miranda do douro, 10 de setembro de 1894 -...

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Anno. Semestre. . Numero avulso 800 500 40 O pagamento da assigoatu- ra é feito adiantadamentr. Artigos enviados à redac- ção sejam ou não publicados não serão restituídos. Miranda do Douro, 10 de Setembro de 1894 =3trÉ= N.° 11 Annuncios For linha ... 40 reis Repetições. . . 20 reis 0> sur». assiguantes leem 25% abatimento. Annuncios sobre obras to- lerarias, publicam-se mediante 1 exemplare. Redacção e aâimstraçao Praça Central n.* 4 5= VIDA m... SE oram A queda do ultimo império fran- cez, deve-se, não tanto à traição de Bazaine, como á deslealdade dos conselheiros particulares que rodeavam Napoleão m. Esta grande verdade, que a his- toria não poderá apagar das suas paginas, confirma-a o proprio im- perador dos francezes na carta que dirigio á imperatriz Eugenia, sua esposa, na vespera da batalha de Strasbourg: Contava com um exer- cito superior, e conheço, bem pesa- roso, que me enganaram! Taes são as palavras de que o imperador se serviu para exprimir o seu sentimento e para justificar a sua derrota. O engano deu-se, não ha que negal-o, e o resultado d'el!e, toda a gente sabe qual foi: o desastre de Metz, seguido da catastrophe de Sedan. Quando propositadamente se oc- culta a um chefe politico a verda- de do que se passa no partido, escondendo-lhe habilmente a dis- córdia e intriga que lavra desor- denadamente entre firmes e leaes partidarios; quando, por vaidade, se querem sustentar caprichos, contra a boa razão e contra os bons princípios... a queda é ine- vitável, o desastre será completo. Também assim o comprehendeu em Waterloo, Napoleão Bonapar- te, no dia da grande batalha, ape- sar da sua immensa artilharia. Esperava com anciedade Grou- chy, e surge-lhe, como por encan- to, Blucher, isto é: o dia transfor- mou-se em noite. As suas 240 metralhadoras bem carregadas, não poderam, apesar de incalculáveis esforços, vencer as 159 boccas de fogo de Wel- lington, e o vencedor de Auster- litz, tornou-se muito em breve o desterrado de Santa Helena. Apregoar forças que se não pos- sue, é contar com o que não é nosso; é mentir, é enganar, é finalmente esconder uma fraque- za que mais ao depois nos arrasta miseravelmente e nos desacredi- ta espantosamente, quando a ver- de transparece. E os que não tem pejo de illudir os outros, procurando enganarem- se a si proprios, vêem mais tarde com arrependimento que melhor lhes fôra não ter seguido tão de- sastradamente um caminho jun- cado de abrolhos, uma estrada sul- cada de precipícios! O systema de verem as cou- sas pelo lado ridente das suas paixões, dando largueza a imagi- nações enfermas, que a seu bello prazer lhes phantasia tudo còr de rosa, afastando-se da contempla- ção dos astros, onde perpassam as nuvens levando consigo as tempes- tades, pôde dar mau resultado, de- senganem-se d'uma vez para sem- pre, e o tempo demonstrará se temos ou não rufião para lhes fa- lar assim. O bom general quando é estra- tégico, troca o serviço de gabinete pelo de campo, e d'esta forma observa melhor quaèsquer movi- mentos nas hostes contrarias. Procedia assim Banaparte, em vesperas de batalha, e não obstou isso a ter encontrado falso guia em Waterloo, que devia condu- zil-o mais tarde á solitaria ilha, onde o fausto e a grandeza se dei- jtou sepultar com elle. Não precisa ser-se. muito atilado; ' conhecer a fundo po- litica, para avaliar os funestos re- Isultados de uma tempestade imi- nente, d'uma borrasca tremenda. Basta olhar em redor de nós, notar essa indifferença atterradora, esse retrahimento geral especie de frieza glacial, para se ficar com- prehendendo desde logo que, não é deprimindo uns sem rasão nem motivo, que se consegue engran- decer e elevar outros, se para tanto não ha merecimentos, e não tem jus quem á valentona, pre tende ser guindado. pergunta-se e com rasão, que vergonhosa politica é essa que es- tão para ahi fazendo, alijando a torto e direito, do partido, homens de valor incalculável; correligio- nários d'uma honestidade com- provada, e que tinham direito a ser considerados, por que es- ses leaes partidarios condemnam abertamente o trafico escandaloso que ha um tempo a esta parte está sendo posto em pratica, pelos que deviam não jactar-se tanto de in- substituíveis. Mas querem-o assim 1 ?... assim o hão de ter. Resta-lhes exclamar como o poeta: E a fagueira illusão cede á verdade. Alusto Cesar Lopes Antoies Um dos homens mais lhanos, mais attralientes e precisamente mais ho- nesto, entre tantos outros que o parti- do regenerador conta no distrieto de Bragança, é incontestavelmente aquel- lo que apresentamos hoje. Se este jornal fosse illustrado e as poncas linhas qne ahi ficam servissem de apresentação d aquelle sympathico volto transmontano, de certo ninguém ousaria duvidar do seu valor. Bastaria fital-o, observal-o, para se ficar desde logo conhecendo que não havia exagero da nossa parte. E' uma das reliqnias da velha gnar- da, qne o partido ainda conserva, ape- sar da grande magna e do grande des- gosto que tem tido. Fatigado por incalculáveis esfor- ços ba tantos annos empregados, rou- bando não p ucas vezes dos braços da morte, a sua companheira querida, a sua esposa idolatrada; luctando, como se pode lnctar por restituir vida áquel- la argilia inanimada; acabrunhado, co- mo os que se 6entem profundamente fe- ridos, qnando a fatalidade é inclemen- te, era razão mais que suffi ciente, para esquecer por momentos a negregada politica. Mas não. Qnando os clarins se fazem ouvir e as vozes dos chefes se tornam eeho, Augusto Lopes, esquece de repente to- dos esses pesares para correr em auxi- lio dos seus bravos companheiros. Tem como principio a obediencia, porqne n'ella a boa disciplina, sem a qual não se nobilita nem fortifica cor- poração alguma, e d'alli não ha que afastal-o. Sabe, porque isso a ningnem é dado ignorar, a grande qnantidade de deser- ções que tem havido no partido, mas a responsabilidade d'esses actos não as quer elle para si. O seu impolluto caracter está sem- pre ao abrigo de toda e qualquer cri- tica, venha ella d'onde vier, e parta de quem partir. Escudado no bom credito que gosa em toda parte, faz gal8 sempre que pode, mostrar aos outros, que o seu i»; uÍNçfiattsiv tr-j..diferente ás ma- gnas daquelles que procuram n'elle o amigo dedicado e sincero. Condemna da mesma forma, os que vem e os que vão para outros partidos, embora motivos imperiosos a isso obri- gue. Classifica-os como elle entende e quer, mas n essa classificação não pou- pa, mesmo os que lhe são afeiçoados por dedicação, amigos pessoaes por de- ver. Para os que vivem do embuste da intrugisse, tem elle sempre um conse- lho que lhes dar, e não poucas vezes tem conseguido com esse processo des- viar da senda errada indivíduos que n'uma hora de desalento, resolvera ca- minhar em sentido inverso. Homens d'este8 cobrem d'honra o partido a que estão ligados e enobre- cem com a sua amizade aquelles que ousam conquistar a. O seu passado é diamantino, como o o seu presente, e nko ha nuvens que possam tuldar indelevelmente o seu bri- lho. Costumado a viver da seriedade e da honradez, não conhece que haja ou- tro bordão a que possa encostar-se o pequeno e grande, o rico c o pobre. O seu coração bondoso reflecte-se continuamente no sen rosto sempre alegre e risonho, e -por maior que Re- jam as contrariedades da vida, não al- tera uma linha sequer, na sua organi- saçáo. D'este partidario belíssimo pode afou- tamente dizer-se: Verdadeiro homem de bem. Estiveram entre nós oa srs. Lazaro Alberto Martins Rapo, de Prado do Gatão; Padre Manoel Bernardo Ma- deira, abbude de Villa Chã; Padre Ma- noel Antonio Cameirão, parocho de Silva; Padre João Antonio da Bocha, abbade de Duas Egrejas; Padre Ma- noel Joaquim Sardinha, reitor de If- fanes; Padre Francisco Martins, de Malhadas. Em Thó, falleceu ultimamente, a sr.* D. Josepha de Moraes Machado, irmã do fallecido conselheiro, Antonio Maria de Moraes Machado. Esteve entre dós o nosso amigo e assigoante. João Antonio Geraldes de Macedo, de S. Martinho. Acha-se n'esta cidade, em casa de seu tio, nosso amigo, Jo«é Antonio Pires, a sr.* D. Candida do Ceo Pires, de Bragança. A esta cidade chegou ultimamente o nosso amigo Eduardo Ernesto de Faria, acompanhado de sua esp >sa a sr.* D. Laurinda Teixeira d'Abreu, hospedando-se em casa.de seu cunha- do, o nosso presadissimo amigo, Au- tonio Adriano Dias de Lima, chefe da estação telegrapho-post-al. Carteira do Mirandez Faz annos dia 17 o nosso presado amigo. Anselmo Clementino Pinto, contador do Juizo, e advogado nos au- ditórios d'esta comarca. De visita a suas filhas e genros, acham-se n'esta cidade, o nosso amigo Jose Antonio dOliveira, e sua esposa, D. Rachel Ermelinda Lopes d'01iveira, de Lagoaça. A s pedreiras de mármore e alabas- tro, de S. Adrião, chegou o sr. Fran- cisco Cardozo, director da exploração daquellas minas. De visita a sua ex. m * família, esteve em Carrazeda d'Anciães, o nosso pre- sadissimo amigo, Manoel Antonio de Araujo, general reformado. Regressou a Elvas, onde tem a sua residencia. Para Ligares, partio ha dias, o Br. Dr. José Joaquim Dias Gallas, depu- tado por este circulo. Para Carção partio também ha dias, a sr.* D. Feliciana da Conceição Mar- tins, sobrinha do nosso amigo João Antonio Dias Poças. Acha-se n esta cidade a ar.* D. Anna Rocha, irmã do nosso bom amigo, pa- dre José Antonio da Rocha, professor do lyceu de Bragança. —Para o Brazil—Rio de Janeiro, embarcou dia 23 em Lisboa, o nosso presado amigo, José Antonio Dias de Miranda. Em Abrantes, falleceu ultimamente o sr. Antonio Ma< ia Pinto, tenente de infantaria n.* 11, irmão do nosso pre- sado amigo, Francisco Henrique Pinto, digníssimo chefe da delegação adua- neira, em Bragança. «0 Mogadourense» (ndmebo cnico) Publicação feita a favor do bazar pro- movido em beneficio do cofre de Nossa Senhora do Caminho. Pelo sr. Joaquim Augusto Felguei- ras Leite Velho, foi-nos offerecido um numero da primorosa publicação de que vimos fallando, collaborada por distinctas damas e respeitabillissimos cavalheiros, alguns até, bem conheci- dos na republica das letras. Impresso com nitidez em excellente papel, aquelle jornal honra sobrema- neira o auctor da lembrança, e a of- licina typographica da empreza litte- raria, donde subiu. O Mogadourense, é como bem diz o snr. Joaquim Leite, na introducção: «um ramalhete, composto de Sores de mimo, e elegância.» Pedimos vénia ao snr. Leite, para arrancar do seu bouquet, algumas pé- talas d'essas flores mimosas, e com ellas honrar aqui estas paginas: A YT&liEM Amo-voB, Virgem das Virgens, De todo o meu coração; Seja o 'stensura d'esse affecto, Toda a vossa protecção. Virgem santa do Caminho, De graças cofre sem fundo, Livrai-me, Fanal divino, Das baixeis d este mundo. Eugenia Leopoldina F. Leite Velho. Amo a violeta do campo, Amo da briza o bafejo, Amo da noite o silencio, Amo da luz o lampejo. Amo o murmurio das fontes, Amo dós prados as flores, Amo o gorgeio das aves, Amo do campo os verdores. Amo o sol, lampada eterna, Suspensa no infinito. Amo o mar c'o seu fragor Contra as rochas de granito. Amo a infancia, a juventude Que de mim vejo fugir, Formosa quadra tão bella Que jamais tornará a vir. Pela esperança acalentada, Posso viver sempre assim, Inda que o mundo egoísta Zombe, escarneça de mim. Amo a vida, por que creio E tenho no porvir: Não me invade o scepticismo, E' cedo p'ra succumbir. Sou pobre, não ambiciono Riquezas, ouro, milhões; Quria só—isso confesso, Ver mais puros corações. A alma está inda crente, Nada abala a minha fé, Julgo ouvir a Providencia, Dizendo-me «espera e crê.» Laurinda d'Abreu. IVlA-JE Mãe!... palavra mil vezes santaI tres letras que dizem mil poemas. Ri- queza que encerra todos os thesourosl I Manancial uu bênçãos, antegoso do céo, é tudo o teu amor! Vós os que possuis, não vos julgueis perdidos mes- mo entre os parceis das mais terríveis procellas: o supremo infortúnio, a des- dita cruciante é a negra desolação da orphandade. ... Mães! ó santas! Se, assim como estamos sempre no vosso coração, pu- déssemos não ter sahido nunca de sob a influencia angélica do vosso olhar!... Eugenia Leite Calejo. Quem aos pobres, a Deus, diz o Evangelho; e aquelle que a tempo soccorre um faminto, não livra esse desgraçado da mais negra das torturas, mas também por vezes desvia seus passos da senda do crime, e fal-o pe- netrar no caminho da virtude. Recipro- camente, quem der a Nossa Senhora do Caminho, valerá a muitos infelizes, a quem a Virgem Santa dirá do alto do seu throno «vinde, e ensinai^voB- hei um caminho bom.» Arminda Lopes Oliveira. Qne de bocados de ouro não ficam ahi n'essas singelíssimas palavras. Desejaríamos se fosse possível, mos- trar hoje n'este logar quanto valor en- cerram as paginas do "Mogadourense,, para se ficar comprehendendo o insa- no trabalho do sr. Leite, em reunir uma immensa riqueza, mas iremos pouco e pouco, como homenagem de culto á Virgem do Caminho, abrindo as paginas do nosso jornal, para dei- xar consignado o tributo da nossa crença. Ao sr. Joaquim Leite, agradecemos penhorados, a lembrança do numero que se dignou offert&r-nos. A religião e a sociologia E' incontestável que um movimento superior de renovação philosophica trabalha a mentalidade das gerações actuaes. A intelligencia humana se- guindo a sua natural e lenta evolução hoje mais do que nunca se agita im- paciente e irrequieta em face dos phe-

