guia de mobilizacao aracati

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Page 1: Guia de Mobilizacao Aracati

Material de Apoio

Page 2: Guia de Mobilizacao Aracati

Elaboração:

Fabiana KurikiLuciana Martinelli

Colaboração:

Antonio Lino Pinto Jr.

Equipe Frutos do Brasil � Juventude em Debate:

Fábio MunhozLeonardo Trielli

Design e Produção

www.liberomais.com.br

Agosto de 2008

Copyleft c 2008. Todo o conteúdo desta apostila pode ser livremente utilizado sem finalidade comercial,desde que o crédito seja dado à Aracati - Agência de Mobilização Social.www.aracati.org.br

Frutos do Br asil

JuventudeemDebate

Page 3: Guia de Mobilizacao Aracati

w w w. f r u t o s d o b r a s i l . o r g . b r

Índice

Introdução: Cultivando um Fruto chamado Brasil

Sobre o Frutos do Brasil

Um pouco da história...

O que já foi feito?

Mas e agora? Qual a idéia?

Atuação em rede

Principais ações

Kit Frutos do Brasil

Os Núcleos de Ação

O que são os Núcleos de Ação

Quais são os objetivos dos Núcleos de Ação?

Qual o papel dos Agentes de Mobilização?

Como formar os Núcleos de Ação?

Rodas de Conversa

Introdução

Tema: Participação Juvenil

Tema: Diversidade

Tema: Educação

Tema: Cultura

Tema: Cidades e Violência Urbana

Tema: Trabalho e Geração de Renda

Tema: Juventude Rural

Tema: Acesso à Informação e Democratização da Comunicação

Plano de Mobilização

O que é um Plano de Mobilização

Construindo um Plano de Mobilização

Fichas do Plano de Mobilização

Anexos

Mobilização Social

Dicas para produção de sessões de exibição

Anotações

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JuventudeemDebate

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Introdução: Cultivando um Fruto chamado Brasil

Quando perguntamos a qualquer pessoa na ruase tem o costume de participar das questõesligadas a sua cidade, a resposta mais comum equase unânime é: sim, eu voto!

Esta tem sido a resposta majoritária para aequação participação e democracia. Na verdade,a grande maioria da população brasileira nãoexerce nenhum tipo de participação, somenteo voto.

Além de pouco caldo de cidadania ativa, umestudo do PNUD (Programa das Nações Unidaspara o Desenvolvimento) mostra que osbrasileiros confiam pouco na democracia: entre18 países pesquisados, o Brasil ficou em 15ºlugar no nível da adesão de sua população aosprincípios democráticos. Nesse estudo, 54,7%dos entrevistados apoiaria um governo autoritáriose ele resolvesse problemas econômicos e sociais.(Relatório Democracia na América Latina 2004)

É notório que precisamos avançar na consolidaçãoda democracia em nosso país.

Precisamos equilibrar essa balança. Por um lado,a democracia representativa, aquela que delegao poder aos eleitos e por outro a democraciaparticipativa, aquela que inclui a voz e asdemandas da população de forma direta. Nãose trata de um caminho ou outro e sim comocombinar as duas realidades dentro de ummesmo processo democrático.

O hemisfério sul, principalmente, tem sidoreconhecido por práticas que desconstróem aordem de delegar e transmitir o poder como aúnica forma de governar. O Brasil é reconhecidopelos orçamentos participativos, pelasconferências temáticas e pelos conselhos,realidades em todas as esferas do governo.

No entanto, ainda há muito para se fazer. Aparticipação juvenil, assim como a de qualquercidadão, deve ser entendida como um direitoexpresso no 1º artigo da Constituição brasileira.E como tal, deve ser garantida e estar presentede forma t ransversa l no debate edesenvolvimento das políticas públicas dejuventude de nosso país.

Hoje, temos um Conselho Nacional de Juventude,com a participação majoritária da sociedade civile movimentos juvenis, cerca de 30% dos Estadosjá têm Conselhos de Juventude e aindaconhecemos experiências de sucesso emmunicípios.

No final de abril de 2008, em Brasília, se encerrouo processo da 1º Conferência Nacional deJuventude, com a participação de mais de 400

mil jovens em todas as etapas, e votação de 22propostas prioritárias dentro das mais de 4.500resoluções debatidas.

São experiências que hoje estão se tornandorealidades impulsionadas por um potencial dajuventude em se organizar, propor e atuar nasquestões públicas. Nesse ponto outra balançaprecisa ser equilibrada: por um lado, segundopesquisa realizada em 2003 pelo InstitutoCidadania, 69% dos jovens acham que a políticainfluencia sua vida. Mas apenas 43% consideramter alguma influência na política.

O Projeto Frutos do Brasil reconhece essepotencial a ser explorado. Selecionou históriasde grupos de jovens que mostram suasdemandas, seus desafios e formas de participaçãoem suas regiões.

Esses jovens fazem parte de um grupo grande,quase 22% de toda a população juvenil. Somandoos jovens que fazem e aqueles que querem fazeralguma coisa pela sua comunidade, estamosfalando de mais de 7 milhões de pessoas. Eainda 57% dos jovens têm interesse edisponibilidade para se encontrar com outrosjovens e dialogar sobre temas relativos àjuventude brasileira (Ibase/Polis, 2005).

Além das experiências que se proliferaram portodos os cantos do país, o Projeto Frutos doBrasil reconhece a criatividade, inovação ediversidade nas formas de participação. Sãoformas novas de organização, de expressão, desintetizar valores de grupos e sobretudo depropor e contribuir com mudanças. A dança, aarte, a literatura, a história, a música, deixaramde ser somente campos de conhecimentos ehoje, para muitos jovens, são os pilares de suaatuação. Mais do que canais e formas deexpressão, são a identidade e a ligaçãode pertencimento à sua região, grupose comunidade.

A juventude está deixando um legado nãosomente pela quantidade expressiva deexperiências de mobilização e participação. Suasvivências nos apontam para novos acordossociais. Como diz Boaventura dos Santos,�precisamos mudar a gramática social�.

Devemos fortalecer essas experiênciasdemocráticas visando à construção de umasociedade participativa que seja capaz depromover uma vida digna para todos.

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Frutos do Br asil

JuventudeemDebate

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Sobre o Frutos do Brasil: Um pouco da história...

A Aracati - Agência de Mobilização Social, em2004, em parceria com a Fundação W.K. Kellogginiciou o desenvolvimento do Projeto Frutos doBrasil, com o objetivo principal de reconhecera existência e dar visibilidade a experiências demobilização e participação juvenil.

Para isso, a principal estratégia foi produzir umlivro e um documentário capazes de retratar arealidade de diferentes grupos de jovens. As 8histórias retratadas foram selecionadas a partirde uma consulta pública e a difícil tarefa deregistrar e compartilhar esses diferentesuniversos coube à jornalista Neide Duarte.

O processo de produção não se restringiusomente à coleta de imagens, horas em ilha deedição e transcrições. Foram inúmerosaprendizados, encontros de troca, depoimentos,novas parcerias e a certeza da capacidade dashistór ias mobi l izarem outros jovens,organizações, debates e mudanças.

Fundação W.K. Kellogg

Criada nos Estados Unidos pelopioneiro da indústria de cereais WillKeith Kellogg, a fundação Kellogg éhoje uma das maiores financiadorasprivadas do mundo, com doaçõesnos Estados Unidos, América Latinae Caribe, sul da África, entre outrasregiões. Sua missão é apoiarcrianças, famílias e comunidadesnos seus esforços para criação efortalecimento de condições queestimulem meninas e meninos emsituação de vulnerabilidade a sedesenvolverem como indivíduos ecomo pessoas que contribuempara a comunidade e a sociedadeem geral.

A partir do final de 2008 a FundaçãoW.K. Kellogg inicia uma novaprogramação para a América Latina,geograficamente focada agora noMéxico e no Nordeste do Brasil. Nocaso do Nordeste brasileiro o seunovo foco de atuação para ospróximos anos terá a ver com ostemas da equidade racial e dainclusão social, e suas interaçõescom nossa missão focada na infânciae na juventude nordestina.

Neide Duarte,a jornalista poeta

Neide Duarte é jornalista formadapela Faculdade de Comunicação eArtes Armando Álvares Penteado,em São Paulo. Depois de trabalharpor 3 anos como repórter do jornalFolha de São Paulo, ingressou naRede Globo. Ficou por 16 anosfazendo matérias especiais para oJornal Nacional, Fantástico e GloboRepórter. Antes de voltar comorepórter especial para a Globo, ondeesta atualmente, Neide apresentoue dirigiu o Programa Caminhos eParcerias da TV Cultura. Viajou oBrasil contando histórias de projetossociais e recebeu 11 prêmiosnacionais e reconhecimentointernacional pelas suas matérias.

Frutos do Br asil

JuventudeemDebate

A Aracati é uma organização sem fins lucrativos cujamissão é contribuir para o desenvolvimento de umacultura de participação juvenil no Brasil.Desde 2001, vem desenvolvendo projetos nas áreasde educação, comunicação e articulação política.

Projetos como Gincana da Cidadania, Frutos do Brasil- Juventude em Debate e o Movimento Um Milhão deHistórias de Vida de jovens são exemplos de comoa participação do jovem pode impactar positivamenteno contexto social, político e econômico do país.

Em sua trajetória, a Aracati formou mais de 400jovens, 150 educadores e sensibilizou cerca de 25.000pessoas em sua rede.

A sede da Aracati fica em São Paulo. Mas a inspiraçãodo nome da organização vem do Nordeste. O aracatié uma brisa que se forma no litoral e passa todos osdias, geralmente nos fins de tarde, por cidades e vilasde clima muito quente e seco no interior do Ceará.Quando o aracati passa as pessoas saem de suascasas e encontram se nas ruas, atrás do frescortrazido pelo vento.

A crença na capacidade dos brasileiros de construirjuntos um país melhor para todos nós fez surgir umoutro aracati. Um aracati que, assim como a brisaque refresca o interior do Nordeste, é capaz de tiraras pessoas, em especial os jovens, de suas casas.Um aracati que é capaz de gerar movimento departicipação. Em suma, um aracati de mobiliza-ção social.

Um vento de mobilização

Page 7: Guia de Mobilizacao Aracati

Sobre o Frutos do Brasil

Banco com mais de 160 histórias de mobili-zação juvenil

Encontro de intercâmbio entre os gruposselecionados

Eu realmente duvidava que o umMovimento Juvenil unificado fossepossível pela complexidade de todas asJuventudes, mas este encontro me fezver que eu estava errado.Deco Ribeiro, E-Jovem

5 mil exemplares do livro distribuídosgratuitamente para:

· Escolas Públicas de Ensino Médio· Bibliotecas Comunitárias· Bibliotecas nos Metrôs de São Paulo· Bibliotecas Rurais, Quilombolas e na Amazônia· Grupos Juvenis· Acadêmicos e estudantes universitários· Organizações da Sociedade Civil· Fundações e Institutos Privados· Governos Federal e Estadual

O que já foi feito?

25 mil downloads do livro no site da Aracati

120 horas de imagens captadas

Produto final: vídeo documentário com 54minutos de duração

Lançamento nacional � 500 pessoas

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60.000 acessos ao site

20 matérias sobre o livro, as histórias eparticipação juvenil

Qual é a razão?Nossas razões são tão diversas quanto nós mesmos.

Somos jovens inquietos, e desorganizados sim, porque

nos organizamos de maneiras diferentes, que não

são reconhecidas ou compreendidas.

De acordo com nossas potencialidades e com o que

podemos fazer, conseguimos nos organizar, trazendo

coisas novas e valorizando cada experiência.

Somos as histórias do livro, histórias que já existem,

aqui valorizadas. Você duvida?

Pegue o livro! Leia! Perceba que somos exemplos de

protagonismo juvenil não tutelado e, felizmente,

apenas uma amostra de um universo maior.

É preciso reconhecer as nossas iniciativas. Nos retratar

como sujeitos que fazem a história e não as assistem.

A essência da juventude não está na frieza das

pesquisas acadêmicas, e sim em ações concretas que

dão sentido a nossas utopias / inquietudes.

Esperamos que o livro traga novos e mais olhares

para as juventudes, para nós; podendo mesmo motivar

/ fomentar outras histórias, porque o livro não é só

um produto, mas um processo, histórias

em movimento.Não somos histórias com começo, meio e fim... Somos

sim Frutos do Brasil, e as sementes estão lançadas.

Pelos jovens protagonistas das histórias do livro para o

evento de lançamento em São Paulo

Juventudes!!! Que juventude?

Mobilização? Democracia? Participação?

Page 8: Guia de Mobilizacao Aracati

Este livro, para mim, é o contrário da violência, ocontrário de todos os índices que dizem respeito aosjovens: homicídios; os que matam e os que morrem,as drogas, o desemprego.

O que encontrei nessas viagens, durante um ano emeio pelo Brasil, foram jovens que, apesar de viveremem lugares precários, com dificuldades imensas, ondefalta água, saneamento básico, onde é difícil chegaraté a escola, onde não existem livros, nem livrarias,nem dinheiro para comprar o livro, não se sentiramvítimas desses ambientes, nem determinados poreles, não aceitaram que o destino já estivesse traçado.

Foram jovens que perceberam que não poderiam serninguém se não conseguissem melhorar o mundo emvolta deles, que não seriam nada se não conseguissemfazer a sua comunidade crescer junto com eles.

Foram jovens que souberam viver com clareza opensamento do filósofo espanhol, Ortega y Gasset:�eu sou eu e minhas circunstâncias�. Eu sou eu etudo o que vive e cresce em torno de mim.

São jovens que têm amor ao outro e amor ao mundo.

São jovens que não cabem no seu mundo, querementrar em contato com outros jovens, querem ummundo maior, mas não acreditam na globalização.

