modelos de escoragem de crédito aplicados a empréstimo pessoal

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Fundação Getúlio Vargas Escola de Pós-Graduação em Economia Mestrado em Finanças e Economia Empresarial Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal com Cheque Dissertação de Mestrado Aluno: Rafael Soares Vasconcellos Orientador: Marcelo Fernandes Rio de Janeiro, 16 de Agosto de 2004

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Page 1: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

Fundação Getúlio Vargas Escola de Pós-Graduação em Economia

Mestrado em Finanças e Economia Empresarial

Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a

Empréstimo Pessoal com Cheque

Dissertação de Mestrado

Aluno: Rafael Soares Vasconcellos

Orientador: Marcelo Fernandes

Rio de Janeiro, 16 de Agosto de 2004

Page 2: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

Rafael Soares Vasconcellos

Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a

Empréstimo Pessoal com Cheque

O presente trabalho tem como objetivos principais propor uma metodologia de

construção de modelos de escoragem de crédito e mostrar uma aplicação prática em

operações de empréstimo pessoal com pagamento em cheques. A parte empírica

utiliza dados reais de instituição financeira e duas metodologias estatísticas, análise de

regressão linear múltipla e análise de regressão probit. São comparados os resultados

obtidos a partir da aplicação de modelos de escoragem de crédito desenvolvidos com

cada metodologia com os resultados obtidos sem a utilização de modelos. Assim,

demonstra-se o incremento de resultado da utilização de modelos de escoragem e

conclui-se se há ou não diferenças significativas entre a utilização de cada

metodologia.

Rio de Janeiro

16 de Agosto de 2004

Page 3: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

Dedicatória

Dedico ao Ser, a essência Divina que habita em cada Coração, não só este trabalho, mas a realização deste ciclo e dos demais que estão por vir.

Agradecimentos

Os agradecimentos vão para Carlos e Cândida (‘Tiu’ e Mãe), modelos de liderança pelo exemplo, para a Bia, minha mais nova inspiração, para o Grupo BBM (principalmente os amigos da Creditec), pelo aprendizado e desenvolvimento, para Franklin Gonçalves e Sergio Braga, pela orientação e confiança e a todos os colegas de turma do Mestrado em Finanças e Economia Empresarial.

Page 4: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

Sumário 1. Introdução 2. Mercado de Crédito Brasileiro

2.1. Principais Modalidades de Financiamento 2.1.1. Pessoa Física 2.1.2. Pessoa Jurídica

3. O Modelo de Escoragem de Crédito 3.1. Histórico 3.2. Creditworthiness – O Objetivo Final da Análise de Crédito 3.3. O Modelo de Escoragem de Crédito

3.3.1. Levantamento da Base de Dados Histórica 3.3.2. Análises Preliminares 3.3.3. Estimação dos Coeficientes da Equação 3.3.4. Determinação dos Pontos de Corte 3.3.5. Implantação

4. Aplicação Prática: Regressão Linear versus Regressão Probit 4.1. Contexto – Empréstimo Pessoal com Cheque 4.2. A Base de Dados e Análises Preliminares 4.3. Descrição das Metodologias

4.3.1. Análise de Regressão Linear Múltipla 4.3.2. Análise de Regressão Probit

4.4. Estimação das Equações 4.5. Determinação dos Pontos de Corte 4.6. Comparação dos Resultados

5. Conclusão 6. Bibliografia

Page 5: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

Introdução

1.

Empresas privadas vêm recorrendo cada vez mais a ferramentas quantitativas

de base matemática e estatística com o objetivo de maximizar os retornos em seus

respectivos mercados e se diferenciar em relação à concorrência. Com a evolução da

capacidade de processamento de dados e a possibilidade de automatização e uso de

modelos matemáticos em processos cotidianos, estas ferramentas vêm sendo

difundidas e implementadas em sistemas de suporte a decisão.

O presente trabalho tem como objetivo principal mostrar a aplicação prática de

ferramentas estatísticas no problema de previsão de risco de crédito no mercado de

crédito ao consumo, denominado “Credit Scoring” ou “Escoragem de Crédito” na

indústria de serviços bancários. Em primeiro lugar, será feita análise do mercado de

crédito ao consumo no Brasil, seus produtos, preços e canais de venda, bem como

volumes em termos de operações e valores financeiros e as respectivas evoluções no

tempo. Em seguida, serão descritas as principais etapas da construção de um modelo

de escoragem de crédito e então aplicaremos este método na prática.

A primeira parte desta aplicação tratará do contexto, empréstimo pessoal com

cheque. Além disso, tratará ainda da obtenção dos dados, seus tipos, dados do cliente

e de operações passadas, suas fontes, que podem ser internas ou externas, e os

cuidados a serem tomados no processo de extração. A segunda parte apresenta

metodologias estatísticas aplicáveis ao problema em questão, descreve brevemente

cada uma delas. Em seguida, serão comparadas as metodologias. Estas serão aplicadas

ao problema e os resultados estatísticos e financeiros dos diferentes modelos serão

contrastados com o objetivo de indicar qual das metodologias melhor se adequa ou é

mais eficiente no problema em questão. Por fim, apresentam-se conclusões e

considerações finais.

Page 6: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

Capítulo 2 – Mercado de Crédito Brasileiro

2.

A partir de 1994, com a adoção do Plano Real, o mercado de crédito brasileiro

ganhou fôlego e cresceu a altas taxas. Com o fim da hiperinflação que assolava o país,

criou-se a possibilidade de vislumbrar e projetar cenários para o futuro com razoável

certeza. Neste novo cenário, empresas e indivíduos passaram a se planejar

financeiramente com maior clareza e houve um grande aumento da demanda por

crédito na economia brasileira.

Porém, o Plano Real também teve alguns efeitos colaterais, como o aumento

da dívida pública, o que tornou o Governo Federal o maior consumidor de crédito do

sistema financeiro nacional. O gráfico abaixo mostra a evolução dos volumes de

concessões de crédito ao longo do tempo desde o início do Plano Real (dados do

Banco Central do Brasil).

Figura 1: Evolução do Estoque de Crédito

Podemos observar que houve forte crescimento do mercado de crédito como

um todo, resultado da combinação de um novo cenário macroeconômico e uma

demanda por crédito reprimida. Por sua vez, este forte crescimento combinado com a

falta de experiência de credores e devedores em administrar crédito, resultou em

Page 7: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

aumento da inadimplência. Os bancos brasileiros não tinham experiência em conceder

crédito no novo cenário e cresceram suas carteiras indiscriminadamente. As empresas

brasileiras e a população em geral não possuíam experiência em administrar contratos

de crédito e apesar do aumento de poder aquisitivo obtido na época, não conseguiram

em muitos casos evitar a inadimplência.

