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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA VANESSA CRISTINA MENEZES BRAZ Moda e Comunicação O VESTUÁRIO ENQUANTO COMUNICAÇÃO João Pessoa 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA VANESSA CRISTINA MENEZES BRAZ

Moda e Comunicação O VESTUÁRIO ENQUANTO COMUNICAÇÃO

João Pessoa

2013

Vanessa Cristina Menezes Braz

Moda e Comunicação

Relatório da Grande Reportagem apresentado como requisito

básico para o Trabalho de Conclusão de Curso em Comunicação

Social, habilitação Jornalismo, da Universidade Federal da

Paraíba.

Orientador: Professor Dr. Wilfredo Maldonado

João Pessoa – PB

2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA VANESSA CRISTINA MENEZES BRAZ

Moda e Comunicação O VESTUÁRIO ENQUANTO COMUNICAÇÃO

BANCA EXAMINADORA

Orientador – WilfredoMaldonado .............................................................Nota: .........

Examinador 1 Bertrand Lira ......................................................................Nota: .........

Examinador 2 Suelly Maux ........................................................................Nota: .........

João Pessoa

2013

Aos meus pais que sempre me incentivaram a continuar com a

graduação de Jornalismo, mesmo eu estando formada em

Radialismo e atuando no mercado de trabalho há quase 10 anos.

Meus pais, Carlos Antonio de Menezes Braz e Ivan France

Menezes M. Braz, dedico a conclusão de mais esta graduação a

vocês dois, meus alicerces.

AGRADECIMENTOS

A conclusão deste projeto não seria possível sem ajuda de pessoas que foram

importantes durante o processo de pesquisa, de produção e de finalização. Em primeiro lugar,

agradeço o meu orientador pela paciência, por todas as dicas que me foram dadas e por confiar

no meu trabalho. Agradeço também a pessoa de Victor Ramalho que me ajudou, participando

da pesquisa, se envolvendo com o tema, atuando como cinegrafista, operador de áudio e

conselheiro.

Este projeto, também, não seria possível sem todos os outros profissionais que

colaboraram com a captação de algumas imagens, do som, da iluminação e da edição – Jonathas

Falcão, David Neves, Caio Gomes e Elmon Palmeira. Como esquecer dos entrevistados que

ajudaram a organizar as idéias para este projeto, com todo conhecimento que tinham a oferecer.

Este projeto não seria finalizado, também, sem ajuda dos meus chefes, na época, Sílvio Osías,

editor chefe da TV Correio, Maria da Conceição Coutinho, editora do jornal A União e ainda a

editora do Correio Espetacular, Linda Carvalho que me liberaram por alguns dias, do trabalho,

para que eu pudesse captar das entrevistas e imagens, em João Pessoa e Campina Grande. Sem a

compreensão deles, esse trabalho dificilmente teria sido concluído.

Por fim, mas à frente de todos, agradeço a Deus que me deu força e coragem

para não desistir.

SUMÁRIO

1. Introdução ......................................................................................06

2. Justificativa ....................................................................................07

3. Objetivos..........................................................................................09

4. Fundamentação Teórica.................................................................10

4.1 Viagem no Tempo – relembrando as origens da moda....................10

4.2 O que ela Comunica........................................................................12

4.3 A Grande Reportagem.....................................................................14

5. Metodologia.....................................................................................17

5.1 Pré-Produção...................................................................................17

5.2 Produção..........................................................................................18

5.3 Finalização.......................................................................................19

6. Cronograma....................................................................................21

7. Referências......................................................................................22

1 INTRODUÇÃO

O presente projeto tem como proposta trazer à tona a versatilidade que a moda possui,

através do vestuário e da capacidade que tem na comunicação visual. Quando falamos em

comunicação visual estamos nos referindo aos acessórios e roupas que compõe um look, ou seja,

o que se veste e como esta comunicação pode traduzir a personalidade do indivíduo, ou o desejo

de ser de cada um. Citando Eco, Miranda e Garcia (2003), afirmam que “sendo a moda símbolo

na essência, parece certo afirmar que a ela se aplica perfeitamente a transferência de significados,

visando à comunicação integrante de sociedades, onde tudo comunica, sendo assim, o vestuário é

comunicação.”

