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  • 7/22/2019 Modulo5_UrgenciaEmergencia

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    Introduo ao Curso

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    Curso de Especializao em

    Linhas de Cuidado em Enfermagem

    mdULo v: Classificao de Risco e Acolhimento

    urgncia e emergncia

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    GOVERNO FEDERALPresidente da Repblica Dilma Vana RousseffMinistro da SadeAlexandre PadilhaSecretrio de Gesto do Trabalho e da Educao na Sade (SGTES)Diretora do Departamento de Gesto da Educao na Sade (DEGES)Coordenador Geral de Aes Estratgicas em Educao na SadeResponsvel Tcnico pelo Projeto UNA-SUSReviso Geral

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAReitora Roselane NeckelVice-Reitora Lcia Helena PachecoPr-Reitora de Ps-Graduao Joana Maria PedroPr-Reitor de Extenso Edison da Rosa

    CENTRO DE CINCIAS DA SADEDiretor Srgio Fernando Torres de FreitasVice-Diretora Isabela de Carlos Back Giuliano

    DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEMChefe do Departamento Lcia Nazareth AmanteSubchefe do Departamento Jane Cristina Anders

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENFERMAGEMCoordenadora Vnia Marli Schubert Backes

    Subcoordenadora Odala Maria Brggemann

    COMIT GESTORCoordenadora Geral do Projeto e do Curso de Especializao Vnia Marli Shubert BackesCoordenadora Didtico-Pedaggica Kenya Schmidt ReibnitzCoordenadora de Tutoria Lcia Nazareth AmanteCoordenadora de EaD Grace Terezinha Marcon Dal SassoCoordenadora de TCC Flvia Regina Souza RamosCoordenadoras Plos Silvana Martins Mishima, Lucieli Dias Pedreschi Chaves, LucileneCardoso

    EQUIPE DE APOIOSecretaria:Claudia Crespi Garcia e Viviane Aaron XavierTecnologia da Informao: Fbio Schmidt Reibnitz

    AUTORASGrace Teresinha Marcon Dal SassoLucieli Dias Pedreschi ChavesMaria Clia Barcelos DarliAna Ldia de Castro Sajioro Azevedo

    REVISO TCNICAIzilda Esmnia Muglia Arajo

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    2013 todos os direitos de reproduo so reservados Universidade Federal de Santa Catarina.Somente ser permitida a reproduo parcial ou total desta publicao, desde que citada a fonte.

    Edio, distribuio e informaes:Universidade Federal de Santa CatarinaCampus Universitrio, 88040-900 Trindade Florianpolis SC

    M5 - Classificao de Risco e Acolhimento

    D136c DAL SASSO, Grace Teresinha MarconCurso de Especializao em Linhas de Cuidado em Enfermagem: Classificaode risco e acolhimento / Grace Teresinha Marcon Dal Sasso; Maria Clia BarcelosDarli; Lucieli Dias Pedreschi Chaves; et al. Florianpolis (SC): UniversidadeFederal de Santa Catarina/Programa de Ps-Graduao em Enfermagem, 2013.

    115 p.

    ISBN: 978-85-88612-62-4

    1. Urgncia e Emergncia. 2. Classificao de Risco. 3. Enfermagem.

    CDU 616-083.98

    Catalogado na fonte por Anna Khris Furtado D. Pereira CRB14/1009

    EQUIPE DE PRODUO DE MATERIALCoordenao Geral da Equipe Eleonora Milano Falco Vieira, Marialice de MoraesCoordenao de Design Instrucional Andreia Mara FialaDesign Instrucional Master Mrcia Melo BortolatoDesign Instrucional Isabela C. G. de OliveiraReviso Textual Deise Joelen Tarouco de FreitasCoordenao de Design GrficoGiovana SchuelterDesign Grfico Cristal Muniz, Fabrcio SawczenDesign de Capa Rafaella Volkmann PaschoalProjeto Editorial Cristal Muniz, Fabrcio Sawczen

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    CURSO DE ESPECIALIZAO EM

    LINHAS DE CUIDADO EM ENFERMAGEM

    MDULO V

    CLASSIFICAO DE RISCO E ACOLHIMENTO

    FLORIANPOLIS2013

    UFSC/ENFERMAGEM/PEN

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    CARTADOAUTOR

    Caro aluno.

    Inicialmente, desejamos parabeniz-lo por fazer o Curso de Especializa-o em Linhas de Cuidado em Enfermagem, rea de Urgncia e Emergn-cia. Sua participao representa a busca de aperfeioamento profissional,compartilhado com muitos outros que decidiram trilhar pelo mesmo ca-minho, espalhados em diversas regies de nosso pas e, quem ganha efeti-vamente a populao. Ao aprimorar o seu desempenho profissional, voccontribuir com a qualidade da assistncia de sade e influenciar posi-tivamente a vida de muitas pessoas que passam pela rede de ateno surgncias, muitas vezes na luta entre a vida e a morte.

    Este mdulo composto por quatro unidades: Diretrizes da Rede de Atenos Urgncias; Acolhimento com classificao de risco conforme o Ministrioda Sade; Acolhimento com classificao de risco conforme o Sistema deTriagem de Manchester; e Instrumentos gerenciais em servios de sade.

    Assim, convidamos voc a participar ativamente das propostas apontadasno desenvolvimento dos contedos, pois buscamos coletivamente traba-lhar em uma Rede de Ateno a Urgncia e Emergncia desenvolvendouma linha de cuidado de enfermagem segura e de qualidade.

    Grace Teresinha Marcon Dal Sasso, Dra.Lucieli Dias Pedreschi Chaves, Dra.Maria Clia Barcelos Darli, Dra.Ana Ldia de Castro Sajioro Azevedo, Ms.

    OBJETIVOGERALIdentificar princpios e diretrizes da rede de ateno s urgncias/emer-gncias, sendo apto a estabelecer prioridades clnicas e aplicar os instru-mentos gerenciais no contexto da sua realidade, bem como realizar o aco-lhimento e classificao de risco conforme protocolos estabelecidos peloMinistrio da Sade e pelo sistema de Triagem de Manchester.

    CARGAHORRIA45 horas.

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    SUMRIO

    UNIDADE1 DIRETRIZESDAREDEDEATENOSURGNCIAS ............................................91.1 Introduo...................................................................................................................................... 91.2 Caso clnico-gerencial ..................................................................................................................... 101.3 Rede de Ateno s Urgncias (RAU) ............................................................................................... 11

    1.3.1 Normativas Ministeriais.............................................................................................................................13

    1.3.3 Detalhando a RAU....................................................................................................................................16

    1.4 Resumo ....................................................................................................................................... 221.5 Fechamento ................................................................................................................................. 221.6 Recomendao de Leitura Complementar: ........................................................................................ 23

    UNIDADE2: ACOLHIMENTOCOMCLASSIFICAODERISCOCONFORMEOMINISTRIODASADEDOBRASIL.............................................................25

    2.1 Introduo.................................................................................................................................... 252.2 Humanizao, acolhimento e classificao de risco ............................................................................. 26

    2.2.1 Os Eixos e Suas reas de acordo com o Ministrio da Sade ........................................................................29

    2.3 Resumo ....................................................................................................................................... 372.4 Fechamento ............................................................................................................................... 382.5 Recomendao de leitura complementar ......................................................................................... 38

    UNIDADE3: CLASSIFICAODERISCOCONFORMEOSISTEMADETRIAGEMDEMANCHESTER ...........413.1 Introduo.................................................................................................................................... 413.2 O Sistema de Triagem de Manchester ............................................................................................... 42

    3.2.1 Conceitos, processo de tomada de deciso e triagem ....................................................................................43

    3.2.2 Mtodo de triagem ..................................................................................................................................46

    3.2.4 Exemplo prtico ......................................................................................................................................513.3. Resumo ..................................................................................................................................... 533.4 Fechamento ................................................................................................................................. 543.5 Recomendao de leitura complementar .......................................................................................... 54

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    UNIDADE4: INSTRUMENTOSGERENCIAISEMSERVIOSDESADE...........................................574.1 Introduo.................................................................................................................................... 574.2 A Prtica gerencial do enfermeiro na ateno s urgncias .................................................................. 58

    4.2.1 Planejamento .........................................................................................................................................61

    4.2.2 Previso e Proviso de Recursos Materiais ...................................................................................................654.2.3 Previso e Proviso de Recursos Humanos ...................................................................................................69

    4.2.4 Educao continuada/permanente .............................................................................................................75

    4.2.5 Superviso .............................................................................................................................................77

    4.2.6 Tomada de Deciso .................................................................................................................................80

    4.2.7 Sistemas de Informao em Sade ............................................................................................................82

    4.2.8. Avaliao dos Servios de Sade ...............................................................................................................85

    4.3 Resumo ....................................................................................................................................... 904.4 Fechamento ................................................................................................................................. 91

    4.5 Recomendao de leitura complementar .......................................................................................... 91

    REFERNCIAS ....................................................................................................92MINICURRCULODASAUTORAS ..................................................................................99ANEXO- DICIONRIODEDISCRIMINADORES ................................................................102

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    UNIDADE 1

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    Diretrizes da Rede de Ateno s Urgncias

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    Unidade 1 Diretrizes da Rede de Ateno sUrgnciasNesta unidade voc vai aprender a identificar o contexto em que est inse-rida a Poltica Nacional de Redes de Ateno em Sade, a Rede de Atenos Urgncias (RAU), os princpios, diretrizes e vigilncia em sade da Polti-ca da Rede de Ateno s Urgncias.

    1.1 Introduo

    Palavra do profissional

    Voc j pensou como as questes relativas ateno a urgncia/emergncia tm tido destaque nos servios de sade?

    Analisar essas questes envolve aspectos assistenciais e gerenciais em ser-

    vios de sade, requer a organizao de recursos de diferentes naturezasem microespaos de ateno e tambm em sistemas de sade.

    Propomos nesta unidade uma abordagem com foco nas diretrizes da Redede Ateno s Urgncias. Pretende-se, com isso, que voc possa desenvol-ver competncias para atuar na rede de ateno s urgncias do SUS re-conhecendo, sobretudo, sua relevncia enquanto poltica pblica voltadapara o atendimento de urgncia.

