modelo de inicial de aposentadoria especial

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  • 5/24/2018 Modelo de Inicial de Aposentadoria Especial

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    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL

    PREVIDENCIRIO DE SANTA MARIA - RS

    XXXXXX, vigilante, j cadastrado

    eletronicamente, vem, com o devido respeito, por meio

    dos seus procuradores, perante Vossa Excelncia,

    propor

    AO PREVIDENCIRIA DE CONCESSO DE

    APOSENTADORIA ESPECIAL

    em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL (INSS), pelos fundamentos fticos e jurdicos

    que ora passa a expor:

    I DOS FATOS

    O Autor, nascido em 25 de fevereiro de 1958 (carteira de identidade anexa), contando

    atualmente com 55 anos de idade, celebrou seu primeiro contrato de trabalho em maro de

    1979, sendo que at a presente data firmou diversos vnculos empregatcios sujeitos a

    agentes nocivos. O quadro a seguir demonstra de forma objetiva as profisses desenvolvidase o tempo de contribuio:

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    Admisso Sada Empregador Atividade Tempo de servio15/01/1977 13/02/1978 Ministrio do Exrcito Soldado 01 ano e 29 dias

    08/03/1979 19/03/1979

    MLIncorporaes,

    Construes e Projetos

    Ltda.

    Servente 12 dias, convertidos em 08 dias

    01/03/1980 12/09/1980Estrasul Comrcio e

    Representaes Ltda.Servente 06 meses e 12 dias

    02/03/1981 10/06/1981Habitaes Modulares

    Ltda.Servente 03 meses e 09 dias

    31/07/1981 13/05/1982Construtora Mendes

    Junior S/AServente 09 meses e 13 dias

    07/12/1982 26/02/1983 Construtora MendesJunior S/A

    Ajudante 02 meses e 20 dias

    13/05/1987 14/05/2012Prefeitura Municipal de

    Santa MariaVigilante

    25 anos e 02 dias. Atividade

    considerada perigosa com base

    no Decreto 53.831/64, item 2.5.7

    (guardas) e precedentes

    judiciais. Atividade especial

    reconhecida pelo INSS at

    28/04/1995.

    TEMPO DE SERVIO ESPECIAL 27 anos e 28 dias

    TEMPO DE SEVIO EM ATIVIDADE ESPECIAL 25 anos e 02 dias

    CARNCIA 341 contribuies

    A despeito da existncia de todos os requisitos ensejadores do benefcio de

    aposentadoria especial, o Requerente, em via administrativa (comunicao de deciso em

    anexo), teve seu pedido indevidamente negado, sob a justificativa infundada de falta de

    tempo de contribuio mnimo de 15, 20 ou 25 anos, trabalhado sujeito a condies especiais

    na data do requerimento ou do desligamento da ltima atividade.Tal deciso indevida motiva

    a presente demanda.

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    II DO DIREITO

    O 1 do art. 201 da Constituio Federal determina a contagem diferenciada dos

    perodos em que os segurados desenvolveram atividades especiais. Por conseguinte, a Lei

    8.213/91, regulamentando a previso constitucional, estabeleceu a necessidade do

    desempenho de atividades nocivas durante 15, 20 ou 25 anos para a concesso da

    aposentadoria especial, dependendo da profisso e /ou agentes nocivos, conforme previsto

    no art. 57 do referido diploma legal.

    importante destacar que a comprovao da atividade especial at 28 de abril de 1995

    era feita com o enquadramento por atividade profissional (situao em que havia presunode submisso a agentes nocivos) ou por agente nocivo, cuja comprovao demandava

    preenchimento pela empresa de formulrios SB40 ou DSS-8030, indicando o agente nocivo

    sob o qual o segurado esteve submetido. Todavia, com a nova redao do art. 57 da Lei

    8.213/91, dada pela Lei 9.032/95, passou a ser necessria a comprovao real da exposio

    aos agentes nocivos, sendo indispensvel a apresentao de formulrios, independentemente

    do tipo de agente especial.

    Alm disso, a partir do Decreto n 2.172/97, que regulamentou as disposies

    introduzidas no art. 58 da Lei de Benefcios pela Medida Provisria n 1.523/96 (convertida na

    Lei n 9.528/97), passou-se a exigir a apresentao de formulrio-padro, embasado em

    laudo tcnico, ou por meio de percia tcnica. Entretanto, para o rudo e o calor, sempre foi

    necessria a comprovao atravs de laudo pericial.

