modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e...

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FABIO CRISTIANO FREITAS FRANCHI Modelo para a transformação digital em uma empresa operadora de telecomunicações Monografia apresentada ao PECE - Programa de Educação Continuada em Engenharia da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo como parte dos requisitos para conclusão do curso de MBA em Governança e Inovação de Tecnologias Digitais com Sustentabilidade. São Paulo 2019

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Page 1: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

FABIO CRISTIANO FREITAS FRANCHI

Modelo para a transformação digital em uma empresa operadora de

telecomunicações

Monografia apresentada ao PECE -

Programa de Educação Continuada em

Engenharia da Escola Politécnica da

Universidade de São Paulo como parte dos

requisitos para conclusão do curso de MBA

em Governança e Inovação de Tecnologias

Digitais com Sustentabilidade.

São Paulo

2019

Page 2: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

FABIO CRISTIANO FREITAS FRANCHI

Modelo para a transformação digital em uma empresa operadora de

telecomunicações

Monografia apresentada ao PECE -

Programa de Educação Continuada em

Engenharia da Escola Politécnica da

Universidade de São Paulo como parte dos

requisitos para conclusão do curso de MBA

em Governança e Inovação de Tecnologias

Digitais com Sustentabilidade.

Orientador: Prof.ª Dr.ª Tereza Cristina

Melo de Brito Carvalho

São Paulo

2019

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FICHA CATALOGRÁFICA

Franchi, Fabio Cristiano Freitas Modelo para a transformação digital em uma empresa operadora de

telecomunicações / F. C. F. Franchi -- São Paulo, 2019. 77 p.

Monografia (MBA em Governança e Inovação de Tecnologias Digitais com

Sustentabilidade) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. PECE – Programa de Educação Continuada em Engenharia.

1. Transformação Digital 2. Inovação 3. Tecnologia da Informação 4.

Gestão da Informação I. Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. PECE – Programa de Educação Continuada em Engenharia II.t.

Page 4: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

Dedico este trabalho à minha esposa Ivana

Maria da Silva Nuñez por seu amor,

incentivo e inspiração na minha constante

busca por evolução pessoal e profissional

e pelo seu apoio para que eu pudesse me

dedicar à jornada e conclusão deste

trabalho.

Aos meus pais Maria Eunice de Freitas

Franchi e João Gilberto Franchi que

sempre me passaram os valores da ética,

respeito, educação e profissionalismo

sendo os maiores responsáveis na

formação da minha pessoa.

Page 5: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

AGRADECIMENTOS

Agradeço à Prof.ª Dr.ª Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho que me orientou, me

apoiou e compartilhou seus conhecimentos e experiências durante os meus estudos

neste curso de MBA e o desenvolvimento deste trabalho.

Agradeço à Universidade de São Paulo (USP) que possibilitou o avanço dos meus

conhecimentos por meio deste curso de MBA.

Aos meus irmãos André Freitas Franchi e Fernando Freitas Franchi que sempre foram

ótimos amigos, me incentivaram e colaboraram na constante busca por evolução

pessoal e profissional.

Agradeço também aos colaboradores da empresa estudada por compartilharem seus

conhecimentos, experiências e ideias e especialmente ao gerente da área de

Tecnologia da Informação (TI) e ao superintendente de operações por me ajudarem a

obter as informações relevantes e a analisá-las para uso neste trabalho.

Finalmente, agradeço aos amigos que encontrei durante todo o período em que me

dediquei aos estudos e a este trabalho que, de alguma forma, contribuíram e me

apoiaram com palavras de afirmação e motivação, além de críticas e ideias

construtivas.

Page 6: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

“Todas as pessoas têm disposição para trabalhar criativamente.

O que acontece é que a maioria jamais se dá conta disso”.

Truman Capote

Page 7: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

RESUMO

A sociedade vive em uma era de mudanças como indivíduo, sociedade e organização,

alavancadas pela evolução e uso inovador das tecnologias digitais. Os impactos

gerados por tais tecnologias são chamados de transformação digital. A transformação

digital já está presente no cotidiano mundial alterando a comunicação, a mobilidade,

o relacionamento, o trabalho, o estudo, o entretenimento, etc. Trazendo esta temática

para o cenário empresarial, o uso inovador das tecnologias digitais impulsiona a

produtividade e lucratividade das empresas a partir da otimização dos processos de

negócios, redução de custos operacionais, melhoria no atendimento ao cliente,

precisão nas tomadas de decisão, diminuição dos riscos e criação de novas

perspectivas e oportunidades de negócio. Este trabalho propõe um modelo para

realizar a transformação digital em uma empresa operadora de telecomunicações,

podendo a aplicabilidade deste modelo ser estendida para empresas de outros

setores. O trabalho foi baseado em uma revisão bibliográfica dos conceitos de

transformação digital e das tecnologias envolvidas neste processo, incluindo um

estudo baseado em análises de dados sobre o mercado de telecomunicações

brasileiro e o posicionamento da empresa estudada neste setor com o objetivo de criar

um plano de ação viabilizador da transformação digital que traga benefícios a curto e

médio prazo e seja de fácil implementação.

Palavras-chave: Transformação Digital. Digitalização. Inovação. Processos de

Negócios.

Page 8: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

ABSTRACT

The society lives in an era of changes as individual, society and organization leveraged

by the evolution and innovative use of digital technologies. The impacts generated by

such technologies are called digital transformation. The digital transformation is

already present in people's lives, changing our communication, mobility, relationship,

work, study, entertainment, etc. Bringing this theme to the business scenario, the

innovative use of digital technologies drives the productivity and profitability of

companies by optimizing business processes, reducing operational costs, improving

customers services, improving the accuracy in the decision making, reducing risks,

and creating new perspectives and business opportunities. This work proposes a

model to perform the digital transformation in a telecommunications operator company

and its applicability can be extended to companies from other sectors. This work was

based on a literature review of the concepts of digital transformation and the

technologies involved in this process, including a study based on data analysis about

the Brazilian telecommunications market and the positioning of the company studied

in the sector with the objective of creating an action plan to enable the digital

transformation bringing short and medium-term and easy-to-implement benefits.

Keywords: Digital Transformation. Digitalization. Innovation. Business Process.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Previsão de impacto no aumento do PIB, em bilhões de dólares, nas

10 maiores economias mundiais pelo uso de tecnologias digitais ............................ 21

Figura 2 - Estrutura organizacional tradicional ................................................ 28

Figura 3 - Inclusão dos fluxos de trabalho orientados por processos na estrutura

organizacional tradicional .......................................................................................... 28

Figura 4 - Exemplo de processos interfuncionais ........................................... 29

Figura 5 - Crescimento no número de operadoras de banda larga fixa entre

2008 e 2018 .............................................................................................................. 40

Figura 6 - Número de assinantes de banda larga fixa no Brasil entre 2008 e

2018 .......................................................................................................................... 41

Figura 7 - Comparativo entre o crescimento de assinantes e provedores de

banda larga fixa no Brasil entre 2009 e 2018 ............................................................ 42

Figura 8 - Número de assinantes e provedores de banda larga fixa no Brasil

entre 2009 e 2018 ..................................................................................................... 43

Figura 9 - Nível de maturidade de uma empresa na execução dos seus

processos de negócio ............................................................................................... 46

Figura 10 - Uso da plataforma BPMS para digitalizar, integrar, automatizar e

orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .................. 47

Figura 11 - Modelo proposto de integração e alinhamento entre a plataforma

BPMS e os sistemas existentes ................................................................................ 49

Figura 12 - Modelo proposto para o uso de BI e Big Data .............................. 51

Figura 13 - Modelo proposto para automação do WMS ................................. 53

Figura 14 - Crescimento de clientes e faturamento da Telecom entre 2013 e

2018 .......................................................................................................................... 58

Figura 15 - Evolução no número de clientes, faturamento, ocupação da rede e

preço do Mb/s ............................................................................................................ 60

Figura 16 - Crescimento do custo operacional da Telecom ............................ 61

Figura 17 - Sistemas sem integração e com dados descentralizados

dependendo exclusivamente dos recursos humanos para serem operados ............. 62

Figura 18 - Fluxo de comercialização e implantação de um novo serviço para

cliente ........................................................................................................................ 63

Page 10: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

Figura 19 - Integração entre os sistemas, fornecedores e parceiros de negócio

por meio de uma plataforma BPMS .......................................................................... 66

Figura 20 - Utilização de BI para análise inteligente e avançada de dados .... 67

Figura 21 - Respostas para a pergunta: Quais as maiores dificuldades que você

encontra para realizar suas tarefas? ......................................................................... 72

Figura 22 - Respostas para a pergunta: Como a tecnologia pode ajudar a

melhorar a execução de suas tarefas? ..................................................................... 72

Page 11: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABPMP Association of Business Process Management Professionals

Anatel Agência Nacional de Telecomunicações

API Application Programming Interface

B2B Business to Business

BGP Border Gateway Protocol

BI Business Intelligence

BPM Business Process Management

BPMN Business Process Model and Notation

BPMS Business Process Management System

CMM Capacity Maturity Model

CRM Customer Relationship Management

ERP Enterprise Resource Planning

FSM Field Service Management

GPS Global Positioning System

IA Inteligência Artificial

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IoT Internet of Things

IPFIX Internet Protocol Flow Information Export

ISP Internet Service Provider

Mb/s Megabit por segundo

NFV Network Functions Virtualization

NMS Network Management System

NPM Network Performance Management

NTA Network Traffic Analysis

PIB Produto Interno Bruto

RFID Radio Frequency Identification

ROA Routing Optimization and Assurance

RPA Robotic Process Automation

SCM Serviço de Comunicação Multimídia

SD-WAN Software Defined in a Wide Area Network

SDN Software Defined Network

SLE Serviço Limitado Especializado

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SMP Serviço Móvel Pessoal

SNMP Simple Network Management Protocol

STFC Serviço de Telefonia Fixa Comutado

TI Tecnologia da Informação

TIC Tecnologia da Informação e Comunicação

VHS Video Home System

WFM WorkForce Management

WMI Windows Management Instrumentation

WMS Warehouse Management System

XP Extreme Programming

Page 13: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 16

1.1 MOTIVAÇÃO ......................................................................................... 17

1.2 OBJETIVO ............................................................................................. 18

1.3 MÉTODO DE PESQUISA ...................................................................... 18

1.4 CONTEÚDO E ORGANIZAÇÃO ........................................................... 18

2 TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ................................................................................ 20

2.1 TRANSFORMAÇÃO ORGANIZACIONAL ............................................. 22

2.1.1 DIGITALIZAÇÃO ............................................................................. 23

2.1.2 INOVAÇÃO ..................................................................................... 23

2.2 MÉTODOS DE GESTÃO ....................................................................... 24

2.2.1 MÉTODO ÁGIL DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS ............... 24

2.2.2 GERENCIAMENTO DE PROCESSOS DE NEGÓCIO (BPM) ........ 26

2.3 SISTEMAS DE GESTÃO ORGANIZACIONAL ...................................... 27

2.3.1 SISTEMA DE PLANEJAMENTO DE RECURSOS EMPRESARIAIS

(ERP) ........................................................................................................ 27

2.3.2 SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE RELACIONAMENTO COM O

CLIENTE (CRM) ....................................................................................... 30

2.3.3 SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE ESTOQUE (WMS) ............. 30

2.3.4 SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE CAMPO (FSM)

................................................................................................................. 31

2.3.5 SISTEMA DE INTELIGÊNCIA DE NEGÓCIOS (BI) ........................ 32

2.3.6 SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE REDE (NMS) ...................... 33

2.4 TECNOLOGIAS DIGITAIS .................................................................... 34

2.4.1 INTERNET DAS COISAS (IoT) ....................................................... 34

2.4.2 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (IA) .................................................... 35

2.4.3 BIG DATA ....................................................................................... 36

2.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO ......................................... 37

Page 14: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

3 MODELO PARA A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL EM UMA EMPRESA OPERADORA DE TELECOMUNICAÇÕES .............................................................. 38

3.1 O SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES BRASILEIRO .......................... 38

3.1.1 HISTÓRICO E ESTADO ATUAL DO SETOR DE

TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL ....................................................... 39

3.2 ESPECIFICAÇÃO DE REQUISITOS PARA UM MODELO DE

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL EM UMA EMPRESA OPERADORA DE

TELECOMUNICAÇÕES ............................................................................... 44

3.3 OTIMIZAÇÃO E AUTOMATIZAÇÃO DOS FLUXOS DE TRABALHO E

EXECUÇÃO DOS PROCESSOS DE NEGÓCIO ......................................... 45

3.4 UTILIZAÇÃO DE BI E BIG DATA PARA AUXILIAR AS TOMADAS DE

DECISÃO ..................................................................................................... 50

3.5 AUTOMATIZAÇÃO DE INVENTÁRIO DE REDE E INFRAESTRUTURA

...................................................................................................................... 51

3.6 MONITORAMENTO DE DESEMPENHO E OTIMIZAÇÃO DE

ROTEAMENTO DE REDE ........................................................................... 53

3.7 RISCOS E DESAFIOS .......................................................................... 54

3.8 RESULTADOS ESPERADOS ............................................................... 55

3.9 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO ......................................... 56

