modelos de crescimento de quatro espÉcies …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · sejana...

79
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS PROGRAMA INTEGRADO DE PÓS – GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA TROPICAL E RECURSOS NATURAIS MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE VÁRZEA DA AMAZÔNIA CENTRAL POR MEIO DE MÉTODOS DENDROCRONOLÓGICOS Sejana Artiaga Rosa Manaus – AM Fevereiro, 2008

Upload: others

Post on 20-Feb-2021

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZOcircNIA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

PROGRAMA INTEGRADO DE POacuteS ndash GRADUACcedilAtildeO EM BIOLOGIA TROPICAL E RECURSOS NATURAIS

MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPEacuteCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE VAacuteRZEA DA AMAZOcircNIA CENTRAL POR MEIO DE MEacuteTODOS

DENDROCRONOLOacuteGICOS

Sejana Artiaga Rosa

Manaus ndash AM

Fevereiro 2008

Livros Graacutetis

httpwwwlivrosgratiscombr

Milhares de livros graacutetis para download

Sejana Artiaga Rosa

MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPEacuteCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE VAacuteRZEA DA AMAZOcircNIA CENTRAL POR MEIO DE MEacuteTODOS

DENDROCRONOLOacuteGICOS

Orientador Dr Jochen Schoumlngart

Dissertaccedilatildeo apresentada agrave coordenaccedilatildeo do Programa de Poacutes ndash Graduaccedilatildeo em Biologia Tropical e Recursos Naturais do convecircnio INPAUFAM como parte dos requisitos para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS aacuterea de concentraccedilatildeo em BOTAcircNICA

Manaus ndash AM

Fevereiro 2008

ii

R788 Rosa Sejana Artiaga Modelos de crescimento de quatro espeacutecies madeireiras de floresta de vaacuterzea da Amazocircnica Central Sejana Artiaga Rosa --- Manaus [sn] 2008 76f il Dissertaccedilatildeo (mestrado) --- INPAUFAM Manaus 2008 Orientador Jochen Schoumlngart Aacuterea de concentraccedilatildeo Botacircnica 1 Dendrocronologia 2 Crescimento arboacutereo 3 Manejo florestal I Tiacutetulo CDD 19 ed 6349285

Estudou-se a dinacircmica de crescimento arboacutereo de quatro espeacutecies madeireiras de floresta de vaacuterzea na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute por meio de anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira para subsidiar planos de manejo florestal Palavras-chave Dendrocronologia aneacuteis de crescimento florestas de vaacuterzea manejo florestal

Sinopse

iii

Agradecimentos

Agradeccedilo ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ao Programa

Integrado de Poacutes ndash Graduaccedilatildeo em Biologia Tropical e Recursos Naturais INPAUFAM e

agrave Coordenaccedilatildeo do curso de Botacircnica pelo apoio acadecircmico e infra ndash estrutura obtida

para a realizaccedilatildeo do curso de Poacutes ndash graduaccedilatildeo em Botacircnica

Agrave Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior ndash Capes pela

bolsa de estudo concedida durante o curso de Poacutes ndash Graduaccedilatildeo

Ao convecircnio INPAMax-Planck pelo apoio financeiro e estrutural oferecido Ao

Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute pela estrutura fiacutesica disponibilizada

para a realizaccedilatildeo das coletas de campo Aos mateiros Jackson e Zeacute Pretinho aos

barqueiros Maacuterio e Agenor e agrave cozinheira dona Lene os quais foram de fundamental

para a execuccedilatildeo deste trabalho

Agradeccedilo especialmente ao meu orientador Dr Jochen Schoumlngart pelo apoio

cientiacutefico pela ajuda nos momentos difiacuteceis ensinamentos e amizade

Aos amigos que contribuiacuteram com meu aprendizado nesta etapa da vida

Agradeccedilo agravequeles que estatildeo longe Anamaria Luciana Mateus Ohana Wellington

Naacutergila Agradeccedilo principalmente agrave Mirelle que me ensinou o valor da amizade

verdadeira Aos amigos que fiz em Manaus durante o mestrado Liliane Ana Paula

Valdete Thaysa Carla Taciana Leila Serginho e Pena Aos alunos e amigos do

mestrado Maacuterio Terra Maacuterio Fernandes Andreacute e Rafael pelas dicas e apoio durante o

curso

Aos integrantes do Projeto INPAMax-Planck Tatiana Tereza Celso Luacutecia

Auristela Maria Astrid Edvaldo Wallace e Valdeney que de alguma forma contribuiacuteram

para o desenvolvimento deste projeto A Dra Maria Teresa Fernandez Piedade ao Dr

Florian Wittman e ao Dr Wolfgan Junk por serem fonte de inspiraccedilatildeo

Agrave minha matildee Oni Artiaga da Rosa e ao meu pai Pedro Boliacutevar Artiaga da Rosa

por tudo que sou e por tudo que tenho conquistado Aos irmatildeos Luiz Adriano Seacutergio

Renato Suyana e Suyara por tudo que tecircm feito por mim

iv

Resumo

A exploraccedilatildeo madeireira eacute uma importante atividade econocircmica em florestas alagaacuteveis de vaacuterzea da Amazocircnia Central No oeste da bacia Amazocircnica do Brasil e Peru o acesso a florestas de terra firme eacute restrita devido a ausecircncia de infra-estrutura de pavimentaccedilatildeo Cerca de 60 a 90 dos mercados regional e local satildeo provenientes de florestas alagaacuteveis Os custos da madeira em florestas alagaacuteveis satildeo mais baixos (US$ 673 mndash3) do que em florestas de terra firme (US$ 1432 mndash3) devido ao faacutecil acesso e ao baixo custo da exploraccedilatildeo Extraccedilatildeo de madeira eacute baseada em planos de manejo a utilizando-se ciclos de corte entre 25-35 anos e um diacircmetro limite de derrubada de 50 cm Anaacutelise de aneacuteis anuais (dendrocronologia) eacute uma poderosa ferramenta para determinar a idade das aacutervores e crescimento arboacutereo promovendo sistemas de manejo florestal sustentaacuteveis Este estudo teve como objetivo modelar padrotildees de crescimento de Hura crepitans L (Euphorbiaceae) Cedrela odorata L (Meliaceae) Ocotea cymbarum Mez (Lauraceae) and Sterculia elata Ducke (Malvaceae) espeacutecies de importacircncia comercial de vaacuterzea da Amazocircnia Central Baseados em padrotildees de crescimento especiacuteficos ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de derrubada satildeo estimados para subsidiar o desenvolvimento futuros de planos de manejo mais sustentaacuteveis na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute (RDSM) Para cada aacutervore foram selecionados 20 indiviacuteduos e feitas medidas do diacircmetro na altura do peito (DAP) com ge 10 cm e estimativas da altura das aacutervores Um total de 20 discos e 110 cilindros de 5 mm de diacircmetro foram coletados com broca dendrocronoloacutegica As amostras foram polidas em sequumlecircncia progressiva com lixas de papel e a estrutura anatocircmica da madeira foi descrita e analisada para a realizaccedilatildeo dos estudos dendrocronoloacutegicos As anaacutelises foram realizadas no Laboratoacuterio de Dendrocronologia do Projeto INPAMax-Planck em Manaus A determinaccedilatildeo da idade foi feita por contagem direta dos aneacuteis e taxas de incremento radial foram geradas por mediccedilotildees da largura dos aneacuteis com o sistema de anaacutelise digital com precisatildeo de 001 mm (LINTAB) Baseado nos dados da idade diacircmetro e altura das aacutervores modelos de crescimento foram desenvolvidos para cada espeacutecie com base em relaccedilotildees significativas entre idade e diacircmetro e diacircmetro e altura pra estimar o crescimento em volume O diacircmetro no incremento em volume maacuteximo corrente foi definido como o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) O DMD das espeacutecies estudadas variou entre 376 cm (C odorata) e 1288 cm (H crepitans) O ciclo de corte foi estimado pela passagem meacutedia de tempo de uma classe de diacircmetro de 10 cm ateacute alcanccedilar o DMD Ciclos de corte variaram entre 97 anos (H crepitans e S elata) e 120 anos (C odorata) valores muito menores do que o atualmente aplicado nas praacuteticas de manejo baseadas na legislaccedilatildeo florestal e instruccedilatildeo normativa expedida pelo IBAMA Os resultados indicam que as atuais praacuteticas manejo de florestas satildeo ineficientes para o manejo de estoques madeireiros das espeacutecies comerciais estudadas Planos de manejo devem considerar as taxas de crescimento especificas para garantir a sustentabilidade do manejo de florestas

v

Abstract Timber harvesting is an important economic activity in nutrient-rich floodplain forests (vaacuterzea) of Central Amazonia In the Western Amazon basin of Brazil and Peru access to terra firme forests is restricted due to the absence of a road network Still 60ndash90 of the local and regional markets are provided with timber obtained from the floodplain forests Costs for logging are lower in the floodplain forests (US$ 673 mndash3) as in the non-flooded terra firme forests (US$ 1432 mndash3) due to the easier access and lower energy costs Timber harvesting is based on a forest management plan applying felling cycles of 25-35 year an diameter cutting limits of 50 cm Tree-ring analysis (dendrochronology) is a powerful tool to determine tree ages and wood growth providing data for long-term growth patterns and forest dynamic as a basis for the development of sustainable forest management systems This study aims to model growth patterns of Hura crepitans L (Euphorbiaceae) Cedrela odorata L (Meliaceae) Ocotea cymbarum Mez (Lauraceae) and Sterculia elata Ducke (Malvaceae) tree species of commercial importance in the central Amazonian vaacuterzea Based on the growth patterns species-specific felling cycles and minimum logging diameter are estimated to support the development of future management plans towards sustainability in the Mamirauaacute Reserve of Sustainable Development (MRSD) From every tree species tree heights and diameter at breast height ge 10cm were measured from 20 individuals A total of 20 stem disks and 110 cores of 5 mm diameter were collected using an increment borer The cores were progressively polished with sanding paper to describe and analyze wood anatomical patterns as a key for a successful dendrochronological study The analyses were performed in the Dendrochronology Laboratory of INPAMax-Planck project in Manaus Tree age was determined by ring-counting and diameter increment rates were determined by ring-width measurements using a digital measuring device (LINTAB) Based on the data set of tree age diameter and tree height growth models were developed for each species based on significant age-diameter and diameter-height relationships to estimate volume growth The diameter of the maximum current volume increment was defined as minimum logging diameter (MLD) The MLD of the studied tree species varied between 376 cm (C odorata) and 1288 cm (H crepitans) The felling cycle was estimated by the mean passage time of 10 cm diameter classes until reaching the derived MLD Felling cycles varied between 97 years (H crepitans and S elata) and 120 years (C odorata) much lower than applied in the current management practices based on forest legislation and normative instruction of the Brazilian Environmental Agencies (IBAMA) The results indicate that current forest management practices are inefficient to manage the timber stocks of the studied commercial tree species Management plans must consider species-specific growth rates to guarantee a sustainable forest management

vi

Abreviaccedilotildees

Ab ndash Aacuterea basal

Bio ndash Biomassa acima do solo

CC ndash Ciclo de corte

CrC ndash Crescimento cumulativo

DAP ndash Diacircmetro acima da altura do peito

Den ndash Densidade da madeira em gcm3

DMD ndash Diacircmetro miacutenimo de derrubada

f ndash Fator de correccedilatildeo

FFT ndash Fundaccedilatildeo Floresta Tropical

h ndash altura

IBAMA ndash Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IC ndash Incremento corrente

IDSM ndash Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute

IM ndash Incremento meacutedio

INPA ndash Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia

IPAAM ndash Instituto de Proteccedilatildeo Ambiental do Amazonas

MMA ndash Ministeacuterio do Meio Ambiente

MFC ndash Manejo Florestal Comunitaacuterio

PMFS ndash Plano de Manejo Florestal Simplificado

PPG7 ndash Programa Piloto para a Proteccedilatildeo das Florestas Tropicais do Brasil

RDSA ndash Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Amanaacute

RDSM ndash Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute

SEMA ndash Secretaria Estadual do Meio Ambiente

t ndash Tempo

UNESCO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura

V ndash Volume

vii

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 4

21 Dendrocronologia nos troacutepicos 4

22 As florestas de vaacuterzea 7

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea 10

3 OBJETIVOS 13

31 Objetivo Geral13

32 Objetivos especiacuteficos13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS14

41 Aacuterea de estudos 14

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies15

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos 19

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos 20

5 RESULTADOS 25

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira 25

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies 28

6 DISCUSSAtildeO 39

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira 39

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo40

63 Estrateacutegias de manejo florestal 45

64 Desafios futuros52

7 CONCLUSOtildeES 53

8 REFEREcircNCIAS 55

viii

Lista de figuras

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da

largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)24

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial 27

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura 30

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata 31

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura 32

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura33

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans 34

Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie 36

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura) 38

Figura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999 a 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM 49

ix

1 INTRODUCcedilAtildeO

As florestas tropicais apresentam grande importacircncia na promoccedilatildeo de habitats

para metade das espeacutecies do planeta atuando na manutenccedilatildeo da biodiversidade

ciclagem de aacutegua e nos ciclos biogeoquiacutemicos (Fearnside 1999) Contudo por mais de

3 deacutecadas vem sofrendo grandes pressotildees pelo aumento das taxas de desmatamento

(Achard et al 2002 Lambin et al 2003) causadas principalmente pela conversatildeo de

floresta para pastagem e agricultura (Alencar et al 2001 Margulis 2003) extraccedilatildeo de

madeira natildeo sustentada (Nepstad et al 2001 Asner et al 2005) e investimentos em

pavimentaccedilatildeo e infra-estrutura (Carvalho et al 2001) Essas mudanccedilas na cobertura

florestal tecircm levado a comunidade cientiacutefica a buscar alternativas para a conservaccedilatildeo e

uso sustentaacutevel dos recursos naturais de florestas tropicais (Boot amp Gullison 1995

Hartshorn 1995 Putz et al 2001)

A floresta Amazocircnica eacute a maior floresta tropical uacutemida do planeta (Sioli amp Klinge

1962 Sioli 1991) dos quais 6 correspondem a florestas de aacutereas alagaacuteveis (Prance

1980) Estas satildeo classificadas em vaacuterzea e igapoacute (Prance 1980) e se destacam por um

distinto sistema edaacutefico associado ao tipo de aacuteguas a que estatildeo sujeitas (Prance

1989) com dinacircmica altamente influenciada pelo pulso anual de inundaccedilatildeo (Junk et al

1989 Schoumlngart et al 2004 2005) As florestas de vaacuterzea sofrem influecircncia de rios de

aacuteguas barrentas (Furch 1984) capazes de transportar uma grande quantidade de

nutrientes atraveacutes de sedimentos oriundos de erosotildees ocorrendo nos Andes e encostas

Preacute-andinas (Sombroek 1979 Ayres 1993 Irion et al 1997)

A riqueza de nutrientes e relativa fertilidade dos solos (Furch 1997) conferem a

estes ecossistemas de vaacuterzea um caraacuteter de importacircncia econocircmica sendo um atrativo

1

para a colonizaccedilatildeo humana durante os uacuteltimos seacuteculos (Parolin 2002) Frequumlentemente

satildeo utilizadas para as praacuteticas de agricultura de subsistecircncia sendo importante fonte de

proteiacutenas para as populaccedilotildees ribeirinhas por meio da pesca e caccedila (Sioli 1984 Junk

1989) e para a extraccedilatildeo de produtos madeireiros e natildeo-madeireiros (Junk amp Piedade

1997 Ohly 2000 Ribeiro et al 2004 Gama et al 2005) Estes fatores influenciam na

alta densidade populacional encontrada neste ecossistema considerando-se outras

regiotildees da Amazocircnia (Denevan 1976 IBGE 2000)

O setor madeireiro tem papel de destaque nestas regiotildees A alta abundacircncia de

certas espeacutecies madeireiras (Wittmann et al 2006a) aliada agrave facilidade de acesso aos

recursos o tipo de operaccedilatildeo de extraccedilatildeo derrubada arraste e transporte atraveacutes dos

rios reduzem os custos da madeira extraiacuteda das vaacuterzeas com relaccedilatildeo agrave extraccedilatildeo de

florestas de terra firme (Higuchi et al 1994 Barros amp Uhl 1995 1999 Uhl et al 1997

Schoumlngart et al 2007)

Ateacute o final de 1990 cerca de 80 da madeira encontrada no mercado brasileiro

era de origem ilegal (Smeraldi 2003) Nos uacuteltimos anos a grande pressatildeo exercida

pela extraccedilatildeo predatoacuteria da madeira aliada ao surgimento de novas alternativas de uso

da terra levaram a necessidade de elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo florestal e

conservaccedilatildeo das florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Schoumlngart et al 2007) Recentemente

programas de manejo florestal tecircm sido implementados com o intuito de proteccedilatildeo e

conservaccedilatildeo das vaacuterzeas amazocircnicas tais como os projetos Proacute-Vaacuterzea e PPG7

(Schoumlngart et al 2008a)

Atualmente os planos de manejos na Amazocircnia Brasileira tecircm como base o

Coacutedigo Florestal no 4711 15 de setembro de 1965 fundamentado em um sistema

policiacuteclico o qual estabelece um diacircmetro limite de corte e a extraccedilatildeo da madeira

2

realizada em intervalos de anos em uma dada aacuterea (ciclo de corte) A aacuterea a ser maneja

eacute dividida em talhotildees de aproximadamente tamanho correspondendo ao nuacutemero de

anos do ciclo de corte (Lamprecht 1989 De Graaf et al 2003)

Este modelo de manejo florestal eacute caracterizado por ocasionar superexploraccedilatildeo

e subutilizaccedilatildeo do potencial madeireiro por natildeo considerar as variaccedilotildees nas taxas de

crescimento entre espeacutecies entre diferentes habitats e ao longo dos anos (Schoumlngart

2003 Brienen amp Zuidema 2006) Espeacutecies de madeira branca com taxas de

crescimento raacutepido podem alcanccedilar o limite de diacircmetro para corte antes do tempo

estabelecido enquanto que espeacutecies de madeira pesada levam maior tempo para

atingir este diacircmetro de derrubada (Schoumlngart 2003 Schoumlngart et al 2003 2007

Brienen amp Zuidema 2007)

A Instruccedilatildeo Normativa (IN) ndeg 5 de 11 de dezembro de 2006 abre caminhos para

modificaccedilotildees do manejo florestal atual O ciclo de corte varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3 por ha ao ano no Plano de Manejo Florestal Simplificado

(PMFS) Pleno No PMFS de baixa intensidade foi estabelecido um ciclo de corte inicial

de 10 anos com volume de extraccedilatildeo de ateacute 10 msup3 por ha Na vaacuterzea a produccedilatildeo pode

exceder 10 msup3 por ha ao ano poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3 aacutervores por ha Esta

nova IN requer o estabelecimento de modelos especiacuteficos para cada espeacutecie onde o

limite de diacircmetro para corte eacute determinado a partir de criteacuterios ecoloacutegicos e teacutecnicos

Caso contraacuterio um diacircmetro de corte de 50 cm eacute estabelecido

Estimativas da produccedilatildeo de madeira considerando-se a variaccedilatildeo no crescimento

arboacutereo entre as espeacutecies satildeo necessaacuterias para garantir o contiacutenuo suprimento e

manutenccedilatildeo dos sistemas de manejo de florestas naturais (Brienen amp Zuidema 2007)

Neste sentido a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira (dendrocronologia) vem a ser uma

3

importante ferramenta na elaboraccedilatildeo de sistemas de exploraccedilatildeo sustentada

fornecendo modelos de crescimento e idade da madeira (Worbes et al 2001 Worbes

2002 Duumlnisch et al 2003 Schoumlngart et al 2003 2007 Brienen amp Zuidema 2005)

proporcionando opccedilotildees de manejo mais especiacuteficas e efetivas com benefiacutecios para as

populaccedilotildees futuras

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Dendrocronologia nos troacutepicos

Os aneacuteis de crescimento na madeira de espeacutecies das regiotildees temperadas

configuram o incremento radial os quais anualmente satildeo incorporados ao tronco das

aacutervores Cada anel possui duas partes distintas lenho inicial e lenho tardio O primeiro

corresponde ao crescimento arboacutereo no iniacutecio do periacuteodo vegetativo quando as plantas

reativam as atividades fisioloacutegicas O lenho tardio eacute formado no final do periacuteodo

vegetativo com a reduccedilatildeo das atividades e modificaccedilatildeo da estrutura celular com

espessamento das paredes e reduccedilatildeo do lume (Fritts 1976) A queda das atividades

celulares ocorre como resposta as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento arboacutereo em

decorrecircncia da reduccedilatildeo da temperatura (Schweingruber 1988)

Leonardo da Vinci durante o seacuteculo 15 foi o primeiro a reconhecer a existecircncia

de aneacuteis anuais na madeira em ramos de pinheiros relacionando-os a idade da aacutervore

e seu padratildeo de espessura com anos mais ou menos secos (Schweingruber 1988) Jaacute

no seacuteculo 19 diversas pesquisas demonstravam que as baixas temperaturas dos

invernos rigorosos em regiotildees temperadas satildeo um fator limitante no crescimento da

4

madeira (Worbes 1995) Contudo somente no iniacutecio do seacuteculo 20 a existecircncia de aneacuteis

anuais nos troacutepicos foi descoberta e algumas deacutecadas depois foi questionada (Worbes

amp Junk 1999) Muitos acreditavam na ausecircncia de aneacuteis anuais nos troacutepicos devido agrave

limitada sazonalidade (Schweingruber 1988) e temperatura quase constante

(Whitmore 1990) Este mito eacute ainda mantido por alguns autores (Lieberman et al

1985 Whitmore 1990) mesmo verificando-se que a distribuiccedilatildeo sazonal das chuvas na

maioria das regiotildees tropicais ocasiona uma distinta estaccedilatildeo seca (Worbes 1999)

Alguns autores enfatizam os problemas relacionados agrave formaccedilatildeo de aneacuteis anuais

na madeira nos troacutepicos Estudos tecircm registrado a formaccedilatildeo de dois aneacuteis por ano em

regiotildees apresentando duas estaccedilotildees de seca distintas (Gourlay 1995) formaccedilatildeo de

aneacuteis intra-anuais ou falsos aneacuteis em resposta a padrotildees irregulares de chuvas com

seca excepcional durante a estaccedilatildeo chuvosa (Borchert et al 2002) ou ainda a

formaccedilatildeo de aneacuteis irregulares na madeira de espeacutecies tropicais (Sass et al 1995)

Contudo a existecircncia de aneacuteis de crescimento nos troacutepicos tem sido registrada

em mais de 20 paiacuteses tropicais sendo que muitos estudos tecircm comprovado a

anualidade na formaccedilatildeo dos aneacuteis por mais de 100 anos (Worbes 2002) Foram

descritos para estas regiotildees diferentes padrotildees de aneacuteis anuais por Coster (19271928)

e classificados por Worbes (1995) como 4 tipos principais variaccedilotildees na densidade da

madeira faixas de parecircnquima marginal alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima e

variaccedilotildees na densidade dos vasos

Em regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o ritmo de crescimento das aacutervores

eacute determinado pelo pulso de inundaccedilatildeo (Worbes 1985) Durante o alagamento as

raiacutezes sofrem condiccedilotildees anoacutexicas acarretando reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a

copa das aacutervores e consequumlente reduccedilatildeo do metabolismo o que resulta em dormecircncia

5

cambial e a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira (Worbes 1989 Schoumlngart et al

2002) Diversas pesquisas tecircm evidenciado a presenccedila de aneacuteis anuais nas regiotildees de

aacutereas alagaacuteveis nos troacutepicos (Worbes 1989 Dezzeo et al 2003 Schoumlngart et al

2002 2004 2005)

Existem diferentes meacutetodos de investigaccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira

classificados em destrutivos e natildeo destrutivos (Worbes 1995) Meacutetodos natildeo destrutivos

podem ser feitos a partir de investigaccedilotildees fenoloacutegicas medidas repetidas do diacircmetro e

medida da atividade cambial por mensuraccedilatildeo da resistecircncia eleacutetrica na zona cambial

Feridas cambiais (Janelas de Mariaux) dataccedilatildeo por radiocarbono cicatrizes

provocadas por fogo em anos conhecidos ou injurias na madeira densitometria por raio

ndash X variaccedilotildees nas concentraccedilotildees de isoacutetopos estaacuteveis e contagem direta dos aneacuteis satildeo

meacutetodos destrutivos de constataccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira (Worbes

1995 2002) Todos estes meacutetodos foram utilizados independentemente para indicar a

ocorrecircncia de aneacuteis anuais no xilema de espeacutecies arboacutereas nas vaacuterzeas

Dentre estes meacutetodos a contagem direta dos aneacuteis anuais se destaca pela

obtenccedilatildeo de estimativas acuradas da idade das aacutervores e dados de longos periacuteodos de

crescimento da madeira (Bormann amp Berlyn 1981 Eckstein et al 1995) Informaccedilotildees

estas uacuteteis para o entendimento da dinacircmica da floresta (Enright amp Hartshorn 1981

Worbes 2002) desenvolvimento de sistemas de manejo florestal e estrateacutegias de

conservaccedilatildeo das espeacutecies (Stahle et al 1999 Worbes et al 2003)

O padratildeo de crescimento ao longo do tempo atua como um arquivo de dados e

contribui com informaccedilotildees sobre as mudanccedilas nas condiccedilotildees ambientais (Spiecker

2002) relaccedilotildees entre o clima e o crescimento arboacutereo (Enquist amp Leffler 2001 Nutto amp

6

Watzlawick 2002 Fichtler et al 2004 Schoumlngart et al 2006 Therrell et al 2006) e

sequumlestro de carbono na biomassa da madeira (Schoumlngart 2003)

22 As florestas de vaacuterzea

Junk et al (1989) definiram como aacutereas alagaacuteveis aquelas cuja inundaccedilatildeo eacute

promovida por um fluxo lateral dos rios e lagos eou precipitaccedilatildeo direta ou sobre as

aacuteguas um fenocircmeno perioacutedico que influencia na dinacircmica das comunidades e acarreta

um longo periacuteodo de adaptaccedilotildees e evoluccedilatildeo de espeacutecies endecircmicas Na regiatildeo

amazocircnica as aacutereas inundaacuteveis satildeo recobertas por florestas de vaacuterzea e igapoacute sendo

que as florestas de vaacuterzea abrangem uma aacuterea de 50-75 e satildeo consideradas o tipo

de vegetaccedilatildeo inundaacutevel mais importante destas regiotildees (Wittmann et al 2002)

As florestas alagaacuteveis sofrem esta alternacircncia anual entre fase terrestre e

aquaacutetica a qual vem ocorrendo haacute milhotildees de anos leva ao desenvolvimento de

adaptaccedilotildees de caraacuteter morfoloacutegico anatocircmico fisioloacutegico etoloacutegico e fenoloacutegico nas

espeacutecies que vivem nestes ambientes inundados anualmente (Ferreira 1991 Kubitzki

amp Zibursk 1994 Waldhoff et al 1998 Wittmann amp Parolin 1999 Piedade et al 2000

Parolin et al 2004)

Muitas espeacutecies respondem as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento durante

a fase de alagamento apresentando adaptaccedilotildees na forma de produccedilatildeo de raiacutezes

adventiacutecias desenvolvimento de vias alternativas metaboacutelicas e permanecircncia da

atividade fotossinteacutetica (De Simone et al 2003) estrateacutegias de toleracircncia ou escape ao

alagamento pelas placircntulas (Parolin 2002) ou ainda armazenamento de aacutegua no caule

(Schoumlngart et al 2002) Cada espeacutecie responde a este fenocircmeno de forma

7

diferenciada podendo ser visualizada atraveacutes dos diversos padrotildees fenoloacutegicos

encontrados nas aacutereas alagaacuteveis (Schoumlngart et al 2002) O alagamento anual causa

condiccedilotildees anaeroacutebicas nas raiacutezes levando a reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a copa

das aacutervores o que ocasiona estresse hiacutedrico e perda de folhas Como resultado a

planta entra em dormecircncia cambial

As diferentes estrateacutegias adaptativas associadas com diferentes niacuteveis de

toleracircncia ao alagamento refletem a influecircncia exercida pelo periacuteodo e niacutevel de

alagamento aos quais as plantas estatildeo sujeitas resultando numa zonaccedilatildeo de espeacutecies

caracteriacutestica nas aacutereas alagaacuteveis (Takeuchi 1962 Revilla 1981 Piedade 1985

Worbes et al 1992 Worbes 1997 Wittmann et al 2002 2004)

A dinacircmica sucessional em florestas de vaacuterzea da Amazocircnia foi descrita por

Worbes et al (1992) Estaacutegios iniciais de sucessatildeo primaacuteria e secundaacuteria apresentam

estratos monoespeciacuteficos com espeacutecies de crescimento raacutepido e baixa densidade da

madeira as quais natildeo alcanccedilam grandes idades Por meio do processo de sucessatildeo

natural ocorrem substituiccedilotildees de espeacutecies e formaccedilatildeo de estaacutegios tardios onde

observa-se uma maior complexidade nos extratos arboacutereos e diversidade de espeacutecies

diminuiccedilatildeo da taxa de incremento radial e acuacutemulo de biomassa (Worbes 1992

Schoumlngart et al 2003)

Ao longo da sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais existe um aumento da

densidade da madeira das aacutervores e decreacutescimo das taxas de incremento em diacircmetro

aumento da diversidade de espeacutecies o que implica mudanccedilas de estratos mais

homogecircneos de estaacutegios sucessionais iniciais para extratos mais complexos

caracterizados pelo aumento da altura das aacutervores tamanho e aacuterea da copa (Wittmann

et al 2002 Schoumlngart et al 2003)

8

Esta zonaccedilatildeo de espeacutecies em florestas de vaacuterzea ao longo do gradiente

topograacutefico (Junk 1989 Ayres 1993) e sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais (Worbes

1997) leva a formaccedilatildeo de dois habitats significativamente diferentes os quais satildeo

denominados vaacuterzea alta e vaacuterzea baixa (Wittmann et al 2002) A primeira caracteriza-

se por alagamento de menos de 3 m por ano na meacutedia apresentando aumento da

diversidade e complexidade da arquitetura com o aumento da idade resultando de

processo sucessional natural de florestas tardias de vaacuterzea baixa sendo considerada

representante de estaacutegio cliacutemax A vaacuterzea baixa apresenta diferentes estaacutegios de

sucessatildeo natural e eacute alagada por mais de 3 m por ano (Wittmann et al 2002) sendo

que a complexidade de estrutura e composiccedilatildeo da floresta tende a aumentar com a

reduccedilatildeo do niacutevel e duraccedilatildeo do alagamento

A grande variedade de habitats e multiplicidade de adaptaccedilotildees resultam numa

grande diversidade de espeacutecies arboacutereas dentro das aacutereas alagaacuteveis (Junk 1989)

atingindo 1000 espeacutecies registradas para florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Wittmann et al

2006a) A alta diversidade nestas aacutereas estaacute relacionada ao niacutevel e periacuteodo das cheias

e aumenta com diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo de inundaccedilatildeo (Wittmann amp Junk 2003 Worbes

et al 1992 Piedade et al 2005) Entretanto florestas de vaacuterzea possuem diversidade

de espeacutecies menor se comparada com florestas de terra firme da mesma regiatildeo (Ayres

1993)

Wittmann et al (2006a) afirmam que nas florestas de vaacuterzea a diversidade de

espeacutecies tambeacutem aumenta no sentido leste ndash oeste dentro da Bacia Amazocircnica Este

padratildeo parece similar ao encontrado para florestas de terra firme na mesma regiatildeo

geograacutefica (Ter Steege et al 2003) corroborando com a hipoacutetese de formaccedilatildeo de uma

zona de transiccedilatildeo que permite a migraccedilatildeo das espeacutecies de florestas de terra firme para

9

florestas alagaacuteveis de vaacuterzea alta (Wittmann et al 2006a) Esta hipoacutetese eacute estabelecida

pela elevada similaridade floriacutestica encontrada entre a vaacuterzea alta e terra firme

As florestas de vaacuterzea alta compreendem cerca de 10 da cobertura florestal

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996 Wittmann et al 2002) no entanto satildeo as florestas

mais ameaccediladas pela accedilatildeo antroacutepica sendo frequumlentemente utilizadas para moradia e

substituiccedilatildeo das aacutereas de floresta para atividades de agricultura e pecuaacuteria

Apresentam alta abundacircncia de espeacutecies madeireiras e estatildeo sendo ameaccediladas por

praacuteticas insustentaacuteveis de manejo (Ayres 1993 Worbes et al 2001)

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea

Atualmente dentro da Bacia Amazocircnica de aproximadamente 350 espeacutecies

madeireiras encontradas cerca de 34 tambeacutem ocorrem em florestas de vaacuterzea

(Martini et al 1998) outras satildeo restritas a este tipo de ecossistema Pela falta de infra-

estrutura em estradas de 60 a 80 da madeira extraiacuteda na Amazocircnia Ocidental e

Peru tecircm origem a partir deste tipo de floresta inundaacutevel (Higuchi et al 1994 Nebel amp

Kvist 2001 Worbes et al 2001) Em 2000 somente no Estado do Amazonas

aproximadamente 75 da madeira para induacutestria de laminados e compensados teve

origem em florestas alagaacuteveis (Lima et al 2005)

O preccedilo da madeira de espeacutecies com densidade abaixo de 060 gcm3 (madeira

branca) no Meacutedio Rio Solimotildees variou entre R$ 075-600 por m3 para Hura crepitans

L (Euphorbiaceae) e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae) enquanto que

espeacutecies de madeira densa acima de 060 gcm3 (madeira pesada) como Ocotea

cymbarum Mez (Lauraceae) Copaifera sp (Fabaceae) e Piranhea trifoliata Baill

10

(Euphorbiaceae) foram negociadas por R$ 288-1290 por m3 no periacuteodo de 1993 a

1995 (Worbes et al 2001) O primeiro grupo eacute frequumlentemente utilizado em induacutestrias

de laminados e compensados enquanto que as espeacutecies de madeira densa satildeo muito

utilizadas na construccedilatildeo de casas barcos e moacuteveis (Albernaz amp Ayres 1999) Com a

implementaccedilatildeo de manejo sustentaacutevel controlado e autorizado pelo IBAMA e IPAAM

os preccedilos da madeira subiram consideravelmente atingindo valores de ateacute R$ 6200

por m3 no ano de 2007 ao longo do Meacutedio Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a)

Um inventaacuterio florestal realizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel

Mamirauaacute (RDSM) abrangendo uma aacuterea de 342 ha de florestas de vaacuterzea encontrou

122 espeacutecies madeireiras por ha com diacircmetro limite de corte acima de 45 cm

(Schoumlngart et al 2008a) Das espeacutecies inventariadas as mais encontradas dentre as

madeiras brancas foram H crepitans e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae)

Das madeiras pesadas O cymbarum Mez (Lauraceae) Calycophyllum spruceanum

(Benth) Hookf ex KSchum (Rubiaceae) foram as mais abundantes

Dados do Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel de Mamirauaacute (IDSM) do

manejo florestal comunitaacuterio (MFC) de 2003 mostram que 42 do nuacutemero de toras e

60 do volume extraiacutedo na reserva pertencem agrave H crepitans Esta espeacutecie somada a

O cymbarum e C subsessilis corresponde a quase 70 do volume em metros cuacutebicos

de madeira extraiacuteda

A atividade madeireira em florestas de vaacuterzea se restringe a poucas espeacutecies

(Schoumlngart 2003) e a ausecircncia de dados de regeneraccedilatildeo e crescimento aliados a

exploraccedilatildeo inadequada da madeira tecircm levado agrave reduccedilatildeo das populaccedilotildees de algumas

destas espeacutecies chegando a praticamente desaparecer dos mercados regionais

(Higuchi et al 1994 Worbes et al 2001) Espeacutecies como Cedrela odorata L

11

(Meliaceae) Platymiscium ulei Harms (Fabaceae) Virola spp (Myristicaceae) Ceiba

pentandra (L) Gaerth (Malvaceae) foram substituiacutedas por O cymbarum C

spruceanum H crepitans e C guianensis (Albernaz amp Ayres 1999 Anderson et al

1999 Worbes et al 2001 Lima et al 2005)

Dentro da RDSM o manejo florestal se caracteriza por sistema policiacuteclico com

ciclo de corte de 25 anos e diacircmetro limite de corte de 45 cm Inicialmente deve ser feito

um inventaacuterio florestal de todas as espeacutecies madeireiras com diacircmetro ge 20 cm e as

extraccedilotildees se limitam a 5 aacutervores por ha que se encontram acima do diacircmetro de corte

Cerca de 10 das aacutervores acima do limite de diacircmetro devem permanecer nas aacutereas

como porta-sementes com o intuito de garantir a regeneraccedilatildeo das espeacutecies exploradas

Aproximadamente 12 da cobertura florestal da RDSM pertence a florestas de

vaacuterzea alta onde a abundacircncia de espeacutecies de valor econocircmico eacute alta (Wittmann et al

2002) e contribuem para o fornecimento de produtos madeireiros para o mercado local

regional e internacional (Wittmann et al 2004) Schoumlngart et al (2007) afirmam que as

espeacutecies mais exploradas na reserva satildeo O cymbarum C spruceanum e P trifoliata

(espeacutecies de madeira densa) assim como Ficus insipida Willd (Moraceae) H

crepitans Maquira coriacea (Karsten) CCBerg (Moraceae) (espeacutecies de madeira

branca)

Este estudo analisa e modela padrotildees de crescimento de quatro espeacutecies

aacuterboreas de interesse comercial de baixa densidade de madeira (madeira branca) e alta

densidade de madeira (madeira pesada) exploradas dentro da RDSM Deste modelos

criteacuterios como DMD e ciclo de corte satildeo derivados e discutidos no contexto das atuais

normas de manejo florestal na Amazocircnia pela legislaccedilatildeo brasileira

12

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Modelar padrotildees de crescimento da madeira de H crepitans C odorata O

cymbarum e S elata espeacutecies de importacircncia econocircmica na exploraccedilatildeo madeireira

das florestas de vaacuterzea da Amazocircnia para definir ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de

derrubada (DMD) especiacuteficos subsidiando futuros planos de manejo florestal

sustentaacutevel dentro da RDSM

32 Objetivos especiacuteficos

a Descriccedilatildeo da anatomia da madeira

b Determinaccedilatildeo da idade das aacutervores

c Determinaccedilatildeo das taxas de incremento em diacircmetro altura volume e biomassa

d Estimativa de ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de derrubada para definir criteacuterios

de manejo para cada uma das espeacutecies

13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS

41 Aacuterea de estudos

A aacuterea de estudos compreende a Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Mamirauaacute (RDSM) a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo na categoria de reserva

sustentaacutevel e primeira existente no ecossistema de vaacuterzea Sua criaccedilatildeo eacute resultado de

solicitaccedilatildeo encaminhada em 1985 pelo bioacutelogo Dr Joseacute Maacutercio Ayres ao oacutergatildeo

responsaacutevel na eacutepoca SEMA ndash Secretaria Especial de Meio Ambiente (Queiroz 2005)

A RDSM eacute dividida em duas aacutereas principais aacuterea focal (cerca de 260000 ha)

onde se desenvolvem desde 1991 atividades baseadas em pesquisas

socioeconocircmicas e ecoloacutegicas incluindo pesca agricultura agroflorestal e ecoturismo

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996) e aacuterea subsidiaacuteria (cerca de 878000 ha) a qual seraacute

manejada progressivamente A aacuterea focal eacute por sua vez subdividida em zona de

proteccedilatildeo permanente zona de ecoturismo e zona destinada ao manejo sustentaacutevel de

recursos naturais

Dentro da aacuterea focal existem nove unidades ou setores de controle do uso dos

recursos naturais denominadas Mamirauaacute Jarauaacute Tijuaca Boa Uniatildeo do Meacutedio

Japuraacute Aranapuacute Barroso Horizonte Liberdade e Ingaacute As atividades econocircmicas

realizadas pelas comunidades dentro dos setores se dividem em produccedilatildeo de farinha

pesca e exploraccedilatildeo da madeira as quais satildeo influenciadas pelo niacutevel de inundaccedilatildeo

anual (Albernaz amp Ayres 1999)

A RDSM estaacute situada na regiatildeo do meacutedio Solimotildees na confluecircncia dos rios

Solimotildees e Japuraacute entre as bacias do rio Solimotildees e Negro Sua porccedilatildeo mais a leste

14

fica nas proximidades da cidade de Tefeacute no Estado do Amazonas Sua vizinha RDS

Amanatilde liga a RDSM ao Parque Nacional do Jauacute (Schoumlngart et al 2005) Estas trecircs

unidades juntas constituem um bloco de floresta tropical com cerca de 6000000 ha

protegidos oficialmente Formam o embriatildeo do Corredor Central da Amazocircnia

(MMAPPG7) e da Reserva da Biosfera da Amazocircnia Central (MaBUnesco) e

compotildeem um Siacutetio Natural do Patrimocircnio Mundial (UnescoIUCN) (Queiroz 2005 Ayres

et al 2005)

Possui clima caracterizado por uma meacutedia de temperatura diaacuteria de 269 ordmC e

precipitaccedilatildeo anual de aproximadamente 3000 mm apresentando uma estaccedilatildeo seca

distinta (julho-outubro) O niacutevel de flutuaccedilatildeo meacutedia da aacutegua do Rio Japuraacute durante 1993

ndash 2000 foi de 1138 m (Wittmann amp Junk 2003 Schoumlngart et al 2005)

Aproximadamente 92 da cobertura vegetal abrangendo a aacuterea focal da reserva eacute

composta por florestas de vaacuterzea baixa constituiacuteda por diferentes estaacutegios

sucessionais e somente cerca de 8 corresponde a florestas de vaacuterzea alta (Wittmann

et al 2002)

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies

421 Cedrela odorata L (Meliaceae)

Popularmente conhecida como cedro cedro branco cedro cheiroso ou cedro

mogno apresenta tronco com casca de cheiro bastante caracteriacutestico rugosa com

fissuras transversais vermelho-alaranjadas Apresenta base reta ou com raiacutezes

tabulares e suas flores satildeo brancas em inflorescecircncias terminais (Wittmann et al

15

2006b) Os frutos capsulares quando maduros se abrem liberando de 40 a 50

sementes aladas as quais satildeo dispersas pelo vento (Cintron 1990 Wittmann et al

2006b)

Encontrada em toda a Amazocircnia embora com baixa frequumlecircncia ocorre desde as

Iacutendias Ocidentais as grandes e pequenas Antilhas ateacute Trinidad e Tobago sendo

encontrada tambeacutem no Meacutexico Equador Peru e Guianas (Cintron 1990) Eacute tipicamente

deciacutedua sendo encontrada em extrato superior de vaacuterzea alta e ocupando estaacutegio

sucessional secundaacuterio tardio

Apresenta madeira moderadamente pesada variando entre 044 a 060 gcm3 O

floema eacute avermelhado com cerne variando do castanho claro ao bege rosado escuro e

alburno amarelo apresentando cheiro aromaacutetico (Loureiro amp Silva 1968)

Aleacutem da sua importacircncia como espeacutecie madeireira na fabricaccedilatildeo de moacuteveis

construccedilatildeo civil e naval embalagens e instrumentos musicais a casca do cedro eacute

aproveitada na medicina popular como tocircnica adstringente e febriacutefuga (Loureiro amp

Silva 1968 Wittmann et al 2006b)

422 Sterculia elata Ducke (Malvaceae)

Conhecida popularmente como tacacazeiro xixaacute chicaacute da mata ou manduvi

cujos frutos apresentam uma coloraccedilatildeo avermelhada quando maduros sendo

organizados em 5 foliacuteculos com uma sutura ventral cada um Os frutos satildeo apocaacuterpios

e as flores estatildeo organizadas em inflorescecircncias terminais amarelas a purpuacutereas

(Wittmann et al 2006b)

16

Apresenta distribuiccedilatildeo nos neo-troacutepicos compreendendo o Sul do Meacutexico e

Ameacuterica Central Norte do Brasil Pantanal e Peru ocupando extrato superior e

emergente de vaacuterzea alta Eacute uma espeacutecie deciacutedua de estaacutegio sucessional secundaacuterio

tardio

Apresenta madeira de densidade meacutedia de 047 gcm3 cujo floema tem coloraccedilatildeo

marrom escura e o alburno eacute marrom claro A madeira eacute muito utilizada para confecccedilatildeo

de embalagens palitos foacutesforos compensados e troncos para canoas As sementes

oleaginosas satildeo comestiacuteveis A aacutervore eacute frequumlentemente utilizada para ornamentaccedilatildeo

(Wittmann et al 2006b)

423 Hura crepitans L (Euphorbiaceae)

Conhecia comumente por assacuacute H crepitans eacute uma espeacutecie cujo caule eacute

aculeado apresentando laacutetex branco aquoso caacuteustico e frequumlentemente utilizado

como veneno de peixe Causa irritaccedilotildees fortes em contato com a pele (Francis 1990

Wittmann et al 2006b) Os frutos satildeo capsulares lenhosos arredondados e

deprimidos nos poacutelos Tem distribuiccedilatildeo no Brasil Guianas Oeste da Iacutendia Cuba

Jamaica Trinidad e Tobago Costa Rica ao sul do Peru e Boliacutevia (Loureiro amp Silva

1968 Wittmann et al 2006b)

Ocupa o extrato superior de vaacuterzea alta sendo identificada como uma espeacutecie

perenifoacutelia de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Apresenta madeira muito leve

(035 a 040 gcm3) cerne e alburno indistintos e de coloraccedilatildeo branca com reflexos

amarelados Pelas caracteriacutesticas da madeira eacute comumente usada na fabricaccedilatildeo de

17

caixas tamancos obras internas artefatos de madeira forros taacutebuas compensados

boacuteias flutuantes canoas e gamelas (Francis 1990 Wittmann et al 2006b)

424 Ocotea cymbarum HBK (Lauraceae)

Frequumlentemente chamada por louro inamuiacute louro mamorim louro mamoriacute

inhamuiacute oacuteleo de inhamuiacute e pau de gasolina O cymbarum eacute uma aacutervore de grande

porte (20 ndash 30 m) apresentando casca avermelhada aromaacutetica ramos jovens com

pilosidade e acinzentados Possui exsudato transparente aromaacutetico apresentando

cheiro de menta (Wittmann et al 2006b)

Tem distribuiccedilatildeo por toda a Amazocircnia sendo encontrada em extrato superior de

vaacuterzea alta Eacute semi-deciacutedua e de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Sua madeira eacute

moderadamente pesada variando de 055 a 065 gcm3 (Loureiro amp Silva 1968) O

floema possui coloraccedilatildeo marrom cafeacute enquanto que o cerne amarelado claro e

brilhante diferencia-se pouco do alburno levemente mais claro (Wittmann et al

2006b)

Eacute comumente utilizada na carpintaria de luxo construccedilatildeo em geral marcenaria

compensado pranchas e tabuados (Loureiro amp Silva 1968) Sua madeira traz oacuteleo

contendo safrol que em baixa concentraccedilatildeo eacute um componente para fragracircncias e

perfumes (Wittmann et al 2006b) O lenho apresenta atividade contra o

desenvolvimento do ancilostomiacutedeo humano (Marques 2001)

18

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos

Das quatro espeacutecies estudadas duas de madeira branca ndash H crepitans e S

elata e duas de madeira pesada ndash C odorata e O cymbarum (Schoumlngart 2003) foram

selecionados entre 21 e 37 indiviacuteduos emergentes de floresta de vaacuterzea alta dos

setores Jarauaacute e Tijuaca da RDSM As medidas do diacircmetro na altura do peito (DAP)

com ge 10 cm foram feitas com o uso de fita dendromeacutetrica de dupla face sendo

inferidas acima das sapopemas quando presentes A altura da aacutervore foi medida a

partir do uso de inclinocircmetro (Blume-Leiss) e fita meacutetrica

Para verificar a idade das aacutervores foram utilizados 10 discos de H crepitans e

10 discos de O cymbarum fornecidos pelo Programa de MFC da RDSM no ano de

2001 bem como amostras coletadas de troncos dos indiviacuteduos de cada uma das quatro

espeacutecies Para tanto foi aplicado um meacutetodo natildeo destrutivo de extraccedilatildeo de cilindros da

madeira utilizando-se uma broca dendrocronoloacutegica num total de 110 cilindros com 5

mm de diacircmetro (21 amostras de Sterculia 23 de Cedrela 29 de Ocotea e 37 de Hura)

coletadas entre 07 de outubro de 2006 a 16 de abril de 2007 na altura aproximada de

130 m da base do tronco Apoacutes a coleta das amostras o orifiacutecio produzido com a broca

dendrocronoloacutegica foi obstruiacutedo com cera de carnauacuteba para evitar possiacuteveis ataques

por fitopatoacutegenos

As amostras coletadas foram coladas em suporte de madeira e em seguida

polidas com lixas de papel com diferentes granulometrias em uma sequumlecircncia

progressiva ateacute uma granulaccedilatildeo de 600 Estas foram analisadas no Laboratoacuterio de

Dendrocronologia do Projeto INPAMax-Planck em Manaus A anaacutelise macroscoacutepica da

estrutura da madeira foi feita a partir de fotografias feitas utilizando-se maacutequina digital

19

NIKON coolpix 4500 Para descriccedilatildeo anatocircmica dos aneacuteis de crescimento utilizou-se

como base os padrotildees de aneacuteis descritos por Coster (1927 1928) e adaptados por

Worbes (1985 1989)

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos

A determinaccedilatildeo da idade foi feita por meio da contagem direta dos aneacuteis anuais

e as taxas de incremento radial foram geradas por mediccedilatildeo da espessura dos aneacuteis

com o sistema de anaacutelise digital com precisatildeo de 001 mm (LINTAB) juntamente com o

software (TSAP-Win = Time Series Analyses and Presentation) especiacutefico para

anaacutelises de sequumlecircncias temporais (Schoumlngart et al 2004) Para os cilindros que natildeo

alcanccedilaram o cerne do tronco foram estimadas as distacircncias ateacute o centro e a partir do

nuacutemero meacutedio de aneacuteis encontrados em outros indiviacuteduos foram feitas estimativas da

idade do primeiro anel visiacutevel no tronco As mediccedilotildees da largura dos aneacuteis se deram no

sentido cerne ndash casca

Curvas cumulativas do diacircmetro individual para as quatro espeacutecies foram

elaboradas com base nestas mediccedilotildees do incremento radial corrente e relacionadas

com o DAP medido no campo (Schoumlngart et al 2003 Brienen amp Zuidema 2007)

(Figura 1a) A partir destas curvas individuais foram construiacutedas curvas cumulativas

meacutedias para cada espeacutecie descrevendo a relaccedilatildeo entre idade e diacircmetro para as

mesmas

A curva meacutedia do diacircmetro calculada para cada espeacutecie foi ajustada como um

modelo de regressatildeo sigmoidal da qual foram derivadas as curvas do incremento

corrente e meacutedio do diacircmetro para cada espeacutecie (Figura 1b) Modelos de regressatildeo natildeo

20

ndash linear descreveram para cada espeacutecie a relaccedilatildeo entre DAP e a altura medida no

campo (Figura 1c) Combinando as relaccedilotildees idade-DAP e DAP-altura permite estimar o

crescimento da altura (Nebel et al 2001) Deste modo para cada idade determinada

foram atribuiacutedas uma medida de diacircmetro e de altura para cada espeacutecie (Schoumlngart et

al 2007)

A combinaccedilatildeo dos modelos de regressatildeo natildeo-linear das relaccedilotildees entre idade e

DAP bem como das relaccedilotildees entre DAP e altura tambeacutem possibilitou a construccedilatildeo do

modelo de crescimento em volume (Figura 1e) e produccedilatildeo de biomassa acima do solo

das espeacutecies estudadas (Figura 1f) O modelo alomeacutetrico utilizado para estimativa do

volume foi definido por Cannell (1984) para florestas tropicais uacutemidas e tem como

paracircmetros a altura das aacutervores e o DAP

O volume (V) foi estimado a partir da multiplicaccedilatildeo da aacuterea basal (Ab) pela altura

(h) e por um fator (f) de reduccedilatildeo de 06 (Nebel et al 2001) A equaccedilatildeo eacute dada por

V = Ab x h x f (1)

onde a Ab eacute dada por

Ab = π x (DAP 2)2 (2)

Foi utilizado um modelo alomeacutetrico para estimar a biomassa acima do solo com

boa aplicabilidade em florestas alagaacuteveis segundo resultados obtidos por Stadtler

21

(2007) Este modelo tem como paracircmetros a densidade da madeira o diacircmetro e altura

das aacutervores e foi descrito por Chave et al (2005) A equaccedilatildeo eacute descrita abaixo

Bio = 00509 x den x DAP2 x h (3)

onde a Bio eacute a estimativa da biomassa acima do solo den eacute a densidade da madeira

obtida para cada espeacutecie de Wittmann et al (2006b) e 00509 eacute um fator de correccedilatildeo

O fator de correccedilatildeo dos modelos de caacutelculo do volume (06) e biomassa (00509)

se referem ao fato de que as aacutervores natildeo representam cilindros perfeitos e diminuem o

raio do tronco a medida que se distanciam do DAP

Destes modelos de crescimento do DAP altura aacuterea basal volume e biomassa

foram derivadas as taxas do incremento meacutedio (IM) e corrente (IC) (Figuras 1b1d1f)

para cada espeacutecie seguindo as equaccedilotildees abaixo (Schoumlngart et al 2007)

IM= CrC t t (4)

IC= CrC t+1 ndash Cr t (5)

onde CrC eacute o crescimento cumulativo em diferentes anos t sobre ciclo de vida total da

planta

O periacuteodo ideal de extraccedilatildeo eacute estabelecido quando a espeacutecie atinge sua a

produccedilatildeo maacutexima em volume periacuteodo este entre a taxa maacutexima de IC em volume e a

taxa maacutexima de IM em volume (Schoumlngart 2003) Este intervalo representa o periacuteodo

22

em que a extraccedilatildeo da madeira utiliza-se do potencial de crescimento maacuteximo das

espeacutecies (Schoumlngart 2008)

A modelagem dos padrotildees de crescimento foi construiacuteda a partir do uso do

software program X-Act (SciLab) e em seguida definidas as recomendaccedilotildees de

manejo para ciclos de corte e DMD para cada uma das quatro espeacutecies madeireiras

O DMD eacute definido pela idade em que a aacutervore atinge as maiores taxas de

incremento anual corrente do volume (Figura 1e) O tempo meacutedio que um indiviacuteduo leva

para passar por uma classe de DAP de 10 cm ateacute chegar ao DMD eacute o ciclo de corte da

espeacutecie (Schoumlngart et al 2007) Este eacute dado por

CC= idade(DMD) DMD x 10 (6)

onde CC eacute o ciclo de corte da espeacutecie e idade(DMD) eacute a idade da aacutervore quando atingiu o

DMD

23

0

20

40

60

80

0 5 10 15 200

1

2

3

4

5

0

10

20

30

0 20 40 60 80 100

0

20

40

60

80

0 5 10 15 20

0

10

20

30

0 5 10 15 200

1

2

3

4

0

1

2

3

4

0 5 10 15 200

100

200

300

00

05

10

15

0 5 10 15 200

50

100

Age (years) Age (years)

Age (years)

Age (years)

Age (years)

Dbh (cm)

Tree

heig

ht(m

)D

bh(c

m)

Dbh

(cm

)Tr

eehe

ight

(m)

Woo

d bi

omas

s(M

g)

Volu

me

(m3 )

Diam

eter increment(cm

year -1)H

eightincrement(m

year -1)W

ood biomass

production(kg year -1)

Volume

increment(dm

3year -1)

n = 54R2 = 053

n = 18

MLD

a

c

e

b

d

f

y = a (1+(b x)c)

a = 1195742 plusmn 131913b = 184937 plusmn 3355c = 12997 plusmn 00788

y = (abullx) (x+b)a = 286667 plusmn 07424b = 161743 plusmn 13022

DAP

(cm

)

DA

P (c

m)

Altu

ra (m

)

Altu

ra (m

)

Vol

ume

(m3)

Bio

mas

sa (M

g)

Idade (anos) Idade (anos)

DAP (cm) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento em

diacircmetro (cm

ano) Increm

ento em altura (m

ano) P

roduccedilatildeo de biomassa (K

gano)

Incremento

emvolum

e(dm

3ano)

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

DMD

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)

24

5 RESULTADOS

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira

O limite dos aneacuteis e a estrutura anatocircmica da madeira foram determinados com

base na classificaccedilatildeo de Coster (19271928) e adaptados por Worbes (1995) Trecircs tipos

de aneacuteis foram distinguidos de acordo com essa classificaccedilatildeo (1) faixas de parecircnquima

marginal (2) alternacircncia entre faixas de fibra e faixas de parecircnquima e (3) variaccedilatildeo na

densidade da madeira (Tabela 1) A distinccedilatildeo dos aneacuteis variou entre as 4 espeacutecies

estudadas poreacutem todas apresentaram aneacuteis suficientemente distintos para aplicaccedilatildeo

de estudos dendrocronoloacutegicos

A distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e agrave

medida que estes se encontravam mais proacuteximos do centro do tronco A facilidade de

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis decresceu na seguinte ordem C odorata O cymbarum S elata

e H crepitans (Tabela1)

Cedrela e Sterculia apresentaram mesmo padratildeo de faixas de parecircnquima

marginal que consiste de uma a poucas fileiras de ceacutelulas Eacute comumente encontrado

nas famiacutelias Bignoniaceae Fabaceae e Meliaceae (Worbes 2002) Cedrela apresentou

aneacuteis de crescimento semiporosos com uma espessa faixa de parecircnquima claramente

visiacutevel acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos os quais satildeo maiores ao

final do periacuteodo vegetativo (Figura 2a)

Sterculia tambeacutem mostrou variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Os poros satildeo visiacuteveis

a olho nu alguns obstruiacutedos por conteuacutedo de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada e brilhante

25

Apresentou faixas de parecircnquima radial espessadas dificultando um pouco a

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis (Figura 2b)

Um padratildeo de alternacircncia entre faixas de fibras e parecircnquima foi encontrado

formando os aneacuteis anuais em Hura com a reduccedilatildeo da largura das faixas de

parecircnquima e fibras na formaccedilatildeo do lenho tardio ao final da zona de crescimento

(Figura 2c) Este tipo de anatomia pode ser encontrado em famiacutelias como

Euphorbiaceae Moraceae Sapotaceae Lecythidaceae dentre outras (Worbes 2002)

Tabela1 Tipos de zona de crescimento encontrados e o grau de distinccedilatildeo dos de crescimento Os padrotildees descritos foram baseados nos modelos de Coster (1927 1928) e adaptados por Worbes (1995) Espeacutecies Famiacutelia Tipo de zona de

crescimento Fenologia foliar Grau de

distinccedilatildeo dos aneacuteis

Cedrela odorata Meliaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos

Deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (1)

Hura crepitans Euphorbiaceae Alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima

Perenifoacutelia Aneacuteis pouco

distintos (2)

Sterculia elata Malvaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Presenccedila de faixas radiais de parecircnquima

Deciacutedua Aneacuteis distintos (1)

Ocotea cymbarum Lauraceae Variaccedilatildeo na densidade da madeira com lenho inicial menos denso que o lenho tardio

Semi-deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (3)

obtidos durante observaccedilotildees na RDSM no periacuteodo 042006-122007

Ocotea mostrou um padratildeo de variaccedilatildeo na densidade da madeira O lenho tardio

de coloraccedilatildeo mais escura (alta densidade) apresentou ceacutelulas pequenas com paredes

26

espessadas diferindo do lenho inicial (baixa densidade) com ceacutelulas grandes e

paredes de espessura mais fina permitindo uma perfeita delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

(Figura 2d) Eacute comum entre as famiacutelias Annonaceae Myrtaceae e Lauraceae (Worbes

2002)

A presenccedila de falsos aneacuteis de crescimento ocorreu em alguns discos de Hura e

Ocotea Entretanto este problema foi solucionado observando-se a continuidade dos

aneacuteis ao longo dos raios nos discos

C Hura crepitans D Ocotea cymbarum

A Cedrela odorata B Sterculia elata

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial

27

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies

Todas as quatro espeacutecies apresentaram correlaccedilatildeo significativa (plt001) para as

relaccedilotildees entre idade e DAP idade e altura e DAP e altura (Tabela 2) permitindo a

modelagem das curvas de crescimento cumulativo para as mesmas Foram feitas um

total de 7646 mediccedilotildees da largura dos aneacuteis na madeira para as quatro espeacutecies

(Tabela 2)

As trajetoacuterias de crescimento cumulativo em diacircmetro mostraram diferenccedilas

tanto intra como interespeciacuteficas Aquelas espeacutecies de madeira densa como O

cymbarum e C odorata apresentaram taxas de crescimento menores que S elata e H

crepitans espeacutecies de madeira branca (Figura 3)

As quatro espeacutecies apresentaram uma variaccedilatildeo da idade ao atingir o DMD de 50

cm Esta foi maior para O cymbarum alcanccedilando idades entre 25 e 80 anos H

crepitans e S elata podem atingir idades entre 25 e 65 anos enquanto que as menores

variaccedilotildees na idade foram encontradas em C odorata com idades entre 35 a 65 anos

para um diacircmetro de 50 cm (Figura 3)

28

Tabela 2 Nuacutemero de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis e altura das aacutervores utilizados na elaboraccedilatildeo dos modelos de crescimento com base nas relaccedilotildees entre idade ndash DAP idade ndash altura e DAP ndash altura e o coeficiente de correlaccedilatildeo das mesmas

Nuacutemero de mediccedilotildees Correlaccedilatildeo p(lt 0001) Espeacutecie Largura dos

aneacuteis Altura Idade ndash DAP Idade ndash Altura DAP ndash Altura

Cedrela odorata

1240 32 089 064 071

Ocotea cymbarum

1325 125 086 073 073

Sterculia elata

1321 21 088 086 085

Hura crepitans

3760 67 091 086 076

Total

7646

Sterculia e Hura atingiram idades maacuteximas de 111 e 195 anos respectivamente

embora esta uacuteltima tenha atingido grandes diacircmetros nas aacutervores amostradas As

aacutervores mais velhas de Cedrela e Ocotea atingiram idades maacuteximas de 74 e 122 anos

(Tabela 3)

29

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

A ndash Cedrela odorata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

C ndash Sterculia elata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

B ndash Ocotea cymbarum

D ndash Hura crepitans

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura

30

As curvas meacutedias das relaccedilotildees entre idade e DAP tambeacutem apresentaram

variaccedilatildeo entre as espeacutecies estudadas (Figura 4) Para um diacircmetro de 50 cm

determinado pela IN ndeg 5 de Dezembro de 2006 as idades meacutedias oscilaram entre 41

anos em Hura a mais de 70 anos em Cedrela (Tabela 3)

0

50

100

150

DAP

(cm

)

0 30 60 90 120 150 180Idade (anos)

(a)

(b)

(d)

(c)

Diacircmetro limite de corte

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata Tabela 3 Idades maacuteximas miacutenimas e para um diacircmetro miacutenimo de derrubada de 50 cm para cada uma das quatro espeacutecies estudadas e seus respectivos desvios padratildeo

Idade (anos) Espeacutecie Miacutenima Maacutexima Ao alcanccedilar o diacircmetro limite de 50 cm

Cedrela odorata

21 74 72

Sterculia elata

22 111 47

Ocotea cymbarum

27 122 59

Hura crepitans

88 195 41

31

As quatro espeacutecies estudadas atingiram as maiores taxas de incremento

diameacutetrico corrente em idades diferentes Cedrela e Ocotea atingiram as maiores taxas

entre 11 e 12 anos e 19 e 21 anos com uma taxa meacutedia de incremento de 094 e 101

cmano respectivamente (Figura 5a e c) Sterculia obteve taxas meacutedias de incremento

de 126 cmano em idades entre 19 e 21 anos (Figuras 5b) enquanto Hura alcanccedilou

taxa meacutedia de incremento de 129 cmano em idades entre 22 e 23 anos (Figura 5d)

Cedrela e Ocotea espeacutecies de madeira pesada apresentaram taxas de incremento

diameacutetrico menores que Hura e Sterculia espeacutecies de madeira branca

D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata

C ndash Sterculia elata

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

B ndash Ocotea cymbarum

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura

32

A partir das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares entre idade-DAP foi possiacutevel

construir um modelo de crescimento em aacuterea basal para cada espeacutecie utilizando-se a

foacutermula (2) Cedrela e Ocotea atingiram suas maiores taxas em 39 e 57 anos e taxa

meacutedia de incremento de 355 e 536 cm2ano respectivamente (Figuras 6a e 6b)

Sterculia e Hura atingiram maior incremento aos 48 e 104 anos e taxa meacutedia de 700 e

1422 cm2ano respectivamente (Figura 6c e 6d) As espeacutecies de madeira branca Hura

e Sterculia apresentaram taxas de incremento em aacuterea basal mais altas que as duas

espeacutecies de madeira densa (Cedrela e Ocotea)

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

05

1

15

2

25

4

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

05

1

15

2

25

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura

33

A combinaccedilatildeo das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares das relaccedilotildees entre DAP-

altura (Figura 7) resultaram num modelo de crescimento em altura para as espeacutecies

contemplando todo ciclo de vida da planta Os maiores valores de incremento corrente

em altura de C odorata S elata O cymbarum e H crepitans corresponderam a idades

de 4 7 8 e 6 anos respectivamente e taxas maacuteximas corresponderam a 096 mano

para Sterculia 092 mano para Ocotea 061 mano para Hura e finalmente 109 mano

para Cedrela

DAP (cm) DAP (cm)

DAP (cm) DAP (cm)

Altu

ra (m

) A

ltura

(m)

C ndash Sterculia elata D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 1500

0

0

0

0

0

0 25 50 75 100 125 150

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 150 0 50 100 150

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans

34

Tabela 4 Valores de DAP e altura maacuteximos e miacutenimos do levantamento florestal seus desvios padratildeo e a aacuterea basal calculada a partir da relaccedilatildeo entre idade e DAP das espeacutecies

DAP (cm) Altura (m) Aacuterea basal meacutedia (cm2)

Espeacutecie

Maacuteximo Miacutenimo Desvio Maacutexima Miacutenima Desvio Meacutedia Cedrela odorata

656 115 140 309 90 50 273

Ocotea cymbarum

780 100 164 311 70 46 402

Sterculia elata

1300 100 349 405 66 88 516

Hura crepitans

1328 100 350 390 21 91 1127

A partir dos modelos de crescimento em altura e diacircmetro elaborados para cada

espeacutecie pocircde-se construir o modelo de crescimento em volume das mesmas segundo

a foacutermula (1) (Schoumlngart et al 2007) O periacuteodo oacutetimo de corte das aacutervores eacute o ponto

onde o incremento em volume corrente eacute maacuteximo sendo que para cada espeacutecie o pico

maacuteximo de volume corrente variou visivelmente (Figura 8)

Cedrela apresentou maiores taxas de incremento em volume corrente ao atingir

uma idade meacutedia de 45 anos (Figura 8a) Nesta idade a espeacutecie indica um DAP de 376

cm (Figura 5a) Jaacute Sterculia e Ocotea atingiram o ponto maacuteximo em incremento

corrente em volume aos 54 e 63 anos (Figuras 8b e c) quando atingem diacircmetros de

560 e 533 cm respectivamente (Figuras 5b e c) Hura em uma idade meacutedia de 125

anos apresentou os maiores valores de incremento maacuteximo corrente entre as quatro

espeacutecies (Figura 8d) atingindo diacircmetro meacutedio de 1288 cm (Figura 5d) Tanto Hura

quanto Sterculia apresentaram produccedilatildeo de madeira em volume por m3 superior as

duas espeacutecies de madeira pesada Cedrela e Ocotea

35

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento volum

eacutetrico

Incr

emen

to e

m v

olum

e (m

3 ) 0450 0

(m3ano)

Incr

emen

to e

m V

olum

e (m

3 )

Incremento volum

eacutetrico (m3ano)

Idade (anos) Idade (anos)

0

10

20

30

40

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

0 50 100 150 200

0

10

20

30

40

50

0

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

04

0 50 100 150

200 Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie

36

O ciclo de corte calculado atraveacutes da passagem meacutedia do tempo por uma classe

de DAP de 10 cm para a proacutexima ateacute atingir o diacircmetro de corte oacutetimo variou pouco

entre as espeacutecies sendo que Hura e Sterculia apresentaram ciclos de corte de 97

anos enquanto Cedrela e Ocotea apresentaram ciclos de 120 e 118 anos (Tabela 5)

Os resultados indicam que espeacutecies de madeira branca apresentam ciclos de corte

mais curtos do que as espeacutecies de madeira pesada

Tabela 5 O diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) o ciclo de corte a idade meacutedia ao atingir o diacircmetro de corte e a densidade da madeira das espeacutecies Espeacutecie DMD (cm) Ciclo de corte

(anos) Idade meacutedia ao atingir

o DMD (anos) Densidade

(gcm3) Cedrela odorata

376 120 45 052

Ocotea cymbarum

533 118 63 060

Sterculia elata

560 97 54 047

Hura crepitans

1288 97 125 039

Dados obtidos de Wittmann et al (2006b)

Aleacutem do modelo de crescimento em volume os modelos de crescimento em

altura e diacircmetro possibilitaram tambeacutem a construccedilatildeo de modelos de crescimento em

biomassa acima do solo para as espeacutecies estimado segundo a foacutermula (3)

Cedrela apresentou maior taxa de produccedilatildeo em biomassa de 26 Kgano em 45

anos (Figura 9a) ao passo que Ocotea alcanccedilou uma produccedilatildeo em biomassa maacutexima

de 52 Kgano em 63 anos (Figura 9b) Sterculia atingiu valor de 60 Kgano em 54 anos

(Figura 9c) enquanto que Hura obteve em 125 anos um valor maacuteximo de 125 Kgano

(Figura 9d) Espeacutecies de madeira branca atingiram maiores taxas de acuacutemulo em

biomassa do que as espeacutecies de madeira densa

37

D ndash Hura crepitans C ndash Ocotea cymbarum

Bio

mas

sa (M

g)

Bio

mas

sa (M

g)

Produ

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

ccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)P

roduccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

5

10

15

20

0

4

8

1

1

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

1

1

0 50 100 150 2000

5

0

5

0

0

40

80

120

160

Prod

uccedilatildeo

Biom

assa

(Kg)

0 50 100 150 200

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura)

38

6 DISCUSSAtildeO

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira

Todas as quatro espeacutecies estudadas apresentaram distintas zonas de

crescimento poreacutem com diferenccedilas quanto ao grau de distinccedilatildeo entre elas O grau de

distinccedilatildeo diminuiu na ordem seguinte C odorata O cymbarum S elata e H crepitans

o que indica uma pequena tendecircncia das espeacutecies deciacuteduas apresentarem maior

distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais como resultados encontrados por Worbes (1999) A

distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e com a

maior proximidade do centro do disco (Brienen amp Zuidema 2006) Esta variaccedilatildeo

encontrada no grau distinccedilatildeo dos aneacuteis natildeo afetou as anaacutelises dendrocronoloacutegicas

subsequumlentes

Segundo Worbes (1995) a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira resulta de

mudanccedilas sazonais favoraacuteveis e desfavoraacuteveis nas condiccedilotildees de crescimento arboacutereo

Um dos fatores principais atuando no controle do crescimento arboacutereo de florestas

tropicais eacute a variaccedilatildeo intraanual da precipitaccedilatildeo que ocasiona uma distinta estaccedilatildeo

seca e determina a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das aacutervores (Worbes 1999)

Para regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o principal fator que controla o

ritmo de crescimento nas aacutervores eacute o pulso de inundaccedilatildeo (Junk 1989) Entretanto

florestas de vaacuterzea alta natildeo satildeo alagadas anualmente devido a sua posiccedilatildeo

topograacutefica o que indicaria que o pulso anual de inundaccedilatildeo natildeo seria o principal fator

controlando os processo ecoloacutegicos nestas aacutereas Observaccedilotildees fenoloacutegicas e mediccedilotildees

da liteira (Schoumlngart et al 2008b) evidenciam que o ritmo de crescimento possa ser

39

controlado pela sazonalidade das chuvas contudo maiores estudos se fazem

necessaacuterios

A anualidade dos aneacuteis de crescimento em espeacutecies arboacutereas da Amazocircnia

permite anaacutelise de fenocircmenos ecoloacutegicos e ambientais identificaccedilatildeo e reconstruccedilatildeo das

condiccedilotildees climaacuteticas do passado como tambeacutem identificar as alteraccedilotildees naturais e

dinacircmica das populaccedilotildees (Fritts 1976 Schweingruber 1988 Worbes 1995) Aleacutem

disso a aplicaccedilatildeo das informaccedilotildees armazenadas nos aneacuteis de crescimento permite que

estudos dendrocronoloacutegicos sejam empregados com o objetivo de investigar a estrutura

etaacuteria das populaccedilotildees bem como a dinacircmica de crescimento arboacutereo em florestas

tropicais (Worbes 2002)

Desta forma a descriccedilatildeo da estrutura anatocircmica e delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

da madeira satildeo de suma importacircncia para realizaccedilatildeo das anaacutelises dendrocronoloacutegicas

e por conseguinte para a otimizaccedilatildeo do uso da floresta dando suporte para

estabelecimento de estrateacutegias de manejo florestal ao niacutevel de espeacutecie fornecendo

informaccedilotildees do histoacuterico florestal e consequumlentemente garantindo maior

sustentabiliade na utilizaccedilatildeo dos recursos madeireiros (Schoumlngart 2008)

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo

Uma das grandes questotildees a cerca do uso sustentaacutevel de florestas tropicais

envolve o crescimento e a idade das aacutervores Modelos de crescimento de espeacutecies

madeireiras nos troacutepicos ainda satildeo bastante escassos (Nebel et al 2001 Schwartz et

al 2002 Sokpon amp Biaou 2002 Nebel amp Meilby 2005 Brienen amp Zuidema 2007

Schoumlngart et al 2007) fato este atribuiacutedo a problemas de estabelecimento de uma

40

metodologia especiacutefica para determinaccedilatildeo da idade das aacutervores e taxas de

crescimento bem como a alta diversidade de espeacutecies encontrada Aleacutem disso o

atraso no avanccedilo das pesquisas de crescimento arboacutereo com base em aneacuteis na

madeira nos troacutepicos se deve ao descreacutedito na formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das

aacutervores nestas regiotildees devido agraves temperaturas terem sido consideradas praticamente

constantes durante o ano (Lieberman et al 1985 Whitmore 1990)

Atualmente a maioria das pesquisas sobre idade e crescimento de espeacutecies

tropicais eacute baseada em anaacutelises feitas em parcelas permanentes (Condit 1995)

utilizando meacutetodos de mediccedilotildees repetidas durante relativamente curtos periacuteodos de

tempo Outra metodologia para determinar a idade e taxas de incremento eacute a dataccedilatildeo

com radio-carbono (Worbes amp Junk 1999) Estas duas metodologias indicam idades

maacuteximas entre 1000 e 2000 anos (Condit et al 1995 Chambers et al 1998 Laurance

et al 2004) enquanto estudos dendrocronoloacutegicos indicam idades maacuteximas entre 500

e 600 anos (Worbes amp Junk 1999 Fichtler et al 2003)

Resultados encontrados por Chambers et al (1998) de idade estimada de 1370

anos para Carniana micrantha Ducke (Lecythidaceae) eacute considerado excepcional pois

aparentemente foi determinada de um uacutenico exemplar (Roig 2000) Dataccedilatildeo por radio-

carbono pode ser problemaacutetica entre os anos de 1650 e 1950 devido agrave variaccedilatildeo de 14C

encontrada na atmosfera neste periacuteodo Este fenocircmeno foi provocado por grandes

emissotildees de carbono por meio da queima de combustiacutevel foacutessil que ocorreram no

periacuteodo da revoluccedilatildeo industrial (Efeito de Suess) (Fichtler et al 2003) Em adiccedilatildeo o

alto custo desta metodologia natildeo permite o uso para determinaccedilatildeo de grandes

amostragens

41

A construccedilatildeo de modelos de crescimento de lenhosas com base no crescimento

em diacircmetro das espeacutecies em curtos periacuteodos de observaccedilatildeo bem como a baixa

densidade de espeacutecies comerciais encontradas em florestas tropicais na elaboraccedilatildeo de

modelos de crescimento principalmente individuos de grandes tamanhos dentro das

parcelas estudadas satildeo fatores que limitam muito esta metodologia (Clark amp Clark

1996 Nebel amp Meilby 2005) Aleacutem disso estes modelos monitoram somente uma

pequena parte da histoacuteria de crescimento das aacutervores e extrapolam estes dados das

trajetoacuterias de crescimento em diacircmetro de curtos periacuteodos para todo o ciclo de vida da

planta o que os torna simplistas e podem resultar em dados de crescimento arboacutereo e

estimativas de produccedilatildeo da madeira natildeo realistas subestimando as taxas de

crescimento e consequumlentemente superestimando a idade das aacutervores (Brienen amp

Zuidema 2006)

Ao contraacuterio destes meacutetodos de modelagem do crescimento arboacutereo a anaacutelise

dendrocronoloacutegica tem se mostrado uma importante ferramenta a qual fornece

estimativas mais acuradas da idade e do histoacuterico de crescimento arboacutereo individual

por meio da informaccedilatildeo extraiacuteda dos aneacuteis na madeira (Brienen amp Zuidema 2007) Na

anaacutelise de aneacuteis anuais para a modelagem de crescimento arboacutereo das espeacutecies satildeo

amostradas aacutervores que se estabeleceram no dossel com sucesso o que fornece

dados de crescimento em diacircmetro mais realistas e representativos do desenvolvimento

das aacutervores (Brienen amp Zuidema 2006)

Diversos estudos tecircm mostrado a grande variaccedilatildeo existente nas taxas de

crescimento tanto dentro como entre espeacutecies de florestas tropicais (Clark amp Clark

2001 Schoumlngart et al 2006 Brienen amp Zuidema 2006) Segundo Brienen amp Zuidema

(2007) estas diferenccedilas no crescimento dos indiviacuteduos ao longo da vida pode ser o

42

resultados de diversos fatores atuando em conjunto como a disponibilidade de aacutegua

clima intensidade de luz recebida forma e tamanho da copa danos e fitopatoacutegenos

assim como infestaccedilatildeo por cipoacutes e lianas Isso se reflete em variaccedilotildees de curvas

cumulativas comparando indiviacuteduos da mesma espeacutecie (Figura 3)

Os dados obtidos indicaram a ocorrecircncia de variaccedilatildeo na idade das aacutervores com

o aumento do diacircmetro Esta variaccedilatildeo intra-especiacutefica na idade das aacutervores em grandes

diacircmetros (gt de 60 cm) eacute causada principalmente pela variaccedilatildeo que ocorre na

passagem do tempo nas pequenas classes de tamanho (lt 20 cm) (Brienen amp Zuidema

2006) Desta forma o tempo necessaacuterio para que uma aacutervore de determinada espeacutecie

se estabeleccedila no dossel quando as taxas diameacutetricas geralmente aumentam devido

aos altos niacuteveis de radiaccedilatildeo solar pode variar consideravelmente

A variaccedilatildeo encontrada nos indiviacuteduos contudo natildeo impede a modelagem de

crescimento arboacutereo pois ao niacutevel das espeacutecies ocorre uma relaccedilatildeo bastante

significativa entre idade e DAP o que caracteriza a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira

uma ferramenta importante na elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo sustentaacuteveis em

florestas tropicais (Brienen amp Zuidema 2006 Schoumlngart et al 2007)

Comparando as curvas meacutedias de crescimento observa-se que espeacutecies

estudadas apresentam estrateacutegias ecoloacutegicas diferenciadas Altas taxas de incremento

em diacircmetro em espeacutecies de baixa densidade da madeira como Hura e Sterculia levam

a um raacutepido crescimento em volume enquanto que baixas taxas de incremento em

diacircmetro em Cedrela e Ocotea duas espeacutecies de madeira densa levam a um

crescimento em volume mais lento

Tanto Hura como Sterculia parecem apresentar estrateacutegias de crescimento

tiacutepicas de espeacutecies pioneiras com ciclos de vida longos (gt de 100 anos) caracterizadas

43

por altos requerimentos de luz para germinaccedilatildeo e crescimento (Swaine amp Whitmore

1988) Cedrela e Ocotea possuem caracteriacutesticas de crescimento tiacutepicas de espeacutecies

de estaacutegios cliacutemax ou tolerantes agrave sombra com capacidade de sobrevivecircncia em

longos periacuteodos de baixos niacuteveis de luminosidade e baixas taxas de crescimento

arboacutereo (Pianka 1970)

Espeacutecies com baixa densidade da madeira como Hura (039 gcm3) e Sterculia

(047 gcm3) requerem periacuteodos de 41 a 47 anos para extrapolar um diacircmetro limite de

corte de 50 cm enquanto que espeacutecies de madeira densa tais como Ocotea (060

gcm3) e Cedrela (052 gcm3) necessitam de periacuteodos entre 59 e 72 anos para

ultrapassar um diacircmetro de 50 cm Estes resultados estatildeo de acordo com Schoumlngart

(2008) que verificou a existecircncia de uma correlaccedilatildeo entre a densidade da madeira e a

idade da espeacutecie ao atingir o DMD estimado a partir das taxas de IC de volume o que

possibilita estimar o periacuteodo ideal de extraccedilatildeo para outras espeacutecies de florestas de

vaacuterzea da Amazocircnia Central em funccedilatildeo da densidade da madeira

Os resultados encontrados mostram diferenccedilas nas taxas de incremento em

diacircmetro e volume as quais refletem em diferentes ciclos de corte e DMD para as

espeacutecies indicando claramente que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico

de derrubada e ciclo de corte para toda e qualquer espeacutecie natildeo suportam a

sustentabilidade nas praacuteticas de manejo florestal atuais

Neste sentido na aplicaccedilatildeo de manejo florestal sustentado em florestas tropicais

eacute imprescindiacutevel o levantamento de informaccedilotildees a respeito das taxas de crescimento e

idade das aacutervores especiacuteficas para cada espeacutecie bem como dados de regeneraccedilatildeo e

caracteriacutesticas especiacuteficas de cada siacutetio a ser explorado pela extraccedilatildeo de produtos

madeireiros

44

63 Estrateacutegias de manejo florestal

O contiacutenuo uso das florestas de vaacuterzea para atividades de agricultura pecuaacuteria e

extraccedilatildeo da madeira tem causado grandes impactos nos recursos o que tem

ocasionado a necessidade de estabelecimento de estrateacutegias de conservaccedilatildeo e manejo

florestal destas aacutereas (Schoumlngart et al 2007) Nos uacuteltimos anos tem-se observado uma

gradual expansatildeo das atividades de manejo florestal baseada em comunidades de

pequena e meacutedia escala na busca da conversatildeo da exploraccedilatildeo manejada da floresta

em oportunidade de desenvolvimento regional (Amaral amp Amaral 2000) Projetos como

o Programa Piloto para Conservaccedilatildeo das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7) e a

Fundaccedilatildeo Floresta Tropical (FFT) tecircm buscado o desenvolvimento de projetos de

manejo florestal ao niacutevel de comunidade para diferentes aacutereas da Amazocircnia (Amaral amp

Amaral 2000)

Dentre estes modelos enquadra-se o Projeto Mamirauaacute com objetivo de proteger

as vaacuterzeas da RDSM e cuja exploraccedilatildeo segue as normas do PMFS criado pelo IDSM

em conjunto com os comunitaacuterios e baseado em normas estabelecidas pelo Instituto de

Proteccedilatildeo Ambiental do Amazonas (IPAAM) e pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA) (Lei estadual no 2416 de 22 de Agosto

de 1996)

A FAO estabelece um modelo de extraccedilatildeo dos recursos florestais funcionado

como guia para a aplicaccedilatildeo de um Manejo de Impacto Reduzido (MIR) para os recursos

florestais (Dykstra amp Heinrich 1996) Diversos estudos tecircm feito a uniatildeo entre o MIR e a

extraccedilatildeo seletiva de espeacutecies comerciais como uma estrateacutegia de manejo sustentaacutevel

visando agrave conservaccedilatildeo de florestas tropicais e diminuiccedilatildeo dos impactos causados pelo

45

manejo florestal (Vidal et al 2002 Gerwing 2002) Pesquisas tecircm mostrado os

benefiacutecios da aplicaccedilatildeo de MIR com relaccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo convencional da madeira

tanto em relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo dos custos quanto aos benefiacutecios causados pela reduccedilatildeo

dos danos agrave floresta (Barreto et al 1998 Johns et al 1996 Boltz et al 2001 Holmes

et al 2002)

Apesar dos inuacutemeros esforccedilos realizados na elaboraccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas

de exploraccedilatildeo da madeira na tentativa de conservar e reduzir danos causados as

florestas a sustentabilidade do manejo dos recursos florestais ainda natildeo foi alcanccedilada

satisfatoriamente O sucesso dos planos de manejo florestal depende principalmente da

sustentabilidade ecoloacutegica da produccedilatildeo da madeira que requer informaccedilotildees sobre taxas

de crescimento das espeacutecies comerciais (Boot amp Gullison 1995 Brienen amp Zuidema

2006) os quais ainda natildeo satildeo utilizados com frequumlecircncia em florestas tropicais

Schoumlngart (2008) desenvolveu um novo sistema de manejo sustentaacutevel da

madeira de florestas alagaacuteveis de vaacuterzea da Amazocircnia Central (GOL ndash Growth

Orientated Logging) o qual leva em consideraccedilatildeo as diferenccedilas na histoacuteria de

crescimento de espeacutecies comerciais com base em suas taxas de crescimento arboacutereo a

partir da anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira Isto representa um importante passo em

direccedilatildeo a sustentabilidade do manejo florestal praticado em florestas tropicais

Atualmente normas de exploraccedilatildeo da madeira em regiotildees tropicais as quais

estabelecem diacircmetro limite de derrubada e ciclos de corte para os sistemas de manejo

de florestas natildeo possuem nenhuma base cientiacutefica e natildeo levam em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas nas estrateacutegias de crescimento e estabelecimento bem como as

especificidades de cada regiatildeo a ser explorada Estes fatos levaram a quase eliminaccedilatildeo

de espeacutecies como C pentandra e Calophyllum brasiliense dos mercados regionais e

46

locais na Amazocircnia Ocidental Estas foram substituiacutedas por H crepitans e O

cymbarum duas espeacutecies atualmente exploradas comercialmente na regiatildeo do Meacutedio

Solimotildees (Worbes et al 2001)

Se as atuais praacuteticas de manejo florestal persistirem H crepitans e O cymbarum

poderatildeo ter o mesmo destino que C pentandra e C brasiliense Hura e Ocotea podem

desaparecer dos mercados madeireiros e novamente ocorrer a substituiccedilatildeo destas por

outras espeacutecies ainda pouco exploradas que por sua vez sofreratildeo as pressotildees de uma

extraccedilatildeo madeireira insustentaacutevel o que pode ter seacuterias consequumlecircncias ecoloacutegicas

como a perda dos recursos geneacuteticos degradaccedilatildeo da floresta quebra de cadeias

alimentares para insetos peixes mamiacuteferos etc

A extraccedilatildeo de C odorata eacute um outro exemplo de como de atual manejo de

florestas de vaacuterzea natildeo eacute adequado Esta espeacutecie foi intensamente explorada na RDSM

a ponto de reduzir drasticamente seus estoques de madeira (Ayres 1993 Pinedo-

Vasquez et al 2001) e atualmente eacute considerada uma espeacutecie ameaccedilada e excluiacuteda

da extraccedilatildeo de madeira da RDSM

A recente modificaccedilatildeo de 11 de dezembro de 2006 (IN ndeg 5) do Coacutedigo Florestal

Brasileiro abre caminhos para modificaccedilotildees do manejo florestal aplicado atualmente na

Amazocircnia Brasileira O ciclo de corte no PMFS Pleno varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3ha Espeacutecies com baixa intensidade da madeira (menos

de 10 msup3 por ha) podem ter um ciclo de corte de 10 anos sendo que para florestas de

vaacuterzea a produccedilatildeo pode exceder 10 msup3 por ha poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3

aacutervores por ha

Levando-se em consideraccedilatildeo os dados de distribuiccedilatildeo diameacutetrica fornecidos pelo

Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM observa-se que a espeacutecie O cymbarum

47

apresentaram um padratildeo de distribuiccedilatildeo diameacutetrica do tipo J invertido apresentando

um decreacutescimo da densidade de aacutervores com o aumento do diacircmetro A distribuiccedilatildeo

diameacutetrica de O cymbarum se concentrou nas classes diameacutetricas de 20 a 100 cm

(Figura 10)

Foi possiacutevel encontrar indiviacuteduos na maioria das classes diameacutetricas em Hura

crepitans atingindo densidade maacutexima de 05 indiviacuteduos por ha na classe diameacutetrica de

110 cm A alta densidade de indiviacuteduos em classes diameacutetricas anteriores e posteriores

a classe de 50 cm e os altos valores de volume de madeira de H crepitans sugerem que

esta espeacutecie tem grande potencial para exploraccedilatildeo madeireira dentro da RDSM

Entretanto a derrubada de indiviacuteduos com diacircmetros nas classes entre 50 e 120 cm

permitidas por lei eacute problemaacutetica pois estaratildeo sendo extraiacutedas aacutervores que ainda natildeo

alcanccedilaram a sua produccedilatildeo oacutetima de madeira (Figura 8d)

Marinho (2008) ao analisar a estrutura populacional de espeacutecies como H

crepitans O cymbarum e S elata ocorrendo em florestas de vaacuterzea do setor Jarauaacute da

RDSM observou que estas espeacutecies apresentam baixa densidade de indiviacuteduos em

classes diameacutetricas acima de 50 cm (28 13 e 05 indha respectivamente) sendo

que Hura e Sterculia apresentam uma baixa taxa de estabelecimento visiacutevel pelo

pequeno nuacutemero de indiviacuteduos observados em classes diameacutetricas baixas

Os ciclos de corte entre 10 e 12 anos determinados para as espeacutecies neste

trabalho satildeo valores proacuteximos ao permitido pelas normas de manejo florestal da IN ndeg 5

(ciclo de corte de 10 anos) Entretanto aplicando-se um diacircmetro de derrubada limite

de 50 cm pode natildeo ser sustentaacutevel para espeacutecies como Sterculia e Cedrela

considerando-se a abundacircncia destas espeacutecies na regiatildeo Considerando-se a

48

abundacircncia de Hura e Ocotea o manejo pode ser sustentaacutevel se considerar os DMDs

determinados para cada espeacutecie neste estudo

igura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999

Inventaacuterio florestal de Mamirauaacute (1999 - 2000)

00

02

04

06

08

10

12

14

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

gt 2

Classes diameacutetricas (m)

Den

sida

de d

e aacuter

vore

s po

r ha

Sterculia elataHura crepitansOcotea cymbarumCedrela odorata

Fa 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM

49

Os resultados mostram que tanto Hura quanto Sterculia apresentaram taxas de

crescimento arboacutereo relativamente raacutepidas o que as torna espeacutecies potenciais para

recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e reflorestamento Jaacute Ocotea e Cedrela duas

espeacutecies de madeira densa apresentaram taxas mais lentas de crescimento arboacutereo

Ocotea eacute uma espeacutecie cuja madeira eacute frequumlentemente utilizada pelas

comunidades ribeirinhas na construccedilatildeo de casas moacuteveis e taacutebuas Cedrela eacute uma

espeacutecie bastante valorizada no mercado madeireiro chegando a custar R$ 12000m3

no ano de 2004 na regiatildeo do alto Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a) Isto faz com

que reflorestamentos com Cedrela venham a ser um importante caminho para o

enriquecimento dos estoques de madeira visando o aumento das populaccedilotildees desta

espeacutecie Atraveacutes de um manejo florestal sustentaacutevel comunidades ribeirinhas podem se

beneficiar com produtos madeireiros de alta qualidade e de valor comercial

Os efeitos positivos da liberaccedilatildeo do dossel sobre as taxas de incremento em

diacircmetro observados em espeacutecies de madeira densa (Kammesheidt et al 2003)

indicam que as taxas de crescimento arboacutereo encontradas em Cedrela poderiam ser

aceleradas atraveacutes de aplicaccedilatildeo deste tipo de tratamento silvicultural Entretanto devem

ser realizados mais estudos a respeito das estrateacutegias de regeneraccedilatildeo da espeacutecie

dentro da reserva

Os resultados indicam que um ciclo de corte de 25 anos eacute inadequado para

execuccedilatildeo de manejo florestal sustentaacutevel das quatro espeacutecies estudadas Todas

apresentaram ciclos de corte inferiores (entre 10 e 12 anos) ao valor exigido por lei

indicando que estes recursos madeireiros natildeo estatildeo sendo manejados eficazmente A

IN no 5 permite a aplicaccedilatildeo de ciclo de corte inicial de 10 anos com volume maacuteximo de

10 msup3ha ou mais com retirada de apenas 3 aacutervores por ha para manejos de baixa

50

intensidade Com isso eacute possiacutevel manejar de forma mais adequada os estoques de

Ocotea e Hura aplicando ciclos de corte de 12 e 10 anos respectivamente utilizando

contudo os DMDs aqui determinados para manejo florestal mais especiacutefico garantindo

assim a sustentabilidade do uso da madeira destas espeacutecies dentro da reserva

Todavia eacute necessaacuteria a garantia de que ao retirar aacutervores de determinada espeacutecie em

dado local seja feito estabelecimento de indiviacuteduos de mesma espeacutecie

A distribuiccedilatildeo diameacutetrica de Hura mostra ampla distribuiccedilatildeo de aacutervores na

maioria das classes diameacutetricas Contudo o modelo de crescimento da espeacutecie mostra

que em classes diameacutetricas entre 50 e 130 cm natildeo foi atingida produccedilatildeo maacutexima de

madeira Neste sentido ao retirar aacutervores com diacircmetros acima de 130 cm ainda

restaratildeo aacutervores suficientes nas classes inferiores para garantir renovaccedilatildeo dos

estoques extraiacutedos as quais permitem a garantia de produccedilatildeo de diaacutesporos para a

regeneraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da produtividade maacutexima da espeacutecie otimizando a exploraccedilatildeo

da madeira de Hura

O mesmo deve valer para Ocotea e Sterculia Poreacutem a regeneraccedilatildeo destas

espeacutecies deve ser assegurada o que implica em execuccedilatildeo de estudos ecologia da

populaccedilatildeo particularmente de regeneraccedilatildeo e estabelecimento levando-se em

consideraccedilatildeo a influecircncia de fatores ambientais (solo clima disponibilidade de luz

inundaccedilatildeo etc)

51

64 Desafios futuros

Os resultados do presente trabalho mostram que o atual criteacuterio de manejo

florestal que estabelece ciclo de corte e diacircmetro limite para corte uacutenicos extraccedilatildeo de 5

aacutervores por ha natildeo se mostra eficaz na garantia de manutenccedilatildeo dos estoques de

madeira para exploraccedilotildees subsequumlentes o que torna estes criteacuterios inviaacuteveis para

conservaccedilatildeo da biodiversidade por meio de manejos florestais sustentaacuteveis em

florestas de vaacuterzea Aleacutem disso a ausecircncia de informaccedilotildees a respeito dos processos

que envolvem a dinacircmica e ecologia de florestas alagaacuteveis na elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo eacute um fator agravante na questatildeo da insustentabilidade da

exploraccedilatildeo dos recursos florestais em florestas de vaacuterzea

Ciclos de corte da madeira soacute possibilitam sustentabilidade se as espeacutecies

extraiacutedas conseguem se regenerar e estabelecer dentro da floresta garantindo

estoques de madeira para as proacuteximas extraccedilotildees Uma importante questatildeo eacute a

ausecircncia de dados baacutesicos de estrutura populacional e estabelecimento e regeneraccedilatildeo

de florestas tropicais para subsidiar planos de manejo florestal principalmente em

florestas de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia

Pesquisas tecircm sido feitas no sentido de investigar a influecircncia do pulso de

inundaccedilatildeo condiccedilotildees de luz suprimento de nutrientes e disponibilidade de aacutegua no

estabelecimento de sementes e placircntulas em aacutereas alagaacuteveis (Parolin 2001 Wittmann

amp Junk 2003 Ferreira et al 2005) Wittmann amp Junk (2003) enfatizam importacircncia de

novos estudos focando os processos de germinaccedilatildeo crescimento e taxa de

mortalidade de placircntulas de espeacutecies exploradas comercialmente e suas relaccedilotildees com

fatores do ambiente como luz e inundaccedilatildeo

52

Produtos florestais natildeo madeireiros tambeacutem devem ser levados em consideraccedilatildeo

na elaboraccedilatildeo de planos de manejo de florestas de vaacuterzea Diversos produtos tais

como resinas oacuteleos frutos fibras tecircxteis taninos e produtos medicinais satildeo extraiacutedos

de espeacutecies encontradas nas florestas de vaacuterzea (Wittmann et al 2006b) o que

demonstra o alto potencial destas florestas para este tipo de exploraccedilatildeo dos recursos

Novos modelos de exploraccedilatildeo madeireira que levam em consideraccedilatildeo o

crescimento e idade das aacutervores estatildeo sendo criados (Schoumlngart et al 2003 Brienen

amp Zuidema 2006 Schoumlngart 2007 2008) Mas o desafio de converter dados de

pesquisas cientiacuteficas em poliacuteticas puacuteblicas ainda eacute grande O caminho ainda eacute longo e

espera-se que a partir desta mudanccedila da IN ndeg de 2006 o qual permite a alteraccedilatildeo do

diacircmtro limite de corte e ciclo de corte atualmente requeridos para o manejo florestal

com base em pesquisas cientiacuteficas abra portas para a elaboraccedilatildeo de manejos

florestais especiacuteficos e sustentaacuteveis e consequumlentemente possibilitem que o quadro de

exploraccedilatildeo da madeira venha a se modificar com o tempo nas florestas alagaacuteveis da

Amazocircnia brasileira

7 CONCLUSOtildeES

As quatro espeacutecies estudadas apresentam diferenccedilas nas taxas de crescimento

arboacutereo Isto implica que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico de

derrubada e ciclo de corte para estas espeacutecies natildeo garantem a manutenccedilatildeo dos

estoques de madeira na floresta e portanto natildeo satildeo sustentaacuteveis

O DMD sugerido para Hura eacute de 130 cm quando a espeacutecie atinge sua produccedilatildeo

oacutetima de madeira possibilitando o aproveitamento maacuteximo do recurso bem como a

53

permanecircncia de indiviacuteduos em idade reprodutiva e consequumlente reposiccedilatildeo dos

estoques desta espeacutecie

Os resultados mostram que para C odorata uma espeacutecie com baixa densidade

de indiviacuteduos na reserva o DMD encontrado foi inferior a 50 cm (3760 cm) o que

demonstra a necessidade de aplicaccedilatildeo de tratamentos de enriquecimento de indiviacuteduos

para reposiccedilatildeo dos estoques para futuras exploraccedilotildees

Para O cymbarum e S elata DMDs sugeridos satildeo de 53 e 56 cm

respectivamente dentro do diacircmetro limite estabelecido por lei No entanto a baixa

densidade de indiviacuteduos encontrada em S elata indica tambeacutem a importacircncia de

aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais de enriquecimento para esta espeacutecie atingir

niacuteveis manejaacuteveis de seus estoques madeireiros

Os ciclos de corte variaram entre 10 anos para as espeacutecies de madeira branca e

12 anos para as espeacutecies de madeira pesada Entretanto deve ser ressaltada a

importacircncia do uso de DMD aqui sugeridos para cada espeacutecie objetivando a garantia da

manutenccedilatildeo dos estoques das mesmas

A dendrocronologia se mostrou uma ferramenta bastante uacutetil na aplicaccedilatildeo de

modelos de crescimento arboacutereo com intuito de contribuir para elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo florestal que suportam maior sustentabilidade do uso dos

recursos florestais Contudo maiores estudos para compreensatildeo da estrutura das

populaccedilotildees crescimento e reproduccedilatildeo das espeacutecies madeireiras de florestas de vaacuterzea

devem ser realizados

54

8 REFEREcircNCIAS

Achard F Eva HD Stibig Hans-Juumlrgen Mayaux P Gallego J Richards T

Malingreau Jean-Paul 2002 Determination of Deforestation Rates of the Worlds

Humid Tropical Forests Science 297(5583) 999 ndash 1002

Alencar A Nepstad D McGrath D Moutinho P Pacheco P Del Carmen M Diaz

V Soares ndash Filho BS 2004 Desmatamento na Amazocircnia indo aleacutem da

emergecircncia crocircnica Ipamhttpwwwipamorgbrpublicacoeslivrosresumo_des

matamentophp

Albernaz AL amp Ayres JM 1999 Selective Logging along the Middle Solimotildees River

In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash

Diversity Development and Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains

New York NYBG Press

Amaral P amp Amaral MN 2000 Manejo florestal comunitaacuterio na Amazocircnia brasileira

situaccedilatildeo atual desafios e perspectivas Brasiacutelia DF Instituto Internacional de

Educaccedilatildeo do Brasil (IIEB) 58 pp

Anderson A Mousasticoshvily I Macedo D 1999 Logging of Virola surinamensis in

the Amazon Floodplain Impacts and alternatives In Padoch C Ayres J M

Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and

Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Asner GP Knapp DE Broadbent EN Oliveira PJC Keller M Silva JNM

2005 Selective logging in the Brazilian Amazon Science 310 480 ndash 482

Ayres JM 1993 As matas de vaacuterzea do Mamirauaacute MCTCNPqSociedade Civil

Mamirauaacute Brasiacutelia Distrito Federal 123 pp

Barreto P Amaral P Vidal E Uhl C 1998 Costs and benefits of forest

management for timber production in eastern Amazonia Forest Ecology and

Management 108 (1ndash2) 9 ndash 26

Barros AC amp Uhl C 1995 Logging along the Amazon River and estuary Patterns

problems and potential Forest Ecology and Management 77 87ndash105

Barros AC amp Uhl C 1999 The economic and social significance of logging operations

on the Floodplains of the Amazon estuary and prospects for ecological

55

sustainability In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A

(eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and Conservation of Amazonias

Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Boltz F Carter DR Holmes TP Pereira RJr 2001 Financial returns under

uncertainty for conventional and reduced impact logging in permanent production

forests of the Brazilian Amazon Ecological Economics 39 387 ndash 398

Borchert R Rivera G Hagnauer W 2002 Modification of vegetative phenology in a

tropical semideciduous forest by abnormal drought and rain Biotropica 34 27 ndash

39

Bormann FH amp Berlyn G 1981 Age and growth rate of tropical trees new directions

for research Yale University School of Forestry and Environmental Studies

Bulletin New Haven

Boot RGA amp Gullison RE 1995 Aprporaches to developing sustainable extraction

systems for tropical forest products Ecological Applications 5(4) 896 ndash 903

Brienen RJW amp Zuidema PA 2005 Relating tree growth to rainfall in Bolivian rain

forests a test for six species using tree ring analysis Oecologia 146(1) 1 ndash 12

Brienen RJW amp Zuidema PA 2006 Lifetime growth patterns and ages of Bolivian

rain forest trees obtained by tree ring analysis Journal of Ecology 94 481 ndash 493

Brienen RJW amp Zuidema PA 2007 Incorporating persistent tree growth differences

increases estimates of tropical timber yield The Ecological Society of America

Frontiers in Ecology and the Environment 5(6) 302 ndash 306

Cannell MGR 1984 Woody biomass of forest stands Forest Ecology and

Management 8 (3 ndash 4) 299 ndash 312

Carvalho G Barros AC Moutinho P Nepstad D 2001 Sensitive Development

Could Protect Amazonia Instead of Destroying It Nature 409 131

Chave J Andalo C Brown S Cairns MA Chambers JQ Eamus D Foumllster H

Fromard F Higuchi N Kira T Lescure J-P Nelson BW Ogawa H Puig

H Rieacutera B Yamakura T 2005 Tree allometry and improved estimation of

carbon stocks and balance in tropical forests Oecologia 145 87 ndash 99

Chambers JQ Higuchi N Schimel JP 1998 Ancient trees in Amazonia Nature 39

135 ndash 136

56

Cintron BB 1990 Cedrela odorata L Cedro hembra Spanish cedar In Burns RM

Honkala BH (eds) Silvics of North America 2 Hardwoods Agric Handb

Washington DC US Department of Agriculture Forest Service 654 250 ndash 257

Clark DB amp Clark DA 1996 Abundance growth and mortality of very large trees in

neotropical lowland rain forest Forest Ecology and Management 80 235 ndash 244

Clark DA Clark DB 2001 Getting to the canopy Tree height growth in a neotropical

rain forest Ecology 82 1460 ndash 1472

Condit R 1995 Research in large long-term tropical forest plots Tree 10 18 ndash 22

Condit R Hubbel SP Foster RB 1995 Demography and harvest potential of Latin

American timber species data from a large permanent plot in Panama Journal of

Tropical Forest Science 7 599 ndash 622

De Graaf NN Filius AM Huesca Santos AR 2003 Financial analysis of sustained

forest management for timber Perspectives for application of the CELOS

management system in Brazilian Amazonia Forest Ecology and Management

177 287 ndash 299

Denevan WM 1976 The aboriginal population of Amazonia In Denevan W M (ed)

The native population of the Americas in 1492 The University of Wisconsin Press

205 ndash 234

De Simone O Junk WJ Schmidt W 2003 Central Amazon Floodplain Forests Root

Adaptations to Prolonged Flooding Russian Journal of Plant Physiology 50(6)

848 ndash 855

Dezzeo N Worbes M Ishii I Herrera R 2003 Growth rings analysis of four tropical

tree species in seasonally flooded forest of the Mapire River a tributary of the

lower Orinoko River Venezuela Plant Ecology 168 165 ndash 175

Duumlnisch O Montoia VR Bauch J 2003 Dendroecological investigations on

Swietenia macrophylla King and Cedrela odorata L (Meliaceae) in the Central

Amazon Trees ndash Struct Funct 17 244 ndash 250

Dykstra JA amp Heinrich R 1996 FAO model code of forest harvesting practice Food

and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) Rome Italy

Eckstein D Sass U Baas P 1995 Growth periodicity in tropical trees IAWA Journal

16 325 ndash 442

57

Enquist BJ Leffler AJ 2001 Long-term tree ring chronologies from sympatric tropical

dry-forest trees individualistic responses to climatic variation Journal of Tropical

Ecology 17 41 ndash 60

Enright NJ Hartshorn GS 1981 The demography of tree species in undisturbed

tropical rainforest In Bormann FH Berlyn G (eds) Age and growth rate of

tropical trees new directions for research Yale University School of Forestry and

Environmental Studies 94 107 ndash 119

Fearnside PM 1999 Biodiversity as an environmental service in Brazilacutes Amazonian

forests risks value and conservation Environmental Conservation 26 305 ndash 321

Ferreira LV 1991 O efeito do periacuteodo de inundaccedilatildeo na zonaccedilatildeo de comunidades

fenologia e regeneraccedilatildeo em uma floresta de Igapoacute na Amazocircnia Central Masterrsquos

Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 161 pp

Fichtler E Clark DA Worbes M 2003 Age and long-term growth of trees in an old-

growth tropical rain forest based on analyses of tree rings and C-14 Biotropica

35 306 ndash 317

Fichtler E Trouet V Beeckman H Coppin P Worbes M 2004 Climatic signals in

tree rings of Burkea africana and Pterocarpus angolensis form semiarid forests in

Namibia Trees 18 442 ndash 451

Francis J K 1990 Hura crepitans L Sandbox molinillo jabillo In SO-ITF-SM-38 New

Orleans LA US Department of Agriculture Forest Service Southern Forest

Experiment Station 270 ndash 274

Fritts HC 1976 Tree rings and climate London - Academic Press 567 pp

Furch K 1984 Water chemistry of the Amazon Basin The distribution of chemical

elements among freshwaters In Sioli H (ed) The Amazon Limnology and

Landscape Ecology of a Mighty Tropical River and its Basin Junk Publishers

Dordrecht 176 ndash 200

Furch K 1997 Chemistry of Vaacuterzea and Igapoacute soils and nutrient inventory of their

floodplain forests In Junk WJ (ed) The Central Amazon Floodplains Ecology of

a Pulsing System Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 47 ndash 67

58

Gama JRV Bentes ndash Gama M de Matos Scolforo JRS 2005 Sustainable

management for floodplain forest in eastern Amazonian Rev Aacutervore 29(5) 719 ndash

729

Gerwing JJ 2002 Degradation of forests through logging and fire in the eastern

Brazilian Amazon Forest Ecology and Management 157 131 ndash 141

Gourlay ID 1995 The definition of seasonal growth zones in some African Acacia

species ndash A review IAWA Journal 16 353 ndash 359

Hartshorn GS 1995 Ecological basis for sustainable development in tropical forests

Annual Review of Ecology and Systematics 26 155 ndash 175

Higuchi N Hummel AC Freias JV Malinowski JRE Stokes R 1994

Exploraccedilatildeo florestal nas vaacuterzeas do Estado do amazonas seleccedilatildeo de aacutervore

derrubada e transporte Proceedings of the VII Harvesting and Transportation of

timber Products IUFROUFPR Curitiba Brasil 168 ndash 193

Holmes TP Blate GM Zweede JC Pereira R Barreto P Boltz F Bauch R

2002 Financial and ecological indicators of reduced impact logging performance in

the eastern Amazon Forest Ecology and Management 163 93 ndash 110

IBGE 2000 Censo Demograacutefico 2000 Resultados Preliminares Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Rio de Janeiro 172 pp

Irion G Junk WJ Mello JASN 1997 The large Central Amazonian river floodplain

near Manaus geological climatological hydrological and geomorphological

aspects In the Central Amazonian Floodplains Ecology of a Pulsing System

Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 23 ndash 46 Johns JS Baretto P Uhl C 1996 Logging damage during planned and unplanned

logging operations in the eastern Amazon Forest Ecology and Management 89

59 ndash 77

Junk WJ 1989 Flood tolerance and tree distribution in Central Amazonian floodplains

In Nielsen LB Nielsen IC Baisley H (eds) Tropical Forests Botanical

Dynamics Speciation and Diversity Academic Press London 47 ndash 64

Junk WJ Bayley PB Sparks RE 1989 The flood pulse concept in foodplain

systems In Dodge DP (eds) Proceedings of the International Large River

Symposium Cen Spec Publ Fish Aquat Sci 106 110 ndash 127

59

Junk WJ amp Piedade MTF 1997 Plant life in the floodplain with special reference to

herbaceous plants In The central Amazon Floodplain Ecology of a Pulsing

system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 147 ndash 185

Kammescheidt L Gagang AA Schwarzwaller W Weidelt H 2003 Growth patterns

of dipterocarps in treated and untreated plots Forest Ecology and Management

174 437 ndash 445

Kubitzki K amp Zibursk A 1994 Seed dispersal in flood plain forests of Amazonia

Biotropica 26(1) 30 ndash 43

Lambin EF Geist HJ Lepers E 2003 Dynamics of land-use and land-cover change

in tropical regions Annual Review of Environment and Resources 28 205 ndash 41

Lamprecht H 1989 Silviculture in the tropics tropical forest ecosystems and their tree

species - possibilities and methods for their long-term utilization GTZ Eschborn

Laurance WF Nascimento HEM Laurance SG Condit R DAngelo S

Andrade A 2004 Inferred longevity of Amazonian rainforest trees based on a

long-term demographic study Forest Ecology and Management 190 131 ndash 143

Lieberman D Lieberman M Hartshorn G Peralta R 1895 Growth rates and age-

size relationships of Tropical Wet Forest trees in Costa Rica

Journal of Tropical Ecology 1(2) 97 ndash 109

Lima JRA amp Santos Joaquim dos Higuchi N 2005 Situaccedilatildeo das induacutestrias

madeireiras do Estado do Amazonas em 2000 Acta Amazonica 35(2) 125 ndash 132

Loureiro AA amp Silva MF da 1968 Cataacutelogo das madeiras da Amazocircnia Beleacutem

INPA 1 ndash 2

Margulis S 2003 Causas do desmatamento da Amazocircnia brasileira Brasiacutelia Banco

Mundial 100 pp

Marinho TA da S 2008 Distribuiccedilatildeo e estrutura da populaccedilatildeo de quatro espeacutecies

madeirerias em uma floresta sazonalmente alagaacutevel na Reserva de

desenvolvimento sustentaacutevel Mamirauaacute Amazocircnia Central Masterrsquos Thesis

Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 71 pp

Marques CA 2001 Importacircncia econocircmica da famiacutelia Lauraceae Lindl Floresta e

Ambiente 8(1) 195 ndash 206

60

Martini A Arauacutejo R N Uhl C 1998 Espeacutecies de Aacutervores Potencialmente

Ameaccediladas pela Atividade Madeireira na Amazocircnia Imazon Beleacutem Brazil Seacuterie

Amazocircnia Ndeg 11

Nebel G amp Kvist LP 2001 A review of Peruvian flood plain forests ecosystems

inhabitants and resource use Forest Ecology and Management 150 3 ndash 26

Nebel G Dragsted J Simonsen TR Vanclay JK 2001 The Amazon floodplain

forest tree Maquira coriacea (Karsten) CC Berg Aspects of ecology and

management Forest Ecology and Management 150 103 ndash 113

Nebel G amp Meilby H 2005 Growth and population structure of timber species in

Peruvian Amazon flood plains Forest Ecology and Management 215 1 ndash 3

Nepstad D Carvalho G Barros AC Alencar A Capobianco J Bishop J

Moutinho P Lefebvre P Silva U 2001 Road Paving Fire Regime Feedbacks

and the Future of Amazon Forests Forest Ecology and Management 5524 1 ndash 13

Nutto L Watzlawick LF 2002 Relaccedilotildees entre fatores climaacuteticos e incremento em

diacircmetro de Zanthoxylum rhoifolia Lam e Zanthoxylum hyemale St Hil Na regiatildeo

de Santa Maria RS Embrapa Florestas Bol Pesq Fl Colombo PR 45 41 ndash 55 Ohly JJ 2000 Development of central Amazonia in the modern era In Junk WJ

Ohly JJ Piedade MTF Soares MGM (eds) The Central Amazon

Floodplain Actual Use and Options for Sustainable Management Backhuys

Publisher Leiden 75 ndash 94

Parolin P 2001 Morphological and physiological adjustments to waterlogging and

drought in seedlings of Amazonian floodplain trees Oecologia 128 326-335

Parolin P 2002 Bosques inundados en la Amazonia Central Su aprovechamiento

actual y potencial Ecologia Aplicada 1(1) 111 ndash 114

Parolin P De Simone O Haase K Waldhoff D Rottenberger S Kuhn U

Kesselmeier J Kleiss B Schmidt W Piedade MTF Junk WJ 2004 Central

Amazonian floodplain forests tree adaptations in a pulsing system The Botanical

Review 70(3) 357 ndash 380

Piedade MTF Junk WJ Parolin P 2000 The flood pulse and photosynthetic

response of tree in a white water floodplain (Vaacuterzea) of Central Amazon Brazil

Verhandlungen der Internationalen Vereinigung fuumlr Limnologie 27 1734 ndash 1739

61

Piedade MTF 1985 Ecologia e biologia reprodutiva de Astrocaryum jauari Mart

(Palmae) como exemplo de populaccedilatildeo adaptada agraves aacutereas inundaacuteveis do Rio Negro

(igapoacutes) Masterrsquos Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo

Universidade do Amazonas Manaus Amazonas 188 pp

Piedade MTF Junk WJ Adis J Parolin P 2005 Ecologia zonaccedilatildeo e colonizaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo arboacuterea das Ilhas Anavilhanas Pesquisas Botacircnica 56 117 ndash 143

Pinedo-Vasquez M Zarin DJ Coffey K Padoch C Rabelo F 2001 Post-boom

logging in Amazonia Human Ecology 29 219ndash239

Prance GT 1980 A terminologia dos tipos de florestas Amazocircnicas sujeitos agrave

inundaccedilatildeo Acta Amazonica 10 495 ndash 504

Prance GT 1989 American Tropical Forests In Lieth H Weger MJA (eds)

Tropical Rain Forest Ecossistems Ecossistems of the World Elsevier Amsterdam

14 99 ndash 132

Putz FE Blate GM Redford KH Fimbel R Robinson J 2001 Tropical forest

management and conservation of biodiversity an overview Conservation Biology

15 7ndash20

Queiroz H 2005 A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute Estudos

Avanccedilados 19(54) 183 ndash 203

Revilla JDC 1981 Aspectos floriacutesticos e fitossocioloacutegicos da floresta inundaacutevel

(igapoacute) Praia Grande Rio Negro Amazonas Brasil Masterrsquos Thesis Instituto

Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do Amazonas

Manaus Amazonas 129 pp

Ribeiro RNS Tourinho MM Santana AC 2004 Avaliaccedilatildeo da sustentabilidade

agroambiental de unidades produtivas agroflorestais em Vaacuterzeas fluacutevio marinhas

de Cametaacute - Paraacute Acta Amazonica 34(3) 359 ndash 374

Roig FA 2000 Dendrocronologiacutea en los bosques del Neotroacutepicos revisioacuten y

prospeccioacuten futura In Dendrocronologiacutea en america Latina Roig F A (ed)

Mendoza EDIUNC 307 ndash 355

Sass U Killmann W Eckstein D 1995 Wood formation in two species of

dipterocarpaceae in Peninsular Malaysia IAWA Journal 16 371 ndash 384

62

Schoumlngart J 2003 Dendrochronologische Untersuchungen in

Uumlberschwemmungswaumlldern der vaacuterzea Zentralamazoniens PhD Thesis Fakultaumlt

fuumlr Forstwissenschaften und Waldoumlkologie Universitaumlt Goumlttingen 223 pp

Schoumlngart J 2008 GrowthndashOrientated Logging (GOL) A new concept towards

sustainable forest management in Central Amazonian vaacuterzea floodplains Forest

Ecology and Management (Aceito)

Schoumlngart J Piedade MTF Ludwigshausen S Horna V Worbes M 2002

Phenology and stem-growth periodicity of tree species in Amazonian floodplain

forests Journal of Tropical Ecology 18 581 ndash 597

Schoumlngart J Piedade MTF Worbes M 2003 Successional differentiation in

structure floristic composition and wood increment of whitewater Floodplain

Forests in Central Amazonia German-Brazilian Workshop on Neotropical

Ecosystems ndash Achievements and Prospects of Cooperative Research Hamburg 3

ndash 8

Schoumlngart J Junk WJ Piedade MTF Ayres JM Huumlttermann A Worbes M

2004 Teleconnection between tree growth in the Amazonian floodplains and the El

Nintildeo-Southern Oscillation effect Global Change Biology 10 683 ndash 692

Schoumlngart J Piedade MTF Wittmann F Junk WJ Worbes M 2005 Wood

growth patterns of Macrolobium acaciifolium (Benth) (Fabaceae) in Amazonian

black-water and white-water Floodplain Forests Oecologia 145 454 ndash 461

Schoumlngart J Orthmann B Hennenberg KJ Porembski S Worbes M 2006

Climate ndash growth relationships of tropical tree species in West Africa and their

potential for climate reconstruction Global Change Biology 12 1139 ndash 1150

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M Piedade MTF Krambeck H-J Junk WJ

2007 Management criteria for Ficus insipida Willd (Moraceae) in Amazonian white

ndash water floodplain forests defined by tree ndash rings analysis Annals of Forest

Science 64 657 ndash 664 Schoumlngart J Rocha RM Queiroz HL 2008a Traditional timber extraction in the

central Amazonian floodplains In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

63

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M 2008b Biomass and net primary production of

central Amazonian floodplain forests In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-Verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Swaine MD Whitmore TC 1988 On the definition of ecological species groups in

tropical rain forests Vegetatio 75 81 ndash 86

Schwartz MW Caro TM Banda-Sakala T 2002 Assessing the sustainability of

harvest of Pterocarpus angolensis in Rukwa Region Tanzania Forest Ecology and

Management 170 259 ndash 269

Schweingruber FH 1988 Tree rings Reidel Dordrecht 276 pp

Sioli H amp Klinge H 1962 Solos tipos de vegetaccedilatildeo e aacuteguas na Amazocircnia Boletim

Museu Paraense Emilio Goeldi 1 27 ndash 41

Sioli H 1984 Former and recent utilizations of Amazonia and their impact on the

environment In The Amazon Sioli H (ed) Junk Publishers Dordrecht 675 ndash

706

Sioli H 1991 Amazocircnia Fundamentos da ecologia da maior regiatildeo de florestas

tropicais Editora Vozes Petroacutepolis Rio de Janeiro 3 ed 71 pp

Sociedade Civiacutel Mamirauaacute 1996 Mamirauaacute Management Plan (summarized version)

Brasiacutelia SCM CNPqMCT

Sokpon N amp Biaou SH 2002 The use of diameter distributions in sustained-use

management of remnant forests in Benin case of Bassila forest reserve in North

Benin Forest Ecology and Management 161 13 ndash 25

Sombroek WG 1979 Soils of the Amazon region and their ecological stability ISM

Annual Report 13 ndash 27

Smeraldi R 2003 Legalidade predatoacuteria ndash o novo contexto da exploraccedilatildeo madeireira

na Amazocircnia In MACQUEEN DJ (ed) Exportando sem crises a induacutestria de

madeira tropical brasileira e os mercados internacionais IIED Small and Medium

64

Enterprise Series London International Institute for Environment and

Development 1 37 ndash 52

Spiecker H 2002 Tree rings and forest management in Europe Dendrochronologia

20(1-2) 191 ndash 202

Stadtler EWC 2007 Estimativas de biomassa lenhosa estoque e sequumlestro de

carbono acima do solo ao longo do gradiente de inundaccedilatildeo em uma floresta de

igapoacute alagada por aacutegua preta na Amazocircnia Central MSc thesis INPAUFAM

Manaus BrazilStahle DW 1999 Useful strategies for the development of tropical

tree-ring chronologies IAWA Journal 20 249 ndash 253

Takeuchi M 1962 The structure of the amazonian vegetation VI Igapoacute Journal of the

Faculty Science University of Tokyo 8(4 ndash 7) 297-304

Ter Steege H Pitman N Sabatier D Castellanos H Vander Hout P Daly DC

Silveira M Phillips OL Vasquez R Van Andel T Duivenvoorden J De

Oliveira AA Ek R Lilwah R Thomas R Van Essen J Baider C Maas P

Mori S Terborgh J Nueacutez PV Mogolloacute n H Morawetz W 2003 A spatial

model of tree adiversity and b-density for the Amazon Region Biodiversityand

Conservation 12 2255 ndash 2277

Therrell MD Stahle DW Ries LP Shugart HH 2006 Tree-ring reconstructed

rainfall variability in Zimbabwe Climate Dynamics 26 677 ndash 685

Uhl C Barreto P Verissiacutemo A Vidal E Amaral P Barros AC Souza C Johns

J Gerwing J 1997 Natural Resource Management in the Brazilian Amazon

Bioscience 47(3) 160 ndash 168

Vidal E Viana VM Batista JLF 2002 Crescimento de floresta tropical trecircs anos

apoacutes colheita de madeira com e sem manejo florestal na Amazocircnia oriental

Scientia forestalis 61133-143

Waldholff D Junk WJ Furch B 1998 Responses of three Central Amazonian tree

species to drought and flooding under controlled conditions International Journal of

Ecological and Environments Sciences 24 237 ndash 252

Wittmann F amp Parolin P 1999 Phenology of six tree species from Central Amazonian

Vaacuterzea Ecotropica 5 51 ndash 57

65

Wittmann F Anhuf D Junk WJ 2002 Tree species distribution and community

structure of central Amazonian Vaacuterzea forests by remote-sensing techniques

Journal of Tropical Ecology 18 805 ndash 820

Wittmann F amp Junk WJ 2003 Sapling communities in Amazonian white-water forests

Journal of Biogeography 30(10) 1533 ndash 1544

Wittmann F Junk WJ Piedade MTF 2004 The Vaacuterzea forests in Amazonia

flooding and the highly dynamic geomorphology interact with natural forest

succession Forest Ecology and Management 196 199 ndash212

Wittmann F Schoumlngart J Montero JC Motzer T Junk WJ Piedade MTF

Queiroz HL Worbes M 2006a Tree species composition and diversity gradients

in white-water forests across the Amazon Basin Journal of Biogeography 33 1334

ndash 1347

Wittmann F Schoumlngart J Brito JM Oliveira Wittmann A Piedade MTF Parolin

P Junk WJ Guillaumet JL 2006b Manual of trees from Central Amazonian

vaacuterzea floodplains Taxonomy ecology and use Ed Valer (no prelo)

Whitmore TC 1990 An introduction to tropical rain forests Oxford University Press

New York

Worbes M 1985 Structural and other adaptations to long-term flooding by in Central

Amazonia Amazoniana 9 459 ndash 484

Worbes M 1989 Growth rings increment and age of trees in inundation forest

savannas and mountain forest in the neotropics IAWA Bulletin 10(2) 109 ndash 122

Worbes M 1995 How to measure growth dynamics in tropical trees mdash a review IAWA

Journal 16 337ndash 351

Worbes M 1997 The forest ecosystem of the floodplains In The central Amazon

Floodplain Ecology of a Pulsing system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg

New York 223 ndash 266

Worbes M 1999 Annual grow rings rainfall-dependent growth and long-term grgrowth

patterns of tropical trees from the Caparo Forest Reserve in Venezuela Journal of

Ecology 87 391 ndash 403

Worbes M 2002 One hundred years of tree-ring research in the tropics ndash a brief history

and an outlook to future challenges Dendrochronologia 20(1 ndash 2) 217 ndash 231

66

Worbes M amp Junk WJ 1999 How old are the trees The persistence of a myth

IAWA Journal 20(3) 255 ndash 260

Worbes M Kingle H Revilla JD Martius C 1992 On the dynamics floristic

subdivision and geographical distribuition of Vaacuterzea forests in Central Amazonia

Journal of Vegetation Science 3 553 ndash 569

Worbes M Piedade MTF Schoumlngart J 2001 Holzwirtschaft im Mamirauaacute-Projekt

zur nachhaltigen Entwicklung einer Region im Uumlberschwemmungsbereich des

Amazonas Forstarchiv 72 188 ndash 200

Worbes M Staschel R Roloff A Junk WJ 2003 The ring analysis reveals age

structure dynamics and wood production of a natural forest stand in Cameroon

Forest Ecology and Management 173 105ndash123

67

Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )

Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo

Page 2: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE

Livros Graacutetis

httpwwwlivrosgratiscombr

Milhares de livros graacutetis para download

Sejana Artiaga Rosa

MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPEacuteCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE VAacuteRZEA DA AMAZOcircNIA CENTRAL POR MEIO DE MEacuteTODOS

DENDROCRONOLOacuteGICOS

Orientador Dr Jochen Schoumlngart

Dissertaccedilatildeo apresentada agrave coordenaccedilatildeo do Programa de Poacutes ndash Graduaccedilatildeo em Biologia Tropical e Recursos Naturais do convecircnio INPAUFAM como parte dos requisitos para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS aacuterea de concentraccedilatildeo em BOTAcircNICA

Manaus ndash AM

Fevereiro 2008

ii

R788 Rosa Sejana Artiaga Modelos de crescimento de quatro espeacutecies madeireiras de floresta de vaacuterzea da Amazocircnica Central Sejana Artiaga Rosa --- Manaus [sn] 2008 76f il Dissertaccedilatildeo (mestrado) --- INPAUFAM Manaus 2008 Orientador Jochen Schoumlngart Aacuterea de concentraccedilatildeo Botacircnica 1 Dendrocronologia 2 Crescimento arboacutereo 3 Manejo florestal I Tiacutetulo CDD 19 ed 6349285

Estudou-se a dinacircmica de crescimento arboacutereo de quatro espeacutecies madeireiras de floresta de vaacuterzea na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute por meio de anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira para subsidiar planos de manejo florestal Palavras-chave Dendrocronologia aneacuteis de crescimento florestas de vaacuterzea manejo florestal

Sinopse

iii

Agradecimentos

Agradeccedilo ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ao Programa

Integrado de Poacutes ndash Graduaccedilatildeo em Biologia Tropical e Recursos Naturais INPAUFAM e

agrave Coordenaccedilatildeo do curso de Botacircnica pelo apoio acadecircmico e infra ndash estrutura obtida

para a realizaccedilatildeo do curso de Poacutes ndash graduaccedilatildeo em Botacircnica

Agrave Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior ndash Capes pela

bolsa de estudo concedida durante o curso de Poacutes ndash Graduaccedilatildeo

Ao convecircnio INPAMax-Planck pelo apoio financeiro e estrutural oferecido Ao

Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute pela estrutura fiacutesica disponibilizada

para a realizaccedilatildeo das coletas de campo Aos mateiros Jackson e Zeacute Pretinho aos

barqueiros Maacuterio e Agenor e agrave cozinheira dona Lene os quais foram de fundamental

para a execuccedilatildeo deste trabalho

Agradeccedilo especialmente ao meu orientador Dr Jochen Schoumlngart pelo apoio

cientiacutefico pela ajuda nos momentos difiacuteceis ensinamentos e amizade

Aos amigos que contribuiacuteram com meu aprendizado nesta etapa da vida

Agradeccedilo agravequeles que estatildeo longe Anamaria Luciana Mateus Ohana Wellington

Naacutergila Agradeccedilo principalmente agrave Mirelle que me ensinou o valor da amizade

verdadeira Aos amigos que fiz em Manaus durante o mestrado Liliane Ana Paula

Valdete Thaysa Carla Taciana Leila Serginho e Pena Aos alunos e amigos do

mestrado Maacuterio Terra Maacuterio Fernandes Andreacute e Rafael pelas dicas e apoio durante o

curso

Aos integrantes do Projeto INPAMax-Planck Tatiana Tereza Celso Luacutecia

Auristela Maria Astrid Edvaldo Wallace e Valdeney que de alguma forma contribuiacuteram

para o desenvolvimento deste projeto A Dra Maria Teresa Fernandez Piedade ao Dr

Florian Wittman e ao Dr Wolfgan Junk por serem fonte de inspiraccedilatildeo

Agrave minha matildee Oni Artiaga da Rosa e ao meu pai Pedro Boliacutevar Artiaga da Rosa

por tudo que sou e por tudo que tenho conquistado Aos irmatildeos Luiz Adriano Seacutergio

Renato Suyana e Suyara por tudo que tecircm feito por mim

iv

Resumo

A exploraccedilatildeo madeireira eacute uma importante atividade econocircmica em florestas alagaacuteveis de vaacuterzea da Amazocircnia Central No oeste da bacia Amazocircnica do Brasil e Peru o acesso a florestas de terra firme eacute restrita devido a ausecircncia de infra-estrutura de pavimentaccedilatildeo Cerca de 60 a 90 dos mercados regional e local satildeo provenientes de florestas alagaacuteveis Os custos da madeira em florestas alagaacuteveis satildeo mais baixos (US$ 673 mndash3) do que em florestas de terra firme (US$ 1432 mndash3) devido ao faacutecil acesso e ao baixo custo da exploraccedilatildeo Extraccedilatildeo de madeira eacute baseada em planos de manejo a utilizando-se ciclos de corte entre 25-35 anos e um diacircmetro limite de derrubada de 50 cm Anaacutelise de aneacuteis anuais (dendrocronologia) eacute uma poderosa ferramenta para determinar a idade das aacutervores e crescimento arboacutereo promovendo sistemas de manejo florestal sustentaacuteveis Este estudo teve como objetivo modelar padrotildees de crescimento de Hura crepitans L (Euphorbiaceae) Cedrela odorata L (Meliaceae) Ocotea cymbarum Mez (Lauraceae) and Sterculia elata Ducke (Malvaceae) espeacutecies de importacircncia comercial de vaacuterzea da Amazocircnia Central Baseados em padrotildees de crescimento especiacuteficos ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de derrubada satildeo estimados para subsidiar o desenvolvimento futuros de planos de manejo mais sustentaacuteveis na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute (RDSM) Para cada aacutervore foram selecionados 20 indiviacuteduos e feitas medidas do diacircmetro na altura do peito (DAP) com ge 10 cm e estimativas da altura das aacutervores Um total de 20 discos e 110 cilindros de 5 mm de diacircmetro foram coletados com broca dendrocronoloacutegica As amostras foram polidas em sequumlecircncia progressiva com lixas de papel e a estrutura anatocircmica da madeira foi descrita e analisada para a realizaccedilatildeo dos estudos dendrocronoloacutegicos As anaacutelises foram realizadas no Laboratoacuterio de Dendrocronologia do Projeto INPAMax-Planck em Manaus A determinaccedilatildeo da idade foi feita por contagem direta dos aneacuteis e taxas de incremento radial foram geradas por mediccedilotildees da largura dos aneacuteis com o sistema de anaacutelise digital com precisatildeo de 001 mm (LINTAB) Baseado nos dados da idade diacircmetro e altura das aacutervores modelos de crescimento foram desenvolvidos para cada espeacutecie com base em relaccedilotildees significativas entre idade e diacircmetro e diacircmetro e altura pra estimar o crescimento em volume O diacircmetro no incremento em volume maacuteximo corrente foi definido como o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) O DMD das espeacutecies estudadas variou entre 376 cm (C odorata) e 1288 cm (H crepitans) O ciclo de corte foi estimado pela passagem meacutedia de tempo de uma classe de diacircmetro de 10 cm ateacute alcanccedilar o DMD Ciclos de corte variaram entre 97 anos (H crepitans e S elata) e 120 anos (C odorata) valores muito menores do que o atualmente aplicado nas praacuteticas de manejo baseadas na legislaccedilatildeo florestal e instruccedilatildeo normativa expedida pelo IBAMA Os resultados indicam que as atuais praacuteticas manejo de florestas satildeo ineficientes para o manejo de estoques madeireiros das espeacutecies comerciais estudadas Planos de manejo devem considerar as taxas de crescimento especificas para garantir a sustentabilidade do manejo de florestas

v

Abstract Timber harvesting is an important economic activity in nutrient-rich floodplain forests (vaacuterzea) of Central Amazonia In the Western Amazon basin of Brazil and Peru access to terra firme forests is restricted due to the absence of a road network Still 60ndash90 of the local and regional markets are provided with timber obtained from the floodplain forests Costs for logging are lower in the floodplain forests (US$ 673 mndash3) as in the non-flooded terra firme forests (US$ 1432 mndash3) due to the easier access and lower energy costs Timber harvesting is based on a forest management plan applying felling cycles of 25-35 year an diameter cutting limits of 50 cm Tree-ring analysis (dendrochronology) is a powerful tool to determine tree ages and wood growth providing data for long-term growth patterns and forest dynamic as a basis for the development of sustainable forest management systems This study aims to model growth patterns of Hura crepitans L (Euphorbiaceae) Cedrela odorata L (Meliaceae) Ocotea cymbarum Mez (Lauraceae) and Sterculia elata Ducke (Malvaceae) tree species of commercial importance in the central Amazonian vaacuterzea Based on the growth patterns species-specific felling cycles and minimum logging diameter are estimated to support the development of future management plans towards sustainability in the Mamirauaacute Reserve of Sustainable Development (MRSD) From every tree species tree heights and diameter at breast height ge 10cm were measured from 20 individuals A total of 20 stem disks and 110 cores of 5 mm diameter were collected using an increment borer The cores were progressively polished with sanding paper to describe and analyze wood anatomical patterns as a key for a successful dendrochronological study The analyses were performed in the Dendrochronology Laboratory of INPAMax-Planck project in Manaus Tree age was determined by ring-counting and diameter increment rates were determined by ring-width measurements using a digital measuring device (LINTAB) Based on the data set of tree age diameter and tree height growth models were developed for each species based on significant age-diameter and diameter-height relationships to estimate volume growth The diameter of the maximum current volume increment was defined as minimum logging diameter (MLD) The MLD of the studied tree species varied between 376 cm (C odorata) and 1288 cm (H crepitans) The felling cycle was estimated by the mean passage time of 10 cm diameter classes until reaching the derived MLD Felling cycles varied between 97 years (H crepitans and S elata) and 120 years (C odorata) much lower than applied in the current management practices based on forest legislation and normative instruction of the Brazilian Environmental Agencies (IBAMA) The results indicate that current forest management practices are inefficient to manage the timber stocks of the studied commercial tree species Management plans must consider species-specific growth rates to guarantee a sustainable forest management

vi

Abreviaccedilotildees

Ab ndash Aacuterea basal

Bio ndash Biomassa acima do solo

CC ndash Ciclo de corte

CrC ndash Crescimento cumulativo

DAP ndash Diacircmetro acima da altura do peito

Den ndash Densidade da madeira em gcm3

DMD ndash Diacircmetro miacutenimo de derrubada

f ndash Fator de correccedilatildeo

FFT ndash Fundaccedilatildeo Floresta Tropical

h ndash altura

IBAMA ndash Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IC ndash Incremento corrente

IDSM ndash Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute

IM ndash Incremento meacutedio

INPA ndash Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia

IPAAM ndash Instituto de Proteccedilatildeo Ambiental do Amazonas

MMA ndash Ministeacuterio do Meio Ambiente

MFC ndash Manejo Florestal Comunitaacuterio

PMFS ndash Plano de Manejo Florestal Simplificado

PPG7 ndash Programa Piloto para a Proteccedilatildeo das Florestas Tropicais do Brasil

RDSA ndash Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Amanaacute

RDSM ndash Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute

SEMA ndash Secretaria Estadual do Meio Ambiente

t ndash Tempo

UNESCO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura

V ndash Volume

vii

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 4

21 Dendrocronologia nos troacutepicos 4

22 As florestas de vaacuterzea 7

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea 10

3 OBJETIVOS 13

31 Objetivo Geral13

32 Objetivos especiacuteficos13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS14

41 Aacuterea de estudos 14

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies15

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos 19

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos 20

5 RESULTADOS 25

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira 25

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies 28

6 DISCUSSAtildeO 39

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira 39

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo40

63 Estrateacutegias de manejo florestal 45

64 Desafios futuros52

7 CONCLUSOtildeES 53

8 REFEREcircNCIAS 55

viii

Lista de figuras

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da

largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)24

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial 27

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura 30

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata 31

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura 32

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura33

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans 34

Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie 36

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura) 38

Figura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999 a 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM 49

ix

1 INTRODUCcedilAtildeO

As florestas tropicais apresentam grande importacircncia na promoccedilatildeo de habitats

para metade das espeacutecies do planeta atuando na manutenccedilatildeo da biodiversidade

ciclagem de aacutegua e nos ciclos biogeoquiacutemicos (Fearnside 1999) Contudo por mais de

3 deacutecadas vem sofrendo grandes pressotildees pelo aumento das taxas de desmatamento

(Achard et al 2002 Lambin et al 2003) causadas principalmente pela conversatildeo de

floresta para pastagem e agricultura (Alencar et al 2001 Margulis 2003) extraccedilatildeo de

madeira natildeo sustentada (Nepstad et al 2001 Asner et al 2005) e investimentos em

pavimentaccedilatildeo e infra-estrutura (Carvalho et al 2001) Essas mudanccedilas na cobertura

florestal tecircm levado a comunidade cientiacutefica a buscar alternativas para a conservaccedilatildeo e

uso sustentaacutevel dos recursos naturais de florestas tropicais (Boot amp Gullison 1995

Hartshorn 1995 Putz et al 2001)

A floresta Amazocircnica eacute a maior floresta tropical uacutemida do planeta (Sioli amp Klinge

1962 Sioli 1991) dos quais 6 correspondem a florestas de aacutereas alagaacuteveis (Prance

1980) Estas satildeo classificadas em vaacuterzea e igapoacute (Prance 1980) e se destacam por um

distinto sistema edaacutefico associado ao tipo de aacuteguas a que estatildeo sujeitas (Prance

1989) com dinacircmica altamente influenciada pelo pulso anual de inundaccedilatildeo (Junk et al

1989 Schoumlngart et al 2004 2005) As florestas de vaacuterzea sofrem influecircncia de rios de

aacuteguas barrentas (Furch 1984) capazes de transportar uma grande quantidade de

nutrientes atraveacutes de sedimentos oriundos de erosotildees ocorrendo nos Andes e encostas

Preacute-andinas (Sombroek 1979 Ayres 1993 Irion et al 1997)

A riqueza de nutrientes e relativa fertilidade dos solos (Furch 1997) conferem a

estes ecossistemas de vaacuterzea um caraacuteter de importacircncia econocircmica sendo um atrativo

1

para a colonizaccedilatildeo humana durante os uacuteltimos seacuteculos (Parolin 2002) Frequumlentemente

satildeo utilizadas para as praacuteticas de agricultura de subsistecircncia sendo importante fonte de

proteiacutenas para as populaccedilotildees ribeirinhas por meio da pesca e caccedila (Sioli 1984 Junk

1989) e para a extraccedilatildeo de produtos madeireiros e natildeo-madeireiros (Junk amp Piedade

1997 Ohly 2000 Ribeiro et al 2004 Gama et al 2005) Estes fatores influenciam na

alta densidade populacional encontrada neste ecossistema considerando-se outras

regiotildees da Amazocircnia (Denevan 1976 IBGE 2000)

O setor madeireiro tem papel de destaque nestas regiotildees A alta abundacircncia de

certas espeacutecies madeireiras (Wittmann et al 2006a) aliada agrave facilidade de acesso aos

recursos o tipo de operaccedilatildeo de extraccedilatildeo derrubada arraste e transporte atraveacutes dos

rios reduzem os custos da madeira extraiacuteda das vaacuterzeas com relaccedilatildeo agrave extraccedilatildeo de

florestas de terra firme (Higuchi et al 1994 Barros amp Uhl 1995 1999 Uhl et al 1997

Schoumlngart et al 2007)

Ateacute o final de 1990 cerca de 80 da madeira encontrada no mercado brasileiro

era de origem ilegal (Smeraldi 2003) Nos uacuteltimos anos a grande pressatildeo exercida

pela extraccedilatildeo predatoacuteria da madeira aliada ao surgimento de novas alternativas de uso

da terra levaram a necessidade de elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo florestal e

conservaccedilatildeo das florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Schoumlngart et al 2007) Recentemente

programas de manejo florestal tecircm sido implementados com o intuito de proteccedilatildeo e

conservaccedilatildeo das vaacuterzeas amazocircnicas tais como os projetos Proacute-Vaacuterzea e PPG7

(Schoumlngart et al 2008a)

Atualmente os planos de manejos na Amazocircnia Brasileira tecircm como base o

Coacutedigo Florestal no 4711 15 de setembro de 1965 fundamentado em um sistema

policiacuteclico o qual estabelece um diacircmetro limite de corte e a extraccedilatildeo da madeira

2

realizada em intervalos de anos em uma dada aacuterea (ciclo de corte) A aacuterea a ser maneja

eacute dividida em talhotildees de aproximadamente tamanho correspondendo ao nuacutemero de

anos do ciclo de corte (Lamprecht 1989 De Graaf et al 2003)

Este modelo de manejo florestal eacute caracterizado por ocasionar superexploraccedilatildeo

e subutilizaccedilatildeo do potencial madeireiro por natildeo considerar as variaccedilotildees nas taxas de

crescimento entre espeacutecies entre diferentes habitats e ao longo dos anos (Schoumlngart

2003 Brienen amp Zuidema 2006) Espeacutecies de madeira branca com taxas de

crescimento raacutepido podem alcanccedilar o limite de diacircmetro para corte antes do tempo

estabelecido enquanto que espeacutecies de madeira pesada levam maior tempo para

atingir este diacircmetro de derrubada (Schoumlngart 2003 Schoumlngart et al 2003 2007

Brienen amp Zuidema 2007)

A Instruccedilatildeo Normativa (IN) ndeg 5 de 11 de dezembro de 2006 abre caminhos para

modificaccedilotildees do manejo florestal atual O ciclo de corte varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3 por ha ao ano no Plano de Manejo Florestal Simplificado

(PMFS) Pleno No PMFS de baixa intensidade foi estabelecido um ciclo de corte inicial

de 10 anos com volume de extraccedilatildeo de ateacute 10 msup3 por ha Na vaacuterzea a produccedilatildeo pode

exceder 10 msup3 por ha ao ano poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3 aacutervores por ha Esta

nova IN requer o estabelecimento de modelos especiacuteficos para cada espeacutecie onde o

limite de diacircmetro para corte eacute determinado a partir de criteacuterios ecoloacutegicos e teacutecnicos

Caso contraacuterio um diacircmetro de corte de 50 cm eacute estabelecido

Estimativas da produccedilatildeo de madeira considerando-se a variaccedilatildeo no crescimento

arboacutereo entre as espeacutecies satildeo necessaacuterias para garantir o contiacutenuo suprimento e

manutenccedilatildeo dos sistemas de manejo de florestas naturais (Brienen amp Zuidema 2007)

Neste sentido a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira (dendrocronologia) vem a ser uma

3

importante ferramenta na elaboraccedilatildeo de sistemas de exploraccedilatildeo sustentada

fornecendo modelos de crescimento e idade da madeira (Worbes et al 2001 Worbes

2002 Duumlnisch et al 2003 Schoumlngart et al 2003 2007 Brienen amp Zuidema 2005)

proporcionando opccedilotildees de manejo mais especiacuteficas e efetivas com benefiacutecios para as

populaccedilotildees futuras

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Dendrocronologia nos troacutepicos

Os aneacuteis de crescimento na madeira de espeacutecies das regiotildees temperadas

configuram o incremento radial os quais anualmente satildeo incorporados ao tronco das

aacutervores Cada anel possui duas partes distintas lenho inicial e lenho tardio O primeiro

corresponde ao crescimento arboacutereo no iniacutecio do periacuteodo vegetativo quando as plantas

reativam as atividades fisioloacutegicas O lenho tardio eacute formado no final do periacuteodo

vegetativo com a reduccedilatildeo das atividades e modificaccedilatildeo da estrutura celular com

espessamento das paredes e reduccedilatildeo do lume (Fritts 1976) A queda das atividades

celulares ocorre como resposta as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento arboacutereo em

decorrecircncia da reduccedilatildeo da temperatura (Schweingruber 1988)

Leonardo da Vinci durante o seacuteculo 15 foi o primeiro a reconhecer a existecircncia

de aneacuteis anuais na madeira em ramos de pinheiros relacionando-os a idade da aacutervore

e seu padratildeo de espessura com anos mais ou menos secos (Schweingruber 1988) Jaacute

no seacuteculo 19 diversas pesquisas demonstravam que as baixas temperaturas dos

invernos rigorosos em regiotildees temperadas satildeo um fator limitante no crescimento da

4

madeira (Worbes 1995) Contudo somente no iniacutecio do seacuteculo 20 a existecircncia de aneacuteis

anuais nos troacutepicos foi descoberta e algumas deacutecadas depois foi questionada (Worbes

amp Junk 1999) Muitos acreditavam na ausecircncia de aneacuteis anuais nos troacutepicos devido agrave

limitada sazonalidade (Schweingruber 1988) e temperatura quase constante

(Whitmore 1990) Este mito eacute ainda mantido por alguns autores (Lieberman et al

1985 Whitmore 1990) mesmo verificando-se que a distribuiccedilatildeo sazonal das chuvas na

maioria das regiotildees tropicais ocasiona uma distinta estaccedilatildeo seca (Worbes 1999)

Alguns autores enfatizam os problemas relacionados agrave formaccedilatildeo de aneacuteis anuais

na madeira nos troacutepicos Estudos tecircm registrado a formaccedilatildeo de dois aneacuteis por ano em

regiotildees apresentando duas estaccedilotildees de seca distintas (Gourlay 1995) formaccedilatildeo de

aneacuteis intra-anuais ou falsos aneacuteis em resposta a padrotildees irregulares de chuvas com

seca excepcional durante a estaccedilatildeo chuvosa (Borchert et al 2002) ou ainda a

formaccedilatildeo de aneacuteis irregulares na madeira de espeacutecies tropicais (Sass et al 1995)

Contudo a existecircncia de aneacuteis de crescimento nos troacutepicos tem sido registrada

em mais de 20 paiacuteses tropicais sendo que muitos estudos tecircm comprovado a

anualidade na formaccedilatildeo dos aneacuteis por mais de 100 anos (Worbes 2002) Foram

descritos para estas regiotildees diferentes padrotildees de aneacuteis anuais por Coster (19271928)

e classificados por Worbes (1995) como 4 tipos principais variaccedilotildees na densidade da

madeira faixas de parecircnquima marginal alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima e

variaccedilotildees na densidade dos vasos

Em regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o ritmo de crescimento das aacutervores

eacute determinado pelo pulso de inundaccedilatildeo (Worbes 1985) Durante o alagamento as

raiacutezes sofrem condiccedilotildees anoacutexicas acarretando reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a

copa das aacutervores e consequumlente reduccedilatildeo do metabolismo o que resulta em dormecircncia

5

cambial e a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira (Worbes 1989 Schoumlngart et al

2002) Diversas pesquisas tecircm evidenciado a presenccedila de aneacuteis anuais nas regiotildees de

aacutereas alagaacuteveis nos troacutepicos (Worbes 1989 Dezzeo et al 2003 Schoumlngart et al

2002 2004 2005)

Existem diferentes meacutetodos de investigaccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira

classificados em destrutivos e natildeo destrutivos (Worbes 1995) Meacutetodos natildeo destrutivos

podem ser feitos a partir de investigaccedilotildees fenoloacutegicas medidas repetidas do diacircmetro e

medida da atividade cambial por mensuraccedilatildeo da resistecircncia eleacutetrica na zona cambial

Feridas cambiais (Janelas de Mariaux) dataccedilatildeo por radiocarbono cicatrizes

provocadas por fogo em anos conhecidos ou injurias na madeira densitometria por raio

ndash X variaccedilotildees nas concentraccedilotildees de isoacutetopos estaacuteveis e contagem direta dos aneacuteis satildeo

meacutetodos destrutivos de constataccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira (Worbes

1995 2002) Todos estes meacutetodos foram utilizados independentemente para indicar a

ocorrecircncia de aneacuteis anuais no xilema de espeacutecies arboacutereas nas vaacuterzeas

Dentre estes meacutetodos a contagem direta dos aneacuteis anuais se destaca pela

obtenccedilatildeo de estimativas acuradas da idade das aacutervores e dados de longos periacuteodos de

crescimento da madeira (Bormann amp Berlyn 1981 Eckstein et al 1995) Informaccedilotildees

estas uacuteteis para o entendimento da dinacircmica da floresta (Enright amp Hartshorn 1981

Worbes 2002) desenvolvimento de sistemas de manejo florestal e estrateacutegias de

conservaccedilatildeo das espeacutecies (Stahle et al 1999 Worbes et al 2003)

O padratildeo de crescimento ao longo do tempo atua como um arquivo de dados e

contribui com informaccedilotildees sobre as mudanccedilas nas condiccedilotildees ambientais (Spiecker

2002) relaccedilotildees entre o clima e o crescimento arboacutereo (Enquist amp Leffler 2001 Nutto amp

6

Watzlawick 2002 Fichtler et al 2004 Schoumlngart et al 2006 Therrell et al 2006) e

sequumlestro de carbono na biomassa da madeira (Schoumlngart 2003)

22 As florestas de vaacuterzea

Junk et al (1989) definiram como aacutereas alagaacuteveis aquelas cuja inundaccedilatildeo eacute

promovida por um fluxo lateral dos rios e lagos eou precipitaccedilatildeo direta ou sobre as

aacuteguas um fenocircmeno perioacutedico que influencia na dinacircmica das comunidades e acarreta

um longo periacuteodo de adaptaccedilotildees e evoluccedilatildeo de espeacutecies endecircmicas Na regiatildeo

amazocircnica as aacutereas inundaacuteveis satildeo recobertas por florestas de vaacuterzea e igapoacute sendo

que as florestas de vaacuterzea abrangem uma aacuterea de 50-75 e satildeo consideradas o tipo

de vegetaccedilatildeo inundaacutevel mais importante destas regiotildees (Wittmann et al 2002)

As florestas alagaacuteveis sofrem esta alternacircncia anual entre fase terrestre e

aquaacutetica a qual vem ocorrendo haacute milhotildees de anos leva ao desenvolvimento de

adaptaccedilotildees de caraacuteter morfoloacutegico anatocircmico fisioloacutegico etoloacutegico e fenoloacutegico nas

espeacutecies que vivem nestes ambientes inundados anualmente (Ferreira 1991 Kubitzki

amp Zibursk 1994 Waldhoff et al 1998 Wittmann amp Parolin 1999 Piedade et al 2000

Parolin et al 2004)

Muitas espeacutecies respondem as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento durante

a fase de alagamento apresentando adaptaccedilotildees na forma de produccedilatildeo de raiacutezes

adventiacutecias desenvolvimento de vias alternativas metaboacutelicas e permanecircncia da

atividade fotossinteacutetica (De Simone et al 2003) estrateacutegias de toleracircncia ou escape ao

alagamento pelas placircntulas (Parolin 2002) ou ainda armazenamento de aacutegua no caule

(Schoumlngart et al 2002) Cada espeacutecie responde a este fenocircmeno de forma

7

diferenciada podendo ser visualizada atraveacutes dos diversos padrotildees fenoloacutegicos

encontrados nas aacutereas alagaacuteveis (Schoumlngart et al 2002) O alagamento anual causa

condiccedilotildees anaeroacutebicas nas raiacutezes levando a reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a copa

das aacutervores o que ocasiona estresse hiacutedrico e perda de folhas Como resultado a

planta entra em dormecircncia cambial

As diferentes estrateacutegias adaptativas associadas com diferentes niacuteveis de

toleracircncia ao alagamento refletem a influecircncia exercida pelo periacuteodo e niacutevel de

alagamento aos quais as plantas estatildeo sujeitas resultando numa zonaccedilatildeo de espeacutecies

caracteriacutestica nas aacutereas alagaacuteveis (Takeuchi 1962 Revilla 1981 Piedade 1985

Worbes et al 1992 Worbes 1997 Wittmann et al 2002 2004)

A dinacircmica sucessional em florestas de vaacuterzea da Amazocircnia foi descrita por

Worbes et al (1992) Estaacutegios iniciais de sucessatildeo primaacuteria e secundaacuteria apresentam

estratos monoespeciacuteficos com espeacutecies de crescimento raacutepido e baixa densidade da

madeira as quais natildeo alcanccedilam grandes idades Por meio do processo de sucessatildeo

natural ocorrem substituiccedilotildees de espeacutecies e formaccedilatildeo de estaacutegios tardios onde

observa-se uma maior complexidade nos extratos arboacutereos e diversidade de espeacutecies

diminuiccedilatildeo da taxa de incremento radial e acuacutemulo de biomassa (Worbes 1992

Schoumlngart et al 2003)

Ao longo da sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais existe um aumento da

densidade da madeira das aacutervores e decreacutescimo das taxas de incremento em diacircmetro

aumento da diversidade de espeacutecies o que implica mudanccedilas de estratos mais

homogecircneos de estaacutegios sucessionais iniciais para extratos mais complexos

caracterizados pelo aumento da altura das aacutervores tamanho e aacuterea da copa (Wittmann

et al 2002 Schoumlngart et al 2003)

8

Esta zonaccedilatildeo de espeacutecies em florestas de vaacuterzea ao longo do gradiente

topograacutefico (Junk 1989 Ayres 1993) e sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais (Worbes

1997) leva a formaccedilatildeo de dois habitats significativamente diferentes os quais satildeo

denominados vaacuterzea alta e vaacuterzea baixa (Wittmann et al 2002) A primeira caracteriza-

se por alagamento de menos de 3 m por ano na meacutedia apresentando aumento da

diversidade e complexidade da arquitetura com o aumento da idade resultando de

processo sucessional natural de florestas tardias de vaacuterzea baixa sendo considerada

representante de estaacutegio cliacutemax A vaacuterzea baixa apresenta diferentes estaacutegios de

sucessatildeo natural e eacute alagada por mais de 3 m por ano (Wittmann et al 2002) sendo

que a complexidade de estrutura e composiccedilatildeo da floresta tende a aumentar com a

reduccedilatildeo do niacutevel e duraccedilatildeo do alagamento

A grande variedade de habitats e multiplicidade de adaptaccedilotildees resultam numa

grande diversidade de espeacutecies arboacutereas dentro das aacutereas alagaacuteveis (Junk 1989)

atingindo 1000 espeacutecies registradas para florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Wittmann et al

2006a) A alta diversidade nestas aacutereas estaacute relacionada ao niacutevel e periacuteodo das cheias

e aumenta com diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo de inundaccedilatildeo (Wittmann amp Junk 2003 Worbes

et al 1992 Piedade et al 2005) Entretanto florestas de vaacuterzea possuem diversidade

de espeacutecies menor se comparada com florestas de terra firme da mesma regiatildeo (Ayres

1993)

Wittmann et al (2006a) afirmam que nas florestas de vaacuterzea a diversidade de

espeacutecies tambeacutem aumenta no sentido leste ndash oeste dentro da Bacia Amazocircnica Este

padratildeo parece similar ao encontrado para florestas de terra firme na mesma regiatildeo

geograacutefica (Ter Steege et al 2003) corroborando com a hipoacutetese de formaccedilatildeo de uma

zona de transiccedilatildeo que permite a migraccedilatildeo das espeacutecies de florestas de terra firme para

9

florestas alagaacuteveis de vaacuterzea alta (Wittmann et al 2006a) Esta hipoacutetese eacute estabelecida

pela elevada similaridade floriacutestica encontrada entre a vaacuterzea alta e terra firme

As florestas de vaacuterzea alta compreendem cerca de 10 da cobertura florestal

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996 Wittmann et al 2002) no entanto satildeo as florestas

mais ameaccediladas pela accedilatildeo antroacutepica sendo frequumlentemente utilizadas para moradia e

substituiccedilatildeo das aacutereas de floresta para atividades de agricultura e pecuaacuteria

Apresentam alta abundacircncia de espeacutecies madeireiras e estatildeo sendo ameaccediladas por

praacuteticas insustentaacuteveis de manejo (Ayres 1993 Worbes et al 2001)

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea

Atualmente dentro da Bacia Amazocircnica de aproximadamente 350 espeacutecies

madeireiras encontradas cerca de 34 tambeacutem ocorrem em florestas de vaacuterzea

(Martini et al 1998) outras satildeo restritas a este tipo de ecossistema Pela falta de infra-

estrutura em estradas de 60 a 80 da madeira extraiacuteda na Amazocircnia Ocidental e

Peru tecircm origem a partir deste tipo de floresta inundaacutevel (Higuchi et al 1994 Nebel amp

Kvist 2001 Worbes et al 2001) Em 2000 somente no Estado do Amazonas

aproximadamente 75 da madeira para induacutestria de laminados e compensados teve

origem em florestas alagaacuteveis (Lima et al 2005)

O preccedilo da madeira de espeacutecies com densidade abaixo de 060 gcm3 (madeira

branca) no Meacutedio Rio Solimotildees variou entre R$ 075-600 por m3 para Hura crepitans

L (Euphorbiaceae) e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae) enquanto que

espeacutecies de madeira densa acima de 060 gcm3 (madeira pesada) como Ocotea

cymbarum Mez (Lauraceae) Copaifera sp (Fabaceae) e Piranhea trifoliata Baill

10

(Euphorbiaceae) foram negociadas por R$ 288-1290 por m3 no periacuteodo de 1993 a

1995 (Worbes et al 2001) O primeiro grupo eacute frequumlentemente utilizado em induacutestrias

de laminados e compensados enquanto que as espeacutecies de madeira densa satildeo muito

utilizadas na construccedilatildeo de casas barcos e moacuteveis (Albernaz amp Ayres 1999) Com a

implementaccedilatildeo de manejo sustentaacutevel controlado e autorizado pelo IBAMA e IPAAM

os preccedilos da madeira subiram consideravelmente atingindo valores de ateacute R$ 6200

por m3 no ano de 2007 ao longo do Meacutedio Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a)

Um inventaacuterio florestal realizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel

Mamirauaacute (RDSM) abrangendo uma aacuterea de 342 ha de florestas de vaacuterzea encontrou

122 espeacutecies madeireiras por ha com diacircmetro limite de corte acima de 45 cm

(Schoumlngart et al 2008a) Das espeacutecies inventariadas as mais encontradas dentre as

madeiras brancas foram H crepitans e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae)

Das madeiras pesadas O cymbarum Mez (Lauraceae) Calycophyllum spruceanum

(Benth) Hookf ex KSchum (Rubiaceae) foram as mais abundantes

Dados do Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel de Mamirauaacute (IDSM) do

manejo florestal comunitaacuterio (MFC) de 2003 mostram que 42 do nuacutemero de toras e

60 do volume extraiacutedo na reserva pertencem agrave H crepitans Esta espeacutecie somada a

O cymbarum e C subsessilis corresponde a quase 70 do volume em metros cuacutebicos

de madeira extraiacuteda

A atividade madeireira em florestas de vaacuterzea se restringe a poucas espeacutecies

(Schoumlngart 2003) e a ausecircncia de dados de regeneraccedilatildeo e crescimento aliados a

exploraccedilatildeo inadequada da madeira tecircm levado agrave reduccedilatildeo das populaccedilotildees de algumas

destas espeacutecies chegando a praticamente desaparecer dos mercados regionais

(Higuchi et al 1994 Worbes et al 2001) Espeacutecies como Cedrela odorata L

11

(Meliaceae) Platymiscium ulei Harms (Fabaceae) Virola spp (Myristicaceae) Ceiba

pentandra (L) Gaerth (Malvaceae) foram substituiacutedas por O cymbarum C

spruceanum H crepitans e C guianensis (Albernaz amp Ayres 1999 Anderson et al

1999 Worbes et al 2001 Lima et al 2005)

Dentro da RDSM o manejo florestal se caracteriza por sistema policiacuteclico com

ciclo de corte de 25 anos e diacircmetro limite de corte de 45 cm Inicialmente deve ser feito

um inventaacuterio florestal de todas as espeacutecies madeireiras com diacircmetro ge 20 cm e as

extraccedilotildees se limitam a 5 aacutervores por ha que se encontram acima do diacircmetro de corte

Cerca de 10 das aacutervores acima do limite de diacircmetro devem permanecer nas aacutereas

como porta-sementes com o intuito de garantir a regeneraccedilatildeo das espeacutecies exploradas

Aproximadamente 12 da cobertura florestal da RDSM pertence a florestas de

vaacuterzea alta onde a abundacircncia de espeacutecies de valor econocircmico eacute alta (Wittmann et al

2002) e contribuem para o fornecimento de produtos madeireiros para o mercado local

regional e internacional (Wittmann et al 2004) Schoumlngart et al (2007) afirmam que as

espeacutecies mais exploradas na reserva satildeo O cymbarum C spruceanum e P trifoliata

(espeacutecies de madeira densa) assim como Ficus insipida Willd (Moraceae) H

crepitans Maquira coriacea (Karsten) CCBerg (Moraceae) (espeacutecies de madeira

branca)

Este estudo analisa e modela padrotildees de crescimento de quatro espeacutecies

aacuterboreas de interesse comercial de baixa densidade de madeira (madeira branca) e alta

densidade de madeira (madeira pesada) exploradas dentro da RDSM Deste modelos

criteacuterios como DMD e ciclo de corte satildeo derivados e discutidos no contexto das atuais

normas de manejo florestal na Amazocircnia pela legislaccedilatildeo brasileira

12

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Modelar padrotildees de crescimento da madeira de H crepitans C odorata O

cymbarum e S elata espeacutecies de importacircncia econocircmica na exploraccedilatildeo madeireira

das florestas de vaacuterzea da Amazocircnia para definir ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de

derrubada (DMD) especiacuteficos subsidiando futuros planos de manejo florestal

sustentaacutevel dentro da RDSM

32 Objetivos especiacuteficos

a Descriccedilatildeo da anatomia da madeira

b Determinaccedilatildeo da idade das aacutervores

c Determinaccedilatildeo das taxas de incremento em diacircmetro altura volume e biomassa

d Estimativa de ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de derrubada para definir criteacuterios

de manejo para cada uma das espeacutecies

13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS

41 Aacuterea de estudos

A aacuterea de estudos compreende a Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Mamirauaacute (RDSM) a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo na categoria de reserva

sustentaacutevel e primeira existente no ecossistema de vaacuterzea Sua criaccedilatildeo eacute resultado de

solicitaccedilatildeo encaminhada em 1985 pelo bioacutelogo Dr Joseacute Maacutercio Ayres ao oacutergatildeo

responsaacutevel na eacutepoca SEMA ndash Secretaria Especial de Meio Ambiente (Queiroz 2005)

A RDSM eacute dividida em duas aacutereas principais aacuterea focal (cerca de 260000 ha)

onde se desenvolvem desde 1991 atividades baseadas em pesquisas

socioeconocircmicas e ecoloacutegicas incluindo pesca agricultura agroflorestal e ecoturismo

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996) e aacuterea subsidiaacuteria (cerca de 878000 ha) a qual seraacute

manejada progressivamente A aacuterea focal eacute por sua vez subdividida em zona de

proteccedilatildeo permanente zona de ecoturismo e zona destinada ao manejo sustentaacutevel de

recursos naturais

Dentro da aacuterea focal existem nove unidades ou setores de controle do uso dos

recursos naturais denominadas Mamirauaacute Jarauaacute Tijuaca Boa Uniatildeo do Meacutedio

Japuraacute Aranapuacute Barroso Horizonte Liberdade e Ingaacute As atividades econocircmicas

realizadas pelas comunidades dentro dos setores se dividem em produccedilatildeo de farinha

pesca e exploraccedilatildeo da madeira as quais satildeo influenciadas pelo niacutevel de inundaccedilatildeo

anual (Albernaz amp Ayres 1999)

A RDSM estaacute situada na regiatildeo do meacutedio Solimotildees na confluecircncia dos rios

Solimotildees e Japuraacute entre as bacias do rio Solimotildees e Negro Sua porccedilatildeo mais a leste

14

fica nas proximidades da cidade de Tefeacute no Estado do Amazonas Sua vizinha RDS

Amanatilde liga a RDSM ao Parque Nacional do Jauacute (Schoumlngart et al 2005) Estas trecircs

unidades juntas constituem um bloco de floresta tropical com cerca de 6000000 ha

protegidos oficialmente Formam o embriatildeo do Corredor Central da Amazocircnia

(MMAPPG7) e da Reserva da Biosfera da Amazocircnia Central (MaBUnesco) e

compotildeem um Siacutetio Natural do Patrimocircnio Mundial (UnescoIUCN) (Queiroz 2005 Ayres

et al 2005)

Possui clima caracterizado por uma meacutedia de temperatura diaacuteria de 269 ordmC e

precipitaccedilatildeo anual de aproximadamente 3000 mm apresentando uma estaccedilatildeo seca

distinta (julho-outubro) O niacutevel de flutuaccedilatildeo meacutedia da aacutegua do Rio Japuraacute durante 1993

ndash 2000 foi de 1138 m (Wittmann amp Junk 2003 Schoumlngart et al 2005)

Aproximadamente 92 da cobertura vegetal abrangendo a aacuterea focal da reserva eacute

composta por florestas de vaacuterzea baixa constituiacuteda por diferentes estaacutegios

sucessionais e somente cerca de 8 corresponde a florestas de vaacuterzea alta (Wittmann

et al 2002)

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies

421 Cedrela odorata L (Meliaceae)

Popularmente conhecida como cedro cedro branco cedro cheiroso ou cedro

mogno apresenta tronco com casca de cheiro bastante caracteriacutestico rugosa com

fissuras transversais vermelho-alaranjadas Apresenta base reta ou com raiacutezes

tabulares e suas flores satildeo brancas em inflorescecircncias terminais (Wittmann et al

15

2006b) Os frutos capsulares quando maduros se abrem liberando de 40 a 50

sementes aladas as quais satildeo dispersas pelo vento (Cintron 1990 Wittmann et al

2006b)

Encontrada em toda a Amazocircnia embora com baixa frequumlecircncia ocorre desde as

Iacutendias Ocidentais as grandes e pequenas Antilhas ateacute Trinidad e Tobago sendo

encontrada tambeacutem no Meacutexico Equador Peru e Guianas (Cintron 1990) Eacute tipicamente

deciacutedua sendo encontrada em extrato superior de vaacuterzea alta e ocupando estaacutegio

sucessional secundaacuterio tardio

Apresenta madeira moderadamente pesada variando entre 044 a 060 gcm3 O

floema eacute avermelhado com cerne variando do castanho claro ao bege rosado escuro e

alburno amarelo apresentando cheiro aromaacutetico (Loureiro amp Silva 1968)

Aleacutem da sua importacircncia como espeacutecie madeireira na fabricaccedilatildeo de moacuteveis

construccedilatildeo civil e naval embalagens e instrumentos musicais a casca do cedro eacute

aproveitada na medicina popular como tocircnica adstringente e febriacutefuga (Loureiro amp

Silva 1968 Wittmann et al 2006b)

422 Sterculia elata Ducke (Malvaceae)

Conhecida popularmente como tacacazeiro xixaacute chicaacute da mata ou manduvi

cujos frutos apresentam uma coloraccedilatildeo avermelhada quando maduros sendo

organizados em 5 foliacuteculos com uma sutura ventral cada um Os frutos satildeo apocaacuterpios

e as flores estatildeo organizadas em inflorescecircncias terminais amarelas a purpuacutereas

(Wittmann et al 2006b)

16

Apresenta distribuiccedilatildeo nos neo-troacutepicos compreendendo o Sul do Meacutexico e

Ameacuterica Central Norte do Brasil Pantanal e Peru ocupando extrato superior e

emergente de vaacuterzea alta Eacute uma espeacutecie deciacutedua de estaacutegio sucessional secundaacuterio

tardio

Apresenta madeira de densidade meacutedia de 047 gcm3 cujo floema tem coloraccedilatildeo

marrom escura e o alburno eacute marrom claro A madeira eacute muito utilizada para confecccedilatildeo

de embalagens palitos foacutesforos compensados e troncos para canoas As sementes

oleaginosas satildeo comestiacuteveis A aacutervore eacute frequumlentemente utilizada para ornamentaccedilatildeo

(Wittmann et al 2006b)

423 Hura crepitans L (Euphorbiaceae)

Conhecia comumente por assacuacute H crepitans eacute uma espeacutecie cujo caule eacute

aculeado apresentando laacutetex branco aquoso caacuteustico e frequumlentemente utilizado

como veneno de peixe Causa irritaccedilotildees fortes em contato com a pele (Francis 1990

Wittmann et al 2006b) Os frutos satildeo capsulares lenhosos arredondados e

deprimidos nos poacutelos Tem distribuiccedilatildeo no Brasil Guianas Oeste da Iacutendia Cuba

Jamaica Trinidad e Tobago Costa Rica ao sul do Peru e Boliacutevia (Loureiro amp Silva

1968 Wittmann et al 2006b)

Ocupa o extrato superior de vaacuterzea alta sendo identificada como uma espeacutecie

perenifoacutelia de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Apresenta madeira muito leve

(035 a 040 gcm3) cerne e alburno indistintos e de coloraccedilatildeo branca com reflexos

amarelados Pelas caracteriacutesticas da madeira eacute comumente usada na fabricaccedilatildeo de

17

caixas tamancos obras internas artefatos de madeira forros taacutebuas compensados

boacuteias flutuantes canoas e gamelas (Francis 1990 Wittmann et al 2006b)

424 Ocotea cymbarum HBK (Lauraceae)

Frequumlentemente chamada por louro inamuiacute louro mamorim louro mamoriacute

inhamuiacute oacuteleo de inhamuiacute e pau de gasolina O cymbarum eacute uma aacutervore de grande

porte (20 ndash 30 m) apresentando casca avermelhada aromaacutetica ramos jovens com

pilosidade e acinzentados Possui exsudato transparente aromaacutetico apresentando

cheiro de menta (Wittmann et al 2006b)

Tem distribuiccedilatildeo por toda a Amazocircnia sendo encontrada em extrato superior de

vaacuterzea alta Eacute semi-deciacutedua e de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Sua madeira eacute

moderadamente pesada variando de 055 a 065 gcm3 (Loureiro amp Silva 1968) O

floema possui coloraccedilatildeo marrom cafeacute enquanto que o cerne amarelado claro e

brilhante diferencia-se pouco do alburno levemente mais claro (Wittmann et al

2006b)

Eacute comumente utilizada na carpintaria de luxo construccedilatildeo em geral marcenaria

compensado pranchas e tabuados (Loureiro amp Silva 1968) Sua madeira traz oacuteleo

contendo safrol que em baixa concentraccedilatildeo eacute um componente para fragracircncias e

perfumes (Wittmann et al 2006b) O lenho apresenta atividade contra o

desenvolvimento do ancilostomiacutedeo humano (Marques 2001)

18

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos

Das quatro espeacutecies estudadas duas de madeira branca ndash H crepitans e S

elata e duas de madeira pesada ndash C odorata e O cymbarum (Schoumlngart 2003) foram

selecionados entre 21 e 37 indiviacuteduos emergentes de floresta de vaacuterzea alta dos

setores Jarauaacute e Tijuaca da RDSM As medidas do diacircmetro na altura do peito (DAP)

com ge 10 cm foram feitas com o uso de fita dendromeacutetrica de dupla face sendo

inferidas acima das sapopemas quando presentes A altura da aacutervore foi medida a

partir do uso de inclinocircmetro (Blume-Leiss) e fita meacutetrica

Para verificar a idade das aacutervores foram utilizados 10 discos de H crepitans e

10 discos de O cymbarum fornecidos pelo Programa de MFC da RDSM no ano de

2001 bem como amostras coletadas de troncos dos indiviacuteduos de cada uma das quatro

espeacutecies Para tanto foi aplicado um meacutetodo natildeo destrutivo de extraccedilatildeo de cilindros da

madeira utilizando-se uma broca dendrocronoloacutegica num total de 110 cilindros com 5

mm de diacircmetro (21 amostras de Sterculia 23 de Cedrela 29 de Ocotea e 37 de Hura)

coletadas entre 07 de outubro de 2006 a 16 de abril de 2007 na altura aproximada de

130 m da base do tronco Apoacutes a coleta das amostras o orifiacutecio produzido com a broca

dendrocronoloacutegica foi obstruiacutedo com cera de carnauacuteba para evitar possiacuteveis ataques

por fitopatoacutegenos

As amostras coletadas foram coladas em suporte de madeira e em seguida

polidas com lixas de papel com diferentes granulometrias em uma sequumlecircncia

progressiva ateacute uma granulaccedilatildeo de 600 Estas foram analisadas no Laboratoacuterio de

Dendrocronologia do Projeto INPAMax-Planck em Manaus A anaacutelise macroscoacutepica da

estrutura da madeira foi feita a partir de fotografias feitas utilizando-se maacutequina digital

19

NIKON coolpix 4500 Para descriccedilatildeo anatocircmica dos aneacuteis de crescimento utilizou-se

como base os padrotildees de aneacuteis descritos por Coster (1927 1928) e adaptados por

Worbes (1985 1989)

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos

A determinaccedilatildeo da idade foi feita por meio da contagem direta dos aneacuteis anuais

e as taxas de incremento radial foram geradas por mediccedilatildeo da espessura dos aneacuteis

com o sistema de anaacutelise digital com precisatildeo de 001 mm (LINTAB) juntamente com o

software (TSAP-Win = Time Series Analyses and Presentation) especiacutefico para

anaacutelises de sequumlecircncias temporais (Schoumlngart et al 2004) Para os cilindros que natildeo

alcanccedilaram o cerne do tronco foram estimadas as distacircncias ateacute o centro e a partir do

nuacutemero meacutedio de aneacuteis encontrados em outros indiviacuteduos foram feitas estimativas da

idade do primeiro anel visiacutevel no tronco As mediccedilotildees da largura dos aneacuteis se deram no

sentido cerne ndash casca

Curvas cumulativas do diacircmetro individual para as quatro espeacutecies foram

elaboradas com base nestas mediccedilotildees do incremento radial corrente e relacionadas

com o DAP medido no campo (Schoumlngart et al 2003 Brienen amp Zuidema 2007)

(Figura 1a) A partir destas curvas individuais foram construiacutedas curvas cumulativas

meacutedias para cada espeacutecie descrevendo a relaccedilatildeo entre idade e diacircmetro para as

mesmas

A curva meacutedia do diacircmetro calculada para cada espeacutecie foi ajustada como um

modelo de regressatildeo sigmoidal da qual foram derivadas as curvas do incremento

corrente e meacutedio do diacircmetro para cada espeacutecie (Figura 1b) Modelos de regressatildeo natildeo

20

ndash linear descreveram para cada espeacutecie a relaccedilatildeo entre DAP e a altura medida no

campo (Figura 1c) Combinando as relaccedilotildees idade-DAP e DAP-altura permite estimar o

crescimento da altura (Nebel et al 2001) Deste modo para cada idade determinada

foram atribuiacutedas uma medida de diacircmetro e de altura para cada espeacutecie (Schoumlngart et

al 2007)

A combinaccedilatildeo dos modelos de regressatildeo natildeo-linear das relaccedilotildees entre idade e

DAP bem como das relaccedilotildees entre DAP e altura tambeacutem possibilitou a construccedilatildeo do

modelo de crescimento em volume (Figura 1e) e produccedilatildeo de biomassa acima do solo

das espeacutecies estudadas (Figura 1f) O modelo alomeacutetrico utilizado para estimativa do

volume foi definido por Cannell (1984) para florestas tropicais uacutemidas e tem como

paracircmetros a altura das aacutervores e o DAP

O volume (V) foi estimado a partir da multiplicaccedilatildeo da aacuterea basal (Ab) pela altura

(h) e por um fator (f) de reduccedilatildeo de 06 (Nebel et al 2001) A equaccedilatildeo eacute dada por

V = Ab x h x f (1)

onde a Ab eacute dada por

Ab = π x (DAP 2)2 (2)

Foi utilizado um modelo alomeacutetrico para estimar a biomassa acima do solo com

boa aplicabilidade em florestas alagaacuteveis segundo resultados obtidos por Stadtler

21

(2007) Este modelo tem como paracircmetros a densidade da madeira o diacircmetro e altura

das aacutervores e foi descrito por Chave et al (2005) A equaccedilatildeo eacute descrita abaixo

Bio = 00509 x den x DAP2 x h (3)

onde a Bio eacute a estimativa da biomassa acima do solo den eacute a densidade da madeira

obtida para cada espeacutecie de Wittmann et al (2006b) e 00509 eacute um fator de correccedilatildeo

O fator de correccedilatildeo dos modelos de caacutelculo do volume (06) e biomassa (00509)

se referem ao fato de que as aacutervores natildeo representam cilindros perfeitos e diminuem o

raio do tronco a medida que se distanciam do DAP

Destes modelos de crescimento do DAP altura aacuterea basal volume e biomassa

foram derivadas as taxas do incremento meacutedio (IM) e corrente (IC) (Figuras 1b1d1f)

para cada espeacutecie seguindo as equaccedilotildees abaixo (Schoumlngart et al 2007)

IM= CrC t t (4)

IC= CrC t+1 ndash Cr t (5)

onde CrC eacute o crescimento cumulativo em diferentes anos t sobre ciclo de vida total da

planta

O periacuteodo ideal de extraccedilatildeo eacute estabelecido quando a espeacutecie atinge sua a

produccedilatildeo maacutexima em volume periacuteodo este entre a taxa maacutexima de IC em volume e a

taxa maacutexima de IM em volume (Schoumlngart 2003) Este intervalo representa o periacuteodo

22

em que a extraccedilatildeo da madeira utiliza-se do potencial de crescimento maacuteximo das

espeacutecies (Schoumlngart 2008)

A modelagem dos padrotildees de crescimento foi construiacuteda a partir do uso do

software program X-Act (SciLab) e em seguida definidas as recomendaccedilotildees de

manejo para ciclos de corte e DMD para cada uma das quatro espeacutecies madeireiras

O DMD eacute definido pela idade em que a aacutervore atinge as maiores taxas de

incremento anual corrente do volume (Figura 1e) O tempo meacutedio que um indiviacuteduo leva

para passar por uma classe de DAP de 10 cm ateacute chegar ao DMD eacute o ciclo de corte da

espeacutecie (Schoumlngart et al 2007) Este eacute dado por

CC= idade(DMD) DMD x 10 (6)

onde CC eacute o ciclo de corte da espeacutecie e idade(DMD) eacute a idade da aacutervore quando atingiu o

DMD

23

0

20

40

60

80

0 5 10 15 200

1

2

3

4

5

0

10

20

30

0 20 40 60 80 100

0

20

40

60

80

0 5 10 15 20

0

10

20

30

0 5 10 15 200

1

2

3

4

0

1

2

3

4

0 5 10 15 200

100

200

300

00

05

10

15

0 5 10 15 200

50

100

Age (years) Age (years)

Age (years)

Age (years)

Age (years)

Dbh (cm)

Tree

heig

ht(m

)D

bh(c

m)

Dbh

(cm

)Tr

eehe

ight

(m)

Woo

d bi

omas

s(M

g)

Volu

me

(m3 )

Diam

eter increment(cm

year -1)H

eightincrement(m

year -1)W

ood biomass

production(kg year -1)

Volume

increment(dm

3year -1)

n = 54R2 = 053

n = 18

MLD

a

c

e

b

d

f

y = a (1+(b x)c)

a = 1195742 plusmn 131913b = 184937 plusmn 3355c = 12997 plusmn 00788

y = (abullx) (x+b)a = 286667 plusmn 07424b = 161743 plusmn 13022

DAP

(cm

)

DA

P (c

m)

Altu

ra (m

)

Altu

ra (m

)

Vol

ume

(m3)

Bio

mas

sa (M

g)

Idade (anos) Idade (anos)

DAP (cm) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento em

diacircmetro (cm

ano) Increm

ento em altura (m

ano) P

roduccedilatildeo de biomassa (K

gano)

Incremento

emvolum

e(dm

3ano)

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

DMD

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)

24

5 RESULTADOS

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira

O limite dos aneacuteis e a estrutura anatocircmica da madeira foram determinados com

base na classificaccedilatildeo de Coster (19271928) e adaptados por Worbes (1995) Trecircs tipos

de aneacuteis foram distinguidos de acordo com essa classificaccedilatildeo (1) faixas de parecircnquima

marginal (2) alternacircncia entre faixas de fibra e faixas de parecircnquima e (3) variaccedilatildeo na

densidade da madeira (Tabela 1) A distinccedilatildeo dos aneacuteis variou entre as 4 espeacutecies

estudadas poreacutem todas apresentaram aneacuteis suficientemente distintos para aplicaccedilatildeo

de estudos dendrocronoloacutegicos

A distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e agrave

medida que estes se encontravam mais proacuteximos do centro do tronco A facilidade de

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis decresceu na seguinte ordem C odorata O cymbarum S elata

e H crepitans (Tabela1)

Cedrela e Sterculia apresentaram mesmo padratildeo de faixas de parecircnquima

marginal que consiste de uma a poucas fileiras de ceacutelulas Eacute comumente encontrado

nas famiacutelias Bignoniaceae Fabaceae e Meliaceae (Worbes 2002) Cedrela apresentou

aneacuteis de crescimento semiporosos com uma espessa faixa de parecircnquima claramente

visiacutevel acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos os quais satildeo maiores ao

final do periacuteodo vegetativo (Figura 2a)

Sterculia tambeacutem mostrou variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Os poros satildeo visiacuteveis

a olho nu alguns obstruiacutedos por conteuacutedo de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada e brilhante

25

Apresentou faixas de parecircnquima radial espessadas dificultando um pouco a

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis (Figura 2b)

Um padratildeo de alternacircncia entre faixas de fibras e parecircnquima foi encontrado

formando os aneacuteis anuais em Hura com a reduccedilatildeo da largura das faixas de

parecircnquima e fibras na formaccedilatildeo do lenho tardio ao final da zona de crescimento

(Figura 2c) Este tipo de anatomia pode ser encontrado em famiacutelias como

Euphorbiaceae Moraceae Sapotaceae Lecythidaceae dentre outras (Worbes 2002)

Tabela1 Tipos de zona de crescimento encontrados e o grau de distinccedilatildeo dos de crescimento Os padrotildees descritos foram baseados nos modelos de Coster (1927 1928) e adaptados por Worbes (1995) Espeacutecies Famiacutelia Tipo de zona de

crescimento Fenologia foliar Grau de

distinccedilatildeo dos aneacuteis

Cedrela odorata Meliaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos

Deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (1)

Hura crepitans Euphorbiaceae Alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima

Perenifoacutelia Aneacuteis pouco

distintos (2)

Sterculia elata Malvaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Presenccedila de faixas radiais de parecircnquima

Deciacutedua Aneacuteis distintos (1)

Ocotea cymbarum Lauraceae Variaccedilatildeo na densidade da madeira com lenho inicial menos denso que o lenho tardio

Semi-deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (3)

obtidos durante observaccedilotildees na RDSM no periacuteodo 042006-122007

Ocotea mostrou um padratildeo de variaccedilatildeo na densidade da madeira O lenho tardio

de coloraccedilatildeo mais escura (alta densidade) apresentou ceacutelulas pequenas com paredes

26

espessadas diferindo do lenho inicial (baixa densidade) com ceacutelulas grandes e

paredes de espessura mais fina permitindo uma perfeita delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

(Figura 2d) Eacute comum entre as famiacutelias Annonaceae Myrtaceae e Lauraceae (Worbes

2002)

A presenccedila de falsos aneacuteis de crescimento ocorreu em alguns discos de Hura e

Ocotea Entretanto este problema foi solucionado observando-se a continuidade dos

aneacuteis ao longo dos raios nos discos

C Hura crepitans D Ocotea cymbarum

A Cedrela odorata B Sterculia elata

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial

27

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies

Todas as quatro espeacutecies apresentaram correlaccedilatildeo significativa (plt001) para as

relaccedilotildees entre idade e DAP idade e altura e DAP e altura (Tabela 2) permitindo a

modelagem das curvas de crescimento cumulativo para as mesmas Foram feitas um

total de 7646 mediccedilotildees da largura dos aneacuteis na madeira para as quatro espeacutecies

(Tabela 2)

As trajetoacuterias de crescimento cumulativo em diacircmetro mostraram diferenccedilas

tanto intra como interespeciacuteficas Aquelas espeacutecies de madeira densa como O

cymbarum e C odorata apresentaram taxas de crescimento menores que S elata e H

crepitans espeacutecies de madeira branca (Figura 3)

As quatro espeacutecies apresentaram uma variaccedilatildeo da idade ao atingir o DMD de 50

cm Esta foi maior para O cymbarum alcanccedilando idades entre 25 e 80 anos H

crepitans e S elata podem atingir idades entre 25 e 65 anos enquanto que as menores

variaccedilotildees na idade foram encontradas em C odorata com idades entre 35 a 65 anos

para um diacircmetro de 50 cm (Figura 3)

28

Tabela 2 Nuacutemero de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis e altura das aacutervores utilizados na elaboraccedilatildeo dos modelos de crescimento com base nas relaccedilotildees entre idade ndash DAP idade ndash altura e DAP ndash altura e o coeficiente de correlaccedilatildeo das mesmas

Nuacutemero de mediccedilotildees Correlaccedilatildeo p(lt 0001) Espeacutecie Largura dos

aneacuteis Altura Idade ndash DAP Idade ndash Altura DAP ndash Altura

Cedrela odorata

1240 32 089 064 071

Ocotea cymbarum

1325 125 086 073 073

Sterculia elata

1321 21 088 086 085

Hura crepitans

3760 67 091 086 076

Total

7646

Sterculia e Hura atingiram idades maacuteximas de 111 e 195 anos respectivamente

embora esta uacuteltima tenha atingido grandes diacircmetros nas aacutervores amostradas As

aacutervores mais velhas de Cedrela e Ocotea atingiram idades maacuteximas de 74 e 122 anos

(Tabela 3)

29

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

A ndash Cedrela odorata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

C ndash Sterculia elata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

B ndash Ocotea cymbarum

D ndash Hura crepitans

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura

30

As curvas meacutedias das relaccedilotildees entre idade e DAP tambeacutem apresentaram

variaccedilatildeo entre as espeacutecies estudadas (Figura 4) Para um diacircmetro de 50 cm

determinado pela IN ndeg 5 de Dezembro de 2006 as idades meacutedias oscilaram entre 41

anos em Hura a mais de 70 anos em Cedrela (Tabela 3)

0

50

100

150

DAP

(cm

)

0 30 60 90 120 150 180Idade (anos)

(a)

(b)

(d)

(c)

Diacircmetro limite de corte

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata Tabela 3 Idades maacuteximas miacutenimas e para um diacircmetro miacutenimo de derrubada de 50 cm para cada uma das quatro espeacutecies estudadas e seus respectivos desvios padratildeo

Idade (anos) Espeacutecie Miacutenima Maacutexima Ao alcanccedilar o diacircmetro limite de 50 cm

Cedrela odorata

21 74 72

Sterculia elata

22 111 47

Ocotea cymbarum

27 122 59

Hura crepitans

88 195 41

31

As quatro espeacutecies estudadas atingiram as maiores taxas de incremento

diameacutetrico corrente em idades diferentes Cedrela e Ocotea atingiram as maiores taxas

entre 11 e 12 anos e 19 e 21 anos com uma taxa meacutedia de incremento de 094 e 101

cmano respectivamente (Figura 5a e c) Sterculia obteve taxas meacutedias de incremento

de 126 cmano em idades entre 19 e 21 anos (Figuras 5b) enquanto Hura alcanccedilou

taxa meacutedia de incremento de 129 cmano em idades entre 22 e 23 anos (Figura 5d)

Cedrela e Ocotea espeacutecies de madeira pesada apresentaram taxas de incremento

diameacutetrico menores que Hura e Sterculia espeacutecies de madeira branca

D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata

C ndash Sterculia elata

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

B ndash Ocotea cymbarum

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura

32

A partir das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares entre idade-DAP foi possiacutevel

construir um modelo de crescimento em aacuterea basal para cada espeacutecie utilizando-se a

foacutermula (2) Cedrela e Ocotea atingiram suas maiores taxas em 39 e 57 anos e taxa

meacutedia de incremento de 355 e 536 cm2ano respectivamente (Figuras 6a e 6b)

Sterculia e Hura atingiram maior incremento aos 48 e 104 anos e taxa meacutedia de 700 e

1422 cm2ano respectivamente (Figura 6c e 6d) As espeacutecies de madeira branca Hura

e Sterculia apresentaram taxas de incremento em aacuterea basal mais altas que as duas

espeacutecies de madeira densa (Cedrela e Ocotea)

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

05

1

15

2

25

4

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

05

1

15

2

25

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura

33

A combinaccedilatildeo das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares das relaccedilotildees entre DAP-

altura (Figura 7) resultaram num modelo de crescimento em altura para as espeacutecies

contemplando todo ciclo de vida da planta Os maiores valores de incremento corrente

em altura de C odorata S elata O cymbarum e H crepitans corresponderam a idades

de 4 7 8 e 6 anos respectivamente e taxas maacuteximas corresponderam a 096 mano

para Sterculia 092 mano para Ocotea 061 mano para Hura e finalmente 109 mano

para Cedrela

DAP (cm) DAP (cm)

DAP (cm) DAP (cm)

Altu

ra (m

) A

ltura

(m)

C ndash Sterculia elata D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 1500

0

0

0

0

0

0 25 50 75 100 125 150

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 150 0 50 100 150

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans

34

Tabela 4 Valores de DAP e altura maacuteximos e miacutenimos do levantamento florestal seus desvios padratildeo e a aacuterea basal calculada a partir da relaccedilatildeo entre idade e DAP das espeacutecies

DAP (cm) Altura (m) Aacuterea basal meacutedia (cm2)

Espeacutecie

Maacuteximo Miacutenimo Desvio Maacutexima Miacutenima Desvio Meacutedia Cedrela odorata

656 115 140 309 90 50 273

Ocotea cymbarum

780 100 164 311 70 46 402

Sterculia elata

1300 100 349 405 66 88 516

Hura crepitans

1328 100 350 390 21 91 1127

A partir dos modelos de crescimento em altura e diacircmetro elaborados para cada

espeacutecie pocircde-se construir o modelo de crescimento em volume das mesmas segundo

a foacutermula (1) (Schoumlngart et al 2007) O periacuteodo oacutetimo de corte das aacutervores eacute o ponto

onde o incremento em volume corrente eacute maacuteximo sendo que para cada espeacutecie o pico

maacuteximo de volume corrente variou visivelmente (Figura 8)

Cedrela apresentou maiores taxas de incremento em volume corrente ao atingir

uma idade meacutedia de 45 anos (Figura 8a) Nesta idade a espeacutecie indica um DAP de 376

cm (Figura 5a) Jaacute Sterculia e Ocotea atingiram o ponto maacuteximo em incremento

corrente em volume aos 54 e 63 anos (Figuras 8b e c) quando atingem diacircmetros de

560 e 533 cm respectivamente (Figuras 5b e c) Hura em uma idade meacutedia de 125

anos apresentou os maiores valores de incremento maacuteximo corrente entre as quatro

espeacutecies (Figura 8d) atingindo diacircmetro meacutedio de 1288 cm (Figura 5d) Tanto Hura

quanto Sterculia apresentaram produccedilatildeo de madeira em volume por m3 superior as

duas espeacutecies de madeira pesada Cedrela e Ocotea

35

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento volum

eacutetrico

Incr

emen

to e

m v

olum

e (m

3 ) 0450 0

(m3ano)

Incr

emen

to e

m V

olum

e (m

3 )

Incremento volum

eacutetrico (m3ano)

Idade (anos) Idade (anos)

0

10

20

30

40

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

0 50 100 150 200

0

10

20

30

40

50

0

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

04

0 50 100 150

200 Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie

36

O ciclo de corte calculado atraveacutes da passagem meacutedia do tempo por uma classe

de DAP de 10 cm para a proacutexima ateacute atingir o diacircmetro de corte oacutetimo variou pouco

entre as espeacutecies sendo que Hura e Sterculia apresentaram ciclos de corte de 97

anos enquanto Cedrela e Ocotea apresentaram ciclos de 120 e 118 anos (Tabela 5)

Os resultados indicam que espeacutecies de madeira branca apresentam ciclos de corte

mais curtos do que as espeacutecies de madeira pesada

Tabela 5 O diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) o ciclo de corte a idade meacutedia ao atingir o diacircmetro de corte e a densidade da madeira das espeacutecies Espeacutecie DMD (cm) Ciclo de corte

(anos) Idade meacutedia ao atingir

o DMD (anos) Densidade

(gcm3) Cedrela odorata

376 120 45 052

Ocotea cymbarum

533 118 63 060

Sterculia elata

560 97 54 047

Hura crepitans

1288 97 125 039

Dados obtidos de Wittmann et al (2006b)

Aleacutem do modelo de crescimento em volume os modelos de crescimento em

altura e diacircmetro possibilitaram tambeacutem a construccedilatildeo de modelos de crescimento em

biomassa acima do solo para as espeacutecies estimado segundo a foacutermula (3)

Cedrela apresentou maior taxa de produccedilatildeo em biomassa de 26 Kgano em 45

anos (Figura 9a) ao passo que Ocotea alcanccedilou uma produccedilatildeo em biomassa maacutexima

de 52 Kgano em 63 anos (Figura 9b) Sterculia atingiu valor de 60 Kgano em 54 anos

(Figura 9c) enquanto que Hura obteve em 125 anos um valor maacuteximo de 125 Kgano

(Figura 9d) Espeacutecies de madeira branca atingiram maiores taxas de acuacutemulo em

biomassa do que as espeacutecies de madeira densa

37

D ndash Hura crepitans C ndash Ocotea cymbarum

Bio

mas

sa (M

g)

Bio

mas

sa (M

g)

Produ

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

ccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)P

roduccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

5

10

15

20

0

4

8

1

1

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

1

1

0 50 100 150 2000

5

0

5

0

0

40

80

120

160

Prod

uccedilatildeo

Biom

assa

(Kg)

0 50 100 150 200

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura)

38

6 DISCUSSAtildeO

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira

Todas as quatro espeacutecies estudadas apresentaram distintas zonas de

crescimento poreacutem com diferenccedilas quanto ao grau de distinccedilatildeo entre elas O grau de

distinccedilatildeo diminuiu na ordem seguinte C odorata O cymbarum S elata e H crepitans

o que indica uma pequena tendecircncia das espeacutecies deciacuteduas apresentarem maior

distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais como resultados encontrados por Worbes (1999) A

distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e com a

maior proximidade do centro do disco (Brienen amp Zuidema 2006) Esta variaccedilatildeo

encontrada no grau distinccedilatildeo dos aneacuteis natildeo afetou as anaacutelises dendrocronoloacutegicas

subsequumlentes

Segundo Worbes (1995) a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira resulta de

mudanccedilas sazonais favoraacuteveis e desfavoraacuteveis nas condiccedilotildees de crescimento arboacutereo

Um dos fatores principais atuando no controle do crescimento arboacutereo de florestas

tropicais eacute a variaccedilatildeo intraanual da precipitaccedilatildeo que ocasiona uma distinta estaccedilatildeo

seca e determina a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das aacutervores (Worbes 1999)

Para regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o principal fator que controla o

ritmo de crescimento nas aacutervores eacute o pulso de inundaccedilatildeo (Junk 1989) Entretanto

florestas de vaacuterzea alta natildeo satildeo alagadas anualmente devido a sua posiccedilatildeo

topograacutefica o que indicaria que o pulso anual de inundaccedilatildeo natildeo seria o principal fator

controlando os processo ecoloacutegicos nestas aacutereas Observaccedilotildees fenoloacutegicas e mediccedilotildees

da liteira (Schoumlngart et al 2008b) evidenciam que o ritmo de crescimento possa ser

39

controlado pela sazonalidade das chuvas contudo maiores estudos se fazem

necessaacuterios

A anualidade dos aneacuteis de crescimento em espeacutecies arboacutereas da Amazocircnia

permite anaacutelise de fenocircmenos ecoloacutegicos e ambientais identificaccedilatildeo e reconstruccedilatildeo das

condiccedilotildees climaacuteticas do passado como tambeacutem identificar as alteraccedilotildees naturais e

dinacircmica das populaccedilotildees (Fritts 1976 Schweingruber 1988 Worbes 1995) Aleacutem

disso a aplicaccedilatildeo das informaccedilotildees armazenadas nos aneacuteis de crescimento permite que

estudos dendrocronoloacutegicos sejam empregados com o objetivo de investigar a estrutura

etaacuteria das populaccedilotildees bem como a dinacircmica de crescimento arboacutereo em florestas

tropicais (Worbes 2002)

Desta forma a descriccedilatildeo da estrutura anatocircmica e delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

da madeira satildeo de suma importacircncia para realizaccedilatildeo das anaacutelises dendrocronoloacutegicas

e por conseguinte para a otimizaccedilatildeo do uso da floresta dando suporte para

estabelecimento de estrateacutegias de manejo florestal ao niacutevel de espeacutecie fornecendo

informaccedilotildees do histoacuterico florestal e consequumlentemente garantindo maior

sustentabiliade na utilizaccedilatildeo dos recursos madeireiros (Schoumlngart 2008)

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo

Uma das grandes questotildees a cerca do uso sustentaacutevel de florestas tropicais

envolve o crescimento e a idade das aacutervores Modelos de crescimento de espeacutecies

madeireiras nos troacutepicos ainda satildeo bastante escassos (Nebel et al 2001 Schwartz et

al 2002 Sokpon amp Biaou 2002 Nebel amp Meilby 2005 Brienen amp Zuidema 2007

Schoumlngart et al 2007) fato este atribuiacutedo a problemas de estabelecimento de uma

40

metodologia especiacutefica para determinaccedilatildeo da idade das aacutervores e taxas de

crescimento bem como a alta diversidade de espeacutecies encontrada Aleacutem disso o

atraso no avanccedilo das pesquisas de crescimento arboacutereo com base em aneacuteis na

madeira nos troacutepicos se deve ao descreacutedito na formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das

aacutervores nestas regiotildees devido agraves temperaturas terem sido consideradas praticamente

constantes durante o ano (Lieberman et al 1985 Whitmore 1990)

Atualmente a maioria das pesquisas sobre idade e crescimento de espeacutecies

tropicais eacute baseada em anaacutelises feitas em parcelas permanentes (Condit 1995)

utilizando meacutetodos de mediccedilotildees repetidas durante relativamente curtos periacuteodos de

tempo Outra metodologia para determinar a idade e taxas de incremento eacute a dataccedilatildeo

com radio-carbono (Worbes amp Junk 1999) Estas duas metodologias indicam idades

maacuteximas entre 1000 e 2000 anos (Condit et al 1995 Chambers et al 1998 Laurance

et al 2004) enquanto estudos dendrocronoloacutegicos indicam idades maacuteximas entre 500

e 600 anos (Worbes amp Junk 1999 Fichtler et al 2003)

Resultados encontrados por Chambers et al (1998) de idade estimada de 1370

anos para Carniana micrantha Ducke (Lecythidaceae) eacute considerado excepcional pois

aparentemente foi determinada de um uacutenico exemplar (Roig 2000) Dataccedilatildeo por radio-

carbono pode ser problemaacutetica entre os anos de 1650 e 1950 devido agrave variaccedilatildeo de 14C

encontrada na atmosfera neste periacuteodo Este fenocircmeno foi provocado por grandes

emissotildees de carbono por meio da queima de combustiacutevel foacutessil que ocorreram no

periacuteodo da revoluccedilatildeo industrial (Efeito de Suess) (Fichtler et al 2003) Em adiccedilatildeo o

alto custo desta metodologia natildeo permite o uso para determinaccedilatildeo de grandes

amostragens

41

A construccedilatildeo de modelos de crescimento de lenhosas com base no crescimento

em diacircmetro das espeacutecies em curtos periacuteodos de observaccedilatildeo bem como a baixa

densidade de espeacutecies comerciais encontradas em florestas tropicais na elaboraccedilatildeo de

modelos de crescimento principalmente individuos de grandes tamanhos dentro das

parcelas estudadas satildeo fatores que limitam muito esta metodologia (Clark amp Clark

1996 Nebel amp Meilby 2005) Aleacutem disso estes modelos monitoram somente uma

pequena parte da histoacuteria de crescimento das aacutervores e extrapolam estes dados das

trajetoacuterias de crescimento em diacircmetro de curtos periacuteodos para todo o ciclo de vida da

planta o que os torna simplistas e podem resultar em dados de crescimento arboacutereo e

estimativas de produccedilatildeo da madeira natildeo realistas subestimando as taxas de

crescimento e consequumlentemente superestimando a idade das aacutervores (Brienen amp

Zuidema 2006)

Ao contraacuterio destes meacutetodos de modelagem do crescimento arboacutereo a anaacutelise

dendrocronoloacutegica tem se mostrado uma importante ferramenta a qual fornece

estimativas mais acuradas da idade e do histoacuterico de crescimento arboacutereo individual

por meio da informaccedilatildeo extraiacuteda dos aneacuteis na madeira (Brienen amp Zuidema 2007) Na

anaacutelise de aneacuteis anuais para a modelagem de crescimento arboacutereo das espeacutecies satildeo

amostradas aacutervores que se estabeleceram no dossel com sucesso o que fornece

dados de crescimento em diacircmetro mais realistas e representativos do desenvolvimento

das aacutervores (Brienen amp Zuidema 2006)

Diversos estudos tecircm mostrado a grande variaccedilatildeo existente nas taxas de

crescimento tanto dentro como entre espeacutecies de florestas tropicais (Clark amp Clark

2001 Schoumlngart et al 2006 Brienen amp Zuidema 2006) Segundo Brienen amp Zuidema

(2007) estas diferenccedilas no crescimento dos indiviacuteduos ao longo da vida pode ser o

42

resultados de diversos fatores atuando em conjunto como a disponibilidade de aacutegua

clima intensidade de luz recebida forma e tamanho da copa danos e fitopatoacutegenos

assim como infestaccedilatildeo por cipoacutes e lianas Isso se reflete em variaccedilotildees de curvas

cumulativas comparando indiviacuteduos da mesma espeacutecie (Figura 3)

Os dados obtidos indicaram a ocorrecircncia de variaccedilatildeo na idade das aacutervores com

o aumento do diacircmetro Esta variaccedilatildeo intra-especiacutefica na idade das aacutervores em grandes

diacircmetros (gt de 60 cm) eacute causada principalmente pela variaccedilatildeo que ocorre na

passagem do tempo nas pequenas classes de tamanho (lt 20 cm) (Brienen amp Zuidema

2006) Desta forma o tempo necessaacuterio para que uma aacutervore de determinada espeacutecie

se estabeleccedila no dossel quando as taxas diameacutetricas geralmente aumentam devido

aos altos niacuteveis de radiaccedilatildeo solar pode variar consideravelmente

A variaccedilatildeo encontrada nos indiviacuteduos contudo natildeo impede a modelagem de

crescimento arboacutereo pois ao niacutevel das espeacutecies ocorre uma relaccedilatildeo bastante

significativa entre idade e DAP o que caracteriza a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira

uma ferramenta importante na elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo sustentaacuteveis em

florestas tropicais (Brienen amp Zuidema 2006 Schoumlngart et al 2007)

Comparando as curvas meacutedias de crescimento observa-se que espeacutecies

estudadas apresentam estrateacutegias ecoloacutegicas diferenciadas Altas taxas de incremento

em diacircmetro em espeacutecies de baixa densidade da madeira como Hura e Sterculia levam

a um raacutepido crescimento em volume enquanto que baixas taxas de incremento em

diacircmetro em Cedrela e Ocotea duas espeacutecies de madeira densa levam a um

crescimento em volume mais lento

Tanto Hura como Sterculia parecem apresentar estrateacutegias de crescimento

tiacutepicas de espeacutecies pioneiras com ciclos de vida longos (gt de 100 anos) caracterizadas

43

por altos requerimentos de luz para germinaccedilatildeo e crescimento (Swaine amp Whitmore

1988) Cedrela e Ocotea possuem caracteriacutesticas de crescimento tiacutepicas de espeacutecies

de estaacutegios cliacutemax ou tolerantes agrave sombra com capacidade de sobrevivecircncia em

longos periacuteodos de baixos niacuteveis de luminosidade e baixas taxas de crescimento

arboacutereo (Pianka 1970)

Espeacutecies com baixa densidade da madeira como Hura (039 gcm3) e Sterculia

(047 gcm3) requerem periacuteodos de 41 a 47 anos para extrapolar um diacircmetro limite de

corte de 50 cm enquanto que espeacutecies de madeira densa tais como Ocotea (060

gcm3) e Cedrela (052 gcm3) necessitam de periacuteodos entre 59 e 72 anos para

ultrapassar um diacircmetro de 50 cm Estes resultados estatildeo de acordo com Schoumlngart

(2008) que verificou a existecircncia de uma correlaccedilatildeo entre a densidade da madeira e a

idade da espeacutecie ao atingir o DMD estimado a partir das taxas de IC de volume o que

possibilita estimar o periacuteodo ideal de extraccedilatildeo para outras espeacutecies de florestas de

vaacuterzea da Amazocircnia Central em funccedilatildeo da densidade da madeira

Os resultados encontrados mostram diferenccedilas nas taxas de incremento em

diacircmetro e volume as quais refletem em diferentes ciclos de corte e DMD para as

espeacutecies indicando claramente que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico

de derrubada e ciclo de corte para toda e qualquer espeacutecie natildeo suportam a

sustentabilidade nas praacuteticas de manejo florestal atuais

Neste sentido na aplicaccedilatildeo de manejo florestal sustentado em florestas tropicais

eacute imprescindiacutevel o levantamento de informaccedilotildees a respeito das taxas de crescimento e

idade das aacutervores especiacuteficas para cada espeacutecie bem como dados de regeneraccedilatildeo e

caracteriacutesticas especiacuteficas de cada siacutetio a ser explorado pela extraccedilatildeo de produtos

madeireiros

44

63 Estrateacutegias de manejo florestal

O contiacutenuo uso das florestas de vaacuterzea para atividades de agricultura pecuaacuteria e

extraccedilatildeo da madeira tem causado grandes impactos nos recursos o que tem

ocasionado a necessidade de estabelecimento de estrateacutegias de conservaccedilatildeo e manejo

florestal destas aacutereas (Schoumlngart et al 2007) Nos uacuteltimos anos tem-se observado uma

gradual expansatildeo das atividades de manejo florestal baseada em comunidades de

pequena e meacutedia escala na busca da conversatildeo da exploraccedilatildeo manejada da floresta

em oportunidade de desenvolvimento regional (Amaral amp Amaral 2000) Projetos como

o Programa Piloto para Conservaccedilatildeo das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7) e a

Fundaccedilatildeo Floresta Tropical (FFT) tecircm buscado o desenvolvimento de projetos de

manejo florestal ao niacutevel de comunidade para diferentes aacutereas da Amazocircnia (Amaral amp

Amaral 2000)

Dentre estes modelos enquadra-se o Projeto Mamirauaacute com objetivo de proteger

as vaacuterzeas da RDSM e cuja exploraccedilatildeo segue as normas do PMFS criado pelo IDSM

em conjunto com os comunitaacuterios e baseado em normas estabelecidas pelo Instituto de

Proteccedilatildeo Ambiental do Amazonas (IPAAM) e pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA) (Lei estadual no 2416 de 22 de Agosto

de 1996)

A FAO estabelece um modelo de extraccedilatildeo dos recursos florestais funcionado

como guia para a aplicaccedilatildeo de um Manejo de Impacto Reduzido (MIR) para os recursos

florestais (Dykstra amp Heinrich 1996) Diversos estudos tecircm feito a uniatildeo entre o MIR e a

extraccedilatildeo seletiva de espeacutecies comerciais como uma estrateacutegia de manejo sustentaacutevel

visando agrave conservaccedilatildeo de florestas tropicais e diminuiccedilatildeo dos impactos causados pelo

45

manejo florestal (Vidal et al 2002 Gerwing 2002) Pesquisas tecircm mostrado os

benefiacutecios da aplicaccedilatildeo de MIR com relaccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo convencional da madeira

tanto em relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo dos custos quanto aos benefiacutecios causados pela reduccedilatildeo

dos danos agrave floresta (Barreto et al 1998 Johns et al 1996 Boltz et al 2001 Holmes

et al 2002)

Apesar dos inuacutemeros esforccedilos realizados na elaboraccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas

de exploraccedilatildeo da madeira na tentativa de conservar e reduzir danos causados as

florestas a sustentabilidade do manejo dos recursos florestais ainda natildeo foi alcanccedilada

satisfatoriamente O sucesso dos planos de manejo florestal depende principalmente da

sustentabilidade ecoloacutegica da produccedilatildeo da madeira que requer informaccedilotildees sobre taxas

de crescimento das espeacutecies comerciais (Boot amp Gullison 1995 Brienen amp Zuidema

2006) os quais ainda natildeo satildeo utilizados com frequumlecircncia em florestas tropicais

Schoumlngart (2008) desenvolveu um novo sistema de manejo sustentaacutevel da

madeira de florestas alagaacuteveis de vaacuterzea da Amazocircnia Central (GOL ndash Growth

Orientated Logging) o qual leva em consideraccedilatildeo as diferenccedilas na histoacuteria de

crescimento de espeacutecies comerciais com base em suas taxas de crescimento arboacutereo a

partir da anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira Isto representa um importante passo em

direccedilatildeo a sustentabilidade do manejo florestal praticado em florestas tropicais

Atualmente normas de exploraccedilatildeo da madeira em regiotildees tropicais as quais

estabelecem diacircmetro limite de derrubada e ciclos de corte para os sistemas de manejo

de florestas natildeo possuem nenhuma base cientiacutefica e natildeo levam em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas nas estrateacutegias de crescimento e estabelecimento bem como as

especificidades de cada regiatildeo a ser explorada Estes fatos levaram a quase eliminaccedilatildeo

de espeacutecies como C pentandra e Calophyllum brasiliense dos mercados regionais e

46

locais na Amazocircnia Ocidental Estas foram substituiacutedas por H crepitans e O

cymbarum duas espeacutecies atualmente exploradas comercialmente na regiatildeo do Meacutedio

Solimotildees (Worbes et al 2001)

Se as atuais praacuteticas de manejo florestal persistirem H crepitans e O cymbarum

poderatildeo ter o mesmo destino que C pentandra e C brasiliense Hura e Ocotea podem

desaparecer dos mercados madeireiros e novamente ocorrer a substituiccedilatildeo destas por

outras espeacutecies ainda pouco exploradas que por sua vez sofreratildeo as pressotildees de uma

extraccedilatildeo madeireira insustentaacutevel o que pode ter seacuterias consequumlecircncias ecoloacutegicas

como a perda dos recursos geneacuteticos degradaccedilatildeo da floresta quebra de cadeias

alimentares para insetos peixes mamiacuteferos etc

A extraccedilatildeo de C odorata eacute um outro exemplo de como de atual manejo de

florestas de vaacuterzea natildeo eacute adequado Esta espeacutecie foi intensamente explorada na RDSM

a ponto de reduzir drasticamente seus estoques de madeira (Ayres 1993 Pinedo-

Vasquez et al 2001) e atualmente eacute considerada uma espeacutecie ameaccedilada e excluiacuteda

da extraccedilatildeo de madeira da RDSM

A recente modificaccedilatildeo de 11 de dezembro de 2006 (IN ndeg 5) do Coacutedigo Florestal

Brasileiro abre caminhos para modificaccedilotildees do manejo florestal aplicado atualmente na

Amazocircnia Brasileira O ciclo de corte no PMFS Pleno varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3ha Espeacutecies com baixa intensidade da madeira (menos

de 10 msup3 por ha) podem ter um ciclo de corte de 10 anos sendo que para florestas de

vaacuterzea a produccedilatildeo pode exceder 10 msup3 por ha poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3

aacutervores por ha

Levando-se em consideraccedilatildeo os dados de distribuiccedilatildeo diameacutetrica fornecidos pelo

Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM observa-se que a espeacutecie O cymbarum

47

apresentaram um padratildeo de distribuiccedilatildeo diameacutetrica do tipo J invertido apresentando

um decreacutescimo da densidade de aacutervores com o aumento do diacircmetro A distribuiccedilatildeo

diameacutetrica de O cymbarum se concentrou nas classes diameacutetricas de 20 a 100 cm

(Figura 10)

Foi possiacutevel encontrar indiviacuteduos na maioria das classes diameacutetricas em Hura

crepitans atingindo densidade maacutexima de 05 indiviacuteduos por ha na classe diameacutetrica de

110 cm A alta densidade de indiviacuteduos em classes diameacutetricas anteriores e posteriores

a classe de 50 cm e os altos valores de volume de madeira de H crepitans sugerem que

esta espeacutecie tem grande potencial para exploraccedilatildeo madeireira dentro da RDSM

Entretanto a derrubada de indiviacuteduos com diacircmetros nas classes entre 50 e 120 cm

permitidas por lei eacute problemaacutetica pois estaratildeo sendo extraiacutedas aacutervores que ainda natildeo

alcanccedilaram a sua produccedilatildeo oacutetima de madeira (Figura 8d)

Marinho (2008) ao analisar a estrutura populacional de espeacutecies como H

crepitans O cymbarum e S elata ocorrendo em florestas de vaacuterzea do setor Jarauaacute da

RDSM observou que estas espeacutecies apresentam baixa densidade de indiviacuteduos em

classes diameacutetricas acima de 50 cm (28 13 e 05 indha respectivamente) sendo

que Hura e Sterculia apresentam uma baixa taxa de estabelecimento visiacutevel pelo

pequeno nuacutemero de indiviacuteduos observados em classes diameacutetricas baixas

Os ciclos de corte entre 10 e 12 anos determinados para as espeacutecies neste

trabalho satildeo valores proacuteximos ao permitido pelas normas de manejo florestal da IN ndeg 5

(ciclo de corte de 10 anos) Entretanto aplicando-se um diacircmetro de derrubada limite

de 50 cm pode natildeo ser sustentaacutevel para espeacutecies como Sterculia e Cedrela

considerando-se a abundacircncia destas espeacutecies na regiatildeo Considerando-se a

48

abundacircncia de Hura e Ocotea o manejo pode ser sustentaacutevel se considerar os DMDs

determinados para cada espeacutecie neste estudo

igura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999

Inventaacuterio florestal de Mamirauaacute (1999 - 2000)

00

02

04

06

08

10

12

14

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

gt 2

Classes diameacutetricas (m)

Den

sida

de d

e aacuter

vore

s po

r ha

Sterculia elataHura crepitansOcotea cymbarumCedrela odorata

Fa 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM

49

Os resultados mostram que tanto Hura quanto Sterculia apresentaram taxas de

crescimento arboacutereo relativamente raacutepidas o que as torna espeacutecies potenciais para

recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e reflorestamento Jaacute Ocotea e Cedrela duas

espeacutecies de madeira densa apresentaram taxas mais lentas de crescimento arboacutereo

Ocotea eacute uma espeacutecie cuja madeira eacute frequumlentemente utilizada pelas

comunidades ribeirinhas na construccedilatildeo de casas moacuteveis e taacutebuas Cedrela eacute uma

espeacutecie bastante valorizada no mercado madeireiro chegando a custar R$ 12000m3

no ano de 2004 na regiatildeo do alto Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a) Isto faz com

que reflorestamentos com Cedrela venham a ser um importante caminho para o

enriquecimento dos estoques de madeira visando o aumento das populaccedilotildees desta

espeacutecie Atraveacutes de um manejo florestal sustentaacutevel comunidades ribeirinhas podem se

beneficiar com produtos madeireiros de alta qualidade e de valor comercial

Os efeitos positivos da liberaccedilatildeo do dossel sobre as taxas de incremento em

diacircmetro observados em espeacutecies de madeira densa (Kammesheidt et al 2003)

indicam que as taxas de crescimento arboacutereo encontradas em Cedrela poderiam ser

aceleradas atraveacutes de aplicaccedilatildeo deste tipo de tratamento silvicultural Entretanto devem

ser realizados mais estudos a respeito das estrateacutegias de regeneraccedilatildeo da espeacutecie

dentro da reserva

Os resultados indicam que um ciclo de corte de 25 anos eacute inadequado para

execuccedilatildeo de manejo florestal sustentaacutevel das quatro espeacutecies estudadas Todas

apresentaram ciclos de corte inferiores (entre 10 e 12 anos) ao valor exigido por lei

indicando que estes recursos madeireiros natildeo estatildeo sendo manejados eficazmente A

IN no 5 permite a aplicaccedilatildeo de ciclo de corte inicial de 10 anos com volume maacuteximo de

10 msup3ha ou mais com retirada de apenas 3 aacutervores por ha para manejos de baixa

50

intensidade Com isso eacute possiacutevel manejar de forma mais adequada os estoques de

Ocotea e Hura aplicando ciclos de corte de 12 e 10 anos respectivamente utilizando

contudo os DMDs aqui determinados para manejo florestal mais especiacutefico garantindo

assim a sustentabilidade do uso da madeira destas espeacutecies dentro da reserva

Todavia eacute necessaacuteria a garantia de que ao retirar aacutervores de determinada espeacutecie em

dado local seja feito estabelecimento de indiviacuteduos de mesma espeacutecie

A distribuiccedilatildeo diameacutetrica de Hura mostra ampla distribuiccedilatildeo de aacutervores na

maioria das classes diameacutetricas Contudo o modelo de crescimento da espeacutecie mostra

que em classes diameacutetricas entre 50 e 130 cm natildeo foi atingida produccedilatildeo maacutexima de

madeira Neste sentido ao retirar aacutervores com diacircmetros acima de 130 cm ainda

restaratildeo aacutervores suficientes nas classes inferiores para garantir renovaccedilatildeo dos

estoques extraiacutedos as quais permitem a garantia de produccedilatildeo de diaacutesporos para a

regeneraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da produtividade maacutexima da espeacutecie otimizando a exploraccedilatildeo

da madeira de Hura

O mesmo deve valer para Ocotea e Sterculia Poreacutem a regeneraccedilatildeo destas

espeacutecies deve ser assegurada o que implica em execuccedilatildeo de estudos ecologia da

populaccedilatildeo particularmente de regeneraccedilatildeo e estabelecimento levando-se em

consideraccedilatildeo a influecircncia de fatores ambientais (solo clima disponibilidade de luz

inundaccedilatildeo etc)

