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Especialização em Psicopedagogia Educação e diversidad e Belo Horizonte 2010 UNIVERSIDADE FUMEC Reitor Prof. Antonio tomé Loures Vice-Reitora Profa. Maria da Conceição Rocha Pró-Reitor de Ensino, Pesquisa e Extensão Prof. Eduardo Martins de Lima Pró-Reitora de Planejamento e Administração FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS (FCH) Diretora Geral Profa. thaís Estevanato Diretor de Ensino Prof. João Batista de Mendonça Filho Diretor Administrativo-Financeiro Prof. Antônio Marcos Nohmi Coordenadora do Curso

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Especialização

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Especialização em Psicopedagogia

Educação e d

iversidade

Belo Horizonte

2010

UNIVERSIDADE FUMECReitorProf. Antonio tomé LouresVice-ReitoraProfa. Maria da Conceição RochaPró-Reitor de Ensino, Pesquisa e ExtensãoProf. Eduardo Martins de LimaPró-Reitora de Planejamento e AdministraçãoFACULDADE DE CIÊNCIASHUMANAS (FCH)Diretora GeralProfa. thaís EstevanatoDiretor de EnsinoProf. João Batista de Mendonça FilhoDiretor Administrativo-Financeiro Prof. Antônio Marcos Nohmi Coordenadora do CursoProfa. Simone Grace de Paula

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FUNDAÇÃO MINEIRA DE

EDUCAÇÃO ECULTURA – FUMEC CONSELHO DE CURADORESConselheiros Efetivos PresidenteProf. Air RabeloVice-Presidente da fundação Prof. Eduardo Georges Mesquita Prof. Célio Freitas BouzadaProf. Custódio Cruz de Oliveira e Silva Prof. Eduardo Martins de LimaSETOR DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA -FUMEC VIRTUALCoordenaçãoProfa. Simone Grace de Paula Gestão Pedagógica Assessoria ao ProfessorGabrielle Nunes P. Araújo (Coorda.) Nesir Freitas da SilvaAssessoria ao AlunoJandayra Salgado G. Oliveira (Coorda.)Gestão TecnológicaProdução de Design Instrucional Rodrigo tito M. Valadares (Coord.) Alan Galego BerniniRaphael Gonçalves Porto NascimentoInfra-estrututura e suporte Anderson Peixoto da Silva Maximiliano Ponce

AUTORIA DA DISCIPLINA

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BOM DIA, BOA TARDE, BOA NOITE!Seja qual for o horário de seu acesso ao texto ou às atividades propostas, é importante que saiba que estes foram elaborados para que você tenha a liberdade de organizar seus horários e planejar os seus estudos de acordo com a sua disponibilidade. Assim, será possível estudar, fazer as atividades e aprofundar na análise dos temas na medida certa de seu tempo.Nosso compromisso é oferecer um material que possi- bilite a apreensão do conteúdo e, ao mesmo tempo, ofereça oportunidade de pesquisa e aprofundamento. Iniciamos assim o nosso diálogo acadêmico sobre Educação e Diversidade, com muita conversa pela frente!!

Educação e Diversidade

educação e diversidade

apresentaçãoNeste primeiro módulo de nossa disciplina você entrará em contato com o tema Educação e Diversidade. Isso será feito a partir de algumas perspectivas de análise que incluem o reconhecimento recente da diversidade em sua intrínseca relação com a dinâmica da vida social.

objetivosAo final do Módulo espera-se que o aluno seja capaz de:

• Compreender as concepções de Educação e Diversidade;• Identificar a relação entre os processos de transformação social e a produção

de referências legais;

• Relacionar as diretrizes internacionais e as transformações no cenário brasileiro.

Primeiras reflexõesUma pausa para pensar: antes de iniciar a leitura do texto, faça alguns apontamentos sobre suas idéias acerca da educação e da diversidade. Este é o nosso primeiro exer- cício. Pronto? Anotou seus pensamentos? Então vamos começar.

Autoria: Maysa Gomes Rodrigues, é socióloga, doutora em Educação pela Universidade Federal de

Minas Gerais. É professora do curso de Pedagogia da Universidade FUMEC e vice-presidente da

Fundação de Assistência Especializada de Nova Lima (FAENOL) onde atua na gestão da política

pública de educação inclusiva do município e coordena programas e projetos de educação especial

na perspectiva inclusiva.

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educação e diversidade

O tema Educação e Diversidade invoca as necessárias trocas entre diferentes campos de saber, pois agrega diferentes contextos com vistas a estabelecer referenciais para novas construções acerca da educação e de seus sujeitos. Deste modo, possibilita compreender as dimensões que permeiam estas relações e se estabelecem como demarcações indispensáveis à produção de conhecimentos.

