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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS E ANÁLISE DE BACIAS MURIEL NASCIMENTO DE FIGUEIREDO MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS RESERVATÓRIOS ARENÍTICOS SANTONIANOS- CAMPANIANOS DA FORMAÇÃO CALUMBI, BACIA SERGIPE-ALAGOAS São Cristóvão - SE 2014

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Page 1: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS E ANÁLISE DE

BACIAS

MURIEL NASCIMENTO DE FIGUEIREDO

MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS

RESERVATÓRIOS ARENÍTICOS SANTONIANOS-

CAMPANIANOS DA FORMAÇÃO CALUMBI, BACIA

SERGIPE-ALAGOAS

São Cristóvão - SE

2014

Page 2: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

MURIEL NASCIMENTO DE FIGUEIREDO

MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS

RESERVATÓRIOS ARENÍTICOS SANTONIANOS-

CAMPANIANOS DA FORMAÇÃO CALUMBI, BACIA

SERGIPE-ALAGOAS

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geociências e Análise de Bacias da Universidade Federal de Sergipe como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Geociências e Análise de Bacias. Área de concentração: Estratigrafia

ORIENTADOR: Antônio Jorge Vasconcellos Garcia

São Cristóvão - SE

2014

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a minha mãe e ao meu pai por terem me dado a vida e

por se fazerem presentes em todos os momentos da mesma através de um amor

incondicional. Realmente tudo passa, mãe.

Agradeço também a Isabella, minha "boadrasta" e minha irmã Amanda.

Obrigado por fazerem parte da minha vida.

Ana Guedes, "oê"!

Por me receber com alegria e felicidade quando eu chego em casa, a despeito

de qualquer coisa que esteja ocorrendo, agradeço a Eros, meu cachorro, que há 11

anos me dá essa alegria.

Não posso deixar de citar os amigos geológicos José Torres, Lucas Gontijo e

todos os outros que transcenderam as portas da UFBA.

A todos os meus amigos da R&P, agradeço por conseguirem transformar tudo

em piada, por compartilharem alegrias e tristezas e por estarem sempre dispostos a

ouvir e a falar algo, mesmo que seja uma besteira.

Pelos churrascos e companhia durante o tempo que morei em São Cristóvão,

agradeço aos amigos Junior e Vitão.

Por toda a orientação dada e pelos ensinamentos geológicos, agradeço ao

Prof. Dr. Antonio Jorge Vasconcellos Garcia,

Agradeço ao Prof. Dr. Herbet Conceição e toda a equipe do PGAB.

Às pessoas da UFS que contribuíram para a realização deste trabalho, gostaria

de expressar minha gratidão.

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"I have not failed,

I've just found 10000 ways that won't work."

Thomas A. Edison

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RESUMO

A importância dos turbiditos e dos depósitos a eles relacionados como

reservatório de petróleo vem desde o ano de 1968, quando se iniciou a fase de

exploração de petróleo na plataforma continental brasileira, se reafirmando em

1985 e 1997 com o início da exploração respectivamente em água profundas e

ultraprofundas. Este trabalho tem o objetivo de contribuir com novos dados e

interpretações a respeito da porção onshore aflorante da Fm. Calumbi,

relacionando os dados encontrados e interpretados com a qualidade dos

possíveis reservatórios em região offshore da Sub-Bacia de Sergipe. A Bacia

de Sergipe-Alagoas localiza-se na parte nordeste da margem continental

brasileira, sendo a sua evolução tectono-sedimentar dividida em 5 fases:

sinéclise; pré-rifte; rifte; transicional e drifte, sendo a Formação Calumbi

relacionada nesta útlima. Os ambientes de sedimentação dominantes na

Formação Calumbi são os de plataforma continental e de águas profundas,

sendo a plataforma continental do tipo dominada por ondas e tempestades e o

ambiente de águas profundas dominado por fluxos gravitacionais. Neste

trabalho foram descritos 8 afloramentos Campanianos-Santonianos da

Formação Calumbi e 11 lâminas, sendo 6 representativas destes afloramentos

e 5 referentes a trabalhos anteriores. A correlação estratigráfica entre estes

afloramentos, incluindo também os descritos por trabalhos anteriores e as

observações petrográficas, permitem obter interessantes considerações sobre

as areias de plataforma depositadas em situação de bypass em relação aos

depósitos turbidíticos de águas profundas na bacia. Concluiu-se que os

afloramentos descritos fazem parte de um ambiente plataformal que dominou a

sedimentação proximal da Formação Calumbi no Cretáceo Superior

(Campaniano - Santoniano).

Palavras-chave: Depósitos de Plataforma Continental, Formação Calumbi,

Bacia Sergipe-Alagoas.

Page 6: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

ABSTRACT

The significance of the turbidites and the related deposits as oil/gas reservoirs

in Brazil started in 1968, when the oil exploration began in the brazilian

continental shelf, restating in 1985 and 1987 with the beginning of the

exploration in deep and ultra-deep waters. The main objective of this

dissertation is to contribute with new data and interpretations about the

outcropping onshore portion of the Calumbi Formation, connecting the collected

and interpreted data with the quality of the feasible reservoirs in the offshore of

the Sergipe Sub-Basin. The Sergipe-Alagoas Basin is located in the

northeastern part of the brazilian continental margin, being subdivided in 5

stages according to its tectono-sedimentary evolution: sineclisis, pre-rift, rift,

post-rift, transitional and drift, the last one is related to the Calumbi Formation.

The continental shelf and the deep waters are the prevailing depositional

environments in the Calumbi Formation, being the shelf dominated by storms

and waves and the deep waters dominated by gravity flows. In this study, 8

outcrops from the Campanian-Santonian section of the Calumbi Formation have

been described, and so have been 11 thin sections, 6 representative of these

outcrops and 5 from previous studies. The stratigraphical correlation between

these outcrops, including also previously described outcrops and petrographical

observations, have made possible to draw interesting conclusions about the

shelf sands in bypass situation to the deep water turbidites. The described

outcrops are part of a shelf environment which has dominated the proximal

sedimentation of the Calumbi Formation on the Upper Cretaceous, from the

Santonian to the Campanian

Keywords: Continental Shelf Deposits, Calumbi Formation, Sergipe-

Alagoas Basin.

Page 7: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

Sumário

1. Introdução ..................................................................................................... 1

2. Objetivos ....................................................................................................... 1

3. Revisão da Literatura ................................................................................... 2

3.1. A Bacia de Sergipe-Alagoas.................................................................. 2

3.2. EMBASAMENTO DA BACIA .................................................................. 3

3.3. EVOLUÇÃO TECTONO-SEDIMENTAR ................................................. 4

3.3.1. SUPERSEQUÊNCIA SINÉCLISE (PALEOZÓICA) ........................... 5

3.3.2. SUPERSEQUÊNCIA PRÉ-RIFTE ..................................................... 5

3.3.3. SUPERSEQUÊNCIA RIFTE .............................................................. 6

3.3.4. SUPERSEQUÊNCIA TRANSICIONAL ............................................. 7

3.3.5. SUPERSEQUÊNCIA DRIFTE ........................................................... 8

3.4. PROCESSOS DEPOSICIONAIS ATUANTES NA PLATAFORMA

CONTINENTAL ............................................................................................ 10

3.5. PROCESSOS DEPOSICIONAIS ATUANTES EM ÁGUAS PROFUNDAS

...................................................................................................................... 16

4. Materiais e Métodos ................................................................................... 34

5. Discussão ................................................................................................... 35

5.1. Afloramentos ........................................................................................ 35

5.1.1. Afloramento M-06 ........................................................................... 35

5.1.2. Afloramento M-08 ........................................................................... 39

5.1.4. Afloramento M-17 ........................................................................... 42

5.1.5. Alforamento M-19 ........................................................................... 45

5.1.6. Afloramento M-20 ........................................................................... 47

5.1.7. Afloramento M-21 ........................................................................... 48

5.1.8. Afloramento M-22 ........................................................................... 50

5.2. Correlação Estratigráfica .................................................................... 52

5.3. Petrografia ............................................................................................ 54

5.4. Paleoambiente Deposicional ............................................................... 69

6. Conclusões e Considerações ................................................................... 73

7. Referências Bibliográficas ........................................................................ 75

Page 8: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Seção geológica esquemática da Sub-Bacia de Sergipe. Modificada

de Cainelli et. al. (1988) apud Aquino e Lana (1990). ........................................ 2

Figura 2: Arcabouço estrutural da Bacia Sergipe-Alagoas. Retirado de Cruz

(2008). ................................................................................................................ 3

Figura 3: Carta estratigráfica da Sub-Bacia de Sergipe. Modificada de Campos

Neto et al. (2007) ................................................................................................ 9

Figura 4: Seção esquemática dos ambientes sedimentares marinhos. Retirado

de Suter (2006). ............................................................................................... 10

Figura 5: Imagem topográfica/batimétrica do mundo. As plataformas

continentais aparecem em azul claro. Retirado de Suter (2006). ..................... 10

Figura 6: Modelo de destribuição de icnofácies da praia ao talude. Modificado

de Suter (2006). ............................................................................................... 11

Figura 7: Estruturas geradas pela maré. Retirado de Della Fávera (2008). ..... 13

Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um

ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado de Nichols

(2009). .............................................................................................................. 14

Figura 9: Camada de areia relacionada ao furacão Carla descrita na plataforma

continental por Hayes (1967). Modificada de Sutter (2006). ............................ 14

Figura 10: Bloco diagrama esquemático feito por Leckie & Krystinik (1989) com

as principais estruturas indicativas de paleocorrente e a sua direção relativa

quanto à paleo linha de costa. Retirada de Suter (2006). ................................ 15

Figura 11: Modelo generalizado de um depósito turbidítico retrabalhado por

ondas de tempestade. Retirado de Myrow et al. (2002). .................................. 16

Figura 12: Desenho esquemático de uma avalanche de rochas no talude. ..... 17

Figura 13: Seção esquemática de um processo de rastejamento. ................... 18

Figura 14: Ilustração demonstrando a cinemática dos processos de

Slide/Slump. ..................................................................................................... 18

Figura 15: Representação esquemática de um corpo de deslizamento (slide).

Observar as zonas distensionais, próximas à cabeça, e as zonas

compressionais, próximas ao pé. Modificado de Stow et al. (1996). ................ 19

Figura 16: Representação esquemática de um corpo de escorregamento

(slump). Observar a zona da escarpa proximal e a zona distal, mais deformada.

Modificada de Stow et al. (1996). ..................................................................... 20

Figura 17: Corrente turbidítica experimental. (Walker, 1984). .......................... 23

Figura 18: Tipos de transformação de fluxo. Modificado de Fisher (1983). ...... 24

Page 9: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

Figura 19: Modelo de fácies proposto por Bouma em 1962. Modificado de Della

Fávera (2001). .................................................................................................. 26

Figura 20: Modelo de fácies para turbiditos de granulometria fina. Modificado de

Stow & Shanmugam (1980). ............................................................................ 27

Figura 21: Modelo de empilhamento de fácies resultantes de uma corrente de

turbidez arenosa da alta densidade. Modificado de Lowe (1982) .................... 29

Figura 22: Fácies e processos de uma corrente turbidítica de alta eficiência.

Modificado de Mutti et. al. (1999). .................................................................... 30

Figura 23: Reologia de fluidos newtonianos e de fluidos plásticos

(binghamianos), aonde o segundo tipo apresenta resistência inicial ao fluxo. . 31

Figura 24: Tipos de fluxos turbulentos de acordo com a sua continuidade.

Modificado de Mulder (2011). ........................................................................... 33

Figura 25: Morfologia de um fluxo turbulento. Modificado de Pickering et. al.