O vestuário é um meio capaz de comunicar uma época, características da

personalidade, interesses musicais e culturais. É no tipo de tecido, na modelagem, nas aplicações,

nas estampas e em tantos outros elementos que podemos perceber as nuanças que o vestuário

possui e que através delas identificamos a época em que aquele tipo de vestuário esteve em uso.

Desta forma a moda se apresenta como um meio de comunicação, onde geralmente a

personalidade e os anseios são transferidos para a imagem visual como forma de autoafirmação

na sociedade. E foi visando esta autoafirmação que surgiu no mercado de trabalho o Personal

Stylist ou Consultor de Imagem, um profissional que cuida do visual do cliente construindo uma

imagem e a buscando através dela, a postura adequada para a autoafirmação.

Com uma linguagem clara e direta pretendemos, através desta Grande Reportagem em

vídeo, debater a capacidade de comunicação que a moda tem a oferecer e desmistificar a

futilidade que o tema, moda, possa parecer ter. A proposta é apresentar a moda, enquanto

vestuário, como um meio de comunicação ainda complexo para a maioria da população que,

muitas vezes, acaba sendo vítima da indústria e do comércio de consumo desenfreado.

Através de entrevistas com profissionais da moda, da comunicação, da indústria, de

pesquisadores, de consultores de imagem e de pessoas comuns, construímos uma narrativa que

possa sensibilizar, provocar, fazer refletir e acima de tudo provar a incrível capacidade de

comunicação que a moda tem a oferecer. Somos uma sociedade que utiliza vários meios de

comunicação e porque ignorar ou negligenciar a capacidade que o vestuário tem traduzido

nossos interesses, nossa personalidade e até mesmo nossos defeitos que em uma camisa

amassada pode nos apontar como desleixados, assim como, um decote em uma entrevista formal

de emprego significar vulgaridade.

2 JUSTIFICATIVA

Falar de vestuário é algo bastante complexo, porque vai além da necessidade de vestir.

A moda, enquanto vestuário está ligada não somente a indústria e ao comércio, mas também, a

criatividade, inovação e a cultura como um todo. Na Inglaterra, a moda está diretamente

relacionada às artes plásticas, ao design e a história social do país, ela se tornou um elemento

agregador da cultura local garantindo espaço nos mais importantes museus, a exemplo do

Victoria & Albert. Uma imagem que no Brasil aos poucos esta sendo construída, já que o tema

esta deixando de ser visto como uma futilidade, para ganhar espaço no âmbito acadêmico, assim

como na esfera cultural.

A moda ganhou espaço e neste sentido várias escolas estão surgindo no país e no

mundo, para atender as necessidades do mercado e para abastecer as inquietações artísticas

depositadas nela. No campo da pesquisa, ainda há dificuldade para encontrar bibliografia, o fato

da moda não ser ciência ou da área artística, é necessário um estudo apoiado em outros campos

de investigação cientifico/artístico como na Antropologia, Sociologia, Comunicação, Semiótica,

Artes Plásticas e outras áreas.

No livro “A moda e seus desafios – 50 questões fundamentais” o escritor Frédéric

Monneyron levanta a questão: Por que a moda não consegue tronar-se objeto de estudo?

Apontando a moda como um objeto que sofreu e ainda sofre dificuldades para se tornar um

objeto de estudo sério.

Evidentemente, estamos longe de atribuir à roupa todo o lugar que lhe

cabe, tanto dentro da integração como na contestação sociais; e sem

dúvida ainda não enfatizamos sua importância nos comportamentos

sociais, pois, se não nos vestimos da mesma maneira para ir ao cinema, a

um jantar, a um concerto ou a um jogo de tênis, não nos comportamos

também da mesma maneira conforme as roupas que usamos...

(MONNEYRON,2007, p. 11)

Do ponto de vista social, a moda é um elemento que exerce forte influência no

comportamento consumista. No livro “A moda uma filosofia” o escritor Lars Svendsen, relembra

o romântico Friedrich Schlegel que aponta o consumidor romântico como aquele que mais

abastece esse mercado consumista, o indivíduo “[...], quem deseja o infinito não sabe o que

deseja. Quando ele obtém o novo produto, este sempre acabará se revelando uma decepção”

(Svendsen, Lars, 2010). De acordo com a Associação Brasileira de Indústria Têxtil e de

Confecção (ABIT) o Brasil produz 9,8 bilhões de peças de vestuário por ano, sendo referência

mundial em beachwear, jeanswear e homewear. Outros segmentos também vêm ganhando

mercado internacional como a moda feminina, masculina, infantil, além do fitness e moda

íntima.