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Anno. Semestre. . Numero avulso

800 500

40

O pagamento da assigoatu- ra é feito adiantadamentr.

Artigos enviados à redac- ção sejam ou não publicados não serão restituídos.

Miranda do Douro, 10 de Setembro de 1894

=3trÉ=

N.° 11

Annuncios

For linha ... 40 reis Repetições. . . 20 reis

0> sur». assiguantes leem 25% abatimento.

Annuncios sobre obras to- lerarias, publicam-se mediante 1 exemplare.

Redacção e aâimstraçao

Praça Central n.* 4

5=

VIDA m... SE oram

A queda do ultimo império fran- cez, deve-se, não tanto à traição de Bazaine, como á deslealdade dos conselheiros particulares que rodeavam Napoleão m.

Esta grande verdade, que a his- toria não poderá apagar das suas paginas, confirma-a o proprio im- perador dos francezes na carta que dirigio á imperatriz Eugenia, sua esposa, na vespera da batalha de Strasbourg: Contava com um exer- cito superior, e conheço, bem pesa- roso, que me enganaram!

Taes são as palavras de que o imperador se serviu para exprimir o seu sentimento e para justificar a sua derrota.

O engano deu-se, não ha que negal-o, e o resultado d'el!e, toda a gente sabe qual foi: o desastre de Metz, seguido da catastrophe de Sedan.

Quando propositadamente se oc- culta a um chefe politico a verda- de do que se passa no partido, escondendo-lhe habilmente a dis- córdia e intriga que lavra desor- denadamente entre firmes e leaes partidarios; quando, por vaidade, se querem sustentar caprichos, contra a boa razão e contra os bons princípios... a queda é ine- vitável, o desastre será completo.

Também assim o comprehendeu em Waterloo, Napoleão Bonapar- te, no dia da grande batalha, ape- sar da sua immensa artilharia.

Esperava com anciedade Grou- chy, e surge-lhe, como por encan- to, Blucher, isto é: o dia transfor- mou-se em noite.

As suas 240 metralhadoras bem carregadas, não poderam, apesar de incalculáveis esforços, vencer as 159 boccas de fogo de Wel- lington, e o vencedor de Auster- litz, tornou-se muito em breve o desterrado de Santa Helena.