    Nesse contexto, dever ser capaz de:

    Identificar a Poltica Nacional das Redes de Ateno s Urgncias edeliberar os fluxos de clientes e necessidades de servio adequada-mente;

    Aplicar as normativas ministeriais que integram a rede de atenoa urgncia/emergncia e caracterizar os modelos de organizao dotrabalho e da assistncia em sade/enfermagem;

    Reafirmar a importncia de seu trabalho dentro da lgica e estrutu-

    ra de redes de ateno a sade;

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    Enfermagem em Urgncia e Emergncia

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    Coordenar a equipe de sade acerca dos encaminhamentos corretos dosusurios nas respectivas linhas de cuidado articulada na rede de ateno sade, e reconhecer a rede de servios de sua regio que assiste aos usu-

    rios da RAU, favorecendo a promoo, preveno e vigilncia em sade.

    1.2 Caso clnico-gerencialO caso clnico-gerencial abaixo ilustra a situao de uma usuria do ser-vio de sade cujas caractersticas so comuns a outros usurios que re-querem ateno de urgncia/emergncia em diferentes servios de sade.

    CASO Dona Antnia

    Dona Antnia uma senhora de 66 anos, mora na periferia da cidade, aposentada,sustenta a famlia com seu salrio mnimo. O marido, que era pedreiro autnomo, dei-xou de trabalhar aps uma isquemia cerebral. Alm de seu difcil dia a dia, cuidandodo marido, Dona Antnia diabtica e hipertensa, vrias vezes recorre unidadebsica de sade do bairro, mas nem sempre tem sucesso. s vezes no consegue con-sulta mdica, em outras , falta remdio. Outro dia, Dona Antnia foi ao banco receberseu dinheiro da aposentadoria e ao descer do nibus, passou mal e desmaiou. Aspessoas que passavam, chamaram o SAMU, que rapidamente chegou para atend-la.A equipe do SAMU identificou que a glicemia estava baixa e que sua presso arterial

    estava alta. O regulador orientou que a paciente fosse levada a Unidade de ProntoAtendimento (UPA). L ela teve seu quadro clnico estabilizado e foi encaminhadaao seu domiclio, com a expressa recomendao de que fosse procurar seguimentoe avaliao mdica na unidade bsica em poucos dias. Assim ela fez, a consulta foimarcada para 30 dias. Antes disso, quando foi ao supermercado, novamente passoumal e o SAMU foi acionado. A equipe reconheceu a senhora em atendimento. Estavanovamente hipertensa. Foi encaminhada a mesma UPA, onde conversaram com DonaAntnia, preocupados com seu retorno ao servio de sade. Dona Antnia, cansada eestressada, relatou suas dificuldades de vida e chorando, pedia ajuda.

    Palavra do profissional

    Fazendo uma reflexo, voc consegue apontar as falhas noatendimento e sugerir melhorias?

    Considerando o caso descrito, possvel identificar que a D. Antonia, emdiversos momentos, precisava de atendimento em servios de sade quedisponibilizam recursos de diferentes densidades tecnolgicas, tanto para

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    Diretrizes da Rede de Ateno s Urgncias

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    avaliao e acompanhamento de sua condio de sade, bem como ematendimento de urgncia e emergncia. Nesse sentido, e pensando a consti-tuio de redes de ateno sade, conhea a Rede de Ateno s Urgncias.

    1.3 Rede de Ateno s Urgncias (RAU)Atualmente o Brasil vive uma situao de transio demogrfica acele-rada, com forte predominncia de condies crnicas em decorrncia docrescimento do envelhecimento da populao, alm de elevada incidnciade agravos agudos decorrentes do trauma e violncia urbana. Este perfilepidemiolgico traz reflexos na organizao dos servios e sistema de sa-de. O sistema de sade se encontra fragmentado e operando sem coorde-

    nao, de forma episdica e reativa, uma vez que voltado principalmentepara a ateno s condies agudas e s agudizaes de condies crni-cas (COLEMAN; WAGNER, 2008).

    Para Mendes (2011), a crise do sistema pblico de sade no Brasil decorreda crescente incidncia de doenas crnicas e da organizao do sistemade sade ser fragmentada e centrada nas condies agudas. Para o autor,a crise s ser superada com a substituio do sistema fragmentado pelasredes de ateno sade, sem hierarquizao, mas uma rede horizonta-lizada disponibilizando distintas densidades tecnolgicas em diferentes

    sistemas de apoio, sem ordem e sem grau de importncia entre eles. A im-plantao dessas redes poder ocasionar uma interveno concomitantesobre as condies crnicas e sobre as condies agudas. Para melhorar aateno s condies agudas e aos eventos decorrentes das agudizaesdas condies crnicas, h que se implantar a rede de ateno s urgnciase emergncias.

    A organizao do Sistema de Redes de Ateno Sade tem sido concebidacomo estratgia voltada para responder de forma contnua e integral as

    necessidades de sade da populao, seja diante das condies crnicas e/ou agudas, seja promovendo aes de vigilncia e promoo da sade queconsequentemente geram impacto positivo nos indicadores de sade dapopulao.

    A partir da necessidade de superar o modelo fragmentado das aes e ser-vios de ateno sade voltado para as condies agudas, o Ministrio daSade normatizou a Portaria 4.279/2010, que institui as Redes de Ateno Sade (RAS), caracterizadas como arranjos organizativos de aes e ser-vios de sade, de diferentes densidades tecnolgicas, que integradas pormeio de sistemas de apoio tcnico, logstico e de gesto, buscam garantir aintegralidade do cuidado (BRASIL, 2010).

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    O objetivo da RAS superar a fragmentao da ateno e dagesto nas regies de sade, alm de promover a integraosistmica de aes e servios de sade com proviso de atenocontnua, integral, de qualidade, responsvel e humanizada,bem como incrementar o desempenho do Sistema, em termosde acesso, equidade, eficcia clnica e sanitria; e eficinciaeconmica.

    A RAS caracteriza-se pela formao de relaes horizontais entre os pon-tos de ateno com o centro de comunicao na Ateno Primria Sade(APS), pela centralidade nas necessidades em sade de uma populao,pela responsabilizao na ateno contnua e integral, pelo cuidado multi-

    profissional, pelo compartilhamento de objetivos e compromissos com osresultados sanitrios e econmicos.

    Os pontos de ateno sade so entendidos como espaos onde se ofer-tam determinados servios de sade, por meio de uma produo singular.So exemplos de pontos de ateno sade: os domiclios, as unidadesbsicas de sade, as unidades ambulatoriais especializadas, os servios dehemoterapia e hematologia, os centros de apoio psicossocial, as residn-cias teraputicas, entre outros. Os hospitais tambm podem abrigar dis-tintos pontos de ateno sade: o ambulatrio de pronto atendimento,a unidade de cirurgia ambulatorial, o centro cirrgico, a maternidade, aunidade de terapia intensiva, a unidade de hospital/dia, entre outros.

    Palavra do profissional

    Cabe destacar que a estruturao da RAS segue uma lgicadiferenciada em relao hierarquizao de servios de sade.Voc j refletiu sobre esse conceito de RAS? Reconhece os

    pontos de ateno sade na localidade regional que voc estinserido?

    Todos os pontos de ateno sade so igualmente importantes para quese cumpram os objetivos das redes de ateno sade, e se diferenciam,apenas, pelas distintas densidades tecnolgicas que os caracterizam.

    No que se refere ateno em urgncia, o crescimento do nmero de aci-dentes, a violncia urbana e a insuficiente estruturao da rede de serviosde sade, so fatores que tm contribudo decisivamente para a sobrecargados servios hospitalares.

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    Diretrizes da Rede de Ateno s Urgncias

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    Na perspectiva de consolidao dos princpios do SUS, o conhecimentodesta realidade de importncia fundamental, no sentido de evidenciar a

    necessidade de reestruturao do atual sistema de sade.

    1.3.1 Normativas MinisteriaisDesde 1995, o Ministrio da Sade tem investido esforos para organizar osservios de atendimentos s urgncias. O quadro 1 sumariza as normati-vas publicadas.

    Quadro 1: Portarias institudas pelo Ministrio da Sade relativas organizao e sistematiza-

    o dos servios de urgncia e emergncia.

    PORTARIAS CONTEDO

    Portaria N 1.692/1995 Institui o ndice de valorizao hospitalar de emergncia.

    Portaria N 2.923/1998 Institui o Programa de Apoio Implantao dos Sistemas Estaduais de

    Referncia Hospitalar em Atendimento de Urgncia e Emergncia.

    Portaria N 479/1999

    Revoga a portaria anterior, e altera os mecanismos para a implanta-

    o dos sistemas estaduais de referncia hospitalar em atendimento

    de urgncia e emergncia, os critrios para classificao dos hospitais

    no sistema e a remunerao adicional.

    Portaria N 824/1999Cria as normas para o atendimento pr-hospitalar.

    Portaria N 814/2001

    Revoga a portaria anterior e estabelece conceitos, princpios e dire-

    trizes da regulao mdica das urgncias e normaliza o atendimento

    pr-hospitalar mvel de urgncia.

    Portaria N 2048/2002 aprovado o regulamento tcnico dos sistemas estaduais de urgncia

    e emergncia.

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    Enfermagem em Urgncia e Emergncia

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    Portaria N 1863/2003

    Institui a Poltica Nacional de Ateno s Urgncias. Estabelece que

    a referida poltica ser composta pelos sistemas de ateno s ur-

    gncias e emergncias estaduais, regionais e municipais organizadas

    e que dever ser instituda a partir dos componentes fundamentais

    estabelecidos no regulamento tcnico dos sistemas estaduais de

    urgncia e emergncia.

    Portaria N 1864/2003

    Institui o componente pr-hospitalar mvel por intermdio da

    implantao de Servios de Atendimento Mvel de Urgncia (SAMU),

    suas centrais de regulao e seus ncleos de educao em urgncia.

    Portaria N 2072/2003

    Institui o Comit Gestor Nacional de Ateno s Urgncias.

    Portaria N 1828/2004

    Institui o incentivo financeiro para adequao da rea fsica das

    Centrais de Regulao Mdica de Urgncia em estados, municpios e

    regies de todo territrio nacional.

    Portaria N 2420/2004

    Constitui Grupo Tcnico (GT), visando avaliar e recomendar estrat-

    gias de interveno do Sistema nico de Sade para abordagem dos

    episdios de morte sbita.

    Portaria N 2657/2004

    Estabelece as atribuies das centrais de regulao mdica de urgn-

    cias e o dimensionamento tcnico para a estruturao e operacionali-

    zao das Centrais SAMU 192.

