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MODELO DE ESTRUTURAÇÃO DE PROBLEMAS APLICADO À
DISTRIBUIÇÃO URBANA NA REGIÃO CENTRAL DE CAMPINAS
Jaisa Monique Silva de Souza
Maria Lucia Galves
Alberto Graça Lopes Peixoto Neto
Marcius de Lucca Braga Universidade Estadual de Campinas
Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo – UNICAMP
RESUMO O conceito de Logística Urbana enfatiza uma visão sistêmica das questões relacionadas com a circulação de
carga na área urbana. Dessa forma, tendo em vista a expansão da distribuição de cargas em grandes centros
urbanos e a necessidade de apoiar o decisor em níveis de planejamento e operação da rede logística, o
objetivo deste artigo é o de estruturar um problema de distribuição urbana na região central de Campinas
(SP) por meio da metodologia de Auxílio Multicritério à Decisão. Verificou-se que o modelo utilizado gerou,
como principal resultado, a criação de alternativas capazes de atender aos objetivos do decisor e dos demais
atores envolvidos no processo de decisão.
ABSTRACT
The concept of Urban Logistics emphasizes a systemic view of the issues related with the movement of load
in the urban area. Therefore, in view of the expansion of the load distribution in large urban centers and the
need to support the decision maker in levels of planning and operation of the logistics network, the aim of
this paper is to structure a problem in urban distribution in the central region of Campinas (SP) using the
methodology of Multicriteria Decision Aid. It was found that the model generated used as the primary
outcome, the creation of alternatives capable of meeting the objectives of the decision maker and other
stakeholders involved in the decision process.
1. INTRODUÇÃO
O transporte de cargas em grandes centros urbanos, conforme Dutra (2004) causa inúmeros
transtornos à população, como congestionamento, poluição, ruído, vibração e acidentes. De
acordo com Dablanc (2007), várias iniciativas surgiram para melhorar essa situação,
principalmente em relação ao nível de qualidade do serviço e aos impactos ambientais. No
entanto, as mudanças ainda são muito lentas e nem todas as partes interessadas estão
dispostas a contribuir de forma rápida com essa questão. De fato, Ibanez e Zunder (2004)
complementam que as prefeituras não dão a atenção necessária às empresas de transporte
que entregam cargas nos centros urbanos, provocando descontentamento.
Partindo dessa realidade, definiu-se como objeto de estudo a região central de Campinas, a
qual é considerada a mais industrializada e urbanizada capital regional do interior do
Estado de São Paulo (Prefeitura Municipal de Campinas, 2010). Sua localização
estratégica permite ligação com os grandes centros consumidores e gera uma elevada
movimentação financeira, com a presença de filiais de multinacionais e excelência de mão-
de-obra. O transporte é altamente dependente dos automóveis e a cidade conta com linhas
de ônibus urbano gerenciadas pela EMDEC, assim como linhas metropolitanas e
intermunicipais gerenciadas pela EMTU – SP.
Segundo Lima Jr. (2010), a Região Metropolitana de Campinas tem uma das melhores,
talvez a melhor, infraestrutura logística da América Latina. Representa parcela
significativa do PIB nacional e hospeda os principais operadores logísticos.
Diante do contexto em estudo, este trabalho tem como objetivo apresentar melhorias na
cadeia de suprimentos para entrega urbana da região central de Campinas, através da
aplicação da metodologia de auxílio multicritério à decisão com enfoque na estruturação de
problemas.
2. LOGÍSICA URBANA
Conforme estudo desenvolvido pelo Instituto de Logística e Supply Chain – ILOS (2012),
um dos grandes desafios atuais se refere à distribuição urbana de cargas. As grandes
cidades brasileiras apresentam, em sua maior parte, um crescimento desordenado, falta de
planejamento, poucos investimentos nos equipamentos urbanos, falta de infraestrutura e
crescente taxa de adensamento populacional.
