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Modelação por elementos finitos de uma câmara hipobárica para definição de localizações críticas a instrumentar André Filipe Martins Damas Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Mecânica Orientadores: Prof.ª Virgínia Isabel Monteiro Nabais Infante Cap. Bruno António Serrasqueiro Serrano Júri Presidente: Prof. João Orlando Marques Gameiro Folgado Orientador: Prof.ª Virgínia Isabel Monteiro Nabais Infante Vogal: Prof. Augusto Manuel Moura Moita de Deu Novembro 2016

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Modelação por elementos finitos de uma câmara

hipobárica para definição de localizações críticas a

instrumentar

André Filipe Martins Damas

Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Mecânica

Orientadores: Prof.ª Virgínia Isabel Monteiro Nabais Infante

Cap. Bruno António Serrasqueiro Serrano

Júri

Presidente: Prof. João Orlando Marques Gameiro Folgado

Orientador: Prof.ª Virgínia Isabel Monteiro Nabais Infante

Vogal: Prof. Augusto Manuel Moura Moita de Deu

Novembro 2016

i

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, estimaria agradecer o apoio da professora Virgínia Infante, minha

orientadora académica, pela disponibilidade demonstrada, constante motivação e todo apoio

cedido para a realização desta Tese de Mestrado.

Gostaria de agradecer também ao Capitão Bruno Serrano por toda a ajuda crucial na área

dos elementos finitos, que, de uma forma simples e eficaz, encontrou sempre solução para as

minhas dúvidas mais complicadas.

Agradeço também a toda a equipa da Secção de Treino Fisiológico que me acompanhou em

todas as visitas à câmara, recebendo-me sempre da melhor maneira e apoiando-me em todas

as minhas necessidades para o desenvolvimento do trabalho.

Um grande obrigado à professora Isabel Castilho pela amabilidade de ter lido a tese e ter feito a

última revisão linguística.

Ao longo de toda a vida académica no técnico, tive um grupo de colegas que me acompanhou

e que me ajudou também nesta fase final. A todos eles um enorme obrigado, especialmente ao

Miguel Onofre Gomes, ao Victor Castilho e ao Diogo Nunes.

Quero agradecer também ao meu amigo de longa data, João Pedro Namora, por toda a

motivação presente do começo ao final da tese de Mestrado.

Não posso esquecer a minha namorada, Cláudia Braga, por todas as horas passadas nos

nossos a fazeres universitários e pelo apoio incondicional demonstrado durante toda a minha

vida académica.

Por último, agradeço aos meus pais, pela ajuda, carinho e motivação que recebi desde

sempre, às minhas irmãs e à minha avó, que me inculcaram a inspiração necessária para a

conclusão deste empreendimento.

ii

RESUMO

Uma boa condição física é essencial na formação de qualquer militar. A câmara hipobárica

localizada no Centro de Medicina Aeronáutica da Força Aérea Portuguesa (FAP) tem como

principal função a realização de testes fisiológicos que comprovem que um indivíduo consegue

resistir a uma atmosfera de baixo teor de oxigénio, onde existe o risco de ocorrência de hipoxia.

A presente dissertação descreve a modelação em elementos finitos desta câmara para a

determinação dos locais críticos de deformação do material que a constitui, de forma a realizar

a futura instrumentação desses locais através de um sistema de extensometria.

Foi realizado um estudo dos possíveis sistemas para a instrumentação da câmara, através

de uma pesquisa alargada e contacto com empresas especializadas no ramo. Verificou-se que

um sistema de captação de dados em tempo real seria o mais indicado para o que seria

pretendido pela FAP.

Face ao fenómeno físico associado à deformação da câmara, verificou-se que a conjugação

do diferencial de pressão com as condições atmosféricas da norma International Standard

Atmosphere (ISA) tornou possível a determinação do carregamento físico para cada altitude

considerada.

A validação do modelo de elementos finitos foi realizada recorrendo a um relatório de uma

primeira instrumentação realizada na câmara em 1995, pelo Instituto Superior Técnico (IST).

Os resultados obtidos revelam que o modelo atinge valores de extensão e tensão próximos

aos obtidos no primeiro relatório. O modelo foi testado a diversas altitudes, tendo sido

determinadas quatro localizações críticas para posterior instrumentação.

Palavras-chave: Câmara hipobárica, método dos elementos finitos, instrumentação,

extensometria.

iii

ABSTRACT

The maintenance of physical health is essential for military training. The hypobaric chamber

located at the aeromedical center of the Portuguese Air Force (PAF) has the main function to

carry out physiological tests to prove that an individual can resist to a low oxygen content

atmosphere, where the risk of hypoxia rises.

This work describes the finite element modeling of this chamber for the determination of the

critical local deformation of its material, in order to perform future instrumentation of these

locations through a strain gages system.

A study of the possible systems for the instrumentation of the chamber has been conducted

through extensive research and contact with specialized companies. It was verified that a real

time data capture system would be more suitable for PAF intended use.

Concerning the physical phenomenon associated with the deformation of the chamber, it was

found that the combination of the pressure differential and the atmospheric conditions of the

International Standard Atmosphere (ISA) enabled the determination of the physical load for each

considered altitude.

The validation of the finite element model was performed using a report of the first

instrumentation held in the chamber in 1995 by Instituto Superior Técnico (IST).

The results show that the model reaches values of strain and stress near to the ones obtained

in the first report. The model was tested at different altitudes and four critical locations for

subsequent instrumentation have been determined.

Keywords: Hypobaric chamber, finite element method, instrumentation, strain gages.

iv

ÍNDICE

Agradecimentos.............................................................................................................................. i

Resumo .......................................................................................................................................... ii

Abstract ......................................................................................................................................... iii

Lista de tabelas ............................................................................................................................. vi

Lista de figuras ............................................................................................................................. vii

Lista de abreviaturas ..................................................................................................................... ix

Lista de Símbolos .......................................................................................................................... ix

1. Introdução .............................................................................................................................. 1

1.1 Âmbito ........................................................................................................................... 1

1.2. Objetivos ........................................................................................................................ 1

1.3. Estrutura da dissertação ............................................................................................... 2

2. Estado da Arte ....................................................................................................................... 4

2.1. Estado de hipoxia ............................................................................................................... 4

2.2. A câmara hipobárica .......................................................................................................... 5

................................................................................................................................................... 6

2.3. Comportamento mecânico de um aço estrutural ............................................................... 7

2.4. Enquadramento histórico ................................................................................................... 8

2.5. Dados da primeira instrumentação na câmara ................................................................ 10

2.6. Sistema para instrumentação da câmara hipobárica ....................................................... 11

2.6.1. Sistema de medição ............................................................................................ 12

2.6.2. Programação em Labview ................................................................................... 13

2.6.3. CompactDAQ ...................................................................................................... 14

2.6.4. Módulo NI 9235 ................................................................................................... 15

2.6.5. Extensómetros ..................................................................................................... 16

2.7. Medição de extensão superficial através de um extensómetro .................................. 18

3. Modelo de elementos finitos .................................................................................................... 20

3.1. Tipo de elementos utilizados no MEF .............................................................................. 20

3.1.1. Elemento casca (SHELL181) .................................................................................... 21

3.1.2. Elemento Viga (BEAM188) ....................................................................................... 22

3.2. Secções ............................................................................................................................ 22

3.3. Construção do modelo no ANSYS mechanical APDL ..................................................... 23

3.4. Condições de fronteira ..................................................................................................... 26

3.5. Condições de carregamento ............................................................................................ 27

3.5.1. A pressão como condição de carregamento ............................................................. 27

3.5.2. Norma International Standard Atmosphere (ISA) ..................................................... 29

3.5.3. Aplicação do carregamento no ANSYS .................................................................... 31

4. Análise de Resultados ............................................................................................................. 34

v

4.1. Convergência da malha ................................................................................................... 34

4.2. Validação do modelo de elementos finitos ....................................................................... 37

4.2.1. Carregamento correspondente a uma altitude de 35000 pés ................................... 38

4.2.2. Carregamento correspondente a uma altitude de 70000 pés ................................... 40

4.2.3. Comparação de resultados ....................................................................................... 42

4.3. Análise dos dois compartimentos da câmara com carregamentos distintos ................... 43

4.3.1. Carregamento correspondente a altitude de 25000 pés e 0 pés na antecâmara ..... 44

4.3.2. Carregamento correspondente a uma altitude de 20000 pés na câmara e 25000 pés

na antecâmara ..................................................................................................................... 46

4.4. Avaliação do carregamento a partir do qual a câmara atinge a cedência ....................... 47

4.5. Determinação dos pontos críticos a ser instrumentados ................................................. 49

4.6. Definição do sistema de instrumentação ............................................................................. 51

5. Conclusões e perspectivas de trabalho futuro ........................................................................ 53

6. Referências bibliográficas ....................................................................................................... 55

..................................................................................................................................................... 57

ANEXOS ...................................................................................................................................... 57

ANEXO A – Lista de keypoints Para construção - MEF ............................................................. 57

ANEXO B – Perfis de vigas utilizados - MEF .............................................................................. 63

ANEXO C – Cálculo de forças de contacto ................................................................................. 65

ANEXO D – Resultados análises convergência da malha ......................................................... 66

vi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Alterações na pressão barométrica e PO2 inspirado com a altitude. [5] ................... 4 Tabela 2 – Propriedades do aço estrutural RST 37-2. [8,17] ....................................................... 7 Tabela 3 – Composição química do aço estrutural RST 37-2. [8] ................................................ 7 Tabela 4 – Valores de extensão e tensão retirados do relatório referente à primeira

instrumentação. [17] .................................................................................................................... 11 Tabela 5 – Propriedades dos extensómetros escolhidos. [22] ................................................... 18 Tabela 6 – Unidades sistema /MPa [26]. .................................................................................... 23 Tabela 7 – Propriedades da atmosfera ao nível do mar. ........................................................... 29 Tabela 8 – Valores de carregamentos correspondentes a várias altitudes. .............................. 32 Tabela 9 – Valores de tensão e extensão máximos registados para os vários tipos de malha. 35 Tabela 10 – Representação das coordenadas dos nós correspondentes as zonas em análise

através do MEF ........................................................................................................................... 38 Tabela 11 – Resultados obtidos no MEF para um carregamento correspondente a 35000 pés

nos locais correspondentes à primeira instrumentação. ............................................................. 40 Tabela 12 – Resultados obtidos no MEF para um carregamento correspondente a 70000 pés

nos locais correspondentes à primeira instrumentação. ............................................................. 41 Tabela 13 – Comparação de resultados - Local 1. .................................................................... 42 Tabela 14 – Comparação de resultados - Local 2. .................................................................... 42 Tabela 15 – Comparação de resultados - Local 3. .................................................................... 42 Tabela 16 – Comparação de resultados - Local 4. .................................................................... 42 Tabela 17 – Média do erro e desvio padrão ............................................................................... 43 Tabela 18 – Tensão equivalente de Von Mises máxima registada para vários valores de

carregamento exterior. ................................................................................................................ 47 Tabela 19 – Valores de extensão do MEF registados nos locais escolhidos para a

instrumentação da câmara hipobárica com uma pressão exterior aplicada de 0.101 MPa. ...... 52 Tabela 20 – Dimensões do perfil correspondente a viga em T .................................................. 63 Tabela 21 – Dimensões do perfil correspondente a viga em L .................................................. 63 Tabela 22 – Dimensões do perfil correspondente a viga em C .................................................. 64 Tabela 23 – Dimensões do perfil correspondente à viga quadrangular simples ........................ 64 Tabela 24 – Cálculo das forças de contacto para 35000 pés .................................................... 65 Tabela 25 – Cálculo das forças de contacto para 70000 pés .................................................... 65 Tabela 26 – Cálculo das forças de contacto para 100000 pés .................................................. 65 Tabela 27 – Cálculo das forças de contacto para 100000 pés uma pressão exterior,

correspondente a 101325 Pa ...................................................................................................... 65

vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Esquema sequencial de etapas de trabalho. .............................................................. 2 Figura 2 – Câmara hipobárica da Secção de treino fisiológico. ................................................... 5 Figura 3 – Perfil de voo básico. .................................................................................................... 6 Figura 4 – Curva tensão/extensão de um aço estrutural. ............................................................ 7 Figura 5 – Deformada de conduta de secção quadrangular com pressão exterior aplicada de

0,00131 MPa. ................................................................................................................................ 9 Figura 6 – Identificação das zonas instrumentadas na primeira intervenção da câmara. [17] .. 10 Figura 7 – Esquema representativo do funcionamento do sistema. .......................................... 13 Figura 8 – Exemplo do ambiente de programação LabVIEW. [21] ............................................ 14 Figura 9 – Chassis do CompactDAQ Ethernet. [21]................................................................... 15 Figura 10 – Módulo NI 9235. [21] ............................................................................................... 15 Figura 11 – Representação esquemática do conceito de extensão. [21] .................................. 16 Figura 12 – Exemplo da ligação em circuito de uma ponte de Wheatstone. Adaptado de [21]. 16 Figura 13 – Representação dos componentes do extensómetro. [14] ...................................... 17 Figura 14 – Extensómetros (1-LY11-3/120). [22] ....................................................................... 18 Figura 15 – Representação esquemática do posicionamento de extensómetros. [18] ............. 19 Figura 16 – Elemento SHELL181. [26] ....................................................................................... 21 Figura 17 – Elemento BEAM188. [26] ........................................................................................ 22 Figura 18 – Equipamento de ultrassons. [27] ............................................................................. 23 Figura 19 – (a) Representação exterior do modelo CAD SOLIDWORKS (b) Representação

interior do modelo CAD SOLIDWORKS (c) Representação exterior do modelo projetado no

ANSYS (d) Representação interior do modelo projetado no ANSYS ......................................... 25 Figura 20 – Vigamento do modelo de elementos finitos. ........................................................... 26 Figura 21 – Condições de fronteira do modelo de elementos finitos. ........................................ 27 Figura 22 - Elemento de volume localizado na parede da câmara hipobárica. ......................... 28 Figura 23 - Variação de pressão num elemento de volume da atmosfera. ............................... 29 Figura 24 – Variação da temperatura em função da altitude na troposfera [30] ........................ 30 Figura 25 – Representação da aplicação de um carregamento de pressão distribuída no