    Portaria N 1600/2011 Reformula a Poltica Nacional de Ateno s Urgncias e institui a

    Rede de Ateno s Urgncias no Sistema nico de Sade

    Portaria N 1601/2011

    Estabelece diretrizes para implantao do componente Unidades de

    Pronto Atendimento (UPA 24h) e o conjunto dos servios de urgncia

    24 horas da Rede de Ateno s Urgncias, em conformidade com a

    Poltica Nacional de Ateno s Urgncias

    Portaria N 2395/2011Organiza o Componente Hospitalar da RAU no mbito do SUS

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    Diretrizes da Rede de Ateno s Urgncias

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    PORTARIA N 1.010, DE 21

    DE MAIO DE 2012

    Redefine as diretrizes para a implantao do Servio de Atendimento

    Mvel de Urgncia (SAMU 192) e sua Central de Regulao das Urgn-

    cias, componente da Rede de Ateno s Urgncias.

    PORTARIA N 1.663, DE 6 DE

    AGOSTO DE 2012

    Dispe sobre o Programa SOS Emergncias no mbito da Rede de

    Ateno s Urgncias e Emergncias (RUE)

    FONTE: Conselho Nacional de Secretrios de Sade (2007); Ministrio da Sade (2012)

    Considerando a importncia da rea de urgncia e emergncia enquantocomponente da ateno sade, o aumento da morbimortalidade por aci-dentes de trnsito, violncia e doenas do aparelho circulatrio, bem comoa insuficiente estruturao da rede assistencial, o MS elegeu como um doscompromissos prioritrios a Rede de Ateno s Urgncias (RAU), institu-da pela Portaria 1.600/GM, de 07 de julho de 2011. Esta portaria alm deinstituir a RAU, reformula a Poltica Nacional de Ateno s Urgncias, re-vogando a Portaria 1.863/GM, de setembro de 2003.

    A organizao da RAU tem a finalidade de articular e integrar o conjuntode tudo aquilo que serve para prover os servios de sade objetivando am-pliar e qualificar o acesso humanizado e integral aos usurios em situaode urgncia nos servios de sade de forma gil e oportuna, no mbito doSistema nico de Sade (SUS). A RAU deve ser implementada gradativa-

    mente, em todo territrio nacional, respeitando critrios epidemiolgicos ede densidade populacional, priorizando as linhas de cuidado cardiovascu-lar, cerebrovascular e traumatolgica (BRASIL, 2011).

    Segundo a referida portaria os usurios com quadros agudos devem seratendidos em todas as portas de entrada de servios de sade do SUS, po-dendo ser transferidos para servios de maior complexidade, dentro de umsistema regulado, organizado em redes regionais formando elos de umarede de manuteno da vida em nveis crescentes de complexidade e res-

    ponsabilidade. (BRASIL, 2012).

    Palavra do profissional

    Voc percebe como esses aspectos evidenciam um enfoqueorganizacional diferenciado da RAU?

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    Importante destacar que o perfil epidemiolgico do Brasil aponta paracrescimento da morbimortalidade por traumas e doenas cardiovascula-res. No ano de 2007, por exemplo, a mortalidade de pacientes internadoscom infarto no pas foi de 16,1%, enquanto que, no sistema privado, essamortalidade foi menor que 5% em pases desenvolvidos. As causas exter-

    nas/traumas so responsveis pelo maior nmero de mortes entre indiv-duos de 1(um) a 39 (trinta e nove) anos de idade, uma vez que nesta faixaetria encontra-se a maior parcela da populao economicamente ativa

    (CARVALHO, 2007).

    A Portaria 1.863/GM tambm apresenta as diretrizes da rede de atenos urgncias no tocante ao acesso, integralidade, longitudinalidade, regio-nalizao, humanizao, modelo de ateno de carter multiprofissional,articulao e integrao dos diversos servios e equipamentos de sade,

    regulao, qualificao da assistncia, dentre outros.

    Saiba mais

    Para aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto, sugerimosa leitura individual da portaria, disponvel no site do Ministrioda Sade: . Acesso em: 13 jul. 2012.

    Palavra do profissional

    Alm dessa leitura, que tal voc levar para o seu servio essematerial e propor uma discusso conjunta? Essa pode seruma alternativa para ampliar o entendimento acerca da RAU,repensar a insero do servio no sistema locorregional desade.

    1.3.3 Detalhando a RAUA proposta da RAU configura-se em diferentes nveis de ateno. divididaem componentes como promoo, preveno e vigilncia sade, atenobsica, servio de atendimento mvel de urgncia (SAMU) com centrais deregulao mdica, sala de estabilizao, Fora Nacional de Sade do SUS,Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h) e o conjunto de servios 24horas, Hospitalar e Ateno Domiciliar.

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    Saiba mais

    Para aprofundar seus conhecimentos sobre o referido Ncleo,acesse o Portal da Sade. Disponvel em: . Acesso em: 13 jul.2012.

    Vigilncia de Violncias e Acidentes (VIVA), que possibilita conhecermelhor a dimenso dos acidentes em geral, seja de trnsito, de tra-balho, domstico, quedas, queimaduras, afogamentos, intoxicaes.Possibilita, tambm, identificar a violncia domstica e sexual, queainda permanecem ocultas na esfera do privado, principalmente

    os maus-tratos contra crianas, adolescentes, mulheres e pessoasidosas. Possui dois componentes: Componente I e VIVA Contnuo/SINAN-NET: notificao compulsria de violncia domstica, sexuale/ou outras violncias envolvendo crianas, adolescentes, mulherese idosos.

    Aes voltadas para a vigilncia e preveno de leses e mortes pro-vocadas pelo trnsito, para a ateno s vtimas e para a promooda sade e cultura de paz, com objetivo maior de reduzir as leses e

    mortes provocadas pelo trnsito.

    ATENO BSICA EM SADENa RAU a Ateno Bsica tem como principal objetivo: a ampliao doacesso, fortalecimento de vnculos e responsabilizao, alm de ser res-ponsvel pelo primeiro cuidado e acolhimento s urgncias por meio daimplantao da classificao de risco, de forma articulada aos outros pon-tos de ateno.

    Importante destacar as potencialidades das Unidades Bsicas de Sadecomo componente para melhorar a resolutividade bem como de ampliar oacesso ateno s urgncias/emergncias. Entretanto, devemos destacaro desafio de organizar recursos materiais e equipamentos, bem como decapacitar recursos humanos na perspectiva de qualificar o cuidado na es-fera de ao dessas unidades integradas a outros servios de sade.

    A Sala de Observao o ambiente da Unidade Bsica de Sade destina-do ao atendimento de pacientes em regime ambulatorial, no perodo de

    funcionamento da unidade, com necessidade de observao em casos deurgncia/emergncia.

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    Diretrizes da Rede de Ateno s Urgncias

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    SERVIO DE ATENDIMENTO MVEL DE URGNCIA (SAMU 192) ECENTRAIS DE REGULAO MDICA DAS URGNCIASEste componente tem como objetivo: o atendimento precoce s vtimas de

    agravos sade (de natureza clnica, cirrgica, gineco-obsttrica, traum-tica e psiquitrica), sendo necessrio garantir atendimento e/ou transporteadequado, rpido e resolutivo para um servio de sade devidamente hie-rarquizado e integrado ao SUS.

    SALA DE ESTABILIZAOEste componente prev um local para estabilizao de pacientes crticos/graves, com condies de garantir a assistncia 24 horas, vinculado a uma

    unidade de sade, articulado e conectado aos outros nveis de atenopara posterior encaminhamento rede de ateno sade pela centralde regulao.

    As salas de estabilizao sero implantadas em regies de vazios assisten-ciais, municpios com menos de 50 mil habitantes, sem qualquer equipa-mento de urgncia (UPA, Unidade 24 horas, SAMU). Estas regies deveroser cobertas por SAMU regional e se articularo com a Rede de Urgnciaspara continuidade do cuidado.

    FORA NACIONAL DO SUS FN-SUSO componente objetiva aglutinar esforos para garantir a integralidade naassistncia em situaes de risco ou emergenciais para populaes. A atu-ao do SUS em situaes que exigem maior participao do poder pbli-co como: catstrofes que envolvem mltiplas vtimas e demais condiesde calamidade, em especial, de natureza epidemiolgica, situaes pedemajuda rpida, com atendimento mdico especializado e apoio logstico.

    Exemplos: alagamento e seca, desabamento, enchente, incndio, epide-mias/pandemias, acidentes nucleares, eventos com grande concentraode pessoas, como Copa do mundo e Olimpadas.

    UNIDADES DE PRONTO ATENDIMENTO (UPA 24h) o conjunto de servios de urgncia 24 horas no hospitalares. So es-tabelecimentos de sade de complexidade intermediria entre as Unida-des Bsicas de Sade/Sade da Famlia e a Rede Hospitalar. Devem pres-

    tar atendimento resolutivo e qualificado aos pacientes acometidos porquadros agudos ou agudizados de natureza clnica. Deve prestar primeiroatendimento aos casos de natureza cirrgica ou de trauma, estabilizando

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    os pacientes e realizando a avaliao diagnstica inicial, definindo, em to-dos os casos, as necessidades de encaminhamento a servios hospitalaresde maior complexidade.

    COMPONENTE HOSPITALAREste componente constitudo pelas Portas Hospitalares de Urgncia, pe-las enfermarias de retaguarda clnicas e de longa permanncia, pelos leitosde cuidados intensivos e pela reorganizao das linhas de cuidados prio-ritrias.

    A Portaria 2395/2011 organiza o componente Hospitalar da Rede de Aten-o s Urgncias e regulamenta o seu funcionamento com os seguintesobjetivos:

    Organizar a ateno s urgncias nos hospitais, que deve atender demanda espontnea e referenciada para os outros pontos de aten-o s urgncias de menor complexidade;

    Garantir a retaguarda de atendimentos de mdia e alta complexi-dade; procedimentos diagnsticos; leitos clnicos e cirrgicos, de te-rapia intensiva e de longa permanncia para a rede de ateno surgncias;

    Garantir a assistncia hospitalar nas linhas de cuidado prioritrias(cardiovascular, cerebrovascular e traumatologia) em articulaocom os demais pontos de ateno.

    A Portaria 2395/2011 refora a necessidade do componente hospitalar estarintegrado Rede de Ateno s Urgncias, e estabelece, alm das diretrizesbsicas do SUS de universalidade, equidade e integralidade e tambm a hu-manizao; a exigncia do acolhimento com Classificao de Risco; a Regio-nalizao com acesso regulado e a ateno multiprofissional, e baseado nagesto de linhas de cuidado.