51

64 Desafios futuros

Os resultados do presente trabalho mostram que o atual criteacuterio de manejo

florestal que estabelece ciclo de corte e diacircmetro limite para corte uacutenicos extraccedilatildeo de 5

aacutervores por ha natildeo se mostra eficaz na garantia de manutenccedilatildeo dos estoques de

madeira para exploraccedilotildees subsequumlentes o que torna estes criteacuterios inviaacuteveis para

conservaccedilatildeo da biodiversidade por meio de manejos florestais sustentaacuteveis em

florestas de vaacuterzea Aleacutem disso a ausecircncia de informaccedilotildees a respeito dos processos

que envolvem a dinacircmica e ecologia de florestas alagaacuteveis na elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo eacute um fator agravante na questatildeo da insustentabilidade da

exploraccedilatildeo dos recursos florestais em florestas de vaacuterzea

Ciclos de corte da madeira soacute possibilitam sustentabilidade se as espeacutecies

extraiacutedas conseguem se regenerar e estabelecer dentro da floresta garantindo

estoques de madeira para as proacuteximas extraccedilotildees Uma importante questatildeo eacute a

ausecircncia de dados baacutesicos de estrutura populacional e estabelecimento e regeneraccedilatildeo

de florestas tropicais para subsidiar planos de manejo florestal principalmente em

florestas de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia

Pesquisas tecircm sido feitas no sentido de investigar a influecircncia do pulso de

inundaccedilatildeo condiccedilotildees de luz suprimento de nutrientes e disponibilidade de aacutegua no

estabelecimento de sementes e placircntulas em aacutereas alagaacuteveis (Parolin 2001 Wittmann

amp Junk 2003 Ferreira et al 2005) Wittmann amp Junk (2003) enfatizam importacircncia de

novos estudos focando os processos de germinaccedilatildeo crescimento e taxa de

mortalidade de placircntulas de espeacutecies exploradas comercialmente e suas relaccedilotildees com

fatores do ambiente como luz e inundaccedilatildeo

52

Produtos florestais natildeo madeireiros tambeacutem devem ser levados em consideraccedilatildeo

na elaboraccedilatildeo de planos de manejo de florestas de vaacuterzea Diversos produtos tais

como resinas oacuteleos frutos fibras tecircxteis taninos e produtos medicinais satildeo extraiacutedos

de espeacutecies encontradas nas florestas de vaacuterzea (Wittmann et al 2006b) o que

demonstra o alto potencial destas florestas para este tipo de exploraccedilatildeo dos recursos

Novos modelos de exploraccedilatildeo madeireira que levam em consideraccedilatildeo o

crescimento e idade das aacutervores estatildeo sendo criados (Schoumlngart et al 2003 Brienen

amp Zuidema 2006 Schoumlngart 2007 2008) Mas o desafio de converter dados de

pesquisas cientiacuteficas em poliacuteticas puacuteblicas ainda eacute grande O caminho ainda eacute longo e

espera-se que a partir desta mudanccedila da IN ndeg de 2006 o qual permite a alteraccedilatildeo do

diacircmtro limite de corte e ciclo de corte atualmente requeridos para o manejo florestal

com base em pesquisas cientiacuteficas abra portas para a elaboraccedilatildeo de manejos

florestais especiacuteficos e sustentaacuteveis e consequumlentemente possibilitem que o quadro de

exploraccedilatildeo da madeira venha a se modificar com o tempo nas florestas alagaacuteveis da

Amazocircnia brasileira

7 CONCLUSOtildeES

As quatro espeacutecies estudadas apresentam diferenccedilas nas taxas de crescimento

arboacutereo Isto implica que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico de

derrubada e ciclo de corte para estas espeacutecies natildeo garantem a manutenccedilatildeo dos

estoques de madeira na floresta e portanto natildeo satildeo sustentaacuteveis

O DMD sugerido para Hura eacute de 130 cm quando a espeacutecie atinge sua produccedilatildeo

oacutetima de madeira possibilitando o aproveitamento maacuteximo do recurso bem como a

53

permanecircncia de indiviacuteduos em idade reprodutiva e consequumlente reposiccedilatildeo dos

estoques desta espeacutecie

Os resultados mostram que para C odorata uma espeacutecie com baixa densidade

de indiviacuteduos na reserva o DMD encontrado foi inferior a 50 cm (3760 cm) o que

demonstra a necessidade de aplicaccedilatildeo de tratamentos de enriquecimento de indiviacuteduos

para reposiccedilatildeo dos estoques para futuras exploraccedilotildees

Para O cymbarum e S elata DMDs sugeridos satildeo de 53 e 56 cm

respectivamente dentro do diacircmetro limite estabelecido por lei No entanto a baixa

densidade de indiviacuteduos encontrada em S elata indica tambeacutem a importacircncia de

aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais de enriquecimento para esta espeacutecie atingir

niacuteveis manejaacuteveis de seus estoques madeireiros

Os ciclos de corte variaram entre 10 anos para as espeacutecies de madeira branca e

12 anos para as espeacutecies de madeira pesada Entretanto deve ser ressaltada a

importacircncia do uso de DMD aqui sugeridos para cada espeacutecie objetivando a garantia da

manutenccedilatildeo dos estoques das mesmas

A dendrocronologia se mostrou uma ferramenta bastante uacutetil na aplicaccedilatildeo de

modelos de crescimento arboacutereo com intuito de contribuir para elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo florestal que suportam maior sustentabilidade do uso dos

recursos florestais Contudo maiores estudos para compreensatildeo da estrutura das

populaccedilotildees crescimento e reproduccedilatildeo das espeacutecies madeireiras de florestas de vaacuterzea

devem ser realizados

54

8 REFEREcircNCIAS

Achard F Eva HD Stibig Hans-Juumlrgen Mayaux P Gallego J Richards T

Malingreau Jean-Paul 2002 Determination of Deforestation Rates of the Worlds

Humid Tropical Forests Science 297(5583) 999 ndash 1002

Alencar A Nepstad D McGrath D Moutinho P Pacheco P Del Carmen M Diaz

V Soares ndash Filho BS 2004 Desmatamento na Amazocircnia indo aleacutem da

emergecircncia crocircnica Ipamhttpwwwipamorgbrpublicacoeslivrosresumo_des

matamentophp

Albernaz AL amp Ayres JM 1999 Selective Logging along the Middle Solimotildees River

In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash

Diversity Development and Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains

New York NYBG Press

Amaral P amp Amaral MN 2000 Manejo florestal comunitaacuterio na Amazocircnia brasileira

situaccedilatildeo atual desafios e perspectivas Brasiacutelia DF Instituto Internacional de

Educaccedilatildeo do Brasil (IIEB) 58 pp

Anderson A Mousasticoshvily I Macedo D 1999 Logging of Virola surinamensis in

the Amazon Floodplain Impacts and alternatives In Padoch C Ayres J M

Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and

Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Asner GP Knapp DE Broadbent EN Oliveira PJC Keller M Silva JNM

2005 Selective logging in the Brazilian Amazon Science 310 480 ndash 482

Ayres JM 1993 As matas de vaacuterzea do Mamirauaacute MCTCNPqSociedade Civil

Mamirauaacute Brasiacutelia Distrito Federal 123 pp

Barreto P Amaral P Vidal E Uhl C 1998 Costs and benefits of forest

management for timber production in eastern Amazonia Forest Ecology and

Management 108 (1ndash2) 9 ndash 26

Barros AC amp Uhl C 1995 Logging along the Amazon River and estuary Patterns

problems and potential Forest Ecology and Management 77 87ndash105

Barros AC amp Uhl C 1999 The economic and social significance of logging operations

on the Floodplains of the Amazon estuary and prospects for ecological

55

sustainability In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A

(eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and Conservation of Amazonias

Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Boltz F Carter DR Holmes TP Pereira RJr 2001 Financial returns under

uncertainty for conventional and reduced impact logging in permanent production

forests of the Brazilian Amazon Ecological Economics 39 387 ndash 398

Borchert R Rivera G Hagnauer W 2002 Modification of vegetative phenology in a

tropical semideciduous forest by abnormal drought and rain Biotropica 34 27 ndash

39

Bormann FH amp Berlyn G 1981 Age and growth rate of tropical trees new directions

for research Yale University School of Forestry and Environmental Studies

Bulletin New Haven

Boot RGA amp Gullison RE 1995 Aprporaches to developing sustainable extraction

systems for tropical forest products Ecological Applications 5(4) 896 ndash 903

Brienen RJW amp Zuidema PA 2005 Relating tree growth to rainfall in Bolivian rain

forests a test for six species using tree ring analysis Oecologia 146(1) 1 ndash 12

Brienen RJW amp Zuidema PA 2006 Lifetime growth patterns and ages of Bolivian

rain forest trees obtained by tree ring analysis Journal of Ecology 94 481 ndash 493

Brienen RJW amp Zuidema PA 2007 Incorporating persistent tree growth differences

increases estimates of tropical timber yield The Ecological Society of America

Frontiers in Ecology and the Environment 5(6) 302 ndash 306

Cannell MGR 1984 Woody biomass of forest stands Forest Ecology and

Management 8 (3 ndash 4) 299 ndash 312

Carvalho G Barros AC Moutinho P Nepstad D 2001 Sensitive Development

Could Protect Amazonia Instead of Destroying It Nature 409 131

Chave J Andalo C Brown S Cairns MA Chambers JQ Eamus D Foumllster H

Fromard F Higuchi N Kira T Lescure J-P Nelson BW Ogawa H Puig

H Rieacutera B Yamakura T 2005 Tree allometry and improved estimation of

carbon stocks and balance in tropical forests Oecologia 145 87 ndash 99

Chambers JQ Higuchi N Schimel JP 1998 Ancient trees in Amazonia Nature 39

135 ndash 136

56

Cintron BB 1990 Cedrela odorata L Cedro hembra Spanish cedar In Burns RM

Honkala BH (eds) Silvics of North America 2 Hardwoods Agric Handb

Washington DC US Department of Agriculture Forest Service 654 250 ndash 257

Clark DB amp Clark DA 1996 Abundance growth and mortality of very large trees in

neotropical lowland rain forest Forest Ecology and Management 80 235 ndash 244

Clark DA Clark DB 2001 Getting to the canopy Tree height growth in a neotropical

rain forest Ecology 82 1460 ndash 1472

Condit R 1995 Research in large long-term tropical forest plots Tree 10 18 ndash 22

Condit R Hubbel SP Foster RB 1995 Demography and harvest potential of Latin

American timber species data from a large permanent plot in Panama Journal of

Tropical Forest Science 7 599 ndash 622

De Graaf NN Filius AM Huesca Santos AR 2003 Financial analysis of sustained

forest management for timber Perspectives for application of the CELOS

management system in Brazilian Amazonia Forest Ecology and Management

177 287 ndash 299

Denevan WM 1976 The aboriginal population of Amazonia In Denevan W M (ed)

The native population of the Americas in 1492 The University of Wisconsin Press

205 ndash 234

De Simone O Junk WJ Schmidt W 2003 Central Amazon Floodplain Forests Root

Adaptations to Prolonged Flooding Russian Journal of Plant Physiology 50(6)

848 ndash 855

Dezzeo N Worbes M Ishii I Herrera R 2003 Growth rings analysis of four tropical

tree species in seasonally flooded forest of the Mapire River a tributary of the

lower Orinoko River Venezuela Plant Ecology 168 165 ndash 175

Duumlnisch O Montoia VR Bauch J 2003 Dendroecological investigations on

Swietenia macrophylla King and Cedrela odorata L (Meliaceae) in the Central

Amazon Trees ndash Struct Funct 17 244 ndash 250

Dykstra JA amp Heinrich R 1996 FAO model code of forest harvesting practice Food

and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) Rome Italy

Eckstein D Sass U Baas P 1995 Growth periodicity in tropical trees IAWA Journal

16 325 ndash 442

57

Enquist BJ Leffler AJ 2001 Long-term tree ring chronologies from sympatric tropical

dry-forest trees individualistic responses to climatic variation Journal of Tropical

Ecology 17 41 ndash 60

Enright NJ Hartshorn GS 1981 The demography of tree species in undisturbed

tropical rainforest In Bormann FH Berlyn G (eds) Age and growth rate of

tropical trees new directions for research Yale University School of Forestry and

Environmental Studies 94 107 ndash 119

Fearnside PM 1999 Biodiversity as an environmental service in Brazilacutes Amazonian

forests risks value and conservation Environmental Conservation 26 305 ndash 321

Ferreira LV 1991 O efeito do periacuteodo de inundaccedilatildeo na zonaccedilatildeo de comunidades

fenologia e regeneraccedilatildeo em uma floresta de Igapoacute na Amazocircnia Central Masterrsquos

Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 161 pp

Fichtler E Clark DA Worbes M 2003 Age and long-term growth of trees in an old-

growth tropical rain forest based on analyses of tree rings and C-14 Biotropica

35 306 ndash 317

Fichtler E Trouet V Beeckman H Coppin P Worbes M 2004 Climatic signals in

tree rings of Burkea africana and Pterocarpus angolensis form semiarid forests in

Namibia Trees 18 442 ndash 451

Francis J K 1990 Hura crepitans L Sandbox molinillo jabillo In SO-ITF-SM-38 New

Orleans LA US Department of Agriculture Forest Service Southern Forest

Experiment Station 270 ndash 274

Fritts HC 1976 Tree rings and climate London - Academic Press 567 pp

Furch K 1984 Water chemistry of the Amazon Basin The distribution of chemical

elements among freshwaters In Sioli H (ed) The Amazon Limnology and

Landscape Ecology of a Mighty Tropical River and its Basin Junk Publishers

Dordrecht 176 ndash 200

Furch K 1997 Chemistry of Vaacuterzea and Igapoacute soils and nutrient inventory of their

floodplain forests In Junk WJ (ed) The Central Amazon Floodplains Ecology of

a Pulsing System Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 47 ndash 67

58

Gama JRV Bentes ndash Gama M de Matos Scolforo JRS 2005 Sustainable

management for floodplain forest in eastern Amazonian Rev Aacutervore 29(5) 719 ndash

729

Gerwing JJ 2002 Degradation of forests through logging and fire in the eastern

Brazilian Amazon Forest Ecology and Management 157 131 ndash 141

Gourlay ID 1995 The definition of seasonal growth zones in some African Acacia

species ndash A review IAWA Journal 16 353 ndash 359

Hartshorn GS 1995 Ecological basis for sustainable development in tropical forests

Annual Review of Ecology and Systematics 26 155 ndash 175

Higuchi N Hummel AC Freias JV Malinowski JRE Stokes R 1994

Exploraccedilatildeo florestal nas vaacuterzeas do Estado do amazonas seleccedilatildeo de aacutervore

derrubada e transporte Proceedings of the VII Harvesting and Transportation of

timber Products IUFROUFPR Curitiba Brasil 168 ndash 193

Holmes TP Blate GM Zweede JC Pereira R Barreto P Boltz F Bauch R

2002 Financial and ecological indicators of reduced impact logging performance in

the eastern Amazon Forest Ecology and Management 163 93 ndash 110

IBGE 2000 Censo Demograacutefico 2000 Resultados Preliminares Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Rio de Janeiro 172 pp

Irion G Junk WJ Mello JASN 1997 The large Central Amazonian river floodplain

near Manaus geological climatological hydrological and geomorphological

aspects In the Central Amazonian Floodplains Ecology of a Pulsing System

Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 23 ndash 46 Johns JS Baretto P Uhl C 1996 Logging damage during planned and unplanned

logging operations in the eastern Amazon Forest Ecology and Management 89

59 ndash 77

Junk WJ 1989 Flood tolerance and tree distribution in Central Amazonian floodplains

In Nielsen LB Nielsen IC Baisley H (eds) Tropical Forests Botanical

Dynamics Speciation and Diversity Academic Press London 47 ndash 64

Junk WJ Bayley PB Sparks RE 1989 The flood pulse concept in foodplain

systems In Dodge DP (eds) Proceedings of the International Large River

Symposium Cen Spec Publ Fish Aquat Sci 106 110 ndash 127

59

Junk WJ amp Piedade MTF 1997 Plant life in the floodplain with special reference to

herbaceous plants In The central Amazon Floodplain Ecology of a Pulsing

system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 147 ndash 185

Kammescheidt L Gagang AA Schwarzwaller W Weidelt H 2003 Growth patterns

of dipterocarps in treated and untreated plots Forest Ecology and Management

174 437 ndash 445

Kubitzki K amp Zibursk A 1994 Seed dispersal in flood plain forests of Amazonia

Biotropica 26(1) 30 ndash 43

Lambin EF Geist HJ Lepers E 2003 Dynamics of land-use and land-cover change

in tropical regions Annual Review of Environment and Resources 28 205 ndash 41

Lamprecht H 1989 Silviculture in the tropics tropical forest ecosystems and their tree

species - possibilities and methods for their long-term utilization GTZ Eschborn

Laurance WF Nascimento HEM Laurance SG Condit R DAngelo S

Andrade A 2004 Inferred longevity of Amazonian rainforest trees based on a

long-term demographic study Forest Ecology and Management 190 131 ndash 143

Lieberman D Lieberman M Hartshorn G Peralta R 1895 Growth rates and age-

size relationships of Tropical Wet Forest trees in Costa Rica

Journal of Tropical Ecology 1(2) 97 ndash 109

Lima JRA amp Santos Joaquim dos Higuchi N 2005 Situaccedilatildeo das induacutestrias

madeireiras do Estado do Amazonas em 2000 Acta Amazonica 35(2) 125 ndash 132

Loureiro AA amp Silva MF da 1968 Cataacutelogo das madeiras da Amazocircnia Beleacutem

INPA 1 ndash 2

Margulis S 2003 Causas do desmatamento da Amazocircnia brasileira Brasiacutelia Banco

Mundial 100 pp

Marinho TA da S 2008 Distribuiccedilatildeo e estrutura da populaccedilatildeo de quatro espeacutecies

madeirerias em uma floresta sazonalmente alagaacutevel na Reserva de

desenvolvimento sustentaacutevel Mamirauaacute Amazocircnia Central Masterrsquos Thesis

Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 71 pp

Marques CA 2001 Importacircncia econocircmica da famiacutelia Lauraceae Lindl Floresta e

Ambiente 8(1) 195 ndash 206

60

Martini A Arauacutejo R N Uhl C 1998 Espeacutecies de Aacutervores Potencialmente

Ameaccediladas pela Atividade Madeireira na Amazocircnia Imazon Beleacutem Brazil Seacuterie

Amazocircnia Ndeg 11

Nebel G amp Kvist LP 2001 A review of Peruvian flood plain forests ecosystems

inhabitants and resource use Forest Ecology and Management 150 3 ndash 26

Nebel G Dragsted J Simonsen TR Vanclay JK 2001 The Amazon floodplain

forest tree Maquira coriacea (Karsten) CC Berg Aspects of ecology and

management Forest Ecology and Management 150 103 ndash 113

Nebel G amp Meilby H 2005 Growth and population structure of timber species in

Peruvian Amazon flood plains Forest Ecology and Management 215 1 ndash 3

Nepstad D Carvalho G Barros AC Alencar A Capobianco J Bishop J

Moutinho P Lefebvre P Silva U 2001 Road Paving Fire Regime Feedbacks

and the Future of Amazon Forests Forest Ecology and Management 5524 1 ndash 13

Nutto L Watzlawick LF 2002 Relaccedilotildees entre fatores climaacuteticos e incremento em

diacircmetro de Zanthoxylum rhoifolia Lam e Zanthoxylum hyemale St Hil Na regiatildeo

de Santa Maria RS Embrapa Florestas Bol Pesq Fl Colombo PR 45 41 ndash 55 Ohly JJ 2000 Development of central Amazonia in the modern era In Junk WJ

Ohly JJ Piedade MTF Soares MGM (eds) The Central Amazon

Floodplain Actual Use and Options for Sustainable Management Backhuys

Publisher Leiden 75 ndash 94

Parolin P 2001 Morphological and physiological adjustments to waterlogging and

drought in seedlings of Amazonian floodplain trees Oecologia 128 326-335

Parolin P 2002 Bosques inundados en la Amazonia Central Su aprovechamiento

actual y potencial Ecologia Aplicada 1(1) 111 ndash 114

Parolin P De Simone O Haase K Waldhoff D Rottenberger S Kuhn U

Kesselmeier J Kleiss B Schmidt W Piedade MTF Junk WJ 2004 Central

Amazonian floodplain forests tree adaptations in a pulsing system The Botanical

Review 70(3) 357 ndash 380

Piedade MTF Junk WJ Parolin P 2000 The flood pulse and photosynthetic

response of tree in a white water floodplain (Vaacuterzea) of Central Amazon Brazil

Verhandlungen der Internationalen Vereinigung fuumlr Limnologie 27 1734 ndash 1739

61

Piedade MTF 1985 Ecologia e biologia reprodutiva de Astrocaryum jauari Mart

(Palmae) como exemplo de populaccedilatildeo adaptada agraves aacutereas inundaacuteveis do Rio Negro

(igapoacutes) Masterrsquos Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo

Universidade do Amazonas Manaus Amazonas 188 pp

Piedade MTF Junk WJ Adis J Parolin P 2005 Ecologia zonaccedilatildeo e colonizaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo arboacuterea das Ilhas Anavilhanas Pesquisas Botacircnica 56 117 ndash 143

Pinedo-Vasquez M Zarin DJ Coffey K Padoch C Rabelo F 2001 Post-boom

logging in Amazonia Human Ecology 29 219ndash239

Prance GT 1980 A terminologia dos tipos de florestas Amazocircnicas sujeitos agrave

inundaccedilatildeo Acta Amazonica 10 495 ndash 504

Prance GT 1989 American Tropical Forests In Lieth H Weger MJA (eds)

Tropical Rain Forest Ecossistems Ecossistems of the World Elsevier Amsterdam

14 99 ndash 132

Putz FE Blate GM Redford KH Fimbel R Robinson J 2001 Tropical forest

management and conservation of biodiversity an overview Conservation Biology

15 7ndash20

Queiroz H 2005 A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute Estudos

Avanccedilados 19(54) 183 ndash 203

Revilla JDC 1981 Aspectos floriacutesticos e fitossocioloacutegicos da floresta inundaacutevel

(igapoacute) Praia Grande Rio Negro Amazonas Brasil Masterrsquos Thesis Instituto

Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do Amazonas

Manaus Amazonas 129 pp

Ribeiro RNS Tourinho MM Santana AC 2004 Avaliaccedilatildeo da sustentabilidade

agroambiental de unidades produtivas agroflorestais em Vaacuterzeas fluacutevio marinhas

de Cametaacute - Paraacute Acta Amazonica 34(3) 359 ndash 374

Roig FA 2000 Dendrocronologiacutea en los bosques del Neotroacutepicos revisioacuten y

prospeccioacuten futura In Dendrocronologiacutea en america Latina Roig F A (ed)

Mendoza EDIUNC 307 ndash 355

Sass U Killmann W Eckstein D 1995 Wood formation in two species of

dipterocarpaceae in Peninsular Malaysia IAWA Journal 16 371 ndash 384

62

Schoumlngart J 2003 Dendrochronologische Untersuchungen in

Uumlberschwemmungswaumlldern der vaacuterzea Zentralamazoniens PhD Thesis Fakultaumlt

fuumlr Forstwissenschaften und Waldoumlkologie Universitaumlt Goumlttingen 223 pp

Schoumlngart J 2008 GrowthndashOrientated Logging (GOL) A new concept towards

sustainable forest management in Central Amazonian vaacuterzea floodplains Forest

Ecology and Management (Aceito)

Schoumlngart J Piedade MTF Ludwigshausen S Horna V Worbes M 2002

Phenology and stem-growth periodicity of tree species in Amazonian floodplain

forests Journal of Tropical Ecology 18 581 ndash 597

Schoumlngart J Piedade MTF Worbes M 2003 Successional differentiation in

structure floristic composition and wood increment of whitewater Floodplain

Forests in Central Amazonia German-Brazilian Workshop on Neotropical

Ecosystems ndash Achievements and Prospects of Cooperative Research Hamburg 3

ndash 8

Schoumlngart J Junk WJ Piedade MTF Ayres JM Huumlttermann A Worbes M

2004 Teleconnection between tree growth in the Amazonian floodplains and the El

Nintildeo-Southern Oscillation effect Global Change Biology 10 683 ndash 692

Schoumlngart J Piedade MTF Wittmann F Junk WJ Worbes M 2005 Wood

growth patterns of Macrolobium acaciifolium (Benth) (Fabaceae) in Amazonian

black-water and white-water Floodplain Forests Oecologia 145 454 ndash 461

Schoumlngart J Orthmann B Hennenberg KJ Porembski S Worbes M 2006

Climate ndash growth relationships of tropical tree species in West Africa and their

potential for climate reconstruction Global Change Biology 12 1139 ndash 1150

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M Piedade MTF Krambeck H-J Junk WJ

2007 Management criteria for Ficus insipida Willd (Moraceae) in Amazonian white

ndash water floodplain forests defined by tree ndash rings analysis Annals of Forest

Science 64 657 ndash 664 Schoumlngart J Rocha RM Queiroz HL 2008a Traditional timber extraction in the

central Amazonian floodplains In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

63

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M 2008b Biomass and net primary production of

central Amazonian floodplain forests In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-Verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Swaine MD Whitmore TC 1988 On the definition of ecological species groups in

tropical rain forests Vegetatio 75 81 ndash 86

Schwartz MW Caro TM Banda-Sakala T 2002 Assessing the sustainability of

harvest of Pterocarpus angolensis in Rukwa Region Tanzania Forest Ecology and

Management 170 259 ndash 269

Schweingruber FH 1988 Tree rings Reidel Dordrecht 276 pp

Sioli H amp Klinge H 1962 Solos tipos de vegetaccedilatildeo e aacuteguas na Amazocircnia Boletim

Museu Paraense Emilio Goeldi 1 27 ndash 41

Sioli H 1984 Former and recent utilizations of Amazonia and their impact on the

environment In The Amazon Sioli H (ed) Junk Publishers Dordrecht 675 ndash

706

Sioli H 1991 Amazocircnia Fundamentos da ecologia da maior regiatildeo de florestas

tropicais Editora Vozes Petroacutepolis Rio de Janeiro 3 ed 71 pp

Sociedade Civiacutel Mamirauaacute 1996 Mamirauaacute Management Plan (summarized version)

Brasiacutelia SCM CNPqMCT

Sokpon N amp Biaou SH 2002 The use of diameter distributions in sustained-use

management of remnant forests in Benin case of Bassila forest reserve in North

Benin Forest Ecology and Management 161 13 ndash 25

Sombroek WG 1979 Soils of the Amazon region and their ecological stability ISM

Annual Report 13 ndash 27

Smeraldi R 2003 Legalidade predatoacuteria ndash o novo contexto da exploraccedilatildeo madeireira

na Amazocircnia In MACQUEEN DJ (ed) Exportando sem crises a induacutestria de

madeira tropical brasileira e os mercados internacionais IIED Small and Medium

64

Enterprise Series London International Institute for Environment and

Development 1 37 ndash 52

Spiecker H 2002 Tree rings and forest management in Europe Dendrochronologia

20(1-2) 191 ndash 202

Stadtler EWC 2007 Estimativas de biomassa lenhosa estoque e sequumlestro de

carbono acima do solo ao longo do gradiente de inundaccedilatildeo em uma floresta de

igapoacute alagada por aacutegua preta na Amazocircnia Central MSc thesis INPAUFAM

Manaus BrazilStahle DW 1999 Useful strategies for the development of tropical

tree-ring chronologies IAWA Journal 20 249 ndash 253

Takeuchi M 1962 The structure of the amazonian vegetation VI Igapoacute Journal of the

Faculty Science University of Tokyo 8(4 ndash 7) 297-304

Ter Steege H Pitman N Sabatier D Castellanos H Vander Hout P Daly DC

Silveira M Phillips OL Vasquez R Van Andel T Duivenvoorden J De

Oliveira AA Ek R Lilwah R Thomas R Van Essen J Baider C Maas P

Mori S Terborgh J Nueacutez PV Mogolloacute n H Morawetz W 2003 A spatial

model of tree adiversity and b-density for the Amazon Region Biodiversityand

Conservation 12 2255 ndash 2277

Therrell MD Stahle DW Ries LP Shugart HH 2006 Tree-ring reconstructed

rainfall variability in Zimbabwe Climate Dynamics 26 677 ndash 685

Uhl C Barreto P Verissiacutemo A Vidal E Amaral P Barros AC Souza C Johns

J Gerwing J 1997 Natural Resource Management in the Brazilian Amazon

Bioscience 47(3) 160 ndash 168

Vidal E Viana VM Batista JLF 2002 Crescimento de floresta tropical trecircs anos

apoacutes colheita de madeira com e sem manejo florestal na Amazocircnia oriental

Scientia forestalis 61133-143

Waldholff D Junk WJ Furch B 1998 Responses of three Central Amazonian tree

species to drought and flooding under controlled conditions International Journal of

Ecological and Environments Sciences 24 237 ndash 252

Wittmann F amp Parolin P 1999 Phenology of six tree species from Central Amazonian

Vaacuterzea Ecotropica 5 51 ndash 57

65

Wittmann F Anhuf D Junk WJ 2002 Tree species distribution and community

structure of central Amazonian Vaacuterzea forests by remote-sensing techniques

Journal of Tropical Ecology 18 805 ndash 820

Wittmann F amp Junk WJ 2003 Sapling communities in Amazonian white-water forests

Journal of Biogeography 30(10) 1533 ndash 1544

Wittmann F Junk WJ Piedade MTF 2004 The Vaacuterzea forests in Amazonia

flooding and the highly dynamic geomorphology interact with natural forest

succession Forest Ecology and Management 196 199 ndash212

Wittmann F Schoumlngart J Montero JC Motzer T Junk WJ Piedade MTF

Queiroz HL Worbes M 2006a Tree species composition and diversity gradients

in white-water forests across the Amazon Basin Journal of Biogeography 33 1334

ndash 1347

Wittmann F Schoumlngart J Brito JM Oliveira Wittmann A Piedade MTF Parolin

P Junk WJ Guillaumet JL 2006b Manual of trees from Central Amazonian

vaacuterzea floodplains Taxonomy ecology and use Ed Valer (no prelo)

Whitmore TC 1990 An introduction to tropical rain forests Oxford University Press

New York

Worbes M 1985 Structural and other adaptations to long-term flooding by in Central

Amazonia Amazoniana 9 459 ndash 484

Worbes M 1989 Growth rings increment and age of trees in inundation forest

savannas and mountain forest in the neotropics IAWA Bulletin 10(2) 109 ndash 122

Worbes M 1995 How to measure growth dynamics in tropical trees mdash a review IAWA

Journal 16 337ndash 351

Worbes M 1997 The forest ecosystem of the floodplains In The central Amazon

Floodplain Ecology of a Pulsing system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg

New York 223 ndash 266

Worbes M 1999 Annual grow rings rainfall-dependent growth and long-term grgrowth

patterns of tropical trees from the Caparo Forest Reserve in Venezuela Journal of

Ecology 87 391 ndash 403

Worbes M 2002 One hundred years of tree-ring research in the tropics ndash a brief history

and an outlook to future challenges Dendrochronologia 20(1 ndash 2) 217 ndash 231

66

Worbes M amp Junk WJ 1999 How old are the trees The persistence of a myth

IAWA Journal 20(3) 255 ndash 260

Worbes M Kingle H Revilla JD Martius C 1992 On the dynamics floristic

subdivision and geographical distribuition of Vaacuterzea forests in Central Amazonia

Journal of Vegetation Science 3 553 ndash 569

Worbes M Piedade MTF Schoumlngart J 2001 Holzwirtschaft im Mamirauaacute-Projekt

zur nachhaltigen Entwicklung einer Region im Uumlberschwemmungsbereich des

Amazonas Forstarchiv 72 188 ndash 200

Worbes M Staschel R Roloff A Junk WJ 2003 The ring analysis reveals age

structure dynamics and wood production of a natural forest stand in Cameroon

Forest Ecology and Management 173 105ndash123

67

Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )

Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo

Page 3: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE

Sejana Artiaga Rosa

MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPEacuteCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE VAacuteRZEA DA AMAZOcircNIA CENTRAL POR MEIO DE MEacuteTODOS

DENDROCRONOLOacuteGICOS

Orientador Dr Jochen Schoumlngart

Dissertaccedilatildeo apresentada agrave coordenaccedilatildeo do Programa de Poacutes ndash Graduaccedilatildeo em Biologia Tropical e Recursos Naturais do convecircnio INPAUFAM como parte dos requisitos para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS aacuterea de concentraccedilatildeo em BOTAcircNICA

Manaus ndash AM

Fevereiro 2008

ii

R788 Rosa Sejana Artiaga Modelos de crescimento de quatro espeacutecies madeireiras de floresta de vaacuterzea da Amazocircnica Central Sejana Artiaga Rosa --- Manaus [sn] 2008 76f il Dissertaccedilatildeo (mestrado) --- INPAUFAM Manaus 2008 Orientador Jochen Schoumlngart Aacuterea de concentraccedilatildeo Botacircnica 1 Dendrocronologia 2 Crescimento arboacutereo 3 Manejo florestal I Tiacutetulo CDD 19 ed 6349285

Estudou-se a dinacircmica de crescimento arboacutereo de quatro espeacutecies madeireiras de floresta de vaacuterzea na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute por meio de anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira para subsidiar planos de manejo florestal Palavras-chave Dendrocronologia aneacuteis de crescimento florestas de vaacuterzea manejo florestal

Sinopse

iii

Agradecimentos

Agradeccedilo ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ao Programa

Integrado de Poacutes ndash Graduaccedilatildeo em Biologia Tropical e Recursos Naturais INPAUFAM e

agrave Coordenaccedilatildeo do curso de Botacircnica pelo apoio acadecircmico e infra ndash estrutura obtida

para a realizaccedilatildeo do curso de Poacutes ndash graduaccedilatildeo em Botacircnica

Agrave Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior ndash Capes pela

bolsa de estudo concedida durante o curso de Poacutes ndash Graduaccedilatildeo

Ao convecircnio INPAMax-Planck pelo apoio financeiro e estrutural oferecido Ao

Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute pela estrutura fiacutesica disponibilizada

para a realizaccedilatildeo das coletas de campo Aos mateiros Jackson e Zeacute Pretinho aos

barqueiros Maacuterio e Agenor e agrave cozinheira dona Lene os quais foram de fundamental

para a execuccedilatildeo deste trabalho

Agradeccedilo especialmente ao meu orientador Dr Jochen Schoumlngart pelo apoio

cientiacutefico pela ajuda nos momentos difiacuteceis ensinamentos e amizade

Aos amigos que contribuiacuteram com meu aprendizado nesta etapa da vida

Agradeccedilo agravequeles que estatildeo longe Anamaria Luciana Mateus Ohana Wellington

Naacutergila Agradeccedilo principalmente agrave Mirelle que me ensinou o valor da amizade

verdadeira Aos amigos que fiz em Manaus durante o mestrado Liliane Ana Paula

Valdete Thaysa Carla Taciana Leila Serginho e Pena Aos alunos e amigos do

mestrado Maacuterio Terra Maacuterio Fernandes Andreacute e Rafael pelas dicas e apoio durante o

curso

Aos integrantes do Projeto INPAMax-Planck Tatiana Tereza Celso Luacutecia

Auristela Maria Astrid Edvaldo Wallace e Valdeney que de alguma forma contribuiacuteram

para o desenvolvimento deste projeto A Dra Maria Teresa Fernandez Piedade ao Dr

Florian Wittman e ao Dr Wolfgan Junk por serem fonte de inspiraccedilatildeo

Agrave minha matildee Oni Artiaga da Rosa e ao meu pai Pedro Boliacutevar Artiaga da Rosa

por tudo que sou e por tudo que tenho conquistado Aos irmatildeos Luiz Adriano Seacutergio

Renato Suyana e Suyara por tudo que tecircm feito por mim

iv

Resumo

A exploraccedilatildeo madeireira eacute uma importante atividade econocircmica em florestas alagaacuteveis de vaacuterzea da Amazocircnia Central No oeste da bacia Amazocircnica do Brasil e Peru o acesso a florestas de terra firme eacute restrita devido a ausecircncia de infra-estrutura de pavimentaccedilatildeo Cerca de 60 a 90 dos mercados regional e local satildeo provenientes de florestas alagaacuteveis Os custos da madeira em florestas alagaacuteveis satildeo mais baixos (US$ 673 mndash3) do que em florestas de terra firme (US$ 1432 mndash3) devido ao faacutecil acesso e ao baixo custo da exploraccedilatildeo Extraccedilatildeo de madeira eacute baseada em planos de manejo a utilizando-se ciclos de corte entre 25-35 anos e um diacircmetro limite de derrubada de 50 cm Anaacutelise de aneacuteis anuais (dendrocronologia) eacute uma poderosa ferramenta para determinar a idade das aacutervores e crescimento arboacutereo promovendo sistemas de manejo florestal sustentaacuteveis Este estudo teve como objetivo modelar padrotildees de crescimento de Hura crepitans L (Euphorbiaceae) Cedrela odorata L (Meliaceae) Ocotea cymbarum Mez (Lauraceae) and Sterculia elata Ducke (Malvaceae) espeacutecies de importacircncia comercial de vaacuterzea da Amazocircnia Central Baseados em padrotildees de crescimento especiacuteficos ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de derrubada satildeo estimados para subsidiar o desenvolvimento futuros de planos de manejo mais sustentaacuteveis na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute (RDSM) Para cada aacutervore foram selecionados 20 indiviacuteduos e feitas medidas do diacircmetro na altura do peito (DAP) com ge 10 cm e estimativas da altura das aacutervores Um total de 20 discos e 110 cilindros de 5 mm de diacircmetro foram coletados com broca dendrocronoloacutegica As amostras foram polidas em sequumlecircncia progressiva com lixas de papel e a estrutura anatocircmica da madeira foi descrita e analisada para a realizaccedilatildeo dos estudos dendrocronoloacutegicos As anaacutelises foram realizadas no Laboratoacuterio de Dendrocronologia do Projeto INPAMax-Planck em Manaus A determinaccedilatildeo da idade foi feita por contagem direta dos aneacuteis e taxas de incremento radial foram geradas por mediccedilotildees da largura dos aneacuteis com o sistema de anaacutelise digital com precisatildeo de 001 mm (LINTAB) Baseado nos dados da idade diacircmetro e altura das aacutervores modelos de crescimento foram desenvolvidos para cada espeacutecie com base em relaccedilotildees significativas entre idade e diacircmetro e diacircmetro e altura pra estimar o crescimento em volume O diacircmetro no incremento em volume maacuteximo corrente foi definido como o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) O DMD das espeacutecies estudadas variou entre 376 cm (C odorata) e 1288 cm (H crepitans) O ciclo de corte foi estimado pela passagem meacutedia de tempo de uma classe de diacircmetro de 10 cm ateacute alcanccedilar o DMD Ciclos de corte variaram entre 97 anos (H crepitans e S elata) e 120 anos (C odorata) valores muito menores do que o atualmente aplicado nas praacuteticas de manejo baseadas na legislaccedilatildeo florestal e instruccedilatildeo normativa expedida pelo IBAMA Os resultados indicam que as atuais praacuteticas manejo de florestas satildeo ineficientes para o manejo de estoques madeireiros das espeacutecies comerciais estudadas Planos de manejo devem considerar as taxas de crescimento especificas para garantir a sustentabilidade do manejo de florestas

v

Abstract Timber harvesting is an important economic activity in nutrient-rich floodplain forests (vaacuterzea) of Central Amazonia In the Western Amazon basin of Brazil and Peru access to terra firme forests is restricted due to the absence of a road network Still 60ndash90 of the local and regional markets are provided with timber obtained from the floodplain forests Costs for logging are lower in the floodplain forests (US$ 673 mndash3) as in the non-flooded terra firme forests (US$ 1432 mndash3) due to the easier access and lower energy costs Timber harvesting is based on a forest management plan applying felling cycles of 25-35 year an diameter cutting limits of 50 cm Tree-ring analysis (dendrochronology) is a powerful tool to determine tree ages and wood growth providing data for long-term growth patterns and forest dynamic as a basis for the development of sustainable forest management systems This study aims to model growth patterns of Hura crepitans L (Euphorbiaceae) Cedrela odorata L (Meliaceae) Ocotea cymbarum Mez (Lauraceae) and Sterculia elata Ducke (Malvaceae) tree species of commercial importance in the central Amazonian vaacuterzea Based on the growth patterns species-specific felling cycles and minimum logging diameter are estimated to support the development of future management plans towards sustainability in the Mamirauaacute Reserve of Sustainable Development (MRSD) From every tree species tree heights and diameter at breast height ge 10cm were measured from 20 individuals A total of 20 stem disks and 110 cores of 5 mm diameter were collected using an increment borer The cores were progressively polished with sanding paper to describe and analyze wood anatomical patterns as a key for a successful dendrochronological study The analyses were performed in the Dendrochronology Laboratory of INPAMax-Planck project in Manaus Tree age was determined by ring-counting and diameter increment rates were determined by ring-width measurements using a digital measuring device (LINTAB) Based on the data set of tree age diameter and tree height growth models were developed for each species based on significant age-diameter and diameter-height relationships to estimate volume growth The diameter of the maximum current volume increment was defined as minimum logging diameter (MLD) The MLD of the studied tree species varied between 376 cm (C odorata) and 1288 cm (H crepitans) The felling cycle was estimated by the mean passage time of 10 cm diameter classes until reaching the derived MLD Felling cycles varied between 97 years (H crepitans and S elata) and 120 years (C odorata) much lower than applied in the current management practices based on forest legislation and normative instruction of the Brazilian Environmental Agencies (IBAMA) The results indicate that current forest management practices are inefficient to manage the timber stocks of the studied commercial tree species Management plans must consider species-specific growth rates to guarantee a sustainable forest management

vi

Abreviaccedilotildees

Ab ndash Aacuterea basal

Bio ndash Biomassa acima do solo

CC ndash Ciclo de corte

CrC ndash Crescimento cumulativo

DAP ndash Diacircmetro acima da altura do peito

Den ndash Densidade da madeira em gcm3

DMD ndash Diacircmetro miacutenimo de derrubada

f ndash Fator de correccedilatildeo

FFT ndash Fundaccedilatildeo Floresta Tropical

h ndash altura

IBAMA ndash Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IC ndash Incremento corrente

IDSM ndash Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute

IM ndash Incremento meacutedio

INPA ndash Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia

IPAAM ndash Instituto de Proteccedilatildeo Ambiental do Amazonas

MMA ndash Ministeacuterio do Meio Ambiente

MFC ndash Manejo Florestal Comunitaacuterio

PMFS ndash Plano de Manejo Florestal Simplificado

PPG7 ndash Programa Piloto para a Proteccedilatildeo das Florestas Tropicais do Brasil

RDSA ndash Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Amanaacute

RDSM ndash Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute

SEMA ndash Secretaria Estadual do Meio Ambiente

t ndash Tempo

UNESCO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura

V ndash Volume

vii

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 4

21 Dendrocronologia nos troacutepicos 4

22 As florestas de vaacuterzea 7

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea 10

3 OBJETIVOS 13

31 Objetivo Geral13

32 Objetivos especiacuteficos13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS14

41 Aacuterea de estudos 14

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies15

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos 19

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos 20

5 RESULTADOS 25

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira 25

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies 28

6 DISCUSSAtildeO 39

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira 39

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo40

63 Estrateacutegias de manejo florestal 45

64 Desafios futuros52

7 CONCLUSOtildeES 53

8 REFEREcircNCIAS 55

viii

Lista de figuras

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da

largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)24

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial 27

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura 30

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata 31

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura 32

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura33

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans 34

Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie 36

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura) 38

Figura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999 a 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM 49

ix

1 INTRODUCcedilAtildeO

As florestas tropicais apresentam grande importacircncia na promoccedilatildeo de habitats

para metade das espeacutecies do planeta atuando na manutenccedilatildeo da biodiversidade

ciclagem de aacutegua e nos ciclos biogeoquiacutemicos (Fearnside 1999) Contudo por mais de

3 deacutecadas vem sofrendo grandes pressotildees pelo aumento das taxas de desmatamento

(Achard et al 2002 Lambin et al 2003) causadas principalmente pela conversatildeo de

floresta para pastagem e agricultura (Alencar et al 2001 Margulis 2003) extraccedilatildeo de

madeira natildeo sustentada (Nepstad et al 2001 Asner et al 2005) e investimentos em

pavimentaccedilatildeo e infra-estrutura (Carvalho et al 2001) Essas mudanccedilas na cobertura

florestal tecircm levado a comunidade cientiacutefica a buscar alternativas para a conservaccedilatildeo e

uso sustentaacutevel dos recursos naturais de florestas tropicais (Boot amp Gullison 1995

Hartshorn 1995 Putz et al 2001)

A floresta Amazocircnica eacute a maior floresta tropical uacutemida do planeta (Sioli amp Klinge

1962 Sioli 1991) dos quais 6 correspondem a florestas de aacutereas alagaacuteveis (Prance

1980) Estas satildeo classificadas em vaacuterzea e igapoacute (Prance 1980) e se destacam por um

distinto sistema edaacutefico associado ao tipo de aacuteguas a que estatildeo sujeitas (Prance

1989) com dinacircmica altamente influenciada pelo pulso anual de inundaccedilatildeo (Junk et al

1989 Schoumlngart et al 2004 2005) As florestas de vaacuterzea sofrem influecircncia de rios de

aacuteguas barrentas (Furch 1984) capazes de transportar uma grande quantidade de

nutrientes atraveacutes de sedimentos oriundos de erosotildees ocorrendo nos Andes e encostas

Preacute-andinas (Sombroek 1979 Ayres 1993 Irion et al 1997)

A riqueza de nutrientes e relativa fertilidade dos solos (Furch 1997) conferem a

estes ecossistemas de vaacuterzea um caraacuteter de importacircncia econocircmica sendo um atrativo

1

para a colonizaccedilatildeo humana durante os uacuteltimos seacuteculos (Parolin 2002) Frequumlentemente

satildeo utilizadas para as praacuteticas de agricultura de subsistecircncia sendo importante fonte de

proteiacutenas para as populaccedilotildees ribeirinhas por meio da pesca e caccedila (Sioli 1984 Junk

1989) e para a extraccedilatildeo de produtos madeireiros e natildeo-madeireiros (Junk amp Piedade

1997 Ohly 2000 Ribeiro et al 2004 Gama et al 2005) Estes fatores influenciam na

alta densidade populacional encontrada neste ecossistema considerando-se outras

regiotildees da Amazocircnia (Denevan 1976 IBGE 2000)

O setor madeireiro tem papel de destaque nestas regiotildees A alta abundacircncia de

certas espeacutecies madeireiras (Wittmann et al 2006a) aliada agrave facilidade de acesso aos

recursos o tipo de operaccedilatildeo de extraccedilatildeo derrubada arraste e transporte atraveacutes dos

rios reduzem os custos da madeira extraiacuteda das vaacuterzeas com relaccedilatildeo agrave extraccedilatildeo de

florestas de terra firme (Higuchi et al 1994 Barros amp Uhl 1995 1999 Uhl et al 1997

Schoumlngart et al 2007)

Ateacute o final de 1990 cerca de 80 da madeira encontrada no mercado brasileiro

era de origem ilegal (Smeraldi 2003) Nos uacuteltimos anos a grande pressatildeo exercida

pela extraccedilatildeo predatoacuteria da madeira aliada ao surgimento de novas alternativas de uso

da terra levaram a necessidade de elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo florestal e

conservaccedilatildeo das florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Schoumlngart et al 2007) Recentemente

programas de manejo florestal tecircm sido implementados com o intuito de proteccedilatildeo e

conservaccedilatildeo das vaacuterzeas amazocircnicas tais como os projetos Proacute-Vaacuterzea e PPG7

(Schoumlngart et al 2008a)

Atualmente os planos de manejos na Amazocircnia Brasileira tecircm como base o

Coacutedigo Florestal no 4711 15 de setembro de 1965 fundamentado em um sistema

policiacuteclico o qual estabelece um diacircmetro limite de corte e a extraccedilatildeo da madeira

2

realizada em intervalos de anos em uma dada aacuterea (ciclo de corte) A aacuterea a ser maneja

eacute dividida em talhotildees de aproximadamente tamanho correspondendo ao nuacutemero de

anos do ciclo de corte (Lamprecht 1989 De Graaf et al 2003)

Este modelo de manejo florestal eacute caracterizado por ocasionar superexploraccedilatildeo

e subutilizaccedilatildeo do potencial madeireiro por natildeo considerar as variaccedilotildees nas taxas de

crescimento entre espeacutecies entre diferentes habitats e ao longo dos anos (Schoumlngart

2003 Brienen amp Zuidema 2006) Espeacutecies de madeira branca com taxas de

crescimento raacutepido podem alcanccedilar o limite de diacircmetro para corte antes do tempo

estabelecido enquanto que espeacutecies de madeira pesada levam maior tempo para

atingir este diacircmetro de derrubada (Schoumlngart 2003 Schoumlngart et al 2003 2007

Brienen amp Zuidema 2007)

A Instruccedilatildeo Normativa (IN) ndeg 5 de 11 de dezembro de 2006 abre caminhos para

modificaccedilotildees do manejo florestal atual O ciclo de corte varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3 por ha ao ano no Plano de Manejo Florestal Simplificado

(PMFS) Pleno No PMFS de baixa intensidade foi estabelecido um ciclo de corte inicial

de 10 anos com volume de extraccedilatildeo de ateacute 10 msup3 por ha Na vaacuterzea a produccedilatildeo pode

exceder 10 msup3 por ha ao ano poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3 aacutervores por ha Esta

nova IN requer o estabelecimento de modelos especiacuteficos para cada espeacutecie onde o

limite de diacircmetro para corte eacute determinado a partir de criteacuterios ecoloacutegicos e teacutecnicos

Caso contraacuterio um diacircmetro de corte de 50 cm eacute estabelecido

Estimativas da produccedilatildeo de madeira considerando-se a variaccedilatildeo no crescimento

arboacutereo entre as espeacutecies satildeo necessaacuterias para garantir o contiacutenuo suprimento e

manutenccedilatildeo dos sistemas de manejo de florestas naturais (Brienen amp Zuidema 2007)

Neste sentido a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira (dendrocronologia) vem a ser uma

3

importante ferramenta na elaboraccedilatildeo de sistemas de exploraccedilatildeo sustentada

fornecendo modelos de crescimento e idade da madeira (Worbes et al 2001 Worbes

2002 Duumlnisch et al 2003 Schoumlngart et al 2003 2007 Brienen amp Zuidema 2005)

proporcionando opccedilotildees de manejo mais especiacuteficas e efetivas com benefiacutecios para as

populaccedilotildees futuras

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Dendrocronologia nos troacutepicos

Os aneacuteis de crescimento na madeira de espeacutecies das regiotildees temperadas

configuram o incremento radial os quais anualmente satildeo incorporados ao tronco das

aacutervores Cada anel possui duas partes distintas lenho inicial e lenho tardio O primeiro

corresponde ao crescimento arboacutereo no iniacutecio do periacuteodo vegetativo quando as plantas

reativam as atividades fisioloacutegicas O lenho tardio eacute formado no final do periacuteodo

vegetativo com a reduccedilatildeo das atividades e modificaccedilatildeo da estrutura celular com

espessamento das paredes e reduccedilatildeo do lume (Fritts 1976) A queda das atividades

celulares ocorre como resposta as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento arboacutereo em

decorrecircncia da reduccedilatildeo da temperatura (Schweingruber 1988)

Leonardo da Vinci durante o seacuteculo 15 foi o primeiro a reconhecer a existecircncia

de aneacuteis anuais na madeira em ramos de pinheiros relacionando-os a idade da aacutervore

e seu padratildeo de espessura com anos mais ou menos secos (Schweingruber 1988) Jaacute

no seacuteculo 19 diversas pesquisas demonstravam que as baixas temperaturas dos

invernos rigorosos em regiotildees temperadas satildeo um fator limitante no crescimento da

4

madeira (Worbes 1995) Contudo somente no iniacutecio do seacuteculo 20 a existecircncia de aneacuteis

anuais nos troacutepicos foi descoberta e algumas deacutecadas depois foi questionada (Worbes

amp Junk 1999) Muitos acreditavam na ausecircncia de aneacuteis anuais nos troacutepicos devido agrave

limitada sazonalidade (Schweingruber 1988) e temperatura quase constante

(Whitmore 1990) Este mito eacute ainda mantido por alguns autores (Lieberman et al

1985 Whitmore 1990) mesmo verificando-se que a distribuiccedilatildeo sazonal das chuvas na

maioria das regiotildees tropicais ocasiona uma distinta estaccedilatildeo seca (Worbes 1999)

Alguns autores enfatizam os problemas relacionados agrave formaccedilatildeo de aneacuteis anuais

na madeira nos troacutepicos Estudos tecircm registrado a formaccedilatildeo de dois aneacuteis por ano em

regiotildees apresentando duas estaccedilotildees de seca distintas (Gourlay 1995) formaccedilatildeo de

aneacuteis intra-anuais ou falsos aneacuteis em resposta a padrotildees irregulares de chuvas com

seca excepcional durante a estaccedilatildeo chuvosa (Borchert et al 2002) ou ainda a

formaccedilatildeo de aneacuteis irregulares na madeira de espeacutecies tropicais (Sass et al 1995)

Contudo a existecircncia de aneacuteis de crescimento nos troacutepicos tem sido registrada

em mais de 20 paiacuteses tropicais sendo que muitos estudos tecircm comprovado a

anualidade na formaccedilatildeo dos aneacuteis por mais de 100 anos (Worbes 2002) Foram

descritos para estas regiotildees diferentes padrotildees de aneacuteis anuais por Coster (19271928)

e classificados por Worbes (1995) como 4 tipos principais variaccedilotildees na densidade da

madeira faixas de parecircnquima marginal alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima e

variaccedilotildees na densidade dos vasos

Em regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o ritmo de crescimento das aacutervores

eacute determinado pelo pulso de inundaccedilatildeo (Worbes 1985) Durante o alagamento as

raiacutezes sofrem condiccedilotildees anoacutexicas acarretando reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a

copa das aacutervores e consequumlente reduccedilatildeo do metabolismo o que resulta em dormecircncia

5

cambial e a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira (Worbes 1989 Schoumlngart et al

2002) Diversas pesquisas tecircm evidenciado a presenccedila de aneacuteis anuais nas regiotildees de

aacutereas alagaacuteveis nos troacutepicos (Worbes 1989 Dezzeo et al 2003 Schoumlngart et al

2002 2004 2005)

Existem diferentes meacutetodos de investigaccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira

classificados em destrutivos e natildeo destrutivos (Worbes 1995) Meacutetodos natildeo destrutivos

podem ser feitos a partir de investigaccedilotildees fenoloacutegicas medidas repetidas do diacircmetro e

medida da atividade cambial por mensuraccedilatildeo da resistecircncia eleacutetrica na zona cambial

Feridas cambiais (Janelas de Mariaux) dataccedilatildeo por radiocarbono cicatrizes

provocadas por fogo em anos conhecidos ou injurias na madeira densitometria por raio

ndash X variaccedilotildees nas concentraccedilotildees de isoacutetopos estaacuteveis e contagem direta dos aneacuteis satildeo

meacutetodos destrutivos de constataccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira (Worbes

1995 2002) Todos estes meacutetodos foram utilizados independentemente para indicar a

ocorrecircncia de aneacuteis anuais no xilema de espeacutecies arboacutereas nas vaacuterzeas

Dentre estes meacutetodos a contagem direta dos aneacuteis anuais se destaca pela

obtenccedilatildeo de estimativas acuradas da idade das aacutervores e dados de longos periacuteodos de

crescimento da madeira (Bormann amp Berlyn 1981 Eckstein et al 1995) Informaccedilotildees

estas uacuteteis para o entendimento da dinacircmica da floresta (Enright amp Hartshorn 1981

Worbes 2002) desenvolvimento de sistemas de manejo florestal e estrateacutegias de

conservaccedilatildeo das espeacutecies (Stahle et al 1999 Worbes et al 2003)

O padratildeo de crescimento ao longo do tempo atua como um arquivo de dados e

contribui com informaccedilotildees sobre as mudanccedilas nas condiccedilotildees ambientais (Spiecker

2002) relaccedilotildees entre o clima e o crescimento arboacutereo (Enquist amp Leffler 2001 Nutto amp

6

Watzlawick 2002 Fichtler et al 2004 Schoumlngart et al 2006 Therrell et al 2006) e

sequumlestro de carbono na biomassa da madeira (Schoumlngart 2003)

22 As florestas de vaacuterzea

Junk et al (1989) definiram como aacutereas alagaacuteveis aquelas cuja inundaccedilatildeo eacute

promovida por um fluxo lateral dos rios e lagos eou precipitaccedilatildeo direta ou sobre as

aacuteguas um fenocircmeno perioacutedico que influencia na dinacircmica das comunidades e acarreta

um longo periacuteodo de adaptaccedilotildees e evoluccedilatildeo de espeacutecies endecircmicas Na regiatildeo

amazocircnica as aacutereas inundaacuteveis satildeo recobertas por florestas de vaacuterzea e igapoacute sendo

que as florestas de vaacuterzea abrangem uma aacuterea de 50-75 e satildeo consideradas o tipo

de vegetaccedilatildeo inundaacutevel mais importante destas regiotildees (Wittmann et al 2002)

As florestas alagaacuteveis sofrem esta alternacircncia anual entre fase terrestre e

aquaacutetica a qual vem ocorrendo haacute milhotildees de anos leva ao desenvolvimento de

adaptaccedilotildees de caraacuteter morfoloacutegico anatocircmico fisioloacutegico etoloacutegico e fenoloacutegico nas

espeacutecies que vivem nestes ambientes inundados anualmente (Ferreira 1991 Kubitzki

amp Zibursk 1994 Waldhoff et al 1998 Wittmann amp Parolin 1999 Piedade et al 2000

Parolin et al 2004)

Muitas espeacutecies respondem as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento durante

a fase de alagamento apresentando adaptaccedilotildees na forma de produccedilatildeo de raiacutezes

adventiacutecias desenvolvimento de vias alternativas metaboacutelicas e permanecircncia da

atividade fotossinteacutetica (De Simone et al 2003) estrateacutegias de toleracircncia ou escape ao

alagamento pelas placircntulas (Parolin 2002) ou ainda armazenamento de aacutegua no caule

(Schoumlngart et al 2002) Cada espeacutecie responde a este fenocircmeno de forma

7

diferenciada podendo ser visualizada atraveacutes dos diversos padrotildees fenoloacutegicos

encontrados nas aacutereas alagaacuteveis (Schoumlngart et al 2002) O alagamento anual causa

condiccedilotildees anaeroacutebicas nas raiacutezes levando a reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a copa

das aacutervores o que ocasiona estresse hiacutedrico e perda de folhas Como resultado a

planta entra em dormecircncia cambial

As diferentes estrateacutegias adaptativas associadas com diferentes niacuteveis de

toleracircncia ao alagamento refletem a influecircncia exercida pelo periacuteodo e niacutevel de

alagamento aos quais as plantas estatildeo sujeitas resultando numa zonaccedilatildeo de espeacutecies

caracteriacutestica nas aacutereas alagaacuteveis (Takeuchi 1962 Revilla 1981 Piedade 1985

Worbes et al 1992 Worbes 1997 Wittmann et al 2002 2004)

A dinacircmica sucessional em florestas de vaacuterzea da Amazocircnia foi descrita por

Worbes et al (1992) Estaacutegios iniciais de sucessatildeo primaacuteria e secundaacuteria apresentam

estratos monoespeciacuteficos com espeacutecies de crescimento raacutepido e baixa densidade da

madeira as quais natildeo alcanccedilam grandes idades Por meio do processo de sucessatildeo

natural ocorrem substituiccedilotildees de espeacutecies e formaccedilatildeo de estaacutegios tardios onde

observa-se uma maior complexidade nos extratos arboacutereos e diversidade de espeacutecies

diminuiccedilatildeo da taxa de incremento radial e acuacutemulo de biomassa (Worbes 1992

Schoumlngart et al 2003)

Ao longo da sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais existe um aumento da

densidade da madeira das aacutervores e decreacutescimo das taxas de incremento em diacircmetro

aumento da diversidade de espeacutecies o que implica mudanccedilas de estratos mais

homogecircneos de estaacutegios sucessionais iniciais para extratos mais complexos

caracterizados pelo aumento da altura das aacutervores tamanho e aacuterea da copa (Wittmann

et al 2002 Schoumlngart et al 2003)

8

Esta zonaccedilatildeo de espeacutecies em florestas de vaacuterzea ao longo do gradiente

topograacutefico (Junk 1989 Ayres 1993) e sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais (Worbes

1997) leva a formaccedilatildeo de dois habitats significativamente diferentes os quais satildeo

denominados vaacuterzea alta e vaacuterzea baixa (Wittmann et al 2002) A primeira caracteriza-

se por alagamento de menos de 3 m por ano na meacutedia apresentando aumento da

diversidade e complexidade da arquitetura com o aumento da idade resultando de

processo sucessional natural de florestas tardias de vaacuterzea baixa sendo considerada

representante de estaacutegio cliacutemax A vaacuterzea baixa apresenta diferentes estaacutegios de

sucessatildeo natural e eacute alagada por mais de 3 m por ano (Wittmann et al 2002) sendo

que a complexidade de estrutura e composiccedilatildeo da floresta tende a aumentar com a

reduccedilatildeo do niacutevel e duraccedilatildeo do alagamento

A grande variedade de habitats e multiplicidade de adaptaccedilotildees resultam numa

grande diversidade de espeacutecies arboacutereas dentro das aacutereas alagaacuteveis (Junk 1989)

atingindo 1000 espeacutecies registradas para florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Wittmann et al

2006a) A alta diversidade nestas aacutereas estaacute relacionada ao niacutevel e periacuteodo das cheias

e aumenta com diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo de inundaccedilatildeo (Wittmann amp Junk 2003 Worbes

et al 1992 Piedade et al 2005) Entretanto florestas de vaacuterzea possuem diversidade

de espeacutecies menor se comparada com florestas de terra firme da mesma regiatildeo (Ayres

1993)

Wittmann et al (2006a) afirmam que nas florestas de vaacuterzea a diversidade de

espeacutecies tambeacutem aumenta no sentido leste ndash oeste dentro da Bacia Amazocircnica Este

padratildeo parece similar ao encontrado para florestas de terra firme na mesma regiatildeo

geograacutefica (Ter Steege et al 2003) corroborando com a hipoacutetese de formaccedilatildeo de uma

zona de transiccedilatildeo que permite a migraccedilatildeo das espeacutecies de florestas de terra firme para

9

florestas alagaacuteveis de vaacuterzea alta (Wittmann et al 2006a) Esta hipoacutetese eacute estabelecida

pela elevada similaridade floriacutestica encontrada entre a vaacuterzea alta e terra firme

As florestas de vaacuterzea alta compreendem cerca de 10 da cobertura florestal

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996 Wittmann et al 2002) no entanto satildeo as florestas

mais ameaccediladas pela accedilatildeo antroacutepica sendo frequumlentemente utilizadas para moradia e

substituiccedilatildeo das aacutereas de floresta para atividades de agricultura e pecuaacuteria

Apresentam alta abundacircncia de espeacutecies madeireiras e estatildeo sendo ameaccediladas por

praacuteticas insustentaacuteveis de manejo (Ayres 1993 Worbes et al 2001)

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea

Atualmente dentro da Bacia Amazocircnica de aproximadamente 350 espeacutecies

madeireiras encontradas cerca de 34 tambeacutem ocorrem em florestas de vaacuterzea

(Martini et al 1998) outras satildeo restritas a este tipo de ecossistema Pela falta de infra-

estrutura em estradas de 60 a 80 da madeira extraiacuteda na Amazocircnia Ocidental e

Peru tecircm origem a partir deste tipo de floresta inundaacutevel (Higuchi et al 1994 Nebel amp

Kvist 2001 Worbes et al 2001) Em 2000 somente no Estado do Amazonas

aproximadamente 75 da madeira para induacutestria de laminados e compensados teve

origem em florestas alagaacuteveis (Lima et al 2005)

O preccedilo da madeira de espeacutecies com densidade abaixo de 060 gcm3 (madeira

branca) no Meacutedio Rio Solimotildees variou entre R$ 075-600 por m3 para Hura crepitans

L (Euphorbiaceae) e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae) enquanto que

espeacutecies de madeira densa acima de 060 gcm3 (madeira pesada) como Ocotea

cymbarum Mez (Lauraceae) Copaifera sp (Fabaceae) e Piranhea trifoliata Baill

10

(Euphorbiaceae) foram negociadas por R$ 288-1290 por m3 no periacuteodo de 1993 a

1995 (Worbes et al 2001) O primeiro grupo eacute frequumlentemente utilizado em induacutestrias

de laminados e compensados enquanto que as espeacutecies de madeira densa satildeo muito

utilizadas na construccedilatildeo de casas barcos e moacuteveis (Albernaz amp Ayres 1999) Com a

implementaccedilatildeo de manejo sustentaacutevel controlado e autorizado pelo IBAMA e IPAAM

os preccedilos da madeira subiram consideravelmente atingindo valores de ateacute R$ 6200

por m3 no ano de 2007 ao longo do Meacutedio Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a)

Um inventaacuterio florestal realizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel

Mamirauaacute (RDSM) abrangendo uma aacuterea de 342 ha de florestas de vaacuterzea encontrou

122 espeacutecies madeireiras por ha com diacircmetro limite de corte acima de 45 cm

(Schoumlngart et al 2008a) Das espeacutecies inventariadas as mais encontradas dentre as

madeiras brancas foram H crepitans e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae)

Das madeiras pesadas O cymbarum Mez (Lauraceae) Calycophyllum spruceanum

(Benth) Hookf ex KSchum (Rubiaceae) foram as mais abundantes

Dados do Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel de Mamirauaacute (IDSM) do

manejo florestal comunitaacuterio (MFC) de 2003 mostram que 42 do nuacutemero de toras e

60 do volume extraiacutedo na reserva pertencem agrave H crepitans Esta espeacutecie somada a

O cymbarum e C subsessilis corresponde a quase 70 do volume em metros cuacutebicos

de madeira extraiacuteda

A atividade madeireira em florestas de vaacuterzea se restringe a poucas espeacutecies

(Schoumlngart 2003) e a ausecircncia de dados de regeneraccedilatildeo e crescimento aliados a

exploraccedilatildeo inadequada da madeira tecircm levado agrave reduccedilatildeo das populaccedilotildees de algumas

destas espeacutecies chegando a praticamente desaparecer dos mercados regionais

(Higuchi et al 1994 Worbes et al 2001) Espeacutecies como Cedrela odorata L

11

(Meliaceae) Platymiscium ulei Harms (Fabaceae) Virola spp (Myristicaceae) Ceiba

pentandra (L) Gaerth (Malvaceae) foram substituiacutedas por O cymbarum C

spruceanum H crepitans e C guianensis (Albernaz amp Ayres 1999 Anderson et al

1999 Worbes et al 2001 Lima et al 2005)

Dentro da RDSM o manejo florestal se caracteriza por sistema policiacuteclico com

ciclo de corte de 25 anos e diacircmetro limite de corte de 45 cm Inicialmente deve ser feito

um inventaacuterio florestal de todas as espeacutecies madeireiras com diacircmetro ge 20 cm e as

extraccedilotildees se limitam a 5 aacutervores por ha que se encontram acima do diacircmetro de corte

Cerca de 10 das aacutervores acima do limite de diacircmetro devem permanecer nas aacutereas

como porta-sementes com o intuito de garantir a regeneraccedilatildeo das espeacutecies exploradas

Aproximadamente 12 da cobertura florestal da RDSM pertence a florestas de

vaacuterzea alta onde a abundacircncia de espeacutecies de valor econocircmico eacute alta (Wittmann et al

2002) e contribuem para o fornecimento de produtos madeireiros para o mercado local

regional e internacional (Wittmann et al 2004) Schoumlngart et al (2007) afirmam que as

espeacutecies mais exploradas na reserva satildeo O cymbarum C spruceanum e P trifoliata

(espeacutecies de madeira densa) assim como Ficus insipida Willd (Moraceae) H

crepitans Maquira coriacea (Karsten) CCBerg (Moraceae) (espeacutecies de madeira

branca)

Este estudo analisa e modela padrotildees de crescimento de quatro espeacutecies

aacuterboreas de interesse comercial de baixa densidade de madeira (madeira branca) e alta

densidade de madeira (madeira pesada) exploradas dentro da RDSM Deste modelos

criteacuterios como DMD e ciclo de corte satildeo derivados e discutidos no contexto das atuais

normas de manejo florestal na Amazocircnia pela legislaccedilatildeo brasileira

12

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Modelar padrotildees de crescimento da madeira de H crepitans C odorata O

cymbarum e S elata espeacutecies de importacircncia econocircmica na exploraccedilatildeo madeireira

das florestas de vaacuterzea da Amazocircnia para definir ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de

derrubada (DMD) especiacuteficos subsidiando futuros planos de manejo florestal

sustentaacutevel dentro da RDSM

32 Objetivos especiacuteficos

a Descriccedilatildeo da anatomia da madeira

b Determinaccedilatildeo da idade das aacutervores

c Determinaccedilatildeo das taxas de incremento em diacircmetro altura volume e biomassa

d Estimativa de ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de derrubada para definir criteacuterios

de manejo para cada uma das espeacutecies

13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS

41 Aacuterea de estudos

A aacuterea de estudos compreende a Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Mamirauaacute (RDSM) a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo na categoria de reserva

sustentaacutevel e primeira existente no ecossistema de vaacuterzea Sua criaccedilatildeo eacute resultado de

solicitaccedilatildeo encaminhada em 1985 pelo bioacutelogo Dr Joseacute Maacutercio Ayres ao oacutergatildeo

responsaacutevel na eacutepoca SEMA ndash Secretaria Especial de Meio Ambiente (Queiroz 2005)

A RDSM eacute dividida em duas aacutereas principais aacuterea focal (cerca de 260000 ha)

onde se desenvolvem desde 1991 atividades baseadas em pesquisas

socioeconocircmicas e ecoloacutegicas incluindo pesca agricultura agroflorestal e ecoturismo

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996) e aacuterea subsidiaacuteria (cerca de 878000 ha) a qual seraacute

manejada progressivamente A aacuterea focal eacute por sua vez subdividida em zona de

proteccedilatildeo permanente zona de ecoturismo e zona destinada ao manejo sustentaacutevel de

recursos naturais

Dentro da aacuterea focal existem nove unidades ou setores de controle do uso dos

recursos naturais denominadas Mamirauaacute Jarauaacute Tijuaca Boa Uniatildeo do Meacutedio

Japuraacute Aranapuacute Barroso Horizonte Liberdade e Ingaacute As atividades econocircmicas

realizadas pelas comunidades dentro dos setores se dividem em produccedilatildeo de farinha

pesca e exploraccedilatildeo da madeira as quais satildeo influenciadas pelo niacutevel de inundaccedilatildeo

anual (Albernaz amp Ayres 1999)

A RDSM estaacute situada na regiatildeo do meacutedio Solimotildees na confluecircncia dos rios

Solimotildees e Japuraacute entre as bacias do rio Solimotildees e Negro Sua porccedilatildeo mais a leste

14

fica nas proximidades da cidade de Tefeacute no Estado do Amazonas Sua vizinha RDS

Amanatilde liga a RDSM ao Parque Nacional do Jauacute (Schoumlngart et al 2005) Estas trecircs

unidades juntas constituem um bloco de floresta tropical com cerca de 6000000 ha

protegidos oficialmente Formam o embriatildeo do Corredor Central da Amazocircnia

(MMAPPG7) e da Reserva da Biosfera da Amazocircnia Central (MaBUnesco) e

compotildeem um Siacutetio Natural do Patrimocircnio Mundial (UnescoIUCN) (Queiroz 2005 Ayres

et al 2005)

Possui clima caracterizado por uma meacutedia de temperatura diaacuteria de 269 ordmC e

precipitaccedilatildeo anual de aproximadamente 3000 mm apresentando uma estaccedilatildeo seca

distinta (julho-outubro) O niacutevel de flutuaccedilatildeo meacutedia da aacutegua do Rio Japuraacute durante 1993

ndash 2000 foi de 1138 m (Wittmann amp Junk 2003 Schoumlngart et al 2005)

Aproximadamente 92 da cobertura vegetal abrangendo a aacuterea focal da reserva eacute

composta por florestas de vaacuterzea baixa constituiacuteda por diferentes estaacutegios

sucessionais e somente cerca de 8 corresponde a florestas de vaacuterzea alta (Wittmann

et al 2002)

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies

421 Cedrela odorata L (Meliaceae)

Popularmente conhecida como cedro cedro branco cedro cheiroso ou cedro

mogno apresenta tronco com casca de cheiro bastante caracteriacutestico rugosa com

fissuras transversais vermelho-alaranjadas Apresenta base reta ou com raiacutezes

tabulares e suas flores satildeo brancas em inflorescecircncias terminais (Wittmann et al

15

2006b) Os frutos capsulares quando maduros se abrem liberando de 40 a 50

sementes aladas as quais satildeo dispersas pelo vento (Cintron 1990 Wittmann et al

2006b)

Encontrada em toda a Amazocircnia embora com baixa frequumlecircncia ocorre desde as

Iacutendias Ocidentais as grandes e pequenas Antilhas ateacute Trinidad e Tobago sendo

encontrada tambeacutem no Meacutexico Equador Peru e Guianas (Cintron 1990) Eacute tipicamente

deciacutedua sendo encontrada em extrato superior de vaacuterzea alta e ocupando estaacutegio

sucessional secundaacuterio tardio

Apresenta madeira moderadamente pesada variando entre 044 a 060 gcm3 O

floema eacute avermelhado com cerne variando do castanho claro ao bege rosado escuro e

alburno amarelo apresentando cheiro aromaacutetico (Loureiro amp Silva 1968)

Aleacutem da sua importacircncia como espeacutecie madeireira na fabricaccedilatildeo de moacuteveis

construccedilatildeo civil e naval embalagens e instrumentos musicais a casca do cedro eacute

aproveitada na medicina popular como tocircnica adstringente e febriacutefuga (Loureiro amp

Silva 1968 Wittmann et al 2006b)

422 Sterculia elata Ducke (Malvaceae)

Conhecida popularmente como tacacazeiro xixaacute chicaacute da mata ou manduvi

cujos frutos apresentam uma coloraccedilatildeo avermelhada quando maduros sendo

organizados em 5 foliacuteculos com uma sutura ventral cada um Os frutos satildeo apocaacuterpios

e as flores estatildeo organizadas em inflorescecircncias terminais amarelas a purpuacutereas

(Wittmann et al 2006b)

16

Apresenta distribuiccedilatildeo nos neo-troacutepicos compreendendo o Sul do Meacutexico e

Ameacuterica Central Norte do Brasil Pantanal e Peru ocupando extrato superior e

emergente de vaacuterzea alta Eacute uma espeacutecie deciacutedua de estaacutegio sucessional secundaacuterio

tardio

Apresenta madeira de densidade meacutedia de 047 gcm3 cujo floema tem coloraccedilatildeo

marrom escura e o alburno eacute marrom claro A madeira eacute muito utilizada para confecccedilatildeo

de embalagens palitos foacutesforos compensados e troncos para canoas As sementes

oleaginosas satildeo comestiacuteveis A aacutervore eacute frequumlentemente utilizada para ornamentaccedilatildeo

(Wittmann et al 2006b)

423 Hura crepitans L (Euphorbiaceae)

Conhecia comumente por assacuacute H crepitans eacute uma espeacutecie cujo caule eacute

aculeado apresentando laacutetex branco aquoso caacuteustico e frequumlentemente utilizado

como veneno de peixe Causa irritaccedilotildees fortes em contato com a pele (Francis 1990

Wittmann et al 2006b) Os frutos satildeo capsulares lenhosos arredondados e

deprimidos nos poacutelos Tem distribuiccedilatildeo no Brasil Guianas Oeste da Iacutendia Cuba

Jamaica Trinidad e Tobago Costa Rica ao sul do Peru e Boliacutevia (Loureiro amp Silva

1968 Wittmann et al 2006b)

Ocupa o extrato superior de vaacuterzea alta sendo identificada como uma espeacutecie

perenifoacutelia de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Apresenta madeira muito leve

(035 a 040 gcm3) cerne e alburno indistintos e de coloraccedilatildeo branca com reflexos

amarelados Pelas caracteriacutesticas da madeira eacute comumente usada na fabricaccedilatildeo de

17

caixas tamancos obras internas artefatos de madeira forros taacutebuas compensados

boacuteias flutuantes canoas e gamelas (Francis 1990 Wittmann et al 2006b)

424 Ocotea cymbarum HBK (Lauraceae)

Frequumlentemente chamada por louro inamuiacute louro mamorim louro mamoriacute

inhamuiacute oacuteleo de inhamuiacute e pau de gasolina O cymbarum eacute uma aacutervore de grande

porte (20 ndash 30 m) apresentando casca avermelhada aromaacutetica ramos jovens com

pilosidade e acinzentados Possui exsudato transparente aromaacutetico apresentando

cheiro de menta (Wittmann et al 2006b)

Tem distribuiccedilatildeo por toda a Amazocircnia sendo encontrada em extrato superior de

vaacuterzea alta Eacute semi-deciacutedua e de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Sua madeira eacute

moderadamente pesada variando de 055 a 065 gcm3 (Loureiro amp Silva 1968) O

floema possui coloraccedilatildeo marrom cafeacute enquanto que o cerne amarelado claro e

brilhante diferencia-se pouco do alburno levemente mais claro (Wittmann et al

2006b)

Eacute comumente utilizada na carpintaria de luxo construccedilatildeo em geral marcenaria

compensado pranchas e tabuados (Loureiro amp Silva 1968) Sua madeira traz oacuteleo

contendo safrol que em baixa concentraccedilatildeo eacute um componente para fragracircncias e

perfumes (Wittmann et al 2006b) O lenho apresenta atividade contra o

desenvolvimento do ancilostomiacutedeo humano (Marques 2001)

18

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos

Das quatro espeacutecies estudadas duas de madeira branca ndash H crepitans e S

elata e duas de madeira pesada ndash C odorata e O cymbarum (Schoumlngart 2003) foram

selecionados entre 21 e 37 indiviacuteduos emergentes de floresta de vaacuterzea alta dos

setores Jarauaacute e Tijuaca da RDSM As medidas do diacircmetro na altura do peito (DAP)

com ge 10 cm foram feitas com o uso de fita dendromeacutetrica de dupla face sendo

inferidas acima das sapopemas quando presentes A altura da aacutervore foi medida a

partir do uso de inclinocircmetro (Blume-Leiss) e fita meacutetrica

Para verificar a idade das aacutervores foram utilizados 10 discos de H crepitans e

10 discos de O cymbarum fornecidos pelo Programa de MFC da RDSM no ano de

2001 bem como amostras coletadas de troncos dos indiviacuteduos de cada uma das quatro

espeacutecies Para tanto foi aplicado um meacutetodo natildeo destrutivo de extraccedilatildeo de cilindros da

madeira utilizando-se uma broca dendrocronoloacutegica num total de 110 cilindros com 5

mm de diacircmetro (21 amostras de Sterculia 23 de Cedrela 29 de Ocotea e 37 de Hura)

coletadas entre 07 de outubro de 2006 a 16 de abril de 2007 na altura aproximada de

130 m da base do tronco Apoacutes a coleta das amostras o orifiacutecio produzido com a broca

dendrocronoloacutegica foi obstruiacutedo com cera de carnauacuteba para evitar possiacuteveis ataques

por fitopatoacutegenos

As amostras coletadas foram coladas em suporte de madeira e em seguida

polidas com lixas de papel com diferentes granulometrias em uma sequumlecircncia

progressiva ateacute uma granulaccedilatildeo de 600 Estas foram analisadas no Laboratoacuterio de

Dendrocronologia do Projeto INPAMax-Planck em Manaus A anaacutelise macroscoacutepica da

estrutura da madeira foi feita a partir de fotografias feitas utilizando-se maacutequina digital

19

NIKON coolpix 4500 Para descriccedilatildeo anatocircmica dos aneacuteis de crescimento utilizou-se

como base os padrotildees de aneacuteis descritos por Coster (1927 1928) e adaptados por

Worbes (1985 1989)

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos

A determinaccedilatildeo da idade foi feita por meio da contagem direta dos aneacuteis anuais

e as taxas de incremento radial foram geradas por mediccedilatildeo da espessura dos aneacuteis

com o sistema de anaacutelise digital com precisatildeo de 001 mm (LINTAB) juntamente com o

software (TSAP-Win = Time Series Analyses and Presentation) especiacutefico para

anaacutelises de sequumlecircncias temporais (Schoumlngart et al 2004) Para os cilindros que natildeo

alcanccedilaram o cerne do tronco foram estimadas as distacircncias ateacute o centro e a partir do

nuacutemero meacutedio de aneacuteis encontrados em outros indiviacuteduos foram feitas estimativas da

idade do primeiro anel visiacutevel no tronco As mediccedilotildees da largura dos aneacuteis se deram no

sentido cerne ndash casca

Curvas cumulativas do diacircmetro individual para as quatro espeacutecies foram

elaboradas com base nestas mediccedilotildees do incremento radial corrente e relacionadas

com o DAP medido no campo (Schoumlngart et al 2003 Brienen amp Zuidema 2007)

(Figura 1a) A partir destas curvas individuais foram construiacutedas curvas cumulativas

meacutedias para cada espeacutecie descrevendo a relaccedilatildeo entre idade e diacircmetro para as

mesmas

A curva meacutedia do diacircmetro calculada para cada espeacutecie foi ajustada como um

modelo de regressatildeo sigmoidal da qual foram derivadas as curvas do incremento

corrente e meacutedio do diacircmetro para cada espeacutecie (Figura 1b) Modelos de regressatildeo natildeo

20

ndash linear descreveram para cada espeacutecie a relaccedilatildeo entre DAP e a altura medida no

campo (Figura 1c) Combinando as relaccedilotildees idade-DAP e DAP-altura permite estimar o

crescimento da altura (Nebel et al 2001) Deste modo para cada idade determinada

foram atribuiacutedas uma medida de diacircmetro e de altura para cada espeacutecie (Schoumlngart et

al 2007)

A combinaccedilatildeo dos modelos de regressatildeo natildeo-linear das relaccedilotildees entre idade e

DAP bem como das relaccedilotildees entre DAP e altura tambeacutem possibilitou a construccedilatildeo do

modelo de crescimento em volume (Figura 1e) e produccedilatildeo de biomassa acima do solo

das espeacutecies estudadas (Figura 1f) O modelo alomeacutetrico utilizado para estimativa do

volume foi definido por Cannell (1984) para florestas tropicais uacutemidas e tem como

paracircmetros a altura das aacutervores e o DAP

O volume (V) foi estimado a partir da multiplicaccedilatildeo da aacuterea basal (Ab) pela altura

(h) e por um fator (f) de reduccedilatildeo de 06 (Nebel et al 2001) A equaccedilatildeo eacute dada por

V = Ab x h x f (1)

onde a Ab eacute dada por

Ab = π x (DAP 2)2 (2)

Foi utilizado um modelo alomeacutetrico para estimar a biomassa acima do solo com

boa aplicabilidade em florestas alagaacuteveis segundo resultados obtidos por Stadtler

21

(2007) Este modelo tem como paracircmetros a densidade da madeira o diacircmetro e altura

das aacutervores e foi descrito por Chave et al (2005) A equaccedilatildeo eacute descrita abaixo

Bio = 00509 x den x DAP2 x h (3)

onde a Bio eacute a estimativa da biomassa acima do solo den eacute a densidade da madeira

obtida para cada espeacutecie de Wittmann et al (2006b) e 00509 eacute um fator de correccedilatildeo

O fator de correccedilatildeo dos modelos de caacutelculo do volume (06) e biomassa (00509)

se referem ao fato de que as aacutervores natildeo representam cilindros perfeitos e diminuem o

raio do tronco a medida que se distanciam do DAP

Destes modelos de crescimento do DAP altura aacuterea basal volume e biomassa

foram derivadas as taxas do incremento meacutedio (IM) e corrente (IC) (Figuras 1b1d1f)

para cada espeacutecie seguindo as equaccedilotildees abaixo (Schoumlngart et al 2007)

IM= CrC t t (4)

IC= CrC t+1 ndash Cr t (5)

onde CrC eacute o crescimento cumulativo em diferentes anos t sobre ciclo de vida total da

planta

O periacuteodo ideal de extraccedilatildeo eacute estabelecido quando a espeacutecie atinge sua a

produccedilatildeo maacutexima em volume periacuteodo este entre a taxa maacutexima de IC em volume e a

taxa maacutexima de IM em volume (Schoumlngart 2003) Este intervalo representa o periacuteodo

22

em que a extraccedilatildeo da madeira utiliza-se do potencial de crescimento maacuteximo das

espeacutecies (Schoumlngart 2008)

A modelagem dos padrotildees de crescimento foi construiacuteda a partir do uso do

software program X-Act (SciLab) e em seguida definidas as recomendaccedilotildees de

manejo para ciclos de corte e DMD para cada uma das quatro espeacutecies madeireiras

O DMD eacute definido pela idade em que a aacutervore atinge as maiores taxas de

incremento anual corrente do volume (Figura 1e) O tempo meacutedio que um indiviacuteduo leva

para passar por uma classe de DAP de 10 cm ateacute chegar ao DMD eacute o ciclo de corte da

espeacutecie (Schoumlngart et al 2007) Este eacute dado por

CC= idade(DMD) DMD x 10 (6)

onde CC eacute o ciclo de corte da espeacutecie e idade(DMD) eacute a idade da aacutervore quando atingiu o

DMD

23

0

20

40

60

80

0 5 10 15 200

1

2

3

4

5

0

10

20

30

0 20 40 60 80 100

0

20

40

60

80

0 5 10 15 20

0

10

20

30

0 5 10 15 200

1

2

3

4

0

1

2

3

4

0 5 10 15 200

100

200

300

00

05

10

15

0 5 10 15 200

50

100

Age (years) Age (years)

Age (years)

Age (years)

Age (years)

Dbh (cm)

Tree

heig

ht(m

)D

bh(c

m)

Dbh

(cm

)Tr

eehe

ight

(m)

Woo

d bi

omas

s(M

g)

Volu

me

(m3 )

Diam

eter increment(cm

year -1)H

eightincrement(m

year -1)W

ood biomass

production(kg year -1)

Volume

increment(dm

3year -1)

n = 54R2 = 053

n = 18

MLD

a

c

e

b

d

f

y = a (1+(b x)c)

a = 1195742 plusmn 131913b = 184937 plusmn 3355c = 12997 plusmn 00788

y = (abullx) (x+b)a = 286667 plusmn 07424b = 161743 plusmn 13022

DAP

(cm

)

DA

P (c

m)

Altu

ra (m

)

Altu

ra (m

)

Vol

ume

(m3)

Bio

mas

sa (M

g)

Idade (anos) Idade (anos)

DAP (cm) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento em

diacircmetro (cm

ano) Increm

ento em altura (m

ano) P

roduccedilatildeo de biomassa (K

gano)

Incremento

emvolum

e(dm

3ano)

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

DMD

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)

24

5 RESULTADOS

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira

O limite dos aneacuteis e a estrutura anatocircmica da madeira foram determinados com

base na classificaccedilatildeo de Coster (19271928) e adaptados por Worbes (1995) Trecircs tipos

de aneacuteis foram distinguidos de acordo com essa classificaccedilatildeo (1) faixas de parecircnquima

marginal (2) alternacircncia entre faixas de fibra e faixas de parecircnquima e (3) variaccedilatildeo na

densidade da madeira (Tabela 1) A distinccedilatildeo dos aneacuteis variou entre as 4 espeacutecies

estudadas poreacutem todas apresentaram aneacuteis suficientemente distintos para aplicaccedilatildeo

de estudos dendrocronoloacutegicos

A distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e agrave

medida que estes se encontravam mais proacuteximos do centro do tronco A facilidade de

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis decresceu na seguinte ordem C odorata O cymbarum S elata

e H crepitans (Tabela1)

Cedrela e Sterculia apresentaram mesmo padratildeo de faixas de parecircnquima

marginal que consiste de uma a poucas fileiras de ceacutelulas Eacute comumente encontrado

nas famiacutelias Bignoniaceae Fabaceae e Meliaceae (Worbes 2002) Cedrela apresentou

aneacuteis de crescimento semiporosos com uma espessa faixa de parecircnquima claramente

visiacutevel acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos os quais satildeo maiores ao

final do periacuteodo vegetativo (Figura 2a)

Sterculia tambeacutem mostrou variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Os poros satildeo visiacuteveis

a olho nu alguns obstruiacutedos por conteuacutedo de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada e brilhante

25

Apresentou faixas de parecircnquima radial espessadas dificultando um pouco a

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis (Figura 2b)

Um padratildeo de alternacircncia entre faixas de fibras e parecircnquima foi encontrado

formando os aneacuteis anuais em Hura com a reduccedilatildeo da largura das faixas de

parecircnquima e fibras na formaccedilatildeo do lenho tardio ao final da zona de crescimento

(Figura 2c) Este tipo de anatomia pode ser encontrado em famiacutelias como

Euphorbiaceae Moraceae Sapotaceae Lecythidaceae dentre outras (Worbes 2002)

Tabela1 Tipos de zona de crescimento encontrados e o grau de distinccedilatildeo dos de crescimento Os padrotildees descritos foram baseados nos modelos de Coster (1927 1928) e adaptados por Worbes (1995) Espeacutecies Famiacutelia Tipo de zona de

crescimento Fenologia foliar Grau de

distinccedilatildeo dos aneacuteis

Cedrela odorata Meliaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos

Deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (1)

Hura crepitans Euphorbiaceae Alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima

Perenifoacutelia Aneacuteis pouco

distintos (2)

Sterculia elata Malvaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Presenccedila de faixas radiais de parecircnquima

Deciacutedua Aneacuteis distintos (1)

Ocotea cymbarum Lauraceae Variaccedilatildeo na densidade da madeira com lenho inicial menos denso que o lenho tardio

Semi-deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (3)

obtidos durante observaccedilotildees na RDSM no periacuteodo 042006-122007

Ocotea mostrou um padratildeo de variaccedilatildeo na densidade da madeira O lenho tardio

de coloraccedilatildeo mais escura (alta densidade) apresentou ceacutelulas pequenas com paredes

26

espessadas diferindo do lenho inicial (baixa densidade) com ceacutelulas grandes e

paredes de espessura mais fina permitindo uma perfeita delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

(Figura 2d) Eacute comum entre as famiacutelias Annonaceae Myrtaceae e Lauraceae (Worbes

2002)

A presenccedila de falsos aneacuteis de crescimento ocorreu em alguns discos de Hura e

Ocotea Entretanto este problema foi solucionado observando-se a continuidade dos

aneacuteis ao longo dos raios nos discos

C Hura crepitans D Ocotea cymbarum

A Cedrela odorata B Sterculia elata

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial

27

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies

Todas as quatro espeacutecies apresentaram correlaccedilatildeo significativa (plt001) para as

relaccedilotildees entre idade e DAP idade e altura e DAP e altura (Tabela 2) permitindo a

modelagem das curvas de crescimento cumulativo para as mesmas Foram feitas um

total de 7646 mediccedilotildees da largura dos aneacuteis na madeira para as quatro espeacutecies

(Tabela 2)

As trajetoacuterias de crescimento cumulativo em diacircmetro mostraram diferenccedilas

tanto intra como interespeciacuteficas Aquelas espeacutecies de madeira densa como O

cymbarum e C odorata apresentaram taxas de crescimento menores que S elata e H

crepitans espeacutecies de madeira branca (Figura 3)

As quatro espeacutecies apresentaram uma variaccedilatildeo da idade ao atingir o DMD de 50

cm Esta foi maior para O cymbarum alcanccedilando idades entre 25 e 80 anos H

crepitans e S elata podem atingir idades entre 25 e 65 anos enquanto que as menores

variaccedilotildees na idade foram encontradas em C odorata com idades entre 35 a 65 anos

para um diacircmetro de 50 cm (Figura 3)

28

Tabela 2 Nuacutemero de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis e altura das aacutervores utilizados na elaboraccedilatildeo dos modelos de crescimento com base nas relaccedilotildees entre idade ndash DAP idade ndash altura e DAP ndash altura e o coeficiente de correlaccedilatildeo das mesmas

Nuacutemero de mediccedilotildees Correlaccedilatildeo p(lt 0001) Espeacutecie Largura dos

aneacuteis Altura Idade ndash DAP Idade ndash Altura DAP ndash Altura

Cedrela odorata

1240 32 089 064 071

Ocotea cymbarum

1325 125 086 073 073

Sterculia elata

1321 21 088 086 085

Hura crepitans

3760 67 091 086 076

Total

7646

Sterculia e Hura atingiram idades maacuteximas de 111 e 195 anos respectivamente

embora esta uacuteltima tenha atingido grandes diacircmetros nas aacutervores amostradas As

aacutervores mais velhas de Cedrela e Ocotea atingiram idades maacuteximas de 74 e 122 anos

(Tabela 3)

29

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

A ndash Cedrela odorata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

C ndash Sterculia elata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

B ndash Ocotea cymbarum

D ndash Hura crepitans

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura

30

As curvas meacutedias das relaccedilotildees entre idade e DAP tambeacutem apresentaram

variaccedilatildeo entre as espeacutecies estudadas (Figura 4) Para um diacircmetro de 50 cm

determinado pela IN ndeg 5 de Dezembro de 2006 as idades meacutedias oscilaram entre 41

anos em Hura a mais de 70 anos em Cedrela (Tabela 3)

0

50

100

150

DAP

(cm

)

0 30 60 90 120 150 180Idade (anos)

(a)

(b)

(d)

(c)

Diacircmetro limite de corte

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata Tabela 3 Idades maacuteximas miacutenimas e para um diacircmetro miacutenimo de derrubada de 50 cm para cada uma das quatro espeacutecies estudadas e seus respectivos desvios padratildeo

Idade (anos) Espeacutecie Miacutenima Maacutexima Ao alcanccedilar o diacircmetro limite de 50 cm

Cedrela odorata

21 74 72

Sterculia elata

22 111 47

Ocotea cymbarum

27 122 59

Hura crepitans

88 195 41

31

As quatro espeacutecies estudadas atingiram as maiores taxas de incremento

diameacutetrico corrente em idades diferentes Cedrela e Ocotea atingiram as maiores taxas

entre 11 e 12 anos e 19 e 21 anos com uma taxa meacutedia de incremento de 094 e 101

cmano respectivamente (Figura 5a e c) Sterculia obteve taxas meacutedias de incremento

de 126 cmano em idades entre 19 e 21 anos (Figuras 5b) enquanto Hura alcanccedilou

taxa meacutedia de incremento de 129 cmano em idades entre 22 e 23 anos (Figura 5d)

Cedrela e Ocotea espeacutecies de madeira pesada apresentaram taxas de incremento

diameacutetrico menores que Hura e Sterculia espeacutecies de madeira branca

D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata

C ndash Sterculia elata

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

B ndash Ocotea cymbarum

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura

32

A partir das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares entre idade-DAP foi possiacutevel

construir um modelo de crescimento em aacuterea basal para cada espeacutecie utilizando-se a

foacutermula (2) Cedrela e Ocotea atingiram suas maiores taxas em 39 e 57 anos e taxa

meacutedia de incremento de 355 e 536 cm2ano respectivamente (Figuras 6a e 6b)

Sterculia e Hura atingiram maior incremento aos 48 e 104 anos e taxa meacutedia de 700 e

1422 cm2ano respectivamente (Figura 6c e 6d) As espeacutecies de madeira branca Hura

e Sterculia apresentaram taxas de incremento em aacuterea basal mais altas que as duas

espeacutecies de madeira densa (Cedrela e Ocotea)

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

05

1

15

2

25

4

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

05

1

15

2

25

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura

33

A combinaccedilatildeo das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares das relaccedilotildees entre DAP-

altura (Figura 7) resultaram num modelo de crescimento em altura para as espeacutecies

contemplando todo ciclo de vida da planta Os maiores valores de incremento corrente

em altura de C odorata S elata O cymbarum e H crepitans corresponderam a idades

de 4 7 8 e 6 anos respectivamente e taxas maacuteximas corresponderam a 096 mano

para Sterculia 092 mano para Ocotea 061 mano para Hura e finalmente 109 mano

para Cedrela

DAP (cm) DAP (cm)

DAP (cm) DAP (cm)

Altu

ra (m

) A

ltura

(m)

C ndash Sterculia elata D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 1500

0

0

0

0

0

0 25 50 75 100 125 150

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 150 0 50 100 150

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans

34

Tabela 4 Valores de DAP e altura maacuteximos e miacutenimos do levantamento florestal seus desvios padratildeo e a aacuterea basal calculada a partir da relaccedilatildeo entre idade e DAP das espeacutecies

DAP (cm) Altura (m) Aacuterea basal meacutedia (cm2)

Espeacutecie

Maacuteximo Miacutenimo Desvio Maacutexima Miacutenima Desvio Meacutedia Cedrela odorata

656 115 140 309 90 50 273

Ocotea cymbarum

780 100 164 311 70 46 402

Sterculia elata

1300 100 349 405 66 88 516

Hura crepitans

1328 100 350 390 21 91 1127

A partir dos modelos de crescimento em altura e diacircmetro elaborados para cada

espeacutecie pocircde-se construir o modelo de crescimento em volume das mesmas segundo

a foacutermula (1) (Schoumlngart et al 2007) O periacuteodo oacutetimo de corte das aacutervores eacute o ponto

onde o incremento em volume corrente eacute maacuteximo sendo que para cada espeacutecie o pico

maacuteximo de volume corrente variou visivelmente (Figura 8)

Cedrela apresentou maiores taxas de incremento em volume corrente ao atingir

uma idade meacutedia de 45 anos (Figura 8a) Nesta idade a espeacutecie indica um DAP de 376

cm (Figura 5a) Jaacute Sterculia e Ocotea atingiram o ponto maacuteximo em incremento

corrente em volume aos 54 e 63 anos (Figuras 8b e c) quando atingem diacircmetros de

560 e 533 cm respectivamente (Figuras 5b e c) Hura em uma idade meacutedia de 125

anos apresentou os maiores valores de incremento maacuteximo corrente entre as quatro

espeacutecies (Figura 8d) atingindo diacircmetro meacutedio de 1288 cm (Figura 5d) Tanto Hura

quanto Sterculia apresentaram produccedilatildeo de madeira em volume por m3 superior as

duas espeacutecies de madeira pesada Cedrela e Ocotea

35

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento volum

eacutetrico

Incr

emen

to e

m v

olum

e (m

3 ) 0450 0

(m3ano)

Incr

emen

to e

m V

olum

e (m

3 )

Incremento volum

eacutetrico (m3ano)

Idade (anos) Idade (anos)

0

10

20

30

40

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

0 50 100 150 200

0

10

20

30

40

50

0

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

04

0 50 100 150

200 Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie

36

O ciclo de corte calculado atraveacutes da passagem meacutedia do tempo por uma classe

de DAP de 10 cm para a proacutexima ateacute atingir o diacircmetro de corte oacutetimo variou pouco

entre as espeacutecies sendo que Hura e Sterculia apresentaram ciclos de corte de 97

anos enquanto Cedrela e Ocotea apresentaram ciclos de 120 e 118 anos (Tabela 5)

Os resultados indicam que espeacutecies de madeira branca apresentam ciclos de corte

mais curtos do que as espeacutecies de madeira pesada

Tabela 5 O diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) o ciclo de corte a idade meacutedia ao atingir o diacircmetro de corte e a densidade da madeira das espeacutecies Espeacutecie DMD (cm) Ciclo de corte

(anos) Idade meacutedia ao atingir

o DMD (anos) Densidade

(gcm3) Cedrela odorata

376 120 45 052

Ocotea cymbarum

533 118 63 060

Sterculia elata

560 97 54 047

Hura crepitans

1288 97 125 039

Dados obtidos de Wittmann et al (2006b)

Aleacutem do modelo de crescimento em volume os modelos de crescimento em

altura e diacircmetro possibilitaram tambeacutem a construccedilatildeo de modelos de crescimento em

biomassa acima do solo para as espeacutecies estimado segundo a foacutermula (3)

Cedrela apresentou maior taxa de produccedilatildeo em biomassa de 26 Kgano em 45

anos (Figura 9a) ao passo que Ocotea alcanccedilou uma produccedilatildeo em biomassa maacutexima

de 52 Kgano em 63 anos (Figura 9b) Sterculia atingiu valor de 60 Kgano em 54 anos

(Figura 9c) enquanto que Hura obteve em 125 anos um valor maacuteximo de 125 Kgano

(Figura 9d) Espeacutecies de madeira branca atingiram maiores taxas de acuacutemulo em

biomassa do que as espeacutecies de madeira densa

37

D ndash Hura crepitans C ndash Ocotea cymbarum

Bio

mas

sa (M

g)

Bio

mas

sa (M

g)

Produ

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

ccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)P

roduccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

5

10

15

20

0

4

8

1

1

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

1

1

0 50 100 150 2000

5

0

5

0

0

40

80

120

160

Prod

uccedilatildeo

Biom

assa

(Kg)

0 50 100 150 200

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura)

38

6 DISCUSSAtildeO

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira

Todas as quatro espeacutecies estudadas apresentaram distintas zonas de

crescimento poreacutem com diferenccedilas quanto ao grau de distinccedilatildeo entre elas O grau de

distinccedilatildeo diminuiu na ordem seguinte C odorata O cymbarum S elata e H crepitans

o que indica uma pequena tendecircncia das espeacutecies deciacuteduas apresentarem maior

distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais como resultados encontrados por Worbes (1999) A

distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e com a

maior proximidade do centro do disco (Brienen amp Zuidema 2006) Esta variaccedilatildeo

encontrada no grau distinccedilatildeo dos aneacuteis natildeo afetou as anaacutelises dendrocronoloacutegicas

subsequumlentes

Segundo Worbes (1995) a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira resulta de

mudanccedilas sazonais favoraacuteveis e desfavoraacuteveis nas condiccedilotildees de crescimento arboacutereo

Um dos fatores principais atuando no controle do crescimento arboacutereo de florestas

tropicais eacute a variaccedilatildeo intraanual da precipitaccedilatildeo que ocasiona uma distinta estaccedilatildeo

seca e determina a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das aacutervores (Worbes 1999)

Para regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o principal fator que controla o

ritmo de crescimento nas aacutervores eacute o pulso de inundaccedilatildeo (Junk 1989) Entretanto

florestas de vaacuterzea alta natildeo satildeo alagadas anualmente devido a sua posiccedilatildeo

topograacutefica o que indicaria que o pulso anual de inundaccedilatildeo natildeo seria o principal fator

controlando os processo ecoloacutegicos nestas aacutereas Observaccedilotildees fenoloacutegicas e mediccedilotildees

da liteira (Schoumlngart et al 2008b) evidenciam que o ritmo de crescimento possa ser

39

controlado pela sazonalidade das chuvas contudo maiores estudos se fazem

necessaacuterios

A anualidade dos aneacuteis de crescimento em espeacutecies arboacutereas da Amazocircnia

permite anaacutelise de fenocircmenos ecoloacutegicos e ambientais identificaccedilatildeo e reconstruccedilatildeo das

condiccedilotildees climaacuteticas do passado como tambeacutem identificar as alteraccedilotildees naturais e

dinacircmica das populaccedilotildees (Fritts 1976 Schweingruber 1988 Worbes 1995) Aleacutem

disso a aplicaccedilatildeo das informaccedilotildees armazenadas nos aneacuteis de crescimento permite que

estudos dendrocronoloacutegicos sejam empregados com o objetivo de investigar a estrutura

etaacuteria das populaccedilotildees bem como a dinacircmica de crescimento arboacutereo em florestas

tropicais (Worbes 2002)

Desta forma a descriccedilatildeo da estrutura anatocircmica e delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

da madeira satildeo de suma importacircncia para realizaccedilatildeo das anaacutelises dendrocronoloacutegicas

e por conseguinte para a otimizaccedilatildeo do uso da floresta dando suporte para

estabelecimento de estrateacutegias de manejo florestal ao niacutevel de espeacutecie fornecendo

informaccedilotildees do histoacuterico florestal e consequumlentemente garantindo maior

sustentabiliade na utilizaccedilatildeo dos recursos madeireiros (Schoumlngart 2008)

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo

Uma das grandes questotildees a cerca do uso sustentaacutevel de florestas tropicais

envolve o crescimento e a idade das aacutervores Modelos de crescimento de espeacutecies

madeireiras nos troacutepicos ainda satildeo bastante escassos (Nebel et al 2001 Schwartz et

al 2002 Sokpon amp Biaou 2002 Nebel amp Meilby 2005 Brienen amp Zuidema 2007

Schoumlngart et al 2007) fato este atribuiacutedo a problemas de estabelecimento de uma

40

metodologia especiacutefica para determinaccedilatildeo da idade das aacutervores e taxas de

crescimento bem como a alta diversidade de espeacutecies encontrada Aleacutem disso o

atraso no avanccedilo das pesquisas de crescimento arboacutereo com base em aneacuteis na

madeira nos troacutepicos se deve ao descreacutedito na formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das

aacutervores nestas regiotildees devido agraves temperaturas terem sido consideradas praticamente

constantes durante o ano (Lieberman et al 1985 Whitmore 1990)

Atualmente a maioria das pesquisas sobre idade e crescimento de espeacutecies

tropicais eacute baseada em anaacutelises feitas em parcelas permanentes (Condit 1995)

utilizando meacutetodos de mediccedilotildees repetidas durante relativamente curtos periacuteodos de

tempo Outra metodologia para determinar a idade e taxas de incremento eacute a dataccedilatildeo

com radio-carbono (Worbes amp Junk 1999) Estas duas metodologias indicam idades

maacuteximas entre 1000 e 2000 anos (Condit et al 1995 Chambers et al 1998 Laurance

et al 2004) enquanto estudos dendrocronoloacutegicos indicam idades maacuteximas entre 500

e 600 anos (Worbes amp Junk 1999 Fichtler et al 2003)

Resultados encontrados por Chambers et al (1998) de idade estimada de 1370

anos para Carniana micrantha Ducke (Lecythidaceae) eacute considerado excepcional pois

aparentemente foi determinada de um uacutenico exemplar (Roig 2000) Dataccedilatildeo por radio-

carbono pode ser problemaacutetica entre os anos de 1650 e 1950 devido agrave variaccedilatildeo de 14C

encontrada na atmosfera neste periacuteodo Este fenocircmeno foi provocado por grandes

emissotildees de carbono por meio da queima de combustiacutevel foacutessil que ocorreram no

periacuteodo da revoluccedilatildeo industrial (Efeito de Suess) (Fichtler et al 2003) Em adiccedilatildeo o

alto custo desta metodologia natildeo permite o uso para determinaccedilatildeo de grandes

amostragens

41

A construccedilatildeo de modelos de crescimento de lenhosas com base no crescimento

em diacircmetro das espeacutecies em curtos periacuteodos de observaccedilatildeo bem como a baixa

densidade de espeacutecies comerciais encontradas em florestas tropicais na elaboraccedilatildeo de

modelos de crescimento principalmente individuos de grandes tamanhos dentro das

parcelas estudadas satildeo fatores que limitam muito esta metodologia (Clark amp Clark

1996 Nebel amp Meilby 2005) Aleacutem disso estes modelos monitoram somente uma

pequena parte da histoacuteria de crescimento das aacutervores e extrapolam estes dados das

trajetoacuterias de crescimento em diacircmetro de curtos periacuteodos para todo o ciclo de vida da

planta o que os torna simplistas e podem resultar em dados de crescimento arboacutereo e

estimativas de produccedilatildeo da madeira natildeo realistas subestimando as taxas de

crescimento e consequumlentemente superestimando a idade das aacutervores (Brienen amp

Zuidema 2006)

Ao contraacuterio destes meacutetodos de modelagem do crescimento arboacutereo a anaacutelise

dendrocronoloacutegica tem se mostrado uma importante ferramenta a qual fornece

estimativas mais acuradas da idade e do histoacuterico de crescimento arboacutereo individual

por meio da informaccedilatildeo extraiacuteda dos aneacuteis na madeira (Brienen amp Zuidema 2007) Na

anaacutelise de aneacuteis anuais para a modelagem de crescimento arboacutereo das espeacutecies satildeo

amostradas aacutervores que se estabeleceram no dossel com sucesso o que fornece

dados de crescimento em diacircmetro mais realistas e representativos do desenvolvimento

das aacutervores (Brienen amp Zuidema 2006)

Diversos estudos tecircm mostrado a grande variaccedilatildeo existente nas taxas de

crescimento tanto dentro como entre espeacutecies de florestas tropicais (Clark amp Clark

2001 Schoumlngart et al 2006 Brienen amp Zuidema 2006) Segundo Brienen amp Zuidema

(2007) estas diferenccedilas no crescimento dos indiviacuteduos ao longo da vida pode ser o

42

resultados de diversos fatores atuando em conjunto como a disponibilidade de aacutegua

clima intensidade de luz recebida forma e tamanho da copa danos e fitopatoacutegenos

assim como infestaccedilatildeo por cipoacutes e lianas Isso se reflete em variaccedilotildees de curvas

cumulativas comparando indiviacuteduos da mesma espeacutecie (Figura 3)

Os dados obtidos indicaram a ocorrecircncia de variaccedilatildeo na idade das aacutervores com

o aumento do diacircmetro Esta variaccedilatildeo intra-especiacutefica na idade das aacutervores em grandes

diacircmetros (gt de 60 cm) eacute causada principalmente pela variaccedilatildeo que ocorre na

passagem do tempo nas pequenas classes de tamanho (lt 20 cm) (Brienen amp Zuidema

2006) Desta forma o tempo necessaacuterio para que uma aacutervore de determinada espeacutecie

se estabeleccedila no dossel quando as taxas diameacutetricas geralmente aumentam devido

aos altos niacuteveis de radiaccedilatildeo solar pode variar consideravelmente

A variaccedilatildeo encontrada nos indiviacuteduos contudo natildeo impede a modelagem de

crescimento arboacutereo pois ao niacutevel das espeacutecies ocorre uma relaccedilatildeo bastante

significativa entre idade e DAP o que caracteriza a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira

uma ferramenta importante na elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo sustentaacuteveis em

florestas tropicais (Brienen amp Zuidema 2006 Schoumlngart et al 2007)

Comparando as curvas meacutedias de crescimento observa-se que espeacutecies

estudadas apresentam estrateacutegias ecoloacutegicas diferenciadas Altas taxas de incremento

em diacircmetro em espeacutecies de baixa densidade da madeira como Hura e Sterculia levam

a um raacutepido crescimento em volume enquanto que baixas taxas de incremento em

diacircmetro em Cedrela e Ocotea duas espeacutecies de madeira densa levam a um

crescimento em volume mais lento

Tanto Hura como Sterculia parecem apresentar estrateacutegias de crescimento

tiacutepicas de espeacutecies pioneiras com ciclos de vida longos (gt de 100 anos) caracterizadas

43

por altos requerimentos de luz para germinaccedilatildeo e crescimento (Swaine amp Whitmore

1988) Cedrela e Ocotea possuem caracteriacutesticas de crescimento tiacutepicas de espeacutecies

de estaacutegios cliacutemax ou tolerantes agrave sombra com capacidade de sobrevivecircncia em

longos periacuteodos de baixos niacuteveis de luminosidade e baixas taxas de crescimento

arboacutereo (Pianka 1970)

Espeacutecies com baixa densidade da madeira como Hura (039 gcm3) e Sterculia

(047 gcm3) requerem periacuteodos de 41 a 47 anos para extrapolar um diacircmetro limite de

corte de 50 cm enquanto que espeacutecies de madeira densa tais como Ocotea (060

gcm3) e Cedrela (052 gcm3) necessitam de periacuteodos entre 59 e 72 anos para

ultrapassar um diacircmetro de 50 cm Estes resultados estatildeo de acordo com Schoumlngart

(2008) que verificou a existecircncia de uma correlaccedilatildeo entre a densidade da madeira e a

idade da espeacutecie ao atingir o DMD estimado a partir das taxas de IC de volume o que

possibilita estimar o periacuteodo ideal de extraccedilatildeo para outras espeacutecies de florestas de

vaacuterzea da Amazocircnia Central em funccedilatildeo da densidade da madeira

Os resultados encontrados mostram diferenccedilas nas taxas de incremento em

diacircmetro e volume as quais refletem em diferentes ciclos de corte e DMD para as

espeacutecies indicando claramente que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico

de derrubada e ciclo de corte para toda e qualquer espeacutecie natildeo suportam a

sustentabilidade nas praacuteticas de manejo florestal atuais

Neste sentido na aplicaccedilatildeo de manejo florestal sustentado em florestas tropicais

eacute imprescindiacutevel o levantamento de informaccedilotildees a respeito das taxas de crescimento e

idade das aacutervores especiacuteficas para cada espeacutecie bem como dados de regeneraccedilatildeo e

caracteriacutesticas especiacuteficas de cada siacutetio a ser explorado pela extraccedilatildeo de produtos

madeireiros

44

63 Estrateacutegias de manejo florestal

O contiacutenuo uso das florestas de vaacuterzea para atividades de agricultura pecuaacuteria e

extraccedilatildeo da madeira tem causado grandes impactos nos recursos o que tem

ocasionado a necessidade de estabelecimento de estrateacutegias de conservaccedilatildeo e manejo

florestal destas aacutereas (Schoumlngart et al 2007) Nos uacuteltimos anos tem-se observado uma

gradual expansatildeo das atividades de manejo florestal baseada em comunidades de

pequena e meacutedia escala na busca da conversatildeo da exploraccedilatildeo manejada da floresta

em oportunidade de desenvolvimento regional (Amaral amp Amaral 2000) Projetos como

o Programa Piloto para Conservaccedilatildeo das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7) e a

Fundaccedilatildeo Floresta Tropical (FFT) tecircm buscado o desenvolvimento de projetos de

manejo florestal ao niacutevel de comunidade para diferentes aacutereas da Amazocircnia (Amaral amp

Amaral 2000)

Dentre estes modelos enquadra-se o Projeto Mamirauaacute com objetivo de proteger

as vaacuterzeas da RDSM e cuja exploraccedilatildeo segue as normas do PMFS criado pelo IDSM

em conjunto com os comunitaacuterios e baseado em normas estabelecidas pelo Instituto de

Proteccedilatildeo Ambiental do Amazonas (IPAAM) e pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA) (Lei estadual no 2416 de 22 de Agosto

de 1996)

A FAO estabelece um modelo de extraccedilatildeo dos recursos florestais funcionado

como guia para a aplicaccedilatildeo de um Manejo de Impacto Reduzido (MIR) para os recursos

florestais (Dykstra amp Heinrich 1996) Diversos estudos tecircm feito a uniatildeo entre o MIR e a

extraccedilatildeo seletiva de espeacutecies comerciais como uma estrateacutegia de manejo sustentaacutevel

visando agrave conservaccedilatildeo de florestas tropicais e diminuiccedilatildeo dos impactos causados pelo

45

manejo florestal (Vidal et al 2002 Gerwing 2002) Pesquisas tecircm mostrado os

benefiacutecios da aplicaccedilatildeo de MIR com relaccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo convencional da madeira

tanto em relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo dos custos quanto aos benefiacutecios causados pela reduccedilatildeo

dos danos agrave floresta (Barreto et al 1998 Johns et al 1996 Boltz et al 2001 Holmes

et al 2002)

Apesar dos inuacutemeros esforccedilos realizados na elaboraccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas

de exploraccedilatildeo da madeira na tentativa de conservar e reduzir danos causados as

florestas a sustentabilidade do manejo dos recursos florestais ainda natildeo foi alcanccedilada

satisfatoriamente O sucesso dos planos de manejo florestal depende principalmente da

sustentabilidade ecoloacutegica da produccedilatildeo da madeira que requer informaccedilotildees sobre taxas

de crescimento das espeacutecies comerciais (Boot amp Gullison 1995 Brienen amp Zuidema

2006) os quais ainda natildeo satildeo utilizados com frequumlecircncia em florestas tropicais

Schoumlngart (2008) desenvolveu um novo sistema de manejo sustentaacutevel da

madeira de florestas alagaacuteveis de vaacuterzea da Amazocircnia Central (GOL ndash Growth

Orientated Logging) o qual leva em consideraccedilatildeo as diferenccedilas na histoacuteria de

crescimento de espeacutecies comerciais com base em suas taxas de crescimento arboacutereo a

partir da anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira Isto representa um importante passo em

direccedilatildeo a sustentabilidade do manejo florestal praticado em florestas tropicais

Atualmente normas de exploraccedilatildeo da madeira em regiotildees tropicais as quais

estabelecem diacircmetro limite de derrubada e ciclos de corte para os sistemas de manejo

de florestas natildeo possuem nenhuma base cientiacutefica e natildeo levam em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas nas estrateacutegias de crescimento e estabelecimento bem como as

especificidades de cada regiatildeo a ser explorada Estes fatos levaram a quase eliminaccedilatildeo

de espeacutecies como C pentandra e Calophyllum brasiliense dos mercados regionais e

46

locais na Amazocircnia Ocidental Estas foram substituiacutedas por H crepitans e O

cymbarum duas espeacutecies atualmente exploradas comercialmente na regiatildeo do Meacutedio

Solimotildees (Worbes et al 2001)

Se as atuais praacuteticas de manejo florestal persistirem H crepitans e O cymbarum

poderatildeo ter o mesmo destino que C pentandra e C brasiliense Hura e Ocotea podem

desaparecer dos mercados madeireiros e novamente ocorrer a substituiccedilatildeo destas por

outras espeacutecies ainda pouco exploradas que por sua vez sofreratildeo as pressotildees de uma

extraccedilatildeo madeireira insustentaacutevel o que pode ter seacuterias consequumlecircncias ecoloacutegicas

como a perda dos recursos geneacuteticos degradaccedilatildeo da floresta quebra de cadeias

alimentares para insetos peixes mamiacuteferos etc

A extraccedilatildeo de C odorata eacute um outro exemplo de como de atual manejo de

florestas de vaacuterzea natildeo eacute adequado Esta espeacutecie foi intensamente explorada na RDSM

a ponto de reduzir drasticamente seus estoques de madeira (Ayres 1993 Pinedo-

Vasquez et al 2001) e atualmente eacute considerada uma espeacutecie ameaccedilada e excluiacuteda

da extraccedilatildeo de madeira da RDSM

A recente modificaccedilatildeo de 11 de dezembro de 2006 (IN ndeg 5) do Coacutedigo Florestal

Brasileiro abre caminhos para modificaccedilotildees do manejo florestal aplicado atualmente na

Amazocircnia Brasileira O ciclo de corte no PMFS Pleno varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3ha Espeacutecies com baixa intensidade da madeira (menos

de 10 msup3 por ha) podem ter um ciclo de corte de 10 anos sendo que para florestas de

vaacuterzea a produccedilatildeo pode exceder 10 msup3 por ha poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3

aacutervores por ha

Levando-se em consideraccedilatildeo os dados de distribuiccedilatildeo diameacutetrica fornecidos pelo

Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM observa-se que a espeacutecie O cymbarum

47

apresentaram um padratildeo de distribuiccedilatildeo diameacutetrica do tipo J invertido apresentando

um decreacutescimo da densidade de aacutervores com o aumento do diacircmetro A distribuiccedilatildeo

diameacutetrica de O cymbarum se concentrou nas classes diameacutetricas de 20 a 100 cm

(Figura 10)

Foi possiacutevel encontrar indiviacuteduos na maioria das classes diameacutetricas em Hura

crepitans atingindo densidade maacutexima de 05 indiviacuteduos por ha na classe diameacutetrica de

110 cm A alta densidade de indiviacuteduos em classes diameacutetricas anteriores e posteriores

a classe de 50 cm e os altos valores de volume de madeira de H crepitans sugerem que

esta espeacutecie tem grande potencial para exploraccedilatildeo madeireira dentro da RDSM

Entretanto a derrubada de indiviacuteduos com diacircmetros nas classes entre 50 e 120 cm

permitidas por lei eacute problemaacutetica pois estaratildeo sendo extraiacutedas aacutervores que ainda natildeo

alcanccedilaram a sua produccedilatildeo oacutetima de madeira (Figura 8d)

Marinho (2008) ao analisar a estrutura populacional de espeacutecies como H

crepitans O cymbarum e S elata ocorrendo em florestas de vaacuterzea do setor Jarauaacute da

RDSM observou que estas espeacutecies apresentam baixa densidade de indiviacuteduos em

classes diameacutetricas acima de 50 cm (28 13 e 05 indha respectivamente) sendo

que Hura e Sterculia apresentam uma baixa taxa de estabelecimento visiacutevel pelo

pequeno nuacutemero de indiviacuteduos observados em classes diameacutetricas baixas

Os ciclos de corte entre 10 e 12 anos determinados para as espeacutecies neste

trabalho satildeo valores proacuteximos ao permitido pelas normas de manejo florestal da IN ndeg 5

(ciclo de corte de 10 anos) Entretanto aplicando-se um diacircmetro de derrubada limite

de 50 cm pode natildeo ser sustentaacutevel para espeacutecies como Sterculia e Cedrela

considerando-se a abundacircncia destas espeacutecies na regiatildeo Considerando-se a

48

abundacircncia de Hura e Ocotea o manejo pode ser sustentaacutevel se considerar os DMDs

determinados para cada espeacutecie neste estudo

igura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999

Inventaacuterio florestal de Mamirauaacute (1999 - 2000)

00

02

04

06

08

10

12

14

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

gt 2

Classes diameacutetricas (m)

Den

sida

de d

e aacuter

vore

s po

r ha

Sterculia elataHura crepitansOcotea cymbarumCedrela odorata

Fa 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM

49

Os resultados mostram que tanto Hura quanto Sterculia apresentaram taxas de

crescimento arboacutereo relativamente raacutepidas o que as torna espeacutecies potenciais para

recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e reflorestamento Jaacute Ocotea e Cedrela duas

espeacutecies de madeira densa apresentaram taxas mais lentas de crescimento arboacutereo

Ocotea eacute uma espeacutecie cuja madeira eacute frequumlentemente utilizada pelas

comunidades ribeirinhas na construccedilatildeo de casas moacuteveis e taacutebuas Cedrela eacute uma

espeacutecie bastante valorizada no mercado madeireiro chegando a custar R$ 12000m3

no ano de 2004 na regiatildeo do alto Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a) Isto faz com

que reflorestamentos com Cedrela venham a ser um importante caminho para o

enriquecimento dos estoques de madeira visando o aumento das populaccedilotildees desta

espeacutecie Atraveacutes de um manejo florestal sustentaacutevel comunidades ribeirinhas podem se

beneficiar com produtos madeireiros de alta qualidade e de valor comercial

Os efeitos positivos da liberaccedilatildeo do dossel sobre as taxas de incremento em

diacircmetro observados em espeacutecies de madeira densa (Kammesheidt et al 2003)

indicam que as taxas de crescimento arboacutereo encontradas em Cedrela poderiam ser

aceleradas atraveacutes de aplicaccedilatildeo deste tipo de tratamento silvicultural Entretanto devem

ser realizados mais estudos a respeito das estrateacutegias de regeneraccedilatildeo da espeacutecie

dentro da reserva

Os resultados indicam que um ciclo de corte de 25 anos eacute inadequado para

execuccedilatildeo de manejo florestal sustentaacutevel das quatro espeacutecies estudadas Todas

apresentaram ciclos de corte inferiores (entre 10 e 12 anos) ao valor exigido por lei

indicando que estes recursos madeireiros natildeo estatildeo sendo manejados eficazmente A

IN no 5 permite a aplicaccedilatildeo de ciclo de corte inicial de 10 anos com volume maacuteximo de

10 msup3ha ou mais com retirada de apenas 3 aacutervores por ha para manejos de baixa

50

intensidade Com isso eacute possiacutevel manejar de forma mais adequada os estoques de

Ocotea e Hura aplicando ciclos de corte de 12 e 10 anos respectivamente utilizando

contudo os DMDs aqui determinados para manejo florestal mais especiacutefico garantindo

assim a sustentabilidade do uso da madeira destas espeacutecies dentro da reserva

Todavia eacute necessaacuteria a garantia de que ao retirar aacutervores de determinada espeacutecie em

dado local seja feito estabelecimento de indiviacuteduos de mesma espeacutecie

A distribuiccedilatildeo diameacutetrica de Hura mostra ampla distribuiccedilatildeo de aacutervores na

maioria das classes diameacutetricas Contudo o modelo de crescimento da espeacutecie mostra

que em classes diameacutetricas entre 50 e 130 cm natildeo foi atingida produccedilatildeo maacutexima de

madeira Neste sentido ao retirar aacutervores com diacircmetros acima de 130 cm ainda

restaratildeo aacutervores suficientes nas classes inferiores para garantir renovaccedilatildeo dos

estoques extraiacutedos as quais permitem a garantia de produccedilatildeo de diaacutesporos para a

regeneraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da produtividade maacutexima da espeacutecie otimizando a exploraccedilatildeo

da madeira de Hura

O mesmo deve valer para Ocotea e Sterculia Poreacutem a regeneraccedilatildeo destas

espeacutecies deve ser assegurada o que implica em execuccedilatildeo de estudos ecologia da

populaccedilatildeo particularmente de regeneraccedilatildeo e estabelecimento levando-se em

consideraccedilatildeo a influecircncia de fatores ambientais (solo clima disponibilidade de luz

inundaccedilatildeo etc)

51

64 Desafios futuros

Os resultados do presente trabalho mostram que o atual criteacuterio de manejo

florestal que estabelece ciclo de corte e diacircmetro limite para corte uacutenicos extraccedilatildeo de 5

aacutervores por ha natildeo se mostra eficaz na garantia de manutenccedilatildeo dos estoques de

madeira para exploraccedilotildees subsequumlentes o que torna estes criteacuterios inviaacuteveis para

conservaccedilatildeo da biodiversidade por meio de manejos florestais sustentaacuteveis em

florestas de vaacuterzea Aleacutem disso a ausecircncia de informaccedilotildees a respeito dos processos

que envolvem a dinacircmica e ecologia de florestas alagaacuteveis na elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo eacute um fator agravante na questatildeo da insustentabilidade da

exploraccedilatildeo dos recursos florestais em florestas de vaacuterzea

Ciclos de corte da madeira soacute possibilitam sustentabilidade se as espeacutecies

extraiacutedas conseguem se regenerar e estabelecer dentro da floresta garantindo

estoques de madeira para as proacuteximas extraccedilotildees Uma importante questatildeo eacute a

ausecircncia de dados baacutesicos de estrutura populacional e estabelecimento e regeneraccedilatildeo

de florestas tropicais para subsidiar planos de manejo florestal principalmente em

florestas de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia

Pesquisas tecircm sido feitas no sentido de investigar a influecircncia do pulso de

inundaccedilatildeo condiccedilotildees de luz suprimento de nutrientes e disponibilidade de aacutegua no

estabelecimento de sementes e placircntulas em aacutereas alagaacuteveis (Parolin 2001 Wittmann

amp Junk 2003 Ferreira et al 2005) Wittmann amp Junk (2003) enfatizam importacircncia de

novos estudos focando os processos de germinaccedilatildeo crescimento e taxa de

mortalidade de placircntulas de espeacutecies exploradas comercialmente e suas relaccedilotildees com

fatores do ambiente como luz e inundaccedilatildeo

52

Produtos florestais natildeo madeireiros tambeacutem devem ser levados em consideraccedilatildeo

na elaboraccedilatildeo de planos de manejo de florestas de vaacuterzea Diversos produtos tais

como resinas oacuteleos frutos fibras tecircxteis taninos e produtos medicinais satildeo extraiacutedos

de espeacutecies encontradas nas florestas de vaacuterzea (Wittmann et al 2006b) o que

demonstra o alto potencial destas florestas para este tipo de exploraccedilatildeo dos recursos

Novos modelos de exploraccedilatildeo madeireira que levam em consideraccedilatildeo o

crescimento e idade das aacutervores estatildeo sendo criados (Schoumlngart et al 2003 Brienen

amp Zuidema 2006 Schoumlngart 2007 2008) Mas o desafio de converter dados de

pesquisas cientiacuteficas em poliacuteticas puacuteblicas ainda eacute grande O caminho ainda eacute longo e

espera-se que a partir desta mudanccedila da IN ndeg de 2006 o qual permite a alteraccedilatildeo do

diacircmtro limite de corte e ciclo de corte atualmente requeridos para o manejo florestal

com base em pesquisas cientiacuteficas abra portas para a elaboraccedilatildeo de manejos

florestais especiacuteficos e sustentaacuteveis e consequumlentemente possibilitem que o quadro de

exploraccedilatildeo da madeira venha a se modificar com o tempo nas florestas alagaacuteveis da

Amazocircnia brasileira

7 CONCLUSOtildeES

As quatro espeacutecies estudadas apresentam diferenccedilas nas taxas de crescimento

arboacutereo Isto implica que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico de

derrubada e ciclo de corte para estas espeacutecies natildeo garantem a manutenccedilatildeo dos

estoques de madeira na floresta e portanto natildeo satildeo sustentaacuteveis

O DMD sugerido para Hura eacute de 130 cm quando a espeacutecie atinge sua produccedilatildeo

oacutetima de madeira possibilitando o aproveitamento maacuteximo do recurso bem como a

53

permanecircncia de indiviacuteduos em idade reprodutiva e consequumlente reposiccedilatildeo dos

estoques desta espeacutecie

Os resultados mostram que para C odorata uma espeacutecie com baixa densidade

de indiviacuteduos na reserva o DMD encontrado foi inferior a 50 cm (3760 cm) o que

demonstra a necessidade de aplicaccedilatildeo de tratamentos de enriquecimento de indiviacuteduos

para reposiccedilatildeo dos estoques para futuras exploraccedilotildees

Para O cymbarum e S elata DMDs sugeridos satildeo de 53 e 56 cm

respectivamente dentro do diacircmetro limite estabelecido por lei No entanto a baixa

densidade de indiviacuteduos encontrada em S elata indica tambeacutem a importacircncia de

aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais de enriquecimento para esta espeacutecie atingir

niacuteveis manejaacuteveis de seus estoques madeireiros

Os ciclos de corte variaram entre 10 anos para as espeacutecies de madeira branca e

12 anos para as espeacutecies de madeira pesada Entretanto deve ser ressaltada a

importacircncia do uso de DMD aqui sugeridos para cada espeacutecie objetivando a garantia da

manutenccedilatildeo dos estoques das mesmas

A dendrocronologia se mostrou uma ferramenta bastante uacutetil na aplicaccedilatildeo de

modelos de crescimento arboacutereo com intuito de contribuir para elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo florestal que suportam maior sustentabilidade do uso dos

recursos florestais Contudo maiores estudos para compreensatildeo da estrutura das

populaccedilotildees crescimento e reproduccedilatildeo das espeacutecies madeireiras de florestas de vaacuterzea

devem ser realizados

54

8 REFEREcircNCIAS

Achard F Eva HD Stibig Hans-Juumlrgen Mayaux P Gallego J Richards T

Malingreau Jean-Paul 2002 Determination of Deforestation Rates of the Worlds

Humid Tropical Forests Science 297(5583) 999 ndash 1002

Alencar A Nepstad D McGrath D Moutinho P Pacheco P Del Carmen M Diaz

V Soares ndash Filho BS 2004 Desmatamento na Amazocircnia indo aleacutem da

emergecircncia crocircnica Ipamhttpwwwipamorgbrpublicacoeslivrosresumo_des

matamentophp

Albernaz AL amp Ayres JM 1999 Selective Logging along the Middle Solimotildees River

In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash

Diversity Development and Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains

New York NYBG Press

Amaral P amp Amaral MN 2000 Manejo florestal comunitaacuterio na Amazocircnia brasileira

situaccedilatildeo atual desafios e perspectivas Brasiacutelia DF Instituto Internacional de

Educaccedilatildeo do Brasil (IIEB) 58 pp

Anderson A Mousasticoshvily I Macedo D 1999 Logging of Virola surinamensis in

the Amazon Floodplain Impacts and alternatives In Padoch C Ayres J M

Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and

Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Asner GP Knapp DE Broadbent EN Oliveira PJC Keller M Silva JNM

2005 Selective logging in the Brazilian Amazon Science 310 480 ndash 482

Ayres JM 1993 As matas de vaacuterzea do Mamirauaacute MCTCNPqSociedade Civil

Mamirauaacute Brasiacutelia Distrito Federal 123 pp

Barreto P Amaral P Vidal E Uhl C 1998 Costs and benefits of forest

management for timber production in eastern Amazonia Forest Ecology and

Management 108 (1ndash2) 9 ndash 26

Barros AC amp Uhl C 1995 Logging along the Amazon River and estuary Patterns

problems and potential Forest Ecology and Management 77 87ndash105

Barros AC amp Uhl C 1999 The economic and social significance of logging operations

on the Floodplains of the Amazon estuary and prospects for ecological

55

sustainability In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A

(eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and Conservation of Amazonias

Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Boltz F Carter DR Holmes TP Pereira RJr 2001 Financial returns under

uncertainty for conventional and reduced impact logging in permanent production

forests of the Brazilian Amazon Ecological Economics 39 387 ndash 398

Borchert R Rivera G Hagnauer W 2002 Modification of vegetative phenology in a

tropical semideciduous forest by abnormal drought and rain Biotropica 34 27 ndash

39

Bormann FH amp Berlyn G 1981 Age and growth rate of tropical trees new directions

for research Yale University School of Forestry and Environmental Studies

Bulletin New Haven

Boot RGA amp Gullison RE 1995 Aprporaches to developing sustainable extraction

systems for tropical forest products Ecological Applications 5(4) 896 ndash 903

Brienen RJW amp Zuidema PA 2005 Relating tree growth to rainfall in Bolivian rain

forests a test for six species using tree ring analysis Oecologia 146(1) 1 ndash 12

Brienen RJW amp Zuidema PA 2006 Lifetime growth patterns and ages of Bolivian

rain forest trees obtained by tree ring analysis Journal of Ecology 94 481 ndash 493

Brienen RJW amp Zuidema PA 2007 Incorporating persistent tree growth differences

increases estimates of tropical timber yield The Ecological Society of America

Frontiers in Ecology and the Environment 5(6) 302 ndash 306

Cannell MGR 1984 Woody biomass of forest stands Forest Ecology and

Management 8 (3 ndash 4) 299 ndash 312

Carvalho G Barros AC Moutinho P Nepstad D 2001 Sensitive Development

Could Protect Amazonia Instead of Destroying It Nature 409 131

Chave J Andalo C Brown S Cairns MA Chambers JQ Eamus D Foumllster H

Fromard F Higuchi N Kira T Lescure J-P Nelson BW Ogawa H Puig

H Rieacutera B Yamakura T 2005 Tree allometry and improved estimation of

carbon stocks and balance in tropical forests Oecologia 145 87 ndash 99

Chambers JQ Higuchi N Schimel JP 1998 Ancient trees in Amazonia Nature 39

135 ndash 136

56

Cintron BB 1990 Cedrela odorata L Cedro hembra Spanish cedar In Burns RM

Honkala BH (eds) Silvics of North America 2 Hardwoods Agric Handb

Washington DC US Department of Agriculture Forest Service 654 250 ndash 257

Clark DB amp Clark DA 1996 Abundance growth and mortality of very large trees in

neotropical lowland rain forest Forest Ecology and Management 80 235 ndash 244

Clark DA Clark DB 2001 Getting to the canopy Tree height growth in a neotropical

rain forest Ecology 82 1460 ndash 1472

Condit R 1995 Research in large long-term tropical forest plots Tree 10 18 ndash 22

Condit R Hubbel SP Foster RB 1995 Demography and harvest potential of Latin

American timber species data from a large permanent plot in Panama Journal of

Tropical Forest Science 7 599 ndash 622

De Graaf NN Filius AM Huesca Santos AR 2003 Financial analysis of sustained

forest management for timber Perspectives for application of the CELOS

management system in Brazilian Amazonia Forest Ecology and Management

177 287 ndash 299

Denevan WM 1976 The aboriginal population of Amazonia In Denevan W M (ed)

The native population of the Americas in 1492 The University of Wisconsin Press

205 ndash 234

De Simone O Junk WJ Schmidt W 2003 Central Amazon Floodplain Forests Root

Adaptations to Prolonged Flooding Russian Journal of Plant Physiology 50(6)

848 ndash 855

Dezzeo N Worbes M Ishii I Herrera R 2003 Growth rings analysis of four tropical

tree species in seasonally flooded forest of the Mapire River a tributary of the

lower Orinoko River Venezuela Plant Ecology 168 165 ndash 175

Duumlnisch O Montoia VR Bauch J 2003 Dendroecological investigations on

Swietenia macrophylla King and Cedrela odorata L (Meliaceae) in the Central

Amazon Trees ndash Struct Funct 17 244 ndash 250

Dykstra JA amp Heinrich R 1996 FAO model code of forest harvesting practice Food

and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) Rome Italy

Eckstein D Sass U Baas P 1995 Growth periodicity in tropical trees IAWA Journal

16 325 ndash 442

57

Enquist BJ Leffler AJ 2001 Long-term tree ring chronologies from sympatric tropical

dry-forest trees individualistic responses to climatic variation Journal of Tropical

Ecology 17 41 ndash 60

Enright NJ Hartshorn GS 1981 The demography of tree species in undisturbed

tropical rainforest In Bormann FH Berlyn G (eds) Age and growth rate of

tropical trees new directions for research Yale University School of Forestry and

Environmental Studies 94 107 ndash 119

Fearnside PM 1999 Biodiversity as an environmental service in Brazilacutes Amazonian

forests risks value and conservation Environmental Conservation 26 305 ndash 321

Ferreira LV 1991 O efeito do periacuteodo de inundaccedilatildeo na zonaccedilatildeo de comunidades

fenologia e regeneraccedilatildeo em uma floresta de Igapoacute na Amazocircnia Central Masterrsquos

Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 161 pp

Fichtler E Clark DA Worbes M 2003 Age and long-term growth of trees in an old-

growth tropical rain forest based on analyses of tree rings and C-14 Biotropica

35 306 ndash 317

Fichtler E Trouet V Beeckman H Coppin P Worbes M 2004 Climatic signals in

tree rings of Burkea africana and Pterocarpus angolensis form semiarid forests in

Namibia Trees 18 442 ndash 451

Francis J K 1990 Hura crepitans L Sandbox molinillo jabillo In SO-ITF-SM-38 New

Orleans LA US Department of Agriculture Forest Service Southern Forest

Experiment Station 270 ndash 274

Fritts HC 1976 Tree rings and climate London - Academic Press 567 pp

Furch K 1984 Water chemistry of the Amazon Basin The distribution of chemical

elements among freshwaters In Sioli H (ed) The Amazon Limnology and

Landscape Ecology of a Mighty Tropical River and its Basin Junk Publishers

Dordrecht 176 ndash 200

Furch K 1997 Chemistry of Vaacuterzea and Igapoacute soils and nutrient inventory of their

floodplain forests In Junk WJ (ed) The Central Amazon Floodplains Ecology of

a Pulsing System Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 47 ndash 67

58

Gama JRV Bentes ndash Gama M de Matos Scolforo JRS 2005 Sustainable

management for floodplain forest in eastern Amazonian Rev Aacutervore 29(5) 719 ndash

729

Gerwing JJ 2002 Degradation of forests through logging and fire in the eastern

Brazilian Amazon Forest Ecology and Management 157 131 ndash 141

Gourlay ID 1995 The definition of seasonal growth zones in some African Acacia

species ndash A review IAWA Journal 16 353 ndash 359

Hartshorn GS 1995 Ecological basis for sustainable development in tropical forests

Annual Review of Ecology and Systematics 26 155 ndash 175

Higuchi N Hummel AC Freias JV Malinowski JRE Stokes R 1994

Exploraccedilatildeo florestal nas vaacuterzeas do Estado do amazonas seleccedilatildeo de aacutervore

derrubada e transporte Proceedings of the VII Harvesting and Transportation of

timber Products IUFROUFPR Curitiba Brasil 168 ndash 193

Holmes TP Blate GM Zweede JC Pereira R Barreto P Boltz F Bauch R

2002 Financial and ecological indicators of reduced impact logging performance in

the eastern Amazon Forest Ecology and Management 163 93 ndash 110

IBGE 2000 Censo Demograacutefico 2000 Resultados Preliminares Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Rio de Janeiro 172 pp

Irion G Junk WJ Mello JASN 1997 The large Central Amazonian river floodplain

near Manaus geological climatological hydrological and geomorphological

aspects In the Central Amazonian Floodplains Ecology of a Pulsing System

Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 23 ndash 46 Johns JS Baretto P Uhl C 1996 Logging damage during planned and unplanned

logging operations in the eastern Amazon Forest Ecology and Management 89

59 ndash 77

Junk WJ 1989 Flood tolerance and tree distribution in Central Amazonian floodplains

In Nielsen LB Nielsen IC Baisley H (eds) Tropical Forests Botanical

Dynamics Speciation and Diversity Academic Press London 47 ndash 64

Junk WJ Bayley PB Sparks RE 1989 The flood pulse concept in foodplain

systems In Dodge DP (eds) Proceedings of the International Large River

Symposium Cen Spec Publ Fish Aquat Sci 106 110 ndash 127

59

Junk WJ amp Piedade MTF 1997 Plant life in the floodplain with special reference to

herbaceous plants In The central Amazon Floodplain Ecology of a Pulsing

system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 147 ndash 185

Kammescheidt L Gagang AA Schwarzwaller W Weidelt H 2003 Growth patterns

of dipterocarps in treated and untreated plots Forest Ecology and Management

174 437 ndash 445

Kubitzki K amp Zibursk A 1994 Seed dispersal in flood plain forests of Amazonia

Biotropica 26(1) 30 ndash 43

Lambin EF Geist HJ Lepers E 2003 Dynamics of land-use and land-cover change

in tropical regions Annual Review of Environment and Resources 28 205 ndash 41

Lamprecht H 1989 Silviculture in the tropics tropical forest ecosystems and their tree

species - possibilities and methods for their long-term utilization GTZ Eschborn

Laurance WF Nascimento HEM Laurance SG Condit R DAngelo S

Andrade A 2004 Inferred longevity of Amazonian rainforest trees based on a

long-term demographic study Forest Ecology and Management 190 131 ndash 143

Lieberman D Lieberman M Hartshorn G Peralta R 1895 Growth rates and age-

size relationships of Tropical Wet Forest trees in Costa Rica

Journal of Tropical Ecology 1(2) 97 ndash 109

Lima JRA amp Santos Joaquim dos Higuchi N 2005 Situaccedilatildeo das induacutestrias

madeireiras do Estado do Amazonas em 2000 Acta Amazonica 35(2) 125 ndash 132

Loureiro AA amp Silva MF da 1968 Cataacutelogo das madeiras da Amazocircnia Beleacutem

INPA 1 ndash 2

Margulis S 2003 Causas do desmatamento da Amazocircnia brasileira Brasiacutelia Banco

Mundial 100 pp

Marinho TA da S 2008 Distribuiccedilatildeo e estrutura da populaccedilatildeo de quatro espeacutecies

madeirerias em uma floresta sazonalmente alagaacutevel na Reserva de

desenvolvimento sustentaacutevel Mamirauaacute Amazocircnia Central Masterrsquos Thesis

Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 71 pp

Marques CA 2001 Importacircncia econocircmica da famiacutelia Lauraceae Lindl Floresta e

Ambiente 8(1) 195 ndash 206

60

Martini A Arauacutejo R N Uhl C 1998 Espeacutecies de Aacutervores Potencialmente

Ameaccediladas pela Atividade Madeireira na Amazocircnia Imazon Beleacutem Brazil Seacuterie

Amazocircnia Ndeg 11

Nebel G amp Kvist LP 2001 A review of Peruvian flood plain forests ecosystems

inhabitants and resource use Forest Ecology and Management 150 3 ndash 26

Nebel G Dragsted J Simonsen TR Vanclay JK 2001 The Amazon floodplain

forest tree Maquira coriacea (Karsten) CC Berg Aspects of ecology and

management Forest Ecology and Management 150 103 ndash 113

Nebel G amp Meilby H 2005 Growth and population structure of timber species in

Peruvian Amazon flood plains Forest Ecology and Management 215 1 ndash 3

Nepstad D Carvalho G Barros AC Alencar A Capobianco J Bishop J

Moutinho P Lefebvre P Silva U 2001 Road Paving Fire Regime Feedbacks

and the Future of Amazon Forests Forest Ecology and Management 5524 1 ndash 13

Nutto L Watzlawick LF 2002 Relaccedilotildees entre fatores climaacuteticos e incremento em

diacircmetro de Zanthoxylum rhoifolia Lam e Zanthoxylum hyemale St Hil Na regiatildeo

de Santa Maria RS Embrapa Florestas Bol Pesq Fl Colombo PR 45 41 ndash 55 Ohly JJ 2000 Development of central Amazonia in the modern era In Junk WJ

Ohly JJ Piedade MTF Soares MGM (eds) The Central Amazon

Floodplain Actual Use and Options for Sustainable Management Backhuys

Publisher Leiden 75 ndash 94

Parolin P 2001 Morphological and physiological adjustments to waterlogging and

drought in seedlings of Amazonian floodplain trees Oecologia 128 326-335

Parolin P 2002 Bosques inundados en la Amazonia Central Su aprovechamiento

actual y potencial Ecologia Aplicada 1(1) 111 ndash 114

Parolin P De Simone O Haase K Waldhoff D Rottenberger S Kuhn U

Kesselmeier J Kleiss B Schmidt W Piedade MTF Junk WJ 2004 Central

Amazonian floodplain forests tree adaptations in a pulsing system The Botanical

Review 70(3) 357 ndash 380

Piedade MTF Junk WJ Parolin P 2000 The flood pulse and photosynthetic

response of tree in a white water floodplain (Vaacuterzea) of Central Amazon Brazil

Verhandlungen der Internationalen Vereinigung fuumlr Limnologie 27 1734 ndash 1739

61

Piedade MTF 1985 Ecologia e biologia reprodutiva de Astrocaryum jauari Mart

(Palmae) como exemplo de populaccedilatildeo adaptada agraves aacutereas inundaacuteveis do Rio Negro

(igapoacutes) Masterrsquos Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo

Universidade do Amazonas Manaus Amazonas 188 pp

Piedade MTF Junk WJ Adis J Parolin P 2005 Ecologia zonaccedilatildeo e colonizaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo arboacuterea das Ilhas Anavilhanas Pesquisas Botacircnica 56 117 ndash 143

Pinedo-Vasquez M Zarin DJ Coffey K Padoch C Rabelo F 2001 Post-boom

logging in Amazonia Human Ecology 29 219ndash239

Prance GT 1980 A terminologia dos tipos de florestas Amazocircnicas sujeitos agrave

inundaccedilatildeo Acta Amazonica 10 495 ndash 504

Prance GT 1989 American Tropical Forests In Lieth H Weger MJA (eds)

Tropical Rain Forest Ecossistems Ecossistems of the World Elsevier Amsterdam

14 99 ndash 132

Putz FE Blate GM Redford KH Fimbel R Robinson J 2001 Tropical forest

management and conservation of biodiversity an overview Conservation Biology

15 7ndash20

Queiroz H 2005 A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute Estudos

Avanccedilados 19(54) 183 ndash 203

Revilla JDC 1981 Aspectos floriacutesticos e fitossocioloacutegicos da floresta inundaacutevel

(igapoacute) Praia Grande Rio Negro Amazonas Brasil Masterrsquos Thesis Instituto

Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do Amazonas

Manaus Amazonas 129 pp

Ribeiro RNS Tourinho MM Santana AC 2004 Avaliaccedilatildeo da sustentabilidade

agroambiental de unidades produtivas agroflorestais em Vaacuterzeas fluacutevio marinhas

de Cametaacute - Paraacute Acta Amazonica 34(3) 359 ndash 374

Roig FA 2000 Dendrocronologiacutea en los bosques del Neotroacutepicos revisioacuten y

prospeccioacuten futura In Dendrocronologiacutea en america Latina Roig F A (ed)

Mendoza EDIUNC 307 ndash 355

Sass U Killmann W Eckstein D 1995 Wood formation in two species of

dipterocarpaceae in Peninsular Malaysia IAWA Journal 16 371 ndash 384

62

Schoumlngart J 2003 Dendrochronologische Untersuchungen in

Uumlberschwemmungswaumlldern der vaacuterzea Zentralamazoniens PhD Thesis Fakultaumlt

fuumlr Forstwissenschaften und Waldoumlkologie Universitaumlt Goumlttingen 223 pp

Schoumlngart J 2008 GrowthndashOrientated Logging (GOL) A new concept towards

sustainable forest management in Central Amazonian vaacuterzea floodplains Forest

Ecology and Management (Aceito)

Schoumlngart J Piedade MTF Ludwigshausen S Horna V Worbes M 2002

Phenology and stem-growth periodicity of tree species in Amazonian floodplain

forests Journal of Tropical Ecology 18 581 ndash 597

Schoumlngart J Piedade MTF Worbes M 2003 Successional differentiation in

structure floristic composition and wood increment of whitewater Floodplain

Forests in Central Amazonia German-Brazilian Workshop on Neotropical

Ecosystems ndash Achievements and Prospects of Cooperative Research Hamburg 3

ndash 8

Schoumlngart J Junk WJ Piedade MTF Ayres JM Huumlttermann A Worbes M

2004 Teleconnection between tree growth in the Amazonian floodplains and the El

Nintildeo-Southern Oscillation effect Global Change Biology 10 683 ndash 692

Schoumlngart J Piedade MTF Wittmann F Junk WJ Worbes M 2005 Wood

growth patterns of Macrolobium acaciifolium (Benth) (Fabaceae) in Amazonian

black-water and white-water Floodplain Forests Oecologia 145 454 ndash 461

Schoumlngart J Orthmann B Hennenberg KJ Porembski S Worbes M 2006

Climate ndash growth relationships of tropical tree species in West Africa and their

potential for climate reconstruction Global Change Biology 12 1139 ndash 1150

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M Piedade MTF Krambeck H-J Junk WJ

2007 Management criteria for Ficus insipida Willd (Moraceae) in Amazonian white

ndash water floodplain forests defined by tree ndash rings analysis Annals of Forest

Science 64 657 ndash 664 Schoumlngart J Rocha RM Queiroz HL 2008a Traditional timber extraction in the

central Amazonian floodplains In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

63

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M 2008b Biomass and net primary production of

central Amazonian floodplain forests In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-Verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Swaine MD Whitmore TC 1988 On the definition of ecological species groups in

tropical rain forests Vegetatio 75 81 ndash 86

Schwartz MW Caro TM Banda-Sakala T 2002 Assessing the sustainability of

harvest of Pterocarpus angolensis in Rukwa Region Tanzania Forest Ecology and

Management 170 259 ndash 269

Schweingruber FH 1988 Tree rings Reidel Dordrecht 276 pp

Sioli H amp Klinge H 1962 Solos tipos de vegetaccedilatildeo e aacuteguas na Amazocircnia Boletim

Museu Paraense Emilio Goeldi 1 27 ndash 41

Sioli H 1984 Former and recent utilizations of Amazonia and their impact on the

environment In The Amazon Sioli H (ed) Junk Publishers Dordrecht 675 ndash

706

Sioli H 1991 Amazocircnia Fundamentos da ecologia da maior regiatildeo de florestas

tropicais Editora Vozes Petroacutepolis Rio de Janeiro 3 ed 71 pp

Sociedade Civiacutel Mamirauaacute 1996 Mamirauaacute Management Plan (summarized version)

Brasiacutelia SCM CNPqMCT

Sokpon N amp Biaou SH 2002 The use of diameter distributions in sustained-use

management of remnant forests in Benin case of Bassila forest reserve in North

Benin Forest Ecology and Management 161 13 ndash 25

Sombroek WG 1979 Soils of the Amazon region and their ecological stability ISM

Annual Report 13 ndash 27

Smeraldi R 2003 Legalidade predatoacuteria ndash o novo contexto da exploraccedilatildeo madeireira

na Amazocircnia In MACQUEEN DJ (ed) Exportando sem crises a induacutestria de

madeira tropical brasileira e os mercados internacionais IIED Small and Medium

64

Enterprise Series London International Institute for Environment and

Development 1 37 ndash 52

Spiecker H 2002 Tree rings and forest management in Europe Dendrochronologia

20(1-2) 191 ndash 202

Stadtler EWC 2007 Estimativas de biomassa lenhosa estoque e sequumlestro de

carbono acima do solo ao longo do gradiente de inundaccedilatildeo em uma floresta de

igapoacute alagada por aacutegua preta na Amazocircnia Central MSc thesis INPAUFAM

Manaus BrazilStahle DW 1999 Useful strategies for the development of tropical

tree-ring chronologies IAWA Journal 20 249 ndash 253

Takeuchi M 1962 The structure of the amazonian vegetation VI Igapoacute Journal of the

Faculty Science University of Tokyo 8(4 ndash 7) 297-304

Ter Steege H Pitman N Sabatier D Castellanos H Vander Hout P Daly DC

Silveira M Phillips OL Vasquez R Van Andel T Duivenvoorden J De

Oliveira AA Ek R Lilwah R Thomas R Van Essen J Baider C Maas P

Mori S Terborgh J Nueacutez PV Mogolloacute n H Morawetz W 2003 A spatial

model of tree adiversity and b-density for the Amazon Region Biodiversityand

Conservation 12 2255 ndash 2277

Therrell MD Stahle DW Ries LP Shugart HH 2006 Tree-ring reconstructed

rainfall variability in Zimbabwe Climate Dynamics 26 677 ndash 685

Uhl C Barreto P Verissiacutemo A Vidal E Amaral P Barros AC Souza C Johns

J Gerwing J 1997 Natural Resource Management in the Brazilian Amazon

Bioscience 47(3) 160 ndash 168

Vidal E Viana VM Batista JLF 2002 Crescimento de floresta tropical trecircs anos

apoacutes colheita de madeira com e sem manejo florestal na Amazocircnia oriental

Scientia forestalis 61133-143

Waldholff D Junk WJ Furch B 1998 Responses of three Central Amazonian tree

species to drought and flooding under controlled conditions International Journal of

Ecological and Environments Sciences 24 237 ndash 252

Wittmann F amp Parolin P 1999 Phenology of six tree species from Central Amazonian

Vaacuterzea Ecotropica 5 51 ndash 57

65

Wittmann F Anhuf D Junk WJ 2002 Tree species distribution and community

structure of central Amazonian Vaacuterzea forests by remote-sensing techniques

Journal of Tropical Ecology 18 805 ndash 820

Wittmann F amp Junk WJ 2003 Sapling communities in Amazonian white-water forests

Journal of Biogeography 30(10) 1533 ndash 1544

Wittmann F Junk WJ Piedade MTF 2004 The Vaacuterzea forests in Amazonia

flooding and the highly dynamic geomorphology interact with natural forest

succession Forest Ecology and Management 196 199 ndash212

Wittmann F Schoumlngart J Montero JC Motzer T Junk WJ Piedade MTF

Queiroz HL Worbes M 2006a Tree species composition and diversity gradients

in white-water forests across the Amazon Basin Journal of Biogeography 33 1334

ndash 1347

Wittmann F Schoumlngart J Brito JM Oliveira Wittmann A Piedade MTF Parolin

P Junk WJ Guillaumet JL 2006b Manual of trees from Central Amazonian

vaacuterzea floodplains Taxonomy ecology and use Ed Valer (no prelo)

Whitmore TC 1990 An introduction to tropical rain forests Oxford University Press

New York

Worbes M 1985 Structural and other adaptations to long-term flooding by in Central

Amazonia Amazoniana 9 459 ndash 484

Worbes M 1989 Growth rings increment and age of trees in inundation forest

savannas and mountain forest in the neotropics IAWA Bulletin 10(2) 109 ndash 122

Worbes M 1995 How to measure growth dynamics in tropical trees mdash a review IAWA

Journal 16 337ndash 351

Worbes M 1997 The forest ecosystem of the floodplains In The central Amazon

Floodplain Ecology of a Pulsing system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg

New York 223 ndash 266

Worbes M 1999 Annual grow rings rainfall-dependent growth and long-term grgrowth

patterns of tropical trees from the Caparo Forest Reserve in Venezuela Journal of

Ecology 87 391 ndash 403

Worbes M 2002 One hundred years of tree-ring research in the tropics ndash a brief history

and an outlook to future challenges Dendrochronologia 20(1 ndash 2) 217 ndash 231

66

Worbes M amp Junk WJ 1999 How old are the trees The persistence of a myth

IAWA Journal 20(3) 255 ndash 260

Worbes M Kingle H Revilla JD Martius C 1992 On the dynamics floristic

subdivision and geographical distribuition of Vaacuterzea forests in Central Amazonia

Journal of Vegetation Science 3 553 ndash 569

Worbes M Piedade MTF Schoumlngart J 2001 Holzwirtschaft im Mamirauaacute-Projekt

zur nachhaltigen Entwicklung einer Region im Uumlberschwemmungsbereich des

Amazonas Forstarchiv 72 188 ndash 200

Worbes M Staschel R Roloff A Junk WJ 2003 The ring analysis reveals age

structure dynamics and wood production of a natural forest stand in Cameroon

Forest Ecology and Management 173 105ndash123

67

Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )

Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo

Page 4: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE

R788 Rosa Sejana Artiaga Modelos de crescimento de quatro espeacutecies madeireiras de floresta de vaacuterzea da Amazocircnica Central Sejana Artiaga Rosa --- Manaus [sn] 2008 76f il Dissertaccedilatildeo (mestrado) --- INPAUFAM Manaus 2008 Orientador Jochen Schoumlngart Aacuterea de concentraccedilatildeo Botacircnica 1 Dendrocronologia 2 Crescimento arboacutereo 3 Manejo florestal I Tiacutetulo CDD 19 ed 6349285

Estudou-se a dinacircmica de crescimento arboacutereo de quatro espeacutecies madeireiras de floresta de vaacuterzea na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute por meio de anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira para subsidiar planos de manejo florestal Palavras-chave Dendrocronologia aneacuteis de crescimento florestas de vaacuterzea manejo florestal

Sinopse

iii

Agradecimentos

Agradeccedilo ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ao Programa

Integrado de Poacutes ndash Graduaccedilatildeo em Biologia Tropical e Recursos Naturais INPAUFAM e

agrave Coordenaccedilatildeo do curso de Botacircnica pelo apoio acadecircmico e infra ndash estrutura obtida

para a realizaccedilatildeo do curso de Poacutes ndash graduaccedilatildeo em Botacircnica

Agrave Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior ndash Capes pela

bolsa de estudo concedida durante o curso de Poacutes ndash Graduaccedilatildeo

Ao convecircnio INPAMax-Planck pelo apoio financeiro e estrutural oferecido Ao

Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute pela estrutura fiacutesica disponibilizada

para a realizaccedilatildeo das coletas de campo Aos mateiros Jackson e Zeacute Pretinho aos

barqueiros Maacuterio e Agenor e agrave cozinheira dona Lene os quais foram de fundamental

para a execuccedilatildeo deste trabalho

Agradeccedilo especialmente ao meu orientador Dr Jochen Schoumlngart pelo apoio

cientiacutefico pela ajuda nos momentos difiacuteceis ensinamentos e amizade

Aos amigos que contribuiacuteram com meu aprendizado nesta etapa da vida

Agradeccedilo agravequeles que estatildeo longe Anamaria Luciana Mateus Ohana Wellington

Naacutergila Agradeccedilo principalmente agrave Mirelle que me ensinou o valor da amizade

verdadeira Aos amigos que fiz em Manaus durante o mestrado Liliane Ana Paula

Valdete Thaysa Carla Taciana Leila Serginho e Pena Aos alunos e amigos do

mestrado Maacuterio Terra Maacuterio Fernandes Andreacute e Rafael pelas dicas e apoio durante o

curso

Aos integrantes do Projeto INPAMax-Planck Tatiana Tereza Celso Luacutecia

Auristela Maria Astrid Edvaldo Wallace e Valdeney que de alguma forma contribuiacuteram

para o desenvolvimento deste projeto A Dra Maria Teresa Fernandez Piedade ao Dr

Florian Wittman e ao Dr Wolfgan Junk por serem fonte de inspiraccedilatildeo

Agrave minha matildee Oni Artiaga da Rosa e ao meu pai Pedro Boliacutevar Artiaga da Rosa

por tudo que sou e por tudo que tenho conquistado Aos irmatildeos Luiz Adriano Seacutergio

Renato Suyana e Suyara por tudo que tecircm feito por mim

iv

Resumo

A exploraccedilatildeo madeireira eacute uma importante atividade econocircmica em florestas alagaacuteveis de vaacuterzea da Amazocircnia Central No oeste da bacia Amazocircnica do Brasil e Peru o acesso a florestas de terra firme eacute restrita devido a ausecircncia de infra-estrutura de pavimentaccedilatildeo Cerca de 60 a 90 dos mercados regional e local satildeo provenientes de florestas alagaacuteveis Os custos da madeira em florestas alagaacuteveis satildeo mais baixos (US$ 673 mndash3) do que em florestas de terra firme (US$ 1432 mndash3) devido ao faacutecil acesso e ao baixo custo da exploraccedilatildeo Extraccedilatildeo de madeira eacute baseada em planos de manejo a utilizando-se ciclos de corte entre 25-35 anos e um diacircmetro limite de derrubada de 50 cm Anaacutelise de aneacuteis anuais (dendrocronologia) eacute uma poderosa ferramenta para determinar a idade das aacutervores e crescimento arboacutereo promovendo sistemas de manejo florestal sustentaacuteveis Este estudo teve como objetivo modelar padrotildees de crescimento de Hura crepitans L (Euphorbiaceae) Cedrela odorata L (Meliaceae) Ocotea cymbarum Mez (Lauraceae) and Sterculia elata Ducke (Malvaceae) espeacutecies de importacircncia comercial de vaacuterzea da Amazocircnia Central Baseados em padrotildees de crescimento especiacuteficos ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de derrubada satildeo estimados para subsidiar o desenvolvimento futuros de planos de manejo mais sustentaacuteveis na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute (RDSM) Para cada aacutervore foram selecionados 20 indiviacuteduos e feitas medidas do diacircmetro na altura do peito (DAP) com ge 10 cm e estimativas da altura das aacutervores Um total de 20 discos e 110 cilindros de 5 mm de diacircmetro foram coletados com broca dendrocronoloacutegica As amostras foram polidas em sequumlecircncia progressiva com lixas de papel e a estrutura anatocircmica da madeira foi descrita e analisada para a realizaccedilatildeo dos estudos dendrocronoloacutegicos As anaacutelises foram realizadas no Laboratoacuterio de Dendrocronologia do Projeto INPAMax-Planck em Manaus A determinaccedilatildeo da idade foi feita por contagem direta dos aneacuteis e taxas de incremento radial foram geradas por mediccedilotildees da largura dos aneacuteis com o sistema de anaacutelise digital com precisatildeo de 001 mm (LINTAB) Baseado nos dados da idade diacircmetro e altura das aacutervores modelos de crescimento foram desenvolvidos para cada espeacutecie com base em relaccedilotildees significativas entre idade e diacircmetro e diacircmetro e altura pra estimar o crescimento em volume O diacircmetro no incremento em volume maacuteximo corrente foi definido como o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) O DMD das espeacutecies estudadas variou entre 376 cm (C odorata) e 1288 cm (H crepitans) O ciclo de corte foi estimado pela passagem meacutedia de tempo de uma classe de diacircmetro de 10 cm ateacute alcanccedilar o DMD Ciclos de corte variaram entre 97 anos (H crepitans e S elata) e 120 anos (C odorata) valores muito menores do que o atualmente aplicado nas praacuteticas de manejo baseadas na legislaccedilatildeo florestal e instruccedilatildeo normativa expedida pelo IBAMA Os resultados indicam que as atuais praacuteticas manejo de florestas satildeo ineficientes para o manejo de estoques madeireiros das espeacutecies comerciais estudadas Planos de manejo devem considerar as taxas de crescimento especificas para garantir a sustentabilidade do manejo de florestas

v

Abstract Timber harvesting is an important economic activity in nutrient-rich floodplain forests (vaacuterzea) of Central Amazonia In the Western Amazon basin of Brazil and Peru access to terra firme forests is restricted due to the absence of a road network Still 60ndash90 of the local and regional markets are provided with timber obtained from the floodplain forests Costs for logging are lower in the floodplain forests (US$ 673 mndash3) as in the non-flooded terra firme forests (US$ 1432 mndash3) due to the easier access and lower energy costs Timber harvesting is based on a forest management plan applying felling cycles of 25-35 year an diameter cutting limits of 50 cm Tree-ring analysis (dendrochronology) is a powerful tool to determine tree ages and wood growth providing data for long-term growth patterns and forest dynamic as a basis for the development of sustainable forest management systems This study aims to model growth patterns of Hura crepitans L (Euphorbiaceae) Cedrela odorata L (Meliaceae) Ocotea cymbarum Mez (Lauraceae) and Sterculia elata Ducke (Malvaceae) tree species of commercial importance in the central Amazonian vaacuterzea Based on the growth patterns species-specific felling cycles and minimum logging diameter are estimated to support the development of future management plans towards sustainability in the Mamirauaacute Reserve of Sustainable Development (MRSD) From every tree species tree heights and diameter at breast height ge 10cm were measured from 20 individuals A total of 20 stem disks and 110 cores of 5 mm diameter were collected using an increment borer The cores were progressively polished with sanding paper to describe and analyze wood anatomical patterns as a key for a successful dendrochronological study The analyses were performed in the Dendrochronology Laboratory of INPAMax-Planck project in Manaus Tree age was determined by ring-counting and diameter increment rates were determined by ring-width measurements using a digital measuring device (LINTAB) Based on the data set of tree age diameter and tree height growth models were developed for each species based on significant age-diameter and diameter-height relationships to estimate volume growth The diameter of the maximum current volume increment was defined as minimum logging diameter (MLD) The MLD of the studied tree species varied between 376 cm (C odorata) and 1288 cm (H crepitans) The felling cycle was estimated by the mean passage time of 10 cm diameter classes until reaching the derived MLD Felling cycles varied between 97 years (H crepitans and S elata) and 120 years (C odorata) much lower than applied in the current management practices based on forest legislation and normative instruction of the Brazilian Environmental Agencies (IBAMA) The results indicate that current forest management practices are inefficient to manage the timber stocks of the studied commercial tree species Management plans must consider species-specific growth rates to guarantee a sustainable forest management

vi

Abreviaccedilotildees

Ab ndash Aacuterea basal

Bio ndash Biomassa acima do solo

CC ndash Ciclo de corte

CrC ndash Crescimento cumulativo

DAP ndash Diacircmetro acima da altura do peito

Den ndash Densidade da madeira em gcm3

DMD ndash Diacircmetro miacutenimo de derrubada

f ndash Fator de correccedilatildeo

FFT ndash Fundaccedilatildeo Floresta Tropical

h ndash altura

IBAMA ndash Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IC ndash Incremento corrente

IDSM ndash Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute

IM ndash Incremento meacutedio

INPA ndash Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia

IPAAM ndash Instituto de Proteccedilatildeo Ambiental do Amazonas

MMA ndash Ministeacuterio do Meio Ambiente

MFC ndash Manejo Florestal Comunitaacuterio

PMFS ndash Plano de Manejo Florestal Simplificado

PPG7 ndash Programa Piloto para a Proteccedilatildeo das Florestas Tropicais do Brasil

RDSA ndash Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Amanaacute

RDSM ndash Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute

SEMA ndash Secretaria Estadual do Meio Ambiente

t ndash Tempo

UNESCO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura

V ndash Volume

vii

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 4

21 Dendrocronologia nos troacutepicos 4

22 As florestas de vaacuterzea 7

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea 10

3 OBJETIVOS 13

31 Objetivo Geral13

32 Objetivos especiacuteficos13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS14

41 Aacuterea de estudos 14

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies15

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos 19

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos 20

5 RESULTADOS 25

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira 25

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies 28

6 DISCUSSAtildeO 39

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira 39

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo40

63 Estrateacutegias de manejo florestal 45

64 Desafios futuros52

7 CONCLUSOtildeES 53

8 REFEREcircNCIAS 55

viii

Lista de figuras

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da

largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)24

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial 27

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura 30

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata 31

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura 32

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura33

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans 34

Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie 36

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura) 38

Figura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999 a 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM 49

ix

1 INTRODUCcedilAtildeO

As florestas tropicais apresentam grande importacircncia na promoccedilatildeo de habitats

para metade das espeacutecies do planeta atuando na manutenccedilatildeo da biodiversidade

ciclagem de aacutegua e nos ciclos biogeoquiacutemicos (Fearnside 1999) Contudo por mais de

3 deacutecadas vem sofrendo grandes pressotildees pelo aumento das taxas de desmatamento

(Achard et al 2002 Lambin et al 2003) causadas principalmente pela conversatildeo de

floresta para pastagem e agricultura (Alencar et al 2001 Margulis 2003) extraccedilatildeo de

madeira natildeo sustentada (Nepstad et al 2001 Asner et al 2005) e investimentos em

pavimentaccedilatildeo e infra-estrutura (Carvalho et al 2001) Essas mudanccedilas na cobertura

florestal tecircm levado a comunidade cientiacutefica a buscar alternativas para a conservaccedilatildeo e

uso sustentaacutevel dos recursos naturais de florestas tropicais (Boot amp Gullison 1995

Hartshorn 1995 Putz et al 2001)

A floresta Amazocircnica eacute a maior floresta tropical uacutemida do planeta (Sioli amp Klinge

1962 Sioli 1991) dos quais 6 correspondem a florestas de aacutereas alagaacuteveis (Prance

1980) Estas satildeo classificadas em vaacuterzea e igapoacute (Prance 1980) e se destacam por um

distinto sistema edaacutefico associado ao tipo de aacuteguas a que estatildeo sujeitas (Prance

1989) com dinacircmica altamente influenciada pelo pulso anual de inundaccedilatildeo (Junk et al

1989 Schoumlngart et al 2004 2005) As florestas de vaacuterzea sofrem influecircncia de rios de

aacuteguas barrentas (Furch 1984) capazes de transportar uma grande quantidade de

nutrientes atraveacutes de sedimentos oriundos de erosotildees ocorrendo nos Andes e encostas

Preacute-andinas (Sombroek 1979 Ayres 1993 Irion et al 1997)

A riqueza de nutrientes e relativa fertilidade dos solos (Furch 1997) conferem a

estes ecossistemas de vaacuterzea um caraacuteter de importacircncia econocircmica sendo um atrativo

1

para a colonizaccedilatildeo humana durante os uacuteltimos seacuteculos (Parolin 2002) Frequumlentemente

satildeo utilizadas para as praacuteticas de agricultura de subsistecircncia sendo importante fonte de

proteiacutenas para as populaccedilotildees ribeirinhas por meio da pesca e caccedila (Sioli 1984 Junk

1989) e para a extraccedilatildeo de produtos madeireiros e natildeo-madeireiros (Junk amp Piedade

1997 Ohly 2000 Ribeiro et al 2004 Gama et al 2005) Estes fatores influenciam na

alta densidade populacional encontrada neste ecossistema considerando-se outras

regiotildees da Amazocircnia (Denevan 1976 IBGE 2000)

O setor madeireiro tem papel de destaque nestas regiotildees A alta abundacircncia de

certas espeacutecies madeireiras (Wittmann et al 2006a) aliada agrave facilidade de acesso aos

recursos o tipo de operaccedilatildeo de extraccedilatildeo derrubada arraste e transporte atraveacutes dos

rios reduzem os custos da madeira extraiacuteda das vaacuterzeas com relaccedilatildeo agrave extraccedilatildeo de

florestas de terra firme (Higuchi et al 1994 Barros amp Uhl 1995 1999 Uhl et al 1997

Schoumlngart et al 2007)

Ateacute o final de 1990 cerca de 80 da madeira encontrada no mercado brasileiro

era de origem ilegal (Smeraldi 2003) Nos uacuteltimos anos a grande pressatildeo exercida

pela extraccedilatildeo predatoacuteria da madeira aliada ao surgimento de novas alternativas de uso

da terra levaram a necessidade de elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo florestal e

conservaccedilatildeo das florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Schoumlngart et al 2007) Recentemente

programas de manejo florestal tecircm sido implementados com o intuito de proteccedilatildeo e

conservaccedilatildeo das vaacuterzeas amazocircnicas tais como os projetos Proacute-Vaacuterzea e PPG7

(Schoumlngart et al 2008a)

Atualmente os planos de manejos na Amazocircnia Brasileira tecircm como base o

Coacutedigo Florestal no 4711 15 de setembro de 1965 fundamentado em um sistema

policiacuteclico o qual estabelece um diacircmetro limite de corte e a extraccedilatildeo da madeira

2

realizada em intervalos de anos em uma dada aacuterea (ciclo de corte) A aacuterea a ser maneja

eacute dividida em talhotildees de aproximadamente tamanho correspondendo ao nuacutemero de

anos do ciclo de corte (Lamprecht 1989 De Graaf et al 2003)

Este modelo de manejo florestal eacute caracterizado por ocasionar superexploraccedilatildeo

e subutilizaccedilatildeo do potencial madeireiro por natildeo considerar as variaccedilotildees nas taxas de

crescimento entre espeacutecies entre diferentes habitats e ao longo dos anos (Schoumlngart

2003 Brienen amp Zuidema 2006) Espeacutecies de madeira branca com taxas de

crescimento raacutepido podem alcanccedilar o limite de diacircmetro para corte antes do tempo

estabelecido enquanto que espeacutecies de madeira pesada levam maior tempo para

atingir este diacircmetro de derrubada (Schoumlngart 2003 Schoumlngart et al 2003 2007

Brienen amp Zuidema 2007)

A Instruccedilatildeo Normativa (IN) ndeg 5 de 11 de dezembro de 2006 abre caminhos para

modificaccedilotildees do manejo florestal atual O ciclo de corte varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3 por ha ao ano no Plano de Manejo Florestal Simplificado

(PMFS) Pleno No PMFS de baixa intensidade foi estabelecido um ciclo de corte inicial

de 10 anos com volume de extraccedilatildeo de ateacute 10 msup3 por ha Na vaacuterzea a produccedilatildeo pode

exceder 10 msup3 por ha ao ano poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3 aacutervores por ha Esta

nova IN requer o estabelecimento de modelos especiacuteficos para cada espeacutecie onde o

limite de diacircmetro para corte eacute determinado a partir de criteacuterios ecoloacutegicos e teacutecnicos

Caso contraacuterio um diacircmetro de corte de 50 cm eacute estabelecido

Estimativas da produccedilatildeo de madeira considerando-se a variaccedilatildeo no crescimento

arboacutereo entre as espeacutecies satildeo necessaacuterias para garantir o contiacutenuo suprimento e

manutenccedilatildeo dos sistemas de manejo de florestas naturais (Brienen amp Zuidema 2007)

Neste sentido a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira (dendrocronologia) vem a ser uma

3

importante ferramenta na elaboraccedilatildeo de sistemas de exploraccedilatildeo sustentada

fornecendo modelos de crescimento e idade da madeira (Worbes et al 2001 Worbes

2002 Duumlnisch et al 2003 Schoumlngart et al 2003 2007 Brienen amp Zuidema 2005)

proporcionando opccedilotildees de manejo mais especiacuteficas e efetivas com benefiacutecios para as

populaccedilotildees futuras

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Dendrocronologia nos troacutepicos

Os aneacuteis de crescimento na madeira de espeacutecies das regiotildees temperadas

configuram o incremento radial os quais anualmente satildeo incorporados ao tronco das

aacutervores Cada anel possui duas partes distintas lenho inicial e lenho tardio O primeiro

corresponde ao crescimento arboacutereo no iniacutecio do periacuteodo vegetativo quando as plantas

reativam as atividades fisioloacutegicas O lenho tardio eacute formado no final do periacuteodo

vegetativo com a reduccedilatildeo das atividades e modificaccedilatildeo da estrutura celular com

espessamento das paredes e reduccedilatildeo do lume (Fritts 1976) A queda das atividades

celulares ocorre como resposta as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento arboacutereo em

decorrecircncia da reduccedilatildeo da temperatura (Schweingruber 1988)

Leonardo da Vinci durante o seacuteculo 15 foi o primeiro a reconhecer a existecircncia

de aneacuteis anuais na madeira em ramos de pinheiros relacionando-os a idade da aacutervore

e seu padratildeo de espessura com anos mais ou menos secos (Schweingruber 1988) Jaacute

no seacuteculo 19 diversas pesquisas demonstravam que as baixas temperaturas dos

invernos rigorosos em regiotildees temperadas satildeo um fator limitante no crescimento da

4

madeira (Worbes 1995) Contudo somente no iniacutecio do seacuteculo 20 a existecircncia de aneacuteis

anuais nos troacutepicos foi descoberta e algumas deacutecadas depois foi questionada (Worbes

amp Junk 1999) Muitos acreditavam na ausecircncia de aneacuteis anuais nos troacutepicos devido agrave

limitada sazonalidade (Schweingruber 1988) e temperatura quase constante

(Whitmore 1990) Este mito eacute ainda mantido por alguns autores (Lieberman et al

1985 Whitmore 1990) mesmo verificando-se que a distribuiccedilatildeo sazonal das chuvas na

maioria das regiotildees tropicais ocasiona uma distinta estaccedilatildeo seca (Worbes 1999)

Alguns autores enfatizam os problemas relacionados agrave formaccedilatildeo de aneacuteis anuais

na madeira nos troacutepicos Estudos tecircm registrado a formaccedilatildeo de dois aneacuteis por ano em

regiotildees apresentando duas estaccedilotildees de seca distintas (Gourlay 1995) formaccedilatildeo de

aneacuteis intra-anuais ou falsos aneacuteis em resposta a padrotildees irregulares de chuvas com

seca excepcional durante a estaccedilatildeo chuvosa (Borchert et al 2002) ou ainda a

formaccedilatildeo de aneacuteis irregulares na madeira de espeacutecies tropicais (Sass et al 1995)

Contudo a existecircncia de aneacuteis de crescimento nos troacutepicos tem sido registrada

em mais de 20 paiacuteses tropicais sendo que muitos estudos tecircm comprovado a

anualidade na formaccedilatildeo dos aneacuteis por mais de 100 anos (Worbes 2002) Foram

descritos para estas regiotildees diferentes padrotildees de aneacuteis anuais por Coster (19271928)

e classificados por Worbes (1995) como 4 tipos principais variaccedilotildees na densidade da

madeira faixas de parecircnquima marginal alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima e

variaccedilotildees na densidade dos vasos

Em regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o ritmo de crescimento das aacutervores

eacute determinado pelo pulso de inundaccedilatildeo (Worbes 1985) Durante o alagamento as

raiacutezes sofrem condiccedilotildees anoacutexicas acarretando reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a

copa das aacutervores e consequumlente reduccedilatildeo do metabolismo o que resulta em dormecircncia

5

cambial e a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira (Worbes 1989 Schoumlngart et al

2002) Diversas pesquisas tecircm evidenciado a presenccedila de aneacuteis anuais nas regiotildees de

aacutereas alagaacuteveis nos troacutepicos (Worbes 1989 Dezzeo et al 2003 Schoumlngart et al

2002 2004 2005)

Existem diferentes meacutetodos de investigaccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira

classificados em destrutivos e natildeo destrutivos (Worbes 1995) Meacutetodos natildeo destrutivos

podem ser feitos a partir de investigaccedilotildees fenoloacutegicas medidas repetidas do diacircmetro e

medida da atividade cambial por mensuraccedilatildeo da resistecircncia eleacutetrica na zona cambial

Feridas cambiais (Janelas de Mariaux) dataccedilatildeo por radiocarbono cicatrizes

provocadas por fogo em anos conhecidos ou injurias na madeira densitometria por raio

ndash X variaccedilotildees nas concentraccedilotildees de isoacutetopos estaacuteveis e contagem direta dos aneacuteis satildeo

meacutetodos destrutivos de constataccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira (Worbes

1995 2002) Todos estes meacutetodos foram utilizados independentemente para indicar a

ocorrecircncia de aneacuteis anuais no xilema de espeacutecies arboacutereas nas vaacuterzeas

Dentre estes meacutetodos a contagem direta dos aneacuteis anuais se destaca pela

obtenccedilatildeo de estimativas acuradas da idade das aacutervores e dados de longos periacuteodos de

crescimento da madeira (Bormann amp Berlyn 1981 Eckstein et al 1995) Informaccedilotildees

estas uacuteteis para o entendimento da dinacircmica da floresta (Enright amp Hartshorn 1981

Worbes 2002) desenvolvimento de sistemas de manejo florestal e estrateacutegias de

conservaccedilatildeo das espeacutecies (Stahle et al 1999 Worbes et al 2003)

O padratildeo de crescimento ao longo do tempo atua como um arquivo de dados e

contribui com informaccedilotildees sobre as mudanccedilas nas condiccedilotildees ambientais (Spiecker

2002) relaccedilotildees entre o clima e o crescimento arboacutereo (Enquist amp Leffler 2001 Nutto amp

6

Watzlawick 2002 Fichtler et al 2004 Schoumlngart et al 2006 Therrell et al 2006) e

sequumlestro de carbono na biomassa da madeira (Schoumlngart 2003)

22 As florestas de vaacuterzea

Junk et al (1989) definiram como aacutereas alagaacuteveis aquelas cuja inundaccedilatildeo eacute

promovida por um fluxo lateral dos rios e lagos eou precipitaccedilatildeo direta ou sobre as

aacuteguas um fenocircmeno perioacutedico que influencia na dinacircmica das comunidades e acarreta

um longo periacuteodo de adaptaccedilotildees e evoluccedilatildeo de espeacutecies endecircmicas Na regiatildeo

amazocircnica as aacutereas inundaacuteveis satildeo recobertas por florestas de vaacuterzea e igapoacute sendo

que as florestas de vaacuterzea abrangem uma aacuterea de 50-75 e satildeo consideradas o tipo

de vegetaccedilatildeo inundaacutevel mais importante destas regiotildees (Wittmann et al 2002)

As florestas alagaacuteveis sofrem esta alternacircncia anual entre fase terrestre e

aquaacutetica a qual vem ocorrendo haacute milhotildees de anos leva ao desenvolvimento de

adaptaccedilotildees de caraacuteter morfoloacutegico anatocircmico fisioloacutegico etoloacutegico e fenoloacutegico nas

espeacutecies que vivem nestes ambientes inundados anualmente (Ferreira 1991 Kubitzki

amp Zibursk 1994 Waldhoff et al 1998 Wittmann amp Parolin 1999 Piedade et al 2000

Parolin et al 2004)

Muitas espeacutecies respondem as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento durante

a fase de alagamento apresentando adaptaccedilotildees na forma de produccedilatildeo de raiacutezes

adventiacutecias desenvolvimento de vias alternativas metaboacutelicas e permanecircncia da

atividade fotossinteacutetica (De Simone et al 2003) estrateacutegias de toleracircncia ou escape ao

alagamento pelas placircntulas (Parolin 2002) ou ainda armazenamento de aacutegua no caule

(Schoumlngart et al 2002) Cada espeacutecie responde a este fenocircmeno de forma

7

diferenciada podendo ser visualizada atraveacutes dos diversos padrotildees fenoloacutegicos

encontrados nas aacutereas alagaacuteveis (Schoumlngart et al 2002) O alagamento anual causa

condiccedilotildees anaeroacutebicas nas raiacutezes levando a reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a copa

das aacutervores o que ocasiona estresse hiacutedrico e perda de folhas Como resultado a

planta entra em dormecircncia cambial

As diferentes estrateacutegias adaptativas associadas com diferentes niacuteveis de

toleracircncia ao alagamento refletem a influecircncia exercida pelo periacuteodo e niacutevel de

alagamento aos quais as plantas estatildeo sujeitas resultando numa zonaccedilatildeo de espeacutecies

caracteriacutestica nas aacutereas alagaacuteveis (Takeuchi 1962 Revilla 1981 Piedade 1985

Worbes et al 1992 Worbes 1997 Wittmann et al 2002 2004)

A dinacircmica sucessional em florestas de vaacuterzea da Amazocircnia foi descrita por

Worbes et al (1992) Estaacutegios iniciais de sucessatildeo primaacuteria e secundaacuteria apresentam

estratos monoespeciacuteficos com espeacutecies de crescimento raacutepido e baixa densidade da

madeira as quais natildeo alcanccedilam grandes idades Por meio do processo de sucessatildeo

natural ocorrem substituiccedilotildees de espeacutecies e formaccedilatildeo de estaacutegios tardios onde

observa-se uma maior complexidade nos extratos arboacutereos e diversidade de espeacutecies

diminuiccedilatildeo da taxa de incremento radial e acuacutemulo de biomassa (Worbes 1992

Schoumlngart et al 2003)

Ao longo da sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais existe um aumento da

densidade da madeira das aacutervores e decreacutescimo das taxas de incremento em diacircmetro

aumento da diversidade de espeacutecies o que implica mudanccedilas de estratos mais

homogecircneos de estaacutegios sucessionais iniciais para extratos mais complexos

caracterizados pelo aumento da altura das aacutervores tamanho e aacuterea da copa (Wittmann

et al 2002 Schoumlngart et al 2003)

8

Esta zonaccedilatildeo de espeacutecies em florestas de vaacuterzea ao longo do gradiente

topograacutefico (Junk 1989 Ayres 1993) e sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais (Worbes

1997) leva a formaccedilatildeo de dois habitats significativamente diferentes os quais satildeo

denominados vaacuterzea alta e vaacuterzea baixa (Wittmann et al 2002) A primeira caracteriza-

se por alagamento de menos de 3 m por ano na meacutedia apresentando aumento da

diversidade e complexidade da arquitetura com o aumento da idade resultando de

processo sucessional natural de florestas tardias de vaacuterzea baixa sendo considerada

representante de estaacutegio cliacutemax A vaacuterzea baixa apresenta diferentes estaacutegios de

sucessatildeo natural e eacute alagada por mais de 3 m por ano (Wittmann et al 2002) sendo

que a complexidade de estrutura e composiccedilatildeo da floresta tende a aumentar com a

reduccedilatildeo do niacutevel e duraccedilatildeo do alagamento

A grande variedade de habitats e multiplicidade de adaptaccedilotildees resultam numa

grande diversidade de espeacutecies arboacutereas dentro das aacutereas alagaacuteveis (Junk 1989)

atingindo 1000 espeacutecies registradas para florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Wittmann et al

2006a) A alta diversidade nestas aacutereas estaacute relacionada ao niacutevel e periacuteodo das cheias

e aumenta com diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo de inundaccedilatildeo (Wittmann amp Junk 2003 Worbes

et al 1992 Piedade et al 2005) Entretanto florestas de vaacuterzea possuem diversidade

de espeacutecies menor se comparada com florestas de terra firme da mesma regiatildeo (Ayres

1993)

Wittmann et al (2006a) afirmam que nas florestas de vaacuterzea a diversidade de

espeacutecies tambeacutem aumenta no sentido leste ndash oeste dentro da Bacia Amazocircnica Este

padratildeo parece similar ao encontrado para florestas de terra firme na mesma regiatildeo

geograacutefica (Ter Steege et al 2003) corroborando com a hipoacutetese de formaccedilatildeo de uma

zona de transiccedilatildeo que permite a migraccedilatildeo das espeacutecies de florestas de terra firme para

9

florestas alagaacuteveis de vaacuterzea alta (Wittmann et al 2006a) Esta hipoacutetese eacute estabelecida

pela elevada similaridade floriacutestica encontrada entre a vaacuterzea alta e terra firme

As florestas de vaacuterzea alta compreendem cerca de 10 da cobertura florestal

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996 Wittmann et al 2002) no entanto satildeo as florestas

mais ameaccediladas pela accedilatildeo antroacutepica sendo frequumlentemente utilizadas para moradia e

substituiccedilatildeo das aacutereas de floresta para atividades de agricultura e pecuaacuteria

Apresentam alta abundacircncia de espeacutecies madeireiras e estatildeo sendo ameaccediladas por

praacuteticas insustentaacuteveis de manejo (Ayres 1993 Worbes et al 2001)

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea

Atualmente dentro da Bacia Amazocircnica de aproximadamente 350 espeacutecies

madeireiras encontradas cerca de 34 tambeacutem ocorrem em florestas de vaacuterzea

(Martini et al 1998) outras satildeo restritas a este tipo de ecossistema Pela falta de infra-

estrutura em estradas de 60 a 80 da madeira extraiacuteda na Amazocircnia Ocidental e

Peru tecircm origem a partir deste tipo de floresta inundaacutevel (Higuchi et al 1994 Nebel amp

Kvist 2001 Worbes et al 2001) Em 2000 somente no Estado do Amazonas

aproximadamente 75 da madeira para induacutestria de laminados e compensados teve

origem em florestas alagaacuteveis (Lima et al 2005)

O preccedilo da madeira de espeacutecies com densidade abaixo de 060 gcm3 (madeira

branca) no Meacutedio Rio Solimotildees variou entre R$ 075-600 por m3 para Hura crepitans

L (Euphorbiaceae) e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae) enquanto que

espeacutecies de madeira densa acima de 060 gcm3 (madeira pesada) como Ocotea

cymbarum Mez (Lauraceae) Copaifera sp (Fabaceae) e Piranhea trifoliata Baill

10

(Euphorbiaceae) foram negociadas por R$ 288-1290 por m3 no periacuteodo de 1993 a

1995 (Worbes et al 2001) O primeiro grupo eacute frequumlentemente utilizado em induacutestrias

de laminados e compensados enquanto que as espeacutecies de madeira densa satildeo muito

utilizadas na construccedilatildeo de casas barcos e moacuteveis (Albernaz amp Ayres 1999) Com a

implementaccedilatildeo de manejo sustentaacutevel controlado e autorizado pelo IBAMA e IPAAM

os preccedilos da madeira subiram consideravelmente atingindo valores de ateacute R$ 6200

por m3 no ano de 2007 ao longo do Meacutedio Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a)

Um inventaacuterio florestal realizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel

Mamirauaacute (RDSM) abrangendo uma aacuterea de 342 ha de florestas de vaacuterzea encontrou

122 espeacutecies madeireiras por ha com diacircmetro limite de corte acima de 45 cm

(Schoumlngart et al 2008a) Das espeacutecies inventariadas as mais encontradas dentre as

madeiras brancas foram H crepitans e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae)

Das madeiras pesadas O cymbarum Mez (Lauraceae) Calycophyllum spruceanum

(Benth) Hookf ex KSchum (Rubiaceae) foram as mais abundantes

Dados do Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel de Mamirauaacute (IDSM) do

manejo florestal comunitaacuterio (MFC) de 2003 mostram que 42 do nuacutemero de toras e

60 do volume extraiacutedo na reserva pertencem agrave H crepitans Esta espeacutecie somada a

O cymbarum e C subsessilis corresponde a quase 70 do volume em metros cuacutebicos

de madeira extraiacuteda

A atividade madeireira em florestas de vaacuterzea se restringe a poucas espeacutecies

(Schoumlngart 2003) e a ausecircncia de dados de regeneraccedilatildeo e crescimento aliados a

exploraccedilatildeo inadequada da madeira tecircm levado agrave reduccedilatildeo das populaccedilotildees de algumas

destas espeacutecies chegando a praticamente desaparecer dos mercados regionais

(Higuchi et al 1994 Worbes et al 2001) Espeacutecies como Cedrela odorata L

11

(Meliaceae) Platymiscium ulei Harms (Fabaceae) Virola spp (Myristicaceae) Ceiba

pentandra (L) Gaerth (Malvaceae) foram substituiacutedas por O cymbarum C

spruceanum H crepitans e C guianensis (Albernaz amp Ayres 1999 Anderson et al

1999 Worbes et al 2001 Lima et al 2005)

Dentro da RDSM o manejo florestal se caracteriza por sistema policiacuteclico com

ciclo de corte de 25 anos e diacircmetro limite de corte de 45 cm Inicialmente deve ser feito

um inventaacuterio florestal de todas as espeacutecies madeireiras com diacircmetro ge 20 cm e as

extraccedilotildees se limitam a 5 aacutervores por ha que se encontram acima do diacircmetro de corte

Cerca de 10 das aacutervores acima do limite de diacircmetro devem permanecer nas aacutereas

como porta-sementes com o intuito de garantir a regeneraccedilatildeo das espeacutecies exploradas

Aproximadamente 12 da cobertura florestal da RDSM pertence a florestas de

vaacuterzea alta onde a abundacircncia de espeacutecies de valor econocircmico eacute alta (Wittmann et al

2002) e contribuem para o fornecimento de produtos madeireiros para o mercado local

regional e internacional (Wittmann et al 2004) Schoumlngart et al (2007) afirmam que as

espeacutecies mais exploradas na reserva satildeo O cymbarum C spruceanum e P trifoliata

(espeacutecies de madeira densa) assim como Ficus insipida Willd (Moraceae) H

crepitans Maquira coriacea (Karsten) CCBerg (Moraceae) (espeacutecies de madeira

branca)

Este estudo analisa e modela padrotildees de crescimento de quatro espeacutecies

aacuterboreas de interesse comercial de baixa densidade de madeira (madeira branca) e alta

densidade de madeira (madeira pesada) exploradas dentro da RDSM Deste modelos

criteacuterios como DMD e ciclo de corte satildeo derivados e discutidos no contexto das atuais

normas de manejo florestal na Amazocircnia pela legislaccedilatildeo brasileira

12

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Modelar padrotildees de crescimento da madeira de H crepitans C odorata O

cymbarum e S elata espeacutecies de importacircncia econocircmica na exploraccedilatildeo madeireira

das florestas de vaacuterzea da Amazocircnia para definir ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de

derrubada (DMD) especiacuteficos subsidiando futuros planos de manejo florestal

sustentaacutevel dentro da RDSM

32 Objetivos especiacuteficos

a Descriccedilatildeo da anatomia da madeira

b Determinaccedilatildeo da idade das aacutervores

c Determinaccedilatildeo das taxas de incremento em diacircmetro altura volume e biomassa

d Estimativa de ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de derrubada para definir criteacuterios

de manejo para cada uma das espeacutecies

13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS

41 Aacuterea de estudos

A aacuterea de estudos compreende a Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Mamirauaacute (RDSM) a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo na categoria de reserva

sustentaacutevel e primeira existente no ecossistema de vaacuterzea Sua criaccedilatildeo eacute resultado de

solicitaccedilatildeo encaminhada em 1985 pelo bioacutelogo Dr Joseacute Maacutercio Ayres ao oacutergatildeo

responsaacutevel na eacutepoca SEMA ndash Secretaria Especial de Meio Ambiente (Queiroz 2005)

A RDSM eacute dividida em duas aacutereas principais aacuterea focal (cerca de 260000 ha)

onde se desenvolvem desde 1991 atividades baseadas em pesquisas

socioeconocircmicas e ecoloacutegicas incluindo pesca agricultura agroflorestal e ecoturismo

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996) e aacuterea subsidiaacuteria (cerca de 878000 ha) a qual seraacute

manejada progressivamente A aacuterea focal eacute por sua vez subdividida em zona de

proteccedilatildeo permanente zona de ecoturismo e zona destinada ao manejo sustentaacutevel de

recursos naturais

Dentro da aacuterea focal existem nove unidades ou setores de controle do uso dos

recursos naturais denominadas Mamirauaacute Jarauaacute Tijuaca Boa Uniatildeo do Meacutedio

Japuraacute Aranapuacute Barroso Horizonte Liberdade e Ingaacute As atividades econocircmicas

realizadas pelas comunidades dentro dos setores se dividem em produccedilatildeo de farinha

pesca e exploraccedilatildeo da madeira as quais satildeo influenciadas pelo niacutevel de inundaccedilatildeo

anual (Albernaz amp Ayres 1999)

A RDSM estaacute situada na regiatildeo do meacutedio Solimotildees na confluecircncia dos rios

Solimotildees e Japuraacute entre as bacias do rio Solimotildees e Negro Sua porccedilatildeo mais a leste

14

fica nas proximidades da cidade de Tefeacute no Estado do Amazonas Sua vizinha RDS

Amanatilde liga a RDSM ao Parque Nacional do Jauacute (Schoumlngart et al 2005) Estas trecircs

unidades juntas constituem um bloco de floresta tropical com cerca de 6000000 ha

protegidos oficialmente Formam o embriatildeo do Corredor Central da Amazocircnia

(MMAPPG7) e da Reserva da Biosfera da Amazocircnia Central (MaBUnesco) e

compotildeem um Siacutetio Natural do Patrimocircnio Mundial (UnescoIUCN) (Queiroz 2005 Ayres

et al 2005)

Possui clima caracterizado por uma meacutedia de temperatura diaacuteria de 269 ordmC e

precipitaccedilatildeo anual de aproximadamente 3000 mm apresentando uma estaccedilatildeo seca

distinta (julho-outubro) O niacutevel de flutuaccedilatildeo meacutedia da aacutegua do Rio Japuraacute durante 1993

ndash 2000 foi de 1138 m (Wittmann amp Junk 2003 Schoumlngart et al 2005)

Aproximadamente 92 da cobertura vegetal abrangendo a aacuterea focal da reserva eacute

composta por florestas de vaacuterzea baixa constituiacuteda por diferentes estaacutegios

sucessionais e somente cerca de 8 corresponde a florestas de vaacuterzea alta (Wittmann

et al 2002)

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies

421 Cedrela odorata L (Meliaceae)

Popularmente conhecida como cedro cedro branco cedro cheiroso ou cedro

mogno apresenta tronco com casca de cheiro bastante caracteriacutestico rugosa com

fissuras transversais vermelho-alaranjadas Apresenta base reta ou com raiacutezes

tabulares e suas flores satildeo brancas em inflorescecircncias terminais (Wittmann et al

15

2006b) Os frutos capsulares quando maduros se abrem liberando de 40 a 50

sementes aladas as quais satildeo dispersas pelo vento (Cintron 1990 Wittmann et al

2006b)

Encontrada em toda a Amazocircnia embora com baixa frequumlecircncia ocorre desde as

Iacutendias Ocidentais as grandes e pequenas Antilhas ateacute Trinidad e Tobago sendo

encontrada tambeacutem no Meacutexico Equador Peru e Guianas (Cintron 1990) Eacute tipicamente

deciacutedua sendo encontrada em extrato superior de vaacuterzea alta e ocupando estaacutegio

sucessional secundaacuterio tardio

Apresenta madeira moderadamente pesada variando entre 044 a 060 gcm3 O

floema eacute avermelhado com cerne variando do castanho claro ao bege rosado escuro e

alburno amarelo apresentando cheiro aromaacutetico (Loureiro amp Silva 1968)

Aleacutem da sua importacircncia como espeacutecie madeireira na fabricaccedilatildeo de moacuteveis

construccedilatildeo civil e naval embalagens e instrumentos musicais a casca do cedro eacute

aproveitada na medicina popular como tocircnica adstringente e febriacutefuga (Loureiro amp

Silva 1968 Wittmann et al 2006b)

422 Sterculia elata Ducke (Malvaceae)

Conhecida popularmente como tacacazeiro xixaacute chicaacute da mata ou manduvi

cujos frutos apresentam uma coloraccedilatildeo avermelhada quando maduros sendo

organizados em 5 foliacuteculos com uma sutura ventral cada um Os frutos satildeo apocaacuterpios

e as flores estatildeo organizadas em inflorescecircncias terminais amarelas a purpuacutereas

(Wittmann et al 2006b)

16

Apresenta distribuiccedilatildeo nos neo-troacutepicos compreendendo o Sul do Meacutexico e

Ameacuterica Central Norte do Brasil Pantanal e Peru ocupando extrato superior e

emergente de vaacuterzea alta Eacute uma espeacutecie deciacutedua de estaacutegio sucessional secundaacuterio

tardio

Apresenta madeira de densidade meacutedia de 047 gcm3 cujo floema tem coloraccedilatildeo

marrom escura e o alburno eacute marrom claro A madeira eacute muito utilizada para confecccedilatildeo

de embalagens palitos foacutesforos compensados e troncos para canoas As sementes

oleaginosas satildeo comestiacuteveis A aacutervore eacute frequumlentemente utilizada para ornamentaccedilatildeo

(Wittmann et al 2006b)

423 Hura crepitans L (Euphorbiaceae)

Conhecia comumente por assacuacute H crepitans eacute uma espeacutecie cujo caule eacute

aculeado apresentando laacutetex branco aquoso caacuteustico e frequumlentemente utilizado

como veneno de peixe Causa irritaccedilotildees fortes em contato com a pele (Francis 1990

Wittmann et al 2006b) Os frutos satildeo capsulares lenhosos arredondados e

deprimidos nos poacutelos Tem distribuiccedilatildeo no Brasil Guianas Oeste da Iacutendia Cuba

Jamaica Trinidad e Tobago Costa Rica ao sul do Peru e Boliacutevia (Loureiro amp Silva

1968 Wittmann et al 2006b)

Ocupa o extrato superior de vaacuterzea alta sendo identificada como uma espeacutecie

perenifoacutelia de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Apresenta madeira muito leve

(035 a 040 gcm3) cerne e alburno indistintos e de coloraccedilatildeo branca com reflexos

amarelados Pelas caracteriacutesticas da madeira eacute comumente usada na fabricaccedilatildeo de

17

caixas tamancos obras internas artefatos de madeira forros taacutebuas compensados

boacuteias flutuantes canoas e gamelas (Francis 1990 Wittmann et al 2006b)

424 Ocotea cymbarum HBK (Lauraceae)

Frequumlentemente chamada por louro inamuiacute louro mamorim louro mamoriacute

inhamuiacute oacuteleo de inhamuiacute e pau de gasolina O cymbarum eacute uma aacutervore de grande

porte (20 ndash 30 m) apresentando casca avermelhada aromaacutetica ramos jovens com

pilosidade e acinzentados Possui exsudato transparente aromaacutetico apresentando

cheiro de menta (Wittmann et al 2006b)

Tem distribuiccedilatildeo por toda a Amazocircnia sendo encontrada em extrato superior de

vaacuterzea alta Eacute semi-deciacutedua e de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Sua madeira eacute

moderadamente pesada variando de 055 a 065 gcm3 (Loureiro amp Silva 1968) O

floema possui coloraccedilatildeo marrom cafeacute enquanto que o cerne amarelado claro e

brilhante diferencia-se pouco do alburno levemente mais claro (Wittmann et al

2006b)

Eacute comumente utilizada na carpintaria de luxo construccedilatildeo em geral marcenaria

compensado pranchas e tabuados (Loureiro amp Silva 1968) Sua madeira traz oacuteleo

contendo safrol que em baixa concentraccedilatildeo eacute um componente para fragracircncias e

perfumes (Wittmann et al 2006b) O lenho apresenta atividade contra o

desenvolvimento do ancilostomiacutedeo humano (Marques 2001)

18

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos

Das quatro espeacutecies estudadas duas de madeira branca ndash H crepitans e S

elata e duas de madeira pesada ndash C odorata e O cymbarum (Schoumlngart 2003) foram

selecionados entre 21 e 37 indiviacuteduos emergentes de floresta de vaacuterzea alta dos

setores Jarauaacute e Tijuaca da RDSM As medidas do diacircmetro na altura do peito (DAP)

com ge 10 cm foram feitas com o uso de fita dendromeacutetrica de dupla face sendo

inferidas acima das sapopemas quando presentes A altura da aacutervore foi medida a

partir do uso de inclinocircmetro (Blume-Leiss) e fita meacutetrica

Para verificar a idade das aacutervores foram utilizados 10 discos de H crepitans e

10 discos de O cymbarum fornecidos pelo Programa de MFC da RDSM no ano de

2001 bem como amostras coletadas de troncos dos indiviacuteduos de cada uma das quatro

espeacutecies Para tanto foi aplicado um meacutetodo natildeo destrutivo de extraccedilatildeo de cilindros da

madeira utilizando-se uma broca dendrocronoloacutegica num total de 110 cilindros com 5

mm de diacircmetro (21 amostras de Sterculia 23 de Cedrela 29 de Ocotea e 37 de Hura)

coletadas entre 07 de outubro de 2006 a 16 de abril de 2007 na altura aproximada de

130 m da base do tronco Apoacutes a coleta das amostras o orifiacutecio produzido com a broca

dendrocronoloacutegica foi obstruiacutedo com cera de carnauacuteba para evitar possiacuteveis ataques

por fitopatoacutegenos

As amostras coletadas foram coladas em suporte de madeira e em seguida

polidas com lixas de papel com diferentes granulometrias em uma sequumlecircncia

progressiva ateacute uma granulaccedilatildeo de 600 Estas foram analisadas no Laboratoacuterio de

Dendrocronologia do Projeto INPAMax-Planck em Manaus A anaacutelise macroscoacutepica da

estrutura da madeira foi feita a partir de fotografias feitas utilizando-se maacutequina digital

19

NIKON coolpix 4500 Para descriccedilatildeo anatocircmica dos aneacuteis de crescimento utilizou-se

como base os padrotildees de aneacuteis descritos por Coster (1927 1928) e adaptados por

Worbes (1985 1989)

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos

A determinaccedilatildeo da idade foi feita por meio da contagem direta dos aneacuteis anuais

e as taxas de incremento radial foram geradas por mediccedilatildeo da espessura dos aneacuteis

com o sistema de anaacutelise digital com precisatildeo de 001 mm (LINTAB) juntamente com o

software (TSAP-Win = Time Series Analyses and Presentation) especiacutefico para

anaacutelises de sequumlecircncias temporais (Schoumlngart et al 2004) Para os cilindros que natildeo

alcanccedilaram o cerne do tronco foram estimadas as distacircncias ateacute o centro e a partir do

nuacutemero meacutedio de aneacuteis encontrados em outros indiviacuteduos foram feitas estimativas da

idade do primeiro anel visiacutevel no tronco As mediccedilotildees da largura dos aneacuteis se deram no

sentido cerne ndash casca

Curvas cumulativas do diacircmetro individual para as quatro espeacutecies foram

elaboradas com base nestas mediccedilotildees do incremento radial corrente e relacionadas

com o DAP medido no campo (Schoumlngart et al 2003 Brienen amp Zuidema 2007)

(Figura 1a) A partir destas curvas individuais foram construiacutedas curvas cumulativas

meacutedias para cada espeacutecie descrevendo a relaccedilatildeo entre idade e diacircmetro para as

mesmas

A curva meacutedia do diacircmetro calculada para cada espeacutecie foi ajustada como um

modelo de regressatildeo sigmoidal da qual foram derivadas as curvas do incremento

corrente e meacutedio do diacircmetro para cada espeacutecie (Figura 1b) Modelos de regressatildeo natildeo

20

ndash linear descreveram para cada espeacutecie a relaccedilatildeo entre DAP e a altura medida no

campo (Figura 1c) Combinando as relaccedilotildees idade-DAP e DAP-altura permite estimar o

crescimento da altura (Nebel et al 2001) Deste modo para cada idade determinada

foram atribuiacutedas uma medida de diacircmetro e de altura para cada espeacutecie (Schoumlngart et

al 2007)

A combinaccedilatildeo dos modelos de regressatildeo natildeo-linear das relaccedilotildees entre idade e

DAP bem como das relaccedilotildees entre DAP e altura tambeacutem possibilitou a construccedilatildeo do

modelo de crescimento em volume (Figura 1e) e produccedilatildeo de biomassa acima do solo

das espeacutecies estudadas (Figura 1f) O modelo alomeacutetrico utilizado para estimativa do

volume foi definido por Cannell (1984) para florestas tropicais uacutemidas e tem como

paracircmetros a altura das aacutervores e o DAP

O volume (V) foi estimado a partir da multiplicaccedilatildeo da aacuterea basal (Ab) pela altura

(h) e por um fator (f) de reduccedilatildeo de 06 (Nebel et al 2001) A equaccedilatildeo eacute dada por

V = Ab x h x f (1)

onde a Ab eacute dada por

Ab = π x (DAP 2)2 (2)

Foi utilizado um modelo alomeacutetrico para estimar a biomassa acima do solo com

boa aplicabilidade em florestas alagaacuteveis segundo resultados obtidos por Stadtler

21

(2007) Este modelo tem como paracircmetros a densidade da madeira o diacircmetro e altura

das aacutervores e foi descrito por Chave et al (2005) A equaccedilatildeo eacute descrita abaixo

Bio = 00509 x den x DAP2 x h (3)

onde a Bio eacute a estimativa da biomassa acima do solo den eacute a densidade da madeira

obtida para cada espeacutecie de Wittmann et al (2006b) e 00509 eacute um fator de correccedilatildeo

O fator de correccedilatildeo dos modelos de caacutelculo do volume (06) e biomassa (00509)

se referem ao fato de que as aacutervores natildeo representam cilindros perfeitos e diminuem o

raio do tronco a medida que se distanciam do DAP

Destes modelos de crescimento do DAP altura aacuterea basal volume e biomassa

foram derivadas as taxas do incremento meacutedio (IM) e corrente (IC) (Figuras 1b1d1f)

para cada espeacutecie seguindo as equaccedilotildees abaixo (Schoumlngart et al 2007)

IM= CrC t t (4)

IC= CrC t+1 ndash Cr t (5)

onde CrC eacute o crescimento cumulativo em diferentes anos t sobre ciclo de vida total da

planta

O periacuteodo ideal de extraccedilatildeo eacute estabelecido quando a espeacutecie atinge sua a

produccedilatildeo maacutexima em volume periacuteodo este entre a taxa maacutexima de IC em volume e a

taxa maacutexima de IM em volume (Schoumlngart 2003) Este intervalo representa o periacuteodo

22

em que a extraccedilatildeo da madeira utiliza-se do potencial de crescimento maacuteximo das

espeacutecies (Schoumlngart 2008)

A modelagem dos padrotildees de crescimento foi construiacuteda a partir do uso do

software program X-Act (SciLab) e em seguida definidas as recomendaccedilotildees de

manejo para ciclos de corte e DMD para cada uma das quatro espeacutecies madeireiras

O DMD eacute definido pela idade em que a aacutervore atinge as maiores taxas de

incremento anual corrente do volume (Figura 1e) O tempo meacutedio que um indiviacuteduo leva

para passar por uma classe de DAP de 10 cm ateacute chegar ao DMD eacute o ciclo de corte da

espeacutecie (Schoumlngart et al 2007) Este eacute dado por

CC= idade(DMD) DMD x 10 (6)

onde CC eacute o ciclo de corte da espeacutecie e idade(DMD) eacute a idade da aacutervore quando atingiu o

DMD

23

0

20

40

60

80

0 5 10 15 200

1

2

3

4

5

0

10

20

30

0 20 40 60 80 100

0

20

40

60

80

0 5 10 15 20

0

10

20

30

0 5 10 15 200

1

2

3

4

0

1

2

3

4

0 5 10 15 200

100

200

300

00

05

10

15

0 5 10 15 200

50

100

Age (years) Age (years)

Age (years)

Age (years)

Age (years)

Dbh (cm)

Tree

heig

ht(m

)D

bh(c

m)

Dbh

(cm

)Tr

eehe

ight

(m)

Woo

d bi

omas

s(M

g)

Volu

me

(m3 )

Diam

eter increment(cm

year -1)H

eightincrement(m

year -1)W

ood biomass

production(kg year -1)

Volume

increment(dm

3year -1)

n = 54R2 = 053

n = 18

MLD

a

c

e

b

d

f

y = a (1+(b x)c)

a = 1195742 plusmn 131913b = 184937 plusmn 3355c = 12997 plusmn 00788

y = (abullx) (x+b)a = 286667 plusmn 07424b = 161743 plusmn 13022

DAP

(cm

)

DA

P (c

m)

Altu

ra (m

)

Altu

ra (m

)

Vol

ume

(m3)

Bio

mas

sa (M

g)

Idade (anos) Idade (anos)

DAP (cm) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento em

diacircmetro (cm

ano) Increm

ento em altura (m

ano) P

roduccedilatildeo de biomassa (K

gano)

Incremento

emvolum

e(dm

3ano)

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

DMD

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)

24

5 RESULTADOS

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira

O limite dos aneacuteis e a estrutura anatocircmica da madeira foram determinados com

base na classificaccedilatildeo de Coster (19271928) e adaptados por Worbes (1995) Trecircs tipos

de aneacuteis foram distinguidos de acordo com essa classificaccedilatildeo (1) faixas de parecircnquima

marginal (2) alternacircncia entre faixas de fibra e faixas de parecircnquima e (3) variaccedilatildeo na

densidade da madeira (Tabela 1) A distinccedilatildeo dos aneacuteis variou entre as 4 espeacutecies

estudadas poreacutem todas apresentaram aneacuteis suficientemente distintos para aplicaccedilatildeo

de estudos dendrocronoloacutegicos

A distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e agrave

medida que estes se encontravam mais proacuteximos do centro do tronco A facilidade de

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis decresceu na seguinte ordem C odorata O cymbarum S elata

e H crepitans (Tabela1)

Cedrela e Sterculia apresentaram mesmo padratildeo de faixas de parecircnquima

marginal que consiste de uma a poucas fileiras de ceacutelulas Eacute comumente encontrado

nas famiacutelias Bignoniaceae Fabaceae e Meliaceae (Worbes 2002) Cedrela apresentou

aneacuteis de crescimento semiporosos com uma espessa faixa de parecircnquima claramente

visiacutevel acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos os quais satildeo maiores ao

final do periacuteodo vegetativo (Figura 2a)

Sterculia tambeacutem mostrou variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Os poros satildeo visiacuteveis

a olho nu alguns obstruiacutedos por conteuacutedo de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada e brilhante

25

Apresentou faixas de parecircnquima radial espessadas dificultando um pouco a

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis (Figura 2b)

Um padratildeo de alternacircncia entre faixas de fibras e parecircnquima foi encontrado

formando os aneacuteis anuais em Hura com a reduccedilatildeo da largura das faixas de

parecircnquima e fibras na formaccedilatildeo do lenho tardio ao final da zona de crescimento

(Figura 2c) Este tipo de anatomia pode ser encontrado em famiacutelias como

Euphorbiaceae Moraceae Sapotaceae Lecythidaceae dentre outras (Worbes 2002)

Tabela1 Tipos de zona de crescimento encontrados e o grau de distinccedilatildeo dos de crescimento Os padrotildees descritos foram baseados nos modelos de Coster (1927 1928) e adaptados por Worbes (1995) Espeacutecies Famiacutelia Tipo de zona de

crescimento Fenologia foliar Grau de

distinccedilatildeo dos aneacuteis

Cedrela odorata Meliaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos

Deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (1)

Hura crepitans Euphorbiaceae Alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima

Perenifoacutelia Aneacuteis pouco

distintos (2)

Sterculia elata Malvaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Presenccedila de faixas radiais de parecircnquima

Deciacutedua Aneacuteis distintos (1)

Ocotea cymbarum Lauraceae Variaccedilatildeo na densidade da madeira com lenho inicial menos denso que o lenho tardio

Semi-deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (3)

obtidos durante observaccedilotildees na RDSM no periacuteodo 042006-122007

Ocotea mostrou um padratildeo de variaccedilatildeo na densidade da madeira O lenho tardio

de coloraccedilatildeo mais escura (alta densidade) apresentou ceacutelulas pequenas com paredes

26

espessadas diferindo do lenho inicial (baixa densidade) com ceacutelulas grandes e

paredes de espessura mais fina permitindo uma perfeita delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

(Figura 2d) Eacute comum entre as famiacutelias Annonaceae Myrtaceae e Lauraceae (Worbes

2002)

A presenccedila de falsos aneacuteis de crescimento ocorreu em alguns discos de Hura e

Ocotea Entretanto este problema foi solucionado observando-se a continuidade dos

aneacuteis ao longo dos raios nos discos

C Hura crepitans D Ocotea cymbarum

A Cedrela odorata B Sterculia elata

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial

27

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies

Todas as quatro espeacutecies apresentaram correlaccedilatildeo significativa (plt001) para as

relaccedilotildees entre idade e DAP idade e altura e DAP e altura (Tabela 2) permitindo a

modelagem das curvas de crescimento cumulativo para as mesmas Foram feitas um

total de 7646 mediccedilotildees da largura dos aneacuteis na madeira para as quatro espeacutecies

(Tabela 2)

As trajetoacuterias de crescimento cumulativo em diacircmetro mostraram diferenccedilas

tanto intra como interespeciacuteficas Aquelas espeacutecies de madeira densa como O

cymbarum e C odorata apresentaram taxas de crescimento menores que S elata e H

crepitans espeacutecies de madeira branca (Figura 3)

As quatro espeacutecies apresentaram uma variaccedilatildeo da idade ao atingir o DMD de 50

cm Esta foi maior para O cymbarum alcanccedilando idades entre 25 e 80 anos H

crepitans e S elata podem atingir idades entre 25 e 65 anos enquanto que as menores

variaccedilotildees na idade foram encontradas em C odorata com idades entre 35 a 65 anos

para um diacircmetro de 50 cm (Figura 3)

28

Tabela 2 Nuacutemero de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis e altura das aacutervores utilizados na elaboraccedilatildeo dos modelos de crescimento com base nas relaccedilotildees entre idade ndash DAP idade ndash altura e DAP ndash altura e o coeficiente de correlaccedilatildeo das mesmas

Nuacutemero de mediccedilotildees Correlaccedilatildeo p(lt 0001) Espeacutecie Largura dos

aneacuteis Altura Idade ndash DAP Idade ndash Altura DAP ndash Altura

Cedrela odorata

1240 32 089 064 071

Ocotea cymbarum

1325 125 086 073 073

Sterculia elata

1321 21 088 086 085

Hura crepitans

3760 67 091 086 076

Total

7646

Sterculia e Hura atingiram idades maacuteximas de 111 e 195 anos respectivamente

embora esta uacuteltima tenha atingido grandes diacircmetros nas aacutervores amostradas As

aacutervores mais velhas de Cedrela e Ocotea atingiram idades maacuteximas de 74 e 122 anos

(Tabela 3)

29

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

A ndash Cedrela odorata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

C ndash Sterculia elata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

B ndash Ocotea cymbarum

D ndash Hura crepitans

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura

30

As curvas meacutedias das relaccedilotildees entre idade e DAP tambeacutem apresentaram

variaccedilatildeo entre as espeacutecies estudadas (Figura 4) Para um diacircmetro de 50 cm

determinado pela IN ndeg 5 de Dezembro de 2006 as idades meacutedias oscilaram entre 41

anos em Hura a mais de 70 anos em Cedrela (Tabela 3)

0

50

100

150

DAP

(cm

)

0 30 60 90 120 150 180Idade (anos)

(a)

(b)

(d)

(c)

Diacircmetro limite de corte

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata Tabela 3 Idades maacuteximas miacutenimas e para um diacircmetro miacutenimo de derrubada de 50 cm para cada uma das quatro espeacutecies estudadas e seus respectivos desvios padratildeo

Idade (anos) Espeacutecie Miacutenima Maacutexima Ao alcanccedilar o diacircmetro limite de 50 cm

Cedrela odorata

21 74 72

Sterculia elata

22 111 47

Ocotea cymbarum

27 122 59

Hura crepitans

88 195 41

31

As quatro espeacutecies estudadas atingiram as maiores taxas de incremento

diameacutetrico corrente em idades diferentes Cedrela e Ocotea atingiram as maiores taxas

entre 11 e 12 anos e 19 e 21 anos com uma taxa meacutedia de incremento de 094 e 101

cmano respectivamente (Figura 5a e c) Sterculia obteve taxas meacutedias de incremento

de 126 cmano em idades entre 19 e 21 anos (Figuras 5b) enquanto Hura alcanccedilou

taxa meacutedia de incremento de 129 cmano em idades entre 22 e 23 anos (Figura 5d)

Cedrela e Ocotea espeacutecies de madeira pesada apresentaram taxas de incremento

diameacutetrico menores que Hura e Sterculia espeacutecies de madeira branca

D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata

C ndash Sterculia elata

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

B ndash Ocotea cymbarum

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura

32

A partir das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares entre idade-DAP foi possiacutevel

construir um modelo de crescimento em aacuterea basal para cada espeacutecie utilizando-se a

foacutermula (2) Cedrela e Ocotea atingiram suas maiores taxas em 39 e 57 anos e taxa

meacutedia de incremento de 355 e 536 cm2ano respectivamente (Figuras 6a e 6b)

Sterculia e Hura atingiram maior incremento aos 48 e 104 anos e taxa meacutedia de 700 e

1422 cm2ano respectivamente (Figura 6c e 6d) As espeacutecies de madeira branca Hura

e Sterculia apresentaram taxas de incremento em aacuterea basal mais altas que as duas

espeacutecies de madeira densa (Cedrela e Ocotea)

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

05

1

15

2

25

4

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

05

1

15

2

25

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura

33

A combinaccedilatildeo das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares das relaccedilotildees entre DAP-

altura (Figura 7) resultaram num modelo de crescimento em altura para as espeacutecies

contemplando todo ciclo de vida da planta Os maiores valores de incremento corrente

em altura de C odorata S elata O cymbarum e H crepitans corresponderam a idades

de 4 7 8 e 6 anos respectivamente e taxas maacuteximas corresponderam a 096 mano

para Sterculia 092 mano para Ocotea 061 mano para Hura e finalmente 109 mano

para Cedrela

DAP (cm) DAP (cm)

