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25 a 27 DE SETEMBRO 2012 REALIZAÇÃO: Programa de pós-graduação em Sociologia / UFPR Programa de pós-graduação em Ciência Política / UFPR APOIO: ISSN 2175-6880 (Online) Anais do IV Seminário Nacional Sociologia & Política: Pluralidade e Garantia dos Direitos Humanos no Século XXI

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Este artigo visa contribuir para o debate acerca das consequências do processo de radicalização damodernidade no âmbito da política. Tal debate, situado na sociologia política reflexiva de UlrichBeck, desvela a constituição do fenômeno da subpolitíca, cuja contribuição heurística é deinestimável valor para a análise e compreensão das novas esferas de produção de poder, comespecial destaque à dimensão da privacidade, entendida como unidade mínima dentro do político.Diante disto, este artigo, na sua primeira parte, utilizará o pensamento de Ulrich Beck para tratar doprocesso de modernidade radicalizada e observar como as mudanças históricas das últimas décadasrevelam novos lugares de ação política. Para sustentar este argumento, faremos uso de elementos dateoria de Judith Butler que permitem pensar como a privacidade, ou ainda, como as esferas dosvalores e da identidade provocam deslocamentos epistemológicos nos marcos normativos que ateoria política passa a adquirir a respeito de temas clássicos como dominação, hegemonia erepresentação - sobretudo a partir dos anos 70.

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Page 1: Modernidade radicalizada e ação política: uma reflexão sobre os novos marcos da democracia na teoria política contemporânea Autor: Gabriel Henrique Burnatelli de Antonio1 Co-autora:

25 a 27 DE SETEMBRO 2012

REALIZAÇÃO:Programa de pós-graduação em Sociologia / UFPR

Programa de pós-graduação em Ciência Política / UFPR

APOIO:

ISSN 2175-6880 (Online)

Anais do IV Seminário Nacional Sociologia & Política:

Pluralidade e Garantia dos Direitos Humanos no Século XXI

Page 2: Modernidade radicalizada e ação política: uma reflexão sobre os novos marcos da democracia na teoria política contemporânea Autor: Gabriel Henrique Burnatelli de Antonio1 Co-autora:

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Modernidade radicalizada e ação política: uma reflexão sobre os novos marcos da democracia na teoria política contemporânea

Autor: Gabriel Henrique Burnatelli de Antonio1

Co-autora: Ana Paula Silva2

Resumo: Este artigo visa contribuir para o debate acerca das consequências do processo de radicalização da modernidade no âmbito da política. Tal debate, situado na sociologia política reflexiva de Ulrich Beck, desvela a constituição do fenômeno da subpolitíca, cuja contribuição heurística é de inestimável valor para a análise e compreensão das novas esferas de produção de poder, com especial destaque à dimensão da privacidade, entendida como unidade mínima dentro do político. Diante disto, este artigo, na sua primeira parte, utilizará o pensamento de Ulrich Beck para tratar do processo de modernidade radicalizada e observar como as mudanças históricas das últimas décadas revelam novos lugares de ação política. Para sustentar este argumento, faremos uso de elementos da teoria de Judith Butler que permitem pensar como a privacidade, ou ainda, como as esferas dos valores e da identidade provocam deslocamentos epistemológicos nos marcos normativos que a teoria política passa a adquirir a respeito de temas clássicos como dominação, hegemonia e representação - sobretudo a partir dos anos 70. Na segunda parte do texto buscaremos traçar um cenário que aponta como a teoria política contemporânea tem se debruçado sobre esta nova base fenomênica do agir político, com especial enfoque às diferenças de tratamento que Jürgen Habermas e Axel Honneth dispensam à problemática da emergência de novos sujeitos da política, mormente no que diz respeito às respectivas propostas - face aos limites do estatuto ético da cidadania calcada nos marcos do Estado-nação moderno - de reconstrução das balizas civilizatórias do direito e da democracia. Palavras-chave: modernidade radicalizada – democracia – ação política 1. Sociedade do risco e “novo espírito do capitalismo”: a formação da subpolítica e os

esquemas hegemônicos de inteligibilidade

Pensar o fenômeno político na contemporaneidade implica em compreender o processo de

modernização que o enseja, através do qual se desdobram transformações macrossociais que geram,

de forma radicalizada, consequências pessoais que afetam, em última instância, a sociabilidade e a

biografia dos indivíduos. Este caleidoscópio de transformações que chegam até o nível da

privacidade provoca, inexoravelmente, o surgimento de novos marcos da política, exemplificados

na relevância que as questões de gênero, etnia, raça, meio-ambiente, etc. adquirem na ampliação do

