mioto - novo_manual_sintaxe_3ªed

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    rrouo3aEdio

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    CqrlosMiotoMqriq Cristinq Figueiredo SilvoRuthElisqbefhVqsconcellosLopes

    Novo ,tqnuql e Sintqxe

    EDITORA INSULAR

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    I

    EditoralnsularNovo Monuql de Sintqxe@Carlos Mioto, Maria Cristina Figueiredo Silva,Ruth ElisabethVasconcellosLopes

    Editor:Nelson Rolim de MouraCapa:Mauro Feneira,

    PlanejamentoGrfico e SupervisoEditorial:Carlos SerrqoFicha Catalogrfica

    Elaboradapela Bibliotecria Beatriz Costa fubeiro - CRB 14-001i99-PR

    EditoransularRua l ioMoura, 1Florianpolis88020-150 SantaCatarina BrasilFone/fax: "*48 [email protected] www.insular.com.brFb CCL - CmaraCatarinensedo Livroe ao SNEL - SindicatoNacionaldos Editoresde Livros

    II

    lIII

    M669m Mioto, CarlosNovo manual e sintaxe CarlosMioto, MariaCristinaFigueiredo ilva,RuthElisabeth asconcellosLopes.Fforianpolis Insular, ed.,2007.280p. i l .ISBN85-7474-199-x1 Cincia aLinguagem..Lngstica..Sintaxe.I. Silva,MariaCristina igueiredo.I. Lopes, uthElisabeth asconcellos.II. Ttulo.

    cDU801.s6(035)

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    19raaomedoaosleprenesconalmlmesvolmprporurpoltrs

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    l -1l- lI --t--l--lE,1.192.lql.200.20_'"20,i_20-.2l l_ l l_ l - i- 215- 2t i-21,-_??3-1)6.228_2_15-216-211:-r9_219- 250- 2_6-Li9-)-2- 2r3- l--t

    1-'1

    Prembu oDesdeo lanamentodo Manual de Sintaxe, em fevereiro de1999,muitosprofessorese sintaxe, ncluindonsmesmos, rabalha-ram como textoem suas alas e aulae assimpuderam r percebendoaospoucosonde estavamas alhas,ondeos exerccios oderiamsermelhorados, ndea teoriano eraclaraou o exemplopoucoadequa-do. assimquenasceu steNovo Manual de Sintaxequeseapresen-taagora, ruto do trabalhonossoe demuitoscolegasde readuranteos lt imoscincoanos.Continuamos endoa intenode ensinarTeoriada Regnciae Vinculaoparaa graduao, indaque algunsde nossoscolegasprofessores os tenhamdito que o Manual se prestava ambmaoensinoda disciplinabsicado cursode ps-graduao. fetivamente,

    estebem pode ser o caso,porquenestesltimos anos de trabalhocom o livro temos concludo que com um nico semestrede sintaxena graduao aramentechegamosao fnal dele, o que no tem sidoimpossvelnos cursosdeps-graduao ueministramosem um se-mestre.Adicionalmente,o mesmoproblemaque se coloca para osestudantes e graduao no dominaro ingls com algumadesen-voltura- de certomodo tambmse colocaparaa ps-graduao: smestrandos doutorandos ominamrazoavelmente ingls,mas sem-pre se sentemmais segurosquandopodem consultarum texto emportugus.Assim, afinal o livro tem sidomais utilizadodo queespe-rvamosa princpio.E aindanosso ntuito especfico azero alunopensarno que uma eoria ormal em ingsticae, exatamente orquesabemos uopoucofreqente a oportunidade ue os estudantes o cursode Le-tras m de se confrontarcom um tal conhecimento, estanova ver-so do Manual procuramosaprofundarsobretudoa primeira parte,

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    di scutindodetalhadamenteertas epresentaesm rvore,desenhandoestruturas ue altavamnaprimeiraversoe ambmestudando onstruesno abordadas ntes,que se revelaramobjetode curiosidade e nossosalunos.Assim,oscaptulos eferentes TeoriaXb arra(2" captulo), TeoriaTemtica3" captulo)e TeoriadoCaso 4'captulo)sofrerammodificaesconsiderveis foramalargados aracobrir domnios ericose empricosmaiores,o que na verdadea expresso omesmodesejoque estavapresente mnosso rimeiro iwo: utilizaruma eoria ormalparadarcontadenossasntuiesde alantes ativosdeportugus o Brasil.Devemos, no entanto,ainda fazer tma ressalva,de cartermaisbibliogrfico:utilizamos nmeras oes esteiwo aquemnoatribumosautoria, isto tratar-se e noes lssicas m eoriagerativa.Abibliografiamais especficaquesugerimosno final de cadacaptulo consegue efazerparcialmente histricode certos onceitos definies, emodoqueoleitorpoderretraar autoriadepelomenoscertas oes emmaioresdificuldades.Ouhosmanuais ambmpodemajudarnesta arefa.Ainda desej mosagradecer UF SCpeloProjetoFungrad/ 997 quenospermitiua ediodoprimeiroManual. Semesteapoio nstihrcionalamaisoprimeiro ivro teriasido eito.Desejamos gradecerambmaosnossosalunosde graduaoe ps-graduaoestesltimos cinco anospelasquestessugestesqueaquincorporamostantouantopossvel.Inestimvel,no entanto, acontribuiodenossos olegasde xeadeeoriagramaticalespalhadoseloBrasil,que m adotado Manual egenerosamenteoramnos enandonocorrerdosanossugestes,omentrios crticas,semdvidao motorquenos moveu a reescrever livro epromoveressa enovao.Esperamoser diminudo o nmerodeerrose aumentado deacertos.

    Ilha deSantaCatarina.evereiro de2004CarlosMiotoMaria Cristina Figueiredo SilvaRuthElisabethVasconcellosopes

    1.!

    cinclas Itgrla vellnvelca, l!toalprologirmadinveternessumalevaqueprdUnuque

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    mdoesESOSmriaTOeSncosavala demalsnosFafiafazerlue orres?quernalslssospelasrfu'el-nicalbramltuidaao.f

    O ESTUDODA GRAMATICA1. Introduo: o que fazer cincia da l inguagem?

    Talvez ningum duvide de que a fsica ou a qumica sejamcincias; a afrcmao e quea sociologiaou a lingsticasocin-ciasnogozade tamanha nanimidade sempreexige algumaestra-tgia de convencimento. provvelqueessaquesto o tenhanadaa ver com a fsicaou a lingstica,mas com o que maginamosserainvestigao ientfica.Se este or o caso,a comparao om a fisi-ca, uma disciplinabem assentadaomocincia,podeelucidaremui-to a nossadiscusso. ossoobjetivo aqui no discutir os inmerosproblemasqueo prprioconceitode cinciacolocaparaa epistemo-logia,masantes, ncorados o modeloclssico e cncia tambmcha-mado nomolgico-dedutivo),procurarmostrarcomo um programadeinvestigao a inguagem odesecaracterizar omo cientfico.Eviden-temente, abordagem presentadaquinoprecisaserexaustiva, queesse o o tpico centraldesteManual.Se no nada simples esponder perguntado ttulo, existeuma outraperguntaquepodesermais confortvelderesponder noslevar a compreendermelhor o que o fazercientfico. A perguntaque temos em mente: o que queum fisico faz?Em primeiro lugar,o fisico - ou qualqueroutropesquisadorprecisade um objeto de estudo, sto , de algumacoisaparaestudar.Uma teoria se ustificana relaoque tem com o objeto de estudoqueela aborda.Mas observeque"algumacoisa" muito vago como

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    objetoe necessrio uese aa aiuma delimitaomuito maispre-c isa. Digamos que o fisico se ocupade fenmenosdo mundo natu-ral. Claramente, le no pode se ocupar de todos os fenmenosdomundo natural, mesmoporquenem todos os fenmenosdo mundonatural m a ver com a fsica.E, aindaqueestejaem causaum fen-meno pico da fsica,nem todosos aspectos nvolvidosnesse en-meno sorelevantes; or exemplo,um sico que estestudando sraios e os trovesno estcomprometido om a explicaodo ata-que de pnico que a vizinha tem toda vez que comea a chover,pormais que o ataqueda vizinha pareaserdesencadeadoelosraiosetroves.Portanto,ele devedelimitar seuobjeto.E issodeve aconte-cer mesmo dentro da fsica. Assim, encontramos sicos que traba-lham com os fenmenosmecnicos, utrosque estudamos fenme-nos eltricos,outrosque preferemos magnticosetc. E todos essesfenmenos eroestudados entrode limites que devem estarclara-mente ormulados.Com a lingsticaocorre coisa semelhante: quantidadedefenmenosque o termo linguagem abarca muito grande - como otermo mundo natural da fsica - e sernecessrioestringirdrasti-camenteo seuobjetode estudo.Esseponto deve icar mais claronodecorrerdo Manual, uma vez queestaremosrabalhando specifica-mentecom uma das acetas a inguagem, saber, constituio in-tticadassentenas as nguasnaturais. Por isso,no deve causarespantoque nestaseono tenhamosa preocupao e distinguirlingsticade sintaxe).Por agora,o quepodemosdizer e queestamosinteressadosm explicara estruturao intticade umasentena omo"voc sabeque horasso?".O fato interessantee ela podersignifi-car uma repreenso o alunoque entrouatrasado a aula representaparao sintaticistao mesmoque o ataquede pnico da vizinha paraofisico: n"oaz partedo objetode estudodelimitado.Mas voltemosao fsico.Suponhamos ueele estejaquerendoexplicaro quesoosraiose os troves, enmenos sicosdo mundonatural.Parececlaro queo fisico deveobservaratentae acuradamenteessesenmenos, oumanicavez,masdiversas ezes.E devepro-curarobserv-los a maneiramaisobjetivae imparcialpossvel.Es-sesnosoconceitosmuito fceisde definir,mas ntuitivamentesa-

    bemataqlpolseleque ipartumapelagranvaposmenclarzaasqlas."feiagar nTradporqqueralosocoqutem(anRepresoque(paranrnso.inteins0

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    Pre-atu-sdondon-n-DOSata-porosente-rba-me-ssesaa-edenootsti-Dnofica-sin-|rsargulrtrlosDmofi-cntatraondondocntepro-Es-; sa-

    bemos o que eles querem dizer: o prprio fisico no pode ter umataquede pnico quandoestiver observando s troves e os raios,pois isso ntroduziria elementos lheiosao fenmenono estudoqueele est entando azer.Tambm esperado ue o fisico no deixeque interfiram em suasobservaes ma sriede idiasque fazemparte do sensocomum - pouco provvel que o fisico chegueauma explicao razoveldo que so troves se ele se deixar levarpela crenade que So Pedro est avandoo cu e deixou cair umgrandebaldecheiode gua...Tambmna lingstica esperamos er capazes e fazer obser-vaesatentase acuradasde maneira o objetiva e imparcial quantopossvel.Talvezsejaum poucocedopara entarexplicaro queexata-mentequer dizer tudo isso, maspelo menosum ponto pode ficarclaro: seestamos uerendo onstruiruma eoriacientficada organi-zaosintticadas sentenas, evemosantesde mais nadaobservarasqueefetivamente oprpriasda ngua sem gnorarnenhumade-las. E, assim, no se pode ser parcial e ignorar as sentenas itas"feias"! A importnciadessa bservao eravaliadacom mais va-gar na prxima seo,quandodiscutiremosum pouco a GramticaTradicional doravante,GT).Porm, a observao uidadosados fenmenos no basta,porqueparece ntil (e mesmo mpossvel, orqueh raios e trovesqueaindano aconteceram) escrever om muitosdetalhes odososraios e troves do mundo se o fsico no se perguntarpor que elessocomo so,por queelesacontecem essamaneirae no de outra.O que estamosquerendodizer que os raios e os troves que exis-tem efetivamente o soexatamente objetode estudodos fsicos; arealizao de fenmenosabstratosque o foco da atenodeles.Reparequeno suma questo eretirardos enmenos articula-res o que eles m de comum;muito mais do que isso, necessrioque o fsico releguecertascaractersticas os fenmenosconcretosparapoder ormularprincpiosque estona basedessesmesmos e-nmenos, rincpiosestes esponsveiselaexplicao o queelesso. S observandoos troves,o sico no ser capazde preverinteiramente que acontecer o prximo trovo.O lingistadefronta-se om o mesmo ipo de problema:ape-nasobservando s sentenas ueefetivamente xistemna lngua,ele

