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Modelos de Equilíbrio Gerale
Precificação de Risco de Crédito
Por
Paulo Fernando Hermanny
Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto de Economia da Universidade Federal doRio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de
Mestre em Economia
Orientador: Prof. Getúlio Borges da Silveira
Instituto de EconomiaUniversidade Federal do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro - RJFevereiro, 2000
Modelos de Equilíbrio Geral e Precificação de Risco de Crédito, Paulo Fernando Hermanny. Disser-tação submetida ao corpo docente do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro -UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre. Aprovada por:
Prof. Getúlio Borges da Silveira Filho - OrientadorIE/UFRJ
Prof. Alain CaronIE/UFRJ
Prof. Aloísio Pessoa de AraújoEPGE/FGV-RJ e IMPA/CNPq
Fevereiro, 2000
Resumo
HERMANNY, Paulo Fernando. Modelos de Equilíbrio Geral e Precificação de Risco de Crédito. Orientador:
Prof. Getúlio Borges da Silveira. Rio de Janeiro: UFRJ/IE, 2000. Diss.
Aplicamos um modelo de equilibrio geral de precificação de derivativos para a pre-
cificação do valor de mercado dos ativos de empresas, com ações cotadas em bolsa, a
partir do valor de seu equity. Assim estimamos a probabilidade de que o valor de mer-
cado dos ativos seja menor ou igual que o valor efetivo das obrigações da empresa no
vencimento destas, denominado-a como probabilidade de default. A partir da proba-
bilidade de default calculamos o prêmio de risco crédito diário. Por fim fizemos uma
aplicação ao mercado Brasileiro como uma empresa que realmente foi a default, Mes-
bla S.A., e uma sólida sem problemas de liquidez, Aracruz Celulose S.A., os resultados
foram satisfatórios.
Começamos a dissertação com uma revisão do modelo de equilíbrio geral com mer-
cado financeiro tanto em tempo discreto como em tempo contínuo e estendendo-o para
um modelo genérico de precificação de derivativos. Isto feito partimos para o caso que
nos interessa, a estimação do valor dos ativos a partir do valor do equity e calculamos
a probabilidade de default e o prêmio de risco.
Na parte empírica aplicamos o modelo à Mesbla S.A. e Aracruz Celulose S.A. levando
em conta a não estacionaridade das séries preço da ação. A volatilidade é estimada a
partir de um GARCH. Finalmente fazemos algumas considerações sobre o modelo as-
sim como sugestões para futuras aplicações.
5
�Kr|o@S|
HERMANNY, Paulo Fernando. Modelos de Equilíbrio Geral e Precificação de Risco de Crédito. Orientador: Prof.
Getúlio Borges da Silveira. Rio de Janeiro: UFRJ/IE, 2000. Diss.
We apply a derivative pricing-general equilibrium model for pricing a firm’s asset market
value, with stocks traded in the stock exchange, thru its equity value. Then we estimate the
probability the asset’s market value is equal or less the firm’s total obligation in the maturity,
calling it default probability. From the default probability we compute the credit risk premia.
We apply this model in the Brazilian stock market with a firm that actually defaulted, Mesbla
S.A., and a solid one without liquidity problems, Aracruz Celulose S.A., obtening satisfatory
results.
We begin this thesis recalling the general equilibrium model with financial market both in
discrete and contunium time and extend it to a generic derivative pricing model. Then we go
to our particular case, the estimation of the firm’s asset market value thru the equity value and
computing the default probability and the credit risk premia.
In the empirical part we apply this model to Mesbla S.A. and Aracruz Celulose S.A. using
econometric tecniques for non stationary series such as stock price. The volatility is estimated
form a GARCH. Finally we discuss some matters of the model and suggests some future
applications.
Agradecimentos
Em primeiro lugar, antes de tudo e todos, quero agradecer meu orientador e professor
Getúlio Borges da Silveira, sem suas aulas, orientação formal e informal e conversas
fora de sala essa dissertação não teria sido feita. Devo minha formação quantitativa
direta e indiretamente a ele.
Outra pessoa que devo muito é o Professor Aloísio P. de Araújo pelas aulas e sem-
inários no IMPA e por me mostrado direta e indiretamente a sofisticação, precisão e
beleza da economia matemática.
O Professor Alain Caron do IE me mostrou o outro lado da moeda, modelos caóticos,
apesar de não ter usado diretamente nenhuma técnica aprendida em seu curso, a primeira
incursão a estatística não paramétrica tem sua influência.
Não poderia deixar de agradecer os Professores Mário Páscoa e Humberto Moreira,
pelos cursos no IMPA, que me serviram de base para entender a teoria e técnicas dessa
dissertação.
Gostaria de agradecer especialmente o Professor Mário Possas pela visão critica e
seriedade acadêmica, o Professor João Carlos Ferraz e Professora Renata Lefebre pelo
chute inicial nessa dissertação, o Professor Marcelo Resende, o Professor Hugo Boff, o
Professor Fernando Cardim, o Professor Antonio Licha, o Professor Rogério Studart e
o Professor José Ortega.
O Professor Fernando de Holanda Barbosa pela bolsa no seminário Credit Risk no
IBMEC.
7
O Professor Leonardo Burlamaqui da UCAM, meu orientador na graduação, que me
influenciou muito na busca pelo conhecimento ciêntifico.
Não posso esquecer em hipótese nenhuma o Professor Carlos Isnard, do IMPA, por ter
facilitado tanto a compreensão da matemática, sempre mostrando sua elegância de forma
simples e objetiva.
A todos Professores e alunos de pós-graduação do IE em particular Mauro, Alexey, Mari-
ana, Arthur, Zé Roberto, Larry, Luciano, Job, Flávio, Marina e Joyce por terem me ’’aturado’’
nos anos do mestrado.
A todos meus colegas no IMPA, em particular Juan Pablo Torres, Ernesto Pinheiro,Guilherme
Arcoverde, Caio Ibsen, José Fajardo e Eduardo Faingold.
A CAPES pelo auxilio financeiro durante o mestrado.
Ao amigo Leonardo Gadelha, do Banco Flemings-Graphus e Delano Franco, do Banco
Brascan, pelos dados de mercado.
A meu eterno guru, Professor Mário Henrique Simonsen, apesar de nunca o ter conhecido
pessoalmente foi sempre minha maior influencia acadêmica, sua genialidade e clareza sempre
me fascinaram e provavelmente nunca teria ido para academia se não tivesse deparado com
suas idéias. Seu livro seminal ’’Ensaios Analíticos’’ mudou minha vida.
A meu querido Pai, Fernando, e irmã, Bianca, que sempre me apoiaram em todas situações.
Os erros e problemas remamecentes são de inteira resposabilidade do autor.
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Conteúdo
I INTRODUÇÃO 9I.1 Objetivos 12
II Equilíbrio Geral no Mercado de Títulos 15II.1Introdução 15II.2Modelo Discreto de Dois Períodos 15II.3Modelo em Tempo Contínuo 19II.4Apêndice A - Processos Estócasticos e Medida Martingale Equivalente 27
III Precificação do Risco de Títulos sujeitos a Default 34III.1Introdução 34III.2O Modelo 35III.3Probabilidade de Default e Prêmio de Risco 45
IV Estimação da Probabilidade de Default e Prêmio de Risco 50IV.1Introdução 50IV.2Mesbla S.A. 51IV.2.1 Teste de Raíz Unitaria 51IV.2.2 Especificando o GARCH 53IV.2.3 O Valor dos Ativos, Probabilidade de Default e Prêmio de Risco. 53
IV.3Aracruz Celulose S.A. 57IV.3.1 Teste de Raíz Unitária 57IV.3.2 Especificando o GARCH 60IV.3.3 O Valor dos Ativos, Probabilidade de Default e Prêmio de Risco 61
V Conclusão 66i Referencias Bibliográficas 68
9
Capítulo IINTRODUÇÃO
Mensurar o risco de default de uma firma, sempre foi um tarefa crucial para um banco ou
financeira na hora de tomar suas decisões de empréstimo, isto é, a quem emprestar, o montante
a ser emprestado e o spread a ser cobrado.
A importância do gerenciamento de risco de crédito tem crescido ultimamente, devido a
fatores como:� Crescimento estrutural nas falências� Margens de empréstimos mais competitivas� Queda no valor dos ativos reais em grande parte do mundo, implicando em queda no valor dos colaterais� Crescimento do mercado de Derivativos
Existe a necessidade de tornar os riscos mais visíveis e gerenciáveis, haja vista que os
modelos de análise de risco de crédito tradicionais baseiam-se em dados contábeis e análises
subjetivas tornando muitas vezes a mensuração do risco de default impreciso e desatualizado,
uma vez que as variáveis independentes destes modelos são dados contábeis que são disponi-
bilizados trimestralmente ou semestralmente.
Sob as hipóteses adequadas os modelos de equilíbrio geral buscam mostrar, que existe
um sistema de preços onde todos agentes maximizam suas utilidades e não existe excesso
de demanda em nenhum mercado da economia. Ainda sob hipótese usuais, tal alocação de
equilibrio é Pareto eficiente. Em outras palavras os agentes econômicos tomam todas suas
decisões de consumo e produção, somente baseados no sistema de preços alcançando um
resultado que é eficiente, isto é, toda informação necessária para os agentes está implícita nos
preços de mercado.
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A utilização de modelos de equilíbrio geral em precificação de ativos e derivativos foi um
caminho natural, como por exemplo Merton [1973 a], Merton [1973 b], Lucas [1978] e Black
e Scholes [1973].
Uma firma escolhe ir a default quando o valor de seus ativos econômicos é menor ou igual
ao valor de suas obrigações. A primeira vista isso seria o mesmo que o preço da ação fosse
zero, uma vez que pelo teorema Modigliani-Miller o valor do equity é identicamente igual
ao valor dos ativos menos o valor das obrigações. Mas observe que nesse caso estamos con-
siderando o valor de mercado das obrigações que pode ser diferente do valor que efetivamente
a firma tem que pagar. Logo poderíamos ter situações em que mesmo com o equity positivo
a firma vai a default, basta que o valor de mercado das obrigações seja menor que o valor
efetivo.
Assim o default ocorre quando o valor de mercado dos ativos é menor ou igual ao valor da
dívida, então a probabilidade de default é exatamente a probabilidade da primeira passagem
do processo valor de mercado dos ativos pelo valor da dívida.