Apregoar forças que se não pos- sue, é contar com o que não é nosso; é mentir, é enganar, é finalmente esconder uma fraque- za que mais ao depois nos arrasta miseravelmente e nos desacredi- ta espantosamente, quando a ver- de transparece.

E os que não tem pejo de illudir os outros, procurando enganarem- se a si proprios, vêem mais tarde com arrependimento que melhor lhes fôra não ter seguido tão de- sastradamente um caminho jun- cado de abrolhos, uma estrada sul- cada de precipícios!

O systema de só verem as cou- sas pelo lado ridente das suas paixões, dando largueza a imagi- nações enfermas, que a seu bello prazer lhes phantasia tudo còr de rosa, afastando-se da contempla- ção dos astros, onde perpassam as nuvens levando consigo as tempes- tades, pôde dar mau resultado, de- senganem-se d'uma vez para sem- pre, e o tempo demonstrará se temos ou não rufião para lhes fa- lar assim.

O bom general quando é estra- tégico, troca o serviço de gabinete pelo de campo, e d'esta forma observa melhor quaèsquer movi- mentos nas hostes contrarias.

Procedia assim Banaparte, em vesperas de batalha, e não obstou isso a ter encontrado falso guia em Waterloo, que devia condu- zil-o mais tarde á solitaria ilha, onde o fausto e a grandeza se dei- jtou sepultar com elle.

Não precisa ser-se. muito atilado; ' conhecer a fundo po- litica, para avaliar os funestos re-

Isultados de uma tempestade imi- nente, d'uma borrasca tremenda.

Basta olhar em redor de nós, notar essa indifferença atterradora, esse retrahimento geral especie de frieza glacial, para se ficar com- prehendendo desde logo que, não é deprimindo uns sem rasão nem motivo, que se consegue engran- decer e elevar outros, se para tanto não ha merecimentos, e não tem jus quem á valentona, pre tende ser guindado.

pergunta-se e com rasão, que vergonhosa politica é essa que es- tão para ahi fazendo, alijando a torto e direito, do partido, homens de valor incalculável; correligio- nários d'uma honestidade com- provada, e que tinham direito a ser considerados, só por que es- ses leaes partidarios condemnam abertamente o trafico escandaloso que ha um tempo a esta parte está sendo posto em pratica, pelos que deviam não jactar-se tanto de in- substituíveis.

Mas querem-o assim1?... assim o hão de ter.

Resta-lhes exclamar como o poeta: E a fagueira illusão cede á verdade.

Alusto Cesar Lopes Antoies

Um dos homens mais lhanos, mais attralientes e precisamente mais ho- nesto, entre tantos outros que o parti- do regenerador conta no distrieto de Bragança, é incontestavelmente aquel- lo que apresentamos hoje.

Se este jornal fosse illustrado e as poncas linhas qne ahi ficam servissem de apresentação d aquelle sympathico volto transmontano, de certo ninguém ousaria duvidar do seu valor.

Bastaria fital-o, observal-o, para se ficar desde logo conhecendo que não havia exagero da nossa parte.

E' uma das reliqnias da velha gnar- da, qne o partido ainda conserva, ape- sar da grande magna e do grande des- gosto que tem tido.

Fatigado já por incalculáveis esfor- ços ba tantos annos empregados, rou- bando não p ucas vezes dos braços da morte, a sua companheira querida, a sua esposa idolatrada; luctando, como se pode lnctar por restituir vida áquel- la argilia inanimada; acabrunhado, co- mo os que se 6entem profundamente fe- ridos, qnando a fatalidade é inclemen- te, era razão mais que suffi ciente, para esquecer por momentos a negregada politica.

Mas não. Qnando os clarins se fazem ouvir e

as vozes dos chefes se tornam eeho, Augusto Lopes, esquece de repente to- dos esses pesares para correr em auxi- lio dos seus bravos companheiros.

Tem como principio a obediencia, porqne vô n'ella a boa disciplina, sem a qual não se nobilita nem fortifica cor- poração alguma, e d'alli não ha que afastal-o.

Sabe, porque isso a ningnem é dado ignorar, a grande qnantidade de deser- ções que tem havido no partido, mas a responsabilidade d'esses actos não as quer elle para si.

O seu impolluto caracter está sem- pre ao abrigo de toda e qualquer cri- tica, venha ella d'onde vier, e parta de quem partir.

Escudado no bom credito que gosa em toda parte, faz gal8 sempre que

pode, mostrar aos outros, que o seu i»; uÍNçfiattsiv tr-j..diferente ás ma- gnas daquelles que procuram n'elle o amigo dedicado e sincero.

Condemna da mesma forma, os que vem e os que vão para outros partidos, embora motivos imperiosos a isso obri- gue.

Classifica-os como elle entende e quer, mas n essa classificação não pou- pa, mesmo os que lhe são afeiçoados por dedicação, amigos pessoaes por de- ver.

Para os que vivem do embuste da intrugisse, tem elle sempre um conse- lho que lhes dar, e não poucas vezes tem conseguido com esse processo des- viar da senda errada indivíduos que n'uma hora de desalento, resolvera ca- minhar em sentido inverso.

Homens d'este8 cobrem d'honra o partido a que estão ligados e enobre- cem com a sua amizade aquelles que ousam conquistar a.

O seu passado é diamantino, como o o seu presente, e nko ha nuvens que possam tuldar indelevelmente o seu bri- lho.

Costumado a viver da seriedade e da honradez, não conhece que haja ou- tro bordão a que possa encostar-se o pequeno e grande, o rico c o pobre.

O seu coração bondoso reflecte-se continuamente no sen rosto sempre alegre e risonho, e -por maior que Re- jam as contrariedades da vida, não al- tera uma linha sequer, na sua organi- saçáo.

D'este partidario belíssimo pode afou- tamente dizer-se:

Verdadeiro homem de bem.

Estiveram entre nós oa srs. Lazaro Alberto Martins Rapo, de Prado do Gatão; Padre Manoel Bernardo Ma- deira, abbude de Villa Chã; Padre Ma- noel Antonio Cameirão, parocho de Silva; Padre João Antonio da Bocha, abbade de Duas Egrejas; Padre Ma- noel Joaquim Sardinha, reitor de If- fanes; Padre Francisco Martins, de Malhadas.

Em Thó, falleceu ultimamente, a sr.* D. Josepha de Moraes Machado, irmã do fallecido conselheiro, Antonio Maria de Moraes Machado.

Esteve entre dós o nosso amigo e assigoante. João Antonio Geraldes de Macedo, de S. Martinho.

Acha-se n'esta cidade, em casa de seu tio, nosso amigo, Jo«é Antonio Pires, a sr.* D. Candida do Ceo Pires, de Bragança.

A esta cidade chegou ultimamente o nosso amigo Eduardo Ernesto de Faria, acompanhado de sua esp >sa a sr.* D. Laurinda Teixeira d'Abreu, hospedando-se em casa.de seu cunha- do, o nosso presadissimo amigo, Au- tonio Adriano Dias de Lima, chefe da estação telegrapho-post-al.

Carteira do Mirandez

Faz annos dia 17 o nosso presado amigo. Anselmo Clementino Pinto, contador do Juizo, e advogado nos au- ditórios d'esta comarca.

De visita a suas filhas e genros, acham-se n'esta cidade, o nosso amigo Jose Antonio dOliveira, e sua esposa, D. Rachel Ermelinda Lopes d'01iveira, de Lagoaça.

A s pedreiras de mármore e alabas- tro, de S. Adrião, chegou o sr. Fran- cisco Cardozo, director da exploração daquellas minas.

De visita a sua ex.m* família, esteve em Carrazeda d'Anciães, o nosso pre- sadissimo amigo, Manoel Antonio de Araujo, general reformado. Regressou já a Elvas, onde tem a sua residencia.

Para Ligares, partio ha dias, o Br. Dr. José Joaquim Dias Gallas, depu- tado por este circulo.

Para Carção partio também ha dias, a sr.* D. Feliciana da Conceição Mar- tins, sobrinha do nosso amigo João Antonio Dias Poças.

Acha-se n esta cidade a ar.* D. Anna Rocha, irmã do nosso bom amigo, pa- dre José Antonio da Rocha, professor do lyceu de Bragança.

—Para o Brazil—Rio de Janeiro, embarcou dia 23 em Lisboa, o nosso presado amigo, José Antonio Dias de Miranda.

Em Abrantes, falleceu ultimamente o sr. Antonio Ma< ia Pinto, tenente de infantaria n.* 11, irmão do nosso pre- sado amigo, Francisco Henrique Pinto, digníssimo chefe da delegação adua- neira, em Bragança.

