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FOCO NA PESSOA 24 www.foconapessoa.org.br Mobilização nos Escritos de Ellen White Silvano Barbosa

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  • FOCO NA PESSOA 24www.foconapessoa.org.br

    Mobilizaonos Escritos

    de Ellen White

    Silvano Barbosa

  • FOCO NA PESSOA 25www.foconapessoa.org.br

    priedades reais em propriedades privadas. Enfren-tando um colapso iminente como consequncia de guerra civil, revoltas por todos os lados contra o governo, caos econmico e vrias guerras estran-geiras simultneas4, o governo francs props a mobilizao do dbito nacional; por meio deste plano, os papis do governo foram reduzidos a um tero do valor, pagvel em dinheiro, e os outros dois teros em hipotecas de terras nacionais5.

    Durante os anos 1850 a 1860, a palavra mobi-lizao passou a ser usada num contexto militar para se referir ao ato de reunir e tornar tropas e suprimentos prontos para a guerra.6

    O significado dessa palavra tem se expandido desde ento e, atualmente, refere-se a qualquer ini-ciativa que encoraje pessoas ao. De acordo com o Websters New American Dictionary, mobilizar sig-nifica reunir e tornar pronto para o servio ativo.7

    As palavras mobilizar e mobilizao no apare-cem nos escritos de Ellen White.8 Esse fato no deve ser entendido como uma falta de interesse no tema por parte da autora. A razo que o uso do termo ainda no havia se espalhado em sua poca. Isso pode ser confirmado ao se observar que a palavra tambm no aparece no dicionrio que ela costu-mava consultar, o dicionrio Noah Webster, de 1828.9

    Ao invs de usar a palavra mobilizao, ela uti-liza as palavras reunir (marshal) e recrutar (en-list) para descrever esta ao. H 27 ocorrncias

    Recentemente recebi a observao de que a coluna Grandes Mobilizadores ainda no havia abordado a contribuio dada por uma mulher. Essa informao procede! Por isso, decidimos iniciar apresentando aquela que a maior de todas as mobilizadoras do adventismo do stimo dia e que, recentemente, foi reconhecida como uma dos 100 americanos mais influentes de todos os tempos1: Ellen White.

    Cofundadora da igreja que atualmente a quinta maior denominao crist2, Ellen White tornou-se a voz do movimento adventista do stimo dia, e sempre que demos ouvidos aos seus conselhos, tivemos sucesso.

    Ellen White exerceu influncia direta no estabelecimento e expanso de todos os ramos da obra ad-ventista: igrejas, editoras, escolas, hospitais, fbricas de alimentos, mas acima de tudo, na promoo do

    entendimento de que o adventismo surgiu para ser um movimento de extenso mundial.

    A sua obra como mobilizadora do adventismo, entretanto, vai alm. Durante setenta anos de mi-nistrio pblico, Ellen White mobilizou no apenas aqueles com os quais entrou em contato. A sua influ-ncia permanece viva e ativa atravs dos milhares de pginas que escreveu e que atualmente continuam a mobilizar a igreja para o cumprimento da misso.

    Ellen White tinha a compreenso clara de que a Igreja Adventista do Stimo Dia foi levantada por Deus para cumprir uma tarefa especfica no tempo do fim: proclamar uma mensagem de advertncia e espe-rana a cada habitante do planeta. Contudo, para ela, esse trabalho deve ser feito no apenas pelo pastor, mas atravs de cada membro do corpo de Cristo, pois Todo o verdadeiro discpulo nasce no reino de Deus como missionrio (DTN, p. 195). Ao longo do seu ex-tenso ministrio, ela apresentou diferentes aspectos do processo de mobilizao da igreja. O objetivo deste breve estudo apresentar de maneira sistemtica o conceito de mobilizao nos Escritos de Ellen White.