Para acompanhar esse processo em desenvolvimento no país, é de extrema importância

compreender este fenômeno tão complexo que, também, é capaz de comunicar por meio de

elementos que remetem à história de um povo. No Brasil, o caminho ainda é longo para a

construção de uma identidade, já que a moda é bastante influenciada pelas produções de países

onde este segmento esta mais enraizado, como França e Itália.

A necessidade da qualificação da mão de obra no Brasil fez surgir uma variedade de

cursos de moda, sejam eles de qualificação, técnico, tecnólogos ou superiores, mas tudo isso tem

um fim que é a geração de um mercado competitivo. No sentido social, o entendimento de que o

vestuário é uma ferramenta que traduz a identidade do seu povo e da sua cultura, a qualificação e

as discussões levantadas sobre este tema colaboram para o entendimento deste complexo meio,

que tem muito a comunicar.

Nas palavras de Monneyron (2007):

Essa situação não somente exige uma abordagem sociológica que a

justifique, mas apresenta o imaginário da roupa e da moda como uma

vida de acesso altamente privilegiado pelos movimentos e tensões

diversas que, secretamente, agitam determinada época, determinam seu

ambiente e lhe dão um estilo. A moda é talvez frívola, mas essa

frivolidade não é imprópria, pois figura – ou melhor, como vimos,

prefigura – o estado da sociedade.

A escolha da Grande Reportagem como forma de apresentação deste projeto é

decorrente da afinidade que temos com o trabalho jornalístico. E acreditamos que, desta forma,

poderemos transmitir melhor a relação entre moda e comunicação e, assim, colaborar para a

discussão do tema proposto.

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

3.1.1 Produzir uma Grande Reportagem que demonstre a capacidade comunicativa que a

moda, através do vestuário, tem a oferecer.

3.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS

3.2.1 Demonstrar que a moda, enquanto vestuário, vai além do consumo, ela se constitui num

gênero discursivo produtora de sentido sociocultural.

3.2.2 Perceber a relação da personalidade das pessoas, do estado de espírito, dos interesses

musicais e artísticos com o tipo de roupa que elas vestem.

3.2.3 Apresentar as ferramentas que podem ser utilizadas para construir uma imagem

pública, que traduza com maior eficiência o SER do individuo.

3.2.4 Demonstrar a importância da qualificação profissional no país para a criação da

identidade do seu povo, em meio a um mundo altamente globalizado.

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1 Viagem no tempo

Há registros que apontam a utilização do vestuário por povos da Europa na última Era

Glacial, no período paleolítico. As roupas eram feitas a partir da pele dos animais que eles

caçavam. A princípio essa pele era utilizada para minimizar o frio, mas o uso desse material

apresentava alguns problemas: o tecido dificultava o movimento do corpo e com o passar dos

dias a pele ficava dura e de difícil trato.

Alguns métodos foram utilizados para tornar a pele macia e maleável. A pele passou a

ser imersa em uma solução com cascas de certas árvores misturadas em água. Esse processo foi

um marco tecnológico da história do homem, permitindo que as peles fossem cortadas e

modeladas. Na sequência surgiu a agulha de mão, feita de marfim de mamute ou de ossos e

presas, possibilitando a costura amoldada ao corpo.

Mas outras civilizações não tiveram o frio como impulso para a confecção de vestuário.

Nas regiões do Eufrates, do Nilo e do Indo o clima tropical resultou em outra linha de traje, o

tropical. Os povos que viviam em climas temperados descobriram a utilização de fibras animais

e vegetais, além de terem desenvolvido a feltragem, transformando pelos e lãs molhadas e

prensadas em um tecido, utilizado para tapete, tendas e roupas.

