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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Ana Claudia Adamante Batista A PERSPECTIVA DO USO DOS RELATORIOS DE SUSTENTABILIDADE COMO FERRAMENTA DA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL CURITIBA 2012

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Ana Claudia Adamante Batista

A PERSPECTIVA DO USO DOS RELATORIOS DE

SUSTENTABILIDADE COMO FERRAMENTA DA COMUNICAÇÃO

ORGANIZACIONAL

CURITIBA

2012

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A PERSPECTIVA DO USO DOS RELATORIOS DE

SUSTENTABILIDADE COMO FERRAMENTA DA COMUNICAÇÃO

ORGANIZACIONAL

CURITIBA

2012

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Ana Claudia Adamante Batista

A PERSPECTIVA DO USO DOS RELATORIOS DE

SUSTENTABILIDADE COMO FERRAMENTA DA COMUNICAÇÃO

ORGANIZACIONAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de MBA em Gestão da Comunicação Pública e Empresarial da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de especialista. Orientadora Ana Maria Melech

Curitiba

2012

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RESUMO O desenvolvimento sustentável assume um importante papel nas organizações diante do impacto que suas operações, serviços e atividades têm no planeta, nas pessoas e na economia. Os relatórios de sustentabilidade visam essencialmente a transparência destas ações e a prestação de contas às várias partes interessadas sobre o desempenho das empresas, no que se refere à suas iniciativas de cunho sustentável. Desta forma o objetivo desta monografia é refletir sobre a perspectiva do uso dos relatórios de sustentabilidade como ferramenta comunicacional. Para tanto, foi utilizado como fonte de análise o Relatório de Sustentabilidade O Boticário 2010, que utiliza as diretrizes da Global Reporting Initiative em sua publicação. É relevante o estudo à medida que situa novas perspectivas para o fortalecimento da imagem coorporativa por meio da comunicação dos relatórios de sustentabilidade. Palavras-chave: Relatório de sustentabilidade; comunicação organizacional; comunicação da sustentabilidade

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 5

2 SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ................................ 6

2.1 SUSTENTABILIDADE NAS ORGANIZAÇÕES E O TRIPLE BOTTOM LINE ............ 10

3 A RELEVÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NO PROCESSO DA GESTÃO

ORGANIZACIONAL ................................................................................................... 11

4 COMUNICANDO PARA OS STAKEHOLDERS ........................................................ 13

4.1 RELATORIO DE SUSTENTABILIDADE ................................................................. 15

4.1.1 Níveis de classificação GRI ................................................................................ 17

5 GRUPO BOTICÁRIO ............................................................................................... 18

5.1 GRUPO O BOTICÁRIO E SUSTENTABILIDADE .................................................... 19

5.2 ANALISE DO RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE - O BOTICÁRIO 2010 ........... 23

5.2.1 Fortalecimento da marca O Boticário, para diferentes stakeholders, por meio do

Relatório de Sustentabilidade ..................................................................................... 24

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 28

REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 31

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1 INTRODUÇÃO

Desde a Revolução Industrial, datada em meados do século XVIII, nos

habituamos a um modelo de produção em larga escala, onde máquinas superam o

rendimento que o trabalho humano é capaz de realizar. As regras do capitalismo

foram padronizadas a tal ponto que ideais de consumo se intensificaram e a

constante busca pelo progresso se tornou a fonte propulsora das grandes nações.

Contudo, este processo que elevou o crescimento das cidades e das fábricas,

também elevou a intensa exploração dos recursos naturais.

O sistema capitalista que prevê a satisfação das necessidades pessoais, com

a produção de alimentos e bens de consumo, também acarreta numa elevada

produção de lixo e resíduos poluentes, que são retornados a mesma fonte produtiva

de matéria-prima: o meio ambiente. Outro resultado deste sistema é a desigualdade

social, onde uma significativa faixa da população mundial padece com a pobreza,

fome e exclusão.

Esse quadro, apontados por Severo, Delgado e Pedrozo (2006), resultou num

processo de desenvolvimento econômico sem preocupação com os recursos

naturais e com a qualidade de vida das pessoas. E o impacto deste descaso, passa

a ser sentido por todas as pessoas nas mudanças climáticas, extinção de espécies,

aquecimento global etc.

Com isso, as últimas décadas foram decisivas por parte de organizações,

governos e sociedade, em investimentos e pesquisas sobre os resultados da

atividade humana no equilíbrio natural do planeta e quais as possíveis

consequências desses atos para a própria humanidade. A Conferência de

Estocolmo, em 1972, o Relatório de Brundtland em 1988, a Rio-92 e a Agenda 21,

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que serão retomados adiante, são marcos importantes para este processo de

conscientização da finitude dos recursos naturais.

E se por um lado busca por um desenvolvimento sustentável parece ser uma

obrigação dos órgãos governamentais, o setor privado assume um papel relevante

neste âmbito que tem no seu dia-a-dia uma grande responsabilidade diante dos

impactos gerados ao meio ambiente. Como afirma Safatle (2006), que sem a

participação dos recursos de ordem privada, é impossível a aplicação da

sustentabilidade na utilização da biodiversidade, o que impede o reabastecimento do

processo produtivo, causando, assim, uma estagnação no sistema.