    O Conceito de MobilizaoA palavra mobilizao foi primeiramente usa-

    da durante os tempos de dificuldade econmica da Revoluo Francesa para expressar a ao ou processo de mobilizar, tornar mvel, fazer circu-lar.3 A inteno era descrever a converso de pro-

    GRANDES MOBILIZADORES

  • FOCO NA PESSOA 26www.foconapessoa.org.br

    do termo marshal (reunir, colocar em ordem) nos escritos publicados de Ellen White. Destas, 18 so repeties nos seus diversos livros. As 9 declara-es originais so apresentadas principalmente no contexto da guerra entre Deus e Satans, quan-do Satans rene todo o exrcito dos perdidos sob a sua bandeira, e por meio deles tenta executar os seus planos10. O termo tambm usado em referncia organizao dos exrcitos israelitas nas guerras pela conquista de Cana.11 Finalmen-te, ela utiliza o termo marshal em referncia ao domnio completo de Deus sobre a criao e o Seu ato de tornar os exrcitos celestiais prontos para servir.12

    Entretanto, a palavra enlist (alistar, recrutar) que melhor esclarece a sua compreenso do termo mobilizar, em conexo com a mobilizao da igreja para o cumprimento da misso.

    A palavra enlist aparece 154 vezes nos escri-tos publicados de Ellen White. A anlise de cada ci-tao evidencia que a autora faz um emprego duplo do termo, referindo-se tanto ao ato de mobilizar quanto ao ato de aceitar ser mobilizado.

    H apenas 16 ocasies em que o termo em-pregado para se referir a temas no relacionados mobilizao da igreja. Das 138 citaes restantes, 73 so repetidas ao longo dos seus diversos escri-tos, e as 65 restantes podem ser organizadas den-tro de 5 temas predominantes:

    1. A Moldura do Grande ConflitoEllen White aborda a vida crist dentro da mol-

    dura maior do grande conflito entre Deus e Satans, o bem e o mal. Cada pessoa, individualmente, deve se posicionar de um lado ou do outro. No pos-svel ficar neutro nessa batalha. Cada deciso que tomamos nos coloca em um dos dois lados opostos. Cada recurso no empregado para a glria de Deus, edificao do Seu reino e mobilizao de pessoas para a pregao do evangelho eterno, certamente ser utilizado para fortalecer as fileiras do inimigo.

    Em cinco diferentes ocasies ela usa uma abor-dagem bem direta e decisiva apelando para que o povo se aliste no exrcito de Deus e lute contra o erro e o prncipe das trevas. Dois exemplos so apresentados abaixo:

    No aceitars a Cristo como seu capito, e se alistar em Seu exrcito? No deixars a bandeira negra do prncipe das

    trevas e marchar sob a bandeira manchada de sangue do Prncipe Emmanuel? No fars um voto solene de que vai obedecer

    aos mandamentos de seu Capito, suportar as dificuldades como um bom soldado de Jesus Cristo, combater o bom combate

    da f e alcanar a vida eterna? No virs de um estado de transgresso a um estado de obedincia e amor?13

    Erguei-vos em favor de Jesus, jovens amigos, e no tempo da necessidade Ele Se levantar em vosso favor. [...] A mente

    controlada por Deus ou por Satans [...]. Cada pessoa tem uma influncia para o bem ou para o mal. Vossa influncia est do

    lado de Cristo ou do lado de Satans? Os que se apartam da iniquidade atraem em seu favor o poder da Onipotncia.14

    Ellen White com amigos e assistentes em Elmshaven, Califrnia, 1913.

  • FOCO NA PESSOA 27www.foconapessoa.org.br

    2. Mobilizados Como Agentes de SatansDentro do mesmo contexto do Grande Conflito,

    Ellen White expe em oito diferentes ocasies as tentativas de Satans de mobilizar seres humanos como seus agentes. Ele capaz de qualquer arti-manha, e no impor a si mesmo nenhum limite na tentativa de executar os seus planos. Ele o mestre do engano, com sculos de experincia na tarefa de levar pessoas destruio. Ele estuda o comporta-mento humano e conhece as nossas fraquezas. To-dos os artifcios sero empregados por Satans na tentativa de nos atrair e capturar atravs das coisas deste mundo e do estilo de vida do mundo, que est sempre em mudana, mas nunca satisfaz.

