mollusca associados a macroalgas de costÃo rochoso dolitoral sul de pernambuco

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Os costões rochosos são um dos mais importantes ecossistemas marinhos costeiros,uma vez que apresentam uma riqueza muito grande em espécies. Existem poucos desses afloramentos em toda a costa do Nordeste brasileiro e, no entanto, são raros os estudos queos contemplam. Objetivando contribuir para o conhecimento da fauna de moluscos destesambientes, coletaram-se amostras em três pontos onde eles ocorrem em Pernambuco: Cabode Santo Agostinho, Calhetas e Baía de Suape. Dentre a malacofauna, foram identificadas as Classes Polyplacophora, Gastropoda e Bivalvia, sendo os gastrópodes os mais numerosos. As espécies coincidentes aos três pontos foram Tricolia affinis, Diodora dysoni, Caecum ryssotitum, Caecum achironum e Bittium varium, tendo sido as duas primeiras as espéciesmais abundantes e as que ocorreram em todos os padrões verticais estudados.

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MOLLUSCA ASSOCIADOS A MACROALGAS DE COSTO ROCHOSO DO LITORAL SUL DE PERNAMBUCOMcio Luiz Banja Fernandes Professor FAFIRE Kcrishna Vilanova de Souza Barros Mestranda em Cincias Marinhas UFC Andrea Karla Pereira da Silva Professora UPE Rodrigo Melo de Andrade Bilogo Adilson de Castro Chaves Professor UPE Resumo Os costes rochosos so um dos mais importantes ecossistemas marinhos costeiros, uma vez que apresentam uma riqueza muito grande em espcies. Existem poucos desses afloramentos em toda a costa do Nordeste brasileiro e, no entanto, so raros os estudos que os contemplam. Objetivando contribuir para o conhecimento da fauna de moluscos destes ambientes, coletaram-se amostras em trs pontos onde eles ocorrem em Pernambuco: Cabo de Santo Agostinho, Calhetas e Baa de Suape. Dentre a malacofauna, foram identificadas as Classes Polyplacophora, Gastropoda e Bivalvia, sendo os gastrpodes os mais numerosos. As espcies coincidentes aos trs pontos foram Tricolia affinis, Diodora dysoni, Caecum ryssotitum, Caecum achironum e Bittium varium, tendo sido as duas primeiras as espcies mais abundantes e as que ocorreram em todos os padres verticais estudados. Introduo Os costes rochosos constituem-se em importantes ecossistemas marinhos que, de acordo com LIMA Jr et al. (1997), compreendem uma zona de alta energia caracterizada como local de alimentao, produo e crescimento de grande nmero de espcies, sob condies difceis de serem superadas por qualquer outro bioma. Esse favorecimento em espcies pode ser explicado principalmente por sua constante interao com outros elementos, como a luz solar e prprio oceano, cujas ondas contribuem com a distribuio de nutrientes, alm de trazerem larvas de espcies que se estabelecero no ecossistema, contribuindo para o seu equilbrio e, de certa forma, de outros ecossistemas. COUTINHO (2002) os considera importantes habitats costeiros, no s pela sua importncia ecolgica, mas tambm econmica. Em alguns pases, muitas das espcies que podem ser a encontradas, so comercializadas pela indstria alimentcia, como o caso de esponjas, ascdias, algas e, principalmente, crustceos e moluscos. Vale ressaltar tambm a importncia de carter cientfico de alguns dos txons associados a esses ecossistemas: substncias produzidas por briozorios (ESPINO et al., 2000), esponjas e ascdias so estudadas atualmente como possveis anticancergenos. Neste ambiente ainda se pode encontrar um grande nmero de poliquetos, nematdeos, hidrozorios e etc... E observa-se tambm, nas localidades mais distantes de reas de influncias urbanas, a presena de equinodermos ainda jovens. Essas espcies faunsticas dependem de uma grande variedade de algas, cujas espcies para este tipo de ambiente tm sido tambm pouco estudadas. neste fital que se pode encontrar tamanha variedade de organismos da fauna bentnica descrita anteriormente, alm dos peixes, que as utilizam como fonte de alimento. De acordo com RESURREIO (1985), a maior parte dessa fauna mesmo composta por invertebrados marinhos, que utilizam as algas como seu habitat e refgio. Ainda segundo este autor, na costa brasileira, pouco se conhece a respeito das relaes entre a fauna e estas macroalgas. A maior parte dos estudos que vm sendo realizada neste sentido envolve os moluscos como referncia. O prprio RESURREIO op. cit. realiza um estudo sobre a comunidade de gastrpodes associados Phaeophyta Sargassum vulgare C. Agardh. Todavia, os organismos bentnicos dos costes rochosos ainda no tm sido estudados de

