módulo 2 produzindo textos - ead.senasp.gov.br · (texto adaptado para fins didáticos). ... o...

18

Upload: hoangthuy

Post on 30-Jul-2018

229 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Módulo 2 Produzindo textos - ead.senasp.gov.br · (Texto adaptado para fins didáticos). ... O texto descritivo captura verbalmente as características, de maneira mais ou menos
Page 2: Módulo 2 Produzindo textos - ead.senasp.gov.br · (Texto adaptado para fins didáticos). ... O texto descritivo captura verbalmente as características, de maneira mais ou menos

14

Apresentação do módulo

Módulo 2

Produzindo textos

Quando falamos de produção de textos, falamos da necessidade que temos, em uma sociedade letrada, de nos comunicarmos por escrito. Para tanto, serão requisitadas habili-dades e competências para falar com o outro por meio de textos (escritos) eficientes, sob o ponto de vista comunicativo. A percepção de que os textos escritos resultam de uma

prática de interação, de interlocução e de di-álogo, entre aquele que escreve e aquele que lê, é fundamental para alcançar tal intuito. Neste módulo, refletiremos sobre como co-locar no papel o que pensamos, o que senti-mos, o que precisamos, de maneira consis-tente e adequada à atividade profissional que exercemos.

Objetivos do móduloAo final deste módulo, você será capaz de:

• caracterizar os tipos textuais: narração, descrição e dissertação;

• diferenciar gêneros e tipos textuais, reconhecendo a importância de compreen-der as características textuais a eles inerentes;

• elaborar textos dissertativos; e

• compreender os recursos que poderão contribuir para a efetividade de produção de textos.

estrutura do móduloEste módulo compreende as seguintes aulas:

AuLA 1 – Modalidades discursivas: gêneros e tipos textuais

AuLA 2 – Recursos a serem considerados em uma dissertação

AuLA 3 – Organização textual

Page 3: Módulo 2 Produzindo textos - ead.senasp.gov.br · (Texto adaptado para fins didáticos). ... O texto descritivo captura verbalmente as características, de maneira mais ou menos

15

Comunicar ideias, pensamentos e sentimentos parece, a priori, algo fácil e simples para qualquer pessoa, principal-mente se você considerar que todos, des-de crianças, usam cotidianamente a lin-guagem. Essa comunicação se realiza sem que se reflita sobre as teorias e as regras mobilizadas intuitivamente nesse proces-so. Especialmente ao nos comunicarmos oralmente, priorizamos a expressão do que queremos, em detrimento do cuidado com os aspectos gramaticais. Utilizamos, na maior parte das vezes, as estruturas que estão internalizadas e sobre as quais não precisamos nos deter.

EXEMPLO: Ao participar de um bate-papo no Facebook, as pessoas não se atêm às normas gramaticais, como uso de maiúsculas ou pon-tuação; abreviam as palavras e preocupam-se sobremaneira com a agilidade do que se quer dizer. Utilizados na comunicação interpessoal, esses textos caracterizam-se, especialmente, por se aplicarem a situações sociocomunica-tivas, configurando-se, assim, como gênero textual. São gêneros textuais, por exemplo, e--mails, poemas, bilhetes, postais, artigos, ora-ções, anúncios, avisos, memorandos, requeri-mentos, editais, resenhas, crônicas, relatórios, listas, ofícios, propagandas, receitas, notícias, provérbios, cartas, bulas, dentre outros.

Aula 1

Modalidades discursivas: gêneros e tipos textuaisToda boa escrita consiste em mergulhar e prender a respiração.

F. Scott Fitzgerald

Muitos são os desafios de se produzir um texto com uma “boa escrita”. Você já mergulhou de fato nesse desa-fio? Já prendeu a respiração? Esse é um bom momento para refletir sobre esse processo de escrita. Vamos lá?

1.1 Gêneros textuais

1.2 Modalidades textuaisObserve que as pessoas, de maneira

geral, organizam os enunciados e interagem com o outro a partir de um determinado gê-nero textual, considerando, para isso, as ca-racterísticas desse gênero e os objetivos que querem alcançar naquela determinada situ-ação comunicativa. Os diferentes gêneros textuais, no entanto, muitas vezes não são considerados como ponto de partida para a aprendizagem da produção de textos na es-cola. É muito comum aprendermos a utilizar os textos, considerando apenas sua tipologia: narração, descrição e dissertação. O pro-

blema é que essa concepção é válida como modalidade utilizada no processo de compo-sição dos diversos gêneros discursivos, mas não dá conta da classificação e análise de todos os textos utilizados pelos falantes de uma língua.

Reveja a seguir as características das três modalidades textuais.

narração: Contar histórias faz parte da nature-

za humana. As pessoas contam o que lhes

Page 4: Módulo 2 Produzindo textos - ead.senasp.gov.br · (Texto adaptado para fins didáticos). ... O texto descritivo captura verbalmente as características, de maneira mais ou menos

16

acontece de bom e de ruim, partilham expe-riências, compartilham acontecimentos. As-sim, a narração se vincula irremediavelmen-te à vida cotidiana nas diferentes relações que estabelecemos. Narrar impõe o relato de histórias e acontecimentos, reais ou fictícios, com marcante coerência interna para que a história seja verossímil e, portanto, convin-cente ao receptor.

O texto narrativo contém os seguintes elementos:

a) o enredo: também chamado de fato, trama ou ação desenvolvida em torno dos personagens. Deve apresentar sequência es-pacial e temporal ordenada.

b) a personagem: quem participa do enredo. É usualmente pessoa, mas pode ser coisa ou animal.

c) o ambiente: o espaço onde ocorre o enredo. Pode, naturalmente, variar muito no desenrolar da narrativa.

d) o tempo: o momento em que se dá o enredo. Pode ser presente, passado ou fu-turo.

e) o narrador: quem narra o enredo. Pode ou não participar da história como per-sonagem.

Veja um exemplo de narração em um texto cujo domínio discursivo é o jornalístico.