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    III:I

    no sercapazde prevero formatoda prxima sentena ue vai lheaparecer ela frente.E necessrioassar or cima de uma sriedecaracterst icasas sentenas ue existempara poder formular umpadropara elas,que deve ser necessariamentebstrato.E essepadro uedeveserexplicado, orque assim hesaremos prevero formatoque as sentenasodemou no ter.Dito de outro modo,os ingistas stonteressadosa ormulao eprincpios ueeste-jan'rna basede odo enmeno inttico xistente.Paraque a formulao esses rincpios ejapossivel, abe-mosq.re uitasvezeso fsico emquesupora existncia e entidadesquenosodiretamenteerceptveisos enmenos ueele estes-tudando.Por exemplo,o fsico ida com conceios omo tomo eeltron, ueno sovisveisa olhonu: no entanto. upondo ue aisentidades xistemna natureza, fisico chegaa erplicar fenmenospresenteso cotidiano equalquer m. comoa eletr icidade, s raiose os roves.A esse onjuntodepostulaessicas de afirmaesconseqenteshamamos m modelo erico.Claro queos fsicosdevemsercuidadososo quepostulamcomo basepara a sua teoria.Sobretudo, les devem estarsempredispostosa mudar um postula{o se este or contrariadopor algumfato do mundo natural.Um bom exemplodisso um dos primeirosmodelosdo tomo,propostopor Lord Kelvin no incio do sculo,otal do "pudim compassas": tomoeaumamassacarcegadaositi-vamente os prtons)com pequenos gros" negativos os eltrons)grudados ela.Ora,um modelode tomodesse ipo faz a previsodeque,se com uma pistola ossemdisparados ltronssobreum tomoe houvesse m anteparoatrs,muitos eltronsdisparados icariamgrudados a massa ositiva,algunsvoltariam(quandoesses ltronsdisparados ncontrassem s eltronsdo "pudim") e poucosseriamencontrados o anteparo olocadoatrsdo tomo.Entretanto,o queefetivamente e observou oi que nmeroseltrons oram encontra-dosno anteparo, ue pouqussimos rudaramno quese supunha os-se o "pudim" e que algunsde fato voltaram.Assim, essemodelo semostrou nadequado aradescrever explicaros fatos do mundo. Asaida. mplementada or um dos discpulos e Lord Kelvin, um ci-e:l j : ta chamado homson,oi o abandono essa ostulao a ado-:ir-r Ceum outro modelo,aqueleque supeque o tomo possuium

    ncleltrqueeeltrdesqESruceltocuJaumater qnrarspal: rbasracarnsqurna ique Ica. rlientetormeopestarsuficimentseJae delntertasesralizaro qruma Inatur|tando

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    hee[lseCTb,-E-ess-esOSDSes[lrelDS,oi-s)totrrnstrn!e-6-seAi-D.m

    ncleopositivo, muito pequeno ondeficaram grudadosos poucoseltrons), que os eltronsgiramem volta desse cleo de tal modoqueexisteuma enorne egiovaziaentreeles por ondepassaram seltronsque foram se nstalarno anteparo).Do mesmomodo que o fsico postulaa existnciade entida-desqueno sodiretamente erceptveis os enmenos ueele estestudando, legtimo que o lingista se utilize de categorias con-ceitosque no aparecemdiretamente a produo ingstica,mascujaexistncia odeexplicarpor quea produo ingsticase d deuma maneira e no dp outra. Evidentemente,o lingista tambm vaiter que rever um postuladocadavez que os dados das nguas natu-rais mostrarem que ele no adequadonem para a descrio nemparaa explicaode um certo enmeno.Observeque os fsicos adotamuma linguagemcom termosbastanteespecializados ara enunciaros princpios geraisque elesalcanaram;muitas vezes,o queelesdizem irrcompreensvelarans que no estudamossica.Adicionalmente, lesse uti l izam deuma inguagemartificial, a matemica, ueparece apazde garantirqueum determinado esultado eja nterpretado e maneira nequvo-ca. No se sustentaria ma fisica quedissesse oisasque podemserentendidas essaou daquelamaneira,porqueuma das razesparaaformulaodesses rincpiosgerais a prediode novos enmenose o poder de prediode uma fsica formuladade modo imprecisoestaria eriamente omprometido.Tambmo lingistadeve er disposio ma metalingugemsuficientemente curada no necessariamenteatemtica,mas gual-mente rigorosa paa poder garantir que os princpios formuladossejam nterpretados emaneira nequvoca. eria acilmente ejeitadae demolidauma teoria ingsticaquedissesse oisasque podemserinterpretadas essaou daquela naneira: omo os fsicos,os lingis-tasesto gualmente nteressadoso poderdeprediodesuasgene-ralizaes ue,seestiverem ormuladas e modo vago, mpossibilita-ro que se extraiadelasaspredies retendidas.

    Serque os lingistas,no estudo da linguagem,podem teruma posturasemelhante que os fsicos tm ao estudaro mundonatural?EsteManual responde firmativamente pergunta, presen-tandoum modelo erico conhecido omo gramtica gerativa, que

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    sedispe afazer um percurso emelhante o dos fsicosno seu azercientfico.Para anto,propomosuma srie de reflexesque devemnos evar concluso e queum tal tipo de postura no spossvele desejvel omoaltamentenstigador.

    2. Conceito de gramticaParaalcanar s objetivos este aptulo recisamosstabele-cer o conceito e gramticacom que -amosrabalhar. ormalmen-te, o termogramticanos evaa pensar m um livro grosso poucoconfir,el, heiode regras ue amaisconseguimos ecorar que,namelhordas hipteses,em uma conexo istante om a lnguaque

    falamos.Gramtica podeserentendida, esse entido, omoo con-junto das egras do bem falare do bem escrever".Repareque,nestaacepo, penas ma variedade a lnguaestem ogo: a norma cul-ta ou padro;e esse padro"que guiaros ulgamentosdo que "certo" ou "errado" na lngua.Conseqentemente,e uma sentenase conforma ao padro,ela consideradacerta", caso contrrio "eada". Isso implicp conceitosquaseesteticos: e a estruturaest"ceta", e consideradabonita", se no "feia".A GT podeserentendida, nto, omo o grandeexemplodes-sa definio de gramtica,o que explica inclusive o seu carterprescritivo:no fale/escreva ssim,porque errado...Observequeaexemplificaodasregrasda GT sempre eita com baseem textosliterrios,em grandeparteantigos,que figuram como o padrode"correo", e "beleza",quensdeveramos eguirmesmono falarespontneo. e no o fazemos. lm de est armos alandoerrado,estamosempobrecendo ngua". maltratando idioma","fazendodoero ouvido"...Notequea GT trabalhar omasnoes e certo eerrado segundo sconstrueseconformem u noa esse dealdecorreo ingstica: um receituriode um pretensobem falarles-crever.Contudo,mesmocomo eceiturio, u seja,enquanto escri-o de uma norma dita padro,a GT tem a deficinciade no serexplcita.Qualquereoria, uerela eivindique unoparasi o estatutode teoria, mplementauma metalinguagem ara quesejapossvel a-

    larnuslsa.grdelca!mcde lPapaleaNavelqura

    ( l )

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    t fazerIer-emssr'ellar em termosabstratos os fenmenosque ela quer estudar.A GTno exceo:preposio,sujeito, hiperbato e tantos outros sousados omo ermos cnicos, como al deveriam er definiopreci-sa.O leitor deve er comprovado osseusanosde estudodeportu-gusna escolaque nem sempre esteo caso.Adicionalmente, sdefiniesnormalmente o nadequadasoseaplicandoa todososcasos queemprincpiodeveriam eaplicar.Para lustraro queesta-mos querendodizer, tomemoscomo um dos inmerosexemplosadefinio de adverbio dadapor Celso Cunhaem sua GramaticadoPortugusContemporneo'. estaspalavrasque se untam a verbosparaexprimir circunstncias m quesedesenvolve processo erbal,e a adjetivos, ara ntensificar maqualidade, hamam-se dverbios."Na seo edicada classircaoosadvrbios, ncontramos rova-velmente lassificado omo "advrbiode dvida". Esperamos ssimqveprovvelmenteejaencontradounto a verbose a adjetivos,espe-rando gualmente encontr-lo omente estes ontextossintticos.Observemos ntoo seguinte onjun tode sentenas:(1) a. fProvavelmente Joo] doou os ornais paraa biblioteca.(no a Maria)

    b. O Joo provavelmente oou] os ornais paraa biblioteca.(novendeu)c. O Joodoou fprovavelmente s ornais] paraa biblioteca.(noasrevistas)d. O Joodoouos ornais[provavelmentearaa bibl ioteca].(noparao bar)Notemosemprimeiro ugarqueestamosalandode sentenasabsolutamente em construdas mporru-sus. claro queprovavel-mente odeaparecer m diferentesugares a sentena,om a espe-rada alteraodo seu significado.O que crucial, no entanto, a

    possibilidade eesteadverbio modificar" constituintes iversos, osomente verboou o adjetivo.O uso doscolchetes assentenas e(1) servepara deixar claro o que o advrbio focaliza:a o Joo em(1a),a doou em (lb), a os ornais em (lc) e apara a bibl iotecaem

    rbele-lmen-POUCoue-naa queI COn-nestae cul -que elenairio eI esrr des-rterIue aEIIOSbdefalarrado.rndonoezl de| CS-

    5Cn-o serarutocl fa-

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    ( ld). A definio e CelsoCunha, ortanto, od contade odasassentenasm (1) e, na verdade,mplica que rovavelntente o sem-preadvrbioou queadvrbiono aquiloquea definioenuncia.Aconclusoque queremos irar simples:a GT, ao contrriodo quenos fzeram crer na escola,no se constituiem um corpo coesodeconhecimentos; ampliandoa critica:o conjuntode observaesuea GT faz no d conta da riquezada lngua,nem mesmodo registroqueela sepropea descrever.Neste Manual, temos em menteuma outra defin io de gra-mtica,no determinada or um padrode correo.Com basenadiscusso a seo nterior, amos olocar l ingistanamesma o-sio do fsico: este,para entenderos fenmenosmeteorolgicos,precisaprimeiramenteseparar que e fenmenometeorolgicodoqueno e; do mesmomodo,o lingistaisintaticistaomear epa-randoo que fenmenosintticodo queno . Depois,o fsico deveobservar om rigor asocorrncias o fenmenoem estudoparades-creveracuradamente que estacontecendo: ossosintaticista aro mesmo: descrever puradamente fenmenosintticoque estsendoobservado.Finalmente,o fsico desenr.olve ma hipteseexplicativaparao fenmeno; aremoso mesmo:desenvolveremosmahipteseque expliqueo fenmeno ingistir-oQueestem estudo.Vamoscomear onstruindo ossa et-rnio egramtica b-servando m fato que bastante analat.masquetem implicaesimediatas arao queestamos iscutindo:do quese sabeathoje dosreinosanimal,vegetale mineral,s os seres umanos alam.No es-tamosdizendoqueoutrosseres odisponham e sistemas tbastantesofrsticados e comunicao,mas afirmandoque s os sereshuma-nos alam deumacertamaneira.S os seres umanos ocapazes ecombinar tensdeum conjuntode elementos e_cundoertosprincpi-os bsicos,que so em nmero inito. de modo a qerarum nmeroinfinito de sentenas ovas: sto corresponde o que chamamosde"aspectocriativo da linguagem"dentrodo pro-erama e estudos uedesenvolveremos qui. E mais: parteverdadeiras xcees,sto ,casosde distrbiosneurolgicos ra\-es.odose apenas s sereshu-manos alamuma nguanatural,o quequerdizerqueas nguasnatu-rais tm uma ligaoestreita om o que definidor da naturezahu-mana: hamemos esse oteda especieracional idadeumana".

    ccISn(lrndpgndqSneQ

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    EasEm-fAqueldequestro

    Dizer queas nguasnaturaisesto elacionadasestreitamentecom a racionalidadehumana equivale a dizer que ns no falamoscombinandoelementos uaisquer e maneiraaleatria, hamandoaissode sentena.Ao contrriodo quequernos fazer crera gramticanormativa,quando alamos,mesmoque no estejamos bedecendos regras dadas como as nicas possveis,estamos azendouso deregrasqueso,emltima instncia, itadas ela acionalidade uma-na. Um exemplopodeajudara esclarecer que estamos ueren-do dizer aqui. A GT no reconhece forma pronominalvoc comopronomede segunda essoa o singularde vrios dialetosdo portu-gusbrasileiro;no mximo,esta orma recebealgumanotade rodapnos ivros de gramtica.E claroquepara 'c, que a forma reduzidade voc, no existe nem mesmo uma mserameno.No entanto,qualquer alantenativodo portugus rasileiro isto , qualquerpes-soaqueaprendeu portugus rasileirona nfncia)e capazdereco-nheceras sentenas m (2) abaixocomo sentenas ertencentesesta ngua:(2) a. 'C viu a Maria saindo.

    a'. Vocviu a Maria saindo.b. Quem que 'c viu saindo?b'. Quem quevoc viu saindo?c. A Maria disseque 'c foi viajar.c'.A Maria dissequevoc foi viajar.Por outro ado,mesmoos falantes uenoutilizam essasor-mas sabemque as sentenas m (3a,b,c)so claramenteestranhasnessanguae nenhumde ns eriaqualquerdvidaem dizerqueelasno pertencemao portugusdo Brasil (o que ser epresentado ormeio de um asterisco a frentedassentenas):

    (3) a. *A Mariavai ver 'c.a'.A Maria vai ver voc.

