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Agradecimentos Agradeço a minha esposa Patrícia, minhas filhas Cecília e Sophie, a meus pais Inêz e José, ao meu orientador de Mestrado Prof. Dr. Wilson Trigueiro de Souza, meu orientador de Doutorado, Prof. Dr. Giorgio de Tomi, à USP, e especialmente a Deus.
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Pg. Índice ii Resumo vii Abstract ix Introdução 1 1-Fatores significantes afetando os preços do minério de ferro desde 1958 3 2-O mercado de minério de ferro 12 2.1 -Produção 12 2.2- Comércio de minério de ferro 16 2.3- Pelotas 23 2.4- Transporte transoceânico de minério de ferro 25 2.5- Preços para minério de ferro 26 3- Produção mundial de aço em 1998 e o uso de minério de ferro 37 3.1 -Produção de aço bruto 3.2- Produção de ferro gusa 40 3.3 -Produção de ferro para redução direta 47 3.4- Consumo de minério de ferro 43 3.5- Minério de ferro versus produção de aço bruto 40 3.6- Estoques de minério de ferro 46 3.7- Substituição do aço 57 4- Minério de ferro no mundo: retomada de crescimento 59 4.1- Reservas 61 4.2- Produção 63 4.3- Consumo mundial 67 4.4- Mercado internacional 69 4.5- Perspectivas 75 5- Minério de ferro no Brasil: reestruturação e crescimento 78 5.1 -Reservas 79 5.2 -Produção 80
5.3-Reestruturaç&o e investimentos
5.4- Vendas internas e exportações 83
5.5 -Perspectivas 87
5.6- As previsões para o mercado de aço 89
5.7 -Previsões para o mercado de minério de ferro 90
6- Conclusões 91 7- Bibliografia e referências bibliográficas 97
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 -Preços para pelotas de minério de ferro brasileiras 10
Tabela 2- Preços para finos de minério de ferro brasileiros 10
Tabela 3- Produção de minério de ferro em 1989 e 1997/98 12
Tabela 4- Importações e exportações de minério de ferro em 1989 e 1997/98 16
Tabela 5- Capacidade instalada, produção e exportações de pelotas 24
Tabela 6- Produção de aço bruto (1989 e 1997/98) 37
Tabela 7- Produção de aço bruto quadrimestral 38
Tabela 8- Mercado internacional de aço (1996-1998) 39
Tabela 9- Parâmetros de utilização do minério de ferro 45
Tabela 10- Mudanças nos estoques de minério de ferro(1993 -1998) 47
Tabela 11- Mudanças no comércio de minério de ferro entre 1997 -1998 47
Tabela 12- Reservas mundiais de minério de ferro em 1999 61
Tabela 13- Produção mundial de minério de ferro (1995 -1999) 64
Tabela 14- Principais empresas produtoras de minério de ferro em 1999 66
Tabela 15- Produção mundial de minério de ferro(] 9950 -1999) 67
Tabela 16- Importações mundiais de minério de ferro (1995 -1999) 70
Tabela 17- Maiores exportadoras de minério de ferro (1995 -1999) 71
Tabela 18- Prod. de aço bruto x consumo mundial de minério de ferro e \sucata 75
Tabela 19- Comportamento do consumo mundial de minério de ferro (1993 - 2010) 77
Tabela 20- Produção brasileira de minério de ferro -1999 80
Tabela 21 -Exportações nacionais de minério de ferro 84
Tabela 22- Evolução do consumo interno, exportações e preço médio 86
Tabela 23 -Evolução do preço de exportação do minério de ferro 86
Tabela 24- Prod. brasileira de aço bruto X consumo de minério de ferro no Brasil 87
Tabela 25- Estimativa do consumo de minério de ferro no Brasil 88
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 -Preços para pelotas de minério de ferro brasileiras 6
Figura 2- Preços para finos de minério de ferro brasileiros 6
Figura 3- Produção brasileira de minério de ferro (1950 -1998) 11
Figura 4- Produção de Ininério de ferro na década de 90 13
Figura 5- Produção mundial de minério de ferro no período de 89 -98 15
Figura 6- Exportações mundiais de minério de ferro (1989-1999) 19
Figura 7- Exportaçoes de minério de ferro da Austrália(1989 -1999) 20
Figura 8- Exportações de minério de ferro do Brasil ( 1989 -1999) 21
Figura 9- Principais países exportadores de minério de feno 22
Figura 10-Exportações de minério de ferro para o Japão 27
Figura 11- Preços de minério de ferro (1980 -1999) 28
Figura 12- Preços de minério de ferro para o Japão 29
Figura 13- Preços e exportações de minério de ferro(1980 -1999) 29
Figura 14- Preços e exportações de minério de ferro 1987=100% (1980 -1999) 30
Figura 15- Preços de finos para a Europa (1992 -1999) 31
Figura 16- Preços de pelotas para a Europa (1992 -1999) 32
Figura 17 -Preços de granulados para a Europa (1993 -1999) 33
Figura 18- Preços de finos para o Japão (1992 -1999) 34
Figura 19-Preços de pelotas para o Japão(1992 -1999) 35
Figura 20- Preços de granulados para Japão (1992 -1999) 36
Figura 21- Consumo de aço na UE(12) (1992 -1999) 48
Figura 22- Produção e consumo de aço na UE (1992 -1999) 49
Figura 23- Consumo de aço na Europa (1992 -1999) 50
Figura 24- Consumo de aço na América do Norte (1992 -1999) 51
Figura 25- Consumo de aço na América do Sul e Central (1992 -1999) 52
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Figura 26 -Produção e consumo de aço no Brasil 53
Figura 27- Consumo de aço na África e Oriente Médio (1992 -1999) 54
Figura 28- Consumo de aço na Ásia e Oceania (1992 -1999) 55
Figura 29- Consumo de aço nos vários COI l fincntes (1992 -1999) 56
Figura 30- Distribuição das reservas de minério de ferro por paises 62
Figura 31- Produção mundial de minério de ferro (1995 -1999) 65
Figura 32- Consumo mundial de minério de ferro(1995-1999) 68
Figura 33- Consumo de minério de ferro 68
Figura 35- Mercado transoceânico 69
Figura 36- Destino das exportações Austrália 72
Figura 37- Destino das exportações Brasil 72
Figura 38- Principais Empresas do setor mineral 73
Figuras 39 e 40- Comparação dos destinos das exportações 85
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Abstract This paper summarizes the main features of the iron ore market in 1998: the iron ore production anal trade. Chapter I analyzes the development of iron ore prices and freight rates in relation to the world's iron ore exports and its present data, necessary for readers to draw their own conclusions. The recent developments in global iron ore consumption and its demand factors are summarized in chapter II: the production of pig iron, DRI and crude steel. Regarding areas, important for the international trade in iron ore, is presented data on recent developments in apparent steel consumption and in steel trade. For the western world as a whole is taken the relationship of its consumption of ore with the three demand factors referred to above. Information on the development of the iron ore stocks is the goal of chapter 11.
Chapter III presents the outlook for 1999 and 2000 for the western world, for the steel market first, then for the iron ore market. Chapter IV and V presents detailed information on iron ore developments in individual countries, including information on changes in company ownership and on likely changes on iron ore output capacities, as well as foresees on the market development till 2010.
Resumo
Esta dissertação analisa o comportamento do Mercado de minério de ferro em relação ao
seu consumo, produção e comércio. São também levados a discussão os fatores que
influenciam o modelo de comércio tais como demanda, comércio de aço e as divisões entre
fornecedores dos C) vários mercados de importações.
O objetivo foi o de se estabelecer uma relação entre o mercado de minério de feno e a
indústria de aço, analisando-se a posição do Brasil em relação ao mercado consumidor
diante de sua reestruturação, considerando os fatos marcantes ocorridos nas últimas
décadas do século XX.
A metodologia utilizada foi a coleta dos dados a partir de fontes primárias e secundárias no
intuito de se gerar um material passível de observação, interpretação, avaliação e opinião,
de forma a se comprovar a ocorrência de fatos políticos, sociais e eco nômicos que
caracterizam o comportamento da indústria de extração de minério de ferro. Segundo a
metodologia adotada. a dissertação foi dividida em oito partes. O capítulo I oferece uma
breve introdução ao assunto, considerando algumas definições importantes para o
desenvolvimento da dissertação. São tratados os aspectos tecnológicos, políticos c
econômicos que influenciaram a determinação dos preços do minério de ferro desde a
década de 1950.
O capítulo II sumariza as principais características do mercado de minério de ferro em
1998, como produção e comércio. Também analisa o desenvolvimento de preços de
minério de ferro e taxas de embarques em relação às exportações mundiais de ferro.
O capítulo III apresenta os desenvolvimentos no consumo mundial de minério de ferro, e
seus fatores de demanda: a Produção de ferro gusa, ferro para redução direta e aço cru. A
respeito de áreas importantes para o comércio internacional, o capítulo apresenta dados de
desenvolvimentos recentes no consumo aparente de aço e no comércio de aço. Para o
mundo ocidental como um todo, é analisada a relação entre o consumo de ferro com os
três fatores de demanda, mencionados acima. O capítulo termina com informações sobre o
desenvolvimento de estoques de minério de ferro.
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Os capítulos IV e V apresentam as perspectivas para o ano 2000 para o mundo ocidental,
sendo primeiro para o mercado de aço e então para o mercado de minério de ferro. São
apresentadas informações detalhadas do desenvolvimento do minério de ferro nos
principais países produtores, incluindo informações sobre mudanças de proprietários, e
capacidade de produção. São também mostradas perspectivas para o mercado de minério
de ferro e aço até 2010.