«0 Mogadourense»

(ndmebo cnico)

Publicação feita a favor do bazar pro- movido em beneficio do cofre de Nossa Senhora do Caminho.

Pelo sr. Joaquim Augusto Felguei- ras Leite Velho, foi-nos offerecido um numero da primorosa publicação de que vimos fallando, collaborada por distinctas damas e respeitabillissimos cavalheiros, alguns até, bem conheci- dos na republica das letras.

Impresso com nitidez em excellente papel, aquelle jornal honra sobrema- neira o auctor da lembrança, e a of- licina typographica da empreza litte- raria, donde subiu.

O Mogadourense, é como bem diz o snr. Joaquim Leite, na introducção: — «um ramalhete, composto de Sores de mimo, e elegância.»

Pedimos vénia ao snr. Leite, para arrancar do seu bouquet, algumas pé- talas d'essas flores mimosas, e com ellas honrar aqui estas paginas:

A YT&liEM

Amo-voB, Virgem das Virgens, De todo o meu coração; Seja o 'stensura d'esse affecto, Toda a vossa protecção.

Virgem santa do Caminho, De graças cofre sem fundo, Livrai-me, Fanal divino, Das baixeis d este mundo.

Eugenia Leopoldina F. Leite Velho.

Amo a violeta do campo, Amo da briza o bafejo, Amo da noite o silencio, Amo da luz o lampejo.

Amo o murmurio das fontes, Amo dós prados as flores, Amo o gorgeio das aves, Amo do campo os verdores.

Amo o sol, lampada eterna, Suspensa lá no infinito.

Amo o mar c'o seu fragor Contra as rochas de granito.

Amo a infancia, a juventude Que de mim vejo fugir, Formosa quadra tão bella Que jamais tornará a vir.

Pela esperança acalentada, Posso viver sempre assim, Inda que o mundo egoísta Zombe, escarneça de mim.

Amo a vida, por que creio E tenho fé no porvir: Não me invade o scepticismo, E' cedo p'ra succumbir.

Sou pobre, não ambiciono Riquezas, ouro, milhões; Quria só—isso confesso, Ver mais puros corações.

A alma está inda crente, Nada abala a minha fé, Julgo ouvir a Providencia, Dizendo-me «espera e crê.»

Laurinda d'Abreu.

IVlA-JE

Mãe!... palavra mil vezes santaI tres letras que dizem mil poemas. Ri- queza que encerra todos os thesourosl

I Manancial uu bênçãos, antegoso do céo, é tudo o teu amor! Vós os que possuis, não vos julgueis perdidos mes- mo entre os parceis das mais terríveis procellas: o supremo infortúnio, a des- dita cruciante é a negra desolação da orphandade.

... Mães! ó santas! Se, assim como estamos sempre no vosso coração, pu- déssemos não ter sahido nunca de sob a influencia angélica do vosso olhar!...

Eugenia Leite Calejo.

Quem dá aos pobres, dá a Deus, diz o Evangelho; e aquelle que a tempo soccorre um faminto, não só livra esse desgraçado da mais negra das torturas, mas também por vezes desvia seus passos da senda do crime, e fal-o pe- netrar no caminho da virtude. Recipro- camente, quem der a Nossa Senhora do Caminho, valerá a muitos infelizes, a quem a Virgem Santa dirá do alto do seu throno «vinde, e ensinai^voB- hei um caminho bom.»

Arminda Lopes Oliveira.

Qne de bocados de ouro não ficam ahi n'essas singelíssimas palavras.

Desejaríamos se fosse possível, mos- trar hoje n'este logar quanto valor en- cerram as paginas do "Mogadourense,, para se ficar comprehendendo o insa- no trabalho do sr. Leite, em reunir uma immensa riqueza, mas iremos pouco e pouco, como homenagem de culto á Virgem do Caminho, abrindo as paginas do nosso jornal, para dei- xar lá consignado o tributo da nossa crença.

Ao sr. Joaquim Leite, agradecemos penhorados, a lembrança do numero que se dignou offert&r-nos.

A religião e a sociologia

E' incontestável que um movimento superior de renovação philosophica trabalha a mentalidade das gerações actuaes. A intelligencia humana se- guindo a sua natural e lenta evolução hoje mais do que nunca se agita im- paciente e irrequieta em face dos phe-

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nome nos, e procura investigar as leis que os governam. No dizer sublime do grande socialogo italiano, o imrnor- tal Cimbali, entre as conquistas mais preciosas da moderna orientação ecien- tifica sobresahe uma dupla tendencia, que constitue por assim dizer o ponto d'appoio em torno do qual gira todo o movimento innovador dos nossos tem- pos; & primeira d estas tendencias con- siste em unificar os vários ramos e as varias ordens da vida universal, de for- ma que representem uma cadeia sem interrupção desde o bruto ao homem, desde os phenomenos cégos da maté- ria até aos phenomenos excelsos da intelligencia. A outra tendencia con- siste em unificar, como uma consequên- cia necessaria, os variados ramos da Bciencia universal.

Nesta obra immensa de renovação scientifica neuhum phenomeno passa completamente despercebido, nenhum ser se move numa esphera desconhe- cida ou indifferente. Pelo contrario o ideal da sciencia dirige-se á coordena- ção geral de todas as manifestações □aturaes.

Parece que a humanidade chega hoje a aborrecer-se d'um lethargo secular, e accorda alvoroçada e febril para me- ditar profundamente sobre os seus pró- prios destinos, para passar a uma vida consciente, para reflectir maduramente sobre o seu passado de desventuras, e, finalmente, para conhecer as ro'açòes que a ligam aos outros seres da crea ção. E' já tempo de abrir uma marcha firme e segura na Bua evolução, pondo um limite ás incertezas do passado que a conduziram de sobresalto em sobresalto, de revolução em revolução. Ainda não vai longe a ultima lucta, os echos clangorosos da qual se pro- longam até nós.

Não podendo ficar indifferente em face das cinzas ainda fumegantes d'um mundo despedaçado, a humanidade, penitenciando-se á semilhança do indi- viduo, e depois de passados os enthu- siãsmos febris que os arrastaram ,'á obra inexorável da destruição, resusci- ta todo o seu passado de desventuras e de illasões, e amestrada com as ru- des lições da experiencia de largos sé- culos da historia, procura organisar, no meio das turbulências anarchicas de nossos dias, um novo plano de con- ducta, que a colloque a salvo dos pro- fundos e dolorosos abalos que tem soffrido.

(Continua) E. Faria.

NOTICIÁRIO

Caridade—O nosso distincto ami- go Jose Antonio Dias de Miranda, an- tes de partir para o Brazil (Rio de Ja neiro), onde tem a sua grande casa commercial, quiz mais uma vez mos- trar a. sua muita nobreza d'alma, o seu immenso carinho pelos pobres neces sitados d esta cidade, deixando ao seu particular amigo Augusto Cezar Dias de Lima, uma avultada esmola, para ser repartida por todos os pobres, in- cluindo os presos da cadeia,

Ordenou que aquella distribuição fosse feita no dia 23 de dezembro, querendo assim solemnisar o nasci mento do Redemptor do Mundo, com mais um dos seus immensos rasgos de philan tropia.

Acções d'estas, tão meritórias, eno- brecem, elevam e engrandecem todos aquelles que as praticam, e oxalá o sr. Miranda conserve sempre arreiga- do no coração, o pensamento dessa sublime virtude, chamada caridade.

Escrivão de direito—Para a vaga deixada n'esta comarca, pela sa- hida do sr. Francisco Bernardo Alves, para a de Mogadouro, foi ultimamen te transferido do 3.° districto criminal de Lisboa, o sr. Accacio Joaquim de Oliveira Coelho.

JSovo serviço de matrizes—Na sua visita de inspecção á repartição de fazenda d este concelho, recebeu o sym- pathico e iilustrado delegado do the- souro, nosso presadissimo amigo Silvi- no da Camara, uma numerosa commis- são de lavradores e proprietários da freguezia de Palaçoulo.

Vieram expôr a s. ex.' a desgraçada situação em que ficou aquella fregue- zia, depois da organisação das novas matrizes, apresentando respeitosamen-

te as suas queixas, formulando nobre- mente o seu pedido, esperançados como estavam de que aquelle honrado func- cionario não deixaria de attendel-os, fazendo-lhea a devida justiça, como realmente assim succedeu.