Após as lições aprendidas no início do Plano Real e a reestruturação do

sistema financeiro realizada a partir do projeto PROER do Banco Central, o mercado

de crédito no Brasil vem se consolidando e crescendo nos últimos anos. Hoje, o maior

empecilho à expansão do crédito é o seu preço, as taxas de juros cobradas pelas

instituições financeiras. Porém, estas taxas são definidas dados os níveis de

inadimplência e risco de crédito, a qualidade das garantias apresentadas, da cunha

fiscal e dos custos operacionais das instituições.

O gráfico a seguir mostra a evolução de taxas para algumas modalidades de

financiamento. Apesar da queda das taxas ocorrida nos últimos anos, os preços ainda

se mantêm em níveis muito altos.

Evolução de Taxas Pessoa Física

0%

50%

100%

150%

200%

250%

300%

350%

jan/93 jun/94 out/95 mar/97 jul/98 dez/99 abr/01 set/02 jan/04 mai/05

% ao ano

Cheque especial

Crédito pessoal

Aquisição de veículos PF

Aquisição de outros bens PF

Aquisição de bens PF

Total PF

Total geral

Figura 2: Evolução das Taxas Pessoa Física

2.1. Principais Modalidades de Financiamento

Dentre as principais modalidades de financiamento, podemos destacar

algumas oferecidas a empresas e outras relacionadas a pessoas físicas. Será dada

maior ênfase às modalidades de financiamento a pessoas físicas, já que este é o

objetivo principal do trabalho.

Page 8: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

2.1.1. Pessoa Física

Dentre as operações de financiamento a pessoas físicas se destacam as

seguintes:

• Empréstimo para compra de veículos: operações com prazo entre 12 e

60 meses vinculadas à compra de veículo. O objeto da compra fica

alienado como garantia do pagamento da dívida. Atualmente, são

basicamente operações pré-fixadas e com parcelas fixas, mas que possuem

em seu histórico muitas operações pós-fixadas, principalmente atreladas ao

dólar.

• Empréstimo para compra de bens (CDC – Crédito Direto ao

Consumidor): operações com prazos que variam entre 2 e 24 meses

tradicionalmente. Nestes casos, o crédito é direcionado ao consumo e o

bem é mantido vinculado ao crédito. Funcionam como uma ferramenta de

fomento ao comércio. São operações essencialmente pré-fixadas e com

parcelas fixas. Os meios de pagamento podem ser cheque pré-datado,

carnê de pagamento ou mesmo os cartões chamados “Private Label”, que

são vinculados a estabelecimentos comerciais e que possibilitam que o

CDC seja feito de forma eletrônica. Com este instrumento, o cliente possui

um limite pré-aprovado, compra no estabelecimento e paga via faturas

mensais.

• Empréstimo Pessoal: financiamento sem fim específico com prazos entre

1 e 24 meses. Nesta modalidade, não há um bem como garantia e o risco

de inadimplência é maior, o que torna as taxas praticadas mais altas que as

taxas do “CDC”. Existem dois tipos de empréstimo pessoal, definidos de

acordo com a origem do crédito. Há o empréstimo pessoal oferecido pelos

bancos aos seus correntistas, cujas taxas giram em torno de 4% ao mês e o

empréstimo pessoal oferecido por financeiras, que cobram entre 12% e

15% ao mês. A diferença básica é a relação existente entre a instituição

financeira e seus clientes de conta corrente no caso do empréstimo pessoal

oferecido por bancos.

• Financiamento Imobiliário: financiamento para compra de bens imóveis

oferecido pelas instituições financeiras. Trata-se de um mercado com

Page 9: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

regras específicas cujos recursos são direcionados no caso do Sistema

Financeiro da Habitação. Neste contexto, as taxas praticadas são de 12%

ao ano mais TR. Os prazos variam de 1 a 15 anos.

• Cartão de Crédito: linha de financiamento pré-aprovada para compras e

saques embutido em cartão magnético. Há duas modalidades de crédito em

uma plataforma de cartão de crédito. Há a possibilidade de sacar espécie

ou fazer compras em parcelas fixas, obtidas aplicando-se taxa de juros de

aproximadamente 12% ao mês atualmente. Porém, o principal é o crédito

rotativo. A cada mês envia-se para cada cliente uma fatura composta de

todas as transações efetuadas, um extrato da conta do cartão. O

financiamento rotativo é contratado e concedido no momento do

pagamento da fatura ou no momento da escolha do cliente entre pagar toda

a fatura, ou apenas parte dela e financiar o restante. Os limites de crédito

podem chegar a até algumas vezes a renda do cliente.

Cada uma das principais características de operações de financiamento a

pessoas físicas possui evolução particular. No que diz respeito aos prazos, observa-se

estabilidade desde o ano 2000. Ver figura 3.

Prazo das Operações de Crédito a Pessoas Físicas

-

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

ago/99 mar/00 out/00 abr/01 nov/01 mai/02 dez/02 jun/03 jan/04 ago/04

Prazo (meses)

Cheque especial

Crédito pessoal

Aquisição de veículos PF

Aquisição de outros bens PF

Cartão de crédito PF

Figura 3: Evolução do Prazo das Operações a Pessoas Físicas

Page 10: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

No que tange a inadimplência, percebe-se aumento nos índices relativos a

pessoas físicas e queda nos índices de pessoal jurídica. Ao abrir nos diversos produtos

de financiamento para pessoa física, conclui-se que houve aumento de inadimplência

principalmente nos produtos cartão de crédito, cheque especial e empréstimo pessoal.

Os índices indicam incremento significativo a partir do ano 2001 e manutenção em

novo patamar. Ver figuras 4 e 5.

Inadimplencia - Atraso maior que 90 dias

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

mar/00 out/00 abr/01 nov/01 mai/02 dez/02 jun/03 jan/04 ago/04

Percentual da Carteira

Total geral

Total PJ

Total PF

Figura 4: Evolução do Nível de Inadimplência I

Inadimplência Pessoa Fisica

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

mar/00 out/00 abr/01 nov/01 mai/02 dez/02 jun/03 jan/04 ago/04

Percentual da Carteira

Cheque especial

Crédito pessoal

Aquisição de bens veículos PF

Aquisição de outros bens PF

Cartão de crédito PF

Figura 5: Evolução do Nível de Inadimplência II

Page 11: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

2.1.2. Pessoa Jurídica

Dentre os principais produtos de crédito para pessoa jurídica, destacam-se os

seguintes:

• Hot money

• Capital de giro

• Vendor

• Descontos de duplicatas e promissórias

• Conta garantida

• Aquisição de bens

• ACC

Estes são operações padronizadas, os ditos produtos de prateleira das

instituições financeiras e bancos. Além destes, há operações estruturadas,

desenvolvidas especialmente para a situação e as necessidades do cliente em questão.

Por fim, podemos citar os títulos de prazos mais longos, os chamados

“Bonds”, principal instrumento de captação de longo prazo e altos valores de grandes

empresas e governos.

Page 12: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

Capítulo 3 – O Modelo de Escoragem de Crédito

3.