DAP (cm) DAP (cm)

Altu

ra (m

) A

ltura

(m)

C ndash Sterculia elata D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 1500

0

0

0

0

0

0 25 50 75 100 125 150

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 150 0 50 100 150

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans

34

Tabela 4 Valores de DAP e altura maacuteximos e miacutenimos do levantamento florestal seus desvios padratildeo e a aacuterea basal calculada a partir da relaccedilatildeo entre idade e DAP das espeacutecies

DAP (cm) Altura (m) Aacuterea basal meacutedia (cm2)

Espeacutecie

Maacuteximo Miacutenimo Desvio Maacutexima Miacutenima Desvio Meacutedia Cedrela odorata

656 115 140 309 90 50 273

Ocotea cymbarum

780 100 164 311 70 46 402

Sterculia elata

1300 100 349 405 66 88 516

Hura crepitans

1328 100 350 390 21 91 1127

A partir dos modelos de crescimento em altura e diacircmetro elaborados para cada

espeacutecie pocircde-se construir o modelo de crescimento em volume das mesmas segundo

a foacutermula (1) (Schoumlngart et al 2007) O periacuteodo oacutetimo de corte das aacutervores eacute o ponto

onde o incremento em volume corrente eacute maacuteximo sendo que para cada espeacutecie o pico

maacuteximo de volume corrente variou visivelmente (Figura 8)

Cedrela apresentou maiores taxas de incremento em volume corrente ao atingir

uma idade meacutedia de 45 anos (Figura 8a) Nesta idade a espeacutecie indica um DAP de 376

cm (Figura 5a) Jaacute Sterculia e Ocotea atingiram o ponto maacuteximo em incremento

corrente em volume aos 54 e 63 anos (Figuras 8b e c) quando atingem diacircmetros de

560 e 533 cm respectivamente (Figuras 5b e c) Hura em uma idade meacutedia de 125

anos apresentou os maiores valores de incremento maacuteximo corrente entre as quatro

espeacutecies (Figura 8d) atingindo diacircmetro meacutedio de 1288 cm (Figura 5d) Tanto Hura

quanto Sterculia apresentaram produccedilatildeo de madeira em volume por m3 superior as

duas espeacutecies de madeira pesada Cedrela e Ocotea

35

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento volum

eacutetrico

Incr

emen

to e

m v

olum

e (m

3 ) 0450 0

(m3ano)

Incr

emen

to e

m V

olum

e (m

3 )

Incremento volum

eacutetrico (m3ano)

Idade (anos) Idade (anos)

0

10

20

30

40

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

0 50 100 150 200

0

10

20

30

40

50

0

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

04

0 50 100 150

200 Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie

36

O ciclo de corte calculado atraveacutes da passagem meacutedia do tempo por uma classe

de DAP de 10 cm para a proacutexima ateacute atingir o diacircmetro de corte oacutetimo variou pouco

entre as espeacutecies sendo que Hura e Sterculia apresentaram ciclos de corte de 97

anos enquanto Cedrela e Ocotea apresentaram ciclos de 120 e 118 anos (Tabela 5)

Os resultados indicam que espeacutecies de madeira branca apresentam ciclos de corte

mais curtos do que as espeacutecies de madeira pesada

Tabela 5 O diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) o ciclo de corte a idade meacutedia ao atingir o diacircmetro de corte e a densidade da madeira das espeacutecies Espeacutecie DMD (cm) Ciclo de corte

(anos) Idade meacutedia ao atingir

o DMD (anos) Densidade

(gcm3) Cedrela odorata

376 120 45 052

Ocotea cymbarum

533 118 63 060

Sterculia elata

560 97 54 047

Hura crepitans

1288 97 125 039

Dados obtidos de Wittmann et al (2006b)

Aleacutem do modelo de crescimento em volume os modelos de crescimento em

altura e diacircmetro possibilitaram tambeacutem a construccedilatildeo de modelos de crescimento em

biomassa acima do solo para as espeacutecies estimado segundo a foacutermula (3)

Cedrela apresentou maior taxa de produccedilatildeo em biomassa de 26 Kgano em 45

anos (Figura 9a) ao passo que Ocotea alcanccedilou uma produccedilatildeo em biomassa maacutexima

de 52 Kgano em 63 anos (Figura 9b) Sterculia atingiu valor de 60 Kgano em 54 anos

(Figura 9c) enquanto que Hura obteve em 125 anos um valor maacuteximo de 125 Kgano

(Figura 9d) Espeacutecies de madeira branca atingiram maiores taxas de acuacutemulo em

biomassa do que as espeacutecies de madeira densa

37

D ndash Hura crepitans C ndash Ocotea cymbarum

Bio

mas

sa (M

g)

Bio

mas

sa (M

g)

Produ

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

ccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)P

roduccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

5

10

15

20

0

4

8

1

1

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

1

1

0 50 100 150 2000

5

0

5

0

0

40

80

120

160

Prod

uccedilatildeo

Biom

assa

(Kg)

0 50 100 150 200

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura)

38

6 DISCUSSAtildeO

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira

Todas as quatro espeacutecies estudadas apresentaram distintas zonas de

crescimento poreacutem com diferenccedilas quanto ao grau de distinccedilatildeo entre elas O grau de

distinccedilatildeo diminuiu na ordem seguinte C odorata O cymbarum S elata e H crepitans

o que indica uma pequena tendecircncia das espeacutecies deciacuteduas apresentarem maior

distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais como resultados encontrados por Worbes (1999) A

distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e com a

maior proximidade do centro do disco (Brienen amp Zuidema 2006) Esta variaccedilatildeo

encontrada no grau distinccedilatildeo dos aneacuteis natildeo afetou as anaacutelises dendrocronoloacutegicas

subsequumlentes

Segundo Worbes (1995) a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira resulta de

mudanccedilas sazonais favoraacuteveis e desfavoraacuteveis nas condiccedilotildees de crescimento arboacutereo

Um dos fatores principais atuando no controle do crescimento arboacutereo de florestas

tropicais eacute a variaccedilatildeo intraanual da precipitaccedilatildeo que ocasiona uma distinta estaccedilatildeo

seca e determina a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das aacutervores (Worbes 1999)

Para regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o principal fator que controla o

ritmo de crescimento nas aacutervores eacute o pulso de inundaccedilatildeo (Junk 1989) Entretanto

florestas de vaacuterzea alta natildeo satildeo alagadas anualmente devido a sua posiccedilatildeo

topograacutefica o que indicaria que o pulso anual de inundaccedilatildeo natildeo seria o principal fator

controlando os processo ecoloacutegicos nestas aacutereas Observaccedilotildees fenoloacutegicas e mediccedilotildees

da liteira (Schoumlngart et al 2008b) evidenciam que o ritmo de crescimento possa ser

39

controlado pela sazonalidade das chuvas contudo maiores estudos se fazem

necessaacuterios

A anualidade dos aneacuteis de crescimento em espeacutecies arboacutereas da Amazocircnia

permite anaacutelise de fenocircmenos ecoloacutegicos e ambientais identificaccedilatildeo e reconstruccedilatildeo das

condiccedilotildees climaacuteticas do passado como tambeacutem identificar as alteraccedilotildees naturais e

dinacircmica das populaccedilotildees (Fritts 1976 Schweingruber 1988 Worbes 1995) Aleacutem

disso a aplicaccedilatildeo das informaccedilotildees armazenadas nos aneacuteis de crescimento permite que

estudos dendrocronoloacutegicos sejam empregados com o objetivo de investigar a estrutura

etaacuteria das populaccedilotildees bem como a dinacircmica de crescimento arboacutereo em florestas

tropicais (Worbes 2002)

Desta forma a descriccedilatildeo da estrutura anatocircmica e delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

da madeira satildeo de suma importacircncia para realizaccedilatildeo das anaacutelises dendrocronoloacutegicas

e por conseguinte para a otimizaccedilatildeo do uso da floresta dando suporte para

estabelecimento de estrateacutegias de manejo florestal ao niacutevel de espeacutecie fornecendo

informaccedilotildees do histoacuterico florestal e consequumlentemente garantindo maior

sustentabiliade na utilizaccedilatildeo dos recursos madeireiros (Schoumlngart 2008)

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo

Uma das grandes questotildees a cerca do uso sustentaacutevel de florestas tropicais

envolve o crescimento e a idade das aacutervores Modelos de crescimento de espeacutecies

madeireiras nos troacutepicos ainda satildeo bastante escassos (Nebel et al 2001 Schwartz et

al 2002 Sokpon amp Biaou 2002 Nebel amp Meilby 2005 Brienen amp Zuidema 2007

Schoumlngart et al 2007) fato este atribuiacutedo a problemas de estabelecimento de uma

40

metodologia especiacutefica para determinaccedilatildeo da idade das aacutervores e taxas de

crescimento bem como a alta diversidade de espeacutecies encontrada Aleacutem disso o

atraso no avanccedilo das pesquisas de crescimento arboacutereo com base em aneacuteis na

madeira nos troacutepicos se deve ao descreacutedito na formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das

aacutervores nestas regiotildees devido agraves temperaturas terem sido consideradas praticamente

constantes durante o ano (Lieberman et al 1985 Whitmore 1990)

Atualmente a maioria das pesquisas sobre idade e crescimento de espeacutecies

tropicais eacute baseada em anaacutelises feitas em parcelas permanentes (Condit 1995)

utilizando meacutetodos de mediccedilotildees repetidas durante relativamente curtos periacuteodos de

tempo Outra metodologia para determinar a idade e taxas de incremento eacute a dataccedilatildeo

com radio-carbono (Worbes amp Junk 1999) Estas duas metodologias indicam idades

maacuteximas entre 1000 e 2000 anos (Condit et al 1995 Chambers et al 1998 Laurance

et al 2004) enquanto estudos dendrocronoloacutegicos indicam idades maacuteximas entre 500

e 600 anos (Worbes amp Junk 1999 Fichtler et al 2003)

Resultados encontrados por Chambers et al (1998) de idade estimada de 1370

anos para Carniana micrantha Ducke (Lecythidaceae) eacute considerado excepcional pois

aparentemente foi determinada de um uacutenico exemplar (Roig 2000) Dataccedilatildeo por radio-

carbono pode ser problemaacutetica entre os anos de 1650 e 1950 devido agrave variaccedilatildeo de 14C

encontrada na atmosfera neste periacuteodo Este fenocircmeno foi provocado por grandes

emissotildees de carbono por meio da queima de combustiacutevel foacutessil que ocorreram no

periacuteodo da revoluccedilatildeo industrial (Efeito de Suess) (Fichtler et al 2003) Em adiccedilatildeo o

alto custo desta metodologia natildeo permite o uso para determinaccedilatildeo de grandes

amostragens

41

A construccedilatildeo de modelos de crescimento de lenhosas com base no crescimento

em diacircmetro das espeacutecies em curtos periacuteodos de observaccedilatildeo bem como a baixa

densidade de espeacutecies comerciais encontradas em florestas tropicais na elaboraccedilatildeo de

modelos de crescimento principalmente individuos de grandes tamanhos dentro das

parcelas estudadas satildeo fatores que limitam muito esta metodologia (Clark amp Clark

1996 Nebel amp Meilby 2005) Aleacutem disso estes modelos monitoram somente uma

pequena parte da histoacuteria de crescimento das aacutervores e extrapolam estes dados das

trajetoacuterias de crescimento em diacircmetro de curtos periacuteodos para todo o ciclo de vida da

planta o que os torna simplistas e podem resultar em dados de crescimento arboacutereo e

estimativas de produccedilatildeo da madeira natildeo realistas subestimando as taxas de

crescimento e consequumlentemente superestimando a idade das aacutervores (Brienen amp

Zuidema 2006)

Ao contraacuterio destes meacutetodos de modelagem do crescimento arboacutereo a anaacutelise

dendrocronoloacutegica tem se mostrado uma importante ferramenta a qual fornece

estimativas mais acuradas da idade e do histoacuterico de crescimento arboacutereo individual

por meio da informaccedilatildeo extraiacuteda dos aneacuteis na madeira (Brienen amp Zuidema 2007) Na

anaacutelise de aneacuteis anuais para a modelagem de crescimento arboacutereo das espeacutecies satildeo

amostradas aacutervores que se estabeleceram no dossel com sucesso o que fornece

dados de crescimento em diacircmetro mais realistas e representativos do desenvolvimento

das aacutervores (Brienen amp Zuidema 2006)

Diversos estudos tecircm mostrado a grande variaccedilatildeo existente nas taxas de

crescimento tanto dentro como entre espeacutecies de florestas tropicais (Clark amp Clark

2001 Schoumlngart et al 2006 Brienen amp Zuidema 2006) Segundo Brienen amp Zuidema

(2007) estas diferenccedilas no crescimento dos indiviacuteduos ao longo da vida pode ser o

42

resultados de diversos fatores atuando em conjunto como a disponibilidade de aacutegua

clima intensidade de luz recebida forma e tamanho da copa danos e fitopatoacutegenos

assim como infestaccedilatildeo por cipoacutes e lianas Isso se reflete em variaccedilotildees de curvas

cumulativas comparando indiviacuteduos da mesma espeacutecie (Figura 3)

Os dados obtidos indicaram a ocorrecircncia de variaccedilatildeo na idade das aacutervores com

o aumento do diacircmetro Esta variaccedilatildeo intra-especiacutefica na idade das aacutervores em grandes

diacircmetros (gt de 60 cm) eacute causada principalmente pela variaccedilatildeo que ocorre na

passagem do tempo nas pequenas classes de tamanho (lt 20 cm) (Brienen amp Zuidema

2006) Desta forma o tempo necessaacuterio para que uma aacutervore de determinada espeacutecie

se estabeleccedila no dossel quando as taxas diameacutetricas geralmente aumentam devido

aos altos niacuteveis de radiaccedilatildeo solar pode variar consideravelmente

A variaccedilatildeo encontrada nos indiviacuteduos contudo natildeo impede a modelagem de

crescimento arboacutereo pois ao niacutevel das espeacutecies ocorre uma relaccedilatildeo bastante

significativa entre idade e DAP o que caracteriza a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira

uma ferramenta importante na elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo sustentaacuteveis em

florestas tropicais (Brienen amp Zuidema 2006 Schoumlngart et al 2007)

Comparando as curvas meacutedias de crescimento observa-se que espeacutecies

estudadas apresentam estrateacutegias ecoloacutegicas diferenciadas Altas taxas de incremento

em diacircmetro em espeacutecies de baixa densidade da madeira como Hura e Sterculia levam

a um raacutepido crescimento em volume enquanto que baixas taxas de incremento em

diacircmetro em Cedrela e Ocotea duas espeacutecies de madeira densa levam a um

crescimento em volume mais lento

Tanto Hura como Sterculia parecem apresentar estrateacutegias de crescimento

tiacutepicas de espeacutecies pioneiras com ciclos de vida longos (gt de 100 anos) caracterizadas

43

por altos requerimentos de luz para germinaccedilatildeo e crescimento (Swaine amp Whitmore

1988) Cedrela e Ocotea possuem caracteriacutesticas de crescimento tiacutepicas de espeacutecies

de estaacutegios cliacutemax ou tolerantes agrave sombra com capacidade de sobrevivecircncia em

longos periacuteodos de baixos niacuteveis de luminosidade e baixas taxas de crescimento

arboacutereo (Pianka 1970)

Espeacutecies com baixa densidade da madeira como Hura (039 gcm3) e Sterculia

(047 gcm3) requerem periacuteodos de 41 a 47 anos para extrapolar um diacircmetro limite de

corte de 50 cm enquanto que espeacutecies de madeira densa tais como Ocotea (060

gcm3) e Cedrela (052 gcm3) necessitam de periacuteodos entre 59 e 72 anos para

ultrapassar um diacircmetro de 50 cm Estes resultados estatildeo de acordo com Schoumlngart

(2008) que verificou a existecircncia de uma correlaccedilatildeo entre a densidade da madeira e a

idade da espeacutecie ao atingir o DMD estimado a partir das taxas de IC de volume o que

possibilita estimar o periacuteodo ideal de extraccedilatildeo para outras espeacutecies de florestas de

vaacuterzea da Amazocircnia Central em funccedilatildeo da densidade da madeira

Os resultados encontrados mostram diferenccedilas nas taxas de incremento em

diacircmetro e volume as quais refletem em diferentes ciclos de corte e DMD para as

espeacutecies indicando claramente que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico

de derrubada e ciclo de corte para toda e qualquer espeacutecie natildeo suportam a

sustentabilidade nas praacuteticas de manejo florestal atuais

Neste sentido na aplicaccedilatildeo de manejo florestal sustentado em florestas tropicais

eacute imprescindiacutevel o levantamento de informaccedilotildees a respeito das taxas de crescimento e

idade das aacutervores especiacuteficas para cada espeacutecie bem como dados de regeneraccedilatildeo e

caracteriacutesticas especiacuteficas de cada siacutetio a ser explorado pela extraccedilatildeo de produtos

madeireiros

44

63 Estrateacutegias de manejo florestal

O contiacutenuo uso das florestas de vaacuterzea para atividades de agricultura pecuaacuteria e

extraccedilatildeo da madeira tem causado grandes impactos nos recursos o que tem

ocasionado a necessidade de estabelecimento de estrateacutegias de conservaccedilatildeo e manejo

florestal destas aacutereas (Schoumlngart et al 2007) Nos uacuteltimos anos tem-se observado uma

gradual expansatildeo das atividades de manejo florestal baseada em comunidades de

pequena e meacutedia escala na busca da conversatildeo da exploraccedilatildeo manejada da floresta

em oportunidade de desenvolvimento regional (Amaral amp Amaral 2000) Projetos como

o Programa Piloto para Conservaccedilatildeo das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7) e a

Fundaccedilatildeo Floresta Tropical (FFT) tecircm buscado o desenvolvimento de projetos de

manejo florestal ao niacutevel de comunidade para diferentes aacutereas da Amazocircnia (Amaral amp

Amaral 2000)

Dentre estes modelos enquadra-se o Projeto Mamirauaacute com objetivo de proteger

as vaacuterzeas da RDSM e cuja exploraccedilatildeo segue as normas do PMFS criado pelo IDSM

em conjunto com os comunitaacuterios e baseado em normas estabelecidas pelo Instituto de

Proteccedilatildeo Ambiental do Amazonas (IPAAM) e pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA) (Lei estadual no 2416 de 22 de Agosto

de 1996)

A FAO estabelece um modelo de extraccedilatildeo dos recursos florestais funcionado

como guia para a aplicaccedilatildeo de um Manejo de Impacto Reduzido (MIR) para os recursos

florestais (Dykstra amp Heinrich 1996) Diversos estudos tecircm feito a uniatildeo entre o MIR e a

extraccedilatildeo seletiva de espeacutecies comerciais como uma estrateacutegia de manejo sustentaacutevel

visando agrave conservaccedilatildeo de florestas tropicais e diminuiccedilatildeo dos impactos causados pelo

45

manejo florestal (Vidal et al 2002 Gerwing 2002) Pesquisas tecircm mostrado os

benefiacutecios da aplicaccedilatildeo de MIR com relaccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo convencional da madeira

tanto em relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo dos custos quanto aos benefiacutecios causados pela reduccedilatildeo

dos danos agrave floresta (Barreto et al 1998 Johns et al 1996 Boltz et al 2001 Holmes

et al 2002)

Apesar dos inuacutemeros esforccedilos realizados na elaboraccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas

de exploraccedilatildeo da madeira na tentativa de conservar e reduzir danos causados as

florestas a sustentabilidade do manejo dos recursos florestais ainda natildeo foi alcanccedilada

satisfatoriamente O sucesso dos planos de manejo florestal depende principalmente da

sustentabilidade ecoloacutegica da produccedilatildeo da madeira que requer informaccedilotildees sobre taxas

de crescimento das espeacutecies comerciais (Boot amp Gullison 1995 Brienen amp Zuidema

2006) os quais ainda natildeo satildeo utilizados com frequumlecircncia em florestas tropicais

Schoumlngart (2008) desenvolveu um novo sistema de manejo sustentaacutevel da

madeira de florestas alagaacuteveis de vaacuterzea da Amazocircnia Central (GOL ndash Growth

Orientated Logging) o qual leva em consideraccedilatildeo as diferenccedilas na histoacuteria de

crescimento de espeacutecies comerciais com base em suas taxas de crescimento arboacutereo a

partir da anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira Isto representa um importante passo em

direccedilatildeo a sustentabilidade do manejo florestal praticado em florestas tropicais

Atualmente normas de exploraccedilatildeo da madeira em regiotildees tropicais as quais

estabelecem diacircmetro limite de derrubada e ciclos de corte para os sistemas de manejo

de florestas natildeo possuem nenhuma base cientiacutefica e natildeo levam em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas nas estrateacutegias de crescimento e estabelecimento bem como as

especificidades de cada regiatildeo a ser explorada Estes fatos levaram a quase eliminaccedilatildeo

de espeacutecies como C pentandra e Calophyllum brasiliense dos mercados regionais e

46

locais na Amazocircnia Ocidental Estas foram substituiacutedas por H crepitans e O

cymbarum duas espeacutecies atualmente exploradas comercialmente na regiatildeo do Meacutedio

Solimotildees (Worbes et al 2001)

Se as atuais praacuteticas de manejo florestal persistirem H crepitans e O cymbarum

poderatildeo ter o mesmo destino que C pentandra e C brasiliense Hura e Ocotea podem

desaparecer dos mercados madeireiros e novamente ocorrer a substituiccedilatildeo destas por

outras espeacutecies ainda pouco exploradas que por sua vez sofreratildeo as pressotildees de uma

extraccedilatildeo madeireira insustentaacutevel o que pode ter seacuterias consequumlecircncias ecoloacutegicas

como a perda dos recursos geneacuteticos degradaccedilatildeo da floresta quebra de cadeias

alimentares para insetos peixes mamiacuteferos etc

A extraccedilatildeo de C odorata eacute um outro exemplo de como de atual manejo de

florestas de vaacuterzea natildeo eacute adequado Esta espeacutecie foi intensamente explorada na RDSM

a ponto de reduzir drasticamente seus estoques de madeira (Ayres 1993 Pinedo-

Vasquez et al 2001) e atualmente eacute considerada uma espeacutecie ameaccedilada e excluiacuteda

da extraccedilatildeo de madeira da RDSM

A recente modificaccedilatildeo de 11 de dezembro de 2006 (IN ndeg 5) do Coacutedigo Florestal

Brasileiro abre caminhos para modificaccedilotildees do manejo florestal aplicado atualmente na

Amazocircnia Brasileira O ciclo de corte no PMFS Pleno varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3ha Espeacutecies com baixa intensidade da madeira (menos

de 10 msup3 por ha) podem ter um ciclo de corte de 10 anos sendo que para florestas de

vaacuterzea a produccedilatildeo pode exceder 10 msup3 por ha poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3

aacutervores por ha

Levando-se em consideraccedilatildeo os dados de distribuiccedilatildeo diameacutetrica fornecidos pelo

Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM observa-se que a espeacutecie O cymbarum

47

apresentaram um padratildeo de distribuiccedilatildeo diameacutetrica do tipo J invertido apresentando

um decreacutescimo da densidade de aacutervores com o aumento do diacircmetro A distribuiccedilatildeo

diameacutetrica de O cymbarum se concentrou nas classes diameacutetricas de 20 a 100 cm

(Figura 10)

Foi possiacutevel encontrar indiviacuteduos na maioria das classes diameacutetricas em Hura

crepitans atingindo densidade maacutexima de 05 indiviacuteduos por ha na classe diameacutetrica de

110 cm A alta densidade de indiviacuteduos em classes diameacutetricas anteriores e posteriores

a classe de 50 cm e os altos valores de volume de madeira de H crepitans sugerem que

esta espeacutecie tem grande potencial para exploraccedilatildeo madeireira dentro da RDSM

Entretanto a derrubada de indiviacuteduos com diacircmetros nas classes entre 50 e 120 cm

permitidas por lei eacute problemaacutetica pois estaratildeo sendo extraiacutedas aacutervores que ainda natildeo

alcanccedilaram a sua produccedilatildeo oacutetima de madeira (Figura 8d)

Marinho (2008) ao analisar a estrutura populacional de espeacutecies como H

crepitans O cymbarum e S elata ocorrendo em florestas de vaacuterzea do setor Jarauaacute da

RDSM observou que estas espeacutecies apresentam baixa densidade de indiviacuteduos em

classes diameacutetricas acima de 50 cm (28 13 e 05 indha respectivamente) sendo

que Hura e Sterculia apresentam uma baixa taxa de estabelecimento visiacutevel pelo

pequeno nuacutemero de indiviacuteduos observados em classes diameacutetricas baixas

Os ciclos de corte entre 10 e 12 anos determinados para as espeacutecies neste

trabalho satildeo valores proacuteximos ao permitido pelas normas de manejo florestal da IN ndeg 5

(ciclo de corte de 10 anos) Entretanto aplicando-se um diacircmetro de derrubada limite

de 50 cm pode natildeo ser sustentaacutevel para espeacutecies como Sterculia e Cedrela

considerando-se a abundacircncia destas espeacutecies na regiatildeo Considerando-se a

48

abundacircncia de Hura e Ocotea o manejo pode ser sustentaacutevel se considerar os DMDs

determinados para cada espeacutecie neste estudo

igura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999

Inventaacuterio florestal de Mamirauaacute (1999 - 2000)

00

02

04

06

08

10

12

14

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

gt 2

Classes diameacutetricas (m)

Den

sida

de d

e aacuter

vore

s po

r ha

Sterculia elataHura crepitansOcotea cymbarumCedrela odorata

Fa 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM

49

Os resultados mostram que tanto Hura quanto Sterculia apresentaram taxas de

crescimento arboacutereo relativamente raacutepidas o que as torna espeacutecies potenciais para

recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e reflorestamento Jaacute Ocotea e Cedrela duas

espeacutecies de madeira densa apresentaram taxas mais lentas de crescimento arboacutereo

Ocotea eacute uma espeacutecie cuja madeira eacute frequumlentemente utilizada pelas

comunidades ribeirinhas na construccedilatildeo de casas moacuteveis e taacutebuas Cedrela eacute uma

espeacutecie bastante valorizada no mercado madeireiro chegando a custar R$ 12000m3

no ano de 2004 na regiatildeo do alto Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a) Isto faz com

que reflorestamentos com Cedrela venham a ser um importante caminho para o

enriquecimento dos estoques de madeira visando o aumento das populaccedilotildees desta

espeacutecie Atraveacutes de um manejo florestal sustentaacutevel comunidades ribeirinhas podem se

beneficiar com produtos madeireiros de alta qualidade e de valor comercial

Os efeitos positivos da liberaccedilatildeo do dossel sobre as taxas de incremento em

diacircmetro observados em espeacutecies de madeira densa (Kammesheidt et al 2003)

indicam que as taxas de crescimento arboacutereo encontradas em Cedrela poderiam ser

aceleradas atraveacutes de aplicaccedilatildeo deste tipo de tratamento silvicultural Entretanto devem

ser realizados mais estudos a respeito das estrateacutegias de regeneraccedilatildeo da espeacutecie

dentro da reserva

Os resultados indicam que um ciclo de corte de 25 anos eacute inadequado para

execuccedilatildeo de manejo florestal sustentaacutevel das quatro espeacutecies estudadas Todas

apresentaram ciclos de corte inferiores (entre 10 e 12 anos) ao valor exigido por lei

indicando que estes recursos madeireiros natildeo estatildeo sendo manejados eficazmente A

IN no 5 permite a aplicaccedilatildeo de ciclo de corte inicial de 10 anos com volume maacuteximo de

10 msup3ha ou mais com retirada de apenas 3 aacutervores por ha para manejos de baixa

50

intensidade Com isso eacute possiacutevel manejar de forma mais adequada os estoques de

Ocotea e Hura aplicando ciclos de corte de 12 e 10 anos respectivamente utilizando

contudo os DMDs aqui determinados para manejo florestal mais especiacutefico garantindo

assim a sustentabilidade do uso da madeira destas espeacutecies dentro da reserva

Todavia eacute necessaacuteria a garantia de que ao retirar aacutervores de determinada espeacutecie em

dado local seja feito estabelecimento de indiviacuteduos de mesma espeacutecie

A distribuiccedilatildeo diameacutetrica de Hura mostra ampla distribuiccedilatildeo de aacutervores na

maioria das classes diameacutetricas Contudo o modelo de crescimento da espeacutecie mostra

que em classes diameacutetricas entre 50 e 130 cm natildeo foi atingida produccedilatildeo maacutexima de

madeira Neste sentido ao retirar aacutervores com diacircmetros acima de 130 cm ainda

restaratildeo aacutervores suficientes nas classes inferiores para garantir renovaccedilatildeo dos

estoques extraiacutedos as quais permitem a garantia de produccedilatildeo de diaacutesporos para a

regeneraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da produtividade maacutexima da espeacutecie otimizando a exploraccedilatildeo

da madeira de Hura

O mesmo deve valer para Ocotea e Sterculia Poreacutem a regeneraccedilatildeo destas

espeacutecies deve ser assegurada o que implica em execuccedilatildeo de estudos ecologia da

populaccedilatildeo particularmente de regeneraccedilatildeo e estabelecimento levando-se em

consideraccedilatildeo a influecircncia de fatores ambientais (solo clima disponibilidade de luz

inundaccedilatildeo etc)

51

64 Desafios futuros

Os resultados do presente trabalho mostram que o atual criteacuterio de manejo

florestal que estabelece ciclo de corte e diacircmetro limite para corte uacutenicos extraccedilatildeo de 5

aacutervores por ha natildeo se mostra eficaz na garantia de manutenccedilatildeo dos estoques de

madeira para exploraccedilotildees subsequumlentes o que torna estes criteacuterios inviaacuteveis para

conservaccedilatildeo da biodiversidade por meio de manejos florestais sustentaacuteveis em

florestas de vaacuterzea Aleacutem disso a ausecircncia de informaccedilotildees a respeito dos processos

que envolvem a dinacircmica e ecologia de florestas alagaacuteveis na elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo eacute um fator agravante na questatildeo da insustentabilidade da

exploraccedilatildeo dos recursos florestais em florestas de vaacuterzea

Ciclos de corte da madeira soacute possibilitam sustentabilidade se as espeacutecies

extraiacutedas conseguem se regenerar e estabelecer dentro da floresta garantindo

estoques de madeira para as proacuteximas extraccedilotildees Uma importante questatildeo eacute a

ausecircncia de dados baacutesicos de estrutura populacional e estabelecimento e regeneraccedilatildeo

de florestas tropicais para subsidiar planos de manejo florestal principalmente em

florestas de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia

Pesquisas tecircm sido feitas no sentido de investigar a influecircncia do pulso de

inundaccedilatildeo condiccedilotildees de luz suprimento de nutrientes e disponibilidade de aacutegua no

estabelecimento de sementes e placircntulas em aacutereas alagaacuteveis (Parolin 2001 Wittmann

amp Junk 2003 Ferreira et al 2005) Wittmann amp Junk (2003) enfatizam importacircncia de

novos estudos focando os processos de germinaccedilatildeo crescimento e taxa de

mortalidade de placircntulas de espeacutecies exploradas comercialmente e suas relaccedilotildees com

fatores do ambiente como luz e inundaccedilatildeo

52

Produtos florestais natildeo madeireiros tambeacutem devem ser levados em consideraccedilatildeo

na elaboraccedilatildeo de planos de manejo de florestas de vaacuterzea Diversos produtos tais

como resinas oacuteleos frutos fibras tecircxteis taninos e produtos medicinais satildeo extraiacutedos

de espeacutecies encontradas nas florestas de vaacuterzea (Wittmann et al 2006b) o que

demonstra o alto potencial destas florestas para este tipo de exploraccedilatildeo dos recursos

Novos modelos de exploraccedilatildeo madeireira que levam em consideraccedilatildeo o

crescimento e idade das aacutervores estatildeo sendo criados (Schoumlngart et al 2003 Brienen

amp Zuidema 2006 Schoumlngart 2007 2008) Mas o desafio de converter dados de

pesquisas cientiacuteficas em poliacuteticas puacuteblicas ainda eacute grande O caminho ainda eacute longo e

espera-se que a partir desta mudanccedila da IN ndeg de 2006 o qual permite a alteraccedilatildeo do

diacircmtro limite de corte e ciclo de corte atualmente requeridos para o manejo florestal

com base em pesquisas cientiacuteficas abra portas para a elaboraccedilatildeo de manejos

florestais especiacuteficos e sustentaacuteveis e consequumlentemente possibilitem que o quadro de

exploraccedilatildeo da madeira venha a se modificar com o tempo nas florestas alagaacuteveis da

Amazocircnia brasileira

7 CONCLUSOtildeES

As quatro espeacutecies estudadas apresentam diferenccedilas nas taxas de crescimento

arboacutereo Isto implica que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico de

derrubada e ciclo de corte para estas espeacutecies natildeo garantem a manutenccedilatildeo dos

estoques de madeira na floresta e portanto natildeo satildeo sustentaacuteveis

O DMD sugerido para Hura eacute de 130 cm quando a espeacutecie atinge sua produccedilatildeo

oacutetima de madeira possibilitando o aproveitamento maacuteximo do recurso bem como a

53

permanecircncia de indiviacuteduos em idade reprodutiva e consequumlente reposiccedilatildeo dos

estoques desta espeacutecie

Os resultados mostram que para C odorata uma espeacutecie com baixa densidade

de indiviacuteduos na reserva o DMD encontrado foi inferior a 50 cm (3760 cm) o que

demonstra a necessidade de aplicaccedilatildeo de tratamentos de enriquecimento de indiviacuteduos

para reposiccedilatildeo dos estoques para futuras exploraccedilotildees

Para O cymbarum e S elata DMDs sugeridos satildeo de 53 e 56 cm

respectivamente dentro do diacircmetro limite estabelecido por lei No entanto a baixa

densidade de indiviacuteduos encontrada em S elata indica tambeacutem a importacircncia de

aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais de enriquecimento para esta espeacutecie atingir

niacuteveis manejaacuteveis de seus estoques madeireiros

Os ciclos de corte variaram entre 10 anos para as espeacutecies de madeira branca e

12 anos para as espeacutecies de madeira pesada Entretanto deve ser ressaltada a

importacircncia do uso de DMD aqui sugeridos para cada espeacutecie objetivando a garantia da

manutenccedilatildeo dos estoques das mesmas

A dendrocronologia se mostrou uma ferramenta bastante uacutetil na aplicaccedilatildeo de

modelos de crescimento arboacutereo com intuito de contribuir para elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo florestal que suportam maior sustentabilidade do uso dos

recursos florestais Contudo maiores estudos para compreensatildeo da estrutura das

populaccedilotildees crescimento e reproduccedilatildeo das espeacutecies madeireiras de florestas de vaacuterzea

devem ser realizados

54

8 REFEREcircNCIAS

Achard F Eva HD Stibig Hans-Juumlrgen Mayaux P Gallego J Richards T

Malingreau Jean-Paul 2002 Determination of Deforestation Rates of the Worlds

Humid Tropical Forests Science 297(5583) 999 ndash 1002

Alencar A Nepstad D McGrath D Moutinho P Pacheco P Del Carmen M Diaz

V Soares ndash Filho BS 2004 Desmatamento na Amazocircnia indo aleacutem da

emergecircncia crocircnica Ipamhttpwwwipamorgbrpublicacoeslivrosresumo_des

matamentophp

Albernaz AL amp Ayres JM 1999 Selective Logging along the Middle Solimotildees River

In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash

Diversity Development and Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains

New York NYBG Press

Amaral P amp Amaral MN 2000 Manejo florestal comunitaacuterio na Amazocircnia brasileira

situaccedilatildeo atual desafios e perspectivas Brasiacutelia DF Instituto Internacional de

Educaccedilatildeo do Brasil (IIEB) 58 pp

Anderson A Mousasticoshvily I Macedo D 1999 Logging of Virola surinamensis in

the Amazon Floodplain Impacts and alternatives In Padoch C Ayres J M

Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and

Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Asner GP Knapp DE Broadbent EN Oliveira PJC Keller M Silva JNM

2005 Selective logging in the Brazilian Amazon Science 310 480 ndash 482

Ayres JM 1993 As matas de vaacuterzea do Mamirauaacute MCTCNPqSociedade Civil

Mamirauaacute Brasiacutelia Distrito Federal 123 pp

Barreto P Amaral P Vidal E Uhl C 1998 Costs and benefits of forest

management for timber production in eastern Amazonia Forest Ecology and

Management 108 (1ndash2) 9 ndash 26

Barros AC amp Uhl C 1995 Logging along the Amazon River and estuary Patterns

problems and potential Forest Ecology and Management 77 87ndash105

Barros AC amp Uhl C 1999 The economic and social significance of logging operations

on the Floodplains of the Amazon estuary and prospects for ecological

55

sustainability In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A

(eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and Conservation of Amazonias

Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Boltz F Carter DR Holmes TP Pereira RJr 2001 Financial returns under

uncertainty for conventional and reduced impact logging in permanent production

forests of the Brazilian Amazon Ecological Economics 39 387 ndash 398

Borchert R Rivera G Hagnauer W 2002 Modification of vegetative phenology in a

tropical semideciduous forest by abnormal drought and rain Biotropica 34 27 ndash

39

Bormann FH amp Berlyn G 1981 Age and growth rate of tropical trees new directions

for research Yale University School of Forestry and Environmental Studies

Bulletin New Haven

Boot RGA amp Gullison RE 1995 Aprporaches to developing sustainable extraction

systems for tropical forest products Ecological Applications 5(4) 896 ndash 903

Brienen RJW amp Zuidema PA 2005 Relating tree growth to rainfall in Bolivian rain

forests a test for six species using tree ring analysis Oecologia 146(1) 1 ndash 12

Brienen RJW amp Zuidema PA 2006 Lifetime growth patterns and ages of Bolivian

rain forest trees obtained by tree ring analysis Journal of Ecology 94 481 ndash 493

Brienen RJW amp Zuidema PA 2007 Incorporating persistent tree growth differences

increases estimates of tropical timber yield The Ecological Society of America

Frontiers in Ecology and the Environment 5(6) 302 ndash 306

Cannell MGR 1984 Woody biomass of forest stands Forest Ecology and

Management 8 (3 ndash 4) 299 ndash 312

Carvalho G Barros AC Moutinho P Nepstad D 2001 Sensitive Development

Could Protect Amazonia Instead of Destroying It Nature 409 131

Chave J Andalo C Brown S Cairns MA Chambers JQ Eamus D Foumllster H

Fromard F Higuchi N Kira T Lescure J-P Nelson BW Ogawa H Puig

H Rieacutera B Yamakura T 2005 Tree allometry and improved estimation of

carbon stocks and balance in tropical forests Oecologia 145 87 ndash 99

Chambers JQ Higuchi N Schimel JP 1998 Ancient trees in Amazonia Nature 39

135 ndash 136

56

Cintron BB 1990 Cedrela odorata L Cedro hembra Spanish cedar In Burns RM

Honkala BH (eds) Silvics of North America 2 Hardwoods Agric Handb

Washington DC US Department of Agriculture Forest Service 654 250 ndash 257

Clark DB amp Clark DA 1996 Abundance growth and mortality of very large trees in

neotropical lowland rain forest Forest Ecology and Management 80 235 ndash 244

Clark DA Clark DB 2001 Getting to the canopy Tree height growth in a neotropical

rain forest Ecology 82 1460 ndash 1472

Condit R 1995 Research in large long-term tropical forest plots Tree 10 18 ndash 22

Condit R Hubbel SP Foster RB 1995 Demography and harvest potential of Latin

American timber species data from a large permanent plot in Panama Journal of

Tropical Forest Science 7 599 ndash 622

De Graaf NN Filius AM Huesca Santos AR 2003 Financial analysis of sustained

forest management for timber Perspectives for application of the CELOS

management system in Brazilian Amazonia Forest Ecology and Management

177 287 ndash 299

Denevan WM 1976 The aboriginal population of Amazonia In Denevan W M (ed)

The native population of the Americas in 1492 The University of Wisconsin Press

205 ndash 234

De Simone O Junk WJ Schmidt W 2003 Central Amazon Floodplain Forests Root

Adaptations to Prolonged Flooding Russian Journal of Plant Physiology 50(6)

848 ndash 855

Dezzeo N Worbes M Ishii I Herrera R 2003 Growth rings analysis of four tropical

tree species in seasonally flooded forest of the Mapire River a tributary of the

lower Orinoko River Venezuela Plant Ecology 168 165 ndash 175

Duumlnisch O Montoia VR Bauch J 2003 Dendroecological investigations on

Swietenia macrophylla King and Cedrela odorata L (Meliaceae) in the Central

Amazon Trees ndash Struct Funct 17 244 ndash 250

Dykstra JA amp Heinrich R 1996 FAO model code of forest harvesting practice Food

and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) Rome Italy

Eckstein D Sass U Baas P 1995 Growth periodicity in tropical trees IAWA Journal

16 325 ndash 442

57

Enquist BJ Leffler AJ 2001 Long-term tree ring chronologies from sympatric tropical

dry-forest trees individualistic responses to climatic variation Journal of Tropical

Ecology 17 41 ndash 60

Enright NJ Hartshorn GS 1981 The demography of tree species in undisturbed

tropical rainforest In Bormann FH Berlyn G (eds) Age and growth rate of

tropical trees new directions for research Yale University School of Forestry and

Environmental Studies 94 107 ndash 119

Fearnside PM 1999 Biodiversity as an environmental service in Brazilacutes Amazonian

forests risks value and conservation Environmental Conservation 26 305 ndash 321

Ferreira LV 1991 O efeito do periacuteodo de inundaccedilatildeo na zonaccedilatildeo de comunidades

fenologia e regeneraccedilatildeo em uma floresta de Igapoacute na Amazocircnia Central Masterrsquos

Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 161 pp

Fichtler E Clark DA Worbes M 2003 Age and long-term growth of trees in an old-

growth tropical rain forest based on analyses of tree rings and C-14 Biotropica

35 306 ndash 317

Fichtler E Trouet V Beeckman H Coppin P Worbes M 2004 Climatic signals in

tree rings of Burkea africana and Pterocarpus angolensis form semiarid forests in

Namibia Trees 18 442 ndash 451

Francis J K 1990 Hura crepitans L Sandbox molinillo jabillo In SO-ITF-SM-38 New

Orleans LA US Department of Agriculture Forest Service Southern Forest

Experiment Station 270 ndash 274

Fritts HC 1976 Tree rings and climate London - Academic Press 567 pp

Furch K 1984 Water chemistry of the Amazon Basin The distribution of chemical

elements among freshwaters In Sioli H (ed) The Amazon Limnology and

Landscape Ecology of a Mighty Tropical River and its Basin Junk Publishers

Dordrecht 176 ndash 200

Furch K 1997 Chemistry of Vaacuterzea and Igapoacute soils and nutrient inventory of their

floodplain forests In Junk WJ (ed) The Central Amazon Floodplains Ecology of

a Pulsing System Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 47 ndash 67

58

Gama JRV Bentes ndash Gama M de Matos Scolforo JRS 2005 Sustainable

management for floodplain forest in eastern Amazonian Rev Aacutervore 29(5) 719 ndash

729

Gerwing JJ 2002 Degradation of forests through logging and fire in the eastern

Brazilian Amazon Forest Ecology and Management 157 131 ndash 141

Gourlay ID 1995 The definition of seasonal growth zones in some African Acacia

species ndash A review IAWA Journal 16 353 ndash 359

Hartshorn GS 1995 Ecological basis for sustainable development in tropical forests

Annual Review of Ecology and Systematics 26 155 ndash 175

Higuchi N Hummel AC Freias JV Malinowski JRE Stokes R 1994

Exploraccedilatildeo florestal nas vaacuterzeas do Estado do amazonas seleccedilatildeo de aacutervore

derrubada e transporte Proceedings of the VII Harvesting and Transportation of

timber Products IUFROUFPR Curitiba Brasil 168 ndash 193

Holmes TP Blate GM Zweede JC Pereira R Barreto P Boltz F Bauch R

2002 Financial and ecological indicators of reduced impact logging performance in

the eastern Amazon Forest Ecology and Management 163 93 ndash 110

IBGE 2000 Censo Demograacutefico 2000 Resultados Preliminares Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Rio de Janeiro 172 pp

Irion G Junk WJ Mello JASN 1997 The large Central Amazonian river floodplain

near Manaus geological climatological hydrological and geomorphological

aspects In the Central Amazonian Floodplains Ecology of a Pulsing System

Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 23 ndash 46 Johns JS Baretto P Uhl C 1996 Logging damage during planned and unplanned

logging operations in the eastern Amazon Forest Ecology and Management 89

59 ndash 77

Junk WJ 1989 Flood tolerance and tree distribution in Central Amazonian floodplains

In Nielsen LB Nielsen IC Baisley H (eds) Tropical Forests Botanical

Dynamics Speciation and Diversity Academic Press London 47 ndash 64

Junk WJ Bayley PB Sparks RE 1989 The flood pulse concept in foodplain

systems In Dodge DP (eds) Proceedings of the International Large River

Symposium Cen Spec Publ Fish Aquat Sci 106 110 ndash 127

59

Junk WJ amp Piedade MTF 1997 Plant life in the floodplain with special reference to

herbaceous plants In The central Amazon Floodplain Ecology of a Pulsing

system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 147 ndash 185

Kammescheidt L Gagang AA Schwarzwaller W Weidelt H 2003 Growth patterns

of dipterocarps in treated and untreated plots Forest Ecology and Management

174 437 ndash 445

Kubitzki K amp Zibursk A 1994 Seed dispersal in flood plain forests of Amazonia

Biotropica 26(1) 30 ndash 43

Lambin EF Geist HJ Lepers E 2003 Dynamics of land-use and land-cover change

in tropical regions Annual Review of Environment and Resources 28 205 ndash 41

Lamprecht H 1989 Silviculture in the tropics tropical forest ecosystems and their tree

species - possibilities and methods for their long-term utilization GTZ Eschborn

Laurance WF Nascimento HEM Laurance SG Condit R DAngelo S

Andrade A 2004 Inferred longevity of Amazonian rainforest trees based on a

long-term demographic study Forest Ecology and Management 190 131 ndash 143

Lieberman D Lieberman M Hartshorn G Peralta R 1895 Growth rates and age-

size relationships of Tropical Wet Forest trees in Costa Rica

Journal of Tropical Ecology 1(2) 97 ndash 109

Lima JRA amp Santos Joaquim dos Higuchi N 2005 Situaccedilatildeo das induacutestrias

madeireiras do Estado do Amazonas em 2000 Acta Amazonica 35(2) 125 ndash 132

Loureiro AA amp Silva MF da 1968 Cataacutelogo das madeiras da Amazocircnia Beleacutem

INPA 1 ndash 2

Margulis S 2003 Causas do desmatamento da Amazocircnia brasileira Brasiacutelia Banco

Mundial 100 pp

Marinho TA da S 2008 Distribuiccedilatildeo e estrutura da populaccedilatildeo de quatro espeacutecies

madeirerias em uma floresta sazonalmente alagaacutevel na Reserva de

desenvolvimento sustentaacutevel Mamirauaacute Amazocircnia Central Masterrsquos Thesis

Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 71 pp

Marques CA 2001 Importacircncia econocircmica da famiacutelia Lauraceae Lindl Floresta e

Ambiente 8(1) 195 ndash 206

60

Martini A Arauacutejo R N Uhl C 1998 Espeacutecies de Aacutervores Potencialmente

Ameaccediladas pela Atividade Madeireira na Amazocircnia Imazon Beleacutem Brazil Seacuterie

Amazocircnia Ndeg 11

Nebel G amp Kvist LP 2001 A review of Peruvian flood plain forests ecosystems

inhabitants and resource use Forest Ecology and Management 150 3 ndash 26

Nebel G Dragsted J Simonsen TR Vanclay JK 2001 The Amazon floodplain

forest tree Maquira coriacea (Karsten) CC Berg Aspects of ecology and

management Forest Ecology and Management 150 103 ndash 113

Nebel G amp Meilby H 2005 Growth and population structure of timber species in

Peruvian Amazon flood plains Forest Ecology and Management 215 1 ndash 3

Nepstad D Carvalho G Barros AC Alencar A Capobianco J Bishop J

Moutinho P Lefebvre P Silva U 2001 Road Paving Fire Regime Feedbacks

and the Future of Amazon Forests Forest Ecology and Management 5524 1 ndash 13

Nutto L Watzlawick LF 2002 Relaccedilotildees entre fatores climaacuteticos e incremento em

diacircmetro de Zanthoxylum rhoifolia Lam e Zanthoxylum hyemale St Hil Na regiatildeo

de Santa Maria RS Embrapa Florestas Bol Pesq Fl Colombo PR 45 41 ndash 55 Ohly JJ 2000 Development of central Amazonia in the modern era In Junk WJ

Ohly JJ Piedade MTF Soares MGM (eds) The Central Amazon

Floodplain Actual Use and Options for Sustainable Management Backhuys

Publisher Leiden 75 ndash 94

Parolin P 2001 Morphological and physiological adjustments to waterlogging and

drought in seedlings of Amazonian floodplain trees Oecologia 128 326-335

Parolin P 2002 Bosques inundados en la Amazonia Central Su aprovechamiento

actual y potencial Ecologia Aplicada 1(1) 111 ndash 114

Parolin P De Simone O Haase K Waldhoff D Rottenberger S Kuhn U

Kesselmeier J Kleiss B Schmidt W Piedade MTF Junk WJ 2004 Central

Amazonian floodplain forests tree adaptations in a pulsing system The Botanical

Review 70(3) 357 ndash 380

Piedade MTF Junk WJ Parolin P 2000 The flood pulse and photosynthetic

response of tree in a white water floodplain (Vaacuterzea) of Central Amazon Brazil

Verhandlungen der Internationalen Vereinigung fuumlr Limnologie 27 1734 ndash 1739

61

Piedade MTF 1985 Ecologia e biologia reprodutiva de Astrocaryum jauari Mart

(Palmae) como exemplo de populaccedilatildeo adaptada agraves aacutereas inundaacuteveis do Rio Negro

(igapoacutes) Masterrsquos Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo

Universidade do Amazonas Manaus Amazonas 188 pp

Piedade MTF Junk WJ Adis J Parolin P 2005 Ecologia zonaccedilatildeo e colonizaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo arboacuterea das Ilhas Anavilhanas Pesquisas Botacircnica 56 117 ndash 143

Pinedo-Vasquez M Zarin DJ Coffey K Padoch C Rabelo F 2001 Post-boom

logging in Amazonia Human Ecology 29 219ndash239

Prance GT 1980 A terminologia dos tipos de florestas Amazocircnicas sujeitos agrave

inundaccedilatildeo Acta Amazonica 10 495 ndash 504

Prance GT 1989 American Tropical Forests In Lieth H Weger MJA (eds)

Tropical Rain Forest Ecossistems Ecossistems of the World Elsevier Amsterdam

14 99 ndash 132

Putz FE Blate GM Redford KH Fimbel R Robinson J 2001 Tropical forest

management and conservation of biodiversity an overview Conservation Biology

15 7ndash20

Queiroz H 2005 A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute Estudos

Avanccedilados 19(54) 183 ndash 203

Revilla JDC 1981 Aspectos floriacutesticos e fitossocioloacutegicos da floresta inundaacutevel

(igapoacute) Praia Grande Rio Negro Amazonas Brasil Masterrsquos Thesis Instituto

Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do Amazonas

Manaus Amazonas 129 pp

Ribeiro RNS Tourinho MM Santana AC 2004 Avaliaccedilatildeo da sustentabilidade

agroambiental de unidades produtivas agroflorestais em Vaacuterzeas fluacutevio marinhas

de Cametaacute - Paraacute Acta Amazonica 34(3) 359 ndash 374

Roig FA 2000 Dendrocronologiacutea en los bosques del Neotroacutepicos revisioacuten y

prospeccioacuten futura In Dendrocronologiacutea en america Latina Roig F A (ed)

Mendoza EDIUNC 307 ndash 355

Sass U Killmann W Eckstein D 1995 Wood formation in two species of

dipterocarpaceae in Peninsular Malaysia IAWA Journal 16 371 ndash 384

62

Schoumlngart J 2003 Dendrochronologische Untersuchungen in

Uumlberschwemmungswaumlldern der vaacuterzea Zentralamazoniens PhD Thesis Fakultaumlt

fuumlr Forstwissenschaften und Waldoumlkologie Universitaumlt Goumlttingen 223 pp

Schoumlngart J 2008 GrowthndashOrientated Logging (GOL) A new concept towards

sustainable forest management in Central Amazonian vaacuterzea floodplains Forest

Ecology and Management (Aceito)

Schoumlngart J Piedade MTF Ludwigshausen S Horna V Worbes M 2002

Phenology and stem-growth periodicity of tree species in Amazonian floodplain

forests Journal of Tropical Ecology 18 581 ndash 597

Schoumlngart J Piedade MTF Worbes M 2003 Successional differentiation in

structure floristic composition and wood increment of whitewater Floodplain

Forests in Central Amazonia German-Brazilian Workshop on Neotropical

Ecosystems ndash Achievements and Prospects of Cooperative Research Hamburg 3

ndash 8

Schoumlngart J Junk WJ Piedade MTF Ayres JM Huumlttermann A Worbes M

2004 Teleconnection between tree growth in the Amazonian floodplains and the El

Nintildeo-Southern Oscillation effect Global Change Biology 10 683 ndash 692

Schoumlngart J Piedade MTF Wittmann F Junk WJ Worbes M 2005 Wood

growth patterns of Macrolobium acaciifolium (Benth) (Fabaceae) in Amazonian

black-water and white-water Floodplain Forests Oecologia 145 454 ndash 461

Schoumlngart J Orthmann B Hennenberg KJ Porembski S Worbes M 2006

Climate ndash growth relationships of tropical tree species in West Africa and their

potential for climate reconstruction Global Change Biology 12 1139 ndash 1150

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M Piedade MTF Krambeck H-J Junk WJ

2007 Management criteria for Ficus insipida Willd (Moraceae) in Amazonian white

ndash water floodplain forests defined by tree ndash rings analysis Annals of Forest

Science 64 657 ndash 664 Schoumlngart J Rocha RM Queiroz HL 2008a Traditional timber extraction in the

central Amazonian floodplains In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

63

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M 2008b Biomass and net primary production of

central Amazonian floodplain forests In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-Verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Swaine MD Whitmore TC 1988 On the definition of ecological species groups in

tropical rain forests Vegetatio 75 81 ndash 86

Schwartz MW Caro TM Banda-Sakala T 2002 Assessing the sustainability of

harvest of Pterocarpus angolensis in Rukwa Region Tanzania Forest Ecology and

Management 170 259 ndash 269

Schweingruber FH 1988 Tree rings Reidel Dordrecht 276 pp

Sioli H amp Klinge H 1962 Solos tipos de vegetaccedilatildeo e aacuteguas na Amazocircnia Boletim

Museu Paraense Emilio Goeldi 1 27 ndash 41

Sioli H 1984 Former and recent utilizations of Amazonia and their impact on the

environment In The Amazon Sioli H (ed) Junk Publishers Dordrecht 675 ndash

706

Sioli H 1991 Amazocircnia Fundamentos da ecologia da maior regiatildeo de florestas

tropicais Editora Vozes Petroacutepolis Rio de Janeiro 3 ed 71 pp

Sociedade Civiacutel Mamirauaacute 1996 Mamirauaacute Management Plan (summarized version)

Brasiacutelia SCM CNPqMCT

Sokpon N amp Biaou SH 2002 The use of diameter distributions in sustained-use

management of remnant forests in Benin case of Bassila forest reserve in North

Benin Forest Ecology and Management 161 13 ndash 25

Sombroek WG 1979 Soils of the Amazon region and their ecological stability ISM

Annual Report 13 ndash 27

Smeraldi R 2003 Legalidade predatoacuteria ndash o novo contexto da exploraccedilatildeo madeireira

na Amazocircnia In MACQUEEN DJ (ed) Exportando sem crises a induacutestria de

madeira tropical brasileira e os mercados internacionais IIED Small and Medium

64

Enterprise Series London International Institute for Environment and

Development 1 37 ndash 52

Spiecker H 2002 Tree rings and forest management in Europe Dendrochronologia

20(1-2) 191 ndash 202

Stadtler EWC 2007 Estimativas de biomassa lenhosa estoque e sequumlestro de

carbono acima do solo ao longo do gradiente de inundaccedilatildeo em uma floresta de

igapoacute alagada por aacutegua preta na Amazocircnia Central MSc thesis INPAUFAM

Manaus BrazilStahle DW 1999 Useful strategies for the development of tropical

tree-ring chronologies IAWA Journal 20 249 ndash 253

Takeuchi M 1962 The structure of the amazonian vegetation VI Igapoacute Journal of the

Faculty Science University of Tokyo 8(4 ndash 7) 297-304

Ter Steege H Pitman N Sabatier D Castellanos H Vander Hout P Daly DC

Silveira M Phillips OL Vasquez R Van Andel T Duivenvoorden J De

Oliveira AA Ek R Lilwah R Thomas R Van Essen J Baider C Maas P

Mori S Terborgh J Nueacutez PV Mogolloacute n H Morawetz W 2003 A spatial

model of tree adiversity and b-density for the Amazon Region Biodiversityand

Conservation 12 2255 ndash 2277

Therrell MD Stahle DW Ries LP Shugart HH 2006 Tree-ring reconstructed

rainfall variability in Zimbabwe Climate Dynamics 26 677 ndash 685

Uhl C Barreto P Verissiacutemo A Vidal E Amaral P Barros AC Souza C Johns

J Gerwing J 1997 Natural Resource Management in the Brazilian Amazon

Bioscience 47(3) 160 ndash 168

Vidal E Viana VM Batista JLF 2002 Crescimento de floresta tropical trecircs anos

apoacutes colheita de madeira com e sem manejo florestal na Amazocircnia oriental

Scientia forestalis 61133-143

Waldholff D Junk WJ Furch B 1998 Responses of three Central Amazonian tree

species to drought and flooding under controlled conditions International Journal of

Ecological and Environments Sciences 24 237 ndash 252

Wittmann F amp Parolin P 1999 Phenology of six tree species from Central Amazonian

Vaacuterzea Ecotropica 5 51 ndash 57

65

Wittmann F Anhuf D Junk WJ 2002 Tree species distribution and community

structure of central Amazonian Vaacuterzea forests by remote-sensing techniques

Journal of Tropical Ecology 18 805 ndash 820

Wittmann F amp Junk WJ 2003 Sapling communities in Amazonian white-water forests

Journal of Biogeography 30(10) 1533 ndash 1544

Wittmann F Junk WJ Piedade MTF 2004 The Vaacuterzea forests in Amazonia

flooding and the highly dynamic geomorphology interact with natural forest

succession Forest Ecology and Management 196 199 ndash212

Wittmann F Schoumlngart J Montero JC Motzer T Junk WJ Piedade MTF

Queiroz HL Worbes M 2006a Tree species composition and diversity gradients

in white-water forests across the Amazon Basin Journal of Biogeography 33 1334

ndash 1347

Wittmann F Schoumlngart J Brito JM Oliveira Wittmann A Piedade MTF Parolin

P Junk WJ Guillaumet JL 2006b Manual of trees from Central Amazonian

vaacuterzea floodplains Taxonomy ecology and use Ed Valer (no prelo)

Whitmore TC 1990 An introduction to tropical rain forests Oxford University Press

New York

Worbes M 1985 Structural and other adaptations to long-term flooding by in Central

Amazonia Amazoniana 9 459 ndash 484

Worbes M 1989 Growth rings increment and age of trees in inundation forest

savannas and mountain forest in the neotropics IAWA Bulletin 10(2) 109 ndash 122

Worbes M 1995 How to measure growth dynamics in tropical trees mdash a review IAWA

Journal 16 337ndash 351

Worbes M 1997 The forest ecosystem of the floodplains In The central Amazon

Floodplain Ecology of a Pulsing system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg

New York 223 ndash 266

Worbes M 1999 Annual grow rings rainfall-dependent growth and long-term grgrowth

patterns of tropical trees from the Caparo Forest Reserve in Venezuela Journal of

Ecology 87 391 ndash 403

Worbes M 2002 One hundred years of tree-ring research in the tropics ndash a brief history

and an outlook to future challenges Dendrochronologia 20(1 ndash 2) 217 ndash 231

66

Worbes M amp Junk WJ 1999 How old are the trees The persistence of a myth

IAWA Journal 20(3) 255 ndash 260

Worbes M Kingle H Revilla JD Martius C 1992 On the dynamics floristic

subdivision and geographical distribuition of Vaacuterzea forests in Central Amazonia

Journal of Vegetation Science 3 553 ndash 569

Worbes M Piedade MTF Schoumlngart J 2001 Holzwirtschaft im Mamirauaacute-Projekt

zur nachhaltigen Entwicklung einer Region im Uumlberschwemmungsbereich des

Amazonas Forstarchiv 72 188 ndash 200

Worbes M Staschel R Roloff A Junk WJ 2003 The ring analysis reveals age

structure dynamics and wood production of a natural forest stand in Cameroon

Forest Ecology and Management 173 105ndash123

67

Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )

Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo

Page 5: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE

Agradecimentos

Agradeccedilo ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ao Programa

Integrado de Poacutes ndash Graduaccedilatildeo em Biologia Tropical e Recursos Naturais INPAUFAM e

agrave Coordenaccedilatildeo do curso de Botacircnica pelo apoio acadecircmico e infra ndash estrutura obtida

para a realizaccedilatildeo do curso de Poacutes ndash graduaccedilatildeo em Botacircnica

Agrave Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior ndash Capes pela

bolsa de estudo concedida durante o curso de Poacutes ndash Graduaccedilatildeo

Ao convecircnio INPAMax-Planck pelo apoio financeiro e estrutural oferecido Ao

Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute pela estrutura fiacutesica disponibilizada

para a realizaccedilatildeo das coletas de campo Aos mateiros Jackson e Zeacute Pretinho aos

barqueiros Maacuterio e Agenor e agrave cozinheira dona Lene os quais foram de fundamental

para a execuccedilatildeo deste trabalho

Agradeccedilo especialmente ao meu orientador Dr Jochen Schoumlngart pelo apoio

cientiacutefico pela ajuda nos momentos difiacuteceis ensinamentos e amizade

Aos amigos que contribuiacuteram com meu aprendizado nesta etapa da vida

Agradeccedilo agravequeles que estatildeo longe Anamaria Luciana Mateus Ohana Wellington

Naacutergila Agradeccedilo principalmente agrave Mirelle que me ensinou o valor da amizade

verdadeira Aos amigos que fiz em Manaus durante o mestrado Liliane Ana Paula

Valdete Thaysa Carla Taciana Leila Serginho e Pena Aos alunos e amigos do

mestrado Maacuterio Terra Maacuterio Fernandes Andreacute e Rafael pelas dicas e apoio durante o

curso

Aos integrantes do Projeto INPAMax-Planck Tatiana Tereza Celso Luacutecia

Auristela Maria Astrid Edvaldo Wallace e Valdeney que de alguma forma contribuiacuteram

para o desenvolvimento deste projeto A Dra Maria Teresa Fernandez Piedade ao Dr

Florian Wittman e ao Dr Wolfgan Junk por serem fonte de inspiraccedilatildeo

Agrave minha matildee Oni Artiaga da Rosa e ao meu pai Pedro Boliacutevar Artiaga da Rosa

por tudo que sou e por tudo que tenho conquistado Aos irmatildeos Luiz Adriano Seacutergio

Renato Suyana e Suyara por tudo que tecircm feito por mim

iv

Resumo

A exploraccedilatildeo madeireira eacute uma importante atividade econocircmica em florestas alagaacuteveis de vaacuterzea da Amazocircnia Central No oeste da bacia Amazocircnica do Brasil e Peru o acesso a florestas de terra firme eacute restrita devido a ausecircncia de infra-estrutura de pavimentaccedilatildeo Cerca de 60 a 90 dos mercados regional e local satildeo provenientes de florestas alagaacuteveis Os custos da madeira em florestas alagaacuteveis satildeo mais baixos (US$ 673 mndash3) do que em florestas de terra firme (US$ 1432 mndash3) devido ao faacutecil acesso e ao baixo custo da exploraccedilatildeo Extraccedilatildeo de madeira eacute baseada em planos de manejo a utilizando-se ciclos de corte entre 25-35 anos e um diacircmetro limite de derrubada de 50 cm Anaacutelise de aneacuteis anuais (dendrocronologia) eacute uma poderosa ferramenta para determinar a idade das aacutervores e crescimento arboacutereo promovendo sistemas de manejo florestal sustentaacuteveis Este estudo teve como objetivo modelar padrotildees de crescimento de Hura crepitans L (Euphorbiaceae) Cedrela odorata L (Meliaceae) Ocotea cymbarum Mez (Lauraceae) and Sterculia elata Ducke (Malvaceae) espeacutecies de importacircncia comercial de vaacuterzea da Amazocircnia Central Baseados em padrotildees de crescimento especiacuteficos ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de derrubada satildeo estimados para subsidiar o desenvolvimento futuros de planos de manejo mais sustentaacuteveis na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute (RDSM) Para cada aacutervore foram selecionados 20 indiviacuteduos e feitas medidas do diacircmetro na altura do peito (DAP) com ge 10 cm e estimativas da altura das aacutervores Um total de 20 discos e 110 cilindros de 5 mm de diacircmetro foram coletados com broca dendrocronoloacutegica As amostras foram polidas em sequumlecircncia progressiva com lixas de papel e a estrutura anatocircmica da madeira foi descrita e analisada para a realizaccedilatildeo dos estudos dendrocronoloacutegicos As anaacutelises foram realizadas no Laboratoacuterio de Dendrocronologia do Projeto INPAMax-Planck em Manaus A determinaccedilatildeo da idade foi feita por contagem direta dos aneacuteis e taxas de incremento radial foram geradas por mediccedilotildees da largura dos aneacuteis com o sistema de anaacutelise digital com precisatildeo de 001 mm (LINTAB) Baseado nos dados da idade diacircmetro e altura das aacutervores modelos de crescimento foram desenvolvidos para cada espeacutecie com base em relaccedilotildees significativas entre idade e diacircmetro e diacircmetro e altura pra estimar o crescimento em volume O diacircmetro no incremento em volume maacuteximo corrente foi definido como o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) O DMD das espeacutecies estudadas variou entre 376 cm (C odorata) e 1288 cm (H crepitans) O ciclo de corte foi estimado pela passagem meacutedia de tempo de uma classe de diacircmetro de 10 cm ateacute alcanccedilar o DMD Ciclos de corte variaram entre 97 anos (H crepitans e S elata) e 120 anos (C odorata) valores muito menores do que o atualmente aplicado nas praacuteticas de manejo baseadas na legislaccedilatildeo florestal e instruccedilatildeo normativa expedida pelo IBAMA Os resultados indicam que as atuais praacuteticas manejo de florestas satildeo ineficientes para o manejo de estoques madeireiros das espeacutecies comerciais estudadas Planos de manejo devem considerar as taxas de crescimento especificas para garantir a sustentabilidade do manejo de florestas

v

Abstract Timber harvesting is an important economic activity in nutrient-rich floodplain forests (vaacuterzea) of Central Amazonia In the Western Amazon basin of Brazil and Peru access to terra firme forests is restricted due to the absence of a road network Still 60ndash90 of the local and regional markets are provided with timber obtained from the floodplain forests Costs for logging are lower in the floodplain forests (US$ 673 mndash3) as in the non-flooded terra firme forests (US$ 1432 mndash3) due to the easier access and lower energy costs Timber harvesting is based on a forest management plan applying felling cycles of 25-35 year an diameter cutting limits of 50 cm Tree-ring analysis (dendrochronology) is a powerful tool to determine tree ages and wood growth providing data for long-term growth patterns and forest dynamic as a basis for the development of sustainable forest management systems This study aims to model growth patterns of Hura crepitans L (Euphorbiaceae) Cedrela odorata L (Meliaceae) Ocotea cymbarum Mez (Lauraceae) and Sterculia elata Ducke (Malvaceae) tree species of commercial importance in the central Amazonian vaacuterzea Based on the growth patterns species-specific felling cycles and minimum logging diameter are estimated to support the development of future management plans towards sustainability in the Mamirauaacute Reserve of Sustainable Development (MRSD) From every tree species tree heights and diameter at breast height ge 10cm were measured from 20 individuals A total of 20 stem disks and 110 cores of 5 mm diameter were collected using an increment borer The cores were progressively polished with sanding paper to describe and analyze wood anatomical patterns as a key for a successful dendrochronological study The analyses were performed in the Dendrochronology Laboratory of INPAMax-Planck project in Manaus Tree age was determined by ring-counting and diameter increment rates were determined by ring-width measurements using a digital measuring device (LINTAB) Based on the data set of tree age diameter and tree height growth models were developed for each species based on significant age-diameter and diameter-height relationships to estimate volume growth The diameter of the maximum current volume increment was defined as minimum logging diameter (MLD) The MLD of the studied tree species varied between 376 cm (C odorata) and 1288 cm (H crepitans) The felling cycle was estimated by the mean passage time of 10 cm diameter classes until reaching the derived MLD Felling cycles varied between 97 years (H crepitans and S elata) and 120 years (C odorata) much lower than applied in the current management practices based on forest legislation and normative instruction of the Brazilian Environmental Agencies (IBAMA) The results indicate that current forest management practices are inefficient to manage the timber stocks of the studied commercial tree species Management plans must consider species-specific growth rates to guarantee a sustainable forest management

vi

Abreviaccedilotildees

Ab ndash Aacuterea basal

Bio ndash Biomassa acima do solo

CC ndash Ciclo de corte

CrC ndash Crescimento cumulativo

DAP ndash Diacircmetro acima da altura do peito

Den ndash Densidade da madeira em gcm3

DMD ndash Diacircmetro miacutenimo de derrubada

f ndash Fator de correccedilatildeo

FFT ndash Fundaccedilatildeo Floresta Tropical

h ndash altura

IBAMA ndash Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IC ndash Incremento corrente

IDSM ndash Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute

IM ndash Incremento meacutedio

INPA ndash Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia

IPAAM ndash Instituto de Proteccedilatildeo Ambiental do Amazonas

MMA ndash Ministeacuterio do Meio Ambiente

MFC ndash Manejo Florestal Comunitaacuterio

PMFS ndash Plano de Manejo Florestal Simplificado

PPG7 ndash Programa Piloto para a Proteccedilatildeo das Florestas Tropicais do Brasil

RDSA ndash Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Amanaacute

RDSM ndash Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute

SEMA ndash Secretaria Estadual do Meio Ambiente

t ndash Tempo

UNESCO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura

V ndash Volume

vii

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 4

21 Dendrocronologia nos troacutepicos 4

22 As florestas de vaacuterzea 7

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea 10

3 OBJETIVOS 13

31 Objetivo Geral13

32 Objetivos especiacuteficos13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS14

41 Aacuterea de estudos 14

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies15

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos 19

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos 20

5 RESULTADOS 25

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira 25

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies 28

6 DISCUSSAtildeO 39

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira 39

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo40

63 Estrateacutegias de manejo florestal 45

64 Desafios futuros52

7 CONCLUSOtildeES 53

8 REFEREcircNCIAS 55

viii

Lista de figuras

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da

largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)24

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial 27

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura 30

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata 31

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura 32

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura33

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans 34

Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie 36

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura) 38

Figura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999 a 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM 49

ix

1 INTRODUCcedilAtildeO

As florestas tropicais apresentam grande importacircncia na promoccedilatildeo de habitats

para metade das espeacutecies do planeta atuando na manutenccedilatildeo da biodiversidade

ciclagem de aacutegua e nos ciclos biogeoquiacutemicos (Fearnside 1999) Contudo por mais de

3 deacutecadas vem sofrendo grandes pressotildees pelo aumento das taxas de desmatamento

(Achard et al 2002 Lambin et al 2003) causadas principalmente pela conversatildeo de

floresta para pastagem e agricultura (Alencar et al 2001 Margulis 2003) extraccedilatildeo de

madeira natildeo sustentada (Nepstad et al 2001 Asner et al 2005) e investimentos em

pavimentaccedilatildeo e infra-estrutura (Carvalho et al 2001) Essas mudanccedilas na cobertura

florestal tecircm levado a comunidade cientiacutefica a buscar alternativas para a conservaccedilatildeo e

uso sustentaacutevel dos recursos naturais de florestas tropicais (Boot amp Gullison 1995

Hartshorn 1995 Putz et al 2001)

A floresta Amazocircnica eacute a maior floresta tropical uacutemida do planeta (Sioli amp Klinge

1962 Sioli 1991) dos quais 6 correspondem a florestas de aacutereas alagaacuteveis (Prance

1980) Estas satildeo classificadas em vaacuterzea e igapoacute (Prance 1980) e se destacam por um

distinto sistema edaacutefico associado ao tipo de aacuteguas a que estatildeo sujeitas (Prance

1989) com dinacircmica altamente influenciada pelo pulso anual de inundaccedilatildeo (Junk et al

1989 Schoumlngart et al 2004 2005) As florestas de vaacuterzea sofrem influecircncia de rios de

aacuteguas barrentas (Furch 1984) capazes de transportar uma grande quantidade de

nutrientes atraveacutes de sedimentos oriundos de erosotildees ocorrendo nos Andes e encostas

Preacute-andinas (Sombroek 1979 Ayres 1993 Irion et al 1997)

A riqueza de nutrientes e relativa fertilidade dos solos (Furch 1997) conferem a

estes ecossistemas de vaacuterzea um caraacuteter de importacircncia econocircmica sendo um atrativo

1

para a colonizaccedilatildeo humana durante os uacuteltimos seacuteculos (Parolin 2002) Frequumlentemente

satildeo utilizadas para as praacuteticas de agricultura de subsistecircncia sendo importante fonte de

proteiacutenas para as populaccedilotildees ribeirinhas por meio da pesca e caccedila (Sioli 1984 Junk

1989) e para a extraccedilatildeo de produtos madeireiros e natildeo-madeireiros (Junk amp Piedade

1997 Ohly 2000 Ribeiro et al 2004 Gama et al 2005) Estes fatores influenciam na

alta densidade populacional encontrada neste ecossistema considerando-se outras

regiotildees da Amazocircnia (Denevan 1976 IBGE 2000)

O setor madeireiro tem papel de destaque nestas regiotildees A alta abundacircncia de

certas espeacutecies madeireiras (Wittmann et al 2006a) aliada agrave facilidade de acesso aos

recursos o tipo de operaccedilatildeo de extraccedilatildeo derrubada arraste e transporte atraveacutes dos

rios reduzem os custos da madeira extraiacuteda das vaacuterzeas com relaccedilatildeo agrave extraccedilatildeo de

florestas de terra firme (Higuchi et al 1994 Barros amp Uhl 1995 1999 Uhl et al 1997

Schoumlngart et al 2007)

Ateacute o final de 1990 cerca de 80 da madeira encontrada no mercado brasileiro

era de origem ilegal (Smeraldi 2003) Nos uacuteltimos anos a grande pressatildeo exercida

pela extraccedilatildeo predatoacuteria da madeira aliada ao surgimento de novas alternativas de uso

da terra levaram a necessidade de elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo florestal e

conservaccedilatildeo das florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Schoumlngart et al 2007) Recentemente

programas de manejo florestal tecircm sido implementados com o intuito de proteccedilatildeo e

conservaccedilatildeo das vaacuterzeas amazocircnicas tais como os projetos Proacute-Vaacuterzea e PPG7

(Schoumlngart et al 2008a)

Atualmente os planos de manejos na Amazocircnia Brasileira tecircm como base o

Coacutedigo Florestal no 4711 15 de setembro de 1965 fundamentado em um sistema

policiacuteclico o qual estabelece um diacircmetro limite de corte e a extraccedilatildeo da madeira

2

realizada em intervalos de anos em uma dada aacuterea (ciclo de corte) A aacuterea a ser maneja

eacute dividida em talhotildees de aproximadamente tamanho correspondendo ao nuacutemero de

anos do ciclo de corte (Lamprecht 1989 De Graaf et al 2003)

Este modelo de manejo florestal eacute caracterizado por ocasionar superexploraccedilatildeo

e subutilizaccedilatildeo do potencial madeireiro por natildeo considerar as variaccedilotildees nas taxas de

crescimento entre espeacutecies entre diferentes habitats e ao longo dos anos (Schoumlngart

2003 Brienen amp Zuidema 2006) Espeacutecies de madeira branca com taxas de

crescimento raacutepido podem alcanccedilar o limite de diacircmetro para corte antes do tempo

estabelecido enquanto que espeacutecies de madeira pesada levam maior tempo para

atingir este diacircmetro de derrubada (Schoumlngart 2003 Schoumlngart et al 2003 2007

Brienen amp Zuidema 2007)

A Instruccedilatildeo Normativa (IN) ndeg 5 de 11 de dezembro de 2006 abre caminhos para

modificaccedilotildees do manejo florestal atual O ciclo de corte varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3 por ha ao ano no Plano de Manejo Florestal Simplificado

(PMFS) Pleno No PMFS de baixa intensidade foi estabelecido um ciclo de corte inicial

de 10 anos com volume de extraccedilatildeo de ateacute 10 msup3 por ha Na vaacuterzea a produccedilatildeo pode

exceder 10 msup3 por ha ao ano poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3 aacutervores por ha Esta

nova IN requer o estabelecimento de modelos especiacuteficos para cada espeacutecie onde o

limite de diacircmetro para corte eacute determinado a partir de criteacuterios ecoloacutegicos e teacutecnicos

Caso contraacuterio um diacircmetro de corte de 50 cm eacute estabelecido

Estimativas da produccedilatildeo de madeira considerando-se a variaccedilatildeo no crescimento

arboacutereo entre as espeacutecies satildeo necessaacuterias para garantir o contiacutenuo suprimento e

manutenccedilatildeo dos sistemas de manejo de florestas naturais (Brienen amp Zuidema 2007)

Neste sentido a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira (dendrocronologia) vem a ser uma

3

importante ferramenta na elaboraccedilatildeo de sistemas de exploraccedilatildeo sustentada

fornecendo modelos de crescimento e idade da madeira (Worbes et al 2001 Worbes

2002 Duumlnisch et al 2003 Schoumlngart et al 2003 2007 Brienen amp Zuidema 2005)

proporcionando opccedilotildees de manejo mais especiacuteficas e efetivas com benefiacutecios para as

populaccedilotildees futuras

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Dendrocronologia nos troacutepicos

Os aneacuteis de crescimento na madeira de espeacutecies das regiotildees temperadas

configuram o incremento radial os quais anualmente satildeo incorporados ao tronco das

aacutervores Cada anel possui duas partes distintas lenho inicial e lenho tardio O primeiro

corresponde ao crescimento arboacutereo no iniacutecio do periacuteodo vegetativo quando as plantas

reativam as atividades fisioloacutegicas O lenho tardio eacute formado no final do periacuteodo

vegetativo com a reduccedilatildeo das atividades e modificaccedilatildeo da estrutura celular com

espessamento das paredes e reduccedilatildeo do lume (Fritts 1976) A queda das atividades

celulares ocorre como resposta as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento arboacutereo em

decorrecircncia da reduccedilatildeo da temperatura (Schweingruber 1988)

Leonardo da Vinci durante o seacuteculo 15 foi o primeiro a reconhecer a existecircncia

de aneacuteis anuais na madeira em ramos de pinheiros relacionando-os a idade da aacutervore

e seu padratildeo de espessura com anos mais ou menos secos (Schweingruber 1988) Jaacute

no seacuteculo 19 diversas pesquisas demonstravam que as baixas temperaturas dos

invernos rigorosos em regiotildees temperadas satildeo um fator limitante no crescimento da

4

madeira (Worbes 1995) Contudo somente no iniacutecio do seacuteculo 20 a existecircncia de aneacuteis

anuais nos troacutepicos foi descoberta e algumas deacutecadas depois foi questionada (Worbes

amp Junk 1999) Muitos acreditavam na ausecircncia de aneacuteis anuais nos troacutepicos devido agrave

limitada sazonalidade (Schweingruber 1988) e temperatura quase constante

(Whitmore 1990) Este mito eacute ainda mantido por alguns autores (Lieberman et al

1985 Whitmore 1990) mesmo verificando-se que a distribuiccedilatildeo sazonal das chuvas na

maioria das regiotildees tropicais ocasiona uma distinta estaccedilatildeo seca (Worbes 1999)

Alguns autores enfatizam os problemas relacionados agrave formaccedilatildeo de aneacuteis anuais

na madeira nos troacutepicos Estudos tecircm registrado a formaccedilatildeo de dois aneacuteis por ano em

regiotildees apresentando duas estaccedilotildees de seca distintas (Gourlay 1995) formaccedilatildeo de

aneacuteis intra-anuais ou falsos aneacuteis em resposta a padrotildees irregulares de chuvas com

seca excepcional durante a estaccedilatildeo chuvosa (Borchert et al 2002) ou ainda a

formaccedilatildeo de aneacuteis irregulares na madeira de espeacutecies tropicais (Sass et al 1995)

Contudo a existecircncia de aneacuteis de crescimento nos troacutepicos tem sido registrada

em mais de 20 paiacuteses tropicais sendo que muitos estudos tecircm comprovado a

anualidade na formaccedilatildeo dos aneacuteis por mais de 100 anos (Worbes 2002) Foram

descritos para estas regiotildees diferentes padrotildees de aneacuteis anuais por Coster (19271928)

e classificados por Worbes (1995) como 4 tipos principais variaccedilotildees na densidade da

madeira faixas de parecircnquima marginal alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima e

variaccedilotildees na densidade dos vasos

Em regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o ritmo de crescimento das aacutervores

eacute determinado pelo pulso de inundaccedilatildeo (Worbes 1985) Durante o alagamento as

raiacutezes sofrem condiccedilotildees anoacutexicas acarretando reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a

copa das aacutervores e consequumlente reduccedilatildeo do metabolismo o que resulta em dormecircncia

5

cambial e a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira (Worbes 1989 Schoumlngart et al

2002) Diversas pesquisas tecircm evidenciado a presenccedila de aneacuteis anuais nas regiotildees de

aacutereas alagaacuteveis nos troacutepicos (Worbes 1989 Dezzeo et al 2003 Schoumlngart et al

2002 2004 2005)

Existem diferentes meacutetodos de investigaccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira

classificados em destrutivos e natildeo destrutivos (Worbes 1995) Meacutetodos natildeo destrutivos

podem ser feitos a partir de investigaccedilotildees fenoloacutegicas medidas repetidas do diacircmetro e

medida da atividade cambial por mensuraccedilatildeo da resistecircncia eleacutetrica na zona cambial

Feridas cambiais (Janelas de Mariaux) dataccedilatildeo por radiocarbono cicatrizes

provocadas por fogo em anos conhecidos ou injurias na madeira densitometria por raio

ndash X variaccedilotildees nas concentraccedilotildees de isoacutetopos estaacuteveis e contagem direta dos aneacuteis satildeo

meacutetodos destrutivos de constataccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira (Worbes

1995 2002) Todos estes meacutetodos foram utilizados independentemente para indicar a

ocorrecircncia de aneacuteis anuais no xilema de espeacutecies arboacutereas nas vaacuterzeas

Dentre estes meacutetodos a contagem direta dos aneacuteis anuais se destaca pela

obtenccedilatildeo de estimativas acuradas da idade das aacutervores e dados de longos periacuteodos de

crescimento da madeira (Bormann amp Berlyn 1981 Eckstein et al 1995) Informaccedilotildees

estas uacuteteis para o entendimento da dinacircmica da floresta (Enright amp Hartshorn 1981

Worbes 2002) desenvolvimento de sistemas de manejo florestal e estrateacutegias de

conservaccedilatildeo das espeacutecies (Stahle et al 1999 Worbes et al 2003)

O padratildeo de crescimento ao longo do tempo atua como um arquivo de dados e

contribui com informaccedilotildees sobre as mudanccedilas nas condiccedilotildees ambientais (Spiecker

2002) relaccedilotildees entre o clima e o crescimento arboacutereo (Enquist amp Leffler 2001 Nutto amp

6

Watzlawick 2002 Fichtler et al 2004 Schoumlngart et al 2006 Therrell et al 2006) e

sequumlestro de carbono na biomassa da madeira (Schoumlngart 2003)

22 As florestas de vaacuterzea

Junk et al (1989) definiram como aacutereas alagaacuteveis aquelas cuja inundaccedilatildeo eacute

promovida por um fluxo lateral dos rios e lagos eou precipitaccedilatildeo direta ou sobre as

aacuteguas um fenocircmeno perioacutedico que influencia na dinacircmica das comunidades e acarreta

um longo periacuteodo de adaptaccedilotildees e evoluccedilatildeo de espeacutecies endecircmicas Na regiatildeo

amazocircnica as aacutereas inundaacuteveis satildeo recobertas por florestas de vaacuterzea e igapoacute sendo

que as florestas de vaacuterzea abrangem uma aacuterea de 50-75 e satildeo consideradas o tipo

de vegetaccedilatildeo inundaacutevel mais importante destas regiotildees (Wittmann et al 2002)

As florestas alagaacuteveis sofrem esta alternacircncia anual entre fase terrestre e

aquaacutetica a qual vem ocorrendo haacute milhotildees de anos leva ao desenvolvimento de

adaptaccedilotildees de caraacuteter morfoloacutegico anatocircmico fisioloacutegico etoloacutegico e fenoloacutegico nas

espeacutecies que vivem nestes ambientes inundados anualmente (Ferreira 1991 Kubitzki

amp Zibursk 1994 Waldhoff et al 1998 Wittmann amp Parolin 1999 Piedade et al 2000

Parolin et al 2004)

Muitas espeacutecies respondem as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento durante

a fase de alagamento apresentando adaptaccedilotildees na forma de produccedilatildeo de raiacutezes

adventiacutecias desenvolvimento de vias alternativas metaboacutelicas e permanecircncia da

atividade fotossinteacutetica (De Simone et al 2003) estrateacutegias de toleracircncia ou escape ao

alagamento pelas placircntulas (Parolin 2002) ou ainda armazenamento de aacutegua no caule

(Schoumlngart et al 2002) Cada espeacutecie responde a este fenocircmeno de forma

7

diferenciada podendo ser visualizada atraveacutes dos diversos padrotildees fenoloacutegicos

encontrados nas aacutereas alagaacuteveis (Schoumlngart et al 2002) O alagamento anual causa

condiccedilotildees anaeroacutebicas nas raiacutezes levando a reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a copa

das aacutervores o que ocasiona estresse hiacutedrico e perda de folhas Como resultado a

planta entra em dormecircncia cambial

As diferentes estrateacutegias adaptativas associadas com diferentes niacuteveis de

toleracircncia ao alagamento refletem a influecircncia exercida pelo periacuteodo e niacutevel de

alagamento aos quais as plantas estatildeo sujeitas resultando numa zonaccedilatildeo de espeacutecies

caracteriacutestica nas aacutereas alagaacuteveis (Takeuchi 1962 Revilla 1981 Piedade 1985

Worbes et al 1992 Worbes 1997 Wittmann et al 2002 2004)

A dinacircmica sucessional em florestas de vaacuterzea da Amazocircnia foi descrita por

Worbes et al (1992) Estaacutegios iniciais de sucessatildeo primaacuteria e secundaacuteria apresentam

estratos monoespeciacuteficos com espeacutecies de crescimento raacutepido e baixa densidade da

madeira as quais natildeo alcanccedilam grandes idades Por meio do processo de sucessatildeo

natural ocorrem substituiccedilotildees de espeacutecies e formaccedilatildeo de estaacutegios tardios onde

observa-se uma maior complexidade nos extratos arboacutereos e diversidade de espeacutecies

diminuiccedilatildeo da taxa de incremento radial e acuacutemulo de biomassa (Worbes 1992

Schoumlngart et al 2003)

Ao longo da sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais existe um aumento da

densidade da madeira das aacutervores e decreacutescimo das taxas de incremento em diacircmetro

aumento da diversidade de espeacutecies o que implica mudanccedilas de estratos mais

homogecircneos de estaacutegios sucessionais iniciais para extratos mais complexos

caracterizados pelo aumento da altura das aacutervores tamanho e aacuterea da copa (Wittmann

et al 2002 Schoumlngart et al 2003)

8

Esta zonaccedilatildeo de espeacutecies em florestas de vaacuterzea ao longo do gradiente

topograacutefico (Junk 1989 Ayres 1993) e sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais (Worbes

1997) leva a formaccedilatildeo de dois habitats significativamente diferentes os quais satildeo

denominados vaacuterzea alta e vaacuterzea baixa (Wittmann et al 2002) A primeira caracteriza-

se por alagamento de menos de 3 m por ano na meacutedia apresentando aumento da

diversidade e complexidade da arquitetura com o aumento da idade resultando de

processo sucessional natural de florestas tardias de vaacuterzea baixa sendo considerada

representante de estaacutegio cliacutemax A vaacuterzea baixa apresenta diferentes estaacutegios de

sucessatildeo natural e eacute alagada por mais de 3 m por ano (Wittmann et al 2002) sendo

que a complexidade de estrutura e composiccedilatildeo da floresta tende a aumentar com a

reduccedilatildeo do niacutevel e duraccedilatildeo do alagamento

A grande variedade de habitats e multiplicidade de adaptaccedilotildees resultam numa

grande diversidade de espeacutecies arboacutereas dentro das aacutereas alagaacuteveis (Junk 1989)

atingindo 1000 espeacutecies registradas para florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Wittmann et al

2006a) A alta diversidade nestas aacutereas estaacute relacionada ao niacutevel e periacuteodo das cheias

e aumenta com diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo de inundaccedilatildeo (Wittmann amp Junk 2003 Worbes

et al 1992 Piedade et al 2005) Entretanto florestas de vaacuterzea possuem diversidade

de espeacutecies menor se comparada com florestas de terra firme da mesma regiatildeo (Ayres

1993)

Wittmann et al (2006a) afirmam que nas florestas de vaacuterzea a diversidade de

espeacutecies tambeacutem aumenta no sentido leste ndash oeste dentro da Bacia Amazocircnica Este

padratildeo parece similar ao encontrado para florestas de terra firme na mesma regiatildeo

geograacutefica (Ter Steege et al 2003) corroborando com a hipoacutetese de formaccedilatildeo de uma

zona de transiccedilatildeo que permite a migraccedilatildeo das espeacutecies de florestas de terra firme para

9

florestas alagaacuteveis de vaacuterzea alta (Wittmann et al 2006a) Esta hipoacutetese eacute estabelecida

pela elevada similaridade floriacutestica encontrada entre a vaacuterzea alta e terra firme

As florestas de vaacuterzea alta compreendem cerca de 10 da cobertura florestal

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996 Wittmann et al 2002) no entanto satildeo as florestas

mais ameaccediladas pela accedilatildeo antroacutepica sendo frequumlentemente utilizadas para moradia e

substituiccedilatildeo das aacutereas de floresta para atividades de agricultura e pecuaacuteria

Apresentam alta abundacircncia de espeacutecies madeireiras e estatildeo sendo ameaccediladas por

praacuteticas insustentaacuteveis de manejo (Ayres 1993 Worbes et al 2001)

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea

Atualmente dentro da Bacia Amazocircnica de aproximadamente 350 espeacutecies

madeireiras encontradas cerca de 34 tambeacutem ocorrem em florestas de vaacuterzea

(Martini et al 1998) outras satildeo restritas a este tipo de ecossistema Pela falta de infra-

estrutura em estradas de 60 a 80 da madeira extraiacuteda na Amazocircnia Ocidental e

Peru tecircm origem a partir deste tipo de floresta inundaacutevel (Higuchi et al 1994 Nebel amp

Kvist 2001 Worbes et al 2001) Em 2000 somente no Estado do Amazonas

aproximadamente 75 da madeira para induacutestria de laminados e compensados teve

origem em florestas alagaacuteveis (Lima et al 2005)

O preccedilo da madeira de espeacutecies com densidade abaixo de 060 gcm3 (madeira

branca) no Meacutedio Rio Solimotildees variou entre R$ 075-600 por m3 para Hura crepitans

L (Euphorbiaceae) e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae) enquanto que

espeacutecies de madeira densa acima de 060 gcm3 (madeira pesada) como Ocotea

cymbarum Mez (Lauraceae) Copaifera sp (Fabaceae) e Piranhea trifoliata Baill

10

(Euphorbiaceae) foram negociadas por R$ 288-1290 por m3 no periacuteodo de 1993 a

1995 (Worbes et al 2001) O primeiro grupo eacute frequumlentemente utilizado em induacutestrias

de laminados e compensados enquanto que as espeacutecies de madeira densa satildeo muito

utilizadas na construccedilatildeo de casas barcos e moacuteveis (Albernaz amp Ayres 1999) Com a

implementaccedilatildeo de manejo sustentaacutevel controlado e autorizado pelo IBAMA e IPAAM

os preccedilos da madeira subiram consideravelmente atingindo valores de ateacute R$ 6200

por m3 no ano de 2007 ao longo do Meacutedio Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a)

Um inventaacuterio florestal realizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel

Mamirauaacute (RDSM) abrangendo uma aacuterea de 342 ha de florestas de vaacuterzea encontrou

122 espeacutecies madeireiras por ha com diacircmetro limite de corte acima de 45 cm

(Schoumlngart et al 2008a) Das espeacutecies inventariadas as mais encontradas dentre as

madeiras brancas foram H crepitans e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae)

Das madeiras pesadas O cymbarum Mez (Lauraceae) Calycophyllum spruceanum

(Benth) Hookf ex KSchum (Rubiaceae) foram as mais abundantes

Dados do Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel de Mamirauaacute (IDSM) do

manejo florestal comunitaacuterio (MFC) de 2003 mostram que 42 do nuacutemero de toras e

60 do volume extraiacutedo na reserva pertencem agrave H crepitans Esta espeacutecie somada a

O cymbarum e C subsessilis corresponde a quase 70 do volume em metros cuacutebicos

de madeira extraiacuteda

A atividade madeireira em florestas de vaacuterzea se restringe a poucas espeacutecies

(Schoumlngart 2003) e a ausecircncia de dados de regeneraccedilatildeo e crescimento aliados a

exploraccedilatildeo inadequada da madeira tecircm levado agrave reduccedilatildeo das populaccedilotildees de algumas

destas espeacutecies chegando a praticamente desaparecer dos mercados regionais

(Higuchi et al 1994 Worbes et al 2001) Espeacutecies como Cedrela odorata L

11

(Meliaceae) Platymiscium ulei Harms (Fabaceae) Virola spp (Myristicaceae) Ceiba

pentandra (L) Gaerth (Malvaceae) foram substituiacutedas por O cymbarum C

spruceanum H crepitans e C guianensis (Albernaz amp Ayres 1999 Anderson et al

1999 Worbes et al 2001 Lima et al 2005)

Dentro da RDSM o manejo florestal se caracteriza por sistema policiacuteclico com

ciclo de corte de 25 anos e diacircmetro limite de corte de 45 cm Inicialmente deve ser feito

um inventaacuterio florestal de todas as espeacutecies madeireiras com diacircmetro ge 20 cm e as

extraccedilotildees se limitam a 5 aacutervores por ha que se encontram acima do diacircmetro de corte

Cerca de 10 das aacutervores acima do limite de diacircmetro devem permanecer nas aacutereas

como porta-sementes com o intuito de garantir a regeneraccedilatildeo das espeacutecies exploradas

Aproximadamente 12 da cobertura florestal da RDSM pertence a florestas de

vaacuterzea alta onde a abundacircncia de espeacutecies de valor econocircmico eacute alta (Wittmann et al

2002) e contribuem para o fornecimento de produtos madeireiros para o mercado local

regional e internacional (Wittmann et al 2004) Schoumlngart et al (2007) afirmam que as

espeacutecies mais exploradas na reserva satildeo O cymbarum C spruceanum e P trifoliata

(espeacutecies de madeira densa) assim como Ficus insipida Willd (Moraceae) H

crepitans Maquira coriacea (Karsten) CCBerg (Moraceae) (espeacutecies de madeira

branca)

Este estudo analisa e modela padrotildees de crescimento de quatro espeacutecies

aacuterboreas de interesse comercial de baixa densidade de madeira (madeira branca) e alta

densidade de madeira (madeira pesada) exploradas dentro da RDSM Deste modelos

criteacuterios como DMD e ciclo de corte satildeo derivados e discutidos no contexto das atuais

normas de manejo florestal na Amazocircnia pela legislaccedilatildeo brasileira

12

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Modelar padrotildees de crescimento da madeira de H crepitans C odorata O

cymbarum e S elata espeacutecies de importacircncia econocircmica na exploraccedilatildeo madeireira

das florestas de vaacuterzea da Amazocircnia para definir ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de

derrubada (DMD) especiacuteficos subsidiando futuros planos de manejo florestal

sustentaacutevel dentro da RDSM

32 Objetivos especiacuteficos

a Descriccedilatildeo da anatomia da madeira

b Determinaccedilatildeo da idade das aacutervores

c Determinaccedilatildeo das taxas de incremento em diacircmetro altura volume e biomassa

d Estimativa de ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de derrubada para definir criteacuterios

de manejo para cada uma das espeacutecies

13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS

41 Aacuterea de estudos

A aacuterea de estudos compreende a Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Mamirauaacute (RDSM) a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo na categoria de reserva

sustentaacutevel e primeira existente no ecossistema de vaacuterzea Sua criaccedilatildeo eacute resultado de

solicitaccedilatildeo encaminhada em 1985 pelo bioacutelogo Dr Joseacute Maacutercio Ayres ao oacutergatildeo

responsaacutevel na eacutepoca SEMA ndash Secretaria Especial de Meio Ambiente (Queiroz 2005)

A RDSM eacute dividida em duas aacutereas principais aacuterea focal (cerca de 260000 ha)

onde se desenvolvem desde 1991 atividades baseadas em pesquisas

socioeconocircmicas e ecoloacutegicas incluindo pesca agricultura agroflorestal e ecoturismo

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996) e aacuterea subsidiaacuteria (cerca de 878000 ha) a qual seraacute

manejada progressivamente A aacuterea focal eacute por sua vez subdividida em zona de

proteccedilatildeo permanente zona de ecoturismo e zona destinada ao manejo sustentaacutevel de

recursos naturais

Dentro da aacuterea focal existem nove unidades ou setores de controle do uso dos

recursos naturais denominadas Mamirauaacute Jarauaacute Tijuaca Boa Uniatildeo do Meacutedio

Japuraacute Aranapuacute Barroso Horizonte Liberdade e Ingaacute As atividades econocircmicas

realizadas pelas comunidades dentro dos setores se dividem em produccedilatildeo de farinha

pesca e exploraccedilatildeo da madeira as quais satildeo influenciadas pelo niacutevel de inundaccedilatildeo

anual (Albernaz amp Ayres 1999)

A RDSM estaacute situada na regiatildeo do meacutedio Solimotildees na confluecircncia dos rios

Solimotildees e Japuraacute entre as bacias do rio Solimotildees e Negro Sua porccedilatildeo mais a leste

14

fica nas proximidades da cidade de Tefeacute no Estado do Amazonas Sua vizinha RDS

Amanatilde liga a RDSM ao Parque Nacional do Jauacute (Schoumlngart et al 2005) Estas trecircs

unidades juntas constituem um bloco de floresta tropical com cerca de 6000000 ha

protegidos oficialmente Formam o embriatildeo do Corredor Central da Amazocircnia

(MMAPPG7) e da Reserva da Biosfera da Amazocircnia Central (MaBUnesco) e

compotildeem um Siacutetio Natural do Patrimocircnio Mundial (UnescoIUCN) (Queiroz 2005 Ayres

et al 2005)

Possui clima caracterizado por uma meacutedia de temperatura diaacuteria de 269 ordmC e

precipitaccedilatildeo anual de aproximadamente 3000 mm apresentando uma estaccedilatildeo seca

distinta (julho-outubro) O niacutevel de flutuaccedilatildeo meacutedia da aacutegua do Rio Japuraacute durante 1993

ndash 2000 foi de 1138 m (Wittmann amp Junk 2003 Schoumlngart et al 2005)

Aproximadamente 92 da cobertura vegetal abrangendo a aacuterea focal da reserva eacute

composta por florestas de vaacuterzea baixa constituiacuteda por diferentes estaacutegios

sucessionais e somente cerca de 8 corresponde a florestas de vaacuterzea alta (Wittmann

et al 2002)

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies

421 Cedrela odorata L (Meliaceae)

Popularmente conhecida como cedro cedro branco cedro cheiroso ou cedro

mogno apresenta tronco com casca de cheiro bastante caracteriacutestico rugosa com

fissuras transversais vermelho-alaranjadas Apresenta base reta ou com raiacutezes

tabulares e suas flores satildeo brancas em inflorescecircncias terminais (Wittmann et al

15

2006b) Os frutos capsulares quando maduros se abrem liberando de 40 a 50

sementes aladas as quais satildeo dispersas pelo vento (Cintron 1990 Wittmann et al

2006b)

Encontrada em toda a Amazocircnia embora com baixa frequumlecircncia ocorre desde as

Iacutendias Ocidentais as grandes e pequenas Antilhas ateacute Trinidad e Tobago sendo

encontrada tambeacutem no Meacutexico Equador Peru e Guianas (Cintron 1990) Eacute tipicamente

deciacutedua sendo encontrada em extrato superior de vaacuterzea alta e ocupando estaacutegio

sucessional secundaacuterio tardio

Apresenta madeira moderadamente pesada variando entre 044 a 060 gcm3 O

floema eacute avermelhado com cerne variando do castanho claro ao bege rosado escuro e

alburno amarelo apresentando cheiro aromaacutetico (Loureiro amp Silva 1968)

Aleacutem da sua importacircncia como espeacutecie madeireira na fabricaccedilatildeo de moacuteveis

construccedilatildeo civil e naval embalagens e instrumentos musicais a casca do cedro eacute

aproveitada na medicina popular como tocircnica adstringente e febriacutefuga (Loureiro amp

Silva 1968 Wittmann et al 2006b)

422 Sterculia elata Ducke (Malvaceae)

Conhecida popularmente como tacacazeiro xixaacute chicaacute da mata ou manduvi

cujos frutos apresentam uma coloraccedilatildeo avermelhada quando maduros sendo

organizados em 5 foliacuteculos com uma sutura ventral cada um Os frutos satildeo apocaacuterpios

e as flores estatildeo organizadas em inflorescecircncias terminais amarelas a purpuacutereas

(Wittmann et al 2006b)

16

Apresenta distribuiccedilatildeo nos neo-troacutepicos compreendendo o Sul do Meacutexico e

Ameacuterica Central Norte do Brasil Pantanal e Peru ocupando extrato superior e

emergente de vaacuterzea alta Eacute uma espeacutecie deciacutedua de estaacutegio sucessional secundaacuterio

tardio

Apresenta madeira de densidade meacutedia de 047 gcm3 cujo floema tem coloraccedilatildeo

marrom escura e o alburno eacute marrom claro A madeira eacute muito utilizada para confecccedilatildeo

de embalagens palitos foacutesforos compensados e troncos para canoas As sementes

oleaginosas satildeo comestiacuteveis A aacutervore eacute frequumlentemente utilizada para ornamentaccedilatildeo

(Wittmann et al 2006b)

423 Hura crepitans L (Euphorbiaceae)

Conhecia comumente por assacuacute H crepitans eacute uma espeacutecie cujo caule eacute

aculeado apresentando laacutetex branco aquoso caacuteustico e frequumlentemente utilizado

como veneno de peixe Causa irritaccedilotildees fortes em contato com a pele (Francis 1990

Wittmann et al 2006b) Os frutos satildeo capsulares lenhosos arredondados e

deprimidos nos poacutelos Tem distribuiccedilatildeo no Brasil Guianas Oeste da Iacutendia Cuba

Jamaica Trinidad e Tobago Costa Rica ao sul do Peru e Boliacutevia (Loureiro amp Silva

1968 Wittmann et al 2006b)

Ocupa o extrato superior de vaacuterzea alta sendo identificada como uma espeacutecie

perenifoacutelia de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Apresenta madeira muito leve

(035 a 040 gcm3) cerne e alburno indistintos e de coloraccedilatildeo branca com reflexos

amarelados Pelas caracteriacutesticas da madeira eacute comumente usada na fabricaccedilatildeo de

17

caixas tamancos obras internas artefatos de madeira forros taacutebuas compensados

boacuteias flutuantes canoas e gamelas (Francis 1990 Wittmann et al 2006b)

424 Ocotea cymbarum HBK (Lauraceae)

Frequumlentemente chamada por louro inamuiacute louro mamorim louro mamoriacute

inhamuiacute oacuteleo de inhamuiacute e pau de gasolina O cymbarum eacute uma aacutervore de grande

porte (20 ndash 30 m) apresentando casca avermelhada aromaacutetica ramos jovens com

pilosidade e acinzentados Possui exsudato transparente aromaacutetico apresentando

cheiro de menta (Wittmann et al 2006b)

Tem distribuiccedilatildeo por toda a Amazocircnia sendo encontrada em extrato superior de

vaacuterzea alta Eacute semi-deciacutedua e de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Sua madeira eacute

moderadamente pesada variando de 055 a 065 gcm3 (Loureiro amp Silva 1968) O

floema possui coloraccedilatildeo marrom cafeacute enquanto que o cerne amarelado claro e

brilhante diferencia-se pouco do alburno levemente mais claro (Wittmann et al

2006b)

Eacute comumente utilizada na carpintaria de luxo construccedilatildeo em geral marcenaria

compensado pranchas e tabuados (Loureiro amp Silva 1968) Sua madeira traz oacuteleo

contendo safrol que em baixa concentraccedilatildeo eacute um componente para fragracircncias e

perfumes (Wittmann et al 2006b) O lenho apresenta atividade contra o

desenvolvimento do ancilostomiacutedeo humano (Marques 2001)

18

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos

Das quatro espeacutecies estudadas duas de madeira branca ndash H crepitans e S

elata e duas de madeira pesada ndash C odorata e O cymbarum (Schoumlngart 2003) foram

selecionados entre 21 e 37 indiviacuteduos emergentes de floresta de vaacuterzea alta dos

setores Jarauaacute e Tijuaca da RDSM As medidas do diacircmetro na altura do peito (DAP)

com ge 10 cm foram feitas com o uso de fita dendromeacutetrica de dupla face sendo

inferidas acima das sapopemas quando presentes A altura da aacutervore foi medida a

partir do uso de inclinocircmetro (Blume-Leiss) e fita meacutetrica

Para verificar a idade das aacutervores foram utilizados 10 discos de H crepitans e

10 discos de O cymbarum fornecidos pelo Programa de MFC da RDSM no ano de

2001 bem como amostras coletadas de troncos dos indiviacuteduos de cada uma das quatro

espeacutecies Para tanto foi aplicado um meacutetodo natildeo destrutivo de extraccedilatildeo de cilindros da

madeira utilizando-se uma broca dendrocronoloacutegica num total de 110 cilindros com 5

mm de diacircmetro (21 amostras de Sterculia 23 de Cedrela 29 de Ocotea e 37 de Hura)

coletadas entre 07 de outubro de 2006 a 16 de abril de 2007 na altura aproximada de

130 m da base do tronco Apoacutes a coleta das amostras o orifiacutecio produzido com a broca

dendrocronoloacutegica foi obstruiacutedo com cera de carnauacuteba para evitar possiacuteveis ataques

por fitopatoacutegenos

As amostras coletadas foram coladas em suporte de madeira e em seguida

polidas com lixas de papel com diferentes granulometrias em uma sequumlecircncia

progressiva ateacute uma granulaccedilatildeo de 600 Estas foram analisadas no Laboratoacuterio de

Dendrocronologia do Projeto INPAMax-Planck em Manaus A anaacutelise macroscoacutepica da

estrutura da madeira foi feita a partir de fotografias feitas utilizando-se maacutequina digital

19

NIKON coolpix 4500 Para descriccedilatildeo anatocircmica dos aneacuteis de crescimento utilizou-se

como base os padrotildees de aneacuteis descritos por Coster (1927 1928) e adaptados por

Worbes (1985 1989)

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos

A determinaccedilatildeo da idade foi feita por meio da contagem direta dos aneacuteis anuais

e as taxas de incremento radial foram geradas por mediccedilatildeo da espessura dos aneacuteis

com o sistema de anaacutelise digital com precisatildeo de 001 mm (LINTAB) juntamente com o

software (TSAP-Win = Time Series Analyses and Presentation) especiacutefico para

anaacutelises de sequumlecircncias temporais (Schoumlngart et al 2004) Para os cilindros que natildeo

alcanccedilaram o cerne do tronco foram estimadas as distacircncias ateacute o centro e a partir do

nuacutemero meacutedio de aneacuteis encontrados em outros indiviacuteduos foram feitas estimativas da

idade do primeiro anel visiacutevel no tronco As mediccedilotildees da largura dos aneacuteis se deram no

sentido cerne ndash casca

Curvas cumulativas do diacircmetro individual para as quatro espeacutecies foram

elaboradas com base nestas mediccedilotildees do incremento radial corrente e relacionadas

com o DAP medido no campo (Schoumlngart et al 2003 Brienen amp Zuidema 2007)

(Figura 1a) A partir destas curvas individuais foram construiacutedas curvas cumulativas

meacutedias para cada espeacutecie descrevendo a relaccedilatildeo entre idade e diacircmetro para as

mesmas

A curva meacutedia do diacircmetro calculada para cada espeacutecie foi ajustada como um

modelo de regressatildeo sigmoidal da qual foram derivadas as curvas do incremento

corrente e meacutedio do diacircmetro para cada espeacutecie (Figura 1b) Modelos de regressatildeo natildeo

20

ndash linear descreveram para cada espeacutecie a relaccedilatildeo entre DAP e a altura medida no

campo (Figura 1c) Combinando as relaccedilotildees idade-DAP e DAP-altura permite estimar o

crescimento da altura (Nebel et al 2001) Deste modo para cada idade determinada

foram atribuiacutedas uma medida de diacircmetro e de altura para cada espeacutecie (Schoumlngart et

al 2007)

A combinaccedilatildeo dos modelos de regressatildeo natildeo-linear das relaccedilotildees entre idade e

DAP bem como das relaccedilotildees entre DAP e altura tambeacutem possibilitou a construccedilatildeo do

modelo de crescimento em volume (Figura 1e) e produccedilatildeo de biomassa acima do solo

das espeacutecies estudadas (Figura 1f) O modelo alomeacutetrico utilizado para estimativa do

volume foi definido por Cannell (1984) para florestas tropicais uacutemidas e tem como

paracircmetros a altura das aacutervores e o DAP

O volume (V) foi estimado a partir da multiplicaccedilatildeo da aacuterea basal (Ab) pela altura

(h) e por um fator (f) de reduccedilatildeo de 06 (Nebel et al 2001) A equaccedilatildeo eacute dada por

V = Ab x h x f (1)

onde a Ab eacute dada por

Ab = π x (DAP 2)2 (2)

Foi utilizado um modelo alomeacutetrico para estimar a biomassa acima do solo com

boa aplicabilidade em florestas alagaacuteveis segundo resultados obtidos por Stadtler

21

(2007) Este modelo tem como paracircmetros a densidade da madeira o diacircmetro e altura

das aacutervores e foi descrito por Chave et al (2005) A equaccedilatildeo eacute descrita abaixo

Bio = 00509 x den x DAP2 x h (3)

onde a Bio eacute a estimativa da biomassa acima do solo den eacute a densidade da madeira

obtida para cada espeacutecie de Wittmann et al (2006b) e 00509 eacute um fator de correccedilatildeo

O fator de correccedilatildeo dos modelos de caacutelculo do volume (06) e biomassa (00509)

se referem ao fato de que as aacutervores natildeo representam cilindros perfeitos e diminuem o

raio do tronco a medida que se distanciam do DAP

Destes modelos de crescimento do DAP altura aacuterea basal volume e biomassa

foram derivadas as taxas do incremento meacutedio (IM) e corrente (IC) (Figuras 1b1d1f)

para cada espeacutecie seguindo as equaccedilotildees abaixo (Schoumlngart et al 2007)

IM= CrC t t (4)

IC= CrC t+1 ndash Cr t (5)

onde CrC eacute o crescimento cumulativo em diferentes anos t sobre ciclo de vida total da

planta

O periacuteodo ideal de extraccedilatildeo eacute estabelecido quando a espeacutecie atinge sua a

produccedilatildeo maacutexima em volume periacuteodo este entre a taxa maacutexima de IC em volume e a

taxa maacutexima de IM em volume (Schoumlngart 2003) Este intervalo representa o periacuteodo

22

em que a extraccedilatildeo da madeira utiliza-se do potencial de crescimento maacuteximo das

espeacutecies (Schoumlngart 2008)

A modelagem dos padrotildees de crescimento foi construiacuteda a partir do uso do

software program X-Act (SciLab) e em seguida definidas as recomendaccedilotildees de

manejo para ciclos de corte e DMD para cada uma das quatro espeacutecies madeireiras

O DMD eacute definido pela idade em que a aacutervore atinge as maiores taxas de

incremento anual corrente do volume (Figura 1e) O tempo meacutedio que um indiviacuteduo leva

para passar por uma classe de DAP de 10 cm ateacute chegar ao DMD eacute o ciclo de corte da

espeacutecie (Schoumlngart et al 2007) Este eacute dado por

CC= idade(DMD) DMD x 10 (6)

onde CC eacute o ciclo de corte da espeacutecie e idade(DMD) eacute a idade da aacutervore quando atingiu o

DMD

23

0

20

40

60

80

0 5 10 15 200

1

2

3

4

5

0

10

20

30

0 20 40 60 80 100

0

20

40

60

80

0 5 10 15 20

0

10

20

30

0 5 10 15 200

1

2

3

4

0

1

2

3

4

0 5 10 15 200

100

200

300

00

05

10

15

0 5 10 15 200

50

100

Age (years) Age (years)

Age (years)

Age (years)

Age (years)

Dbh (cm)

Tree

heig

ht(m

)D

bh(c

m)

Dbh

(cm

)Tr

eehe

ight

(m)

Woo

d bi

omas

s(M

g)

Volu

me

(m3 )

Diam

eter increment(cm

year -1)H

eightincrement(m

year -1)W

ood biomass

production(kg year -1)

Volume

increment(dm

3year -1)

n = 54R2 = 053

n = 18

MLD

a

c

e

b

d

f

y = a (1+(b x)c)

a = 1195742 plusmn 131913b = 184937 plusmn 3355c = 12997 plusmn 00788

y = (abullx) (x+b)a = 286667 plusmn 07424b = 161743 plusmn 13022

DAP

(cm

)

DA

P (c

m)

Altu

ra (m

)

Altu

ra (m

)

Vol

ume

(m3)

Bio

mas

sa (M

g)

Idade (anos) Idade (anos)

DAP (cm) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento em

diacircmetro (cm

ano) Increm

ento em altura (m

ano) P

roduccedilatildeo de biomassa (K

gano)

Incremento

emvolum

e(dm

3ano)

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

DMD

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)

24

5 RESULTADOS

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira

O limite dos aneacuteis e a estrutura anatocircmica da madeira foram determinados com

base na classificaccedilatildeo de Coster (19271928) e adaptados por Worbes (1995) Trecircs tipos

de aneacuteis foram distinguidos de acordo com essa classificaccedilatildeo (1) faixas de parecircnquima

marginal (2) alternacircncia entre faixas de fibra e faixas de parecircnquima e (3) variaccedilatildeo na

densidade da madeira (Tabela 1) A distinccedilatildeo dos aneacuteis variou entre as 4 espeacutecies

estudadas poreacutem todas apresentaram aneacuteis suficientemente distintos para aplicaccedilatildeo

de estudos dendrocronoloacutegicos

A distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e agrave

medida que estes se encontravam mais proacuteximos do centro do tronco A facilidade de

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis decresceu na seguinte ordem C odorata O cymbarum S elata

e H crepitans (Tabela1)

Cedrela e Sterculia apresentaram mesmo padratildeo de faixas de parecircnquima

marginal que consiste de uma a poucas fileiras de ceacutelulas Eacute comumente encontrado

nas famiacutelias Bignoniaceae Fabaceae e Meliaceae (Worbes 2002) Cedrela apresentou

aneacuteis de crescimento semiporosos com uma espessa faixa de parecircnquima claramente

visiacutevel acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos os quais satildeo maiores ao

final do periacuteodo vegetativo (Figura 2a)

Sterculia tambeacutem mostrou variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Os poros satildeo visiacuteveis

a olho nu alguns obstruiacutedos por conteuacutedo de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada e brilhante

25

Apresentou faixas de parecircnquima radial espessadas dificultando um pouco a

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis (Figura 2b)

Um padratildeo de alternacircncia entre faixas de fibras e parecircnquima foi encontrado

formando os aneacuteis anuais em Hura com a reduccedilatildeo da largura das faixas de

parecircnquima e fibras na formaccedilatildeo do lenho tardio ao final da zona de crescimento

(Figura 2c) Este tipo de anatomia pode ser encontrado em famiacutelias como

Euphorbiaceae Moraceae Sapotaceae Lecythidaceae dentre outras (Worbes 2002)

Tabela1 Tipos de zona de crescimento encontrados e o grau de distinccedilatildeo dos de crescimento Os padrotildees descritos foram baseados nos modelos de Coster (1927 1928) e adaptados por Worbes (1995) Espeacutecies Famiacutelia Tipo de zona de

crescimento Fenologia foliar Grau de

distinccedilatildeo dos aneacuteis

Cedrela odorata Meliaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos

Deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (1)

Hura crepitans Euphorbiaceae Alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima

Perenifoacutelia Aneacuteis pouco

distintos (2)

Sterculia elata Malvaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Presenccedila de faixas radiais de parecircnquima

Deciacutedua Aneacuteis distintos (1)

Ocotea cymbarum Lauraceae Variaccedilatildeo na densidade da madeira com lenho inicial menos denso que o lenho tardio

Semi-deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (3)

obtidos durante observaccedilotildees na RDSM no periacuteodo 042006-122007

Ocotea mostrou um padratildeo de variaccedilatildeo na densidade da madeira O lenho tardio

de coloraccedilatildeo mais escura (alta densidade) apresentou ceacutelulas pequenas com paredes

26

espessadas diferindo do lenho inicial (baixa densidade) com ceacutelulas grandes e

paredes de espessura mais fina permitindo uma perfeita delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

(Figura 2d) Eacute comum entre as famiacutelias Annonaceae Myrtaceae e Lauraceae (Worbes

2002)

A presenccedila de falsos aneacuteis de crescimento ocorreu em alguns discos de Hura e

Ocotea Entretanto este problema foi solucionado observando-se a continuidade dos

aneacuteis ao longo dos raios nos discos

C Hura crepitans D Ocotea cymbarum

A Cedrela odorata B Sterculia elata

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial

27

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies

Todas as quatro espeacutecies apresentaram correlaccedilatildeo significativa (plt001) para as

relaccedilotildees entre idade e DAP idade e altura e DAP e altura (Tabela 2) permitindo a

modelagem das curvas de crescimento cumulativo para as mesmas Foram feitas um

total de 7646 mediccedilotildees da largura dos aneacuteis na madeira para as quatro espeacutecies

(Tabela 2)

As trajetoacuterias de crescimento cumulativo em diacircmetro mostraram diferenccedilas

tanto intra como interespeciacuteficas Aquelas espeacutecies de madeira densa como O

cymbarum e C odorata apresentaram taxas de crescimento menores que S elata e H

crepitans espeacutecies de madeira branca (Figura 3)

As quatro espeacutecies apresentaram uma variaccedilatildeo da idade ao atingir o DMD de 50

cm Esta foi maior para O cymbarum alcanccedilando idades entre 25 e 80 anos H

crepitans e S elata podem atingir idades entre 25 e 65 anos enquanto que as menores

variaccedilotildees na idade foram encontradas em C odorata com idades entre 35 a 65 anos

para um diacircmetro de 50 cm (Figura 3)

28

Tabela 2 Nuacutemero de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis e altura das aacutervores utilizados na elaboraccedilatildeo dos modelos de crescimento com base nas relaccedilotildees entre idade ndash DAP idade ndash altura e DAP ndash altura e o coeficiente de correlaccedilatildeo das mesmas

Nuacutemero de mediccedilotildees Correlaccedilatildeo p(lt 0001) Espeacutecie Largura dos

aneacuteis Altura Idade ndash DAP Idade ndash Altura DAP ndash Altura

Cedrela odorata

1240 32 089 064 071

Ocotea cymbarum

1325 125 086 073 073

Sterculia elata

1321 21 088 086 085

Hura crepitans

3760 67 091 086 076

Total

7646

Sterculia e Hura atingiram idades maacuteximas de 111 e 195 anos respectivamente

embora esta uacuteltima tenha atingido grandes diacircmetros nas aacutervores amostradas As

aacutervores mais velhas de Cedrela e Ocotea atingiram idades maacuteximas de 74 e 122 anos

(Tabela 3)

29

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

A ndash Cedrela odorata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

C ndash Sterculia elata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

B ndash Ocotea cymbarum

D ndash Hura crepitans

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura

30

As curvas meacutedias das relaccedilotildees entre idade e DAP tambeacutem apresentaram

variaccedilatildeo entre as espeacutecies estudadas (Figura 4) Para um diacircmetro de 50 cm

determinado pela IN ndeg 5 de Dezembro de 2006 as idades meacutedias oscilaram entre 41

anos em Hura a mais de 70 anos em Cedrela (Tabela 3)

0

50

100

150

DAP

(cm

)

0 30 60 90 120 150 180Idade (anos)

(a)

(b)

(d)

(c)

Diacircmetro limite de corte

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata Tabela 3 Idades maacuteximas miacutenimas e para um diacircmetro miacutenimo de derrubada de 50 cm para cada uma das quatro espeacutecies estudadas e seus respectivos desvios padratildeo

Idade (anos) Espeacutecie Miacutenima Maacutexima Ao alcanccedilar o diacircmetro limite de 50 cm

Cedrela odorata

21 74 72

Sterculia elata

22 111 47

Ocotea cymbarum

27 122 59

Hura crepitans

88 195 41

31

As quatro espeacutecies estudadas atingiram as maiores taxas de incremento

diameacutetrico corrente em idades diferentes Cedrela e Ocotea atingiram as maiores taxas

entre 11 e 12 anos e 19 e 21 anos com uma taxa meacutedia de incremento de 094 e 101

cmano respectivamente (Figura 5a e c) Sterculia obteve taxas meacutedias de incremento

de 126 cmano em idades entre 19 e 21 anos (Figuras 5b) enquanto Hura alcanccedilou

taxa meacutedia de incremento de 129 cmano em idades entre 22 e 23 anos (Figura 5d)

Cedrela e Ocotea espeacutecies de madeira pesada apresentaram taxas de incremento

diameacutetrico menores que Hura e Sterculia espeacutecies de madeira branca

D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata

C ndash Sterculia elata

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

B ndash Ocotea cymbarum

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura

32

A partir das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares entre idade-DAP foi possiacutevel

construir um modelo de crescimento em aacuterea basal para cada espeacutecie utilizando-se a

foacutermula (2) Cedrela e Ocotea atingiram suas maiores taxas em 39 e 57 anos e taxa

meacutedia de incremento de 355 e 536 cm2ano respectivamente (Figuras 6a e 6b)

Sterculia e Hura atingiram maior incremento aos 48 e 104 anos e taxa meacutedia de 700 e

1422 cm2ano respectivamente (Figura 6c e 6d) As espeacutecies de madeira branca Hura

e Sterculia apresentaram taxas de incremento em aacuterea basal mais altas que as duas

espeacutecies de madeira densa (Cedrela e Ocotea)

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

05

1

15

2

25

4

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

05

1

15

2

25

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura

33

A combinaccedilatildeo das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares das relaccedilotildees entre DAP-

altura (Figura 7) resultaram num modelo de crescimento em altura para as espeacutecies

contemplando todo ciclo de vida da planta Os maiores valores de incremento corrente

em altura de C odorata S elata O cymbarum e H crepitans corresponderam a idades

de 4 7 8 e 6 anos respectivamente e taxas maacuteximas corresponderam a 096 mano

para Sterculia 092 mano para Ocotea 061 mano para Hura e finalmente 109 mano

para Cedrela

DAP (cm) DAP (cm)

DAP (cm) DAP (cm)

Altu

ra (m

) A

ltura

(m)

C ndash Sterculia elata D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 1500

0

0

0

0

0

0 25 50 75 100 125 150

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 150 0 50 100 150

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans

34

Tabela 4 Valores de DAP e altura maacuteximos e miacutenimos do levantamento florestal seus desvios padratildeo e a aacuterea basal calculada a partir da relaccedilatildeo entre idade e DAP das espeacutecies

DAP (cm) Altura (m) Aacuterea basal meacutedia (cm2)

Espeacutecie

Maacuteximo Miacutenimo Desvio Maacutexima Miacutenima Desvio Meacutedia Cedrela odorata

656 115 140 309 90 50 273

Ocotea cymbarum

780 100 164 311 70 46 402

Sterculia elata

1300 100 349 405 66 88 516

Hura crepitans

1328 100 350 390 21 91 1127

A partir dos modelos de crescimento em altura e diacircmetro elaborados para cada

espeacutecie pocircde-se construir o modelo de crescimento em volume das mesmas segundo

a foacutermula (1) (Schoumlngart et al 2007) O periacuteodo oacutetimo de corte das aacutervores eacute o ponto

onde o incremento em volume corrente eacute maacuteximo sendo que para cada espeacutecie o pico

maacuteximo de volume corrente variou visivelmente (Figura 8)

Cedrela apresentou maiores taxas de incremento em volume corrente ao atingir

uma idade meacutedia de 45 anos (Figura 8a) Nesta idade a espeacutecie indica um DAP de 376

cm (Figura 5a) Jaacute Sterculia e Ocotea atingiram o ponto maacuteximo em incremento

corrente em volume aos 54 e 63 anos (Figuras 8b e c) quando atingem diacircmetros de

560 e 533 cm respectivamente (Figuras 5b e c) Hura em uma idade meacutedia de 125

anos apresentou os maiores valores de incremento maacuteximo corrente entre as quatro

espeacutecies (Figura 8d) atingindo diacircmetro meacutedio de 1288 cm (Figura 5d) Tanto Hura

quanto Sterculia apresentaram produccedilatildeo de madeira em volume por m3 superior as

duas espeacutecies de madeira pesada Cedrela e Ocotea

35

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento volum

eacutetrico

Incr

emen

to e

m v

olum

e (m

3 ) 0450 0

(m3ano)

Incr

emen

to e

m V

olum

e (m

3 )

Incremento volum

eacutetrico (m3ano)

Idade (anos) Idade (anos)

0

10

20

30

40

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

0 50 100 150 200

0

10

20

30

40

50

0

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

04

0 50 100 150

200 Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie

36

O ciclo de corte calculado atraveacutes da passagem meacutedia do tempo por uma classe

de DAP de 10 cm para a proacutexima ateacute atingir o diacircmetro de corte oacutetimo variou pouco

entre as espeacutecies sendo que Hura e Sterculia apresentaram ciclos de corte de 97

anos enquanto Cedrela e Ocotea apresentaram ciclos de 120 e 118 anos (Tabela 5)

Os resultados indicam que espeacutecies de madeira branca apresentam ciclos de corte

mais curtos do que as espeacutecies de madeira pesada

Tabela 5 O diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) o ciclo de corte a idade meacutedia ao atingir o diacircmetro de corte e a densidade da madeira das espeacutecies Espeacutecie DMD (cm) Ciclo de corte

(anos) Idade meacutedia ao atingir

o DMD (anos) Densidade

(gcm3) Cedrela odorata

376 120 45 052

Ocotea cymbarum

533 118 63 060

Sterculia elata

560 97 54 047

Hura crepitans

1288 97 125 039

Dados obtidos de Wittmann et al (2006b)

Aleacutem do modelo de crescimento em volume os modelos de crescimento em

altura e diacircmetro possibilitaram tambeacutem a construccedilatildeo de modelos de crescimento em

biomassa acima do solo para as espeacutecies estimado segundo a foacutermula (3)

Cedrela apresentou maior taxa de produccedilatildeo em biomassa de 26 Kgano em 45

anos (Figura 9a) ao passo que Ocotea alcanccedilou uma produccedilatildeo em biomassa maacutexima

de 52 Kgano em 63 anos (Figura 9b) Sterculia atingiu valor de 60 Kgano em 54 anos

(Figura 9c) enquanto que Hura obteve em 125 anos um valor maacuteximo de 125 Kgano

(Figura 9d) Espeacutecies de madeira branca atingiram maiores taxas de acuacutemulo em

biomassa do que as espeacutecies de madeira densa

37

D ndash Hura crepitans C ndash Ocotea cymbarum

Bio

mas

sa (M

g)

Bio

mas

sa (M

g)

Produ

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

ccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)P

roduccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

5

10

15

20

0

4

8

1

1

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

1

1

0 50 100 150 2000

5

0

5

0

0

40

80

120

160

Prod

uccedilatildeo

Biom

assa

(Kg)

0 50 100 150 200

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura)

38

6 DISCUSSAtildeO

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira

Todas as quatro espeacutecies estudadas apresentaram distintas zonas de

crescimento poreacutem com diferenccedilas quanto ao grau de distinccedilatildeo entre elas O grau de

distinccedilatildeo diminuiu na ordem seguinte C odorata O cymbarum S elata e H crepitans

o que indica uma pequena tendecircncia das espeacutecies deciacuteduas apresentarem maior

distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais como resultados encontrados por Worbes (1999) A

distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e com a

maior proximidade do centro do disco (Brienen amp Zuidema 2006) Esta variaccedilatildeo

encontrada no grau distinccedilatildeo dos aneacuteis natildeo afetou as anaacutelises dendrocronoloacutegicas

subsequumlentes

Segundo Worbes (1995) a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira resulta de

mudanccedilas sazonais favoraacuteveis e desfavoraacuteveis nas condiccedilotildees de crescimento arboacutereo

Um dos fatores principais atuando no controle do crescimento arboacutereo de florestas

tropicais eacute a variaccedilatildeo intraanual da precipitaccedilatildeo que ocasiona uma distinta estaccedilatildeo

seca e determina a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das aacutervores (Worbes 1999)

Para regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o principal fator que controla o

ritmo de crescimento nas aacutervores eacute o pulso de inundaccedilatildeo (Junk 1989) Entretanto

florestas de vaacuterzea alta natildeo satildeo alagadas anualmente devido a sua posiccedilatildeo

topograacutefica o que indicaria que o pulso anual de inundaccedilatildeo natildeo seria o principal fator

controlando os processo ecoloacutegicos nestas aacutereas Observaccedilotildees fenoloacutegicas e mediccedilotildees

da liteira (Schoumlngart et al 2008b) evidenciam que o ritmo de crescimento possa ser

39

controlado pela sazonalidade das chuvas contudo maiores estudos se fazem

necessaacuterios

A anualidade dos aneacuteis de crescimento em espeacutecies arboacutereas da Amazocircnia

permite anaacutelise de fenocircmenos ecoloacutegicos e ambientais identificaccedilatildeo e reconstruccedilatildeo das

condiccedilotildees climaacuteticas do passado como tambeacutem identificar as alteraccedilotildees naturais e

dinacircmica das populaccedilotildees (Fritts 1976 Schweingruber 1988 Worbes 1995) Aleacutem

disso a aplicaccedilatildeo das informaccedilotildees armazenadas nos aneacuteis de crescimento permite que

estudos dendrocronoloacutegicos sejam empregados com o objetivo de investigar a estrutura

etaacuteria das populaccedilotildees bem como a dinacircmica de crescimento arboacutereo em florestas

tropicais (Worbes 2002)

Desta forma a descriccedilatildeo da estrutura anatocircmica e delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

da madeira satildeo de suma importacircncia para realizaccedilatildeo das anaacutelises dendrocronoloacutegicas

e por conseguinte para a otimizaccedilatildeo do uso da floresta dando suporte para

estabelecimento de estrateacutegias de manejo florestal ao niacutevel de espeacutecie fornecendo

informaccedilotildees do histoacuterico florestal e consequumlentemente garantindo maior

sustentabiliade na utilizaccedilatildeo dos recursos madeireiros (Schoumlngart 2008)

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo

Uma das grandes questotildees a cerca do uso sustentaacutevel de florestas tropicais

envolve o crescimento e a idade das aacutervores Modelos de crescimento de espeacutecies

madeireiras nos troacutepicos ainda satildeo bastante escassos (Nebel et al 2001 Schwartz et

al 2002 Sokpon amp Biaou 2002 Nebel amp Meilby 2005 Brienen amp Zuidema 2007

Schoumlngart et al 2007) fato este atribuiacutedo a problemas de estabelecimento de uma

40

metodologia especiacutefica para determinaccedilatildeo da idade das aacutervores e taxas de

crescimento bem como a alta diversidade de espeacutecies encontrada Aleacutem disso o

atraso no avanccedilo das pesquisas de crescimento arboacutereo com base em aneacuteis na

madeira nos troacutepicos se deve ao descreacutedito na formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das

aacutervores nestas regiotildees devido agraves temperaturas terem sido consideradas praticamente

constantes durante o ano (Lieberman et al 1985 Whitmore 1990)

Atualmente a maioria das pesquisas sobre idade e crescimento de espeacutecies

tropicais eacute baseada em anaacutelises feitas em parcelas permanentes (Condit 1995)

utilizando meacutetodos de mediccedilotildees repetidas durante relativamente curtos periacuteodos de

tempo Outra metodologia para determinar a idade e taxas de incremento eacute a dataccedilatildeo

com radio-carbono (Worbes amp Junk 1999) Estas duas metodologias indicam idades

maacuteximas entre 1000 e 2000 anos (Condit et al 1995 Chambers et al 1998 Laurance

et al 2004) enquanto estudos dendrocronoloacutegicos indicam idades maacuteximas entre 500

e 600 anos (Worbes amp Junk 1999 Fichtler et al 2003)

Resultados encontrados por Chambers et al (1998) de idade estimada de 1370

anos para Carniana micrantha Ducke (Lecythidaceae) eacute considerado excepcional pois

aparentemente foi determinada de um uacutenico exemplar (Roig 2000) Dataccedilatildeo por radio-

carbono pode ser problemaacutetica entre os anos de 1650 e 1950 devido agrave variaccedilatildeo de 14C

encontrada na atmosfera neste periacuteodo Este fenocircmeno foi provocado por grandes

emissotildees de carbono por meio da queima de combustiacutevel foacutessil que ocorreram no

periacuteodo da revoluccedilatildeo industrial (Efeito de Suess) (Fichtler et al 2003) Em adiccedilatildeo o

alto custo desta metodologia natildeo permite o uso para determinaccedilatildeo de grandes

amostragens

41

A construccedilatildeo de modelos de crescimento de lenhosas com base no crescimento

em diacircmetro das espeacutecies em curtos periacuteodos de observaccedilatildeo bem como a baixa

densidade de espeacutecies comerciais encontradas em florestas tropicais na elaboraccedilatildeo de

modelos de crescimento principalmente individuos de grandes tamanhos dentro das

parcelas estudadas satildeo fatores que limitam muito esta metodologia (Clark amp Clark

1996 Nebel amp Meilby 2005) Aleacutem disso estes modelos monitoram somente uma

pequena parte da histoacuteria de crescimento das aacutervores e extrapolam estes dados das

trajetoacuterias de crescimento em diacircmetro de curtos periacuteodos para todo o ciclo de vida da

planta o que os torna simplistas e podem resultar em dados de crescimento arboacutereo e

estimativas de produccedilatildeo da madeira natildeo realistas subestimando as taxas de

crescimento e consequumlentemente superestimando a idade das aacutervores (Brienen amp

Zuidema 2006)

Ao contraacuterio destes meacutetodos de modelagem do crescimento arboacutereo a anaacutelise

dendrocronoloacutegica tem se mostrado uma importante ferramenta a qual fornece

estimativas mais acuradas da idade e do histoacuterico de crescimento arboacutereo individual

por meio da informaccedilatildeo extraiacuteda dos aneacuteis na madeira (Brienen amp Zuidema 2007) Na

anaacutelise de aneacuteis anuais para a modelagem de crescimento arboacutereo das espeacutecies satildeo

amostradas aacutervores que se estabeleceram no dossel com sucesso o que fornece

dados de crescimento em diacircmetro mais realistas e representativos do desenvolvimento

das aacutervores (Brienen amp Zuidema 2006)

Diversos estudos tecircm mostrado a grande variaccedilatildeo existente nas taxas de

crescimento tanto dentro como entre espeacutecies de florestas tropicais (Clark amp Clark

2001 Schoumlngart et al 2006 Brienen amp Zuidema 2006) Segundo Brienen amp Zuidema

(2007) estas diferenccedilas no crescimento dos indiviacuteduos ao longo da vida pode ser o

42

resultados de diversos fatores atuando em conjunto como a disponibilidade de aacutegua

clima intensidade de luz recebida forma e tamanho da copa danos e fitopatoacutegenos

assim como infestaccedilatildeo por cipoacutes e lianas Isso se reflete em variaccedilotildees de curvas

cumulativas comparando indiviacuteduos da mesma espeacutecie (Figura 3)

Os dados obtidos indicaram a ocorrecircncia de variaccedilatildeo na idade das aacutervores com

o aumento do diacircmetro Esta variaccedilatildeo intra-especiacutefica na idade das aacutervores em grandes

diacircmetros (gt de 60 cm) eacute causada principalmente pela variaccedilatildeo que ocorre na

passagem do tempo nas pequenas classes de tamanho (lt 20 cm) (Brienen amp Zuidema

2006) Desta forma o tempo necessaacuterio para que uma aacutervore de determinada espeacutecie

se estabeleccedila no dossel quando as taxas diameacutetricas geralmente aumentam devido

aos altos niacuteveis de radiaccedilatildeo solar pode variar consideravelmente

A variaccedilatildeo encontrada nos indiviacuteduos contudo natildeo impede a modelagem de

crescimento arboacutereo pois ao niacutevel das espeacutecies ocorre uma relaccedilatildeo bastante

significativa entre idade e DAP o que caracteriza a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira

uma ferramenta importante na elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo sustentaacuteveis em

florestas tropicais (Brienen amp Zuidema 2006 Schoumlngart et al 2007)

Comparando as curvas meacutedias de crescimento observa-se que espeacutecies

estudadas apresentam estrateacutegias ecoloacutegicas diferenciadas Altas taxas de incremento

em diacircmetro em espeacutecies de baixa densidade da madeira como Hura e Sterculia levam

a um raacutepido crescimento em volume enquanto que baixas taxas de incremento em

diacircmetro em Cedrela e Ocotea duas espeacutecies de madeira densa levam a um

crescimento em volume mais lento

Tanto Hura como Sterculia parecem apresentar estrateacutegias de crescimento

tiacutepicas de espeacutecies pioneiras com ciclos de vida longos (gt de 100 anos) caracterizadas

43

por altos requerimentos de luz para germinaccedilatildeo e crescimento (Swaine amp Whitmore

1988) Cedrela e Ocotea possuem caracteriacutesticas de crescimento tiacutepicas de espeacutecies

de estaacutegios cliacutemax ou tolerantes agrave sombra com capacidade de sobrevivecircncia em

longos periacuteodos de baixos niacuteveis de luminosidade e baixas taxas de crescimento

arboacutereo (Pianka 1970)

Espeacutecies com baixa densidade da madeira como Hura (039 gcm3) e Sterculia

(047 gcm3) requerem periacuteodos de 41 a 47 anos para extrapolar um diacircmetro limite de

corte de 50 cm enquanto que espeacutecies de madeira densa tais como Ocotea (060

gcm3) e Cedrela (052 gcm3) necessitam de periacuteodos entre 59 e 72 anos para

ultrapassar um diacircmetro de 50 cm Estes resultados estatildeo de acordo com Schoumlngart

(2008) que verificou a existecircncia de uma correlaccedilatildeo entre a densidade da madeira e a

idade da espeacutecie ao atingir o DMD estimado a partir das taxas de IC de volume o que

possibilita estimar o periacuteodo ideal de extraccedilatildeo para outras espeacutecies de florestas de

vaacuterzea da Amazocircnia Central em funccedilatildeo da densidade da madeira

Os resultados encontrados mostram diferenccedilas nas taxas de incremento em

diacircmetro e volume as quais refletem em diferentes ciclos de corte e DMD para as

espeacutecies indicando claramente que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico

de derrubada e ciclo de corte para toda e qualquer espeacutecie natildeo suportam a

sustentabilidade nas praacuteticas de manejo florestal atuais

Neste sentido na aplicaccedilatildeo de manejo florestal sustentado em florestas tropicais

eacute imprescindiacutevel o levantamento de informaccedilotildees a respeito das taxas de crescimento e

idade das aacutervores especiacuteficas para cada espeacutecie bem como dados de regeneraccedilatildeo e

caracteriacutesticas especiacuteficas de cada siacutetio a ser explorado pela extraccedilatildeo de produtos

madeireiros

44

63 Estrateacutegias de manejo florestal

O contiacutenuo uso das florestas de vaacuterzea para atividades de agricultura pecuaacuteria e

extraccedilatildeo da madeira tem causado grandes impactos nos recursos o que tem

ocasionado a necessidade de estabelecimento de estrateacutegias de conservaccedilatildeo e manejo

florestal destas aacutereas (Schoumlngart et al 2007) Nos uacuteltimos anos tem-se observado uma

gradual expansatildeo das atividades de manejo florestal baseada em comunidades de

pequena e meacutedia escala na busca da conversatildeo da exploraccedilatildeo manejada da floresta

em oportunidade de desenvolvimento regional (Amaral amp Amaral 2000) Projetos como

o Programa Piloto para Conservaccedilatildeo das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7) e a

Fundaccedilatildeo Floresta Tropical (FFT) tecircm buscado o desenvolvimento de projetos de

manejo florestal ao niacutevel de comunidade para diferentes aacutereas da Amazocircnia (Amaral amp

Amaral 2000)

Dentre estes modelos enquadra-se o Projeto Mamirauaacute com objetivo de proteger

as vaacuterzeas da RDSM e cuja exploraccedilatildeo segue as normas do PMFS criado pelo IDSM

em conjunto com os comunitaacuterios e baseado em normas estabelecidas pelo Instituto de

Proteccedilatildeo Ambiental do Amazonas (IPAAM) e pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA) (Lei estadual no 2416 de 22 de Agosto

de 1996)

A FAO estabelece um modelo de extraccedilatildeo dos recursos florestais funcionado

como guia para a aplicaccedilatildeo de um Manejo de Impacto Reduzido (MIR) para os recursos

florestais (Dykstra amp Heinrich 1996) Diversos estudos tecircm feito a uniatildeo entre o MIR e a

extraccedilatildeo seletiva de espeacutecies comerciais como uma estrateacutegia de manejo sustentaacutevel

visando agrave conservaccedilatildeo de florestas tropicais e diminuiccedilatildeo dos impactos causados pelo

45

manejo florestal (Vidal et al 2002 Gerwing 2002) Pesquisas tecircm mostrado os

benefiacutecios da aplicaccedilatildeo de MIR com relaccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo convencional da madeira

tanto em relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo dos custos quanto aos benefiacutecios causados pela reduccedilatildeo

dos danos agrave floresta (Barreto et al 1998 Johns et al 1996 Boltz et al 2001 Holmes

et al 2002)

Apesar dos inuacutemeros esforccedilos realizados na elaboraccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas

de exploraccedilatildeo da madeira na tentativa de conservar e reduzir danos causados as

florestas a sustentabilidade do manejo dos recursos florestais ainda natildeo foi alcanccedilada

satisfatoriamente O sucesso dos planos de manejo florestal depende principalmente da

sustentabilidade ecoloacutegica da produccedilatildeo da madeira que requer informaccedilotildees sobre taxas

de crescimento das espeacutecies comerciais (Boot amp Gullison 1995 Brienen amp Zuidema

2006) os quais ainda natildeo satildeo utilizados com frequumlecircncia em florestas tropicais

Schoumlngart (2008) desenvolveu um novo sistema de manejo sustentaacutevel da

madeira de florestas alagaacuteveis de vaacuterzea da Amazocircnia Central (GOL ndash Growth

Orientated Logging) o qual leva em consideraccedilatildeo as diferenccedilas na histoacuteria de

crescimento de espeacutecies comerciais com base em suas taxas de crescimento arboacutereo a

partir da anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira Isto representa um importante passo em

direccedilatildeo a sustentabilidade do manejo florestal praticado em florestas tropicais

Atualmente normas de exploraccedilatildeo da madeira em regiotildees tropicais as quais

estabelecem diacircmetro limite de derrubada e ciclos de corte para os sistemas de manejo

de florestas natildeo possuem nenhuma base cientiacutefica e natildeo levam em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas nas estrateacutegias de crescimento e estabelecimento bem como as

especificidades de cada regiatildeo a ser explorada Estes fatos levaram a quase eliminaccedilatildeo

de espeacutecies como C pentandra e Calophyllum brasiliense dos mercados regionais e

46

locais na Amazocircnia Ocidental Estas foram substituiacutedas por H crepitans e O

cymbarum duas espeacutecies atualmente exploradas comercialmente na regiatildeo do Meacutedio

Solimotildees (Worbes et al 2001)

Se as atuais praacuteticas de manejo florestal persistirem H crepitans e O cymbarum

poderatildeo ter o mesmo destino que C pentandra e C brasiliense Hura e Ocotea podem

desaparecer dos mercados madeireiros e novamente ocorrer a substituiccedilatildeo destas por

outras espeacutecies ainda pouco exploradas que por sua vez sofreratildeo as pressotildees de uma

extraccedilatildeo madeireira insustentaacutevel o que pode ter seacuterias consequumlecircncias ecoloacutegicas

como a perda dos recursos geneacuteticos degradaccedilatildeo da floresta quebra de cadeias

alimentares para insetos peixes mamiacuteferos etc

A extraccedilatildeo de C odorata eacute um outro exemplo de como de atual manejo de

florestas de vaacuterzea natildeo eacute adequado Esta espeacutecie foi intensamente explorada na RDSM

a ponto de reduzir drasticamente seus estoques de madeira (Ayres 1993 Pinedo-

Vasquez et al 2001) e atualmente eacute considerada uma espeacutecie ameaccedilada e excluiacuteda

da extraccedilatildeo de madeira da RDSM

A recente modificaccedilatildeo de 11 de dezembro de 2006 (IN ndeg 5) do Coacutedigo Florestal

Brasileiro abre caminhos para modificaccedilotildees do manejo florestal aplicado atualmente na

Amazocircnia Brasileira O ciclo de corte no PMFS Pleno varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3ha Espeacutecies com baixa intensidade da madeira (menos

de 10 msup3 por ha) podem ter um ciclo de corte de 10 anos sendo que para florestas de

vaacuterzea a produccedilatildeo pode exceder 10 msup3 por ha poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3

aacutervores por ha

Levando-se em consideraccedilatildeo os dados de distribuiccedilatildeo diameacutetrica fornecidos pelo

Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM observa-se que a espeacutecie O cymbarum

47

apresentaram um padratildeo de distribuiccedilatildeo diameacutetrica do tipo J invertido apresentando

um decreacutescimo da densidade de aacutervores com o aumento do diacircmetro A distribuiccedilatildeo

diameacutetrica de O cymbarum se concentrou nas classes diameacutetricas de 20 a 100 cm

(Figura 10)

Foi possiacutevel encontrar indiviacuteduos na maioria das classes diameacutetricas em Hura

crepitans atingindo densidade maacutexima de 05 indiviacuteduos por ha na classe diameacutetrica de

110 cm A alta densidade de indiviacuteduos em classes diameacutetricas anteriores e posteriores

a classe de 50 cm e os altos valores de volume de madeira de H crepitans sugerem que

esta espeacutecie tem grande potencial para exploraccedilatildeo madeireira dentro da RDSM

Entretanto a derrubada de indiviacuteduos com diacircmetros nas classes entre 50 e 120 cm

permitidas por lei eacute problemaacutetica pois estaratildeo sendo extraiacutedas aacutervores que ainda natildeo

alcanccedilaram a sua produccedilatildeo oacutetima de madeira (Figura 8d)

Marinho (2008) ao analisar a estrutura populacional de espeacutecies como H

crepitans O cymbarum e S elata ocorrendo em florestas de vaacuterzea do setor Jarauaacute da

RDSM observou que estas espeacutecies apresentam baixa densidade de indiviacuteduos em

classes diameacutetricas acima de 50 cm (28 13 e 05 indha respectivamente) sendo

que Hura e Sterculia apresentam uma baixa taxa de estabelecimento visiacutevel pelo

pequeno nuacutemero de indiviacuteduos observados em classes diameacutetricas baixas

Os ciclos de corte entre 10 e 12 anos determinados para as espeacutecies neste

trabalho satildeo valores proacuteximos ao permitido pelas normas de manejo florestal da IN ndeg 5

(ciclo de corte de 10 anos) Entretanto aplicando-se um diacircmetro de derrubada limite

de 50 cm pode natildeo ser sustentaacutevel para espeacutecies como Sterculia e Cedrela

considerando-se a abundacircncia destas espeacutecies na regiatildeo Considerando-se a

48

abundacircncia de Hura e Ocotea o manejo pode ser sustentaacutevel se considerar os DMDs

determinados para cada espeacutecie neste estudo

igura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999

Inventaacuterio florestal de Mamirauaacute (1999 - 2000)

00

02

04

06

08

10

12

14

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

gt 2

Classes diameacutetricas (m)

Den

sida

de d

e aacuter

vore

s po

r ha

Sterculia elataHura crepitansOcotea cymbarumCedrela odorata

Fa 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM

49

Os resultados mostram que tanto Hura quanto Sterculia apresentaram taxas de

crescimento arboacutereo relativamente raacutepidas o que as torna espeacutecies potenciais para

recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e reflorestamento Jaacute Ocotea e Cedrela duas

espeacutecies de madeira densa apresentaram taxas mais lentas de crescimento arboacutereo

Ocotea eacute uma espeacutecie cuja madeira eacute frequumlentemente utilizada pelas

comunidades ribeirinhas na construccedilatildeo de casas moacuteveis e taacutebuas Cedrela eacute uma

espeacutecie bastante valorizada no mercado madeireiro chegando a custar R$ 12000m3

no ano de 2004 na regiatildeo do alto Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a) Isto faz com

que reflorestamentos com Cedrela venham a ser um importante caminho para o

enriquecimento dos estoques de madeira visando o aumento das populaccedilotildees desta

espeacutecie Atraveacutes de um manejo florestal sustentaacutevel comunidades ribeirinhas podem se

beneficiar com produtos madeireiros de alta qualidade e de valor comercial

Os efeitos positivos da liberaccedilatildeo do dossel sobre as taxas de incremento em

diacircmetro observados em espeacutecies de madeira densa (Kammesheidt et al 2003)

indicam que as taxas de crescimento arboacutereo encontradas em Cedrela poderiam ser

aceleradas atraveacutes de aplicaccedilatildeo deste tipo de tratamento silvicultural Entretanto devem

ser realizados mais estudos a respeito das estrateacutegias de regeneraccedilatildeo da espeacutecie

dentro da reserva

Os resultados indicam que um ciclo de corte de 25 anos eacute inadequado para

execuccedilatildeo de manejo florestal sustentaacutevel das quatro espeacutecies estudadas Todas

apresentaram ciclos de corte inferiores (entre 10 e 12 anos) ao valor exigido por lei

indicando que estes recursos madeireiros natildeo estatildeo sendo manejados eficazmente A

IN no 5 permite a aplicaccedilatildeo de ciclo de corte inicial de 10 anos com volume maacuteximo de

10 msup3ha ou mais com retirada de apenas 3 aacutervores por ha para manejos de baixa

50

intensidade Com isso eacute possiacutevel manejar de forma mais adequada os estoques de

Ocotea e Hura aplicando ciclos de corte de 12 e 10 anos respectivamente utilizando

contudo os DMDs aqui determinados para manejo florestal mais especiacutefico garantindo

assim a sustentabilidade do uso da madeira destas espeacutecies dentro da reserva

Todavia eacute necessaacuteria a garantia de que ao retirar aacutervores de determinada espeacutecie em

dado local seja feito estabelecimento de indiviacuteduos de mesma espeacutecie

A distribuiccedilatildeo diameacutetrica de Hura mostra ampla distribuiccedilatildeo de aacutervores na

maioria das classes diameacutetricas Contudo o modelo de crescimento da espeacutecie mostra

que em classes diameacutetricas entre 50 e 130 cm natildeo foi atingida produccedilatildeo maacutexima de

madeira Neste sentido ao retirar aacutervores com diacircmetros acima de 130 cm ainda

restaratildeo aacutervores suficientes nas classes inferiores para garantir renovaccedilatildeo dos

estoques extraiacutedos as quais permitem a garantia de produccedilatildeo de diaacutesporos para a

regeneraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da produtividade maacutexima da espeacutecie otimizando a exploraccedilatildeo

da madeira de Hura

O mesmo deve valer para Ocotea e Sterculia Poreacutem a regeneraccedilatildeo destas

espeacutecies deve ser assegurada o que implica em execuccedilatildeo de estudos ecologia da

populaccedilatildeo particularmente de regeneraccedilatildeo e estabelecimento levando-se em

consideraccedilatildeo a influecircncia de fatores ambientais (solo clima disponibilidade de luz

inundaccedilatildeo etc)

51

64 Desafios futuros

Os resultados do presente trabalho mostram que o atual criteacuterio de manejo

florestal que estabelece ciclo de corte e diacircmetro limite para corte uacutenicos extraccedilatildeo de 5

aacutervores por ha natildeo se mostra eficaz na garantia de manutenccedilatildeo dos estoques de

madeira para exploraccedilotildees subsequumlentes o que torna estes criteacuterios inviaacuteveis para

conservaccedilatildeo da biodiversidade por meio de manejos florestais sustentaacuteveis em

florestas de vaacuterzea Aleacutem disso a ausecircncia de informaccedilotildees a respeito dos processos

que envolvem a dinacircmica e ecologia de florestas alagaacuteveis na elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo eacute um fator agravante na questatildeo da insustentabilidade da

exploraccedilatildeo dos recursos florestais em florestas de vaacuterzea

Ciclos de corte da madeira soacute possibilitam sustentabilidade se as espeacutecies

extraiacutedas conseguem se regenerar e estabelecer dentro da floresta garantindo

estoques de madeira para as proacuteximas extraccedilotildees Uma importante questatildeo eacute a

ausecircncia de dados baacutesicos de estrutura populacional e estabelecimento e regeneraccedilatildeo

de florestas tropicais para subsidiar planos de manejo florestal principalmente em

florestas de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia

Pesquisas tecircm sido feitas no sentido de investigar a influecircncia do pulso de

inundaccedilatildeo condiccedilotildees de luz suprimento de nutrientes e disponibilidade de aacutegua no

estabelecimento de sementes e placircntulas em aacutereas alagaacuteveis (Parolin 2001 Wittmann

amp Junk 2003 Ferreira et al 2005) Wittmann amp Junk (2003) enfatizam importacircncia de

novos estudos focando os processos de germinaccedilatildeo crescimento e taxa de

mortalidade de placircntulas de espeacutecies exploradas comercialmente e suas relaccedilotildees com

fatores do ambiente como luz e inundaccedilatildeo

52

Produtos florestais natildeo madeireiros tambeacutem devem ser levados em consideraccedilatildeo

na elaboraccedilatildeo de planos de manejo de florestas de vaacuterzea Diversos produtos tais

como resinas oacuteleos frutos fibras tecircxteis taninos e produtos medicinais satildeo extraiacutedos

de espeacutecies encontradas nas florestas de vaacuterzea (Wittmann et al 2006b) o que

demonstra o alto potencial destas florestas para este tipo de exploraccedilatildeo dos recursos

Novos modelos de exploraccedilatildeo madeireira que levam em consideraccedilatildeo o

crescimento e idade das aacutervores estatildeo sendo criados (Schoumlngart et al 2003 Brienen

amp Zuidema 2006 Schoumlngart 2007 2008) Mas o desafio de converter dados de

pesquisas cientiacuteficas em poliacuteticas puacuteblicas ainda eacute grande O caminho ainda eacute longo e

espera-se que a partir desta mudanccedila da IN ndeg de 2006 o qual permite a alteraccedilatildeo do

diacircmtro limite de corte e ciclo de corte atualmente requeridos para o manejo florestal

com base em pesquisas cientiacuteficas abra portas para a elaboraccedilatildeo de manejos

florestais especiacuteficos e sustentaacuteveis e consequumlentemente possibilitem que o quadro de

exploraccedilatildeo da madeira venha a se modificar com o tempo nas florestas alagaacuteveis da

Amazocircnia brasileira

7 CONCLUSOtildeES

As quatro espeacutecies estudadas apresentam diferenccedilas nas taxas de crescimento

arboacutereo Isto implica que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico de

derrubada e ciclo de corte para estas espeacutecies natildeo garantem a manutenccedilatildeo dos

estoques de madeira na floresta e portanto natildeo satildeo sustentaacuteveis

O DMD sugerido para Hura eacute de 130 cm quando a espeacutecie atinge sua produccedilatildeo

oacutetima de madeira possibilitando o aproveitamento maacuteximo do recurso bem como a

53

permanecircncia de indiviacuteduos em idade reprodutiva e consequumlente reposiccedilatildeo dos

estoques desta espeacutecie

Os resultados mostram que para C odorata uma espeacutecie com baixa densidade

de indiviacuteduos na reserva o DMD encontrado foi inferior a 50 cm (3760 cm) o que

demonstra a necessidade de aplicaccedilatildeo de tratamentos de enriquecimento de indiviacuteduos

para reposiccedilatildeo dos estoques para futuras exploraccedilotildees

Para O cymbarum e S elata DMDs sugeridos satildeo de 53 e 56 cm

respectivamente dentro do diacircmetro limite estabelecido por lei No entanto a baixa

densidade de indiviacuteduos encontrada em S elata indica tambeacutem a importacircncia de

aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais de enriquecimento para esta espeacutecie atingir

niacuteveis manejaacuteveis de seus estoques madeireiros

Os ciclos de corte variaram entre 10 anos para as espeacutecies de madeira branca e

12 anos para as espeacutecies de madeira pesada Entretanto deve ser ressaltada a

importacircncia do uso de DMD aqui sugeridos para cada espeacutecie objetivando a garantia da

manutenccedilatildeo dos estoques das mesmas

A dendrocronologia se mostrou uma ferramenta bastante uacutetil na aplicaccedilatildeo de

modelos de crescimento arboacutereo com intuito de contribuir para elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo florestal que suportam maior sustentabilidade do uso dos

recursos florestais Contudo maiores estudos para compreensatildeo da estrutura das

populaccedilotildees crescimento e reproduccedilatildeo das espeacutecies madeireiras de florestas de vaacuterzea

devem ser realizados

54

8 REFEREcircNCIAS

Achard F Eva HD Stibig Hans-Juumlrgen Mayaux P Gallego J Richards T

Malingreau Jean-Paul 2002 Determination of Deforestation Rates of the Worlds

Humid Tropical Forests Science 297(5583) 999 ndash 1002

Alencar A Nepstad D McGrath D Moutinho P Pacheco P Del Carmen M Diaz

V Soares ndash Filho BS 2004 Desmatamento na Amazocircnia indo aleacutem da

emergecircncia crocircnica Ipamhttpwwwipamorgbrpublicacoeslivrosresumo_des

matamentophp

Albernaz AL amp Ayres JM 1999 Selective Logging along the Middle Solimotildees River

In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash

Diversity Development and Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains

New York NYBG Press

Amaral P amp Amaral MN 2000 Manejo florestal comunitaacuterio na Amazocircnia brasileira

situaccedilatildeo atual desafios e perspectivas Brasiacutelia DF Instituto Internacional de

Educaccedilatildeo do Brasil (IIEB) 58 pp

Anderson A Mousasticoshvily I Macedo D 1999 Logging of Virola surinamensis in

the Amazon Floodplain Impacts and alternatives In Padoch C Ayres J M

Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and

Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Asner GP Knapp DE Broadbent EN Oliveira PJC Keller M Silva JNM

2005 Selective logging in the Brazilian Amazon Science 310 480 ndash 482

Ayres JM 1993 As matas de vaacuterzea do Mamirauaacute MCTCNPqSociedade Civil

Mamirauaacute Brasiacutelia Distrito Federal 123 pp

Barreto P Amaral P Vidal E Uhl C 1998 Costs and benefits of forest

management for timber production in eastern Amazonia Forest Ecology and

Management 108 (1ndash2) 9 ndash 26

Barros AC amp Uhl C 1995 Logging along the Amazon River and estuary Patterns

problems and potential Forest Ecology and Management 77 87ndash105

Barros AC amp Uhl C 1999 The economic and social significance of logging operations

on the Floodplains of the Amazon estuary and prospects for ecological

55

sustainability In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A

(eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and Conservation of Amazonias

Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Boltz F Carter DR Holmes TP Pereira RJr 2001 Financial returns under

uncertainty for conventional and reduced impact logging in permanent production

forests of the Brazilian Amazon Ecological Economics 39 387 ndash 398

Borchert R Rivera G Hagnauer W 2002 Modification of vegetative phenology in a

tropical semideciduous forest by abnormal drought and rain Biotropica 34 27 ndash

39

Bormann FH amp Berlyn G 1981 Age and growth rate of tropical trees new directions

for research Yale University School of Forestry and Environmental Studies

Bulletin New Haven

Boot RGA amp Gullison RE 1995 Aprporaches to developing sustainable extraction

systems for tropical forest products Ecological Applications 5(4) 896 ndash 903

Brienen RJW amp Zuidema PA 2005 Relating tree growth to rainfall in Bolivian rain

forests a test for six species using tree ring analysis Oecologia 146(1) 1 ndash 12

Brienen RJW amp Zuidema PA 2006 Lifetime growth patterns and ages of Bolivian

rain forest trees obtained by tree ring analysis Journal of Ecology 94 481 ndash 493

Brienen RJW amp Zuidema PA 2007 Incorporating persistent tree growth differences

increases estimates of tropical timber yield The Ecological Society of America

Frontiers in Ecology and the Environment 5(6) 302 ndash 306

Cannell MGR 1984 Woody biomass of forest stands Forest Ecology and

Management 8 (3 ndash 4) 299 ndash 312

Carvalho G Barros AC Moutinho P Nepstad D 2001 Sensitive Development

Could Protect Amazonia Instead of Destroying It Nature 409 131

Chave J Andalo C Brown S Cairns MA Chambers JQ Eamus D Foumllster H

Fromard F Higuchi N Kira T Lescure J-P Nelson BW Ogawa H Puig

H Rieacutera B Yamakura T 2005 Tree allometry and improved estimation of

carbon stocks and balance in tropical forests Oecologia 145 87 ndash 99

Chambers JQ Higuchi N Schimel JP 1998 Ancient trees in Amazonia Nature 39

135 ndash 136

56

Cintron BB 1990 Cedrela odorata L Cedro hembra Spanish cedar In Burns RM

Honkala BH (eds) Silvics of North America 2 Hardwoods Agric Handb

Washington DC US Department of Agriculture Forest Service 654 250 ndash 257

Clark DB amp Clark DA 1996 Abundance growth and mortality of very large trees in

neotropical lowland rain forest Forest Ecology and Management 80 235 ndash 244

Clark DA Clark DB 2001 Getting to the canopy Tree height growth in a neotropical

rain forest Ecology 82 1460 ndash 1472

Condit R 1995 Research in large long-term tropical forest plots Tree 10 18 ndash 22

Condit R Hubbel SP Foster RB 1995 Demography and harvest potential of Latin

American timber species data from a large permanent plot in Panama Journal of

Tropical Forest Science 7 599 ndash 622

De Graaf NN Filius AM Huesca Santos AR 2003 Financial analysis of sustained

forest management for timber Perspectives for application of the CELOS

management system in Brazilian Amazonia Forest Ecology and Management

177 287 ndash 299

Denevan WM 1976 The aboriginal population of Amazonia In Denevan W M (ed)

The native population of the Americas in 1492 The University of Wisconsin Press

205 ndash 234

De Simone O Junk WJ Schmidt W 2003 Central Amazon Floodplain Forests Root

Adaptations to Prolonged Flooding Russian Journal of Plant Physiology 50(6)

848 ndash 855

Dezzeo N Worbes M Ishii I Herrera R 2003 Growth rings analysis of four tropical

tree species in seasonally flooded forest of the Mapire River a tributary of the

lower Orinoko River Venezuela Plant Ecology 168 165 ndash 175

Duumlnisch O Montoia VR Bauch J 2003 Dendroecological investigations on

Swietenia macrophylla King and Cedrela odorata L (Meliaceae) in the Central

Amazon Trees ndash Struct Funct 17 244 ndash 250

Dykstra JA amp Heinrich R 1996 FAO model code of forest harvesting practice Food

and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) Rome Italy

Eckstein D Sass U Baas P 1995 Growth periodicity in tropical trees IAWA Journal

16 325 ndash 442

57

Enquist BJ Leffler AJ 2001 Long-term tree ring chronologies from sympatric tropical

dry-forest trees individualistic responses to climatic variation Journal of Tropical

Ecology 17 41 ndash 60

Enright NJ Hartshorn GS 1981 The demography of tree species in undisturbed

tropical rainforest In Bormann FH Berlyn G (eds) Age and growth rate of

tropical trees new directions for research Yale University School of Forestry and

Environmental Studies 94 107 ndash 119

Fearnside PM 1999 Biodiversity as an environmental service in Brazilacutes Amazonian

forests risks value and conservation Environmental Conservation 26 305 ndash 321

Ferreira LV 1991 O efeito do periacuteodo de inundaccedilatildeo na zonaccedilatildeo de comunidades

fenologia e regeneraccedilatildeo em uma floresta de Igapoacute na Amazocircnia Central Masterrsquos

Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 161 pp

Fichtler E Clark DA Worbes M 2003 Age and long-term growth of trees in an old-

growth tropical rain forest based on analyses of tree rings and C-14 Biotropica

35 306 ndash 317

Fichtler E Trouet V Beeckman H Coppin P Worbes M 2004 Climatic signals in

tree rings of Burkea africana and Pterocarpus angolensis form semiarid forests in

Namibia Trees 18 442 ndash 451

Francis J K 1990 Hura crepitans L Sandbox molinillo jabillo In SO-ITF-SM-38 New

Orleans LA US Department of Agriculture Forest Service Southern Forest

Experiment Station 270 ndash 274

Fritts HC 1976 Tree rings and climate London - Academic Press 567 pp

Furch K 1984 Water chemistry of the Amazon Basin The distribution of chemical

elements among freshwaters In Sioli H (ed) The Amazon Limnology and

Landscape Ecology of a Mighty Tropical River and its Basin Junk Publishers

Dordrecht 176 ndash 200

Furch K 1997 Chemistry of Vaacuterzea and Igapoacute soils and nutrient inventory of their

floodplain forests In Junk WJ (ed) The Central Amazon Floodplains Ecology of

a Pulsing System Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 47 ndash 67

58

Gama JRV Bentes ndash Gama M de Matos Scolforo JRS 2005 Sustainable

management for floodplain forest in eastern Amazonian Rev Aacutervore 29(5) 719 ndash

729

Gerwing JJ 2002 Degradation of forests through logging and fire in the eastern

Brazilian Amazon Forest Ecology and Management 157 131 ndash 141

Gourlay ID 1995 The definition of seasonal growth zones in some African Acacia

species ndash A review IAWA Journal 16 353 ndash 359

Hartshorn GS 1995 Ecological basis for sustainable development in tropical forests

Annual Review of Ecology and Systematics 26 155 ndash 175

Higuchi N Hummel AC Freias JV Malinowski JRE Stokes R 1994

Exploraccedilatildeo florestal nas vaacuterzeas do Estado do amazonas seleccedilatildeo de aacutervore

derrubada e transporte Proceedings of the VII Harvesting and Transportation of

timber Products IUFROUFPR Curitiba Brasil 168 ndash 193

Holmes TP Blate GM Zweede JC Pereira R Barreto P Boltz F Bauch R

2002 Financial and ecological indicators of reduced impact logging performance in

the eastern Amazon Forest Ecology and Management 163 93 ndash 110

IBGE 2000 Censo Demograacutefico 2000 Resultados Preliminares Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Rio de Janeiro 172 pp

Irion G Junk WJ Mello JASN 1997 The large Central Amazonian river floodplain

near Manaus geological climatological hydrological and geomorphological

aspects In the Central Amazonian Floodplains Ecology of a Pulsing System

Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 23 ndash 46 Johns JS Baretto P Uhl C 1996 Logging damage during planned and unplanned

logging operations in the eastern Amazon Forest Ecology and Management 89

59 ndash 77

Junk WJ 1989 Flood tolerance and tree distribution in Central Amazonian floodplains

In Nielsen LB Nielsen IC Baisley H (eds) Tropical Forests Botanical

Dynamics Speciation and Diversity Academic Press London 47 ndash 64

Junk WJ Bayley PB Sparks RE 1989 The flood pulse concept in foodplain

systems In Dodge DP (eds) Proceedings of the International Large River

Symposium Cen Spec Publ Fish Aquat Sci 106 110 ndash 127

59

Junk WJ amp Piedade MTF 1997 Plant life in the floodplain with special reference to

herbaceous plants In The central Amazon Floodplain Ecology of a Pulsing

system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 147 ndash 185

Kammescheidt L Gagang AA Schwarzwaller W Weidelt H 2003 Growth patterns

of dipterocarps in treated and untreated plots Forest Ecology and Management

174 437 ndash 445

Kubitzki K amp Zibursk A 1994 Seed dispersal in flood plain forests of Amazonia

Biotropica 26(1) 30 ndash 43

Lambin EF Geist HJ Lepers E 2003 Dynamics of land-use and land-cover change

in tropical regions Annual Review of Environment and Resources 28 205 ndash 41

Lamprecht H 1989 Silviculture in the tropics tropical forest ecosystems and their tree

species - possibilities and methods for their long-term utilization GTZ Eschborn

Laurance WF Nascimento HEM Laurance SG Condit R DAngelo S

Andrade A 2004 Inferred longevity of Amazonian rainforest trees based on a

long-term demographic study Forest Ecology and Management 190 131 ndash 143

Lieberman D Lieberman M Hartshorn G Peralta R 1895 Growth rates and age-

size relationships of Tropical Wet Forest trees in Costa Rica

Journal of Tropical Ecology 1(2) 97 ndash 109

Lima JRA amp Santos Joaquim dos Higuchi N 2005 Situaccedilatildeo das induacutestrias

madeireiras do Estado do Amazonas em 2000 Acta Amazonica 35(2) 125 ndash 132

Loureiro AA amp Silva MF da 1968 Cataacutelogo das madeiras da Amazocircnia Beleacutem

INPA 1 ndash 2

Margulis S 2003 Causas do desmatamento da Amazocircnia brasileira Brasiacutelia Banco

Mundial 100 pp

Marinho TA da S 2008 Distribuiccedilatildeo e estrutura da populaccedilatildeo de quatro espeacutecies

madeirerias em uma floresta sazonalmente alagaacutevel na Reserva de

desenvolvimento sustentaacutevel Mamirauaacute Amazocircnia Central Masterrsquos Thesis

Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 71 pp

Marques CA 2001 Importacircncia econocircmica da famiacutelia Lauraceae Lindl Floresta e

Ambiente 8(1) 195 ndash 206

60

Martini A Arauacutejo R N Uhl C 1998 Espeacutecies de Aacutervores Potencialmente

Ameaccediladas pela Atividade Madeireira na Amazocircnia Imazon Beleacutem Brazil Seacuterie

Amazocircnia Ndeg 11

Nebel G amp Kvist LP 2001 A review of Peruvian flood plain forests ecosystems

inhabitants and resource use Forest Ecology and Management 150 3 ndash 26

Nebel G Dragsted J Simonsen TR Vanclay JK 2001 The Amazon floodplain

forest tree Maquira coriacea (Karsten) CC Berg Aspects of ecology and

management Forest Ecology and Management 150 103 ndash 113

Nebel G amp Meilby H 2005 Growth and population structure of timber species in

Peruvian Amazon flood plains Forest Ecology and Management 215 1 ndash 3

Nepstad D Carvalho G Barros AC Alencar A Capobianco J Bishop J

Moutinho P Lefebvre P Silva U 2001 Road Paving Fire Regime Feedbacks

and the Future of Amazon Forests Forest Ecology and Management 5524 1 ndash 13

Nutto L Watzlawick LF 2002 Relaccedilotildees entre fatores climaacuteticos e incremento em

diacircmetro de Zanthoxylum rhoifolia Lam e Zanthoxylum hyemale St Hil Na regiatildeo

de Santa Maria RS Embrapa Florestas Bol Pesq Fl Colombo PR 45 41 ndash 55 Ohly JJ 2000 Development of central Amazonia in the modern era In Junk WJ

Ohly JJ Piedade MTF Soares MGM (eds) The Central Amazon

Floodplain Actual Use and Options for Sustainable Management Backhuys

Publisher Leiden 75 ndash 94

Parolin P 2001 Morphological and physiological adjustments to waterlogging and

drought in seedlings of Amazonian floodplain trees Oecologia 128 326-335

Parolin P 2002 Bosques inundados en la Amazonia Central Su aprovechamiento

actual y potencial Ecologia Aplicada 1(1) 111 ndash 114

Parolin P De Simone O Haase K Waldhoff D Rottenberger S Kuhn U

Kesselmeier J Kleiss B Schmidt W Piedade MTF Junk WJ 2004 Central

Amazonian floodplain forests tree adaptations in a pulsing system The Botanical

Review 70(3) 357 ndash 380

Piedade MTF Junk WJ Parolin P 2000 The flood pulse and photosynthetic

response of tree in a white water floodplain (Vaacuterzea) of Central Amazon Brazil

Verhandlungen der Internationalen Vereinigung fuumlr Limnologie 27 1734 ndash 1739

61

Piedade MTF 1985 Ecologia e biologia reprodutiva de Astrocaryum jauari Mart

(Palmae) como exemplo de populaccedilatildeo adaptada agraves aacutereas inundaacuteveis do Rio Negro

(igapoacutes) Masterrsquos Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo

Universidade do Amazonas Manaus Amazonas 188 pp

Piedade MTF Junk WJ Adis J Parolin P 2005 Ecologia zonaccedilatildeo e colonizaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo arboacuterea das Ilhas Anavilhanas Pesquisas Botacircnica 56 117 ndash 143

Pinedo-Vasquez M Zarin DJ Coffey K Padoch C Rabelo F 2001 Post-boom

logging in Amazonia Human Ecology 29 219ndash239

Prance GT 1980 A terminologia dos tipos de florestas Amazocircnicas sujeitos agrave

inundaccedilatildeo Acta Amazonica 10 495 ndash 504

Prance GT 1989 American Tropical Forests In Lieth H Weger MJA (eds)

Tropical Rain Forest Ecossistems Ecossistems of the World Elsevier Amsterdam

14 99 ndash 132

Putz FE Blate GM Redford KH Fimbel R Robinson J 2001 Tropical forest

management and conservation of biodiversity an overview Conservation Biology

15 7ndash20

Queiroz H 2005 A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute Estudos

Avanccedilados 19(54) 183 ndash 203

Revilla JDC 1981 Aspectos floriacutesticos e fitossocioloacutegicos da floresta inundaacutevel

(igapoacute) Praia Grande Rio Negro Amazonas Brasil Masterrsquos Thesis Instituto

Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do Amazonas

Manaus Amazonas 129 pp

Ribeiro RNS Tourinho MM Santana AC 2004 Avaliaccedilatildeo da sustentabilidade

agroambiental de unidades produtivas agroflorestais em Vaacuterzeas fluacutevio marinhas

de Cametaacute - Paraacute Acta Amazonica 34(3) 359 ndash 374

Roig FA 2000 Dendrocronologiacutea en los bosques del Neotroacutepicos revisioacuten y

prospeccioacuten futura In Dendrocronologiacutea en america Latina Roig F A (ed)

Mendoza EDIUNC 307 ndash 355

Sass U Killmann W Eckstein D 1995 Wood formation in two species of

dipterocarpaceae in Peninsular Malaysia IAWA Journal 16 371 ndash 384

62

Schoumlngart J 2003 Dendrochronologische Untersuchungen in

Uumlberschwemmungswaumlldern der vaacuterzea Zentralamazoniens PhD Thesis Fakultaumlt

fuumlr Forstwissenschaften und Waldoumlkologie Universitaumlt Goumlttingen 223 pp

Schoumlngart J 2008 GrowthndashOrientated Logging (GOL) A new concept towards

sustainable forest management in Central Amazonian vaacuterzea floodplains Forest

Ecology and Management (Aceito)

Schoumlngart J Piedade MTF Ludwigshausen S Horna V Worbes M 2002

Phenology and stem-growth periodicity of tree species in Amazonian floodplain

forests Journal of Tropical Ecology 18 581 ndash 597

Schoumlngart J Piedade MTF Worbes M 2003 Successional differentiation in

structure floristic composition and wood increment of whitewater Floodplain

Forests in Central Amazonia German-Brazilian Workshop on Neotropical

Ecosystems ndash Achievements and Prospects of Cooperative Research Hamburg 3

ndash 8

Schoumlngart J Junk WJ Piedade MTF Ayres JM Huumlttermann A Worbes M

2004 Teleconnection between tree growth in the Amazonian floodplains and the El

Nintildeo-Southern Oscillation effect Global Change Biology 10 683 ndash 692

Schoumlngart J Piedade MTF Wittmann F Junk WJ Worbes M 2005 Wood

growth patterns of Macrolobium acaciifolium (Benth) (Fabaceae) in Amazonian

black-water and white-water Floodplain Forests Oecologia 145 454 ndash 461

Schoumlngart J Orthmann B Hennenberg KJ Porembski S Worbes M 2006

Climate ndash growth relationships of tropical tree species in West Africa and their

potential for climate reconstruction Global Change Biology 12 1139 ndash 1150

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M Piedade MTF Krambeck H-J Junk WJ

2007 Management criteria for Ficus insipida Willd (Moraceae) in Amazonian white

ndash water floodplain forests defined by tree ndash rings analysis Annals of Forest

Science 64 657 ndash 664 Schoumlngart J Rocha RM Queiroz HL 2008a Traditional timber extraction in the

central Amazonian floodplains In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

63

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M 2008b Biomass and net primary production of

central Amazonian floodplain forests In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-Verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Swaine MD Whitmore TC 1988 On the definition of ecological species groups in

tropical rain forests Vegetatio 75 81 ndash 86

Schwartz MW Caro TM Banda-Sakala T 2002 Assessing the sustainability of

harvest of Pterocarpus angolensis in Rukwa Region Tanzania Forest Ecology and

Management 170 259 ndash 269

Schweingruber FH 1988 Tree rings Reidel Dordrecht 276 pp

Sioli H amp Klinge H 1962 Solos tipos de vegetaccedilatildeo e aacuteguas na Amazocircnia Boletim

Museu Paraense Emilio Goeldi 1 27 ndash 41

Sioli H 1984 Former and recent utilizations of Amazonia and their impact on the

environment In The Amazon Sioli H (ed) Junk Publishers Dordrecht 675 ndash

706

Sioli H 1991 Amazocircnia Fundamentos da ecologia da maior regiatildeo de florestas

tropicais Editora Vozes Petroacutepolis Rio de Janeiro 3 ed 71 pp

Sociedade Civiacutel Mamirauaacute 1996 Mamirauaacute Management Plan (summarized version)

Brasiacutelia SCM CNPqMCT

Sokpon N amp Biaou SH 2002 The use of diameter distributions in sustained-use

management of remnant forests in Benin case of Bassila forest reserve in North

Benin Forest Ecology and Management 161 13 ndash 25

Sombroek WG 1979 Soils of the Amazon region and their ecological stability ISM

Annual Report 13 ndash 27

Smeraldi R 2003 Legalidade predatoacuteria ndash o novo contexto da exploraccedilatildeo madeireira

na Amazocircnia In MACQUEEN DJ (ed) Exportando sem crises a induacutestria de

madeira tropical brasileira e os mercados internacionais IIED Small and Medium

64

Enterprise Series London International Institute for Environment and

Development 1 37 ndash 52

Spiecker H 2002 Tree rings and forest management in Europe Dendrochronologia

20(1-2) 191 ndash 202

Stadtler EWC 2007 Estimativas de biomassa lenhosa estoque e sequumlestro de

carbono acima do solo ao longo do gradiente de inundaccedilatildeo em uma floresta de

igapoacute alagada por aacutegua preta na Amazocircnia Central MSc thesis INPAUFAM

Manaus BrazilStahle DW 1999 Useful strategies for the development of tropical

tree-ring chronologies IAWA Journal 20 249 ndash 253

Takeuchi M 1962 The structure of the amazonian vegetation VI Igapoacute Journal of the

Faculty Science University of Tokyo 8(4 ndash 7) 297-304

Ter Steege H Pitman N Sabatier D Castellanos H Vander Hout P Daly DC

Silveira M Phillips OL Vasquez R Van Andel T Duivenvoorden J De

Oliveira AA Ek R Lilwah R Thomas R Van Essen J Baider C Maas P

Mori S Terborgh J Nueacutez PV Mogolloacute n H Morawetz W 2003 A spatial

model of tree adiversity and b-density for the Amazon Region Biodiversityand

Conservation 12 2255 ndash 2277

Therrell MD Stahle DW Ries LP Shugart HH 2006 Tree-ring reconstructed

rainfall variability in Zimbabwe Climate Dynamics 26 677 ndash 685

Uhl C Barreto P Verissiacutemo A Vidal E Amaral P Barros AC Souza C Johns

J Gerwing J 1997 Natural Resource Management in the Brazilian Amazon

Bioscience 47(3) 160 ndash 168

Vidal E Viana VM Batista JLF 2002 Crescimento de floresta tropical trecircs anos

apoacutes colheita de madeira com e sem manejo florestal na Amazocircnia oriental

Scientia forestalis 61133-143

Waldholff D Junk WJ Furch B 1998 Responses of three Central Amazonian tree

species to drought and flooding under controlled conditions International Journal of

Ecological and Environments Sciences 24 237 ndash 252

Wittmann F amp Parolin P 1999 Phenology of six tree species from Central Amazonian

Vaacuterzea Ecotropica 5 51 ndash 57

65

Wittmann F Anhuf D Junk WJ 2002 Tree species distribution and community

structure of central Amazonian Vaacuterzea forests by remote-sensing techniques

Journal of Tropical Ecology 18 805 ndash 820

Wittmann F amp Junk WJ 2003 Sapling communities in Amazonian white-water forests

Journal of Biogeography 30(10) 1533 ndash 1544

Wittmann F Junk WJ Piedade MTF 2004 The Vaacuterzea forests in Amazonia

flooding and the highly dynamic geomorphology interact with natural forest

succession Forest Ecology and Management 196 199 ndash212

Wittmann F Schoumlngart J Montero JC Motzer T Junk WJ Piedade MTF

Queiroz HL Worbes M 2006a Tree species composition and diversity gradients

in white-water forests across the Amazon Basin Journal of Biogeography 33 1334

ndash 1347

Wittmann F Schoumlngart J Brito JM Oliveira Wittmann A Piedade MTF Parolin

P Junk WJ Guillaumet JL 2006b Manual of trees from Central Amazonian

vaacuterzea floodplains Taxonomy ecology and use Ed Valer (no prelo)

Whitmore TC 1990 An introduction to tropical rain forests Oxford University Press

New York

Worbes M 1985 Structural and other adaptations to long-term flooding by in Central

Amazonia Amazoniana 9 459 ndash 484

Worbes M 1989 Growth rings increment and age of trees in inundation forest

savannas and mountain forest in the neotropics IAWA Bulletin 10(2) 109 ndash 122

Worbes M 1995 How to measure growth dynamics in tropical trees mdash a review IAWA

Journal 16 337ndash 351

Worbes M 1997 The forest ecosystem of the floodplains In The central Amazon

Floodplain Ecology of a Pulsing system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg

New York 223 ndash 266

Worbes M 1999 Annual grow rings rainfall-dependent growth and long-term grgrowth

patterns of tropical trees from the Caparo Forest Reserve in Venezuela Journal of

Ecology 87 391 ndash 403

Worbes M 2002 One hundred years of tree-ring research in the tropics ndash a brief history

and an outlook to future challenges Dendrochronologia 20(1 ndash 2) 217 ndash 231

66

Worbes M amp Junk WJ 1999 How old are the trees The persistence of a myth

IAWA Journal 20(3) 255 ndash 260

Worbes M Kingle H Revilla JD Martius C 1992 On the dynamics floristic

subdivision and geographical distribuition of Vaacuterzea forests in Central Amazonia

Journal of Vegetation Science 3 553 ndash 569

Worbes M Piedade MTF Schoumlngart J 2001 Holzwirtschaft im Mamirauaacute-Projekt

zur nachhaltigen Entwicklung einer Region im Uumlberschwemmungsbereich des

Amazonas Forstarchiv 72 188 ndash 200

Worbes M Staschel R Roloff A Junk WJ 2003 The ring analysis reveals age

structure dynamics and wood production of a natural forest stand in Cameroon

Forest Ecology and Management 173 105ndash123

67

Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )

Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo

Page 6: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE

Resumo

A exploraccedilatildeo madeireira eacute uma importante atividade econocircmica em florestas alagaacuteveis de vaacuterzea da Amazocircnia Central No oeste da bacia Amazocircnica do Brasil e Peru o acesso a florestas de terra firme eacute restrita devido a ausecircncia de infra-estrutura de pavimentaccedilatildeo Cerca de 60 a 90 dos mercados regional e local satildeo provenientes de florestas alagaacuteveis Os custos da madeira em florestas alagaacuteveis satildeo mais baixos (US$ 673 mndash3) do que em florestas de terra firme (US$ 1432 mndash3) devido ao faacutecil acesso e ao baixo custo da exploraccedilatildeo Extraccedilatildeo de madeira eacute baseada em planos de manejo a utilizando-se ciclos de corte entre 25-35 anos e um diacircmetro limite de derrubada de 50 cm Anaacutelise de aneacuteis anuais (dendrocronologia) eacute uma poderosa ferramenta para determinar a idade das aacutervores e crescimento arboacutereo promovendo sistemas de manejo florestal sustentaacuteveis Este estudo teve como objetivo modelar padrotildees de crescimento de Hura crepitans L (Euphorbiaceae) Cedrela odorata L (Meliaceae) Ocotea cymbarum Mez (Lauraceae) and Sterculia elata Ducke (Malvaceae) espeacutecies de importacircncia comercial de vaacuterzea da Amazocircnia Central Baseados em padrotildees de crescimento especiacuteficos ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de derrubada satildeo estimados para subsidiar o desenvolvimento futuros de planos de manejo mais sustentaacuteveis na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute (RDSM) Para cada aacutervore foram selecionados 20 indiviacuteduos e feitas medidas do diacircmetro na altura do peito (DAP) com ge 10 cm e estimativas da altura das aacutervores Um total de 20 discos e 110 cilindros de 5 mm de diacircmetro foram coletados com broca dendrocronoloacutegica As amostras foram polidas em sequumlecircncia progressiva com lixas de papel e a estrutura anatocircmica da madeira foi descrita e analisada para a realizaccedilatildeo dos estudos dendrocronoloacutegicos As anaacutelises foram realizadas no Laboratoacuterio de Dendrocronologia do Projeto INPAMax-Planck em Manaus A determinaccedilatildeo da idade foi feita por contagem direta dos aneacuteis e taxas de incremento radial foram geradas por mediccedilotildees da largura dos aneacuteis com o sistema de anaacutelise digital com precisatildeo de 001 mm (LINTAB) Baseado nos dados da idade diacircmetro e altura das aacutervores modelos de crescimento foram desenvolvidos para cada espeacutecie com base em relaccedilotildees significativas entre idade e diacircmetro e diacircmetro e altura pra estimar o crescimento em volume O diacircmetro no incremento em volume maacuteximo corrente foi definido como o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) O DMD das espeacutecies estudadas variou entre 376 cm (C odorata) e 1288 cm (H crepitans) O ciclo de corte foi estimado pela passagem meacutedia de tempo de uma classe de diacircmetro de 10 cm ateacute alcanccedilar o DMD Ciclos de corte variaram entre 97 anos (H crepitans e S elata) e 120 anos (C odorata) valores muito menores do que o atualmente aplicado nas praacuteticas de manejo baseadas na legislaccedilatildeo florestal e instruccedilatildeo normativa expedida pelo IBAMA Os resultados indicam que as atuais praacuteticas manejo de florestas satildeo ineficientes para o manejo de estoques madeireiros das espeacutecies comerciais estudadas Planos de manejo devem considerar as taxas de crescimento especificas para garantir a sustentabilidade do manejo de florestas

v

Abstract Timber harvesting is an important economic activity in nutrient-rich floodplain forests (vaacuterzea) of Central Amazonia In the Western Amazon basin of Brazil and Peru access to terra firme forests is restricted due to the absence of a road network Still 60ndash90 of the local and regional markets are provided with timber obtained from the floodplain forests Costs for logging are lower in the floodplain forests (US$ 673 mndash3) as in the non-flooded terra firme forests (US$ 1432 mndash3) due to the easier access and lower energy costs Timber harvesting is based on a forest management plan applying felling cycles of 25-35 year an diameter cutting limits of 50 cm Tree-ring analysis (dendrochronology) is a powerful tool to determine tree ages and wood growth providing data for long-term growth patterns and forest dynamic as a basis for the development of sustainable forest management systems This study aims to model growth patterns of Hura crepitans L (Euphorbiaceae) Cedrela odorata L (Meliaceae) Ocotea cymbarum Mez (Lauraceae) and Sterculia elata Ducke (Malvaceae) tree species of commercial importance in the central Amazonian vaacuterzea Based on the growth patterns species-specific felling cycles and minimum logging diameter are estimated to support the development of future management plans towards sustainability in the Mamirauaacute Reserve of Sustainable Development (MRSD) From every tree species tree heights and diameter at breast height ge 10cm were measured from 20 individuals A total of 20 stem disks and 110 cores of 5 mm diameter were collected using an increment borer The cores were progressively polished with sanding paper to describe and analyze wood anatomical patterns as a key for a successful dendrochronological study The analyses were performed in the Dendrochronology Laboratory of INPAMax-Planck project in Manaus Tree age was determined by ring-counting and diameter increment rates were determined by ring-width measurements using a digital measuring device (LINTAB) Based on the data set of tree age diameter and tree height growth models were developed for each species based on significant age-diameter and diameter-height relationships to estimate volume growth The diameter of the maximum current volume increment was defined as minimum logging diameter (MLD) The MLD of the studied tree species varied between 376 cm (C odorata) and 1288 cm (H crepitans) The felling cycle was estimated by the mean passage time of 10 cm diameter classes until reaching the derived MLD Felling cycles varied between 97 years (H crepitans and S elata) and 120 years (C odorata) much lower than applied in the current management practices based on forest legislation and normative instruction of the Brazilian Environmental Agencies (IBAMA) The results indicate that current forest management practices are inefficient to manage the timber stocks of the studied commercial tree species Management plans must consider species-specific growth rates to guarantee a sustainable forest management

vi

Abreviaccedilotildees

Ab ndash Aacuterea basal

Bio ndash Biomassa acima do solo

CC ndash Ciclo de corte

CrC ndash Crescimento cumulativo

DAP ndash Diacircmetro acima da altura do peito

Den ndash Densidade da madeira em gcm3

DMD ndash Diacircmetro miacutenimo de derrubada

f ndash Fator de correccedilatildeo

FFT ndash Fundaccedilatildeo Floresta Tropical

h ndash altura

IBAMA ndash Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IC ndash Incremento corrente

IDSM ndash Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute

IM ndash Incremento meacutedio

INPA ndash Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia

IPAAM ndash Instituto de Proteccedilatildeo Ambiental do Amazonas

MMA ndash Ministeacuterio do Meio Ambiente

MFC ndash Manejo Florestal Comunitaacuterio

PMFS ndash Plano de Manejo Florestal Simplificado

PPG7 ndash Programa Piloto para a Proteccedilatildeo das Florestas Tropicais do Brasil

RDSA ndash Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Amanaacute

RDSM ndash Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute

SEMA ndash Secretaria Estadual do Meio Ambiente

t ndash Tempo

UNESCO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura

V ndash Volume

vii

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 4

21 Dendrocronologia nos troacutepicos 4

22 As florestas de vaacuterzea 7

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea 10

3 OBJETIVOS 13

31 Objetivo Geral13

32 Objetivos especiacuteficos13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS14

41 Aacuterea de estudos 14

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies15

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos 19

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos 20

5 RESULTADOS 25

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira 25

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies 28

6 DISCUSSAtildeO 39

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira 39

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo40

63 Estrateacutegias de manejo florestal 45

64 Desafios futuros52

7 CONCLUSOtildeES 53

8 REFEREcircNCIAS 55

viii

Lista de figuras

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da

largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)24

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial 27

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura 30

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata 31

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura 32

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura33

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans 34

Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie 36

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura) 38

Figura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999 a 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM 49

ix

1 INTRODUCcedilAtildeO

As florestas tropicais apresentam grande importacircncia na promoccedilatildeo de habitats

para metade das espeacutecies do planeta atuando na manutenccedilatildeo da biodiversidade

ciclagem de aacutegua e nos ciclos biogeoquiacutemicos (Fearnside 1999) Contudo por mais de

3 deacutecadas vem sofrendo grandes pressotildees pelo aumento das taxas de desmatamento

(Achard et al 2002 Lambin et al 2003) causadas principalmente pela conversatildeo de

floresta para pastagem e agricultura (Alencar et al 2001 Margulis 2003) extraccedilatildeo de

madeira natildeo sustentada (Nepstad et al 2001 Asner et al 2005) e investimentos em

pavimentaccedilatildeo e infra-estrutura (Carvalho et al 2001) Essas mudanccedilas na cobertura

florestal tecircm levado a comunidade cientiacutefica a buscar alternativas para a conservaccedilatildeo e

uso sustentaacutevel dos recursos naturais de florestas tropicais (Boot amp Gullison 1995

Hartshorn 1995 Putz et al 2001)

A floresta Amazocircnica eacute a maior floresta tropical uacutemida do planeta (Sioli amp Klinge

1962 Sioli 1991) dos quais 6 correspondem a florestas de aacutereas alagaacuteveis (Prance

1980) Estas satildeo classificadas em vaacuterzea e igapoacute (Prance 1980) e se destacam por um

distinto sistema edaacutefico associado ao tipo de aacuteguas a que estatildeo sujeitas (Prance

1989) com dinacircmica altamente influenciada pelo pulso anual de inundaccedilatildeo (Junk et al

1989 Schoumlngart et al 2004 2005) As florestas de vaacuterzea sofrem influecircncia de rios de

aacuteguas barrentas (Furch 1984) capazes de transportar uma grande quantidade de

nutrientes atraveacutes de sedimentos oriundos de erosotildees ocorrendo nos Andes e encostas

Preacute-andinas (Sombroek 1979 Ayres 1993 Irion et al 1997)

A riqueza de nutrientes e relativa fertilidade dos solos (Furch 1997) conferem a

estes ecossistemas de vaacuterzea um caraacuteter de importacircncia econocircmica sendo um atrativo

1

para a colonizaccedilatildeo humana durante os uacuteltimos seacuteculos (Parolin 2002) Frequumlentemente

satildeo utilizadas para as praacuteticas de agricultura de subsistecircncia sendo importante fonte de

proteiacutenas para as populaccedilotildees ribeirinhas por meio da pesca e caccedila (Sioli 1984 Junk

1989) e para a extraccedilatildeo de produtos madeireiros e natildeo-madeireiros (Junk amp Piedade

1997 Ohly 2000 Ribeiro et al 2004 Gama et al 2005) Estes fatores influenciam na

alta densidade populacional encontrada neste ecossistema considerando-se outras

regiotildees da Amazocircnia (Denevan 1976 IBGE 2000)

O setor madeireiro tem papel de destaque nestas regiotildees A alta abundacircncia de

certas espeacutecies madeireiras (Wittmann et al 2006a) aliada agrave facilidade de acesso aos

recursos o tipo de operaccedilatildeo de extraccedilatildeo derrubada arraste e transporte atraveacutes dos

rios reduzem os custos da madeira extraiacuteda das vaacuterzeas com relaccedilatildeo agrave extraccedilatildeo de

florestas de terra firme (Higuchi et al 1994 Barros amp Uhl 1995 1999 Uhl et al 1997

Schoumlngart et al 2007)

Ateacute o final de 1990 cerca de 80 da madeira encontrada no mercado brasileiro

era de origem ilegal (Smeraldi 2003) Nos uacuteltimos anos a grande pressatildeo exercida

pela extraccedilatildeo predatoacuteria da madeira aliada ao surgimento de novas alternativas de uso

da terra levaram a necessidade de elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo florestal e

conservaccedilatildeo das florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Schoumlngart et al 2007) Recentemente

programas de manejo florestal tecircm sido implementados com o intuito de proteccedilatildeo e

conservaccedilatildeo das vaacuterzeas amazocircnicas tais como os projetos Proacute-Vaacuterzea e PPG7

(Schoumlngart et al 2008a)

Atualmente os planos de manejos na Amazocircnia Brasileira tecircm como base o

Coacutedigo Florestal no 4711 15 de setembro de 1965 fundamentado em um sistema

policiacuteclico o qual estabelece um diacircmetro limite de corte e a extraccedilatildeo da madeira

2

realizada em intervalos de anos em uma dada aacuterea (ciclo de corte) A aacuterea a ser maneja

eacute dividida em talhotildees de aproximadamente tamanho correspondendo ao nuacutemero de

anos do ciclo de corte (Lamprecht 1989 De Graaf et al 2003)

Este modelo de manejo florestal eacute caracterizado por ocasionar superexploraccedilatildeo

e subutilizaccedilatildeo do potencial madeireiro por natildeo considerar as variaccedilotildees nas taxas de

crescimento entre espeacutecies entre diferentes habitats e ao longo dos anos (Schoumlngart

2003 Brienen amp Zuidema 2006) Espeacutecies de madeira branca com taxas de

crescimento raacutepido podem alcanccedilar o limite de diacircmetro para corte antes do tempo

estabelecido enquanto que espeacutecies de madeira pesada levam maior tempo para

atingir este diacircmetro de derrubada (Schoumlngart 2003 Schoumlngart et al 2003 2007

Brienen amp Zuidema 2007)

A Instruccedilatildeo Normativa (IN) ndeg 5 de 11 de dezembro de 2006 abre caminhos para

modificaccedilotildees do manejo florestal atual O ciclo de corte varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3 por ha ao ano no Plano de Manejo Florestal Simplificado

(PMFS) Pleno No PMFS de baixa intensidade foi estabelecido um ciclo de corte inicial

de 10 anos com volume de extraccedilatildeo de ateacute 10 msup3 por ha Na vaacuterzea a produccedilatildeo pode

exceder 10 msup3 por ha ao ano poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3 aacutervores por ha Esta

nova IN requer o estabelecimento de modelos especiacuteficos para cada espeacutecie onde o

limite de diacircmetro para corte eacute determinado a partir de criteacuterios ecoloacutegicos e teacutecnicos

Caso contraacuterio um diacircmetro de corte de 50 cm eacute estabelecido

Estimativas da produccedilatildeo de madeira considerando-se a variaccedilatildeo no crescimento

arboacutereo entre as espeacutecies satildeo necessaacuterias para garantir o contiacutenuo suprimento e

manutenccedilatildeo dos sistemas de manejo de florestas naturais (Brienen amp Zuidema 2007)

Neste sentido a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira (dendrocronologia) vem a ser uma

3

importante ferramenta na elaboraccedilatildeo de sistemas de exploraccedilatildeo sustentada

fornecendo modelos de crescimento e idade da madeira (Worbes et al 2001 Worbes

2002 Duumlnisch et al 2003 Schoumlngart et al 2003 2007 Brienen amp Zuidema 2005)

proporcionando opccedilotildees de manejo mais especiacuteficas e efetivas com benefiacutecios para as

populaccedilotildees futuras

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Dendrocronologia nos troacutepicos

Os aneacuteis de crescimento na madeira de espeacutecies das regiotildees temperadas

configuram o incremento radial os quais anualmente satildeo incorporados ao tronco das

aacutervores Cada anel possui duas partes distintas lenho inicial e lenho tardio O primeiro

corresponde ao crescimento arboacutereo no iniacutecio do periacuteodo vegetativo quando as plantas

reativam as atividades fisioloacutegicas O lenho tardio eacute formado no final do periacuteodo

vegetativo com a reduccedilatildeo das atividades e modificaccedilatildeo da estrutura celular com

espessamento das paredes e reduccedilatildeo do lume (Fritts 1976) A queda das atividades

celulares ocorre como resposta as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento arboacutereo em

decorrecircncia da reduccedilatildeo da temperatura (Schweingruber 1988)

Leonardo da Vinci durante o seacuteculo 15 foi o primeiro a reconhecer a existecircncia

de aneacuteis anuais na madeira em ramos de pinheiros relacionando-os a idade da aacutervore

e seu padratildeo de espessura com anos mais ou menos secos (Schweingruber 1988) Jaacute

no seacuteculo 19 diversas pesquisas demonstravam que as baixas temperaturas dos

invernos rigorosos em regiotildees temperadas satildeo um fator limitante no crescimento da

4

madeira (Worbes 1995) Contudo somente no iniacutecio do seacuteculo 20 a existecircncia de aneacuteis

anuais nos troacutepicos foi descoberta e algumas deacutecadas depois foi questionada (Worbes

amp Junk 1999) Muitos acreditavam na ausecircncia de aneacuteis anuais nos troacutepicos devido agrave

limitada sazonalidade (Schweingruber 1988) e temperatura quase constante

(Whitmore 1990) Este mito eacute ainda mantido por alguns autores (Lieberman et al

1985 Whitmore 1990) mesmo verificando-se que a distribuiccedilatildeo sazonal das chuvas na

maioria das regiotildees tropicais ocasiona uma distinta estaccedilatildeo seca (Worbes 1999)

Alguns autores enfatizam os problemas relacionados agrave formaccedilatildeo de aneacuteis anuais

na madeira nos troacutepicos Estudos tecircm registrado a formaccedilatildeo de dois aneacuteis por ano em

regiotildees apresentando duas estaccedilotildees de seca distintas (Gourlay 1995) formaccedilatildeo de

aneacuteis intra-anuais ou falsos aneacuteis em resposta a padrotildees irregulares de chuvas com

seca excepcional durante a estaccedilatildeo chuvosa (Borchert et al 2002) ou ainda a

formaccedilatildeo de aneacuteis irregulares na madeira de espeacutecies tropicais (Sass et al 1995)

Contudo a existecircncia de aneacuteis de crescimento nos troacutepicos tem sido registrada

em mais de 20 paiacuteses tropicais sendo que muitos estudos tecircm comprovado a

anualidade na formaccedilatildeo dos aneacuteis por mais de 100 anos (Worbes 2002) Foram

descritos para estas regiotildees diferentes padrotildees de aneacuteis anuais por Coster (19271928)

e classificados por Worbes (1995) como 4 tipos principais variaccedilotildees na densidade da

madeira faixas de parecircnquima marginal alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima e

variaccedilotildees na densidade dos vasos

Em regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o ritmo de crescimento das aacutervores

eacute determinado pelo pulso de inundaccedilatildeo (Worbes 1985) Durante o alagamento as

raiacutezes sofrem condiccedilotildees anoacutexicas acarretando reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a

copa das aacutervores e consequumlente reduccedilatildeo do metabolismo o que resulta em dormecircncia

5

cambial e a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira (Worbes 1989 Schoumlngart et al

2002) Diversas pesquisas tecircm evidenciado a presenccedila de aneacuteis anuais nas regiotildees de

aacutereas alagaacuteveis nos troacutepicos (Worbes 1989 Dezzeo et al 2003 Schoumlngart et al

2002 2004 2005)

Existem diferentes meacutetodos de investigaccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira

classificados em destrutivos e natildeo destrutivos (Worbes 1995) Meacutetodos natildeo destrutivos

podem ser feitos a partir de investigaccedilotildees fenoloacutegicas medidas repetidas do diacircmetro e

medida da atividade cambial por mensuraccedilatildeo da resistecircncia eleacutetrica na zona cambial

Feridas cambiais (Janelas de Mariaux) dataccedilatildeo por radiocarbono cicatrizes

provocadas por fogo em anos conhecidos ou injurias na madeira densitometria por raio

ndash X variaccedilotildees nas concentraccedilotildees de isoacutetopos estaacuteveis e contagem direta dos aneacuteis satildeo

meacutetodos destrutivos de constataccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira (Worbes

1995 2002) Todos estes meacutetodos foram utilizados independentemente para indicar a

ocorrecircncia de aneacuteis anuais no xilema de espeacutecies arboacutereas nas vaacuterzeas

Dentre estes meacutetodos a contagem direta dos aneacuteis anuais se destaca pela

obtenccedilatildeo de estimativas acuradas da idade das aacutervores e dados de longos periacuteodos de

crescimento da madeira (Bormann amp Berlyn 1981 Eckstein et al 1995) Informaccedilotildees

estas uacuteteis para o entendimento da dinacircmica da floresta (Enright amp Hartshorn 1981

Worbes 2002) desenvolvimento de sistemas de manejo florestal e estrateacutegias de

conservaccedilatildeo das espeacutecies (Stahle et al 1999 Worbes et al 2003)

O padratildeo de crescimento ao longo do tempo atua como um arquivo de dados e

contribui com informaccedilotildees sobre as mudanccedilas nas condiccedilotildees ambientais (Spiecker

2002) relaccedilotildees entre o clima e o crescimento arboacutereo (Enquist amp Leffler 2001 Nutto amp

6

Watzlawick 2002 Fichtler et al 2004 Schoumlngart et al 2006 Therrell et al 2006) e

sequumlestro de carbono na biomassa da madeira (Schoumlngart 2003)

22 As florestas de vaacuterzea

Junk et al (1989) definiram como aacutereas alagaacuteveis aquelas cuja inundaccedilatildeo eacute

promovida por um fluxo lateral dos rios e lagos eou precipitaccedilatildeo direta ou sobre as

aacuteguas um fenocircmeno perioacutedico que influencia na dinacircmica das comunidades e acarreta

um longo periacuteodo de adaptaccedilotildees e evoluccedilatildeo de espeacutecies endecircmicas Na regiatildeo

amazocircnica as aacutereas inundaacuteveis satildeo recobertas por florestas de vaacuterzea e igapoacute sendo

que as florestas de vaacuterzea abrangem uma aacuterea de 50-75 e satildeo consideradas o tipo

de vegetaccedilatildeo inundaacutevel mais importante destas regiotildees (Wittmann et al 2002)

As florestas alagaacuteveis sofrem esta alternacircncia anual entre fase terrestre e

aquaacutetica a qual vem ocorrendo haacute milhotildees de anos leva ao desenvolvimento de

adaptaccedilotildees de caraacuteter morfoloacutegico anatocircmico fisioloacutegico etoloacutegico e fenoloacutegico nas

espeacutecies que vivem nestes ambientes inundados anualmente (Ferreira 1991 Kubitzki

amp Zibursk 1994 Waldhoff et al 1998 Wittmann amp Parolin 1999 Piedade et al 2000

Parolin et al 2004)

Muitas espeacutecies respondem as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento durante

a fase de alagamento apresentando adaptaccedilotildees na forma de produccedilatildeo de raiacutezes

adventiacutecias desenvolvimento de vias alternativas metaboacutelicas e permanecircncia da

atividade fotossinteacutetica (De Simone et al 2003) estrateacutegias de toleracircncia ou escape ao

alagamento pelas placircntulas (Parolin 2002) ou ainda armazenamento de aacutegua no caule

(Schoumlngart et al 2002) Cada espeacutecie responde a este fenocircmeno de forma

7

diferenciada podendo ser visualizada atraveacutes dos diversos padrotildees fenoloacutegicos

encontrados nas aacutereas alagaacuteveis (Schoumlngart et al 2002) O alagamento anual causa

condiccedilotildees anaeroacutebicas nas raiacutezes levando a reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a copa

das aacutervores o que ocasiona estresse hiacutedrico e perda de folhas Como resultado a

planta entra em dormecircncia cambial

As diferentes estrateacutegias adaptativas associadas com diferentes niacuteveis de

toleracircncia ao alagamento refletem a influecircncia exercida pelo periacuteodo e niacutevel de

alagamento aos quais as plantas estatildeo sujeitas resultando numa zonaccedilatildeo de espeacutecies

caracteriacutestica nas aacutereas alagaacuteveis (Takeuchi 1962 Revilla 1981 Piedade 1985

Worbes et al 1992 Worbes 1997 Wittmann et al 2002 2004)

A dinacircmica sucessional em florestas de vaacuterzea da Amazocircnia foi descrita por

Worbes et al (1992) Estaacutegios iniciais de sucessatildeo primaacuteria e secundaacuteria apresentam

estratos monoespeciacuteficos com espeacutecies de crescimento raacutepido e baixa densidade da

madeira as quais natildeo alcanccedilam grandes idades Por meio do processo de sucessatildeo

natural ocorrem substituiccedilotildees de espeacutecies e formaccedilatildeo de estaacutegios tardios onde

observa-se uma maior complexidade nos extratos arboacutereos e diversidade de espeacutecies

diminuiccedilatildeo da taxa de incremento radial e acuacutemulo de biomassa (Worbes 1992

Schoumlngart et al 2003)

Ao longo da sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais existe um aumento da

densidade da madeira das aacutervores e decreacutescimo das taxas de incremento em diacircmetro

aumento da diversidade de espeacutecies o que implica mudanccedilas de estratos mais

homogecircneos de estaacutegios sucessionais iniciais para extratos mais complexos

caracterizados pelo aumento da altura das aacutervores tamanho e aacuterea da copa (Wittmann

et al 2002 Schoumlngart et al 2003)

8

Esta zonaccedilatildeo de espeacutecies em florestas de vaacuterzea ao longo do gradiente

topograacutefico (Junk 1989 Ayres 1993) e sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais (Worbes

1997) leva a formaccedilatildeo de dois habitats significativamente diferentes os quais satildeo

denominados vaacuterzea alta e vaacuterzea baixa (Wittmann et al 2002) A primeira caracteriza-

se por alagamento de menos de 3 m por ano na meacutedia apresentando aumento da

diversidade e complexidade da arquitetura com o aumento da idade resultando de

processo sucessional natural de florestas tardias de vaacuterzea baixa sendo considerada

representante de estaacutegio cliacutemax A vaacuterzea baixa apresenta diferentes estaacutegios de

sucessatildeo natural e eacute alagada por mais de 3 m por ano (Wittmann et al 2002) sendo

que a complexidade de estrutura e composiccedilatildeo da floresta tende a aumentar com a

reduccedilatildeo do niacutevel e duraccedilatildeo do alagamento

A grande variedade de habitats e multiplicidade de adaptaccedilotildees resultam numa

grande diversidade de espeacutecies arboacutereas dentro das aacutereas alagaacuteveis (Junk 1989)

atingindo 1000 espeacutecies registradas para florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Wittmann et al

2006a) A alta diversidade nestas aacutereas estaacute relacionada ao niacutevel e periacuteodo das cheias

e aumenta com diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo de inundaccedilatildeo (Wittmann amp Junk 2003 Worbes

et al 1992 Piedade et al 2005) Entretanto florestas de vaacuterzea possuem diversidade

de espeacutecies menor se comparada com florestas de terra firme da mesma regiatildeo (Ayres

1993)

Wittmann et al (2006a) afirmam que nas florestas de vaacuterzea a diversidade de

espeacutecies tambeacutem aumenta no sentido leste ndash oeste dentro da Bacia Amazocircnica Este

padratildeo parece similar ao encontrado para florestas de terra firme na mesma regiatildeo

geograacutefica (Ter Steege et al 2003) corroborando com a hipoacutetese de formaccedilatildeo de uma

zona de transiccedilatildeo que permite a migraccedilatildeo das espeacutecies de florestas de terra firme para

9

florestas alagaacuteveis de vaacuterzea alta (Wittmann et al 2006a) Esta hipoacutetese eacute estabelecida

pela elevada similaridade floriacutestica encontrada entre a vaacuterzea alta e terra firme

As florestas de vaacuterzea alta compreendem cerca de 10 da cobertura florestal

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996 Wittmann et al 2002) no entanto satildeo as florestas

mais ameaccediladas pela accedilatildeo antroacutepica sendo frequumlentemente utilizadas para moradia e

substituiccedilatildeo das aacutereas de floresta para atividades de agricultura e pecuaacuteria

Apresentam alta abundacircncia de espeacutecies madeireiras e estatildeo sendo ameaccediladas por

praacuteticas insustentaacuteveis de manejo (Ayres 1993 Worbes et al 2001)

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea

Atualmente dentro da Bacia Amazocircnica de aproximadamente 350 espeacutecies

madeireiras encontradas cerca de 34 tambeacutem ocorrem em florestas de vaacuterzea

(Martini et al 1998) outras satildeo restritas a este tipo de ecossistema Pela falta de infra-

estrutura em estradas de 60 a 80 da madeira extraiacuteda na Amazocircnia Ocidental e

Peru tecircm origem a partir deste tipo de floresta inundaacutevel (Higuchi et al 1994 Nebel amp

Kvist 2001 Worbes et al 2001) Em 2000 somente no Estado do Amazonas

aproximadamente 75 da madeira para induacutestria de laminados e compensados teve

origem em florestas alagaacuteveis (Lima et al 2005)

O preccedilo da madeira de espeacutecies com densidade abaixo de 060 gcm3 (madeira

branca) no Meacutedio Rio Solimotildees variou entre R$ 075-600 por m3 para Hura crepitans

L (Euphorbiaceae) e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae) enquanto que

espeacutecies de madeira densa acima de 060 gcm3 (madeira pesada) como Ocotea

cymbarum Mez (Lauraceae) Copaifera sp (Fabaceae) e Piranhea trifoliata Baill

10

(Euphorbiaceae) foram negociadas por R$ 288-1290 por m3 no periacuteodo de 1993 a

1995 (Worbes et al 2001) O primeiro grupo eacute frequumlentemente utilizado em induacutestrias

de laminados e compensados enquanto que as espeacutecies de madeira densa satildeo muito

utilizadas na construccedilatildeo de casas barcos e moacuteveis (Albernaz amp Ayres 1999) Com a

implementaccedilatildeo de manejo sustentaacutevel controlado e autorizado pelo IBAMA e IPAAM

os preccedilos da madeira subiram consideravelmente atingindo valores de ateacute R$ 6200

por m3 no ano de 2007 ao longo do Meacutedio Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a)

Um inventaacuterio florestal realizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel

Mamirauaacute (RDSM) abrangendo uma aacuterea de 342 ha de florestas de vaacuterzea encontrou

122 espeacutecies madeireiras por ha com diacircmetro limite de corte acima de 45 cm

(Schoumlngart et al 2008a) Das espeacutecies inventariadas as mais encontradas dentre as

madeiras brancas foram H crepitans e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae)

Das madeiras pesadas O cymbarum Mez (Lauraceae) Calycophyllum spruceanum

(Benth) Hookf ex KSchum (Rubiaceae) foram as mais abundantes

Dados do Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel de Mamirauaacute (IDSM) do

manejo florestal comunitaacuterio (MFC) de 2003 mostram que 42 do nuacutemero de toras e

60 do volume extraiacutedo na reserva pertencem agrave H crepitans Esta espeacutecie somada a

O cymbarum e C subsessilis corresponde a quase 70 do volume em metros cuacutebicos

de madeira extraiacuteda

A atividade madeireira em florestas de vaacuterzea se restringe a poucas espeacutecies

(Schoumlngart 2003) e a ausecircncia de dados de regeneraccedilatildeo e crescimento aliados a

exploraccedilatildeo inadequada da madeira tecircm levado agrave reduccedilatildeo das populaccedilotildees de algumas

destas espeacutecies chegando a praticamente desaparecer dos mercados regionais

(Higuchi et al 1994 Worbes et al 2001) Espeacutecies como Cedrela odorata L

11

(Meliaceae) Platymiscium ulei Harms (Fabaceae) Virola spp (Myristicaceae) Ceiba

pentandra (L) Gaerth (Malvaceae) foram substituiacutedas por O cymbarum C

spruceanum H crepitans e C guianensis (Albernaz amp Ayres 1999 Anderson et al

1999 Worbes et al 2001 Lima et al 2005)

Dentro da RDSM o manejo florestal se caracteriza por sistema policiacuteclico com

ciclo de corte de 25 anos e diacircmetro limite de corte de 45 cm Inicialmente deve ser feito

um inventaacuterio florestal de todas as espeacutecies madeireiras com diacircmetro ge 20 cm e as

extraccedilotildees se limitam a 5 aacutervores por ha que se encontram acima do diacircmetro de corte

Cerca de 10 das aacutervores acima do limite de diacircmetro devem permanecer nas aacutereas

como porta-sementes com o intuito de garantir a regeneraccedilatildeo das espeacutecies exploradas

Aproximadamente 12 da cobertura florestal da RDSM pertence a florestas de

vaacuterzea alta onde a abundacircncia de espeacutecies de valor econocircmico eacute alta (Wittmann et al

2002) e contribuem para o fornecimento de produtos madeireiros para o mercado local

regional e internacional (Wittmann et al 2004) Schoumlngart et al (2007) afirmam que as

espeacutecies mais exploradas na reserva satildeo O cymbarum C spruceanum e P trifoliata

(espeacutecies de madeira densa) assim como Ficus insipida Willd (Moraceae) H

crepitans Maquira coriacea (Karsten) CCBerg (Moraceae) (espeacutecies de madeira

branca)

Este estudo analisa e modela padrotildees de crescimento de quatro espeacutecies

aacuterboreas de interesse comercial de baixa densidade de madeira (madeira branca) e alta

densidade de madeira (madeira pesada) exploradas dentro da RDSM Deste modelos

criteacuterios como DMD e ciclo de corte satildeo derivados e discutidos no contexto das atuais

normas de manejo florestal na Amazocircnia pela legislaccedilatildeo brasileira

12

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Modelar padrotildees de crescimento da madeira de H crepitans C odorata O

cymbarum e S elata espeacutecies de importacircncia econocircmica na exploraccedilatildeo madeireira

das florestas de vaacuterzea da Amazocircnia para definir ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de

derrubada (DMD) especiacuteficos subsidiando futuros planos de manejo florestal

sustentaacutevel dentro da RDSM

32 Objetivos especiacuteficos

a Descriccedilatildeo da anatomia da madeira

b Determinaccedilatildeo da idade das aacutervores

c Determinaccedilatildeo das taxas de incremento em diacircmetro altura volume e biomassa

d Estimativa de ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de derrubada para definir criteacuterios

de manejo para cada uma das espeacutecies

13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS

41 Aacuterea de estudos

A aacuterea de estudos compreende a Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Mamirauaacute (RDSM) a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo na categoria de reserva

sustentaacutevel e primeira existente no ecossistema de vaacuterzea Sua criaccedilatildeo eacute resultado de

solicitaccedilatildeo encaminhada em 1985 pelo bioacutelogo Dr Joseacute Maacutercio Ayres ao oacutergatildeo

responsaacutevel na eacutepoca SEMA ndash Secretaria Especial de Meio Ambiente (Queiroz 2005)

A RDSM eacute dividida em duas aacutereas principais aacuterea focal (cerca de 260000 ha)

onde se desenvolvem desde 1991 atividades baseadas em pesquisas

socioeconocircmicas e ecoloacutegicas incluindo pesca agricultura agroflorestal e ecoturismo

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996) e aacuterea subsidiaacuteria (cerca de 878000 ha) a qual seraacute

manejada progressivamente A aacuterea focal eacute por sua vez subdividida em zona de

proteccedilatildeo permanente zona de ecoturismo e zona destinada ao manejo sustentaacutevel de

recursos naturais

Dentro da aacuterea focal existem nove unidades ou setores de controle do uso dos

recursos naturais denominadas Mamirauaacute Jarauaacute Tijuaca Boa Uniatildeo do Meacutedio

Japuraacute Aranapuacute Barroso Horizonte Liberdade e Ingaacute As atividades econocircmicas

realizadas pelas comunidades dentro dos setores se dividem em produccedilatildeo de farinha

pesca e exploraccedilatildeo da madeira as quais satildeo influenciadas pelo niacutevel de inundaccedilatildeo

anual (Albernaz amp Ayres 1999)

A RDSM estaacute situada na regiatildeo do meacutedio Solimotildees na confluecircncia dos rios

Solimotildees e Japuraacute entre as bacias do rio Solimotildees e Negro Sua porccedilatildeo mais a leste