São jovens que querem mudar o mundo.

Os meninos de Salvador, da Universidade Federal daBahia, que criaram o Bansol, querem mudar o modeloeconômico em que vivemos e nos oferecem economiae solidariedade. O que manda no mundo é o consumoe não a produção, eles nos ensinam. Tudo dependede você perceber para onde está mandando o seudinheiro. Se for um refrigerante famoso estará indopara os Estados Unidos, se for a água de coco, odinheiro estará ficando aqui mesmo.

Se eu deixar de comprar o sabonete no supermercadoe comprar da minha vizinha, estarei deixando odinheiro circular na minha comunidade, em benefíciode todos. Uma aula de economia, desses meninosestudantes de administração de empresas de Salvador.

Os jovens do Força Ativa, na periferia de São Paulo,na Cidade Tiradentes, se preocupam com a informação,a educação e a consciência crítica dos moradores dobairro. A preocupação dos jovens, no lugar dapreocupação do estado. Notícias boas numa dasperiferias mais violentas da cidade.

Os jovens do Saúde e Alegria buscam vencer oisolamento das comunidades amazônicas que vivemna beira daqueles rios imensos e poderosos, donosda vida dos homens, da terra dos homens. Os riosdeterminam tudo: se vai ser possível chegar até aescola, se vai ser possível chegar até o lugar ondeexiste um médico.

Para o Frutos do BrasilPor Neide Duarte

Esses jovens querem entrar em contato com outrosjovens, querem participar, estar incluídos na vida danação, assim, através das rádios comunitárias, dosjornais escritos à mão, eles mandam notícias suaspara o mundo. Já que ninguém dos grandes centrosos procura para saber o que sonham, o que querem,o que buscam, eles mesmos se encarregam de seros jornalistas, os radialistas e vem ao mundo paradizer quem são.

Os jovens negros do Geledés sabem que vivem umaexclusão histórica dentro da sociedade. E sabemtambém que, justamente por isso, precisam estarjuntos para que consigam enfrentar a exclusão e oestigma do mundo e assim conseguir ser as pessoasque são, simplesmente.

Os jovens gays do E-Jovem sabem que a exclusãopara eles, por um lado, pode ser pior ainda, podemser excluídos até dentro da própria casa. Mais do quenunca, sabem que precisam estar juntos para defendero direito de ser quem são sem serem lembrados atodo momento, que são gays antes de ser gente.

Os jovens de classe média de Brasília, do Interagirsão jovens que têm comida, facilidade na condução,acesso e oportunidades para o estudo, mas não estãosatisfeitos com isso, querem criar redes de apoio,oferecer logística para outros que tem propostas enão tem condições de criar grupos de participaçãosocial. Trabalham para ajudar outros a se desenvolver.Sabem que a vida não se faz sozinho. Sabem que avida se faz no plural.

Os jovens do sertão da Bahia, do Juventude eParticipação Social estão preparados para ampliarseu mundo. A maioria são jovens agricultores. Vivemno semi árido, trabalham com o sisal, ganham pouco,ou então não ganham nada, o trabalho é difícil forada lavoura, mas estão de braços abertos olhandopara o resto do Brasil, sem deixar de olhar para oseu lugar, para o biscoito carequinha, para as folhasdo licuri, para a paisagem da caatinga e para todasas questões da juventude.

Os jovens, da Aliança com o Adolescente, do sertãodo Ceará e Zona da Mata de Pernambuco queremcrescer, entender e participar das coisas do mundosem renunciar à tradição. Aliás preferem a tradiçãoà televisão.

Sabem que vivemos um modelo econômico onde oequilíbrio é dado pelo desequilíbrio.

São jovens empreendedores que buscam ter o seupróprio negócio, sem abandonar a sua terra, para virbuscar a salvação em São Paulo. São jovens queacreditam que a salvação está ali mesmo, no seuquintal, na vida com a comunidade, não por limitação,por não poder ganhar o mundo, mas por escolha dasua consciência.

O livro todo se resume muito bem no pensamentode uma garota de Pernambuco. Um doce fruto donosso Brasil.

- Eu sou Viviane, tenho 19 anos, sou agente dedesenvolvimento local e moro na cidade de Lagoa deItaenga. Gostaria de responder a primeira perguntaque me causou muito entusiasmo, que é em relaçãoà preocupação do jovem da Zona da Mata aqui dePernambuco. As nossas preocupações são diversas,mas eu acho que uma preocupação muito sublime écom a vida, em sua forma mais simples. Preocupaçãocom a vida, com o ambiente, com a vida do próximo,com os valores, com a questão da cidadania. É vocêlutar por tudo isso e saber que não luta sozinho, quevocê luta com uma multidão de jovens que tambémacreditam naquilo que você carrega.

Page 9: Guia de Mobilizacao Aracati

O Programa Cultura Viva, do Ministério da Cultura

(MinC), assume a cultura, a educação e a cidadania,

enquanto incentiva, preserva e promove a diversidade

cultural brasileira. Por meio da Secretaria de Programas

e Projetos Culturais, o MinC iniciou, em 2004, a

implantação dos Pontos de Cultura, com a missão de

desesconder o Brasil, reconhecer e reverenciar a

cultura viva de seu povo.

O Programa Cultura Viva contempla iniciativas culturais

que envolvem a comunidade em atividades de arte,

cultura, cidadania e economia solidária. Essas

organizações são selecionadas por meio de edital

público e passam a receber recursos do Governo

Federal para potencializarem seus trabalhos, seja na

compra de instrumentos, figurinos, equipamentos

multimídias, seja na contratação de profissionais para

cursos e oficinas, produção de espetáculos e eventos

culturais, entre outros.

www.cultura.gov.br/cultura_viva/

Programa Cultura Viva

Mas e agora? Qual é a idéia?

A segunda etapa do projeto foi iniciada emdezembro de 2007. Desta vez, estão previstasações para inspirar o surgimento de novasexperiências de mobilização juvenil. Mais do quedisseminar o livro e o documentário, a propostado Frutos do Brasil - Juventude em debate écontribuir para a ampliação da cultura departicipação juvenil, reconhecendo as múltiplasformas de expressão e demandas das juventu-des brasileiras.

Atuação em Rede

O Projeto Frutos do Brasil - Juventudeem debate se tornou um Pontão deCultura, integrado ao Programa CulturaViva do Ministério da Cultura e com issosuas atividades irão se refletir e serampliadas na rede de pontos de culturajá existente. Um dos objetivos do Frutosdo Brasil é estimular a troca e inter-câmbio de experiências entre pontosde cultura que atuam com juventude.

[06]

Principais Ações

O projeto prevê a formação de 80agentes de mobilização indicados pelos40 pontos de cultura selecionados.Nessas formações serão distribuídos okit Frutos do Brasil, debatidas sugestõesde atividades e elaborados os planosde mobilização de cada Ponto deCultura.

O objetivo é que cada Ponto de Cultura,com os materiais contidos no kit e nasatividades sugeridas, possa estimularo surgimento de Núcleos de Ação emsuas cidades. Estes núcleos, formadospor jovens, terão o papel de ampliara mobilização juvenil, aprofundar odebate sobre as demandas dos jovenslocais e propor mudanças.

Além disso, o projeto prevê adistribuição de materiais para todos osPontos de Cultura. Esta ação será feitaem conjunto com um esforço deassessoria de imprensa para disseminara atuação dos Núcleos de Ação portodo o país.

Page 10: Guia de Mobilizacao Aracati

DOCUMENTÁRIO FRUTOS DO BRASILO documentário Frutos do Brasil possui 54minutos de duração e retrata em capítulos 8histórias de grupos de jovens de diferentesregiões do país. As imagens colocam cor e relevona diversidade de contextos sociais em que cadagrupo está inserido, seus desafios e sua atuação.

O documentário é um convite para entrar emcada um dos diferentes mundos: escutar desdeo maracatu do jovem rural, ao som do asfaltodo jovem urbano. Perceber as demandascotidianas dos jovens ribeirinhas e as soluçõesencontradas nas salas de aula da universidade.São histórias que se misturam com tantas outrasdos mais de 50 milhões de jovens brasileiros.

FRUTOS DO BRASILHistórias de Mobilização JuvenilNo livro �Raízes do Brasil�, Sérgio Buarque deHollanda defendeu a tese de que o brasileiro écordial por natureza. Setenta anos depoishistórias de jovens de várias regiões do paíscomprovam que a cordialidade inata do brasileironão é necessariamente sinônimo de passividadenem submissão.

No livro �Frutos do Brasil�, escrito pela jornalistaNeide Duarte, você vai conhecer oito históriasreais de mobilização juvenil que mostram queuma nova geração de brasileiros quer, pode ejá está ajudando a mudar o país.

O prefácio foi escrito pelo colombiano BernardoToro, intelectual com experiência internacionalno desenvolvimento de projetos de comunicaçãoe mobilização social.

CURTAS JOVENSA Aracati, convidou organizações que já têmexperiência com comunicação, juventude eprodução de vídeo para, a partir do debate sobreparticipação juvenil, produzirem curtas sobresuas experiências locais. Esses vídeos estãodisponíveis na seção �Extras� do DVD dodocumentário Frutos do Brasil.

MATERIAL DE APOIOEste material foi desenvolvido para apoiar asorganizações na utilização dos itens contidos nokit. Contendo mais detalhes do Projeto Frutosdo Brasil, sugestões de atividades e informaçõescomplementares de cada uma das 8 históriascontidas no livro e documentário, esse materialtambém está disponível no site do Projeto:www.frutosdobrasil.org.br.

Sobre o Frutos do BrasilKit Frutos do Brasil

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Page 11: Guia de Mobilizacao Aracati

Os Núcleos de Ação são pólos, essencialmenteformados por jovens, que, a partir de umareflexão sobre a realidade e demandas dajuventude da sua região, assumem o papel deaprofundar o debate e de se organizar para umaação concreta de mudança.

A principal característica dos Núcleos de Açãonão é a similaridade do tipo de atuação, ou seja,cada �Núcleo� deve ter um perfil coerente coma sua história. As suas ações devem ser oresultado das demandas da juventude da regiãoe ainda devem estar em sintonia com suanatureza: arte, teatro, dança, música e demaisformas de expressão cultural.

No entanto, como o próprio nome diz, os Núcleosde Ação, têm como principal característica apostura propositiva. Ele determina sua ação eo exercício de participação é realizado de formacoletiva e co-responsável.

Ampliar a cultura de participação juvenil

Contribuir para a melhoria da condição de vidados jovens da região

Ampliar o conhecimento das questões ligadas àjuventude da região

Ampliar as formas de expressão e participaçãoda juventude

Ser uma referência local para as questões ligadasà participação juvenil

Quais são os objetivosdos Núcleos de Ação?

Qual o papel dos Agentes de Mobilização?

Os agentes de mobilização são os jovens eeducadores que participaram da formação doprojeto Frutos do Brasil. O papel dos agentes érealizar as atividades que darão início à formaçãodos Núcleos de Ação. Essas atividades devemestar descritas no Plano de Mobilização.

É importante ainda que os agentes acompanhemas demais atividades do Projeto tais como:visitas, blog, e grupos, etc. São tambémresponsáveis pelos relatórios de atividade eprestação de contas.

Os agentes assumem o papel de multiplicadordas metodologias e demais debates queacontecem no Projeto para os envolvidos como Ponto de Cultura.

A formação dos Núcleos de Ação deve passarpelas fases de sensibilização dos jovens, deconhecer a realidade da juventude da região eda definição de suas ações de mudança.

Essas fases não devem ser entendidas comolineares e nem mesmo como limites para osurgimento dos �Núcleos�. Cada Ponto de Culturapoderá desenvolver formas e atividades diferentesdas sugeridas nesse material. A diversidade darede dos Pontos irá favorecer para que novasformas e ações possam surgir.

Como formar os Núcleos

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Os Núcleos de Ação: O que são os Núcleos de Ação?

Frutos do Br asil

JuventudeemDebate

Page 12: Guia de Mobilizacao Aracati

01 SensibilizaçãoO que é?

É nesta fase que são realizadas ações para sensibilizar, principalmente,os jovens e demais moradores da região. São atividades que podemsensibilizar para o tema e ainda motivar para a ação. É importantelembrar que mobilização não é promoção de um evento. Mobilizar épensar num processo. Desta forma, esta fase inaugura o processo deformação dos Núcleos de Ação e deve ser sempre ligada às de-mais atividades.

SESSÃO PIPOCAReúna os jovens para assistirem juntos odocumentário. Aproveite para estimular o debatee a relação das histórias e depoimentos com asua realidade local. Os curtas podem ajudar eilustrar ainda mais uma ou outra temática. Nãose esqueça de incluir nesta sessão pipoca, outrasproduções locais sobre juventude. Promovavárias exibições! Pode ser em lugares diferentese quanto mais jovens tiverem a oportunidadede debater e refletir mais força terão os Núcleosde Ação.

Sugestões de atividades

SEMANA DA JUVENTUDEUm forma de envolver os demais atores dacidade, organizações da sociedade civil, prefeiturae movimentos juvenis é organizar uma Semanada Juventude. Convide todos os envolvidos como tema juventude a proporem e realizarematividades em uma mesma semana. Desenvolvaa construção e operação do evento por meio deum Fórum coletivo. Além de colocar a juventudecomo tema central ao longo de toda a semana,esta atividade mobiliza muitos jovens e identificatemas para os Núcleos de Ação.

É importante rever as ações já previstas dentrodo planejamento da organização e do Ponto deCultura. É sempre bom complementarmosesforços e não trabalharmos com inicia-tivas dissociadas.

Fique atento com a diversidade na hora demobilizar. Quem vocês estão mobilizando? Quejovens? Pense em gênero, raça, região da cidadee tantos outros aspectos para que a maiordiversidade possível seja sempre contemplada.O debate e as perspectivas de atuação dosNúcleos de Ação serão mais inclusivas e portantocom maior potencial de mudança.

