modelo de drift
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ESCOAMENTOS MULTIFÁSICOS
MODELO DE DERIVA (DRIFT FLUX MODEL)
Beethoven Narváez Romo (USP)
SISEA - Laboratório de Sistemas Energéticos Alternativos
Departamento de Engenharia Mecânica
Escola Politécnica da USP
Av. Prof. Mello Moraes, 2231, 05508-900
Cidade Universitária, São Paulo - SP
(11) 3091- 5684
www.pme.poli.usp.br/sisea
O modelo de Drift é considerado um modelo de fluxo multifásico tais que o movimento
relativo entre as fases é governado por um subconjunto dos parâmetros do fluxo. Assim,
só é aplicável para fluidos multifásicos com movimento relativo entre elas. Pela
dificuldade de medir fisicamente as condições (velocidades de escoamento das fases)
para analisar o modelo pelo método de Drift, é recomendável usar o modelo de Drift
quando aquelas variáveis podem ser determinadas por poucos parâmetros.
O modelo de Drift é importante, porque por meio desse podemos encontrar as condições
de operação (possíveis ou não possíveis, co-corrente ou contracorrente e ascendente ou
descendente). Deve-se aclarar, que as curvas onde não há interseção entre o modelo
Drift e as retas de conexão de operação entre os fluxo de operação, esse ponto torna-se
como impossível. A figura 1 apresenta alguns exemplos para identificar aquelas
condições.
Figura 1. Esquema do modelo de Drift
Casos de operação:
1. Caso A ( ): quando o fluxo de gás e o fluxo de liquido operam no
ponto OP no sentido descendente e co-corrente.
2. Caso B ( ): a aumentar o fluxo de liquido do caso A, chegou-se a
uma condição de operação impossível devido as razões anteriores de não
interseção entre as curvas.
3. Caso C ( ): quando o fluxo de gás e o fluxo de liquido operam no
ponto OP no sentido ascendente e co-corrente.
4. Caso D ( ): quando o fluxo de gás e o fluxo de liquido operam em
contracorrente, e onde existem dois pontos de operação (OP1-OP2). Ou seja,
quer dizer que a equação do modelo de Drift tem duas soluções (estado
conjugado), e, portanto se precisa de mais informação para definir o ponto de
operação.
5. Caso F (“Flooding”): se no caso D, continuamos aumentando a vazão de liquido
alcançaremos o ponto critico de operação para aquele fluxo de gás. Esse ponto
critico de operação (OPF) é ponto onde a tangente da curva de Drift coincide
com as vazões de gás e liquido.
Para fazer o equacionamento das curvas requeridas, vamos a começar com as definições
básicas de escoamentos multifásicos até chegar as gráficas de fluxos volumétricos e
fração de vazio.
Vamos a supor que temos um escoamento multifásico de gas (g) e liquido (f) (duas
fases). O objetivo é analisar baixo o modelo de Drift as condições de operação que
podemos ter. Pelo que o fluxo volumétrico total ( ) pode ser expresso como a suma dos
fluxos dos componentes individuais ( ),
(1)
Para o fluxo mássico ( ) podemos escrever como:
(2)
Para as velocidades relativas ente as fases especificas se podem relacionar como:
(3)
Para determinar as propriedades, é importante definir a fração de vazio. Pode-se
escrever o fluxo volumétrico por unidade de área ( ) em função da velocidade das fases
e a fração de volume. A equação (4) relaciona aqueles termos do seguinte jeito.
(4)
Como temos dos componentes, podemos dizer que:
(5)
Também podemos relacionar o titulo volumétrico ( ) dos componentes como:
(6)
Assim como já falamos da fração de vazio, também é importante mencionar a fração
mássica ( ), já que para escoamentos multifásicos onde não existe transferência de
massa esse parâmetro permanece constante para toda condição do fluxo.
(7)
Do mesmo jeito podemos escrever a densidade ( ) da mistura para um fluido
multifásico que contem só duas fases como:
(8)
Para outras propriedades como a entropia também existem relações matemáticas. Por
exemplo, para a entalpia ( ) e entropia ( ) podemos trabalhar com as seguintes relações
respectivamente:
(9)
Com as equações anteriores podemos trabalhar para encontrar as propriedades dos
fluidos, e assim poder definir e estudar as condições de operação.
O fluxo volumétrico por unidade de área ou a velocidade de Drift ( ) para duas fases é
definida como:
(10)
Também se pode escrever como,
) (12)
Ou rearranjando as equações (12) podemos também escrever o fluxo volumétrico de
Drift em função da fração de vazio como:
(13)
Vamos a usar as equações (13) para deixar em função de ou em função de
para poder ver os comportamento de aquelas variáveis. Assim, temos as seguintes
relações:
(14)
(15)
Trabalhando na forma adimensional, onde:
(16)
Podem-se escrever as equações:
(17)
(18)
Para complementar com o grupo de equações vamos escrever as velocidades
superficiais na condição de “flooding” em função da fração de vazio como parâmetro.
Assim temos:
(19)
(20)
Aplicando as equações (16) podemos também escrever em forma adimensional como:
(21)
(22)
Para obter a gráfica (2), usamos as equações (18) e (22). A gráfica apresenta variações
de fluxo de ( ) para diferentes valores da fração de vazio.
Na gráfica 2 e 3 podemos identificar as regiões importantes:
1. Fluxo co-corrente: quando e
tem a mesmo sinal (positiva ou negativa).
Quando seja positiva será em ascendente, e no caso contrario descendente.
2. Fluxo contracorrente: quando e
tem sinais contrarias. Um positivo e
outro negativo ou vice-versa.
3. Fluxo de diferentes pontos de operação: outro ponto importante de olhar é que
para um mesmo valor de existem dos pontos de operação
que se
conheceu como a conjugada de estado.
4. Fluxo impossível: quando, por exemplo, fixamos um valor para , e quer-se
escolher um ponto de operação tais que a curva
nunca tem relação com
aquele ponto em toda a sua trajetória. Escolheram-se o valor de ,
assim podemos ver que não existe nenhum valor na qual o sistema pode
ser operado.
5. Fluxo de “flooding”: acontece quando as curvas de interceptam a curva de
“flooding”. Como se pode ver, só existe um ponto para cada valor de . É
importante ver que para os fluxos negativos de gás embora de que se pode
chegar a um ponto de operação, não se pode chegar a condição de “flooding”
para esse requerimento.
Como se pôde observar, o modelo de Drift é importante porque nos da umas condições
especificas de operação, e, portanto põe limitações a condições que possivelmente não
vão a existir se não respeitam-se uns requerimentos mínimos. As condições de
“flooding” são de extensa aplicabilidade em sistemas de segurança de reatores
nucleares, e também são utilizadas em equipamentos de transferência de calor, refluxo
de condensação, analises da “film” descendente, etc.
Figura 2. Comportamento das curvas de fluxo liquido variando o fluxo de gás e a fração de vazio.
Figura 2. Comportamento das curvas de fluxo gás variando o fluxo de líquido e a fração de vazio.