1 Doutorando em Ciência Política – Universidade Federal de São Carlos. 2 Doutoranda em Ciências Sociais – Universidade Estadual Paulista (UNESP/Araraquara).

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significado do conceito de cidadania na teoria democrática contemporânea. Isto posto, o objetivo

deste artigo é realizar um mapeamento preliminar do que hodiernamente vem sendo discutido a

respeito de como estas mudanças supracitadas alteram as condições de realização da política.

No âmbito das transformações macrossociais contemporâneas, merece especial destaque

aquilo a que se denomina sociedade do risco, contexto em que emerge a subpolítica, que está

relacionada, entre outras coisas, à crise do Welfare State3, decorrente da rigidez dos mercados aliada

à rigidez dos compromissos do Estado. Após os períodos de inflação e recessão (até início dos anos

1980), foram criadas novas experiências no domínio da organização industrial, assim como da

esfera social e política, como consequência das oscilações e incertezas geradas nos períodos

supracitados. David Harvey demonstra que houve uma nova forma de acumulação do capital, a

acumulação flexível, que é “marcada por um confronto direto com a rigidez do fordismo”

(HARVEY, 1992, p.140). Segundo o autor, este tipo de acumulação resultou no surgimento de

setores de produção inteiramente novos, além de “taxas altamente intensificadas de inovação

comercial, tecnológica e organizacional” (idem). Em consequência, há um novo movimento no

mundo capitalista: a “compressão do espaço-tempo”, em que “os horizontes temporais da tomada de

decisões privada e pública se estreitaram, enquanto a comunicação via satélite e a queda dos custos

de transporte possibilitaram cada vez mais a difusão imediata dessas decisões num espaço cada vez

mais amplo e variado” (idem). A compressão do espaço-tempo, citada por Harvey - que se

estabelece devido ao desenvolvimento tecnológico - evidencia que a individualização e a

globalização se tornam dois lados de um mesmo processo, qual seja, a modernização reflexiva.

No âmbito da individualização, o processo de modernização reflexiva se reflete

principalmente no fato de que “hoje as pessoas não estão sendo ‘libertadas’ das certezas feudais e

religiosas–transcendentais para o mundo da sociedade industrial, mas sim da sociedade industrial

para a turbulência da sociedade do risco”(BECK, 1997, p.61). Ou seja, a individualização, nos

termos de Ulrich Beck, é uma desincorporação e reincorporação dos modos de vida da sociedade

industrial por outros modos, os quais surgem, se adaptam diante das condições gerais do Welfare

State, que considera os indivíduos como atores da própria biografia, da identidade, das convicções.

Nesse sentido, Ulrich Beck ressalta uma noção de individualização que está vinculada às mudanças

das condições de vida e dos modelos biográficos, diferentemente do viés mais difundido associado

à individuação: formação da personalidade, singularidade e emancipação. 3 Em síntese, a crise do Welfare State compreende três aspectos distintos e interligados: em primeiro lugar, foi uma crise da lucratividade do sistema capitalista, decorrente do declínio do padrão tecnológico-científico de produção fordista; em segundo lugar, foi uma crise das instituições políticas e da estrutura de governança do Estado capitalista democrático, erguidos em um contexto de estabilidade macro-econômica obtida por meio de um equilíbrio de poder de classe; e por fim, foi uma crise da capacidade de intervenção do Estado no econômico e no social face às transformações aceleradas da economia. Esta crise se desencadeia no fim dos anos 1960 e de acordo com David Harvey, o período de 1965 a 1973 revelou a incapacidade do fordismo e do keynesianismo de conter as contradições do capitalismo. (HARVEY, D. 1992.p. 134-162).