Entre meados da década de 1970 e meados da década de 1990, existia pouca atenção aos
problemas crescentes originados pelo transporte de mercadorias em áreas urbanas. Essa
situação mudou recentemente, existindo um interesse crescente pela logística urbana e, em
particular, nas áreas centrais (BESTUFS, 2007).
Ao tratar desse assunto, Dutra (2004) apresenta o conceito de city logistics, que surge
como resposta à grande necessidade de organização das entidades (atores) que trabalham
com a movimentação de mercadorias dentro do espaço urbano. Ainda informa que essa
exigência é motivo de preocupação com a efetividade e eficiência das operações e
movimentações que envolvem o transporte de cargas, aparecendo como uma necessária
“intervenção otimizadora” de atividades e procedimentos que visam ao bem estar global do
ambiente urbano.
Todos os movimentos de distribuição urbana de mercadorias são o resultado de decisões
logísticas, ou seja, dos processos necessários para organizar a circulação de mercadorias de
forma eficiente dentro do sistema de produção de bens (DABLANC, 2007). A eficiência
com que as operações logísticas são realizadas no nível urbano pode aumentar a
competitividade econômica de uma cidade (OLIVEIRA, 2012).
Ao tratar desse assunto, Correia, Oliveira e Mateus (2010) consideram que a logística
urbana pode ser vista como fenômeno complexo em virtude da presença de multi-atores,
como os clientes, embarcadores e recebedores que possuem necessidades de transportes
específicas em relação à origem e destino das cargas.
Taniguchi et al (2001) informam que o transporte urbano realizado nas cidades possui
quatro atores principais: os embarcadores, que envolvem os fabricantes, atacadistas e
varejistas; as transportadoras de cargas e empresas de armazenagem; os residentes e os
respectivos administradores nos diferentes níveis (nacional, estadual e municipal).
Para Macucci e Danielis (2008), os administradores municipais propiciam e executam
políticas direcionadas ao transporte urbano de cargas divididas em regulamentação e custos
de distribuição. Os autores abordam com maior ênfase em seu estudo a tentativa de
melhorar a distribuição urbana de cargas propondo a inserção de uma infraestrutura física
dedicada à consolidação de cargas e destacam ainda a importância de avaliar os efeitos
(privado e social) gerados para a população local.
3. ASPECTOS METODOLÓGICOS
O auxílio multicritério à decisão é uma metodologia que leva em conta diversos critérios e
visa a ajudar indivíduos ou grupos de indivíduos a explorar decisões importantes
(BELTON E STEWART, 2002). Os critérios podem ser conflitantes, pelo fato de
envolverem pontos de vista divergentes dos envolvidos em busca de decisões
fundamentadas.
O auxílio multicritério à decisão pode ser dividido em três etapas: estruturação do
problema, avaliação e recomendações. Na primeira etapa, busca-se compreender uma
situação de decisão, identificando-se os atores e suas principais preocupações, ações e
incertezas (BELTON E STEWART, 2002). Com base em Galves (2005), as atividades
que compõem a estruturação são ilustradas na figura 1.
A segunda etapa consiste na avaliação das alternativas, por meio de métodos de agregação
multicritério que consideram as preferências dos atores. A terceira etapa é constituída de
recomendações quanto à alternativa mais adequada.
Figura 1: Etapas do Auxílio Multicritério à Decisão.
Fonte: Galves (2005)
O estudo desenvolvido enfatiza a etapa de estruturação, levando em consideração a
necessidade de melhorar o desempenho da cadeia de suprimentos para entrega urbana na
região central de Campinas.
A estruturação é um processo no qual se caracteriza o contexto de decisão e se identificam
os objetivos fundamentais, que expressam os valores dos atores (KEENEY, 1992). Para
auxiliar a identificação dos objetivos fundamentais, utilizou-se o método do mapa
cognitivo (EDEN, 1988). Um mapa cognitivo é uma representação gráfica, construída a
partir do discurso que um ator faz sobre sua maneira de conceber um problema de decisão.
Os nós do mapa são conceitos (por exemplo, ideias, argumentos e preocupações) ligados
por flechas. O mapa cognitivo foi desenvolvido com aplicação do software Decision
Explorer.