14

fica nas proximidades da cidade de Tefeacute no Estado do Amazonas Sua vizinha RDS

Amanatilde liga a RDSM ao Parque Nacional do Jauacute (Schoumlngart et al 2005) Estas trecircs

unidades juntas constituem um bloco de floresta tropical com cerca de 6000000 ha

protegidos oficialmente Formam o embriatildeo do Corredor Central da Amazocircnia

(MMAPPG7) e da Reserva da Biosfera da Amazocircnia Central (MaBUnesco) e

compotildeem um Siacutetio Natural do Patrimocircnio Mundial (UnescoIUCN) (Queiroz 2005 Ayres

et al 2005)

Possui clima caracterizado por uma meacutedia de temperatura diaacuteria de 269 ordmC e

precipitaccedilatildeo anual de aproximadamente 3000 mm apresentando uma estaccedilatildeo seca

distinta (julho-outubro) O niacutevel de flutuaccedilatildeo meacutedia da aacutegua do Rio Japuraacute durante 1993

ndash 2000 foi de 1138 m (Wittmann amp Junk 2003 Schoumlngart et al 2005)

Aproximadamente 92 da cobertura vegetal abrangendo a aacuterea focal da reserva eacute

composta por florestas de vaacuterzea baixa constituiacuteda por diferentes estaacutegios

sucessionais e somente cerca de 8 corresponde a florestas de vaacuterzea alta (Wittmann

et al 2002)

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies

421 Cedrela odorata L (Meliaceae)

Popularmente conhecida como cedro cedro branco cedro cheiroso ou cedro

mogno apresenta tronco com casca de cheiro bastante caracteriacutestico rugosa com

fissuras transversais vermelho-alaranjadas Apresenta base reta ou com raiacutezes

tabulares e suas flores satildeo brancas em inflorescecircncias terminais (Wittmann et al

15

2006b) Os frutos capsulares quando maduros se abrem liberando de 40 a 50

sementes aladas as quais satildeo dispersas pelo vento (Cintron 1990 Wittmann et al

2006b)

Encontrada em toda a Amazocircnia embora com baixa frequumlecircncia ocorre desde as

Iacutendias Ocidentais as grandes e pequenas Antilhas ateacute Trinidad e Tobago sendo

encontrada tambeacutem no Meacutexico Equador Peru e Guianas (Cintron 1990) Eacute tipicamente

deciacutedua sendo encontrada em extrato superior de vaacuterzea alta e ocupando estaacutegio

sucessional secundaacuterio tardio

Apresenta madeira moderadamente pesada variando entre 044 a 060 gcm3 O

floema eacute avermelhado com cerne variando do castanho claro ao bege rosado escuro e

alburno amarelo apresentando cheiro aromaacutetico (Loureiro amp Silva 1968)

Aleacutem da sua importacircncia como espeacutecie madeireira na fabricaccedilatildeo de moacuteveis

construccedilatildeo civil e naval embalagens e instrumentos musicais a casca do cedro eacute

aproveitada na medicina popular como tocircnica adstringente e febriacutefuga (Loureiro amp

Silva 1968 Wittmann et al 2006b)

422 Sterculia elata Ducke (Malvaceae)

Conhecida popularmente como tacacazeiro xixaacute chicaacute da mata ou manduvi

cujos frutos apresentam uma coloraccedilatildeo avermelhada quando maduros sendo

organizados em 5 foliacuteculos com uma sutura ventral cada um Os frutos satildeo apocaacuterpios

e as flores estatildeo organizadas em inflorescecircncias terminais amarelas a purpuacutereas

(Wittmann et al 2006b)

16

Apresenta distribuiccedilatildeo nos neo-troacutepicos compreendendo o Sul do Meacutexico e

Ameacuterica Central Norte do Brasil Pantanal e Peru ocupando extrato superior e

emergente de vaacuterzea alta Eacute uma espeacutecie deciacutedua de estaacutegio sucessional secundaacuterio

tardio

Apresenta madeira de densidade meacutedia de 047 gcm3 cujo floema tem coloraccedilatildeo

marrom escura e o alburno eacute marrom claro A madeira eacute muito utilizada para confecccedilatildeo

de embalagens palitos foacutesforos compensados e troncos para canoas As sementes

oleaginosas satildeo comestiacuteveis A aacutervore eacute frequumlentemente utilizada para ornamentaccedilatildeo

(Wittmann et al 2006b)

423 Hura crepitans L (Euphorbiaceae)

Conhecia comumente por assacuacute H crepitans eacute uma espeacutecie cujo caule eacute

aculeado apresentando laacutetex branco aquoso caacuteustico e frequumlentemente utilizado

como veneno de peixe Causa irritaccedilotildees fortes em contato com a pele (Francis 1990

Wittmann et al 2006b) Os frutos satildeo capsulares lenhosos arredondados e

deprimidos nos poacutelos Tem distribuiccedilatildeo no Brasil Guianas Oeste da Iacutendia Cuba

Jamaica Trinidad e Tobago Costa Rica ao sul do Peru e Boliacutevia (Loureiro amp Silva

1968 Wittmann et al 2006b)

Ocupa o extrato superior de vaacuterzea alta sendo identificada como uma espeacutecie

perenifoacutelia de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Apresenta madeira muito leve

(035 a 040 gcm3) cerne e alburno indistintos e de coloraccedilatildeo branca com reflexos

amarelados Pelas caracteriacutesticas da madeira eacute comumente usada na fabricaccedilatildeo de

17

caixas tamancos obras internas artefatos de madeira forros taacutebuas compensados

boacuteias flutuantes canoas e gamelas (Francis 1990 Wittmann et al 2006b)

424 Ocotea cymbarum HBK (Lauraceae)

Frequumlentemente chamada por louro inamuiacute louro mamorim louro mamoriacute

inhamuiacute oacuteleo de inhamuiacute e pau de gasolina O cymbarum eacute uma aacutervore de grande

porte (20 ndash 30 m) apresentando casca avermelhada aromaacutetica ramos jovens com

pilosidade e acinzentados Possui exsudato transparente aromaacutetico apresentando

cheiro de menta (Wittmann et al 2006b)

Tem distribuiccedilatildeo por toda a Amazocircnia sendo encontrada em extrato superior de

vaacuterzea alta Eacute semi-deciacutedua e de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Sua madeira eacute

moderadamente pesada variando de 055 a 065 gcm3 (Loureiro amp Silva 1968) O

floema possui coloraccedilatildeo marrom cafeacute enquanto que o cerne amarelado claro e

brilhante diferencia-se pouco do alburno levemente mais claro (Wittmann et al

2006b)

Eacute comumente utilizada na carpintaria de luxo construccedilatildeo em geral marcenaria

compensado pranchas e tabuados (Loureiro amp Silva 1968) Sua madeira traz oacuteleo

contendo safrol que em baixa concentraccedilatildeo eacute um componente para fragracircncias e

perfumes (Wittmann et al 2006b) O lenho apresenta atividade contra o

desenvolvimento do ancilostomiacutedeo humano (Marques 2001)

18

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos

Das quatro espeacutecies estudadas duas de madeira branca ndash H crepitans e S

elata e duas de madeira pesada ndash C odorata e O cymbarum (Schoumlngart 2003) foram

selecionados entre 21 e 37 indiviacuteduos emergentes de floresta de vaacuterzea alta dos

setores Jarauaacute e Tijuaca da RDSM As medidas do diacircmetro na altura do peito (DAP)

com ge 10 cm foram feitas com o uso de fita dendromeacutetrica de dupla face sendo

inferidas acima das sapopemas quando presentes A altura da aacutervore foi medida a

partir do uso de inclinocircmetro (Blume-Leiss) e fita meacutetrica

Para verificar a idade das aacutervores foram utilizados 10 discos de H crepitans e

10 discos de O cymbarum fornecidos pelo Programa de MFC da RDSM no ano de

2001 bem como amostras coletadas de troncos dos indiviacuteduos de cada uma das quatro

espeacutecies Para tanto foi aplicado um meacutetodo natildeo destrutivo de extraccedilatildeo de cilindros da

madeira utilizando-se uma broca dendrocronoloacutegica num total de 110 cilindros com 5

mm de diacircmetro (21 amostras de Sterculia 23 de Cedrela 29 de Ocotea e 37 de Hura)

coletadas entre 07 de outubro de 2006 a 16 de abril de 2007 na altura aproximada de

130 m da base do tronco Apoacutes a coleta das amostras o orifiacutecio produzido com a broca

dendrocronoloacutegica foi obstruiacutedo com cera de carnauacuteba para evitar possiacuteveis ataques

por fitopatoacutegenos

As amostras coletadas foram coladas em suporte de madeira e em seguida

polidas com lixas de papel com diferentes granulometrias em uma sequumlecircncia

progressiva ateacute uma granulaccedilatildeo de 600 Estas foram analisadas no Laboratoacuterio de

Dendrocronologia do Projeto INPAMax-Planck em Manaus A anaacutelise macroscoacutepica da

estrutura da madeira foi feita a partir de fotografias feitas utilizando-se maacutequina digital

19

NIKON coolpix 4500 Para descriccedilatildeo anatocircmica dos aneacuteis de crescimento utilizou-se

como base os padrotildees de aneacuteis descritos por Coster (1927 1928) e adaptados por

Worbes (1985 1989)

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos

A determinaccedilatildeo da idade foi feita por meio da contagem direta dos aneacuteis anuais

e as taxas de incremento radial foram geradas por mediccedilatildeo da espessura dos aneacuteis

com o sistema de anaacutelise digital com precisatildeo de 001 mm (LINTAB) juntamente com o

software (TSAP-Win = Time Series Analyses and Presentation) especiacutefico para

anaacutelises de sequumlecircncias temporais (Schoumlngart et al 2004) Para os cilindros que natildeo

alcanccedilaram o cerne do tronco foram estimadas as distacircncias ateacute o centro e a partir do

nuacutemero meacutedio de aneacuteis encontrados em outros indiviacuteduos foram feitas estimativas da

idade do primeiro anel visiacutevel no tronco As mediccedilotildees da largura dos aneacuteis se deram no

sentido cerne ndash casca

Curvas cumulativas do diacircmetro individual para as quatro espeacutecies foram

elaboradas com base nestas mediccedilotildees do incremento radial corrente e relacionadas

com o DAP medido no campo (Schoumlngart et al 2003 Brienen amp Zuidema 2007)

(Figura 1a) A partir destas curvas individuais foram construiacutedas curvas cumulativas

meacutedias para cada espeacutecie descrevendo a relaccedilatildeo entre idade e diacircmetro para as

mesmas

A curva meacutedia do diacircmetro calculada para cada espeacutecie foi ajustada como um

modelo de regressatildeo sigmoidal da qual foram derivadas as curvas do incremento

corrente e meacutedio do diacircmetro para cada espeacutecie (Figura 1b) Modelos de regressatildeo natildeo

20

ndash linear descreveram para cada espeacutecie a relaccedilatildeo entre DAP e a altura medida no

campo (Figura 1c) Combinando as relaccedilotildees idade-DAP e DAP-altura permite estimar o

crescimento da altura (Nebel et al 2001) Deste modo para cada idade determinada

foram atribuiacutedas uma medida de diacircmetro e de altura para cada espeacutecie (Schoumlngart et

al 2007)

A combinaccedilatildeo dos modelos de regressatildeo natildeo-linear das relaccedilotildees entre idade e

DAP bem como das relaccedilotildees entre DAP e altura tambeacutem possibilitou a construccedilatildeo do

modelo de crescimento em volume (Figura 1e) e produccedilatildeo de biomassa acima do solo

das espeacutecies estudadas (Figura 1f) O modelo alomeacutetrico utilizado para estimativa do

volume foi definido por Cannell (1984) para florestas tropicais uacutemidas e tem como

paracircmetros a altura das aacutervores e o DAP

O volume (V) foi estimado a partir da multiplicaccedilatildeo da aacuterea basal (Ab) pela altura

(h) e por um fator (f) de reduccedilatildeo de 06 (Nebel et al 2001) A equaccedilatildeo eacute dada por

V = Ab x h x f (1)

onde a Ab eacute dada por

Ab = π x (DAP 2)2 (2)

Foi utilizado um modelo alomeacutetrico para estimar a biomassa acima do solo com

boa aplicabilidade em florestas alagaacuteveis segundo resultados obtidos por Stadtler

21

(2007) Este modelo tem como paracircmetros a densidade da madeira o diacircmetro e altura

das aacutervores e foi descrito por Chave et al (2005) A equaccedilatildeo eacute descrita abaixo

Bio = 00509 x den x DAP2 x h (3)

onde a Bio eacute a estimativa da biomassa acima do solo den eacute a densidade da madeira

obtida para cada espeacutecie de Wittmann et al (2006b) e 00509 eacute um fator de correccedilatildeo

O fator de correccedilatildeo dos modelos de caacutelculo do volume (06) e biomassa (00509)

se referem ao fato de que as aacutervores natildeo representam cilindros perfeitos e diminuem o

raio do tronco a medida que se distanciam do DAP

Destes modelos de crescimento do DAP altura aacuterea basal volume e biomassa

foram derivadas as taxas do incremento meacutedio (IM) e corrente (IC) (Figuras 1b1d1f)

para cada espeacutecie seguindo as equaccedilotildees abaixo (Schoumlngart et al 2007)

IM= CrC t t (4)

IC= CrC t+1 ndash Cr t (5)

onde CrC eacute o crescimento cumulativo em diferentes anos t sobre ciclo de vida total da

planta

O periacuteodo ideal de extraccedilatildeo eacute estabelecido quando a espeacutecie atinge sua a

produccedilatildeo maacutexima em volume periacuteodo este entre a taxa maacutexima de IC em volume e a

taxa maacutexima de IM em volume (Schoumlngart 2003) Este intervalo representa o periacuteodo

22

em que a extraccedilatildeo da madeira utiliza-se do potencial de crescimento maacuteximo das

espeacutecies (Schoumlngart 2008)

A modelagem dos padrotildees de crescimento foi construiacuteda a partir do uso do

software program X-Act (SciLab) e em seguida definidas as recomendaccedilotildees de

manejo para ciclos de corte e DMD para cada uma das quatro espeacutecies madeireiras

O DMD eacute definido pela idade em que a aacutervore atinge as maiores taxas de

incremento anual corrente do volume (Figura 1e) O tempo meacutedio que um indiviacuteduo leva

para passar por uma classe de DAP de 10 cm ateacute chegar ao DMD eacute o ciclo de corte da

espeacutecie (Schoumlngart et al 2007) Este eacute dado por

CC= idade(DMD) DMD x 10 (6)

onde CC eacute o ciclo de corte da espeacutecie e idade(DMD) eacute a idade da aacutervore quando atingiu o

DMD

23

0

20

40

60

80

0 5 10 15 200

1

2

3

4

5

0

10

20

30

0 20 40 60 80 100

0

20

40

60

80

0 5 10 15 20

0

10

20

30

0 5 10 15 200

1

2

3

4

0

1

2

3

4

0 5 10 15 200

100

200

300

00

05

10

15

0 5 10 15 200

50

100

Age (years) Age (years)

Age (years)

Age (years)

Age (years)

Dbh (cm)

Tree

heig

ht(m

)D

bh(c

m)

Dbh

(cm

)Tr

eehe

ight

(m)

Woo

d bi

omas

s(M

g)

Volu

me

(m3 )

Diam

eter increment(cm

year -1)H

eightincrement(m

year -1)W

ood biomass

production(kg year -1)

Volume

increment(dm

3year -1)

n = 54R2 = 053

n = 18

MLD

a

c

e

b

d

f

y = a (1+(b x)c)

a = 1195742 plusmn 131913b = 184937 plusmn 3355c = 12997 plusmn 00788

y = (abullx) (x+b)a = 286667 plusmn 07424b = 161743 plusmn 13022

DAP

(cm

)

DA

P (c

m)

Altu

ra (m

)

Altu

ra (m

)

Vol

ume

(m3)

Bio

mas

sa (M

g)

Idade (anos) Idade (anos)

DAP (cm) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento em

diacircmetro (cm

ano) Increm

ento em altura (m

ano) P

roduccedilatildeo de biomassa (K

gano)

Incremento

emvolum

e(dm

3ano)

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

DMD

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)

24

5 RESULTADOS

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira

O limite dos aneacuteis e a estrutura anatocircmica da madeira foram determinados com

base na classificaccedilatildeo de Coster (19271928) e adaptados por Worbes (1995) Trecircs tipos

de aneacuteis foram distinguidos de acordo com essa classificaccedilatildeo (1) faixas de parecircnquima

marginal (2) alternacircncia entre faixas de fibra e faixas de parecircnquima e (3) variaccedilatildeo na

densidade da madeira (Tabela 1) A distinccedilatildeo dos aneacuteis variou entre as 4 espeacutecies

estudadas poreacutem todas apresentaram aneacuteis suficientemente distintos para aplicaccedilatildeo

de estudos dendrocronoloacutegicos

A distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e agrave

medida que estes se encontravam mais proacuteximos do centro do tronco A facilidade de

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis decresceu na seguinte ordem C odorata O cymbarum S elata

e H crepitans (Tabela1)

Cedrela e Sterculia apresentaram mesmo padratildeo de faixas de parecircnquima

marginal que consiste de uma a poucas fileiras de ceacutelulas Eacute comumente encontrado

nas famiacutelias Bignoniaceae Fabaceae e Meliaceae (Worbes 2002) Cedrela apresentou

aneacuteis de crescimento semiporosos com uma espessa faixa de parecircnquima claramente

visiacutevel acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos os quais satildeo maiores ao

final do periacuteodo vegetativo (Figura 2a)

Sterculia tambeacutem mostrou variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Os poros satildeo visiacuteveis

a olho nu alguns obstruiacutedos por conteuacutedo de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada e brilhante

25

Apresentou faixas de parecircnquima radial espessadas dificultando um pouco a

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis (Figura 2b)

Um padratildeo de alternacircncia entre faixas de fibras e parecircnquima foi encontrado

formando os aneacuteis anuais em Hura com a reduccedilatildeo da largura das faixas de

parecircnquima e fibras na formaccedilatildeo do lenho tardio ao final da zona de crescimento

(Figura 2c) Este tipo de anatomia pode ser encontrado em famiacutelias como

Euphorbiaceae Moraceae Sapotaceae Lecythidaceae dentre outras (Worbes 2002)

Tabela1 Tipos de zona de crescimento encontrados e o grau de distinccedilatildeo dos de crescimento Os padrotildees descritos foram baseados nos modelos de Coster (1927 1928) e adaptados por Worbes (1995) Espeacutecies Famiacutelia Tipo de zona de

crescimento Fenologia foliar Grau de

distinccedilatildeo dos aneacuteis

Cedrela odorata Meliaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos

Deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (1)

Hura crepitans Euphorbiaceae Alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima

Perenifoacutelia Aneacuteis pouco

distintos (2)

Sterculia elata Malvaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Presenccedila de faixas radiais de parecircnquima

Deciacutedua Aneacuteis distintos (1)

Ocotea cymbarum Lauraceae Variaccedilatildeo na densidade da madeira com lenho inicial menos denso que o lenho tardio

Semi-deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (3)

obtidos durante observaccedilotildees na RDSM no periacuteodo 042006-122007

Ocotea mostrou um padratildeo de variaccedilatildeo na densidade da madeira O lenho tardio

de coloraccedilatildeo mais escura (alta densidade) apresentou ceacutelulas pequenas com paredes

26

espessadas diferindo do lenho inicial (baixa densidade) com ceacutelulas grandes e

paredes de espessura mais fina permitindo uma perfeita delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

(Figura 2d) Eacute comum entre as famiacutelias Annonaceae Myrtaceae e Lauraceae (Worbes

2002)

A presenccedila de falsos aneacuteis de crescimento ocorreu em alguns discos de Hura e

Ocotea Entretanto este problema foi solucionado observando-se a continuidade dos

aneacuteis ao longo dos raios nos discos

C Hura crepitans D Ocotea cymbarum

A Cedrela odorata B Sterculia elata

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial

27

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies

Todas as quatro espeacutecies apresentaram correlaccedilatildeo significativa (plt001) para as

relaccedilotildees entre idade e DAP idade e altura e DAP e altura (Tabela 2) permitindo a

modelagem das curvas de crescimento cumulativo para as mesmas Foram feitas um

total de 7646 mediccedilotildees da largura dos aneacuteis na madeira para as quatro espeacutecies

(Tabela 2)

As trajetoacuterias de crescimento cumulativo em diacircmetro mostraram diferenccedilas

tanto intra como interespeciacuteficas Aquelas espeacutecies de madeira densa como O

cymbarum e C odorata apresentaram taxas de crescimento menores que S elata e H

crepitans espeacutecies de madeira branca (Figura 3)

As quatro espeacutecies apresentaram uma variaccedilatildeo da idade ao atingir o DMD de 50

cm Esta foi maior para O cymbarum alcanccedilando idades entre 25 e 80 anos H

crepitans e S elata podem atingir idades entre 25 e 65 anos enquanto que as menores

variaccedilotildees na idade foram encontradas em C odorata com idades entre 35 a 65 anos

para um diacircmetro de 50 cm (Figura 3)

28

Tabela 2 Nuacutemero de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis e altura das aacutervores utilizados na elaboraccedilatildeo dos modelos de crescimento com base nas relaccedilotildees entre idade ndash DAP idade ndash altura e DAP ndash altura e o coeficiente de correlaccedilatildeo das mesmas

Nuacutemero de mediccedilotildees Correlaccedilatildeo p(lt 0001) Espeacutecie Largura dos

aneacuteis Altura Idade ndash DAP Idade ndash Altura DAP ndash Altura

Cedrela odorata

1240 32 089 064 071

Ocotea cymbarum

1325 125 086 073 073

Sterculia elata

1321 21 088 086 085

Hura crepitans

3760 67 091 086 076

Total

7646

Sterculia e Hura atingiram idades maacuteximas de 111 e 195 anos respectivamente

embora esta uacuteltima tenha atingido grandes diacircmetros nas aacutervores amostradas As

aacutervores mais velhas de Cedrela e Ocotea atingiram idades maacuteximas de 74 e 122 anos

(Tabela 3)

29

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

A ndash Cedrela odorata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

C ndash Sterculia elata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

B ndash Ocotea cymbarum

D ndash Hura crepitans

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura

30

As curvas meacutedias das relaccedilotildees entre idade e DAP tambeacutem apresentaram

variaccedilatildeo entre as espeacutecies estudadas (Figura 4) Para um diacircmetro de 50 cm

determinado pela IN ndeg 5 de Dezembro de 2006 as idades meacutedias oscilaram entre 41

anos em Hura a mais de 70 anos em Cedrela (Tabela 3)

0

50

100

150

DAP

(cm

)

0 30 60 90 120 150 180Idade (anos)

(a)

(b)

(d)

(c)

Diacircmetro limite de corte

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata Tabela 3 Idades maacuteximas miacutenimas e para um diacircmetro miacutenimo de derrubada de 50 cm para cada uma das quatro espeacutecies estudadas e seus respectivos desvios padratildeo

Idade (anos) Espeacutecie Miacutenima Maacutexima Ao alcanccedilar o diacircmetro limite de 50 cm

Cedrela odorata

21 74 72

Sterculia elata

22 111 47

Ocotea cymbarum

27 122 59

Hura crepitans

88 195 41

31

As quatro espeacutecies estudadas atingiram as maiores taxas de incremento

diameacutetrico corrente em idades diferentes Cedrela e Ocotea atingiram as maiores taxas

entre 11 e 12 anos e 19 e 21 anos com uma taxa meacutedia de incremento de 094 e 101

cmano respectivamente (Figura 5a e c) Sterculia obteve taxas meacutedias de incremento

de 126 cmano em idades entre 19 e 21 anos (Figuras 5b) enquanto Hura alcanccedilou

taxa meacutedia de incremento de 129 cmano em idades entre 22 e 23 anos (Figura 5d)

Cedrela e Ocotea espeacutecies de madeira pesada apresentaram taxas de incremento

diameacutetrico menores que Hura e Sterculia espeacutecies de madeira branca

D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata

C ndash Sterculia elata

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

B ndash Ocotea cymbarum

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura

32

A partir das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares entre idade-DAP foi possiacutevel

construir um modelo de crescimento em aacuterea basal para cada espeacutecie utilizando-se a

foacutermula (2) Cedrela e Ocotea atingiram suas maiores taxas em 39 e 57 anos e taxa

meacutedia de incremento de 355 e 536 cm2ano respectivamente (Figuras 6a e 6b)

Sterculia e Hura atingiram maior incremento aos 48 e 104 anos e taxa meacutedia de 700 e

1422 cm2ano respectivamente (Figura 6c e 6d) As espeacutecies de madeira branca Hura

e Sterculia apresentaram taxas de incremento em aacuterea basal mais altas que as duas

espeacutecies de madeira densa (Cedrela e Ocotea)

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

05

1

15

2

25

4

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

05

1

15

2

25

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura

33

A combinaccedilatildeo das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares das relaccedilotildees entre DAP-

altura (Figura 7) resultaram num modelo de crescimento em altura para as espeacutecies

contemplando todo ciclo de vida da planta Os maiores valores de incremento corrente

em altura de C odorata S elata O cymbarum e H crepitans corresponderam a idades

de 4 7 8 e 6 anos respectivamente e taxas maacuteximas corresponderam a 096 mano

para Sterculia 092 mano para Ocotea 061 mano para Hura e finalmente 109 mano

para Cedrela

DAP (cm) DAP (cm)

DAP (cm) DAP (cm)

Altu

ra (m

) A

ltura

(m)

C ndash Sterculia elata D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 1500

0

0

0

0

0

0 25 50 75 100 125 150

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 150 0 50 100 150

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans

34

Tabela 4 Valores de DAP e altura maacuteximos e miacutenimos do levantamento florestal seus desvios padratildeo e a aacuterea basal calculada a partir da relaccedilatildeo entre idade e DAP das espeacutecies

DAP (cm) Altura (m) Aacuterea basal meacutedia (cm2)

Espeacutecie

Maacuteximo Miacutenimo Desvio Maacutexima Miacutenima Desvio Meacutedia Cedrela odorata

656 115 140 309 90 50 273

Ocotea cymbarum

780 100 164 311 70 46 402

Sterculia elata

1300 100 349 405 66 88 516

Hura crepitans

1328 100 350 390 21 91 1127

A partir dos modelos de crescimento em altura e diacircmetro elaborados para cada

espeacutecie pocircde-se construir o modelo de crescimento em volume das mesmas segundo

a foacutermula (1) (Schoumlngart et al 2007) O periacuteodo oacutetimo de corte das aacutervores eacute o ponto

onde o incremento em volume corrente eacute maacuteximo sendo que para cada espeacutecie o pico

maacuteximo de volume corrente variou visivelmente (Figura 8)

Cedrela apresentou maiores taxas de incremento em volume corrente ao atingir

uma idade meacutedia de 45 anos (Figura 8a) Nesta idade a espeacutecie indica um DAP de 376

cm (Figura 5a) Jaacute Sterculia e Ocotea atingiram o ponto maacuteximo em incremento

corrente em volume aos 54 e 63 anos (Figuras 8b e c) quando atingem diacircmetros de

560 e 533 cm respectivamente (Figuras 5b e c) Hura em uma idade meacutedia de 125

anos apresentou os maiores valores de incremento maacuteximo corrente entre as quatro

espeacutecies (Figura 8d) atingindo diacircmetro meacutedio de 1288 cm (Figura 5d) Tanto Hura

quanto Sterculia apresentaram produccedilatildeo de madeira em volume por m3 superior as

duas espeacutecies de madeira pesada Cedrela e Ocotea

35

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento volum

eacutetrico

Incr

emen

to e

m v

olum

e (m

3 ) 0450 0

(m3ano)

Incr

emen

to e

m V

olum

e (m

3 )

Incremento volum

eacutetrico (m3ano)

Idade (anos) Idade (anos)

0

10

20

30

40

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

0 50 100 150 200

0

10

20

30

40

50

0

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

04

0 50 100 150

200 Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie

36

O ciclo de corte calculado atraveacutes da passagem meacutedia do tempo por uma classe

de DAP de 10 cm para a proacutexima ateacute atingir o diacircmetro de corte oacutetimo variou pouco

entre as espeacutecies sendo que Hura e Sterculia apresentaram ciclos de corte de 97

anos enquanto Cedrela e Ocotea apresentaram ciclos de 120 e 118 anos (Tabela 5)

Os resultados indicam que espeacutecies de madeira branca apresentam ciclos de corte

mais curtos do que as espeacutecies de madeira pesada

Tabela 5 O diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) o ciclo de corte a idade meacutedia ao atingir o diacircmetro de corte e a densidade da madeira das espeacutecies Espeacutecie DMD (cm) Ciclo de corte

(anos) Idade meacutedia ao atingir

o DMD (anos) Densidade

(gcm3) Cedrela odorata

376 120 45 052

Ocotea cymbarum

533 118 63 060

Sterculia elata

560 97 54 047

Hura crepitans

1288 97 125 039

Dados obtidos de Wittmann et al (2006b)

Aleacutem do modelo de crescimento em volume os modelos de crescimento em

altura e diacircmetro possibilitaram tambeacutem a construccedilatildeo de modelos de crescimento em

biomassa acima do solo para as espeacutecies estimado segundo a foacutermula (3)

Cedrela apresentou maior taxa de produccedilatildeo em biomassa de 26 Kgano em 45

anos (Figura 9a) ao passo que Ocotea alcanccedilou uma produccedilatildeo em biomassa maacutexima

de 52 Kgano em 63 anos (Figura 9b) Sterculia atingiu valor de 60 Kgano em 54 anos

(Figura 9c) enquanto que Hura obteve em 125 anos um valor maacuteximo de 125 Kgano

(Figura 9d) Espeacutecies de madeira branca atingiram maiores taxas de acuacutemulo em

biomassa do que as espeacutecies de madeira densa

37

D ndash Hura crepitans C ndash Ocotea cymbarum

Bio

mas

sa (M

g)

Bio

mas

sa (M

g)

Produ

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

ccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)P

roduccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

5

10

15

20

0

4

8

1

1

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

1

1

0 50 100 150 2000

5

0

5

0

0

40

80

120

160

Prod

uccedilatildeo

Biom

assa

(Kg)

0 50 100 150 200

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura)

38

6 DISCUSSAtildeO

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira

Todas as quatro espeacutecies estudadas apresentaram distintas zonas de

crescimento poreacutem com diferenccedilas quanto ao grau de distinccedilatildeo entre elas O grau de

distinccedilatildeo diminuiu na ordem seguinte C odorata O cymbarum S elata e H crepitans

o que indica uma pequena tendecircncia das espeacutecies deciacuteduas apresentarem maior

distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais como resultados encontrados por Worbes (1999) A

distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e com a

maior proximidade do centro do disco (Brienen amp Zuidema 2006) Esta variaccedilatildeo

encontrada no grau distinccedilatildeo dos aneacuteis natildeo afetou as anaacutelises dendrocronoloacutegicas

subsequumlentes

Segundo Worbes (1995) a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira resulta de

mudanccedilas sazonais favoraacuteveis e desfavoraacuteveis nas condiccedilotildees de crescimento arboacutereo

Um dos fatores principais atuando no controle do crescimento arboacutereo de florestas

tropicais eacute a variaccedilatildeo intraanual da precipitaccedilatildeo que ocasiona uma distinta estaccedilatildeo

seca e determina a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das aacutervores (Worbes 1999)

Para regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o principal fator que controla o

ritmo de crescimento nas aacutervores eacute o pulso de inundaccedilatildeo (Junk 1989) Entretanto

florestas de vaacuterzea alta natildeo satildeo alagadas anualmente devido a sua posiccedilatildeo

topograacutefica o que indicaria que o pulso anual de inundaccedilatildeo natildeo seria o principal fator

controlando os processo ecoloacutegicos nestas aacutereas Observaccedilotildees fenoloacutegicas e mediccedilotildees

da liteira (Schoumlngart et al 2008b) evidenciam que o ritmo de crescimento possa ser

39

controlado pela sazonalidade das chuvas contudo maiores estudos se fazem

necessaacuterios

A anualidade dos aneacuteis de crescimento em espeacutecies arboacutereas da Amazocircnia

permite anaacutelise de fenocircmenos ecoloacutegicos e ambientais identificaccedilatildeo e reconstruccedilatildeo das

condiccedilotildees climaacuteticas do passado como tambeacutem identificar as alteraccedilotildees naturais e

dinacircmica das populaccedilotildees (Fritts 1976 Schweingruber 1988 Worbes 1995) Aleacutem

disso a aplicaccedilatildeo das informaccedilotildees armazenadas nos aneacuteis de crescimento permite que

estudos dendrocronoloacutegicos sejam empregados com o objetivo de investigar a estrutura

etaacuteria das populaccedilotildees bem como a dinacircmica de crescimento arboacutereo em florestas

tropicais (Worbes 2002)

Desta forma a descriccedilatildeo da estrutura anatocircmica e delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

da madeira satildeo de suma importacircncia para realizaccedilatildeo das anaacutelises dendrocronoloacutegicas

e por conseguinte para a otimizaccedilatildeo do uso da floresta dando suporte para

estabelecimento de estrateacutegias de manejo florestal ao niacutevel de espeacutecie fornecendo

informaccedilotildees do histoacuterico florestal e consequumlentemente garantindo maior

sustentabiliade na utilizaccedilatildeo dos recursos madeireiros (Schoumlngart 2008)

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo

Uma das grandes questotildees a cerca do uso sustentaacutevel de florestas tropicais

envolve o crescimento e a idade das aacutervores Modelos de crescimento de espeacutecies

madeireiras nos troacutepicos ainda satildeo bastante escassos (Nebel et al 2001 Schwartz et

al 2002 Sokpon amp Biaou 2002 Nebel amp Meilby 2005 Brienen amp Zuidema 2007

Schoumlngart et al 2007) fato este atribuiacutedo a problemas de estabelecimento de uma

40

metodologia especiacutefica para determinaccedilatildeo da idade das aacutervores e taxas de

crescimento bem como a alta diversidade de espeacutecies encontrada Aleacutem disso o

atraso no avanccedilo das pesquisas de crescimento arboacutereo com base em aneacuteis na

madeira nos troacutepicos se deve ao descreacutedito na formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das

aacutervores nestas regiotildees devido agraves temperaturas terem sido consideradas praticamente

constantes durante o ano (Lieberman et al 1985 Whitmore 1990)

Atualmente a maioria das pesquisas sobre idade e crescimento de espeacutecies

tropicais eacute baseada em anaacutelises feitas em parcelas permanentes (Condit 1995)

utilizando meacutetodos de mediccedilotildees repetidas durante relativamente curtos periacuteodos de

tempo Outra metodologia para determinar a idade e taxas de incremento eacute a dataccedilatildeo

com radio-carbono (Worbes amp Junk 1999) Estas duas metodologias indicam idades

maacuteximas entre 1000 e 2000 anos (Condit et al 1995 Chambers et al 1998 Laurance

et al 2004) enquanto estudos dendrocronoloacutegicos indicam idades maacuteximas entre 500

e 600 anos (Worbes amp Junk 1999 Fichtler et al 2003)

Resultados encontrados por Chambers et al (1998) de idade estimada de 1370

anos para Carniana micrantha Ducke (Lecythidaceae) eacute considerado excepcional pois

aparentemente foi determinada de um uacutenico exemplar (Roig 2000) Dataccedilatildeo por radio-

carbono pode ser problemaacutetica entre os anos de 1650 e 1950 devido agrave variaccedilatildeo de 14C

encontrada na atmosfera neste periacuteodo Este fenocircmeno foi provocado por grandes

emissotildees de carbono por meio da queima de combustiacutevel foacutessil que ocorreram no

periacuteodo da revoluccedilatildeo industrial (Efeito de Suess) (Fichtler et al 2003) Em adiccedilatildeo o

alto custo desta metodologia natildeo permite o uso para determinaccedilatildeo de grandes

amostragens

41

A construccedilatildeo de modelos de crescimento de lenhosas com base no crescimento

em diacircmetro das espeacutecies em curtos periacuteodos de observaccedilatildeo bem como a baixa

densidade de espeacutecies comerciais encontradas em florestas tropicais na elaboraccedilatildeo de

modelos de crescimento principalmente individuos de grandes tamanhos dentro das

parcelas estudadas satildeo fatores que limitam muito esta metodologia (Clark amp Clark

1996 Nebel amp Meilby 2005) Aleacutem disso estes modelos monitoram somente uma

pequena parte da histoacuteria de crescimento das aacutervores e extrapolam estes dados das

trajetoacuterias de crescimento em diacircmetro de curtos periacuteodos para todo o ciclo de vida da

planta o que os torna simplistas e podem resultar em dados de crescimento arboacutereo e

estimativas de produccedilatildeo da madeira natildeo realistas subestimando as taxas de

crescimento e consequumlentemente superestimando a idade das aacutervores (Brienen amp

Zuidema 2006)

Ao contraacuterio destes meacutetodos de modelagem do crescimento arboacutereo a anaacutelise

dendrocronoloacutegica tem se mostrado uma importante ferramenta a qual fornece

estimativas mais acuradas da idade e do histoacuterico de crescimento arboacutereo individual

por meio da informaccedilatildeo extraiacuteda dos aneacuteis na madeira (Brienen amp Zuidema 2007) Na

anaacutelise de aneacuteis anuais para a modelagem de crescimento arboacutereo das espeacutecies satildeo

amostradas aacutervores que se estabeleceram no dossel com sucesso o que fornece

dados de crescimento em diacircmetro mais realistas e representativos do desenvolvimento

das aacutervores (Brienen amp Zuidema 2006)

Diversos estudos tecircm mostrado a grande variaccedilatildeo existente nas taxas de

crescimento tanto dentro como entre espeacutecies de florestas tropicais (Clark amp Clark

2001 Schoumlngart et al 2006 Brienen amp Zuidema 2006) Segundo Brienen amp Zuidema

(2007) estas diferenccedilas no crescimento dos indiviacuteduos ao longo da vida pode ser o

42

resultados de diversos fatores atuando em conjunto como a disponibilidade de aacutegua

clima intensidade de luz recebida forma e tamanho da copa danos e fitopatoacutegenos

assim como infestaccedilatildeo por cipoacutes e lianas Isso se reflete em variaccedilotildees de curvas

cumulativas comparando indiviacuteduos da mesma espeacutecie (Figura 3)

Os dados obtidos indicaram a ocorrecircncia de variaccedilatildeo na idade das aacutervores com

o aumento do diacircmetro Esta variaccedilatildeo intra-especiacutefica na idade das aacutervores em grandes

diacircmetros (gt de 60 cm) eacute causada principalmente pela variaccedilatildeo que ocorre na

passagem do tempo nas pequenas classes de tamanho (lt 20 cm) (Brienen amp Zuidema

2006) Desta forma o tempo necessaacuterio para que uma aacutervore de determinada espeacutecie

se estabeleccedila no dossel quando as taxas diameacutetricas geralmente aumentam devido

aos altos niacuteveis de radiaccedilatildeo solar pode variar consideravelmente

A variaccedilatildeo encontrada nos indiviacuteduos contudo natildeo impede a modelagem de

crescimento arboacutereo pois ao niacutevel das espeacutecies ocorre uma relaccedilatildeo bastante

significativa entre idade e DAP o que caracteriza a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira

uma ferramenta importante na elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo sustentaacuteveis em

florestas tropicais (Brienen amp Zuidema 2006 Schoumlngart et al 2007)

Comparando as curvas meacutedias de crescimento observa-se que espeacutecies

estudadas apresentam estrateacutegias ecoloacutegicas diferenciadas Altas taxas de incremento

em diacircmetro em espeacutecies de baixa densidade da madeira como Hura e Sterculia levam

a um raacutepido crescimento em volume enquanto que baixas taxas de incremento em

diacircmetro em Cedrela e Ocotea duas espeacutecies de madeira densa levam a um

crescimento em volume mais lento

Tanto Hura como Sterculia parecem apresentar estrateacutegias de crescimento

tiacutepicas de espeacutecies pioneiras com ciclos de vida longos (gt de 100 anos) caracterizadas

43

por altos requerimentos de luz para germinaccedilatildeo e crescimento (Swaine amp Whitmore

1988) Cedrela e Ocotea possuem caracteriacutesticas de crescimento tiacutepicas de espeacutecies

de estaacutegios cliacutemax ou tolerantes agrave sombra com capacidade de sobrevivecircncia em

longos periacuteodos de baixos niacuteveis de luminosidade e baixas taxas de crescimento

arboacutereo (Pianka 1970)

Espeacutecies com baixa densidade da madeira como Hura (039 gcm3) e Sterculia

(047 gcm3) requerem periacuteodos de 41 a 47 anos para extrapolar um diacircmetro limite de

corte de 50 cm enquanto que espeacutecies de madeira densa tais como Ocotea (060

gcm3) e Cedrela (052 gcm3) necessitam de periacuteodos entre 59 e 72 anos para

ultrapassar um diacircmetro de 50 cm Estes resultados estatildeo de acordo com Schoumlngart

(2008) que verificou a existecircncia de uma correlaccedilatildeo entre a densidade da madeira e a

idade da espeacutecie ao atingir o DMD estimado a partir das taxas de IC de volume o que

possibilita estimar o periacuteodo ideal de extraccedilatildeo para outras espeacutecies de florestas de

vaacuterzea da Amazocircnia Central em funccedilatildeo da densidade da madeira

Os resultados encontrados mostram diferenccedilas nas taxas de incremento em

diacircmetro e volume as quais refletem em diferentes ciclos de corte e DMD para as

espeacutecies indicando claramente que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico

de derrubada e ciclo de corte para toda e qualquer espeacutecie natildeo suportam a

sustentabilidade nas praacuteticas de manejo florestal atuais

Neste sentido na aplicaccedilatildeo de manejo florestal sustentado em florestas tropicais

eacute imprescindiacutevel o levantamento de informaccedilotildees a respeito das taxas de crescimento e

idade das aacutervores especiacuteficas para cada espeacutecie bem como dados de regeneraccedilatildeo e

caracteriacutesticas especiacuteficas de cada siacutetio a ser explorado pela extraccedilatildeo de produtos

madeireiros

44

63 Estrateacutegias de manejo florestal

O contiacutenuo uso das florestas de vaacuterzea para atividades de agricultura pecuaacuteria e

extraccedilatildeo da madeira tem causado grandes impactos nos recursos o que tem

ocasionado a necessidade de estabelecimento de estrateacutegias de conservaccedilatildeo e manejo

florestal destas aacutereas (Schoumlngart et al 2007) Nos uacuteltimos anos tem-se observado uma

gradual expansatildeo das atividades de manejo florestal baseada em comunidades de

pequena e meacutedia escala na busca da conversatildeo da exploraccedilatildeo manejada da floresta

em oportunidade de desenvolvimento regional (Amaral amp Amaral 2000) Projetos como

o Programa Piloto para Conservaccedilatildeo das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7) e a

Fundaccedilatildeo Floresta Tropical (FFT) tecircm buscado o desenvolvimento de projetos de

manejo florestal ao niacutevel de comunidade para diferentes aacutereas da Amazocircnia (Amaral amp

Amaral 2000)

Dentre estes modelos enquadra-se o Projeto Mamirauaacute com objetivo de proteger

as vaacuterzeas da RDSM e cuja exploraccedilatildeo segue as normas do PMFS criado pelo IDSM

em conjunto com os comunitaacuterios e baseado em normas estabelecidas pelo Instituto de

Proteccedilatildeo Ambiental do Amazonas (IPAAM) e pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA) (Lei estadual no 2416 de 22 de Agosto

de 1996)

A FAO estabelece um modelo de extraccedilatildeo dos recursos florestais funcionado

como guia para a aplicaccedilatildeo de um Manejo de Impacto Reduzido (MIR) para os recursos

florestais (Dykstra amp Heinrich 1996) Diversos estudos tecircm feito a uniatildeo entre o MIR e a

extraccedilatildeo seletiva de espeacutecies comerciais como uma estrateacutegia de manejo sustentaacutevel

visando agrave conservaccedilatildeo de florestas tropicais e diminuiccedilatildeo dos impactos causados pelo

45

manejo florestal (Vidal et al 2002 Gerwing 2002) Pesquisas tecircm mostrado os

benefiacutecios da aplicaccedilatildeo de MIR com relaccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo convencional da madeira

tanto em relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo dos custos quanto aos benefiacutecios causados pela reduccedilatildeo

dos danos agrave floresta (Barreto et al 1998 Johns et al 1996 Boltz et al 2001 Holmes

et al 2002)

Apesar dos inuacutemeros esforccedilos realizados na elaboraccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas

de exploraccedilatildeo da madeira na tentativa de conservar e reduzir danos causados as

florestas a sustentabilidade do manejo dos recursos florestais ainda natildeo foi alcanccedilada

satisfatoriamente O sucesso dos planos de manejo florestal depende principalmente da

sustentabilidade ecoloacutegica da produccedilatildeo da madeira que requer informaccedilotildees sobre taxas

de crescimento das espeacutecies comerciais (Boot amp Gullison 1995 Brienen amp Zuidema

2006) os quais ainda natildeo satildeo utilizados com frequumlecircncia em florestas tropicais

Schoumlngart (2008) desenvolveu um novo sistema de manejo sustentaacutevel da

madeira de florestas alagaacuteveis de vaacuterzea da Amazocircnia Central (GOL ndash Growth

Orientated Logging) o qual leva em consideraccedilatildeo as diferenccedilas na histoacuteria de

crescimento de espeacutecies comerciais com base em suas taxas de crescimento arboacutereo a

partir da anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira Isto representa um importante passo em

direccedilatildeo a sustentabilidade do manejo florestal praticado em florestas tropicais

Atualmente normas de exploraccedilatildeo da madeira em regiotildees tropicais as quais

estabelecem diacircmetro limite de derrubada e ciclos de corte para os sistemas de manejo

de florestas natildeo possuem nenhuma base cientiacutefica e natildeo levam em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas nas estrateacutegias de crescimento e estabelecimento bem como as

especificidades de cada regiatildeo a ser explorada Estes fatos levaram a quase eliminaccedilatildeo

de espeacutecies como C pentandra e Calophyllum brasiliense dos mercados regionais e

46

locais na Amazocircnia Ocidental Estas foram substituiacutedas por H crepitans e O

cymbarum duas espeacutecies atualmente exploradas comercialmente na regiatildeo do Meacutedio

Solimotildees (Worbes et al 2001)

Se as atuais praacuteticas de manejo florestal persistirem H crepitans e O cymbarum

poderatildeo ter o mesmo destino que C pentandra e C brasiliense Hura e Ocotea podem

desaparecer dos mercados madeireiros e novamente ocorrer a substituiccedilatildeo destas por

outras espeacutecies ainda pouco exploradas que por sua vez sofreratildeo as pressotildees de uma

extraccedilatildeo madeireira insustentaacutevel o que pode ter seacuterias consequumlecircncias ecoloacutegicas

como a perda dos recursos geneacuteticos degradaccedilatildeo da floresta quebra de cadeias

alimentares para insetos peixes mamiacuteferos etc

A extraccedilatildeo de C odorata eacute um outro exemplo de como de atual manejo de

florestas de vaacuterzea natildeo eacute adequado Esta espeacutecie foi intensamente explorada na RDSM

a ponto de reduzir drasticamente seus estoques de madeira (Ayres 1993 Pinedo-

Vasquez et al 2001) e atualmente eacute considerada uma espeacutecie ameaccedilada e excluiacuteda

da extraccedilatildeo de madeira da RDSM

A recente modificaccedilatildeo de 11 de dezembro de 2006 (IN ndeg 5) do Coacutedigo Florestal

Brasileiro abre caminhos para modificaccedilotildees do manejo florestal aplicado atualmente na

Amazocircnia Brasileira O ciclo de corte no PMFS Pleno varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3ha Espeacutecies com baixa intensidade da madeira (menos

de 10 msup3 por ha) podem ter um ciclo de corte de 10 anos sendo que para florestas de

vaacuterzea a produccedilatildeo pode exceder 10 msup3 por ha poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3

aacutervores por ha

Levando-se em consideraccedilatildeo os dados de distribuiccedilatildeo diameacutetrica fornecidos pelo

Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM observa-se que a espeacutecie O cymbarum

47

apresentaram um padratildeo de distribuiccedilatildeo diameacutetrica do tipo J invertido apresentando

um decreacutescimo da densidade de aacutervores com o aumento do diacircmetro A distribuiccedilatildeo

diameacutetrica de O cymbarum se concentrou nas classes diameacutetricas de 20 a 100 cm

(Figura 10)

Foi possiacutevel encontrar indiviacuteduos na maioria das classes diameacutetricas em Hura

crepitans atingindo densidade maacutexima de 05 indiviacuteduos por ha na classe diameacutetrica de

110 cm A alta densidade de indiviacuteduos em classes diameacutetricas anteriores e posteriores

a classe de 50 cm e os altos valores de volume de madeira de H crepitans sugerem que

esta espeacutecie tem grande potencial para exploraccedilatildeo madeireira dentro da RDSM

Entretanto a derrubada de indiviacuteduos com diacircmetros nas classes entre 50 e 120 cm

permitidas por lei eacute problemaacutetica pois estaratildeo sendo extraiacutedas aacutervores que ainda natildeo

alcanccedilaram a sua produccedilatildeo oacutetima de madeira (Figura 8d)

Marinho (2008) ao analisar a estrutura populacional de espeacutecies como H

crepitans O cymbarum e S elata ocorrendo em florestas de vaacuterzea do setor Jarauaacute da

RDSM observou que estas espeacutecies apresentam baixa densidade de indiviacuteduos em

classes diameacutetricas acima de 50 cm (28 13 e 05 indha respectivamente) sendo

que Hura e Sterculia apresentam uma baixa taxa de estabelecimento visiacutevel pelo

pequeno nuacutemero de indiviacuteduos observados em classes diameacutetricas baixas

Os ciclos de corte entre 10 e 12 anos determinados para as espeacutecies neste

trabalho satildeo valores proacuteximos ao permitido pelas normas de manejo florestal da IN ndeg 5

(ciclo de corte de 10 anos) Entretanto aplicando-se um diacircmetro de derrubada limite

de 50 cm pode natildeo ser sustentaacutevel para espeacutecies como Sterculia e Cedrela

considerando-se a abundacircncia destas espeacutecies na regiatildeo Considerando-se a

48

abundacircncia de Hura e Ocotea o manejo pode ser sustentaacutevel se considerar os DMDs

determinados para cada espeacutecie neste estudo

igura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999

Inventaacuterio florestal de Mamirauaacute (1999 - 2000)

00

02

04

06

08

10

12

14

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

gt 2

Classes diameacutetricas (m)

Den

sida

de d

e aacuter

vore

s po

r ha

Sterculia elataHura crepitansOcotea cymbarumCedrela odorata

Fa 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM

49

Os resultados mostram que tanto Hura quanto Sterculia apresentaram taxas de

crescimento arboacutereo relativamente raacutepidas o que as torna espeacutecies potenciais para

recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e reflorestamento Jaacute Ocotea e Cedrela duas

espeacutecies de madeira densa apresentaram taxas mais lentas de crescimento arboacutereo

Ocotea eacute uma espeacutecie cuja madeira eacute frequumlentemente utilizada pelas

comunidades ribeirinhas na construccedilatildeo de casas moacuteveis e taacutebuas Cedrela eacute uma

espeacutecie bastante valorizada no mercado madeireiro chegando a custar R$ 12000m3

no ano de 2004 na regiatildeo do alto Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a) Isto faz com

que reflorestamentos com Cedrela venham a ser um importante caminho para o

enriquecimento dos estoques de madeira visando o aumento das populaccedilotildees desta

espeacutecie Atraveacutes de um manejo florestal sustentaacutevel comunidades ribeirinhas podem se

beneficiar com produtos madeireiros de alta qualidade e de valor comercial

Os efeitos positivos da liberaccedilatildeo do dossel sobre as taxas de incremento em

diacircmetro observados em espeacutecies de madeira densa (Kammesheidt et al 2003)

indicam que as taxas de crescimento arboacutereo encontradas em Cedrela poderiam ser

aceleradas atraveacutes de aplicaccedilatildeo deste tipo de tratamento silvicultural Entretanto devem

ser realizados mais estudos a respeito das estrateacutegias de regeneraccedilatildeo da espeacutecie

dentro da reserva

Os resultados indicam que um ciclo de corte de 25 anos eacute inadequado para

execuccedilatildeo de manejo florestal sustentaacutevel das quatro espeacutecies estudadas Todas

apresentaram ciclos de corte inferiores (entre 10 e 12 anos) ao valor exigido por lei

indicando que estes recursos madeireiros natildeo estatildeo sendo manejados eficazmente A

IN no 5 permite a aplicaccedilatildeo de ciclo de corte inicial de 10 anos com volume maacuteximo de

10 msup3ha ou mais com retirada de apenas 3 aacutervores por ha para manejos de baixa

50

intensidade Com isso eacute possiacutevel manejar de forma mais adequada os estoques de

Ocotea e Hura aplicando ciclos de corte de 12 e 10 anos respectivamente utilizando

contudo os DMDs aqui determinados para manejo florestal mais especiacutefico garantindo

assim a sustentabilidade do uso da madeira destas espeacutecies dentro da reserva

Todavia eacute necessaacuteria a garantia de que ao retirar aacutervores de determinada espeacutecie em

dado local seja feito estabelecimento de indiviacuteduos de mesma espeacutecie

A distribuiccedilatildeo diameacutetrica de Hura mostra ampla distribuiccedilatildeo de aacutervores na

maioria das classes diameacutetricas Contudo o modelo de crescimento da espeacutecie mostra

que em classes diameacutetricas entre 50 e 130 cm natildeo foi atingida produccedilatildeo maacutexima de

madeira Neste sentido ao retirar aacutervores com diacircmetros acima de 130 cm ainda

restaratildeo aacutervores suficientes nas classes inferiores para garantir renovaccedilatildeo dos

estoques extraiacutedos as quais permitem a garantia de produccedilatildeo de diaacutesporos para a

regeneraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da produtividade maacutexima da espeacutecie otimizando a exploraccedilatildeo

da madeira de Hura

O mesmo deve valer para Ocotea e Sterculia Poreacutem a regeneraccedilatildeo destas

espeacutecies deve ser assegurada o que implica em execuccedilatildeo de estudos ecologia da

populaccedilatildeo particularmente de regeneraccedilatildeo e estabelecimento levando-se em

consideraccedilatildeo a influecircncia de fatores ambientais (solo clima disponibilidade de luz

inundaccedilatildeo etc)

51

64 Desafios futuros

Os resultados do presente trabalho mostram que o atual criteacuterio de manejo

florestal que estabelece ciclo de corte e diacircmetro limite para corte uacutenicos extraccedilatildeo de 5

aacutervores por ha natildeo se mostra eficaz na garantia de manutenccedilatildeo dos estoques de

madeira para exploraccedilotildees subsequumlentes o que torna estes criteacuterios inviaacuteveis para

conservaccedilatildeo da biodiversidade por meio de manejos florestais sustentaacuteveis em

florestas de vaacuterzea Aleacutem disso a ausecircncia de informaccedilotildees a respeito dos processos

que envolvem a dinacircmica e ecologia de florestas alagaacuteveis na elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo eacute um fator agravante na questatildeo da insustentabilidade da

exploraccedilatildeo dos recursos florestais em florestas de vaacuterzea

Ciclos de corte da madeira soacute possibilitam sustentabilidade se as espeacutecies

extraiacutedas conseguem se regenerar e estabelecer dentro da floresta garantindo

estoques de madeira para as proacuteximas extraccedilotildees Uma importante questatildeo eacute a

ausecircncia de dados baacutesicos de estrutura populacional e estabelecimento e regeneraccedilatildeo

de florestas tropicais para subsidiar planos de manejo florestal principalmente em

florestas de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia

Pesquisas tecircm sido feitas no sentido de investigar a influecircncia do pulso de

inundaccedilatildeo condiccedilotildees de luz suprimento de nutrientes e disponibilidade de aacutegua no

estabelecimento de sementes e placircntulas em aacutereas alagaacuteveis (Parolin 2001 Wittmann

amp Junk 2003 Ferreira et al 2005) Wittmann amp Junk (2003) enfatizam importacircncia de

novos estudos focando os processos de germinaccedilatildeo crescimento e taxa de

mortalidade de placircntulas de espeacutecies exploradas comercialmente e suas relaccedilotildees com

fatores do ambiente como luz e inundaccedilatildeo

52

Produtos florestais natildeo madeireiros tambeacutem devem ser levados em consideraccedilatildeo

na elaboraccedilatildeo de planos de manejo de florestas de vaacuterzea Diversos produtos tais

como resinas oacuteleos frutos fibras tecircxteis taninos e produtos medicinais satildeo extraiacutedos

de espeacutecies encontradas nas florestas de vaacuterzea (Wittmann et al 2006b) o que

demonstra o alto potencial destas florestas para este tipo de exploraccedilatildeo dos recursos

Novos modelos de exploraccedilatildeo madeireira que levam em consideraccedilatildeo o

crescimento e idade das aacutervores estatildeo sendo criados (Schoumlngart et al 2003 Brienen

amp Zuidema 2006 Schoumlngart 2007 2008) Mas o desafio de converter dados de

pesquisas cientiacuteficas em poliacuteticas puacuteblicas ainda eacute grande O caminho ainda eacute longo e

espera-se que a partir desta mudanccedila da IN ndeg de 2006 o qual permite a alteraccedilatildeo do

diacircmtro limite de corte e ciclo de corte atualmente requeridos para o manejo florestal

com base em pesquisas cientiacuteficas abra portas para a elaboraccedilatildeo de manejos

florestais especiacuteficos e sustentaacuteveis e consequumlentemente possibilitem que o quadro de

exploraccedilatildeo da madeira venha a se modificar com o tempo nas florestas alagaacuteveis da

Amazocircnia brasileira

7 CONCLUSOtildeES

As quatro espeacutecies estudadas apresentam diferenccedilas nas taxas de crescimento

arboacutereo Isto implica que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico de

derrubada e ciclo de corte para estas espeacutecies natildeo garantem a manutenccedilatildeo dos

estoques de madeira na floresta e portanto natildeo satildeo sustentaacuteveis

O DMD sugerido para Hura eacute de 130 cm quando a espeacutecie atinge sua produccedilatildeo

oacutetima de madeira possibilitando o aproveitamento maacuteximo do recurso bem como a

53

permanecircncia de indiviacuteduos em idade reprodutiva e consequumlente reposiccedilatildeo dos

estoques desta espeacutecie

Os resultados mostram que para C odorata uma espeacutecie com baixa densidade

de indiviacuteduos na reserva o DMD encontrado foi inferior a 50 cm (3760 cm) o que

demonstra a necessidade de aplicaccedilatildeo de tratamentos de enriquecimento de indiviacuteduos

para reposiccedilatildeo dos estoques para futuras exploraccedilotildees

Para O cymbarum e S elata DMDs sugeridos satildeo de 53 e 56 cm

respectivamente dentro do diacircmetro limite estabelecido por lei No entanto a baixa

densidade de indiviacuteduos encontrada em S elata indica tambeacutem a importacircncia de

aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais de enriquecimento para esta espeacutecie atingir

niacuteveis manejaacuteveis de seus estoques madeireiros

Os ciclos de corte variaram entre 10 anos para as espeacutecies de madeira branca e

12 anos para as espeacutecies de madeira pesada Entretanto deve ser ressaltada a

importacircncia do uso de DMD aqui sugeridos para cada espeacutecie objetivando a garantia da

manutenccedilatildeo dos estoques das mesmas

A dendrocronologia se mostrou uma ferramenta bastante uacutetil na aplicaccedilatildeo de

modelos de crescimento arboacutereo com intuito de contribuir para elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo florestal que suportam maior sustentabilidade do uso dos

recursos florestais Contudo maiores estudos para compreensatildeo da estrutura das

populaccedilotildees crescimento e reproduccedilatildeo das espeacutecies madeireiras de florestas de vaacuterzea

devem ser realizados

54

8 REFEREcircNCIAS

Achard F Eva HD Stibig Hans-Juumlrgen Mayaux P Gallego J Richards T

Malingreau Jean-Paul 2002 Determination of Deforestation Rates of the Worlds

Humid Tropical Forests Science 297(5583) 999 ndash 1002

Alencar A Nepstad D McGrath D Moutinho P Pacheco P Del Carmen M Diaz

V Soares ndash Filho BS 2004 Desmatamento na Amazocircnia indo aleacutem da

emergecircncia crocircnica Ipamhttpwwwipamorgbrpublicacoeslivrosresumo_des

matamentophp

Albernaz AL amp Ayres JM 1999 Selective Logging along the Middle Solimotildees River

In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash

Diversity Development and Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains

New York NYBG Press

Amaral P amp Amaral MN 2000 Manejo florestal comunitaacuterio na Amazocircnia brasileira

situaccedilatildeo atual desafios e perspectivas Brasiacutelia DF Instituto Internacional de

Educaccedilatildeo do Brasil (IIEB) 58 pp

Anderson A Mousasticoshvily I Macedo D 1999 Logging of Virola surinamensis in

the Amazon Floodplain Impacts and alternatives In Padoch C Ayres J M

Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and

Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Asner GP Knapp DE Broadbent EN Oliveira PJC Keller M Silva JNM

2005 Selective logging in the Brazilian Amazon Science 310 480 ndash 482

Ayres JM 1993 As matas de vaacuterzea do Mamirauaacute MCTCNPqSociedade Civil

Mamirauaacute Brasiacutelia Distrito Federal 123 pp

Barreto P Amaral P Vidal E Uhl C 1998 Costs and benefits of forest

management for timber production in eastern Amazonia Forest Ecology and

Management 108 (1ndash2) 9 ndash 26

Barros AC amp Uhl C 1995 Logging along the Amazon River and estuary Patterns

problems and potential Forest Ecology and Management 77 87ndash105

Barros AC amp Uhl C 1999 The economic and social significance of logging operations

on the Floodplains of the Amazon estuary and prospects for ecological

55

sustainability In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A

(eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and Conservation of Amazonias

Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Boltz F Carter DR Holmes TP Pereira RJr 2001 Financial returns under

uncertainty for conventional and reduced impact logging in permanent production

forests of the Brazilian Amazon Ecological Economics 39 387 ndash 398

Borchert R Rivera G Hagnauer W 2002 Modification of vegetative phenology in a

tropical semideciduous forest by abnormal drought and rain Biotropica 34 27 ndash

39

Bormann FH amp Berlyn G 1981 Age and growth rate of tropical trees new directions

for research Yale University School of Forestry and Environmental Studies

Bulletin New Haven

Boot RGA amp Gullison RE 1995 Aprporaches to developing sustainable extraction

systems for tropical forest products Ecological Applications 5(4) 896 ndash 903

Brienen RJW amp Zuidema PA 2005 Relating tree growth to rainfall in Bolivian rain

forests a test for six species using tree ring analysis Oecologia 146(1) 1 ndash 12

Brienen RJW amp Zuidema PA 2006 Lifetime growth patterns and ages of Bolivian

rain forest trees obtained by tree ring analysis Journal of Ecology 94 481 ndash 493

Brienen RJW amp Zuidema PA 2007 Incorporating persistent tree growth differences

increases estimates of tropical timber yield The Ecological Society of America

Frontiers in Ecology and the Environment 5(6) 302 ndash 306

Cannell MGR 1984 Woody biomass of forest stands Forest Ecology and

Management 8 (3 ndash 4) 299 ndash 312

Carvalho G Barros AC Moutinho P Nepstad D 2001 Sensitive Development

Could Protect Amazonia Instead of Destroying It Nature 409 131

Chave J Andalo C Brown S Cairns MA Chambers JQ Eamus D Foumllster H

Fromard F Higuchi N Kira T Lescure J-P Nelson BW Ogawa H Puig

H Rieacutera B Yamakura T 2005 Tree allometry and improved estimation of

carbon stocks and balance in tropical forests Oecologia 145 87 ndash 99

Chambers JQ Higuchi N Schimel JP 1998 Ancient trees in Amazonia Nature 39

135 ndash 136

56

Cintron BB 1990 Cedrela odorata L Cedro hembra Spanish cedar In Burns RM

Honkala BH (eds) Silvics of North America 2 Hardwoods Agric Handb

Washington DC US Department of Agriculture Forest Service 654 250 ndash 257

Clark DB amp Clark DA 1996 Abundance growth and mortality of very large trees in

neotropical lowland rain forest Forest Ecology and Management 80 235 ndash 244

Clark DA Clark DB 2001 Getting to the canopy Tree height growth in a neotropical

rain forest Ecology 82 1460 ndash 1472

Condit R 1995 Research in large long-term tropical forest plots Tree 10 18 ndash 22

Condit R Hubbel SP Foster RB 1995 Demography and harvest potential of Latin

American timber species data from a large permanent plot in Panama Journal of

Tropical Forest Science 7 599 ndash 622

De Graaf NN Filius AM Huesca Santos AR 2003 Financial analysis of sustained

forest management for timber Perspectives for application of the CELOS

management system in Brazilian Amazonia Forest Ecology and Management

177 287 ndash 299

Denevan WM 1976 The aboriginal population of Amazonia In Denevan W M (ed)

The native population of the Americas in 1492 The University of Wisconsin Press

205 ndash 234

De Simone O Junk WJ Schmidt W 2003 Central Amazon Floodplain Forests Root

Adaptations to Prolonged Flooding Russian Journal of Plant Physiology 50(6)

848 ndash 855

Dezzeo N Worbes M Ishii I Herrera R 2003 Growth rings analysis of four tropical

tree species in seasonally flooded forest of the Mapire River a tributary of the

lower Orinoko River Venezuela Plant Ecology 168 165 ndash 175

Duumlnisch O Montoia VR Bauch J 2003 Dendroecological investigations on

Swietenia macrophylla King and Cedrela odorata L (Meliaceae) in the Central

Amazon Trees ndash Struct Funct 17 244 ndash 250

Dykstra JA amp Heinrich R 1996 FAO model code of forest harvesting practice Food

and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) Rome Italy

Eckstein D Sass U Baas P 1995 Growth periodicity in tropical trees IAWA Journal

16 325 ndash 442

57

Enquist BJ Leffler AJ 2001 Long-term tree ring chronologies from sympatric tropical

dry-forest trees individualistic responses to climatic variation Journal of Tropical

Ecology 17 41 ndash 60

Enright NJ Hartshorn GS 1981 The demography of tree species in undisturbed

tropical rainforest In Bormann FH Berlyn G (eds) Age and growth rate of

tropical trees new directions for research Yale University School of Forestry and

Environmental Studies 94 107 ndash 119

Fearnside PM 1999 Biodiversity as an environmental service in Brazilacutes Amazonian

forests risks value and conservation Environmental Conservation 26 305 ndash 321

Ferreira LV 1991 O efeito do periacuteodo de inundaccedilatildeo na zonaccedilatildeo de comunidades

fenologia e regeneraccedilatildeo em uma floresta de Igapoacute na Amazocircnia Central Masterrsquos

Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 161 pp

Fichtler E Clark DA Worbes M 2003 Age and long-term growth of trees in an old-

growth tropical rain forest based on analyses of tree rings and C-14 Biotropica

35 306 ndash 317

Fichtler E Trouet V Beeckman H Coppin P Worbes M 2004 Climatic signals in

tree rings of Burkea africana and Pterocarpus angolensis form semiarid forests in

Namibia Trees 18 442 ndash 451

Francis J K 1990 Hura crepitans L Sandbox molinillo jabillo In SO-ITF-SM-38 New

Orleans LA US Department of Agriculture Forest Service Southern Forest

Experiment Station 270 ndash 274

Fritts HC 1976 Tree rings and climate London - Academic Press 567 pp

Furch K 1984 Water chemistry of the Amazon Basin The distribution of chemical

elements among freshwaters In Sioli H (ed) The Amazon Limnology and

Landscape Ecology of a Mighty Tropical River and its Basin Junk Publishers

Dordrecht 176 ndash 200

Furch K 1997 Chemistry of Vaacuterzea and Igapoacute soils and nutrient inventory of their

floodplain forests In Junk WJ (ed) The Central Amazon Floodplains Ecology of

a Pulsing System Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 47 ndash 67

58

Gama JRV Bentes ndash Gama M de Matos Scolforo JRS 2005 Sustainable

management for floodplain forest in eastern Amazonian Rev Aacutervore 29(5) 719 ndash

729

Gerwing JJ 2002 Degradation of forests through logging and fire in the eastern

Brazilian Amazon Forest Ecology and Management 157 131 ndash 141

Gourlay ID 1995 The definition of seasonal growth zones in some African Acacia

species ndash A review IAWA Journal 16 353 ndash 359

Hartshorn GS 1995 Ecological basis for sustainable development in tropical forests

Annual Review of Ecology and Systematics 26 155 ndash 175

Higuchi N Hummel AC Freias JV Malinowski JRE Stokes R 1994

Exploraccedilatildeo florestal nas vaacuterzeas do Estado do amazonas seleccedilatildeo de aacutervore

derrubada e transporte Proceedings of the VII Harvesting and Transportation of

timber Products IUFROUFPR Curitiba Brasil 168 ndash 193

Holmes TP Blate GM Zweede JC Pereira R Barreto P Boltz F Bauch R

2002 Financial and ecological indicators of reduced impact logging performance in

the eastern Amazon Forest Ecology and Management 163 93 ndash 110

IBGE 2000 Censo Demograacutefico 2000 Resultados Preliminares Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Rio de Janeiro 172 pp

Irion G Junk WJ Mello JASN 1997 The large Central Amazonian river floodplain

near Manaus geological climatological hydrological and geomorphological

aspects In the Central Amazonian Floodplains Ecology of a Pulsing System

Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 23 ndash 46 Johns JS Baretto P Uhl C 1996 Logging damage during planned and unplanned

logging operations in the eastern Amazon Forest Ecology and Management 89

59 ndash 77

Junk WJ 1989 Flood tolerance and tree distribution in Central Amazonian floodplains

In Nielsen LB Nielsen IC Baisley H (eds) Tropical Forests Botanical

Dynamics Speciation and Diversity Academic Press London 47 ndash 64

Junk WJ Bayley PB Sparks RE 1989 The flood pulse concept in foodplain

systems In Dodge DP (eds) Proceedings of the International Large River

Symposium Cen Spec Publ Fish Aquat Sci 106 110 ndash 127

59

Junk WJ amp Piedade MTF 1997 Plant life in the floodplain with special reference to

herbaceous plants In The central Amazon Floodplain Ecology of a Pulsing

system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 147 ndash 185

Kammescheidt L Gagang AA Schwarzwaller W Weidelt H 2003 Growth patterns

of dipterocarps in treated and untreated plots Forest Ecology and Management

174 437 ndash 445

Kubitzki K amp Zibursk A 1994 Seed dispersal in flood plain forests of Amazonia

Biotropica 26(1) 30 ndash 43

Lambin EF Geist HJ Lepers E 2003 Dynamics of land-use and land-cover change

in tropical regions Annual Review of Environment and Resources 28 205 ndash 41

Lamprecht H 1989 Silviculture in the tropics tropical forest ecosystems and their tree

species - possibilities and methods for their long-term utilization GTZ Eschborn

Laurance WF Nascimento HEM Laurance SG Condit R DAngelo S

Andrade A 2004 Inferred longevity of Amazonian rainforest trees based on a

long-term demographic study Forest Ecology and Management 190 131 ndash 143

Lieberman D Lieberman M Hartshorn G Peralta R 1895 Growth rates and age-

size relationships of Tropical Wet Forest trees in Costa Rica

Journal of Tropical Ecology 1(2) 97 ndash 109

Lima JRA amp Santos Joaquim dos Higuchi N 2005 Situaccedilatildeo das induacutestrias

madeireiras do Estado do Amazonas em 2000 Acta Amazonica 35(2) 125 ndash 132

Loureiro AA amp Silva MF da 1968 Cataacutelogo das madeiras da Amazocircnia Beleacutem

INPA 1 ndash 2

Margulis S 2003 Causas do desmatamento da Amazocircnia brasileira Brasiacutelia Banco

Mundial 100 pp

Marinho TA da S 2008 Distribuiccedilatildeo e estrutura da populaccedilatildeo de quatro espeacutecies

madeirerias em uma floresta sazonalmente alagaacutevel na Reserva de

desenvolvimento sustentaacutevel Mamirauaacute Amazocircnia Central Masterrsquos Thesis

Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 71 pp

Marques CA 2001 Importacircncia econocircmica da famiacutelia Lauraceae Lindl Floresta e

Ambiente 8(1) 195 ndash 206

60

Martini A Arauacutejo R N Uhl C 1998 Espeacutecies de Aacutervores Potencialmente

Ameaccediladas pela Atividade Madeireira na Amazocircnia Imazon Beleacutem Brazil Seacuterie

Amazocircnia Ndeg 11

Nebel G amp Kvist LP 2001 A review of Peruvian flood plain forests ecosystems

inhabitants and resource use Forest Ecology and Management 150 3 ndash 26

Nebel G Dragsted J Simonsen TR Vanclay JK 2001 The Amazon floodplain

forest tree Maquira coriacea (Karsten) CC Berg Aspects of ecology and

management Forest Ecology and Management 150 103 ndash 113

Nebel G amp Meilby H 2005 Growth and population structure of timber species in

Peruvian Amazon flood plains Forest Ecology and Management 215 1 ndash 3

Nepstad D Carvalho G Barros AC Alencar A Capobianco J Bishop J

Moutinho P Lefebvre P Silva U 2001 Road Paving Fire Regime Feedbacks

and the Future of Amazon Forests Forest Ecology and Management 5524 1 ndash 13

Nutto L Watzlawick LF 2002 Relaccedilotildees entre fatores climaacuteticos e incremento em

diacircmetro de Zanthoxylum rhoifolia Lam e Zanthoxylum hyemale St Hil Na regiatildeo

de Santa Maria RS Embrapa Florestas Bol Pesq Fl Colombo PR 45 41 ndash 55 Ohly JJ 2000 Development of central Amazonia in the modern era In Junk WJ

Ohly JJ Piedade MTF Soares MGM (eds) The Central Amazon

Floodplain Actual Use and Options for Sustainable Management Backhuys

Publisher Leiden 75 ndash 94

Parolin P 2001 Morphological and physiological adjustments to waterlogging and

drought in seedlings of Amazonian floodplain trees Oecologia 128 326-335

Parolin P 2002 Bosques inundados en la Amazonia Central Su aprovechamiento

actual y potencial Ecologia Aplicada 1(1) 111 ndash 114

Parolin P De Simone O Haase K Waldhoff D Rottenberger S Kuhn U

Kesselmeier J Kleiss B Schmidt W Piedade MTF Junk WJ 2004 Central

Amazonian floodplain forests tree adaptations in a pulsing system The Botanical

Review 70(3) 357 ndash 380

Piedade MTF Junk WJ Parolin P 2000 The flood pulse and photosynthetic

response of tree in a white water floodplain (Vaacuterzea) of Central Amazon Brazil

Verhandlungen der Internationalen Vereinigung fuumlr Limnologie 27 1734 ndash 1739

61

Piedade MTF 1985 Ecologia e biologia reprodutiva de Astrocaryum jauari Mart

(Palmae) como exemplo de populaccedilatildeo adaptada agraves aacutereas inundaacuteveis do Rio Negro

(igapoacutes) Masterrsquos Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo

Universidade do Amazonas Manaus Amazonas 188 pp

Piedade MTF Junk WJ Adis J Parolin P 2005 Ecologia zonaccedilatildeo e colonizaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo arboacuterea das Ilhas Anavilhanas Pesquisas Botacircnica 56 117 ndash 143

Pinedo-Vasquez M Zarin DJ Coffey K Padoch C Rabelo F 2001 Post-boom

logging in Amazonia Human Ecology 29 219ndash239

Prance GT 1980 A terminologia dos tipos de florestas Amazocircnicas sujeitos agrave

inundaccedilatildeo Acta Amazonica 10 495 ndash 504

Prance GT 1989 American Tropical Forests In Lieth H Weger MJA (eds)

Tropical Rain Forest Ecossistems Ecossistems of the World Elsevier Amsterdam

14 99 ndash 132

Putz FE Blate GM Redford KH Fimbel R Robinson J 2001 Tropical forest

management and conservation of biodiversity an overview Conservation Biology

15 7ndash20

Queiroz H 2005 A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute Estudos

Avanccedilados 19(54) 183 ndash 203

Revilla JDC 1981 Aspectos floriacutesticos e fitossocioloacutegicos da floresta inundaacutevel

(igapoacute) Praia Grande Rio Negro Amazonas Brasil Masterrsquos Thesis Instituto

Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do Amazonas

Manaus Amazonas 129 pp

Ribeiro RNS Tourinho MM Santana AC 2004 Avaliaccedilatildeo da sustentabilidade

agroambiental de unidades produtivas agroflorestais em Vaacuterzeas fluacutevio marinhas

de Cametaacute - Paraacute Acta Amazonica 34(3) 359 ndash 374

Roig FA 2000 Dendrocronologiacutea en los bosques del Neotroacutepicos revisioacuten y

prospeccioacuten futura In Dendrocronologiacutea en america Latina Roig F A (ed)

Mendoza EDIUNC 307 ndash 355

Sass U Killmann W Eckstein D 1995 Wood formation in two species of

dipterocarpaceae in Peninsular Malaysia IAWA Journal 16 371 ndash 384

62

Schoumlngart J 2003 Dendrochronologische Untersuchungen in

Uumlberschwemmungswaumlldern der vaacuterzea Zentralamazoniens PhD Thesis Fakultaumlt

fuumlr Forstwissenschaften und Waldoumlkologie Universitaumlt Goumlttingen 223 pp

Schoumlngart J 2008 GrowthndashOrientated Logging (GOL) A new concept towards

sustainable forest management in Central Amazonian vaacuterzea floodplains Forest

Ecology and Management (Aceito)

Schoumlngart J Piedade MTF Ludwigshausen S Horna V Worbes M 2002

Phenology and stem-growth periodicity of tree species in Amazonian floodplain

forests Journal of Tropical Ecology 18 581 ndash 597

Schoumlngart J Piedade MTF Worbes M 2003 Successional differentiation in

structure floristic composition and wood increment of whitewater Floodplain

Forests in Central Amazonia German-Brazilian Workshop on Neotropical

Ecosystems ndash Achievements and Prospects of Cooperative Research Hamburg 3

ndash 8

Schoumlngart J Junk WJ Piedade MTF Ayres JM Huumlttermann A Worbes M

2004 Teleconnection between tree growth in the Amazonian floodplains and the El

Nintildeo-Southern Oscillation effect Global Change Biology 10 683 ndash 692

Schoumlngart J Piedade MTF Wittmann F Junk WJ Worbes M 2005 Wood

growth patterns of Macrolobium acaciifolium (Benth) (Fabaceae) in Amazonian

black-water and white-water Floodplain Forests Oecologia 145 454 ndash 461

Schoumlngart J Orthmann B Hennenberg KJ Porembski S Worbes M 2006

Climate ndash growth relationships of tropical tree species in West Africa and their

potential for climate reconstruction Global Change Biology 12 1139 ndash 1150

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M Piedade MTF Krambeck H-J Junk WJ

2007 Management criteria for Ficus insipida Willd (Moraceae) in Amazonian white

ndash water floodplain forests defined by tree ndash rings analysis Annals of Forest

Science 64 657 ndash 664 Schoumlngart J Rocha RM Queiroz HL 2008a Traditional timber extraction in the

central Amazonian floodplains In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

63

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M 2008b Biomass and net primary production of

central Amazonian floodplain forests In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-Verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Swaine MD Whitmore TC 1988 On the definition of ecological species groups in

tropical rain forests Vegetatio 75 81 ndash 86

Schwartz MW Caro TM Banda-Sakala T 2002 Assessing the sustainability of

harvest of Pterocarpus angolensis in Rukwa Region Tanzania Forest Ecology and

Management 170 259 ndash 269

Schweingruber FH 1988 Tree rings Reidel Dordrecht 276 pp

Sioli H amp Klinge H 1962 Solos tipos de vegetaccedilatildeo e aacuteguas na Amazocircnia Boletim

Museu Paraense Emilio Goeldi 1 27 ndash 41

Sioli H 1984 Former and recent utilizations of Amazonia and their impact on the

environment In The Amazon Sioli H (ed) Junk Publishers Dordrecht 675 ndash

706

Sioli H 1991 Amazocircnia Fundamentos da ecologia da maior regiatildeo de florestas

tropicais Editora Vozes Petroacutepolis Rio de Janeiro 3 ed 71 pp

Sociedade Civiacutel Mamirauaacute 1996 Mamirauaacute Management Plan (summarized version)

Brasiacutelia SCM CNPqMCT

Sokpon N amp Biaou SH 2002 The use of diameter distributions in sustained-use

management of remnant forests in Benin case of Bassila forest reserve in North

Benin Forest Ecology and Management 161 13 ndash 25

Sombroek WG 1979 Soils of the Amazon region and their ecological stability ISM

Annual Report 13 ndash 27

Smeraldi R 2003 Legalidade predatoacuteria ndash o novo contexto da exploraccedilatildeo madeireira

na Amazocircnia In MACQUEEN DJ (ed) Exportando sem crises a induacutestria de

madeira tropical brasileira e os mercados internacionais IIED Small and Medium

64

Enterprise Series London International Institute for Environment and

Development 1 37 ndash 52

Spiecker H 2002 Tree rings and forest management in Europe Dendrochronologia

20(1-2) 191 ndash 202

Stadtler EWC 2007 Estimativas de biomassa lenhosa estoque e sequumlestro de

carbono acima do solo ao longo do gradiente de inundaccedilatildeo em uma floresta de

igapoacute alagada por aacutegua preta na Amazocircnia Central MSc thesis INPAUFAM

Manaus BrazilStahle DW 1999 Useful strategies for the development of tropical

tree-ring chronologies IAWA Journal 20 249 ndash 253

Takeuchi M 1962 The structure of the amazonian vegetation VI Igapoacute Journal of the

Faculty Science University of Tokyo 8(4 ndash 7) 297-304

Ter Steege H Pitman N Sabatier D Castellanos H Vander Hout P Daly DC

Silveira M Phillips OL Vasquez R Van Andel T Duivenvoorden J De

Oliveira AA Ek R Lilwah R Thomas R Van Essen J Baider C Maas P

Mori S Terborgh J Nueacutez PV Mogolloacute n H Morawetz W 2003 A spatial

model of tree adiversity and b-density for the Amazon Region Biodiversityand

Conservation 12 2255 ndash 2277

Therrell MD Stahle DW Ries LP Shugart HH 2006 Tree-ring reconstructed

rainfall variability in Zimbabwe Climate Dynamics 26 677 ndash 685

Uhl C Barreto P Verissiacutemo A Vidal E Amaral P Barros AC Souza C Johns

J Gerwing J 1997 Natural Resource Management in the Brazilian Amazon

Bioscience 47(3) 160 ndash 168

Vidal E Viana VM Batista JLF 2002 Crescimento de floresta tropical trecircs anos

apoacutes colheita de madeira com e sem manejo florestal na Amazocircnia oriental

Scientia forestalis 61133-143

Waldholff D Junk WJ Furch B 1998 Responses of three Central Amazonian tree

species to drought and flooding under controlled conditions International Journal of

Ecological and Environments Sciences 24 237 ndash 252

Wittmann F amp Parolin P 1999 Phenology of six tree species from Central Amazonian

Vaacuterzea Ecotropica 5 51 ndash 57

65

Wittmann F Anhuf D Junk WJ 2002 Tree species distribution and community

structure of central Amazonian Vaacuterzea forests by remote-sensing techniques

Journal of Tropical Ecology 18 805 ndash 820

Wittmann F amp Junk WJ 2003 Sapling communities in Amazonian white-water forests

Journal of Biogeography 30(10) 1533 ndash 1544

Wittmann F Junk WJ Piedade MTF 2004 The Vaacuterzea forests in Amazonia

flooding and the highly dynamic geomorphology interact with natural forest

succession Forest Ecology and Management 196 199 ndash212

Wittmann F Schoumlngart J Montero JC Motzer T Junk WJ Piedade MTF

Queiroz HL Worbes M 2006a Tree species composition and diversity gradients

in white-water forests across the Amazon Basin Journal of Biogeography 33 1334

ndash 1347

Wittmann F Schoumlngart J Brito JM Oliveira Wittmann A Piedade MTF Parolin

P Junk WJ Guillaumet JL 2006b Manual of trees from Central Amazonian

vaacuterzea floodplains Taxonomy ecology and use Ed Valer (no prelo)

Whitmore TC 1990 An introduction to tropical rain forests Oxford University Press

New York

Worbes M 1985 Structural and other adaptations to long-term flooding by in Central

Amazonia Amazoniana 9 459 ndash 484

Worbes M 1989 Growth rings increment and age of trees in inundation forest

savannas and mountain forest in the neotropics IAWA Bulletin 10(2) 109 ndash 122

Worbes M 1995 How to measure growth dynamics in tropical trees mdash a review IAWA

Journal 16 337ndash 351

Worbes M 1997 The forest ecosystem of the floodplains In The central Amazon

Floodplain Ecology of a Pulsing system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg

New York 223 ndash 266

Worbes M 1999 Annual grow rings rainfall-dependent growth and long-term grgrowth

patterns of tropical trees from the Caparo Forest Reserve in Venezuela Journal of

Ecology 87 391 ndash 403

Worbes M 2002 One hundred years of tree-ring research in the tropics ndash a brief history

and an outlook to future challenges Dendrochronologia 20(1 ndash 2) 217 ndash 231

66

Worbes M amp Junk WJ 1999 How old are the trees The persistence of a myth

IAWA Journal 20(3) 255 ndash 260

Worbes M Kingle H Revilla JD Martius C 1992 On the dynamics floristic

subdivision and geographical distribuition of Vaacuterzea forests in Central Amazonia

Journal of Vegetation Science 3 553 ndash 569

Worbes M Piedade MTF Schoumlngart J 2001 Holzwirtschaft im Mamirauaacute-Projekt

zur nachhaltigen Entwicklung einer Region im Uumlberschwemmungsbereich des

Amazonas Forstarchiv 72 188 ndash 200

Worbes M Staschel R Roloff A Junk WJ 2003 The ring analysis reveals age

structure dynamics and wood production of a natural forest stand in Cameroon

Forest Ecology and Management 173 105ndash123

67

Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )

Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo

Page 7: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE

Abstract Timber harvesting is an important economic activity in nutrient-rich floodplain forests (vaacuterzea) of Central Amazonia In the Western Amazon basin of Brazil and Peru access to terra firme forests is restricted due to the absence of a road network Still 60ndash90 of the local and regional markets are provided with timber obtained from the floodplain forests Costs for logging are lower in the floodplain forests (US$ 673 mndash3) as in the non-flooded terra firme forests (US$ 1432 mndash3) due to the easier access and lower energy costs Timber harvesting is based on a forest management plan applying felling cycles of 25-35 year an diameter cutting limits of 50 cm Tree-ring analysis (dendrochronology) is a powerful tool to determine tree ages and wood growth providing data for long-term growth patterns and forest dynamic as a basis for the development of sustainable forest management systems This study aims to model growth patterns of Hura crepitans L (Euphorbiaceae) Cedrela odorata L (Meliaceae) Ocotea cymbarum Mez (Lauraceae) and Sterculia elata Ducke (Malvaceae) tree species of commercial importance in the central Amazonian vaacuterzea Based on the growth patterns species-specific felling cycles and minimum logging diameter are estimated to support the development of future management plans towards sustainability in the Mamirauaacute Reserve of Sustainable Development (MRSD) From every tree species tree heights and diameter at breast height ge 10cm were measured from 20 individuals A total of 20 stem disks and 110 cores of 5 mm diameter were collected using an increment borer The cores were progressively polished with sanding paper to describe and analyze wood anatomical patterns as a key for a successful dendrochronological study The analyses were performed in the Dendrochronology Laboratory of INPAMax-Planck project in Manaus Tree age was determined by ring-counting and diameter increment rates were determined by ring-width measurements using a digital measuring device (LINTAB) Based on the data set of tree age diameter and tree height growth models were developed for each species based on significant age-diameter and diameter-height relationships to estimate volume growth The diameter of the maximum current volume increment was defined as minimum logging diameter (MLD) The MLD of the studied tree species varied between 376 cm (C odorata) and 1288 cm (H crepitans) The felling cycle was estimated by the mean passage time of 10 cm diameter classes until reaching the derived MLD Felling cycles varied between 97 years (H crepitans and S elata) and 120 years (C odorata) much lower than applied in the current management practices based on forest legislation and normative instruction of the Brazilian Environmental Agencies (IBAMA) The results indicate that current forest management practices are inefficient to manage the timber stocks of the studied commercial tree species Management plans must consider species-specific growth rates to guarantee a sustainable forest management

vi

Abreviaccedilotildees

Ab ndash Aacuterea basal

Bio ndash Biomassa acima do solo

CC ndash Ciclo de corte

CrC ndash Crescimento cumulativo

DAP ndash Diacircmetro acima da altura do peito

Den ndash Densidade da madeira em gcm3

DMD ndash Diacircmetro miacutenimo de derrubada

f ndash Fator de correccedilatildeo

FFT ndash Fundaccedilatildeo Floresta Tropical

h ndash altura

IBAMA ndash Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IC ndash Incremento corrente

IDSM ndash Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute

IM ndash Incremento meacutedio

INPA ndash Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia

IPAAM ndash Instituto de Proteccedilatildeo Ambiental do Amazonas

MMA ndash Ministeacuterio do Meio Ambiente

MFC ndash Manejo Florestal Comunitaacuterio

PMFS ndash Plano de Manejo Florestal Simplificado

PPG7 ndash Programa Piloto para a Proteccedilatildeo das Florestas Tropicais do Brasil

RDSA ndash Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Amanaacute

RDSM ndash Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute

SEMA ndash Secretaria Estadual do Meio Ambiente

t ndash Tempo

UNESCO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura

V ndash Volume

vii

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 4

21 Dendrocronologia nos troacutepicos 4

22 As florestas de vaacuterzea 7

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea 10

3 OBJETIVOS 13

31 Objetivo Geral13

32 Objetivos especiacuteficos13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS14

41 Aacuterea de estudos 14

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies15

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos 19

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos 20

5 RESULTADOS 25

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira 25

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies 28

6 DISCUSSAtildeO 39

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira 39

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo40

63 Estrateacutegias de manejo florestal 45

64 Desafios futuros52

7 CONCLUSOtildeES 53

8 REFEREcircNCIAS 55

viii

Lista de figuras

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da

largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)24

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial 27

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura 30

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata 31

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura 32

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura33

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans 34

Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie 36

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura) 38

Figura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999 a 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM 49

ix

1 INTRODUCcedilAtildeO

As florestas tropicais apresentam grande importacircncia na promoccedilatildeo de habitats

para metade das espeacutecies do planeta atuando na manutenccedilatildeo da biodiversidade

ciclagem de aacutegua e nos ciclos biogeoquiacutemicos (Fearnside 1999) Contudo por mais de

3 deacutecadas vem sofrendo grandes pressotildees pelo aumento das taxas de desmatamento

(Achard et al 2002 Lambin et al 2003) causadas principalmente pela conversatildeo de

floresta para pastagem e agricultura (Alencar et al 2001 Margulis 2003) extraccedilatildeo de

madeira natildeo sustentada (Nepstad et al 2001 Asner et al 2005) e investimentos em

pavimentaccedilatildeo e infra-estrutura (Carvalho et al 2001) Essas mudanccedilas na cobertura

florestal tecircm levado a comunidade cientiacutefica a buscar alternativas para a conservaccedilatildeo e

uso sustentaacutevel dos recursos naturais de florestas tropicais (Boot amp Gullison 1995

Hartshorn 1995 Putz et al 2001)

A floresta Amazocircnica eacute a maior floresta tropical uacutemida do planeta (Sioli amp Klinge

1962 Sioli 1991) dos quais 6 correspondem a florestas de aacutereas alagaacuteveis (Prance

1980) Estas satildeo classificadas em vaacuterzea e igapoacute (Prance 1980) e se destacam por um

distinto sistema edaacutefico associado ao tipo de aacuteguas a que estatildeo sujeitas (Prance

1989) com dinacircmica altamente influenciada pelo pulso anual de inundaccedilatildeo (Junk et al

1989 Schoumlngart et al 2004 2005) As florestas de vaacuterzea sofrem influecircncia de rios de

aacuteguas barrentas (Furch 1984) capazes de transportar uma grande quantidade de

nutrientes atraveacutes de sedimentos oriundos de erosotildees ocorrendo nos Andes e encostas

Preacute-andinas (Sombroek 1979 Ayres 1993 Irion et al 1997)

A riqueza de nutrientes e relativa fertilidade dos solos (Furch 1997) conferem a

estes ecossistemas de vaacuterzea um caraacuteter de importacircncia econocircmica sendo um atrativo

1

para a colonizaccedilatildeo humana durante os uacuteltimos seacuteculos (Parolin 2002) Frequumlentemente

satildeo utilizadas para as praacuteticas de agricultura de subsistecircncia sendo importante fonte de

proteiacutenas para as populaccedilotildees ribeirinhas por meio da pesca e caccedila (Sioli 1984 Junk

1989) e para a extraccedilatildeo de produtos madeireiros e natildeo-madeireiros (Junk amp Piedade

1997 Ohly 2000 Ribeiro et al 2004 Gama et al 2005) Estes fatores influenciam na

alta densidade populacional encontrada neste ecossistema considerando-se outras

regiotildees da Amazocircnia (Denevan 1976 IBGE 2000)

O setor madeireiro tem papel de destaque nestas regiotildees A alta abundacircncia de

certas espeacutecies madeireiras (Wittmann et al 2006a) aliada agrave facilidade de acesso aos

recursos o tipo de operaccedilatildeo de extraccedilatildeo derrubada arraste e transporte atraveacutes dos

rios reduzem os custos da madeira extraiacuteda das vaacuterzeas com relaccedilatildeo agrave extraccedilatildeo de

florestas de terra firme (Higuchi et al 1994 Barros amp Uhl 1995 1999 Uhl et al 1997

Schoumlngart et al 2007)

Ateacute o final de 1990 cerca de 80 da madeira encontrada no mercado brasileiro

era de origem ilegal (Smeraldi 2003) Nos uacuteltimos anos a grande pressatildeo exercida

pela extraccedilatildeo predatoacuteria da madeira aliada ao surgimento de novas alternativas de uso

da terra levaram a necessidade de elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo florestal e

conservaccedilatildeo das florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Schoumlngart et al 2007) Recentemente

programas de manejo florestal tecircm sido implementados com o intuito de proteccedilatildeo e

conservaccedilatildeo das vaacuterzeas amazocircnicas tais como os projetos Proacute-Vaacuterzea e PPG7

(Schoumlngart et al 2008a)

Atualmente os planos de manejos na Amazocircnia Brasileira tecircm como base o

Coacutedigo Florestal no 4711 15 de setembro de 1965 fundamentado em um sistema

policiacuteclico o qual estabelece um diacircmetro limite de corte e a extraccedilatildeo da madeira

2

realizada em intervalos de anos em uma dada aacuterea (ciclo de corte) A aacuterea a ser maneja

eacute dividida em talhotildees de aproximadamente tamanho correspondendo ao nuacutemero de

anos do ciclo de corte (Lamprecht 1989 De Graaf et al 2003)

Este modelo de manejo florestal eacute caracterizado por ocasionar superexploraccedilatildeo

e subutilizaccedilatildeo do potencial madeireiro por natildeo considerar as variaccedilotildees nas taxas de

crescimento entre espeacutecies entre diferentes habitats e ao longo dos anos (Schoumlngart

2003 Brienen amp Zuidema 2006) Espeacutecies de madeira branca com taxas de

crescimento raacutepido podem alcanccedilar o limite de diacircmetro para corte antes do tempo

estabelecido enquanto que espeacutecies de madeira pesada levam maior tempo para

atingir este diacircmetro de derrubada (Schoumlngart 2003 Schoumlngart et al 2003 2007

Brienen amp Zuidema 2007)

A Instruccedilatildeo Normativa (IN) ndeg 5 de 11 de dezembro de 2006 abre caminhos para

modificaccedilotildees do manejo florestal atual O ciclo de corte varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3 por ha ao ano no Plano de Manejo Florestal Simplificado

(PMFS) Pleno No PMFS de baixa intensidade foi estabelecido um ciclo de corte inicial

de 10 anos com volume de extraccedilatildeo de ateacute 10 msup3 por ha Na vaacuterzea a produccedilatildeo pode

exceder 10 msup3 por ha ao ano poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3 aacutervores por ha Esta

nova IN requer o estabelecimento de modelos especiacuteficos para cada espeacutecie onde o

limite de diacircmetro para corte eacute determinado a partir de criteacuterios ecoloacutegicos e teacutecnicos

Caso contraacuterio um diacircmetro de corte de 50 cm eacute estabelecido

Estimativas da produccedilatildeo de madeira considerando-se a variaccedilatildeo no crescimento

arboacutereo entre as espeacutecies satildeo necessaacuterias para garantir o contiacutenuo suprimento e

manutenccedilatildeo dos sistemas de manejo de florestas naturais (Brienen amp Zuidema 2007)

Neste sentido a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira (dendrocronologia) vem a ser uma

3

importante ferramenta na elaboraccedilatildeo de sistemas de exploraccedilatildeo sustentada

fornecendo modelos de crescimento e idade da madeira (Worbes et al 2001 Worbes

2002 Duumlnisch et al 2003 Schoumlngart et al 2003 2007 Brienen amp Zuidema 2005)

proporcionando opccedilotildees de manejo mais especiacuteficas e efetivas com benefiacutecios para as

populaccedilotildees futuras

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Dendrocronologia nos troacutepicos

Os aneacuteis de crescimento na madeira de espeacutecies das regiotildees temperadas

configuram o incremento radial os quais anualmente satildeo incorporados ao tronco das

aacutervores Cada anel possui duas partes distintas lenho inicial e lenho tardio O primeiro

corresponde ao crescimento arboacutereo no iniacutecio do periacuteodo vegetativo quando as plantas

reativam as atividades fisioloacutegicas O lenho tardio eacute formado no final do periacuteodo

vegetativo com a reduccedilatildeo das atividades e modificaccedilatildeo da estrutura celular com

espessamento das paredes e reduccedilatildeo do lume (Fritts 1976) A queda das atividades

celulares ocorre como resposta as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento arboacutereo em

decorrecircncia da reduccedilatildeo da temperatura (Schweingruber 1988)

Leonardo da Vinci durante o seacuteculo 15 foi o primeiro a reconhecer a existecircncia

de aneacuteis anuais na madeira em ramos de pinheiros relacionando-os a idade da aacutervore

e seu padratildeo de espessura com anos mais ou menos secos (Schweingruber 1988) Jaacute

no seacuteculo 19 diversas pesquisas demonstravam que as baixas temperaturas dos

invernos rigorosos em regiotildees temperadas satildeo um fator limitante no crescimento da

4

madeira (Worbes 1995) Contudo somente no iniacutecio do seacuteculo 20 a existecircncia de aneacuteis

anuais nos troacutepicos foi descoberta e algumas deacutecadas depois foi questionada (Worbes

amp Junk 1999) Muitos acreditavam na ausecircncia de aneacuteis anuais nos troacutepicos devido agrave

limitada sazonalidade (Schweingruber 1988) e temperatura quase constante

(Whitmore 1990) Este mito eacute ainda mantido por alguns autores (Lieberman et al

1985 Whitmore 1990) mesmo verificando-se que a distribuiccedilatildeo sazonal das chuvas na

maioria das regiotildees tropicais ocasiona uma distinta estaccedilatildeo seca (Worbes 1999)

Alguns autores enfatizam os problemas relacionados agrave formaccedilatildeo de aneacuteis anuais

na madeira nos troacutepicos Estudos tecircm registrado a formaccedilatildeo de dois aneacuteis por ano em

regiotildees apresentando duas estaccedilotildees de seca distintas (Gourlay 1995) formaccedilatildeo de

aneacuteis intra-anuais ou falsos aneacuteis em resposta a padrotildees irregulares de chuvas com

seca excepcional durante a estaccedilatildeo chuvosa (Borchert et al 2002) ou ainda a

formaccedilatildeo de aneacuteis irregulares na madeira de espeacutecies tropicais (Sass et al 1995)

Contudo a existecircncia de aneacuteis de crescimento nos troacutepicos tem sido registrada

em mais de 20 paiacuteses tropicais sendo que muitos estudos tecircm comprovado a

anualidade na formaccedilatildeo dos aneacuteis por mais de 100 anos (Worbes 2002) Foram

descritos para estas regiotildees diferentes padrotildees de aneacuteis anuais por Coster (19271928)

e classificados por Worbes (1995) como 4 tipos principais variaccedilotildees na densidade da

madeira faixas de parecircnquima marginal alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima e

variaccedilotildees na densidade dos vasos

Em regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o ritmo de crescimento das aacutervores

eacute determinado pelo pulso de inundaccedilatildeo (Worbes 1985) Durante o alagamento as

raiacutezes sofrem condiccedilotildees anoacutexicas acarretando reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a

copa das aacutervores e consequumlente reduccedilatildeo do metabolismo o que resulta em dormecircncia

5

cambial e a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira (Worbes 1989 Schoumlngart et al

2002) Diversas pesquisas tecircm evidenciado a presenccedila de aneacuteis anuais nas regiotildees de

aacutereas alagaacuteveis nos troacutepicos (Worbes 1989 Dezzeo et al 2003 Schoumlngart et al

2002 2004 2005)

Existem diferentes meacutetodos de investigaccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira

classificados em destrutivos e natildeo destrutivos (Worbes 1995) Meacutetodos natildeo destrutivos

podem ser feitos a partir de investigaccedilotildees fenoloacutegicas medidas repetidas do diacircmetro e

medida da atividade cambial por mensuraccedilatildeo da resistecircncia eleacutetrica na zona cambial

Feridas cambiais (Janelas de Mariaux) dataccedilatildeo por radiocarbono cicatrizes

provocadas por fogo em anos conhecidos ou injurias na madeira densitometria por raio

ndash X variaccedilotildees nas concentraccedilotildees de isoacutetopos estaacuteveis e contagem direta dos aneacuteis satildeo

meacutetodos destrutivos de constataccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira (Worbes

1995 2002) Todos estes meacutetodos foram utilizados independentemente para indicar a

ocorrecircncia de aneacuteis anuais no xilema de espeacutecies arboacutereas nas vaacuterzeas

Dentre estes meacutetodos a contagem direta dos aneacuteis anuais se destaca pela

obtenccedilatildeo de estimativas acuradas da idade das aacutervores e dados de longos periacuteodos de

crescimento da madeira (Bormann amp Berlyn 1981 Eckstein et al 1995) Informaccedilotildees

estas uacuteteis para o entendimento da dinacircmica da floresta (Enright amp Hartshorn 1981

Worbes 2002) desenvolvimento de sistemas de manejo florestal e estrateacutegias de

conservaccedilatildeo das espeacutecies (Stahle et al 1999 Worbes et al 2003)

O padratildeo de crescimento ao longo do tempo atua como um arquivo de dados e

contribui com informaccedilotildees sobre as mudanccedilas nas condiccedilotildees ambientais (Spiecker

2002) relaccedilotildees entre o clima e o crescimento arboacutereo (Enquist amp Leffler 2001 Nutto amp

6

Watzlawick 2002 Fichtler et al 2004 Schoumlngart et al 2006 Therrell et al 2006) e

sequumlestro de carbono na biomassa da madeira (Schoumlngart 2003)

22 As florestas de vaacuterzea

Junk et al (1989) definiram como aacutereas alagaacuteveis aquelas cuja inundaccedilatildeo eacute

promovida por um fluxo lateral dos rios e lagos eou precipitaccedilatildeo direta ou sobre as

aacuteguas um fenocircmeno perioacutedico que influencia na dinacircmica das comunidades e acarreta

um longo periacuteodo de adaptaccedilotildees e evoluccedilatildeo de espeacutecies endecircmicas Na regiatildeo

amazocircnica as aacutereas inundaacuteveis satildeo recobertas por florestas de vaacuterzea e igapoacute sendo

que as florestas de vaacuterzea abrangem uma aacuterea de 50-75 e satildeo consideradas o tipo

de vegetaccedilatildeo inundaacutevel mais importante destas regiotildees (Wittmann et al 2002)

As florestas alagaacuteveis sofrem esta alternacircncia anual entre fase terrestre e

aquaacutetica a qual vem ocorrendo haacute milhotildees de anos leva ao desenvolvimento de

adaptaccedilotildees de caraacuteter morfoloacutegico anatocircmico fisioloacutegico etoloacutegico e fenoloacutegico nas

espeacutecies que vivem nestes ambientes inundados anualmente (Ferreira 1991 Kubitzki

amp Zibursk 1994 Waldhoff et al 1998 Wittmann amp Parolin 1999 Piedade et al 2000

Parolin et al 2004)

Muitas espeacutecies respondem as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento durante

a fase de alagamento apresentando adaptaccedilotildees na forma de produccedilatildeo de raiacutezes

adventiacutecias desenvolvimento de vias alternativas metaboacutelicas e permanecircncia da

atividade fotossinteacutetica (De Simone et al 2003) estrateacutegias de toleracircncia ou escape ao

alagamento pelas placircntulas (Parolin 2002) ou ainda armazenamento de aacutegua no caule

(Schoumlngart et al 2002) Cada espeacutecie responde a este fenocircmeno de forma

7

diferenciada podendo ser visualizada atraveacutes dos diversos padrotildees fenoloacutegicos

encontrados nas aacutereas alagaacuteveis (Schoumlngart et al 2002) O alagamento anual causa

condiccedilotildees anaeroacutebicas nas raiacutezes levando a reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a copa

das aacutervores o que ocasiona estresse hiacutedrico e perda de folhas Como resultado a

planta entra em dormecircncia cambial

As diferentes estrateacutegias adaptativas associadas com diferentes niacuteveis de

toleracircncia ao alagamento refletem a influecircncia exercida pelo periacuteodo e niacutevel de

alagamento aos quais as plantas estatildeo sujeitas resultando numa zonaccedilatildeo de espeacutecies

caracteriacutestica nas aacutereas alagaacuteveis (Takeuchi 1962 Revilla 1981 Piedade 1985

Worbes et al 1992 Worbes 1997 Wittmann et al 2002 2004)

A dinacircmica sucessional em florestas de vaacuterzea da Amazocircnia foi descrita por

Worbes et al (1992) Estaacutegios iniciais de sucessatildeo primaacuteria e secundaacuteria apresentam

estratos monoespeciacuteficos com espeacutecies de crescimento raacutepido e baixa densidade da

madeira as quais natildeo alcanccedilam grandes idades Por meio do processo de sucessatildeo

natural ocorrem substituiccedilotildees de espeacutecies e formaccedilatildeo de estaacutegios tardios onde

observa-se uma maior complexidade nos extratos arboacutereos e diversidade de espeacutecies

diminuiccedilatildeo da taxa de incremento radial e acuacutemulo de biomassa (Worbes 1992

Schoumlngart et al 2003)

Ao longo da sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais existe um aumento da

densidade da madeira das aacutervores e decreacutescimo das taxas de incremento em diacircmetro

aumento da diversidade de espeacutecies o que implica mudanccedilas de estratos mais

homogecircneos de estaacutegios sucessionais iniciais para extratos mais complexos

caracterizados pelo aumento da altura das aacutervores tamanho e aacuterea da copa (Wittmann

et al 2002 Schoumlngart et al 2003)

8

Esta zonaccedilatildeo de espeacutecies em florestas de vaacuterzea ao longo do gradiente

topograacutefico (Junk 1989 Ayres 1993) e sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais (Worbes

1997) leva a formaccedilatildeo de dois habitats significativamente diferentes os quais satildeo

denominados vaacuterzea alta e vaacuterzea baixa (Wittmann et al 2002) A primeira caracteriza-

se por alagamento de menos de 3 m por ano na meacutedia apresentando aumento da

diversidade e complexidade da arquitetura com o aumento da idade resultando de

processo sucessional natural de florestas tardias de vaacuterzea baixa sendo considerada

representante de estaacutegio cliacutemax A vaacuterzea baixa apresenta diferentes estaacutegios de

sucessatildeo natural e eacute alagada por mais de 3 m por ano (Wittmann et al 2002) sendo

que a complexidade de estrutura e composiccedilatildeo da floresta tende a aumentar com a

reduccedilatildeo do niacutevel e duraccedilatildeo do alagamento

A grande variedade de habitats e multiplicidade de adaptaccedilotildees resultam numa

grande diversidade de espeacutecies arboacutereas dentro das aacutereas alagaacuteveis (Junk 1989)

atingindo 1000 espeacutecies registradas para florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Wittmann et al

2006a) A alta diversidade nestas aacutereas estaacute relacionada ao niacutevel e periacuteodo das cheias

e aumenta com diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo de inundaccedilatildeo (Wittmann amp Junk 2003 Worbes

et al 1992 Piedade et al 2005) Entretanto florestas de vaacuterzea possuem diversidade

de espeacutecies menor se comparada com florestas de terra firme da mesma regiatildeo (Ayres

1993)

Wittmann et al (2006a) afirmam que nas florestas de vaacuterzea a diversidade de

espeacutecies tambeacutem aumenta no sentido leste ndash oeste dentro da Bacia Amazocircnica Este

padratildeo parece similar ao encontrado para florestas de terra firme na mesma regiatildeo

geograacutefica (Ter Steege et al 2003) corroborando com a hipoacutetese de formaccedilatildeo de uma

zona de transiccedilatildeo que permite a migraccedilatildeo das espeacutecies de florestas de terra firme para

9

florestas alagaacuteveis de vaacuterzea alta (Wittmann et al 2006a) Esta hipoacutetese eacute estabelecida

pela elevada similaridade floriacutestica encontrada entre a vaacuterzea alta e terra firme

As florestas de vaacuterzea alta compreendem cerca de 10 da cobertura florestal

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996 Wittmann et al 2002) no entanto satildeo as florestas

mais ameaccediladas pela accedilatildeo antroacutepica sendo frequumlentemente utilizadas para moradia e

substituiccedilatildeo das aacutereas de floresta para atividades de agricultura e pecuaacuteria

Apresentam alta abundacircncia de espeacutecies madeireiras e estatildeo sendo ameaccediladas por

praacuteticas insustentaacuteveis de manejo (Ayres 1993 Worbes et al 2001)

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea

Atualmente dentro da Bacia Amazocircnica de aproximadamente 350 espeacutecies

madeireiras encontradas cerca de 34 tambeacutem ocorrem em florestas de vaacuterzea

(Martini et al 1998) outras satildeo restritas a este tipo de ecossistema Pela falta de infra-

estrutura em estradas de 60 a 80 da madeira extraiacuteda na Amazocircnia Ocidental e

Peru tecircm origem a partir deste tipo de floresta inundaacutevel (Higuchi et al 1994 Nebel amp

Kvist 2001 Worbes et al 2001) Em 2000 somente no Estado do Amazonas

aproximadamente 75 da madeira para induacutestria de laminados e compensados teve

origem em florestas alagaacuteveis (Lima et al 2005)

O preccedilo da madeira de espeacutecies com densidade abaixo de 060 gcm3 (madeira

branca) no Meacutedio Rio Solimotildees variou entre R$ 075-600 por m3 para Hura crepitans

L (Euphorbiaceae) e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae) enquanto que

espeacutecies de madeira densa acima de 060 gcm3 (madeira pesada) como Ocotea

cymbarum Mez (Lauraceae) Copaifera sp (Fabaceae) e Piranhea trifoliata Baill

10

(Euphorbiaceae) foram negociadas por R$ 288-1290 por m3 no periacuteodo de 1993 a

1995 (Worbes et al 2001) O primeiro grupo eacute frequumlentemente utilizado em induacutestrias

de laminados e compensados enquanto que as espeacutecies de madeira densa satildeo muito

utilizadas na construccedilatildeo de casas barcos e moacuteveis (Albernaz amp Ayres 1999) Com a

implementaccedilatildeo de manejo sustentaacutevel controlado e autorizado pelo IBAMA e IPAAM

os preccedilos da madeira subiram consideravelmente atingindo valores de ateacute R$ 6200

por m3 no ano de 2007 ao longo do Meacutedio Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a)

Um inventaacuterio florestal realizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel

Mamirauaacute (RDSM) abrangendo uma aacuterea de 342 ha de florestas de vaacuterzea encontrou

122 espeacutecies madeireiras por ha com diacircmetro limite de corte acima de 45 cm

(Schoumlngart et al 2008a) Das espeacutecies inventariadas as mais encontradas dentre as

madeiras brancas foram H crepitans e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae)

Das madeiras pesadas O cymbarum Mez (Lauraceae) Calycophyllum spruceanum

(Benth) Hookf ex KSchum (Rubiaceae) foram as mais abundantes

Dados do Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel de Mamirauaacute (IDSM) do

manejo florestal comunitaacuterio (MFC) de 2003 mostram que 42 do nuacutemero de toras e

60 do volume extraiacutedo na reserva pertencem agrave H crepitans Esta espeacutecie somada a

O cymbarum e C subsessilis corresponde a quase 70 do volume em metros cuacutebicos

de madeira extraiacuteda

A atividade madeireira em florestas de vaacuterzea se restringe a poucas espeacutecies

(Schoumlngart 2003) e a ausecircncia de dados de regeneraccedilatildeo e crescimento aliados a

exploraccedilatildeo inadequada da madeira tecircm levado agrave reduccedilatildeo das populaccedilotildees de algumas

destas espeacutecies chegando a praticamente desaparecer dos mercados regionais

(Higuchi et al 1994 Worbes et al 2001) Espeacutecies como Cedrela odorata L

11

(Meliaceae) Platymiscium ulei Harms (Fabaceae) Virola spp (Myristicaceae) Ceiba

pentandra (L) Gaerth (Malvaceae) foram substituiacutedas por O cymbarum C

spruceanum H crepitans e C guianensis (Albernaz amp Ayres 1999 Anderson et al

1999 Worbes et al 2001 Lima et al 2005)

Dentro da RDSM o manejo florestal se caracteriza por sistema policiacuteclico com

ciclo de corte de 25 anos e diacircmetro limite de corte de 45 cm Inicialmente deve ser feito

um inventaacuterio florestal de todas as espeacutecies madeireiras com diacircmetro ge 20 cm e as

extraccedilotildees se limitam a 5 aacutervores por ha que se encontram acima do diacircmetro de corte

Cerca de 10 das aacutervores acima do limite de diacircmetro devem permanecer nas aacutereas

como porta-sementes com o intuito de garantir a regeneraccedilatildeo das espeacutecies exploradas

Aproximadamente 12 da cobertura florestal da RDSM pertence a florestas de

vaacuterzea alta onde a abundacircncia de espeacutecies de valor econocircmico eacute alta (Wittmann et al

2002) e contribuem para o fornecimento de produtos madeireiros para o mercado local

regional e internacional (Wittmann et al 2004) Schoumlngart et al (2007) afirmam que as

espeacutecies mais exploradas na reserva satildeo O cymbarum C spruceanum e P trifoliata

(espeacutecies de madeira densa) assim como Ficus insipida Willd (Moraceae) H

crepitans Maquira coriacea (Karsten) CCBerg (Moraceae) (espeacutecies de madeira

branca)

Este estudo analisa e modela padrotildees de crescimento de quatro espeacutecies

aacuterboreas de interesse comercial de baixa densidade de madeira (madeira branca) e alta

densidade de madeira (madeira pesada) exploradas dentro da RDSM Deste modelos

criteacuterios como DMD e ciclo de corte satildeo derivados e discutidos no contexto das atuais

normas de manejo florestal na Amazocircnia pela legislaccedilatildeo brasileira

12

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Modelar padrotildees de crescimento da madeira de H crepitans C odorata O

cymbarum e S elata espeacutecies de importacircncia econocircmica na exploraccedilatildeo madeireira

das florestas de vaacuterzea da Amazocircnia para definir ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de

derrubada (DMD) especiacuteficos subsidiando futuros planos de manejo florestal

sustentaacutevel dentro da RDSM

32 Objetivos especiacuteficos

a Descriccedilatildeo da anatomia da madeira

b Determinaccedilatildeo da idade das aacutervores

c Determinaccedilatildeo das taxas de incremento em diacircmetro altura volume e biomassa

d Estimativa de ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de derrubada para definir criteacuterios

de manejo para cada uma das espeacutecies

13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS

41 Aacuterea de estudos

A aacuterea de estudos compreende a Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Mamirauaacute (RDSM) a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo na categoria de reserva

sustentaacutevel e primeira existente no ecossistema de vaacuterzea Sua criaccedilatildeo eacute resultado de

solicitaccedilatildeo encaminhada em 1985 pelo bioacutelogo Dr Joseacute Maacutercio Ayres ao oacutergatildeo

responsaacutevel na eacutepoca SEMA ndash Secretaria Especial de Meio Ambiente (Queiroz 2005)

A RDSM eacute dividida em duas aacutereas principais aacuterea focal (cerca de 260000 ha)

onde se desenvolvem desde 1991 atividades baseadas em pesquisas

socioeconocircmicas e ecoloacutegicas incluindo pesca agricultura agroflorestal e ecoturismo

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996) e aacuterea subsidiaacuteria (cerca de 878000 ha) a qual seraacute

manejada progressivamente A aacuterea focal eacute por sua vez subdividida em zona de

proteccedilatildeo permanente zona de ecoturismo e zona destinada ao manejo sustentaacutevel de

recursos naturais

Dentro da aacuterea focal existem nove unidades ou setores de controle do uso dos

recursos naturais denominadas Mamirauaacute Jarauaacute Tijuaca Boa Uniatildeo do Meacutedio

Japuraacute Aranapuacute Barroso Horizonte Liberdade e Ingaacute As atividades econocircmicas

realizadas pelas comunidades dentro dos setores se dividem em produccedilatildeo de farinha

pesca e exploraccedilatildeo da madeira as quais satildeo influenciadas pelo niacutevel de inundaccedilatildeo

anual (Albernaz amp Ayres 1999)

A RDSM estaacute situada na regiatildeo do meacutedio Solimotildees na confluecircncia dos rios

Solimotildees e Japuraacute entre as bacias do rio Solimotildees e Negro Sua porccedilatildeo mais a leste

14

fica nas proximidades da cidade de Tefeacute no Estado do Amazonas Sua vizinha RDS

Amanatilde liga a RDSM ao Parque Nacional do Jauacute (Schoumlngart et al 2005) Estas trecircs

unidades juntas constituem um bloco de floresta tropical com cerca de 6000000 ha

protegidos oficialmente Formam o embriatildeo do Corredor Central da Amazocircnia

(MMAPPG7) e da Reserva da Biosfera da Amazocircnia Central (MaBUnesco) e

compotildeem um Siacutetio Natural do Patrimocircnio Mundial (UnescoIUCN) (Queiroz 2005 Ayres

et al 2005)

Possui clima caracterizado por uma meacutedia de temperatura diaacuteria de 269 ordmC e

precipitaccedilatildeo anual de aproximadamente 3000 mm apresentando uma estaccedilatildeo seca

distinta (julho-outubro) O niacutevel de flutuaccedilatildeo meacutedia da aacutegua do Rio Japuraacute durante 1993

ndash 2000 foi de 1138 m (Wittmann amp Junk 2003 Schoumlngart et al 2005)

Aproximadamente 92 da cobertura vegetal abrangendo a aacuterea focal da reserva eacute

composta por florestas de vaacuterzea baixa constituiacuteda por diferentes estaacutegios

sucessionais e somente cerca de 8 corresponde a florestas de vaacuterzea alta (Wittmann

et al 2002)

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies

421 Cedrela odorata L (Meliaceae)

Popularmente conhecida como cedro cedro branco cedro cheiroso ou cedro

mogno apresenta tronco com casca de cheiro bastante caracteriacutestico rugosa com

fissuras transversais vermelho-alaranjadas Apresenta base reta ou com raiacutezes

tabulares e suas flores satildeo brancas em inflorescecircncias terminais (Wittmann et al

15

2006b) Os frutos capsulares quando maduros se abrem liberando de 40 a 50

sementes aladas as quais satildeo dispersas pelo vento (Cintron 1990 Wittmann et al

2006b)

Encontrada em toda a Amazocircnia embora com baixa frequumlecircncia ocorre desde as

Iacutendias Ocidentais as grandes e pequenas Antilhas ateacute Trinidad e Tobago sendo

encontrada tambeacutem no Meacutexico Equador Peru e Guianas (Cintron 1990) Eacute tipicamente

deciacutedua sendo encontrada em extrato superior de vaacuterzea alta e ocupando estaacutegio

sucessional secundaacuterio tardio

Apresenta madeira moderadamente pesada variando entre 044 a 060 gcm3 O

floema eacute avermelhado com cerne variando do castanho claro ao bege rosado escuro e

alburno amarelo apresentando cheiro aromaacutetico (Loureiro amp Silva 1968)

Aleacutem da sua importacircncia como espeacutecie madeireira na fabricaccedilatildeo de moacuteveis

construccedilatildeo civil e naval embalagens e instrumentos musicais a casca do cedro eacute

aproveitada na medicina popular como tocircnica adstringente e febriacutefuga (Loureiro amp

Silva 1968 Wittmann et al 2006b)

422 Sterculia elata Ducke (Malvaceae)

Conhecida popularmente como tacacazeiro xixaacute chicaacute da mata ou manduvi

cujos frutos apresentam uma coloraccedilatildeo avermelhada quando maduros sendo

organizados em 5 foliacuteculos com uma sutura ventral cada um Os frutos satildeo apocaacuterpios

e as flores estatildeo organizadas em inflorescecircncias terminais amarelas a purpuacutereas

(Wittmann et al 2006b)

16

Apresenta distribuiccedilatildeo nos neo-troacutepicos compreendendo o Sul do Meacutexico e

Ameacuterica Central Norte do Brasil Pantanal e Peru ocupando extrato superior e

emergente de vaacuterzea alta Eacute uma espeacutecie deciacutedua de estaacutegio sucessional secundaacuterio

tardio

Apresenta madeira de densidade meacutedia de 047 gcm3 cujo floema tem coloraccedilatildeo

marrom escura e o alburno eacute marrom claro A madeira eacute muito utilizada para confecccedilatildeo

de embalagens palitos foacutesforos compensados e troncos para canoas As sementes

oleaginosas satildeo comestiacuteveis A aacutervore eacute frequumlentemente utilizada para ornamentaccedilatildeo

(Wittmann et al 2006b)

423 Hura crepitans L (Euphorbiaceae)

Conhecia comumente por assacuacute H crepitans eacute uma espeacutecie cujo caule eacute

aculeado apresentando laacutetex branco aquoso caacuteustico e frequumlentemente utilizado

como veneno de peixe Causa irritaccedilotildees fortes em contato com a pele (Francis 1990

Wittmann et al 2006b) Os frutos satildeo capsulares lenhosos arredondados e

deprimidos nos poacutelos Tem distribuiccedilatildeo no Brasil Guianas Oeste da Iacutendia Cuba

Jamaica Trinidad e Tobago Costa Rica ao sul do Peru e Boliacutevia (Loureiro amp Silva

1968 Wittmann et al 2006b)

Ocupa o extrato superior de vaacuterzea alta sendo identificada como uma espeacutecie

perenifoacutelia de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Apresenta madeira muito leve

(035 a 040 gcm3) cerne e alburno indistintos e de coloraccedilatildeo branca com reflexos

amarelados Pelas caracteriacutesticas da madeira eacute comumente usada na fabricaccedilatildeo de

17

caixas tamancos obras internas artefatos de madeira forros taacutebuas compensados

boacuteias flutuantes canoas e gamelas (Francis 1990 Wittmann et al 2006b)

424 Ocotea cymbarum HBK (Lauraceae)

Frequumlentemente chamada por louro inamuiacute louro mamorim louro mamoriacute

inhamuiacute oacuteleo de inhamuiacute e pau de gasolina O cymbarum eacute uma aacutervore de grande

porte (20 ndash 30 m) apresentando casca avermelhada aromaacutetica ramos jovens com

pilosidade e acinzentados Possui exsudato transparente aromaacutetico apresentando

cheiro de menta (Wittmann et al 2006b)

Tem distribuiccedilatildeo por toda a Amazocircnia sendo encontrada em extrato superior de

vaacuterzea alta Eacute semi-deciacutedua e de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Sua madeira eacute

moderadamente pesada variando de 055 a 065 gcm3 (Loureiro amp Silva 1968) O

floema possui coloraccedilatildeo marrom cafeacute enquanto que o cerne amarelado claro e

brilhante diferencia-se pouco do alburno levemente mais claro (Wittmann et al

2006b)

Eacute comumente utilizada na carpintaria de luxo construccedilatildeo em geral marcenaria

compensado pranchas e tabuados (Loureiro amp Silva 1968) Sua madeira traz oacuteleo

contendo safrol que em baixa concentraccedilatildeo eacute um componente para fragracircncias e

perfumes (Wittmann et al 2006b) O lenho apresenta atividade contra o

desenvolvimento do ancilostomiacutedeo humano (Marques 2001)

18

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos

Das quatro espeacutecies estudadas duas de madeira branca ndash H crepitans e S

elata e duas de madeira pesada ndash C odorata e O cymbarum (Schoumlngart 2003) foram

selecionados entre 21 e 37 indiviacuteduos emergentes de floresta de vaacuterzea alta dos

setores Jarauaacute e Tijuaca da RDSM As medidas do diacircmetro na altura do peito (DAP)

com ge 10 cm foram feitas com o uso de fita dendromeacutetrica de dupla face sendo

inferidas acima das sapopemas quando presentes A altura da aacutervore foi medida a

partir do uso de inclinocircmetro (Blume-Leiss) e fita meacutetrica

Para verificar a idade das aacutervores foram utilizados 10 discos de H crepitans e

10 discos de O cymbarum fornecidos pelo Programa de MFC da RDSM no ano de

2001 bem como amostras coletadas de troncos dos indiviacuteduos de cada uma das quatro

espeacutecies Para tanto foi aplicado um meacutetodo natildeo destrutivo de extraccedilatildeo de cilindros da

madeira utilizando-se uma broca dendrocronoloacutegica num total de 110 cilindros com 5

mm de diacircmetro (21 amostras de Sterculia 23 de Cedrela 29 de Ocotea e 37 de Hura)

coletadas entre 07 de outubro de 2006 a 16 de abril de 2007 na altura aproximada de

130 m da base do tronco Apoacutes a coleta das amostras o orifiacutecio produzido com a broca

dendrocronoloacutegica foi obstruiacutedo com cera de carnauacuteba para evitar possiacuteveis ataques

por fitopatoacutegenos

As amostras coletadas foram coladas em suporte de madeira e em seguida

polidas com lixas de papel com diferentes granulometrias em uma sequumlecircncia

progressiva ateacute uma granulaccedilatildeo de 600 Estas foram analisadas no Laboratoacuterio de

Dendrocronologia do Projeto INPAMax-Planck em Manaus A anaacutelise macroscoacutepica da

estrutura da madeira foi feita a partir de fotografias feitas utilizando-se maacutequina digital

19

NIKON coolpix 4500 Para descriccedilatildeo anatocircmica dos aneacuteis de crescimento utilizou-se

como base os padrotildees de aneacuteis descritos por Coster (1927 1928) e adaptados por

Worbes (1985 1989)

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos

A determinaccedilatildeo da idade foi feita por meio da contagem direta dos aneacuteis anuais

e as taxas de incremento radial foram geradas por mediccedilatildeo da espessura dos aneacuteis

com o sistema de anaacutelise digital com precisatildeo de 001 mm (LINTAB) juntamente com o

software (TSAP-Win = Time Series Analyses and Presentation) especiacutefico para

anaacutelises de sequumlecircncias temporais (Schoumlngart et al 2004) Para os cilindros que natildeo

alcanccedilaram o cerne do tronco foram estimadas as distacircncias ateacute o centro e a partir do

nuacutemero meacutedio de aneacuteis encontrados em outros indiviacuteduos foram feitas estimativas da

idade do primeiro anel visiacutevel no tronco As mediccedilotildees da largura dos aneacuteis se deram no

sentido cerne ndash casca

Curvas cumulativas do diacircmetro individual para as quatro espeacutecies foram

elaboradas com base nestas mediccedilotildees do incremento radial corrente e relacionadas

com o DAP medido no campo (Schoumlngart et al 2003 Brienen amp Zuidema 2007)

(Figura 1a) A partir destas curvas individuais foram construiacutedas curvas cumulativas

meacutedias para cada espeacutecie descrevendo a relaccedilatildeo entre idade e diacircmetro para as

mesmas

A curva meacutedia do diacircmetro calculada para cada espeacutecie foi ajustada como um

modelo de regressatildeo sigmoidal da qual foram derivadas as curvas do incremento

corrente e meacutedio do diacircmetro para cada espeacutecie (Figura 1b) Modelos de regressatildeo natildeo

20

ndash linear descreveram para cada espeacutecie a relaccedilatildeo entre DAP e a altura medida no

campo (Figura 1c) Combinando as relaccedilotildees idade-DAP e DAP-altura permite estimar o

crescimento da altura (Nebel et al 2001) Deste modo para cada idade determinada

foram atribuiacutedas uma medida de diacircmetro e de altura para cada espeacutecie (Schoumlngart et

al 2007)

A combinaccedilatildeo dos modelos de regressatildeo natildeo-linear das relaccedilotildees entre idade e

DAP bem como das relaccedilotildees entre DAP e altura tambeacutem possibilitou a construccedilatildeo do

modelo de crescimento em volume (Figura 1e) e produccedilatildeo de biomassa acima do solo

das espeacutecies estudadas (Figura 1f) O modelo alomeacutetrico utilizado para estimativa do

volume foi definido por Cannell (1984) para florestas tropicais uacutemidas e tem como

paracircmetros a altura das aacutervores e o DAP

O volume (V) foi estimado a partir da multiplicaccedilatildeo da aacuterea basal (Ab) pela altura

(h) e por um fator (f) de reduccedilatildeo de 06 (Nebel et al 2001) A equaccedilatildeo eacute dada por

V = Ab x h x f (1)

onde a Ab eacute dada por

Ab = π x (DAP 2)2 (2)

Foi utilizado um modelo alomeacutetrico para estimar a biomassa acima do solo com

boa aplicabilidade em florestas alagaacuteveis segundo resultados obtidos por Stadtler

21

(2007) Este modelo tem como paracircmetros a densidade da madeira o diacircmetro e altura

das aacutervores e foi descrito por Chave et al (2005) A equaccedilatildeo eacute descrita abaixo

Bio = 00509 x den x DAP2 x h (3)

onde a Bio eacute a estimativa da biomassa acima do solo den eacute a densidade da madeira

obtida para cada espeacutecie de Wittmann et al (2006b) e 00509 eacute um fator de correccedilatildeo

O fator de correccedilatildeo dos modelos de caacutelculo do volume (06) e biomassa (00509)

se referem ao fato de que as aacutervores natildeo representam cilindros perfeitos e diminuem o

raio do tronco a medida que se distanciam do DAP

Destes modelos de crescimento do DAP altura aacuterea basal volume e biomassa

foram derivadas as taxas do incremento meacutedio (IM) e corrente (IC) (Figuras 1b1d1f)

para cada espeacutecie seguindo as equaccedilotildees abaixo (Schoumlngart et al 2007)

IM= CrC t t (4)

IC= CrC t+1 ndash Cr t (5)

onde CrC eacute o crescimento cumulativo em diferentes anos t sobre ciclo de vida total da

planta

O periacuteodo ideal de extraccedilatildeo eacute estabelecido quando a espeacutecie atinge sua a

produccedilatildeo maacutexima em volume periacuteodo este entre a taxa maacutexima de IC em volume e a

taxa maacutexima de IM em volume (Schoumlngart 2003) Este intervalo representa o periacuteodo

22

em que a extraccedilatildeo da madeira utiliza-se do potencial de crescimento maacuteximo das

espeacutecies (Schoumlngart 2008)

A modelagem dos padrotildees de crescimento foi construiacuteda a partir do uso do

software program X-Act (SciLab) e em seguida definidas as recomendaccedilotildees de

manejo para ciclos de corte e DMD para cada uma das quatro espeacutecies madeireiras

O DMD eacute definido pela idade em que a aacutervore atinge as maiores taxas de

incremento anual corrente do volume (Figura 1e) O tempo meacutedio que um indiviacuteduo leva

para passar por uma classe de DAP de 10 cm ateacute chegar ao DMD eacute o ciclo de corte da

espeacutecie (Schoumlngart et al 2007) Este eacute dado por

CC= idade(DMD) DMD x 10 (6)

onde CC eacute o ciclo de corte da espeacutecie e idade(DMD) eacute a idade da aacutervore quando atingiu o

DMD

23

0

20

40

60

80

0 5 10 15 200

1

2

3

4

5

0

10

20

30

0 20 40 60 80 100

0

20

40

60

80

0 5 10 15 20

0

10

20

30

0 5 10 15 200

1

2

3

4

0

1

2

3

4

0 5 10 15 200

100

200

300

00

05

10

15

0 5 10 15 200

50

100

Age (years) Age (years)

Age (years)

Age (years)

Age (years)

Dbh (cm)

Tree

heig

ht(m

)D

bh(c

m)

Dbh

(cm

)Tr

eehe

ight

(m)

Woo

d bi

omas

s(M

g)

Volu

me

(m3 )

Diam

eter increment(cm

year -1)H

eightincrement(m

year -1)W

ood biomass

production(kg year -1)

Volume

increment(dm

3year -1)

n = 54R2 = 053

n = 18

MLD

a

c

e

b

d

f

y = a (1+(b x)c)

a = 1195742 plusmn 131913b = 184937 plusmn 3355c = 12997 plusmn 00788

y = (abullx) (x+b)a = 286667 plusmn 07424b = 161743 plusmn 13022

DAP

(cm

)

DA

P (c

m)

Altu

ra (m

)

Altu

ra (m

)

Vol

ume

(m3)

Bio

mas

sa (M

g)

Idade (anos) Idade (anos)

DAP (cm) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento em

diacircmetro (cm

ano) Increm

ento em altura (m

ano) P

roduccedilatildeo de biomassa (K

gano)

Incremento

emvolum

e(dm

3ano)

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

DMD

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)

24

5 RESULTADOS

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira

O limite dos aneacuteis e a estrutura anatocircmica da madeira foram determinados com

base na classificaccedilatildeo de Coster (19271928) e adaptados por Worbes (1995) Trecircs tipos

de aneacuteis foram distinguidos de acordo com essa classificaccedilatildeo (1) faixas de parecircnquima

marginal (2) alternacircncia entre faixas de fibra e faixas de parecircnquima e (3) variaccedilatildeo na

densidade da madeira (Tabela 1) A distinccedilatildeo dos aneacuteis variou entre as 4 espeacutecies

estudadas poreacutem todas apresentaram aneacuteis suficientemente distintos para aplicaccedilatildeo

de estudos dendrocronoloacutegicos

A distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e agrave

medida que estes se encontravam mais proacuteximos do centro do tronco A facilidade de

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis decresceu na seguinte ordem C odorata O cymbarum S elata

e H crepitans (Tabela1)

Cedrela e Sterculia apresentaram mesmo padratildeo de faixas de parecircnquima

marginal que consiste de uma a poucas fileiras de ceacutelulas Eacute comumente encontrado

nas famiacutelias Bignoniaceae Fabaceae e Meliaceae (Worbes 2002) Cedrela apresentou

aneacuteis de crescimento semiporosos com uma espessa faixa de parecircnquima claramente

visiacutevel acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos os quais satildeo maiores ao

final do periacuteodo vegetativo (Figura 2a)

Sterculia tambeacutem mostrou variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Os poros satildeo visiacuteveis

a olho nu alguns obstruiacutedos por conteuacutedo de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada e brilhante

25

Apresentou faixas de parecircnquima radial espessadas dificultando um pouco a

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis (Figura 2b)

Um padratildeo de alternacircncia entre faixas de fibras e parecircnquima foi encontrado

formando os aneacuteis anuais em Hura com a reduccedilatildeo da largura das faixas de

parecircnquima e fibras na formaccedilatildeo do lenho tardio ao final da zona de crescimento

(Figura 2c) Este tipo de anatomia pode ser encontrado em famiacutelias como

Euphorbiaceae Moraceae Sapotaceae Lecythidaceae dentre outras (Worbes 2002)

Tabela1 Tipos de zona de crescimento encontrados e o grau de distinccedilatildeo dos de crescimento Os padrotildees descritos foram baseados nos modelos de Coster (1927 1928) e adaptados por Worbes (1995) Espeacutecies Famiacutelia Tipo de zona de

crescimento Fenologia foliar Grau de

distinccedilatildeo dos aneacuteis

Cedrela odorata Meliaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos

Deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (1)

Hura crepitans Euphorbiaceae Alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima

Perenifoacutelia Aneacuteis pouco

distintos (2)

Sterculia elata Malvaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Presenccedila de faixas radiais de parecircnquima

Deciacutedua Aneacuteis distintos (1)

Ocotea cymbarum Lauraceae Variaccedilatildeo na densidade da madeira com lenho inicial menos denso que o lenho tardio

Semi-deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (3)

obtidos durante observaccedilotildees na RDSM no periacuteodo 042006-122007

Ocotea mostrou um padratildeo de variaccedilatildeo na densidade da madeira O lenho tardio

de coloraccedilatildeo mais escura (alta densidade) apresentou ceacutelulas pequenas com paredes

26

espessadas diferindo do lenho inicial (baixa densidade) com ceacutelulas grandes e

paredes de espessura mais fina permitindo uma perfeita delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

(Figura 2d) Eacute comum entre as famiacutelias Annonaceae Myrtaceae e Lauraceae (Worbes

2002)

A presenccedila de falsos aneacuteis de crescimento ocorreu em alguns discos de Hura e

Ocotea Entretanto este problema foi solucionado observando-se a continuidade dos

aneacuteis ao longo dos raios nos discos

C Hura crepitans D Ocotea cymbarum

A Cedrela odorata B Sterculia elata

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial

27

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies

Todas as quatro espeacutecies apresentaram correlaccedilatildeo significativa (plt001) para as

relaccedilotildees entre idade e DAP idade e altura e DAP e altura (Tabela 2) permitindo a

modelagem das curvas de crescimento cumulativo para as mesmas Foram feitas um

total de 7646 mediccedilotildees da largura dos aneacuteis na madeira para as quatro espeacutecies

(Tabela 2)

As trajetoacuterias de crescimento cumulativo em diacircmetro mostraram diferenccedilas

tanto intra como interespeciacuteficas Aquelas espeacutecies de madeira densa como O

cymbarum e C odorata apresentaram taxas de crescimento menores que S elata e H

crepitans espeacutecies de madeira branca (Figura 3)

As quatro espeacutecies apresentaram uma variaccedilatildeo da idade ao atingir o DMD de 50

cm Esta foi maior para O cymbarum alcanccedilando idades entre 25 e 80 anos H

crepitans e S elata podem atingir idades entre 25 e 65 anos enquanto que as menores

variaccedilotildees na idade foram encontradas em C odorata com idades entre 35 a 65 anos

para um diacircmetro de 50 cm (Figura 3)

28

Tabela 2 Nuacutemero de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis e altura das aacutervores utilizados na elaboraccedilatildeo dos modelos de crescimento com base nas relaccedilotildees entre idade ndash DAP idade ndash altura e DAP ndash altura e o coeficiente de correlaccedilatildeo das mesmas

Nuacutemero de mediccedilotildees Correlaccedilatildeo p(lt 0001) Espeacutecie Largura dos

aneacuteis Altura Idade ndash DAP Idade ndash Altura DAP ndash Altura

Cedrela odorata

1240 32 089 064 071

Ocotea cymbarum

1325 125 086 073 073

Sterculia elata

1321 21 088 086 085

Hura crepitans

3760 67 091 086 076

Total

7646

Sterculia e Hura atingiram idades maacuteximas de 111 e 195 anos respectivamente

embora esta uacuteltima tenha atingido grandes diacircmetros nas aacutervores amostradas As

aacutervores mais velhas de Cedrela e Ocotea atingiram idades maacuteximas de 74 e 122 anos

(Tabela 3)

29

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

A ndash Cedrela odorata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

C ndash Sterculia elata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

B ndash Ocotea cymbarum

D ndash Hura crepitans

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura

30

As curvas meacutedias das relaccedilotildees entre idade e DAP tambeacutem apresentaram

variaccedilatildeo entre as espeacutecies estudadas (Figura 4) Para um diacircmetro de 50 cm

determinado pela IN ndeg 5 de Dezembro de 2006 as idades meacutedias oscilaram entre 41

anos em Hura a mais de 70 anos em Cedrela (Tabela 3)

0

50

100

150

DAP

(cm

)

0 30 60 90 120 150 180Idade (anos)

(a)

(b)

(d)

(c)

Diacircmetro limite de corte

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata Tabela 3 Idades maacuteximas miacutenimas e para um diacircmetro miacutenimo de derrubada de 50 cm para cada uma das quatro espeacutecies estudadas e seus respectivos desvios padratildeo

Idade (anos) Espeacutecie Miacutenima Maacutexima Ao alcanccedilar o diacircmetro limite de 50 cm

Cedrela odorata

21 74 72

Sterculia elata

22 111 47

Ocotea cymbarum

27 122 59

Hura crepitans

88 195 41

31

As quatro espeacutecies estudadas atingiram as maiores taxas de incremento

diameacutetrico corrente em idades diferentes Cedrela e Ocotea atingiram as maiores taxas

entre 11 e 12 anos e 19 e 21 anos com uma taxa meacutedia de incremento de 094 e 101

cmano respectivamente (Figura 5a e c) Sterculia obteve taxas meacutedias de incremento

de 126 cmano em idades entre 19 e 21 anos (Figuras 5b) enquanto Hura alcanccedilou

taxa meacutedia de incremento de 129 cmano em idades entre 22 e 23 anos (Figura 5d)

Cedrela e Ocotea espeacutecies de madeira pesada apresentaram taxas de incremento

diameacutetrico menores que Hura e Sterculia espeacutecies de madeira branca

D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata

C ndash Sterculia elata

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

B ndash Ocotea cymbarum

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura

32

A partir das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares entre idade-DAP foi possiacutevel

construir um modelo de crescimento em aacuterea basal para cada espeacutecie utilizando-se a

foacutermula (2) Cedrela e Ocotea atingiram suas maiores taxas em 39 e 57 anos e taxa

meacutedia de incremento de 355 e 536 cm2ano respectivamente (Figuras 6a e 6b)

Sterculia e Hura atingiram maior incremento aos 48 e 104 anos e taxa meacutedia de 700 e

1422 cm2ano respectivamente (Figura 6c e 6d) As espeacutecies de madeira branca Hura

e Sterculia apresentaram taxas de incremento em aacuterea basal mais altas que as duas

espeacutecies de madeira densa (Cedrela e Ocotea)

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

05

1

15

2

25

4

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

05

1

15

2

25

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura

33

A combinaccedilatildeo das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares das relaccedilotildees entre DAP-

altura (Figura 7) resultaram num modelo de crescimento em altura para as espeacutecies

contemplando todo ciclo de vida da planta Os maiores valores de incremento corrente

em altura de C odorata S elata O cymbarum e H crepitans corresponderam a idades

de 4 7 8 e 6 anos respectivamente e taxas maacuteximas corresponderam a 096 mano

para Sterculia 092 mano para Ocotea 061 mano para Hura e finalmente 109 mano

para Cedrela

DAP (cm) DAP (cm)

DAP (cm) DAP (cm)

Altu

ra (m

) A

ltura

(m)

C ndash Sterculia elata D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 1500

0

0

0

0

0

0 25 50 75 100 125 150

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 150 0 50 100 150

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans

34

Tabela 4 Valores de DAP e altura maacuteximos e miacutenimos do levantamento florestal seus desvios padratildeo e a aacuterea basal calculada a partir da relaccedilatildeo entre idade e DAP das espeacutecies

DAP (cm) Altura (m) Aacuterea basal meacutedia (cm2)

Espeacutecie

Maacuteximo Miacutenimo Desvio Maacutexima Miacutenima Desvio Meacutedia Cedrela odorata

656 115 140 309 90 50 273

Ocotea cymbarum

780 100 164 311 70 46 402

Sterculia elata

1300 100 349 405 66 88 516

Hura crepitans

1328 100 350 390 21 91 1127

A partir dos modelos de crescimento em altura e diacircmetro elaborados para cada

espeacutecie pocircde-se construir o modelo de crescimento em volume das mesmas segundo

a foacutermula (1) (Schoumlngart et al 2007) O periacuteodo oacutetimo de corte das aacutervores eacute o ponto

onde o incremento em volume corrente eacute maacuteximo sendo que para cada espeacutecie o pico

maacuteximo de volume corrente variou visivelmente (Figura 8)

Cedrela apresentou maiores taxas de incremento em volume corrente ao atingir

uma idade meacutedia de 45 anos (Figura 8a) Nesta idade a espeacutecie indica um DAP de 376

cm (Figura 5a) Jaacute Sterculia e Ocotea atingiram o ponto maacuteximo em incremento

corrente em volume aos 54 e 63 anos (Figuras 8b e c) quando atingem diacircmetros de

560 e 533 cm respectivamente (Figuras 5b e c) Hura em uma idade meacutedia de 125

anos apresentou os maiores valores de incremento maacuteximo corrente entre as quatro

espeacutecies (Figura 8d) atingindo diacircmetro meacutedio de 1288 cm (Figura 5d) Tanto Hura

quanto Sterculia apresentaram produccedilatildeo de madeira em volume por m3 superior as

duas espeacutecies de madeira pesada Cedrela e Ocotea

35

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento volum

eacutetrico

Incr

emen

to e

m v

olum

e (m

3 ) 0450 0

(m3ano)

Incr

emen

to e

m V

olum

e (m

3 )

Incremento volum

eacutetrico (m3ano)

Idade (anos) Idade (anos)

0

10

20

30

40

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

0 50 100 150 200

0

10

20

30

40

50

0

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

04

0 50 100 150

200 Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie

36

O ciclo de corte calculado atraveacutes da passagem meacutedia do tempo por uma classe

de DAP de 10 cm para a proacutexima ateacute atingir o diacircmetro de corte oacutetimo variou pouco

entre as espeacutecies sendo que Hura e Sterculia apresentaram ciclos de corte de 97

anos enquanto Cedrela e Ocotea apresentaram ciclos de 120 e 118 anos (Tabela 5)

Os resultados indicam que espeacutecies de madeira branca apresentam ciclos de corte

mais curtos do que as espeacutecies de madeira pesada

Tabela 5 O diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) o ciclo de corte a idade meacutedia ao atingir o diacircmetro de corte e a densidade da madeira das espeacutecies Espeacutecie DMD (cm) Ciclo de corte

(anos) Idade meacutedia ao atingir

o DMD (anos) Densidade

(gcm3) Cedrela odorata

376 120 45 052

Ocotea cymbarum

533 118 63 060

Sterculia elata

560 97 54 047

Hura crepitans

1288 97 125 039

Dados obtidos de Wittmann et al (2006b)

Aleacutem do modelo de crescimento em volume os modelos de crescimento em

altura e diacircmetro possibilitaram tambeacutem a construccedilatildeo de modelos de crescimento em

biomassa acima do solo para as espeacutecies estimado segundo a foacutermula (3)

Cedrela apresentou maior taxa de produccedilatildeo em biomassa de 26 Kgano em 45

anos (Figura 9a) ao passo que Ocotea alcanccedilou uma produccedilatildeo em biomassa maacutexima

de 52 Kgano em 63 anos (Figura 9b) Sterculia atingiu valor de 60 Kgano em 54 anos

(Figura 9c) enquanto que Hura obteve em 125 anos um valor maacuteximo de 125 Kgano

(Figura 9d) Espeacutecies de madeira branca atingiram maiores taxas de acuacutemulo em

biomassa do que as espeacutecies de madeira densa

37

D ndash Hura crepitans C ndash Ocotea cymbarum

Bio

mas

sa (M

g)

Bio

mas

sa (M

g)

Produ

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

ccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)P

roduccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

5

10

15

20

0

4

8

1

1

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

1

1

0 50 100 150 2000

5

0

5

0

0

40

80

120

160

Prod

uccedilatildeo

Biom

assa

(Kg)

0 50 100 150 200

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura)

38

6 DISCUSSAtildeO

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira

Todas as quatro espeacutecies estudadas apresentaram distintas zonas de

crescimento poreacutem com diferenccedilas quanto ao grau de distinccedilatildeo entre elas O grau de

distinccedilatildeo diminuiu na ordem seguinte C odorata O cymbarum S elata e H crepitans

o que indica uma pequena tendecircncia das espeacutecies deciacuteduas apresentarem maior

distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais como resultados encontrados por Worbes (1999) A

distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e com a

maior proximidade do centro do disco (Brienen amp Zuidema 2006) Esta variaccedilatildeo

encontrada no grau distinccedilatildeo dos aneacuteis natildeo afetou as anaacutelises dendrocronoloacutegicas

subsequumlentes

Segundo Worbes (1995) a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira resulta de

mudanccedilas sazonais favoraacuteveis e desfavoraacuteveis nas condiccedilotildees de crescimento arboacutereo

Um dos fatores principais atuando no controle do crescimento arboacutereo de florestas

tropicais eacute a variaccedilatildeo intraanual da precipitaccedilatildeo que ocasiona uma distinta estaccedilatildeo

seca e determina a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das aacutervores (Worbes 1999)

Para regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o principal fator que controla o

ritmo de crescimento nas aacutervores eacute o pulso de inundaccedilatildeo (Junk 1989) Entretanto

florestas de vaacuterzea alta natildeo satildeo alagadas anualmente devido a sua posiccedilatildeo

topograacutefica o que indicaria que o pulso anual de inundaccedilatildeo natildeo seria o principal fator

controlando os processo ecoloacutegicos nestas aacutereas Observaccedilotildees fenoloacutegicas e mediccedilotildees

da liteira (Schoumlngart et al 2008b) evidenciam que o ritmo de crescimento possa ser

39

controlado pela sazonalidade das chuvas contudo maiores estudos se fazem

necessaacuterios

A anualidade dos aneacuteis de crescimento em espeacutecies arboacutereas da Amazocircnia

permite anaacutelise de fenocircmenos ecoloacutegicos e ambientais identificaccedilatildeo e reconstruccedilatildeo das

condiccedilotildees climaacuteticas do passado como tambeacutem identificar as alteraccedilotildees naturais e

dinacircmica das populaccedilotildees (Fritts 1976 Schweingruber 1988 Worbes 1995) Aleacutem

disso a aplicaccedilatildeo das informaccedilotildees armazenadas nos aneacuteis de crescimento permite que

estudos dendrocronoloacutegicos sejam empregados com o objetivo de investigar a estrutura

etaacuteria das populaccedilotildees bem como a dinacircmica de crescimento arboacutereo em florestas

tropicais (Worbes 2002)

Desta forma a descriccedilatildeo da estrutura anatocircmica e delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

da madeira satildeo de suma importacircncia para realizaccedilatildeo das anaacutelises dendrocronoloacutegicas

e por conseguinte para a otimizaccedilatildeo do uso da floresta dando suporte para

estabelecimento de estrateacutegias de manejo florestal ao niacutevel de espeacutecie fornecendo

informaccedilotildees do histoacuterico florestal e consequumlentemente garantindo maior

sustentabiliade na utilizaccedilatildeo dos recursos madeireiros (Schoumlngart 2008)

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo

Uma das grandes questotildees a cerca do uso sustentaacutevel de florestas tropicais

envolve o crescimento e a idade das aacutervores Modelos de crescimento de espeacutecies

madeireiras nos troacutepicos ainda satildeo bastante escassos (Nebel et al 2001 Schwartz et

al 2002 Sokpon amp Biaou 2002 Nebel amp Meilby 2005 Brienen amp Zuidema 2007

Schoumlngart et al 2007) fato este atribuiacutedo a problemas de estabelecimento de uma

40

metodologia especiacutefica para determinaccedilatildeo da idade das aacutervores e taxas de

crescimento bem como a alta diversidade de espeacutecies encontrada Aleacutem disso o

atraso no avanccedilo das pesquisas de crescimento arboacutereo com base em aneacuteis na

madeira nos troacutepicos se deve ao descreacutedito na formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das

aacutervores nestas regiotildees devido agraves temperaturas terem sido consideradas praticamente

constantes durante o ano (Lieberman et al 1985 Whitmore 1990)

Atualmente a maioria das pesquisas sobre idade e crescimento de espeacutecies

tropicais eacute baseada em anaacutelises feitas em parcelas permanentes (Condit 1995)

utilizando meacutetodos de mediccedilotildees repetidas durante relativamente curtos periacuteodos de

tempo Outra metodologia para determinar a idade e taxas de incremento eacute a dataccedilatildeo

com radio-carbono (Worbes amp Junk 1999) Estas duas metodologias indicam idades

maacuteximas entre 1000 e 2000 anos (Condit et al 1995 Chambers et al 1998 Laurance

et al 2004) enquanto estudos dendrocronoloacutegicos indicam idades maacuteximas entre 500

e 600 anos (Worbes amp Junk 1999 Fichtler et al 2003)

Resultados encontrados por Chambers et al (1998) de idade estimada de 1370

anos para Carniana micrantha Ducke (Lecythidaceae) eacute considerado excepcional pois

aparentemente foi determinada de um uacutenico exemplar (Roig 2000) Dataccedilatildeo por radio-

carbono pode ser problemaacutetica entre os anos de 1650 e 1950 devido agrave variaccedilatildeo de 14C

encontrada na atmosfera neste periacuteodo Este fenocircmeno foi provocado por grandes

emissotildees de carbono por meio da queima de combustiacutevel foacutessil que ocorreram no

periacuteodo da revoluccedilatildeo industrial (Efeito de Suess) (Fichtler et al 2003) Em adiccedilatildeo o

alto custo desta metodologia natildeo permite o uso para determinaccedilatildeo de grandes

amostragens

41

A construccedilatildeo de modelos de crescimento de lenhosas com base no crescimento

em diacircmetro das espeacutecies em curtos periacuteodos de observaccedilatildeo bem como a baixa

densidade de espeacutecies comerciais encontradas em florestas tropicais na elaboraccedilatildeo de

modelos de crescimento principalmente individuos de grandes tamanhos dentro das

parcelas estudadas satildeo fatores que limitam muito esta metodologia (Clark amp Clark

1996 Nebel amp Meilby 2005) Aleacutem disso estes modelos monitoram somente uma

pequena parte da histoacuteria de crescimento das aacutervores e extrapolam estes dados das

trajetoacuterias de crescimento em diacircmetro de curtos periacuteodos para todo o ciclo de vida da

planta o que os torna simplistas e podem resultar em dados de crescimento arboacutereo e

estimativas de produccedilatildeo da madeira natildeo realistas subestimando as taxas de

crescimento e consequumlentemente superestimando a idade das aacutervores (Brienen amp

Zuidema 2006)

Ao contraacuterio destes meacutetodos de modelagem do crescimento arboacutereo a anaacutelise

dendrocronoloacutegica tem se mostrado uma importante ferramenta a qual fornece

estimativas mais acuradas da idade e do histoacuterico de crescimento arboacutereo individual

por meio da informaccedilatildeo extraiacuteda dos aneacuteis na madeira (Brienen amp Zuidema 2007) Na

anaacutelise de aneacuteis anuais para a modelagem de crescimento arboacutereo das espeacutecies satildeo

amostradas aacutervores que se estabeleceram no dossel com sucesso o que fornece

dados de crescimento em diacircmetro mais realistas e representativos do desenvolvimento

das aacutervores (Brienen amp Zuidema 2006)

Diversos estudos tecircm mostrado a grande variaccedilatildeo existente nas taxas de

crescimento tanto dentro como entre espeacutecies de florestas tropicais (Clark amp Clark

2001 Schoumlngart et al 2006 Brienen amp Zuidema 2006) Segundo Brienen amp Zuidema

(2007) estas diferenccedilas no crescimento dos indiviacuteduos ao longo da vida pode ser o

42

resultados de diversos fatores atuando em conjunto como a disponibilidade de aacutegua

clima intensidade de luz recebida forma e tamanho da copa danos e fitopatoacutegenos

assim como infestaccedilatildeo por cipoacutes e lianas Isso se reflete em variaccedilotildees de curvas

cumulativas comparando indiviacuteduos da mesma espeacutecie (Figura 3)

Os dados obtidos indicaram a ocorrecircncia de variaccedilatildeo na idade das aacutervores com

o aumento do diacircmetro Esta variaccedilatildeo intra-especiacutefica na idade das aacutervores em grandes

diacircmetros (gt de 60 cm) eacute causada principalmente pela variaccedilatildeo que ocorre na

passagem do tempo nas pequenas classes de tamanho (lt 20 cm) (Brienen amp Zuidema

2006) Desta forma o tempo necessaacuterio para que uma aacutervore de determinada espeacutecie

se estabeleccedila no dossel quando as taxas diameacutetricas geralmente aumentam devido

aos altos niacuteveis de radiaccedilatildeo solar pode variar consideravelmente

A variaccedilatildeo encontrada nos indiviacuteduos contudo natildeo impede a modelagem de

crescimento arboacutereo pois ao niacutevel das espeacutecies ocorre uma relaccedilatildeo bastante

significativa entre idade e DAP o que caracteriza a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira

uma ferramenta importante na elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo sustentaacuteveis em

florestas tropicais (Brienen amp Zuidema 2006 Schoumlngart et al 2007)

Comparando as curvas meacutedias de crescimento observa-se que espeacutecies

estudadas apresentam estrateacutegias ecoloacutegicas diferenciadas Altas taxas de incremento

em diacircmetro em espeacutecies de baixa densidade da madeira como Hura e Sterculia levam

a um raacutepido crescimento em volume enquanto que baixas taxas de incremento em

diacircmetro em Cedrela e Ocotea duas espeacutecies de madeira densa levam a um

crescimento em volume mais lento

Tanto Hura como Sterculia parecem apresentar estrateacutegias de crescimento

tiacutepicas de espeacutecies pioneiras com ciclos de vida longos (gt de 100 anos) caracterizadas

43

por altos requerimentos de luz para germinaccedilatildeo e crescimento (Swaine amp Whitmore

1988) Cedrela e Ocotea possuem caracteriacutesticas de crescimento tiacutepicas de espeacutecies

de estaacutegios cliacutemax ou tolerantes agrave sombra com capacidade de sobrevivecircncia em

longos periacuteodos de baixos niacuteveis de luminosidade e baixas taxas de crescimento

arboacutereo (Pianka 1970)

Espeacutecies com baixa densidade da madeira como Hura (039 gcm3) e Sterculia

(047 gcm3) requerem periacuteodos de 41 a 47 anos para extrapolar um diacircmetro limite de

corte de 50 cm enquanto que espeacutecies de madeira densa tais como Ocotea (060

gcm3) e Cedrela (052 gcm3) necessitam de periacuteodos entre 59 e 72 anos para

ultrapassar um diacircmetro de 50 cm Estes resultados estatildeo de acordo com Schoumlngart

(2008) que verificou a existecircncia de uma correlaccedilatildeo entre a densidade da madeira e a

idade da espeacutecie ao atingir o DMD estimado a partir das taxas de IC de volume o que

possibilita estimar o periacuteodo ideal de extraccedilatildeo para outras espeacutecies de florestas de

vaacuterzea da Amazocircnia Central em funccedilatildeo da densidade da madeira

Os resultados encontrados mostram diferenccedilas nas taxas de incremento em

diacircmetro e volume as quais refletem em diferentes ciclos de corte e DMD para as

espeacutecies indicando claramente que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico

de derrubada e ciclo de corte para toda e qualquer espeacutecie natildeo suportam a

sustentabilidade nas praacuteticas de manejo florestal atuais

Neste sentido na aplicaccedilatildeo de manejo florestal sustentado em florestas tropicais

eacute imprescindiacutevel o levantamento de informaccedilotildees a respeito das taxas de crescimento e

idade das aacutervores especiacuteficas para cada espeacutecie bem como dados de regeneraccedilatildeo e

caracteriacutesticas especiacuteficas de cada siacutetio a ser explorado pela extraccedilatildeo de produtos

madeireiros

44

63 Estrateacutegias de manejo florestal

O contiacutenuo uso das florestas de vaacuterzea para atividades de agricultura pecuaacuteria e

extraccedilatildeo da madeira tem causado grandes impactos nos recursos o que tem

ocasionado a necessidade de estabelecimento de estrateacutegias de conservaccedilatildeo e manejo

florestal destas aacutereas (Schoumlngart et al 2007) Nos uacuteltimos anos tem-se observado uma

gradual expansatildeo das atividades de manejo florestal baseada em comunidades de

pequena e meacutedia escala na busca da conversatildeo da exploraccedilatildeo manejada da floresta

em oportunidade de desenvolvimento regional (Amaral amp Amaral 2000) Projetos como

o Programa Piloto para Conservaccedilatildeo das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7) e a

Fundaccedilatildeo Floresta Tropical (FFT) tecircm buscado o desenvolvimento de projetos de

manejo florestal ao niacutevel de comunidade para diferentes aacutereas da Amazocircnia (Amaral amp

Amaral 2000)

Dentre estes modelos enquadra-se o Projeto Mamirauaacute com objetivo de proteger

as vaacuterzeas da RDSM e cuja exploraccedilatildeo segue as normas do PMFS criado pelo IDSM

em conjunto com os comunitaacuterios e baseado em normas estabelecidas pelo Instituto de

Proteccedilatildeo Ambiental do Amazonas (IPAAM) e pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA) (Lei estadual no 2416 de 22 de Agosto

de 1996)

A FAO estabelece um modelo de extraccedilatildeo dos recursos florestais funcionado

como guia para a aplicaccedilatildeo de um Manejo de Impacto Reduzido (MIR) para os recursos

florestais (Dykstra amp Heinrich 1996) Diversos estudos tecircm feito a uniatildeo entre o MIR e a

extraccedilatildeo seletiva de espeacutecies comerciais como uma estrateacutegia de manejo sustentaacutevel

visando agrave conservaccedilatildeo de florestas tropicais e diminuiccedilatildeo dos impactos causados pelo

45

manejo florestal (Vidal et al 2002 Gerwing 2002) Pesquisas tecircm mostrado os

benefiacutecios da aplicaccedilatildeo de MIR com relaccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo convencional da madeira

tanto em relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo dos custos quanto aos benefiacutecios causados pela reduccedilatildeo

dos danos agrave floresta (Barreto et al 1998 Johns et al 1996 Boltz et al 2001 Holmes

et al 2002)

Apesar dos inuacutemeros esforccedilos realizados na elaboraccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas

de exploraccedilatildeo da madeira na tentativa de conservar e reduzir danos causados as

florestas a sustentabilidade do manejo dos recursos florestais ainda natildeo foi alcanccedilada

satisfatoriamente O sucesso dos planos de manejo florestal depende principalmente da

sustentabilidade ecoloacutegica da produccedilatildeo da madeira que requer informaccedilotildees sobre taxas

de crescimento das espeacutecies comerciais (Boot amp Gullison 1995 Brienen amp Zuidema

2006) os quais ainda natildeo satildeo utilizados com frequumlecircncia em florestas tropicais

Schoumlngart (2008) desenvolveu um novo sistema de manejo sustentaacutevel da

madeira de florestas alagaacuteveis de vaacuterzea da Amazocircnia Central (GOL ndash Growth

Orientated Logging) o qual leva em consideraccedilatildeo as diferenccedilas na histoacuteria de

crescimento de espeacutecies comerciais com base em suas taxas de crescimento arboacutereo a

partir da anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira Isto representa um importante passo em

direccedilatildeo a sustentabilidade do manejo florestal praticado em florestas tropicais

Atualmente normas de exploraccedilatildeo da madeira em regiotildees tropicais as quais

estabelecem diacircmetro limite de derrubada e ciclos de corte para os sistemas de manejo

de florestas natildeo possuem nenhuma base cientiacutefica e natildeo levam em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas nas estrateacutegias de crescimento e estabelecimento bem como as

especificidades de cada regiatildeo a ser explorada Estes fatos levaram a quase eliminaccedilatildeo

de espeacutecies como C pentandra e Calophyllum brasiliense dos mercados regionais e

46

locais na Amazocircnia Ocidental Estas foram substituiacutedas por H crepitans e O

cymbarum duas espeacutecies atualmente exploradas comercialmente na regiatildeo do Meacutedio

Solimotildees (Worbes et al 2001)

Se as atuais praacuteticas de manejo florestal persistirem H crepitans e O cymbarum

poderatildeo ter o mesmo destino que C pentandra e C brasiliense Hura e Ocotea podem

desaparecer dos mercados madeireiros e novamente ocorrer a substituiccedilatildeo destas por

outras espeacutecies ainda pouco exploradas que por sua vez sofreratildeo as pressotildees de uma

extraccedilatildeo madeireira insustentaacutevel o que pode ter seacuterias consequumlecircncias ecoloacutegicas

como a perda dos recursos geneacuteticos degradaccedilatildeo da floresta quebra de cadeias

alimentares para insetos peixes mamiacuteferos etc

A extraccedilatildeo de C odorata eacute um outro exemplo de como de atual manejo de

florestas de vaacuterzea natildeo eacute adequado Esta espeacutecie foi intensamente explorada na RDSM

a ponto de reduzir drasticamente seus estoques de madeira (Ayres 1993 Pinedo-

Vasquez et al 2001) e atualmente eacute considerada uma espeacutecie ameaccedilada e excluiacuteda

da extraccedilatildeo de madeira da RDSM

A recente modificaccedilatildeo de 11 de dezembro de 2006 (IN ndeg 5) do Coacutedigo Florestal

Brasileiro abre caminhos para modificaccedilotildees do manejo florestal aplicado atualmente na

Amazocircnia Brasileira O ciclo de corte no PMFS Pleno varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3ha Espeacutecies com baixa intensidade da madeira (menos

de 10 msup3 por ha) podem ter um ciclo de corte de 10 anos sendo que para florestas de

vaacuterzea a produccedilatildeo pode exceder 10 msup3 por ha poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3

aacutervores por ha

Levando-se em consideraccedilatildeo os dados de distribuiccedilatildeo diameacutetrica fornecidos pelo

Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM observa-se que a espeacutecie O cymbarum

47

apresentaram um padratildeo de distribuiccedilatildeo diameacutetrica do tipo J invertido apresentando

um decreacutescimo da densidade de aacutervores com o aumento do diacircmetro A distribuiccedilatildeo

diameacutetrica de O cymbarum se concentrou nas classes diameacutetricas de 20 a 100 cm

(Figura 10)

Foi possiacutevel encontrar indiviacuteduos na maioria das classes diameacutetricas em Hura

crepitans atingindo densidade maacutexima de 05 indiviacuteduos por ha na classe diameacutetrica de

110 cm A alta densidade de indiviacuteduos em classes diameacutetricas anteriores e posteriores

a classe de 50 cm e os altos valores de volume de madeira de H crepitans sugerem que

esta espeacutecie tem grande potencial para exploraccedilatildeo madeireira dentro da RDSM

Entretanto a derrubada de indiviacuteduos com diacircmetros nas classes entre 50 e 120 cm

permitidas por lei eacute problemaacutetica pois estaratildeo sendo extraiacutedas aacutervores que ainda natildeo

alcanccedilaram a sua produccedilatildeo oacutetima de madeira (Figura 8d)

Marinho (2008) ao analisar a estrutura populacional de espeacutecies como H

crepitans O cymbarum e S elata ocorrendo em florestas de vaacuterzea do setor Jarauaacute da

RDSM observou que estas espeacutecies apresentam baixa densidade de indiviacuteduos em

classes diameacutetricas acima de 50 cm (28 13 e 05 indha respectivamente) sendo

que Hura e Sterculia apresentam uma baixa taxa de estabelecimento visiacutevel pelo

pequeno nuacutemero de indiviacuteduos observados em classes diameacutetricas baixas

Os ciclos de corte entre 10 e 12 anos determinados para as espeacutecies neste

trabalho satildeo valores proacuteximos ao permitido pelas normas de manejo florestal da IN ndeg 5

(ciclo de corte de 10 anos) Entretanto aplicando-se um diacircmetro de derrubada limite

de 50 cm pode natildeo ser sustentaacutevel para espeacutecies como Sterculia e Cedrela

considerando-se a abundacircncia destas espeacutecies na regiatildeo Considerando-se a

48

abundacircncia de Hura e Ocotea o manejo pode ser sustentaacutevel se considerar os DMDs

determinados para cada espeacutecie neste estudo

igura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999

Inventaacuterio florestal de Mamirauaacute (1999 - 2000)

00

02

04

06

08

10

12

14

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

gt 2

Classes diameacutetricas (m)

Den

sida

de d

e aacuter

vore

s po

r ha

Sterculia elataHura crepitansOcotea cymbarumCedrela odorata

Fa 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM

49

Os resultados mostram que tanto Hura quanto Sterculia apresentaram taxas de

crescimento arboacutereo relativamente raacutepidas o que as torna espeacutecies potenciais para

recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e reflorestamento Jaacute Ocotea e Cedrela duas

espeacutecies de madeira densa apresentaram taxas mais lentas de crescimento arboacutereo

Ocotea eacute uma espeacutecie cuja madeira eacute frequumlentemente utilizada pelas

comunidades ribeirinhas na construccedilatildeo de casas moacuteveis e taacutebuas Cedrela eacute uma

espeacutecie bastante valorizada no mercado madeireiro chegando a custar R$ 12000m3

no ano de 2004 na regiatildeo do alto Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a) Isto faz com

que reflorestamentos com Cedrela venham a ser um importante caminho para o

enriquecimento dos estoques de madeira visando o aumento das populaccedilotildees desta

espeacutecie Atraveacutes de um manejo florestal sustentaacutevel comunidades ribeirinhas podem se

beneficiar com produtos madeireiros de alta qualidade e de valor comercial

Os efeitos positivos da liberaccedilatildeo do dossel sobre as taxas de incremento em

diacircmetro observados em espeacutecies de madeira densa (Kammesheidt et al 2003)

indicam que as taxas de crescimento arboacutereo encontradas em Cedrela poderiam ser

aceleradas atraveacutes de aplicaccedilatildeo deste tipo de tratamento silvicultural Entretanto devem

ser realizados mais estudos a respeito das estrateacutegias de regeneraccedilatildeo da espeacutecie

dentro da reserva

Os resultados indicam que um ciclo de corte de 25 anos eacute inadequado para

execuccedilatildeo de manejo florestal sustentaacutevel das quatro espeacutecies estudadas Todas

apresentaram ciclos de corte inferiores (entre 10 e 12 anos) ao valor exigido por lei

indicando que estes recursos madeireiros natildeo estatildeo sendo manejados eficazmente A

IN no 5 permite a aplicaccedilatildeo de ciclo de corte inicial de 10 anos com volume maacuteximo de

10 msup3ha ou mais com retirada de apenas 3 aacutervores por ha para manejos de baixa

50

intensidade Com isso eacute possiacutevel manejar de forma mais adequada os estoques de

Ocotea e Hura aplicando ciclos de corte de 12 e 10 anos respectivamente utilizando

contudo os DMDs aqui determinados para manejo florestal mais especiacutefico garantindo

assim a sustentabilidade do uso da madeira destas espeacutecies dentro da reserva

Todavia eacute necessaacuteria a garantia de que ao retirar aacutervores de determinada espeacutecie em

dado local seja feito estabelecimento de indiviacuteduos de mesma espeacutecie

A distribuiccedilatildeo diameacutetrica de Hura mostra ampla distribuiccedilatildeo de aacutervores na

maioria das classes diameacutetricas Contudo o modelo de crescimento da espeacutecie mostra

que em classes diameacutetricas entre 50 e 130 cm natildeo foi atingida produccedilatildeo maacutexima de

madeira Neste sentido ao retirar aacutervores com diacircmetros acima de 130 cm ainda

restaratildeo aacutervores suficientes nas classes inferiores para garantir renovaccedilatildeo dos

estoques extraiacutedos as quais permitem a garantia de produccedilatildeo de diaacutesporos para a

regeneraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da produtividade maacutexima da espeacutecie otimizando a exploraccedilatildeo

da madeira de Hura

O mesmo deve valer para Ocotea e Sterculia Poreacutem a regeneraccedilatildeo destas

espeacutecies deve ser assegurada o que implica em execuccedilatildeo de estudos ecologia da

populaccedilatildeo particularmente de regeneraccedilatildeo e estabelecimento levando-se em

consideraccedilatildeo a influecircncia de fatores ambientais (solo clima disponibilidade de luz

inundaccedilatildeo etc)

51

64 Desafios futuros

Os resultados do presente trabalho mostram que o atual criteacuterio de manejo

florestal que estabelece ciclo de corte e diacircmetro limite para corte uacutenicos extraccedilatildeo de 5

aacutervores por ha natildeo se mostra eficaz na garantia de manutenccedilatildeo dos estoques de

madeira para exploraccedilotildees subsequumlentes o que torna estes criteacuterios inviaacuteveis para

conservaccedilatildeo da biodiversidade por meio de manejos florestais sustentaacuteveis em

florestas de vaacuterzea Aleacutem disso a ausecircncia de informaccedilotildees a respeito dos processos

que envolvem a dinacircmica e ecologia de florestas alagaacuteveis na elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo eacute um fator agravante na questatildeo da insustentabilidade da

exploraccedilatildeo dos recursos florestais em florestas de vaacuterzea

Ciclos de corte da madeira soacute possibilitam sustentabilidade se as espeacutecies

extraiacutedas conseguem se regenerar e estabelecer dentro da floresta garantindo

estoques de madeira para as proacuteximas extraccedilotildees Uma importante questatildeo eacute a

ausecircncia de dados baacutesicos de estrutura populacional e estabelecimento e regeneraccedilatildeo

de florestas tropicais para subsidiar planos de manejo florestal principalmente em

florestas de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia

Pesquisas tecircm sido feitas no sentido de investigar a influecircncia do pulso de

inundaccedilatildeo condiccedilotildees de luz suprimento de nutrientes e disponibilidade de aacutegua no

estabelecimento de sementes e placircntulas em aacutereas alagaacuteveis (Parolin 2001 Wittmann

amp Junk 2003 Ferreira et al 2005) Wittmann amp Junk (2003) enfatizam importacircncia de

novos estudos focando os processos de germinaccedilatildeo crescimento e taxa de

mortalidade de placircntulas de espeacutecies exploradas comercialmente e suas relaccedilotildees com

fatores do ambiente como luz e inundaccedilatildeo

52

Produtos florestais natildeo madeireiros tambeacutem devem ser levados em consideraccedilatildeo

na elaboraccedilatildeo de planos de manejo de florestas de vaacuterzea Diversos produtos tais

como resinas oacuteleos frutos fibras tecircxteis taninos e produtos medicinais satildeo extraiacutedos

de espeacutecies encontradas nas florestas de vaacuterzea (Wittmann et al 2006b) o que

demonstra o alto potencial destas florestas para este tipo de exploraccedilatildeo dos recursos

Novos modelos de exploraccedilatildeo madeireira que levam em consideraccedilatildeo o

crescimento e idade das aacutervores estatildeo sendo criados (Schoumlngart et al 2003 Brienen

amp Zuidema 2006 Schoumlngart 2007 2008) Mas o desafio de converter dados de

pesquisas cientiacuteficas em poliacuteticas puacuteblicas ainda eacute grande O caminho ainda eacute longo e

espera-se que a partir desta mudanccedila da IN ndeg de 2006 o qual permite a alteraccedilatildeo do

diacircmtro limite de corte e ciclo de corte atualmente requeridos para o manejo florestal

com base em pesquisas cientiacuteficas abra portas para a elaboraccedilatildeo de manejos

florestais especiacuteficos e sustentaacuteveis e consequumlentemente possibilitem que o quadro de

exploraccedilatildeo da madeira venha a se modificar com o tempo nas florestas alagaacuteveis da

Amazocircnia brasileira

7 CONCLUSOtildeES

As quatro espeacutecies estudadas apresentam diferenccedilas nas taxas de crescimento

arboacutereo Isto implica que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico de

derrubada e ciclo de corte para estas espeacutecies natildeo garantem a manutenccedilatildeo dos

estoques de madeira na floresta e portanto natildeo satildeo sustentaacuteveis

O DMD sugerido para Hura eacute de 130 cm quando a espeacutecie atinge sua produccedilatildeo

oacutetima de madeira possibilitando o aproveitamento maacuteximo do recurso bem como a

53

permanecircncia de indiviacuteduos em idade reprodutiva e consequumlente reposiccedilatildeo dos

estoques desta espeacutecie

Os resultados mostram que para C odorata uma espeacutecie com baixa densidade

de indiviacuteduos na reserva o DMD encontrado foi inferior a 50 cm (3760 cm) o que

demonstra a necessidade de aplicaccedilatildeo de tratamentos de enriquecimento de indiviacuteduos

para reposiccedilatildeo dos estoques para futuras exploraccedilotildees

Para O cymbarum e S elata DMDs sugeridos satildeo de 53 e 56 cm

respectivamente dentro do diacircmetro limite estabelecido por lei No entanto a baixa

densidade de indiviacuteduos encontrada em S elata indica tambeacutem a importacircncia de

aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais de enriquecimento para esta espeacutecie atingir

niacuteveis manejaacuteveis de seus estoques madeireiros

Os ciclos de corte variaram entre 10 anos para as espeacutecies de madeira branca e

12 anos para as espeacutecies de madeira pesada Entretanto deve ser ressaltada a

importacircncia do uso de DMD aqui sugeridos para cada espeacutecie objetivando a garantia da

manutenccedilatildeo dos estoques das mesmas

A dendrocronologia se mostrou uma ferramenta bastante uacutetil na aplicaccedilatildeo de

modelos de crescimento arboacutereo com intuito de contribuir para elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo florestal que suportam maior sustentabilidade do uso dos

recursos florestais Contudo maiores estudos para compreensatildeo da estrutura das

populaccedilotildees crescimento e reproduccedilatildeo das espeacutecies madeireiras de florestas de vaacuterzea

devem ser realizados

54

8 REFEREcircNCIAS

Achard F Eva HD Stibig Hans-Juumlrgen Mayaux P Gallego J Richards T

Malingreau Jean-Paul 2002 Determination of Deforestation Rates of the Worlds

Humid Tropical Forests Science 297(5583) 999 ndash 1002

Alencar A Nepstad D McGrath D Moutinho P Pacheco P Del Carmen M Diaz

V Soares ndash Filho BS 2004 Desmatamento na Amazocircnia indo aleacutem da

emergecircncia crocircnica Ipamhttpwwwipamorgbrpublicacoeslivrosresumo_des

matamentophp

Albernaz AL amp Ayres JM 1999 Selective Logging along the Middle Solimotildees River

In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash

Diversity Development and Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains

New York NYBG Press

Amaral P amp Amaral MN 2000 Manejo florestal comunitaacuterio na Amazocircnia brasileira

situaccedilatildeo atual desafios e perspectivas Brasiacutelia DF Instituto Internacional de

Educaccedilatildeo do Brasil (IIEB) 58 pp

Anderson A Mousasticoshvily I Macedo D 1999 Logging of Virola surinamensis in

the Amazon Floodplain Impacts and alternatives In Padoch C Ayres J M

Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and

Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Asner GP Knapp DE Broadbent EN Oliveira PJC Keller M Silva JNM

2005 Selective logging in the Brazilian Amazon Science 310 480 ndash 482

Ayres JM 1993 As matas de vaacuterzea do Mamirauaacute MCTCNPqSociedade Civil

Mamirauaacute Brasiacutelia Distrito Federal 123 pp

Barreto P Amaral P Vidal E Uhl C 1998 Costs and benefits of forest

management for timber production in eastern Amazonia Forest Ecology and

Management 108 (1ndash2) 9 ndash 26

Barros AC amp Uhl C 1995 Logging along the Amazon River and estuary Patterns

problems and potential Forest Ecology and Management 77 87ndash105

Barros AC amp Uhl C 1999 The economic and social significance of logging operations

on the Floodplains of the Amazon estuary and prospects for ecological

55

sustainability In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A

(eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and Conservation of Amazonias

Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Boltz F Carter DR Holmes TP Pereira RJr 2001 Financial returns under

uncertainty for conventional and reduced impact logging in permanent production

forests of the Brazilian Amazon Ecological Economics 39 387 ndash 398

Borchert R Rivera G Hagnauer W 2002 Modification of vegetative phenology in a

tropical semideciduous forest by abnormal drought and rain Biotropica 34 27 ndash

39

Bormann FH amp Berlyn G 1981 Age and growth rate of tropical trees new directions

for research Yale University School of Forestry and Environmental Studies

Bulletin New Haven

Boot RGA amp Gullison RE 1995 Aprporaches to developing sustainable extraction

systems for tropical forest products Ecological Applications 5(4) 896 ndash 903

Brienen RJW amp Zuidema PA 2005 Relating tree growth to rainfall in Bolivian rain

forests a test for six species using tree ring analysis Oecologia 146(1) 1 ndash 12

Brienen RJW amp Zuidema PA 2006 Lifetime growth patterns and ages of Bolivian

rain forest trees obtained by tree ring analysis Journal of Ecology 94 481 ndash 493

Brienen RJW amp Zuidema PA 2007 Incorporating persistent tree growth differences

increases estimates of tropical timber yield The Ecological Society of America

Frontiers in Ecology and the Environment 5(6) 302 ndash 306

Cannell MGR 1984 Woody biomass of forest stands Forest Ecology and

Management 8 (3 ndash 4) 299 ndash 312

Carvalho G Barros AC Moutinho P Nepstad D 2001 Sensitive Development

Could Protect Amazonia Instead of Destroying It Nature 409 131

Chave J Andalo C Brown S Cairns MA Chambers JQ Eamus D Foumllster H

Fromard F Higuchi N Kira T Lescure J-P Nelson BW Ogawa H Puig

H Rieacutera B Yamakura T 2005 Tree allometry and improved estimation of

carbon stocks and balance in tropical forests Oecologia 145 87 ndash 99

Chambers JQ Higuchi N Schimel JP 1998 Ancient trees in Amazonia Nature 39

135 ndash 136

56

Cintron BB 1990 Cedrela odorata L Cedro hembra Spanish cedar In Burns RM

Honkala BH (eds) Silvics of North America 2 Hardwoods Agric Handb

Washington DC US Department of Agriculture Forest Service 654 250 ndash 257

Clark DB amp Clark DA 1996 Abundance growth and mortality of very large trees in

neotropical lowland rain forest Forest Ecology and Management 80 235 ndash 244

Clark DA Clark DB 2001 Getting to the canopy Tree height growth in a neotropical

rain forest Ecology 82 1460 ndash 1472

Condit R 1995 Research in large long-term tropical forest plots Tree 10 18 ndash 22

Condit R Hubbel SP Foster RB 1995 Demography and harvest potential of Latin

American timber species data from a large permanent plot in Panama Journal of

Tropical Forest Science 7 599 ndash 622

De Graaf NN Filius AM Huesca Santos AR 2003 Financial analysis of sustained

forest management for timber Perspectives for application of the CELOS

management system in Brazilian Amazonia Forest Ecology and Management

177 287 ndash 299

Denevan WM 1976 The aboriginal population of Amazonia In Denevan W M (ed)

The native population of the Americas in 1492 The University of Wisconsin Press

205 ndash 234

De Simone O Junk WJ Schmidt W 2003 Central Amazon Floodplain Forests Root

Adaptations to Prolonged Flooding Russian Journal of Plant Physiology 50(6)

848 ndash 855

Dezzeo N Worbes M Ishii I Herrera R 2003 Growth rings analysis of four tropical

tree species in seasonally flooded forest of the Mapire River a tributary of the

lower Orinoko River Venezuela Plant Ecology 168 165 ndash 175

Duumlnisch O Montoia VR Bauch J 2003 Dendroecological investigations on

Swietenia macrophylla King and Cedrela odorata L (Meliaceae) in the Central

Amazon Trees ndash Struct Funct 17 244 ndash 250

Dykstra JA amp Heinrich R 1996 FAO model code of forest harvesting practice Food

and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) Rome Italy

Eckstein D Sass U Baas P 1995 Growth periodicity in tropical trees IAWA Journal

16 325 ndash 442

57

Enquist BJ Leffler AJ 2001 Long-term tree ring chronologies from sympatric tropical

dry-forest trees individualistic responses to climatic variation Journal of Tropical

Ecology 17 41 ndash 60

Enright NJ Hartshorn GS 1981 The demography of tree species in undisturbed

tropical rainforest In Bormann FH Berlyn G (eds) Age and growth rate of

tropical trees new directions for research Yale University School of Forestry and

Environmental Studies 94 107 ndash 119

Fearnside PM 1999 Biodiversity as an environmental service in Brazilacutes Amazonian

forests risks value and conservation Environmental Conservation 26 305 ndash 321

Ferreira LV 1991 O efeito do periacuteodo de inundaccedilatildeo na zonaccedilatildeo de comunidades

fenologia e regeneraccedilatildeo em uma floresta de Igapoacute na Amazocircnia Central Masterrsquos

Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 161 pp

Fichtler E Clark DA Worbes M 2003 Age and long-term growth of trees in an old-

growth tropical rain forest based on analyses of tree rings and C-14 Biotropica

35 306 ndash 317

Fichtler E Trouet V Beeckman H Coppin P Worbes M 2004 Climatic signals in

tree rings of Burkea africana and Pterocarpus angolensis form semiarid forests in

Namibia Trees 18 442 ndash 451

Francis J K 1990 Hura crepitans L Sandbox molinillo jabillo In SO-ITF-SM-38 New

Orleans LA US Department of Agriculture Forest Service Southern Forest

Experiment Station 270 ndash 274

Fritts HC 1976 Tree rings and climate London - Academic Press 567 pp

Furch K 1984 Water chemistry of the Amazon Basin The distribution of chemical

elements among freshwaters In Sioli H (ed) The Amazon Limnology and

Landscape Ecology of a Mighty Tropical River and its Basin Junk Publishers

Dordrecht 176 ndash 200

Furch K 1997 Chemistry of Vaacuterzea and Igapoacute soils and nutrient inventory of their

floodplain forests In Junk WJ (ed) The Central Amazon Floodplains Ecology of

a Pulsing System Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 47 ndash 67

58

Gama JRV Bentes ndash Gama M de Matos Scolforo JRS 2005 Sustainable

management for floodplain forest in eastern Amazonian Rev Aacutervore 29(5) 719 ndash

729

Gerwing JJ 2002 Degradation of forests through logging and fire in the eastern

Brazilian Amazon Forest Ecology and Management 157 131 ndash 141

Gourlay ID 1995 The definition of seasonal growth zones in some African Acacia

species ndash A review IAWA Journal 16 353 ndash 359

Hartshorn GS 1995 Ecological basis for sustainable development in tropical forests

Annual Review of Ecology and Systematics 26 155 ndash 175

Higuchi N Hummel AC Freias JV Malinowski JRE Stokes R 1994

Exploraccedilatildeo florestal nas vaacuterzeas do Estado do amazonas seleccedilatildeo de aacutervore

derrubada e transporte Proceedings of the VII Harvesting and Transportation of

timber Products IUFROUFPR Curitiba Brasil 168 ndash 193

Holmes TP Blate GM Zweede JC Pereira R Barreto P Boltz F Bauch R

2002 Financial and ecological indicators of reduced impact logging performance in

the eastern Amazon Forest Ecology and Management 163 93 ndash 110

IBGE 2000 Censo Demograacutefico 2000 Resultados Preliminares Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Rio de Janeiro 172 pp

Irion G Junk WJ Mello JASN 1997 The large Central Amazonian river floodplain

near Manaus geological climatological hydrological and geomorphological

aspects In the Central Amazonian Floodplains Ecology of a Pulsing System

Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 23 ndash 46 Johns JS Baretto P Uhl C 1996 Logging damage during planned and unplanned

logging operations in the eastern Amazon Forest Ecology and Management 89

59 ndash 77

Junk WJ 1989 Flood tolerance and tree distribution in Central Amazonian floodplains

In Nielsen LB Nielsen IC Baisley H (eds) Tropical Forests Botanical

Dynamics Speciation and Diversity Academic Press London 47 ndash 64

Junk WJ Bayley PB Sparks RE 1989 The flood pulse concept in foodplain

systems In Dodge DP (eds) Proceedings of the International Large River

Symposium Cen Spec Publ Fish Aquat Sci 106 110 ndash 127

59

Junk WJ amp Piedade MTF 1997 Plant life in the floodplain with special reference to

herbaceous plants In The central Amazon Floodplain Ecology of a Pulsing

system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 147 ndash 185

Kammescheidt L Gagang AA Schwarzwaller W Weidelt H 2003 Growth patterns

of dipterocarps in treated and untreated plots Forest Ecology and Management

174 437 ndash 445

Kubitzki K amp Zibursk A 1994 Seed dispersal in flood plain forests of Amazonia

Biotropica 26(1) 30 ndash 43

Lambin EF Geist HJ Lepers E 2003 Dynamics of land-use and land-cover change

in tropical regions Annual Review of Environment and Resources 28 205 ndash 41

Lamprecht H 1989 Silviculture in the tropics tropical forest ecosystems and their tree

species - possibilities and methods for their long-term utilization GTZ Eschborn

Laurance WF Nascimento HEM Laurance SG Condit R DAngelo S

Andrade A 2004 Inferred longevity of Amazonian rainforest trees based on a

long-term demographic study Forest Ecology and Management 190 131 ndash 143

Lieberman D Lieberman M Hartshorn G Peralta R 1895 Growth rates and age-

size relationships of Tropical Wet Forest trees in Costa Rica

Journal of Tropical Ecology 1(2) 97 ndash 109

Lima JRA amp Santos Joaquim dos Higuchi N 2005 Situaccedilatildeo das induacutestrias

madeireiras do Estado do Amazonas em 2000 Acta Amazonica 35(2) 125 ndash 132

Loureiro AA amp Silva MF da 1968 Cataacutelogo das madeiras da Amazocircnia Beleacutem

INPA 1 ndash 2

Margulis S 2003 Causas do desmatamento da Amazocircnia brasileira Brasiacutelia Banco

Mundial 100 pp

Marinho TA da S 2008 Distribuiccedilatildeo e estrutura da populaccedilatildeo de quatro espeacutecies

madeirerias em uma floresta sazonalmente alagaacutevel na Reserva de

desenvolvimento sustentaacutevel Mamirauaacute Amazocircnia Central Masterrsquos Thesis

Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 71 pp

Marques CA 2001 Importacircncia econocircmica da famiacutelia Lauraceae Lindl Floresta e

Ambiente 8(1) 195 ndash 206

60

Martini A Arauacutejo R N Uhl C 1998 Espeacutecies de Aacutervores Potencialmente

Ameaccediladas pela Atividade Madeireira na Amazocircnia Imazon Beleacutem Brazil Seacuterie

Amazocircnia Ndeg 11

Nebel G amp Kvist LP 2001 A review of Peruvian flood plain forests ecosystems

inhabitants and resource use Forest Ecology and Management 150 3 ndash 26

Nebel G Dragsted J Simonsen TR Vanclay JK 2001 The Amazon floodplain

forest tree Maquira coriacea (Karsten) CC Berg Aspects of ecology and

management Forest Ecology and Management 150 103 ndash 113

Nebel G amp Meilby H 2005 Growth and population structure of timber species in

Peruvian Amazon flood plains Forest Ecology and Management 215 1 ndash 3

Nepstad D Carvalho G Barros AC Alencar A Capobianco J Bishop J

Moutinho P Lefebvre P Silva U 2001 Road Paving Fire Regime Feedbacks

and the Future of Amazon Forests Forest Ecology and Management 5524 1 ndash 13

Nutto L Watzlawick LF 2002 Relaccedilotildees entre fatores climaacuteticos e incremento em

diacircmetro de Zanthoxylum rhoifolia Lam e Zanthoxylum hyemale St Hil Na regiatildeo

de Santa Maria RS Embrapa Florestas Bol Pesq Fl Colombo PR 45 41 ndash 55 Ohly JJ 2000 Development of central Amazonia in the modern era In Junk WJ

Ohly JJ Piedade MTF Soares MGM (eds) The Central Amazon

Floodplain Actual Use and Options for Sustainable Management Backhuys

Publisher Leiden 75 ndash 94

Parolin P 2001 Morphological and physiological adjustments to waterlogging and

drought in seedlings of Amazonian floodplain trees Oecologia 128 326-335

Parolin P 2002 Bosques inundados en la Amazonia Central Su aprovechamiento

actual y potencial Ecologia Aplicada 1(1) 111 ndash 114

Parolin P De Simone O Haase K Waldhoff D Rottenberger S Kuhn U

Kesselmeier J Kleiss B Schmidt W Piedade MTF Junk WJ 2004 Central

Amazonian floodplain forests tree adaptations in a pulsing system The Botanical

Review 70(3) 357 ndash 380

Piedade MTF Junk WJ Parolin P 2000 The flood pulse and photosynthetic

response of tree in a white water floodplain (Vaacuterzea) of Central Amazon Brazil

Verhandlungen der Internationalen Vereinigung fuumlr Limnologie 27 1734 ndash 1739

61

Piedade MTF 1985 Ecologia e biologia reprodutiva de Astrocaryum jauari Mart

(Palmae) como exemplo de populaccedilatildeo adaptada agraves aacutereas inundaacuteveis do Rio Negro

(igapoacutes) Masterrsquos Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo

Universidade do Amazonas Manaus Amazonas 188 pp

Piedade MTF Junk WJ Adis J Parolin P 2005 Ecologia zonaccedilatildeo e colonizaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo arboacuterea das Ilhas Anavilhanas Pesquisas Botacircnica 56 117 ndash 143

Pinedo-Vasquez M Zarin DJ Coffey K Padoch C Rabelo F 2001 Post-boom

logging in Amazonia Human Ecology 29 219ndash239

Prance GT 1980 A terminologia dos tipos de florestas Amazocircnicas sujeitos agrave

inundaccedilatildeo Acta Amazonica 10 495 ndash 504

Prance GT 1989 American Tropical Forests In Lieth H Weger MJA (eds)

Tropical Rain Forest Ecossistems Ecossistems of the World Elsevier Amsterdam

14 99 ndash 132

Putz FE Blate GM Redford KH Fimbel R Robinson J 2001 Tropical forest

management and conservation of biodiversity an overview Conservation Biology

15 7ndash20

Queiroz H 2005 A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute Estudos

Avanccedilados 19(54) 183 ndash 203

Revilla JDC 1981 Aspectos floriacutesticos e fitossocioloacutegicos da floresta inundaacutevel

(igapoacute) Praia Grande Rio Negro Amazonas Brasil Masterrsquos Thesis Instituto

Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do Amazonas

Manaus Amazonas 129 pp

Ribeiro RNS Tourinho MM Santana AC 2004 Avaliaccedilatildeo da sustentabilidade

agroambiental de unidades produtivas agroflorestais em Vaacuterzeas fluacutevio marinhas

de Cametaacute - Paraacute Acta Amazonica 34(3) 359 ndash 374

Roig FA 2000 Dendrocronologiacutea en los bosques del Neotroacutepicos revisioacuten y

prospeccioacuten futura In Dendrocronologiacutea en america Latina Roig F A (ed)

Mendoza EDIUNC 307 ndash 355

Sass U Killmann W Eckstein D 1995 Wood formation in two species of

dipterocarpaceae in Peninsular Malaysia IAWA Journal 16 371 ndash 384

62

Schoumlngart J 2003 Dendrochronologische Untersuchungen in

Uumlberschwemmungswaumlldern der vaacuterzea Zentralamazoniens PhD Thesis Fakultaumlt

fuumlr Forstwissenschaften und Waldoumlkologie Universitaumlt Goumlttingen 223 pp

Schoumlngart J 2008 GrowthndashOrientated Logging (GOL) A new concept towards

sustainable forest management in Central Amazonian vaacuterzea floodplains Forest

Ecology and Management (Aceito)

Schoumlngart J Piedade MTF Ludwigshausen S Horna V Worbes M 2002

Phenology and stem-growth periodicity of tree species in Amazonian floodplain

forests Journal of Tropical Ecology 18 581 ndash 597

Schoumlngart J Piedade MTF Worbes M 2003 Successional differentiation in

structure floristic composition and wood increment of whitewater Floodplain

Forests in Central Amazonia German-Brazilian Workshop on Neotropical

Ecosystems ndash Achievements and Prospects of Cooperative Research Hamburg 3

ndash 8

Schoumlngart J Junk WJ Piedade MTF Ayres JM Huumlttermann A Worbes M

2004 Teleconnection between tree growth in the Amazonian floodplains and the El

Nintildeo-Southern Oscillation effect Global Change Biology 10 683 ndash 692

Schoumlngart J Piedade MTF Wittmann F Junk WJ Worbes M 2005 Wood

growth patterns of Macrolobium acaciifolium (Benth) (Fabaceae) in Amazonian

black-water and white-water Floodplain Forests Oecologia 145 454 ndash 461

Schoumlngart J Orthmann B Hennenberg KJ Porembski S Worbes M 2006

Climate ndash growth relationships of tropical tree species in West Africa and their

potential for climate reconstruction Global Change Biology 12 1139 ndash 1150

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M Piedade MTF Krambeck H-J Junk WJ

2007 Management criteria for Ficus insipida Willd (Moraceae) in Amazonian white

ndash water floodplain forests defined by tree ndash rings analysis Annals of Forest

Science 64 657 ndash 664 Schoumlngart J Rocha RM Queiroz HL 2008a Traditional timber extraction in the

central Amazonian floodplains In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

63

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M 2008b Biomass and net primary production of

central Amazonian floodplain forests In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-Verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Swaine MD Whitmore TC 1988 On the definition of ecological species groups in

tropical rain forests Vegetatio 75 81 ndash 86

Schwartz MW Caro TM Banda-Sakala T 2002 Assessing the sustainability of

harvest of Pterocarpus angolensis in Rukwa Region Tanzania Forest Ecology and

Management 170 259 ndash 269

Schweingruber FH 1988 Tree rings Reidel Dordrecht 276 pp

Sioli H amp Klinge H 1962 Solos tipos de vegetaccedilatildeo e aacuteguas na Amazocircnia Boletim

Museu Paraense Emilio Goeldi 1 27 ndash 41

Sioli H 1984 Former and recent utilizations of Amazonia and their impact on the

environment In The Amazon Sioli H (ed) Junk Publishers Dordrecht 675 ndash

706

Sioli H 1991 Amazocircnia Fundamentos da ecologia da maior regiatildeo de florestas

tropicais Editora Vozes Petroacutepolis Rio de Janeiro 3 ed 71 pp

Sociedade Civiacutel Mamirauaacute 1996 Mamirauaacute Management Plan (summarized version)

Brasiacutelia SCM CNPqMCT

Sokpon N amp Biaou SH 2002 The use of diameter distributions in sustained-use

management of remnant forests in Benin case of Bassila forest reserve in North

Benin Forest Ecology and Management 161 13 ndash 25

Sombroek WG 1979 Soils of the Amazon region and their ecological stability ISM

Annual Report 13 ndash 27

Smeraldi R 2003 Legalidade predatoacuteria ndash o novo contexto da exploraccedilatildeo madeireira

na Amazocircnia In MACQUEEN DJ (ed) Exportando sem crises a induacutestria de

madeira tropical brasileira e os mercados internacionais IIED Small and Medium

64

Enterprise Series London International Institute for Environment and

Development 1 37 ndash 52

Spiecker H 2002 Tree rings and forest management in Europe Dendrochronologia

20(1-2) 191 ndash 202

Stadtler EWC 2007 Estimativas de biomassa lenhosa estoque e sequumlestro de

carbono acima do solo ao longo do gradiente de inundaccedilatildeo em uma floresta de

igapoacute alagada por aacutegua preta na Amazocircnia Central MSc thesis INPAUFAM

Manaus BrazilStahle DW 1999 Useful strategies for the development of tropical

tree-ring chronologies IAWA Journal 20 249 ndash 253

Takeuchi M 1962 The structure of the amazonian vegetation VI Igapoacute Journal of the

Faculty Science University of Tokyo 8(4 ndash 7) 297-304

Ter Steege H Pitman N Sabatier D Castellanos H Vander Hout P Daly DC

Silveira M Phillips OL Vasquez R Van Andel T Duivenvoorden J De

Oliveira AA Ek R Lilwah R Thomas R Van Essen J Baider C Maas P

Mori S Terborgh J Nueacutez PV Mogolloacute n H Morawetz W 2003 A spatial

model of tree adiversity and b-density for the Amazon Region Biodiversityand

Conservation 12 2255 ndash 2277

Therrell MD Stahle DW Ries LP Shugart HH 2006 Tree-ring reconstructed

rainfall variability in Zimbabwe Climate Dynamics 26 677 ndash 685

Uhl C Barreto P Verissiacutemo A Vidal E Amaral P Barros AC Souza C Johns

J Gerwing J 1997 Natural Resource Management in the Brazilian Amazon

Bioscience 47(3) 160 ndash 168

Vidal E Viana VM Batista JLF 2002 Crescimento de floresta tropical trecircs anos

apoacutes colheita de madeira com e sem manejo florestal na Amazocircnia oriental

Scientia forestalis 61133-143

Waldholff D Junk WJ Furch B 1998 Responses of three Central Amazonian tree

species to drought and flooding under controlled conditions International Journal of

Ecological and Environments Sciences 24 237 ndash 252

Wittmann F amp Parolin P 1999 Phenology of six tree species from Central Amazonian

Vaacuterzea Ecotropica 5 51 ndash 57

65

Wittmann F Anhuf D Junk WJ 2002 Tree species distribution and community

structure of central Amazonian Vaacuterzea forests by remote-sensing techniques

Journal of Tropical Ecology 18 805 ndash 820

Wittmann F amp Junk WJ 2003 Sapling communities in Amazonian white-water forests

Journal of Biogeography 30(10) 1533 ndash 1544

Wittmann F Junk WJ Piedade MTF 2004 The Vaacuterzea forests in Amazonia

flooding and the highly dynamic geomorphology interact with natural forest

succession Forest Ecology and Management 196 199 ndash212

Wittmann F Schoumlngart J Montero JC Motzer T Junk WJ Piedade MTF

Queiroz HL Worbes M 2006a Tree species composition and diversity gradients

in white-water forests across the Amazon Basin Journal of Biogeography 33 1334

ndash 1347

Wittmann F Schoumlngart J Brito JM Oliveira Wittmann A Piedade MTF Parolin

P Junk WJ Guillaumet JL 2006b Manual of trees from Central Amazonian

vaacuterzea floodplains Taxonomy ecology and use Ed Valer (no prelo)

Whitmore TC 1990 An introduction to tropical rain forests Oxford University Press

New York

Worbes M 1985 Structural and other adaptations to long-term flooding by in Central

Amazonia Amazoniana 9 459 ndash 484

Worbes M 1989 Growth rings increment and age of trees in inundation forest

savannas and mountain forest in the neotropics IAWA Bulletin 10(2) 109 ndash 122

Worbes M 1995 How to measure growth dynamics in tropical trees mdash a review IAWA

Journal 16 337ndash 351

Worbes M 1997 The forest ecosystem of the floodplains In The central Amazon

Floodplain Ecology of a Pulsing system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg

New York 223 ndash 266

Worbes M 1999 Annual grow rings rainfall-dependent growth and long-term grgrowth

patterns of tropical trees from the Caparo Forest Reserve in Venezuela Journal of

Ecology 87 391 ndash 403

Worbes M 2002 One hundred years of tree-ring research in the tropics ndash a brief history

and an outlook to future challenges Dendrochronologia 20(1 ndash 2) 217 ndash 231

66

Worbes M amp Junk WJ 1999 How old are the trees The persistence of a myth

IAWA Journal 20(3) 255 ndash 260

Worbes M Kingle H Revilla JD Martius C 1992 On the dynamics floristic

subdivision and geographical distribuition of Vaacuterzea forests in Central Amazonia

Journal of Vegetation Science 3 553 ndash 569

Worbes M Piedade MTF Schoumlngart J 2001 Holzwirtschaft im Mamirauaacute-Projekt

zur nachhaltigen Entwicklung einer Region im Uumlberschwemmungsbereich des

Amazonas Forstarchiv 72 188 ndash 200

Worbes M Staschel R Roloff A Junk WJ 2003 The ring analysis reveals age

structure dynamics and wood production of a natural forest stand in Cameroon

Forest Ecology and Management 173 105ndash123

67

Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )

Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo

Page 8: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE

Abreviaccedilotildees

Ab ndash Aacuterea basal

Bio ndash Biomassa acima do solo

CC ndash Ciclo de corte

CrC ndash Crescimento cumulativo

DAP ndash Diacircmetro acima da altura do peito

Den ndash Densidade da madeira em gcm3

DMD ndash Diacircmetro miacutenimo de derrubada

f ndash Fator de correccedilatildeo

FFT ndash Fundaccedilatildeo Floresta Tropical

h ndash altura

IBAMA ndash Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IC ndash Incremento corrente

IDSM ndash Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute

IM ndash Incremento meacutedio

INPA ndash Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia

IPAAM ndash Instituto de Proteccedilatildeo Ambiental do Amazonas

MMA ndash Ministeacuterio do Meio Ambiente

MFC ndash Manejo Florestal Comunitaacuterio

PMFS ndash Plano de Manejo Florestal Simplificado

PPG7 ndash Programa Piloto para a Proteccedilatildeo das Florestas Tropicais do Brasil

RDSA ndash Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Amanaacute

RDSM ndash Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute

SEMA ndash Secretaria Estadual do Meio Ambiente

t ndash Tempo

UNESCO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura

V ndash Volume

vii

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 4

21 Dendrocronologia nos troacutepicos 4

22 As florestas de vaacuterzea 7

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea 10

3 OBJETIVOS 13

31 Objetivo Geral13

32 Objetivos especiacuteficos13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS14

41 Aacuterea de estudos 14

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies15

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos 19

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos 20

5 RESULTADOS 25

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira 25

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies 28

6 DISCUSSAtildeO 39

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira 39

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo40

63 Estrateacutegias de manejo florestal 45

64 Desafios futuros52

7 CONCLUSOtildeES 53

8 REFEREcircNCIAS 55

viii

Lista de figuras

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da

largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)24

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial 27

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura 30

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata 31

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura 32

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura33

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans 34

Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie 36

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura) 38

Figura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999 a 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM 49

ix

1 INTRODUCcedilAtildeO

As florestas tropicais apresentam grande importacircncia na promoccedilatildeo de habitats

para metade das espeacutecies do planeta atuando na manutenccedilatildeo da biodiversidade

ciclagem de aacutegua e nos ciclos biogeoquiacutemicos (Fearnside 1999) Contudo por mais de

3 deacutecadas vem sofrendo grandes pressotildees pelo aumento das taxas de desmatamento

(Achard et al 2002 Lambin et al 2003) causadas principalmente pela conversatildeo de

floresta para pastagem e agricultura (Alencar et al 2001 Margulis 2003) extraccedilatildeo de

madeira natildeo sustentada (Nepstad et al 2001 Asner et al 2005) e investimentos em

pavimentaccedilatildeo e infra-estrutura (Carvalho et al 2001) Essas mudanccedilas na cobertura

florestal tecircm levado a comunidade cientiacutefica a buscar alternativas para a conservaccedilatildeo e

uso sustentaacutevel dos recursos naturais de florestas tropicais (Boot amp Gullison 1995

Hartshorn 1995 Putz et al 2001)

A floresta Amazocircnica eacute a maior floresta tropical uacutemida do planeta (Sioli amp Klinge

1962 Sioli 1991) dos quais 6 correspondem a florestas de aacutereas alagaacuteveis (Prance

1980) Estas satildeo classificadas em vaacuterzea e igapoacute (Prance 1980) e se destacam por um

distinto sistema edaacutefico associado ao tipo de aacuteguas a que estatildeo sujeitas (Prance

1989) com dinacircmica altamente influenciada pelo pulso anual de inundaccedilatildeo (Junk et al

1989 Schoumlngart et al 2004 2005) As florestas de vaacuterzea sofrem influecircncia de rios de

aacuteguas barrentas (Furch 1984) capazes de transportar uma grande quantidade de

nutrientes atraveacutes de sedimentos oriundos de erosotildees ocorrendo nos Andes e encostas

Preacute-andinas (Sombroek 1979 Ayres 1993 Irion et al 1997)

A riqueza de nutrientes e relativa fertilidade dos solos (Furch 1997) conferem a

estes ecossistemas de vaacuterzea um caraacuteter de importacircncia econocircmica sendo um atrativo

1

para a colonizaccedilatildeo humana durante os uacuteltimos seacuteculos (Parolin 2002) Frequumlentemente

satildeo utilizadas para as praacuteticas de agricultura de subsistecircncia sendo importante fonte de

proteiacutenas para as populaccedilotildees ribeirinhas por meio da pesca e caccedila (Sioli 1984 Junk

1989) e para a extraccedilatildeo de produtos madeireiros e natildeo-madeireiros (Junk amp Piedade

1997 Ohly 2000 Ribeiro et al 2004 Gama et al 2005) Estes fatores influenciam na

alta densidade populacional encontrada neste ecossistema considerando-se outras

regiotildees da Amazocircnia (Denevan 1976 IBGE 2000)

O setor madeireiro tem papel de destaque nestas regiotildees A alta abundacircncia de

certas espeacutecies madeireiras (Wittmann et al 2006a) aliada agrave facilidade de acesso aos

recursos o tipo de operaccedilatildeo de extraccedilatildeo derrubada arraste e transporte atraveacutes dos

rios reduzem os custos da madeira extraiacuteda das vaacuterzeas com relaccedilatildeo agrave extraccedilatildeo de

florestas de terra firme (Higuchi et al 1994 Barros amp Uhl 1995 1999 Uhl et al 1997

Schoumlngart et al 2007)

Ateacute o final de 1990 cerca de 80 da madeira encontrada no mercado brasileiro

era de origem ilegal (Smeraldi 2003) Nos uacuteltimos anos a grande pressatildeo exercida

pela extraccedilatildeo predatoacuteria da madeira aliada ao surgimento de novas alternativas de uso

da terra levaram a necessidade de elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo florestal e

conservaccedilatildeo das florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Schoumlngart et al 2007) Recentemente

programas de manejo florestal tecircm sido implementados com o intuito de proteccedilatildeo e

conservaccedilatildeo das vaacuterzeas amazocircnicas tais como os projetos Proacute-Vaacuterzea e PPG7

(Schoumlngart et al 2008a)

Atualmente os planos de manejos na Amazocircnia Brasileira tecircm como base o

Coacutedigo Florestal no 4711 15 de setembro de 1965 fundamentado em um sistema

policiacuteclico o qual estabelece um diacircmetro limite de corte e a extraccedilatildeo da madeira

2

realizada em intervalos de anos em uma dada aacuterea (ciclo de corte) A aacuterea a ser maneja

eacute dividida em talhotildees de aproximadamente tamanho correspondendo ao nuacutemero de

anos do ciclo de corte (Lamprecht 1989 De Graaf et al 2003)

Este modelo de manejo florestal eacute caracterizado por ocasionar superexploraccedilatildeo

e subutilizaccedilatildeo do potencial madeireiro por natildeo considerar as variaccedilotildees nas taxas de

crescimento entre espeacutecies entre diferentes habitats e ao longo dos anos (Schoumlngart

2003 Brienen amp Zuidema 2006) Espeacutecies de madeira branca com taxas de

crescimento raacutepido podem alcanccedilar o limite de diacircmetro para corte antes do tempo

estabelecido enquanto que espeacutecies de madeira pesada levam maior tempo para

atingir este diacircmetro de derrubada (Schoumlngart 2003 Schoumlngart et al 2003 2007

Brienen amp Zuidema 2007)

A Instruccedilatildeo Normativa (IN) ndeg 5 de 11 de dezembro de 2006 abre caminhos para

modificaccedilotildees do manejo florestal atual O ciclo de corte varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3 por ha ao ano no Plano de Manejo Florestal Simplificado

(PMFS) Pleno No PMFS de baixa intensidade foi estabelecido um ciclo de corte inicial

de 10 anos com volume de extraccedilatildeo de ateacute 10 msup3 por ha Na vaacuterzea a produccedilatildeo pode

exceder 10 msup3 por ha ao ano poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3 aacutervores por ha Esta

nova IN requer o estabelecimento de modelos especiacuteficos para cada espeacutecie onde o

limite de diacircmetro para corte eacute determinado a partir de criteacuterios ecoloacutegicos e teacutecnicos

Caso contraacuterio um diacircmetro de corte de 50 cm eacute estabelecido

Estimativas da produccedilatildeo de madeira considerando-se a variaccedilatildeo no crescimento

arboacutereo entre as espeacutecies satildeo necessaacuterias para garantir o contiacutenuo suprimento e

manutenccedilatildeo dos sistemas de manejo de florestas naturais (Brienen amp Zuidema 2007)

Neste sentido a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira (dendrocronologia) vem a ser uma

3

importante ferramenta na elaboraccedilatildeo de sistemas de exploraccedilatildeo sustentada

fornecendo modelos de crescimento e idade da madeira (Worbes et al 2001 Worbes

2002 Duumlnisch et al 2003 Schoumlngart et al 2003 2007 Brienen amp Zuidema 2005)

proporcionando opccedilotildees de manejo mais especiacuteficas e efetivas com benefiacutecios para as

populaccedilotildees futuras

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Dendrocronologia nos troacutepicos

Os aneacuteis de crescimento na madeira de espeacutecies das regiotildees temperadas

configuram o incremento radial os quais anualmente satildeo incorporados ao tronco das

aacutervores Cada anel possui duas partes distintas lenho inicial e lenho tardio O primeiro

corresponde ao crescimento arboacutereo no iniacutecio do periacuteodo vegetativo quando as plantas

reativam as atividades fisioloacutegicas O lenho tardio eacute formado no final do periacuteodo

vegetativo com a reduccedilatildeo das atividades e modificaccedilatildeo da estrutura celular com

espessamento das paredes e reduccedilatildeo do lume (Fritts 1976) A queda das atividades

celulares ocorre como resposta as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento arboacutereo em

decorrecircncia da reduccedilatildeo da temperatura (Schweingruber 1988)

Leonardo da Vinci durante o seacuteculo 15 foi o primeiro a reconhecer a existecircncia

de aneacuteis anuais na madeira em ramos de pinheiros relacionando-os a idade da aacutervore

e seu padratildeo de espessura com anos mais ou menos secos (Schweingruber 1988) Jaacute

no seacuteculo 19 diversas pesquisas demonstravam que as baixas temperaturas dos

invernos rigorosos em regiotildees temperadas satildeo um fator limitante no crescimento da

4

madeira (Worbes 1995) Contudo somente no iniacutecio do seacuteculo 20 a existecircncia de aneacuteis

anuais nos troacutepicos foi descoberta e algumas deacutecadas depois foi questionada (Worbes

amp Junk 1999) Muitos acreditavam na ausecircncia de aneacuteis anuais nos troacutepicos devido agrave

limitada sazonalidade (Schweingruber 1988) e temperatura quase constante

(Whitmore 1990) Este mito eacute ainda mantido por alguns autores (Lieberman et al

1985 Whitmore 1990) mesmo verificando-se que a distribuiccedilatildeo sazonal das chuvas na

maioria das regiotildees tropicais ocasiona uma distinta estaccedilatildeo seca (Worbes 1999)

Alguns autores enfatizam os problemas relacionados agrave formaccedilatildeo de aneacuteis anuais

na madeira nos troacutepicos Estudos tecircm registrado a formaccedilatildeo de dois aneacuteis por ano em

regiotildees apresentando duas estaccedilotildees de seca distintas (Gourlay 1995) formaccedilatildeo de

aneacuteis intra-anuais ou falsos aneacuteis em resposta a padrotildees irregulares de chuvas com

seca excepcional durante a estaccedilatildeo chuvosa (Borchert et al 2002) ou ainda a

formaccedilatildeo de aneacuteis irregulares na madeira de espeacutecies tropicais (Sass et al 1995)

Contudo a existecircncia de aneacuteis de crescimento nos troacutepicos tem sido registrada

em mais de 20 paiacuteses tropicais sendo que muitos estudos tecircm comprovado a

anualidade na formaccedilatildeo dos aneacuteis por mais de 100 anos (Worbes 2002) Foram

descritos para estas regiotildees diferentes padrotildees de aneacuteis anuais por Coster (19271928)

e classificados por Worbes (1995) como 4 tipos principais variaccedilotildees na densidade da

madeira faixas de parecircnquima marginal alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima e

variaccedilotildees na densidade dos vasos

Em regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o ritmo de crescimento das aacutervores

eacute determinado pelo pulso de inundaccedilatildeo (Worbes 1985) Durante o alagamento as

raiacutezes sofrem condiccedilotildees anoacutexicas acarretando reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a

copa das aacutervores e consequumlente reduccedilatildeo do metabolismo o que resulta em dormecircncia

5

cambial e a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira (Worbes 1989 Schoumlngart et al

2002) Diversas pesquisas tecircm evidenciado a presenccedila de aneacuteis anuais nas regiotildees de

aacutereas alagaacuteveis nos troacutepicos (Worbes 1989 Dezzeo et al 2003 Schoumlngart et al

2002 2004 2005)

Existem diferentes meacutetodos de investigaccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira

classificados em destrutivos e natildeo destrutivos (Worbes 1995) Meacutetodos natildeo destrutivos

podem ser feitos a partir de investigaccedilotildees fenoloacutegicas medidas repetidas do diacircmetro e

medida da atividade cambial por mensuraccedilatildeo da resistecircncia eleacutetrica na zona cambial

Feridas cambiais (Janelas de Mariaux) dataccedilatildeo por radiocarbono cicatrizes

provocadas por fogo em anos conhecidos ou injurias na madeira densitometria por raio

ndash X variaccedilotildees nas concentraccedilotildees de isoacutetopos estaacuteveis e contagem direta dos aneacuteis satildeo

meacutetodos destrutivos de constataccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira (Worbes

1995 2002) Todos estes meacutetodos foram utilizados independentemente para indicar a

ocorrecircncia de aneacuteis anuais no xilema de espeacutecies arboacutereas nas vaacuterzeas

Dentre estes meacutetodos a contagem direta dos aneacuteis anuais se destaca pela

obtenccedilatildeo de estimativas acuradas da idade das aacutervores e dados de longos periacuteodos de

crescimento da madeira (Bormann amp Berlyn 1981 Eckstein et al 1995) Informaccedilotildees

estas uacuteteis para o entendimento da dinacircmica da floresta (Enright amp Hartshorn 1981

Worbes 2002) desenvolvimento de sistemas de manejo florestal e estrateacutegias de

conservaccedilatildeo das espeacutecies (Stahle et al 1999 Worbes et al 2003)

O padratildeo de crescimento ao longo do tempo atua como um arquivo de dados e

contribui com informaccedilotildees sobre as mudanccedilas nas condiccedilotildees ambientais (Spiecker

2002) relaccedilotildees entre o clima e o crescimento arboacutereo (Enquist amp Leffler 2001 Nutto amp

6

Watzlawick 2002 Fichtler et al 2004 Schoumlngart et al 2006 Therrell et al 2006) e

sequumlestro de carbono na biomassa da madeira (Schoumlngart 2003)

22 As florestas de vaacuterzea

Junk et al (1989) definiram como aacutereas alagaacuteveis aquelas cuja inundaccedilatildeo eacute

promovida por um fluxo lateral dos rios e lagos eou precipitaccedilatildeo direta ou sobre as

aacuteguas um fenocircmeno perioacutedico que influencia na dinacircmica das comunidades e acarreta

um longo periacuteodo de adaptaccedilotildees e evoluccedilatildeo de espeacutecies endecircmicas Na regiatildeo

amazocircnica as aacutereas inundaacuteveis satildeo recobertas por florestas de vaacuterzea e igapoacute sendo

que as florestas de vaacuterzea abrangem uma aacuterea de 50-75 e satildeo consideradas o tipo

de vegetaccedilatildeo inundaacutevel mais importante destas regiotildees (Wittmann et al 2002)

As florestas alagaacuteveis sofrem esta alternacircncia anual entre fase terrestre e

aquaacutetica a qual vem ocorrendo haacute milhotildees de anos leva ao desenvolvimento de

adaptaccedilotildees de caraacuteter morfoloacutegico anatocircmico fisioloacutegico etoloacutegico e fenoloacutegico nas

espeacutecies que vivem nestes ambientes inundados anualmente (Ferreira 1991 Kubitzki

amp Zibursk 1994 Waldhoff et al 1998 Wittmann amp Parolin 1999 Piedade et al 2000

Parolin et al 2004)