A escoragem de crédito envolve modelos preditivos cujo objetivo é estimar o

risco de um cliente ou operação de crédito com base em dados cadastrais do cliente e

dados da operação em questão. Neste tipo de ferramenta, utiliza-se um sistema de

pontuação em que a presença de características correlacionadas positivamente ao risco

de inadimplência implica em ganho ou perda de pontos dependendo do caso, mas que

significam aumento do risco. Por outro lado, a ausência destas variáveis ou a presença

de outras correlacionadas negativamente com a probabilidade de inadimplência,

implica em redução do risco segundo a métrica adotada.

Este sistema de pontos consiste de uma equação que relaciona variáveis da

operação e o risco de inadimplência e cujos coeficientes foram determinados ou

estimados por um processo de regressão. Esquematicamente:

∑= βXS

em que S é a métrica de risco ou escore, X é o vetor de variáveis explicativas e

beta é o vetor de coeficientes obtidos através de um processo de regressão.

O processo de desenvolvimento de um modelo possui 5 fases principais:

• Levantamento da base de dados histórica

• Análises preliminares e identificação das variáveis candidatas a

explicativas do modelo

• Estimação dos coeficientes da equação de score

• Determinação do ponto de corte

• Implantação

Nas próximas seções, estas etapas serão descritas. O terceiro e quarto itens

serão tratados com maior ênfase, pois constituem o cerne deste trabalho. Inicialmente

discorreremos brevemente a respeito do histórico dos modelos estatísticos de

escoragem de crédito. Em seguida, serão tratados conceitos relacionados ao objetivo

final da análise de crédito e então entraremos nos modelos e suas etapas. Por fim,

serão realizadas aplicações práticas em uma base histórica de empréstimo pessoal com

cheque cedida por uma instituição financeira de primeira linha que opera neste

mercado há anos. Em outras palavras, serão construídos modelos de escoragem de

crédito para operações de empréstimo pessoal com cheque utilizando duas

Page 13: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

metodologias estatísticas diferentes, regressão linear e regressão logística, e

comparados os resultados específicos de cada uma.

3.1. Histórico

O primeiro modelo de escoragem de crédito surgiu durante a Segunda Guerra

Mundial, quando um executivo americano sentiu a necessidade de ferramentas que

pudessem ser usadas por analistas mais jovens e inexperientes, já que a maioria de

seus analistas estava servindo na guerra. Alguns outros modelos foram desenvolvidos

nos anos 50, mas este tipo de ferramenta passou a ser largamente usada quando Fair,

Isaac & Company entrou no mercado fornecendo consultoria e desenvolvendo

modelos para as instituições financeiras daquela época. A Fair, Isaac and Company

continua desenvolvendo modelos para grandes instituições financeiras ao redor do

mundo.

Nos primeiros anos, o desafio era ganhar a confiança e aceitação do mercado

de crédito, o que não foi fácil, mas foi atingido após provas práticas de que a

metodologia desenvolvida funcionava e agregava valor. As primeiras experiências

aconteceram em empresas financeiras e em seguida passaram a ser utilizadas por

varejistas e grandes bancos. Administradoras de cartão de crédito foram os próximos

usuários.

Porém, à medida que os computadores foram sendo desenvolvidos e sistemas

de suporte a decisão se tornaram mais freqüentes, os modelos de escoragem de crédito

passaram a ser imprescindíveis nos processos de análise de crédito.

Hoje em dia, ferramentas de previsão, inicialmente introduzidas nas empresas

com os modelos de previsão de risco, são utilizadas em larga escala para otimização

de processos, aumento de eficiência de campanhas de marketing ou mesmo controle e

gestão de carteiras de clientes.

3.2. “Creditworthiness” – O Objetivo Final da Análise de Crédito

Qual a missão de um processo de avaliação de risco de crédito?

Esta pergunta pode ser respondida utilizando o conceito de Creditworthiness,

como apresentado por Edward M. Lewis em seu livro An Introduction to Credit

Scoring (1992). O conceito de Creditworthiness indica a viabilidade de um cliente ou

operação. Dizer que um cliente ou operação é digno de crédito significa que os

Page 14: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

mesmos são financeiramente interessantes e devem ser aprovados em um processo de

concessão de crédito.

É importante compreender que o termo não se refere a uma característica

observável e absoluta do cliente. O conceito é relativo a uma determinada situação.

Um cliente pode ser viável em determinados momentos de sua vida e inviável em

outros. O mesmo cliente em um determinado momento pode ser viável se solicita uma

operação ou inviável se solicita uma operação com outras características. Portanto, a

missão de um processo de avaliação de crédito é identificar as operações

financeiramente viáveis ou que possuem valor esperado positivo levando em

consideração o cliente, a sua atual situação e as características da operação.

3.3. O Modelo de Escoragem de Crédito

Neste capítulo, trataremos do processo de construção de um modelo de

escoragem de crédito. Em primeiro lugar, em termos teóricos descrevendo as etapas

deste processo e depois através de aplicação prática.

3.3.1. Levantamento da Base de Dados Histórica

A primeira etapa consiste do levantamento da base de dados histórica

constituída de dados cadastrais do cliente e dados da própria operação, inclusive a

informação a respeito da performance do cliente, do resultado do crédito, se houve

inadimplência ou se o crédito foi integralmente quitado. Trata-se de uma fase crítica,

pois se a amostra não for representativa da população, se houver algum tipo de viés,

todo o projeto estará comprometido.

Em geral, são coletados dados de operações já encerradas de sucesso ou

insucesso e cujos resultados já são conhecidos. Por corresponderem a créditos

aprovados em algum momento do tempo e pelo fato de que neste momento havia

naturalmente restrições ao crédito concedido, a amostra coletada não corresponde ao

universo de solicitações de empréstimo. Surge então o grande problema dos modelos

de escoragem de crédito: bases de dados ou amostras filtradas.

Este problema não inviabiliza o desenvolvimento dos modelos, pois as

relações entre risco e as variáveis cadastrais do cliente ou da operação continuam se

manifestando. Porém, como veremos mais adiante, alguns cuidados são requeridos. O

tamanho da amostra na maioria dos casos não é um problema, pois quando se trata de

instituições financeiras de médio ou grande porte, há abundância de dados históricos.

Page 15: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

3.3.2. Análises Preliminares

As primeiras análises a serem feitas com a amostra de operações têm por

objetivo a busca por variáveis candidatas ao modelo. Análises básicas de freqüência

que cruzam a variável candidata e o resultado do crédito, dicotômico em sucesso ou

insucesso ou bom e mau, são bastante eficiente.

A seguir segue exemplo ilustrativo deste tipo de análise.

Figura 6: Análise Preliminar

A métrica utilizada para identificar variáveis candidatas é a relação de boas e

más operações comparada à relação da amostra. No exemplo acima, podemos

observar que a relação da amostra de 5.000 operações é 1, ou seja, uma operação boa

para cada operação má ou de insucesso. Além disso, observa-se que os atributos 1 e 2

indicam menor risco quando presentes e os atributos 4 e 5 indicam maior risco,

enquanto o atributo 3 se mostra neutro.