Torna-se pertinente, portanto, que demarquemos alguns destes referenciais que permitirão a nossa construção dentro desta disciplina. Nosso ponto de partida se estabelece a partir do entendimento das concepções de educação e diversidade constantes em alguns referenciais teóricos, nos marcos legais e em alguns documentos internacionais.

O contexto que estes oferecem à nossa reflexão expõe a concepção da educação como um direito de todos e um dever do Estado provê-la. No entanto, esta visão da educação se restringe à sua relação com o Estado, ou à sua forma político institucional.

É necessário que entendamos o conceito de educação trazendo-o para o contexto da vida individual em sua intrínseca relação com a sociedade. Isto nos oferece uma perspectiva mais ampla do termo, como a apresentada por Carlos Rodrigues Brandão:

A educação existe onde não há escola e por toda parte podem haver redes e estruturas sociais de transferência de saber de uma geração a outra, onde ainda não foi sequer criada a sombra de algum modelo de ensino formal e centralizado. Porque a educação aprende com o homem a continuar o trabalho da vida. (1985, p. 13)

Eis, portanto, a educação instalada nos domínios das sociedades humanas em suas múltiplas e variadas formas, e, a seu modo, abarcando a pluralidade da vida. A afir- mação de Brandão (1985) responde com clareza a indagação que ele próprio faz:

Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender e ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: Educação? Educações. (p.7)

Marcos legais

Neste caso, citamos a Constituição Federal de 1988, o documento Educação para Todos, a Lei de Diretrizes e Bases da EducaçãoNacional e As Metas do Milênio.

Estado

Tratamos por Estado a institucionalização política da sociedade.Para este conceito, ver BOBBIO (2004, p.401,425).

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AtENçãO!Nosso pensamento se constrói a partir da idéia de educação como pluralidade que permeia a existência humana. Entendemos que a educação não se restringe ao contexto escolar, e deste modo, abarca a diversidade da vida. Na verdade, a escola representa um momento no qual a educação se formaliza e encontra um lugar próprio de sua institucionalização, onde o ensino se torna formal.

REFLItA...E o que isso significa?

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Segundo Rahal Neto,

Educação é um processo que se caracteriza por uma atividade mediadora no seio da prática social global, tendo-se como premissa básica que a educação está sempre referida a uma sociedade concreta, historicamente determinada (...). Como mediadora, a educação se situa em face das demais manifestações sociais em termos de ação recíproca. (2000)

Dentre as várias possibilidades de definição do termo educação, consideramos também a que se encontra na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, na qual a educação é considerada como

Processo contínuo de integração à sociedade e reconstrução de experiências, a que estão condicionados todos os indivíduos, por todo o decurso de suas vidas, seja mediante a própria vivência difusa de situações do cotidiano, seja mediante a participação compulsória ou voluntária em instituições responsáveis pela transmissão da herança social. todas as ações e influências destinadas a desenvolver e cultivar habilidades mentais, conhecimentos, perícias, atitudes e comportamentos, de tal modo que a personalidade do indivíduo possa ser desenvol- vida o mais extensamente possível e ser de valor positivo para a sociedade em que ele vive. Processo globalizado que visa à formação integral da pessoa, para o atendimento a aspirações de natureza pessoal e social.

(http://portal.mec.gov.br/)

Essa definição, como parte de um marco legal, indica que, apesar de regular a educação formal, escolarizada, a pluralidade humana que dela faz parte não é desconsiderada. Assim, a vida da educação se entrelaça na trama da vida e da realidade humanas, em sua totalidade, e não só como um momento específico.

Embora a escola se constitua no local onde a sociedade transmite às gerações mais novas os conhecimentos considerados necessários à sua sobrevivência e desenvol- vimento, podemos afirmar que o caráter múltiplo da humanidade vai à escola. Nisto consiste a contemporaneidade deste conceito de educação, pois permite um olhar plural para a educação escolarizada.

Significa que, mesmo escolarizada, a educação é marcada pela diversidade. Assim se apresenta a indissociabilidade entre estes termos. E para pensar a diversidade, partimos de um pressuposto semelhante ao utilizado por Brandão (1985): Educação? Educações; diversidade? Diversidades. Assim mesmo, no plural, pois é diverso o que pressupõe variação, o que é vário, tal como o humano, a sociedade e a

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cultura,

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tOME NOtA!Ao definir a diversidade, percebemos a complexidade que este termo traz em si. Ou mesmo, damos conta de que ele traduz a complexidade da existência humana. Somos seres diversos, singulares, que tecemos redes de relações sociais nas quais enredamos nossas vidas e assim vivemos – diferentemente.

resultantes da produção da vida material. Ou seja, o termo diversidades abarca a complexidade do tratamento da diversidade como quer que esta se apresente: humana, social ou culturalmente.

