................................... 54

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AA: Auditoria Ambiental

ISO: Organização Internacional de Normalização

SGA: Sistema de Gestão Ambiental

Page 8: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................... 08

CAPÍTULO I – RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE 10

1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL............... 10

1.1 O homem e a natureza pré-histórica ........................................... 10

1.2 Industrialização e meio ambiente ................................................ 11

1.3 Tomada de consciência do problema ambiental ......................... 11

2 DIMENSÕES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL DA EMPRESA 13

2.1 Mensuração social na empresa................................................... 14

2.2 Desenvolvimento econômico versus ecológico ........................... 15

3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ...................................... 16

3.1 Dimensões da sustentabilidade ................................................... 20

CAPÍTULO II – GESTÃO AMBIENTAL ................................................. 21

1 NOVO PARADIGMA: GESTÃO AMBIENTAL............................. 21

2 PROCESSO DE GESTÃO AMBIENTAL..................................... 24

3 CARACTERIZAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL ...................... 25

4 SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA A GESTÃO AMBIENTAL . 26

4.1 Modelo de gestão........................................................................ 27

4.2 Modelo de mensuração .............................................................. 28

4.3 Modelo de informação ................................................................ 29

4.4 Modelo de decisão ..................................................................... 29

5 ISO 14000................................................................................... 31

5.1 Implantação de SGA segundo a norma NBR ISO 14001............ 32

5.2 Auditoria ambiental ..................................................................... 32

5.2.1 Auditoria do sistema de gestão ambiental .................................. 33

5.2.2 Vantagens da auditoria ambiental .............................................. 33

5.2.3 Desvantagens da auditoria ambiental ........................................ 34

Page 9: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

CAPÍTULO III – CONTABILIDADE AMBIENTAL ................................. 36

1 PRIMÓRDIOS E EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE AMBIENTAL 36

2 CAMPO DE ATUAÇÃO DA CONTABILIDADE AMBIENTAL .... 38

2.1 Inserção dos aspectos ambientais ............................................ 39

3 UTILIZAÇÃO DA CONTABILIDADE AMBIENTAL .................... 40

3.1 Contabilidade como instrumento de controle e proteção do meio

ambiente ............................................................................................... 40

4 ANÁLISE CUSTO-BENEFÍCIO AMBIENTAL ............................. 41

4.1 Custos ambientais e lucro das empresas ................................... 41

5 FINALIDADE DA CONTABILIDADE AMBIENTAL ..................... 42

6 GASTOS AMBIENTAIS .............................................................. 42

6.1 Gastos ambientais ou operacionais ............................................ 44

7 CONTABILIZAÇÃO DE EVENTOS AMBIENTAIS ..................... 44

7.1 Despesas e custos ambientais ................................................... 45

7.2 Ativos ambientais ....................................................................... 46

7.3 Passivos ambientais .................................................................. 47

7.4 Receitas ambientais ................................................................... 48

7.5 Operações contábeis adaptadas ao meio ambiente .................. 49

7.5.1 Lançamentos contábeis ambientais ........................................... 50

7.5.1.1Levantamento do balancete de verificação ambiental ............... 53

6 BALANÇO SOCIAL .................................................................... 55

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 58

REFERÊNCIAS ..................................................................................... 59

APÊNDICES .......................................................................................... 62

Page 10: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

INTRODUÇÃO

A influência sobre o ecossistema terrestre, com o desenvolvimento de

forma rápida e predatória comprometendo o padrão de vida das pessoas, com

os impactos no meio ambiente, tendo como origem esses problemas, em como

os recursos naturais são consumidos e na relação de quais são os efetivos

benefícios desse consumo. Benefícios como, eletrodomésticos, ambientes

artificialmente climatizados, transportes entre outros, facilitando o dia a dia,

podendo ao mesmo tempo trazer doenças e escassez de recursos necessários

para a sobrevivência.

Com o desenvolvimento da tecnologia, as organizações através de suas

atividades de exploração dos recursos naturais, estão comprometendo o

padrão de vida da sociedade.

Manter o grau de necessidades e desejos da população permitindo que

os recursos naturais estejam disponíveis para gerações futuras é um dilema

que as organizações estão enfrentando nos últimos anos.

Nos últimos anos a responsabilidade social é um dos aspectos mais

visíveis do movimento gerado em torno da questão ambiental. Em questões

ambientais a responsabilidade social tem extrapolado os deveres básicos tanto

do cidadão quanto das organizações. Sendo assim, o desenvolvimento

sustentável procura garantir recursos naturais às gerações futuras.

Para mensurar as mutações no meio ambiente, as empresas ligadas

diretamente com a extração de recursos naturais estão implantando e

implementando a Contabilidade Ambiental juntamente com o Sistema de

Gestão Ambiental em suas atividades.

A Contabilidade Ambiental está sendo de grande valia para as

organizações, identificando, avaliando, registrando, demonstrando e analisando

os fatos ambientais decorrentes de sua atividade exploratória.

Page 11: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

A Gestão Ambiental, igualmente como a Contabilidade Ambiental,

através de seus procedimentos auxilia os gestores da organização em suas

tomadas de decisões que tem por fim a redução ou eliminação dos impactos no

meio ambiente, e, portanto melhorando a qualidade de vida e sua imagem

perante a sociedade.

Com o aumento da preocupação relacionada ao meio ambiente, a

Auditoria Ambiental tem um forte compromisso de apresentar,

antecipadamente, as soluções para relevantes mudanças que poderão afetar

negativamente a imagem de uma empresa, porém, se está estiver um

constante monitoramento pela Auditoria Ambiental diminui as chances de

algum desastre ambiental.

Devido à relevância das questões ambientais atualmente, foi escolhido

este tema para o desenvolvimento da pesquisa, cujo objetivo principal é

apresentar as contribuições da contabilidade ambiental e gestão ambiental

como instrumento de apoio no controle e preservação do meio ambiente,

dando ênfase na relevância dos controles e relatórios emitidos pela

Contabilidade Ambiental destinados a gestão ambiental e mostrar os benefícios

do Sistema de Gestão de Ambiental, com o auxilio da contabilidade, as

organizações e a sociedade.

Diante dos levantamentos desenvolvidos, surgiu a seguinte questão: O

que a Contabilidade Ambiental e a Gestão Ambiental contribuem no controle de

preservação do meio ambiente?

Para comprovação desse pressuposto, foi desenvolvido o método de

pesquisa por revisão bibliográfica onde foi revisada a literatura referente a este

tema, acompanhando o desenvolvimento da questão ambiental.

Este trabalho está dividido em três capítulos: o capitulo I trata da

responsabilidade social e sustentabilidade; o capitulo II trata da gestão

ambiental e o capitulo III trata da contabilidade ambiental.

Por fim, serão apresentadas as Considerações Finais.

Page 12: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

CAPÍTULO I – RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE

1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL

1.1 O homem e a natureza pré-histórica

O ser humano, dentre todas as espécies animais existentes, é a que apresenta a maior capacidade de adaptação ao meio ambiente natural, e pode ser encontrado no deserto mais causticante, no frio continente antártico, nas profundezas da floresta amazônica, sob o oceano ou voando na atmosfera e além dela. (DIAS, 2006, p. 1).

Dentre todas as espécies animais, o ser humano é a que tem maior

capacidade em adaptar-se ao meio ambiente, em todas as formas extremas.

Segundo Dias (2006), está capacidade de adaptação só foi possível

porque o homem criou um ambiente próprio que se denominou cultural. Sendo

assim o ser humano sempre modificou o ambiente natural.

Na pré-história, a primeira grande modificação feita pelo homem, para

garantir a sobrevivência em relação aos predadores naturais, foi à

aprendizagem de criar ferramentas multiplicando as capacidades limitadas e

paralelamente compreender que a resistência ao meio ambiente hostil era

facilmente superada com formação de grupos, organizando-se em torno de um

objetivo. (DIAS, 2006).

Com a concentração humana em locais específicos – aldeias, vilas, cidades –, cresceu a necessidade de atendimento dessa população, e principalmente aumentou a ocupação dos espaços naturais. Surgiram novos anseios que somente poderiam ser atendidos em detrimento do mundo natural. As pirâmides seriam construídas destruindo-se áreas que

Page 13: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

detinham o material necessário para a sua construção; cursos d’água foram desviados para atender às necessidades das concentrações humanas; florestas foram destruídas para atender à demanda de madeira para as habitações etc. (DIAS, 2006, p. 4)

Ao distribuírem o ambiente natural, as concentrações humanas, recriam

um ambiente propício ao homem, provocando a adaptação dos organismos

que existiam nos ambiente naturais, passando a conviver no espaço humano

como as pragas, que se multiplicam quase sem controle, além dos

microorganismos transmissores de doenças. (DIAS, 2006).

1.2 Industrialização e meio ambiente

Com o aumento populacional e evolução da civilização a humanidade

experimentou um longo processo de transformação, evoluindo do estágio

feudal chegando a Revolução Industrial, cujos efeitos verificam-se até hoje.

Nesse período, as atividades manufatureiras tiveram impressionante impulso,

com significativos reflexos na economia, nos hábitos dos indivíduos e, por

conseqüência, no meio ambiente. (REBOLO, 2000).

Durante todo o século XIX e parte do século XX, não teve

questionamento a exploração industrial do meio ambiente, tendo uma visão

que os recursos naturais eram ilimitados, começando a ser questionado a partir

dos anos 70 quando se tornou visível o esgotamento de determinados recursos

naturais.

A exploração industrial do meio ambiente manteve-se sem contestação durante todo o século XIX e a maior parte do século XX. A visão equivocada de que os recursos naturais eram ilimitados e estavam à disposição do homem somente começou a ser questionada e exigiu maior reflexão da humanidade na década dos anos 70 (embora desde os anos 50 e 60 existissem ações pontuais nesse sentido), quando os processos de deterioração ambiental e a possibilidade de esgotamento de determinados recursos naturais se tornaram mais evidentes. (DIAS, 2006, p.7).

1.3 Tomada de consciência do problema ambiental

Page 14: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

Na segunda metade do século XX, com a intensificação do crescimento econômico mundial, os problemas ambientais se agravaram e começaram a aparecer com maior visibilidade para amplos setores da população, particularmente dos países desenvolvidos, os primeiros a serem afetados pelos impactos provocados pela Revolução Industrial. (DIAS, 2006, p. 12).

Mundialmente a partir dos anos 70, a preocupação com o meio ambiente,

devido à gravidade e urgência, teve o reconhecimento da sociedade, com

maior repercussão na Primeira Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente

das Nações Unidas (CNUMAD), realizada em Estocolmo, na Suécia, onde

foram abordados os problemas ecológicos e os impactos ambientais e

industriais. Tal preocupação deve-se ao fato de que o uso indiscriminado dos

recursos naturais sem que haja prudência ecológica e responsabilidade na

utilização deles, acarretará a degradação e o caos.

“A degradação excessiva do meio ambiente e a depleção exagerada de

recursos naturais têm chamado a atenção em todo mundo, e com isso o meio

ambiente vem atraindo cada vez mais atenção e interesse.” (TINOCO;

KRAEMER, 2004, p. 45).

No inicio dos anos 80, as empresas passaram a trabalhar no combate a

causas em vez de trabalhar as conseqüências. Nesta época, houve o

aparecimento do ativismo ambiental, em que os grupos formados, como o

Earth First dos Estados Unidos, começavam a pressionar as empresas com o

objetivo de mudarem suas políticas em relação ao meio ambiente.

Nos encontros preparatórios para Conferência das Nações Unidas para

o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, em 1986 e 1987, emitiu-se o relatório

Nosso Futuro Comum (Our Common Future), apontando a pobreza como umas

das principais causas dos problemas ambientais, contribuindo para disseminar

o conceito de desenvolvimento sustentável. (TINOCO; KRAEMER, 2004).

O documento “Nosso Futuro Comum” foi referência e base importante para os debates que aconteceram na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), realizada no Rio de Janeiro em 1992, onde se popularizou o conceito de desenvolvimento sustentável, tornando as questões ambientais e de desenvolvimento indissoluvelmente ligadas. (DIAS, 2006, p. 19)

Page 15: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

Em junho de 1992, na cidade do Rio de Janeiro, foi realizado a

CNUMAD, também conhecida como ECO-92, onde se reuniram 178 países

com a participação de 112 chefes de Estados, objetivando elaborar estratégias

em relação aos efeitos da degradação ambiental, de forma a interromper e

reverter este quadro, promovendo o desenvolvimento sustentável num

ambiente saudável em todos os paises.

Na Inglaterra no início dos anos 90, a ISO (International Organization for

Standardization) constituiu o grupo estratégico consultivo sobre o meio

ambiente, com a finalidade de elaborar normas internacionais de proteção

ambiental. Na mesma época, o Banco Mundial financiou um estudo de

estratégias de avaliação de impactos ambientais associados à relação custo-

benefício.

Nos anos 90, houve uma grande evolução relacionada à preservação do

meio ambiente, passando a fazer parte do cotidiano das pessoas a expressão

qualidade ambiental. (TINOCO; KRAEMER, 2004).

A abertura do mercado externo contribuiu para o acirramento da concorrência interna. A população se conscientizou, uniu-se e passou a interferir na condução da política e da economia, não apenas em termos de seu próprio governo, por meio de manifestações de repúdio a algumas condutas, bem como a empresas que, inescrupulosamente, auferiam lucros à prejuízos sociais. (RIBEIRO, 2006, p.2).

2 DIMENSÕES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL DA EMPRESA

O progresso econômico e a emergência das grandes empresas é a

origem de restauração em relação à finalidade da atividade humana, quando

anteriormente, o tratamento desumano de certas estruturas organizacionais

provocava insatisfação, muitas vezes violenta. (TINOCO, 2006).