Um insumo importante desta análise é a definição de um bom e um mau

crédito. Em geral, um mau crédito é aquele em que o cliente se torna inadimplente.

Porém, esta não é uma discussão simples e a definição deve contemplar as

peculiaridades do produto financeiro em questão.

3.3.3. Estimação dos Coeficientes da Equação

Identificadas as variáveis candidatas, a próxima etapa é a estimação dos

coeficientes da equação de risco. Em primeiro lugar, deve-se optar por uma

metodologia estatística de regressão e aplicá-la aos dados de forma a obter os

coeficiente e a equação.

Ao contrário de modelos econométricos formais, por trás dos modelos de

escoragem de crédito não há teoria formal que sustente as relações encontradas,

apesar de fazerem sentido econômica e intuitivamente. Faz sentido, por exemplo, que

quanto maior a renda do cliente menor seja o risco do cliente se tornar inadimplente,

Page 16: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

ou ainda, o fato do cliente ser aposentado e ter um fluxo de caixa estável deve estar

correlacionado com o risco de crédito.

3.3.4. Determinação dos Pontos de Corte

A definição do ponto de corte é a etapa em que aplica-se o conceito de

“Creditworthiness” na prática. Quais as operações que faz sentido aprovar? Aquelas

que possuem valor esperado ou resultado esperado positivo! Portanto, o ponto de

corte é definido como o ponto de lucro máximo ou ponto de lucro marginal zero.

A partir da equação de risco, é possível ordenar as operações ou clientes por

nível de risco e calcular a partir dos dados, o resultado esperado de cada um dos

níveis. É esperado que quanto maior o risco previsto pelo escore, maior a

inadimplência observada e menor o resultado ou lucro esperado. Portanto, o processo

de definição do corte tem por objetivo buscar o ponto em que o risco é tão alto que a

inadimplência se torna não sustentável e o resultado é negativo. As figuras 7 e 8

ilustram este processo.

Inadimplência por Nível de Risco

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Nível de Risco

Inadimplência

Figura 7: Definição do Ponto de Corte I

Na figura 7, vemos que o corte corresponde ao ponto de inadimplência

suportada da operação em questão, ou o nível de inadimplência de break-even, lucro

zero. Alternativa e equivalentemente, pode-se pensar em termos de lucro, como na

figura 8.

Inad. Suportada – 18%

Corte

Page 17: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

Lucro Acumulado por Nível de Risco

R$ -

R$ 2.000

R$ 4.000

R$ 6.000

R$ 8.000

R$ 10.000

R$ 12.000

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Nível de Risco

Inadimplência

Figura 8: Definição do Ponto de Corte II

O importante é perceber e ressaltar que ambos os critérios se equivalem e o

ponto de corte obtido com cada um dos critérios é o mesmo.

Ponto de Corte = ponto de lucro máximo

Ou

Ponto de Corte = Ponto de lucro marginal zero

Porém, para que todo este cálculo seja feito, é necessário definir o conceito de

lucro. Em linhas gerais, propõe-se que lucro seja o valor presente das receitas menos o

valor presente dos custos envolvidos nas operações na data do contrato.

Lucro = Valor Presente(Receitas) – Valor Presente(Custos)

3.3.5. Implantação

A implantação do modelo na prática não corresponde aos objetivos principais

deste trabalho e por isso será tratado de forma breve.

As principais etapas da implantação são:

• Preparação de plataforma tecnológica adequada

• Desenvolvimento dos procedimentos matemáticos

• Validação e testes

• Desenvolvimento de relatórios de acompanhamento

Uma das questões mais importantes na implantação do modelo é garantir que

as operações ou propostas de crédito sejam avaliadas nas mesmas condições em foram

Lucro Máximo

Corte

Page 18: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

avaliadas as operações que constituíram a amostra utilizada no desenvolvimento.

Deve-se garantir que a variável coletada no passado seja obtida em condições

semelhantes no momento da análise de novas propostas.

Page 19: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

Capítulo 4 – Aplicação Prática:

Regressão Linear versus Regressão Probit

4.

Neste capítulo, trataremos da construção de um modelo de escoragem de

crédito em todas as suas principais etapas e da avaliação e comparação de duas

metodologias estatísticas aplicadas ao problema. Em primeiro lugar, será descrito o

contexto e o produto financeiro em questão, empréstimo pessoal cujo instrumento de

liquidação é o cheque do cliente. Em seguida, serão apresentadas a base de dados

obtida de uma instituição financeira brasileira de médio porte, suas variáveis e

características gerais. A construção do modelo propriamente dita, a definição da

equação e a determinação dos pontos de corte serão objetos de estudo das seções

subseqüentes e realizadas para cada metodologia proposta. Por fim, serão comparados

os resultados obtidos com cada uma das metodologias e esta comparação se dará

segundo indicadores estatísticos e financeiros.

4.1. Contexto – Empréstimo Pessoal com Cheque

A aplicação prática a ser apresentada neste trabalho consistirá da construção

de modelos de escoragem de crédito para operações de empréstimo pessoal. Mais

especificamente, trataremos da modalidade de empréstimo pessoal com cheque.

Empréstimo pessoal é uma operação cujo crédito concedido não está

vinculado a um bem ou um fim específico e que não envolve garantia. O valor

financiado gira em torno de alguns milhares de reais, com mínimo de 200 reais e

máximo de aproximadamente 5.000 reais dependendo da instituição financeira. Os

prazos são de 1 a 12 ou até 18 meses e também dependem da instituição. A

combinação entre valor, prazo e taxa resulta em parcelas fixas mensais a serem

liquidadas pelo cliente.

Há diversas modalidades de empréstimo pessoal que se diferenciam segundo a

origem e o tipo de instrumento utilizado para saque e liquidação. A distinção segundo

a origem se dá entre bancos e financeiras. Enquanto os bancos oferecem o crédito

pessoal como uma extensão do relacionamento de conta corrente a clientes de longo

prazo e cujo comportamento é conhecido, as financeiras concedem a clientes

desconhecidos e por isso as operações tornam-se mais arriscadas.

O empréstimo pessoal dos bancos é geralmente concedido na própria conta

corrente do cliente e liquidado via débitos nesta mesma conta. Os instrumentos

Page 20: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

utilizados para saque ou obtenção do dinheiro em empréstimos pessoais de financeiras

são depósitos em conta corrente ou cartões magnéticos utilizados em terminais do tipo

“ATM”. O instrumento de liquidação pode ser carnê, fatura no caso de cartão

magnético ou cheques pré-datados, sendo o último o objeto de estudo deste trabalho.