Ao que indicam as bibliografias pesquisadas, a utilização da palavra “moda” como uma

“maneira coletiva de vestir ou se portar” começou a ser registrada a partir de 1393, como aponta

o escritor Remaury Bailleux, em Modeset Vêtements. Com o tempo a definição da palavra moda,

adquiriu novos significados assim como a forma que a observamos e nos séculos XVII e XVIII a

literatura começou a se utilizar da moda como forma de compreender os costumes da

humanidade.

A moda que hoje conhecemos começou a se configurar no final da Idade Média e início

da Renascença, sendo um fenômeno ocidental e diretamente relacionado à Europa. E é com o

declínio do Feudalismo e ascensão das cidades e vilarejos que a classe proletária começa a copiar

o modo de vestir e a maneira como a nobreza se comportava. A fim de ter a sua imagem igualada

a mesma. Essa relação de projeção marca o século XIV, onde a classe inferior busca referências

da classe alta para se firmar na sociedade. Talvez seja a fantasia, o gosto pelas novidades, o

individualismo e a supervalorização do presente que impulsionam esse perfil.

Essa tradição literária se reforça com o início do século XIX, tendo Balzac e Mallarmé

como seus maiores ícones. São desta época também as primeiras reflexões sobre a história da

indumentária. Com as mudanças sociais e econômicas, que marcaram o fim da Idade Média e o

início da Revolução Industrial, uma das etapas mais marcantes da história da moda, e o período

no qual se iniciaram os estudos mais sistemáticos sobre os fenômenos da comunicação social e

da moda em particular. Com a industrialização, a produção em massa e a dispersão geográfica

dos locais de fabricação, a comunicação torna-se um mecanismo indispensável, capaz de

vincular produtores e consumidores. Essa realidade também se reflete no clima do material

editorial lançado no pós-guerra, em especial nas fotos de Irvin Penn e Richard Avedon tiradas

durante a década de 50.

A moda sofreu grande impacto no século XIX com o surgimento da confecção em

escala industrial e com a invenção da máquina de costura, o que impulsionou a produção de

vestuário em massa. Consequentemente houve um barateamento dos produtos e a moda se

popularizou entre a pequena e média burguesia.

Nas últimas décadas do século XIX a moda passou a utilizar a

comunicação como meio de difusão, possibilitando ao sistema da moda

criar novos estilos de roupas, associá-los aos princípios e categorias

culturalmente estabelecidos e, ainda, disseminá-los, fazendo, assim, o

movimento do significado do mundo/moda para o vestuário (Barthes,

Roland, 1979).

No livro de Roland Barthes, sobre o sistema da moda, publicado em 1967, o autor faz

uma distinção entre significante e significado, que pode ser interpretada como o aspecto material

de um signo e seu conteúdo. A palavra “calças” e o significado dessa palavra pode, para ele, não

ter nenhum vínculo necessário. E Barthes (1979) continua:

Apesar da relação arbitrária entre significante e significado, há uma

relação regulada entre os dois através de um “código”, um conjunto de

regras partilhadas que associam um ao outro. Se não temos familiaridade

com o código, não temos como nos orientar no sistema.

Através desse código é que vamos ter o consenso de que um terno e uma gravata têm

significado mais formal que um terno sem gravata. E Barthes (1979) vai ainda mais longe

questionando de onde vem este significado, dizendo que seria tentador dizer que uma peça de

roupa significa o que o estilista gostaria que significasse, mas o que para o estilista pode

significar algo, em algum outro lugar pode ter um significado completamente oposto.

4.2 O que ela comunica?

Vestidos, camisas, calças, moldes, cores e estamparias são elementos que compõem

significados na moda. Quando visitamos um museu nos deparamos com objetos que muito falam

sobre aquele período, as crenças e economia. Com a moda a história não é diferente. Os anos 60

evocam as minissaias, calças de cintura baixa, terninhos estilo Beatles, tecidos sintéticos,

metalizados, enfim, uma moda futurista. Como esquecer dos anos 70, marcado por revoluções,

quebra de padrões e o ápice da moda hippie, com os vestidos longos, lenços, franjas nas bolsas,

estampas coloridas e óculos redondos. Cada época desta foi marcada por influências culturais,

econômicas e sociais. No livro “Moda e Comunicação” (2003), Malcolm Barnard afirma que

moda e indumentária como comunicação são fenômenos culturais e, desta forma, pode ela

própria ser entendida como um sistema de significados.