Merton [1974] e [1977], desenvolve um modelo de equilíbrio geral para avaliar o prêmio
de risco de um título sem amortização1 sujeito a default. Este modelo divide a estrutura da
taxa de juros de um título sujeito a default em estrutura a termo (Term-Structure ) e estrutura de
risco (Risk-Structure ). Mas como apontado por Jarrow e Turnbill[1992] o modelo necessitava
do valor de mercado dos ativos da firma emissora do título, que não é observável.
Por outro lado Merton mostrou que seu modelo é isomorfismo ao modelo Black-Scholes
� zero-coupom bond
11
de precificação de opções européias2. Tecnicamente, fazer um empréstimo é o mesmo que
lançar uma opção de venda ( put ) no valor dos ativos do tomador sendo o valor de face do
empréstimo o preço de exercício da opção. Usando a mesma linha de raciocínio, possuir uma
ação é o mesmo que comprar uma opção de compra ( call ) dos ativos da firma, com o preço
de exercício sendo o valor de face de sua divida, pela resposabilidade limitada do acionista.
No modelo de Black e Scholes[1973] o prêmio justo de uma opção ( call ou put ) é função
do valor da ação objeto, do preço de vencimento, da volatilidade da mesma, do tempo até o
vencimento e da taxa de juros livre de risco.
Como valor de mercado dos ativos é uma variável não observada, usaremos Merton[1974]
como base teórica afim de estimá-lo.
Assim se pudermos estimar a volatilidade dos ativos, poderemos achar implicitamente o
valor de mercado dos ativos da firma em função do preço da ação, da dívida, da taxa de juros,
da volatilidade dos ativos e do vencimento da dívida.
A volatilidade dos ativos pode ser estimada a partir da volatilidade das ações como veremos
mais adiante. Conclui-se que a probabilidade de default é função da divida da firma, da taxa
de juros sem risco, do vencimento da divida, do preço e da volatilidade das ações.
Com a evolução dos modelos de mercados incompletos, com risco de default, com co-
lateral, fica mais natural o uso destes modelos na área de gerenciamento de risco. Jarrow e
Turnbull [1995] generalizam a precificação de derivativos sujeitos a risco de default para o
caso onde tanto o titular quanto o lançador da opção pode não honrar o contrato a qualquer
2 Tipo de contrato de opção que somente pode ser exercida no vencimento.
12
momento, o problema é que ainda temos variáveis não observáveis.
Além de ter uma base teórica mais robusta que os modelos tradicionais, os modelos de
equilíbrio geral não dependem do grau de alavancagem da firma ( entendido aqui como a
relação entre capital próprio e de terceiros ) e possibilitam uma análise instantânea de firmas
com ações cotadas em bolsa, uma vez que toda informação relevante está implícita no preço
da ação.
Resultados empíricos corroboram tais modelos, Jones, Mason e Rosenfeld [1984] testaram
o modelo Merton[1974] e [1977] obtendo resultados satisfatórios para o calculo de preço de
títulos sujeitos a default.
Todavia os resultados mais importantes foram obtido pela empresa americana KMV. Seu
modelo3 indicou uma queda na classificação da IBM, 1991, dois anos antes da S & P, chamando
atenção do mercado financeiro para os modelos de equilíbrio geral.
O leque de aplicações se estende ainda na mensuração de risco de países, como foi mostrado
na crise da Tailândia pela KMV, que indicou uma queda na classificação dos Títulos Tailan-
deses mais de um ano antes da crise, ver Saunders[1998].
1 Objetivos
O objetivo desta dissertação é aplicar um modelo de equilíbrio geral para avaliação de prêmio
de risco e probabilidade de default de empresas brasileiras com ações cotadas em bolsa.
Uma firma opta em ir a default quando o valor de mercado de seus ativos é menor ou
igual ao montante de suas obrigações. Entretanto, como o valor de mercado dos ativos é não
� Kelahofer[1986]
13
observável, primeiro necessitamos estimar tal variável. Para esse fim usaremos o modelo de
Merton [1974], mas o reescrevendo com técnicas de medida martingale equivalente, uma vez
que originalmente Merton usa equações diferenciais estocásticas.
Uma vez estimado o valor de mercado dos ativos e sua volatilidade, nosso objetivo é cal-
cular a probabilidade de que o valor de mercado dos ativos seja menor ou igual ao valor das
obrigações em um horizonte finito fixo.
A dissertação será dividida em duas partes, a teórica e a empírica. No capítulo II vamos
apresentar a teoria de equilíbrio geral com mercados de títulos tanto para tempo discreto como
contínuo.
No capítulo III, primeiramente apresentamos a teoria de precificação de derivativos e então
o modelo de Merton[1974] como caso particular utilizando técnicas de medida martingale
equivalente.
Usaremos o esse último para estimar o valor de mercado dos ativos da firma, assim como
sua volatilidade.
A parte empírica, capítulo IV, será aplicada ao mercado brasileiro, com firmas cotadas em
bolsa. Antes do Plano Real a implementação de qualquer modelo que se baseava em preços
de ações era muito complicado e muitas vezes inviável, posto que, que a inflação distorcia a
informação implícita no preço e nem sempre a filtragem dos dados era eficiente.
Esta parte consiste em testar econometricamente o modelo teórico no mercado Brasileiro
afim de falsea-lo. A dificuldade está no fato de que estamos interessados em estimar a prob-
abilidade de um evento que possivelmente nunca ocorreu antes, i.e., de certa firma vir a se
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tornar inadimplente dado que nunca foi antes. Todavia nessa dissertação iremos fazer uma
análise retroativa, com uma firma que efetivamente foi a default e com uma que não foi.
15
Capítulo IIEquilíbrio Geral no Mercado de Títulos
Uma coisa que aprendi numa longa vida:Que toda a nossa ciência, confrontada com a realidade,é primitiva e infantil – e no entanto é o que temos de mais precioso.Albert Einstein
1 Introdução
Este capitulo apresenta um modelo de equilíbrio geral ( GEM ) clássico, o de Arrow [1953],
ele servirá como base para toda teoria desenvolvida e apresentada ao longo dessa dissertação.
Arrow em seu trabalho seminal de 1953 apresentou um modelo fechado de equilíbrio onde
existe tanto o mercado de commodities quanto o de títulos. Na terceira seção iremos desen-
volver o modelo em tempo contínuo, a extensão natural do modelo anterior, partiremos dele
para precificação de derivativos.
2 Modelo Discreto de Dois Períodos
Nesta seção, vamos apresentar o GEM com mercado de títulos inspirado no modelo desen-
volvido por Arrow [1953], usaremos a notação de Duffie [1991].
Arrow explicita o tempo ao introduzir períodos distintos e incerteza ao introduzir estados
da natureza e apresenta o conceito de contrato contigente, onde existe, para cada estado da
natureza, um contrato que promete pagar uma unidade de conta em uma data específica. A
ligação entre os períodos da economia é feito através do mercado financeiro. No modelo de
Arrow existem mercados para todos os estados da natureza, isto é o agente pode transferir
renda para qualquer estado da natureza mesmo este sendo altamente improvável de acontecer.
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Considere uma economia com � agentes, u bens, � títulos, dois períodos e g estados da
natureza. A relação de preferência de cada agente � 5 i�c ����c�j é caracterizada pela função
de utilidade L� G ?ug $ ?�
Dos g estados da natureza possíveis, um deles ocorrerá no futuro. Todavia antes desse
estado da natureza ser revelado � títulos serão negociados. O título � é um vetor _� 5 ?g ,
representando o direito de receber _r� dividendos no estado da natureza r, para todo r 5
i�c ���cgj. Vamos definir w 5 ?� como o portfolio de títulos, i.e. w� é a quantidade do título
� neste portfolio, para � 5 i�c ���c�j. O portfolio é dito factível se dado um vetor ^ 5 ?�
de preço de títulos se ^�w � f. Após o verdadeiro estado da natureza ser revelado os agentes
recebem seus dividendos e negociam no mercado spot. Em cada estado r 5 i�c ���cgj os
agentes � 5 i�c ���c�j possuem uma dotação e�r 5 ?u para os u bens no qual o preço é dado
por Rr 5 ?u.
Definimos um vetor S 5 ?ugnn
dado por iSr 5 ?unG � � r � gj como plano de consumo,
onde Sr é o consumo planejado no estado da natureza r. Dado ^ 5 ?� os preços dos títulos
e R 5 ?ugn
os preços spot dos bens, o par ESc w�é um plano factível para o agente � se ^ é um
portfolio factível e S satisfaz
Rr�ESr � e�r� � w�_rc r 5 i�c ���cgj
isto é, em cada estado da natureza o portfolio escolhido financia o consumo.
Definição II.1 Dado os preços E^c R� 5 ?��?ugn
, o par Ewc S� 5 ?��?ugn
é um plano ótimopara o agente � se é factivel e não existe outro Ew�c S�� plano factível tal que L�ES�� : L�ES�.
Definição II.2 Um equilíbrio no mercado de títulos-spot para a economia 0 ' iEL�c e�c _��c � 5
17
i�c ����c�jc � 5 i�c ���c �jj é a coleção EE^c R�c Ew�c S���c � 5 i�c ����c�j,satisfazendo:1 - ;� 5 i�c ����c�jc Ew�c S��é um plano ótimo para o agente � dados os preços E^c R� 5
?� �?ug
n;
2 – Os mercados são zerados:S
�
�'�w� ' f e
S�
�'�ES� � e�� ' f
Isto é, todos os agentes maximizam sua utilidade e não há excesso de demanda em nenhum
mercado.
Definição II.3 Um contrato contingente para o bem ,E, ' �c ���c u� no estado rEr ' �c ���cg�é a promessa de entregar uma unidade de , no estado r e nada caso contrario.
O preço desse contrato é �r, ( em unidades de conta ) e é pago na data | ' f. Se, em
| ' f, está disponível um conjunto completo de contratos contigentes então o agente � pode
vender sua dotação inicial e� aos preços � ' E�fc ����c �g� onde �r ' E�r�c ����c �ru�, afim de
obter uma renda ��e� 'S
g
r'��r�e�r e poder comprar qualquer vetor de consumo S� tal que
��S� 'S
g
r'��r�S
�
r� ��e�.
Definição II.4 Um equilíbrio de mercados contingentes para a economia 0 ' iEL �c e��c � 5i�c ����c�jj é a coleção E�c S��c � 5 i�c ����c�j, satisfazendo:
1 - ;� 5 i�c ����c�j( S� 5 @o}6@%iS 5 ?ug
n*L�ES�r�@���S � ��e�j;
2 – Os mercados são zerados:S
�
�'�ES� � e�� ' f
A estrutura de mercados contingentes tem um interesse teórico, ela pode ser vista como um
estrutura ideal de mercado. Os tipos de contratos contingentes mais comuns são os contratos
de seguro que protegem os indivíduos de contingências incertas. No modelo de mercados
contingentes é assumido que só existe esse tipo de contrato, podendo estes cobrir todas as
contingências futuras.