    Bra-!napo-cos,ldo;pa-bveiles-arestlese[maD.ob-Besdos)es-ItCEra-rdetri-EO1dirDe.lu-n-

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    b. *A Maria comprouo livro pra c.b'. A Maria comprouo l ivro pravoc.c. *A Maria e 'c r-o ompraro livro.c'. A Maria e voc 'ocompraro livro.Porque s falantes abem uea situao presentadam (2)

    prpriado portugus rasileiro emqueningum hes enhaensinadoisso,dizemosque elesdispemde uma gramtica internalizada,isto e. de um conjunto de regrasque rege a distribuiode formascomo 'ce voc.Introduzindo m poucoda linguagem cnicaque usaremosnesteManual,as sentenas m (2) sogramaticais,pois elas soformadassegundoa gramtica o portugusbrasileiro,enquantoassentenas3a,b,c)so agramaticais.Evidentemente, stamos ban-donandoapalavragrantticana acepo aGT,pois estacertamentebaniria algumassentenas e (2) que no queremosnem podemosbanir.Estamos ensando aquelaoutradefiniode gramtica, quetem a ver com o conhecimento ueo falante em de sua nguamater-na, ndependentementee er tido aulasdeportugus a escolaou deconhecer NomenclaturaGramaticalBrasileira.Nestaconcepo egramtica, omo conhecimentonconsciente, nto,noh ugarparaos conceitos e "certo" e "errado",baseados xclusivamente m umanormaque. particularmente o casodo portugusdo Brasil, atpo-demosquestionar uesejaaindauti l izadapor algum alante; tosomente s conceitos e gramatical idadee agramatical idade,ouseja, entenasuepertencem u noa umadada ngua.Quemsabedecidir seumasentenaertence u noa umadada nguae o falan-te nativodaquelangua.escolarizadou no.Portanto, s conceitosdegramaticalidade/agramaticalidadeo ecobremde forma algumaos conceitos e certo/errado a GT. Seno eiamos:(4) a. O Josviu ele no cinema.

    b. O Jos iu-o no cinema.De acordocom a GT, a sentena m (4a) estariaerrada,poisno pertence norma culta - segundoa norrna,o objeto direto s

    ponolpolisgratcclamolnoscrasunotatpocosecodaJadaficSatu(- )

    nalprclonpnlal

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    , (2)inadotada,FInASEMOSs soo asan-nenteemosL quenter-ou deio derparaluma po- tob, outsabeblan-trtosBUma

    pode ser rcalizadopor um pronomeoblquo tono, como em (4b) - ;no entanto,estasentena gramatical, sto , fazparte das estruturaspossveis o portugus rasileiro.E por isso deve serdescritae ana-lisada.O que permite ao falante decidir, ento, se uma sentenagramaticalou no, o conhecimento ueele tem e que tem o nometcnico de competncia.Quandoo falantepe em uso a competn-craparaproduzir as sentenas ueele fala,o resultado o quechama-mos tecnicamente e performance (ou desempenho).O papel danossa eoria, al quala concebemos, descrever explicar a competn-cia ingsticado falante,explicitandoos mecanismos ramaticaisquesubjazema ela. Logicamente,a performance em o seupapel nessenossoestudo: omoo fisico deveobservar sraiose troves, lingis-ta tem que observaras sentenas roduzidas.Mas, sem dvida,nopode se ater a elas.A nossa eoria deve ser capazde lidar tambmcom sentenas ue aindano foram produzidase, muito mais, comseqncias e palavras no-sentenas)uenuncaocorrero, sto ,com a evidncianegativaquediscutiremos aprximaseo. stu-dandos a performance, ossa eoria ingsticaseriadeficientepoisjamais alcanaria nvel depredioqueuma teoria deve alcanar.Paraexemplificaresse onto,consideremos ma propriedadedas lnguasnaturaisque a recursividade. O que recursividadefica claro se omamoscomo exemploa coordenao e constituintes.Sabemos ue para fazer uma coordenao evemoscombinar consti-tuintesda mesmanatureza m vrios aspectos, omo mostra(5):(5) a. O Paulo e a Maria vo sair.

    b. O Paulo, aMaria e a Joana o sair.c. O Paulo, a Maria, a Joanae a Ana vo sair.d. O Paulo, a}l4aria,a Joana,a Ana e o Pedrovo sair.Notamosqueos elementos oordenados o odosda mesmanaturezano xemplodado,ou seja,elementos ominais.Usandoesteprocesso odem-se onstruirsentenasurtas omo(5a)e muito mais

    longas do que (5d), por meio de aplicaes ecursivas do mesmoprocesso.Como deveria eagiro lingista rentea uma onga senten-a com 254 elementos ominaiscoordenados e modo adequado?Polslo s

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    Quea sentenamonstruosa pavoreo falante a expectativa.Queseconsidere ueuma al sentena uma criao rt if icialde umlingistaque podeacabar ncomodando m outro colega ingistaadmitidomuitas ezes.Masqueuma sentenauedevesersubme-tidaaocrivo de uma eorianosepodenegar.A nossa entenamons-truosacertamente gramatical,pois formadade acordo com osprincpiosque regema coordenao. falantesabedisso mplicita-mentepor causado conhecimento ue emdasua ngua.Queele noproduzauma sentena omo essa questode performance.Paraanossa eoria no restaoutra sadaa no serexplicaro que acontece.No nveldacompetncia nossa entena onstruosa possvel. onvel da performancea chancede ela ocorrer mnima, pois nestemomento nterferemquestes omo imitaodememria,atenooutros atoresde ordem no ingstica.A competnciaingsticaea capacidade umanaquetorna fundamentalmente ossvel quetodoser humano seja capaz de interiorizar um ou vrios sistemas in-gsticos, sto , uma ou vriasgramticas.

    3. O programa gerat iv istaAcabamosde notarqueas nguasnaturaissoum dotedo serhumano,e apenas ele.Nenhumanimal alacomo ns alamos.Pare-ce bastante lausr 'el uporquea capacidadee falar uma ngua e-nhaconexo iretacom o aparato enetico a espcie umanae que issoquea dist ingue e todasasoutrasespcies.Vamossuporque sso r'erdade-sto. \ 'amospostularqueo

    serhumanopossuiem seuaparato enetico lgumacoisacomoumafaculdadeda linguagem.alocada o crebro umano. mahipteseplausvelqueseprestaa marcara diferena undamental ntrea esp-cie humanae todosos outrosseres o planeta.Observe ueno possr l verif icardiretamente ssa ipte-se nicial, visto queno sepodeabrir a cabea e algume ver o queacontece li quandoesse lguem ala. Tambmnoe muito claroquede fato poderamos er algumacoisa,porqueas neurocincias indanosabemmuito sobrea relaoentreo funcionamento eurolgicoe ashabilidades ognitivashumanas.Mas mesmonosabendo xata-

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    D-.c:hre-l , :-:g-rFrln:3hesesFe-ie-iq i :3rqubd:FCt-''nl3-

    mente como a substncia sica do crebroproduz a percepodeformasou cores,por exemplo,parece laroquea mentehumana idacom essasnformaesde maneiraextremamente gil e eficiente.Omesmosepode drzerentosobrea linguagem:apesarde no saber-mos muito sobrea relaoentreo funcionanrentosico do crebroeassentenas ueproduzimos,plausvelsuporquealgo emrealida-de ali de tal modo que a mente humanae capaz de processar msistema omplexoe sofisticado omouma nguanatural.Essa ossa iptesenicialpode r mais onge:sabemos ueocorpohumano compostopor rgosdiferentesque desempenharndiferentes unes,cadaum delescom funcionamento specfico- ou seja, o coraobate para azer circularo sangue.mas os rinsnobatemparaexecutar ua unode i l tro: adicionahnente. t ipode tecidoque compeo fgado muito diferente o tipo de tecidoquecompeo estmago, or exemplo.Baseando-nosesta onheci-da estrutura o corpohumano, odemos ostular uea mente,"ore-bro tambm modular, isto e. e composta or "mdulos" ou "r-gos" esponsveisor diferentes tir- idades, queequivalea dizerque a partedo crebro/damenteque lida com a lngua tem especi-ficidades rente quelaque lida, digamos,com a msica. Estamosafirmandoassimquea faculdade a inguagemno e parteda inteli-

    gnciacomo um todo, mas especfica, om uma arquiteturaespe-cial para idar com os elementos resentes as nguasnaturaise noem outrossistemas uaisquer.Ir mais longe aindanestahiptese nicial serpostular que,mesmodentroda aculdade a inguagem,emosmdulosdiferencia-dospara idar com diferentesiposde nformao ingstica:da mes-ma maneiraqueo ventrculodireito e a aurculado corao ealizamdiferentesarefas o fenmeno eraldo batimento ardaco, mduloque ida,por exemplo,com a determinao a referncia araospro-nomes temosum exemplode como um pronomepode ter o mesmoreferentedo nome em (6a) logo abaixo) diferentedo mdulo quelida com a estruturao as sentenas as nguas.Alguns mdulosserodesenvolvidos m forma de subteorias m cadaum dosprxi-mos captulos.At aqui, tudo o queafirmamosnos levariaa crer que as n-guasdo mundo so odas dnticas: odasso ruto do cdigo gen-

    z5

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    tico humano que basicamente mesmopara toda a espcie.Noentanto, abemos ueas nguasapresentam iferenas.E no s arespeitode diferenasdo lexico que estamos alando, sto , o pro-blemano sers de saberou no o que significam as palavrasemdiferentesnguas,masde saber ambmcomo aspalavrasse organi-zamna sentena, ue a verdadeira uestoda sintaxe.Aperguntaem todo o caso esta:como explicarentoa diversidade as nguasseestamos alcandoo nossomodelono aparatogenticohumano?

    Nossomodelo em uma soluoparaesteaparente aradoxo,articuladaa partir de duasnoes:Princpios e Parmetros. A fa-culdadeda linguagem composta or princpiosque so eis geraisvlidaspara odasas nguasnaturais;e por parmetros ue sopro-priedades ueuma nguapodeou no exibir e que so esponsveispeladiferenaentreas nguas.Uma sentena ueviola um princpiono toleradaem nenhuma ngua naturalprovavelmenteporque ema ver com a forma comoo crebro/amenteda espcie unciona;umasentena ueno atende umapropriedade aramtrica odesergra-matical em uma lnguae agramatical m outra.Observemos6), onde nteressa onsiderar omente possibi-lidade de ele e o Paulo seremco-referenciais o ndice i subscritorepresenta ue o referentedasduasexpresses o mesmo):(6) a. O Paulo dissequeele vai viajar.b. *Ele disseque o Paulo vai viajar.A sentena6b) impossvel o portugus; tambmcontinuar m-possvelse raduzidaem qualquer nguanatural. sto nos eva a crerque esta a situaoporqueestsendoviolado um princpio, a serenunciado,que estabelece s condiesem que um nome pode ouno ser co-referencial om um pronome.Por outro lado, a sentena m (6a) possvelno portugusbrasileiro.Tambm possvel 7), onde emosum vazio no lugar dopronomeeie:(7) O Paulo disseque , vai viajar.

    Por enquanto,marcaremos tal "vazio do sujeito" por meiode um trar-esso, uerendodizer com isso que, nesteespao,ainda

    queprot|(6')(7',)

    nenhda,4pretdisjtes.(6")(7")Agodoisquerparnasfonedera(nosenttentilcomsupbaszas'que(7) eagso

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    \troiat>mE-lalsID.b.Disi)DE+F.b

    que no pronunciemosnada,supomosa realiza,o e um elementopronominal.Se raduzirmos6a)e (7)parao ital iano emos (6'a)e (7'):(6') a. *Paolo ha detto che ui, viagger.(7') Paolo,ha dettoche -,viagger.