Podemos afirmar ainda que é diverso o que é diferente, plural, múltiplo. É o que se caracteriza pela dessemelhança, ou o que é único, diferente dos outros. Assim, a diversidade é a qualidade ou a condição do que é diverso. A frase: “Ser diferente, isso faz a humanidade” SENRA e RODRIGUES (2008, p. 54), é uma tradução sintética da condição do ser humano.

Brevemente, conside- ramos a diversidade humana aquela relacio- nada às características biotípicas dos indivídu- os; diversidade social, relativa aos lugares sociais dos grupos e indivíduos (comumente relacionada às condi- ções sócio-econômicas) e diversidade cultural a resultante da produção e inserção em uma deter- minada cultura.

Deste modo, a diversidade se manifesta na vida, no trabalho, na comunidade, e, prin- cipalmente, na educação, na escola. A diversidade abarca a diferença e a pluralidade, termos que caracterizam a heterogeneidade e que se incluíram nos processos sociais no final do século passado, constituindo-se, portanto, uma conquista recente.

E ao afirmarmos isto, indagamos: por que? Ao que respondemos: porque o reconheci- mento da diversidade nos processos sociais, econômicos e educacionais instituciona- lizados é uma conquista que data e se desenvolve a partir da década de 1980.

Ora, se todo este movimento busca afirmar uma discriminação positiva, é porque temos uma gênese social, econômica e educacional construída historicamente a partir de discriminações negativas.

Nossa herança histórica inclui um cenário de necessidades e reconhecimentos sociais em vários níveis, pois a maioria da população brasileira viveu à margem dos benefícios sociais, gerando uma das maiores desigualdades do mundo.

Salientamos que essas desigualdades, hoje em processo de discussão e objetos de polí- ticas públicas, começam a ser reduzidas em diferentes contextos. E o reconhecimento institucional das diversidades foi um dos elementos

desencadeadores destas ações

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Discriminações negativas

Basta pensar, dentre vários exemplos, nas relações de escravidão que vigoraram oficialmente no Brasil até 1888.

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SAIBA MAISSugerimos para consulta o site

1.O site do IBGE teen2. possui uma animação que pode ter utilização pedagógica no trabalho comcrianças e adolescentes.

a aGenda do sÉcuLo XXiAntes de estudar a especificidade da relação educação e diversidade, vamos traba- lhar alguns conceitos e definições que nos serão necessários à compreensão dos processos analisados.

Começaremos pela formação da agenda em torno da diversidade e os grupos, terri- tórios e categorias que foram evidenciados a partir dos processos de inclusão, sendo estes processos apresentados como os grandes desafios para o século XXI.

Por Agenda Política entendemos a inserção de prioridades a serem enfrentadas em diferentes esferas e setores públicos e/ou sociais, ou seja, por meio de ações e iniciativas que promovam, dentre outros movimentos, políticas públicas, programas e projetos sociais. Neste sentido, inclui ações organizadas com a finalidade de atingir determinadas metas e objetivos.

Vários movimentos e organismos internacionais e nacionais atuam na promoção de iniciativas que visam estabelecer um novo patamar de desenvolvimento para o planeta. Este desenvolvimento busca incluir países, populações e grupos sociais histo- ricamente marginalizados.

Dentre os vários documentos e tratados internacionais assinados pelo Brasil, utilizaremos alguns como refe- rência, ao longo do nosso curso, pois eles trazem à tona a produção da diversidade em vários contextos. Neste módulo, veremos As Metas do Milênio e seus princípios. Então, mãos à obra!!!

O documento Metas do Milênio foi proposto pelas Nações Unidas em 2000 e aprovado por 189 países membros. Assim foram estabelecidos oito objetivos básicos e suas respectivas metas a serem atingidas até o ano de 2015.

Agenda

Utilizamos o termo Agenda no sentido de inserção de novos contextos no âmbito das discussõespolíticas dos problemas a serem enfrentados em diversos níveis e setores, nacional ou internacionalmente.

As MetAs do Milênio

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REFLItA

Destacamos estes três primeiros objetivos das Metas do Milênio para que você reflita sobre eles eprocure identificar em sua cidade ações, programas, projetos ou políticas públicas que tenham esses objetivos enunciados. Caso não identifique em seu município, pode buscá-las em outras cidades do Brasil.