(1989). .............................................................................................................. 33

Figura 26: Mapa de localização dos afloramentos, com a área tida como

aflorante da Formação Calumbi em vermelho. ................................................. 36

Figura 27: Visão geral do afloramento M-06 (barra de escala = 250 cm). ........ 38

Figura 28: Contato da Formação Calumbi com o Grupo Barreiras. ................. 38

Figura 29: Lentes de arenito do afloramento M-06 (barra de escala = 250 cm).

......................................................................................................................... 39

Figura 30: Perfil litológico do afloramento M-06. .............................................. 39

Figura 31: Visão geral do afloramento M-08 (barra de escala = 250 cm). ........ 40

Figura 32: Camada de arenito muito fino-silte maciço do afloramento M-08. .. 40

Figura 33: Perfil litológico do afloramento M-08. .............................................. 41

Figura 34: Visão geral do afloramento M-11 (barra de escala = 250 cm). ........ 41

Figura 35: Níveis síltico-arenosos no afloramento M-11. ................................ 42

Figura 36: Perfil litológico do afloramento M-11. .............................................. 42

Figura 37: Visão geral do afloramento M-17. ................................................... 43

Figura 38: Argilito com lentes de arenito no afloramento M-17. ....................... 43

Figura 39: Perfil litológico do afloramento M-17. .............................................. 44

Figura 40: Visão E-W do afloramento M-19. .................................................... 45

Figura 41: Visão N-S do afloramento M-19 (h= 5m). ........................................ 46

Figura 42: Arenito com estratificação hummocky no alforamento M-19 (martelo

do lado direito). ................................................................................................. 46

Figura 43: Perfil litológico do afloramento M-19. .............................................. 47

Figura 44: Visão geral do afloramento M-20 (barra de escala = 250 cm). ........ 48

Page 10: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

Figura 45: Perfil litológico do afloramento M-20. .............................................. 48

Figura 46: Visão geral do afloramento M-21. ................................................... 49

Figura 47: Arenito do afloramento M-21 em detalhe. ....................................... 49

Figura 48: Perfil litológico do afloramento M-21. .............................................. 50

Figura 49: Visão geral do afloramento M-22 (barra de escala = 250 cm). ........ 51

Figura 50: Arenito do afloramento M-22. .......................................................... 51

Figura 51: Perfil litológico do afloramento M-22. .............................................. 52

Figura 52: Correlação estratigráfica. ................................................................ 53

Figura 53: Lâmina R-1: a) visão geral; b) microfóssil carbonático; c) substituição

quartzo-> calcita. .............................................................................................. 55

Figura 54: Lâmina R-2: a) visão geral; b) microfóssil carbonático; c) substituição

quartzo-> calcita. .............................................................................................. 56

Figura 55: Lâmina R-3: a) visão geral; b) microfóssil carbonático. ................... 57

Figura 56: Lâmina R-4: a) visão geral; b) microfóssil carbonático; c) substituição

quartzo-> calcita; d) substituição quartzo-> calcita. .......................................... 58

Figura 57: Lâmina R-5: a) visão geral; b) microfóssil carbonático; c) substituição

quartzo-> calcita. .............................................................................................. 59

Figura 58: Lâmina R-6: a) visão geral; b) substituição quartzo-> calcita. ......... 60

Figura 59: Lâmina CAL-02: a) visão geral; b) quartzo com inclusão de

turmalina; c) microfóssil carbonático; d) substituição quartzo -> calcita. .......... 63

Figura 60: Lâmina CAL-03: a) visão geral; b) microfóssil carbonático; c)

substituição quartzo -> calcita. ......................................................................... 64

Figura 61: Lâmina CAL-04: a) visão geral; b) muscovita; c) microfóssil

carbonático; d) substituição quartzo -> calcita. ................................................ 65

Figura 62: Lâmina CAL-05: a) visão geral; b) muscovita; c) porosidade. ......... 66

Figura 63: Lâmina CAL-08: a) visão geral; b) muscovita; c) porosidade. ......... 67

Figura 64: Paleoambientes da Bacia de Sergipe-Alagoas no Santoniano-

Campaniano ..................................................................................................... 69

Figura 65: Amostra com estruturas sedimentares características de ambiente

plataformal dominado por tempestades (visão em perfil). ................................ 69

Figura 66: Amostra com estruturas sedimentares características de ambiente

plataformal dominado por tempestades (visão em planta). .............................. 70

Figura 67: Marcas de chuva e marcas de onda. .............................................. 70

Figura 68: Diagrama de Folk 1974....................................................................73

Figura 69: Diagrama de Dickinson (1985) ........................................................ 72

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Resumo dos Afloramentos. .............................................................. 37

Tabela 2: Descrição simplificada das litofácies das quais foram feitas as

lâminas. ............................................................................................................ 54

Tabela 3: Síntese descritiva das propriedades composicionais e texturais dos

arenitos. ........................................................................................................... 68

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1

1. Introdução

A importância dos turbiditos e dos depósitos a eles relacionados como

reservatório de petróleo vem desde o ano de 1968, quando se iniciou a fase de

exploração de petróleo na plataforma continental brasileira, se reafirmando em

1985 e 1997 com o início da exploração respectivamente em água profundas e

ultraprofundas (Milani et al. 2001). O primeiro campo gigante de petróleo no

Brasil (Namorado - Bacia de Campos) tem como sua rocha reservatório

arenitos turbidíticos.

A Bacia de Sergipe-Alagoas, parte do segmento distensivo da margem

continental brasileira, tem a mais completa e aflorante sucessão sedimentar

dentre todas as bacias sedimentares ali situadas, com registro sedimentar de

todas as suas fases de evolução em afloramentos.

No Senoniano (Neocretaceo), após o grande evento regressivo que

gerou a discordância erosiva sub-Calumbi, uma grande transgressão ocorreu e

afogou toda a Bacia de Sergipe-Alagoas, dando assim início à deposição da

Formação Calumbi (Grupo Piacabuçu) no Cretáceo (Santoniano-

Maastrichtiano). Esta unidade contém os depósitos turbidíticos da fase drifte da

Bacia (Campos Neto et al., 2007) e que se estendeu posteriormente, durante o

Terciário, com uma sedimentação mista, enquanto a Cretácea foi

dominantemente silicilástica.

As importantes descobertas que vem acontecendo em arenitos de

Cretáceo da Formação Calumbi (Muriú, Barra, Farfan e Moita Bonita) na mais

nova fronteira exploratória da Bacia de Sergipe-Alagoas, águas ultraprofundas,

só comprova a necessidade do melhor entendimento da distribuição espacial

destes corpos arenosos e da distribuição interna das propriedades petrofisicas

desses arenitos.

2. Objetivos

Este trabalho tem o objetivo contribuir com novos dados e interpretações

a respeito da porção onshore aflorante da Fm. Calumbi, relacionando os dados

encontrados e interpretados com a qualidade dos possíveis reservatórios em

região offshore da Sub-Bacia de Sergipe.

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2

3. Revisão da Literatura

3.1. A Bacia de Sergipe-Alagoas

A Bacia de Sergipe-Alagoas localiza-se na parte nordeste da margem

continental brasileira abrangendo, segundo Mohriak (2003), uma área de cerca

de 43.000 km², sendo 13.000 km² em sua porção emersa e 30.000 km² em sua

porção submersa, até a cota batimétrica de 2000 metros. Morfologicamente,

segundo Mohriak (2003), esta pode ser definida como um rifte assimétrico,

alongado na direção NNE/SSW (Figura 1).

Figura 1: Seção geológica esquemática da Sub-Bacia de Sergipe. Modificada de Cainelli et. al. (1988) apud Aquino e Lana (1990).

Segundo Campos Neto et. al. (2007), a Bacia de Sergipe-Alagoas limita-

se a nordeste com a Bacia de Pernambuco-Paraíba pelo Alto de Maragoji,

enquanto o seu limite a sudeste com a Bacia de Jacuípe é considerado como

indiviso, sendo sugerido por Souza-Lima et. al. (2002) como sendo o sistema

de falhas de Guarajuba ou de Itapuã, enquanto Feijó (1994) e Mohriak (2003)

consideram este limite como sendo o sistema de falhas de Vaza-Barris.

Internamente subdivide-se em sub-bacias de Sergipe e Alagoas pelo Alto de

Jaboatã-Penedo (Figura 2).

O arcabouço estrutural da BSA é definido principalmente por falhas de

direções NE-SW, N-S e NNE-SSW (Aquino e Lana, 1990) (Figura 2). Ocorrem

de maneira secundária falhas de direção NW, que são em geral interpretadas

como normais ou de componente predominantemente normal (Cruz, 2008).

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3

Figura 2: Arcabouço estrutural da Bacia Sergipe-Alagoas. Retirado de Cruz (2008).

3.2. EMBASAMENTO DA BACIA

Segundo Rancan et al. (2009), o embasamento da Bacia de Sergipe-

Alagoas é constituído por rochas do Cráton do São Francisco e da Província

Borborema (Maciço Pernambuco-Alagoas e Faixa Sergipana).

As rochas do Cráton do São Francisco são representadas pelo Bloco

Serrinha, que, segundo Rancan et. al. (2009), ocorre como um pequeno

apêndice no sul de Sergipe, resultado da divisão deste durante o precesso de

abertura da Bacia de Tucano (Figura 3). O Bloco Serrinha é composto por

gnaisses, migmatitos e rochas metassupracrustais e ígneas dos Complexos

Santa Luz e Uauá, com idades mesoarqueanas (Kosin et al. 2003).

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4

O Maciço/Terreno Pernambuco-Alagoas é composto pelos Complexos

Cabrobó e Belém do São Francisco, em sua maioria formados por rochas do

Neoproterozóico, sendo cortados por grandes batólitos (Figura 3). Segundo

Delgado et al. (2003), o Complexo Cabrobó é composto por uma sequência

metassedimentar (xistos, paragnaisses, metagrauvacas, quartzitos, rochas

calcissilicaticas e mármores) e outra metavulcanossedimentar, enquanto o

Complexo Belém do São Francisco é composto por ortognaisses

leucograníticos róseos e tonalíticos-granodioríticos.

Segundo Delgado et al. (2003), a sedimentação da Faixa Sergipana

constituiu uma bacia de margem passiva, gerada e deformada no

neoproterozóico, sendo dividida em dois subdomínios: Macururé (depósitos

pelítico-psamíticos de natureza turbidítica, metamorfizados em sua maioria na

fácie anfibolito) e Vaza-Barris (sedimentos carbonático-pelíticos

metamorfizados na fácie xisto verde). O mesmo autor refere-se aos sedimentos

plataformais do Grupo Estância, correlatos em parte às unidades da faixa

dobrada, como sedimentos de bacias de margem passiva da província São

Francisco.

3.3. EVOLUÇÃO TECTONO-SEDIMENTAR

As megassequências deposicionais da Bacia de Sergipe-Alagoas têm

sua evolução intimamente relacionada com o evento distensivo que culminou

com a ruptura do supercontinente Gondwana entre o Jurássico Superior e o

Cretáceo Inferior (Aquino e Lana, 1990; Campos Neto et al., 2007). São

definidas desta maneira cinco supersequências: sinéclise, pré-rifte, rifte,

transicional e drifte.

Durante as diferentes fases de evolução da bacia, as falhas que

delimitam os compartimentos tectônicos da mesma se comportaram de

maneira independente, ocorrendo eventos de soerguimento e subsidência de

maneira não contínua e não equivalente entre eles (Aquino e Lana, 1990). Este

processo, exercendo controle determinante na localização dos depocentros e

nas características dos sistemas deposicionais, resultou numa distribuição

espacial e estratigráfica complexa das Supersequências que preenchem a

bacia (Van Der Ven, 1989).