A majeira delicada e attenciosa com que aquelle nos.-o amigo escutou um por um todos aquelles desgraçados la- vradores, veio confirmar mais uma vez o bom nome que já tinha, de funocio- nario distinctissimo e de cavalheiro da mais alta e fiua distincçiio.

.Reconheceu justiça n'aquelles ho- mens, e deu-lh'a; mas fel-o sem que- rer receber agradecimentos, como não tendo direito a elles, no cumprimento dos seus deveres.

Disse-lhes que deferindo uma peti- ção tão justa, baseava esse deferimen- to na razão que elles tinham em pedir reparação a tantos aggravos, e d isso mesmo ia elle informar o nobre minis- tro da fazenda, patrocinando efficaz- mente, com a maior satisfação, aquella causa, que logo reconheceu como ver- dadeira.

A organisação de novas matrizes na freguezia de Palaçoulo era uma neces- sidade imperiosa, que estava sendo imposta pela consciência ao coração de todos, tal foi a confusão, a desigual- dade e a anarchia em que ficou tudo, depois da sua ultima confecção.

£' pois cheios do mais vivo reco- nhecimento, que os lavradores e pro- prietários de Palaçoulo nos pedem que em seu nome, façamos chegar ao co- nhecimento do snr. delegado do the- souro, os seus protestos de agradeci- mento e mais alta consideração, pela forma como s. ex." se dignou atten- del-os, resolvendo honrosamente uma questão altamente importante para elles.

Feira mensal — A Camara Mu- nicipal d'este coucelho, n u ma das suas ultimas sessões, deliberou que fosse crcada mais uma feira mensal n'esta cidade, nos dias 15 de cada raez, e uma outra na freguezia de Palaçoulo, nos dias 27.

E' tão louvável esta deliberação da camara, que não podemos deixar de consignar aqui o nosso agradecimento, porque aquella resolução representa um grande melhoramento para a terra, e uma fonte de receita para o municí- pio, sabendo aproveital-a.

Festa de Santa Barbara—Como nos annos anteriores, teve logar n'esta cidade a 19 d'agosto ultimo, a festivi- dade de Santa Barbara, com o maior luzimento possivel.

Foi orador o reverendo padre Ma- noel Antonio Cameirão, parocho da freguezia de S. Pedro da Silva, d'e6te concelho, que num bem elaborado dis- curso, poz a relevo as altas virtudes d'aquella santa.

Destacamento—D'esta vez é ao ex.mo Governador Civil do distrito, que nos dirigimos, pedindo a S. Ex.* se digne empregar os seus esforços, a fim de que, dos corpos militares de Bra- gança, seja destacada uma pequena força para esta cidade, que desgraça damente nem uma praça da policia civil aqui tem.

E' este um grande serviço que S. Ex.* presta a Miranda, e que ella não olvi- dará.

Nascimento — A Ex.m* Snr.* D. Elisa d'Oliveira Victoria, esposa do nosso bom amigo ecollegada redacção, José Pedro da Silva Victoria, deu á luz uma robustissima creança do sexo feminino.

Como amigos sinceros e dedicados d'este nosso amigo, vimos da melhor vontade felicital-o cordealmente pela satisfação que acaba de ter, e ao mes- mo tempo desejar para a recem-nasci- da, que Deus a tome debaixo da sua santa protecção e lhe destine um fu- turo cheio d encantos acompanhado de todas as felicidades.

Desejamos também que a ex.mi es- posa do nosso amigo tenha um rápido restabelecimento.

Fallecimento—Na fiór da edade finou-se em Inambane (Africa) o sr. Antonio Caetano Ribeiro da Cruz, sargento de quartel mestre de caçado- res 3, no dia 6 de julho ultimo.

Contava 28 annos, e esperava ser promovido a alferes, no principio do anno que vem. E exactamente quan- do i»' - . - ••era"ra ver sur-

gir aquelle, a morte sempre traidora, veio roubal-o ao carinho estremoso de seu bom pae, nosso amigo, José Ri- beiro da Cruz, escrivão de juizo, n'es- ta comarca.

Quem como nós avalia a grande dõr do nosso amigo, só pôde aconse- lhar-lhe resignação, único lenitivo para mitigar a sua immensa saudade, de pae' estremoso, fazendo quanto em nós caiba por acompanhal-o no seu grande desgosto, desgosto que todos os paes experimentam, quando perdem um fi- lho estremecido.

Ao sr. Ribeiro da Cruz, e sua fa- mília, os nossos sentimentos.

Passamento—O nosso amigo Af- fonso Henriques de Moraes Machado, de Mogadouro, acaba de soffrer um terrivòl golpe, com a morte de sua única e carinhosa filhinha.

Um pae estremecido, que vê um dia a morte desapiedadamente, sem com- miseração pelas suas lagrimas, roubar- lhe o único ente que estremece no mundo, deve soffrer e soffrer muito, e o nosso amigo embora tenha levado a sua coragem ao ponto de resignar-se, ha de recordar-se sempre com viva saudade, do anjo que era toda a sua alegria e representava toda a sua vida.

A resignação do nosso amigo deve ser tanta, quanta é necessário ter todo o pae que vê fugir ao seio do Eterno, o filho que não era seu, mas pertencia a Deus.

D'aqui, enviamos-lhe o nosso fundo pezar, tomando parte no seu immenso desgosto.

RASPANDO

— Ai!... Que maldita ladeira esta, comadre! Parece que já andei quatro léguas, porque as pernas não me aju- dam mais, e estou deveras cansadinha.

—Deus tenha de nós piedade, mi- nha comadre, Deus nos dê piedade, que bem pode! Estas arribas não se sobem assim como quer, e vale-nos ain- da assim a muita coragem...

— E a força d'aqueílas pinguinhas, comadre, diga, não se envergonhe.

— Envergonhar, de que?!.. . não fal- tava mais nada. Mas ainda agora repa- ro... quando passei para baixo não havia aqui tanta flôr... não acha co- madre.

— E que bellas rosas! Depois, este cheiro do tonilho... parece mesmo um jardim! Bem se diz que a Deus nadaé impossível, comadre. Veja como elle transformou estas plantas!

—Piedade, piedade!... onde estás tu que me não ouves... Valha-me Deus... não posso mais comadre.

—Descancemos aqui, até que uma alma bemfazeja nos arraste até lá a ci- ma, Ai!... Quem nos dera aqui mais um golito do tal... vinha a matar!

— Também não dizia que não, ape- sar de sentir assim um zumbido aqui ao pé da orelha esquerda.

—Ai! Piedade! piedade!... era dis- so que precisávamos agora, para aju- dar a subir a maldita ladeira...

—Comadre!? Comadre?... Como el- la ja resona, coitada. A gente já não está para estas fulias. Se ao menos ti- vesse aqui o canjeirão, não a acorda- va, isso não; mas sósinha... sem ter quem me responda... Comadre?... Ah comadre?...

—Se quero mais que?... —Despertai, mulher... olha?! Vem

acolá o anjo S. Daniel, e quem sabe?... Talvez nos venha buscar.

— Tu... que dizes?... queres ir buscar, o que?...

—Que tal ella foi, comadre!... Que secura tenho na bocca... Valha-me Deus...

— Venha de lá essa pinga, coma- dre... o anjo... Daniel... Piedade, Senhor... Piedade...

—Chama por ella, chama!... A es- tas horas está ella em casa... Esta secura, mata-me.

— Acabou-se!... Uma pinga de es- talo não se regeita... Bote lá mais... meia canada... que nãe é muito para apagar nm fogo que tenho aqui den- tro. ..

— Quem m'a dera! Uma pinga bes- tas alturas... comadre? Ponha-se em pé, vamos lá.

—Outra vez lá abaixo?... pois va- mos lá, vainos. Para baixo todos os santos ajudam... mas o diabo é vir outra veí para cima.

—Vamos lá... vamos... vae-se co- lhendo um ramo d'estas flore?... Ui! que cheiro...

— Mas não será de tosas, o cheiro que veio agora ahi do seu lado!

—Então... se não é de rosas é de ... do diabo que carregue o homem, que não me deixou dar mais um go- lito. ..

—Ahi vem S. Daniel... —Que vá p'r'o diabo... —Mas vem buscar-nos... —Vá mais elle... Piedade-.. Pie-

dade. .. meu Deus... —Tomara já que a semana passasse

depressa, para me encher... Coma- dre?... Fica-te p'ra'hi, se quizeres... Esta minha comadre, em lhe dando para corregar os machos...