NÃO ESQUEÇAM!*Sabemos que mobilização não é um evento.Então como mobilizar os jovens não somentepara a sessão pipoca ou para a Semana daJuventude? Como mobilizá-los para a formaçãoe desenvolvimento dos Núcleos de Ação? Éimportante que as próximas atividades já estejammarcadas e organizadas para que o processonão esfrie.

Ao longo das atividades de mobilização, vocêpoderá escolher fazer processos paralelos comdiferentes grupos em função dos interesses,disponibilidades e afinidades com esse ou aqueletema. Cada Ponto de Cultura poderá fomentarmais de um Núcleo de Ação.

[09]

Page 13: Guia de Mobilizacao Aracati

02 Conhecendo a realidade da juventudeO que é? É nesta fase que são realizadas ações para ampliar o conhecimento

das demandas da juventude das regiões e as oportunidades já existentes.Estas atividades por um lado procuram ouvir as demandas dos jovens,suas vontades, desejos e por outro identifica projetos, programas einiciativas já existentes. É importante que o conhecimento não serestrinja somente a números e estatísticas, mas que possa contemplaropiniões, sugestões e análises de quem vive no cotidiano dos desafiosno seu dia a dia.

Sugestões de atividades

O POVO QUER SABERSugestão de passo a passo:

Reúna os jovens para definir o que querem sabersobre a juventude. É importante que pensemse querem se aprofundar em um tema específicoou impressões abertas.

Defina um número de pessoas que vocêsconseguem entrevistar. Pense em umaquantidade possível para o tamanho de suaequipe e que ao mesmo tempo, represente umbom número de jovens.

Depois disso elabore um questionário. Um bomquestionário não depende do número deperguntas e sim na qualidade delas.

Faça a divisão das equipes de entrevista e mãona massa!

Completado o número de pessoas entrevistadasque vocês definiram no planejamento, agora éhora de tabular, ou seja, juntar todas as respostasde uma mesma pergunta. Assim, vocês terãouma fotografia das demandas dos jovens de suacomunidade.

Ô DE CASA? TÔ ENTRANDO.Agora que vocês possuem um retrato dajuventude de sua comunidade, reúna os jovense pensem com quem gostariam de conversarna prefeitura da sua cidade sobre estasinformações que vocês coletaram. Quais árease secretarias seriam interessantes?

Escolha alguém para juntos tentarem agendaras visitas. Mas antes da visita, não se esqueçade se preparar.

Façam uma pesquisa sobre os programas eprojetos já existentes no governo municipaldirigidos à juventude. Elaborem um roteiro deperguntas. Peçam dados e tirem as dúvidas.

É muito importante que espaços comocoordenadoria ou assessoria de juventudepossam ser visitadas e que o Núcleo possaestabelecer um diálogo.

Já existem muitas pesquisas sobre o temajuventude e ainda dados relativos às demandastais como trabalho, educação, entre outros. Éimportante que as informações colhidas da suacomunidade possam ser complementadas comoutros dados regionais, ou até mesmo nacionais.

[10]

NÃO ESQUEÇAM!* Identifiquem se ocorreram as Conferênciasde Juventude no seu município e comose desenvolveram.

É interessante aproveitar a oportunidade derealizar uma pesquisa com os jovens da suacomunidade para entender o universo dapesquisa: amostra, dados, estatísticas. É umconhecimento importante nos dias de hoje!

Depois do final das atividades pense em umproduto final. Pode ser uma apresentação dosresultados por meio de uma intervenção artística,um vídeo, um documento ou até mesmo umsite. Informações devem sempre circular! Pensemcomo fazer a devolutiva desse processo para acomunidade e principalmente aos jovens eenvolvidos da prefeitura.

Page 14: Guia de Mobilizacao Aracati

03 Ações de mudançaO que é? É nessa fase que são realizadas as ações de mudanças ou ações

políticas. São muitas as formas e possibilidades de se pensar umaação política. As variáveis que definem a ação são principalmente anatureza do problema e quais os atores estão envolvidos na soluçãodo problema.

Sugestão de ReflexãoAlguns tipos de ações políticas podem levar muito tempo. Então éimportante que o grupo avalie suas intenções, sua natureza e seusobjetivos. Consulte o Guia da Rede Sou de Atitude, entregue juntocom este material.

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Page 15: Guia de Mobilizacao Aracati

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Participação JuvenilDiversidadeEducação

Cultura

Cidades e Violência UrbanaTrabalho e Geração de RendaJuventude Rural

Acesso à Informação e Democratização da Comunicação

Temas sugeridos

Rodas de Conversa: Introdução

As rodas de conversa podem ser entendidascomo pontos de partida para a formação dosNúcleos de Ação. Ou mesmo incorporadas comouma prática constante pelos Núcleos. Comcerteza podem ter um papel importante duranteas atividades de sensibilização.

Resgatar o prazer de sentar em círculo, de deixargirar um assunto por algumas horas, de escutaras diferentes opiniões, de aprender com a idéiado outro, de amadurecer a sua percepção. Aroda de conversa é uma forma de inaugurar umbom papo e aprender em conjunto.

Nas próximas páginas destacamos de cadahistória presente no livro e no documentárioFrutos do Brasil, algumas informações,depoimentos, dados e perguntas inspiradoraspara ajudar o começo da conversa. Cada umdos capítulos do livro e do documentário,possuem uma infinidade de formas, temas edesafios para debater.

Essas rodas ficam mais ricas depois de umasessão pipoca do documentário Frutos do Brasile ainda da leitura de cada história no livro.

Frutos do Br asil

JuventudeemDebate

Page 16: Guia de Mobilizacao Aracati

[13]

Conselhos e Coordenadorias Estaduais e Muni-cipais de JuventudeÉ um órgão responsável por assegurar, no âmbitomunicipal, políticas públicas para os jovens e promovero diálogo entre o Poder público e os movimentosjuvenis. Nem todos os Estados e Municípios possuemestas esferas instituídas.

Conselho Nacional de JuventudeCriado em 2005, tem as atribuições de formular epropor diretrizes da ação governamental voltada àpromoção de políticas públicas para a juventude,fomentar estudos e pesquisas acerca da realidadesócio-econômica juvenil e fazer o intercâmbio entreas organizações juvenis nacionais e internacionais.Composto por 1/3 de representantes do poder públicoe 2/3 da sociedade civil, ao todo 60 membros,compõem este conselho.

A necessidade de fazer parte e de secomprometer com um grupo é característica dajuventude. Boa parte deles tem também umdesejo latente de arregaçar as mangas eparticipar. A todo momento, é possível contribuirpara formar a chamada �opinião pública�.

Política é toda atividade que exercemos parainfluenciar os acontecimentos, pensamentos esobretudo as decisões da sociedade. Quemparticipa da vida de uma comunidade, de umacidade, Estado ou país, torna-se sujeito de suasações, sendo capaz de criticar, defender direitos,fazer escolhas e cumprir os seus deveres. Oexercício da participação é um dos principaisinstrumentos na formação de uma atitudedemocrática.

Além disso, existem outras formas departicipação: os grupos culturais, ecológicos,associações comunitárias e outros tipos demovimento também são exemplos.

�(�) Eu não me reconhecia como uma pessoacapaz de desenvolver ações em prol dacomunidade. Achava que tudo tinha que serfeito pelos politicos (�)�

Dados

Na pesquisa do Instituto Cidadania, entre 40% e 60% dos entrevistados demonstraram interesseem atuar, principalmente em associações comunitárias ou profissionais, em entidades ligadas àpreservação do meio ambiente, em ações contra o racismo, assistência social ou em conselhosde educação e saúde. Além disso, 84% dos entrevistados afirmaram que acreditam no própriopoder de transformar o mundo;

Os jovens que de fato participam ou já participaram de alguma forma associativa (movimentossociais, ONGs, sindicatos, partidos políticos, grupos culturais e religiosos) somam cerca de 13milhões, equivalente a 27,3% da população juvenil de 15 a 29 anos, conforme o estudo da Unesco,de 2004;

Os jovens avaliam ser importante a atividade política. Entre os entrevistados da pesquisa doInstituto Cidadania, 85% disseram que política é importante e 65% afirmaram ser um setor queexerce influência direta em suas vidas. O sinal claro de que se sentem excluídos e poucorepresentados nas esferas de decisão do poder público se revela em alguns números: 55%avaliaram que não conseguem influir na política e 64% responderam que não confiam nosdeputados e senadores;

Embora demonstrem descrédito nos políticos, 85% dos jovens ouvidos na pesquisa Ibase/Pólisconcordaram totalmente com a frase �é preciso abrir canais de diálogo entre os cidadãos e ogoverno� e 89,5% com a afirmação �é preciso que as pessoas se juntem para defenderseus interesses�.

Tema: Participação Juvenil

Page 17: Guia de Mobilizacao Aracati

Resoluções da ConferênciaNacional de Juventude sobre o

tema Participação

1 - Criar o Sistema Nacional de Juventude,composto por órgãos de juventude(secretarias/coordenadorias e outros) nas trêsesferas do governo, com dotação orçamentáriaespecífica; conselhos de juventude eleitosdemocraticamente, com caráter deliberativo,com a garantia de recursos financeiros, físicose humanos; fundos nacional, estaduais emunicipais de juventude, com acompanhamentoe controle social, ficando condicionado o repassede verbas federais de programas de projetos dejuventude à adesão dos estados e municípios aesse sistema.

2 - Garantir uma ampla reforma política que,além do financiamento público de campanha,assegure a participação massiva da juventudenos partidos políticos, com garantia de cotamínima de 15% para jovens de 18 a 29 anosnas coligações, com respeito ao recorte étnico-racial e garantindo a paridade de gênero;mudança na faixa-etária da elegibilidadegarantindo como idade mínima de 18 anos paravereador, prefeito, deputados estaduais, distritaise federais e 27 anos para senador, governadore presidente da república.

3 - Incentivar e implementar nas escolas euniversidades mecanismos e disciplinas(discutidas com o CONJUVE e MEC) relacionadasà participação política, que estimulem o debatee a troca de informações sobre temas referentesao governo, movimentos sociais, história,conjuntura política e econômica, cidadania epolíticas públicas, exercitando e desenvolvendoassim o senso-crítico, sobretudo, sobre arealidade local.

*Este texto é uma reprodução fiel do documentofinal da Conferência Nacional de Juventude.

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Perguntas Orientadoras

1 � Quais foram as resoluções da ConferênciaEstadual de Juventude, do seu estado, sobreeste tema?

2 � As resoluções da Conferência Nacional deJuventude fazem sentido para a realidade desua comunidade?

3 � Estes dados retratam a realidade da suacomunidade com relação a este tema?

4 � Quais as propostas de Políticas Públicas noseu município para este tema?

Rede Sou de Atitude - www.soudeatitude.org.brJuventudes e Ação Política � www.jap.org.brAmigos Associados de Ribeirão Bonito � Amarribo � www.amarribo.org.brInstitutos de Estudos Socioeconômicos � www.inesc.org.brInstituto Polis � www.polis.org.br

Saiba Mais

No documentário Frutos do Brasil

Todas as histórias podem ilustrar formas de participação juvenil. Cada uma inspira para um temaou causa. Aproveite esta diversidade para promover um debate amplo e uma reflexão sobre aparticipação juvenil em sua comunidade.

Page 18: Guia de Mobilizacao Aracati

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Ser homossexual (gay ou lésbica), bissexual,travesti ou transexual não é doença, não é ilegal,não é desvio, nem é opção. É uma orientaçãocomo é a heterossexualidade, conformeestabeleceu a Organização Mundial de Saúde(OMS), no dia 17 de maio de 1990.

Infelizmente, o preconceito aos homossexuaisé ainda a realidade dos 18 milhões de GLBTs noBrasil. Entre eles, cerca de 5 milhões de jovensentre 16 e 29 anos.

Tema: Diversidade

Dados

25% dos jovens não gostariam de ter umhomosexual como colega de classe (PesquisaJuventude e Sexualidade, UNESCO, 2004);

Professores de escolas públicas consideraramque expressões de conotação negativa em relaçãoaos homossexuais são brincadeiras, coisas semimportância (Pesquisa Juventude e Sexualidade,UNESCO, 2004);

A cada três dias um homossexual foi assassinadoem 2007 (Relatório anual do Grupo Gay daBahia, 2008);

O Nordeste é apontado como a região maisperigosa: um gay nordestino corre 84% maisrisco de ser assassinado do que no Sul e Sudeste.A maioria das vítimas tem entre 20 e 40anos (Relatório anual do Grupo Gay da Bahia,2008); e

-67% dos homossexuais já sofreram algumtipo de discriminação (APOGLBT, 2007).

A Declaração Universal dos Direitos Humanos defendeque todos os seres humanos têm direitos iguais, �semdistinção alguma de raça, de cor, de sexo, de língua,de religião, de opinião política ou outra, de origemnacional ou social, de fortuna, de nascimento ou dequalquer outra situação�.

A Constituição Federal proíbe explicitamente todo equalquer tipo de discriminação (artigos 3 e 5).Atualmente, cidades como Campinas, Juiz de Fora,Fortaleza, São José do Rio Preto, Belo Horizonte ealguns estados como São Paulo, Distrito Federal,Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, entreoutros possuem leis específicas que punemdiscriminação aos GLBTs.