4 ESTUDO DE CASO - MODELO DE TRANSFORMAÇÃO DIGITAL PARA UMA EMPRESA OPERADORA DE TELECOMUNICAÇÕES ........................................... 57

4.1 A EMPRESA ESTUDADA ..................................................................... 57

4.1.1 A ESTRATÉGIA CORPORATIVA ................................................... 58

4.1.2 OS PROBLEMAS E DESAFIOS NA EXECUÇÃO DA ESTRATÉGIA

DIGITAL ................................................................................................... 59

4.2 APLICAÇÃO DO MODELO DE TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

PROPOSTO ................................................................................................. 65

4.2.1 MAPEAMENTO, OTIMIZAÇÂO E AUTOMATIZAÇÃO DA

EXECUÇÃO DOS PROCESSOS DE NEGÓCIO ..................................... 65

4.2.2 APLICAÇÃO DA INTELIGÊNCIA NA ANÁLISE DE DADOS .......... 66

Page 15: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

4.2.3 AUTOMATIZAÇÃO DE INVENTÁRIO DE REDE E

INFRAESTRUTURA ................................................................................. 68

4.2.4 MONITORAMENTO DE DESEMPENHO E OTIMIZAÇÃO DE

ROTEAMENTO DE REDE ....................................................................... 68

4.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO ......................................... 69

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 71

5.1 LIMITAÇÕES DESTE TRABALHO ........................................................ 74

5.2 CONTRIBUIÇÕES ................................................................................. 74

5.3 TRABALHOS FUTUROS....................................................................... 74

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 76

Page 16: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

16

1. INTRODUÇÃO

Em todas as organizações, por todo o mundo, há algumas décadas, os serviços

de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) já são utilizados como ferramentas

de suporte e sustentação de suas operações, porém muitas vezes sem alinhamento

aos objetivos dos negócios. Nos últimos anos este cenário vem mudando e muitas

organizações têm percebido o real valor que a TIC pode criar para seus negócios,

promovendo seu crescimento, suas transformações e suas inovações; alavancando

sua produtividade, lucratividade e competitividade (QUAADGRAS; WEILL; ROSS,

2014).

O uso de tecnologias digitais, que são uma combinação de tecnologias da

informação, computação, comunicação e conectividade (BHARADWAJ et al., 2013)

com as inovações digitais, que são o uso combinado de componentes físicos e

tradicionais com componentes digitais para a criação de novos produtos está

conduzindo as transformações digitais (YOO; HENFRIDSSON; LYYTINEN, 2010).

Explicando de um modo convencional, a transformação digital se refere ao uso

de computação e tecnologia de comunicação em rede, como a Internet, para criar

processos mais eficientes e de maior valor econômico. Em um sentido mais amplo, a

transformação digital refere-se ao impacto que as novas tecnologias geram em como

as pessoas agem e interagem como indivíduos, sociedade ou organizações (REDDY;

REINARTZ, 2017).

A transformação digital já está presente no cotidiano de muitas pessoas e é

difícil citar um aspecto em suas vidas que não tenha sido afetado. Os modos de

comunicação, de relação, de locomoção, de trabalho, de estudo, de alimentação, de

diversão, etc. todos foram ou estão sendo transformados (REDDY; REINARTZ, 2017).

Se um sistema de gestão de clientes gerencia somente 1% de toda a população

mundial, o mesmo deve gerir o equivalente a 76 milhões de clientes. Sem o uso dos

avanços que as tecnologias digitais proporcionam, isso não seria possível. A

transformação das organizações faz-se necessária para atender à demanda desta

numerosa e crescente população e as organizações precisam alavancar e mudar seus

processos e atividades utilizando tais tecnologias digitais (HEAVIN; POWER, 2018).

É inegável que o impacto gerado pela transformação digital nos sistemas

econômicos e organizações, assim como na vida dos indivíduos e da sociedade como

um todo está sendo revolucionário e contínuo.

Page 17: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

17

1.1 MOTIVAÇÃO

O desenvolvimento deste trabalho é motivado pela crescente transformação

que as tecnologias digitais têm causado nas organizações, na sociedade e nos

indivíduos, o que força as empresas a tomarem ações para acompanhar as evoluções

decorrentes.

Segundo Westerman; Bonnet e Mcafee (2014), organizações em todo o mundo

estão se beneficiando dos avanços tecnológicos, desde análise de dados, mídias

sociais, dispositivos com inteligência incorporada e até mesmo aprimoramentos em

tecnologias tradicionais, como por exemplo, um sistema de Planejamento De

Recursos Empresariais (ERP - Enterprise Resource Planning). Tais sistemas têm

transformado os negócios rapidamente e aperfeiçoado seu desempenho corporativo,

seja melhorando o relacionamento com os clientes, transformando os processos

internos ou até mesmo agregando maior valor aos negócios.

No setor de telecomunicações, o cenário não é diferente, de acordo com Bughin

(2016), além de sofrerem com pressões regulatórias e alta competitividade do setor,

os serviços tradicionais de telecomunicações também estão sendo afetados pela

transformação digital com o surgimento de dispositivos digitais e modelos de

prestação de serviço mais robustos, além de que, os modelos de serviços tradicionais

estão se tornando commodities, devido ao surgimento de novas plataformas de

comunicação sem intermediários.

De acordo com Demirkan e Spohrer (2016), Lemos (2000) e Sousa e Rocha

(2019), integrar os diferentes tipos de tecnologias, desde as mais tradicionais até as

mais inovadoras, é um desafio, mas que pode trazer resultados benéficos para o

negócio, como:

• Aumento da produtividade e lucratividade;

• Redução de erros e duplicação de dados;

• Redução de retrabalho e esforço;

• Redução de custos operacionais;

• Facilidade em obter informações com precisão e relevância para

tomadas de decisão;

• Maior qualidade de atendimento ao cliente;

• Diminuição dos riscos de negócio;

Page 18: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

18

• Criação de novas perspectivas e oportunidades de negócio.

1.2 OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo analisar os principais processos que envolvem

a transformação digital em um ambiente corporativo, como a digitalização e inovação,

e os impactos, riscos e desafios da sua implementação, modelando estes processos

em um plano de ação viabilizador para a realização da transformação digital em uma

empresa operadora de telecomunicações.

Como objetivo secundário deve-se disponibilizar um documento acessível a

maioria das pessoas, orientando e fornecendo uma visão conceitual sobre os

assuntos abordados sem muitos aprofundamentos técnicos. Isso possibilita que o

documento seja adaptado para a transformação digital nas mais variadas empresas e

nos mais variados tipos de negócio.

1.3 MÉTODO DE PESQUISA

Para o desenvolvimento deste trabalho foi realizada uma pesquisa bibliográfica

acerca dos conceitos de transformação digital, digitalização, inovação, métodos de

gestão, tecnologias e sistemas mais comumente utilizados pelas organizações nos

dias atuais. Depois foram realizados o registro de fatos do mercado de

telecomunicações e a análise da situação atual da empresa estudada, identificando

as causas para a estruturação e definição de um modelo teórico que permita realizar

a transformação digital da empresa a partir de práticas que tragam resultados com

agilidade, simplicidade e sem necessidade de altos investimentos.

1.4 CONTEÚDO E ORGANIZAÇÃO

Neste capítulo é apresentado o contexto inicial citando a motivação e os

objetivos pelos quais o tema está sendo estudado, o método de pesquisa e a

organização do trabalho.

O Capítulo 2 trata de uma revisão bibliográfica sobre os conceitos de

transformação digital, abordando a digitalização, a inovação, os métodos de gestão e

os sistemas e as tecnologias comumente utilizados neste processo.

Page 19: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

19

O Capítulo 3 apresenta um modelo para a transformação digital em uma

empresa operadora de telecomunicações e os principais riscos, desafios e objetivos

da aplicação do modelo.

O Capítulo 4 apresenta a aplicabilidade do modelo de transformação digital

para uma empresa operadora de telecomunicações por meio de um estudo de caso

no modo de operação atual da empresa e seus maiores problemas, riscos e desafios

na execução da estratégia digital.

O Capítulo 5 apresenta as considerações finais sobre este trabalho, suas

limitações, contribuições e sugestões para trabalhos futuros que poderão ser

desenvolvidos sobre este mesmo tema.

Page 20: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

20

2 TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

As tecnologias digitais transformaram as vidas das pessoas, das organizações

e da sociedade. A possibilidade de bilhões de pessoas estarem conectadas por meio

de dispositivos móveis aliada à capacidade de processamento e armazenamento de

dados e ao acesso a informação, sem precedentes, cria inúmeras oportunidades e

desafios para as organizações. Consequentemente, os modelos de negócios também

precisam acompanhar rápida e profundamente, de uma maneira estratégica e

priorizada, estas transformações. Transformações estas que ocorrem com mais

agilidade que no passado devido ao uso cada vez maior de alto poder computacional,

robotização e equipamentos inteligentes (DEMIRKAN; SPOHRER; WELSER, 2016).

Com o uso de Inteligência Artificial (IA) e alto poder de processamento, os

dispositivos digitais estão ganhando habilidades humanas, ou seja, estão se tornando

aptos a reconhecerem vozes, processarem linguagens naturais, analisarem imagens

e vídeos, adquirirem conhecimento e interagirem com humanos e com outras

máquinas. Em alguns casos, estes dispositivos e tecnologias são capazes de realizar

as atividades e as tarefas humanas mais rapidamente e com uma qualidade superior.

Como exemplo, pode-se citar a realização de análises de diversos volumes de dados

identificando padrões e resolvendo problemas estruturados e não estruturados com

muita rapidez e assertividade (DEMIRKAN; SPOHRER, 2016).

De acordo com um estudo de Macchi, Berthon e Robinson (2015) e IDC (2018),

o uso de tecnologias digitais deve acrescentar US$ 1,36 trilhões no Produto Interno

Bruto (PIB) das 10 maiores economias globais em 2020. No Brasil, o acréscimo deve

ser de US$ 97 bilhões ou 3,9% no PIB nacional conforme observa-se na Figura 1.

Page 21: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

21

Figura 1 - Previsão de impacto no aumento do PIB, em bilhões de dólares, nas 10 maiores economias mundiais pelo uso de tecnologias digitais

Fonte: Macchi; Berthon e Robinson (2015) adaptado pelo autor

Segundo Ebert e Duarte (2018), a transformação digital refere-se à adoção de

tecnologias disruptivas para o aumento da produtividade, a criação de valor e a

promoção de bem estar para a sociedade.

A transformação digital também é definida pelas melhorias que o uso de novas

tecnologias pode proporcionar em uma empresa. Essas melhorias podem ser

alcançadas por meio da utilização de dados móveis, inteligência artificial,

processamento e armazenamento de dados em nuvem, blockchain, Internet das

Coisas (IoT - Internet of Things), etc. E tem como objetivo aumentar a qualidade da

experiência do cliente, aumentar a agilidade nas operações e/ou a criação de novos

produtos e modelos de negócios (WARNER; WÄGER, 2018).

Os modelos de negócio e todas as indústrias e organizações já estão sendo

impactados ou transformados. A transformação digital não é algo que pode acontecer

Page 22: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

22

no futuro ou assunto de ficção científica. A transformação digital já é realidade, como

podemos ver nos casos citados por Demirkan e Spohrer (2016):

• O Airbnb é a maior rede de hotelaria do mundo, mas não possui imóveis.

Seu modelo de negócio é o serviço de hospedagem habilitado para

nuvem;

• O Skype é uma das maiores empresas de telefonia, mas não possui

infraestrutura de telecomunicações. Seu modelo de negócio é o serviço

de comunicação habilitado para nuvem;

• O Facebook é o proprietário de mídia mais popular mundialmente, mas

não cria conteúdo. Seu modelo de negócio é o serviço de rede social

habilitado para nuvem;

• A Netflix é a maior provedora de filmes, mas não possui cinemas. Seu

modelo de negócio é o serviço de entretenimento habilitado para nuvem;

• A Amazon é a maior varejista do mundo, mas não produz produtos ou

serviços. Seu modelo de negócio é o serviço de varejo habilitado para

nuvem;

• A Apple e o Google são os maiores fornecedores de aplicativos digitais,

mas não produzem nenhum aplicativo. Seu modelo de negócio é o

serviço de aplicativos móveis habilitado para nuvem.

A transformação digital nas organizações são os impactos gerados pela

digitalização, inovação e tecnologias nos processos de negócio. Estes impactos são

gerados por meio das transformações organizacionais, dos métodos de gestão, dos

sistemas de gestão organizacional e das tecnologias digitais.

2.1 TRANSFORMAÇÃO ORGANIZACIONAL

A evolução das tecnologias digitais está impulsionando e exigindo a

transformação organizacional por meio da digitalização das informações e da

inovação. Essa transformação organizacional ajuda as organizações a se manterem

atualizadas, competitivas e lucrativas.

Page 23: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

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2.1.1 DIGITALIZAÇÃO

A digitalização é definida como a conversão de informações e processos

analógicos para a forma digital. Em outras palavras, a digitalização pega um processo

analógico e o muda para um formato digital, sem quaisquer mudanças diferentes no

processo em si. (“GARTNER IT GLOSSARY”, [s.d.])