    As portas de entrada hospitalares de urgncias sero consideradas qualifi-cadas quando se adequarem aos seguintes critrios:

    Estabelecer e adotar protocolos de classificao de risco clnico, e deprocedimentos administrativos no hospital;

    Implantar processo de Acolhimento com Classificao de Risco, emambiente especifico, identificando o paciente que necessita de trata-mento imediato, estabelecendo o potencial de risco, agravos sade

    ou grau de sofrimento e garantindo atendimento priorizado de acor-do com o grau de sofrimento ou a gravidade do caso;

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    Estar articulado com o Servio de Atendimento Mvel de Urgncia- SAMU 192, Unidades de Pronto Atendimento UPA e com outrosservios da rede de ateno sade, construindo fluxos coerentese efetivos de referncia e contrareferncia, ordenados atravs dasCentrais de Regulao Regionais.

    Possuir equipe multiprofissional compatvel com seu porte;

    Organizar o trabalho das equipes multiprofissionais de forma hori-zontal;

    Implantar mecanismos de gesto da clnica, com equipe de refern-cia para responsabilizao e acompanhamento de caso e de mdiade permanncia, com pronturio nico multidisciplinar;

    Fornecer retaguarda s urgncias atendidas pelos outros pontos de

    ateno de menor complexidade que compem a Rede de Atenos Urgncias em sua regio: procedimentos diagnsticos, leitos cl-nicos, leitos de terapia intensiva e cirurgias,

    Garantir o desenvolvimento de atividades de educao permanentepara as equipes, por iniciativa prpria ou por meio de cooperao.

    Saiba mais

    Para aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto, acesse aPortaria N 2.395, de 11 de outubro de 2011. Disponvel em: . Acesso em: 13 jul. 2012.

    ATENO DOMICILIAREste componente compreendido como o conjunto de aes integradase articuladas de promoo sade, preveno e tratamento de doenase reabilitao prestadas em domiclio, com garantia de continuidade decuidados e integrada s redes de ateno.

    O reconhecimento das diretrizes, componentes e articulaes da RAU pos-sibilita ao enfermeiro identificar aspectos demogrficos, epidemiolgicose organizacionais relativos aos atendimentos realizados em diferentesservios. Dessa forma, poder subsidiar suas aes gerenciais referentes

    distribuio de pessoal, escala diria, mensal e de frias, previso e pro-viso de recursos materiais. Ou seja, as informaes que caracterizam osservios e o perfil dos atendimentos trazem contribuies para identificar

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    nuances do servio, fornecendo subsdios para a organizao do microes-pao de ateno (COELHO, 2009).

    Nessa tica, o exerccio profissional em unidades de urgncia e emergnciatem se mostrado como um desafio para o enfermeiro articular a centralida-

    de do cuidado ao paciente e a gerncia de enfermagem, em uma nova pers-pectiva, responsabilizando-se pela coordenao de equipe, pela mobilizaode recursos subjetivos e objetivos requeridos na ateno em urgncia.

    1.4 ResumoA Ateno s Urgncias no mbito do SUS um tema muito relevante quedeve ser abordado a partir da constituio de uma Rede Ateno (POR-TARIA 1.600/2011). Esta Rede denominada RAU deve considerar o perfilepidemiolgico do pas, articular os diversos nveis de complexidade dosistema, alm de comportar vrios servios diferentes, organizados a par-tir das necessidades dos usurios. Desse modo, a RAU constituda pe-los componentes: promoo e preveno; a ateno primria em sadepor meio das Unidades bsicas; o SAMU e seus complexos reguladores; asUPA e o conjunto de servios de urgncia 24 horas; as portas de entradahospitalares de urgncia; as enfermarias de retaguarda aos atendimentosde urgncia (leitos clnicos resolutivos, unidades de cuidado intensivo, lei-

    tos crnicos, etc.) e algumas inovaes tecnolgicas nas linhas de cuida-do prioritrias (infarto agudo do miocrdio, acidente vascular enceflico etrauma); alm do programa de ateno domiciliar. Todas estas portas nor-teadas pela proposta do acolhimento com classificao do risco, qualidadee resolutividade na ateno.

    1.5 FechamentoA organizao da RAU tem a finalidade de articular e integrar todos osequipamentos de sade, objetivando ampliar e qualificar o acesso huma-nizado e integral aos usurios em situao de urgncia nos servios desade, de forma gil e oportuna. Para uma efetiva implementao da RAUno SUS ser imprescindvel o envolvimento e apoio de todos os profissio-nais e gestores que atuam no setor sade.

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    Sugesto de autoavaliao: Considerando a leitura realizadadesse material, sugere-se que voc releia o caso clnico-gerencial da Dona Antnia e faa uma anlise considerando ocontedo terico apresentado.

    1.6 Recomendao de Leitura Complementar:Conhea mais sobre as redes de ateno sade no site do Telessade.Disponvel em: . Acesso em: 06 maio 2012.

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    UNIDADE 2

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    Unidade 2: Acolhimento com classificao de riscoconforme o Ministrio da Sade do BrasilNesta unidade, voc vai compreender o processo de humanizar o atendi-mento, classificar as queixas dos usurios, construir e aplicar os fluxos deatendimento e informao na urgncia/emergncia considerando a rededos servios de prestao de assistncia sade.

    2.1 IntroduoAo atuar no cuidado em situaes de urgncia e emergncia nos diferentescontextos da Rede de Ateno Sade, o enfermeiro se depara com diver-sos desafios. Gostaramos de dar destaque a um deles que se relaciona comas fronteiras e limites do cuidado a estes indivduos no sentido de sabercomo cada servio desempenhar suas atividades para que este pacientereceba um cuidado seguro, rpido e de qualidade na lgica de uma Rede deAteno em Urgncia e Emergncia.

    Palavra do profissional

    Qual seria, ento, uma das estratgias que podemos utilizarpara garantir este cuidado? Nesta Unidade 2, a resposta a estaquesto o processo de Acolhimento com Classificao de riscoem urgncia e emergncia proposta para a Rede de Ateno Sade. Assim, para que voc possa se instrumentalizare entender melhor como isso se desenvolve na prtica,convidamos voc a ler com ateno o texto a seguir.

    Para que voc possa compreender o processo de humanizar o atendimentoem urgncia e emergncia importante saber que o HumanizaSUSfoi a pro-posta lanada pelo Ministrio da Sade em 2004 para enfrentar os desafiosem relao mudana dos modelos de ateno e de gesto das prticas desade a partir dos princpios do SUS. Com essa proposta, o Ministrio daSade priorizou o atendimento com qualidade e a participao integradados gestores, trabalhadores e usurios na consolidao do SUS.

    Um dos objetivos da Poltica Nacional de Humanizao da Ateno e Ges-to do SUS provocar inovaes nas prticas gerenciais e nas prticas de

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    produo de sade, propondo para os diferentes coletivos/equipes impli-cados nestas prticas o desafio de superar limites e experimentar novasformas de organizao dos servios e novos modos de produo e circula-o de poder.

    Assim, com o princpio da transversalidade, o HumanizaSUS lana mo deferramentas e dispositivos para consolidar redes, vnculos e a corresponsa-bilizao entre usurios, trabalhadores e gestores. Ao direcionar estratgiase mtodos de articulao de aes, saberes e sujeitos, pode-se, efetivamen-te, potencializar a garantia de ateno integral, resolutiva e humanizada.

    2.2 Humanizao, acolhimento e classificao de

    riscoVamos abordar nessa seo conceitos fundamentais para o entendimentode temas como humanizao, acolhimento e classificao de risco.

    Na valorizao dos diferentes sujeitos implicados noprocesso de produo de sade, os valores que norteiam estapoltica so: a autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a

    corresponsabilidade entre eles, o estabelecimento de vnculossolidrios, a participao coletiva no processo de gesto e aindissociabilidade entre ateno e gesto (Brasil, 2009; 2011).

    Como ento entendida a humanizao nesta perspectiva?

    Na construo do SUS, surgem novas questes que demandam outras res-postas, bem como problemas e desafios que persistem, impondo a necessi-

    dade tanto de aperfeioamento do sistema, quanto de mudana de rumos.A mudana das prticas de acolhida aos cidados/usurios e aos cidados/trabalhadores nos servios de sade um destes desafios.

    Como postura e prtica nas aes de ateno e gesto nasunidades de sade, o acolhimento, a partir da anlise dosprocessos de trabalho, favorece a construo de relao deconfiana e compromisso entre as equipes e os servios epossibilita avanos na aliana entre usurios, trabalhadores e

    gestores da sade em defesa do SUS, como uma poltica pblicaessencial para a populao brasileira.

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    Assim, ao direcionar a ateno sade para a rede de urgncia e emergn-cia, entende-se que desafios devem ser superados no atendimento sadetais como: superlotao, processo de trabalho fragmentado, conflitos e as-simetrias de poder, excluso dos usurios na porta de entrada, desrespeitoaos direitos desses usurios, pouca articulao com o restante da rede de

    servios, entre outros.

    preciso, portanto, a partir da compreenso da insero dos servios deurgncia na rede local, repensar e criar novas formas de agir em sade quelevem a uma ateno resolutiva, humanizada e acolhedora.

    Saiba mais

    Sugere-se que voc aprofunde esta temtica consultando asPortarias relacionadas na sequncia:

    Portaria n 4.279, de 30 de dezembro de 2010 Estabelecediretrizes para a organizao da Rede de Ateno Sadeno mbito do Sistema nico de Sade (SUS). Disponvelem: . Acesso em: abr. 2012;

    Portaria N 1.600, de 07 de julho de 2011 - Reformula aPoltica Nacional de Ateno s Urgncias e Institui aRede de Ateno a Urgncias no Sistema nico de Sade.Disponvel em: Acesso em maio 2012;

    Nota tcnica: Implementao da rede de ateno sUrgncias/emergncias RUE. Disponvel em: .Acesso em: abr. 2012.

    A ateno s urgncias um tema complexo, que no deve ser tratado de

    forma pontual e por um nico tipo de servio, conforme ressaltado peloMinistrio da Sade (2011). Desse modo, no mbito do SUS, as urgnciasdevem ser abordadas a partir da constituio de uma Rede de Ateno, queatravesse os diversos nveis de complexidade do sistema, alm de compor-tar servios diferentes, organizados a partir das necessidades dos usurios(BRASIL, 2011).

    Esta atual poltica busca aprimorar os mecanismos de regulao, controlee avaliao da assistncia aos usurios do SUS. A implantao do SAMUou das UPAs isoladamente no suporta a diversidade e especificidades das

    questes relacionadas urgncia e emergncia no Brasil, dada a naturezado objeto sade/doena e a complexa rede de intervenes necessriaspara impactar os problemas de sade (Brasil, 2006; BRASIL, 2011).