O preço atual, julho de 2004, do empréstimo com cheque gira em torno de 12%1 ao

mês e a partir da solicitação do cliente de valor e prazo, calculam-se as parcelas

formando o seguinte fluxo esquemático:

Número de parcelas solicitado Valor Financiado

Taxa de 12% ao mês

Figura 9: Fluxo de Operação de Empréstimo Pessoal

No caso de uma operação de 1.000 reais em 6 parcelas teríamos:

6 Parcelas de R$ 243 R$ 1.000

Taxa de 12% ao mês

Figura 10: Fluxo de Operação de Empréstimo Pessoal II

1 No mercado de empréstimo pessoal há muitos competidores de portes diversos. A taxa do empréstimo ou o preço do dinheiro foi considerada fixa no curto prazo, já que o impacto das estratégias dos competidores sobre o preço pode ser considerado nulo. Além disso, não há segmentação de preço, todos os clientes recebem a mesma oferta . Esta prática é fruto de interpretação legal da prática de segmentação. Segundo esta leitura, clientes não devem ser discriminados segundo suas próprias características e, portanto, devem ser ofertados os mesmos preços.

Page 21: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

O processo de concessão e análise de crédito desta operação tem as seguintes

fases principais:

• Atendimento e preenchimento de proposta de crédito – captura

das informações cadastrais do cliente e sua solicitação de

crédito.

• Verificação de políticas básicas – enquadramento da operação

em políticas de crédito básicas como valor financiado mínimo e

máximo.

• Análise por modelo de escoragem – aplicação do modelo de

previsão do risco de crédito e decisão sobre aprovação.

• Consulta a bureaus de crédito (SPC e Serasa) – verificação da

situação do proponente no mercado de crédito e busca por

informações negativas do cliente. Cabe ressaltar aqui que não

há no Brasil um bureau de crédito positivo em que as empresas

e instituições financeiras poderiam informações de bons

clientes.

• Verificação de documentação – comprovação das informações

obtidas do cliente através de documentos ou contatos com

referências.

• Resposta – comunicação ao cliente do resultado da análise da

proposta de crédito (aprovado ou negado).

A cada etapa da análise, se o proponente é negado, encaminha-se a proposta

para a fase de resposta e comunica-se o resultado negativo da análise.

Resultado da operação de empréstimo pessoal com cheque.

O lucro obtido com uma operação deste tipo é obtido de forma simplificada e

direta trazendo as parcelas pagas a valor presente pelo custo de oportunidade da

instituição financeira para a data do contrato e descontando o valor financiado e o

custo de contrato. Esquematicamente temos:

“Lucro Operacional” = VP(parcelas pagas) – Valor Financiado – Custo Contrato

em que

• VP(parcelas pagas) é o valor presente das parcelas pagas na

data do contrato trazida pelo custo de oportunidade da

Page 22: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

instituição, que no caso de grandes bancos é próxima da taxa

básica de juros da economia, a Selic.

• Valor Financiado é o valor concedido ao cliente na operação.

• Custo Contrato é o custo marginal de conceder um novo

contrato.

• “Lucro Operacional” é o resultado gerencial obtido em uma

operação.

Voltando ao exemplo anterior, qual o resultado do contrato se o cliente paga

todas as parcelas do contrato? O resultado de um contrato de 1.000 reais em 6

parcelas mensais a uma taxa de 12% ao mês pago integralmente seria 360 reais como

vemos na figura a seguir:

Figura 11: Resultado Gerencial

Portanto, o spread ou retorno da operação é 360/1000 ou 36% no prazo médio

da operação, aproximadamente 3,5 meses. Porém, este não é o único tipo de contrato

em uma carteira de clientes de uma instituição financeira. Há contratos em parcelas

não são pagas e cujo resultado é inferior ao do caso estudado.

Page 23: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

O resultado do exemplo anterior no caso de inadimplência pode ser visto na

figura a seguir:

Figura 12: Resultado Gerencial II

A partir de 4 parcelas pagas, o resultado gerencial da operação se torna

negativo e pode ser negativo em 1.030 reais no caso do não pagamento de todas as

parcelas. Neste caso podemos dizer que houve 100% de inadimplência em termos dos

valores previstos para receber. Definiremos inadimplência como o percentual não

pago dos valores das parcelas contratadas.

Inadimplência = Total não Pago/Valor das Parcelas

No caso em que uma parcela não é paga, a inadimplência é de 1/6 ou 17%,

mas ainda assim, o resultado é positivo em 137 reais, retorno de 14%. No caso de um

contrato, a inadimplência assume valores discretos, como 1/6, 2/6, etc., no caso de 6

parcelas e 1/12, 2/12, etc., no caso de 12 parcelas. Porém, quando tratamos de um

conjunto de contratos de valores diversos e parcelas de valor distinto, o índice de

inadimplência pode assumir qualquer valor e torna-se uma variável contínua.

Este índice será muito utilizado ao longo do trabalho e daqui por diante

quando o termo inadimplência for mencionado, estaremos tratando do conceito acima

descrito. Outro conceito importante é o Percentual de Sinistro, definido como o

percentual de contratos não pagos integralmente.

Sinistro = número de contratos não pagos/total de contratos

Definidos os conceitos específicos e o contexto, passaremos ao

desenvolvimento dos modelos.

Page 24: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

4.2. A Base de Dados e Análises Preliminares

A base de dados foi obtida através de um processo aleatório de consulta ao

banco de dados de instituição financeira. Os contratos selecionados constituem uma

amostra aleatória dos primeiros contratos de clientes ou contratos de clientes novos,

até então desconhecidos da empresa2. Como resultado, há apenas um contrato de cada

cliente.

A base está organizada por operação. Ou seja, cada registro da base

corresponde a um contrato de empréstimo pessoal com cheque, o que abre a

possibilidade de um cliente aparecer mais de uma vez na amostra. Neste caso

portanto, estaremos avaliando o risco de uma operação de empréstimo pessoal e não

de um cliente.

A base de dados é constituída de variáveis cadastrais do cliente, dados da

operação e algumas outras informações da situação do cliente no mercado, além do

resultado dos créditos concedidos. A amostra contém informações de 66.736

operações de empréstimo pessoal com cheque. A seguir serão descritas as variáveis

coletadas.

Variáveis cadastrais do cliente:

• Idade

• Estado Civil

• Ocupação – aposentado, assalariado, funcionário público, etc.

• Sexo

• Estado (UF) de residência

• Tempo na residência

• Tempo no emprego

• Tempo de conta corrente

• Cartão de crédito – se cliente possui ou não

Variáveis da operação:

• Plano – número de parcelas contratado

• Valor Financiado

2 A amostragem aleatória de primeiros contratos dos clientes resulta em uma base que contém apenas um contrato de cada cliente, o que torna desnecessária a correção por cluster.

Page 25: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

• Carência – número de dias entre a data da contratação do crédito e a

data do vencimento da primeira parcela.

