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Modernismo
Terceira fase
Geração de 45
Clarice Lispector (1925-1977)
Clarice centra-se no indivíduo em crise (não a sociedade).
Universo interior (fluxo da consciência).
Pode-se dizer que a introspecção e a
sondagem do mundo interior são as principais
novidades introduzidas por ela.
Destaca-se ainda a preferência por
personagens femininas.
Os meus livros não se preocupam com os fatos em si, por que
para mim o importante é a repercussão dos fatos no indivíduo.
Obras principais:
A Paixão Segundo G.H. (1964)
Narrativa em primeira pessoa, na qual G.H. é uma escultora desmemoriada e em crise existencial (a personagem-narradora estabelece um confronto com o seu “eu”).
A Hora da Estrela (1977)
Novela que conta, através do personagem-narrador
Rodrigo S.M. , a história de uma moça nordestina, a migrante Macabea, e suas desventuras no Rio de Janeiro.
Laços de Família (1962)
Obra que reúne treze contos, dos quais destacam-se “Amor”, “Uma Galinha”, “Feliz Aniversário”, “Os Laços de Família”.
João Cabral de Melo Neto
Pernambuco (1920-1999)
“Visão de engenheiro”: rigor formal, exatidão;
linguagem objetiva, precisa.
Temas: Nordeste (poesia social)
O fazer poético (metapoesia)
Espanha
“Para mim, a poesia é uma construção,
como uma casa. (...) A poesia é uma
composição. Quando digo composição,
quero dizer uma coisa construída,
planejada – de fora para dentro.”
Morte e Vida Severina (Auto de Natal Pernambucano)
Narra a trajetória de Severino, personagem que
sintetiza os retirantes da seca, em busca do
litoral, tendo como guia o Rio Capibaribe. Nos
poemas iniciais, Severino depara-se
constantemente a morte, nas suas diversas
formas, a ponto de pensar em suicídio, quando
já se encontra no Recife. Mas o nascimento de
um menino, pobre e mirrado, filho de José (o
mestre carpina), faz Severino pensar no milagre
que é a vida. Leia o fragmento que segue.
O retirante explica ao leitor quem é e a que vai
- O meu nome é Severino,
não tenho outro de pia.
Como há tantos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
(...)
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(...)
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história de minha vida,
passo a ser Severino
que em vossa presença emigra.
Assiste ao enterro de um trabalhador
de eito e ouve o que dizem do morto
os amigos que o levaram ao cemitério
- Essa cova em que estás,
com palmos medida,
é a conta menor
que tiraste em vida.
- É de bom tamanho,
nem largo nem fundo,
é a parte que te cabe
deste latifúndio.
- Não é cova grande,
é cova medida,
é a terra que querias
ver dividida.
- É uma cova grande
para teu pouco defunto,
mas estarás mais ancho
que estavas no mundo.
- É uma cova grande
para teu defunto parco,
porém mais que no mundo
te sentirás largo.
- É uma cova grande
para tua carne pouca,
mas a terra dada
não se abre a boca.
O Ferrageiro de Carmona
Um ferrageiro de Carmona
que me informava de um balcão:
“Aquilo? É de ferro fundido,
foi a fôrma que fez, não a mão.
Só trabalho em ferro forjado
que é quando se trabalha ferro;
então, corpo a corpo com ele;
domo-o, dobro-o, até o onde quero.
O ferro fundido é sem luta,
é só derramá-lo na fôrma.
Não há nele a queda-de-braço
e o cara-a-cara de uma forja.
Existe grande diferença
do ferro forjado ao fundido;
é uma distância tão enorme
que não pode medir-se a gritos.
Conhece a Giralda em Sevilha?
Decerto subiu lá em cima.
Reparou nas flores de ferro
dos quatro jarros das esquinas?
Pois aquilo é ferro forjado.
Flores criadas numa outra língua.
Nada têm das flores de fôrma
moldadas pelas das campinas.
Dou-lhe aqui humilde receita,
ao senhor que dizem ser poeta:
o ferro não deve fundir-se
nem deve a voz ter diarréia.
Forjar: domar o ferro à força,
não até uma flor já sabida,
mas ao que pode até ser flor
se flor parece a quem o diga.”