    Aqueles que forem ignorantes ou desprevenidos se encontraram encurralados e servos do prncipe das trevas. A citao abaixo resume o seu pensa-mento sobre o tema:

    Depois que Satans induziu o homem a pecar con-

    tra Deus, ele alegou que o homem o havia escolhido

    como seu lder no lugar de Deus, e que o seu trabalho a

    partir de agora deveria ser unir-se com ele para invali-

    dar a lei de Jeov. Era sua funo agora alistar os seres

    que Deus havia criado para serem agentes de Satans

    e cooperar com ele na obliterao da imagem moral de

    Deus na alma.15

    importante observar a sua advertncia em re-lao ao interesse especial de Satans nos jovens.

    Nada de maior importncia do que a educao de

    nossas crianas e jovens. A igreja deve despertar e ma-

    nifestar profundo interesse nesta obra; pois hoje, como

    nunca dantes, Satans e sua hoste esto decididos a

    alistar os jovens sob a bandeira negra que leva runa

    e morte.16

    3. Mobilizados Como Soldados no Exrcito de CristoAo mesmo tempo, Cristo est batalhando pelo

    corao e fidelidade dos seres humanos, buscan-do mobiliz-los como soldados do Seu exrcito. Ele valoriza cada um. Ningum est fora do Seu campo de viso e interesse. O Seu objetivo alcanar cada um individualmente.

    Em 16 diferentes ocasies, Ellen White afirma que todos ns somos convidados a nos posicionar-mos como soldados de Cristo e fazermos resistn-cia a Satans. Assim, estaremos enviando ao ini-migo a mensagem clara de que nem todos foram enganados por ele. Nem todos o esto seguindo. Atravs dos Seus soldados, Cristo mostra aos mundos que no cederam ao pecado, a Satans e queles alistados nos exrcito das trevas que possvel se posicionar ao lado de Deus. Com ajuda e poder divinos, sim, ns podemos ser vencedores em cada batalha.

    Entretanto, Deus e Satans usam abordagens totalmente diferentes ao lidar com os seus respec-tivos exrcitos. Enquanto Satans mente e engana os seus soldados, Deus mostra que no usa essas armas. A anlise das 17 citaes sobre este tema revela a maneira transparente como Deus lida com os seres humanos.

    O Senhor mostra a realidade.

    O Senhor Jesus no engana Seus soldados. Ele

    lhes apresenta o conflito e o plano de batalha, aponta

    as operaes arriscadas, e os exorta a considerarem o

    preo. No os deixa na ignorncia. Recomenda a todos

    a considerarem o preo antes de se alistarem como sol-

    dados de Seu exrcito, pois a vida de um soldado uma

    vida de servio.17

    Ellen White.

  • FOCO NA PESSOA 28www.foconapessoa.org.br

    Os Seus soldados devem se submeter Sua autoridade.

    Aquele que sbio demais para errar e bom demais para reter qualquer coisa que seja o melhor para ns sabe melhor o caminho para uma vida feliz, abundante e vitoriosa. Por isso, aqueles que se alistam no exr-cito de Cristo devem em todas as coisas se submeter Sua autori-dade e consultar a Sua vontade18.

    Querida juventude, o melhor

    que podeis fazer alistar-vos

    franca e decididamente no exr-

    cito do Senhor. Entregai-vos s

    mos de Deus, para que vossa

    vontade e caminhos sejam guia-

    dos por Algum infalvel em sa-

    bedoria e infinito em bondade.19

    Uma vida difcil.

    Somos soldados de Cristo; e

    dos que se alistam em Seu exrcito

    espera-se que executem os traba-

    lhos mais difceis, trabalhos esses

    que lhes sugaro as energias ao

    mximo. Temos de entender que

    a vida de um soldado uma vida

    de constante esforo, de firmeza e

    perseverana. Por amor de Cristo

    precisamos suportar provas.20

    Ajuda divina oferecida em cada batalha.

    Quem se alistar sob a ban-

    deira ensanguentada do Prnci-

    pe Emanuel? [...] A todo filho de

    Deus tentado e em luta pode vir

    divina iluminao, de modo que

    ele no precise cair na batalha

    contra os poderes das trevas, mas

    seja vencedor em todo combate.21

    H uma recompensa.O trabalho duro feito pelos soldados de Cristo nunca em vo (I Cor.

    15:58). A vida de obedincia estrita, devoo completa, compromisso total e compaixo pelos outros ser totalmente recompensada com a coroa da vida eterna. Aqueles que sofrem com Ele, tambm reinaro com Ele22.