�Porque eu não quero aparecer? É um motivopessoal. Não quero que minha mãe e meu paime vejam falando sobre isso. Eles iam acharque era provocação. Quando eles descobriram,me disseram que isso era coisa demoníaca, quealguém tinha colocado aquilo na minha cabeçae que eles podiam tirar com uma oração.�Sevocê tivesse contado desde pequeno, a gentepodia ter feito uma coisa pra isso passar.� Issofoi a minha mãe. O meu pai disse que era praeu pegar as minhas coisas e sumir de casa, ese eu quisesse ficar dentro da casa dele eununca mais poderia usar o telefone, teria queviver a vida enjaulado. Eu continuo a viver naminha casa, mas já faz um ano que meu painão fala comigo. Ele não se senta à mesa comigo.Se eu estou na mesa ele não senta.�

Page 19: Guia de Mobilizacao Aracati

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1 - Incentivar e garantir a Secretaria Nacionalde Segurança Pública do Ministério da Justiça aincluir em todas as esferas dos cursos deformação dos operadores/as de segurança públicae privada em nível nacional, estadual e municipalno atendimento e abordagem e no aprendizadoao respeito à livre orientação afetivo-sexual ede identidade de gênero com ampliaçãodo Decradi � Delegacia de crimes raciaise intolerância.

2 - Criação e revisão curricular e institucionaldo espaço escolar para garantir o reconhecimentodas especificidades das/dos jovens GLBT, deforma permanente garantindo nas escolas euniversidades o reconhecimento e a valorizaçãoda livre orientação afetivo-sexual e de identidadede gênero, tais como: formação de professoresem direitos humanos e nos cursos de extensãoe pesquisa.

3 - Campanhas e propagandas com personagensadolescentes e GLBT sobre DST/AIDS, criaçãode material específico de sexo seguro para aslésbicas e capacitação contínua de profissionaisde saúde para a humanização do atendimentoe tratamento ao público GLBT respeitandosuas especificidades.

*Este texto é uma reprodução fiel do documentofinal da Conferência Nacional de Juventude.

Resoluções da Conferência Nacional de Juventude sobre o tema GLBT

Perguntas Orientadoras

1 � Quais foram as resoluções da ConferênciaEstadual de Juventude, do seu estado, sobreeste tema?

2 � As resoluções da Conferência Nacional deJuventude fazem sentido para a realidade desua comunidade?

3 � Estes dados retratam a realidade da suacomunidade com relação a este tema? Porque?

4 � Quais as propostas de Políticas Públicas noseu município para este tema?

Secretaria Especial de Direitos Humanos � Programa Brasil sem Homofobia �www.presidencia.gov.br/estrutura_presidencia/sedh/brasilsem

ABGLT � Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais �www.abglt.org.br

CLAM � Centro Latino Americano em Sexualidade e Direitos Humanos � www.clam.org.br

Saiba Mais

A história do Grupo E-Jovem retrata bem as questões GLBT. Temas como: suicídio entre os jovensGLBT, esteriótipos que a sociedade impõe, preconceito e diversidade são alguns itens que aparecemno documentário.

No documentário Frutos do Brasil

Page 20: Guia de Mobilizacao Aracati

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Tema: Educação

Educação é direito garantido na Constituição.Está mais do que evidente que para se conseguiruma educação pública de qualidade no Brasil épreciso aumentar os investimentos. O país destinaà escola pública em torno de 4,6% do PIB, sendoque o ideal seria elevar esse investimento para8% do PIB.

As escolas públicas (municipais, estaduais efederais, juntas) são responsáveis peloatendimento de 87% de todos os estudantes doensino básico, ou seja, a melhoria da educaçãopública é crucial para o desenvolvimento do país,mas vencer o desafio educacional brasileiropassa pelo compromisso e pela ação decada um.

Dados

-Hoje são 1,5 milhão de jovens analfabetos. Onúmero de jovens negros analfabetos, na faixaetária de 15 a 29 anos, é quase três vezes maiorque o de jovens brancos;

A freqüência ao ensino médio na idade adequadaainda não abrange metade dos jovens brasileirosde 15 a 17 anos. Cerca de 34% deles aindaestão retidos no Ensino Fundamental. Adefasagem idade-série também é maior entreos negros;

-Apenas 12,7% dos jovens de 18 a 24 anostêm acesso ao Ensino Superior. A desigualdadeentre jovens brancos e negros se torna aindamaior: na faixa etária de 18 a 24 anos, a taxade freqüência líquida para os brancos é de 19,6%,enquanto para os pardos é de 6,4% e de 6,3%para os pretos, uma diferença de quase trêsvezes em favor dos jovens brancos;

O obstáculo para cursar a faculdade é aindamaior para os mais pobres. Entre os estudantesda rede privada (em todas as faixas etárias),apenas 1% pertencia às famílias mais pobres e55,1% às famílias de maior renda. Nasinstituições públicas de ensino superior, 1,9%dos alunos estavam na faixa de menor renda e65,9% pertenciam às famílias mais ricas (IBGE2006); e

16,3% dos jovens residentes em áreasmetropolitanas freqüentam a educação superior,enquanto o índice é de apenas 2,3% entremoradores de áreas rurais.

Cotas Sociais e Raciais

A adoção de programas de cotas sociais e raciais nos

vestibulares de universidades públicas do País teve

início com o Projeto de Lei 73/99. Este foi incorporado

ao Projeto de Lei 3.627/2004, do governo federal, e

é este último que tem sido usado como base pelas

universidades federais para a adoção de cotas nos

vestibulares. Atualmente são 48 as instituições públicas

de ensino superior que adotam alguma modalidade

de políticas de ações afirmativas para o ingresso nos

curso de graduação para a juventude negra e/ou

oriunda do sistema de ensino público.

Qual o conceito de ações afirmativas e de cotas

raciais ou sociais?

Ações afirmativas são ações públicas ou privadas, ou

ainda programas que buscam prover oportunidades

ou outros benefícios para pessoas pertencentes a

grupos específicos, alvos de discriminação. Tais ações

têm como objetivo garantir o acesso a recursos,

visando remediar uma situação de desigualdade

considerada socialmente indesejável. Por isso,

instituem um �tratamento preferencial� que pode ter

diferentes perfis. A instituição de metas ou cotas é

um dos recursos de correção ou compensação aos

mecanismos de discriminação.

�Quando a gente fala de sonhos, de perspectivasde vida, de ingressar na Universidade, uma dasnossas idéias � isso é uma bandeira de luta �é que nós, juventude negra, saiamos da condiçãosubalterna. A condição subalterna de onde nossasfamílias vieram. Você encontra uma pequenaparcela de negros na academia (universidade),mas você encontra muitos negros na faxina, nasegurança, como servente, sabe? É condiçãosubalterna. Nós queremos romper com essacultura da subalternidade (...)�

Page 21: Guia de Mobilizacao Aracati

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Resoluções da Conferência Nacional de Juventude sobre o tema da Educação

1 - Defendemos que a ampliação do investimentoem educação é fator imprescindível paraconstruirmos uma educação de qualidade paratodos e todas e que consiga contribuir para odesenvolvimento do país. Para tanto, defendemoso investimento de 10% do pib em educação.Para atingir este percentual reivindicamos o fimda Desvinculação das Receitas da União (DRU)e a derrubada dos vetos ao PNE (Plano Nacionalde Educação). Reivindicamos que 14% dosrecursos destinado as Universidades Federaisseja destinado exclusivamente à assistênciaestudantil por meio da criação de uma rubricaespecífica. Defendemos também a ampliaçãodos recursos em assistência estudantil paraestudantes do Prouni e para estudantes de baixarenda de universidades privadas. Garantir atransparência e democracia na aplicaçãodos recursos;

2 - Garantir o acesso e permanência dosestudantes excluídos priorizando as cotas, osprogramas que garantem a inclusão dos jovensao ensino superior e aperfeiçoamento do Prouni.Expansão e interiorização das universidadespúblicas (municipais, estaduais e federais)considerando a realidade regional, visando àsdemandas das comunidades do campo etradicionais, tendo em vista a ampliação e ofertade cursos noturnos diversificados, bem como aimplementação de política de assistênciaestudantil (restaurante universitário, bolsapermanência, transporte e moradia estudantil)e a valorização dos profissionais de educação;

3 - Democracia nas universidades: com eleiçõesparitárias para reitoria, com o fim da lista tríplice,eleições universais para demais unidadesacadêmicas e cargos eletivos, composiçãoparitária dos conselhos e espaços decisórios dasinstituições, e garantia de organização domovimento estudantil com livre transito dosdiretores das entidades no âmbito públicoe privado.

*Este texto é uma reprodução fiel do documentofinal da Conferência Nacional de Juventude.

Perguntas Orientadoras

1 � Quais foram as resoluções da ConferênciaEstadual de Juventude, do seu estado, sobreeste tema?

2 � As resoluções da Conferência Nacional deJuventude fazem sentido para a realidade desua comunidade?

3 � Estes dados retratam a realidade da suacomunidade com relação a este tema?

4 � Quais as propostas de Políticas Públicas noseu município para este tema?

Saiba Mais

Secretaria Especial de Promoção da IgualdadeRacial � www.planalto.gov.br/seppir

Fundação Cultural Palmares �www.palmares.org.br

Educafro � www.educafro.org.br

Ceafro � Educação e Profissionalização paraIgualdade Racial e de Gênero �www.ceafro.ufba.br

Criola � www.criola.org.br

Agência Afropress � www.afropress.com

No documentário Frutos do Brasil

Nas histórias dos Grupos Geledés, Saúde eAlegria e Bansol abordam a educação sob váriasóticas: o primeiro destacando as cotas e o acessoà universidade dos jovens negros, o segundoilustra a dificuldade de acesso à escola e o últimoa contribuição de grupos universitários das suascomunidades.

Veja também

Curta - Grupo Negras Ativas

Page 22: Guia de Mobilizacao Aracati

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O Brasil possui uma Lei do Livro e Leitura (Lei No.10.753, de 30 de outubro de 2003).No artigo 13, consta que cabe ao Poder Executivocriar e executar projetos de acesso ao livro e incentivoà leitura, ampliar os já existentes e implementar,entre outras ações, a criação e execução de projetosvoltados para o estímulo e a consolidação do hábitode leitura, incluindo a obrigatoriedade da introduçãoda hora de leitura diária nas escolas.

A pesquisa do Instituto Cidadania constatou queé pequeno o acesso dos jovens a projetosculturais, tanto promovidos pelo poder públicoquanto por organizações da sociedade civil. Dosque moravam nas cidades, 87% nunca tinhamparticipado desse tipo de projeto e dosque viviam no campo o número era aindamaior: 94%;

Os jovens mais pobres têm menos acesso àsatividades culturais. Dos que viviam em famíliascom renda familiar até 2 salários mínimos,apenas 8% haviam participado de alguma açãocultural, enquanto 23% dos que possuíam rendafamiliar acima de 10 salários mínimos haviamtido acesso a esse tipo de atividade;

Com relação às atividades culturais realizadasem escolas nos fins de semana, 59% dos jovensafirmaram nunca ter participado. E 58% nuncahaviam freqüentado shows ou outras atividadesculturais em espaços públicos;

Apenas 1% dos jovens de 15 a 24 anos ocupaseu tempo livre com a leitura (Instituto daCidadania, 2003);

55% dos jovens de 15 a 24 anos com rendafamiliar até dois salários mínimos nunca leramum livro sem que fosse obrigatório para a escolaou trabalho (Instituto da Cidadania, 2003);

Cerca de 1.300 municípios brasileiros das regiõesmais pobres não possuem uma biblioteca pública(Câmara Brasileira do Livro, 2007).

Tema: Cultura

As atividades culturais cumprem um papelfundamental no desenvolvimento dos jovens.São momentos de construção de sociabilidadee de identidades, de ampliação de referências,de descobrir formas de expressão própria, demaior exercício de autonomia em relação aosadultos.

A cultura não é só diversão: é um direito dasociedade e segundo a Constituição, cabe aopoder público garantir o acesso à cultura paratodos. Mais do que isso, a emenda 48 de 2005ainda garante a defesa, a valorização dopatrimônio cultural brasileiro, a promoção edifusão de bens culturais, a democratização doacesso aos bens de cultura e a valorização dadiversidade étnica e regional. Os artigos falamtambém do incentivo à produção e aoconhecimento de bens e valores culturais.

No entanto, em situação de escassez financeira,tanto das famílias quanto do Estado, oinvestimento em cultura é visto como supérfulo.

Dados�Eu quero que as pessoas se conheçam naprópria história, que leiam um livro e sereconheçam naquilo que estão lendo e que sereconheçam naquele fato histórico (�).�

Page 23: Guia de Mobilizacao Aracati

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Resoluções da Conferência Nacional de Juventude sobre o tema Cultura

1 - Criação, em todos os municípios, de espaçosculturais públicos, descentralizados, com gestãocompartilhada e financiamento direto do estado,que atendam às especificidades dos jovens eque tenham programação permanente e dequalidade. Os espaços sejam eles construçõesnovas, desapropriações de imóveis desocupadosou organizações da sociedade civil jáestabelecidas, devem ter condições de abrigaras mais diversas manifestações artísticas eculturais, possibilitando o aprendizado, a fruiçãoe a apresentação da produção cultural dajuventude. Reconhecer e incentivar o hip-hopcomo manifestação cultural e artística.

2 - Estabelecimento de políticas públicas culturaispermanentes direcionadas à juventude, tendoética, estética e economia como pilares, emgestão compartilhada com a sociedade civil, aexemplo dos pontos de cultura, que possibilitemo acesso a recursos de maneira desburocratizada,levando em consideração a diversidade culturalde cada região e o diálogo intergeracional.Criação de um mecanismo específico de apoioe incentivo financeiro aos jovens (bolsas) paraformação e capacitação como artistas,animadores e agentes culturais multiplicadores.

3 - Estabelecimento de cotas de exibição eprogramação de 50% para a produção culturalbrasileira, sendo 15% produção independentee 20% produção regional em todos os meios decomunicação (TV aberta e paga, rádios ecinemas). Valorização dos artistas locaisgarantindo a preferência nas apresentações eprioridade no pagamento. Entender os cineclubescomo espaços privilegiados de democratizaçãodo áudio visual.