Nos últimos anos a responsabilidade social é um dos aspectos mais

visíveis do movimento gerado em torno da questão ambiental. (DIAS, 2006).

Ainda, segundo Dias (2006, p.153) “a responsabilidade social em

questões ambientais tem-se traduzido em adoção de práticas que extrapolam

os deveres básicos tanto do cidadão quanto das organizações”. Essas ações

Page 16: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

voluntárias constituem na maior parte um comprometimento elevado que

simples adesão formal devido obrigações que a legislação venha impor.

2.1 Mensuração social na empresa

Salienta-se que a empresa aparece sendo resultado de um acordo de

interesses entre os grupos sociais.

A entidade empresa aparece cada vez mais como sendo o resultado de uma coalizão de interesses entre os diferentes grupos sociais. A intensidade de seu poder é diretamente função de sua organização, [...]. As exigências desses grupos estão relacionadas com seu poder e por isso têm necessidade de exercitar informação, cujas modalidades são adaptadas as suas exigências. (TINOCO, 2006, p.24).

A empresa é uma coalizão de interesses

EMPRESTADORES ACIONISTAS

FORNECEDORES CLIENTES

EMPRESA

EMPREGADOS ESTADO

COMUNIDADE SINDICATOS

Fonte: Tinoco (2006, p.24)

Figura 1: A empresa é uma coalizão de interesses

Porém, ainda, segundo Tinoco (2006) a empresa não tem vocação

filantrópica e seus diretores não são escolhidos pelos acionistas para saber, a

respeito, da felicidade dos assalariados, tendo como parte das iniciativas para

compreender e mensurar os fenômenos sociais uma motivação de

rentabilidade.

Page 17: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

A noção de responsabilidade social remete para a atitude da empresa – em face das exigências da sociedade, em conseqüência de suas atividades – a avaliação e compensação dos custos sociais que a mesma gera e ampliação do campo de seus objetivos, definindo o papel social a desenvolver para, assim, obter legitimidade e responsabilidade perante os diversos grupos humanos que a integram e a comunidade em seu conjunto. (Carvalho apud TINOCO, 2006, p.25)

2.2 Desenvolvimento econômico versus ecológico

O desenvolvimento econômico e ecológico são sistemas que interagem,

sendo de fundamental importância a harmonia entre eles para a sobrevivência

da humanidade.

Urge conciliar os sistemas econômico e ecológico, em especial, porque os dois necessariamente interagem. Assim, não se pode fazer uma escolha entre desenvolvimento econômico ou meio ambiente saudável. A convivência harmoniosa entre eles é de fundamental importância, visto que são vitais para a sobrevivência da humanidade; não são mutuamente exclusivos, mas partes que se completam. (RIBEIRO, 2006, p.3-4).

A população que habita o planeta é uma das razões primordiais que

exige o inter-relacionamento desses sistemas. (RIBEIRO, 2006).

Ainda de acordo com Ribeiro (2006), sempre foi entendida como o meio

mais eficaz de reduzir os custos, a exploração máxima [e indiscriminada] dos

recursos naturais no exercício das atividades econômicas.

Ribeiro (2006) retrata o crescimento ilusório do PIB (Produto Interno

Bruto) implicando custos menores e consequentemente lucros maiores,

aumentando a riqueza nacional. Porém, a riqueza do país não cresce de fato,

porque os recursos naturais não são mensurados economicamente, pois há

perda de potencial, ou seja, a escassez deteriora a capacidade econômica,

deixando o país mais pobre, sendo contrário ao demonstrado no PIB.

2.2.1 Análise custo-benefício ambiental

De acordo com Ferreira (2003), pressupõe-se que o exame sistemático

e comparativo das diversas alternativas de ação, buscando evidenciar qual a

Page 18: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

que trará melhor resultado a organização, tendendo a ser mais quantitativa do

que qualitativa. Tratando-se de meio ambiente, é necessário que a ela se

incorporem outros fatores de análise, pois o objetivo principal não é a obtenção

do maior lucro, e, sim um lucro ambientalmente correto, ou seja, lucro que não

causam impactos negativos no meio ambiente.

3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O termo Desenvolvimento Sustentável foi criado no ano de 1987, pela

ex-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, definido como aquele que

atende as necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade de as

gerações futuras atenderem suas próprias necessidades, otimizando o uso

racional dos recursos naturais e garantindo a conservação e bem-estar das

gerações futuras.

O desenvolvimento sustentável tem vários obstáculos a serem

superados, como, por exemplo, para a empresa ter sua continuidade, sem

prejudicar ou ter um controle adequado de impactos ambientais, teria que

comprar equipamentos de última geração, para controlar os poluentes emitidos,

podendo encarecer o processo produtivo, tornando-se inviável a

comercialização e, com isso, podendo causar a falência.

O grande desafio do desenvolvimento sustentável envolve diversos obstáculos a serem superados. As questões desdobram-se; por exemplo, preservar o meio ambiente, muitas vezes, significa não produzir determinados produtos, ou incorrer em custos extremamente altos para produzi-los sem afetar o meio ambiente, tornando-os com isso caros, sem condições de serem adquiridos pelo consumidor final. Um produto cujo preço não seja competitivo corre o risco de levar uma empresa à falência, e isso gerariam desemprego e todas as conseqüências sociais inerentes a essa situação. (FERREIRA, 2003, p. 33).

Ribeiro (2006) sintetiza desenvolvimento sustentável em corresponder à

satisfação das necessidades sociais, sem o prejuízo das gerações futuras.

Existe o chamado Protocolo Verde, ocorrido em 1995, através do

governo federal, ministérios e bancos oficiais brasileiros, incorporando a

Page 19: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

variável ambiental na gestão e concessão de crédito oficial e de benefícios

fiscais, buscando o não fornecimento de tais créditos para atividades que

sejam prejudiciais ao meio ambiente em busca do desenvolvimento sustentável

e de uma melhoria continua no bem estar da sociedade e do meio ambiente.

(Apêndice A)

Os bancos oficiais brasileiros [...] participantes do Protocolo Verde, através da Carta de Princípios para o Desenvolvimento Sustentável reconhecem que podem cumprir um papel indispensável na busca de um desenvolvimento sustentável e de uma contínua melhoria no bem-estar da sociedade e da qualidade do meio ambiente. Nesta Carta, os bancos apresentam um conjunto de Princípios Gerais do Desenvolvimento Sustentável [...] (REBOLLO, 2000, p. 6)

De acordo com Ribeiro (2006) as empresas têm-se preocupado com

situação, por pressão da sociedade, aderindo a grupos e movimentos

empenhados na questão ambiental, podendo não reverter à situação, mas ao

menos, amenizar a depredação do meio ambiente.

As empresas começam a considerar a redução dessas agressões como

forma de eliminar seus custos, desta forma, minimiza a produção de resíduos,

melhora a utilização da matéria-prima, evitando penalidades da legislação

ambiental, diminui o risco de indenizações por danos a terceiros, e ainda,

melhora sua imagem perante a sociedade. (RIBEIRO, 2006).

Via de regra, o interesse das empresas continua sendo a maximização de resultados; contudo, as tentativas de conciliar esse objetivo com a manutenção da qualidade ambiental é um progresso, ainda que ocorra em pequena escala. (RIBEIRO, 2006, p. 8).

Quadro 1: Resumo dos principais acontecimentos relacionados com o

desenvolvimento sustentável.

Ano Acontecimento Observação

1962 Publicação do Livro Primavera

Silenciosa (Silent Spring)

Livro publicado por Rachel Carson que teve grande repercussão na opinião publica e expunha os perigos do inseticida DDT.

Page 20: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

continuação Ano Acontecimento Observação

1968 Criação do Clube de Roma Organização informal cujo obje-tivo era promover o entendimento dos componentes variados, mas interdependentes – econômicos, políticos, naturais e sociais –, que formam o sistema global.

1968 Conferência da Unesco sobre a conservação e o uso racional dos recursos da biosfera

Nessa reunião, em Paris, foram lançadas as bases para a cria-ção do Programa: Homem e a Biosfera (MAB)

1971 Criação do Programa MAB da UNESCO

Programa de pesquisa no campo das Ciências Naturais e sociais para a conservação da biodiversidade e para a melhoria das relações entre homem e meio ambiente.

1972 Publicação do Livro Os limites do crescimento

Informe apresentado pelo Clube de Roma no qual previa que as tendências que imperavam até então conduziriam a uma escassez catastrófica dos recursos naturais e a níveis perigosos de contaminação num prazo de 100 anos.

1972 Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em Estocolmo, Suécia

A primeira manifestação dos governos de todo o mundo com as conseqüências da economia sobre o meio ambiente. Participaram 113 Estados-membros da ONU. Um dos resultados do evento foi a criação do programa das Nações Unidas sobre o Meio Amiente (PNUMA).

1980 I Estratégia Mundial para a Conservação

A IUCN, com a colaboração do PNUMA e do World Wildlife Fund (WWF), adota um plano de longo prazo para conservar os recur-sos biológicos do planeta. No do-cumento aparece pela primeira vez o conceito de “desenvol-vimento sustentável”.

1983 É formada pela ONU a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD)

Presidida pela Primeira-Ministra da Noruega, tinha como objetivo examinar as relações entre o meio ambiente e o desenvolvimento e apresentar propostas viáveis.

Page 21: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

continuação Ano Acontecimento Observação

1987 É publicado o informe Brundtland, da CMMAD, o “Nosso Futuro Comum”

Um dos mais importantes sobre a questão ambiental e o desenvol-vimento. Vincula estreita-mente economia e ecologia e estabelece o eixo em torno do qual se deve discutir o desenvolvimento, formalizando o conceito de desenvolvimento sustentável.

1991 II Estratégia Mundial para a Conservação: “Cuidando da Terra”.

Documento conjunto do IUCN PNUMA e WWF, mais abrangente que o formulado anteriormente; baseado no Informe Brundtland, preconiza o reforço dos níveis políticos e sociais para a construção de uma sociedade mais sustentável.

1992 Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimen-to, ou Cúpula da Terra

Realizada no Rio de Janeiro, constitui-se no mais importante foro mundial já realizado. Abordou novas perspectivas globais e de integração da questão ambiental planetária e definiu mais concretamente o modelo de desenvolvimento sustentável. Participaram 170 Estados, que aprovaram a Declaração do Rio e mais quatro documentos, entre os quais a Agenda 21.

1997 Rio + 5 Realizado New York, teve como objetivo analisar a implemen-tação do Programa Agenda 21.

2000 I Fórum Mundial de âmbito Ministerial – Malmo (Suécia)

Teve como resultado a aprovação da Declaração de Malmo, que examina as novas questões ambientais para o século XXI e adota compromissos no sentido de contribuir mais efetivamente para o desenvolvimento sustentável.

2002 Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento – Rio + 10

Realizada em Johannesburgo, nos meses de agosto e setembro, procurou examinar se foram alcançadas as metas estabelecidas pela Conferência Rio-92 e serviu para que os Estados reiterassem seu compromisso com os princípios do Desenvolvimento Sustentável.

Fonte: Dias (2006 p. 35-37)

Page 22: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

3.1 Dimensões da sustentabilidade

Tinoco; Kraemer (2004) apresenta cinco dimensões da sustentabilidade,

sendo: sustentabilidade social, que se entende como a criação de um processo

de desenvolvimento sustentado por uma civilização com o objetivo de reduzir a

desigualdade social; sustentabilidade econômica, que deve ser alcançada

através do gerenciamento e da destinação mais eficiente dos recursos e de

fluxo de investimentos público e privado contínuo; sustentabilidade ecológica,

que pode ser alcançada através do uso mais racional dos recursos naturais e

redução da geração de resíduos; sustentabilidade espacial, dirigida para

aquisição de uma configuração rural-urbana equilibrada e melhor distribuição

territorial; sustentabilidade cultural, incluindo a procura por raízes endógenas

de processos de modernização e de sistemas agrícolas integrados.

Semelhantemente Dias (2006), apresenta três dimensões para o

desenvolvimento sustentável nas organizações, que são: a econômica, a social

e a ambiental.

Do ponto de vista econômico para dar sustentabilidade, as empresas

tem que ser economicamente viáveis, dando retorno ao investimento realizado

pelo capital privado. Em termos sociais a empresa obriga-se proporcionar as

melhores condições de trabalho aos seus empregados, além disso, seus

dirigentes devem participar ativamente das atividades sócio-culturais no

entorno da unidade produtiva. Do ponto de vista ambiental, a organização deve

buscar a eco-eficiência dos processos produtivos, adotarem a produção mais

limpa, oferecer condições para o desenvolvimento de uma cultura ambiental

organizacional e, ainda, participar de atividades patrocinadas pelas autoridades

governamentais locais e regionais a respeito ao meio ambiente natural. (DIAS,

2006).

Dias (2006) diz que o mais importante é o equilíbrio dinâmico das três

dimensões da sustentabilidade, levando em consideração as organizações que

atuam preferencialmente em cada uma delas: organizações empresariais

(econômica), sindicatos (social) e entidades ambientalistas (ambiental) o que

implica num diálogo permanente para manter a sustentabilidade do sistema.

Figura 2.

Page 23: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

A intransigência de qualquer das associações levará ao desequilíbrio do sistema e a sua insustentabilidade. Os empresários devem buscar o lucro aceitável; os sindicatos devem buscar reivindicar o possível, com o objetivo de manter o equilíbrio, e as entidades ambientalistas deverão saber ceder de tal modo que não se prejudique de modo irreversível a condição do ambiente natural. (DIAS, 2006, p. 40)

Figura 2: Equilíbrio dinâmico da sustentabilidade

SOCIAL

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

ECONÔMICO AMBIENTAL

Fonte: Dias (2006, p. 41)

A relação do ser humano com o seu meio ambiente apresenta imediatamente a questão de como ele constrói as suas condições de vida, as quais são reflexos das opções econômicas adotadas. Cabe salientar aqui que a qualidade de vida do homem é uma conseqüência direta da qualidade ambiental. Ambas são interdependentes e relacionam-se diretamente com a questão econômica. (SEIFFERT, 2006, p. 17).