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5

3.3.1. SUPERSEQUÊNCIA SINÉCLISE (PALEOZÓICA)

A Supersequência Sinéclise compõe-se das formações Batinga

(Carbonífero) e Aracaré (Permiano), as quais foram depositadas em condições

intracratônicas e formam o Grupo Igreja Nova no Paleozóico. Segundo Feijó

(1994), esta sequência ocorreu provavelmente de maneira correlata nas Bacias

do Paraná e do Parnaíba.

A Formação Batinga tem sua deposição relacionada a um ambiente

glacial subaquoso (Campos Neto et al., 2007), sendo individualizada em dois

membros: Mulungu (conglomerados e diamictitos) e Boacica (siltitos e

folhelhos).

Segundo Campos Neto et al. (2007), ambientes desértico, litorâneo e

deltaico são relacionados à Formação Aracaré, sofrendo por vezes

retrabalhamento eólico e de ondas. Litologicamente, esta Formação constitui-

se de folhelhos pretos, arenitos avermelhados e calcarenitos, que ocorrem

associadamente a sílex, cuja presença é diagnóstica no reconhecimento da

unidade (Feijó, 1994).

3.3.2. SUPERSEQUÊNCIA PRÉ-RIFTE

Durante a sua fase pré-rifte, a Bacia de Sergipe-Alagoas estava inserida

no contexto da Depressão Afro-brasileira, uma longa calha extensional que,

segundo Santos e Carvalho (2009) se estendia do sul do estado da Bahia ao

sul do estado do Ceará. A sequência pré-rifte é composta por rochas

sedimentares Neojurássicas do Grupo Perucaba, que abrange as Formações

Candeeiro, Bananeiras e Serraria, respectivamente de ambiente fluvio-deltáico,

lacustre e fluvio-eólico (Campos Neto et al., 2007).

A Formação Candeeiro constitui-se de arenitos finos a médios, de cor

branca e cinza-avermelhada, com estratificações cruzadas tabulares e

eventuais intercalações de siltitos e folhelhos (Azambuja Filho et al., 1998).

Esta formação apresenta-se sobreposta às rochas paleozóicas ou ao

embasamento e sotoposta concordantemente à Formação Bananeiras, sendo

mais desenvolvida na Sub-Bacia de Alagoas (Feijó, 1994).

Folhelhos e argilitos vermelhos, acastanhados e arroxeados são as

rochas que, segundo Feijó (1994), compõem a Formação Bananeiras. O

Page 17: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

6

contato inferior desta se dá concordantemente com a Formação Serraria ou

discordantemente com rochas paleozóicas ou do embasamento, enquanto seu

contato superior se dá de maneira concordante com a Formação Serraria.

Segundo Feijó (1994), a Formação Serraria compõe-se de arcóseos e

quartzarenitos médios a grossos, de coloração branca, acinzentada e

avermelhada, com estratificação cruzada tabular a acanalada.

Estratigraficamente, esta apresenta-se sobreposta concordantemente sobre a

Formação Bananeiras e sotoposta da mesma maneira à Formação Barra de

Itiúba (Schaller, 1969). De acordo com Azambuja Filho et al. (1998), estes

arenitos formam alguns dos reservatórios mais produtivos da bacia.

3.3.3. SUPERSEQUÊNCIA RIFTE

A fase rifte corresponde o início da subsidência mecânica na bacia e foi

controlada pelo desenvolvimento de um sistema de falhamentos principal N-S,

interceptado por falhas E-W, aonde foram depositadas sequências

sedimentares em condições tectônicas instáveis, com bruscas variações

laterais e verticais de fácies (Lana, 1991).

Processos de sedimentação em ambientes fluviais, deltaicos e lacustres

dominaram durante esta fase, sendo que, já perto do final desta e início da fase

transicional, um ambiente de sedimentação em mar restrito foi formado (Figura

3). Assim foi depositado o Grupo Coruripe, composto pelas formações Feliz

Deserto, Barra de Itiúba, Penedo, Rio Pitanga, Coqueiro Seco, Poção e Maceió

(Campos Neto et al., 2007).

Campos Neto et al. (2007) propõe a retomada da denominação de

Formação Feliz Deserto para a sucessão de folhelhos esverdeados com

delgadas intercalações de arenitos que ocorre na base da Formação Barra de

Itiúba.

A Formação Barra de Itiúba é composta por arenitos, siltitos e folhelhos

de ambiente deltáico-lacustre (Campos Neto et al., 2007). Segundo Feijó

(1994), ocorrem raros calcilutitos acastanhados.

Espessos leitos de arcóseo fino a grosso, mal selecionados, de

coloração branco e cinza-amarelado, com estratificações cruzadas acanaladas,

que se apresentam frequentemente deformadas por fluidização compõem a

Formação Penedo (Feijó, 1994). Estas rochas refletem a deposição em

Page 18: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

7

ambientes alúvio-fluviais, podendo apresentar retrabalhamento eólico (Campos

Neto et al., 2007).

Em um sistema de leques aluviais provenientes da borda soerguida do

rifte, depositou-se a Formação Rio Pitanga, que é composta por arenitos

grossos, conglomerados polimíticos avermelhados a esverdeados e brechas,

que depositaram-se formando cunhas sedimentares perpendiculares à falha de

borda da Bacia (Feijó, 1994).

Durante o segundo pulso de rifteamento, ocorreu a deposição do

sistema alúvio-deltáico lacustre da Formação Coqueiro Seco (Campos Neto et

al., 2007), que compõe-se de arcóseos finos a grossos, acastanhados,

intercalados com folhelhos lacustres (Feijó, 1994). Concomitantemente a esta,

ocorreu a deposição dos calcirruditos e folhelhos da Formação Morro do

Chaves (Campos Neto et al., 2007).

A Formação Poção é, segundo Feijó (1994), constituída por

conglomerados com seixos e matacões de rochas graníticas de até 3m de

diâmetro, imersos numa matriz arcoseana muito mal selecionada.

Segundo Feijó (1994), arcóseos finos a grossos, de coloração cinza

claro a castanho e folhelhos betuminosos castanhos com intercalações de

anidrita, halita e dolomita (evaporitos paripueira) compõem a Formação

Maceió.

3.3.4. SUPERSEQUÊNCIA TRANSICIONAL

A fase transicional é caracterizada pelo início da subsidência térmica e

pela primeira incursão marinha, que propiciou a deposição da Formação

Muribeca em um ambiente marinho restrito (Figura 3), englobando os Membros

Carmópolis, Ibura e Oiterinhos (Campos Neto et al., 2007).

Segundo Feijó (1994), o Membro Carmópolis é composto por

conglomerados cinzento a castanho e arenitos médios a grossos, enquanto o

Membro Ibura é associado a evaporitos, calcarenitos e calcirruditos e o

Membro Oiterinhos é representado por calcilutitos maciços e laminados,

folhelhos e siltitos castanhos.

Page 19: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

8

3.3.5. SUPERSEQUÊNCIA DRIFTE

A Supersequência Drifte carateriza-se por uma subsidência plenamente

térmica, com a deposição dos sedimentos ocorrendo inicialmente em ambiente

marinho restrito, que evoluiu para mar aberto à medida em que foi-se

instalando a crosta oceânica do Oceano Atlântico (Campos Neto et al., 2007).

Esta supersequência é composta pelo Grupo Sergipe (Formações Riachuelo e

Cotinguiba) e Grupo Piaçabuçu (Formações Calumbi, Marituba e Mosqueiro)

(Figura 3).

Segundo Feijó (1994), a Formação Riachuelo é um complexo clástico-

carbonático no qual podem ser individualizados três membros: Angico (arenitos

brancos, finos a conglomeráticos), Taquari (intercalações de calcilutitos e

folhelhos cinzentos) e Maruim (calcarenitos, calcirruditos oncolíticos e oolíticos

de coloração creme e recifes algálicos).

A Formação Cotinguiba é caracterizada por Campos Neto et al. (2007)

como sendo uma rampa carbonática, sendo individualizada na sua parte

proximal o Membro Sapucari (calcilutitos maciços e brechóides) e na sua parte

distal o Membro Aracaju (folhelhos, margas e calcilutitos).

Ao final do Coniaciano, um rebaixamento do nível do mar causou uma

erosão de âmbito regional, denominada discordância sub Formação Calumbi

(Campos Neto et al., 2007). Posteriormente, houve uma transgressão, a qual

mudou o padrão de sedimentação de dominantemente carbonático (Grupo

Sergipe) para dominantemente siliciclástico (Grupo Piaçabuçu) que, segundo

Feijó (1994), reúne as rochas siliciclásticas e carbonáticas e carbonáticas

marinhas das Formações Calumbi, Marituba e Mosqueiro.

A Formação Calumbi compõe-se, segundo Feijó (1994), de argilitos e

folhelhos cinzentos a esverdeados, com intercalações de arenitos finos a

grossos, que são interpretados como frutos de correntes de turbidez, enquanto

os folhelhos e argilitos teriam sido depositados no talude e na planície abissal.

Com a instalação de um sistema progradante no Eocampaniano ocorreu,

num ambiente costeiro/plataformal, a deposição das areias médias a grossas

que vieram a compor a Formação Marituba (Feijó, 1994), que foi se ampliando

até o final do Maastrichtiano, onde começou a deposição da Formação

Mosqueiro (Campos Neto et al., 2007).

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Figura 3: Carta estratigráfica da Sub-Bacia de Sergipe. Modificada de Campos Neto et al. (2007)

Page 21: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

10

3.4. PROCESSOS DEPOSICIONAIS ATUANTES NA

PLATAFORMA CONTINENTAL

A plataforma continental se estende da base do nível da maré mais

baixa a até a quebra da plataforma e início do talude (Figura 4), sendo estas

áreas em geral excepcionalmente planas, com declives médios de cerca de 1°

(Suter, 2006), representando cerca de 6% da superfície terrestre, com área

total de aproximadamente 30 milhões de km² (Figura 5).

Figura 4: Seção esquemática dos ambientes sedimentares marinhos. Retirado de Suter (2006).

Figura 5: Imagem topográfica/batimétrica do mundo. As plataformas continentais aparecem em

azul claro. Retirado de Suter (2006).

Page 22: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

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Os sedimentos clásticos que atingem o ambiente plataformal

normalmente carregam consigo um grande história de transporte, podendo

estes ter passado por rios, deltas, estuários ou até mesmo em ambientes de

praia antes de chegarem ali. Devido a isto, estes sedimentos tendem a

apresentar uma alta maturidade textural e composicional (Suter, 2006).

Devido à sua baixa profundidade e coincidente maior presença de luz e

de oxigênio, o ambiente plataformal é rico em vida, particularmente em

organismos bentônicos, que podem deixar relictos de sua atividade nos

sedimentos (Figura 6). A bioturbação gerada por estes organismos

frequentemente resulta na destruição total das estruturas sedimentares

primárias, dando um aspecto homogêneo aos sedimentos (Nichols, 2009).

Figura 6: Modelo de destribuição de icnofácies da praia ao talude. Modificado de Suter (2006).

Page 23: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

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A abundância de vida neste ambiente é diretamente relacionada à

grande ocorrência de carapaças calcárias que, ao se dissolverem durante a

eodiagênese, enriquecem os fluidos percolantes com cálcio, o qual se

reprecipita nos poros em forma de cimento carbonático, sendo este

frequentemente encontrado em ambientes marinhos rasos (Nichols, 2009).

Os ambientes plataformais podem ser subdivididos quanto ao seu

mecanismo de transporte em dominados por marés e dominados por

tempestades.