Dadas as características da economia e as definições de equilíbrio, vamos agora enunciar
as hipóteses e o teorema que garante a existência de equilíbrio no mercado títulos-spot e
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o equilíbrio de mercados contingentes. Não iremos provar pois é um teorema clássico de
equilíbrio geral facilmente encontrado na literatura econômica, ver Duffie[1991], Magill and
Quinzii[1996] e Cass and Lisboa[1997].
Hipótese II.1 spanning: rR@?Ei_� G � � � � �j� ' ?g
Hipótese II.2 continuidade e convexidade: � 5 i�c ����c�jc L� 5 �f é quasi-concava
Hipótese II.3 monotonicidade estrita: � 5 i�c ����c�jc S : S� , L�ES� : L�ES��
Hipótese II.4 Interioridade das dotações: e�r fc;� 5 i�c ����c�jc;r 5 i�c ����cgj
A condição de spanning diz que devemos ter tantos títulos quanto estados da natureza,
ou seja, existe um mecanismo financeiro que permite transferir renda para qualquer estado
da natureza. Matematicamente essa condição nos diz que a matriz de dividendos gera o es-
paço dos estados da natureza. É uma condição necessária e suficiente para termos mercado
completos4.
A hipótese de interioridade das dotações, também chamada ponto mais barato, é aparente-
mente forte a primeira vista, ela pede que todos os agentes da economia possuam uma quan-
tidade positiva ( que pode ser infinitesimal ) de todos os bens da economia, mas será utilizada
por simplificação matemática. Ela pode ser relaxada de maneira queS�
�'�e�r f, ver De-
breu[1962].
Teorema II.1 ( Existência de Equilíbrio de Mercados Contingentes ) Assuma que a economia0 tenha uma estrutura de mercados contingentes. Se as hipóteses II.2 – II.4 são satisfeitasentão existe equilíbrio de mercados contingentes.
Prova: Duffie[1991], pg.1618-1619
e Não iremos tratar do caso de mercados incompletos nessa dissertação, nesse caso teríamos existência generica, i.e., a não ser em um conjuntode medida nula, Ver Magill e Quinzii[1996], Cap. 2.Para o caso continuo, todavia, não poderiamos garantir a existência de uma única medida martingale equivalente como veremos adiante.
19
Teorema II.2 ( Existência de Equilíbrio Mercado de Títulos-Spot ) Se as hipóteses II.1 – II.4são satisfeitas então existe equilíbrio para a economia 0.
Prova: Duffie [1991], pg. 1619 -1620
Uma vez garantida da existência ainda pode-se dizer que este equilíbrio no mercado de
títulos-spot é eficiente no sentido de Pareto, pelo Primeiro Teorema da Economia do Bem-
Estar para o Mercado de Títulos. Isto quer dizer sob a hipótese de preferências estritamente
monótonas e valendo a condição de spanning o mercado é eficiente em alocar os recursos da
economia. Isto não significa que seja justo, imagine uma economia de troca pura com dois
agentes e dois bens onde um agente possui tudo e o outro não possui nada. Tal alocação é
Pareto eficiente embora a princípio não pareça justa5.
Arrow ainda provou o Segundo Teorema do Bem-Estar para essa economia, isto é, dado
uma alocação Pareto-ótima, é possível alcança-la via equilíbrio no mercado de títulos-spot
, mas nesse caso é essencial a hipótese de convexidade das preferências além das hipóteses
do Primeiro Teorema.
3 Modelo em Tempo Contínuo
Vamos agora estender o modelo de equilíbrio com mercado de títulos para tempo contínuo,
vamos seguir Duffie[1991], seção 4.
Começaremos definindo a estrutura de informação e incerteza dessa economia, seja Elc@c 8c � �
um espaço filtrado de probabilidade para o tempo C ' dfc A o, onde 8 ' i@| G | 5 dfc A oj é
filtração satisfazendo6:
D Não iremos entrar em detalhes no que entendemos por alocação justa.S O leitor sem conhencimento de teoria de martingales e processos estocásticos, consultar apêndice A.
20
1 - @| � @r quando | � r
2 - @f inclui todos os subconjuntos de eventos de probabilidade nula em @
3 - para todo | 5 dfc A oc@| ' _r:|@rc
onde a j-álgebra @| representa a informação disponível no tempo |.
Seja C o espaço do processo de dividendos. Para o processo de dividendos i(j, a variável
aleatória (| representa os dividendos acumulados pagos até o tempo | inclusive. O processo
i(j é um semi - martingale integrável tal que
1 - (| ' ,�6r�|(r para todo | quase certamente ( contínuo pela direita )
2 - Existe (|3 � ,�6r�|(r para todo | quase certamente.
3 - A diferença {(| ' (| �(|3 é o salto de ( em |.
Vamos representar i7j como o processo de preço do título com processo de dividendos
dado por i(j, logo C| ' 7|n(| é a quantidade de unidades de conta que o agente possui no
tempo | dado que ele carrega uma unidade de conta do título desde o tempo f até |. Suponha
que o agente possua w| unidades do título de | até � , com isso os dividendos acumulados são
dados por w|E(� �(|�, o ganho de capital por w|E7� � 7|� e o ganho total por w|EC� �C|�.
Suponha que o agente mude de estratégia em tempo discreto |fc |�c ���c |&Ef ' |f |�
c ��� |&� temos então que o ganho total até o tempo & será dado pelo somatório,
&3�[
�'f
w|� EC|�n� �C|�� (1)
Mas estamos interessados no caso contínuo, vamos considerar que o agente escolhe a es-
tratégia de possuir certa quantidade do título em cada tempo de dfc A o. Tal estratégia é dada
21
pelo processo w 5 u�dCo. Como iCj é um semi-martingale fazemos |�n� � |� tender a zero,
um resultado do calculo estocástico7 nos garante que (1) converge para a integral estocástica�]
|
wr_Cr
Uma vez entendida a estrutura de informação, incerteza e o processo de ganhos dos títu-
los, vamos agora caracterizar nossa economia, temos � agentes, � títulos, u bens e tempo
contínuo.
O vetor ( ' E(fc ���c(� � 5 ?�n� caracteriza os � n � processos de dividendos dos �
títulos mais o título desconto pagável em A , i.e. (| ' fc;| A e (A ' �. Vamos, sem
perda de generalidade, chamar (f de título desconto.
Seja z o espaço dos semi - martingales, definimos o operador ganho como:
� G C $ z
C ' �E(�
Dado �, definimos o processo de ganhos C ' ECfc ����cC�� por C? ' �E(?�. Se temos
E�c(�, a estratégia de negociação é o processo w ' Ewfc ���c w�� tomando valores em ?�n�
e definido em u�dCo com w| representando o portfolio em |. Naturalmente o processo ganho
total para w 5 u�dCo é dado por:]w|_C|
Para os u bens o processo de consumo é um processo previsível S G l� dfc A o$ ?u com:
. Ver Duffie[1991] , Apêndice
22
.E
A]
f
S|�S|� 4
Definimos K o espaço dos processos de consumo, com isso dado um processo iSj 5 K, o
vetor S| representa a taxa de consumo dos u bens no tempo |.
O processo de preço spot é um elemento de K8, com o vetor R| representando o preços
unitários dos u bens no tempo |. Logo, dado iRj o processo de consumo iSj é financiado
pelo pagamento de R|�S| no tempo |.
Cada agente � 5 i�c ���c�j é definido por uma dotação inicial e� no cone positivo Kn de
K e por uma função utilidade L� G Kn $ ?.
Vamos agora caracterizar o financiamento do consumo. Dado o operador ganho �, que
define o processo do preço do título por 7 ' �E(� � ( e dado o processo de preço spot
iRj 5 K, uma estratégia de negociação w financia o processo de consumo iSj 5 K a um custo
inicial de )ES�, que representa o investimento inicial, se:
i - wf�7f ' )ES�
ii - ;| 5 dfc A oc w|�E7| n{(|� ' wf�7f nU
|
fwr_Cr �
U|
fRr�Sr_r
iii - wA �E7A n{(A � ' f
De (iii) vemos que o valor de mercado final é zero, de (ii) que o valor de mercado inter-
mediário é gerado pelos ganhos líquidos do consumo.
Estamos agora prestes a definir o equilíbrio dessa economia. Dado E�c R�, um plano fac-
tível para o agente � é o par Ewc S� de uma estratégia de negociação iwj e um processo de con-
H Rigorosamente p M KW( dual de K ), mas como nosso caso K ' u2 temos que KW ' K, Ver Reed and Simon[1980].
23
sumo iSj onde w financia o consumo liquido S�e� a um custo inicial zero. Um plano factível
Ewc S� é ótimo para o agente � se não existe outro plano factível Ew�c S�� tal que L�ES�� : L�ES�.
Definição II.5 Um equilíbrio no mercado de título-spot para a economia 0 ' iEElc@c 8c � �c i(jc EL�c e���c �i�c ���c�jjc é a coleção E�c iRjc Eiw�jc iS�j��c � 5 i�c ���c�j, tal que dado � e iRj:
1- O plano Ew�c S�� é otimo, ;� 5 i�c ���c�j
2-S
�
�'�S� � e� ' f
3-S
�
�'�w� ' f
O espaço de consumo K é um espaço de Hilbert9 sob o produto interno �c � : definido
por
Rc S :' .
3C
A]f
R|�S|
4D
Definição II.6 Faça mmSmm2 ' Sc S : definir a topologia em K. Uma função utilidade L é�-própria em f , para algum � 5 Kn e f � K se existe um escalar " : f tal que, para todo% 5 fck 5 dfc4� e 5 5 Kn,
L�E%� k� n 5� � L�E%�, mm5mm � k"
A noção por trás dessa definição é que a cesta de consumo � é desejável, no sentido de
que a perda de k� não pode ser compensada por uma quantidade adicional k5 de qualquer
cesta 5, se 5 é suficientemente pequena. Quando as preferências são convexas, i.e. utilidade
quase-côncava, a função utilidade ser �-própria em f é equivalente a existência de um preço
R no dual de K que suporta o conjunto fracamente preferido, i+ 5 f*+ : %j, em % e R�� : f.
Logo se esse R existe podemos definir Kn ' i5 G R�5 : fj( i+ 5 f*+ : %j e % � Kn são
disjuntos e o último com interior não-vazio. Assim podemos aplicar um teorema de separação
na prova de existência de equilíbrio.