ANSYS. ....................................................................................................................................... 32 Figura 26 – Representação do resultado da utilização do elemento MPC184 .......................... 33 Figura 27 – Apresentação da análise final do MEF. .................................................................. 33 Figura 28 – (a) identificação da zona em análise (b) pormenor da zona de maior gradiente de

tensões ........................................................................................................................................ 35 Figura 29 – Análise da convergência dos vários tipos de malha relativamente ao valor de

tensão. ......................................................................................................................................... 36 Figura 30 – Análise da convergência dos vários tipos de malha relativamente ao valor de

extensão. ..................................................................................................................................... 36 Figura 31 – Identificação das zonas em análise através do MEF.............................................. 38 Figura 32 –Tensão Equivalente Von Mises - Carregamento correspondente a uma altitude de

35000 pés. ................................................................................................................................... 39 Figura 33 – Extensão Equivalente Von Mises - Carregamento correspondente a uma altitude

de 35000 pés. .............................................................................................................................. 39 Figura 34 – Tensão Equivalente Von Mises - Carregamento correspondente a uma altitude de

70000 pés. ................................................................................................................................... 40 Figura 35 – Extensão Equivalente Von Mises – Carregamento correspondente a uma altitude

de 70000 pés. .............................................................................................................................. 41 Figura 36 – Identificação dos dois compartimentos da câmara hipobárica. .............................. 44 Figura 37 – Tensão Equivalente Von Mises - Análise com carregamento correspondente a

25000 pés na câmara e 0 pés na antecâmara. ........................................................................... 45 Figura 38 – Extensão Equivalente Von Mises - Análise com carregamento correspondente a

25000 pés na câmara e 0 pés na antecâmara. ........................................................................... 45

viii

Figura 39 – Tensão Equivalente Von Mises – Análise com carregamento correspondente a

20000 pés na câmara e 25000 pés na antecâmara. .................................................................. 46 Figura 40 – Extensão Equivalente Von Mises – Análise com carregamento correspondente a

20000 pés na câmara e 25000 pés na antecâmara. .................................................................. 46 Figura 41 – Evolução da tensão de equivalente de Von Mises em função do carregamento

exterior. ........................................................................................................................................ 48 Figura 42 – Tensão Equivalente Von Mises – Análise com carregamento correspondente a

20000 pés na câmara e 25000 pés na antecâmara. .................................................................. 49 Figura 43 – Tensão Equivalente Von Mises para uma análise de pressão exterior aplicada de

0.107 MPa. .................................................................................................................................. 50 Figura 44 – Extensão Equivalente de Von Mises para uma análise de carregamento

equivalente a uma altitude de 100000 pés ................................................................................. 51 Figura 45 – Configuração instalação extensómetros ................................................................. 52 Figura 46 – Orientação da câmara no espaço ........................................................................... 62 Figura 47 – Perfil Viga em T ....................................................................................................... 63 Figura 48 – Perfil viga em L ....................................................................................................... 63 Figura 49 – Perfil viga em C ....................................................................................................... 64 Figura 50 – Perfil viga quadrangular simples ............................................................................. 64 Figura 51 – Malha de 1361 elementos ....................................................................................... 66 Figura 52 – Tensão equivalente de Von Mises malha de 1361 elementos ............................... 66 Figura 53 – Extensão equivalente de Von Mises malha de 1361 elementos ............................ 67 Figura 54 – Malha de 3961 elementos ....................................................................................... 67 Figura 55 – Tensão equivalente de Von Mises malha de 3961 elementos ............................... 68 Figura 56 – Extensão equivalente de Von Mises malha de 3961 elementos ............................ 68 Figura 57 – Malha de 55608 elementos ..................................................................................... 69 Figura 58 – Tensão equivalente de Von Mises malha de 55608 elementos ............................. 69 Figura 59 – Extensão equivalente de Von Mises malha de 55608 elementos .......................... 70

ix

LISTA DE ABREVIATURAS

ADC Analogic to digital conversion

CAD Computer-aided design

DEP Direção de Engenharia e Programas

FAP Força Aérea Portuguesa

GF Gage fator

ISA International Standard Atmosphere

IST Instituto Superior Técnico

MEF Métodos dos elementos finitos

NI National Instruments

PN Pessoal Navegante

SOGA Saltador Operacional a Grande Altitude

LISTA DE SÍMBOLOS

ε – Extensão

σ - Tensão

θ – Amplitude angular

ρ – Densidade do ar atmosférico

ρ0 – Densidade do ar atmosférico à superfície do planeta Terra

ϕ – Ângulo do referencial de extensões e tensões principais

a0 – Velocidade do som à superfície do planeta Terra

p – Pressão atmosférica

pe – Pressão atmosférica exterior à câmara hipobárica

pi – Pressão atmosférica interior à câmara hipobárica

E – Módulo de elasticidade

F – Força

R – Constante dos gases perfeitos

g – Aceleração da gravidade

g0 - Aceleração da gravidade à superfície do planeta Terra

h – Altura

kS – Quilosiemens

T - Temperatura

1

1. INTRODUÇÃO

1.1 Âmbito

A Força Aérea Portuguesa (FAP) é responsável pela defesa do espaço aéreo nacional. A

FAP dispõe, entre outros, de aviões F-16, cuja altitude de operação pode ir até aos 50000 pés.

A esta altitude, a carência de oxigénio é um fator debilitante para o organismo humano. Torna-

se, então, necessária a intervenção da medicina aeronáutica, de forma a garantir não só a

segurança do operador mas também a eliminar os acidentes aéreos.

A medicina aeronáutica é responsável pela monitorização e controlo das tripulações e

também pelo treino de condições fisiológicas em ambiente seguro e controlado. A simulação de

ambientes onde ocorra hipoxia em condições rigorosamente controladas permite treinar em

segurança um piloto ou tripulante, de forma a prevenir acidentes aeronáuticos. [1]

Para ser possível criar condições de treino nesse tipo de ambiente, é necessário que haja

infraestruturas seguras onde possam ser realizados estes testes. A engenharia toma parte

importante na manutenção e desenvolvimento deste tipo de infraestruturas. Através do

conhecimento dos fenómenos físicos que ocorrem tanto em aeronaves como noutras

infraestruturas, a manutenção de equipamentos procura prever possíveis falhas ou avarias. [2]

A câmara hipobárica é um equipamento que é utilizado para a execução de testes

fisiológicos, tratando-se também de uma infraestrutura que requer uma análise periódica para a

prevenção de falhas e avarias. Devido ao plano de manutenção que tem implementado, a

Direção de Engenharia e Programas (DEP) da FAP, realiza a cada 15 anos inspeções e ações

de manutenção que tornam fiável a operação da câmara hipobárica.

1.2. Objetivos

A presente dissertação de mestrado centra-se na análise da deformação mecânica da

câmara hipobárica localizada no hospital militar. O objetivo geral é determinar os pontos críticos

onde a extensão da infraestrutura atinge valores elevados, para que nesses pontos sejam

instalados extensómetros permitindo a monitorização contínua da câmara durante o seu

funcionamento. Para isso é utilizado o método dos elementos finitos (MEF) através da aplicação

do software ANSYS mechanical APDL. Esta monitorização procura evitar possíveis fraturas na

câmara, tomando parte ativa na manutenção preventiva da mesma. Tendo em conta estas

premissas, os objetivos específicos deste trabalho são os seguintes:

Definição de um sistema que irá ao encontro dos requisitos definidos pela DEP; 1

2

O trabalho, que ora se apresenta sob a forma de dissertação, foi desenvolvido para alcançar

os objetivos propostos e está organizado por etapas, segundo o esquema representado na figura

1.

Figura 1 – Esquema sequencial de etapas de trabalho.

1.3. Estrutura da dissertação

A presente dissertação de mestrado encontra-se estruturada em cinco capítulos, sendo o

primeiro a introdução, onde se apresentam os conceitos fundamentais para a compreensão do

seu conteúdo.

O segundo capítulo, denominado estado da arte, apresenta os principais motivos que deram

origem a este projeto, uma revisão teórica do que já foi investigado dentro da mesma área

científica, assim como a apresentação dos resultados da primeira instrumentação da câmara

hipobárica. Este capítulo exibe também a descrição da pesquisa realizada no sentido de definir

Determinação das zonas críticas através da análise da estrutura num software de

elementos finitos (ANSYS) onde posteriormente serão colocados os extensómetros;

2

3 Validação do modelo de elementos finitos;

4 Realização de várias análises que permitam estudar o comportamento mecânico do

material da câmara;

5 Estudo da integridade estrutural da câmara.

Definição do tipo

de sistema para

instrumentação

Estudo de

mercado e

orçamentação

Construção do

modelo de

elementos finitos

Validação do

modelo através

da primeira

instrumentação

verificada na

câmara

Determinação de

pontos críticos

para a

instrumentação

3

o sistema para instrumentação da câmara. Faz-se apenas referência a uma hipótese de sistema

a poder implementar-se, sendo que o principal objetivo da dissertação é a determinação dos

locais de instrumentação e não a implementação do sistema. No final, é feita referência às

fórmulas necessárias para a determinação da extensão a partir dos sensores utilizados.

O terceiro capítulo apresenta o método para a construção da análise computacional através

de elementos finitos que torna possível a definição dos pontos críticos para a instrumentação.

Neste capítulo são abordados os conceitos necessários para a determinação do carregamento

imposto na estrutura analisada, assim como as normas utilizadas. Sendo o modelo validado,

serve também como uma ferramenta para estimar o comportamento mecânico da câmara.

No quarto capítulo, são apresentados os principais resultados obtidos através do MEF, após

apresentada a sua validação e estudo da convergência de malha. Nesta parte da dissertação,

são apresentados também os estudos efetuados que levaram à determinação das zonas críticas

a ser instrumentadas assim como os resultados obtidos. Neste último capítulo, é feita a definição

de um possível sistema a utilizar assim como a localização e configuração de extensómetros a

ser utilizada nesse sistema

Finalmente, o quinto capítulo regista as principais conclusões do trabalho.

4

2. ESTADO DA ARTE

O Estado da Arte é uma das partes mais relevantes de um trabalho de investigação, uma

vez que faz referência aos desenvolvimentos pertinentes relativamente ao tema que está a ser

investigado. Desta forma, põe de parte o irrelevante, mostrando o que mais contribui, a nível

científico, para o trabalho realizado.

Neste capítulo, faz-se a apresentação do que motivou a realização deste trabalho,

apresentando também um enquadramento histórico dos estudos relacionados com o tema nele

abordado. Este capítulo é dedicado também à exposição dos dados do relatório referente à

primeira instrumentação realizada na câmara.

No final, é apresentada a sugestão do sistema de extensometria que resultou da pesquisa

e consulta de empresas do ramo, assim como uma breve referência à teoria ligada à medição

dos extensómetros.

2.1. Estado de hipoxia

A atmosfera que circunda o planeta Terra não é uniforme. Na troposfera, porção mais baixa

da atmosfera terreste, verifica-se um decréscimo da temperatura de 6.5ºC por cada 1000m. [3]

Da mesma maneira, a pressão atmosférica diminui com o aumento da altitude. Desta forma, os

ambientes a elevada altitude são caracterizados por baixas pressões parciais de oxigénio (PO2-

Tabela 1) relativamente a ambientes de baixa altitude e latitude semelhante. [4]

Tabela 1 – Alterações na pressão barométrica e PO2 inspirado com a altitude. [5]

5

Após a ascensão a elevadas altitudes, há um decréscimo na oxigenação do sangue e, por

conseguinte, um desajuste da distribuição de O2 nos tecidos periféricos. [3] Esta condição é

vulgarmente designada por hipoxia e é definida como a privação da quantidade de oxigénio

necessário ao normal funcionamento das células, desencadeando uma sucessão de respostas

fisiológicas. A falta de oxigenação pode levar a alterações tais como a mudança da cor da pele,

transpiração, perda de raciocínio e aumento da frequência cardíaca. [6]

Como já foi referido no primeiro capítulo, a FAP é responsável pela segurança do espaço

aéreo, possuindo diversas aeronaves que circulam no espaço aéreo a altitudes onde existe o

risco de ocorrência de hipoxia. Este estado leva a alterações comportamentais e psicológicas

que prejudicam a operação dos militares da FAP; é por isso crucial o teste da sua resistência às

condições de atmosfera em elevada altitude.

2.2. A câmara hipobárica

A Secção de Treino Fisiológica (STF) pertence ao centro de medicina aeronáutica. Esta

secção é responsável pela avaliação de competências fisiológicas do Pessoal Navegante (PN).

Entende-se como Pessoal Navegante o piloto e/ou os tripulantes de uma aeronave. A secção de

treino fisiológica dispõe de uma câmara de altitude designada por câmara hipobárica (figura 2),

a única existente em território nacional. Esta câmara permite criar uma atmosfera de baixa

pressão no seu interior, propiciando condições que se assemelham às condições de uma

atmosfera a elevadas altitudes. [1]

A câmara hipobárica tem uma forma paralelepipédica com um comprimento de

aproximadamente 5 metros e uma altura e largura próximas de 2 metros. Encontra-se dividida

em dois compartimentos: uma câmara que ocupa a maior área e uma pequena câmara, utilizada

em caso de evacuação.

Figura 2 – Câmara hipobárica da Secção de treino fisiológico.

6

*O termo refrescamento define-se no ramo militar como a repetição de um teste para a recapitulação dos principais

conteúdos estudados

Para cada sessão de testes, é realizado um perfil de voo específico, dependente do tipo de

classe militar que está a ser testado. Atualmente, existem quatro tipos de perfis de voos:

Básico;

Refrescamento* de caças;

Refrescamento de SOGA’s (Saltador Operacional a Grande Altitude);

Refrescamento transportes/helicóptero.

Para cada tipo de perfil de voo, a câmara é submetida a diferentes altitudes, simuladas

através da pressão negativa existente dentro da câmara. O ar é extraído através de uma bomba

de vácuo, criando, assim, uma pressão negativa dentro da câmara, relativamente à pressão

atmosférica ambiente.

Na figura 3, está representado o perfil básico de voo que qualquer tripulante tem de realizar.

Tal como se pode verificar, durante o teste, a câmara é sujeita a uma altitude compreendida

entre 0 e 25000 pés, permanecendo alguns minutos a 25000 pés e 18000 pés, onde são feitos

vários testes fisiológicos. [7]

Figura 3 – Perfil de voo básico.

Devido às constantes variações de pressão, resultado das oscilações de altitude de cada

perfil de voo, a câmara encontra-se sujeita a esforços físicos de elevada intensidade nas suas

paredes. A extração do ar do seu interior é responsável por esse esforço físico que provoca

fadiga no material que constitui a câmara hipobárica.

7

2.3. Comportamento mecânico de um aço estrutural

O material que constitui a câmara é um aço estrutural, conhecido com RST 37-2, segundo

a norma DIN 17100. As propriedades estruturais deste tipo de aço estão apresentadas na tabela

2 e a sua composição na tabela 3.