O capítulo VI retoma algumas informações de um artigo apresentado em uma conferência de minério de ferro apresentada em novembro de 1997, acrescentando alguns comentários à luz do que se passou desde então. São também apresentadas algumas tabelas, com estatísticas sobre produção de minério de ferro, exportações e importações no período de 1989-98 e dados de desenvolvimento na produção de aço bruto, ferro gusa e ferro para redução direta.
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Introdução Em 1998, a produção total de minério de ferro no mundo ocidental, foi apenas 1%
menor que o recorde estabelecido no ano anterior. A produção de ferro gusa e aço bruto
declinaram em 2% e 3% respectivamente.
O comércio internacional de minério de ferro declinou em 1998 em torno de 2,5%. O
modelo deste comércio foi influenciado por (1) mudanças regionais na demanda por aço,
(2) mudanças no comércio de aço e (3) mudanças consideráveis nas divisões de mercado
entre os fornecedores nos vários mercados de importações de minério de ferro.
A produção de pelotas do mundo ocidental em 1998 foi similar àquela de 1997. Suas
exportações totais, das quais 77% provenientes do Brasil, Canadá e Suécia, caíram em
3,4%. A capacidade de produção de pelotas por área aumentou de 1997 a 1998 em 8,9%
(17,5 milhões de toneladas). Uma vez que não há previsão de novas plantas em operação
para este e para o próximo ano, a indústria de pelotas está em clara estagnação.
Esta estagnação está ao menos parcialmente ligada ao declínio da situação da indústria
de ferro para redução direta. Enquanto a produção mundial de ferro para redução direta
em 1998 continuou a crescer, desde o inicio de 1999, foi muito menor que no ano
anterior. Por outro lado, a capacidade de produção de ferro para redução direta nos
últimos dois anos expandiu de 7,5 milhões de toneladas (+20%) e novas plantas
adicionais, com a capacidade de aproximadamente 10 milhões de toneladas, foram
inauguradas em 1999.
A rodada anual para negociações de preços resultou em 1999, para finos e granulados de
minério de ferro, em um declínio por volta de 10,6%. As pelotas baixaram em torno d e
13%. Com esta queda, os preços para 1999 foram os menores da década de 1990, exceto
em relação aos de 1994.
As taxas de fretes de minério de ferro, que em 1996 e 1997 já estavam em um nível
relativamente baixo, caíram mais ainda em 1998, sendo para a Eu ropa Ocidental em
torno de 26% e para a rota Brasil - Japão por volta de 40%. Taxas tão baixas não eram
vistas desde 1986.
1
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Em 1999, a produção de aço bruto mundial caiu por volta de 4,5% e a produção de
minério de ferro caiu em 6%, tendo havido também uma queda nos estoques de minério
de ferro. Dado que a redução prevista para a demanda total de minério de ferro deverá
ocorrer parcialmente nos países produtores, as exportações totais nos países ocidentais
devem declinar em mais de 3% (13 milhões de toneladas). Quase toda a redução será em
função da diminuição de importações no Japão e União Européia.
Para o ano 2000, a única mudança significativa, na produção de aço bruto, foi uma
recuperação na União Européia e nos EUA, provavelmente na ordem de 4%. Nenhuma
recuperação era esperada para o Japão. Uma recuperação na produção e exportação total
de minério de ferro do mundo ocidental aconteceu na ordem de 2,5%.
Neste cenário, visando à garantia de competitividade as empresas de mineração de ferro
tendem a aumentar o fornecimento de pelotas para a produção independente de HBI (Hot
Briquetted Iron)/DRI (Direct Reduction Iron), e em um futuro próximo, estrategicamente
criar as suas unidades próprias de redução direta, integrando -se verticalmente à produção
de placas.
1 -Fatores significantes afetando os preços do minério de ferro desde 1958
Dentre os fatores que afetaram os preços do minério de ferro desde a década de 50,
podem-se citar, como sendo os principais, os seguintes:
1973-75 Embargo do petróleo pela OPEP - Organização dos Países Exportadores
de Petróleo.
1981-82 Recessão Aguda. 1997 Início da crise financeira Asiática O minério de ferro é usado para produzir basicamente ferro e aço. Ferro é o elemento
metálico mais utilizável, abundante e barato. Em termos metalúrgicos, 'ferro' se refere a
ligas que contém um teor de carbono alto demais para ser moldado por forja ou prensagem.
O termo 'aço' se refere a uma liga de ferro que é maleável em alguma faixa de temperatura e
contém carbono, manganês e normalmente algum outro elemento de liga. O aço é
produzido a partir dos processos alto forno ou BOF (Basic Oxigen Furnace) ou EAF
(Eletric Arc Furnace) .Os processos alto fomo e BOF produzem primeiro ferro por fusão
de minério em um alto forno e então utilizam este ferro para fabricar aço cm um BOF.
No processo EAF, sucata de aço e ferro e normalmente ferro para redução direta são
fundidos para produzir aço.
Quase todo o minério de ferro (98%) produzido no mundo é utilizado para fabricação de
aço, seu preço é então determinado pelo que os produtores estão dispostos a pagar. com
base no comportamento do minério de ferro no processo de fabricação - se aumenta ou
diminui os custos de produção do aço. O comportamento do minério de ferro no proce sso
de fabricação do aço é determinado por sua composição química c por sua fórmula ou
estrutura, ambos afetando a produtividade do alto forno. Os constituintes químicos que
afetam a produtividade de um alto fomo são o teor de ferro. teores de alumina e s ílica,
umidade, impurezas e teores de dolomita e calcário.
3
As formas que afetam a produtividade de um alto forno - finos (de minério de ferro), granulados
e pelotas são produtos de mercado primário. Quantidades menores de concentrado de minério
são também vendidas. Finos são definidos como sendo minério de ferro com a maioria das
partículas menores que 4,75 mm de diâmetro (3/'16"). Granulado é o minério com a maioria as
partículas medindo mais que 4,75 mm de diâmetro. Finos e granulados são produzi dos a partir
do mesmo minério, sendo separados por peneiramento e classificação. Nenhum dos produtos é
concentrado. Um aglomerante é acrescentado ao concentrado do qual se produzem pelotas
verdes. As pelotas são então passadas por um forno onde são endurec idas, tendo um tamanho
final em tomo entre 9,55 mm e 16,00 mm (3/8" e 5/8").
Embora foros e granulados custem o mesmo para serem produzidos, os finos alcançam um preço
menor, pois precisam ser sintetizados antes de serem alimentados nos altos fornos. Isto é feito
no sentido de melhorar a permeabilidade do queimador e para prevenir perdas até a pilha de
estocagem. As pelotas e os granulados podem ser alimentados diretamente no alto forno, mas há
a possibilidade de crepitação no fomo, o que diminui o seu valor para o mercado. As pelotas são
usualmente a forma mais desejada de minério, pois contribuem ao máximo para a produção do
alto forno. A segunda forma mais desejada é a de granulados, em temos de produção do alto
forno. A forma menos desejada é a de finos, que deve ser aglomerada (sintetizada), normalmente
pelo produtor de aço, antes de ser carregada nos altos fornos.
Se a química e a estrutura de um minério são favoráveis, então os custos de fabricação de aço e
feno são reduzidos, e interessa ao produtor de aço pagar um melhor preço unitário por este
minério que por outro minério de características menos favoráveis. Embora um minério com um
alto teor de ferro c uma boa estrutura seja desejável para aumentar a produtividade de um alto
forno, deve ser dada preferência a um minério com características menos favoráveis,
4
se seu custo for baixo o suficiente para compensar suas características metalúrgicas e
físicas. Tal flexibilidade não existe no processo de redução direta, onde os parâmetros de
qualidade do minério são muito restringentes. O processo de redução direta historicamente
tem sustentado preços superiores aos de alto fornos. Estão sendo desenvolvidos processos
de redução direta a partir de finos.
A preferência dos produtores por aço a o invés de finos é refletida nos preços. De 1976 a
1998, o preço médio para finos de minério de ferro brasileiro foi de US$ 27,03/t. A média
para pelotas brasileiras foi de US$ 44,31/t. Embora os preços tenham subido de 1976 a
1998, eles caem quando ajustados pela inflação. Os preços para finos em dólares atuais
caíram em 52,3%, e o preço das pelotas em dólares atuais aumentaram em 56,25% no
mesmo período (TEX -REPORT, 1999). O desenvolvimento dos preços para finos c para
pelotas de minério de ferro brasileiros pode ser visto nas Figuras I e 2, cujos dados foram
obtidos a partir das Tabelas 1 e 2, respectivamente. O fator de ajuste da inflação utilizado
foi o Índice de Preços para o Consumidor (1PC) para todos os consumidores urbanos dos
EUA a partir do US Bureau of Labor Statistics. O IPC teve como base o ano de 1992.
Outro fator que afeta o tipo de minério que deve ser usado é a demanda pelo aço.
Quando a demanda é baixa, produtores de aço europeus e japoneses mudam para finos,
pois não precisam se preocupar com metas de produção. Em um mercado mais aquecido,
são consumidos mais pelotas e granulados.
Até a década de 80, havia duas estruturas internacionais de preços de minério de ferro, a
América do Norte e os demais países de economia de mercado. (Franz Stemberg e
Strongman, 1986). Na América do Norte, mais de três quartos da capacidade de produção
de minério de feno eram de propriedade dos consumidores, as companhias integradas de
aço. Estas condições de propriedades levaram a um sistema de preços onde ao s produtores
eram pagos os custos de produção acrescidos de custos de gerenciamento e "royalties".