Hipótese II.5 Seja e 'S
�
�'�e�, L� é quase-côncava, contínua, localmente não-saciada em
dfc eo e e-própria em dfc eoc;��
b Para uma boa referencia de espaços vetoriais completos com produto interno ( Espaços de Hilbert ), ver Reed and Simon[1980]
24
Uma função de utilidade que satisfaz essa hipótese é a L� aditiva com representação da
forma
L�ES� ' .
3C
A]f
��ES|c |�_|
4D c S 5 Kn
Onde �� G ?un� dfc A o$ ? é estritamente crescente, côncava tal que(n
S ��Efc |� é limitado
em |. Todavia, para nossos objetivos precificação de títulos, teremos que trabalhar com uma
alocação de equilíbrio pontualmente interior, i.e. S�| : f q.c.;| e ;�.
Vamos agora formular a condição de spanning dinâmico.
Definição II.7 Dizemos que um martingale em ?� c� ' E��c ���c�� � é um gerador demartingales para Elc@c 8c � � se, para todo martingale f, existe ) 5 u�d� o tal que paratodo |, f| ' ff n
U |J)r_�r quase certamente.
Definição II.8 Uma medida de probabilidade' é uniformemente equivalente a� se as derivadasRadon-Nikodym _'*_� e _�*_' são essencialmente limitadas.
Hipótese II.6 (Spanning Dinâmico) - <' medida de probabilidade em Elc@� uniformementeequivalente a � , tal que os martingales �?
| ' .'E(?A m @|�c | 5 dfc A oc ? 5 i�c ���c �j,
formam um gerador de martingales para Elc@c 8c � �.
Vamos nos retringir ao caso Browniano. Suponha que 8 seja uma filtração padrão de
um Movimento Browniano Padrão � 5 ?_, para � � _ 4. Então � é um gerador de
martingale, assim como qualquer martingale em ?� da forma f| 'U |f)r_�r, | 5 dfc A o, se
e somente se i)rj é um processo de dimensão E� � _� de posto essencial10 _, pela propria
definição de gerador de martingale.
Se pensarmos em _ como o numero de fontes de risco da economia e � a quantidade de
títulos, i)rj ter posto essencial _c significa podemos nos proteger das _ fontes de risco com
os � títulos.�f o posto essencial de ) é _ se o posto de d)E�c |�o ' _ quase-certamente em l f dfc A o
25
Suponha então que _(| ' >|_| n j|_�|, onde
Uj|_�| tem a propriedade de gerador de
martingale, i.e. j tem posto essencial _. Sob condições de regularidade em > e j o teorema de
Girsanov11 nos garante que existe uma medida de probabilidade equivalente ' e um Movi-
mento Browniano h� 5 ?_ sob ' tal que _(| ' j|_ h�|, o que implica que i(j é um gerador
de martingale para Elc@c 8c'�.
Vamos considerar o operador ganho �' definido por �'E(�| ' .'E(A m @|��
Lema II.3 Suponha que i(j satisfaz a hipótese II.6 sob a medida de probabilidade '. Dadoo operador ganho �' e o processo de preço iRj então qualquer processo de consumo iSj éfinanciado pelo custo inicial (único)
�'R ES� ' .'
3C A]
f
R|�S|_|
4D
Prova: Seja ERc S� 5 K � K arbirtrário. Sob a hipótese de Spanning Dinâmico, os '-
martingales � ' EC�c ���c C� � definidos por C? ' �'E(?� formam um gerador de martin-
gale para Elc@c 8c'�. Seja
f| ' .'
3C A]
f
Rr�Sr_r m @|
4D c | 5 dfc A o
Como f é um '-martingale, por Spanning Dinâmico existe ) ' E)�c ���c )� � 5 u�d� o
tal que f| ' ff nU Af)r_�r quase certamente, | 5 dfc A o.
Seja w? ' )?c � � ? � � , e seja wf definido por
wf| ' f| �
] |
f
Rr�Sr_r��[?'�
w?| E7?| n{(?
| �c | 5 dfc A o (2)
Como i(j é um processo previsível segue que wf| tambem é. Como Cf ' �'E(f� �
�, temos queUwf_Cf � f. Por construção, as condições (ii) e (iii) para w financiar S são
�� Ver apêncide A
26
satisfeitas e wf�7f ' ff ' �'R ES�. A unicidade de wf�7f é imediata.
Assim vamos enunciar os teoremas que garantem a existência de equilíbrio. Antes iremos
garantir a existência de equilíbrio de mercados contingentes, versão contínua.
Teorema II.4 ( Existência de Equilíbrio de Mercado Contingente ) Se a hipótese II.5 é satis-feita então existe equilíbrio de mercado contingente E�c iS�j� para EL�c e
��, onde ) G K$ ?o funcional linear contínuo preço e a alocação iS�j é Pareto-ótimo.
Prova: Mas-Colell e Zame [1991], pg. 1869-1876 e Duffie[1991], pg. 1635 -1636
Teorema II.5 ( Existência de Equilíbrio no Mercado Títulos-Spot ) Se as hipóteses II.5 – II.6são satisfeitas então existe equilíbrio no mercado de títulos-spot para a economia 0 e iS�j éPareto-ótimo.
Prova: Como a hipótese II.5 é satisfeita sabemos que existe equilíbrio de mercado con-
tigente E)ciS�j� para a economia EL�c e��.
Seja' uma medida uniformente equivalente a� tal queC ' �'E(� é um gerador de mar-
tingale. Como K um espaço de Hilbert, o funcional preço ) dado pelo equilíbrio de mercados
contigentes tem uma representação da forma
)ES� ' )'R ES� ' .'
3C
A]f
R|�S|_|
4D c S 5 K
para um único processo de preço iRj 5 Kn. Como i(j satisfaz a hipótese de spanning
dinâmico, pelo Lema II.1 o processo S� � e� é financiado por alguma estratégia w� ao custo
único de )'R ES� � e��. Como E)'R c iS
�j� é um equilíbrio de mercado contingente )'R ES� �
e�� ' f. Logo Ew�c S�� é um plano factível para � � .
Como S� � e� ' �S
�3��'� S� � e� pela Lei de Walras, a estratégia w� ' �
S�3�
�'�w�
financia S� � e� a um custo inicial zero. Logo Ew� c S�� é um plano factível para o agente
� . Assim os planos Ew�c S��c � 5 i�c ���c�j são market-clearing.
27
Vamos mostrar que iS�j é Pareto-ótimo, i.e. não existe plano factível Eew�c eS�� tal que para
algum agente �, L�EeS�� : L�ES��. Suponha que exista tal plano, como L�EeS�� : L�ES
�� e
E)'R c iS
�j� é um equilíbrio de mercados contingentes, )'R EeS�� : )'
R ES��. Se a estratégia ew�
financia eS� � e� ela o faz a um custo único de )'R EeS� � e�� : )'
R ES� � e�� ' f, contradizendo
a hipótese de factibilidade. Logo iS�j é Pareto-ótimo.
Acabamos de dar as condições de existência de equilíbrio para um modelo em tempo con-
tínuo com mercado de títulos. Um modelo com mercados completos, mas bem geral. Esse
títulos são genéricos, ações, debentures, seguros, derivativos, etc.., em suma qualquer instru-
mento financeiro real ou nominal que permita os agentes transferirem renda para estados da
natureza no período seguinte.
Os modelos de precificação de ativos, por exemplo CAPM, são casos particulares desse,
assim como os precificação de derivativos, exemplo Black e Scholes [1973].
Assim o usaremos como base teórica do modelo de precificação de risco de crédito apre-
sentado no próximo capítulo.
4 Apêndice A - Processos Estócasticos e Medida Martingale Equivalente
Este apêndice tem o objetivo fazer um interlúdio na teoria de martingales, hoje em dia uma
das ferramentas mais importantes na teoria de finanças. Sugerimos ao leitor interessado em
maiores detalhes consultar Lipster e Shirayev [1977], como referência de teoria de Processos
Estocásticos e Harrison e Pliska [1981] sobre teoria de martingales aplicada a precificação de
títulos.
28
Intuitivamente um processo estocástico é um martingale se sua trajetória é não previsível.
Um processo estocástico que na média cresce é denotado submartingale e que na média de-
cresce um supermartingale.
Definição II.9 ( Processo Estocástico ) - Um processo estocástico if|c | 5 dfc4oj tomandovalores em ?_, com � � _ 4, é uma função de dfc4o � l $ ?_, para _ � �, tal quepara | 5 dfc4o fixo, f| é um vetor aleatório definido sobre Elc@� com @ a j-álgebra desubconjuntos de l; um / 5 l fixo, determina a trajetória if|E/�j do processo.
Vamos admitir que observamos uma família de variáveis aleatórias indexadas pelo tempo
|. O tempo é contínuo e o processo observado é denotado por i7|c | 5 dfc4oj. Seja 8 '
i@|c | 5 dfc4oj uma família de conjuntos de informação que fica continuamente disponível
conforme o tempo passa. Esse conjunto é chamado filtração quando satisfaz:
1-@| � @r quando | � r
2-@f inclui todos os subconjuntos de eventos de probabilidade nula em @
3-para todo | 5 dfc4oc@| ' _r:|@r
Se o valor de 7| é incluído no conjunto de informação @|, mais formalmente 7| é @|-
mensurável, para todo |, então i7|c | 5 dfc4oj é dito adaptado a i@|c | 5 dfc4oj.
Usando diferentes conjuntos de informação podemos gerar previsões distintas de i7|j,
essas previsões são dadas pela esperança condicional,
.|d7A o � .d7A m @|oc | A
Definição II.10 ( Martingale ) - O processo i7|c | 5 dfc4oj é um martingale com respeito auma família de conjuntos de informação @| e em respeito a uma medida de probabilidade � ,se, para todo | : f
1-i7|j é i@|j– adaptado2-. m 7| m43-.|d7A o ' 7| , para todo | A , com probabilidade 1
29
Definição II.11 ( Submartingale ) - O processo i-|c | 5 dfc4oj é um submartingale comrespeito a uma família de conjuntos de informação @| e em respeito a uma medida de proba-bilidade � , se, para todo | : f
1-i-|j é i@|j– adaptado2-. m -| m43-.|d-A o � -| , para todo | A , com probabilidade 1
Definição II.12 ( Supermartingale ) - O processoiT|c | 5 dfc4oj é um supermartingale comrespeito a uma família de conjuntos de informação @| e em respeito a uma medida de proba-bilidade � , se, para todo | : f
1-iT|j é i@|j– adaptado2-. m T| m43-.|dTA o � T| , para todo | A , com probabilidade 1
Intuitivamente a melhor previsão dos valores futuros é a ultima observação de i7|j quando
martingale. Note que um processo é um martingale para um dado conjunto de informação e
uma medida de probabilidade. Caso um dos dois mude o processo pode deixar de ser um
martingale. Por outro lado um processo que não é um martingale pode vir a ser se mudarmos
apropriadamente o conjunto de informação e/ou a medida de probabilidade.