Alguns exemplos de digitalização são converter texto manuscrito ou

datilografado em formato digital, converter a música de um disco de vinil ou vídeo de

uma fita VHS (Video Home System) em formato digital. Porém, o que interessa no

conceito de digitalização são as mudanças causadas nos padrões existentes de

economia, sociedade e organizações.

Com o processamento, o armazenamento e a transmissão de dados

amplamente utilizados e com custos cada vez mais acessíveis, a digitalização tem a

capacidade de alterar praticamente qualquer forma de trabalho e estilo de vida

humano que esteja direta ou indiretamente associada a dados e processos cognitivos

(RIFKIN, 2014).

A digitalização permite a criação de um ambiente digital de dados,

centralizando e integrando as informações, transformando e melhorando as

operações, a produtividade e os processos de negócios, ajudando a criar receita e

aumentando a lucratividade (SOUSA; ROCHA, 2019).

2.1.2 INOVAÇÃO

A inovação, de modo geral, pode ser dividida em dois tipos, a inovação

incremental e a inovação radical (FREEMAN, 1988).

A inovação incremental pode ser definida como a melhoria de um produto,

processo ou método de produção dentro de uma empresa, tratando-se do

aperfeiçoamento de algo já existente, sem impactar modelos de negócio. Este tipo de

inovação não chega a romper paradigmas e costuma se consolidar rapidamente, de

maneira estável e sem altos riscos (FREEMAN, 1988). As inovações incrementais

podem aumentar a eficiência operacional, reduzir custos, aumentar a produtividade e

melhorar a qualidade. Alguns exemplos de inovações incrementais são a otimização

de processos de produção ou atendimento ao cliente, a diminuição do uso de matéria-

prima e componentes na produção de um bem, a otimização na logística de entrega

Page 24: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

24

ou distribuição de produtos, etc., muitas delas imperceptíveis para o consumidor,

porém consideradas inovações (LEMOS, 2000).

De acordo com Salerno (2018), um exemplo prático de inovação incremental

refere-se aos automóveis. Um novo modelo de automóvel para o próximo ano é uma

inovação incremental, pois são realizadas melhorias em um produto já existente.

Outro tipo de inovação é a inovação radical, que pode ser definida como o

desenvolvimento ou a criação de um novo produto, processo ou método de produção,

causando a ruptura do padrão tecnológico já existente, gerando novos modelos de

negócio, novas indústrias, novos mercados ou até mesmo criando possibilidades

totalmente novas para consumidores. A inovação radical costuma ser mais complexa,

demorada e arriscada, além de normalmente requerer maiores investimentos sem

perspectivas claras de retorno financeiro (FREEMAN, 1988). Existem diversas

inovações radicais que impactaram profundamente a economia, a sociedade e

também as organizações. Como por exemplo a introdução da máquina a vapor, no

final do século XVIII causando a primeira revolução industrial, a criação do

microcomputador, a invenção do polietileno de origem vegetal (etanol) e, mais

recentemente, a introdução dos smartphones e a mobilidade dos dados (SALERNO,

2018).

2.2 MÉTODOS DE GESTÃO

Como a transformação organizacional está se tornando cada vez mais comum,

mais frequente e mais necessária, a gestão das organizações também precisa evoluir

e acompanhar estas mudanças e por este motivo novos métodos estão sendo criados

e adotados. Dois métodos utilizados atualmente pelas organizações, são o método

ágil de gerenciamento de projetos e método de Gerenciamento de Processos de

Negócio (BPM).

2.2.1 MÉTODO ÁGIL DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Os métodos tradicionais de gerenciamento de projetos, também chamados de

métodos em cascata, necessitam de um escopo definido e previsível do projeto, o qual

é indicado para diversos tipos de projetos, mas pode não se encaixar em algumas

necessidades do mundo atual, onde a agilidade, flexibilidade e criatividade são

Page 25: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

25

necessárias. Com base nestas necessidades surgiram os métodos ágeis de

gerenciamento de projetos (DIEDER, 2014).

Para Moreira (2013), a adoção de um método ágil exige mudança de

comportamento das pessoas e da cultura da organização, não se trata somente de

uma questão de competências ou compreensão de um procedimento.

Existem diversos métodos ágeis, como por exemplo Lean, Kanban, Scrum,

Programação Extrema (XP - Extreme Programming), etc. Muitos foram criados com

foco no gerenciamento de projetos de desenvolvimento de programas de computador

e a maioria surgiu ou ganhou força entre as décadas de 1990 e 2000. Atualmente

esses métodos estão sendo utilizados para o gerenciamento de variados tipos de

projetos. A partir da publicação do Manifesto Ágil em 2001, a maioria deste métodos

foi uniformizado (SATPATHY, 2016).

De acordo com Beedle et al. (2001), o manifesto ágil é baseado em 12

princípios:

1. Priorização da satisfação do cliente deve ser alcançada por meio da

entrega contínua;

2. Mudanças de escopo e requisitos são possíveis e aceitas, pois

processos ágeis geram vantagem competitiva para o cliente;

3. Devem ocorrer entregas do produto funcionando em curto tempo;

4. A equipe deve ser mista e formada por pessoas de negócio e pessoas

técnicas, que devem trabalhar em conjunto durante toda a execução do

projeto;

5. A execução de projetos deve ocorrer com equipes motivadas e com a

confiança no trabalho de cada indivíduo da equipe;

6. O método mais eficiente e eficaz de transmitir informações é a conversa

pessoal entre todos os indivíduos da equipe;

7. O produto funcionando é a melhor métrica do andamento do projeto;

8. Desenvolvimento sustentável de um produto é a premissa básica para

os processos ágeis e a equipe envolvida no projeto deve manter um

ritmo constante de entrega durante toda sua execução;

9. Foco constante em desenvolvimento eficaz e excelência técnica

aumentam a agilidade;

10. Simplicidade;

Page 26: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

26

11. Equipes capazes de operar pró-ativamente entregam melhores

resultados;

12. A equipe deve refletir sobre como se tornar mais eficaz em intervalos

regulares.

O método Ágil tem o objetivo de flexibilizar o escopo definido no início de um

projeto, atualizando este escopo durante sua execução. O escopo deve ser atualizado

com foco na melhoria da experiência dos usuários e no atendimento das necessidades

dinâmicas dos negócios e dos clientes.

2.2.2 GERENCIAMENTO DE PROCESSOS DE NEGÓCIO (BPM)

Processos de negócio são um conjunto definido de atividades executadas por

humanos ou máquinas, com o objetivo de atingir as metas corporativas, compondo a

cadeia de valor de uma organização. Os processos são divididos em sub processos

que são compostos por fluxos de trabalho realizados por áreas funcionais dentro da

organização. Os fluxos de trabalho podem ser divididos em tarefas com seus

respectivos passos. Em todos esses níveis, o BPM (Business Process Management)

deve definir indicadores operacionais de desempenho, permitindo medir em cada

processo, fluxo de trabalho ou tarefa, o tempo gasto, custo, capacidade e qualidade.

A medição por meio destes indicadores é importante para o BPM, pois gera

informações relevantes que facilitam a tomada de decisões que atendem aos objetivos

estratégicos da organização (BENEDICT; BILODEAU; VITKUS, 2013).

O BPM deve envolver todos os processos de negócio que criem valor para a

organização e que também contribuam para o alcance das metas corporativas com

maior facilidade e agilidade. De uma maneira abrangente, o BPM, busca definir “o

que”, “onde”, “quando”, “por que”, “como” e “por quem” as atividades são realizadas

dentro de cada processo com o objetivo de garantir que os mesmos sejam eficientes

e eficazes, assegurando ganhos operacionais e financeiros. As definições dos

processos são feitas por meio de sua modelagem, que é a documentação dos fluxos

de trabalho e das atividades dos processos visando representar os processos de

maneira íntegra, clara e exata em relação ao seu funcionamento. Para documentar

essas representações, existe um padrão chamado Modelo e Notação de Processos

de Negócio (BPMN - Business Process Model and Notation) que foi criado pela

Page 27: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

27

Associação dos Profissionais de Gerenciamento de Processos de Negócios (ABPMP

- Association of Business Process Management Professionals) (BENEDICT;

BILODEAU; VITKUS, 2013; FERNANDES; ABREU, 2014).

O BPM pode ser otimizado, agilizado e automatizado por meio do uso da

tecnologia, por exemplo, a medição dos indicadores, ao invés de ser manual, pode

ser feita, a partir da digitalização das informações utilizadas na execução dos

processos, por meio de ferramentas sofisticadas de software que podem coletar,

analisar, correlacionar, integrar e reportar os resultados. Essas ferramentas são

chamadas de Sistemas de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPMS -

Business Process Management System) (BRUNO et al., 2011).

2.3 SISTEMAS DE GESTÃO ORGANIZACIONAL

Para suportar e facilitar as transformações organizacionais e os métodos de

gestão, novos sistemas de gestão organizacional também estão sendo criados e

adotados pelas organizações. Como por exemplo o sistema de Planejamento de

Recursos Empresariais (ERP), o sistema de Gerenciamento de Relacionamento com

o Cliente (CRM), o sistema de Gerenciamento de Estoque (WMS), o sistema de

Gerenciamento de Serviços de Campo (FSM), o sistema de Inteligência de Negócios

(BI), o sistema de Gerenciamento de Rede (NMS), entre outros que são utilizados por

parte das empresas operadoras de telecomunicações.

2.3.1 SISTEMA DE PLANEJAMENTO DE RECURSOS EMPRESARIAIS

(ERP)

Antes do surgimento e da adoção do BPM, as estruturas organizacionais

tradicionais eram ou ainda são orientadas por funções, como departamentos ou áreas,

que envolvem um gerenciamento hierárquico de recursos e delegação de

responsabilidades para a execução de atividades (BENEDICT; BILODEAU; VITKUS,

2013), conforme exemplificado na Figura 2.

Page 28: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

28

Figura 2 - Estrutura organizacional tradicional

Fonte: Benedict; Bilodeau e Vitkus (2013)

Analisando a Figura 2, a estrutura organizacional tradicional é verticalizada, na

qual cada área da empresa deve executar suas atividades e reportar os resultados

para um gestor de cargo superior.

Com a adoção do BPM pelas organizações, os fluxos de trabalho orientados

por processos foram incluídos na estrutura organizacional tradicional, conforme

mostrado na Figura 3.

Figura 3 - Inclusão dos fluxos de trabalho orientados por processos na estrutura organizacional tradicional

Fonte: Benedict; Bilodeau e Vitkus (2013) adaptado pelo autor

Analisando a Figura 3, para que um processo seja executado, o fluxo de

trabalho deve ser multiárea e as atividades que o compõe transitam por diversos

Page 29: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

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departamentos dentro da organização conforme vão sendo executadas (BENEDICT;

BILODEAU; VITKUS, 2013).

Os principais processos necessários para o funcionamento de uma

organização são recursos humanos, vendas, contratos, finanças, manufatura,

serviços e cadeia de suprimentos. No nível mais básico, um sistema de ERP

(Enterprise Resource Planning) integra esses processos em um sistema único (SAP,

[s.d.]). Os sistemas ERP surgiram em meados dos anos 1990, com a função de

facilitar as organizações a se tornarem orientadas a processos conforme observa-se

na Figura 4. Um ponto relevante é que os sistemas ERP foram responsáveis por

causar uma ruptura tecnológica e cultural nas organizações, forçando integrações

entre funções tradicionais de negócio com fluxos de trabalho orientados por processos

(BENEDICT; BILODEAU; VITKUS, 2013).

Figura 4 - Exemplo de processos interfuncionais

Fonte: Benedict; Bilodeau e Vitkus (2013)

Analisando a figura 4, de acordo com Benedict, Bilodeau e Vitkus (2013) pode-

se notar que um sistema ERP permite integrar funções tradicionais de trabalho em

transações orientadas a processos horizontais interfuncionais, tais como "da

prospecção ao cliente" (vendas), "do pedido ao caixa" (pedido e faturamento de

cliente), "da requisição ao serviço" (prestação do serviço ao cliente), etc.

Page 30: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

30

2.3.2 SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE RELACIONAMENTO COM O

CLIENTE (CRM)

Os clientes são uma parte fundamental de uma organização e por isso devem

ser tratados da melhor maneira possível, utilizando-se um conjunto de práticas,

estratégias de negócio e tecnologias focadas no seu relacionamento. É importante

conhecer os clientes para atender suas necessidades, preferências e demandas pró-

ativamente, em tempo hábil e de acordo com que estes esperam, objetivando

aumentar as vendas e a assertividade das campanhas para manter os clientes

existentes, captar novos clientes e aumentar a rentabilidade (CORVER; ELKHUIZEN,

2014).

Para facilitar, otimizar e melhorar este relacionamento, permitindo a fidelização

dos clientes, foram criados os sistemas de CRM (Customer Relationship

Management), que são plataformas que permitem as organizações medirem,

controlarem e avaliarem as atividades de vendas, marketing e contato com os clientes.

Um sistema de CRM permite a coleta e o armazenamento de dados dos clientes atuais

e potenciais, facilita o cruzamento e a análise desses dados e gera informações

relevantes para o negócio com foco na prospecção, aquisição, atendimento,

fidelização e construção de relacionamento de longo prazo com os clientes (IBM,

2018).