Tabela 2 – Propriedades do aço estrutural RST 37-2. [8,17]

Propriedade Valor

Módulo de Elasticidade 200 GPa

Coeficiente de Poisson 0.3

Densidade 7860*10-9 kg/mm3

Tensão de Cedência 282 MPa

Tensão de Rotura 416 MPa

Extensão de Rotura 35 %

Tenacidade à fratura 2400 MPa.mm1/2

Tabela 3 – Composição química do aço estrutural RST 37-2. [8]

Elemento Carbono Ferro Manganês Fósforo Silício Enxofre

% 0.35 98 0.9 0.04 0.15-0.4 0.05

A instrumentação tem como objetivo monitorizar a deformação do material da câmara hipobárica,

pelo que é importante determinar a partir de que ponto o material atinge uma deformação

irreversível. Para isto, é importante entender o conceito de plasticidade e elasticidade.

Um aço estrutural tem uma curva típica tensão/extensão que está definida na figura 4.

Figura 4 – Curva tensão/extensão de um aço estrutural.

8

Como se pode constatar, a tensão tem um comportamento linear até à tensão de cedência

do material. Nesta zona, o comportamento do material é elástico, ou seja, o material vai recuperar

toda a deformação sofrida, não assumindo, assim, nenhum alongamento permanente. Nesta

zona, pode aplicar-se a lei de Hooke (equação 1), característica do domínio elástico.

𝜎 = 𝐸𝜀 (1)

Após a tensão de cedência, o material entra numa zona de deformação em domínio plástico.

O comportamento mecânico do material é não-linear e a deformação sofrida pelo material neste

domínio é irreversível. O ideal será que o material que constitui a câmara hipobárica nunca

chegue a entrar em deformação plástica. Desta forma, evita-se o risco de uma fratura acidental

do material.

2.4. Enquadramento histórico

Para um melhor entendimento dos conceitos teóricos envolvidos no tema da dissertação,

é necessário o conhecimento de estudos que foram previamente desenvolvidos no mesmo

contexto. Tendo sido este tema já explorado na comunidade científica, as descobertas feitas ao

longo dos anos contribuíram para um avanço no campo de conhecimento relativo à aplicação do

MEF a câmaras hipobáricas, mesmo que estes estudos não estejam diretamente relacionados

com as mesmas.

Driesen (1998) realizou o estudo da integridade estrutural de uma conduta retangular

sobre elevada pressão externa. [9] Para este estudo, utilizou o método dos elementos finitos,

através da utilização de elementos de volume. Concluiu que os efeitos de grande rotação e

deformação são importantes para a avaliação da integridade estrutural deste tipo de

componentes. A deformada da análise do MEF está representada na figura 5, sendo bastante

semelhante aquela que foi obtida no estudo do caso descrito nesta dissertação de Mestrado. O

carregamento representado resulta de uma pressão aplicada na superfície exterior com

intensidade de 0,00131 MPa, em todas as direções.

9

Figura 5 – Deformada de conduta de secção quadrangular com pressão exterior aplicada de 0,00131

MPa.

Jeyakumar e Christopher (2012) desenvolveram um modelo bidimensional (2D) axi

simétrico. Recorrendo ao MEF, determinaram a pressão a partir da qual um reservatório

cilíndrico, feito de aço carbono ASTM A36 e com tensões residuais em juntas soldadas, atingiria

a rotura. Uma das justificações para a utilização deste tipo de modelo é a possibilidade de

diminuição do tempo de processamento. Apesar da utilização de um modelo com elementos 2D,

os resultados a que chegaram foram bastante satisfatórios, conseguindo a validação dos

resultados obtidos no MEF relativamente à bibliografia utilizada. [10]

Saidpatil e Thakare (2014) utilizaram um modelo de elementos finitos para projetar um

reservatório cilíndrico capaz de sustentar uma pressão interior de 5 bar, com o objetivo também

de determinar a espessura que conseguisse suportar a tensão de corte máxima imposta no

material. Para o efeito, foi utilizado um modelo com o tipo de elemento casca (SHELL). [11]

Wang et al (2012), adotaram o MEF para analisar estaticamente o esforço e a estabilidade

de uma porta articulada de uma câmara de vácuo. Assumiram para isso um modelo

tridimensional (3D) para verificar as forças, assim como as distorções da zona de contacto na

câmara, tendo concluído que a gravidade seria o principal fator que influenciaria a deformação

sofrida pela câmara de vácuo. A estrutura revelou satisfazer completamente os requisitos para o

projeto deste tipo de câmaras. [12]

O estudo da aplicação de quais os tipos de elementos utilizados em análises com pressão

aplicada também é importante, uma vez que as características do elemento estão diretamente

relacionadas com a qualidade de resultados obtidos. Uma revisão do estudo dos elementos

usados para uma análise de uma superfície sob pressão distribuída trará benefícios no sentido

de determinar que elementos usar na análise do MEF para a câmara hipobárica.

10

Nos últimos anos, foram vários os investigadores que desenvolveram estudos nesta área,

tendo-se revelado que o elemento SHELL se trata de um elemento bastante utilizado e que pode

ser adequado a superfícies sob pressão como condição de carregamento.

Rotter (2012) resolveu o problema de tensão distribuída para uma casca cilíndrica

ortotrópica sob condições de tensão normal e de corte. [13] Gao (2015) descobriu que a

distribuição da tensão na junção de cascas cilíndricas ortotrópicas é quase idêntica ao regime

isotrópico, no entanto, a tensão de pico varia bastante, devido à relação do módulo de

elasticidade (para um material ortotrópico, o material possui diferentes módulos de elasticidade

nas diferentes direções). [14] Cui (2001) definiu as principais fórmulas para o cálculo de tensões

em elementos de casca cónicos. [15, 16]

2.5. Dados da primeira instrumentação na câmara

Existem várias intervenções previstas dentro do plano de manutenção da câmara

hipobárica. Entre estas intervenções, registou-se, em 1995, a instrumentação da câmara para

um estudo de extensometria. Nesta primeira intervenção, foram instalados extensómetros em

várias localizações para que nas mesmas fossem efetuadas algumas medições e testado o

comportamento mecânico da câmara.

Nesta primeira intervenção, foram consideradas quatro localizações instrumentadas e

analisadas, como está representado na figura 6.

Figura 6 – Identificação das zonas instrumentadas na primeira intervenção da câmara. [17]

11

Foram retirados os valores de tensão e extensão máxima registada em função dos

extensómetros instalados, nesta primeira intervenção. Os dados foram retirados de utilizações

da câmara com diferentes perfis de carga (pressão), denominados voos. Na tabela 3 encontram-

se representados os valores registados para cada perfil analisado no relatório. [17]

Tabela 4 – Valores de extensão e tensão retirados do relatório referente à primeira instrumentação. [17]

𝜺𝟏 [𝝁𝜺] 𝜺𝟐 [𝝁𝜺] 𝝈𝟏 [𝑴𝑷𝒂] 𝝈𝟐 [𝑴𝑷𝒂]

LOCAL 1

Voo 1 (70000 pés) -194 -71 -40,3 -12,7

Voo 2 (70000 pés) -179 -54 -37,2 -11,2

Voo 3 (35000 pés) -147 -55 -30,5 -11,3

LOCAL 2

Voo 1 (70000 pés) -117 16 -24,3 3,4

Voo 2 (70000 pés) -107 24 -22,2 5

Voo 3 (35000 pés) -89 11 -18,4 2,2

LOCAL 3

Voo 1 (70000 pés) -359 -431 -74,3 -89,2

Voo 2 (70000 pés) -351 -418 -72,6 -86,5

Voo 3 (35000 pés) -344 -293 -60,6 -71,2

LOCAL 4

Voo 1 (70000 pés) -196 480 -40,5 99

Voo 2 (70000 pés) -190 484 -39,3 100,2

Voo 3 (35000 pés) -153 375 -31,6 77,6

O presente trabalho não inclui a instalação do sistema de extensometria. Por esta razão, a

validação de resultados foi realizada com recurso às localizações consideradas neste primeiro

relatório. Os dados apresentados na tabela 3 serão usados para a validação do modelo

construído através do modelo do MEF.

Uma vez validado o modelo de seguida recomenda-se a instalação do sistema de

instrumentação nas localizações críticas da câmara para monitorização da integridade estrutural

da câmara.

2.6. Sistema para instrumentação da câmara hipobárica

Para satisfazer o funcionamento em segurança de um componente, assim como um

adequado tempo de serviço, é necessária uma manutenção constante dos equipamentos. As

intervenções periódicas previnem a possibilidade de eventuais falhas nos componentes, no

entanto, uma monitorização contínua do equipamento será mais eficaz para essa prevenção e

eventual manutenção. [2]

O sistema de instrumentação da câmara hipobárica foi pensado como uma possibilidade de

monitorizar continuamente o esforço sofrido pela mesma em operação. A tensão a que o material

está sujeito é uma boa indicação desse esforço e a sua determinação em tempo real torna

12

possível a supervisão desse carregamento. Para isso, são necessárias medições durante o

tempo de operação do mesmo componente. A instrumentação da câmara hipobárica através de

um sistema de extensometria torna possível efetuar este tipo de medições.

Um método prático e eficaz para determinar as tensões é baseado na descoberta do Cientista

Inglês Robert Hooke (1635 – 1703). [18] A conhecida lei de Hooke (ver equação 1), define uma

relação entre a tensão do material e a sua extensão em domínio elástico, ou seja, a extensão

sofrida pelo material é reversível.

A técnica principal para a medição da extensão à superfície de um corpo pode consistir na

fixação de extensómetros nas suas faces. Quando o corpo é submetido a deformação, os fios

do extensómetro sofrem alongamento/contração, em conformidade com o tipo de deformação

imposta ao corpo, alterando a sua resistência elétrica. Esta variação de resistência é proporcional

ao deslocamento do corpo e pode ser rigorosamente medida por intermédio de um circuito

elétrico, constituindo uma ponte de Wheatstone. [19]

O controlo de alta qualidade fornecido pela NI (National Instruments) foi admitido como uma

boa hipótese para a implementação de um sistema de extensometria na câmara hipobárica. A

possibilidade de implementar sistemas de medição eficientes é uma das aplicações cedidas por

esta empresa.

2.6.1. Sistema de medição

A extensão medida através destes sensores é tem geralmente uma ordem de grandeza

bastante reduzida. Em consequência disso, as mudanças de resistência são também bastante

reduzidas e não conseguem ser medidas diretamente. [18] Para que a medição seja eficaz, o

extensómetro terá de ser introduzido num sistema de medição onde exista uma amplificação do

sinal para que, posteriormente, possa ser feita uma leitura com uma maior precisão. A

compreensão da construção deste sistema é fundamental para a instrumentação da câmara.

Para uma melhor compreensão do sistema proposto para a instrumentação da câmara

hipobárica, encontra-se representado na figura 7 um esquema que relaciona todos os

componentes já mencionados durante este capítulo. O esquema representa o fluxo de sinal neste

tipo de sistema.

13

Captação de

Dados

Processamento de

Dados

Output de Dados

Amostragem de

resultados

Medição de

extensão local

Extensómetro Módulo NI 9235 NI CompactDAQ

Ligação de Ethernet

Ecrã

Programação

em Labview

Figura 7 – Esquema representativo do funcionamento do sistema.

Primeiramente, todo o sistema tem de ser alimentado por energia elétrica de modo a que

o seu funcionamento seja possível. [18] É necessário um circuito que ligue os extensómetros à

plataforma de captação e processamento de dados NI CompactDAQ. As características deste

equipamento, assim como as relativas ao módulo NI 9235, serão explicadas neste subcapítulo.

Após a captação de dados pelo módulo NI 9235, o NI CompactDAQ faz o processamento

de dados para que, posteriormente, os mesmos possam sair como dados de leitura do sistema.

No final, esta informação terá de ser exibida para que a câmara hipobárica possa ser

monitorizada. Utilizando o software Labview, é possível a criação de uma interface própria e de

uma amostragem de resultados personalizada. A hipótese sugerida seria a apresentação dos

resultados das medições num ecrã, segundo a forma de tabelas e gráficos, para que a câmara

possa ser monitorizada em tempo real.

2.6.2. Programação em Labview

O NI Labview é um software que possui um ambiente de programação gráfico criado pela

NI, utilizado em aplicações de engenharia no desenvolvimento de sistemas de controlo

sofisticados. Trata-se de uma linguagem de programação de alto nível, adequada a aplicações

que requerem o controlo de variáveis físicas do mundo real sem a necessidade de utilizar uma

linguagem de programação de baixo nível. Permite o desenvolvimento de soluções sem o

conhecimento aprofundado de linguagens de programação de baixo nível, através da

movimentação de vários blocos que representam virtualmente o equipamento de instrumentação

14

no ambiente LabVIEW. Este tipo de linguagem é compatível com a linguagem C++ e outras

linguagens de programação de baixo nível. O LabVIEW é constituído por uma plataforma de

programação que utiliza fluxo de dados com a forma de um fluxograma composto por ícones e

fios como representado na figura 8. A execução da sequência é determinada pela sequência do

diagrama de blocos projetado. [20]

Figura 8 – Exemplo do ambiente de programação LabVIEW. [21]

A utilização do LabVIEW, em conjunto com um sistema incorporado com o NI CompactDAQ,

é uma solução viável para um sistema de controlo de extensometria. A sequência de controlo do

sistema de instrumentação é implementada através da linguagem LabVIEW no hardware, que

usa a arquitetura I/O (Input/Output) para adquirir e analisar os dados medidos através dos

extensómetros, dando uma resposta em tempo real e tendo em conta as instruções dadas pelo

utilizador no interface homem-máquina. [21]

2.6.3. CompactDAQ

O CompactDAQ é uma plataforma portátil de aquisição de dados de alta robustez com

módulos I/O que integram a conectividade e o condicionamento de sinais para que seja possível

a interface direta com qualquer sensor ou sinal. O funcionamento do CompactDAQ em conjunto

com o software LabVIEW torna possível a criação de um sistema que adquire e analisa dados

de medições. [20]

O chassis do CompactDAQ Ethernet (Figura 9) consegue a aquisição de dados para

medições remotas de sinais elétricos e sensores, sendo apropriado para sistemas distribuídos

de medição. O chassis dispõe de quatro slots, onde são colocados módulos E/S que poderão ter

variadas funções. Neste caso específico, para que o sistema de medição funcione corretamente,

têm de ser módulos apropriados para a medição através de extensómetros.