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Como podemos observar, os aspectos contemplados formalizam algumas demandas preconizadas em períodos anteriores, mas o documento vai além, ao estabelecer um prazo para o cumprimento das metas.

Isso representou um grande avanço político, principalmente para países imersos em profundas desigualdades. Representou ainda a criação de uma significativa rede de ações inclusivas e ganhos significativos para as populações discriminadas.

Com isso, não queremos afirmar que os problemas foram resolvidos, mas ressaltar o sinal de alerta que foi dado e a inscrição dos objetivos e metas do milênio na agenda política mundial. O aval dos 189 chefes de Estado que assinaram essa declaração gerou o compromisso de cumprimento destas metas pelos países signatários, inclusive o Brasil.

A inscrição destes objetivos e metas na agenda política brasileira desencadeou ações e políticas públicas voltadas para sua realização. Neste contexto, a legislação e outras referências educacionais contemplam em seu desenvolvimento essa agenda de promoção da educação, da diversidade e da eqüidade.

educação para a diversidade.A partir do tema Educação e Diversidade, consideramos aqui a educação para a diver- sidade, o que nos leva a considerar algumas dimensões da diversidade como parte dos processos educativos.

Assim, podemos dizer que as educações e as diversidades se encontram e fazem parte de interações cotidianas em diferentes espaços. Só é possível pensar em educação para a diversidade na medida em que esta é mediada e incorporada nas relações educacionais por meio dos referenciais socialmente produzidos.

Os processos tratados anteriormente resultaram em transformações sociais no final do século XX e início do XXI, com repercussões significativas na educação. Nas Metas do Milênio podemos identificar alguns objetivos que influenciam direta ou indi- retamente a educação. Sobretudo, o objetivo de número dois:qualidade para todos.

Quando consideramos um processo, social, educacional, por exemplo, dizemos de várias articulações e níveis diferenciados que o compõem. No entanto, o entendemos como um todo articulado, em que as várias frentes e partes desempenham papéis cruciais, no sentido de mobilizar elementos necessários e dar sustentação a uma rede.

Educação básica de qualidade para todos

Como veremos, esta é uma demanda que aparece em 1990, no documento Educação para Todos e é reiterada pelas Metas do Milênio.

Educação básica de

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Referimo-nos às instituições como elementos que compõem os processos sociais. Assim temos as escolas, empresas, hospitais, ongs, dentre outras. Por que trazemos estas instituições para o contexto educação e diversidade ou da educação para a diversidade?

Consideramos que estas instituições atuam socialmente na mediação de serviços e desenvolvimento de programas e projetos, e muitas vezes com financiamento do setor público.

Ora, se tratamos a educação como pluralidade que permeia a vida em sociedade, é possível dizer que a relação de ensinar e aprender também pode se dar no contexto destas instituições. O que devemos pensar então, são as formas distintas de sua orga- nização e as finalidades da educação que estas desenvolvem.

Além disso, como instituições, são lugares de realização da vida social, comportam relações educativas e fazem parte de uma rede de serviços e desenvolvimento social, complementando muitas vezes ações de outros setores. Promovem, assim, outras dinâmicas na construção das relações sociais e, portanto, da educação e da diversidade.

Algumas categorias sócio-históricas também emergem a partir do reconhecimento de seus sujeitos e se tornam partes das ações de instituições e governos. Categorias como gênero, etnia e gerações foram incorporadas na agenda das políticas sociais e nas referências legais sobre educação.

Deste modo, percebemos emergência das mulheres, dos negros, dos índios, dos adultos, idosos, dos jovens, das crianças como sujeitos de direitos que passam a ter a atenção das políticas públicas, dos programas e projetos sociais. Neste contexto, esta atenção pode ser qualificada como ação afirmativa.

Segundo a concepção de Gomes (2001), as ações afirmativas

Consistem em políticas públicas (e também privadas) voltadas à concretização do prin- cípio constitucional da igualdade material e à neutralização dos efeitos da discriminação racial, de gênero, de idade, de origem nacional e de compleição física. Impostas ou sugeridas pelo Estado, por seus entes vinculados e até mesmo por entidades puramente privadas, elas visam a combater tão somente as manifestações flagrantes de discriminação de fundo cultural, estrutural, enraizada na sociedade.

Assim, no contexto das ações afirmativas encontramos um debate que traz à

cena os avanços preconizados pelos documentos internacionais e pela legislação brasileira.