Dessa maneira, nota-se a necessidade de uma cultura de consumo

responsável. E, é neste âmbito que a comunicação pode ter um papel importante a

desempenhar no processo de conscientização e de mobilização social para a

sustentabilidade, de forma que toda a sociedade contribua para o comprometimento

de ações ecologicamente viáveis e corretas.

2 SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Para Aktouf (2004) a significativa e crescente desigualdade vista em termos

de distribuição de renda entre as populações dos países do norte e países do sul, é

resultado de um pensamento econômico dominante que prega o enriquecimento

infinito, num mercado autorregulador. No mesmo ritmo crescente, uma crise

ambiental, que já era evidente em 1960, só veio a se agravar ao passar das

décadas, em função de uma série de desequilíbrios, passando a constituir fator de

maior preocupação dos Estados e comunidade científica, o que impulsionou a busca

de novas soluções para esta problemática de ordem mundial.

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A Conferência de Estocolmo, realizada em 1972, em Estocolmo, na Suécia,

foi a primeira reunião, com dirigentes globais, voltada para o meio ambiente, sendo

um marco na história política internacional para as questões ambientais. Foi,

portanto, a primeira tentativa de aproximação entre os direitos humanos e o meio

ambiente, integrando as discussões e agendas políticas de todas as nações

voltadas para a qualidade e sobrevivência da vida humana.

Outro momento importante neste debate foi o Relatório Brundtland ou

documento Our Common Future (Nosso Futuro Comum), de 1987, que trouxe um

novo conceito sobre o desenvolvimento, definindo-o como o processo que “satisfaz

as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras

de suprir suas próprias necessidades”. É a partir daí que o conceito de

desenvolvimento sustentável é estabelecido.

Posteriormente, a Agenda 21 foi um programa de ação amplamente discutido

e negociado durante os dois anos que precederam a Conferência das Nações

Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento - a Rio 92, realizada em junho de

1992 no Rio de Janeiro. Embora não tenha força legal para sua implementação, a

Agenda 21 contém um roteiro detalhado de ações concretas a serem executadas

pelos governos, agências das Nações Unidas e setores independentes, para iniciar

o processo de transição na direção do desenvolvimento sustentável.

Além da Agenda 21, outro importante documento escrito na Rio 92, com uma

significativa participação de organizações não governamentais e representantes da

sociedade civil foi “A Carta da Terra”. O documento aborda importantes

direcionamentos sobre a atual situação do meio ambiente, sendo retificada pela

UNESCO e aprovada pela ONU em 2002:

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Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações [...]. (A CARTA..., 2002).

Ainda em 2002, dez anos após a Declaração Rio 92, foi convocada uma

conferência de acompanhamento, titulada: “Convenção Mundial sobre o

Desenvolvimento Sustentável”, em Johanesburgo, na África do Sul; para renovar o

compromisso com a sustentabilidade. A conferência definiu o Plano de

Implementação de Johannesburgo. Reafirmando:

Trinta anos atrás, em Estocolmo, concordamos na necessidade urgente de reagir ao problema da deterioração ambiental. Dez anos atrás, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, concordamos em que a proteção do meio ambiente e o desenvolvimento social e econômico são fundamentais para o desenvolvimento sustentável, com base nos Princípios do Rio. Para alcançar tal desenvolvimento, adotamos o programa global Agenda 21 e a Declaração do Rio, aos quais reafirmamos nosso compromisso. A Cúpula do Rio foi um marco significativo, que estabeleceu uma nova agenda para o desenvolvimento sustentável. (DECLARAÇÃO..., item 8, 2002).

No dia 24 de dezembro de 2009 a Assembleia Geral da ONU adotou uma

resolução concordando em realizar a Conferência das Nações Unidas sobre

Desenvolvimento Sustentável em 2012 – também referida como “Rio+20” ou “Rio

20”. A Conferência possui três objetivos: garantir a renovação do compromisso

político com o desenvolvimento sustentável, avaliar as lacunas de progresso e de

execução no cumprimento dos compromissos já assumidos e abordar desafios

novos e emergentes. Os Estados-Membros acordaram sobre os dois seguintes

temas para a Conferência: economia verde dentro do contexto do desenvolvimento

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sustentável e erradicação de pobreza, e estrutura institucional para o

desenvolvimento sustentável.

Visto que os debates a cerca das questões ambientais, no Brasil e no mundo,

passaram a se intensificar no decorrer da década de 1960, nota-se que o

crescimento econômico desenfreado, despreocupado com as propostas sociais e

ambientais é insuportável, sendo preciso criar uma estrutura para supri-lo, como

identifica Fernando Almeida,

A sustentabilidade exige uma postura preventiva, que identifique tudo que um empreendimento pode causar de positivo - para ser maximizado - e de negativo - para ser minimizado. Os avanços tecnológicos que o homem foi capaz de obter tornaram cada vez mais curto o tempo para que um impacto sobre o meio ambiente e sobre a sociedade seja plenamente sentido. Desmatar uma floresta, assorear um rio, poluir uma baía, contaminar a atmosfera de uma cidade custa hoje infinitamente menos tempo do que há um século. A reparação, porém, nem sempre pode ser acelerada. Além disso, alguns processos de degradação atingem tais níveis que não são mais passíveis de recuperação. (2002, p. 76).

Neste contexto, o conceito de “desenvolvimento sustentável” surge como um

termo que expressa os anseios coletivos por um mundo que supra as necessidades

de seus habitantes, bem como garanta as oportunidades das futuras gerações.