• Taxa do financiamento

Outras:

• Número de passagens no SPC – a cada vez que um cliente solicita

crédito, é feita uma consulta no banco de dados do Serviço de Proteção

ao Crédito. Estas consultas são registradas “passagem” do CPF pelo

SPC e a informação de quantas vezes um determinado CPF passou

pelo SPC pode ser obtida através de consulta ao mesmo órgão.

Portanto, esta variável pode ser considerada uma aproximação do

endividamento do indivíduo no mercado em geral.

• Número de parcelas pagas – corresponde ao número de parcelas pagas

pelo cliente e será utilizada para definir se a operação foi de sucesso ou

insucesso, se foi boa ou má.

Definição de Bom e Mau

Um insumo importante para a continuação das análises e da modelagem

propriamente dita é a definição do conceito de operação boa e má. No caso em

questão, diremos que uma operação boa é aquela que foi integralmente paga, ou seja,

os casos em que todas as parcelas foram pagas:

Bom: número de parcelas do contrato é igual ao número de parcelas pagas

Mau: caso contrário

Análises Preliminares

Descritas as variáveis e definido o critério de operação boa, passemos à busca

por variáveis explicativas. A amostra em questão possui 66.736 registros ou operações

de empréstimo pessoal com cheque. Foram realizadas análises cruzando cada variável

ou atributo com o resultado da operação. A seguir são expostos os resultados por tipo

de variável. Inicialmente, os resultados relativos a variáveis cadastrais dos clientes.

Page 26: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

Variáveis cadastrais discretas:

Figura 13: Análise Preliminar da Variável Estado Civil

Figura 14: Análise Preliminar da Variável Cartão de Crédito

Figura 15: Análise Preliminar da Variável Ocupação

Figura 16: Análise Preliminar da Variável Sexo

Page 27: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

Figura 17: Análise Preliminar da Variável Estado

Segundo os resultados obtidos, a amostra possui a seguinte composição de

créditos bem ou mal sucedidos:

Figura 18: Bons e Maus

Resultados da análise de variáveis cadastrais contínuas:

Figura 19: Análise Preliminar da Variável Tempo de Serviço

Page 28: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

Figura 20: Análise Preliminar da Variável Tempo de Residência

Figura 21: Análise Preliminar da Variável Renda

Figura 22: Análise Preliminar da Variável Idade

Figura 23: Análise Preliminar da Variável Tempo de Conta Corrente

Page 29: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

A partir dos resultados obtidos, identificam-se aquelas que se tornarão as

principais variáveis do modelo. Dentre as variáveis discretas, destacam-se a ocupação

do cliente principalmente e o estado em que reside. Dentre as contínuas, o tempo de

conta corrente, a idade e renda do cliente demonstram correlação com o sucesso ou

insucesso da operação.

Por outro lado, algumas variáveis não se mostram fortes explicadoras do risco

de crédito, como o fato do cliente possui ou não cartão de crédito, o estado civil e os

tempos na residência e no emprego.

No caso da variável cartão de crédito, observa-se que o número de clientes

cadastrados como possuidores de cartão é extremamente baixa, o que indica mau

preenchimento da variável no momento da coleta dos dados no passado.

A seguir os resultados relativos às variáveis da operação:

Figura 24: Análise Preliminar da Variável Valor Financiado

Figura 25: Análise Preliminar da Variável Plano

Uma das variáveis mais fortes dentre todas as analisadas é o plano, o número

de parcelas contratado. Existe uma relação direta entre o risco de crédito e o plano,

quanto maior o número de parcelas, maior o risco. Porém, como veremos mais

adiante, à medida que o plano aumenta, não só o risco aumenta, mas o retorno

também, já que a mesma taxa é aplicada em um período de tempo maior. Isto implica

que planos maiores sustentam inadimplências maiores.

Page 30: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

Por fim, o resultado obtido com a variável número de passagens no SPC:

Figura 26: Análise Preliminar da Variável Número de Passagens

Esta é outra variável com alta correlação com o risco de crédito e certamente

se dará relevante contribuição às previsões.

4.3. Descrição das Metodologias

Nesta seção, serão exploradas duas das metodologias aplicáveis ao problema

de previsão do risco de crédito no varejo e mais especificamente no mercado de

empréstimo pessoal. O objetivo é descrever conceitualmente cada uma das

metodologias, explicar brevemente como funcionam, como devem ser interpretados

os resultados e por fim, mostrar a adequação entre cada metodologia e as situações ou

em que situações cada uma é mais indicada.

Trataremos de duas metodologias estatísticas, Regressão Linear Múltipla e

Regressão Probit. Em primeiro lugar, trataremos da Regressão Linear, por ser a base

teórica para as demais técnicas. Em seguida, será tratada a Regressão Probit.

4.3.1. Análise de Regressão Linear Múltipla

O objetivo de uma análise de regressão é buscar e comprovar estatisticamente

relações lineares entre variáveis de qualquer natureza, sejam elas econômicas,

questões de negócio, fenômenos naturais ou eventos corriqueiros, e estimar esta

relação através de dados empíricos.

A análise de regressão linear múltipla pode ser usada para analisar a relação

entre uma variável dita dependente ou explicada e variáveis independentes ou

explicativas. Encontrada esta relação, é possível estimar ou prever a partir das

variáveis independentes e cujos valores são conhecidos o valor da variável explicada

ou dependente.

Page 31: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

Como o próprio nome já indica, esta técnica procura estimar relações lineares

segundo a seguinte estrutura básica:

εβ +=∑=

m

j

ijji XY0

em que

• Y é a variável dependente ou explicada,

• As variáveis X são as variáveis independentes ou explicativas

• Os β’s são os coeficientes que determinam as relações entre as

variáveis e ilustram a contribuição de cada variável para a variação

da variável dependente,

• índice “i” se refere aos n elementos da amostra,

• índice j se refere às m variáveis explicativas

• E o ε é o termo de erro, que absorve variações da variável

dependente causadas por variáveis ausentes ou por aleatoriedades

intrínsecas ao processo em questão. Ilustram, portanto, as variações

em torno do valor previsto.

O processo de regressão estima a partir de uma amostra de dados históricos a

respeito do fenômeno em questão, a combinação de coeficientes (β’s) que melhor se

adequa a estes dados. A partir destes coeficientes e do valor das variáveis explicativas

é possível prever o valor esperado da variável dependente. Além da estimativa

pontual, é possível estimar um intervalo de confiança tanto para os coeficientes Beta

estimados quanto para as estimativas obtidas com a equação obtida. Desta forma, é

possível mensurar a incerteza acerca do valor estimado.

Para maiores informações sobre regressão linear ver Maddala (2001).

4.3.2. Análise de Regressão Probit

Um processo de regressão probit é um processo de regressão especifico para

modelos cuja variável dependente é discreta, dicotômica (0 ou 1) ou discreta em

vários níveis (0, 1, 2, 3, ...). Os conceitos envolvidos são basicamente os mesmos

envolvidos em um processo de regressão linear, porém, a regressão probit pressupõe

uma estrutura diferente da linear entre as variáveis independentes e dependentes.