Guimarães Rosa (1908-1967)
Características: sertão de Minas Gerais
recriação da linguagem
Obra:
Sagarana (1946 – contos)
Grande sertão: veredas (1956)
Primeiras estórias (1962 – contos)
Tutaméia (1967 – contos)
Estas estórias (1969 – contos)
Expressões criadas pelo autor:
Expressões criadas pelo autor:
Indaguejar
Expressões criadas pelo autor:
Indaguejar
Diligentil
Expressões criadas pelo autor:
Indaguejar
Diligentil
Nãoezas
Expressões criadas pelo autor:
Indaguejar
Diligentil
Nãoezas
Me diz-que-disseram
Expressões criadas pelo autor:
Indaguejar
Diligentil
Nãoezas
Me diz-que-disseram
Ela bela-adormeceu?
Expressões criadas pelo autor:
Indaguejar
Diligentil
Nãoezas
Me diz-que-disseram
Ela bela-adormeceu?
Enxadachim
Expressões criadas pelo autor:
Indaguejar
Diligentil
Nãoezas
Me diz-que-disseram
Ela bela-adormeceu?
Enxadachim
Nompaifilhspritsantamém
Expressões criadas pelo autor:
Indaguejar
Diligentil
Nãoezas
Me diz-que-disseram
Ela bela-adormeceu?
Enxadachim
Nompaifilhspritsantamém
Sozinho
Expressões criadas pelo autor:
Indaguejar
Diligentil
Nãoezas
Me diz-que-disseram
Ela bela-adormeceu?
Enxadachim
Nompaifilhspritsantamém
Sozinhozinho
Expressões criadas pelo autor:
Indaguejar
Diligentil
Nãoezas
Me diz-que-disseram
Ela bela-adormeceu?
Enxadachim
Nompaifilhspritsantamém
Sozinhozinho
Ladroalmente
Expressões criadas pelo autor:
Indaguejar
Diligentil
Nãoezas
Me diz-que-disseram
Ela bela-adormeceu?
Enxadachim
Nompaifilhspritsantamém
Sozinhozinho
Ladroalmente
Coraçãomente
Expressões criadas pelo autor:
Indaguejar
Diligentil
Nãoezas
Me diz-que-disseram
Ela bela-adormeceu?
Enxadachim
Nompaifilhspritsantamém
Sozinhozinho
Ladroalmente
Coraçãomente
Pensamor
Expressões criadas pelo autor:
Indaguejar
Diligentil
Nãoezas
Me diz-que-disseram
Ela bela-adormeceu?
Enxadachim
Nompaifilhspritsantamém
Sozinhozinho
Ladroalmente
Coraçãomente
Pensamor
Dia de todos os pássaros
Grande Sertão: Veredas (1956)
Riobaldo, um velho jagunço “aposentado”, conta sua vida a um jovem doutor que chega à sua fazenda. Este ouvinte jamais fala (o diálogo converte-se em monólogo), apenas fica evidente nas observações que Riobaldo faz sobre suas reações (risos, dúvidas...).
• o presente – a narração de Riobaldo, tempo de narrativa e de reflexão
sobre o passado.
• o passado – a vida de Riobaldo, recuperada através de sua narrativa.
• a passagem de uma consciência mítico-sacral para uma consciência
lógico-racional – a primeira, voltada para a cultura popular interiorana
(um mundo governado pelas forças de Deus e do Diabo) e a segunda
tipicamente racional e moderna, observando o mundo a partir de forças
cientificamente observáveis. O Riobaldo-narrador recusa a primeira visão
de mundo, aquela que conduziu o Riobaldo-personagem em seus
caminhos.
“- O Sertão está em toda a parte.”
“ – Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não. Deus esteja. Alvejei mira em árvores no quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mocidade. Daí, vieram me chamar. Causa de um bezerro: um bezerro branco, erroso, os olhos de nem ser – se viu – ; e com máscara de cachorro. Me disseram; eu não quis avisar. Mesmo que, por defeito como nasceu, arrebitado de beiços, esse figurava rindo feito pessoa. Cara de gente, cara de cão: determinaram – era o demo. Povo prascóvio. Mataram. Dono dele nem sei quem for. Vieram emprestar minhas armas, cedi. Não tenho abusões. O senhor ri certas risadas... Olhe: quando é tiro de verdade, primeiro a cachorrada pega a latir, instantaneamente – depois, então, se vai ver se deu mortos. O senhor tolere, isto é o sertão.”
“Pois minha vida em amizade com Diadorim correu por muito tempo desse jeito. Foi melhorando, foi. Ele gostando, destinado de mim (...) Se amor? Era aquele latifúndio. Eu ia com ele até o rio Jordão.”
“Diadorim tinha morrido – mil-vezes-mente – para sempre de mim; e eu sabia, e não queria saber, meus olhos marejaram. (...)”
“Que Diadorim era o corpo de uma mulher, moça perfeita... Estarreci. A dor não pode mais do que a surpresa.”