—Venha mais uma pinga, para ale- grar cá o cadacre... Rica cousa... ho se é...

estatística oe casamentos

Shakspeare casou aos 18 annos; Dante aos 24; Mozart e Walter Scott aos 26; Washington, Napoleão I e By- ron aos 27; Schiller e Weber aos 31; Aristophanes aos 36; Welington aos 37; Talma aos 39; Luthert) aos 42; Buffon aos 55 e Goethe aos 57. Ros- sini casou duas vezes, a 1.* aos 30, e a segunda aos 54.

MOTE

Tinha une amores deixei-os.

Glosa

Tinha uma arára, morreu. Tinha um papagaio, fugio. Tinha um só deute, cahio. Tinha uma barca, ardeu. Nada em mim tenho de meu. Tinha dois tostões, joguei os, E vendo-me já sem meios P'ra eustententar meus brios, Tinha uns chinellos, vendi-os. Tinha uns amores deixei-os...

UM MINISTÉRIO CASEIRO

Exterior Marido Interior Esposa Marinha Filhos Fazenda Sogro Guerra Sogra Obras Publicas Creada.

Publicamos a seguinte poesia de Costa Alegre, o desventurado mancebo e talentoso poeta que a morte arreba- tou ao alvorecer da vida. N'estes ver- sos tão suaves, tão fragrantes, vibra toda a sua alma ingénua e diamantina; são um singelo poema d'amor.

AS AKSCEJIÍSS&S

Na quadra dos rosaes e das Oorinhas Architectaram duas andorinhas O estreito ninho no beiral florido

Da casa em que nasci. N'esse cofre d'amorea suspendido Que modelo de vida amena e pura, De conforto, de paz e de ventura,

Meu Deus havia alli! Logo que amanhecia

Elias partiam n'um voar pousado. Como noivos gentis de braço dado A procurar o pão de cada dia; E assim que o sol rolava o disco d'oiro Para as bandas do occaso. sobre o mar, Antes que a lua erguesse o rosto loiro, Logo que anoitecia, ellas voltavam,

E juntas a cantar. No seu pequeno ninho penetravam. E apoz doce murmurio que parece <^ue a Deus dão graças n'uma certa prece, Nos braços uma da outra repousavam Um dia eu vi sahir, com estranhesa, Uma das andorinhas só. Voou

Silenciosamente Perdendo-se na espessura da deveza.

Pouco se demorou. Batendo as negras azas de contente, Voltava no biquinho sustentando Pedaços d'algodão, de linho brando,

De tudo quanto é -leve E anda no ar disperso;

Iam torrar decerto o ninho breve E tranaformal-o em berço!

Durante a incubação é que era vél-a, Vêr a andorinha pae atarefada,

N'um continuo vai-vem Logo de madrugada

Ia buscar o almoço para ella, Para a andorinha mãe-

Depois partia em busca do jantar. A" caça na floresta. Se ouvia o pipilar.

Voltava logo diligente e lesta. Que venturoso par!

Tiveram filhos. E foi n'esse ninho De duas andorinhas que eu vi bem, Que eu soube quanto amor, quanto carinho E mágua« te hei custado, ó minha mãe!

De beijos que harmonia, Que doce hilaridade.

Na cara aérea, venturosa, havia! —Em tão pouco consiste a felicidade Que um ninho é largo espaço para ella!—

E n'esta solidão Em vão no amor buscando-a, se espacella

Meu pobre coração. Ah! Se a ventura, a flór appetecida

Meu coração não quer, E' que não vê. a illuminar-lhe a vida,

Uns olhos de mulher!

PENSAMENTOS

Sabe tan bien el pan de la Esperan- za, que yá uo me alimento de otra cosa.

Campoamor.

A vida do avarento é uma comedia de que só se applaude o ultimo acto.

Não é com livroB que se deve ensi- nar; é com a memoria e com a razão.

George Sand.

E chama-se a isto viver! Byron.

Oh! Condemnação eterna! Mais um minuto de odio...

Bertran.

Por meios differentes Be alcança o mesmo fim.

Montaigne.

Um pae é na terra o único Deus que não tem atheu.

E. Legouvi.

Um tolo tem sempre sufficiente ta- lento para fazer mal.

• •

Os bons vi sempre passar No mundo graves tormentos, E para mais me espantar Os máus vi sempre andar Em meio de contentamentos.

Cuidando alcançar assim O bem t&o mal ordenado, Fui máu; mas fui castigado. Assim é que só para mim Anda o mundo concertado.

Camões.

Eleva a alma a tal altura, que a offensa não possa alcançal-a.

Perdoa muito aos mais; a ti não desculpes nada.

Respeito o passado, faço justiça ao presente e espero o futuro.

Montalembert.

UBERDADE

Eu confesso a verdade: fico aborto Quando leio os jornaes da opposição A respeito dos riroâ... Não me importo, Mas a auctoridade tem razão.

Para o mostrar bastava a condicção Com que aos invictos hberaes do Porto Deixou Dom Pedro IV o coração,

Depois de morto:

Dotn Pedro achou no Porto as crenças vivas Que não achou na massa depravada Das multidões por séculos captivas;

Legou-lhe o coração — prenda sagrada Mas com a condicção de não dar vivas

Aliaz... mocada!

João dt Deus.

O MIRANDEZ 3

poderia pintar a angustia d'aquelle pa- thetico quadro.

O capitão ferido em territorio hes- panhol, sente passos e vozes na mar- gem opposta do rio, e brada com a sua voz eenora de barytono, habituado ao commando:—que ha um ferido portu- guez da bauda castelhana.

Os soldados da ambulancia reconhe- ceram, radiantes de contentamento, a voz do seu capitão, que immediata- mente em padiola sobre hombros fieis passou o Douro e subiu a ladeira. Quasi já no cume, Maria, sua mulher, de lanterna na mão, precipita-se alme- jante e muda a osculal-o.

—Tu, minha Maria, aqui! Deus guar- da-me a vida na guerra, porque elle bem sabe que e tua e da patria.

A'manhã na missa d'alva, entre a hóstia e o cálix, agradece a Deus a clemencia com que me protege.

O reitor de Picote, logo de madru- gada, depois da missa, foi benzer um pedaço de terra para sepultar os cada- veres dos guerreiros que não cabiam na egreja.

Maria Miranda foi á missa, acompa- nhando depois os parochianos e o rei- tor na ceremonia religiosa da benção do novo campo santo. Deus sabe, pen- sava comsigo Maria, se o meu Domin- gos, soldado, um dia morto, não en- contrará ao menos, como estes, sete palmos de terra sagrada para sua ja- zida.

Passados alguns dias, o capitão es- tava restabelecido e o seu regimento recebia ordem do barão conde de Al- vito, para seguir em direiÇpra a Cas- tello Rodrigo. Domingos Ferreira, no seu posto, seguia á frente da sua com- panhia.

• Maria Miranda regressou a Riofrio,

acompanhada de Theobaldo, sempre desejada de todos, e cada vez mais amada, vivendo no seu ninho, como mãe incomparável, e cantando a seus filhos, como expressão da sua alma, esta melancholica canção:

A's avesinhas do monte Eu me quero acomparar Andam vestidas de pennas O seu allivio é cantar.

O padre Francisco Ferreira, irmão mais velho do capitão, era quem cui- dava, no que podia, dos negocios da lavoura de sua cunhada. Ella não ti- nha no logar parentes proxiinos, e uma briga violenta, por motivos polí- ticos, havida, antes do seu casamento, entre o futuro marido e seu irmão Ma- nuel, affastaram-n'a de seus irmãos; além de que todos residiam ausentes. 1

O capitão e o futuro intendente, ti- nham sido ambos disci pulos dos jesuí- tas do collegio de Bragança, mas um rixa da mocidade abriu, entre elles, um abysmo para sempre. Foi o orgu- lho da valentia que os separou.

*

Passaram-se poucos mezes, e n'um dia bem triste de primavera, appare- ceram uns cegos do Vimioso, no lo- gar, cantando a canção do Mirandum, ao movimento rithmico de manivella, e ao som plangente do teclado de uma sanfona.

Maria Miranda estava viuva, e este singelo cântico era um echo dos fune- raes, e a consagração popular do va- lente cabo de guerra do Mirandum.

Eil-a escripta no proprio dialecto Mirandez:

La cantiga dei Mirandum

Mirandum se fui a la guerra Mirandum se fui a la guerra Mirandum, Mirandum. Mirandella. Não sei quando benerá.

Chubira-se a húa torre Chubira-se a húa torre Mirandum. Mirandum, Mirandella Para fer se lo abistaba.

Bira benir um passe Bira benir um passe Mirandum. Mirandum, Mirandella Que nobidades trairá?