Muitas espeacutecies respondem as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento durante

a fase de alagamento apresentando adaptaccedilotildees na forma de produccedilatildeo de raiacutezes

adventiacutecias desenvolvimento de vias alternativas metaboacutelicas e permanecircncia da

atividade fotossinteacutetica (De Simone et al 2003) estrateacutegias de toleracircncia ou escape ao

alagamento pelas placircntulas (Parolin 2002) ou ainda armazenamento de aacutegua no caule

(Schoumlngart et al 2002) Cada espeacutecie responde a este fenocircmeno de forma

7

diferenciada podendo ser visualizada atraveacutes dos diversos padrotildees fenoloacutegicos

encontrados nas aacutereas alagaacuteveis (Schoumlngart et al 2002) O alagamento anual causa

condiccedilotildees anaeroacutebicas nas raiacutezes levando a reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a copa

das aacutervores o que ocasiona estresse hiacutedrico e perda de folhas Como resultado a

planta entra em dormecircncia cambial

As diferentes estrateacutegias adaptativas associadas com diferentes niacuteveis de

toleracircncia ao alagamento refletem a influecircncia exercida pelo periacuteodo e niacutevel de

alagamento aos quais as plantas estatildeo sujeitas resultando numa zonaccedilatildeo de espeacutecies

caracteriacutestica nas aacutereas alagaacuteveis (Takeuchi 1962 Revilla 1981 Piedade 1985

Worbes et al 1992 Worbes 1997 Wittmann et al 2002 2004)

A dinacircmica sucessional em florestas de vaacuterzea da Amazocircnia foi descrita por

Worbes et al (1992) Estaacutegios iniciais de sucessatildeo primaacuteria e secundaacuteria apresentam

estratos monoespeciacuteficos com espeacutecies de crescimento raacutepido e baixa densidade da

madeira as quais natildeo alcanccedilam grandes idades Por meio do processo de sucessatildeo

natural ocorrem substituiccedilotildees de espeacutecies e formaccedilatildeo de estaacutegios tardios onde

observa-se uma maior complexidade nos extratos arboacutereos e diversidade de espeacutecies

diminuiccedilatildeo da taxa de incremento radial e acuacutemulo de biomassa (Worbes 1992

Schoumlngart et al 2003)

Ao longo da sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais existe um aumento da

densidade da madeira das aacutervores e decreacutescimo das taxas de incremento em diacircmetro

aumento da diversidade de espeacutecies o que implica mudanccedilas de estratos mais

homogecircneos de estaacutegios sucessionais iniciais para extratos mais complexos

caracterizados pelo aumento da altura das aacutervores tamanho e aacuterea da copa (Wittmann

et al 2002 Schoumlngart et al 2003)

8

Esta zonaccedilatildeo de espeacutecies em florestas de vaacuterzea ao longo do gradiente

topograacutefico (Junk 1989 Ayres 1993) e sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais (Worbes

1997) leva a formaccedilatildeo de dois habitats significativamente diferentes os quais satildeo

denominados vaacuterzea alta e vaacuterzea baixa (Wittmann et al 2002) A primeira caracteriza-

se por alagamento de menos de 3 m por ano na meacutedia apresentando aumento da

diversidade e complexidade da arquitetura com o aumento da idade resultando de

processo sucessional natural de florestas tardias de vaacuterzea baixa sendo considerada

representante de estaacutegio cliacutemax A vaacuterzea baixa apresenta diferentes estaacutegios de

sucessatildeo natural e eacute alagada por mais de 3 m por ano (Wittmann et al 2002) sendo

que a complexidade de estrutura e composiccedilatildeo da floresta tende a aumentar com a

reduccedilatildeo do niacutevel e duraccedilatildeo do alagamento

A grande variedade de habitats e multiplicidade de adaptaccedilotildees resultam numa

grande diversidade de espeacutecies arboacutereas dentro das aacutereas alagaacuteveis (Junk 1989)

atingindo 1000 espeacutecies registradas para florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Wittmann et al

2006a) A alta diversidade nestas aacutereas estaacute relacionada ao niacutevel e periacuteodo das cheias

e aumenta com diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo de inundaccedilatildeo (Wittmann amp Junk 2003 Worbes

et al 1992 Piedade et al 2005) Entretanto florestas de vaacuterzea possuem diversidade

de espeacutecies menor se comparada com florestas de terra firme da mesma regiatildeo (Ayres

1993)

Wittmann et al (2006a) afirmam que nas florestas de vaacuterzea a diversidade de

espeacutecies tambeacutem aumenta no sentido leste ndash oeste dentro da Bacia Amazocircnica Este

padratildeo parece similar ao encontrado para florestas de terra firme na mesma regiatildeo

geograacutefica (Ter Steege et al 2003) corroborando com a hipoacutetese de formaccedilatildeo de uma

zona de transiccedilatildeo que permite a migraccedilatildeo das espeacutecies de florestas de terra firme para

9

florestas alagaacuteveis de vaacuterzea alta (Wittmann et al 2006a) Esta hipoacutetese eacute estabelecida

pela elevada similaridade floriacutestica encontrada entre a vaacuterzea alta e terra firme

As florestas de vaacuterzea alta compreendem cerca de 10 da cobertura florestal

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996 Wittmann et al 2002) no entanto satildeo as florestas

mais ameaccediladas pela accedilatildeo antroacutepica sendo frequumlentemente utilizadas para moradia e

substituiccedilatildeo das aacutereas de floresta para atividades de agricultura e pecuaacuteria

Apresentam alta abundacircncia de espeacutecies madeireiras e estatildeo sendo ameaccediladas por

praacuteticas insustentaacuteveis de manejo (Ayres 1993 Worbes et al 2001)

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea

Atualmente dentro da Bacia Amazocircnica de aproximadamente 350 espeacutecies

madeireiras encontradas cerca de 34 tambeacutem ocorrem em florestas de vaacuterzea

(Martini et al 1998) outras satildeo restritas a este tipo de ecossistema Pela falta de infra-

estrutura em estradas de 60 a 80 da madeira extraiacuteda na Amazocircnia Ocidental e

Peru tecircm origem a partir deste tipo de floresta inundaacutevel (Higuchi et al 1994 Nebel amp

Kvist 2001 Worbes et al 2001) Em 2000 somente no Estado do Amazonas

aproximadamente 75 da madeira para induacutestria de laminados e compensados teve

origem em florestas alagaacuteveis (Lima et al 2005)

O preccedilo da madeira de espeacutecies com densidade abaixo de 060 gcm3 (madeira

branca) no Meacutedio Rio Solimotildees variou entre R$ 075-600 por m3 para Hura crepitans

L (Euphorbiaceae) e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae) enquanto que

espeacutecies de madeira densa acima de 060 gcm3 (madeira pesada) como Ocotea

cymbarum Mez (Lauraceae) Copaifera sp (Fabaceae) e Piranhea trifoliata Baill

10

(Euphorbiaceae) foram negociadas por R$ 288-1290 por m3 no periacuteodo de 1993 a

1995 (Worbes et al 2001) O primeiro grupo eacute frequumlentemente utilizado em induacutestrias

de laminados e compensados enquanto que as espeacutecies de madeira densa satildeo muito

utilizadas na construccedilatildeo de casas barcos e moacuteveis (Albernaz amp Ayres 1999) Com a

implementaccedilatildeo de manejo sustentaacutevel controlado e autorizado pelo IBAMA e IPAAM

os preccedilos da madeira subiram consideravelmente atingindo valores de ateacute R$ 6200

por m3 no ano de 2007 ao longo do Meacutedio Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a)

Um inventaacuterio florestal realizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel

Mamirauaacute (RDSM) abrangendo uma aacuterea de 342 ha de florestas de vaacuterzea encontrou

122 espeacutecies madeireiras por ha com diacircmetro limite de corte acima de 45 cm

(Schoumlngart et al 2008a) Das espeacutecies inventariadas as mais encontradas dentre as

madeiras brancas foram H crepitans e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae)

Das madeiras pesadas O cymbarum Mez (Lauraceae) Calycophyllum spruceanum

(Benth) Hookf ex KSchum (Rubiaceae) foram as mais abundantes

Dados do Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel de Mamirauaacute (IDSM) do

manejo florestal comunitaacuterio (MFC) de 2003 mostram que 42 do nuacutemero de toras e

60 do volume extraiacutedo na reserva pertencem agrave H crepitans Esta espeacutecie somada a

O cymbarum e C subsessilis corresponde a quase 70 do volume em metros cuacutebicos

de madeira extraiacuteda

A atividade madeireira em florestas de vaacuterzea se restringe a poucas espeacutecies

(Schoumlngart 2003) e a ausecircncia de dados de regeneraccedilatildeo e crescimento aliados a

exploraccedilatildeo inadequada da madeira tecircm levado agrave reduccedilatildeo das populaccedilotildees de algumas

destas espeacutecies chegando a praticamente desaparecer dos mercados regionais

(Higuchi et al 1994 Worbes et al 2001) Espeacutecies como Cedrela odorata L

11

(Meliaceae) Platymiscium ulei Harms (Fabaceae) Virola spp (Myristicaceae) Ceiba

pentandra (L) Gaerth (Malvaceae) foram substituiacutedas por O cymbarum C

spruceanum H crepitans e C guianensis (Albernaz amp Ayres 1999 Anderson et al

1999 Worbes et al 2001 Lima et al 2005)

Dentro da RDSM o manejo florestal se caracteriza por sistema policiacuteclico com

ciclo de corte de 25 anos e diacircmetro limite de corte de 45 cm Inicialmente deve ser feito

um inventaacuterio florestal de todas as espeacutecies madeireiras com diacircmetro ge 20 cm e as

extraccedilotildees se limitam a 5 aacutervores por ha que se encontram acima do diacircmetro de corte

Cerca de 10 das aacutervores acima do limite de diacircmetro devem permanecer nas aacutereas

como porta-sementes com o intuito de garantir a regeneraccedilatildeo das espeacutecies exploradas

Aproximadamente 12 da cobertura florestal da RDSM pertence a florestas de

vaacuterzea alta onde a abundacircncia de espeacutecies de valor econocircmico eacute alta (Wittmann et al

2002) e contribuem para o fornecimento de produtos madeireiros para o mercado local

regional e internacional (Wittmann et al 2004) Schoumlngart et al (2007) afirmam que as

espeacutecies mais exploradas na reserva satildeo O cymbarum C spruceanum e P trifoliata

(espeacutecies de madeira densa) assim como Ficus insipida Willd (Moraceae) H

crepitans Maquira coriacea (Karsten) CCBerg (Moraceae) (espeacutecies de madeira

branca)

Este estudo analisa e modela padrotildees de crescimento de quatro espeacutecies

aacuterboreas de interesse comercial de baixa densidade de madeira (madeira branca) e alta

densidade de madeira (madeira pesada) exploradas dentro da RDSM Deste modelos

criteacuterios como DMD e ciclo de corte satildeo derivados e discutidos no contexto das atuais

normas de manejo florestal na Amazocircnia pela legislaccedilatildeo brasileira

12

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Modelar padrotildees de crescimento da madeira de H crepitans C odorata O

cymbarum e S elata espeacutecies de importacircncia econocircmica na exploraccedilatildeo madeireira

das florestas de vaacuterzea da Amazocircnia para definir ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de

derrubada (DMD) especiacuteficos subsidiando futuros planos de manejo florestal

sustentaacutevel dentro da RDSM

32 Objetivos especiacuteficos

a Descriccedilatildeo da anatomia da madeira

b Determinaccedilatildeo da idade das aacutervores

c Determinaccedilatildeo das taxas de incremento em diacircmetro altura volume e biomassa

d Estimativa de ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de derrubada para definir criteacuterios

de manejo para cada uma das espeacutecies

13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS

41 Aacuterea de estudos

A aacuterea de estudos compreende a Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Mamirauaacute (RDSM) a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo na categoria de reserva

sustentaacutevel e primeira existente no ecossistema de vaacuterzea Sua criaccedilatildeo eacute resultado de

solicitaccedilatildeo encaminhada em 1985 pelo bioacutelogo Dr Joseacute Maacutercio Ayres ao oacutergatildeo

responsaacutevel na eacutepoca SEMA ndash Secretaria Especial de Meio Ambiente (Queiroz 2005)

A RDSM eacute dividida em duas aacutereas principais aacuterea focal (cerca de 260000 ha)

onde se desenvolvem desde 1991 atividades baseadas em pesquisas

socioeconocircmicas e ecoloacutegicas incluindo pesca agricultura agroflorestal e ecoturismo

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996) e aacuterea subsidiaacuteria (cerca de 878000 ha) a qual seraacute

manejada progressivamente A aacuterea focal eacute por sua vez subdividida em zona de

proteccedilatildeo permanente zona de ecoturismo e zona destinada ao manejo sustentaacutevel de

recursos naturais

Dentro da aacuterea focal existem nove unidades ou setores de controle do uso dos

recursos naturais denominadas Mamirauaacute Jarauaacute Tijuaca Boa Uniatildeo do Meacutedio

Japuraacute Aranapuacute Barroso Horizonte Liberdade e Ingaacute As atividades econocircmicas

realizadas pelas comunidades dentro dos setores se dividem em produccedilatildeo de farinha

pesca e exploraccedilatildeo da madeira as quais satildeo influenciadas pelo niacutevel de inundaccedilatildeo

anual (Albernaz amp Ayres 1999)

A RDSM estaacute situada na regiatildeo do meacutedio Solimotildees na confluecircncia dos rios

Solimotildees e Japuraacute entre as bacias do rio Solimotildees e Negro Sua porccedilatildeo mais a leste

14

fica nas proximidades da cidade de Tefeacute no Estado do Amazonas Sua vizinha RDS

Amanatilde liga a RDSM ao Parque Nacional do Jauacute (Schoumlngart et al 2005) Estas trecircs

unidades juntas constituem um bloco de floresta tropical com cerca de 6000000 ha

protegidos oficialmente Formam o embriatildeo do Corredor Central da Amazocircnia

(MMAPPG7) e da Reserva da Biosfera da Amazocircnia Central (MaBUnesco) e

compotildeem um Siacutetio Natural do Patrimocircnio Mundial (UnescoIUCN) (Queiroz 2005 Ayres

et al 2005)

Possui clima caracterizado por uma meacutedia de temperatura diaacuteria de 269 ordmC e

precipitaccedilatildeo anual de aproximadamente 3000 mm apresentando uma estaccedilatildeo seca

distinta (julho-outubro) O niacutevel de flutuaccedilatildeo meacutedia da aacutegua do Rio Japuraacute durante 1993

ndash 2000 foi de 1138 m (Wittmann amp Junk 2003 Schoumlngart et al 2005)

Aproximadamente 92 da cobertura vegetal abrangendo a aacuterea focal da reserva eacute

composta por florestas de vaacuterzea baixa constituiacuteda por diferentes estaacutegios

sucessionais e somente cerca de 8 corresponde a florestas de vaacuterzea alta (Wittmann

et al 2002)

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies

421 Cedrela odorata L (Meliaceae)

Popularmente conhecida como cedro cedro branco cedro cheiroso ou cedro

mogno apresenta tronco com casca de cheiro bastante caracteriacutestico rugosa com

fissuras transversais vermelho-alaranjadas Apresenta base reta ou com raiacutezes

tabulares e suas flores satildeo brancas em inflorescecircncias terminais (Wittmann et al

15

2006b) Os frutos capsulares quando maduros se abrem liberando de 40 a 50

sementes aladas as quais satildeo dispersas pelo vento (Cintron 1990 Wittmann et al

2006b)

Encontrada em toda a Amazocircnia embora com baixa frequumlecircncia ocorre desde as

Iacutendias Ocidentais as grandes e pequenas Antilhas ateacute Trinidad e Tobago sendo

encontrada tambeacutem no Meacutexico Equador Peru e Guianas (Cintron 1990) Eacute tipicamente

deciacutedua sendo encontrada em extrato superior de vaacuterzea alta e ocupando estaacutegio

sucessional secundaacuterio tardio

Apresenta madeira moderadamente pesada variando entre 044 a 060 gcm3 O

floema eacute avermelhado com cerne variando do castanho claro ao bege rosado escuro e

alburno amarelo apresentando cheiro aromaacutetico (Loureiro amp Silva 1968)

Aleacutem da sua importacircncia como espeacutecie madeireira na fabricaccedilatildeo de moacuteveis

construccedilatildeo civil e naval embalagens e instrumentos musicais a casca do cedro eacute

aproveitada na medicina popular como tocircnica adstringente e febriacutefuga (Loureiro amp

Silva 1968 Wittmann et al 2006b)

422 Sterculia elata Ducke (Malvaceae)

Conhecida popularmente como tacacazeiro xixaacute chicaacute da mata ou manduvi

cujos frutos apresentam uma coloraccedilatildeo avermelhada quando maduros sendo

organizados em 5 foliacuteculos com uma sutura ventral cada um Os frutos satildeo apocaacuterpios

e as flores estatildeo organizadas em inflorescecircncias terminais amarelas a purpuacutereas

(Wittmann et al 2006b)

16

Apresenta distribuiccedilatildeo nos neo-troacutepicos compreendendo o Sul do Meacutexico e

Ameacuterica Central Norte do Brasil Pantanal e Peru ocupando extrato superior e

emergente de vaacuterzea alta Eacute uma espeacutecie deciacutedua de estaacutegio sucessional secundaacuterio

tardio

Apresenta madeira de densidade meacutedia de 047 gcm3 cujo floema tem coloraccedilatildeo

marrom escura e o alburno eacute marrom claro A madeira eacute muito utilizada para confecccedilatildeo

de embalagens palitos foacutesforos compensados e troncos para canoas As sementes

oleaginosas satildeo comestiacuteveis A aacutervore eacute frequumlentemente utilizada para ornamentaccedilatildeo

(Wittmann et al 2006b)

423 Hura crepitans L (Euphorbiaceae)

Conhecia comumente por assacuacute H crepitans eacute uma espeacutecie cujo caule eacute

aculeado apresentando laacutetex branco aquoso caacuteustico e frequumlentemente utilizado

como veneno de peixe Causa irritaccedilotildees fortes em contato com a pele (Francis 1990

Wittmann et al 2006b) Os frutos satildeo capsulares lenhosos arredondados e

deprimidos nos poacutelos Tem distribuiccedilatildeo no Brasil Guianas Oeste da Iacutendia Cuba

Jamaica Trinidad e Tobago Costa Rica ao sul do Peru e Boliacutevia (Loureiro amp Silva

1968 Wittmann et al 2006b)

Ocupa o extrato superior de vaacuterzea alta sendo identificada como uma espeacutecie

perenifoacutelia de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Apresenta madeira muito leve

(035 a 040 gcm3) cerne e alburno indistintos e de coloraccedilatildeo branca com reflexos

amarelados Pelas caracteriacutesticas da madeira eacute comumente usada na fabricaccedilatildeo de

17

caixas tamancos obras internas artefatos de madeira forros taacutebuas compensados

boacuteias flutuantes canoas e gamelas (Francis 1990 Wittmann et al 2006b)

424 Ocotea cymbarum HBK (Lauraceae)

Frequumlentemente chamada por louro inamuiacute louro mamorim louro mamoriacute

inhamuiacute oacuteleo de inhamuiacute e pau de gasolina O cymbarum eacute uma aacutervore de grande

porte (20 ndash 30 m) apresentando casca avermelhada aromaacutetica ramos jovens com

pilosidade e acinzentados Possui exsudato transparente aromaacutetico apresentando

cheiro de menta (Wittmann et al 2006b)

Tem distribuiccedilatildeo por toda a Amazocircnia sendo encontrada em extrato superior de

vaacuterzea alta Eacute semi-deciacutedua e de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Sua madeira eacute

moderadamente pesada variando de 055 a 065 gcm3 (Loureiro amp Silva 1968) O

floema possui coloraccedilatildeo marrom cafeacute enquanto que o cerne amarelado claro e

brilhante diferencia-se pouco do alburno levemente mais claro (Wittmann et al

2006b)

Eacute comumente utilizada na carpintaria de luxo construccedilatildeo em geral marcenaria

compensado pranchas e tabuados (Loureiro amp Silva 1968) Sua madeira traz oacuteleo

contendo safrol que em baixa concentraccedilatildeo eacute um componente para fragracircncias e

perfumes (Wittmann et al 2006b) O lenho apresenta atividade contra o

desenvolvimento do ancilostomiacutedeo humano (Marques 2001)

18

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos

Das quatro espeacutecies estudadas duas de madeira branca ndash H crepitans e S

elata e duas de madeira pesada ndash C odorata e O cymbarum (Schoumlngart 2003) foram

selecionados entre 21 e 37 indiviacuteduos emergentes de floresta de vaacuterzea alta dos

setores Jarauaacute e Tijuaca da RDSM As medidas do diacircmetro na altura do peito (DAP)

com ge 10 cm foram feitas com o uso de fita dendromeacutetrica de dupla face sendo

inferidas acima das sapopemas quando presentes A altura da aacutervore foi medida a

partir do uso de inclinocircmetro (Blume-Leiss) e fita meacutetrica

Para verificar a idade das aacutervores foram utilizados 10 discos de H crepitans e

10 discos de O cymbarum fornecidos pelo Programa de MFC da RDSM no ano de

2001 bem como amostras coletadas de troncos dos indiviacuteduos de cada uma das quatro

espeacutecies Para tanto foi aplicado um meacutetodo natildeo destrutivo de extraccedilatildeo de cilindros da

madeira utilizando-se uma broca dendrocronoloacutegica num total de 110 cilindros com 5

mm de diacircmetro (21 amostras de Sterculia 23 de Cedrela 29 de Ocotea e 37 de Hura)

coletadas entre 07 de outubro de 2006 a 16 de abril de 2007 na altura aproximada de

130 m da base do tronco Apoacutes a coleta das amostras o orifiacutecio produzido com a broca

dendrocronoloacutegica foi obstruiacutedo com cera de carnauacuteba para evitar possiacuteveis ataques

por fitopatoacutegenos

As amostras coletadas foram coladas em suporte de madeira e em seguida

polidas com lixas de papel com diferentes granulometrias em uma sequumlecircncia

progressiva ateacute uma granulaccedilatildeo de 600 Estas foram analisadas no Laboratoacuterio de

Dendrocronologia do Projeto INPAMax-Planck em Manaus A anaacutelise macroscoacutepica da

estrutura da madeira foi feita a partir de fotografias feitas utilizando-se maacutequina digital

19

NIKON coolpix 4500 Para descriccedilatildeo anatocircmica dos aneacuteis de crescimento utilizou-se

como base os padrotildees de aneacuteis descritos por Coster (1927 1928) e adaptados por

Worbes (1985 1989)

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos

A determinaccedilatildeo da idade foi feita por meio da contagem direta dos aneacuteis anuais

e as taxas de incremento radial foram geradas por mediccedilatildeo da espessura dos aneacuteis

com o sistema de anaacutelise digital com precisatildeo de 001 mm (LINTAB) juntamente com o

software (TSAP-Win = Time Series Analyses and Presentation) especiacutefico para

anaacutelises de sequumlecircncias temporais (Schoumlngart et al 2004) Para os cilindros que natildeo

alcanccedilaram o cerne do tronco foram estimadas as distacircncias ateacute o centro e a partir do

nuacutemero meacutedio de aneacuteis encontrados em outros indiviacuteduos foram feitas estimativas da

idade do primeiro anel visiacutevel no tronco As mediccedilotildees da largura dos aneacuteis se deram no

sentido cerne ndash casca

Curvas cumulativas do diacircmetro individual para as quatro espeacutecies foram

elaboradas com base nestas mediccedilotildees do incremento radial corrente e relacionadas

com o DAP medido no campo (Schoumlngart et al 2003 Brienen amp Zuidema 2007)

(Figura 1a) A partir destas curvas individuais foram construiacutedas curvas cumulativas

meacutedias para cada espeacutecie descrevendo a relaccedilatildeo entre idade e diacircmetro para as

mesmas

A curva meacutedia do diacircmetro calculada para cada espeacutecie foi ajustada como um

modelo de regressatildeo sigmoidal da qual foram derivadas as curvas do incremento

corrente e meacutedio do diacircmetro para cada espeacutecie (Figura 1b) Modelos de regressatildeo natildeo

20

ndash linear descreveram para cada espeacutecie a relaccedilatildeo entre DAP e a altura medida no

campo (Figura 1c) Combinando as relaccedilotildees idade-DAP e DAP-altura permite estimar o

crescimento da altura (Nebel et al 2001) Deste modo para cada idade determinada

foram atribuiacutedas uma medida de diacircmetro e de altura para cada espeacutecie (Schoumlngart et

al 2007)

A combinaccedilatildeo dos modelos de regressatildeo natildeo-linear das relaccedilotildees entre idade e

DAP bem como das relaccedilotildees entre DAP e altura tambeacutem possibilitou a construccedilatildeo do

modelo de crescimento em volume (Figura 1e) e produccedilatildeo de biomassa acima do solo

das espeacutecies estudadas (Figura 1f) O modelo alomeacutetrico utilizado para estimativa do

volume foi definido por Cannell (1984) para florestas tropicais uacutemidas e tem como

paracircmetros a altura das aacutervores e o DAP

O volume (V) foi estimado a partir da multiplicaccedilatildeo da aacuterea basal (Ab) pela altura

(h) e por um fator (f) de reduccedilatildeo de 06 (Nebel et al 2001) A equaccedilatildeo eacute dada por

V = Ab x h x f (1)

onde a Ab eacute dada por

Ab = π x (DAP 2)2 (2)

Foi utilizado um modelo alomeacutetrico para estimar a biomassa acima do solo com

boa aplicabilidade em florestas alagaacuteveis segundo resultados obtidos por Stadtler

21

(2007) Este modelo tem como paracircmetros a densidade da madeira o diacircmetro e altura

das aacutervores e foi descrito por Chave et al (2005) A equaccedilatildeo eacute descrita abaixo

Bio = 00509 x den x DAP2 x h (3)

onde a Bio eacute a estimativa da biomassa acima do solo den eacute a densidade da madeira

obtida para cada espeacutecie de Wittmann et al (2006b) e 00509 eacute um fator de correccedilatildeo

O fator de correccedilatildeo dos modelos de caacutelculo do volume (06) e biomassa (00509)

se referem ao fato de que as aacutervores natildeo representam cilindros perfeitos e diminuem o

raio do tronco a medida que se distanciam do DAP

Destes modelos de crescimento do DAP altura aacuterea basal volume e biomassa

foram derivadas as taxas do incremento meacutedio (IM) e corrente (IC) (Figuras 1b1d1f)

para cada espeacutecie seguindo as equaccedilotildees abaixo (Schoumlngart et al 2007)

IM= CrC t t (4)

IC= CrC t+1 ndash Cr t (5)

onde CrC eacute o crescimento cumulativo em diferentes anos t sobre ciclo de vida total da

planta

O periacuteodo ideal de extraccedilatildeo eacute estabelecido quando a espeacutecie atinge sua a

produccedilatildeo maacutexima em volume periacuteodo este entre a taxa maacutexima de IC em volume e a

taxa maacutexima de IM em volume (Schoumlngart 2003) Este intervalo representa o periacuteodo

22

em que a extraccedilatildeo da madeira utiliza-se do potencial de crescimento maacuteximo das

espeacutecies (Schoumlngart 2008)

A modelagem dos padrotildees de crescimento foi construiacuteda a partir do uso do

software program X-Act (SciLab) e em seguida definidas as recomendaccedilotildees de

manejo para ciclos de corte e DMD para cada uma das quatro espeacutecies madeireiras

O DMD eacute definido pela idade em que a aacutervore atinge as maiores taxas de

incremento anual corrente do volume (Figura 1e) O tempo meacutedio que um indiviacuteduo leva

para passar por uma classe de DAP de 10 cm ateacute chegar ao DMD eacute o ciclo de corte da

espeacutecie (Schoumlngart et al 2007) Este eacute dado por

CC= idade(DMD) DMD x 10 (6)

onde CC eacute o ciclo de corte da espeacutecie e idade(DMD) eacute a idade da aacutervore quando atingiu o

DMD

23

0

20

40

60

80

0 5 10 15 200

1

2

3

4

5

0

10

20

30

0 20 40 60 80 100

0

20

40

60

80

0 5 10 15 20

0

10

20

30

0 5 10 15 200

1

2

3

4

0

1

2

3

4

0 5 10 15 200

100

200

300

00

05

10

15

0 5 10 15 200

50

100

Age (years) Age (years)

Age (years)

Age (years)

Age (years)

Dbh (cm)

Tree

heig

ht(m

)D

bh(c

m)

Dbh

(cm

)Tr

eehe

ight

(m)

Woo

d bi

omas

s(M

g)

Volu

me

(m3 )

Diam

eter increment(cm

year -1)H

eightincrement(m

year -1)W

ood biomass

production(kg year -1)

Volume

increment(dm

3year -1)

n = 54R2 = 053

n = 18

MLD

a

c

e

b

d

f

y = a (1+(b x)c)

a = 1195742 plusmn 131913b = 184937 plusmn 3355c = 12997 plusmn 00788

y = (abullx) (x+b)a = 286667 plusmn 07424b = 161743 plusmn 13022

DAP

(cm

)

DA

P (c

m)

Altu

ra (m

)

Altu

ra (m

)

Vol

ume

(m3)

Bio

mas

sa (M

g)

Idade (anos) Idade (anos)

DAP (cm) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento em

diacircmetro (cm

ano) Increm

ento em altura (m

ano) P

roduccedilatildeo de biomassa (K

gano)

Incremento

emvolum

e(dm

3ano)

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

DMD

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)

24

5 RESULTADOS

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira

O limite dos aneacuteis e a estrutura anatocircmica da madeira foram determinados com

base na classificaccedilatildeo de Coster (19271928) e adaptados por Worbes (1995) Trecircs tipos

de aneacuteis foram distinguidos de acordo com essa classificaccedilatildeo (1) faixas de parecircnquima

marginal (2) alternacircncia entre faixas de fibra e faixas de parecircnquima e (3) variaccedilatildeo na

densidade da madeira (Tabela 1) A distinccedilatildeo dos aneacuteis variou entre as 4 espeacutecies

estudadas poreacutem todas apresentaram aneacuteis suficientemente distintos para aplicaccedilatildeo

de estudos dendrocronoloacutegicos

A distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e agrave

medida que estes se encontravam mais proacuteximos do centro do tronco A facilidade de

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis decresceu na seguinte ordem C odorata O cymbarum S elata

e H crepitans (Tabela1)

Cedrela e Sterculia apresentaram mesmo padratildeo de faixas de parecircnquima

marginal que consiste de uma a poucas fileiras de ceacutelulas Eacute comumente encontrado

nas famiacutelias Bignoniaceae Fabaceae e Meliaceae (Worbes 2002) Cedrela apresentou

aneacuteis de crescimento semiporosos com uma espessa faixa de parecircnquima claramente

visiacutevel acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos os quais satildeo maiores ao

final do periacuteodo vegetativo (Figura 2a)

Sterculia tambeacutem mostrou variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Os poros satildeo visiacuteveis

a olho nu alguns obstruiacutedos por conteuacutedo de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada e brilhante

25

Apresentou faixas de parecircnquima radial espessadas dificultando um pouco a

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis (Figura 2b)

Um padratildeo de alternacircncia entre faixas de fibras e parecircnquima foi encontrado

formando os aneacuteis anuais em Hura com a reduccedilatildeo da largura das faixas de

parecircnquima e fibras na formaccedilatildeo do lenho tardio ao final da zona de crescimento

(Figura 2c) Este tipo de anatomia pode ser encontrado em famiacutelias como

Euphorbiaceae Moraceae Sapotaceae Lecythidaceae dentre outras (Worbes 2002)

Tabela1 Tipos de zona de crescimento encontrados e o grau de distinccedilatildeo dos de crescimento Os padrotildees descritos foram baseados nos modelos de Coster (1927 1928) e adaptados por Worbes (1995) Espeacutecies Famiacutelia Tipo de zona de

crescimento Fenologia foliar Grau de

distinccedilatildeo dos aneacuteis

Cedrela odorata Meliaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos

Deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (1)

Hura crepitans Euphorbiaceae Alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima

Perenifoacutelia Aneacuteis pouco

distintos (2)

Sterculia elata Malvaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Presenccedila de faixas radiais de parecircnquima

Deciacutedua Aneacuteis distintos (1)

Ocotea cymbarum Lauraceae Variaccedilatildeo na densidade da madeira com lenho inicial menos denso que o lenho tardio

Semi-deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (3)

obtidos durante observaccedilotildees na RDSM no periacuteodo 042006-122007

Ocotea mostrou um padratildeo de variaccedilatildeo na densidade da madeira O lenho tardio

de coloraccedilatildeo mais escura (alta densidade) apresentou ceacutelulas pequenas com paredes

26

espessadas diferindo do lenho inicial (baixa densidade) com ceacutelulas grandes e

paredes de espessura mais fina permitindo uma perfeita delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

(Figura 2d) Eacute comum entre as famiacutelias Annonaceae Myrtaceae e Lauraceae (Worbes

2002)

A presenccedila de falsos aneacuteis de crescimento ocorreu em alguns discos de Hura e

Ocotea Entretanto este problema foi solucionado observando-se a continuidade dos

aneacuteis ao longo dos raios nos discos

C Hura crepitans D Ocotea cymbarum

A Cedrela odorata B Sterculia elata

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial

27

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies

Todas as quatro espeacutecies apresentaram correlaccedilatildeo significativa (plt001) para as

relaccedilotildees entre idade e DAP idade e altura e DAP e altura (Tabela 2) permitindo a

modelagem das curvas de crescimento cumulativo para as mesmas Foram feitas um

total de 7646 mediccedilotildees da largura dos aneacuteis na madeira para as quatro espeacutecies

(Tabela 2)

As trajetoacuterias de crescimento cumulativo em diacircmetro mostraram diferenccedilas

tanto intra como interespeciacuteficas Aquelas espeacutecies de madeira densa como O

cymbarum e C odorata apresentaram taxas de crescimento menores que S elata e H

crepitans espeacutecies de madeira branca (Figura 3)

As quatro espeacutecies apresentaram uma variaccedilatildeo da idade ao atingir o DMD de 50

cm Esta foi maior para O cymbarum alcanccedilando idades entre 25 e 80 anos H

crepitans e S elata podem atingir idades entre 25 e 65 anos enquanto que as menores

variaccedilotildees na idade foram encontradas em C odorata com idades entre 35 a 65 anos

para um diacircmetro de 50 cm (Figura 3)

28

Tabela 2 Nuacutemero de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis e altura das aacutervores utilizados na elaboraccedilatildeo dos modelos de crescimento com base nas relaccedilotildees entre idade ndash DAP idade ndash altura e DAP ndash altura e o coeficiente de correlaccedilatildeo das mesmas

Nuacutemero de mediccedilotildees Correlaccedilatildeo p(lt 0001) Espeacutecie Largura dos

aneacuteis Altura Idade ndash DAP Idade ndash Altura DAP ndash Altura

Cedrela odorata

1240 32 089 064 071

Ocotea cymbarum

1325 125 086 073 073

Sterculia elata

1321 21 088 086 085

Hura crepitans

3760 67 091 086 076

Total

7646

Sterculia e Hura atingiram idades maacuteximas de 111 e 195 anos respectivamente

embora esta uacuteltima tenha atingido grandes diacircmetros nas aacutervores amostradas As

aacutervores mais velhas de Cedrela e Ocotea atingiram idades maacuteximas de 74 e 122 anos

(Tabela 3)

29

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

A ndash Cedrela odorata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

C ndash Sterculia elata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

B ndash Ocotea cymbarum

D ndash Hura crepitans

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura

30

As curvas meacutedias das relaccedilotildees entre idade e DAP tambeacutem apresentaram

variaccedilatildeo entre as espeacutecies estudadas (Figura 4) Para um diacircmetro de 50 cm

determinado pela IN ndeg 5 de Dezembro de 2006 as idades meacutedias oscilaram entre 41

anos em Hura a mais de 70 anos em Cedrela (Tabela 3)

0

50

100

150

DAP

(cm

)

0 30 60 90 120 150 180Idade (anos)

(a)

(b)

(d)

(c)

Diacircmetro limite de corte

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata Tabela 3 Idades maacuteximas miacutenimas e para um diacircmetro miacutenimo de derrubada de 50 cm para cada uma das quatro espeacutecies estudadas e seus respectivos desvios padratildeo

Idade (anos) Espeacutecie Miacutenima Maacutexima Ao alcanccedilar o diacircmetro limite de 50 cm

Cedrela odorata

21 74 72

Sterculia elata

22 111 47

Ocotea cymbarum

27 122 59

Hura crepitans

88 195 41

31

As quatro espeacutecies estudadas atingiram as maiores taxas de incremento

diameacutetrico corrente em idades diferentes Cedrela e Ocotea atingiram as maiores taxas

entre 11 e 12 anos e 19 e 21 anos com uma taxa meacutedia de incremento de 094 e 101

cmano respectivamente (Figura 5a e c) Sterculia obteve taxas meacutedias de incremento

de 126 cmano em idades entre 19 e 21 anos (Figuras 5b) enquanto Hura alcanccedilou

taxa meacutedia de incremento de 129 cmano em idades entre 22 e 23 anos (Figura 5d)

Cedrela e Ocotea espeacutecies de madeira pesada apresentaram taxas de incremento

diameacutetrico menores que Hura e Sterculia espeacutecies de madeira branca

D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata

C ndash Sterculia elata

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

B ndash Ocotea cymbarum

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura

32

A partir das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares entre idade-DAP foi possiacutevel

construir um modelo de crescimento em aacuterea basal para cada espeacutecie utilizando-se a

foacutermula (2) Cedrela e Ocotea atingiram suas maiores taxas em 39 e 57 anos e taxa

meacutedia de incremento de 355 e 536 cm2ano respectivamente (Figuras 6a e 6b)

Sterculia e Hura atingiram maior incremento aos 48 e 104 anos e taxa meacutedia de 700 e

1422 cm2ano respectivamente (Figura 6c e 6d) As espeacutecies de madeira branca Hura

e Sterculia apresentaram taxas de incremento em aacuterea basal mais altas que as duas

espeacutecies de madeira densa (Cedrela e Ocotea)

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

05

1

15

2

25

4

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

05

1

15

2

25

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura

33

A combinaccedilatildeo das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares das relaccedilotildees entre DAP-

altura (Figura 7) resultaram num modelo de crescimento em altura para as espeacutecies

contemplando todo ciclo de vida da planta Os maiores valores de incremento corrente

em altura de C odorata S elata O cymbarum e H crepitans corresponderam a idades

de 4 7 8 e 6 anos respectivamente e taxas maacuteximas corresponderam a 096 mano

para Sterculia 092 mano para Ocotea 061 mano para Hura e finalmente 109 mano

para Cedrela

DAP (cm) DAP (cm)

DAP (cm) DAP (cm)

Altu

ra (m

) A

ltura

(m)

C ndash Sterculia elata D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 1500

0

0

0

0

0

0 25 50 75 100 125 150

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 150 0 50 100 150

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans

34

Tabela 4 Valores de DAP e altura maacuteximos e miacutenimos do levantamento florestal seus desvios padratildeo e a aacuterea basal calculada a partir da relaccedilatildeo entre idade e DAP das espeacutecies

DAP (cm) Altura (m) Aacuterea basal meacutedia (cm2)

Espeacutecie

Maacuteximo Miacutenimo Desvio Maacutexima Miacutenima Desvio Meacutedia Cedrela odorata

656 115 140 309 90 50 273

Ocotea cymbarum

780 100 164 311 70 46 402

Sterculia elata

1300 100 349 405 66 88 516

Hura crepitans

1328 100 350 390 21 91 1127

A partir dos modelos de crescimento em altura e diacircmetro elaborados para cada

espeacutecie pocircde-se construir o modelo de crescimento em volume das mesmas segundo

a foacutermula (1) (Schoumlngart et al 2007) O periacuteodo oacutetimo de corte das aacutervores eacute o ponto

onde o incremento em volume corrente eacute maacuteximo sendo que para cada espeacutecie o pico

maacuteximo de volume corrente variou visivelmente (Figura 8)

Cedrela apresentou maiores taxas de incremento em volume corrente ao atingir

uma idade meacutedia de 45 anos (Figura 8a) Nesta idade a espeacutecie indica um DAP de 376

cm (Figura 5a) Jaacute Sterculia e Ocotea atingiram o ponto maacuteximo em incremento

corrente em volume aos 54 e 63 anos (Figuras 8b e c) quando atingem diacircmetros de

560 e 533 cm respectivamente (Figuras 5b e c) Hura em uma idade meacutedia de 125

anos apresentou os maiores valores de incremento maacuteximo corrente entre as quatro

espeacutecies (Figura 8d) atingindo diacircmetro meacutedio de 1288 cm (Figura 5d) Tanto Hura

quanto Sterculia apresentaram produccedilatildeo de madeira em volume por m3 superior as

duas espeacutecies de madeira pesada Cedrela e Ocotea

35

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento volum

eacutetrico

Incr

emen

to e

m v

olum

e (m

3 ) 0450 0

(m3ano)

Incr

emen

to e

m V

olum

e (m

3 )

Incremento volum

eacutetrico (m3ano)

Idade (anos) Idade (anos)

0

10

20

30

40

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

0 50 100 150 200

0

10

20

30

40

50

0

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

04

0 50 100 150

200 Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie

36

O ciclo de corte calculado atraveacutes da passagem meacutedia do tempo por uma classe

de DAP de 10 cm para a proacutexima ateacute atingir o diacircmetro de corte oacutetimo variou pouco

entre as espeacutecies sendo que Hura e Sterculia apresentaram ciclos de corte de 97

anos enquanto Cedrela e Ocotea apresentaram ciclos de 120 e 118 anos (Tabela 5)

Os resultados indicam que espeacutecies de madeira branca apresentam ciclos de corte

mais curtos do que as espeacutecies de madeira pesada

Tabela 5 O diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) o ciclo de corte a idade meacutedia ao atingir o diacircmetro de corte e a densidade da madeira das espeacutecies Espeacutecie DMD (cm) Ciclo de corte

(anos) Idade meacutedia ao atingir

o DMD (anos) Densidade

(gcm3) Cedrela odorata

376 120 45 052

Ocotea cymbarum

533 118 63 060

Sterculia elata

560 97 54 047

Hura crepitans

1288 97 125 039

Dados obtidos de Wittmann et al (2006b)

Aleacutem do modelo de crescimento em volume os modelos de crescimento em

altura e diacircmetro possibilitaram tambeacutem a construccedilatildeo de modelos de crescimento em

biomassa acima do solo para as espeacutecies estimado segundo a foacutermula (3)

Cedrela apresentou maior taxa de produccedilatildeo em biomassa de 26 Kgano em 45

anos (Figura 9a) ao passo que Ocotea alcanccedilou uma produccedilatildeo em biomassa maacutexima

de 52 Kgano em 63 anos (Figura 9b) Sterculia atingiu valor de 60 Kgano em 54 anos

(Figura 9c) enquanto que Hura obteve em 125 anos um valor maacuteximo de 125 Kgano

(Figura 9d) Espeacutecies de madeira branca atingiram maiores taxas de acuacutemulo em

biomassa do que as espeacutecies de madeira densa

37

D ndash Hura crepitans C ndash Ocotea cymbarum

Bio

mas

sa (M

g)

Bio

mas

sa (M

g)

Produ

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

ccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)P

roduccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

5

10

15

20

0

4

8

1

1

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

1

1

0 50 100 150 2000

5

0

5

0

0

40

80

120

160

Prod

uccedilatildeo

Biom

assa

(Kg)

0 50 100 150 200

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura)

38

6 DISCUSSAtildeO

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira

Todas as quatro espeacutecies estudadas apresentaram distintas zonas de

crescimento poreacutem com diferenccedilas quanto ao grau de distinccedilatildeo entre elas O grau de

distinccedilatildeo diminuiu na ordem seguinte C odorata O cymbarum S elata e H crepitans

o que indica uma pequena tendecircncia das espeacutecies deciacuteduas apresentarem maior

distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais como resultados encontrados por Worbes (1999) A

distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e com a

maior proximidade do centro do disco (Brienen amp Zuidema 2006) Esta variaccedilatildeo

encontrada no grau distinccedilatildeo dos aneacuteis natildeo afetou as anaacutelises dendrocronoloacutegicas

subsequumlentes

Segundo Worbes (1995) a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira resulta de

mudanccedilas sazonais favoraacuteveis e desfavoraacuteveis nas condiccedilotildees de crescimento arboacutereo

Um dos fatores principais atuando no controle do crescimento arboacutereo de florestas

tropicais eacute a variaccedilatildeo intraanual da precipitaccedilatildeo que ocasiona uma distinta estaccedilatildeo

seca e determina a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das aacutervores (Worbes 1999)

Para regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o principal fator que controla o

ritmo de crescimento nas aacutervores eacute o pulso de inundaccedilatildeo (Junk 1989) Entretanto

florestas de vaacuterzea alta natildeo satildeo alagadas anualmente devido a sua posiccedilatildeo

topograacutefica o que indicaria que o pulso anual de inundaccedilatildeo natildeo seria o principal fator

controlando os processo ecoloacutegicos nestas aacutereas Observaccedilotildees fenoloacutegicas e mediccedilotildees

da liteira (Schoumlngart et al 2008b) evidenciam que o ritmo de crescimento possa ser

39

controlado pela sazonalidade das chuvas contudo maiores estudos se fazem

necessaacuterios

A anualidade dos aneacuteis de crescimento em espeacutecies arboacutereas da Amazocircnia

permite anaacutelise de fenocircmenos ecoloacutegicos e ambientais identificaccedilatildeo e reconstruccedilatildeo das

condiccedilotildees climaacuteticas do passado como tambeacutem identificar as alteraccedilotildees naturais e

dinacircmica das populaccedilotildees (Fritts 1976 Schweingruber 1988 Worbes 1995) Aleacutem

disso a aplicaccedilatildeo das informaccedilotildees armazenadas nos aneacuteis de crescimento permite que

estudos dendrocronoloacutegicos sejam empregados com o objetivo de investigar a estrutura

etaacuteria das populaccedilotildees bem como a dinacircmica de crescimento arboacutereo em florestas

tropicais (Worbes 2002)

Desta forma a descriccedilatildeo da estrutura anatocircmica e delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

da madeira satildeo de suma importacircncia para realizaccedilatildeo das anaacutelises dendrocronoloacutegicas

e por conseguinte para a otimizaccedilatildeo do uso da floresta dando suporte para

estabelecimento de estrateacutegias de manejo florestal ao niacutevel de espeacutecie fornecendo

informaccedilotildees do histoacuterico florestal e consequumlentemente garantindo maior

sustentabiliade na utilizaccedilatildeo dos recursos madeireiros (Schoumlngart 2008)

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo

Uma das grandes questotildees a cerca do uso sustentaacutevel de florestas tropicais

envolve o crescimento e a idade das aacutervores Modelos de crescimento de espeacutecies

madeireiras nos troacutepicos ainda satildeo bastante escassos (Nebel et al 2001 Schwartz et

al 2002 Sokpon amp Biaou 2002 Nebel amp Meilby 2005 Brienen amp Zuidema 2007

Schoumlngart et al 2007) fato este atribuiacutedo a problemas de estabelecimento de uma

40

metodologia especiacutefica para determinaccedilatildeo da idade das aacutervores e taxas de

crescimento bem como a alta diversidade de espeacutecies encontrada Aleacutem disso o

atraso no avanccedilo das pesquisas de crescimento arboacutereo com base em aneacuteis na

madeira nos troacutepicos se deve ao descreacutedito na formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das

aacutervores nestas regiotildees devido agraves temperaturas terem sido consideradas praticamente

constantes durante o ano (Lieberman et al 1985 Whitmore 1990)

Atualmente a maioria das pesquisas sobre idade e crescimento de espeacutecies

tropicais eacute baseada em anaacutelises feitas em parcelas permanentes (Condit 1995)

utilizando meacutetodos de mediccedilotildees repetidas durante relativamente curtos periacuteodos de

tempo Outra metodologia para determinar a idade e taxas de incremento eacute a dataccedilatildeo

com radio-carbono (Worbes amp Junk 1999) Estas duas metodologias indicam idades

maacuteximas entre 1000 e 2000 anos (Condit et al 1995 Chambers et al 1998 Laurance

et al 2004) enquanto estudos dendrocronoloacutegicos indicam idades maacuteximas entre 500

e 600 anos (Worbes amp Junk 1999 Fichtler et al 2003)

Resultados encontrados por Chambers et al (1998) de idade estimada de 1370

anos para Carniana micrantha Ducke (Lecythidaceae) eacute considerado excepcional pois

aparentemente foi determinada de um uacutenico exemplar (Roig 2000) Dataccedilatildeo por radio-

carbono pode ser problemaacutetica entre os anos de 1650 e 1950 devido agrave variaccedilatildeo de 14C

encontrada na atmosfera neste periacuteodo Este fenocircmeno foi provocado por grandes

emissotildees de carbono por meio da queima de combustiacutevel foacutessil que ocorreram no

periacuteodo da revoluccedilatildeo industrial (Efeito de Suess) (Fichtler et al 2003) Em adiccedilatildeo o

alto custo desta metodologia natildeo permite o uso para determinaccedilatildeo de grandes

amostragens

41

A construccedilatildeo de modelos de crescimento de lenhosas com base no crescimento

em diacircmetro das espeacutecies em curtos periacuteodos de observaccedilatildeo bem como a baixa

densidade de espeacutecies comerciais encontradas em florestas tropicais na elaboraccedilatildeo de

modelos de crescimento principalmente individuos de grandes tamanhos dentro das

parcelas estudadas satildeo fatores que limitam muito esta metodologia (Clark amp Clark

1996 Nebel amp Meilby 2005) Aleacutem disso estes modelos monitoram somente uma

pequena parte da histoacuteria de crescimento das aacutervores e extrapolam estes dados das

trajetoacuterias de crescimento em diacircmetro de curtos periacuteodos para todo o ciclo de vida da

planta o que os torna simplistas e podem resultar em dados de crescimento arboacutereo e

estimativas de produccedilatildeo da madeira natildeo realistas subestimando as taxas de

crescimento e consequumlentemente superestimando a idade das aacutervores (Brienen amp

Zuidema 2006)

Ao contraacuterio destes meacutetodos de modelagem do crescimento arboacutereo a anaacutelise

dendrocronoloacutegica tem se mostrado uma importante ferramenta a qual fornece

estimativas mais acuradas da idade e do histoacuterico de crescimento arboacutereo individual

por meio da informaccedilatildeo extraiacuteda dos aneacuteis na madeira (Brienen amp Zuidema 2007) Na

anaacutelise de aneacuteis anuais para a modelagem de crescimento arboacutereo das espeacutecies satildeo

amostradas aacutervores que se estabeleceram no dossel com sucesso o que fornece

dados de crescimento em diacircmetro mais realistas e representativos do desenvolvimento

das aacutervores (Brienen amp Zuidema 2006)

Diversos estudos tecircm mostrado a grande variaccedilatildeo existente nas taxas de

crescimento tanto dentro como entre espeacutecies de florestas tropicais (Clark amp Clark

2001 Schoumlngart et al 2006 Brienen amp Zuidema 2006) Segundo Brienen amp Zuidema

(2007) estas diferenccedilas no crescimento dos indiviacuteduos ao longo da vida pode ser o

42

resultados de diversos fatores atuando em conjunto como a disponibilidade de aacutegua

clima intensidade de luz recebida forma e tamanho da copa danos e fitopatoacutegenos

assim como infestaccedilatildeo por cipoacutes e lianas Isso se reflete em variaccedilotildees de curvas

cumulativas comparando indiviacuteduos da mesma espeacutecie (Figura 3)

Os dados obtidos indicaram a ocorrecircncia de variaccedilatildeo na idade das aacutervores com

o aumento do diacircmetro Esta variaccedilatildeo intra-especiacutefica na idade das aacutervores em grandes

diacircmetros (gt de 60 cm) eacute causada principalmente pela variaccedilatildeo que ocorre na

passagem do tempo nas pequenas classes de tamanho (lt 20 cm) (Brienen amp Zuidema

2006) Desta forma o tempo necessaacuterio para que uma aacutervore de determinada espeacutecie

se estabeleccedila no dossel quando as taxas diameacutetricas geralmente aumentam devido

aos altos niacuteveis de radiaccedilatildeo solar pode variar consideravelmente

A variaccedilatildeo encontrada nos indiviacuteduos contudo natildeo impede a modelagem de

crescimento arboacutereo pois ao niacutevel das espeacutecies ocorre uma relaccedilatildeo bastante

significativa entre idade e DAP o que caracteriza a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira

uma ferramenta importante na elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo sustentaacuteveis em

florestas tropicais (Brienen amp Zuidema 2006 Schoumlngart et al 2007)

Comparando as curvas meacutedias de crescimento observa-se que espeacutecies

estudadas apresentam estrateacutegias ecoloacutegicas diferenciadas Altas taxas de incremento

em diacircmetro em espeacutecies de baixa densidade da madeira como Hura e Sterculia levam

a um raacutepido crescimento em volume enquanto que baixas taxas de incremento em

diacircmetro em Cedrela e Ocotea duas espeacutecies de madeira densa levam a um

crescimento em volume mais lento

Tanto Hura como Sterculia parecem apresentar estrateacutegias de crescimento

tiacutepicas de espeacutecies pioneiras com ciclos de vida longos (gt de 100 anos) caracterizadas

43

por altos requerimentos de luz para germinaccedilatildeo e crescimento (Swaine amp Whitmore

1988) Cedrela e Ocotea possuem caracteriacutesticas de crescimento tiacutepicas de espeacutecies

de estaacutegios cliacutemax ou tolerantes agrave sombra com capacidade de sobrevivecircncia em

longos periacuteodos de baixos niacuteveis de luminosidade e baixas taxas de crescimento

arboacutereo (Pianka 1970)

Espeacutecies com baixa densidade da madeira como Hura (039 gcm3) e Sterculia

(047 gcm3) requerem periacuteodos de 41 a 47 anos para extrapolar um diacircmetro limite de

corte de 50 cm enquanto que espeacutecies de madeira densa tais como Ocotea (060

gcm3) e Cedrela (052 gcm3) necessitam de periacuteodos entre 59 e 72 anos para

ultrapassar um diacircmetro de 50 cm Estes resultados estatildeo de acordo com Schoumlngart

(2008) que verificou a existecircncia de uma correlaccedilatildeo entre a densidade da madeira e a

idade da espeacutecie ao atingir o DMD estimado a partir das taxas de IC de volume o que

possibilita estimar o periacuteodo ideal de extraccedilatildeo para outras espeacutecies de florestas de

vaacuterzea da Amazocircnia Central em funccedilatildeo da densidade da madeira

Os resultados encontrados mostram diferenccedilas nas taxas de incremento em

diacircmetro e volume as quais refletem em diferentes ciclos de corte e DMD para as

espeacutecies indicando claramente que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico

de derrubada e ciclo de corte para toda e qualquer espeacutecie natildeo suportam a

sustentabilidade nas praacuteticas de manejo florestal atuais

Neste sentido na aplicaccedilatildeo de manejo florestal sustentado em florestas tropicais

eacute imprescindiacutevel o levantamento de informaccedilotildees a respeito das taxas de crescimento e

idade das aacutervores especiacuteficas para cada espeacutecie bem como dados de regeneraccedilatildeo e

caracteriacutesticas especiacuteficas de cada siacutetio a ser explorado pela extraccedilatildeo de produtos

madeireiros

44

63 Estrateacutegias de manejo florestal

O contiacutenuo uso das florestas de vaacuterzea para atividades de agricultura pecuaacuteria e

extraccedilatildeo da madeira tem causado grandes impactos nos recursos o que tem

ocasionado a necessidade de estabelecimento de estrateacutegias de conservaccedilatildeo e manejo

florestal destas aacutereas (Schoumlngart et al 2007) Nos uacuteltimos anos tem-se observado uma

gradual expansatildeo das atividades de manejo florestal baseada em comunidades de

pequena e meacutedia escala na busca da conversatildeo da exploraccedilatildeo manejada da floresta

em oportunidade de desenvolvimento regional (Amaral amp Amaral 2000) Projetos como

o Programa Piloto para Conservaccedilatildeo das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7) e a

Fundaccedilatildeo Floresta Tropical (FFT) tecircm buscado o desenvolvimento de projetos de

manejo florestal ao niacutevel de comunidade para diferentes aacutereas da Amazocircnia (Amaral amp

Amaral 2000)

Dentre estes modelos enquadra-se o Projeto Mamirauaacute com objetivo de proteger

as vaacuterzeas da RDSM e cuja exploraccedilatildeo segue as normas do PMFS criado pelo IDSM

em conjunto com os comunitaacuterios e baseado em normas estabelecidas pelo Instituto de

Proteccedilatildeo Ambiental do Amazonas (IPAAM) e pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA) (Lei estadual no 2416 de 22 de Agosto

de 1996)

A FAO estabelece um modelo de extraccedilatildeo dos recursos florestais funcionado

como guia para a aplicaccedilatildeo de um Manejo de Impacto Reduzido (MIR) para os recursos

florestais (Dykstra amp Heinrich 1996) Diversos estudos tecircm feito a uniatildeo entre o MIR e a

extraccedilatildeo seletiva de espeacutecies comerciais como uma estrateacutegia de manejo sustentaacutevel

visando agrave conservaccedilatildeo de florestas tropicais e diminuiccedilatildeo dos impactos causados pelo

45

manejo florestal (Vidal et al 2002 Gerwing 2002) Pesquisas tecircm mostrado os

benefiacutecios da aplicaccedilatildeo de MIR com relaccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo convencional da madeira

tanto em relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo dos custos quanto aos benefiacutecios causados pela reduccedilatildeo

dos danos agrave floresta (Barreto et al 1998 Johns et al 1996 Boltz et al 2001 Holmes

et al 2002)

Apesar dos inuacutemeros esforccedilos realizados na elaboraccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas

de exploraccedilatildeo da madeira na tentativa de conservar e reduzir danos causados as

florestas a sustentabilidade do manejo dos recursos florestais ainda natildeo foi alcanccedilada

satisfatoriamente O sucesso dos planos de manejo florestal depende principalmente da

sustentabilidade ecoloacutegica da produccedilatildeo da madeira que requer informaccedilotildees sobre taxas

de crescimento das espeacutecies comerciais (Boot amp Gullison 1995 Brienen amp Zuidema

2006) os quais ainda natildeo satildeo utilizados com frequumlecircncia em florestas tropicais

Schoumlngart (2008) desenvolveu um novo sistema de manejo sustentaacutevel da

madeira de florestas alagaacuteveis de vaacuterzea da Amazocircnia Central (GOL ndash Growth

Orientated Logging) o qual leva em consideraccedilatildeo as diferenccedilas na histoacuteria de

crescimento de espeacutecies comerciais com base em suas taxas de crescimento arboacutereo a

partir da anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira Isto representa um importante passo em

direccedilatildeo a sustentabilidade do manejo florestal praticado em florestas tropicais

Atualmente normas de exploraccedilatildeo da madeira em regiotildees tropicais as quais

estabelecem diacircmetro limite de derrubada e ciclos de corte para os sistemas de manejo

de florestas natildeo possuem nenhuma base cientiacutefica e natildeo levam em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas nas estrateacutegias de crescimento e estabelecimento bem como as

especificidades de cada regiatildeo a ser explorada Estes fatos levaram a quase eliminaccedilatildeo

de espeacutecies como C pentandra e Calophyllum brasiliense dos mercados regionais e

46

locais na Amazocircnia Ocidental Estas foram substituiacutedas por H crepitans e O

cymbarum duas espeacutecies atualmente exploradas comercialmente na regiatildeo do Meacutedio

Solimotildees (Worbes et al 2001)

Se as atuais praacuteticas de manejo florestal persistirem H crepitans e O cymbarum

poderatildeo ter o mesmo destino que C pentandra e C brasiliense Hura e Ocotea podem

desaparecer dos mercados madeireiros e novamente ocorrer a substituiccedilatildeo destas por

outras espeacutecies ainda pouco exploradas que por sua vez sofreratildeo as pressotildees de uma

extraccedilatildeo madeireira insustentaacutevel o que pode ter seacuterias consequumlecircncias ecoloacutegicas

como a perda dos recursos geneacuteticos degradaccedilatildeo da floresta quebra de cadeias

alimentares para insetos peixes mamiacuteferos etc

A extraccedilatildeo de C odorata eacute um outro exemplo de como de atual manejo de

florestas de vaacuterzea natildeo eacute adequado Esta espeacutecie foi intensamente explorada na RDSM

a ponto de reduzir drasticamente seus estoques de madeira (Ayres 1993 Pinedo-

Vasquez et al 2001) e atualmente eacute considerada uma espeacutecie ameaccedilada e excluiacuteda

da extraccedilatildeo de madeira da RDSM

A recente modificaccedilatildeo de 11 de dezembro de 2006 (IN ndeg 5) do Coacutedigo Florestal

Brasileiro abre caminhos para modificaccedilotildees do manejo florestal aplicado atualmente na

Amazocircnia Brasileira O ciclo de corte no PMFS Pleno varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3ha Espeacutecies com baixa intensidade da madeira (menos

de 10 msup3 por ha) podem ter um ciclo de corte de 10 anos sendo que para florestas de

vaacuterzea a produccedilatildeo pode exceder 10 msup3 por ha poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3

aacutervores por ha

Levando-se em consideraccedilatildeo os dados de distribuiccedilatildeo diameacutetrica fornecidos pelo

Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM observa-se que a espeacutecie O cymbarum

47

apresentaram um padratildeo de distribuiccedilatildeo diameacutetrica do tipo J invertido apresentando

um decreacutescimo da densidade de aacutervores com o aumento do diacircmetro A distribuiccedilatildeo

diameacutetrica de O cymbarum se concentrou nas classes diameacutetricas de 20 a 100 cm

(Figura 10)

Foi possiacutevel encontrar indiviacuteduos na maioria das classes diameacutetricas em Hura

crepitans atingindo densidade maacutexima de 05 indiviacuteduos por ha na classe diameacutetrica de

110 cm A alta densidade de indiviacuteduos em classes diameacutetricas anteriores e posteriores

a classe de 50 cm e os altos valores de volume de madeira de H crepitans sugerem que

esta espeacutecie tem grande potencial para exploraccedilatildeo madeireira dentro da RDSM

Entretanto a derrubada de indiviacuteduos com diacircmetros nas classes entre 50 e 120 cm

permitidas por lei eacute problemaacutetica pois estaratildeo sendo extraiacutedas aacutervores que ainda natildeo

alcanccedilaram a sua produccedilatildeo oacutetima de madeira (Figura 8d)

Marinho (2008) ao analisar a estrutura populacional de espeacutecies como H

crepitans O cymbarum e S elata ocorrendo em florestas de vaacuterzea do setor Jarauaacute da

RDSM observou que estas espeacutecies apresentam baixa densidade de indiviacuteduos em

classes diameacutetricas acima de 50 cm (28 13 e 05 indha respectivamente) sendo

que Hura e Sterculia apresentam uma baixa taxa de estabelecimento visiacutevel pelo

pequeno nuacutemero de indiviacuteduos observados em classes diameacutetricas baixas

Os ciclos de corte entre 10 e 12 anos determinados para as espeacutecies neste

trabalho satildeo valores proacuteximos ao permitido pelas normas de manejo florestal da IN ndeg 5

(ciclo de corte de 10 anos) Entretanto aplicando-se um diacircmetro de derrubada limite

de 50 cm pode natildeo ser sustentaacutevel para espeacutecies como Sterculia e Cedrela

considerando-se a abundacircncia destas espeacutecies na regiatildeo Considerando-se a

48

abundacircncia de Hura e Ocotea o manejo pode ser sustentaacutevel se considerar os DMDs

determinados para cada espeacutecie neste estudo

igura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999

Inventaacuterio florestal de Mamirauaacute (1999 - 2000)

00

02

04

06

08

10

12

14

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

gt 2

Classes diameacutetricas (m)

Den

sida

de d

e aacuter

vore

s po

r ha

Sterculia elataHura crepitansOcotea cymbarumCedrela odorata

Fa 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM

49

Os resultados mostram que tanto Hura quanto Sterculia apresentaram taxas de

crescimento arboacutereo relativamente raacutepidas o que as torna espeacutecies potenciais para

recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e reflorestamento Jaacute Ocotea e Cedrela duas

espeacutecies de madeira densa apresentaram taxas mais lentas de crescimento arboacutereo

Ocotea eacute uma espeacutecie cuja madeira eacute frequumlentemente utilizada pelas

comunidades ribeirinhas na construccedilatildeo de casas moacuteveis e taacutebuas Cedrela eacute uma

espeacutecie bastante valorizada no mercado madeireiro chegando a custar R$ 12000m3

no ano de 2004 na regiatildeo do alto Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a) Isto faz com

que reflorestamentos com Cedrela venham a ser um importante caminho para o

enriquecimento dos estoques de madeira visando o aumento das populaccedilotildees desta

espeacutecie Atraveacutes de um manejo florestal sustentaacutevel comunidades ribeirinhas podem se

beneficiar com produtos madeireiros de alta qualidade e de valor comercial

Os efeitos positivos da liberaccedilatildeo do dossel sobre as taxas de incremento em

diacircmetro observados em espeacutecies de madeira densa (Kammesheidt et al 2003)

indicam que as taxas de crescimento arboacutereo encontradas em Cedrela poderiam ser

aceleradas atraveacutes de aplicaccedilatildeo deste tipo de tratamento silvicultural Entretanto devem

ser realizados mais estudos a respeito das estrateacutegias de regeneraccedilatildeo da espeacutecie

dentro da reserva

Os resultados indicam que um ciclo de corte de 25 anos eacute inadequado para

execuccedilatildeo de manejo florestal sustentaacutevel das quatro espeacutecies estudadas Todas

apresentaram ciclos de corte inferiores (entre 10 e 12 anos) ao valor exigido por lei

indicando que estes recursos madeireiros natildeo estatildeo sendo manejados eficazmente A

IN no 5 permite a aplicaccedilatildeo de ciclo de corte inicial de 10 anos com volume maacuteximo de

10 msup3ha ou mais com retirada de apenas 3 aacutervores por ha para manejos de baixa

50

intensidade Com isso eacute possiacutevel manejar de forma mais adequada os estoques de

Ocotea e Hura aplicando ciclos de corte de 12 e 10 anos respectivamente utilizando

contudo os DMDs aqui determinados para manejo florestal mais especiacutefico garantindo

assim a sustentabilidade do uso da madeira destas espeacutecies dentro da reserva

Todavia eacute necessaacuteria a garantia de que ao retirar aacutervores de determinada espeacutecie em

dado local seja feito estabelecimento de indiviacuteduos de mesma espeacutecie

A distribuiccedilatildeo diameacutetrica de Hura mostra ampla distribuiccedilatildeo de aacutervores na

maioria das classes diameacutetricas Contudo o modelo de crescimento da espeacutecie mostra

que em classes diameacutetricas entre 50 e 130 cm natildeo foi atingida produccedilatildeo maacutexima de

madeira Neste sentido ao retirar aacutervores com diacircmetros acima de 130 cm ainda

restaratildeo aacutervores suficientes nas classes inferiores para garantir renovaccedilatildeo dos

estoques extraiacutedos as quais permitem a garantia de produccedilatildeo de diaacutesporos para a

regeneraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da produtividade maacutexima da espeacutecie otimizando a exploraccedilatildeo

da madeira de Hura

O mesmo deve valer para Ocotea e Sterculia Poreacutem a regeneraccedilatildeo destas

espeacutecies deve ser assegurada o que implica em execuccedilatildeo de estudos ecologia da

populaccedilatildeo particularmente de regeneraccedilatildeo e estabelecimento levando-se em

consideraccedilatildeo a influecircncia de fatores ambientais (solo clima disponibilidade de luz

inundaccedilatildeo etc)

51

64 Desafios futuros

Os resultados do presente trabalho mostram que o atual criteacuterio de manejo

florestal que estabelece ciclo de corte e diacircmetro limite para corte uacutenicos extraccedilatildeo de 5

aacutervores por ha natildeo se mostra eficaz na garantia de manutenccedilatildeo dos estoques de

madeira para exploraccedilotildees subsequumlentes o que torna estes criteacuterios inviaacuteveis para

conservaccedilatildeo da biodiversidade por meio de manejos florestais sustentaacuteveis em

florestas de vaacuterzea Aleacutem disso a ausecircncia de informaccedilotildees a respeito dos processos

que envolvem a dinacircmica e ecologia de florestas alagaacuteveis na elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo eacute um fator agravante na questatildeo da insustentabilidade da

exploraccedilatildeo dos recursos florestais em florestas de vaacuterzea

Ciclos de corte da madeira soacute possibilitam sustentabilidade se as espeacutecies

extraiacutedas conseguem se regenerar e estabelecer dentro da floresta garantindo

estoques de madeira para as proacuteximas extraccedilotildees Uma importante questatildeo eacute a

ausecircncia de dados baacutesicos de estrutura populacional e estabelecimento e regeneraccedilatildeo

de florestas tropicais para subsidiar planos de manejo florestal principalmente em

florestas de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia

Pesquisas tecircm sido feitas no sentido de investigar a influecircncia do pulso de

inundaccedilatildeo condiccedilotildees de luz suprimento de nutrientes e disponibilidade de aacutegua no

estabelecimento de sementes e placircntulas em aacutereas alagaacuteveis (Parolin 2001 Wittmann

amp Junk 2003 Ferreira et al 2005) Wittmann amp Junk (2003) enfatizam importacircncia de

novos estudos focando os processos de germinaccedilatildeo crescimento e taxa de

mortalidade de placircntulas de espeacutecies exploradas comercialmente e suas relaccedilotildees com

fatores do ambiente como luz e inundaccedilatildeo

52

Produtos florestais natildeo madeireiros tambeacutem devem ser levados em consideraccedilatildeo

na elaboraccedilatildeo de planos de manejo de florestas de vaacuterzea Diversos produtos tais

como resinas oacuteleos frutos fibras tecircxteis taninos e produtos medicinais satildeo extraiacutedos

de espeacutecies encontradas nas florestas de vaacuterzea (Wittmann et al 2006b) o que

demonstra o alto potencial destas florestas para este tipo de exploraccedilatildeo dos recursos

Novos modelos de exploraccedilatildeo madeireira que levam em consideraccedilatildeo o

crescimento e idade das aacutervores estatildeo sendo criados (Schoumlngart et al 2003 Brienen

amp Zuidema 2006 Schoumlngart 2007 2008) Mas o desafio de converter dados de

pesquisas cientiacuteficas em poliacuteticas puacuteblicas ainda eacute grande O caminho ainda eacute longo e

espera-se que a partir desta mudanccedila da IN ndeg de 2006 o qual permite a alteraccedilatildeo do

diacircmtro limite de corte e ciclo de corte atualmente requeridos para o manejo florestal

com base em pesquisas cientiacuteficas abra portas para a elaboraccedilatildeo de manejos

florestais especiacuteficos e sustentaacuteveis e consequumlentemente possibilitem que o quadro de

exploraccedilatildeo da madeira venha a se modificar com o tempo nas florestas alagaacuteveis da

Amazocircnia brasileira

7 CONCLUSOtildeES

As quatro espeacutecies estudadas apresentam diferenccedilas nas taxas de crescimento

arboacutereo Isto implica que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico de

derrubada e ciclo de corte para estas espeacutecies natildeo garantem a manutenccedilatildeo dos

estoques de madeira na floresta e portanto natildeo satildeo sustentaacuteveis

O DMD sugerido para Hura eacute de 130 cm quando a espeacutecie atinge sua produccedilatildeo

oacutetima de madeira possibilitando o aproveitamento maacuteximo do recurso bem como a

53

permanecircncia de indiviacuteduos em idade reprodutiva e consequumlente reposiccedilatildeo dos

estoques desta espeacutecie

Os resultados mostram que para C odorata uma espeacutecie com baixa densidade

de indiviacuteduos na reserva o DMD encontrado foi inferior a 50 cm (3760 cm) o que

demonstra a necessidade de aplicaccedilatildeo de tratamentos de enriquecimento de indiviacuteduos

para reposiccedilatildeo dos estoques para futuras exploraccedilotildees

Para O cymbarum e S elata DMDs sugeridos satildeo de 53 e 56 cm

respectivamente dentro do diacircmetro limite estabelecido por lei No entanto a baixa

densidade de indiviacuteduos encontrada em S elata indica tambeacutem a importacircncia de

aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais de enriquecimento para esta espeacutecie atingir

niacuteveis manejaacuteveis de seus estoques madeireiros

Os ciclos de corte variaram entre 10 anos para as espeacutecies de madeira branca e

12 anos para as espeacutecies de madeira pesada Entretanto deve ser ressaltada a

importacircncia do uso de DMD aqui sugeridos para cada espeacutecie objetivando a garantia da

manutenccedilatildeo dos estoques das mesmas

A dendrocronologia se mostrou uma ferramenta bastante uacutetil na aplicaccedilatildeo de

modelos de crescimento arboacutereo com intuito de contribuir para elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo florestal que suportam maior sustentabilidade do uso dos

recursos florestais Contudo maiores estudos para compreensatildeo da estrutura das

populaccedilotildees crescimento e reproduccedilatildeo das espeacutecies madeireiras de florestas de vaacuterzea

devem ser realizados

54

8 REFEREcircNCIAS

Achard F Eva HD Stibig Hans-Juumlrgen Mayaux P Gallego J Richards T

Malingreau Jean-Paul 2002 Determination of Deforestation Rates of the Worlds

Humid Tropical Forests Science 297(5583) 999 ndash 1002

Alencar A Nepstad D McGrath D Moutinho P Pacheco P Del Carmen M Diaz

V Soares ndash Filho BS 2004 Desmatamento na Amazocircnia indo aleacutem da

emergecircncia crocircnica Ipamhttpwwwipamorgbrpublicacoeslivrosresumo_des

matamentophp

Albernaz AL amp Ayres JM 1999 Selective Logging along the Middle Solimotildees River

In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash

Diversity Development and Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains

New York NYBG Press

Amaral P amp Amaral MN 2000 Manejo florestal comunitaacuterio na Amazocircnia brasileira

situaccedilatildeo atual desafios e perspectivas Brasiacutelia DF Instituto Internacional de

Educaccedilatildeo do Brasil (IIEB) 58 pp

Anderson A Mousasticoshvily I Macedo D 1999 Logging of Virola surinamensis in

the Amazon Floodplain Impacts and alternatives In Padoch C Ayres J M

Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and

Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Asner GP Knapp DE Broadbent EN Oliveira PJC Keller M Silva JNM

2005 Selective logging in the Brazilian Amazon Science 310 480 ndash 482

Ayres JM 1993 As matas de vaacuterzea do Mamirauaacute MCTCNPqSociedade Civil

Mamirauaacute Brasiacutelia Distrito Federal 123 pp

Barreto P Amaral P Vidal E Uhl C 1998 Costs and benefits of forest

management for timber production in eastern Amazonia Forest Ecology and

Management 108 (1ndash2) 9 ndash 26

Barros AC amp Uhl C 1995 Logging along the Amazon River and estuary Patterns

problems and potential Forest Ecology and Management 77 87ndash105

Barros AC amp Uhl C 1999 The economic and social significance of logging operations

on the Floodplains of the Amazon estuary and prospects for ecological

55

sustainability In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A

(eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and Conservation of Amazonias

Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Boltz F Carter DR Holmes TP Pereira RJr 2001 Financial returns under

uncertainty for conventional and reduced impact logging in permanent production

forests of the Brazilian Amazon Ecological Economics 39 387 ndash 398

Borchert R Rivera G Hagnauer W 2002 Modification of vegetative phenology in a

tropical semideciduous forest by abnormal drought and rain Biotropica 34 27 ndash

39

Bormann FH amp Berlyn G 1981 Age and growth rate of tropical trees new directions

for research Yale University School of Forestry and Environmental Studies

Bulletin New Haven

Boot RGA amp Gullison RE 1995 Aprporaches to developing sustainable extraction

systems for tropical forest products Ecological Applications 5(4) 896 ndash 903

Brienen RJW amp Zuidema PA 2005 Relating tree growth to rainfall in Bolivian rain

forests a test for six species using tree ring analysis Oecologia 146(1) 1 ndash 12

Brienen RJW amp Zuidema PA 2006 Lifetime growth patterns and ages of Bolivian

rain forest trees obtained by tree ring analysis Journal of Ecology 94 481 ndash 493

Brienen RJW amp Zuidema PA 2007 Incorporating persistent tree growth differences

increases estimates of tropical timber yield The Ecological Society of America

Frontiers in Ecology and the Environment 5(6) 302 ndash 306

Cannell MGR 1984 Woody biomass of forest stands Forest Ecology and

Management 8 (3 ndash 4) 299 ndash 312

Carvalho G Barros AC Moutinho P Nepstad D 2001 Sensitive Development

Could Protect Amazonia Instead of Destroying It Nature 409 131

Chave J Andalo C Brown S Cairns MA Chambers JQ Eamus D Foumllster H

Fromard F Higuchi N Kira T Lescure J-P Nelson BW Ogawa H Puig

H Rieacutera B Yamakura T 2005 Tree allometry and improved estimation of

carbon stocks and balance in tropical forests Oecologia 145 87 ndash 99

Chambers JQ Higuchi N Schimel JP 1998 Ancient trees in Amazonia Nature 39

135 ndash 136

56

Cintron BB 1990 Cedrela odorata L Cedro hembra Spanish cedar In Burns RM

Honkala BH (eds) Silvics of North America 2 Hardwoods Agric Handb

Washington DC US Department of Agriculture Forest Service 654 250 ndash 257

Clark DB amp Clark DA 1996 Abundance growth and mortality of very large trees in

neotropical lowland rain forest Forest Ecology and Management 80 235 ndash 244

Clark DA Clark DB 2001 Getting to the canopy Tree height growth in a neotropical

rain forest Ecology 82 1460 ndash 1472

Condit R 1995 Research in large long-term tropical forest plots Tree 10 18 ndash 22

Condit R Hubbel SP Foster RB 1995 Demography and harvest potential of Latin

American timber species data from a large permanent plot in Panama Journal of

Tropical Forest Science 7 599 ndash 622

De Graaf NN Filius AM Huesca Santos AR 2003 Financial analysis of sustained

forest management for timber Perspectives for application of the CELOS

management system in Brazilian Amazonia Forest Ecology and Management

177 287 ndash 299

Denevan WM 1976 The aboriginal population of Amazonia In Denevan W M (ed)

The native population of the Americas in 1492 The University of Wisconsin Press

205 ndash 234

De Simone O Junk WJ Schmidt W 2003 Central Amazon Floodplain Forests Root

Adaptations to Prolonged Flooding Russian Journal of Plant Physiology 50(6)

848 ndash 855

Dezzeo N Worbes M Ishii I Herrera R 2003 Growth rings analysis of four tropical

tree species in seasonally flooded forest of the Mapire River a tributary of the

lower Orinoko River Venezuela Plant Ecology 168 165 ndash 175

Duumlnisch O Montoia VR Bauch J 2003 Dendroecological investigations on

Swietenia macrophylla King and Cedrela odorata L (Meliaceae) in the Central

Amazon Trees ndash Struct Funct 17 244 ndash 250

Dykstra JA amp Heinrich R 1996 FAO model code of forest harvesting practice Food

and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) Rome Italy

Eckstein D Sass U Baas P 1995 Growth periodicity in tropical trees IAWA Journal

16 325 ndash 442

57

Enquist BJ Leffler AJ 2001 Long-term tree ring chronologies from sympatric tropical

dry-forest trees individualistic responses to climatic variation Journal of Tropical

Ecology 17 41 ndash 60

Enright NJ Hartshorn GS 1981 The demography of tree species in undisturbed

tropical rainforest In Bormann FH Berlyn G (eds) Age and growth rate of

tropical trees new directions for research Yale University School of Forestry and

Environmental Studies 94 107 ndash 119

Fearnside PM 1999 Biodiversity as an environmental service in Brazilacutes Amazonian

forests risks value and conservation Environmental Conservation 26 305 ndash 321

Ferreira LV 1991 O efeito do periacuteodo de inundaccedilatildeo na zonaccedilatildeo de comunidades

fenologia e regeneraccedilatildeo em uma floresta de Igapoacute na Amazocircnia Central Masterrsquos

Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 161 pp

Fichtler E Clark DA Worbes M 2003 Age and long-term growth of trees in an old-

growth tropical rain forest based on analyses of tree rings and C-14 Biotropica

35 306 ndash 317

Fichtler E Trouet V Beeckman H Coppin P Worbes M 2004 Climatic signals in

tree rings of Burkea africana and Pterocarpus angolensis form semiarid forests in

Namibia Trees 18 442 ndash 451

Francis J K 1990 Hura crepitans L Sandbox molinillo jabillo In SO-ITF-SM-38 New

Orleans LA US Department of Agriculture Forest Service Southern Forest

Experiment Station 270 ndash 274

Fritts HC 1976 Tree rings and climate London - Academic Press 567 pp

Furch K 1984 Water chemistry of the Amazon Basin The distribution of chemical

elements among freshwaters In Sioli H (ed) The Amazon Limnology and

Landscape Ecology of a Mighty Tropical River and its Basin Junk Publishers

Dordrecht 176 ndash 200

Furch K 1997 Chemistry of Vaacuterzea and Igapoacute soils and nutrient inventory of their

floodplain forests In Junk WJ (ed) The Central Amazon Floodplains Ecology of

a Pulsing System Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 47 ndash 67

58

Gama JRV Bentes ndash Gama M de Matos Scolforo JRS 2005 Sustainable

management for floodplain forest in eastern Amazonian Rev Aacutervore 29(5) 719 ndash

729

Gerwing JJ 2002 Degradation of forests through logging and fire in the eastern

Brazilian Amazon Forest Ecology and Management 157 131 ndash 141

Gourlay ID 1995 The definition of seasonal growth zones in some African Acacia

species ndash A review IAWA Journal 16 353 ndash 359

Hartshorn GS 1995 Ecological basis for sustainable development in tropical forests

Annual Review of Ecology and Systematics 26 155 ndash 175

Higuchi N Hummel AC Freias JV Malinowski JRE Stokes R 1994

Exploraccedilatildeo florestal nas vaacuterzeas do Estado do amazonas seleccedilatildeo de aacutervore

derrubada e transporte Proceedings of the VII Harvesting and Transportation of

timber Products IUFROUFPR Curitiba Brasil 168 ndash 193

Holmes TP Blate GM Zweede JC Pereira R Barreto P Boltz F Bauch R

2002 Financial and ecological indicators of reduced impact logging performance in

the eastern Amazon Forest Ecology and Management 163 93 ndash 110

IBGE 2000 Censo Demograacutefico 2000 Resultados Preliminares Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Rio de Janeiro 172 pp

Irion G Junk WJ Mello JASN 1997 The large Central Amazonian river floodplain

near Manaus geological climatological hydrological and geomorphological

aspects In the Central Amazonian Floodplains Ecology of a Pulsing System

Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 23 ndash 46 Johns JS Baretto P Uhl C 1996 Logging damage during planned and unplanned

logging operations in the eastern Amazon Forest Ecology and Management 89

59 ndash 77

Junk WJ 1989 Flood tolerance and tree distribution in Central Amazonian floodplains

In Nielsen LB Nielsen IC Baisley H (eds) Tropical Forests Botanical

Dynamics Speciation and Diversity Academic Press London 47 ndash 64

Junk WJ Bayley PB Sparks RE 1989 The flood pulse concept in foodplain

systems In Dodge DP (eds) Proceedings of the International Large River

Symposium Cen Spec Publ Fish Aquat Sci 106 110 ndash 127

59

Junk WJ amp Piedade MTF 1997 Plant life in the floodplain with special reference to

herbaceous plants In The central Amazon Floodplain Ecology of a Pulsing

system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 147 ndash 185

Kammescheidt L Gagang AA Schwarzwaller W Weidelt H 2003 Growth patterns

of dipterocarps in treated and untreated plots Forest Ecology and Management

174 437 ndash 445

Kubitzki K amp Zibursk A 1994 Seed dispersal in flood plain forests of Amazonia

Biotropica 26(1) 30 ndash 43

Lambin EF Geist HJ Lepers E 2003 Dynamics of land-use and land-cover change

in tropical regions Annual Review of Environment and Resources 28 205 ndash 41

Lamprecht H 1989 Silviculture in the tropics tropical forest ecosystems and their tree

species - possibilities and methods for their long-term utilization GTZ Eschborn

Laurance WF Nascimento HEM Laurance SG Condit R DAngelo S

Andrade A 2004 Inferred longevity of Amazonian rainforest trees based on a

long-term demographic study Forest Ecology and Management 190 131 ndash 143

Lieberman D Lieberman M Hartshorn G Peralta R 1895 Growth rates and age-

size relationships of Tropical Wet Forest trees in Costa Rica

Journal of Tropical Ecology 1(2) 97 ndash 109

Lima JRA amp Santos Joaquim dos Higuchi N 2005 Situaccedilatildeo das induacutestrias

madeireiras do Estado do Amazonas em 2000 Acta Amazonica 35(2) 125 ndash 132

Loureiro AA amp Silva MF da 1968 Cataacutelogo das madeiras da Amazocircnia Beleacutem

INPA 1 ndash 2

Margulis S 2003 Causas do desmatamento da Amazocircnia brasileira Brasiacutelia Banco

Mundial 100 pp

Marinho TA da S 2008 Distribuiccedilatildeo e estrutura da populaccedilatildeo de quatro espeacutecies

madeirerias em uma floresta sazonalmente alagaacutevel na Reserva de

desenvolvimento sustentaacutevel Mamirauaacute Amazocircnia Central Masterrsquos Thesis

Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 71 pp

Marques CA 2001 Importacircncia econocircmica da famiacutelia Lauraceae Lindl Floresta e

Ambiente 8(1) 195 ndash 206

60

Martini A Arauacutejo R N Uhl C 1998 Espeacutecies de Aacutervores Potencialmente

Ameaccediladas pela Atividade Madeireira na Amazocircnia Imazon Beleacutem Brazil Seacuterie

Amazocircnia Ndeg 11

Nebel G amp Kvist LP 2001 A review of Peruvian flood plain forests ecosystems

inhabitants and resource use Forest Ecology and Management 150 3 ndash 26

Nebel G Dragsted J Simonsen TR Vanclay JK 2001 The Amazon floodplain

forest tree Maquira coriacea (Karsten) CC Berg Aspects of ecology and

management Forest Ecology and Management 150 103 ndash 113

Nebel G amp Meilby H 2005 Growth and population structure of timber species in

Peruvian Amazon flood plains Forest Ecology and Management 215 1 ndash 3

Nepstad D Carvalho G Barros AC Alencar A Capobianco J Bishop J

Moutinho P Lefebvre P Silva U 2001 Road Paving Fire Regime Feedbacks

and the Future of Amazon Forests Forest Ecology and Management 5524 1 ndash 13

Nutto L Watzlawick LF 2002 Relaccedilotildees entre fatores climaacuteticos e incremento em

diacircmetro de Zanthoxylum rhoifolia Lam e Zanthoxylum hyemale St Hil Na regiatildeo

de Santa Maria RS Embrapa Florestas Bol Pesq Fl Colombo PR 45 41 ndash 55 Ohly JJ 2000 Development of central Amazonia in the modern era In Junk WJ

Ohly JJ Piedade MTF Soares MGM (eds) The Central Amazon

Floodplain Actual Use and Options for Sustainable Management Backhuys

Publisher Leiden 75 ndash 94

Parolin P 2001 Morphological and physiological adjustments to waterlogging and

drought in seedlings of Amazonian floodplain trees Oecologia 128 326-335

Parolin P 2002 Bosques inundados en la Amazonia Central Su aprovechamiento

actual y potencial Ecologia Aplicada 1(1) 111 ndash 114

Parolin P De Simone O Haase K Waldhoff D Rottenberger S Kuhn U

Kesselmeier J Kleiss B Schmidt W Piedade MTF Junk WJ 2004 Central

Amazonian floodplain forests tree adaptations in a pulsing system The Botanical

Review 70(3) 357 ndash 380

Piedade MTF Junk WJ Parolin P 2000 The flood pulse and photosynthetic

response of tree in a white water floodplain (Vaacuterzea) of Central Amazon Brazil

Verhandlungen der Internationalen Vereinigung fuumlr Limnologie 27 1734 ndash 1739

61

Piedade MTF 1985 Ecologia e biologia reprodutiva de Astrocaryum jauari Mart

(Palmae) como exemplo de populaccedilatildeo adaptada agraves aacutereas inundaacuteveis do Rio Negro

(igapoacutes) Masterrsquos Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo

Universidade do Amazonas Manaus Amazonas 188 pp

Piedade MTF Junk WJ Adis J Parolin P 2005 Ecologia zonaccedilatildeo e colonizaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo arboacuterea das Ilhas Anavilhanas Pesquisas Botacircnica 56 117 ndash 143

Pinedo-Vasquez M Zarin DJ Coffey K Padoch C Rabelo F 2001 Post-boom

logging in Amazonia Human Ecology 29 219ndash239

Prance GT 1980 A terminologia dos tipos de florestas Amazocircnicas sujeitos agrave

inundaccedilatildeo Acta Amazonica 10 495 ndash 504

Prance GT 1989 American Tropical Forests In Lieth H Weger MJA (eds)

Tropical Rain Forest Ecossistems Ecossistems of the World Elsevier Amsterdam

14 99 ndash 132

Putz FE Blate GM Redford KH Fimbel R Robinson J 2001 Tropical forest

management and conservation of biodiversity an overview Conservation Biology

15 7ndash20

Queiroz H 2005 A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute Estudos

Avanccedilados 19(54) 183 ndash 203

Revilla JDC 1981 Aspectos floriacutesticos e fitossocioloacutegicos da floresta inundaacutevel

(igapoacute) Praia Grande Rio Negro Amazonas Brasil Masterrsquos Thesis Instituto

Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do Amazonas

Manaus Amazonas 129 pp

Ribeiro RNS Tourinho MM Santana AC 2004 Avaliaccedilatildeo da sustentabilidade

agroambiental de unidades produtivas agroflorestais em Vaacuterzeas fluacutevio marinhas

de Cametaacute - Paraacute Acta Amazonica 34(3) 359 ndash 374

Roig FA 2000 Dendrocronologiacutea en los bosques del Neotroacutepicos revisioacuten y

prospeccioacuten futura In Dendrocronologiacutea en america Latina Roig F A (ed)

Mendoza EDIUNC 307 ndash 355

Sass U Killmann W Eckstein D 1995 Wood formation in two species of

dipterocarpaceae in Peninsular Malaysia IAWA Journal 16 371 ndash 384

62

Schoumlngart J 2003 Dendrochronologische Untersuchungen in

Uumlberschwemmungswaumlldern der vaacuterzea Zentralamazoniens PhD Thesis Fakultaumlt

fuumlr Forstwissenschaften und Waldoumlkologie Universitaumlt Goumlttingen 223 pp

Schoumlngart J 2008 GrowthndashOrientated Logging (GOL) A new concept towards

sustainable forest management in Central Amazonian vaacuterzea floodplains Forest

Ecology and Management (Aceito)

Schoumlngart J Piedade MTF Ludwigshausen S Horna V Worbes M 2002

Phenology and stem-growth periodicity of tree species in Amazonian floodplain

forests Journal of Tropical Ecology 18 581 ndash 597

Schoumlngart J Piedade MTF Worbes M 2003 Successional differentiation in

structure floristic composition and wood increment of whitewater Floodplain

Forests in Central Amazonia German-Brazilian Workshop on Neotropical

Ecosystems ndash Achievements and Prospects of Cooperative Research Hamburg 3

ndash 8

Schoumlngart J Junk WJ Piedade MTF Ayres JM Huumlttermann A Worbes M

2004 Teleconnection between tree growth in the Amazonian floodplains and the El

Nintildeo-Southern Oscillation effect Global Change Biology 10 683 ndash 692

Schoumlngart J Piedade MTF Wittmann F Junk WJ Worbes M 2005 Wood

growth patterns of Macrolobium acaciifolium (Benth) (Fabaceae) in Amazonian

black-water and white-water Floodplain Forests Oecologia 145 454 ndash 461

Schoumlngart J Orthmann B Hennenberg KJ Porembski S Worbes M 2006

Climate ndash growth relationships of tropical tree species in West Africa and their

potential for climate reconstruction Global Change Biology 12 1139 ndash 1150

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M Piedade MTF Krambeck H-J Junk WJ

2007 Management criteria for Ficus insipida Willd (Moraceae) in Amazonian white

ndash water floodplain forests defined by tree ndash rings analysis Annals of Forest

Science 64 657 ndash 664 Schoumlngart J Rocha RM Queiroz HL 2008a Traditional timber extraction in the

central Amazonian floodplains In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

63

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M 2008b Biomass and net primary production of

central Amazonian floodplain forests In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-Verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Swaine MD Whitmore TC 1988 On the definition of ecological species groups in

tropical rain forests Vegetatio 75 81 ndash 86

Schwartz MW Caro TM Banda-Sakala T 2002 Assessing the sustainability of

harvest of Pterocarpus angolensis in Rukwa Region Tanzania Forest Ecology and

Management 170 259 ndash 269

Schweingruber FH 1988 Tree rings Reidel Dordrecht 276 pp

Sioli H amp Klinge H 1962 Solos tipos de vegetaccedilatildeo e aacuteguas na Amazocircnia Boletim

Museu Paraense Emilio Goeldi 1 27 ndash 41

Sioli H 1984 Former and recent utilizations of Amazonia and their impact on the

environment In The Amazon Sioli H (ed) Junk Publishers Dordrecht 675 ndash

706

Sioli H 1991 Amazocircnia Fundamentos da ecologia da maior regiatildeo de florestas

tropicais Editora Vozes Petroacutepolis Rio de Janeiro 3 ed 71 pp

Sociedade Civiacutel Mamirauaacute 1996 Mamirauaacute Management Plan (summarized version)

Brasiacutelia SCM CNPqMCT

Sokpon N amp Biaou SH 2002 The use of diameter distributions in sustained-use

management of remnant forests in Benin case of Bassila forest reserve in North

Benin Forest Ecology and Management 161 13 ndash 25

Sombroek WG 1979 Soils of the Amazon region and their ecological stability ISM

Annual Report 13 ndash 27

Smeraldi R 2003 Legalidade predatoacuteria ndash o novo contexto da exploraccedilatildeo madeireira

na Amazocircnia In MACQUEEN DJ (ed) Exportando sem crises a induacutestria de

madeira tropical brasileira e os mercados internacionais IIED Small and Medium

64

Enterprise Series London International Institute for Environment and

Development 1 37 ndash 52

Spiecker H 2002 Tree rings and forest management in Europe Dendrochronologia

20(1-2) 191 ndash 202

Stadtler EWC 2007 Estimativas de biomassa lenhosa estoque e sequumlestro de

carbono acima do solo ao longo do gradiente de inundaccedilatildeo em uma floresta de

igapoacute alagada por aacutegua preta na Amazocircnia Central MSc thesis INPAUFAM

Manaus BrazilStahle DW 1999 Useful strategies for the development of tropical

tree-ring chronologies IAWA Journal 20 249 ndash 253

Takeuchi M 1962 The structure of the amazonian vegetation VI Igapoacute Journal of the

Faculty Science University of Tokyo 8(4 ndash 7) 297-304

Ter Steege H Pitman N Sabatier D Castellanos H Vander Hout P Daly DC

Silveira M Phillips OL Vasquez R Van Andel T Duivenvoorden J De

Oliveira AA Ek R Lilwah R Thomas R Van Essen J Baider C Maas P

Mori S Terborgh J Nueacutez PV Mogolloacute n H Morawetz W 2003 A spatial

model of tree adiversity and b-density for the Amazon Region Biodiversityand

Conservation 12 2255 ndash 2277

Therrell MD Stahle DW Ries LP Shugart HH 2006 Tree-ring reconstructed

rainfall variability in Zimbabwe Climate Dynamics 26 677 ndash 685

Uhl C Barreto P Verissiacutemo A Vidal E Amaral P Barros AC Souza C Johns

J Gerwing J 1997 Natural Resource Management in the Brazilian Amazon

Bioscience 47(3) 160 ndash 168

Vidal E Viana VM Batista JLF 2002 Crescimento de floresta tropical trecircs anos

apoacutes colheita de madeira com e sem manejo florestal na Amazocircnia oriental

Scientia forestalis 61133-143

Waldholff D Junk WJ Furch B 1998 Responses of three Central Amazonian tree

species to drought and flooding under controlled conditions International Journal of

Ecological and Environments Sciences 24 237 ndash 252

Wittmann F amp Parolin P 1999 Phenology of six tree species from Central Amazonian

Vaacuterzea Ecotropica 5 51 ndash 57

65

Wittmann F Anhuf D Junk WJ 2002 Tree species distribution and community

structure of central Amazonian Vaacuterzea forests by remote-sensing techniques

Journal of Tropical Ecology 18 805 ndash 820

Wittmann F amp Junk WJ 2003 Sapling communities in Amazonian white-water forests

Journal of Biogeography 30(10) 1533 ndash 1544

Wittmann F Junk WJ Piedade MTF 2004 The Vaacuterzea forests in Amazonia

flooding and the highly dynamic geomorphology interact with natural forest

succession Forest Ecology and Management 196 199 ndash212

Wittmann F Schoumlngart J Montero JC Motzer T Junk WJ Piedade MTF

Queiroz HL Worbes M 2006a Tree species composition and diversity gradients

in white-water forests across the Amazon Basin Journal of Biogeography 33 1334

ndash 1347

Wittmann F Schoumlngart J Brito JM Oliveira Wittmann A Piedade MTF Parolin

P Junk WJ Guillaumet JL 2006b Manual of trees from Central Amazonian

vaacuterzea floodplains Taxonomy ecology and use Ed Valer (no prelo)

Whitmore TC 1990 An introduction to tropical rain forests Oxford University Press

New York

Worbes M 1985 Structural and other adaptations to long-term flooding by in Central

Amazonia Amazoniana 9 459 ndash 484

Worbes M 1989 Growth rings increment and age of trees in inundation forest

savannas and mountain forest in the neotropics IAWA Bulletin 10(2) 109 ndash 122

Worbes M 1995 How to measure growth dynamics in tropical trees mdash a review IAWA

Journal 16 337ndash 351

Worbes M 1997 The forest ecosystem of the floodplains In The central Amazon

Floodplain Ecology of a Pulsing system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg

New York 223 ndash 266

Worbes M 1999 Annual grow rings rainfall-dependent growth and long-term grgrowth

patterns of tropical trees from the Caparo Forest Reserve in Venezuela Journal of

Ecology 87 391 ndash 403

Worbes M 2002 One hundred years of tree-ring research in the tropics ndash a brief history

and an outlook to future challenges Dendrochronologia 20(1 ndash 2) 217 ndash 231

66

Worbes M amp Junk WJ 1999 How old are the trees The persistence of a myth

IAWA Journal 20(3) 255 ndash 260

Worbes M Kingle H Revilla JD Martius C 1992 On the dynamics floristic

subdivision and geographical distribuition of Vaacuterzea forests in Central Amazonia

Journal of Vegetation Science 3 553 ndash 569

Worbes M Piedade MTF Schoumlngart J 2001 Holzwirtschaft im Mamirauaacute-Projekt

zur nachhaltigen Entwicklung einer Region im Uumlberschwemmungsbereich des

Amazonas Forstarchiv 72 188 ndash 200

Worbes M Staschel R Roloff A Junk WJ 2003 The ring analysis reveals age

structure dynamics and wood production of a natural forest stand in Cameroon

Forest Ecology and Management 173 105ndash123

67

Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )

Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo

Page 9: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 4

21 Dendrocronologia nos troacutepicos 4

22 As florestas de vaacuterzea 7

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea 10

3 OBJETIVOS 13

31 Objetivo Geral13

32 Objetivos especiacuteficos13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS14

41 Aacuterea de estudos 14

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies15

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos 19

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos 20

5 RESULTADOS 25

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira 25

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies 28

6 DISCUSSAtildeO 39

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira 39

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo40

63 Estrateacutegias de manejo florestal 45

64 Desafios futuros52

7 CONCLUSOtildeES 53

8 REFEREcircNCIAS 55

viii

Lista de figuras

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da

largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)24

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial 27

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura 30

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata 31

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura 32

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura33

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans 34

Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie 36

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura) 38

Figura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999 a 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM 49

ix

1 INTRODUCcedilAtildeO

As florestas tropicais apresentam grande importacircncia na promoccedilatildeo de habitats

para metade das espeacutecies do planeta atuando na manutenccedilatildeo da biodiversidade

ciclagem de aacutegua e nos ciclos biogeoquiacutemicos (Fearnside 1999) Contudo por mais de

3 deacutecadas vem sofrendo grandes pressotildees pelo aumento das taxas de desmatamento

(Achard et al 2002 Lambin et al 2003) causadas principalmente pela conversatildeo de

floresta para pastagem e agricultura (Alencar et al 2001 Margulis 2003) extraccedilatildeo de

madeira natildeo sustentada (Nepstad et al 2001 Asner et al 2005) e investimentos em

pavimentaccedilatildeo e infra-estrutura (Carvalho et al 2001) Essas mudanccedilas na cobertura

florestal tecircm levado a comunidade cientiacutefica a buscar alternativas para a conservaccedilatildeo e

uso sustentaacutevel dos recursos naturais de florestas tropicais (Boot amp Gullison 1995

Hartshorn 1995 Putz et al 2001)

A floresta Amazocircnica eacute a maior floresta tropical uacutemida do planeta (Sioli amp Klinge

1962 Sioli 1991) dos quais 6 correspondem a florestas de aacutereas alagaacuteveis (Prance

1980) Estas satildeo classificadas em vaacuterzea e igapoacute (Prance 1980) e se destacam por um

distinto sistema edaacutefico associado ao tipo de aacuteguas a que estatildeo sujeitas (Prance

1989) com dinacircmica altamente influenciada pelo pulso anual de inundaccedilatildeo (Junk et al

1989 Schoumlngart et al 2004 2005) As florestas de vaacuterzea sofrem influecircncia de rios de

aacuteguas barrentas (Furch 1984) capazes de transportar uma grande quantidade de

nutrientes atraveacutes de sedimentos oriundos de erosotildees ocorrendo nos Andes e encostas

Preacute-andinas (Sombroek 1979 Ayres 1993 Irion et al 1997)

A riqueza de nutrientes e relativa fertilidade dos solos (Furch 1997) conferem a

estes ecossistemas de vaacuterzea um caraacuteter de importacircncia econocircmica sendo um atrativo

1

para a colonizaccedilatildeo humana durante os uacuteltimos seacuteculos (Parolin 2002) Frequumlentemente

satildeo utilizadas para as praacuteticas de agricultura de subsistecircncia sendo importante fonte de

proteiacutenas para as populaccedilotildees ribeirinhas por meio da pesca e caccedila (Sioli 1984 Junk

1989) e para a extraccedilatildeo de produtos madeireiros e natildeo-madeireiros (Junk amp Piedade

1997 Ohly 2000 Ribeiro et al 2004 Gama et al 2005) Estes fatores influenciam na

alta densidade populacional encontrada neste ecossistema considerando-se outras

regiotildees da Amazocircnia (Denevan 1976 IBGE 2000)

O setor madeireiro tem papel de destaque nestas regiotildees A alta abundacircncia de

certas espeacutecies madeireiras (Wittmann et al 2006a) aliada agrave facilidade de acesso aos

recursos o tipo de operaccedilatildeo de extraccedilatildeo derrubada arraste e transporte atraveacutes dos

rios reduzem os custos da madeira extraiacuteda das vaacuterzeas com relaccedilatildeo agrave extraccedilatildeo de

florestas de terra firme (Higuchi et al 1994 Barros amp Uhl 1995 1999 Uhl et al 1997

Schoumlngart et al 2007)

Ateacute o final de 1990 cerca de 80 da madeira encontrada no mercado brasileiro

era de origem ilegal (Smeraldi 2003) Nos uacuteltimos anos a grande pressatildeo exercida

pela extraccedilatildeo predatoacuteria da madeira aliada ao surgimento de novas alternativas de uso

da terra levaram a necessidade de elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo florestal e

conservaccedilatildeo das florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Schoumlngart et al 2007) Recentemente

programas de manejo florestal tecircm sido implementados com o intuito de proteccedilatildeo e

conservaccedilatildeo das vaacuterzeas amazocircnicas tais como os projetos Proacute-Vaacuterzea e PPG7

(Schoumlngart et al 2008a)

Atualmente os planos de manejos na Amazocircnia Brasileira tecircm como base o

Coacutedigo Florestal no 4711 15 de setembro de 1965 fundamentado em um sistema

policiacuteclico o qual estabelece um diacircmetro limite de corte e a extraccedilatildeo da madeira

2

realizada em intervalos de anos em uma dada aacuterea (ciclo de corte) A aacuterea a ser maneja

eacute dividida em talhotildees de aproximadamente tamanho correspondendo ao nuacutemero de

anos do ciclo de corte (Lamprecht 1989 De Graaf et al 2003)

Este modelo de manejo florestal eacute caracterizado por ocasionar superexploraccedilatildeo

e subutilizaccedilatildeo do potencial madeireiro por natildeo considerar as variaccedilotildees nas taxas de

crescimento entre espeacutecies entre diferentes habitats e ao longo dos anos (Schoumlngart

2003 Brienen amp Zuidema 2006) Espeacutecies de madeira branca com taxas de

crescimento raacutepido podem alcanccedilar o limite de diacircmetro para corte antes do tempo

estabelecido enquanto que espeacutecies de madeira pesada levam maior tempo para

atingir este diacircmetro de derrubada (Schoumlngart 2003 Schoumlngart et al 2003 2007

Brienen amp Zuidema 2007)

A Instruccedilatildeo Normativa (IN) ndeg 5 de 11 de dezembro de 2006 abre caminhos para

modificaccedilotildees do manejo florestal atual O ciclo de corte varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3 por ha ao ano no Plano de Manejo Florestal Simplificado

(PMFS) Pleno No PMFS de baixa intensidade foi estabelecido um ciclo de corte inicial

de 10 anos com volume de extraccedilatildeo de ateacute 10 msup3 por ha Na vaacuterzea a produccedilatildeo pode

exceder 10 msup3 por ha ao ano poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3 aacutervores por ha Esta

nova IN requer o estabelecimento de modelos especiacuteficos para cada espeacutecie onde o

limite de diacircmetro para corte eacute determinado a partir de criteacuterios ecoloacutegicos e teacutecnicos

Caso contraacuterio um diacircmetro de corte de 50 cm eacute estabelecido

Estimativas da produccedilatildeo de madeira considerando-se a variaccedilatildeo no crescimento

arboacutereo entre as espeacutecies satildeo necessaacuterias para garantir o contiacutenuo suprimento e

manutenccedilatildeo dos sistemas de manejo de florestas naturais (Brienen amp Zuidema 2007)

Neste sentido a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira (dendrocronologia) vem a ser uma

3

importante ferramenta na elaboraccedilatildeo de sistemas de exploraccedilatildeo sustentada

fornecendo modelos de crescimento e idade da madeira (Worbes et al 2001 Worbes

2002 Duumlnisch et al 2003 Schoumlngart et al 2003 2007 Brienen amp Zuidema 2005)

proporcionando opccedilotildees de manejo mais especiacuteficas e efetivas com benefiacutecios para as

populaccedilotildees futuras

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Dendrocronologia nos troacutepicos

Os aneacuteis de crescimento na madeira de espeacutecies das regiotildees temperadas

configuram o incremento radial os quais anualmente satildeo incorporados ao tronco das

aacutervores Cada anel possui duas partes distintas lenho inicial e lenho tardio O primeiro

corresponde ao crescimento arboacutereo no iniacutecio do periacuteodo vegetativo quando as plantas

reativam as atividades fisioloacutegicas O lenho tardio eacute formado no final do periacuteodo

vegetativo com a reduccedilatildeo das atividades e modificaccedilatildeo da estrutura celular com

espessamento das paredes e reduccedilatildeo do lume (Fritts 1976) A queda das atividades

celulares ocorre como resposta as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento arboacutereo em

decorrecircncia da reduccedilatildeo da temperatura (Schweingruber 1988)

Leonardo da Vinci durante o seacuteculo 15 foi o primeiro a reconhecer a existecircncia

de aneacuteis anuais na madeira em ramos de pinheiros relacionando-os a idade da aacutervore

e seu padratildeo de espessura com anos mais ou menos secos (Schweingruber 1988) Jaacute

no seacuteculo 19 diversas pesquisas demonstravam que as baixas temperaturas dos

invernos rigorosos em regiotildees temperadas satildeo um fator limitante no crescimento da

4

madeira (Worbes 1995) Contudo somente no iniacutecio do seacuteculo 20 a existecircncia de aneacuteis

anuais nos troacutepicos foi descoberta e algumas deacutecadas depois foi questionada (Worbes

amp Junk 1999) Muitos acreditavam na ausecircncia de aneacuteis anuais nos troacutepicos devido agrave

limitada sazonalidade (Schweingruber 1988) e temperatura quase constante

(Whitmore 1990) Este mito eacute ainda mantido por alguns autores (Lieberman et al

1985 Whitmore 1990) mesmo verificando-se que a distribuiccedilatildeo sazonal das chuvas na

maioria das regiotildees tropicais ocasiona uma distinta estaccedilatildeo seca (Worbes 1999)

Alguns autores enfatizam os problemas relacionados agrave formaccedilatildeo de aneacuteis anuais

na madeira nos troacutepicos Estudos tecircm registrado a formaccedilatildeo de dois aneacuteis por ano em

regiotildees apresentando duas estaccedilotildees de seca distintas (Gourlay 1995) formaccedilatildeo de

aneacuteis intra-anuais ou falsos aneacuteis em resposta a padrotildees irregulares de chuvas com

seca excepcional durante a estaccedilatildeo chuvosa (Borchert et al 2002) ou ainda a

formaccedilatildeo de aneacuteis irregulares na madeira de espeacutecies tropicais (Sass et al 1995)

Contudo a existecircncia de aneacuteis de crescimento nos troacutepicos tem sido registrada

em mais de 20 paiacuteses tropicais sendo que muitos estudos tecircm comprovado a

anualidade na formaccedilatildeo dos aneacuteis por mais de 100 anos (Worbes 2002) Foram

descritos para estas regiotildees diferentes padrotildees de aneacuteis anuais por Coster (19271928)

e classificados por Worbes (1995) como 4 tipos principais variaccedilotildees na densidade da

madeira faixas de parecircnquima marginal alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima e

variaccedilotildees na densidade dos vasos

Em regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o ritmo de crescimento das aacutervores

eacute determinado pelo pulso de inundaccedilatildeo (Worbes 1985) Durante o alagamento as

raiacutezes sofrem condiccedilotildees anoacutexicas acarretando reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a

copa das aacutervores e consequumlente reduccedilatildeo do metabolismo o que resulta em dormecircncia

5

cambial e a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira (Worbes 1989 Schoumlngart et al

2002) Diversas pesquisas tecircm evidenciado a presenccedila de aneacuteis anuais nas regiotildees de

aacutereas alagaacuteveis nos troacutepicos (Worbes 1989 Dezzeo et al 2003 Schoumlngart et al

2002 2004 2005)

Existem diferentes meacutetodos de investigaccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira

classificados em destrutivos e natildeo destrutivos (Worbes 1995) Meacutetodos natildeo destrutivos

podem ser feitos a partir de investigaccedilotildees fenoloacutegicas medidas repetidas do diacircmetro e

medida da atividade cambial por mensuraccedilatildeo da resistecircncia eleacutetrica na zona cambial

Feridas cambiais (Janelas de Mariaux) dataccedilatildeo por radiocarbono cicatrizes

provocadas por fogo em anos conhecidos ou injurias na madeira densitometria por raio

ndash X variaccedilotildees nas concentraccedilotildees de isoacutetopos estaacuteveis e contagem direta dos aneacuteis satildeo

meacutetodos destrutivos de constataccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira (Worbes

1995 2002) Todos estes meacutetodos foram utilizados independentemente para indicar a

ocorrecircncia de aneacuteis anuais no xilema de espeacutecies arboacutereas nas vaacuterzeas

Dentre estes meacutetodos a contagem direta dos aneacuteis anuais se destaca pela

obtenccedilatildeo de estimativas acuradas da idade das aacutervores e dados de longos periacuteodos de

crescimento da madeira (Bormann amp Berlyn 1981 Eckstein et al 1995) Informaccedilotildees

estas uacuteteis para o entendimento da dinacircmica da floresta (Enright amp Hartshorn 1981

Worbes 2002) desenvolvimento de sistemas de manejo florestal e estrateacutegias de

conservaccedilatildeo das espeacutecies (Stahle et al 1999 Worbes et al 2003)

O padratildeo de crescimento ao longo do tempo atua como um arquivo de dados e

contribui com informaccedilotildees sobre as mudanccedilas nas condiccedilotildees ambientais (Spiecker

2002) relaccedilotildees entre o clima e o crescimento arboacutereo (Enquist amp Leffler 2001 Nutto amp

6

Watzlawick 2002 Fichtler et al 2004 Schoumlngart et al 2006 Therrell et al 2006) e

sequumlestro de carbono na biomassa da madeira (Schoumlngart 2003)

22 As florestas de vaacuterzea

Junk et al (1989) definiram como aacutereas alagaacuteveis aquelas cuja inundaccedilatildeo eacute

promovida por um fluxo lateral dos rios e lagos eou precipitaccedilatildeo direta ou sobre as

aacuteguas um fenocircmeno perioacutedico que influencia na dinacircmica das comunidades e acarreta

um longo periacuteodo de adaptaccedilotildees e evoluccedilatildeo de espeacutecies endecircmicas Na regiatildeo

amazocircnica as aacutereas inundaacuteveis satildeo recobertas por florestas de vaacuterzea e igapoacute sendo

que as florestas de vaacuterzea abrangem uma aacuterea de 50-75 e satildeo consideradas o tipo

de vegetaccedilatildeo inundaacutevel mais importante destas regiotildees (Wittmann et al 2002)

As florestas alagaacuteveis sofrem esta alternacircncia anual entre fase terrestre e

aquaacutetica a qual vem ocorrendo haacute milhotildees de anos leva ao desenvolvimento de

adaptaccedilotildees de caraacuteter morfoloacutegico anatocircmico fisioloacutegico etoloacutegico e fenoloacutegico nas

espeacutecies que vivem nestes ambientes inundados anualmente (Ferreira 1991 Kubitzki

amp Zibursk 1994 Waldhoff et al 1998 Wittmann amp Parolin 1999 Piedade et al 2000

Parolin et al 2004)

Muitas espeacutecies respondem as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento durante

a fase de alagamento apresentando adaptaccedilotildees na forma de produccedilatildeo de raiacutezes

adventiacutecias desenvolvimento de vias alternativas metaboacutelicas e permanecircncia da

atividade fotossinteacutetica (De Simone et al 2003) estrateacutegias de toleracircncia ou escape ao

alagamento pelas placircntulas (Parolin 2002) ou ainda armazenamento de aacutegua no caule

(Schoumlngart et al 2002) Cada espeacutecie responde a este fenocircmeno de forma

7

diferenciada podendo ser visualizada atraveacutes dos diversos padrotildees fenoloacutegicos

encontrados nas aacutereas alagaacuteveis (Schoumlngart et al 2002) O alagamento anual causa

condiccedilotildees anaeroacutebicas nas raiacutezes levando a reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a copa

das aacutervores o que ocasiona estresse hiacutedrico e perda de folhas Como resultado a

planta entra em dormecircncia cambial

As diferentes estrateacutegias adaptativas associadas com diferentes niacuteveis de

toleracircncia ao alagamento refletem a influecircncia exercida pelo periacuteodo e niacutevel de

alagamento aos quais as plantas estatildeo sujeitas resultando numa zonaccedilatildeo de espeacutecies

caracteriacutestica nas aacutereas alagaacuteveis (Takeuchi 1962 Revilla 1981 Piedade 1985

Worbes et al 1992 Worbes 1997 Wittmann et al 2002 2004)

A dinacircmica sucessional em florestas de vaacuterzea da Amazocircnia foi descrita por

Worbes et al (1992) Estaacutegios iniciais de sucessatildeo primaacuteria e secundaacuteria apresentam

estratos monoespeciacuteficos com espeacutecies de crescimento raacutepido e baixa densidade da

madeira as quais natildeo alcanccedilam grandes idades Por meio do processo de sucessatildeo

natural ocorrem substituiccedilotildees de espeacutecies e formaccedilatildeo de estaacutegios tardios onde

observa-se uma maior complexidade nos extratos arboacutereos e diversidade de espeacutecies

diminuiccedilatildeo da taxa de incremento radial e acuacutemulo de biomassa (Worbes 1992

Schoumlngart et al 2003)

Ao longo da sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais existe um aumento da

densidade da madeira das aacutervores e decreacutescimo das taxas de incremento em diacircmetro

aumento da diversidade de espeacutecies o que implica mudanccedilas de estratos mais

homogecircneos de estaacutegios sucessionais iniciais para extratos mais complexos

caracterizados pelo aumento da altura das aacutervores tamanho e aacuterea da copa (Wittmann

et al 2002 Schoumlngart et al 2003)

8

Esta zonaccedilatildeo de espeacutecies em florestas de vaacuterzea ao longo do gradiente

topograacutefico (Junk 1989 Ayres 1993) e sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais (Worbes

1997) leva a formaccedilatildeo de dois habitats significativamente diferentes os quais satildeo

denominados vaacuterzea alta e vaacuterzea baixa (Wittmann et al 2002) A primeira caracteriza-

se por alagamento de menos de 3 m por ano na meacutedia apresentando aumento da

diversidade e complexidade da arquitetura com o aumento da idade resultando de

processo sucessional natural de florestas tardias de vaacuterzea baixa sendo considerada

representante de estaacutegio cliacutemax A vaacuterzea baixa apresenta diferentes estaacutegios de

sucessatildeo natural e eacute alagada por mais de 3 m por ano (Wittmann et al 2002) sendo

que a complexidade de estrutura e composiccedilatildeo da floresta tende a aumentar com a

reduccedilatildeo do niacutevel e duraccedilatildeo do alagamento

A grande variedade de habitats e multiplicidade de adaptaccedilotildees resultam numa

grande diversidade de espeacutecies arboacutereas dentro das aacutereas alagaacuteveis (Junk 1989)

atingindo 1000 espeacutecies registradas para florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Wittmann et al

2006a) A alta diversidade nestas aacutereas estaacute relacionada ao niacutevel e periacuteodo das cheias

e aumenta com diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo de inundaccedilatildeo (Wittmann amp Junk 2003 Worbes

et al 1992 Piedade et al 2005) Entretanto florestas de vaacuterzea possuem diversidade

de espeacutecies menor se comparada com florestas de terra firme da mesma regiatildeo (Ayres

1993)

Wittmann et al (2006a) afirmam que nas florestas de vaacuterzea a diversidade de

espeacutecies tambeacutem aumenta no sentido leste ndash oeste dentro da Bacia Amazocircnica Este

padratildeo parece similar ao encontrado para florestas de terra firme na mesma regiatildeo

geograacutefica (Ter Steege et al 2003) corroborando com a hipoacutetese de formaccedilatildeo de uma

zona de transiccedilatildeo que permite a migraccedilatildeo das espeacutecies de florestas de terra firme para

9

florestas alagaacuteveis de vaacuterzea alta (Wittmann et al 2006a) Esta hipoacutetese eacute estabelecida

pela elevada similaridade floriacutestica encontrada entre a vaacuterzea alta e terra firme

As florestas de vaacuterzea alta compreendem cerca de 10 da cobertura florestal

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996 Wittmann et al 2002) no entanto satildeo as florestas

mais ameaccediladas pela accedilatildeo antroacutepica sendo frequumlentemente utilizadas para moradia e

substituiccedilatildeo das aacutereas de floresta para atividades de agricultura e pecuaacuteria

Apresentam alta abundacircncia de espeacutecies madeireiras e estatildeo sendo ameaccediladas por

praacuteticas insustentaacuteveis de manejo (Ayres 1993 Worbes et al 2001)

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea

Atualmente dentro da Bacia Amazocircnica de aproximadamente 350 espeacutecies

madeireiras encontradas cerca de 34 tambeacutem ocorrem em florestas de vaacuterzea

(Martini et al 1998) outras satildeo restritas a este tipo de ecossistema Pela falta de infra-

estrutura em estradas de 60 a 80 da madeira extraiacuteda na Amazocircnia Ocidental e

Peru tecircm origem a partir deste tipo de floresta inundaacutevel (Higuchi et al 1994 Nebel amp

Kvist 2001 Worbes et al 2001) Em 2000 somente no Estado do Amazonas

aproximadamente 75 da madeira para induacutestria de laminados e compensados teve

origem em florestas alagaacuteveis (Lima et al 2005)

O preccedilo da madeira de espeacutecies com densidade abaixo de 060 gcm3 (madeira

branca) no Meacutedio Rio Solimotildees variou entre R$ 075-600 por m3 para Hura crepitans

L (Euphorbiaceae) e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae) enquanto que

espeacutecies de madeira densa acima de 060 gcm3 (madeira pesada) como Ocotea

cymbarum Mez (Lauraceae) Copaifera sp (Fabaceae) e Piranhea trifoliata Baill

10

(Euphorbiaceae) foram negociadas por R$ 288-1290 por m3 no periacuteodo de 1993 a

1995 (Worbes et al 2001) O primeiro grupo eacute frequumlentemente utilizado em induacutestrias

de laminados e compensados enquanto que as espeacutecies de madeira densa satildeo muito

utilizadas na construccedilatildeo de casas barcos e moacuteveis (Albernaz amp Ayres 1999) Com a

implementaccedilatildeo de manejo sustentaacutevel controlado e autorizado pelo IBAMA e IPAAM

os preccedilos da madeira subiram consideravelmente atingindo valores de ateacute R$ 6200

por m3 no ano de 2007 ao longo do Meacutedio Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a)

Um inventaacuterio florestal realizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel

Mamirauaacute (RDSM) abrangendo uma aacuterea de 342 ha de florestas de vaacuterzea encontrou

122 espeacutecies madeireiras por ha com diacircmetro limite de corte acima de 45 cm

(Schoumlngart et al 2008a) Das espeacutecies inventariadas as mais encontradas dentre as

madeiras brancas foram H crepitans e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae)

Das madeiras pesadas O cymbarum Mez (Lauraceae) Calycophyllum spruceanum

(Benth) Hookf ex KSchum (Rubiaceae) foram as mais abundantes

Dados do Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel de Mamirauaacute (IDSM) do

manejo florestal comunitaacuterio (MFC) de 2003 mostram que 42 do nuacutemero de toras e

60 do volume extraiacutedo na reserva pertencem agrave H crepitans Esta espeacutecie somada a

O cymbarum e C subsessilis corresponde a quase 70 do volume em metros cuacutebicos

de madeira extraiacuteda

A atividade madeireira em florestas de vaacuterzea se restringe a poucas espeacutecies

(Schoumlngart 2003) e a ausecircncia de dados de regeneraccedilatildeo e crescimento aliados a

exploraccedilatildeo inadequada da madeira tecircm levado agrave reduccedilatildeo das populaccedilotildees de algumas

destas espeacutecies chegando a praticamente desaparecer dos mercados regionais

(Higuchi et al 1994 Worbes et al 2001) Espeacutecies como Cedrela odorata L

11

(Meliaceae) Platymiscium ulei Harms (Fabaceae) Virola spp (Myristicaceae) Ceiba

pentandra (L) Gaerth (Malvaceae) foram substituiacutedas por O cymbarum C

spruceanum H crepitans e C guianensis (Albernaz amp Ayres 1999 Anderson et al

1999 Worbes et al 2001 Lima et al 2005)

Dentro da RDSM o manejo florestal se caracteriza por sistema policiacuteclico com

ciclo de corte de 25 anos e diacircmetro limite de corte de 45 cm Inicialmente deve ser feito

um inventaacuterio florestal de todas as espeacutecies madeireiras com diacircmetro ge 20 cm e as

extraccedilotildees se limitam a 5 aacutervores por ha que se encontram acima do diacircmetro de corte

Cerca de 10 das aacutervores acima do limite de diacircmetro devem permanecer nas aacutereas

como porta-sementes com o intuito de garantir a regeneraccedilatildeo das espeacutecies exploradas

Aproximadamente 12 da cobertura florestal da RDSM pertence a florestas de

vaacuterzea alta onde a abundacircncia de espeacutecies de valor econocircmico eacute alta (Wittmann et al

2002) e contribuem para o fornecimento de produtos madeireiros para o mercado local

regional e internacional (Wittmann et al 2004) Schoumlngart et al (2007) afirmam que as

espeacutecies mais exploradas na reserva satildeo O cymbarum C spruceanum e P trifoliata

(espeacutecies de madeira densa) assim como Ficus insipida Willd (Moraceae) H

crepitans Maquira coriacea (Karsten) CCBerg (Moraceae) (espeacutecies de madeira

branca)

Este estudo analisa e modela padrotildees de crescimento de quatro espeacutecies

aacuterboreas de interesse comercial de baixa densidade de madeira (madeira branca) e alta

densidade de madeira (madeira pesada) exploradas dentro da RDSM Deste modelos

criteacuterios como DMD e ciclo de corte satildeo derivados e discutidos no contexto das atuais

normas de manejo florestal na Amazocircnia pela legislaccedilatildeo brasileira

12

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Modelar padrotildees de crescimento da madeira de H crepitans C odorata O

cymbarum e S elata espeacutecies de importacircncia econocircmica na exploraccedilatildeo madeireira

das florestas de vaacuterzea da Amazocircnia para definir ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de

derrubada (DMD) especiacuteficos subsidiando futuros planos de manejo florestal

sustentaacutevel dentro da RDSM

32 Objetivos especiacuteficos

a Descriccedilatildeo da anatomia da madeira

b Determinaccedilatildeo da idade das aacutervores

c Determinaccedilatildeo das taxas de incremento em diacircmetro altura volume e biomassa

d Estimativa de ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de derrubada para definir criteacuterios

de manejo para cada uma das espeacutecies

13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS

41 Aacuterea de estudos

A aacuterea de estudos compreende a Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Mamirauaacute (RDSM) a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo na categoria de reserva

sustentaacutevel e primeira existente no ecossistema de vaacuterzea Sua criaccedilatildeo eacute resultado de

solicitaccedilatildeo encaminhada em 1985 pelo bioacutelogo Dr Joseacute Maacutercio Ayres ao oacutergatildeo

responsaacutevel na eacutepoca SEMA ndash Secretaria Especial de Meio Ambiente (Queiroz 2005)

A RDSM eacute dividida em duas aacutereas principais aacuterea focal (cerca de 260000 ha)

onde se desenvolvem desde 1991 atividades baseadas em pesquisas

socioeconocircmicas e ecoloacutegicas incluindo pesca agricultura agroflorestal e ecoturismo

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996) e aacuterea subsidiaacuteria (cerca de 878000 ha) a qual seraacute

manejada progressivamente A aacuterea focal eacute por sua vez subdividida em zona de

proteccedilatildeo permanente zona de ecoturismo e zona destinada ao manejo sustentaacutevel de

recursos naturais

Dentro da aacuterea focal existem nove unidades ou setores de controle do uso dos

recursos naturais denominadas Mamirauaacute Jarauaacute Tijuaca Boa Uniatildeo do Meacutedio

Japuraacute Aranapuacute Barroso Horizonte Liberdade e Ingaacute As atividades econocircmicas

realizadas pelas comunidades dentro dos setores se dividem em produccedilatildeo de farinha

pesca e exploraccedilatildeo da madeira as quais satildeo influenciadas pelo niacutevel de inundaccedilatildeo

anual (Albernaz amp Ayres 1999)

A RDSM estaacute situada na regiatildeo do meacutedio Solimotildees na confluecircncia dos rios

Solimotildees e Japuraacute entre as bacias do rio Solimotildees e Negro Sua porccedilatildeo mais a leste

14

fica nas proximidades da cidade de Tefeacute no Estado do Amazonas Sua vizinha RDS

Amanatilde liga a RDSM ao Parque Nacional do Jauacute (Schoumlngart et al 2005) Estas trecircs

unidades juntas constituem um bloco de floresta tropical com cerca de 6000000 ha

protegidos oficialmente Formam o embriatildeo do Corredor Central da Amazocircnia

(MMAPPG7) e da Reserva da Biosfera da Amazocircnia Central (MaBUnesco) e

compotildeem um Siacutetio Natural do Patrimocircnio Mundial (UnescoIUCN) (Queiroz 2005 Ayres

et al 2005)

Possui clima caracterizado por uma meacutedia de temperatura diaacuteria de 269 ordmC e

precipitaccedilatildeo anual de aproximadamente 3000 mm apresentando uma estaccedilatildeo seca

distinta (julho-outubro) O niacutevel de flutuaccedilatildeo meacutedia da aacutegua do Rio Japuraacute durante 1993

ndash 2000 foi de 1138 m (Wittmann amp Junk 2003 Schoumlngart et al 2005)

Aproximadamente 92 da cobertura vegetal abrangendo a aacuterea focal da reserva eacute

composta por florestas de vaacuterzea baixa constituiacuteda por diferentes estaacutegios

sucessionais e somente cerca de 8 corresponde a florestas de vaacuterzea alta (Wittmann

et al 2002)

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies

421 Cedrela odorata L (Meliaceae)

Popularmente conhecida como cedro cedro branco cedro cheiroso ou cedro

mogno apresenta tronco com casca de cheiro bastante caracteriacutestico rugosa com

fissuras transversais vermelho-alaranjadas Apresenta base reta ou com raiacutezes

tabulares e suas flores satildeo brancas em inflorescecircncias terminais (Wittmann et al

15

2006b) Os frutos capsulares quando maduros se abrem liberando de 40 a 50

sementes aladas as quais satildeo dispersas pelo vento (Cintron 1990 Wittmann et al

2006b)

Encontrada em toda a Amazocircnia embora com baixa frequumlecircncia ocorre desde as

Iacutendias Ocidentais as grandes e pequenas Antilhas ateacute Trinidad e Tobago sendo

encontrada tambeacutem no Meacutexico Equador Peru e Guianas (Cintron 1990) Eacute tipicamente

deciacutedua sendo encontrada em extrato superior de vaacuterzea alta e ocupando estaacutegio

sucessional secundaacuterio tardio

Apresenta madeira moderadamente pesada variando entre 044 a 060 gcm3 O

floema eacute avermelhado com cerne variando do castanho claro ao bege rosado escuro e

alburno amarelo apresentando cheiro aromaacutetico (Loureiro amp Silva 1968)

Aleacutem da sua importacircncia como espeacutecie madeireira na fabricaccedilatildeo de moacuteveis

construccedilatildeo civil e naval embalagens e instrumentos musicais a casca do cedro eacute

aproveitada na medicina popular como tocircnica adstringente e febriacutefuga (Loureiro amp

Silva 1968 Wittmann et al 2006b)

422 Sterculia elata Ducke (Malvaceae)

Conhecida popularmente como tacacazeiro xixaacute chicaacute da mata ou manduvi

cujos frutos apresentam uma coloraccedilatildeo avermelhada quando maduros sendo

organizados em 5 foliacuteculos com uma sutura ventral cada um Os frutos satildeo apocaacuterpios

e as flores estatildeo organizadas em inflorescecircncias terminais amarelas a purpuacutereas

(Wittmann et al 2006b)

16

Apresenta distribuiccedilatildeo nos neo-troacutepicos compreendendo o Sul do Meacutexico e

Ameacuterica Central Norte do Brasil Pantanal e Peru ocupando extrato superior e

emergente de vaacuterzea alta Eacute uma espeacutecie deciacutedua de estaacutegio sucessional secundaacuterio

tardio

Apresenta madeira de densidade meacutedia de 047 gcm3 cujo floema tem coloraccedilatildeo

marrom escura e o alburno eacute marrom claro A madeira eacute muito utilizada para confecccedilatildeo

de embalagens palitos foacutesforos compensados e troncos para canoas As sementes

oleaginosas satildeo comestiacuteveis A aacutervore eacute frequumlentemente utilizada para ornamentaccedilatildeo

(Wittmann et al 2006b)

423 Hura crepitans L (Euphorbiaceae)

Conhecia comumente por assacuacute H crepitans eacute uma espeacutecie cujo caule eacute

aculeado apresentando laacutetex branco aquoso caacuteustico e frequumlentemente utilizado

como veneno de peixe Causa irritaccedilotildees fortes em contato com a pele (Francis 1990

Wittmann et al 2006b) Os frutos satildeo capsulares lenhosos arredondados e

deprimidos nos poacutelos Tem distribuiccedilatildeo no Brasil Guianas Oeste da Iacutendia Cuba

Jamaica Trinidad e Tobago Costa Rica ao sul do Peru e Boliacutevia (Loureiro amp Silva

1968 Wittmann et al 2006b)

Ocupa o extrato superior de vaacuterzea alta sendo identificada como uma espeacutecie

perenifoacutelia de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Apresenta madeira muito leve

(035 a 040 gcm3) cerne e alburno indistintos e de coloraccedilatildeo branca com reflexos

amarelados Pelas caracteriacutesticas da madeira eacute comumente usada na fabricaccedilatildeo de

17

caixas tamancos obras internas artefatos de madeira forros taacutebuas compensados

boacuteias flutuantes canoas e gamelas (Francis 1990 Wittmann et al 2006b)

424 Ocotea cymbarum HBK (Lauraceae)

Frequumlentemente chamada por louro inamuiacute louro mamorim louro mamoriacute

inhamuiacute oacuteleo de inhamuiacute e pau de gasolina O cymbarum eacute uma aacutervore de grande

porte (20 ndash 30 m) apresentando casca avermelhada aromaacutetica ramos jovens com

pilosidade e acinzentados Possui exsudato transparente aromaacutetico apresentando

cheiro de menta (Wittmann et al 2006b)

Tem distribuiccedilatildeo por toda a Amazocircnia sendo encontrada em extrato superior de

vaacuterzea alta Eacute semi-deciacutedua e de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Sua madeira eacute

moderadamente pesada variando de 055 a 065 gcm3 (Loureiro amp Silva 1968) O

floema possui coloraccedilatildeo marrom cafeacute enquanto que o cerne amarelado claro e

brilhante diferencia-se pouco do alburno levemente mais claro (Wittmann et al

2006b)

Eacute comumente utilizada na carpintaria de luxo construccedilatildeo em geral marcenaria

compensado pranchas e tabuados (Loureiro amp Silva 1968) Sua madeira traz oacuteleo

contendo safrol que em baixa concentraccedilatildeo eacute um componente para fragracircncias e

perfumes (Wittmann et al 2006b) O lenho apresenta atividade contra o

desenvolvimento do ancilostomiacutedeo humano (Marques 2001)

18

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos

Das quatro espeacutecies estudadas duas de madeira branca ndash H crepitans e S

elata e duas de madeira pesada ndash C odorata e O cymbarum (Schoumlngart 2003) foram

selecionados entre 21 e 37 indiviacuteduos emergentes de floresta de vaacuterzea alta dos

setores Jarauaacute e Tijuaca da RDSM As medidas do diacircmetro na altura do peito (DAP)

com ge 10 cm foram feitas com o uso de fita dendromeacutetrica de dupla face sendo

inferidas acima das sapopemas quando presentes A altura da aacutervore foi medida a

partir do uso de inclinocircmetro (Blume-Leiss) e fita meacutetrica

Para verificar a idade das aacutervores foram utilizados 10 discos de H crepitans e

10 discos de O cymbarum fornecidos pelo Programa de MFC da RDSM no ano de

2001 bem como amostras coletadas de troncos dos indiviacuteduos de cada uma das quatro

espeacutecies Para tanto foi aplicado um meacutetodo natildeo destrutivo de extraccedilatildeo de cilindros da

madeira utilizando-se uma broca dendrocronoloacutegica num total de 110 cilindros com 5

mm de diacircmetro (21 amostras de Sterculia 23 de Cedrela 29 de Ocotea e 37 de Hura)

coletadas entre 07 de outubro de 2006 a 16 de abril de 2007 na altura aproximada de

130 m da base do tronco Apoacutes a coleta das amostras o orifiacutecio produzido com a broca

dendrocronoloacutegica foi obstruiacutedo com cera de carnauacuteba para evitar possiacuteveis ataques

por fitopatoacutegenos

As amostras coletadas foram coladas em suporte de madeira e em seguida

polidas com lixas de papel com diferentes granulometrias em uma sequumlecircncia

progressiva ateacute uma granulaccedilatildeo de 600 Estas foram analisadas no Laboratoacuterio de

Dendrocronologia do Projeto INPAMax-Planck em Manaus A anaacutelise macroscoacutepica da

estrutura da madeira foi feita a partir de fotografias feitas utilizando-se maacutequina digital

19

NIKON coolpix 4500 Para descriccedilatildeo anatocircmica dos aneacuteis de crescimento utilizou-se

como base os padrotildees de aneacuteis descritos por Coster (1927 1928) e adaptados por

Worbes (1985 1989)

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos

A determinaccedilatildeo da idade foi feita por meio da contagem direta dos aneacuteis anuais

e as taxas de incremento radial foram geradas por mediccedilatildeo da espessura dos aneacuteis

com o sistema de anaacutelise digital com precisatildeo de 001 mm (LINTAB) juntamente com o

software (TSAP-Win = Time Series Analyses and Presentation) especiacutefico para

anaacutelises de sequumlecircncias temporais (Schoumlngart et al 2004) Para os cilindros que natildeo

alcanccedilaram o cerne do tronco foram estimadas as distacircncias ateacute o centro e a partir do

nuacutemero meacutedio de aneacuteis encontrados em outros indiviacuteduos foram feitas estimativas da

idade do primeiro anel visiacutevel no tronco As mediccedilotildees da largura dos aneacuteis se deram no

sentido cerne ndash casca

Curvas cumulativas do diacircmetro individual para as quatro espeacutecies foram

elaboradas com base nestas mediccedilotildees do incremento radial corrente e relacionadas

com o DAP medido no campo (Schoumlngart et al 2003 Brienen amp Zuidema 2007)

(Figura 1a) A partir destas curvas individuais foram construiacutedas curvas cumulativas

meacutedias para cada espeacutecie descrevendo a relaccedilatildeo entre idade e diacircmetro para as

mesmas

A curva meacutedia do diacircmetro calculada para cada espeacutecie foi ajustada como um

modelo de regressatildeo sigmoidal da qual foram derivadas as curvas do incremento

corrente e meacutedio do diacircmetro para cada espeacutecie (Figura 1b) Modelos de regressatildeo natildeo

20

ndash linear descreveram para cada espeacutecie a relaccedilatildeo entre DAP e a altura medida no

campo (Figura 1c) Combinando as relaccedilotildees idade-DAP e DAP-altura permite estimar o

crescimento da altura (Nebel et al 2001) Deste modo para cada idade determinada

foram atribuiacutedas uma medida de diacircmetro e de altura para cada espeacutecie (Schoumlngart et

al 2007)

A combinaccedilatildeo dos modelos de regressatildeo natildeo-linear das relaccedilotildees entre idade e

DAP bem como das relaccedilotildees entre DAP e altura tambeacutem possibilitou a construccedilatildeo do

modelo de crescimento em volume (Figura 1e) e produccedilatildeo de biomassa acima do solo

das espeacutecies estudadas (Figura 1f) O modelo alomeacutetrico utilizado para estimativa do

volume foi definido por Cannell (1984) para florestas tropicais uacutemidas e tem como

paracircmetros a altura das aacutervores e o DAP

O volume (V) foi estimado a partir da multiplicaccedilatildeo da aacuterea basal (Ab) pela altura

(h) e por um fator (f) de reduccedilatildeo de 06 (Nebel et al 2001) A equaccedilatildeo eacute dada por

V = Ab x h x f (1)

onde a Ab eacute dada por

Ab = π x (DAP 2)2 (2)

Foi utilizado um modelo alomeacutetrico para estimar a biomassa acima do solo com

boa aplicabilidade em florestas alagaacuteveis segundo resultados obtidos por Stadtler

21

(2007) Este modelo tem como paracircmetros a densidade da madeira o diacircmetro e altura

das aacutervores e foi descrito por Chave et al (2005) A equaccedilatildeo eacute descrita abaixo

Bio = 00509 x den x DAP2 x h (3)

onde a Bio eacute a estimativa da biomassa acima do solo den eacute a densidade da madeira

obtida para cada espeacutecie de Wittmann et al (2006b) e 00509 eacute um fator de correccedilatildeo

O fator de correccedilatildeo dos modelos de caacutelculo do volume (06) e biomassa (00509)

se referem ao fato de que as aacutervores natildeo representam cilindros perfeitos e diminuem o

raio do tronco a medida que se distanciam do DAP

Destes modelos de crescimento do DAP altura aacuterea basal volume e biomassa

foram derivadas as taxas do incremento meacutedio (IM) e corrente (IC) (Figuras 1b1d1f)

para cada espeacutecie seguindo as equaccedilotildees abaixo (Schoumlngart et al 2007)

IM= CrC t t (4)

IC= CrC t+1 ndash Cr t (5)

onde CrC eacute o crescimento cumulativo em diferentes anos t sobre ciclo de vida total da

planta

O periacuteodo ideal de extraccedilatildeo eacute estabelecido quando a espeacutecie atinge sua a

produccedilatildeo maacutexima em volume periacuteodo este entre a taxa maacutexima de IC em volume e a

taxa maacutexima de IM em volume (Schoumlngart 2003) Este intervalo representa o periacuteodo

22

em que a extraccedilatildeo da madeira utiliza-se do potencial de crescimento maacuteximo das

espeacutecies (Schoumlngart 2008)

A modelagem dos padrotildees de crescimento foi construiacuteda a partir do uso do

software program X-Act (SciLab) e em seguida definidas as recomendaccedilotildees de

manejo para ciclos de corte e DMD para cada uma das quatro espeacutecies madeireiras

O DMD eacute definido pela idade em que a aacutervore atinge as maiores taxas de

incremento anual corrente do volume (Figura 1e) O tempo meacutedio que um indiviacuteduo leva

para passar por uma classe de DAP de 10 cm ateacute chegar ao DMD eacute o ciclo de corte da

espeacutecie (Schoumlngart et al 2007) Este eacute dado por

CC= idade(DMD) DMD x 10 (6)

onde CC eacute o ciclo de corte da espeacutecie e idade(DMD) eacute a idade da aacutervore quando atingiu o

DMD

23

0

20

40

60

80

0 5 10 15 200

1

2

3

4

5

0

10

20

30

0 20 40 60 80 100

0

20

40

60

80

0 5 10 15 20

0

10

20

30

0 5 10 15 200

1

2

3

4

0

1

2

3

4

0 5 10 15 200

100

200

300

00

05

10

15

0 5 10 15 200

50

100

Age (years) Age (years)

Age (years)

Age (years)

Age (years)

Dbh (cm)

Tree

heig

ht(m

)D

bh(c

m)

Dbh

(cm

)Tr

eehe

ight

(m)

Woo

d bi

omas

s(M

g)

Volu

me

(m3 )

Diam

eter increment(cm

year -1)H

eightincrement(m

year -1)W

ood biomass

production(kg year -1)

Volume

increment(dm

3year -1)

n = 54R2 = 053

n = 18

MLD

a

c

e

b

d

f

y = a (1+(b x)c)

a = 1195742 plusmn 131913b = 184937 plusmn 3355c = 12997 plusmn 00788

y = (abullx) (x+b)a = 286667 plusmn 07424b = 161743 plusmn 13022

DAP

(cm

)

DA

P (c

m)

Altu

ra (m

)

Altu

ra (m

)

Vol

ume

(m3)

Bio

mas

sa (M

g)

Idade (anos) Idade (anos)

DAP (cm) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento em

diacircmetro (cm

ano) Increm

ento em altura (m

ano) P

roduccedilatildeo de biomassa (K

gano)

Incremento

emvolum

e(dm

3ano)

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

DMD

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)

24

5 RESULTADOS

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira

O limite dos aneacuteis e a estrutura anatocircmica da madeira foram determinados com

base na classificaccedilatildeo de Coster (19271928) e adaptados por Worbes (1995) Trecircs tipos

de aneacuteis foram distinguidos de acordo com essa classificaccedilatildeo (1) faixas de parecircnquima

marginal (2) alternacircncia entre faixas de fibra e faixas de parecircnquima e (3) variaccedilatildeo na

densidade da madeira (Tabela 1) A distinccedilatildeo dos aneacuteis variou entre as 4 espeacutecies

estudadas poreacutem todas apresentaram aneacuteis suficientemente distintos para aplicaccedilatildeo

de estudos dendrocronoloacutegicos

A distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e agrave

medida que estes se encontravam mais proacuteximos do centro do tronco A facilidade de

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis decresceu na seguinte ordem C odorata O cymbarum S elata

e H crepitans (Tabela1)

Cedrela e Sterculia apresentaram mesmo padratildeo de faixas de parecircnquima

marginal que consiste de uma a poucas fileiras de ceacutelulas Eacute comumente encontrado

nas famiacutelias Bignoniaceae Fabaceae e Meliaceae (Worbes 2002) Cedrela apresentou

aneacuteis de crescimento semiporosos com uma espessa faixa de parecircnquima claramente

visiacutevel acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos os quais satildeo maiores ao

final do periacuteodo vegetativo (Figura 2a)

Sterculia tambeacutem mostrou variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Os poros satildeo visiacuteveis

a olho nu alguns obstruiacutedos por conteuacutedo de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada e brilhante

25

Apresentou faixas de parecircnquima radial espessadas dificultando um pouco a

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis (Figura 2b)

Um padratildeo de alternacircncia entre faixas de fibras e parecircnquima foi encontrado

formando os aneacuteis anuais em Hura com a reduccedilatildeo da largura das faixas de

parecircnquima e fibras na formaccedilatildeo do lenho tardio ao final da zona de crescimento

(Figura 2c) Este tipo de anatomia pode ser encontrado em famiacutelias como

Euphorbiaceae Moraceae Sapotaceae Lecythidaceae dentre outras (Worbes 2002)

Tabela1 Tipos de zona de crescimento encontrados e o grau de distinccedilatildeo dos de crescimento Os padrotildees descritos foram baseados nos modelos de Coster (1927 1928) e adaptados por Worbes (1995) Espeacutecies Famiacutelia Tipo de zona de

crescimento Fenologia foliar Grau de

distinccedilatildeo dos aneacuteis

Cedrela odorata Meliaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos

Deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (1)

Hura crepitans Euphorbiaceae Alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima

Perenifoacutelia Aneacuteis pouco

distintos (2)

Sterculia elata Malvaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Presenccedila de faixas radiais de parecircnquima

Deciacutedua Aneacuteis distintos (1)

Ocotea cymbarum Lauraceae Variaccedilatildeo na densidade da madeira com lenho inicial menos denso que o lenho tardio

Semi-deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (3)

obtidos durante observaccedilotildees na RDSM no periacuteodo 042006-122007

Ocotea mostrou um padratildeo de variaccedilatildeo na densidade da madeira O lenho tardio

de coloraccedilatildeo mais escura (alta densidade) apresentou ceacutelulas pequenas com paredes

26

espessadas diferindo do lenho inicial (baixa densidade) com ceacutelulas grandes e

paredes de espessura mais fina permitindo uma perfeita delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

(Figura 2d) Eacute comum entre as famiacutelias Annonaceae Myrtaceae e Lauraceae (Worbes

2002)

A presenccedila de falsos aneacuteis de crescimento ocorreu em alguns discos de Hura e

Ocotea Entretanto este problema foi solucionado observando-se a continuidade dos

aneacuteis ao longo dos raios nos discos

C Hura crepitans D Ocotea cymbarum

A Cedrela odorata B Sterculia elata

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial

27

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies

Todas as quatro espeacutecies apresentaram correlaccedilatildeo significativa (plt001) para as

relaccedilotildees entre idade e DAP idade e altura e DAP e altura (Tabela 2) permitindo a

modelagem das curvas de crescimento cumulativo para as mesmas Foram feitas um

total de 7646 mediccedilotildees da largura dos aneacuteis na madeira para as quatro espeacutecies

(Tabela 2)

As trajetoacuterias de crescimento cumulativo em diacircmetro mostraram diferenccedilas

tanto intra como interespeciacuteficas Aquelas espeacutecies de madeira densa como O

cymbarum e C odorata apresentaram taxas de crescimento menores que S elata e H

crepitans espeacutecies de madeira branca (Figura 3)

As quatro espeacutecies apresentaram uma variaccedilatildeo da idade ao atingir o DMD de 50

cm Esta foi maior para O cymbarum alcanccedilando idades entre 25 e 80 anos H

crepitans e S elata podem atingir idades entre 25 e 65 anos enquanto que as menores

variaccedilotildees na idade foram encontradas em C odorata com idades entre 35 a 65 anos

para um diacircmetro de 50 cm (Figura 3)

28

Tabela 2 Nuacutemero de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis e altura das aacutervores utilizados na elaboraccedilatildeo dos modelos de crescimento com base nas relaccedilotildees entre idade ndash DAP idade ndash altura e DAP ndash altura e o coeficiente de correlaccedilatildeo das mesmas

Nuacutemero de mediccedilotildees Correlaccedilatildeo p(lt 0001) Espeacutecie Largura dos

aneacuteis Altura Idade ndash DAP Idade ndash Altura DAP ndash Altura

Cedrela odorata

1240 32 089 064 071

Ocotea cymbarum

1325 125 086 073 073

Sterculia elata

1321 21 088 086 085

Hura crepitans

3760 67 091 086 076

Total

7646

Sterculia e Hura atingiram idades maacuteximas de 111 e 195 anos respectivamente

embora esta uacuteltima tenha atingido grandes diacircmetros nas aacutervores amostradas As

aacutervores mais velhas de Cedrela e Ocotea atingiram idades maacuteximas de 74 e 122 anos

(Tabela 3)

29

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

A ndash Cedrela odorata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

C ndash Sterculia elata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

B ndash Ocotea cymbarum

D ndash Hura crepitans

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura

30

As curvas meacutedias das relaccedilotildees entre idade e DAP tambeacutem apresentaram

variaccedilatildeo entre as espeacutecies estudadas (Figura 4) Para um diacircmetro de 50 cm

determinado pela IN ndeg 5 de Dezembro de 2006 as idades meacutedias oscilaram entre 41

anos em Hura a mais de 70 anos em Cedrela (Tabela 3)

0

50

100

150

DAP

(cm

)

0 30 60 90 120 150 180Idade (anos)

(a)

(b)

(d)

(c)

Diacircmetro limite de corte

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata Tabela 3 Idades maacuteximas miacutenimas e para um diacircmetro miacutenimo de derrubada de 50 cm para cada uma das quatro espeacutecies estudadas e seus respectivos desvios padratildeo

Idade (anos) Espeacutecie Miacutenima Maacutexima Ao alcanccedilar o diacircmetro limite de 50 cm

Cedrela odorata

21 74 72

Sterculia elata

22 111 47

Ocotea cymbarum

27 122 59

Hura crepitans

88 195 41

31

As quatro espeacutecies estudadas atingiram as maiores taxas de incremento

diameacutetrico corrente em idades diferentes Cedrela e Ocotea atingiram as maiores taxas

entre 11 e 12 anos e 19 e 21 anos com uma taxa meacutedia de incremento de 094 e 101

cmano respectivamente (Figura 5a e c) Sterculia obteve taxas meacutedias de incremento

de 126 cmano em idades entre 19 e 21 anos (Figuras 5b) enquanto Hura alcanccedilou

taxa meacutedia de incremento de 129 cmano em idades entre 22 e 23 anos (Figura 5d)

Cedrela e Ocotea espeacutecies de madeira pesada apresentaram taxas de incremento

diameacutetrico menores que Hura e Sterculia espeacutecies de madeira branca

D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata

C ndash Sterculia elata

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

B ndash Ocotea cymbarum

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura

32

A partir das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares entre idade-DAP foi possiacutevel

construir um modelo de crescimento em aacuterea basal para cada espeacutecie utilizando-se a

foacutermula (2) Cedrela e Ocotea atingiram suas maiores taxas em 39 e 57 anos e taxa

meacutedia de incremento de 355 e 536 cm2ano respectivamente (Figuras 6a e 6b)

Sterculia e Hura atingiram maior incremento aos 48 e 104 anos e taxa meacutedia de 700 e

1422 cm2ano respectivamente (Figura 6c e 6d) As espeacutecies de madeira branca Hura

e Sterculia apresentaram taxas de incremento em aacuterea basal mais altas que as duas

espeacutecies de madeira densa (Cedrela e Ocotea)

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

05

1

15

2

25

4

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

05

1

15

2

25

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura

33

A combinaccedilatildeo das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares das relaccedilotildees entre DAP-

altura (Figura 7) resultaram num modelo de crescimento em altura para as espeacutecies

contemplando todo ciclo de vida da planta Os maiores valores de incremento corrente

em altura de C odorata S elata O cymbarum e H crepitans corresponderam a idades

de 4 7 8 e 6 anos respectivamente e taxas maacuteximas corresponderam a 096 mano

para Sterculia 092 mano para Ocotea 061 mano para Hura e finalmente 109 mano

para Cedrela

DAP (cm) DAP (cm)

DAP (cm) DAP (cm)

Altu

ra (m

) A

ltura

(m)

C ndash Sterculia elata D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 1500

0

0

0

0

0

0 25 50 75 100 125 150

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 150 0 50 100 150

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans

34

Tabela 4 Valores de DAP e altura maacuteximos e miacutenimos do levantamento florestal seus desvios padratildeo e a aacuterea basal calculada a partir da relaccedilatildeo entre idade e DAP das espeacutecies

DAP (cm) Altura (m) Aacuterea basal meacutedia (cm2)

Espeacutecie

Maacuteximo Miacutenimo Desvio Maacutexima Miacutenima Desvio Meacutedia Cedrela odorata

656 115 140 309 90 50 273

Ocotea cymbarum

780 100 164 311 70 46 402

Sterculia elata

1300 100 349 405 66 88 516

Hura crepitans

1328 100 350 390 21 91 1127

A partir dos modelos de crescimento em altura e diacircmetro elaborados para cada

espeacutecie pocircde-se construir o modelo de crescimento em volume das mesmas segundo

a foacutermula (1) (Schoumlngart et al 2007) O periacuteodo oacutetimo de corte das aacutervores eacute o ponto

onde o incremento em volume corrente eacute maacuteximo sendo que para cada espeacutecie o pico

maacuteximo de volume corrente variou visivelmente (Figura 8)

Cedrela apresentou maiores taxas de incremento em volume corrente ao atingir

uma idade meacutedia de 45 anos (Figura 8a) Nesta idade a espeacutecie indica um DAP de 376

cm (Figura 5a) Jaacute Sterculia e Ocotea atingiram o ponto maacuteximo em incremento

corrente em volume aos 54 e 63 anos (Figuras 8b e c) quando atingem diacircmetros de

560 e 533 cm respectivamente (Figuras 5b e c) Hura em uma idade meacutedia de 125

anos apresentou os maiores valores de incremento maacuteximo corrente entre as quatro

espeacutecies (Figura 8d) atingindo diacircmetro meacutedio de 1288 cm (Figura 5d) Tanto Hura

quanto Sterculia apresentaram produccedilatildeo de madeira em volume por m3 superior as

duas espeacutecies de madeira pesada Cedrela e Ocotea

35

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento volum

eacutetrico

Incr

emen

to e

m v

olum

e (m

3 ) 0450 0

(m3ano)

Incr

emen

to e

m V

olum

e (m

3 )

Incremento volum

eacutetrico (m3ano)

Idade (anos) Idade (anos)

0

10

20

30

40

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

0 50 100 150 200

0

10

20

30

40

50

0

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

04

0 50 100 150

200 Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie

36

O ciclo de corte calculado atraveacutes da passagem meacutedia do tempo por uma classe

de DAP de 10 cm para a proacutexima ateacute atingir o diacircmetro de corte oacutetimo variou pouco

entre as espeacutecies sendo que Hura e Sterculia apresentaram ciclos de corte de 97

anos enquanto Cedrela e Ocotea apresentaram ciclos de 120 e 118 anos (Tabela 5)

Os resultados indicam que espeacutecies de madeira branca apresentam ciclos de corte

mais curtos do que as espeacutecies de madeira pesada

Tabela 5 O diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) o ciclo de corte a idade meacutedia ao atingir o diacircmetro de corte e a densidade da madeira das espeacutecies Espeacutecie DMD (cm) Ciclo de corte

(anos) Idade meacutedia ao atingir

o DMD (anos) Densidade

(gcm3) Cedrela odorata

376 120 45 052

Ocotea cymbarum

533 118 63 060

Sterculia elata

560 97 54 047

Hura crepitans

1288 97 125 039

Dados obtidos de Wittmann et al (2006b)

Aleacutem do modelo de crescimento em volume os modelos de crescimento em

altura e diacircmetro possibilitaram tambeacutem a construccedilatildeo de modelos de crescimento em

biomassa acima do solo para as espeacutecies estimado segundo a foacutermula (3)

Cedrela apresentou maior taxa de produccedilatildeo em biomassa de 26 Kgano em 45

anos (Figura 9a) ao passo que Ocotea alcanccedilou uma produccedilatildeo em biomassa maacutexima

de 52 Kgano em 63 anos (Figura 9b) Sterculia atingiu valor de 60 Kgano em 54 anos

(Figura 9c) enquanto que Hura obteve em 125 anos um valor maacuteximo de 125 Kgano

(Figura 9d) Espeacutecies de madeira branca atingiram maiores taxas de acuacutemulo em

biomassa do que as espeacutecies de madeira densa

37

D ndash Hura crepitans C ndash Ocotea cymbarum

Bio

mas

sa (M

g)

Bio

mas

sa (M

g)

Produ

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

ccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)P

roduccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

5

10

15

20

0

4

8

1

1

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

1

1

0 50 100 150 2000

5

0

5

0

0

40

80

120

160

Prod

uccedilatildeo

Biom

assa

(Kg)

0 50 100 150 200

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura)

38

6 DISCUSSAtildeO

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira

Todas as quatro espeacutecies estudadas apresentaram distintas zonas de

crescimento poreacutem com diferenccedilas quanto ao grau de distinccedilatildeo entre elas O grau de

distinccedilatildeo diminuiu na ordem seguinte C odorata O cymbarum S elata e H crepitans

o que indica uma pequena tendecircncia das espeacutecies deciacuteduas apresentarem maior

distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais como resultados encontrados por Worbes (1999) A

distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e com a

maior proximidade do centro do disco (Brienen amp Zuidema 2006) Esta variaccedilatildeo

encontrada no grau distinccedilatildeo dos aneacuteis natildeo afetou as anaacutelises dendrocronoloacutegicas

subsequumlentes

Segundo Worbes (1995) a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira resulta de

mudanccedilas sazonais favoraacuteveis e desfavoraacuteveis nas condiccedilotildees de crescimento arboacutereo

Um dos fatores principais atuando no controle do crescimento arboacutereo de florestas

tropicais eacute a variaccedilatildeo intraanual da precipitaccedilatildeo que ocasiona uma distinta estaccedilatildeo

seca e determina a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das aacutervores (Worbes 1999)

Para regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o principal fator que controla o

ritmo de crescimento nas aacutervores eacute o pulso de inundaccedilatildeo (Junk 1989) Entretanto

florestas de vaacuterzea alta natildeo satildeo alagadas anualmente devido a sua posiccedilatildeo

topograacutefica o que indicaria que o pulso anual de inundaccedilatildeo natildeo seria o principal fator

controlando os processo ecoloacutegicos nestas aacutereas Observaccedilotildees fenoloacutegicas e mediccedilotildees

da liteira (Schoumlngart et al 2008b) evidenciam que o ritmo de crescimento possa ser

39

controlado pela sazonalidade das chuvas contudo maiores estudos se fazem

necessaacuterios

A anualidade dos aneacuteis de crescimento em espeacutecies arboacutereas da Amazocircnia

permite anaacutelise de fenocircmenos ecoloacutegicos e ambientais identificaccedilatildeo e reconstruccedilatildeo das

condiccedilotildees climaacuteticas do passado como tambeacutem identificar as alteraccedilotildees naturais e

dinacircmica das populaccedilotildees (Fritts 1976 Schweingruber 1988 Worbes 1995) Aleacutem

disso a aplicaccedilatildeo das informaccedilotildees armazenadas nos aneacuteis de crescimento permite que

estudos dendrocronoloacutegicos sejam empregados com o objetivo de investigar a estrutura

etaacuteria das populaccedilotildees bem como a dinacircmica de crescimento arboacutereo em florestas

tropicais (Worbes 2002)

Desta forma a descriccedilatildeo da estrutura anatocircmica e delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

da madeira satildeo de suma importacircncia para realizaccedilatildeo das anaacutelises dendrocronoloacutegicas

e por conseguinte para a otimizaccedilatildeo do uso da floresta dando suporte para

estabelecimento de estrateacutegias de manejo florestal ao niacutevel de espeacutecie fornecendo

informaccedilotildees do histoacuterico florestal e consequumlentemente garantindo maior

sustentabiliade na utilizaccedilatildeo dos recursos madeireiros (Schoumlngart 2008)

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo

Uma das grandes questotildees a cerca do uso sustentaacutevel de florestas tropicais

envolve o crescimento e a idade das aacutervores Modelos de crescimento de espeacutecies

madeireiras nos troacutepicos ainda satildeo bastante escassos (Nebel et al 2001 Schwartz et

al 2002 Sokpon amp Biaou 2002 Nebel amp Meilby 2005 Brienen amp Zuidema 2007

Schoumlngart et al 2007) fato este atribuiacutedo a problemas de estabelecimento de uma

40

metodologia especiacutefica para determinaccedilatildeo da idade das aacutervores e taxas de

crescimento bem como a alta diversidade de espeacutecies encontrada Aleacutem disso o

atraso no avanccedilo das pesquisas de crescimento arboacutereo com base em aneacuteis na

madeira nos troacutepicos se deve ao descreacutedito na formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das

aacutervores nestas regiotildees devido agraves temperaturas terem sido consideradas praticamente

constantes durante o ano (Lieberman et al 1985 Whitmore 1990)

Atualmente a maioria das pesquisas sobre idade e crescimento de espeacutecies

tropicais eacute baseada em anaacutelises feitas em parcelas permanentes (Condit 1995)

utilizando meacutetodos de mediccedilotildees repetidas durante relativamente curtos periacuteodos de

tempo Outra metodologia para determinar a idade e taxas de incremento eacute a dataccedilatildeo

com radio-carbono (Worbes amp Junk 1999) Estas duas metodologias indicam idades

maacuteximas entre 1000 e 2000 anos (Condit et al 1995 Chambers et al 1998 Laurance

et al 2004) enquanto estudos dendrocronoloacutegicos indicam idades maacuteximas entre 500

e 600 anos (Worbes amp Junk 1999 Fichtler et al 2003)

Resultados encontrados por Chambers et al (1998) de idade estimada de 1370

anos para Carniana micrantha Ducke (Lecythidaceae) eacute considerado excepcional pois

aparentemente foi determinada de um uacutenico exemplar (Roig 2000) Dataccedilatildeo por radio-

carbono pode ser problemaacutetica entre os anos de 1650 e 1950 devido agrave variaccedilatildeo de 14C

encontrada na atmosfera neste periacuteodo Este fenocircmeno foi provocado por grandes

emissotildees de carbono por meio da queima de combustiacutevel foacutessil que ocorreram no

periacuteodo da revoluccedilatildeo industrial (Efeito de Suess) (Fichtler et al 2003) Em adiccedilatildeo o

alto custo desta metodologia natildeo permite o uso para determinaccedilatildeo de grandes

amostragens

41

A construccedilatildeo de modelos de crescimento de lenhosas com base no crescimento

em diacircmetro das espeacutecies em curtos periacuteodos de observaccedilatildeo bem como a baixa

densidade de espeacutecies comerciais encontradas em florestas tropicais na elaboraccedilatildeo de

modelos de crescimento principalmente individuos de grandes tamanhos dentro das

parcelas estudadas satildeo fatores que limitam muito esta metodologia (Clark amp Clark

1996 Nebel amp Meilby 2005) Aleacutem disso estes modelos monitoram somente uma

pequena parte da histoacuteria de crescimento das aacutervores e extrapolam estes dados das

trajetoacuterias de crescimento em diacircmetro de curtos periacuteodos para todo o ciclo de vida da

planta o que os torna simplistas e podem resultar em dados de crescimento arboacutereo e

estimativas de produccedilatildeo da madeira natildeo realistas subestimando as taxas de

crescimento e consequumlentemente superestimando a idade das aacutervores (Brienen amp

Zuidema 2006)

Ao contraacuterio destes meacutetodos de modelagem do crescimento arboacutereo a anaacutelise

dendrocronoloacutegica tem se mostrado uma importante ferramenta a qual fornece

estimativas mais acuradas da idade e do histoacuterico de crescimento arboacutereo individual

por meio da informaccedilatildeo extraiacuteda dos aneacuteis na madeira (Brienen amp Zuidema 2007) Na

anaacutelise de aneacuteis anuais para a modelagem de crescimento arboacutereo das espeacutecies satildeo

amostradas aacutervores que se estabeleceram no dossel com sucesso o que fornece

dados de crescimento em diacircmetro mais realistas e representativos do desenvolvimento

das aacutervores (Brienen amp Zuidema 2006)

Diversos estudos tecircm mostrado a grande variaccedilatildeo existente nas taxas de

crescimento tanto dentro como entre espeacutecies de florestas tropicais (Clark amp Clark

2001 Schoumlngart et al 2006 Brienen amp Zuidema 2006) Segundo Brienen amp Zuidema

(2007) estas diferenccedilas no crescimento dos indiviacuteduos ao longo da vida pode ser o

42

resultados de diversos fatores atuando em conjunto como a disponibilidade de aacutegua

clima intensidade de luz recebida forma e tamanho da copa danos e fitopatoacutegenos

assim como infestaccedilatildeo por cipoacutes e lianas Isso se reflete em variaccedilotildees de curvas

cumulativas comparando indiviacuteduos da mesma espeacutecie (Figura 3)

Os dados obtidos indicaram a ocorrecircncia de variaccedilatildeo na idade das aacutervores com

o aumento do diacircmetro Esta variaccedilatildeo intra-especiacutefica na idade das aacutervores em grandes

diacircmetros (gt de 60 cm) eacute causada principalmente pela variaccedilatildeo que ocorre na

passagem do tempo nas pequenas classes de tamanho (lt 20 cm) (Brienen amp Zuidema

2006) Desta forma o tempo necessaacuterio para que uma aacutervore de determinada espeacutecie

se estabeleccedila no dossel quando as taxas diameacutetricas geralmente aumentam devido

aos altos niacuteveis de radiaccedilatildeo solar pode variar consideravelmente

A variaccedilatildeo encontrada nos indiviacuteduos contudo natildeo impede a modelagem de

crescimento arboacutereo pois ao niacutevel das espeacutecies ocorre uma relaccedilatildeo bastante

significativa entre idade e DAP o que caracteriza a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira

uma ferramenta importante na elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo sustentaacuteveis em

florestas tropicais (Brienen amp Zuidema 2006 Schoumlngart et al 2007)

Comparando as curvas meacutedias de crescimento observa-se que espeacutecies

estudadas apresentam estrateacutegias ecoloacutegicas diferenciadas Altas taxas de incremento

em diacircmetro em espeacutecies de baixa densidade da madeira como Hura e Sterculia levam

a um raacutepido crescimento em volume enquanto que baixas taxas de incremento em

diacircmetro em Cedrela e Ocotea duas espeacutecies de madeira densa levam a um

crescimento em volume mais lento

Tanto Hura como Sterculia parecem apresentar estrateacutegias de crescimento

tiacutepicas de espeacutecies pioneiras com ciclos de vida longos (gt de 100 anos) caracterizadas

43

por altos requerimentos de luz para germinaccedilatildeo e crescimento (Swaine amp Whitmore

1988) Cedrela e Ocotea possuem caracteriacutesticas de crescimento tiacutepicas de espeacutecies

de estaacutegios cliacutemax ou tolerantes agrave sombra com capacidade de sobrevivecircncia em

longos periacuteodos de baixos niacuteveis de luminosidade e baixas taxas de crescimento

arboacutereo (Pianka 1970)

Espeacutecies com baixa densidade da madeira como Hura (039 gcm3) e Sterculia

(047 gcm3) requerem periacuteodos de 41 a 47 anos para extrapolar um diacircmetro limite de

corte de 50 cm enquanto que espeacutecies de madeira densa tais como Ocotea (060

gcm3) e Cedrela (052 gcm3) necessitam de periacuteodos entre 59 e 72 anos para

ultrapassar um diacircmetro de 50 cm Estes resultados estatildeo de acordo com Schoumlngart

(2008) que verificou a existecircncia de uma correlaccedilatildeo entre a densidade da madeira e a

idade da espeacutecie ao atingir o DMD estimado a partir das taxas de IC de volume o que

possibilita estimar o periacuteodo ideal de extraccedilatildeo para outras espeacutecies de florestas de

vaacuterzea da Amazocircnia Central em funccedilatildeo da densidade da madeira

Os resultados encontrados mostram diferenccedilas nas taxas de incremento em

diacircmetro e volume as quais refletem em diferentes ciclos de corte e DMD para as

espeacutecies indicando claramente que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico

de derrubada e ciclo de corte para toda e qualquer espeacutecie natildeo suportam a

sustentabilidade nas praacuteticas de manejo florestal atuais

Neste sentido na aplicaccedilatildeo de manejo florestal sustentado em florestas tropicais

eacute imprescindiacutevel o levantamento de informaccedilotildees a respeito das taxas de crescimento e

idade das aacutervores especiacuteficas para cada espeacutecie bem como dados de regeneraccedilatildeo e

caracteriacutesticas especiacuteficas de cada siacutetio a ser explorado pela extraccedilatildeo de produtos

madeireiros

44

63 Estrateacutegias de manejo florestal

O contiacutenuo uso das florestas de vaacuterzea para atividades de agricultura pecuaacuteria e

extraccedilatildeo da madeira tem causado grandes impactos nos recursos o que tem

ocasionado a necessidade de estabelecimento de estrateacutegias de conservaccedilatildeo e manejo

florestal destas aacutereas (Schoumlngart et al 2007) Nos uacuteltimos anos tem-se observado uma

gradual expansatildeo das atividades de manejo florestal baseada em comunidades de

pequena e meacutedia escala na busca da conversatildeo da exploraccedilatildeo manejada da floresta

em oportunidade de desenvolvimento regional (Amaral amp Amaral 2000) Projetos como

o Programa Piloto para Conservaccedilatildeo das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7) e a

Fundaccedilatildeo Floresta Tropical (FFT) tecircm buscado o desenvolvimento de projetos de

manejo florestal ao niacutevel de comunidade para diferentes aacutereas da Amazocircnia (Amaral amp

Amaral 2000)

Dentre estes modelos enquadra-se o Projeto Mamirauaacute com objetivo de proteger

as vaacuterzeas da RDSM e cuja exploraccedilatildeo segue as normas do PMFS criado pelo IDSM

em conjunto com os comunitaacuterios e baseado em normas estabelecidas pelo Instituto de

Proteccedilatildeo Ambiental do Amazonas (IPAAM) e pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA) (Lei estadual no 2416 de 22 de Agosto

de 1996)

A FAO estabelece um modelo de extraccedilatildeo dos recursos florestais funcionado

como guia para a aplicaccedilatildeo de um Manejo de Impacto Reduzido (MIR) para os recursos

florestais (Dykstra amp Heinrich 1996) Diversos estudos tecircm feito a uniatildeo entre o MIR e a

extraccedilatildeo seletiva de espeacutecies comerciais como uma estrateacutegia de manejo sustentaacutevel

visando agrave conservaccedilatildeo de florestas tropicais e diminuiccedilatildeo dos impactos causados pelo

45

manejo florestal (Vidal et al 2002 Gerwing 2002) Pesquisas tecircm mostrado os

benefiacutecios da aplicaccedilatildeo de MIR com relaccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo convencional da madeira

tanto em relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo dos custos quanto aos benefiacutecios causados pela reduccedilatildeo

dos danos agrave floresta (Barreto et al 1998 Johns et al 1996 Boltz et al 2001 Holmes

et al 2002)

Apesar dos inuacutemeros esforccedilos realizados na elaboraccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas

de exploraccedilatildeo da madeira na tentativa de conservar e reduzir danos causados as

florestas a sustentabilidade do manejo dos recursos florestais ainda natildeo foi alcanccedilada

satisfatoriamente O sucesso dos planos de manejo florestal depende principalmente da

sustentabilidade ecoloacutegica da produccedilatildeo da madeira que requer informaccedilotildees sobre taxas

de crescimento das espeacutecies comerciais (Boot amp Gullison 1995 Brienen amp Zuidema

2006) os quais ainda natildeo satildeo utilizados com frequumlecircncia em florestas tropicais

Schoumlngart (2008) desenvolveu um novo sistema de manejo sustentaacutevel da

madeira de florestas alagaacuteveis de vaacuterzea da Amazocircnia Central (GOL ndash Growth

Orientated Logging) o qual leva em consideraccedilatildeo as diferenccedilas na histoacuteria de

crescimento de espeacutecies comerciais com base em suas taxas de crescimento arboacutereo a

partir da anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira Isto representa um importante passo em

direccedilatildeo a sustentabilidade do manejo florestal praticado em florestas tropicais

Atualmente normas de exploraccedilatildeo da madeira em regiotildees tropicais as quais

estabelecem diacircmetro limite de derrubada e ciclos de corte para os sistemas de manejo

de florestas natildeo possuem nenhuma base cientiacutefica e natildeo levam em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas nas estrateacutegias de crescimento e estabelecimento bem como as

especificidades de cada regiatildeo a ser explorada Estes fatos levaram a quase eliminaccedilatildeo

de espeacutecies como C pentandra e Calophyllum brasiliense dos mercados regionais e

46

locais na Amazocircnia Ocidental Estas foram substituiacutedas por H crepitans e O

cymbarum duas espeacutecies atualmente exploradas comercialmente na regiatildeo do Meacutedio

Solimotildees (Worbes et al 2001)

Se as atuais praacuteticas de manejo florestal persistirem H crepitans e O cymbarum

poderatildeo ter o mesmo destino que C pentandra e C brasiliense Hura e Ocotea podem

desaparecer dos mercados madeireiros e novamente ocorrer a substituiccedilatildeo destas por

outras espeacutecies ainda pouco exploradas que por sua vez sofreratildeo as pressotildees de uma

extraccedilatildeo madeireira insustentaacutevel o que pode ter seacuterias consequumlecircncias ecoloacutegicas

como a perda dos recursos geneacuteticos degradaccedilatildeo da floresta quebra de cadeias

alimentares para insetos peixes mamiacuteferos etc

A extraccedilatildeo de C odorata eacute um outro exemplo de como de atual manejo de

florestas de vaacuterzea natildeo eacute adequado Esta espeacutecie foi intensamente explorada na RDSM

a ponto de reduzir drasticamente seus estoques de madeira (Ayres 1993 Pinedo-

Vasquez et al 2001) e atualmente eacute considerada uma espeacutecie ameaccedilada e excluiacuteda

da extraccedilatildeo de madeira da RDSM

A recente modificaccedilatildeo de 11 de dezembro de 2006 (IN ndeg 5) do Coacutedigo Florestal

Brasileiro abre caminhos para modificaccedilotildees do manejo florestal aplicado atualmente na

Amazocircnia Brasileira O ciclo de corte no PMFS Pleno varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3ha Espeacutecies com baixa intensidade da madeira (menos

de 10 msup3 por ha) podem ter um ciclo de corte de 10 anos sendo que para florestas de

vaacuterzea a produccedilatildeo pode exceder 10 msup3 por ha poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3

aacutervores por ha

Levando-se em consideraccedilatildeo os dados de distribuiccedilatildeo diameacutetrica fornecidos pelo

Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM observa-se que a espeacutecie O cymbarum

47

apresentaram um padratildeo de distribuiccedilatildeo diameacutetrica do tipo J invertido apresentando

um decreacutescimo da densidade de aacutervores com o aumento do diacircmetro A distribuiccedilatildeo

diameacutetrica de O cymbarum se concentrou nas classes diameacutetricas de 20 a 100 cm

(Figura 10)

Foi possiacutevel encontrar indiviacuteduos na maioria das classes diameacutetricas em Hura

crepitans atingindo densidade maacutexima de 05 indiviacuteduos por ha na classe diameacutetrica de

110 cm A alta densidade de indiviacuteduos em classes diameacutetricas anteriores e posteriores

a classe de 50 cm e os altos valores de volume de madeira de H crepitans sugerem que

esta espeacutecie tem grande potencial para exploraccedilatildeo madeireira dentro da RDSM

Entretanto a derrubada de indiviacuteduos com diacircmetros nas classes entre 50 e 120 cm

permitidas por lei eacute problemaacutetica pois estaratildeo sendo extraiacutedas aacutervores que ainda natildeo

alcanccedilaram a sua produccedilatildeo oacutetima de madeira (Figura 8d)

Marinho (2008) ao analisar a estrutura populacional de espeacutecies como H

crepitans O cymbarum e S elata ocorrendo em florestas de vaacuterzea do setor Jarauaacute da

RDSM observou que estas espeacutecies apresentam baixa densidade de indiviacuteduos em

classes diameacutetricas acima de 50 cm (28 13 e 05 indha respectivamente) sendo

que Hura e Sterculia apresentam uma baixa taxa de estabelecimento visiacutevel pelo

pequeno nuacutemero de indiviacuteduos observados em classes diameacutetricas baixas

Os ciclos de corte entre 10 e 12 anos determinados para as espeacutecies neste

trabalho satildeo valores proacuteximos ao permitido pelas normas de manejo florestal da IN ndeg 5

(ciclo de corte de 10 anos) Entretanto aplicando-se um diacircmetro de derrubada limite

de 50 cm pode natildeo ser sustentaacutevel para espeacutecies como Sterculia e Cedrela

considerando-se a abundacircncia destas espeacutecies na regiatildeo Considerando-se a

48

abundacircncia de Hura e Ocotea o manejo pode ser sustentaacutevel se considerar os DMDs

determinados para cada espeacutecie neste estudo

igura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999

Inventaacuterio florestal de Mamirauaacute (1999 - 2000)

00

02

04

06

08

10

12

14

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

gt 2

Classes diameacutetricas (m)

Den

sida

de d

e aacuter

vore

s po

r ha

Sterculia elataHura crepitansOcotea cymbarumCedrela odorata

Fa 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM

49

Os resultados mostram que tanto Hura quanto Sterculia apresentaram taxas de

crescimento arboacutereo relativamente raacutepidas o que as torna espeacutecies potenciais para

recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e reflorestamento Jaacute Ocotea e Cedrela duas

espeacutecies de madeira densa apresentaram taxas mais lentas de crescimento arboacutereo

Ocotea eacute uma espeacutecie cuja madeira eacute frequumlentemente utilizada pelas

comunidades ribeirinhas na construccedilatildeo de casas moacuteveis e taacutebuas Cedrela eacute uma

espeacutecie bastante valorizada no mercado madeireiro chegando a custar R$ 12000m3

no ano de 2004 na regiatildeo do alto Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a) Isto faz com

que reflorestamentos com Cedrela venham a ser um importante caminho para o

enriquecimento dos estoques de madeira visando o aumento das populaccedilotildees desta

espeacutecie Atraveacutes de um manejo florestal sustentaacutevel comunidades ribeirinhas podem se

beneficiar com produtos madeireiros de alta qualidade e de valor comercial

Os efeitos positivos da liberaccedilatildeo do dossel sobre as taxas de incremento em

diacircmetro observados em espeacutecies de madeira densa (Kammesheidt et al 2003)

indicam que as taxas de crescimento arboacutereo encontradas em Cedrela poderiam ser

aceleradas atraveacutes de aplicaccedilatildeo deste tipo de tratamento silvicultural Entretanto devem

ser realizados mais estudos a respeito das estrateacutegias de regeneraccedilatildeo da espeacutecie

dentro da reserva

Os resultados indicam que um ciclo de corte de 25 anos eacute inadequado para

execuccedilatildeo de manejo florestal sustentaacutevel das quatro espeacutecies estudadas Todas

apresentaram ciclos de corte inferiores (entre 10 e 12 anos) ao valor exigido por lei

indicando que estes recursos madeireiros natildeo estatildeo sendo manejados eficazmente A

IN no 5 permite a aplicaccedilatildeo de ciclo de corte inicial de 10 anos com volume maacuteximo de

10 msup3ha ou mais com retirada de apenas 3 aacutervores por ha para manejos de baixa

50

intensidade Com isso eacute possiacutevel manejar de forma mais adequada os estoques de

Ocotea e Hura aplicando ciclos de corte de 12 e 10 anos respectivamente utilizando

contudo os DMDs aqui determinados para manejo florestal mais especiacutefico garantindo

assim a sustentabilidade do uso da madeira destas espeacutecies dentro da reserva

Todavia eacute necessaacuteria a garantia de que ao retirar aacutervores de determinada espeacutecie em

dado local seja feito estabelecimento de indiviacuteduos de mesma espeacutecie

A distribuiccedilatildeo diameacutetrica de Hura mostra ampla distribuiccedilatildeo de aacutervores na

maioria das classes diameacutetricas Contudo o modelo de crescimento da espeacutecie mostra

que em classes diameacutetricas entre 50 e 130 cm natildeo foi atingida produccedilatildeo maacutexima de

madeira Neste sentido ao retirar aacutervores com diacircmetros acima de 130 cm ainda

restaratildeo aacutervores suficientes nas classes inferiores para garantir renovaccedilatildeo dos

estoques extraiacutedos as quais permitem a garantia de produccedilatildeo de diaacutesporos para a

regeneraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da produtividade maacutexima da espeacutecie otimizando a exploraccedilatildeo

da madeira de Hura

O mesmo deve valer para Ocotea e Sterculia Poreacutem a regeneraccedilatildeo destas

espeacutecies deve ser assegurada o que implica em execuccedilatildeo de estudos ecologia da

populaccedilatildeo particularmente de regeneraccedilatildeo e estabelecimento levando-se em

consideraccedilatildeo a influecircncia de fatores ambientais (solo clima disponibilidade de luz

inundaccedilatildeo etc)

51

64 Desafios futuros

Os resultados do presente trabalho mostram que o atual criteacuterio de manejo

florestal que estabelece ciclo de corte e diacircmetro limite para corte uacutenicos extraccedilatildeo de 5

aacutervores por ha natildeo se mostra eficaz na garantia de manutenccedilatildeo dos estoques de

madeira para exploraccedilotildees subsequumlentes o que torna estes criteacuterios inviaacuteveis para

conservaccedilatildeo da biodiversidade por meio de manejos florestais sustentaacuteveis em

florestas de vaacuterzea Aleacutem disso a ausecircncia de informaccedilotildees a respeito dos processos

que envolvem a dinacircmica e ecologia de florestas alagaacuteveis na elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo eacute um fator agravante na questatildeo da insustentabilidade da

exploraccedilatildeo dos recursos florestais em florestas de vaacuterzea

Ciclos de corte da madeira soacute possibilitam sustentabilidade se as espeacutecies

extraiacutedas conseguem se regenerar e estabelecer dentro da floresta garantindo

estoques de madeira para as proacuteximas extraccedilotildees Uma importante questatildeo eacute a

ausecircncia de dados baacutesicos de estrutura populacional e estabelecimento e regeneraccedilatildeo

de florestas tropicais para subsidiar planos de manejo florestal principalmente em

florestas de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia

Pesquisas tecircm sido feitas no sentido de investigar a influecircncia do pulso de

inundaccedilatildeo condiccedilotildees de luz suprimento de nutrientes e disponibilidade de aacutegua no

estabelecimento de sementes e placircntulas em aacutereas alagaacuteveis (Parolin 2001 Wittmann

amp Junk 2003 Ferreira et al 2005) Wittmann amp Junk (2003) enfatizam importacircncia de

novos estudos focando os processos de germinaccedilatildeo crescimento e taxa de

mortalidade de placircntulas de espeacutecies exploradas comercialmente e suas relaccedilotildees com

fatores do ambiente como luz e inundaccedilatildeo

52

Produtos florestais natildeo madeireiros tambeacutem devem ser levados em consideraccedilatildeo

na elaboraccedilatildeo de planos de manejo de florestas de vaacuterzea Diversos produtos tais

como resinas oacuteleos frutos fibras tecircxteis taninos e produtos medicinais satildeo extraiacutedos

de espeacutecies encontradas nas florestas de vaacuterzea (Wittmann et al 2006b) o que

demonstra o alto potencial destas florestas para este tipo de exploraccedilatildeo dos recursos

Novos modelos de exploraccedilatildeo madeireira que levam em consideraccedilatildeo o

crescimento e idade das aacutervores estatildeo sendo criados (Schoumlngart et al 2003 Brienen

amp Zuidema 2006 Schoumlngart 2007 2008) Mas o desafio de converter dados de

pesquisas cientiacuteficas em poliacuteticas puacuteblicas ainda eacute grande O caminho ainda eacute longo e

espera-se que a partir desta mudanccedila da IN ndeg de 2006 o qual permite a alteraccedilatildeo do

diacircmtro limite de corte e ciclo de corte atualmente requeridos para o manejo florestal

com base em pesquisas cientiacuteficas abra portas para a elaboraccedilatildeo de manejos

florestais especiacuteficos e sustentaacuteveis e consequumlentemente possibilitem que o quadro de

exploraccedilatildeo da madeira venha a se modificar com o tempo nas florestas alagaacuteveis da

Amazocircnia brasileira

7 CONCLUSOtildeES

As quatro espeacutecies estudadas apresentam diferenccedilas nas taxas de crescimento

arboacutereo Isto implica que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico de

derrubada e ciclo de corte para estas espeacutecies natildeo garantem a manutenccedilatildeo dos

estoques de madeira na floresta e portanto natildeo satildeo sustentaacuteveis

O DMD sugerido para Hura eacute de 130 cm quando a espeacutecie atinge sua produccedilatildeo

oacutetima de madeira possibilitando o aproveitamento maacuteximo do recurso bem como a

53

permanecircncia de indiviacuteduos em idade reprodutiva e consequumlente reposiccedilatildeo dos

estoques desta espeacutecie

Os resultados mostram que para C odorata uma espeacutecie com baixa densidade

de indiviacuteduos na reserva o DMD encontrado foi inferior a 50 cm (3760 cm) o que

demonstra a necessidade de aplicaccedilatildeo de tratamentos de enriquecimento de indiviacuteduos

para reposiccedilatildeo dos estoques para futuras exploraccedilotildees

Para O cymbarum e S elata DMDs sugeridos satildeo de 53 e 56 cm

respectivamente dentro do diacircmetro limite estabelecido por lei No entanto a baixa

densidade de indiviacuteduos encontrada em S elata indica tambeacutem a importacircncia de

aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais de enriquecimento para esta espeacutecie atingir

niacuteveis manejaacuteveis de seus estoques madeireiros

Os ciclos de corte variaram entre 10 anos para as espeacutecies de madeira branca e

12 anos para as espeacutecies de madeira pesada Entretanto deve ser ressaltada a

importacircncia do uso de DMD aqui sugeridos para cada espeacutecie objetivando a garantia da

manutenccedilatildeo dos estoques das mesmas

A dendrocronologia se mostrou uma ferramenta bastante uacutetil na aplicaccedilatildeo de

modelos de crescimento arboacutereo com intuito de contribuir para elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo florestal que suportam maior sustentabilidade do uso dos

recursos florestais Contudo maiores estudos para compreensatildeo da estrutura das

populaccedilotildees crescimento e reproduccedilatildeo das espeacutecies madeireiras de florestas de vaacuterzea

devem ser realizados

54

8 REFEREcircNCIAS

Achard F Eva HD Stibig Hans-Juumlrgen Mayaux P Gallego J Richards T

Malingreau Jean-Paul 2002 Determination of Deforestation Rates of the Worlds

Humid Tropical Forests Science 297(5583) 999 ndash 1002

Alencar A Nepstad D McGrath D Moutinho P Pacheco P Del Carmen M Diaz

V Soares ndash Filho BS 2004 Desmatamento na Amazocircnia indo aleacutem da

emergecircncia crocircnica Ipamhttpwwwipamorgbrpublicacoeslivrosresumo_des

matamentophp

Albernaz AL amp Ayres JM 1999 Selective Logging along the Middle Solimotildees River

In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash

Diversity Development and Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains

New York NYBG Press

Amaral P amp Amaral MN 2000 Manejo florestal comunitaacuterio na Amazocircnia brasileira

situaccedilatildeo atual desafios e perspectivas Brasiacutelia DF Instituto Internacional de

Educaccedilatildeo do Brasil (IIEB) 58 pp

Anderson A Mousasticoshvily I Macedo D 1999 Logging of Virola surinamensis in

the Amazon Floodplain Impacts and alternatives In Padoch C Ayres J M

Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and

Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Asner GP Knapp DE Broadbent EN Oliveira PJC Keller M Silva JNM

2005 Selective logging in the Brazilian Amazon Science 310 480 ndash 482

Ayres JM 1993 As matas de vaacuterzea do Mamirauaacute MCTCNPqSociedade Civil

Mamirauaacute Brasiacutelia Distrito Federal 123 pp

Barreto P Amaral P Vidal E Uhl C 1998 Costs and benefits of forest

management for timber production in eastern Amazonia Forest Ecology and

Management 108 (1ndash2) 9 ndash 26

Barros AC amp Uhl C 1995 Logging along the Amazon River and estuary Patterns

problems and potential Forest Ecology and Management 77 87ndash105

Barros AC amp Uhl C 1999 The economic and social significance of logging operations

on the Floodplains of the Amazon estuary and prospects for ecological

55

sustainability In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A

(eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and Conservation of Amazonias

Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Boltz F Carter DR Holmes TP Pereira RJr 2001 Financial returns under

uncertainty for conventional and reduced impact logging in permanent production

forests of the Brazilian Amazon Ecological Economics 39 387 ndash 398

Borchert R Rivera G Hagnauer W 2002 Modification of vegetative phenology in a

tropical semideciduous forest by abnormal drought and rain Biotropica 34 27 ndash

39

Bormann FH amp Berlyn G 1981 Age and growth rate of tropical trees new directions

for research Yale University School of Forestry and Environmental Studies

Bulletin New Haven

Boot RGA amp Gullison RE 1995 Aprporaches to developing sustainable extraction

systems for tropical forest products Ecological Applications 5(4) 896 ndash 903

Brienen RJW amp Zuidema PA 2005 Relating tree growth to rainfall in Bolivian rain

forests a test for six species using tree ring analysis Oecologia 146(1) 1 ndash 12

Brienen RJW amp Zuidema PA 2006 Lifetime growth patterns and ages of Bolivian

rain forest trees obtained by tree ring analysis Journal of Ecology 94 481 ndash 493

Brienen RJW amp Zuidema PA 2007 Incorporating persistent tree growth differences

increases estimates of tropical timber yield The Ecological Society of America

Frontiers in Ecology and the Environment 5(6) 302 ndash 306

Cannell MGR 1984 Woody biomass of forest stands Forest Ecology and

Management 8 (3 ndash 4) 299 ndash 312

Carvalho G Barros AC Moutinho P Nepstad D 2001 Sensitive Development

Could Protect Amazonia Instead of Destroying It Nature 409 131

Chave J Andalo C Brown S Cairns MA Chambers JQ Eamus D Foumllster H

Fromard F Higuchi N Kira T Lescure J-P Nelson BW Ogawa H Puig

H Rieacutera B Yamakura T 2005 Tree allometry and improved estimation of

carbon stocks and balance in tropical forests Oecologia 145 87 ndash 99

Chambers JQ Higuchi N Schimel JP 1998 Ancient trees in Amazonia Nature 39

135 ndash 136

56

Cintron BB 1990 Cedrela odorata L Cedro hembra Spanish cedar In Burns RM

Honkala BH (eds) Silvics of North America 2 Hardwoods Agric Handb

Washington DC US Department of Agriculture Forest Service 654 250 ndash 257

Clark DB amp Clark DA 1996 Abundance growth and mortality of very large trees in

neotropical lowland rain forest Forest Ecology and Management 80 235 ndash 244

Clark DA Clark DB 2001 Getting to the canopy Tree height growth in a neotropical

rain forest Ecology 82 1460 ndash 1472

Condit R 1995 Research in large long-term tropical forest plots Tree 10 18 ndash 22

Condit R Hubbel SP Foster RB 1995 Demography and harvest potential of Latin

American timber species data from a large permanent plot in Panama Journal of

Tropical Forest Science 7 599 ndash 622

De Graaf NN Filius AM Huesca Santos AR 2003 Financial analysis of sustained

forest management for timber Perspectives for application of the CELOS

management system in Brazilian Amazonia Forest Ecology and Management

177 287 ndash 299

Denevan WM 1976 The aboriginal population of Amazonia In Denevan W M (ed)

The native population of the Americas in 1492 The University of Wisconsin Press

205 ndash 234

De Simone O Junk WJ Schmidt W 2003 Central Amazon Floodplain Forests Root

Adaptations to Prolonged Flooding Russian Journal of Plant Physiology 50(6)

848 ndash 855

Dezzeo N Worbes M Ishii I Herrera R 2003 Growth rings analysis of four tropical

tree species in seasonally flooded forest of the Mapire River a tributary of the

lower Orinoko River Venezuela Plant Ecology 168 165 ndash 175

Duumlnisch O Montoia VR Bauch J 2003 Dendroecological investigations on

Swietenia macrophylla King and Cedrela odorata L (Meliaceae) in the Central

Amazon Trees ndash Struct Funct 17 244 ndash 250

Dykstra JA amp Heinrich R 1996 FAO model code of forest harvesting practice Food

and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) Rome Italy

Eckstein D Sass U Baas P 1995 Growth periodicity in tropical trees IAWA Journal

16 325 ndash 442

57

Enquist BJ Leffler AJ 2001 Long-term tree ring chronologies from sympatric tropical

dry-forest trees individualistic responses to climatic variation Journal of Tropical

Ecology 17 41 ndash 60

Enright NJ Hartshorn GS 1981 The demography of tree species in undisturbed

tropical rainforest In Bormann FH Berlyn G (eds) Age and growth rate of

tropical trees new directions for research Yale University School of Forestry and

Environmental Studies 94 107 ndash 119

Fearnside PM 1999 Biodiversity as an environmental service in Brazilacutes Amazonian

forests risks value and conservation Environmental Conservation 26 305 ndash 321

Ferreira LV 1991 O efeito do periacuteodo de inundaccedilatildeo na zonaccedilatildeo de comunidades

fenologia e regeneraccedilatildeo em uma floresta de Igapoacute na Amazocircnia Central Masterrsquos

Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 161 pp

Fichtler E Clark DA Worbes M 2003 Age and long-term growth of trees in an old-

growth tropical rain forest based on analyses of tree rings and C-14 Biotropica

35 306 ndash 317

Fichtler E Trouet V Beeckman H Coppin P Worbes M 2004 Climatic signals in

tree rings of Burkea africana and Pterocarpus angolensis form semiarid forests in

Namibia Trees 18 442 ndash 451

Francis J K 1990 Hura crepitans L Sandbox molinillo jabillo In SO-ITF-SM-38 New

Orleans LA US Department of Agriculture Forest Service Southern Forest

Experiment Station 270 ndash 274

Fritts HC 1976 Tree rings and climate London - Academic Press 567 pp

Furch K 1984 Water chemistry of the Amazon Basin The distribution of chemical

elements among freshwaters In Sioli H (ed) The Amazon Limnology and

Landscape Ecology of a Mighty Tropical River and its Basin Junk Publishers

Dordrecht 176 ndash 200

Furch K 1997 Chemistry of Vaacuterzea and Igapoacute soils and nutrient inventory of their

floodplain forests In Junk WJ (ed) The Central Amazon Floodplains Ecology of

a Pulsing System Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 47 ndash 67

58

Gama JRV Bentes ndash Gama M de Matos Scolforo JRS 2005 Sustainable

management for floodplain forest in eastern Amazonian Rev Aacutervore 29(5) 719 ndash

729

Gerwing JJ 2002 Degradation of forests through logging and fire in the eastern

Brazilian Amazon Forest Ecology and Management 157 131 ndash 141

Gourlay ID 1995 The definition of seasonal growth zones in some African Acacia

species ndash A review IAWA Journal 16 353 ndash 359

Hartshorn GS 1995 Ecological basis for sustainable development in tropical forests

Annual Review of Ecology and Systematics 26 155 ndash 175

Higuchi N Hummel AC Freias JV Malinowski JRE Stokes R 1994

Exploraccedilatildeo florestal nas vaacuterzeas do Estado do amazonas seleccedilatildeo de aacutervore

derrubada e transporte Proceedings of the VII Harvesting and Transportation of

timber Products IUFROUFPR Curitiba Brasil 168 ndash 193

Holmes TP Blate GM Zweede JC Pereira R Barreto P Boltz F Bauch R

2002 Financial and ecological indicators of reduced impact logging performance in

the eastern Amazon Forest Ecology and Management 163 93 ndash 110

IBGE 2000 Censo Demograacutefico 2000 Resultados Preliminares Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Rio de Janeiro 172 pp

Irion G Junk WJ Mello JASN 1997 The large Central Amazonian river floodplain

near Manaus geological climatological hydrological and geomorphological

aspects In the Central Amazonian Floodplains Ecology of a Pulsing System

Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 23 ndash 46 Johns JS Baretto P Uhl C 1996 Logging damage during planned and unplanned

logging operations in the eastern Amazon Forest Ecology and Management 89

59 ndash 77

Junk WJ 1989 Flood tolerance and tree distribution in Central Amazonian floodplains

In Nielsen LB Nielsen IC Baisley H (eds) Tropical Forests Botanical

Dynamics Speciation and Diversity Academic Press London 47 ndash 64

Junk WJ Bayley PB Sparks RE 1989 The flood pulse concept in foodplain

systems In Dodge DP (eds) Proceedings of the International Large River

Symposium Cen Spec Publ Fish Aquat Sci 106 110 ndash 127

59

Junk WJ amp Piedade MTF 1997 Plant life in the floodplain with special reference to

herbaceous plants In The central Amazon Floodplain Ecology of a Pulsing

system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 147 ndash 185

Kammescheidt L Gagang AA Schwarzwaller W Weidelt H 2003 Growth patterns

of dipterocarps in treated and untreated plots Forest Ecology and Management

174 437 ndash 445

Kubitzki K amp Zibursk A 1994 Seed dispersal in flood plain forests of Amazonia

Biotropica 26(1) 30 ndash 43

Lambin EF Geist HJ Lepers E 2003 Dynamics of land-use and land-cover change

in tropical regions Annual Review of Environment and Resources 28 205 ndash 41

Lamprecht H 1989 Silviculture in the tropics tropical forest ecosystems and their tree

species - possibilities and methods for their long-term utilization GTZ Eschborn

Laurance WF Nascimento HEM Laurance SG Condit R DAngelo S

Andrade A 2004 Inferred longevity of Amazonian rainforest trees based on a

long-term demographic study Forest Ecology and Management 190 131 ndash 143

Lieberman D Lieberman M Hartshorn G Peralta R 1895 Growth rates and age-

size relationships of Tropical Wet Forest trees in Costa Rica

Journal of Tropical Ecology 1(2) 97 ndash 109

Lima JRA amp Santos Joaquim dos Higuchi N 2005 Situaccedilatildeo das induacutestrias

madeireiras do Estado do Amazonas em 2000 Acta Amazonica 35(2) 125 ndash 132

Loureiro AA amp Silva MF da 1968 Cataacutelogo das madeiras da Amazocircnia Beleacutem

INPA 1 ndash 2

Margulis S 2003 Causas do desmatamento da Amazocircnia brasileira Brasiacutelia Banco

Mundial 100 pp

Marinho TA da S 2008 Distribuiccedilatildeo e estrutura da populaccedilatildeo de quatro espeacutecies

madeirerias em uma floresta sazonalmente alagaacutevel na Reserva de

desenvolvimento sustentaacutevel Mamirauaacute Amazocircnia Central Masterrsquos Thesis

Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 71 pp

Marques CA 2001 Importacircncia econocircmica da famiacutelia Lauraceae Lindl Floresta e

Ambiente 8(1) 195 ndash 206

60

Martini A Arauacutejo R N Uhl C 1998 Espeacutecies de Aacutervores Potencialmente

Ameaccediladas pela Atividade Madeireira na Amazocircnia Imazon Beleacutem Brazil Seacuterie

Amazocircnia Ndeg 11

Nebel G amp Kvist LP 2001 A review of Peruvian flood plain forests ecosystems

inhabitants and resource use Forest Ecology and Management 150 3 ndash 26

Nebel G Dragsted J Simonsen TR Vanclay JK 2001 The Amazon floodplain

forest tree Maquira coriacea (Karsten) CC Berg Aspects of ecology and

management Forest Ecology and Management 150 103 ndash 113

Nebel G amp Meilby H 2005 Growth and population structure of timber species in

Peruvian Amazon flood plains Forest Ecology and Management 215 1 ndash 3

Nepstad D Carvalho G Barros AC Alencar A Capobianco J Bishop J

Moutinho P Lefebvre P Silva U 2001 Road Paving Fire Regime Feedbacks

and the Future of Amazon Forests Forest Ecology and Management 5524 1 ndash 13

Nutto L Watzlawick LF 2002 Relaccedilotildees entre fatores climaacuteticos e incremento em

diacircmetro de Zanthoxylum rhoifolia Lam e Zanthoxylum hyemale St Hil Na regiatildeo

de Santa Maria RS Embrapa Florestas Bol Pesq Fl Colombo PR 45 41 ndash 55 Ohly JJ 2000 Development of central Amazonia in the modern era In Junk WJ

Ohly JJ Piedade MTF Soares MGM (eds) The Central Amazon

Floodplain Actual Use and Options for Sustainable Management Backhuys

Publisher Leiden 75 ndash 94

Parolin P 2001 Morphological and physiological adjustments to waterlogging and

drought in seedlings of Amazonian floodplain trees Oecologia 128 326-335

Parolin P 2002 Bosques inundados en la Amazonia Central Su aprovechamiento

actual y potencial Ecologia Aplicada 1(1) 111 ndash 114

Parolin P De Simone O Haase K Waldhoff D Rottenberger S Kuhn U

Kesselmeier J Kleiss B Schmidt W Piedade MTF Junk WJ 2004 Central

Amazonian floodplain forests tree adaptations in a pulsing system The Botanical

Review 70(3) 357 ndash 380

Piedade MTF Junk WJ Parolin P 2000 The flood pulse and photosynthetic

response of tree in a white water floodplain (Vaacuterzea) of Central Amazon Brazil

Verhandlungen der Internationalen Vereinigung fuumlr Limnologie 27 1734 ndash 1739

61

Piedade MTF 1985 Ecologia e biologia reprodutiva de Astrocaryum jauari Mart

(Palmae) como exemplo de populaccedilatildeo adaptada agraves aacutereas inundaacuteveis do Rio Negro

(igapoacutes) Masterrsquos Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo

Universidade do Amazonas Manaus Amazonas 188 pp

Piedade MTF Junk WJ Adis J Parolin P 2005 Ecologia zonaccedilatildeo e colonizaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo arboacuterea das Ilhas Anavilhanas Pesquisas Botacircnica 56 117 ndash 143

Pinedo-Vasquez M Zarin DJ Coffey K Padoch C Rabelo F 2001 Post-boom

logging in Amazonia Human Ecology 29 219ndash239

Prance GT 1980 A terminologia dos tipos de florestas Amazocircnicas sujeitos agrave

inundaccedilatildeo Acta Amazonica 10 495 ndash 504

Prance GT 1989 American Tropical Forests In Lieth H Weger MJA (eds)

Tropical Rain Forest Ecossistems Ecossistems of the World Elsevier Amsterdam

14 99 ndash 132

Putz FE Blate GM Redford KH Fimbel R Robinson J 2001 Tropical forest

management and conservation of biodiversity an overview Conservation Biology

15 7ndash20

Queiroz H 2005 A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute Estudos

Avanccedilados 19(54) 183 ndash 203

Revilla JDC 1981 Aspectos floriacutesticos e fitossocioloacutegicos da floresta inundaacutevel

(igapoacute) Praia Grande Rio Negro Amazonas Brasil Masterrsquos Thesis Instituto

Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do Amazonas

Manaus Amazonas 129 pp

Ribeiro RNS Tourinho MM Santana AC 2004 Avaliaccedilatildeo da sustentabilidade

agroambiental de unidades produtivas agroflorestais em Vaacuterzeas fluacutevio marinhas

de Cametaacute - Paraacute Acta Amazonica 34(3) 359 ndash 374

Roig FA 2000 Dendrocronologiacutea en los bosques del Neotroacutepicos revisioacuten y

prospeccioacuten futura In Dendrocronologiacutea en america Latina Roig F A (ed)

Mendoza EDIUNC 307 ndash 355

Sass U Killmann W Eckstein D 1995 Wood formation in two species of

dipterocarpaceae in Peninsular Malaysia IAWA Journal 16 371 ndash 384

62

Schoumlngart J 2003 Dendrochronologische Untersuchungen in

Uumlberschwemmungswaumlldern der vaacuterzea Zentralamazoniens PhD Thesis Fakultaumlt

fuumlr Forstwissenschaften und Waldoumlkologie Universitaumlt Goumlttingen 223 pp

Schoumlngart J 2008 GrowthndashOrientated Logging (GOL) A new concept towards

sustainable forest management in Central Amazonian vaacuterzea floodplains Forest

Ecology and Management (Aceito)

Schoumlngart J Piedade MTF Ludwigshausen S Horna V Worbes M 2002

Phenology and stem-growth periodicity of tree species in Amazonian floodplain

forests Journal of Tropical Ecology 18 581 ndash 597

Schoumlngart J Piedade MTF Worbes M 2003 Successional differentiation in

structure floristic composition and wood increment of whitewater Floodplain

Forests in Central Amazonia German-Brazilian Workshop on Neotropical

Ecosystems ndash Achievements and Prospects of Cooperative Research Hamburg 3

ndash 8

Schoumlngart J Junk WJ Piedade MTF Ayres JM Huumlttermann A Worbes M

2004 Teleconnection between tree growth in the Amazonian floodplains and the El

Nintildeo-Southern Oscillation effect Global Change Biology 10 683 ndash 692

Schoumlngart J Piedade MTF Wittmann F Junk WJ Worbes M 2005 Wood

growth patterns of Macrolobium acaciifolium (Benth) (Fabaceae) in Amazonian

black-water and white-water Floodplain Forests Oecologia 145 454 ndash 461

Schoumlngart J Orthmann B Hennenberg KJ Porembski S Worbes M 2006

Climate ndash growth relationships of tropical tree species in West Africa and their

potential for climate reconstruction Global Change Biology 12 1139 ndash 1150

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M Piedade MTF Krambeck H-J Junk WJ

2007 Management criteria for Ficus insipida Willd (Moraceae) in Amazonian white

ndash water floodplain forests defined by tree ndash rings analysis Annals of Forest

Science 64 657 ndash 664 Schoumlngart J Rocha RM Queiroz HL 2008a Traditional timber extraction in the

central Amazonian floodplains In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

63

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M 2008b Biomass and net primary production of

central Amazonian floodplain forests In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-Verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Swaine MD Whitmore TC 1988 On the definition of ecological species groups in

tropical rain forests Vegetatio 75 81 ndash 86

Schwartz MW Caro TM Banda-Sakala T 2002 Assessing the sustainability of

harvest of Pterocarpus angolensis in Rukwa Region Tanzania Forest Ecology and

Management 170 259 ndash 269

Schweingruber FH 1988 Tree rings Reidel Dordrecht 276 pp

Sioli H amp Klinge H 1962 Solos tipos de vegetaccedilatildeo e aacuteguas na Amazocircnia Boletim

Museu Paraense Emilio Goeldi 1 27 ndash 41

Sioli H 1984 Former and recent utilizations of Amazonia and their impact on the

environment In The Amazon Sioli H (ed) Junk Publishers Dordrecht 675 ndash

706

Sioli H 1991 Amazocircnia Fundamentos da ecologia da maior regiatildeo de florestas

tropicais Editora Vozes Petroacutepolis Rio de Janeiro 3 ed 71 pp

Sociedade Civiacutel Mamirauaacute 1996 Mamirauaacute Management Plan (summarized version)

Brasiacutelia SCM CNPqMCT

Sokpon N amp Biaou SH 2002 The use of diameter distributions in sustained-use

management of remnant forests in Benin case of Bassila forest reserve in North

Benin Forest Ecology and Management 161 13 ndash 25

Sombroek WG 1979 Soils of the Amazon region and their ecological stability ISM

Annual Report 13 ndash 27

Smeraldi R 2003 Legalidade predatoacuteria ndash o novo contexto da exploraccedilatildeo madeireira

na Amazocircnia In MACQUEEN DJ (ed) Exportando sem crises a induacutestria de

madeira tropical brasileira e os mercados internacionais IIED Small and Medium

64

Enterprise Series London International Institute for Environment and

Development 1 37 ndash 52

Spiecker H 2002 Tree rings and forest management in Europe Dendrochronologia

20(1-2) 191 ndash 202

Stadtler EWC 2007 Estimativas de biomassa lenhosa estoque e sequumlestro de

carbono acima do solo ao longo do gradiente de inundaccedilatildeo em uma floresta de

igapoacute alagada por aacutegua preta na Amazocircnia Central MSc thesis INPAUFAM

Manaus BrazilStahle DW 1999 Useful strategies for the development of tropical

tree-ring chronologies IAWA Journal 20 249 ndash 253

Takeuchi M 1962 The structure of the amazonian vegetation VI Igapoacute Journal of the

Faculty Science University of Tokyo 8(4 ndash 7) 297-304

Ter Steege H Pitman N Sabatier D Castellanos H Vander Hout P Daly DC

Silveira M Phillips OL Vasquez R Van Andel T Duivenvoorden J De

Oliveira AA Ek R Lilwah R Thomas R Van Essen J Baider C Maas P

Mori S Terborgh J Nueacutez PV Mogolloacute n H Morawetz W 2003 A spatial

model of tree adiversity and b-density for the Amazon Region Biodiversityand

Conservation 12 2255 ndash 2277

Therrell MD Stahle DW Ries LP Shugart HH 2006 Tree-ring reconstructed

rainfall variability in Zimbabwe Climate Dynamics 26 677 ndash 685

Uhl C Barreto P Verissiacutemo A Vidal E Amaral P Barros AC Souza C Johns

J Gerwing J 1997 Natural Resource Management in the Brazilian Amazon

Bioscience 47(3) 160 ndash 168

Vidal E Viana VM Batista JLF 2002 Crescimento de floresta tropical trecircs anos

apoacutes colheita de madeira com e sem manejo florestal na Amazocircnia oriental

Scientia forestalis 61133-143

Waldholff D Junk WJ Furch B 1998 Responses of three Central Amazonian tree

species to drought and flooding under controlled conditions International Journal of

Ecological and Environments Sciences 24 237 ndash 252

Wittmann F amp Parolin P 1999 Phenology of six tree species from Central Amazonian

Vaacuterzea Ecotropica 5 51 ndash 57

65

Wittmann F Anhuf D Junk WJ 2002 Tree species distribution and community

structure of central Amazonian Vaacuterzea forests by remote-sensing techniques

Journal of Tropical Ecology 18 805 ndash 820

Wittmann F amp Junk WJ 2003 Sapling communities in Amazonian white-water forests

Journal of Biogeography 30(10) 1533 ndash 1544

Wittmann F Junk WJ Piedade MTF 2004 The Vaacuterzea forests in Amazonia

flooding and the highly dynamic geomorphology interact with natural forest

succession Forest Ecology and Management 196 199 ndash212

Wittmann F Schoumlngart J Montero JC Motzer T Junk WJ Piedade MTF

Queiroz HL Worbes M 2006a Tree species composition and diversity gradients

in white-water forests across the Amazon Basin Journal of Biogeography 33 1334

ndash 1347

Wittmann F Schoumlngart J Brito JM Oliveira Wittmann A Piedade MTF Parolin

P Junk WJ Guillaumet JL 2006b Manual of trees from Central Amazonian

vaacuterzea floodplains Taxonomy ecology and use Ed Valer (no prelo)

Whitmore TC 1990 An introduction to tropical rain forests Oxford University Press

New York

Worbes M 1985 Structural and other adaptations to long-term flooding by in Central

Amazonia Amazoniana 9 459 ndash 484

Worbes M 1989 Growth rings increment and age of trees in inundation forest

savannas and mountain forest in the neotropics IAWA Bulletin 10(2) 109 ndash 122

Worbes M 1995 How to measure growth dynamics in tropical trees mdash a review IAWA

Journal 16 337ndash 351

Worbes M 1997 The forest ecosystem of the floodplains In The central Amazon

Floodplain Ecology of a Pulsing system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg

New York 223 ndash 266

Worbes M 1999 Annual grow rings rainfall-dependent growth and long-term grgrowth

patterns of tropical trees from the Caparo Forest Reserve in Venezuela Journal of

Ecology 87 391 ndash 403

Worbes M 2002 One hundred years of tree-ring research in the tropics ndash a brief history

and an outlook to future challenges Dendrochronologia 20(1 ndash 2) 217 ndash 231

66

Worbes M amp Junk WJ 1999 How old are the trees The persistence of a myth

IAWA Journal 20(3) 255 ndash 260

Worbes M Kingle H Revilla JD Martius C 1992 On the dynamics floristic

subdivision and geographical distribuition of Vaacuterzea forests in Central Amazonia

Journal of Vegetation Science 3 553 ndash 569

Worbes M Piedade MTF Schoumlngart J 2001 Holzwirtschaft im Mamirauaacute-Projekt

zur nachhaltigen Entwicklung einer Region im Uumlberschwemmungsbereich des

Amazonas Forstarchiv 72 188 ndash 200

Worbes M Staschel R Roloff A Junk WJ 2003 The ring analysis reveals age

structure dynamics and wood production of a natural forest stand in Cameroon

Forest Ecology and Management 173 105ndash123

67

Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )

Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo

Page 10: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE

Lista de figuras

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da

largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)24

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial 27

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura 30

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata 31

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura 32

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura33

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans 34

Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie 36

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura) 38

Figura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999 a 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM 49

ix

1 INTRODUCcedilAtildeO

As florestas tropicais apresentam grande importacircncia na promoccedilatildeo de habitats

para metade das espeacutecies do planeta atuando na manutenccedilatildeo da biodiversidade

ciclagem de aacutegua e nos ciclos biogeoquiacutemicos (Fearnside 1999) Contudo por mais de

3 deacutecadas vem sofrendo grandes pressotildees pelo aumento das taxas de desmatamento

(Achard et al 2002 Lambin et al 2003) causadas principalmente pela conversatildeo de

floresta para pastagem e agricultura (Alencar et al 2001 Margulis 2003) extraccedilatildeo de

madeira natildeo sustentada (Nepstad et al 2001 Asner et al 2005) e investimentos em

pavimentaccedilatildeo e infra-estrutura (Carvalho et al 2001) Essas mudanccedilas na cobertura

florestal tecircm levado a comunidade cientiacutefica a buscar alternativas para a conservaccedilatildeo e

uso sustentaacutevel dos recursos naturais de florestas tropicais (Boot amp Gullison 1995

Hartshorn 1995 Putz et al 2001)

A floresta Amazocircnica eacute a maior floresta tropical uacutemida do planeta (Sioli amp Klinge

1962 Sioli 1991) dos quais 6 correspondem a florestas de aacutereas alagaacuteveis (Prance

1980) Estas satildeo classificadas em vaacuterzea e igapoacute (Prance 1980) e se destacam por um

distinto sistema edaacutefico associado ao tipo de aacuteguas a que estatildeo sujeitas (Prance

1989) com dinacircmica altamente influenciada pelo pulso anual de inundaccedilatildeo (Junk et al

1989 Schoumlngart et al 2004 2005) As florestas de vaacuterzea sofrem influecircncia de rios de

aacuteguas barrentas (Furch 1984) capazes de transportar uma grande quantidade de

nutrientes atraveacutes de sedimentos oriundos de erosotildees ocorrendo nos Andes e encostas

Preacute-andinas (Sombroek 1979 Ayres 1993 Irion et al 1997)

A riqueza de nutrientes e relativa fertilidade dos solos (Furch 1997) conferem a

estes ecossistemas de vaacuterzea um caraacuteter de importacircncia econocircmica sendo um atrativo

1

para a colonizaccedilatildeo humana durante os uacuteltimos seacuteculos (Parolin 2002) Frequumlentemente

satildeo utilizadas para as praacuteticas de agricultura de subsistecircncia sendo importante fonte de

proteiacutenas para as populaccedilotildees ribeirinhas por meio da pesca e caccedila (Sioli 1984 Junk

1989) e para a extraccedilatildeo de produtos madeireiros e natildeo-madeireiros (Junk amp Piedade

1997 Ohly 2000 Ribeiro et al 2004 Gama et al 2005) Estes fatores influenciam na

alta densidade populacional encontrada neste ecossistema considerando-se outras

regiotildees da Amazocircnia (Denevan 1976 IBGE 2000)

O setor madeireiro tem papel de destaque nestas regiotildees A alta abundacircncia de

certas espeacutecies madeireiras (Wittmann et al 2006a) aliada agrave facilidade de acesso aos

recursos o tipo de operaccedilatildeo de extraccedilatildeo derrubada arraste e transporte atraveacutes dos

rios reduzem os custos da madeira extraiacuteda das vaacuterzeas com relaccedilatildeo agrave extraccedilatildeo de

florestas de terra firme (Higuchi et al 1994 Barros amp Uhl 1995 1999 Uhl et al 1997

Schoumlngart et al 2007)

Ateacute o final de 1990 cerca de 80 da madeira encontrada no mercado brasileiro

era de origem ilegal (Smeraldi 2003) Nos uacuteltimos anos a grande pressatildeo exercida

pela extraccedilatildeo predatoacuteria da madeira aliada ao surgimento de novas alternativas de uso

da terra levaram a necessidade de elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo florestal e

conservaccedilatildeo das florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Schoumlngart et al 2007) Recentemente

programas de manejo florestal tecircm sido implementados com o intuito de proteccedilatildeo e

conservaccedilatildeo das vaacuterzeas amazocircnicas tais como os projetos Proacute-Vaacuterzea e PPG7

(Schoumlngart et al 2008a)

Atualmente os planos de manejos na Amazocircnia Brasileira tecircm como base o

Coacutedigo Florestal no 4711 15 de setembro de 1965 fundamentado em um sistema

policiacuteclico o qual estabelece um diacircmetro limite de corte e a extraccedilatildeo da madeira

2

realizada em intervalos de anos em uma dada aacuterea (ciclo de corte) A aacuterea a ser maneja

eacute dividida em talhotildees de aproximadamente tamanho correspondendo ao nuacutemero de

anos do ciclo de corte (Lamprecht 1989 De Graaf et al 2003)

Este modelo de manejo florestal eacute caracterizado por ocasionar superexploraccedilatildeo

e subutilizaccedilatildeo do potencial madeireiro por natildeo considerar as variaccedilotildees nas taxas de

crescimento entre espeacutecies entre diferentes habitats e ao longo dos anos (Schoumlngart

2003 Brienen amp Zuidema 2006) Espeacutecies de madeira branca com taxas de

crescimento raacutepido podem alcanccedilar o limite de diacircmetro para corte antes do tempo

estabelecido enquanto que espeacutecies de madeira pesada levam maior tempo para

atingir este diacircmetro de derrubada (Schoumlngart 2003 Schoumlngart et al 2003 2007

Brienen amp Zuidema 2007)

A Instruccedilatildeo Normativa (IN) ndeg 5 de 11 de dezembro de 2006 abre caminhos para

modificaccedilotildees do manejo florestal atual O ciclo de corte varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3 por ha ao ano no Plano de Manejo Florestal Simplificado

(PMFS) Pleno No PMFS de baixa intensidade foi estabelecido um ciclo de corte inicial

de 10 anos com volume de extraccedilatildeo de ateacute 10 msup3 por ha Na vaacuterzea a produccedilatildeo pode

exceder 10 msup3 por ha ao ano poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3 aacutervores por ha Esta

nova IN requer o estabelecimento de modelos especiacuteficos para cada espeacutecie onde o

limite de diacircmetro para corte eacute determinado a partir de criteacuterios ecoloacutegicos e teacutecnicos

Caso contraacuterio um diacircmetro de corte de 50 cm eacute estabelecido

Estimativas da produccedilatildeo de madeira considerando-se a variaccedilatildeo no crescimento

arboacutereo entre as espeacutecies satildeo necessaacuterias para garantir o contiacutenuo suprimento e

manutenccedilatildeo dos sistemas de manejo de florestas naturais (Brienen amp Zuidema 2007)

