modernidade e pos modenidade a partir de marshall berman e david harvey

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DIEGO LIMA CUNHA ENSAIO: Modernidade e pós-modernidade a partir de Marshall Berman e David Harvey. SÃO LUÍS 2011

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHO

    CENTRO DE CINCIAS SOCIAIS APLICADAS

    CURSO DE CINCIAS SOCIAIS

    DIEGO LIMA CUNHA

    ENSAIO: Modernidade e ps-modernidade a partir de Marshall Berman e David

    Harvey.

    SO LUS

    2011

  • Refletir e discutir o que seria modernidade e ps-modernidade no so tarefa fcil,

    muito menos traar pontos explicativos que possam dizer se h ou no diferena e/ou

    relao entre esses dois conceitos. Mas no por isso que a tentativa de empreender um

    trabalho voltado para esses fins deixa de existir. Com esse intuito, levantarei e discutirei

    alguns pontos levantados por dois autores bem definidos acerca do que seria

    modernidade e ps-modernidade e algumas de suas relaes. Os autores escolhidos so:

    Marshall Berman e David Harvey, sendo suas respectivamente obras: Tudo que slido

    desmancha no ar a aventura da modernidade e Condio ps-moderna uma

    pesquisa sobre as origens da mudana cultura.

    Primeiramente, a questo da modernidade pode ser discutida a parti do trabalho de

    Berman, onde para ele se trata de um tipo de experincia vital de tempo e espao, de si

    mesmo e dos outros, das possibilidades e perigos da vida que compartilhada por

    homens e mulheres em todo o mundo, mas precisamente no sculo XX. Continuando

    com o pensamento dele, tal experincia est caracterizada por aventuras e horrores,

    ambigidades e ironias dentro de um contexto que levam todos a serem movidos, ao

    mesmo tempo, pelo desejo de mudana de autotransformao e de transformao do

    mundo ao redor e pelo terror da desorientao e da desintegrao, o terror da vida que

    se desfazem em pedaos, todos conhecem a vertigem e o terror de um mundo no qual

    tudo que slido desmancha no ar.

    A partir dessa analise levantada pelo autor, pode-se caracterizar o moderno como

    viver uma vida de paradoxo e contradio, que para mim o que norteia o pensamento

    de Berman, pois como ele enfatiza,

    [...] ser ao mesmo tempo revolucionrio e conservador: aberto a novas possibilidades de

    experincias e aventura, aterrorizado pelo abismo niilista ao qual tantas das aventuras

    modernas conduzem, na expectativa de criar e conservar algo real, ainda quando tudo em

    volta se desfaz [...]

    [...] para ser inteiramente moderno preciso ser antimoderno: tem sido impossvel agarrar

    e envolver as potencialidades do mundo moderno sem abominao e luta contra algumas

    das suas realidades mais palpveis [...]

    Caracterizado o esprito da modernidade de Berman, o passo seguinte apresentar

    as trs fases que ele a dividi. A primeira fase inicia-se no sculo XVI e vai at o fim do

    sculo XVIII, nesse intervalo de tempo o pensador que mais representa essa fase para

    Berman, nada mais, nada menos que Rousseau. Tal pensador conviver com a

    atmosfera de agitaes e turbulncias, aturdimento psquico e embriaguez, expanso das

    possibilidades de experincia e destruio das barreiras morais, onde tudo isso dar

  • origem a sensibilidade moderna. E nesse sentido a obra de Rousseau, A nova Helosa,

    trabalhar bem todos os elementos que compem essa atmosfera. A segunda fase

    ocorrer a partir do perodo da Revoluo Francesa. Forma-se um grande e moderno

    pblico que ganha vida de maneira dramtica por conta das explosivas convulses

    desencadeadas nos nveis pessoal, social e poltico. Caminhando para o sculo XIX, o

    pblico moderno vive uma dicotomia, pois se trata de viver em um mundo que possuiu

    resqucios tanto materialmente como espiritualmente de um mundo no moderno. A

    ultima fase o sculo XX, onde o processo de modernizao se expande a ponto de

    abarcar virtualmente o mundo todo, pois a cultura mundial do modernismo atinge

    triunfo no pensamento. Por conta disso h uma fragmentao na multiplicao da idia e

    do pblico moderno que caracterizada por linguagens incomensuravelmente

    confidencias e que resulta em perda da capacidade de organizao do sentido das vidas

    das pessoas, pois diversos caminhos diferentes so apresentados nesse ambiente.

    Apresentado as divises da modernidade a partir de Berman, agora dedicarei a

    analisar as reflexes que este ultimo fez a respeito do pensamento de Marx sobre a

    modernidade. Pois para ele com o pensamento de Marx que se tem idia da

    complexidade e riqueza que a modernidade tem no sculo XIX e a partir desse ponto

    que farei uma ligao com o trabalho de David Harvey sobre a ps-modernidade.