*Este texto é uma reprodução fiel do documentofinal da Conferência Nacional de Juventude.

Perguntas Orientadoras

1 � Quais foram as resoluções da ConferênciaEstadual de Juventude, do seu estado, sobreeste tema?

2 � As resoluções da Conferência Nacional deJuventude fazem sentido para a realidade desua comunidade?

3 � Estes dados retratam a realidade da suacomunidade com relação a este tema?

4 � Quais as propostas de Políticas Públicas noseu município para este tema?

Saiba Mais

Ministério da Cultura � www.cultura.gov.br

Centro Popular de Cultura da UMES �www.umes.org.br/cpc

Câmara Brasileira do Livro � www.cbl.org.br

No documentário Frutos do Brasil

O Núcleo Cultural Força Ativa tem na sua históriarelatada do documentário muitas riquezas dediscussão. O exemplo da Biblioteca Comunitáriana Cidade Tiradentes é um dos destaques. Aindaé possível explorar mais sobre Lazer e Culturaregional nos trechos do Saúde e Alegria e Aliançacom o Adolescente.

Veja também

Curta - KabumCurta � Um novo mundo é possívelCurta � Negras Ativas

Page 24: Guia de Mobilizacao Aracati

Tema: Cidades e Violência Urbana

Para o jovem, morar na cidade hoje é um grandedesafio. Mais ainda se ele reside na periferia.Os bairros mais afastados do centro não possuemserviços públicos básicos. Em boa parte dascasas, a água encanada e o esgoto são obtidosapenas com ligações clandestinas.

Somado a isso, concentram-se nas regiões debaixa renda os maiores índices de violênciatendo os jovens, principalmente os homens,como alvo das políticas públicas de segurança.

Dados

-43 milhões de pessoas no Brasil não têmacesso ao Saneamento Básico (Relatório deDesenvolvimento Humano, PNUD, 2006);

Segundo a UN Habitat, no Brasil aproxima-damente 5 milhões de famílias urbanas, comrenda familiar inferior a três salários mínimos,se encontram em situação de déficit habitacional,em condições habitacionais críticas;

O número de brasileiros que vive em grandesfavelas das capitais do País cresceu 39,3%durante toda a década de 90, elevando o númerode indivíduos que moram neste tipo de habitaçãopara 6,5 milhões em todo o País (IBGE, 2006);

Segundo levantamento do Sistema deInformações Penitenciárias (Infopen), havia, emjulho de 2007, 419.551 presos � cumprindopenas restritivas de liberdade ou medidas desegurança, ou presos provisoriamente. Aspessoas na faixa etária de 18 a 29 anosconstituíam 59,6% do total de presos;

Um levantamento realizado pelo Ministério daJustiça indica que, em 2005, os jovens de 18 a24 anos respondiam pela maior parte dosregistros de homicídio doloso, lesão corporaldolosa, tentativa de homicídio, extorsão medianteseqüestro, roubo a transeunte, roubo de veículo,estupro e posse e uso de drogas. Por sua vez,os jovens de 25 a 29 anos apareciam como osprincipais autores das ocorrências registradasde tráfico de drogas; e

Os homicídios lideram a lista de causas de morteentre os jovens. A taxa média de homicídiosjuvenis, de 51,7 a cada 100 mil habitantes, é148,4% superior à do resto da população, de20,8 por 100 mil (WAISELFISZ, 2007).

Estatuto da Cidade

Em 2001, foi criado o Estatuto da Cidade,regulamentando os artigos 182 e 183 da Constituiçãoe garantindo, ao menos no papel, um planejamentourbano capaz de suportar o crescimento das cidades.Segundo o artigo 23 da Constituição Federal é decompetência comum da União, dos Estados, do DistritoFederal e dos Municípios, além dos direitos citados,muitos outros de diferentes temáticas: cuidar dasaúde e assistência pública; proteção e garantia daspessoas com deficiência; proteger os documentos, eoutros bens de valor histórico artístico e cultural;preservar o meio ambiente e combater a poluiçãoem qualquer de suas formas; combater as causas dapobreza e os fatores de marginalização, promovendoa integração social dos setores desfavorecidos e outrasvárias formas de preservação muito bonitas na teoria.

Rede Social Brasileira por Cidades Justas eSustentáveis

A Rede Social Brasileira por Cidades Justas eSustentáveis foi lançada em encontro realizado emBelo Horizonte no dia 08 de junho de 2008.

Representantes da sociedade civil de Curitiba, SãoPaulo, Ilhabela, Recife, Florianópolis, Brasília, SãoLuís, Teresópolis, Rio de Janeiro, Belém, Salvador,Belo Horizonte, Goiânia e Ribeirão Bonito participaramdo encontro.

A rede é composta por organizações apartidárias einter-religiosas com o objetivo da troca de informaçõese conhecimentos entre os integrantes para promovero aprendizado mútuo, o apoio e o fortalecimento decada experiência local.

A missão definida na carta de princípios é�comprometer a sociedade e sucessivos governoscom comportamentos éticos e com o desenvolvimentojusto e sustentável de suas cidades�. A rede não temdirigentes, mas apenas encarregados escolhidos decomum acordo para realizar determinadas atividadese articular a tomada de decisões, sempre em consenso.

�Sempre existiu uma barreira muito grande entrea Ceilândia, cidade satélite, e Brasília (�) Dáuma raiva, assim, de gente que a gente nemconhece, só porque mora em Brasília, de quemtem um monte de coisa garantida, de quem temum futuro e a gente está no caos. A gente éprivado de vários serviços públicos e ainda temuma política de segurança inadequada, a políciachega aqui e em vez de proteger, mete a porradana gente.�

Page 25: Guia de Mobilizacao Aracati

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Resoluções da Conferência Nacional de Juventude sobre Cidades e Violência Urbana

1 - Transporte/ mobilidadeGarantir a acessibilidade e mobilidade às cidadesdas diferentes juventudes em todos os municípiosbrasileiros, por meio:

Perguntas Orientadoras

1 � Quais foram as resoluções da ConferênciaEstadual de Juventude, do seu estado, sobreeste tema?

2 � As resoluções da Conferência Nacional deJuventude fazem sentido para a realidade desua comunidade?

3 � Estes dados retratam a realidade da suacomunidade com relação a este tema?

4 � Quais as propostas de Políticas Públicas noseu município para este tema?

No documentário Frutos do Brasil

A história do Interagir ilustra as distâncias entrejovens de baixa renda e os mais privilegiados,as dificuldades e os desafios que enfrentam. Norelato do Núcleo Cultural Força Ativa e Bansolvocê também encontra este exemplo.

Veja também

Curta � Um novo mundo é possívelCurta - Os desafios do jovem na Ceilândia

da efetivação do passe livre para a juventudee estudantes, dando aos municípios aprerrogativa de definir qual o perfil, de acordocom as diferentes realidades, consultadosos conselhos de juventude;

da garantia de recursos para essa finalidadeno fundo nacional de juventude a ser criado;

de uma política de incentivo, de âmbitonacional, à criação e manutenção deempresas públicas de transporte coletivo;

da adaptação do espaço público das cidadesàs necessidades dos jovens portadores dedeficiência física e do incentivo à utilizaçãode meios de transporte alternativos e nãopoluentes (como bicicletas, através daimplantação de ciclovias).

2 - Reforma urbanaGarantir o direito do jovem à cidade, emconformidade com o estatuto da cidade,por meio:

de uma política de habitação de interessesocial que proporcione financiamento demoradias para famílias formadas por jovens;

do cumprimento da função social dapropriedade, da reversão para moradia deinteresse social dos imóveis utilizados parafins ilícitos e da simplificação dos processosde regularização fundiária nas terras públicase privadas, com cotas para jovens;

da formulação dos planos municipais eestaduais de saneamento ambiental, deforma participativa que contemplem osanseios e necessidades da juventude e osprocessos de coleta seletiva por meio decooperativas e associações de catadores demateriais recicláveis;

da garantia de espaços de interação sociale equipamentos de esporte, lazer e cultura,aproveitando o espaço escolar nos fins desemana (institucionalização do programaescola aberta).

3 - Regionalização das políticas públicasImplementar as políticas públicas de juventude:

de acordo com os dados do Índice deDesenvolvimento Juvenil (IDJ) da Unescopara cada região e/ou estado, para que asmesmas sejam aplicadas de acordo com asdemandas, priorizando as carências eespecificidades de cada localidade.

de forma a garantir políticas de educação etrabalho que possibilitem ao jovem a opçãopela permanência nas cidades do interior.

*Este texto é uma reprodução fiel dodocumento final da Conferência Nacional deJuventude.

Saiba Mais

PNUD � Programa das Nações Unidas para oDesenvolvimento � www.pnud.org.br

Confederação Nacional das Associações deMoradores - www.conam.org.br

Observatório de Favelas -www.observatoriodefavelas.org.br

Movimento dos Trabalhadores Sem Teto -www.mtst.info

Ministério das Cidades - www.cidades.org.br

Observatório das metrópoles -www.observatoriodasmetropoles.ufrj.br

Fórum Nacional de Reforma Urbana -www.fnru.org.br

Central de Movimentos Populares www.cmp.org.br

Rede Social Brasileira por Cidades Justas eSustentáveis -http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/cidades

Page 26: Guia de Mobilizacao Aracati

As diferentes posições na ocupação:

EmpregadoNesta posição, o indivíduo exerce atividades regularespara um empregador e recebe remuneração por elas.A relação de emprego pode ser formal (com registrona Carteira de Trabalho) ou informal (sem registro).

O emprego sem registro aponta para uma situaçãomais precária de trabalho, e menos protegida, do quea do registrado. Isso porque o registro é uminstrumento que oficializa a relação de trabalho entreo empregador e empregado, tornando-a pública. Emvez de tratar-se somente de uma relação entre doisindivíduos, o registro abrange inserção no sistemamais amplo do Mercado de Trabalho Formal (�).

Conta própriaO indivíduo trabalha explorando seu próprioempreendimento, sozinho ou com sócio, sem terempregado e contando ou não, com ajuda de outrostrabalhadores. Esta posição não remetenecessariamente a uma relação precária; o trabalhoautônomo, por exemplo, pode estar ajustado àlegislação trabalhista.

EmpregadorSugere posição mais vantajosa, pois geralmente oempregador dispõe de capital e gera empregos paraoutros.

Fonte: trecho de tabela da pesquisa Jovens e Trabalho noBrasil � Instituto ibi e Ação Educativa

Economia Solidária

Economia Solidária é um termo recente, da décadade 90, criado com o objetivo de reunir diversosmovimentos e iniciativas, novas e antigas, quepossuem como valores comuns:- Posse e/ou controle coletivo dos meios de produção,distribuição, comercialização e crédito;- Gestão democrática, transparente e participativados empreendimentos econômicos e/ou sociais;- Distribuição igualitária dos resultados (sobras ouperdas) econômicos dos empreendimentos.Fonte: Unisol Brasil

Tema: Trabalho e Geração de Renda

No Brasil, aproximadamente 50% da populaçãodesempregada é jovem e segundo o DIEESE -Departamento Intersindical de Estatística eEstudos Socioeconômicos -, cerca de 90% dosjovens desempregados são de famílias comrenda per capita inferior a 2 salários mínimos.

O direito ao trabalho, numa democracia, é umdireito tão ou mais fundamental que outros,conforme o artigo 23 da Declaração Universaldos Direitos Humanos: "Toda pessoa tem direitoao trabalho, à livre escolha de emprego, àcondições justas e favoráveis de trabalho e àproteção contra o desemprego". A Constituiçãobrasileira também garante: "São direitos dostrabalhadores urbanos e rurais, além de outrosque visem à melhoria de sua condição social:proibição de diferença de salários, de exercíciode funções e de critérios de admissão por motivode sexo, idade, cor ou estado civil". Mas sabemosque esta não é a realidade do jovem brasileiro.

Dados

Dos jovens que trabalham, 69,8% sãoempregados com ou sem carteira de trabalho,13,1% trabalham por conta própria e 1,8% sãoempregadores (Pesquisa Jovens e Trabalho noBrasil - IBGE/PNAD 2006);

42,4% estão empregados com registro naCarteira de Trabalho e 24,4% trabalham semseus direitos garantidos, ou seja, sem registrona Carteira de Trabalho (Pesquisa Jovens eTrabalho no Brasil - IBGE/PNAD 2006);

Dos jovens que trabalham, 37,6% possuem umajornada semanal acima de 44 horas (PesquisaJovens e Trabalho no Brasil - IBGE/PNAD 2006);

Quanto menos tempo de estudo, menor orendimento familiar per capta � 82,1% dosjovens com Ensino Médio possuem as me-nores rendas;

Cerca de 13 a cada 100 brasileiros desenvolvemalguma atividade empreendedora (GEM, 2007);

Atualmente, 1,25 milhão de pessoas trabalhamem atividades de produção de bens e prestaçãode serviços, consumo e crédito solidário, dosquais 35% são mulheres (Atlas da EconomiaSolidária, Ministério do Trabalho e Em-prego, 2006);

O Brasil possui cerca de 15 mil empreendimentoseconômicos solidários no Brasil (Atlas daEconomia Solidária, Ministério do Trabalho eEmprego, 2006).

�(�) será que o crédito é a melhor forma dagente apoiar esses projetos? Então, com aexperiência (�) a gente viu que muitas vezes agente estava só adiando um problema quepoderia voltar a acontecer lá na frente. Porquemuitas vezes esses empreendimentos estavamtrabalhando com produtos dissociados darealidade da comunidade. (�) Foi aí quepercebemos que a questão das finanças eramuito limitante e que se a gente quisesserealmente fomentar a Economia Solidária, teriaque trabalhar em diversas frentes, ou seja, naprodução, no consumo, nas finanças, naarticulação política, no processo educativo.�

Page 27: Guia de Mobilizacao Aracati

[24]

Resoluções da Conferência Nacional de Juventudesobre o tema Trabalho e Geração de Renda

1 - Reduzir a jornada de trabalho de 44 para 40horas semanais sem redução de salários,conforme campanha nacional unificada promovidapelas centrais sindicais.