    4. Mobilizados Para o Exrcito de Trabalhadores de CristoH 31 citaes de Ellen White sobre este tema, enfatizando a im-

    portncia, a necessidade e o papel que podemos desempenhar na es-tratgia de Deus, agora que nos aproximamos do desfecho do grande conflito.23 importante observar que essas instrues se referem no apenas ao chamado para o trabalho, mas tambm maneira como o trabalho deve ser feito.

    O trabalho proclamar a ltima mensagem de advertncia ao mundo.

    Deus nos chamou para dar a ltima mensagem de advertncia ao mundo. Haver

    vozes que podero ser ouvidas por todos os lados para desviar a ateno do povo de

    Deus com novas teorias. Precisamos dar trombeta um sonido certo. No entende-

    mos nem metade do que est diante de ns. Se os livros de Daniel e Apocalipse fossem

    estudados com fervorosa orao, teramos um melhor conhecimento dos perigos dos

    ltimos dias e estaramos mais bem preparados para o trabalho diante de ns, devera-

    mos estar preparados para nos unirmos com Cristo e trabalharmos em Suas fileiras.24

    O batismo um voto de aceitao do chamado para ser um coope-rador de Deus.

    Quando nos batizamos comprometemo-nos a romper todas as relaes com Sata-

    ns e seus agentes, e entregar corao, esprito e alma obra de estender o reino de

    Deus. Todo o Cu est trabalhando para alcanar esse objetivo. O Pai, o Filho e o Esp-

    rito Santo assumiram o compromisso de cooperar com os santificados instrumentos

    humanos. Se somos leais ao nosso voto, abre-se-nos uma porta de comunicao com

    o Cu porta que mo alguma humana, nenhum instrumento satnico, pode fechar.25

    Ellen G. White participan-do de reunies sesso da Conferncia Geral, com o filho Willie C. White e a esposa dele, no Colgio de Treinamento Washington, em 1905.

  • FOCO NA PESSOA 29www.foconapessoa.org.br

    O trabalho deve ser feito com inteligncia, eficcia e focado em resultados.

    Deus colocar o Seu prprio selo sobre a Sua obra,

    e Deus recrutar homens para cooperar com Ele. Assim

    como Deus deu a cada alma a Sua medida de poder, Ele

    espera que cada um a empregue no ramo da obra onde

    eles possam trabalhar de forma inteligente e eficaz.26

    Deus no teve a inteno de que Seu plano maravi-

    lhoso para redimir o homem alcanasse apenas resul-

    tados insignificantes. O que poderia ser maior e mais

    custoso do que o plano da redeno? Toda a hoste ce-

    lestial est envolvida na grande obra de elevar, refinar

    e santificar a alma humana. Toda essa estupenda m-

    quina posta em movimento para salvar os homens do

    exrcito de Satans, da escravido do pecado, e lev-los

    para se alistarem na obra da salvao.27

    O trabalho deve ser feito diariamente.A vida crist uma batalha e uma marcha. O

    esforo deve ser contnuo e perseverante. assim que derrotamos Satans. Aqueles que se alistam neste servio deve lembrar que uma guerra di-ria28. No h trgua nessa batalha. O inimigo est trabalhando constantemente para levar pessoas destruio. Como obreiros no exrcito de Cristo, no deveramos trabalhar ainda mais arduamente apontando o caminho da salvao?

    A mobilizao deve ser constante.

    Deveria ser envidado constante esforo para recru-

    tar novos obreiros. Os talentos deveriam ser identifica-

    dos e reconhecidos. Pessoas possuidoras de piedade e

    capacidade deveriam ser estimuladas a obter a educa-

    o necessria, capacitando-se assim para auxiliar da

    divulgao da luz da verdade. Todos os que so com-

    petentes para isso deveriam ser engajados em algum

    ramo da obra, de acordo com sua capacidade.29

    Homens e mulheres, jovens e crianas so necessrios.

    Deus deu aos homens o privilgio de se tornar ins-

    trumentos cooperadoras das agncias divinas na obra de

    redeno dos perdidos pela opresso, degradao e pelo

    pecado. Ele aceitar coraes calorosos e mos dispostas a

    serem cooperadores com Ele. Homens, mulheres e crianas

    so chamados a alistarem-se neste exrcito da luta crist.30

    O trabalho deve ser feito em terras estrangeiras.