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Como expõe Ulrich Beck, estas mudanças estabelecem “o fim dos outros”, ou melhor, “o

fim de todas as nossas bem cultivadas possibilidades de distanciamento” (2010, p.7), algo que se

percebe com a ocorrência de Chernobyl, para citar um exemplo do autor, mas, é possível

acrescentar, com a imigração, com o terrorismo contemporâneo, exemplificado no ataque às torres

gêmeas. Segundo o autor, até então, toda a miséria e toda a violência que os seres humanos

infligiram a outros seres humanos estava reservada à categoria dos “outros”:

judeus, negros, mulheres, refugiados, dissidentes, comunistas, etc. De um lado, havia cercas, campos, distritos, blocos militares e, de outro, as próprias quatro paredes – fronteiras reais e simbólicas, atrás das quais aqueles que aparentemente não eram afetados podiam se recolher. Isto tudo continua a existir e, ao mesmo tempo, desde Chernobyl deixou de existir. (...) E aí reside sua força cultural e política. Sua violência é a violência do perigo, que suprime todas as zonas de proteção e todas as diferenciações da modernidade (BECK, 2010, p. 7).

Este contexto transformado pode também ser traduzido como o momento cosmopolita da

sociedade do risco, que, nas palavras de Ulrich Beck, significa “a conditio humana da irreversível

não-exclusão do estrangeiro distante” (BECK, 2008), que coloca a necessidade de reconhecer a

pluralidade do mundo no cotidiano. O autor tem como base a história da Alemanha, mas o

diagnóstico feito por ele refere-se às mudanças ocasionadas pelo capitalismo flexível na esfera tanto

da produção como da reprodução. Desta forma, a flexibilização da jornada de trabalho trouxe

formas inovadoras, flexíveis e plurais de subocupação e, em consequência, trouxe situações e

padrões de desenvolvimento biográfico inéditos. Isto implica dizer que a individualização “significa

dependência do mercado em todas as dimensões da conduta na vida” (BECK, 2010, p. 195) e,

portanto, significa também institucionalização. Tal como assinala Ulrich Beck, este processo se

materializa na esfera da reprodução através da transformação da esfera privada. Segundo o autor,

a esfera privada não é o que parece ser: uma esfera delimitada em oposição ao mundo à sua volta. Ela é uma exterioridade internalizada e tornada privada, uma exterioridade de circunstâncias e decisões definidas alhures (...) em patente desconsideração pelas consequências biográfico-privadas (BECK, 2010, p. 197).

Este panorama efetua uma mudança na essência da política, verificável na transição da

modernidade simples para a modernidade reflexiva: a primeira concentrando a esfera pública como

o seu lugar característico e a segunda evidenciando a “privacidade como a menor unidade

concebível dentro do político – contém dentro de si a sociedade mundial” (BECK, 1997, p. 61).

Este processo fornece sentido ao conceito de subpolítica (sub-politics) cunhado por Ulrich Beck,

que significa, resumidamente, “moldar a sociedade de baixo para cima” (idem, p.35); fato este que,

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à primeira vista (de cima), pode significar perda do poder de implementação, mas, por outro lado,

cria a possibilidade permanente de haver arranjos sociais que produzam voz para grupos até então

subalternizados. Assim, o indivíduo que emerge na sociedade do risco passa a viver uma dualidade

que o coloca, a um só tempo, como responsável pelo próprio sucesso ou fracasso – e, portanto, sob

a condição de uma rotina marcada pela pressão e ansiedade – e como possível reformador do

mundo, perspectiva que inaugura um novo potencial da política. A partir disso, cabe compreender

que a necessidade de agir politicamente passa profundamente, neste momento contemporâneo, pela

esfera da biografia e, em consequência, da ética e dos valores.