    Com entonao ontnua, sto , se no estamoscolocandonenhum ipo de nfaseou foco sobreo sujeito da oraosubordina-da, apenas segunda entena eprestaa expressar co-refernciapretendida.A presenado pronome em (6'a) implica refernciadisjunta, sto , quePaolo e lui tmpessoasdiferentescomo referen-tes. Se raduzirmosainda 6a)e (7) parao ingls, emos 6"a) e (7"):(6") a. Paul.hassaid hat he will travel.(7") x Paul,hassaid hat - will travel.Agora, s (6"a) e admitidapara expressar co-refernciaentre osdois sujeitos, que (7") resultariaem uma seqnciade palavrasque no constituiuma sentena o ingls.

    Para as lnguas que serviram de exemplo,est em jogo umparmetroquediz respeitoao fato de o sujeitopoderou no sernulonassentenasinitas, sto , estarsintaticamente resente, indaquefoneticamente azio- no-pronunciado. arao parmetro oconsi-deradosdoisvalores:o inglsapresenta valor negativodo parmetro(noapresenta ujeitonulo) e asoutras nguaso valorpositivo (apre-sentam sujeito nulo). A sentenaem (7") agramaticalporque os-tenta o valor positivo do parmetro do sujeito nulo em desacordocom o valor do parmetroescolhidopelo ingls.Veremos o decorrer oscaptulos omoo modelo,cujospres-supostos stamos omeando esboar, xplicaestes atos.Por orabasta risarque uma ngua regulada or condies e duasnature-zas: 6b) exemplificauma situao m queum princpio e violado,oque torna a sentenampossvelparaqualquer nguanatural; 6a) e(7) exemplificamuma situao m que estem ogo um parmetroea gramaticalidade essas entenas epender aspropriedades uesoconstitutivas as nguasparticulares.

    l-lTbb

    Dh

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    Introduzimosaqui o conceitode gramtica universal (UG,do ingls Universal Grammar)que e o estgio nicial de um falantequeestadquir indo ma ngua.A UG seconstituidosprincpiosedosparmetros,stes emvalores irados.A medidaqueosparmetrosvo sendo ixados. .ose constituindo s grmticasdas lnguas,comoveremos om maisvagarna seo obreaquisio a l ingua-gem.Exemplif icando : r isteum princpioqueenuncia ue odasassentenasinitas msujeito o Princpio aProjeo stendida, bre-viadocomo EPP). \ssociado o EPPexisteo Parmetro o SujeitoNulo exempli f icado omassentenase(6) a(7).Paracertasnguascomo o inels.estesujeito em queserpronunciado empre; araou-trascomo o portugus em sempeo sujeito pronunciado.O inglsapresenta valor negativo;o portugus valor positivo.No estgioinicial da UG, porm,nenhumdosdois valoresdo Parmetro o Su-jeito Nulo estava ixado.Voltaremos esteassunto a seo5 deixan-do claro quea intenoaqui apenas de introduzir algunsconceitos.4. O formato do modelo

    A esta altura devemospensarno formato que toma a teoriapara analisaras sentenas as lnguasnaturais.Para tanto, vamosconsiderar, astantengenuamente, ueuma sentena uma seqn-cia de sons cuja representao bstrata PF (Forma Fontica,doinglsPhonetic Form) - e que, alm da representaoontica, elatem um determinado entidoestrutural cuja representao bstrata LF (FormaLgica,do inglsLogical Fornt).Ento,a tarefamni-ma do nossomodelo comode qualquermodelo ingst ico) mos-trar a relaoexistenteentre o som de uma sentena,PF, e o seusentido,LF. Nosso modelodefendeque a relaoentre PF e LF no direta,mas mediadapelaestrutura intticaSS(EstruturaSuperfi-cial, do ingls Surface-structure), omo representado m (8):

    DSISSPF LF

    IaI

    ((

    jl. (8)

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    I IL 'G.il ':.:ep'_t1 -DilLlSgues.ri!:j:-i= ..., a : :3-l l-3- i t - rr5-3S& t--E:-3 is*i-olo >--EL\::.-D. lu :

    trJ: :l0,:- -ri4-i_--EL Jr-tis- il:IF::3r-: : ,1-i E.':,:-o ietr.F :.ioi}e:Tr-

    O que SS?SS umarepresentaointticada sentena uevai ser nterpretadaonologicamente or PF, sto , PF vai dizer comoaquelaestrutura pronunciada; vai ser nterpretada emanticamen-te por LF, istri , LF vai dizer qual o sentidoda estrutura.Paraentender uea relaoentrePF e LF no direta,vamosconsiderar ma sentena mbgua omo a em (9):(9) Eu comprei estecao novo.A sentena ambguaporqueenglobaduasestruturas intticas is-tintas: uma em qve novo tem a ver com este carro, para a qual osentidogrossomodopodeserparafraseado or [Estecarro novo foicompradopor mim]; a outraem queestecarro novo noconstituiumelemento ndivisvel de modo que novo e um carro so elementosdistintos,caso em que a parfrase rosseira eria fQuandoeu com-prei este carro, ele era novo]. A ambigidadese forma porquePFinterpreta uasestruturas amesmamaneira.Mas os doissentidos emantmporqueLF interpreta uasSSsdistintas.Seriano mnimocomplicado ustentar ue LF interpreta ma nica PF de duasma-neirasdiferentes.O outro nvel no discutidoainda DS (EstruturaProfunda,do inglsDeep-structure). stee um nvel de representaoostula-do paradar conta de fenmenos omo o que observamos m (10):(10) a. O Joocomprouo qu?b. O que o Joocomprou?

    Nas duas sentenas, que interrogado o objeto do verbocomprar. Entretanto,a expressonterrogativaaparece direita doverboem (10a)e no incio dasentena m (10b).Como darcontadofato de que o que sempreo objetodo verbo?Postulandoqueo queno nvel de representao S est direita do verbo para as duassentenas. as no nvel SS ele podepermanecern sittt isto , noseu ugarde objetode verbo)e, neste aso,PF vai pronunciar SScomo (10a);ou podesermovidoparao incio da sentena , nestecaso,PF vai pronunciar SS como(l0b). Esta uma caractersticade todasas lnguasnaturais, omo veremosao longo do Manual:

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    pronunciamos eterminados lementos m um lugarda sentena osinterpretamos m outro. como em (10b). O objeto direto do verboestna posio nicial da sentena, as odossabemos uese ratado objetode comprar'.A forma como o modelo mplementaa repre-sentao e um tal fenmenonas nguasnaturais rcarmais clarano decorrer osprximoscaptulos.O importanteagora perceberqueh nveis distintosde re-presentao e uma sentena que,comoveremos,elesestosujei-tos a determinados rincpiosquenelesatuaro. importante am-bm lembrar que determinados lementos odem se mover de suaposiooriginal para uma outra posioonde seropronunciadospor PF e, ainda,que nenhuma nformaode naturezasintticaousemntica eperdenesse ocesso.O que queremosdo nosso modelo sinttico organrzadodestamaneira que ele d contado fato de que, para construirmosumasentena, evemos ecorrerao lxico da lngua(isto , ao nosso di -cionriomental",o conjuntodepalavras ertencentes nossa ngua)e, fazendouso das nformaes presentes, onstruiruma primeiraestrutura,DS. Na passagem e DS para SS, podemosmovimentarconstituintes, e tal modo que entopoderemos er o objeto diretodo verbonaposio nicial da sentena,omo em (10b).E a repre-sentao a sentena m SS que serenviadaparaPF para serpro-nunciada; tambmessa epresentaoueserenviadaparaLF paraser nterpretada emanticamente.Comovimosdiscutindo o ongodeste aptulo. ossomode-1o ter ico postuaque o ser humanopossuauma FaculdadedaLinguagem,nata. sto . codificada eneticamenteestruturada eformamodular,que ndepende e mecanismos eraisde ntelignciaaprendizagem,endo. onanto.especifica lineuagem.Vimos aindaqueo funcionamentointtico as nguas aturais odeser eduzidoa Princpios erais abstratosueseaplicam todae qualquernguae a Parmetros ue, aindaque restr itos. o contada diversidadeentreas nguas.De possede tal arsenal. ossomodelodescreve sl nguas, mas tambm pretendee.rpl icarseu funcionamento.Eexatamenteorquesedispe serexplicativo, eve er algo de rele-vante a dizer sobre o processode aquisioda linguagem,porqueentender omoascrianas dquirem uas nguasmaternas essencial

    naJln5.,

    quidamsoeletodqucel!es tdeculgradelclaCSsasidezc slndeaFnaqut lcauIr

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    FOSbbobeh*-F*rl re-F.t-l,--

    no s paraa cincia da linguagemcomo um todo, mas pode nosajudar a compreendermelhor a prpria organizaodas diferenteslnguas.5. Aquis io da l inguagem

    Rarasvezesnos perguntamos omo uma crianapequenaad-quire sua ngua materna,como ela "aprendea falat" . Trata-sede umdaqueles rocessoso naturaisque merecemdo leigo poucaaten-o: uma criananormal andarpouco antesde um ano de vida, emmdia,e comeara falar um pouco mais tarde.O mais fantsticosobreesseprocesso que,salvo serssimos rblemaspatolgicos,ele universal.H alguns atos rrefutveissobrea aquisioda linguagem:toda crianaadquire ao menos)uma nguaquandopequena qual-quercrianapodeadquirirqualquer ngua no h lnguasmais f-ceisou difceisdaperspectiva a aquisio bastando ara antoqueestejaexpostaa umadada ngua.Semque passem or qualquer ipode treinamento specialou semquesejamexpostas uma seqnciacuidadosa e dados ingsticos,as crianas esenvolvero istemasgramaticars quivalentesaos dos demaismembrosde sua comunida-de ingstica,a despeitodasconsiderveis iferenas e suaexperin-cia no mundo, quer de ordem ntelectual,quer afetiva etc. O maisespantoso queesse rocesso ed de formamuito rpidae, univer-salmente, a mesma asede desenvolvimento a criana.Quandosepensaem aquisio a inguagem,devemser con-sideradas s capacidades nvolvidasno processo, em como a natu-rezade um tal conhecimento. m outraspalavras,o problema pre-cisarexatamente que se vem a saberquandose adquireuma dadalngua,ou mais do queuma,no casode crianas ilnges.E este ipode questoque o lingista tem queabordarsequiserentendermelhora Faculdade a Linguagem,quemencionamos nteriormente.Mas como um beb,acabado e nascer ou mesmoantesdonascimento, alvez , consegue, m meio a tamanhocaos, saber"oque linguagem?Como o bebconsegue xtrair nformao ings-tica do mundo de tantos outros sonsque o rodeia, a fim de adquiriruma ngua?

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    Imaginequesejapor observao. obrecriana!A crianaexpostaa dadosda lnguacomoqualqueroutro interlocutor.Soes-truturasde toda natuteza, runcadas,entremeadas queno necessa-riamente ncluem odosos tiposde dadosdisponveis a lngua.Sefosse or observao, ntoo processo opoderiaseruniversal, jquenecessariamenteaveriacrianasmais ou menosexpostas da-dos ingsticos;sobretudo, uncapoderamos arantirqueas crian-as ossemexpostas osdadosnecessriosaraa aquisiode sualngua. Lembre-sede que os adultosao redor de um bebno sepreocupam mensinar-lhe nguaou emgraduara dificuldadeestru-tural daquiloque falam com o bebou ao seu edor.No h tal preo-cupao or partedo adultoporquesabemos uea uiana vai natu-ralmenteadquirir uma ngua.