5
Além disso, havia a pouca necessidade de serem competitivos ( Markus, Kirsis e Kakela,
1996). A demanda era alta e a indústria americana estava crescendo, como a 25 anos. O
uso de pelotas expandiu desde a primeira comercialização em 1955 até uma capacidade
máxima de produção instalada de 127 milhões de toneladas em 1980. As Figuras 1 e 2
mostram o desenvolvimento dos preços para pelotas e finos de minério de ferro brasileiros.
Figura 1 -Preços para pelotas de minério de ferro brasileiras
Figura 2-Preços para finos de minério de ferro brasileiros
Fonte William Kirk (2000)
6
Em 1982, algumas mudanças estruturais de maior significado ocorrer am na indústria de
minério de ferro dos EUA. uma das quais foi o desenvolvimento de um mercado local
americano de pelotas ("US Spot Market"). Nesse mercado, a maioria das vendas é
negociada individualmente, com os contratos sendo fechados diretamente entre o
comprador e o vendedor. O mercado local levou ao início da competição de preços e a
derrubada do sistema de preços dos Lagos Inferiores, que serviu de referência para a
indústria do aço por 100 anos. Antes de 1982, existiam apenas vendas anuais, contrat os de
plurianuais ou transações de propriedades iguais. A indústria de minério de ferro norte
americana teve que cortar a capacidade e diminuir os preços de forma a se tornar
competitiva com os materiais importados. Isto significou que a indústria teve de diminuir
os custos para se manter no negócio, o que foi possível através do aumento de
produtividade da mão de obra, corte dos salários, negociação de "royalties" e contratos
forçando menores custos, o que levou os fornecedores a baixar os custos de materi ais,
legisladores a cortar taxas e débitos de pagamentos. O resultado foi dramático. As minas
norte americanas de minério de ferro cortaram os custos cm 30%, reduziram a capacidade
de produção em um terço e diminuíram os custos em 42%. Os produtores domést icos
continuaram seus esforços em reduzir custos. O mercado local se manteve e com a redução
da participação dos produtores de aço nas propriedades de minas para 63%, cresceu
fortemente.
O preço do minério de ferro exportado é determinado por forças de me rcado. Existem dois
preços importantes para o minério de ferro: um para os preços de minério no mercado
europeu e outro para o minério no mercado japonês. Todos os preços são anuais, em
dólares americanos, o que facilita a comparação. O sistema de preços é fixado
considerando-se as variações do ferro contido. Os preços são cotados em centavos de
dólares por tonelada de unidade de ferro. Uma unidade corresponde a 1/100. ou 1% do
peso de uma tonelada de ferro. Isto quer dizer que, uma unidade de tonelada métr ica
corresponde a 1/100 de uma tonelada métrica, ou seja, o produtor que comprar 1 tonelada
métrica de minério, que tem aproximadamente 65% de ferro vai pagar por uma tonelada de
ferro contido e vai receber 1,5 toneladas de minério.
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Estes preços são usualmente regulamentados durante lentas negociações entre produtores de
minério de ferro brasileiros e produtores de aço alemães c entre produtores de minério de ferro
australianos e produtores de aço japoneses. A Austrália e o Brasil detêm juntos 62% do mercado
mundial de minério de ferro transoceânico, cada um com percentuais aproximadamente iguais do
mercado. O próximo grande exportador tem apenas 6% do mercado. A Europa e o Japão têm,
juntos 53% da participação no mercado mundial de importações, o próx imo grande importador
tem 12%. O preço aplicado para o minério de ferro europeu é aplicável para o ano que começa
em 1 de janeiro. Para minérios enviados ao Japão, os preços são fixados para o ano fiscal
japonês, que começa em 1 de abril e termina em 31 de março. O preço para finos de minério de
ferro é ajustado primeiro, pois é o tipo de minério mais utilizado na Europa e Japão. Os preços
para pelotas e granulados têm como base os preços dos finos.
A recessão no consumo mundial de aço, que foi conseqüência da crise no mercado de petróleo
provocada pela OPEP na década de 1970, criou uma pressão descendente nos preços do minério
de ferro, como pode ser visto nos preços de finos brasileiros para 1978, o mais baixo nível,
desde 76 até 98. Após a recuperação dos preços verificada em 1982, a recessão de 81/82,
combinada com o aumento da capacidade de produção das minas australianas, brasileiras e
venezuelanas, criou uma situação de excesso de oferta. Durante este período, 16% da capacidade
de produção de aço dos EUA foi fechada permanentemente.
A produção de minério de ferro norte americana caiu de 73,4 milhões de toneladas em 1981 para
36,0 milhões de toneladas em 1982.
Os preços continuaram a cair até 1989, quando as condições econômicas começaram a
melhorar. A diminuição da produção de aço provocou uma queda dos preços até 1994, quando
começaram a subir em função do aumento da produção que se verificou a partir de então. Em
1997, os produtores de aço dos EUA aumentaram os carregamentos pelo sexto ano
consecutivo, o mais longo período de ascensão de toda a sua história.
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Durante a segunda metade de 1998, a indústria de aço americana se tornou uma vítima da
crescente crise financeira mundial (Hogan, 1999). Com o aumento da recessão econômica
asiática, a demanda de aço e as oportunidades de exportações ficaram restritas à região c
produtores de aço regionais, particularmente no Japão e na Coréia, começaram as
diversificações de seus produtos para exportações, muitos destinados aos EUA. Em função
da demanda de aço, os carregamentos de aço a partir dos EUA declinaram em 3%. A baixa
produção de aço nos EUA e no resto do mundo em 1998 forçaram os preços dos finos de
minério de ferro brasileiros a caírem para US$ 26,96, um decréscimo de 9,2%. As tabelas 1
e 2 mostram o desenvolvimento dos preços para pelotas e finos brasileiros. A produção
brasileira de minério de ferro de 1950-1999 é mostrada na Figura 3.
9
Tabela 1 – Preços para pelotas de minério de ferro brasileiras
Ano Preço Ano Preço Ano Preço Ano Preço 197643.8 198247.5 198840.35 199443.64 197742.8 198339.0 198947.33 199549.14 197836.4 198436.0 199051.6 199652.4 197939.96 198536.0 199152.15 199752.1 198047.05 198636.6 199248.47 199853.56 198143.05 198736.7 199343.64
Preços para Pelotas de minério de ferro brasileiras, fob Porto de Tubarão, Sistema Sul, CVRD
Fonte – Tex Report Co. Ltd. Iron Ore Manual (Various Years)
Tabela 1 – Preços para finos de minérios de ferro brasil eiros
Ano Preço Ano Preço Ano Preço Ano Preço 197622.7 198232.5 198823.50 199424.47 197723.0 198329.00 198926.56 199526.95 197821.5 198426.15 199030.80 199628.57 197923.3 198516.56 199133.25 199728.88 198028.1 198626.26 199231.62 199829.69 198128.1 198724.50 199328.14
Preços para Pelotas de minério de ferro brasileiras, fob Porto de Tubarão, Sistema Sul, CVRD
Fonte – Tex Report Co. Ltd. Iron Ore Manual (Various Years)
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Figura 3 – Produção brasileira de minério de ferro (1960 – 1998)
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0
50000
100000
150000
200000
250000
1950
1952
1954
1956
1958
1960
1962
1964
1966
1968
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2 -O mercado de minério de ferro
2.1 - Produção Em 1998, as maiores produções de minério de ferro se concentraram no Brasil,
Austrália, Canadá, EUA e índia, como é mostrado na Tabela 3.
Tabela 3-Produção de minério de ferro em 1989 e 1997/98
Fonte UNCTAD(1997)
Na década de 80, o ano de mais alta produção de minério de ferro, foi 1989. Na década de
90, no Mundo Ocidental. a produção de ferro se manteve em uma te ndência crescente e
alcançou um novo pique em 1997. As Figuras 4 e 5 mostram o desenvolvimento da
produção de minério de ferro na década de 90, e a participação dos países na produção
mundial no mesmo período. A produção na China e antiga URSS, que após 19 89
aumentou, caiu em seguida e se estabilizou nos últimos anos.
12
Milhões de t Variação
1989 1997 1998 1998/97 Austrália 115,57 165,7 161,1 -2.7 Brasil 153,7 187,9 183 -2,6 Canadá e EUA 99,4 100,3 101,8 l.5 Europa Ocidental 51,4 69.4 75 8,1 Resto do Mundo Ocid. 107 103.8 102,5 -1,3 Mundo Ocidental 571,9 657,7 651,1 -1 China 76,6 122,8 123 0,1 Ex-URSS 241 128,4 129,7 1 Mundo 908,4 912,3 90-5,6 -0,7
Figura 4 – Produção de minério de ferro na década de 90
Fonte UNCTAD (1999)
Em 1997 e 1998 a mudança percentual na produção de minério de ferro foi menor que a mudança na produção de ferro gusa e aço bruto. A produção mundial de aço, após
13
0
50
100
150
200
250
300
1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998
BrasilAustráliaURSSChina
aumento de 6,5% em 1997, caiu 2,8% em 1998. A produ ção de ferro gusa aumentou 5.5%
cm 1997, mas diminuiu 1,55% em 1998.
A maioria dos países produtores viu sua produção de minério cair em 1998, particularmente
na Europa Ocidental e Venezuela. Aumentos notáveis na produção aconteceram apenas no
Canadá e na índia.
A produção de aço bruto na China em 1998 ficou cm torno de 260 milhões de toneladas.
Na Tabela 3 foram feitos ajustes para se levar em consideração o fato de que são
considerados produções com teores de ferro de 29,5%, enquanto que no Mundo Ocident al,
os teores são de 61.5% de ferro, em média .