    No entanto, os segurados que desempenharam atividade considerada especial podem

    comprovar tal aspecto observando a legislao vigente data do labor desenvolvido.

    No caso em comento, segue em anexo formulrio PPP, o qual comprova o porte de

    arma de fogo durante a jornada de trabalho e diversos comprovantes de cursos de vigilante

    realizados. O Autor deixa de juntar laudo tcnico e fichas de EPIs em razo de que a

    Prefeitura Municipal de Santa Maria no dispe destes documentos, conforme declarao

    recentemente emitida (em anexo).

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    Assim sendo, torna-se necessria a realizao de percia tcnica laboral, a fim de se

    obter uma avaliao detalhada acerca da atividade desenvolvida. Nessa linha a

    jurisprudncia do Tribunal Regional Federal da 4 Regio:

    EMENTA: PREVIDENCIRIO. TRABALHO DESENVOLVIDO EM CONDIESESPECIAIS. PERCIA TCNICA DIRETA E INDIRETA. POSSIBILIDADE. EMBARGOSDECLARATRIOS. CONTRADIO. A realizao de prova pericial relevante para o deslinde da controvrsia, na medida em que casono produzida, obstado ao autor ver seu direito aposentadoriaespecial por falta de provas. Admite-se a prova tcnica por similaridade(aferio indireta das circunstncias de labor) quando impossvel a realizao depercia no prprio ambiente de trabalho do autor. So cabveis embargos de declaraoquando houver no acrdo obscuridade ou contradio ou for omisso em relao aalgum ponto sobre o qual o Tribunal devia se pronunciar e no o fez (CPC, art. 535), ouainda, por construo jurisprudencial, para fins de prequestionamento, como indicam

    as Smulas 282 e 356 do c. STF e a Smula 98 do e. STJ. (TRF4, AG 5003216-12.2012.404.0000, Quinta Turma, Relatora p/ Acrdo Vivian Josete PantaleoCaminha, D.E. 06/09/2012, sem grifos no original).

    No que se refere periculosidade, em que pese a inexistncia de enquadramento nos

    Decretos 2.172/97 e 3.048/99, no se pode olvidar que a Constituio Federal garante

    tratamento diferenciado para aqueles que desempenham atividades sob condies especiais

    que prejudiquem a sade ou a integridade fsica, conforme o art. 201, 1. Tal previso

    tambm est disciplinada atravs do art. 57 da lei 8.213/91, que merece ser transcrito:

    Art. 57. A aposentadoria especial ser devida, uma vez cumprida a carnciaexigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condiesespeciais que prejudiquem a sade ou a integridade fsica, durante 15(quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei.(Sem grifos na redao original).

    Ora, claramente o objetivo do legislador garantir o direito aposentadoria especial

    aos trabalhadores que exercem as suas atividades sob condies perigosas. Caso contrrio,

    no haveria nestes dispositivos a expresso integridade fsica. Obviamente, as condies

    especiais que prejudiquem a sade englobam todas as atividades insalubres, de forma que o

    emprego da primeira expresso seria totalmente desnecessrio caso no fosse diretamente

    relacionado periculosidade.

    De fato, a redao dos dispositivos clara ao garantir o direito aposentadoria

    especial aos segurados que trabalharam em condies que prejudiquem a integridade

    fsica. Ora, bvio que o vigilante est exposto a risco de morte ao defender o

    patrimnio alheio, motivo pelo qual no possvel restringir o reconhecimento das

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    atividades especiais apenas para os casos de insalubridade, sob pena da violao dos

    preceitos constitucionais e infraconstitucionais.