Traficantes trocam tiros com a polícia e invadem hotel no Rio(...) O confronto começou por volta das 8 horas. Segundo a polícia, um “bonde” de

traficantes da Rocinha, que fica no bairro, estava voltando para a favela depois de ter passado a noite no Vidigal, morro próximo, dominado pela mesma facção criminosa. Na Avenida Niemeyer, que liga Leblon a São Conrado, o grupo encontrou com policiais do 23º BPM (Leblon). Começou então o tiroteio, que durou em torno de 10 minutos. Na fuga, 10 fugitivos armados com fuzis invadiram o Hotel Intercontinental, em frente à praia, e fizeram 35 reféns na cozinha.

Foram quase duas horas de negociação com policiais do Batalhão de Operações Poli-ciais Especiais (Bope). A mãe de um dos sequestradores, morador da Rocinha, chegou a ser chamada para convencer o filho a se entregar. “Eu pedi, mas ele não quis me ouvir”, disse Dinalva, chorando muito na porta do hotel. Mesmo assim, minutos depois, o grupo libertou os reféns e se entregou à policia. (...)

Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/rj/traficantes-trocam-tiros-com-a-policia-e-invadem-hotel-no-rio/n1237755546405.html. Acesso em: 10 de junho de 2013. (Texto adaptado para fins didáticos).

Observe agora um exemplo de narração em um texto cujo domínio é o literário.

Maneira de amarO jardineiro conversava com as flores, e elas se habituaram ao diálogo. Passava

manhãs contando coisas a uma cravina ou escutando o que lhe confiava um gerânio. O girassol não ia muito com sua cara, ou porque não fosse homem bonito, ou porque os girassóis são orgulhosos de natureza. Em vão o jardineiro tentava captar-lhe as graças, pois o girassol chegava a voltar-se contra a luz para não ver o rosto que lhe sorria. Era uma situação bastante embaraçosa, que as outras flores não comentavam. Nunca, en-tretanto, o jardineiro deixou de regar o pé de girassol e de renovar-lhe a terra, na oca-sião devida.

O dono do jardim achou que seu empregado perdia muito tempo parado diante dos canteiros, aparentemente não fazendo coisa alguma. E mandou-o embora, depois de assinar a carteira de trabalho. Depois que o jardineiro saiu, as flores ficaram tristes e censuravam-se porque não tinham induzido o girassol a mudar de atitude. A mais triste de todas era o girassol, que não se conformava com a ausência do homem. “Você o trata-va mal, agora está arrependido?” “Não, respondeu, estou triste porque agora não posso tratá-lo mal. É a minha maneira de amar, ele sabia disso, e gostava.”

(ANDRADE, Carlos Drummond de. A cor de cada um. Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 12)

Page 5: Módulo 2 Produzindo textos - ead.senasp.gov.br · (Texto adaptado para fins didáticos). ... O texto descritivo captura verbalmente as características, de maneira mais ou menos

17

Observe um exemplo de poema em que o autor apresenta uma narrativa.

Pequena crônica policial

Jazia no chão, sem vida,

E estava toda pintada!

Nem a morte lhe emprestara

A sua grave beleza...

Com fria curiosidade,

Vinha gente a espiar-lhe a cara,

As fundas marcas da idade,

Das canseiras, da bebida...

Triste da mulher perdida

Que um marinheiro esfaqueara!

Vieram uns homens de branco,

Foi levada ao necrotério.

E quando abriam, na mesa,

O seu corpo sem mistério,

Que linda e alegre menina

Entrou correndo no Céu?!

Lá continuou como era

Antes que o mundo lhe desse

A sua maldita sina:

Sem nada saber da vida,

De vícios ou de perigos,

Sem nada saber de nada...

Com a sua trança comprida,

Os seus sonhos de menina,

Os seus sapatos antigos!

(QUINTANA, Mário. Prosa & verso. São Paulo: Globo, 1978. p. 17)

descrição: O texto descritivo captura verbalmente

as características, de maneira mais ou menos pormenorizada, de pessoas, estados de espí-rito, objetos ou cenas. A descrição aparece recorrentemente em narrações para trazer pormenores dos personagens, do ambiente ou de algum objeto. Por isso, poucas vezes você verá descrições isoladas em outras mo-dalidades textuais.

A descrição pode ser objetiva (quando se restringe a descrever a realidade, sem julga-mento de seu valor) ou subjetiva (quando as percepções do autor são impressas a essa re-alidade). Não raras vezes, as descrições ultra-passam o mero retrato da realidade, apresen-tando uma interpretação dessa. As pinturas e as fotografias são um grande exemplo de como isso acontece. Embora retratem a reali-dade, permitem a expressão de um sem-nú-mero de percepções. Veja o exemplo a seguir:

Page 6: Módulo 2 Produzindo textos - ead.senasp.gov.br · (Texto adaptado para fins didáticos). ... O texto descritivo captura verbalmente as características, de maneira mais ou menos

18

Dois velhinhosDois pobres inválidos, bem velhinhos, esquecidos numa cela de asilo.

Ao lado da janela, retorcendo os aleijões e esticando a cabeça, apenas um podia olhar lá fora.

Junto à porta, no fundo da cama, o outro espiava a parede úmida, o crucifixo negro, as moscas no fio de luz. Com inveja, perguntava o que acontecia. Deslumbrado, anun-ciava o primeiro:

— Um cachorro ergue a perninha no poste.

Mais tarde:

— Uma menina de vestido branco pulando corda.

Ou ainda:

— Agora é um enterro de luxo.

Sem nada ver, o amigo remordia-se no seu canto. O mais velho acabou morrendo, para alegria do segundo, instalado afinal debaixo da janela. Não dormiu, antegozando a manhã. Bem desconfiava que o outro não revelava tudo. Cochilou um instante — era dia. Sentou-se na cama, com dores espichou o pescoço: entre os muros em ruína, ali no beco, um monte de lixo.

(TREVISAN, Dalton. Dois velhinhos. Disponível em:http://www.releituras.com/daltontrevisan_doisvelhinhos.asp>. Acesso em: 10 jun. 2013).