No caso de uma variável dependente dicotômica, que assume valor 0 ou 1, a

regressão linear poderia resultar em valores superiores a 1 ou inferiores a 0, o que não

faz sentido, já que estes valores da variável dependente são impossíveis. No exemplo

Page 32: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

a seguir, vemos a representação da relação entre uma variável dicotômica e uma

variável explicativa contínua.

Figura 27: Variável Dependente Dicotômica

Na segunda figura, vemos a representação das regressões linear e probit

aplicadas ao problema. Enquanto a reta corta o eixo horizontal e o nível de 1 da

variável dependente na regressão linear, a função que relaciona as variáveis obtida

através de regressão probit possui formato curvo e se localiza acima de 0 e abaixo de

1.

Page 33: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

Figura 28: Regressão Linear e Regressão Probit

Para maiores informações sobre regressão probit ver Kennedy (1998) e Greene

(2002). Para aplicação da metodologia ao problema de previsão do risco de crédito

ver Gonçalves e Issler (1996).

Regressão Linear

Regressão Probit

Page 34: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

4.4. Estimação das Equações

Ao aplicar ambas as metodologias descritas anteriormente à amostra, obtemos

as equações de escore, que relacionam o risco de crédito com as variáveis cadastrais

do cliente, variáveis da operação e da situação do cliente no mercado. A seguir são

expostas as variáveis de cada uma das equações obtidas com regressão linear e

regressão probit.

Figura 29: Variáveis da Equação de Escore por Regressão Linear

Na equação acima, podemos ver as variáveis que compõem o modelo linear, o

sinal de seus coeficientes, o p-valor, que indica a existência de relação entre a variável

e o risco, e o tipo da variável. Existem dois tipos de variáveis, “dummy” e contínua.

Variáveis dummy são variáveis dicotômicas, que assumem os valores 0 ou 1 e são

usadas para indicar a presença de atributo qualitativo e não quantificável, como um

Page 35: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

estado civil, ocupação ou mesmo cada um dos planos possíveis. Deve-se interpretar a

equação da seguinte forma. Os coeficientes positivos indicam variáveis

correlacionadas negativamente com o risco de crédito, enquanto coeficientes

negativos indicam o contrário. Quanto maior o plano, por exemplo, mais negativo é o

coeficiente e maior o risco de crédito esperado. Por outro lado, quanto maior o tempo

de conta corrente (coeficiente positivo), menor o risco de crédito. Como esperado,

algumas variáveis se mostram fortes como o número de passagens, o plano, o tempo

de conta corrente e a renda.

Por sua vez, a regressão probit aplicada nos dados resultou na seguinte

equação de risco:

Figura 30: Variáveis da Equação de Escore por Regressão Probit

Page 36: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

A interpretação da equação obtida através da regressão probit possui suas

peculiaridades. Neste modelo, estamos buscando a probabilidade de um crédito ser

mau sucedido. Portanto, quanto maior o score, maior a probabilidade de

inadimplência. Desta forma, coeficientes positivos indicam aumento do risco à

medida que a variável assume valores maiores. Coeficientes negativos indicam

variáveis negativamente correlacionadas com o risco. É importante observar que as

variáveis chave de ambos os modelos são as mesmas, apesar de possuírem pesos

distintos. A seguir, serão determinados os pontos de corte de ambos os modelos e

compararemos os resultados obtidos com cada um.

4.5. Determinação dos Pontos de Corte

Como visto anteriormente, a definição do ponto de corte tem por objetivo

responder a perguntas como:

1. Qual o nível de risco suportável?

2. Quais operações devem ser aprovadas e quais devem ser negadas?

3. Quais níveis de risco possuem valor esperado ou resultado positivo?

O processo de definição de ponto de corte pode ser didaticamente dividido em

algumas etapas principais. Em primeiro lugar, deve ser calculado o resultado

financeiro de cada operação. Em seguida, as operações devem ser agrupadas em

níveis de risco e seus resultados somados de modo a obter o resultado esperado de

cada nível de risco. Ordenando estes níveis do menos arriscado para o mais arriscado,

calcula-se o lucro acumulado e então se define o ponto de corte como o ponto de lucro

acumulado máximo, ou lucro marginal (do nível de risco) igual a zero.

A lógica por trás desta definição está na premissa de que a medida que o risco

previsto aumenta, maior são os custos com inadimplência até um ponto em que estes

custos tornam negativo o resultado esperado de determinados níveis de risco.

No caso do empréstimo pessoal com cheque, é preciso definir pontos de corte

específicos para cada plano. Já que o preço é o mesmo para todos os planos, 12% ao

mês aproximadamente, cada plano possui o um nível de perdas com inadimplência

suportável. Planos longos como 11 e 12, suportam inadimplência maior que planos

curtos. Em outras palavras, o nível de inadimplência que resulta em lucro igual a zero

para planos longos é maior do que o nível de perdas que tornam o lucro igual a zero

em planos curtos.

Page 37: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

A figura a seguir exemplifica a determinação de ponto de corte para o plano 6

no casa da regressão probit.

Figura 31: Determinação do Ponto de Corte

Na coluna da esquerda, temos a probabilidade de inadimplência ou níveis de

risco. Nas demais colunas, vemos a relação de bons e maus que decresce a medida

que o risco aumenta, a inadimplência em termos financeiros (ver seção 4.1. Contexto

– Empréstimo Pessoal com Cheque), que aumenta com o risco previsto, com exceção

das duas faixas de maior risco em que há poucas observações. Por fim, há duas

colunas de lucro, o lucro do nível de risco e o lucro acumulado.

À medida que evoluímos nos níveis de risco e agregamos resultados positivos,

maior é o lucro acumulado. Porém, quando passamos do nível de risco entre 67,5% e

72,5% para o nível de risco entre 72,5% e 77,5% cujo resultado é negativo, o lucro

acumulado decresce, o que indica que o corte deve estar em torno de 72,5% e 77,5%.

De fato, ao fazer a mesma análise com um número maior de níveis de risco, chegamos

ao corte de 76,2% de probabilidade de inadimplência.

Este mesmo procedimento foi aplicado a todos os planos para ambas as

metodologias, linear e probit. Os pontos de corte obtidos foram os seguintes:

Page 38: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

Figura 32: Pontos de Corte

4.6. Comparação dos Resultados

Ambos os modelos, linear e probit, estão prontos para serem utilizados na

prática, já que sabemos como avaliar o risco de crédito e até que nível de risco é

interessante aprovar as propostas. Porém, qual o melhor modelo?

As análises a seguir fornecem insumos para responder a pergunta acima. Os

modelos serão comparados segundo dois critérios. O primeiro é um teste estatístico, o

coeficiente KS, que indica o poder do modelo separar as duas populações, bons e

maus. O segundo critério é financeiro e corresponde ao lucro após o corte ou o

acréscimo de lucro obtido com a utilização dos modelos.