2.3.3 SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE ESTOQUE (WMS)

A logística tem como principal função disponibilizar uma mercadoria ou serviço

corretamente, em tempo hábil e nas condições necessárias. Para a logística poder

desempenhar esta função com excelência, foram criadas instalações de

armazenagem, que dentro da estrutura de distribuição de uma empresa tem as

funções de recepcionar, armazenar, administrar e distribuir produtos.

Com a demanda cada vez maior de agilidade e assertividade destas funções,

os depósitos e estoques precisam de um gerenciamento mais eficaz. Para isso foram

criados os sistemas de WMS (Warehouse Management System) que buscam agilizar,

otimizar e gerenciar o fluxo de materiais, as informações e os recursos dentro de um

armazém. Este fluxo inclui os processos de recebimento, de inspeção, de

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31

endereçamento, de estocagem, de separação, de embalagem, de carregamento, de

expedição, de emissão de documentos e de inventário dos materiais.

Estes processos, se integrados, atendem eficazmente às necessidades

logísticas, melhorando a operação de logística propriamente dita e minimizando

desperdícios de tempo, recursos humanos e materiais (ARBACHE et al., 2011;

BALLOU, 2006; GUARNIERI et al., 2006).

Os sistemas WMS também são utilizados para controlar o inventário de

componentes físicos e lógicos das empresas, como por exemplo, equipamentos de

TIC, estoque de materiais de escritório e estoque de peças para reposição.

Em operadores de telecomunicações, o sistema WMS pode controlar o trajeto

pelo qual o cabeamento de rede da empresa está instalado, a localidade dos

equipamentos de rede, as configurações dos serviços prestados, etc.

2.3.4 SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE CAMPO (FSM)

Para a maioria das organizações, é complexo gerenciar, somente com recursos

humanos, um time de técnicos de atendimento em campo, pois envolvem muitas

variáveis que devem ser analisadas, monitoradas e controladas em tempo real para

que não ocorram erros de comunicação, atrasos, informações incorretas ou

incompletas, procedimentos e processos equivocados, entre outros. Por outro lado,

com o aumento da disponibilidade de dispositivos móveis conectados e de sistemas

capazes de comunicarem entre si e com esses dispositivos móveis, tornou-se possível

o desenvolvimento de sistemas que suportem o gerenciamento destas equipes de

campo. Os sistemas de FSM (Field Service Management), também conhecidos por

sistemas de Gerenciamento de Força de Trabalho (WFM - WorkForce Management),

ajudam as organizações a gerenciarem tarefas de trabalho de qualquer tipo, que

precisem ser realizadas no local de atendimento do cliente, automatizando as

operações de uma equipe técnica de campo por meio de sistemas móveis (SADRI;

TRAN, 2002; SALESFORCE, [s.d.]; SAP, [s.d.]).

Conforme informado por Sadri e Tran (2002), Salesforce, [s.d.] e SAP, [s.d.] as

ferramentas de FSM permitem:

• Criar ordens de serviço automaticamente por meio de chamados;

• Disponibilizar atualizações do estado dos serviços;

Page 32: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

32

• Otimizar o agendamento, planejamento e despacho dos técnicos de

campo;

• Rastrear, monitorar e gerenciar os veículos e a equipe técnica de campo;

• Reduzir o tempo de deslocamento acionando o técnico de campo mais

próximo e mais apto para cada tarefa e otimizando sua rota por meio de

navegação por Sistema de Posicionamento Global (GPS - Global

Positioning System);

• Fornecer aos técnicos acesso às informações necessárias para

execução do trabalho;

• Verificar o histórico de clientes;

• Checar a disponibilidade de peças de reposição para execução do

trabalho e qual o local mais próximo em que se encontram;

• Permitir o pagamento dos serviços, se necessário, no local de

atendimento;

• Prover um portal de acesso aos clientes com informações relevantes,

como dados do técnico que irá atendê-lo, tempo estimado de chegada

do técnico, serviço que é executado, etc.;

• Gerar relatórios com estatísticas dos serviços executados pela equipe

ou por cada técnico individualmente.

2.3.5 SISTEMA DE INTELIGÊNCIA DE NEGÓCIOS (BI)

Sistemas de BI (Business Intelligence) são tecnologias que contribuem na

tomada de decisão, trazendo agilidade e assertividade, para os analistas, gestores e

executivos das organizações. Um sistema de BI conecta-se a centenas de fontes

internas e externas da organização, para extrair, integrar, centralizar, organizar e

preparar os dados, permitindo e facilitando o fornecimento de informações úteis e

relevantes, para cada público-alvo da organização, sobre os processos de negócio,

apoiando a tomada de decisões e impulsionando o desempenho organizacional. BI é

um serviço de análise de negócios que fornece insights, ou seja, compreensão ou

solução para um problema, permitindo decisões rápidas e embasadas para a

organização (CHAUDHURI; DAYAL; NARASAYYA, 2011; CHEN; CHIANG; STOREY,

2012; FERNANDES; ABREU, 2014; RAMAKRISHNAN; JONES; SIDOROVA, 2012).

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33

Outra função do BI é criar uma visão única e consistente das informações de

negócios, já que os dados corporativos estão em constante mudança. Ter esta visão

única e centralizada das informações é um aliado na tomada de decisões e no

gerenciamento dos processos de negócios, além de facilitar a comunicação entre as

partes interessadas dentro da organização, onde todos têm acesso às mesmas

informações. O BI facilita a transformação e inovação organizacional, permitindo a

mudança de modelos de negócios existentes na organização por meio de informações

importantes sobre como se adequar, aproveitar e atender às novas demandas de

mercado (CHAUDHURI; DAYAL; NARASAYYA, 2011; CHEN; CHIANG; STOREY,

2012; FERNANDES; ABREU, 2014; RAMAKRISHNAN; JONES; SIDOROVA, 2012).

2.3.6 SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE REDE (NMS)

Um sistema NMS (Network Management System) é composto de uma

variedade de ferramentas, aplicações e dispositivos que auxiliam as pessoas a

gerenciarem e automatizarem uma infraestrutura de TIC. Permite que os diversos

dispositivos envolvidos nesta infraestrutura, como servidores, sistemas de

armazenamento, roteadores, switches, firewall e recentemente até mesmo os

sistemas e aplicações que forem executados nesta infraestrutura sejam identificados,

monitorados, configurados, atualizados e seus problemas detectados e solucionados

por meio de uma plataforma integrada. Os fabricantes de equipamentos e sistemas

permitem a coleta de informações, a interação, a integração e o gerenciamento por

um NMS por meio de protocolos padronizados de mercado, por exemplo o Protocolo

de Gerenciamento de Rede Simples (SNMP - Simple Network Management Protocol),

o netflow, o syslog, a Interface de Programação de Aplicativos (API - Application

Programming Interface), a Exportação de Informações de Fluxo do Protocolo da

Internet (IPFIX - Internet Protocol Flow Information Export), a Instrumentação de

Gerenciamento do Windows (WMI - Windows Management Instrumentation), etc.

(CISCO, 2018; GUPTA, 2006).

Conforme explicado por Cisco (2018) e Gupta (2006), uma ferramenta NMS

deve ser capaz de:

• Gerenciar falhas - auxiliar e automatizar a solução de falhas por meio de

detecção, notificação, isolamento e correção de problemas encontrados

na infraestrutura de TIC.

Page 34: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

34

• Gerenciar configurações - auxiliar e automatizar aspectos relacionados

às configurações dos dispositivos da rede, como controle de versões de

software e firmware, controle de configurações aplicadas,

gerenciamento de arquivos de configuração e inventário de dispositivos

e seus sistemas.

• Gerenciar desempenho - monitorar e medir diversos aspectos de

desempenho dos dispositivos de rede, criando-se indicadores que

permitem que os equipamentos estejam sempre em um nível aceitável

de desempenho.

• Gerenciar a segurança - controlar o acesso aos dispositivos de rede a

ser realizado somente por pessoas autorizadas.

• Gerenciar a contabilidade - gerar informações sobre o uso dos recursos

da rede.

2.4 TECNOLOGIAS DIGITAIS

As tecnologias digitais são impulsionadoras da transformação digital. Por meio

delas as empresas conseguem coletar, gerar e analisar dados, e extrair informações

de maior valor e relevância para seus negócios. As principais tecnologias digitais em

utilização atualmente possibilitam a geração de valor ao negócio por meio dos dados.

2.4.1 INTERNET DAS COISAS (IoT)

IoT (Internet of Things) pode ser definida, basicamente, como os diversos tipos

de objetos que fazem parte do cotidiano de nossas vidas que são conectados em

rede, de diversas maneiras, gerando dados. Estes objetos podem ser, desde os mais

digitais, como smartphones e tablets até objetos mais comuns, que antigamente eram

analógicos, como geladeiras, carros, televisores e etc. que utilizam sensores capazes

de realizar medições e compartilhar e enviar dados entre si ou para outros sistemas

por meio de conexões de rede. A IoT utiliza as tecnologias de redes de sensores para

atender a esse novo desafio, no qual os sistemas de informação e comunicação estão

presentes em todos os lugares de forma invisível ao nosso redor (GUBBI et al., 2013;

SAP, [s.d.]).

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35

O efeito direto do uso da tecnologia de IoT em uma organização é a capacidade

que a tecnologia habilita para monitorar remotamente equipamentos, para otimizar

seus desempenhos, para prever e prevenir falhas e interrupções de serviços e para

permitir que as operações da organização se adaptem às suas necessidades em

tempo real. Como consequência, a IoT gera dados que precisam ser armazenados,

processados e apresentados de forma transparente, eficiente, ágil e facilmente

interpretável para que os resultados sejam atingidos (SOHAIL, 2016; TELEGESCU,

2018).

A IoT não está apenas ajudando os colaboradores das organizações nas suas

atividades diárias, mas também está mudando o que é atualmente entendido como

local de trabalho. Atualmente as organizações já estão se adaptando e modificando

suas operações com o uso de IoT, já que esta tecnologia possibilita medir, analisar,

interagir e automatizar os negócios nos mais variados níveis. Com a diversidade de

tecnologias e produtos derivados da IoT, as organizações precisam evoluir e ampliar

os recursos existentes de arquitetura corporativa para possibilitar a integração do

modelo operacional tradicional e seus sistemas digitais já existentes à IoT, agregando

mais valor ao negócio (TELEGESCU, 2018; ZIMMERMANN et al., 2016).

2.4.2 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (IA)

Herbert A. Simon foi um dos primeiros a pesquisar e utilizar o conceito de IA.

Em 1954 ele já afirmava que simular os problemas e as situações do comportamento

humano em programas de computador era a maneira mais adequada para entender

esses problemas e encontrar suas soluções, rompendo a fronteira da racionalidade

limitada e expandindo a capacidade do pensamento humano (BALESTRIN, 2002).

A IA consiste no uso de computadores para realização de tarefas comumente

feitas por humanos, dando aos programas de computador autonomia para exercê-las.

A IA permite que programas de computador sejam desenvolvidos para, além de

realizar tarefas humanas, se tornarem aptos a estar em constante evolução sem a

necessidade de intervenção humana para aplicar novas melhorias e funções, também

chamados de deep learning e machine learning. Esses programas conseguem se

desenvolver e tomar decisões por conta própria; e em diversos casos com uma

velocidade e assertividade superior à humana, principalmente onde essas decisões

envolvem a análise de muitos dados e informações. Como exemplo pode-se citar o

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36

caso de diagnóstico e prescrição médica, onde a capacidade de processamento do

computador de analisar os sintomas de um paciente e confrontá-los com quase todas

as informações já existentes na medicina tornam as conclusões mais assertivas e

precisas. Outro exemplo de como a IA já está sendo utilizada e como suas inovações

vêm facilitando a vida das empresas e dos clientes, são os processos que envolvem

atendimento inicial ao consumidor, assessoria acerca de investimentos, segurança da

informação, análise de processos judiciais, previsões de mercado, etc. (AGRAWAL;

GANS; GOLDFARB, 2017; IBM WATSON, [s.d.]; SOUSA; ROCHA, 2019).

Outra funcionalidade aprimorada pela IA é a Automação de Processos por

Robotização (RPA - Robotic Process Automation). A RPA consiste na automação de

atividades repetitivas que consomem tempo e esforço de recursos humanos. A RPA

é realizada por meio de ferramentas programáveis que interagem com os sistemas

existentes da mesma maneira que os humanos, executando as atividades repetitivas

passo a passo, porém com mais eficiência e assertividade, reduzindo custos

operacionais e possibilitando o uso do recurso humano em atividades que agreguem

mais valor ao negócio. (CATON, 2017)

2.4.3 BIG DATA

Com o aumento do poder de processamento computacional, a diminuição nos

custos de armazenamento de dados, o uso cada vez maior de dispositivos móveis e

o surgimento da Internet e das redes sociais, os humanos passaram a gerar muita

quantidade de dados. Com o advento de novas tecnologias como IoT, IA, BI e diversos

outros sistemas digitais, a criação de dados não está mais restrita a humanos; objetos,

máquinas, computadores, etc. também geram dados e processos digitais. As

organizações identificaram que o uso destes dados traria benefícios para melhorar um

processo, aumentar a produtividade ou até mesmo desenvolver novos produtos e

serviços. A partir desse conceito, começaram a surgir diversas soluções e sistemas

que utilizam estes dados para diversos propósitos (LOEBBECKE; PICOT, 2015;

MARQUESONE, 2016).