Page 24: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

CAPÍTULO II – GESTÃO AMBIENTAL

1 NOVO PARADIGMA: GESTÃO AMBIENTAL

Duas tendências principais caracterizam o começo do terceiro milênio. Primeira, o ecossistema humano mundial está ameaçado por graves desequilíbrios da produtividade da distribuição de bens e serviços. Uma proporção importante da humanidade segue vivendo em condições de verdadeira pobreza, e a projeção das tendências indica uma crescente divergência entre os tecnológicos e os que não se beneficiam. Esta progressão insustentável dos extremos da riqueza e da pobreza ameaça a estabilidade de todo o sistema humano e, o meio ambiente natural. (MORALES, apud TINOCO; KRAEMER, 2004, p. 108).

Até o final da década de 80 e início da década de 90, a gestão ambiental

era tratada em grande parte caso a caso, sendo regulamentada com base no

desempenho.

Os agentes reguladores entenderam melhores os efeitos da gestão do

meio ambiente e começaram a pensar mais em termos de ecossistemas e

ecorregiões. Cada vez mais as empresas começaram a considerar o ambiente

de forma sistemática, passando a tratar o meio ambiente de forma mais

estratégica.

Harrington; Knight dizem que: “para integrar as questões ambientais a

um processo mais amplo de tomada de decisão, as empresas começaram a

tratá-las como questões de natureza estratégica”. (2001, p. 28).

A gestão ambiental considera todas as variáveis de um processo de

gestão, como, políticas, planejamento, plano de ação, alocação de recursos,

Page 25: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

delegação de responsabilidades, decisão, coordenação, entre outros,

objetivando o desenvolvimento sustentável. Uma decisão ambiental envolve

variáveis bem complexas e alternativas que nem sempre beneficiam o meio

ambiente, ou seja, “os executivos das empresas dificilmente escolhem a

alternativa que menos danifique o meio ambiente”. (FERREIRA, 2003, p. 33).

Gestão ambiental é um conjunto de medidas e procedimentos aplicados

adequadamente para reduzir e controlar os impactos ambientais. Requer

conhecimentos específicos para entender e realizar esse processo, criando um

sistema de informação para registrar, medir e relatar suas ações.

Podem ser classificadas as maneiras como as empresas administram as

questões ambientais, de acordo com Harrington; Knight (2001):

a) baseada em artifícios: ocorre quando as empresas encerram suas

atividades em determinado local mudando para outro, onde não há

controles mais rigorosos a questões ambientais.

b) baseada em respostas: a empresa responde aos impactos

ambientais causados, conforme as informações obtidas sobre os

incidentes e regulamentações ambientais, sem nenhum programa que

identifique ou administre as questões ambientais, pagando as multas e

esperando o melhor.

c) baseada na conformidade: nesta forma de classificação a empresa

possui o programa para identificar os requisitos reguladores, controlando

o risco e a responsabilidade de acordo com a lei. Fazer negócios com o

ambiente é um custo planejado, podendo ter uma vantagem ou

desvantagem competitiva.

d) gestão ambiental: a empresa gerencia de forma sistemática as

questões ambientais, identificando os aspectos ambientais e os

impactos de suas operações, desenvolvendo políticas, objetivos e metas

para administrá-los. A gestão ambiental é uma forma de reduzir o custo

das operações e aumentar a receita.

e) prevenção de poluição: desenvolvem-se produtos e processos para

reduzir os impactos ambientais na fonte, levando em consideração a

seleção de matéria-prima e seu impacto com a extração ou colheita,

tornando os processos os mais eficientes possíveis para reduzir o

desperdício.

Page 26: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

f) desenvolvimento sustentável: nesta classificação é considerado o

impacto social, econômico e ambiental de suas atividades, serviços e

produtos. A gestão ambiental é vista com responsabilidade social, moral

e ética.

Fonte: Harrington; Knight (2001, p. 29)

Figura 3: Gráfico dos seis passos

Diversas organizações empresariais estão cada vez mais preocupadas em atingir e demonstrar um desempenho mais satisfatório em relação ao meio ambiente. Assim, a gestão ambiental tem-se configurado como uma das mais importantes atividades relacionadas em qualquer empreendimento. (TINOCO; KRAEMER, 2004, p. 109).

As empresas estão preocupadas em alcançar e demonstrar um

desempenho satisfatório relacionado ao meio ambiente, tendo a gestão

ambiental uma das principais atividades com relação a qualquer

empreendimento.

De acordo com Macedo (apud TINOCO; KRAEMER, 2004) se a unidade

produtiva atender todos os quesitos apresentados no Quadro 2, utilizando

Page 27: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

ferramentas e procedimentos adequados, certamente atenderá a todas as

requisições existentes relativas a qualidade ambiental.

Quadro 2: Visão geral da gestão ambiental

Gestão de Processos

Gestão de Resultados

Gestão de Sustentabilidade

Gestão do Plano Ambiental

Exploração de

recursos

Emissões gasosas

Qualidade do ar Princípios e compromissos

Transformação de recursos

Efluentes líquidos Qualidade da água

Política ambiental

Acondicionamento de recursos

Resíduos sólidos Qualidade do solo Conformidade legal

Transporte de recursos

Particulados Abundância e diversidade da flora

Objetivos e metas

Aplicação e uso de recursos

Odores Abundância e diversidade da fauna

Programa ambiental

Quadros de riscos ambientais

Ruídos e vibrações

Qualidade de vida do ser humano

Projetos ambientais

Situações de emergência

Iluminação Imagem institucional

Ações corretivas e preventivas

Fonte: Tinoco; Kraemer (2004, p.110).

“A gestão ambiental, [...], torna-se um importante instrumento gerencial

para capacitação e criação de condições de competitividade para as

organizações, qualquer que seja seu segmento econômico”. (TACHIZAWA,

2006, p. 75).

Oliveira Filho (2002) diz que a maioria das organizações introduz a

variável ambiental através de atitudes isoladas, por etapas que refletem o nível

de consciência das questões ambientais em suas estratégias empresariais.

2 PROCESSO DE GESTÃO AMBIENTAL

Gestão Ambiental

Page 28: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

O processo de gestão ambiental leva em consideração todas variáveis

de um processo de gestão, como o estabelecimento de políticas, um plano de

ação, determinação de responsabilidades, decisão, coordenação, entre outros,

objetivando o desenvolvimento sustentável. Uma decisão ambiental envolve

variáveis complexas e alternativas de ação de, às vezes, difícil aceitação.

(FERREIRA, 2003).

A TOMADA DE DECISÃO

Não produzir determinados produtos • Imagem da Preservar empresa

Produzir sem poluir • Novos mercados

DECISÃO Custos de proteção extremamente altos

Preço não Risco de falência, Competitivo desemprego Não preservar • Sobrevivência do meio ambiente: meio e longo prazo • Sobrevivência da empresa: curto prazo

Fonte: Ferreira (2003, p. 34). Figura 4: Processo decisório na gestão ambiental

3 CARACTERIZAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL

A gestão ambiental deve ter como maior objetivo proporcionar benefícios

à empresa que superem, eliminem ou reduzem os custos das degradações.

O objetivo maior da gestão ambiental deve ser o de propiciar benefícios à empresa que superem, anulem ou diminuam os custos das degradações, causados pelas demais atividades da empresa e, principalmente, pela área produtiva. (FERREIRA, 2003, p. 41).

Page 29: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

De acordo com a Figura 6, a gestão ambiental recebe de um agente

externo (exemplo: departamento de produção) a ela a degradação ambiental

causada por ele, dando inicio a um conjunto de ações possibilitando ter algum

benefício para a organização. O resultado se daria pela confrontação dos

custos de degradação causados com as economias de custos obtidas.

(FERREIRA, 2003).

Fonte: Ferreira (2003, p. 42).

Figura 5: Atividade de gestão ambiental – visão geral

4 SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA A GESTÃO AMBIENTAL

As partes integrantes do sistema de informação são: subsistemas

institucional, social, organizacional, de gestão, de informação e físico,

apoiando-se nos modelos de gestão, decisão, mensuração e informação.

Ferreira (2003) sugere sua conceituação como:

a) Subsistema Institucional: são definidas as crenças e os valores da

organização. É imprescindível que a empresa creia na preservação do

Impacto Ambiental Poluidor

(degradação ambiental)

Processo de

Gestão Ambiental

Benefícios ........................ Meio Ambiente Recuperado

• Saúde • Eficiência no uso

dos recursos • + produção • + vendas • Ausência de multas • Ausência de

indenizações

Custos do Meio

Ambiente (ineficiências)

Resultado Ambiental

(decorrentes da Atividade

Gestão Ambiental)

Receita do Meio Ambiente (Economia

de custo)

Page 30: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

meio ambiente e no desenvolvimento sustentável, mantendo a

lucratividade. As ações da empresa são subordinadas a esses valores;

b) Subsistema Social: significa que a noção de valor dos profissionais

da empresa e sua conscientização dos problemas ambientais é um fator

de influência na medida do alcance do desenvolvimento sustentável pela

empresa;

c) Subsistema Organizacional: refere-se à estrutura da organização em

sua operação e divisão de responsabilidade. Na preservação do meio

ambiente, a responsabilidade pode estar centralizada em um único

departamento ou dividida para todos os departamentos da empresa;

d) Subsistema de Gestão: neste subsistema está o processo decisório

da empresa para alcançar seus objetivos. Gerir o meio ambiente

significa incluí-lo no planejamento estratégico da empresa, sendo um

dos instrumentos principais;

e) Subsistema de Informação: é a geração de informações para

execução das atividades operacionais, tornando-se um apoio para a

gestão ambiental, como processos responsáveis pela geração de

poluição, investimentos em prevenção e recuperação, desastres

possíveis e realizados, entre outros;

f) Subsistema Físico: consiste no conjunto de elementos físico-

operacionais da empresa, precisando identificar de que modo o

processo operacional está causando impacto no meio ambiente.

Esses subsistemas se apoiariam nos modelos de gestão, decisão,

mensuração e informação.

4.1 Modelo de gestão

A ineficiência gerencial é resultado de uma perda econômica

considerando a degradação ambiental. O modelo de gestão da área ambiental

deveria dar condições ao gestor com o intuito de reduzir ou eliminar essa

degradação.

Considerando que a degradação ambiental é uma perda econômica resultante de ineficiência gerencial o modelo de gestão da área ambiental deveria dar condições ao gestor para envidar todos os esforços no sentido de reduzi-la ou elimina-la. (FERREIRA, 2003, p. 52).

Page 31: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

Nesse modelo, ainda segundo Ferreira (2003),

a) o gestor ambiental é considerado responsável pelo gerenciamento

dos impactos causados e dos benefícios gerados ao meio ambiente;

b) ele adquire a degradação de todas as áreas (figura 6) da empresa,

decidindo a melhor forma de tratá-la, buscando a otimização do

resultado da organização;

c) a área de gestão ambiental deve ser protetora dos princípios e

valores que regerão as políticas e os programas ambientais da empresa,

sendo de sua responsabilidade “fazer acontecer” as decisões tomadas;

d) as políticas ambientais dizem respeito a imagem pública da empresa,

educação ambiental dos funcionários, participação em programas de

recuperação ambiental, cuidar da implantação de processos produtivos

que preservem o meio ambiente, entre outras coisas;

e) a gestão ambiental é responsável por implementar programas de

preservação ambiental, redução da emissão de resíduos e auditoria

ambiental.

4.2 Modelo de mensuração

O objetivo da mensuração é o evento econômico e este deve representar uma decisão tomada. As decisões mais importantes relacionadas com a atividade do meio ambiente estão vinculadas a aspectos operacionais, econômicos e financeiros dessa gestão. (FERREIRA, 2003, p. 53).

Segundo Ferreira (2003) a mensuração desses eventos deve ter a

capacidade de:

a) estabelecer como unidade de avaliação a unidade monetária;

b) permitir a avaliação dos ativos pelos benefícios futuros que ele

poderá propiciar a empresa;

c) permitir a mensuração de passivos efetivos pelo valor presente da

dívida;

d) permitir a previsão de passivos contingentes, pelo valor presente da

expectativa de restrições futuras sobre ativos;

Page 32: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

e) representar capitais equivalentes em diferentes datas, permitindo o

confrontamento;

f) que a moeda esteja isenta das variações em seu poder aquisitivo;

g) mostrar com clareza os efeitos do tempo sobre os capitais, aplicando

as taxas de juros referentes a cada evento;

h) estabelecer um preço de transferência para os serviços prestados ou

produtos gerados que venham a ser entregues a terceiros;

i) que seja utilizado o menor preço de mercado por seu valor a vista,

para produtos iguais.

Com a utilização dessas capacidades, pode-se estabelecer relação entre

os recursos produzidos e os recursos consumidos para a produção e que as

decisões tomadas respeitem o aspecto ambiental. (FERREIRA, 2003)

4.3 Modelo de informação

Esse modelo obriga-se a ter capacidade de apresentar informações

necessárias à tomada de decisão e à avaliação do desempenho da gestão

ambiental. (FERREIRA, 2003)

“Considera-se que essas informações devem estar disponíveis no

momento necessário e formatadas de modo a atender ao modelo de decisão

do gestor e da mensuração dos eventos”. (FERREIRA, 2003, p.53).

Com o modelo de informação tornam-se disponíveis as informações

necessárias para atender ao modelo de gestão e do modelo de mensuração.