Neste sentido a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira (dendrocronologia) vem a ser uma

3

importante ferramenta na elaboraccedilatildeo de sistemas de exploraccedilatildeo sustentada

fornecendo modelos de crescimento e idade da madeira (Worbes et al 2001 Worbes

2002 Duumlnisch et al 2003 Schoumlngart et al 2003 2007 Brienen amp Zuidema 2005)

proporcionando opccedilotildees de manejo mais especiacuteficas e efetivas com benefiacutecios para as

populaccedilotildees futuras

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Dendrocronologia nos troacutepicos

Os aneacuteis de crescimento na madeira de espeacutecies das regiotildees temperadas

configuram o incremento radial os quais anualmente satildeo incorporados ao tronco das

aacutervores Cada anel possui duas partes distintas lenho inicial e lenho tardio O primeiro

corresponde ao crescimento arboacutereo no iniacutecio do periacuteodo vegetativo quando as plantas

reativam as atividades fisioloacutegicas O lenho tardio eacute formado no final do periacuteodo

vegetativo com a reduccedilatildeo das atividades e modificaccedilatildeo da estrutura celular com

espessamento das paredes e reduccedilatildeo do lume (Fritts 1976) A queda das atividades

celulares ocorre como resposta as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento arboacutereo em

decorrecircncia da reduccedilatildeo da temperatura (Schweingruber 1988)

Leonardo da Vinci durante o seacuteculo 15 foi o primeiro a reconhecer a existecircncia

de aneacuteis anuais na madeira em ramos de pinheiros relacionando-os a idade da aacutervore

e seu padratildeo de espessura com anos mais ou menos secos (Schweingruber 1988) Jaacute

no seacuteculo 19 diversas pesquisas demonstravam que as baixas temperaturas dos

invernos rigorosos em regiotildees temperadas satildeo um fator limitante no crescimento da

4

madeira (Worbes 1995) Contudo somente no iniacutecio do seacuteculo 20 a existecircncia de aneacuteis

anuais nos troacutepicos foi descoberta e algumas deacutecadas depois foi questionada (Worbes

amp Junk 1999) Muitos acreditavam na ausecircncia de aneacuteis anuais nos troacutepicos devido agrave

limitada sazonalidade (Schweingruber 1988) e temperatura quase constante

(Whitmore 1990) Este mito eacute ainda mantido por alguns autores (Lieberman et al

1985 Whitmore 1990) mesmo verificando-se que a distribuiccedilatildeo sazonal das chuvas na

maioria das regiotildees tropicais ocasiona uma distinta estaccedilatildeo seca (Worbes 1999)

Alguns autores enfatizam os problemas relacionados agrave formaccedilatildeo de aneacuteis anuais

na madeira nos troacutepicos Estudos tecircm registrado a formaccedilatildeo de dois aneacuteis por ano em

regiotildees apresentando duas estaccedilotildees de seca distintas (Gourlay 1995) formaccedilatildeo de

aneacuteis intra-anuais ou falsos aneacuteis em resposta a padrotildees irregulares de chuvas com

seca excepcional durante a estaccedilatildeo chuvosa (Borchert et al 2002) ou ainda a

formaccedilatildeo de aneacuteis irregulares na madeira de espeacutecies tropicais (Sass et al 1995)

Contudo a existecircncia de aneacuteis de crescimento nos troacutepicos tem sido registrada

em mais de 20 paiacuteses tropicais sendo que muitos estudos tecircm comprovado a

anualidade na formaccedilatildeo dos aneacuteis por mais de 100 anos (Worbes 2002) Foram

descritos para estas regiotildees diferentes padrotildees de aneacuteis anuais por Coster (19271928)

e classificados por Worbes (1995) como 4 tipos principais variaccedilotildees na densidade da

madeira faixas de parecircnquima marginal alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima e

variaccedilotildees na densidade dos vasos

Em regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o ritmo de crescimento das aacutervores

eacute determinado pelo pulso de inundaccedilatildeo (Worbes 1985) Durante o alagamento as

raiacutezes sofrem condiccedilotildees anoacutexicas acarretando reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a

copa das aacutervores e consequumlente reduccedilatildeo do metabolismo o que resulta em dormecircncia

5

cambial e a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira (Worbes 1989 Schoumlngart et al

2002) Diversas pesquisas tecircm evidenciado a presenccedila de aneacuteis anuais nas regiotildees de

aacutereas alagaacuteveis nos troacutepicos (Worbes 1989 Dezzeo et al 2003 Schoumlngart et al

2002 2004 2005)

Existem diferentes meacutetodos de investigaccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira

classificados em destrutivos e natildeo destrutivos (Worbes 1995) Meacutetodos natildeo destrutivos

podem ser feitos a partir de investigaccedilotildees fenoloacutegicas medidas repetidas do diacircmetro e

medida da atividade cambial por mensuraccedilatildeo da resistecircncia eleacutetrica na zona cambial

Feridas cambiais (Janelas de Mariaux) dataccedilatildeo por radiocarbono cicatrizes

provocadas por fogo em anos conhecidos ou injurias na madeira densitometria por raio

ndash X variaccedilotildees nas concentraccedilotildees de isoacutetopos estaacuteveis e contagem direta dos aneacuteis satildeo

meacutetodos destrutivos de constataccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira (Worbes

1995 2002) Todos estes meacutetodos foram utilizados independentemente para indicar a

ocorrecircncia de aneacuteis anuais no xilema de espeacutecies arboacutereas nas vaacuterzeas

Dentre estes meacutetodos a contagem direta dos aneacuteis anuais se destaca pela

obtenccedilatildeo de estimativas acuradas da idade das aacutervores e dados de longos periacuteodos de

crescimento da madeira (Bormann amp Berlyn 1981 Eckstein et al 1995) Informaccedilotildees

estas uacuteteis para o entendimento da dinacircmica da floresta (Enright amp Hartshorn 1981

Worbes 2002) desenvolvimento de sistemas de manejo florestal e estrateacutegias de

conservaccedilatildeo das espeacutecies (Stahle et al 1999 Worbes et al 2003)

O padratildeo de crescimento ao longo do tempo atua como um arquivo de dados e

contribui com informaccedilotildees sobre as mudanccedilas nas condiccedilotildees ambientais (Spiecker

2002) relaccedilotildees entre o clima e o crescimento arboacutereo (Enquist amp Leffler 2001 Nutto amp

6

Watzlawick 2002 Fichtler et al 2004 Schoumlngart et al 2006 Therrell et al 2006) e

sequumlestro de carbono na biomassa da madeira (Schoumlngart 2003)

22 As florestas de vaacuterzea

Junk et al (1989) definiram como aacutereas alagaacuteveis aquelas cuja inundaccedilatildeo eacute

promovida por um fluxo lateral dos rios e lagos eou precipitaccedilatildeo direta ou sobre as

aacuteguas um fenocircmeno perioacutedico que influencia na dinacircmica das comunidades e acarreta

um longo periacuteodo de adaptaccedilotildees e evoluccedilatildeo de espeacutecies endecircmicas Na regiatildeo

amazocircnica as aacutereas inundaacuteveis satildeo recobertas por florestas de vaacuterzea e igapoacute sendo

que as florestas de vaacuterzea abrangem uma aacuterea de 50-75 e satildeo consideradas o tipo

de vegetaccedilatildeo inundaacutevel mais importante destas regiotildees (Wittmann et al 2002)

As florestas alagaacuteveis sofrem esta alternacircncia anual entre fase terrestre e

aquaacutetica a qual vem ocorrendo haacute milhotildees de anos leva ao desenvolvimento de

adaptaccedilotildees de caraacuteter morfoloacutegico anatocircmico fisioloacutegico etoloacutegico e fenoloacutegico nas

espeacutecies que vivem nestes ambientes inundados anualmente (Ferreira 1991 Kubitzki

amp Zibursk 1994 Waldhoff et al 1998 Wittmann amp Parolin 1999 Piedade et al 2000

Parolin et al 2004)

Muitas espeacutecies respondem as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento durante

a fase de alagamento apresentando adaptaccedilotildees na forma de produccedilatildeo de raiacutezes

adventiacutecias desenvolvimento de vias alternativas metaboacutelicas e permanecircncia da

atividade fotossinteacutetica (De Simone et al 2003) estrateacutegias de toleracircncia ou escape ao

alagamento pelas placircntulas (Parolin 2002) ou ainda armazenamento de aacutegua no caule

(Schoumlngart et al 2002) Cada espeacutecie responde a este fenocircmeno de forma

7

diferenciada podendo ser visualizada atraveacutes dos diversos padrotildees fenoloacutegicos

encontrados nas aacutereas alagaacuteveis (Schoumlngart et al 2002) O alagamento anual causa

condiccedilotildees anaeroacutebicas nas raiacutezes levando a reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a copa

das aacutervores o que ocasiona estresse hiacutedrico e perda de folhas Como resultado a

planta entra em dormecircncia cambial

As diferentes estrateacutegias adaptativas associadas com diferentes niacuteveis de

toleracircncia ao alagamento refletem a influecircncia exercida pelo periacuteodo e niacutevel de

alagamento aos quais as plantas estatildeo sujeitas resultando numa zonaccedilatildeo de espeacutecies

caracteriacutestica nas aacutereas alagaacuteveis (Takeuchi 1962 Revilla 1981 Piedade 1985

Worbes et al 1992 Worbes 1997 Wittmann et al 2002 2004)

A dinacircmica sucessional em florestas de vaacuterzea da Amazocircnia foi descrita por

Worbes et al (1992) Estaacutegios iniciais de sucessatildeo primaacuteria e secundaacuteria apresentam

estratos monoespeciacuteficos com espeacutecies de crescimento raacutepido e baixa densidade da

madeira as quais natildeo alcanccedilam grandes idades Por meio do processo de sucessatildeo

natural ocorrem substituiccedilotildees de espeacutecies e formaccedilatildeo de estaacutegios tardios onde

observa-se uma maior complexidade nos extratos arboacutereos e diversidade de espeacutecies

diminuiccedilatildeo da taxa de incremento radial e acuacutemulo de biomassa (Worbes 1992

Schoumlngart et al 2003)

Ao longo da sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais existe um aumento da

densidade da madeira das aacutervores e decreacutescimo das taxas de incremento em diacircmetro

aumento da diversidade de espeacutecies o que implica mudanccedilas de estratos mais

homogecircneos de estaacutegios sucessionais iniciais para extratos mais complexos

caracterizados pelo aumento da altura das aacutervores tamanho e aacuterea da copa (Wittmann

et al 2002 Schoumlngart et al 2003)

8

Esta zonaccedilatildeo de espeacutecies em florestas de vaacuterzea ao longo do gradiente

topograacutefico (Junk 1989 Ayres 1993) e sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais (Worbes

1997) leva a formaccedilatildeo de dois habitats significativamente diferentes os quais satildeo

denominados vaacuterzea alta e vaacuterzea baixa (Wittmann et al 2002) A primeira caracteriza-

se por alagamento de menos de 3 m por ano na meacutedia apresentando aumento da

diversidade e complexidade da arquitetura com o aumento da idade resultando de

processo sucessional natural de florestas tardias de vaacuterzea baixa sendo considerada

representante de estaacutegio cliacutemax A vaacuterzea baixa apresenta diferentes estaacutegios de

sucessatildeo natural e eacute alagada por mais de 3 m por ano (Wittmann et al 2002) sendo

que a complexidade de estrutura e composiccedilatildeo da floresta tende a aumentar com a

reduccedilatildeo do niacutevel e duraccedilatildeo do alagamento

A grande variedade de habitats e multiplicidade de adaptaccedilotildees resultam numa

grande diversidade de espeacutecies arboacutereas dentro das aacutereas alagaacuteveis (Junk 1989)

atingindo 1000 espeacutecies registradas para florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Wittmann et al

2006a) A alta diversidade nestas aacutereas estaacute relacionada ao niacutevel e periacuteodo das cheias

e aumenta com diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo de inundaccedilatildeo (Wittmann amp Junk 2003 Worbes

et al 1992 Piedade et al 2005) Entretanto florestas de vaacuterzea possuem diversidade

de espeacutecies menor se comparada com florestas de terra firme da mesma regiatildeo (Ayres

1993)

Wittmann et al (2006a) afirmam que nas florestas de vaacuterzea a diversidade de

espeacutecies tambeacutem aumenta no sentido leste ndash oeste dentro da Bacia Amazocircnica Este

padratildeo parece similar ao encontrado para florestas de terra firme na mesma regiatildeo

geograacutefica (Ter Steege et al 2003) corroborando com a hipoacutetese de formaccedilatildeo de uma

zona de transiccedilatildeo que permite a migraccedilatildeo das espeacutecies de florestas de terra firme para

9

florestas alagaacuteveis de vaacuterzea alta (Wittmann et al 2006a) Esta hipoacutetese eacute estabelecida

pela elevada similaridade floriacutestica encontrada entre a vaacuterzea alta e terra firme

As florestas de vaacuterzea alta compreendem cerca de 10 da cobertura florestal

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996 Wittmann et al 2002) no entanto satildeo as florestas

mais ameaccediladas pela accedilatildeo antroacutepica sendo frequumlentemente utilizadas para moradia e

substituiccedilatildeo das aacutereas de floresta para atividades de agricultura e pecuaacuteria

Apresentam alta abundacircncia de espeacutecies madeireiras e estatildeo sendo ameaccediladas por

praacuteticas insustentaacuteveis de manejo (Ayres 1993 Worbes et al 2001)

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea

Atualmente dentro da Bacia Amazocircnica de aproximadamente 350 espeacutecies

madeireiras encontradas cerca de 34 tambeacutem ocorrem em florestas de vaacuterzea

(Martini et al 1998) outras satildeo restritas a este tipo de ecossistema Pela falta de infra-

estrutura em estradas de 60 a 80 da madeira extraiacuteda na Amazocircnia Ocidental e

Peru tecircm origem a partir deste tipo de floresta inundaacutevel (Higuchi et al 1994 Nebel amp

Kvist 2001 Worbes et al 2001) Em 2000 somente no Estado do Amazonas

aproximadamente 75 da madeira para induacutestria de laminados e compensados teve

origem em florestas alagaacuteveis (Lima et al 2005)

O preccedilo da madeira de espeacutecies com densidade abaixo de 060 gcm3 (madeira

branca) no Meacutedio Rio Solimotildees variou entre R$ 075-600 por m3 para Hura crepitans

L (Euphorbiaceae) e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae) enquanto que

espeacutecies de madeira densa acima de 060 gcm3 (madeira pesada) como Ocotea

cymbarum Mez (Lauraceae) Copaifera sp (Fabaceae) e Piranhea trifoliata Baill

10

(Euphorbiaceae) foram negociadas por R$ 288-1290 por m3 no periacuteodo de 1993 a

1995 (Worbes et al 2001) O primeiro grupo eacute frequumlentemente utilizado em induacutestrias

de laminados e compensados enquanto que as espeacutecies de madeira densa satildeo muito

utilizadas na construccedilatildeo de casas barcos e moacuteveis (Albernaz amp Ayres 1999) Com a

implementaccedilatildeo de manejo sustentaacutevel controlado e autorizado pelo IBAMA e IPAAM

os preccedilos da madeira subiram consideravelmente atingindo valores de ateacute R$ 6200

por m3 no ano de 2007 ao longo do Meacutedio Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a)

Um inventaacuterio florestal realizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel

Mamirauaacute (RDSM) abrangendo uma aacuterea de 342 ha de florestas de vaacuterzea encontrou

122 espeacutecies madeireiras por ha com diacircmetro limite de corte acima de 45 cm

(Schoumlngart et al 2008a) Das espeacutecies inventariadas as mais encontradas dentre as

madeiras brancas foram H crepitans e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae)

Das madeiras pesadas O cymbarum Mez (Lauraceae) Calycophyllum spruceanum

(Benth) Hookf ex KSchum (Rubiaceae) foram as mais abundantes

Dados do Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel de Mamirauaacute (IDSM) do

manejo florestal comunitaacuterio (MFC) de 2003 mostram que 42 do nuacutemero de toras e

60 do volume extraiacutedo na reserva pertencem agrave H crepitans Esta espeacutecie somada a

O cymbarum e C subsessilis corresponde a quase 70 do volume em metros cuacutebicos

de madeira extraiacuteda

A atividade madeireira em florestas de vaacuterzea se restringe a poucas espeacutecies

(Schoumlngart 2003) e a ausecircncia de dados de regeneraccedilatildeo e crescimento aliados a

exploraccedilatildeo inadequada da madeira tecircm levado agrave reduccedilatildeo das populaccedilotildees de algumas

destas espeacutecies chegando a praticamente desaparecer dos mercados regionais

(Higuchi et al 1994 Worbes et al 2001) Espeacutecies como Cedrela odorata L

11

(Meliaceae) Platymiscium ulei Harms (Fabaceae) Virola spp (Myristicaceae) Ceiba

pentandra (L) Gaerth (Malvaceae) foram substituiacutedas por O cymbarum C

spruceanum H crepitans e C guianensis (Albernaz amp Ayres 1999 Anderson et al

1999 Worbes et al 2001 Lima et al 2005)

Dentro da RDSM o manejo florestal se caracteriza por sistema policiacuteclico com

ciclo de corte de 25 anos e diacircmetro limite de corte de 45 cm Inicialmente deve ser feito

um inventaacuterio florestal de todas as espeacutecies madeireiras com diacircmetro ge 20 cm e as

extraccedilotildees se limitam a 5 aacutervores por ha que se encontram acima do diacircmetro de corte

Cerca de 10 das aacutervores acima do limite de diacircmetro devem permanecer nas aacutereas

como porta-sementes com o intuito de garantir a regeneraccedilatildeo das espeacutecies exploradas

Aproximadamente 12 da cobertura florestal da RDSM pertence a florestas de

vaacuterzea alta onde a abundacircncia de espeacutecies de valor econocircmico eacute alta (Wittmann et al

2002) e contribuem para o fornecimento de produtos madeireiros para o mercado local

regional e internacional (Wittmann et al 2004) Schoumlngart et al (2007) afirmam que as

espeacutecies mais exploradas na reserva satildeo O cymbarum C spruceanum e P trifoliata

(espeacutecies de madeira densa) assim como Ficus insipida Willd (Moraceae) H

crepitans Maquira coriacea (Karsten) CCBerg (Moraceae) (espeacutecies de madeira

branca)

Este estudo analisa e modela padrotildees de crescimento de quatro espeacutecies

aacuterboreas de interesse comercial de baixa densidade de madeira (madeira branca) e alta

densidade de madeira (madeira pesada) exploradas dentro da RDSM Deste modelos

criteacuterios como DMD e ciclo de corte satildeo derivados e discutidos no contexto das atuais

normas de manejo florestal na Amazocircnia pela legislaccedilatildeo brasileira

12

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Modelar padrotildees de crescimento da madeira de H crepitans C odorata O

cymbarum e S elata espeacutecies de importacircncia econocircmica na exploraccedilatildeo madeireira

das florestas de vaacuterzea da Amazocircnia para definir ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de

derrubada (DMD) especiacuteficos subsidiando futuros planos de manejo florestal

sustentaacutevel dentro da RDSM

32 Objetivos especiacuteficos

a Descriccedilatildeo da anatomia da madeira

b Determinaccedilatildeo da idade das aacutervores

c Determinaccedilatildeo das taxas de incremento em diacircmetro altura volume e biomassa

d Estimativa de ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de derrubada para definir criteacuterios

de manejo para cada uma das espeacutecies

13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS

41 Aacuterea de estudos

A aacuterea de estudos compreende a Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Mamirauaacute (RDSM) a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo na categoria de reserva

sustentaacutevel e primeira existente no ecossistema de vaacuterzea Sua criaccedilatildeo eacute resultado de

solicitaccedilatildeo encaminhada em 1985 pelo bioacutelogo Dr Joseacute Maacutercio Ayres ao oacutergatildeo

responsaacutevel na eacutepoca SEMA ndash Secretaria Especial de Meio Ambiente (Queiroz 2005)

A RDSM eacute dividida em duas aacutereas principais aacuterea focal (cerca de 260000 ha)

onde se desenvolvem desde 1991 atividades baseadas em pesquisas

socioeconocircmicas e ecoloacutegicas incluindo pesca agricultura agroflorestal e ecoturismo

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996) e aacuterea subsidiaacuteria (cerca de 878000 ha) a qual seraacute

manejada progressivamente A aacuterea focal eacute por sua vez subdividida em zona de

proteccedilatildeo permanente zona de ecoturismo e zona destinada ao manejo sustentaacutevel de

recursos naturais

Dentro da aacuterea focal existem nove unidades ou setores de controle do uso dos

recursos naturais denominadas Mamirauaacute Jarauaacute Tijuaca Boa Uniatildeo do Meacutedio

Japuraacute Aranapuacute Barroso Horizonte Liberdade e Ingaacute As atividades econocircmicas

realizadas pelas comunidades dentro dos setores se dividem em produccedilatildeo de farinha

pesca e exploraccedilatildeo da madeira as quais satildeo influenciadas pelo niacutevel de inundaccedilatildeo

anual (Albernaz amp Ayres 1999)

A RDSM estaacute situada na regiatildeo do meacutedio Solimotildees na confluecircncia dos rios

Solimotildees e Japuraacute entre as bacias do rio Solimotildees e Negro Sua porccedilatildeo mais a leste

14

fica nas proximidades da cidade de Tefeacute no Estado do Amazonas Sua vizinha RDS

Amanatilde liga a RDSM ao Parque Nacional do Jauacute (Schoumlngart et al 2005) Estas trecircs

unidades juntas constituem um bloco de floresta tropical com cerca de 6000000 ha

protegidos oficialmente Formam o embriatildeo do Corredor Central da Amazocircnia

(MMAPPG7) e da Reserva da Biosfera da Amazocircnia Central (MaBUnesco) e

compotildeem um Siacutetio Natural do Patrimocircnio Mundial (UnescoIUCN) (Queiroz 2005 Ayres

et al 2005)

Possui clima caracterizado por uma meacutedia de temperatura diaacuteria de 269 ordmC e

precipitaccedilatildeo anual de aproximadamente 3000 mm apresentando uma estaccedilatildeo seca

distinta (julho-outubro) O niacutevel de flutuaccedilatildeo meacutedia da aacutegua do Rio Japuraacute durante 1993

ndash 2000 foi de 1138 m (Wittmann amp Junk 2003 Schoumlngart et al 2005)

Aproximadamente 92 da cobertura vegetal abrangendo a aacuterea focal da reserva eacute

composta por florestas de vaacuterzea baixa constituiacuteda por diferentes estaacutegios

sucessionais e somente cerca de 8 corresponde a florestas de vaacuterzea alta (Wittmann

et al 2002)

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies

421 Cedrela odorata L (Meliaceae)

Popularmente conhecida como cedro cedro branco cedro cheiroso ou cedro

mogno apresenta tronco com casca de cheiro bastante caracteriacutestico rugosa com

fissuras transversais vermelho-alaranjadas Apresenta base reta ou com raiacutezes

tabulares e suas flores satildeo brancas em inflorescecircncias terminais (Wittmann et al

15

2006b) Os frutos capsulares quando maduros se abrem liberando de 40 a 50

sementes aladas as quais satildeo dispersas pelo vento (Cintron 1990 Wittmann et al

2006b)

Encontrada em toda a Amazocircnia embora com baixa frequumlecircncia ocorre desde as

Iacutendias Ocidentais as grandes e pequenas Antilhas ateacute Trinidad e Tobago sendo

encontrada tambeacutem no Meacutexico Equador Peru e Guianas (Cintron 1990) Eacute tipicamente

deciacutedua sendo encontrada em extrato superior de vaacuterzea alta e ocupando estaacutegio

sucessional secundaacuterio tardio

Apresenta madeira moderadamente pesada variando entre 044 a 060 gcm3 O

floema eacute avermelhado com cerne variando do castanho claro ao bege rosado escuro e

alburno amarelo apresentando cheiro aromaacutetico (Loureiro amp Silva 1968)

Aleacutem da sua importacircncia como espeacutecie madeireira na fabricaccedilatildeo de moacuteveis

construccedilatildeo civil e naval embalagens e instrumentos musicais a casca do cedro eacute

aproveitada na medicina popular como tocircnica adstringente e febriacutefuga (Loureiro amp

Silva 1968 Wittmann et al 2006b)

422 Sterculia elata Ducke (Malvaceae)

Conhecida popularmente como tacacazeiro xixaacute chicaacute da mata ou manduvi

cujos frutos apresentam uma coloraccedilatildeo avermelhada quando maduros sendo

organizados em 5 foliacuteculos com uma sutura ventral cada um Os frutos satildeo apocaacuterpios

e as flores estatildeo organizadas em inflorescecircncias terminais amarelas a purpuacutereas

(Wittmann et al 2006b)

16

Apresenta distribuiccedilatildeo nos neo-troacutepicos compreendendo o Sul do Meacutexico e

Ameacuterica Central Norte do Brasil Pantanal e Peru ocupando extrato superior e

emergente de vaacuterzea alta Eacute uma espeacutecie deciacutedua de estaacutegio sucessional secundaacuterio

tardio

Apresenta madeira de densidade meacutedia de 047 gcm3 cujo floema tem coloraccedilatildeo

marrom escura e o alburno eacute marrom claro A madeira eacute muito utilizada para confecccedilatildeo

de embalagens palitos foacutesforos compensados e troncos para canoas As sementes

oleaginosas satildeo comestiacuteveis A aacutervore eacute frequumlentemente utilizada para ornamentaccedilatildeo

(Wittmann et al 2006b)

423 Hura crepitans L (Euphorbiaceae)

Conhecia comumente por assacuacute H crepitans eacute uma espeacutecie cujo caule eacute

aculeado apresentando laacutetex branco aquoso caacuteustico e frequumlentemente utilizado

como veneno de peixe Causa irritaccedilotildees fortes em contato com a pele (Francis 1990

Wittmann et al 2006b) Os frutos satildeo capsulares lenhosos arredondados e

deprimidos nos poacutelos Tem distribuiccedilatildeo no Brasil Guianas Oeste da Iacutendia Cuba

Jamaica Trinidad e Tobago Costa Rica ao sul do Peru e Boliacutevia (Loureiro amp Silva

1968 Wittmann et al 2006b)

Ocupa o extrato superior de vaacuterzea alta sendo identificada como uma espeacutecie

perenifoacutelia de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Apresenta madeira muito leve

(035 a 040 gcm3) cerne e alburno indistintos e de coloraccedilatildeo branca com reflexos

amarelados Pelas caracteriacutesticas da madeira eacute comumente usada na fabricaccedilatildeo de

17

caixas tamancos obras internas artefatos de madeira forros taacutebuas compensados

boacuteias flutuantes canoas e gamelas (Francis 1990 Wittmann et al 2006b)

424 Ocotea cymbarum HBK (Lauraceae)

Frequumlentemente chamada por louro inamuiacute louro mamorim louro mamoriacute

inhamuiacute oacuteleo de inhamuiacute e pau de gasolina O cymbarum eacute uma aacutervore de grande

porte (20 ndash 30 m) apresentando casca avermelhada aromaacutetica ramos jovens com

pilosidade e acinzentados Possui exsudato transparente aromaacutetico apresentando

cheiro de menta (Wittmann et al 2006b)

Tem distribuiccedilatildeo por toda a Amazocircnia sendo encontrada em extrato superior de

vaacuterzea alta Eacute semi-deciacutedua e de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Sua madeira eacute

moderadamente pesada variando de 055 a 065 gcm3 (Loureiro amp Silva 1968) O

floema possui coloraccedilatildeo marrom cafeacute enquanto que o cerne amarelado claro e

brilhante diferencia-se pouco do alburno levemente mais claro (Wittmann et al

2006b)

Eacute comumente utilizada na carpintaria de luxo construccedilatildeo em geral marcenaria

compensado pranchas e tabuados (Loureiro amp Silva 1968) Sua madeira traz oacuteleo

contendo safrol que em baixa concentraccedilatildeo eacute um componente para fragracircncias e

perfumes (Wittmann et al 2006b) O lenho apresenta atividade contra o

desenvolvimento do ancilostomiacutedeo humano (Marques 2001)

18

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos

Das quatro espeacutecies estudadas duas de madeira branca ndash H crepitans e S

elata e duas de madeira pesada ndash C odorata e O cymbarum (Schoumlngart 2003) foram

selecionados entre 21 e 37 indiviacuteduos emergentes de floresta de vaacuterzea alta dos

setores Jarauaacute e Tijuaca da RDSM As medidas do diacircmetro na altura do peito (DAP)

com ge 10 cm foram feitas com o uso de fita dendromeacutetrica de dupla face sendo

inferidas acima das sapopemas quando presentes A altura da aacutervore foi medida a

partir do uso de inclinocircmetro (Blume-Leiss) e fita meacutetrica

Para verificar a idade das aacutervores foram utilizados 10 discos de H crepitans e

10 discos de O cymbarum fornecidos pelo Programa de MFC da RDSM no ano de

2001 bem como amostras coletadas de troncos dos indiviacuteduos de cada uma das quatro

espeacutecies Para tanto foi aplicado um meacutetodo natildeo destrutivo de extraccedilatildeo de cilindros da

madeira utilizando-se uma broca dendrocronoloacutegica num total de 110 cilindros com 5

mm de diacircmetro (21 amostras de Sterculia 23 de Cedrela 29 de Ocotea e 37 de Hura)

coletadas entre 07 de outubro de 2006 a 16 de abril de 2007 na altura aproximada de

130 m da base do tronco Apoacutes a coleta das amostras o orifiacutecio produzido com a broca

dendrocronoloacutegica foi obstruiacutedo com cera de carnauacuteba para evitar possiacuteveis ataques

por fitopatoacutegenos

As amostras coletadas foram coladas em suporte de madeira e em seguida

polidas com lixas de papel com diferentes granulometrias em uma sequumlecircncia

progressiva ateacute uma granulaccedilatildeo de 600 Estas foram analisadas no Laboratoacuterio de

Dendrocronologia do Projeto INPAMax-Planck em Manaus A anaacutelise macroscoacutepica da

estrutura da madeira foi feita a partir de fotografias feitas utilizando-se maacutequina digital

19

NIKON coolpix 4500 Para descriccedilatildeo anatocircmica dos aneacuteis de crescimento utilizou-se

como base os padrotildees de aneacuteis descritos por Coster (1927 1928) e adaptados por

Worbes (1985 1989)

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos

A determinaccedilatildeo da idade foi feita por meio da contagem direta dos aneacuteis anuais

e as taxas de incremento radial foram geradas por mediccedilatildeo da espessura dos aneacuteis

com o sistema de anaacutelise digital com precisatildeo de 001 mm (LINTAB) juntamente com o

software (TSAP-Win = Time Series Analyses and Presentation) especiacutefico para

anaacutelises de sequumlecircncias temporais (Schoumlngart et al 2004) Para os cilindros que natildeo

alcanccedilaram o cerne do tronco foram estimadas as distacircncias ateacute o centro e a partir do

nuacutemero meacutedio de aneacuteis encontrados em outros indiviacuteduos foram feitas estimativas da

idade do primeiro anel visiacutevel no tronco As mediccedilotildees da largura dos aneacuteis se deram no

sentido cerne ndash casca

Curvas cumulativas do diacircmetro individual para as quatro espeacutecies foram

elaboradas com base nestas mediccedilotildees do incremento radial corrente e relacionadas

com o DAP medido no campo (Schoumlngart et al 2003 Brienen amp Zuidema 2007)

(Figura 1a) A partir destas curvas individuais foram construiacutedas curvas cumulativas

meacutedias para cada espeacutecie descrevendo a relaccedilatildeo entre idade e diacircmetro para as

mesmas

A curva meacutedia do diacircmetro calculada para cada espeacutecie foi ajustada como um

modelo de regressatildeo sigmoidal da qual foram derivadas as curvas do incremento

corrente e meacutedio do diacircmetro para cada espeacutecie (Figura 1b) Modelos de regressatildeo natildeo

20

ndash linear descreveram para cada espeacutecie a relaccedilatildeo entre DAP e a altura medida no

campo (Figura 1c) Combinando as relaccedilotildees idade-DAP e DAP-altura permite estimar o

crescimento da altura (Nebel et al 2001) Deste modo para cada idade determinada

foram atribuiacutedas uma medida de diacircmetro e de altura para cada espeacutecie (Schoumlngart et

al 2007)

A combinaccedilatildeo dos modelos de regressatildeo natildeo-linear das relaccedilotildees entre idade e

DAP bem como das relaccedilotildees entre DAP e altura tambeacutem possibilitou a construccedilatildeo do

modelo de crescimento em volume (Figura 1e) e produccedilatildeo de biomassa acima do solo

das espeacutecies estudadas (Figura 1f) O modelo alomeacutetrico utilizado para estimativa do

volume foi definido por Cannell (1984) para florestas tropicais uacutemidas e tem como

paracircmetros a altura das aacutervores e o DAP

O volume (V) foi estimado a partir da multiplicaccedilatildeo da aacuterea basal (Ab) pela altura

(h) e por um fator (f) de reduccedilatildeo de 06 (Nebel et al 2001) A equaccedilatildeo eacute dada por

V = Ab x h x f (1)

onde a Ab eacute dada por

Ab = π x (DAP 2)2 (2)

Foi utilizado um modelo alomeacutetrico para estimar a biomassa acima do solo com

boa aplicabilidade em florestas alagaacuteveis segundo resultados obtidos por Stadtler

21

(2007) Este modelo tem como paracircmetros a densidade da madeira o diacircmetro e altura

das aacutervores e foi descrito por Chave et al (2005) A equaccedilatildeo eacute descrita abaixo

Bio = 00509 x den x DAP2 x h (3)

onde a Bio eacute a estimativa da biomassa acima do solo den eacute a densidade da madeira

obtida para cada espeacutecie de Wittmann et al (2006b) e 00509 eacute um fator de correccedilatildeo

O fator de correccedilatildeo dos modelos de caacutelculo do volume (06) e biomassa (00509)

se referem ao fato de que as aacutervores natildeo representam cilindros perfeitos e diminuem o

raio do tronco a medida que se distanciam do DAP

Destes modelos de crescimento do DAP altura aacuterea basal volume e biomassa

foram derivadas as taxas do incremento meacutedio (IM) e corrente (IC) (Figuras 1b1d1f)

para cada espeacutecie seguindo as equaccedilotildees abaixo (Schoumlngart et al 2007)

IM= CrC t t (4)

IC= CrC t+1 ndash Cr t (5)

onde CrC eacute o crescimento cumulativo em diferentes anos t sobre ciclo de vida total da

planta

O periacuteodo ideal de extraccedilatildeo eacute estabelecido quando a espeacutecie atinge sua a

produccedilatildeo maacutexima em volume periacuteodo este entre a taxa maacutexima de IC em volume e a

taxa maacutexima de IM em volume (Schoumlngart 2003) Este intervalo representa o periacuteodo

22

em que a extraccedilatildeo da madeira utiliza-se do potencial de crescimento maacuteximo das

espeacutecies (Schoumlngart 2008)

A modelagem dos padrotildees de crescimento foi construiacuteda a partir do uso do

software program X-Act (SciLab) e em seguida definidas as recomendaccedilotildees de

manejo para ciclos de corte e DMD para cada uma das quatro espeacutecies madeireiras

O DMD eacute definido pela idade em que a aacutervore atinge as maiores taxas de

incremento anual corrente do volume (Figura 1e) O tempo meacutedio que um indiviacuteduo leva

para passar por uma classe de DAP de 10 cm ateacute chegar ao DMD eacute o ciclo de corte da

espeacutecie (Schoumlngart et al 2007) Este eacute dado por

CC= idade(DMD) DMD x 10 (6)

onde CC eacute o ciclo de corte da espeacutecie e idade(DMD) eacute a idade da aacutervore quando atingiu o

DMD

23

0

20

40

60

80

0 5 10 15 200

1

2

3

4

5

0

10

20

30

0 20 40 60 80 100

0

20

40

60

80

0 5 10 15 20

0

10

20

30

0 5 10 15 200

1

2

3

4

0

1

2

3

4

0 5 10 15 200

100

200

300

00

05

10

15

0 5 10 15 200

50

100

Age (years) Age (years)

Age (years)

Age (years)

Age (years)

Dbh (cm)

Tree

heig

ht(m

)D

bh(c

m)

Dbh

(cm

)Tr

eehe

ight

(m)

Woo

d bi

omas

s(M

g)

Volu

me

(m3 )

Diam

eter increment(cm

year -1)H

eightincrement(m

year -1)W

ood biomass

production(kg year -1)

Volume

increment(dm

3year -1)

n = 54R2 = 053

n = 18

MLD

a

c

e

b

d

f

y = a (1+(b x)c)

a = 1195742 plusmn 131913b = 184937 plusmn 3355c = 12997 plusmn 00788

y = (abullx) (x+b)a = 286667 plusmn 07424b = 161743 plusmn 13022

DAP

(cm

)

DA

P (c

m)

Altu

ra (m

)

Altu

ra (m

)

Vol

ume

(m3)

Bio

mas

sa (M

g)

Idade (anos) Idade (anos)

DAP (cm) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento em

diacircmetro (cm

ano) Increm

ento em altura (m

ano) P

roduccedilatildeo de biomassa (K

gano)

Incremento

emvolum

e(dm

3ano)

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

DMD

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)

24

5 RESULTADOS

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira

O limite dos aneacuteis e a estrutura anatocircmica da madeira foram determinados com

base na classificaccedilatildeo de Coster (19271928) e adaptados por Worbes (1995) Trecircs tipos

de aneacuteis foram distinguidos de acordo com essa classificaccedilatildeo (1) faixas de parecircnquima

marginal (2) alternacircncia entre faixas de fibra e faixas de parecircnquima e (3) variaccedilatildeo na

densidade da madeira (Tabela 1) A distinccedilatildeo dos aneacuteis variou entre as 4 espeacutecies

estudadas poreacutem todas apresentaram aneacuteis suficientemente distintos para aplicaccedilatildeo

de estudos dendrocronoloacutegicos

A distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e agrave

medida que estes se encontravam mais proacuteximos do centro do tronco A facilidade de

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis decresceu na seguinte ordem C odorata O cymbarum S elata

e H crepitans (Tabela1)

Cedrela e Sterculia apresentaram mesmo padratildeo de faixas de parecircnquima

marginal que consiste de uma a poucas fileiras de ceacutelulas Eacute comumente encontrado

nas famiacutelias Bignoniaceae Fabaceae e Meliaceae (Worbes 2002) Cedrela apresentou

aneacuteis de crescimento semiporosos com uma espessa faixa de parecircnquima claramente

visiacutevel acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos os quais satildeo maiores ao

final do periacuteodo vegetativo (Figura 2a)

Sterculia tambeacutem mostrou variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Os poros satildeo visiacuteveis

a olho nu alguns obstruiacutedos por conteuacutedo de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada e brilhante

25

Apresentou faixas de parecircnquima radial espessadas dificultando um pouco a

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis (Figura 2b)

Um padratildeo de alternacircncia entre faixas de fibras e parecircnquima foi encontrado

formando os aneacuteis anuais em Hura com a reduccedilatildeo da largura das faixas de

parecircnquima e fibras na formaccedilatildeo do lenho tardio ao final da zona de crescimento

(Figura 2c) Este tipo de anatomia pode ser encontrado em famiacutelias como

Euphorbiaceae Moraceae Sapotaceae Lecythidaceae dentre outras (Worbes 2002)

Tabela1 Tipos de zona de crescimento encontrados e o grau de distinccedilatildeo dos de crescimento Os padrotildees descritos foram baseados nos modelos de Coster (1927 1928) e adaptados por Worbes (1995) Espeacutecies Famiacutelia Tipo de zona de

crescimento Fenologia foliar Grau de

distinccedilatildeo dos aneacuteis

Cedrela odorata Meliaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos

Deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (1)

Hura crepitans Euphorbiaceae Alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima

Perenifoacutelia Aneacuteis pouco

distintos (2)

Sterculia elata Malvaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Presenccedila de faixas radiais de parecircnquima

Deciacutedua Aneacuteis distintos (1)

Ocotea cymbarum Lauraceae Variaccedilatildeo na densidade da madeira com lenho inicial menos denso que o lenho tardio

Semi-deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (3)

obtidos durante observaccedilotildees na RDSM no periacuteodo 042006-122007

Ocotea mostrou um padratildeo de variaccedilatildeo na densidade da madeira O lenho tardio

de coloraccedilatildeo mais escura (alta densidade) apresentou ceacutelulas pequenas com paredes

26

espessadas diferindo do lenho inicial (baixa densidade) com ceacutelulas grandes e

paredes de espessura mais fina permitindo uma perfeita delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

(Figura 2d) Eacute comum entre as famiacutelias Annonaceae Myrtaceae e Lauraceae (Worbes

2002)

A presenccedila de falsos aneacuteis de crescimento ocorreu em alguns discos de Hura e

Ocotea Entretanto este problema foi solucionado observando-se a continuidade dos

aneacuteis ao longo dos raios nos discos

C Hura crepitans D Ocotea cymbarum

A Cedrela odorata B Sterculia elata

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial

27

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies

Todas as quatro espeacutecies apresentaram correlaccedilatildeo significativa (plt001) para as

relaccedilotildees entre idade e DAP idade e altura e DAP e altura (Tabela 2) permitindo a

modelagem das curvas de crescimento cumulativo para as mesmas Foram feitas um

total de 7646 mediccedilotildees da largura dos aneacuteis na madeira para as quatro espeacutecies

(Tabela 2)

As trajetoacuterias de crescimento cumulativo em diacircmetro mostraram diferenccedilas

tanto intra como interespeciacuteficas Aquelas espeacutecies de madeira densa como O

cymbarum e C odorata apresentaram taxas de crescimento menores que S elata e H

crepitans espeacutecies de madeira branca (Figura 3)

As quatro espeacutecies apresentaram uma variaccedilatildeo da idade ao atingir o DMD de 50

cm Esta foi maior para O cymbarum alcanccedilando idades entre 25 e 80 anos H

crepitans e S elata podem atingir idades entre 25 e 65 anos enquanto que as menores

variaccedilotildees na idade foram encontradas em C odorata com idades entre 35 a 65 anos

para um diacircmetro de 50 cm (Figura 3)

28

Tabela 2 Nuacutemero de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis e altura das aacutervores utilizados na elaboraccedilatildeo dos modelos de crescimento com base nas relaccedilotildees entre idade ndash DAP idade ndash altura e DAP ndash altura e o coeficiente de correlaccedilatildeo das mesmas

Nuacutemero de mediccedilotildees Correlaccedilatildeo p(lt 0001) Espeacutecie Largura dos

aneacuteis Altura Idade ndash DAP Idade ndash Altura DAP ndash Altura

Cedrela odorata

1240 32 089 064 071

Ocotea cymbarum

1325 125 086 073 073

Sterculia elata

1321 21 088 086 085

Hura crepitans

3760 67 091 086 076

Total

7646

Sterculia e Hura atingiram idades maacuteximas de 111 e 195 anos respectivamente

embora esta uacuteltima tenha atingido grandes diacircmetros nas aacutervores amostradas As

aacutervores mais velhas de Cedrela e Ocotea atingiram idades maacuteximas de 74 e 122 anos

(Tabela 3)

29

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

A ndash Cedrela odorata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

C ndash Sterculia elata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

B ndash Ocotea cymbarum

D ndash Hura crepitans

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura

30

As curvas meacutedias das relaccedilotildees entre idade e DAP tambeacutem apresentaram

variaccedilatildeo entre as espeacutecies estudadas (Figura 4) Para um diacircmetro de 50 cm

determinado pela IN ndeg 5 de Dezembro de 2006 as idades meacutedias oscilaram entre 41

anos em Hura a mais de 70 anos em Cedrela (Tabela 3)

0

50

100

150

DAP

(cm

)

0 30 60 90 120 150 180Idade (anos)

(a)

(b)

(d)

(c)

Diacircmetro limite de corte

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata Tabela 3 Idades maacuteximas miacutenimas e para um diacircmetro miacutenimo de derrubada de 50 cm para cada uma das quatro espeacutecies estudadas e seus respectivos desvios padratildeo

Idade (anos) Espeacutecie Miacutenima Maacutexima Ao alcanccedilar o diacircmetro limite de 50 cm

Cedrela odorata

21 74 72

Sterculia elata

22 111 47

Ocotea cymbarum

27 122 59

Hura crepitans

88 195 41

31

As quatro espeacutecies estudadas atingiram as maiores taxas de incremento

diameacutetrico corrente em idades diferentes Cedrela e Ocotea atingiram as maiores taxas

entre 11 e 12 anos e 19 e 21 anos com uma taxa meacutedia de incremento de 094 e 101

cmano respectivamente (Figura 5a e c) Sterculia obteve taxas meacutedias de incremento

de 126 cmano em idades entre 19 e 21 anos (Figuras 5b) enquanto Hura alcanccedilou

taxa meacutedia de incremento de 129 cmano em idades entre 22 e 23 anos (Figura 5d)

Cedrela e Ocotea espeacutecies de madeira pesada apresentaram taxas de incremento

diameacutetrico menores que Hura e Sterculia espeacutecies de madeira branca

D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata

C ndash Sterculia elata

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

B ndash Ocotea cymbarum

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura

32

A partir das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares entre idade-DAP foi possiacutevel

construir um modelo de crescimento em aacuterea basal para cada espeacutecie utilizando-se a

foacutermula (2) Cedrela e Ocotea atingiram suas maiores taxas em 39 e 57 anos e taxa

meacutedia de incremento de 355 e 536 cm2ano respectivamente (Figuras 6a e 6b)

Sterculia e Hura atingiram maior incremento aos 48 e 104 anos e taxa meacutedia de 700 e

1422 cm2ano respectivamente (Figura 6c e 6d) As espeacutecies de madeira branca Hura

e Sterculia apresentaram taxas de incremento em aacuterea basal mais altas que as duas

espeacutecies de madeira densa (Cedrela e Ocotea)

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

05

1

15

2

25

4

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

05

1

15

2

25

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura

33

A combinaccedilatildeo das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares das relaccedilotildees entre DAP-

altura (Figura 7) resultaram num modelo de crescimento em altura para as espeacutecies

contemplando todo ciclo de vida da planta Os maiores valores de incremento corrente

em altura de C odorata S elata O cymbarum e H crepitans corresponderam a idades

de 4 7 8 e 6 anos respectivamente e taxas maacuteximas corresponderam a 096 mano

para Sterculia 092 mano para Ocotea 061 mano para Hura e finalmente 109 mano

para Cedrela

DAP (cm) DAP (cm)

DAP (cm) DAP (cm)

Altu

ra (m

) A

ltura

(m)

C ndash Sterculia elata D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 1500

0

0

0

0

0

0 25 50 75 100 125 150

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 150 0 50 100 150

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans

34

Tabela 4 Valores de DAP e altura maacuteximos e miacutenimos do levantamento florestal seus desvios padratildeo e a aacuterea basal calculada a partir da relaccedilatildeo entre idade e DAP das espeacutecies

DAP (cm) Altura (m) Aacuterea basal meacutedia (cm2)

Espeacutecie

Maacuteximo Miacutenimo Desvio Maacutexima Miacutenima Desvio Meacutedia Cedrela odorata

656 115 140 309 90 50 273

Ocotea cymbarum

780 100 164 311 70 46 402

Sterculia elata

1300 100 349 405 66 88 516

Hura crepitans

1328 100 350 390 21 91 1127

A partir dos modelos de crescimento em altura e diacircmetro elaborados para cada

espeacutecie pocircde-se construir o modelo de crescimento em volume das mesmas segundo

a foacutermula (1) (Schoumlngart et al 2007) O periacuteodo oacutetimo de corte das aacutervores eacute o ponto

onde o incremento em volume corrente eacute maacuteximo sendo que para cada espeacutecie o pico

maacuteximo de volume corrente variou visivelmente (Figura 8)

Cedrela apresentou maiores taxas de incremento em volume corrente ao atingir

uma idade meacutedia de 45 anos (Figura 8a) Nesta idade a espeacutecie indica um DAP de 376

cm (Figura 5a) Jaacute Sterculia e Ocotea atingiram o ponto maacuteximo em incremento

corrente em volume aos 54 e 63 anos (Figuras 8b e c) quando atingem diacircmetros de

560 e 533 cm respectivamente (Figuras 5b e c) Hura em uma idade meacutedia de 125

anos apresentou os maiores valores de incremento maacuteximo corrente entre as quatro

espeacutecies (Figura 8d) atingindo diacircmetro meacutedio de 1288 cm (Figura 5d) Tanto Hura

quanto Sterculia apresentaram produccedilatildeo de madeira em volume por m3 superior as

duas espeacutecies de madeira pesada Cedrela e Ocotea

35

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento volum

eacutetrico

Incr

emen

to e

m v

olum

e (m

3 ) 0450 0

(m3ano)

Incr

emen

to e

m V

olum

e (m

3 )

Incremento volum

eacutetrico (m3ano)

Idade (anos) Idade (anos)

0

10

20

30

40

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

0 50 100 150 200

0

10

20

30

40

50

0

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

04

0 50 100 150

200 Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie

36

O ciclo de corte calculado atraveacutes da passagem meacutedia do tempo por uma classe

de DAP de 10 cm para a proacutexima ateacute atingir o diacircmetro de corte oacutetimo variou pouco

entre as espeacutecies sendo que Hura e Sterculia apresentaram ciclos de corte de 97

anos enquanto Cedrela e Ocotea apresentaram ciclos de 120 e 118 anos (Tabela 5)

Os resultados indicam que espeacutecies de madeira branca apresentam ciclos de corte

mais curtos do que as espeacutecies de madeira pesada

Tabela 5 O diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) o ciclo de corte a idade meacutedia ao atingir o diacircmetro de corte e a densidade da madeira das espeacutecies Espeacutecie DMD (cm) Ciclo de corte

(anos) Idade meacutedia ao atingir

o DMD (anos) Densidade

(gcm3) Cedrela odorata

376 120 45 052

Ocotea cymbarum

533 118 63 060

Sterculia elata

560 97 54 047

Hura crepitans

1288 97 125 039

Dados obtidos de Wittmann et al (2006b)

Aleacutem do modelo de crescimento em volume os modelos de crescimento em

altura e diacircmetro possibilitaram tambeacutem a construccedilatildeo de modelos de crescimento em

biomassa acima do solo para as espeacutecies estimado segundo a foacutermula (3)

Cedrela apresentou maior taxa de produccedilatildeo em biomassa de 26 Kgano em 45

anos (Figura 9a) ao passo que Ocotea alcanccedilou uma produccedilatildeo em biomassa maacutexima

de 52 Kgano em 63 anos (Figura 9b) Sterculia atingiu valor de 60 Kgano em 54 anos

(Figura 9c) enquanto que Hura obteve em 125 anos um valor maacuteximo de 125 Kgano

(Figura 9d) Espeacutecies de madeira branca atingiram maiores taxas de acuacutemulo em

biomassa do que as espeacutecies de madeira densa

37

D ndash Hura crepitans C ndash Ocotea cymbarum

Bio

mas

sa (M

g)

Bio

mas

sa (M

g)

Produ

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

ccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)P

roduccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

5

10

15

20

0

4

8

1

1

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

1

1

0 50 100 150 2000

5

0

5

0

0

40

80

120

160

Prod

uccedilatildeo

Biom

assa

(Kg)

0 50 100 150 200

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura)

38

6 DISCUSSAtildeO

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira

Todas as quatro espeacutecies estudadas apresentaram distintas zonas de

crescimento poreacutem com diferenccedilas quanto ao grau de distinccedilatildeo entre elas O grau de

distinccedilatildeo diminuiu na ordem seguinte C odorata O cymbarum S elata e H crepitans

o que indica uma pequena tendecircncia das espeacutecies deciacuteduas apresentarem maior

distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais como resultados encontrados por Worbes (1999) A

distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e com a

maior proximidade do centro do disco (Brienen amp Zuidema 2006) Esta variaccedilatildeo

encontrada no grau distinccedilatildeo dos aneacuteis natildeo afetou as anaacutelises dendrocronoloacutegicas

subsequumlentes

Segundo Worbes (1995) a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira resulta de

mudanccedilas sazonais favoraacuteveis e desfavoraacuteveis nas condiccedilotildees de crescimento arboacutereo

Um dos fatores principais atuando no controle do crescimento arboacutereo de florestas

tropicais eacute a variaccedilatildeo intraanual da precipitaccedilatildeo que ocasiona uma distinta estaccedilatildeo

seca e determina a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das aacutervores (Worbes 1999)

Para regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o principal fator que controla o

ritmo de crescimento nas aacutervores eacute o pulso de inundaccedilatildeo (Junk 1989) Entretanto

florestas de vaacuterzea alta natildeo satildeo alagadas anualmente devido a sua posiccedilatildeo

topograacutefica o que indicaria que o pulso anual de inundaccedilatildeo natildeo seria o principal fator

controlando os processo ecoloacutegicos nestas aacutereas Observaccedilotildees fenoloacutegicas e mediccedilotildees

da liteira (Schoumlngart et al 2008b) evidenciam que o ritmo de crescimento possa ser

39

controlado pela sazonalidade das chuvas contudo maiores estudos se fazem

necessaacuterios

A anualidade dos aneacuteis de crescimento em espeacutecies arboacutereas da Amazocircnia

permite anaacutelise de fenocircmenos ecoloacutegicos e ambientais identificaccedilatildeo e reconstruccedilatildeo das

condiccedilotildees climaacuteticas do passado como tambeacutem identificar as alteraccedilotildees naturais e

dinacircmica das populaccedilotildees (Fritts 1976 Schweingruber 1988 Worbes 1995) Aleacutem

disso a aplicaccedilatildeo das informaccedilotildees armazenadas nos aneacuteis de crescimento permite que

estudos dendrocronoloacutegicos sejam empregados com o objetivo de investigar a estrutura

etaacuteria das populaccedilotildees bem como a dinacircmica de crescimento arboacutereo em florestas

tropicais (Worbes 2002)

Desta forma a descriccedilatildeo da estrutura anatocircmica e delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

da madeira satildeo de suma importacircncia para realizaccedilatildeo das anaacutelises dendrocronoloacutegicas

e por conseguinte para a otimizaccedilatildeo do uso da floresta dando suporte para

estabelecimento de estrateacutegias de manejo florestal ao niacutevel de espeacutecie fornecendo

informaccedilotildees do histoacuterico florestal e consequumlentemente garantindo maior

sustentabiliade na utilizaccedilatildeo dos recursos madeireiros (Schoumlngart 2008)

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo

Uma das grandes questotildees a cerca do uso sustentaacutevel de florestas tropicais

envolve o crescimento e a idade das aacutervores Modelos de crescimento de espeacutecies

madeireiras nos troacutepicos ainda satildeo bastante escassos (Nebel et al 2001 Schwartz et

al 2002 Sokpon amp Biaou 2002 Nebel amp Meilby 2005 Brienen amp Zuidema 2007

Schoumlngart et al 2007) fato este atribuiacutedo a problemas de estabelecimento de uma

40

metodologia especiacutefica para determinaccedilatildeo da idade das aacutervores e taxas de

crescimento bem como a alta diversidade de espeacutecies encontrada Aleacutem disso o

atraso no avanccedilo das pesquisas de crescimento arboacutereo com base em aneacuteis na

madeira nos troacutepicos se deve ao descreacutedito na formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das

aacutervores nestas regiotildees devido agraves temperaturas terem sido consideradas praticamente

constantes durante o ano (Lieberman et al 1985 Whitmore 1990)

Atualmente a maioria das pesquisas sobre idade e crescimento de espeacutecies

tropicais eacute baseada em anaacutelises feitas em parcelas permanentes (Condit 1995)

utilizando meacutetodos de mediccedilotildees repetidas durante relativamente curtos periacuteodos de

tempo Outra metodologia para determinar a idade e taxas de incremento eacute a dataccedilatildeo

com radio-carbono (Worbes amp Junk 1999) Estas duas metodologias indicam idades

maacuteximas entre 1000 e 2000 anos (Condit et al 1995 Chambers et al 1998 Laurance

et al 2004) enquanto estudos dendrocronoloacutegicos indicam idades maacuteximas entre 500

e 600 anos (Worbes amp Junk 1999 Fichtler et al 2003)

Resultados encontrados por Chambers et al (1998) de idade estimada de 1370

anos para Carniana micrantha Ducke (Lecythidaceae) eacute considerado excepcional pois

aparentemente foi determinada de um uacutenico exemplar (Roig 2000) Dataccedilatildeo por radio-

carbono pode ser problemaacutetica entre os anos de 1650 e 1950 devido agrave variaccedilatildeo de 14C

encontrada na atmosfera neste periacuteodo Este fenocircmeno foi provocado por grandes

emissotildees de carbono por meio da queima de combustiacutevel foacutessil que ocorreram no

periacuteodo da revoluccedilatildeo industrial (Efeito de Suess) (Fichtler et al 2003) Em adiccedilatildeo o

alto custo desta metodologia natildeo permite o uso para determinaccedilatildeo de grandes

amostragens

41

A construccedilatildeo de modelos de crescimento de lenhosas com base no crescimento

em diacircmetro das espeacutecies em curtos periacuteodos de observaccedilatildeo bem como a baixa

densidade de espeacutecies comerciais encontradas em florestas tropicais na elaboraccedilatildeo de

modelos de crescimento principalmente individuos de grandes tamanhos dentro das

parcelas estudadas satildeo fatores que limitam muito esta metodologia (Clark amp Clark

1996 Nebel amp Meilby 2005) Aleacutem disso estes modelos monitoram somente uma

pequena parte da histoacuteria de crescimento das aacutervores e extrapolam estes dados das

trajetoacuterias de crescimento em diacircmetro de curtos periacuteodos para todo o ciclo de vida da

planta o que os torna simplistas e podem resultar em dados de crescimento arboacutereo e

estimativas de produccedilatildeo da madeira natildeo realistas subestimando as taxas de

crescimento e consequumlentemente superestimando a idade das aacutervores (Brienen amp

Zuidema 2006)

Ao contraacuterio destes meacutetodos de modelagem do crescimento arboacutereo a anaacutelise

dendrocronoloacutegica tem se mostrado uma importante ferramenta a qual fornece

estimativas mais acuradas da idade e do histoacuterico de crescimento arboacutereo individual

por meio da informaccedilatildeo extraiacuteda dos aneacuteis na madeira (Brienen amp Zuidema 2007) Na

anaacutelise de aneacuteis anuais para a modelagem de crescimento arboacutereo das espeacutecies satildeo

amostradas aacutervores que se estabeleceram no dossel com sucesso o que fornece

dados de crescimento em diacircmetro mais realistas e representativos do desenvolvimento

das aacutervores (Brienen amp Zuidema 2006)

Diversos estudos tecircm mostrado a grande variaccedilatildeo existente nas taxas de

crescimento tanto dentro como entre espeacutecies de florestas tropicais (Clark amp Clark

2001 Schoumlngart et al 2006 Brienen amp Zuidema 2006) Segundo Brienen amp Zuidema

(2007) estas diferenccedilas no crescimento dos indiviacuteduos ao longo da vida pode ser o

42

resultados de diversos fatores atuando em conjunto como a disponibilidade de aacutegua

clima intensidade de luz recebida forma e tamanho da copa danos e fitopatoacutegenos

assim como infestaccedilatildeo por cipoacutes e lianas Isso se reflete em variaccedilotildees de curvas

cumulativas comparando indiviacuteduos da mesma espeacutecie (Figura 3)

Os dados obtidos indicaram a ocorrecircncia de variaccedilatildeo na idade das aacutervores com

o aumento do diacircmetro Esta variaccedilatildeo intra-especiacutefica na idade das aacutervores em grandes

diacircmetros (gt de 60 cm) eacute causada principalmente pela variaccedilatildeo que ocorre na

passagem do tempo nas pequenas classes de tamanho (lt 20 cm) (Brienen amp Zuidema

2006) Desta forma o tempo necessaacuterio para que uma aacutervore de determinada espeacutecie

se estabeleccedila no dossel quando as taxas diameacutetricas geralmente aumentam devido

aos altos niacuteveis de radiaccedilatildeo solar pode variar consideravelmente

A variaccedilatildeo encontrada nos indiviacuteduos contudo natildeo impede a modelagem de

crescimento arboacutereo pois ao niacutevel das espeacutecies ocorre uma relaccedilatildeo bastante

significativa entre idade e DAP o que caracteriza a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira

uma ferramenta importante na elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo sustentaacuteveis em

florestas tropicais (Brienen amp Zuidema 2006 Schoumlngart et al 2007)

Comparando as curvas meacutedias de crescimento observa-se que espeacutecies

estudadas apresentam estrateacutegias ecoloacutegicas diferenciadas Altas taxas de incremento

em diacircmetro em espeacutecies de baixa densidade da madeira como Hura e Sterculia levam

a um raacutepido crescimento em volume enquanto que baixas taxas de incremento em

diacircmetro em Cedrela e Ocotea duas espeacutecies de madeira densa levam a um

crescimento em volume mais lento

Tanto Hura como Sterculia parecem apresentar estrateacutegias de crescimento

tiacutepicas de espeacutecies pioneiras com ciclos de vida longos (gt de 100 anos) caracterizadas

43

por altos requerimentos de luz para germinaccedilatildeo e crescimento (Swaine amp Whitmore

1988) Cedrela e Ocotea possuem caracteriacutesticas de crescimento tiacutepicas de espeacutecies

de estaacutegios cliacutemax ou tolerantes agrave sombra com capacidade de sobrevivecircncia em

longos periacuteodos de baixos niacuteveis de luminosidade e baixas taxas de crescimento

arboacutereo (Pianka 1970)

Espeacutecies com baixa densidade da madeira como Hura (039 gcm3) e Sterculia

(047 gcm3) requerem periacuteodos de 41 a 47 anos para extrapolar um diacircmetro limite de

corte de 50 cm enquanto que espeacutecies de madeira densa tais como Ocotea (060

gcm3) e Cedrela (052 gcm3) necessitam de periacuteodos entre 59 e 72 anos para

ultrapassar um diacircmetro de 50 cm Estes resultados estatildeo de acordo com Schoumlngart

(2008) que verificou a existecircncia de uma correlaccedilatildeo entre a densidade da madeira e a

idade da espeacutecie ao atingir o DMD estimado a partir das taxas de IC de volume o que

possibilita estimar o periacuteodo ideal de extraccedilatildeo para outras espeacutecies de florestas de

vaacuterzea da Amazocircnia Central em funccedilatildeo da densidade da madeira

Os resultados encontrados mostram diferenccedilas nas taxas de incremento em

diacircmetro e volume as quais refletem em diferentes ciclos de corte e DMD para as

espeacutecies indicando claramente que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico

de derrubada e ciclo de corte para toda e qualquer espeacutecie natildeo suportam a

sustentabilidade nas praacuteticas de manejo florestal atuais

Neste sentido na aplicaccedilatildeo de manejo florestal sustentado em florestas tropicais

eacute imprescindiacutevel o levantamento de informaccedilotildees a respeito das taxas de crescimento e

idade das aacutervores especiacuteficas para cada espeacutecie bem como dados de regeneraccedilatildeo e

caracteriacutesticas especiacuteficas de cada siacutetio a ser explorado pela extraccedilatildeo de produtos

madeireiros

44

63 Estrateacutegias de manejo florestal

O contiacutenuo uso das florestas de vaacuterzea para atividades de agricultura pecuaacuteria e

extraccedilatildeo da madeira tem causado grandes impactos nos recursos o que tem

ocasionado a necessidade de estabelecimento de estrateacutegias de conservaccedilatildeo e manejo

florestal destas aacutereas (Schoumlngart et al 2007) Nos uacuteltimos anos tem-se observado uma

gradual expansatildeo das atividades de manejo florestal baseada em comunidades de

pequena e meacutedia escala na busca da conversatildeo da exploraccedilatildeo manejada da floresta

em oportunidade de desenvolvimento regional (Amaral amp Amaral 2000) Projetos como

o Programa Piloto para Conservaccedilatildeo das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7) e a

Fundaccedilatildeo Floresta Tropical (FFT) tecircm buscado o desenvolvimento de projetos de

manejo florestal ao niacutevel de comunidade para diferentes aacutereas da Amazocircnia (Amaral amp

Amaral 2000)

Dentre estes modelos enquadra-se o Projeto Mamirauaacute com objetivo de proteger

as vaacuterzeas da RDSM e cuja exploraccedilatildeo segue as normas do PMFS criado pelo IDSM

em conjunto com os comunitaacuterios e baseado em normas estabelecidas pelo Instituto de

Proteccedilatildeo Ambiental do Amazonas (IPAAM) e pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA) (Lei estadual no 2416 de 22 de Agosto

de 1996)

A FAO estabelece um modelo de extraccedilatildeo dos recursos florestais funcionado

como guia para a aplicaccedilatildeo de um Manejo de Impacto Reduzido (MIR) para os recursos

florestais (Dykstra amp Heinrich 1996) Diversos estudos tecircm feito a uniatildeo entre o MIR e a

extraccedilatildeo seletiva de espeacutecies comerciais como uma estrateacutegia de manejo sustentaacutevel

visando agrave conservaccedilatildeo de florestas tropicais e diminuiccedilatildeo dos impactos causados pelo

45

manejo florestal (Vidal et al 2002 Gerwing 2002) Pesquisas tecircm mostrado os

benefiacutecios da aplicaccedilatildeo de MIR com relaccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo convencional da madeira

tanto em relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo dos custos quanto aos benefiacutecios causados pela reduccedilatildeo

dos danos agrave floresta (Barreto et al 1998 Johns et al 1996 Boltz et al 2001 Holmes

et al 2002)

Apesar dos inuacutemeros esforccedilos realizados na elaboraccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas

de exploraccedilatildeo da madeira na tentativa de conservar e reduzir danos causados as

florestas a sustentabilidade do manejo dos recursos florestais ainda natildeo foi alcanccedilada

satisfatoriamente O sucesso dos planos de manejo florestal depende principalmente da

sustentabilidade ecoloacutegica da produccedilatildeo da madeira que requer informaccedilotildees sobre taxas

de crescimento das espeacutecies comerciais (Boot amp Gullison 1995 Brienen amp Zuidema

2006) os quais ainda natildeo satildeo utilizados com frequumlecircncia em florestas tropicais

Schoumlngart (2008) desenvolveu um novo sistema de manejo sustentaacutevel da

madeira de florestas alagaacuteveis de vaacuterzea da Amazocircnia Central (GOL ndash Growth

Orientated Logging) o qual leva em consideraccedilatildeo as diferenccedilas na histoacuteria de

crescimento de espeacutecies comerciais com base em suas taxas de crescimento arboacutereo a

partir da anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira Isto representa um importante passo em

direccedilatildeo a sustentabilidade do manejo florestal praticado em florestas tropicais

Atualmente normas de exploraccedilatildeo da madeira em regiotildees tropicais as quais

estabelecem diacircmetro limite de derrubada e ciclos de corte para os sistemas de manejo

de florestas natildeo possuem nenhuma base cientiacutefica e natildeo levam em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas nas estrateacutegias de crescimento e estabelecimento bem como as

especificidades de cada regiatildeo a ser explorada Estes fatos levaram a quase eliminaccedilatildeo

de espeacutecies como C pentandra e Calophyllum brasiliense dos mercados regionais e

46

locais na Amazocircnia Ocidental Estas foram substituiacutedas por H crepitans e O

cymbarum duas espeacutecies atualmente exploradas comercialmente na regiatildeo do Meacutedio

Solimotildees (Worbes et al 2001)

Se as atuais praacuteticas de manejo florestal persistirem H crepitans e O cymbarum

poderatildeo ter o mesmo destino que C pentandra e C brasiliense Hura e Ocotea podem

desaparecer dos mercados madeireiros e novamente ocorrer a substituiccedilatildeo destas por

outras espeacutecies ainda pouco exploradas que por sua vez sofreratildeo as pressotildees de uma

extraccedilatildeo madeireira insustentaacutevel o que pode ter seacuterias consequumlecircncias ecoloacutegicas

como a perda dos recursos geneacuteticos degradaccedilatildeo da floresta quebra de cadeias

alimentares para insetos peixes mamiacuteferos etc

A extraccedilatildeo de C odorata eacute um outro exemplo de como de atual manejo de

florestas de vaacuterzea natildeo eacute adequado Esta espeacutecie foi intensamente explorada na RDSM

a ponto de reduzir drasticamente seus estoques de madeira (Ayres 1993 Pinedo-

Vasquez et al 2001) e atualmente eacute considerada uma espeacutecie ameaccedilada e excluiacuteda

da extraccedilatildeo de madeira da RDSM

A recente modificaccedilatildeo de 11 de dezembro de 2006 (IN ndeg 5) do Coacutedigo Florestal

Brasileiro abre caminhos para modificaccedilotildees do manejo florestal aplicado atualmente na

Amazocircnia Brasileira O ciclo de corte no PMFS Pleno varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3ha Espeacutecies com baixa intensidade da madeira (menos

de 10 msup3 por ha) podem ter um ciclo de corte de 10 anos sendo que para florestas de

vaacuterzea a produccedilatildeo pode exceder 10 msup3 por ha poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3

aacutervores por ha

Levando-se em consideraccedilatildeo os dados de distribuiccedilatildeo diameacutetrica fornecidos pelo

Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM observa-se que a espeacutecie O cymbarum

47

apresentaram um padratildeo de distribuiccedilatildeo diameacutetrica do tipo J invertido apresentando

um decreacutescimo da densidade de aacutervores com o aumento do diacircmetro A distribuiccedilatildeo

diameacutetrica de O cymbarum se concentrou nas classes diameacutetricas de 20 a 100 cm

(Figura 10)

Foi possiacutevel encontrar indiviacuteduos na maioria das classes diameacutetricas em Hura

crepitans atingindo densidade maacutexima de 05 indiviacuteduos por ha na classe diameacutetrica de

110 cm A alta densidade de indiviacuteduos em classes diameacutetricas anteriores e posteriores

a classe de 50 cm e os altos valores de volume de madeira de H crepitans sugerem que

esta espeacutecie tem grande potencial para exploraccedilatildeo madeireira dentro da RDSM

Entretanto a derrubada de indiviacuteduos com diacircmetros nas classes entre 50 e 120 cm

permitidas por lei eacute problemaacutetica pois estaratildeo sendo extraiacutedas aacutervores que ainda natildeo

alcanccedilaram a sua produccedilatildeo oacutetima de madeira (Figura 8d)

Marinho (2008) ao analisar a estrutura populacional de espeacutecies como H

crepitans O cymbarum e S elata ocorrendo em florestas de vaacuterzea do setor Jarauaacute da

RDSM observou que estas espeacutecies apresentam baixa densidade de indiviacuteduos em

classes diameacutetricas acima de 50 cm (28 13 e 05 indha respectivamente) sendo

que Hura e Sterculia apresentam uma baixa taxa de estabelecimento visiacutevel pelo

pequeno nuacutemero de indiviacuteduos observados em classes diameacutetricas baixas

Os ciclos de corte entre 10 e 12 anos determinados para as espeacutecies neste

trabalho satildeo valores proacuteximos ao permitido pelas normas de manejo florestal da IN ndeg 5

(ciclo de corte de 10 anos) Entretanto aplicando-se um diacircmetro de derrubada limite

de 50 cm pode natildeo ser sustentaacutevel para espeacutecies como Sterculia e Cedrela

considerando-se a abundacircncia destas espeacutecies na regiatildeo Considerando-se a

48

abundacircncia de Hura e Ocotea o manejo pode ser sustentaacutevel se considerar os DMDs

determinados para cada espeacutecie neste estudo

igura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999

Inventaacuterio florestal de Mamirauaacute (1999 - 2000)

00

02

04

06

08

10

12

14

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

gt 2

Classes diameacutetricas (m)

Den

sida

de d

e aacuter

vore

s po

r ha

Sterculia elataHura crepitansOcotea cymbarumCedrela odorata

Fa 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM

49

Os resultados mostram que tanto Hura quanto Sterculia apresentaram taxas de

crescimento arboacutereo relativamente raacutepidas o que as torna espeacutecies potenciais para

recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e reflorestamento Jaacute Ocotea e Cedrela duas

espeacutecies de madeira densa apresentaram taxas mais lentas de crescimento arboacutereo

Ocotea eacute uma espeacutecie cuja madeira eacute frequumlentemente utilizada pelas

comunidades ribeirinhas na construccedilatildeo de casas moacuteveis e taacutebuas Cedrela eacute uma

espeacutecie bastante valorizada no mercado madeireiro chegando a custar R$ 12000m3

no ano de 2004 na regiatildeo do alto Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a) Isto faz com

que reflorestamentos com Cedrela venham a ser um importante caminho para o

enriquecimento dos estoques de madeira visando o aumento das populaccedilotildees desta

espeacutecie Atraveacutes de um manejo florestal sustentaacutevel comunidades ribeirinhas podem se

beneficiar com produtos madeireiros de alta qualidade e de valor comercial

Os efeitos positivos da liberaccedilatildeo do dossel sobre as taxas de incremento em

diacircmetro observados em espeacutecies de madeira densa (Kammesheidt et al 2003)

indicam que as taxas de crescimento arboacutereo encontradas em Cedrela poderiam ser

aceleradas atraveacutes de aplicaccedilatildeo deste tipo de tratamento silvicultural Entretanto devem

ser realizados mais estudos a respeito das estrateacutegias de regeneraccedilatildeo da espeacutecie

dentro da reserva

Os resultados indicam que um ciclo de corte de 25 anos eacute inadequado para

execuccedilatildeo de manejo florestal sustentaacutevel das quatro espeacutecies estudadas Todas

apresentaram ciclos de corte inferiores (entre 10 e 12 anos) ao valor exigido por lei

indicando que estes recursos madeireiros natildeo estatildeo sendo manejados eficazmente A

IN no 5 permite a aplicaccedilatildeo de ciclo de corte inicial de 10 anos com volume maacuteximo de

10 msup3ha ou mais com retirada de apenas 3 aacutervores por ha para manejos de baixa

50

intensidade Com isso eacute possiacutevel manejar de forma mais adequada os estoques de

Ocotea e Hura aplicando ciclos de corte de 12 e 10 anos respectivamente utilizando

contudo os DMDs aqui determinados para manejo florestal mais especiacutefico garantindo

assim a sustentabilidade do uso da madeira destas espeacutecies dentro da reserva

Todavia eacute necessaacuteria a garantia de que ao retirar aacutervores de determinada espeacutecie em

dado local seja feito estabelecimento de indiviacuteduos de mesma espeacutecie

A distribuiccedilatildeo diameacutetrica de Hura mostra ampla distribuiccedilatildeo de aacutervores na

maioria das classes diameacutetricas Contudo o modelo de crescimento da espeacutecie mostra

que em classes diameacutetricas entre 50 e 130 cm natildeo foi atingida produccedilatildeo maacutexima de

madeira Neste sentido ao retirar aacutervores com diacircmetros acima de 130 cm ainda

restaratildeo aacutervores suficientes nas classes inferiores para garantir renovaccedilatildeo dos

estoques extraiacutedos as quais permitem a garantia de produccedilatildeo de diaacutesporos para a

regeneraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da produtividade maacutexima da espeacutecie otimizando a exploraccedilatildeo

da madeira de Hura

O mesmo deve valer para Ocotea e Sterculia Poreacutem a regeneraccedilatildeo destas

espeacutecies deve ser assegurada o que implica em execuccedilatildeo de estudos ecologia da

populaccedilatildeo particularmente de regeneraccedilatildeo e estabelecimento levando-se em

consideraccedilatildeo a influecircncia de fatores ambientais (solo clima disponibilidade de luz

inundaccedilatildeo etc)

51

64 Desafios futuros

Os resultados do presente trabalho mostram que o atual criteacuterio de manejo

florestal que estabelece ciclo de corte e diacircmetro limite para corte uacutenicos extraccedilatildeo de 5

aacutervores por ha natildeo se mostra eficaz na garantia de manutenccedilatildeo dos estoques de

madeira para exploraccedilotildees subsequumlentes o que torna estes criteacuterios inviaacuteveis para

conservaccedilatildeo da biodiversidade por meio de manejos florestais sustentaacuteveis em

florestas de vaacuterzea Aleacutem disso a ausecircncia de informaccedilotildees a respeito dos processos

que envolvem a dinacircmica e ecologia de florestas alagaacuteveis na elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo eacute um fator agravante na questatildeo da insustentabilidade da

exploraccedilatildeo dos recursos florestais em florestas de vaacuterzea

Ciclos de corte da madeira soacute possibilitam sustentabilidade se as espeacutecies

extraiacutedas conseguem se regenerar e estabelecer dentro da floresta garantindo

estoques de madeira para as proacuteximas extraccedilotildees Uma importante questatildeo eacute a

ausecircncia de dados baacutesicos de estrutura populacional e estabelecimento e regeneraccedilatildeo

de florestas tropicais para subsidiar planos de manejo florestal principalmente em

florestas de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia

Pesquisas tecircm sido feitas no sentido de investigar a influecircncia do pulso de

inundaccedilatildeo condiccedilotildees de luz suprimento de nutrientes e disponibilidade de aacutegua no

estabelecimento de sementes e placircntulas em aacutereas alagaacuteveis (Parolin 2001 Wittmann

amp Junk 2003 Ferreira et al 2005) Wittmann amp Junk (2003) enfatizam importacircncia de

novos estudos focando os processos de germinaccedilatildeo crescimento e taxa de

mortalidade de placircntulas de espeacutecies exploradas comercialmente e suas relaccedilotildees com

fatores do ambiente como luz e inundaccedilatildeo

52

Produtos florestais natildeo madeireiros tambeacutem devem ser levados em consideraccedilatildeo

na elaboraccedilatildeo de planos de manejo de florestas de vaacuterzea Diversos produtos tais

como resinas oacuteleos frutos fibras tecircxteis taninos e produtos medicinais satildeo extraiacutedos

de espeacutecies encontradas nas florestas de vaacuterzea (Wittmann et al 2006b) o que

demonstra o alto potencial destas florestas para este tipo de exploraccedilatildeo dos recursos

Novos modelos de exploraccedilatildeo madeireira que levam em consideraccedilatildeo o

crescimento e idade das aacutervores estatildeo sendo criados (Schoumlngart et al 2003 Brienen

amp Zuidema 2006 Schoumlngart 2007 2008) Mas o desafio de converter dados de

pesquisas cientiacuteficas em poliacuteticas puacuteblicas ainda eacute grande O caminho ainda eacute longo e

espera-se que a partir desta mudanccedila da IN ndeg de 2006 o qual permite a alteraccedilatildeo do

diacircmtro limite de corte e ciclo de corte atualmente requeridos para o manejo florestal

com base em pesquisas cientiacuteficas abra portas para a elaboraccedilatildeo de manejos

florestais especiacuteficos e sustentaacuteveis e consequumlentemente possibilitem que o quadro de

exploraccedilatildeo da madeira venha a se modificar com o tempo nas florestas alagaacuteveis da

Amazocircnia brasileira

7 CONCLUSOtildeES

As quatro espeacutecies estudadas apresentam diferenccedilas nas taxas de crescimento

arboacutereo Isto implica que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico de

derrubada e ciclo de corte para estas espeacutecies natildeo garantem a manutenccedilatildeo dos

estoques de madeira na floresta e portanto natildeo satildeo sustentaacuteveis

O DMD sugerido para Hura eacute de 130 cm quando a espeacutecie atinge sua produccedilatildeo

oacutetima de madeira possibilitando o aproveitamento maacuteximo do recurso bem como a

53

permanecircncia de indiviacuteduos em idade reprodutiva e consequumlente reposiccedilatildeo dos

estoques desta espeacutecie

Os resultados mostram que para C odorata uma espeacutecie com baixa densidade

de indiviacuteduos na reserva o DMD encontrado foi inferior a 50 cm (3760 cm) o que

demonstra a necessidade de aplicaccedilatildeo de tratamentos de enriquecimento de indiviacuteduos

para reposiccedilatildeo dos estoques para futuras exploraccedilotildees

Para O cymbarum e S elata DMDs sugeridos satildeo de 53 e 56 cm

respectivamente dentro do diacircmetro limite estabelecido por lei No entanto a baixa

densidade de indiviacuteduos encontrada em S elata indica tambeacutem a importacircncia de

aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais de enriquecimento para esta espeacutecie atingir

niacuteveis manejaacuteveis de seus estoques madeireiros

Os ciclos de corte variaram entre 10 anos para as espeacutecies de madeira branca e

12 anos para as espeacutecies de madeira pesada Entretanto deve ser ressaltada a

importacircncia do uso de DMD aqui sugeridos para cada espeacutecie objetivando a garantia da

manutenccedilatildeo dos estoques das mesmas

A dendrocronologia se mostrou uma ferramenta bastante uacutetil na aplicaccedilatildeo de

modelos de crescimento arboacutereo com intuito de contribuir para elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo florestal que suportam maior sustentabilidade do uso dos

recursos florestais Contudo maiores estudos para compreensatildeo da estrutura das

populaccedilotildees crescimento e reproduccedilatildeo das espeacutecies madeireiras de florestas de vaacuterzea

devem ser realizados

54

8 REFEREcircNCIAS

Achard F Eva HD Stibig Hans-Juumlrgen Mayaux P Gallego J Richards T

Malingreau Jean-Paul 2002 Determination of Deforestation Rates of the Worlds

Humid Tropical Forests Science 297(5583) 999 ndash 1002

Alencar A Nepstad D McGrath D Moutinho P Pacheco P Del Carmen M Diaz

V Soares ndash Filho BS 2004 Desmatamento na Amazocircnia indo aleacutem da

emergecircncia crocircnica Ipamhttpwwwipamorgbrpublicacoeslivrosresumo_des

matamentophp

Albernaz AL amp Ayres JM 1999 Selective Logging along the Middle Solimotildees River

In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash

Diversity Development and Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains

New York NYBG Press

Amaral P amp Amaral MN 2000 Manejo florestal comunitaacuterio na Amazocircnia brasileira

situaccedilatildeo atual desafios e perspectivas Brasiacutelia DF Instituto Internacional de

Educaccedilatildeo do Brasil (IIEB) 58 pp

Anderson A Mousasticoshvily I Macedo D 1999 Logging of Virola surinamensis in

the Amazon Floodplain Impacts and alternatives In Padoch C Ayres J M

Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and

Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Asner GP Knapp DE Broadbent EN Oliveira PJC Keller M Silva JNM

2005 Selective logging in the Brazilian Amazon Science 310 480 ndash 482

Ayres JM 1993 As matas de vaacuterzea do Mamirauaacute MCTCNPqSociedade Civil

Mamirauaacute Brasiacutelia Distrito Federal 123 pp

Barreto P Amaral P Vidal E Uhl C 1998 Costs and benefits of forest

management for timber production in eastern Amazonia Forest Ecology and

Management 108 (1ndash2) 9 ndash 26

Barros AC amp Uhl C 1995 Logging along the Amazon River and estuary Patterns

problems and potential Forest Ecology and Management 77 87ndash105

Barros AC amp Uhl C 1999 The economic and social significance of logging operations

on the Floodplains of the Amazon estuary and prospects for ecological

55

sustainability In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A

(eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and Conservation of Amazonias

Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Boltz F Carter DR Holmes TP Pereira RJr 2001 Financial returns under

uncertainty for conventional and reduced impact logging in permanent production

forests of the Brazilian Amazon Ecological Economics 39 387 ndash 398

Borchert R Rivera G Hagnauer W 2002 Modification of vegetative phenology in a

tropical semideciduous forest by abnormal drought and rain Biotropica 34 27 ndash

39

Bormann FH amp Berlyn G 1981 Age and growth rate of tropical trees new directions

for research Yale University School of Forestry and Environmental Studies

Bulletin New Haven

Boot RGA amp Gullison RE 1995 Aprporaches to developing sustainable extraction

systems for tropical forest products Ecological Applications 5(4) 896 ndash 903

Brienen RJW amp Zuidema PA 2005 Relating tree growth to rainfall in Bolivian rain

forests a test for six species using tree ring analysis Oecologia 146(1) 1 ndash 12

Brienen RJW amp Zuidema PA 2006 Lifetime growth patterns and ages of Bolivian

rain forest trees obtained by tree ring analysis Journal of Ecology 94 481 ndash 493

Brienen RJW amp Zuidema PA 2007 Incorporating persistent tree growth differences

increases estimates of tropical timber yield The Ecological Society of America

Frontiers in Ecology and the Environment 5(6) 302 ndash 306

Cannell MGR 1984 Woody biomass of forest stands Forest Ecology and

Management 8 (3 ndash 4) 299 ndash 312

Carvalho G Barros AC Moutinho P Nepstad D 2001 Sensitive Development

Could Protect Amazonia Instead of Destroying It Nature 409 131

Chave J Andalo C Brown S Cairns MA Chambers JQ Eamus D Foumllster H

Fromard F Higuchi N Kira T Lescure J-P Nelson BW Ogawa H Puig

H Rieacutera B Yamakura T 2005 Tree allometry and improved estimation of

carbon stocks and balance in tropical forests Oecologia 145 87 ndash 99

Chambers JQ Higuchi N Schimel JP 1998 Ancient trees in Amazonia Nature 39

135 ndash 136

56

Cintron BB 1990 Cedrela odorata L Cedro hembra Spanish cedar In Burns RM

Honkala BH (eds) Silvics of North America 2 Hardwoods Agric Handb

Washington DC US Department of Agriculture Forest Service 654 250 ndash 257

Clark DB amp Clark DA 1996 Abundance growth and mortality of very large trees in

neotropical lowland rain forest Forest Ecology and Management 80 235 ndash 244

Clark DA Clark DB 2001 Getting to the canopy Tree height growth in a neotropical

rain forest Ecology 82 1460 ndash 1472

Condit R 1995 Research in large long-term tropical forest plots Tree 10 18 ndash 22

Condit R Hubbel SP Foster RB 1995 Demography and harvest potential of Latin

American timber species data from a large permanent plot in Panama Journal of

Tropical Forest Science 7 599 ndash 622

De Graaf NN Filius AM Huesca Santos AR 2003 Financial analysis of sustained

forest management for timber Perspectives for application of the CELOS

management system in Brazilian Amazonia Forest Ecology and Management

177 287 ndash 299

Denevan WM 1976 The aboriginal population of Amazonia In Denevan W M (ed)

The native population of the Americas in 1492 The University of Wisconsin Press

205 ndash 234

De Simone O Junk WJ Schmidt W 2003 Central Amazon Floodplain Forests Root

Adaptations to Prolonged Flooding Russian Journal of Plant Physiology 50(6)

848 ndash 855

Dezzeo N Worbes M Ishii I Herrera R 2003 Growth rings analysis of four tropical

tree species in seasonally flooded forest of the Mapire River a tributary of the

lower Orinoko River Venezuela Plant Ecology 168 165 ndash 175

Duumlnisch O Montoia VR Bauch J 2003 Dendroecological investigations on

Swietenia macrophylla King and Cedrela odorata L (Meliaceae) in the Central

Amazon Trees ndash Struct Funct 17 244 ndash 250

Dykstra JA amp Heinrich R 1996 FAO model code of forest harvesting practice Food

and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) Rome Italy

Eckstein D Sass U Baas P 1995 Growth periodicity in tropical trees IAWA Journal

16 325 ndash 442

57

Enquist BJ Leffler AJ 2001 Long-term tree ring chronologies from sympatric tropical

dry-forest trees individualistic responses to climatic variation Journal of Tropical

Ecology 17 41 ndash 60

Enright NJ Hartshorn GS 1981 The demography of tree species in undisturbed

tropical rainforest In Bormann FH Berlyn G (eds) Age and growth rate of

tropical trees new directions for research Yale University School of Forestry and

Environmental Studies 94 107 ndash 119

Fearnside PM 1999 Biodiversity as an environmental service in Brazilacutes Amazonian

forests risks value and conservation Environmental Conservation 26 305 ndash 321

Ferreira LV 1991 O efeito do periacuteodo de inundaccedilatildeo na zonaccedilatildeo de comunidades

fenologia e regeneraccedilatildeo em uma floresta de Igapoacute na Amazocircnia Central Masterrsquos

Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 161 pp

Fichtler E Clark DA Worbes M 2003 Age and long-term growth of trees in an old-

growth tropical rain forest based on analyses of tree rings and C-14 Biotropica

35 306 ndash 317

Fichtler E Trouet V Beeckman H Coppin P Worbes M 2004 Climatic signals in

tree rings of Burkea africana and Pterocarpus angolensis form semiarid forests in

Namibia Trees 18 442 ndash 451

Francis J K 1990 Hura crepitans L Sandbox molinillo jabillo In SO-ITF-SM-38 New

Orleans LA US Department of Agriculture Forest Service Southern Forest

Experiment Station 270 ndash 274

Fritts HC 1976 Tree rings and climate London - Academic Press 567 pp

Furch K 1984 Water chemistry of the Amazon Basin The distribution of chemical

elements among freshwaters In Sioli H (ed) The Amazon Limnology and

Landscape Ecology of a Mighty Tropical River and its Basin Junk Publishers

Dordrecht 176 ndash 200

Furch K 1997 Chemistry of Vaacuterzea and Igapoacute soils and nutrient inventory of their

floodplain forests In Junk WJ (ed) The Central Amazon Floodplains Ecology of

a Pulsing System Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 47 ndash 67

58

Gama JRV Bentes ndash Gama M de Matos Scolforo JRS 2005 Sustainable

management for floodplain forest in eastern Amazonian Rev Aacutervore 29(5) 719 ndash

729

Gerwing JJ 2002 Degradation of forests through logging and fire in the eastern

Brazilian Amazon Forest Ecology and Management 157 131 ndash 141

Gourlay ID 1995 The definition of seasonal growth zones in some African Acacia

species ndash A review IAWA Journal 16 353 ndash 359

Hartshorn GS 1995 Ecological basis for sustainable development in tropical forests

Annual Review of Ecology and Systematics 26 155 ndash 175

Higuchi N Hummel AC Freias JV Malinowski JRE Stokes R 1994

Exploraccedilatildeo florestal nas vaacuterzeas do Estado do amazonas seleccedilatildeo de aacutervore

derrubada e transporte Proceedings of the VII Harvesting and Transportation of

timber Products IUFROUFPR Curitiba Brasil 168 ndash 193

Holmes TP Blate GM Zweede JC Pereira R Barreto P Boltz F Bauch R

2002 Financial and ecological indicators of reduced impact logging performance in

the eastern Amazon Forest Ecology and Management 163 93 ndash 110

IBGE 2000 Censo Demograacutefico 2000 Resultados Preliminares Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Rio de Janeiro 172 pp

Irion G Junk WJ Mello JASN 1997 The large Central Amazonian river floodplain

near Manaus geological climatological hydrological and geomorphological

aspects In the Central Amazonian Floodplains Ecology of a Pulsing System

Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 23 ndash 46 Johns JS Baretto P Uhl C 1996 Logging damage during planned and unplanned

logging operations in the eastern Amazon Forest Ecology and Management 89

59 ndash 77

Junk WJ 1989 Flood tolerance and tree distribution in Central Amazonian floodplains

In Nielsen LB Nielsen IC Baisley H (eds) Tropical Forests Botanical

Dynamics Speciation and Diversity Academic Press London 47 ndash 64

Junk WJ Bayley PB Sparks RE 1989 The flood pulse concept in foodplain

systems In Dodge DP (eds) Proceedings of the International Large River

Symposium Cen Spec Publ Fish Aquat Sci 106 110 ndash 127

59

Junk WJ amp Piedade MTF 1997 Plant life in the floodplain with special reference to

herbaceous plants In The central Amazon Floodplain Ecology of a Pulsing

system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 147 ndash 185

Kammescheidt L Gagang AA Schwarzwaller W Weidelt H 2003 Growth patterns

of dipterocarps in treated and untreated plots Forest Ecology and Management

174 437 ndash 445

Kubitzki K amp Zibursk A 1994 Seed dispersal in flood plain forests of Amazonia

Biotropica 26(1) 30 ndash 43

Lambin EF Geist HJ Lepers E 2003 Dynamics of land-use and land-cover change

in tropical regions Annual Review of Environment and Resources 28 205 ndash 41

Lamprecht H 1989 Silviculture in the tropics tropical forest ecosystems and their tree

species - possibilities and methods for their long-term utilization GTZ Eschborn

Laurance WF Nascimento HEM Laurance SG Condit R DAngelo S

Andrade A 2004 Inferred longevity of Amazonian rainforest trees based on a

long-term demographic study Forest Ecology and Management 190 131 ndash 143

Lieberman D Lieberman M Hartshorn G Peralta R 1895 Growth rates and age-

size relationships of Tropical Wet Forest trees in Costa Rica

Journal of Tropical Ecology 1(2) 97 ndash 109

Lima JRA amp Santos Joaquim dos Higuchi N 2005 Situaccedilatildeo das induacutestrias

madeireiras do Estado do Amazonas em 2000 Acta Amazonica 35(2) 125 ndash 132

Loureiro AA amp Silva MF da 1968 Cataacutelogo das madeiras da Amazocircnia Beleacutem

INPA 1 ndash 2

Margulis S 2003 Causas do desmatamento da Amazocircnia brasileira Brasiacutelia Banco

Mundial 100 pp

Marinho TA da S 2008 Distribuiccedilatildeo e estrutura da populaccedilatildeo de quatro espeacutecies

madeirerias em uma floresta sazonalmente alagaacutevel na Reserva de

desenvolvimento sustentaacutevel Mamirauaacute Amazocircnia Central Masterrsquos Thesis

Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 71 pp

Marques CA 2001 Importacircncia econocircmica da famiacutelia Lauraceae Lindl Floresta e

Ambiente 8(1) 195 ndash 206

60

Martini A Arauacutejo R N Uhl C 1998 Espeacutecies de Aacutervores Potencialmente

Ameaccediladas pela Atividade Madeireira na Amazocircnia Imazon Beleacutem Brazil Seacuterie

Amazocircnia Ndeg 11

Nebel G amp Kvist LP 2001 A review of Peruvian flood plain forests ecosystems

inhabitants and resource use Forest Ecology and Management 150 3 ndash 26

Nebel G Dragsted J Simonsen TR Vanclay JK 2001 The Amazon floodplain

forest tree Maquira coriacea (Karsten) CC Berg Aspects of ecology and

management Forest Ecology and Management 150 103 ndash 113

Nebel G amp Meilby H 2005 Growth and population structure of timber species in

Peruvian Amazon flood plains Forest Ecology and Management 215 1 ndash 3

Nepstad D Carvalho G Barros AC Alencar A Capobianco J Bishop J

Moutinho P Lefebvre P Silva U 2001 Road Paving Fire Regime Feedbacks

and the Future of Amazon Forests Forest Ecology and Management 5524 1 ndash 13

Nutto L Watzlawick LF 2002 Relaccedilotildees entre fatores climaacuteticos e incremento em

diacircmetro de Zanthoxylum rhoifolia Lam e Zanthoxylum hyemale St Hil Na regiatildeo

de Santa Maria RS Embrapa Florestas Bol Pesq Fl Colombo PR 45 41 ndash 55 Ohly JJ 2000 Development of central Amazonia in the modern era In Junk WJ

Ohly JJ Piedade MTF Soares MGM (eds) The Central Amazon

Floodplain Actual Use and Options for Sustainable Management Backhuys

Publisher Leiden 75 ndash 94

Parolin P 2001 Morphological and physiological adjustments to waterlogging and

drought in seedlings of Amazonian floodplain trees Oecologia 128 326-335

Parolin P 2002 Bosques inundados en la Amazonia Central Su aprovechamiento

actual y potencial Ecologia Aplicada 1(1) 111 ndash 114

Parolin P De Simone O Haase K Waldhoff D Rottenberger S Kuhn U

Kesselmeier J Kleiss B Schmidt W Piedade MTF Junk WJ 2004 Central

Amazonian floodplain forests tree adaptations in a pulsing system The Botanical

Review 70(3) 357 ndash 380

Piedade MTF Junk WJ Parolin P 2000 The flood pulse and photosynthetic

response of tree in a white water floodplain (Vaacuterzea) of Central Amazon Brazil

Verhandlungen der Internationalen Vereinigung fuumlr Limnologie 27 1734 ndash 1739

61

Piedade MTF 1985 Ecologia e biologia reprodutiva de Astrocaryum jauari Mart

(Palmae) como exemplo de populaccedilatildeo adaptada agraves aacutereas inundaacuteveis do Rio Negro

(igapoacutes) Masterrsquos Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo

Universidade do Amazonas Manaus Amazonas 188 pp

Piedade MTF Junk WJ Adis J Parolin P 2005 Ecologia zonaccedilatildeo e colonizaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo arboacuterea das Ilhas Anavilhanas Pesquisas Botacircnica 56 117 ndash 143

Pinedo-Vasquez M Zarin DJ Coffey K Padoch C Rabelo F 2001 Post-boom

logging in Amazonia Human Ecology 29 219ndash239

Prance GT 1980 A terminologia dos tipos de florestas Amazocircnicas sujeitos agrave

inundaccedilatildeo Acta Amazonica 10 495 ndash 504

Prance GT 1989 American Tropical Forests In Lieth H Weger MJA (eds)

Tropical Rain Forest Ecossistems Ecossistems of the World Elsevier Amsterdam

14 99 ndash 132

Putz FE Blate GM Redford KH Fimbel R Robinson J 2001 Tropical forest

management and conservation of biodiversity an overview Conservation Biology

15 7ndash20

Queiroz H 2005 A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute Estudos

Avanccedilados 19(54) 183 ndash 203

Revilla JDC 1981 Aspectos floriacutesticos e fitossocioloacutegicos da floresta inundaacutevel

(igapoacute) Praia Grande Rio Negro Amazonas Brasil Masterrsquos Thesis Instituto

Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do Amazonas

Manaus Amazonas 129 pp

Ribeiro RNS Tourinho MM Santana AC 2004 Avaliaccedilatildeo da sustentabilidade

agroambiental de unidades produtivas agroflorestais em Vaacuterzeas fluacutevio marinhas

de Cametaacute - Paraacute Acta Amazonica 34(3) 359 ndash 374

Roig FA 2000 Dendrocronologiacutea en los bosques del Neotroacutepicos revisioacuten y

prospeccioacuten futura In Dendrocronologiacutea en america Latina Roig F A (ed)

Mendoza EDIUNC 307 ndash 355

Sass U Killmann W Eckstein D 1995 Wood formation in two species of

dipterocarpaceae in Peninsular Malaysia IAWA Journal 16 371 ndash 384

62

Schoumlngart J 2003 Dendrochronologische Untersuchungen in

Uumlberschwemmungswaumlldern der vaacuterzea Zentralamazoniens PhD Thesis Fakultaumlt

fuumlr Forstwissenschaften und Waldoumlkologie Universitaumlt Goumlttingen 223 pp

Schoumlngart J 2008 GrowthndashOrientated Logging (GOL) A new concept towards

sustainable forest management in Central Amazonian vaacuterzea floodplains Forest

Ecology and Management (Aceito)

Schoumlngart J Piedade MTF Ludwigshausen S Horna V Worbes M 2002

Phenology and stem-growth periodicity of tree species in Amazonian floodplain

forests Journal of Tropical Ecology 18 581 ndash 597

Schoumlngart J Piedade MTF Worbes M 2003 Successional differentiation in

structure floristic composition and wood increment of whitewater Floodplain

Forests in Central Amazonia German-Brazilian Workshop on Neotropical

Ecosystems ndash Achievements and Prospects of Cooperative Research Hamburg 3

ndash 8

Schoumlngart J Junk WJ Piedade MTF Ayres JM Huumlttermann A Worbes M

2004 Teleconnection between tree growth in the Amazonian floodplains and the El

Nintildeo-Southern Oscillation effect Global Change Biology 10 683 ndash 692

Schoumlngart J Piedade MTF Wittmann F Junk WJ Worbes M 2005 Wood

growth patterns of Macrolobium acaciifolium (Benth) (Fabaceae) in Amazonian

black-water and white-water Floodplain Forests Oecologia 145 454 ndash 461

Schoumlngart J Orthmann B Hennenberg KJ Porembski S Worbes M 2006

Climate ndash growth relationships of tropical tree species in West Africa and their

potential for climate reconstruction Global Change Biology 12 1139 ndash 1150

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M Piedade MTF Krambeck H-J Junk WJ

2007 Management criteria for Ficus insipida Willd (Moraceae) in Amazonian white

ndash water floodplain forests defined by tree ndash rings analysis Annals of Forest

Science 64 657 ndash 664 Schoumlngart J Rocha RM Queiroz HL 2008a Traditional timber extraction in the

central Amazonian floodplains In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

63

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M 2008b Biomass and net primary production of

central Amazonian floodplain forests In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-Verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Swaine MD Whitmore TC 1988 On the definition of ecological species groups in

tropical rain forests Vegetatio 75 81 ndash 86

Schwartz MW Caro TM Banda-Sakala T 2002 Assessing the sustainability of

harvest of Pterocarpus angolensis in Rukwa Region Tanzania Forest Ecology and

Management 170 259 ndash 269

Schweingruber FH 1988 Tree rings Reidel Dordrecht 276 pp

Sioli H amp Klinge H 1962 Solos tipos de vegetaccedilatildeo e aacuteguas na Amazocircnia Boletim

Museu Paraense Emilio Goeldi 1 27 ndash 41

Sioli H 1984 Former and recent utilizations of Amazonia and their impact on the

environment In The Amazon Sioli H (ed) Junk Publishers Dordrecht 675 ndash

706

Sioli H 1991 Amazocircnia Fundamentos da ecologia da maior regiatildeo de florestas

tropicais Editora Vozes Petroacutepolis Rio de Janeiro 3 ed 71 pp

Sociedade Civiacutel Mamirauaacute 1996 Mamirauaacute Management Plan (summarized version)

Brasiacutelia SCM CNPqMCT

Sokpon N amp Biaou SH 2002 The use of diameter distributions in sustained-use

management of remnant forests in Benin case of Bassila forest reserve in North

Benin Forest Ecology and Management 161 13 ndash 25

Sombroek WG 1979 Soils of the Amazon region and their ecological stability ISM

Annual Report 13 ndash 27

Smeraldi R 2003 Legalidade predatoacuteria ndash o novo contexto da exploraccedilatildeo madeireira

na Amazocircnia In MACQUEEN DJ (ed) Exportando sem crises a induacutestria de

madeira tropical brasileira e os mercados internacionais IIED Small and Medium

64

Enterprise Series London International Institute for Environment and

Development 1 37 ndash 52

Spiecker H 2002 Tree rings and forest management in Europe Dendrochronologia

20(1-2) 191 ndash 202

Stadtler EWC 2007 Estimativas de biomassa lenhosa estoque e sequumlestro de

carbono acima do solo ao longo do gradiente de inundaccedilatildeo em uma floresta de

igapoacute alagada por aacutegua preta na Amazocircnia Central MSc thesis INPAUFAM

Manaus BrazilStahle DW 1999 Useful strategies for the development of tropical

tree-ring chronologies IAWA Journal 20 249 ndash 253

Takeuchi M 1962 The structure of the amazonian vegetation VI Igapoacute Journal of the

Faculty Science University of Tokyo 8(4 ndash 7) 297-304

Ter Steege H Pitman N Sabatier D Castellanos H Vander Hout P Daly DC

Silveira M Phillips OL Vasquez R Van Andel T Duivenvoorden J De

Oliveira AA Ek R Lilwah R Thomas R Van Essen J Baider C Maas P

Mori S Terborgh J Nueacutez PV Mogolloacute n H Morawetz W 2003 A spatial

model of tree adiversity and b-density for the Amazon Region Biodiversityand

Conservation 12 2255 ndash 2277

Therrell MD Stahle DW Ries LP Shugart HH 2006 Tree-ring reconstructed

rainfall variability in Zimbabwe Climate Dynamics 26 677 ndash 685

Uhl C Barreto P Verissiacutemo A Vidal E Amaral P Barros AC Souza C Johns

J Gerwing J 1997 Natural Resource Management in the Brazilian Amazon

Bioscience 47(3) 160 ndash 168

Vidal E Viana VM Batista JLF 2002 Crescimento de floresta tropical trecircs anos

apoacutes colheita de madeira com e sem manejo florestal na Amazocircnia oriental

Scientia forestalis 61133-143

Waldholff D Junk WJ Furch B 1998 Responses of three Central Amazonian tree

species to drought and flooding under controlled conditions International Journal of

Ecological and Environments Sciences 24 237 ndash 252

Wittmann F amp Parolin P 1999 Phenology of six tree species from Central Amazonian

Vaacuterzea Ecotropica 5 51 ndash 57

65

Wittmann F Anhuf D Junk WJ 2002 Tree species distribution and community

structure of central Amazonian Vaacuterzea forests by remote-sensing techniques

Journal of Tropical Ecology 18 805 ndash 820

Wittmann F amp Junk WJ 2003 Sapling communities in Amazonian white-water forests

Journal of Biogeography 30(10) 1533 ndash 1544

Wittmann F Junk WJ Piedade MTF 2004 The Vaacuterzea forests in Amazonia

flooding and the highly dynamic geomorphology interact with natural forest

succession Forest Ecology and Management 196 199 ndash212

Wittmann F Schoumlngart J Montero JC Motzer T Junk WJ Piedade MTF

Queiroz HL Worbes M 2006a Tree species composition and diversity gradients

in white-water forests across the Amazon Basin Journal of Biogeography 33 1334

ndash 1347

Wittmann F Schoumlngart J Brito JM Oliveira Wittmann A Piedade MTF Parolin

P Junk WJ Guillaumet JL 2006b Manual of trees from Central Amazonian

vaacuterzea floodplains Taxonomy ecology and use Ed Valer (no prelo)

Whitmore TC 1990 An introduction to tropical rain forests Oxford University Press

New York

Worbes M 1985 Structural and other adaptations to long-term flooding by in Central

Amazonia Amazoniana 9 459 ndash 484

Worbes M 1989 Growth rings increment and age of trees in inundation forest

savannas and mountain forest in the neotropics IAWA Bulletin 10(2) 109 ndash 122

Worbes M 1995 How to measure growth dynamics in tropical trees mdash a review IAWA

Journal 16 337ndash 351

Worbes M 1997 The forest ecosystem of the floodplains In The central Amazon

Floodplain Ecology of a Pulsing system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg

New York 223 ndash 266

Worbes M 1999 Annual grow rings rainfall-dependent growth and long-term grgrowth

patterns of tropical trees from the Caparo Forest Reserve in Venezuela Journal of

Ecology 87 391 ndash 403

Worbes M 2002 One hundred years of tree-ring research in the tropics ndash a brief history

and an outlook to future challenges Dendrochronologia 20(1 ndash 2) 217 ndash 231

66

Worbes M amp Junk WJ 1999 How old are the trees The persistence of a myth

IAWA Journal 20(3) 255 ndash 260

Worbes M Kingle H Revilla JD Martius C 1992 On the dynamics floristic

subdivision and geographical distribuition of Vaacuterzea forests in Central Amazonia

Journal of Vegetation Science 3 553 ndash 569

Worbes M Piedade MTF Schoumlngart J 2001 Holzwirtschaft im Mamirauaacute-Projekt

zur nachhaltigen Entwicklung einer Region im Uumlberschwemmungsbereich des

Amazonas Forstarchiv 72 188 ndash 200

Worbes M Staschel R Roloff A Junk WJ 2003 The ring analysis reveals age

structure dynamics and wood production of a natural forest stand in Cameroon

Forest Ecology and Management 173 105ndash123

67

Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )

Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo

Page 11: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE

1 INTRODUCcedilAtildeO

As florestas tropicais apresentam grande importacircncia na promoccedilatildeo de habitats

para metade das espeacutecies do planeta atuando na manutenccedilatildeo da biodiversidade

ciclagem de aacutegua e nos ciclos biogeoquiacutemicos (Fearnside 1999) Contudo por mais de

3 deacutecadas vem sofrendo grandes pressotildees pelo aumento das taxas de desmatamento

(Achard et al 2002 Lambin et al 2003) causadas principalmente pela conversatildeo de

floresta para pastagem e agricultura (Alencar et al 2001 Margulis 2003) extraccedilatildeo de

madeira natildeo sustentada (Nepstad et al 2001 Asner et al 2005) e investimentos em

pavimentaccedilatildeo e infra-estrutura (Carvalho et al 2001) Essas mudanccedilas na cobertura

florestal tecircm levado a comunidade cientiacutefica a buscar alternativas para a conservaccedilatildeo e

uso sustentaacutevel dos recursos naturais de florestas tropicais (Boot amp Gullison 1995

Hartshorn 1995 Putz et al 2001)

A floresta Amazocircnica eacute a maior floresta tropical uacutemida do planeta (Sioli amp Klinge

1962 Sioli 1991) dos quais 6 correspondem a florestas de aacutereas alagaacuteveis (Prance

1980) Estas satildeo classificadas em vaacuterzea e igapoacute (Prance 1980) e se destacam por um

distinto sistema edaacutefico associado ao tipo de aacuteguas a que estatildeo sujeitas (Prance

1989) com dinacircmica altamente influenciada pelo pulso anual de inundaccedilatildeo (Junk et al

1989 Schoumlngart et al 2004 2005) As florestas de vaacuterzea sofrem influecircncia de rios de

aacuteguas barrentas (Furch 1984) capazes de transportar uma grande quantidade de

nutrientes atraveacutes de sedimentos oriundos de erosotildees ocorrendo nos Andes e encostas

Preacute-andinas (Sombroek 1979 Ayres 1993 Irion et al 1997)

A riqueza de nutrientes e relativa fertilidade dos solos (Furch 1997) conferem a

estes ecossistemas de vaacuterzea um caraacuteter de importacircncia econocircmica sendo um atrativo

1

para a colonizaccedilatildeo humana durante os uacuteltimos seacuteculos (Parolin 2002) Frequumlentemente

satildeo utilizadas para as praacuteticas de agricultura de subsistecircncia sendo importante fonte de

proteiacutenas para as populaccedilotildees ribeirinhas por meio da pesca e caccedila (Sioli 1984 Junk

1989) e para a extraccedilatildeo de produtos madeireiros e natildeo-madeireiros (Junk amp Piedade

1997 Ohly 2000 Ribeiro et al 2004 Gama et al 2005) Estes fatores influenciam na

alta densidade populacional encontrada neste ecossistema considerando-se outras

regiotildees da Amazocircnia (Denevan 1976 IBGE 2000)

O setor madeireiro tem papel de destaque nestas regiotildees A alta abundacircncia de

certas espeacutecies madeireiras (Wittmann et al 2006a) aliada agrave facilidade de acesso aos

recursos o tipo de operaccedilatildeo de extraccedilatildeo derrubada arraste e transporte atraveacutes dos

rios reduzem os custos da madeira extraiacuteda das vaacuterzeas com relaccedilatildeo agrave extraccedilatildeo de

florestas de terra firme (Higuchi et al 1994 Barros amp Uhl 1995 1999 Uhl et al 1997

Schoumlngart et al 2007)

Ateacute o final de 1990 cerca de 80 da madeira encontrada no mercado brasileiro

era de origem ilegal (Smeraldi 2003) Nos uacuteltimos anos a grande pressatildeo exercida

pela extraccedilatildeo predatoacuteria da madeira aliada ao surgimento de novas alternativas de uso

da terra levaram a necessidade de elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo florestal e

conservaccedilatildeo das florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Schoumlngart et al 2007) Recentemente

programas de manejo florestal tecircm sido implementados com o intuito de proteccedilatildeo e

conservaccedilatildeo das vaacuterzeas amazocircnicas tais como os projetos Proacute-Vaacuterzea e PPG7

(Schoumlngart et al 2008a)

Atualmente os planos de manejos na Amazocircnia Brasileira tecircm como base o

Coacutedigo Florestal no 4711 15 de setembro de 1965 fundamentado em um sistema

policiacuteclico o qual estabelece um diacircmetro limite de corte e a extraccedilatildeo da madeira

2

realizada em intervalos de anos em uma dada aacuterea (ciclo de corte) A aacuterea a ser maneja

eacute dividida em talhotildees de aproximadamente tamanho correspondendo ao nuacutemero de

anos do ciclo de corte (Lamprecht 1989 De Graaf et al 2003)

Este modelo de manejo florestal eacute caracterizado por ocasionar superexploraccedilatildeo

e subutilizaccedilatildeo do potencial madeireiro por natildeo considerar as variaccedilotildees nas taxas de

crescimento entre espeacutecies entre diferentes habitats e ao longo dos anos (Schoumlngart

2003 Brienen amp Zuidema 2006) Espeacutecies de madeira branca com taxas de

crescimento raacutepido podem alcanccedilar o limite de diacircmetro para corte antes do tempo

estabelecido enquanto que espeacutecies de madeira pesada levam maior tempo para

atingir este diacircmetro de derrubada (Schoumlngart 2003 Schoumlngart et al 2003 2007

Brienen amp Zuidema 2007)

A Instruccedilatildeo Normativa (IN) ndeg 5 de 11 de dezembro de 2006 abre caminhos para

modificaccedilotildees do manejo florestal atual O ciclo de corte varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3 por ha ao ano no Plano de Manejo Florestal Simplificado

(PMFS) Pleno No PMFS de baixa intensidade foi estabelecido um ciclo de corte inicial

de 10 anos com volume de extraccedilatildeo de ateacute 10 msup3 por ha Na vaacuterzea a produccedilatildeo pode

exceder 10 msup3 por ha ao ano poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3 aacutervores por ha Esta

nova IN requer o estabelecimento de modelos especiacuteficos para cada espeacutecie onde o

limite de diacircmetro para corte eacute determinado a partir de criteacuterios ecoloacutegicos e teacutecnicos

Caso contraacuterio um diacircmetro de corte de 50 cm eacute estabelecido

Estimativas da produccedilatildeo de madeira considerando-se a variaccedilatildeo no crescimento

arboacutereo entre as espeacutecies satildeo necessaacuterias para garantir o contiacutenuo suprimento e

manutenccedilatildeo dos sistemas de manejo de florestas naturais (Brienen amp Zuidema 2007)

Neste sentido a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira (dendrocronologia) vem a ser uma

3

importante ferramenta na elaboraccedilatildeo de sistemas de exploraccedilatildeo sustentada

fornecendo modelos de crescimento e idade da madeira (Worbes et al 2001 Worbes

2002 Duumlnisch et al 2003 Schoumlngart et al 2003 2007 Brienen amp Zuidema 2005)

proporcionando opccedilotildees de manejo mais especiacuteficas e efetivas com benefiacutecios para as

populaccedilotildees futuras

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Dendrocronologia nos troacutepicos

Os aneacuteis de crescimento na madeira de espeacutecies das regiotildees temperadas

configuram o incremento radial os quais anualmente satildeo incorporados ao tronco das

aacutervores Cada anel possui duas partes distintas lenho inicial e lenho tardio O primeiro

corresponde ao crescimento arboacutereo no iniacutecio do periacuteodo vegetativo quando as plantas

reativam as atividades fisioloacutegicas O lenho tardio eacute formado no final do periacuteodo

vegetativo com a reduccedilatildeo das atividades e modificaccedilatildeo da estrutura celular com

espessamento das paredes e reduccedilatildeo do lume (Fritts 1976) A queda das atividades

celulares ocorre como resposta as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento arboacutereo em

decorrecircncia da reduccedilatildeo da temperatura (Schweingruber 1988)

Leonardo da Vinci durante o seacuteculo 15 foi o primeiro a reconhecer a existecircncia

de aneacuteis anuais na madeira em ramos de pinheiros relacionando-os a idade da aacutervore

e seu padratildeo de espessura com anos mais ou menos secos (Schweingruber 1988) Jaacute

no seacuteculo 19 diversas pesquisas demonstravam que as baixas temperaturas dos

invernos rigorosos em regiotildees temperadas satildeo um fator limitante no crescimento da

4

madeira (Worbes 1995) Contudo somente no iniacutecio do seacuteculo 20 a existecircncia de aneacuteis

anuais nos troacutepicos foi descoberta e algumas deacutecadas depois foi questionada (Worbes

amp Junk 1999) Muitos acreditavam na ausecircncia de aneacuteis anuais nos troacutepicos devido agrave

limitada sazonalidade (Schweingruber 1988) e temperatura quase constante

(Whitmore 1990) Este mito eacute ainda mantido por alguns autores (Lieberman et al

1985 Whitmore 1990) mesmo verificando-se que a distribuiccedilatildeo sazonal das chuvas na

maioria das regiotildees tropicais ocasiona uma distinta estaccedilatildeo seca (Worbes 1999)

Alguns autores enfatizam os problemas relacionados agrave formaccedilatildeo de aneacuteis anuais

na madeira nos troacutepicos Estudos tecircm registrado a formaccedilatildeo de dois aneacuteis por ano em

regiotildees apresentando duas estaccedilotildees de seca distintas (Gourlay 1995) formaccedilatildeo de

aneacuteis intra-anuais ou falsos aneacuteis em resposta a padrotildees irregulares de chuvas com

seca excepcional durante a estaccedilatildeo chuvosa (Borchert et al 2002) ou ainda a

formaccedilatildeo de aneacuteis irregulares na madeira de espeacutecies tropicais (Sass et al 1995)

Contudo a existecircncia de aneacuteis de crescimento nos troacutepicos tem sido registrada

em mais de 20 paiacuteses tropicais sendo que muitos estudos tecircm comprovado a

anualidade na formaccedilatildeo dos aneacuteis por mais de 100 anos (Worbes 2002) Foram

descritos para estas regiotildees diferentes padrotildees de aneacuteis anuais por Coster (19271928)

e classificados por Worbes (1995) como 4 tipos principais variaccedilotildees na densidade da

madeira faixas de parecircnquima marginal alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima e

variaccedilotildees na densidade dos vasos

Em regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o ritmo de crescimento das aacutervores

eacute determinado pelo pulso de inundaccedilatildeo (Worbes 1985) Durante o alagamento as

raiacutezes sofrem condiccedilotildees anoacutexicas acarretando reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a

copa das aacutervores e consequumlente reduccedilatildeo do metabolismo o que resulta em dormecircncia

5

cambial e a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira (Worbes 1989 Schoumlngart et al

2002) Diversas pesquisas tecircm evidenciado a presenccedila de aneacuteis anuais nas regiotildees de

aacutereas alagaacuteveis nos troacutepicos (Worbes 1989 Dezzeo et al 2003 Schoumlngart et al

2002 2004 2005)

Existem diferentes meacutetodos de investigaccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira

classificados em destrutivos e natildeo destrutivos (Worbes 1995) Meacutetodos natildeo destrutivos

podem ser feitos a partir de investigaccedilotildees fenoloacutegicas medidas repetidas do diacircmetro e

medida da atividade cambial por mensuraccedilatildeo da resistecircncia eleacutetrica na zona cambial

Feridas cambiais (Janelas de Mariaux) dataccedilatildeo por radiocarbono cicatrizes

provocadas por fogo em anos conhecidos ou injurias na madeira densitometria por raio

ndash X variaccedilotildees nas concentraccedilotildees de isoacutetopos estaacuteveis e contagem direta dos aneacuteis satildeo

meacutetodos destrutivos de constataccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira (Worbes

1995 2002) Todos estes meacutetodos foram utilizados independentemente para indicar a

ocorrecircncia de aneacuteis anuais no xilema de espeacutecies arboacutereas nas vaacuterzeas

Dentre estes meacutetodos a contagem direta dos aneacuteis anuais se destaca pela

obtenccedilatildeo de estimativas acuradas da idade das aacutervores e dados de longos periacuteodos de

crescimento da madeira (Bormann amp Berlyn 1981 Eckstein et al 1995) Informaccedilotildees

estas uacuteteis para o entendimento da dinacircmica da floresta (Enright amp Hartshorn 1981

Worbes 2002) desenvolvimento de sistemas de manejo florestal e estrateacutegias de

conservaccedilatildeo das espeacutecies (Stahle et al 1999 Worbes et al 2003)

O padratildeo de crescimento ao longo do tempo atua como um arquivo de dados e

contribui com informaccedilotildees sobre as mudanccedilas nas condiccedilotildees ambientais (Spiecker

2002) relaccedilotildees entre o clima e o crescimento arboacutereo (Enquist amp Leffler 2001 Nutto amp

6

Watzlawick 2002 Fichtler et al 2004 Schoumlngart et al 2006 Therrell et al 2006) e

sequumlestro de carbono na biomassa da madeira (Schoumlngart 2003)

22 As florestas de vaacuterzea

Junk et al (1989) definiram como aacutereas alagaacuteveis aquelas cuja inundaccedilatildeo eacute

promovida por um fluxo lateral dos rios e lagos eou precipitaccedilatildeo direta ou sobre as

aacuteguas um fenocircmeno perioacutedico que influencia na dinacircmica das comunidades e acarreta

um longo periacuteodo de adaptaccedilotildees e evoluccedilatildeo de espeacutecies endecircmicas Na regiatildeo

amazocircnica as aacutereas inundaacuteveis satildeo recobertas por florestas de vaacuterzea e igapoacute sendo

que as florestas de vaacuterzea abrangem uma aacuterea de 50-75 e satildeo consideradas o tipo

de vegetaccedilatildeo inundaacutevel mais importante destas regiotildees (Wittmann et al 2002)

As florestas alagaacuteveis sofrem esta alternacircncia anual entre fase terrestre e

aquaacutetica a qual vem ocorrendo haacute milhotildees de anos leva ao desenvolvimento de

adaptaccedilotildees de caraacuteter morfoloacutegico anatocircmico fisioloacutegico etoloacutegico e fenoloacutegico nas

espeacutecies que vivem nestes ambientes inundados anualmente (Ferreira 1991 Kubitzki

amp Zibursk 1994 Waldhoff et al 1998 Wittmann amp Parolin 1999 Piedade et al 2000

Parolin et al 2004)

Muitas espeacutecies respondem as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento durante

a fase de alagamento apresentando adaptaccedilotildees na forma de produccedilatildeo de raiacutezes

adventiacutecias desenvolvimento de vias alternativas metaboacutelicas e permanecircncia da

atividade fotossinteacutetica (De Simone et al 2003) estrateacutegias de toleracircncia ou escape ao

alagamento pelas placircntulas (Parolin 2002) ou ainda armazenamento de aacutegua no caule

(Schoumlngart et al 2002) Cada espeacutecie responde a este fenocircmeno de forma

7

diferenciada podendo ser visualizada atraveacutes dos diversos padrotildees fenoloacutegicos

encontrados nas aacutereas alagaacuteveis (Schoumlngart et al 2002) O alagamento anual causa

condiccedilotildees anaeroacutebicas nas raiacutezes levando a reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a copa

das aacutervores o que ocasiona estresse hiacutedrico e perda de folhas Como resultado a

planta entra em dormecircncia cambial

As diferentes estrateacutegias adaptativas associadas com diferentes niacuteveis de

toleracircncia ao alagamento refletem a influecircncia exercida pelo periacuteodo e niacutevel de

alagamento aos quais as plantas estatildeo sujeitas resultando numa zonaccedilatildeo de espeacutecies

caracteriacutestica nas aacutereas alagaacuteveis (Takeuchi 1962 Revilla 1981 Piedade 1985

Worbes et al 1992 Worbes 1997 Wittmann et al 2002 2004)

A dinacircmica sucessional em florestas de vaacuterzea da Amazocircnia foi descrita por

Worbes et al (1992) Estaacutegios iniciais de sucessatildeo primaacuteria e secundaacuteria apresentam

estratos monoespeciacuteficos com espeacutecies de crescimento raacutepido e baixa densidade da

madeira as quais natildeo alcanccedilam grandes idades Por meio do processo de sucessatildeo

natural ocorrem substituiccedilotildees de espeacutecies e formaccedilatildeo de estaacutegios tardios onde

observa-se uma maior complexidade nos extratos arboacutereos e diversidade de espeacutecies

diminuiccedilatildeo da taxa de incremento radial e acuacutemulo de biomassa (Worbes 1992

Schoumlngart et al 2003)

Ao longo da sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais existe um aumento da

densidade da madeira das aacutervores e decreacutescimo das taxas de incremento em diacircmetro

aumento da diversidade de espeacutecies o que implica mudanccedilas de estratos mais

homogecircneos de estaacutegios sucessionais iniciais para extratos mais complexos

caracterizados pelo aumento da altura das aacutervores tamanho e aacuterea da copa (Wittmann

et al 2002 Schoumlngart et al 2003)

8

Esta zonaccedilatildeo de espeacutecies em florestas de vaacuterzea ao longo do gradiente

topograacutefico (Junk 1989 Ayres 1993) e sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais (Worbes

1997) leva a formaccedilatildeo de dois habitats significativamente diferentes os quais satildeo

denominados vaacuterzea alta e vaacuterzea baixa (Wittmann et al 2002) A primeira caracteriza-

se por alagamento de menos de 3 m por ano na meacutedia apresentando aumento da

diversidade e complexidade da arquitetura com o aumento da idade resultando de

processo sucessional natural de florestas tardias de vaacuterzea baixa sendo considerada

representante de estaacutegio cliacutemax A vaacuterzea baixa apresenta diferentes estaacutegios de

sucessatildeo natural e eacute alagada por mais de 3 m por ano (Wittmann et al 2002) sendo

que a complexidade de estrutura e composiccedilatildeo da floresta tende a aumentar com a

reduccedilatildeo do niacutevel e duraccedilatildeo do alagamento

A grande variedade de habitats e multiplicidade de adaptaccedilotildees resultam numa

grande diversidade de espeacutecies arboacutereas dentro das aacutereas alagaacuteveis (Junk 1989)

atingindo 1000 espeacutecies registradas para florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Wittmann et al

2006a) A alta diversidade nestas aacutereas estaacute relacionada ao niacutevel e periacuteodo das cheias

e aumenta com diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo de inundaccedilatildeo (Wittmann amp Junk 2003 Worbes

et al 1992 Piedade et al 2005) Entretanto florestas de vaacuterzea possuem diversidade

de espeacutecies menor se comparada com florestas de terra firme da mesma regiatildeo (Ayres

1993)

Wittmann et al (2006a) afirmam que nas florestas de vaacuterzea a diversidade de

espeacutecies tambeacutem aumenta no sentido leste ndash oeste dentro da Bacia Amazocircnica Este

padratildeo parece similar ao encontrado para florestas de terra firme na mesma regiatildeo

geograacutefica (Ter Steege et al 2003) corroborando com a hipoacutetese de formaccedilatildeo de uma

zona de transiccedilatildeo que permite a migraccedilatildeo das espeacutecies de florestas de terra firme para

9

florestas alagaacuteveis de vaacuterzea alta (Wittmann et al 2006a) Esta hipoacutetese eacute estabelecida

pela elevada similaridade floriacutestica encontrada entre a vaacuterzea alta e terra firme

As florestas de vaacuterzea alta compreendem cerca de 10 da cobertura florestal

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996 Wittmann et al 2002) no entanto satildeo as florestas

mais ameaccediladas pela accedilatildeo antroacutepica sendo frequumlentemente utilizadas para moradia e

substituiccedilatildeo das aacutereas de floresta para atividades de agricultura e pecuaacuteria

Apresentam alta abundacircncia de espeacutecies madeireiras e estatildeo sendo ameaccediladas por

praacuteticas insustentaacuteveis de manejo (Ayres 1993 Worbes et al 2001)

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea

Atualmente dentro da Bacia Amazocircnica de aproximadamente 350 espeacutecies

madeireiras encontradas cerca de 34 tambeacutem ocorrem em florestas de vaacuterzea

(Martini et al 1998) outras satildeo restritas a este tipo de ecossistema Pela falta de infra-

estrutura em estradas de 60 a 80 da madeira extraiacuteda na Amazocircnia Ocidental e

Peru tecircm origem a partir deste tipo de floresta inundaacutevel (Higuchi et al 1994 Nebel amp

Kvist 2001 Worbes et al 2001) Em 2000 somente no Estado do Amazonas

aproximadamente 75 da madeira para induacutestria de laminados e compensados teve

origem em florestas alagaacuteveis (Lima et al 2005)

O preccedilo da madeira de espeacutecies com densidade abaixo de 060 gcm3 (madeira

branca) no Meacutedio Rio Solimotildees variou entre R$ 075-600 por m3 para Hura crepitans

L (Euphorbiaceae) e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae) enquanto que

espeacutecies de madeira densa acima de 060 gcm3 (madeira pesada) como Ocotea

cymbarum Mez (Lauraceae) Copaifera sp (Fabaceae) e Piranhea trifoliata Baill

10

(Euphorbiaceae) foram negociadas por R$ 288-1290 por m3 no periacuteodo de 1993 a

1995 (Worbes et al 2001) O primeiro grupo eacute frequumlentemente utilizado em induacutestrias

de laminados e compensados enquanto que as espeacutecies de madeira densa satildeo muito

utilizadas na construccedilatildeo de casas barcos e moacuteveis (Albernaz amp Ayres 1999) Com a

implementaccedilatildeo de manejo sustentaacutevel controlado e autorizado pelo IBAMA e IPAAM

os preccedilos da madeira subiram consideravelmente atingindo valores de ateacute R$ 6200

por m3 no ano de 2007 ao longo do Meacutedio Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a)

Um inventaacuterio florestal realizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel

Mamirauaacute (RDSM) abrangendo uma aacuterea de 342 ha de florestas de vaacuterzea encontrou

122 espeacutecies madeireiras por ha com diacircmetro limite de corte acima de 45 cm

(Schoumlngart et al 2008a) Das espeacutecies inventariadas as mais encontradas dentre as

madeiras brancas foram H crepitans e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae)

Das madeiras pesadas O cymbarum Mez (Lauraceae) Calycophyllum spruceanum

(Benth) Hookf ex KSchum (Rubiaceae) foram as mais abundantes

Dados do Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel de Mamirauaacute (IDSM) do

manejo florestal comunitaacuterio (MFC) de 2003 mostram que 42 do nuacutemero de toras e

60 do volume extraiacutedo na reserva pertencem agrave H crepitans Esta espeacutecie somada a

O cymbarum e C subsessilis corresponde a quase 70 do volume em metros cuacutebicos

de madeira extraiacuteda

A atividade madeireira em florestas de vaacuterzea se restringe a poucas espeacutecies

(Schoumlngart 2003) e a ausecircncia de dados de regeneraccedilatildeo e crescimento aliados a

exploraccedilatildeo inadequada da madeira tecircm levado agrave reduccedilatildeo das populaccedilotildees de algumas

destas espeacutecies chegando a praticamente desaparecer dos mercados regionais

(Higuchi et al 1994 Worbes et al 2001) Espeacutecies como Cedrela odorata L

11

(Meliaceae) Platymiscium ulei Harms (Fabaceae) Virola spp (Myristicaceae) Ceiba

pentandra (L) Gaerth (Malvaceae) foram substituiacutedas por O cymbarum C

spruceanum H crepitans e C guianensis (Albernaz amp Ayres 1999 Anderson et al

1999 Worbes et al 2001 Lima et al 2005)

Dentro da RDSM o manejo florestal se caracteriza por sistema policiacuteclico com

ciclo de corte de 25 anos e diacircmetro limite de corte de 45 cm Inicialmente deve ser feito

um inventaacuterio florestal de todas as espeacutecies madeireiras com diacircmetro ge 20 cm e as

extraccedilotildees se limitam a 5 aacutervores por ha que se encontram acima do diacircmetro de corte

Cerca de 10 das aacutervores acima do limite de diacircmetro devem permanecer nas aacutereas

como porta-sementes com o intuito de garantir a regeneraccedilatildeo das espeacutecies exploradas

Aproximadamente 12 da cobertura florestal da RDSM pertence a florestas de

vaacuterzea alta onde a abundacircncia de espeacutecies de valor econocircmico eacute alta (Wittmann et al

2002) e contribuem para o fornecimento de produtos madeireiros para o mercado local

regional e internacional (Wittmann et al 2004) Schoumlngart et al (2007) afirmam que as

espeacutecies mais exploradas na reserva satildeo O cymbarum C spruceanum e P trifoliata

(espeacutecies de madeira densa) assim como Ficus insipida Willd (Moraceae) H

crepitans Maquira coriacea (Karsten) CCBerg (Moraceae) (espeacutecies de madeira

branca)

Este estudo analisa e modela padrotildees de crescimento de quatro espeacutecies

aacuterboreas de interesse comercial de baixa densidade de madeira (madeira branca) e alta

densidade de madeira (madeira pesada) exploradas dentro da RDSM Deste modelos

criteacuterios como DMD e ciclo de corte satildeo derivados e discutidos no contexto das atuais

normas de manejo florestal na Amazocircnia pela legislaccedilatildeo brasileira

12

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Modelar padrotildees de crescimento da madeira de H crepitans C odorata O

cymbarum e S elata espeacutecies de importacircncia econocircmica na exploraccedilatildeo madeireira

das florestas de vaacuterzea da Amazocircnia para definir ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de

derrubada (DMD) especiacuteficos subsidiando futuros planos de manejo florestal

sustentaacutevel dentro da RDSM

32 Objetivos especiacuteficos

a Descriccedilatildeo da anatomia da madeira

b Determinaccedilatildeo da idade das aacutervores

c Determinaccedilatildeo das taxas de incremento em diacircmetro altura volume e biomassa

d Estimativa de ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de derrubada para definir criteacuterios

de manejo para cada uma das espeacutecies

13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS

41 Aacuterea de estudos

A aacuterea de estudos compreende a Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Mamirauaacute (RDSM) a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo na categoria de reserva

sustentaacutevel e primeira existente no ecossistema de vaacuterzea Sua criaccedilatildeo eacute resultado de

solicitaccedilatildeo encaminhada em 1985 pelo bioacutelogo Dr Joseacute Maacutercio Ayres ao oacutergatildeo

responsaacutevel na eacutepoca SEMA ndash Secretaria Especial de Meio Ambiente (Queiroz 2005)

A RDSM eacute dividida em duas aacutereas principais aacuterea focal (cerca de 260000 ha)

onde se desenvolvem desde 1991 atividades baseadas em pesquisas

socioeconocircmicas e ecoloacutegicas incluindo pesca agricultura agroflorestal e ecoturismo

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996) e aacuterea subsidiaacuteria (cerca de 878000 ha) a qual seraacute

manejada progressivamente A aacuterea focal eacute por sua vez subdividida em zona de

proteccedilatildeo permanente zona de ecoturismo e zona destinada ao manejo sustentaacutevel de

recursos naturais

Dentro da aacuterea focal existem nove unidades ou setores de controle do uso dos

recursos naturais denominadas Mamirauaacute Jarauaacute Tijuaca Boa Uniatildeo do Meacutedio

Japuraacute Aranapuacute Barroso Horizonte Liberdade e Ingaacute As atividades econocircmicas

realizadas pelas comunidades dentro dos setores se dividem em produccedilatildeo de farinha

pesca e exploraccedilatildeo da madeira as quais satildeo influenciadas pelo niacutevel de inundaccedilatildeo

anual (Albernaz amp Ayres 1999)

A RDSM estaacute situada na regiatildeo do meacutedio Solimotildees na confluecircncia dos rios

Solimotildees e Japuraacute entre as bacias do rio Solimotildees e Negro Sua porccedilatildeo mais a leste

14

fica nas proximidades da cidade de Tefeacute no Estado do Amazonas Sua vizinha RDS

Amanatilde liga a RDSM ao Parque Nacional do Jauacute (Schoumlngart et al 2005) Estas trecircs

unidades juntas constituem um bloco de floresta tropical com cerca de 6000000 ha

protegidos oficialmente Formam o embriatildeo do Corredor Central da Amazocircnia

(MMAPPG7) e da Reserva da Biosfera da Amazocircnia Central (MaBUnesco) e

compotildeem um Siacutetio Natural do Patrimocircnio Mundial (UnescoIUCN) (Queiroz 2005 Ayres

et al 2005)

Possui clima caracterizado por uma meacutedia de temperatura diaacuteria de 269 ordmC e

precipitaccedilatildeo anual de aproximadamente 3000 mm apresentando uma estaccedilatildeo seca

distinta (julho-outubro) O niacutevel de flutuaccedilatildeo meacutedia da aacutegua do Rio Japuraacute durante 1993

ndash 2000 foi de 1138 m (Wittmann amp Junk 2003 Schoumlngart et al 2005)

Aproximadamente 92 da cobertura vegetal abrangendo a aacuterea focal da reserva eacute

composta por florestas de vaacuterzea baixa constituiacuteda por diferentes estaacutegios

sucessionais e somente cerca de 8 corresponde a florestas de vaacuterzea alta (Wittmann

et al 2002)

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies

421 Cedrela odorata L (Meliaceae)

Popularmente conhecida como cedro cedro branco cedro cheiroso ou cedro

mogno apresenta tronco com casca de cheiro bastante caracteriacutestico rugosa com

fissuras transversais vermelho-alaranjadas Apresenta base reta ou com raiacutezes

tabulares e suas flores satildeo brancas em inflorescecircncias terminais (Wittmann et al

15

2006b) Os frutos capsulares quando maduros se abrem liberando de 40 a 50

sementes aladas as quais satildeo dispersas pelo vento (Cintron 1990 Wittmann et al

2006b)

Encontrada em toda a Amazocircnia embora com baixa frequumlecircncia ocorre desde as

Iacutendias Ocidentais as grandes e pequenas Antilhas ateacute Trinidad e Tobago sendo

encontrada tambeacutem no Meacutexico Equador Peru e Guianas (Cintron 1990) Eacute tipicamente

deciacutedua sendo encontrada em extrato superior de vaacuterzea alta e ocupando estaacutegio

sucessional secundaacuterio tardio

Apresenta madeira moderadamente pesada variando entre 044 a 060 gcm3 O

floema eacute avermelhado com cerne variando do castanho claro ao bege rosado escuro e

alburno amarelo apresentando cheiro aromaacutetico (Loureiro amp Silva 1968)

Aleacutem da sua importacircncia como espeacutecie madeireira na fabricaccedilatildeo de moacuteveis

construccedilatildeo civil e naval embalagens e instrumentos musicais a casca do cedro eacute

aproveitada na medicina popular como tocircnica adstringente e febriacutefuga (Loureiro amp

Silva 1968 Wittmann et al 2006b)

422 Sterculia elata Ducke (Malvaceae)

Conhecida popularmente como tacacazeiro xixaacute chicaacute da mata ou manduvi

cujos frutos apresentam uma coloraccedilatildeo avermelhada quando maduros sendo

organizados em 5 foliacuteculos com uma sutura ventral cada um Os frutos satildeo apocaacuterpios

e as flores estatildeo organizadas em inflorescecircncias terminais amarelas a purpuacutereas

(Wittmann et al 2006b)

16

Apresenta distribuiccedilatildeo nos neo-troacutepicos compreendendo o Sul do Meacutexico e

Ameacuterica Central Norte do Brasil Pantanal e Peru ocupando extrato superior e

emergente de vaacuterzea alta Eacute uma espeacutecie deciacutedua de estaacutegio sucessional secundaacuterio

tardio

Apresenta madeira de densidade meacutedia de 047 gcm3 cujo floema tem coloraccedilatildeo

marrom escura e o alburno eacute marrom claro A madeira eacute muito utilizada para confecccedilatildeo

de embalagens palitos foacutesforos compensados e troncos para canoas As sementes

oleaginosas satildeo comestiacuteveis A aacutervore eacute frequumlentemente utilizada para ornamentaccedilatildeo

(Wittmann et al 2006b)

423 Hura crepitans L (Euphorbiaceae)

Conhecia comumente por assacuacute H crepitans eacute uma espeacutecie cujo caule eacute

aculeado apresentando laacutetex branco aquoso caacuteustico e frequumlentemente utilizado

como veneno de peixe Causa irritaccedilotildees fortes em contato com a pele (Francis 1990

Wittmann et al 2006b) Os frutos satildeo capsulares lenhosos arredondados e

deprimidos nos poacutelos Tem distribuiccedilatildeo no Brasil Guianas Oeste da Iacutendia Cuba

Jamaica Trinidad e Tobago Costa Rica ao sul do Peru e Boliacutevia (Loureiro amp Silva

1968 Wittmann et al 2006b)

Ocupa o extrato superior de vaacuterzea alta sendo identificada como uma espeacutecie

perenifoacutelia de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Apresenta madeira muito leve

(035 a 040 gcm3) cerne e alburno indistintos e de coloraccedilatildeo branca com reflexos

amarelados Pelas caracteriacutesticas da madeira eacute comumente usada na fabricaccedilatildeo de

17

caixas tamancos obras internas artefatos de madeira forros taacutebuas compensados

boacuteias flutuantes canoas e gamelas (Francis 1990 Wittmann et al 2006b)

424 Ocotea cymbarum HBK (Lauraceae)

Frequumlentemente chamada por louro inamuiacute louro mamorim louro mamoriacute

inhamuiacute oacuteleo de inhamuiacute e pau de gasolina O cymbarum eacute uma aacutervore de grande

porte (20 ndash 30 m) apresentando casca avermelhada aromaacutetica ramos jovens com

pilosidade e acinzentados Possui exsudato transparente aromaacutetico apresentando

cheiro de menta (Wittmann et al 2006b)

Tem distribuiccedilatildeo por toda a Amazocircnia sendo encontrada em extrato superior de

vaacuterzea alta Eacute semi-deciacutedua e de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Sua madeira eacute

moderadamente pesada variando de 055 a 065 gcm3 (Loureiro amp Silva 1968) O

floema possui coloraccedilatildeo marrom cafeacute enquanto que o cerne amarelado claro e

brilhante diferencia-se pouco do alburno levemente mais claro (Wittmann et al

2006b)

Eacute comumente utilizada na carpintaria de luxo construccedilatildeo em geral marcenaria

compensado pranchas e tabuados (Loureiro amp Silva 1968) Sua madeira traz oacuteleo

contendo safrol que em baixa concentraccedilatildeo eacute um componente para fragracircncias e

perfumes (Wittmann et al 2006b) O lenho apresenta atividade contra o

desenvolvimento do ancilostomiacutedeo humano (Marques 2001)

18

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos

Das quatro espeacutecies estudadas duas de madeira branca ndash H crepitans e S

elata e duas de madeira pesada ndash C odorata e O cymbarum (Schoumlngart 2003) foram

selecionados entre 21 e 37 indiviacuteduos emergentes de floresta de vaacuterzea alta dos

setores Jarauaacute e Tijuaca da RDSM As medidas do diacircmetro na altura do peito (DAP)

com ge 10 cm foram feitas com o uso de fita dendromeacutetrica de dupla face sendo

inferidas acima das sapopemas quando presentes A altura da aacutervore foi medida a

partir do uso de inclinocircmetro (Blume-Leiss) e fita meacutetrica

Para verificar a idade das aacutervores foram utilizados 10 discos de H crepitans e

10 discos de O cymbarum fornecidos pelo Programa de MFC da RDSM no ano de

2001 bem como amostras coletadas de troncos dos indiviacuteduos de cada uma das quatro

espeacutecies Para tanto foi aplicado um meacutetodo natildeo destrutivo de extraccedilatildeo de cilindros da

madeira utilizando-se uma broca dendrocronoloacutegica num total de 110 cilindros com 5

mm de diacircmetro (21 amostras de Sterculia 23 de Cedrela 29 de Ocotea e 37 de Hura)

coletadas entre 07 de outubro de 2006 a 16 de abril de 2007 na altura aproximada de

130 m da base do tronco Apoacutes a coleta das amostras o orifiacutecio produzido com a broca

dendrocronoloacutegica foi obstruiacutedo com cera de carnauacuteba para evitar possiacuteveis ataques

por fitopatoacutegenos

As amostras coletadas foram coladas em suporte de madeira e em seguida

polidas com lixas de papel com diferentes granulometrias em uma sequumlecircncia

progressiva ateacute uma granulaccedilatildeo de 600 Estas foram analisadas no Laboratoacuterio de

Dendrocronologia do Projeto INPAMax-Planck em Manaus A anaacutelise macroscoacutepica da

estrutura da madeira foi feita a partir de fotografias feitas utilizando-se maacutequina digital

19

NIKON coolpix 4500 Para descriccedilatildeo anatocircmica dos aneacuteis de crescimento utilizou-se

como base os padrotildees de aneacuteis descritos por Coster (1927 1928) e adaptados por

Worbes (1985 1989)

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos

A determinaccedilatildeo da idade foi feita por meio da contagem direta dos aneacuteis anuais

e as taxas de incremento radial foram geradas por mediccedilatildeo da espessura dos aneacuteis

com o sistema de anaacutelise digital com precisatildeo de 001 mm (LINTAB) juntamente com o

software (TSAP-Win = Time Series Analyses and Presentation) especiacutefico para

anaacutelises de sequumlecircncias temporais (Schoumlngart et al 2004) Para os cilindros que natildeo

alcanccedilaram o cerne do tronco foram estimadas as distacircncias ateacute o centro e a partir do

nuacutemero meacutedio de aneacuteis encontrados em outros indiviacuteduos foram feitas estimativas da

idade do primeiro anel visiacutevel no tronco As mediccedilotildees da largura dos aneacuteis se deram no

sentido cerne ndash casca

Curvas cumulativas do diacircmetro individual para as quatro espeacutecies foram

elaboradas com base nestas mediccedilotildees do incremento radial corrente e relacionadas

com o DAP medido no campo (Schoumlngart et al 2003 Brienen amp Zuidema 2007)

(Figura 1a) A partir destas curvas individuais foram construiacutedas curvas cumulativas

meacutedias para cada espeacutecie descrevendo a relaccedilatildeo entre idade e diacircmetro para as

mesmas

A curva meacutedia do diacircmetro calculada para cada espeacutecie foi ajustada como um

modelo de regressatildeo sigmoidal da qual foram derivadas as curvas do incremento

corrente e meacutedio do diacircmetro para cada espeacutecie (Figura 1b) Modelos de regressatildeo natildeo

20

ndash linear descreveram para cada espeacutecie a relaccedilatildeo entre DAP e a altura medida no

campo (Figura 1c) Combinando as relaccedilotildees idade-DAP e DAP-altura permite estimar o

crescimento da altura (Nebel et al 2001) Deste modo para cada idade determinada

foram atribuiacutedas uma medida de diacircmetro e de altura para cada espeacutecie (Schoumlngart et

al 2007)

A combinaccedilatildeo dos modelos de regressatildeo natildeo-linear das relaccedilotildees entre idade e

DAP bem como das relaccedilotildees entre DAP e altura tambeacutem possibilitou a construccedilatildeo do

modelo de crescimento em volume (Figura 1e) e produccedilatildeo de biomassa acima do solo

das espeacutecies estudadas (Figura 1f) O modelo alomeacutetrico utilizado para estimativa do

volume foi definido por Cannell (1984) para florestas tropicais uacutemidas e tem como

paracircmetros a altura das aacutervores e o DAP

O volume (V) foi estimado a partir da multiplicaccedilatildeo da aacuterea basal (Ab) pela altura

(h) e por um fator (f) de reduccedilatildeo de 06 (Nebel et al 2001) A equaccedilatildeo eacute dada por

V = Ab x h x f (1)

onde a Ab eacute dada por

Ab = π x (DAP 2)2 (2)

Foi utilizado um modelo alomeacutetrico para estimar a biomassa acima do solo com

boa aplicabilidade em florestas alagaacuteveis segundo resultados obtidos por Stadtler

21

(2007) Este modelo tem como paracircmetros a densidade da madeira o diacircmetro e altura

das aacutervores e foi descrito por Chave et al (2005) A equaccedilatildeo eacute descrita abaixo

Bio = 00509 x den x DAP2 x h (3)

onde a Bio eacute a estimativa da biomassa acima do solo den eacute a densidade da madeira

obtida para cada espeacutecie de Wittmann et al (2006b) e 00509 eacute um fator de correccedilatildeo

O fator de correccedilatildeo dos modelos de caacutelculo do volume (06) e biomassa (00509)

se referem ao fato de que as aacutervores natildeo representam cilindros perfeitos e diminuem o

raio do tronco a medida que se distanciam do DAP

Destes modelos de crescimento do DAP altura aacuterea basal volume e biomassa

foram derivadas as taxas do incremento meacutedio (IM) e corrente (IC) (Figuras 1b1d1f)

para cada espeacutecie seguindo as equaccedilotildees abaixo (Schoumlngart et al 2007)

IM= CrC t t (4)

IC= CrC t+1 ndash Cr t (5)

onde CrC eacute o crescimento cumulativo em diferentes anos t sobre ciclo de vida total da

planta

O periacuteodo ideal de extraccedilatildeo eacute estabelecido quando a espeacutecie atinge sua a

produccedilatildeo maacutexima em volume periacuteodo este entre a taxa maacutexima de IC em volume e a

taxa maacutexima de IM em volume (Schoumlngart 2003) Este intervalo representa o periacuteodo

22

em que a extraccedilatildeo da madeira utiliza-se do potencial de crescimento maacuteximo das

espeacutecies (Schoumlngart 2008)

A modelagem dos padrotildees de crescimento foi construiacuteda a partir do uso do

software program X-Act (SciLab) e em seguida definidas as recomendaccedilotildees de

manejo para ciclos de corte e DMD para cada uma das quatro espeacutecies madeireiras

O DMD eacute definido pela idade em que a aacutervore atinge as maiores taxas de

incremento anual corrente do volume (Figura 1e) O tempo meacutedio que um indiviacuteduo leva

para passar por uma classe de DAP de 10 cm ateacute chegar ao DMD eacute o ciclo de corte da

espeacutecie (Schoumlngart et al 2007) Este eacute dado por

CC= idade(DMD) DMD x 10 (6)

onde CC eacute o ciclo de corte da espeacutecie e idade(DMD) eacute a idade da aacutervore quando atingiu o

DMD

23

0

20

40

60

80

0 5 10 15 200

1

2

3

4

5

0

10

20

30

0 20 40 60 80 100

0

20

40

60

80

0 5 10 15 20

0

10

20

30

0 5 10 15 200

1

2

3

4

0

1

2

3

4

0 5 10 15 200

100

200

300

00

05

10

15

0 5 10 15 200

50

100

Age (years) Age (years)

Age (years)

Age (years)

Age (years)

Dbh (cm)

Tree

heig

ht(m

)D

bh(c

m)

Dbh

(cm

)Tr

eehe

ight

(m)

Woo

d bi

omas

s(M

g)

Volu

me

(m3 )

Diam

eter increment(cm

year -1)H

eightincrement(m

year -1)W

ood biomass

production(kg year -1)

Volume

increment(dm

3year -1)

n = 54R2 = 053

n = 18

MLD

a

c

e

b

d

f

y = a (1+(b x)c)

a = 1195742 plusmn 131913b = 184937 plusmn 3355c = 12997 plusmn 00788

y = (abullx) (x+b)a = 286667 plusmn 07424b = 161743 plusmn 13022

DAP

(cm

)

DA

P (c

m)

Altu

ra (m

)

Altu

ra (m

)

Vol

ume

(m3)

Bio

mas

sa (M

g)

Idade (anos) Idade (anos)

DAP (cm) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento em

diacircmetro (cm

ano) Increm

ento em altura (m

ano) P

roduccedilatildeo de biomassa (K

gano)

Incremento

emvolum

e(dm

3ano)

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

DMD

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)

24

5 RESULTADOS

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira

O limite dos aneacuteis e a estrutura anatocircmica da madeira foram determinados com

base na classificaccedilatildeo de Coster (19271928) e adaptados por Worbes (1995) Trecircs tipos

de aneacuteis foram distinguidos de acordo com essa classificaccedilatildeo (1) faixas de parecircnquima

marginal (2) alternacircncia entre faixas de fibra e faixas de parecircnquima e (3) variaccedilatildeo na

densidade da madeira (Tabela 1) A distinccedilatildeo dos aneacuteis variou entre as 4 espeacutecies

estudadas poreacutem todas apresentaram aneacuteis suficientemente distintos para aplicaccedilatildeo

de estudos dendrocronoloacutegicos

A distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e agrave

medida que estes se encontravam mais proacuteximos do centro do tronco A facilidade de

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis decresceu na seguinte ordem C odorata O cymbarum S elata

e H crepitans (Tabela1)

Cedrela e Sterculia apresentaram mesmo padratildeo de faixas de parecircnquima

marginal que consiste de uma a poucas fileiras de ceacutelulas Eacute comumente encontrado

nas famiacutelias Bignoniaceae Fabaceae e Meliaceae (Worbes 2002) Cedrela apresentou

aneacuteis de crescimento semiporosos com uma espessa faixa de parecircnquima claramente

visiacutevel acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos os quais satildeo maiores ao

final do periacuteodo vegetativo (Figura 2a)

Sterculia tambeacutem mostrou variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Os poros satildeo visiacuteveis

a olho nu alguns obstruiacutedos por conteuacutedo de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada e brilhante

25

Apresentou faixas de parecircnquima radial espessadas dificultando um pouco a

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis (Figura 2b)

Um padratildeo de alternacircncia entre faixas de fibras e parecircnquima foi encontrado

formando os aneacuteis anuais em Hura com a reduccedilatildeo da largura das faixas de

parecircnquima e fibras na formaccedilatildeo do lenho tardio ao final da zona de crescimento

(Figura 2c) Este tipo de anatomia pode ser encontrado em famiacutelias como

Euphorbiaceae Moraceae Sapotaceae Lecythidaceae dentre outras (Worbes 2002)

Tabela1 Tipos de zona de crescimento encontrados e o grau de distinccedilatildeo dos de crescimento Os padrotildees descritos foram baseados nos modelos de Coster (1927 1928) e adaptados por Worbes (1995) Espeacutecies Famiacutelia Tipo de zona de

crescimento Fenologia foliar Grau de

distinccedilatildeo dos aneacuteis

Cedrela odorata Meliaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos

Deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (1)

Hura crepitans Euphorbiaceae Alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima

Perenifoacutelia Aneacuteis pouco

distintos (2)

Sterculia elata Malvaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Presenccedila de faixas radiais de parecircnquima

Deciacutedua Aneacuteis distintos (1)

Ocotea cymbarum Lauraceae Variaccedilatildeo na densidade da madeira com lenho inicial menos denso que o lenho tardio

Semi-deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (3)

obtidos durante observaccedilotildees na RDSM no periacuteodo 042006-122007

Ocotea mostrou um padratildeo de variaccedilatildeo na densidade da madeira O lenho tardio

de coloraccedilatildeo mais escura (alta densidade) apresentou ceacutelulas pequenas com paredes

26

espessadas diferindo do lenho inicial (baixa densidade) com ceacutelulas grandes e

paredes de espessura mais fina permitindo uma perfeita delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

(Figura 2d) Eacute comum entre as famiacutelias Annonaceae Myrtaceae e Lauraceae (Worbes

2002)

A presenccedila de falsos aneacuteis de crescimento ocorreu em alguns discos de Hura e

Ocotea Entretanto este problema foi solucionado observando-se a continuidade dos

aneacuteis ao longo dos raios nos discos

C Hura crepitans D Ocotea cymbarum

A Cedrela odorata B Sterculia elata

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial

27

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies

Todas as quatro espeacutecies apresentaram correlaccedilatildeo significativa (plt001) para as

relaccedilotildees entre idade e DAP idade e altura e DAP e altura (Tabela 2) permitindo a

modelagem das curvas de crescimento cumulativo para as mesmas Foram feitas um

total de 7646 mediccedilotildees da largura dos aneacuteis na madeira para as quatro espeacutecies

(Tabela 2)

As trajetoacuterias de crescimento cumulativo em diacircmetro mostraram diferenccedilas

tanto intra como interespeciacuteficas Aquelas espeacutecies de madeira densa como O

cymbarum e C odorata apresentaram taxas de crescimento menores que S elata e H

crepitans espeacutecies de madeira branca (Figura 3)

As quatro espeacutecies apresentaram uma variaccedilatildeo da idade ao atingir o DMD de 50

cm Esta foi maior para O cymbarum alcanccedilando idades entre 25 e 80 anos H

crepitans e S elata podem atingir idades entre 25 e 65 anos enquanto que as menores

variaccedilotildees na idade foram encontradas em C odorata com idades entre 35 a 65 anos

para um diacircmetro de 50 cm (Figura 3)

28

Tabela 2 Nuacutemero de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis e altura das aacutervores utilizados na elaboraccedilatildeo dos modelos de crescimento com base nas relaccedilotildees entre idade ndash DAP idade ndash altura e DAP ndash altura e o coeficiente de correlaccedilatildeo das mesmas

Nuacutemero de mediccedilotildees Correlaccedilatildeo p(lt 0001) Espeacutecie Largura dos

aneacuteis Altura Idade ndash DAP Idade ndash Altura DAP ndash Altura

Cedrela odorata

1240 32 089 064 071

Ocotea cymbarum

1325 125 086 073 073

Sterculia elata

1321 21 088 086 085

Hura crepitans

3760 67 091 086 076

Total

7646

Sterculia e Hura atingiram idades maacuteximas de 111 e 195 anos respectivamente

embora esta uacuteltima tenha atingido grandes diacircmetros nas aacutervores amostradas As

aacutervores mais velhas de Cedrela e Ocotea atingiram idades maacuteximas de 74 e 122 anos

(Tabela 3)

29

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

A ndash Cedrela odorata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

C ndash Sterculia elata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

B ndash Ocotea cymbarum

D ndash Hura crepitans

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura

30

As curvas meacutedias das relaccedilotildees entre idade e DAP tambeacutem apresentaram

variaccedilatildeo entre as espeacutecies estudadas (Figura 4) Para um diacircmetro de 50 cm

determinado pela IN ndeg 5 de Dezembro de 2006 as idades meacutedias oscilaram entre 41

anos em Hura a mais de 70 anos em Cedrela (Tabela 3)

0

50

100

150

DAP

(cm

)

0 30 60 90 120 150 180Idade (anos)

(a)

(b)

(d)

(c)

Diacircmetro limite de corte

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata Tabela 3 Idades maacuteximas miacutenimas e para um diacircmetro miacutenimo de derrubada de 50 cm para cada uma das quatro espeacutecies estudadas e seus respectivos desvios padratildeo

Idade (anos) Espeacutecie Miacutenima Maacutexima Ao alcanccedilar o diacircmetro limite de 50 cm

Cedrela odorata

21 74 72

Sterculia elata

22 111 47

Ocotea cymbarum

27 122 59

Hura crepitans

88 195 41

31

As quatro espeacutecies estudadas atingiram as maiores taxas de incremento

diameacutetrico corrente em idades diferentes Cedrela e Ocotea atingiram as maiores taxas

entre 11 e 12 anos e 19 e 21 anos com uma taxa meacutedia de incremento de 094 e 101

cmano respectivamente (Figura 5a e c) Sterculia obteve taxas meacutedias de incremento

de 126 cmano em idades entre 19 e 21 anos (Figuras 5b) enquanto Hura alcanccedilou

taxa meacutedia de incremento de 129 cmano em idades entre 22 e 23 anos (Figura 5d)

Cedrela e Ocotea espeacutecies de madeira pesada apresentaram taxas de incremento

diameacutetrico menores que Hura e Sterculia espeacutecies de madeira branca

D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata

C ndash Sterculia elata

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

B ndash Ocotea cymbarum

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura

32

A partir das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares entre idade-DAP foi possiacutevel

construir um modelo de crescimento em aacuterea basal para cada espeacutecie utilizando-se a

foacutermula (2) Cedrela e Ocotea atingiram suas maiores taxas em 39 e 57 anos e taxa

meacutedia de incremento de 355 e 536 cm2ano respectivamente (Figuras 6a e 6b)

Sterculia e Hura atingiram maior incremento aos 48 e 104 anos e taxa meacutedia de 700 e

1422 cm2ano respectivamente (Figura 6c e 6d) As espeacutecies de madeira branca Hura

e Sterculia apresentaram taxas de incremento em aacuterea basal mais altas que as duas

espeacutecies de madeira densa (Cedrela e Ocotea)

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

05

1

15

2

25

4

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

05

1

15

2

25

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura

33

A combinaccedilatildeo das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares das relaccedilotildees entre DAP-

altura (Figura 7) resultaram num modelo de crescimento em altura para as espeacutecies

contemplando todo ciclo de vida da planta Os maiores valores de incremento corrente

em altura de C odorata S elata O cymbarum e H crepitans corresponderam a idades

de 4 7 8 e 6 anos respectivamente e taxas maacuteximas corresponderam a 096 mano

para Sterculia 092 mano para Ocotea 061 mano para Hura e finalmente 109 mano

para Cedrela

DAP (cm) DAP (cm)

DAP (cm) DAP (cm)

Altu

ra (m

) A

ltura

(m)

C ndash Sterculia elata D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 1500

0

0

0

0

0

0 25 50 75 100 125 150

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 150 0 50 100 150

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans

34

Tabela 4 Valores de DAP e altura maacuteximos e miacutenimos do levantamento florestal seus desvios padratildeo e a aacuterea basal calculada a partir da relaccedilatildeo entre idade e DAP das espeacutecies

DAP (cm) Altura (m) Aacuterea basal meacutedia (cm2)

Espeacutecie

Maacuteximo Miacutenimo Desvio Maacutexima Miacutenima Desvio Meacutedia Cedrela odorata

656 115 140 309 90 50 273

Ocotea cymbarum

780 100 164 311 70 46 402

Sterculia elata

1300 100 349 405 66 88 516

Hura crepitans

1328 100 350 390 21 91 1127

A partir dos modelos de crescimento em altura e diacircmetro elaborados para cada

espeacutecie pocircde-se construir o modelo de crescimento em volume das mesmas segundo

a foacutermula (1) (Schoumlngart et al 2007) O periacuteodo oacutetimo de corte das aacutervores eacute o ponto

onde o incremento em volume corrente eacute maacuteximo sendo que para cada espeacutecie o pico

maacuteximo de volume corrente variou visivelmente (Figura 8)

Cedrela apresentou maiores taxas de incremento em volume corrente ao atingir

uma idade meacutedia de 45 anos (Figura 8a) Nesta idade a espeacutecie indica um DAP de 376

cm (Figura 5a) Jaacute Sterculia e Ocotea atingiram o ponto maacuteximo em incremento

corrente em volume aos 54 e 63 anos (Figuras 8b e c) quando atingem diacircmetros de

560 e 533 cm respectivamente (Figuras 5b e c) Hura em uma idade meacutedia de 125

anos apresentou os maiores valores de incremento maacuteximo corrente entre as quatro

espeacutecies (Figura 8d) atingindo diacircmetro meacutedio de 1288 cm (Figura 5d) Tanto Hura

quanto Sterculia apresentaram produccedilatildeo de madeira em volume por m3 superior as

duas espeacutecies de madeira pesada Cedrela e Ocotea

35

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento volum

eacutetrico

Incr

emen

to e

m v

olum

e (m

3 ) 0450 0

(m3ano)

Incr

emen

to e

m V

olum

e (m

3 )

Incremento volum

eacutetrico (m3ano)

Idade (anos) Idade (anos)

0

10

20

30

40

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

0 50 100 150 200

0

10

20

30

40

50

0

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

04

0 50 100 150

200 Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie

36

O ciclo de corte calculado atraveacutes da passagem meacutedia do tempo por uma classe

de DAP de 10 cm para a proacutexima ateacute atingir o diacircmetro de corte oacutetimo variou pouco

entre as espeacutecies sendo que Hura e Sterculia apresentaram ciclos de corte de 97

anos enquanto Cedrela e Ocotea apresentaram ciclos de 120 e 118 anos (Tabela 5)

Os resultados indicam que espeacutecies de madeira branca apresentam ciclos de corte

mais curtos do que as espeacutecies de madeira pesada

Tabela 5 O diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) o ciclo de corte a idade meacutedia ao atingir o diacircmetro de corte e a densidade da madeira das espeacutecies Espeacutecie DMD (cm) Ciclo de corte

(anos) Idade meacutedia ao atingir

o DMD (anos) Densidade

(gcm3) Cedrela odorata

376 120 45 052

Ocotea cymbarum

533 118 63 060

Sterculia elata

560 97 54 047

Hura crepitans

1288 97 125 039

Dados obtidos de Wittmann et al (2006b)

Aleacutem do modelo de crescimento em volume os modelos de crescimento em

altura e diacircmetro possibilitaram tambeacutem a construccedilatildeo de modelos de crescimento em

biomassa acima do solo para as espeacutecies estimado segundo a foacutermula (3)

Cedrela apresentou maior taxa de produccedilatildeo em biomassa de 26 Kgano em 45

anos (Figura 9a) ao passo que Ocotea alcanccedilou uma produccedilatildeo em biomassa maacutexima

de 52 Kgano em 63 anos (Figura 9b) Sterculia atingiu valor de 60 Kgano em 54 anos

(Figura 9c) enquanto que Hura obteve em 125 anos um valor maacuteximo de 125 Kgano

(Figura 9d) Espeacutecies de madeira branca atingiram maiores taxas de acuacutemulo em

biomassa do que as espeacutecies de madeira densa

37

D ndash Hura crepitans C ndash Ocotea cymbarum

Bio

mas

sa (M

g)

Bio

mas

sa (M

g)

Produ

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

ccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)P

roduccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

5

10

15

20

0

4

8

1

1

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

1

1

0 50 100 150 2000

5

0

5

0

0

40

80

120

160

Prod

uccedilatildeo

Biom

assa

(Kg)

0 50 100 150 200

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura)

38

6 DISCUSSAtildeO

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira

Todas as quatro espeacutecies estudadas apresentaram distintas zonas de

crescimento poreacutem com diferenccedilas quanto ao grau de distinccedilatildeo entre elas O grau de

distinccedilatildeo diminuiu na ordem seguinte C odorata O cymbarum S elata e H crepitans

o que indica uma pequena tendecircncia das espeacutecies deciacuteduas apresentarem maior

distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais como resultados encontrados por Worbes (1999) A

distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e com a

maior proximidade do centro do disco (Brienen amp Zuidema 2006) Esta variaccedilatildeo

encontrada no grau distinccedilatildeo dos aneacuteis natildeo afetou as anaacutelises dendrocronoloacutegicas

subsequumlentes

Segundo Worbes (1995) a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira resulta de

mudanccedilas sazonais favoraacuteveis e desfavoraacuteveis nas condiccedilotildees de crescimento arboacutereo

Um dos fatores principais atuando no controle do crescimento arboacutereo de florestas

tropicais eacute a variaccedilatildeo intraanual da precipitaccedilatildeo que ocasiona uma distinta estaccedilatildeo

seca e determina a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das aacutervores (Worbes 1999)

Para regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o principal fator que controla o

ritmo de crescimento nas aacutervores eacute o pulso de inundaccedilatildeo (Junk 1989) Entretanto

florestas de vaacuterzea alta natildeo satildeo alagadas anualmente devido a sua posiccedilatildeo

topograacutefica o que indicaria que o pulso anual de inundaccedilatildeo natildeo seria o principal fator

controlando os processo ecoloacutegicos nestas aacutereas Observaccedilotildees fenoloacutegicas e mediccedilotildees

da liteira (Schoumlngart et al 2008b) evidenciam que o ritmo de crescimento possa ser

39

controlado pela sazonalidade das chuvas contudo maiores estudos se fazem

necessaacuterios

A anualidade dos aneacuteis de crescimento em espeacutecies arboacutereas da Amazocircnia

permite anaacutelise de fenocircmenos ecoloacutegicos e ambientais identificaccedilatildeo e reconstruccedilatildeo das

condiccedilotildees climaacuteticas do passado como tambeacutem identificar as alteraccedilotildees naturais e

dinacircmica das populaccedilotildees (Fritts 1976 Schweingruber 1988 Worbes 1995) Aleacutem

disso a aplicaccedilatildeo das informaccedilotildees armazenadas nos aneacuteis de crescimento permite que

estudos dendrocronoloacutegicos sejam empregados com o objetivo de investigar a estrutura

etaacuteria das populaccedilotildees bem como a dinacircmica de crescimento arboacutereo em florestas

tropicais (Worbes 2002)

Desta forma a descriccedilatildeo da estrutura anatocircmica e delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

da madeira satildeo de suma importacircncia para realizaccedilatildeo das anaacutelises dendrocronoloacutegicas

e por conseguinte para a otimizaccedilatildeo do uso da floresta dando suporte para

estabelecimento de estrateacutegias de manejo florestal ao niacutevel de espeacutecie fornecendo

informaccedilotildees do histoacuterico florestal e consequumlentemente garantindo maior

sustentabiliade na utilizaccedilatildeo dos recursos madeireiros (Schoumlngart 2008)

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo

Uma das grandes questotildees a cerca do uso sustentaacutevel de florestas tropicais

envolve o crescimento e a idade das aacutervores Modelos de crescimento de espeacutecies

madeireiras nos troacutepicos ainda satildeo bastante escassos (Nebel et al 2001 Schwartz et

al 2002 Sokpon amp Biaou 2002 Nebel amp Meilby 2005 Brienen amp Zuidema 2007

Schoumlngart et al 2007) fato este atribuiacutedo a problemas de estabelecimento de uma

40

metodologia especiacutefica para determinaccedilatildeo da idade das aacutervores e taxas de

crescimento bem como a alta diversidade de espeacutecies encontrada Aleacutem disso o

atraso no avanccedilo das pesquisas de crescimento arboacutereo com base em aneacuteis na

madeira nos troacutepicos se deve ao descreacutedito na formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das

aacutervores nestas regiotildees devido agraves temperaturas terem sido consideradas praticamente

constantes durante o ano (Lieberman et al 1985 Whitmore 1990)

Atualmente a maioria das pesquisas sobre idade e crescimento de espeacutecies

tropicais eacute baseada em anaacutelises feitas em parcelas permanentes (Condit 1995)

utilizando meacutetodos de mediccedilotildees repetidas durante relativamente curtos periacuteodos de

tempo Outra metodologia para determinar a idade e taxas de incremento eacute a dataccedilatildeo

com radio-carbono (Worbes amp Junk 1999) Estas duas metodologias indicam idades

maacuteximas entre 1000 e 2000 anos (Condit et al 1995 Chambers et al 1998 Laurance

et al 2004) enquanto estudos dendrocronoloacutegicos indicam idades maacuteximas entre 500

e 600 anos (Worbes amp Junk 1999 Fichtler et al 2003)

Resultados encontrados por Chambers et al (1998) de idade estimada de 1370

anos para Carniana micrantha Ducke (Lecythidaceae) eacute considerado excepcional pois

aparentemente foi determinada de um uacutenico exemplar (Roig 2000) Dataccedilatildeo por radio-

carbono pode ser problemaacutetica entre os anos de 1650 e 1950 devido agrave variaccedilatildeo de 14C

encontrada na atmosfera neste periacuteodo Este fenocircmeno foi provocado por grandes

emissotildees de carbono por meio da queima de combustiacutevel foacutessil que ocorreram no

periacuteodo da revoluccedilatildeo industrial (Efeito de Suess) (Fichtler et al 2003) Em adiccedilatildeo o

alto custo desta metodologia natildeo permite o uso para determinaccedilatildeo de grandes

amostragens

41

A construccedilatildeo de modelos de crescimento de lenhosas com base no crescimento

em diacircmetro das espeacutecies em curtos periacuteodos de observaccedilatildeo bem como a baixa

densidade de espeacutecies comerciais encontradas em florestas tropicais na elaboraccedilatildeo de

modelos de crescimento principalmente individuos de grandes tamanhos dentro das

parcelas estudadas satildeo fatores que limitam muito esta metodologia (Clark amp Clark

1996 Nebel amp Meilby 2005) Aleacutem disso estes modelos monitoram somente uma

pequena parte da histoacuteria de crescimento das aacutervores e extrapolam estes dados das

trajetoacuterias de crescimento em diacircmetro de curtos periacuteodos para todo o ciclo de vida da

planta o que os torna simplistas e podem resultar em dados de crescimento arboacutereo e

estimativas de produccedilatildeo da madeira natildeo realistas subestimando as taxas de

crescimento e consequumlentemente superestimando a idade das aacutervores (Brienen amp

Zuidema 2006)

Ao contraacuterio destes meacutetodos de modelagem do crescimento arboacutereo a anaacutelise

dendrocronoloacutegica tem se mostrado uma importante ferramenta a qual fornece

estimativas mais acuradas da idade e do histoacuterico de crescimento arboacutereo individual

por meio da informaccedilatildeo extraiacuteda dos aneacuteis na madeira (Brienen amp Zuidema 2007) Na

anaacutelise de aneacuteis anuais para a modelagem de crescimento arboacutereo das espeacutecies satildeo

amostradas aacutervores que se estabeleceram no dossel com sucesso o que fornece

dados de crescimento em diacircmetro mais realistas e representativos do desenvolvimento

das aacutervores (Brienen amp Zuidema 2006)

Diversos estudos tecircm mostrado a grande variaccedilatildeo existente nas taxas de

crescimento tanto dentro como entre espeacutecies de florestas tropicais (Clark amp Clark

2001 Schoumlngart et al 2006 Brienen amp Zuidema 2006) Segundo Brienen amp Zuidema

(2007) estas diferenccedilas no crescimento dos indiviacuteduos ao longo da vida pode ser o

42

resultados de diversos fatores atuando em conjunto como a disponibilidade de aacutegua

clima intensidade de luz recebida forma e tamanho da copa danos e fitopatoacutegenos

assim como infestaccedilatildeo por cipoacutes e lianas Isso se reflete em variaccedilotildees de curvas

cumulativas comparando indiviacuteduos da mesma espeacutecie (Figura 3)

Os dados obtidos indicaram a ocorrecircncia de variaccedilatildeo na idade das aacutervores com

o aumento do diacircmetro Esta variaccedilatildeo intra-especiacutefica na idade das aacutervores em grandes

diacircmetros (gt de 60 cm) eacute causada principalmente pela variaccedilatildeo que ocorre na

passagem do tempo nas pequenas classes de tamanho (lt 20 cm) (Brienen amp Zuidema

2006) Desta forma o tempo necessaacuterio para que uma aacutervore de determinada espeacutecie

se estabeleccedila no dossel quando as taxas diameacutetricas geralmente aumentam devido

aos altos niacuteveis de radiaccedilatildeo solar pode variar consideravelmente

A variaccedilatildeo encontrada nos indiviacuteduos contudo natildeo impede a modelagem de

crescimento arboacutereo pois ao niacutevel das espeacutecies ocorre uma relaccedilatildeo bastante

significativa entre idade e DAP o que caracteriza a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira

uma ferramenta importante na elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo sustentaacuteveis em

florestas tropicais (Brienen amp Zuidema 2006 Schoumlngart et al 2007)

Comparando as curvas meacutedias de crescimento observa-se que espeacutecies

estudadas apresentam estrateacutegias ecoloacutegicas diferenciadas Altas taxas de incremento

em diacircmetro em espeacutecies de baixa densidade da madeira como Hura e Sterculia levam

a um raacutepido crescimento em volume enquanto que baixas taxas de incremento em

diacircmetro em Cedrela e Ocotea duas espeacutecies de madeira densa levam a um

crescimento em volume mais lento

Tanto Hura como Sterculia parecem apresentar estrateacutegias de crescimento

tiacutepicas de espeacutecies pioneiras com ciclos de vida longos (gt de 100 anos) caracterizadas

43

por altos requerimentos de luz para germinaccedilatildeo e crescimento (Swaine amp Whitmore

1988) Cedrela e Ocotea possuem caracteriacutesticas de crescimento tiacutepicas de espeacutecies

de estaacutegios cliacutemax ou tolerantes agrave sombra com capacidade de sobrevivecircncia em

longos periacuteodos de baixos niacuteveis de luminosidade e baixas taxas de crescimento

arboacutereo (Pianka 1970)

Espeacutecies com baixa densidade da madeira como Hura (039 gcm3) e Sterculia

(047 gcm3) requerem periacuteodos de 41 a 47 anos para extrapolar um diacircmetro limite de

corte de 50 cm enquanto que espeacutecies de madeira densa tais como Ocotea (060

gcm3) e Cedrela (052 gcm3) necessitam de periacuteodos entre 59 e 72 anos para

ultrapassar um diacircmetro de 50 cm Estes resultados estatildeo de acordo com Schoumlngart

(2008) que verificou a existecircncia de uma correlaccedilatildeo entre a densidade da madeira e a

idade da espeacutecie ao atingir o DMD estimado a partir das taxas de IC de volume o que

possibilita estimar o periacuteodo ideal de extraccedilatildeo para outras espeacutecies de florestas de

vaacuterzea da Amazocircnia Central em funccedilatildeo da densidade da madeira

Os resultados encontrados mostram diferenccedilas nas taxas de incremento em

diacircmetro e volume as quais refletem em diferentes ciclos de corte e DMD para as

espeacutecies indicando claramente que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico

de derrubada e ciclo de corte para toda e qualquer espeacutecie natildeo suportam a

sustentabilidade nas praacuteticas de manejo florestal atuais

Neste sentido na aplicaccedilatildeo de manejo florestal sustentado em florestas tropicais

eacute imprescindiacutevel o levantamento de informaccedilotildees a respeito das taxas de crescimento e

idade das aacutervores especiacuteficas para cada espeacutecie bem como dados de regeneraccedilatildeo e

caracteriacutesticas especiacuteficas de cada siacutetio a ser explorado pela extraccedilatildeo de produtos

madeireiros

44

63 Estrateacutegias de manejo florestal

O contiacutenuo uso das florestas de vaacuterzea para atividades de agricultura pecuaacuteria e

extraccedilatildeo da madeira tem causado grandes impactos nos recursos o que tem

ocasionado a necessidade de estabelecimento de estrateacutegias de conservaccedilatildeo e manejo

florestal destas aacutereas (Schoumlngart et al 2007) Nos uacuteltimos anos tem-se observado uma

gradual expansatildeo das atividades de manejo florestal baseada em comunidades de

pequena e meacutedia escala na busca da conversatildeo da exploraccedilatildeo manejada da floresta

em oportunidade de desenvolvimento regional (Amaral amp Amaral 2000) Projetos como

o Programa Piloto para Conservaccedilatildeo das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7) e a

Fundaccedilatildeo Floresta Tropical (FFT) tecircm buscado o desenvolvimento de projetos de

manejo florestal ao niacutevel de comunidade para diferentes aacutereas da Amazocircnia (Amaral amp

Amaral 2000)

Dentre estes modelos enquadra-se o Projeto Mamirauaacute com objetivo de proteger

as vaacuterzeas da RDSM e cuja exploraccedilatildeo segue as normas do PMFS criado pelo IDSM

em conjunto com os comunitaacuterios e baseado em normas estabelecidas pelo Instituto de

Proteccedilatildeo Ambiental do Amazonas (IPAAM) e pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA) (Lei estadual no 2416 de 22 de Agosto

de 1996)

A FAO estabelece um modelo de extraccedilatildeo dos recursos florestais funcionado

como guia para a aplicaccedilatildeo de um Manejo de Impacto Reduzido (MIR) para os recursos

florestais (Dykstra amp Heinrich 1996) Diversos estudos tecircm feito a uniatildeo entre o MIR e a

extraccedilatildeo seletiva de espeacutecies comerciais como uma estrateacutegia de manejo sustentaacutevel

visando agrave conservaccedilatildeo de florestas tropicais e diminuiccedilatildeo dos impactos causados pelo

45

manejo florestal (Vidal et al 2002 Gerwing 2002) Pesquisas tecircm mostrado os

benefiacutecios da aplicaccedilatildeo de MIR com relaccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo convencional da madeira

tanto em relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo dos custos quanto aos benefiacutecios causados pela reduccedilatildeo

dos danos agrave floresta (Barreto et al 1998 Johns et al 1996 Boltz et al 2001 Holmes

et al 2002)

Apesar dos inuacutemeros esforccedilos realizados na elaboraccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas

de exploraccedilatildeo da madeira na tentativa de conservar e reduzir danos causados as

florestas a sustentabilidade do manejo dos recursos florestais ainda natildeo foi alcanccedilada

satisfatoriamente O sucesso dos planos de manejo florestal depende principalmente da

sustentabilidade ecoloacutegica da produccedilatildeo da madeira que requer informaccedilotildees sobre taxas

de crescimento das espeacutecies comerciais (Boot amp Gullison 1995 Brienen amp Zuidema

2006) os quais ainda natildeo satildeo utilizados com frequumlecircncia em florestas tropicais

Schoumlngart (2008) desenvolveu um novo sistema de manejo sustentaacutevel da

madeira de florestas alagaacuteveis de vaacuterzea da Amazocircnia Central (GOL ndash Growth

Orientated Logging) o qual leva em consideraccedilatildeo as diferenccedilas na histoacuteria de

crescimento de espeacutecies comerciais com base em suas taxas de crescimento arboacutereo a

partir da anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira Isto representa um importante passo em

direccedilatildeo a sustentabilidade do manejo florestal praticado em florestas tropicais

Atualmente normas de exploraccedilatildeo da madeira em regiotildees tropicais as quais

estabelecem diacircmetro limite de derrubada e ciclos de corte para os sistemas de manejo

de florestas natildeo possuem nenhuma base cientiacutefica e natildeo levam em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas nas estrateacutegias de crescimento e estabelecimento bem como as

especificidades de cada regiatildeo a ser explorada Estes fatos levaram a quase eliminaccedilatildeo

de espeacutecies como C pentandra e Calophyllum brasiliense dos mercados regionais e

46

locais na Amazocircnia Ocidental Estas foram substituiacutedas por H crepitans e O

cymbarum duas espeacutecies atualmente exploradas comercialmente na regiatildeo do Meacutedio

Solimotildees (Worbes et al 2001)

Se as atuais praacuteticas de manejo florestal persistirem H crepitans e O cymbarum

poderatildeo ter o mesmo destino que C pentandra e C brasiliense Hura e Ocotea podem

desaparecer dos mercados madeireiros e novamente ocorrer a substituiccedilatildeo destas por

outras espeacutecies ainda pouco exploradas que por sua vez sofreratildeo as pressotildees de uma

extraccedilatildeo madeireira insustentaacutevel o que pode ter seacuterias consequumlecircncias ecoloacutegicas

como a perda dos recursos geneacuteticos degradaccedilatildeo da floresta quebra de cadeias

alimentares para insetos peixes mamiacuteferos etc

A extraccedilatildeo de C odorata eacute um outro exemplo de como de atual manejo de

florestas de vaacuterzea natildeo eacute adequado Esta espeacutecie foi intensamente explorada na RDSM

a ponto de reduzir drasticamente seus estoques de madeira (Ayres 1993 Pinedo-

Vasquez et al 2001) e atualmente eacute considerada uma espeacutecie ameaccedilada e excluiacuteda

da extraccedilatildeo de madeira da RDSM

A recente modificaccedilatildeo de 11 de dezembro de 2006 (IN ndeg 5) do Coacutedigo Florestal

Brasileiro abre caminhos para modificaccedilotildees do manejo florestal aplicado atualmente na

Amazocircnia Brasileira O ciclo de corte no PMFS Pleno varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3ha Espeacutecies com baixa intensidade da madeira (menos

de 10 msup3 por ha) podem ter um ciclo de corte de 10 anos sendo que para florestas de

vaacuterzea a produccedilatildeo pode exceder 10 msup3 por ha poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3

aacutervores por ha

Levando-se em consideraccedilatildeo os dados de distribuiccedilatildeo diameacutetrica fornecidos pelo

Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM observa-se que a espeacutecie O cymbarum

47

apresentaram um padratildeo de distribuiccedilatildeo diameacutetrica do tipo J invertido apresentando

um decreacutescimo da densidade de aacutervores com o aumento do diacircmetro A distribuiccedilatildeo

diameacutetrica de O cymbarum se concentrou nas classes diameacutetricas de 20 a 100 cm

(Figura 10)

Foi possiacutevel encontrar indiviacuteduos na maioria das classes diameacutetricas em Hura

crepitans atingindo densidade maacutexima de 05 indiviacuteduos por ha na classe diameacutetrica de

110 cm A alta densidade de indiviacuteduos em classes diameacutetricas anteriores e posteriores

a classe de 50 cm e os altos valores de volume de madeira de H crepitans sugerem que

esta espeacutecie tem grande potencial para exploraccedilatildeo madeireira dentro da RDSM

Entretanto a derrubada de indiviacuteduos com diacircmetros nas classes entre 50 e 120 cm

permitidas por lei eacute problemaacutetica pois estaratildeo sendo extraiacutedas aacutervores que ainda natildeo

alcanccedilaram a sua produccedilatildeo oacutetima de madeira (Figura 8d)

Marinho (2008) ao analisar a estrutura populacional de espeacutecies como H

crepitans O cymbarum e S elata ocorrendo em florestas de vaacuterzea do setor Jarauaacute da

RDSM observou que estas espeacutecies apresentam baixa densidade de indiviacuteduos em

classes diameacutetricas acima de 50 cm (28 13 e 05 indha respectivamente) sendo

que Hura e Sterculia apresentam uma baixa taxa de estabelecimento visiacutevel pelo

pequeno nuacutemero de indiviacuteduos observados em classes diameacutetricas baixas

Os ciclos de corte entre 10 e 12 anos determinados para as espeacutecies neste

trabalho satildeo valores proacuteximos ao permitido pelas normas de manejo florestal da IN ndeg 5

(ciclo de corte de 10 anos) Entretanto aplicando-se um diacircmetro de derrubada limite

de 50 cm pode natildeo ser sustentaacutevel para espeacutecies como Sterculia e Cedrela

considerando-se a abundacircncia destas espeacutecies na regiatildeo Considerando-se a

48

abundacircncia de Hura e Ocotea o manejo pode ser sustentaacutevel se considerar os DMDs

determinados para cada espeacutecie neste estudo

igura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999

Inventaacuterio florestal de Mamirauaacute (1999 - 2000)

00

02

04

06

08

10

12

14

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

gt 2

Classes diameacutetricas (m)

Den

sida

de d

e aacuter

vore

s po

r ha

Sterculia elataHura crepitansOcotea cymbarumCedrela odorata

Fa 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM

49

Os resultados mostram que tanto Hura quanto Sterculia apresentaram taxas de

crescimento arboacutereo relativamente raacutepidas o que as torna espeacutecies potenciais para

recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e reflorestamento Jaacute Ocotea e Cedrela duas

espeacutecies de madeira densa apresentaram taxas mais lentas de crescimento arboacutereo

Ocotea eacute uma espeacutecie cuja madeira eacute frequumlentemente utilizada pelas

comunidades ribeirinhas na construccedilatildeo de casas moacuteveis e taacutebuas Cedrela eacute uma

espeacutecie bastante valorizada no mercado madeireiro chegando a custar R$ 12000m3

no ano de 2004 na regiatildeo do alto Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a) Isto faz com

que reflorestamentos com Cedrela venham a ser um importante caminho para o

enriquecimento dos estoques de madeira visando o aumento das populaccedilotildees desta

espeacutecie Atraveacutes de um manejo florestal sustentaacutevel comunidades ribeirinhas podem se

beneficiar com produtos madeireiros de alta qualidade e de valor comercial

Os efeitos positivos da liberaccedilatildeo do dossel sobre as taxas de incremento em

diacircmetro observados em espeacutecies de madeira densa (Kammesheidt et al 2003)

indicam que as taxas de crescimento arboacutereo encontradas em Cedrela poderiam ser

aceleradas atraveacutes de aplicaccedilatildeo deste tipo de tratamento silvicultural Entretanto devem

ser realizados mais estudos a respeito das estrateacutegias de regeneraccedilatildeo da espeacutecie

dentro da reserva

Os resultados indicam que um ciclo de corte de 25 anos eacute inadequado para

execuccedilatildeo de manejo florestal sustentaacutevel das quatro espeacutecies estudadas Todas

apresentaram ciclos de corte inferiores (entre 10 e 12 anos) ao valor exigido por lei

indicando que estes recursos madeireiros natildeo estatildeo sendo manejados eficazmente A

IN no 5 permite a aplicaccedilatildeo de ciclo de corte inicial de 10 anos com volume maacuteximo de

10 msup3ha ou mais com retirada de apenas 3 aacutervores por ha para manejos de baixa

50

intensidade Com isso eacute possiacutevel manejar de forma mais adequada os estoques de

Ocotea e Hura aplicando ciclos de corte de 12 e 10 anos respectivamente utilizando

contudo os DMDs aqui determinados para manejo florestal mais especiacutefico garantindo

assim a sustentabilidade do uso da madeira destas espeacutecies dentro da reserva

Todavia eacute necessaacuteria a garantia de que ao retirar aacutervores de determinada espeacutecie em

dado local seja feito estabelecimento de indiviacuteduos de mesma espeacutecie

A distribuiccedilatildeo diameacutetrica de Hura mostra ampla distribuiccedilatildeo de aacutervores na

maioria das classes diameacutetricas Contudo o modelo de crescimento da espeacutecie mostra

que em classes diameacutetricas entre 50 e 130 cm natildeo foi atingida produccedilatildeo maacutexima de

madeira Neste sentido ao retirar aacutervores com diacircmetros acima de 130 cm ainda

restaratildeo aacutervores suficientes nas classes inferiores para garantir renovaccedilatildeo dos

estoques extraiacutedos as quais permitem a garantia de produccedilatildeo de diaacutesporos para a

regeneraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da produtividade maacutexima da espeacutecie otimizando a exploraccedilatildeo

da madeira de Hura

O mesmo deve valer para Ocotea e Sterculia Poreacutem a regeneraccedilatildeo destas

espeacutecies deve ser assegurada o que implica em execuccedilatildeo de estudos ecologia da

populaccedilatildeo particularmente de regeneraccedilatildeo e estabelecimento levando-se em

consideraccedilatildeo a influecircncia de fatores ambientais (solo clima disponibilidade de luz

inundaccedilatildeo etc)

51

64 Desafios futuros

Os resultados do presente trabalho mostram que o atual criteacuterio de manejo

florestal que estabelece ciclo de corte e diacircmetro limite para corte uacutenicos extraccedilatildeo de 5

aacutervores por ha natildeo se mostra eficaz na garantia de manutenccedilatildeo dos estoques de

madeira para exploraccedilotildees subsequumlentes o que torna estes criteacuterios inviaacuteveis para

conservaccedilatildeo da biodiversidade por meio de manejos florestais sustentaacuteveis em

florestas de vaacuterzea Aleacutem disso a ausecircncia de informaccedilotildees a respeito dos processos

que envolvem a dinacircmica e ecologia de florestas alagaacuteveis na elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo eacute um fator agravante na questatildeo da insustentabilidade da

exploraccedilatildeo dos recursos florestais em florestas de vaacuterzea

Ciclos de corte da madeira soacute possibilitam sustentabilidade se as espeacutecies

extraiacutedas conseguem se regenerar e estabelecer dentro da floresta garantindo

estoques de madeira para as proacuteximas extraccedilotildees Uma importante questatildeo eacute a

ausecircncia de dados baacutesicos de estrutura populacional e estabelecimento e regeneraccedilatildeo

de florestas tropicais para subsidiar planos de manejo florestal principalmente em

florestas de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia

Pesquisas tecircm sido feitas no sentido de investigar a influecircncia do pulso de

inundaccedilatildeo condiccedilotildees de luz suprimento de nutrientes e disponibilidade de aacutegua no

estabelecimento de sementes e placircntulas em aacutereas alagaacuteveis (Parolin 2001 Wittmann

amp Junk 2003 Ferreira et al 2005) Wittmann amp Junk (2003) enfatizam importacircncia de

novos estudos focando os processos de germinaccedilatildeo crescimento e taxa de

mortalidade de placircntulas de espeacutecies exploradas comercialmente e suas relaccedilotildees com

fatores do ambiente como luz e inundaccedilatildeo

52

Produtos florestais natildeo madeireiros tambeacutem devem ser levados em consideraccedilatildeo

na elaboraccedilatildeo de planos de manejo de florestas de vaacuterzea Diversos produtos tais

como resinas oacuteleos frutos fibras tecircxteis taninos e produtos medicinais satildeo extraiacutedos

de espeacutecies encontradas nas florestas de vaacuterzea (Wittmann et al 2006b) o que

demonstra o alto potencial destas florestas para este tipo de exploraccedilatildeo dos recursos

Novos modelos de exploraccedilatildeo madeireira que levam em consideraccedilatildeo o

crescimento e idade das aacutervores estatildeo sendo criados (Schoumlngart et al 2003 Brienen

amp Zuidema 2006 Schoumlngart 2007 2008) Mas o desafio de converter dados de

pesquisas cientiacuteficas em poliacuteticas puacuteblicas ainda eacute grande O caminho ainda eacute longo e

espera-se que a partir desta mudanccedila da IN ndeg de 2006 o qual permite a alteraccedilatildeo do

diacircmtro limite de corte e ciclo de corte atualmente requeridos para o manejo florestal

com base em pesquisas cientiacuteficas abra portas para a elaboraccedilatildeo de manejos

florestais especiacuteficos e sustentaacuteveis e consequumlentemente possibilitem que o quadro de

exploraccedilatildeo da madeira venha a se modificar com o tempo nas florestas alagaacuteveis da

Amazocircnia brasileira

7 CONCLUSOtildeES

As quatro espeacutecies estudadas apresentam diferenccedilas nas taxas de crescimento

arboacutereo Isto implica que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico de

derrubada e ciclo de corte para estas espeacutecies natildeo garantem a manutenccedilatildeo dos

estoques de madeira na floresta e portanto natildeo satildeo sustentaacuteveis

O DMD sugerido para Hura eacute de 130 cm quando a espeacutecie atinge sua produccedilatildeo

oacutetima de madeira possibilitando o aproveitamento maacuteximo do recurso bem como a

53

permanecircncia de indiviacuteduos em idade reprodutiva e consequumlente reposiccedilatildeo dos

estoques desta espeacutecie

Os resultados mostram que para C odorata uma espeacutecie com baixa densidade

de indiviacuteduos na reserva o DMD encontrado foi inferior a 50 cm (3760 cm) o que

demonstra a necessidade de aplicaccedilatildeo de tratamentos de enriquecimento de indiviacuteduos

para reposiccedilatildeo dos estoques para futuras exploraccedilotildees

Para O cymbarum e S elata DMDs sugeridos satildeo de 53 e 56 cm

respectivamente dentro do diacircmetro limite estabelecido por lei No entanto a baixa

densidade de indiviacuteduos encontrada em S elata indica tambeacutem a importacircncia de

aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais de enriquecimento para esta espeacutecie atingir

niacuteveis manejaacuteveis de seus estoques madeireiros

Os ciclos de corte variaram entre 10 anos para as espeacutecies de madeira branca e

12 anos para as espeacutecies de madeira pesada Entretanto deve ser ressaltada a

importacircncia do uso de DMD aqui sugeridos para cada espeacutecie objetivando a garantia da

manutenccedilatildeo dos estoques das mesmas

A dendrocronologia se mostrou uma ferramenta bastante uacutetil na aplicaccedilatildeo de

modelos de crescimento arboacutereo com intuito de contribuir para elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo florestal que suportam maior sustentabilidade do uso dos

recursos florestais Contudo maiores estudos para compreensatildeo da estrutura das

populaccedilotildees crescimento e reproduccedilatildeo das espeacutecies madeireiras de florestas de vaacuterzea

devem ser realizados

54

8 REFEREcircNCIAS

Achard F Eva HD Stibig Hans-Juumlrgen Mayaux P Gallego J Richards T

Malingreau Jean-Paul 2002 Determination of Deforestation Rates of the Worlds

Humid Tropical Forests Science 297(5583) 999 ndash 1002

Alencar A Nepstad D McGrath D Moutinho P Pacheco P Del Carmen M Diaz

V Soares ndash Filho BS 2004 Desmatamento na Amazocircnia indo aleacutem da

emergecircncia crocircnica Ipamhttpwwwipamorgbrpublicacoeslivrosresumo_des

matamentophp

Albernaz AL amp Ayres JM 1999 Selective Logging along the Middle Solimotildees River

In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash

Diversity Development and Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains

New York NYBG Press

Amaral P amp Amaral MN 2000 Manejo florestal comunitaacuterio na Amazocircnia brasileira

situaccedilatildeo atual desafios e perspectivas Brasiacutelia DF Instituto Internacional de

Educaccedilatildeo do Brasil (IIEB) 58 pp

Anderson A Mousasticoshvily I Macedo D 1999 Logging of Virola surinamensis in

the Amazon Floodplain Impacts and alternatives In Padoch C Ayres J M

Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and

Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Asner GP Knapp DE Broadbent EN Oliveira PJC Keller M Silva JNM

2005 Selective logging in the Brazilian Amazon Science 310 480 ndash 482

Ayres JM 1993 As matas de vaacuterzea do Mamirauaacute MCTCNPqSociedade Civil

Mamirauaacute Brasiacutelia Distrito Federal 123 pp

Barreto P Amaral P Vidal E Uhl C 1998 Costs and benefits of forest

management for timber production in eastern Amazonia Forest Ecology and

Management 108 (1ndash2) 9 ndash 26

Barros AC amp Uhl C 1995 Logging along the Amazon River and estuary Patterns

problems and potential Forest Ecology and Management 77 87ndash105

Barros AC amp Uhl C 1999 The economic and social significance of logging operations

on the Floodplains of the Amazon estuary and prospects for ecological

55

sustainability In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A

(eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and Conservation of Amazonias

Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Boltz F Carter DR Holmes TP Pereira RJr 2001 Financial returns under

uncertainty for conventional and reduced impact logging in permanent production

forests of the Brazilian Amazon Ecological Economics 39 387 ndash 398

Borchert R Rivera G Hagnauer W 2002 Modification of vegetative phenology in a

tropical semideciduous forest by abnormal drought and rain Biotropica 34 27 ndash

39

Bormann FH amp Berlyn G 1981 Age and growth rate of tropical trees new directions

for research Yale University School of Forestry and Environmental Studies

Bulletin New Haven

Boot RGA amp Gullison RE 1995 Aprporaches to developing sustainable extraction

systems for tropical forest products Ecological Applications 5(4) 896 ndash 903

Brienen RJW amp Zuidema PA 2005 Relating tree growth to rainfall in Bolivian rain

forests a test for six species using tree ring analysis Oecologia 146(1) 1 ndash 12

Brienen RJW amp Zuidema PA 2006 Lifetime growth patterns and ages of Bolivian

rain forest trees obtained by tree ring analysis Journal of Ecology 94 481 ndash 493

Brienen RJW amp Zuidema PA 2007 Incorporating persistent tree growth differences

increases estimates of tropical timber yield The Ecological Society of America

Frontiers in Ecology and the Environment 5(6) 302 ndash 306

Cannell MGR 1984 Woody biomass of forest stands Forest Ecology and

Management 8 (3 ndash 4) 299 ndash 312

Carvalho G Barros AC Moutinho P Nepstad D 2001 Sensitive Development

Could Protect Amazonia Instead of Destroying It Nature 409 131

Chave J Andalo C Brown S Cairns MA Chambers JQ Eamus D Foumllster H

Fromard F Higuchi N Kira T Lescure J-P Nelson BW Ogawa H Puig

H Rieacutera B Yamakura T 2005 Tree allometry and improved estimation of

carbon stocks and balance in tropical forests Oecologia 145 87 ndash 99

Chambers JQ Higuchi N Schimel JP 1998 Ancient trees in Amazonia Nature 39

135 ndash 136

56

Cintron BB 1990 Cedrela odorata L Cedro hembra Spanish cedar In Burns RM

Honkala BH (eds) Silvics of North America 2 Hardwoods Agric Handb

Washington DC US Department of Agriculture Forest Service 654 250 ndash 257

Clark DB amp Clark DA 1996 Abundance growth and mortality of very large trees in

neotropical lowland rain forest Forest Ecology and Management 80 235 ndash 244

Clark DA Clark DB 2001 Getting to the canopy Tree height growth in a neotropical

rain forest Ecology 82 1460 ndash 1472

Condit R 1995 Research in large long-term tropical forest plots Tree 10 18 ndash 22

Condit R Hubbel SP Foster RB 1995 Demography and harvest potential of Latin

American timber species data from a large permanent plot in Panama Journal of

Tropical Forest Science 7 599 ndash 622

De Graaf NN Filius AM Huesca Santos AR 2003 Financial analysis of sustained

forest management for timber Perspectives for application of the CELOS

management system in Brazilian Amazonia Forest Ecology and Management

177 287 ndash 299

Denevan WM 1976 The aboriginal population of Amazonia In Denevan W M (ed)

The native population of the Americas in 1492 The University of Wisconsin Press

205 ndash 234

De Simone O Junk WJ Schmidt W 2003 Central Amazon Floodplain Forests Root

Adaptations to Prolonged Flooding Russian Journal of Plant Physiology 50(6)

848 ndash 855

Dezzeo N Worbes M Ishii I Herrera R 2003 Growth rings analysis of four tropical

tree species in seasonally flooded forest of the Mapire River a tributary of the

lower Orinoko River Venezuela Plant Ecology 168 165 ndash 175

Duumlnisch O Montoia VR Bauch J 2003 Dendroecological investigations on

Swietenia macrophylla King and Cedrela odorata L (Meliaceae) in the Central

Amazon Trees ndash Struct Funct 17 244 ndash 250

Dykstra JA amp Heinrich R 1996 FAO model code of forest harvesting practice Food

and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) Rome Italy

Eckstein D Sass U Baas P 1995 Growth periodicity in tropical trees IAWA Journal

16 325 ndash 442

57

Enquist BJ Leffler AJ 2001 Long-term tree ring chronologies from sympatric tropical

dry-forest trees individualistic responses to climatic variation Journal of Tropical

Ecology 17 41 ndash 60

Enright NJ Hartshorn GS 1981 The demography of tree species in undisturbed

tropical rainforest In Bormann FH Berlyn G (eds) Age and growth rate of

tropical trees new directions for research Yale University School of Forestry and

Environmental Studies 94 107 ndash 119

Fearnside PM 1999 Biodiversity as an environmental service in Brazilacutes Amazonian

forests risks value and conservation Environmental Conservation 26 305 ndash 321

Ferreira LV 1991 O efeito do periacuteodo de inundaccedilatildeo na zonaccedilatildeo de comunidades

fenologia e regeneraccedilatildeo em uma floresta de Igapoacute na Amazocircnia Central Masterrsquos

Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 161 pp

Fichtler E Clark DA Worbes M 2003 Age and long-term growth of trees in an old-

growth tropical rain forest based on analyses of tree rings and C-14 Biotropica

35 306 ndash 317

Fichtler E Trouet V Beeckman H Coppin P Worbes M 2004 Climatic signals in

tree rings of Burkea africana and Pterocarpus angolensis form semiarid forests in

Namibia Trees 18 442 ndash 451

Francis J K 1990 Hura crepitans L Sandbox molinillo jabillo In SO-ITF-SM-38 New

Orleans LA US Department of Agriculture Forest Service Southern Forest

Experiment Station 270 ndash 274

Fritts HC 1976 Tree rings and climate London - Academic Press 567 pp

Furch K 1984 Water chemistry of the Amazon Basin The distribution of chemical

elements among freshwaters In Sioli H (ed) The Amazon Limnology and

Landscape Ecology of a Mighty Tropical River and its Basin Junk Publishers

Dordrecht 176 ndash 200

Furch K 1997 Chemistry of Vaacuterzea and Igapoacute soils and nutrient inventory of their

floodplain forests In Junk WJ (ed) The Central Amazon Floodplains Ecology of

a Pulsing System Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 47 ndash 67

58

Gama JRV Bentes ndash Gama M de Matos Scolforo JRS 2005 Sustainable

management for floodplain forest in eastern Amazonian Rev Aacutervore 29(5) 719 ndash

729

Gerwing JJ 2002 Degradation of forests through logging and fire in the eastern

Brazilian Amazon Forest Ecology and Management 157 131 ndash 141

Gourlay ID 1995 The definition of seasonal growth zones in some African Acacia

species ndash A review IAWA Journal 16 353 ndash 359

Hartshorn GS 1995 Ecological basis for sustainable development in tropical forests

Annual Review of Ecology and Systematics 26 155 ndash 175

Higuchi N Hummel AC Freias JV Malinowski JRE Stokes R 1994

Exploraccedilatildeo florestal nas vaacuterzeas do Estado do amazonas seleccedilatildeo de aacutervore

derrubada e transporte Proceedings of the VII Harvesting and Transportation of

timber Products IUFROUFPR Curitiba Brasil 168 ndash 193

Holmes TP Blate GM Zweede JC Pereira R Barreto P Boltz F Bauch R

2002 Financial and ecological indicators of reduced impact logging performance in

the eastern Amazon Forest Ecology and Management 163 93 ndash 110

IBGE 2000 Censo Demograacutefico 2000 Resultados Preliminares Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Rio de Janeiro 172 pp

Irion G Junk WJ Mello JASN 1997 The large Central Amazonian river floodplain

near Manaus geological climatological hydrological and geomorphological

aspects In the Central Amazonian Floodplains Ecology of a Pulsing System

Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 23 ndash 46 Johns JS Baretto P Uhl C 1996 Logging damage during planned and unplanned

logging operations in the eastern Amazon Forest Ecology and Management 89

59 ndash 77

Junk WJ 1989 Flood tolerance and tree distribution in Central Amazonian floodplains

In Nielsen LB Nielsen IC Baisley H (eds) Tropical Forests Botanical

Dynamics Speciation and Diversity Academic Press London 47 ndash 64

Junk WJ Bayley PB Sparks RE 1989 The flood pulse concept in foodplain

systems In Dodge DP (eds) Proceedings of the International Large River

Symposium Cen Spec Publ Fish Aquat Sci 106 110 ndash 127

59

Junk WJ amp Piedade MTF 1997 Plant life in the floodplain with special reference to

herbaceous plants In The central Amazon Floodplain Ecology of a Pulsing

system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 147 ndash 185

Kammescheidt L Gagang AA Schwarzwaller W Weidelt H 2003 Growth patterns

of dipterocarps in treated and untreated plots Forest Ecology and Management

174 437 ndash 445

Kubitzki K amp Zibursk A 1994 Seed dispersal in flood plain forests of Amazonia

Biotropica 26(1) 30 ndash 43

Lambin EF Geist HJ Lepers E 2003 Dynamics of land-use and land-cover change

in tropical regions Annual Review of Environment and Resources 28 205 ndash 41

Lamprecht H 1989 Silviculture in the tropics tropical forest ecosystems and their tree

species - possibilities and methods for their long-term utilization GTZ Eschborn

Laurance WF Nascimento HEM Laurance SG Condit R DAngelo S

Andrade A 2004 Inferred longevity of Amazonian rainforest trees based on a

long-term demographic study Forest Ecology and Management 190 131 ndash 143

Lieberman D Lieberman M Hartshorn G Peralta R 1895 Growth rates and age-

size relationships of Tropical Wet Forest trees in Costa Rica

Journal of Tropical Ecology 1(2) 97 ndash 109

Lima JRA amp Santos Joaquim dos Higuchi N 2005 Situaccedilatildeo das induacutestrias

madeireiras do Estado do Amazonas em 2000 Acta Amazonica 35(2) 125 ndash 132

Loureiro AA amp Silva MF da 1968 Cataacutelogo das madeiras da Amazocircnia Beleacutem

INPA 1 ndash 2

Margulis S 2003 Causas do desmatamento da Amazocircnia brasileira Brasiacutelia Banco

Mundial 100 pp

Marinho TA da S 2008 Distribuiccedilatildeo e estrutura da populaccedilatildeo de quatro espeacutecies

madeirerias em uma floresta sazonalmente alagaacutevel na Reserva de

desenvolvimento sustentaacutevel Mamirauaacute Amazocircnia Central Masterrsquos Thesis

Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 71 pp

Marques CA 2001 Importacircncia econocircmica da famiacutelia Lauraceae Lindl Floresta e

Ambiente 8(1) 195 ndash 206

60

Martini A Arauacutejo R N Uhl C 1998 Espeacutecies de Aacutervores Potencialmente

Ameaccediladas pela Atividade Madeireira na Amazocircnia Imazon Beleacutem Brazil Seacuterie

Amazocircnia Ndeg 11

Nebel G amp Kvist LP 2001 A review of Peruvian flood plain forests ecosystems

inhabitants and resource use Forest Ecology and Management 150 3 ndash 26

Nebel G Dragsted J Simonsen TR Vanclay JK 2001 The Amazon floodplain

forest tree Maquira coriacea (Karsten) CC Berg Aspects of ecology and

management Forest Ecology and Management 150 103 ndash 113

Nebel G amp Meilby H 2005 Growth and population structure of timber species in

Peruvian Amazon flood plains Forest Ecology and Management 215 1 ndash 3

Nepstad D Carvalho G Barros AC Alencar A Capobianco J Bishop J

Moutinho P Lefebvre P Silva U 2001 Road Paving Fire Regime Feedbacks

and the Future of Amazon Forests Forest Ecology and Management 5524 1 ndash 13

Nutto L Watzlawick LF 2002 Relaccedilotildees entre fatores climaacuteticos e incremento em

diacircmetro de Zanthoxylum rhoifolia Lam e Zanthoxylum hyemale St Hil Na regiatildeo

de Santa Maria RS Embrapa Florestas Bol Pesq Fl Colombo PR 45 41 ndash 55 Ohly JJ 2000 Development of central Amazonia in the modern era In Junk WJ

Ohly JJ Piedade MTF Soares MGM (eds) The Central Amazon

Floodplain Actual Use and Options for Sustainable Management Backhuys

Publisher Leiden 75 ndash 94

Parolin P 2001 Morphological and physiological adjustments to waterlogging and

drought in seedlings of Amazonian floodplain trees Oecologia 128 326-335

Parolin P 2002 Bosques inundados en la Amazonia Central Su aprovechamiento

actual y potencial Ecologia Aplicada 1(1) 111 ndash 114

Parolin P De Simone O Haase K Waldhoff D Rottenberger S Kuhn U

Kesselmeier J Kleiss B Schmidt W Piedade MTF Junk WJ 2004 Central

Amazonian floodplain forests tree adaptations in a pulsing system The Botanical

Review 70(3) 357 ndash 380

Piedade MTF Junk WJ Parolin P 2000 The flood pulse and photosynthetic

response of tree in a white water floodplain (Vaacuterzea) of Central Amazon Brazil

Verhandlungen der Internationalen Vereinigung fuumlr Limnologie 27 1734 ndash 1739

61

Piedade MTF 1985 Ecologia e biologia reprodutiva de Astrocaryum jauari Mart

(Palmae) como exemplo de populaccedilatildeo adaptada agraves aacutereas inundaacuteveis do Rio Negro

(igapoacutes) Masterrsquos Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo

Universidade do Amazonas Manaus Amazonas 188 pp

Piedade MTF Junk WJ Adis J Parolin P 2005 Ecologia zonaccedilatildeo e colonizaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo arboacuterea das Ilhas Anavilhanas Pesquisas Botacircnica 56 117 ndash 143

Pinedo-Vasquez M Zarin DJ Coffey K Padoch C Rabelo F 2001 Post-boom

logging in Amazonia Human Ecology 29 219ndash239

Prance GT 1980 A terminologia dos tipos de florestas Amazocircnicas sujeitos agrave

inundaccedilatildeo Acta Amazonica 10 495 ndash 504

Prance GT 1989 American Tropical Forests In Lieth H Weger MJA (eds)

Tropical Rain Forest Ecossistems Ecossistems of the World Elsevier Amsterdam

14 99 ndash 132

Putz FE Blate GM Redford KH Fimbel R Robinson J 2001 Tropical forest

management and conservation of biodiversity an overview Conservation Biology

15 7ndash20

Queiroz H 2005 A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute Estudos

Avanccedilados 19(54) 183 ndash 203

Revilla JDC 1981 Aspectos floriacutesticos e fitossocioloacutegicos da floresta inundaacutevel

(igapoacute) Praia Grande Rio Negro Amazonas Brasil Masterrsquos Thesis Instituto

Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do Amazonas

Manaus Amazonas 129 pp

Ribeiro RNS Tourinho MM Santana AC 2004 Avaliaccedilatildeo da sustentabilidade

agroambiental de unidades produtivas agroflorestais em Vaacuterzeas fluacutevio marinhas

de Cametaacute - Paraacute Acta Amazonica 34(3) 359 ndash 374

Roig FA 2000 Dendrocronologiacutea en los bosques del Neotroacutepicos revisioacuten y

prospeccioacuten futura In Dendrocronologiacutea en america Latina Roig F A (ed)

Mendoza EDIUNC 307 ndash 355

Sass U Killmann W Eckstein D 1995 Wood formation in two species of

dipterocarpaceae in Peninsular Malaysia IAWA Journal 16 371 ndash 384

62

Schoumlngart J 2003 Dendrochronologische Untersuchungen in

Uumlberschwemmungswaumlldern der vaacuterzea Zentralamazoniens PhD Thesis Fakultaumlt

fuumlr Forstwissenschaften und Waldoumlkologie Universitaumlt Goumlttingen 223 pp

Schoumlngart J 2008 GrowthndashOrientated Logging (GOL) A new concept towards

sustainable forest management in Central Amazonian vaacuterzea floodplains Forest

Ecology and Management (Aceito)

Schoumlngart J Piedade MTF Ludwigshausen S Horna V Worbes M 2002

Phenology and stem-growth periodicity of tree species in Amazonian floodplain

forests Journal of Tropical Ecology 18 581 ndash 597

Schoumlngart J Piedade MTF Worbes M 2003 Successional differentiation in

structure floristic composition and wood increment of whitewater Floodplain

Forests in Central Amazonia German-Brazilian Workshop on Neotropical

Ecosystems ndash Achievements and Prospects of Cooperative Research Hamburg 3

ndash 8

Schoumlngart J Junk WJ Piedade MTF Ayres JM Huumlttermann A Worbes M

2004 Teleconnection between tree growth in the Amazonian floodplains and the El

Nintildeo-Southern Oscillation effect Global Change Biology 10 683 ndash 692

Schoumlngart J Piedade MTF Wittmann F Junk WJ Worbes M 2005 Wood

growth patterns of Macrolobium acaciifolium (Benth) (Fabaceae) in Amazonian

black-water and white-water Floodplain Forests Oecologia 145 454 ndash 461

Schoumlngart J Orthmann B Hennenberg KJ Porembski S Worbes M 2006

Climate ndash growth relationships of tropical tree species in West Africa and their

potential for climate reconstruction Global Change Biology 12 1139 ndash 1150

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M Piedade MTF Krambeck H-J Junk WJ

2007 Management criteria for Ficus insipida Willd (Moraceae) in Amazonian white

ndash water floodplain forests defined by tree ndash rings analysis Annals of Forest

Science 64 657 ndash 664 Schoumlngart J Rocha RM Queiroz HL 2008a Traditional timber extraction in the

central Amazonian floodplains In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

63

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M 2008b Biomass and net primary production of

central Amazonian floodplain forests In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-Verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Swaine MD Whitmore TC 1988 On the definition of ecological species groups in

tropical rain forests Vegetatio 75 81 ndash 86

Schwartz MW Caro TM Banda-Sakala T 2002 Assessing the sustainability of

harvest of Pterocarpus angolensis in Rukwa Region Tanzania Forest Ecology and

Management 170 259 ndash 269

Schweingruber FH 1988 Tree rings Reidel Dordrecht 276 pp

Sioli H amp Klinge H 1962 Solos tipos de vegetaccedilatildeo e aacuteguas na Amazocircnia Boletim

Museu Paraense Emilio Goeldi 1 27 ndash 41

Sioli H 1984 Former and recent utilizations of Amazonia and their impact on the

environment In The Amazon Sioli H (ed) Junk Publishers Dordrecht 675 ndash

706

Sioli H 1991 Amazocircnia Fundamentos da ecologia da maior regiatildeo de florestas

tropicais Editora Vozes Petroacutepolis Rio de Janeiro 3 ed 71 pp

Sociedade Civiacutel Mamirauaacute 1996 Mamirauaacute Management Plan (summarized version)

Brasiacutelia SCM CNPqMCT

Sokpon N amp Biaou SH 2002 The use of diameter distributions in sustained-use

management of remnant forests in Benin case of Bassila forest reserve in North

Benin Forest Ecology and Management 161 13 ndash 25

Sombroek WG 1979 Soils of the Amazon region and their ecological stability ISM

Annual Report 13 ndash 27

Smeraldi R 2003 Legalidade predatoacuteria ndash o novo contexto da exploraccedilatildeo madeireira

na Amazocircnia In MACQUEEN DJ (ed) Exportando sem crises a induacutestria de

madeira tropical brasileira e os mercados internacionais IIED Small and Medium

64

Enterprise Series London International Institute for Environment and

Development 1 37 ndash 52

Spiecker H 2002 Tree rings and forest management in Europe Dendrochronologia

20(1-2) 191 ndash 202

Stadtler EWC 2007 Estimativas de biomassa lenhosa estoque e sequumlestro de

carbono acima do solo ao longo do gradiente de inundaccedilatildeo em uma floresta de

igapoacute alagada por aacutegua preta na Amazocircnia Central MSc thesis INPAUFAM

Manaus BrazilStahle DW 1999 Useful strategies for the development of tropical

tree-ring chronologies IAWA Journal 20 249 ndash 253

Takeuchi M 1962 The structure of the amazonian vegetation VI Igapoacute Journal of the

Faculty Science University of Tokyo 8(4 ndash 7) 297-304

Ter Steege H Pitman N Sabatier D Castellanos H Vander Hout P Daly DC

Silveira M Phillips OL Vasquez R Van Andel T Duivenvoorden J De

Oliveira AA Ek R Lilwah R Thomas R Van Essen J Baider C Maas P

Mori S Terborgh J Nueacutez PV Mogolloacute n H Morawetz W 2003 A spatial

model of tree adiversity and b-density for the Amazon Region Biodiversityand

Conservation 12 2255 ndash 2277

Therrell MD Stahle DW Ries LP Shugart HH 2006 Tree-ring reconstructed

rainfall variability in Zimbabwe Climate Dynamics 26 677 ndash 685

Uhl C Barreto P Verissiacutemo A Vidal E Amaral P Barros AC Souza C Johns

J Gerwing J 1997 Natural Resource Management in the Brazilian Amazon

Bioscience 47(3) 160 ndash 168

Vidal E Viana VM Batista JLF 2002 Crescimento de floresta tropical trecircs anos

apoacutes colheita de madeira com e sem manejo florestal na Amazocircnia oriental

Scientia forestalis 61133-143

Waldholff D Junk WJ Furch B 1998 Responses of three Central Amazonian tree

species to drought and flooding under controlled conditions International Journal of

Ecological and Environments Sciences 24 237 ndash 252

Wittmann F amp Parolin P 1999 Phenology of six tree species from Central Amazonian

Vaacuterzea Ecotropica 5 51 ndash 57

65

Wittmann F Anhuf D Junk WJ 2002 Tree species distribution and community

structure of central Amazonian Vaacuterzea forests by remote-sensing techniques

Journal of Tropical Ecology 18 805 ndash 820

Wittmann F amp Junk WJ 2003 Sapling communities in Amazonian white-water forests

Journal of Biogeography 30(10) 1533 ndash 1544

Wittmann F Junk WJ Piedade MTF 2004 The Vaacuterzea forests in Amazonia

flooding and the highly dynamic geomorphology interact with natural forest

succession Forest Ecology and Management 196 199 ndash212

Wittmann F Schoumlngart J Montero JC Motzer T Junk WJ Piedade MTF

Queiroz HL Worbes M 2006a Tree species composition and diversity gradients

in white-water forests across the Amazon Basin Journal of Biogeography 33 1334

ndash 1347

Wittmann F Schoumlngart J Brito JM Oliveira Wittmann A Piedade MTF Parolin

P Junk WJ Guillaumet JL 2006b Manual of trees from Central Amazonian

vaacuterzea floodplains Taxonomy ecology and use Ed Valer (no prelo)

Whitmore TC 1990 An introduction to tropical rain forests Oxford University Press

New York

Worbes M 1985 Structural and other adaptations to long-term flooding by in Central

Amazonia Amazoniana 9 459 ndash 484

Worbes M 1989 Growth rings increment and age of trees in inundation forest

savannas and mountain forest in the neotropics IAWA Bulletin 10(2) 109 ndash 122

Worbes M 1995 How to measure growth dynamics in tropical trees mdash a review IAWA

Journal 16 337ndash 351

Worbes M 1997 The forest ecosystem of the floodplains In The central Amazon

Floodplain Ecology of a Pulsing system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg

New York 223 ndash 266

Worbes M 1999 Annual grow rings rainfall-dependent growth and long-term grgrowth

patterns of tropical trees from the Caparo Forest Reserve in Venezuela Journal of

Ecology 87 391 ndash 403

Worbes M 2002 One hundred years of tree-ring research in the tropics ndash a brief history

and an outlook to future challenges Dendrochronologia 20(1 ndash 2) 217 ndash 231

66

Worbes M amp Junk WJ 1999 How old are the trees The persistence of a myth

IAWA Journal 20(3) 255 ndash 260

Worbes M Kingle H Revilla JD Martius C 1992 On the dynamics floristic

subdivision and geographical distribuition of Vaacuterzea forests in Central Amazonia