Fonte:https://www.google.com.br/search?hl=ptPT&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1366&bih=641&q=policiais&oq=poliais

Observe a seguir outro exemplo de texto descritivo:

A percepção da realidade pode, sem dúvi-da, variar de uma pessoa para outra, por isso é que nos textos técnicos prevalece a objetivida-de e, em outros textos, a subjetividade. Nesse sentido, Leonardo Boff, ao falar da leitura, nos traz um belo quadro do que representa a sub-jetividade no uso da linguagem, sejamos nós leitores ou produtores do discurso:

“Ler significa reler e compreender, inter-pretar. Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.

Todo ponto de vista é a vista de um pon-to. Para entender como alguém lê, é neces-sário saber como são seus olhos e qual é a sua visão de mundo. Isso faz da leitura sem-pre uma releitura.

A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. Para compreender é essencial conhe-cer o lugar social de quem olha. Vale dizer, como alguém vive, com que convive, que experiências tem, em que trabalha, que de-sejos alimenta, como assume os dramas da vida e da morte e que esperanças o animam. Isso faz da compreensão sempre uma inter-pretação.

Sendo assim, fica evidente que cada lei-tor é coautor. Porque cada um lê e relê com os olhos que tem, pois compreende e inter-preta a partir do mundo que habita.”

(BOFF, L. A águia e a galinha: uma metáfora da condição humana. Petropólis, RJ: Vozes, 1997. p.9).

Page 7: Módulo 2 Produzindo textos - ead.senasp.gov.br · (Texto adaptado para fins didáticos). ... O texto descritivo captura verbalmente as características, de maneira mais ou menos

19

dissertaçãoO texto dissertativo objetiva expor, ex-

plicar ou interpretar determinada ideia e, para tanto, recorre a argumentos que a com-provem ou a justifiquem. Assim como na descrição e na narração, dissertar pressupõe uma intencionalidade discursiva que agrega-rá informações que evidenciam nossa forma de ver o mundo e nossas vivências. Trata-se, antes de tudo, de questionar a realidade, posicionando-se a respeito de um assunto. Portanto, o conhecimento do assunto é con-dição imprescindível à dissertação. Você não poderá refletir sobre o que não conhece.

A intencionalidade determina que tipo de texto você produzirá:

Dissertação expositiva: nesse tipo de dissertação você apenas apresenta os fatos e as ideias sem se posicionar criticamente a respeito.

Dissertação argumentativa: nesse tipo de dissertação você agrega, aos fatos apresentados, o seu posicionamento em re-lação ao tema abordado.

Veja os exemplos a seguir que falam do mesmo tema, mas de forma diversa.

Dissertação expositiva:

A droga: como surgiuO crack surgiu nos Estados Unidos na década de 1980 em bair-

ros pobres de Nova Iorque, Los Angeles e Miami. O baixo preço da droga e a possibilidade de fabricação caseira atraíram consumidores que não podiam comprar cocaína refinada, mais cara e, por isso, de difícil acesso. Aos jovens atraídos pelo custo da droga juntaram-se usuários de cocaína injetável, que viram no crack uma opção com efeitos igualmente intensos, porém sem risco de contaminação pelo vírus da Aids, que se tornou epidemia na época.

No Brasil, a droga chegou no início da década de 1990 e se dis-seminou inicialmente em São Paulo. “O consumo do crack se alas-trou no País por ser uma droga de custo mais baixo que o cloridrato de coca, a cocaína refinada (em pó). Para produzir o crack, os tra-ficantes utilizam menos produtos químicos para fabricação, o que a torna mais barata”, explica Oslain Santana, diretor de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal.

Segundo estudo dos pesquisadores Solange Nappo e Lúcio Gar-cia de Oliveira, ambos da Universidade Federal de São Paulo (Uni-fesp), o primeiro relato do uso do crack em São Paulo aconteceu em 1989. Dois anos depois, em 1991, houve a primeira apreensão da droga, que avançou rapidamente: de 204 registros de apreensões em 1993 para 1.906 casos em 1995. Para popularizar o crack e aquecer as vendas, os traficantes esgotavam as reservas de outras drogas nos pontos de distribuição, disponibilizando apenas as pe-dras. Logo, diante da falta de alternativas, os usuários foram obriga-dos a optar e aderir ao uso.

Hoje, a droga está presente nos principais centros urbanos do País. Os dados mais recentes sobre o consumo do crack estão sendo coletados e indicarão as principais regiões afetadas, bem como o perfil do usuário. Segundo, no entanto, pesquisa domiciliar realiza-da pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas – SENAD, em parceria com o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psico-trópicas (Cebrid) em 2005, 0,1% da população brasileira consumia a droga.

Fonte: http://www.brasil.gov.br/enfrentandoocrack/a-droga/como-surgiu. Acesso em: 07 nov. 2013.

Page 8: Módulo 2 Produzindo textos - ead.senasp.gov.br · (Texto adaptado para fins didáticos). ... O texto descritivo captura verbalmente as características, de maneira mais ou menos

20

Polícia ComunitáriaA nossa Carta Magna, a atual Constituição Federal de 1988

plantou a semente de uma nova polícia, uma polícia voltada para o povo, para efetivamente proteger o povo, para ser a guardiã das Leis Penais e da sociedade e, com o intuito principal de manter a ordem estabelecida pelo Estado Democrático do Direito.

Da semente plantada nasceu a polícia cidadã. Cresceu, flores-ceu e já vem dando alguns bons frutos para a sociedade brasileira, embora muito ainda falte para o colhimento de uma ótima safra advinda desta frondosa árvore protetora do povo. A nossa Carta Magna recebeu o título carinhoso de Constituição Cidadã pelo fato do primor em prática relacionado aos direitos fundamentais e sociais de cada um, alicerçados na cidadania e na dignidade do ser humano.

A polícia cidadã é a transformação pela qual passou a polícia de outrora por exigência da Constituição cidadã. Essa polícia estabelece um sincronismo entre o seu labor direcionado verdadeiramente a serviço da comunidade, ou seja, uma polícia sempre em defesa do cidadão e não ao combate do cidadão como ocorrera nos anos de chumbo da ditadura militar.