Considerando que esta é uma mudança no modo de pensar, que altera o

modo de vida de toda uma população, não é esperado uma resposta singular a

todos os indivíduos, como afirma Canepa (2007) “o desenvolvimento sustentável

caracteriza-se, portanto, não como um estado fixo de harmonia, mas sim como um

processo de mudanças, no qual se compatibiliza a exploração de recursos(...)”.

Portanto, o desenvolvimento sustentável é um processo de aprendizagem

social de longo prazo, direcionado por políticas públicas pertinentes, bem como por

mudanças de atitudes independentes.

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2.1 SUSTENTABILIDADE NAS ORGANIZAÇÕES E O TRIPLE BOTTOM LINE

Criado pelo sociólogo e consultor britânico John Elkington, fundador da ONG

Sustainability, o conceito Triple Bottom Line, em português descrito como Tripé da

Sustentabilidade, prevê que para ser sustentável uma organização deve atender a

três áreas: econômica, social e ambiental. Partindo desta proposta, a prática da

sustentabilidade deve promover a geração de riquezas, preservando o meio

ambiente e preocupando-se com a sociedade que interage junto a ela.

Neste sentido a sustentabilidade empresarial, é uma maneira das empresas

guiarem sua forma de gestão e produção, para que haja o mínimo de impacto

negativo ao meio ambiente e o máximo de contribuições nos aspectos sociais, como

ilustra a figura a seguir:

Ilustração 1: Modelo de aplicação da Sustentabilidade Empresarial Fonte: (Coral, 2002, p.129)

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O tripé sugere, portanto, que os resultados econômicos obtidos estejam

lineares com os resultados sociais e ambientais.

Até a década de 1970 a busca maior de uma organização era o lucro, o que

se acreditava ser a base de sustentação para a manutenção da empresa. No

entanto, o descaso com o meio ambiente e aspectos sociais que envolviam, tanto

clientes internos como externos, trouxe sérios problemas, como a falta de matéria-

prima e mão de obra para a produção, acarretando assim, na perda de

consumidores e competitividade no mercado.

Esta nova estrutura, proposta por Elkington, não anula a busca empresarial

por bons rendimentos financeiros, mas considera significativamente o impacto das

relações sociais no meio produtivo, criando uma nova denominação, conhecida

como: capital social. Neste modelo, a sustentabilidade passa a ser um elo entre

organizações e consumidores, numa relação que prima pela transparência e

reciprocidade.

3 A RELEVÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NO PROCESSO DA GESTÃO ORGANIZACIONAL

A comunicação empresarial esclarece junto ao público interno os valores,

missão e visão da empresa, além de aumentar a visibilidade externa da organização

na divulgação de seus produtos e serviços, como afirma Bahia (1995),

“resumidamente, comunicação empresarial é o processo – conjunto de métodos,

técnicas, recursos, meios etc. – pelo qual a empresa se dirige ao público interno

(seus funcionários) e ao público externo (seus consumidores)”.

Após a Segunda Guerra Mundial, fez-se necessário o desenvolvimento de

novos conceitos sobre o modo de pensar e agir dos gestores, onde o produto ou

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serviço comercializado teve de se adaptar as necessidades e expectativas dos

clientes e do mercado. Hoje os consumidores exigem que as empresas identifiquem

e atendam as suas necessidades e expectativas por meio das especificidades do

produto ou serviço que ofertam, e a forma como a empresa vai identifica-las faz

parte das estratégias de comunicação de cada organização.

Percebe-se, portanto, que num processo de desenvolvimento tecnológico,

consumado no atual cenário globalizado em que as empresas estão instaladas, a

informação é uma ferramenta de gestão empresarial de extrema importância. Isso se

aplica tanto à comunicação interna, como às ações de fortalecimento da imagem

institucional, perante as diversas mídias, governo, sociedade etc.

Ainda segundo Bahia (1995), o processo de comunicação, tanto interno como

externo, deve respeitar o retorno dos seus receptores, ou seja, o feedback,

considerando tanto as avaliações positivas quanto negativas. De acordo com o

autor, é por meio deste processo que os gestores estarão aptos a tomar decisões

mais assertivas:

Essa convergência que se observa no interior da empresa – a anotação e a especial atenção às sugestões, queixas ou opiniões internas e externas – influi para fortalecer decisões e é fundamental para reciclar, vitalizar objetivos de melhoria de produtos ou de serviços. Um sistema efetivo de comunicação empresarial – e não de simples divulgação de comunicados para efeitos interno e externo – deve consubstanciar contatos diretos com os empregados e com o universo de consumidores, fornecedores, acionistas, clientes etc., seja um público especifico, seja um público restrito como o governo. (Bahia, 1995).

Com a reciprocidade de informações a empresa poderá compreender se está

sendo corretamente entendida pelos seus diversos públicos.