2 - Crédito para a juventude e construção deum marco legal que viabilize o cooperativismo,a economia solidária e o empreendedorismo dajuventude do campo e da c idade,desburocratizando o acesso ao crédito, formaçãoe ao mercado consumidor.

3 - Ampliar os programas governamentais,voltados ao primeiro emprego, garantindo a co-gestão da sociedade civil e reformular as leis doestágio e do aprendiz, visando garantir os direitostrabalhistas e convenções coletivas, para osjovens da cidade e do campo, respeitando asrealidades regionais.

Perguntas Orientadoras

1 � Quais foram as resoluções da ConferênciaEstadual de Juventude, do seu estado, sobreeste tema?

2 � As resoluções da Conferência Nacional deJuventude fazem sentido para a realidade desua comunidade?

3 � Estes dados retratam a realidade da suacomunidade com relação a este tema?

4 � Quais as propostas de Políticas Públicas noseu município para este tema?

Saiba Mais

OIT � Organização Internacional do Trabalho �www.oitbrasil.org.br

Ação Educativa � www.acaoeducativa.org.br

Monitoramento Global do Empreendedorismo �www.gemconsortium.org

Akatu Consumo Consciente � www.akatu.net

Fórum Brasileiro de Economia Solidária �www.fbes.org.br

Ministério do Trabalho e Emprego �www.mte.gov.br

No documentário Frutos do Brasil

A história do Bansol retrata um modelo deatuação de jovens em uma experiência de apoioa uma cooperativa e o exercício da EconomiaSolidária. Nas experiências da Aliança com oAdolescente e do Projeto Juventude e ParticipaçãoSocial, o tema trabalho e empreendedorismo ébastante evidente também.

Page 28: Guia de Mobilizacao Aracati

Trabalho infantilSegundo dados do IBGE 2006, na idade entre 5 e 13 anos, cerca de 1,4 milhão de criançasexercem alguma atividade econômica, embora isso seja proibido. É importante lembrar quesó é permitido trabalhar a partir dos 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14anos, conforme estabelece a Lei do Aprendiz.

Trabalho EscravoMilhares de pessoas em todo o Brasil estão reduzidas à condição de escravos. De acordo comestimativas do governo brasileiro e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), estima-se que 25 milestão, hoje, em situação de escravidão no país. A forma de trabalho forçado mais encontradano país é a da servidão, ou �peonagem�, por dívida. Nela, a pessoa empenha sua própriacapacidade de trabalho ou a de pessoas sob sua responsabilidade (esposa, filhos, pais) parasaldar uma conta. Não é apenas o cerceamento da liberdade que configura o trabalho escravo,mas sim uma série de etapas. O processo inclui: recrutamento, transporte, alojamento,alimentação e vigilância. E cada qual com a existência de maus-tratos, fraudes, ameaças eviolências física ou psicológica.

Fonte: Repórter Brasil

Trabalho DecenteTrabalho Decente é um trabalho produtivo e adequadamente remunerado, exercido em condiçõesde liberdade, eqüidade, e segurança, sem quaisquer formas de discriminação , e capaz degarantir uma vida digna a todas as pessoas que vivem de seu trabalho.

Fonte: Organização Internacional do Trabalho

Acidente de TrabalhoSegundo o artigo 19 da Lei 8.213 de 24 de julho de 1991, "acidente do trabalho é o que ocorrepelo exercício do trabalho a serviço da empresa, ou pelo exercício do trabalho do seguradoespecial, provocando lesão corporal ou perturbação funcional, de caráter temporárioou permanente".

[25]

Tema: Juventude Rural

Os jovens da zona rural estão menos na escolae mais presentes no mercado de trabalho. Issoprejudica o desenvolvimento pessoal e social etraz desvantagens na conquista por empregosde melhor qualificação e remuneração. Falta aojovem da área rural uma educação diferenciadae de qualidade que lhe permita atuar de formaprodutiva sobre o meio onde vive.

Eles estudam menos, começam a trabalhar maiscedo e ganham remuneração até 3 vezes menordo que os jovens da cidade. Além das dificuldadesnas áreas de educação e trabalho, a falta deuma estrutura mínima de cultura e lazer aumentaainda mais o desejo de partida dos jovens paraas cidades, fazendo disso o principal projeto devida deles desde cedo.

Além disso, os jovens solteiros não são prioridadee dificilmente beneficiados pela reforma agrária.Para eles é praticamente impossível o acesso àterra: ou ficam fora, ou são colocados nas últimasposições, ou vão para o lote dos pais, uma vezque a prioridade governamental são as famíliascom filhos.

A saída de jovens do campo para as cidadesprovoca um signif icativo prejuízo nodesenvolvimento das áreas rurais. No casobrasileiro de condições geralmente adversas àspequenas unidades produtivas, os jovens filhosde agricultores familiares vêem reduzidas suaspossibilidades de permanência na agricultura.

Dados

De acordo com a PNAD de 2006, os jovensurbanos brasileiros � entre 15 e 29 anos � têmum nível de escolaridade 50% maior do que osque moram no campo. Ainda constitui umproblema grave o analfabetismo, que afeta 9%dos jovens rurais entre 15 e 29 anos � a taxaé de 2% para os que vivem em áreas urbanas;

Cerca de 2,2 milhões de crianças e jovens noBrasil com idade entre 5 e 17 anos trabalhavam,em 2001, em ocupações consideradas perigosas,segundo as legislações brasileira e interna-cional (OIT);

O Ministério da Previdência detectou aumentoda ocorrência de acidentes do trabalho entre aspessoas de 16 a 34 anos de idade e nas áreasrurais. O dado mais recente, de 2006, revelaque, de cada mil empregos com carteira assinadade trabalhadores dessa faixa etária, houve 58,4registros de acidentes; e

22,7% dos trabalhadores resgatados em situaçãode trabalho escravo no Brasil tinham até 24 anos(Relatório Trabalho Escravo no Brasil no séculoXXI, OIT, 2007).

�(�) A nossa luta é justamente essa: pra quea gente jamais precise dizer: olha, eu vou sairdaqui porque a minha terra não oferece condiçõespara eu viver.�

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[26]

Resoluções da Conferência Nacional de Juventude sobre o tema Juventude Rural

1 - Garantir o acesso a terra ao jovem e à jovemrural, na faixa etária de 16 a 32 anos,independente do estado civil, por meio da reformaagrária, priorizando este segmento nas metasdo programa de reforma agrária do GovernoFederal, atendendo a sua diversidade deidentidades sociais, e, em especial aosremanescentes de trabalho escravo. Éfundamental a revisão dos índices deprodutividade e o estabelecimento do limite dapropriedade para 35 módulos fiscais.

2 - Garantia de políticas públicas integradas quepromovam a geração de trabalho e renda parao jovem e a jovem do campo, com participaçãoda juventude na sua elaboração e gestão.Assegurando o acesso a terra, à capacitação eao desenvolvimento de tecnologia sustentávelapropriada à agricultura familiar e camponesavoltada para a mudança de matriz tecnológica.Transformar o Pronaf Jovem em uma linha decrédito para produção agrícola e não agrícola.

3 � Efetivar a educação do e no campo, pública,gratuita e de qualidade. Implementando asdiretrizes operacionais da educação do campo,garantindo infra-estrutura e mudança curricularque contemple a diversidade regional, atendendotodos os níveis (básico, profissionalizante esuperior), em especial investindo no fim doanalfabetismo no meio rural. Que o estadoassuma os custos dos centros familiares deformação por alternância e outras iniciativas deeducação do campo, da sociedade civil sem finslucrativo voltadas para juventude da agriculturafamiliar e camponesa.

*Este texto é uma reprodução fiel do documentofinal da Conferência Nacional de Juventude.

Perguntas Orientadoras

1 � Quais foram as resoluções da ConferênciaEstadual de Juventude, do seu estado, sobreeste tema?

2 � As resoluções da Conferência Nacional deJuventude fazem sentido para a realidade desua comunidade?

3 � Estes dados retratam a realidade da suacomunidade com relação a este tema?

4 � Quais as propostas de Políticas Públicas noseu município para este tema?

Saiba Mais

Repórter Brasil � www.reporterbrasil.org.br

Cedejor � Centro de Desenvolvimento do JovemRural � www.cedejor.org.br

OIT � Organização Internacional do Trabalho �www.oit.org.br

Ministério do Trabalho e Emprego �www.mte.gov.br

CONTAG � Confederação Nacional dosTrabalhadores na Agricultura � www.contag.org.br

Federação Nacional dos Trabalhadores (as) naAgricultura Familiar - www.fetraf.org.br

No documentário Frutos do Brasil

Nas histórias do Projeto Juventude e ParticipaçãoSocial e Aliança com Adolescente, o tema dajuventude rural e os desafios enfrentados sedestacam.

Page 30: Guia de Mobilizacao Aracati

Rádio Comunitária

É um tipo especial de emissora de rádio FM, de alcance limitado a, no máximo, 1 km a partir

de sua antena transmissora, criada para proporcionar informação, cultura, entretenimento e

lazer para pequenas comunidades.

Trata-se de uma pequena estação de rádio, que dará condições à comunidade de ter um canal

de comunicação inteiramente dedicado a ela, abrindo oportunidade para divulgação de suas

idéias, manifestações culturais, tradições e hábitos sociais. Ela deve divulgar a cultura, o convívio

social e eventos locais; noticiar os acontecimentos comunitários e de utilidade pública; promover

atividades educacionais e outras para a melhoria das condições de vida da população.

Uma rádio comunitária não pode ter fins lucrativos nem vínculos de qualquer tipo, tais como:

partidos políticos, instituições religiosa, entre outros.

As fundações e as associações comunitárias sem fins lucrativos, legalmente constituídas e

registradas, com sede na comunidade em que pretendem prestar o serviço, cujos dirigentes

sejam brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, maiores de 18 anos, residentes

e domiciliados na comunidade, podem se candidatar para requerer uma Rádio Comunitária.

[27]

Tema: Acesso à informação e Democratização da comunicação

A Constituição brasileira aponta em seu artigo5o que todos têm o direito de se expressarlivremente, porém poucos de fato podem secomunicar com o grande público em algumveículo de massa. A propriedade dos meios decomunicação no Brasil está concentrada nasmãos de poucas empresas e famílias. Oito emcada 10 emissoras de TV são ligadas aos seisprincipais grupos comerciais de mídia do Brasil.

A redução da concentração da mídia é questão-chave para democratizar a comunicação no país,mas não podemos esquecer dos meios queapostam numa outra dimensão da comunicação.Estamos falando das mídias comunitáriase alternativas.

Dados

A pesquisa Ibase/Pólis investigou por quais meiosos jovens costumam se informar. A televisãoficou em primeiro lugar (por 84,5%),independentemente de classe, cor, gênero eescolaridade. Em segundo lugar ficaram osjornais e revistas impressos (57,1%) e emterceiro o rádio (49%);

O uso da internet vem crescendo no Brasil, masainda é pequeno. Apenas 18,6% dos laresbrasileiros têm computador e 13,7% têm internet,segundo a PNAD 2005. Os jovens de 15 a 17anos são o grupo que mais usa a rede e, mesmoassim, 66,1% deles não têm acesso;

Metade dos estudantes (50,5%) não navega nainternet por falta de acesso a um computador.Outros três principais motivos citados pelosestudantes para não acessar a rede foram nãosaber utilizar a internet, o custo alto domicrocomputador (10,3%), não achar necessárioou não querer (8,3%) (IBGE, 2005); e

6 grupos empresariais controlam 80% dasemissoras de rádio e tv, 95% da audiência e90% do faturamento do setor de radiodifusãono Brasil (Pesquisa os Donos da Mídia, Institutode Estudos e Pesquisas em Comunicação).

�Ser jovem aqui na comunidade, assim� a gentenão tem conhecimento� a gente não sabe comosão os jovens dos outros lugares, mas eu pensoque eles estão trabalhando assim, igualmentenós� acho que eles estão querendo conhecer agente e a gente quer conhecer eles também.

(�) A gente olha pra trás só é floresta, olha prafrente só é água, aí a gente se sente sozinhodo resto do Brasil. Do resto do Brasil e atémesmo do resto do mundo, né? Porque a gentenão sabe se eles sabem que a gente existe aquinessa floresta.�

Page 31: Guia de Mobilizacao Aracati

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Resoluções da Conferência Nacional de Juventude

1 - Ampliar as concessões para rádioscomunitárias garantindo a democratização e adesburocratização da comunicação, com prazomáximo de 02 (dois) anos para legalização ecriar de um órgão próprio de fiscalização.

2 - Ampliar oportunidades de capacitação equalificação de professores e jovens para aprodução de projetos de comunicação e deinclusão digital, com inclusão dos jovens daperiferia e de suas respectivas comunidadesescolares, visando à produção, exibição edistribuição por esses jovens. Esses espaçosserão administrados pelos jovens e os produtosaudiovisuais e outros (jornal) deverão ser exibidosnos principais canais de tv e na comunidadeonde foi produzido.

3 - Pela manutenção do primeiro substitutivodo Deputado Jorge Bittar ao PL 29/2007,garantido no mínimo percentual de 10% para aprodução independente em todos os canais.

*Este texto é uma reprodução fiel do documentofinal da Conferência Nacional de Juventude.

Perguntas Orientadoras

1 � Quais foram as resoluções da ConferênciaEstadual de Juventude, do seu estado, sobreeste tema?