15

Figura 9 – Chassis do CompactDAQ Ethernet. [21]

2.6.4. Módulo NI 9235

O módulo NI 9235 (figura 10) é um módulo para medição de extensómetros em quarto de

ponte, criado para sistemas de medição de extensão dinâmica com elevado número de canais

implementados. O NI CompactDAQ e outros dispositivos de hardware são compatíveis com estes

módulos E/S. Com oito canais em simultâneo em cada módulo, é possível fazer um elevado

número de medições, através da utilização de um sistema de reduzidas dimensões e maior

densidade de canais.

Figura 10 – Módulo NI 9235. [21]

As características deste módulo são as seguintes:

8 canais;

ADC’s (Analogic to digital conversions) simultâneos de 24 bits;

Medições de extensão dinâmica de 10 kS/s em cada canal;

Excitação interna de tensão para sensores de quarto de ponte;

Medições com resistência de 120 Ω.

16

2.6.5. Extensómetros

Os extensómetros são usados para efetuar medições de extensão do material. Conhecida

esta extensão, é, então, possível estimar a tensão à qual o material está sujeito. A utilização

deste tipo de sensores possibilita a monitorização contínua da câmara hipobárica.

A extensão pode ser definida como a quantidade de deformação de um corpo devido a uma

força aplicada, como mostrado na figura 11.

Figura 11 – Representação esquemática do conceito de extensão. [21]

A extensão pode ser positiva (tração) ou negativa (compressão). A extensão é uma

grandeza física adimensional. No caso dos extensómetros, as medições de extensão estão na

ordem dos micros [𝜇𝜀] (𝜺 × 𝟏𝟎−𝟔).

O princípio de funcionamento de um extensómetro baseia-se na relação de tensão/

resistência de condução elétrica descoberta por Wheatstone e Thomson. [19] Em meados da

década de 1930, foi dada relevância a um efeito que Charles Wheatstone mencionou, em 1843,

na sua primeira publicação sobre um circuito de ponte. A ponte de Wheatstone (figura

12) configura-se como um esquema de montagem de elementos elétricos que permite a medição

do valor de uma resistência elétrica desconhecida. William Thomson (1824-1905), Lord Kelvin

(após 1892) publicou, em 1856, uma investigação também sobre esta matéria. [18]

Figura 12 – Exemplo da ligação em circuito de uma ponte de Wheatstone. Adaptado de [21].

17

Como já foi referido, os módulos escolhidos para a instrumentação da câmara funcionam

em quarto de ponte, o que significa que basta apenas um sensor deste género para possibilitar

o funcionamento de uma ponte de Wheatstone.

Um parâmetro fundamental do extensómetro é a sua sensibilidade à extensão medida, que

é conhecido com “gage factor” (GF). O GF é definido como a razão entre a variação de resistência

e a extensão como representado na equação 2: [18]

𝐺𝐹 =∆𝑅/𝑅

∆𝐿/𝐿=

∆𝑅/𝑅

𝜀 (2)

Na equação 2 R reprenta a resistência [ohm], L o comprimento inicial [m] e ε a extensão.

Após várias modificações na forma como foram produzidos, Paul Eisler introduziu a forma

final de produção dos extensómetros, em 1952. [19] A representação dos componentes do

extensómetro encontra-se na figura 13.

Com base na primeira instrumentação realizada na câmara, foram escolhidos

extensómetros que possuíssem o comprimento efetivo de banda de medição correspondente

aos extensómetros usados na primeira intervenção referida no segundo capítulo. Os

extensómetros escolhidos têm o comprimento efetivo de banda de 3 mm, adequados a uma

resistência de 120 ohms para serem compatíveis com o módulo escolhido. Os extensómetros

têm um fio extensível para facilitar a sua ligação em circuito. As suas principais propriedades são

enunciadas na tabela 4 e a sua representação é feita na figura 14.

Figura 13 – Representação dos componentes do

extensómetro. [14]

a. material condutor b. banda de medição c. ligações ao circuito exterior d. comprimento efetivo da banda de medição

18

Figura 14 – Extensómetros (1-LY11-3/120). [22]

Tabela 5 – Propriedades dos extensómetros

escolhidos. [22]

Comprimento efetivo da

banda de medição

3 mm

Resistência 120 Ω

Número de cabos 2

Comprimento de cabo 50 mm

Referência 1-LY11-

3/120

2.7. Medição de extensão superficial através de um extensómetro

A colocação de extensómetros na superfície da câmara foi a técnica experimental utilizada

na primeira instrumentação para determinação do estado de extensão e tensão no material da

câmara. Como já foi referido, será também esta a técnica escolhida para a implementação de

um futuro sistema de instrumentação. O conhecimento teórico sobre este procedimento é

importante para a compreensão dos valores de medição obtidos nos extensómetros, assim como

o tipo de configuração usada.

Não existindo forças superficiais aplicadas, o estado de tensão associado à medição de um

extensómetro elétrico é plano (a tensão normal à superfície é nula), uma vez que é aplicado

diretamente sobre a superfície do corpo. Caso sejam conhecidas as direções principais, os

extensómetros deverão ser orientados segundo as mesmas para facilitar a obtenção do estado

de tensão e extensão respetivo. [18]

No caso mais geral, em que não existe conhecimento das direções principais e o estado de

tensão é plano, o estado de deformação ficará totalmente conhecido com a medida das

extensões normais 𝜀𝑥, 𝜀𝑦 e a distorção 𝛾𝑥𝑦, sendo a direção z perpendicular a superfície do

corpo. Para ultrapassar esta situação, é usual utilizaram-se montagens de três extensómetros

em forma de roseta (figura 15) que, através das extensões normais e distorção fornecidas,

permitem calcular analiticamente as extensões nas direções principais. [18]

19

Figura 15 – Representação esquemática do posicionamento de extensómetros. [18]

Para a resolução analítica, considere-se que são dadas as extensões 𝜀𝑎, 𝜀𝑏 e 𝜀𝑐 conhecidos

os ângulos 𝜃𝑎, 𝜃𝑏 e 𝜃𝑐 que as direções de aplicação dos extensómetros fazem com a direção 𝑥.

Na literatura especializada, é possível consultar as expressões que relacionam as extensões

medidas nos extensómetros com as direções 𝑥 e 𝑦, representadas na equação 3.

𝜀𝑎 = 𝜀𝑥𝑐𝑜𝑠2𝜃𝑎 + 𝜀𝑦𝑠𝑒𝑛2𝜃𝑎 + 𝛾𝑥𝑦𝑠𝑒𝑛𝜃𝑎𝑐𝑜𝑠𝜃𝑎

𝜀𝑏 = 𝜀𝑥𝑐𝑜𝑠2𝜃𝑏 + 𝜀𝑦𝑠𝑒𝑛2𝜃𝑏 + 𝛾𝑥𝑦𝑠𝑒𝑛𝜃𝑏𝑐𝑜𝑠𝜃𝑏

𝜀𝑐 = 𝜀𝑥𝑐𝑜𝑠2𝜃𝑐 + 𝜀𝑦𝑠𝑒𝑛2𝜃𝑐 + 𝛾𝑥𝑦𝑠𝑒𝑛𝜃𝑏𝑐𝑜𝑠𝜃𝑐

(3)

Tratando-se de um sistema de três equações com três incógnitas, as componentes

cartesianas 𝜀𝑥, 𝜀𝑦 e 𝛾𝑥𝑦 podem ser obtidas através da resolução do sistema. Quanto às extensões

nas direções principais, podem ser calculadas, inserindo as componentes cartesianas na

equação 4, obtendo-se, assim, uma resolução analítica para o problema. A variável ϕ define o

ângulo do referencial de extensões e tensões principais

𝜀1 =1

2(𝜀𝑥 + 𝜀𝑦) +

1

2√(𝜀𝑥 + 𝜀𝑦)

2+ 𝛾𝑥𝑦

2

𝜀2 =1

2(𝜀𝑥 + 𝜀𝑦) −

1

2√(𝜀𝑥 + 𝜀𝑦)

2+ 𝛾𝑥𝑦

2

𝑡𝑎𝑛2∅ =𝛾𝑥𝑦

𝜀𝑥 − 𝜀𝑦

(4)

20

3. MODELO DE ELEMENTOS FINITOS

Para a determinação dos pontos onde a tensão é máxima, foi utilizado o método dos

elementos finitos. O método dos elementos finitos é uma técnica matemática utilizada para

analisar tensões, sendo até agora a mais utilizada em projeto mecânico. Isto deve-se

essencialmente a dois fatores importantes. [11] Em primeiro lugar, o desenvolvimento do modelo

é bastante empírico e todas as grandezas e operadores possuem um significado físico imediato

e facilmente percetível, se for considerado o “Método dos Deslocamentos” [23], estudado na

maioria dos cursos de Engenharia Mecânica. Por outro lado, a formulação clássica possui sólidas

bases matemáticas que permitem estabelecer a forma através da qual as soluções aproximadas

convergem para a solução exata pretendida. [24]

O Método dos Elementos Finitos (MEF) apresenta atualmente um nível de desenvolvimento

que permite a sua utilização pela generalidade dos engenheiros de projeto de estruturas. [25] O

ANSYS mechanical APDL é um software de elementos finitos, que tem uma componente de

programação característica, o que permite uma manipulação do modelo duma forma mais exata.

Assim, é possível um conhecimento mais pormenorizado do fenómeno físico que está na origem

da deformação do material da câmara.

Neste capítulo, são explicadas as várias etapas para a construção do modelo de elementos

finitos, desde a escolha dos elementos até à determinação das condições de carregamento. São

esclarecidos também as simplificações e as justificações para a utilização deste tipo de modelo.

3.1. Tipo de elementos utilizados no MEF

Numa primeira abordagem, foi considerado o volume da câmara para ser utilizado no ANSYS

workbench, sendo que seria importada a geometria em formato IGS já criada no software

Solidworks. Verificou-se, porém, que, com a utilização desse método, devido à dimensão do

modelo, iriam existir alguns erros de geometria. Devido à importação do ficheiro, estes erros iriam

ser transferidos e propagados para a análise do MEF.

Para minimizar esses erros, optou-se pela modelação da geometria no ANSYS, sendo que

se trata de uma geometria simples. Foi criado um modelo constituído apenas por áreas e linhas,

ou seja, um modelo a duas dimensões. Com a utilização de um modelo 2D, não é possível a

utilização de elementos de volume. Neste tipo de abordagem, foram considerados elementos

lineares. Sendo a espessura da câmara numa ordem de grandeza inferior relativamente às

restantes dimensões, foi tomado como aproximação tratar a paredes da câmara como um

revestimento com uma espessura equivalente à real. Por outro lado, como já foi referido, a

21

utilização de um modelo 2D torna possível também a redução de tempo de processamento

computacional. [10]

Para ser possível a utilização destes tipos de elementos, o material é considerado isotrópico,

ou seja, é considerado apenas um módulo de elasticidade válido em todas as direções que

constituem o sistema de eixos do corpo do material. [11] Para uma melhor aproximação, foi

considerado o vigamento de reforço estrutural da câmara. Com esta análise, é necessário

introduzir um segundo elemento viga que traduza corretamente o comportamento mecânico de

uma viga.

O elemento casca escolhido foi o elemento SHELL 181 e o elemento viga o BEAM188.

Segue-se uma breve descrição dos dois tipos de elementos.

3.1.1. Elemento casca (SHELL181)

Figura 16 – Elemento SHELL181. [26]

O elemento SHELL181 (figura 16) é aconselhado na análise de estruturas de espessura

reduzida. É um elemento de quatro nós com seis graus de liberdade em cada nó: translação nas

direções x, y e z, e rotações sobre os eixos x, y e z. O elemento é adequado em qualquer tipo

de deformação quer seja linear ou não-linear. É utilizado em análises de pressões distribuídas,

tratando-se do caso em estudo. [26]

22

3.1.2. Elemento Viga (BEAM188)

Figura 17 – Elemento BEAM188. [26]

O elemento BEAM188 (figura 17) é baseado na teoria de Timoshenko, suportando também

a deformação ao corte. Pode ser utilizado em condições de plasticidade e pode ser definido

através duma secção. Trata-se de um elemento linear. Consegue calcular tensões como se a

viga se tratasse de um elemento sólido.

O elemento BEAM188 aplica-se a geometrias de espessura reduzida e elevado comprimento.

Sendo um elemento linear, tem seis graus de liberdade em cada nó. Estes incluem translações

e rotações nas direções x, y e z. [26]

3.2. Secções

Para a conceção do modelo, foram utilizadas várias secções. Estas secções foram projetadas

baseadas na geometria do modelo CAD original e cedido pelo DEP. Foram definidos cinco tipos

de secções, uma para o elemento SHELL181 e as restantes para o elemento BEAM188.

A espessura é a propriedade da secção do elemento casca, correspondente ao elemento

SHELL181. Esta espessura da câmara foi medida através de um aparelho de ultrassons

previamente calibrado (figura 18).

23

Figura 18 – Equipamento de ultrassons. [27]

Este aparelho foi utilizado para efetuar medições em vários pontos da câmara. O valor médio

lido foi de 8 mm, sendo este o valor utilizado para definir a secção do elemento casca. A secção

SHELL é definida através do plano superior com uma espessura de 8 mm.

Para a construção do vigamento da câmara, recorreu-se à definição de secções

correspondentes a cada tipo de viga após a análise do modelo CAD fornecido pelo DEP. Foram

definidos quatros perfis de vigas consoante o seu formato: C, U, I e L. As características dessas

secções encontram-se no ANEXO A.

3.3. Construção do modelo no ANSYS mechanical APDL

Foi definida a utilização do ANSYS para modo estrutural. Precedentemente ao desenho da

geometria, é necessário fornecer alguns dados importantes ao programa de elementos finitos,

dados já enunciados anteriormente:

As características do material

O tipo de elementos

As secções que definem os elementos

Optou-se pela definição de um sistema de unidades representado na tabela 5:

Tabela 6 – Unidades sistema /MPa [26].

Propriedade Unidade física

Massa [𝑡𝑜𝑛]

24

Comprimento [𝑚𝑚]

Tempo [𝑠]

Força [𝑁]

Densidade [𝑡𝑜𝑛]

[𝑚𝑚]3

Pressão [𝑀𝑃𝑎]

Para a conceção do modelo, foram retiradas as dimensões do modelo já dimensionado em

CAD, concebido pelo DEP da Força Aérea, após este modelo ter sido simplificado para uma

minimização dos erros no programa de elementos finitos.