4. APLICAÇÃO
A estruturação do problema foi desenvolvida por um grupo de 3 pesquisadores em
Transportes, com auxílio de um facilitador. As atividades desenvolvidas são descritas a
seguir.
Estruturação
1. Identificar a Situação de Decisão
2. Caracterizar o Contexto Decisório
3. Especificar Objetivos e Atributos
4. Definir Alternativas
5. Estimar os Níveis dos Atributos por
Alternativa
Avaliação
Recomendação
4.1. Caracterização do Contexto Decisório
A caracterização do contexto decisório compreendeu a definição do nível de decisão
(estratégico ou de projeto) e dos limites (temporal e geográfico) do problema, bem como a
identificação dos atores e do decisor.
Com relação ao nível de decisão, trata-se de um projeto com limite temporal de curto prazo
(1 ano). Para o limite geográfico, adotou-se a região central de Campinas representada na
figura 2, que abrange as principais vias com um elevado fluxo de mercadorias e serviços:
Avenida Francisco Glicério, Avenida Senador Saraiva, Avenida Benjamin Constant,
Avenida Orosimbo Maia, Avenida Anchieta e Avenida Dr. Moraes Sales.
Figura 2: Região Central de Campinas.
Os seguintes atores foram identificados: Fabricante, Transportador, Destinatário, Pedestres
e Motoristas de veículos da região. O decisor é o Operador Logístico.
4.2. Construção do Mapa Cognitivo
Nesta etapa, o primeiro passo foi definir um rótulo que descrevesse o problema. Desse
modo, o rótulo foi definido como “melhorar a cadeia de suprimentos para entrega urbana”.
Em seguida, definiram-se os elementos primários de avaliação (EPAs) com base no
procedimento sugerido por Keeney (1992), que consiste em perguntar a um ator quais
seriam os aspectos importantes relacionados ao problema na perspectiva de outro ator.
Esse procedimento foi aplicado pelo facilitador em reuniões com o grupo de especialistas,
que identificaram os EPAs na perspectiva de cada ator, conforme apresentado na tabela 1.
Tabela 1: Elementos Primários de Avaliação
Ator EPAs
Fabricante Custos de Estoque; Vendas; Lucro,
Avarias; Imagem Corporativa; Impactos
Ambientais; Competitividade; Preço-
Venda; Satisfação dos Clientes.
Operador Logístico Custo operacional; Nível de Serviço;
Vendas; Frota; Impactos Ambientais;
Logística Reversa.
Transportador Distribuição; Congestionamento;
Estacionamento; Impactos Ambientais;
Segurança da Mercadoria; Sistema de
Informação.
Destinatário Pontualidade nas entregas; Acessibilidade
das Pessoas, Sustentabilidade do Negócio.
Pedestres Poluição; Ruído; Segurança dos usuários.
Motoristas da Região Congestionamento; Poluição; Ruído;
Segurança dos usuários; Estacionamento.
A partir do levantamento dos EPAs, o próximo passo foi orientá-los à ação para que
fossem transformados em conceitos, representados pelo pólo positivo e o oposto. Sendo
assim, para cada pólo positivo, identificou-se o seu pólo oposto. Como exemplo, na figura
3, o conceito relacionado ao EPA “Logística Reversa” é assim definido: Implementar a
logística reversa... Não implementar.
Figura 3: Construção de um conceito a partir de um EPA.
Elem. Prim. Aval.
Perguntar sobre
pólo oposto
Implementar a
Logística Reversa
Logística
Reversa
Orientar à Ação
Implementar a Logística Reversa
...
Não implementar a Logística Reversa
A tabela 2 apresenta os conceitos definidos a partir dos EPAs.