Las nobidades que tráio Las nobidades que tráio Mirandum. Mirandum, Mirandella Bos ande fazer chorar.

Tirae las colores de gala Tirae las colores de gala Mirandum. Mirandum, Mirandella. Pónei vestidos de lhoto.

Que Mirandum iá ié muõrto Que Mirandum iá ié muõrto Mirandum, Mirandum, Mirandella. Jou bien lo bi nnterrar.

Antre quatro ouficiales Antre quatro ouficiales Mirandum, Mirandum, Mirandella Que lo ibam a IhtSar. '

O capitão parece que procedera mal avisado n'um acto guerreiro de nobre bravura e d'elle fora victima, por isso ainda hoje se ouve a cada passo na boca popular transmontana:

Mirandum, Mirandum, Mirandella Quem bem se nào aconselhou Caiu na esparrella.

Maria Miranda effectivamente tivera a cruel certeza de que estava viuva, e fechava no seio a angustia e o deses- pero como um verme se fecha no ca- liz de uma flòr.

Uma epidemia que grassava no lo- gar atacado de preferencia as crean- ças, a que chamavam esquinencia ma- ligna e que a pathologia classifica de angina dyphtherica, veio como hospe- de vulnerante alojar-se na casa da viuva do capitão. Todos os filhos fo- ram 8uccessivamente atacados da ter rivel epidemia, e esta santa martyr reuniu no seu dilacerado coração o lu- cto de viuva com a angustia maternal. O carinho e o desvelo de longas vigí- lias passada durante muitas noites a cabeceira dos leitos e dos berços, sal- varam as vidas dos filhos.

Mas quando a alegria e a saúde já sorria nas creanças, os seu8 anjos bons da terra, ella, exhausta, sente uma inflammação especial na garganta, acompanhada de calafrios, dores de cabeça, cansaço geral, anaurexia, ou fastio invencível, febre acompanhada de vomitos.

Vem o cirurgião e diagnostica que é a moléstia dos filhos, de origem contagiosa.

Examina-lhe o interior da bôca, acha- lhe as amygdalas cobertas com uma membrana branca que se vae amplian- do incessantemente.

A doente respira eó com a bôca

' Esta canção é publicada em Portugal pela primeira vez, t«m um sabor medievel tanto no espirito como na fórma Existe em francez sob o titulo de Canção da ama de Luiz XVII, porque foi osta que a trouxe á curte. Maria Antonietta, gostou d'ella, sendo depois moda a musica e a lettra, não só em França, mas n'outros paizes. Ha cri- .ticos que suppòem que data da guerra da succeM&o, sendo composta depois da batalha de Malplaqu>-t, na qual o duque de Malbou- rough infiingiu a terrível derrota ã França. Em francez, pelo emprego archaico de al- gumas phrasos, também parece ser roman- ce do tempo das cruzadas.

Foi em França adaptada ao ganeral M»l- bourough, com o accrescento de algumas ostrophes de mau gosto, como entre nós foi adaptada ao Capitão do Mirandum sem acerescentos.

Chateaubriand ouviu cantar esta musica aos arabes da Syria. Outros affirmam que também a cantaram ae mouros de Granada, mae tudo isto é incerto- O estribilho em francez <5 uma toadillia sem significação, emquanto que em portuguez. ou melhor, em mirandez, está nacionalizada e tem si- gnificação. A primeira estrophe em fran- cez é:

LES MOTS DE LA FIN

Um medico homcepatha vae visitar um doente e este paga-lhe com um vintém.

—Como! Exclama o Esculápio; isto não é paga!

- Olhe que labora num erro. O se- nhor não me trata pela homoepathia?

—E' claro. —Pois também lhe pago homrnpa-

thícamente.

N'um tribunal. Uma das testemu- nhas é advogado.

—Juiz. Queira, sr. advogado, es- quecer por um momento a sua pro- fissão e dizer-nos a verdade...

N'um annuncio em que se pede uma noiva:

—Desejo que seja bonita, mas que o não saiba.

0' José! Então foste deitar as car- tas no correio? Não reparaste que não levavam direcção?!

—Eu cuidei que o patrão não que- ria que se soubesse para quem eram...

«Ouve, mamã, faz sol? «Sim, filho da minha alma. Porque

perguntas ? «Porque hontem me enganaste. tSim? «Sim, mamã... Dizias-meque quan-

do choravam os anjos é que chovia, e...

«E que? «E agora que estás tu chorando,

não chove!...

A guerra do Mirandum

n

Ao cabo de duas horas, quasi á bocca da noite, estavam em Picote, logar do recontro d'esse dia. Âs ambulancias hiam buscar ao campo da batalha os mortos e os feridos. Era uma noite es- treitada, mas sem luar.

Na casa, onde pousava aquella joven mulher, esposa pelo sacramento do ma- trimonio, amante pelo seu grande co- ração, onde não existia uma gotta de sangue que não fosse dedicado ao seu marido.

Pediu uma lanterna para acompa- nhar as ambulancias, seguida do criado.

Ninguém lhe disse que seu marido morrera mas affirmavam-lhe que ainda não regressara do campo. Levava ella própria, na sua nervosa mão, uma tos- ca lanterna de fórma triangular, forma- da lateralmente por duas folhas de lata, e na frente por um vidro já em parte ennegrocido, que era a única fonte de luz, luz baça e mortiça como o olhar dos moribiindos.

Na egreja de Picote já tinham de- positado alguns cadaveres, e entre elles, dois que tinham em volta as mães e as viuvas, que enchiam de angustia a al- deia, pelo silencio da noite, com os seus gemidos doloridos e os seus gritos lan- cinantes. Maria Miranda, depois de fa- zer a sua oração no altar da Virgem Santíssima, a consoladora dos afflictos, seguia as ambulancias.

O declive da montanha era quasi intransitável para homens, quanto mais de noite e para uma mulher de vida caseira. Persuadiram-n'a que esperasse alli, deixando seguir o criado. Espera* va sósinha, no cimo da ladeira, as ma- cas e as padiolas, que vinham, ora com cadaveres, ora com feridos; exa- minava-lbe com a lanterna a cara, para ver se entre elles vinha o seu homem, que era a vida da sua vida, a alma da sua alma.

No visinho esteval ouvia-se um le- víssimo murmurio, similhante ao do ar longiquo, em dia de tormenta; O vasto eeu arqueado, como uma immensa opa- la, recamado de margaridas prateadas. Ella alongava os seus olhos pelo espa- ço e parecia-lhe que as estreitas d'essa noite, com a sua luz melancholica, tal- vez commovidas, tomavam parte nos seus sentimentos.

Só um poeta genial poderia descre- ver a odyssea das alternativas da Bua immensa dor e da sua indifinida espe- rança; aó um Ribera ou um Zubaran,

8e benerá por la pasqua Se benerá por la pasqua Mirandum, Mirandum, Mirandella Se por la trènidade.

La trènidade se passa La trènidade se passa Mirandum, Mirandum, Mirandella Mirandum num bene iá.

1 Eis os irmãos: Manuel Gonçalves de Miranda. Desembargador e Intendente ge ■ ral de policia de Lisboa, antecessor de Pina Manique. Foi homem importante junto do Marquez de Pombal, conhecido pela anto- nomásia de Calça larga e Pica bois.

José Manuel de Miranda, abbade de Ge- nisio, e Antonio, que foi conego da Sê de Miranda.

O sobrinho. Martinho Carlos de Miran- da, foi o primeiro morgado da Paradinha, e é o pae do ministro e conselheiro de Es- tado de 1836, Manuel Gonçalves de Miranda.

Malbrougs em vat en guerre Miranton, Miranton. Mirontaine Malbrougs em vat em guerre Ne sait quand reviendra.

A septima éi

Quittez vos habita roses Miranton, Miranton, Mirontaine Quittez vos habits roses E vos satins broches.

Em hespanhol também existe e começa assim:

Mambru se fuè à la guerra...

Procuramos o romanceiro e o cancionei- ro geral hespanhol de D. Azustin Duran, e com este começo não o encontramos.

Cremos que este romance é hispânico, sobretudo portuguez, irradiando mais tarde para França e voltando de torna-viagem com o «Maibourough.»

aberta, sente difficuldade em engulir. Incham-lhe as partes lateraes e supe- riores do pescoço, e a sua graciosa physiononãa exprime a angustia infi- nita e a anciedade immensa.

0 cirurgião declarou ao cunhado pa- dre Francisco Ferreira, que receiava muito que o desenlace fosse fatal.