No âmbito dos padrões valorativos, sabe-se que há “um conjunto de crenças compartilhadas,

inscritas em instituições, implicadas em ações e, portanto, ancoradas na realidade” (BOLTASKI;

CHIAPELLO, 2009, p. 33) que constitui uma ideologia, nos termos de Luis Dumont4, que justifica

a reprodução de padrões hegemônicos de comportamento, os quais são identificados como o “novo

espírito do capitalismo”. Boltanski e Chiapello buscam na literatura de gestão empresarial um

“suporte capaz de dar acesso mais direto às representações associadas ao espírito do capitalismo de

uma época” (2009, p. 84). Esta literatura constitui um corpora, sendo objeto de estudo destes

autores os textos dos anos 1960 e dos anos 1990 que, por sua vez, apresentam diferenças entre seus

discursos em razão das mudanças históricas no modo de produção capitalista. Assim, nos anos 1960

a gestão empresarial passa a associar as empresas à democracia e, em consequência, à razão e à

liberdade, em contraposição aos regimes totalitaristas, relacionados à paixão e à barbárie. A

literatura dos anos 1990 retoma esta associação da empresa com a democracia, mas para contestá-la.

Segundo os autores, a crítica nos anos 1990 consistia no argumento de que: “por se querer

racionalizar cada vez mais a marcha das empresas, criaram-se máquinas desumanas. O que é

“próprio do homem” mudou de natureza: a razão dos anos 60 versus sentimentos, emoção

criatividade nos anos 90” (BOLTANSKI; CHIAPELLO 2009, p. 118).

Desta forma, se nos anos 1960 havia uma hierarquia forte nas empresas e o objetivo dos

funcionários era construir maneiras de subir nesta hierarquia, nos anos 1990, o propósito era e, ao

que tudo indica, continua sendo, o desenvolvimento pessoal, a autoconstrução para se manter aberto

e flexível, no intuito de se adaptar permanentemente a novas circunstâncias (ibidem, p. 122-124).

Esta ideologia é classificada como “regime de projetos”, pois são eleitos constantemente os maus

comportamentos e os comportamentos éticos, que proporcionaram empregabilidade e, mais do que

isto, geram a possibilidade de associação sempre a projetos de sucesso.

Disto decorre que a vigilância de “tipo Panóptico” é substituída pela auto-vigilância, e o

bem mais valorizado deixa de ser a poupança e passa a ser o tempo, “recurso básico para conectar

4 Os autores Boltaski e Chiapello em O novo Espírito do capitalismo utilizam o conceito de ideologia de Luis Dumont.

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os atores que controlam o acesso ao dinheiro” (ibidem, p.190). Percebe-se, neste sentido, que esta

lógica pressupõe que “a propriedade está dissociada da responsabilidade em relação a outrem (...)

para ser inteiramente definida como uma responsabilidade em relação a si mesmo: cada um, sendo

produtor de si mesmo, é responsável por seu corpo, sua imagem, seu sucesso, seu destino” (ibidem,

p.192).

Ou seja, utilizando um termo de Judith Butler, a qual tem como referência precípua Michel

Foucault, o “novo espírito do capitalismo” se configura como um esquema predominante de

inteligibilidade nas sociedades contemporâneas. Segundo a autora, o reconhecimento tem como

base os padrões de inteligibilidade, os quais podem ser descritos como esquemas históricos–gerais

que estabelecem âmbitos do cognoscível. Em outros termos, o reconhecimento se constitui como o

resultado de um processo social em que alguns sujeitos, estando em situação de vulnerabilidade,

conseguem reclamar para si um estatuto político de cidadania. Anterior a este processo de

reconhecimento, a apreensão é definida, na visão da autora como

(...) un término menos preciso [que o reconhecimento], ya que puede implicar el marcar, registrar o reconocer sin pleno reconocimiento. (...) Podemos aprehender, por ejemplo, que algo que no es reconocido por el reconocimiento. De hecho, esa aprehensión puede convertirse en la base de la crítica de las normas del reconocimiento. El hecho es que no recurrimos simplemente a normas de reconocimiento únicas y discretas, sino, también, a condiciones más generales, históricamente articuladas y aplicadas, de reconocibilidad (BUTLER, 2010, pp. 18-19).

Assim, se o reconhecimento é um processo social consolidado através dos esquemas de

inteligibilidade, a apreensão pode ser o lugar a partir do qual se modificam os marcos normativos. O

problema para Butler não é somente como incluir mais pessoas dentro das normas já existentes, mas

compreender como as normas já existentes atribuem reconhecimento de maneira diferencial. Deste

modo, a autora tenta compreender como é possível criar novas normas mais igualitárias que

produzam condições de “reconhecibilidade”, ou melhor, como seria possível transformar os termos

de “reconhecibilidade” com o intuito de produzir resultados mais radicalmente democráticos.