Seguindo a lógica dos significados, a roupa é uma das mais importantes formas de

comunicação visual, onde as pessoas, de maneira intencional ou não, dialogam entre si revelando

o eu de cada indivíduo. Sendo assim, a moda passa a ser um dispositivo social presente na

interação com o mundo, como afirma Lipovetsky (1989). Diferente de outros autores, Svendsen

(2010) não acredita que as roupas sejam uma forma de linguagem, pelo fato de que elas não têm

nem gramática nem vocabulário em nenhum sentido usual. Neste sentido, Svendsen (2010, p.

79), afirma que: “Não há dúvida de que comunicam alguma coisa, mas nem tudo que comunica

deve ser chamado de linguagem”.

Não sendo a moda no vestuário uma linguagem em qualquer sentido

normal, pode ser tentador descrevê-la como um “idioma visual”, para

tomar emprestada uma expressão do escritor Hermann Broch. Nesse

sentido, as roupas estão mais próximas da música e da arte visual que da

linguagem normal. (SVENDSEN, 2010)

Com a confecção em escala industrial, o vestuário se popularizou entre as classes

sociais tornando-se um produto da indústria cultural, gerando valores e hábitos através da intensa

difusão de informação por meio das mídias. Esse comportamento fez com que as tendências da

moda fossem ditadas por pessoas influentes como, principalmente, os artistas.

Ao mesmo tempo a moda é democrática. Dentro do que é ou não tendência, ela lança

mão do estilo de ser de cada indivíduo e é a partir dele que a identidade se formata. Nesta

concepção, pessoas com os mesmos interesses e hábitos criam uma identidade visual, chamada

de tribos da moda. Nela é possível identificar a personalidade e interesses através do que se

veste.

Para garantir a sobrevivência social, principalmente, na adolescência quando a

personalidade do indivíduo está em formação, é comum encontramos personalidades mutantes. E

a moda possibilita essa mutação, onde ela será o agente modificador. É notório quanto á

aparência e a postura física influenciam a mente e desta forma a moda pode funcionar como uma

fantasia, onde cabe ao indivíduo escolher o que irá vestir.

Porém, para Svendsen (2010), o código que dá significado ao vestuário é bastante

complexo para ser utilizada como meio eficaz para comunicar algo que desejamos.

Não podemos excluir a possibilidade de que a moda possa “dizer

alguma coisa”, mas como meio de comunicação as roupas são em

geral bastante inadequadas. Se temos uma “mensagem” para o

mundo externo, provavelmente seria bem mais eficaz dizê-la com

palavras que vestir um traje a fim de supostamente transmiti-la.

(SVENDSEN, 2010 p. 83)

Neste contexto, uma nova profissão aparece na tentativa de criar uma imagem visual

compatível com o que, pelo menos, se quer transmitir. O Consultor de Imagem, que está mais

ligado à identidade de cada individuo, e o Personal Stylit, voltado para as novidades lançadas no

mercado da moda, são profissionais que encaram o desafio de tentar traduzir os significados da

moda, dentro do código em que esta inserido e oferecer aos seus clientes a possibilidade

detraduzira identidade ou assumir uma, mesmo que momentaneamente. Desta forma estas

pessoas, muitas vezes, tornam-se mais autoconfiantes e tentam transmitir, com mais eficiência, a

mensagem que gostariam de passar.

4.3 A Grande Reportagem

Buscando referência na etimologia da palavra, reportagem vem de reportar que no latim

é reportare, ou seja, regressar com, tornar a trazer, obter uma resposta. Assim como o

substantivo repórter, que vem do inglês reporter, nos ajuda a compreender o significado este

gênero jornalístico que levando o substantivo para o verbo toreport teremos narrar. Portanto, a

reportagem nada mais é do um instrumento de comunicação que descreve um acontecimento de

interesse social do grande público.

A reportagem, na opinião de Jaime Barroso García, é a narração informativa dos

antecedentes, das circunstâncias e consequências previsíveis de um acontecimento. Uma

reportagem que transmite uma notícia deve ser feita de maneira clara, objetiva e mais fiel

possível, cabendo ao jornalista a competência de reportar a notícia ao público.