14
Figura 6 – Participação na produção mundial de minério de ferro no período de 1989 – 1998
Fonte UNCTAD (1999)
15
0
5
10
15
20
25
1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998
BrasilAustráliaURSSChina
2.2 - Comércio de minério de ferro
O comércio internacional de minério de ferro, depois de ter subido em 1997 8,5%
estabelecendo um novo recorde, caiu em 1998 em 2,5%, ou 12 milhões de toneladas. De
qualquer forma, seu volume ainda estava claramente mais alto que o do ano de 1995, que
era então o segundo ano de maior produção.
Na primeira metade de 1998, as exportações mundiais tinham sido por volta de 8,5 milhões
de toneladas maior que no período correspondente de 1997. De qualquer forma, era
duvidoso que um aumento poderia ser mantido dur ante o ano todo de 1998. Enquanto,
devido a fatores de temporadas, o comércio de minério de ferro é mais amplo na segunda
metade do ano, durante a segunda metade de 1998 as exportações mostraram um notável
enfraquecimento.
Os maiores desenvolvimentos nas importações e exportações de minério de ferro por área
para o ano de 1998 são mostrados na Tabela 4.
Tabela 4 -Importações e exportações de minério de ferro
Milhões t (Variação) 1989 1997 19981998197 Exportações Austrália 108,1 155,6 144,6 -7,1 Brasil 133,7 140,4 143,6 -2,2 Resto Mundo Ocidental 160,9 143,6 140,4 -2 2 Mundo Ocidental 382,7 439,6 428,2 -2,6 Importações Mundo 415,9 464,8 451,9 -2,8 Europa Ocidental 53,4 34,1 32,8 -3,8 União Européia 147,7 134,8 141,4 4,9 Japão 127,7 126,6 120,8 -4,6 china, Coréia, Tailândia 43 107,7 99,6 -7.5
Fonte UNCTAD (1999)
16
Em 1998, entre os principais países produtores, as exportações de minério de ferro foram
maiores que no ano anterior apenas no Brasil, Índia, Peru e África do Sul. Em outros países,
a taxa de declínio foi menor que 8%, sendo que na Suécia as exportações caíram em 13%.
Na França e Espanha, onde as últimas minas restantes foram fechadas, as exportações
deixaram de existir.
As importações de 1998 aumentaram notavelmente apenas na Europa Ocid ental e na
América Latina. As importações de minério de ferro no Canadá e em Taiwan não se
modificaram. As importações declinaram nos outros países da Ásia, particularmente no
Japão e na Coréia (-13%). As importações nos EUA caíram 8,6% e também caíram, pe la
segunda vez em 10 anos no Oriente Médio.
Pode ser notado na Tabela 4 que os dados de exportações mundiais em 1998 claramente
ultrapassam as importações mundiais em 1998. Este fato aconteceu várias vezes no período
da década de 90. Em dados anteriores d o "Irem Ore Statistics" publicado pela UNCTAD foi
encontrado durante o período de 1991 -97 um excesso de não menos que 27,1 milhões de
toneladas, localizados inteiramente na China e na União Européia.
Em relação à China, a discrepância estava quase toda concentrada em seu comércio com a
Austrália e Brasil, e foi concluído que das exportações totais à China desses dois países, pelo
menos 2 milhões de toneladas por ano não eram registradas nas estatísticas de importação de
consumidores chineses, ainda que se leve em consideração que desde 1995, anualmente, por
volta de 1,5 milhões de toneladas exportadas do Brasil para a china eram na verdade
provavelmente destinadas à Taiwan. Hoje se conclui que algumas das exportações à China
são feitas em uma base de troca, não sendo, portanto, registradas por consumidores
chineses.
Em relação à União Européia, se conclui que como parte das exportações entram pelo porto
de Rotterdam, alguma parte era destinada a outros países da União Européia.
Comparando as estatísticas de importações oficiais com as estatísticas disponíveis em
exportações para a União Européia e com estatísticas de importações para a Alemanha,
17
compiladas por uma fonte industrial alemã, é mostrado que pelo menos para os anos de 1997 e 199 8, as
estatísticas de importações dos consumidores alemães não são precisas (para 1997 são muito baixas e para
1998 muito altas).
As Figuras 6, 7, 8 e 9 mostram dados de exportações mundiais de minério de ferro no período de
1989-1998.
18
Figura 6 – Exportações de Minério de Ferro (1989 – 1999)
Fonte – UNCTAD (1999)
19
0
2 0
4 0
6 0
8 0
10 0
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14 0
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19 8 9 19 9 0 19 9 1 19 9 2 19 9 3 19 9 4 19 9 5 19 9 6 19 9 7 19 9 8
Euro p a O cid ent al
A mér i ca d o N o r t e
A mér i ca Lat ina
Á f r ic a
Á s ia
Ex -U nião So viét ic a
Figura 7 – Exportações de Mnério de Ferro da Austrália (1989 - 1998)
Fonte UNCTAD (1999)
20
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20
40
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100
120
140
1990 1993 1994 1995 1996 1997 1998
Mt
JapãoChinaCoréia do SulÁsia (outros)Ásia (total)Europa
f 8 – Exportações de minério de ferro do Brasil (1989 – 1998)
Fonte UNCTAD (1999)
21
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1990 1993 1994 1995 1996 1997 1998
Ano
Japão
China
Alemanha
Europa Ocident al
Figura 9 – Principais exportadores de minério de ferro (1989 – 1998)
Fonte UNCTAD (1999)
22
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
1990 1993 1994 1995 1996 1997 1998
Ano
Mt
Austrália
Brasil
Canadá
India
2.3 - Pelotas
A capacidade de produção de pelotas no mundo ocidental aumentou de 197,1 milhões de
toneladas e 1997 para 214,6 milhões de toneladas em 1998 como visto na Tabela 5. Este
aumento líquido na capacidade anual de 17,5 milhões de toneladas (+8,9%), foi devido ao
início de duas novas plantas no Brasil, uma nova planta na Índia e à retomada de operação de
uma nova planta na Austrália. De qualquer forma, depois do último aumento de capacidad e de
produção, nenhuma nova planta se iniciou até o final de 2000.
A produção total de pelotas no Mundo Ocidental em 1998, baseado cm dados amais
disponíveis, foi provavelmente pouco mais baixa que a de 1997. quando alcançava o nível de
185 milhões de toneladas. A taxa de capacidade de utilização média de 97% em 1997 caiu para
aproximadamente 86% em 1998. Devido à rápida deterioração do mercado de pelotas,
algumas plantas estavam ociosas ao final do ano de 1998.
As exportações totais de pelotas no mundo ocidental declinaram de 81,4 milhões de toneladas
em 1997 para 78,6 milhões de toneladas em 1998 ( -3,4%). Entre os países exportadores de
pelotas, apenas Austrália, Brasil e Peru tiveram em 1998 algum aumento nas exportações e em
todos os outros países houve queda.
23
Tabela 5-Capacidade instalada, produção e exportações mundiais de pelotas
(1995 -1998)
Capac. Produção Exportações
Países 1998 1998 1997 1996 1995 1998 1997 1996 1995
Países Baixos 44,2 4 4,4 0 0 0 0
Noruega 0 0 0,3 0,8 1,5 0 0,2 0,7 1,3
Suécia 16,3 15 15,4 15,1 14,1 9,5 10,8 9,5 9,3
Turquia 1,5 0 1 1 0,9 0 0 0 0
Europa Ocidental 22,2 20,9 20,9 20,9 9,5 11 10,2 10,6
Canadá 26 26,4 25 24,2 25,5 19,4 20,5 17,4 17,2
EUA 66 61,7 62,1 61 61,4 5 6,3 6,2 5,2
Brasil 40,9 33 31,1 29,9 28,8 31,9 30,3 29,1 27,1
Chile 4,4 4,4 4,2 4,3 3,9 3,5 3,7 3,5 3,1
México 13,7 12,5 12,4 11,4 0 0 0 0
Peru 3,5 3,2 2,6 3 3,4 2,3 1,8 2,4 3
Venezuela 9,9 7,7 9,5 9,4 8,4 1,7 2 4 2,2 2,6
América 164,4 147 144,2 142,8 64,7 65 60,8 58,2
Austrália 3,3 2 1,6 1,6 1,6 0,9 0,2 0,5 0,5
Bahrain 4 1,9 3,2 2,9 3 1,6 3 2,8 3,1
Índia 7,7 2,7 2,5 2,5 1,9 2,2 1,9 2
Irã 9 4,6 5,7 5 44 0 0 0 0
Japão 4 3,8 3,9 3,5 0 0 0 0
Ásia Oriente Médio
Oceania 28 17 15,9 15 4,4 5,4 5,2 5,6
Mundo Ocidental 214,6 184,9 181 178,7 78,6 81,4 76,2 74,4
Ex-URSS 73,2 47 41,7 48,3 11,5 10,5 12
China 20 16,3 16,2 18,3 0 0 0 0
Mundo 307,8 248,2 238,9 245,3 92,9 86,7 86,4
Fonte-UNCTAD 24
2.4 - Transporte transoceânico de minério de ferro
Em 1996, o transporte transoceânico de minério de ferro foi, de acordo com UNCTAD
(2000) de 391,3 milhões de toneladas, 430,2 em 1997 e 420 em 1998. Expressos como
porcentagem das exportações mundiais de minério de ferro, excluindo aquelas da Ex-
URSS, estes dados seriam 96,8%, 97,8% e 98.0%, respectivamen te.