Grosso modo, esta transformação pode ser possível de uma forma ética e política se houver a

apreensão do que a autora denomina como precarity, termo que designa uma condição na qual um

conjunto de vidas não são compreendidas como tais. Assim, precarity é uma condição

politicamente induzida, que nega uma igual exposição aos riscos “(...) mediante una distribución

radicalmente desigual de la riqueza y unas maneras diferenciales de exponer a ciertas poblaciones,

conceptualizadas desde el punto de vista racial y nacional, a una mayor violência” (BUTLER, 2010,

p.50). A autora operacionaliza este debate através de artigo que escreveu a respeito da prisão de

Guantánamo (BUTLER, 2007), em que um conjunto de prisioneiros de guerra está submetido a uma

série de procedimentos que exorbitam os limites jurídico-constitucionais do Estado norte-

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americano. Este quadro de tragédia humanitária revela a ausência de marcos que possibilitem a

apreensão destes sujeitos como vidas precárias, o que coloca em xeque, acima de tudo, a existência

mesma de um Estado de Direito nos Estados Unidos (AGAMBEM, 2004).

A próxima seção deste artigo buscará fazer um balanço do que, em resposta a este quadro de

profunda perturbação axiológica e existencial, tem sido proposto, no campo da teoria democrática

contemporânea, como alternativa ético-normativa para a revaloração dos primados do direito e da

cidadania na estruturação dos vínculos sociais. Para tanto, elegeu-se como referência basilar desta

discussão o pensamento político de Jürgen Habermas e Axel Honneth, os quais permitirão enxergar

uma senda reflexiva que tem viabilizado, no espectro das elaborações normativas vigentes, a

rearticulação dos movimentos emancipatórios da modernidade com as realidades política e

culturalmente dilemáticas da vida contemporânea.

2. Habermas e Honneth: em busca de um novo patamar de cidadania e integração social.

De acordo com o filósofo alemão Jürgen Habermas (1984), uma sociedade civil

excessivamente integrada com os sistemas político e econômico degenera sua vitalidade, uma vez

que, ao tornar-se dependente de um sistema social organizado, reifica suas relações intersubjetivas,

desvanecendo suas idiossincrasias, volições, valores e paixões para, no lugar, deixar prevalecer uma

gramática social monologicamente estruturada, por um lado, em torno dos interesses privados e, por

outro, da ação burocrática e regulatória do Estado.

Como solução para a “jaula de ferro” imposta pela tirania dos mercados e da burocracia,

Habermas postula a construção pragmático-discursiva do que ele chama de uma ação comunicativa,

algo que se daria através de um modelo normativo de democracia baseado na recomposição da

influência política e jurisdicional da esfera pública deliberativa sobre os aparelhos de Estado. Neste

modelo, grosso modo, a busca de um consenso racional moral deve prevalecer sobre os apetites,

valores e juízos parciais de agentes intersubjetivamente implicados numa arena decisória. Esta

útlima, por sua vez, deve ser a expressão abstrato-formal – tanto em seus procedimentos quanto em

seus resultados – de uma deliberação pública vinculada ao princípio do “melhor juízo”.

Habermas tenta, com este modelo ético-normativo, refundir o espaço da autonomia

individual com o espaço da política – este último, por excelência, o espaço do poder e da construção

da vontade, nos termos de Hannah Arendt. No entanto, o teórico da ação comunicativa estaria a

esbarrar em uma série de obstáculos ontológicos que não lhe permitem entender a origem mesma do

político nas estruturas sociais contemporâneas. Esta é, justamente, a crítica que Axel Honneth

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(2003) dirige a Habermas, segundo a qual o modelo democrático habermasiano carece de uma

explicação sociológica que permita interpretar os processos de mudança social tendo como base a

dimensão do conflito, e não a do consenso.