A câmara hipobárica em análise tem uma geometria paralelepipédica simples com quatro

furos retangulares correspondente às janelas e dois furos retangulares em cada extremo oposto

correspondentes às portas. No plano mediador das portas, encontra-se o eixo de simetria da

câmara. Esta condição foi usada na análise, tendo sido analisada apenas metade da geometria.

Assim, a modelação foi facilitada e a rapidez do processamento de cada análise foi aumentada.

Em função das dimensões do modelo, foram retiradas as principais dimensões da câmara

hipobárica, através da utilização da ferramenta de medição do SOLIDWORKS. Relativamente à

orientação escolhida para o ANSYS, foi definido que a parede da lateral da câmara seria

localizada num plano paralelo ao plano xy, e as paredes das correspondentes às portas em

planos paralelos ao plano yz. Foi construída uma lista de keypoints (pontos-chaves) que está

representada no ANEXO B. Através destes pontos, foram construídas as linhas que constituíam

o modelo e, a partir destas, formadas as respetivas áreas. No final, através da utilização do

working plane, as áreas foram subdivididas, para uma melhor implementação da malha. Para a

implementação do código que permitiu a execução das tarefas descritas, foi utilizado o editor de

texto PSPad.

O resultado final é um modelo bastante próximo do real, como se pode verificar na figura

19, onde estão representados o modelo em CAD da câmara e o modelo projetado em ANSYS,

para esta análise. Observa-se que, no interior da câmara, existem vários reforços, que se

assemelham a um vigamento. Toda esta estrutura também foi considerada no modelo de

elementos finitos. A divisão do modelo em várias áreas, como observado na figura 19, é

essencial para o projeto desta estrutura de vigamento, assim como as secções já definidas no

capítulo anterior.

25

Figura 19 – (a) Representação exterior do modelo CAD SOLIDWORKS (b) Representação interior do modelo CAD SOLIDWORKS (c) Representação exterior do modelo projetado no ANSYS (d)

Representação interior do modelo projetado no ANSYS

Para a modelação desta estrutura, foram utilizadas as linhas resultantes das divisões das

áreas, tornando, assim, possível a atribuição da propriedade do elemento BEAM188 e SHELL

181 em simultâneo. Através da característica do elemento viga, é possível definir várias secções

transversais. Cada secção de elemento viga foi aplicada à linha que a define, segundo o modelo

real da câmara. No final, obteve-se uma estrutura de vigas como representada na figura 20.

(a)

(b)

(c)

(d)

26

Figura 20 – Vigamento do modelo de elementos finitos.

Os elementos viga e elementos casca partilham os mesmos nós. Assim, apesar de ser um

modelo de elementos 2D, com a rigidez dos elementos BEAM188 associada ao elemento

SHELL181, espera-se a obtenção de um modelo com uma rigidez próxima da câmara real.

Na modelação do modelo os detalhes das janelas e portas não foram modeladas. Na secção

relativa às condições de carregamento será explicado como foi calculado as forças no interface

de contacto destes componentes.

3.4. Condições de fronteira

Em primeira análise, foi admitido o encastramento dos quatro cantos que constituem a base

da câmara. Porém, o modelo revelou singularidades, devido à falta de constrangimentos no

modelo. Foi, então, necessário proceder ao encastramento dos quatro lados da base da câmara,

como mostra a figura 21. Também é visível a condição de fronteira que permite a utilização da

simetria da geometria da câmara.

27

Figura 21 – Condições de fronteira do modelo de elementos finitos.

A partir destas condições de fronteira, o modelo encontra-se com os constrangimentos

necessários para que seja possível realizar a análise do MEF. Caso se verifiquem singularidades,

as condições de fronteira terão de ser alteradas, de modo a que aquelas sejam solucionadas.

3.5. Condições de carregamento

Para o entendimento do funcionamento da câmara hipobárica, o conhecimento do

carregamento físico da câmara é essencial. Neste tipo de câmaras, a pressão é o parâmetro

físico mais importante, uma vez que está na origem da deformação sofrida pela mesma. É

preponderante determinar de que modo varia essa pressão e de que modo essa pressão

influencia a deformação do material.

3.5.1. A pressão como condição de carregamento

Tal como o próprio nome indica, a câmara hipobárica funciona com uma pressão negativa no

seu interior. Quando utilizada, a câmara comporta-se como um reservatório de pressão, pois

existe uma diminuição da pressão no interior da câmara, dado que o ar é extraído do interior da

câmara para simular o ambiente em elevadas altitudes.

28

Considerando a pressão constante na atmosfera envolvente e variável no interior da

câmara, o estado físico de um elemento de volume da parede da câmara pode ser representado

pela figura 22. [28]

Figura 22 - Elemento de volume localizado na parede da câmara hipobárica.

A pressão exterior é designada pela constante 𝑝𝑒 e a pressão interior pela constante 𝑝𝑖. O

termo 𝜕𝑝

𝜕𝑧𝑑𝑧 define a diferença de pressão do interior para o exterior. Será este termo que irá

definir o carregamento da câmara, sendo a pressão exterior constante e igual à pressão

ambiente. Por sua vez, a pressão interior irá variar consoante a altitude.

Para determinar o valor do termo 𝜕𝑝

𝜕𝑧𝑑𝑧, será realizado um balanço de forças segundo a

direção z, tal como se encontra representado na equação 5.

∑ 𝐹𝑧 = 0 = 𝑝𝑒𝑑𝑥𝑑𝑦 − (𝑝𝑖 +𝜕𝑝

𝜕𝑧𝑑𝑧) 𝑑𝑥𝑑𝑦 (5)

Tendo em conta que a altura (dimensão y) e comprimento (dimensão x) da câmara são

iguais dos dois lados, estes podem ser eliminados da equação 6. A câmara é uma estrutura

rígida, logo a pressão é constante ao logo do eixo z, perpendicular à espessura da câmara.

𝑝𝑒𝑑𝑥𝑑𝑦 = (𝑝𝑖 +𝜕𝑝

𝜕𝑧𝑑𝑧) 𝑑𝑥𝑑𝑦 (6)

A equação 7 define o valor do diferencial de pressão. Tal como já foi dito, 𝑝𝑒 corresponde

à pressão atmosférica ambiente. A pressão interna 𝑝𝑖 será determinada, tendo em conta a

altitude a que a câmara se encontra. Para a determinação deste valor, será utilizada a norma

ISA (International Standard Atmosphere) que define as propriedades da atmosfera em função da

altitude.

29

𝜕𝑝

𝜕𝑧𝑑𝑧 = 𝑝𝑒 − 𝑝𝑖 (7)

3.5.2. Norma International Standard Atmosphere (ISA)

A atmosfera real não permanece constante em função da sua localização ou até mesmo em

função dum intervalo de tempo. Para que se possam estimar as condições da atmosfera num

dado lugar, a uma dada altitude, é necessário a aplicação de uma norma. Esta norma é

conhecida por International Standard Atmosphere, que define a atmosfera padrão em função do

lugar a que se encontra. Neste modelo, assume-se que não existe poeira e humidade. Nesta

norma, é definido que o vapor de água da atmosfera se encontra em repouso em relação à terra.

[29]

Os primeiros modelos atmosféricos foram desenvolvidos na década de 1920, tanto na

Europa como nos Estados Unidos. A última atualização foi feita através do documento publicado

pela NASA em 1976, denominado US Standard Atmosphere. [29]

Na tabela 6, estão representadas as propriedades da atmosfera a uma altitude zero,

segundo a norma ISA.

Tabela 7 – Propriedades da atmosfera ao nível do mar.

A variação de pressão, segundo a norma ISA, pode ser calculada usando a equação de

variação da pressão com a altitude e a lei dos gases perfeitos. A figura 23 representa a variação

de pressão num elemento de volume presente na atmosfera. Sendo a pressão aplicada na

extremidade inferior do elemento definida pela pressão piezométrica representada na equação

8.

Figura 23 - Variação de pressão num elemento de volume da atmosfera.

Pressão 𝒑𝟎 = 𝟏𝟎𝟏 𝟑𝟐𝟓 𝑵/𝒎𝟐

Densidade 𝜌𝟎 = 1.225 𝑘𝑔/𝒎𝟑

Temperatura 𝑇0 = 288.15 𝐾 (15 ) Velocidade do som 𝑎0 = 340.294 𝑚/𝑠 Aceleração da gravidade 𝑔0 = 9.807 𝑚/𝑠2

30

𝑑𝑝 = −𝜌𝑔𝑑ℎ (8)

Onde 𝑑𝑝 representa a diferença de pressão na atmosfera, ρ a densidade do ar, g a

aceleração gravítica e 𝑑ℎ a diferença de altitude na atmosfera.

A equação 9 representa a equação dos gases perfeitos:

𝑝 = 𝜌𝑅∗𝑇 (9)

Na equação 9 R* representa a constante dos gases perfeitos para o ar atmosférico no valor

de 287,05 J kg-1 K-1.

Na figura 24, está representada a variação da temperatura do ar na atmosfera padrão,

definida através da norma ISA. A temperatura decresce com a altitude a uma taxa constante e

igual a -6,5/1000 m até à tropopausa, tal como observado no gráfico.

Figura 24 – Variação da temperatura em função da altitude na troposfera [30]

Segundo a norma ISA, a variação da temperatura pode ser descrita pela equação 10. Onde

𝑇0 corresponde à temperatura do ar na atmosfera ambiente definida na tabela 4, e ℎ corresponde

à altitude considerada para o cálculo.

𝑇 = 𝑇0 − 6.5ℎ(𝑚)

1000 (10)

31

Dividindo a equação da hidrostática pela equação de estado, tem-se como resultado a

equação 11.

𝑑𝑝

𝑝= −

𝜌𝑔𝑑ℎ

𝜌𝑅∗𝑇= − (

𝑔

𝑅∗𝑇) 𝑑ℎ (11)

Introduzindo a variação da pressão com a altitude, consegue-se chegar a uma expressão

possível de integrar. A relação entre a altitude e a pressão é conseguida através da integração

da equação 11 entre 0 e ℎ, representada na equação 12.

∫𝑑𝑝

𝑝

𝑝

𝑝0

= −𝑔

𝑅∗∫

𝑑ℎ

𝑇0 − 0.0065ℎ

ℎ0=0

(12)

Após a resolução do integral obtém-se a expressão representada na equação 13.

𝑝 = 𝑝0 (1 − 0.0065ℎ

𝑇0)

5.2561

= 𝒑𝒊 (13)

A equação 13 define a pressão interna da câmara em função da altitude a que se encontra,

uma relação essencial para a resolução do problema do carregamento físico. A pressão interna

é a variável física mais importante em análise, pois a diferença entre pressão envolvente e a

pressão interior está na origem do esforço a que a câmara está sujeita. Há que ter em conta que

este modelo constitui apenas uma aproximação. No entanto, os valores do modelo foram

comparados com os valores normalizados de pressão da câmara nunca havendo um erro

superior a 2 %, sendo, por isso, tomado como uma boa aproximação.

Sendo que, dentro da câmara, não existem alterações de temperaturas significativas,

considerou-se este modelo para qualquer altitude da câmara. Com base no cálculo da pressão

relativa já demonstrado no sub-capítulo anterior, a pressão aplicada resultante do carregamento

da câmara terá a forma da equação 14.

𝑝𝑎𝑝𝑙𝑖 = 𝑝0 − 𝑝𝑖 = 𝑝0 (1 − (1 − 0.0065ℎ

𝑇0)

5.2561

) (14)

3.5.3. Aplicação do carregamento no ANSYS

Como foi discutido na secção anterior, a pressão interior da câmara define o esforço a que

a mesma se encontra. Esta será determinada, tendo em conta a norma ISA já apresentada. Para

este estudo, o modelo computacional da câmara foi testado a três altitudes diferentes. A pressão

aplicada é a pressão correspondente à altitude da câmara relativa à pressão ambiente

atmosférica.

32

Para um melhor entendimento de como é determinado o carregamento imposto na câmara,

mostra-se o exemplo do cálculo para uma altitude de 35000 pés (10668 m), com recurso a

equação 15. A altitude corresponde à variável ℎ, 𝑝0 corresponde a 101 325 Pa e 𝑇0 corresponde

a 288.15 K.

𝑝𝑎𝑝𝑙𝑖 = 101325 (1 − (1 − 0.006510668

288,15)

5.2561

) = 77504.8 𝑃𝑎 (15)

Na tabela 7, estão representados os valores da pressão aplicada para três altitudes

diferentes consideradas neste trabalho.

Tabela 8 – Valores de carregamentos correspondentes a várias altitudes.

Altitude [pés] Altitudes [m] Pressão Aplicada [MPa]

35000 10668 0,077

70000 21336 0,098

100000 30480 0,101

A pressão aplicada no exterior da câmara será igual à pressão relativa à atmosfera do

interior da câmara, como já foi explicado anteriormente. Para simular o carregamento, o

programa gera uma segunda malha que simula a distribuição de pressão, como está

representado pelas linhas vermelhas na figura 25.

Figura 25 – Representação da aplicação de um carregamento de pressão distribuída no ANSYS.

33 *Macros são sequências de comandos ANSYS armazenadas num ficheiro de código ANSYS. Tornam possível a

implementação de um código pré-programado inserido na sequência de comandos de outro código ANSYS, como se

uma chamada de uma função se tratasse.

Esta condição de carregamento é válida para as áreas que constituem o modelo, no entanto,

o modelo possui orifícios selados, como portas e janelas que, ao serem sujeitos também à

mesma pressão, irão provocar esforços na interface de contacto. Para este caso, a abordagem

das condições de carregamento terá de ser diferente.

Para simular estes esforços, foi utilizado o elemento rígido MPC184, aplicado através da

macro* mpc.gen. Para a aplicação deste elemento rígido, é necessário definir um nó master que,

normalmente, se encontra no centro do orifício considerado, seguidamente, é necessária a

seleção da interface de contacto através do ANSYS. O valor de uma força com ponto de

aplicação nesse nó central é transferido para os restantes nós nas extremidades, como se

encontra representado na figura 26.

Figura 26 – Representação do resultado da utilização do elemento MPC184

Uma vez construído o modelo, é possível realizar várias simulações para cada altitude a

que a câmara se encontra. O modelo carece de uma validação para que os resultados obtidos

possam ser os mais credíveis. O modelo final, com todos os recursos necessários para a análise,

encontra-se representado na figura 27.

Figura 27 – Apresentação da análise final do MEF.

34

4. ANÁLISE DE RESULTADOS

O modelo do MEF foi criado, tendo em conta a observação do modelo à escala real. As

etapas para a criação do modelo foram respeitadas e feitas as simplificações e aplicados os

constrangimentos necessários para que o modelo funcionasse e pudessem ser obtidas soluções.