Não há como confundir o termo polícia cidadã, como sendo uma polícia benevolente, negligente, que trata os infratores com flores, delicadamente... Muito pelo contrário, a polícia cidadã é uma polícia forte, destemida, honrada, justa, capaz de realizar qualquer ato le-gal possível para defender os direitos ultrajados do cidadão cumpri-dor dos seus deveres e obrigações.

O estrito cumprimento do dever legal, a legítima defesa de ter-ceiros ou a sua própria defesa devem caminhar sempre juntos com a polícia cidadã. Quando confronto houver com marginais em atos contrários a estes três itens, deve sair sempre vitoriosa a polícia cidadã.

A paz é a aspiração, o desejo fundamental de toda pessoa de bom senso, entretanto, só pode ser atingida com a ordenação da po-tencialidade da comunidade em somação ao poder público em torno do ideal digno de uma segurança justa, cooperativa e interativa. A paz deve estar em constante ação no seio da sociedade, de maneira duradoura, não fugaz.

O estudo das relações humanas constitui uma verdadeira ci-ência complementada por uma arte, a de se obter e conservar a cooperação e a confiança das partes envolvidas, por isso a necessi-dade preeminente de uma verdadeira e efetiva interatividade entre a polícia e a sociedade.

Partindo do princípio de que a nossa polícia, a polícia cidadã vivencia tudo isso, a polícia comunitária vivencia muito mais, pois as suas ações são galgadas na amizade, na confiança mútua e na parceria com o cidadão em benefício da própria comunidade.

(MARQUES, Archimedes José Melo.Polícia comunitária. Disponível em:http://www.infoescola.com/sociedade/policia-comunitaria. Acesso em: 10 de jun.

2013) - Texto adaptado para fins didáticos.

Dissertação argumentativa:

Page 9: Módulo 2 Produzindo textos - ead.senasp.gov.br · (Texto adaptado para fins didáticos). ... O texto descritivo captura verbalmente as características, de maneira mais ou menos

21

1.2.1 estrutura do texto dissertativoO texto dissertativo estrutura-se em

três partes:

• Introdução: é a parte em que se apresenta a ideia central que será progressivamente desenvolvida no decorrer do texto. A ideia central traz uma declaração breve e sintética do assunto, de forma a evidenciar o po-sicionamento a respeito do tema tra-tado.

• Desenvolvimento: é nessa eta-pa que a ideia central ganha corpo, uma vez que são apresentados os argumentos que comprovarão a va-lidade do posicionamento inicial do autor. Essa é a parte mais exten-sa do texto dissertativo, pois é aqui que se apresentam causas e con-

sequências, detalhamento do as-sunto, análise de dados e situações que sirvam de exemplos, analogias, dentre outros.

• Conclusão: essa parte, também cha-mada de desfecho, retoma a questão mais relevante do assunto tratado, apresentando as considerações finais do autor. Deve-se ter um cuidado es-pecial ao concluir, pois retomar não significa restringir-se a repetir o que é óbvio. Deve, a um só tempo, fechar o raciocínio apresentado, como tam-bém propiciar condições de reflexão ao leitor.

Lembre-se de que as partes que compõem a dissertação são complementares e irre-mediavelmente interconec-tadas.

Page 10: Módulo 2 Produzindo textos - ead.senasp.gov.br · (Texto adaptado para fins didáticos). ... O texto descritivo captura verbalmente as características, de maneira mais ou menos

22

O primeiro passo é pensar sobre o tema que nos foi apresentado. É preciso que você questione: sei o suficiente sobre o assunto? Diante da resposta a essa questão, você de-verá, se preciso for, buscar textos que subsi-diem sua argumentação. Lembre-se sempre de que, os textos que você lê não são apenas fonte de informação, são também modelo de escrita. Normalmente, as pessoas que lêem muito têm maior facilidade ao escrever, até por estarem habituadas aos diferentes tex-tos socialmente disponibilizados, como bons livros, jornais e revistas.

A partir desse ponto, você deverá de-limitar o assunto. Muitas vezes são ofer-tados temas amplos e é preciso, então, restringi-los, evitando que se fique perdi-do em meio a um emaranhado de possibi-lidades e ideias.

Delimitado o tema, é preciso definir o pressuposto que gerará a ideia central do texto, o que possibilitará a análise do ponto de vista adotado, sua forma e suas variantes.

Você já estudou sobre isso na Aula 1, lembra?

Aula 2

Recursos a serem considerados em uma dissertação

A partir de agora, você estudará alguns recursos que poderão lhe auxiliar ao escrever textos. Nesta aula, são apresentados inúmeros recursos que podem ser utiliza-dos na produção de textos dissertativos de qualidade.

2.1 Refletindo sobre o tema:

2.2 elaborando um esquemaA dissertação exige planejamento. A

reflexão cuidadosa e antecipada das partes que compõem o texto facilita a escrita, prin-cipalmente, por permitir separar as duas ati-vidades complexas que envolvem esse ato: pensar e escrever. Você já estudou na aula 1 que quando se escreve, é preciso definir três questões fundamentais:

O que escrever? Como escrever?Para que escrever?

Quando se elabora um esquema, ou seja, se planeja um texto, já se está preven-do o que se vai escrever. Só depois é que se pensa em como fazê-lo... Se você não plane-jar o texto, vivenciará duas atividades com-plexas, pensar no assunto e escrever sobre ele, simultaneamente, o que gera maior di-ficuldade.

