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Monica M. Trovo Araújo Mestre e doutoranda em Comunicação em Cuidados Paliativos. [email protected]

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Page 1: Monica M. Trovo Araújo Mestre e doutoranda em Comunicação em Cuidados Paliativos. monicatrovo@uol.com.br

Monica M. Trovo AraújoMestre e doutoranda em Comunicação

em Cuidados Paliativos.

[email protected]

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O que é uma má notícia?

Qualquer informação que afeta a perspectiva de futuro de um indivíduo. Buckman, 2010

○ Diagnóstico inicial de uma doença grave○ Piora do estado de saúde.○ Descoberta de recidivas.○ Perdas.○ Morte.

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O impacto da informação... Aquilo que fere na comunicação de uma

má notícia não é o que o profissional de saúde fala, mas a maneira como ele diz.

COMUNICAÇÃO INADEQUADA

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De que comunicação estamos falando?!!

Cummuns (latim): comungar, transferir, compartilhar.

Não é apenas transmissão de informações, envolve um processo muito

mais amplo...

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A comunicação interpessoal

A comunicação interpessoal é a base das relações humanas.

Troca de mensagens que ocorre na interação entre os seres humanos.

Relação Humana

Estar com o outro

Silva, 2002

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Resgatando princípios da comunicação

Todo processo comunicacional não é neutro, envolve informações e sentimentos, possuindo 2 dimensões:

VERBALNÃO VERBAL

Watzlawick 2002; Silva, 2002

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O processo de comunicação

EMISSOR MENSAGEM RECEPTOR

MÁ NOTÍCIA

SENSO DE OPORTUNIDADE

TEMPO ESPAÇO

Watzlawick; 2002 Jakobson; 2000

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A verdade

Contar ou não contar a verdade?

As pessoas querem realmente saber a verdade sobre sua condição?

A relação deve ser verdadeira até o final, mas é preciso que se entenda os limites do que pode ser

feito diante das questões da terminalidade.

Guinelli et al, 2004; Liu, 2005; Vivar, 2005; Voogt, 2005

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A verdade progressiva e tolerável

Ao invés da mentira piedosa, devemos

utilizar a sinceridade prudente,

progredindo-a de acordo com as

condições emocionais do

paciente.

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Um caminho...

Protocolo de 6 passos para a comunicação de notícias difíceis:

1. Preparar-se.2. Averiguar o que o paciente sabe.3. Averiguar o quanto deseja saber.4. Divulgar as informações.5. Responder aos sentimentos do paciente e

família.6. Sumarizar informação e planificar o seguimento.

Baile WF et al. Skipes – a six step protocol for delivering bad news: application to the patient with cancer. The Oncologist 2000. 5(4): 302-11

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1. Preparar-se

Não delegar. Confirmar as possibilidades. Planejar o que será dito. Criar ambiente apropriado. Prover tempo adequado, prevenindo

interrupções. Saber quem são as pessoas que o

paciente deseja que estejam presentes.

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2. Averiguar o que ele sabe

Investigar o que e quanto o paciente sabe: antes de falar, pergunte.

Utilizar perguntas abertas:Como você tem se sentido?O que seu médico te disse?Quais são suas expectativas/dúvidas com relação à...?Porque você acha que...?

Atentar para linguagem verbal e não verbal – avaliar habilidades de compreensão e condições emocionais.

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3. Averiguar o quanto ele deseja saber

Compreender o respeitar o fato de que as pessoas manejam a informação de maneira diferente, influenciadas por raça, etnia, cultura, religião, sexo, condição sócio-econômica, etc...

Perguntar e reconhecer as preferências individuais do paciente: Como você gostaria que eu te desse a informação sobre o

resultado dos seus exames? Você prefere informações detalhadas sobre os exames ou prefere

focar no tratamento?

Solicitar ao paciente que indique outra pessoa para receber a informação em caso de rechaço voluntário do mesmo às informações oferecidas.

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4. Divulgar as informações Ao dar a notícia:

Evitar monólogo, promovendo diálogo. Usar silêncio – pausas frequentes. Informar de modo claro e firme. Evitar jargões e eufemismos. Verificar compreensão. Atentar à linguagem corporal.

Não minimizar a gravidade e nem dar falsa esperança.

Evitar ser vago.