Apesar de funcional, a viabilidade do modelo tem de ser comprovada. Neste capítulo, são

apresentados os estudos efetuados para a validação do modelo que incluem o estudo da

convergência da malha e a comparação de resultados com o primeiro relatório de instrumentação

da câmara.

Após a verificação da viabilidade do modelo, foram efetuados vários testes:

a) Em primeiro lugar, foi realizada a análise da câmara com carregamentos diferentes nos

seus dois compartimentos;

b) Numa outra fase, a câmara foi sujeita a diferentes pressões exteriores, de modo a

determinar a pressão aplicada a partir do qual a câmara atinge a cedência;

c) No final, são apresentados os pontos de deformação crítica resultantes da observação

de todas as análises efetuadas na câmara.

4.1. Convergência da malha

Para o primeiro estudo realizado na câmara, foram criados quatro tipos de malha, cada um

com diferentes tamanhos de elemento. A criação destes quatro tipos de malha é necessária para

a realização de um estudo de convergência de malha.

Para a realização do estudo de convergência da malha, foi realizada uma análise a uma

altitude de 35000 pés, correspondente a uma pressão relativa de 0,077 MPa. Na mesma análise,

foi selecionado o ponto de maior gradiente de tensões e retirado o valor correspondente de

tensão e extensão para este ponto em cada malha. A escolha deste ponto justifica-se por se

tratar do ponto de maior variação de tensões. Quando os valores registados na zona selecionada

tomarem valores constantes em função do refinamento da malha, os valores de todo o modelo

irão convergir também. Os resultados numéricos dos valores de extensão e tensão equivalente

encontram-se na tabela 8. Para uma visualização gráfica destas grandezas físicas em função

da malha, foram inseridas as respetivas imagens das análises do ANSYS, no ANEXO D.

35

Tabela 9 – Valores de tensão e extensão máximos registados para os vários tipos de malha.

MALHA COORDENADAS DO NÓ VALOR MÁXIMO

Nº Elementos

Tamanho elemento

X Y Z Tensão Equivalente de Von Mises [MPa]

Extensão equivalente

1361 186 602 1172,2 0 127,39 6,17E-04

3961 93 602 1150 0 139,77 6,67E-04

15257 42 593,64 1161,9 0 144,97 6,91E-04

55608 21 593,64 1161,9 0 145,64 6,94E-04

Com a utilização de diferentes tipos de malha não é possível uma localização constante do

nó crítico em função do número de elementos. Consequentemente, foi considerado sempre o nó

dentro da zona crítica com as coordenadas mais próximas do primeiro nó considerado. Foi

considerada como zona crítica a zona de maior gradiente de tensões, como pode ser observado

na figura 28.

(a)

(b)

Figura 28 – (a) identificação da zona em análise (b) pormenor da zona de maior gradiente de tensões

A evolução do valor de tensão equivalente, assim como o valor de extensão equivalente, foi

estudada em função do número de elementos. A partir destes dados, foram construídos os

gráficos das figuras 29 e 30, compilando toda a informação da tabela 8.

36

Figura 29 – Análise da convergência dos vários tipos de malha relativamente ao valor de tensão.

A partir do gráfico da figura 29, é possível verificar que a partir de uma malha com 15257

elementos, correspondente ao terceiro ponto assinalado, o respetivo valor de tensão permanece

constante, prevendo que não haja uma alteração significativa dos valores a partir desse número

de elementos.

Figura 30 – Análise da convergência dos vários tipos de malha relativamente ao valor de extensão.

125

130

135

140

145

150

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000

Ten

são

eq

uiv

alen

te [

MP

a]

Número de elementos

Análise de convergência dos vários tipos de malha

6,10E-04

6,20E-04

6,30E-04

6,40E-04

6,50E-04

6,60E-04

6,70E-04

6,80E-04

6,90E-04

7,00E-04

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000

Exte

nsã

o e

qu

ival

ente

Número de elementos

Análise de convergência dos vários tipos de malha

37

Com a observação do gráfico da figura 30, relativa ao gráfico que relaciona a extensão

equivalente de Von Mises com o tipo de malha usado, verifica-se também que, a partir de uma

malha de 15257 elementos, o valor de extensão permanece constante. Por esta razão, esta

malha prefigura-se como a malha mais adequada à realização das posteriores análises

efetuadas na câmara a partir do MEF, não sendo necessário um maior refinamento.

4.2. Validação do modelo de elementos finitos

Verificada a convergência da malha, observa-se que os primeiros resultados de valores de

extensão e tensão estão na ordem de grandeza dos valores obtidos no primeiro relatório. Por

outro lado, o valor de tensão máxima registado no MEF não ultrapassa o valor de tensão de

cedência típico de um aço estrutural (282 MPa) para uma altitude de 35000 pés. Estes fatores

indiciam que o modelo criado pode ser válido. No entanto, estas conclusões são insuficientes,

pois o modelo tem de ser validado experimentalmente para que os resultados obtidos possam

ser mais credíveis.

Para a validação de resultados, recorreu-se ao relatório de 1995 referente à primeira

instumentação já mencionado no segundo capítulo da dissertação. O objetivo será comparar os

resultados obtidos neste relatório com os resultados do método dos elementos finitos (MEF) nas

mesmas zonas analisadas, de modo a verificar qual será o desvio comparativo dos dois métodos.

A relação de valores nas zonas consideradas será o indicador que determinará a viabilidade do

modelo. Este modelo terá de ser validado a partir de resultados já existentes de medições de

extensometria já efetuadas na câmara, pois será este modelo que vai permitir verificar as

condições de carregamento e a deformação da câmara hipobárica, consoante a altitude a que

são realizados os testes fisiológicos. Caso os resultados do MEF sejam próximos dos resultados

do relatório, considera-se o modelo concebido como sendo uma boa aproximação da realidade.

Através do método de elementos finitos, foram realizadas análises a pressões

correspondentes a altitude de 35000 pés e 70000 pés - altitudes a que se referem os valores do

primeiro relatório do IST. As análises foram realizadas com os constrangimentos definidos na

conceção do modelo do MEF, tendo sido utilizada a malha de 15257 elementos.

Utilizando o pós-processador do ANSYS mechanical APDL, foram retirados os respetivos

valores de tensão e extensão nas direções definidas para cada localização, assim como a

representação da tensão e extensão equivalente no modelo.

A representação dos locais analisados no ANSYS encontram-se na figura 31; os respetivos

valores das coordenadas dos x, y e z dos nós considerados encontram-se representados na

tabela 9.

38

Figura 31 – Identificação das zonas em análise através do MEF.

Tabela 10 – Representação das coordenadas dos nós correspondentes as zonas em análise através do

MEF

LOCAL COORDENADAS

Nº do Nó 𝒙 𝒚 𝒛

1 550 3822 1888,2 0

2 429 1353,8 1928 0

3 11753 4098,3 1037,3 0

4 2273 4177,2 705 0

4.2.1. Carregamento correspondente a uma altitude de 35000 pés

Realizou-se uma análise de um carregamento equivalente a uma altitude de 35000 pés. Os

resultados relativos à tensão e extensão equivalente de Von Mises estão representados nas

figuras 32 e 33 respetivamente.

39

Figura 32 –Tensão Equivalente Von Mises - Carregamento correspondente a uma altitude de 35000 pés.

Relativamente à tensão equivalente de Von Mises, verifica-se que a mesma não ultrapassa

a tensão de cedência de 282 MPa (a tensão máxima é de 204 MPa). O valor mais elevado de

tensão registado encontra-se no painel junto à janela de área mais reduzida, assinalado com as

letras MX. Esta região é próxima da zona já identificada como zona de maior gradiente de

tensões.

Figura 33 – Extensão Equivalente Von Mises - Carregamento correspondente a uma altitude de 35000

pés.

40

Como se pode verificar, na Figura 33, o primeiro compartimento da câmara é mais

solicitado, apresentando valores de extensão superiores relativamente ao segundo

compartimento.

Com base nos pontos escolhidos para realizar a comparação de resultados, foram

registados no MEF os valores para as localizações de 1 a 4 para uma altitude correspondente a

35000 pés. Estes valores estão representados na tabela 10.

Tabela 11 – Resultados obtidos no MEF para um carregamento correspondente a 35000 pés nos locais

correspondentes à primeira instrumentação.

LOCAL 𝜺𝟏 [𝝁𝜺] 𝜺𝟐 [𝝁𝜺] 𝝈𝟏 [𝑴𝑷𝒂] 𝝈𝟐 [𝑴𝑷𝒂]

1 -146 -54 -29,2 -11

2 17 -79 3,4 -15,8

3 -344 -214 -68,8 -42,8

4 382 -167 76,4 -33,4

4.2.2. Carregamento correspondente a uma altitude de 70000 pés

A altitude 70000 pés também é uma altitude em análise na primeira instrumentação da

câmara, por isso foi realizada uma análise com o carregamento correspondente a esta altitude:

uma pressão exterior aplicada de 0,098 MPa. Os resultados relativos à tensão e extensão

equivalente de Von Mises estão representados nas figuras 34 e 35, respetivamente.

Figura 34 – Tensão Equivalente Von Mises - Carregamento correspondente a uma altitude de 70000 pés.

41

Para este carregamento os valores de tensão, também se encontram dentro da

normalidade, não ultrapassando o valor da tensão de cedência. O valor máximo de tensão

equivalente registado é de 258,778 MPa. Para este caso, o primeiro compartimento da câmara

hipobárica também é o mais solicitado como esperado. A simulação revela também que a maior

parte do material que constitui a câmara se encontra a uma tensão bastante inferior, num

intervalo entre os 2 e os 69 MPa, aproximadamente.

Figura 35 – Extensão Equivalente Von Mises – Carregamento correspondente a uma altitude de 70000

pés.

Relativamente aos valores de extensão, é notório um aumento dos valores

comparativamente à análise anterior. Este aumento traduz-se numa maior deformação da

câmara, resultado de um carregamento mais intenso.

Com base nos pontos escolhidos para realizar a comparação de resultados, foram

registados no MEF os valores para as localizações de 1 a 4 para uma altitude correspondente a

70000 pés. (Tabela 11)

Tabela 12 – Resultados obtidos no MEF para um carregamento correspondente a 70000 pés nos locais

correspondentes à primeira instrumentação.

LOCAL 𝜺𝟏 [𝝁𝜺] 𝜺𝟐 [𝝁𝜺] 𝝈𝟏 [𝑴𝑷𝒂] 𝝈𝟐 [𝑴𝑷𝒂]

1 -185 -67 -37 -13,4

2 21 -100 4,2 -20

3 -436 -271 -87,2 -54,2

4 483 -211 96,6 -42,2

42

4.2.3. Comparação de resultados

Os resultados obtidos pelo MEF foram comparados com os resultados obtidos

experimentalmente na primeira instrumentação realizada na câmara. Para cada localização, foi

calculado o respetivo erro relativo entre os dois métodos; os resultados encontram-se nas

tabelas 12 a 15. A fórmula de cálculo do erro relativo encontra-se representada na equação 16:

𝑒𝑟𝑟𝑜 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 =𝑒𝑟𝑟𝑜 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜

|𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙|=

|𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙 − 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑎𝑝𝑟𝑜𝑥𝑖𝑚𝑎𝑑𝑜|

|𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙| (16)

Tabela 13 – Comparação de resultados - Local 1.

Dados experimentais MEF Altitude

Erro relativo [%]

Voo ε1 [με] ε2 [με] ε1 [με] ε2 [με] Nó ε1 [με] ε2 [με]

3 -146 -56 -146 -54 550 35000 0,00 3,57

2 -177 -57 -185 -67 550 70000 4,52 17,54

1 -192 -64 -185 -67 550 70000 3,65 4,69

Tabela 14 – Comparação de resultados - Local 2.

Dados experimentais MEF Altitude

Erro relativo [%]

Voo ε1 [με] ε2 [με] ε1 [με] ε2 [με] Nó ε1 [με] ε2 [με]

3 8 -86 17 -79 427 35000 112,50 8,14

2 20 -103 21 -100 427 70000 5,00 2,91

1 11 -112 21 -100 427 70000 90,91 10,71

Tabela 15 – Comparação de resultados - Local 3.

Dados experimentais MEF Altitude

Erro relativo [%]

Voo ε1 [με] ε2 [με] ε1 [με] ε2 [με] Nó ε1 [με] ε2 [με]

3 -344 -293 -344 -214 10338 35000 0,00 26,96

2 -418 -351 -436 -271 10338 70000 4,31 22,79

1 -431 -359 -436 -271 10338 70000 1,16 24,51

Tabela 16 – Comparação de resultados - Local 4.

Dados experimentais MEF Altitude

Erro relativo [%]

Voo ε1 [με] ε2 [με] ε1 [με] ε2 [με] Nó ε1 [με] ε2 [με]

3 375 -153 382 -167 9557 35000 1,87 9,15

2 484 -190 483 -211 9557 70000 0,21 11,05

1 480 -196 483 -211 9557 70000 0,63 7,65

43

Verifica-se que os valores do erro relativo localizam-se maioritariamente entre os 0 e 20 %

com exceção do local 2 e 3. Nesses locais, o erro relativo é elevado, sendo que os resultados

são ligeiramente superiores. Estas duas zonas localizam-se em zonas onde apenas está definido

um elemento SHELL, podendo ter resultado numa ligeira diferença de valores. Para uma melhor

comparação de resultados foi calculado em cada local a média e o desvio padrão dos erros

calculados. (Tabela 16)

Tabela 17 – Média do erro e desvio padrão

LOCAL

Relativo a ε1 Relativo a ε2

Média do erro [%]

Desvio padrão do erro [%]

Média do erro [%]

Desvio padrão do erro [%]

1 2,72 3,39 8,60 10,98

2 69,47 80,42 7,26 5,62

3 1,82 3,15 24,76 2,96

4 0,90 1,22 9,29 2,41

A informação da tabela 16 revela que os valores com maior variação são os relativos a ε1 no

local 2. Apesar de verificada uma variação elevada de valores de extensão neste local, quando

analisado o erro absoluto contata-se que este não é superior que 10 µɛ. Um valor bastante

reduzido tendo em conta que se está a analisar variáveis de ordem de grandeza de 10-6.

O erro médio nos outros locais encontra-se maioritariamente no intervalo de 0 a 10 %, não

superando os 25 %. Como já se tinha verificado em primeira análise, estes valores revelam que

os valores de extensão do MEF convergem para aqueles que foram obtidos através da primeira

instrumentação da câmara hipobárica. Apesar dos valores do erro relativo serem relativamente

superiores em algumas localizações, os valores do erro absolutos são bastante reduzidos.