O esquema é um recurso que permite planejar as ideias do texto, ordenando-as hierarquicamente: daquelas de sentido mais amplo até as mais específicas. Ele deve ser expresso de maneira simplificada para que se possa ter uma ideia clara sobre o conteúdo a ser desenvolvido. Os esquemas podem ser organizados de diferentes maneiras: em cha-

Page 11: Módulo 2 Produzindo textos - ead.senasp.gov.br · (Texto adaptado para fins didáticos). ... O texto descritivo captura verbalmente as características, de maneira mais ou menos

23

ve, numeração progressiva ou mapa concei-tual. Vejamos alguns exemplos:

esquema em chaveO título expressa a ideia central do tex-

to e os argumentos são apresentados com os de sentido mais amplo ficando à esquerda dos de sentido menos amplo; as ideias que têm o mesmo tipo de relação ficam umas so-bre as outras. Observe:

A violência nos grandes centros urbanos 1 – Causas

1.1 Condições socioeconômicas.

1.2 Impunidade.

1.3 Precariedade da educação básica.

2 – Consequências

2.1 Aumento de crimes bárbaros.

2.2 Descontrole social.

2.3 Fragilização das instituições.

3 – Soluções

3.1 Políticas de prevenção à vio-lência.

3.2 Ações intersetoriais.

Mapa conceitual:Mapas conceituais são representações

gráficas, que indicam relações entre concei-tos ligados por palavras.

Exemplo:

numeração progressivaAs ideias são apresentadas hierarquica-

mente em forma de texto. Exemplo:

A violência nos grandes centros urbanos

1 – Causas

1.1 Condições socioeconômicas

1.2 Impunidade

1.3 Precariedade da educação básica

2 – Consequências

2.1 Aumento de crimes bárbaros

2.2 Descontrole social

2.3 Fragilização das instituições

3 – Soluções

3.1 Políticas de prevenção à vio-lência

3.2 Ações intersetoriais

3.3 Integração de programas go-vernamentais

Page 12: Módulo 2 Produzindo textos - ead.senasp.gov.br · (Texto adaptado para fins didáticos). ... O texto descritivo captura verbalmente as características, de maneira mais ou menos

24

Como você estudou na aula 1, cada pes-soa se expressa de uma forma bastante par-ticular, a partir de sua vivência. Dessa ma-neira, os textos escritos também serão um reflexo do que se sabe, se pensa e se sente. Por isso, evite regras rígidas de produção de texto que não permitam a mobilidade ne-cessária para expressar com liberdade suas ideias. Não se prenda a números definidos de parágrafos ou a uma extensão pré-deter-minada para cada parágrafo, pois tal postura intimida seu processo criativo.

Uma boa maneira de sedimentar seu estilo é observar os textos que você lê. Quando se deparar com textos que julgar agradáveis, bem construídos e cuja argu-mentação seja apropriada, analise como o autor iniciou o texto, que recursos utili-zou, como concluiu sua ideia. Dessa forma, você se identificará com alguns modelos aos quais terá acesso e a eles incorporará novos elementos. Assim, criará seu estilo pessoal de escrever.

2.3 elaborando a primeira versão: o rascunho O rascunho é um esboço do texto defi-

nitivo. É fundamental exercitar a elaboração do rascunho, pois tal ação é fruto da compre-ensão de que o texto não fica pronto logo em sua primeira versão, mas é uma construção

refletida que permite o repensar de trechos inteiros, o acréscimo de informações, a subs-tituição de palavras, a eliminação de vícios e repetições, a revisão dos aspectos gramati-cais e até das ideias apresentadas.

2.4 Refletindo sobre seu estilo de escrever

2.5 Revisando o textoUm dos aspectos que deve ser conside-

rado antes de definirmos a versão final de um texto é a revisão dos aspectos textuais, dos quais se destacam os seguintes:

Adequação:analisar se o texto está adequado ao

tema e se atende ao objetivo que se quer alcançar;

Coerência:analisar se há, ao longo do texto, um fio

condutor do sentido;

Clareza:verificar se as ideias são expostas de for-

ma a serem plenamente compreendidas; e

Coesão:verificar se as diversas partes do texto

estão interligadas de maneira a criar textua-lidade (rede lógica de sentido), ou seja, veri-ficar se as partes do texto se ligam umas às outras. Quando, por exemplo, iniciamos um parágrafo com a expressão “dessa forma”, estamos associando o que diremos a seguir com o que já foi dito anteriormente.

Page 13: Módulo 2 Produzindo textos - ead.senasp.gov.br · (Texto adaptado para fins didáticos). ... O texto descritivo captura verbalmente as características, de maneira mais ou menos

25

Nesta aula, serão apresentados os ele-mentos que devem constar em um texto e como organizá-los.

A dissertação é uma grande unidade textual composta por unidades textuais me-nores, denominadas parágrafos, os quais são constituídos por um ou mais períodos inter-ligados semântica e sintaticamente. Os pa-rágrafos são o maior indicativo da organiza-ção das ideias de um texto. Nesse sentido, a cada parágrafo, o leitor é chamado a parar e refletir sobre o assunto ali exposto.

O planejamento de textos em esquemas é estruturado, via de regra, a partir dos pa-rágrafos que você construirá. Assim, apre-senta-se a ideia principal a ser abordada, em seguida as ideias de apoio ou secundárias e, facultativamente, a conclusão, que pode ser um desfecho ou a preparação para o início do parágrafo seguinte.

Não há regras rigorosas no que tange à extensão do parágrafo, mas sua formula-

ção exige bom senso: que não seja tão curto a ponto de fragmentar a apresentação das ideias e empobrecer a argumentação, nem tão longo que se torne cansativo e disperse a atenção do leitor. Para reconhecer o mo-mento adequado de se mudar de parágrafo, é oportuno lembrar que ele deve conter ape-nas uma ideia principal apoiada pelos argu-mentos que a justificam, ou seja, que lhe dão ênfase.

Como estudou anteriormente, a disser-tação apresenta três partes básicas: a in-trodução, o desenvolvimento e a conclusão. Normalmente, temos um parágrafo de aber-tura para a introdução; um ou mais parágra-fos para o desenvolvimento da ideia central apresentada na introdução; e um parágrafo de encerramento para a conclusão.

Fique atento! Pois a partir daqui você estudará alguns recursos que poderá utilizar nas diferentes partes que compõem a disser-tação...