O Big Data, apesar de, em um primeiro momento, parecer-se com o BI é uma

tecnologia diferente. O BI tradicionalmente faz uma análise do histórico dos dados e

costuma utilizar indicadores padrão de mercado acompanhando sua evolução ao

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37

longo do tempo, com regras pré-estabelecidas, respondendo a perguntas do tipo: O

quê? Quanto? Quando? Onde?

O Big Data, por sua vez, mesmo realizando análise de dados existentes e

históricos e utilizar indicadores padrão de mercado, também faz o uso da IA e de

algoritmos analíticos com orientação preditiva, ou seja, geram previsões em cenários

simulados onde os resultados não são facilmente determináveis; e prescritiva, fazendo

recomendações do que fazer nestes cenários; com foco em responder perguntas do

tipo: Por quê? E se? O que acontecerá? Como otimizar? (MASS, 2016).

2.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO

No mercado atual, uma nova abordagem é necessária e a tecnologia é

protagonista da transformação da estratégia, estrutura, cultura e processos de uma

organização. A tecnologia tem o maior impacto na capacidade de uma organização

reagir, inovar e ter sucesso. A tecnologia transforma, inova e evolui o mundo dos

negócios.

Existem diversas tecnologias que permitem essa transformação e as mesmas

devem ser analisadas detalhada e cuidadosamente para que a sua adoção traga

resultados benéficos à organização e não acabem sendo investimentos sem retorno.

A transformação digital proporciona um modelo de negócios que melhora

continuamente, com agilidade, impulsionado pelo uso dos dados, permitindo a entrega

de produtos melhores e mais inovadores e uma experiência de excelência para os

clientes, ajudando a entender e atender às suas necessidades e aos seus desejos, e

por fim, mantendo a organização à frente no mercado.

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38

3 MODELO PARA A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL EM UMA EMPRESA

OPERADORA DE TELECOMUNICAÇÕES

Esse capítulo apresenta um Modelo para Transformação Digital em uma

Empresa Operadora de Telecomunicações. Esse modelo proposto tem por objetivo

responder à pergunta “como realizar a transformação digital de uma empresa

operadora de telecomunicações? ”.

A transformação digital é realizada a partir da adoção de uma cultura orientada

a dados e processos digitais, ou seja, o foco deste modelo é a transformação da força

de trabalho da empresa e não diz respeito a transformação de seus modelos de

negócio ou produtos fornecidos.

A transformação digital é realizada por meio de uma inovação incremental, ou

seja, uma inovação na forma da empresa operar e trabalhar e é positivo para a

empresa já que esta inovação pode se consolidar rapidamente, de maneira estável,

sem muitos riscos e sem altos investimentos (FREEMAN, 1988). A implantação da

cultura orientada a dados e processos digitais visa otimizar e automatizar os

processos existentes para atender agilmente, aumentar a satisfação e reter os

clientes, além de aumentar vendas e lucros dos serviços oferecidos.

A transformação é realizada por meio da digitalização das informações e da

otimização e automatização dos fluxos de trabalho e execução dos processos de

negócio em conjunto com a integração de sistemas já utilizados pela empresa e a

utilização de dados semiestruturados, como por exemplo documentos já existentes,

com dados estruturados, como banco de dados e históricos de clientes. O uso dos

dados de fontes internas e externas é feito por meio da análise avançada e inteligência

no seu uso em um fluxo contínuo de melhoria e transformação.

3.1 O SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES BRASILEIRO

No setor de telecomunicações existem diversos tipos de serviços e empresas

operando e para conhecer a empresa estudada, primeiramente deve-se entender este

mercado.

Dentre diversos tipos de serviços oferecidos pelas operadoras, os principais e

mais comuns são o Serviço de Telefonia Fixa Comutado (STFC), o Serviço Móvel

Pessoal (SMP), o Serviço de Comunicação Multimídia (SCM), o Serviço Limitado

Page 39: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

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Especializado (SLE) e o Provedor de Serviços de Internet (ISP - Internet Service

Provider). No Brasil, as autorizações para prestação destes serviços pelas operadoras

são outorgadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), vinculado ao

governo federal, cuja função é regular e regulamentar o setor de telecomunicações

(TELECO, 2019).

O SCM, comumente chamado de serviço de banda larga fixa, é um serviço

prestado por empresas privadas em território nacional e internacional, que oferece a

transmissão, emissão e recepção de informações multimídia, ou seja, dados, voz e

imagem (ANATEL, 2016; TELECO, 2019).

O foco de estudo do mercado de telecomunicações brasileiro é o SCM (Serviço

de Comunicação Multimídia), pois é o principal serviço em que a empresa estudada

atua no segmento de telecomunicações.

3.1.1 HISTÓRICO E ESTADO ATUAL DO SETOR DE

TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL

O número de operadoras de acesso banda larga fixa, medido por meio de

licenças SCM outorgadas pela Anatel, em todo território brasileiro cresceu

consideravelmente entre 2008 e 2018 conforme mostrado na Figura 5, a uma média

de 29,65% ao ano (TELECO, 2019).

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Figura 5 - Crescimento no número de operadoras de banda larga fixa entre 2008 e 2018

Fonte: Teleco (2019) adaptado pelo autor

Por outro lado, de acordo com Anatel (2019), o número de assinantes de banda

larga fixa no Brasil teve um crescimento anual, entre 2008 e 2018, a uma média de

12,31%, conforme mostra a Figura 6.

Page 41: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

41

Figura 6 - Número de assinantes de banda larga fixa no Brasil entre 2008 e 2018

Fonte: Anatel (2019) adaptado pelo autor

A Figura 6 mostra que o número de assinantes de banda larga fixa continua

crescendo ano após ano, porém a média de crescimento vem diminuindo nos últimos

anos, indicando que o número de assinantes não acompanha o crescimento no

número de operadoras de banda larga fixa.

Com exceção de 2013, conforme mostra a Figura 7 e a Figura 8, o crescimento

das operadoras de banda larga no Brasil entre 2008 e 2018 foi superior ao crescimento

de assinantes.

Page 42: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

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Figura 7 - Comparativo entre o crescimento de assinantes e provedores de banda larga fixa no Brasil entre 2009 e 2018

Fonte: Anatel (2019) adaptado pelo autor

A Figura 7 mostra o comparativo em porcentagem do crescimento em relação

ao ano anterior no número de assinantes e no número de provedores de banda larga

fixa no Brasil entre 2009 e 2018.

Page 43: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

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Figura 8 - Número de assinantes e provedores de banda larga fixa no Brasil entre 2009 e 2018

Fonte: Anatel (2019) adaptado pelo autor

A Figura 8 mostra como, proporcionalmente, o número de operadoras por

assinante aumenta a cada ano. Estes gráficos mostram que o mercado de

telecomunicações brasileiro está cada vez mais competitivo e é um desafio para as

operadoras de telecomunicações continuarem crescendo e gerando lucros.

O mercado de telecomunicações brasileiro, conforme apontam os dados, é um

dos únicos setores que cresce ano após ano (TELECO, 2019; ANATEL, 2019). O

número de acessos SCM cresceu em todas as regiões e Estados brasileiros, sem

exceção, gerando muitas oportunidades. É um mercado com potencial, porém, um

setor que demanda altos investimentos, altamente competitivo e um setor onde os

preços dos serviços ofertados ficam cada vez mais menores. Para uma empresa ser

bem-sucedida neste mercado, ela tem que ter capacidade de prover serviços de

qualidade e com agilidade, além de atender às demandas cada vez mais específicas

dos clientes, sejam eles corporativos ou clientes finais. Isso implica em direcionar suas

ações para realizar a sua própria transformação digital, em termos de utilizar as

tecnologias digitais e a análise ágil e eficiente dos dados para prover um serviço

alinhado com as reais necessidades dos clientes em tempo hábil com competitividade

e qualidade.

Page 44: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

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3.2 ESPECIFICAÇÃO DE REQUISITOS PARA UM MODELO DE

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL EM UMA EMPRESA OPERADORA DE

TELECOMUNICAÇÕES

Dado o cenário apresentado, foi levantado os principais requisitos que

nortearam a criação de um Modelo para Transformação Digital em uma Empresa

Operadora de Telecomunicações:

1. Adoção de uma cultura orientada a dados e processos digitais;

2. Utilização do método Ágil, ou seja, pequenas entregas rápidas

agregando valor e trazendo resultados aos negócios em curto prazo;

3. Escalabilidade das soluções, que devem ser facilmente adaptáveis às

demandas atuais e futuras da organização;

4. Otimização, integração, automatização e orquestração dos fluxos de

trabalho e da execução dos processos de negócio;

5. Suporte à comunicação e colaboração de colaboradores de todos níveis

de toda empresa;

6. Provisão de visibilidade e métricas para a execução dos processos;

7. Integração de dados do mercado para suporte a decisões;

8. Evolução gradativa da solução a ser implantada em direção à execução

automatizada e proativa dos processos;

9. Suporte à automatização do gerenciamento de inventário dos

equipamentos de rede, suas placas e a infraestrutura dos sites da

empresa;

10. Integração entre o sistema CRM, o sistema ERP, o sistema FSM, os

sistemas NMS, o sistema de Service Desk, o software de gestão de

projetos e o sistema de gerenciamento de inventário;

11. Coleta off-line de inventário;

12. Suporte ao estudo de viabilidade técnica e logística para a ativação e

manutenção dos serviços da empresa;

13. Seleção de rotas na rede de telecomunicações baseada em métricas de

desempenho de conexões de rede, como perda de pacotes, latência,

taxa de transferência, confiabilidade histórica e capacidade máxima;

14. Promoção de engajamento e participação dos colaboradores nos

processos de transformação digital.

Page 45: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

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3.3 OTIMIZAÇÃO E AUTOMATIZAÇÃO DOS FLUXOS DE TRABALHO E

EXECUÇÃO DOS PROCESSOS DE NEGÓCIO

De acordo com Benedict; Bilodeau e Vitkus (2013) e Vexia (2019) os níveis de

maturidade na execução de processos podem ser definidos como:

• Ad-hoc - Os processos são caóticos, sem definição ou mal definidos. A

gestão dos processos é inexistente, pois não possuem métodos e

métricas definidos. O sucesso das execuções depende exclusivamente

do esforço individual de todos os envolvidos. Os colaboradores estão na

maior parte do tempo focados na resolução pontual de problemas e na

mitigação de danos e falhas operacionais;

• Repetitivo - Os processos são executados utilizando estratégias

replicadas com base no conhecimento e na experiência dos envolvidos,

sem um padrão pré-definido e não considerando cenários futuros. Neste

nível de maturidade os processos ainda são executados sem métodos e

métricas definidos;

• Definido - Os fluxos dos processos já estão padronizados,

documentados e integrados entre as áreas. Todos os envolvidos

conhecem os processos e os aplicam obrigatoriamente, evitando

desvios operacionais. Neste nível, ainda não existe uma busca contínua

por melhorias na qualidade das execuções;

• Gerenciado - Neste nível, os processos são executados com métodos e

indicadores definidos, medidos e controlados. Os fluxos de atividades

estão estabelecidos em todos os níveis e as atividades são melhoradas

baseadas nas métricas e resultados obtidos;

• Otimizado - No último estágio, a execução das atividades passa a utilizar

soluções de automatização e os processos passam a ter um ciclo de

melhoria contínua, reduzindo falhas operacionais e focando na adoção

de novas estratégias. Desta forma, os processos passam a agregar valor

na execução da estratégia corporativa desde a criação de novas rotinas

até o planejamento de projetos futuros, permitindo a organização a ter

uma operação de alto desempenho e a atender às demandas atuais e

futuras de mercado com eficiência e agilidade.

Page 46: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

46

A Figura 9 mostra os 5 níveis de maturidade na execução dos processos de

negócio.

Figura 9 - Nível de maturidade de uma empresa na execução dos seus processos de negócio

Fonte: Vexia (2019) adaptado pelo Autor

Analisando a Figura 9, a evolução do nível de maturidade na execução dos

processos de negócio vai do estágio inicial onde os processos são manuais e reativos

até o nível mais alto de maturidade onde a execução dos processos é automatizada

e proativa. O objetivo estratégico da transformação digital é atingir o maior nível, o

nível otimizado.

Se for adotada uma abordagem tradicional de mapeamento de processos,

como o método BPM, a empresa evolui do cenário ad-hoc e repetitivo, no qual a

comunicação, colaboração, fluxo de trabalho e uso dos sistemas é realizado sem

padronização, documentação e baseado nas experiências anteriores para o cenário

definido, no qual os processos são documentados e padronizados. Neste cenário, a

dificuldade em obter informações e medir os resultados continua existindo.

Como solução, a empresa deve adotar o método ágil para gestão de processos

em conjunto com uma plataforma BPMS.