    Em recente deciso, a Turma Regional de Uniformizao de Jurisprudncia confirmou

    a possibilidade do reconhecimento da periculosidade para os vigilantes inclusive aps a

    edio do Decreto n 2.172/97. Vale conferir:

    EMENTA: PREVIDENCIRIO. TEMPO ESPECIAL. ABESTO/AMIANTO. FATOR DECONVERSO DE 1,75. VIGILANTE ARMADO. PERICULOSIDADE.ENQUADRAMENTO SEM LIMITAO TEMPORAL DO DECRETO N 2.172/97.PRECEDENTE DA TRU. 1. Com a edio do Decreto n. 2.172/1997 e do Decreto n.3.048/1999, este com a redao dada pelo Decreto n. 4.827/2003, o multiplicadorespecfico para as hipteses de exposio a asbesto e amianto passou a equivaler a1,75, conforme consta no artigo 70 do Decreto n. 3.048/1999 e no cdigo 1.0.2 do

    Quadro Anexo IV do Decreto n. 2.172/1997. 2. Ainda que a prejudicialidade do agentenocivo asbesto tenha sido constatada posteriormente, atravs de estudos cientficos, e,tenha sido editada apenas em 1997, por fora do Decreto n. 2.172, norma redefinindoo enquadramento da atividade pela exposio ao referido agente, certo que,independentemente da poca da prestao laboral, a agresso ao organismo era amesma. 3. Portanto, devida a converso dos perodos de labor sujeitos aos agentesnocivos abesto/amianto pelo fator 1,75 anteriores a edio do Decreto n 2.172, de 05

    de maro de 1997. 3. devido o reconhecimento da natureza especial daatividade que expe a risco a integridade fsica do trabalhador em razode periculosidade, mesmo aps a edio do Decreto 2.172/97. (IUJEF0023137-64.2007.404.7195. Turma Regional de Uniformizao da 4 Regio. Relator p/

    Acrdo Juiz Federal Jos Antnio Savaris. D.E. 30/03/2011) 4. A atividade de vigilantearmado caracteriza-se como periculosa e no h limitao temporal para oreconhecimento da especialidade em face da proteo constitucional integridadefsica do trabalhador (art. 201, 1 da CF). (, IUJEF 0007420-56.2007.404.7051, TurmaRegional de Uniformizao da 4 Regio, Relator p/ Acrdo Joo Batista Lazzari, D.E.17/04/2012, sem grifos no original).

    Na mesma linha a jurisprudncia do Tribunal Regional Federal da 4 Regio:

    EMENTA: PREVIDENCIRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DECONTRIBUIO/SERVIO. REQUISITOS. AUSNCIA. AVERBAO. ATIVIDADE

    ESPECIAL. VIGILANTE. 1. O reconhecimento da especialidade e o enquadramento daatividade exercida sob condies nocivas so disciplinados pela lei em vigor pocaem que efetivamente exercidos, passando a integrar, como direito adquirido, opatrimnio jurdico do trabalhador. 2. Considerando que o 5. do art. 57 da Lei n.8.213/91 no foi revogado pela Lei n. 9.711/98, e que, por disposio constitucional(art. 15 da Emenda Constitucional n. 20, de 15-12-1998), permanecem em vigor osarts. 57 e 58 da Lei de Benefcios at que a lei complementar a que se refere o art.201, 1., da Constituio Federal, seja publicada, possvel a converso de tempo deservio especial em comum inclusive aps 28-05-1998. Precedentes do STJ. 3. At 28-04-1995 admissvel o reconhecimento da especialidade por categoria profissional oupor sujeio a agentes nocivos, aceitando-se qualquer meio de prova (exceto pararudo e calor); a partir de 29-04-1995 no mais possvel o enquadramento porcategoria profissional, devendo existir comprovao da sujeio a agentes nocivos por

    qualquer meio de prova at 05-03-1997 e, a partir de ento, por meio de formulrioembasado em laudo tcnico, ou por meio de percia tcnica. 4. A atividade devigia/vigilante deve ser considerada especial por equiparao categoria profissional

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    de "guarda" at 28-04-1995. 5. Demonstrado o exerccio de atividadeperigosa (vigia, fazendo uso de arma de fogo) em condiesprejudiciais sade ou integridade fsica - risco de morte -, possvel o reconhecimento da especialidade aps 28-04-1995.

    8. No implementado o requisito da carncia na data da Emenda Constitucional n. 20,de 1998, bem como o requisito etrio necessrio outorga do benefcio na data da Leido Fator Previdencirio, e na DER, o perodo de atividade em condies especiaisexercido de 01-08-1994 a 05-03-1997, devidamente convertidos pelo fator 1,40, deveser averbado para fins de futura concesso de benefcio previdencirio. (TRF4,APELREEX 5001120-23.2010.404.7104, Sexta Turma, Relator p/ Acrdo CelsoKipper, D.E. 25/10/2012, grifos acrescidos).