Suponha que temos um processo i�|j, que cresça em média ou seja um submartingale
estrito, isto é,
�| .|d��oc com probabilidade1 c | � A
Claramente i�|j não é um martingale, um exemplo de um tal processo é título de de-
sconto. É esperado que seu preço cresça em média, logo não se comporta como um mar-
tingale, o mesmo ocorre com a maioria de ativos financeiros. Todavia podemos converter
submartingales em martingales, via uma medida de probabilidade adequada.
A teoria de martingales é muito rica e nos dá um ambiente muito fértil para modelagem
estocástica em tempo contínuo. Sua aplicação na Precificação de ativos é fundamental pois
30
em ausência de possibilidades de arbitragem, o equilíbrio de mercado sugere que possamos
achar uma medida de probabilidade sintética ' tal que o preço do ativo descontado seja um
martingale, i.e.,
.'
| de3o�7|n�o ' 7|c com probabilidade1c � : f
Definição II.13 ( Processo de Variação Finita ) - O processo if|c | 5 dfc4oj é de variaçãofinita se f ' ���, onde � e � são processos adaptados crescentes ( quase certamente )
Definição II.14 ( Semi-Martingale ) - O processo iT|c | 5 dfc4oj é um semi-martingalecom respeito a uma família de conjuntos de informação @| e em respeito a uma medida deprobabilidade � , se, para todo | : f, admite uma decomposição T '� n� onde � é ummartingale e � é um processo de variação finita.
Definição II.15 Sejam� e'medidas de probabilidade em um espaço Elc@� são equivalentesse:
;� 5 @ G � E�� ' f/ 'E�� ' f
Definição II.16 ( Medida Martingale Equivalente ) – Sejam � e'medidas de probabilidadeem um espaço Elc@�. ' é uma medida martingale equivalente, se ' é equivalente � e parai7|jé um martingale com respeito a '.
O teorema de Girsanov dá as condições técnicas para converter a medida de probabilidade
original em uma medida martingale equivalente.
Vamos primeiro dar uma idéia heurística como isso é feito depois apresentaremos o teo-
rema. Fixamos | e consideramos uma v.a. 5| normalmente distribuída,
5| � �Efc ��
Seja sE5|� a função de densidade e denote por � a medida de probabilidade implícita.
Temos
_� E5|� '�s2Ze3
�
2E5|�2_5|
Agora definimos a função
31
1E5|� ' e5|>3�
2>2
Ao multiplicar 1E5|� por _� E5|� obtemos uma nova probabilidade, ' cuja densidade com
relação à medida de Lebesgue é
d_� E5|�od1E5|�o '�s2Z
e3�
2E5|�2n5|>3
�
2>2_5|
Rearrumando os termos no expoente, obtemos
}E5|� '�s2Z
e3�
2d5|3>o
Ou seja,
_'E5|� '�s2Z
e3�
2d5|3>o_5|
Claramente _'E5|� é uma medida de probabilidade definida por _'E5|� ' _� E5|�1E5|�.
Sob essa nova medida de probabilidade 5| tem distribuição normal com média > e variância
�.
Claramente
_'E5|�
_� E5|�' 1E5|�
Essa expressão pode ser vista como uma derivada, chamada Radon-Nikodym de ' com
respeito a � , essa transformação muda a média deixando a variância intacta. Assim sua apli-
cação à Teoria de Finanças é imediata, podemos eliminar os prêmios de risco dos preços dos
ativos, mantendo sua volatilidade intacta.
Antes de enunciar o teorema de Girsanov, vamos definir Movimento Browniano e Processo
de Itô.
32
Definição II.17 Um processo i�|c | 5 dfc4oj definido em um espaço de probabilidade Elc@c � �é um Movimento Browniano Padrão se:
1 - ;f � r | 4c �|��r é normalmente distribuido com média zero e variancia iguala |� r�
2 - ;f � |f |� � � � |, 4, as variáveis aleatórias i�E|f�c �E|&� ��E|&3�� G � �& � ,j, são independentes.
3- � E�f ' f� ' �
Para _ 5 Q, um Movimento Browniano Padrão em ?_ é um processo tomando valores em
?_c E�E��c ���c �E_��c constituido de _ Movimentos Brownianos Padrão independentes.
Definição II.18 Um Processo de Itô é definido por if| G | 5 dfc A oj
_f| ' >E|cf|�_|n jE|cf|�_�|cff ' %
onde > G dfc A o� l$ ?(j G dfc A o� l$ ?n, tal que;| : f G
U|
f>Erc %r�_r 4
;| : f GU
|
fj2Erc %r�_r 4
e _�| é Movimento Browniano Padrão.
Teorema II.6 ( Girsanov ) - Seja if|c | 5 dfc A oj um Processo de Itô, definido em Elc@c 8c � �espaço filtrado de probabilidade, onde 8 ' i@| G | 5 dfc A oj é filtração,
_f| ' >E|cf|�_|n jE|cf|�_�|c | 5 dfc A o
Se existe um processo i)|c | 5 dfc A oj adaptado a 8 tal que valem as condições Novikov,
.
�i T
��
2
]A
f
)r)r_r
��4
eA]
f
v|_| 4
ondev| ' >E|cf|�� jE|cf|�
Então existe uma medida de probabilidade ' equivalente a � tal que:1 - h�| ' �| �
U|
f)
r_rc;| 5 dfc A o define um Movimento Browniano Padrão adaptado a
filtração 8 em um espaço de probabilidade Elc@c '�.2 - if|c | 5 dfc A oj é um processo de Itô em Elc@c '� escrito como
_f| ' v|_|n jE|cf|�_ h�|
3 - A mudança de probabilidade é dada pela variável aleatória
_'
_�' i T
3C
A]f
)r_�r �
�
2
A]f
)r)r_r
4D
33
Em particular um escolha apropriada do processo ), sob condições de regularidade, per-
mite modificar o drift de maneira a transformarf em um martingale sob '.
34
Capítulo IIIPrecificação do Risco de Títulos sujeitos a Default
A matemática, quando abstrata,é a única fonte de certeza absoluta, certeza que,porém, diminui na razão direta de sua concretização.Albert Einstein
1 Introdução
A teoria clássica de finanças sempre se preocupou em estimar a estrutura a termo da taxa de
juros de títulos em geral sem se preocupar com a possibilidade de default dos títulos.
A estrutura da taxa de juros de um título em geral é dividida em estrutura a termo e estrutura
de risco12, definida pela taxa de juros mercadológica e pelo prêmio de risco, respectivamente.
Títulos como T-bond 30 anos do Tesouro Americano são considerados livres de risco de
default, com isso seu prêmio é zero. Por outro lado títulos como debêntures de firmas e C-
Bonds13 embutem um prêmio de risco em seu preço, que é dado pela probabilidade de uma
firma ou um País ir a default.
Recentemente junto com a teoria de mercados incompletos, vem se desenvolvendo uma
literatura de precificação de títulos e derivativos sujeitos a default, como Duffie[1998], Jarrow
and Turnbill[1995], Hull and White[1995], Kealhofer[1996].
Um dos pioneiros nessa área foi o trabalho seminal de Merton [1974]. Seu interesse era
estudar a estrutura de risco de títulos emitidos por firmas, tomando a estrutura a termo como
dada. Todavia no modelo original o valor de mercado dos ativos, uma variável não observada,
�2 No nosso caso risco no sentido de default�� Títulos da divida externa Brasileira negociados no mercado internacional.
35
era fundamental. Por outro lado ele mostrou uma relação teórica importante entre o equity, o
valor de mercado dos ativos e o valor da dívida de uma firma.
Isto posto usaremos esse modelo como base teórica para estimar o valor dos ativos de uma
firma cotada em bolsa, a partir do preço de sua ação ( equity ).
Assim definiremos a probabilidade de default como a probabilidade de que o valor de
mercado dos ativos seja menor ou igual que o total de obrigações.
2 O Modelo
Vamos apresentar um modelo inspirado em Merton[1974] e reescrevendo para técnicas de
medida martingale equivalente, o qual usaremos para estimar o valor dos ativos da firma e
sua volatilidade, usando a metodologia de Kealhofer[1996].
Como veremos adiante a probabilidade de default será estimada a partir do valor dos ativos
da firma, de sua volatilidade, da taxa de juros, do tempo até o vencimento e do valor da dívida.
Porém tanto o valor dos ativos da firma quando sua volatilidade não são observados. Iremos
estimar esses através do preço da ação da firma, uma vez que toda informação necessária está
implícita no preço, condizente com a idéia de equilíbrio geral.
Após isso feito iremos caracterizar a probabilidade de default, como a probabilidade do
processo valor dos ativos ser menor ou igual ao valor da dívida até o vencimento.
Antes de entrar no problema em si, vamos apresentar um modelo geral de precificação de
derivativos e conforme necessário faremos as hipótese específicas.
A estrutura de informação será definida, como anteriormente, pelo Elc@c 8c � � espaço
36
filtrado de probabilidade para o tempo C ' dfc A o, onde 8 ' i@| G | 5 dfc A oj satisfazendo
as condições da seção II.3.
A estrutura a termo taxa de juros de curto prazo ( short-rate ) é um processo adaptado ioj
satisfazendoA]
f
m o| m _| 4
Quase certamente, com o| interpretado como a taxa de dividendos demandada no tempo
| de um título livre de risco de default que o preço é sempre 1. É a taxa de juros de capi-
talização contínua. Sendo assim o valor de um investimento i~j do tempo | até o tempo �
continuamente reinvestido, tal ~| ' � é dado por
~|c� ' i T
3C
�]|
or_r
4D
Temos � n � títulos representados por ( ' E(fc(�c ���c(��, o processo de dividendos
acumulados, e 7 ' E7fc 7�c ���c 7��, o processo de ganhos.
Um processo de dividendos i(j é financiado por uma estratégia de negociação iwj se
para todo | 5 dfc A o
w|�7| ' wf�7f n
] |
f
wr_Cr �(|3
significando que o valor da estratégia no tempo |, w|�7|, é dada pelo valor inicial wf�7f
mais os ganhos acumuladosU |
fwr_Cr menos os dividendos acumulados até |, (|3.