O método ágil é utilizado para viabilizar entregas rápidas e constantes na

modelagem e otimização da execução dos processos gerando resultados mais

rapidamente e atendendo, em curto prazo, às expectativas sobre a transformação

digital na empresa. O método ágil permite, ainda que hajam melhorias no escopo do

Page 47: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

47

projeto, além de auxiliar na resposta rápida e assertiva para novas demandas. A

adoção de um método tradicional de entregas criaria um escopo longo e detalhado do

projeto e a entrega de um produto definitivo tornaria a transformação digital demorada,

pouco assertiva e muitas vezes desnecessária para as novas demandas que podem

surgir ao longo de sua execução.

Com a plataforma BPMS é possível adotar o método BPM de modelagem e

desenho dos processos em conjunto com a digitalização das informações e

automatização e otimização da execução destes processos; reduzindo investimentos

e ganhando tempo para evoluir ao nível de maturidade otimizado. Com a plataforma

BPMS é possível modelar e determinar processos, integrar dados e sistemas já

utilizados, o que garante a centralização e confiabilidade dos dados e provê

visibilidade e métricas para a execução dos processos. A plataforma BPMS é a

orquestradora e centralizadora das execuções dos processos conforme mostra a

Figura 10.

Figura 10 - Uso da plataforma BPMS para digitalizar, integrar, automatizar e orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio

Fonte: Autor

Analisando a Figura 10, a plataforma BPMS é a integradora entre os recursos

humanos, as tarefas executadas por eles e os sistemas e banco de dados existentes

na organização.

A plataforma BPMS permite uma maior colaboração e comunicação na

empresa, além de possibilitar que as equipes permaneçam produtivas, conectadas e

Page 48: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

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colaborando em praticamente qualquer lugar por meio de aplicativos móveis. Sem

limites geográficos, com a comunicação facilitada e com a possibilidade de trabalho

colaborativo, a produtividade tende a crescer criando um cenário de produção ágil e

efetiva.

Diversas empresas não possuem sistemas de gestão organizacional, que

auxiliam nas tarefas corporativas, porém a otimização e automatização dos processos

de negócio é possível através de uma plataforma BPMS. A plataforma BPMS permite

iniciar o mapeamento, a execução, o controle dos processos e a medição dos

processos. Com o controle e medição dos processos, a plataforma BPMS auxilia na

definição do escopo de requisitos para um sistema a ser adquirido e implantado.

Nas empresas que já possuem sistemas de gestão organizacional, diversas

delas não possuem integração entre estes sistemas que são importantes para as

tarefas corporativas.

Na solução BPMS proposta, estes sistemas são integrados e orquestrados pela

plataforma, onde a mesma é alimentada por dados informados pelos recursos

humanos envolvidos no processo e também por dados advindos de outros sistemas.

A plataforma também é responsável por fornecer dados para os sistemas, mantendo

as informações atualizadas, confiáveis e sincronizadas entre todos.

A solução BPMS também permite e facilita a integração e comunicação com os

fornecedores e parceiros do negócio, trazendo agilidade, rastreabilidade e segurança

nas transações comerciais. Como por exemplo, o processo de compras da

organização é beneficiado em seu fluxo de execução, desde a análise da necessidade

de uma nova aquisição, a cotação, o pedido, o pagamento, o recebimento, o

lançamento de nota fiscal até o controle do ciclo de vida do ativo na organização.

A Figura 11 apresenta o modelo proposto de integração e alinhamento entre a

plataforma BPMS e os sistemas existentes da organização.

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Figura 11 - Modelo proposto de integração e alinhamento entre a plataforma BPMS e os sistemas existentes

Fonte: Autor

Analisando a Figura 11, a integração e alinhamento entre a plataforma BPMS

e os sistemas existentes contempla uma via de mão dupla no fornecimento e uso das

informações. As integrações são realizadas por meio de diversas tecnologias e os

dados integrados advindos dos diversos sistemas para o BPMS são gravados em um

banco de dados da própria plataforma BPMS, centralizando e padronizando as

informações.

A plataforma BPMS também possibilita a colaboração simultânea das tarefas e

a troca de documentos entre os colaboradores e facilita o compartilhamento das

informações por toda a empresa.

Page 50: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

50

3.4 UTILIZAÇÃO DE BI E BIG DATA PARA AUXILIAR AS TOMADAS DE

DECISÃO

Com a adoção de sistemas de gestão organizacional e de uma plataforma

BPMS as informações são digitalizadas e centralizadas, tendo mais visibilidade,

colaboração, compartilhamento, além da geração de diversos outros dados. O

próximo passo desta transformação digital é adotar o uso inteligente destes dados e

para tal, são utilizadas ferramentas de BI e Big Data para fornecer uma combinação

dos dados internos gerados com dados externos coletados, deixando-os prontos para

serem analisados e explorados por todos os interessados. O objetivo no uso do BI e

Big Data é amplificar a inteligência humana com a inteligência de máquina para

descobertas e análises mais rápidas e valiosas dos dados auxiliando as tomadas de

decisão da empresa.

Os dados externos coletados inicialmente são dados que possam ser

facilmente utilizados. O objetivo é criar uma previsibilidade do mercado, atrair novos

clientes e criar novas oportunidades de negócio. Os dados externos utilizados são

dados como o crescimento populacional e o crescimento do PIB nas cidades

atendidas pelas empresas, o consumo de tráfego das operadoras e provedores destas

localidades, a qualidade do serviço oferecido pelas empresas concorrentes, a

qualidade do serviço oferecido para as operadoras e provedores, etc. Estes dados

são coletados de fontes abertas de dados em sites da Internet como por exemplo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Anatel, Data Viva, NIC.br, IX.br,

Hurricane Electric, redes sociais, etc. e de empresas que comercializam Big Data

como serviço, ou seja, fornecem uma plataforma que agrega informações de todos os

tipos e das mais variadas fontes, livrando a empresa da preocupação sobre como

capturar e estruturar os dados espalhados pelo mundo, conforme apresentado na

Figura 12.

Page 51: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

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Figura 12 - Modelo proposto para o uso de BI e Big Data

Fonte: Autor

Analisando a Figura 12, a plataforma de BI funcionará em uma camada superior

aos sistemas existentes, analisando os dados destes sistemas em conjunto com

dados externos coletados.

Os dados de uma plataforma de Big Data como serviço são fornecidos já

processados, trabalhados e analisados para a necessidade do cliente, onde se paga

pelo consumo de informações, facilitando e agilizando a adoção de análises

avançadas de dados.

A plataforma de BI a ser utilizada também deve ser fornecida como serviço,

trazendo flexibilidade, agilidade, facilidade e custo inicial baixo, favorecendo a adoção

e utilização da ferramenta e a rápida geração de resultados valiosos para o negócio.

3.5 AUTOMATIZAÇÃO DE INVENTÁRIO DE REDE E INFRAESTRUTURA

O terceiro passo proposto é a implantação de um sistema WMS (Warehouse

Management System) ou melhoria do sistema já utilizado, trazendo a automatização

do gerenciamento de inventário físico dos equipamentos de rede, suas placas e a

infraestrutura dos sites da empresa. Essa plataforma deve permitir a integração com

a plataforma BPMS e com os sistemas NMS existentes na empresa para coleta

automática de dados de inventário dos equipamentos e das placas ativas que estão

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conectadas na rede. Para os equipamentos e placas sobressalentes e para a

infraestrutura dos sites que não possuem comunicação por não estarem ativos e

conectados a nenhuma rede, a plataforma WMS deve suportar o input de dados de

inventário que são coletados automaticamente por meio da tecnologia RFID que é um

tipo de tecnologia classificada como IoT. A RFID será utilizada neste modelo, pois é

uma tecnologia muito utilizada por diversas empresas e por isso existem diversos

fornecedores e opções de produtos facilitando encontrar o que melhor se adeque ao

projeto e com custos reduzidos.

A coleta off-line do inventário é realizada da seguinte forma:

• Etiquetas RFID contendo uma identificação única são fixadas em todos

componentes que devem ser inventariados nos sites da empresa. As

etiquetas RFID são microchips que podem ser fixados em uma

embalagem, produto ou equipamento;

• Uma carga inicial de dados é realizada no sistema WMS para cadastrar

todos os dispositivos e sua respectiva identificação por meio da etiqueta

RFID. Esta tarefa é trabalhosa, porém é necessário executá-la apenas

uma vez;

• Antenas de leitura RFID são instaladas em todos os sites da empresa

que possuam armazenamento destes equipamentos e placas. Estas

antenas são capazes de realizar a leitura das etiquetas RFID a distância,

desta forma, toda vez que um componente for retirado ou colocado

dentro de um site, estando ativo ou não, o sistema WMS é atualizado e

informa os envolvidos sobre esta alteração.

A utilização destes recursos é apresentada na Figura 13.

Page 53: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

53

Figura 13 - Modelo proposto para automação do WMS

Fonte: Autor

Analisando a figura 13, com a utilização de IoT através da RFID, o inventário

físico de rede da empresa está sempre atualizado, confiável e disponível para otimizar

e agilizar a execução das tarefas de estudo de viabilidade técnica e logística para a

ativação e manutenção dos serviços da empresa.

3.6 MONITORAMENTO DE DESEMPENHO E OTIMIZAÇÃO DE

ROTEAMENTO DE REDE

A rede de qualquer empresa operadora de telecomunicações está vulnerável a

congestionamentos e degradação de desempenho devido à perda de pacotes,

latência e congestionamento. Existem diversas ferramentas que auxiliam neste

monitoramento e otimização, por exemplo, sistemas de Gerenciamento de

Performance de Rede (NPM - Network Performance Management), sistemas de

Page 54: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

54

Otimização e Garantia de Roteamento (ROA - Routing Optimization and Assurance),

sistemas de Análise de Tráfego de Rede (NTA - Network Traffic Analysis), etc.

O método de roteamento tradicional entre operadoras de telecomunicações e

os ISPs é baseado em um protocolo de rede chamado Border Gateway Protocol

(BGP). Simplificando, o BGP foi projetado para selecionar o caminho mais curto para

a transmissão de dados na Internet e não leva em consideração o desempenho geral

deste caminho. O BGP não analisa a capacidade das conexões, dos

congestionamentos e a degradação dos caminhos selecionados, podendo fazer com

que os serviços prestados para os clientes percam qualidade. O BGP também não

leva em consideração os custos de cada conexão de Internet que as operadoras

possuem contratados com terceiros, podendo gerar altos custos operacionais.

Desta forma deve ser utilizado uma ferramenta de tecnologia de IA, que analise

ativamente e, de forma avançada, os caminhos e conexões existentes por meio de

métricas de desempenho, como perda de pacotes, latência, taxa de transferência,

confiabilidade histórica e capacidade máxima de conexões; e o tipo de tráfego entre

os clientes e a os provedores de conteúdo da internet, como por exemplo a taxa de

utilização pelos clientes dos links gratuitos e pagos que a operadora possui.

A solução fornece uma visão completa do desempenho da rede e engenharia

de tráfego, antecipando a resolução de problemas relacionados ao alto tráfego de

dados. A ferramenta também seleciona o melhor roteamento de acordo com os

indicadores medidos e o custo operacional de cada conexão, não considerando,

portanto, apenas o menor caminho. Além disso a ferramenta provê visibilidade de

quais conexões diretas com provedores de conteúdo, também chamadas de peering,

podem ser realizadas. Isso garante uma alta qualidade dos serviços prestados pela

empresa e diminuição de custos relacionados a roteamento externo.

3.7 RISCOS E DESAFIOS

A transformação digital proporciona uma significativa mudança na cultura e na

forma de trabalho atual dos colaboradores da empresa. O maior risco para o fracasso

desta transformação digital é a resistência a mudanças que as pessoas costumam ter.

Resistência que pode causar a falta de adesão às novas práticas e ao uso das novas

ferramentas, além disso sempre existe a vontade das pessoas em voltarem aos velhos

costumes, o que pode atrasar o aparecimento de resultados sólidos.

Page 55: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

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São necessários, além dos investimentos em novas ferramentas, promover o

engajamento e facilitar a adaptação de todos os envolvidos no processo por meio de

treinamento, palestras, esclarecimentos sobre os benefícios que a transformação

digital proporciona, desfazendo possíveis mitos e inseguranças a respeito da

atualização tecnológica. Além disso, deve-se envolver os colaboradores que são

impactados desde o início de cada projeto, mapeando suas necessidades, desejos e

expectativas e utilizar essas informações para a melhor tomada de decisão na escolha

da ferramenta utilizada.

Outro risco e desafio é a integração entre os sistemas existentes, pois diversos

sistemas não foram desenvolvidos para permitir algum tipo de integração, como por

exemplo o uso de API. A complexidade de integração pode ocorrer por diversos

motivos, destacando-se a limitação tecnológica no momento do desenvolvimento do

sistema, que ocorre principalmente os sistemas legados e a opção do fabricante em

não permitir alguma integração, também chamada de vendor lock-in.

A solução para integração destes sistemas é uma integração manual, ou seja,

a interação de um recurso humano para obter e exportar os dados desejados no

sistema para um arquivo digital que possa ser importado na plataforma BPMS para

sua utilização. Se a obtenção e exportação dos dados ocorrer repetidamente e

frequentemente, a utilização de uma tecnologia de RPA pode além poupar o recurso

humano de uma tarefa repetitiva e trazer benefícios através da agilidade e

assertividade.