De acordo com Vieira (2004), só a incorporação da comunicação no processo

de gestão permite uma real avaliação sobre a reação da comunidade interna e

externa da organização, quanto à politica e atividades desenvolvidas. O autor

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também afirma que a única forma de garantir esta interatividade entre empresa e

público, numa via de mão dupla, é o compromisso com a veracidade das

informações:

Se o sistema de comunicação estabelecido pela organização tiver por finalidade apenas agir ‘retoricamente’ sobre a opinião pública, para persuadi-la e conquistar seu apoio, não se estabelecerá a verdadeira comunicação na construção de atitudes dialógicas apoiadas numa linguagem de relato veraz. A retórica, instrumento de poder, pode ser usada de forma positiva ou não. Se o convencimento estiver baseado em fatos verídicos, será benéfico, pois terá vencido a razão. Se, ao contrário, partir de argumentos falsos, consistirá num sofisma. (2004, p.32)

Vieira (2004) enfatiza que os clientes estão cada vez mais cientes das

reponsabilidades dos produtores e/ou prestadores de serviços, portanto, estão mais

exigentes e atentos as mudanças do mercado. Desta forma, é imprescindível um

planejamento comunicacional, que garanta a informação certa, para o público certo

e no momento certo. Trata-se, portanto, de um processo de gestão que identifique,

conheça e considere os interesses dos clientes da organização.

4 COMUNICANDO PARA OS STAKEHOLDERS

O termo inglês ‘stakeholders’, significa em seu sentido literal e traduzido:

partes interessadas. Contudo no meio corporativo, sua aplicação compreende a

forma com que a organização influencia e é influenciada no ambiente interno ou

externo. Trata-se, portanto de um grupo de indivíduos identificáveis, que de alguma

forma interagem com a realização dos objetivos e projetos organizacionais. De

acordo com Zeppelini (2012), a identificação dos stakeholders deve atender às

seguintes questões: “A quem você atinge com a comunicação de sua instituição? A

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quem se consegue influenciar? Quem tem interesse direto ou indireto nas ações de

sua organização?”.

Os stakeholders podem variar, respeitando o ramo de atuação de cada

empresa, porém Zeppelini (2012) elenca alguns grupos que podem ser relacionados:

Beneficiários diretos e seus familiares, beneficiários indiretos, colegas dos

beneficiários e de seus familiares, população da região em que a instituição atua,

colaboradores e doadores, funcionários, diretoria, voluntários e conselheiros,

empresas da região, empresas parceiras e seus funcionários, fornecedores e seus

funcionários, governo (nas três esferas) e órgãos públicos, outras organizações civis

etc.

Os stakeholders são a chave de sobrevivência da organização, uma vez que

são eles os responsáveis pela compra de produtos e/ou serviços ofertados, além de

direcionarem o posicionamento da empresa dando sugestões para novos produtos e

melhorias como destaca Almeida,

A empresa que quer ser sustentável inclui entre seus objetivos o cuidado com o meio ambiente, com o bem-estar do stakeholder e com a constante melhoria da sua própria reputação. Seus procedimentos levam em conta os custos futuros e não apenas os custos presentes, o que estimula a busca constante de ganhos de eficiência e o investimento em inovação tecnológica e de gestão. (2002, p. 35).

Neste contexto, a comunicação com os stakeholders é fundamental para

identificar de que forma a organização interage com o meio em que está inserida,

podendo assim, direcionar suas ações para atingir seus objetivos com mais foco e

precisão.

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4.1 RELATORIO DE SUSTENTABILIDADE

Os Relatórios de Sustentabilidade são publicações de divulgação voluntária,

onde são apresentadas de forma consolidada as ações de desempenho de uma

organização referente a um período determinado. Segundo o Guia de Comunicação

e Sustentabilidade (2010): “Espera-se que os relatórios contenham tanto as

informações positivas quanto negativas. A transparência deve ser a mais forte marca

de um relatório de sustentabilidade”.

O guia ainda aponta que existem várias estruturas de relatórios de

sustentabilidade, sendo o GRI – Global Reporting Initiative1 o modelo mais crescente

na escolha das organizações relatoras.

De acordo com uma pesquisa realizada em 2010, pela empresa SustainAbility

em parceria com a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, os

eventos globais que abalaram o sistema financeiro na primeira década do século 21,

contribuíram para que as organizações buscassem uma reestruturação mais justa e

transparente no campo da sustentabilidade, o que fez crescer o número de

divulgação dos relatórios. Segundo dados apontados pela pesquisa, até 2009 foram

3.767 relatórios publicados no mundo, sendo que a atuação do Brasil contava com

uma representatividade de 3,5%, como aponta o gráfico a seguir:

1 A Global Reporting Inititive (GRI) é uma organização não governamental internacional, com sede em

Amsterdã, na Holanda, cuja missão é desenvolver e disseminar globalmente diretrizes para elaboração de relatórios de sustentabilidade. Fonte: Instituto Ethos.

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Fonte: Rumo a Credibilidade 2010, pág. 11.

A pesquisa ainda sugere um crescente ‘entusiasmo’ no Brasil para publicar

relatórios. Sendo este fato, resultado do impulso econômico gerado no país

decorrente do uso de tecnologias verdes, como biocombustíveis, por exemplo.

Vale destacar que a comunicação da sustentabilidade, por meio dos relatórios

ou demais formas de divulgação, deve respeitar o interlocutor, repassando

informações que agregam valor à marca da organização, mas que possam ser

devidamente comprovados, evitando a prática do greenwashing2, apontado no Guia

de Comunicação e Sustentabilidade como:

“(...) apropriação indevida dos valores ambientais por empresa, indústrias, governos, políticos ou mesmo organizações não governamentais, com a finalidade de criar uma imagem positiva, vender um produto ou uma politica, ou para tentar recuperar a posição diante do público e de legisladores, após ter sido envolvido em uma polêmica” (2010, p. 36).