    H missionrios a serem enviados a todas as naes,

    tribos, lnguas e povos. Deus chama homens e mulheres

    para vir frente e se alistar nos diversos ramos da obra.31

    Precisamos servir como algum que vai prestar contas.

    o alto privilgio dos filhos e filhas de Deus ir e

    apresentar aos outros a verdade como ela em Jesus,

    pois temos que cuidar e buscar as almas como quem

    deve prestar contas. Temos que ter um sentimento

    constante da nossa dvida com Deus pelo dom do Seu

    Filho e estar sempre olhando para as oportunidades de

    alistar outros no exrcito do Senhor.32

    Ellen White numa reunio campal em Reno, Califrnia, 1888.

  • FOCO NA PESSOA 30www.foconapessoa.org.br

    Deus pode ser mobilizado para trabalhar conosco.

    [...] No podemos usar as energias vitais irracio-

    nalmente e esgot-las como se somente ns tivsse-

    mos que fazer a obra, que no houvesse Deus no Cu

    e estivssemos determinados a ter sucesso, mesmo ao

    custo de nossas vidas. Todavia, eu te digo que devemos

    acreditar que Deus faz a obra e que devemos alist-Lo

    em nosso trabalho.33

    O resultado: o mundo inteiro para Deus.

    O Lder do exrcito do Cu est esperando agentes

    humanos se alistarem em Seu servio. Ele vai nos con-

    duzir avante, um exrcito extremamente grande, para

    a conquista do mundo. Com tal Lder podemos obter a

    vitria em todos os conflitos.34

    5. O Papel do Pastor Como MobilizadorFinalmente, Ellen White enfatiza de maneira es-

    pecial o papel do pastor como instrumento ideal nas mos de Deus para mobilizar a igreja. Num artigo in-titulado Pastores, Mobilizem a Igreja Para a Misso, publicado em 18 de novembro de 1884, na Review and Herald, ela enfatiza a importncia e a necessi-dade de que o pastor entenda que o trabalho deve ser feito pela igreja, no apenas pelo ministro. No o papel do pastor absorver todo o trabalho. A sua responsabilidade trabalhar com inteligncia e efi-ccia. Essas prerrogativas incluem a habilidade de compartilhar o trabalho com todo o corpo de Cristo.

    Algumas vezes os ministros trabalham em excesso;

    procuram tomar todo o trabalho em suas mos. Isto os

    exaure e prejudica; contudo continuam a abarcar tudo.

    Parece que pensam que s eles devem trabalhar na

    causa de Deus, ao passo que os membros da igreja fi-

    cam ociosos. Esta no , de maneira alguma, a ordem

    de Deus.35

    De fato, o pastor possui alguns diferenciais que o habilitam a executar com mais propriedade o trabalho de mobilizao da igreja. O pastor tem mais autoridade, pois legitimamente reconhecido como o lder maior da congregao. O pastor tem mais influncia, pois desfruta do respeito e considerao dos irmos. O pastor tem mais conhecimento especfico do tema, pois foi treinado e est preparado para isso. O pastor tem um nvel de compromisso maior em relao ao trabalho a ser feito, pois dedicou a sua vida integral-mente a essa causa. Considerando todas estas vantagens, porque este aspecto do trabalho deveria ser delegado a outros? Por isso, o pastor jamais deveria abrir mo da prerrogativa e do privilgio de liderar a igreja neste processo. O que deve ser delegado a execuo da tarefa, no a mobilizao para o trabalho.

    Ellen White com o esposo, Tiago White, e os filhos, Willian e Edson, 1860.

  • FOCO NA PESSOA 31www.foconapessoa.org.br

    Para Ellen White, o pastor deve ser movido por um intenso desejo de mobilizar outra pessoa para o trabalho.