Num ambiente plataformal dominado por marés, os principais depósitos

associados são os de cristas de areia formadas pela maré, associadas a praias

(Della Fávera, 2008).

Segundo Nichols (2009), pacotes de arenitos com estratificação cruzada

que contém uma completa fauna marinha e nenhuma evidência de exposição

subaérea são possivelmente fruto de um ambiente dominado por marés, já que

em profundidades de algumas dezenas de metros as marés são as únicas

correntes que podem gerar e manter formas de leito características (dunas). As

correntes geostróficas são fracas demais e as correntes de tempestade têm

duração demasiadamente curta.

A estratificação espinha de peixe é incomum e de difícil visualização,

mas a ritmicidade e bidirecionalidade das estratificações cruzadas são

frequentemente observadas, ocorrendo também lâminas de pelitos que cobrem

as marcas onduladas (mud drapes). Os pacotes de arenitos destes ambientes

têm comumente espessura de mais de 10 metros, apresentando forma

lenticular (Nichols, 2009).

Segundo Reineck & Singh (1973), estratificação cruzada com flaser,

estratificação flaser, estratificação ondular (wavy) e estratificação lenticular

(linsen), são comuns estruturas geradas pelas marés (Figura 7).

Page 24: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

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Figura 7: Estruturas geradas pela maré. Retirado de Della Fávera (2008).

Numa plataforma dominada por tempestades, Nichols (2009) sugere que

as fácies mais distais consistem de lamitos com alguma bioturbação, seguidos

em direção à costa por camadas de tempestitos com base erosional e

estratificação cruzada hummocky, intercalados com lamitos, após estes,

encontram-se depósitos arenosos com laminação plano-paralela ou ripples.

Nesta sequência idealizada, as camadas vão aumentando de espessura em

direção ao topo (Figura 8).

Como exemplo de estudos de processos deposicionais relacionados a

tempestades, temos o trabalho desenvolvido por Hayes (1967), que estudou a

sedimentação plataformal relacionada ao furacão Carla, que atingiu a costa do

Texas no ano de 1961. Neste estudo foi identificada uma camada com base

erosional e granodecrescência ascendente, sotoposta e sobreposta por lama,

com espessura de 1 a 10 cm, depositada paralelamente à linha de costa

(Figura 9).

Page 25: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

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Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de

plataforma dominada por tempestades. Modificado de Nichols (2009).

Figura 9: Camada de areia relacionada ao furacão Carla descrita na plataforma continental por Hayes (1967). Modificada de Sutter (2006).

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15

Leckie & Krytinik (1989) através do estudo detalhado e da compilação de

direções de paleocorrentes em diversas camadas arenosas cretáceas,

chegaram à conclusão de que a orientação das cristas das ripples nas

plataformas dominadas por tempestades/ondas são aproximadamente

paralelas à paleo linha de costa (Figura 10).

Figura 10: Bloco diagrama esquemático feito por Leckie & Krystinik (1989) com as principais estruturas indicativas de paleocorrente e a sua direção relativa quanto à paleo linha de costa. Retirada de Suter (2006).

Myrow et al. (2002) apresenta um detalhado estudo de tempestitos na

Antártica, interpretando-os como sendo depósitos turbidíticos retrabalhados

pela ação de ondas de tempestade, contrapondo a idéia majoritariamente

aceita de que os tempestitos são depositados por correntes de turbidez. Neste

trabalho, um modelo generalizado de um depósito turbidítico retrabalhado por

ondas de tempestade é proposto (Figura 11).

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Figura 11: Modelo generalizado de um depósito turbidítico retrabalhado por ondas de tempestade. Retirado de Myrow et al. (2002).

3.5. PROCESSOS DEPOSICIONAIS ATUANTES EM ÁGUAS

PROFUNDAS

Os processos de transporte de massa e sedimentos gravitacionais em

ambientes submarinos podem ser classificados de acordo com o

comportamento mecânico do fluido (reologia), o mecanismo de suporte dos

grãos, a concentração do fluxo ou a mudança longitudinal nos seus depósitos

(Stow et al., 1996).

Segundo Mulder (2011), os principais processos de sedimentação

atuantes em águas profundas são: avalanche ou queda de blocos,

rastejamento, slides, slumps, fluxo de detritos, fluxos de grãos, fluxo

liquefeito/fluidizado e fluxo turbulento.

A avalanche ou queda de blocos (rockfall) é um fluxo gravitacional de

massa, no qual fragmentos de sedimentos consolidados ou rochas, em geral

de grande tamanho, se desprendem do seu local original e caem ou rolam até

substrato. Num estudo desenvolvido por Prior & Doyle (1985), foram

identificados em depósitos de avalanche blocos de rocha com dimensões de

até 50m depositados por queda livre na base do cânion e blocos de 20m foram

identificados a até 350m de distância da área fonte. Os ambientes mais

propícios para a ocorrência destes processos são penhascos/cânions

subaquosos e taludes de alta inclinação (Mulder, 2011), sendo bastante

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comuns também em ambientes vulcanoclásticos (Carey & Schneider, 2011).

Segundo Carter (1975), os depósitos relacionados a este processo apresentam

pobre seleção, ausência de laminação/estratificação, unidades sem limites

distinguíveis e estão normalmente próximos à área fonte (Figura 12).

Figura 12: Desenho esquemático de uma avalanche de rochas no talude.

Rastejamento ou creeping é a deformação plástica de sedimentos

(normalmente de frações finas) através da sua movimentação (a baixas taxas)

sobre carga constante (Figura 13). Este processo é bem conhecido em áreas

de continente, onde ele é diretamente relacionado ao intemperismo e ciclos de

derretimento de gelo, afetando solos saturados no fenômeno conhecido como

solifluxão. A deformação por rastejamento pode ocorrer também em ambientes

subaquosos, mas sua identificação é mais difícil, pois estruturas características

são dificilmente individualizáveis e as taxas de deformação não podem ser

medidas com alguma precisão (Mulder & Cochonat, 1996).

Hill et. al. (1982) conseguiu, através da utilização de sísmica de alta

resolução e da análise de testemunhos, identificar uma camada superficial de

50m de espessura depositada sobre uma superfície erosiva irregular no talude.

Esta camada se apresenta com dobras resultantes de esforços compressivos,

sendo caracterizada como sendo resultante de um processo de rastejamento.

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Figura 13: Seção esquemática de um processo de rastejamento.

Slides e slumps são dois tipos de fluxos gravitacionais de massa que

diferenciam-se quanto à sua cinemática, respectivamente translacional e

rotacional (Figura 14) e, segundo Middleton & Hampton (1973), pelo seu grau

de deformação interna (maior nos slumps).

Figura 14: Ilustração demonstrando a cinemática dos processos de Slide/Slump.

Os slides ou deslizamentos, são movimentos de massas sedimentares

rígidas ou semi-consolidadas ao longo de planos discretos de cisalhamento

(normalmente planos de acamadamento), com relativamente pouco fluxo

interno, apresentando um comportamento rúptil. Os escorregamentos,

chamados de slumps, são considerados como sendo movimentos rotacionais

de massas sedimentares ao longo de planos discretos de cisalhamento,

apresentando comportamento elástico a plástico, com elevado fluxo interno.

Segundo Stow et al. (1996), slides (deslizamentos) são blocos de rocha

de tamanhos variados que se movem isolados ou em grupos, sem ocorrer

deformação interna, já que toda a tensão cisalhante se localiza no plano de

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19

cisalhamento basal, através do qual o bloco se desloca. Na parte superior do

slide, esforços distensivos levam à geração de falhas normais e lístricas,

enquanto nas partes inferiores, devido à atuação de esforços compressivos,

ocorrem dobramentos e cavalgamentos (Figura 15). Com o progressivo

deslocamento dos blocos, pode ocorrer a fragmentação progressiva dos

mesmos.

Figura 15: Representação esquemática de um corpo de deslizamento (slide). Observar as zonas distensionais, próximas à cabeça, e as zonas compressionais, próximas ao pé. Modificado de Stow et al. (1996).

Slumps (escorregamentos) tem comportamento majoritariamente dúctil e

ocorrem geralmente em áreas com baixa inclinação, especialmente onde as

taxas de sedimentação de material fino são altas (Stow et al., 1996). Os

depósitos sedimentares gerados por slumps são caracterizados por um alto

grau de deformação interna, com parcial ou total destruição das estruturas pré-

existentes e normalmente deixam uma “cicatriz” na área da qual partiram

(Figura 16). Vale a pena ressaltar a importância dos slumps como iniciadores

de outros fluxos, já que com a sua aceleração e diluição ao descer o talude,

este pode vir a se transformar em outros fluxos gravitacionais.

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Figura 16: Representação esquemática de um corpo de escorregamento (slump). Observar a zona da escarpa proximal e a zona distal, mais deformada. Modificada de Stow et al. (1996).

Os fluxos de detritos têm comportamento plástico (bingamiano), e

nestes a água está totalmente misturada com os sedimentos, havendo

praticamente total destruição de estruturas pré-existentes (Stow et al., 1996).

Estes fluxos podem ser subdivididos em coesivos e não coesivos (fluxo de

grãos).

Os coesivos têm como principal mecanismo de sustentação das

partículas a força coesiva da matriz e podem, de acordo com a proporção de

argila e silte, ser classificados como fluxos de lama ou fluxos de silte.

Normalmente estes fluxos normalmente apresentam uma cabeça espessa e a

manutenção de sua movimentação (inclusive através de taludes com baixa

inclinação) se dá devido à baixa permeabilidade de sua matriz, que confere ao

fluido comportamento plástico, consequentemente reduzindo a taxa que o

mesmo se dilui. Hampton (1972) mostrou que, nestes fluxos, a relação entre o

tamanho máximo dos clastos a serem transportados é inversamente

proporcional à densidade da matriz.

Segundo Posamentier & Walker (2006), uma característica comum a

estes depósitos é a sua natureza altamente erosiva e sua arquitetura interna

maciça, caótica ou altamente fluidizada (contorcida). Vale salientar também o

péssimo selecionamento dos depósitos resultantes deste processo devido à

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alta competência do mesmo e a ocorrência de clastos flutuantes, resultantes da

deposição destes sedimentos pelo processo de congelamento, que ocorre

quando a força cisalhante do movimento não consegue vencer a força da

matriz (Stow et al., 1996). Em fluxos muito densos (alta concentração de

matriz), o esforço cisalhante do movimento vence a força coesiva da matriz

apenas próximo ao contato do fluxo com o substrato, sendo assim, a região

central deste permanece como uma porção de sedimento sem movimento,

“congelado” (Stow et al., 1996; Mulder, 2011).

Nos fluxos de grãos (fluxos de detritos não coesivos) os sedimentos

são mantidos em suspensão principalmente pela ação de pressões dispersivas,

geradas pelo choque entre os grãos (Middleton & Hampton, 1973). Segundo

Stow et al. (1996), este processo normalmente ocorre como uma avalanche de

grãos bem selecionados de granulometria areia a seixo que se inicia quando o

ângulo de repouso destes sedimentos é excedido. A erosão do substrato é

frequente, e se os sedimentos incorporados ao fluxo por esta erosão

resultarem numa concentração muito alta, o fluxo pode colapsar devido à sua

dispersão, que resulta da excessiva interação entre os grãos (Mulder, 2011).

Depósitos puramente resultantes de fluxos de grãos não são muito

frequentes, mas estes são comumente ocorrem associados a fluxos

turbidíticos, aonde a corrente sustenta um tapete de tração que se comporta

como um fluxo de grãos. Uma característica de fluxos de grãos é o fato de que

durante a atuação da pressão dispersiva (choque de grãos) as partículas de

maior dimensão tendem a se concentrar nas partes superiores (Stow et al.,

1996). Devido a este mecanismo, é frequente a ocorrência de granocrescência

ascendente assim como feições erosionais na base destes depósitos (Mulder,

2011).