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    Assim, o conceito estruturante a ser utilizado que o atendimento aosusurios com quadros agudos deve ser prestado por todas as portas deentrada do SUS. Possibilitando, assim, a resoluo de seu problema outransportando-o, responsavelmente, para um servio de maior complexi-dade, dentro de um sistema hierarquizado e regulado, conforme institui a

    Poltica Nacional de Ateno as Urgncias (BRASIL, 2003a). Organizandoas redes regionais de ateno s urgncias enquanto elos de uma rede demanuteno da vida em nveis crescentes de complexidade e responsabili-dade(BRASIL, 2006; BRASIL, 2011).

    Saiba mais

    Para aprofundar esta temtica, no deixe de ler o material do

    Ministrio da Sade que trata do Acolhimento e classificao derisco nos servios de urgncia. Disponvel em:

    .

    Nessa perspectiva, o Ministrio da Sade salienta o acolhimento como:

    Uma ao tecno-assistencial que pressupe a mudana darelao profissional/usurio e sua rede social por meio deparmetros tcnicos, ticos, humanitrios e de solidariedade,reconhecendo o usurio como sujeito e participante ativo noprocesso de produo da sade.

    O acolhimento implica prestar um atendimento em sade com resoluti-

    vidade e responsabilizao. Orientando, quando for o caso, o paciente ea famlia em relao a outros servios de sade para a continuidade daassistncia e estabelecendo articulaes com esses servios para garantir aeficcia desses encaminhamentos. Desse modo, possibilita o atendimentoa todos que procuram os servios de sade na rede, ouvindo seus pedidose assumindo no servio uma postura capaz de acolher, escutar e pactuarrespostas mais adequadas aos usurios.

    Desse modo, o acolhimento com Avaliao de Risco se configura como umadas intervenes decisivas na reorganizao das portas de urgncia e naimplementao da produo de sade em rede, pois extrapola o espao degesto local afirmando, no cotidiano das prticas em sade, a coexistnciadas macro e micropolticas (Brasil, 2009).

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    Palavra do profissional

    Voc j deve ter observado, at aqui, que o Acolhimentotem relao direta com a avaliao/classificao de risco do

    indivduo que procura o servio de sade. E, em se tratandode urgncia e emergncia, a classificao de risco contribuipara estabelecer a prioridade do atendimento. Vamos entoentender melhor o que so os Protocolos de Classificao deRisco?

    A classificao de risco vem sendo utilizada em muitos pases, inclusive noBrasil. Para essa classificao foram desenvolvidos diversos protocolos que

    objetivam, sobretudo, no demorar em prestar atendimento queles quenecessitam de uma conduta imediata com segurana. Por isso, todos elesso baseados na avaliao primria do paciente, j bem desenvolvida parao atendimento s situaes de catstrofes e adaptada para os servios deurgncia.

    Os protocolos de classificao so instrumentos que sistematizam a ava-liao. Vale ressaltar que no se trata de fazer um diagnstico prvio nemde excluir pessoas sem que tenham sido atendidas pelo mdico, mas aclassificao de risco realizada pelo enfermeiro, baseado em consensosestabelecidos conjuntamente com a equipe mdica para avaliar a gravida-de ou o potencial de agravamento do caso, assim como o grau de sofrimen-to do paciente. Portanto, a classificao de risco um processo dinmicode identificao dos pacientes que necessitam de tratamento imediato, de

    acordo com o potencial de risco, agravos sade ou grau de sofrimento.

    2.2.1 Os Eixos e Suas reas de acordo com o Ministrio da SadeA reinveno dos espaos fsicos e seus usos na urgncia, orientada pelasdiretrizes do acolhimento e da ambincia do Ministrio da Sade, convoca--nos, de imediato, a lidar com alguns desafios tanto conceituais quantometodolgicos. Um dos desafios trabalhar essa reinveno de modo acontribuir para a produo (reinveno) de sade. Nessa produo, expres-sam-se regimes de sensibilidades em que, antes mesmo da realidade cons-truda, h o processo de construo dessa realidade, da qual esses regimesfazem parte (como digo, como vejo, como uso).

    O espao um territrio que se habita, que se vivencia, onde convivemos

    e nos relacionamos. um territrio que se experimenta, que se reinventae que se produz. Uma produo do espao que acontece porque h proces-sos de trabalho, encontros entre as pessoas, modos de se viver e modos deir reconstruindo o espao (BRASIL, 2009 p.28 -29).

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    A orientao da ambincia na urgncia, articulada diretriz do acolhimen-to, favorece que ao se intervir, criar e recriar os espaos fsicos na urgnciaproblematize-se tambm as prticas, os processos de trabalho e os modosde viver e conviver nesse espao.

    Assim, o Acolhimento com Classificao de Risco o guiaorientador para a ateno e gesto na urgncia, no qualoutros modos de estar, ocupar e trabalhar se expressaronesse lugar e solicitaro arranjos de espaos singulares, comfluxos adequados que favoream os processos de trabalho nosservios de urgncia e emergncia (Brasil, 2009).

    Para entender a lgica do atendimento destes espaos e seus usos nestesservios, o Ministrio da Sade (MS) organizou uma estrutura compostapor eixos e reasque evidenciam os nveis de risco dos pacientes.

    A proposta de desenho se desenvolve pelo menos em dois eixos (BRASIL,2009):

    O do paciente grave, com risco de morte, denominado eixo verme-lho;

    O do paciente aparentemente no grave, mas que necessita ou pro-cura o atendimento de urgncia, denominado de eixo azul.

    Cada um desses eixos possui diferentes reas, de acordo com a clnica dopaciente e os processos de trabalho que nele se estabelecem, sendo queessa identificao tambm define a composio espacial por dois acessosdiferentes. Assim, temos como Eixos e suas reas a seguinte estruturaorganizada para a ambincia na Emergncia conforme a seguir (BRASIL,2009):

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    N E

    1

    VERMELHO: Este eixo est

    relacionado clnica do

    paciente grave, com risco de

    morte, sendo composto por

    um agrupamento de trs

    reas principais

    a) rea Vermelha: nesta rea que est a sala de

    emergncia, para atendimento imediato dos pacientes

    com risco de morte, e a sala de procedimentos espe-

    ciais invasivos

    b) rea Amarela:composta por uma sala de reta-

    guarda para pacientes j estabilizados, porm ainda

    requerem cuidados especiais (pacientes crticos ou

    semicrticos).

    c) rea Verde: composta pelas salas de observao, que

    devem ser divididas por sexo (feminino e masculino) e

    idade (crianas e adultos), a depender da demanda.

    2AZUL: o eixo dos pa-

    cientes aparentemente

    no graves. O arranjo do

    espao deve favorecer o

    acolhimento

    do cidado e a classificao

    do grau de risco.

    Este eixo se compe de 3

    (trs) planos de atendimento:

    a) Plano 1: espaos para acolhimento, espera, recepo,

    classificao do risco e atendimento administrativo. A

    diretriz principal, neste plano, acolher, o que pressu-

    pe a criao de espaos de encontros entre os sujeitos.

    b) Plano 2:rea de atendimento mdico, lugar onde osconsultrios devem ser planejados de modo a possibi-

    litar a presena do acompanhante e a individualidade

    do paciente.

    c) Plano 3: reas de procedimentos mdicos e de en-

    fermagem (curativo, sutura, medicao, nebulizao).

    importante que as reas de procedimentos estejam

    localizadas prximas aos consultrios, ao servio deimagem e que favoream o trabalho em equipe.

    Fonte: Brasil (2009)

    A construo de um protocolo de classificao de risco a partir dos exis-tentes e disponveis nos textos bibliogrficos, porm adaptado ao perfil decada servio e ao contexto de sua insero na rede de sade, uma opor-

    tunidade de facilitar a interao entre a equipe multiprofissional e de valo-rizar os profissionais da urgncia (BRASIL, 2009, 2011).

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    tambm importante que servios de uma mesma regio desenvolvamcritrios de classificao semelhantes, buscando facilitar o mapeamentoe a construo das redes locais de atendimento. A elaborao e a anlisedo fluxograma de atendimento no pronto-socorro, identificando os pontosnos quais se concentram os problemas, promovem uma reflexo profunda

    sobre o processo de trabalho (BRASIL, 2011).

    Palavra do profissional

    Sugerimos, ento, que voc participe em sua regio tantoda construo quanto da implantao de um protocolo declassificao de risco. O que voc pensa sobre isso? Discuta comsua equipe sobre o que voc tem refletido aqui.

    Como exemplo desta proposta de Classificao de Risco na Emergncia,citamos o artigo de Claudia Abbs e Altair Massaro (2004) em que a Classi-ficao de Risco d-se nos seguintes nveis:

    Vermelho:significa prioridade zero emergncia, atendimento ime-diato;

    Amarelo:significa prioridade 1 - urgncia, atendimento em no m-ximo 15 minutos;

    Verde:significa prioridade 2 - prioridade no urgente, atendimentoem at 30 minutos;

    Azul: significa prioridade 3 - consultas de baixa complexidade -atendimento de acordo com o horrio de chegada tempo de esperapode variar at 3 horas de acordo com a demanda destes atendi-

    mentos, urgncias e emergncias.

    A identificao das prioridades feita, por exemplo, mediante adesivo co-lorido colado no canto superior direito do Boletim de Emergncia.

    Os pacientes classificados como verde podem tambm receber encami-nhamento unidade bsica de referncia pelo servio social ou enfermei-ro, com garantia de consulta mdica e/ou cuidados de enfermagem, situ-ao que deve ser pactuada previamente. Os pacientes classificados comoazultambm podero ser encaminhados para o acolhimento na UnidadeBsica de Sade de referncia ou tero seus casos resolvidos pela equipe

    de sade.

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    Palavra do profissional

    Estabelece-se, assim, um fluxo de ateno em sade na lgicade Redes como proposto pelo Ministrio da Sade.