Desta forma a publicação do relatório de sustentabilidade poder ser a uma

alternativa para evitar a prática do greenwashing, uma vez que são apresentados

2 Termo em inglês usado para a descrição da prática indevida do marketing verde.

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indicadores de desempenho, que possibilitam os stakeholders acompanhar o

processo evolutivo da empresa sobre as questões que tratam da sustentabilidade. É

neste conceito que atua o GRI, apresentando indicadores que contribuam para a

comunicação transparente das ações abordadas:

As diretrizes para elaboração de relatórios de sustentabilidade da GRI consistem de princípios para a definição do conteúdo do relatório e a garantia da qualidade das informações relatadas. Incluem também o conteúdo do relatório, composto de indicadores de desempenho e outros itens de divulgação, além de orientações sobre temas técnicos específicos relativos à elaboração do relatório. (2006, p. 3).

Obedecendo a esta estrutura o relatório deve conter três categorias, sendo:

Perfil, onde são relatadas estratégias e práticas de governança; Forma de gestão,

contendo como a organização aborda determinados temas em áreas específicas; e

Indicadores de desempenho, anteriormente mencionado, sendo informações sobre o

desempenho econômico, ambiental e social da empresa. Porém a disposição de tais

grupos fica a critério da empresa relatora, desde que os identifique no índice

remissivo GRI, para facilitar a leitura e entendimento do receptor.

4.1.1Níveis de classificação GRI

De acordo com o padrão GRI, para que se possam mensurar os resultados

obtidos, satisfatórios ou não, alcançados por uma empresa sobre as questões de

sustentabilidade, é necessário uma avaliação.

A GRI apresenta três níveis avaliativos de desempenho, intitulados C, B e A.

Cada um indica a evolução da aplicação da estrutura na elaboração dos relatórios,

assim, quanto maior o nível mais completo o número de indicadores relatados pela

organização: “Uma organização autodeclara um nível de relato baseada em sua

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própria avaliação do conteúdo de seu relatório, segundo os critérios dos níveis de

aplicação da GRI” (GRI, 2006).

Uma empresa pode ter ‘um ponto’ a mais, caracterizado pelo sinal (+), em

cada nível (C+, B+, A+), caso tenha sido utilizada verificação externa, (de empresas

especializadas) para validação do relatório.

5 GRUPO BOTICÁRIO

O Grupo Boticário3 compreende uma linha de cosméticos e maquiagens

voltados para mulheres e homens, com diferentes faixas etárias. Sua história, inicia-

se com seu co-fundador, o farmacêutico Miguel Gellert Krigsner, um químico

boliviano recém-formado. Sua carreira começou em Curitiba, capital do estado do

Paraná, em sua farmácia de manipulação chamada “Botica”: um projeto resultado de

uma parceria com a colega de faculdade Eliane Nadalin e dois médicos

dermatologistas, Wilhelm Baumeier e José Schweidson Filho. Mais do que uma

simples farmácia, o estabelecimento destinava-se a ser um local aprazível, voltado

ao bem estar das pessoas. Em vez dos balcões nos padrões dos estabelecimentos

da época, a loja tinha uma sala com sofás, revistas e café para aqueles que

quisessem aguardar pela preparação das receitas.

Com o sucesso da primeira loja localizada no aeroporto Afonso Pena, em São

José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, a marca foi levada a outras

regiões do Brasil pelas mãos de viajantes e turistas, que passaram a ter contato com

os produtos. Nessa época, a fabricação era diversificada, o que levou o empresário

a franquear a marca. A primeira loja franqueada, já então conhecida como ‘O

3 As informações referentes ao Grupo O Boticário, encontram-se no site institucional da empresa.

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Boticário’, foi em Brasília no ano de 1980, o que posteriormente exigiria a

inauguração de uma fábrica de grande porte em São José dos Pinhais.

No final desta década de 1989, antes mesmo da aprovação do Código de

Defesa do Consumidor, a empresa criou sua área de relacionamento com o cliente.

A iniciativa visava manter um canal direto e permanente de comunicação, onde toda

dúvida, observação ou reclamação de seus clientes, pudessem receber total

atenção. Em 2002 a organização lançou sua loja virtual na internet. A expansão

continuou no ano seguinte com a inauguração de uma loja no Uruguai, seguida de

uma unidade nos Estados Unidos, dando sequência à criação de franquias em

outros países.

Entre as características da marca, está o uso dos recursos naturais do Brasil

como matéria prima na elaboração dos seus produtos. Assim, a empresa tornou-se

a primeira do país a desenvolver cosméticos com nanotecnologia aplicada, o que

levou a criação de um Laboratório de Biologia Molecular - um dos mais avançados

do mundo para estudos dos fenômenos bioquímicos envolvidos no envelhecimento

da pele e de ingredientes naturais da biodiversidade brasileira.

