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Page 1: miolo RevistaBang9 emendas comCurvas · limbo de onde nem uma enciclopédia de FC o conseguiu resgatar. E estas dezenas de capas continuam a sugerir a questão: quem foi ... O SÍTIO

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E todo esse negro! The Dark Light-Years tinha sido o título de uma novela de Brian Aldiss de 1964 e, não fosse pelo seu lado satírico que falta a estas capas tão serenas e “sérias”, poderia bem ter sido o motto a guiar James na sua tarefa. Em 1967 a Ficção Cientí ca era, nas capas dos paperbacks nos dois lados do Atlântico e também no cinema, uma experiência colorida. “Cor” era quase um sinónimo deste género. Mas, na televisão, a FC era igualmen-te popular e ainda coada pelo intenso contraste monocromático. Séries como The Twilight Zone, Outer Limits ou Dr. Who traziam um confronto semanal com um imaginário a preto-e-branco, e em detalhes dos seus genéricos podemos encontrar um perfeito contexto visual para algumas das capas de James, com um pendor para a abstracção que ecoa nitidamente no portfolio do SFBC. E a FC que vinha de França, altamente imaginativa, como Alphaville de Godard ou La Jetée de Chris Marker (muito elogiado por Ballard pelo seu lado “heterodoxo” nas páginas da New Worlds em 1966), era toda lmada num preto-e-branco intenso.

Simplicidade, contenção tipográ ca, referências “eruditas” e modernistas (como não pensar nas raiogra as de Man Ray?) inven-tividade no uso dos recursos (uma simples inversão da foto de uma silhueta humana sobre uma superfíce molhada dá uma capa antológica para The Werewolf Principle de C. Simak), uma noção de conjunto sem perda das necessidades individuais de cada título. Eis o programa para esta pequena revolução na imagem da FC que durou menos de cinco anos: o termo do trabalho de James para o SFBC poderá ter-se devido às mesmas causas que o levaram até ele, mas o certo é que a partir de 1971 a qualidade das capas do clu-be entra em queda acentuada, até à sua extinção no início dos anos 80. A “new wave” dispersou-se, a FC regressou à sua paixão pelo pulp e pelo excesso, os aerógrafos trouxeram de volta as naves e as alienígenas antropomór cas, o preto-e-branco começou a ser uma coisa do passado com a TV a cores, e Terry James entrava num limbo de onde nem uma enciclopédia de FC o conseguiu resgatar. E estas dezenas de capas continuam a sugerir a questão: quem foi Terry James? O copyright das imagens das capas reproduzidas perten-

ce aos seus designers/ilustradores e/ou editoras, todos devidamente identifi cados.

O autor nasceu em Luanda em 1971, e é designer gráfi co e editor no projecto Livros de Areia. Tem textos sobre livros e design gráfi co publicados na revista “Os Meus Livros” e nos projectos PNETdesign (http://www.pnetdesign.pt) e Alice (http://www.clubalice.com). Edita também o blogue Montag (http://pedromarquesdg.wordpress.com).

A Ficção Científi ca (ainda) a preto-e-brancoO preto-e-branco intenso do ecrãs de TV e de alguns fi lmes “heterodoxos” de FC era ainda uma referência visual muito poderosa no fi nal dos anos 60. São claras as ligações entre muitas das capas de James e alguns dos genéricos de séries como Dr. Who ou Outer Limits. De cima para baixo, da esquerda para a direita: fotograma de La Jetée de Chris Marker (1962); frame do genérico de The Outer Limits(1963); frame do genérico de Dr. Who (1963, design de Bernard Lodge); frame do genérico de The Tomorrow People(1973; ainda que posterior ao período de 1967-1971, o ge-nérico desta série inglesa inscreve-se nos mesmos moldes visuais dos precedentes); fotograma do genérico de Secondsde John Frankenheimer (1966; design de Saul Bass).

PÁGINA SEGUINTEO negrume alastra-seAlgumas capas dentro do género que, mesmo usando a cor, optaram por soluções análogas às que que James empregou. A da Panther é do mesmo período destas capas do SFBC, e revela, tal como muitas outras na série de FC dessa editora de paperbacks, enormes semelhanças no tratamento das imagens e no gosto pela abstracção a partir de detalhes fotográfi cos. Uma série mais recente, mas que remete nitidamente para a do SFBC pelo seu rigoroso preto-e-branco, é a da “Totally Space Opera” da Gollancz. Ainda assim, trata-se de manifestas excepções num género ainda dominado pelo colorido intenso e pela representação naturalista. De cima para baixo, da esquerda para a direita: capa da primeira edição hardback de Behold the Man de Michael Moorcock (1969, ed. Allison & Busby, design/foto de Gabe Nasemann); capa da edição hardback de Psycho-gest de L.P. Davies (1967, ed. Doubleday); capa da edição paperback de Twilight Journey de L.P. Davies (1969, ed. Sphere); capa do n.º 1 da revista Interzone (1982, design de Philippa Bramson); capa da edição paperback de The Day of Forever de J.G. Ballard (1967, ed. Panther); capa da edição paperback de Ringworld de Larry Niven (2009, ed. Gollancz, série “Totally Space Opera” design de Sanda Zahirovic).

R A S C U N H O Sa c r i s a l ve s . wo rd p re s s . c o m

A BONECA DE KOKOSCHKA A F O N S O C R U Z

Menos fantástico que os anteriores livros de Afon-so Cruz, mas igualmente fabuloso, este romance desenvolve várias perso-nagens cujos destinos se interligam, iniciando-se com um tom infantil e fra-ses desconexas enquanto acompanha um rapaz e um tolo na cidade de Dres-

den. Com o crescimento do rapaz e a introdução de novas personagens, também a complexidade aumenta, o tom amadurece e a história se torna cada vez mais cativan-te e glamorosa, entre traições e desilusões, onde uma boneca de madeira, fruto de uma paixão, é temporaria-mente espectadora. / Cristina Alves

B E L A LU G O S I I S D E A Db e l a l u go s i i s d e a d . b l og s p o t . c o m

O SÍTIO DAS COISAS SELVAGENS D A V I D E G G E R S

Ao fugir de casa após um desentendimento familiar, Max embarca numa via-gem que o leva a uma ilha habitada por “criaturas selvagens”, e de quem se torna rei… Foi no decor-rer da adaptação cinema-tográfi ca que David Eggers foi convidado a escrever a novelização. E assim,

o curioso livro infantil de Maurice Sendak, “Where the wild thing Are”, de 1963, fi cou mais adulto, mas sem nunca perder o melhor da infância. / Rui Baptista

S E G R E D O D O S L I V R O Sw w w. s eg re d o d o s l i v ro s . c o m

ALEX 9 – A COROA DOS DEUSES M A R T I N S . B R A U N

Um livro de leitura voraz, repleto de acção e de per-sonagens fortes. A sequên-cia de acontecimentos evo-lui de forma frenética mas não deixa que a história peque pela falta de pro-fundidade. O número de personagens pode ser assustador, mas grande

parte delas acabam por ser surpreendentemente fortes e apelativas. Uma harmonia inesquecível entre fi cção científi ca e o género fantástico.