    Como ilustrao prtica da aplicao do protocolo, os pacientes que de-vero ser encaminhados diretamente sala vermelhapara atendimentoimediato so os que apresentam as seguintes situaes/queixas conformedestacam(ABBS & MASSARO 2004):

    Politraumatizado grave Leso grave de um ou mais rgos e siste-mas, Escala de Coma de Glasgow (ECG) < 12;

    Queimaduras com mais de 25% de rea de superfcie corporal quei-mada ou com problemas respiratrios;

    Trauma crnio-enceflico grave (Escala de Coma de Glasgow) ECG

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    Complicaes de diabetes (hipo ou hiperglicemia);

    Parada cardiorrespiratria;

    Alteraes de sinais vitais em paciente sintomtico: Pulso > 140 ou< 45bpm; PA diastlica < 130 mmHg; PA sistlica < 80 mmHg; FR >34

    ou

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    tablicos (diabetes);

    Crise asmtica (dispnia, cianose, tosse e sibilos);

    Diabtico apresentando sudorese, alterao do estado mental, vi-so turva, febre, vmitos, taquipnia, taquicardia;

    Desmaios;

    Estados de pnico, overdose;

    Alteraes de sinais vitais em paciente sintomtico: a) FC < 50 ou >140 bpm; b) PA sistlica < 90 ou > 240 mmHg; c) PA diastlica > 130mmHg; d) T < 35 ou 40C;

    Histria recente de melena ou hematmese ou enterorragia com PAsistlica, 100 ou FC > 120bpm;

    Epistaxe com alterao de sinais vitais;

    Dor abdominal intensa com nuseas e vmitos, sudorese, com al-terao de sinais vitais (taquicardia ou bradicardia, hipertenso ouhipotenso, febre);

    Sangramento vaginal com dor abdominal e alterao de sinais vi-tais, gravidez confirmada ou suspeita;

    Nuseas /Vmitos e diarria persistente com sinais de desidratao

    grave letargia, mucosas ressecadas, turgor pastoso, alterao desinais vitais;

    Febre alta (39/40 C);

    Fraturas anguladas e luxaes com comprometimento neurovascu-lar ou dor intensa;

    Intoxicao exgena sem alterao de sinais vitais, Glasgow de 15;

    Vtimas de abuso sexual;

    Imunodeprimidos com febre.Verdes:Pacientes em condies agudas (urgncia relativa) ou no agudasatendidos com prioridade sobre consultas simples tempo de espera at30 minutos. De acordo com (ABBS & MASSARO 2004):

    Idade superior a 60 anos;

    Gestantes com complicaes da gravidez;

    Pacientes escoltados;

    Pacientes doadores de sangue;

    Deficientes fsicos;

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    Retornos com perodo inferior a 24 horas devido a no melhora doquadro;

    Impossibilidade de deambulao;

    Asma fora de crise;

    Enxaqueca pacientes com diagnstico anterior de enxaqueca;

    Dor de ouvido moderada a grave;

    Dor abdominal sem alterao de sinais vitais;

    Sangramento vaginal sem dor abdominal ou com dor abdominalleve;

    Vmitos e diarria sem sinais de desidratao;

    Histria de convulso sem alterao de conscincia; Lombalgia intensa;

    Abscessos;

    Distrbios neurovegetativos;

    Intercorrncias ortopdicas (entorse suspeita de fraturas, luxaes);

    Pacientes com ferimentos devero ser encaminhados diretamentepara a sala de sutura.

    Azuis:Demais condies no enquadradas nas situaes/ queixas acima.

    Queixas crnicas sem alteraes agudas;

    Procedimentos como: curativos, trocas ou requisies de receitasmdicas, avaliao de resultados de exames, solicitaes de ates-tados mdicos. Aps a consulta mdica e medicao o paciente liberado.

    Vamos ento transpor esta avaliao para a prtica?

    Caso 2: Imaginemos que voc recebe um paciente, Sr. RS do sexomasculino de 40 anos, em sua Unidade de Sade apresentandodesconforto respiratrio grave. O Sr. RS apresenta histriapassada de asma e problemas cardacos. No exame clnico, vocobserva que RS est com a respirao ineficaz, com cianosede extremidades, agitado e com saturao de 02 de 89% pelooxmetro de pulso. Os sinais vitais do Sr. R.S neste momentoso: PA: 220/140mmHg; P: 150bpm; FR: 38irpm.

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    Qual a sua avaliao neste momento?

    De acordo com o proposto acima, esse paciente deve receber atendimentoimediato e, portanto, recebe a classificao de risco de cor Vermelha e de-ver receber o atendimento adequado para desconforto respiratrio grave.

    Saiba mais

    Para aprofundar seus conhecimentos, recomenda-se a leiturados seguintes artigos:

    Acolhimento e Avaliao com Classificao de Risco deABBS C, MASSARO A. Disponvel em: .

    Protocolo Implantado na Secretaria Municipal deSade da Prefeitura de Belo Horizonte. Disponvel em:

    2.3 ResumoO contexto mostra que os avanos na atual poltica pblica de sade es-to direcionados para a melhoria do atendimento no SUS, estabelecendoo atendimento na estrutura de Redes. Para que isso se consolide, h ne-cessidade de um trabalho que valorize o acolhimento e a classificao derisco. O MS organizou uma estrutura composta por eixos e reasque evi-denciam os nveis de risco dos pacientes. A proposta do desenho desen-volve em pelo menos dois eixos: o do paciente grave, com risco de morte,denominada eixo vermelho, e o do paciente aparentemente no grave,

    mas que necessita ou procura o atendimento de urgncia, denominadaeixo azul. Cada um desses eixos possui diferentes reas, de acordo coma clnica do paciente e os processos de trabalho que nele se estabelecem,sendo que essa identificao tambm define a composio especial pordois acessos diferentes. A partir desta orientao, o MS destaca que tam-bm importante que servios de uma mesma regio desenvolvam crit-rios de classificao semelhantes, buscando facilitar o mapeamento e aconstruo das redes locais de atendimento. A elaborao e a anlise dofluxograma de atendimento no pronto-socorro, identificando os pontos emque se concentram os problemas, promovem uma reflexo profunda sobreo processo de trabalho. Nesse sentido, foi exemplificado a voc como fazera Classificao de Risco na Emergncia de acordo com a prioridade clnica

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    proposta pelo Ministrio da Sade na qual o Vermelho: significa prioridadezero emergncia, atendimento imediato. Amarelo: significa prioridade 1- urgncia , atendimento em no mximo 15 minutos. Verde: significa prio-ridade 2 - prioridade no urgente, atendimento em at 30 minutos. Azul:significa prioridade 3 - consultas de baixa complexidade - atendimento

    de acordo com o horrio de chegada tempo de espera pode variar at 3(trs) horas de acordo com a demanda destes atendimentos, urgncias eemergncias. Estruturado a partir destas orientaes, exemplos prticosda aplicao do protocolo foram apresentados de acordo com as situaes/queixas dos pacientes com seus respectivos atendimentos e encaminha-mentos. Foi possvel, ento, observar como se estabelece um fluxo de aten-o em sade para os servios de urgncia e emergncia na lgica de Redescomo proposto pelo Ministrio da Sade.

    2.4 FechamentoO acolhimento com classificao de risco proposto pelo Ministrio da Sadefavorece a construo de relao de confiana e compromisso entre as equi-pes e os servios na lgica do atendimento em rede. Possibilita tambm for-talecer os laos entre usurios, trabalhadores e gestores da sade em defesado SUS como uma poltica pblica essencial para a populao brasileira.

    Sugesto de autoavaliao: Considerando os assuntosapresentados, elabore um protocolo de atendimento para asua Unidade, considerando os diferentes nveis de prioridadeclnica, a estrutura de trabalhadores, recursos fsicos e materiaisnecessrios.

    2.5 Recomendao de leitura complementarLOPES, J. B. Enfermeiro na classificao de risco em emergncia:reviso integrativa. 2001. 37f. TCC (Graduao em Enfermagem) - Escolade Enfermagem , Universidade Federal do Rio Grande do Sul, PortoAlegre, 2011. Disponvel em:

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    Unidade 3: Classificao de Risco conforme oSistema de Triagem de ManchesterNesta unidade, voc vai conhecer o mtodo de classificao de risco doSistema de Triagem de Manchester. A partir da, vai saber como classificaras queixas dos usurios que demandam os servios de urgncia/emergn-cia, visando identificar a necessidade de atendimento mediato e imediatoe tambm construir e aplicar os fluxos de atendimento e informao naurgncia e emergncia.

    3.1 IntroduoO Grupo Brasileiro de Acolhimento com Classificao de Risco (GBACR)(2010) ressalta aspectos importantes da evoluo no processo de triagemem todo o mundo. Em 1898, Glasgow, Sir DArcy Powerin descrevia que, emum hospital em Londres, os pacientes comeavam a se amontoar nas es-cadas num determinado horrio e somente tinham acesso ao hospital emoutro horrio. As portas eram ento abertas para um paciente por vez. Aenfermeira perguntava sua queixa para depois o encaminhar para o clnico

    ou cirurgio.Nos Estados Unidos, a triagem foi usada inicialmente pelos militares paraescolher soldados feridos em batalha com o objetivo de estabelecer priori-dades de tratamento. Os soldados com ferimentos eram classificados pelagravidade de suas leses

    O principal objetivo da triagem era devolver o maior nmero de soldadospara o campo de batalha o mais rpido possvel, entretanto, como era umatecnologia para guerra ou grandes catstrofes no se aplicava popula-

    o civil. Contudo, mudanas no sistema de sade americano foraram ospronto-socorros (PS) a avaliar alternativas na abordagem pelo aumento dademanda de atendimento nos anos 1950 e 1960.

    No final de 1950, pela mudana na prtica mdica, quando os mdicos par-ticulares e os de famlia passaram a ser raros, as visitas se transformaramem consultas agendadas em consultrios e os pronto-socorros tornaram--se o principal local de atendimento quando os consultrios estavam fe-chados, principalmente em feriados e fins de semana. Alm disso, mais

    mdicos se tornaram especialistas, com poucos generalistas.

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    Isso gerou uma grande demanda nas Unidades de Pronto Socorro e estevolume de pessoas resultou no uso destas unidades por pacientes comproblemas menos graves. Assim, houve a necessidade de um mtodo paraclassificar pacientes e identificar aqueles com necessidade imediata decuidados nos PS. Os mdicos e enfermeiros que tinham experincia com

    o processo de triagem nos campos de batalha introduziram a tecnologianas emergncias civis com sucesso. A primeira referncia de triagem forado perodo de grandes catstrofes foi em 1963, em Yale, conforme constados relatos do Grupo Brasileiro de Acolhimento com Classificao de Risco(GBACR) (2010).

    Mundialmente, existem diversos protocolos de avaliao e classificao derisco e, no Brasil, os servios que realizam esta atividade desenvolveramseus protocolos com base nos protocolos internacionais, bem como no pro-

    tocolo do MS/Brasil que veremos em detalhes mais frente (SILVA, 2010).Contudo, podemos citar, dentre os protocolos reconhecidos mundialmen-te: o americano Emergency Severity ndex(ESI)(Gilboy et al, 2005), o australia-no Australasian Triage Scale(ATS)(Australasian College for Emergency Medicine,2001), o canadense Canadian Triage and Acuity Scale(CTAS)(Beveridge,(1998);Beveridge (1998)) e o ingls Manchester Triage System(Protocolo de Manches-ter)(Freitas, 1997).