Resumidamente, observando os resultados dos dois métodos, constata-se que os valores

obtidos são similares e na mesma ordem de grandeza. Assim, tendo em conta a comparação de

resultados, o modelo de elementos finitos pode ser validado e admitido como um modelo credível

para estimar a tensão e extensão sofrida pelo material da câmara hipobárica.

4.3. Análise dos dois compartimentos da câmara com carregamentos distintos

Como já foi referido no ponto 2.2, a câmara é constituída por dois compartimentos distintos.

Uma câmara onde decorre os testes fisiológicos e uma antecâmara que é utilizada, caso haja

necessidade de recorrer a uma evacuação durante os testes. Esta evacuação é feita enquanto

o teste fisiológico decorre e tem como efeito estrutural dois carregamentos diferentes em cada

compartimento da câmara. (figura 36).

44

Figura 36 – Identificação dos dois compartimentos da câmara hipobárica.

Neste caso, a câmara hipobárica não está sujeita a um esforço uniforme. Devido a essa

condição, o comportamento mecânico do material é diferente, logo é importante saber qual será

o comportamento do material para este caso específico. Para o efeito, foram considerados dois

casos distintos:

A câmara com um carregamento correspondente a uma altitude de 25000 pés e a

antecâmara a altitude de 0 pés, equivalente à ausência de carregamento;

A câmara com um carregamento correspondente a uma altitude de 20000 pés e a

antecâmara a altitude de 25000 pés, um caso particular onde a antecâmara tem um

carregamento superior ao da câmara.

A avaliação dos pontos de maior extensão para estes casos permite a possibilidade de

determinar outros pontos críticos a instrumentar não visíveis numa análise da câmara com

carregamento uniforme.

4.3.1. Carregamento correspondente a altitude de 25000 pés e 0 pés na antecâmara

Quando existe necessidade de evacuação, a antecâmara deverá descer a sua altitude até

0 metros para ser possível a extração do tripulante que está em dificuldades. Nesta caso, a

antecâmara passa a não apresentar qualquer tipo de carregamento. Por outro lado, a câmara

onde se realizam os testes encontra-se a uma altitude de 25000 pés e, em consequência disso,

existe um carregamento aplicado.

Os resultados da análise enunciada referente a tensão e extensão equivalente de Von Mises

encontram-se representados nas figuras 37 e 38 respetivamente.

45

Figura 37 – Tensão Equivalente Von Mises - Análise com carregamento correspondente a 25000 pés na

câmara e 0 pés na antecâmara.

A análise apresenta resultados que estão dentro da gama de valores esperada. Estando a

tensão máxima registada dentro do domínio elástico com um valor de 134,119 MPa, inferior a

282 MPa. Como pode ser observado, a diferença de esforços nos dois compartimentos da

câmara provoca um comportamento mecânico do material desigual em comparação com as

outras análises já realizadas.

Figura 38 – Extensão Equivalente Von Mises - Análise com carregamento correspondente a 25000 pés

na câmara e 0 pés na antecâmara.

Observa-se, na figura 37, que o ponto de tensão máxima se encontra num local distinto

relativamente às outras análises.Este ponto será um ponto de especial atenção para uma

46

possível instrumentação da câmara, pois só a monitorização desse local poderá permitir a

prevenção de falhas do material para este tipo de situações.

4.3.2. Carregamento correspondente a uma altitude de 20000 pés na câmara e 25000

pés na antecâmara

Quando existe uma diminuição da altitude na antecâmara, existe também um aumento da

pressão relativa à atmosfera neste compartimento. Sendo este compartimento de dimensões

inferiores ao que corresponde a câmara de testes, pode verificar-se, pontualmente, uma altitude

superior na antecâmara relativamente à câmara de testes. A análise realizada pretende verificar

o comportamento mecânico do material nestas condições. Para isso, foi imposto um

carregamento correspondente a uma altitude de 20000 pés na câmara e 25000 pés na

antecâmara. As figuras 39 e 40 mostram os resultados da tensão e extensão equivalente para

esta análise.

Figura 39 – Tensão Equivalente Von Mises – Análise com carregamento correspondente a 20000 pés na

câmara e 25000 pés na antecâmara.

Figura 40 – Extensão Equivalente Von Mises – Análise com carregamento correspondente a 20000 pés

na câmara e 25000 pés na antecâmara.

47

Nesta análise, os valores de extensão e tensão não revelam divergir considerados os dois

compartimentos da câmara. Na análise apresentada, foi utilizada uma altitude inferior

relativamente às duas primeiras análises, verificando-se os resultados de extensão e tensão

equivalente são também inferiores. O ponto onde se regista o valor de extensão máxima está

localizado na mesma zona da análise de 35000 pés e 70000 pés.

4.4. Avaliação do carregamento a partir do qual a câmara atinge a cedência

Como já foi referido no capítulo 2, o sistema de extensometria só é válido no domínio elástico,

pois o funcionamento dos extensómetros para monitorização em tempo real para valores de

tensão só é válido através da lei de Hooke. Por outro lado, como já foi enunciado também, a

utilização do aço estrutural em condições de elasticidade previne a eventual fratura do mesmo,

evitando-se, assim, fissuras e outro tipo de problemas estruturais.

Uma análise ao comportamento do material até atingir a tensão de cedência fará todo o

sentido para a determinação do carregamento máximo a que a câmara poderá ser sujeita para

que opere sempre em condições de segurança. Para o efeito, foram realizadas várias análises a

diferentes pressões exteriores aplicadas, registando-se o valor de tensão equivalente de Von

Mises máximo para cada carregamento correspondente. Os resultados encontram-se

compilados na tabela 17.

Tabela 18 – Tensão equivalente de Von Mises máxima registada para vários valores de carregamento

exterior.

Pressão Exterior [MPa]

Tensão Equivalente de Von Mises Máxima [MPa]

0,077 204,377

0,098 258,778

0,101 266,67

0,124 326,952

0,135 357,97

0,151 400,05

Com a informação da tabela 17, foi criado o gráfico da figura 41, que relaciona os valores de

pressão exterior com o valor de tensão. Através deste gráfico, foi realizada uma regressão linear

com o objetivo de determinar qual a equação linear que relacionava os dois valores. A mesma

equação encontra-se representada no gráfico com uma constante R2 próxima de 1, o que indica

que será uma boa aproximação. O valor de ordenada na origem é de -0,5439, bastante próximo

de 0, que seria o valor esperado, pois, quando não existe pressão exterior aplicada, a tensão

sofrida pelo material será, obviamente, nula.

48

Figura 41 – Evolução da tensão de equivalente de Von Mises em função do carregamento exterior.

A equação 17 representa o valor da tensão equivalente de Von Mises obtido através da

pressão exterior aplicada no material. Esta foi obtida através da regressão linear realizada a partir

do gráfico.

𝜎𝑒𝑞 = 2650,2𝑝𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎 − 0,5439 (17)

Igualando a tensão equivalente ao valor da tensão de cedência, é possível determinar o

valor de pressão exterior aplicada para que o material atinja essa mesma tensão. O cálculo

encontra-se representado na equação 18. O valor de pressão exterior para que o material atinja

a cedência é de 0.107 MPa.

𝜎𝑒𝑞 = 𝜎𝑐𝑒𝑑 = 282 𝑀𝑃𝑎 → 𝑝𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎 = 0.107 𝑀𝑃𝑎 = 𝑝𝑐𝑒𝑑 (18)

Na tentativa de resolução analítica da equação 14 do capítulo anterior (equação que

relaciona altitude com a pressão aplicada), verificou-se que a solução seria impossível, não se

tendo conseguido determinar qual seria a altitude verificada para a pressão exterior de 0.107

MPa.

Na realidade, a câmara hipobárica nunca poderá estar sujeita a este tipo de carregamento,

pois a diferença da pressão exterior para o interior da câmara hipobárica nunca poderá superar

os 101325 Pa, que corresponde ao valor da pressão atmosférica ambiente. Para que tal fosse

necessário, a pressão exterior teria de ser aumentada. Admitindo que essa pressão é constante

e igual à pressão ambiente, apenas criando um ambiente hiberbárico em redor da câmara é que

esse nível de pressão poderia ser atingido.

y = 2650,2x - 0,5439R² = 0,9999

150

200

250

300

350

400

450

0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16

Ten

são

VM

máx

ima

[MP

a]

Pressão aplicada [MPa]

Evolução da tensão de equivalente de Von Mises em função do carregamento exterior

49

Realizou-se uma análise com pressão exterior aplicada de 101325 Pa, uma vez que este se

trata em condições reais do carregamento máximo aplicado na câmara hipobárica. O objetivo

será verificar se a tensão equivalente não atingirá o valor de cedência de 282 MPa. A

representação gráfica da tensão equivalente de Von Mises para esta análise encontra-se na

figura 42.

Figura 42 – Tensão Equivalente Von Mises – Análise com carregamento correspondente a 20000 pés na

câmara e 25000 pés na antecâmara.

Através da observação da figura 42, verifica-se que o valor de tensão máximo registado

não ultrapassa a tensão de cedência típica do material. Nas condições de operação da câmara

e considerando apenas o carregamento uniforme resultante do diferencial de pressão, prevê-se

que o material da câmara não atinja a deformação plástica.

4.5. Determinação dos pontos críticos a ser instrumentados

O objetivo principal da utilização do MEF é a determinação dos pontos de extensão máxima

para sua posterior instrumentação. Já foi verificado que o modelo do MEF poderá ser admitido

como válido, tendo fornecido resultados em conformidade com outras análises já realizadas à

câmara hipobárica.

Para a determinação dos pontos críticos, foi utilizado o carregamento correspondente a uma

altitude de 100000 pés - pressão já determinada como sendo a pressão máxima suportada pelo

material da câmara no limite do domínio elástico. Os resultados de tensão equivalente de Von

Mises estão representados na figura 43.

50

Figura 43 – Tensão Equivalente Von Mises para uma análise de pressão exterior aplicada de 0.107 MPa.

Como já verificado nas análises de carregamento equivalente a 35000 e 70000 pés, o ponto

de tensão máxima encontra-se na antecâmara, localizado na região do vigamento inferior. Trata-

se do ponto assinalado por MX, na figura 43. Sendo a região que regista o valor de tensão

máximo, será uma zona indicada à colocação de extensómetros.

Uma zona importante a relembrar será aquela que foi analisada na análise dos dois

compartimentos com carregamentos distintos. No caso particular da antecâmara com

carregamento nulo, foi verificado que o ponto de tensão máxima estaria localizado na interseção

dos dois compartimentos. Por este facto, esta mesma zona também será uma zona indicada

para a colocação de extensómetros.

Devido à interface de material nas janelas e à respetiva força de contacto, estas zonas

podem eventualmente ser zonas suscetíveis de verificar picos de tensão e extensão

inesperados. Apesar de, segundo a análise de MEF, estas zonas não serem as mais solicitadas,

a instrumentação das zonas das proximidades das janelas poderá tornar o sistema mais

vantajoso.

Na figura 44, está representada a extensão equivalente de Von Mises para este

carregamento; encontram-se também assinaladas as zonas referidas para uma posterior

instrumentação, sendo a zona de extensão máxima representada pela letra A, a zona de

interface dos dois compartimentos representado pela letra C, e as zonas das proximidades das

janelas representadas pelas letras B e D.

51

Figura 44 – Extensão Equivalente de Von Mises para uma análise de carregamento equivalente a uma

altitude de 100000 pés

4.6. DEFINIÇÃO DO SISTEMA DE INSTRUMENTAÇÃO

Propõe-se a instalação de um sistema com os seguintes componentes:

Controlador compactDAQ ethernet;

1 módulo de leitura NI 9235;

12 Extensómetros VISHAY de referência 1-LY11-3/120 com cabos extensíveis de

modo a facilitar a sua ligação.

Em cada localização denominada como crítica, sugere-se a colocação de uma roseta

constituídas por três extensómetros orientados pelas direções principais, como mostra a figura

45. Esta configuração foi escolhida por facilitar o cálculo das extensões reais a partir das

expressões já enunciadas no capítulo 3 (Equações 3 e 4); é importante que os extensómetros

formem um ângulo de 45° entre si.

52

Figura 45 – Configuração instalação extensómetros

As quatro localizações sugeridas para a instalação dos extensómetros foram determinadas

através do MEF, e estão representadas na figura 44, n secção anterior. Apresentam-se, na

tabela 18, os valores de tensão e extensão determinados a partir do MEF nas localizações

críticas escolhidas. A comparação destes valores com aqueles que serão obtidos através da

futura instrumentação será também um indicador da viabilidade do modelo construído neste

trabalho.

Tabela 19 – Valores de extensão do MEF registados nos locais escolhidos para a instrumentação da

câmara hipobárica com uma pressão exterior aplicada de 0.101 MPa.

Local Nº do

COORDENADAS DO NÓ VALOR DE EXTENSÂO

𝒙 𝒚 𝒛 𝜺𝟏 [𝝁𝜺] 𝜺𝟐 [𝝁𝜺] 𝜺𝟑 [𝝁𝜺]

A 2161 510 705 0 1302 -92 -498

B 464 1394,3 1328 0 826 -6,3 -340

C 754 1808 1328 0 693 -7,5 -17

D 567 2447 1368,3 0 630 -5,4 -505

53

5. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS DE TRABALHO FUTURO

Finalizado todo o trabalho que tornou possível a conceção desta dissertação de mestrado,

regista-se, neste capítulo, uma síntese das principais conclusões obtidas.

Neste trabalho, realizou-se a modelação de uma câmara hipobárica a partir de um programa

de elementos finitos para sua posterior instrumentação. Para que tal fosse possível, foi

necessário recorrer a diversos desenvolvimentos de diferentes áreas de investigação, desde a

mecânica de fluidos até à tecnologia mecânica.

Para a criação do sistema de instrumentação, foi necessária uma alargada pesquisa no

campo da mecatrónica, assim como o contacto com algumas empresas do ramo. Concluiu-se

que as soluções fornecidas pela NI seriam as que iriam ao encontro dos critérios do projeto.

Sendo que não seria necessário um controlo de alto nível, ou seja, a interferência de ações de

controlo em tempo real no sistema, optou-se pela sugestão de um sistema de captação de dados

de um controlador portátil com dois módulos de leitura.