Na televisão a reportagem recorre essencialmente à imagem e pode facilmente

sensibilizar o público, chamar a sua atenção para uma questão e potencialmente mobilizá-lo.

Contribui, também, para aumentar os seus conhecimentos, mas através de um trabalho de

elaboração mais complexo do argumento e da realização.

A reportagem em sua essência exige uma produção mais elaborada, geralmente,

envolvendo vários profissionais como produtores, editores de texto e de vídeo, entre outros. Uma

ideia compartilhada por Maria Cecília Guirado, que em ‘Reportagem: a arte da investigação’

afirma:

O processo de elaboração da reportagem é um processo diferente dos

demais gêneros jornalísticos, por isso requer habilidades especiais do

repórter como sensibilidade para captar fenômenos, capacidade

investigativa e competência no manuseio da língua para a “transcrição”

dos fatos. (GUIRADO, 2004)

Além da relevância do tema para a sociedade, vale destacar a empatia que deve existir

junto ao espectador, pois a informação permite à sociedade opções de escolha, interpretação,

participação nas decisões democráticas e a construção de novos caminhos. E é a partir de uma

reportagem que a população pode ter acesso a informações mais claras, apuradas, que façam

refletir, levante discussões e possa, se esse for o caso, promover mudanças sociais.

Para chegar ao produto final, o jornalista precisa passar por uma série de etapas:

pesquisa, pré-produção, produção, edição e finalização. Para transmitir todos os elementos

recolhidos sobre um dado acontecimento, o jornalista precisa saber bem o ângulo de abordagem

da reportagem, caso contrário pode se tornar vasto e pouco agradável ao público. O ponto de

vista escolhido pelo jornalista para tratar um assunto, muitas vezes, é tomada junto ao chefe de

redação antes do repórter seguir a campo, cabendo ao jornalista perceber durante o processo, a

necessidade ou não de se mudar o ângulo, ou enfoque da reportagem.

Muitas vezes, a construção textual da reportagem extrapola a linguagem jornalística e

acaba adquirindo alguns traços de literatura, porém, mesmo sendo uma narrativa, com

personagens, ação dramática e descrições de pessoas e ambientes, difere-se da literatura por

apresentar um compromisso com a objetividade jornalística.

A grande reportagem opera segundo o método da sinédoque, ou seja, mostra e faz

sobressair um caso, uma situação, um problema particular, com o objectivo de dar a conhecer

uma situação, ou um fenômeno mais geral. Por outras palavras, a grande reportagem descreve

intensivamente casos ou grupos particulares, enquanto eles representam a premissa de todo o

acontecimento.

Na realização da grande reportagem, o jornalista deve dar indicações aos operadores de

imagem e de som, quanto aos documentos icónicos e sonoros que ele deseja juntar para a sua

reportagem. Na opinião de Jespers, isso requer um sentido da imagem, qualidades estéticas e

criatividade.

Vale aqui diferenciar a grande reportagem do documentário, o documentário se difere

da grande reportagem por ser um programa elaborado segundo uma visão única, original, pessoal

sobre a realidade, trata-se de uma obra de autor. Para esse tipo de realização, a escolha da

premissa e a elaboração da mensagem são definidas, estruturadas por um pensamento e uma

estética particular.

A diferença é sutil, pois a grande reportagem e o documentário surgiram de um

cruzamento entre o cinema e o jornalismo, segundo Saulo de La Rue em seu artigo publicado na

obra de ‘Televisão – entre o mercado e a academia’, organizado por Elizabeth Bastos e Maria

Lília Dias.

O que diferencia um produto audiovisual de outro é algumas vezes o

contrato que é estabelecido com o consumidor.Na grande reportagem,

existe a necessidade jornalística da fidedignidade aos fatos, o que nem

sempre ocorre com no documentários. Ainda sim é tênue essa diferença,

dada a manipulação que tanto uma, quanto a outra obra pode incorrer.

(LA RUE apud BASTOS; DIAS, (2006), p.184)

A semelhança se dá pela possibilidade de aprofundamento, que a Grande

Reportagem tem, assim como de poder explorar melhor o conteúdo que será abordado, trazendo

informações embasadas, documentos que reforçam a credibilidade e a veracidade da informação.