2 � As resoluções da Conferência Nacional deJuventude fazem sentido para a realidade desua comunidade?

3 � Estes dados retratam a realidade da suacomunidade com relação a este tema?

4 � Quais as propostas de Políticas Públicas noseu município para este tema?

Saiba Mais

Ministério das Comunicações � www.mc.gov.br

Revista Viração - www.revistaviracao.org.br

Revista Onda Jovem - www.ondajovem.com.br

Midiativa - www.midiativa.tv

ANDI - www.andi.org.br

Intervozes � www.intervozes.org.br

Observatório do Direito à Comunicação -www.direitoacomunicacao.org.br

Centro de Mídia Independente �www.midiaindependente.org

Catavento � www.catavento.org.br

Associação Brasileira de RadiodifusãoComunitária � www.redeabraco.org

Observatório da imprensa -www.observatoriodaimprensa.com.br

Instituto de Mídia Etnica -www.midiaetnica.com.br

No documentário Frutos do Brasil

O Saúde e Alegria traz uma experiência de RádioComunitária como forma de dar acesso àinformação e ilustra a reflexão sobre a qualidadedessa informação para a comunidade ribeirinha.

Page 32: Guia de Mobilizacao Aracati

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�A liberdade não é possível a não ser na ordem,mas a única ordem que produz liberdade é aque eu mesmo construo, em cooperação comos outros, para a dignidade de todos�. JoséBernardo Toro

Um plano de mobilização é uma forma deorganizarmos nossas idéias para envolvermospessoas e/ou organizações para juntosconcretizarmos ações e alcançarmos objetivoscoletivos.

Plano de Mobilização: O que é um plano de mobilização

01

O fortalecimento do Núcleo de Ação depende darealização de atividades nessas 3 fases. Aindaque elas não sejam necessariamente lineares,no plano de mobilização vamos descrevê-las deforma cronológica para que possamos exercitaro planejamento.

É importante sempre rever o plano e estar atentoa oportunidades que não foram previstas. Eleserá um apoio na sua jornada como Agente deMobilização e reflete o compromisso com oProjeto Frutos do Brasil.

Objetivo do Plano de Mobilização

Qual é o principal compromisso que o Ponto deCultura irá assumir através desse plano demobilização? Exemplo: Formação de 2 Núcleosde Ação, através de 4 ações de sensibilização,entrevistas na prefeitura, exposição de fotos eum peça de teatro sobre o tema itinerante.

Construindo um planode mobilização

Fase - SensibilizaçãoEste é o momento de imaginar quem serão osjovens que pretende mobilizar e de que forma.Para ajudar nesta tarefa seguem algumasperguntas para provocar a reflexão:

Quem são os jovens que você gostaria demobilizar?

Quantos jovens você consegue mobilizar?Que atividades pretende realizar?

Que recursos do kit Frutos do Brasil pretendeusar?

Além dos jovens, que outras pessoas sãoimportantes mobilizar nesse momento?Como irão realizar as atividades?

Quando e onde irá realizar as atividades?Quem irá organizar as atividades?

Como farão os convites aos jovens?

Que resultados esperam dessas atividades?

Como irão registrá-las?

Quais serão os custos para a realização?

Com que parceiros poderão contar?

Vocês irão produzir algum produto a partir dessasatividades?

02

??? ?

Frutos do Br asil

JuventudeemDebate

Page 33: Guia de Mobilizacao Aracati

[30]

Fase - Conhecendoa realidade da juventudeEste é o momento que terão que definir asatividades que serão realizadas para conhecermelhor a realidade da juventude da região. Paraajudar nesta tarefa seguem algumas perguntasque ajudam na reflexão:

Como irão fazer o levantamento com os jovens?

Que jovens irão envolver?

Quem fará o levantamento?

Quem irá trabalhar e organizar os resultados?

Como terão acesso às informações relativas asoportunidades municipais e estaduais parajuventude?

Farão visitas ou entrevistas?

Vão realizar alguma outra pesquisa? Qual?Quem ficará responsável pelo contato coma prefeitura?

Qual produto irão desenvolver a partir doresultado das atividades dessa fase?

Como irão compartilhar os resultados com osdemais jovens e pessoas da região?

Que resultados esperam dessas atividades?Como irão registrá-las?

Quais serão os custos para a realização?

Com que parceiros poderão contar?

Vocês irão produzir algum produto a partirdessas atividades?

Construindo um plano de mobilização

Fase - Ações de mudançasEste é o momento de imaginar qual será a açãode mudança que o Núcleo de Ação irá realizar.Para essa tarefa seguem algumas perguntas queajudam na reflexão:

Que problema querem enfrentar?

Quem está envolvido com esse problema?

O que cada um dos envolvidos deve fazer parasolucionar esse problema?

O que o Núcleo de Ação pode fazer parasolucionar esse problema?

Esta ação é coerente com a natureza do grupo?

Que outras organizações ou grupos trabalhamcom esse tema na região?

Como irão envolvê-los?

Que resultados esperam dessa ação?

Como irão se organizar?

Será produzido algum produto a partir da ação?

Quais serão os custos para a realização?

03

04

??? ?

Page 34: Guia de Mobilizacao Aracati

[31]

Plano de mobilização - Projeto Frutos do Brasil - Juventude em debate

Organização: Data:

Responsável pelo preenchimento do Plano:

1. Objetivo do Plano de Mobilização:

Fase Atividades Cronograma Previsãodegastosoutubro novembro dezembro janeiro fevereiro março

Sensibilização

Conhecendoa realidadeda juventude

Ação demudança

Assinaturas:

Responsável legal da organização:

Coordenador do Ponto de Cultura:

Agente de mobilização (educador);

Agente de mobilização (jovem):

Seu plano de mobilizaçãoFICHA

Page 35: Guia de Mobilizacao Aracati

[32]

Sobre Mobilização Social

Trecho de artigo de Antonio Lino

Um paradigma ampliado sobre mobilização social

A palavra mobilização, quando entra pelos nossosouvidos, logo faz surgir da memória aquelesepisódios de manifestações públicas, com umamultidão nas ruas, portando faixas e bandeiras,cantando hinos e gritando palavras de ordem.

Passeatas e acontecimentos similares são tãoimportantes que é até difícil conceber umprocesso de mobilização sem eles. Mas paraentendermos a importância da mobilização sociale aproveitarmos todo o seu potencial comoestratégia de construção da democracia nessemomento da história brasileira, a primeira coisaque precisamos fazer é ir além dessa idéia,abrindo nossa cabeça para um jeito ampliadode pensar sobre o assunto:

1) Mobilização é evento, mas também é processo.

Muitas pessoas conscientes e com vontade defazer alguma coisa não arregaçam as mangasou desistem de participar porque se sentemmeio isoladas, falando sozinhas. Saber queoutras pessoas estão querendo o mesmo quenós, experimentando os mesmos sucessos efracassos, dá mais segurança para tomar umainiciativa e motivação para continuar participando.

Os eventos e as manifestações públicas têm umpapel muito importante para criar essesentimento de que todos estamos no mesmobarco. E, além disso, essas reuniões entre aspessoas, seja na praça pública, num ginásio ounuma sala de aula, servem também para celebrarconquistas e trocar informações.

Acontece que mesmo um conjunto de eventos,seminários, oficinas, gincanas e passeatas nãoequivale a um processo de mobilização. Depoisque as pessoas saem de uma passeata e voltampara as suas casas e para o seu trabalho, amobilização precisa continuar acontecendo. Casocontrário, os resultados dos eventos podem seperder no cotidiano.

Anexos

2) Mobilização é quantidade, mas também é qualidade.

Se tentar, você não vai ter muita dificuldade emquebrar uma pequena vareta de madeira comas mãos. Mas se você fizer um maço de 50varetas a tarefa certamente vai ficar mais difícil.

Juntar muita gente (quanto mais melhor!) éfundamental para gerar mudanças sociais. Combastante gente o movimento fica mais sólido econsistente. É aquela velha história: a união faza força, uma andorinha só não faz verão, unidosvenceremos...

Um dos papéis da mobilização é fazer muitagente participar. Mas ao mesmo tempo, devemosconsiderar que �fazer parte� não é o mesmo que�tomar parte�. E que �ser parte�, por sua vez,representa um tipo de envolvimento ainda maisprofundo.

�Fazemos parte da população do Brasil, mas nãotomamos parte nas decisões importantes�.

�José toma parte das decisões, mas não se senteparte do grupo�.

Assim, a prova de fogo da mobilização não é sóquantas pessoas participam, mas também comoelas estão envolvidas. Às vezes um grupopequeno, mas com pessoas altamentecomprometidas, é muito mais eficiente do queoutro com centenas de desinteressados.

3) Mobilização é reivindicação, mas também é projetode futuro.

Pedir o impeachment do presidente, comoaconteceu em 1992, ou exigir eleições diretas,como aconteceu em 84, são exemplos de umexercício cívico, em muitos sentidos poucopresente na sociedade brasileira, que deve seramplamente incentivado e valorizado numprocesso de mobilização.

No entanto, apesar de serem fundamentais, asreivindicações não sustentam um processo efetivode mudança. E por isso, é fundamental que alémdas metas de curto prazo, todo processo demobilização seja pautado também pelo alcancede objetivos de longo prazo e pela construçãode um projeto de futuro.

Frutos do Br asil

JuventudeemDebate

Page 36: Guia de Mobilizacao Aracati

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4) Mobilização é paixão, mas também é razão.

O educador colombiano Bernardo Toro costumadizer que mobilizar é �convocar vontades�. Eque, neste sentido, participar de um processode mobilização é um ato de paixão. Sem dúvida,deve haver um vínculo emocional e em certoponto até afetivo das pessoas com o movimento,seus participantes e sua causa.

Mas o próprio Toro alerta para o fato de que amobilização é também um ato de razão, namedida em que consciências, e não somentevontades, devem ser mobilizadas.

Sentir que a participação é importante éfundamental. Mas é necessário que as pessoassaibam também porque e para que participam.

5) Mobilização é comunicado, mas tambémé comunicação.

Um sujeito distribui panfletos na esquina.Cartazes são colados nos ônibus, no metrô enos postes. Um outdoor convoca a população...esses são sem dúvida elementos imprescindíveisa um processo de mobilização.

A mobilização, no entanto, não se confunde comcomunicados, nem com propaganda oudivulgação. Ela exige ações de comunicação emseu sentido mais amplo, através das relaçõesinterpessoais, do diálogo e do bate papo. Muitasvezes é no dia a dia, no corpo a corpo, que aspessoas são mobilizadas.

6) Mobilização é heroísmo, mas também é cotidiano.

Pessoas que se dispõem a espreitar-se pelafumaça das bombas de gás lacrimogêneo ou secolocam na frente de tanques de guerra emnome de uma causa são muito bem vindas aum movimento. Este tipo de atitude demonstraum envolvimento e uma disposição de níveldiferenciado e que, guardados os excessos,podem ser muito positivos para gerar asmudanças que o processo de mobilizaçãopretende alcançar.

É preciso considerar, no entanto, que nem todapessoa disposta a contribuir e participar de umprocesso de mudança está disposta a tomaresse tipo de atitude e correr esses riscos. Porisso, um processo de mobilização se sustentapela atuação das pessoas em seu dia a dia, emseu cotidiano. Só assim as mudanças serãoefetivamente asseguradas a longo prazo.

Mas afinal, o que é mobilização social?

Abrindo um dicionário encontramos doissignificados para a palavra �mobilizar�:

�1. Dar movimento a; movimentar; 2. Apelarpara os serviços de alguém�.

Mais do que uma sutileza semântica, a diferençaentre esses significados é tão importante quepode afetar profundamente o caráter e osresultados de um processo de mobilização social.

Um processo de mobilização não aconteceespontaneamente, do nada. Ele é fruto dainiciativa de alguém. Alguém que, indignadodiante de algum fato, decide descruzar os braçose fazer alguma coisa.

Além de indignação, as pessoas, grupos ouorganizações que começam uma mobilização (eque são chamados pelo Bernardo Toro de�produtores sociais�) também carregam consigomuito bom senso: o produtor social sabe quenão pode resolver nada sozinho. E é por issoque se dispõe a compartilhar suas inquietaçõese seus sonhos com outras pessoas.

Este encontro entre o produtor social e as outraspessoas, a comunidade, está na gênese de todoprocesso de mobilização. E neste momento éque a escolha por uma ou outra definição dodicionário pode fazer toda a diferença.

Para fazer alguma coisa que queremos, muitasvezes precisamos �mobilizar� recursos. E esteé um pouco do sentido da segunda definição:�apelar para os serviços de alguém� significaconseguir gente para fazer o que queremos,para viabilizar as nossas idéias e os nos-sos sonhos.

Mas acontece que as pessoas têm vontadeprópria, têm seus próprios sonhos. E melhor doque chamar os outros para viabilizar o �nosso�sonho, é construir um sonho que possa ser detodos. E este é um pouco do sentido da pri-meira definição.

Enquanto �apelar para os serviços� de alguémreforça a cultura da adesão, �dar movimento�serve para criar uma cultura de participação,em que as pessoas são tratadas como sujeitos,e não como recursos para viabilizar a vontadede quem quer que seja, por mais legítima e bemintencionada que seja essa vontade.

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[34]

Bom, se vivemos num país que passa por ummomento de mudança em que um dos principaisdesafios é justamente a criação de uma culturade participação, fica evidente qual a definiçãomais adequada para pensar e fazer mobilizaçãosocial, não é mesmo?

No entanto, apesar de iluminar uma direção eexplicitar uma escolha ética, dizer que mobilizaré �dar movimento� não explica muita coisa ainda.O que de fato significa dar movimento?

Bom, para isso, vamos precisar entender 3elementos fundamentais de todo movimentosocial: o empoderamento, a irradiação ea convergência.