    Nesse contexto, de acordo com os Decretos 53.831/64, 83.080/79, 2.172/97 e

    3.048/99, torna-se necessria a exposio a agentes nocivos durante 25 anos para a

    concesso da aposentadoria especial. Portanto, o Autor adquiriu o direito ao benefcio, haja

    vista que laborou em condies especiais durante 27 anos e 28 dias.

    Quanto carncia, verifica-se que foram realizadas 341 contribuies, nmero superior

    aos 180 meses previstos no art. 25, II, da Lei 8.213/91.

    Destarte, cumprindo os requisitos exigidos em lei, tempo de servio submetido a

    agentes nocivos e carncia, o Autor adquiriu o direito aposentadoria especial.

    III DA ANTECIPAO DE TUTELA

    ENTENDE O AUTOR QUE A ANLISE DA MEDIDA ANTECIPATRIA PODER SER MELHOR

    APRECIADA EM SENTENA.

    De acordo com a previso do art. 43 da Lei 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais

    Cveis e Criminais), salvo situaes excepcionais, dever ser atribudo apenas o efeitodevolutivo aos recursos inominados. Tal disposio possui aplicao aos Juizados Especiais

    Federais, conforme disposto no art. 1 da Lei 10.259/01.

    De qualquer forma, o Requerente necessita da concesso do benefcio em tela para

    custear a prpria vida. Vale ressaltar que os requisitos exigidos para a concesso do

    benefcio se confundem com os necessrios para o deferimento desta medida antecipatria,

    motivo pelo qual, em sentena, se tornar imperiosa a sua concesso.

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    As condies de insalubridade e o carter alimentar do benefcio traduzem um quadro

    de urgncia que exige pronta resposta do Judicirio, tendo em vista que nos benefcios

    previdencirios resta intuitivo o risco de ineficcia do provimento jurisdicional final.

    IV DO PEDIDO

    ANTE O EXPOSTO, requer:

    a) A concesso do benefcio da Assistncia Judiciria Gratuita, tendo em vista que o Autor

    no tem como suportar as custas judiciais sem o prejuzo do seu sustento prprio e da

    sua famlia;

    b) O recebimento e o deferimento da presente pea inaugural;

    c) A citao da Autarquia, por meio de seu representante legal, para que, querendo,

    apresente defesa;

    d) A produo de todos os meios de provas em direito admitidos, em especial o testemunhal

    e o pericial;

    e) O deferimento da antecipao de tutela, com a apreciao do pedido de implantao do

    benefcio em sentena;

    f) O julgamento da demanda com TOTAL PROCEDNCIA, condenando o INSS a:

    1) Efetuar o enquadramento previdencirio dos agentes nocivos existentes nos

    seguinte perodo: 29/04/1995 a 14/05/2012;

    2) Conceder ao Autor o BENEFCIO DA APOSENTADORIA ESPECIAL, a partir

    do requerimento administrativo (14/05/2012), com a condenao do

    pagamento das prestaes em atraso, corrigidas na forma da lei, acrescidas

    de juros de mora desde quando se tornaram devidas as prestaes;

    3) Subsidiariamente, no caso de no serem reconhecidos os 25 anos de

    atividades nocivas necessrios para a aposentadoria especial, o que s se

    admite hipoteticamente, requer a converso do tempo de servio especial em

    comum de todos os perodos submetidos a agentes nocivos (fator 1,4),

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    concedendo ao Autor o benefcio da aposentadoria por tempo de contribuio,

    nos termos do subitem anterior;

    Nesses Termos.

    Pede Deferimento.

    D causa o valor1de R$ XX.XXX,XX.

    Santa Maria, 23 de abril de 2013.

    tila Moura Abella Rodrigo Baril dos SantosOAB/RS 66.173 OAB/RS 83.669

    .

    1 Valor da causa = 12 parcelas vincendas (R$ XX.XXX,XX) + parcelas vencidas (R$ XX.XXX,XX) = R$XX.XXX,XX.