    Os verdadeiros obreiros nesta causa so poucos, no

    entanto, o trabalho vasto e muitas vezes imposs-

    vel para os obreiros cuidar do interesse despertado, e

    eles no conseguem discernir que devem recorrer aos

    membros leigos da igreja e ensin-los a trabalhar para

    que possam realizar tudo o que foi conquistado e conti-

    nuar a avanar.36

    Ao mesmo tempo, o pastor deve estar conscien-te de que a extenso e os resultados do seu tra-balho podem ser muito maiores se mais pessoas forem mobilizadas.

    Somos capazes de alcanar muito mais do que te-

    mos alcanado, se chamarmos para nos ajudar todos

    os que conseguirmos alistar nessa obra [...] Um obreiro

    digno e temente a Deus retribuir todo o nosso esforo,

    ateno e gasto.37

    Ellen White falando numa sesso da Conferncia Geral, em 21 de maro de 1891, em Battle Creek.

    A importncia das pessoas comuns. Ellen White enfatiza veementemente

    a importncia das pessoas comuns e o papel que elas podem desempenhar no exrcito de trabalhadores de Cristo. Es-tas pessoas devem ser vistas como p-blico alvo no processo de mobilizao. Nesta obra finalizadora do evangelho haver um vasto campo a ser ocupado; e mais do que nunca a obra deve arregi-mentar dentre o povo comum, elemen-tos para auxiliar38.

    Para Ellen White, o pastor jamais de-veria negligenciar a obra que pode ser feita por pessoas comuns, ordinrias. No preciso ser rico, ter ttulos ou vir de uma famlia importante para traba-lhar para Cristo. necessrio estar dis-ponvel para ser usado por Deus.

    No a capacidade que temos agora ou que haveremos de possuir que nos dar o xito. aquilo que o Senhor pode fazer por ns. Este conselho deve ser especialmente observado, consideran-do-se que a maioria absoluta da igreja composta por pessoas comuns. Estes so os que mais prontamente aceitam a mensagem e mais facilmente aceitam ser mobilizados para proclam-la.

  • FOCO NA PESSOA 32www.foconapessoa.org.br

    Concluso:

    Ellen White mobilizou o adven-

    tismo do stimo dia de duas formas

    principais: a sua in uncia pessoal e os seus escritos. Os resultados da

    sua in uncia pessoal podem ser vistos na expanso e desenvolvimen-

    to de todas as reas de atuao do

    adventismo, especialmente na com-

    preenso de que a Igreja Adventista

    do Stimo Dia surgiu para ser um

    movimento de extenso mundial.

    Entretanto, os seus escritos foram o

    principal meio atravs do qual a sua

    in uncia foi exercida, difundida e perpetuada. Eles so a maior evidn-cia acerca de como ela entendia o

    processo de mobilizao da igreja

    para o cumprimento da misso e

    de como este trabalho deve ser fei-

    to. Seus conselhos so claros. Suas

    orientaes seguras. Vamos coloc-

    -las em prtica. Ellen G. White.

    O pastor Silvano Barbosa o editor da revista Foco na Pessoa. Graduou-se em Teolo-gia no IAENE em 1998 e concluiu o mestrado em Teologia Pastoral no UNASP, em 2010. Atualmente est cursando PhD em Misso e Ministrio na Andrews Univer-sity. Foi pastor distrital por cinco anos nas associaes Paulista Leste e Mineira Sul. Tambm atuou no sul de Minas como Secretrio Ministerial e departamental de Publicaes por trs anos. Em seguida, serviu por quatro anos como departa-

    mental de Ministrio Pessoal e Escola Sabatina nas associaes Norte Paranaense e Paulista Central. casado com a enfermeira Lea Sampaio, com quem tem dois

    fi lhos, Davi e Liz.

    SILVANO BARBOSA

  • FOCO NA PESSOA 33www.foconapessoa.org.br

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    1 FRAIL, T. A. Meet The Most Significant Americans of All Time. Smithsonian Magazine, novembro de 2014. Disponvel em

    http://www.smithsonianmag.com/smithsonianmag/meet-100-most-significant-americans-all-time-180953341/. Acessado

    em 15 de fevereiro de 2015.