    Uma dascomparaes ais nteressantes que as crianassocapazes e compreender produzir a quase otalidade do siste-ma gramaticalde sua ngua muito antesde serem capazes e dar umsimples ao no sapato.Seriade maginarqueaprender dar um laoenvolvauma capacidade ognitivamenos efinadado queaquelaen-volvidano conhecimento o sistema ramatical e uma ngua;contu-do, aindaassim, al conhecimento edesenvolvemais rapidamentedo quea habil idadede amarraro tnissozinhaou fecharo zperdocasaco.Ora, se o processo universalno que tangeao desenvolvi-mento nfanti l , seas crianas unca racassam essa arefa comopodem racassar a deaprender dar aos e seos dados ngsticosa queestoexpostas ocaticos,rregulares,runcados tc,h quese maginarqueexistaalgumacoisaqueguiaa criananesse roces-so, umavez quesemesforoalgum ascrianasconseguem ominarum sisterna ico e complexoqueas capacitaa compreender produ-zir uma nguaantesmesmode chegarem escola.Alm de os dados ingsticosa quea criana em acesso o-locaremm suposto roblemaparaa aquisio, omenosum proble-ma lgico, as crianas equenasaramente ocorrigidasquantoformado que alam.Os adultos endema corrigir o contedodaquiloquea criana ala, masnormalmente gnoram a estrutura.E quandocorrigem a estrutura,a crianasemostra surda" a tal correo.Ve-jamosum exemplo:

    r I ) lIIEm(procpouenfadogqueInotoqout[formosFlgnq( 2)

    Emlcntgasrdaddesmtiadulde&tosqnePro'Adq

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    {3, - ] -\3-L>3l- 'arc-r :-os3.--lh-,----X=[3-r:-lu:tc--E--l[:3r c-'l r -EJbl-QL-ob-i!--:--Cta-He-lo:r i lolrj.\-e-

    (l l ) Criana: arromeu.(H.,2 anos 4 meses)Adulto: SEU carro?Criana:carroseu.

    Em (11),H., uma criana nto om doisanose quatromeses, saopronomepossessivomeu)depoisdo substantivo carro),uma formapouconaturalem nossa ngua.A me entacorrigi-lo e em sua alaenfatizao pronomena posioesperada a gramticaadulta- antesdo substantivo.A criana,entretanto, garrada seucarrinho comoque paragarantira posse, epeteo pronomeutilizadopela me,masno o tira da posioemqueestava riginalmente. araalm daques-to que estamosdiscutindo crianasno reagema correes , houtro ponto muito interessante qui: a crianaestproduzindoumaforma que poucoou nuncaouvena ngua.De qualquermodo,casos omo(11)so aros;normalmenteos pais se preocupamcom o contedodaquilo que a criana ala eignorama forma:

    (12) Adulto: Cadaquele edao epapelqueeu te dei ontem?rCriana:Ah, eu inha escrividonele ..Adulto: Assim no d, noh papelque chegue!Em ( 12) o adulto absolutamente gnora a forma agramatrcalque acrianautilizou no verbo,poisestpreocupado om o fato de a crianagastarpapeldemais.Resumindo, ois, a nossadiscusso t aqui, vimos que osdados ingsticosquea crianaencontra oseu edorso runcados,desordenados,esorganizados,queno h correoefetivae siste-mticados desvios ometidos elacrianaem relao gramticaadulta.Porm,apesar e udo ssoe, sobretudo, pesar a diversida-de das experincias ue as crianasm com a lnguae com os adul-tosqueas cercam, odasadquirema lnguaa queestoexpostas, emnenhumesforoaparente.Esse enmeno conhecido omopobrezade estmulo ouProblemade Plato , mas emosque ser cuidadosos om o termoI Adaptado e Uriagereka 2000).

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    SIsal' 'ftlor.dool(ptinli(i i

    "pobteza"aqui. ssonada emavercomavariedade sada or aquelesquecercama criana senonacultaou no ou com a "qualidade"dainterao m umaperspectiva fetivaeioucognitiva.A grandepergunta: como,em contatocom um mundo o fragmentado de forma torptda, dquirimos onhecimentoingstico?Nossomodelopostular e h amplasevidnciasque susten-tam tal hipotese)que partedo processo eja nato- d-seatravsdadotaogeneticaque nos capacita adquiriruma lnguae us-la,salvo sriascomplicaes atolgicas. \ no serque seja delibera-damentenegadoacesso a crianaao input l isto , os dados in-gsticosde uma dada nguaparticular)no perododa infncia,elavai adquirir uma lngua, ndependentementee sua condiosocialou da qualidadeafetiva e intelectualda interaocom o adulto, e,paraalemdisso,esseprocesso ai sedar aprorimadamente o mes-mo perodode tempopara odasascrianas. m fto que ressalta-mos. Esse um dos nortesdo modelor 'oITo odem as crianasadquirir uma lngua de forma to rpidae ht'rmognea esmo queexpostasa um inpur to imperfeito?O argumentoda "pobrezadeestmulo" entoo pontode partidaparase estabelecer ma funodireta (mas contrria viso do senso --ornuntntre a experincialingsticaquea criana ecebe suacapacidarJee adquirira gram-tica de um falanteadulto:quantomaispobree degenerada experin-cia,maior a capacidadenataa seprever.Dito de outro modo,e exa-tamenteporque a experincia ingist icaCa criana no mundo desordenada incompletaquese dere pensarqueo serhumanopos-sui uma capacidade entica ue hepermitede al-eummodo organi-zar' e'completar' as nformaes ecessnasaraaprender falaruma lngua natural.A teoriadesse stgionicialda criana a UG - umaprevi-sodaquiloque comum a todasaspossr'eisnguasnaturais pro-priedades escritas o modeloatrar's osprincpios),alm da vafia-oquepodeserencontrada ntreelas os parmetros).A associa-o dos princpiosda UG com certosvaloresparamtricos era umsistema ramatical articular,ou seja,umadada ngua.Tem-sequeaUG deve refletir de maneira universal a estruturaou organiza,o amentehumana.Se os princpios ouniversais, ntono precisam

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    rles- dalluntalr totsten-FtoduF-la,htu-p lin-I elapciallo, e,rmes-lalta-FnasDqueta deFaohciar-F'-fexa-F[rcs-fr-plartr.l-b*-Ila-Fta-lumFabdairem

    seradquiridos, ois esto, ealguma ormaquea cinciaaindanosabeexplicar,geneticamenteodif,rcados.O processode aquisiode linguagem,ento, tido como a"formatao"da Faculdade a Linguagematravsda fixao dosva-loresdosparmetros revistosna UG. Como dissemosacrma,a UG, nesse entido,um quadrodo estgio nicial da aquisio conheci-do como So)e o seuprodutoseriao estgio inal da aquisio,sto ,o estgio em que a criana atinge a gramtrcaadulta de sua lngua(S,) (do ingls stablestage).Em termos ingsticos bastante om-plicado alar em produtoou estgio inal do conhecimento.Assim, maisplausveladmitir-sequea gramticaatinja um estgiode estabi-lizao que seria considerado,ento,como o estgio em que a qian-a apresentauma gramticaprxima dos adultos ao seu redor.Teramos, nto:(13) input -+ UG -+ uma lnguaJJSo Ss

    O que ocorre, ento, no processo de aquisio uma"filtragem" do input atravsda UG. Essa "filtragem" serve para"format-la" altavsda marcaode um determinadovalor paracadaparmetroprevisto em UG. Estando odos os valoresparamtricosmarcados, em-seuma determinadagramtica.Certamenteessamar-caono aleatria,mas determinadapelasevidncias bastanteindiretas- do input e, obviamente,dependente a prpria estruturainternada UG.Os parmetros o idos como binrios,possuindoos valorespositivoou negativo;assim,ao acionarum determinado armetro,crianaestar mprimindo a eleum dosdoisvalores,atravsdasevi-dnciaspositivasque recebano input. Como vimos na seo2, hlnguasque permitemque a posiode sujeito rque vazia (como oitaliano, o portugus)e lnguasqueno permitem sso,ou seja, n-

    guasde sujeito obrigatrio (como o ingls).No caso das ltimas,todas as sentenasero um sujeito realizado oneticamente,ou seja,mesmoem sentenasueno m sujeitocom valor semntico, ave-r um elementoexpletivo um "sujeitosinttico").Por exemplo,ver-

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    bos metereolgicosessasnguas iroprecedidos e um pronomeexpletivo:(14) a. t ra insChoveb. x rainsTemos.ento,variaoentre nguas;portanto,algo da ordem dosparmetros. omo vimos,este o Parmetro o SujeitoNulo.Caberia crianadecidirqualdos dois valoresse aplicaa sua1ngua. odemos squematizarsse armetro omo(15):(15) a. sujeitonulo ) valor [+] parao parmetrob. sujeitoobrigatrio) valor [- ] parao parmetroSe a crianaestiver expostaao ingls,va i ter vrias evidnciasnoinput de que sua ngua seencaixaem (15b),dadoque vai estarex-postaa estruturas om elementos xpletivoscomo a exemplificadaem (14a).Se a crianaestiverexposta o portugus, or outro ado,ter evidnciasna direoopostae marcaro valor do parmetrocomoem (15a)acima.2Obviamente, criana o vistacomoum "lingistaemmi-niatura",que fica analisando s dadosde sua ngua antesde tomaruma deciso. sse rocesso naturale inconsciente. eriamaisumaacomodao o sistema os dadosdo que qualqueroutra coisa, queo sistema nicial (a UG) e capaz e dar contade todo e qualquerdadopertencentes inguasnaturais.

    Vamosexplorarum poucomais a questoda marcaopara-mtrica.O nmerode parmetros ossr,eis restri to,pois,ao con-trrio do que as aparncias oderiamsugerir.a dist inosintticaentreas nguasnaturais restrita. superficial.Voltemosao exem-plo do Parmetro o SujeitoNulo. H duaspossibi l idadesparaaslnguas aturais: or exemplo, o contexto everbosmetereolgicos,ou real izamsempre sujeito oneticamente,u elepodeser vazio.2A discusso obreosparmetros bastantemaiscornplexa,mas oge completamen-te aos objetivos desteManual. O leitor deve se renleter s leituras ndicadasparaaprofundamento a questo.

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    No existeuma terceiraalternativa.Tomemosoutro exemplo: a ordemdepalavrasem uma sentena. la nunca aleatria, m nenhuma nguanatural.Alguns elementos ucleares asentenaero recedidos u se-guidospor outroselementos. eno ejamos:(16) a. Kato compradoce. Portugus)b. Kato okashikau. (Japons)'Kato doce comprar'Vemosem (16) que em portuguso objeto segueo verbo,enquantoque,em apons,ele o precede.Podemos squematizar sseparmetrocomo o Parmetroda Ordem, tomandoo verbo como ncleo. Em(16a)o ncleo inicial, ou seja,o verboserseguidode seucomple-mento;em (16b), o ncleo final, isto , o verbo serprecedidodeseu complemento. sso ficar mais claro no prximo captulo, maspor enquantovejamos como seria a marcaode um tal parmetro:(17) a. ncleo nicial ) valor [+] parao parmetrob. ncleo final ) valor [- ] parao parmetroUma criana adquirindo apons acionariao valor do ParmetrodeOrdem como negativo; por outro lado, uma adquirindo portugusoacionaria om o valor positivo,atravsdasevidncias o input, qne,nestecaso,sobastante obustas, indaque amais conclusivas.Tomandoesses ois parmetros 15) e (17), como seriaa re-presentao os valoresmarcadospela gramticado ingls e do por-tugus?Vamosesquematiz-la m (18):(18)

    H inmerosoutros exemplos,mas no infinitos exemplos,porqueos parmetros oem nmero eduzido, que a diversidadesintticaentreas nguas, gualmente, estrita,conforme apontamosacima. Os parmetrosestoprevistosna Faculdadeda Linguagem,mas, diferentemente os Princpios,que souniversais,carecemdeum valor que dependedo input quea criana recebe.

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    Uma metfora astante sada araexplicaro processo a deum quadrode fora. ou seja.de uma seqncia e chavetas seremligadas u desligadas ontorme s dados xteriores. cadachaveacrianaatribuirum valor.positivoounegativo,a depender a nguaa que esterposta.Quandoo valor paracadauma delas iver sidoescolhido. ntoa criana erconvergido araumagramtica rxi-ma quela os adultosao seu edor.Retomandoo que discutimosataqui,podemosassumir,en-to,queo processo e aquisio a inguagem eja nato,guiadopelaFaculdade a Linguagem uepossuiumaUG - uma gramtica ni-versal , composta ePrincpios Parmetros. omoosprincpios eaplicama todasas nguasnaturais, o eriamqueseradquiridos.Osparn'retros,indaqueem nmero eduzido,esto gualmenteprevis-tos pela UG, porem tm seusvaloresabertosa seremmarcadosdeacordocom a lngua(ou as nguas)quea crianaouve ao seu edor.Umavez filtrados os dadosdo input e marcadosos valoresadequa-dos dosparmetros, upe-se ue a criana enha adquirido o siste-ma gramatical estvel)de sua ngua.Voltamosao lao do sapato.Um beb capazde extrair in-formaoabstrataacercado sistema ingstico a que estexposto,conquantono saiba azerum lao.Por fora deve entohaveralgoalmdo simples ratamento osdados , comovimos,o queo mode-lo apresentadoquipreve quegrande arteda arefajesteja revia-mente o dif icada aespecie.O processo e aquisio tambm ido como o lugarda mu-dana ingsticanasdiversasinguas aturais.As l inguasmudameissonoe sinal.comoprottizam spaladinos a GT, depauperaol ingst ica. o contrr io. s neuas. aturalmente.l 'o luem. s ex-pl icaes obreos processos e mudana o 'rios,mas,em nossocaso,dizemrespeito o acionamento arametrico, u seja,ao valorque as crianasatribuema um determinado armetro.Se os dadosdo input por algum motivo se tornam ambguos,a crianapoderatribuir aoparmetroelevante m r.alordistintodaqueledagramti-ca adulta, rovocando mamudana a n gua.Discutiressa uestoestalmdosobjetivos esteManuale.portanto, ovamosnoses-tender o assunto, asconvidamos leitora consultar bibl ioerafiaindicadaabaixo.