Fluxos liquefeitos e fluidizados dependem diretamente do

comportamento do fluido intergranular, entretanto nenhum dos dois é um

processo de transporte importante por grandes distancias, sendo importantes

principalmente durante a iniciação do movimento dos sedimentos e durante a

deposição de sedimentos por correntes turbidíticas desacelerantes (Stow et al.,

1996).

Fluxos liquefeitos ocorrem quando algum evento desestabiliza o arranjo

deposicional de um pacote de sedimentos, fazendo com que a pressão dos

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fluidos intergranulares aumente e estes sejam expulsos, movimentando-se de

maneira ascendente. Segundo Mulder (2011), este processo gera depósitos de

sedimentos com alta porosidade, conhecidos como quick sands.

Segundo Carlotto (2006), fluxos fluidizados são suportados pelo

movimento ascendente de escape de fluidos dos poros. Estes fluxos geram

depósitos com estruturas de escape de água, diques de areia, estruturas de

carga e laminações convolutas.

Fluxo turbulento (corrente de turbidez) é um fluxo de comportamento

newtoniano (fluidal) no qual os sedimentos são suportados majoritariamente

pela componente ascendente da turbulência do fluido. Estes fluxos são

considerados como sendo o mais importante agente de transporte de

sedimentos de granulação grossa para águas profundas.

Bagnold (1962) diz que o limite de concentração de sedimentos para que

seja possível o total transporte dos mesmos pela turbulência do fluido é de 9%

por volume. Este valor de concentração é utilizado para definir as correntes de

turbidez em sentido restrito (senso stricto).

Os fluxos turbulentos nunca foram observados diretamente em seu

ambiente, somente em lagos e em experimentos de laboratório (Figura 17),

mas já foram inferidos em ambientes profundos por rompimentos sequenciais

de cabos submarinos, como por exemplo, o ocorrido em 1929 no fluxo

disparado pelo terremoto de Grand Banks, o qual se desenvolveu a partir de

um enorme slump (transformação de fluxo) e viajou talude abaixo e pela

planície abissal por centenas de quilômetros, atingindo a velocidades entre 60

e 100 km/h (Fine et. al., 2005). Deve-se considerar também que boa parte do

conhecimento existente sobre os mesmos foi gerado pela interpretação e

estudo extensivo de seus depósitos (turbiditos).

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Figura 17: Corrente turbidítica experimental. (Walker, 1984).

Quanto à reologia, a corrente de turbidez encaixa-se de acordo com

diversos autores (Dott, 1963; Lowe, 1982) com a definição de um fluido

newtoniano (fluidal), aonde o mesmo não manifesta nenhum tipo de resistência

quando um esforço cisalhante é sobre ele aplicado, deformando-se

(movimento) instantaneamente de maneira linear (ex: água). Fluidos que

apresentam resistência a aplicação de um esforço, só se deformam quando o

esforço recebido é maior do que a sua resistência inicial ao mesmo, sendo

classificados como fluidos plásticos ou bighamianos (ex: fluxo de detritos).

Segundo Pierson & Costa (1987), a reologia de uma mistura de água e

sedimentos é relacionada primariamente à concentração dos sedimentos,

podendo também sofrer influências de fatores como tamanho das partículas e

suas características físico-químicas.

A condição de auto-suspensão definida por Bagnold (1962) define os

mecanismos que mantém o fluxo turbidítico e a inter-relação entre eles. De

uma forma dinâmica, a manutenção do fluxo se dá ciclicamente da seguinte

forma: (i) a turbulência é gerada pelo fluxo; (ii) o fluxo é resultante do excesso

de densidade; (iii) o excesso de densidade é diretamente relacionado com a

carga suspensa; (iv) a carga de sedimentos em suspensão é mantida pela

turbulência. Para que o fluxo permaneça, o ganho de energia devido à descida

do talude deve ser igual ou superior às perdas de energia através de atrito com

o leito.

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As correntes turbidíticas podem, segundo Mulder (2011), ser geradas

diretamente por atuação de correntes oceânicas em ambientes como, por

exemplo, a entrada de um cânion submarino, influxo direto de rios em

ambientes submarinos e transformações de outros fluxos gravitacionais (ex:

slides e slumps) em correntes turbidíticas, sendo que estes fluxos são iniciados

devido à diminuição do atrito entre as partículas através do aumento da

pressão dos poros, o que dá devido a processos como terremotos, sobrecarga

de gelo, escape de fluidos (água, metano, etc) e processos atuantes na

plataforma continental como, por exemplo, ondas de tempestade.

Fisher (1983) identifica quatro diferentes tipos de transformação de

fluxos em fluxos gravitacionais de sedimentos: (a) transformações de corpo

ocorrem quando o fluxo muda entre laminar e turbulento dentro do corpo

principal sem que haja significante adição ou perda de fluido intersticial; (b)

transformações de gravidade ocorrem quando um fluxo fluido carregado de

partículas, inicialmente turbulento, se segrega gravitacionalmente e desenvolve

uma camada de fluxo laminar em sua base com uma camada superior

turbulenta; (c) transformações de superfície ocorrem quando a água ou o ar

se misturam nos limites de um fluxo sobre a sua frente, resultando em diluição,

consequente turbulência e separação entre uma parte laminar e outra

turbulenta; (d) transformações de fluidização se desenvolvem pela elutriação

(separação de finos e grossos) das partículas de uma camada concentrada

(fase densa) pela movimentação ascendente de fluidos, gerando uma fase

diluída e turbulenta acima desta camada concentrada (Figura 18).

Figura 18: Tipos de transformação de fluxo. Modificado de Fisher (1983).

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25

Fisher (1983) sugere que slumps e fluxos de detritos podem se

transformar em correntes de turbidez (transformações de corpo) sem que haja

adição ou retirada de água, dependendo para isto apenas que a velocidade do

fluxo se torne grande o bastante para que possa gerar suficiente turbulência

interna.

A deposição dos sedimentos transportados por correntes de turbidez

(turbiditos) se dá com a desaceleração do fluxo, ocorrendo mais comumente a

partir do corpo e da cauda.

Correntes de turbidez de alta densidade podem se depositar através de

quatro diferentes mecanismos segundo Stow et al. (1996): (i) precipitação por

colapso quando o fluxo perde energia, se torna instável e deposita os

sedimentos que estava carreando rapidamente; (ii) transformação do fluxo

quando a corrente de turbidez evolui para um fluxo de detritos e este se

“congela” devido ao atrito com a superfície; (iii) agradação contínua abaixo de

uma corrente estável ou quase estável, com o sedimento passando através de

uma camada basal ativa (tapete de tração); (iv) tração contínua pela carga de

fundo, quando o suprimento de sedimentos para a camada basal não é alto o

suficiente para parar o processo de tração, que acaba por depositar

sedimentos cascalhosos clasto-suportados.

Segundo Stow et al. (1996), a deposição de sedimentos por correntes de

turbidez de baixa densidade pode ocorrer através de dois diferentes

mecanismos: (i) precipitação lenta da suspensão diluída, podendo ser

acompanhada por tração, podendo formar ripples (microlaminações

cavalgantes) de silte; (ii) concentração da suspensão diluída devido à

desaceleração do fluxo e consequente enfraquecimento da turbulência,

formando um fluxo de detritos lamoso, que se movimenta lentamente até que

se “congele”, depositando assim uma camada maciça de lama.

Os depósitos formados por correntes de turbidez (turbiditos) tiveram seu

primeiro modelo de fácies (padrão de empilhamento característico) proposto

por Bouma (1962), que definiu as 5 fácies (Ta-Te) que comporiam um depósito

turbidítico idealizado: Ta - arenitos maciços gradacionais; Tb – arenitos com

laminações plano-paralelas; Tc – Arenitos com ripples e/ou laminações

convolutas; Td – Siltitos maciços e/ou com laminações plano-paralelas, por

vezes intercalados com arenitos muito finos; Te – Folhelhos. Estes depósitos

Page 37: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

26

têm em sua base feições erosionais (base erosional) e por vezes são

recobertos por hemipelagitos (sedimentos carbonáticos finos) (Figura 19).

Figura 19: Modelo de fácies proposto por Bouma em 1962. Modificado de Della Fávera (2001).

Segundo Dott (1963), numa corrente turbulenta, a deposição dos

sedimentos ocorre devido à desaceleração do fluxo, sendo assim, pressupõe-

se que a deposição dos sedimentos mais grossos ocorrerá primeiro, já que

estes necessitam de um fluxo com maior energia para se manterem em

suspensão. Este processo gera depósitos com granodecrescência ascendente,

o qual, segundo o autor, é o critério mais confiável para se reconhecer

depósitos provenientes de correntes de turbidez.

Stow & Shanmugam (1980) estabeleceram, com base em uma

sequência de empilhamento de estruturas sedimentares, um modelo de fácies

para turbiditos de granulometria fina composto por 9 fácies (T0 – T9) baseado

especialmente nas estruturas sedimentares, sendo a granulomentria mais

grossa (camada basal) silte grosso a areia muito fina: T0 – ripples,

estratificação plano-paralela, marcas de carga; T1 – laminações convolutas; T2

– laminações irregulares e ripples de pequena amplitude; T3 – laminações

Page 38: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

27

regulares; T4 – laminações indistintas; T5 – laminações convolutas delgadas; T6

– lama com gradação e lentes de silte; T7 – lama maciça com pseudonódulos

de silte; T8 – lama com bioturbações (Figura 20).

Figura 20: Modelo de fácies para turbiditos de granulometria fina. Modificado de Stow & Shanmugam (1980).

Segundo Lowe (1982), a deposição de sedimentos por correntes de

turbidez pode ser tratada de acordo com três diferentes populações de grãos: 1

– argila a areia média; 2 – areia grossa a seixos pequenos; 3 – seixos a

calhaus. Os grãos da população 1 podem ser individualmente transportados

em total suspensão pela turbulência do fluxo, enquanto os grãos da população

2 podem ser mantidos em total suspensão (grandes quantidades) em correntes

de turbidez de alta densidade devido ao processo de decantação dificultada

”hindered settling”, que diminui sensivelmente a velocidade de queda dos

grãos. Os grãos da população 3, quando em concentrações maiores do que

Page 39: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

28

10%, são mantidos em suspensão majoritariamente pelas forças dispersivas

proveniente da colisão entre os clastos e a força ascendente produzida pelo

movimento da mistura intersticial de água e sedimentos finos.

Lowe (1982) divide as correntes de turbidez de alta densidade em

arenosas e cascalhosas. As correntes arenosas contém grãos das populações

1 e 2, enquanto as cascalhosas contém das populações 1, 2 e 3, sendo que é

frequente que a deposição da população 2 ocorra independentemente dos

grãos da população 3, o que se deve aos diferentes mecanismos de suporte

dos grãos, que tendem a fazer com que as populações 1 e 2 sejam

transportadas por maiores distâncias. Consequentemente a deposição de

cascalho e areia dentro de um mesmo corpo turbidítico é incomum.