Definição III.1 Uma arbitragem é uma estratégia de negociação iwj com um valor inicialwf�7f � f, financiando um processo de dividendos não-negativo i(wj e com um valor finalnão-negativo wA �E7A n{(A �, sendo que um dos três é diferente de zero.
Definição III.2 Uma estratégia de negociação iwj é auto-financiavel se ela financia um processode zero dividendos, i.e., não gera ou requer renda durante Efc A �.
37
Fazendo um rápido desvio à teoria monetária, sabemos que uma mudança do numerário
dos preços e dividendos da economia não tem efeitos reais, assim definimos,
Definição III.3 Um deflator de preços é um semi-martingale iqj previsível positivo limitado.
Ao redefinir todos os preços e dividendos da economia em termos do deflator iqj por
(q
| 'U |
fqr_(r e 7q
| ' q|7| não teremos impactos reais nas estratégias de investimentos.
Enunciamos a proposição que garante isto.
Prop III.1 Seja iqj um deflator de preços qualquer. Suponha que iwj financie um processo dedividendos de variação finita i�j, dado um título definido pelo processo de dividendos i(j eprocesso de preço i7j. Então, dado título definido pelo processo de dividendos deflacionadoi(qj e processo de preço deflacionado i7qj, a mesma estratégia iwj financia o processo dedividendos deflacionado i�qj.
Prova: Huang[1985]
Prop III.2 Se Ei(jc i7j� admite não arbitragem, então Ei(qjc i7qj� também admite.
Vamos definir o deflator de preços para essa economia por B| ' ~3�| e o processo de ganho
deflacionado�CB�
por CB ' (B n 7B.
Definição III.4 Uma medida martingale equivalente é uma medida de probabilidade', equiv-alente a � , na qual
�CB�
é um '-martingale.
Isto quer dizer que sob ', para todo | e � � |, .'ECB� m @|� ' CB
| , onde .' é a esperança
sob '. Isto implica em uma importante formula,
7| '�
B|.'
3C
�]|
Br_(r n B�7� m @|
4D (3)
Isto é, o valor de não arbitragem deflacionado de 7, no tempo |, é a esperança na economia
neutra ao risco sob ', do processo de ganhos deflacionado.
38
Note que estamos em uma situação geral não fizemos nenhuma restrição, a não ser técnica,
de que tipo de título deve ser esse.
Teorema III.3 ( Harrison-Kreps ) Suponha que @ seja finito. Então não existe arbitragem see somente se existe uma medida martingale equivalente.
Prova: Duffie[1991], pg.1651
Para o caso contínuo temos um resultado equivalente, todavia temos algumas condições
técnicas a serem satisfeitas. Não iremos explorar isso nessa dissertação, ao leitor interessado
recomendamos Duffie[1992], Cap. 6, e Harrison e Pliska [1981].
Definição III.5 iCj é um semi-martingale é especial se é um semi-martingale com uma únicadecomposição. Cada semi-martingale integrável iC�j pode ser escrito como a soma de ummartingale i� �j e um processo previsível de variação limitada i��j com ��
f' f, em par-
ticular todo semi-martingale contínuo é especial.
Teorema III.4 Suponha que o processo de ganho iCj seja especial e _�*_' é limitada outodo '-martingale tenha saltos limitados. Se o componente martingale de iCjé um geradorde martingale sob � , então
�CB�
é um é gerador de martingale sob ' e todo processo dedividendo pode ser financiado por alguma estratégia de negociação.
Prova: Duffie[1991], pg.1656
Prop III.5 ( Unicidade ) Sob as hipóteses do teorema III.4, existe uma única medida martin-gale equivalente.
Prova: Duffie[1991], pg. 1656
Ou seja a existência de uma medida martingale equivalente é o mesmo que a não existência
de arbitragem e pela unicidade garantimos que o preço é único. Assim usando (3) obtemos o
preço de não arbitragem de i7j.
O caso Browniano é particularmente interessante pois todo martingale em uma filtração
Browniana é contínuo quase-certamente.
39
Como visto no Apêndice A, o teorema de Girsanov nos garante, sob condições de regular-
idade, a existência da medida martingale equivalente e nos dá a derivada Randon-Nykodym
e o Browniano sob ', com isso eventualmente podemos calcular explicitamente o preço de
não arbitragem de títulos.
Vamos agora considerar que o título que estamos interessados em precificar é emitido por
uma firma e existe a possibilidade que esta não honre o compromisso no vencimento.
O processo valor dos ativos da firma iT j é um Processo de Itô, dado por
_T| ' EkT| ���_|n jT|_� (4)
onde k é a taxa de retorno instantânea esperada da firma no tempo |; � é o processo de
pagamento ( recebimento ) total, no caso constante, � : f representa dividendos ou juros
pagos e � f novos financiamentos; j2 é a volatilidade do retorno da firma ( Risk-Business
); _� um Movimento Browniano Padrão.
Seja it j processo preço de um título emitido pela firma, tal que para todo |, t| ' 8 ET|c |�.
O valor desse título satisfaz
_t| ' Ebt| ��+�_|n Dt|_�+ (5)
onde b é o retorno esperado instantâneo de t|; �+ os dividendos ( constante ); D2 a volatil-
idade do retorno do título e _�+ um Movimento Browniano Padrão.
Vamos derivar algumas relações desses processos que nos serão extremamente úteis mais
adiante. Dado que t| ' 8 ET|c |� temos, pelo lema de Itô e usando (4)
40
_t| ' 8T _T n�
28T T E_T �2 n 8|_|
d�
2j2T 2
| 8T T n EkT| � ��8T n 8|o_|n jT|8T _� (6)
comparando (5) e (6) temos
bt | '�
2j2T 2
| 8T T n EkT| � ��8T n 8| n �+ (7)
Dt| ' jT|8T (8)
_� � _�+ (9)
De (9) vemos que T| e t| são perfeitamente correlacionados. (8) estabelece uma relação
teórica que será fundamental para nós, ela relaciona a volatilidade do título com a dos ativos
da firma. Uma vez que a volatilidade dos ativos da firma não é observada e a do título é,
usaremos a ultima para estimar a primeira com base nessa relação, isto será explorado mais
adiante. Essas relações valem para qualquer título da firma que seja função do valor dos ativos
e do tempo, debentures, ações, dívida etc...
Hipótese III.1 A estrutura a termo é não estocástica, i.e., ~| ' e%REo|�c;| 5 dfc A o.
Hipótese III.2 O Teorema de Modigliani-Miller é valido.
A hipótese III.1 é usada para separarmos claramente a estrutura a termo da estrutura de
risco. Já a III.2 nos garante que o valor dos ativos da firma é invariante a sua estrutura de
capital, com isso podemos tomar o valor dos ativos como exógeno.
41
No tempo 0 a firma emite um título sem amortização, este título caracteriza dívida da
firma, para todo | 5 dfc A o. A firma promete pagar o total de M ( o valor de face do título
) aos credores no tempo A , caso ela não honre o compromisso os credores assumem a firma
e os acionistas não recebem nada. Não há pagamento de dividendos nem emissão de novas
dividas até o vencimento em A .
Como o título é um sem amortização, �+ ' f e como não há pagamento de dividendos
nem outro financiamento � ' f. Vamos definir � � A � |, i.e. o tempo a partir de |
até o vencimento, com isso temos 8| ' �8� . Por definição o valor dos ativos é dado por
T� � 8 ET� c � � n s ET� c � � onde s ET� c � � é o valor do equity da firma. Como tanto 8 quanto
s são não-negativos temos que 8 Efc � � ' sEfc � � ' f. Logo 8 ET� c �� � T� o que implica
8 ET� c ��*T� � �.
No vencimento A E� ' f�, a firma pode pagar M aos credores ou ir a default, temos dois
casos:
i - TA : M G a firma paga M aos credores, pois o equity s ETA c A � ' TA �M : f e caso
ela vá a default sETA c A � ' f
ii - TA � M G a firma vai a default, pois pagar implica em um custo maior do que seu equity
uma vez que ele é igual a zero pela aquisição dos credores.
Logo, no tempo � ' f a condição inicial para o título é 8 ETfc f� ' dTfcMo3.
Note que, para todo � , sET� c � � ' T� � 8 ET� c � �, isto é, o equity é função do valor dos
ativos a firma e do tempo, com isso s ETfc f� ' dTf�Mon, i.e., o valor do equity no vencimento
da dívida E� ' f�.
42
Antes de enunciar o teorema que nos dá a formula de precificação do equity observe que
de (3) seu valor s| é dado para todo | : f por
s| '�
B|.'dB�sETA c A � m @� o (10)
E o valor inicial do equity sf é dado por
sf ' .'dB�sETA c A �o (11)
Teorema III.6 Suponha que valem as hipóteses III.1 - III.2. Então são equivalentes14:i - O valor do equity da firma no tempo |, com processo valor dos ativos dado por iT j, o
valor da dívida M e o vencimento em A é dado pela formula:s| ' T|�E_��M i TE�o� ��E_ � j
s�� (12)
_ '
�*L}
�T |
M
�n
�o n �
2j2
���
Ejs� �
(13)
onde � é função de distribuição acumulada normal padrão.ii - Não existe arbitragem.
Prova: (�+ ��) Supondo que não há arbitragem existe uma medida martingale equivalente
', pelo teorema III.315.
A filtração 8 é gerada por um Movimento Browniano padrão � 5 ? que é ele mesmo um
gerador de martingale, como vimos no capítulo anterior. Seja i�j a parte martingale de iT j
como j é um escalar e iT j um processo previsível podemos escrever �| 'U |
fjT|_�rc f �
| � A , assim i�j é também um gerador de martingale e como todo martingale em uma
filtração Browniana é contínuo quase certamente as hipóteses do teorema III.4 são satisfeitas
�e Esse Teorema é analogo ao teorema de Black and Scholes[1973], Ver Merton[1973], [1974] e Duffie[1994]�D Como observado anteriormente existe uma versão análoga ao caso contínuo ( nosso caso ), todavia o caso contínuo pede que sejam satisfeitas
algumas condições de regularidade.Assumos implicitamente que elas estão safisteitas, Ver Duffie [1992], Cap.6
43
logo existe uma única medida martingale equivalente '.