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forma adequada devido escassez de levantamentos constantes, diante das interferncias antrpicas que freqentemente vm sofrendo (COUTINHO op. cit). Os moluscos podem servir como referncia a este tipo de estudo tendo em vista que so animais utilizados como bioindicadores de poluio ambiental como afirmam, entre uma srie de pesquisadores da rea, ESPINO et al. op. cit. O estudo aqui apresentado refere-se a uma contribuio ao conhecimento da fauna de moluscos associada s macroalgas dos costes rochosos da regio de Cabo de Santo Agostinho, abrangendo as praias do Cabo, Calhetas e Baa de Suape onde os afloramentos, segundo AGUIAR et al. (2003), fazem parte de poucos que ocorrem no litoral do Nordeste brasileiro. Material e Mtodos O estudo foi realizado nos meses de maro a junho de 2004 e, de acordo com a distribuio dos costes rochosos no estado de Pernambuco, foram determinadas quatro reas distintas para pontos de coleta: 1. Cabo de Santo Agostinho, onde se demarcou as Estaes E1 e E2; 2. Calhetas, onde se definiu apenas a Estao E3; 3. Baa de Suape, onde ficaram estabelecidas as Estaes E4, E5 e E6. As coletas foram realizadas durante a mar baixa e, nos dois ltimos pontos de coleta, procurou-se coletar amostras de infralitoral (A), mdio litoral inferior (B) e mdio litoral superior (C), buscando-se verificar o padro de zonao das espcies. Para as Estaes E1, E2 e E3, foram feitas coletas no mdio litoral superior. As anlises do supralitoral foram apenas qualitativas, por meio de observaes no momento das coletas. Cada amostra era delimitada por um quadrado de PVC com rea de 20 x 20 cm e raspada com auxlio de esptula e martelo, recolhendo as algas junto com os animais para dentro de sacos plsticos contendo suas identificaes. Este material era, ento, trazido ao Laboratrio de Estudos Ambientais (LEA) da Faculdade de Formao de Professores de Nazar da Mata da Universidade de Pernambuco, onde eram lavados em gua corrente e conservados em

potes de vidro contendo formol a 4%, at a triagem dos txons. Aps a triagem, com auxlio de pinas metlicas, placas de Petri e estereomicroscpio, os moluscos foram identificados sob auxlio de literatura especializada. Resultados e Discusso Como as amostras do Cabo de Santo Agostinho e de Calhetas foram coletadas apenas no padro de mdio litoral superior, a primeira parte desta anlise considera apenas as amostras deste padro para a Baa de Suape, onde houve amostras de infralitoral (A), mdio litoral inferior (B) e mdio litoral superior (C), cujas diversidade e freqncia aumentaram bastante com as demais amostras. Assim, as estaes da Baa de Suape mereceram uma anlise prpria, num segundo momento. Desse modo, comparando-se as amostras de mdio litoral superior, houve um total de 236 indivduos, em que 98% eram constitudos de gastrpodes. Alm desta classe, ocorreram tambm os bivalves Ervilia subcancellata E. A Smith, 1885; Brachidontes exustus (Linnaeus, 1758) e Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791). Foram identificadas 24 espcies no total, conforme mostra a Tab. 1. As nicas espcies que coincidiram aos trs pontos de coleta foram: Tricolia affinis (C. B. Adams, 1850), Diodora dysoni (Reeve, 1850), Caecum ryssotitum Folin, 1867, Caecum achironum Folin, 1867 e Bittium varium (Pfeiffer, 1840), sendo as trs primeiras as mais abundantes. H que se destacar ainda, para Calhetas, as presenas significativas de Rissoina catesbyana (Michaud, 1842) e Haminoea antillarum (Orbigny, 1841). Esta ltima se destaca tambm nas amostras da Baa de Suape. Ainda para este mesmo padro, o Bivalve mais freqente foi Ervilia subcancellata, que no ocorreu apenas na Baa de Suape. Littorina ziczac (Gmelin, 1791) um gastrpode tpico no Supralitoral e que aparece apenas na Estao E3, de Calhetas. Tal Estao, apesar do volume reduzido das algas, apresentou a mesma quantidade de espcies que o Cabo de Santo Agostinho, 14 espcies. A Baa de Suape neste