Implicação do “sinto muito”: compaixão ≠ pena

ResponsabilidadeRenúncia de responsabilidade

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5. Responder aos sentimentos Estar preparado para manifestações emocionais

fortes:Respostas afetivas: lágrimas, tristeza, raiva, ansiedade, alívio.Respostas cognitivas: negação, culpa, medo, descrença,

vergonha, luto, intelectualização.Resposta psicofisiológica: luta, fuga.

Prover tempo, compreendendo e respeitando mecanismos.

Utilizar como estratégias para oferecer apoio: toque, presença, escuta, tempo, disponibilidade.

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6. Sumarizar informação e planificar o seguimento Resumir as principais informações.

Assegurar a continuidade do cuidado: princípio do “não-abandono”.

Planificar o(s) passo(s) seguinte(s).Oferecer informações adicionais, se pertinente.Investigações e tratamento de sintomas.Próxima consulta/visita ou derivação.

Identificar mecanismos e redes de apoio.

Dar sempre uma esperança!

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Quando a família diz:“Não diga a ele...”

Conspiração ou cerca de silêncio. Obter consentimento da família. Promover reuniões familiares para estabelecer

alianças. Escuta ativa, destacando relações. Promover confiança e reforçar vínculos. Argumentar pela honestidade. Valorizar a história familiar, ajudando a identificar

recursos prévios para lidar com situações difíceis.

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Concluindo...

“Se ao paciente é suficiente uma palavra, não ofereça discursosSe só lhe for necessário um gesto, esqueça-se das palavrasSe ele só lhe pedir um olhar, omita o gestoE se lhe basta o silêncio, feche os seus olhosE rezeCom ele e por ele...”

Tradução livre de um poema do Pe. Martin Puerto, Argentina

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Referências Araújo MMT. Quando “uma palavra de carinho conforta mais que um medicamento”: necessidades e expectativas de pacientes sob

cuidados paliativos. [dissertação]. São Paulo (SP): Escola de Enfermagem da USP; 2006. Pessini L, Bertachini L. Humanização e cuidados paliativos. São Paulo: Loyola; 2004. Silva MJP. Comunicação com pacientes fora de possibilidades terapêuticas: reflexões. Mundo Saúde. 2003: 27(1):64-70. Araújo MMT, Silva MJP. Comunicando-se com o paciente terminal. Rev Soc Bras Cancer. 2003; 6(23):16-20. Pimenta CAM, Mota DDC, Cruz DALM. Dor e Cuidados Paliativos: Enfermagem, Medicina e Psicologia. Barueri: Manole; 2006. World Health Organization (WHO). WHO Definition of Palliative Care [on line]. Disponível em:

http://www.who.int/cancer/palliative/definition/en. [Acesso em 13 jul. 2007). Araújo MMT, Silva MJP. Cuidados Paliativos na UTI: possibilidade de humanização do processo de morrer. Rev Soc Bras Cancer

2006. 11: 40-44 Pessini L. Viver com dignidade a própria morte: reexame da contribuição da ética teológica no atual debate sobre a distanásia [tese].

São Paulo (SP): Centro Universitário Assunção, Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção; 2001. Kübler-Ross E. Sobre a morte e o morrer. São Paulo: Martins Fontes; 2002 Kovács MJ. Pacientes em estágio avançado da doença, a dor da perda e da morte. In: Carvalho MMMJ. Dor: um estudo

multidisciplinar. São Paulo: Summus; 1999. p. 318-37. Rodrigues IG, Zago MMF. Enfermagem em cuidados paliativos. Mundo Saúde. 2003; 27(1):89-92. Lynn J et al. Perceptions by family members of the dying experience of older and seriously ill patients. SUPPORT Investigators. Ann

Intern Med 1997; 126(2):97-106. Desbiens NA et al. Pain and satisfaction with pain control in seriously ill hospitalised adults: findings from the SUPPORT research

investigations. Crit Care Med 1996; 24(12):1953-61 SUPPORT Principal Investigators A Controlled Trial to Improve Care for Seriously ill Hospitalized Patients: The Study to Understand

Prognoses and Preferences for Outcomes and Risks of Treatments (SUPPORT). JAMA 1995; 274(20): 1591-1598. Oliveira RA. Cuidado Paliativo. São Paulo: Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo; 2008.

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Obrigada pela atenção!

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