    Saiba mais

    Para aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto, consulteo site do Grupo Brasileiro de Acolhimento com Classificaode Risco. Disponvel em: .

    Sugere-se tambm aprofundar essa temtica com a dissertaode Michele de Freitas Neves Silva que trata de Protocolo deavaliao e classificao de risco de pacientes de uma unidadede emergncia. Disponvel em: .

    3.2 O Sistema de Triagem de ManchesterUm dos mtodos adotados no mundo tem sido o Mtodo do Sistema de

    Triagem de Manchester concebido para permitir ao profissional de sadeatribuir rapidamente uma prioridade clnica a cada indivduo. O sistemaseleciona os pacientes com maior prioridade e funciona sem fazer quais-

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    quer presunes sobre o diagnstico mdico, uma vez que os atendimen-tos nos servios de urgncia so, na sua maioria, orientados pelos sinais esintomas apresentados pelos pacientes.

    O Grupo de Triagem de Manchester foi formado em 1994, com o intuito

    de estabelecer um consenso entre mdicos e enfermeiros dos Servios deUrgncia a fim de criar normas de triagem.

    Vamos abordar na prxima seo alguns conceitos bsicos sobre triageme o processo de tomada de deciso nessa rea para dar continuidade aosnossos estudos.

    3.2.1 Conceitos, processo de tomada de deciso e triagem

    Palavra do profissional

    Mas o que significa triagem? Qual seu objetivo?

    A palavra triagem tem origem da palavra francesa trier que significa es-colha, seleo (GILBOY, 1999). Pelo menos alguma forma de Avaliao de

    Risco ou triagem sempre foi feita em servios de urgncia e emergnciano Brasil seguindo, contudo, uma lgica da excluso. Triagem significa clas-sificar ou priorizar itens e classificao de risco no pressupe excluso esim estratificao a partir de protocolos preestabelecidos. A expectativa deacesso rpido ao atendimento em sade crescente embora as unidadesde sade muitas vezes no disponham de estrutura fsica, recursos huma-nos e equipamentos adequados para atender tal demanda.

    A regulao desse atendimento como resposta maior demanda de sadeconstitui instrumento necessrio de ordenao e orientao da assistncia.

    A regulao se configura, portanto, em potente ferramentapara organizao e induo das Redes de Ateno sadecom qualidade, efetividade, compromisso, responsabilidade,tica e solidariedade, pois tem como objetivo nico priorizaros pacientes, consoante com a gravidade clnica com que seapresentam no servio.

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    Conforme a lei do exerccio profissional, o enfermeiro o profissional ha-bilitado para a realizao da triagem (BRASIL, 2005). Diante desse cenrioe mediante as necessidades de implantao da classificao de risco naRede de Ateno Sade no Brasil, o Conselho Federal de Enfermagem(COFEN), conforme a Resoluo N 423/2012, ressalta que o acolhimento

    com classificao de risco pode ser realizado pelo enfermeiro desde queno haja excluso de pacientes, que o atendimento mdico seja garantidoe que sejam firmados protocolos, promovendo a agilidade do atendimentode forma digna e harmonizada (BRASIL, 2005; COFEN, 2012).

    Palavra do profissional

    Mas, ento, como se faz a Metodologia de Triagem?

    Para abordarmos esse contedo, vamos Inicialmente entender que umatriagem/classificao de risco requer tomada de deciso. Ou seja, a toma-da de deciso parte integrante e importante da prtica clnica e de en-fermagem. Uma adequada avaliao clnicade um paciente requer tantoraciocnio como intuio, e ambos devem se basear em conhecimentose aptides profissionais. Assim, como parte de seu processo de aptido

    preciso que voc aprenda a interpretar, discriminar e avaliar.

    Uma adequada avaliao clnica essencial para a tomada dedeciso e prestao de cuidados seguros e de qualidade!

    Dessa forma, a tomada de deciso deve ser orientada por 05(cinco) passos

    de acordo com este sistema (FREITAS, 1997):

    1. Identificao do problema:

    realizada mediante a obteno de informaes relacionadas ao

    prprio paciente, das pessoas que lhe prestam cuidados e/ou qualquer

    pessoal de sade pr-hospitalar. Aqui voc ir aprender a identificar

    os diversos fluxogramas de relevncia apresentados para auxiliar na

    triagem/classificao de risco.

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    4. Implementao da alternativa selecionada:

    os profissionais da triagem aplicam uma das cinco categorias existentescom nome, cor e definio especficos que melhor se adapta urgncia

    da condio apresentada pelo paciente.

    5. Monitorizao da implementao e avaliao dos resultados:

    o resultado determinado a medida que identificado em como e

    quando chegou-se quela categoria. Isso facilita a reavaliao e

    posterior confirmao ou alterao da categoria. Portanto, a triagem

    dinmica e deve responder tanto s necessidades dos pacientes como

    s do servio.

    2. Coleta e anlise das informaes relacionadas soluodo problema:

    uma vez identificado o fluxograma, esta fase se torna menos complexa,

    pois possvel procurar os discriminadores em cada nvel do fluxograma,

    que facilita a avaliao rpida a partir de perguntas estruturadas.

    3. Avaliao de todas as alternativas e seleo de uma delas paraimplementao:

    os enfermeiros obtm uma grande quantidade de dados sobre os

    pacientes que observam. Estes so integrados aos fluxogramas, aosquais fornecem o quadro organizacional para a ordenao do processo

    do raciocnio durante a triagem. Ou seja, os fluxogramas integram o

    processo de tomada de deciso no quadro clnico.

    No 4 passo, as cinco categorias existentes com nome, cor e definio espe-

    cficos que so citadas esto apresentadas na tabela a seguir:

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    N N C C T A M

    1 Emergente Vermelho 0

    2 Muito Urgente Laranja 10

    3 Urgente Amarelo 60

    4 Pouco Urgente Verde 120

    5 No Urgente Azul 240

    Palavra do profissional

    A partir dessa viso geral, vamos colocar em prtica o mtodode triagem pelo sistema de Manchester, na prxima seo vocver como.

    3.2.2 Mtodo de triagemNa identificao do problema,a prtica clnica est centrada na queixaprincipal, ou seja, o principal sinal e sintoma identificado pelo prprio pa-ciente ou pelo profissional de sade. O protocolo de Manchester estabele-ceu 52 problemas pertinentes para a triagem e, dentre eles, para o pacienteadulto, destacamos alguns como: agresso, asma, catstrofe (avaliao pri-mria e secundria); cefalia, comportamento estranho, convulses, corpoestranho, diabetes, dispnia, doena mental, DST, dor abdominal, dor cer-vical, dor lombar, dor torcica, embriaguez aparente, estado de inconsci-ncia, exposio a produtos qumicos, feridas, grande traumatismo, gravi-dez, hemorragia gastrointestinal (GI), hemorragia vaginal, indisposio noadulto, infeces locais e abscessos, leso toraco-abdominal, mordeduras epicadas, problemas estomatolgicos, nasais, nos membros, oftalmolgicos,ouvidos, urinrios; quedas; queimaduras profundas e superficiais; super-dosagem ou envenenamento; TCE e vmitos (FREITAS, 1997).

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    Na coleta e anlise das informaeso desta-que para os discriminadores que so fatoresque fazem a seleo dos pacientes, de modo apermitir a sua incluso em uma das cinco prio-ridades clnicas. Estes Discriminadores podem

    ser gerais ou especficos. Veja no Anexo os Dis-criminadores especficos. (FREITAS, 1997)

    Os discriminadores gerais so: risco demorte; dor; hemorragia; nvel de conscincia;temperatura e agravamento. Segundo Freitas(1997), os discriminadores gerais so uma ca-racterstica recorrente dos fluxogramas e, poressa razo, precisamos entender cada um deles

    detalhadamente a fim de termos uma boa com-preenso do mtodo de triagem:

    Risco de morte ou para a vidaEste discriminador reconhece que qualquerperda ou ameaa das funes vitais (vias areas, respirao e circulao)coloca o paciente no primeiro grupo de prioridades. Detalhado no fluxogra-ma apresentado na sequncia desta seo.

    DorTodas as avaliaes de triagem devem incluir uma avaliao da dor. A dorsevera indica uma dor intolervel significativa e insuportvel. Qualquerpaciente com grau de dor inferior a esta deve, por excluso - salvo se exis-tirem outros discriminadores que sugiram maior gravidade - no mnimo,ser colocado na prioridade pouco urgente e no na prioridade no urgente.

    Os discriminadores ge-rais se aplicam a todosos pacientes, independen-temente da condio que

    apresentam e surgemrepetidamente ao longodos fluxogramas. Os dis-criminadores especficosnos remetem aos casosindividuais ou a pequenosgrupos de apresentaese tendem a se relacionarcom caractersticas-chavede condies particula-res. Ex: Dor aguda um

    discriminador geral, dorpr-cordial e dor pleur-tica so discriminadoresespecficos.

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    Saiba mais

    Para aprofundar seus conhecimentos sobre o processo deavaliao da dor na triagem, com destaque especial para a

    tcnica de avaliao e os instrumentos existentes, sugere-seque voc consulte os seguintes sites:

    Simbidor - Arquivos do 8 Simpsio Brasileiro e EncontroInternacional sobre Dor. Disponvel em: . Acesso em: jun. 2012.

    Dor na Emergncia, 2010. Disponvel em: .Acesso em: maio 2012.

    Portal da Sociedade Brasileira para os estudos da dor.Disponvel em: Acesso em: abr.2012.

    HemorragiaA hemorragia apresenta-se de vrias formas, principalmente, mas no ex-clusivamente, na que envolve traumatismo. Os discriminadores de trau-matismo so: exsanguinante, grande hemorragia incontrolvel ou pequena

    hemorragia incontrolvel. A tentativa de controlar com sucesso a hemor-ragia por compresso determina a gravidade da mesma. De modo geral,uma hemorragia contnua tem maior prioridade clnica. Uma hemorragiaque no controlada pela aplicao de presso direta constante e que con-tinua a sangrar abundantemente ou ensopa rapidamente compressas ouchumaos grandes descrita como grande hemorragia incontrolvel, en-quanto que uma hemorragia que continua a sangrar ligeiramente ou inter-mitentemente descrita como pequena hemorragia incontrolvel. Qual-quer hemorragia por menor que seja, dever - salvo se existirem outrosdiscriminadores que conduzam a uma maior prioridade clnica merecer,pelo menos, a prioridade urgente.