3.8 RESULTADOS ESPERADOS

De acordo com uma pesquisa realizada pela Forbes Insights (2019) com 302

executivos sêniores de diversas empresas em julho de 2018, mais de 60% do fluxo

de trabalho pode ser automatizado e o uso de automação inteligente dos processos

aumenta em mais de 25% a satisfação dos colaboradores, a eficiência operacional e

a retenção de clientes.

A transformação da força de trabalho por meio da automação dos processos

de negócio e otimização de fluxos de trabalho é capaz de reduzir os custos em tarefas

repetitivas entre 25% a 50%, podendo chegar em alguns casos em até 75%, além de

reduzir os obstáculos para execução das tarefas em 30% (IBM, [s.d.]).

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Em pesquisa realizada pela Dell Technologies (2018) com 4.600 respostas

quantitativas de diretores e gerentes de empresas de médio e grande porte de 12

segmentos de negócio diferentes e em 42 países, a transformação digital pode gerar

as seguintes melhorias nos negócios dentro de 5 anos:

• Satisfação do cliente: 75%

• Produtividade: 62%

• Rentabilidade: 62%

• Crescimento de receita: 62%

• Retenção de clientes: 52%

• Retorno do investimento em TI: 49%

• Entrega mais rápida de novos produtos ou serviços: 46%

• Engajamento dos colaboradores: 46%

• Participação da empresa no mercado: 40%

• Retenção dos colaboradores: 37%

• Captação de novos clientes: 12%

3.9 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO

As empresas necessitam que as informações e os dados estejam organizados

e estruturados de uma maneira lógica onde seja possível sua utilização para a

padronização e integração de seus processos. Como resultado, o atendimento e a

entrega de serviços para os clientes se tornam eficaz, ágil, assertiva e valiosa. A TIC

e as tecnologias digitais dão suporte e habilitam esta padronização e integração dos

dados e processos, gerando valor para o negócio e alavancando as operações da

empresa.

As ferramentas sugeridas são acessíveis e não são complexas e demoradas

para serem implantadas, pois são comercializadas como serviço e possuem uma

estrutura pronta para serem escalonadas caso necessário.

Com a adoção das ferramentas sugeridas, as informações se tornam

centralizadas, estão disponíveis a todos os interessados e são fornecidas já

processadas e analisadas para a necessidade de cada envolvido, auxiliando a

melhorar os processos de tomada de decisão da empresa.

Page 57: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

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4 ESTUDO DE CASO - MODELO DE TRANSFORMAÇÃO DIGITAL PARA UMA

EMPRESA OPERADORA DE TELECOMUNICAÇÕES

Este capítulo tem o objetivo de apresentar a empresa, sua estratégia

corporativa, seus problemas, riscos e desafios na execução da estratégia digital e

como o modelo de transformação digital é aplicado na mesma.

4.1 A EMPRESA ESTUDADA

A empresa estudada é descrita neste trabalho como “Telecom”, é de origem

brasileira, atua no setor de telecomunicações, iniciou a implantação de sua rede de

abrangência nacional em 1999 e suas operações em 2001 com concessão da Anatel

para prover serviços do tipo SLE (Serviço Limitado Especializado). Em 2016 foi

outorgada pela Anatel a licença para prestação de serviços SCM (Serviço

Comunicação Multimídia) e hoje este é o principal serviço operado pela empresa.

A Telecom é uma empresa Business to Business (B2B), que atualmente

oferece serviços de transporte de dados e acesso à Internet de alta velocidade em

longa distância, exclusivamente para outras operadoras e provedores de serviços de

telecomunicações.

A rede de fibra óptica da Telecom tem mais de 15 mil quilômetros de extensão,

está presente em 18 estados brasileiros, possui equipamentos próprios instalados em

155 localidades diferentes. A sua rede pode atender e se conectar a clientes de mais

de 800 cidades brasileiras, entre elas, as principais capitais. Essas 800 cidades

concentram 91.394.703 de pessoas, ou seja, 49% da população brasileira e 76% do

PIB nacional de 2018. Sua rede tem um baixíssimo índice de falhas e uma alta

confiabilidade com disponibilidade média de 99,96%, resultados obtidos por meio de

medições realizadas desde 2003.

A Telecom teve um bom crescimento de 2014 a 2018. O número de clientes

cresceu a uma média de 41,18% ao ano e o faturamento a uma média de 17,92% ao

ano conforme mostra a Figura 14.

Page 58: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

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Figura 14 - Crescimento de clientes e faturamento da Telecom entre 2013 e 2018

Fonte: Autor

Atualmente a Telecom tem conexão direta, chamada de peering, com os

maiores provedores de conteúdo global como Google, Facebook, Netflix, Akamai,

entre outros, e de acordo com o ranking da HURRICANE ELETRIC (2019), após

pouco mais de 2 anos de operação do SCM, a Telecom já está entre as 10 empresas

com maior conectividade entre as operadoras brasileiras.

4.1.1 A ESTRATÉGIA CORPORATIVA

Weill e Ross (2004) afirmam que a estratégia corporativa e a organização da

empresa direcionam qual o tipo de valor de negócios que é entregue aos seus clientes.

As estratégias corporativas foram divididas em três modelos de disciplinas de valor:

• Excelência operacional - esta estratégia tem como objetivo maximizar a

eficiência operacional e minimizar os custos para liderar o setor em

termos de preço e confiabilidade.

• Intimidade com o cliente - foca no relacionamento e atendimento ao

cliente, oferecendo produtos personalizados de acordo com a

necessidade de cada cliente.

Page 59: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

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• Liderança em produtos - sempre inovar e renovar os produtos ofertados,

adotando novas ideias, criando novas soluções e explorando novos

mercados.

A estratégia corporativa da Telecom é a intimidade com o cliente. A intimidade

com o cliente está na proposta da empresa em oferecer serviços customizados e sob

demanda, ou seja, cada serviço possui características únicas de acordo com a

necessidade de cada cliente. Características como a velocidade de transmissão de

dados, a localidade de origem e de destino dos dados, etc. são personalizadas para

atender cada cliente.

4.1.2 OS PROBLEMAS E DESAFIOS NA EXECUÇÃO DA ESTRATÉGIA

DIGITAL

A Telecom vem crescendo em número de clientes e faturamento, porém como

podemos observar na Figura 15, o faturamento não acompanha o crescimento de

clientes. O valor do Megabit por Segundo (Mb/s) diminui e a ocupação da rede

aumenta a cada ano. Estes dados mostram que a empresa precisa comercializar cada

vez mais serviços para conseguir manter o crescimento do seu faturamento, mas para

isso precisa investir cada vez mais na expansão da capacidade da rede e em recursos

humanos.

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60

Figura 15 - Evolução no número de clientes, faturamento, ocupação da rede e preço do Mb/s

Fonte: Autor

Outro fator importante é o custo operacional da Telecom que está cada vez

mais alto. Para suprir a demanda crescente de serviços foram realizadas contratações

de recursos humanos e, mais significativamente, houve um aumento nas horas

trabalhadas pelos colaboradores da empresa, gerando um acúmulo de horas extras

conforme mostra a Figura 16.

Page 61: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

61

Figura 16 - Crescimento do custo operacional da Telecom

Fonte: Autor

A Figura 16 mostra o número de colaboradores e o acúmulo de horas extras

das áreas operacionais, ou seja, as áreas envolvidas na comercialização, ativação de

novos serviços e manutenção dos serviços existentes e não considera as áreas de

sustentação, como financeiro, recursos humanos, TI, contabilidade, etc.

Além do aumento do custo operacional, outro problema é a falta de integração

entre os sistemas. A Telecom possui os seguintes sistemas envolvidos diretamente

nos fluxos de trabalho e na execução dos principais processos de negócio:

• Sistema CRM;

• Sistema ERP;

• Sistema WMS;

• Sistema FSM;

• Sistemas NMS;

• Sistema de Service Desk, para controle de problemas, chamados e

solicitações de clientes;

• Sistema de controle e assinatura digital de contratos;

• Software de gestão de projetos.

Todos esses sistemas não possuem integração entre si e suas informações

estão descentralizadas, ou seja, cada sistema possui suas próprias informações e o

Page 62: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

62

ponto de contato entre eles se dá por meio dos recursos humanos da empresa,

conforme mostra a Figura 17.

Figura 17 - Sistemas sem integração e com dados descentralizados dependendo exclusivamente dos recursos humanos para serem operados

Fonte: Autor

Mais um problema crítico para a Telecom é a execução manual, sem muito

controle e medição, de parte dos processos de negócio. Alguns projetos e processos

são executados com base na experiência dos envolvidos, porém sem documentação,

padronização e não considerando futuras demandas ou cenários. Parte dos processos

são executados ad-hoc, ou seja, para um fim específico, são mal definidos e o seu

resultado e êxito dependem de muito esforço dos envolvidos.

Para exemplificar, na Figura 18 é mostrado o fluxo de comercialização e

implantação de um novo serviço para um cliente. Trata-se de um dos processos

principais e de maior valor da Telecom. Este é o único processo que foi mapeado na

Telecom e mesmo assim, de maneira macro, sem detalhar os sub processos e tarefas

Page 63: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

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existentes em cada etapa. Este macroprocesso não possui metas e métricas bem

definidas e as medições de sua execução são complexas, trabalhosas e imprecisas.

Figura 18 - Fluxo de comercialização e implantação de um novo serviço para cliente

Fonte: Autor

Analisando a Figura 18, considerando apenas o fluxo do macroprocesso

analisado, sem considerar documentos auxiliares utilizados em sua execução,

retrabalhos e devoluções de tarefas por não estarem bem executadas, foi

contabilizado:

• 14 planilhas e documentos de texto eletrônicos são preenchidos

separadamente sem padronização e sem controle;

• 8 trocas de correio eletrônico;

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• 21 vezes o nome do cliente é informado;

• 12 vezes a localidade de origem e destino do serviço contratado é

informada;

• 12 vezes a designação do serviço contratado é informada;

• 7 vezes o valor do serviço contratado é informado.

De acordo com as informações levantadas na execução do macroprocesso de

negócio da Telecom os seguintes problemas e dificuldades foram detectados:

• Não há uma ordem e um fluxo de trabalho definido;

• O trabalho executado ainda é muito manual;

• Não há integração, automatização e/ou automação das tarefas, exigindo

um esforço de todos os envolvidos;

• Existem muitos atalhos, lacunas e gargalos nos processos;

• Existe muito retrabalho e improdutividade;

• Os dados são descentralizados, incorretos e/ou duplicados;

• Há um elevado custo operacional;

• Falta padronização nas entregas;

• Não há definição, controle e medição de métricas;

• Não há alinhamento com os objetivos estratégicos de negócio;

• Há dificuldade em saber qual o estado da execução das tarefas do

processo;

• Existe dificuldade em obter informações com precisão, agilidade e

relevância para tomadas de decisão da empresa.

E o terceiro problema que afeta a execução da estratégia corporativa na

Telecom é o seu sistema de WMS, que deveria gerenciar o inventário físico de

equipamentos e placas de rede ativas e sobressalentes, além dos componentes de

infraestrutura presentes nas 155 localidades da empresa. Por não ser atualizado

adequadamente pelas pessoas envolvidas, por falta de um processo definido ou por

dificuldades na execução do trabalho, o sistema de WMS não tem uma base de dados

confiável. A consequência é um esforço e uma demora para realizar o estudo de

viabilidade técnica para uma nova comercialização e a logística para ativação de

Page 65: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

65

novos serviços e manutenção dos serviços existentes, comprometendo a qualidade

no atendimento ao cliente.

4.2 APLICAÇÃO DO MODELO DE TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

PROPOSTO

A transformação digital da Telecom é realizada em 4 etapas aplicando o modelo

proposto neste trabalho com a metodologia ágil, na qual pequenas e rápidas entregas

são realizadas, permitindo que resultados sejam obtidos em curto prazo do início de

sua transformação digital.

4.2.1 MAPEAMENTO, OTIMIZAÇÂO E AUTOMATIZAÇÃO DA EXECUÇÃO

DOS PROCESSOS DE NEGÓCIO

A empresa adota uma plataforma BPMS onde os processos são mapeados e

desenhados na própria ferramenta tornando ágil a automatização da execução dos

fluxos de trabalho dos processos. A plataforma BPMS é fornecida em nuvem pública

facilitando sua implantação sem necessidade de muitos recursos de infraestrutura

local na empresa.

Um comitê de gestores é formado para definir os processos que agregam mais

valor ao negócio e que têm prioridade na sua implantação. Também são formados

grupos de trabalho multiáreas, que são treinados e que são responsáveis pelo

mapeamento e desenho dos processos na plataforma BPMS.

Após o estágio inicial de mapeamento, desenho e digitalização das informações

dos processos, são definidos em conjunto com a área de TIC, quais integrações são

realizadas entre os sistemas existentes para otimizar e automatizar o fluxo de trabalho

na execução dos processos.

Em conjunto com a utilização da plataforma de BPMS e a integração dos

sistemas, a Telecom também adota o uso de uma ferramenta especialista em

comércio B2B. Esta ferramenta integra compradores e fornecedores por meio do uso

da tecnologia, de informações compartilhadas e automatização de todo o fluxo

operacional de compras, permitindo que as transações comerciais entre a Telecom e

seus parceiros de negócio e fornecedores sejam ágeis, simples e auditáveis

permitindo redução de custos e facilidade para se adequar às regras de compliance.