As taxas de fretes de minério de ferro, que em 1996 c 1997 estavam em um nível
relativamente baixo, caíram ainda mais em 1998. Em média, em 1998 elas estavam em
relação à rota para a Europa Ocidental 26% abaixo dos preços médios de 1997, c na rota
Brasil - Japão, caíram 40%. Até o fim de 1998, as taxas de fretes para metade das rotas
relevantes caíram abaixo dos preços médios praticados neste ano. Nos primeiros meses de
1999 houve ainda um enfraquecimento, havendo algum sinal de melhoria a partir de ma io.
A figura 10 mostra que os preços de fretes alcançaram níveis não vistos desde 1986. O
gráfico também ilustra que mudanças anuais no nível médio das taxas de fretes geralmente
fortalecem aqueles das exportações do Mundo Ocidental de minério de ferro. A lém disso, a
longo prazo, as exportações tomam tendência positiva e as taxas de fretes tendem a baixar.
25
2.5-Preços para minérios de ferro
Para os sete anos anteriores a 1995, e mais recentemente em 1994, a Hamersley Ltd. da
Austrália agiu cinco vezes como líder mundial de preços, em negociações com produtores
de aço no Japão.
Para os quatro anos que se seguiram a 1994, os preços para granulados c finos foram
estabelecidos pela primeira vez entre produtores de aço japoneses e a BHP lron Ore da
Austrália. O acordo para 1998, em 21 de janeiro daquele ano, incluiu um aumento de 2,8%
nos preços dos finos e um aumento de 2,94% para os preços de granulados. O
estabelecimento dos preços para pelotas tomou muito mais tempo. Enquanto a LKAB,
fornecedora sueca, e os produtores de aço alemães entraram em um acordo em 4 de
fevereiro de 1998, com um aumento no preço de 3,8%, os preços para as pelotas
brasileiras foram ajustados apenas na segunda metade de abril. A CVRD aceitou então um
aumento de 2,8% no preço, que r epresentou uma referência para o peço da pelota,
inclusive para o mercado japonês.
Nas negociações para o preço em 1999, para todos os produtos de minério de ferro,
apenas na quarta rodada, em 76 de fevereiro, a Hamersley Ltd. voltou a ocupar a posição
de líder de preços em acordo com a Nippon Steel Co., com uma redução de 11% nos
preços de finos e de 10,2% de redução nos preços de granulados. Desde então, quedas de
preços similares ocorreram para os mercados japonês e europeu.
O primeiro acordo de preços de pelotas para 1999 se deu entre o fornecedor brasileiro
Samarco e um produtor de aço alemão. Eles concordaram em 3 de março em uma redução
de 12,5%. Seis dias mais tarde, a CVRD concordou em baixar seu preço de referência
("benchmark") em 13,26%.
Deve ser notado que as diferenças entre preços de fornecedores de um mesmo tipo de
minério se dá em função de diferenças de qualidade do minério e de diferenças de taxas de
fretes.
26
27
As Figuras 11 e 12 apresentam o desenvolvimento desde 1980 dos p reços representativos para
finos de minério de ferro, granulados e pelotas. Além do modelo cíclico que eles desenvolvem,
mostram também que o desenvolvimento do preço para o granulado foi bastante similar ao
preço dos finos. Para o período de 1994 -96 o desconto para o preço do granulado ficou
bastante grande. Para 1999, este desconto caiu para abaixo do que era cm 1995.
O preço para pelotas se desenvolveu diferentemente, principalmente antes de 1988. O desconto
das pelotas sobre finos depois de 1993 se desenvolveu de maneira similar ao do granulado.
A Figura 13 mostra uma pequena relação entre o desenvolvimento das exportações mundiais de
minério de ferro e o preço para finos. Na Figura 14, onde os preços são baseados em um índice
de 1989=100, esta relação é mais clara.
As Figuras 15, 16, 17, 18, 19 e 20 mostram o desenvolvimento dos preços do minério de ferro
para a Europa, e para o Japão, na década de 90.
Figura 10-Exportaçoes e preços de minério de ferro (1980 -1999)
60
80
100
120
140
160
180
80 82 84 86 88 90 92 94 96 98
Ano
Ind
ex 1
987=
100%
Exportação Mundial
Preço Sucata
Taxa Frete
Figura 11 – Preços de minério de ferro (1980 – 1999)
Fonte CVRD
28
80
90
100
110
120
130
140
150
80 82 84 86 88 90 92 94 96 98
Ano
INd
ex 1
987=
100%
Finos
Granulados
Pelotas
Figura 12 – Preços de minério de ferro para o Japão (1980 – 1999)
Figura 13 – Preços e exportações de minério de ferro (1980 – 1999)
Fonte CVRD
29
0
10
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30
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50
60
80 82 84 86 88 90 92 94 96 98
Ano
US
$ p
er 1
% t
on
ela
mét
rica
sec
aFinos
Granulados
Pelotas
0
5
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0,92 1,1
1,07
1,03 1,1 1
1,24
1,34 1,3
Ano
Ind
ex 8
7=10
0%
0
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60
80
100
120
140
160
Preços Finos
Eportações Mundiais
Figura 14 – Preços e exportações de minério de ferro, 1987 =100%
Fonte CVRD
30
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
1
0,92 1,1
1,07
1,03 1,1 1
1,24
1,34 1,3
Ano
Ind
ex 8
7=10
0%Preços Finos
Eportações Mundiais
Figura 15 – Preços de finos para Europa
Fonte UNCTAD (1999)
31
0
10
20
30
40
50
60
1 2 3 4 5 6 7 8
Ano
US
$ C
ents
Hamseley Finos
LKAB
Robe River Finos
MBR
CVRD Carajas
Figura 16 – Preços de pelotas para Europa (1992 – 1999) Fonte UNCTAD (1999)
32
0
10
20
30
40
50
60
70
1 2 3 4 5 6 7 8
Ano
US
$ C
ents QCM
IOC
CVRD
Samarco
Figura 16 – Preços de granulados para Europa (1992 – 1999) Fonte UNCTAD (1999)
33
0
10
20
30
40
50
60
1 2 3 4 5 6 7 8
Ano
US
$ C
ents Hamerseley
BHP
CVRD
Snim
Figura 18 – Preços de finos para Japão (1992 – 1999) Fonte UNCTAD (1999)
34
0
5
10
15
20
25
30
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1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999
Ano
US
$ C
en
ts Bailadila
ISCOR
Hamerseley
Figura 18 – Preços de pelotas para Japão (1992 – 1999) Fonte UNCTAD (1999)
35
0
10
20
30
40
50
60
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999
Ano
US
$ C
ent
s
Savage River
Nibrasco
Algarrobo
Figura 19 – Preços de granulados para Japão (1992 – 1999) Fonte UNCTAD (1999)
36
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999
Ano
US
$ C
ents BHP
MMTC
Bailadi
MBR
3 - Produção Mundial de aço em 1998 e o uso de minério de
ferro
0 minério de ferro é usado basicamente para a produção de ferro gusa e ferro para
redução direta, que por sua vez são materiais usados como base para produção de aço
bruto.
3.1 -Produção de aço bruto
Depois de um aumento histórico de 6,5% em 1997, a produção mundial de aço bruto
em 1998 caiu 2,8%.
Por áreas geográficas principais, a produção mundial de aço bruto se divide como
mostrado na Tabela 6.
Tabela 6 -Produção mundial de aço bruto(1989 e 1997/98)
M t %Variação
1989 19971998 1998/97
Europa Ocidental 162,1 175,5 175,6 0,1
Canadá 104,3 114 113,6 -04
Japão 17,9 104,5 93,5 -10,5
SubTotal 374,3 394 382,7 -2,9
China, Coréia 92,5 167,5 171,1 2,1
Europa Oriental, Ex
URSS 223,8 115,7 106,3 -8,1
Resto do Mundo 954 121,7 116,2 -4,5
Mundo 786 798,9 776,3 -2,8 Fonte UNC'TAD(1999)
Na primeira metade de 1998; a produção mundial de aço estava ainda um pouco acima
do que foi produzido no período correspondente do ano anterior, 1997, como visto na
Tabela 7. De qualquer forma, devido em pane a um grande aumento nos estoques de
aço e a uma grande queda nos preços do aço, a produção na União Européia e na
América do Norte foi cortada significamemente na segunda metade de 1998.
37
38
Tabela 7 - Produção de aço bruto quadrimestral
Q1 Q2 03 04
UE(12) 1997 37,8 41,7 38,9 41,6
1998 42,2 43,1 38,1 36.5
1999 37,5
27,4 28,2 27,9 28,7
Canadá EUA 1997 29,9 29,5 28,1 25,8
1998 24,2 23,4 23,2 22,8
1999 21,6
25,9 26,8 26,8 25,8
Japão 1997 25,9 26,8 26,8 25,8
1998 24,2 23,4 23,2 22,8
1999 21,6
10,1 10,6 10,5 11,4
Coréia 1997 10,1 10,6 10,5 11,4
1998 10 10,4 9,5 10
38
Tabela 8-Mercado internacional de aço (1996 -1998)
1996 1997 1998 1996 1997 1998
UE(12) EUA
Prod. Aço
bruto 146,6 159,9 160 95,5 98,5 97,7
P.P Equiv. 131,4 143,5 143,7 85,4 88,3 87,6
Importações 14,3 16,4 23,3 26,6 28,5 38
Exportações 31,5 28,1 24,1 4,6 5,6 5,1
Comércio Liq. -17,2 -11,7 -0,8 22 22,9 120,5
AC. Prod
Equiv. 114,2 131,8 142,9 107,4 11,2 120,5
Japão···coréia
Prod Aço
bruto 98,8 104,6 93,5 38,9 42,6 39,9
P.Equiv. 88,5 94 84,2 35,1 38,4 36
Importações 5,9 6,4 4,9 11,1 94 3,6
Exportações 19,2 22,9 25,2 10,4 11,7 17,3
Comércio Liq. -13,3 -16,5 -20,3 0,7 -2,3 -13,7
AC Prod.