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padro foi a menos diversificada, com apenas 9 espcies. A Estao E3 encontrava-se em rea mais abrigada que as demais, fator que talvez tenha definido a diversidade e a maior abundncia dos caecdeos que, segundo ABBOTT (1974) apud BARROS et al (2003), tm preferncia por guas rasas, rochas ou fendas, semelhante situao em que se encontrava tal estao. Imagens das espcies que se destacaram no mdio litoral superior so encontradas na Fig. 1. Para o Supralitoral, nas duas primeiras localidades predominavam os gastrpodes Littorina ziczac (Fig 1G) e alguns fissurellideos. De acordo com SCMIEGELOW (2004), a forma achatada, como o caso destes ltimos, e o tamanho pequeno, como nas Litorinas, evita que esses moluscos sejam levados pelas ondas; este ltimo recurso ajuda, ainda, a diminuir o atrito com a gua. Na Baa de Suape, observou-se poucos gastrpodes e muitas conchas vazias de Cerithium atratum (Born, 1778) ocupadas por decpodes pagurdeos, provavelmente da espcie Clibanarius antillensis Stimpson (1859), de acordo com estudos de fauna associada a fanergamas marinhas daquela regio, realizados pelo PROGRAMA DE CORREO DO PASSIVO AMBIENTAL, 2003. O Graf. 1 mostra a freqncia das espcies mais representativas para o Mdio litoral Superior. Na Baa de Suape, como j foi dito, foi possvel coletar nos trs padres verticais definidos. De um total de 8 amostras, apenas em uma delas, o infralitoral (A) da Estao E6, no houve representao do filo Mollusca, talvez pela interferncia do porfero Chondrosia collectrix Shmidt, 1870, amplamente distribudo nesta zona do costo, e a presena de algas minsculas. At mesmo grupos que costumam ser numerosos como anfpodes e poliquetos tiveram seu nmero bastante reduzido, neste padro. O padro que apresentou o maior nmero de espcies foi o mdio litoral inferior com 12 espcies, onde obteve

destaque o bivalve Brachidontes exustus. O mdio litoral superior apresentou 9 espcies. De 19 espcies identificadas, apenas Tricolia affinis e Diodora dysoni ocorreram nos trs padres verticais estudados. Ambas foram, ainda, as espcies mais freqentes para este ponto de coleta, como tambm nas demais localidades estudadas, sugerindo-se que em padres de infralitoral e mdio litoral podem ser as espcies mais abundantes para este ecossistema, na rea estudada. Elas representaram, juntas, uma freqncia de 40% dessas amostras. Para o mdio litoral inferior, Brachidontes exustus representou 35% dos indivduos deste padro. Tal espcie ainda no foi encontrada em infralitoral, nestes estudos. Importante se destacar tambm que os Polyplacophora e o nico nudibrnquio encontrados (Spurilla neapolitana Delle Chiaje, 1923) ocorreram apenas no mdio litoral inferior (Estaes E4B e E5B). O Grf. 2 procura ilustrar a variedade especifica em cada uma das Estaes. Consideraes Finais Os gastrpodes constituram a classe mais abundante; Tricolia affinis e Diodora dysoni foram as espcies mais abundantes e ocorreram em todos os padres verticais estudados, sendo que T. affinis foi mais abundante no infralitoral e D. dysoni, no mdio litoral superior; Foram espcies comuns aos trs pontos de coleta: Tricolia affinis, Bittium varium, Caecum ryssotitum, Caecum achironum e Diodora dysoni, para o mdio litoral superior;