No modelo de empilhamento de fácies resultantes de uma corrente de

turbidez arenosa de alta densidade proposto por Lowe (1982), esta depositaria

três camadas arenosas grossas de grãos da população 2 (S1 – S3): (i) S1 –

laminações plano-paralelas e estratificações cruzadas, que são interpredas

como sendo formas de leito; (ii) S2 – finas camadas horizontais frequentemente

com granodecrescência ascendente, sendo interpretada como depósitos de

tapete de tração; (iii) S3 – camada maciça, por vezes com granodecrescência

ascendente e estruturas de escape de fluidos, sendo interpretada como

depositada por processos de suspensão. O resíduo deste processo é uma

corrente de turbidez de baixa densidade (população de grãos 1) que, no

modelo idealizado, depositaria as fácies Tb – Te propostas por Bouma (1962)

por cima das fácies S1 – S3 (Figura 21), sendo comum não haverem depósitos

residuais acima dos de alta densidade devido à maior facilidade destes serem

transportados a maiores distâncias.

Page 40: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

29

Figura 21: Modelo de empilhamento de fácies resultantes de uma corrente de turbidez arenosa da alta densidade. Modificado de Lowe (1982)

Mutti (1992) propõe uma divisão entre as fácies turbidíticas

primeiramente de acordo com quatro populações de grãos: A – calhaus a

seixos pequenos; B – seixos pequenos a areia grossa; C – areia média a fina;

D – areia fina a lama. Estes mesmos autores consideram a corrente de turbidez

como sendo subdividida em uma camada basal com alta concentração de

sedimentos e fluxo laminar e uma camada superior mais diluída e totalmente

turbulenta (Figura 22).

As populações A e B são transportadas invariavelmente na camada

basal, enquanto a população C, que é transportada pela camada basal, pode

progressivamente ser incorporada à carga em suspensão, aonde é

transportada a população 4.

Page 41: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

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Figura 22: Fácies e processos de uma corrente turbidítica de alta eficiência. Modificado de Mutti et. al. (1999).

Page 42: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

31

O modelo proposto por Mutti (1992) é composto por oito fácies

sedimentares turbidíticas (F2 a F9) baseada na relação entre os tamanhos dos

grãos (subgrupos A, B, C e D) com estruturas sedimentares primárias.. A

ocorrência de uma sedimentação que exiba desde a fácies mais proximal (F2)

até a mais distal (F9) depende de uma alta eficiência de um fluxo, que deve ser

de grande volume e de longa duração.

Shanmugam (1997) levanta uma relevante questão a respeito da

aceitação universal e sem questionamentos a respeito dos conceitos sobre os

turbiditos, que existem desde Bouma (1962), sendo desde então pouco

questionados e propõe classificações alternativas para estes depósitos. O autor

discorre sobre o fato de que boa parte dos conceitos atualmente aceitos a

respeito das correntes turbidíticas não estão de acordo com outros conceitos

básicos, como por exemplo o fato de que uma corrente turbidítica é por

definição um fluxo turbulento, ou seja, se comporta como um fluido newtoniano,

o qual não possui fisicamente grande capacidade de transportar sedimentos

grossos (Figura 23).

Figura 23: Reologia de fluidos newtonianos e de fluidos plásticos (binghamianos), aonde o

segundo tipo apresenta resistência inicial ao fluxo.

Shanmugam (2000) traz novamente a tona questões a errônea

interpretação de depósitos provenientes de fluxos turbidíticos, fazendo uma

retrospectiva histórica a respeito da evolução dos conceitos, classificações,

interpretações e erros conceituais nos últimos 50 anos. Neste estudo o autor

sugere que a rara ocorrência de depósitos com grandecrescência ascendente

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32

(gradação normal) é justificada simplesmente pelo fato de correntes

verdadeiramente turbidíticas ocorrerem raramente na natureza, fazendo

também uma retrospectiva histórica a respeito do conceito de fluxos de detritos

arenosos, os quais são novamente apresentados como uma melhor

classificação para a maioria dos depósitos.

Shanmugam (2002) discorre detalhadamente a respeito dos 10

principais mitos a respeito dos turbiditos, que são: (i) correntes turbidíticas são

fluxos não turbulentos com diversos mecanismos de suporte de sedimentos; (ii)

turbiditos são depósitos de fluxos de detritos, fluxos de grãos, fluxos fluidizados

e correntes de turbidez; (iii) correntes turbidíticas são fluxos de alta velocidade

que ocorrem em cânions submarinos, por isso não há documentação; (iv)

"correntes turbidíticas de alta densidade" são verdadeiras correntes turbidíticas;

(v) fluxos de lama são "correntes turbidíticas de alta densidade"; (vi) estruturas

em flauta (fluidização) é um indicativo de deposição turbidítica; (vii) gradação

normal é um produto de múltiplos eventos deposicionais; (viii) estratificação

cruzada é um produto de correntes turbidíticas; (ix) modelos de fácies

turbidíticas são ferramentas úteis para a interpretação de depósitos de

correntes de turbidez; (x) fácies turbidíticas podem ser interpretadas através de

fácies sísmicas e geometria.

Segundo Mulder (2011), os fluxos turbulentos podem ser subdivididos

usando como parâmetro a continuidade do fluxo em: repentinos “turbulent

surge” (duração de horas a dias), aproximadamente repentinos “surge-like flow”

e fluxos semi-estáveis “quasi-steady flow” (duração de semanas a meses),

sendo estes dois últimos considerados como sendo correntes turbidíticas

(Figura 24).

Longitudinalmente, a morfologia dos fluxos turbulentos consiste-se em:

cabeça, pescoço (nem sempre observado), corpo e cauda (Mulder, 2011). A

cabeça tem uma forma bojuda devido à dinâmica do fluxo e tende a transportar

os grãos mais grossos, sendo a esta considerada como sendo de característica

principalmente erosional. O corpo, de característica predominantemente

deposicional se localiza atrás da cabeça, podendo ser separado desta pelo

pescoço. Após o corpo, localiza-se a cauda, que é a parte mais diluída do fluxo,

na qual o fluxo se afina e se finda (Figura 24).

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Figura 24: Tipos de fluxos turbulentos de acordo com a sua continuidade. Modificado de Mulder

(2011).

Figura 25: Morfologia de um fluxo turbulento. Modificado de Pickering et. al. (1989).

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4. Materiais e Métodos

Para a execução deste trabalho foram primeiramente levantados os

possíveis afloramentos da Formação Calumbi através da análise de imagens

de satélite, sendo assim identificados 22 pontos possivelmente aflorantes. A

partir dai, seguiram-se 12 saídas de campo, realizadas de agosto a dezembro

de 2013, sendo que as primeiras tiveram primeiramente o objetivo de

reconhecimento de pontos aflorantes verdadeiramente pertencentes à

Formação Calumbi, e as demais visaram a descrição dos afloramentos

previamente identificados e a coleta de amostras dos mesmos.

Dos 22 afloramentos preliminares, 8 foram confirmados como

pertencentes à Fm. Calumbi e subsequentemente descritos seguindo os

metodologia sistemática proposta por Garcia & Eastwood (1981), observando

aspectos como: espessura da unidade litológica, tipo litológico, seleção e

maturidade dos sedimentos, arredondamento, presença de cimento, estruturas

sedimentares, atitude das camadas, dentre outros. Estes são os pontos: M-6 ;

M-8; M-11; M-17; M-19; M-20; M-21 e M-22 (Figura 26).

Para a melhor interpretação dos afloramentos, seus ambientes

deposicionais e o entendimento das suas relações diagenéticas, foram

confeccionadas lâminas delgadas das principais fácies areníticas presentes

nestes, aonde foram observados aspectos como a composição, tipo de

cimento, textura, tamanho dos grãos, seleção granulométrica, empacotamento,

arredondamento, esfericidade e etc. Também foram redescritas e

reinterpretadas lâminas já existentes, referentes ao trabalho de Martins (2012).

Estes afloramentos foram, após a sua descrição, correlacionados com

os tratos de sistemas propostos para os afloramentos da Fm. Calumbi

estudados por Souza-Lima (2001) e as interpretações decorrentes deste

contexto relacionadas com seus atributos texturais e composicionais

observados em lâminas delgadas.

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35

5. Discussão

5.1. Afloramentos

Os afloramentos da Formação Calumbi estudados fazem parte do

Cretáceo Superior, mais especificamente, segundo a análise bioestratigráfica

desenvolvida por Souza-Lima (2001), entre o Santoniano e o Maastrichtiano.

Em geral, resultam de recentes cortes no terreno para a construção de

estradas ou de edificações, apresentando elevada velocidade de intemperismo.

Por isso, a precisa medida do mergulho das camadas se mostrou por diversas

vezes impossível.

Todos estão localizados na estreita faixa aonde a Formação Calumbi

aflora entre os municípios de Nossa Senhora do Socorro e Aracaju (Figura 26).

5.1.1. Afloramento M-06

O afloramento M-06 localiza-se à margem da BR-101 sentido sul, a

aproximadamente 5km do viaduto que da BR-101 sentido Maceió. Este

afloramento é uma exposição NE-SW de cerca de 200m (Figura 27) em contato

com o Grupo Barreiras (Figura 28), aonde pôde-se descrever uma seção de

aproximadamente 6 metros, composta por folhelho cinza esverdeado de

fissilidade incipiente e siltito ocre, friável, com lentes de arenito muito fino,

maciço, também friável (Figuras 29 e 30).

Page 47: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

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Figura 26: Mapa de localização dos afloramentos, com a área tida como aflorante da Formação Calumbi em vermelho.

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37

AFLORAMENTO COORDENADAS COMO CHEGAR DESCRIÇÂO

M-06 10°54'57.20"S ; 37°

9'54.25"O

BR-101 sentido sul, a aproximadamente 5km do viaduto que da BR-101 sentido

Maceió.

Folhelho cinza esverdeado de fissilidade incipiente e siltito ocre, friável, com lentes de

arenito muito fino, maciço.

M-08 10°54'19.06"S ; 37°

7'48.57"O Rotatória da BR-101, sentido norte -

Maceió.

Folhelhos cinza esverdeados de fissilidade incipiente, siltito ocre, friável, arenitos muito finos a silte, maciços, friáveis e arenito fino a

muito fino, friável, com laminação plano-paralela.

M-11 10°53'5.12"S ; 37°

7'50.12"O Rotatória de acesso à BR-235, sentido

Itabaiana.

Folhelhos cinza esverdeados de fissilidade incipiente, por vezes com níveis sílticos-

arenosos, e arenito muito fino a silte.

M-17 10°51'12.61"S ; 37°

6'11.22"O Pedreira da Cerâmica Serra Azul, na

estrada Socorro-Taiçoca.

Intercalações entre folhelhos cinza esverdeados de fissilidade incipiente, siltitos e arenito muito

fino a silte.

M-19 10°54'12.23"S ; 37°

8'4.22"O Rotatória da BR-101, sentido norte -

Maceió, ao lado da Rodotec.

Intercalações entre folhelhos cinza esverdeados de fissilidade incipiente, siltitos e arenitos maciços, com laminações plano-paralelas,

ripples e estratificação hummocky.

M-20 10°51'35.23"S ; 37°

7'26.57"O Estrada Socorro-Taiçoca.

Intercalações entre folhelhos cinza esverdeados de fissilidade incipiente, por vezes com lentes

finas de arenito muito fino, e arenitos muito finos a silte.

M-21 10°54'11.71"S ; 37°

7'28.67"O Margens da BR-235, ao lado da

transportadora Patrus. Folhelho cinza esverdeado de fissilidade

incipiente com lentes de arenito médio a fino.

M-22 10°53'9.11"S ; 37°

7'40.74"O Rotatória de acesso à BR-235, sentido Itabaiana, acima do afloramento M-11.

Folhelhos cinza esverdeados de fissilidade incipiente intercalados com arenitos com

laminações plano-paralelas.

Tabela 1: Resumo dos Afloramentos.

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Figura 27: Visão geral do afloramento M-06 (barra de escala = 250 cm).

Figura 28: Contato da Formação Calumbi com o Grupo Barreiras.