Equiv. 75,5 77,5 63,9 35,8 36,1 22,3
Tailândia China
Prod Aço
bruto 12,4 16 16,9 101,2 108,9 114,3
P Equiv. 11,2 14,4 15,3 85,1 92,7 98,4
Importações 10,6 12,2 11,1 16,5 13,8 13
Exportações 3,8 5,1 5,5 7,1 8,8 5,2
Comércio Liq 6,8 7,1 5,6 9,4 5 7,8
AC Prod
Equiv 18 21,5 20,9 94,5 97,7 106,2
Aço Consumo Aparente Aço PP equiv PP-(PC +0,175CC)/I,3 CC Tonelagem de eq bruto produzido
Fonte UNCTAD As seis áreas acima tinham em 1997 um total de 4,5 milhões de toneladas de importações
líquidas de aço. Em 1998 houve um aumento para 11,5 milhões de toneladas, devido a maiores
exportações da antiga URSS. Em 1999 a produção de aço bruto caiu 8%, uma vez que seu
consumo doméstico de ferro aume ntou.
39
3.2 Produção de ferro gusa
A produção de ferro gusa em 1998 foi de 537,6 milhões de toneladas, 1.5% abaixo do ano
anterior. No Mundo Ocidental a produção de ferro gusa caiu 2,0% chegando a 338.7
milhões de toneladas, enquanto a produção de aço bruto caiu 3,2% passando a 554,8
milhões de toneladas. Isto provou de novo que as mudanças anuais na produção de ferro
gusa são, mais freqüentemente, menores que aquelas nas produções de aço bruto.
Em 1998. o maior aumento na produção de ferro gusa se deu novamente na China (+3,5
milhões de toneladas ou +3,1%). A segunda maior foi na Coréia (-I-0,6 milhões de
toneladas ou +2,6%). O Japão teve o maior declínio ( -3,5 milhões de toneladas ou -4,5%).
A Ex-URSS seguiu com um declínio de 2,7 milhões de toneladas (-4,4%). Os próximos
declínios em ordem decrescente foram de 1,4 milhões de toneladas na Índia, Polônia e
EUA. Mudanças de produção em outros países foram, pelo menos em termos relativos,
40
3.3 Produção de ferro para redução direta
A produção de ferro pa ra redução direta continuou a subir até 1998, quando alcançou 36,7
milhões de toneladas, 4,1% mais que o ano anterior, uma taxa de crescimento modesta em
relação aos anos recentes. A Tabela 8 a seguir mostra o aumento significativo de produção
no ano de 1998 nos EUA, México c Egito, e também um decrescimento na produção em
vários países, particularmente no Irã e na Malásia.
A produção de ferro para redução direta continuou a crescer não apenas em termos
absolutos, mas também como porcentagem da soma da pro dução de ferro gusa e de DRI.
No Mundo Ocidental passou de 3,4% em 1985 para 8,1% em 1995 e 9,4% em 1998.
A produção de DRI em 1998, segundo a Midrex Corp. (1999), consumiu 56,2 milhões de
toneladas de minério de ferro. dos quais 79% eram de pelotas, 19% de granulados e 2%
finos.
Dados da Midrex sobre capacidade de produção de plantas em operação mostram que, no
período de 1996 a 1998, a capacidade total expandiu de 7,5 milhões de toneladas, dos quais
2,5 milhões de toneladas nos EUA, 1,9 milhões no México e 1,0 Milhão na Venezuela.
menores aumentos de capacidades foram notados no Egito, Líbia, Índia e África do Sul.
A comparação da produção anual de DRI com a capacidade mundial no final do ano, nos
anos recentes mostra um declínio na taxa de utilização da capacidade média: 88% em
1996,86% em 1997 e 82% em 1998.
Embora certos planos para aumento de capacidade de produção de DRI tenham sido
cancelados ou adiados, durante 1999 novas plantas com capacidade total de 10 milhões de
toneladas iniciaram operação. Entre elas uma nova planta da 1311P na Austrália, além de
outras plantas na Venezuela, Trinidad, Arábia Saudita, Rússia e África do sul.
Este fato deve, pelo menos, a curto prazo, agravar a situação da indústria de DRI. Esta
situação já está bastante grave: os 11 primeiros países produtores de DRI, que em 1998
contaram com 61% da produção mundial, caíram em 1999 para 15%.
41
A matéria prima para a produção de DRI consiste basicamente de pelotas de uma certa
qualidade. Essas pelotas para redução direta são vendidas a um preço mais alto que as
pelotas padrão. O ferro para redução direta compete com sucata, que teve seu preço
declinado consideravelmente durante 1998. Não é surpreendente que o desenvolvimento a
longo prazo dos preços da sucata e de exportações de minério de fero no mundo ocidental
sejam bastante similares, visto que ambos dependem de fatores ligados à produção de ferro
gusa.
42
3.4 Consumo de minério de ferro
A nível mundial, o uso de minério de ferro pode ser visto como igua l à produção total menos as
mudanças de estoque. A produção total cm 1998 diminuiu 0.7% ou 7 milhões de toneladas.
No Mundo Ocidental, a produção de minério de ferro em 1998 diminuiu 1,0% (6,6 milhões de
toneladas). Como mostrado na tabela abaixo, a expor tação líquida de minério de ferro para a
China caiu após o grande aumento de 1997, e as exportações para a Europa Oriental diminuíram
mais tarde.
O consumo aparente de minério de ferro (calculado como produção menos exportações
líquidas) parece então em 1998 ter declinado de 0,6%. Este decréscimo foi menor que o da
produção de ferro gusa c DRI, que em 1998 caiu 1,4%, devido a uma recuperação nos estoques
em 1998, um pouco maior que em 1997.
43
Tabela 09-Parâmetros de utilização do minério de ferro
Mundo Consumo Ocidental China Total Aparente R1 R2 R3 Milhões t
1990 5,6 15,1 20,7 529,1 68,6 155,9 106,9
1991 4,2 21,3 25,5 529,4 69 157 108,3
1992 -0,1 24,7 24,6 507,5 68,6 152,4 104,5
1993 0,1 34,3 34,4 542,8 67,8 148,1 100,4
1994 1 41,9 42,9 577,1 68,2 153,2 104,5
1995 5,2 45 50,2 577,1 67,2 158,5 106,5
1996 4,9 45,6 50,5 581 4 67,1 160,9 108,8
1997 4,1 58,5 62,6 594,8 66,1 157,1 103,8
1998 3,3 56,8 60,1 591 67,3 158,2 106,5
Fonte UNCTAD(1999)
A taxa R2 não mostra tendência de declínio, ou aumento. Na v erdade, como R2 é em principio
quase somente determinado pelo teor médio de ferro contido no minério usado no Mundo
Ocidental, teor que por si tem se mantido bastante estável por perto de 62%, R2 deveria ser
virtualmente uma constante.
Isto implica que a mudança anual nos valores de R2 deve refletir uma mudança nos estoques totais de minério de
fero, uma mudança que deve ser anualmente diferente em direção ou magnitude. Enquanto o crescimento na
produção de aço bruto explica a tendência a aumento no consum o aparente de minério de ferro, algumas mudanças
se dão em função de mudanças ocorridas em R2.
Finalmente, a mudança anual em R3 é usualmente causada por mudanças em R2, uma vez que
são maiores que as que ocorrem com RI.
44
3.5 -Minério de ferro versus produção de aço bruto
A relação de consumo de minério de ferro e a produção de aço bruto não são diretamente
proporcionais nem estáveis, uma vez que o aço bruto produzido por fornos de Arco
Elétrico usa principalmente sucata de ferro e/ou DRI. Um outro processo de fabricação de
aço usa ferro gusa, em um grau variável, com sucata de ferro como substituto.
A Tabela 9 mostra os resultados anuais para o Mundo Ocidental para os três seguintes
parâmetros:
RI -soma da produção de ferro gusa e DRI, como porcent agem da produção de aço bruto.
R2=consumo aparente de minério de ferro, como porcentagem da soma das produções de
ferro gusa e DRI.
R3=consumo aparente de minério de ferro, como porcentagem de produção de aço bruto.
AC=consumo aparente de aço bruto.
A taxa RI mostra uma tendência de declínio, que se iniciou na década de 90 de 0,5% ao
ano.
Parece então que a menor necessidade de produção de ferro gusa, devido a crescente
proporção de aço bruto produzido nos fornos de Arco Elétrico (que no Mundo Ocidental
passou de 30,1% cm 1985 para 33,2% em 1990 e a 41,2% em 1998), não está sendo
inteiramente contrabalançada pelo uso relativo crescente de DR1 ao invés de sucata nos
fomos de Arco Elétrico.
45
3.6 Estoques de minério de ferro
para certas áreas do Mundo Ocidental, são disponíveis as informações sobre mudanças nos
estoques de minério de feno, mas para outras áreas devem ser calculadas.
Os resultados que parecem consistentes e são de importância considerável para as previsões
de curto prazo são mostrados na Tabela 10 a segui r, nas quais:
(a)- baseado cm dados disponíveis dos estoques totais nas minas, portos e pátios dos
fornos;(b)- baseado em dados disponíveis dos estoques de minério de ferro importado
(c)- baseado em cálculos, similares àqueles para o total do Mundo Ocide ntal, começando
com o calculo do valor médio de R2 para a União Européia
(d)- Obtido subtraindo-se (a), (b) e (c) de (e);
(c)- obtido da dedução a partir do consumo aparente de minério de ferro do Mundo
Ocidental, o uso anual atual estimado é calculado multiplicando-se a cada ano a produção de
ferro gusa e DRI pelo valor médio de RZ de 1990 -98.