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    6. Bibl iograf ia adicionalEstecaptulo oi escrito om base m alsuns ir rosque aeapenao leitor conhecer: e er em ingls uma opo.o manualdeintroduo de Li l iane Haegeman, nt i tulado Introducron roGovernment& Bnding Theorypodeser uma excelenteescolha. anRoberts ambem m um manual ntrodutrio,chamadoContparativeSyntax,que tambmmuito bom. Sea leiturade um livro em ingls

    no uma opo,o leitorpodeconsultar manualde EduardoRapo-so, chamadoTeoriada Gramtica: a faculdade da linguagent,no-tandoque a exemplificao e aplica ao portuguseuropeu.Por en-quanto,o mais nteressante eriao primeiro captulodo livro de Ra-poso,que muito elucidativo.H tambmos ivros de Lcia Lobato(SintaxeGerativado Portugus)ou o de Miriam Lemle (AnliseSin-ttc(t: eoria sintticae descrio oPortugus).Estesltimos abor-dam tambm a passagem e um modelo anterior ao de RegnciaeVinculao. eria nteressanteueo leitorconsultassessesmanuaisconcomitantementeo estudodeste ivro, paa complementar euconhecimento verproblemas iscutidos m outras nguas.Sequiserobtermais nformao obre lguns ontosespecf i-cos discut idos,o lei tor pode consultaras se.quintes bras maisespecializadas:1) sobreo "fazer cincia"e como se estruturammodeloscientficos,Introduo Teoria da Cincia, deLuiz Henrique Dutra, umaexcelente po;2) sobreo embateGT/Lingstica,o leitor encontrar arto material

    em Lyons, tanto em Introduo TeoriaLingstcd,quantoemLngua(gem)e Lngstica.Alis, ainda sobreproblemascom aGT, h um excelenteivro de RosaVirgnia Mattose Silva. ntituladoTradiogramatcal e Gramtica Tradicional;3) sobre natismo,h um livro para eigos(portanto.de fcil leitura)de Pinker, chamadoLanguage nstinct, j traduzido parao portu-

    gus;em portugus,emosum livro de Chomsk)' nti tuladoLin-gsticaCartesiana, e eituramaisdifcil e s aconselhado quemj tem alguma ormaoem filosofia;

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    4) sobreo argumentoda Pobrezade Estmulo,os captulos niciaisem Uriagereka 2000)souma excelente po.O livro estrutu-rado na forma de dilogo e h fartos exemplos.porem est emingls;

    5) sobreFaculdadeda Linguageme recursividade, um excelenteartigode Hauser,Chomsky& Fitch (2003),publicadona Science.que discuteo tpico da perspectiva volutiva.Embora estejaemingls,e de fcil leiturapois um artigode divulgao:6) sobreaquisio e inguagemno quadrodePrincpios& Parmetros,h timas ntrodues m artigosde Galves 1995).Kato (1995),Meisel (1997)e Mioto (1995), odosem portugus- esses, deMeisel trazuma discusso astanteaprofundadasobrea noo de"parmetro". Os segundoe terceirocaptulosde Lopes (1999)tambm so uma opo em portugus,mas demandammaior co-nhecimento erico;

    7) sobreo processo e aquisio omo o lugar da mudana ingsti-ca,o leitor deveconsultar ightfoot( 99l ). ( 1994)e (no prelo);8) sobremudanano Portugus o Brasil. consultarRoberts& Kato( ee3).9) finalmente, arauma visogeralsimplificada o modelo,dadapeloprprio Chomsky,consulteLanguageand Problemsof Knowledge.TheManagua Lecture,s, asesteestem ingls.7. Exerccios1. Nas pr imeiras seesdeste cap tu lo. ut i l izamos a palavrametalinguagem.Dexemplosda metalinguagem tilizadapela Gra-mticaTradicional.Ela adequada?sto . ela inequvoca, uficien-tementeprecisapara que possamos ssoci-la um fazercientfico,como defnido na seo1 destecaprulo?Aplique seusexemplosasentenas o portuguspara fazera verificao.2. A seguir o leitor encontrar m trechopublicadoem um encartecolecionvel obreLngua Portuguesa,o Dirio Catarinense eFlo-

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    r ianpolis. eia-o com ateno depois esponda s questes ro-postas.Os grifossonossos:"A Gramtia disciplina ueorientae regulao usoda n-gua,estabelecendom padro e escrita de fala baseado m diver-soscritrios:o exemplode bonsescritores. l-eica, tradio u obom senso. matria-prima essa isciplina o sistema e normasquedestrutura uma ngua.Soessas orrnas uedefinema ngua

    padro, ambemchamadanguaculta ou normaculta.Assim.parafalare escrever orretamentepreciso studar Gramtica. tarefano dasmais simples: s egras omuitase nemsempre recisas.Sendoum organismo ivo, a lnguaestsempreevoluindo.o quemuitasvezes esultanum distanciamento ntre o que se usa efetiva-mentee o que fixam as normas. ssono ustifica, porm,o descasocom a Gramtica. mprecisaou no, existeuma norma culta e todapessoadeve conhec-lae domin-la,mesmo que seja para propormodificaes.Quemdesconhece normaculta em um acessoimita-do s obras iterrias,art igosde jornal, discursos olt icos,obrastericase cientficas,enfim, a todoum patrimniocultural acumula-do durantesculospela humanidade." In: Help! Lngua Portugue-sa, DC, 1999,p. 62)a. De acordocom o quefoi discutidonestecaptulo, plausvelafir-mar que "o sistemadenormasqued estrutura uma ngua"?Jus-tifique a resposta om os conceitos presentados.b. H vrios rechosno excertoacimaemqueo autorconfunde,equi-vocadamente,normaculta" com a metalinguagem tilizadapelaGTparadescrev-la. ponte essesrechos.c. Quala concepo e inguagemquesedepreende o trechoacima?Por queesse ipo de concepo ode serpreconceituosa'l3. EmboraesteManualseocupe xclusivamenteesintaxe, sdadosa seguir trazemexemplosde morfologia derivacional,que alm defazer interfacecom a sintaxe ambmapresenta rocessos estritospor princpios mecanismosastanteimilares osda sintaxe. oram

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    it-; lr lproduzidospor uma crianapequena,adquirindoo portugus.Ob-serve-os tentamente. onsiderando ueno existemno input queacriana ecebe, omo ela os produz?Lembre-sede contrastes omo"apareceu" s. "desapareceu",or exemplo,e lembre-se indadequetaisprocessos nvolvem egrasabstratas. iscutao queestem ogonos dados.Como esses adospodem eforara hiptese natista?C : criana;A: adulto3(C vai tomar eite, queestmuito quente)A: T quente!C : Entodiquenta. (3 anose l1 meses)(A me fechauma.caixade brinquedos; ecepcionada, diz:)C : C disabriu! (4 anose 1 ms)(A me abaixao zper do vestidode C, querendo rincar com ela)C : Ah ! (irritada)No! C t dezipando.(4 anose I ms)4. Defin imos recurso nestecaptulo.Vrios estudos ecentes mmostradoqueo processo e recurso especfico s inguasnaturais,no sendoencontrado m sistemas e comunicao nimal,por exem-plo.a Busque exemplos de estruturas ecursivas.Considereos exem-plos a seguir, embrandoquecrianasmuito pequenas em torno dossetemesesde vida) conseguemidar com tais estruturas bstratas.Comente staafirmao."O cachorropegouo gatoquecomeuo rato quecomeu o queijo que..." (brincadeiranfanti l"PedroqueamavaLia queamava...quenoamavaningum." CarlosDrummond)

    r Dados de Rosa Attie, Unicamp.oCf. Artigo publicadona Folha deSoPaulo,em I 6 de aneiro de 2004, sob o ttulo:"Macacosentendem rasesimples,mas ropeamem mais complexa",

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    A TEORIAX-BARRA1. A no o de const i tuinte

    Um constituinte uma unidadesinttica onstruda ierarqui-camente, mborase apresenteosolhoscomouma seqncia e e-trasou aosouvidoscomo umaseqncia e sons.Em princpionosepodedeterminar uaextenso, mavezqueno fcil preverqualo nmeromximo de itensque podem pertencera ele. Por isso, emvez de procurarestabelecer extenso e um constituinte,a sintaxeprocuradelimit-lo a partir de um ncleo.Como o ncleodeterminacertas unes, abemos ueo constituinte ompreende, lmdo pr-prio ncleo,o conjunto de itensquedesempenham quelas unes.Um constituintesinttico ecebeo nome de sintagma.Nestaseo amos ogar com nossa ntuiopara omarp danoode constituinte/sintagma,eixandopara as prximas a tarefade traduzi-la em termos formais. Para anto, consideremos l) per-guntandose aquela r culpada um sintagmae, supondoque seuncleopossaser o nome, se um sintagmanominal (nounphrase -NP):(1) O juizjulgou aquela culpada.

    Se a resposta or sim, ela vai serverdadeirae nestecaso e-presentamos quela r culpada entrecolchetes otuladosNP, comoc 1'

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    em (2a); mas se a resposta or no, ela tambmvai serverdadeiraenesse aso emos 2b), com apenas quela e entreos colchetes:(2) a. O juizjulgou [", aquela culpada].b. O juiz julgou l*. aquela l culpada.

    Vamossuporque,para ormar a sentena m (1), ns combi-nemosos elementos e tal modo queas inhasquesaemde cadaele-mento se encontremem um vrtice acima, ormando o que chamare-mos de uma rvore.Vamossupor ambmqueas duaspossibilidadesde interpretao ue (1) apresenta ejamo resultadode duas ormasdiferentesde combinar os elementos ue a formam. Ento, a ambi-gidade e (1) vai estarespelhadam (2').A rvore(2'a) seriao desenho a sentena2a):a.4

    ---'----. ......o juiz ---l------julgou 2

    ----------aquela I--------r-r culpada

    Lendo 2'a)debaixoparacima:primeirocombinamos com culpa-da e formamos.no vertice l. o composto atlpada; depoiscombi-namos culpada com aquelae formarnos. o r'rtice2, o compostoaquelare culpada:depoiscombinarnos quela re culpada comjul-gou e formamos,no r,'rtice - o compostoulgou aquela r culpada;e por fim combinamosulgou aquela re culpada como uiz e forma-mos, no vrtice4, o compostoO-iui: ulgou aquela re culpada quecorresponde sentenal). O quemerece ossaateno m (2'a)eque culpada forma um composto com aquela re porque existe umvrtice ormadopor linhasquepartemde cadaum dos elementos:vrtice 2.