Para Honneth, é preciso decifrar a gramática moral dos conflitos sociais para que se

compreenda a natureza e a configuração societal do político, posto que a norma cogente é, per se,

expressão da luta por reconhecimento de padrões culturais - por parte de grupos sociais específicos

- dentro das estruturas jurídicas de um determinado ordenamento político-social.

A imanência dos impulsos morais na construção das formas de reconhecimento recíproco –

herança do pensamento filosófico que Hegel inaugurou no período em que permaneceu em Jena –

define, no entender de Honneth, o estatuto das formas de dominação política existentes, e isto

aplica-se, inclusive, à constituição jurídico-política do Estado moderno liberal, ao qual a noção de

liberdade surge como algo intrínseco à luta por autodeterminação de indivíduos produtores que,

paulatinamente, autonomizaram-se, em suas relações comerciais, das peias da tradição e do Antigo

Regime.

Assim, a uma esfera pública cada vez mais privatizada em suas relações econômico-

materiais, agregou-se um tipo de autoridade pública cuja função precípua foi a de garantir a

preservação dos direitos fundamentais dos indivíduos, entre os quais se destacam o direito à vida, às

liberdades de crença, opinião, produção e comércio, à propriedade privada, à justiça, à celebração

de contratos privados legítimos, entre outros.

É claro que, a reboque da filosofia política contratualista, do jusnaturalismo e do positivismo

(repositórios normativos da teoria do Estado moderno liberal), esteve em curso - enquanto realidade

histórica atuante – a emancipação política da classe burguesa, na medida em que esta foi capaz de

alçar-se à condição de dirigente intelectual dos processos transformísticos que ela mesma

desencadeou a partir do advento do capitalismo e da crise do Antigo Regime.

Isto posto, o objetivo histórico-normativo do liberalismo foi o de constituir uma ordem

social reduzida, strictu sensu, à somatória das relações comerciais privadas estabelecidas entre

indivíduos autônomos, onde a esfera do poder político discricionário fosse superada pela esfera das

relações econômicas positivadas num sistema jurídico de orientação racional-legal. Com isso, a

esfera da autoridade ficaria restrita apenas às funções de manutenção da soberania político-

territorial e da ordem interna, bem como à administração da justiça. O poder, neste caso, teria a

conotação de um anti-poder: mercado e política afirmar-se-iam como antípodas, restando aos

indivíduos a prerrogativa do autogoverno e da livre-iniciativa (POGGI, 1981).

Em A Grande Transformação, Karl Polanyi (1980) demonstra como o evolver do trabalho

manufatureiro às condições política e tecnológica típicas da sociedade industrial foi entremeado por

crises econômico-sociais que engendraram, ao fim e ao cabo, a dissolução da estrutura jurídico-

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econômica tradicionalista, revelando à consciência operária as relações existentes entre trabalho e

economia política capitalista. De acordo com Polanyi, a transição do feudalismo para o Estado

moderno liberal é reveladora de como instituições e processos cognitivos cumprem papel

importante na construção das relações entre economia, sociedade e Estado, uma vez que as próprias

noções de indivíduo e mercado tornaram-se objeto, ao longo do século XIX europeu, de profundo

choque político e civilizacional decorrente do aprofundamento da exploração do capital sobre o

trabalho e a consequente eclosão dos movimentos de classe com sua pauta revolucionária de

transformação social radical.

Diante da importante inflexão político-ideológica advinda dos movimentos sociais

trabalhistas, urge reconhecer que a passagem do século XIX para o século XX prefigurou, de forma

visceral, os limites históricos à consubstanciação ético-filosófica do liberalismo nos marcos da

cidadania política e social que viria a emergir, paulatina e diferencialmente, no edifício institucional

dos distintos Estados-nação modernos. Como corolário deste processo - em que pese, acima de

tudo, todo um esforço civilizatório orientado para a neutralização da barbárie pós-liberal

representada prodigamente pelos regimes de massa totalitários - a democracia que passa a vicejar

como paradigma no pós-guerra buscou, com relativo sucesso, compatibilizar os objetivos sistêmicos

de acumulação de capital com as demandas coletivas por participação política e justiça social.