Ao contrário da notícia que é mais direta, sem aprofundamento, com informações que podem ser

levantadas e oferecidas ao espectador mais tarde.

A Grande Reportagem demanda tempo, pesquisa, equipe e dentro de uma redação

o tempo é preciso, por isso o que é mais explorado na televisão são as noticias, poucos são os

espaços dedicados a produção de uma Grande Reportagem, porque assim como fazer um

documentário, produzir uma Grande Reportagem uma produção mais detalhada.

5 METODOLOGIA

Para fundamentação desta Grande Reportagem foi realizada uma pesquisa através de

livros, artigos, entrevistas e filmes que ajudaram a embasar este projeto. Através da pré-

produção, chegamos aos entrevistados que nos ajudaram a guiar este discurso, em torno da

capacidade que a moda tem de comunicar.

O processo de construção deste trabalho foi feito em três etapas: pré-produção,

produção e pós-produção. A primeira delas desencadeou uma pesquisa de conteúdo, de

personagens e de marcação das entrevistas, além da escolha das locações. Ou seja, tudo que

antecedeu a execução, de fato, da Grande Reportagem. Na produção realizamos a captação do

material audiovisual para finalmente chegarmos a pós-produção com a edição e finalização da

reportagem.

A proposta adotada, no pré-projeto, foi de fazer um panorama da moda enquanto

elemento comunicacional. Ao longo do processo, sentimos a necessidade de não só mostramos a

moda enquanto meio de comunicação, do que somos ou desejamos e traduzir isso através da

roupa, mas também de demonstrar a importância dela para a economia e até mesmo para a

afirmação da identidade de um povo, de uma cultura e época.

Durante a reportagem buscamos desmestificar a moda como sendo algo fútil e ligado

exclusivamente ao consumo, para demonstrar o poder que a moda tem de comunicar

sentimentos, desejos, interesses e para isso apresentamos a consultora de imagem, Valéria

Didier, como um exemplo de profissional que trabalha no intuído de ajudar pessoas a

entenderem o processo comunicacional da moda, sem necessariamente ficar escrava das

tendências impostas nela indústria.

5.1 PRODUÇÃO

O que motivou a realizar um projeto sobre moda foi, exatamente, a capacidade de

comunicação que eu identificava nela. Olhar para as ruas, para os círculos de amizade, para os

diferentes de estilos que encontramos, por exemplo, nas casas de festa do centro histórico e nas

da região da praia. A princípio acreditava ser um tema fácil de ser trabalhado, mas ao longo das

pesquisas que realizei, percebi como falar de moda pode ser extremamente complexo.

Quando iniciei as pesquisas, senti um pouco de dificuldade em encontrar bibliografia

pela internet, que seria um caminho mais fácil para ter acesso a pesquisas científicas, mas não

consegui muitas informações sobre o tema que eu queria trabalhar, pelo menos não com

fundamentação teórica. Como este projeto levou mais de um ano para ser feito, por motivos

pessoais, cheguei a ter orientação do professor Victor Braga, Agda Aquino e Wilfredo

Maldonado, além da indicação de livros e artigos de pessoas ligadas à área da moda,

comunicação e consultoria de imagem.

No pré-projeto, a ideia inicial era fazer um documentário, mas fui orientada por

Wilfredo Maldonado, a realizar uma Grande Reportagem, principalmente, pelo fato de eu

trabalhar na televisão e estar familiarizada com a linguagem jornalística. Mudando o foco da

minha ideia inicial, tive que repensar de que forma iria abordar este tema e foi quando eu iniciei

a pesquisa de personagens que pudessem colaborar com a construção do conteúdo.

Foram muitas as possibilidades, mas acabei optando por convidar as jornalistas Agda

Aquino e Sarah Falcão, por serem pessoas ligadas a moda e a comunicação, além da professora e

coordenadora do curso de Desing de Moda, Gabriela Maroja, e alunos do curso que ajudaram a

valorizar o tema e qualificação profissional para atuar na área. Para mostrar a importância da

moda para a economia e para o fortalecimento da identidade brasileira e paraibana, ouvimos

ainda a presidente do Sindvest, Maísa Gadelha, professores de cursos e alunos.