Journal of Vegetation Science 3 553 ndash 569

Worbes M Piedade MTF Schoumlngart J 2001 Holzwirtschaft im Mamirauaacute-Projekt

zur nachhaltigen Entwicklung einer Region im Uumlberschwemmungsbereich des

Amazonas Forstarchiv 72 188 ndash 200

Worbes M Staschel R Roloff A Junk WJ 2003 The ring analysis reveals age

structure dynamics and wood production of a natural forest stand in Cameroon

Forest Ecology and Management 173 105ndash123

67

Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )

Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo

Page 12: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE

para a colonizaccedilatildeo humana durante os uacuteltimos seacuteculos (Parolin 2002) Frequumlentemente

satildeo utilizadas para as praacuteticas de agricultura de subsistecircncia sendo importante fonte de

proteiacutenas para as populaccedilotildees ribeirinhas por meio da pesca e caccedila (Sioli 1984 Junk

1989) e para a extraccedilatildeo de produtos madeireiros e natildeo-madeireiros (Junk amp Piedade

1997 Ohly 2000 Ribeiro et al 2004 Gama et al 2005) Estes fatores influenciam na

alta densidade populacional encontrada neste ecossistema considerando-se outras

regiotildees da Amazocircnia (Denevan 1976 IBGE 2000)

O setor madeireiro tem papel de destaque nestas regiotildees A alta abundacircncia de

certas espeacutecies madeireiras (Wittmann et al 2006a) aliada agrave facilidade de acesso aos

recursos o tipo de operaccedilatildeo de extraccedilatildeo derrubada arraste e transporte atraveacutes dos

rios reduzem os custos da madeira extraiacuteda das vaacuterzeas com relaccedilatildeo agrave extraccedilatildeo de

florestas de terra firme (Higuchi et al 1994 Barros amp Uhl 1995 1999 Uhl et al 1997

Schoumlngart et al 2007)

Ateacute o final de 1990 cerca de 80 da madeira encontrada no mercado brasileiro

era de origem ilegal (Smeraldi 2003) Nos uacuteltimos anos a grande pressatildeo exercida

pela extraccedilatildeo predatoacuteria da madeira aliada ao surgimento de novas alternativas de uso

da terra levaram a necessidade de elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo florestal e

conservaccedilatildeo das florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Schoumlngart et al 2007) Recentemente

programas de manejo florestal tecircm sido implementados com o intuito de proteccedilatildeo e

conservaccedilatildeo das vaacuterzeas amazocircnicas tais como os projetos Proacute-Vaacuterzea e PPG7

(Schoumlngart et al 2008a)

Atualmente os planos de manejos na Amazocircnia Brasileira tecircm como base o

Coacutedigo Florestal no 4711 15 de setembro de 1965 fundamentado em um sistema

policiacuteclico o qual estabelece um diacircmetro limite de corte e a extraccedilatildeo da madeira

2

realizada em intervalos de anos em uma dada aacuterea (ciclo de corte) A aacuterea a ser maneja

eacute dividida em talhotildees de aproximadamente tamanho correspondendo ao nuacutemero de

anos do ciclo de corte (Lamprecht 1989 De Graaf et al 2003)

Este modelo de manejo florestal eacute caracterizado por ocasionar superexploraccedilatildeo

e subutilizaccedilatildeo do potencial madeireiro por natildeo considerar as variaccedilotildees nas taxas de

crescimento entre espeacutecies entre diferentes habitats e ao longo dos anos (Schoumlngart

2003 Brienen amp Zuidema 2006) Espeacutecies de madeira branca com taxas de

crescimento raacutepido podem alcanccedilar o limite de diacircmetro para corte antes do tempo

estabelecido enquanto que espeacutecies de madeira pesada levam maior tempo para

atingir este diacircmetro de derrubada (Schoumlngart 2003 Schoumlngart et al 2003 2007

Brienen amp Zuidema 2007)

A Instruccedilatildeo Normativa (IN) ndeg 5 de 11 de dezembro de 2006 abre caminhos para

modificaccedilotildees do manejo florestal atual O ciclo de corte varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3 por ha ao ano no Plano de Manejo Florestal Simplificado

(PMFS) Pleno No PMFS de baixa intensidade foi estabelecido um ciclo de corte inicial

de 10 anos com volume de extraccedilatildeo de ateacute 10 msup3 por ha Na vaacuterzea a produccedilatildeo pode

exceder 10 msup3 por ha ao ano poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3 aacutervores por ha Esta

nova IN requer o estabelecimento de modelos especiacuteficos para cada espeacutecie onde o

limite de diacircmetro para corte eacute determinado a partir de criteacuterios ecoloacutegicos e teacutecnicos

Caso contraacuterio um diacircmetro de corte de 50 cm eacute estabelecido

Estimativas da produccedilatildeo de madeira considerando-se a variaccedilatildeo no crescimento

arboacutereo entre as espeacutecies satildeo necessaacuterias para garantir o contiacutenuo suprimento e

manutenccedilatildeo dos sistemas de manejo de florestas naturais (Brienen amp Zuidema 2007)

Neste sentido a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira (dendrocronologia) vem a ser uma

3

importante ferramenta na elaboraccedilatildeo de sistemas de exploraccedilatildeo sustentada

fornecendo modelos de crescimento e idade da madeira (Worbes et al 2001 Worbes

2002 Duumlnisch et al 2003 Schoumlngart et al 2003 2007 Brienen amp Zuidema 2005)

proporcionando opccedilotildees de manejo mais especiacuteficas e efetivas com benefiacutecios para as

populaccedilotildees futuras

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Dendrocronologia nos troacutepicos

Os aneacuteis de crescimento na madeira de espeacutecies das regiotildees temperadas

configuram o incremento radial os quais anualmente satildeo incorporados ao tronco das

aacutervores Cada anel possui duas partes distintas lenho inicial e lenho tardio O primeiro

corresponde ao crescimento arboacutereo no iniacutecio do periacuteodo vegetativo quando as plantas

reativam as atividades fisioloacutegicas O lenho tardio eacute formado no final do periacuteodo

vegetativo com a reduccedilatildeo das atividades e modificaccedilatildeo da estrutura celular com

espessamento das paredes e reduccedilatildeo do lume (Fritts 1976) A queda das atividades

celulares ocorre como resposta as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento arboacutereo em

decorrecircncia da reduccedilatildeo da temperatura (Schweingruber 1988)

Leonardo da Vinci durante o seacuteculo 15 foi o primeiro a reconhecer a existecircncia

de aneacuteis anuais na madeira em ramos de pinheiros relacionando-os a idade da aacutervore

e seu padratildeo de espessura com anos mais ou menos secos (Schweingruber 1988) Jaacute

no seacuteculo 19 diversas pesquisas demonstravam que as baixas temperaturas dos

invernos rigorosos em regiotildees temperadas satildeo um fator limitante no crescimento da

4

madeira (Worbes 1995) Contudo somente no iniacutecio do seacuteculo 20 a existecircncia de aneacuteis

anuais nos troacutepicos foi descoberta e algumas deacutecadas depois foi questionada (Worbes

amp Junk 1999) Muitos acreditavam na ausecircncia de aneacuteis anuais nos troacutepicos devido agrave

limitada sazonalidade (Schweingruber 1988) e temperatura quase constante

(Whitmore 1990) Este mito eacute ainda mantido por alguns autores (Lieberman et al

1985 Whitmore 1990) mesmo verificando-se que a distribuiccedilatildeo sazonal das chuvas na

maioria das regiotildees tropicais ocasiona uma distinta estaccedilatildeo seca (Worbes 1999)

Alguns autores enfatizam os problemas relacionados agrave formaccedilatildeo de aneacuteis anuais

na madeira nos troacutepicos Estudos tecircm registrado a formaccedilatildeo de dois aneacuteis por ano em

regiotildees apresentando duas estaccedilotildees de seca distintas (Gourlay 1995) formaccedilatildeo de

aneacuteis intra-anuais ou falsos aneacuteis em resposta a padrotildees irregulares de chuvas com

seca excepcional durante a estaccedilatildeo chuvosa (Borchert et al 2002) ou ainda a

formaccedilatildeo de aneacuteis irregulares na madeira de espeacutecies tropicais (Sass et al 1995)

Contudo a existecircncia de aneacuteis de crescimento nos troacutepicos tem sido registrada

em mais de 20 paiacuteses tropicais sendo que muitos estudos tecircm comprovado a

anualidade na formaccedilatildeo dos aneacuteis por mais de 100 anos (Worbes 2002) Foram

descritos para estas regiotildees diferentes padrotildees de aneacuteis anuais por Coster (19271928)

e classificados por Worbes (1995) como 4 tipos principais variaccedilotildees na densidade da

madeira faixas de parecircnquima marginal alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima e

variaccedilotildees na densidade dos vasos

Em regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o ritmo de crescimento das aacutervores

eacute determinado pelo pulso de inundaccedilatildeo (Worbes 1985) Durante o alagamento as

raiacutezes sofrem condiccedilotildees anoacutexicas acarretando reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a

copa das aacutervores e consequumlente reduccedilatildeo do metabolismo o que resulta em dormecircncia

5

cambial e a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira (Worbes 1989 Schoumlngart et al

2002) Diversas pesquisas tecircm evidenciado a presenccedila de aneacuteis anuais nas regiotildees de

aacutereas alagaacuteveis nos troacutepicos (Worbes 1989 Dezzeo et al 2003 Schoumlngart et al

2002 2004 2005)

Existem diferentes meacutetodos de investigaccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira

classificados em destrutivos e natildeo destrutivos (Worbes 1995) Meacutetodos natildeo destrutivos

podem ser feitos a partir de investigaccedilotildees fenoloacutegicas medidas repetidas do diacircmetro e

medida da atividade cambial por mensuraccedilatildeo da resistecircncia eleacutetrica na zona cambial

Feridas cambiais (Janelas de Mariaux) dataccedilatildeo por radiocarbono cicatrizes

provocadas por fogo em anos conhecidos ou injurias na madeira densitometria por raio

ndash X variaccedilotildees nas concentraccedilotildees de isoacutetopos estaacuteveis e contagem direta dos aneacuteis satildeo

meacutetodos destrutivos de constataccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira (Worbes

1995 2002) Todos estes meacutetodos foram utilizados independentemente para indicar a

ocorrecircncia de aneacuteis anuais no xilema de espeacutecies arboacutereas nas vaacuterzeas

Dentre estes meacutetodos a contagem direta dos aneacuteis anuais se destaca pela

obtenccedilatildeo de estimativas acuradas da idade das aacutervores e dados de longos periacuteodos de

crescimento da madeira (Bormann amp Berlyn 1981 Eckstein et al 1995) Informaccedilotildees

estas uacuteteis para o entendimento da dinacircmica da floresta (Enright amp Hartshorn 1981

Worbes 2002) desenvolvimento de sistemas de manejo florestal e estrateacutegias de

conservaccedilatildeo das espeacutecies (Stahle et al 1999 Worbes et al 2003)

O padratildeo de crescimento ao longo do tempo atua como um arquivo de dados e

contribui com informaccedilotildees sobre as mudanccedilas nas condiccedilotildees ambientais (Spiecker

2002) relaccedilotildees entre o clima e o crescimento arboacutereo (Enquist amp Leffler 2001 Nutto amp

6

Watzlawick 2002 Fichtler et al 2004 Schoumlngart et al 2006 Therrell et al 2006) e

sequumlestro de carbono na biomassa da madeira (Schoumlngart 2003)

22 As florestas de vaacuterzea

Junk et al (1989) definiram como aacutereas alagaacuteveis aquelas cuja inundaccedilatildeo eacute

promovida por um fluxo lateral dos rios e lagos eou precipitaccedilatildeo direta ou sobre as

aacuteguas um fenocircmeno perioacutedico que influencia na dinacircmica das comunidades e acarreta

um longo periacuteodo de adaptaccedilotildees e evoluccedilatildeo de espeacutecies endecircmicas Na regiatildeo

amazocircnica as aacutereas inundaacuteveis satildeo recobertas por florestas de vaacuterzea e igapoacute sendo

que as florestas de vaacuterzea abrangem uma aacuterea de 50-75 e satildeo consideradas o tipo

de vegetaccedilatildeo inundaacutevel mais importante destas regiotildees (Wittmann et al 2002)

As florestas alagaacuteveis sofrem esta alternacircncia anual entre fase terrestre e

aquaacutetica a qual vem ocorrendo haacute milhotildees de anos leva ao desenvolvimento de

adaptaccedilotildees de caraacuteter morfoloacutegico anatocircmico fisioloacutegico etoloacutegico e fenoloacutegico nas

espeacutecies que vivem nestes ambientes inundados anualmente (Ferreira 1991 Kubitzki

amp Zibursk 1994 Waldhoff et al 1998 Wittmann amp Parolin 1999 Piedade et al 2000

Parolin et al 2004)

Muitas espeacutecies respondem as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento durante

a fase de alagamento apresentando adaptaccedilotildees na forma de produccedilatildeo de raiacutezes

adventiacutecias desenvolvimento de vias alternativas metaboacutelicas e permanecircncia da

atividade fotossinteacutetica (De Simone et al 2003) estrateacutegias de toleracircncia ou escape ao

alagamento pelas placircntulas (Parolin 2002) ou ainda armazenamento de aacutegua no caule

(Schoumlngart et al 2002) Cada espeacutecie responde a este fenocircmeno de forma

7

diferenciada podendo ser visualizada atraveacutes dos diversos padrotildees fenoloacutegicos

encontrados nas aacutereas alagaacuteveis (Schoumlngart et al 2002) O alagamento anual causa

condiccedilotildees anaeroacutebicas nas raiacutezes levando a reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a copa

das aacutervores o que ocasiona estresse hiacutedrico e perda de folhas Como resultado a

planta entra em dormecircncia cambial

As diferentes estrateacutegias adaptativas associadas com diferentes niacuteveis de

toleracircncia ao alagamento refletem a influecircncia exercida pelo periacuteodo e niacutevel de

alagamento aos quais as plantas estatildeo sujeitas resultando numa zonaccedilatildeo de espeacutecies

caracteriacutestica nas aacutereas alagaacuteveis (Takeuchi 1962 Revilla 1981 Piedade 1985

Worbes et al 1992 Worbes 1997 Wittmann et al 2002 2004)

A dinacircmica sucessional em florestas de vaacuterzea da Amazocircnia foi descrita por

Worbes et al (1992) Estaacutegios iniciais de sucessatildeo primaacuteria e secundaacuteria apresentam

estratos monoespeciacuteficos com espeacutecies de crescimento raacutepido e baixa densidade da

madeira as quais natildeo alcanccedilam grandes idades Por meio do processo de sucessatildeo

natural ocorrem substituiccedilotildees de espeacutecies e formaccedilatildeo de estaacutegios tardios onde

observa-se uma maior complexidade nos extratos arboacutereos e diversidade de espeacutecies

diminuiccedilatildeo da taxa de incremento radial e acuacutemulo de biomassa (Worbes 1992

Schoumlngart et al 2003)

Ao longo da sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais existe um aumento da

densidade da madeira das aacutervores e decreacutescimo das taxas de incremento em diacircmetro

aumento da diversidade de espeacutecies o que implica mudanccedilas de estratos mais

homogecircneos de estaacutegios sucessionais iniciais para extratos mais complexos

caracterizados pelo aumento da altura das aacutervores tamanho e aacuterea da copa (Wittmann

et al 2002 Schoumlngart et al 2003)

8

Esta zonaccedilatildeo de espeacutecies em florestas de vaacuterzea ao longo do gradiente

topograacutefico (Junk 1989 Ayres 1993) e sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais (Worbes

1997) leva a formaccedilatildeo de dois habitats significativamente diferentes os quais satildeo

denominados vaacuterzea alta e vaacuterzea baixa (Wittmann et al 2002) A primeira caracteriza-

se por alagamento de menos de 3 m por ano na meacutedia apresentando aumento da

diversidade e complexidade da arquitetura com o aumento da idade resultando de

processo sucessional natural de florestas tardias de vaacuterzea baixa sendo considerada

representante de estaacutegio cliacutemax A vaacuterzea baixa apresenta diferentes estaacutegios de

sucessatildeo natural e eacute alagada por mais de 3 m por ano (Wittmann et al 2002) sendo

que a complexidade de estrutura e composiccedilatildeo da floresta tende a aumentar com a

reduccedilatildeo do niacutevel e duraccedilatildeo do alagamento

A grande variedade de habitats e multiplicidade de adaptaccedilotildees resultam numa

grande diversidade de espeacutecies arboacutereas dentro das aacutereas alagaacuteveis (Junk 1989)

atingindo 1000 espeacutecies registradas para florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Wittmann et al

2006a) A alta diversidade nestas aacutereas estaacute relacionada ao niacutevel e periacuteodo das cheias

e aumenta com diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo de inundaccedilatildeo (Wittmann amp Junk 2003 Worbes

et al 1992 Piedade et al 2005) Entretanto florestas de vaacuterzea possuem diversidade

de espeacutecies menor se comparada com florestas de terra firme da mesma regiatildeo (Ayres

1993)

Wittmann et al (2006a) afirmam que nas florestas de vaacuterzea a diversidade de

espeacutecies tambeacutem aumenta no sentido leste ndash oeste dentro da Bacia Amazocircnica Este

padratildeo parece similar ao encontrado para florestas de terra firme na mesma regiatildeo

geograacutefica (Ter Steege et al 2003) corroborando com a hipoacutetese de formaccedilatildeo de uma

zona de transiccedilatildeo que permite a migraccedilatildeo das espeacutecies de florestas de terra firme para

9

florestas alagaacuteveis de vaacuterzea alta (Wittmann et al 2006a) Esta hipoacutetese eacute estabelecida

pela elevada similaridade floriacutestica encontrada entre a vaacuterzea alta e terra firme

As florestas de vaacuterzea alta compreendem cerca de 10 da cobertura florestal

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996 Wittmann et al 2002) no entanto satildeo as florestas

mais ameaccediladas pela accedilatildeo antroacutepica sendo frequumlentemente utilizadas para moradia e

substituiccedilatildeo das aacutereas de floresta para atividades de agricultura e pecuaacuteria

Apresentam alta abundacircncia de espeacutecies madeireiras e estatildeo sendo ameaccediladas por

praacuteticas insustentaacuteveis de manejo (Ayres 1993 Worbes et al 2001)

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea

Atualmente dentro da Bacia Amazocircnica de aproximadamente 350 espeacutecies

madeireiras encontradas cerca de 34 tambeacutem ocorrem em florestas de vaacuterzea

(Martini et al 1998) outras satildeo restritas a este tipo de ecossistema Pela falta de infra-

estrutura em estradas de 60 a 80 da madeira extraiacuteda na Amazocircnia Ocidental e

Peru tecircm origem a partir deste tipo de floresta inundaacutevel (Higuchi et al 1994 Nebel amp

Kvist 2001 Worbes et al 2001) Em 2000 somente no Estado do Amazonas

aproximadamente 75 da madeira para induacutestria de laminados e compensados teve

origem em florestas alagaacuteveis (Lima et al 2005)

O preccedilo da madeira de espeacutecies com densidade abaixo de 060 gcm3 (madeira

branca) no Meacutedio Rio Solimotildees variou entre R$ 075-600 por m3 para Hura crepitans

L (Euphorbiaceae) e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae) enquanto que

espeacutecies de madeira densa acima de 060 gcm3 (madeira pesada) como Ocotea

cymbarum Mez (Lauraceae) Copaifera sp (Fabaceae) e Piranhea trifoliata Baill

10

(Euphorbiaceae) foram negociadas por R$ 288-1290 por m3 no periacuteodo de 1993 a

1995 (Worbes et al 2001) O primeiro grupo eacute frequumlentemente utilizado em induacutestrias

de laminados e compensados enquanto que as espeacutecies de madeira densa satildeo muito

utilizadas na construccedilatildeo de casas barcos e moacuteveis (Albernaz amp Ayres 1999) Com a

implementaccedilatildeo de manejo sustentaacutevel controlado e autorizado pelo IBAMA e IPAAM

os preccedilos da madeira subiram consideravelmente atingindo valores de ateacute R$ 6200

por m3 no ano de 2007 ao longo do Meacutedio Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a)

Um inventaacuterio florestal realizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel

Mamirauaacute (RDSM) abrangendo uma aacuterea de 342 ha de florestas de vaacuterzea encontrou

122 espeacutecies madeireiras por ha com diacircmetro limite de corte acima de 45 cm

(Schoumlngart et al 2008a) Das espeacutecies inventariadas as mais encontradas dentre as

madeiras brancas foram H crepitans e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae)

Das madeiras pesadas O cymbarum Mez (Lauraceae) Calycophyllum spruceanum

(Benth) Hookf ex KSchum (Rubiaceae) foram as mais abundantes

Dados do Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel de Mamirauaacute (IDSM) do

manejo florestal comunitaacuterio (MFC) de 2003 mostram que 42 do nuacutemero de toras e

60 do volume extraiacutedo na reserva pertencem agrave H crepitans Esta espeacutecie somada a

O cymbarum e C subsessilis corresponde a quase 70 do volume em metros cuacutebicos

de madeira extraiacuteda

A atividade madeireira em florestas de vaacuterzea se restringe a poucas espeacutecies

(Schoumlngart 2003) e a ausecircncia de dados de regeneraccedilatildeo e crescimento aliados a

exploraccedilatildeo inadequada da madeira tecircm levado agrave reduccedilatildeo das populaccedilotildees de algumas

destas espeacutecies chegando a praticamente desaparecer dos mercados regionais

(Higuchi et al 1994 Worbes et al 2001) Espeacutecies como Cedrela odorata L

11

(Meliaceae) Platymiscium ulei Harms (Fabaceae) Virola spp (Myristicaceae) Ceiba

pentandra (L) Gaerth (Malvaceae) foram substituiacutedas por O cymbarum C

spruceanum H crepitans e C guianensis (Albernaz amp Ayres 1999 Anderson et al

1999 Worbes et al 2001 Lima et al 2005)

Dentro da RDSM o manejo florestal se caracteriza por sistema policiacuteclico com

ciclo de corte de 25 anos e diacircmetro limite de corte de 45 cm Inicialmente deve ser feito

um inventaacuterio florestal de todas as espeacutecies madeireiras com diacircmetro ge 20 cm e as

extraccedilotildees se limitam a 5 aacutervores por ha que se encontram acima do diacircmetro de corte

Cerca de 10 das aacutervores acima do limite de diacircmetro devem permanecer nas aacutereas

como porta-sementes com o intuito de garantir a regeneraccedilatildeo das espeacutecies exploradas

Aproximadamente 12 da cobertura florestal da RDSM pertence a florestas de

vaacuterzea alta onde a abundacircncia de espeacutecies de valor econocircmico eacute alta (Wittmann et al

2002) e contribuem para o fornecimento de produtos madeireiros para o mercado local

regional e internacional (Wittmann et al 2004) Schoumlngart et al (2007) afirmam que as

espeacutecies mais exploradas na reserva satildeo O cymbarum C spruceanum e P trifoliata

(espeacutecies de madeira densa) assim como Ficus insipida Willd (Moraceae) H

crepitans Maquira coriacea (Karsten) CCBerg (Moraceae) (espeacutecies de madeira

branca)

Este estudo analisa e modela padrotildees de crescimento de quatro espeacutecies

aacuterboreas de interesse comercial de baixa densidade de madeira (madeira branca) e alta

densidade de madeira (madeira pesada) exploradas dentro da RDSM Deste modelos

criteacuterios como DMD e ciclo de corte satildeo derivados e discutidos no contexto das atuais

normas de manejo florestal na Amazocircnia pela legislaccedilatildeo brasileira

12

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Modelar padrotildees de crescimento da madeira de H crepitans C odorata O

cymbarum e S elata espeacutecies de importacircncia econocircmica na exploraccedilatildeo madeireira

das florestas de vaacuterzea da Amazocircnia para definir ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de

derrubada (DMD) especiacuteficos subsidiando futuros planos de manejo florestal

sustentaacutevel dentro da RDSM

32 Objetivos especiacuteficos

a Descriccedilatildeo da anatomia da madeira

b Determinaccedilatildeo da idade das aacutervores

c Determinaccedilatildeo das taxas de incremento em diacircmetro altura volume e biomassa

d Estimativa de ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de derrubada para definir criteacuterios

de manejo para cada uma das espeacutecies

13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS

41 Aacuterea de estudos

A aacuterea de estudos compreende a Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Mamirauaacute (RDSM) a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo na categoria de reserva

sustentaacutevel e primeira existente no ecossistema de vaacuterzea Sua criaccedilatildeo eacute resultado de

solicitaccedilatildeo encaminhada em 1985 pelo bioacutelogo Dr Joseacute Maacutercio Ayres ao oacutergatildeo

responsaacutevel na eacutepoca SEMA ndash Secretaria Especial de Meio Ambiente (Queiroz 2005)

A RDSM eacute dividida em duas aacutereas principais aacuterea focal (cerca de 260000 ha)

onde se desenvolvem desde 1991 atividades baseadas em pesquisas

socioeconocircmicas e ecoloacutegicas incluindo pesca agricultura agroflorestal e ecoturismo

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996) e aacuterea subsidiaacuteria (cerca de 878000 ha) a qual seraacute

manejada progressivamente A aacuterea focal eacute por sua vez subdividida em zona de

proteccedilatildeo permanente zona de ecoturismo e zona destinada ao manejo sustentaacutevel de

recursos naturais

Dentro da aacuterea focal existem nove unidades ou setores de controle do uso dos

recursos naturais denominadas Mamirauaacute Jarauaacute Tijuaca Boa Uniatildeo do Meacutedio

Japuraacute Aranapuacute Barroso Horizonte Liberdade e Ingaacute As atividades econocircmicas

realizadas pelas comunidades dentro dos setores se dividem em produccedilatildeo de farinha

pesca e exploraccedilatildeo da madeira as quais satildeo influenciadas pelo niacutevel de inundaccedilatildeo

anual (Albernaz amp Ayres 1999)

A RDSM estaacute situada na regiatildeo do meacutedio Solimotildees na confluecircncia dos rios

Solimotildees e Japuraacute entre as bacias do rio Solimotildees e Negro Sua porccedilatildeo mais a leste

14

fica nas proximidades da cidade de Tefeacute no Estado do Amazonas Sua vizinha RDS

Amanatilde liga a RDSM ao Parque Nacional do Jauacute (Schoumlngart et al 2005) Estas trecircs

unidades juntas constituem um bloco de floresta tropical com cerca de 6000000 ha

protegidos oficialmente Formam o embriatildeo do Corredor Central da Amazocircnia

(MMAPPG7) e da Reserva da Biosfera da Amazocircnia Central (MaBUnesco) e

compotildeem um Siacutetio Natural do Patrimocircnio Mundial (UnescoIUCN) (Queiroz 2005 Ayres

et al 2005)

Possui clima caracterizado por uma meacutedia de temperatura diaacuteria de 269 ordmC e

precipitaccedilatildeo anual de aproximadamente 3000 mm apresentando uma estaccedilatildeo seca

distinta (julho-outubro) O niacutevel de flutuaccedilatildeo meacutedia da aacutegua do Rio Japuraacute durante 1993

ndash 2000 foi de 1138 m (Wittmann amp Junk 2003 Schoumlngart et al 2005)

Aproximadamente 92 da cobertura vegetal abrangendo a aacuterea focal da reserva eacute

composta por florestas de vaacuterzea baixa constituiacuteda por diferentes estaacutegios

sucessionais e somente cerca de 8 corresponde a florestas de vaacuterzea alta (Wittmann

et al 2002)

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies

421 Cedrela odorata L (Meliaceae)

Popularmente conhecida como cedro cedro branco cedro cheiroso ou cedro

mogno apresenta tronco com casca de cheiro bastante caracteriacutestico rugosa com

fissuras transversais vermelho-alaranjadas Apresenta base reta ou com raiacutezes

tabulares e suas flores satildeo brancas em inflorescecircncias terminais (Wittmann et al

15

2006b) Os frutos capsulares quando maduros se abrem liberando de 40 a 50

sementes aladas as quais satildeo dispersas pelo vento (Cintron 1990 Wittmann et al

2006b)

Encontrada em toda a Amazocircnia embora com baixa frequumlecircncia ocorre desde as

Iacutendias Ocidentais as grandes e pequenas Antilhas ateacute Trinidad e Tobago sendo

encontrada tambeacutem no Meacutexico Equador Peru e Guianas (Cintron 1990) Eacute tipicamente

deciacutedua sendo encontrada em extrato superior de vaacuterzea alta e ocupando estaacutegio

sucessional secundaacuterio tardio

Apresenta madeira moderadamente pesada variando entre 044 a 060 gcm3 O

floema eacute avermelhado com cerne variando do castanho claro ao bege rosado escuro e

alburno amarelo apresentando cheiro aromaacutetico (Loureiro amp Silva 1968)

Aleacutem da sua importacircncia como espeacutecie madeireira na fabricaccedilatildeo de moacuteveis

construccedilatildeo civil e naval embalagens e instrumentos musicais a casca do cedro eacute

aproveitada na medicina popular como tocircnica adstringente e febriacutefuga (Loureiro amp

Silva 1968 Wittmann et al 2006b)

422 Sterculia elata Ducke (Malvaceae)

Conhecida popularmente como tacacazeiro xixaacute chicaacute da mata ou manduvi

cujos frutos apresentam uma coloraccedilatildeo avermelhada quando maduros sendo

organizados em 5 foliacuteculos com uma sutura ventral cada um Os frutos satildeo apocaacuterpios

e as flores estatildeo organizadas em inflorescecircncias terminais amarelas a purpuacutereas

(Wittmann et al 2006b)

16

Apresenta distribuiccedilatildeo nos neo-troacutepicos compreendendo o Sul do Meacutexico e

Ameacuterica Central Norte do Brasil Pantanal e Peru ocupando extrato superior e

emergente de vaacuterzea alta Eacute uma espeacutecie deciacutedua de estaacutegio sucessional secundaacuterio

tardio

Apresenta madeira de densidade meacutedia de 047 gcm3 cujo floema tem coloraccedilatildeo

marrom escura e o alburno eacute marrom claro A madeira eacute muito utilizada para confecccedilatildeo

de embalagens palitos foacutesforos compensados e troncos para canoas As sementes

oleaginosas satildeo comestiacuteveis A aacutervore eacute frequumlentemente utilizada para ornamentaccedilatildeo

(Wittmann et al 2006b)

423 Hura crepitans L (Euphorbiaceae)

Conhecia comumente por assacuacute H crepitans eacute uma espeacutecie cujo caule eacute

aculeado apresentando laacutetex branco aquoso caacuteustico e frequumlentemente utilizado

como veneno de peixe Causa irritaccedilotildees fortes em contato com a pele (Francis 1990

Wittmann et al 2006b) Os frutos satildeo capsulares lenhosos arredondados e

deprimidos nos poacutelos Tem distribuiccedilatildeo no Brasil Guianas Oeste da Iacutendia Cuba

Jamaica Trinidad e Tobago Costa Rica ao sul do Peru e Boliacutevia (Loureiro amp Silva

1968 Wittmann et al 2006b)

Ocupa o extrato superior de vaacuterzea alta sendo identificada como uma espeacutecie

perenifoacutelia de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Apresenta madeira muito leve

(035 a 040 gcm3) cerne e alburno indistintos e de coloraccedilatildeo branca com reflexos

amarelados Pelas caracteriacutesticas da madeira eacute comumente usada na fabricaccedilatildeo de

17

caixas tamancos obras internas artefatos de madeira forros taacutebuas compensados

boacuteias flutuantes canoas e gamelas (Francis 1990 Wittmann et al 2006b)

424 Ocotea cymbarum HBK (Lauraceae)

Frequumlentemente chamada por louro inamuiacute louro mamorim louro mamoriacute

inhamuiacute oacuteleo de inhamuiacute e pau de gasolina O cymbarum eacute uma aacutervore de grande

porte (20 ndash 30 m) apresentando casca avermelhada aromaacutetica ramos jovens com

pilosidade e acinzentados Possui exsudato transparente aromaacutetico apresentando

cheiro de menta (Wittmann et al 2006b)

Tem distribuiccedilatildeo por toda a Amazocircnia sendo encontrada em extrato superior de

vaacuterzea alta Eacute semi-deciacutedua e de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Sua madeira eacute

moderadamente pesada variando de 055 a 065 gcm3 (Loureiro amp Silva 1968) O

floema possui coloraccedilatildeo marrom cafeacute enquanto que o cerne amarelado claro e

brilhante diferencia-se pouco do alburno levemente mais claro (Wittmann et al

2006b)

Eacute comumente utilizada na carpintaria de luxo construccedilatildeo em geral marcenaria

compensado pranchas e tabuados (Loureiro amp Silva 1968) Sua madeira traz oacuteleo

contendo safrol que em baixa concentraccedilatildeo eacute um componente para fragracircncias e

perfumes (Wittmann et al 2006b) O lenho apresenta atividade contra o

desenvolvimento do ancilostomiacutedeo humano (Marques 2001)

18

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos

Das quatro espeacutecies estudadas duas de madeira branca ndash H crepitans e S

elata e duas de madeira pesada ndash C odorata e O cymbarum (Schoumlngart 2003) foram

selecionados entre 21 e 37 indiviacuteduos emergentes de floresta de vaacuterzea alta dos

setores Jarauaacute e Tijuaca da RDSM As medidas do diacircmetro na altura do peito (DAP)

com ge 10 cm foram feitas com o uso de fita dendromeacutetrica de dupla face sendo

inferidas acima das sapopemas quando presentes A altura da aacutervore foi medida a

partir do uso de inclinocircmetro (Blume-Leiss) e fita meacutetrica

Para verificar a idade das aacutervores foram utilizados 10 discos de H crepitans e

10 discos de O cymbarum fornecidos pelo Programa de MFC da RDSM no ano de

2001 bem como amostras coletadas de troncos dos indiviacuteduos de cada uma das quatro

espeacutecies Para tanto foi aplicado um meacutetodo natildeo destrutivo de extraccedilatildeo de cilindros da

madeira utilizando-se uma broca dendrocronoloacutegica num total de 110 cilindros com 5

mm de diacircmetro (21 amostras de Sterculia 23 de Cedrela 29 de Ocotea e 37 de Hura)

coletadas entre 07 de outubro de 2006 a 16 de abril de 2007 na altura aproximada de

130 m da base do tronco Apoacutes a coleta das amostras o orifiacutecio produzido com a broca

dendrocronoloacutegica foi obstruiacutedo com cera de carnauacuteba para evitar possiacuteveis ataques

por fitopatoacutegenos

As amostras coletadas foram coladas em suporte de madeira e em seguida

polidas com lixas de papel com diferentes granulometrias em uma sequumlecircncia

progressiva ateacute uma granulaccedilatildeo de 600 Estas foram analisadas no Laboratoacuterio de

Dendrocronologia do Projeto INPAMax-Planck em Manaus A anaacutelise macroscoacutepica da

estrutura da madeira foi feita a partir de fotografias feitas utilizando-se maacutequina digital

19

NIKON coolpix 4500 Para descriccedilatildeo anatocircmica dos aneacuteis de crescimento utilizou-se

como base os padrotildees de aneacuteis descritos por Coster (1927 1928) e adaptados por

Worbes (1985 1989)

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos

A determinaccedilatildeo da idade foi feita por meio da contagem direta dos aneacuteis anuais

e as taxas de incremento radial foram geradas por mediccedilatildeo da espessura dos aneacuteis

com o sistema de anaacutelise digital com precisatildeo de 001 mm (LINTAB) juntamente com o

software (TSAP-Win = Time Series Analyses and Presentation) especiacutefico para

anaacutelises de sequumlecircncias temporais (Schoumlngart et al 2004) Para os cilindros que natildeo

alcanccedilaram o cerne do tronco foram estimadas as distacircncias ateacute o centro e a partir do

nuacutemero meacutedio de aneacuteis encontrados em outros indiviacuteduos foram feitas estimativas da

idade do primeiro anel visiacutevel no tronco As mediccedilotildees da largura dos aneacuteis se deram no

sentido cerne ndash casca

Curvas cumulativas do diacircmetro individual para as quatro espeacutecies foram

elaboradas com base nestas mediccedilotildees do incremento radial corrente e relacionadas

com o DAP medido no campo (Schoumlngart et al 2003 Brienen amp Zuidema 2007)

(Figura 1a) A partir destas curvas individuais foram construiacutedas curvas cumulativas

meacutedias para cada espeacutecie descrevendo a relaccedilatildeo entre idade e diacircmetro para as

mesmas

A curva meacutedia do diacircmetro calculada para cada espeacutecie foi ajustada como um

modelo de regressatildeo sigmoidal da qual foram derivadas as curvas do incremento

corrente e meacutedio do diacircmetro para cada espeacutecie (Figura 1b) Modelos de regressatildeo natildeo

20

ndash linear descreveram para cada espeacutecie a relaccedilatildeo entre DAP e a altura medida no

campo (Figura 1c) Combinando as relaccedilotildees idade-DAP e DAP-altura permite estimar o

crescimento da altura (Nebel et al 2001) Deste modo para cada idade determinada

foram atribuiacutedas uma medida de diacircmetro e de altura para cada espeacutecie (Schoumlngart et

al 2007)

A combinaccedilatildeo dos modelos de regressatildeo natildeo-linear das relaccedilotildees entre idade e

DAP bem como das relaccedilotildees entre DAP e altura tambeacutem possibilitou a construccedilatildeo do

modelo de crescimento em volume (Figura 1e) e produccedilatildeo de biomassa acima do solo

das espeacutecies estudadas (Figura 1f) O modelo alomeacutetrico utilizado para estimativa do

volume foi definido por Cannell (1984) para florestas tropicais uacutemidas e tem como

paracircmetros a altura das aacutervores e o DAP

O volume (V) foi estimado a partir da multiplicaccedilatildeo da aacuterea basal (Ab) pela altura

(h) e por um fator (f) de reduccedilatildeo de 06 (Nebel et al 2001) A equaccedilatildeo eacute dada por

V = Ab x h x f (1)

onde a Ab eacute dada por

Ab = π x (DAP 2)2 (2)

Foi utilizado um modelo alomeacutetrico para estimar a biomassa acima do solo com

boa aplicabilidade em florestas alagaacuteveis segundo resultados obtidos por Stadtler

21

(2007) Este modelo tem como paracircmetros a densidade da madeira o diacircmetro e altura

das aacutervores e foi descrito por Chave et al (2005) A equaccedilatildeo eacute descrita abaixo

Bio = 00509 x den x DAP2 x h (3)

onde a Bio eacute a estimativa da biomassa acima do solo den eacute a densidade da madeira

obtida para cada espeacutecie de Wittmann et al (2006b) e 00509 eacute um fator de correccedilatildeo

O fator de correccedilatildeo dos modelos de caacutelculo do volume (06) e biomassa (00509)

se referem ao fato de que as aacutervores natildeo representam cilindros perfeitos e diminuem o

raio do tronco a medida que se distanciam do DAP

Destes modelos de crescimento do DAP altura aacuterea basal volume e biomassa

foram derivadas as taxas do incremento meacutedio (IM) e corrente (IC) (Figuras 1b1d1f)

para cada espeacutecie seguindo as equaccedilotildees abaixo (Schoumlngart et al 2007)

IM= CrC t t (4)

IC= CrC t+1 ndash Cr t (5)

onde CrC eacute o crescimento cumulativo em diferentes anos t sobre ciclo de vida total da

planta

O periacuteodo ideal de extraccedilatildeo eacute estabelecido quando a espeacutecie atinge sua a

produccedilatildeo maacutexima em volume periacuteodo este entre a taxa maacutexima de IC em volume e a

taxa maacutexima de IM em volume (Schoumlngart 2003) Este intervalo representa o periacuteodo

22

em que a extraccedilatildeo da madeira utiliza-se do potencial de crescimento maacuteximo das

espeacutecies (Schoumlngart 2008)

A modelagem dos padrotildees de crescimento foi construiacuteda a partir do uso do

software program X-Act (SciLab) e em seguida definidas as recomendaccedilotildees de

manejo para ciclos de corte e DMD para cada uma das quatro espeacutecies madeireiras

O DMD eacute definido pela idade em que a aacutervore atinge as maiores taxas de

incremento anual corrente do volume (Figura 1e) O tempo meacutedio que um indiviacuteduo leva

para passar por uma classe de DAP de 10 cm ateacute chegar ao DMD eacute o ciclo de corte da

espeacutecie (Schoumlngart et al 2007) Este eacute dado por

CC= idade(DMD) DMD x 10 (6)

onde CC eacute o ciclo de corte da espeacutecie e idade(DMD) eacute a idade da aacutervore quando atingiu o

DMD

23

0

20

40

60

80

0 5 10 15 200

1

2

3

4

5

0

10

20

30

0 20 40 60 80 100

0

20

40

60

80

0 5 10 15 20

0

10

20

30

0 5 10 15 200

1

2

3

4

0

1

2

3

4

0 5 10 15 200

100

200

300

00

05

10

15

0 5 10 15 200

50

100

Age (years) Age (years)

Age (years)

Age (years)

Age (years)

Dbh (cm)

Tree

heig

ht(m

)D

bh(c

m)

Dbh

(cm

)Tr

eehe

ight

(m)

Woo

d bi

omas

s(M

g)

Volu

me

(m3 )

Diam

eter increment(cm

year -1)H

eightincrement(m

year -1)W

ood biomass

production(kg year -1)

Volume

increment(dm

3year -1)

n = 54R2 = 053

n = 18

MLD

a

c

e

b

d

f

y = a (1+(b x)c)

a = 1195742 plusmn 131913b = 184937 plusmn 3355c = 12997 plusmn 00788

y = (abullx) (x+b)a = 286667 plusmn 07424b = 161743 plusmn 13022

DAP

(cm

)

DA

P (c

m)

Altu

ra (m

)

Altu

ra (m

)

Vol

ume

(m3)

Bio

mas

sa (M

g)

Idade (anos) Idade (anos)

DAP (cm) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento em

diacircmetro (cm

ano) Increm

ento em altura (m

ano) P

roduccedilatildeo de biomassa (K

gano)

Incremento

emvolum

e(dm

3ano)

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

DMD

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)

24

5 RESULTADOS

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira

O limite dos aneacuteis e a estrutura anatocircmica da madeira foram determinados com

base na classificaccedilatildeo de Coster (19271928) e adaptados por Worbes (1995) Trecircs tipos

de aneacuteis foram distinguidos de acordo com essa classificaccedilatildeo (1) faixas de parecircnquima

marginal (2) alternacircncia entre faixas de fibra e faixas de parecircnquima e (3) variaccedilatildeo na

densidade da madeira (Tabela 1) A distinccedilatildeo dos aneacuteis variou entre as 4 espeacutecies

estudadas poreacutem todas apresentaram aneacuteis suficientemente distintos para aplicaccedilatildeo

de estudos dendrocronoloacutegicos

A distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e agrave

medida que estes se encontravam mais proacuteximos do centro do tronco A facilidade de

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis decresceu na seguinte ordem C odorata O cymbarum S elata

e H crepitans (Tabela1)

Cedrela e Sterculia apresentaram mesmo padratildeo de faixas de parecircnquima

marginal que consiste de uma a poucas fileiras de ceacutelulas Eacute comumente encontrado

nas famiacutelias Bignoniaceae Fabaceae e Meliaceae (Worbes 2002) Cedrela apresentou

aneacuteis de crescimento semiporosos com uma espessa faixa de parecircnquima claramente

visiacutevel acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos os quais satildeo maiores ao

final do periacuteodo vegetativo (Figura 2a)

Sterculia tambeacutem mostrou variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Os poros satildeo visiacuteveis

a olho nu alguns obstruiacutedos por conteuacutedo de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada e brilhante

25

Apresentou faixas de parecircnquima radial espessadas dificultando um pouco a

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis (Figura 2b)

Um padratildeo de alternacircncia entre faixas de fibras e parecircnquima foi encontrado

formando os aneacuteis anuais em Hura com a reduccedilatildeo da largura das faixas de

parecircnquima e fibras na formaccedilatildeo do lenho tardio ao final da zona de crescimento

(Figura 2c) Este tipo de anatomia pode ser encontrado em famiacutelias como

Euphorbiaceae Moraceae Sapotaceae Lecythidaceae dentre outras (Worbes 2002)

Tabela1 Tipos de zona de crescimento encontrados e o grau de distinccedilatildeo dos de crescimento Os padrotildees descritos foram baseados nos modelos de Coster (1927 1928) e adaptados por Worbes (1995) Espeacutecies Famiacutelia Tipo de zona de

crescimento Fenologia foliar Grau de

distinccedilatildeo dos aneacuteis

Cedrela odorata Meliaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos

Deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (1)

Hura crepitans Euphorbiaceae Alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima

Perenifoacutelia Aneacuteis pouco

distintos (2)

Sterculia elata Malvaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Presenccedila de faixas radiais de parecircnquima

Deciacutedua Aneacuteis distintos (1)

Ocotea cymbarum Lauraceae Variaccedilatildeo na densidade da madeira com lenho inicial menos denso que o lenho tardio

Semi-deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (3)

obtidos durante observaccedilotildees na RDSM no periacuteodo 042006-122007

Ocotea mostrou um padratildeo de variaccedilatildeo na densidade da madeira O lenho tardio

de coloraccedilatildeo mais escura (alta densidade) apresentou ceacutelulas pequenas com paredes

26

espessadas diferindo do lenho inicial (baixa densidade) com ceacutelulas grandes e

paredes de espessura mais fina permitindo uma perfeita delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

(Figura 2d) Eacute comum entre as famiacutelias Annonaceae Myrtaceae e Lauraceae (Worbes

2002)

A presenccedila de falsos aneacuteis de crescimento ocorreu em alguns discos de Hura e

Ocotea Entretanto este problema foi solucionado observando-se a continuidade dos

aneacuteis ao longo dos raios nos discos

C Hura crepitans D Ocotea cymbarum

A Cedrela odorata B Sterculia elata

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial

27

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies

Todas as quatro espeacutecies apresentaram correlaccedilatildeo significativa (plt001) para as

relaccedilotildees entre idade e DAP idade e altura e DAP e altura (Tabela 2) permitindo a

modelagem das curvas de crescimento cumulativo para as mesmas Foram feitas um

total de 7646 mediccedilotildees da largura dos aneacuteis na madeira para as quatro espeacutecies

(Tabela 2)

As trajetoacuterias de crescimento cumulativo em diacircmetro mostraram diferenccedilas

tanto intra como interespeciacuteficas Aquelas espeacutecies de madeira densa como O

cymbarum e C odorata apresentaram taxas de crescimento menores que S elata e H

crepitans espeacutecies de madeira branca (Figura 3)

As quatro espeacutecies apresentaram uma variaccedilatildeo da idade ao atingir o DMD de 50

cm Esta foi maior para O cymbarum alcanccedilando idades entre 25 e 80 anos H

crepitans e S elata podem atingir idades entre 25 e 65 anos enquanto que as menores

variaccedilotildees na idade foram encontradas em C odorata com idades entre 35 a 65 anos

para um diacircmetro de 50 cm (Figura 3)

28

Tabela 2 Nuacutemero de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis e altura das aacutervores utilizados na elaboraccedilatildeo dos modelos de crescimento com base nas relaccedilotildees entre idade ndash DAP idade ndash altura e DAP ndash altura e o coeficiente de correlaccedilatildeo das mesmas

Nuacutemero de mediccedilotildees Correlaccedilatildeo p(lt 0001) Espeacutecie Largura dos

aneacuteis Altura Idade ndash DAP Idade ndash Altura DAP ndash Altura

Cedrela odorata

1240 32 089 064 071

Ocotea cymbarum

1325 125 086 073 073

Sterculia elata

1321 21 088 086 085

Hura crepitans

3760 67 091 086 076

Total

7646

Sterculia e Hura atingiram idades maacuteximas de 111 e 195 anos respectivamente

embora esta uacuteltima tenha atingido grandes diacircmetros nas aacutervores amostradas As

aacutervores mais velhas de Cedrela e Ocotea atingiram idades maacuteximas de 74 e 122 anos

(Tabela 3)

29

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

A ndash Cedrela odorata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

C ndash Sterculia elata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

B ndash Ocotea cymbarum

D ndash Hura crepitans

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura

30

As curvas meacutedias das relaccedilotildees entre idade e DAP tambeacutem apresentaram

variaccedilatildeo entre as espeacutecies estudadas (Figura 4) Para um diacircmetro de 50 cm

determinado pela IN ndeg 5 de Dezembro de 2006 as idades meacutedias oscilaram entre 41

anos em Hura a mais de 70 anos em Cedrela (Tabela 3)

0

50

100

150

DAP

(cm

)

0 30 60 90 120 150 180Idade (anos)

(a)

(b)

(d)

(c)

Diacircmetro limite de corte

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata Tabela 3 Idades maacuteximas miacutenimas e para um diacircmetro miacutenimo de derrubada de 50 cm para cada uma das quatro espeacutecies estudadas e seus respectivos desvios padratildeo

Idade (anos) Espeacutecie Miacutenima Maacutexima Ao alcanccedilar o diacircmetro limite de 50 cm

Cedrela odorata

21 74 72

Sterculia elata

22 111 47

Ocotea cymbarum

27 122 59

Hura crepitans

88 195 41

31

As quatro espeacutecies estudadas atingiram as maiores taxas de incremento

diameacutetrico corrente em idades diferentes Cedrela e Ocotea atingiram as maiores taxas

entre 11 e 12 anos e 19 e 21 anos com uma taxa meacutedia de incremento de 094 e 101

cmano respectivamente (Figura 5a e c) Sterculia obteve taxas meacutedias de incremento

de 126 cmano em idades entre 19 e 21 anos (Figuras 5b) enquanto Hura alcanccedilou

taxa meacutedia de incremento de 129 cmano em idades entre 22 e 23 anos (Figura 5d)

Cedrela e Ocotea espeacutecies de madeira pesada apresentaram taxas de incremento

diameacutetrico menores que Hura e Sterculia espeacutecies de madeira branca

D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata

C ndash Sterculia elata

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

B ndash Ocotea cymbarum

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura

32

A partir das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares entre idade-DAP foi possiacutevel

construir um modelo de crescimento em aacuterea basal para cada espeacutecie utilizando-se a

foacutermula (2) Cedrela e Ocotea atingiram suas maiores taxas em 39 e 57 anos e taxa

meacutedia de incremento de 355 e 536 cm2ano respectivamente (Figuras 6a e 6b)

Sterculia e Hura atingiram maior incremento aos 48 e 104 anos e taxa meacutedia de 700 e

1422 cm2ano respectivamente (Figura 6c e 6d) As espeacutecies de madeira branca Hura

e Sterculia apresentaram taxas de incremento em aacuterea basal mais altas que as duas

espeacutecies de madeira densa (Cedrela e Ocotea)

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

05

1

15

2

25

4

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

05

1

15

2

25

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura

33

A combinaccedilatildeo das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares das relaccedilotildees entre DAP-

altura (Figura 7) resultaram num modelo de crescimento em altura para as espeacutecies

contemplando todo ciclo de vida da planta Os maiores valores de incremento corrente

em altura de C odorata S elata O cymbarum e H crepitans corresponderam a idades

de 4 7 8 e 6 anos respectivamente e taxas maacuteximas corresponderam a 096 mano

para Sterculia 092 mano para Ocotea 061 mano para Hura e finalmente 109 mano

para Cedrela

DAP (cm) DAP (cm)

DAP (cm) DAP (cm)

Altu

ra (m

) A

ltura

(m)

C ndash Sterculia elata D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 1500

0

0

0

0

0

0 25 50 75 100 125 150

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 150 0 50 100 150

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans

34

Tabela 4 Valores de DAP e altura maacuteximos e miacutenimos do levantamento florestal seus desvios padratildeo e a aacuterea basal calculada a partir da relaccedilatildeo entre idade e DAP das espeacutecies

DAP (cm) Altura (m) Aacuterea basal meacutedia (cm2)

Espeacutecie

Maacuteximo Miacutenimo Desvio Maacutexima Miacutenima Desvio Meacutedia Cedrela odorata

656 115 140 309 90 50 273

Ocotea cymbarum

780 100 164 311 70 46 402

Sterculia elata

1300 100 349 405 66 88 516

Hura crepitans

1328 100 350 390 21 91 1127

A partir dos modelos de crescimento em altura e diacircmetro elaborados para cada

espeacutecie pocircde-se construir o modelo de crescimento em volume das mesmas segundo

a foacutermula (1) (Schoumlngart et al 2007) O periacuteodo oacutetimo de corte das aacutervores eacute o ponto

onde o incremento em volume corrente eacute maacuteximo sendo que para cada espeacutecie o pico

maacuteximo de volume corrente variou visivelmente (Figura 8)

Cedrela apresentou maiores taxas de incremento em volume corrente ao atingir

uma idade meacutedia de 45 anos (Figura 8a) Nesta idade a espeacutecie indica um DAP de 376

cm (Figura 5a) Jaacute Sterculia e Ocotea atingiram o ponto maacuteximo em incremento

corrente em volume aos 54 e 63 anos (Figuras 8b e c) quando atingem diacircmetros de

560 e 533 cm respectivamente (Figuras 5b e c) Hura em uma idade meacutedia de 125

anos apresentou os maiores valores de incremento maacuteximo corrente entre as quatro

espeacutecies (Figura 8d) atingindo diacircmetro meacutedio de 1288 cm (Figura 5d) Tanto Hura

quanto Sterculia apresentaram produccedilatildeo de madeira em volume por m3 superior as

duas espeacutecies de madeira pesada Cedrela e Ocotea

35

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento volum

eacutetrico

Incr

emen

to e

m v

olum

e (m

3 ) 0450 0

(m3ano)

Incr

emen

to e

m V

olum

e (m

3 )

Incremento volum

eacutetrico (m3ano)

Idade (anos) Idade (anos)

0

10

20

30

40

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

0 50 100 150 200

0

10

20

30

40

50

0

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

04

0 50 100 150

200 Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie

36

O ciclo de corte calculado atraveacutes da passagem meacutedia do tempo por uma classe

de DAP de 10 cm para a proacutexima ateacute atingir o diacircmetro de corte oacutetimo variou pouco

entre as espeacutecies sendo que Hura e Sterculia apresentaram ciclos de corte de 97

anos enquanto Cedrela e Ocotea apresentaram ciclos de 120 e 118 anos (Tabela 5)

Os resultados indicam que espeacutecies de madeira branca apresentam ciclos de corte

mais curtos do que as espeacutecies de madeira pesada

Tabela 5 O diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) o ciclo de corte a idade meacutedia ao atingir o diacircmetro de corte e a densidade da madeira das espeacutecies Espeacutecie DMD (cm) Ciclo de corte

(anos) Idade meacutedia ao atingir

o DMD (anos) Densidade

(gcm3) Cedrela odorata

376 120 45 052

Ocotea cymbarum

533 118 63 060

Sterculia elata

560 97 54 047

Hura crepitans

1288 97 125 039

Dados obtidos de Wittmann et al (2006b)

Aleacutem do modelo de crescimento em volume os modelos de crescimento em

altura e diacircmetro possibilitaram tambeacutem a construccedilatildeo de modelos de crescimento em

biomassa acima do solo para as espeacutecies estimado segundo a foacutermula (3)

Cedrela apresentou maior taxa de produccedilatildeo em biomassa de 26 Kgano em 45

anos (Figura 9a) ao passo que Ocotea alcanccedilou uma produccedilatildeo em biomassa maacutexima

de 52 Kgano em 63 anos (Figura 9b) Sterculia atingiu valor de 60 Kgano em 54 anos

(Figura 9c) enquanto que Hura obteve em 125 anos um valor maacuteximo de 125 Kgano

(Figura 9d) Espeacutecies de madeira branca atingiram maiores taxas de acuacutemulo em

biomassa do que as espeacutecies de madeira densa

37

D ndash Hura crepitans C ndash Ocotea cymbarum

Bio

mas

sa (M

g)

Bio

mas

sa (M

g)

Produ

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

ccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)P

roduccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

5

10

15

20

0

4

8

1

1

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

1

1

0 50 100 150 2000

5

0

5

0

0

40

80

120

160

Prod

uccedilatildeo

Biom

assa

(Kg)

0 50 100 150 200

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura)

38

6 DISCUSSAtildeO

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira

Todas as quatro espeacutecies estudadas apresentaram distintas zonas de

crescimento poreacutem com diferenccedilas quanto ao grau de distinccedilatildeo entre elas O grau de

distinccedilatildeo diminuiu na ordem seguinte C odorata O cymbarum S elata e H crepitans

o que indica uma pequena tendecircncia das espeacutecies deciacuteduas apresentarem maior

distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais como resultados encontrados por Worbes (1999) A

distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e com a

maior proximidade do centro do disco (Brienen amp Zuidema 2006) Esta variaccedilatildeo

encontrada no grau distinccedilatildeo dos aneacuteis natildeo afetou as anaacutelises dendrocronoloacutegicas

subsequumlentes

Segundo Worbes (1995) a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira resulta de

mudanccedilas sazonais favoraacuteveis e desfavoraacuteveis nas condiccedilotildees de crescimento arboacutereo

Um dos fatores principais atuando no controle do crescimento arboacutereo de florestas

tropicais eacute a variaccedilatildeo intraanual da precipitaccedilatildeo que ocasiona uma distinta estaccedilatildeo

seca e determina a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das aacutervores (Worbes 1999)

Para regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o principal fator que controla o

ritmo de crescimento nas aacutervores eacute o pulso de inundaccedilatildeo (Junk 1989) Entretanto

florestas de vaacuterzea alta natildeo satildeo alagadas anualmente devido a sua posiccedilatildeo

topograacutefica o que indicaria que o pulso anual de inundaccedilatildeo natildeo seria o principal fator

controlando os processo ecoloacutegicos nestas aacutereas Observaccedilotildees fenoloacutegicas e mediccedilotildees

da liteira (Schoumlngart et al 2008b) evidenciam que o ritmo de crescimento possa ser

39

controlado pela sazonalidade das chuvas contudo maiores estudos se fazem

necessaacuterios

A anualidade dos aneacuteis de crescimento em espeacutecies arboacutereas da Amazocircnia

permite anaacutelise de fenocircmenos ecoloacutegicos e ambientais identificaccedilatildeo e reconstruccedilatildeo das

condiccedilotildees climaacuteticas do passado como tambeacutem identificar as alteraccedilotildees naturais e

dinacircmica das populaccedilotildees (Fritts 1976 Schweingruber 1988 Worbes 1995) Aleacutem

disso a aplicaccedilatildeo das informaccedilotildees armazenadas nos aneacuteis de crescimento permite que

estudos dendrocronoloacutegicos sejam empregados com o objetivo de investigar a estrutura

etaacuteria das populaccedilotildees bem como a dinacircmica de crescimento arboacutereo em florestas

tropicais (Worbes 2002)

Desta forma a descriccedilatildeo da estrutura anatocircmica e delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

da madeira satildeo de suma importacircncia para realizaccedilatildeo das anaacutelises dendrocronoloacutegicas

e por conseguinte para a otimizaccedilatildeo do uso da floresta dando suporte para

estabelecimento de estrateacutegias de manejo florestal ao niacutevel de espeacutecie fornecendo

informaccedilotildees do histoacuterico florestal e consequumlentemente garantindo maior

sustentabiliade na utilizaccedilatildeo dos recursos madeireiros (Schoumlngart 2008)

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo

Uma das grandes questotildees a cerca do uso sustentaacutevel de florestas tropicais

envolve o crescimento e a idade das aacutervores Modelos de crescimento de espeacutecies

madeireiras nos troacutepicos ainda satildeo bastante escassos (Nebel et al 2001 Schwartz et

al 2002 Sokpon amp Biaou 2002 Nebel amp Meilby 2005 Brienen amp Zuidema 2007

Schoumlngart et al 2007) fato este atribuiacutedo a problemas de estabelecimento de uma

40

metodologia especiacutefica para determinaccedilatildeo da idade das aacutervores e taxas de

crescimento bem como a alta diversidade de espeacutecies encontrada Aleacutem disso o

atraso no avanccedilo das pesquisas de crescimento arboacutereo com base em aneacuteis na

madeira nos troacutepicos se deve ao descreacutedito na formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das

aacutervores nestas regiotildees devido agraves temperaturas terem sido consideradas praticamente

constantes durante o ano (Lieberman et al 1985 Whitmore 1990)

Atualmente a maioria das pesquisas sobre idade e crescimento de espeacutecies

tropicais eacute baseada em anaacutelises feitas em parcelas permanentes (Condit 1995)

utilizando meacutetodos de mediccedilotildees repetidas durante relativamente curtos periacuteodos de

tempo Outra metodologia para determinar a idade e taxas de incremento eacute a dataccedilatildeo

com radio-carbono (Worbes amp Junk 1999) Estas duas metodologias indicam idades

maacuteximas entre 1000 e 2000 anos (Condit et al 1995 Chambers et al 1998 Laurance

et al 2004) enquanto estudos dendrocronoloacutegicos indicam idades maacuteximas entre 500

e 600 anos (Worbes amp Junk 1999 Fichtler et al 2003)

Resultados encontrados por Chambers et al (1998) de idade estimada de 1370

anos para Carniana micrantha Ducke (Lecythidaceae) eacute considerado excepcional pois

aparentemente foi determinada de um uacutenico exemplar (Roig 2000) Dataccedilatildeo por radio-

carbono pode ser problemaacutetica entre os anos de 1650 e 1950 devido agrave variaccedilatildeo de 14C

encontrada na atmosfera neste periacuteodo Este fenocircmeno foi provocado por grandes

emissotildees de carbono por meio da queima de combustiacutevel foacutessil que ocorreram no

periacuteodo da revoluccedilatildeo industrial (Efeito de Suess) (Fichtler et al 2003) Em adiccedilatildeo o

alto custo desta metodologia natildeo permite o uso para determinaccedilatildeo de grandes

amostragens

41

A construccedilatildeo de modelos de crescimento de lenhosas com base no crescimento

em diacircmetro das espeacutecies em curtos periacuteodos de observaccedilatildeo bem como a baixa

densidade de espeacutecies comerciais encontradas em florestas tropicais na elaboraccedilatildeo de

modelos de crescimento principalmente individuos de grandes tamanhos dentro das

parcelas estudadas satildeo fatores que limitam muito esta metodologia (Clark amp Clark

1996 Nebel amp Meilby 2005) Aleacutem disso estes modelos monitoram somente uma

pequena parte da histoacuteria de crescimento das aacutervores e extrapolam estes dados das

trajetoacuterias de crescimento em diacircmetro de curtos periacuteodos para todo o ciclo de vida da

planta o que os torna simplistas e podem resultar em dados de crescimento arboacutereo e

estimativas de produccedilatildeo da madeira natildeo realistas subestimando as taxas de

crescimento e consequumlentemente superestimando a idade das aacutervores (Brienen amp

Zuidema 2006)

Ao contraacuterio destes meacutetodos de modelagem do crescimento arboacutereo a anaacutelise

dendrocronoloacutegica tem se mostrado uma importante ferramenta a qual fornece

estimativas mais acuradas da idade e do histoacuterico de crescimento arboacutereo individual

por meio da informaccedilatildeo extraiacuteda dos aneacuteis na madeira (Brienen amp Zuidema 2007) Na

anaacutelise de aneacuteis anuais para a modelagem de crescimento arboacutereo das espeacutecies satildeo

amostradas aacutervores que se estabeleceram no dossel com sucesso o que fornece

dados de crescimento em diacircmetro mais realistas e representativos do desenvolvimento

das aacutervores (Brienen amp Zuidema 2006)

Diversos estudos tecircm mostrado a grande variaccedilatildeo existente nas taxas de

crescimento tanto dentro como entre espeacutecies de florestas tropicais (Clark amp Clark

2001 Schoumlngart et al 2006 Brienen amp Zuidema 2006) Segundo Brienen amp Zuidema

(2007) estas diferenccedilas no crescimento dos indiviacuteduos ao longo da vida pode ser o

42

resultados de diversos fatores atuando em conjunto como a disponibilidade de aacutegua

clima intensidade de luz recebida forma e tamanho da copa danos e fitopatoacutegenos

assim como infestaccedilatildeo por cipoacutes e lianas Isso se reflete em variaccedilotildees de curvas

cumulativas comparando indiviacuteduos da mesma espeacutecie (Figura 3)

Os dados obtidos indicaram a ocorrecircncia de variaccedilatildeo na idade das aacutervores com

o aumento do diacircmetro Esta variaccedilatildeo intra-especiacutefica na idade das aacutervores em grandes

diacircmetros (gt de 60 cm) eacute causada principalmente pela variaccedilatildeo que ocorre na

passagem do tempo nas pequenas classes de tamanho (lt 20 cm) (Brienen amp Zuidema

2006) Desta forma o tempo necessaacuterio para que uma aacutervore de determinada espeacutecie

se estabeleccedila no dossel quando as taxas diameacutetricas geralmente aumentam devido

aos altos niacuteveis de radiaccedilatildeo solar pode variar consideravelmente

A variaccedilatildeo encontrada nos indiviacuteduos contudo natildeo impede a modelagem de

crescimento arboacutereo pois ao niacutevel das espeacutecies ocorre uma relaccedilatildeo bastante

significativa entre idade e DAP o que caracteriza a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira

uma ferramenta importante na elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo sustentaacuteveis em

florestas tropicais (Brienen amp Zuidema 2006 Schoumlngart et al 2007)

Comparando as curvas meacutedias de crescimento observa-se que espeacutecies

estudadas apresentam estrateacutegias ecoloacutegicas diferenciadas Altas taxas de incremento

em diacircmetro em espeacutecies de baixa densidade da madeira como Hura e Sterculia levam

a um raacutepido crescimento em volume enquanto que baixas taxas de incremento em

diacircmetro em Cedrela e Ocotea duas espeacutecies de madeira densa levam a um

crescimento em volume mais lento

Tanto Hura como Sterculia parecem apresentar estrateacutegias de crescimento

tiacutepicas de espeacutecies pioneiras com ciclos de vida longos (gt de 100 anos) caracterizadas

43

por altos requerimentos de luz para germinaccedilatildeo e crescimento (Swaine amp Whitmore

1988) Cedrela e Ocotea possuem caracteriacutesticas de crescimento tiacutepicas de espeacutecies

de estaacutegios cliacutemax ou tolerantes agrave sombra com capacidade de sobrevivecircncia em

longos periacuteodos de baixos niacuteveis de luminosidade e baixas taxas de crescimento

arboacutereo (Pianka 1970)

Espeacutecies com baixa densidade da madeira como Hura (039 gcm3) e Sterculia

(047 gcm3) requerem periacuteodos de 41 a 47 anos para extrapolar um diacircmetro limite de

corte de 50 cm enquanto que espeacutecies de madeira densa tais como Ocotea (060

gcm3) e Cedrela (052 gcm3) necessitam de periacuteodos entre 59 e 72 anos para

ultrapassar um diacircmetro de 50 cm Estes resultados estatildeo de acordo com Schoumlngart

(2008) que verificou a existecircncia de uma correlaccedilatildeo entre a densidade da madeira e a

idade da espeacutecie ao atingir o DMD estimado a partir das taxas de IC de volume o que

possibilita estimar o periacuteodo ideal de extraccedilatildeo para outras espeacutecies de florestas de

vaacuterzea da Amazocircnia Central em funccedilatildeo da densidade da madeira

Os resultados encontrados mostram diferenccedilas nas taxas de incremento em

diacircmetro e volume as quais refletem em diferentes ciclos de corte e DMD para as

espeacutecies indicando claramente que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico

de derrubada e ciclo de corte para toda e qualquer espeacutecie natildeo suportam a

sustentabilidade nas praacuteticas de manejo florestal atuais

Neste sentido na aplicaccedilatildeo de manejo florestal sustentado em florestas tropicais

eacute imprescindiacutevel o levantamento de informaccedilotildees a respeito das taxas de crescimento e

idade das aacutervores especiacuteficas para cada espeacutecie bem como dados de regeneraccedilatildeo e

caracteriacutesticas especiacuteficas de cada siacutetio a ser explorado pela extraccedilatildeo de produtos

madeireiros

44

63 Estrateacutegias de manejo florestal

O contiacutenuo uso das florestas de vaacuterzea para atividades de agricultura pecuaacuteria e

extraccedilatildeo da madeira tem causado grandes impactos nos recursos o que tem

ocasionado a necessidade de estabelecimento de estrateacutegias de conservaccedilatildeo e manejo

florestal destas aacutereas (Schoumlngart et al 2007) Nos uacuteltimos anos tem-se observado uma

gradual expansatildeo das atividades de manejo florestal baseada em comunidades de

pequena e meacutedia escala na busca da conversatildeo da exploraccedilatildeo manejada da floresta

em oportunidade de desenvolvimento regional (Amaral amp Amaral 2000) Projetos como

o Programa Piloto para Conservaccedilatildeo das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7) e a

Fundaccedilatildeo Floresta Tropical (FFT) tecircm buscado o desenvolvimento de projetos de

manejo florestal ao niacutevel de comunidade para diferentes aacutereas da Amazocircnia (Amaral amp

Amaral 2000)

Dentre estes modelos enquadra-se o Projeto Mamirauaacute com objetivo de proteger

as vaacuterzeas da RDSM e cuja exploraccedilatildeo segue as normas do PMFS criado pelo IDSM

em conjunto com os comunitaacuterios e baseado em normas estabelecidas pelo Instituto de

Proteccedilatildeo Ambiental do Amazonas (IPAAM) e pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA) (Lei estadual no 2416 de 22 de Agosto

de 1996)

A FAO estabelece um modelo de extraccedilatildeo dos recursos florestais funcionado

como guia para a aplicaccedilatildeo de um Manejo de Impacto Reduzido (MIR) para os recursos

florestais (Dykstra amp Heinrich 1996) Diversos estudos tecircm feito a uniatildeo entre o MIR e a

extraccedilatildeo seletiva de espeacutecies comerciais como uma estrateacutegia de manejo sustentaacutevel

visando agrave conservaccedilatildeo de florestas tropicais e diminuiccedilatildeo dos impactos causados pelo

45

manejo florestal (Vidal et al 2002 Gerwing 2002) Pesquisas tecircm mostrado os

benefiacutecios da aplicaccedilatildeo de MIR com relaccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo convencional da madeira

tanto em relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo dos custos quanto aos benefiacutecios causados pela reduccedilatildeo

dos danos agrave floresta (Barreto et al 1998 Johns et al 1996 Boltz et al 2001 Holmes

et al 2002)

Apesar dos inuacutemeros esforccedilos realizados na elaboraccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas

de exploraccedilatildeo da madeira na tentativa de conservar e reduzir danos causados as

florestas a sustentabilidade do manejo dos recursos florestais ainda natildeo foi alcanccedilada

satisfatoriamente O sucesso dos planos de manejo florestal depende principalmente da

sustentabilidade ecoloacutegica da produccedilatildeo da madeira que requer informaccedilotildees sobre taxas

de crescimento das espeacutecies comerciais (Boot amp Gullison 1995 Brienen amp Zuidema

2006) os quais ainda natildeo satildeo utilizados com frequumlecircncia em florestas tropicais

Schoumlngart (2008) desenvolveu um novo sistema de manejo sustentaacutevel da

madeira de florestas alagaacuteveis de vaacuterzea da Amazocircnia Central (GOL ndash Growth

Orientated Logging) o qual leva em consideraccedilatildeo as diferenccedilas na histoacuteria de

crescimento de espeacutecies comerciais com base em suas taxas de crescimento arboacutereo a

partir da anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira Isto representa um importante passo em

direccedilatildeo a sustentabilidade do manejo florestal praticado em florestas tropicais

Atualmente normas de exploraccedilatildeo da madeira em regiotildees tropicais as quais

estabelecem diacircmetro limite de derrubada e ciclos de corte para os sistemas de manejo

de florestas natildeo possuem nenhuma base cientiacutefica e natildeo levam em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas nas estrateacutegias de crescimento e estabelecimento bem como as

especificidades de cada regiatildeo a ser explorada Estes fatos levaram a quase eliminaccedilatildeo

de espeacutecies como C pentandra e Calophyllum brasiliense dos mercados regionais e

46

locais na Amazocircnia Ocidental Estas foram substituiacutedas por H crepitans e O

cymbarum duas espeacutecies atualmente exploradas comercialmente na regiatildeo do Meacutedio

Solimotildees (Worbes et al 2001)

Se as atuais praacuteticas de manejo florestal persistirem H crepitans e O cymbarum

poderatildeo ter o mesmo destino que C pentandra e C brasiliense Hura e Ocotea podem

desaparecer dos mercados madeireiros e novamente ocorrer a substituiccedilatildeo destas por

outras espeacutecies ainda pouco exploradas que por sua vez sofreratildeo as pressotildees de uma

extraccedilatildeo madeireira insustentaacutevel o que pode ter seacuterias consequumlecircncias ecoloacutegicas

como a perda dos recursos geneacuteticos degradaccedilatildeo da floresta quebra de cadeias

alimentares para insetos peixes mamiacuteferos etc

A extraccedilatildeo de C odorata eacute um outro exemplo de como de atual manejo de

florestas de vaacuterzea natildeo eacute adequado Esta espeacutecie foi intensamente explorada na RDSM

a ponto de reduzir drasticamente seus estoques de madeira (Ayres 1993 Pinedo-

Vasquez et al 2001) e atualmente eacute considerada uma espeacutecie ameaccedilada e excluiacuteda

da extraccedilatildeo de madeira da RDSM

A recente modificaccedilatildeo de 11 de dezembro de 2006 (IN ndeg 5) do Coacutedigo Florestal

Brasileiro abre caminhos para modificaccedilotildees do manejo florestal aplicado atualmente na

Amazocircnia Brasileira O ciclo de corte no PMFS Pleno varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3ha Espeacutecies com baixa intensidade da madeira (menos

de 10 msup3 por ha) podem ter um ciclo de corte de 10 anos sendo que para florestas de

vaacuterzea a produccedilatildeo pode exceder 10 msup3 por ha poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3

aacutervores por ha

Levando-se em consideraccedilatildeo os dados de distribuiccedilatildeo diameacutetrica fornecidos pelo

Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM observa-se que a espeacutecie O cymbarum

47

apresentaram um padratildeo de distribuiccedilatildeo diameacutetrica do tipo J invertido apresentando

um decreacutescimo da densidade de aacutervores com o aumento do diacircmetro A distribuiccedilatildeo

diameacutetrica de O cymbarum se concentrou nas classes diameacutetricas de 20 a 100 cm

(Figura 10)

Foi possiacutevel encontrar indiviacuteduos na maioria das classes diameacutetricas em Hura

crepitans atingindo densidade maacutexima de 05 indiviacuteduos por ha na classe diameacutetrica de

110 cm A alta densidade de indiviacuteduos em classes diameacutetricas anteriores e posteriores

a classe de 50 cm e os altos valores de volume de madeira de H crepitans sugerem que

esta espeacutecie tem grande potencial para exploraccedilatildeo madeireira dentro da RDSM

Entretanto a derrubada de indiviacuteduos com diacircmetros nas classes entre 50 e 120 cm

permitidas por lei eacute problemaacutetica pois estaratildeo sendo extraiacutedas aacutervores que ainda natildeo

alcanccedilaram a sua produccedilatildeo oacutetima de madeira (Figura 8d)

Marinho (2008) ao analisar a estrutura populacional de espeacutecies como H

crepitans O cymbarum e S elata ocorrendo em florestas de vaacuterzea do setor Jarauaacute da

RDSM observou que estas espeacutecies apresentam baixa densidade de indiviacuteduos em

classes diameacutetricas acima de 50 cm (28 13 e 05 indha respectivamente) sendo

que Hura e Sterculia apresentam uma baixa taxa de estabelecimento visiacutevel pelo

pequeno nuacutemero de indiviacuteduos observados em classes diameacutetricas baixas

Os ciclos de corte entre 10 e 12 anos determinados para as espeacutecies neste

trabalho satildeo valores proacuteximos ao permitido pelas normas de manejo florestal da IN ndeg 5

(ciclo de corte de 10 anos) Entretanto aplicando-se um diacircmetro de derrubada limite

de 50 cm pode natildeo ser sustentaacutevel para espeacutecies como Sterculia e Cedrela

considerando-se a abundacircncia destas espeacutecies na regiatildeo Considerando-se a

48

abundacircncia de Hura e Ocotea o manejo pode ser sustentaacutevel se considerar os DMDs

determinados para cada espeacutecie neste estudo

igura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999

Inventaacuterio florestal de Mamirauaacute (1999 - 2000)

00

02

04

06

08

10

12

14

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

gt 2

Classes diameacutetricas (m)

Den

sida

de d

e aacuter

vore

s po

r ha

Sterculia elataHura crepitansOcotea cymbarumCedrela odorata

Fa 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM

49

Os resultados mostram que tanto Hura quanto Sterculia apresentaram taxas de

crescimento arboacutereo relativamente raacutepidas o que as torna espeacutecies potenciais para

recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e reflorestamento Jaacute Ocotea e Cedrela duas

espeacutecies de madeira densa apresentaram taxas mais lentas de crescimento arboacutereo

Ocotea eacute uma espeacutecie cuja madeira eacute frequumlentemente utilizada pelas

comunidades ribeirinhas na construccedilatildeo de casas moacuteveis e taacutebuas Cedrela eacute uma

espeacutecie bastante valorizada no mercado madeireiro chegando a custar R$ 12000m3

no ano de 2004 na regiatildeo do alto Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a) Isto faz com

que reflorestamentos com Cedrela venham a ser um importante caminho para o

enriquecimento dos estoques de madeira visando o aumento das populaccedilotildees desta

espeacutecie Atraveacutes de um manejo florestal sustentaacutevel comunidades ribeirinhas podem se

beneficiar com produtos madeireiros de alta qualidade e de valor comercial

Os efeitos positivos da liberaccedilatildeo do dossel sobre as taxas de incremento em

diacircmetro observados em espeacutecies de madeira densa (Kammesheidt et al 2003)

indicam que as taxas de crescimento arboacutereo encontradas em Cedrela poderiam ser

aceleradas atraveacutes de aplicaccedilatildeo deste tipo de tratamento silvicultural Entretanto devem

ser realizados mais estudos a respeito das estrateacutegias de regeneraccedilatildeo da espeacutecie

dentro da reserva

Os resultados indicam que um ciclo de corte de 25 anos eacute inadequado para

execuccedilatildeo de manejo florestal sustentaacutevel das quatro espeacutecies estudadas Todas

apresentaram ciclos de corte inferiores (entre 10 e 12 anos) ao valor exigido por lei

indicando que estes recursos madeireiros natildeo estatildeo sendo manejados eficazmente A

IN no 5 permite a aplicaccedilatildeo de ciclo de corte inicial de 10 anos com volume maacuteximo de

10 msup3ha ou mais com retirada de apenas 3 aacutervores por ha para manejos de baixa

50

intensidade Com isso eacute possiacutevel manejar de forma mais adequada os estoques de

Ocotea e Hura aplicando ciclos de corte de 12 e 10 anos respectivamente utilizando

contudo os DMDs aqui determinados para manejo florestal mais especiacutefico garantindo

assim a sustentabilidade do uso da madeira destas espeacutecies dentro da reserva

Todavia eacute necessaacuteria a garantia de que ao retirar aacutervores de determinada espeacutecie em

dado local seja feito estabelecimento de indiviacuteduos de mesma espeacutecie

A distribuiccedilatildeo diameacutetrica de Hura mostra ampla distribuiccedilatildeo de aacutervores na

maioria das classes diameacutetricas Contudo o modelo de crescimento da espeacutecie mostra

que em classes diameacutetricas entre 50 e 130 cm natildeo foi atingida produccedilatildeo maacutexima de

madeira Neste sentido ao retirar aacutervores com diacircmetros acima de 130 cm ainda

restaratildeo aacutervores suficientes nas classes inferiores para garantir renovaccedilatildeo dos

estoques extraiacutedos as quais permitem a garantia de produccedilatildeo de diaacutesporos para a

regeneraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da produtividade maacutexima da espeacutecie otimizando a exploraccedilatildeo

da madeira de Hura

O mesmo deve valer para Ocotea e Sterculia Poreacutem a regeneraccedilatildeo destas

espeacutecies deve ser assegurada o que implica em execuccedilatildeo de estudos ecologia da

populaccedilatildeo particularmente de regeneraccedilatildeo e estabelecimento levando-se em

consideraccedilatildeo a influecircncia de fatores ambientais (solo clima disponibilidade de luz

inundaccedilatildeo etc)

51

64 Desafios futuros

Os resultados do presente trabalho mostram que o atual criteacuterio de manejo

florestal que estabelece ciclo de corte e diacircmetro limite para corte uacutenicos extraccedilatildeo de 5

aacutervores por ha natildeo se mostra eficaz na garantia de manutenccedilatildeo dos estoques de

madeira para exploraccedilotildees subsequumlentes o que torna estes criteacuterios inviaacuteveis para

conservaccedilatildeo da biodiversidade por meio de manejos florestais sustentaacuteveis em

florestas de vaacuterzea Aleacutem disso a ausecircncia de informaccedilotildees a respeito dos processos

que envolvem a dinacircmica e ecologia de florestas alagaacuteveis na elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo eacute um fator agravante na questatildeo da insustentabilidade da

exploraccedilatildeo dos recursos florestais em florestas de vaacuterzea

Ciclos de corte da madeira soacute possibilitam sustentabilidade se as espeacutecies

extraiacutedas conseguem se regenerar e estabelecer dentro da floresta garantindo

estoques de madeira para as proacuteximas extraccedilotildees Uma importante questatildeo eacute a

ausecircncia de dados baacutesicos de estrutura populacional e estabelecimento e regeneraccedilatildeo

de florestas tropicais para subsidiar planos de manejo florestal principalmente em

florestas de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia

Pesquisas tecircm sido feitas no sentido de investigar a influecircncia do pulso de

inundaccedilatildeo condiccedilotildees de luz suprimento de nutrientes e disponibilidade de aacutegua no

estabelecimento de sementes e placircntulas em aacutereas alagaacuteveis (Parolin 2001 Wittmann

amp Junk 2003 Ferreira et al 2005) Wittmann amp Junk (2003) enfatizam importacircncia de

novos estudos focando os processos de germinaccedilatildeo crescimento e taxa de

mortalidade de placircntulas de espeacutecies exploradas comercialmente e suas relaccedilotildees com

fatores do ambiente como luz e inundaccedilatildeo

52

Produtos florestais natildeo madeireiros tambeacutem devem ser levados em consideraccedilatildeo

na elaboraccedilatildeo de planos de manejo de florestas de vaacuterzea Diversos produtos tais

como resinas oacuteleos frutos fibras tecircxteis taninos e produtos medicinais satildeo extraiacutedos

de espeacutecies encontradas nas florestas de vaacuterzea (Wittmann et al 2006b) o que

demonstra o alto potencial destas florestas para este tipo de exploraccedilatildeo dos recursos

Novos modelos de exploraccedilatildeo madeireira que levam em consideraccedilatildeo o

crescimento e idade das aacutervores estatildeo sendo criados (Schoumlngart et al 2003 Brienen

amp Zuidema 2006 Schoumlngart 2007 2008) Mas o desafio de converter dados de

pesquisas cientiacuteficas em poliacuteticas puacuteblicas ainda eacute grande O caminho ainda eacute longo e

espera-se que a partir desta mudanccedila da IN ndeg de 2006 o qual permite a alteraccedilatildeo do

diacircmtro limite de corte e ciclo de corte atualmente requeridos para o manejo florestal

com base em pesquisas cientiacuteficas abra portas para a elaboraccedilatildeo de manejos

florestais especiacuteficos e sustentaacuteveis e consequumlentemente possibilitem que o quadro de

exploraccedilatildeo da madeira venha a se modificar com o tempo nas florestas alagaacuteveis da

Amazocircnia brasileira

7 CONCLUSOtildeES

As quatro espeacutecies estudadas apresentam diferenccedilas nas taxas de crescimento

arboacutereo Isto implica que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico de

derrubada e ciclo de corte para estas espeacutecies natildeo garantem a manutenccedilatildeo dos

estoques de madeira na floresta e portanto natildeo satildeo sustentaacuteveis

O DMD sugerido para Hura eacute de 130 cm quando a espeacutecie atinge sua produccedilatildeo

oacutetima de madeira possibilitando o aproveitamento maacuteximo do recurso bem como a

53

permanecircncia de indiviacuteduos em idade reprodutiva e consequumlente reposiccedilatildeo dos

estoques desta espeacutecie

Os resultados mostram que para C odorata uma espeacutecie com baixa densidade

de indiviacuteduos na reserva o DMD encontrado foi inferior a 50 cm (3760 cm) o que

demonstra a necessidade de aplicaccedilatildeo de tratamentos de enriquecimento de indiviacuteduos

para reposiccedilatildeo dos estoques para futuras exploraccedilotildees

Para O cymbarum e S elata DMDs sugeridos satildeo de 53 e 56 cm

respectivamente dentro do diacircmetro limite estabelecido por lei No entanto a baixa

densidade de indiviacuteduos encontrada em S elata indica tambeacutem a importacircncia de

aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais de enriquecimento para esta espeacutecie atingir

niacuteveis manejaacuteveis de seus estoques madeireiros

Os ciclos de corte variaram entre 10 anos para as espeacutecies de madeira branca e

12 anos para as espeacutecies de madeira pesada Entretanto deve ser ressaltada a

importacircncia do uso de DMD aqui sugeridos para cada espeacutecie objetivando a garantia da

manutenccedilatildeo dos estoques das mesmas

A dendrocronologia se mostrou uma ferramenta bastante uacutetil na aplicaccedilatildeo de

modelos de crescimento arboacutereo com intuito de contribuir para elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo florestal que suportam maior sustentabilidade do uso dos

recursos florestais Contudo maiores estudos para compreensatildeo da estrutura das

populaccedilotildees crescimento e reproduccedilatildeo das espeacutecies madeireiras de florestas de vaacuterzea

devem ser realizados

54

8 REFEREcircNCIAS

Achard F Eva HD Stibig Hans-Juumlrgen Mayaux P Gallego J Richards T

Malingreau Jean-Paul 2002 Determination of Deforestation Rates of the Worlds

Humid Tropical Forests Science 297(5583) 999 ndash 1002

Alencar A Nepstad D McGrath D Moutinho P Pacheco P Del Carmen M Diaz

V Soares ndash Filho BS 2004 Desmatamento na Amazocircnia indo aleacutem da

emergecircncia crocircnica Ipamhttpwwwipamorgbrpublicacoeslivrosresumo_des

matamentophp

Albernaz AL amp Ayres JM 1999 Selective Logging along the Middle Solimotildees River

In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash

Diversity Development and Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains

New York NYBG Press

Amaral P amp Amaral MN 2000 Manejo florestal comunitaacuterio na Amazocircnia brasileira

situaccedilatildeo atual desafios e perspectivas Brasiacutelia DF Instituto Internacional de

Educaccedilatildeo do Brasil (IIEB) 58 pp

Anderson A Mousasticoshvily I Macedo D 1999 Logging of Virola surinamensis in

the Amazon Floodplain Impacts and alternatives In Padoch C Ayres J M

Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and

Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Asner GP Knapp DE Broadbent EN Oliveira PJC Keller M Silva JNM

2005 Selective logging in the Brazilian Amazon Science 310 480 ndash 482

Ayres JM 1993 As matas de vaacuterzea do Mamirauaacute MCTCNPqSociedade Civil

Mamirauaacute Brasiacutelia Distrito Federal 123 pp

Barreto P Amaral P Vidal E Uhl C 1998 Costs and benefits of forest

management for timber production in eastern Amazonia Forest Ecology and

Management 108 (1ndash2) 9 ndash 26

Barros AC amp Uhl C 1995 Logging along the Amazon River and estuary Patterns

problems and potential Forest Ecology and Management 77 87ndash105

Barros AC amp Uhl C 1999 The economic and social significance of logging operations

on the Floodplains of the Amazon estuary and prospects for ecological

55

sustainability In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A

(eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and Conservation of Amazonias

Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Boltz F Carter DR Holmes TP Pereira RJr 2001 Financial returns under

uncertainty for conventional and reduced impact logging in permanent production

forests of the Brazilian Amazon Ecological Economics 39 387 ndash 398

Borchert R Rivera G Hagnauer W 2002 Modification of vegetative phenology in a

tropical semideciduous forest by abnormal drought and rain Biotropica 34 27 ndash

39

Bormann FH amp Berlyn G 1981 Age and growth rate of tropical trees new directions

for research Yale University School of Forestry and Environmental Studies

Bulletin New Haven

Boot RGA amp Gullison RE 1995 Aprporaches to developing sustainable extraction

systems for tropical forest products Ecological Applications 5(4) 896 ndash 903

Brienen RJW amp Zuidema PA 2005 Relating tree growth to rainfall in Bolivian rain

forests a test for six species using tree ring analysis Oecologia 146(1) 1 ndash 12

Brienen RJW amp Zuidema PA 2006 Lifetime growth patterns and ages of Bolivian

rain forest trees obtained by tree ring analysis Journal of Ecology 94 481 ndash 493

Brienen RJW amp Zuidema PA 2007 Incorporating persistent tree growth differences

increases estimates of tropical timber yield The Ecological Society of America

Frontiers in Ecology and the Environment 5(6) 302 ndash 306

Cannell MGR 1984 Woody biomass of forest stands Forest Ecology and

Management 8 (3 ndash 4) 299 ndash 312

Carvalho G Barros AC Moutinho P Nepstad D 2001 Sensitive Development

Could Protect Amazonia Instead of Destroying It Nature 409 131

Chave J Andalo C Brown S Cairns MA Chambers JQ Eamus D Foumllster H

Fromard F Higuchi N Kira T Lescure J-P Nelson BW Ogawa H Puig

H Rieacutera B Yamakura T 2005 Tree allometry and improved estimation of

carbon stocks and balance in tropical forests Oecologia 145 87 ndash 99

Chambers JQ Higuchi N Schimel JP 1998 Ancient trees in Amazonia Nature 39

135 ndash 136

56

Cintron BB 1990 Cedrela odorata L Cedro hembra Spanish cedar In Burns RM

Honkala BH (eds) Silvics of North America 2 Hardwoods Agric Handb

Washington DC US Department of Agriculture Forest Service 654 250 ndash 257

Clark DB amp Clark DA 1996 Abundance growth and mortality of very large trees in

neotropical lowland rain forest Forest Ecology and Management 80 235 ndash 244

Clark DA Clark DB 2001 Getting to the canopy Tree height growth in a neotropical

rain forest Ecology 82 1460 ndash 1472

Condit R 1995 Research in large long-term tropical forest plots Tree 10 18 ndash 22

Condit R Hubbel SP Foster RB 1995 Demography and harvest potential of Latin

American timber species data from a large permanent plot in Panama Journal of

Tropical Forest Science 7 599 ndash 622

De Graaf NN Filius AM Huesca Santos AR 2003 Financial analysis of sustained

forest management for timber Perspectives for application of the CELOS

management system in Brazilian Amazonia Forest Ecology and Management

177 287 ndash 299

Denevan WM 1976 The aboriginal population of Amazonia In Denevan W M (ed)

The native population of the Americas in 1492 The University of Wisconsin Press

205 ndash 234

De Simone O Junk WJ Schmidt W 2003 Central Amazon Floodplain Forests Root

Adaptations to Prolonged Flooding Russian Journal of Plant Physiology 50(6)

848 ndash 855

Dezzeo N Worbes M Ishii I Herrera R 2003 Growth rings analysis of four tropical

tree species in seasonally flooded forest of the Mapire River a tributary of the

lower Orinoko River Venezuela Plant Ecology 168 165 ndash 175

Duumlnisch O Montoia VR Bauch J 2003 Dendroecological investigations on

Swietenia macrophylla King and Cedrela odorata L (Meliaceae) in the Central

Amazon Trees ndash Struct Funct 17 244 ndash 250

Dykstra JA amp Heinrich R 1996 FAO model code of forest harvesting practice Food

and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) Rome Italy

Eckstein D Sass U Baas P 1995 Growth periodicity in tropical trees IAWA Journal

16 325 ndash 442

57

Enquist BJ Leffler AJ 2001 Long-term tree ring chronologies from sympatric tropical

dry-forest trees individualistic responses to climatic variation Journal of Tropical

Ecology 17 41 ndash 60

Enright NJ Hartshorn GS 1981 The demography of tree species in undisturbed

tropical rainforest In Bormann FH Berlyn G (eds) Age and growth rate of

tropical trees new directions for research Yale University School of Forestry and

Environmental Studies 94 107 ndash 119

Fearnside PM 1999 Biodiversity as an environmental service in Brazilacutes Amazonian

forests risks value and conservation Environmental Conservation 26 305 ndash 321

Ferreira LV 1991 O efeito do periacuteodo de inundaccedilatildeo na zonaccedilatildeo de comunidades

fenologia e regeneraccedilatildeo em uma floresta de Igapoacute na Amazocircnia Central Masterrsquos

Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 161 pp

Fichtler E Clark DA Worbes M 2003 Age and long-term growth of trees in an old-

growth tropical rain forest based on analyses of tree rings and C-14 Biotropica

35 306 ndash 317

Fichtler E Trouet V Beeckman H Coppin P Worbes M 2004 Climatic signals in

tree rings of Burkea africana and Pterocarpus angolensis form semiarid forests in

Namibia Trees 18 442 ndash 451

Francis J K 1990 Hura crepitans L Sandbox molinillo jabillo In SO-ITF-SM-38 New

Orleans LA US Department of Agriculture Forest Service Southern Forest

Experiment Station 270 ndash 274

Fritts HC 1976 Tree rings and climate London - Academic Press 567 pp

Furch K 1984 Water chemistry of the Amazon Basin The distribution of chemical

elements among freshwaters In Sioli H (ed) The Amazon Limnology and

Landscape Ecology of a Mighty Tropical River and its Basin Junk Publishers

Dordrecht 176 ndash 200

Furch K 1997 Chemistry of Vaacuterzea and Igapoacute soils and nutrient inventory of their

floodplain forests In Junk WJ (ed) The Central Amazon Floodplains Ecology of

a Pulsing System Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 47 ndash 67

58

Gama JRV Bentes ndash Gama M de Matos Scolforo JRS 2005 Sustainable

management for floodplain forest in eastern Amazonian Rev Aacutervore 29(5) 719 ndash

729

Gerwing JJ 2002 Degradation of forests through logging and fire in the eastern

Brazilian Amazon Forest Ecology and Management 157 131 ndash 141

Gourlay ID 1995 The definition of seasonal growth zones in some African Acacia

species ndash A review IAWA Journal 16 353 ndash 359

Hartshorn GS 1995 Ecological basis for sustainable development in tropical forests

Annual Review of Ecology and Systematics 26 155 ndash 175

Higuchi N Hummel AC Freias JV Malinowski JRE Stokes R 1994

Exploraccedilatildeo florestal nas vaacuterzeas do Estado do amazonas seleccedilatildeo de aacutervore

derrubada e transporte Proceedings of the VII Harvesting and Transportation of

timber Products IUFROUFPR Curitiba Brasil 168 ndash 193

Holmes TP Blate GM Zweede JC Pereira R Barreto P Boltz F Bauch R

2002 Financial and ecological indicators of reduced impact logging performance in

the eastern Amazon Forest Ecology and Management 163 93 ndash 110

IBGE 2000 Censo Demograacutefico 2000 Resultados Preliminares Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Rio de Janeiro 172 pp

Irion G Junk WJ Mello JASN 1997 The large Central Amazonian river floodplain

near Manaus geological climatological hydrological and geomorphological

aspects In the Central Amazonian Floodplains Ecology of a Pulsing System

Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 23 ndash 46 Johns JS Baretto P Uhl C 1996 Logging damage during planned and unplanned

logging operations in the eastern Amazon Forest Ecology and Management 89

59 ndash 77

Junk WJ 1989 Flood tolerance and tree distribution in Central Amazonian floodplains

In Nielsen LB Nielsen IC Baisley H (eds) Tropical Forests Botanical

Dynamics Speciation and Diversity Academic Press London 47 ndash 64

Junk WJ Bayley PB Sparks RE 1989 The flood pulse concept in foodplain

systems In Dodge DP (eds) Proceedings of the International Large River

Symposium Cen Spec Publ Fish Aquat Sci 106 110 ndash 127

59

Junk WJ amp Piedade MTF 1997 Plant life in the floodplain with special reference to

herbaceous plants In The central Amazon Floodplain Ecology of a Pulsing

system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 147 ndash 185

Kammescheidt L Gagang AA Schwarzwaller W Weidelt H 2003 Growth patterns

of dipterocarps in treated and untreated plots Forest Ecology and Management

174 437 ndash 445

Kubitzki K amp Zibursk A 1994 Seed dispersal in flood plain forests of Amazonia

Biotropica 26(1) 30 ndash 43

Lambin EF Geist HJ Lepers E 2003 Dynamics of land-use and land-cover change

in tropical regions Annual Review of Environment and Resources 28 205 ndash 41

Lamprecht H 1989 Silviculture in the tropics tropical forest ecosystems and their tree

species - possibilities and methods for their long-term utilization GTZ Eschborn

Laurance WF Nascimento HEM Laurance SG Condit R DAngelo S

Andrade A 2004 Inferred longevity of Amazonian rainforest trees based on a

long-term demographic study Forest Ecology and Management 190 131 ndash 143

Lieberman D Lieberman M Hartshorn G Peralta R 1895 Growth rates and age-

size relationships of Tropical Wet Forest trees in Costa Rica

Journal of Tropical Ecology 1(2) 97 ndash 109

Lima JRA amp Santos Joaquim dos Higuchi N 2005 Situaccedilatildeo das induacutestrias

madeireiras do Estado do Amazonas em 2000 Acta Amazonica 35(2) 125 ndash 132

Loureiro AA amp Silva MF da 1968 Cataacutelogo das madeiras da Amazocircnia Beleacutem

INPA 1 ndash 2

Margulis S 2003 Causas do desmatamento da Amazocircnia brasileira Brasiacutelia Banco

Mundial 100 pp

Marinho TA da S 2008 Distribuiccedilatildeo e estrutura da populaccedilatildeo de quatro espeacutecies

madeirerias em uma floresta sazonalmente alagaacutevel na Reserva de

desenvolvimento sustentaacutevel Mamirauaacute Amazocircnia Central Masterrsquos Thesis

Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 71 pp

Marques CA 2001 Importacircncia econocircmica da famiacutelia Lauraceae Lindl Floresta e

Ambiente 8(1) 195 ndash 206

60

Martini A Arauacutejo R N Uhl C 1998 Espeacutecies de Aacutervores Potencialmente

Ameaccediladas pela Atividade Madeireira na Amazocircnia Imazon Beleacutem Brazil Seacuterie

Amazocircnia Ndeg 11

Nebel G amp Kvist LP 2001 A review of Peruvian flood plain forests ecosystems

inhabitants and resource use Forest Ecology and Management 150 3 ndash 26

Nebel G Dragsted J Simonsen TR Vanclay JK 2001 The Amazon floodplain

forest tree Maquira coriacea (Karsten) CC Berg Aspects of ecology and

management Forest Ecology and Management 150 103 ndash 113

Nebel G amp Meilby H 2005 Growth and population structure of timber species in

Peruvian Amazon flood plains Forest Ecology and Management 215 1 ndash 3

Nepstad D Carvalho G Barros AC Alencar A Capobianco J Bishop J

Moutinho P Lefebvre P Silva U 2001 Road Paving Fire Regime Feedbacks

and the Future of Amazon Forests Forest Ecology and Management 5524 1 ndash 13

Nutto L Watzlawick LF 2002 Relaccedilotildees entre fatores climaacuteticos e incremento em

diacircmetro de Zanthoxylum rhoifolia Lam e Zanthoxylum hyemale St Hil Na regiatildeo

de Santa Maria RS Embrapa Florestas Bol Pesq Fl Colombo PR 45 41 ndash 55 Ohly JJ 2000 Development of central Amazonia in the modern era In Junk WJ

Ohly JJ Piedade MTF Soares MGM (eds) The Central Amazon

Floodplain Actual Use and Options for Sustainable Management Backhuys

Publisher Leiden 75 ndash 94

Parolin P 2001 Morphological and physiological adjustments to waterlogging and

drought in seedlings of Amazonian floodplain trees Oecologia 128 326-335

Parolin P 2002 Bosques inundados en la Amazonia Central Su aprovechamiento

actual y potencial Ecologia Aplicada 1(1) 111 ndash 114

Parolin P De Simone O Haase K Waldhoff D Rottenberger S Kuhn U

Kesselmeier J Kleiss B Schmidt W Piedade MTF Junk WJ 2004 Central

Amazonian floodplain forests tree adaptations in a pulsing system The Botanical

Review 70(3) 357 ndash 380

Piedade MTF Junk WJ Parolin P 2000 The flood pulse and photosynthetic

response of tree in a white water floodplain (Vaacuterzea) of Central Amazon Brazil

Verhandlungen der Internationalen Vereinigung fuumlr Limnologie 27 1734 ndash 1739

61

Piedade MTF 1985 Ecologia e biologia reprodutiva de Astrocaryum jauari Mart

(Palmae) como exemplo de populaccedilatildeo adaptada agraves aacutereas inundaacuteveis do Rio Negro

(igapoacutes) Masterrsquos Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo

Universidade do Amazonas Manaus Amazonas 188 pp

Piedade MTF Junk WJ Adis J Parolin P 2005 Ecologia zonaccedilatildeo e colonizaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo arboacuterea das Ilhas Anavilhanas Pesquisas Botacircnica 56 117 ndash 143

Pinedo-Vasquez M Zarin DJ Coffey K Padoch C Rabelo F 2001 Post-boom

logging in Amazonia Human Ecology 29 219ndash239

Prance GT 1980 A terminologia dos tipos de florestas Amazocircnicas sujeitos agrave

inundaccedilatildeo Acta Amazonica 10 495 ndash 504

Prance GT 1989 American Tropical Forests In Lieth H Weger MJA (eds)

Tropical Rain Forest Ecossistems Ecossistems of the World Elsevier Amsterdam

14 99 ndash 132

Putz FE Blate GM Redford KH Fimbel R Robinson J 2001 Tropical forest

management and conservation of biodiversity an overview Conservation Biology

15 7ndash20

Queiroz H 2005 A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute Estudos

Avanccedilados 19(54) 183 ndash 203

Revilla JDC 1981 Aspectos floriacutesticos e fitossocioloacutegicos da floresta inundaacutevel

(igapoacute) Praia Grande Rio Negro Amazonas Brasil Masterrsquos Thesis Instituto

Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do Amazonas

Manaus Amazonas 129 pp

Ribeiro RNS Tourinho MM Santana AC 2004 Avaliaccedilatildeo da sustentabilidade

agroambiental de unidades produtivas agroflorestais em Vaacuterzeas fluacutevio marinhas

de Cametaacute - Paraacute Acta Amazonica 34(3) 359 ndash 374

Roig FA 2000 Dendrocronologiacutea en los bosques del Neotroacutepicos revisioacuten y

prospeccioacuten futura In Dendrocronologiacutea en america Latina Roig F A (ed)

Mendoza EDIUNC 307 ndash 355

Sass U Killmann W Eckstein D 1995 Wood formation in two species of

dipterocarpaceae in Peninsular Malaysia IAWA Journal 16 371 ndash 384

62

Schoumlngart J 2003 Dendrochronologische Untersuchungen in

Uumlberschwemmungswaumlldern der vaacuterzea Zentralamazoniens PhD Thesis Fakultaumlt

fuumlr Forstwissenschaften und Waldoumlkologie Universitaumlt Goumlttingen 223 pp

Schoumlngart J 2008 GrowthndashOrientated Logging (GOL) A new concept towards

sustainable forest management in Central Amazonian vaacuterzea floodplains Forest

Ecology and Management (Aceito)

Schoumlngart J Piedade MTF Ludwigshausen S Horna V Worbes M 2002

Phenology and stem-growth periodicity of tree species in Amazonian floodplain

forests Journal of Tropical Ecology 18 581 ndash 597

Schoumlngart J Piedade MTF Worbes M 2003 Successional differentiation in

structure floristic composition and wood increment of whitewater Floodplain

Forests in Central Amazonia German-Brazilian Workshop on Neotropical

Ecosystems ndash Achievements and Prospects of Cooperative Research Hamburg 3

ndash 8

Schoumlngart J Junk WJ Piedade MTF Ayres JM Huumlttermann A Worbes M

2004 Teleconnection between tree growth in the Amazonian floodplains and the El

Nintildeo-Southern Oscillation effect Global Change Biology 10 683 ndash 692

Schoumlngart J Piedade MTF Wittmann F Junk WJ Worbes M 2005 Wood

growth patterns of Macrolobium acaciifolium (Benth) (Fabaceae) in Amazonian

black-water and white-water Floodplain Forests Oecologia 145 454 ndash 461

Schoumlngart J Orthmann B Hennenberg KJ Porembski S Worbes M 2006

Climate ndash growth relationships of tropical tree species in West Africa and their

potential for climate reconstruction Global Change Biology 12 1139 ndash 1150

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M Piedade MTF Krambeck H-J Junk WJ

2007 Management criteria for Ficus insipida Willd (Moraceae) in Amazonian white

ndash water floodplain forests defined by tree ndash rings analysis Annals of Forest

Science 64 657 ndash 664 Schoumlngart J Rocha RM Queiroz HL 2008a Traditional timber extraction in the

central Amazonian floodplains In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

63

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M 2008b Biomass and net primary production of

central Amazonian floodplain forests In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-Verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Swaine MD Whitmore TC 1988 On the definition of ecological species groups in

tropical rain forests Vegetatio 75 81 ndash 86

Schwartz MW Caro TM Banda-Sakala T 2002 Assessing the sustainability of

harvest of Pterocarpus angolensis in Rukwa Region Tanzania Forest Ecology and

Management 170 259 ndash 269

Schweingruber FH 1988 Tree rings Reidel Dordrecht 276 pp

Sioli H amp Klinge H 1962 Solos tipos de vegetaccedilatildeo e aacuteguas na Amazocircnia Boletim

Museu Paraense Emilio Goeldi 1 27 ndash 41

Sioli H 1984 Former and recent utilizations of Amazonia and their impact on the

environment In The Amazon Sioli H (ed) Junk Publishers Dordrecht 675 ndash

706

Sioli H 1991 Amazocircnia Fundamentos da ecologia da maior regiatildeo de florestas

tropicais Editora Vozes Petroacutepolis Rio de Janeiro 3 ed 71 pp

Sociedade Civiacutel Mamirauaacute 1996 Mamirauaacute Management Plan (summarized version)

Brasiacutelia SCM CNPqMCT

Sokpon N amp Biaou SH 2002 The use of diameter distributions in sustained-use

management of remnant forests in Benin case of Bassila forest reserve in North

Benin Forest Ecology and Management 161 13 ndash 25

Sombroek WG 1979 Soils of the Amazon region and their ecological stability ISM

Annual Report 13 ndash 27

Smeraldi R 2003 Legalidade predatoacuteria ndash o novo contexto da exploraccedilatildeo madeireira

na Amazocircnia In MACQUEEN DJ (ed) Exportando sem crises a induacutestria de

madeira tropical brasileira e os mercados internacionais IIED Small and Medium

64

Enterprise Series London International Institute for Environment and

Development 1 37 ndash 52

Spiecker H 2002 Tree rings and forest management in Europe Dendrochronologia

20(1-2) 191 ndash 202

Stadtler EWC 2007 Estimativas de biomassa lenhosa estoque e sequumlestro de

carbono acima do solo ao longo do gradiente de inundaccedilatildeo em uma floresta de

igapoacute alagada por aacutegua preta na Amazocircnia Central MSc thesis INPAUFAM

Manaus BrazilStahle DW 1999 Useful strategies for the development of tropical

tree-ring chronologies IAWA Journal 20 249 ndash 253

Takeuchi M 1962 The structure of the amazonian vegetation VI Igapoacute Journal of the

Faculty Science University of Tokyo 8(4 ndash 7) 297-304

Ter Steege H Pitman N Sabatier D Castellanos H Vander Hout P Daly DC

Silveira M Phillips OL Vasquez R Van Andel T Duivenvoorden J De

Oliveira AA Ek R Lilwah R Thomas R Van Essen J Baider C Maas P

Mori S Terborgh J Nueacutez PV Mogolloacute n H Morawetz W 2003 A spatial

model of tree adiversity and b-density for the Amazon Region Biodiversityand

Conservation 12 2255 ndash 2277

Therrell MD Stahle DW Ries LP Shugart HH 2006 Tree-ring reconstructed

rainfall variability in Zimbabwe Climate Dynamics 26 677 ndash 685

Uhl C Barreto P Verissiacutemo A Vidal E Amaral P Barros AC Souza C Johns

J Gerwing J 1997 Natural Resource Management in the Brazilian Amazon

Bioscience 47(3) 160 ndash 168

Vidal E Viana VM Batista JLF 2002 Crescimento de floresta tropical trecircs anos

apoacutes colheita de madeira com e sem manejo florestal na Amazocircnia oriental

Scientia forestalis 61133-143

Waldholff D Junk WJ Furch B 1998 Responses of three Central Amazonian tree

species to drought and flooding under controlled conditions International Journal of

Ecological and Environments Sciences 24 237 ndash 252

Wittmann F amp Parolin P 1999 Phenology of six tree species from Central Amazonian

Vaacuterzea Ecotropica 5 51 ndash 57

65

Wittmann F Anhuf D Junk WJ 2002 Tree species distribution and community

structure of central Amazonian Vaacuterzea forests by remote-sensing techniques

Journal of Tropical Ecology 18 805 ndash 820

Wittmann F amp Junk WJ 2003 Sapling communities in Amazonian white-water forests

Journal of Biogeography 30(10) 1533 ndash 1544

Wittmann F Junk WJ Piedade MTF 2004 The Vaacuterzea forests in Amazonia

flooding and the highly dynamic geomorphology interact with natural forest

succession Forest Ecology and Management 196 199 ndash212

Wittmann F Schoumlngart J Montero JC Motzer T Junk WJ Piedade MTF

Queiroz HL Worbes M 2006a Tree species composition and diversity gradients

in white-water forests across the Amazon Basin Journal of Biogeography 33 1334

ndash 1347

Wittmann F Schoumlngart J Brito JM Oliveira Wittmann A Piedade MTF Parolin

P Junk WJ Guillaumet JL 2006b Manual of trees from Central Amazonian

vaacuterzea floodplains Taxonomy ecology and use Ed Valer (no prelo)

Whitmore TC 1990 An introduction to tropical rain forests Oxford University Press

New York

Worbes M 1985 Structural and other adaptations to long-term flooding by in Central

Amazonia Amazoniana 9 459 ndash 484

Worbes M 1989 Growth rings increment and age of trees in inundation forest

savannas and mountain forest in the neotropics IAWA Bulletin 10(2) 109 ndash 122

Worbes M 1995 How to measure growth dynamics in tropical trees mdash a review IAWA

Journal 16 337ndash 351

Worbes M 1997 The forest ecosystem of the floodplains In The central Amazon

Floodplain Ecology of a Pulsing system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg

New York 223 ndash 266

Worbes M 1999 Annual grow rings rainfall-dependent growth and long-term grgrowth

patterns of tropical trees from the Caparo Forest Reserve in Venezuela Journal of

Ecology 87 391 ndash 403

Worbes M 2002 One hundred years of tree-ring research in the tropics ndash a brief history

and an outlook to future challenges Dendrochronologia 20(1 ndash 2) 217 ndash 231

66

Worbes M amp Junk WJ 1999 How old are the trees The persistence of a myth

IAWA Journal 20(3) 255 ndash 260

Worbes M Kingle H Revilla JD Martius C 1992 On the dynamics floristic

subdivision and geographical distribuition of Vaacuterzea forests in Central Amazonia

Journal of Vegetation Science 3 553 ndash 569

Worbes M Piedade MTF Schoumlngart J 2001 Holzwirtschaft im Mamirauaacute-Projekt

zur nachhaltigen Entwicklung einer Region im Uumlberschwemmungsbereich des

Amazonas Forstarchiv 72 188 ndash 200

Worbes M Staschel R Roloff A Junk WJ 2003 The ring analysis reveals age

structure dynamics and wood production of a natural forest stand in Cameroon

Forest Ecology and Management 173 105ndash123

67

Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )

Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo

Page 13: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE

realizada em intervalos de anos em uma dada aacuterea (ciclo de corte) A aacuterea a ser maneja

eacute dividida em talhotildees de aproximadamente tamanho correspondendo ao nuacutemero de

anos do ciclo de corte (Lamprecht 1989 De Graaf et al 2003)

Este modelo de manejo florestal eacute caracterizado por ocasionar superexploraccedilatildeo

e subutilizaccedilatildeo do potencial madeireiro por natildeo considerar as variaccedilotildees nas taxas de

crescimento entre espeacutecies entre diferentes habitats e ao longo dos anos (Schoumlngart

2003 Brienen amp Zuidema 2006) Espeacutecies de madeira branca com taxas de

crescimento raacutepido podem alcanccedilar o limite de diacircmetro para corte antes do tempo

estabelecido enquanto que espeacutecies de madeira pesada levam maior tempo para

atingir este diacircmetro de derrubada (Schoumlngart 2003 Schoumlngart et al 2003 2007

Brienen amp Zuidema 2007)

A Instruccedilatildeo Normativa (IN) ndeg 5 de 11 de dezembro de 2006 abre caminhos para

modificaccedilotildees do manejo florestal atual O ciclo de corte varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3 por ha ao ano no Plano de Manejo Florestal Simplificado

(PMFS) Pleno No PMFS de baixa intensidade foi estabelecido um ciclo de corte inicial

de 10 anos com volume de extraccedilatildeo de ateacute 10 msup3 por ha Na vaacuterzea a produccedilatildeo pode

exceder 10 msup3 por ha ao ano poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3 aacutervores por ha Esta

nova IN requer o estabelecimento de modelos especiacuteficos para cada espeacutecie onde o

limite de diacircmetro para corte eacute determinado a partir de criteacuterios ecoloacutegicos e teacutecnicos

Caso contraacuterio um diacircmetro de corte de 50 cm eacute estabelecido

Estimativas da produccedilatildeo de madeira considerando-se a variaccedilatildeo no crescimento

arboacutereo entre as espeacutecies satildeo necessaacuterias para garantir o contiacutenuo suprimento e

manutenccedilatildeo dos sistemas de manejo de florestas naturais (Brienen amp Zuidema 2007)

Neste sentido a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira (dendrocronologia) vem a ser uma

3

importante ferramenta na elaboraccedilatildeo de sistemas de exploraccedilatildeo sustentada

fornecendo modelos de crescimento e idade da madeira (Worbes et al 2001 Worbes

2002 Duumlnisch et al 2003 Schoumlngart et al 2003 2007 Brienen amp Zuidema 2005)

proporcionando opccedilotildees de manejo mais especiacuteficas e efetivas com benefiacutecios para as

populaccedilotildees futuras

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Dendrocronologia nos troacutepicos

Os aneacuteis de crescimento na madeira de espeacutecies das regiotildees temperadas

configuram o incremento radial os quais anualmente satildeo incorporados ao tronco das

aacutervores Cada anel possui duas partes distintas lenho inicial e lenho tardio O primeiro

corresponde ao crescimento arboacutereo no iniacutecio do periacuteodo vegetativo quando as plantas

reativam as atividades fisioloacutegicas O lenho tardio eacute formado no final do periacuteodo

vegetativo com a reduccedilatildeo das atividades e modificaccedilatildeo da estrutura celular com

espessamento das paredes e reduccedilatildeo do lume (Fritts 1976) A queda das atividades

celulares ocorre como resposta as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento arboacutereo em

decorrecircncia da reduccedilatildeo da temperatura (Schweingruber 1988)

Leonardo da Vinci durante o seacuteculo 15 foi o primeiro a reconhecer a existecircncia

de aneacuteis anuais na madeira em ramos de pinheiros relacionando-os a idade da aacutervore

e seu padratildeo de espessura com anos mais ou menos secos (Schweingruber 1988) Jaacute

no seacuteculo 19 diversas pesquisas demonstravam que as baixas temperaturas dos

invernos rigorosos em regiotildees temperadas satildeo um fator limitante no crescimento da

4

madeira (Worbes 1995) Contudo somente no iniacutecio do seacuteculo 20 a existecircncia de aneacuteis

anuais nos troacutepicos foi descoberta e algumas deacutecadas depois foi questionada (Worbes

amp Junk 1999) Muitos acreditavam na ausecircncia de aneacuteis anuais nos troacutepicos devido agrave

limitada sazonalidade (Schweingruber 1988) e temperatura quase constante

(Whitmore 1990) Este mito eacute ainda mantido por alguns autores (Lieberman et al

1985 Whitmore 1990) mesmo verificando-se que a distribuiccedilatildeo sazonal das chuvas na

maioria das regiotildees tropicais ocasiona uma distinta estaccedilatildeo seca (Worbes 1999)

Alguns autores enfatizam os problemas relacionados agrave formaccedilatildeo de aneacuteis anuais

na madeira nos troacutepicos Estudos tecircm registrado a formaccedilatildeo de dois aneacuteis por ano em

regiotildees apresentando duas estaccedilotildees de seca distintas (Gourlay 1995) formaccedilatildeo de

aneacuteis intra-anuais ou falsos aneacuteis em resposta a padrotildees irregulares de chuvas com

seca excepcional durante a estaccedilatildeo chuvosa (Borchert et al 2002) ou ainda a

formaccedilatildeo de aneacuteis irregulares na madeira de espeacutecies tropicais (Sass et al 1995)

Contudo a existecircncia de aneacuteis de crescimento nos troacutepicos tem sido registrada

em mais de 20 paiacuteses tropicais sendo que muitos estudos tecircm comprovado a

anualidade na formaccedilatildeo dos aneacuteis por mais de 100 anos (Worbes 2002) Foram

descritos para estas regiotildees diferentes padrotildees de aneacuteis anuais por Coster (19271928)

e classificados por Worbes (1995) como 4 tipos principais variaccedilotildees na densidade da

madeira faixas de parecircnquima marginal alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima e

variaccedilotildees na densidade dos vasos

Em regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o ritmo de crescimento das aacutervores

eacute determinado pelo pulso de inundaccedilatildeo (Worbes 1985) Durante o alagamento as

raiacutezes sofrem condiccedilotildees anoacutexicas acarretando reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a

copa das aacutervores e consequumlente reduccedilatildeo do metabolismo o que resulta em dormecircncia

5

cambial e a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira (Worbes 1989 Schoumlngart et al

2002) Diversas pesquisas tecircm evidenciado a presenccedila de aneacuteis anuais nas regiotildees de

aacutereas alagaacuteveis nos troacutepicos (Worbes 1989 Dezzeo et al 2003 Schoumlngart et al

2002 2004 2005)

Existem diferentes meacutetodos de investigaccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira

classificados em destrutivos e natildeo destrutivos (Worbes 1995) Meacutetodos natildeo destrutivos

podem ser feitos a partir de investigaccedilotildees fenoloacutegicas medidas repetidas do diacircmetro e

medida da atividade cambial por mensuraccedilatildeo da resistecircncia eleacutetrica na zona cambial

Feridas cambiais (Janelas de Mariaux) dataccedilatildeo por radiocarbono cicatrizes

provocadas por fogo em anos conhecidos ou injurias na madeira densitometria por raio

ndash X variaccedilotildees nas concentraccedilotildees de isoacutetopos estaacuteveis e contagem direta dos aneacuteis satildeo

meacutetodos destrutivos de constataccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira (Worbes

1995 2002) Todos estes meacutetodos foram utilizados independentemente para indicar a

ocorrecircncia de aneacuteis anuais no xilema de espeacutecies arboacutereas nas vaacuterzeas

Dentre estes meacutetodos a contagem direta dos aneacuteis anuais se destaca pela

obtenccedilatildeo de estimativas acuradas da idade das aacutervores e dados de longos periacuteodos de

crescimento da madeira (Bormann amp Berlyn 1981 Eckstein et al 1995) Informaccedilotildees

estas uacuteteis para o entendimento da dinacircmica da floresta (Enright amp Hartshorn 1981

Worbes 2002) desenvolvimento de sistemas de manejo florestal e estrateacutegias de

conservaccedilatildeo das espeacutecies (Stahle et al 1999 Worbes et al 2003)

O padratildeo de crescimento ao longo do tempo atua como um arquivo de dados e

contribui com informaccedilotildees sobre as mudanccedilas nas condiccedilotildees ambientais (Spiecker

2002) relaccedilotildees entre o clima e o crescimento arboacutereo (Enquist amp Leffler 2001 Nutto amp

6

Watzlawick 2002 Fichtler et al 2004 Schoumlngart et al 2006 Therrell et al 2006) e

sequumlestro de carbono na biomassa da madeira (Schoumlngart 2003)

22 As florestas de vaacuterzea

Junk et al (1989) definiram como aacutereas alagaacuteveis aquelas cuja inundaccedilatildeo eacute

promovida por um fluxo lateral dos rios e lagos eou precipitaccedilatildeo direta ou sobre as

aacuteguas um fenocircmeno perioacutedico que influencia na dinacircmica das comunidades e acarreta

um longo periacuteodo de adaptaccedilotildees e evoluccedilatildeo de espeacutecies endecircmicas Na regiatildeo

amazocircnica as aacutereas inundaacuteveis satildeo recobertas por florestas de vaacuterzea e igapoacute sendo

que as florestas de vaacuterzea abrangem uma aacuterea de 50-75 e satildeo consideradas o tipo

de vegetaccedilatildeo inundaacutevel mais importante destas regiotildees (Wittmann et al 2002)

As florestas alagaacuteveis sofrem esta alternacircncia anual entre fase terrestre e

aquaacutetica a qual vem ocorrendo haacute milhotildees de anos leva ao desenvolvimento de

adaptaccedilotildees de caraacuteter morfoloacutegico anatocircmico fisioloacutegico etoloacutegico e fenoloacutegico nas

espeacutecies que vivem nestes ambientes inundados anualmente (Ferreira 1991 Kubitzki

amp Zibursk 1994 Waldhoff et al 1998 Wittmann amp Parolin 1999 Piedade et al 2000

Parolin et al 2004)

Muitas espeacutecies respondem as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento durante

a fase de alagamento apresentando adaptaccedilotildees na forma de produccedilatildeo de raiacutezes

adventiacutecias desenvolvimento de vias alternativas metaboacutelicas e permanecircncia da

atividade fotossinteacutetica (De Simone et al 2003) estrateacutegias de toleracircncia ou escape ao

alagamento pelas placircntulas (Parolin 2002) ou ainda armazenamento de aacutegua no caule

(Schoumlngart et al 2002) Cada espeacutecie responde a este fenocircmeno de forma

7

diferenciada podendo ser visualizada atraveacutes dos diversos padrotildees fenoloacutegicos

encontrados nas aacutereas alagaacuteveis (Schoumlngart et al 2002) O alagamento anual causa

condiccedilotildees anaeroacutebicas nas raiacutezes levando a reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a copa

das aacutervores o que ocasiona estresse hiacutedrico e perda de folhas Como resultado a

planta entra em dormecircncia cambial

As diferentes estrateacutegias adaptativas associadas com diferentes niacuteveis de

toleracircncia ao alagamento refletem a influecircncia exercida pelo periacuteodo e niacutevel de

alagamento aos quais as plantas estatildeo sujeitas resultando numa zonaccedilatildeo de espeacutecies

caracteriacutestica nas aacutereas alagaacuteveis (Takeuchi 1962 Revilla 1981 Piedade 1985

Worbes et al 1992 Worbes 1997 Wittmann et al 2002 2004)

A dinacircmica sucessional em florestas de vaacuterzea da Amazocircnia foi descrita por

Worbes et al (1992) Estaacutegios iniciais de sucessatildeo primaacuteria e secundaacuteria apresentam

estratos monoespeciacuteficos com espeacutecies de crescimento raacutepido e baixa densidade da

madeira as quais natildeo alcanccedilam grandes idades Por meio do processo de sucessatildeo

natural ocorrem substituiccedilotildees de espeacutecies e formaccedilatildeo de estaacutegios tardios onde

observa-se uma maior complexidade nos extratos arboacutereos e diversidade de espeacutecies

diminuiccedilatildeo da taxa de incremento radial e acuacutemulo de biomassa (Worbes 1992

Schoumlngart et al 2003)

Ao longo da sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais existe um aumento da

densidade da madeira das aacutervores e decreacutescimo das taxas de incremento em diacircmetro

aumento da diversidade de espeacutecies o que implica mudanccedilas de estratos mais

homogecircneos de estaacutegios sucessionais iniciais para extratos mais complexos

caracterizados pelo aumento da altura das aacutervores tamanho e aacuterea da copa (Wittmann

et al 2002 Schoumlngart et al 2003)

8

Esta zonaccedilatildeo de espeacutecies em florestas de vaacuterzea ao longo do gradiente

topograacutefico (Junk 1989 Ayres 1993) e sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais (Worbes

1997) leva a formaccedilatildeo de dois habitats significativamente diferentes os quais satildeo

denominados vaacuterzea alta e vaacuterzea baixa (Wittmann et al 2002) A primeira caracteriza-

se por alagamento de menos de 3 m por ano na meacutedia apresentando aumento da

diversidade e complexidade da arquitetura com o aumento da idade resultando de

processo sucessional natural de florestas tardias de vaacuterzea baixa sendo considerada

representante de estaacutegio cliacutemax A vaacuterzea baixa apresenta diferentes estaacutegios de

sucessatildeo natural e eacute alagada por mais de 3 m por ano (Wittmann et al 2002) sendo

que a complexidade de estrutura e composiccedilatildeo da floresta tende a aumentar com a

reduccedilatildeo do niacutevel e duraccedilatildeo do alagamento

A grande variedade de habitats e multiplicidade de adaptaccedilotildees resultam numa

grande diversidade de espeacutecies arboacutereas dentro das aacutereas alagaacuteveis (Junk 1989)

atingindo 1000 espeacutecies registradas para florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Wittmann et al

2006a) A alta diversidade nestas aacutereas estaacute relacionada ao niacutevel e periacuteodo das cheias

e aumenta com diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo de inundaccedilatildeo (Wittmann amp Junk 2003 Worbes

et al 1992 Piedade et al 2005) Entretanto florestas de vaacuterzea possuem diversidade

de espeacutecies menor se comparada com florestas de terra firme da mesma regiatildeo (Ayres

1993)

Wittmann et al (2006a) afirmam que nas florestas de vaacuterzea a diversidade de

espeacutecies tambeacutem aumenta no sentido leste ndash oeste dentro da Bacia Amazocircnica Este

padratildeo parece similar ao encontrado para florestas de terra firme na mesma regiatildeo

geograacutefica (Ter Steege et al 2003) corroborando com a hipoacutetese de formaccedilatildeo de uma

zona de transiccedilatildeo que permite a migraccedilatildeo das espeacutecies de florestas de terra firme para

9

florestas alagaacuteveis de vaacuterzea alta (Wittmann et al 2006a) Esta hipoacutetese eacute estabelecida

pela elevada similaridade floriacutestica encontrada entre a vaacuterzea alta e terra firme

As florestas de vaacuterzea alta compreendem cerca de 10 da cobertura florestal

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996 Wittmann et al 2002) no entanto satildeo as florestas

mais ameaccediladas pela accedilatildeo antroacutepica sendo frequumlentemente utilizadas para moradia e

substituiccedilatildeo das aacutereas de floresta para atividades de agricultura e pecuaacuteria

Apresentam alta abundacircncia de espeacutecies madeireiras e estatildeo sendo ameaccediladas por

praacuteticas insustentaacuteveis de manejo (Ayres 1993 Worbes et al 2001)

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea

Atualmente dentro da Bacia Amazocircnica de aproximadamente 350 espeacutecies

madeireiras encontradas cerca de 34 tambeacutem ocorrem em florestas de vaacuterzea

(Martini et al 1998) outras satildeo restritas a este tipo de ecossistema Pela falta de infra-

estrutura em estradas de 60 a 80 da madeira extraiacuteda na Amazocircnia Ocidental e

Peru tecircm origem a partir deste tipo de floresta inundaacutevel (Higuchi et al 1994 Nebel amp

Kvist 2001 Worbes et al 2001) Em 2000 somente no Estado do Amazonas

aproximadamente 75 da madeira para induacutestria de laminados e compensados teve

origem em florestas alagaacuteveis (Lima et al 2005)

O preccedilo da madeira de espeacutecies com densidade abaixo de 060 gcm3 (madeira

branca) no Meacutedio Rio Solimotildees variou entre R$ 075-600 por m3 para Hura crepitans

L (Euphorbiaceae) e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae) enquanto que

espeacutecies de madeira densa acima de 060 gcm3 (madeira pesada) como Ocotea

cymbarum Mez (Lauraceae) Copaifera sp (Fabaceae) e Piranhea trifoliata Baill

10

(Euphorbiaceae) foram negociadas por R$ 288-1290 por m3 no periacuteodo de 1993 a

1995 (Worbes et al 2001) O primeiro grupo eacute frequumlentemente utilizado em induacutestrias

de laminados e compensados enquanto que as espeacutecies de madeira densa satildeo muito

utilizadas na construccedilatildeo de casas barcos e moacuteveis (Albernaz amp Ayres 1999) Com a

implementaccedilatildeo de manejo sustentaacutevel controlado e autorizado pelo IBAMA e IPAAM

os preccedilos da madeira subiram consideravelmente atingindo valores de ateacute R$ 6200

por m3 no ano de 2007 ao longo do Meacutedio Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a)

Um inventaacuterio florestal realizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel

Mamirauaacute (RDSM) abrangendo uma aacuterea de 342 ha de florestas de vaacuterzea encontrou

122 espeacutecies madeireiras por ha com diacircmetro limite de corte acima de 45 cm

(Schoumlngart et al 2008a) Das espeacutecies inventariadas as mais encontradas dentre as

madeiras brancas foram H crepitans e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae)

Das madeiras pesadas O cymbarum Mez (Lauraceae) Calycophyllum spruceanum

(Benth) Hookf ex KSchum (Rubiaceae) foram as mais abundantes

Dados do Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel de Mamirauaacute (IDSM) do

manejo florestal comunitaacuterio (MFC) de 2003 mostram que 42 do nuacutemero de toras e

60 do volume extraiacutedo na reserva pertencem agrave H crepitans Esta espeacutecie somada a

O cymbarum e C subsessilis corresponde a quase 70 do volume em metros cuacutebicos

de madeira extraiacuteda

A atividade madeireira em florestas de vaacuterzea se restringe a poucas espeacutecies

(Schoumlngart 2003) e a ausecircncia de dados de regeneraccedilatildeo e crescimento aliados a

exploraccedilatildeo inadequada da madeira tecircm levado agrave reduccedilatildeo das populaccedilotildees de algumas

destas espeacutecies chegando a praticamente desaparecer dos mercados regionais

(Higuchi et al 1994 Worbes et al 2001) Espeacutecies como Cedrela odorata L

11

(Meliaceae) Platymiscium ulei Harms (Fabaceae) Virola spp (Myristicaceae) Ceiba

pentandra (L) Gaerth (Malvaceae) foram substituiacutedas por O cymbarum C

spruceanum H crepitans e C guianensis (Albernaz amp Ayres 1999 Anderson et al

1999 Worbes et al 2001 Lima et al 2005)

Dentro da RDSM o manejo florestal se caracteriza por sistema policiacuteclico com

ciclo de corte de 25 anos e diacircmetro limite de corte de 45 cm Inicialmente deve ser feito

um inventaacuterio florestal de todas as espeacutecies madeireiras com diacircmetro ge 20 cm e as

extraccedilotildees se limitam a 5 aacutervores por ha que se encontram acima do diacircmetro de corte

Cerca de 10 das aacutervores acima do limite de diacircmetro devem permanecer nas aacutereas

como porta-sementes com o intuito de garantir a regeneraccedilatildeo das espeacutecies exploradas

Aproximadamente 12 da cobertura florestal da RDSM pertence a florestas de

vaacuterzea alta onde a abundacircncia de espeacutecies de valor econocircmico eacute alta (Wittmann et al

2002) e contribuem para o fornecimento de produtos madeireiros para o mercado local

regional e internacional (Wittmann et al 2004) Schoumlngart et al (2007) afirmam que as

espeacutecies mais exploradas na reserva satildeo O cymbarum C spruceanum e P trifoliata

(espeacutecies de madeira densa) assim como Ficus insipida Willd (Moraceae) H

crepitans Maquira coriacea (Karsten) CCBerg (Moraceae) (espeacutecies de madeira

branca)

Este estudo analisa e modela padrotildees de crescimento de quatro espeacutecies

aacuterboreas de interesse comercial de baixa densidade de madeira (madeira branca) e alta

densidade de madeira (madeira pesada) exploradas dentro da RDSM Deste modelos

criteacuterios como DMD e ciclo de corte satildeo derivados e discutidos no contexto das atuais

normas de manejo florestal na Amazocircnia pela legislaccedilatildeo brasileira

12

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Modelar padrotildees de crescimento da madeira de H crepitans C odorata O

cymbarum e S elata espeacutecies de importacircncia econocircmica na exploraccedilatildeo madeireira

das florestas de vaacuterzea da Amazocircnia para definir ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de

derrubada (DMD) especiacuteficos subsidiando futuros planos de manejo florestal

sustentaacutevel dentro da RDSM

32 Objetivos especiacuteficos

a Descriccedilatildeo da anatomia da madeira

b Determinaccedilatildeo da idade das aacutervores

c Determinaccedilatildeo das taxas de incremento em diacircmetro altura volume e biomassa

d Estimativa de ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de derrubada para definir criteacuterios

de manejo para cada uma das espeacutecies

13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS

41 Aacuterea de estudos

A aacuterea de estudos compreende a Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Mamirauaacute (RDSM) a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo na categoria de reserva

sustentaacutevel e primeira existente no ecossistema de vaacuterzea Sua criaccedilatildeo eacute resultado de

solicitaccedilatildeo encaminhada em 1985 pelo bioacutelogo Dr Joseacute Maacutercio Ayres ao oacutergatildeo

responsaacutevel na eacutepoca SEMA ndash Secretaria Especial de Meio Ambiente (Queiroz 2005)

A RDSM eacute dividida em duas aacutereas principais aacuterea focal (cerca de 260000 ha)

onde se desenvolvem desde 1991 atividades baseadas em pesquisas

socioeconocircmicas e ecoloacutegicas incluindo pesca agricultura agroflorestal e ecoturismo

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996) e aacuterea subsidiaacuteria (cerca de 878000 ha) a qual seraacute

manejada progressivamente A aacuterea focal eacute por sua vez subdividida em zona de

proteccedilatildeo permanente zona de ecoturismo e zona destinada ao manejo sustentaacutevel de

recursos naturais

Dentro da aacuterea focal existem nove unidades ou setores de controle do uso dos

recursos naturais denominadas Mamirauaacute Jarauaacute Tijuaca Boa Uniatildeo do Meacutedio

Japuraacute Aranapuacute Barroso Horizonte Liberdade e Ingaacute As atividades econocircmicas

realizadas pelas comunidades dentro dos setores se dividem em produccedilatildeo de farinha

pesca e exploraccedilatildeo da madeira as quais satildeo influenciadas pelo niacutevel de inundaccedilatildeo

anual (Albernaz amp Ayres 1999)

A RDSM estaacute situada na regiatildeo do meacutedio Solimotildees na confluecircncia dos rios

Solimotildees e Japuraacute entre as bacias do rio Solimotildees e Negro Sua porccedilatildeo mais a leste

14

fica nas proximidades da cidade de Tefeacute no Estado do Amazonas Sua vizinha RDS

Amanatilde liga a RDSM ao Parque Nacional do Jauacute (Schoumlngart et al 2005) Estas trecircs

unidades juntas constituem um bloco de floresta tropical com cerca de 6000000 ha

protegidos oficialmente Formam o embriatildeo do Corredor Central da Amazocircnia

(MMAPPG7) e da Reserva da Biosfera da Amazocircnia Central (MaBUnesco) e

compotildeem um Siacutetio Natural do Patrimocircnio Mundial (UnescoIUCN) (Queiroz 2005 Ayres

et al 2005)

Possui clima caracterizado por uma meacutedia de temperatura diaacuteria de 269 ordmC e

precipitaccedilatildeo anual de aproximadamente 3000 mm apresentando uma estaccedilatildeo seca

distinta (julho-outubro) O niacutevel de flutuaccedilatildeo meacutedia da aacutegua do Rio Japuraacute durante 1993

ndash 2000 foi de 1138 m (Wittmann amp Junk 2003 Schoumlngart et al 2005)

Aproximadamente 92 da cobertura vegetal abrangendo a aacuterea focal da reserva eacute

composta por florestas de vaacuterzea baixa constituiacuteda por diferentes estaacutegios

sucessionais e somente cerca de 8 corresponde a florestas de vaacuterzea alta (Wittmann

et al 2002)

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies

421 Cedrela odorata L (Meliaceae)

Popularmente conhecida como cedro cedro branco cedro cheiroso ou cedro

mogno apresenta tronco com casca de cheiro bastante caracteriacutestico rugosa com

fissuras transversais vermelho-alaranjadas Apresenta base reta ou com raiacutezes

tabulares e suas flores satildeo brancas em inflorescecircncias terminais (Wittmann et al

15

2006b) Os frutos capsulares quando maduros se abrem liberando de 40 a 50

sementes aladas as quais satildeo dispersas pelo vento (Cintron 1990 Wittmann et al

2006b)

Encontrada em toda a Amazocircnia embora com baixa frequumlecircncia ocorre desde as

Iacutendias Ocidentais as grandes e pequenas Antilhas ateacute Trinidad e Tobago sendo

encontrada tambeacutem no Meacutexico Equador Peru e Guianas (Cintron 1990) Eacute tipicamente

deciacutedua sendo encontrada em extrato superior de vaacuterzea alta e ocupando estaacutegio

sucessional secundaacuterio tardio

Apresenta madeira moderadamente pesada variando entre 044 a 060 gcm3 O

floema eacute avermelhado com cerne variando do castanho claro ao bege rosado escuro e

alburno amarelo apresentando cheiro aromaacutetico (Loureiro amp Silva 1968)

Aleacutem da sua importacircncia como espeacutecie madeireira na fabricaccedilatildeo de moacuteveis

construccedilatildeo civil e naval embalagens e instrumentos musicais a casca do cedro eacute

aproveitada na medicina popular como tocircnica adstringente e febriacutefuga (Loureiro amp

Silva 1968 Wittmann et al 2006b)

422 Sterculia elata Ducke (Malvaceae)

Conhecida popularmente como tacacazeiro xixaacute chicaacute da mata ou manduvi

cujos frutos apresentam uma coloraccedilatildeo avermelhada quando maduros sendo

organizados em 5 foliacuteculos com uma sutura ventral cada um Os frutos satildeo apocaacuterpios

e as flores estatildeo organizadas em inflorescecircncias terminais amarelas a purpuacutereas

(Wittmann et al 2006b)

16

Apresenta distribuiccedilatildeo nos neo-troacutepicos compreendendo o Sul do Meacutexico e

Ameacuterica Central Norte do Brasil Pantanal e Peru ocupando extrato superior e

emergente de vaacuterzea alta Eacute uma espeacutecie deciacutedua de estaacutegio sucessional secundaacuterio

tardio

Apresenta madeira de densidade meacutedia de 047 gcm3 cujo floema tem coloraccedilatildeo

marrom escura e o alburno eacute marrom claro A madeira eacute muito utilizada para confecccedilatildeo

de embalagens palitos foacutesforos compensados e troncos para canoas As sementes

oleaginosas satildeo comestiacuteveis A aacutervore eacute frequumlentemente utilizada para ornamentaccedilatildeo

(Wittmann et al 2006b)

423 Hura crepitans L (Euphorbiaceae)

Conhecia comumente por assacuacute H crepitans eacute uma espeacutecie cujo caule eacute

aculeado apresentando laacutetex branco aquoso caacuteustico e frequumlentemente utilizado

como veneno de peixe Causa irritaccedilotildees fortes em contato com a pele (Francis 1990

Wittmann et al 2006b) Os frutos satildeo capsulares lenhosos arredondados e

deprimidos nos poacutelos Tem distribuiccedilatildeo no Brasil Guianas Oeste da Iacutendia Cuba

Jamaica Trinidad e Tobago Costa Rica ao sul do Peru e Boliacutevia (Loureiro amp Silva

1968 Wittmann et al 2006b)

Ocupa o extrato superior de vaacuterzea alta sendo identificada como uma espeacutecie

perenifoacutelia de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Apresenta madeira muito leve

(035 a 040 gcm3) cerne e alburno indistintos e de coloraccedilatildeo branca com reflexos

amarelados Pelas caracteriacutesticas da madeira eacute comumente usada na fabricaccedilatildeo de

17

caixas tamancos obras internas artefatos de madeira forros taacutebuas compensados

boacuteias flutuantes canoas e gamelas (Francis 1990 Wittmann et al 2006b)

424 Ocotea cymbarum HBK (Lauraceae)

Frequumlentemente chamada por louro inamuiacute louro mamorim louro mamoriacute

inhamuiacute oacuteleo de inhamuiacute e pau de gasolina O cymbarum eacute uma aacutervore de grande

porte (20 ndash 30 m) apresentando casca avermelhada aromaacutetica ramos jovens com

pilosidade e acinzentados Possui exsudato transparente aromaacutetico apresentando

cheiro de menta (Wittmann et al 2006b)

Tem distribuiccedilatildeo por toda a Amazocircnia sendo encontrada em extrato superior de

vaacuterzea alta Eacute semi-deciacutedua e de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Sua madeira eacute

moderadamente pesada variando de 055 a 065 gcm3 (Loureiro amp Silva 1968) O

floema possui coloraccedilatildeo marrom cafeacute enquanto que o cerne amarelado claro e

brilhante diferencia-se pouco do alburno levemente mais claro (Wittmann et al

2006b)

Eacute comumente utilizada na carpintaria de luxo construccedilatildeo em geral marcenaria

compensado pranchas e tabuados (Loureiro amp Silva 1968) Sua madeira traz oacuteleo

contendo safrol que em baixa concentraccedilatildeo eacute um componente para fragracircncias e

perfumes (Wittmann et al 2006b) O lenho apresenta atividade contra o

desenvolvimento do ancilostomiacutedeo humano (Marques 2001)

18

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos

Das quatro espeacutecies estudadas duas de madeira branca ndash H crepitans e S

elata e duas de madeira pesada ndash C odorata e O cymbarum (Schoumlngart 2003) foram

selecionados entre 21 e 37 indiviacuteduos emergentes de floresta de vaacuterzea alta dos

setores Jarauaacute e Tijuaca da RDSM As medidas do diacircmetro na altura do peito (DAP)

com ge 10 cm foram feitas com o uso de fita dendromeacutetrica de dupla face sendo

inferidas acima das sapopemas quando presentes A altura da aacutervore foi medida a

partir do uso de inclinocircmetro (Blume-Leiss) e fita meacutetrica

Para verificar a idade das aacutervores foram utilizados 10 discos de H crepitans e

10 discos de O cymbarum fornecidos pelo Programa de MFC da RDSM no ano de

2001 bem como amostras coletadas de troncos dos indiviacuteduos de cada uma das quatro

espeacutecies Para tanto foi aplicado um meacutetodo natildeo destrutivo de extraccedilatildeo de cilindros da

madeira utilizando-se uma broca dendrocronoloacutegica num total de 110 cilindros com 5

mm de diacircmetro (21 amostras de Sterculia 23 de Cedrela 29 de Ocotea e 37 de Hura)

coletadas entre 07 de outubro de 2006 a 16 de abril de 2007 na altura aproximada de

130 m da base do tronco Apoacutes a coleta das amostras o orifiacutecio produzido com a broca

dendrocronoloacutegica foi obstruiacutedo com cera de carnauacuteba para evitar possiacuteveis ataques

por fitopatoacutegenos

As amostras coletadas foram coladas em suporte de madeira e em seguida

polidas com lixas de papel com diferentes granulometrias em uma sequumlecircncia

progressiva ateacute uma granulaccedilatildeo de 600 Estas foram analisadas no Laboratoacuterio de

Dendrocronologia do Projeto INPAMax-Planck em Manaus A anaacutelise macroscoacutepica da

estrutura da madeira foi feita a partir de fotografias feitas utilizando-se maacutequina digital

19

NIKON coolpix 4500 Para descriccedilatildeo anatocircmica dos aneacuteis de crescimento utilizou-se

como base os padrotildees de aneacuteis descritos por Coster (1927 1928) e adaptados por

Worbes (1985 1989)

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos

A determinaccedilatildeo da idade foi feita por meio da contagem direta dos aneacuteis anuais

e as taxas de incremento radial foram geradas por mediccedilatildeo da espessura dos aneacuteis

com o sistema de anaacutelise digital com precisatildeo de 001 mm (LINTAB) juntamente com o

software (TSAP-Win = Time Series Analyses and Presentation) especiacutefico para

anaacutelises de sequumlecircncias temporais (Schoumlngart et al 2004) Para os cilindros que natildeo

alcanccedilaram o cerne do tronco foram estimadas as distacircncias ateacute o centro e a partir do

nuacutemero meacutedio de aneacuteis encontrados em outros indiviacuteduos foram feitas estimativas da

idade do primeiro anel visiacutevel no tronco As mediccedilotildees da largura dos aneacuteis se deram no

sentido cerne ndash casca

Curvas cumulativas do diacircmetro individual para as quatro espeacutecies foram

elaboradas com base nestas mediccedilotildees do incremento radial corrente e relacionadas

com o DAP medido no campo (Schoumlngart et al 2003 Brienen amp Zuidema 2007)

(Figura 1a) A partir destas curvas individuais foram construiacutedas curvas cumulativas

meacutedias para cada espeacutecie descrevendo a relaccedilatildeo entre idade e diacircmetro para as

mesmas

A curva meacutedia do diacircmetro calculada para cada espeacutecie foi ajustada como um

modelo de regressatildeo sigmoidal da qual foram derivadas as curvas do incremento

corrente e meacutedio do diacircmetro para cada espeacutecie (Figura 1b) Modelos de regressatildeo natildeo

20

ndash linear descreveram para cada espeacutecie a relaccedilatildeo entre DAP e a altura medida no

campo (Figura 1c) Combinando as relaccedilotildees idade-DAP e DAP-altura permite estimar o

crescimento da altura (Nebel et al 2001) Deste modo para cada idade determinada

foram atribuiacutedas uma medida de diacircmetro e de altura para cada espeacutecie (Schoumlngart et

al 2007)

A combinaccedilatildeo dos modelos de regressatildeo natildeo-linear das relaccedilotildees entre idade e

DAP bem como das relaccedilotildees entre DAP e altura tambeacutem possibilitou a construccedilatildeo do

modelo de crescimento em volume (Figura 1e) e produccedilatildeo de biomassa acima do solo

das espeacutecies estudadas (Figura 1f) O modelo alomeacutetrico utilizado para estimativa do

volume foi definido por Cannell (1984) para florestas tropicais uacutemidas e tem como

paracircmetros a altura das aacutervores e o DAP

O volume (V) foi estimado a partir da multiplicaccedilatildeo da aacuterea basal (Ab) pela altura

(h) e por um fator (f) de reduccedilatildeo de 06 (Nebel et al 2001) A equaccedilatildeo eacute dada por

V = Ab x h x f (1)

onde a Ab eacute dada por

Ab = π x (DAP 2)2 (2)

Foi utilizado um modelo alomeacutetrico para estimar a biomassa acima do solo com

boa aplicabilidade em florestas alagaacuteveis segundo resultados obtidos por Stadtler

21

(2007) Este modelo tem como paracircmetros a densidade da madeira o diacircmetro e altura

das aacutervores e foi descrito por Chave et al (2005) A equaccedilatildeo eacute descrita abaixo

Bio = 00509 x den x DAP2 x h (3)

onde a Bio eacute a estimativa da biomassa acima do solo den eacute a densidade da madeira

obtida para cada espeacutecie de Wittmann et al (2006b) e 00509 eacute um fator de correccedilatildeo

O fator de correccedilatildeo dos modelos de caacutelculo do volume (06) e biomassa (00509)

se referem ao fato de que as aacutervores natildeo representam cilindros perfeitos e diminuem o

raio do tronco a medida que se distanciam do DAP

Destes modelos de crescimento do DAP altura aacuterea basal volume e biomassa

foram derivadas as taxas do incremento meacutedio (IM) e corrente (IC) (Figuras 1b1d1f)

para cada espeacutecie seguindo as equaccedilotildees abaixo (Schoumlngart et al 2007)

IM= CrC t t (4)

IC= CrC t+1 ndash Cr t (5)

onde CrC eacute o crescimento cumulativo em diferentes anos t sobre ciclo de vida total da

planta

O periacuteodo ideal de extraccedilatildeo eacute estabelecido quando a espeacutecie atinge sua a

produccedilatildeo maacutexima em volume periacuteodo este entre a taxa maacutexima de IC em volume e a

taxa maacutexima de IM em volume (Schoumlngart 2003) Este intervalo representa o periacuteodo

22

em que a extraccedilatildeo da madeira utiliza-se do potencial de crescimento maacuteximo das

espeacutecies (Schoumlngart 2008)

A modelagem dos padrotildees de crescimento foi construiacuteda a partir do uso do

software program X-Act (SciLab) e em seguida definidas as recomendaccedilotildees de

manejo para ciclos de corte e DMD para cada uma das quatro espeacutecies madeireiras

O DMD eacute definido pela idade em que a aacutervore atinge as maiores taxas de

incremento anual corrente do volume (Figura 1e) O tempo meacutedio que um indiviacuteduo leva

para passar por uma classe de DAP de 10 cm ateacute chegar ao DMD eacute o ciclo de corte da

espeacutecie (Schoumlngart et al 2007) Este eacute dado por

CC= idade(DMD) DMD x 10 (6)

onde CC eacute o ciclo de corte da espeacutecie e idade(DMD) eacute a idade da aacutervore quando atingiu o

DMD

23

0

20

40

60

80

0 5 10 15 200

1

2

3

4

5

0

10

20

30

0 20 40 60 80 100

0

20

40

60

80

0 5 10 15 20

0

10

20

30

0 5 10 15 200

1

2

3

4

0

1

2

3

4

0 5 10 15 200

100

200

300

00

05

10

15

0 5 10 15 200

50

100

Age (years) Age (years)

Age (years)

Age (years)

Age (years)

Dbh (cm)

Tree

heig

ht(m

)D

bh(c

m)

Dbh

(cm

)Tr

eehe

ight

(m)

Woo

d bi

omas

s(M

g)

Volu

me

(m3 )

Diam

eter increment(cm

year -1)H

eightincrement(m

year -1)W

ood biomass

production(kg year -1)

Volume

increment(dm

3year -1)

n = 54R2 = 053

n = 18

MLD

a

c

e

b

d

f

y = a (1+(b x)c)

a = 1195742 plusmn 131913b = 184937 plusmn 3355c = 12997 plusmn 00788

y = (abullx) (x+b)a = 286667 plusmn 07424b = 161743 plusmn 13022

DAP

(cm

)

DA

P (c

m)

Altu

ra (m

)

Altu

ra (m

)

Vol

ume

(m3)

Bio

mas

sa (M

g)

Idade (anos) Idade (anos)

DAP (cm) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento em

diacircmetro (cm

ano) Increm

ento em altura (m

ano) P

roduccedilatildeo de biomassa (K

gano)

Incremento

emvolum

e(dm

3ano)

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

DMD

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)

24

5 RESULTADOS

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira

O limite dos aneacuteis e a estrutura anatocircmica da madeira foram determinados com

base na classificaccedilatildeo de Coster (19271928) e adaptados por Worbes (1995) Trecircs tipos

de aneacuteis foram distinguidos de acordo com essa classificaccedilatildeo (1) faixas de parecircnquima

marginal (2) alternacircncia entre faixas de fibra e faixas de parecircnquima e (3) variaccedilatildeo na

densidade da madeira (Tabela 1) A distinccedilatildeo dos aneacuteis variou entre as 4 espeacutecies

estudadas poreacutem todas apresentaram aneacuteis suficientemente distintos para aplicaccedilatildeo

de estudos dendrocronoloacutegicos

A distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e agrave

medida que estes se encontravam mais proacuteximos do centro do tronco A facilidade de

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis decresceu na seguinte ordem C odorata O cymbarum S elata

e H crepitans (Tabela1)

Cedrela e Sterculia apresentaram mesmo padratildeo de faixas de parecircnquima

marginal que consiste de uma a poucas fileiras de ceacutelulas Eacute comumente encontrado

nas famiacutelias Bignoniaceae Fabaceae e Meliaceae (Worbes 2002) Cedrela apresentou

aneacuteis de crescimento semiporosos com uma espessa faixa de parecircnquima claramente

visiacutevel acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos os quais satildeo maiores ao

final do periacuteodo vegetativo (Figura 2a)

Sterculia tambeacutem mostrou variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Os poros satildeo visiacuteveis

a olho nu alguns obstruiacutedos por conteuacutedo de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada e brilhante

25

Apresentou faixas de parecircnquima radial espessadas dificultando um pouco a

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis (Figura 2b)

Um padratildeo de alternacircncia entre faixas de fibras e parecircnquima foi encontrado

formando os aneacuteis anuais em Hura com a reduccedilatildeo da largura das faixas de

parecircnquima e fibras na formaccedilatildeo do lenho tardio ao final da zona de crescimento

(Figura 2c) Este tipo de anatomia pode ser encontrado em famiacutelias como

Euphorbiaceae Moraceae Sapotaceae Lecythidaceae dentre outras (Worbes 2002)

Tabela1 Tipos de zona de crescimento encontrados e o grau de distinccedilatildeo dos de crescimento Os padrotildees descritos foram baseados nos modelos de Coster (1927 1928) e adaptados por Worbes (1995) Espeacutecies Famiacutelia Tipo de zona de

crescimento Fenologia foliar Grau de

distinccedilatildeo dos aneacuteis

Cedrela odorata Meliaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos

Deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (1)

Hura crepitans Euphorbiaceae Alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima

Perenifoacutelia Aneacuteis pouco

distintos (2)

Sterculia elata Malvaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Presenccedila de faixas radiais de parecircnquima

Deciacutedua Aneacuteis distintos (1)

Ocotea cymbarum Lauraceae Variaccedilatildeo na densidade da madeira com lenho inicial menos denso que o lenho tardio

Semi-deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (3)

obtidos durante observaccedilotildees na RDSM no periacuteodo 042006-122007

Ocotea mostrou um padratildeo de variaccedilatildeo na densidade da madeira O lenho tardio

de coloraccedilatildeo mais escura (alta densidade) apresentou ceacutelulas pequenas com paredes

26

espessadas diferindo do lenho inicial (baixa densidade) com ceacutelulas grandes e

paredes de espessura mais fina permitindo uma perfeita delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

(Figura 2d) Eacute comum entre as famiacutelias Annonaceae Myrtaceae e Lauraceae (Worbes

2002)

A presenccedila de falsos aneacuteis de crescimento ocorreu em alguns discos de Hura e

Ocotea Entretanto este problema foi solucionado observando-se a continuidade dos

aneacuteis ao longo dos raios nos discos

C Hura crepitans D Ocotea cymbarum

A Cedrela odorata B Sterculia elata

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial

27

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies

Todas as quatro espeacutecies apresentaram correlaccedilatildeo significativa (plt001) para as

relaccedilotildees entre idade e DAP idade e altura e DAP e altura (Tabela 2) permitindo a

modelagem das curvas de crescimento cumulativo para as mesmas Foram feitas um

total de 7646 mediccedilotildees da largura dos aneacuteis na madeira para as quatro espeacutecies

(Tabela 2)

As trajetoacuterias de crescimento cumulativo em diacircmetro mostraram diferenccedilas

tanto intra como interespeciacuteficas Aquelas espeacutecies de madeira densa como O

cymbarum e C odorata apresentaram taxas de crescimento menores que S elata e H

crepitans espeacutecies de madeira branca (Figura 3)

As quatro espeacutecies apresentaram uma variaccedilatildeo da idade ao atingir o DMD de 50

cm Esta foi maior para O cymbarum alcanccedilando idades entre 25 e 80 anos H

crepitans e S elata podem atingir idades entre 25 e 65 anos enquanto que as menores

variaccedilotildees na idade foram encontradas em C odorata com idades entre 35 a 65 anos

para um diacircmetro de 50 cm (Figura 3)

28

Tabela 2 Nuacutemero de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis e altura das aacutervores utilizados na elaboraccedilatildeo dos modelos de crescimento com base nas relaccedilotildees entre idade ndash DAP idade ndash altura e DAP ndash altura e o coeficiente de correlaccedilatildeo das mesmas

Nuacutemero de mediccedilotildees Correlaccedilatildeo p(lt 0001) Espeacutecie Largura dos

aneacuteis Altura Idade ndash DAP Idade ndash Altura DAP ndash Altura

Cedrela odorata

1240 32 089 064 071

Ocotea cymbarum

1325 125 086 073 073

Sterculia elata

1321 21 088 086 085

Hura crepitans

3760 67 091 086 076

Total

7646

Sterculia e Hura atingiram idades maacuteximas de 111 e 195 anos respectivamente

embora esta uacuteltima tenha atingido grandes diacircmetros nas aacutervores amostradas As

aacutervores mais velhas de Cedrela e Ocotea atingiram idades maacuteximas de 74 e 122 anos

(Tabela 3)

29

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

A ndash Cedrela odorata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

C ndash Sterculia elata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

B ndash Ocotea cymbarum

D ndash Hura crepitans

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura

30

As curvas meacutedias das relaccedilotildees entre idade e DAP tambeacutem apresentaram

variaccedilatildeo entre as espeacutecies estudadas (Figura 4) Para um diacircmetro de 50 cm

determinado pela IN ndeg 5 de Dezembro de 2006 as idades meacutedias oscilaram entre 41

anos em Hura a mais de 70 anos em Cedrela (Tabela 3)

0

50

100

150

DAP

(cm

)

0 30 60 90 120 150 180Idade (anos)

(a)

(b)

(d)

(c)

Diacircmetro limite de corte

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata Tabela 3 Idades maacuteximas miacutenimas e para um diacircmetro miacutenimo de derrubada de 50 cm para cada uma das quatro espeacutecies estudadas e seus respectivos desvios padratildeo

Idade (anos) Espeacutecie Miacutenima Maacutexima Ao alcanccedilar o diacircmetro limite de 50 cm

Cedrela odorata

21 74 72

Sterculia elata

22 111 47

Ocotea cymbarum

27 122 59

Hura crepitans

88 195 41

31

As quatro espeacutecies estudadas atingiram as maiores taxas de incremento

diameacutetrico corrente em idades diferentes Cedrela e Ocotea atingiram as maiores taxas

entre 11 e 12 anos e 19 e 21 anos com uma taxa meacutedia de incremento de 094 e 101

cmano respectivamente (Figura 5a e c) Sterculia obteve taxas meacutedias de incremento

de 126 cmano em idades entre 19 e 21 anos (Figuras 5b) enquanto Hura alcanccedilou

taxa meacutedia de incremento de 129 cmano em idades entre 22 e 23 anos (Figura 5d)

Cedrela e Ocotea espeacutecies de madeira pesada apresentaram taxas de incremento

diameacutetrico menores que Hura e Sterculia espeacutecies de madeira branca

D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata

C ndash Sterculia elata

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

B ndash Ocotea cymbarum

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura

32

A partir das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares entre idade-DAP foi possiacutevel

construir um modelo de crescimento em aacuterea basal para cada espeacutecie utilizando-se a

foacutermula (2) Cedrela e Ocotea atingiram suas maiores taxas em 39 e 57 anos e taxa

meacutedia de incremento de 355 e 536 cm2ano respectivamente (Figuras 6a e 6b)

Sterculia e Hura atingiram maior incremento aos 48 e 104 anos e taxa meacutedia de 700 e

1422 cm2ano respectivamente (Figura 6c e 6d) As espeacutecies de madeira branca Hura

e Sterculia apresentaram taxas de incremento em aacuterea basal mais altas que as duas

espeacutecies de madeira densa (Cedrela e Ocotea)

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

05

1

15

2

25

4

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

05

1

15

2

25

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura

33

A combinaccedilatildeo das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares das relaccedilotildees entre DAP-

altura (Figura 7) resultaram num modelo de crescimento em altura para as espeacutecies

contemplando todo ciclo de vida da planta Os maiores valores de incremento corrente

em altura de C odorata S elata O cymbarum e H crepitans corresponderam a idades

de 4 7 8 e 6 anos respectivamente e taxas maacuteximas corresponderam a 096 mano

para Sterculia 092 mano para Ocotea 061 mano para Hura e finalmente 109 mano

para Cedrela

DAP (cm) DAP (cm)

DAP (cm) DAP (cm)

Altu

ra (m

) A

ltura

(m)

C ndash Sterculia elata D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 1500

0

0

0

0

0

0 25 50 75 100 125 150

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 150 0 50 100 150

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans

34

Tabela 4 Valores de DAP e altura maacuteximos e miacutenimos do levantamento florestal seus desvios padratildeo e a aacuterea basal calculada a partir da relaccedilatildeo entre idade e DAP das espeacutecies

DAP (cm) Altura (m) Aacuterea basal meacutedia (cm2)

Espeacutecie

Maacuteximo Miacutenimo Desvio Maacutexima Miacutenima Desvio Meacutedia Cedrela odorata

656 115 140 309 90 50 273

Ocotea cymbarum

780 100 164 311 70 46 402

Sterculia elata

1300 100 349 405 66 88 516

Hura crepitans

1328 100 350 390 21 91 1127

A partir dos modelos de crescimento em altura e diacircmetro elaborados para cada

espeacutecie pocircde-se construir o modelo de crescimento em volume das mesmas segundo

a foacutermula (1) (Schoumlngart et al 2007) O periacuteodo oacutetimo de corte das aacutervores eacute o ponto

onde o incremento em volume corrente eacute maacuteximo sendo que para cada espeacutecie o pico

maacuteximo de volume corrente variou visivelmente (Figura 8)

Cedrela apresentou maiores taxas de incremento em volume corrente ao atingir

uma idade meacutedia de 45 anos (Figura 8a) Nesta idade a espeacutecie indica um DAP de 376

cm (Figura 5a) Jaacute Sterculia e Ocotea atingiram o ponto maacuteximo em incremento

corrente em volume aos 54 e 63 anos (Figuras 8b e c) quando atingem diacircmetros de

560 e 533 cm respectivamente (Figuras 5b e c) Hura em uma idade meacutedia de 125

anos apresentou os maiores valores de incremento maacuteximo corrente entre as quatro

espeacutecies (Figura 8d) atingindo diacircmetro meacutedio de 1288 cm (Figura 5d) Tanto Hura

quanto Sterculia apresentaram produccedilatildeo de madeira em volume por m3 superior as

duas espeacutecies de madeira pesada Cedrela e Ocotea

35

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento volum

eacutetrico

Incr

emen

to e

m v

olum

e (m

3 ) 0450 0

(m3ano)

Incr

emen

to e

m V

olum

e (m

3 )

Incremento volum

eacutetrico (m3ano)

Idade (anos) Idade (anos)

0

10

20

30

40

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

0 50 100 150 200

0

10

20

30

40

50

0

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

04

0 50 100 150

200 Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie

36

O ciclo de corte calculado atraveacutes da passagem meacutedia do tempo por uma classe

de DAP de 10 cm para a proacutexima ateacute atingir o diacircmetro de corte oacutetimo variou pouco

entre as espeacutecies sendo que Hura e Sterculia apresentaram ciclos de corte de 97

anos enquanto Cedrela e Ocotea apresentaram ciclos de 120 e 118 anos (Tabela 5)

Os resultados indicam que espeacutecies de madeira branca apresentam ciclos de corte

mais curtos do que as espeacutecies de madeira pesada

Tabela 5 O diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) o ciclo de corte a idade meacutedia ao atingir o diacircmetro de corte e a densidade da madeira das espeacutecies Espeacutecie DMD (cm) Ciclo de corte

(anos) Idade meacutedia ao atingir

o DMD (anos) Densidade

(gcm3) Cedrela odorata

376 120 45 052

Ocotea cymbarum

533 118 63 060

Sterculia elata

560 97 54 047

Hura crepitans

1288 97 125 039

Dados obtidos de Wittmann et al (2006b)

Aleacutem do modelo de crescimento em volume os modelos de crescimento em

altura e diacircmetro possibilitaram tambeacutem a construccedilatildeo de modelos de crescimento em

biomassa acima do solo para as espeacutecies estimado segundo a foacutermula (3)

Cedrela apresentou maior taxa de produccedilatildeo em biomassa de 26 Kgano em 45

anos (Figura 9a) ao passo que Ocotea alcanccedilou uma produccedilatildeo em biomassa maacutexima

de 52 Kgano em 63 anos (Figura 9b) Sterculia atingiu valor de 60 Kgano em 54 anos

(Figura 9c) enquanto que Hura obteve em 125 anos um valor maacuteximo de 125 Kgano

(Figura 9d) Espeacutecies de madeira branca atingiram maiores taxas de acuacutemulo em

biomassa do que as espeacutecies de madeira densa

37

D ndash Hura crepitans C ndash Ocotea cymbarum

Bio

mas

sa (M

g)

Bio

mas

sa (M

g)

Produ

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

ccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)P

roduccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

5

10

15

20

0

4

8

1

1

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

1

1

0 50 100 150 2000

5

0

5

0

0

40

80

120

160

Prod

uccedilatildeo

Biom

assa

(Kg)

0 50 100 150 200

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura)

38

6 DISCUSSAtildeO

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira

Todas as quatro espeacutecies estudadas apresentaram distintas zonas de

crescimento poreacutem com diferenccedilas quanto ao grau de distinccedilatildeo entre elas O grau de

distinccedilatildeo diminuiu na ordem seguinte C odorata O cymbarum S elata e H crepitans

o que indica uma pequena tendecircncia das espeacutecies deciacuteduas apresentarem maior

distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais como resultados encontrados por Worbes (1999) A

distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e com a

maior proximidade do centro do disco (Brienen amp Zuidema 2006) Esta variaccedilatildeo

encontrada no grau distinccedilatildeo dos aneacuteis natildeo afetou as anaacutelises dendrocronoloacutegicas

subsequumlentes

Segundo Worbes (1995) a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira resulta de

mudanccedilas sazonais favoraacuteveis e desfavoraacuteveis nas condiccedilotildees de crescimento arboacutereo

Um dos fatores principais atuando no controle do crescimento arboacutereo de florestas

tropicais eacute a variaccedilatildeo intraanual da precipitaccedilatildeo que ocasiona uma distinta estaccedilatildeo

seca e determina a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das aacutervores (Worbes 1999)

Para regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o principal fator que controla o

ritmo de crescimento nas aacutervores eacute o pulso de inundaccedilatildeo (Junk 1989) Entretanto

florestas de vaacuterzea alta natildeo satildeo alagadas anualmente devido a sua posiccedilatildeo

topograacutefica o que indicaria que o pulso anual de inundaccedilatildeo natildeo seria o principal fator

controlando os processo ecoloacutegicos nestas aacutereas Observaccedilotildees fenoloacutegicas e mediccedilotildees

da liteira (Schoumlngart et al 2008b) evidenciam que o ritmo de crescimento possa ser

39

controlado pela sazonalidade das chuvas contudo maiores estudos se fazem

necessaacuterios

A anualidade dos aneacuteis de crescimento em espeacutecies arboacutereas da Amazocircnia

permite anaacutelise de fenocircmenos ecoloacutegicos e ambientais identificaccedilatildeo e reconstruccedilatildeo das

condiccedilotildees climaacuteticas do passado como tambeacutem identificar as alteraccedilotildees naturais e

dinacircmica das populaccedilotildees (Fritts 1976 Schweingruber 1988 Worbes 1995) Aleacutem

disso a aplicaccedilatildeo das informaccedilotildees armazenadas nos aneacuteis de crescimento permite que

estudos dendrocronoloacutegicos sejam empregados com o objetivo de investigar a estrutura

etaacuteria das populaccedilotildees bem como a dinacircmica de crescimento arboacutereo em florestas

tropicais (Worbes 2002)

Desta forma a descriccedilatildeo da estrutura anatocircmica e delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

da madeira satildeo de suma importacircncia para realizaccedilatildeo das anaacutelises dendrocronoloacutegicas

e por conseguinte para a otimizaccedilatildeo do uso da floresta dando suporte para

estabelecimento de estrateacutegias de manejo florestal ao niacutevel de espeacutecie fornecendo

informaccedilotildees do histoacuterico florestal e consequumlentemente garantindo maior

sustentabiliade na utilizaccedilatildeo dos recursos madeireiros (Schoumlngart 2008)

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo

Uma das grandes questotildees a cerca do uso sustentaacutevel de florestas tropicais

envolve o crescimento e a idade das aacutervores Modelos de crescimento de espeacutecies

madeireiras nos troacutepicos ainda satildeo bastante escassos (Nebel et al 2001 Schwartz et

al 2002 Sokpon amp Biaou 2002 Nebel amp Meilby 2005 Brienen amp Zuidema 2007

Schoumlngart et al 2007) fato este atribuiacutedo a problemas de estabelecimento de uma

40

metodologia especiacutefica para determinaccedilatildeo da idade das aacutervores e taxas de

crescimento bem como a alta diversidade de espeacutecies encontrada Aleacutem disso o

atraso no avanccedilo das pesquisas de crescimento arboacutereo com base em aneacuteis na

madeira nos troacutepicos se deve ao descreacutedito na formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das

aacutervores nestas regiotildees devido agraves temperaturas terem sido consideradas praticamente

constantes durante o ano (Lieberman et al 1985 Whitmore 1990)

Atualmente a maioria das pesquisas sobre idade e crescimento de espeacutecies

tropicais eacute baseada em anaacutelises feitas em parcelas permanentes (Condit 1995)

utilizando meacutetodos de mediccedilotildees repetidas durante relativamente curtos periacuteodos de

tempo Outra metodologia para determinar a idade e taxas de incremento eacute a dataccedilatildeo

com radio-carbono (Worbes amp Junk 1999) Estas duas metodologias indicam idades

maacuteximas entre 1000 e 2000 anos (Condit et al 1995 Chambers et al 1998 Laurance

et al 2004) enquanto estudos dendrocronoloacutegicos indicam idades maacuteximas entre 500

e 600 anos (Worbes amp Junk 1999 Fichtler et al 2003)

Resultados encontrados por Chambers et al (1998) de idade estimada de 1370

anos para Carniana micrantha Ducke (Lecythidaceae) eacute considerado excepcional pois

aparentemente foi determinada de um uacutenico exemplar (Roig 2000) Dataccedilatildeo por radio-

carbono pode ser problemaacutetica entre os anos de 1650 e 1950 devido agrave variaccedilatildeo de 14C

encontrada na atmosfera neste periacuteodo Este fenocircmeno foi provocado por grandes

emissotildees de carbono por meio da queima de combustiacutevel foacutessil que ocorreram no

periacuteodo da revoluccedilatildeo industrial (Efeito de Suess) (Fichtler et al 2003) Em adiccedilatildeo o

alto custo desta metodologia natildeo permite o uso para determinaccedilatildeo de grandes

amostragens

41

A construccedilatildeo de modelos de crescimento de lenhosas com base no crescimento

em diacircmetro das espeacutecies em curtos periacuteodos de observaccedilatildeo bem como a baixa

densidade de espeacutecies comerciais encontradas em florestas tropicais na elaboraccedilatildeo de

modelos de crescimento principalmente individuos de grandes tamanhos dentro das

parcelas estudadas satildeo fatores que limitam muito esta metodologia (Clark amp Clark

1996 Nebel amp Meilby 2005) Aleacutem disso estes modelos monitoram somente uma

pequena parte da histoacuteria de crescimento das aacutervores e extrapolam estes dados das

trajetoacuterias de crescimento em diacircmetro de curtos periacuteodos para todo o ciclo de vida da

planta o que os torna simplistas e podem resultar em dados de crescimento arboacutereo e

estimativas de produccedilatildeo da madeira natildeo realistas subestimando as taxas de

crescimento e consequumlentemente superestimando a idade das aacutervores (Brienen amp

Zuidema 2006)

Ao contraacuterio destes meacutetodos de modelagem do crescimento arboacutereo a anaacutelise

dendrocronoloacutegica tem se mostrado uma importante ferramenta a qual fornece

estimativas mais acuradas da idade e do histoacuterico de crescimento arboacutereo individual

por meio da informaccedilatildeo extraiacuteda dos aneacuteis na madeira (Brienen amp Zuidema 2007) Na

anaacutelise de aneacuteis anuais para a modelagem de crescimento arboacutereo das espeacutecies satildeo

amostradas aacutervores que se estabeleceram no dossel com sucesso o que fornece

dados de crescimento em diacircmetro mais realistas e representativos do desenvolvimento

das aacutervores (Brienen amp Zuidema 2006)

Diversos estudos tecircm mostrado a grande variaccedilatildeo existente nas taxas de

crescimento tanto dentro como entre espeacutecies de florestas tropicais (Clark amp Clark

2001 Schoumlngart et al 2006 Brienen amp Zuidema 2006) Segundo Brienen amp Zuidema

(2007) estas diferenccedilas no crescimento dos indiviacuteduos ao longo da vida pode ser o

42

resultados de diversos fatores atuando em conjunto como a disponibilidade de aacutegua

clima intensidade de luz recebida forma e tamanho da copa danos e fitopatoacutegenos

assim como infestaccedilatildeo por cipoacutes e lianas Isso se reflete em variaccedilotildees de curvas

cumulativas comparando indiviacuteduos da mesma espeacutecie (Figura 3)

Os dados obtidos indicaram a ocorrecircncia de variaccedilatildeo na idade das aacutervores com

o aumento do diacircmetro Esta variaccedilatildeo intra-especiacutefica na idade das aacutervores em grandes

diacircmetros (gt de 60 cm) eacute causada principalmente pela variaccedilatildeo que ocorre na

passagem do tempo nas pequenas classes de tamanho (lt 20 cm) (Brienen amp Zuidema

2006) Desta forma o tempo necessaacuterio para que uma aacutervore de determinada espeacutecie

se estabeleccedila no dossel quando as taxas diameacutetricas geralmente aumentam devido

aos altos niacuteveis de radiaccedilatildeo solar pode variar consideravelmente

A variaccedilatildeo encontrada nos indiviacuteduos contudo natildeo impede a modelagem de

crescimento arboacutereo pois ao niacutevel das espeacutecies ocorre uma relaccedilatildeo bastante

significativa entre idade e DAP o que caracteriza a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira

uma ferramenta importante na elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo sustentaacuteveis em

florestas tropicais (Brienen amp Zuidema 2006 Schoumlngart et al 2007)

Comparando as curvas meacutedias de crescimento observa-se que espeacutecies

estudadas apresentam estrateacutegias ecoloacutegicas diferenciadas Altas taxas de incremento

em diacircmetro em espeacutecies de baixa densidade da madeira como Hura e Sterculia levam

a um raacutepido crescimento em volume enquanto que baixas taxas de incremento em

diacircmetro em Cedrela e Ocotea duas espeacutecies de madeira densa levam a um

crescimento em volume mais lento

Tanto Hura como Sterculia parecem apresentar estrateacutegias de crescimento

tiacutepicas de espeacutecies pioneiras com ciclos de vida longos (gt de 100 anos) caracterizadas

43

por altos requerimentos de luz para germinaccedilatildeo e crescimento (Swaine amp Whitmore

1988) Cedrela e Ocotea possuem caracteriacutesticas de crescimento tiacutepicas de espeacutecies

de estaacutegios cliacutemax ou tolerantes agrave sombra com capacidade de sobrevivecircncia em

longos periacuteodos de baixos niacuteveis de luminosidade e baixas taxas de crescimento

arboacutereo (Pianka 1970)

Espeacutecies com baixa densidade da madeira como Hura (039 gcm3) e Sterculia

(047 gcm3) requerem periacuteodos de 41 a 47 anos para extrapolar um diacircmetro limite de

corte de 50 cm enquanto que espeacutecies de madeira densa tais como Ocotea (060

gcm3) e Cedrela (052 gcm3) necessitam de periacuteodos entre 59 e 72 anos para

ultrapassar um diacircmetro de 50 cm Estes resultados estatildeo de acordo com Schoumlngart

(2008) que verificou a existecircncia de uma correlaccedilatildeo entre a densidade da madeira e a

idade da espeacutecie ao atingir o DMD estimado a partir das taxas de IC de volume o que

possibilita estimar o periacuteodo ideal de extraccedilatildeo para outras espeacutecies de florestas de

vaacuterzea da Amazocircnia Central em funccedilatildeo da densidade da madeira

Os resultados encontrados mostram diferenccedilas nas taxas de incremento em

diacircmetro e volume as quais refletem em diferentes ciclos de corte e DMD para as

espeacutecies indicando claramente que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico

de derrubada e ciclo de corte para toda e qualquer espeacutecie natildeo suportam a

sustentabilidade nas praacuteticas de manejo florestal atuais

Neste sentido na aplicaccedilatildeo de manejo florestal sustentado em florestas tropicais

eacute imprescindiacutevel o levantamento de informaccedilotildees a respeito das taxas de crescimento e

idade das aacutervores especiacuteficas para cada espeacutecie bem como dados de regeneraccedilatildeo e

caracteriacutesticas especiacuteficas de cada siacutetio a ser explorado pela extraccedilatildeo de produtos

madeireiros

44

63 Estrateacutegias de manejo florestal

O contiacutenuo uso das florestas de vaacuterzea para atividades de agricultura pecuaacuteria e

extraccedilatildeo da madeira tem causado grandes impactos nos recursos o que tem

ocasionado a necessidade de estabelecimento de estrateacutegias de conservaccedilatildeo e manejo

florestal destas aacutereas (Schoumlngart et al 2007) Nos uacuteltimos anos tem-se observado uma

gradual expansatildeo das atividades de manejo florestal baseada em comunidades de

pequena e meacutedia escala na busca da conversatildeo da exploraccedilatildeo manejada da floresta

em oportunidade de desenvolvimento regional (Amaral amp Amaral 2000) Projetos como

o Programa Piloto para Conservaccedilatildeo das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7) e a

Fundaccedilatildeo Floresta Tropical (FFT) tecircm buscado o desenvolvimento de projetos de

manejo florestal ao niacutevel de comunidade para diferentes aacutereas da Amazocircnia (Amaral amp

Amaral 2000)

Dentre estes modelos enquadra-se o Projeto Mamirauaacute com objetivo de proteger

as vaacuterzeas da RDSM e cuja exploraccedilatildeo segue as normas do PMFS criado pelo IDSM

em conjunto com os comunitaacuterios e baseado em normas estabelecidas pelo Instituto de

Proteccedilatildeo Ambiental do Amazonas (IPAAM) e pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA) (Lei estadual no 2416 de 22 de Agosto

de 1996)

A FAO estabelece um modelo de extraccedilatildeo dos recursos florestais funcionado

como guia para a aplicaccedilatildeo de um Manejo de Impacto Reduzido (MIR) para os recursos

florestais (Dykstra amp Heinrich 1996) Diversos estudos tecircm feito a uniatildeo entre o MIR e a

extraccedilatildeo seletiva de espeacutecies comerciais como uma estrateacutegia de manejo sustentaacutevel

visando agrave conservaccedilatildeo de florestas tropicais e diminuiccedilatildeo dos impactos causados pelo

45

manejo florestal (Vidal et al 2002 Gerwing 2002) Pesquisas tecircm mostrado os

benefiacutecios da aplicaccedilatildeo de MIR com relaccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo convencional da madeira

tanto em relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo dos custos quanto aos benefiacutecios causados pela reduccedilatildeo

dos danos agrave floresta (Barreto et al 1998 Johns et al 1996 Boltz et al 2001 Holmes

et al 2002)

Apesar dos inuacutemeros esforccedilos realizados na elaboraccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas

de exploraccedilatildeo da madeira na tentativa de conservar e reduzir danos causados as

florestas a sustentabilidade do manejo dos recursos florestais ainda natildeo foi alcanccedilada

satisfatoriamente O sucesso dos planos de manejo florestal depende principalmente da

sustentabilidade ecoloacutegica da produccedilatildeo da madeira que requer informaccedilotildees sobre taxas

de crescimento das espeacutecies comerciais (Boot amp Gullison 1995 Brienen amp Zuidema

2006) os quais ainda natildeo satildeo utilizados com frequumlecircncia em florestas tropicais

Schoumlngart (2008) desenvolveu um novo sistema de manejo sustentaacutevel da

madeira de florestas alagaacuteveis de vaacuterzea da Amazocircnia Central (GOL ndash Growth

Orientated Logging) o qual leva em consideraccedilatildeo as diferenccedilas na histoacuteria de

crescimento de espeacutecies comerciais com base em suas taxas de crescimento arboacutereo a

partir da anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira Isto representa um importante passo em

direccedilatildeo a sustentabilidade do manejo florestal praticado em florestas tropicais

Atualmente normas de exploraccedilatildeo da madeira em regiotildees tropicais as quais

estabelecem diacircmetro limite de derrubada e ciclos de corte para os sistemas de manejo

de florestas natildeo possuem nenhuma base cientiacutefica e natildeo levam em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas nas estrateacutegias de crescimento e estabelecimento bem como as

especificidades de cada regiatildeo a ser explorada Estes fatos levaram a quase eliminaccedilatildeo

de espeacutecies como C pentandra e Calophyllum brasiliense dos mercados regionais e

46

locais na Amazocircnia Ocidental Estas foram substituiacutedas por H crepitans e O

cymbarum duas espeacutecies atualmente exploradas comercialmente na regiatildeo do Meacutedio

Solimotildees (Worbes et al 2001)

Se as atuais praacuteticas de manejo florestal persistirem H crepitans e O cymbarum

poderatildeo ter o mesmo destino que C pentandra e C brasiliense Hura e Ocotea podem

desaparecer dos mercados madeireiros e novamente ocorrer a substituiccedilatildeo destas por

outras espeacutecies ainda pouco exploradas que por sua vez sofreratildeo as pressotildees de uma

extraccedilatildeo madeireira insustentaacutevel o que pode ter seacuterias consequumlecircncias ecoloacutegicas

como a perda dos recursos geneacuteticos degradaccedilatildeo da floresta quebra de cadeias

alimentares para insetos peixes mamiacuteferos etc

A extraccedilatildeo de C odorata eacute um outro exemplo de como de atual manejo de

florestas de vaacuterzea natildeo eacute adequado Esta espeacutecie foi intensamente explorada na RDSM

a ponto de reduzir drasticamente seus estoques de madeira (Ayres 1993 Pinedo-

Vasquez et al 2001) e atualmente eacute considerada uma espeacutecie ameaccedilada e excluiacuteda

da extraccedilatildeo de madeira da RDSM

A recente modificaccedilatildeo de 11 de dezembro de 2006 (IN ndeg 5) do Coacutedigo Florestal

Brasileiro abre caminhos para modificaccedilotildees do manejo florestal aplicado atualmente na

Amazocircnia Brasileira O ciclo de corte no PMFS Pleno varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3ha Espeacutecies com baixa intensidade da madeira (menos

de 10 msup3 por ha) podem ter um ciclo de corte de 10 anos sendo que para florestas de

vaacuterzea a produccedilatildeo pode exceder 10 msup3 por ha poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3

aacutervores por ha

Levando-se em consideraccedilatildeo os dados de distribuiccedilatildeo diameacutetrica fornecidos pelo

Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM observa-se que a espeacutecie O cymbarum

47

apresentaram um padratildeo de distribuiccedilatildeo diameacutetrica do tipo J invertido apresentando

um decreacutescimo da densidade de aacutervores com o aumento do diacircmetro A distribuiccedilatildeo

diameacutetrica de O cymbarum se concentrou nas classes diameacutetricas de 20 a 100 cm

(Figura 10)

Foi possiacutevel encontrar indiviacuteduos na maioria das classes diameacutetricas em Hura

crepitans atingindo densidade maacutexima de 05 indiviacuteduos por ha na classe diameacutetrica de

110 cm A alta densidade de indiviacuteduos em classes diameacutetricas anteriores e posteriores

a classe de 50 cm e os altos valores de volume de madeira de H crepitans sugerem que

esta espeacutecie tem grande potencial para exploraccedilatildeo madeireira dentro da RDSM

Entretanto a derrubada de indiviacuteduos com diacircmetros nas classes entre 50 e 120 cm

permitidas por lei eacute problemaacutetica pois estaratildeo sendo extraiacutedas aacutervores que ainda natildeo

alcanccedilaram a sua produccedilatildeo oacutetima de madeira (Figura 8d)

Marinho (2008) ao analisar a estrutura populacional de espeacutecies como H

crepitans O cymbarum e S elata ocorrendo em florestas de vaacuterzea do setor Jarauaacute da

RDSM observou que estas espeacutecies apresentam baixa densidade de indiviacuteduos em

classes diameacutetricas acima de 50 cm (28 13 e 05 indha respectivamente) sendo

que Hura e Sterculia apresentam uma baixa taxa de estabelecimento visiacutevel pelo

pequeno nuacutemero de indiviacuteduos observados em classes diameacutetricas baixas

Os ciclos de corte entre 10 e 12 anos determinados para as espeacutecies neste

trabalho satildeo valores proacuteximos ao permitido pelas normas de manejo florestal da IN ndeg 5

(ciclo de corte de 10 anos) Entretanto aplicando-se um diacircmetro de derrubada limite

de 50 cm pode natildeo ser sustentaacutevel para espeacutecies como Sterculia e Cedrela

considerando-se a abundacircncia destas espeacutecies na regiatildeo Considerando-se a

48

abundacircncia de Hura e Ocotea o manejo pode ser sustentaacutevel se considerar os DMDs

determinados para cada espeacutecie neste estudo

igura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999

Inventaacuterio florestal de Mamirauaacute (1999 - 2000)

00

02

04

06

08

10

12

14

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

gt 2

Classes diameacutetricas (m)

Den

sida

de d

e aacuter

vore

s po

r ha

Sterculia elataHura crepitansOcotea cymbarumCedrela odorata

Fa 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM

49

Os resultados mostram que tanto Hura quanto Sterculia apresentaram taxas de

crescimento arboacutereo relativamente raacutepidas o que as torna espeacutecies potenciais para

recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e reflorestamento Jaacute Ocotea e Cedrela duas

espeacutecies de madeira densa apresentaram taxas mais lentas de crescimento arboacutereo

Ocotea eacute uma espeacutecie cuja madeira eacute frequumlentemente utilizada pelas

comunidades ribeirinhas na construccedilatildeo de casas moacuteveis e taacutebuas Cedrela eacute uma

espeacutecie bastante valorizada no mercado madeireiro chegando a custar R$ 12000m3

no ano de 2004 na regiatildeo do alto Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a) Isto faz com

que reflorestamentos com Cedrela venham a ser um importante caminho para o

enriquecimento dos estoques de madeira visando o aumento das populaccedilotildees desta

espeacutecie Atraveacutes de um manejo florestal sustentaacutevel comunidades ribeirinhas podem se

beneficiar com produtos madeireiros de alta qualidade e de valor comercial

Os efeitos positivos da liberaccedilatildeo do dossel sobre as taxas de incremento em

diacircmetro observados em espeacutecies de madeira densa (Kammesheidt et al 2003)

indicam que as taxas de crescimento arboacutereo encontradas em Cedrela poderiam ser

aceleradas atraveacutes de aplicaccedilatildeo deste tipo de tratamento silvicultural Entretanto devem

ser realizados mais estudos a respeito das estrateacutegias de regeneraccedilatildeo da espeacutecie

dentro da reserva

Os resultados indicam que um ciclo de corte de 25 anos eacute inadequado para

execuccedilatildeo de manejo florestal sustentaacutevel das quatro espeacutecies estudadas Todas

apresentaram ciclos de corte inferiores (entre 10 e 12 anos) ao valor exigido por lei

indicando que estes recursos madeireiros natildeo estatildeo sendo manejados eficazmente A

IN no 5 permite a aplicaccedilatildeo de ciclo de corte inicial de 10 anos com volume maacuteximo de

10 msup3ha ou mais com retirada de apenas 3 aacutervores por ha para manejos de baixa

50

intensidade Com isso eacute possiacutevel manejar de forma mais adequada os estoques de

Ocotea e Hura aplicando ciclos de corte de 12 e 10 anos respectivamente utilizando

contudo os DMDs aqui determinados para manejo florestal mais especiacutefico garantindo

assim a sustentabilidade do uso da madeira destas espeacutecies dentro da reserva

Todavia eacute necessaacuteria a garantia de que ao retirar aacutervores de determinada espeacutecie em

dado local seja feito estabelecimento de indiviacuteduos de mesma espeacutecie

A distribuiccedilatildeo diameacutetrica de Hura mostra ampla distribuiccedilatildeo de aacutervores na

maioria das classes diameacutetricas Contudo o modelo de crescimento da espeacutecie mostra

que em classes diameacutetricas entre 50 e 130 cm natildeo foi atingida produccedilatildeo maacutexima de

madeira Neste sentido ao retirar aacutervores com diacircmetros acima de 130 cm ainda

restaratildeo aacutervores suficientes nas classes inferiores para garantir renovaccedilatildeo dos

estoques extraiacutedos as quais permitem a garantia de produccedilatildeo de diaacutesporos para a

regeneraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da produtividade maacutexima da espeacutecie otimizando a exploraccedilatildeo

da madeira de Hura

O mesmo deve valer para Ocotea e Sterculia Poreacutem a regeneraccedilatildeo destas

espeacutecies deve ser assegurada o que implica em execuccedilatildeo de estudos ecologia da

populaccedilatildeo particularmente de regeneraccedilatildeo e estabelecimento levando-se em

consideraccedilatildeo a influecircncia de fatores ambientais (solo clima disponibilidade de luz

inundaccedilatildeo etc)

51

64 Desafios futuros

Os resultados do presente trabalho mostram que o atual criteacuterio de manejo

florestal que estabelece ciclo de corte e diacircmetro limite para corte uacutenicos extraccedilatildeo de 5

aacutervores por ha natildeo se mostra eficaz na garantia de manutenccedilatildeo dos estoques de

madeira para exploraccedilotildees subsequumlentes o que torna estes criteacuterios inviaacuteveis para

conservaccedilatildeo da biodiversidade por meio de manejos florestais sustentaacuteveis em

florestas de vaacuterzea Aleacutem disso a ausecircncia de informaccedilotildees a respeito dos processos

que envolvem a dinacircmica e ecologia de florestas alagaacuteveis na elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo eacute um fator agravante na questatildeo da insustentabilidade da

exploraccedilatildeo dos recursos florestais em florestas de vaacuterzea

Ciclos de corte da madeira soacute possibilitam sustentabilidade se as espeacutecies

extraiacutedas conseguem se regenerar e estabelecer dentro da floresta garantindo

estoques de madeira para as proacuteximas extraccedilotildees Uma importante questatildeo eacute a

ausecircncia de dados baacutesicos de estrutura populacional e estabelecimento e regeneraccedilatildeo

de florestas tropicais para subsidiar planos de manejo florestal principalmente em

florestas de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia

Pesquisas tecircm sido feitas no sentido de investigar a influecircncia do pulso de

inundaccedilatildeo condiccedilotildees de luz suprimento de nutrientes e disponibilidade de aacutegua no

estabelecimento de sementes e placircntulas em aacutereas alagaacuteveis (Parolin 2001 Wittmann

amp Junk 2003 Ferreira et al 2005) Wittmann amp Junk (2003) enfatizam importacircncia de

novos estudos focando os processos de germinaccedilatildeo crescimento e taxa de

mortalidade de placircntulas de espeacutecies exploradas comercialmente e suas relaccedilotildees com

fatores do ambiente como luz e inundaccedilatildeo

52

Produtos florestais natildeo madeireiros tambeacutem devem ser levados em consideraccedilatildeo

na elaboraccedilatildeo de planos de manejo de florestas de vaacuterzea Diversos produtos tais

como resinas oacuteleos frutos fibras tecircxteis taninos e produtos medicinais satildeo extraiacutedos

de espeacutecies encontradas nas florestas de vaacuterzea (Wittmann et al 2006b) o que

demonstra o alto potencial destas florestas para este tipo de exploraccedilatildeo dos recursos

Novos modelos de exploraccedilatildeo madeireira que levam em consideraccedilatildeo o

crescimento e idade das aacutervores estatildeo sendo criados (Schoumlngart et al 2003 Brienen

amp Zuidema 2006 Schoumlngart 2007 2008) Mas o desafio de converter dados de

pesquisas cientiacuteficas em poliacuteticas puacuteblicas ainda eacute grande O caminho ainda eacute longo e

espera-se que a partir desta mudanccedila da IN ndeg de 2006 o qual permite a alteraccedilatildeo do

diacircmtro limite de corte e ciclo de corte atualmente requeridos para o manejo florestal

com base em pesquisas cientiacuteficas abra portas para a elaboraccedilatildeo de manejos

florestais especiacuteficos e sustentaacuteveis e consequumlentemente possibilitem que o quadro de

exploraccedilatildeo da madeira venha a se modificar com o tempo nas florestas alagaacuteveis da

Amazocircnia brasileira

7 CONCLUSOtildeES

As quatro espeacutecies estudadas apresentam diferenccedilas nas taxas de crescimento

arboacutereo Isto implica que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico de

derrubada e ciclo de corte para estas espeacutecies natildeo garantem a manutenccedilatildeo dos

estoques de madeira na floresta e portanto natildeo satildeo sustentaacuteveis

O DMD sugerido para Hura eacute de 130 cm quando a espeacutecie atinge sua produccedilatildeo

oacutetima de madeira possibilitando o aproveitamento maacuteximo do recurso bem como a

53

permanecircncia de indiviacuteduos em idade reprodutiva e consequumlente reposiccedilatildeo dos

estoques desta espeacutecie

Os resultados mostram que para C odorata uma espeacutecie com baixa densidade

de indiviacuteduos na reserva o DMD encontrado foi inferior a 50 cm (3760 cm) o que

demonstra a necessidade de aplicaccedilatildeo de tratamentos de enriquecimento de indiviacuteduos

para reposiccedilatildeo dos estoques para futuras exploraccedilotildees

Para O cymbarum e S elata DMDs sugeridos satildeo de 53 e 56 cm

respectivamente dentro do diacircmetro limite estabelecido por lei No entanto a baixa

densidade de indiviacuteduos encontrada em S elata indica tambeacutem a importacircncia de

aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais de enriquecimento para esta espeacutecie atingir

niacuteveis manejaacuteveis de seus estoques madeireiros

Os ciclos de corte variaram entre 10 anos para as espeacutecies de madeira branca e

12 anos para as espeacutecies de madeira pesada Entretanto deve ser ressaltada a

importacircncia do uso de DMD aqui sugeridos para cada espeacutecie objetivando a garantia da

manutenccedilatildeo dos estoques das mesmas

A dendrocronologia se mostrou uma ferramenta bastante uacutetil na aplicaccedilatildeo de

modelos de crescimento arboacutereo com intuito de contribuir para elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo florestal que suportam maior sustentabilidade do uso dos

recursos florestais Contudo maiores estudos para compreensatildeo da estrutura das

populaccedilotildees crescimento e reproduccedilatildeo das espeacutecies madeireiras de florestas de vaacuterzea

devem ser realizados

54

8 REFEREcircNCIAS

Achard F Eva HD Stibig Hans-Juumlrgen Mayaux P Gallego J Richards T

Malingreau Jean-Paul 2002 Determination of Deforestation Rates of the Worlds

Humid Tropical Forests Science 297(5583) 999 ndash 1002

Alencar A Nepstad D McGrath D Moutinho P Pacheco P Del Carmen M Diaz

V Soares ndash Filho BS 2004 Desmatamento na Amazocircnia indo aleacutem da

emergecircncia crocircnica Ipamhttpwwwipamorgbrpublicacoeslivrosresumo_des

matamentophp

Albernaz AL amp Ayres JM 1999 Selective Logging along the Middle Solimotildees River

In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash

Diversity Development and Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains

New York NYBG Press

Amaral P amp Amaral MN 2000 Manejo florestal comunitaacuterio na Amazocircnia brasileira

situaccedilatildeo atual desafios e perspectivas Brasiacutelia DF Instituto Internacional de

Educaccedilatildeo do Brasil (IIEB) 58 pp

Anderson A Mousasticoshvily I Macedo D 1999 Logging of Virola surinamensis in

the Amazon Floodplain Impacts and alternatives In Padoch C Ayres J M

Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and

Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Asner GP Knapp DE Broadbent EN Oliveira PJC Keller M Silva JNM

2005 Selective logging in the Brazilian Amazon Science 310 480 ndash 482

Ayres JM 1993 As matas de vaacuterzea do Mamirauaacute MCTCNPqSociedade Civil

Mamirauaacute Brasiacutelia Distrito Federal 123 pp

Barreto P Amaral P Vidal E Uhl C 1998 Costs and benefits of forest

management for timber production in eastern Amazonia Forest Ecology and

Management 108 (1ndash2) 9 ndash 26

Barros AC amp Uhl C 1995 Logging along the Amazon River and estuary Patterns

problems and potential Forest Ecology and Management 77 87ndash105

Barros AC amp Uhl C 1999 The economic and social significance of logging operations

on the Floodplains of the Amazon estuary and prospects for ecological

55

sustainability In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A

(eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and Conservation of Amazonias

Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Boltz F Carter DR Holmes TP Pereira RJr 2001 Financial returns under

uncertainty for conventional and reduced impact logging in permanent production

forests of the Brazilian Amazon Ecological Economics 39 387 ndash 398

Borchert R Rivera G Hagnauer W 2002 Modification of vegetative phenology in a

tropical semideciduous forest by abnormal drought and rain Biotropica 34 27 ndash

39

Bormann FH amp Berlyn G 1981 Age and growth rate of tropical trees new directions

for research Yale University School of Forestry and Environmental Studies

Bulletin New Haven

Boot RGA amp Gullison RE 1995 Aprporaches to developing sustainable extraction

systems for tropical forest products Ecological Applications 5(4) 896 ndash 903

Brienen RJW amp Zuidema PA 2005 Relating tree growth to rainfall in Bolivian rain

forests a test for six species using tree ring analysis Oecologia 146(1) 1 ndash 12

Brienen RJW amp Zuidema PA 2006 Lifetime growth patterns and ages of Bolivian

rain forest trees obtained by tree ring analysis Journal of Ecology 94 481 ndash 493

Brienen RJW amp Zuidema PA 2007 Incorporating persistent tree growth differences

increases estimates of tropical timber yield The Ecological Society of America

Frontiers in Ecology and the Environment 5(6) 302 ndash 306

Cannell MGR 1984 Woody biomass of forest stands Forest Ecology and

Management 8 (3 ndash 4) 299 ndash 312

Carvalho G Barros AC Moutinho P Nepstad D 2001 Sensitive Development

Could Protect Amazonia Instead of Destroying It Nature 409 131

Chave J Andalo C Brown S Cairns MA Chambers JQ Eamus D Foumllster H

Fromard F Higuchi N Kira T Lescure J-P Nelson BW Ogawa H Puig

H Rieacutera B Yamakura T 2005 Tree allometry and improved estimation of

carbon stocks and balance in tropical forests Oecologia 145 87 ndash 99

Chambers JQ Higuchi N Schimel JP 1998 Ancient trees in Amazonia Nature 39

135 ndash 136

56

Cintron BB 1990 Cedrela odorata L Cedro hembra Spanish cedar In Burns RM

Honkala BH (eds) Silvics of North America 2 Hardwoods Agric Handb

Washington DC US Department of Agriculture Forest Service 654 250 ndash 257

Clark DB amp Clark DA 1996 Abundance growth and mortality of very large trees in

neotropical lowland rain forest Forest Ecology and Management 80 235 ndash 244

Clark DA Clark DB 2001 Getting to the canopy Tree height growth in a neotropical

rain forest Ecology 82 1460 ndash 1472

Condit R 1995 Research in large long-term tropical forest plots Tree 10 18 ndash 22

Condit R Hubbel SP Foster RB 1995 Demography and harvest potential of Latin

American timber species data from a large permanent plot in Panama Journal of

Tropical Forest Science 7 599 ndash 622

De Graaf NN Filius AM Huesca Santos AR 2003 Financial analysis of sustained

forest management for timber Perspectives for application of the CELOS

management system in Brazilian Amazonia Forest Ecology and Management

177 287 ndash 299

Denevan WM 1976 The aboriginal population of Amazonia In Denevan W M (ed)

The native population of the Americas in 1492 The University of Wisconsin Press

205 ndash 234

De Simone O Junk WJ Schmidt W 2003 Central Amazon Floodplain Forests Root

Adaptations to Prolonged Flooding Russian Journal of Plant Physiology 50(6)

848 ndash 855

Dezzeo N Worbes M Ishii I Herrera R 2003 Growth rings analysis of four tropical

tree species in seasonally flooded forest of the Mapire River a tributary of the

lower Orinoko River Venezuela Plant Ecology 168 165 ndash 175

Duumlnisch O Montoia VR Bauch J 2003 Dendroecological investigations on

Swietenia macrophylla King and Cedrela odorata L (Meliaceae) in the Central

Amazon Trees ndash Struct Funct 17 244 ndash 250

Dykstra JA amp Heinrich R 1996 FAO model code of forest harvesting practice Food

and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) Rome Italy

Eckstein D Sass U Baas P 1995 Growth periodicity in tropical trees IAWA Journal

16 325 ndash 442

57

Enquist BJ Leffler AJ 2001 Long-term tree ring chronologies from sympatric tropical

dry-forest trees individualistic responses to climatic variation Journal of Tropical

Ecology 17 41 ndash 60

Enright NJ Hartshorn GS 1981 The demography of tree species in undisturbed

tropical rainforest In Bormann FH Berlyn G (eds) Age and growth rate of

tropical trees new directions for research Yale University School of Forestry and

Environmental Studies 94 107 ndash 119

Fearnside PM 1999 Biodiversity as an environmental service in Brazilacutes Amazonian

forests risks value and conservation Environmental Conservation 26 305 ndash 321

Ferreira LV 1991 O efeito do periacuteodo de inundaccedilatildeo na zonaccedilatildeo de comunidades

fenologia e regeneraccedilatildeo em uma floresta de Igapoacute na Amazocircnia Central Masterrsquos

Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 161 pp

Fichtler E Clark DA Worbes M 2003 Age and long-term growth of trees in an old-

growth tropical rain forest based on analyses of tree rings and C-14 Biotropica

35 306 ndash 317

Fichtler E Trouet V Beeckman H Coppin P Worbes M 2004 Climatic signals in

tree rings of Burkea africana and Pterocarpus angolensis form semiarid forests in

Namibia Trees 18 442 ndash 451

Francis J K 1990 Hura crepitans L Sandbox molinillo jabillo In SO-ITF-SM-38 New

Orleans LA US Department of Agriculture Forest Service Southern Forest

Experiment Station 270 ndash 274

Fritts HC 1976 Tree rings and climate London - Academic Press 567 pp

Furch K 1984 Water chemistry of the Amazon Basin The distribution of chemical

elements among freshwaters In Sioli H (ed) The Amazon Limnology and

Landscape Ecology of a Mighty Tropical River and its Basin Junk Publishers

Dordrecht 176 ndash 200

Furch K 1997 Chemistry of Vaacuterzea and Igapoacute soils and nutrient inventory of their

floodplain forests In Junk WJ (ed) The Central Amazon Floodplains Ecology of

a Pulsing System Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 47 ndash 67

58

Gama JRV Bentes ndash Gama M de Matos Scolforo JRS 2005 Sustainable

management for floodplain forest in eastern Amazonian Rev Aacutervore 29(5) 719 ndash

729

Gerwing JJ 2002 Degradation of forests through logging and fire in the eastern

Brazilian Amazon Forest Ecology and Management 157 131 ndash 141

Gourlay ID 1995 The definition of seasonal growth zones in some African Acacia

species ndash A review IAWA Journal 16 353 ndash 359

Hartshorn GS 1995 Ecological basis for sustainable development in tropical forests

Annual Review of Ecology and Systematics 26 155 ndash 175

Higuchi N Hummel AC Freias JV Malinowski JRE Stokes R 1994

Exploraccedilatildeo florestal nas vaacuterzeas do Estado do amazonas seleccedilatildeo de aacutervore

derrubada e transporte Proceedings of the VII Harvesting and Transportation of

timber Products IUFROUFPR Curitiba Brasil 168 ndash 193

Holmes TP Blate GM Zweede JC Pereira R Barreto P Boltz F Bauch R

2002 Financial and ecological indicators of reduced impact logging performance in

the eastern Amazon Forest Ecology and Management 163 93 ndash 110

IBGE 2000 Censo Demograacutefico 2000 Resultados Preliminares Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Rio de Janeiro 172 pp

Irion G Junk WJ Mello JASN 1997 The large Central Amazonian river floodplain

near Manaus geological climatological hydrological and geomorphological

aspects In the Central Amazonian Floodplains Ecology of a Pulsing System

Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 23 ndash 46 Johns JS Baretto P Uhl C 1996 Logging damage during planned and unplanned

logging operations in the eastern Amazon Forest Ecology and Management 89

59 ndash 77

Junk WJ 1989 Flood tolerance and tree distribution in Central Amazonian floodplains

In Nielsen LB Nielsen IC Baisley H (eds) Tropical Forests Botanical

Dynamics Speciation and Diversity Academic Press London 47 ndash 64

Junk WJ Bayley PB Sparks RE 1989 The flood pulse concept in foodplain

systems In Dodge DP (eds) Proceedings of the International Large River

Symposium Cen Spec Publ Fish Aquat Sci 106 110 ndash 127

59

Junk WJ amp Piedade MTF 1997 Plant life in the floodplain with special reference to

herbaceous plants In The central Amazon Floodplain Ecology of a Pulsing

system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 147 ndash 185

Kammescheidt L Gagang AA Schwarzwaller W Weidelt H 2003 Growth patterns

of dipterocarps in treated and untreated plots Forest Ecology and Management

174 437 ndash 445

Kubitzki K amp Zibursk A 1994 Seed dispersal in flood plain forests of Amazonia

Biotropica 26(1) 30 ndash 43

Lambin EF Geist HJ Lepers E 2003 Dynamics of land-use and land-cover change

in tropical regions Annual Review of Environment and Resources 28 205 ndash 41

Lamprecht H 1989 Silviculture in the tropics tropical forest ecosystems and their tree

species - possibilities and methods for their long-term utilization GTZ Eschborn

Laurance WF Nascimento HEM Laurance SG Condit R DAngelo S

Andrade A 2004 Inferred longevity of Amazonian rainforest trees based on a

long-term demographic study Forest Ecology and Management 190 131 ndash 143

Lieberman D Lieberman M Hartshorn G Peralta R 1895 Growth rates and age-

size relationships of Tropical Wet Forest trees in Costa Rica

Journal of Tropical Ecology 1(2) 97 ndash 109

Lima JRA amp Santos Joaquim dos Higuchi N 2005 Situaccedilatildeo das induacutestrias

madeireiras do Estado do Amazonas em 2000 Acta Amazonica 35(2) 125 ndash 132

Loureiro AA amp Silva MF da 1968 Cataacutelogo das madeiras da Amazocircnia Beleacutem

INPA 1 ndash 2

Margulis S 2003 Causas do desmatamento da Amazocircnia brasileira Brasiacutelia Banco

Mundial 100 pp

Marinho TA da S 2008 Distribuiccedilatildeo e estrutura da populaccedilatildeo de quatro espeacutecies

madeirerias em uma floresta sazonalmente alagaacutevel na Reserva de

desenvolvimento sustentaacutevel Mamirauaacute Amazocircnia Central Masterrsquos Thesis

Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 71 pp

Marques CA 2001 Importacircncia econocircmica da famiacutelia Lauraceae Lindl Floresta e

Ambiente 8(1) 195 ndash 206

60

Martini A Arauacutejo R N Uhl C 1998 Espeacutecies de Aacutervores Potencialmente

Ameaccediladas pela Atividade Madeireira na Amazocircnia Imazon Beleacutem Brazil Seacuterie

Amazocircnia Ndeg 11

Nebel G amp Kvist LP 2001 A review of Peruvian flood plain forests ecosystems

inhabitants and resource use Forest Ecology and Management 150 3 ndash 26

Nebel G Dragsted J Simonsen TR Vanclay JK 2001 The Amazon floodplain

forest tree Maquira coriacea (Karsten) CC Berg Aspects of ecology and

management Forest Ecology and Management 150 103 ndash 113

Nebel G amp Meilby H 2005 Growth and population structure of timber species in

Peruvian Amazon flood plains Forest Ecology and Management 215 1 ndash 3

Nepstad D Carvalho G Barros AC Alencar A Capobianco J Bishop J

Moutinho P Lefebvre P Silva U 2001 Road Paving Fire Regime Feedbacks

and the Future of Amazon Forests Forest Ecology and Management 5524 1 ndash 13

Nutto L Watzlawick LF 2002 Relaccedilotildees entre fatores climaacuteticos e incremento em

diacircmetro de Zanthoxylum rhoifolia Lam e Zanthoxylum hyemale St Hil Na regiatildeo

de Santa Maria RS Embrapa Florestas Bol Pesq Fl Colombo PR 45 41 ndash 55 Ohly JJ 2000 Development of central Amazonia in the modern era In Junk WJ

Ohly JJ Piedade MTF Soares MGM (eds) The Central Amazon

Floodplain Actual Use and Options for Sustainable Management Backhuys

Publisher Leiden 75 ndash 94

Parolin P 2001 Morphological and physiological adjustments to waterlogging and

drought in seedlings of Amazonian floodplain trees Oecologia 128 326-335

Parolin P 2002 Bosques inundados en la Amazonia Central Su aprovechamiento

actual y potencial Ecologia Aplicada 1(1) 111 ndash 114

Parolin P De Simone O Haase K Waldhoff D Rottenberger S Kuhn U

Kesselmeier J Kleiss B Schmidt W Piedade MTF Junk WJ 2004 Central

Amazonian floodplain forests tree adaptations in a pulsing system The Botanical

Review 70(3) 357 ndash 380

Piedade MTF Junk WJ Parolin P 2000 The flood pulse and photosynthetic

response of tree in a white water floodplain (Vaacuterzea) of Central Amazon Brazil

Verhandlungen der Internationalen Vereinigung fuumlr Limnologie 27 1734 ndash 1739

61

Piedade MTF 1985 Ecologia e biologia reprodutiva de Astrocaryum jauari Mart

(Palmae) como exemplo de populaccedilatildeo adaptada agraves aacutereas inundaacuteveis do Rio Negro

(igapoacutes) Masterrsquos Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo

Universidade do Amazonas Manaus Amazonas 188 pp

Piedade MTF Junk WJ Adis J Parolin P 2005 Ecologia zonaccedilatildeo e colonizaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo arboacuterea das Ilhas Anavilhanas Pesquisas Botacircnica 56 117 ndash 143

Pinedo-Vasquez M Zarin DJ Coffey K Padoch C Rabelo F 2001 Post-boom

logging in Amazonia Human Ecology 29 219ndash239

Prance GT 1980 A terminologia dos tipos de florestas Amazocircnicas sujeitos agrave

inundaccedilatildeo Acta Amazonica 10 495 ndash 504

Prance GT 1989 American Tropical Forests In Lieth H Weger MJA (eds)

Tropical Rain Forest Ecossistems Ecossistems of the World Elsevier Amsterdam

14 99 ndash 132

Putz FE Blate GM Redford KH Fimbel R Robinson J 2001 Tropical forest

management and conservation of biodiversity an overview Conservation Biology

15 7ndash20

Queiroz H 2005 A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute Estudos

Avanccedilados 19(54) 183 ndash 203

Revilla JDC 1981 Aspectos floriacutesticos e fitossocioloacutegicos da floresta inundaacutevel

(igapoacute) Praia Grande Rio Negro Amazonas Brasil Masterrsquos Thesis Instituto

Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do Amazonas

Manaus Amazonas 129 pp

Ribeiro RNS Tourinho MM Santana AC 2004 Avaliaccedilatildeo da sustentabilidade

agroambiental de unidades produtivas agroflorestais em Vaacuterzeas fluacutevio marinhas

de Cametaacute - Paraacute Acta Amazonica 34(3) 359 ndash 374

Roig FA 2000 Dendrocronologiacutea en los bosques del Neotroacutepicos revisioacuten y

prospeccioacuten futura In Dendrocronologiacutea en america Latina Roig F A (ed)

Mendoza EDIUNC 307 ndash 355

Sass U Killmann W Eckstein D 1995 Wood formation in two species of

dipterocarpaceae in Peninsular Malaysia IAWA Journal 16 371 ndash 384

62

Schoumlngart J 2003 Dendrochronologische Untersuchungen in

Uumlberschwemmungswaumlldern der vaacuterzea Zentralamazoniens PhD Thesis Fakultaumlt

fuumlr Forstwissenschaften und Waldoumlkologie Universitaumlt Goumlttingen 223 pp

Schoumlngart J 2008 GrowthndashOrientated Logging (GOL) A new concept towards

sustainable forest management in Central Amazonian vaacuterzea floodplains Forest

Ecology and Management (Aceito)

Schoumlngart J Piedade MTF Ludwigshausen S Horna V Worbes M 2002

Phenology and stem-growth periodicity of tree species in Amazonian floodplain

forests Journal of Tropical Ecology 18 581 ndash 597

Schoumlngart J Piedade MTF Worbes M 2003 Successional differentiation in

structure floristic composition and wood increment of whitewater Floodplain

Forests in Central Amazonia German-Brazilian Workshop on Neotropical

Ecosystems ndash Achievements and Prospects of Cooperative Research Hamburg 3

ndash 8

Schoumlngart J Junk WJ Piedade MTF Ayres JM Huumlttermann A Worbes M

2004 Teleconnection between tree growth in the Amazonian floodplains and the El

Nintildeo-Southern Oscillation effect Global Change Biology 10 683 ndash 692

Schoumlngart J Piedade MTF Wittmann F Junk WJ Worbes M 2005 Wood

growth patterns of Macrolobium acaciifolium (Benth) (Fabaceae) in Amazonian

black-water and white-water Floodplain Forests Oecologia 145 454 ndash 461

Schoumlngart J Orthmann B Hennenberg KJ Porembski S Worbes M 2006

Climate ndash growth relationships of tropical tree species in West Africa and their

potential for climate reconstruction Global Change Biology 12 1139 ndash 1150

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M Piedade MTF Krambeck H-J Junk WJ

2007 Management criteria for Ficus insipida Willd (Moraceae) in Amazonian white

ndash water floodplain forests defined by tree ndash rings analysis Annals of Forest

Science 64 657 ndash 664 Schoumlngart J Rocha RM Queiroz HL 2008a Traditional timber extraction in the

central Amazonian floodplains In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

63

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M 2008b Biomass and net primary production of

central Amazonian floodplain forests In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-Verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Swaine MD Whitmore TC 1988 On the definition of ecological species groups in

tropical rain forests Vegetatio 75 81 ndash 86

Schwartz MW Caro TM Banda-Sakala T 2002 Assessing the sustainability of

harvest of Pterocarpus angolensis in Rukwa Region Tanzania Forest Ecology and

Management 170 259 ndash 269

Schweingruber FH 1988 Tree rings Reidel Dordrecht 276 pp

Sioli H amp Klinge H 1962 Solos tipos de vegetaccedilatildeo e aacuteguas na Amazocircnia Boletim

Museu Paraense Emilio Goeldi 1 27 ndash 41

Sioli H 1984 Former and recent utilizations of Amazonia and their impact on the

environment In The Amazon Sioli H (ed) Junk Publishers Dordrecht 675 ndash

706

Sioli H 1991 Amazocircnia Fundamentos da ecologia da maior regiatildeo de florestas

tropicais Editora Vozes Petroacutepolis Rio de Janeiro 3 ed 71 pp

Sociedade Civiacutel Mamirauaacute 1996 Mamirauaacute Management Plan (summarized version)

Brasiacutelia SCM CNPqMCT

Sokpon N amp Biaou SH 2002 The use of diameter distributions in sustained-use

management of remnant forests in Benin case of Bassila forest reserve in North

Benin Forest Ecology and Management 161 13 ndash 25

Sombroek WG 1979 Soils of the Amazon region and their ecological stability ISM

Annual Report 13 ndash 27

Smeraldi R 2003 Legalidade predatoacuteria ndash o novo contexto da exploraccedilatildeo madeireira

na Amazocircnia In MACQUEEN DJ (ed) Exportando sem crises a induacutestria de

madeira tropical brasileira e os mercados internacionais IIED Small and Medium

64

Enterprise Series London International Institute for Environment and

Development 1 37 ndash 52

Spiecker H 2002 Tree rings and forest management in Europe Dendrochronologia

20(1-2) 191 ndash 202

Stadtler EWC 2007 Estimativas de biomassa lenhosa estoque e sequumlestro de

carbono acima do solo ao longo do gradiente de inundaccedilatildeo em uma floresta de

igapoacute alagada por aacutegua preta na Amazocircnia Central MSc thesis INPAUFAM

Manaus BrazilStahle DW 1999 Useful strategies for the development of tropical

tree-ring chronologies IAWA Journal 20 249 ndash 253

Takeuchi M 1962 The structure of the amazonian vegetation VI Igapoacute Journal of the

Faculty Science University of Tokyo 8(4 ndash 7) 297-304

Ter Steege H Pitman N Sabatier D Castellanos H Vander Hout P Daly DC

Silveira M Phillips OL Vasquez R Van Andel T Duivenvoorden J De

Oliveira AA Ek R Lilwah R Thomas R Van Essen J Baider C Maas P

Mori S Terborgh J Nueacutez PV Mogolloacute n H Morawetz W 2003 A spatial

model of tree adiversity and b-density for the Amazon Region Biodiversityand

Conservation 12 2255 ndash 2277

Therrell MD Stahle DW Ries LP Shugart HH 2006 Tree-ring reconstructed

rainfall variability in Zimbabwe Climate Dynamics 26 677 ndash 685

Uhl C Barreto P Verissiacutemo A Vidal E Amaral P Barros AC Souza C Johns

J Gerwing J 1997 Natural Resource Management in the Brazilian Amazon

Bioscience 47(3) 160 ndash 168

Vidal E Viana VM Batista JLF 2002 Crescimento de floresta tropical trecircs anos

apoacutes colheita de madeira com e sem manejo florestal na Amazocircnia oriental

Scientia forestalis 61133-143

Waldholff D Junk WJ Furch B 1998 Responses of three Central Amazonian tree

species to drought and flooding under controlled conditions International Journal of

Ecological and Environments Sciences 24 237 ndash 252

Wittmann F amp Parolin P 1999 Phenology of six tree species from Central Amazonian

Vaacuterzea Ecotropica 5 51 ndash 57

65

Wittmann F Anhuf D Junk WJ 2002 Tree species distribution and community

structure of central Amazonian Vaacuterzea forests by remote-sensing techniques

Journal of Tropical Ecology 18 805 ndash 820

Wittmann F amp Junk WJ 2003 Sapling communities in Amazonian white-water forests

Journal of Biogeography 30(10) 1533 ndash 1544

Wittmann F Junk WJ Piedade MTF 2004 The Vaacuterzea forests in Amazonia

flooding and the highly dynamic geomorphology interact with natural forest

succession Forest Ecology and Management 196 199 ndash212

Wittmann F Schoumlngart J Montero JC Motzer T Junk WJ Piedade MTF

Queiroz HL Worbes M 2006a Tree species composition and diversity gradients

in white-water forests across the Amazon Basin Journal of Biogeography 33 1334

ndash 1347

Wittmann F Schoumlngart J Brito JM Oliveira Wittmann A Piedade MTF Parolin

P Junk WJ Guillaumet JL 2006b Manual of trees from Central Amazonian

vaacuterzea floodplains Taxonomy ecology and use Ed Valer (no prelo)

Whitmore TC 1990 An introduction to tropical rain forests Oxford University Press

New York

Worbes M 1985 Structural and other adaptations to long-term flooding by in Central

Amazonia Amazoniana 9 459 ndash 484

Worbes M 1989 Growth rings increment and age of trees in inundation forest

savannas and mountain forest in the neotropics IAWA Bulletin 10(2) 109 ndash 122

Worbes M 1995 How to measure growth dynamics in tropical trees mdash a review IAWA

Journal 16 337ndash 351

Worbes M 1997 The forest ecosystem of the floodplains In The central Amazon

Floodplain Ecology of a Pulsing system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg

New York 223 ndash 266

Worbes M 1999 Annual grow rings rainfall-dependent growth and long-term grgrowth

patterns of tropical trees from the Caparo Forest Reserve in Venezuela Journal of

Ecology 87 391 ndash 403

Worbes M 2002 One hundred years of tree-ring research in the tropics ndash a brief history

and an outlook to future challenges Dendrochronologia 20(1 ndash 2) 217 ndash 231