Ferreira (2003) sugere a modelação das informações para atender aos

atributos (clareza, precisão, relevância, entre outros) da seguinte forma: tipos

de degradação causados; origem; responsáveis; efeitos dos impactos; histórico

das degradações; padrões aceitáveis de poluição; degradação prospectiva;

resultados econômicos; quantidade de poluição gerada e recuperações e

prevenções realizadas; acompanhamento de legislação pertinente; política de

governos para o meio ambiente; política ambiental internacional. Essas

informações permitem simulações para a escolha que apresenta o melhor

resultado.

4.4 Modelo de decisão

Page 33: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

O modelo de decisão específico para a área ambiental tem as seguintes

características (FERREIRA, 2003):

a) a ocorrência é a poluição;

b) as alternativas identificadas são: manter a situação como está;

recuperar o ambiente degradado; prevenir futuras degradações;

reciclar o material utilizado;

c) comparar as alternativas significa avaliar corretamente cada uma

delas e seus resultados esperados;

d) a correção de uma ação deve permitir que se mensure o resultado

realizado da alternativa escolhida e o resultado esperado.

O modelo de decisão deve poder motivar o gestor a tomar a melhor decisão possível para cada situação em particular. O processo de gestão está representado nas alternativas ou atividades possíveis de ser desenvolvidas; na comparação, está representado o modelo de mensuração estabelecido e na ação o resultado esperado da decisão. (FERREIRA, 2003, p.55)

Visão geral Visão específica

Fonte: Ferreira (2003, p. 55).

Figura 6: Modelos de decisão para a questão do meio ambiente.

Alternativas

Escolhas

Ocorrência

Ação

Poluição

◊ recuperar ◊ prevenir ◊ reciclar ◊ degradar (continuar poluindo)

Comparar alternativas

Implementar a alternativa escolhida

Page 34: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

5 ISO 14000

As normas de Sistema de Gestão Ambiental (SGA) da ISO possuem

varias origens inter-relacionadas. Primeiro, o Conselho Mundial de Empresas

para o Desenvolvimento Sustentável, foi útil para promover normas de

consenso industrial como meio de melhorar o desempenho ambiental.

Segundo, normas técnicas e gerenciais foram debatidas nos encontros

preparatórios para a cúpula do Rio (ECO – 92). Terceiro, normas voluntárias

foram deliberadas na rodada uruguaia do Acordo Geral sobre Tarifas e

Comércio (GATT). Quarto, determinadas empresas, frustradas por terem de

fazer negócios internacionais onde não existe normas e pressionadas por

governos e grupos ambientalistas e de consumidores, buscavam as normas

como meio de conformidade a um critério aceito. (HARRINGTON; KNIGHT,

2001).

A série ISO 14000 foi escrita pelo Comitê Técnico 207 (TC 207), criado

pela Organização Internacional de Normalização – ISO. Define os elementos

de um SGA, a auditoria de um SGA, a avaliação de desempenho ambiental, a

rotulagem ambiental e a análise de ciclo de vida.

A série ISO 14000 são normas e diretrizes voluntárias, segundo

Harrington; Knight (2001), tendo vantagens significativas como:

a) redução dos conflitos entre agências reguladoras e indústrias;

b) tende a encorajar as empresas a se envolver mais com os

programas de desenvolvimento ambiental;

c) a natureza voluntária, debatedora e empreendedora pode ser um

fator significativo ao se iniciar o processo de mudança.

Ainda segundo Harrington; Knight (2001) essas normas voluntárias são,

normalmente, bem aceitas porque:

As indústrias envolvem-se em sua criação; são desenvolvidas num ambiente consensual; promovem entendimento internacional; podem ser aceitas amplamente por todos os detentores de interesses; são preparadas por pessoas altamente capazes em suas áreas especificas, em todo mundo; possui bases comuns, independentes de filiações políticas. (2001, p. 31).

Page 35: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

5.1 Implantação de Sistema de Gestão Ambiental segundo a Norma NBR

ISO 14000

As possibilidades oferecidas por configurações de implantação de SGAs adaptáveis vão ao encontro das necessidades das organizações, principalmente em virtude da multiplicidade de contextos socioeconômico-ambientais que as mesmas enfrentam. (SEIFFERT, 2006, p. 30-31)

A implantação do SGA se adapta as necessidades de qualquer

empresa, em virtude de implicações socioeconômico-ambientais que elas

enfrentam.

Apesar de terem potencial de proporcionar excelentes resultados, a

implantação de SGA não há garantia de que resultados ambientais excelentes

sejam alcançados. Para que os objetivos de qualidade ambiental sejam

atingidos, SGA deve estimular as organizações a considerar a adoção de

tecnologias disponíveis, considerando a relação custo/ benefício das mesmas.

(SEIFFERT, 2006).

5.2 Auditoria ambiental

Com o aumento da preocupação relacionada ao meio ambiente, a

Auditoria Ambiental tem um forte compromisso de apresentar,

antecipadamente, as soluções para relevantes mudanças que poderão afetar

negativamente a imagem de uma empresa, porém, se está estiver um

constante monitoramento pela Auditoria Ambiental diminui as chances de

algum desastre ambiental.

Auditoria Ambiental é um processo ordenado e documentado de

verificação com o objetivo de obter e avaliar os sistemas de gestão ambientais

específicos ou se as informações estão em conformidade com os critérios de

auditoria e comunicam os resultados ao cliente.

Auditoria Ambiental – Processo sistemático e documento de verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências de auditoria para determinar se as atividades, fatos, condições, sistemas de gestão ambientais específicos ou as informações sobre essas questões estão em conformidade com os critérios de auditoria e comunicam os resultados desse

Page 36: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

processo para o cliente. (HARRINGTON; KNIGHT, 2001, p. 233).

Oliveira Filho (2002) conclui que a Auditoria Ambiental é uma ferramenta

de controle designada a fazer uma análise em toda a organização, objetivando

averiguar se o SGA está de acordo com a política ambiental da empresa e com

a legislação ambiental.

5.2.1 Auditoria do sistema de gestão ambiental

Auditoria do sistema de gestão ambiental – Processo sistemático e documento de verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências de auditoria para determinar se o sistema de gestão ambiental de uma organização está em conformidade com os critérios de auditoria do SGA estabelecidos pela organização e para comunicar os resultados desse processo ao cliente (ISO 14011 – 1996). ((HARRINGTON; KNIGHT, 2001, p. 233).

Ainda, segundo Harrington; Knight (2201) a auditoria é uma forma eficaz

de estimular os comportamentos desejados.

A ISO 14001 diz que a organização deve estabelecer e manter

programas e procedimentos de Auditorias Ambientais destinados às análises

periódicas a serem realizadas no SGA, para: determinar se o SGA está em

conformidade com o planejamento para a gestão ambiental; se foi

implementado e está em manutenção constante; e fornecer informações à alta

administração sobre os resultados dos trabalhos. (OLIVEIRA FILHO, 2002).

Ainda, segundo Oliveira Filho (2002) a Auditoria Ambiental exerce um

papel muito importante no processo de averiguação contínua do Sistema de

Gestão Ambiental possibilitando evitar danos ao meio ambiente, com um papel

crucial na imagem da empresa em relação ao mercado consumidor, dessa

forma, está diretamente ligada à responsabilidade social, harmonizando o

desenvolvimento da boa qualidade de vida através de processos

ecologicamente corretos.

5.2.2 Vantagens da Auditoria Ambiental

Page 37: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

Segundo, Oliveira Filho (2002) as vantagens da Auditoria Ambiental são:

a) ajuda a proteger o meio ambiente interno e externo da empresa;

b) identifica e documenta o cumprimento de políticas, diretrizes e

padrões ambientais;

c) identifica e documenta o cumprimento da legislação ambiental;

d) ajuda a evitar ou minimizar o uso de recursos naturais;

e) conduz a melhorias no desempenho ambiental da unidade auditada;

f) aumenta a conscientização e a responsabilidade ambiental de

gestores e empregados;

g) fornece garantias à administração superior quanto ao gerenciamento

correto das responsabilidades ambientais;

h) melhora a imagem institucional da empresa;

i) protege a empresa contra eventuais ações de responsabilidade civil;

j) melhora a higiene e a segurança dos empregados;

k) permite obter taxas de seguro mais vantajosas;

l) facilita a obtenção de cobertura de seguro por danos ambientais;

m) atribui crédito positivo à direção da unidade auditada quando há um

bom desempenho ambiental;

n) facilita o intercâmbio de dados e informações ambientais entre

unidades auditadas;

o) permite avaliar a evolução do tratamento das questões ambientais

por unidade auditada.

5.2.3 Desvantagens da Auditoria Ambiental

Também, segundo Oliveira Filho (2002) as desvantagens da Auditoria

Ambiental são:

a) não pode ser implantada e mantida sem um gasto considerável;

b) exige a contratação de empregados especializados ou serviços de

terceiros;

c) pode levar a uma falsa imagem da empresa se não houver cautela

na interpretação e divulgação dos resultados;

Page 38: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

d) poderá ocasionar uma falsa sensação de segurança ambiental, se a

auditoria foi realizada de maneira incompleta ou por auditores

inexperientes.

Page 39: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

CAPÍTULO III – CONTABILIDADE AMBIENTAL

1 PRIMÓRDIOS E EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE AMBIENTAL

Chastain (apud, RIBEIRO, 2006) afirmava, em 1973, que a contabilidade

oferecia novos desafios para auxiliar a administração no trato de problemas

contábeis e financeiros, com especial atenção, os internos e os das

normalizações ambientais.

Em 1974, Beams e Fertig (apud RIBEIRO, 2006, p.46) dizem que:

[...] se o processo operacional das atividades econômicas atinge o meio ambiente, a contabilidade é, [...], responsável por isso, e deveria refletir, assim o ponto de vista interno da empresa, bem como sua atuação na sociedade e contribuição para esta.

Beams e Fertig (apud RIBEIRO, 2006, p. 47) “acreditam que a

informação contábil pode conduzir a decisões que resultam no emprego

eficiente dos recursos, nos cuidados com o meio ambiente e na justa alocação

dos lucros”.

A Contabilidade Ambiental passou a ter status de novo ramo da Ciência Contábil em fevereiro de 1998, com a finalização do ‘Relatório Financeiro e Contábil sobre o Passivo e Custos Ambientais” pelo Grupo de Trabalho Intergovernamental das Nações Unidas de Especialistas em Padrões Internacionais de Contabilidade e Relatórios ( ISAR – United National Intergovernmental Working Group of Expert on International Standards of Accounting and Reporting). (TINOCO; KRAEMER, 2004, p. 32).

Page 40: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

“O desenvolvimento da Contabilidade Ambiental é resultado da

necessidade de oferecer informações adequadas às características de uma

gestão ambiental”. (FERREIRA, 2003, p.59)

A Contabilidade Ambiental utiliza metodologias e sistemas para

identificar, monitorar e informar impactos ambientais causados pelas operações

da empresa, integrando os impactos, as decisões de compras de matérias-

primas, custeio de produto, formação de preços, orçamento de capital e

avaliação de desempenho.

A Contabilidade do meio ambiente tem crescido de importância para as empresas em geral porque a disponibilidade e/ou escassez de recursos naturais e a poluição do meio ambiente tornaram-se objeto de debate econômico, político e social em todo mundo. (TEIXEIRA, 2000 p. 3).

Segundo Tinoco; Kraemer (2004, p. 12) “a contabilidade [...] é o veículo

adequado para divulgar informações sobre o meio ambiente”, sendo um fator

de risco e de grande competitividade. Com a Contabilidade Ambiental pode-se

identificar, estimar, alocar, administrar e reduzir os custos ambientais da

empresa, juntamente com um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) adequado,

pode-se verificar melhoras relevantes nas Demonstrações Contábeis da

empresa, e ainda, passar outra visão de seus produtos à sociedade.

A Contabilidade provoca benefícios potenciais à industria e à sociedade, entre outros: identifica, estima, aloca, administra e reduzem os custos, particularmente os ambientais; permite o uso mais eficiente de recursos naturais, incluindo a energia e a água; fornece informações para a tomada de decisão, melhorando a política pública. (TINOCO; KRAEMER, 2004, p. 12).

Também traz grandes benefícios para as empresas e à sociedade,

permitindo, assim, o uso mais adequado dos recursos naturais, e ainda,

fornecendo informações importantes para a tomada de decisões.

A Contabilidade Ambiental foi designada para o registro e geração de

relatórios com finalidade de, segundo Paiva, (2003, p. 17) “auxiliar na

elaboração do planejamento estratégico; servir de parâmetro no gerenciamento

Page 41: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

das atividades-alvo e fornecer informações externas no sentido de prestações

de contas dessas atividades”.

A Contabilidade Ambiental tem grande importância na geração e

processamento das informações, com identificação e registro de eventos

ambientais, dando parâmetros aos usuários em suas tomadas de decisões.

A contabilidade ambiental não é uma nova ciência, mas sim, uma segmentação da tradicional já, amplamente conhecida. Adaptando o objetivo desta última, podemos definir como objetivo da contabilidade ambiental: identificar mensurar e esclarecer os eventos e transações econômico-financeiros que estejam relacionados com a proteção, preservação e recuperação ambiental, ocorridos em um determinado período, visando a evidenciação da situação patrimonial de uma entidade. (RIBEIRO, 2006, p. 45).

Ribeiro (2006) sintetiza que a grande contribuição da contabilidade

ambiental é a evidenciação das informações de natureza ambienta, visando

informar o usuário sobre a forma que a empresa interage com o meio

ambiente, fazendo com que os eventos e transações econômico-financeiros,

sejam identificados, mensurados e contabilizados.