Outro personagem importante foi a consultora de imagem, Valéria Didier, que trouxe à

reportagem a importância de entender a moda como meio de comunicação e não apenas como

um meio de consumo e status social. Programamos, também, abordar pessoas comuns no meio

da rua, nos shoppings e lojas da cidade para falar do estilo delas e de onde buscam inspiração

para a construção do visual.

Realizada a pesquisa, traçada as diretrizes da reportagem resolvemos, então, partir para

a marcação das entrevistas e a escolha das locações. Procurei escolher locais que tivessem haver

com o trabalho que as personagens exerciam ou que se identificavam.

5.2 PRODUÇÃO

Nesta etapa, tive que reunir os profissionais que iriam trabalhar na captação das

imagens, áudio e iluminação. A ajuda de Victor Ramalho foi fundamental neste processo, onde

ele atuou como cinegrafista e convidou seus os amigos David Neves e Caio Gomes para fazer a

captação de áudio e ajudar com a iluminação. Destaco ainda o apoio que recebi de Jonathas

Falcão, que ajudou na captação de duas passagens, enquetes e imagens. Foi um momento difícil,

porque nossos horários não batiam e como todo o processo foi realizado na amizade, sem

remuneração, tive que me adaptar as condições de cada um.

Superado os problemas com horário, conseguimos realizar a captação das imagens e

entrevistas, mas vale aqui registrar que em algumas gravações só pude contar com a ajuda de

Victor Ramalho, que fez imagens, áudio e se preocupou com a iluminação. Por isso, cabe aqui

levar em consideração as dificuldades para a execução das entrevistas e imagens.

Para conseguir demonstrar um pouco da indústria do vestuário, no cenário paraibano,

seguimos, eu, Victor e a assessora de imprensa da Federação da Indústria e do Comércio

Paraibano (Fiep), Yone Medeiros, até a cidade de Campina Grande com recursos próprios. Em

Campina Grande, realizamos entrevistas no Centro de Tecnologia da Moda, com professores e

alunos, além de conversar com a presidente do Sindicato do Vestuário (Sindvest) e da

Coopnatural do algodão colorido, Maísa Gadelha.

As entrevistas realizadas foram bastante proveitosas, tanto em João Pessoa quanto em

Campina Grande e ajudaram bastante na construção do texto da Grande Reportagem. Somente

após a captação das entrevistas foi que conseguimos transformar a ideia, que foi traçada na pré-

produção, em off. O texto sofreu, pelo menos, quatro interferências até que pudesse ser gravado

o áudio do texto final.

5.3 PÓS-PRODUÇÃO

Finalizada as entrevistas e a gravação do off, tivemos mais um impasse que foi

conseguir um editor, já que Victor Ramalho, que se dispôs a ajudar desde o início do projeto, não

pode dar sequência por motivos profissionais. Foi então quando, mais uma vez, pude contar com

a colaboração de amigos. O editor da TV Correio, Elmon Palmeira, se disponibilizou em ajudar

com a edição do material, mas também com a mesma limitação de tempo disponível.

Foram encaminhadas as imagens e o texto da Grande Reportagem, tanto escrito quando

o off gravado, para que ele pudesse adiantar a edição. Enquanto o editor esqueletava toda a

reportagem, seguimos com a elaboração do relatório final. Após a matéria ficar montada,

editamos as entrevistas, selecionando os melhores trechos - um papel muito difícil de ser

realizado, já que muitos trechos interessantes tiveram que ser descartados por causa do tempo e

ritmo da reportagem.

Encontramos algumas dificuldades, porque alguns áudios estavam diferentes de outros,

com um pouco de ruído e algumas imagens com a fotografia diferente de outras, devido a

iluminação. Mas todos estes problemas foram superados e o resultado final, agradou a todos que

participaram do processo de produção e finalização deste trabalho de conclusão de curso.

6 CRONOGRAMA

ATIVIDADES MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO

1 Pré-produção

X X X

2 Produção

X X X

3 Pós-produção

X X

4 Elaboração do

relatório final

X X

5 Entrega do

relatório e DVD

X

6 Apresentação do

programa à banca

examinadora

X

1. REFERÊNCIAS

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