O padre Francisco Ferreira, preoccu- pado dolorosamente com aproximamor- te da cunhada recolheu ao seu quarto a rezar vesperas, e por acaso viu na aua velha e poeirante estante a "Orphano- logia pratica„ do celebre letrado da vil- la visinha de Outeiro, cuja leitura po- dia Ber-lhe proveitosa para defender os legítimos interesses dos orphãos seus sobrinhos. 1

Passados dias, o cirurgião prognos- ticou que não morreria de asphixia pela invasão nas vias respiratórias da falsa membrana, mas que havia uma infecção geral da economiaf gravíssi- ma, e que os symptomas geraes e lo- caes eram desanimadores. A bella al- ma da enferma conservava toda a lu- cidez cruel, toda a serenidade de uma martyr.

As suas narinas moveis pareciam adelgaçadas por um cinzel delicado no marfim transparente. O semblante co- meça a alterar-se visivelmente, a ex- pressão da physionomia torna-se muito abatida e sensivelmente triste, a voz cada vez mais velada e fraca, a insom- nia permanente, a côr do rosto parece violacea.

Numa hora de apparente tranquil- idade, depois de haver dado signaes de melhoras, beija um crucifixo de marfim e volta-se para o outro lado, ficando como uma pomba a dormir o somno da eternidade.

E a filhita, a Francisquinha, no quar- to contíguo, cantava, com a sua voz tremula e infantil, a velha cantiga que aprendera de sua mãe:

A's avesinhas do monte Eu me quero acomparar Andam vestidas de pennnas 0 seu allivio é cantar. 3

Cavalleiro de Miranda.

1 O notável jurisconsulto Antonio de Pai- va e Pona, uuctor d'esta obra. deve ser na- tural de Outeiro e não de Bragança como se tem escripto. Nasceu em 1665. e em em 1728 era procurador na comarca de Évo- ra. Ignora-se a data do seu fallecimento.

8 Os quatro filhos havidos d'este casa- mento. são os chamados Capitanos de Riofrio, por cujo epilheto è ainda hoje conhecida essa família. Um d'elles foi militar valente, que fez as campanhas do Rnussillon, em 1793, com o coronel de engenheria José de Moraes de Antas Machado, da villa de Ou- teiro, e morreu, reformado, na aldeia, de avançada edade. Chamava-se Manoel. Os outros três eram o José, a Francisca e o Antoni'». Só este ultimo casou com com Luiza Cavalleiro, e ficou residindo no mes- mo logar. Todos viveram até ao primeiro quartel d'este seulo. Um honrado velho da dita aldeia, chamado Ignacio Vara, que morreu em outubro de 1893, nos fallava nindt dos Capitanos e do valente pae. he- roe da guerra do Mirandum.

Noticias diversas

Bocadinhos de ouro

São do nosso presado collega, "O Moncorvonse.,, as queixas amargas que ahi ficam, e por ellas ee verá quanta razão temos em aconselhar "vida novan, dos que tão impensada- mente andam, explorando vergonhosa- mente a politica ...«Não queremos privilegiados; os privilégios repugnam com o sentir de todoB nós.

Não queremos mystificações: a ver- dade nua e simples a ninguém offende.

Não queremos ser escravos, nem de correligionários, nem da opposição; porque os senhores presumidos que fa- zem menos sacrifícios do que aquelles que andam enlameando-se neste ato- leiro da nossa immunda politica local, são os únicos que lucram: para oós o despreso, para elles as regalias.

Se a popularidade e torça é indivi- dual, que disponham d'ella como queiram: ninguém lhes pedirá contas; se o não é, mas lhes advém indirecta- mente da summa d esforços de todos nós, então que não sirva unicamente para beneficio proprio; todoe temos direitos e reclamando-os, exigimos a parte que noa toca.

E, se a popularidade é nulla, e os governos são aquilL que acima disse- mos, então acabe se com isto: desenga- nem os desgraçados que tantas humi-

1 lhações passam e teem passado, e bre- vemente se verá quão errada era e é a suppceição do governo, porque, doa descontentes, resurgirá um novo agru- pamento que procurará n'outro ideal o fim a que mira, fim justo a que digna- mente aspira.

O districto de Bragança é um dis- trieto morto, abandonado e votado ao maior dos desprezos; pois bem: aca- bemos com este estado d'indecisão por uma vez: acima de tudo as nossas con- veniências e os nossos interesses.

Para longe a politica que só nos ex- plora e nào nos dá benefícios.

O partido regènerador nada vale no dizer doa governos; reajamos contra esta affronta; escolhamos representan- tes que dignamente zelem os nossos interesses; lancemo nos nos braços do primeiro individuo energico e digno que se nos depare, entregando-lhe o nosso futuro e as nossas aspirações, levantando-nos do abatimento a que somos votados; e, se fizermos isto, ve- remos como o dinheiro apparece, co- mo tem apparecido para as outras partes.

E' tempo de abrirmos os olhos e de tratarmos dos nossos intereses em vez de servirmos de instrumento a ambi- ções meramente pessoaes.

A appllcação do sal

Mr. Curwen, membro muito distin- cto da camara dos communs, em In- glaterra, acaba de fazer experiencias sobre o emprego do sal no tratamen- to de vários animaes domésticos. Re- sultou d estas experiencias a descober- ta de que o sal e um preservativo cer- to contra os terríveis effeitos da humi- dade, que tanto prejudicam, o gado.

Mr. Curwen fez administrar com 8uccesso, o sal aos cavallos que soffriam de inchações nas pernas. Dado ás vac- cas, o sal tem a propriedade de tirar ao leite e á manteiga aquelle gosto a nabo que adquire ás vezes, quando aquelles animaes ingerem tal alimento. Pode egualmente empregar-se muito utilmente para a conservação das abe- lhas durante o inverno. E' necessário para isto que o sal seja dissolvido em agua da fonte. N'este estado, o sal é para estes insectos um preservativo excellente contra a disenteria, doença a que elles são muito sujeitos.

Como o abuso do sal dado aos ani- maes tem os seus perigos e esta sub- stancia pode ser considerada como um alimento ou um Veneno, segundo o uso que d'elle se faz, é conveniente conhecer as dóses que se devem appli- car. Essas dóses são as seguintes: aos cavallos, 4 onças; ás vaccas quando dão leite, 4; aos bois d'engorda, 4; aos novilhos, 2; aos vitellos, 1; e aos carneiros, 2.

Wuccesso cirúrgico

Um jornal parisiense dá conta d'uma operação realisada ha dias pelo dr. Schwartz e que é a ultima palavra pro- ferida até agora na cirurgia.

Eis como as coisas se contam: ha tempo foi levado á clinica do dr.Schwartz um pobre diabo que acabava de rece- ber duas balas de rewolver na cabeça. O desgraçado, tratado com todos os cuidados, sahiu do hospital 15 dias após o desastre; m- s Ires semanas mais tar- de foi atacado de violentas hemorrha- gias nasaes, que o obrigaram a voltar para a clinica do dr. Schwartz. O me- dico, em presença da gravidade do ca- so, nào hesitou um instante sequer. Succeasivamente, praticou a laqueação das duas artérias carótidas externas do enfermo, de maneira que diminuísse o affluxo de sangue á cabeça. A opera- ção foi inefficaz O doutor recorreu en- tão aos grandes meios. Seccionou o na- riz desde a raiz até á base, deslocou-o de maneira que ficassem a desco- berto os ossos da face e depois de tel-os eetrahido com o auxilio de um martello e um escopro, chegou ás ca- vidades sphenoidaes, ás quaes fez sof- frer uma limpeza completa. Feito isto tornou a collocar nos seus logar es to- das as partes da face, coseu cuidado- samente o nariz e pensou as feridas que ficaram da terrível carniceria.

A operação deu tão bom resultado que hoje diz o jornal parisiense, o ope- rado do dr. Schwartz, que continua trazendo as duas balas na cabeça, gosa d'uma exellente saúde.

Temos cá em Miranda, melhor cou- sa que Schwartz, caro collega, vindo das Covas de Salamanca.

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litteraria e de critica Collaborada por distinctos eseriptores e

jornalistas: Drs. Fialho d'Almeida, Mello Freitas,

M. Ribeiro de Figueiredo, Gonçal- ves de Freitas, Alves Mendes, e João de Deus, e Bulhão Pato, Gercasio Lobato, Fernandes de Lacerda, L. d'Araujo, Barão do Cadoro, etc. Director—Daniel d'Abreu, Júnior

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Editor responsável ANTONIO MARIA FEIO PIMENTEL