66

Worbes M amp Junk WJ 1999 How old are the trees The persistence of a myth

IAWA Journal 20(3) 255 ndash 260

Worbes M Kingle H Revilla JD Martius C 1992 On the dynamics floristic

subdivision and geographical distribuition of Vaacuterzea forests in Central Amazonia

Journal of Vegetation Science 3 553 ndash 569

Worbes M Piedade MTF Schoumlngart J 2001 Holzwirtschaft im Mamirauaacute-Projekt

zur nachhaltigen Entwicklung einer Region im Uumlberschwemmungsbereich des

Amazonas Forstarchiv 72 188 ndash 200

Worbes M Staschel R Roloff A Junk WJ 2003 The ring analysis reveals age

structure dynamics and wood production of a natural forest stand in Cameroon

Forest Ecology and Management 173 105ndash123

67

Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )

Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo

Page 14: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE

importante ferramenta na elaboraccedilatildeo de sistemas de exploraccedilatildeo sustentada

fornecendo modelos de crescimento e idade da madeira (Worbes et al 2001 Worbes

2002 Duumlnisch et al 2003 Schoumlngart et al 2003 2007 Brienen amp Zuidema 2005)

proporcionando opccedilotildees de manejo mais especiacuteficas e efetivas com benefiacutecios para as

populaccedilotildees futuras

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Dendrocronologia nos troacutepicos

Os aneacuteis de crescimento na madeira de espeacutecies das regiotildees temperadas

configuram o incremento radial os quais anualmente satildeo incorporados ao tronco das

aacutervores Cada anel possui duas partes distintas lenho inicial e lenho tardio O primeiro

corresponde ao crescimento arboacutereo no iniacutecio do periacuteodo vegetativo quando as plantas

reativam as atividades fisioloacutegicas O lenho tardio eacute formado no final do periacuteodo

vegetativo com a reduccedilatildeo das atividades e modificaccedilatildeo da estrutura celular com

espessamento das paredes e reduccedilatildeo do lume (Fritts 1976) A queda das atividades

celulares ocorre como resposta as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento arboacutereo em

decorrecircncia da reduccedilatildeo da temperatura (Schweingruber 1988)

Leonardo da Vinci durante o seacuteculo 15 foi o primeiro a reconhecer a existecircncia

de aneacuteis anuais na madeira em ramos de pinheiros relacionando-os a idade da aacutervore

e seu padratildeo de espessura com anos mais ou menos secos (Schweingruber 1988) Jaacute

no seacuteculo 19 diversas pesquisas demonstravam que as baixas temperaturas dos

invernos rigorosos em regiotildees temperadas satildeo um fator limitante no crescimento da

4

madeira (Worbes 1995) Contudo somente no iniacutecio do seacuteculo 20 a existecircncia de aneacuteis

anuais nos troacutepicos foi descoberta e algumas deacutecadas depois foi questionada (Worbes

amp Junk 1999) Muitos acreditavam na ausecircncia de aneacuteis anuais nos troacutepicos devido agrave

limitada sazonalidade (Schweingruber 1988) e temperatura quase constante

(Whitmore 1990) Este mito eacute ainda mantido por alguns autores (Lieberman et al

1985 Whitmore 1990) mesmo verificando-se que a distribuiccedilatildeo sazonal das chuvas na

maioria das regiotildees tropicais ocasiona uma distinta estaccedilatildeo seca (Worbes 1999)

Alguns autores enfatizam os problemas relacionados agrave formaccedilatildeo de aneacuteis anuais

na madeira nos troacutepicos Estudos tecircm registrado a formaccedilatildeo de dois aneacuteis por ano em

regiotildees apresentando duas estaccedilotildees de seca distintas (Gourlay 1995) formaccedilatildeo de

aneacuteis intra-anuais ou falsos aneacuteis em resposta a padrotildees irregulares de chuvas com

seca excepcional durante a estaccedilatildeo chuvosa (Borchert et al 2002) ou ainda a

formaccedilatildeo de aneacuteis irregulares na madeira de espeacutecies tropicais (Sass et al 1995)

Contudo a existecircncia de aneacuteis de crescimento nos troacutepicos tem sido registrada

em mais de 20 paiacuteses tropicais sendo que muitos estudos tecircm comprovado a

anualidade na formaccedilatildeo dos aneacuteis por mais de 100 anos (Worbes 2002) Foram

descritos para estas regiotildees diferentes padrotildees de aneacuteis anuais por Coster (19271928)

e classificados por Worbes (1995) como 4 tipos principais variaccedilotildees na densidade da

madeira faixas de parecircnquima marginal alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima e

variaccedilotildees na densidade dos vasos

Em regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o ritmo de crescimento das aacutervores

eacute determinado pelo pulso de inundaccedilatildeo (Worbes 1985) Durante o alagamento as

raiacutezes sofrem condiccedilotildees anoacutexicas acarretando reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a

copa das aacutervores e consequumlente reduccedilatildeo do metabolismo o que resulta em dormecircncia

5

cambial e a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira (Worbes 1989 Schoumlngart et al

2002) Diversas pesquisas tecircm evidenciado a presenccedila de aneacuteis anuais nas regiotildees de

aacutereas alagaacuteveis nos troacutepicos (Worbes 1989 Dezzeo et al 2003 Schoumlngart et al

2002 2004 2005)

Existem diferentes meacutetodos de investigaccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira

classificados em destrutivos e natildeo destrutivos (Worbes 1995) Meacutetodos natildeo destrutivos

podem ser feitos a partir de investigaccedilotildees fenoloacutegicas medidas repetidas do diacircmetro e

medida da atividade cambial por mensuraccedilatildeo da resistecircncia eleacutetrica na zona cambial

Feridas cambiais (Janelas de Mariaux) dataccedilatildeo por radiocarbono cicatrizes

provocadas por fogo em anos conhecidos ou injurias na madeira densitometria por raio

ndash X variaccedilotildees nas concentraccedilotildees de isoacutetopos estaacuteveis e contagem direta dos aneacuteis satildeo

meacutetodos destrutivos de constataccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira (Worbes

1995 2002) Todos estes meacutetodos foram utilizados independentemente para indicar a

ocorrecircncia de aneacuteis anuais no xilema de espeacutecies arboacutereas nas vaacuterzeas

Dentre estes meacutetodos a contagem direta dos aneacuteis anuais se destaca pela

obtenccedilatildeo de estimativas acuradas da idade das aacutervores e dados de longos periacuteodos de

crescimento da madeira (Bormann amp Berlyn 1981 Eckstein et al 1995) Informaccedilotildees

estas uacuteteis para o entendimento da dinacircmica da floresta (Enright amp Hartshorn 1981

Worbes 2002) desenvolvimento de sistemas de manejo florestal e estrateacutegias de

conservaccedilatildeo das espeacutecies (Stahle et al 1999 Worbes et al 2003)

O padratildeo de crescimento ao longo do tempo atua como um arquivo de dados e

contribui com informaccedilotildees sobre as mudanccedilas nas condiccedilotildees ambientais (Spiecker

2002) relaccedilotildees entre o clima e o crescimento arboacutereo (Enquist amp Leffler 2001 Nutto amp

6

Watzlawick 2002 Fichtler et al 2004 Schoumlngart et al 2006 Therrell et al 2006) e

sequumlestro de carbono na biomassa da madeira (Schoumlngart 2003)

22 As florestas de vaacuterzea

Junk et al (1989) definiram como aacutereas alagaacuteveis aquelas cuja inundaccedilatildeo eacute

promovida por um fluxo lateral dos rios e lagos eou precipitaccedilatildeo direta ou sobre as

aacuteguas um fenocircmeno perioacutedico que influencia na dinacircmica das comunidades e acarreta

um longo periacuteodo de adaptaccedilotildees e evoluccedilatildeo de espeacutecies endecircmicas Na regiatildeo

amazocircnica as aacutereas inundaacuteveis satildeo recobertas por florestas de vaacuterzea e igapoacute sendo

que as florestas de vaacuterzea abrangem uma aacuterea de 50-75 e satildeo consideradas o tipo

de vegetaccedilatildeo inundaacutevel mais importante destas regiotildees (Wittmann et al 2002)

As florestas alagaacuteveis sofrem esta alternacircncia anual entre fase terrestre e

aquaacutetica a qual vem ocorrendo haacute milhotildees de anos leva ao desenvolvimento de

adaptaccedilotildees de caraacuteter morfoloacutegico anatocircmico fisioloacutegico etoloacutegico e fenoloacutegico nas

espeacutecies que vivem nestes ambientes inundados anualmente (Ferreira 1991 Kubitzki

amp Zibursk 1994 Waldhoff et al 1998 Wittmann amp Parolin 1999 Piedade et al 2000

Parolin et al 2004)

Muitas espeacutecies respondem as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento durante

a fase de alagamento apresentando adaptaccedilotildees na forma de produccedilatildeo de raiacutezes

adventiacutecias desenvolvimento de vias alternativas metaboacutelicas e permanecircncia da

atividade fotossinteacutetica (De Simone et al 2003) estrateacutegias de toleracircncia ou escape ao

alagamento pelas placircntulas (Parolin 2002) ou ainda armazenamento de aacutegua no caule

(Schoumlngart et al 2002) Cada espeacutecie responde a este fenocircmeno de forma

7

diferenciada podendo ser visualizada atraveacutes dos diversos padrotildees fenoloacutegicos

encontrados nas aacutereas alagaacuteveis (Schoumlngart et al 2002) O alagamento anual causa

condiccedilotildees anaeroacutebicas nas raiacutezes levando a reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a copa

das aacutervores o que ocasiona estresse hiacutedrico e perda de folhas Como resultado a

planta entra em dormecircncia cambial

As diferentes estrateacutegias adaptativas associadas com diferentes niacuteveis de

toleracircncia ao alagamento refletem a influecircncia exercida pelo periacuteodo e niacutevel de

alagamento aos quais as plantas estatildeo sujeitas resultando numa zonaccedilatildeo de espeacutecies

caracteriacutestica nas aacutereas alagaacuteveis (Takeuchi 1962 Revilla 1981 Piedade 1985

Worbes et al 1992 Worbes 1997 Wittmann et al 2002 2004)

A dinacircmica sucessional em florestas de vaacuterzea da Amazocircnia foi descrita por

Worbes et al (1992) Estaacutegios iniciais de sucessatildeo primaacuteria e secundaacuteria apresentam

estratos monoespeciacuteficos com espeacutecies de crescimento raacutepido e baixa densidade da

madeira as quais natildeo alcanccedilam grandes idades Por meio do processo de sucessatildeo

natural ocorrem substituiccedilotildees de espeacutecies e formaccedilatildeo de estaacutegios tardios onde

observa-se uma maior complexidade nos extratos arboacutereos e diversidade de espeacutecies

diminuiccedilatildeo da taxa de incremento radial e acuacutemulo de biomassa (Worbes 1992

Schoumlngart et al 2003)

Ao longo da sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais existe um aumento da

densidade da madeira das aacutervores e decreacutescimo das taxas de incremento em diacircmetro

aumento da diversidade de espeacutecies o que implica mudanccedilas de estratos mais

homogecircneos de estaacutegios sucessionais iniciais para extratos mais complexos

caracterizados pelo aumento da altura das aacutervores tamanho e aacuterea da copa (Wittmann

et al 2002 Schoumlngart et al 2003)

8

Esta zonaccedilatildeo de espeacutecies em florestas de vaacuterzea ao longo do gradiente

topograacutefico (Junk 1989 Ayres 1993) e sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais (Worbes

1997) leva a formaccedilatildeo de dois habitats significativamente diferentes os quais satildeo

denominados vaacuterzea alta e vaacuterzea baixa (Wittmann et al 2002) A primeira caracteriza-

se por alagamento de menos de 3 m por ano na meacutedia apresentando aumento da

diversidade e complexidade da arquitetura com o aumento da idade resultando de

processo sucessional natural de florestas tardias de vaacuterzea baixa sendo considerada

representante de estaacutegio cliacutemax A vaacuterzea baixa apresenta diferentes estaacutegios de

sucessatildeo natural e eacute alagada por mais de 3 m por ano (Wittmann et al 2002) sendo

que a complexidade de estrutura e composiccedilatildeo da floresta tende a aumentar com a

reduccedilatildeo do niacutevel e duraccedilatildeo do alagamento

A grande variedade de habitats e multiplicidade de adaptaccedilotildees resultam numa

grande diversidade de espeacutecies arboacutereas dentro das aacutereas alagaacuteveis (Junk 1989)

atingindo 1000 espeacutecies registradas para florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Wittmann et al

2006a) A alta diversidade nestas aacutereas estaacute relacionada ao niacutevel e periacuteodo das cheias

e aumenta com diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo de inundaccedilatildeo (Wittmann amp Junk 2003 Worbes

et al 1992 Piedade et al 2005) Entretanto florestas de vaacuterzea possuem diversidade

de espeacutecies menor se comparada com florestas de terra firme da mesma regiatildeo (Ayres

1993)

Wittmann et al (2006a) afirmam que nas florestas de vaacuterzea a diversidade de

espeacutecies tambeacutem aumenta no sentido leste ndash oeste dentro da Bacia Amazocircnica Este

padratildeo parece similar ao encontrado para florestas de terra firme na mesma regiatildeo

geograacutefica (Ter Steege et al 2003) corroborando com a hipoacutetese de formaccedilatildeo de uma

zona de transiccedilatildeo que permite a migraccedilatildeo das espeacutecies de florestas de terra firme para

9

florestas alagaacuteveis de vaacuterzea alta (Wittmann et al 2006a) Esta hipoacutetese eacute estabelecida

pela elevada similaridade floriacutestica encontrada entre a vaacuterzea alta e terra firme

As florestas de vaacuterzea alta compreendem cerca de 10 da cobertura florestal

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996 Wittmann et al 2002) no entanto satildeo as florestas

mais ameaccediladas pela accedilatildeo antroacutepica sendo frequumlentemente utilizadas para moradia e

substituiccedilatildeo das aacutereas de floresta para atividades de agricultura e pecuaacuteria

Apresentam alta abundacircncia de espeacutecies madeireiras e estatildeo sendo ameaccediladas por

praacuteticas insustentaacuteveis de manejo (Ayres 1993 Worbes et al 2001)

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea

Atualmente dentro da Bacia Amazocircnica de aproximadamente 350 espeacutecies

madeireiras encontradas cerca de 34 tambeacutem ocorrem em florestas de vaacuterzea

(Martini et al 1998) outras satildeo restritas a este tipo de ecossistema Pela falta de infra-

estrutura em estradas de 60 a 80 da madeira extraiacuteda na Amazocircnia Ocidental e

Peru tecircm origem a partir deste tipo de floresta inundaacutevel (Higuchi et al 1994 Nebel amp

Kvist 2001 Worbes et al 2001) Em 2000 somente no Estado do Amazonas

aproximadamente 75 da madeira para induacutestria de laminados e compensados teve

origem em florestas alagaacuteveis (Lima et al 2005)

O preccedilo da madeira de espeacutecies com densidade abaixo de 060 gcm3 (madeira

branca) no Meacutedio Rio Solimotildees variou entre R$ 075-600 por m3 para Hura crepitans

L (Euphorbiaceae) e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae) enquanto que

espeacutecies de madeira densa acima de 060 gcm3 (madeira pesada) como Ocotea

cymbarum Mez (Lauraceae) Copaifera sp (Fabaceae) e Piranhea trifoliata Baill

10

(Euphorbiaceae) foram negociadas por R$ 288-1290 por m3 no periacuteodo de 1993 a

1995 (Worbes et al 2001) O primeiro grupo eacute frequumlentemente utilizado em induacutestrias

de laminados e compensados enquanto que as espeacutecies de madeira densa satildeo muito

utilizadas na construccedilatildeo de casas barcos e moacuteveis (Albernaz amp Ayres 1999) Com a

implementaccedilatildeo de manejo sustentaacutevel controlado e autorizado pelo IBAMA e IPAAM

os preccedilos da madeira subiram consideravelmente atingindo valores de ateacute R$ 6200

por m3 no ano de 2007 ao longo do Meacutedio Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a)

Um inventaacuterio florestal realizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel

Mamirauaacute (RDSM) abrangendo uma aacuterea de 342 ha de florestas de vaacuterzea encontrou

122 espeacutecies madeireiras por ha com diacircmetro limite de corte acima de 45 cm

(Schoumlngart et al 2008a) Das espeacutecies inventariadas as mais encontradas dentre as

madeiras brancas foram H crepitans e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae)

Das madeiras pesadas O cymbarum Mez (Lauraceae) Calycophyllum spruceanum

(Benth) Hookf ex KSchum (Rubiaceae) foram as mais abundantes

Dados do Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel de Mamirauaacute (IDSM) do

manejo florestal comunitaacuterio (MFC) de 2003 mostram que 42 do nuacutemero de toras e

60 do volume extraiacutedo na reserva pertencem agrave H crepitans Esta espeacutecie somada a

O cymbarum e C subsessilis corresponde a quase 70 do volume em metros cuacutebicos

de madeira extraiacuteda

A atividade madeireira em florestas de vaacuterzea se restringe a poucas espeacutecies

(Schoumlngart 2003) e a ausecircncia de dados de regeneraccedilatildeo e crescimento aliados a

exploraccedilatildeo inadequada da madeira tecircm levado agrave reduccedilatildeo das populaccedilotildees de algumas

destas espeacutecies chegando a praticamente desaparecer dos mercados regionais

(Higuchi et al 1994 Worbes et al 2001) Espeacutecies como Cedrela odorata L

11

(Meliaceae) Platymiscium ulei Harms (Fabaceae) Virola spp (Myristicaceae) Ceiba

pentandra (L) Gaerth (Malvaceae) foram substituiacutedas por O cymbarum C

spruceanum H crepitans e C guianensis (Albernaz amp Ayres 1999 Anderson et al

1999 Worbes et al 2001 Lima et al 2005)

Dentro da RDSM o manejo florestal se caracteriza por sistema policiacuteclico com

ciclo de corte de 25 anos e diacircmetro limite de corte de 45 cm Inicialmente deve ser feito

um inventaacuterio florestal de todas as espeacutecies madeireiras com diacircmetro ge 20 cm e as

extraccedilotildees se limitam a 5 aacutervores por ha que se encontram acima do diacircmetro de corte

Cerca de 10 das aacutervores acima do limite de diacircmetro devem permanecer nas aacutereas

como porta-sementes com o intuito de garantir a regeneraccedilatildeo das espeacutecies exploradas

Aproximadamente 12 da cobertura florestal da RDSM pertence a florestas de

vaacuterzea alta onde a abundacircncia de espeacutecies de valor econocircmico eacute alta (Wittmann et al

2002) e contribuem para o fornecimento de produtos madeireiros para o mercado local

regional e internacional (Wittmann et al 2004) Schoumlngart et al (2007) afirmam que as

espeacutecies mais exploradas na reserva satildeo O cymbarum C spruceanum e P trifoliata

(espeacutecies de madeira densa) assim como Ficus insipida Willd (Moraceae) H

crepitans Maquira coriacea (Karsten) CCBerg (Moraceae) (espeacutecies de madeira

branca)

Este estudo analisa e modela padrotildees de crescimento de quatro espeacutecies

aacuterboreas de interesse comercial de baixa densidade de madeira (madeira branca) e alta

densidade de madeira (madeira pesada) exploradas dentro da RDSM Deste modelos

criteacuterios como DMD e ciclo de corte satildeo derivados e discutidos no contexto das atuais

normas de manejo florestal na Amazocircnia pela legislaccedilatildeo brasileira

12

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Modelar padrotildees de crescimento da madeira de H crepitans C odorata O

cymbarum e S elata espeacutecies de importacircncia econocircmica na exploraccedilatildeo madeireira

das florestas de vaacuterzea da Amazocircnia para definir ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de

derrubada (DMD) especiacuteficos subsidiando futuros planos de manejo florestal

sustentaacutevel dentro da RDSM

32 Objetivos especiacuteficos

a Descriccedilatildeo da anatomia da madeira

b Determinaccedilatildeo da idade das aacutervores

c Determinaccedilatildeo das taxas de incremento em diacircmetro altura volume e biomassa

d Estimativa de ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de derrubada para definir criteacuterios

de manejo para cada uma das espeacutecies

13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS

41 Aacuterea de estudos

A aacuterea de estudos compreende a Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Mamirauaacute (RDSM) a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo na categoria de reserva

sustentaacutevel e primeira existente no ecossistema de vaacuterzea Sua criaccedilatildeo eacute resultado de

solicitaccedilatildeo encaminhada em 1985 pelo bioacutelogo Dr Joseacute Maacutercio Ayres ao oacutergatildeo

responsaacutevel na eacutepoca SEMA ndash Secretaria Especial de Meio Ambiente (Queiroz 2005)

A RDSM eacute dividida em duas aacutereas principais aacuterea focal (cerca de 260000 ha)

onde se desenvolvem desde 1991 atividades baseadas em pesquisas

socioeconocircmicas e ecoloacutegicas incluindo pesca agricultura agroflorestal e ecoturismo

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996) e aacuterea subsidiaacuteria (cerca de 878000 ha) a qual seraacute

manejada progressivamente A aacuterea focal eacute por sua vez subdividida em zona de

proteccedilatildeo permanente zona de ecoturismo e zona destinada ao manejo sustentaacutevel de

recursos naturais

Dentro da aacuterea focal existem nove unidades ou setores de controle do uso dos

recursos naturais denominadas Mamirauaacute Jarauaacute Tijuaca Boa Uniatildeo do Meacutedio

Japuraacute Aranapuacute Barroso Horizonte Liberdade e Ingaacute As atividades econocircmicas

realizadas pelas comunidades dentro dos setores se dividem em produccedilatildeo de farinha

pesca e exploraccedilatildeo da madeira as quais satildeo influenciadas pelo niacutevel de inundaccedilatildeo

anual (Albernaz amp Ayres 1999)

A RDSM estaacute situada na regiatildeo do meacutedio Solimotildees na confluecircncia dos rios

Solimotildees e Japuraacute entre as bacias do rio Solimotildees e Negro Sua porccedilatildeo mais a leste

14

fica nas proximidades da cidade de Tefeacute no Estado do Amazonas Sua vizinha RDS

Amanatilde liga a RDSM ao Parque Nacional do Jauacute (Schoumlngart et al 2005) Estas trecircs

unidades juntas constituem um bloco de floresta tropical com cerca de 6000000 ha

protegidos oficialmente Formam o embriatildeo do Corredor Central da Amazocircnia

(MMAPPG7) e da Reserva da Biosfera da Amazocircnia Central (MaBUnesco) e

compotildeem um Siacutetio Natural do Patrimocircnio Mundial (UnescoIUCN) (Queiroz 2005 Ayres

et al 2005)

Possui clima caracterizado por uma meacutedia de temperatura diaacuteria de 269 ordmC e

precipitaccedilatildeo anual de aproximadamente 3000 mm apresentando uma estaccedilatildeo seca

distinta (julho-outubro) O niacutevel de flutuaccedilatildeo meacutedia da aacutegua do Rio Japuraacute durante 1993

ndash 2000 foi de 1138 m (Wittmann amp Junk 2003 Schoumlngart et al 2005)

Aproximadamente 92 da cobertura vegetal abrangendo a aacuterea focal da reserva eacute

composta por florestas de vaacuterzea baixa constituiacuteda por diferentes estaacutegios

sucessionais e somente cerca de 8 corresponde a florestas de vaacuterzea alta (Wittmann

et al 2002)

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies

421 Cedrela odorata L (Meliaceae)

Popularmente conhecida como cedro cedro branco cedro cheiroso ou cedro

mogno apresenta tronco com casca de cheiro bastante caracteriacutestico rugosa com

fissuras transversais vermelho-alaranjadas Apresenta base reta ou com raiacutezes

tabulares e suas flores satildeo brancas em inflorescecircncias terminais (Wittmann et al

15

2006b) Os frutos capsulares quando maduros se abrem liberando de 40 a 50

sementes aladas as quais satildeo dispersas pelo vento (Cintron 1990 Wittmann et al

2006b)

Encontrada em toda a Amazocircnia embora com baixa frequumlecircncia ocorre desde as

Iacutendias Ocidentais as grandes e pequenas Antilhas ateacute Trinidad e Tobago sendo

encontrada tambeacutem no Meacutexico Equador Peru e Guianas (Cintron 1990) Eacute tipicamente

deciacutedua sendo encontrada em extrato superior de vaacuterzea alta e ocupando estaacutegio

sucessional secundaacuterio tardio

Apresenta madeira moderadamente pesada variando entre 044 a 060 gcm3 O

floema eacute avermelhado com cerne variando do castanho claro ao bege rosado escuro e

alburno amarelo apresentando cheiro aromaacutetico (Loureiro amp Silva 1968)

Aleacutem da sua importacircncia como espeacutecie madeireira na fabricaccedilatildeo de moacuteveis

construccedilatildeo civil e naval embalagens e instrumentos musicais a casca do cedro eacute

aproveitada na medicina popular como tocircnica adstringente e febriacutefuga (Loureiro amp

Silva 1968 Wittmann et al 2006b)

422 Sterculia elata Ducke (Malvaceae)

Conhecida popularmente como tacacazeiro xixaacute chicaacute da mata ou manduvi

cujos frutos apresentam uma coloraccedilatildeo avermelhada quando maduros sendo

organizados em 5 foliacuteculos com uma sutura ventral cada um Os frutos satildeo apocaacuterpios

e as flores estatildeo organizadas em inflorescecircncias terminais amarelas a purpuacutereas

(Wittmann et al 2006b)

16

Apresenta distribuiccedilatildeo nos neo-troacutepicos compreendendo o Sul do Meacutexico e

Ameacuterica Central Norte do Brasil Pantanal e Peru ocupando extrato superior e

emergente de vaacuterzea alta Eacute uma espeacutecie deciacutedua de estaacutegio sucessional secundaacuterio

tardio

Apresenta madeira de densidade meacutedia de 047 gcm3 cujo floema tem coloraccedilatildeo

marrom escura e o alburno eacute marrom claro A madeira eacute muito utilizada para confecccedilatildeo

de embalagens palitos foacutesforos compensados e troncos para canoas As sementes

oleaginosas satildeo comestiacuteveis A aacutervore eacute frequumlentemente utilizada para ornamentaccedilatildeo

(Wittmann et al 2006b)

423 Hura crepitans L (Euphorbiaceae)

Conhecia comumente por assacuacute H crepitans eacute uma espeacutecie cujo caule eacute

aculeado apresentando laacutetex branco aquoso caacuteustico e frequumlentemente utilizado

como veneno de peixe Causa irritaccedilotildees fortes em contato com a pele (Francis 1990

Wittmann et al 2006b) Os frutos satildeo capsulares lenhosos arredondados e

deprimidos nos poacutelos Tem distribuiccedilatildeo no Brasil Guianas Oeste da Iacutendia Cuba

Jamaica Trinidad e Tobago Costa Rica ao sul do Peru e Boliacutevia (Loureiro amp Silva

1968 Wittmann et al 2006b)

Ocupa o extrato superior de vaacuterzea alta sendo identificada como uma espeacutecie

perenifoacutelia de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Apresenta madeira muito leve

(035 a 040 gcm3) cerne e alburno indistintos e de coloraccedilatildeo branca com reflexos

amarelados Pelas caracteriacutesticas da madeira eacute comumente usada na fabricaccedilatildeo de

17

caixas tamancos obras internas artefatos de madeira forros taacutebuas compensados

boacuteias flutuantes canoas e gamelas (Francis 1990 Wittmann et al 2006b)

424 Ocotea cymbarum HBK (Lauraceae)

Frequumlentemente chamada por louro inamuiacute louro mamorim louro mamoriacute

inhamuiacute oacuteleo de inhamuiacute e pau de gasolina O cymbarum eacute uma aacutervore de grande

porte (20 ndash 30 m) apresentando casca avermelhada aromaacutetica ramos jovens com

pilosidade e acinzentados Possui exsudato transparente aromaacutetico apresentando

cheiro de menta (Wittmann et al 2006b)

Tem distribuiccedilatildeo por toda a Amazocircnia sendo encontrada em extrato superior de

vaacuterzea alta Eacute semi-deciacutedua e de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Sua madeira eacute

moderadamente pesada variando de 055 a 065 gcm3 (Loureiro amp Silva 1968) O

floema possui coloraccedilatildeo marrom cafeacute enquanto que o cerne amarelado claro e

brilhante diferencia-se pouco do alburno levemente mais claro (Wittmann et al

2006b)

Eacute comumente utilizada na carpintaria de luxo construccedilatildeo em geral marcenaria

compensado pranchas e tabuados (Loureiro amp Silva 1968) Sua madeira traz oacuteleo

contendo safrol que em baixa concentraccedilatildeo eacute um componente para fragracircncias e

perfumes (Wittmann et al 2006b) O lenho apresenta atividade contra o

desenvolvimento do ancilostomiacutedeo humano (Marques 2001)

18

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos

Das quatro espeacutecies estudadas duas de madeira branca ndash H crepitans e S

elata e duas de madeira pesada ndash C odorata e O cymbarum (Schoumlngart 2003) foram

selecionados entre 21 e 37 indiviacuteduos emergentes de floresta de vaacuterzea alta dos

setores Jarauaacute e Tijuaca da RDSM As medidas do diacircmetro na altura do peito (DAP)

com ge 10 cm foram feitas com o uso de fita dendromeacutetrica de dupla face sendo

inferidas acima das sapopemas quando presentes A altura da aacutervore foi medida a

partir do uso de inclinocircmetro (Blume-Leiss) e fita meacutetrica

Para verificar a idade das aacutervores foram utilizados 10 discos de H crepitans e

10 discos de O cymbarum fornecidos pelo Programa de MFC da RDSM no ano de

2001 bem como amostras coletadas de troncos dos indiviacuteduos de cada uma das quatro

espeacutecies Para tanto foi aplicado um meacutetodo natildeo destrutivo de extraccedilatildeo de cilindros da

madeira utilizando-se uma broca dendrocronoloacutegica num total de 110 cilindros com 5

mm de diacircmetro (21 amostras de Sterculia 23 de Cedrela 29 de Ocotea e 37 de Hura)

coletadas entre 07 de outubro de 2006 a 16 de abril de 2007 na altura aproximada de

130 m da base do tronco Apoacutes a coleta das amostras o orifiacutecio produzido com a broca

dendrocronoloacutegica foi obstruiacutedo com cera de carnauacuteba para evitar possiacuteveis ataques

por fitopatoacutegenos

As amostras coletadas foram coladas em suporte de madeira e em seguida

polidas com lixas de papel com diferentes granulometrias em uma sequumlecircncia

progressiva ateacute uma granulaccedilatildeo de 600 Estas foram analisadas no Laboratoacuterio de

Dendrocronologia do Projeto INPAMax-Planck em Manaus A anaacutelise macroscoacutepica da

estrutura da madeira foi feita a partir de fotografias feitas utilizando-se maacutequina digital

19

NIKON coolpix 4500 Para descriccedilatildeo anatocircmica dos aneacuteis de crescimento utilizou-se

como base os padrotildees de aneacuteis descritos por Coster (1927 1928) e adaptados por

Worbes (1985 1989)

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos

A determinaccedilatildeo da idade foi feita por meio da contagem direta dos aneacuteis anuais

e as taxas de incremento radial foram geradas por mediccedilatildeo da espessura dos aneacuteis

com o sistema de anaacutelise digital com precisatildeo de 001 mm (LINTAB) juntamente com o

software (TSAP-Win = Time Series Analyses and Presentation) especiacutefico para

anaacutelises de sequumlecircncias temporais (Schoumlngart et al 2004) Para os cilindros que natildeo

alcanccedilaram o cerne do tronco foram estimadas as distacircncias ateacute o centro e a partir do

nuacutemero meacutedio de aneacuteis encontrados em outros indiviacuteduos foram feitas estimativas da

idade do primeiro anel visiacutevel no tronco As mediccedilotildees da largura dos aneacuteis se deram no

sentido cerne ndash casca

Curvas cumulativas do diacircmetro individual para as quatro espeacutecies foram

elaboradas com base nestas mediccedilotildees do incremento radial corrente e relacionadas

com o DAP medido no campo (Schoumlngart et al 2003 Brienen amp Zuidema 2007)

(Figura 1a) A partir destas curvas individuais foram construiacutedas curvas cumulativas

meacutedias para cada espeacutecie descrevendo a relaccedilatildeo entre idade e diacircmetro para as

mesmas

A curva meacutedia do diacircmetro calculada para cada espeacutecie foi ajustada como um

modelo de regressatildeo sigmoidal da qual foram derivadas as curvas do incremento

corrente e meacutedio do diacircmetro para cada espeacutecie (Figura 1b) Modelos de regressatildeo natildeo

20

ndash linear descreveram para cada espeacutecie a relaccedilatildeo entre DAP e a altura medida no

campo (Figura 1c) Combinando as relaccedilotildees idade-DAP e DAP-altura permite estimar o

crescimento da altura (Nebel et al 2001) Deste modo para cada idade determinada

foram atribuiacutedas uma medida de diacircmetro e de altura para cada espeacutecie (Schoumlngart et

al 2007)

A combinaccedilatildeo dos modelos de regressatildeo natildeo-linear das relaccedilotildees entre idade e

DAP bem como das relaccedilotildees entre DAP e altura tambeacutem possibilitou a construccedilatildeo do

modelo de crescimento em volume (Figura 1e) e produccedilatildeo de biomassa acima do solo

das espeacutecies estudadas (Figura 1f) O modelo alomeacutetrico utilizado para estimativa do

volume foi definido por Cannell (1984) para florestas tropicais uacutemidas e tem como

paracircmetros a altura das aacutervores e o DAP

O volume (V) foi estimado a partir da multiplicaccedilatildeo da aacuterea basal (Ab) pela altura

(h) e por um fator (f) de reduccedilatildeo de 06 (Nebel et al 2001) A equaccedilatildeo eacute dada por

V = Ab x h x f (1)

onde a Ab eacute dada por

Ab = π x (DAP 2)2 (2)

Foi utilizado um modelo alomeacutetrico para estimar a biomassa acima do solo com

boa aplicabilidade em florestas alagaacuteveis segundo resultados obtidos por Stadtler

21

(2007) Este modelo tem como paracircmetros a densidade da madeira o diacircmetro e altura

das aacutervores e foi descrito por Chave et al (2005) A equaccedilatildeo eacute descrita abaixo

Bio = 00509 x den x DAP2 x h (3)

onde a Bio eacute a estimativa da biomassa acima do solo den eacute a densidade da madeira

obtida para cada espeacutecie de Wittmann et al (2006b) e 00509 eacute um fator de correccedilatildeo

O fator de correccedilatildeo dos modelos de caacutelculo do volume (06) e biomassa (00509)

se referem ao fato de que as aacutervores natildeo representam cilindros perfeitos e diminuem o

raio do tronco a medida que se distanciam do DAP

Destes modelos de crescimento do DAP altura aacuterea basal volume e biomassa

foram derivadas as taxas do incremento meacutedio (IM) e corrente (IC) (Figuras 1b1d1f)

para cada espeacutecie seguindo as equaccedilotildees abaixo (Schoumlngart et al 2007)

IM= CrC t t (4)

IC= CrC t+1 ndash Cr t (5)

onde CrC eacute o crescimento cumulativo em diferentes anos t sobre ciclo de vida total da

planta

O periacuteodo ideal de extraccedilatildeo eacute estabelecido quando a espeacutecie atinge sua a

produccedilatildeo maacutexima em volume periacuteodo este entre a taxa maacutexima de IC em volume e a

taxa maacutexima de IM em volume (Schoumlngart 2003) Este intervalo representa o periacuteodo

22

em que a extraccedilatildeo da madeira utiliza-se do potencial de crescimento maacuteximo das

espeacutecies (Schoumlngart 2008)

A modelagem dos padrotildees de crescimento foi construiacuteda a partir do uso do

software program X-Act (SciLab) e em seguida definidas as recomendaccedilotildees de

manejo para ciclos de corte e DMD para cada uma das quatro espeacutecies madeireiras

O DMD eacute definido pela idade em que a aacutervore atinge as maiores taxas de

incremento anual corrente do volume (Figura 1e) O tempo meacutedio que um indiviacuteduo leva

para passar por uma classe de DAP de 10 cm ateacute chegar ao DMD eacute o ciclo de corte da

espeacutecie (Schoumlngart et al 2007) Este eacute dado por

CC= idade(DMD) DMD x 10 (6)

onde CC eacute o ciclo de corte da espeacutecie e idade(DMD) eacute a idade da aacutervore quando atingiu o

DMD

23

0

20

40

60

80

0 5 10 15 200

1

2

3

4

5

0

10

20

30

0 20 40 60 80 100

0

20

40

60

80

0 5 10 15 20

0

10

20

30

0 5 10 15 200

1

2

3

4

0

1

2

3

4

0 5 10 15 200

100

200

300

00

05

10

15

0 5 10 15 200

50

100

Age (years) Age (years)

Age (years)

Age (years)

Age (years)

Dbh (cm)

Tree

heig

ht(m

)D

bh(c

m)

Dbh

(cm

)Tr

eehe

ight

(m)

Woo

d bi

omas

s(M

g)

Volu

me

(m3 )

Diam

eter increment(cm

year -1)H

eightincrement(m

year -1)W

ood biomass

production(kg year -1)

Volume

increment(dm

3year -1)

n = 54R2 = 053

n = 18

MLD

a

c

e

b

d

f

y = a (1+(b x)c)

a = 1195742 plusmn 131913b = 184937 plusmn 3355c = 12997 plusmn 00788

y = (abullx) (x+b)a = 286667 plusmn 07424b = 161743 plusmn 13022

DAP

(cm

)

DA

P (c

m)

Altu

ra (m

)

Altu

ra (m

)

Vol

ume

(m3)

Bio

mas

sa (M

g)

Idade (anos) Idade (anos)

DAP (cm) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento em

diacircmetro (cm

ano) Increm

ento em altura (m

ano) P

roduccedilatildeo de biomassa (K

gano)

Incremento

emvolum

e(dm

3ano)

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

DMD

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)

24

5 RESULTADOS

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira

O limite dos aneacuteis e a estrutura anatocircmica da madeira foram determinados com

base na classificaccedilatildeo de Coster (19271928) e adaptados por Worbes (1995) Trecircs tipos

de aneacuteis foram distinguidos de acordo com essa classificaccedilatildeo (1) faixas de parecircnquima

marginal (2) alternacircncia entre faixas de fibra e faixas de parecircnquima e (3) variaccedilatildeo na

densidade da madeira (Tabela 1) A distinccedilatildeo dos aneacuteis variou entre as 4 espeacutecies

estudadas poreacutem todas apresentaram aneacuteis suficientemente distintos para aplicaccedilatildeo

de estudos dendrocronoloacutegicos

A distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e agrave

medida que estes se encontravam mais proacuteximos do centro do tronco A facilidade de

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis decresceu na seguinte ordem C odorata O cymbarum S elata

e H crepitans (Tabela1)

Cedrela e Sterculia apresentaram mesmo padratildeo de faixas de parecircnquima

marginal que consiste de uma a poucas fileiras de ceacutelulas Eacute comumente encontrado

nas famiacutelias Bignoniaceae Fabaceae e Meliaceae (Worbes 2002) Cedrela apresentou

aneacuteis de crescimento semiporosos com uma espessa faixa de parecircnquima claramente

visiacutevel acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos os quais satildeo maiores ao

final do periacuteodo vegetativo (Figura 2a)

Sterculia tambeacutem mostrou variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Os poros satildeo visiacuteveis

a olho nu alguns obstruiacutedos por conteuacutedo de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada e brilhante

25

Apresentou faixas de parecircnquima radial espessadas dificultando um pouco a

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis (Figura 2b)

Um padratildeo de alternacircncia entre faixas de fibras e parecircnquima foi encontrado

formando os aneacuteis anuais em Hura com a reduccedilatildeo da largura das faixas de

parecircnquima e fibras na formaccedilatildeo do lenho tardio ao final da zona de crescimento

(Figura 2c) Este tipo de anatomia pode ser encontrado em famiacutelias como

Euphorbiaceae Moraceae Sapotaceae Lecythidaceae dentre outras (Worbes 2002)

Tabela1 Tipos de zona de crescimento encontrados e o grau de distinccedilatildeo dos de crescimento Os padrotildees descritos foram baseados nos modelos de Coster (1927 1928) e adaptados por Worbes (1995) Espeacutecies Famiacutelia Tipo de zona de

crescimento Fenologia foliar Grau de

distinccedilatildeo dos aneacuteis

Cedrela odorata Meliaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos

Deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (1)

Hura crepitans Euphorbiaceae Alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima

Perenifoacutelia Aneacuteis pouco

distintos (2)

Sterculia elata Malvaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Presenccedila de faixas radiais de parecircnquima

Deciacutedua Aneacuteis distintos (1)

Ocotea cymbarum Lauraceae Variaccedilatildeo na densidade da madeira com lenho inicial menos denso que o lenho tardio

Semi-deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (3)

obtidos durante observaccedilotildees na RDSM no periacuteodo 042006-122007

Ocotea mostrou um padratildeo de variaccedilatildeo na densidade da madeira O lenho tardio

de coloraccedilatildeo mais escura (alta densidade) apresentou ceacutelulas pequenas com paredes

26

espessadas diferindo do lenho inicial (baixa densidade) com ceacutelulas grandes e

paredes de espessura mais fina permitindo uma perfeita delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

(Figura 2d) Eacute comum entre as famiacutelias Annonaceae Myrtaceae e Lauraceae (Worbes

2002)

A presenccedila de falsos aneacuteis de crescimento ocorreu em alguns discos de Hura e

Ocotea Entretanto este problema foi solucionado observando-se a continuidade dos

aneacuteis ao longo dos raios nos discos

C Hura crepitans D Ocotea cymbarum

A Cedrela odorata B Sterculia elata

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial

27

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies

Todas as quatro espeacutecies apresentaram correlaccedilatildeo significativa (plt001) para as

relaccedilotildees entre idade e DAP idade e altura e DAP e altura (Tabela 2) permitindo a

modelagem das curvas de crescimento cumulativo para as mesmas Foram feitas um

total de 7646 mediccedilotildees da largura dos aneacuteis na madeira para as quatro espeacutecies

(Tabela 2)

As trajetoacuterias de crescimento cumulativo em diacircmetro mostraram diferenccedilas

tanto intra como interespeciacuteficas Aquelas espeacutecies de madeira densa como O

cymbarum e C odorata apresentaram taxas de crescimento menores que S elata e H

crepitans espeacutecies de madeira branca (Figura 3)

As quatro espeacutecies apresentaram uma variaccedilatildeo da idade ao atingir o DMD de 50

cm Esta foi maior para O cymbarum alcanccedilando idades entre 25 e 80 anos H

crepitans e S elata podem atingir idades entre 25 e 65 anos enquanto que as menores

variaccedilotildees na idade foram encontradas em C odorata com idades entre 35 a 65 anos

para um diacircmetro de 50 cm (Figura 3)

28

Tabela 2 Nuacutemero de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis e altura das aacutervores utilizados na elaboraccedilatildeo dos modelos de crescimento com base nas relaccedilotildees entre idade ndash DAP idade ndash altura e DAP ndash altura e o coeficiente de correlaccedilatildeo das mesmas

Nuacutemero de mediccedilotildees Correlaccedilatildeo p(lt 0001) Espeacutecie Largura dos

aneacuteis Altura Idade ndash DAP Idade ndash Altura DAP ndash Altura

Cedrela odorata

1240 32 089 064 071

Ocotea cymbarum

1325 125 086 073 073

Sterculia elata

1321 21 088 086 085

Hura crepitans

3760 67 091 086 076

Total

7646

Sterculia e Hura atingiram idades maacuteximas de 111 e 195 anos respectivamente

embora esta uacuteltima tenha atingido grandes diacircmetros nas aacutervores amostradas As

aacutervores mais velhas de Cedrela e Ocotea atingiram idades maacuteximas de 74 e 122 anos

(Tabela 3)

29

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

A ndash Cedrela odorata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

C ndash Sterculia elata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

B ndash Ocotea cymbarum

D ndash Hura crepitans

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura

30

As curvas meacutedias das relaccedilotildees entre idade e DAP tambeacutem apresentaram

variaccedilatildeo entre as espeacutecies estudadas (Figura 4) Para um diacircmetro de 50 cm

determinado pela IN ndeg 5 de Dezembro de 2006 as idades meacutedias oscilaram entre 41

anos em Hura a mais de 70 anos em Cedrela (Tabela 3)

0

50

100

150

DAP

(cm

)

0 30 60 90 120 150 180Idade (anos)

(a)

(b)

(d)

(c)

Diacircmetro limite de corte

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata Tabela 3 Idades maacuteximas miacutenimas e para um diacircmetro miacutenimo de derrubada de 50 cm para cada uma das quatro espeacutecies estudadas e seus respectivos desvios padratildeo

Idade (anos) Espeacutecie Miacutenima Maacutexima Ao alcanccedilar o diacircmetro limite de 50 cm

Cedrela odorata

21 74 72

Sterculia elata

22 111 47

Ocotea cymbarum

27 122 59

Hura crepitans

88 195 41

31

As quatro espeacutecies estudadas atingiram as maiores taxas de incremento

diameacutetrico corrente em idades diferentes Cedrela e Ocotea atingiram as maiores taxas

entre 11 e 12 anos e 19 e 21 anos com uma taxa meacutedia de incremento de 094 e 101

cmano respectivamente (Figura 5a e c) Sterculia obteve taxas meacutedias de incremento

de 126 cmano em idades entre 19 e 21 anos (Figuras 5b) enquanto Hura alcanccedilou

taxa meacutedia de incremento de 129 cmano em idades entre 22 e 23 anos (Figura 5d)

Cedrela e Ocotea espeacutecies de madeira pesada apresentaram taxas de incremento

diameacutetrico menores que Hura e Sterculia espeacutecies de madeira branca

D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata

C ndash Sterculia elata

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

B ndash Ocotea cymbarum

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura

32

A partir das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares entre idade-DAP foi possiacutevel

construir um modelo de crescimento em aacuterea basal para cada espeacutecie utilizando-se a

foacutermula (2) Cedrela e Ocotea atingiram suas maiores taxas em 39 e 57 anos e taxa

meacutedia de incremento de 355 e 536 cm2ano respectivamente (Figuras 6a e 6b)

Sterculia e Hura atingiram maior incremento aos 48 e 104 anos e taxa meacutedia de 700 e

1422 cm2ano respectivamente (Figura 6c e 6d) As espeacutecies de madeira branca Hura

e Sterculia apresentaram taxas de incremento em aacuterea basal mais altas que as duas

espeacutecies de madeira densa (Cedrela e Ocotea)

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

05

1

15

2

25

4

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

05

1

15

2

25

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura

33

A combinaccedilatildeo das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares das relaccedilotildees entre DAP-

altura (Figura 7) resultaram num modelo de crescimento em altura para as espeacutecies

contemplando todo ciclo de vida da planta Os maiores valores de incremento corrente

em altura de C odorata S elata O cymbarum e H crepitans corresponderam a idades

de 4 7 8 e 6 anos respectivamente e taxas maacuteximas corresponderam a 096 mano

para Sterculia 092 mano para Ocotea 061 mano para Hura e finalmente 109 mano

para Cedrela

DAP (cm) DAP (cm)

DAP (cm) DAP (cm)

Altu

ra (m

) A

ltura

(m)

C ndash Sterculia elata D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 1500

0

0

0

0

0

0 25 50 75 100 125 150

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 150 0 50 100 150

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans

34

Tabela 4 Valores de DAP e altura maacuteximos e miacutenimos do levantamento florestal seus desvios padratildeo e a aacuterea basal calculada a partir da relaccedilatildeo entre idade e DAP das espeacutecies

DAP (cm) Altura (m) Aacuterea basal meacutedia (cm2)

Espeacutecie

Maacuteximo Miacutenimo Desvio Maacutexima Miacutenima Desvio Meacutedia Cedrela odorata

656 115 140 309 90 50 273

Ocotea cymbarum

780 100 164 311 70 46 402

Sterculia elata

1300 100 349 405 66 88 516

Hura crepitans

1328 100 350 390 21 91 1127

A partir dos modelos de crescimento em altura e diacircmetro elaborados para cada

espeacutecie pocircde-se construir o modelo de crescimento em volume das mesmas segundo

a foacutermula (1) (Schoumlngart et al 2007) O periacuteodo oacutetimo de corte das aacutervores eacute o ponto

onde o incremento em volume corrente eacute maacuteximo sendo que para cada espeacutecie o pico

maacuteximo de volume corrente variou visivelmente (Figura 8)

Cedrela apresentou maiores taxas de incremento em volume corrente ao atingir

uma idade meacutedia de 45 anos (Figura 8a) Nesta idade a espeacutecie indica um DAP de 376

cm (Figura 5a) Jaacute Sterculia e Ocotea atingiram o ponto maacuteximo em incremento

corrente em volume aos 54 e 63 anos (Figuras 8b e c) quando atingem diacircmetros de

560 e 533 cm respectivamente (Figuras 5b e c) Hura em uma idade meacutedia de 125

anos apresentou os maiores valores de incremento maacuteximo corrente entre as quatro

espeacutecies (Figura 8d) atingindo diacircmetro meacutedio de 1288 cm (Figura 5d) Tanto Hura

quanto Sterculia apresentaram produccedilatildeo de madeira em volume por m3 superior as

duas espeacutecies de madeira pesada Cedrela e Ocotea

35

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento volum

eacutetrico

Incr

emen

to e

m v

olum

e (m

3 ) 0450 0

(m3ano)

Incr

emen

to e

m V

olum

e (m

3 )

Incremento volum

eacutetrico (m3ano)

Idade (anos) Idade (anos)

0

10

20

30

40

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

0 50 100 150 200

0

10

20

30

40

50

0

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

04

0 50 100 150

200 Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie

36

O ciclo de corte calculado atraveacutes da passagem meacutedia do tempo por uma classe

de DAP de 10 cm para a proacutexima ateacute atingir o diacircmetro de corte oacutetimo variou pouco

entre as espeacutecies sendo que Hura e Sterculia apresentaram ciclos de corte de 97

anos enquanto Cedrela e Ocotea apresentaram ciclos de 120 e 118 anos (Tabela 5)

Os resultados indicam que espeacutecies de madeira branca apresentam ciclos de corte

mais curtos do que as espeacutecies de madeira pesada

Tabela 5 O diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) o ciclo de corte a idade meacutedia ao atingir o diacircmetro de corte e a densidade da madeira das espeacutecies Espeacutecie DMD (cm) Ciclo de corte

(anos) Idade meacutedia ao atingir

o DMD (anos) Densidade

(gcm3) Cedrela odorata

376 120 45 052

Ocotea cymbarum

533 118 63 060

Sterculia elata

560 97 54 047

Hura crepitans

1288 97 125 039

Dados obtidos de Wittmann et al (2006b)

Aleacutem do modelo de crescimento em volume os modelos de crescimento em

altura e diacircmetro possibilitaram tambeacutem a construccedilatildeo de modelos de crescimento em

biomassa acima do solo para as espeacutecies estimado segundo a foacutermula (3)

Cedrela apresentou maior taxa de produccedilatildeo em biomassa de 26 Kgano em 45

anos (Figura 9a) ao passo que Ocotea alcanccedilou uma produccedilatildeo em biomassa maacutexima

de 52 Kgano em 63 anos (Figura 9b) Sterculia atingiu valor de 60 Kgano em 54 anos

(Figura 9c) enquanto que Hura obteve em 125 anos um valor maacuteximo de 125 Kgano

(Figura 9d) Espeacutecies de madeira branca atingiram maiores taxas de acuacutemulo em

biomassa do que as espeacutecies de madeira densa

37

D ndash Hura crepitans C ndash Ocotea cymbarum

Bio

mas

sa (M

g)

Bio

mas

sa (M

g)

Produ

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

ccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)P

roduccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

5

10

15

20

0

4

8

1

1

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

1

1

0 50 100 150 2000

5

0

5

0

0

40

80

120

160

Prod

uccedilatildeo

Biom

assa

(Kg)

0 50 100 150 200

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura)

38

6 DISCUSSAtildeO

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira

Todas as quatro espeacutecies estudadas apresentaram distintas zonas de

crescimento poreacutem com diferenccedilas quanto ao grau de distinccedilatildeo entre elas O grau de

distinccedilatildeo diminuiu na ordem seguinte C odorata O cymbarum S elata e H crepitans

o que indica uma pequena tendecircncia das espeacutecies deciacuteduas apresentarem maior

distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais como resultados encontrados por Worbes (1999) A

distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e com a

maior proximidade do centro do disco (Brienen amp Zuidema 2006) Esta variaccedilatildeo

encontrada no grau distinccedilatildeo dos aneacuteis natildeo afetou as anaacutelises dendrocronoloacutegicas

subsequumlentes

Segundo Worbes (1995) a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira resulta de

mudanccedilas sazonais favoraacuteveis e desfavoraacuteveis nas condiccedilotildees de crescimento arboacutereo

Um dos fatores principais atuando no controle do crescimento arboacutereo de florestas

tropicais eacute a variaccedilatildeo intraanual da precipitaccedilatildeo que ocasiona uma distinta estaccedilatildeo

seca e determina a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das aacutervores (Worbes 1999)

Para regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o principal fator que controla o

ritmo de crescimento nas aacutervores eacute o pulso de inundaccedilatildeo (Junk 1989) Entretanto

florestas de vaacuterzea alta natildeo satildeo alagadas anualmente devido a sua posiccedilatildeo

topograacutefica o que indicaria que o pulso anual de inundaccedilatildeo natildeo seria o principal fator

controlando os processo ecoloacutegicos nestas aacutereas Observaccedilotildees fenoloacutegicas e mediccedilotildees

da liteira (Schoumlngart et al 2008b) evidenciam que o ritmo de crescimento possa ser

39

controlado pela sazonalidade das chuvas contudo maiores estudos se fazem

necessaacuterios

A anualidade dos aneacuteis de crescimento em espeacutecies arboacutereas da Amazocircnia

permite anaacutelise de fenocircmenos ecoloacutegicos e ambientais identificaccedilatildeo e reconstruccedilatildeo das

condiccedilotildees climaacuteticas do passado como tambeacutem identificar as alteraccedilotildees naturais e

dinacircmica das populaccedilotildees (Fritts 1976 Schweingruber 1988 Worbes 1995) Aleacutem

disso a aplicaccedilatildeo das informaccedilotildees armazenadas nos aneacuteis de crescimento permite que

estudos dendrocronoloacutegicos sejam empregados com o objetivo de investigar a estrutura

etaacuteria das populaccedilotildees bem como a dinacircmica de crescimento arboacutereo em florestas

tropicais (Worbes 2002)

Desta forma a descriccedilatildeo da estrutura anatocircmica e delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

da madeira satildeo de suma importacircncia para realizaccedilatildeo das anaacutelises dendrocronoloacutegicas

e por conseguinte para a otimizaccedilatildeo do uso da floresta dando suporte para

estabelecimento de estrateacutegias de manejo florestal ao niacutevel de espeacutecie fornecendo

informaccedilotildees do histoacuterico florestal e consequumlentemente garantindo maior

sustentabiliade na utilizaccedilatildeo dos recursos madeireiros (Schoumlngart 2008)

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo

Uma das grandes questotildees a cerca do uso sustentaacutevel de florestas tropicais

envolve o crescimento e a idade das aacutervores Modelos de crescimento de espeacutecies

madeireiras nos troacutepicos ainda satildeo bastante escassos (Nebel et al 2001 Schwartz et

al 2002 Sokpon amp Biaou 2002 Nebel amp Meilby 2005 Brienen amp Zuidema 2007

Schoumlngart et al 2007) fato este atribuiacutedo a problemas de estabelecimento de uma

40

metodologia especiacutefica para determinaccedilatildeo da idade das aacutervores e taxas de

crescimento bem como a alta diversidade de espeacutecies encontrada Aleacutem disso o

atraso no avanccedilo das pesquisas de crescimento arboacutereo com base em aneacuteis na

madeira nos troacutepicos se deve ao descreacutedito na formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das

aacutervores nestas regiotildees devido agraves temperaturas terem sido consideradas praticamente

constantes durante o ano (Lieberman et al 1985 Whitmore 1990)

Atualmente a maioria das pesquisas sobre idade e crescimento de espeacutecies

tropicais eacute baseada em anaacutelises feitas em parcelas permanentes (Condit 1995)

utilizando meacutetodos de mediccedilotildees repetidas durante relativamente curtos periacuteodos de

tempo Outra metodologia para determinar a idade e taxas de incremento eacute a dataccedilatildeo

com radio-carbono (Worbes amp Junk 1999) Estas duas metodologias indicam idades

maacuteximas entre 1000 e 2000 anos (Condit et al 1995 Chambers et al 1998 Laurance

et al 2004) enquanto estudos dendrocronoloacutegicos indicam idades maacuteximas entre 500

e 600 anos (Worbes amp Junk 1999 Fichtler et al 2003)

Resultados encontrados por Chambers et al (1998) de idade estimada de 1370

anos para Carniana micrantha Ducke (Lecythidaceae) eacute considerado excepcional pois

aparentemente foi determinada de um uacutenico exemplar (Roig 2000) Dataccedilatildeo por radio-

carbono pode ser problemaacutetica entre os anos de 1650 e 1950 devido agrave variaccedilatildeo de 14C

encontrada na atmosfera neste periacuteodo Este fenocircmeno foi provocado por grandes

emissotildees de carbono por meio da queima de combustiacutevel foacutessil que ocorreram no

periacuteodo da revoluccedilatildeo industrial (Efeito de Suess) (Fichtler et al 2003) Em adiccedilatildeo o

alto custo desta metodologia natildeo permite o uso para determinaccedilatildeo de grandes

amostragens

41

A construccedilatildeo de modelos de crescimento de lenhosas com base no crescimento

em diacircmetro das espeacutecies em curtos periacuteodos de observaccedilatildeo bem como a baixa

densidade de espeacutecies comerciais encontradas em florestas tropicais na elaboraccedilatildeo de

modelos de crescimento principalmente individuos de grandes tamanhos dentro das

parcelas estudadas satildeo fatores que limitam muito esta metodologia (Clark amp Clark

1996 Nebel amp Meilby 2005) Aleacutem disso estes modelos monitoram somente uma

pequena parte da histoacuteria de crescimento das aacutervores e extrapolam estes dados das

trajetoacuterias de crescimento em diacircmetro de curtos periacuteodos para todo o ciclo de vida da

planta o que os torna simplistas e podem resultar em dados de crescimento arboacutereo e

estimativas de produccedilatildeo da madeira natildeo realistas subestimando as taxas de

crescimento e consequumlentemente superestimando a idade das aacutervores (Brienen amp

Zuidema 2006)

Ao contraacuterio destes meacutetodos de modelagem do crescimento arboacutereo a anaacutelise

dendrocronoloacutegica tem se mostrado uma importante ferramenta a qual fornece

estimativas mais acuradas da idade e do histoacuterico de crescimento arboacutereo individual

por meio da informaccedilatildeo extraiacuteda dos aneacuteis na madeira (Brienen amp Zuidema 2007) Na

anaacutelise de aneacuteis anuais para a modelagem de crescimento arboacutereo das espeacutecies satildeo

amostradas aacutervores que se estabeleceram no dossel com sucesso o que fornece

dados de crescimento em diacircmetro mais realistas e representativos do desenvolvimento

das aacutervores (Brienen amp Zuidema 2006)

Diversos estudos tecircm mostrado a grande variaccedilatildeo existente nas taxas de

crescimento tanto dentro como entre espeacutecies de florestas tropicais (Clark amp Clark

2001 Schoumlngart et al 2006 Brienen amp Zuidema 2006) Segundo Brienen amp Zuidema

(2007) estas diferenccedilas no crescimento dos indiviacuteduos ao longo da vida pode ser o

42

resultados de diversos fatores atuando em conjunto como a disponibilidade de aacutegua

clima intensidade de luz recebida forma e tamanho da copa danos e fitopatoacutegenos

assim como infestaccedilatildeo por cipoacutes e lianas Isso se reflete em variaccedilotildees de curvas

cumulativas comparando indiviacuteduos da mesma espeacutecie (Figura 3)

Os dados obtidos indicaram a ocorrecircncia de variaccedilatildeo na idade das aacutervores com

o aumento do diacircmetro Esta variaccedilatildeo intra-especiacutefica na idade das aacutervores em grandes

diacircmetros (gt de 60 cm) eacute causada principalmente pela variaccedilatildeo que ocorre na

passagem do tempo nas pequenas classes de tamanho (lt 20 cm) (Brienen amp Zuidema

2006) Desta forma o tempo necessaacuterio para que uma aacutervore de determinada espeacutecie

se estabeleccedila no dossel quando as taxas diameacutetricas geralmente aumentam devido

aos altos niacuteveis de radiaccedilatildeo solar pode variar consideravelmente

A variaccedilatildeo encontrada nos indiviacuteduos contudo natildeo impede a modelagem de

crescimento arboacutereo pois ao niacutevel das espeacutecies ocorre uma relaccedilatildeo bastante

significativa entre idade e DAP o que caracteriza a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira

uma ferramenta importante na elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo sustentaacuteveis em

florestas tropicais (Brienen amp Zuidema 2006 Schoumlngart et al 2007)

Comparando as curvas meacutedias de crescimento observa-se que espeacutecies

estudadas apresentam estrateacutegias ecoloacutegicas diferenciadas Altas taxas de incremento

em diacircmetro em espeacutecies de baixa densidade da madeira como Hura e Sterculia levam

a um raacutepido crescimento em volume enquanto que baixas taxas de incremento em

diacircmetro em Cedrela e Ocotea duas espeacutecies de madeira densa levam a um

crescimento em volume mais lento

Tanto Hura como Sterculia parecem apresentar estrateacutegias de crescimento

tiacutepicas de espeacutecies pioneiras com ciclos de vida longos (gt de 100 anos) caracterizadas

43

por altos requerimentos de luz para germinaccedilatildeo e crescimento (Swaine amp Whitmore

1988) Cedrela e Ocotea possuem caracteriacutesticas de crescimento tiacutepicas de espeacutecies

de estaacutegios cliacutemax ou tolerantes agrave sombra com capacidade de sobrevivecircncia em

longos periacuteodos de baixos niacuteveis de luminosidade e baixas taxas de crescimento

arboacutereo (Pianka 1970)

Espeacutecies com baixa densidade da madeira como Hura (039 gcm3) e Sterculia

(047 gcm3) requerem periacuteodos de 41 a 47 anos para extrapolar um diacircmetro limite de

corte de 50 cm enquanto que espeacutecies de madeira densa tais como Ocotea (060

gcm3) e Cedrela (052 gcm3) necessitam de periacuteodos entre 59 e 72 anos para

ultrapassar um diacircmetro de 50 cm Estes resultados estatildeo de acordo com Schoumlngart

(2008) que verificou a existecircncia de uma correlaccedilatildeo entre a densidade da madeira e a

idade da espeacutecie ao atingir o DMD estimado a partir das taxas de IC de volume o que

possibilita estimar o periacuteodo ideal de extraccedilatildeo para outras espeacutecies de florestas de

vaacuterzea da Amazocircnia Central em funccedilatildeo da densidade da madeira

Os resultados encontrados mostram diferenccedilas nas taxas de incremento em

diacircmetro e volume as quais refletem em diferentes ciclos de corte e DMD para as

espeacutecies indicando claramente que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico

de derrubada e ciclo de corte para toda e qualquer espeacutecie natildeo suportam a

sustentabilidade nas praacuteticas de manejo florestal atuais

Neste sentido na aplicaccedilatildeo de manejo florestal sustentado em florestas tropicais

eacute imprescindiacutevel o levantamento de informaccedilotildees a respeito das taxas de crescimento e

idade das aacutervores especiacuteficas para cada espeacutecie bem como dados de regeneraccedilatildeo e

caracteriacutesticas especiacuteficas de cada siacutetio a ser explorado pela extraccedilatildeo de produtos

madeireiros

44

63 Estrateacutegias de manejo florestal

O contiacutenuo uso das florestas de vaacuterzea para atividades de agricultura pecuaacuteria e

extraccedilatildeo da madeira tem causado grandes impactos nos recursos o que tem

ocasionado a necessidade de estabelecimento de estrateacutegias de conservaccedilatildeo e manejo

florestal destas aacutereas (Schoumlngart et al 2007) Nos uacuteltimos anos tem-se observado uma

gradual expansatildeo das atividades de manejo florestal baseada em comunidades de

pequena e meacutedia escala na busca da conversatildeo da exploraccedilatildeo manejada da floresta

em oportunidade de desenvolvimento regional (Amaral amp Amaral 2000) Projetos como

o Programa Piloto para Conservaccedilatildeo das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7) e a

Fundaccedilatildeo Floresta Tropical (FFT) tecircm buscado o desenvolvimento de projetos de

manejo florestal ao niacutevel de comunidade para diferentes aacutereas da Amazocircnia (Amaral amp

Amaral 2000)

Dentre estes modelos enquadra-se o Projeto Mamirauaacute com objetivo de proteger

as vaacuterzeas da RDSM e cuja exploraccedilatildeo segue as normas do PMFS criado pelo IDSM

em conjunto com os comunitaacuterios e baseado em normas estabelecidas pelo Instituto de

Proteccedilatildeo Ambiental do Amazonas (IPAAM) e pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA) (Lei estadual no 2416 de 22 de Agosto

de 1996)

A FAO estabelece um modelo de extraccedilatildeo dos recursos florestais funcionado

como guia para a aplicaccedilatildeo de um Manejo de Impacto Reduzido (MIR) para os recursos

florestais (Dykstra amp Heinrich 1996) Diversos estudos tecircm feito a uniatildeo entre o MIR e a

extraccedilatildeo seletiva de espeacutecies comerciais como uma estrateacutegia de manejo sustentaacutevel

visando agrave conservaccedilatildeo de florestas tropicais e diminuiccedilatildeo dos impactos causados pelo

45

manejo florestal (Vidal et al 2002 Gerwing 2002) Pesquisas tecircm mostrado os

benefiacutecios da aplicaccedilatildeo de MIR com relaccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo convencional da madeira

tanto em relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo dos custos quanto aos benefiacutecios causados pela reduccedilatildeo

dos danos agrave floresta (Barreto et al 1998 Johns et al 1996 Boltz et al 2001 Holmes

et al 2002)

Apesar dos inuacutemeros esforccedilos realizados na elaboraccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas

de exploraccedilatildeo da madeira na tentativa de conservar e reduzir danos causados as

florestas a sustentabilidade do manejo dos recursos florestais ainda natildeo foi alcanccedilada

satisfatoriamente O sucesso dos planos de manejo florestal depende principalmente da

sustentabilidade ecoloacutegica da produccedilatildeo da madeira que requer informaccedilotildees sobre taxas

de crescimento das espeacutecies comerciais (Boot amp Gullison 1995 Brienen amp Zuidema

2006) os quais ainda natildeo satildeo utilizados com frequumlecircncia em florestas tropicais

Schoumlngart (2008) desenvolveu um novo sistema de manejo sustentaacutevel da

madeira de florestas alagaacuteveis de vaacuterzea da Amazocircnia Central (GOL ndash Growth

Orientated Logging) o qual leva em consideraccedilatildeo as diferenccedilas na histoacuteria de

crescimento de espeacutecies comerciais com base em suas taxas de crescimento arboacutereo a

partir da anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira Isto representa um importante passo em

direccedilatildeo a sustentabilidade do manejo florestal praticado em florestas tropicais

Atualmente normas de exploraccedilatildeo da madeira em regiotildees tropicais as quais

estabelecem diacircmetro limite de derrubada e ciclos de corte para os sistemas de manejo

de florestas natildeo possuem nenhuma base cientiacutefica e natildeo levam em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas nas estrateacutegias de crescimento e estabelecimento bem como as

especificidades de cada regiatildeo a ser explorada Estes fatos levaram a quase eliminaccedilatildeo

de espeacutecies como C pentandra e Calophyllum brasiliense dos mercados regionais e

46

locais na Amazocircnia Ocidental Estas foram substituiacutedas por H crepitans e O

cymbarum duas espeacutecies atualmente exploradas comercialmente na regiatildeo do Meacutedio

Solimotildees (Worbes et al 2001)

Se as atuais praacuteticas de manejo florestal persistirem H crepitans e O cymbarum

poderatildeo ter o mesmo destino que C pentandra e C brasiliense Hura e Ocotea podem

desaparecer dos mercados madeireiros e novamente ocorrer a substituiccedilatildeo destas por

outras espeacutecies ainda pouco exploradas que por sua vez sofreratildeo as pressotildees de uma

extraccedilatildeo madeireira insustentaacutevel o que pode ter seacuterias consequumlecircncias ecoloacutegicas

como a perda dos recursos geneacuteticos degradaccedilatildeo da floresta quebra de cadeias

alimentares para insetos peixes mamiacuteferos etc

A extraccedilatildeo de C odorata eacute um outro exemplo de como de atual manejo de

florestas de vaacuterzea natildeo eacute adequado Esta espeacutecie foi intensamente explorada na RDSM

a ponto de reduzir drasticamente seus estoques de madeira (Ayres 1993 Pinedo-

Vasquez et al 2001) e atualmente eacute considerada uma espeacutecie ameaccedilada e excluiacuteda

da extraccedilatildeo de madeira da RDSM

A recente modificaccedilatildeo de 11 de dezembro de 2006 (IN ndeg 5) do Coacutedigo Florestal

Brasileiro abre caminhos para modificaccedilotildees do manejo florestal aplicado atualmente na

Amazocircnia Brasileira O ciclo de corte no PMFS Pleno varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3ha Espeacutecies com baixa intensidade da madeira (menos

de 10 msup3 por ha) podem ter um ciclo de corte de 10 anos sendo que para florestas de

vaacuterzea a produccedilatildeo pode exceder 10 msup3 por ha poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3

aacutervores por ha

Levando-se em consideraccedilatildeo os dados de distribuiccedilatildeo diameacutetrica fornecidos pelo

Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM observa-se que a espeacutecie O cymbarum

47

apresentaram um padratildeo de distribuiccedilatildeo diameacutetrica do tipo J invertido apresentando

um decreacutescimo da densidade de aacutervores com o aumento do diacircmetro A distribuiccedilatildeo

diameacutetrica de O cymbarum se concentrou nas classes diameacutetricas de 20 a 100 cm

(Figura 10)

Foi possiacutevel encontrar indiviacuteduos na maioria das classes diameacutetricas em Hura

crepitans atingindo densidade maacutexima de 05 indiviacuteduos por ha na classe diameacutetrica de

110 cm A alta densidade de indiviacuteduos em classes diameacutetricas anteriores e posteriores

a classe de 50 cm e os altos valores de volume de madeira de H crepitans sugerem que

esta espeacutecie tem grande potencial para exploraccedilatildeo madeireira dentro da RDSM

Entretanto a derrubada de indiviacuteduos com diacircmetros nas classes entre 50 e 120 cm

permitidas por lei eacute problemaacutetica pois estaratildeo sendo extraiacutedas aacutervores que ainda natildeo

alcanccedilaram a sua produccedilatildeo oacutetima de madeira (Figura 8d)

Marinho (2008) ao analisar a estrutura populacional de espeacutecies como H

crepitans O cymbarum e S elata ocorrendo em florestas de vaacuterzea do setor Jarauaacute da

RDSM observou que estas espeacutecies apresentam baixa densidade de indiviacuteduos em

classes diameacutetricas acima de 50 cm (28 13 e 05 indha respectivamente) sendo

que Hura e Sterculia apresentam uma baixa taxa de estabelecimento visiacutevel pelo

pequeno nuacutemero de indiviacuteduos observados em classes diameacutetricas baixas

Os ciclos de corte entre 10 e 12 anos determinados para as espeacutecies neste

trabalho satildeo valores proacuteximos ao permitido pelas normas de manejo florestal da IN ndeg 5

(ciclo de corte de 10 anos) Entretanto aplicando-se um diacircmetro de derrubada limite

de 50 cm pode natildeo ser sustentaacutevel para espeacutecies como Sterculia e Cedrela

considerando-se a abundacircncia destas espeacutecies na regiatildeo Considerando-se a

48

abundacircncia de Hura e Ocotea o manejo pode ser sustentaacutevel se considerar os DMDs

determinados para cada espeacutecie neste estudo

igura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999

Inventaacuterio florestal de Mamirauaacute (1999 - 2000)

00

02

04

06

08

10

12

14

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

gt 2

Classes diameacutetricas (m)

Den

sida

de d

e aacuter

vore

s po

r ha

Sterculia elataHura crepitansOcotea cymbarumCedrela odorata

Fa 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM

49

Os resultados mostram que tanto Hura quanto Sterculia apresentaram taxas de

crescimento arboacutereo relativamente raacutepidas o que as torna espeacutecies potenciais para

recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e reflorestamento Jaacute Ocotea e Cedrela duas

espeacutecies de madeira densa apresentaram taxas mais lentas de crescimento arboacutereo

Ocotea eacute uma espeacutecie cuja madeira eacute frequumlentemente utilizada pelas

comunidades ribeirinhas na construccedilatildeo de casas moacuteveis e taacutebuas Cedrela eacute uma

espeacutecie bastante valorizada no mercado madeireiro chegando a custar R$ 12000m3

no ano de 2004 na regiatildeo do alto Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a) Isto faz com

que reflorestamentos com Cedrela venham a ser um importante caminho para o

enriquecimento dos estoques de madeira visando o aumento das populaccedilotildees desta

espeacutecie Atraveacutes de um manejo florestal sustentaacutevel comunidades ribeirinhas podem se

beneficiar com produtos madeireiros de alta qualidade e de valor comercial

Os efeitos positivos da liberaccedilatildeo do dossel sobre as taxas de incremento em

diacircmetro observados em espeacutecies de madeira densa (Kammesheidt et al 2003)

indicam que as taxas de crescimento arboacutereo encontradas em Cedrela poderiam ser

aceleradas atraveacutes de aplicaccedilatildeo deste tipo de tratamento silvicultural Entretanto devem

ser realizados mais estudos a respeito das estrateacutegias de regeneraccedilatildeo da espeacutecie

dentro da reserva

Os resultados indicam que um ciclo de corte de 25 anos eacute inadequado para

execuccedilatildeo de manejo florestal sustentaacutevel das quatro espeacutecies estudadas Todas

apresentaram ciclos de corte inferiores (entre 10 e 12 anos) ao valor exigido por lei

indicando que estes recursos madeireiros natildeo estatildeo sendo manejados eficazmente A

IN no 5 permite a aplicaccedilatildeo de ciclo de corte inicial de 10 anos com volume maacuteximo de

10 msup3ha ou mais com retirada de apenas 3 aacutervores por ha para manejos de baixa

50

intensidade Com isso eacute possiacutevel manejar de forma mais adequada os estoques de

Ocotea e Hura aplicando ciclos de corte de 12 e 10 anos respectivamente utilizando

contudo os DMDs aqui determinados para manejo florestal mais especiacutefico garantindo

assim a sustentabilidade do uso da madeira destas espeacutecies dentro da reserva

Todavia eacute necessaacuteria a garantia de que ao retirar aacutervores de determinada espeacutecie em

dado local seja feito estabelecimento de indiviacuteduos de mesma espeacutecie

A distribuiccedilatildeo diameacutetrica de Hura mostra ampla distribuiccedilatildeo de aacutervores na

maioria das classes diameacutetricas Contudo o modelo de crescimento da espeacutecie mostra

que em classes diameacutetricas entre 50 e 130 cm natildeo foi atingida produccedilatildeo maacutexima de

madeira Neste sentido ao retirar aacutervores com diacircmetros acima de 130 cm ainda

restaratildeo aacutervores suficientes nas classes inferiores para garantir renovaccedilatildeo dos

estoques extraiacutedos as quais permitem a garantia de produccedilatildeo de diaacutesporos para a

regeneraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da produtividade maacutexima da espeacutecie otimizando a exploraccedilatildeo

da madeira de Hura

O mesmo deve valer para Ocotea e Sterculia Poreacutem a regeneraccedilatildeo destas

espeacutecies deve ser assegurada o que implica em execuccedilatildeo de estudos ecologia da

populaccedilatildeo particularmente de regeneraccedilatildeo e estabelecimento levando-se em

consideraccedilatildeo a influecircncia de fatores ambientais (solo clima disponibilidade de luz

inundaccedilatildeo etc)

51

64 Desafios futuros

Os resultados do presente trabalho mostram que o atual criteacuterio de manejo

florestal que estabelece ciclo de corte e diacircmetro limite para corte uacutenicos extraccedilatildeo de 5

aacutervores por ha natildeo se mostra eficaz na garantia de manutenccedilatildeo dos estoques de

madeira para exploraccedilotildees subsequumlentes o que torna estes criteacuterios inviaacuteveis para

conservaccedilatildeo da biodiversidade por meio de manejos florestais sustentaacuteveis em

florestas de vaacuterzea Aleacutem disso a ausecircncia de informaccedilotildees a respeito dos processos

que envolvem a dinacircmica e ecologia de florestas alagaacuteveis na elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo eacute um fator agravante na questatildeo da insustentabilidade da

exploraccedilatildeo dos recursos florestais em florestas de vaacuterzea

Ciclos de corte da madeira soacute possibilitam sustentabilidade se as espeacutecies

extraiacutedas conseguem se regenerar e estabelecer dentro da floresta garantindo

estoques de madeira para as proacuteximas extraccedilotildees Uma importante questatildeo eacute a

ausecircncia de dados baacutesicos de estrutura populacional e estabelecimento e regeneraccedilatildeo

de florestas tropicais para subsidiar planos de manejo florestal principalmente em

florestas de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia

Pesquisas tecircm sido feitas no sentido de investigar a influecircncia do pulso de

inundaccedilatildeo condiccedilotildees de luz suprimento de nutrientes e disponibilidade de aacutegua no

estabelecimento de sementes e placircntulas em aacutereas alagaacuteveis (Parolin 2001 Wittmann

amp Junk 2003 Ferreira et al 2005) Wittmann amp Junk (2003) enfatizam importacircncia de

novos estudos focando os processos de germinaccedilatildeo crescimento e taxa de

mortalidade de placircntulas de espeacutecies exploradas comercialmente e suas relaccedilotildees com

fatores do ambiente como luz e inundaccedilatildeo

52

Produtos florestais natildeo madeireiros tambeacutem devem ser levados em consideraccedilatildeo

na elaboraccedilatildeo de planos de manejo de florestas de vaacuterzea Diversos produtos tais

como resinas oacuteleos frutos fibras tecircxteis taninos e produtos medicinais satildeo extraiacutedos

de espeacutecies encontradas nas florestas de vaacuterzea (Wittmann et al 2006b) o que

demonstra o alto potencial destas florestas para este tipo de exploraccedilatildeo dos recursos

Novos modelos de exploraccedilatildeo madeireira que levam em consideraccedilatildeo o

crescimento e idade das aacutervores estatildeo sendo criados (Schoumlngart et al 2003 Brienen

amp Zuidema 2006 Schoumlngart 2007 2008) Mas o desafio de converter dados de

pesquisas cientiacuteficas em poliacuteticas puacuteblicas ainda eacute grande O caminho ainda eacute longo e

espera-se que a partir desta mudanccedila da IN ndeg de 2006 o qual permite a alteraccedilatildeo do

diacircmtro limite de corte e ciclo de corte atualmente requeridos para o manejo florestal

com base em pesquisas cientiacuteficas abra portas para a elaboraccedilatildeo de manejos

florestais especiacuteficos e sustentaacuteveis e consequumlentemente possibilitem que o quadro de

exploraccedilatildeo da madeira venha a se modificar com o tempo nas florestas alagaacuteveis da

Amazocircnia brasileira

7 CONCLUSOtildeES

As quatro espeacutecies estudadas apresentam diferenccedilas nas taxas de crescimento

arboacutereo Isto implica que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico de

derrubada e ciclo de corte para estas espeacutecies natildeo garantem a manutenccedilatildeo dos

estoques de madeira na floresta e portanto natildeo satildeo sustentaacuteveis

O DMD sugerido para Hura eacute de 130 cm quando a espeacutecie atinge sua produccedilatildeo

oacutetima de madeira possibilitando o aproveitamento maacuteximo do recurso bem como a

53

permanecircncia de indiviacuteduos em idade reprodutiva e consequumlente reposiccedilatildeo dos

estoques desta espeacutecie

Os resultados mostram que para C odorata uma espeacutecie com baixa densidade

de indiviacuteduos na reserva o DMD encontrado foi inferior a 50 cm (3760 cm) o que

demonstra a necessidade de aplicaccedilatildeo de tratamentos de enriquecimento de indiviacuteduos

para reposiccedilatildeo dos estoques para futuras exploraccedilotildees

Para O cymbarum e S elata DMDs sugeridos satildeo de 53 e 56 cm

respectivamente dentro do diacircmetro limite estabelecido por lei No entanto a baixa

densidade de indiviacuteduos encontrada em S elata indica tambeacutem a importacircncia de

aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais de enriquecimento para esta espeacutecie atingir

niacuteveis manejaacuteveis de seus estoques madeireiros

Os ciclos de corte variaram entre 10 anos para as espeacutecies de madeira branca e

12 anos para as espeacutecies de madeira pesada Entretanto deve ser ressaltada a

importacircncia do uso de DMD aqui sugeridos para cada espeacutecie objetivando a garantia da

manutenccedilatildeo dos estoques das mesmas

A dendrocronologia se mostrou uma ferramenta bastante uacutetil na aplicaccedilatildeo de

modelos de crescimento arboacutereo com intuito de contribuir para elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo florestal que suportam maior sustentabilidade do uso dos

recursos florestais Contudo maiores estudos para compreensatildeo da estrutura das

populaccedilotildees crescimento e reproduccedilatildeo das espeacutecies madeireiras de florestas de vaacuterzea

devem ser realizados

54

8 REFEREcircNCIAS

Achard F Eva HD Stibig Hans-Juumlrgen Mayaux P Gallego J Richards T

Malingreau Jean-Paul 2002 Determination of Deforestation Rates of the Worlds

Humid Tropical Forests Science 297(5583) 999 ndash 1002

Alencar A Nepstad D McGrath D Moutinho P Pacheco P Del Carmen M Diaz

V Soares ndash Filho BS 2004 Desmatamento na Amazocircnia indo aleacutem da

emergecircncia crocircnica Ipamhttpwwwipamorgbrpublicacoeslivrosresumo_des

matamentophp

Albernaz AL amp Ayres JM 1999 Selective Logging along the Middle Solimotildees River

In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash

Diversity Development and Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains

New York NYBG Press

Amaral P amp Amaral MN 2000 Manejo florestal comunitaacuterio na Amazocircnia brasileira

situaccedilatildeo atual desafios e perspectivas Brasiacutelia DF Instituto Internacional de

Educaccedilatildeo do Brasil (IIEB) 58 pp

Anderson A Mousasticoshvily I Macedo D 1999 Logging of Virola surinamensis in

the Amazon Floodplain Impacts and alternatives In Padoch C Ayres J M

Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and

Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Asner GP Knapp DE Broadbent EN Oliveira PJC Keller M Silva JNM

2005 Selective logging in the Brazilian Amazon Science 310 480 ndash 482

Ayres JM 1993 As matas de vaacuterzea do Mamirauaacute MCTCNPqSociedade Civil

Mamirauaacute Brasiacutelia Distrito Federal 123 pp

Barreto P Amaral P Vidal E Uhl C 1998 Costs and benefits of forest

management for timber production in eastern Amazonia Forest Ecology and

Management 108 (1ndash2) 9 ndash 26

Barros AC amp Uhl C 1995 Logging along the Amazon River and estuary Patterns

problems and potential Forest Ecology and Management 77 87ndash105

Barros AC amp Uhl C 1999 The economic and social significance of logging operations

on the Floodplains of the Amazon estuary and prospects for ecological

55

sustainability In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A

(eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and Conservation of Amazonias

Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Boltz F Carter DR Holmes TP Pereira RJr 2001 Financial returns under

uncertainty for conventional and reduced impact logging in permanent production

forests of the Brazilian Amazon Ecological Economics 39 387 ndash 398

Borchert R Rivera G Hagnauer W 2002 Modification of vegetative phenology in a

tropical semideciduous forest by abnormal drought and rain Biotropica 34 27 ndash

39

Bormann FH amp Berlyn G 1981 Age and growth rate of tropical trees new directions

for research Yale University School of Forestry and Environmental Studies

Bulletin New Haven

Boot RGA amp Gullison RE 1995 Aprporaches to developing sustainable extraction

systems for tropical forest products Ecological Applications 5(4) 896 ndash 903

Brienen RJW amp Zuidema PA 2005 Relating tree growth to rainfall in Bolivian rain

forests a test for six species using tree ring analysis Oecologia 146(1) 1 ndash 12

Brienen RJW amp Zuidema PA 2006 Lifetime growth patterns and ages of Bolivian

rain forest trees obtained by tree ring analysis Journal of Ecology 94 481 ndash 493

Brienen RJW amp Zuidema PA 2007 Incorporating persistent tree growth differences

increases estimates of tropical timber yield The Ecological Society of America

Frontiers in Ecology and the Environment 5(6) 302 ndash 306

Cannell MGR 1984 Woody biomass of forest stands Forest Ecology and

Management 8 (3 ndash 4) 299 ndash 312

Carvalho G Barros AC Moutinho P Nepstad D 2001 Sensitive Development

Could Protect Amazonia Instead of Destroying It Nature 409 131

Chave J Andalo C Brown S Cairns MA Chambers JQ Eamus D Foumllster H

Fromard F Higuchi N Kira T Lescure J-P Nelson BW Ogawa H Puig

H Rieacutera B Yamakura T 2005 Tree allometry and improved estimation of

carbon stocks and balance in tropical forests Oecologia 145 87 ndash 99

Chambers JQ Higuchi N Schimel JP 1998 Ancient trees in Amazonia Nature 39

135 ndash 136

56

Cintron BB 1990 Cedrela odorata L Cedro hembra Spanish cedar In Burns RM

Honkala BH (eds) Silvics of North America 2 Hardwoods Agric Handb

Washington DC US Department of Agriculture Forest Service 654 250 ndash 257

Clark DB amp Clark DA 1996 Abundance growth and mortality of very large trees in

neotropical lowland rain forest Forest Ecology and Management 80 235 ndash 244

Clark DA Clark DB 2001 Getting to the canopy Tree height growth in a neotropical

rain forest Ecology 82 1460 ndash 1472

Condit R 1995 Research in large long-term tropical forest plots Tree 10 18 ndash 22

Condit R Hubbel SP Foster RB 1995 Demography and harvest potential of Latin

American timber species data from a large permanent plot in Panama Journal of

Tropical Forest Science 7 599 ndash 622

De Graaf NN Filius AM Huesca Santos AR 2003 Financial analysis of sustained

forest management for timber Perspectives for application of the CELOS

management system in Brazilian Amazonia Forest Ecology and Management

177 287 ndash 299

Denevan WM 1976 The aboriginal population of Amazonia In Denevan W M (ed)

The native population of the Americas in 1492 The University of Wisconsin Press

205 ndash 234

De Simone O Junk WJ Schmidt W 2003 Central Amazon Floodplain Forests Root

Adaptations to Prolonged Flooding Russian Journal of Plant Physiology 50(6)

848 ndash 855

Dezzeo N Worbes M Ishii I Herrera R 2003 Growth rings analysis of four tropical

tree species in seasonally flooded forest of the Mapire River a tributary of the

lower Orinoko River Venezuela Plant Ecology 168 165 ndash 175

Duumlnisch O Montoia VR Bauch J 2003 Dendroecological investigations on

Swietenia macrophylla King and Cedrela odorata L (Meliaceae) in the Central

Amazon Trees ndash Struct Funct 17 244 ndash 250

Dykstra JA amp Heinrich R 1996 FAO model code of forest harvesting practice Food

and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) Rome Italy

Eckstein D Sass U Baas P 1995 Growth periodicity in tropical trees IAWA Journal

16 325 ndash 442

57

Enquist BJ Leffler AJ 2001 Long-term tree ring chronologies from sympatric tropical

dry-forest trees individualistic responses to climatic variation Journal of Tropical

Ecology 17 41 ndash 60

Enright NJ Hartshorn GS 1981 The demography of tree species in undisturbed

tropical rainforest In Bormann FH Berlyn G (eds) Age and growth rate of

tropical trees new directions for research Yale University School of Forestry and

Environmental Studies 94 107 ndash 119

Fearnside PM 1999 Biodiversity as an environmental service in Brazilacutes Amazonian

forests risks value and conservation Environmental Conservation 26 305 ndash 321

Ferreira LV 1991 O efeito do periacuteodo de inundaccedilatildeo na zonaccedilatildeo de comunidades

fenologia e regeneraccedilatildeo em uma floresta de Igapoacute na Amazocircnia Central Masterrsquos

Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 161 pp

Fichtler E Clark DA Worbes M 2003 Age and long-term growth of trees in an old-

growth tropical rain forest based on analyses of tree rings and C-14 Biotropica

35 306 ndash 317

Fichtler E Trouet V Beeckman H Coppin P Worbes M 2004 Climatic signals in

tree rings of Burkea africana and Pterocarpus angolensis form semiarid forests in

Namibia Trees 18 442 ndash 451

Francis J K 1990 Hura crepitans L Sandbox molinillo jabillo In SO-ITF-SM-38 New

Orleans LA US Department of Agriculture Forest Service Southern Forest

Experiment Station 270 ndash 274

Fritts HC 1976 Tree rings and climate London - Academic Press 567 pp

Furch K 1984 Water chemistry of the Amazon Basin The distribution of chemical

elements among freshwaters In Sioli H (ed) The Amazon Limnology and

Landscape Ecology of a Mighty Tropical River and its Basin Junk Publishers

Dordrecht 176 ndash 200

Furch K 1997 Chemistry of Vaacuterzea and Igapoacute soils and nutrient inventory of their

floodplain forests In Junk WJ (ed) The Central Amazon Floodplains Ecology of

a Pulsing System Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 47 ndash 67

58

Gama JRV Bentes ndash Gama M de Matos Scolforo JRS 2005 Sustainable

management for floodplain forest in eastern Amazonian Rev Aacutervore 29(5) 719 ndash

729

Gerwing JJ 2002 Degradation of forests through logging and fire in the eastern

Brazilian Amazon Forest Ecology and Management 157 131 ndash 141

Gourlay ID 1995 The definition of seasonal growth zones in some African Acacia

species ndash A review IAWA Journal 16 353 ndash 359

Hartshorn GS 1995 Ecological basis for sustainable development in tropical forests

Annual Review of Ecology and Systematics 26 155 ndash 175

Higuchi N Hummel AC Freias JV Malinowski JRE Stokes R 1994

Exploraccedilatildeo florestal nas vaacuterzeas do Estado do amazonas seleccedilatildeo de aacutervore

derrubada e transporte Proceedings of the VII Harvesting and Transportation of

timber Products IUFROUFPR Curitiba Brasil 168 ndash 193

Holmes TP Blate GM Zweede JC Pereira R Barreto P Boltz F Bauch R

2002 Financial and ecological indicators of reduced impact logging performance in

the eastern Amazon Forest Ecology and Management 163 93 ndash 110

IBGE 2000 Censo Demograacutefico 2000 Resultados Preliminares Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Rio de Janeiro 172 pp

Irion G Junk WJ Mello JASN 1997 The large Central Amazonian river floodplain

near Manaus geological climatological hydrological and geomorphological

aspects In the Central Amazonian Floodplains Ecology of a Pulsing System

Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 23 ndash 46 Johns JS Baretto P Uhl C 1996 Logging damage during planned and unplanned

logging operations in the eastern Amazon Forest Ecology and Management 89

59 ndash 77

Junk WJ 1989 Flood tolerance and tree distribution in Central Amazonian floodplains

In Nielsen LB Nielsen IC Baisley H (eds) Tropical Forests Botanical

Dynamics Speciation and Diversity Academic Press London 47 ndash 64

Junk WJ Bayley PB Sparks RE 1989 The flood pulse concept in foodplain

systems In Dodge DP (eds) Proceedings of the International Large River

Symposium Cen Spec Publ Fish Aquat Sci 106 110 ndash 127

59

Junk WJ amp Piedade MTF 1997 Plant life in the floodplain with special reference to

herbaceous plants In The central Amazon Floodplain Ecology of a Pulsing

system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 147 ndash 185

Kammescheidt L Gagang AA Schwarzwaller W Weidelt H 2003 Growth patterns

of dipterocarps in treated and untreated plots Forest Ecology and Management

174 437 ndash 445

Kubitzki K amp Zibursk A 1994 Seed dispersal in flood plain forests of Amazonia

Biotropica 26(1) 30 ndash 43

Lambin EF Geist HJ Lepers E 2003 Dynamics of land-use and land-cover change

in tropical regions Annual Review of Environment and Resources 28 205 ndash 41

Lamprecht H 1989 Silviculture in the tropics tropical forest ecosystems and their tree

species - possibilities and methods for their long-term utilization GTZ Eschborn

Laurance WF Nascimento HEM Laurance SG Condit R DAngelo S

Andrade A 2004 Inferred longevity of Amazonian rainforest trees based on a

long-term demographic study Forest Ecology and Management 190 131 ndash 143

Lieberman D Lieberman M Hartshorn G Peralta R 1895 Growth rates and age-

size relationships of Tropical Wet Forest trees in Costa Rica

Journal of Tropical Ecology 1(2) 97 ndash 109

Lima JRA amp Santos Joaquim dos Higuchi N 2005 Situaccedilatildeo das induacutestrias

madeireiras do Estado do Amazonas em 2000 Acta Amazonica 35(2) 125 ndash 132

Loureiro AA amp Silva MF da 1968 Cataacutelogo das madeiras da Amazocircnia Beleacutem

INPA 1 ndash 2

Margulis S 2003 Causas do desmatamento da Amazocircnia brasileira Brasiacutelia Banco

Mundial 100 pp

Marinho TA da S 2008 Distribuiccedilatildeo e estrutura da populaccedilatildeo de quatro espeacutecies

madeirerias em uma floresta sazonalmente alagaacutevel na Reserva de

desenvolvimento sustentaacutevel Mamirauaacute Amazocircnia Central Masterrsquos Thesis

Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 71 pp

Marques CA 2001 Importacircncia econocircmica da famiacutelia Lauraceae Lindl Floresta e

Ambiente 8(1) 195 ndash 206

60

Martini A Arauacutejo R N Uhl C 1998 Espeacutecies de Aacutervores Potencialmente

Ameaccediladas pela Atividade Madeireira na Amazocircnia Imazon Beleacutem Brazil Seacuterie

Amazocircnia Ndeg 11

Nebel G amp Kvist LP 2001 A review of Peruvian flood plain forests ecosystems

inhabitants and resource use Forest Ecology and Management 150 3 ndash 26

Nebel G Dragsted J Simonsen TR Vanclay JK 2001 The Amazon floodplain

forest tree Maquira coriacea (Karsten) CC Berg Aspects of ecology and

management Forest Ecology and Management 150 103 ndash 113

Nebel G amp Meilby H 2005 Growth and population structure of timber species in

Peruvian Amazon flood plains Forest Ecology and Management 215 1 ndash 3

Nepstad D Carvalho G Barros AC Alencar A Capobianco J Bishop J

Moutinho P Lefebvre P Silva U 2001 Road Paving Fire Regime Feedbacks

and the Future of Amazon Forests Forest Ecology and Management 5524 1 ndash 13

Nutto L Watzlawick LF 2002 Relaccedilotildees entre fatores climaacuteticos e incremento em

diacircmetro de Zanthoxylum rhoifolia Lam e Zanthoxylum hyemale St Hil Na regiatildeo

de Santa Maria RS Embrapa Florestas Bol Pesq Fl Colombo PR 45 41 ndash 55 Ohly JJ 2000 Development of central Amazonia in the modern era In Junk WJ

Ohly JJ Piedade MTF Soares MGM (eds) The Central Amazon

Floodplain Actual Use and Options for Sustainable Management Backhuys

Publisher Leiden 75 ndash 94

Parolin P 2001 Morphological and physiological adjustments to waterlogging and

drought in seedlings of Amazonian floodplain trees Oecologia 128 326-335

Parolin P 2002 Bosques inundados en la Amazonia Central Su aprovechamiento

actual y potencial Ecologia Aplicada 1(1) 111 ndash 114

Parolin P De Simone O Haase K Waldhoff D Rottenberger S Kuhn U

Kesselmeier J Kleiss B Schmidt W Piedade MTF Junk WJ 2004 Central

Amazonian floodplain forests tree adaptations in a pulsing system The Botanical

Review 70(3) 357 ndash 380

Piedade MTF Junk WJ Parolin P 2000 The flood pulse and photosynthetic

response of tree in a white water floodplain (Vaacuterzea) of Central Amazon Brazil

Verhandlungen der Internationalen Vereinigung fuumlr Limnologie 27 1734 ndash 1739

61

Piedade MTF 1985 Ecologia e biologia reprodutiva de Astrocaryum jauari Mart

(Palmae) como exemplo de populaccedilatildeo adaptada agraves aacutereas inundaacuteveis do Rio Negro

(igapoacutes) Masterrsquos Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo

Universidade do Amazonas Manaus Amazonas 188 pp

Piedade MTF Junk WJ Adis J Parolin P 2005 Ecologia zonaccedilatildeo e colonizaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo arboacuterea das Ilhas Anavilhanas Pesquisas Botacircnica 56 117 ndash 143

Pinedo-Vasquez M Zarin DJ Coffey K Padoch C Rabelo F 2001 Post-boom

logging in Amazonia Human Ecology 29 219ndash239

Prance GT 1980 A terminologia dos tipos de florestas Amazocircnicas sujeitos agrave

inundaccedilatildeo Acta Amazonica 10 495 ndash 504

Prance GT 1989 American Tropical Forests In Lieth H Weger MJA (eds)

Tropical Rain Forest Ecossistems Ecossistems of the World Elsevier Amsterdam

14 99 ndash 132

Putz FE Blate GM Redford KH Fimbel R Robinson J 2001 Tropical forest

management and conservation of biodiversity an overview Conservation Biology

15 7ndash20

Queiroz H 2005 A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute Estudos

Avanccedilados 19(54) 183 ndash 203

Revilla JDC 1981 Aspectos floriacutesticos e fitossocioloacutegicos da floresta inundaacutevel

(igapoacute) Praia Grande Rio Negro Amazonas Brasil Masterrsquos Thesis Instituto

Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do Amazonas

Manaus Amazonas 129 pp

Ribeiro RNS Tourinho MM Santana AC 2004 Avaliaccedilatildeo da sustentabilidade

agroambiental de unidades produtivas agroflorestais em Vaacuterzeas fluacutevio marinhas

de Cametaacute - Paraacute Acta Amazonica 34(3) 359 ndash 374

Roig FA 2000 Dendrocronologiacutea en los bosques del Neotroacutepicos revisioacuten y

prospeccioacuten futura In Dendrocronologiacutea en america Latina Roig F A (ed)

Mendoza EDIUNC 307 ndash 355

Sass U Killmann W Eckstein D 1995 Wood formation in two species of

dipterocarpaceae in Peninsular Malaysia IAWA Journal 16 371 ndash 384

62

Schoumlngart J 2003 Dendrochronologische Untersuchungen in

Uumlberschwemmungswaumlldern der vaacuterzea Zentralamazoniens PhD Thesis Fakultaumlt

fuumlr Forstwissenschaften und Waldoumlkologie Universitaumlt Goumlttingen 223 pp

Schoumlngart J 2008 GrowthndashOrientated Logging (GOL) A new concept towards

sustainable forest management in Central Amazonian vaacuterzea floodplains Forest

Ecology and Management (Aceito)

Schoumlngart J Piedade MTF Ludwigshausen S Horna V Worbes M 2002

Phenology and stem-growth periodicity of tree species in Amazonian floodplain

forests Journal of Tropical Ecology 18 581 ndash 597

Schoumlngart J Piedade MTF Worbes M 2003 Successional differentiation in

structure floristic composition and wood increment of whitewater Floodplain

Forests in Central Amazonia German-Brazilian Workshop on Neotropical

Ecosystems ndash Achievements and Prospects of Cooperative Research Hamburg 3

ndash 8

Schoumlngart J Junk WJ Piedade MTF Ayres JM Huumlttermann A Worbes M

2004 Teleconnection between tree growth in the Amazonian floodplains and the El

Nintildeo-Southern Oscillation effect Global Change Biology 10 683 ndash 692

Schoumlngart J Piedade MTF Wittmann F Junk WJ Worbes M 2005 Wood

growth patterns of Macrolobium acaciifolium (Benth) (Fabaceae) in Amazonian

black-water and white-water Floodplain Forests Oecologia 145 454 ndash 461

Schoumlngart J Orthmann B Hennenberg KJ Porembski S Worbes M 2006

Climate ndash growth relationships of tropical tree species in West Africa and their

potential for climate reconstruction Global Change Biology 12 1139 ndash 1150

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M Piedade MTF Krambeck H-J Junk WJ

2007 Management criteria for Ficus insipida Willd (Moraceae) in Amazonian white

ndash water floodplain forests defined by tree ndash rings analysis Annals of Forest

Science 64 657 ndash 664 Schoumlngart J Rocha RM Queiroz HL 2008a Traditional timber extraction in the

central Amazonian floodplains In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

63

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M 2008b Biomass and net primary production of

central Amazonian floodplain forests In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-Verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Swaine MD Whitmore TC 1988 On the definition of ecological species groups in

tropical rain forests Vegetatio 75 81 ndash 86

Schwartz MW Caro TM Banda-Sakala T 2002 Assessing the sustainability of

harvest of Pterocarpus angolensis in Rukwa Region Tanzania Forest Ecology and

Management 170 259 ndash 269

Schweingruber FH 1988 Tree rings Reidel Dordrecht 276 pp

Sioli H amp Klinge H 1962 Solos tipos de vegetaccedilatildeo e aacuteguas na Amazocircnia Boletim

Museu Paraense Emilio Goeldi 1 27 ndash 41

Sioli H 1984 Former and recent utilizations of Amazonia and their impact on the

environment In The Amazon Sioli H (ed) Junk Publishers Dordrecht 675 ndash

706

Sioli H 1991 Amazocircnia Fundamentos da ecologia da maior regiatildeo de florestas

tropicais Editora Vozes Petroacutepolis Rio de Janeiro 3 ed 71 pp

Sociedade Civiacutel Mamirauaacute 1996 Mamirauaacute Management Plan (summarized version)

Brasiacutelia SCM CNPqMCT

Sokpon N amp Biaou SH 2002 The use of diameter distributions in sustained-use

management of remnant forests in Benin case of Bassila forest reserve in North

Benin Forest Ecology and Management 161 13 ndash 25

Sombroek WG 1979 Soils of the Amazon region and their ecological stability ISM

Annual Report 13 ndash 27

Smeraldi R 2003 Legalidade predatoacuteria ndash o novo contexto da exploraccedilatildeo madeireira

na Amazocircnia In MACQUEEN DJ (ed) Exportando sem crises a induacutestria de

madeira tropical brasileira e os mercados internacionais IIED Small and Medium

64

Enterprise Series London International Institute for Environment and

Development 1 37 ndash 52

Spiecker H 2002 Tree rings and forest management in Europe Dendrochronologia

20(1-2) 191 ndash 202

Stadtler EWC 2007 Estimativas de biomassa lenhosa estoque e sequumlestro de

carbono acima do solo ao longo do gradiente de inundaccedilatildeo em uma floresta de

igapoacute alagada por aacutegua preta na Amazocircnia Central MSc thesis INPAUFAM

Manaus BrazilStahle DW 1999 Useful strategies for the development of tropical

tree-ring chronologies IAWA Journal 20 249 ndash 253

Takeuchi M 1962 The structure of the amazonian vegetation VI Igapoacute Journal of the

Faculty Science University of Tokyo 8(4 ndash 7) 297-304

Ter Steege H Pitman N Sabatier D Castellanos H Vander Hout P Daly DC

Silveira M Phillips OL Vasquez R Van Andel T Duivenvoorden J De

Oliveira AA Ek R Lilwah R Thomas R Van Essen J Baider C Maas P

Mori S Terborgh J Nueacutez PV Mogolloacute n H Morawetz W 2003 A spatial

model of tree adiversity and b-density for the Amazon Region Biodiversityand

Conservation 12 2255 ndash 2277

Therrell MD Stahle DW Ries LP Shugart HH 2006 Tree-ring reconstructed

rainfall variability in Zimbabwe Climate Dynamics 26 677 ndash 685

Uhl C Barreto P Verissiacutemo A Vidal E Amaral P Barros AC Souza C Johns

J Gerwing J 1997 Natural Resource Management in the Brazilian Amazon

Bioscience 47(3) 160 ndash 168

Vidal E Viana VM Batista JLF 2002 Crescimento de floresta tropical trecircs anos

apoacutes colheita de madeira com e sem manejo florestal na Amazocircnia oriental

Scientia forestalis 61133-143

Waldholff D Junk WJ Furch B 1998 Responses of three Central Amazonian tree

species to drought and flooding under controlled conditions International Journal of

Ecological and Environments Sciences 24 237 ndash 252

Wittmann F amp Parolin P 1999 Phenology of six tree species from Central Amazonian

Vaacuterzea Ecotropica 5 51 ndash 57

65

Wittmann F Anhuf D Junk WJ 2002 Tree species distribution and community

structure of central Amazonian Vaacuterzea forests by remote-sensing techniques

Journal of Tropical Ecology 18 805 ndash 820

Wittmann F amp Junk WJ 2003 Sapling communities in Amazonian white-water forests

Journal of Biogeography 30(10) 1533 ndash 1544

Wittmann F Junk WJ Piedade MTF 2004 The Vaacuterzea forests in Amazonia

flooding and the highly dynamic geomorphology interact with natural forest

succession Forest Ecology and Management 196 199 ndash212

Wittmann F Schoumlngart J Montero JC Motzer T Junk WJ Piedade MTF

Queiroz HL Worbes M 2006a Tree species composition and diversity gradients

in white-water forests across the Amazon Basin Journal of Biogeography 33 1334

ndash 1347

Wittmann F Schoumlngart J Brito JM Oliveira Wittmann A Piedade MTF Parolin

P Junk WJ Guillaumet JL 2006b Manual of trees from Central Amazonian

vaacuterzea floodplains Taxonomy ecology and use Ed Valer (no prelo)

Whitmore TC 1990 An introduction to tropical rain forests Oxford University Press

New York

Worbes M 1985 Structural and other adaptations to long-term flooding by in Central

Amazonia Amazoniana 9 459 ndash 484

Worbes M 1989 Growth rings increment and age of trees in inundation forest

savannas and mountain forest in the neotropics IAWA Bulletin 10(2) 109 ndash 122

Worbes M 1995 How to measure growth dynamics in tropical trees mdash a review IAWA

Journal 16 337ndash 351

Worbes M 1997 The forest ecosystem of the floodplains In The central Amazon

Floodplain Ecology of a Pulsing system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg

New York 223 ndash 266

Worbes M 1999 Annual grow rings rainfall-dependent growth and long-term grgrowth

patterns of tropical trees from the Caparo Forest Reserve in Venezuela Journal of

Ecology 87 391 ndash 403

Worbes M 2002 One hundred years of tree-ring research in the tropics ndash a brief history

and an outlook to future challenges Dendrochronologia 20(1 ndash 2) 217 ndash 231

66

Worbes M amp Junk WJ 1999 How old are the trees The persistence of a myth

IAWA Journal 20(3) 255 ndash 260

Worbes M Kingle H Revilla JD Martius C 1992 On the dynamics floristic

subdivision and geographical distribuition of Vaacuterzea forests in Central Amazonia

Journal of Vegetation Science 3 553 ndash 569

Worbes M Piedade MTF Schoumlngart J 2001 Holzwirtschaft im Mamirauaacute-Projekt

zur nachhaltigen Entwicklung einer Region im Uumlberschwemmungsbereich des

Amazonas Forstarchiv 72 188 ndash 200

Worbes M Staschel R Roloff A Junk WJ 2003 The ring analysis reveals age

structure dynamics and wood production of a natural forest stand in Cameroon

Forest Ecology and Management 173 105ndash123

67

Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )

Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo

Page 15: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE

madeira (Worbes 1995) Contudo somente no iniacutecio do seacuteculo 20 a existecircncia de aneacuteis

anuais nos troacutepicos foi descoberta e algumas deacutecadas depois foi questionada (Worbes

amp Junk 1999) Muitos acreditavam na ausecircncia de aneacuteis anuais nos troacutepicos devido agrave

limitada sazonalidade (Schweingruber 1988) e temperatura quase constante

(Whitmore 1990) Este mito eacute ainda mantido por alguns autores (Lieberman et al

1985 Whitmore 1990) mesmo verificando-se que a distribuiccedilatildeo sazonal das chuvas na

maioria das regiotildees tropicais ocasiona uma distinta estaccedilatildeo seca (Worbes 1999)

Alguns autores enfatizam os problemas relacionados agrave formaccedilatildeo de aneacuteis anuais

na madeira nos troacutepicos Estudos tecircm registrado a formaccedilatildeo de dois aneacuteis por ano em

regiotildees apresentando duas estaccedilotildees de seca distintas (Gourlay 1995) formaccedilatildeo de

aneacuteis intra-anuais ou falsos aneacuteis em resposta a padrotildees irregulares de chuvas com

seca excepcional durante a estaccedilatildeo chuvosa (Borchert et al 2002) ou ainda a

formaccedilatildeo de aneacuteis irregulares na madeira de espeacutecies tropicais (Sass et al 1995)

Contudo a existecircncia de aneacuteis de crescimento nos troacutepicos tem sido registrada

em mais de 20 paiacuteses tropicais sendo que muitos estudos tecircm comprovado a

anualidade na formaccedilatildeo dos aneacuteis por mais de 100 anos (Worbes 2002) Foram

descritos para estas regiotildees diferentes padrotildees de aneacuteis anuais por Coster (19271928)

e classificados por Worbes (1995) como 4 tipos principais variaccedilotildees na densidade da

madeira faixas de parecircnquima marginal alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima e

variaccedilotildees na densidade dos vasos

Em regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o ritmo de crescimento das aacutervores

eacute determinado pelo pulso de inundaccedilatildeo (Worbes 1985) Durante o alagamento as

raiacutezes sofrem condiccedilotildees anoacutexicas acarretando reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a

copa das aacutervores e consequumlente reduccedilatildeo do metabolismo o que resulta em dormecircncia

5

cambial e a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira (Worbes 1989 Schoumlngart et al

2002) Diversas pesquisas tecircm evidenciado a presenccedila de aneacuteis anuais nas regiotildees de

aacutereas alagaacuteveis nos troacutepicos (Worbes 1989 Dezzeo et al 2003 Schoumlngart et al

2002 2004 2005)

Existem diferentes meacutetodos de investigaccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira

classificados em destrutivos e natildeo destrutivos (Worbes 1995) Meacutetodos natildeo destrutivos

podem ser feitos a partir de investigaccedilotildees fenoloacutegicas medidas repetidas do diacircmetro e

medida da atividade cambial por mensuraccedilatildeo da resistecircncia eleacutetrica na zona cambial

Feridas cambiais (Janelas de Mariaux) dataccedilatildeo por radiocarbono cicatrizes

provocadas por fogo em anos conhecidos ou injurias na madeira densitometria por raio

ndash X variaccedilotildees nas concentraccedilotildees de isoacutetopos estaacuteveis e contagem direta dos aneacuteis satildeo

meacutetodos destrutivos de constataccedilatildeo do ritmo de crescimento da madeira (Worbes

1995 2002) Todos estes meacutetodos foram utilizados independentemente para indicar a

ocorrecircncia de aneacuteis anuais no xilema de espeacutecies arboacutereas nas vaacuterzeas

Dentre estes meacutetodos a contagem direta dos aneacuteis anuais se destaca pela

obtenccedilatildeo de estimativas acuradas da idade das aacutervores e dados de longos periacuteodos de

crescimento da madeira (Bormann amp Berlyn 1981 Eckstein et al 1995) Informaccedilotildees

estas uacuteteis para o entendimento da dinacircmica da floresta (Enright amp Hartshorn 1981

Worbes 2002) desenvolvimento de sistemas de manejo florestal e estrateacutegias de

conservaccedilatildeo das espeacutecies (Stahle et al 1999 Worbes et al 2003)

O padratildeo de crescimento ao longo do tempo atua como um arquivo de dados e

contribui com informaccedilotildees sobre as mudanccedilas nas condiccedilotildees ambientais (Spiecker

2002) relaccedilotildees entre o clima e o crescimento arboacutereo (Enquist amp Leffler 2001 Nutto amp

6

Watzlawick 2002 Fichtler et al 2004 Schoumlngart et al 2006 Therrell et al 2006) e

sequumlestro de carbono na biomassa da madeira (Schoumlngart 2003)

22 As florestas de vaacuterzea

Junk et al (1989) definiram como aacutereas alagaacuteveis aquelas cuja inundaccedilatildeo eacute

promovida por um fluxo lateral dos rios e lagos eou precipitaccedilatildeo direta ou sobre as

aacuteguas um fenocircmeno perioacutedico que influencia na dinacircmica das comunidades e acarreta

um longo periacuteodo de adaptaccedilotildees e evoluccedilatildeo de espeacutecies endecircmicas Na regiatildeo

amazocircnica as aacutereas inundaacuteveis satildeo recobertas por florestas de vaacuterzea e igapoacute sendo

que as florestas de vaacuterzea abrangem uma aacuterea de 50-75 e satildeo consideradas o tipo

de vegetaccedilatildeo inundaacutevel mais importante destas regiotildees (Wittmann et al 2002)

As florestas alagaacuteveis sofrem esta alternacircncia anual entre fase terrestre e

aquaacutetica a qual vem ocorrendo haacute milhotildees de anos leva ao desenvolvimento de

adaptaccedilotildees de caraacuteter morfoloacutegico anatocircmico fisioloacutegico etoloacutegico e fenoloacutegico nas

espeacutecies que vivem nestes ambientes inundados anualmente (Ferreira 1991 Kubitzki

amp Zibursk 1994 Waldhoff et al 1998 Wittmann amp Parolin 1999 Piedade et al 2000

Parolin et al 2004)

Muitas espeacutecies respondem as condiccedilotildees desfavoraacuteveis de crescimento durante

a fase de alagamento apresentando adaptaccedilotildees na forma de produccedilatildeo de raiacutezes

adventiacutecias desenvolvimento de vias alternativas metaboacutelicas e permanecircncia da

atividade fotossinteacutetica (De Simone et al 2003) estrateacutegias de toleracircncia ou escape ao

alagamento pelas placircntulas (Parolin 2002) ou ainda armazenamento de aacutegua no caule

(Schoumlngart et al 2002) Cada espeacutecie responde a este fenocircmeno de forma

7

diferenciada podendo ser visualizada atraveacutes dos diversos padrotildees fenoloacutegicos

encontrados nas aacutereas alagaacuteveis (Schoumlngart et al 2002) O alagamento anual causa

condiccedilotildees anaeroacutebicas nas raiacutezes levando a reduccedilatildeo do transporte de aacutegua ateacute a copa

das aacutervores o que ocasiona estresse hiacutedrico e perda de folhas Como resultado a

planta entra em dormecircncia cambial

As diferentes estrateacutegias adaptativas associadas com diferentes niacuteveis de

toleracircncia ao alagamento refletem a influecircncia exercida pelo periacuteodo e niacutevel de

alagamento aos quais as plantas estatildeo sujeitas resultando numa zonaccedilatildeo de espeacutecies

caracteriacutestica nas aacutereas alagaacuteveis (Takeuchi 1962 Revilla 1981 Piedade 1985

Worbes et al 1992 Worbes 1997 Wittmann et al 2002 2004)

A dinacircmica sucessional em florestas de vaacuterzea da Amazocircnia foi descrita por

Worbes et al (1992) Estaacutegios iniciais de sucessatildeo primaacuteria e secundaacuteria apresentam

estratos monoespeciacuteficos com espeacutecies de crescimento raacutepido e baixa densidade da

madeira as quais natildeo alcanccedilam grandes idades Por meio do processo de sucessatildeo

natural ocorrem substituiccedilotildees de espeacutecies e formaccedilatildeo de estaacutegios tardios onde

observa-se uma maior complexidade nos extratos arboacutereos e diversidade de espeacutecies

diminuiccedilatildeo da taxa de incremento radial e acuacutemulo de biomassa (Worbes 1992

Schoumlngart et al 2003)

Ao longo da sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais existe um aumento da

densidade da madeira das aacutervores e decreacutescimo das taxas de incremento em diacircmetro

aumento da diversidade de espeacutecies o que implica mudanccedilas de estratos mais

homogecircneos de estaacutegios sucessionais iniciais para extratos mais complexos

caracterizados pelo aumento da altura das aacutervores tamanho e aacuterea da copa (Wittmann

et al 2002 Schoumlngart et al 2003)

8

Esta zonaccedilatildeo de espeacutecies em florestas de vaacuterzea ao longo do gradiente

topograacutefico (Junk 1989 Ayres 1993) e sequumlecircncia de estaacutegios sucessionais (Worbes

1997) leva a formaccedilatildeo de dois habitats significativamente diferentes os quais satildeo

denominados vaacuterzea alta e vaacuterzea baixa (Wittmann et al 2002) A primeira caracteriza-

se por alagamento de menos de 3 m por ano na meacutedia apresentando aumento da

diversidade e complexidade da arquitetura com o aumento da idade resultando de

processo sucessional natural de florestas tardias de vaacuterzea baixa sendo considerada

representante de estaacutegio cliacutemax A vaacuterzea baixa apresenta diferentes estaacutegios de

sucessatildeo natural e eacute alagada por mais de 3 m por ano (Wittmann et al 2002) sendo

que a complexidade de estrutura e composiccedilatildeo da floresta tende a aumentar com a

reduccedilatildeo do niacutevel e duraccedilatildeo do alagamento

A grande variedade de habitats e multiplicidade de adaptaccedilotildees resultam numa

grande diversidade de espeacutecies arboacutereas dentro das aacutereas alagaacuteveis (Junk 1989)

atingindo 1000 espeacutecies registradas para florestas alagaacuteveis de vaacuterzea (Wittmann et al

2006a) A alta diversidade nestas aacutereas estaacute relacionada ao niacutevel e periacuteodo das cheias

e aumenta com diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo de inundaccedilatildeo (Wittmann amp Junk 2003 Worbes

et al 1992 Piedade et al 2005) Entretanto florestas de vaacuterzea possuem diversidade

de espeacutecies menor se comparada com florestas de terra firme da mesma regiatildeo (Ayres

1993)

Wittmann et al (2006a) afirmam que nas florestas de vaacuterzea a diversidade de

espeacutecies tambeacutem aumenta no sentido leste ndash oeste dentro da Bacia Amazocircnica Este

padratildeo parece similar ao encontrado para florestas de terra firme na mesma regiatildeo

geograacutefica (Ter Steege et al 2003) corroborando com a hipoacutetese de formaccedilatildeo de uma

zona de transiccedilatildeo que permite a migraccedilatildeo das espeacutecies de florestas de terra firme para

9

florestas alagaacuteveis de vaacuterzea alta (Wittmann et al 2006a) Esta hipoacutetese eacute estabelecida

pela elevada similaridade floriacutestica encontrada entre a vaacuterzea alta e terra firme

As florestas de vaacuterzea alta compreendem cerca de 10 da cobertura florestal

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996 Wittmann et al 2002) no entanto satildeo as florestas

mais ameaccediladas pela accedilatildeo antroacutepica sendo frequumlentemente utilizadas para moradia e

substituiccedilatildeo das aacutereas de floresta para atividades de agricultura e pecuaacuteria

Apresentam alta abundacircncia de espeacutecies madeireiras e estatildeo sendo ameaccediladas por

praacuteticas insustentaacuteveis de manejo (Ayres 1993 Worbes et al 2001)

23 Exploraccedilatildeo madeireira na vaacuterzea

Atualmente dentro da Bacia Amazocircnica de aproximadamente 350 espeacutecies

madeireiras encontradas cerca de 34 tambeacutem ocorrem em florestas de vaacuterzea

(Martini et al 1998) outras satildeo restritas a este tipo de ecossistema Pela falta de infra-

estrutura em estradas de 60 a 80 da madeira extraiacuteda na Amazocircnia Ocidental e

Peru tecircm origem a partir deste tipo de floresta inundaacutevel (Higuchi et al 1994 Nebel amp

Kvist 2001 Worbes et al 2001) Em 2000 somente no Estado do Amazonas

aproximadamente 75 da madeira para induacutestria de laminados e compensados teve

origem em florestas alagaacuteveis (Lima et al 2005)

O preccedilo da madeira de espeacutecies com densidade abaixo de 060 gcm3 (madeira

branca) no Meacutedio Rio Solimotildees variou entre R$ 075-600 por m3 para Hura crepitans

L (Euphorbiaceae) e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae) enquanto que

espeacutecies de madeira densa acima de 060 gcm3 (madeira pesada) como Ocotea

cymbarum Mez (Lauraceae) Copaifera sp (Fabaceae) e Piranhea trifoliata Baill

10

(Euphorbiaceae) foram negociadas por R$ 288-1290 por m3 no periacuteodo de 1993 a

1995 (Worbes et al 2001) O primeiro grupo eacute frequumlentemente utilizado em induacutestrias

de laminados e compensados enquanto que as espeacutecies de madeira densa satildeo muito

utilizadas na construccedilatildeo de casas barcos e moacuteveis (Albernaz amp Ayres 1999) Com a

implementaccedilatildeo de manejo sustentaacutevel controlado e autorizado pelo IBAMA e IPAAM

os preccedilos da madeira subiram consideravelmente atingindo valores de ateacute R$ 6200

por m3 no ano de 2007 ao longo do Meacutedio Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a)

Um inventaacuterio florestal realizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel

Mamirauaacute (RDSM) abrangendo uma aacuterea de 342 ha de florestas de vaacuterzea encontrou

122 espeacutecies madeireiras por ha com diacircmetro limite de corte acima de 45 cm

(Schoumlngart et al 2008a) Das espeacutecies inventariadas as mais encontradas dentre as

madeiras brancas foram H crepitans e Couroupita subsessilis Pilg (Lecythidaceae)

Das madeiras pesadas O cymbarum Mez (Lauraceae) Calycophyllum spruceanum

(Benth) Hookf ex KSchum (Rubiaceae) foram as mais abundantes

Dados do Instituto de Desenvolvimento Sustentaacutevel de Mamirauaacute (IDSM) do

manejo florestal comunitaacuterio (MFC) de 2003 mostram que 42 do nuacutemero de toras e

60 do volume extraiacutedo na reserva pertencem agrave H crepitans Esta espeacutecie somada a

O cymbarum e C subsessilis corresponde a quase 70 do volume em metros cuacutebicos

de madeira extraiacuteda

A atividade madeireira em florestas de vaacuterzea se restringe a poucas espeacutecies

(Schoumlngart 2003) e a ausecircncia de dados de regeneraccedilatildeo e crescimento aliados a

exploraccedilatildeo inadequada da madeira tecircm levado agrave reduccedilatildeo das populaccedilotildees de algumas

destas espeacutecies chegando a praticamente desaparecer dos mercados regionais

(Higuchi et al 1994 Worbes et al 2001) Espeacutecies como Cedrela odorata L

11

(Meliaceae) Platymiscium ulei Harms (Fabaceae) Virola spp (Myristicaceae) Ceiba

pentandra (L) Gaerth (Malvaceae) foram substituiacutedas por O cymbarum C

spruceanum H crepitans e C guianensis (Albernaz amp Ayres 1999 Anderson et al

1999 Worbes et al 2001 Lima et al 2005)

Dentro da RDSM o manejo florestal se caracteriza por sistema policiacuteclico com

ciclo de corte de 25 anos e diacircmetro limite de corte de 45 cm Inicialmente deve ser feito

um inventaacuterio florestal de todas as espeacutecies madeireiras com diacircmetro ge 20 cm e as

extraccedilotildees se limitam a 5 aacutervores por ha que se encontram acima do diacircmetro de corte

Cerca de 10 das aacutervores acima do limite de diacircmetro devem permanecer nas aacutereas

como porta-sementes com o intuito de garantir a regeneraccedilatildeo das espeacutecies exploradas

Aproximadamente 12 da cobertura florestal da RDSM pertence a florestas de

vaacuterzea alta onde a abundacircncia de espeacutecies de valor econocircmico eacute alta (Wittmann et al

2002) e contribuem para o fornecimento de produtos madeireiros para o mercado local

regional e internacional (Wittmann et al 2004) Schoumlngart et al (2007) afirmam que as

espeacutecies mais exploradas na reserva satildeo O cymbarum C spruceanum e P trifoliata

(espeacutecies de madeira densa) assim como Ficus insipida Willd (Moraceae) H

crepitans Maquira coriacea (Karsten) CCBerg (Moraceae) (espeacutecies de madeira

branca)

Este estudo analisa e modela padrotildees de crescimento de quatro espeacutecies

aacuterboreas de interesse comercial de baixa densidade de madeira (madeira branca) e alta

densidade de madeira (madeira pesada) exploradas dentro da RDSM Deste modelos

criteacuterios como DMD e ciclo de corte satildeo derivados e discutidos no contexto das atuais

normas de manejo florestal na Amazocircnia pela legislaccedilatildeo brasileira

12

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Modelar padrotildees de crescimento da madeira de H crepitans C odorata O

cymbarum e S elata espeacutecies de importacircncia econocircmica na exploraccedilatildeo madeireira

das florestas de vaacuterzea da Amazocircnia para definir ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de

derrubada (DMD) especiacuteficos subsidiando futuros planos de manejo florestal

sustentaacutevel dentro da RDSM

32 Objetivos especiacuteficos

a Descriccedilatildeo da anatomia da madeira

b Determinaccedilatildeo da idade das aacutervores

c Determinaccedilatildeo das taxas de incremento em diacircmetro altura volume e biomassa

d Estimativa de ciclos de corte e diacircmetro miacutenimo de derrubada para definir criteacuterios

de manejo para cada uma das espeacutecies

13

4 MATERIAIS E MEacuteTODOS

41 Aacuterea de estudos

A aacuterea de estudos compreende a Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Mamirauaacute (RDSM) a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo na categoria de reserva

sustentaacutevel e primeira existente no ecossistema de vaacuterzea Sua criaccedilatildeo eacute resultado de

solicitaccedilatildeo encaminhada em 1985 pelo bioacutelogo Dr Joseacute Maacutercio Ayres ao oacutergatildeo

responsaacutevel na eacutepoca SEMA ndash Secretaria Especial de Meio Ambiente (Queiroz 2005)

A RDSM eacute dividida em duas aacutereas principais aacuterea focal (cerca de 260000 ha)

onde se desenvolvem desde 1991 atividades baseadas em pesquisas

socioeconocircmicas e ecoloacutegicas incluindo pesca agricultura agroflorestal e ecoturismo

(Sociedade Civil Mamirauaacute 1996) e aacuterea subsidiaacuteria (cerca de 878000 ha) a qual seraacute

manejada progressivamente A aacuterea focal eacute por sua vez subdividida em zona de

proteccedilatildeo permanente zona de ecoturismo e zona destinada ao manejo sustentaacutevel de

recursos naturais

Dentro da aacuterea focal existem nove unidades ou setores de controle do uso dos

recursos naturais denominadas Mamirauaacute Jarauaacute Tijuaca Boa Uniatildeo do Meacutedio

Japuraacute Aranapuacute Barroso Horizonte Liberdade e Ingaacute As atividades econocircmicas

realizadas pelas comunidades dentro dos setores se dividem em produccedilatildeo de farinha

pesca e exploraccedilatildeo da madeira as quais satildeo influenciadas pelo niacutevel de inundaccedilatildeo

anual (Albernaz amp Ayres 1999)

A RDSM estaacute situada na regiatildeo do meacutedio Solimotildees na confluecircncia dos rios

Solimotildees e Japuraacute entre as bacias do rio Solimotildees e Negro Sua porccedilatildeo mais a leste

14

fica nas proximidades da cidade de Tefeacute no Estado do Amazonas Sua vizinha RDS

Amanatilde liga a RDSM ao Parque Nacional do Jauacute (Schoumlngart et al 2005) Estas trecircs

unidades juntas constituem um bloco de floresta tropical com cerca de 6000000 ha

protegidos oficialmente Formam o embriatildeo do Corredor Central da Amazocircnia

(MMAPPG7) e da Reserva da Biosfera da Amazocircnia Central (MaBUnesco) e

compotildeem um Siacutetio Natural do Patrimocircnio Mundial (UnescoIUCN) (Queiroz 2005 Ayres

et al 2005)

Possui clima caracterizado por uma meacutedia de temperatura diaacuteria de 269 ordmC e

precipitaccedilatildeo anual de aproximadamente 3000 mm apresentando uma estaccedilatildeo seca

distinta (julho-outubro) O niacutevel de flutuaccedilatildeo meacutedia da aacutegua do Rio Japuraacute durante 1993

ndash 2000 foi de 1138 m (Wittmann amp Junk 2003 Schoumlngart et al 2005)

Aproximadamente 92 da cobertura vegetal abrangendo a aacuterea focal da reserva eacute

composta por florestas de vaacuterzea baixa constituiacuteda por diferentes estaacutegios

sucessionais e somente cerca de 8 corresponde a florestas de vaacuterzea alta (Wittmann

et al 2002)

42 Descriccedilatildeo das espeacutecies

421 Cedrela odorata L (Meliaceae)

Popularmente conhecida como cedro cedro branco cedro cheiroso ou cedro

mogno apresenta tronco com casca de cheiro bastante caracteriacutestico rugosa com

fissuras transversais vermelho-alaranjadas Apresenta base reta ou com raiacutezes

tabulares e suas flores satildeo brancas em inflorescecircncias terminais (Wittmann et al

15

2006b) Os frutos capsulares quando maduros se abrem liberando de 40 a 50

sementes aladas as quais satildeo dispersas pelo vento (Cintron 1990 Wittmann et al

2006b)

Encontrada em toda a Amazocircnia embora com baixa frequumlecircncia ocorre desde as

Iacutendias Ocidentais as grandes e pequenas Antilhas ateacute Trinidad e Tobago sendo

encontrada tambeacutem no Meacutexico Equador Peru e Guianas (Cintron 1990) Eacute tipicamente

deciacutedua sendo encontrada em extrato superior de vaacuterzea alta e ocupando estaacutegio

sucessional secundaacuterio tardio

Apresenta madeira moderadamente pesada variando entre 044 a 060 gcm3 O

floema eacute avermelhado com cerne variando do castanho claro ao bege rosado escuro e

alburno amarelo apresentando cheiro aromaacutetico (Loureiro amp Silva 1968)

Aleacutem da sua importacircncia como espeacutecie madeireira na fabricaccedilatildeo de moacuteveis

construccedilatildeo civil e naval embalagens e instrumentos musicais a casca do cedro eacute

aproveitada na medicina popular como tocircnica adstringente e febriacutefuga (Loureiro amp

Silva 1968 Wittmann et al 2006b)

422 Sterculia elata Ducke (Malvaceae)

Conhecida popularmente como tacacazeiro xixaacute chicaacute da mata ou manduvi

cujos frutos apresentam uma coloraccedilatildeo avermelhada quando maduros sendo

organizados em 5 foliacuteculos com uma sutura ventral cada um Os frutos satildeo apocaacuterpios

e as flores estatildeo organizadas em inflorescecircncias terminais amarelas a purpuacutereas

(Wittmann et al 2006b)

16

Apresenta distribuiccedilatildeo nos neo-troacutepicos compreendendo o Sul do Meacutexico e

Ameacuterica Central Norte do Brasil Pantanal e Peru ocupando extrato superior e

emergente de vaacuterzea alta Eacute uma espeacutecie deciacutedua de estaacutegio sucessional secundaacuterio

tardio

Apresenta madeira de densidade meacutedia de 047 gcm3 cujo floema tem coloraccedilatildeo

marrom escura e o alburno eacute marrom claro A madeira eacute muito utilizada para confecccedilatildeo

de embalagens palitos foacutesforos compensados e troncos para canoas As sementes

oleaginosas satildeo comestiacuteveis A aacutervore eacute frequumlentemente utilizada para ornamentaccedilatildeo

(Wittmann et al 2006b)

423 Hura crepitans L (Euphorbiaceae)

Conhecia comumente por assacuacute H crepitans eacute uma espeacutecie cujo caule eacute

aculeado apresentando laacutetex branco aquoso caacuteustico e frequumlentemente utilizado

como veneno de peixe Causa irritaccedilotildees fortes em contato com a pele (Francis 1990

Wittmann et al 2006b) Os frutos satildeo capsulares lenhosos arredondados e

deprimidos nos poacutelos Tem distribuiccedilatildeo no Brasil Guianas Oeste da Iacutendia Cuba

Jamaica Trinidad e Tobago Costa Rica ao sul do Peru e Boliacutevia (Loureiro amp Silva

1968 Wittmann et al 2006b)

Ocupa o extrato superior de vaacuterzea alta sendo identificada como uma espeacutecie

perenifoacutelia de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Apresenta madeira muito leve

(035 a 040 gcm3) cerne e alburno indistintos e de coloraccedilatildeo branca com reflexos

amarelados Pelas caracteriacutesticas da madeira eacute comumente usada na fabricaccedilatildeo de

17

caixas tamancos obras internas artefatos de madeira forros taacutebuas compensados

boacuteias flutuantes canoas e gamelas (Francis 1990 Wittmann et al 2006b)

424 Ocotea cymbarum HBK (Lauraceae)

Frequumlentemente chamada por louro inamuiacute louro mamorim louro mamoriacute

inhamuiacute oacuteleo de inhamuiacute e pau de gasolina O cymbarum eacute uma aacutervore de grande

porte (20 ndash 30 m) apresentando casca avermelhada aromaacutetica ramos jovens com

pilosidade e acinzentados Possui exsudato transparente aromaacutetico apresentando

cheiro de menta (Wittmann et al 2006b)

Tem distribuiccedilatildeo por toda a Amazocircnia sendo encontrada em extrato superior de

vaacuterzea alta Eacute semi-deciacutedua e de estaacutegio sucessional secundaacuterio tardio Sua madeira eacute

moderadamente pesada variando de 055 a 065 gcm3 (Loureiro amp Silva 1968) O

floema possui coloraccedilatildeo marrom cafeacute enquanto que o cerne amarelado claro e

brilhante diferencia-se pouco do alburno levemente mais claro (Wittmann et al

2006b)

Eacute comumente utilizada na carpintaria de luxo construccedilatildeo em geral marcenaria

compensado pranchas e tabuados (Loureiro amp Silva 1968) Sua madeira traz oacuteleo

contendo safrol que em baixa concentraccedilatildeo eacute um componente para fragracircncias e

perfumes (Wittmann et al 2006b) O lenho apresenta atividade contra o

desenvolvimento do ancilostomiacutedeo humano (Marques 2001)

18

43 Coleta de dados dendrocronoloacutegicos

Das quatro espeacutecies estudadas duas de madeira branca ndash H crepitans e S

elata e duas de madeira pesada ndash C odorata e O cymbarum (Schoumlngart 2003) foram

selecionados entre 21 e 37 indiviacuteduos emergentes de floresta de vaacuterzea alta dos

setores Jarauaacute e Tijuaca da RDSM As medidas do diacircmetro na altura do peito (DAP)

com ge 10 cm foram feitas com o uso de fita dendromeacutetrica de dupla face sendo

inferidas acima das sapopemas quando presentes A altura da aacutervore foi medida a

partir do uso de inclinocircmetro (Blume-Leiss) e fita meacutetrica

Para verificar a idade das aacutervores foram utilizados 10 discos de H crepitans e

10 discos de O cymbarum fornecidos pelo Programa de MFC da RDSM no ano de

2001 bem como amostras coletadas de troncos dos indiviacuteduos de cada uma das quatro

espeacutecies Para tanto foi aplicado um meacutetodo natildeo destrutivo de extraccedilatildeo de cilindros da

madeira utilizando-se uma broca dendrocronoloacutegica num total de 110 cilindros com 5

mm de diacircmetro (21 amostras de Sterculia 23 de Cedrela 29 de Ocotea e 37 de Hura)

coletadas entre 07 de outubro de 2006 a 16 de abril de 2007 na altura aproximada de

130 m da base do tronco Apoacutes a coleta das amostras o orifiacutecio produzido com a broca

dendrocronoloacutegica foi obstruiacutedo com cera de carnauacuteba para evitar possiacuteveis ataques

por fitopatoacutegenos

As amostras coletadas foram coladas em suporte de madeira e em seguida

polidas com lixas de papel com diferentes granulometrias em uma sequumlecircncia

progressiva ateacute uma granulaccedilatildeo de 600 Estas foram analisadas no Laboratoacuterio de

Dendrocronologia do Projeto INPAMax-Planck em Manaus A anaacutelise macroscoacutepica da

estrutura da madeira foi feita a partir de fotografias feitas utilizando-se maacutequina digital

19

NIKON coolpix 4500 Para descriccedilatildeo anatocircmica dos aneacuteis de crescimento utilizou-se

como base os padrotildees de aneacuteis descritos por Coster (1927 1928) e adaptados por

Worbes (1985 1989)

44 Anaacutelise dos dados dendrocronoloacutegicos

A determinaccedilatildeo da idade foi feita por meio da contagem direta dos aneacuteis anuais

e as taxas de incremento radial foram geradas por mediccedilatildeo da espessura dos aneacuteis

com o sistema de anaacutelise digital com precisatildeo de 001 mm (LINTAB) juntamente com o

software (TSAP-Win = Time Series Analyses and Presentation) especiacutefico para

anaacutelises de sequumlecircncias temporais (Schoumlngart et al 2004) Para os cilindros que natildeo

alcanccedilaram o cerne do tronco foram estimadas as distacircncias ateacute o centro e a partir do

nuacutemero meacutedio de aneacuteis encontrados em outros indiviacuteduos foram feitas estimativas da

idade do primeiro anel visiacutevel no tronco As mediccedilotildees da largura dos aneacuteis se deram no

sentido cerne ndash casca

Curvas cumulativas do diacircmetro individual para as quatro espeacutecies foram

elaboradas com base nestas mediccedilotildees do incremento radial corrente e relacionadas

com o DAP medido no campo (Schoumlngart et al 2003 Brienen amp Zuidema 2007)

(Figura 1a) A partir destas curvas individuais foram construiacutedas curvas cumulativas

meacutedias para cada espeacutecie descrevendo a relaccedilatildeo entre idade e diacircmetro para as

mesmas

A curva meacutedia do diacircmetro calculada para cada espeacutecie foi ajustada como um

modelo de regressatildeo sigmoidal da qual foram derivadas as curvas do incremento

corrente e meacutedio do diacircmetro para cada espeacutecie (Figura 1b) Modelos de regressatildeo natildeo

20

ndash linear descreveram para cada espeacutecie a relaccedilatildeo entre DAP e a altura medida no

campo (Figura 1c) Combinando as relaccedilotildees idade-DAP e DAP-altura permite estimar o

crescimento da altura (Nebel et al 2001) Deste modo para cada idade determinada

foram atribuiacutedas uma medida de diacircmetro e de altura para cada espeacutecie (Schoumlngart et

al 2007)

A combinaccedilatildeo dos modelos de regressatildeo natildeo-linear das relaccedilotildees entre idade e

DAP bem como das relaccedilotildees entre DAP e altura tambeacutem possibilitou a construccedilatildeo do

modelo de crescimento em volume (Figura 1e) e produccedilatildeo de biomassa acima do solo

das espeacutecies estudadas (Figura 1f) O modelo alomeacutetrico utilizado para estimativa do

volume foi definido por Cannell (1984) para florestas tropicais uacutemidas e tem como

paracircmetros a altura das aacutervores e o DAP

O volume (V) foi estimado a partir da multiplicaccedilatildeo da aacuterea basal (Ab) pela altura

(h) e por um fator (f) de reduccedilatildeo de 06 (Nebel et al 2001) A equaccedilatildeo eacute dada por

V = Ab x h x f (1)

onde a Ab eacute dada por

Ab = π x (DAP 2)2 (2)

Foi utilizado um modelo alomeacutetrico para estimar a biomassa acima do solo com

boa aplicabilidade em florestas alagaacuteveis segundo resultados obtidos por Stadtler

21

(2007) Este modelo tem como paracircmetros a densidade da madeira o diacircmetro e altura

das aacutervores e foi descrito por Chave et al (2005) A equaccedilatildeo eacute descrita abaixo

Bio = 00509 x den x DAP2 x h (3)

onde a Bio eacute a estimativa da biomassa acima do solo den eacute a densidade da madeira

obtida para cada espeacutecie de Wittmann et al (2006b) e 00509 eacute um fator de correccedilatildeo

O fator de correccedilatildeo dos modelos de caacutelculo do volume (06) e biomassa (00509)

se referem ao fato de que as aacutervores natildeo representam cilindros perfeitos e diminuem o

raio do tronco a medida que se distanciam do DAP

Destes modelos de crescimento do DAP altura aacuterea basal volume e biomassa

foram derivadas as taxas do incremento meacutedio (IM) e corrente (IC) (Figuras 1b1d1f)

para cada espeacutecie seguindo as equaccedilotildees abaixo (Schoumlngart et al 2007)

IM= CrC t t (4)

IC= CrC t+1 ndash Cr t (5)

onde CrC eacute o crescimento cumulativo em diferentes anos t sobre ciclo de vida total da

planta

O periacuteodo ideal de extraccedilatildeo eacute estabelecido quando a espeacutecie atinge sua a

produccedilatildeo maacutexima em volume periacuteodo este entre a taxa maacutexima de IC em volume e a

taxa maacutexima de IM em volume (Schoumlngart 2003) Este intervalo representa o periacuteodo

22

em que a extraccedilatildeo da madeira utiliza-se do potencial de crescimento maacuteximo das

espeacutecies (Schoumlngart 2008)

A modelagem dos padrotildees de crescimento foi construiacuteda a partir do uso do

software program X-Act (SciLab) e em seguida definidas as recomendaccedilotildees de

manejo para ciclos de corte e DMD para cada uma das quatro espeacutecies madeireiras

O DMD eacute definido pela idade em que a aacutervore atinge as maiores taxas de

incremento anual corrente do volume (Figura 1e) O tempo meacutedio que um indiviacuteduo leva

para passar por uma classe de DAP de 10 cm ateacute chegar ao DMD eacute o ciclo de corte da

espeacutecie (Schoumlngart et al 2007) Este eacute dado por

CC= idade(DMD) DMD x 10 (6)

onde CC eacute o ciclo de corte da espeacutecie e idade(DMD) eacute a idade da aacutervore quando atingiu o

DMD

23

0

20

40

60

80

0 5 10 15 200

1

2

3

4

5

0

10

20

30

0 20 40 60 80 100

0

20

40

60

80

0 5 10 15 20

0

10

20

30

0 5 10 15 200

1

2

3

4

0

1

2

3

4

0 5 10 15 200

100

200

300

00

05

10

15

0 5 10 15 200

50

100

Age (years) Age (years)

Age (years)

Age (years)

Age (years)

Dbh (cm)

Tree

heig

ht(m

)D

bh(c

m)

Dbh

(cm

)Tr

eehe

ight

(m)

Woo

d bi

omas

s(M

g)

Volu

me

(m3 )

Diam

eter increment(cm

year -1)H

eightincrement(m

year -1)W

ood biomass

production(kg year -1)

Volume

increment(dm

3year -1)

n = 54R2 = 053

n = 18

MLD

a

c

e

b

d

f

y = a (1+(b x)c)

a = 1195742 plusmn 131913b = 184937 plusmn 3355c = 12997 plusmn 00788

y = (abullx) (x+b)a = 286667 plusmn 07424b = 161743 plusmn 13022

DAP

(cm

)

DA

P (c

m)

Altu

ra (m

)

Altu

ra (m

)

Vol

ume

(m3)

Bio

mas

sa (M

g)

Idade (anos) Idade (anos)

DAP (cm) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento em

diacircmetro (cm

ano) Increm

ento em altura (m

ano) P

roduccedilatildeo de biomassa (K

gano)

Incremento

emvolum

e(dm

3ano)

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

DMD

Figura 1 Exemplo de construccedilatildeo de modelo de crescimento a partir de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis anuais na madeira (a) Curva de crescimento em diacircmetro individual (linha cinza) e curva meacutedia (linha escura) Modelo de crescimento em diacircmetro (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (c) Relaccedilatildeo entre DAP e altura (d) Modelo de crescimento em altura (linha escura) incremento corrente anual (linha cinza) e incremento meacutedio anual (linha tracejada) (e) Modelo de crescimento em volume onde o ponto maacuteximo do incremento corrente anual representa o diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) da espeacutecie (f) Modelo de produccedilatildeo de biomassa acima do solo Modificado de Schoumlngart et al (2007)

24

5 RESULTADOS

51 Descriccedilatildeo anatocircmica da madeira

O limite dos aneacuteis e a estrutura anatocircmica da madeira foram determinados com

base na classificaccedilatildeo de Coster (19271928) e adaptados por Worbes (1995) Trecircs tipos

de aneacuteis foram distinguidos de acordo com essa classificaccedilatildeo (1) faixas de parecircnquima

marginal (2) alternacircncia entre faixas de fibra e faixas de parecircnquima e (3) variaccedilatildeo na

densidade da madeira (Tabela 1) A distinccedilatildeo dos aneacuteis variou entre as 4 espeacutecies

estudadas poreacutem todas apresentaram aneacuteis suficientemente distintos para aplicaccedilatildeo

de estudos dendrocronoloacutegicos

A distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e agrave

medida que estes se encontravam mais proacuteximos do centro do tronco A facilidade de

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis decresceu na seguinte ordem C odorata O cymbarum S elata

e H crepitans (Tabela1)

Cedrela e Sterculia apresentaram mesmo padratildeo de faixas de parecircnquima

marginal que consiste de uma a poucas fileiras de ceacutelulas Eacute comumente encontrado

nas famiacutelias Bignoniaceae Fabaceae e Meliaceae (Worbes 2002) Cedrela apresentou

aneacuteis de crescimento semiporosos com uma espessa faixa de parecircnquima claramente

visiacutevel acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos os quais satildeo maiores ao

final do periacuteodo vegetativo (Figura 2a)

Sterculia tambeacutem mostrou variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Os poros satildeo visiacuteveis

a olho nu alguns obstruiacutedos por conteuacutedo de coloraccedilatildeo esbranquiccedilada e brilhante

25

Apresentou faixas de parecircnquima radial espessadas dificultando um pouco a

visualizaccedilatildeo dos aneacuteis (Figura 2b)

Um padratildeo de alternacircncia entre faixas de fibras e parecircnquima foi encontrado

formando os aneacuteis anuais em Hura com a reduccedilatildeo da largura das faixas de

parecircnquima e fibras na formaccedilatildeo do lenho tardio ao final da zona de crescimento

(Figura 2c) Este tipo de anatomia pode ser encontrado em famiacutelias como

Euphorbiaceae Moraceae Sapotaceae Lecythidaceae dentre outras (Worbes 2002)

Tabela1 Tipos de zona de crescimento encontrados e o grau de distinccedilatildeo dos de crescimento Os padrotildees descritos foram baseados nos modelos de Coster (1927 1928) e adaptados por Worbes (1995) Espeacutecies Famiacutelia Tipo de zona de

crescimento Fenologia foliar Grau de

distinccedilatildeo dos aneacuteis

Cedrela odorata Meliaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos

Deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (1)

Hura crepitans Euphorbiaceae Alternacircncia de faixas de fibra e parecircnquima

Perenifoacutelia Aneacuteis pouco

distintos (2)

Sterculia elata Malvaceae Faixa marginal de parecircnquima acompanhada por variaccedilatildeo no tamanho dos vasos Presenccedila de faixas radiais de parecircnquima

Deciacutedua Aneacuteis distintos (1)

Ocotea cymbarum Lauraceae Variaccedilatildeo na densidade da madeira com lenho inicial menos denso que o lenho tardio

Semi-deciacutedua Aneacuteis bastante

distintos (3)

obtidos durante observaccedilotildees na RDSM no periacuteodo 042006-122007

Ocotea mostrou um padratildeo de variaccedilatildeo na densidade da madeira O lenho tardio

de coloraccedilatildeo mais escura (alta densidade) apresentou ceacutelulas pequenas com paredes

26

espessadas diferindo do lenho inicial (baixa densidade) com ceacutelulas grandes e

paredes de espessura mais fina permitindo uma perfeita delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

(Figura 2d) Eacute comum entre as famiacutelias Annonaceae Myrtaceae e Lauraceae (Worbes

2002)

A presenccedila de falsos aneacuteis de crescimento ocorreu em alguns discos de Hura e

Ocotea Entretanto este problema foi solucionado observando-se a continuidade dos

aneacuteis ao longo dos raios nos discos

C Hura crepitans D Ocotea cymbarum

A Cedrela odorata B Sterculia elata

Figura 2 Estrutura anatocircmica da madeira e os aneacuteis de crescimento das quatro espeacutecies estudadas A seta branca marca o limite do anel formado anualmente durante o periacuteodo de reduccedilatildeo da atividade cambial

27

52 Modelagem dos padrotildees de crescimento das quatro espeacutecies

Todas as quatro espeacutecies apresentaram correlaccedilatildeo significativa (plt001) para as

relaccedilotildees entre idade e DAP idade e altura e DAP e altura (Tabela 2) permitindo a

modelagem das curvas de crescimento cumulativo para as mesmas Foram feitas um

total de 7646 mediccedilotildees da largura dos aneacuteis na madeira para as quatro espeacutecies

(Tabela 2)

As trajetoacuterias de crescimento cumulativo em diacircmetro mostraram diferenccedilas

tanto intra como interespeciacuteficas Aquelas espeacutecies de madeira densa como O

cymbarum e C odorata apresentaram taxas de crescimento menores que S elata e H

crepitans espeacutecies de madeira branca (Figura 3)

As quatro espeacutecies apresentaram uma variaccedilatildeo da idade ao atingir o DMD de 50

cm Esta foi maior para O cymbarum alcanccedilando idades entre 25 e 80 anos H

crepitans e S elata podem atingir idades entre 25 e 65 anos enquanto que as menores

variaccedilotildees na idade foram encontradas em C odorata com idades entre 35 a 65 anos

para um diacircmetro de 50 cm (Figura 3)

28

Tabela 2 Nuacutemero de mediccedilotildees da largura dos aneacuteis e altura das aacutervores utilizados na elaboraccedilatildeo dos modelos de crescimento com base nas relaccedilotildees entre idade ndash DAP idade ndash altura e DAP ndash altura e o coeficiente de correlaccedilatildeo das mesmas

Nuacutemero de mediccedilotildees Correlaccedilatildeo p(lt 0001) Espeacutecie Largura dos

aneacuteis Altura Idade ndash DAP Idade ndash Altura DAP ndash Altura

Cedrela odorata

1240 32 089 064 071

Ocotea cymbarum

1325 125 086 073 073

Sterculia elata

1321 21 088 086 085

Hura crepitans

3760 67 091 086 076

Total

7646

Sterculia e Hura atingiram idades maacuteximas de 111 e 195 anos respectivamente

embora esta uacuteltima tenha atingido grandes diacircmetros nas aacutervores amostradas As

aacutervores mais velhas de Cedrela e Ocotea atingiram idades maacuteximas de 74 e 122 anos

(Tabela 3)

29

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

A ndash Cedrela odorata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

C ndash Sterculia elata

0

50

100

150

200

0 30 60 90 120 150 180

B ndash Ocotea cymbarum

D ndash Hura crepitans

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Figura 3 Relaccedilatildeo entre idade e crescimento em diacircmetro das quatro espeacutecies madeireiras Cada linha em cinza representa o crescimento individual em diacircmetro para cada espeacutecie O crescimento diameacutetrico meacutedio eacute representado pela linha escura

30

As curvas meacutedias das relaccedilotildees entre idade e DAP tambeacutem apresentaram

variaccedilatildeo entre as espeacutecies estudadas (Figura 4) Para um diacircmetro de 50 cm

determinado pela IN ndeg 5 de Dezembro de 2006 as idades meacutedias oscilaram entre 41

anos em Hura a mais de 70 anos em Cedrela (Tabela 3)

0

50

100

150

DAP

(cm

)

0 30 60 90 120 150 180Idade (anos)

(a)

(b)

(d)

(c)

Diacircmetro limite de corte

Figura 4 Curvas cumulativas meacutedias do crescimento diameacutetrico das quatro espeacutecies A linha tracejada representa o diacircmetro limite de derrubada de acordo com a IN ndeg 5 (IBAMA) (a) Hura crepitans (b) Sterculia elata (c) Ocotea cymbarum e (d) Cedrela odorata Tabela 3 Idades maacuteximas miacutenimas e para um diacircmetro miacutenimo de derrubada de 50 cm para cada uma das quatro espeacutecies estudadas e seus respectivos desvios padratildeo

Idade (anos) Espeacutecie Miacutenima Maacutexima Ao alcanccedilar o diacircmetro limite de 50 cm

Cedrela odorata

21 74 72

Sterculia elata

22 111 47

Ocotea cymbarum

27 122 59

Hura crepitans

88 195 41

31

As quatro espeacutecies estudadas atingiram as maiores taxas de incremento

diameacutetrico corrente em idades diferentes Cedrela e Ocotea atingiram as maiores taxas

entre 11 e 12 anos e 19 e 21 anos com uma taxa meacutedia de incremento de 094 e 101

cmano respectivamente (Figura 5a e c) Sterculia obteve taxas meacutedias de incremento

de 126 cmano em idades entre 19 e 21 anos (Figuras 5b) enquanto Hura alcanccedilou

taxa meacutedia de incremento de 129 cmano em idades entre 22 e 23 anos (Figura 5d)

Cedrela e Ocotea espeacutecies de madeira pesada apresentaram taxas de incremento

diameacutetrico menores que Hura e Sterculia espeacutecies de madeira branca

D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata

C ndash Sterculia elata

DA

P (c

m)

DA

P (c

m)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Incremento diam

eacutetrico (cmano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

B ndash Ocotea cymbarum

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

0

0

0

0

0

0

04

08

12

16

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

0

0

0

1

1

0 50 100 150 200

Figura 5 Modelo de crescimento em diacircmetro O crescimento cumulativo em diacircmetro eacute representado pela linha negra o incremento diameacutetrico corrente pela linha cinza clara e incremento diameacutetrico meacutedio anual pela linha cinza escura

32

A partir das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares entre idade-DAP foi possiacutevel

construir um modelo de crescimento em aacuterea basal para cada espeacutecie utilizando-se a

foacutermula (2) Cedrela e Ocotea atingiram suas maiores taxas em 39 e 57 anos e taxa

meacutedia de incremento de 355 e 536 cm2ano respectivamente (Figuras 6a e 6b)

Sterculia e Hura atingiram maior incremento aos 48 e 104 anos e taxa meacutedia de 700 e

1422 cm2ano respectivamente (Figura 6c e 6d) As espeacutecies de madeira branca Hura

e Sterculia apresentaram taxas de incremento em aacuterea basal mais altas que as duas

espeacutecies de madeira densa (Cedrela e Ocotea)

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Aacutere

a ba

sal (

m2 )

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Incremento em

aacuterea basal (cm2ano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

05

1

15

2

25

4

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

05

1

15

2

25

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

Figura 6 Modelo de crescimento em aacuterea basal O crescimento cumulativo em aacuterea basal eacute representado pela linha negra o incremento em aacuterea basal corrente pela linha cinza clara e incremento em aacuterea basal meacutedio anual pela linha cinza escura

33

A combinaccedilatildeo das anaacutelises de regressatildeo natildeo ndash lineares das relaccedilotildees entre DAP-

altura (Figura 7) resultaram num modelo de crescimento em altura para as espeacutecies

contemplando todo ciclo de vida da planta Os maiores valores de incremento corrente

em altura de C odorata S elata O cymbarum e H crepitans corresponderam a idades

de 4 7 8 e 6 anos respectivamente e taxas maacuteximas corresponderam a 096 mano

para Sterculia 092 mano para Ocotea 061 mano para Hura e finalmente 109 mano

para Cedrela

DAP (cm) DAP (cm)

DAP (cm) DAP (cm)

Altu

ra (m

) A

ltura

(m)

C ndash Sterculia elata D ndash Hura crepitans

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 1500

0

0

0

0

0

0 25 50 75 100 125 150

0

10

20

30

40

50

0 25 50 75 100 125 150 0 50 100 150

Figura 7 Relaccedilatildeo entre DAP e altura (A) Cedrela odorata (B) Ocotea cymbarum (C) Sterculia elata e (D) Hura crepitans

34

Tabela 4 Valores de DAP e altura maacuteximos e miacutenimos do levantamento florestal seus desvios padratildeo e a aacuterea basal calculada a partir da relaccedilatildeo entre idade e DAP das espeacutecies

DAP (cm) Altura (m) Aacuterea basal meacutedia (cm2)

Espeacutecie

Maacuteximo Miacutenimo Desvio Maacutexima Miacutenima Desvio Meacutedia Cedrela odorata

656 115 140 309 90 50 273

Ocotea cymbarum

780 100 164 311 70 46 402

Sterculia elata

1300 100 349 405 66 88 516

Hura crepitans

1328 100 350 390 21 91 1127

A partir dos modelos de crescimento em altura e diacircmetro elaborados para cada

espeacutecie pocircde-se construir o modelo de crescimento em volume das mesmas segundo

a foacutermula (1) (Schoumlngart et al 2007) O periacuteodo oacutetimo de corte das aacutervores eacute o ponto

onde o incremento em volume corrente eacute maacuteximo sendo que para cada espeacutecie o pico

maacuteximo de volume corrente variou visivelmente (Figura 8)

Cedrela apresentou maiores taxas de incremento em volume corrente ao atingir

uma idade meacutedia de 45 anos (Figura 8a) Nesta idade a espeacutecie indica um DAP de 376

cm (Figura 5a) Jaacute Sterculia e Ocotea atingiram o ponto maacuteximo em incremento

corrente em volume aos 54 e 63 anos (Figuras 8b e c) quando atingem diacircmetros de

560 e 533 cm respectivamente (Figuras 5b e c) Hura em uma idade meacutedia de 125

anos apresentou os maiores valores de incremento maacuteximo corrente entre as quatro

espeacutecies (Figura 8d) atingindo diacircmetro meacutedio de 1288 cm (Figura 5d) Tanto Hura

quanto Sterculia apresentaram produccedilatildeo de madeira em volume por m3 superior as

duas espeacutecies de madeira pesada Cedrela e Ocotea

35

D ndash Hura crepitans C ndash Sterculia elata

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

Idade (anos) Idade (anos)

Incremento volum

eacutetrico

Incr

emen

to e

m v

olum

e (m

3 ) 0450 0

(m3ano)

Incr

emen

to e

m V

olum

e (m

3 )

Incremento volum

eacutetrico (m3ano)

Idade (anos) Idade (anos)

0

10

20

30

40

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

0 50 100 150 200

0

10

20

30

40

50

0

0

0

0

0

0 50 100 150 2000

01

02

03

04

0 50 100 150

200 Figura 8 Modelo de crescimento em volume derivado da combinaccedilatildeo do crescimento cumulativo em diacircmetro com a relaccedilatildeo entre idade e altura das espeacutecies Crescimento cumulativo em volume (linha escura) incremento corrente do volume (linha cinza clara) e incremento meacutedio em volume anual (linha cinza escura) A seta vermelha indica o ponto maacuteximo do incremento corrente em volume da espeacutecie

36

O ciclo de corte calculado atraveacutes da passagem meacutedia do tempo por uma classe

de DAP de 10 cm para a proacutexima ateacute atingir o diacircmetro de corte oacutetimo variou pouco

entre as espeacutecies sendo que Hura e Sterculia apresentaram ciclos de corte de 97

anos enquanto Cedrela e Ocotea apresentaram ciclos de 120 e 118 anos (Tabela 5)

Os resultados indicam que espeacutecies de madeira branca apresentam ciclos de corte

mais curtos do que as espeacutecies de madeira pesada

Tabela 5 O diacircmetro miacutenimo de derrubada (DMD) o ciclo de corte a idade meacutedia ao atingir o diacircmetro de corte e a densidade da madeira das espeacutecies Espeacutecie DMD (cm) Ciclo de corte

(anos) Idade meacutedia ao atingir

o DMD (anos) Densidade

(gcm3) Cedrela odorata

376 120 45 052

Ocotea cymbarum

533 118 63 060

Sterculia elata

560 97 54 047

Hura crepitans

1288 97 125 039

Dados obtidos de Wittmann et al (2006b)

Aleacutem do modelo de crescimento em volume os modelos de crescimento em

altura e diacircmetro possibilitaram tambeacutem a construccedilatildeo de modelos de crescimento em

biomassa acima do solo para as espeacutecies estimado segundo a foacutermula (3)

Cedrela apresentou maior taxa de produccedilatildeo em biomassa de 26 Kgano em 45

anos (Figura 9a) ao passo que Ocotea alcanccedilou uma produccedilatildeo em biomassa maacutexima

de 52 Kgano em 63 anos (Figura 9b) Sterculia atingiu valor de 60 Kgano em 54 anos

(Figura 9c) enquanto que Hura obteve em 125 anos um valor maacuteximo de 125 Kgano

(Figura 9d) Espeacutecies de madeira branca atingiram maiores taxas de acuacutemulo em

biomassa do que as espeacutecies de madeira densa

37

D ndash Hura crepitans C ndash Ocotea cymbarum

Bio

mas

sa (M

g)

Bio

mas

sa (M

g)

Produ

A ndash Cedrela odorata B ndash Ocotea cymbarum

ccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)P

roduccedilatildeo em B

iomassa (K

gano)

Idade (anos) Idade (anos)

Idade (anos) Idade (anos)

0

5

10

15

20

0

4

8

1

1

0 50 100 150 2000

40

80

120

160

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

1

1

0 50 100 150 2000

5

0

5

0

0

40

80

120

160

Prod

uccedilatildeo

Biom

assa

(Kg)

0 50 100 150 200

Figura 9 Modelo de crescimento em Biomassa acima do solo das quatro espeacutecies estudadas Crescimento em Biomassa (linha escura) produccedilatildeo em Biomassa corrente (linha cinza clara) e produccedilatildeo em Biomassa meacutedia anual (linha cinza escura)

38

6 DISCUSSAtildeO

61 Distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais na madeira

Todas as quatro espeacutecies estudadas apresentaram distintas zonas de

crescimento poreacutem com diferenccedilas quanto ao grau de distinccedilatildeo entre elas O grau de

distinccedilatildeo diminuiu na ordem seguinte C odorata O cymbarum S elata e H crepitans

o que indica uma pequena tendecircncia das espeacutecies deciacuteduas apresentarem maior

distinccedilatildeo dos aneacuteis anuais como resultados encontrados por Worbes (1999) A

distinccedilatildeo dos aneacuteis tambeacutem diminuiu com a reduccedilatildeo da largura dos aneacuteis e com a

maior proximidade do centro do disco (Brienen amp Zuidema 2006) Esta variaccedilatildeo

encontrada no grau distinccedilatildeo dos aneacuteis natildeo afetou as anaacutelises dendrocronoloacutegicas

subsequumlentes

Segundo Worbes (1995) a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais na madeira resulta de

mudanccedilas sazonais favoraacuteveis e desfavoraacuteveis nas condiccedilotildees de crescimento arboacutereo

Um dos fatores principais atuando no controle do crescimento arboacutereo de florestas

tropicais eacute a variaccedilatildeo intraanual da precipitaccedilatildeo que ocasiona uma distinta estaccedilatildeo

seca e determina a formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das aacutervores (Worbes 1999)

Para regiotildees de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia o principal fator que controla o

ritmo de crescimento nas aacutervores eacute o pulso de inundaccedilatildeo (Junk 1989) Entretanto

florestas de vaacuterzea alta natildeo satildeo alagadas anualmente devido a sua posiccedilatildeo

topograacutefica o que indicaria que o pulso anual de inundaccedilatildeo natildeo seria o principal fator

controlando os processo ecoloacutegicos nestas aacutereas Observaccedilotildees fenoloacutegicas e mediccedilotildees

da liteira (Schoumlngart et al 2008b) evidenciam que o ritmo de crescimento possa ser

39

controlado pela sazonalidade das chuvas contudo maiores estudos se fazem

necessaacuterios

A anualidade dos aneacuteis de crescimento em espeacutecies arboacutereas da Amazocircnia

permite anaacutelise de fenocircmenos ecoloacutegicos e ambientais identificaccedilatildeo e reconstruccedilatildeo das

condiccedilotildees climaacuteticas do passado como tambeacutem identificar as alteraccedilotildees naturais e

dinacircmica das populaccedilotildees (Fritts 1976 Schweingruber 1988 Worbes 1995) Aleacutem

disso a aplicaccedilatildeo das informaccedilotildees armazenadas nos aneacuteis de crescimento permite que

estudos dendrocronoloacutegicos sejam empregados com o objetivo de investigar a estrutura

etaacuteria das populaccedilotildees bem como a dinacircmica de crescimento arboacutereo em florestas

tropicais (Worbes 2002)

Desta forma a descriccedilatildeo da estrutura anatocircmica e delimitaccedilatildeo dos aneacuteis anuais

da madeira satildeo de suma importacircncia para realizaccedilatildeo das anaacutelises dendrocronoloacutegicas

e por conseguinte para a otimizaccedilatildeo do uso da floresta dando suporte para

estabelecimento de estrateacutegias de manejo florestal ao niacutevel de espeacutecie fornecendo

informaccedilotildees do histoacuterico florestal e consequumlentemente garantindo maior

sustentabiliade na utilizaccedilatildeo dos recursos madeireiros (Schoumlngart 2008)

62 Idade das aacutervores e padrotildees de crescimento arboacutereo

Uma das grandes questotildees a cerca do uso sustentaacutevel de florestas tropicais

envolve o crescimento e a idade das aacutervores Modelos de crescimento de espeacutecies

madeireiras nos troacutepicos ainda satildeo bastante escassos (Nebel et al 2001 Schwartz et

al 2002 Sokpon amp Biaou 2002 Nebel amp Meilby 2005 Brienen amp Zuidema 2007

Schoumlngart et al 2007) fato este atribuiacutedo a problemas de estabelecimento de uma

40

metodologia especiacutefica para determinaccedilatildeo da idade das aacutervores e taxas de

crescimento bem como a alta diversidade de espeacutecies encontrada Aleacutem disso o

atraso no avanccedilo das pesquisas de crescimento arboacutereo com base em aneacuteis na

madeira nos troacutepicos se deve ao descreacutedito na formaccedilatildeo de aneacuteis anuais no xilema das

aacutervores nestas regiotildees devido agraves temperaturas terem sido consideradas praticamente

constantes durante o ano (Lieberman et al 1985 Whitmore 1990)

Atualmente a maioria das pesquisas sobre idade e crescimento de espeacutecies

tropicais eacute baseada em anaacutelises feitas em parcelas permanentes (Condit 1995)

utilizando meacutetodos de mediccedilotildees repetidas durante relativamente curtos periacuteodos de

tempo Outra metodologia para determinar a idade e taxas de incremento eacute a dataccedilatildeo

com radio-carbono (Worbes amp Junk 1999) Estas duas metodologias indicam idades

maacuteximas entre 1000 e 2000 anos (Condit et al 1995 Chambers et al 1998 Laurance

et al 2004) enquanto estudos dendrocronoloacutegicos indicam idades maacuteximas entre 500

e 600 anos (Worbes amp Junk 1999 Fichtler et al 2003)

Resultados encontrados por Chambers et al (1998) de idade estimada de 1370

anos para Carniana micrantha Ducke (Lecythidaceae) eacute considerado excepcional pois

aparentemente foi determinada de um uacutenico exemplar (Roig 2000) Dataccedilatildeo por radio-

carbono pode ser problemaacutetica entre os anos de 1650 e 1950 devido agrave variaccedilatildeo de 14C

encontrada na atmosfera neste periacuteodo Este fenocircmeno foi provocado por grandes

emissotildees de carbono por meio da queima de combustiacutevel foacutessil que ocorreram no

periacuteodo da revoluccedilatildeo industrial (Efeito de Suess) (Fichtler et al 2003) Em adiccedilatildeo o

alto custo desta metodologia natildeo permite o uso para determinaccedilatildeo de grandes

amostragens

41

A construccedilatildeo de modelos de crescimento de lenhosas com base no crescimento

em diacircmetro das espeacutecies em curtos periacuteodos de observaccedilatildeo bem como a baixa

densidade de espeacutecies comerciais encontradas em florestas tropicais na elaboraccedilatildeo de

modelos de crescimento principalmente individuos de grandes tamanhos dentro das

parcelas estudadas satildeo fatores que limitam muito esta metodologia (Clark amp Clark

1996 Nebel amp Meilby 2005) Aleacutem disso estes modelos monitoram somente uma

pequena parte da histoacuteria de crescimento das aacutervores e extrapolam estes dados das

trajetoacuterias de crescimento em diacircmetro de curtos periacuteodos para todo o ciclo de vida da

planta o que os torna simplistas e podem resultar em dados de crescimento arboacutereo e

estimativas de produccedilatildeo da madeira natildeo realistas subestimando as taxas de

crescimento e consequumlentemente superestimando a idade das aacutervores (Brienen amp

Zuidema 2006)

Ao contraacuterio destes meacutetodos de modelagem do crescimento arboacutereo a anaacutelise

dendrocronoloacutegica tem se mostrado uma importante ferramenta a qual fornece

estimativas mais acuradas da idade e do histoacuterico de crescimento arboacutereo individual

por meio da informaccedilatildeo extraiacuteda dos aneacuteis na madeira (Brienen amp Zuidema 2007) Na

anaacutelise de aneacuteis anuais para a modelagem de crescimento arboacutereo das espeacutecies satildeo

amostradas aacutervores que se estabeleceram no dossel com sucesso o que fornece

dados de crescimento em diacircmetro mais realistas e representativos do desenvolvimento

das aacutervores (Brienen amp Zuidema 2006)

Diversos estudos tecircm mostrado a grande variaccedilatildeo existente nas taxas de

crescimento tanto dentro como entre espeacutecies de florestas tropicais (Clark amp Clark

2001 Schoumlngart et al 2006 Brienen amp Zuidema 2006) Segundo Brienen amp Zuidema

(2007) estas diferenccedilas no crescimento dos indiviacuteduos ao longo da vida pode ser o

42

resultados de diversos fatores atuando em conjunto como a disponibilidade de aacutegua

clima intensidade de luz recebida forma e tamanho da copa danos e fitopatoacutegenos

assim como infestaccedilatildeo por cipoacutes e lianas Isso se reflete em variaccedilotildees de curvas

cumulativas comparando indiviacuteduos da mesma espeacutecie (Figura 3)

Os dados obtidos indicaram a ocorrecircncia de variaccedilatildeo na idade das aacutervores com

o aumento do diacircmetro Esta variaccedilatildeo intra-especiacutefica na idade das aacutervores em grandes

diacircmetros (gt de 60 cm) eacute causada principalmente pela variaccedilatildeo que ocorre na

passagem do tempo nas pequenas classes de tamanho (lt 20 cm) (Brienen amp Zuidema

2006) Desta forma o tempo necessaacuterio para que uma aacutervore de determinada espeacutecie

se estabeleccedila no dossel quando as taxas diameacutetricas geralmente aumentam devido

aos altos niacuteveis de radiaccedilatildeo solar pode variar consideravelmente

A variaccedilatildeo encontrada nos indiviacuteduos contudo natildeo impede a modelagem de

crescimento arboacutereo pois ao niacutevel das espeacutecies ocorre uma relaccedilatildeo bastante

significativa entre idade e DAP o que caracteriza a anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira

uma ferramenta importante na elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de manejo sustentaacuteveis em

florestas tropicais (Brienen amp Zuidema 2006 Schoumlngart et al 2007)

Comparando as curvas meacutedias de crescimento observa-se que espeacutecies

estudadas apresentam estrateacutegias ecoloacutegicas diferenciadas Altas taxas de incremento

em diacircmetro em espeacutecies de baixa densidade da madeira como Hura e Sterculia levam

a um raacutepido crescimento em volume enquanto que baixas taxas de incremento em

diacircmetro em Cedrela e Ocotea duas espeacutecies de madeira densa levam a um

crescimento em volume mais lento

Tanto Hura como Sterculia parecem apresentar estrateacutegias de crescimento

tiacutepicas de espeacutecies pioneiras com ciclos de vida longos (gt de 100 anos) caracterizadas

43

por altos requerimentos de luz para germinaccedilatildeo e crescimento (Swaine amp Whitmore

1988) Cedrela e Ocotea possuem caracteriacutesticas de crescimento tiacutepicas de espeacutecies

de estaacutegios cliacutemax ou tolerantes agrave sombra com capacidade de sobrevivecircncia em

longos periacuteodos de baixos niacuteveis de luminosidade e baixas taxas de crescimento

arboacutereo (Pianka 1970)

Espeacutecies com baixa densidade da madeira como Hura (039 gcm3) e Sterculia

(047 gcm3) requerem periacuteodos de 41 a 47 anos para extrapolar um diacircmetro limite de

corte de 50 cm enquanto que espeacutecies de madeira densa tais como Ocotea (060

gcm3) e Cedrela (052 gcm3) necessitam de periacuteodos entre 59 e 72 anos para

ultrapassar um diacircmetro de 50 cm Estes resultados estatildeo de acordo com Schoumlngart

(2008) que verificou a existecircncia de uma correlaccedilatildeo entre a densidade da madeira e a

idade da espeacutecie ao atingir o DMD estimado a partir das taxas de IC de volume o que

possibilita estimar o periacuteodo ideal de extraccedilatildeo para outras espeacutecies de florestas de

vaacuterzea da Amazocircnia Central em funccedilatildeo da densidade da madeira

Os resultados encontrados mostram diferenccedilas nas taxas de incremento em

diacircmetro e volume as quais refletem em diferentes ciclos de corte e DMD para as

espeacutecies indicando claramente que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico

de derrubada e ciclo de corte para toda e qualquer espeacutecie natildeo suportam a

sustentabilidade nas praacuteticas de manejo florestal atuais

Neste sentido na aplicaccedilatildeo de manejo florestal sustentado em florestas tropicais

eacute imprescindiacutevel o levantamento de informaccedilotildees a respeito das taxas de crescimento e

idade das aacutervores especiacuteficas para cada espeacutecie bem como dados de regeneraccedilatildeo e

caracteriacutesticas especiacuteficas de cada siacutetio a ser explorado pela extraccedilatildeo de produtos

madeireiros

44

63 Estrateacutegias de manejo florestal

O contiacutenuo uso das florestas de vaacuterzea para atividades de agricultura pecuaacuteria e

extraccedilatildeo da madeira tem causado grandes impactos nos recursos o que tem

ocasionado a necessidade de estabelecimento de estrateacutegias de conservaccedilatildeo e manejo

florestal destas aacutereas (Schoumlngart et al 2007) Nos uacuteltimos anos tem-se observado uma

gradual expansatildeo das atividades de manejo florestal baseada em comunidades de

pequena e meacutedia escala na busca da conversatildeo da exploraccedilatildeo manejada da floresta

em oportunidade de desenvolvimento regional (Amaral amp Amaral 2000) Projetos como

o Programa Piloto para Conservaccedilatildeo das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7) e a

Fundaccedilatildeo Floresta Tropical (FFT) tecircm buscado o desenvolvimento de projetos de

manejo florestal ao niacutevel de comunidade para diferentes aacutereas da Amazocircnia (Amaral amp

Amaral 2000)

Dentre estes modelos enquadra-se o Projeto Mamirauaacute com objetivo de proteger

as vaacuterzeas da RDSM e cuja exploraccedilatildeo segue as normas do PMFS criado pelo IDSM

em conjunto com os comunitaacuterios e baseado em normas estabelecidas pelo Instituto de

Proteccedilatildeo Ambiental do Amazonas (IPAAM) e pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA) (Lei estadual no 2416 de 22 de Agosto

de 1996)

A FAO estabelece um modelo de extraccedilatildeo dos recursos florestais funcionado

como guia para a aplicaccedilatildeo de um Manejo de Impacto Reduzido (MIR) para os recursos

florestais (Dykstra amp Heinrich 1996) Diversos estudos tecircm feito a uniatildeo entre o MIR e a

extraccedilatildeo seletiva de espeacutecies comerciais como uma estrateacutegia de manejo sustentaacutevel

visando agrave conservaccedilatildeo de florestas tropicais e diminuiccedilatildeo dos impactos causados pelo

45

manejo florestal (Vidal et al 2002 Gerwing 2002) Pesquisas tecircm mostrado os

benefiacutecios da aplicaccedilatildeo de MIR com relaccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo convencional da madeira

tanto em relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo dos custos quanto aos benefiacutecios causados pela reduccedilatildeo

dos danos agrave floresta (Barreto et al 1998 Johns et al 1996 Boltz et al 2001 Holmes

et al 2002)

Apesar dos inuacutemeros esforccedilos realizados na elaboraccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas

de exploraccedilatildeo da madeira na tentativa de conservar e reduzir danos causados as

florestas a sustentabilidade do manejo dos recursos florestais ainda natildeo foi alcanccedilada

satisfatoriamente O sucesso dos planos de manejo florestal depende principalmente da

sustentabilidade ecoloacutegica da produccedilatildeo da madeira que requer informaccedilotildees sobre taxas

de crescimento das espeacutecies comerciais (Boot amp Gullison 1995 Brienen amp Zuidema

2006) os quais ainda natildeo satildeo utilizados com frequumlecircncia em florestas tropicais

Schoumlngart (2008) desenvolveu um novo sistema de manejo sustentaacutevel da

madeira de florestas alagaacuteveis de vaacuterzea da Amazocircnia Central (GOL ndash Growth

Orientated Logging) o qual leva em consideraccedilatildeo as diferenccedilas na histoacuteria de

crescimento de espeacutecies comerciais com base em suas taxas de crescimento arboacutereo a

partir da anaacutelise de aneacuteis anuais na madeira Isto representa um importante passo em

direccedilatildeo a sustentabilidade do manejo florestal praticado em florestas tropicais

Atualmente normas de exploraccedilatildeo da madeira em regiotildees tropicais as quais

estabelecem diacircmetro limite de derrubada e ciclos de corte para os sistemas de manejo

de florestas natildeo possuem nenhuma base cientiacutefica e natildeo levam em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas nas estrateacutegias de crescimento e estabelecimento bem como as

especificidades de cada regiatildeo a ser explorada Estes fatos levaram a quase eliminaccedilatildeo

de espeacutecies como C pentandra e Calophyllum brasiliense dos mercados regionais e

46

locais na Amazocircnia Ocidental Estas foram substituiacutedas por H crepitans e O

cymbarum duas espeacutecies atualmente exploradas comercialmente na regiatildeo do Meacutedio

Solimotildees (Worbes et al 2001)

Se as atuais praacuteticas de manejo florestal persistirem H crepitans e O cymbarum

poderatildeo ter o mesmo destino que C pentandra e C brasiliense Hura e Ocotea podem

desaparecer dos mercados madeireiros e novamente ocorrer a substituiccedilatildeo destas por

outras espeacutecies ainda pouco exploradas que por sua vez sofreratildeo as pressotildees de uma

extraccedilatildeo madeireira insustentaacutevel o que pode ter seacuterias consequumlecircncias ecoloacutegicas

como a perda dos recursos geneacuteticos degradaccedilatildeo da floresta quebra de cadeias

alimentares para insetos peixes mamiacuteferos etc

A extraccedilatildeo de C odorata eacute um outro exemplo de como de atual manejo de

florestas de vaacuterzea natildeo eacute adequado Esta espeacutecie foi intensamente explorada na RDSM

a ponto de reduzir drasticamente seus estoques de madeira (Ayres 1993 Pinedo-

Vasquez et al 2001) e atualmente eacute considerada uma espeacutecie ameaccedilada e excluiacuteda

da extraccedilatildeo de madeira da RDSM

A recente modificaccedilatildeo de 11 de dezembro de 2006 (IN ndeg 5) do Coacutedigo Florestal

Brasileiro abre caminhos para modificaccedilotildees do manejo florestal aplicado atualmente na

Amazocircnia Brasileira O ciclo de corte no PMFS Pleno varia entre 25 e 35 anos e a

produccedilatildeo maacutexima eacute de 30 msup3ha Espeacutecies com baixa intensidade da madeira (menos

de 10 msup3 por ha) podem ter um ciclo de corte de 10 anos sendo que para florestas de

vaacuterzea a produccedilatildeo pode exceder 10 msup3 por ha poreacutem a extraccedilatildeo se restringe a 3

aacutervores por ha

Levando-se em consideraccedilatildeo os dados de distribuiccedilatildeo diameacutetrica fornecidos pelo

Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM observa-se que a espeacutecie O cymbarum

47

apresentaram um padratildeo de distribuiccedilatildeo diameacutetrica do tipo J invertido apresentando

um decreacutescimo da densidade de aacutervores com o aumento do diacircmetro A distribuiccedilatildeo

diameacutetrica de O cymbarum se concentrou nas classes diameacutetricas de 20 a 100 cm

(Figura 10)

Foi possiacutevel encontrar indiviacuteduos na maioria das classes diameacutetricas em Hura

crepitans atingindo densidade maacutexima de 05 indiviacuteduos por ha na classe diameacutetrica de

110 cm A alta densidade de indiviacuteduos em classes diameacutetricas anteriores e posteriores

a classe de 50 cm e os altos valores de volume de madeira de H crepitans sugerem que

esta espeacutecie tem grande potencial para exploraccedilatildeo madeireira dentro da RDSM

Entretanto a derrubada de indiviacuteduos com diacircmetros nas classes entre 50 e 120 cm

permitidas por lei eacute problemaacutetica pois estaratildeo sendo extraiacutedas aacutervores que ainda natildeo

alcanccedilaram a sua produccedilatildeo oacutetima de madeira (Figura 8d)

Marinho (2008) ao analisar a estrutura populacional de espeacutecies como H

crepitans O cymbarum e S elata ocorrendo em florestas de vaacuterzea do setor Jarauaacute da

RDSM observou que estas espeacutecies apresentam baixa densidade de indiviacuteduos em

classes diameacutetricas acima de 50 cm (28 13 e 05 indha respectivamente) sendo

que Hura e Sterculia apresentam uma baixa taxa de estabelecimento visiacutevel pelo

pequeno nuacutemero de indiviacuteduos observados em classes diameacutetricas baixas

Os ciclos de corte entre 10 e 12 anos determinados para as espeacutecies neste

trabalho satildeo valores proacuteximos ao permitido pelas normas de manejo florestal da IN ndeg 5

(ciclo de corte de 10 anos) Entretanto aplicando-se um diacircmetro de derrubada limite

de 50 cm pode natildeo ser sustentaacutevel para espeacutecies como Sterculia e Cedrela

considerando-se a abundacircncia destas espeacutecies na regiatildeo Considerando-se a

48

abundacircncia de Hura e Ocotea o manejo pode ser sustentaacutevel se considerar os DMDs

determinados para cada espeacutecie neste estudo

igura 10 Distribuiccedilatildeo diameacutetrica das quatro espeacutecies madeireiras Dados do inventaacuterio florestal de 1999

Inventaacuterio florestal de Mamirauaacute (1999 - 2000)

00

02

04

06

08

10

12

14

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

gt 2

Classes diameacutetricas (m)

Den

sida

de d

e aacuter

vore

s po

r ha

Sterculia elataHura crepitansOcotea cymbarumCedrela odorata

Fa 2000 obtidos do Manejo Florestal Comunitaacuterio da RDSM

49

Os resultados mostram que tanto Hura quanto Sterculia apresentaram taxas de

crescimento arboacutereo relativamente raacutepidas o que as torna espeacutecies potenciais para

recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e reflorestamento Jaacute Ocotea e Cedrela duas

espeacutecies de madeira densa apresentaram taxas mais lentas de crescimento arboacutereo

Ocotea eacute uma espeacutecie cuja madeira eacute frequumlentemente utilizada pelas

comunidades ribeirinhas na construccedilatildeo de casas moacuteveis e taacutebuas Cedrela eacute uma

espeacutecie bastante valorizada no mercado madeireiro chegando a custar R$ 12000m3

no ano de 2004 na regiatildeo do alto Rio Solimotildees (Schoumlngart et al 2008a) Isto faz com

que reflorestamentos com Cedrela venham a ser um importante caminho para o

enriquecimento dos estoques de madeira visando o aumento das populaccedilotildees desta

espeacutecie Atraveacutes de um manejo florestal sustentaacutevel comunidades ribeirinhas podem se

beneficiar com produtos madeireiros de alta qualidade e de valor comercial

Os efeitos positivos da liberaccedilatildeo do dossel sobre as taxas de incremento em

diacircmetro observados em espeacutecies de madeira densa (Kammesheidt et al 2003)

indicam que as taxas de crescimento arboacutereo encontradas em Cedrela poderiam ser

aceleradas atraveacutes de aplicaccedilatildeo deste tipo de tratamento silvicultural Entretanto devem

ser realizados mais estudos a respeito das estrateacutegias de regeneraccedilatildeo da espeacutecie

dentro da reserva

Os resultados indicam que um ciclo de corte de 25 anos eacute inadequado para

execuccedilatildeo de manejo florestal sustentaacutevel das quatro espeacutecies estudadas Todas

apresentaram ciclos de corte inferiores (entre 10 e 12 anos) ao valor exigido por lei

indicando que estes recursos madeireiros natildeo estatildeo sendo manejados eficazmente A

IN no 5 permite a aplicaccedilatildeo de ciclo de corte inicial de 10 anos com volume maacuteximo de

10 msup3ha ou mais com retirada de apenas 3 aacutervores por ha para manejos de baixa

50

intensidade Com isso eacute possiacutevel manejar de forma mais adequada os estoques de

Ocotea e Hura aplicando ciclos de corte de 12 e 10 anos respectivamente utilizando

contudo os DMDs aqui determinados para manejo florestal mais especiacutefico garantindo

assim a sustentabilidade do uso da madeira destas espeacutecies dentro da reserva

Todavia eacute necessaacuteria a garantia de que ao retirar aacutervores de determinada espeacutecie em

dado local seja feito estabelecimento de indiviacuteduos de mesma espeacutecie

A distribuiccedilatildeo diameacutetrica de Hura mostra ampla distribuiccedilatildeo de aacutervores na

maioria das classes diameacutetricas Contudo o modelo de crescimento da espeacutecie mostra

que em classes diameacutetricas entre 50 e 130 cm natildeo foi atingida produccedilatildeo maacutexima de

madeira Neste sentido ao retirar aacutervores com diacircmetros acima de 130 cm ainda

restaratildeo aacutervores suficientes nas classes inferiores para garantir renovaccedilatildeo dos

estoques extraiacutedos as quais permitem a garantia de produccedilatildeo de diaacutesporos para a

regeneraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da produtividade maacutexima da espeacutecie otimizando a exploraccedilatildeo

da madeira de Hura

O mesmo deve valer para Ocotea e Sterculia Poreacutem a regeneraccedilatildeo destas

espeacutecies deve ser assegurada o que implica em execuccedilatildeo de estudos ecologia da

populaccedilatildeo particularmente de regeneraccedilatildeo e estabelecimento levando-se em

consideraccedilatildeo a influecircncia de fatores ambientais (solo clima disponibilidade de luz

inundaccedilatildeo etc)

51

64 Desafios futuros

Os resultados do presente trabalho mostram que o atual criteacuterio de manejo

florestal que estabelece ciclo de corte e diacircmetro limite para corte uacutenicos extraccedilatildeo de 5

aacutervores por ha natildeo se mostra eficaz na garantia de manutenccedilatildeo dos estoques de

madeira para exploraccedilotildees subsequumlentes o que torna estes criteacuterios inviaacuteveis para

conservaccedilatildeo da biodiversidade por meio de manejos florestais sustentaacuteveis em

florestas de vaacuterzea Aleacutem disso a ausecircncia de informaccedilotildees a respeito dos processos

que envolvem a dinacircmica e ecologia de florestas alagaacuteveis na elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo eacute um fator agravante na questatildeo da insustentabilidade da

exploraccedilatildeo dos recursos florestais em florestas de vaacuterzea

Ciclos de corte da madeira soacute possibilitam sustentabilidade se as espeacutecies

extraiacutedas conseguem se regenerar e estabelecer dentro da floresta garantindo

estoques de madeira para as proacuteximas extraccedilotildees Uma importante questatildeo eacute a

ausecircncia de dados baacutesicos de estrutura populacional e estabelecimento e regeneraccedilatildeo

de florestas tropicais para subsidiar planos de manejo florestal principalmente em

florestas de aacutereas alagaacuteveis da Amazocircnia

Pesquisas tecircm sido feitas no sentido de investigar a influecircncia do pulso de

inundaccedilatildeo condiccedilotildees de luz suprimento de nutrientes e disponibilidade de aacutegua no

estabelecimento de sementes e placircntulas em aacutereas alagaacuteveis (Parolin 2001 Wittmann

amp Junk 2003 Ferreira et al 2005) Wittmann amp Junk (2003) enfatizam importacircncia de

novos estudos focando os processos de germinaccedilatildeo crescimento e taxa de

mortalidade de placircntulas de espeacutecies exploradas comercialmente e suas relaccedilotildees com

fatores do ambiente como luz e inundaccedilatildeo

52

Produtos florestais natildeo madeireiros tambeacutem devem ser levados em consideraccedilatildeo

na elaboraccedilatildeo de planos de manejo de florestas de vaacuterzea Diversos produtos tais

como resinas oacuteleos frutos fibras tecircxteis taninos e produtos medicinais satildeo extraiacutedos

de espeacutecies encontradas nas florestas de vaacuterzea (Wittmann et al 2006b) o que

demonstra o alto potencial destas florestas para este tipo de exploraccedilatildeo dos recursos

Novos modelos de exploraccedilatildeo madeireira que levam em consideraccedilatildeo o

crescimento e idade das aacutervores estatildeo sendo criados (Schoumlngart et al 2003 Brienen

amp Zuidema 2006 Schoumlngart 2007 2008) Mas o desafio de converter dados de

pesquisas cientiacuteficas em poliacuteticas puacuteblicas ainda eacute grande O caminho ainda eacute longo e

espera-se que a partir desta mudanccedila da IN ndeg de 2006 o qual permite a alteraccedilatildeo do

diacircmtro limite de corte e ciclo de corte atualmente requeridos para o manejo florestal

com base em pesquisas cientiacuteficas abra portas para a elaboraccedilatildeo de manejos

florestais especiacuteficos e sustentaacuteveis e consequumlentemente possibilitem que o quadro de

exploraccedilatildeo da madeira venha a se modificar com o tempo nas florestas alagaacuteveis da

Amazocircnia brasileira

7 CONCLUSOtildeES

As quatro espeacutecies estudadas apresentam diferenccedilas nas taxas de crescimento

arboacutereo Isto implica que sistemas policiacuteclicos estabelecendo diacircmetro uacutenico de

derrubada e ciclo de corte para estas espeacutecies natildeo garantem a manutenccedilatildeo dos

estoques de madeira na floresta e portanto natildeo satildeo sustentaacuteveis

O DMD sugerido para Hura eacute de 130 cm quando a espeacutecie atinge sua produccedilatildeo

oacutetima de madeira possibilitando o aproveitamento maacuteximo do recurso bem como a

53

permanecircncia de indiviacuteduos em idade reprodutiva e consequumlente reposiccedilatildeo dos

estoques desta espeacutecie

Os resultados mostram que para C odorata uma espeacutecie com baixa densidade

de indiviacuteduos na reserva o DMD encontrado foi inferior a 50 cm (3760 cm) o que

demonstra a necessidade de aplicaccedilatildeo de tratamentos de enriquecimento de indiviacuteduos

para reposiccedilatildeo dos estoques para futuras exploraccedilotildees

Para O cymbarum e S elata DMDs sugeridos satildeo de 53 e 56 cm

respectivamente dentro do diacircmetro limite estabelecido por lei No entanto a baixa

densidade de indiviacuteduos encontrada em S elata indica tambeacutem a importacircncia de

aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais de enriquecimento para esta espeacutecie atingir

niacuteveis manejaacuteveis de seus estoques madeireiros

Os ciclos de corte variaram entre 10 anos para as espeacutecies de madeira branca e

12 anos para as espeacutecies de madeira pesada Entretanto deve ser ressaltada a

importacircncia do uso de DMD aqui sugeridos para cada espeacutecie objetivando a garantia da

manutenccedilatildeo dos estoques das mesmas

A dendrocronologia se mostrou uma ferramenta bastante uacutetil na aplicaccedilatildeo de

modelos de crescimento arboacutereo com intuito de contribuir para elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias de manejo florestal que suportam maior sustentabilidade do uso dos

recursos florestais Contudo maiores estudos para compreensatildeo da estrutura das

populaccedilotildees crescimento e reproduccedilatildeo das espeacutecies madeireiras de florestas de vaacuterzea

devem ser realizados

54

8 REFEREcircNCIAS

Achard F Eva HD Stibig Hans-Juumlrgen Mayaux P Gallego J Richards T

Malingreau Jean-Paul 2002 Determination of Deforestation Rates of the Worlds

Humid Tropical Forests Science 297(5583) 999 ndash 1002

Alencar A Nepstad D McGrath D Moutinho P Pacheco P Del Carmen M Diaz

V Soares ndash Filho BS 2004 Desmatamento na Amazocircnia indo aleacutem da

emergecircncia crocircnica Ipamhttpwwwipamorgbrpublicacoeslivrosresumo_des

matamentophp

Albernaz AL amp Ayres JM 1999 Selective Logging along the Middle Solimotildees River

In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash

Diversity Development and Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains

New York NYBG Press

Amaral P amp Amaral MN 2000 Manejo florestal comunitaacuterio na Amazocircnia brasileira

situaccedilatildeo atual desafios e perspectivas Brasiacutelia DF Instituto Internacional de

Educaccedilatildeo do Brasil (IIEB) 58 pp

Anderson A Mousasticoshvily I Macedo D 1999 Logging of Virola surinamensis in

the Amazon Floodplain Impacts and alternatives In Padoch C Ayres J M

Pinedo-Vasquez M Henderson A (eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and

Conservation of Amazonias Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Asner GP Knapp DE Broadbent EN Oliveira PJC Keller M Silva JNM

2005 Selective logging in the Brazilian Amazon Science 310 480 ndash 482

Ayres JM 1993 As matas de vaacuterzea do Mamirauaacute MCTCNPqSociedade Civil

Mamirauaacute Brasiacutelia Distrito Federal 123 pp

Barreto P Amaral P Vidal E Uhl C 1998 Costs and benefits of forest

management for timber production in eastern Amazonia Forest Ecology and

Management 108 (1ndash2) 9 ndash 26

Barros AC amp Uhl C 1995 Logging along the Amazon River and estuary Patterns

problems and potential Forest Ecology and Management 77 87ndash105

Barros AC amp Uhl C 1999 The economic and social significance of logging operations

on the Floodplains of the Amazon estuary and prospects for ecological

55

sustainability In Padoch C Ayres J M Pinedo-Vasquez M Henderson A

(eds) Vaacuterzea ndash Diversity Development and Conservation of Amazonias

Whitewater Floodplains New York NYBG Press

Boltz F Carter DR Holmes TP Pereira RJr 2001 Financial returns under

uncertainty for conventional and reduced impact logging in permanent production

forests of the Brazilian Amazon Ecological Economics 39 387 ndash 398

Borchert R Rivera G Hagnauer W 2002 Modification of vegetative phenology in a

tropical semideciduous forest by abnormal drought and rain Biotropica 34 27 ndash

39

Bormann FH amp Berlyn G 1981 Age and growth rate of tropical trees new directions

for research Yale University School of Forestry and Environmental Studies

Bulletin New Haven

Boot RGA amp Gullison RE 1995 Aprporaches to developing sustainable extraction

systems for tropical forest products Ecological Applications 5(4) 896 ndash 903

Brienen RJW amp Zuidema PA 2005 Relating tree growth to rainfall in Bolivian rain

forests a test for six species using tree ring analysis Oecologia 146(1) 1 ndash 12

Brienen RJW amp Zuidema PA 2006 Lifetime growth patterns and ages of Bolivian

rain forest trees obtained by tree ring analysis Journal of Ecology 94 481 ndash 493

Brienen RJW amp Zuidema PA 2007 Incorporating persistent tree growth differences

increases estimates of tropical timber yield The Ecological Society of America

Frontiers in Ecology and the Environment 5(6) 302 ndash 306

Cannell MGR 1984 Woody biomass of forest stands Forest Ecology and

Management 8 (3 ndash 4) 299 ndash 312

Carvalho G Barros AC Moutinho P Nepstad D 2001 Sensitive Development

Could Protect Amazonia Instead of Destroying It Nature 409 131

Chave J Andalo C Brown S Cairns MA Chambers JQ Eamus D Foumllster H

Fromard F Higuchi N Kira T Lescure J-P Nelson BW Ogawa H Puig

H Rieacutera B Yamakura T 2005 Tree allometry and improved estimation of

carbon stocks and balance in tropical forests Oecologia 145 87 ndash 99

Chambers JQ Higuchi N Schimel JP 1998 Ancient trees in Amazonia Nature 39

135 ndash 136

56

Cintron BB 1990 Cedrela odorata L Cedro hembra Spanish cedar In Burns RM

Honkala BH (eds) Silvics of North America 2 Hardwoods Agric Handb

Washington DC US Department of Agriculture Forest Service 654 250 ndash 257

Clark DB amp Clark DA 1996 Abundance growth and mortality of very large trees in

neotropical lowland rain forest Forest Ecology and Management 80 235 ndash 244

Clark DA Clark DB 2001 Getting to the canopy Tree height growth in a neotropical

rain forest Ecology 82 1460 ndash 1472

Condit R 1995 Research in large long-term tropical forest plots Tree 10 18 ndash 22

Condit R Hubbel SP Foster RB 1995 Demography and harvest potential of Latin

American timber species data from a large permanent plot in Panama Journal of

Tropical Forest Science 7 599 ndash 622

De Graaf NN Filius AM Huesca Santos AR 2003 Financial analysis of sustained

forest management for timber Perspectives for application of the CELOS

management system in Brazilian Amazonia Forest Ecology and Management

177 287 ndash 299

Denevan WM 1976 The aboriginal population of Amazonia In Denevan W M (ed)

The native population of the Americas in 1492 The University of Wisconsin Press

205 ndash 234

De Simone O Junk WJ Schmidt W 2003 Central Amazon Floodplain Forests Root

Adaptations to Prolonged Flooding Russian Journal of Plant Physiology 50(6)

848 ndash 855

Dezzeo N Worbes M Ishii I Herrera R 2003 Growth rings analysis of four tropical

tree species in seasonally flooded forest of the Mapire River a tributary of the

lower Orinoko River Venezuela Plant Ecology 168 165 ndash 175

Duumlnisch O Montoia VR Bauch J 2003 Dendroecological investigations on

Swietenia macrophylla King and Cedrela odorata L (Meliaceae) in the Central

Amazon Trees ndash Struct Funct 17 244 ndash 250

Dykstra JA amp Heinrich R 1996 FAO model code of forest harvesting practice Food

and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) Rome Italy

Eckstein D Sass U Baas P 1995 Growth periodicity in tropical trees IAWA Journal

16 325 ndash 442

57

Enquist BJ Leffler AJ 2001 Long-term tree ring chronologies from sympatric tropical

dry-forest trees individualistic responses to climatic variation Journal of Tropical

Ecology 17 41 ndash 60

Enright NJ Hartshorn GS 1981 The demography of tree species in undisturbed

tropical rainforest In Bormann FH Berlyn G (eds) Age and growth rate of

tropical trees new directions for research Yale University School of Forestry and

Environmental Studies 94 107 ndash 119

Fearnside PM 1999 Biodiversity as an environmental service in Brazilacutes Amazonian

forests risks value and conservation Environmental Conservation 26 305 ndash 321

Ferreira LV 1991 O efeito do periacuteodo de inundaccedilatildeo na zonaccedilatildeo de comunidades

fenologia e regeneraccedilatildeo em uma floresta de Igapoacute na Amazocircnia Central Masterrsquos

Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 161 pp

Fichtler E Clark DA Worbes M 2003 Age and long-term growth of trees in an old-

growth tropical rain forest based on analyses of tree rings and C-14 Biotropica

35 306 ndash 317

Fichtler E Trouet V Beeckman H Coppin P Worbes M 2004 Climatic signals in

tree rings of Burkea africana and Pterocarpus angolensis form semiarid forests in

Namibia Trees 18 442 ndash 451

Francis J K 1990 Hura crepitans L Sandbox molinillo jabillo In SO-ITF-SM-38 New

Orleans LA US Department of Agriculture Forest Service Southern Forest

Experiment Station 270 ndash 274

Fritts HC 1976 Tree rings and climate London - Academic Press 567 pp

Furch K 1984 Water chemistry of the Amazon Basin The distribution of chemical

elements among freshwaters In Sioli H (ed) The Amazon Limnology and

Landscape Ecology of a Mighty Tropical River and its Basin Junk Publishers

Dordrecht 176 ndash 200

Furch K 1997 Chemistry of Vaacuterzea and Igapoacute soils and nutrient inventory of their

floodplain forests In Junk WJ (ed) The Central Amazon Floodplains Ecology of

a Pulsing System Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 47 ndash 67

58

Gama JRV Bentes ndash Gama M de Matos Scolforo JRS 2005 Sustainable

management for floodplain forest in eastern Amazonian Rev Aacutervore 29(5) 719 ndash

729

Gerwing JJ 2002 Degradation of forests through logging and fire in the eastern

Brazilian Amazon Forest Ecology and Management 157 131 ndash 141

Gourlay ID 1995 The definition of seasonal growth zones in some African Acacia

species ndash A review IAWA Journal 16 353 ndash 359

Hartshorn GS 1995 Ecological basis for sustainable development in tropical forests

Annual Review of Ecology and Systematics 26 155 ndash 175

Higuchi N Hummel AC Freias JV Malinowski JRE Stokes R 1994

Exploraccedilatildeo florestal nas vaacuterzeas do Estado do amazonas seleccedilatildeo de aacutervore

derrubada e transporte Proceedings of the VII Harvesting and Transportation of

timber Products IUFROUFPR Curitiba Brasil 168 ndash 193

Holmes TP Blate GM Zweede JC Pereira R Barreto P Boltz F Bauch R

2002 Financial and ecological indicators of reduced impact logging performance in

the eastern Amazon Forest Ecology and Management 163 93 ndash 110

IBGE 2000 Censo Demograacutefico 2000 Resultados Preliminares Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Rio de Janeiro 172 pp

Irion G Junk WJ Mello JASN 1997 The large Central Amazonian river floodplain

near Manaus geological climatological hydrological and geomorphological

aspects In the Central Amazonian Floodplains Ecology of a Pulsing System

Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 23 ndash 46 Johns JS Baretto P Uhl C 1996 Logging damage during planned and unplanned

logging operations in the eastern Amazon Forest Ecology and Management 89

59 ndash 77

Junk WJ 1989 Flood tolerance and tree distribution in Central Amazonian floodplains

In Nielsen LB Nielsen IC Baisley H (eds) Tropical Forests Botanical

Dynamics Speciation and Diversity Academic Press London 47 ndash 64

Junk WJ Bayley PB Sparks RE 1989 The flood pulse concept in foodplain

systems In Dodge DP (eds) Proceedings of the International Large River

Symposium Cen Spec Publ Fish Aquat Sci 106 110 ndash 127

59

Junk WJ amp Piedade MTF 1997 Plant life in the floodplain with special reference to

herbaceous plants In The central Amazon Floodplain Ecology of a Pulsing

system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg New York 147 ndash 185

Kammescheidt L Gagang AA Schwarzwaller W Weidelt H 2003 Growth patterns

of dipterocarps in treated and untreated plots Forest Ecology and Management

174 437 ndash 445

Kubitzki K amp Zibursk A 1994 Seed dispersal in flood plain forests of Amazonia

Biotropica 26(1) 30 ndash 43

Lambin EF Geist HJ Lepers E 2003 Dynamics of land-use and land-cover change

in tropical regions Annual Review of Environment and Resources 28 205 ndash 41

Lamprecht H 1989 Silviculture in the tropics tropical forest ecosystems and their tree

species - possibilities and methods for their long-term utilization GTZ Eschborn

Laurance WF Nascimento HEM Laurance SG Condit R DAngelo S

Andrade A 2004 Inferred longevity of Amazonian rainforest trees based on a

long-term demographic study Forest Ecology and Management 190 131 ndash 143

Lieberman D Lieberman M Hartshorn G Peralta R 1895 Growth rates and age-

size relationships of Tropical Wet Forest trees in Costa Rica

Journal of Tropical Ecology 1(2) 97 ndash 109

Lima JRA amp Santos Joaquim dos Higuchi N 2005 Situaccedilatildeo das induacutestrias

madeireiras do Estado do Amazonas em 2000 Acta Amazonica 35(2) 125 ndash 132

Loureiro AA amp Silva MF da 1968 Cataacutelogo das madeiras da Amazocircnia Beleacutem

INPA 1 ndash 2

Margulis S 2003 Causas do desmatamento da Amazocircnia brasileira Brasiacutelia Banco

Mundial 100 pp

Marinho TA da S 2008 Distribuiccedilatildeo e estrutura da populaccedilatildeo de quatro espeacutecies

madeirerias em uma floresta sazonalmente alagaacutevel na Reserva de

desenvolvimento sustentaacutevel Mamirauaacute Amazocircnia Central Masterrsquos Thesis

Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do

Amazonas Manaus Amazonas 71 pp

Marques CA 2001 Importacircncia econocircmica da famiacutelia Lauraceae Lindl Floresta e

Ambiente 8(1) 195 ndash 206

60

Martini A Arauacutejo R N Uhl C 1998 Espeacutecies de Aacutervores Potencialmente

Ameaccediladas pela Atividade Madeireira na Amazocircnia Imazon Beleacutem Brazil Seacuterie

Amazocircnia Ndeg 11

Nebel G amp Kvist LP 2001 A review of Peruvian flood plain forests ecosystems

inhabitants and resource use Forest Ecology and Management 150 3 ndash 26

Nebel G Dragsted J Simonsen TR Vanclay JK 2001 The Amazon floodplain

forest tree Maquira coriacea (Karsten) CC Berg Aspects of ecology and

management Forest Ecology and Management 150 103 ndash 113

Nebel G amp Meilby H 2005 Growth and population structure of timber species in

Peruvian Amazon flood plains Forest Ecology and Management 215 1 ndash 3

Nepstad D Carvalho G Barros AC Alencar A Capobianco J Bishop J

Moutinho P Lefebvre P Silva U 2001 Road Paving Fire Regime Feedbacks

and the Future of Amazon Forests Forest Ecology and Management 5524 1 ndash 13

Nutto L Watzlawick LF 2002 Relaccedilotildees entre fatores climaacuteticos e incremento em

diacircmetro de Zanthoxylum rhoifolia Lam e Zanthoxylum hyemale St Hil Na regiatildeo

de Santa Maria RS Embrapa Florestas Bol Pesq Fl Colombo PR 45 41 ndash 55 Ohly JJ 2000 Development of central Amazonia in the modern era In Junk WJ

Ohly JJ Piedade MTF Soares MGM (eds) The Central Amazon

Floodplain Actual Use and Options for Sustainable Management Backhuys

Publisher Leiden 75 ndash 94

Parolin P 2001 Morphological and physiological adjustments to waterlogging and

drought in seedlings of Amazonian floodplain trees Oecologia 128 326-335

Parolin P 2002 Bosques inundados en la Amazonia Central Su aprovechamiento

actual y potencial Ecologia Aplicada 1(1) 111 ndash 114

Parolin P De Simone O Haase K Waldhoff D Rottenberger S Kuhn U

Kesselmeier J Kleiss B Schmidt W Piedade MTF Junk WJ 2004 Central

Amazonian floodplain forests tree adaptations in a pulsing system The Botanical

Review 70(3) 357 ndash 380

Piedade MTF Junk WJ Parolin P 2000 The flood pulse and photosynthetic

response of tree in a white water floodplain (Vaacuterzea) of Central Amazon Brazil

Verhandlungen der Internationalen Vereinigung fuumlr Limnologie 27 1734 ndash 1739

61

Piedade MTF 1985 Ecologia e biologia reprodutiva de Astrocaryum jauari Mart

(Palmae) como exemplo de populaccedilatildeo adaptada agraves aacutereas inundaacuteveis do Rio Negro

(igapoacutes) Masterrsquos Thesis Instituto Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo

Universidade do Amazonas Manaus Amazonas 188 pp

Piedade MTF Junk WJ Adis J Parolin P 2005 Ecologia zonaccedilatildeo e colonizaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo arboacuterea das Ilhas Anavilhanas Pesquisas Botacircnica 56 117 ndash 143

Pinedo-Vasquez M Zarin DJ Coffey K Padoch C Rabelo F 2001 Post-boom

logging in Amazonia Human Ecology 29 219ndash239

Prance GT 1980 A terminologia dos tipos de florestas Amazocircnicas sujeitos agrave

inundaccedilatildeo Acta Amazonica 10 495 ndash 504

Prance GT 1989 American Tropical Forests In Lieth H Weger MJA (eds)

Tropical Rain Forest Ecossistems Ecossistems of the World Elsevier Amsterdam

14 99 ndash 132

Putz FE Blate GM Redford KH Fimbel R Robinson J 2001 Tropical forest

management and conservation of biodiversity an overview Conservation Biology

15 7ndash20

Queiroz H 2005 A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel Mamirauaacute Estudos

Avanccedilados 19(54) 183 ndash 203

Revilla JDC 1981 Aspectos floriacutesticos e fitossocioloacutegicos da floresta inundaacutevel

(igapoacute) Praia Grande Rio Negro Amazonas Brasil Masterrsquos Thesis Instituto

Nacional de Pesquisas da AmazocircniaFundaccedilatildeo Universidade do Amazonas

Manaus Amazonas 129 pp

Ribeiro RNS Tourinho MM Santana AC 2004 Avaliaccedilatildeo da sustentabilidade

agroambiental de unidades produtivas agroflorestais em Vaacuterzeas fluacutevio marinhas

de Cametaacute - Paraacute Acta Amazonica 34(3) 359 ndash 374

Roig FA 2000 Dendrocronologiacutea en los bosques del Neotroacutepicos revisioacuten y

prospeccioacuten futura In Dendrocronologiacutea en america Latina Roig F A (ed)

Mendoza EDIUNC 307 ndash 355

Sass U Killmann W Eckstein D 1995 Wood formation in two species of

dipterocarpaceae in Peninsular Malaysia IAWA Journal 16 371 ndash 384

62

Schoumlngart J 2003 Dendrochronologische Untersuchungen in

Uumlberschwemmungswaumlldern der vaacuterzea Zentralamazoniens PhD Thesis Fakultaumlt

fuumlr Forstwissenschaften und Waldoumlkologie Universitaumlt Goumlttingen 223 pp

Schoumlngart J 2008 GrowthndashOrientated Logging (GOL) A new concept towards

sustainable forest management in Central Amazonian vaacuterzea floodplains Forest

Ecology and Management (Aceito)

Schoumlngart J Piedade MTF Ludwigshausen S Horna V Worbes M 2002

Phenology and stem-growth periodicity of tree species in Amazonian floodplain

forests Journal of Tropical Ecology 18 581 ndash 597

Schoumlngart J Piedade MTF Worbes M 2003 Successional differentiation in

structure floristic composition and wood increment of whitewater Floodplain

Forests in Central Amazonia German-Brazilian Workshop on Neotropical

Ecosystems ndash Achievements and Prospects of Cooperative Research Hamburg 3

ndash 8

Schoumlngart J Junk WJ Piedade MTF Ayres JM Huumlttermann A Worbes M

2004 Teleconnection between tree growth in the Amazonian floodplains and the El

Nintildeo-Southern Oscillation effect Global Change Biology 10 683 ndash 692

Schoumlngart J Piedade MTF Wittmann F Junk WJ Worbes M 2005 Wood

growth patterns of Macrolobium acaciifolium (Benth) (Fabaceae) in Amazonian

black-water and white-water Floodplain Forests Oecologia 145 454 ndash 461

Schoumlngart J Orthmann B Hennenberg KJ Porembski S Worbes M 2006

Climate ndash growth relationships of tropical tree species in West Africa and their

potential for climate reconstruction Global Change Biology 12 1139 ndash 1150

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M Piedade MTF Krambeck H-J Junk WJ

2007 Management criteria for Ficus insipida Willd (Moraceae) in Amazonian white

ndash water floodplain forests defined by tree ndash rings analysis Annals of Forest

Science 64 657 ndash 664 Schoumlngart J Rocha RM Queiroz HL 2008a Traditional timber extraction in the

central Amazonian floodplains In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

63

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Schoumlngart J Wittmann F Worbes M 2008b Biomass and net primary production of

central Amazonian floodplain forests In Junk WJ Piedade MTF Parolin P

Wittmann F Schoumlngart J (eds) Central Amazonian Floodplain forests

Ecophysiology Biodiversity and Sustainable management Springer-Verlag Berlin

Heidelberg New York (no prelo)

Swaine MD Whitmore TC 1988 On the definition of ecological species groups in

tropical rain forests Vegetatio 75 81 ndash 86

Schwartz MW Caro TM Banda-Sakala T 2002 Assessing the sustainability of

harvest of Pterocarpus angolensis in Rukwa Region Tanzania Forest Ecology and

Management 170 259 ndash 269

Schweingruber FH 1988 Tree rings Reidel Dordrecht 276 pp

Sioli H amp Klinge H 1962 Solos tipos de vegetaccedilatildeo e aacuteguas na Amazocircnia Boletim

Museu Paraense Emilio Goeldi 1 27 ndash 41

Sioli H 1984 Former and recent utilizations of Amazonia and their impact on the

environment In The Amazon Sioli H (ed) Junk Publishers Dordrecht 675 ndash

706

Sioli H 1991 Amazocircnia Fundamentos da ecologia da maior regiatildeo de florestas

tropicais Editora Vozes Petroacutepolis Rio de Janeiro 3 ed 71 pp

Sociedade Civiacutel Mamirauaacute 1996 Mamirauaacute Management Plan (summarized version)

Brasiacutelia SCM CNPqMCT

Sokpon N amp Biaou SH 2002 The use of diameter distributions in sustained-use

management of remnant forests in Benin case of Bassila forest reserve in North

Benin Forest Ecology and Management 161 13 ndash 25

Sombroek WG 1979 Soils of the Amazon region and their ecological stability ISM

Annual Report 13 ndash 27

Smeraldi R 2003 Legalidade predatoacuteria ndash o novo contexto da exploraccedilatildeo madeireira

na Amazocircnia In MACQUEEN DJ (ed) Exportando sem crises a induacutestria de

madeira tropical brasileira e os mercados internacionais IIED Small and Medium

64

Enterprise Series London International Institute for Environment and

Development 1 37 ndash 52

Spiecker H 2002 Tree rings and forest management in Europe Dendrochronologia

20(1-2) 191 ndash 202

Stadtler EWC 2007 Estimativas de biomassa lenhosa estoque e sequumlestro de

carbono acima do solo ao longo do gradiente de inundaccedilatildeo em uma floresta de

igapoacute alagada por aacutegua preta na Amazocircnia Central MSc thesis INPAUFAM

Manaus BrazilStahle DW 1999 Useful strategies for the development of tropical

tree-ring chronologies IAWA Journal 20 249 ndash 253

Takeuchi M 1962 The structure of the amazonian vegetation VI Igapoacute Journal of the

Faculty Science University of Tokyo 8(4 ndash 7) 297-304

Ter Steege H Pitman N Sabatier D Castellanos H Vander Hout P Daly DC

Silveira M Phillips OL Vasquez R Van Andel T Duivenvoorden J De

Oliveira AA Ek R Lilwah R Thomas R Van Essen J Baider C Maas P

Mori S Terborgh J Nueacutez PV Mogolloacute n H Morawetz W 2003 A spatial

model of tree adiversity and b-density for the Amazon Region Biodiversityand

Conservation 12 2255 ndash 2277

Therrell MD Stahle DW Ries LP Shugart HH 2006 Tree-ring reconstructed

rainfall variability in Zimbabwe Climate Dynamics 26 677 ndash 685

Uhl C Barreto P Verissiacutemo A Vidal E Amaral P Barros AC Souza C Johns

J Gerwing J 1997 Natural Resource Management in the Brazilian Amazon

Bioscience 47(3) 160 ndash 168

Vidal E Viana VM Batista JLF 2002 Crescimento de floresta tropical trecircs anos

apoacutes colheita de madeira com e sem manejo florestal na Amazocircnia oriental

Scientia forestalis 61133-143

Waldholff D Junk WJ Furch B 1998 Responses of three Central Amazonian tree

species to drought and flooding under controlled conditions International Journal of

Ecological and Environments Sciences 24 237 ndash 252

Wittmann F amp Parolin P 1999 Phenology of six tree species from Central Amazonian

Vaacuterzea Ecotropica 5 51 ndash 57

65

Wittmann F Anhuf D Junk WJ 2002 Tree species distribution and community

structure of central Amazonian Vaacuterzea forests by remote-sensing techniques

Journal of Tropical Ecology 18 805 ndash 820

Wittmann F amp Junk WJ 2003 Sapling communities in Amazonian white-water forests

Journal of Biogeography 30(10) 1533 ndash 1544

Wittmann F Junk WJ Piedade MTF 2004 The Vaacuterzea forests in Amazonia

flooding and the highly dynamic geomorphology interact with natural forest

succession Forest Ecology and Management 196 199 ndash212

Wittmann F Schoumlngart J Montero JC Motzer T Junk WJ Piedade MTF

Queiroz HL Worbes M 2006a Tree species composition and diversity gradients

in white-water forests across the Amazon Basin Journal of Biogeography 33 1334

ndash 1347

Wittmann F Schoumlngart J Brito JM Oliveira Wittmann A Piedade MTF Parolin

P Junk WJ Guillaumet JL 2006b Manual of trees from Central Amazonian

vaacuterzea floodplains Taxonomy ecology and use Ed Valer (no prelo)

Whitmore TC 1990 An introduction to tropical rain forests Oxford University Press

New York

Worbes M 1985 Structural and other adaptations to long-term flooding by in Central

Amazonia Amazoniana 9 459 ndash 484

Worbes M 1989 Growth rings increment and age of trees in inundation forest

savannas and mountain forest in the neotropics IAWA Bulletin 10(2) 109 ndash 122

Worbes M 1995 How to measure growth dynamics in tropical trees mdash a review IAWA

Journal 16 337ndash 351

Worbes M 1997 The forest ecosystem of the floodplains In The central Amazon

Floodplain Ecology of a Pulsing system Springer ndash Verlag Berlin Heidelberg

New York 223 ndash 266

Worbes M 1999 Annual grow rings rainfall-dependent growth and long-term grgrowth

patterns of tropical trees from the Caparo Forest Reserve in Venezuela Journal of

Ecology 87 391 ndash 403

Worbes M 2002 One hundred years of tree-ring research in the tropics ndash a brief history

and an outlook to future challenges Dendrochronologia 20(1 ndash 2) 217 ndash 231

66

Worbes M amp Junk WJ 1999 How old are the trees The persistence of a myth

IAWA Journal 20(3) 255 ndash 260

Worbes M Kingle H Revilla JD Martius C 1992 On the dynamics floristic

subdivision and geographical distribuition of Vaacuterzea forests in Central Amazonia

Journal of Vegetation Science 3 553 ndash 569

Worbes M Piedade MTF Schoumlngart J 2001 Holzwirtschaft im Mamirauaacute-Projekt

zur nachhaltigen Entwicklung einer Region im Uumlberschwemmungsbereich des

Amazonas Forstarchiv 72 188 ndash 200

Worbes M Staschel R Roloff A Junk WJ 2003 The ring analysis reveals age

structure dynamics and wood production of a natural forest stand in Cameroon

Forest Ecology and Management 173 105ndash123

67

Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )

Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo

Page 16: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 17: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 18: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 19: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 20: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 21: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 22: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 23: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 24: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 25: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 26: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 27: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 28: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 29: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 30: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 31: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 32: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 33: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 34: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 35: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 36: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 37: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 38: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 39: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 40: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 41: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 42: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 43: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 44: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 45: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 46: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 47: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 48: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 49: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 50: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 51: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 52: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 53: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 54: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 55: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 56: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 57: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 58: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 59: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 60: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 61: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 62: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 63: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 64: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 65: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 66: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 67: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 68: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 69: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 70: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 71: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 72: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 73: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 74: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 75: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 76: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 77: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 78: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE
Page 79: MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES …livros01.livrosgratis.com.br/cp065873.pdf · Sejana Artiaga Rosa MODELOS DE CRESCIMENTO DE QUATRO ESPÉCIES MADEIREIRAS DE FLORESTA DE