46
47
Tabela 10 -Mudanças nos estoques de minério de ferro(1993-1998)
1993 1994 1995 1996 1997 1998 Canadá -7,9 0,6 3,5 3,3 1,7 3,9 Japão -1 -0,9 1,2 -0,1 0,2 -0,2 UE(12) -9,1 1 3,2 -1 -1,6 3,9 Resto Mundo Ocid -8,1 -9,4 2,5 16,6 4,9 1,9 Total Mundo Ocid -26,1 -8,7 10,4 18,8 5,2 9,5
Fonte UNCTAD (1999)
Considerando as mudanças acumulativas nos estoques ao longo de vários anos, parece que os
estoques de minério de ferro eram em 1998 bastante grandes no Canadá, EUA, Japão e no
Mundo Ocidental, e baixas no resto do Mundo Ocidental.
As Figuras 21 a 29 mostram dados sobre consumo de aço nas diferentes regiões do mundo
durante o período de 1992-1999.
Figura 21 – Consumo de aço na União Européia (1992 – 1998)
FonteUNCTAD (1999)
48
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998
Ano
Mt
Alemanha
Itália
França
Inglaterra
Figura 21 – Produção e consumo de aço na União Européia (1992 – 1998)
FonteUNCTAD (1999)
49
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998
Ano
Mt
Produção
Consumo
Saldo
Figura 21 – Produção e consumo de aço na Europa (1992 – 1998)
FonteUNCTAD (1999)
50
0
50
100
150
200
250
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
Ano
Mt
Leste Europeu
Ex-União Soviética
União Européia
Europa
Figura 24 – Consumo de aço na América do Norte (1992 – 1998)
FonteUNCTAD (1999)
51
0
50
100
150
200
250
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998
Ano
Mt
Canadá
México
EUA
América do Norte
Figura 25 – Consumo de aço na América do Sul e Central (1992 – 1998)
FonteUNCTAD (1999)
52
0
2
4
6
8
10
12
14
16
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998
Ano
Mt
Argentina
Brasil
Venezuela
Outros Paises
Figura 26 - Produção e consumo de aço no Brasil (1992 – 1998)
FonteUNCTAD (1999)
53
0
5
10
15
20
25
30
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998
Ano
Mt Consumo
Produção
Figura 27 - Consumo de aço na África e Oriente Médio (1992 – 1998)
FonteUNCTAD (1999)
54
0
2
4
6
8
10
12
14
16
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998
Ano
Mt África
Oriente Médio
Figura 28 - Consumo de aço na Ásia e Oceania (1992 – 1998)
FonteUNCTAD (1999)
55
0
20
40
60
80
100
120
140
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998
Ano
Mt
China
Japão
Coréia do Sul
Austrália e NovaZelândia
Figura 28 - Consumo de aço nos vários continentes (1992 – 1998)
FonteUNCTAD (1999)
56
0
50
100
150
200
250
300
350
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998
Ano
Mt
Ásia
Europa
América do Norte
América do Sul eCentral
Oceania
África
3.7 Substituição do aço
Na década de 90. a mineração de ferro e a siderurgia foram objetos de marcantes
reestruturações produtivas e societárias, que visaram, essencialmente, reduzir custos e
promover a competição econômica e financeira. Na mineração de ferro, o maior grau dessa
reestruturação se deu com o desmembramento da Ex -União Soviética. Do ponto de vista
societário, de mudanças na condução dos negócios, o fato mais marcante se d eu no Brasil,
com a privatização da CVRD, em maio de 1997, a maior empresa de mineração do Brasil,
maior exportadora e produtora mundial de minério de ferro.
Devem-se considerar as observações de SOUZA(1990), dentre outros autores, que
baseados em rigorosos estudos e trabalhos, afirmam que nos países mais industrializados, o
uso de materiais atravessa uma intensa fase de mutação, influenciando na queda da demanda
de aço.
Segundo este autor, na fase inicial de industrialização estão os materiais cerâmicos
estruturais e os compósitos de matriz metálica e matriz polimérica. Em termos de consumo,
crescem rapidamente as fibras óticas, os plásticos para ligas e compósitos, os plásticos de
alto desempenho e os plásticos para engenharia tradicional, junto com os metais especiais.
As superligas, o aço inoxidável e os plásticos para produtos tradicionais já estão em uma
fase madura no mercado de materiais. O alumínio tende agora a cair para uma situação de
crescimento de consumo menor que o do crescimento do PIB, di ferentemente do grupo das
superligas, aço inoxidável c plásticos tradicionais. O cobre e o aço, já se encontram nessa
situação de crescimento menor que o do PIB.
57
Este fato é melhor observado em Países desenvolvidos que em países como a China, Coré ia do
Sul e Brasil, onde o consumo aparente de aço é crescente em relação ao crescimento do PIB.
As mudanças nas tendências de produção e consumo de aço têm gerado, durante as últimas
décadas, instabilidades na demanda por minério de ferro.
58
4 -Minério de Ferro no Mundo: Retomada de Crescimento
Após a crise financeira que impactou o Japão, em meados de 1997, os fluxos de
investimentos externos diretos (IDE) provenientes deste pais para os demais países asiáticos
foram interrompidos ocasionando uma crise geral nos países asiáticos. nos intitulados
"Tigres" (Hong Kong, Coréia, Cingapura e Taiwan) e "Gansos" (Malásia, Tailândia,
Filipinas e Indonésia). Estes países tinham suas balanças de pagamentos sustentadas pelos
IDES, o que gerou uma forte diminuição na capacidade de importação, pois seus déficits
comerciais não mais foram neutralizados pelos fluxos de IDES.
Desta forma, durante o ano de 1998, o setor siderúrgico mundial começou a sofrer os
reflexos negativos desta crise, e das subseqüentes crises da Rússia c América Latina, que em
conjunto afetaram diretamente o mercado de minério de ferro com a diminuição nos seus
volumes de exportações.
Assim, com o choque de demanda iniciado, os preços caíram em média 11% no período
1998/99, com decréscimo de 1 2% para as pelotas e de 11% e 13% para os finos e
granulados, respectivamente. Este cenário estimulou os produtores de minério de ferro à
redução de custos, elevação dos níveis de eficiência e aumento da produtividade para que
não viessem a sofrer maiores perdas devido à nova demanda c no novo preço de equilíbrio.
Depois de aproximadamente 18 meses, estendendo -se até junho de 1999, os efeitos nocivos
da crise foram neutralizados através de medidas em conjunto do governo japonês e do FMI,
provocando, a part ir do terceiro trimestre de 1999, o inicio de retomada daquelas
economias da Ásia, sendo seguida, ao final de 1999. pelos países que compõem a
Comunidade Européia. Tal recuperação sinaliza que o mercado de minério de ferro
começará um movimento de retomada , promovido basicamente pelo aumento da demanda
do setor siderúrgico a partir de 2000, a uma taxa média anual de 2,4%.
59
Em 2000, houve aumentos da oferta de minério de ferro em 2% e nos preços médios em
4.9% Estimam-se crescimentos de 5,9%, 4,7% e 5,2% para os preços de pelotas, finos e
grnaulados respectivamente, atingindo-se patamares de US$31,51/t, US$15,80/t e
60
4.1 - Reservas
As reservas mundiais de minério de ferro estão estimadas em torno de 306 bilhões de t.
mantendo-se nos níveis de 1998. Deste total de reservas. cerca de 163 bilhões de t são de
ferro contido, verificando-se assim, um teor médio de 53%.
Neste cenário, China e Ucrânia dividem a liderança com reservas de 50 bilhões de t cada,
sendo seguidos pela Rússia com 45 bilhões de t. O Brasil é o sexto do ranking com volume
de 19,7 bilhões de t. Entretanto em termos de ferro contido, o Brasil se destaca, pois
possui aproximadamente 64% de teor de ferro no minério, sendo a mensuração mais
elevada internacionalmente. A Tabela 12 mostra estatísticas dos sete países que juntos
possuem cerca de 80% das reservas mundiais.
Tabela 12 -Reservas mundiais de minério de ferro - 1999
Reservas (bilhões de t) -contido (bilhões de t) teor médio
Ucrânia 0,0 8,0 560 China -0,0 15,0 30,0 Rússia 5,0 5,0 55 5 Austrália 0.0 5,0 2,5 Estados Unidos 30 14.0 0,9 Brasil 19,7 12,8 4.7 Cazaquistão 19,0 10.0 52,6 Outros 59,7 33,6 56,3 1.1.41 306,5 1634 3,3
61
Figura 30 – Distribuição das reservas mundiais de minério de ferro por países (1999)
Fonte BNDEs (2000)
62
0
50
100
150
200
250
300
350
China
Estado
s Unid
os
Brasil
Outro
sTot
al
Reservas(bilhões de t)
Contido(bilhões de t)
Teor Médio ( % )
4.2 - Produção
Em 1999, estima-se que a produção mundial tenha atingido cerca de 1.060 milhões de t que
representa um acréscimo de 2,5% em relação ao ano anterior com um volume de 1.0 34
milhão de t. Neste cenário, a China foi o maior produtor com 210 milhões de t, sendo seguida
pelo Brasil com 193 milhões de t e Austrália com 153 milhões de t. Estes três países juntos
agregam cerca de 55% da produção mundial. As Figuras 31 e 32 e a Tab ela 13 mostram a
produção e a distribuição da produção mundial de minério de ferro por país.