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39

Figura 29: Lentes de arenito do afloramento M-06 (barra de escala = 250 cm).

Figura 30: Perfil litológico do afloramento M-06.

5.1.2. Afloramento M-08

O afloramento M-08 localiza-se na rotatória da BR-101, sentido norte -

Maceió. Este afloramento é uma exposição NE-SW de cerca de 100m (Figura

31), aonde pôde-se descrever uma seção de aproximadamente 6 metros,

composta por folhelhos cinza esverdeados de fissilidade incipiente, siltito ocre,

Page 51: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

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friável, arenitos muito finos a silte, maciços, friáveis e arenito fino a muito fino,

friável, com laminação plano-paralela (Figuras 32 e 33). Os arenitos deste

afloramento têm geometria tabular e apresentam boa continuidade lateral.

Figura 31: Visão geral do afloramento M-08 (barra de escala = 250 cm).

Figura 32: Camada de arenito muito fino-silte maciço do afloramento M-08.

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Figura 33: Perfil litológico do afloramento M-08.

5.1.3. Afloramento M-11

O afloramento M-11 localiza-se no acesso à BR-235, sentido Itabaiana.

Este afloramento é uma exposição E-W de cerca de 15m (Figura 34), aonde

pôde-se descrever uma seção de aproximadamente 5 metros, composta por

folhelhos cinza esverdeados de fissilidade incipiente, por vezes com níveis

sílticos-arenosos (Figura 35), e arenito muito fino a silte, maciço (Figura 36).

Neste afloramento, os arenitos apresentam boa continuidade lateral.

Figura 34: Visão geral do afloramento M-11 (barra de escala = 250 cm).

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Figura 35: Níveis síltico-arenosos no afloramento M-11.

Figura 36: Perfil litológico do afloramento M-11.

5.1.4. Afloramento M-17

O afloramento M-17 localiza-se na pedreira da Cerâmica Serra Azul, na

estrada Socorro-Taiçoca. Este afloramento é uma exposição NW-SE de cerca

de 300m (Figura 37), aonde pôde-se descrever uma seção de

aproximadamente 40 metros, composta por intercalações entre folhelhos cinza

esverdeados de fissilidade incipiente, siltitos e arenito muito fino a silte (Figuras

Page 54: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

43

38 e 39). Neste afloramento, os arenitos têm geometria tabular e apresentam

boa continuidade lateral (mais de 10 m).

Figura 37: Visão geral do afloramento M-17.

Figura 38: Argilito com lentes de arenito no afloramento M-17.

Page 55: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

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Figura 39: Perfil litológico do afloramento M-17.

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5.1.5. Alforamento M-19

O afloramento M-19 localiza-se pouco antes da rotatória da BR-101,

sentido norte - Maceió, ao lado da Rodotec, numa área aonde foi feito o corte

do terreno para a construção de galpões. Este afloramento tem exposições E-

W e N-S de cerca de 80m (Figuras 40 e 41), aonde pôde-se descrever uma

seção de aproximadamente 20 metros , composta por intercalações entre

folhelhos cinza esverdeados de fissilidade incipiente, siltitos e arenitos maciços,

com laminações plano-paralelas, ripples e estratificação hummocky (Figuras 42

e 43). Neste afloramento, os arenitos têm geometria tabular e apresentam boa

continuidade lateral (se estendem por todo afloramento).

Figura 40: Visão E-W do afloramento M-19.

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Figura 41: Visão N-S do afloramento M-19 (h= 5m).

Figura 42: Arenito com estratificação hummocky no alforamento M-19 (martelo do lado direito).

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Figura 43: Perfil litológico do afloramento M-19.

5.1.6. Afloramento M-20

O afloramento M-20 localiza-se às margens da estrada Socorro-Taiçoca.

Este afloramento é uma exposição N-S de cerca de 100m (Figura 44), aonde

pôde-se descrever uma seção de aproximadamente 5 metros, composta por

intercalações entre folhelhos cinza esverdeados de fissilidade incipiente, por

vezes com lentes finas de arenito muito fino, e arenitos muito finos a silte

(Figura 45). Neste afloramento, os arenitos têm geometria tabular, pouca

continuidade lateral (menos de 5 m) e apresentam-se muito intemperizados.

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Figura 44: Visão geral do afloramento M-20 (barra de escala = 250 cm).

Figura 45: Perfil litológico do afloramento M-20.

5.1.7. Afloramento M-21

O afloramento M-21 localiza-se às margens da BR-235, ao lado da

transportadora Patrus. Este afloramento é uma exposição NW-SE de cerca de

80m (Figura 46), aonde pôde-se descrever uma seção de aproximadamente 6

metros, composta por folhelho cinza esverdeado de fissilidade incipiente com

lentes de arenito médio a fino (Figuras 47 e 48).

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Figura 46: Visão geral do afloramento M-21.

Figura 47: Arenito do afloramento M-21 em detalhe.

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50

Figura 48: Perfil litológico do afloramento M-21.

5.1.8. Afloramento M-22

O afloramento M-22 localiza-se na rotatória de acesso à BR-235, sentido

Itabaiana, acima do afloramento M-11. Este afloramento é uma exposição NW-

SE de cerca de 150m (Figura 49), aonde pôde-se descrever uma seção de

aproximadamente 4 metros, composta por folhelhos cinza esverdeados de

fissilidade incipiente intercalados com arenitos com laminações plano-paralelas

(Figura 50 e 51). Neste afloramento, os arenitos têm geometria tabular e

apresentam boa continuidade lateral.

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51

Figura 49: Visão geral do afloramento M-22 (barra de escala = 250 cm).

Figura 50: Arenito do afloramento M-22.

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52

Figura 51: Perfil litológico do afloramento M-22.

5.2. Correlação Estratigráfica

Após a descrição de todos os perfis em afloramento, estes foram

correlacionados com os já anteriormente descritos por Souza-Lima (2002),

respeitando a interpretação do autor e juntando a estes afloramentos todas as

informações coletadas nos novos afloramentos e as posteriores interpretações.

Quando não houve a possibilidade de se medir o mergulho in situ, foi

considerado o mergulho regional.

Durante este processo, foi possível a observação de 4 tratos de sistema,

que mostram um sistema deposicional que se raseou e posteriormente se

afogou (Figura 52).

Page 64: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

53

Figura 52: Correlação estratigráfica.

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54

5.3. Petrografia

Para a descrição petrográfica, foram selecionadas 6 camadas

representativas de arenitos e confeccionadas lâminas delgadas a partir de

amostras provenientes destas. Também foram redescritas 5 lâminas

provenientes do trabalho de Martins (2012).

As lâminas confeccionadas por este trabalho denominam-se R-1; R-2; R-

3; R-4; R-5 e R-6 (Tabela 2 e 3 ; Figuras 53 a 58), sendo compostas por grãos

de quartzo monocristalino (82-94%), microfósseis carbonáticos (6-18%),

muscovita (1-2%) e raros feldspatos. Devido à ausência de impregnação por

resina epóxi, não foi possível a observação de porosidade nestas lâminas.

Texturalmente, todas se apresentam homogêneas ao microscópio, tanto

quanto ao tamanho dos seus grãos, quanto composicionalmente. A seleção

granulométrica é boa, com grãos sub-angulosos a sub-arredondados, de

esfericidade moderada, variando entre 0,01 e 0,15mm. Como feições

diagenéticas, apenas foram observados processos de corrosão/substituição de

quartzo por calcita.

LÂMINA TRATO DE SISTEMA DESCRIÇÃO SIMPLIFICADA DA LITOFÁCIE

R-01 TMA Arenito com ripples (M-19).

R-02 TMA Arenito com laminação plano-paralela (M-19).

R-03 TMA Arenito maciço (M-19).

R-04 TMA Arenito com laminações convolutas (M-19)

R-05 TT Arenito com laminações plano-paralelas (M-22).

R-06 TT Arenito maciço, em lentes (M-21).

Tabela 2: Descrição simplificada das litofácies das quais foram feitas as lâminas.

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55

Figura 53: Lâmina R-1: a) visão geral; b) microfóssil carbonático; c) substituição quartzo-> calcita.

a) b)

c)

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56

Figura 54: Lâmina R-2: a) visão geral; b) microfóssil carbonático; c) substituição quartzo-> calcita.

a) b)

c)

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57

Figura 55: Lâmina R-3: a) visão geral; b) microfóssil carbonático.

a) b)

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58

Figura 56: Lâmina R-4: a) visão geral; b) microfóssil carbonático; c) substituição quartzo-> calcita; d) substituição quartzo-> calcita.

a) b)

c) d)

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59

Figura 57: Lâmina R-5: a) visão geral; b) microfóssil carbonático; c) substituição quartzo-> calcita.

a) b)

c)

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60

Figura 58: Lâmina R-6: a) visão geral; b) substituição quartzo-> calcita.

a) b)

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61

As lâminas provenientes do trabalho de Martins (2012) denominam-se

CAL-02, CAL-03, CAL-04, CAL-05, CAL-08 (Tabela 3). Estas lâminas foram

impregnadas com resina epóxi azul, o que possibilitou a observação da,

quando existente, porosidade.

A lâmina CAL-02 (Figura 59) é composta por grãos de quartzo

monocristalino e policristalino (90%), por vezes com inclusões de turmalina,

microfósseis carbonáticos (7%), apresentando pequenos fragmentos de

muscovita (2%) e plagioclásios (1%). O quartzo apresenta-se em alguns pontos

corroído pelo cimento carbonático. Segundo Martins (2012), o tamanho médio

dos grãos é de 0,4mm, sendo estes mal selecionados e angulosos a sub

arredondados, de baixa esfericidade e contato flutuante a pontual. A rocha se

apresenta totalmente cimentada por calcita micrítica e espática, não sendo

visualizada porosidade.

A lâmina CAL-03 (Figura 60) é composta por grãos de quartzo

monocristalino e policristalino (94%), microfósseis carbonáticos (3%),

apresentando pequenos fragmentos de plagioclásios (2%). O quartzo

apresenta-se em alguns pontos corroído pelo cimento carbonático. Segundo

Martins (2012), o tamanho médio dos grãos é de 0,5mm, sendo estes mal

selecionados e sub arredondados a angulosos, de baixa esfericidade e contato

flutuante a pontual. A rocha se apresenta cimentada por calcita micrítica, sendo

visualizada porosidade secundária (dissolução do cimento), que perfaz cerca

de 1% da rocha.

A lâmina CAL-04 (Figura 61) é composta por grãos de quartzo

monocristalino (87%), muscovita (8%), microfósseis carbonáticos (4%),

apresentando pequenos fragmentos de plagioclásios (1%). O quartzo

apresenta-se em alguns pontos corroído pelo cimento carbonático. Segundo

Martins (2012), o tamanho médio dos grãos é de 0,05mm, sendo estes bem

selecionados e angulosos a sub angulosos, de alta esfericidade e contato

flutuante a pontual. A rocha se apresenta cimentada por calcita micrítica, sendo

visualizada porosidade secundária (dissolução do cimento), que perfaz menos

de 1% da rocha.

A lâmina CAL-05 (Figura 62) é composta por grãos de quartzo

monocristalino (85%) e muscovita (2%). Segundo Martins (2012), o tamanho

dos grãos varia entre 0,025 e 0,2mm, sendo estes bem selecionados e

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62

angulosos a sub angulosos, de alta esfericidade e contato pontual a longo. A

rocha se apresenta cimentada por calcita micrítica, sendo visualizada

porosidade secundária (dissolução do cimento e de grãos de quarto - Figura

75), que perfaz aproximadamente 13% da rocha.