5.1 GRUPO O BOTICÁRIO E SUSTENTABILIDADE

Incorporar a sustentabilidade nos negócios é parte integrante do processo de

gestão da empresa, visto que a natureza é matéria prima da organização, notável

inclusive, nos slogans da marca, entre eles o do ano de 2004: “A natureza em

frascos”. Também no site institucional da empresa, seu plano de negócios é descrito

da seguinte forma:

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(...) o propósito profundo de O Boticário é contribuir para um Mundo Mais Belo. Desta forma os princípios e práticas relacionadas à Sustentabilidade estão incorporados na estratégia global da empresa. Os diversos processos corporativos têm oportunidade de incorporar e monitorar estas práticas nas atividades do seu dia a dia, considerando os impactos econômicos, sociais e ambientais de suas decisões e operações. O modelo de governança definido garante o sucesso deste modelo de gestão da sustentabilidade, ao envolver os diferentes níveis hierárquicos da empresa na definição de diretrizes e responsabilidades claras para cada área envolvida. Para potencializar seus resultados, O Boticário definiu temas prioritários de Sustentabilidade com base em seus valores, políticas, compromissos e as principais tendências do mercado nacional e internacional. Além da atuação nos processos internos, O Boticário busca influenciar toda sua Cadeia de Valor. A empresa acredita que somando esforços com sua rede de franquias, colaboradores, fornecedores, consumidores, comunidade e governo deixará uma marca positiva, criando valor e trazendo resultados positivos para a sociedade. (O BOTICÁRIO..., 2012).

Com base no site institucional do grupo, dentre as ações voltadas para a

sustentabilidade, a marca atua nas seguintes dimensões:

• Mundo: Desde o ano 2000 a empresa é signatária do Pacto Global e do

Compromisso de Conduta Empresarial para Erradicação do Trabalho Infantil do

Instituto Ethos. Dentre as Metas do Milênio, O Boticário assumiu o compromisso

público de construir uma sociedade mais justa e igualitária, comprometidas com a

sustentabilidade do planeta.

• Fornecedores: No site institucional da marca, não fica claro qual a estratégia

exata pertinente a um compromisso sustentável nas relações com seus

fornecedores. Contudo, a empresa reconhece a importância das inter-relações

empresariais e considera que “O modelo de governança definido garante o sucesso

deste modelo de gestão da sustentabilidade, ao envolver os diferentes níveis

hierárquicos da empresa na definição de diretrizes e responsabilidades (...)”.

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• Franquias: A marca mantém o Programa de Gestão em Sustentabilidade para

os Franqueados, que tem como objetivo incorporar tema do seu modelo de gestão

por meio de ações de mobilização.

• Colaboradores: Em seu site institucional o grupo faz questão de se referir aos

seus funcionários como colaboradores - ato, comumente usado na intenção de

agregar valor aos trabalhadores da empresa, considerando-os parte integrante da

organização. Dentre as ações desenvolvidas, a empresa oferece Programa para

Gestantes, Centro Educacional para os filhos dos funcionários, Associação

recreativa, Programa de Voluntariado e Programa de Vista a Fabrica (direcionado

aos familiares dos trabalhadores no intuito de gerar uma maior proximidade entre

fábrica, família e funcionário). A rede também disponibiliza de uma Universidade

Corporativa para formar os colaboradores em temas diretamente relacionados aos

negócios e metas estratégicas da empresa.

• Consumidores e sociedade: Além do centro de Relacionamento como Cliente,

O Boticário mantém tradicionais meios de comunicação, espaços na internet com

blogs e outras redes sociais, e periódicas pesquisas de opinião. O Grupo possui

uma Política de Investimento Social Privado, por meio da qual direciona recursos a

ações culturais, educativas e de conservação da natureza, dentre elas:

- Fundação Grupo Boticário De Proteção À Natureza

Criada em 1990 é uma organização sem fins lucrativos, que tem como missão

promover e realizar ações de conservação da natureza. Por meio da Fundação, a

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empresa mantem programas de proteção às paisagens brasileiras e espécies

nativas.

- Programa Reciclagem de Embalagens

O Boticário se responsabiliza pelo correto descarte das embalagens que são

posteriormente inutilizadas pelos seus clientes. Assim o programa estimula o

consumidor a devolver as embalagens após o uso às lojas responsáveis pela coleta

destes frascos vazios.

- Espaço Perfume Arte + História

Localizado em São Paulo, o espaço é dedicado à história da perfumaria

nacional e internacional, o Espaço Perfume Arte + História tem como objetivo

registrar a história do perfume, sua relação com a moda e, ainda, curiosidades sobre

sua produção.

- Estação Natureza

São dois espaços, localizados respectivamente nos estados do Mato Grosso

do Sul e em São Paulo, com iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à

Natureza em parceria com Grupo Boticário. As Estações Natureza são exposições

interativas sobre a natureza brasileira. Têm como objetivo sensibilizar a população

urbana sobre a questão ambiental, possibilitando o contato com a natureza para as

pessoas que vivem em ambientes urbanos.

- Espaço do Olfato

“Proporcionar uma experiência que une conhecimento à vivência de novas

sensações e emoções”, esta é a proposta do Espaço do Olfato, criado pelo Grupo

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Boticário em parceria com a Estação Ciência da USP e patrocínio da IFF-

International Flavours and Fragrances. Instalado na área “Corpo Humano” da

Estação Ciência – USP em São Paulo.

- Espaço História da Farmácia – Acervo Grupo Boticário e Farmácia Stellfeld

O Espaço História da Farmácia é uma iniciativa para homenagear o

farmacêutico, Augusto Stellfeld e resgatar os primeiros passos da história da

farmácia em Curitiba. A exposição abriga em torno de 180 peças, entre elas

importantes documentos, objetos, fotos e outros materiais.