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66

A Figura 19 ilustra como as ferramentas atuais e a ferramenta de comércio B2B

são integradas por meio da plataforma BPMS.

Figura 19 - Integração entre os sistemas, fornecedores e parceiros de negócio por meio de uma plataforma BPMS

Fonte: Autor

Analisando a Figura 19, a integração entre a plataforma BPMS e os sistemas

existentes contempla uma via de mão dupla no fornecimento e uso das informações.

As integrações são realizadas por meio de diversas tecnologias como API, RPA ou

manualmente.

4.2.2 APLICAÇÃO DA INTELIGÊNCIA NA ANÁLISE DE DADOS

Com as informações centralizadas e integradas por meio da plataforma BMPS,

o próximo passo da transformação digital na Telecom é utilizar a análise avançada de

dados para tomada de decisões mais assertivas e ágeis relacionadas a sua estratégia

digital e corporativa.

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A Telecom utiliza os dados internos gerados pelos sistemas, que estão

centralizados e padronizados por meio da plataforma BPMS com dados externos de

fontes abertas como o IBGE, a Anatel, o Data Viva, o NIC.br, o IX.br, o Hurricane

Electric e as redes sociais.

Todos estes dados são utilizados em uma plataforma de BI, conforme mostra

a Figura 20, que aplica a análise e a inteligência avançada dos dados para gerar

informações úteis e relevantes. Estas informações são disponibilizadas para a

exploração e uso por todos os interessados da Telecom, agregando valor e trazendo

agilidade nas tomadas de decisão da empresa.

Figura 20 - Utilização de BI para análise inteligente e avançada de dados

Fonte: Autor

Analisando a Figura 20, a plataforma de BI funcionará em uma camada superior

aos sistemas existentes, analisando os dados destes sistemas em conjunto com

dados externos coletados gerando informações valiosas para as tomadas de decisão

da Telecom.

Page 68: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

68

4.2.3 AUTOMATIZAÇÃO DE INVENTÁRIO DE REDE E INFRAESTRUTURA

A Telecom já possui uma ferramenta de WMS, desenvolvida internamente, que

controla, de forma manual, todos os ativos que compõe a rede de telecomunicações

da empresa, como os equipamentos de rede, as placas modulares destes

equipamentos e a designação e as configurações dos circuitos fornecidos aos

clientes. Devido ao controle atual do inventário ser realizado de forma manual, o

inventário não está atualizado e confiável gerando diversos problemas na gestão dos

ativos de redes e atendimento ao cliente.

A solução deste problema é realizada por meio da automatização de inventário

físico online e off-line de rede e infraestrutura.

Os dados dos equipamentos e das placas que estão online na rede podem ser

coletados por meio das plataformas NMS existentes. A automatização e integração

da coleta é realizada por meio da customização e atualização da ferramenta WMS.

Pelo fato da ferramenta WMS ser desenvolvida internamente na Telecom, estas

melhorias são possíveis, podem ser realizadas com a metodologia ágil e não trazem

altos custos adicionais para a empresa.

A coleta off-line do inventário é realizada com tecnologias de IoT, utilizando-se

etiquetas RFID fixadas nos equipamento e placas sobressalentes e uso de antenas

para leitura destas etiquetas. As antenas são instaladas nos sites da empresa onde

possuem estoque de equipamentos e placas sobressalentes. Os dados destas leituras

são gravados no sistema WMS, que também necessita de atualização para receber

as informações de forma automatizada.

Com a implantação destes novos recursos, o inventário físico de rede da

Telecom é automatizado, não necessitando de muita interação manual, estando

sempre atualizado, confiável e disponível para otimizar e agilizar a operação da

empresa.

4.2.4 MONITORAMENTO DE DESEMPENHO E OTIMIZAÇÃO DE

ROTEAMENTO DE REDE

A Telecom já possui diversas ferramentas de NMS e NPM que auxiliam no

monitoramento da rede, porém atualmente é necessário otimizar este monitoramento

para melhorar a qualidade do serviço que a empresa fornece.

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69

Atualmente a Telecom está testando duas ferramentas que auxiliam o

monitoramento de desempenho e a otimização de roteamento de rede.

A primeira consiste em um sistema que utiliza a tecnologia de IoT por meio de

sensores inteligentes de desempenho de rede. Estes sensores são instalados nos

equipamentos ethernet da empresa e realizam a medição automática ponto-a-ponto e

ponto-multiponto de diversos indicadores de desempenho de rede, como velocidade,

perdas de pacote, latência e jitter. Sua implantação é simples e de baixo custo já que

não são necessários equipamentos complexos e de alto valor para sua utilização.

Este sistema traz visibilidade e agilidade para a equipe de monitoramento e

operações da Telecom já que não é necessário o deslocamento de um técnico até o

local de uma falha para realizar testes e medições.

A segunda ferramenta que está sendo testada para aquisição é uma ferramenta

que automatiza o roteamento externo de rede da Telecom, por meio da implantação

de IA que faz uma análise avançada no protocolo BGP utilizado pelos roteadores de

borda da empresa.

A ferramenta fornece uma visão completa do desempenho de roteamento da

rede, antecipando a resolução de problemas relacionados ao tráfego de dados por

meio da sugestão ou seleção automática das melhores rotas de rede, de acordo com

os indicadores medidos e o custo operacional de cada conexão. Esta ferramenta

auxilia a Telecom a garantir uma alta qualidade dos seus serviços.

4.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO

O objetivo principal de qualquer negócio é aumentar os lucros e para isso é

necessário reduzir os custos, aumentar as receitas e melhorar o relacionamento com

os clientes.

É necessário encontrar maneiras de diminuir os riscos existentes e enfrentar

eficazmente os desafios mantendo a Telecom competitiva no mercado de

telecomunicações mesmo sem mudar o seu modelo de negócio.

Os recursos humanos atuais não são suficientes para a Telecom continuar

crescendo a um ritmo acelerado, continuar com um atendimento de qualidade e se

tornar cada vez mais lucrativa. A operação da empresa deve se tornar cada mais

otimizada, e para isso existem dois caminhos normalmente seguidos pelas empresas

para atender à demanda crescente dos negócios:

Page 70: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

70

• Aumentar os recursos humanos, que normalmente aumenta o custo

operacional, pois o mesmo se torna complexo, demorado e burocrático;

e como consequência, gera um risco de haver queda na lucratividade e

também na qualidade do atendimento ao cliente.

• Otimizar e automatizar os sistemas e os processos de negócio por meio

da tecnologia existente, que após o investimento inicial e sua

implantação, não geram altos custos operacionais e são escaláveis

facilmente.

Desta forma a Telecom deve realizar a sua transformação digital e buscar

soluções tecnológicas que se adequem às suas necessidades e que tenham baixo

custo, rápida e fácil implementação e que agreguem valor aos negócios de uma

maneira que possa ser medida para o alcance das metas corporativas definidas.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os líderes e os colaboradores das organizações, sendo elas, governamentais,

empresariais ou do terceiro setor, de qualquer tamanho e de qualquer ramo de

negócio precisam adotar as tecnologias digitais como fonte de crescimento, eficiência

e aumento da competitividade. Existem diversas tecnologias que permitem essa

transformação, que deve ser iniciada imediatamente, porém de forma ordenada e

direcionada, utilizando as tecnologias mais adequadas e em momentos corretos para

que as organizações realmente se beneficiem e transformem essas iniciativas em

produtividade, lucratividade e crescimento. Ações mais precisas e investimentos

direcionados são fundamentais para alavancar o uso das tecnologias digitais,

impulsionar a competitividade e o crescimento econômico, assim como a medição do

seu progresso ao longo do caminho à medida que as organizações procuram se

remodelar e se tornarem potências digitais do futuro.

De acordo com entrevista não dirigida realizada pelo autor com 65% dos

colaboradores da Telecom em maio de 2019, a transformação digital está alinhada

com as necessidades e expectativas da maioria deles, minimizando os riscos e

desafios mapeados anteriormente, facilitando a transformação.

A entrevista foi realizada presencialmente e os envolvidos responderam

livremente a duas perguntas básicas:

1. Quais as maiores dificuldades que você encontra para realizar suas

tarefas?

2. Como a tecnologia pode ajudar a melhorar a execução de suas tarefas?

As Figuras 21 e 22 mostram o resultado das respostas a estas perguntas.

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Figura 21 - Respostas para a pergunta: Quais as maiores dificuldades que você encontra para realizar suas tarefas?

Fonte: Autor

Figura 22 - Respostas para a pergunta: Como a tecnologia pode ajudar a melhorar a execução de suas tarefas?

Fonte: Autor

Page 73: Modelo para a transformação digital em uma empresa ...orquestrar os fluxos de trabalho e execução dos processos de negócio .....47 Figura 11 - Modelo proposto de integração

73

O modelo proposto para a transformação digital na empresa Telecom está

alinhado com a estratégia corporativa, com as necessidades e expectativas da maioria

dos colaboradores da Telecom e com pesquisas recentes de mercado sobre os

resultados que podem ser obtidos. A transformação digital proporciona à empresa:

• Maior controle com indicadores e medições obtidas por meio das

ferramentas de BPMS e BI;

• Agilidade para execução e entrega dos processos já que os mesmos

estão definidos, medidos, integrados e automatizados pela ferramenta

de BPMS;

• Redução de custos, pois não é necessário aumentar os recursos

humanos para acompanhar o crescimento da empresa e os custos das

tecnologias implementadas são baixos e flexíveis de acordo com as

necessidades atuais e futuras;

• Crescimento da eficiência operacional, pois os colaboradores da

Telecom são auxiliados e têm seus trabalhos otimizados pelas

tecnologias implementadas;

• Redução de custos e aumento da eficiência e qualidade operacional

utilizando tecnologias que otimizem o roteamento e o uso dos recursos

de rede disponível reduzindo a necessidade de ampliação de conexões

contratadas de terceiros;

• Criação de novas oportunidades de negócio e captação de novos

clientes por meio de análises mais detalhadas de mercado utilizando

ferramentas de BI e Big Data.

• Melhora da satisfação e da retenção dos clientes por meio de mais

agilidade na entrega de novos serviços contratados e do atendimento

mais rápido para a resolução de problemas de serviços existentes;

• Diminuição do churn, uma estatística que compara o número de

cancelamentos de serviços com o número de novas contratações de

serviços em um período;

• Aumento da receita como consequência de todos os benefícios

anteriores.

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A transformação digital não é o novo normal, é a norma e, em um mundo digital,

as empresas devem estar prontas para recomeçar e renovar sempre.

5.1 LIMITAÇÕES DESTE TRABALHO

Uma limitação deste trabalho refere-se ao grau de detalhamento dos processos

da Telecom. Para detalhar os processos é necessário um estudo aprofundado em um

nível mais micro e, posteriormente, um mapeamento das tarefas de todas as áreas.

Outra limitação refere-se ao fato de o estudo não quantificar ou fornecer com

precisão os resultados esperados na aplicação do modelo, pois como citado

anteriormente, a Telecom não possui medição ou índices anteriores e em função disto,

pode não ser possível comparar os resultados históricos com os resultados gerados

pelo modelo aplicado.

Mais uma limitação é o modelo não propor uma solução para otimizar e

automatizar o inventário lógico das configurações dos serviços de uma empresa

operadora de telecomunicações, que continua sendo realizado de maneira manual.

5.2 CONTRIBUIÇÕES

Este estudo teve por objetivo propor um modelo de transformação digital na

força de trabalho em uma empresa operadora de telecomunicações por meio do uso

de tecnologias e sistemas disponíveis no mercado. Com isso, a revisão da literatura

sobre as definições destas tecnologias e sistemas são contribuições conceituais que

permitem a identificação da melhor forma de implementar este modelo nas

organizações.

De forma prática, este modelo contribui com as organizações que desejam

realizar a transformação digital de uma maneira simples, ágil, alinhada às estratégias

corporativas e com ganhos e resultados em curto prazo.

5.3 TRABALHOS FUTUROS

O modelo resultante deste trabalho foi baseado em um estudo do cenário atual

do mercado brasileiro de telecomunicações e uma sugestão para trabalho futuro é o

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estudo exploratório em outros mercados, buscando ajustes e refinamentos do modelo

proposto.

Poder-se-ia ainda incorporar ao modelo o desenvolvimento de um método de

implementação de acordo com as prioridades de cada empresa, o desenvolvimento

de um modelo para aprimorar a segurança da informação das organizações em busca

de proteger os seus dados digitais e o desenvolvimento de um modelo de adequação

ou modernização da infraestrutura de TIC para suportar a transformação digital.

Outra sugestão seria um estudo sobre a modernização e orquestração das

operações de uma empresa operadora de telecomunicações através do uso de

tecnologias como a Rede Definida por Software (SDN - Software Defined Network), a

Rede de Longa Distância Definida por Software (SD-WAN - Software Defined in a

Wide Area Network), a Virtualização das Funções da Rede (NFV - Network Functions

Virtualization), etc.

E mais uma sugestão seria realizar um estudo de caso da aplicação prática do

modelo proposto na empresa estudada medindo os resultados alcançados por meio

de indicadores e métricas pré-estabelecidos.

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