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Referncias BibliogrficasAGUIAR, A. J. A, BARBOSA, D. M. C; PEDROSA, T. M. F; NERY, P. P. C. F; FERNANDES, M. L. B; SILVA, A. K. P; COCENTINO, A. L. M; Gastrpodes (MOLLUSCA) associados s Macroalgas dos Costes Rochosos do Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco. Resumo. XIV Encontro de Zoologia do Nordeste. Macei, 2003. BARROS, J. C. N. et al. Sobre os Caecidae Gray, 1850, obtidos durante as expedies Natureza e Canopus, Sistemtica e aspectos ultra-estruturais. Boletim Tcnico-Cientifico do CEPENE. Volume 11, nmero 1. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis, Centro de Pesquisa e Gesto de Recursos Pesqueiros do Litoral Nordeste. Tamandar-PE, 2003. COUTINHO, R; Bentos de Costes Rochosos. In: PEREIRA, R. C. & SOARES-GOMES. A; Biologia Marinha. Editora Intercincia. Rio de Janeiro, 2002. ESPINO, G. L; PULIDO, S. H; PREZ, J. L. C; Organismos Indicadores de la calidad del agua y de la contaminacin (Bioindicadores). Primeira edio. Plaza Y Valds, S.A. e C. V. Editora. San Rafael, Mxico, 2000. LIMA Jr, R. G. S; PITOMBO, F. B; COSTA, D. A; Composio Espao Temporal da cobertura do Costo Rochoso, a partir dos dados do Programa de Monitoramento Ambiental da Usina nuclear Angra-1. Resumo. II Encontro de Bioincrustao, Ecologia Bntica e Corroso. Arraial do Cabo, 1997. PROGRAMA DE CORREO PASSIVO AMBIENTAL (Suape). Programa 1 Reconhecimento e Preservao dos Prados de Fanergamas Marinhas. Relatrio Final. Recife, 2003. RESURREICO, E. G; Comunidade de Gastrpodas Vgeis Associados Sargassum vulgare C. Agardh (Phaeophyta) em Piedade PE. Monografia: Bacharelado em Cincias Biolgicas. Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 1985. RIOS, Elyezer. Seashells of Brazil. 2nd Edition. Editora Furg. Rio Grande RS, 1994. SCHMIEGELOW, J. M. M; O Planeta Azul. Uma Introduo s Cincias Marinhas. Editora Intercincia. Rio de Janeiro, 2004. WARMKE, G. L. & ABBOTT, R. T. Caribbean Seashells. Livingston Publishing Company. Narberth Pennsylvania, 1961.

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Figura 1: Tricolia affinis (A); Diodora dysoni (B); Caecum ryssotitum (C); Caecum aschironum (D); Bittium varium (E); Ervilia subcancellata (F); Littorina ziczac (G); Haminoea antillarum (H).

Outras C. ryssotitum D. dysoni T. affinisT. affinis Freqncias 28% D. dyso ni 19% C. rysso titum 17% Outras 36%

Grfico 1: Freqncia das Espcies mais Representativas para o Mdio litoral Superior.

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3425 20 15 10 5 0 E4 A E4 B E4 C E5 A E5 B E5 C E6 A E6 BP o lyplac o pho ra T ric o lia bella T hais rus tic a Odo s to m ia laev igata D io do ra dys o ni C aec um antillarum C o lum bella m erc ato ria H am ino ea antillarum D io do ra patag nic a C aec um ac hiro num A nac his lyrata Spurilla neapo litana Luc apinella lim atula C aec um rys s o titum A nac his c atenata B rac hido ntes exus tus T ric o lia affinis B ittium v arium M itrella lunata

Grfico 2: Freqncia Especfica para as Estaes da Baa de Suape.

Tabela 1: Espcies de moluscos no mdio litoral superior, nos trs afloramentos de costo rochoso estudados.Localidades Espcies Diodora dysoni Diodora listeri Diodora minuta Fissurella clenchi Lucapinella limatula Collisella marcusi Parviturbo rehderi Tricolia affinis Littorina ziczac Rissoina catesbyana Caecum pulchellum Caecum achironum Caecum antillarum Caecum ryssotitum Parviturboides interruptus Bittium varium Serpulorbis decussatus Anachis obesa Anachis pulchella Odostomia laevigata Turbonilla interrupta Haminoea antillarum Brachidontes exustus Ervilia subcancellata Anomalocardia brasiliana CABO DE SANTO AGOSTINHO X X X X X X X X X X X X X CALHETAS x X BAA DE SUAPE x

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