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    f**tt

    (2',)Lencobinjulge fopormocorculfornredeetes:correpquanomamhesttao strutten

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    $A rvore(2'b) seriao desenho e (2b):

    4_--------_O juiz 3--^--2 culpada

    --lt------julgou 1--------quela r

    Lendo (2'b) tambmde baixoparacima:primeiro combinamosaquelacomr e formamos, o vrtice1,o composto quela ; depois om-binamosaquela e comulgou e formamos, o vrtice2, o compostojulgou aquela r; depoiscombinamosulgou aquelar com culpadae formamos,no vrtice 3, o compostoulgou aquela re culpada; epor fim combinamostrlgou aquelare culpada com o uiz e forma-mos, no vrtice 4, o composoO uiz julgou aquela r culpada quecorresponde sentena1).O quemerece ossa teno gora queculpada no forma um constituintecom aque la re porqveelesnoformam nenhumvrtice- o vrtice agora formado por ulgou aquelar e culpada.Esteestado ecoisas onfirmaqueem (1) huma ambigida-de estruturalcujosefeitosparao sentidoda sentena oos seguin-tes:quandoo adjetivoculpadano forma um vrtice com aquela ,como em (2'b), sto ,quandonopertence o sintagmanominal,elerepresenta veredictodo uiz, ou se.ja, culpa dar; por outro lado,quando forma o vrtice, como em (2'a), ele pertenceao sintagmanominal e o veredictodo uiz no expresso a sentena. ssim, aambigidade e(1) derivado fato de aseqnciaolerarmais de umaestrutura.Nestasentena, o fica claro seculpadapertenceou noao sintagmanominal. Sequalquer ndcio deixasse laro qual a es-truturade aquela re culpada,a ambigidade o se nstauraria.Paramostrarum dessesndcios, onsideremos3), ondeen-tendemosqueo pronomee/a substituiaquela re:

    b.2')

    t - : : -! : . : -Di,e:3-a;==E::E- : . -

    l - : j -rcb:-lf,rsroI i l , ' -fra-';-hrna-h ,;ue?4, eEumh: o

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    itI:

    (3) O uiz julgou elaculpada.Seperguntamos e (3) ambgua e modo semelhante (l), a res-posta no,e o nico sentidodisponvel aqueleem queculpada overedicto o uiz. A situao essa orque agora o existemdvi-dasde queculpadanopertence o sintagmanominal. sto pode serafirmadosempreque um adjetivo"modifica" um pronomepessoal,pois o pronomesozinhovale por um sintagmanominal inteiro. Aofazermoso sintagmanominal virar pronome,o vrticeque entraemjogo e o vrtice I em (2'b), que no h nenhum vrtice formadopor aquela re e culpada. Como nenhuma inha que sai do adjetivoculpada orma vrtice comaquela , o adjetivono podedesapare-ce no processode pronominaliza"o. ito de outra forma, ao fazer-mos o sintagmanominal virar pronomeno podemosdeixar partedele,como seria o casodo adjetivo em (2a), fora desteprocesso.Oadjetivospode er ficado ntactoem (3) porqueele no fazpartedosintagma ominal.Se o adjetivo fizessepartedo sintagmanominal, a sentenarelevantecom pronominahza"oeria 4):(4) O juizjulgou ela.com ela valendopor aquela e culpada. ssoaeorae possrel porqueculpada orma um vrticecomaquelo e. comomostraa representa-o 2'a).Vejamos indamaisduas ticas araconfirmarsea nossa e-qncia e palar-ras ode ormarum sintagma ominal.Uma supeques um constituinte ompleto odeser cl ivado. sto , ensandui-chadoentreo e o que na periferiaesquerda a sentena; ouftasupe uesum constituinte ompleto odeserquestionado trans-formando-se uma erpresso nterrogativa. e modo semelhante oque fizemos com o pronomepessoal e deslocado ara a periferiaesquerda a sentena. azendossocom (1) obtemos 5) e (6):(5) a. E faquela ] queo uiz julgou culpada.b. [aquela e culpada] ueo uiz julgou.(6) a. Quemo juiz julgou culpada?b. Quemo uiz julgou?

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    Tantona clivada (5a) quantona interrogativa 6a),onde o veredictodo juiz - culpada expresso, odemosafirmar com seguranaqueculpada no faz partedo sintagmanominal. Em geralno pos-svel em portugusque s uma partede um constituinteseja nter-rogadaou clivada.Por suavez,sendo elacionadasom ( 1) da maneira elevante,as sentenas m (5b) e (6b)atestam ueo sintagma ompletoe aque-la r culpada'.em (5b) culpada estjunto com o sintagmaclivado;em (6b) culpada foi "tragado" pela expresso nterrogativaquem.Em nenhumadas duas sentenas stexpresso veredictodo juiz.Veja que podemosacrescentar veredictoatravsdo adjetivo ino-cente)a (5b), por exemplo,semque a sentena esultanteapresentequalqueranomaliasemntica o tipo contradio:(7) E aquela culpada ueo uiz julgou inocente.E agoru ainda mais claro que nocenteno faz paredo sintagmanominal.Repitamos om (8) o procedimento aradetectar m consti-tuinte:(8) O bbadobateuna velha com a bengala.O nosso eitor terpercebidoqueo constituinte m anlise na velhacoma bengalae que a questo e esumeagoraem sabersepodemosconsider-loou no como um nico sintagmapreposicional, sto ,um sintagma ntroduzidopor umapreposio.O efeito semntico econsiderareste sintagmacomo um nico constituinte que com abengalavai ser uma propriedade ue descreve velha; o efeito se-mntico de considerar ue com q bengalano pertenceao sintagmapreposicional que a bengala igura como nstrumentoda agresso.Seaplicamosaqui asestratgias apronominalizao, a clivagemeda formaode nterrogativas, amosproduzirassentenas9), (10)e (1 ):

    a. O bbado ateunelacom a bengala.b. O bbado ateunela.(e) q-'I

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    (10) a. E na velhaqueo bbado ateucom a bengala.b. E na velhacom a bengala ueo bbado ateu.(1 ) a. Em quemo bbado at eucom a bengala?b. Em quemo bbado ateu?Cremos ueo leitorpodeprosseguir ozinho om o exerccio,nclu-siveacrescentandom instrumento e agresso m (10b);e semdifi-culdadesnventaroutrosexemplos uepermitiro idar intuitivamen-te com a noode constituintea partir de sentenas ue apresentamambigidade strutural.Paraos propsitosdesteManual, nteressamostrarque a no-ode constituncia consistente pontode ter sua nclusogaran-tida em qualquer eoria sinttica.Entretanto, o bastaa incluso:ateoria em que desenvolver ormasexplcitasde representar estru-tura internados constituintese mostrar como eles se hierarquizampara ormar constituintesmaiores,chegando o constituinteque oaxioma da sintaxe:a sentena.

    2. A Teor ia X-barraA TeoriaX-barra o mduloda gramtrca ue permlte epre-sentar m constituinte.Ela e necessria araexplicitar a natureza oconstituinte, s relaes ue se estabelecementrodele e o modocomoos constltulntesehierarquizam ara ormara sentena. omo

    acontece om quaquermduloda eramtica. TeoriaX-barradeveseruniversala pontodeconfi_eurar-seomo um esquema eral,capazde captara estrutura nternados sintagmas e qualquer ngua; mastambm deve prestar-se dar conta da variaonas diferentes n-guas.Na seoanteriorafirmamosque um constituintese constriapartir de um ncleo.Para epresent-oamos ecorrera uma vari-vel X quevai tomar seuvalor dependendo a categoriado ncleodoconstituinte.Sea categoria or um nome,o valor de X serN; se orum verbo, serV; se for preposio erP e assimpor diante.EstencleoX vai determinaras relaes nternasao constituinteque so

    m(o( 2

    XdChX:cocox-l(1

    ( l {Eroa

    Qumchimdonlntltedis

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    marcadas m dois nveis:o nvel X'(que se "X linha") e o nvel XP(ondeP abreviaPhrasedo ingls), al como representado m (12):(r2) XP

    X'X

    dofor

    X uma categoria mnima s vezes ambm representada omo Xo.ChamamosX' ao nvel intermedirioou projeo intermediriadeX; e XP ao nvel sintagmtico u projeomxima de X.Na projeo ntermediriao ncleopodeestar elacionadocomcomplementosCompl)e naprojeomximapodeestar elacionadocom um especificador Spec).Com um Compl e o Spec o esquemaX-barra seruma rvorecomo (13):(13)

    Quepostulemosa existnciadosnveisdeprojeomximo e mni-mo parecealgo facilmenteaceitvel, que o nvel mnimo preen-chido pelo prprio item lexical, com existncia ndiscutvel;o nvelmximo,por suavez, um constituinte comotal podeser desloca-do. Nenhuma dessasduaspropriedades diretamenteobservvelnonvel ntermedirio. inda assim, stipulamos existncia este velintermedirio,porque emosnecrssidadede um ndulo querepresen-te a localidadedarelaoqueum ncleo em com seucomplemento,distintadaquelaqueele em com seuespecificador.Parauma ryrdaexemplificao, onsideremos14): i:(r4) [o menino amar amenina]Em (14) temosum verboamar com seusdois argumentos menino,o argumentoexternona posiode especificador o sintagma)e eo

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    meninq,o argumento nterno na posiode complemento a noode argumentovai ser discutidaem mais detalhesno Captulo III).( 4) podeserencarado omoum constituinte: xisteum ncleoamarque determinaque a relaosemntica de amor e que so dois osargumentos nvolvidosnestahistria.Ento, 13) podeser preen-chida'como 15):(1s)

    (1

    XP-/-"^-----

    ( l (

    Assralcol(pghipasrunasfomtelmjea

    :(fobd

    Spec X'o menino --------.-X Complamar a meninaConsideremos indaque o ncleoamar da categoriaverbo(V), o que determinao valor de X, e quecadaum dos dois argumen-tos envolvidos constitui um sintagma ormado por um nome e umdeterminante uevai serchamado, or motivosquef,rcaro larosnodecorrerdestecaptulo,de DP (sigla paraDeterminer Phrase).Po-demos, ois,chegar representaodequada e (la) usando goraos rtuloscategoriais refazendo15) como a rvoreem (16):

    (16) VP---^----DP V'o menino --'--.----DPamar a menina

    Podemos izerque 16) epresenta spropriedades niversaisde um constituinteque so os nveisde projeode ondependemocomplemento o especifcador. ntretanto, 16) no captao fato dequepodehavervariaoparamtrica a ordemdoselementos, aria-o esta que pode ser notadana comparao o portuguscom ojapons,por exemplo.No japons,a ordementreo V e o DP comple-mentoe invertida, omoapresentamosm (16')e (16"):

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    I noorlo III).oontarrdois os' 'preen-

    ir verboEumen-Eeumhros norf . Po-b agora$:

    versaisdem ohto de,vrla-com omple-

    (16 ')

    (16")

    DPokashi Vkau

    lyp Katookashikau]Kato doce comprarAs representaes16)e ( 16')exemplificamas duasordenaes os-sveisentreum ncleoe seucomplemento. s lnguas endema gene-ralizar estaordem de modo que ela no fica restritaao verbo e seucomplemento.Assim, por exemplo, no japons teremos [DP,P](posposio) m vez de [P,DP](preposio) ue aconteceno portu-gus.O que se depreende a comparao ntre 16) e (16') que ahierarquia um princpio (portanto universal) e a ordem eparametrizadaportantovarivelde uma nguaparaoutra).O esquemaX-barra capta uma propriedade mportantedossintagmas ue o fato de elesseremendocntricos.sto significaqueuma categoriaXP spode er comoncleoumacategoriamnimaX:aspropriedades o ncleosopreservadasm cadaprojeor Dessaforma, se untamos categoriamnima verbal y amarf o DP [pp ameninal, o resultado uma projeo ntermediria,masque spodeter propriedades ategoriaisde verbo, ou seja, [V' [V amar]lpp ameninalf; de modo paralelo, untandoo DP fpp o meninol proje-o ntermediria V' [V amar]fpp a meninaffvamosobter rmapro-jeo mxima que s pode ser verbal: Vp [Op o menino) V' [Vamarllgp a meninalll. Em nenhuma asprojees odemsermuda-das aspropriedades erbais, nerentes o ncleo y amarf.I Observequea endocentricidadeo umapropriedade ecessria os constituintesformadospelamorfologia. Tome,por exemplo,o processomorfolgicoda composi-oque pe untas duasocorrncias e um mesmoelementocom propriedades er-bais comocorre,paraproduzir corre-corre,um constituinteque perdeuasproprieda-desverbaise ganhoupropriedades ominais.

    fi'

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    3. A rigidez das relaesA representaom (16) no consideraa funoque um de-terminadoelemento esempenhaintaticamente sim a suacategoriae as relaesque se estabelecem, emprea partir de um ncleo.Oquehde nteressantea TeoriaX-barra ustamentea possibilidadede captara relaosintticaentre os elementosque compemum

    constituinte.Existemvrias elaes m(16)queprecisam erexplicitadas.Estas elaes odefinidasentreosns(ou ndulos)de uma rvore,isto e, os pontos de encontrodos "galhos" da rvore,que na seoanteriorchamamos rtices.Comecemos or explicitaruma delas:arelaode dominncia. Nas defnies baixo,cr,B e y representamnsquaisquer:(r7) DOMrNNCrAa dominap se e somente e existeuma seqncia onexadeum ou maisgalhosentreo e B e o percursode a atB atravsdos galhos unicamente escendente.Ou, dizendo nformalmente:o n o dominao n B se e somente e crest mais alto na rvoredo que p e se possvel traaruma linhaapenas escendente e cr. t9.A definiode dominncia aptaa relao e inclusoexis-tenteentredoisconstituintese al modoqueo constituinte e baixoest ncludono de cima.Porexemplo. a n'oreem ( 6), V' dominaV e o DP n menina.mas no dominao DP o ntenino;VP dominatodosos nsde( I 6) e noe dominado or nenhum ;por suavez,oDP a menina dominadopor \" e por VP.Essanoode dominncia barcaa noode dominnciaimediata,cuja definio dadaem ( 8):(18) DOMrNNCrA TMEDTATA

    ct domina mediatamente see somente e crdominaB e noexistenenhumy tal que o dominay e y dominaB.