2 CAMPO DE ATUAÇÃO DA CONTABILIDADE AMBIENTAL

Generalizando, a questão ecológica tem sido bastante discutida,

preocupando-se com o ambiente natural da humanidade. Um dos aspectos das

discussões é de como avaliar o os recursos naturais existentes. Até o

momento, não foram identificados instrumentos adequados para definir os

valores dos recursos naturais existentes. (RIBEIRO, 2006)

Ainda, de acordo com Ribeiro (2006, p.39) “do ponto de vista da

contabilidade, o que se pode medir e fazer constar, nas demonstrações

contábeis, são os eventos e transações econômico-financeiros, que refletem a

interação da empresa com o meio ambiente”.

A contabilidade possui quatro dimensões: jurídica; econômica;

organizacional e; social. (RIBEIRO, 2006).

Page 42: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

Ao considerá-las, a contabilidade terá como objetivo avaliar não só a evolução econômica da entidade, como também suas contribuições e responsabilidades sociais. É importante compreender o ambiente em que as entidades atuam, dado que alguns fatores externos podem ter mais relevância para o sucesso ou insucesso que as variáveis internas. (RIBEIRO, 2006, p. 40)

Considerando as quatro dimensões da contabilidade, além de ter como

objetivo avaliar a evolução econômica da organização, acrescenta-se a

responsabilidade social, sendo importante compreender que alguns fatores

externos podem ter mais relevância para o sucesso ou insucesso da

organização que os fatores internos.

2.1 Inserção dos aspectos ambientais

A responsabilidade social tem um conceito dinâmico, envolvendo o

conhecimento das preferências e prioridades sociais, uma vez que as variáveis

mudam de uma região para outra, como também de geração para geração.

Com base nesse conhecimento, entende-se que o lucro é um meio e não o fim.

A empresa deveria juntar os interesses do seu diversificado público, para

atender às espectativas, seja em termos de abastecimento do mercado,

recursos humanos ou preservação ambiental. (RIBEIRO, 2006).

De acordo com Ribeiro (2006):

Os movimentos sociais ambientalistas representam um novo tipo de usuário das informações fornecidas pela empresa. Ao atender a esse recente segmento, a entidade consolida sua dimensão social, à medida que coopera com a identificação dos componentes adicionados ao meio ambiente, ou passíveis de sê-lo, além, é claro, de evidenciar os aspectos que promove, os quais refletem sua preocupação com a qualidade ambiental e o cumprimento das normas legais. (RIBEIRO, 2006, p. 43).

Com o fornecimento das informações aos movimentos sociais

ambientalistas, a empresa consolida sua dimensão social, à medida que auxilia

Page 43: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

com a identificação dos componentes ambientais, além de refletir sua

preocupação com a qualidade ambiental e o cumprimento da legislação.

3 UTILIZAÇÃO DA CONTABILIDADE AMBIENTAL

De acordo com Rob Gray (apud FERREIRA, 2003), um dos mais

importantes autores especializados em contabilidade ambiental, as questões

ambientais formam um assunto de interesse para contadores, onde podem

contribuir em cinco áreas para o gerenciamento do meio ambiente, tais como:

a) modificar os sistemas de contabilidade existentes (como custeio de

energia);

b) eliminar elementos conflitantes dos sistemas de contabilidade (como

nos métodos de investimentos);

c) planejar as implicações financeiras de uma agenda ambiental (como

nas projeções sobre as despesas de capital);

d) introduzir o desempenho ambiental nos relatórios externos (como

nos relatórios anuais);

e) desenvolver uma nova contabilidade e sistema de informações

(como em um balanço patrimonial ecológico).

3.1 Contabilidade como instrumento de controle e proteção do meio

ambiente

Para Gray (apud FERREIRA, 2003), a contabilidade ambiental deveria

cobrir: passivos e riscos contingentes; reavaliações de ativos e projeções de

capital; análises de custos em áreas-chave, como energia, lixo e proteção

ambiental; métodos de investimento para incluir fatores ambientais;

desenvolvimento de técnicas contábeis que expressem ativos e passivos e

custos em termos ecológicos (não financeiros); desenvolvimento de uma nova

contabilidade e um sistema de informações; avaliação dos custos e benefícios

dos programas de melhorias ambientais.

Page 44: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

4 ANÁLISE CUSTO-BENEFÍCIO AMBIENTAL

De acordo com Ferreira (2003), pressupõe-se que o exame sistemático

e comparativo das diversas alternativas de ação, buscando evidenciar qual a

que trará melhor resultado a organização, tendendo a ser mais quantitativa do

que qualitativa. Tratando-se de meio ambiente, é necessário que a ela se

incorporem outros fatores de análise, pois o objetivo principal não é a obtenção

do maior lucro, e, sim um lucro ambientalmente correto, ou seja, lucro que não

causam impactos negativos no meio ambiente.

4.1 Custos ambientais e lucro das empresas

Segundo Ferreira (2003), quando se propõe que os custos de poluição

sejam considerados nos preços dos produtos, imagina-se que resultará em

diminuição das vendas e lucro menor. Todavia, deve-se racionar também que,

há não contemplação desses custos na apuração do lucro do período, os

acionistas ou sócios da empresa estariam sendo beneficiados com a

distribuição do lucro (quando couber), enquanto os custos da despoluição ou

recuperação estariam por conta da sociedade.

Ferreira (2003) cita como exemplo, o caso Petrobrás, quando na

ocasião, em janeiro de 2000, rompeu-se um duto de uma refinaria na Baia de

Guanabara, onde foram contratados serviços de contenção de desastre, a

empresa foi multada e os pescadores ficaram sem atividade, provocando a

descontinuidade da pescaria na região. Também, nesse ano e seguinte, a

Petrobrás obteve os maiores lucros de sua história, porém, com uma análise

das informações contábeis publicadas não foram identificados tais gastos

ambientais. Em nota explicativa, a empresa diz que recorreu da multa;

entretanto, não constava nenhuma provisão ou reserva para contingências

ambientais. Em fevereiro de 2002, a justiça brasileira condenou a empresa a

indenizar os pescadores prejudicados pelo vazamento no valor de R$ 524

milhões por danos ambientais e lucros cessantes e o reconhecimento dessa

indenização será feito em período distinto do fato gerador que a provou,

estando em contrário com o principio contábil da competência.

Page 45: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

Tinoco; Kraemer (2004, p. 148) “[...] A não inclusão dos custos,

despesas e obrigações ambientais distorcerá tanto a situação patrimonial como

a situação financeira e os resultados da empresa”.

5 FINALIDADE DA CONTABILIDADE AMBIENTAL

De acordo com Tinoco; Kraemer (2004), existem três razoes básicas

para uma empresa adotar a Contabilidade Ambiental:

a) gestão interna: relaciona-se com uma ativa gestão ambiental e seu

controle, com o objetivo de reduzir custos e despesas operacionais e

a melhoria da qualidade dos produtos;

b) exigências legais: as empresas que não tiverem um maior controle

de seus riscos ambientais, podem ter sanções de multas e

indenizações;

c) demanda dos parceiros sociais: a empresa está submetida a sofrer

pressões dos clientes, empregados, organizações ecológicas,

seguradoras, comunidade local, acionistas, bancos, investidores etc.

Para isso, a empresa necessita de um Sistema de Contabilidade

Ambiental, tendo como alguns de seus objetivos, segundo Tinoco; Kraemer

(2004): saber se a empresa cumpre ou não a legislação ambiental; ajudar os

diretores da empresa na tomada de decisão e na fixação de uma gestão

ambiental; detectar as áreas da empresa que necessitam de atenção especial,

nas áreas críticas, quanto aos aspectos ambientais; se a empresa já estiver

uma política ambiental estabelecida, observar se os objetivos ambientais são

cumpridos e identificar oportunidades para melhor gestão dos aspectos

ambientais.

6 GASTOS AMBIENTAIS

Martins (apud PAIVA, 2003, p. 26) define gastos como “sacrifício

financeiro com que a entidade arca para a obtenção de um produto ou serviço

qualquer”, representado por entrega ou promessa de entrega de ativos.

Page 46: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

Os gastos podem ser ativados e não ativados; os ativados são aqueles

gastos registrados no ativo da empresa, representando um benefício futuro,

sendo transferidos para as despesas à medida que esses benefícios ocorram,

utilizando o princípio da competência; os não ativados são registrados como

despesas a partir do momento que são incorridos no período. Paiva (2003, p.

28) exemplifica como gastos ativados, “a aquisição de matéria-prima do

período e novos equipamentos; [e como gastos não ativados] despesas com

treinamento de pessoal e despesas de manutenção”, desde que tenham

relação com o meio ambiente e contribuam para geração de receitas.

Há também outros tipos de gastos como, por exemplo, quando a

empresa é autuada por danos ambientais, sendo caracterizado como perda,

gerando assim novos passivos.

Os gastos podem ser destinados à prevenção ou remediação dos

impactos ambientais gerados pela empresa, sabendo-se que há outras formas

de gastos ambientais, mas se não houver uma análise minuciosa, não serão

percebidos como gastos ambientais.

Pode-se dizer também que há outros gastos que, mesmo operacionais,

podem se classificar como ambientais, desde que tenham alguma relação entre

a evolução da empresa e o meio-ambiente e, conseqüentemente, com a

sociedade, mesmo que de forma indireta, como exemplo, os gastos com

pesquisas de novos produtos ou novas formas de produção, reduzindo o

consumo de insumos naturais esgotáveis e não esgotáveis, visando a melhora

de qualidade dos produtos.

Além dos gastos efetuados no processo produtivo diretamente identificados como sendo ambientais, existem outros que, apesar de serem operacionais, de alguma forma contribuirão para uma evolução do relacionamento da empresa com seu ambiente natural e, indiretamente com a sociedade. Podem-se entender como tais os gastos referentes a pesquisas com novos produtos ou novas formas de produção, visando melhorar a qualidade dos produtos, reduzir o consumo de insumos naturais esgotáveis e não renováveis [...].(PAIVA, 2003, p. 29).

Verifica-se também que ocorrem alguns gastos que se tornam ocultos

aos gestores, podendo trazer problemas futuros à empresa, devido ao não

reconhecimento desses gastos no presente.

Page 47: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

6.1 Gastos ambientais ou operacionais

De acordo com Paiva (2003) existem pelo menos três caminhos para

uma provável solução quando a empresa polui o meio ambiente no processo

produtivo, devido, por exemplo, ao fato de utilizar equipamento ou técnicas

produtivas ultrapassados, esses caminhos são:

a) aquisição de filtros ou equipamentos com o objetivo de controle e

redução da emissão;

b) aquisição de equipamentos modernos, trazendo maior produtividade,

além de operarem com emissão reduzida; e/ ou

c) novas técnicas operacionais associadas as equipamentos,

proporcionando maior produtividade e ao mesmo tempo reduzindo

emissões de resíduos.

“Surge então um dilema conceitual: em quais casos entre os acima

citados os gastos podem ser considerados ambientais, operacionais ou

operacionais relacionados de alguma forma com o meio ambiente?” (PAIVA,

2003, p. 30).

Para responder a esse questionamento, em uma visão gerencial, a

(EPA) Environmental Protection Agency (apud PAIVA, 2003) entende que

existem gastos que mesmo identificados totalmente como operacionais e

aparentemente nada tenham de ambientais podem, de forma implícita, trazer

alguns problemas ambientais futuros. Desta forma sugere-se que tais gastos

existam na forma de pesquisa e desenvolvimento, custos e algumas despesas,

pela ligação direta que há com o produto.

5 CONTABILIZAÇÃO DE EVENTOS AMBIENTAIS

Instituto Canadense de Contadores Certificados – Canadian Institute of

Chartered Accountants (CICA) – publicou, em 1993, um relatório sobre a

pesquisa realizada. Nesse relatório o grupo responsável pelo estudo procurou

examinar como os efeitos do meio ambiente poderiam ser considerados e

registrados nos relatórios financeiros das empresas. (FERREIRA, 2003).

Page 48: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

Para efeito do relatório, as ações para prevenir, diminuir ou remediar, conservar os recursos renováveis ou não renováveis são consideradas como ‘medidas ambientais’ e seriam o objeto de estudo para o desenvolvimento de informações financeiras relativas ao meio ambiente. Identificar uma atividade em particular para determinar se ela constitui uma medida ambiental e quais seriam seus custos diretos não é considerado uma tarefa complicada, exceto nos casos em que esses custos ocorram tanto em função do meio ambiente como não. Nessas situações, estabelecer uma classificação que identifique o que é relativo ao meio ambiente e o que não é torna-se difícil. (FERREIRA, 2003, p. 61)

São consideradas como medidas ambientais, as ações para prevenir,

diminuir ou remediar, conservar os recursos renováveis ou não renováveis,

sendo o motivo de estudo para desenvolver informações financeiras referentes

ao meio ambiente.

“Os relatórios contábeis tradicionalmente feitos estão, [...] em conflito

com o meio ambiente, pois o modelo de avaliação de desempenho utiliza

medidas que não contemplam questões ambientais, somente econômico-

financeiras.” (FERREIRA, 2003, p.66).

5.1 Despesas e custos ambientais

Consideram-se como despesas ambientais todos os gastos envolvidos com o gerenciamento ambiental, consumidos no período e incorridos na área administrativa. Qualquer empresa necessita dos serviços de um departamento de recursos humanos, ou de compras, financeiro, de recepção e almoxarifado, e essas áreas desenvolvem atividades inerentes à proteção do meio ambiente. (RIBEIRO, 2006, p.50)

Entendem-se como despesas ambientais todos os gastos implicado com

o gerenciamento do meio ambiente, consumidos e incorridos na área

administrativa em determinado período.