- Teatro de bonecos Dr. Botica

Criado especialmente para a arte bonequeira e animações, o Teatro de

Bonecos Dr. Botica é um espaço cultural com apresentações voltadas a públicos de

diferentes faixas etárias. Inaugurado em 2001, no Shopping Estação em Curitiba,

sua infraestrutura tem capacidade para 100 espectadores, além de um miniteatro

aberto ao público: a Janela do Teatro, lugar onde acontecem curtas apresentações

de aproximadamente dez minutos de duração.

5.2 ANALISE DO RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE - O BOTICÁRIO 2010

A edição 2010 do Relatório de Sustentabilidade O Boticário, incorpora todo o

grupo O Boticário, abrangendo: a empresa O Boticário, Eudora e a Fundação Grupo

O Boticário de Proteção à Natureza. O relatório segue as diretrizes da GRI, (versão

G3), nível de aplicação B. A edição atende determinados stakeholders, entre os

quais: acionistas, associações setoriais, clientes/consumidores, colaboradores,

comunidade, empresas, consultoras de venda O Boticário, fornecedores,

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franqueados O Boticário, Governo (órgãos reguladores), instituições de ensino e

pesquisa, meio ambiente, mídia e imprensa, sindicatos.

O índice é diferenciado em capítulos que atendem diferentes públicos:

- Responsabilidade organizacional

- Relações humanas

- Relações responsáveis

- Responsabilidade pelo produto e serviço

- Recursos naturais e biodiversidade

- Mudanças climáticas

- Prêmios e reconhecimentos

5.2.1 Fortalecimento da marca O Boticário, para diferentes stakeholders, por meio do Relatório de Sustentabilidade

Relacionamento com os colaboradores:

Atendendo 2.852 funcionários, o grupo assume compromissos de

relacionamento e engajamento no mapeamento deste público, considerando

segundo o relatório: Gestão de conduta: disponibilização da ouvidoria para

atendimento das questões relacionadas à conduta do grupo; atendimento das

demandas relativas aos processos de recursos humanos; disponibilização da central

de serviços; universidade corporativa; processo sucessório; pesquisa de clima;

sistema de gestão integrado em saúde; segurança e meio ambiente; pesquisa de

serviços; programa reciclagem de embalagens.

Com a descrição do perfil deste o público, o Grupo O Boticário, enfatiza quais

são os benefícios ofertados pela empresa, aliando tais informações a imagens

(fotografias) convidativas a um ambiente de trabalho satisfatório e feliz.

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No relatório, o grupo faz uso da transparência, (condizente com os itens já

abordados nesta monografia sobre como deve ser estruturado o relato das

informações), trazendo valores investidos em capacitação, benefícios e

comparativos salariais.

Quanto ao trato da comunicação o grupo utiliza diversos canais: intranet,

murais corporativos, revista interna, além de realizar eventos para mobilização e

envolvimento dos colaboradores.

Relacionamento com os franqueados:

A comunicação com os franqueados é sequência do capitulo que trata das

‘Relações Responsáveis’ do grupo. A ênfase neste tópico é para a promoção da

marca na adoção de uma conduta de valores igualitários junto a todos os

franqueados. Também é divulgado o resultado de uma pesquisa anual, que avalia o

grau de satisfação geral e o nível de engajamento deste público com o grupo. No

relatório, dá-se destaque aos meios de comunicação estipulados para estes

stakeholders, sendo eles: Manual de operações, consultoria de campo,

treinamentos, serviço de atendimento aos franqueados (SAF) e suporte tecnológico,

extranet, TV O Boticário, Revista B, Revista dos ciclos e Venda Bem.

Outra forma de comunicação com esse público estratégico é a Convenção

Anual dos Franqueados, além do Instrumento de Análise de Franquia (IAF) para

avaliar a evolução na gestão das lojas.

Relacionamento com os consumidores:

A ênfase neste tópico é a relação de transparência fomentada pelo grupo. As

necessidades dos consumidores são levantadas por meio de pesquisas e são

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levadas em consideração no desenvolvimento e aprimoramento de produtos e

embalagens. Para manter relacionamento com este grupo, O Boticário faz uso do

Centro de Relacionamento com o Cliente (CRC), caixa postal, internet (e-mails),

autoatendimento Web e Monitoramento Consumidor 2.0 (posts), marketing e

publicidade.

Relacionamento com os fornecedores:

Os fornecedores do Grupo participam do Programa de Sustentabilidade para

Fornecedores, que consiste em ações para aprimorar a conduta esperada pela

organização. Na Oficina de Sustentabilidade anual, O Boticário estimula a reflexão e

a sensibilização do tema para as empresas participantes. As que apresentam

evolução e resultados expressivos em relação à sustentabilidade são reconhecidos

anualmente com o Prêmio de Sustentabilidade para Fornecedores.

Relacionamento com a sociedade:

Além de apresentar as ações propostas para com a sociedade, a organização

enfatiza os investimentos financeiros feitos por meio de incentivos fiscais. Neste

tópico são apresentados expressivos valores, que mais uma vez atuam de acordo

com a proposta de transparecia do relatório, mas não deixam de colaborar para a

estruturação de uma imagem socialmente correta da empresa.

Também são apresentados, em destaque, os resultados das ações realizadas

pela Fundação Grupo O Boticário de Proteção à Natureza.