Aula 3

Organização textual

3.1 O parágrafo de introduçãoUm parágrafo inicial bem formulado fa-

cilita o trabalho do escritor e do leitor, pois orienta o desenvolvimento de todo o texto. Pode antecipar a ideia central do texto ou, de forma criativa, gerar no leitor diferentes expectativas em relação ao teor do que está por vir. Dentre as possibilidades de constru-ção inicial de um texto, optamos pelas se-guintes:

Alusão históricaAtos de violência e atrocidades, que hoje

chamamos de violações de direitos humanos, fazem parte da história da humanidade – e do Brasil também. Desde o massacre e es-cravização dos povos indígenas, assim como dos povos africanos, mesmo a história de um País jovem como o Brasil é cheia de episódios

Page 14: Módulo 2 Produzindo textos - ead.senasp.gov.br · (Texto adaptado para fins didáticos). ... O texto descritivo captura verbalmente as características, de maneira mais ou menos

26

trágicos e violentos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos somente foi criada em 1948, como forma de reação contra as atro-cidades cometidas durante a Segunda Guer-ra Mundial, quando Hitler comandou o geno-cídio de judeus e outras minorias nos campos de concentração. (Fonte: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/mediar_con-flitos/curso_m_conflitos_modulos_1_10.pdf. Acesso em: 10 jun. 2013).

Raciocínio dedutivo: sair de uma afirmação geral para o particular

O tráfico de pessoas é considerado uma das mais graves violações dos direitos hu-manos neste século e deve ser compreendi-do como um fenômeno social complexo, al-tamente violador e que envolve, em muitos casos, a privação de liberdade, a explora-ção, o uso da violência. Hoje, este fenômeno representa um tema de grande importância para o Brasil, pela sua incidência dentro do país e entre os seus nacionais vivendo no exterior.Fonte: http://www2.forumseguranca.org.br/content/invis%C3%ADvel-realidade-do-tr%C3%A1fico-de-pessoas. Acesso em: 10 jun. 2013).

Raciocínio indutivo: sair de uma afirmação particular para o geral – a narração de um fato, por exemplo

Segundo Pesquisa Nacional por Amos-tra de Domicílios (PNAD) de 2006, cerca de 83% dos brasileiros vivem em cidades. Esse “inchaço” dos centros urbanos é re-sultante de um modelo de desenvolvimen-to econômico que, desde o início do século 20 até hoje, vem diminuindo o emprego no campo e atraindo muita gente para as cidades em busca de melhores condições de vida. Isso ocorre no mundo inteiro, não só no Brasil.Fonte: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/mediar_con-flitos/curso_m_conflitos_modulos_1_10.pdf. Acesso em: 10 jun. 2013).

InterrogaçãoComo dissemos antes, nenhum direi-

to humano pode ser usado para justificar a violação de outro. As pessoas começam a identificar que os seus próprios direitos

podem converter-se em conflitos com os direitos de outras pessoas. Diante da se-guinte reflexão

“Como estes conflitos podem ser re-solvidos”?, convém explicitar que “Todos os conflitos devem ser resolvidos dentro de um contexto de direitos humanos”.Fonte: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/mediar_con-flitos/curso_m_conflitos_modulos_1_10.pdf. Acesso em: 10 jun. 2013).

Analogia e paraleloUma área da psicologia diz que a agres-

sividade faz parte da energia humana e que, dependendo da circunstância, pode se trans-formar em violência. A agressividade é como água, pode irrigar ou inundar, depende de como focamos essa energia; podemos usá--la para coisas boas, colhendo bons frutos, ou para coisas ruins, gerando a violência. A energia que faz um militante ir à rua para uma passeata é, muitas vezes, a mesma que faz outra pessoa quebrar um ônibus numa greve ou queimar pneus na rua, para impe-dir a passagem de carros. Como dissemos, os conflitos fazem parte do ser humano, mas podem ser violentos ou não-violentos, de-pendendo da atitude das pessoas.(Fonte: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/mediar_con-flitos/curso_m_conflitos_modulos_1_10.pdf. Acesso em: 10 jun. 2013).

CitaçãoSegundo Ana Paula Corti, pesquisadora

da Ação Educativa, de São Paulo, “a ques-tão está muito presente no horizonte das gerações mais novas, mas as escolas não a incorporaram como fonte de intervenção pedagógica”. O desconforto em relação ao assunto é fácil de entender. Trazer os temas do medo e da agressividade para a sala de aula não parece combinar com o papel construtivo e pacificador que o universo es-colar, com razão, costuma chamar para si. Mas algumas experiências, descritas nas próximas páginas, indicam que vale a pena abandonar essa suposta neutralidade e en-carar uma realidade que, de um modo ou de outro, interfere diretamente na vida de todos nós.(Fonte: http://www.codic.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=174. Acesso em: 10 jun. 2013).

Page 15: Módulo 2 Produzindo textos - ead.senasp.gov.br · (Texto adaptado para fins didáticos). ... O texto descritivo captura verbalmente as características, de maneira mais ou menos

27

Há diversos processos para se desenvol-ver as ideias de um texto dissertativo. Esses processos variam de acordo com a natureza do assunto e o objetivo traçado, desde que as ideias sejam formuladas de maneira clara, objetiva e conveniente. Veja que os exem-plos que seguem foram retirados de um mes-mo texto. Nosso intuito é que você perceba que pode usar a combinação de vários des-ses recursos em um mesmo texto:

Apresentar relação de causalidadeÉ claro que estas condições e fatores

como a pobreza, a busca por melhores opor-tunidades de trabalho, necessidade de sus-tentar a família, motivos ambientais (secas ou inundações) estão entre as motivações que levam a pessoas a cair em falsas pro-messas que se revelam em situações de ex-ploração posterior. Mas as motivações podem ser mais complexas como, por exemplo, o desejo de conhecer novas culturas, o desejo de transformar o corpo, o casamento com um estrangeiro, ou a necessidade de sair de uma condição de violação de direitos (violência doméstica, abuso sexual intrafamiliar, homo-fobia). Assim, o tráfico se aproveita daquilo que é o bem mais precioso do ser humano - a capacidade de sonhar, de querer mais, de ir mais longe. Ele entra exatamente nos espa-ços onde os sonhos ainda são negados, onde restam poucas ou nenhuma alternativa, com uma promessa que parece aceitável.(Fonte: http://www2.forumseguranca.org.br/content/invis%C3%ADvel-realidade-do-tr%C3%A1fico-de-pessoas. Acesso em: 10 jun. 2013).