Ribeiro (2006) descreve que os custos ambientais devem compreender

aqueles relacionados, diretamente ou indiretamente, com a proteção do meio

ambiente, como exemplo:

a) todas as formas de amortização dos valores referente aos ativos de

natureza ambiental pertencente à organização;

Page 49: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

b) aquisição de insumos próprios para controle, eliminação ou redução

de poluentes;

c) tratamento de resíduos poluentes;

d) mão-de-obra utilizada nas atividades de controle, preservação ou

recuperação do meio ambiente.

“Para a ONU, os custos ambientais compreendem os gastos realizados

para gerenciar os impactos das atividades das empresas neste setor, de forma

ambientalmente responsável, além de outros gastos com o mesmo objetivo.”

(RIBEIRO, 2006, p.52).

5.2 Ativos ambientais

Um ativo é um recurso controlado pela empresa resultante de eventos passados do qual se espera um fluxo de benefícios econômicos futuros. Se os gastos ambientais podem ser enquadrados nos critérios de reconhecimento de um ativo, devem ser classificado como tal. Os benefícios podem vir através da eficiência ou da segurança de outros ativos pertencentes a empresa, da redução ou prevenção da contaminação ambiental que deveria ocorrer com resultado de operações futuras ou ainda através da conservação do meio ambiente. (TEIXEIRA, 2000 p. 5).

Ativos ambientais são investimentos que a empresa possui destinado à

proteção, preservação e recuperação ambiental, os quais deverão ser

classificados em títulos contábeis específicos, identificando o ativo circulante

ambiental, o realizável ambiental e permanente ambiental.

Ribeiro (2006) apresenta um conceito semelhante dizendo que os ativos

ambientais são constituídos por todos os bens e direitos adquiridos pelas

empresas, com capacidade de gerar benefícios econômicos futuros visando à

preservação, proteção e recuperação ambiental.

IBRACON recomenda que os gastos ambientais efetuados na forma de investimentos de longo prazo sejam classificados como ativos ambientais imobilizados e diferidos. O Ativo Imobilizado Ambiental diz respeito aos equipamentos adquiridos visando à eliminação ou redução de agentes

Page 50: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

poluentes, com vida útil superior a um ano. Os gastos com pesquisas e desenvolvimento de tecnologias a médios e longos prazos constituem valores integrantes do Ativo Diferido, se envolverem benefícios e ação que se reflitam por exercício futuros. (PAIVA, 2003, p. 37)

Os gastos ambientais com investimentos de longo prazo são

classificados como Ativos Ambientais Imobilizados e Diferidos. Os Imobilizados

são aquisições de equipamentos com vida úteis superior a um ano, para

eliminar ou reduzir a poluição do meio ambiente. Os Diferidos são gastos com

pesquisas e desenvolvimento de tecnologias desde que envolvam benefícios

futuros.

5.3 Passivos ambientais

[...] o termo Passivo Ambiental quer se referir aos benefícios econômicos ou aos resultados que serão sacrificados em razão da necessidade de preservar, proteger e recuperar o meio ambiente de modo a permitir a compatibilidade entre este e o desenvolvimento econômico, ou em decorrência de uma conduta inadequada em relação a estas questões. (RIBEIRO, 2006, p. 75-76)

Entende-se como passivo ambiental todas as obrigações decorrentes de

um evento ou transação que reflitam a interação da empresa com o meio

ecológico, percebendo que a intenção de realização de gastos futuros para

prevenção não gera quaisquer obrigações.

Controle e reversão dos impactos das atividades econômicas no meio

ambiente são a essência do passivo ambiental, envolvendo todos os custos

das atividades que sejam desenvolvidas desde o momento da ocorrência do

fato gerador, ou a partir da constatação de responsabilidade sobre este fato,

dentro do devido regime de competência.

Segundo Ribeiro; Lisboa (2000), o reconhecimento do passivo ambiental

pela contabilidade representa privações de benefícios futuros impostas por

legislação e regulamentações ambientais, tais como, taxas, contribuições,

multas e penalidades decorrentes de danos provocados a terceiros.

Page 51: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

Entende-se que a partir do momento em que a contabilidade reconhece

os passivos ambientais, a empresa sofre privações de benefícios que teria, não

fosse pela legislação e regulamentações ambientais.

Segundo Paiva (2003), há três condições essenciais para o

reconhecimento do passivo, que se relacionam com as obrigações legais,

justas ou construtivas. As legais, como o próprio nome diz, são relacionadas ao

cumprimento da lei ou decisão jurídica aplicada à empresa; as justas, são

obrigações relacionadas à moral ou à ética da empresa; e as construtivas, são

atividades desenvolvidas na cidade auxiliando na educação ambiental da

comunidade entre outras atividades.

Também, de acordo com Paiva (2003), os passivos ambientais podem

ter sua origem no processo produtivo ou aquisição de bens de capital

financiados.

Há duas formas de entender, em sua origem, as obrigações como

passivos ambientais: os passivos ambientais normais e os passivos ambientais

anormais.

Como passivos ambientais normais podem-se entender os decorrentes do processo produtivo, onde há emissão de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, com possibilidade de controle, prevenção e, em alguns casos, de reaproveitamento. [...] Os passivos ambientais anormais são decorrentes de situações não passíveis de controle pela empresa e fora do contexto das operações. [...] como exemplo, um acidente com um reservatório de material tóxico ou altamente poluente provocado por raio, terremoto, furacão ou outro evento aleatório. (PAIVA, 2003, p. 35-36)

5.4 Receitas ambientais

As receitas ambientais decorrem, como relatam Tinoco; Kraemer,

(2004), de prestação de serviços especializados em gestão ambiental; venda

de produtos elaborados de sobras de insumos com o processo produtivo;

venda de produtos reciclados; receita de aproveitamento de gases e calor;

redução do consumo de matérias-primas; redução do consumo de água;

Page 52: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

redução do consumo de energia; participação no faturamento total da empresa

com o reconhecimento de sua responsabilidade com o meio ambiente,

considerando, também, o ganho de mercado que a empresa adquire no

momento de reconhecimento da opinião pública sobre sua política

preservacionista, dando preferência a seus produtos.

Empresas que investem em meio ambiente provocam melhorias em seu desempenho econômico, financeiro, ambiental e social, incentivando o incremento da produtividade dos recursos utilizados em seu processo produtivo, que poupadores de recursos podem ser por analogia considerados receitas, além de contribuírem para a redução de impactos ambientais. (TINOCO; KRAEMER, 2004, p. 190).

5.5 Operações contábeis adaptadas ao meio ambiente

Tinoco; Kraemer (2004) cita uma situação em que um investidor

recentemente adquiriu o controle acionário de uma empresa, que por muitos

anos poluiu, não deixando rastro dessa poluição, onde os ex-controladores

para livra-se desses resíduos enterravam-nos em valas. Até que esses

resíduos vieram à tona. As demonstrações contábeis dessa empresa nunca

tinham evidenciado essa contingência ambiental, mas sim, grandes lucros ao

longo de sua história. O que acorrerá com esse investidor?

Seguramente, arcará com dispêndios para restaurar esse passivo ambiental, provocando por conseguinte redução financeira e patrimonial da empresa, em face do prejuízo causado por esse evento, ficando sujeito até sanções penais, enquanto os antigos controladores podem ter recebido valores indevidos, com a negociação do controle empresarial, ao esconderem esse fato, alem de não terem construído reserva para esse fim. (TINOCO; KRAEMER, 2004, p. 65)

Ainda segundo Tinoco; Kraemer (2004), os gestores preocupados com o

ocorrido, iniciaram curso de treinamento, em técnicas de solução de problemas

ambientais, para seu pessoal da área de produção, para eliminar resíduos do

processo produtivo.

Realizaram os seguintes gastos em janeiro de 2006:

Dia Atividade/ gasto

Page 53: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

5 inscrição no curso de treinamento – valor pago a vista: R$

3.000,00;

6 compra de livros técnicos ambientais – valor pago a vista: R$

500,00;

10 refeições pagas durante o curso – valor pago a vista: R$

200,00;

11 compra de equipamentos de recolha de resíduos, a prazo,

com vencimento em 30/06/2004, no valor de R$ 15.000,00;

11 compra de equipamentos de separação de resíduos, a prazo,

com vencimento em 30/09/2004, no valor de R$ 25.000,00;

11 compra de insumos ambientais para reparações, a prazo, com

vencimento em 20/03/2004, no valor de R$ 1.500,00;

11 aquisição de sistemas de filtros, a prazo, com vencimentos

para 30, 60, 90, 120 e 150 dias, no montante de R$

150.000,00;

11 aquisição de equipamentos de remoção de poeiras, no valor

de R$ 80.000,00, com vencimento para 31/12/2004;

12 aquisição de equipamentos de despoeiramento, no valor de

R$ 100.000,00, com financiamento bancário (programa

BNDES), TJLP de 15% ao ano, carência de seis meses,

amortização em duas parcelas, a partir de um ano;

13 treinamento do pessoal operacional, através de consultor

individual, em curso com duração de uma semana, pelo valor

de R$ 5.000,00, pago a vista;

18 compra de materiais auxiliares para os filtros e a remoção de

poeiras, com vencimento em 30/04/2004, no valor de R$

3.000,00;

18 pagamento de taxa de licença ao órgão publico municipal/

estadual, para iniciar o despoeiramento, no valor de R$

1.000,00;

19 pagamento de licença municipal de gestão de resíduos, no

valor de R$ 500,00, a vista;

30 pagamento dos salários do pessoal envolvido no programa

ambiental: R$ 5.000,00.

Page 54: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

5.5.1 Lançamentos contábeis ambientais

A medida em que ocorreram os compromissos, o departamento contábil

procederam os lançamentos contábeis ambientais e ao final do mês (janeiro)

elaborou o levantamento do primeiro balancete dessas operações. Ao iniciar a

contabilização dos eventos ambientais, observou que o plano de contas da

empresa não continha contas ambientais e teve então que incluí-las.

Os lançamentos contábeis no livro diário são os seguintes:

Lins, 5 de janeiro de 2006

D – Despesas de Treinamento Ambiental

C – Bancos c/ movimento – Banco X

Pagamento à empresa de Consultoria Pró-Verde,

Com cheque nº x R$ 3.000,00

______ 6 _______

D – Livros Técnicos Ambientais

C – Caixa

Pagamento à Livraria V, nota fiscal nº v R$ 500,00

______ 10 ______

D – Despesas com Refeições

C – Caixa

Pagamento nota fiscal nº xx da firma R$ 200,00

______ 11 ______

D – Equipamentos Ambientais

C – Fornecedores de Equipamentos Ambientais

Compra a prazo, conf. nota fiscal nº xxx, da

Cia. Restauradora R$ 15.000,00

______ 11 ______

D – Equipamentos Ambientais

C – Fornecedores de Equipamentos Ambientais

Compra a prazo, conf. nota fiscal nº xx, da

Cia. Restauradora R$ 25.000,00

______ 11 ______

D – Matérias Ambientais

Page 55: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

C – Fornecedores de Insumos Ambientais

Compra conf. nota fiscal nº xx, da Cia. Verde

Restaurador R$ 1.500,00

______ 11 ______

D – Equipamentos Ambientais

C – Fornecedores de Equipamentos Ambientais

Aquisição de filtros, conf. nota fiscal nº xx, da

Cia. Só Verde R$ 150.000,00

_______ 11 ______

D – Equipamentos Ambientais

C – Fornecedores de Equipamentos Ambientais

Aquisição de equipamentos de remoção de

Poeiras, da Cia. Só Verde, vencimento

em 31-12-2004 R$ 80.000,00

_______ 12 ______

D – Bancos c/ Movimento – Banco X

C – Empréstimos e Financiamentos Ambientais

Obtenção de financiamento, conforme

contrato xx, celebrado com o Banco X,

relativo a recursos do Sistema BNDES R$ 100.000,00

_______ 12 _______

D – Equipamentos Ambientais

C – Bancos c/ Movimento – Banco X

Aquisição de equip. de despoeiramento,da Cia.

Só Verde, com repasse de recursos do BNDES R$ 100.000,00

_______ 13 _______

D – Despesas de Treinamento Ambiental

C – Bancos c/ Movimento – Banco X

Pagamento à empresa de Consultoria Pró-Verde,

com o cheque nº xx R$ 5.000,00

_______ 18 _______

D – Materiais Ambientais

C – Fornecedores de Insumos Ambientais

Compra conf. nota fiscal nº xx, da Cia. Verde

Page 56: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

Restauradora, venc. 30-04-2004 R$ 3.000,00

_______ 18 _______

D – Despesas de Licenças Ambientais

C – Bancos c/ Movimento – Banco X

Pagamento através do cheque nº xx, ao órgão

Ambiental V R$ 1.000,00

_______ 19 _______

D – Despesas de Licenças Ambientais

C – Caixa

Pagto. em espécie ao órgão estadual Ambiental V R$ 500,00

_______ 30 _______

D – Despesas de Salários Ambientais

C – Bancos c/ Movimento – Banco X

Pagto. Ao pessoal, através de credito em C/C,

mês 1 R$ 5.000,00

Os lançamentos contábeis nos razonetes em T, estão no apêndice B

5.5.1.1 Levantamento do Balancete de Verificação Ambiental

Após efetuar os lançamentos contábeis nos livros Diário e Razão, o

contador procedeu ao levantamento do balancete ambiental.

O balancete de verificação ambiental constitui-se num demonstrativo contábil, em que o contador relaciona todas as contas patrimoniais e de resultados ambientais, ou seja, contas do ativo, do passivo, do patrimônio líquido e receitas e despesas. (TINOCO; KRAEMER, 2004, p. 71).