    Nvel de inconscinciaO nvel de inconscincia analisado separadamente para adultos e crian-as. Nos adultos apenas os pacientes em estado de mal epiltico so sem-pre colocados na categoria de interveno emergente (vermelho). Os pa-cientes adultos com grau de conscincia alterado (apenas respondem a voz

    ou a dor pela ECG, ou que no respondem) so includos na categoria demuito urgentes. Todos os pacientes com histria de alterao do nvel deconscincia devem ser colocados na categoria urgente.

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    Temperatura (T)Se o paciente estiver muito quente, com T = ou > de 41C, deve recebera categoria muito urgente (laranja); se estiver quente, com T entre 38,5a 40,9 C, deve receber a categoria urgente (amarelo) e, se apresentar a

    temperatura em torno de 37,5 a 38,4 C (febrcula/subfebril), deve recebera categoria pouco urgente (verde). Procure sempre verificar a temperaturatimpnica por ser rpida e mais exata.

    AgravamentoPara esta avaliao determinado o tempo de instalao de um problemacomo forma de enquadrar temporalmente o aparecimento da situao. As-sim, avalie se o problema recente. Se ou no uma leso ou ferimento

    recente, pois um tempo relativamente longo de existncia de um problemapode ser includo na prioridade no urgentesem risco clnico.

    Para podermos entender os discriminadores gerais e os especficos maiscomuns, independentemente da condio apresentada, o fluxograma a se-guir descreve resumidamente os discriminadores gerais:

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    Observe que, ao negar todos esses discriminadores, ele fica com o discri-minador amarelo.

    Compartilhando

    Vamos ver agora uma explicao deste fluxograma com osdiscriminadores especficos para o grande traumatismo. Nodeixe de consultar os discriminadores para obter ajuda nessaavaliao.

    Notas do grande traumatismo:A maior parte dos profissionais de sa-de sabe o que est implicado para a sade do paciente aps um grandetraumatismo. A atuao desses profissionais no pode ser baseada ape-nas nas leses que o paciente apresenta. Os discriminadores gerais inclu-dos foram: risco de morte ou para a vida, hemorragia, grau de conscinciae dor. Os especficos foram utilizados para assegurar que seja atribudauma prioridade suficientemente alta aos pacientes com um mecanismo detraumatismo maior e, para que aqueles com doena mdica preexistentee/ou desenvolvimento de novos sinais neurolgicos sejam reconhecidosem tempo correto (FREITAS, 1997)

    Aplicando os discriminadoresD E

    Dispnia agudaDificuldade respiratria que se desenvolve subitamente,

    ou uma repetida exacerbao de dispnia crnica

    Histria clnica significativaQualquer situao clnica preexistente que requer medi-

    cao contnua ou outros cuidados

    Histria de perda de conscincia

    Pode haver uma testemunha de confiana que possa

    afirmar se o paciente esteve inconsciente (e por quanto

    tempo). Caso contrrio, se o paciente no for capaz de

    se recordar do acidente devemos assumir que ele esteve

    inconsciente.

    Histria significativa de incidente

    Fatores significativos incluem: quedas de alturas, ejeo

    de veculos, morte de ocupantes e outras vtimas do

    acidente e a deformao significativa de um veculo

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    Mecanismo de leso

    So significativas as leses penetrantes (facadas ou

    tiros) e as leses com elevada transferncia de energia,

    tais como quedas de alturas e acidentes de trfego em

    alta velocidade (>60Km/h)

    Novos sintomas/sinais neurolgicos

    Pode incluir ateno ou perda de sensibilidade, enfra-

    quecimento dos membros (transitria ou permanente)

    ou alteraes no funcionamento da bexiga ou do intesti-

    no (incontinncia)

    Reavaliar

    Se no houver a certeza quanto existncia de grande

    traumatismo, necessrio reavaliar e pesquisar mais

    uma vez antes de reclassificar.

    Fonte: GPT Grupo de Triagem Portugus Portugal (1996)

    3.3. ResumoVoc teve oportunidade de conhecer, nesta Unidade, o Sistema do Protoco-lo de Triagem de Manchester. Recentemente, no Brasil, foram dados passosimportantes para a instituio de um mtodo de Triagem Nacional. O sis-

    tema seleciona os pacientes com maior prioridade e funciona sem fazerquaisquer presunes sobre o diagnstico mdico, uma vez que os serviosde urgncia so, na sua maioria, orientados pelos sinais e sintomas apre-sentados pelos pacientes. Trata-se de um importante mtodo de ordenaoe orientao da assistncia fundamentada essencialmente no processo detomada de deciso que garanta uma assistncia de sade mais segurae livre de riscos nas situaes de urgncia e emergncia. Portanto, umaadequada avaliao clnica essencial para a tomada de deciso, presta-o de cuidados seguros e de qualidade que, de acordo com esse mtodo,

    baseia-se em cinco passos: identificao do problema; coleta e anlise dasinformaes relacionadas soluo do problema; avaliao de todas asalternativas e seleo de uma delas para implementao; implementaoda alternativa selecionada, monitorizao da implementao e avaliaodos resultados. Assim, os profissionais da triagem aplicam uma das cincocategorias existentes com nome, cor e definio especficos que melhor seadapta urgncia da condio apresentada pelo paciente: emergente (ver-melho); muito urgente (laranja); urgente (amarelo); pouco urgente (verde)e no urgente (azul). preciso, portanto desenvolver as competncias para

    a realizao da triagem.

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    3.4 FechamentoA triagem de Manchester no um processo difcil, pelo contrrio, ela nor-teia a tomada de deciso para o estabelecimento de uma prioridade cl-

    nica. Assim, dentre os requisitos para execut-la adequadamente, ressal-tamos: o critrio clnico, a metodologia reproduzvel, uma nomenclaturacomum, as definies comuns, um programa permanente de formao eatualizao, auditoria e acompanhamento.

    3.5 Recomendao de leitura complementarANZILIERO, F. Emprego do Sistema de Triagem de Manchester naestratificao de risco: reviso de literatura. 2011. 47f. TCC (Graduaoem Enfermagem) - Escola de Enfermagem , Universidade Federal do RioGrande do Sul, Porto Alegre, 2011. Disponvel em:

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    Unidade 4: Instrumentos gerenciais em serviosde sadeNesta unidade, voc vai aprender a reconhecer os instrumentos gerenciaisda prtica do enfermeiro (planejamento, tomada de deciso, superviso,educao continuada/ permanente, avaliao e qualidade dos servios)dentro das especificidades da ateno s urgncias e vai saber como iden-tificar aspectos relacionados previso e proviso de recursos humanos,

    materiais e equipamentos para ateno s urgncias.

    4.1 IntroduoConsiderando as dimenses assistencial e gerencial na formao do enfer-meiro, bem como a sua interface, abordamos, nesta Unidade, os instrumen-tos gerenciais no contexto dos servios de ateno s urgncias. So eles:

    Previso e proviso de recursos humanos;

    Previso e proviso de recursos materiais e equipamentos;

    Planejamento; Tomada de deciso;

    Superviso;

    Uso dos sistemas de informao em sade;

    Educao permanente;

    Avaliao e qualidade dos servios.

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    4.2 A Prtica gerencial do enfermeiro na ateno surgncias

    Palavra do profissional

    Por que relevante enfocar a prtica gerencial do enfermeironos servios de ateno as urgncias?

    A importncia da rea de urgncia no contexto de ateno sade, a cres-

    cente demanda por servios regulados e estruturados, a magnitude dosagravos para a sociedade, bem como a necessidade do enfoque multiprofis-sional no atendimento evidenciam o quanto imperioso para o enfermeirosistematizar uma nova viso sobre o processo de gerenciar e de cuidar naateno s urgncias.

    O processo de cuidar e gerenciar podem ser considerados como as princi-pais dimenses do trabalho do enfermeiro em seu dia-a-dia. O cuidar ca-racteriza-se pela observao, pelo levantamento de dados, planejamento,pela implementao, evoluo, pela avaliao e interao entre pacientese trabalhadores da enfermagem e entre diversos profissionais de sade. Jo processo de gerenciar, tem como foco organizar a assistncia e propor-cionar a qualificao do pessoal de enfermagem por meio educao per-manente/ continuada, apropriando-se para isto, dos modelos e mtodos deadministrao, da fora de trabalho da enfermagem e dos equipamentos emateriais (PEDUZZI, 2000; WILLING; LENARDT, 2002).

    O distanciamento do profissional enfermeiro entre o gerenciar e o cuidargera inquietaes pessoais e profissionais, impe um repensar da prtica

    administrativa voltada para a assistncia, no sentido de resgatar o papel doenfermeiro como gerente do cuidado.

    O gerenciamento, no processo de trabalho da enfermagem, tem como focoprincipal a organizao da assistncia, isto , o planejamento de aescompartilhadas de modo que a equipe de enfermagem, sob liderana doenfermeiro, desenvolva o trabalho com eficincia e qualidade(WILLING;LENARDT, 2002).

    A concepo clssica e tradicional de gerncia, voltada burocracia e cen-trada na diviso de trabalho, j sofre influncias de um modelo contem-porneo, voltado ao gerenciamento do cuidado e aponta a necessidade de

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    trabalhar a concepo de gerenciamento dos enfermeiros de forma maisarticulada, para que possa favorecer a assistncia (HAUSMANN; PEDUZZI,2009).

    O novo paradigma da enfermagem construdo na atualidade envolve o en-

    trelaamento e a aproximao entre os processos de cuidar e gerenciar,pois na medida em que ocorre a articulao entre os processos, as neces-sidades do paciente e da instituio sero atendidas integralmente, o quereflete a expresso mais clara da boa prtica em enfermagem (AZEVEDO,2010; HAUSMANN, PEDUZZI, 2009).

    Nesse sentido, a prtica do enfermeiro nos servios de urgncia deverdistanciar-se da concepo de gerenciamento burocrtico e aproximar-seda perspectiva de gerenciamento do cuidado que articula as atividades as-sistenciais e gerenciais. Cuidar e gerenciar so dimenses indissociveis dotrabalho do enfermeiro, cada qual com especificidades, que tm o cuidadoao paciente como foco das aes (AZEVEDO, 2010)

    Diante desse cenrio, os objetos de trabalho do enfermeiro para alcanaro gerenciamento do cuidado so a organizao do trabalho e os recursoshumanos de enfermagem. Neste processo um conjunto de instrumentostcnicos prprios so necessrios como, planejamento, previso e provi-so de recursos humanos e materiais, tomada de deciso, uso de sistemasde informao em sade, educao continuada/permanente, superviso e

    avaliao no contexto dos servios de ateno s urgnci