Garantida a existência e unicidade de ', o valor equity s| é dado para todo | : f por
s| '�
B|
.'dB�sETA c A � m @� o (14)
Resta agora calcular a esperança em (14). Todavia afim de poupar o leitor de demasiadas
contas iremos fazer só para | ' f�
Logo com | ' f, temos sf ' �
Bf.'dB�sETA c A � m @fo ' .'dB�sETA c A �o, onde sETA c A � '
dTA �Mon,
Agora pelo Teorema de Girsanov temos
_' '�s
2Zj2Ai Td� �
2j2AEtA � A Eo � �
2j2��2o_tA
onde TA ' TfetA
Assim
sf '
"]
3"
e3oAs ETA c A �_'
'
"]
3"
e3oA dTfetA �Mon
�s2Zj2A
i Td� �
2j2AEtA � A Eo � �
2j2��2o_tA
Mas
TfetA � M / tA � *?E
M
Tf� ' @
44
Assim
sf '
"]
@
e3oA ETfetA�M�
�s2Zj2A
i Td��
2j2AEtA � A Eo �
�
2j2��2o_tA
' Tf
"]
@
e3oA etA�
s2Zj2A
i Td��
2j2AEtA � A Eo �
�
2j2��2o_tA (15)
�Me3oA"]
@
�s2Zj2A
i Td��
2j2AEtA � A Eo �
�
2j2��2o_tA (16)
Fazendo
~ 'tA � A Eo � �
2j2�
jsA
e
_2 '*?ETf
M�� A Eo � �
2j2�
jsA
(16) fica
�Me3oA"]
3_2
�s2Ze3
�
2~2
_~
' �Me3oA_2]
3"
�s2Ze3
�
2~2
_~
' �Me3oA�E_2� (17)
em (15)
e3j2A
2 Tf
"]
3_2
e~jIA
�s2Ze3
�
2~2
_~
' e3j2A
2 Tf
_2]
3"
�s2Ze3
�
2E~2n2~j
IA �_~
' Tf
_2njIA]
3"
�s2Ze3
�
2f
2
_f
45
' Tf� E_� (18)
onde f ' ~ n jsA e _ ' _2 n j
sA
Assim de (17) e (18) temos
sf ' Tf�E_��Me3oA�E_2�
(�, ��) Suponha que o valor da equity seja dado por (12) e (13). Assim existe uma medida
martingale equivalente ' que no caso é única, logo pelo teorema III.3 temos que não existe
arbitragem.
Acabamos assim de caracterizar a relação entre o valor dos ativos da firma, sua dívida e seu
equity por uma formula análoga a formula de Black e Scholes[1973]. A intuição econômica
para esse resultado está no fato que o acionista tem responsabilidade limitada sob a firma, isto
é o preço da ação não pode ser menor que zero, ou seja ele não tem responsabilidade sob a
dívida ’’excedente ’’. Assim por essa condição de fronteira podemos ver o equity como uma
opção do valor dos ativos da firma, com o valor das obrigações sendo o ’’preço de exercício’’.
Na figura (1) temos o exemplo o gráfico do equity x valor dos ativos com dívida igual a 60
3 Probabilidade de Default e Prêmio de Risco
Nosso objetivo é estimar a probabilidade de default, isto é a probabilidade de que o valor de
mercado dos ativos de uma firma seja menor ou igual ao valor de suas obrigações a serem
pagas. Estamos interessados no caso particular em que essa firma tem ações cotadas em bolsa.
Os ativos econômicos consistem nos recursos que a firma produz ou tem o potencial de pro-
duzir, é o fluxo de caixa antes do pagamentos de dividas ou obrigações. O valor de mercado
47
dos ativos da firma é justamente o valor desse fluxo de caixa. As obrigações econômicas in-
cluem as obrigações reais, pagáveis em termos especificadas em contratos, dívidas e o equity.
Uma característica das obrigações da firma é que constituem um completo e não cumulativo
conjunto de direitos em cima do fluxo de caixa. Assim todo fluxo de caixa gerado pelos
os ativos econômicos é usado ou para pagamento das obrigações econômicas ou reinvestido
para benefício dos acionistas. O Teorema Modigliani - Miller nos diz o valor de mercado
dos ativos é exatamente o valor das obrigações incluindo o equity.
Portanto o equity é o valor de mercado dos ativos menos o valor de mercado das obrigações.
O valor de mercado dos ativos não é diretamente observado, mas como vimos o equity é
função do valor dos ativos, da sua volatilidade, da taxa de juros e do valor e vencimento da
dívida. Por outro lado a volatilidade dos ativos é função da volatilidade do equity, do equity,
do valor dos ativos e da derivada do equity em relação ao valor dos ativos.
Portanto o teorema III.6 e a relação (8) nos dão a base teórica de como estimar tais variáveis,
s| ' T|�E_��M i TE�o��� E_� rs� �
Dt| ' jT|8T
Onde s| é o valor do equity da firma que é dado pelo preço da ação vezes o número de
ações. Como a relação (8) é valida para qualquer título t| que seja função do valor dos ativos
e do tempo, vale em particular para t| igual ao equity da firma, logo v é a volatilidade do
preço da ação que é facilmente estimável e 8T a derivada do preço da ação em relação ao
valor dos ativos da firma, que é dada por
48
_s
_T' � E_�
Reescrevendo (8) temos
j 'vs|
T|�E_�
Temos duas equações e duas incógnitas, assumindo que esse sistema tem solução, podemos
a partir de dados observáveis, o preço da ação e sua volatilidade, estimar o valor dos ativos
da firma e sua volatilidade.
Kealhofer[1996] mostrou resultados empíricos satisfatórios ao estimar o valor dos ativos
e a volatilidade com base nesse modelo teórico.
Todavia para estimar a probalidade de que T � M até um horizonte finito e fixo, Keal-
hofer[1996], se baseia em uma distribuição histórica do mercado americano desde 1978. O
tornando essa metodologia inviável para essa dissertação, pelo tempo e custo envolvidos na
coleta de tais informações, caso elas estejam disponíveis.
Optamos por uma abordagem mais teórica, definido o processo if| G | 5 dfc A oj por f| �
*L}ET|
M�, onde T| é o valor de mercado dos ativos em | e M a dívida total a ser efetivamente
paga no vencimento A , queremos o probabilidade da primeira passagem ifj por zero em
dfc A o. Isto por que o Browniano está associado ao logaritmo dos preços e ativos.
Note que o equity s| ' T|�M|, ( preço da ação vezes o numero de ações ) é igual ao valor
de mercado dos ativos menos o valor de mercado das dividas e não o valor efetivamente a ser
pago, que eventualmente pode ser diferente, distorcendo o cálculo ( no caso subestimando ).
Assim caso T| �M ( *L}ET|M� ) seja zero em um certo | 5 dfc A o basta que M| seja menor M
49
para que o equity seja positivo. O normal é que o valor de mercado da dívida M|, para | A ,
seja menor que M , o valor a ser pago no vencimento.
Isto posto, voltamos para o problema em si, calcular a probabilidade de default, isto é, a
probabilidade da primeira passagem de ifj por zero em d|�c |2o.
Prop III.7 Seja it| G | 5 dfc A oj um processo estocástico que segue um Movimento Browni-ano com média > e variância j2 então a probabilidade da primeira passagem de t| por zeroem f � |� |2 � A é dada por
�i4�?Et|� fc | 5 E|�c |2�j ' �
��tf � >|�
js|�
�n�2
�tJ n >|�
js|�
c�tf � >|2
js|2
c�s|�s|2
�
ni T
��2>tfj2
���2
�tJ � >|�
js|�
c�tf n >|2
js|2
c�s|�s|2
�Onde �E�� é função de distribuição Normal padrão e �2E%c +c 4� função de distribuição
Normal bivariada para as variáveis aleatórias % e + e coeficiente de correlação 4.
Prova: Ingersoll [1987]
Então a probabilidade de default no período |� a |2 será dada por �i6�?Ef|� fc | 5
d|�c |2oj onde if| G | 5 dfc A oj é definido por f| � *L}ET|
M�, onde T| é o valor de mercado
dos ativos em | e M a dívida total a ser efetivamente paga no vencimento A .
Prop III.8 O prêmio de risco sem colateral em | 5 d|�c |2o será dado por
Ro�r&| '
%E� n o|�
|23|�
E� n �|��
|23|�
& �
|23|�
� E� n o|�
onde o| é a taxa de juros sem risco em | e �| a probabilidade de default em |�
Prova: Ver Braido[1998]
50
Capítulo IVEstimação da Probabilidade de Default e Prêmio de
RiscoEu penso 99 vezes e nada descubro;deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio- e eis que a Verdade se me revela.Albert Einstein
1 Introdução
Este capítulo consiste em testar empiricamente o modelo apresentado no capítulo anterior.
Primeiramente selecionamos uma firma cotada em bolsa no mercado acionário Brasileiro que
efetivamente foi a default e fizemos uma análise retroativa. Depois fizemos o mesmo com
uma firma sólida que não foi a default afim de comparar os resultados. É bom frisar que
essa metodologia não se aplica a estatais no caso Brasileiro pois outros fatores, diferentes das
hipóteses do modelo, levam estatais ir a default e claramente nesse caso não há possibilidade
de aquisição.
Começaremos fazendo testes de raíz unitária afim de especificar corretamente o modelo.
A seguir vamos estimar a volatilidade diária do preço da ação, assumindo que ela segue um
GARCH. O proximo passo é calcular o valor de mercado dos ativos da firma e sua volatilidade
usando o modelo apresentado nessa dissertação. E então vamos calcular a probabilidade de
default e finalmente o prêmio de risco sem colateral.
As firmas foram a Mesbla S.A. e Aracruz Celulose S.A.
51
2 Mesbla S.A.
As ações da Mesbla pararam de ser negociadas em 16/07/1996, optamos por essa data como
a data de vencimento e fizemos a análise a partir do inicio de 1995. Usamos o preço de
fechamento diario da Mesbla PN e taxa de juros Selic do dia do vencimento. Nessa análise
vamos considerar concordata como default. Na figura (2) temos o preço da ação e na figura
(3) os retornos diários ao longo do período.
(2)
2.1 Teste de Raíz Unitaria
Primeiramente vamos verificar se a série do logaritmo dos preços possue ou não raíz unitária
afim de especificar corretamente o modelo. Usamos o teste Phillips-Perron 16 com intercepto
por sua maior generalidade a respeito das hipóteses sobre as distribuições dos erros17.
�S Os resultados do teste ADF foram semelhantes em todas as séries.�. Ver Engle[1995], Cap. 4
52
(3)
Como vemos na tabela abaixo que aos níveis de significancia usuais 10%, 5%, 1% não
podemos rejeitar a hipótese nula de raíz unitária, com base na estatística PP -0,69596. Segue
então que o logaritmo do preço da ação é integrado de ordem 1.Estatística PP �fc SbDbS Valores Críticos 1% ��c eDDS
Baseados em Mackinnon 5% �2c H.2�10% �2�D.2�
Variância Residual sem Correção f�ffHeb�Variância Residual com Correção f�ff.2.�
Agora vamos especificar nosso modelo, seja %| o preço da ação então
*L}E%|� ' *L} E%|3�� n e|
Como *L} %|�UE��ctemos que {*L} %|�UEf�, logo
*L}E%|
%|3�
� ' e|
onde e| segue um GARCH (p,q).