Page 57: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

Quadro 3: Balancete de Verificação

Fonte: Tinoco; Kraemer (2004, p. 73)

Para chegar-se há esse balancete, após elaborar e analisar o primeiro

balancete ambiental, o contador percebeu a necessidade de realizar alguns

ajustes a ele, considerando:

Balancete de verificação em 31-1-2004 Cia. Quase Verde Sustentável Contas Saldos Contas de Balanço Devedor Credor Caixa 2.000 1.200 Duplicatas a Receber Materiais Ambientais 4.500 Insumos Ambientais Equipamentos Ambientais 370.000 Instalações Ambientais Despesas de Treinamento Ambiental 8.000 Projetos Ambientais Veículos Ambientais Fornecedores de Insumos Ambientais 4.500 Fornecedores de Equipamentos Ambientais 270.000 Empréstimos e Financiamentos Ambientais 100.000 Provisões para Depreciações Ambientais 6.167 Depreciações Ambientais 6.167 Livros Técnicos Ambientais 500 Amortizações Ambientais Produtos Ambientais Resíduos Ambientais Receitas Ambientais Despesas c/ Serviços Ambientais Despesas de Salários Ambientais 5.000 Despesas de Mão-de-obra Administrativa Ambiental Despesas c/ Encargos Sociais Operacionais Ambientais 2.500 Provisões com Encargos Sociais Ambientais 2.500 Bancos c/ Mov. 118.000 114.000 Capital 20.000 Despesas c/ Refeições Ambientais 200 Despesas de Licenças Ambientais 1.500 Receitas c/ Redução de Custos com Matérias-Primas 3.000 Despesas de Amortização 133 Provisão para Amortização de Treinamento 133 Matérias-primas 3.000 Total 521.500 521.500

Page 58: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

a) sobre os salários ambientais incidem encargos sociais (INSS, FGTS,

13º salário, férias etc.) estimados em 50%, que devem ser

contabilizados;

b) depreciação de equipamentos ambientais, com vida útil econômica

estimada em cinco anos, apropriando para o mês de janeiro o

valor de R$ 6.167,00, através do seguinte lançamento:

D – Despesas com Depreciação Equipamento Ambiental

C – Provisão para Depreciação Equipamento Ambiental;

c) amortização de despesas de treinamento no valor R$ 133,00, esse

valor definido pelo contador e por especialistas ambientais

definindo o prazo de cinco anos para a amortização desse

investimento, com o seguinte lançamento contábil:

D – Despesas de Amortização

C – Provisão para Amortização de Investimento em treinamento;

d) redução de custos com matérias-primas no processo produtivo,

informado pela área de custos de produção da empresa, alegado

pelos engenheiros que essa redução deve-se ao controle

ambiental de R$ 3.000,00 como uma vantagem ambiental,

sendo assim como uma receita. O contador fez o seguinte

lançamento de ajuste:

D – Estoques de Matérias-Primas

C – Receitas com redução do consumo de matérias-primas.

6 BALANÇO SOCIAL

Em um balanço social pode se evidenciar o quanto a empresa está

investindo nos cuidados com o meio ambiente natural, na aquisição de

instalações e equipamentos de proteção ao meio ambiente, na eliminação de

desperdícios.

Segundo Carvalho:

[...] o balanço social deve ser elaborado e divulgado de forma a apresentar uma imagem da empresa que venha atrair tanto o

Page 59: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

consumidor quanto os investidores, o financiador, o acionista e o agente de seguro para negociação mais lucrativa para a empresa, uma vez que esta apresenta menor risco. (2000, p. 3)

O balanço é um instrumento de interesse voluntário da empresa,

possibilitando proteção da sociedade e do meio ambiente, e ainda, retornos

financeiros.

Com essas perspectivas dos empresários, não será necessário criar leis

que regulem e obriguem a elaboração do balanço social, devido ao interesse

das empresas que fazem gestão ambiental em elaborar e divulgar seus

balanços podendo ter retornos consideráveis, como uma valorização de suas

ações na bolsa de valores ou uma maior aceitação de seus produtos pelos

consumidores, devido à responsabilidade da empresa em relação ao meio

ambiente e à sociedade.

Nessa perspectiva não é necessário que se criem leis para obrigar os empresários a publicar seus balanços sociais uma vez que as próprias empresas podem sentir necessidade de elaborá-lo e divulgá-lo. As empresas que fazem gestão ambiental, elaboram e voluntariamente, publicam, esses relatórios podem auferir retornos substanciais sob a forma de valorização nas ações em bolsas de valores ou em forma de maior aceitação por parte dos consumidores e interessados em geral em função do uso de uma imagem de empresa respeitadora do meio e, portanto da sociedade. (CARVALHO, 2000, p. 4).

Carvalho (2000), nos trabalhos sobre balanço social publicados em

revistas especializadas e em teses de mestrado no Brasil, conceitua o balanço

social voltado apenas para aspectos relacionados à empresa X trabalhador,

deixando de lado os aspectos ambientais e seu relacionamento com o balanço

social, estando na pauta de discussões de todos os cientistas da comunidade

contábil.

Outro aspecto importante, que é útil para evidenciar como o balanço social pode gerar retornos econômicos para as entidades é o fato de que o capital financeiro migra mais facilmente de um país para outro e de uma empresa para a outra, [...]. Isto significa que haverá uma seleção natural daquelas empresas que melhor desempenho e imagem souber apresentar e explorar. (CARVALHO, 2000, p. 14-15).

Page 60: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

O Balanço Social também é útil na evidenciação dos retornos

econômicos que pode gerar para as organizações, sabendo-se que o capital

financeiro migra mais facilmente, devido ao mercado globalizado, significa que

irá ocorrer uma seleção natural das empresas que melhor souberem

apresentar e explorar seu desempenho e imagem.

Page 61: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com a pesquisa realizada, verifica-se que a preocupação e

preservação do meio ambiente é algo de extrema importância, pois coloca em

‘xeque’ a continuidade das organizações e, também, ficou demonstrado

teoricamente que a Contabilidade Ambiental torna-se relevante ferramenta para

as organizações interessadas e preocupadas com o meio ambiente e a

sociedade, pois, visam sua continuidade, sejam por suas atividades que

dependem da exploração dos recursos naturais ou pela sociedade e legislação,

pressionando-as para responsabilidade social e ambiental.

Com a implantação da contabilidade ambiental e sistema de gestão

ambiental as organizações darão um passo de extrema relevância as

informações contábeis, podendo assim, através dos relatórios demonstrar com

maior facilidade os eventos ambientais ocorridos.

O trabalho responde a pergunta formulada demonstrando que a

contabilidade ambiental e o sistema de gestão ambiental beneficiam tanto a

empresa, no fornecimento de relatórios contábeis utilizados no processo de

tomada de decisão, como a sociedade, pois contribuem no controle e

preservação do meio ambiente.

O assunto abordado é envolvente e atual, porém não se esgota aqui.

Outros aspectos poderão ser aprofundados em futuros trabalhos, tais como:

Auditoria Ambiental e a implantação e implementação do SGA.

Page 62: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

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Page 65: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

APÊNDICES

Page 66: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

APÊNDICE A

PROTOCOLO VERDE

A instituição do Grupo de Trabalho para a incorporação da variável ambiental na gestão e concessão de crédito oficial e benefícios fiscais decorre da preocupação do atual Governo em buscar mecanismos que evitem a utilização de créditos oficiais e benefícios fiscais em atividades que sejam prejudiciais ao meio ambiente.

Compõem o Grupo representantes do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, do Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária, do Ministério da Fazenda, do Ministério do Planejamento e Orçamento, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, do Banco Central do Brasil, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, do Banco do Brasil S.A, da Caixa Econômica Federal, do Banco do Nordeste do Brasil SA, e do Banco da Amazônia S.A.

Em consonância com o princípio constitucional de que cabe ao poder público e à coletividade defender e preservar o meio ambiente, a Lei 6938, de 31 de agosto de 1981, que institui a Política Nacional de Meio Ambiente, dispõe, em seu artigo 12, que "As entidades e órgãos de financiamento e incentivos governamentais condicionarão a aprovação de projetos habilitados a esses benefícios ao licenciamento, na forma da Lei, e ao cumprimento das normas, dos critérios e dos padrões expedidos pelo CONAMA". A Lei prevê, também, para aqueles que não cumprirem as determinações exigidas, a "perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito".

Desta forma, os recursos financeiros do Governo priorizarão projetos que apresentarem maiores características de auto-sustentabilidade e que acarretarem menores danos ao meio ambiente.

No cenário internacional, pode-se perceber uma tendência na gestão ambiental de uma gradual passagem do método tradicional de comando e controle para o da utilização de instrumentos econômicos. Pelo primeiro, o Governo estabelece regulamentações para o uso dos recursos ambientais e passa a fiscalizar o cumprimento da legislação, punindo eventuais infratores. Pela outra sistemática, os preços dos bens ambientais devem refletir, o mais corretamente possível, os valores que lhes sejam imputados pela sociedade, de forma que se possa cobrar adequadamente pelo uso desses bens, seja de forma direta quanto indireta, via taxas, subsídios, etc.

Uma combinação dos dois sistemas, comando e controle e instrumentos econômicos, é a melhor forma de se empreender as correções necessárias para que o mercado funcione ajustado do ponto de vista social e ambiental. Assim, o papel desempenhado pelo Estado na área ambiental não pode ser apenas o daquele que regulamenta e fiscaliza, mas sim o de um Estado que promova e garanta o desenvolvimento sustentável.

O Papel dos Bancos

As instituições financeiras oficiais possuem um papel fundamental no cumprimento da política ambiental, uma vez que podem atuar de forma preventiva, desde a análise inicial do projeto até a sua efetiva implementação.

A atividade do setor bancário pode complementar a ação que vem sendo adotada por empresas do setor produtivo que já se encontram utilizando práticas ambientalmente saudáveis, muitas vezes antecipando-se às próprias exigências e normas legais, em resposta ao aumento da conscientização da sociedade.

Page 67: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

Além da manutenção ou da instituição de exigências legais e da incorporação dos custos ambientais nas análises de projetos, os bancos podem promover a recuperação e proteção do meio ambiente, por meio de linhas de financiamento específicas.

As instituições financeiras representadas no Grupo já exigem o cumprimento do licenciamento ambiental para a concessão de créditos com recursos oficiais. Entretanto, o grau de participação no acompanhamento e nas recomendações decorrentes dos estudos de impacto ambiental é diferenciado. Pode-se notar, ainda, que, em geral, a observância da legislação ambiental é mais efetiva quando se trata de empreendimentos industriais, especialmente aqueles localizados em áreas urbanas ou que requeiram maior aporte de capital.

BNDES

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES vem incorporando a variável ambiental em seu processo de análise e alocação de créditos desde 1976. Na década de 80, a partir de um intercâmbio com o Banco Mundial, intensificou-se o envolvimento com a questão ambiental, por meio da criação de linhas de crédito específicas para o meio ambiente, tais como o apoio ao controle ambiental das empresas produtivas e, também, as que objetivavam o apoio à coleta, tratamento e disposição do lixo urbano e hospitalar.

O Departamento de Meio Ambiente e Estudos Macrossetoriais é o órgão interno que estabelece a estratégia de atuação do Banco na área ambiental. Na análise dos projetos apresentados ao BNDES, esse Departamento se utiliza de um sistema de classificação prévia dos projetos, segundo o grau de risco ambiental. Em financiamentos a projetos de controle do meio ambiente, o BNDES, desde 1986, já alocou mais de um bilhão de reais e se constitui na principal instituição nacional a apoiar tais projetos com créditos de longo prazo.

Nas operações indiretas, ou seja, no repasse de recursos da Agência de Financiamento de Máquinas e Equipamentos - FINAME, do BNDES-Automático e de outras linhas de crédito, os agentes financeiros devem requerer a documentação referente às exigências ambientais legais, avaliando, entre outros aspectos, se a utilização dos insumos é realizada de forma não predatória.

Banco do Brasil

No Banco do Brasil, caracterizado como um banco de múltiplas funções, agindo como banco comercial (crédito geral), banco setorial (crédito rural) e banco de desenvolvimento (gestor do Fundo Constitucional para a Região Centro-Oeste), a variável ambiental é tratada em diversas normas e recomendações.

Em financiamentos industriais, o licenciamento ambiental é exigido e, para o financiamento da comercialização da pesca, madeira, borracha e outros produtos extrativos, as normas internas se tornam ainda mais rigorosas. Por exemplo, o Banco não financia serrarias que utilizem madeiras oriundas de floresta nativa. Com relação ao crédito rural, o Banco do Brasil possui convênios com empresas de assistência técnica, que se comprometem a recomendar tecnologias de produção exeqüíveis, dotadas de práticas conservacionistas adequadas à defesa do solo e do meio ambiente, consoante a legislação ambiental em vigor.

Com relação aos recursos do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO), principal fonte de recursos internos para operações incentivadas de longo prazo, geridas pelo Banco do Brasil, é exigido, na apresentação dos projetos, o cumprimento da legislação ambiental, especialmente naqueles relativos ao controle e preservação do meio ambiente e equilíbrio ecológico. Em projetos de reforma agrária, é incluída a cláusula contratual de comprometimento do devedor em conservar o meio ambiente, obedecendo a critérios técnicos e legais de preservação das matas ciliares, encostas e topos de morro, de conservação do solo e água, da utilização do manejo integrado de pragas, de proteção dos mananciais, de proteção da fauna e da flora e outras considerações de conservação ambiental indicadas na Constituição Federal e nas

Page 68: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

Constituições Estaduais. Isto também é válido para o Programa Especial de Crédito para a Reforma Agrária - PROCERA.