A modelação da câmara hipobárica realizou-se através do software ANSYS mechanical

APDL. Tratou-se de um processo moroso, pois foi realizada uma análise dimensional e espacial

bastante rigorosa, visto que a importação do modelo para o MEF não foi direta. Após a

simplificação de alguns pormenores do desenho CAD, e utilizando a condição da simetria da

geometria, a criação do modelo foi facilitada. A utilização do editor de texto PSPad tornou a

construção do código mais intuitiva, revelando ser um excelente complemento para a realização

deste tipo de trabalho no ANSYS.

A determinação do carregamento físico a que a câmara hipobárica está sujeita em função

da altitude revelou-se um fator essencial para o sucesso do projeto. Para a resolução deste

problema físico foi considerada a câmara hipobárica como um reservatório de pressão negativa

no seu interior, assumindo que o diferencial de pressão do exterior para o interior seria o que

estaria na origem da deformação do material da câmara. Com a aplicação da norma ISA, foi

possível determinar essa pressão em função da altitude e, assim, determinar o respetivo

carregamento para uma dada altitude.

O modelo do MEF foi validado através do primeiro relatório referente a uma primeira

instrumentação da câmara. Em virtude da comparação dos resultados numéricos com os dados

experimentais referentes a essa primeira intervenção, constata-se que os resultados não

divergem significativamente, encontrando-se numa gama de valores similar, admitindo-se, por

isso, que o modelo possa ser validado. Foi calculado a média do erro assim como o desvio

padrão, verificando-se que nunca seria superior a 25 % com exceção duma situação, em que foi

comprovada a viabilidade do modelo através da análise do erro absoluto.

Face às análises com carregamentos uniformes correspondentes às altitudes em que a

câmara hipobárica é utilizada nos testes fisiológicos, concluiu-se que o material que constitui a

54

câmara não entra em deformação plástica, não atingindo o limite da tensão de cedência típica

deste aço estrutural (282 MPa). Por outro lado, verificou-se que, em determinadas zonas, existia

uma concentração de tensões que, devido à utilização periódica da câmara hipobárica, se

poderiam se tornar zonas críticas de deformação.

Para uma análise mais completa do esforço a que está sujeita a câmara, optou-se pela

realização de análises com carregamentos diferentes na antecâmara e na câmara de testes da

estrutura analisada, simulando, deste modo, a possibilidade de ocorrência de uma evacuação

durante a utilização da câmara. Estas análises revelaram a existência de um novo ponto crítico

de deformação na interface dos dois compartimentos.

Foi realizado um estudo relativo à pressão externa aplicada requerida para que a câmara

atingisse a tensão de cedência. Comprovou-se que a pressão exterior correspondente para que

câmara hipobárica alcançasse esse estado é de 0.107 MPa. No entanto, esta pressão é superior

à pressão ambiente de 101325 Pa, não sendo possível que a câmara esteja sujeita a estas

condições. Verifica-se, assim, que a operação da câmara acontece em domínio elástico,

encontrando-se a sua tensão equivalente inferior ao valor de 282 MPa, correspondente à tensão

de cedência do material.

No final, verificou-se que os locais indicados para a instrumentação deviam ser quatro: o

ponto de tensão máxima equivalente, o ponto de interface dos dois compartimentos que

registasse a tensão máxima equivalente e os pontos de interface das duas janelas que

registassem também essa propriedade. A descrição detalhada da seleção destes pontos, assim

como o registo de valores para uma tensão máxima, encontra-se no final do capítulo de análise

de resultados.

Como trabalho futuro desta dissertação de mestrado prevê-se a implementação de um

sistema de extensometria. O princípio de funcionamento do sistema será aquele já descrito no

subcapítulo 2.6, dedicado exclusivamente a instrumentação.

55

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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[2] Carinhas H.P., “Disciplina de tribologia e manutenção – Fiabilidade”, Instituto Superior

Técnico, 2009.

[3] Shukitt-Hale B., Lieberman H.R. “The effect of altitude on cognitive performance and mood

states - Marriott B, Carlson SJ, eds. Nutritional Needs in Cold and in High-Altitude Environments:

Applications for Military Personnel in Field Operations”, Washington DC, National Academy

Press, 1996.

[4] Storz J.F., Moriyama H., “Mechanisms of hemoglobin adaptation to high altitude hypoxia”,

High Alt Med Biol, pp. 148-157, 2008.

[5] Taylor A.T. “High-altitude illnesses: physiology, risk factors, prevention, and treatment”,

Rambam Maimonides Med J., 2011.

[6] http://www.webmd.com/asthma/guide/hypoxia-hypoxemia, consultado em Janeiro de 2016.

[7] F.A.P., “Slides de Treino da Secção de Treino Fisiológico”, documento interno FAP.

[8] http://www.matweb.com/, consultado em Março de 2016.

[9] http://digital.library.unt.edu/ark:/67531/metadc695894/, consultado em Fevereiro de 2016.

[10] Jeyakumar M., Christopher T. “Influence of residual stresses on failure pressure of cylindral

pressure vessels”, Chinese Journal of Aeronautics, 26, pp. 1415-1421, 2013.

[11] Saidpati, V.V., Thakare, A. S. “Design & weight optimization of pressure Vessel due to

thickness using finite element analysis”, International Journal of Emerging Engineering Research

and Technology, pp. 1-8, 2014.

[12] Wang W., Cai G., Zhou J. “Large-Scale Vacuum Vessel Design and Finite Element Analysis”,

Chinese Journal of Aeronautics, 25, pp. 189-197, 2012.

[13] Rotter J.M., Sadowski, A.J. “Cylindrical shell bending theory for orthotropic shells under

general axisymmetric pressure distributions”, Eng. Struct., 42, pp. 258–265, 2012.

[14] Gao, T.T., Zhou, C.Y., Guo, Y.H., et al. “Discontinuity stresses at the junction of orthotropic

pressurized cylindrical shell with a flat head”, Chin. J. Appl. Mech, 32, pp. 28–33, 2015.

[15] Yao T., He X., Kong F., Zhou C. “Design by analysis for orthotropic pressurized structure

with small end of conical shell and cylindrical shell based on Hill48 yield criterion”, Thin-Walled

Structures, 96, pp. 220–226, 2015.

[16] Cui W.C., Pei J.H., Zhang W., “A simple and accurate solution for calculating stresses in

conical shells”, Computers & Structures, 79, pp. 265–279, 2001.

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[19] Rodigues J., Martins P. “Tecnologia Mecânica Vol. 1 – Tecnologia da Deformação Plástica

– 2ª Edição”, Escolar Editora, 2010.

[20] Manual NI LabVIEW 2016.

[21] http://www.ni.com/white-paper/14556/pt/, consultado em Dezembro de 2015.

56

[22] https://www.hbm.com/en/0014/strain-gauges/, consultado em dezembro de 2015.

[23] Vieira, N. “Análise, dimensionamento e otimização de uma cúpula metálica”, Faculdade de

Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2010

[24] Meneses, M. B., “Análise e dimensionamento estrutural de um reservatório cilíndrico em

betão armado”, Instituto Superior Técnico, 2013.

[25] Álvaro F. M. Azevedo, “Método dos Elementos Finitos”, Faculdade de Engenharia da

Universidade do Porto, 2003

[26] Manual ANSYS mechanical APDL 2015.

[27] http://www.directindustry.com/prod/olympus/product-17434-1026387.html, consultado em

Maio de 2016.

[28] White, F.M., “Fluid Mechanics”, McGraw Hill, 1999.

[29] N.A.S.A., “U.S. Standard Atmosphere”, U.S. Government Printing Office, Washington, D.C,

1976.

57

ANEXOS

ANEXO A – LISTA DE KEYPOINTS PARA CONSTRUÇÃO - MEF

1

Nº COORDENADAS

X Y Z

1 0 0 0

2 4464 0 0

3 0 2220 0

4 4464 2220 0

5 1192 1328 0

6 1637 1328 0

7 1192 1928 0

8 1637 1928 0

9 2447 1328 0

10 3822 1328 0

11 2447 1928 0

12 3822 1928 0

13 970 0 0

14 2447 0 0

15 3159 0 0

16 3822 0 0

17 0 705 0

18 0 1610 0

19 0 0 -1020

20 0 2220 -1020

21 0 122 -590

22 0 2102 -590

23 4464 0 -1020

24 4464 2220 -1020

25 4464 2102 -590

26 4464 122 -590

27 4464 2052 -1020

28 1808 2220 0

29 4464 172 -1020

30 0 2052 -1020

31 0 122 -1020

32 0 2102 -1020

33 4464 2102 -1020

34 4464 122 -1020

35 1808 122 -590

36 1808 2102 -590

37 1808 2102 -1020

38 1808 122 -1020

39 0 0 -687

40 50 0 0

41 4414 0 0

42 0 0 -540

43 0 2220 -687

44 4464 2220 -687

45 0 0 -687

46 4464 0 -687

47 0 0 -540

Nº COORDENADAS

X Y Z

48 0 2220 -540

49 4464 0 -540

50 4464 2220 -540

51 1808 0 -540

52 1808 2220 -540

53 50 0 0

54 50 2220 0

55 50 2220 -1020

56 50 2220 -687

57 50 0 -1020

58 50 0 -687

59 970 0 0

60 970 2220 0

61 970 2220 -1020

62 970 2220 -687

63 970 0 -1020

64 970 0 -687

65 1808 2220 -1020

66 1808 2220 -687

67 1808 0 -1020

68 1808 0 -687

69 1808 0 0

70 0 172 -1020

71 2447 2220 -1020

72 2447 2220 -687

73 2447 0 -1020

74 2447 0 -687

75 2447 0 0

76 2447 2220 0

77 3159 2220 -1020

78 3159 2220 -687

79 3159 0 -1020

80 3159 0 -687

81 3159 0 0

82 3159 2220 0

83 3159 1328 0

84 3159 1928 0

85 3822 2220 -1020

86 3822 2220 -687

87 3822 0 -1020

88 3822 0 -687

89 3822 0 0

90 3822 2220 0

91 50 705 0

92 970 705 0

93 0 705 0

94 0 705 -540

Nº COORDENADAS

62

X Y Z

95 4464 705 0

96 4464 705 -540

97 1808 705 0

98 1808 705 -540

99 4414 2102 -590

100 2447 705 0

101 3159 705 0

102 3822 705 0

103 1808 705 -590

104 0 705 -590

105 4464 705 -590

106 0 1610 0

107 0 1610 -540

108 50 1610 0

109 4464 1610 0

110 4464 1610 -540

111 1808 1610 0

112 1808 1610 -540

113 970 1610 0

Figura 46 – Orientação da câmara no espaço

Nº COORDENADAS

X Y Z

114 2447 1610 0

115 50 2102 -590

116 3822 1610 0

117 1808 1610 -590

118 0 1610 -590

119 4464 1610 -590

120 1192 1610 0

121 1637 1610 0

122 50 1928 0

123 970 1928 0

124 1808 1928 0

125 4464 1928 0

126 0 1928 0

127 0 1328 0

128 50 1328 0

129 970 1328 0

130 1808 1328 0

131 4464 1328 0

63

ANEXO B – PERFIS DE VIGAS UTILIZADOS - MEF

Figura 47 – Perfil Viga em T

Tabela 20 – Dimensões do perfil

correspondente a viga em T

Variável Dimensões [mm]

W1 100

W2 100

T1 11

T2 11

Figura 48 – Perfil viga em L

Tabela 21 – Dimensões do perfil

correspondente a viga em L

Variável Dimensões [mm]

W1 100

W2 100

T1 11

T2 11

64

Figura 49 – Perfil viga em C

Tabela 22 – Dimensões do perfil

correspondente a viga em C

Variável Dimensões [mm]

W1 100

W2 100

T1 11

T2 11

T3 11

Figura 50 – Perfil viga quadrangular simples

Tabela 23 – Dimensões do perfil correspondente à

viga quadrangular simples

Variável Dimensões [mm]

H 100

B 11

65

ANEXO C – CÁLCULO DE FORÇAS DE CONTACTO

Análise realizada a uma altitude de 35000 pés correspondente a uma pressão relativa de

77484,172 Pa.

Tabela 24 – Cálculo das forças de contacto para 35000 pés

Geometria Altitude [pés] Pressão [MPa] Área [mm2] Força [N]

Janela antecamara 35000 0,077 267000 20688,27

Janela camara 35000 0,077 825000 63924,44

Portas 35000 0,077 851400 65970,02

Orifício extração do ar

35000 0,077 119790 9281,83

Análise realizada a uma altitude de 70000 pés, correspondente a uma pressão relativa de

98108,915 Pa.

Tabela 25 – Cálculo das forças de contacto para 70000 pés

Geometria Altitude [pés] Pressão [MPa] Área [mm2] Força [N]

Janela antecamara 70000 0,098108915 267000 26195,08027

Janela camara 70000 0,098108915 825000 80939,85477

Portas 70000 0,098108915 851400 83529,93012

Orifício extração do ar

70000 0,098108915 119790 11752,46691

Análise realizada a uma altitude de 100000 pés correspondente a uma pressão relativa de

101101,04 Pa.

Tabela 26 – Cálculo das forças de contacto para 100000 pés

Geometria Altitude [pés] Pressão [MPa] Área [mm2] Força [N]

Janela antecamara 100000 0,101 267000 26993,98

Janela camara 100000 0,101 825000 83408,36

Portas 100000 0,101 851400 86077,43

Orifício extração do ar 100000 0,101 119790 12110,89

Análise realizada com uma pressão exterior correspondente a 101325 Pa. (Pressão atmosférica)

Tabela 27 – Cálculo das forças de contacto para 100000 pés uma pressão exterior,

correspondente a 101325 Pa

Geometria Pressão [MPa] Área [mm2] Força [N]

Janela antecamara 0,101325 267000 27053,775

Janela camara 0,101325 825000 83593,125

Portas 0,101325 851400 86268,105

Orifício extração do ar 0,101325 119790 12137,72175

66

ANEXO D – RESULTADOS ANÁLISES CONVERGÊNCIA DA

MALHA

Figura 51 – Malha de 1361 elementos

Figura 52 – Tensão equivalente de Von Mises malha de 1361 elementos

67

Figura 53 – Extensão equivalente de Von Mises malha de 1361 elementos

Figura 54 – Malha de 3961 elementos

68

Figura 55 – Tensão equivalente de Von Mises malha de 3961 elementos

Figura 56 – Extensão equivalente de Von Mises malha de 3961 elementos

69

Figura 57 – Malha de 55608 elementos

Figura 58 – Tensão equivalente de Von Mises malha de 55608 elementos

70

Figura 59 – Extensão equivalente de Von Mises malha de 55608 elementos