Tabela 2: Conceitos a partir dos EPAs
EPAs Conceitos
1. Vendas Aumentar as vendas... Reduzir
2. Lucro Aumentar o lucro... Reduzir
3. Avarias Reduzir o número de avarias... Manter
4. Imagem corporativa Melhorar a imagem corporativa... Manter
5. Competitividade Aumentar a competitividade... Manter
6. Preço-Venda Reduzir o preço de venda... Aumentar
7. Satisfação Clientes Aumentar a satisfação dos clientes... Manter
8. Custo operacional Reduzir o custo operacional... Manter
9. Nível de Serviço Aumentar o nível de serviço... Manter
10. Frota Aumentar a frota... Manter
11. Logística Reversa Implementar a logística reversa... Não Implementar
12. Congestionamentos Reduzir congestionamentos... Não evitar
13. Segurança da mercadoria Ter segurança da mercadoria... Não ter
14. Sistema de Informação Implementar sistemas de informação... Não aderir
15. Pontualidade nas entregas Ter pontualidade nas entregas... Não ter
16. Acessibilidade das pessoas Manter acessibilidade das pessoas... Não manter
17. Poluição do Ar Diminuir a poluição do ar... Manter
18. Ruído Reduzir o ruído... Manter
19. Segurança dos usuários Ter segurança dos usuários... Não ter
20. Estacionamento Ter estacionamento... Não ter
21. Custos de Estoques Diminuir os custos de estoque... Manter
22. Impactos Ambientais Reduzir impactos ambientais... Não reduzir
A partir de um conceito expresso por um ator, o facilitador pode ajudá-lo a construir o
mapa cognitivo perguntando-lhe quais são os meios necessários para atingi-lo, ou então,
quais são os fins aos quais ele se destina (ENSSLIN, et al., 2001). A figura 4 mostra um
exemplo da construção do mapa, no qual os conceitos são relacionados por uma ligação de
influência. O mapa cognitivo completo é apresentado na figura 5.
Figura 4: Exemplo de construção do mapa cognitivo.
Meios
Fins Melhorar a imagem corporativa... Manter
Implementar a Logística Reversa... Não implementar
Figura 5: Mapa cognitivo para o problema em estudo.
4.3. Análise do Mapa Cognitivo
Para a análise do mapa, é necessário identificar, primeiramente, as linhas de argumentação.
Em seguida, definem-se os ramos. Por fim, aponta-se para cada ramo o conceito que é
considerado essencial e controlável; esse conceito é o objetivo fundamental do ramo
analisado. Um conceito essencial representa um aspecto de fundamental importância para
os atores e um conceito controlável refere-se a um aspecto influenciado apenas pelas ações
compatíveis com o contexto decisório.
Ensslin et al. (2001) salientam que uma linha de argumentação é formada por uma cadeia
de conceitos que começa em um conceito do qual só saem flechas e termina em um
conceito no qual só chegam flechas. Um ramo, por sua vez, é representado por uma ou
mais linhas de argumentação que demonstrem preocupações similares sobre o contexto
decisório. Na tabela 3, pode-se visualizar as linhas de argumentação, os ramos que
compõem o mapa cognitivo e os conceitos essenciais e controláveis.
Tabela 3: Ramos do Mapa Cognitivo
Ramos Linhas de Argumentação que compõem o
Ramo
Conceito (Essencial e
Controlável)
Mobilidade A8 Segurança (C21)
Custo
Operacional
A4, A5, A1 e A3 Transporte (C12)
Armazenagem (C24)
Nível de
Serviço
A6, A2, A9, A12 e A14 Pontualidade (C17) e
Avarias (C4)
Impactos
Ambientais
A10, A11 e A13 Poluição do ar (C19) e ruído
(C20)
4.4. Hierarquia dos Objetivos Fundamentais
A partir da análise do mapa, definiram-se quatro objetivos fundamentais: Nível de Serviço,
Custo Operacional, Impactos Ambientais e Segurança. Os três primeiros objetivos foram
subdivididos, conforme mostrado na figura 6.
Figura 6: Hierarquia de Objetivos Fundamentais.