enumerar fatos que comprovem uma opinião - exemplificar

Contudo, fatores culturais e políticos também reforçam esta ambiência para a ocorrência do crime, como: demanda por serviços sexuais; aspectos culturais como a desigualdade e iniquidades de gênero e raça, geracionais, a cultura patriarcal e a homo-fóbica; políticas migratórias restritivas que criam barreiras à migração regular; modelos de desenvolvimento econômico como fatores de expulsão e atração de pessoas e serviços; a corrupção e conivência de funcionários pú-blicos; e deficiências de respostas estatais no

enfrentamento a este crime entre outros.(Fonte: http://www2.forumseguranca.org.br/content/invis%C3%ADvel-realidade-do-tr%C3%A1fico-de-pessoas. Acesso em: 10 jun. 2013).

Confrontar ideias, dados, estudos ou características

A pena do crime de tráfico de pessoas (pena de reclusão, de três a oito anos) é me-nor do que as penas impostas ao crime do tráfico internacional de armas e de drogas. E, por mais que o tipo penal “tráfico de pesso-as” tenha passado por diversas alterações le-gislativas, ainda permanece insuficiente para contemplar as características do fenômeno e todas as suas formas de exploração. Ain-da convivemos com a distância entre o que compreende o tráfico de pessoas e a pers-pectiva criminal que o caracteriza.(Fonte: http://www2.forumseguranca.org.br/content/invis%C3%ADvel-realidade-do-tr%C3%A1fico-de-pessoas. Acesso em: 10 jun. 2013).

Apresentar conceitos, citações, alusões ou fatos históricos:

Vale ressaltar que no caso brasileiro, as respostas públicas a este fenômeno estão se estruturando há mais de uma década. Ratifi-camos o Protoloco de Palermo, que é a dire-triz internacional para o tema, contamos com uma Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas que é indutora de ações de prevenção, repressão ao crime e atenção e proteção às vítimas. Estamos sob a égide de um segundo plano nacional que envol-ve 17 Ministérios na implementação de 115 metas até 2016. E a cooperação com Esta-dos e Municípios, organismos internacionais, ministério público e os poderes judiciário e legislativo, e a necessária articulação e per-manente diálogo com a sociedade civil refor-çam a característica democrática e integra-da da atuação brasileira no enfrentamento a este crime. O alerta e a sensibilização da sociedade sobre a existência deste fenômeno são importantes para desmistificar que a sua ocorrência não está tão longe assim da nossa realidade.(Fonte: http://www2.forumseguranca.org.br/content/invis%C3%ADvel-realidade-do-tr%C3%A1fico-de-pessoas. Acesso em: 10 de jun. 2013).

3.2 O parágrafo de desenvolvimento (a argumentação):

Page 16: Módulo 2 Produzindo textos - ead.senasp.gov.br · (Texto adaptado para fins didáticos). ... O texto descritivo captura verbalmente as características, de maneira mais ou menos

28

A conclusão encerra o texto dissertativo, recorrendo a basicamente três possibilidades de variação, a saber:

Retomada: ratifica a tese apresentadaO envolvimento de distintos atores go-

vernamentais e não governamentais, de se-tores da mídia, aumenta a visibilidade e co-meça a provocar a desejada indignação para que a sociedade brasileira não aceite que seus cidadãos sejam vendidos como merca-doria e tampouco que cidadãos estrangeiros vivam em nosso território em condições de exploração. Liberdade não se compra. Digni-dade não se vende. E com este lema o Bra-sil pede que a sociedade esteja atenta, saiba reconhecer o tráfico de pessoas e denuncie.(Fonte: http://www2.forumseguranca.org.br/content/invis%C3%ADvel-realidade-do-tr%C3%A1fico-de-pessoas. Acesso em: 10 de jun. 2013).

Proposição de soluçõesNo mundo moderno, onde a mulher al-

cança os mais altos cargos políticos e empre-sariais, não se permite mais discutir sobre a equiparação das oportunidades profissionais entre homem e mulher. Urge, cada vez mais, o debate acerca da estruturação das corpo-rações, para que, em havendo situações ad-versas, gestões sejam concebidas para que as mulheres sejam incluídas, a fim de que a sociedade possa cada vez mais usufruir da sua sensibilidade, como a segurança pública baiana já vem usufruindo.(Fonte: http://www2.forumseguranca.org.br/node/35549. Acesso em: 10 de jun. 2013).

Reflexiva: propõe um questionamento:Se esse episódio não foi o primeiro, que

seja o último. Se houver disposição de en-frentar realmente a corrupção da polícia, haverá disposição renovada do lado de cá de trabalhar junto, construir caminhos para uma nova realidade. Se há compromisso com a vida, se há indignação real por trás dos dis-cursos inflamados, que comecem agora as reformas estruturais das polícias, de limpeza das instituições, sem desculpas burocráticas ou medo de retaliação. Apoio não faltará. E coragem?(Fonte: http://www2.forumseguranca.org.br/node/22828. Acesso em: 10 de jun. 2013).

Lembre-se de que os exemplos apresen-tados não encerram todas as possibilidades de que dispomos para a construção discursi-va, mas são indicativos para ajudá-lo na es-critura de textos...

Ao iniciar esta aula, você estudou que os parágrafos são unidades textuais que em conjunto formam o texto. Não basta, portan-to, que você elabore bem os parágrafos como se fossem unidades isoladas, pois se assim o fizer construirá, na verdade, uma enorme colcha de retalhos.

Para que um texto não seja apenas um amontoado de palavras e frases que fazem sentido separadamente, mas não como um conjunto, é preciso que você cuide dos as-pectos relacionados à coesão que estabelece a ligação, a relação entre os elementos de um texto. Observe o seguinte trecho:

Levantamos muito cedo. Fazia frio e a água havia congelado nas torneiras. Até os animais, acostumados com baixas tempera-turas, permaneciam, preguiçosamente, em suas tocas. Apesar disso, deixamos de fazer nossa caminhada matinal com as crianças.