O amálgama venturoso entre capitalismo e democracia foi tornado possível graças a arranjos

políticos-institucionais que combinaram, em sentido lato, estabilização política, pela via da

competição partidária, com welfare-state keynesiano (OFFE, 1984) - cujos pressupostos

declinaram-se num modelo de regulação estatal baseado, por um lado, no estímulo à demanda e ao

pleno emprego e, por outro, na satisfação parcial das demandas por igualdade oriundas do

movimento trabalhista-sindical, entendidas, doravante, como um direito do cidadão e um dever do

Estado (MARSHALL, 1967).

Boa parte da literatura que realizou a análise histórica acerca da origem e do

desenvolvimento dos Estados de Bem-Estar Social convergiu para o entendimento de que a

industrialização ocupou papel central no processo de transformação da natureza e das funções do

Estado (ARRETCHE, 1995), todavia, os pactos políticos forjados e consubstanciados nas

instituições de Estado revelam a existência de distintas economias políticas de Bem-Estar, cujas

respectivas características, em termos de ampliação do conteúdo da igualdade social, derivam da

forma como as atividades estatais se entrelaçaram com o papel do mercado e da família em termos

de provisão social (ESPING-ANDERSEN, 1991, p.101). Além disso, estudos mais recentes sobre

os regimes de Bem-Estar apontam que os diversos sistemas modernos de proteção social podem ser

diferenciados entre si e agrupados segundo famílias de regimes tendo como fulcro critérios outros

como: circunstâncias históricas específicas; sistemas familiares e o papel da mulher na provisão

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social, além de sistemas de valores e as regulações que estruturam o poder da família e organizam

os comportamentos matrimoniais e demográficos (DRAIBE, 2007).

Do exposto acima importa reter que, não obstante o evolver do Estado Providência seja uma

tônica inconteste em diversos países do centro e da periferia do capitalismo mundial, muito ainda se

debate no que concerne à formatação de um Estado e de um patamar de cidadania que reflitam a

diversidade e a necessária superação das assimetrias simbólicas e materiais existentes no plexo de

relações políticas da vida social.

Neste sentido, os embates e esforços teórico-analíticos capitaneados por Habermas (2002) e

Axel Honneth (2003) no atual cenário político mundial (marcado por intensa multiplicação de

sujeitos, riscos e questões adstritos à orbita da política) revelam um impasse fundador da teoria

democrática contemporânea, qual seja, a dificuldade de se reconciliar a esfera da autoridade,

representada pelo Estado e pelo Direito, com a esfera do chamado “mundo da vida”, à qual associa-

se hoje uma dimensão claramente holística de modernização reflexiva, cujo eixo de gravitação é

disputado simultaneamente pelos indivíduos, grupos e/ou coletividades, mercados e pelas

instituições políticas e de governança nos seus mais distintos níveis (local, nacional e global).

As gramáticas do consenso e do conflito, que refletem, respectivamente, as propostas de

uma pragmática política em Habermas e Honneth, são importantes ferramentas para uma análise

compreensiva sobre os modos e motivações do agir político contemporâneo, uma vez que buscam

trazer à tona, cada qual à sua maneira, o animus das decisões normativamente orientadas – neste

caso, uma normatividade que se expressa como prolongamento do telos Iluminista de constituição

de uma convivência pacífica e cosmopolita entre toda a humanidade. Não obstante o fato de que

ambos, a despeito das divergências, avançam significativamente na compreensão das formas pelas

quais a autoridade do Direito possa ressurgir como resultado de uma decisão intersubjetivamente

vinculante e democrática, na medida em que expresse uma deliberação assente nos marcos da

diversidade de sujeitos e dilemas ético-políticos calcados na estrutura dos problemas que se quer

solucionar, resta ainda um conjunto outro de reflexões que, ao denunciar a excessiva ênfase, por

parte dos autores supracitados, nos indivíduos como gênese e motor da ação política, revela a

importância de se compreender que o processo modernizador engendra, de maneira diferencial e

assimétrica, novos públicos (ou coletividades) pari passu o desenvolvimento das diversas estruturas

modernas do Estado e das relações sociais mediatizadas pelas lógicas do mercado e da ciência

(COHEN & ARATO, 1992; GILROY, 1993; SANTOS, 2000; FRASER, 2001).