Relacionamento com o governo:

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O grupo apresenta pela imparcialidade politica nas suas divulgações, e

procura enfatiza isto no relatório. Para tanto o destaque é para o tópico titulado

como ‘Influencia’, que trata dos debates junto as entidade de classes, associações e

organizações.

Nota-se, portanto que a empresa mantem um amplo quadro de stakeholders,

para o qual direciona seus esforços de promoção ambiental com a obtenção do

reconhecimento de seus trabalhos associados à conservação. Ao apresentar seu

modelo de relatório de sustentabilidade, pautado nas diretrizes do GRI, a empresa

reconhece que seu público já não é mais passivo aos apelos de comunicação, e,

portanto os indicadores colaboram para sustentar o processo evolutivo da

organização a respeito das questões sustentáveis.

Assim o grupo atua em consonância com o que aponta Almeida, quanto a

comunicação da sustentabilidade para com os stakeholders:

Para a empresa significa também ouvir e levar em consideração em suas decisões às opiniões e expectativas de todas as partes interessadas (os stakeholders) – indivíduos, instituições, comunidades e outras empresas, que com ela interagem, numa relação de influencia mútua. Trata-se de aceitar que, além dos donos ou acionistas (stakeholders), a empresa precisa dialogar com os stakeholders: empregados e suas famílias, consumidores, fornecedores, legisladores, habitantes da região em que a empresa opera e organizações da sociedade civil. (2002, p. 35).

O grupo também é fiel às premissas de estruturação do relatório, uma vez

que apresenta comprometimento com a evolução da gestão em relação à

sustentabilidade. Este fato é comprovado, uma vez que em 2009, O Boticário foi

autodeclarado no nível C da GRI, e em 2010 já se enquadra no nível B, ou seja,

houve a incorporação de novos indicadores, que ampliam o envolvimento e a

comunicação sobre os trabalhos sustentáveis do grupo.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O espaço que o tema sustentabilidade tem ocupado nos grandes e pequenos

veículos de comunicação tem sido bastante amplo e significativo. Cada vez mais as

pessoas compreendem que a adoção de medidas sustentáveis garante, a médio e

longo prazo, um planeta com melhores condições para o desenvolvimento das

diversas formas de vida existente, além de manter os recursos naturais necessários

para garantir o futuro das próximas gerações com a manutenção dos recursos

naturais.

O presente estudo permitiu avaliar o papel da comunicação organizacional

diante do paradigma da sustentabilidade onde é possível afirmar que vários

aspectos devem ser considerados. A revisão bibliográfica, complementada da

analise do Relatório de Sustentabilidade O Boticário 2010, permitiu algumas

considerações que apontam para significativas mudanças na comunicação

organizacional, refletidas no atual processo existente.

É cada vez mais evidente que as empresas, sejam elas públicas ou privadas,

precisam adotar formas de comunicação que não se limitem a divulgação de seus

produtos e serviços, mas sim, apostem na promoção de seus diferenciais

competitivos. Essa proposta sugere mudanças em vários componentes básicos do

processo comunicacional, sendo necessário identificar as necessidades dos seus

públicos de interesse prevendo uma mudança de postura de funcionários,

fornecedores e comunidade envolvida.

Apostar em mensagens de conteúdo socioambiental estimula a propagação

de uma boa reputação corporativa, fator que é, atualmente, fundamental para a

sobrevivência das empresas em um cenário globalizado e competitivo. Também é

visto que a busca por uma aceitação social, requer atitudes práticas e planejadas

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que tenham real interesse nas questões sustentáveis, portanto as organizações não

podem limitar-se apenas ao discurso.

Com a analise do Relatório de Sustentabilidade O Boticário 2010, foi

evidenciado que o uso dos indicadores GRI contribui de forma significativa para o

grupo garantir que as ações sustentáveis praticadas pela organização sejam de fato

eficazes. A presença destes indicadores é responsável pela mensuração dos

resultados obtidos, e comprovam o real envolvimento da empresa com seus

respectivos stakeholders.

Comunicar ações sustentáveis requer a percepção de que diferentes

stakeholders possuem diferentes expectativas, necessitam de informações

diferenciadas, e principalmente, respondem de maneira diferente aos diversos

canais de comunicação. O que sugere à empresa a adoção de uma estratégia de

comunicação que atenda tais expectativas e colabore na manutenção e

fortalecimento da marca.

Dessa maneira, as questões voltadas a sustentabilidade de uma empresa

pressupõem estratégias para que as organizações fortaleçam sua imagem e

reputação, promovendo o desenvolvimento do chamado capital humano, incluindo

redes de relacionamento, responsabilidade social, entre outros fatores, que são,

hoje, atributos que agregam valor à organização.

Para tanto, as informações aqui consolidadas propõem servir de suporte á

pesquisas mais aprofundadas sobre o tema. Também a pesquisa constata que a

incorporação da sustentabilidade na gestão das organizações e em seu processo

comunicacional não ocorre de forma abrupta. Trata-se de um processo gradual de

amadurecimento, onde os relatórios de sustentabilidade, por meio da apresentação

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de indicadores de desenvolvimento, garantam que este processo aconteça e seja

visivelmente constatado por diferentes grupos de interesse.

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REFERÊNCIAS

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VIEIRA, Roberto Fonseca. Comunicação Organizacional: Gestão de Relações Públicas. Rio de Janeiro, 2004.