(AQUINO, Renato. Interpretação de textos. 10. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2008. p.14.

O trecho acima é composto por vários períodos e apresenta dois segmentos distin-tos. O primeiro segmento refere-se à con-dição de frio intenso e suas consequências. O segundo apresenta a decisão de não fazer a caminhada com as crianças. O que temos para ligar esses dois segmentos? A locução “apesar disso” liga os períodos. Essa locução possui valor de concessão, liga ideias opos-tas, no entanto, o que temos no segundo seg-mento é mais uma consequência do frio que fazia naquela manhã. Sendo assim, no lugar de “apesar disso”, deveríamos usar: por isso, por causa disso, em virtude disso, etc.

A coesão textual pode ser:

• Referencial: quando um componen-te do texto faz remissão, referência a outro elemento, tais como epítetos; palavras ou expressões sinônimas; repetição de uma palavra, nome ou parte dele; um termo síntese; prono-mes, numerais e advérbios pronomi-nais que substituem um nome; elip-se; dentre outros.

3.3 O desfecho: parágrafo de conclusão

Page 17: Módulo 2 Produzindo textos - ead.senasp.gov.br · (Texto adaptado para fins didáticos). ... O texto descritivo captura verbalmente as características, de maneira mais ou menos

29

• Sequencial: quando são estabeleci-das relações semânticas ou pragmá-ticas à medida que o texto se consti-tui, tais como em frases ligadas por conjunções: Gostei da roupa, mas não posso comprá-la. Nesse perío-do, a conjunção mas é elemento de coesão por impulsionar o prossegui-mento do texto, imprimindo-lhe novo sentido.

A coesão liga termos e orações dentro de um parágrafo, bem como liga um pará-grafo a outro. A seguir, será apresentada uma série de recursos de coesão que o aju-darão a dar maior unidade aos textos, além de chamar atenção para o sentido que neles está implícito:

• Causa e consequência: como re-sultado; em virtude de; em função de; em razão de; de fato; assim; portanto; por causa de; por motivo de; porquanto; etc.

• Comparação por contraste ou por semelhança: ao contrário de; em contraste com; como contraponto; em comparação com; igualmente a; analogamente; assim também; do mesmo modo que; da mesma forma que; de maneira similar; de forma idêntica; nessa mesma perspectiva; em consonância com; etc.

• Acréscimo: além disso; outrossim; ainda mais; por outro lado; desta fei-ta; nesse sentido; em função disso; a esse respeito; não só... mas ainda; etc.

Além desses recursos, é possível recor-rer à utilização de palavras ou expressões re-lacionais para:

• Iniciar uma análise: é fundamen-tal inicialmente observar; há que se analisar, primeiramente; a primeira questão se referirá a; é fato; inicie-

mos a análise observando; em pri-meira instância, cabe analisar; etc.

• Ratificar a análise: não podemos deixar de lado a questão de; é pre-ciso frisar ainda que; não podemos nos esquecer também; é essencial lembrar ainda; é fundamental insis-tir; não há como negar que; é possí-vel alegar ainda que; além do mais; paralelamente; acrescente-se a isso; é inegável; é provável também; há ainda a possibilidade de; etc.

• Encerrar a análise: por conseguin-te; consequentemente; por isso; dessa forma; em suma; em síntese, é possível dizer que; portanto; defi-nitivamente; a partir desse contexto, é plausível afirmar; finalmente; etc.

• Enumerar outros fatores: não po-demos excluir; uma segunda causa a ser apontada é; outro aspecto a ser considerado; além desse fator, cha-ma a atenção; como terceira razão, é preciso salientar; etc.

• Estabelecer oposição: a despeito dessa posição; ao passo que; não obstante sua avaliação; vai de en-contro a; malgrado; em que pese tal afirmação... é preciso considerar; ainda que; muito embora reconhe-ça... há que se levar em conta; en-tretanto, no entanto; etc.

Como você estudou, são muitas as pos-sibilidades de uso de elementos de coesão. O uso correto deles é que dará ao seu texto a coerência necessária para que a comunica-ção se efetive, pois o texto só faz sentido se todos os envolvidos nesse processo de inte-ração reconhecerem sua lógica interna.

Agora é com você. Ler e escrever bem são habilidades e, portanto, requerem treino para serem adquiridas...

Page 18: Módulo 2 Produzindo textos - ead.senasp.gov.br · (Texto adaptado para fins didáticos). ... O texto descritivo captura verbalmente as características, de maneira mais ou menos

30

Finalizando...Neste módulo, você estudou que ...

• Aprendemos na escola a utilizar os textos segundo sua tipologia, qual seja nar-ração, descrição e dissertação. Essa concepção é válida como modalidade utili-zada no processo de composição dos diversos gêneros discursivos, mas não dá conta da classificação e análise de todos os textos utilizados pelos falantes de uma língua.

• Narrar impõe o relato de histórias e acontecimentos, reais ou fictícios, com mar-cante coerência interna para que a história seja verossímil e, portanto, convin-cente ao receptor.

• O texto descritivo se caracteriza por capturar verbalmente as características, de maneira mais ou menos pormenorizada, de pessoas, estados de espírito, obje-tos ou cenas.

• O texto dissertativo objetiva expor, explicar ou interpretar determinada ideia e, para tanto, recorre-se a argumentos que a comprovem ou justifiquem.

• O texto dissertativo estrutura-se em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão.

• Dentre os recursos que poderão auxiliar na escrita de textos é possível citar: reflexão sobre o tema, elaboração de um esquema, elaboração de rascunho, reflexão sobre seu estilo pessoal e revisão de texto.

• Os parágrafos são unidades textuais que em conjunto formam o texto. A coesão liga termos e orações dentro de um parágrafo, bem como liga um parágrafo a outro.

• A coesão textual pode ser referencial ou sequencial.

• Ler e escrever bem são habilidades e, portanto, requerem treino para serem adquiridas.