Neste sentido, reputa-se fundamental reconhecer que a radicalização da modernidade e, a

reboque, a instauração de relações assimétricas de poder dentro do – e entre – os Estados-nação

existentes produzem efeitos tóxicos tanto para a ativação do político quanto para a energização de

instituições capazes de promover um modus vivendi efetivamente governado por uma práxis política

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democrática. No que tange especificamente ao drama experimentado pelas instituições políticas

num contexto de modernidade radicalizada, Marco Aurélio Nogueira pontifica que

o “sofrimento institucional” reflete um quadro em que certezas se convertem em apostas, em que a perda de segurança é compensada pelo crescimento das expectativas e promessas, em que a movimentação é ela mesma um valor, em que a obsessão pelo individual se combina com o aumento artificial dos controles. Trata-se de um estado de turbulência e inquietação no qual qualquer decisão custa muito e produz poucos efeitos. (...) A cultura em que se vive não aceita morosidade, desperdício, excesso de burocracia ou ineficácia. Todos desejam participar e influenciar o tempo todo, e em boa medida podem fazer isso sem muitas restrições ou dificuldades. Mas nem sempre existe disposição para assimilar os tempos mais longos que são inerentes às decisões. É um paradoxo: desejam-se decisões rápidas e eficiência máxima (porque os problemas se superpõem incessantemente) e ao mesmo tempo deseja-se deliberar a respeito de tudo. O sofrimento reflete esse desencontro de expectativas (NOGUEIRA, 2007 p.54).

Quanto aos óbices à ativação do político, Chantal Mouffe adverte que

lo que ocurre es que actualmente lo político se expresa em um registro moral. En otras palabras, aún consiste en una discrimnación nosotros/ellos, pero el nosotros/ellos, en lugar de ser definido mediante categorías políticas, se establece ahora en términos morales. En lugar de una lucha entre “izquierda u derecha” nos enfrentamos a una lucha entre “bien y mal” (MOUFFE, 2009, pp.12-13).

Com esta assertiva, Mouffe aponta para o crescimento, nas últimas décadas, de

fundamentalismos xenofóbicos, religiosos, entre outros, que grassam o mundo contemporâneo,

produzindo, de maneira arrivista e aniquilatória, polarizações entre diversos povos em função de

suas respectivas identidades étnico-culturais. Outrossim, os elevados índices de violência e

criminalidade em países que, como o Brasil, passaram recentemente por períodos de transição

democrática, revelam que, para além do dramático déficit de desenvolvimento econômico-

tecnológico e de inclusão social a que têm de responder de modo célere (dadas a condição cíclica e

a natureza competitiva do sistema econômico mundial), há neles ainda uma dinâmica explosiva de

incivilidade que faz com que a sociedade civil que emerge no processo de liberalização política

aproprie-se de forma hiperindividualista e irresponsável da ideia de direitos, fato este que acaba por

dificultar a construção de uma cultura democrática que fortaleça o desenvolvimento de uma

sociedade efetivamente autônoma e autodeterminada (LAHUERTA, 2001).

A partir destas colocações, coloca-se em tela um rol importante de dilemas cujo

equacionamento, nos quadros do processo histórico-filosófico de desenvolvimento da cidadania,

exorta-nos a uma necessária leitura mais rigorosa e, ao mesmo tempo, menos dogmática, da

modificações políticas, culturais e institucionais contemporâneas. Em específico, o que está se

propugnando aqui é o fortalecimento do compromisso com os pilares ético-civilizatórios da

modernidade, e neste sentido, a teoria crítica de Habermas e Honneth é um importante repositório

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teórico-normativo a partir do qual se pode pensar o que há de novo e dilemático no mundo à luz de

um continuum de experiências civilizatórias pregressas. Cabe, no entanto, importante ressalva no

que diz respeito à importância de uma apropriação reflexiva de seus respectivos conteúdos

normativos, uma vez que a condição ontológica de modernidade radicalizada imprime um vasto

espectro de contingências que demarcam, entre tantas outras coisas, um campo específico de análise

acerca dos desafios à construção de uma cidadania inclusiva e de um efetivo Estado de Direito nas

sociedades de capitalismo periférico.

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