O empoderamento

Lá na Grécia Antiga já circulava a idéia de queos problemas e as coisas boas que existem nanossa sociedade não são obra dos deuses. Avida em sociedade é obra dos homens e dasmulheres que formam a sociedade.

Isso quer dizer que, seja pela ação ou pelaomissão, todos nós somos sujeitos da história,e não meros espectadores. Como já dizia PauloFreire na década de 60, �o homem é, pornatureza, um ser eminentemente transformador.Não é a acomodação, e sim a capacidade detransformar a realidade que caracteriza o modode ser do homem no mundo�.

Esse potencial de transformação é como umachama quente que todo ser humano carregadentro de si. Empoderar significa dar vigor aessa chama, essa energia que a história e ascircunstâncias às vezes conseguem enfraquecer.

O empoderamento, portanto, é a base de todoprocesso de mobilização social. Empoderarsignifica promover a iniciativa e a participaçãodas pessoas. Significa tirar das mãos de poucose colocar nas mãos de muitos o poder de decidiros rumos da nossa sociedade.

A irradiação

A raiz da palavra empoderamento vem do latimpotere, que significa �energia�. Portanto, quandofalamos de empoderamento, no sentido dedesconcentrar o poder de decisão, estamosfalando em desconcentrar energia.

A física nos ensina que energia concentrada éum perigo, pode explodir a qualquer hora (pensena panela de pressão!). Mas energia circulandogera vida, mudança e se espalha pelo ambiente.

Num processo de mobilização, essa idéia éfundamental. O movimento precisa se espalhar,irradiar. E irradiar significa pelo menos 3 coisas:

a) Abrangência quantitativa, ou seja, que cadavez mais gente (centenas, milhares, milhões depessoas) desperte para o exercício da partici-pação social.

b) Pluralidade, ou seja, que não basta só termuitas pessoas. É preciso que o movimento seespalhe envolvendo pessoas diferentes. Afinal,a sociedade é formada por pessoas diferentes.E os problemas sociais, que são de todos, devemser resolvidos por todos. Assim, a participaçãode todos os setores sociais (poder público,sociedade civil e setor privado), de crianças,jovens e adultos, de mulheres e homens, negros,brancos e gente de todas as etnias tende aenriquecer e dar mais efetividade a qual-quer movimento.

c) Organização social, ou seja, que à medidaque cada vez mais e diferentes pessoas aderemao movimento, o tecido social que vai seformando deve ficar cada vez mais resistente eforte. A criação de redes, fóruns e organizaçõesmuitas vezes serve para isso.

A convergência

Ter muitas e diferentes pessoas altamenteengajadas participando de um movimento émuito importante. Mas também pode ser umproblema se cada um ficar puxando para o seulado, defendo interesses próprios.

Por isso, outro elemento fundamental de todomovimento social é a convergência de esforçosem torno de um propósito comum. Ou seja, éfundamental que as pessoas, apesar de suasdiferenças, sejam capazes de definir e perseguirobjetivos coletivos, cada um do seu jeito, mastodos no mesmo barco, navegando na mes-ma direção.

Para conseguir a convergência, precisamos sercapazes de responder para nós mesmos e paraas pessoas que pretendemos mobilizar umapergunta muito importante: onde queremoschegar com essa história toda?

Existem 3 conceitos que podem nos ajudar arefletir sobre esse questionamento: o ima-ginário convocante, a idéia força e asmetas mobilizadoras.

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a) O imaginário convocante

No Nordeste, em época de São João, é possívelsentir no ar o cheiro de festa e devoção quetoma conta das cidades. Em especial para osadolescentes, essa é a época das quadrilhas edo forró de pé de serra.

Neste clima, certa vez um grupo de jovens estavareunido na praça de uma pequena cidade nointerior do Ceará. Parados, calados, com os olhosarregalados e ouvidos atentos eles tentavamdescobrir de que município vizinho vinha o somgrave e distante da zabumba que denunciava oarrasta-pé que estava para começar.

Mesmo sem saber ao certo de onde vinha osom, decidiram encarar uma caminhada de maisde 4 léguas atrás de um pouco de festa, confiandoque o som da zabumba os guiaria na direçãocorreta. E de fato guiou.

Esse �causo� real, ouvido no Ceará, expressametaforicamente o sentido do conceito deimaginário convocante, cunhado pelo educadorcolombiano Bernardo Toro.

Assim como o som da zabumba para osadolescentes, o imaginário convocante é umhorizonte atrativo, algo que, apesar da distância,motiva as pessoas e dá sentido à sua participaçãonum movimento.

O imaginário proposto por Betinho na Ação daCidadania, por exemplo, era ter �uma sociedadeque pratica a solidariedade�.

O Gandhi, lá na Índia, propôs a todos o sonhode �um mundo mais justo e pacífico�.

b) A idéia-força

A idéia-força é como uma placa no meio docaminho dos adolescentes cearenses ansiosospor uma noite de diversão: assim como o somda zabumba (o imaginário convocante) ela conduzà festa. A diferença é que a idéia-força forneceum tipo de orientação mais objetivo e concretodo que o imaginário.

Num processo de mobilização, a idéia-força,conceito criado por Rose Marie Inojosa, é �umproblema social relevante, passível de inter-venção solidária�.

Retomando os casos citados anteriormente,temos alguns exemplos ilustrativos. A idéia-força proposta pela Ação da Cidadania era �vencera fome e a miséria no Brasil�. Para Betinho,assumindo esse desafio, o povo brasileiro estariacaminhando na direção de uma sociedadeproativa e solidária, que era o imaginárioconvocante do movimento.

A idéia-força proposta por Gandhi era �conquistarde forma pacífica a independência da Índia�. Eleacreditava que, se os indianos e ingleses fossemcapazes de resolver suas diferenças de formapacífica e a Índia voltasse a ser soberana, teriasido dado um passo importante na direção deum mundo melhor.

c) As metas mobilizadoras

As metas mobilizadoras, por sua vez, orientama participação de maneira ainda mais concretado que a idéia-força.

São objetivos de curto prazo que traduzem oimaginário convocante e a idéia força para o diaa dia dos cidadãos, desdobrando-os no tempoe no espaço.

Na Ação da Cidadania, por exemplo, foi propostoque �nenhuma família passasse fome no Natalde 1993�.

Depois de uma marcha de vários dias pela Índia,Gandhi chegou ao mar acompanhado de umamultidão que tinha um objetivo muito claro nacabeça: �não pagar mais os tributos inglesessobre o sal indiano�.

Nesse episódio, ficou famoso o gesto de Gandhide pegar um punhado de sal do chão e erguê-lo para todos verem que dali em diante, se osindianos quisessem, voltariam a comercializaro sal livremente.

Como podemos notar, as metas mobilizadorasapontam desafios tangíveis, práticos e objetivospara os cidadãos que compartilham o imagi-nário convocante.

Para entender melhor a complementaridade queexiste entre esses conceitos, pensemos numiceberg... as metas mobilizadoras são a pontavisível. Elas são as ações concretas que em geralaparecem para as pessoas.

Betinho nos deu uma lição sobre isso com aAção da Cidadania. Como ele próprio disse numaentrevista: �A fome é um problema concreto,imediato. E foi por aí que as pessoas encontraramuma forma mais imediata de contribuir. Bastavaum tíquete-refeição, um quilo de arroz, umalata de óleo e já estavam colaborando. Assim,a doação de comida se generalizou, com apopulação se organizando e se manifestando.Não era uma adesão abstrata. Era umaação concreta�.

Mas ao mesmo tempo, como vimos, o movimentotinha um horizonte mais amplo. E esse é umdos motivos pelos quais muitas iniciativas quesurgiram naquela época continuam existindoaté hoje.

Voltando ao nosso iceberg, a conclusão é que,se as metas não estiverem sustentadas por umabase sólida, ou seja, uma idéia-força e umimaginário consistentes, quando foremalcançados os objetivos de curto prazo omovimento tende a afundar, não se sustenta.

Uma coisa completa a outra: sem um imaginárioconvocante o movimento vira um ativismopassageiro. Sem metas mobilizadoras, omovimento pode começar a ser percebido pelacomunidade como um idealismo impraticável,gerando angústia e frustração nas pessoas.

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Pra resumir, mobilização social é...

Existem muitas formas de definir o que émobilização social. Mas no nosso caso, à luz doparadigma ampliado que discutimos, coerentescom o fundamento ético adotado e entendendoos elementos de um movimento social, podemosdizer que:

A Mobilização Social é um processo educativoque promove a participação (empoderamento)de muitas e diferentes pessoas (irradiação) emtorno de um propósito comum (convergência).

PROCESSO: A mobilização social não se limitaàs manifestações públicas, às passeatas, àsconvocações em praça pública, ainda que eventosdeste tipo tenham um papel muito importante.

EDUCATIVO: Ninguém nasce um cidadão atuanteou um ativista. Mas a partir de experiênciasconcretas no seu bairro, na sua comunidade, nasua cidade, as pessoas vão aprendendo eincorporando cada vez mais a prática daparticipação social às suas vidas. CristovamBuarque costuma até dizer que "mais difícil doque botar o povo na rua é levá-lo de voltapra casa".

EMPODERAMENTO: Empoderar significa promovera iniciativa das pessoas, acreditando que elassão capazes de resolver os problemas que afetamdiretamente suas vidas.

IRRADIAÇÃO: A mobilização gera um movimentoque vai envolvendo cada vez mais (quantidade)e diferentes (pluralidade) pessoas de umjeito organizado.

CONVERGÊNCIA: As mudanças acontecem defato se a sociedade se articular em torno de umprojeto de futuro coletivo. Para isso é fundamentalconciliar as ações de curto prazo com uma visãode longo prazo.

Palavras finais

Se um dia acontecer de um índio descer de umaestrela colorida e brilhante no coração da Américado Sul, como preconiza o Caetano Veloso numade suas músicas, devemos ser capazes demostrar a ele um país diferente do quetemos hoje.

Um país em que a desigualdade não é uma coisaóbvia e as pessoas têm muito mais a dizer sobreela do que simplesmente �porque aqui é assim�.

A mobilização social é um modo de construir ademocracia e a participação. É um modo deconstruir um país em que todos promovem umavida digna para todos.

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Lembre-se que a boa qualidade de som é tãoimportante quanto a qualidade da imagem;

Confira o estado da tela. Às vezes ela precisaser lavada antes da projeção;

Verifique se a tela está bem esticada;

Verifique anteriormente a voltagem local � 110Vou 220V � e observe se é compatível com osequipamentos;

Tenha sempre uma extensão elétrica;

Verifique se os banheiros estão limpose acessíveis;

Tenha sempre água para os debatedores.

Não se esqueçam!Dicas para produção de sessões

de exibição

1. Mapeando espaços para exibição

Faça um mapeamento dos locais como escolaspúblicas, associações comunitárias, de classe,quadras de esporte comunitárias, centrosculturais, clubes e instituições que desenvolvamtrabalhos relacionados à temática do filme. Esseslocais podem ser adaptados para a exibição dofilme.

Identifique qual o processo para agendarequipamentos e auditórios.

2. Tema do Filme

Após assistir ao filme, você conhecerá aspossibilidades temáticas a serem exploradas e,a partir daí, buscará as instituições, comunidadese parceiros onde esses temas possam contribuirpara a discussão e formação cultural.

Primeiro tente mostrar o filme à pessoa queserá seu contato na comunidade ou espaço deexibição. Você estará dando o primeiro passopara estabelecer uma parceria e fortalecendoum primeiro elo de apoio.

3. Agendamento de sessão

Fechada a parceria, marque a sessão. Aceite assugestões dos moradores e dos próprios jovensquanto ao melhor horário e local, para garantiraudiência e segurança.

4. Parâmetros de Equipamento

O equipamento de projeção e vídeo precisa sertestado antes da exibição.

Para públicos acima de 250 espectadores,recomendamos:

Tela de 3X4 m; Projetor de 1.200 ansi lumens; 4 caixas de som com potência 350 rms; 1 mesa de som de 8 canais; Microfones para os debatedores e para aplatéia.

Mas se sua comunidade não tiver este tipo deequipamento, tente adaptar. O importante épromover o debate!

Fonte: Brazucah (www.brazucah.com.br)

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Teste o equipamento previamente;

Confira o estado da tela;

Chegue ao local de projeção com no mínimo 2 horasde antecedência, para checar todos os detalhes eevitar imprevistos;

Tenha à mão os telefones das pessoas a quemrecorrer em caso de emergência;

Verifique com antecedência os pontos de energiaelétrica e, principalmente, a posição dos interruptorespara uma maior agilidade no momento de acendere apagar as luzes para a projeção;

Proteja com fita adesiva fios e cabos dosequipamentos para evitar tropeços dos passantes.

Ao iniciar a sessão, faça os agradecimentosnecessários, apresente o projeto ao público e anuncieos participantes do debate;

Inicie a projeção no horário anunciado. Evite atrasos;

Fique atento durante a projeção para qualquernecessidade de ajuste (em especial do volumedo som);

Ao final do filme, acenda as luzes rapidamente eanuncie o debate, para que não haja dispersão;

Se possível, registre a sessão e debates com fotos.

Passo a Passoda Produção

Divulgue!

Divulgação na comunidade

Distribua materiais de divulgação nos locaisfreqüentados pela comunidade, tais comopadarias, escolas, mercados, centros culturais,associações, etc.

O boca a boca é muito importante: fale sobrea exibição para o máximo de pessoas possível.Passe nas escolas, de sala em sala. Avise aosformadores de opinião locais.

Envie e-mails de divulgação.

Divulgue a sessão nos eventos da comunidade,tais como festas, feiras, etc.

Divulgação junto à mídia local

Contate a mídia local: TV regional, TVscomunitárias ou universitárias, rádios, jornais,revistas, etc.

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Anotações

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