BASA e BNB

O Banco da Amazônia S.A. - BASA, gestor dos recursos do Fundo Constitucional do Norte - FNO, orienta sua ação de fomento segundo o Plano de Desenvolvimento da Amazônia - PDA, que contém políticas e programas cujas diretrizes são norteadas para a preservação do meio ambiente e o uso racional dos recursos naturais. Dessa forma, e cumprindo a legislação ambiental, o BASA, nos financiamentos do setor rural, exige a observância da preservação, como reservas florestais, de 50% da área de floresta amazônica e de 20% da área de cerrado com as respectivas averbações em cartório, certificados de regularidade e certidão negativa junto ao IBAMA, além de outras licenças previstas em lei.

O BASA dispõe, ainda, ao abrigo do FNO, do Programa de Apoio à Sustentação e Preservação do Meio Ambiente - PROSUMAN e do Programa de Desenvolvimento do Turismo Ecológico - PRODETUR, que são os principais instrumentos voltados para as questões ambientais. Além disso, no âmbito do FNO, existem linhas de crédito industrial para processamento e reciclagem de resíduos sólidos. Na área de indústria madeireira, só financia serrarias que desenvolvam projetos de manejo florestal, de reflorestamento, ou cuja linha de produção seja verticalizada.

O Banco do Nordeste do Brasil S.A. - BNB, gestor dos recursos do Fundo Constitucional do Nordeste - FNE, além das exigências legais e normativas semelhantes às dos demais bancos mencionados, está instituindo um grupo de trabalho interdisciplinar, com vistas a desenvolver ações mais eficazes com relação ao meio ambiente, utilizando sistemas de classificação e análise semelhantes aos do BNDES.

Na área de crédito rural, o BNB mantém convênios com empresas de assistência técnica e possui em seus quadros o cargo de Técnico Agrícola, que tem como função recomendar modos de produção que observem práticas conservacionistas. Além disso, o Programa de Difusão Tecnológica - DITEC, que utiliza recursos do FNE, financia profissionais de ciências agrárias, para aquisição e manejo de propriedades rurais, exigindo que os referidos profissionais prestem serviços de assistência técnica e difusão tecnológica.

Caixa Econômica Federal

A Caixa Econômica Federal possui múltiplas funções, caracterizando-se como banco comercial e banco de fomento à habitação popular, ao desenvolvimento urbano e ao saneamento básico, gerindo vários fundos. Exige, a exemplo dos demais bancos representados, o licenciamento ambiental pelas autoridades competentes. Em particular, a variável ambiental tem obtido destaque nas operações de saneamento básico com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS e de empréstimos externos junto ao Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento, requerendo o estudo dos impactos ambientais para a macrodrenagem, abastecimento de água, esgotamento sanitário, afastamento de resíduos sólidos e obras de infra-estrutura urbana e habitação.

A Oferta de Recursos

No tocante à oferta de recursos, há uma disputa muito acentuada por fontes de longo prazo compatíveis com as características dos projetos ambientais que, por sua essência, requerem maiores prazos de maturação. Nesse sentido, a estabilização da economia pode ser excepcionalmente benéfica no tratamento ambiental, uma vez que permite maiores horizontes de planejamento. Considerando que os principais recursos financeiros para a área ambiental provêm do setor público e de fontes externas, a estabilização contribui, também, para uma maior transparência desses orçamentos. Em termos de recursos públicos, desempenham papel fundamental os Fundos Constitucionais regionais, o Fundo de Amparo ao Trabalhador e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, entre outros, que direta ou indiretamente alocam linhas de financiamento para a atividade ambiental.

Page 69: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

Outra importante fonte de captação de recursos para a área ambiental é a utilização de incentivos fiscais existentes, tanto setoriais quanto regionais. O Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - PDCT, do Ministério da Ciência e Tecnologia, por exemplo, tem um potencial a ser explorado por aqueles que desejem investir em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias mais limpas ou mais eficientes.

É fundamental, também, que a incorporação da variável ambiental não fique restrita ao crédito oficial ou aos benefícios fiscais. Este Grupo de Trabalho entende que é importante a ampliação do processo a todas as instituições financeiras, públicas ou privadas.

Por outro lado, a ausência de uma maior articulação entre as instituições financeiras e os órgãos de meio ambiente dificulta a identificação de critérios para priorizar projetos de menor custo ambiental e impede a sintonia necessária entre os cronogramas de análise e desembolso dos financiamentos e os prazos mínimos necessários para a concessão das licenças ambientais.

Recomendações

(a) Para as instituições financeiras que compõem o Grupo:

1.Explicitar seu compromisso com a variável ambiental, por intermédio de uma Carta de Princípios (anexo 1), que serviria tanto como guia interno para suas operações, como de estímulo aos clientes sobre a relevância do meio ambiente na elaboração e gestão de projetos. Esta atitude tem sido tomada por vários bancos públicos e privados em todo o mundo, ao aderirem à Declaração Internacional dos Bancos para o Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, patrocinada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

2.Constituir unidades ou grupos de técnicos que se dediquem especialmente para identificar a relação entre meio ambiente e as atividades econômicas, atuando internamente para a promoção e coordenação de atividades estratégicas quanto ao tema e participando de atividades externas com outras instituições. Tal providência é necessária para a plena incorporação da variável ambiental nas estruturas das instituições financeiras federais e executar os compromissos firmados pela diretoria na Carta de Princípios. As instituições financeiras poderão buscar apoio para o treinamento dessas unidades junto a fontes internacionais ou nacionais privadas.

3.Promover a difusão de conhecimentos sobre o meio ambiente para os empregados, por intermédio de treinamento, intercâmbio de experiências, elaboração e análise de projetos ambientais etc. Seria também desejável a utilização da rede de agências para complementar iniciativas de educação ambiental.

4.Adotar sistemas internos de classificação de projetos, que levem em conta o impacto sobre o meio ambiente e suas implicações em termos de risco de crédito. Este procedimento facilitará a análise dos projetos nas diversas áreas operacionais dos bancos e permitirá priorizar propostas que utilizarem técnicas e procedimentos ambientalmente sustentáveis.

5.Identificar mecanismos de diferenciação nas operações de financiamento, em termos de prazos e taxas de juros, com base na mensuração dos custos decorrentes de passivos e riscos ambientais.

6.Promover a criação de linhas de financiamento para as atividades de reciclagem, recuperação de resíduos e recuperação das áreas de disposição.

(b) Para o Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal:

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1.Propor ao Ministério da Fazenda a submissão de voto ao Conselho Monetário Nacional contendo proposta de norma que estabeleça obrigatoriedade para as instituições financeiras do país, no financiamento de projetos que apresentem risco ambiental, exigirem dos tomadores de créditos o cumprimento da legislação ambiental.

2.Propor ao Presidente do Banco Central que representantes do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal participem do monitoramento da exigência do Manual de Crédito Rural e Industrial de observância da variável ambiental na concessão de crédito.

3.Propor ao Ministério do Planejamento e Orçamento o estabelecimento de mecanismos para que as aplicações de recursos bilaterais, multilaterais e públicos de origem nacional destinados à recuperação, preservação e melhoria do meio ambiente, fiquem a salvo de restrições de controle monetário de natureza conjuntural.

4.Propor aos conselhos gestores dos diferentes fundos constitucionais, regionais e setoriais uma melhor identificação dos recursos aplicados no meio ambiente, além da criação de programas específicos objetivando a proteção, conservação e melhoria ambiental.

5.Articular, juntamente com o Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária e demais órgãos responsáveis, uma política de financiamento das atividades que envolvam a exploração de recursos naturais renováveis (atividades pesqueiras, florestais e de extrativismo vegetal e animal), de forma a levar em conta os limites impostos pelos ecossistemas, com vistas a impedir a superexploração e o desperdício freqüentemente encontrados nesses setores.

6.Desenvolver uma política de incentivo às atividades de reciclagem, recuperação de resíduos e recuperação das áreas de disposição.

7.Incluir no Cadastro de Informativo de Créditos Não Quitados do Setor Público Federal (CADIN), os responsáveis por obrigações pecuniárias referentes a meio ambiente, segundo as determinações da Medida Provisória 1.110, de 30 de agosto de 1995. O acesso das instituições financeiras oficiais a estas informações impedirá que os inadimplentes realizem operações com linhas oficiais de crédito até a regularização de suas pendências.

8.Propor ao Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária / Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA e ao Ministério da Fazenda a compatibilização da Lei 8 629, de 25 de fevereiro de 1993, (que dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária), da Lei 8847, de 28 de setembro de 1994, (que dispõe sobre o Imposto sobre Propriedade Territorial Rural - ITR), e do Decreto 1.282, de 19 de outubro de 1994 (que dispõe sobre a exploração das florestas na Amazônia).

9.Propor ao Ministério da Ciência e Tecnologia ação conjunta para difundir os mecanismos do Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico para a pesquisa de novas tecnologias e procedimentos mais limpas e mais eficientes.

10.Propor a criação de comissão permanente, com a mesma composição deste Grupo de Trabalho, com o objetivo de:

a) acompanhar e apoiar a incorporação da variável ambiental nas instituições financeiras, convidando, eventualmente, a participação das demais agências federais (FINEP, SUDENE, SUDAM, Secretaria de Política Urbana, etc.) e representantes de instituições financeiras estaduais e privadas, para o aperfeiçoamento da gestão do crédito em relação ao meio ambiente;

b) acompanhar a consolidação das normas legais e de gestão sobre o meio ambiente para uso das instituições financeiras;

Page 71: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

c) promover iniciativas junto aos órgãos federais responsáveis para compatibilizar legislações conflitantes intra e extra-ambientais;

d) buscar o aumento dos recursos para projetos ambientais e de desenvolvimento sustentável, ampliando o acesso dos clientes das instituições financeiras federais a fundos nacionais e internacionais, e, em conjunto com a autoridade monetária, promover a criação de mecanismos de captação de recursos em mercado que possam ser direcionados para iniciativas de recuperação e preservação do meio ambiente;

e) incrementar o relacionamento dos agentes financeiros com os órgãos componentes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, para identificar formas de colaboração e cooperação para a integração desses órgãos, em particular frente à demanda adicional que poderá decorrer da incorporação da variável ambiental pelas instituições financeiras;

f) promover a colaboração dos agentes financeiros na implementação por parte das empresas brasileiras de princípios de gestão ambiental, que vierem a ser estabelecidos, como na ISO-14 000;

g) promover estudos para o desenvolvimento de um sistema de seguro ambiental para a prevenção de sinistros que causem problemas ambientais em atividades financiadas;

h) promover estudos para identificar formas de incrementar os recursos destinados ao investimento rural. Atualmente a carência de recursos determina que esses sejam direcionados para o custeio, inviabilizando inversões em conservação e recuperação dos recursos naturais necessárias para a sustentabilidade da atividade rural;

i) promover estudos para aumentar a oferta de recursos de fundos geridos pela Caixa Econômica Federal ou de outras fontes destinados ao saneamento básico, à recuperação de unidades habitacionais e à revitalização de áreas urbanas, evitando novas pressões sobre o meio ambiente.

Anexo 1

CARTA DE PRINCÍPIOS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Os bancos abaixo assinados reconhecem que podem cumprir um papel indispensável na busca de um desenvolvimento sustentável que pressuponha uma contínua melhoria no bem estar da sociedade e da qualidade do meio ambiente. Para tanto, propõem-se a empreender políticas e práticas bancárias que estejam sempre e cada vez mais em harmonia com o objetivo de promover um desenvolvimento que não comprometa as necessidades das gerações futuras.

Princípios Gerais do Desenvolvimento Sustentável:

1.A proteção ambiental é um dever de todos que desejam melhorar a qualidade de vida no planeta e extrapola qualquer tentativa de enquadramento espaço-temporal.

2.Um setor financeiro dinâmico e versátil é fundamental para o desenvolvimento sustentável.

3.O setor bancário deve privilegiar de forma crescente o financiamento de projetos que não sejam agressivos ao meio ambiente ou que apresentem características de sustentabilidade.

4.Os riscos ambientais devem ser considerados nas análises e nas condições de financiamento.

Page 72: Monográfia Contabilidade Ambiental - pós-graduação

5.A gestão ambiental requer a adoção de práticas que antecipem e previnam degradações do meio ambiente.

6.A participação dos clientes é imprescindível na condução da política ambiental dos bancos.

7.As leis e regulamentações ambientais devem ser aplicadas e exigidas, cabendo aos bancos participar da sua divulgação.

8.A execução da política ambiental nos bancos requer a criação e treinamento de equipes específicas dentro dos seus quadros.

9.A eliminação de desperdícios, a eficiência energética e o uso de materiais reciclados são práticas que devem ser estimuladas em todos os níveis operacionais.

10.Os princípios aqui assumidos devem constituir compromisso de todas as instituições financeiras.

Assinam, Banco do Brasil S.A. Caixa Econômica Federal Banco do Nordeste do Brasil S. A Banco da Amazônia S.A Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

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APÊNDICE B

RAZONETES EM T

Despesas de Treinamento Ambiental Bancos c/ Mov. – Banco X Capital (05) 3.000 (2) 18.000 3.000 (05) 20.000 (2) (13) 5.000 (12) 100.000 100.000 (12) 5.000 (13) 1.000 (18) 5.000 (30)

Livros Técnicos Despesas c/ Refeições Ambientais Caixa Ambientais (5) 500 (2) 2.000 500 (6) (10) 200 200 (10)

500 (19)

Fornecedores de Equipamentos Ambientais Equipamentos Ambientais Materiais Ambientais (11) 15.000 15.000 (11) (11) 1.500 15.000 (11) (11) 1.500 (11) 25.000 25.000 (11) (18) 3.000 (11) 150.000 150.000 (11) (11) 80.000 80.000 (11) (12) 100.000 Fornecedores de Insumos Empréstimos e Despesas de Licenças Ambientais Financiamentos Ambientais Ambientais (11) 1.500 100.000 (12) (18) 1.000 (13) 3.000 (19) 500 Despesas de Salários Ambientais (30) 5.000