4.5. Definição de Atributos
Segundo Galves (2013), a definição de atributos é uma atividade muito importante da
estruturação, pois torna mais claro o significado do objetivo a ele associado, melhora a
comunicação entre os atores do processo de decisão, contribui na geração de alternativas,
auxilia a construção de um modelo de avaliação e permite a avaliação das alternativas. É
importante ressaltar que um atributo é composto de um nome e uma escala de medida e sua
definição sempre implica julgamento de valor (KEENEY, 1992).
Nesse estudo, definiram-se sete atributos, apresentados na tabela 4. Para cada atributo,
estimou-se o melhor nível viável e o pior nível aceitável, com base na experiência do grupo
de especialistas. No caso do atributo índice de qualidade do ar, adotou-se o índice da
CETESB (2013).
Melhorar a Cadeia de
Suprimentos para Entrega Urbana
Aumentar o Nível de Serviço
Avarias Pontualidade
Reduzir o Custo
Operacional
Transporte Armazenagem
Reduzir os Impactos
Ambientais
Poluição do Ar
Ruído
Melhorar a Segurança
Tabela 4: Definição dos Atributos
Fonte: ¹CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. ² Norma ABNT
n. º 10.151 (2012).
4.6. Elaboração de Alternativas
Alternativa 1: Reduzir a frequência de entrega dos pedidos de venda dos clientes.
Esta alternativa pressupõe que os pedidos dos clientes deverão ser entregues com menor
frequência, ou seja, haverá a consolidação de um maior número de pedidos/quantidades
dos clientes.
Alternativa 2: Planejamento operacional do CD conforme a roteirizarão de distribuição.
Nesta alternativa, elimina-se parte do processo na transportadora, descrito anteriormente,
quanto ao manuseio nos terminais (não há picking). Neste novo processo é possível
eliminar as seguintes tarefas: recepção, descarga e conferência das mercadorias; triagem e
classificação das mercadorias recebidas, por “praça” de destino, permanecendo apenas as
tarefas de movimentação interna: Transporte interno até os boxes reservados para cada
Objetivo
Fundamental
Atributo Descrição Melhor
Viável
Neutro Pior
Aceitável
Reduzir
avarias
1. Avarias
(AV - %)
Relação entre a
quantidade de volumes
danificados e a
quantidade de
volumes expedidos
0,1
0,5
0,8
Atender a
pontualidade
2.
Pontualidade
(PT - %)
Relação das
entregas feitas
dentro da agenda e
o total de pedidos feitos
99
96
92
Reduzir o
custo de transportes
3. Custo de
transportes (CT -
R$/ kg)
Relação do custo do
frete e o peso transportado
0,35
0,50
0,65
Reduzir o
custo de
armazenagem
4. Custo de
armazenagem
(CA -
R$/m3)
Relação dos custos
de armazenagem e
movimentação com
o volume expedido
0,90
1,05
1,25
Diminuir a
poluição do ar
¹
5. Índice de
Qualidade do
Ar (IQA)
Índice utilizado
pela CETESB
Boa
Regular
Inadequada
Diminuir o
ruído ²
6. Nível de
Ruído (NR -
decibéis)
Nível de ruído
50
55 70
Melhorar a
segurança
7. Redução
de acidentes
(RA - %)
Redução de
acidentes em
relação à situação atual
Redução
de 50%
Redução
de 25%
Situação
Atual
“praça”; Transporte interno dos boxes até a plataforma de embarque (outra conferência) e
Carregamento dos veículos por destino.
Alternativa 3: Novo modelo de rede de transporte com a substituição do modelo LTL (Less
Than Truck Load) para o embarque direto com milk run.
O modelo substituído é caracterizado por uma operação de transportes estruturado da
seguinte forme: o volume de carga a ser transportado é pequeno, pontos de entregas
descentralizados e freqüentes, composto por rotas dentro e fora de grandes centros, no qual
é suportado por hubs intermediários para atuarem como consolidadores com outros
embarques LTL de carga para transferência e distribuição nos destinos.