    Para Berman, Marx consegue denunciar bem o ambiente em que as pessoas vivem

    na modernidade, pois aparentemente tal ambiente tem uma superfcie slida, mas na

    verdade existem oceanos de matria liquida, que apenas aguardam a expanso para

    transformar em fragmentos continentes inteiros de rocha. O que Marx quis dizer foi, o

    fato de existir uma contradio radical na vida dessas pessoas, contradio encontrada

    por exemplo, quando ele destaca;

    [...] Em nosso dias, tudo parece estar impregnado do seu contrrio. O maquinrio, dotado

    do maravilhoso poder de amenizar e aperfeioar o trabalho humano, s faz como se

    observa, sacrific-lo e sobrecarreg-lo [...]

    Mas Berman chama ateno pro que Marx fala a respeito do que fazer contra essa

    contradio impiedosa, na verdade ele quer ressaltar o simples fato que;

    [...] para obter bons resultados, as foras de vanguarda da sociedade devem ser governadas

    pelos homens de vanguarda, e esses so os operrios [...]

    Por isso pode-se concluir que para Berman, Marx acreditava que os homens

    modernos iriam absolver as contradies e superar as presses esmagadoras da

    modernidade, ou seja, Marx tinha uma viso animada do futuro dessa modernidade.

  • Como a inteno trabalhar com o pensamento de David Harvey tambm, farei

    uma esboo do que ele trata a respeito de ps-modernidade, pois como foi dito no

    comeo, discutir as relaes entre os dois conceitos um dos objetivos deste ensaio.

    Para Harvey, o ps-modernismo um conceito que expressa opinies e foras

    polticas conflitantes dentro da cultura da sociedade capitalista avanada. Trata-se de

    uma lenta transformao cultural emergente nas sociedades ocidentais, uma mudana da

    sensibilidade, mais precisamente, uma profunda mudana na estrutura do sentimento.

    Por isso ele destaca pra confirmar suas idias, a declarao deita por Huyssens:

    [...] num setor importante da nossa cultura, h uma notvel mutao na sensibilidade, nas

    prticas e nas formaes discursivas que distingue um conjunto ps-moderno de

    pressupostos, experincias e proposies do de um perodo precedente[...]

    Mas s que ele categrico ao afirmar que no h duvidas quanto ao alcance da

    mudana ocorrida na estrutura do sentimento. Contudo, h bastante confuso quanto ao

    que a nova estrutura do sentimento poderia envolver, pois os sentimentos modernistas

    podem ter sido solapados, desconstrudos, superados ou ultrapassados, mas h pouca

    certeza quanto a coerncia ou ao significado dos sistemas de pensamento que possam

    t-los substitudos. Essa incerteza torna peculiarmente difcil avaliar, interpretar e

    explicar a mudana que todos concordam.

    Para ele tentar explicar tal mudana ocorrida, partir do principio de que o ps-

    modernismo aceita o sentido do efmero, do fragmentrio, do catico e com isso,

    combate a noo de metanarrativas (amplos esquemas interpretativos, utilizados, por

    exemplo, por Marx). E uma de suas bases de sustentao terica ser a partir das idias

    de Foucault, onde para ele uma fonte fecunda de argumentao ps-moderna.

    Harvey ir destacar o ponto que Foucault trabalha sobre o sentido de micropoltica

    das relaes de poder em localidades, contextos e situaes sociais distintos, que leva h

    uma intima relao entre sistemas de conhecimento (discursos) que codificam tcnicas e

    prticas para o exerccio do controle e do domnio sociais em contextos localizados

    particulares. Que para este ultimo, trata-se de analisar a relao de poder e

    conhecimento numa perspectiva fora do mbito do Estado. Ou seja, Foucault defende

    que se deve conduzir uma analise ascendente do poder, comeando pelos seus

    mecanismos infinitesimais, cada qual com a sua prpria histria, trajetria, tcnica,

    ttica e ver como esses mecanismos de poder foram investidos, utilizados,

    transformados por mecanismos cada vez mais gerais e por formas de domnio global.

  • A partir desse ponto, Harvey destacar que a teoria de Foucault servir de base

    para alguns movimentos sociais dos anos 60 de carter ps-moderno, como: grupos

    feministas e gays, e que tais movimentos procuraram combater a sua maneira os

    desafios global do capitalismo sem que necessitassem de metanarrativas produzidas por

    exemplo pelo marxismo.

    Conclui-se que se por um lado Berman destaca a importncia da metanarrativa de

    Marx em relao a dinmica e futuro do modernismo, por outro, Harvey expe as idias

    que Focault tinha a respeito dos meandros que o ps-modernismo trilhava e

    consequentemente a superao do modernismo.

  • Referncias Bibliogrficas

    BERMAN, Marshall. Tudo que slido desmancha no ar a aventura da modernidade.

    Cia das Letras. So Paulo, 1986

    HARVEY, David. Condio ps-moderna uma pesquisa sobre as origens da mudana

    cultura. Ed. Loyola. So Paulo, 1992.