    2 De acordo com a revista americana Christianity Today, a Igreja Adventista do Stimo Dia, com 18,1 milhes de membros,

    atualmente a quinta maior denominao crist em todo o mundo, perdendo em nmero de membros apenas para a Igreja

    Catlica, a Igreja Ortodoxa, a Igreja Anglicana e a Assembleia de Deus. Veja ZYLSTRA, Sarah Eekhoff. The Season of Adven-

    tists: Can Ben Carsons Church Stay Separatist amid Booming Growth? Christianity Today, 22 de janeiro de 2015. Disponvel

    em http://www.christianitytoday.com/ct/2015/januaryfebruary/season-of-adventists-can-ben-carson-church-stay-separatist.

    html. Acessado 15 de fevereiro de 2015.

    3 MURRAY, J. A. H. e etc. The Compact Edition of the Oxford English Dictionary. Oxford University Press: 1971, p. 1825.

    4 CHAMBERS II, John Whiteclay. Mobilization, The Oxford Companion to American Military History. 2000. Disponvel em

    http://www.encyclopedia.com/topic/mobilization.aspx#1. Acessado em fevereiro de 2015.

    5 Veja BURK, Edmund. Reflections on the Revolution in France. New York, NY: Oxford University Press, 1993, p. 89.

    6 Veja MORRIS, Willian. The American Heritage Dictionary of the English Language. New York, NY: American Heritage Publishing

    Co., Inc., 1969, 1970, p. 842. Veja tambm a palavra mobilization no site http://www.en.wikipedia.org/wiki/mobilization. Essa

    palavra foi usada inicialmente no contexto militar, para descrever a preparao do exrcito prussiano entre os anos 1850 e 1860.

    7 TAYLOR, C. Ralph, AM. Websters New American Dictionary. Washington, DC: Publishers Company, 1965, p. 625.

    8 WHITE, Ellen G. Complete Published Ellen White Writings [CD-ROM]. Silver Springs, MD: Ellen G. White State, 2007.

    9 Ibid.10 WHITE, Ellen G. O Grande Conflito. Tatu: So Paulo, Casa Publicadora Brasileira, 2001, p. 662.11 WHITE, Ellen G. Patriarcas e Profetas. Tatu: So Paulo, Casa Publicadora Brasileira, 2001, p. 499.12 WHITE, Ellen G. Psalm. Seventh-Day Bible Commentary Vol 3. Hagerstown: MD, Review and Herald Publishing Associa-

    tion, 1954, p. 1154.13 WHITE, Ellen G. Review and Herald. 14 de fevereiro de 1888 [traduo nossa].14 WHITE, Ellen G. Fundamentos da Educao Crist. Tatu: So Paulo, Casa Publicadora Brasileira, 2001, p. 89.15 WHITE, Ellen G. Mans Relation to the Law. The Signs of The Times, 8 de outubro de 1894 [traduo nossa]. 16 WHITE, Ellen G. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes. Tatu: So Paulo, Casa Publicadora Brasileira, 2000, p. 165.17 WHITE, Ellen G. Olhando para o Alto. Tatu: So Paulo, Casa Publicadora Brasileira, 2000, p. 251.18 WHITE, Ellen G. Signs of Times, 15 de novembro de 1899. [traduo nossa].19 WHITE, Ellen G. Nossa Alta Vocao. Tatu: So Paulo, Casa Publicadora Brasileira, 2000, p. 216.20 WHITE, Ellen G. Testemunhos Para a Igreja. Vol. 6. Tatu: So Paulo, Casa Publicadora Brasileira, 2000, p. 140.21 WHITE, Ellen G. Filhos e Filhas de Deus. Tatu: So Paulo, Casa Publicadora Brasileira, 2000, p. 369.22 WHITE, Ellen G. Ye shall Receive Power. Complete Published Ellen White writings [CD-ROM]. Silver Springs, G. White

    State, 2007, p. 345.23 Veja Nisto Cremos, A doutrina dos ltimos Eventos. Tatu: SP, Casa Publicadora Brasileira, 2003, pp. 409-490.24 WHITE, Ellen G. The Prayer That God Accepts. Review and Herald, 9 de fevereiro de 1897 [traduo nossa].25 WHITE, Ellen G. Nos Lugares Celestiais. Tatu: SP, Casa Publicadora Brasileira, 2000, p. 54.26 WHITE, Ellen G. 20 Manuscripts Releases, Complete Published Ellen White writings [CD-ROM], Silver Springs, G. White

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