Uma rota de milk run definida como alternativa 3 é aquela na qual um caminhão realiza
entregas de um único fornecedor para múltiplos destinos, ou vai de múltiplos fornecedores
para um único destino (a segunda alternativa é muito utilizada pela indústria
automobilística).
4.7. Níveis dos Atributos por Alternativa
Para cada alternativa, estima-se um nível por atributo. Esses níveis são dispostos em uma
matriz de desempenho, mostrada na tabela 5.
Tabela 5: Matriz de Desempenho
Alternativas
1. AV
(%)
2. PT
(%)
3. CT
(R$/ kg)
4. CA
(R$/m3)
5. IQA (Índ.
CETESB)
6. NR
(decibéis)
7. RA
(%)
Situação
Atual
0,6 96 0,65 1,25 Inadequada 70 Sit. Atual
1 0,5 97 0,4 1 Regular 55 Redução
de 15%
2 0,4 97 0,65 1,05 Inadequada 70 Redução de 25%
3 0,2 99 0,35 0,9 Boa 50 Redução
de 30%
O desempenho das alternativas também pode ser analisado por meio de uma matriz de
impactos (tabela 6). O símbolo 0 expressa o nível neutro, o sinal (+) indica que o atributo
está em um nível melhor que o neutro e o sinal (-) indica um nível entre o neutro e o pior
aceitável. Na situação atual, por exemplo, o nível do atributo 2 coincide com o nível neutro
e os níveis dos demais atributos estão entre o neutro e o pior aceitável.
Considera-se que a representação elaborada nessa matriz proporciona aos atores uma
melhor visualização dos impactos de cada alternativa em questão.
Atributos
Tabela 6: Matriz de Impactos
Alternativas
1. AV
(%)
2. PT
(%)
3. CT
(R$/ kg)
4. CA
(R$/m3)
5. IQA (Índ.
CETESB)
6. NR
(decibéis)
7. RA
(%)
Situação
Atual
- 0 - - - - -
1 0 + + + 0 0 -
2 + + - 0 - - 0
3 + + + + + + +
5. ANÁLISE DE RESULTADOS
Considerando a análise das alternativas em relação aos atributos, observa-se que a
alternativa 3 é a mais adequada, por ter apresentado maior quantidade de atributos com
impacto positivo. A situação atual apresentou um desempenho pior que todas as
alternativas propostas, onde o zero representou o nível neutro e o sinal negativo indicou o
nível pior aceitável, demonstrando que qualquer uma das três alternativas melhoraria a
cadeia de distribuição atual.
Por outro lado, a alternativa 3 envolve riscos, pois requer uma período maior de
implementação, bem como requer o desenvolvimento de um forte e efetivo processo
colaborativo entre os atores da cadeia de suprimentos, além de um robusto TMS
(Transportation Management System); porém, é a partir dessa alternativa que se torna
possível conseguir um melhor resultado, como apresentado.
6. CONCLUSÃO
A metodologia de auxílio multicritério à decisão proporcionou a estruturação de um
problema em distribuição urbana tendo em vista os interesses relevantes e diversos dos
atores (Operador Logístico, Fabricante, Transportador, Destinatário, Pedestres e Motoristas
de veículos da região) considerados no contexto da região central de Campinas.
As alternativas propostas atendem aos objetivos fundamentais de cada ator em
graus diferentes. Para que o decisor, representado pelo Operador Logístico, possa tomar
uma decisão melhor fundamentada, recomenda-se que seja feita a avaliação das
alternativas por meio de um método de agregação multicritério.
O processo decisório decorre de várias interações entre as preferências dos
indivíduos. Dessa forma, cabe ressaltar a importância de se desenvolver relações de
colaboração entre os atores da cadeia de suprimentos urbana no intuito de buscar melhorias
de serviços, eficiências e custos associados com o transporte e entrega.
Atributos
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Universidade Estadual de Campinas
FEC- Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo
Rua Albert Einstein, 951, Caixa Postal 6021 - Cidade Universitária Zeferino Vaz
13083-852, Barão Geraldo - Campinas - SP - Brasil