A lâmina CAL-08 (Figura 63) é composta por grãos de quartzo

monocristalino (75%) e muscovita (3%). Segundo Martins (2012), o tamanho

dos grãos varia entre 0,02 e 0,1mm, sendo estes bem selecionados e sub

angulosos a sub arredondados, de baixa esfericidade e contato flutuante a

pontual. A rocha se apresenta cimentada por calcita micrítica, sendo

visualizada porosidade secundária (dissolução do cimento e de grãos de

quarto), que perfaz aproximadamente 22% da rocha.

Page 74: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

63

Figura 59: Lâmina CAL-02: a) visão geral; b) quartzo com inclusão de turmalina; c) microfóssil carbonático; d) substituição quartzo -> calcita.

a) b)

c) d)

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64

Figura 60: Lâmina CAL-03: a) visão geral; b) microfóssil carbonático; c) substituição quartzo -> calcita.

a) b)

c)

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65

Figura 61: Lâmina CAL-04: a) visão geral; b) muscovita; c) microfóssil carbonático; d) substituição quartzo -> calcita.

a) b)

c) d)

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66

Figura 62: Lâmina CAL-05: a) visão geral; b) muscovita; c) porosidade.

a) b)

c)

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67

Figura 63: Lâmina CAL-08: a) visão geral; b) muscovita; c) porosidade.

a) b)

c)

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68

LÂMINA COMPOSIÇÃO GRANUL SEL ARREDONDAMENTO ESFERICIDADE CONTATO

R-01 Quartzo monocristalino (85%), microfósseis carbonáticos

(15%) 0,02 a 0,15 mm BOM

SUB-ANGULOSOS A SUB-ARREDONDADOS

MODERADA FLUTUANTE A

PONTUAL

R-02 Quartzo monocristalino (94%), microfósseis carbonáticos

(6%) 0,02 a 0,15 mm BOM

SUB-ANGULOSOS A SUB-ARREDONDADOS

MODERADA FLUTUANTE A

PONTUAL

R-03 Quartzo monocristalino (87%), microfósseis carbonáticos

(11%), muscovita (2%) 0,01 a 0,15 mm BOM

SUB-ANGULOSOS A SUB-ARREDONDADOS

MODERADA FLUTUANTE A

PONTUAL

R-04 Quartzo monocristalino (82%), microfósseis carbonáticos

(18%) 0,02 a 0,15 mm BOM

SUB-ANGULOSOS A SUB-ARREDONDADOS

MODERADA FLUTUANTE A

PONTUAL

R-05 Quartzo monocristalino (90%), microfósseis carbonáticos

(9%), muscovita (1%) 0,01 a 0,1mm BOM

SUB-ANGULOSOS A SUB-ARREDONDADOS

MODERADA FLUTUANTE A

PONTUAL

R-06 Quartzo monocristalino (92%), microfósseis carbonáticos

(6%), muscovita (2%) 0,01 a 0,1mm BOM

SUB-ANGULOSOS A SUB-ARREDONDADOS

MODERADA FLUTUANTE A

PONTUAL

CAL-02 Quartzo monocristalino e policristalino (90%),

microfósseis carbonáticos (7%), muscovita (2%) e plagioclásios (1%)

0,4 mm RUIM ANGULOSOS A SUB-

ARREDONDADOS BAIXA

FLUTUANTE A PONTUAL

CAL-03 Quartzo monocristalino e policristalino (94%),

microfósseis carbonáticos (3%), plagioclásios (2%) 0,5 mm RUIM

ANGULOSOS A SUB-ARREDONDADOS

BAIXA FLUTUANTE A

PONTUAL

CAL-04 Quartzo monocristalino (87%), muscovita (8%),

microfósseis carbonáticos (4%), plagioclásios (1%) 0,05 mm BOM

ANGULOSOS A SUB-ANGULOSOS

ALTA FLUTUANTE A

PONTUAL

CAL-05 Quartzo monocristalino (85%) e muscovita (2%) 0,025 e 0,2 mm BOM ANGULOSOS A SUB-

ANGULOSOS ALTA

PONTUAL A LONGO

CAL-08 Quartzo monocristalino (75%) e muscovita (3%) 0,02 a 0,01 BOM ANGULOSOS A SUB-

ARREDONDADOS BAIXA

FLUTUANTE A PONTUAL

Tabela 3: Síntese descritiva das propriedades composicionais e texturais dos arenitos.

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69

5.4. Paleoambiente Deposicional

Em algumas camadas (Figura 65 e 66) foi possível se observar

perfeitamente as estruturas do bloco diagrama proposto por Leckie & Krystinik

(1989) (Figura 10), características de sedimentação por processos de ondas de

tempestade. Num afloramento descrito por Martins (2012), próximo ao

afloramento M-11, foram encontradas marcas de chuva e marcas de onda

numa mesma camada (Figura 67), claramente evidenciando uma exposição

subaérea. Não foram encontradas evidências de processos sedimentares de

águas profundas, portanto, os afloramentos descritos fazem parte de um

ambiente plataformal (Figura 64), também descrito em afloramentos locais por

Souza-Lima (2001) e Martins (2012), que dominou a sedimentação proximal da

Formação Calumbi no Cretáceo Superior (Campaniano - Santoniano)..

Figura 64: Paleoambientes da Bacia de Sergipe-Alagoas no Santoniano-Campaniano

Figura 65: Amostra com estruturas sedimentares características de ambiente plataformal dominado por tempestades (visão em perfil).

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70

Figura 66: Amostra com estruturas sedimentares características de ambiente plataformal

dominado por tempestades (visão em planta).

Figura 67: Marcas de chuva e marcas de onda.

A grande ocorrência de camadas maciças e totalmente cimentadas por

material carbonático se justifica pela grande ocorrência de organismos de

carapaça carbonática que escavavam os sedimentos desta região, destruindo

assim as suas estruturas. Após a morte destes organismos, as carapaças dos

mesmos se misturavam aos sedimentos e, com o avanço da diagênese, estas

passavam a ser uma importante fonte de cálcio para os processos de

cimentação.

Page 82: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

71

Morelli (1989), analisa estatisticamente dados da Formação Calumbi

obtidos na perfuração de poços exploratórios perfurados em águas rasas e nos

testes de formação realizados nos mesmos. Das camadas arenosas

identificadas nos poços (considerou-se apenas camadas com espessura maior

que 1m), 75% são do Cretáceo Superior e 25% do Terciário. As maiores

ocorrências de arenitos relacionam-se com a região do Baixo do Rio São

Francisco. Quanto à espessura das camadas de arenito na área estudada,

63% destas têm espessura entre 2 e 5m, enquanto apenas 1% têm espessura

de mais de 20m. Quanto à granulometria, estes arenitos são majoritariamente

finos, ocorrendo raras camadas de arenitos grossos, especialmente

concentrados na região da Falha de Itaporanga (borda sul da bacia) e Baixo do

São Francisco.

Estudando a distribuição da porosidade nos arenitos limpos perfurados

pelos poços exploratórios analisados em seu estudo, Morelli (1989) chegou às

seguintes conclusões: (i) o valor da porosidade não varia significativamente

com a espessura da camada; (ii) não há clara variação na porosidade dos

arenitos cretácicos e dos terciários; (iii) o principal controle da porosidade dos

arenitos é a cimentação carbonática.

As lâminas provenientes do trabalho de Martins (2012) e redescritas por

este trabalho, apresentam-se composicionalmente semelhantes. Como feições

diagenéticas foram observadas, além da própria cimentação, a substituição de

grãos de quartzo por calcita diagenética e a geração de porosidade secundária

através da dissolução do cimento carbonático e de grãos de quartzo. Nestas a

porosidade variou de 0 a 22%.

Nas lâminas confeccionadas a partir dos afloramentos descritos nesta

dissertação, foi observada uma composição muito semelhante entre todas elas,

sendo observada como feição diagenética apenas processos de corrosão de

grãos de quartzo por calcita. Devido ao fato das lâminas não terem sido

impregnadas por resina epóxi, não foi possível a observação de porosidade

nas mesmas.

Seguindo o diagrama de classificação proposto por Folk (1974) (Figura

68), todas as rochas são quartzarenitos. Utilizando-se do diagrama proposto

por Dickinson (1985) (Figura 69), todas as rochas se enquadram como tendo

proveniência relacionada à rochas de interior cratônico, retratando uma

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72

sedimentação que ocorria em época de atividade tectônica branda, como se

esperaria de um estágio de margem passiva / subsidência térmica.

Figura 68: Diagrama de Folk 1974 Figura 69: Diagrama de Dickinson (1985)

Os reservatórios da Fm. Calumbi são considerados como sendo parte do

sistema Muribeca (Figura 70), pois a mesma, juntamente com a Fm. Maceió

constituem os geradores do óleo presente nos arenitos da Fm. Calumbi, os

quais migraram através de falhas lístricas e foram selados pelos folhelhos da

própria unidade (Milani & Araujo, 2003).

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73

6. Conclusões e Considerações

O prescrito estudo concluiu que:

Toda a seção aflorante da Formação Calumbi é relacionada à

sedimentação em um ambiente plataformal, que dominou a parte

proximal desta no final do Cretáceo.

O fato de aflorarem somente rochas Campanianas-Santonianas

(Souza-Lima, 2001) se deve provavelmente à erosão ou não

deposição das rochas mais recentes devido ao soerguimento do Alto

de Aracaju em relação ao Baixo do Mosqueiro.

As lâminas apresentam poucas feições diagenéticas, o que nos leva a

concluir que as rochas da Formação Calumbi localizadas no Alto de

Aracaju apresentam uma história diagenética simples, com poucos

eventos de soerguimento/subsidência durante a sua evolução.

Não foi possível a observação de porosidade nas lâminas

confeccionadas neste trabalho, o que se deveu à ausência de

impregnação por resina epóxi nas lâminas.

As camadas areníticas observadas em afloramentos apresentam-se

pouco espessas (5 - 20 cm) e são, aparentemente, totalmente

cimentadas por cimento carbonático, o que difere do concluído por

Morelli (1989) já que, através do estudo de perfis elétricos, este autor

concluiu que a variação da espessuras das camadas de arenitos da

Formação Calumbi não tem relação direta com a presença de

porosidade. Os afloramentos descritos por este trabalho encaixam-se

no proposto por Martins (2012), que em seu trabalho relaciona

diretamente a espessura das camadas à ocorrência de porosidade, já

que, as camadas mais espessas foram menos susceptíveis à

cimentação.

As areias plataformais da seção aflorante da Formação Calumbi,

apesar de não serem potenciais rochas reservatório, são importantes

pelo fato de terem origem semelhante às areias encontradas nos

campos da plataforma continental, já que estas necessariamente têm

de passar pela plataforma antes de atingirem grandes profundidades

(região de bypass).

Page 85: MODELOS DEPOSICIONAIS COMPARADOS DOS … · Figura 8: Perfil esquemático de uma sucessão sedimentar relacionada a um ambiente de plataforma dominada por tempestades. Modificado

74

As marcas de chuva e marcas de onda encontradas provam que

houve um ambiente de sedimentação em praia, o que nos leva a

discordar de todos os trabalhos anteriores, que aceitam a

sedimentação cretácea da Formação Calumbi como sendo somente

plataformal e de águas profundas.

Como recomendações para trabalhos futuros, podemos citar a

tentativa de correlação de dados de afloramentos com dados de

subsuperfície (perfis de poço/sísmica), no intuito de entender alguma

possível relação entre estes ambientes. Uma detalhada investigação

de proveniência das areias de águas rasas e de águas profundas da

mesma idade também se mostra de suma importância para o intuito

de se entender a relação entre a sedimentação em águas rasas e em

águas profundas da Formação Calumbi.

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75

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