53
2.2 Especificando o GARCH
Duarte Jr. e Mendes[1998] indicam que o GARCH que melhor se encaixa no mercado Brasileiro
é o GARCH(1,1). Todavia ao invés de optarmos direto pelo GARCH(1,1) vamos testar tam-
bém o (2,0) e (0,2).
Usaremos o Schwarz Info Criteria para escolher a melhor especificação, o escolhido será
aquele que miminiza o SIC.
Após a estimação das distintas especificações acabamos optando pelo GARCH(1,1) com
SIC igual a -2,22, contra um SIC de -2,14 para o GARCH (2,0) e de -2,21 para o GARCH(0,2).
Assim assuminos que e| m �|3�
� �Efc �|�, onde
�| ' fc ff�2H n fc�2ebe|3� n fc DS.H�|3� (19)
Efc ff�2e� Efc fe�f2� Ef�f��2S� (20)
com todos os coeficientes significantes a 1%.
Na figura (4) temos a volatilidade da ação da Mesbla estimada por um GARCH(1,1) durante
o período.
2.3 O Valor dos Ativos, Probabilidade de Default e Prêmio de Risco.
Uma vez especificado o modelo e estimada a volatilidade das ações, vamos usar o modelo
apresentado no capítulo anterior para calcular o valor dos ativos da Mesbla.
Calculamos o valor de mercado dos ativos por ação, figura(5) e sua volatilidade, figura(6),
a partir do preço da ação, da volatilidade da ação, da taxa de juros, do vencimento e do valor
54
(4)
da dívida no vencimento pelo modelo apresentado no capítulo anterior. Como a análise foi
retroativa sabíamos efetivamente a data da concordata assim essa foi escolhida como a data
de vencimento.
Note que a volatilidade dos ativos é bem menor do que da ação, dada a especulação que o
papel sofre.
Isto feito calculamos a probabilidade de primeira passagem por zero do logaritmo do valor
dos ativos sobre a dívida.
Temos 274 dias observados, vamos calcular a probabilidade de default de hoje a daqui a
um ano, ou seja 252 dias úteis18, e o faremos para todos os dias observados.
Na figura (7) temos a série logaritmo do valor dos ativos sobre a dívida, temos default
quando esse série é igual ou menor que zero.
�H Base de referencia usada no mercado financeiro Brasileiro.
55
(5)
É bom observar que a data final da série 16/07/96 foi a data em que as ações da empresa
pararam de ser negociadas em bolsa não a data efetiva do default.
Assuminos que a série logaritmo dos ativos sobre a dívida segue um Movimento Brow-
niano Geométrico, uma vez que tinhamos assumido o mesmo para o logaritmos do preço.
Isto posto calculamos a probabilidade que esta série seja menor ou igual a zero em (0, 252),
usando a média e variância amostral da diferença da série.
A evolução da probabilidade de default é mostrada na figura (8). Na data zero tinhamos
um probabilidade zero, isto é, de hoje (data zero) a daqui 252 dias úteis a probabilidade que
a Mesbla fosse a default era zero, realmente ela só teria ido 275 dias depois. A partir do
quinquagésimo dia começamos a notar um aumento na probabilidade. A partir a centésima
observação a probabilidade sobe muito e fica oscilando entre 40% a 80%.
Mas o que exatamente isso quer dizer. A nível de comparação a KMV classifica com D
56
(6)
(default ) uma firma com EDF19 de 20% e AAA com EDF de 0,02%. Mas apesar da probabil-
idade que calculamos não ser exatamente igual a calculada pela KMV, elas guardam relações
íntimas. Em primeiro lugar a forma em que estimamos o valor dos ativos é exatamente igual
a KMV20 e em segundo, apesar de calcularmos a probabilidade teoricamente21 e a KMV em-
piricamente, elas significam o mesmo, ou seja a probabilidade de default de hoje a daqui um
ano22.
Por fim calculamos o prêmio de risco sem colateral diário usando a taxa Selic diária,
figura(9), note que a partir da centésima, observação a taxa de juros diária fica proibitiva.
Podemos ver que neste caso o prêmio de risco indicava a fragilidade da empresa.
�b Expected Default Frequency - É a probabilidade empirica, de hoje a daqui um ano, uma firma Americana vá a default. Ver Kealhofer[1996]2f Ver Kealhofer [1996]2� Para isso fazemos algumas hipóteses que a KMV não faz. Por exemplo assuminos que o log dos ativos é um Movimento Browniano
Geométrico. Apesar de ser uma hipótese forte sem ela não podemos usar esse approach teórico.22 A KMV usa também outros horizontes de tempo. Mas o caso que estamos comparando é de um 1 ano.
57
(7)
3 Aracruz Celulose S.A.
Fizemos uma análise semelhante do início de 1996 a meados de 1997. Escolhemos a Aracruz
por ser uma empresa sólida, com liquidez e por ter ADR na Bolsa de Nova York. Como
veremos obtivemos o resultado esperado uma probabilidade de default mínima no período.
Temos na figura (10) a evolução do preço das ações e na (11) o retorno diário das ações.
3.1 Teste de Raíz Unitária
Assim como fizemos com Mesbla usamos o teste Phillips-Perron com intercepto afim de
testar a existência de raíz unitária no logaritmo do preço da ação.
Como vemos na tabela abaixo que aos níveis de significancia usuais 10%, 5%, 1% não
podemos rejeitar a hipótese nula de raíz unitária, com base na estatística PP -2,554911.
60
(10)
Estatística PP �2c DDeb�� Valores Críticos 1% ��c eDHeBaseados em Mackinnon 5% �2c H.��
10% �2c D.�fVariância Residual sem Correção fc fff�b2Variância Residual com Correção fc fff�.2
Agora vamos especificar nosso modelo, seja %| o preço da ação então
*L}E%|� ' *L} E%|3�� n e|
Como *L} %|�UE��ctemos que {*L} %|�UEf�, logo
*L}E%|
%|3�
� ' e|
onde e| segue um GARCH (p,q).
3.2 Especificando o GARCH
Pelo SIC, neste caso, a melhor especificação também é o GARCH(1,1) com um SIC -5,11
contra -5,08 do GARCH(0,2) e 5,08 do GARCH(2,0)
61
(11)
Assim assuminos que e| m �|3�
� �Efc �|�, onde
�| ' fc ffffD n fc2fS.e2|3�
n fc S�2��|3� (21)
Efc ffff2� Efc f.H.� Ef���e2� (22)
O gráfico da volatilidade da Aracruz é dado na figura (12).
3.3 O Valor dos Ativos, Probabilidade de Default e Prêmio de Risco
Uma vez especificado o modelo e estimada a volatilidade das ações, vamos prosseguir e es-
timar o valor dos ativos assim como fizemos com a Mesbla.
Calculamos o valor de mercado dos ativos por ação, figura(13) e sua volatilidade, figura(14),
a partir do preço da ação, da volatilidade da ação, da taxa de juros, do vencimento e do valor da
dívida no vencimento pelo modelo apresentado no capítulo anterior. Assim como na Mesbla
62
(12)
análise foi retroativa mas escolhemos a data de vencimento arbritrariamente.
Assim como na caso da Mesbla a volatilidade dos ativos é bem menor do que da ação.
Seguimos calculando probabilidade de primeira passagem por zero do logaritmo do valor
dos ativos sobre a dívida.
Temos 242 dias observados, vamos calcular a probabilidade de default de hoje a daqui a
um ano, ou seja 252 dias úteis, e o faremos para todos os dias observados.
O resultado está na figura (15), como era de se esperar. Em todo o período analisado obtive-
mos probabilidade muito baixa, denovo comparando com a KMV, para a KMV uma empresa
com EDF 0,02% é classificada com AAA.
O prêmio de risco é mostrado na figura (16) que também é muito baixo.
66
Capítulo VConclusão
Vimos nessa dissertação um modelo de equilíbrio geral afim de estimar a probabilidade que
um firma cotada em bolsa não honre seus compromissos, isto é vá a default. A motivação em
se trabalhar com equilíbrio geral vis-a-vis modelos tradicionais baseados em dados contábeis
está no fato de toda informação necessária está implícita nos preços, ou seja o mercado já
analisou as firmas e o resultado dessa análise é refletida em seu preço.
Métodos baseados em dados contábeis tentam analisar as firmas isoladamente, sem levar
em conta o mercado, recorrendo muitas vezes a análises subjetivas e demoradas, uma vez que
os dados não estão disponíveis todos os dias.
A teoria de finanças e o mercado financeiro buscam cada vez mais formas eficientes de
precificação de risco, principalmente risco de crédito. É claro hoje em dia que os sistemas
de classificação23 tradicionais como da Moody’s e Standard & Poor’s necessitam evoluir. A
empresa americana KMV desenvolveu um sistema de classificação contínuo.
A ideia inicial dessa dissertação era adaptar a idéia da KMV ao mercado Brasileiro, mas
como ela se baseia em uma distribuição empírica para calcular a probabilidade de default op-
tamos por um caminho teórico e alcançamos os resultados esperados. Todavia há ainda muito
a ser trabalhado no modelo dessa dissertação afim que seja usando eficientemente no mercado
financeiro Brasileiro para que possamos usá-lo em previsões, por exemplo qual exatamente
deve ser o valor da dívida no vencimento a ser usado e qual deve ser o vencimento. Por outro
2� Rating Systems
67
lado vimos que os dados passados corroboraram o modelo, logo esse nos parece adequado ao
mercado brasileiro, mas é necessário mais testes com outras empresas.
Uma aplicação interessante seria criar um curva de rendimento24, construindo um gráfico
do prêmio de risco em diferentes vencimentos.
Outra possibilidade seria comparar estimações do modelo apresentado com a de modelos
tradicionais de risco de crédito.
Risco de crédito é uma área onde ainda há muito para se pesquisar tanto a nível teórico
como aplicado. A teoria de mercados incompletos nos parece ser o melhor ponto de partida,
pois tem evoluído muito nos últimos anos.
2e Yield Curve
68
Referencias Bibliográficas[1] Arrow, K., 1953, ’’Le rôle des valeurs boursières pour la repartition la meillure des risques’’
Econometrie 40: 41-47, Traduçao para Inglês (1964): Review of Economics Studies 31: 91-96
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