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Ação afirmativa

Ações Afirmativas designam processos efetivos no âmbito das políticas públicas e/ou privadas, que visam reparar as desigualdades históricas vivenciadas por grupos sociais distintos. As medidas efetivadas visam à promoção de grupos em desvantagens (sejam elas sociais, econômicas ou culturais) deforma permanente ou temporária, minimizando as desigualdades ecriando condições de garantir a igualdade de oportunidades.

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Respondem, portanto, às transformações atuais da sociedade atendendo às demandas geradas por estas transformações.

A conjuntura apresentada até então, coloca na ordem do dia a importância e a urgência de saber lidar com a diversidade, uma vez que esta se incorporou, não somente nas agendas nacionais e internacionais, mas no cotidiano das sociedades mundiais e no Brasil, por meio das garantias legais.

No entanto, lidar com a diversidade não é fácil, pois nos convoca a superar desi- gualdades e preconceitos. Pressupõe recusar e questionar as ações que discriminam negativamente e exploram, em favor daquelas que são solidárias e, principalmente, emancipatórias.

Significa também ter a consciência da necessidade dos direitos humanos e da justiça que começa pela nossa postura frente às diferenças. Deste modo, a efetivação das leis e dos tratados, resguardarão as ações que se fazem necessárias e a ampliação do debate social sobre estas questões que devem ser refletidas tanto coletiva quanto individualmente.

Neste contexto, a produção de conhecimentos que promovam mudanças e auxiliem na efetivação de ações nas perspectivas aqui apresentadas, deve constar da agenda pessoal de professores e alunos, para que se reitere o compromisso social do conhecimento científico produzido nas universidades e se realize a função social do saber em seu caráter de equidade e emancipação.

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síntese

Neste módulo apresentamos o tema Educação e Diversidade no contexto da sociedade atual como uma dimensão essencial dos processos sociais e educacionais. As concep- ções desenvolvidas constroem a idéia de educação como pluralidade que permeia a existência humana.

A escola se constitui como o lugar da educação formal e institucionalizada, onde são transmitidos às gerações mais novas os conhecimentos necessários à sociedade. Abordamos as diversidades humana, social e cultural, considerando o caráter diverso da humanidade e sua heterogeneidade, dimensão recentemente incluída nos processos sociais.

O reconhecimento do caráter diverso da humanidade se manifestou na criação de vários documentos internacionais e marcos legais com vistas a reduzir as grandes desigualdades entre minorias, grupos e países e atuar na promoção do desenvolvi- mento humano. Na agenda política dos países, as Metas do Milênio induziram a uma tomada de posição em relação às desigualdades sociais, inclusive no que tange à educação.

Os desdobramentos destas referências socialmente produzidas, no Brasil, se fizeram pela adoção de políticas públicas voltadas para a diversidade e inclusão. As transfor- mações se instalaram de diferentes formas, e, na educação, citamos as ações afirma- tivas e a universalização do ensino básico.

No próximo módulo estudaremos o processo histórico da escolarização no Brasil como produtor de referências sociais independente de seus sujeitos e a relação escola, sociedade e diversidade.

Agora que já estudamos sobre “Educação e diversidade”, retome os apontamentos feitos antes da leitura do módulo e veja em que a leitura do texto complementou suas idéias e em que sentido. Faça isso na forma de um texto, para que fique registrado o exercício. Bom trabalho!

referências

BOBBIO, N. et al. Dicionário de Política. 5.ed. Brasília: Ed.UNB; São Paulo: Imprensa Oficial, 2004. (v.1)

BRAGA, A. C. Educação e Diversidade. Goiás, 1998. Mimeografado.

BRANDãO, C. R. O que é educação?14.ed. São Paulo: Brasiliense, 1985.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: <http:// portal.mec.gov.br/>. Acesso em dezembro de 2009.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://portal. mec.gov.br> Acesso em dezembro de 2009.

DECLARAçãO Universal dos Direitos Humanos. Disponível em: <http://www.onu- brasil.org.br/documentos>. Acesso em: janeiro de 2010.

GOMES, Joaquim Benedito Barbosa. Ação Afirmativa & Princípio Constitucional da Igualdade: o direito como instrumento de transformação social. A experiência dos EUA. Rio de Janeiro: Renovar, 2001.

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MEtAS DO MILÊNIO. Disponível em: http://www.pnud.org.br/odm/. Acesso em: feve- reiro de 2010.

RAHAL NEtO, E. Pensar a educação. São Paulo, 2000. Mimeografado.

SENRA, Ana H., RODRIGUES, Maysa G. A educação inclusiva no município de Nova Lima. PAIDÉIA, (FCH-FUMEC), Belo Horizonte, n. 5, jul/dez , p.47- 65, 2008.