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    rn oie-bgonaleo. OilidadeIn umiradas.r\-ore.seoelas:Entam

    :ra deFaves

    ESCCll inhae\rs-bairomrnamlna

    nez.hcia

    Poresta efinio, a rvore m(16),V'domina mediatar.nentee oDP a menina.O VP domina mediatamente DP o ntett irro \ ' ' ' : rnasno domina mediatamente e o DP a menina, que .' tan.rbrnsdomina.Relacionadasom dominncia,emosademais s noesdepaternidadee irmandade quesero teise se definem espectiva-mente omoem (19a)e ( l9b):(19) a. PATERNIDADE

    o e pa i de B se e somente e o dominar B imediatamente(por estadefinioB e filho de cr).(19) b. IRMANDADE

    o irmo de B se e somente e cr e B tivererno mesmopai y.Em (l 6) osns rmos oo DP o menino V' cujopai e VP; e aindaV' pai dos rmosV e DP a menula.Outra relao mportante a de precednciaque e definidaem (20):(20) PRECEDNCrA

    o precedeB se e somente e crestiver esquerda e B e o,nodominar0 ou 0 dominaru.Em (16) o DP o meninoprecedeodosos outrosns excetoo VP,porqueesteo domina;V precede DP a menina.Como sepodever,as relaes e precedncia dominnciasodefinidasde tal modo queos membrosde qualquerconjunto dendulosdeuma rvoreseencontram u em umarelaoou em outra,masnuncanasduassimultaneamente.Temos,ainda,uma relao undamental araa sintaxe,que arelao e c-comando, ef in ida m (21):

    B NL

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    (2t) c-covANDolc{c-comanda see somente eB o irmo de o ou fi lho (ouneto.bisneto.. .) o i rmode cr.

    Se B e o i rnrode cr, emoso que se chamac-comandosimtrico,poisos dois rmosesto o mesmonvelhierrquico, nl c-coman-dandoo outro.Se,por outro ado,B hlho (ou neto,bisneto ..)de. temoso quesechama -comando ssimtrico: assimetria xisteporqueo- c-comandaB mas B no c-comanda . Em (16), o DP ornertitto -comanda ssimetricamentes dois i lhos de V'.Por agora, alvezesta elaoparea ompletamente nigm-tica ao leitor,mas,comoveremos diante, sta uma noocrucialparadefinir certaspossibilidades e nterao ntreconstituintes entrodeumasentena.4. O ncleo

    A varivel X do esquemaem (12) usadapara representarqualquerncleo.No constituinte, odasas elaes oestabelecidasdireta ou indiretamentea partir do ncleo. Assim, para reconhecerum constituinteem toda sua extenso, fundamental dentificar oncleoe a partir dele as relaes uese estabelecem os constituin-tes que desempenham lgumpapelnestas elaes.Ou, em sentidoinverso.a partir das relaes ue estopostas, ocalizaro ncleo.Esta segunda orma e adequada,obretudo, arao casode consti-tuintes om ncleos aziosquepodemestar m ogo numasentena,como jeremos diante.Entretanto. tendo-nos oscasos e nrcleospronunciados.e -oltamos onosso onstituinte m ( 16), o ncleoamor que deternrina. or eremplo.quantos articipantes cenavaiter,queum participante o amadoe queo outro o amante, assimpor diante.Alm depoderem ervaziosou pronunciados,s ncleos o-dem serde naturezaexicalou tuncional.Estadistino o assuntodasduasprximassees.2A definiomasclssica e c-comando dadaabaixo:Ct c-comandaB se e somente e(i ) c .no domina B nem B donrinao,;( i i) cadanduio ramif icante que domina Cr ambmdomina B.

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    o : ' l

    rico-I"i::-- f : :I ] : : [email protected] .Er l

    tum--iti=E:::h: -fulr :&:l5 i -rrl:o:sril*:I r^::E:l[---Ei,:

    4.1. Ncleo lex icalOs ncleos exicais e dentif icam om ascategoriasexicaisque sodefinidaspela combinao e apenas ois traosdistintivosfundamentais: ominal essesmaos aoassocla-dosdoisvalores: -. A combinao e valoresnos orne-ce asquatro ibilidadesem (22):

    (22) Nrcleosexicais

    \---Para ogar um pollco com o quadlo (22), r,amosseparar scategorias m doisgrupos: grupodaquelas ue nrpelomenos mvalorposit ivoparaos raos, u seja. nome.o adjet ivoe o r-erbo.o grupounitriodapreposio, ues emvalornegativo.O primei-ro grupo contem as classes bertas, ue se caraceizam or ter Llmnmero ndefinidodemembros o dicionriomentale por permit ira

    cunhagemconscientepelos falantesde novas expresses.O grr-rpounitriodaspreposiesonstitui maclasse echada.Tomemos m radical omo am-ldo qualpodemos erivarumnomeamor,um adjet ivoamadoe um verboamar.O radicalem si sepresta estabelecer sentidoexicaldapalavra a famosa elao eamor)e em princpiono associado ele nem o trao [+V]. nenr[+N]. A palavra amar pode ser definida pelos traos [-N,- ' \ / ] eidentif icada omoum verbo:no em raos ominais omogneronmeroe tem traos +V] quepodemser econhecidos os morfemasverbais.A palavraamor pode ser definidapelos raos 'N.-V] eidentificada omo um nome: em raosnominaisde-snero nmeroe no tem traosverbais.E a palavraamado?Semdr' idapode ertraos ominais e gnero nmeroquando combinada om o ver-bo ser(A Mariafoi amuda),masnoporta ais raos uando ombi-nada com o verbo ter (A Maria tinha antaclo).Por isso, a palavraamado definidapelos raos +N,+V].

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    Agora. abordemos grupounitriodas preposies ue sedefinern penas eovalornegativo os raos +N,+V]: no m ra-osnominais egnero nmero, em raos erbais e empo,modoe pessoa. stacategoria diferente asoutras rs em vriossenti-dos.Unrdeles quenosederivaprodutivamentee um radicalqued origem ambema outra categoria, omo podeacontecer om osradicaisdos nomes, erbose adjetivos.Outro que aspreposiesconstituem ma classe echada, o sentidode que a classe esistecriaode um novo item.Como estas ocaractersticase classesfuncionais,queestudaremos seguir,devemosadmitir queasprepo-siesno sopuramente ma classeexical,ao mesmo empo emquedevemosexplicitarqual a proprieciade uepossibilitamant-lasna classe ascategoriasexicais.Umapropriedade efinitriadasclassesexicaise a capacida-de que seusmembros m de selecionar emanticamentes-selecio-nar) seusargumentos. ssim,por exemplo, omemoso verbo beberparamostrarque,comoncleo exical,ele s-seleciona eusargumen-tos. Se beber toma como argumento oo, o que bebe, e o suco, oque bebido, a seleodestesargumentos apropriadapara esteverbo;porm,seele oma como argumento sttco,como o quebebe,e o cerro, como o que bebido, amos erumacompleta nadequao:o sucono empropriedadesompatveis om a semntica o bebe-dor; tambem o caruono tem propriedades emnticas ompatveiscom aquiloquepodeserbebido.Se conseguimos emonstrar ueas preposies ocapazesde fazero nlesmo.entoe lcito mant-las omo membroda classedosnceosexicais. stopodeser ei toa part i rde (23):(23) a. A Maria desmaiou obrea mesa.b. *A Maria desmaiou obrea esperana.Sobreestabelece,m (23a).que o DP a ntesadeve ser nterpretadocomo um lugar.Se sto e verdade. ntosobres-seleciona DP amesa.J issono possvel om esperonaorqueesteDP notem aspropriedades ompatveis om as de um lugar.Portanto,po-demosdizerqueh preposiesuesoncleos exicaisporquesocapazes e s-selecionar rgumentos e modo paraleloao que fazemnomes, erbosou adietivos.

    leret2

    Pr-|edigSIondn

    )LIIII

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    d. PPIP'IIP

    C. VPIV'IVNPIN'IN

    Desta forma, o dicionrio do portugusprov os ncleoslexicais que soda categoriaN, A, V e P e nossoesquemapoderrepresentar s NPs, os APs, os VPs e os PPs:(24) a. b. APIA'IAParacomporaprojeo ntermediria, s ncleospodemou nosele-cionarcomplementos; a projeomximapodemou no selecionarespecificador. o casode ser selecionado, espeoificador um s.Observequeos advrbios o m um lugar claro no conjuntodascategoriasexicais.Talvezelesno constituamde fato uma cate-goria ndependente, assejam ma classe special e adjetivos, omosugereRadford (1988), porque vemos que existe uma relaomorfolgicaconsistente ntreadjetivose os advrbios ormadosem-mente,queconstituem a verdade m conjuntomuito maior do queo sugeridopela gramtica radicional, que os resumea advrbiosdemodo, simplesmente.Radford observaque esta elao muito pro-dutiva, dadoque qualquernovo adjetivo criado permite a forma cor-respondente o advrbio.Alis,algumas ezeso advrb io em a mes-ma forma do adjetivo,como alto ourpido, por exemplo.Adicional-mente,adverbiose adjetivospermitembasicamente mesmoelencode 'intensificadores'ou 'modificadores',como muito ou bastante,de complementos independente e mim ou independentementeemim. A observao rucial de Radford que advrbiose adjetivosestoem distribuiocomplementar, o sentidode que os ltimosmodifcamnominais,enquanto sprimeiosmodificamconstituintesnonominais verbais, djetivais, reposicionais tc).Ora, seem teo-ria lingstica absolutamente aturalanalisarelementos m distri-buiocomplementar m geralcomopertencentes mesmaclasse,concluso nescapvel queadvrbiose adjetivospertencema umanica e mesmacategoria.O problemaestaria esolvidose advrbiosem -menle fossemos nicoselementos hamados dvrbios as nguas.Mas o fatocon-

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    ceto queonlem ou mesmonxuito o ambemchamados e advr-bios e mesmoos adr,rbios m -mente soem muitos casosde talmodo diferentes ntresi no quediz respeito suadistribuio, uesomos brigados quia admitirqueumadescrio dequada osad-verbioscomportaria omplicaes ue,parao nvel desteManual,so nsuperr,eis,azo elaqual maginaremosimplesmenteuesetratade uma categoriaexical,Adv, queprojetacomotodasasoutrascategorias nvel intermedirio, dv', e o nr'el mximo,AdvP.Oleitor nteressadoodeconsultar sobras itadas abibl iografiaadi-cionaldeste aptulo.4.2. Ncleo funcional

    Alm dosncleosexicais, dicionriomentalcontmos n-cleos uncionais, uesedistinguem osprimeiros elasua ncapacidadede s-selecionar rgumentos.Os ncleos uncionais ambm encabe-amconstituintes uja estruturao ditadapelaTeoriaX-barra.As-sim, eles m um complemento podemdisporde uma posiodeSpec. A relaodo ncleo uncionalcom seucomplemento o e des-seleo,por ssosediz queo ncleoapenas -seleciona eucom-plemento, sto , aoselecionar complemento,em em vistaapenascategoria c- abreviacategoria) qualele devepertencer. estecaso,por exemplo, econsideramosflexoverbal tempo-modo nme-ro-pessoa)omoum ncleo uncional, ntoelavai c-selecionar mconstit l l inte acategoria osverbos omocomplemento. u seja, mVP.Esta uma ormade traduzira seguintedeia:como a flexodetempo-modo de nnrero-pessoaum afiro r-erbal. la s secombi-nacom sc-seleciona)erbos: f az sso em evarem consideraoo tipo semntico o verbo.Tambem especif icad