O teste KS indica a separação ou diferença máxima entre as distribuições

acumuladas de bons e maus. Os gráficos a seguir ilustram o teste.

Segundo este indicador, não há diferenças significativas entre o poder de

discriminação de cada um dos modelos. O KS do modelo linear é de 29,5% enquanto

o KS do modelo probit é de 29,7%. Conclui-se, portanto, que os modelos se

equivalem no quesito discriminação.

Page 39: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

KS - Regressão Linear

Separação entre as Populações de Bons e Maus

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

1 3 5 7 9 11 13

Níveis de Risco

Distribuição % Bons Acum.

% Maus Acum.

Diferença

Figura 33: KS Regressão Linear

KS - Regressão Probit

Separação entre as Populações de Bons e Maus

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Níveis de Risco

Distribuição

% Bons Acum.

% Maus Acum.

Diferença

Figura 34: KS Regressão Probit

A análise financeira a ser realizada possui como indicadores o lucro marginal

obtido com a utilização do modelo e o retorno obtido. Como vimos na seção sobre

empréstimo pessoal com cheque, o lucro de uma operação deste tipo é a diferença

entre o valor presente das receitas efetivamente obtidas e o valor presente dos custos.

O lucro marginal é calculado pela diferença do resultado obtido com o modelo

subtraído do resultado obtido sem modelo ou se todas as operações fossem aprovadas.

Page 40: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

O retorno tem como objetivo avaliar a eficiência da concessão do crédito é definido

como a razão entre lucro e valor financiado.

Lucro marginal = Lucro com modelo – Lucro sem modelo

Retorno = Lucro/(Valor Financiado)

A tabela abaixo mostra o resultado que seria obtido se não houvesse restrição

ao crédito, ou seja, na ausência de modelos de escoragem de crédito. Neste cenário, o

resultado seria de 11,157 milhões e o retorno 16,9%.

Figura 35: Resultado na Ausência de Modelo

Ao aplicarmos o modelo probit, obtemos os seguintes cortes e resultados

financeiros:

Figura 36: Resultado com Modelo Probit

A utilização do modelo incrementa o lucro em 7,7% para 12,012 milhões e o

retorno atinge 24,12%, aumento de 42,4%.

Page 41: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

A seguir os resultado obtidos com o modelo linear.

Figura 37: Resultado com Modelo Linear

O incremento de lucro obtido com a utilização do modelo linear é de 7,9%

para 12,039 milhões. Já o aumento do retorno é de 41,8% para o nível de 24,02%.

A comparação dos dois modelos mais uma vez nos leva a concluir que os

mesmo são equivalentes também no que diz respeito a resultado financeiro. Enquanto

o lucro obtido pelo modelo linear é ligeiramente maior, 0,2% a mais de incremento, o

retorno do modelo probit é um pouco maior, incremento de 42,4% contra 41,8% do

modelo linear. As diferenças são, portanto, muito pequenas e não significativas.

O desempate poderia se dar no nível da aprovação das propostas. O modelo

que trouxesse mais negócios ou que aprovasse mais seria o preferido de uma

instituição financeira. Porém, a análise da aprovação esperada indica percentuais

muito próximos para ambas as metodologias em torno de 80% de aprovação.

A conclusão final destas análises é que existem ganhos relevantes na utilização

de modelos de escoragem de crédito, porém, não há diferenças significativas entre os

resultados alcançados com cada uma as metodologias, tanto em termos estatísticos,

quanto em termos financeiros.

Page 42: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

Conclusão

O presente trabalho apresentou conceitos de avaliação do risco de crédito no

varejo e mais profundamente conceitos relacionados aos modelos estatísticos que

sustentam estas previsões e as decisões relacionadas à aprovação das propostas,

denominados modelos de escoragem de crédito. Em sua primeira parte, descrevemos

o contexto do mercado de crédito brasileiro, os produtos financeiros disponíveis e

suas principais características. Em seguida, foram descritas as principais etapas da

construção de modelos de escoragem de crédito e testadas duas metodologias ao caso

de operações de empréstimo pessoal com cheque, regressão linear e probit.

Os resultados obtidos da construção e aplicação dos modelos demonstraram os

benefícios quantitativos da utilização deste tipo de ferramenta. O incremento de lucro

obtido com é da ordem de 8% e o incremento de retorno é de aproximadamente 40%.

Outros benefícios estão ligados à própria viabilidade do negócio, que requer avaliação

de crédito ágil e padronizado. Modelos de escoragem de crédito garantem estas

características ao processo de concessão de crédito no varejo. As avaliações passam a

ser iguais para todas as propostas e deixam de estar vulneráveis ao humor de analistas

de crédito e critérios subjetivos. Além disso, ao serem implantados em sistemas de

suporte à decisão e sistemas de informação, garantem análises e pareceres

automáticos.

A conclusão final a respeito das duas metodologias aplicadas ao problema

indica não haver diferenças significativas nos resultados alcançados com cada uma

das metodologias. Enquanto o modelo probit gera 12,012 milhões de reais de lucro e

24,12% de retorno na amostra selecionada, o modelo linear gera 12,039 milhões de

lucro e 24,02% de retorno.

Atualmente, modelos de escoragem de crédito não são as únicas ferramentas

estatísticas de previsão utilizadas por empresas e instituições financeiras.

Metodologias inicialmente utilizadas exclusivamente com foco em risco têm sido

utilizadas em outras áreas. Modelos de propensão à aceitação de um determinado

produto ou de qualquer tipo de comportamento, modelos de gestão de carteira e

ferramentas de segmentação de clientes estão muito difundidas em instituições de

ponta em todo o mundo.

Existem ainda outros ramos de pesquisa em risco de crédito. Em assuntos

conceituais que formam o pano de fundo para que ferramentas estatísticas possam ser

Page 43: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

criadas, mas principalmente estudos sobre risco de crédito de empresas e países. Há

modelos de previsão do risco ou da probabilidade de falência de empresas e governos,

modelos de determinação de “ratings”, modelos de apreçamento de títulos de longo

prazo, além de toda a literatura existente sobre o desenvolvimento de produtos

financeiros derivativos relacionados a crédito, Duffie e Singleton (2003).

Porém, para instituições atuantes no setor de serviços financeiros no varejo,

ferramentas de escoragem são fundamentais para otimizar os resultados, melhorar a

eficiência e obter vantagem comparativa em relação à concorrência.

Page 44: Modelos de Escoragem de Crédito Aplicados a Empréstimo Pessoal

Bibliografia

Greene, William H. Econometrics Analysis. 5th Edition. EUA, Prentice Hall, 2002.

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Dufie, Darrell; Singleton, Keneth J. Credit Risk – Pricing, Measurement and

Management. EUA, Princeton, 2003.

Gonçalves, Franklin de O.; Issler, João Victor. A Probit Model for Credit Risk. Rio

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