63
Tabela 13-Produção mundial de minério de ferro (1995 - 1999) Milhões de t
1995 1996 1997 19981999E
China 250 254 250 240 210 Brasil 177 183 187 199 193
Austrália 145 147 158 155 153 Índia 67 71 67 65 75
Rússia 78 76 71 70 72 Estados Unidos 63 60 63 62 63
Ucrânia 51 51 53 50 51 Canadá 38 42 37 37 39 Outros 151 132 155 156 204 Total 1.020 1.016 1.041 1.034 1.060
Ponte U S Geological Survey nNPM / " Estimado
64
Figura 31 – Produção mundial de minério de ferro (1995 – 1999)
Fonte BNDEs (2000)
Brasil e Austrália possuem posição destacada no mercado internacional de minério de ferro e vem
apresentando crescimento relevante na produção, atingindo no período 1995/99, taxas médias
anuais de 2,2% e 1,4% respectivamente. Tal crescimento pode ser explicado pela presença,
nestes países, das mais expressivas empresas de mineração de ferro do mundo quais sejam: a Vale
do Rio Doce (CVRD), a Minerações Brasileiras Reunidas (MBR), Ferteco Mineração,
Mineração da Trindade (Samìtri) eSamarco
65
0
200
400
600
800
1000
1200
1995 1996 1997 1998 1999
Ano
Mt
China
Brasil
Austrália
Índia
Rússia
Estados Unidos
Ucrânia
Canadá
Outros
Total
Mineração, no Brasil; a Hamersley Iron Pty Ltd ( empresa do Grupo RTZ), a Broken Hill Proprietary (BHP) e a Robe River Iron Associares, na Austrália.
As principais empresas produtoras atuantes neste mercado estão relacionadas a seguir na Tabela 14. Em conjunto, representam cerca de 31% da produção mundial.
Tabela 14-Principais empresas produtoras de minério de f erro em 1999 -Milhões de t
Grupos 1999 %
CVRD 99,8 9,4
BHP 63,7 6
Hamersley 52,6 4,9
Rober River 36,2 3,4
MBR 28 2,6
Ferteco 16,4 1,5
Samitri 16,3 1,5
Samarco 13,5 1,3
Sub Total 326,5 31
Total Mundo 1.060 100
Fonte: Periódicos BNDES
Em 2000 o mercado inicia movimento de retomada, recuperando -se dos efeitos negativos ocorridos principalmente na Ásia, onde a demanda por minério de ferro é muito representativa. Assim, projeta-se que a produção atinja globalmente algo em torno de 1.100 milhão de t ou 3,8% de acréscimo em relação ao ano anterior, sendo que Austrália, Brasil e índia devem ser os principais colaboradores para este aumento.
66
4.3- Consumo Mundial China, Japão, Estados Unidos e Rússia são alguns dos principais paises consumidores de minério de ferro, em função do crescimento de suas produções siderúrgicas.
Aproximadamente 50% do consumo total de minério de ferro estão concentrados tio sudeste asiático, região que tem apresentado a maior taxa de crescimento no consumo d este minério, requerendo aumento das importações para suprir sua demanda. Ressalta -se que a China é responsável por 67% do consumo da região. A Tabela 15 e as Figuras 32 e 33 mostram o consumo internacional de minério de ferro, entre 1995 e 1999.
Tabela 15 - Consumo mundial de minério de ferro (1995 - 1999) - Milhões de t
País 1995 1996 1997 1998 1999* EUA 80,0 79,6 79,5 79,7 78,5 Rússia 64,1 64,7 63,5 57,3 67,4 Índia 36,2 2,6 8,9 7,1 8,7 Ucrânia 37,1 38,5 1,5 39,6 4,1 Alemanha 3,1 1,1 6,8 5,8 3,8 Brasil 36,7 35-6 37,3 37,4 36,9 Demais 43,0 42,6 38,2 45,9 46,3 Sub Total 1 40,2 44,7 55,7 52,8 565,7 China 91,0 297,0 16,5 333,1 45,6 Japão 120,0 117,0 123,8 110,8 111,6 Coréia 5,2 37,2 4,2 1,4 2,5 Taiwan ,2 10,1 9,4 9,9 11,0 Demais 14,2 14,0 1,4 5,5 5,6 Sub Total 2 69,6 75,3 518,3 00,7 16,3 Total Geral 1.008,0 1.022,1 1.074,0 1.053,5 1.082,0
Fonte Sinferbase, BNDES/ Estimado BNDES
67
Figura 32 – Consumo mundial de minério de ferro (1995 – 1999) – Milhões de t
Fonte BNDES(2000)
Figura 33 – Consumo mundial de minério de ferro Fonte BNDES(2000)
68
0
100
200
300
400
500
600
1 2 3 4 5
Ano
Mt
EUARússiaÍndiaUcrâniaAlemanhaBrasilDemaisSub Total 1ChinaJapãoCoréiaTaiwanDemaisSub Total 2
Asia
Demais Paises
4.4- Mercado Internacional No mercado internacional. as importações em 1999 atingiram cerca de 441 milhões de t ou 2,2% de decréscimo em relação ao ano anterior que registrou um volume de 451 milhões de t. Para 2000, estimativas indicam que o mercado transoceânico poderá atingir o volume de 425 milhões de t, contra 410 milhões de t e 418 milhões de t, respectivamente em 1999 e 1 998. A Figura 35 mostra a divisão do mercado transoceânico de minério de ferro.
Figura 35-Mercado transoceânico – 1999
Apesar do decréscimo, em 1999, em termos globais, deve -se ressaltar a manutenção da evolução das importações pela China que cresceram aproximadamente 30% em relação ao ano anterior. No período 1995/99, devido ao crescimento de seu setor siderúrgico, as importações chinesas aumentaram 66%. Ressalta-se a estagnação do consumo japonês, variando ao redor de 120 milhões de t/ano. Na Tabela 16 a seguir pode-se ver o total de importações mundiais de minério de ferro entre 1995 e 1999.
69
Tabela 16-Importações mundiais de minério de ferro (1995 -1999)-Milhões de t
Milhões de t 1995 1996 1997 1998 1999 Japão 120 119 125 121 113 China 41 44 55 52 68 Alemanha 42 40 44 46 38
Coréia 35 34 33 34 38 Inglaterra 21 21 22 21 20
Demais 183 183 168 177 164 Total 443 441 447 451 441
Fonte Sinferbras
No cenário internacional de 2001, a mineradora CVRD, ocupa a liderança como a maior exportadora de minério de ferro do mundo, sendo acompanhada pelas australianas Hamersley, BHP, e Robe River. A MBR, do Grupo Caemi, vem logo em seguida com as empresas nacionais Ferteco. Samarco e Samitri, também, ocupando posições de destaque. As doze maiores exportadoras apresentaram um volume de 345,6 milhões de t, ou 78% do total das exportações em 1999. como pode ser visto na Tabela 17.
70
Tabela 17-Maiores exportadoras de minério de ferro (1999) -Milhões de t
As exportações das empresas australianas foram mais afetadas pela crise nos paises
asiáticos, pois a região representa cerca de 80°/9 do total exportado pela Austrália. Já as
exportações das empresas brasileiras foram menos afetadas, pois a participação da Ásia se
restringe a 40% das vendas externas.
71
Figura 26 – Destino das exportações Austrália
Figura 37 – Destino das exportações Brasil
No mercado internacional de minério de ferro, podem-se enumerar os principais players: a
empresa australiana North Limited, contgroladora da australiana Robe River, e da canadense
Iron Ore Company (IOC) com 11% de participação; a CVRD que por força dea operação
realizada em maio, onde adquiriu a Samitri do Grupo Arbed, (passando a deter
72
O Grupo Rio Tinto Zinc (RTZ) que já possuía 14,5% da North fez recentemente uma
proposta de adquirir o controle acionário da North, no montante de US$ 1,8 bilhão. Deve se
incluir nesta disputa, o grupo sul africano Anglo American que também realizou oferta de
aquisição do controle acionário da North pelo valor de US$ 2,1 bilhões, visando a expansão
das sua atividades em um novo setor.
Com a aliança surgiria o Grupo North -Caemi, empresa do porte da CVRD (embora tenha
reservas inferiores às da CVRD) e que junto com uma possível aquisição da Ferteco,
pertencente ao Grupo Thyssen Krupp, faria frente a CVRD no cenário de exportações. Esta
nova empresa, teria uma capacidade de produção de 110 milhões de t/ano. Adotando -se o
volume de exportações mundiais de minério de ferro de 414 milhões de t a nova empresa teria
uma participações de 22% contra 25% da CVRD, medida esta que consolidaria a intenção de
fechamento da compra da Caemi, onde tal medida seria entendida como uma contra partida às
recentes aquisições, no Brasil, de sua principal
73
participação indireta de 50% na Samarco), além da aquisição da mineradora independente
Socoimex, com 25%; o Grupo RTZ através da australiana Hamersley com 14% e a Ca emi,
controladora da MBR e da canadense Québec Cartier Mining (QCM) com 8%. A Figura 38
ilustra esta divisão.
Figura 18 – Divisão mercado transoceânico
concorrente a CVRD. Caso se confirme esta intenção, isto significará uma força maior para a conclusão das negociações entre North e Caemi, embora possa não ocorrer caso a CVRD venha a adquirir a Caemi.
Qualquer que seja o desfecho desta disputa, observa -se a tendência de concentração como já ocorre no setor siderúrgico, seu principal consumidor, visando aumento da competitividade no mercado de minério de ferro.
O informe setorial n.° 37 desta Gerência Setorial de Mineração c Metalurgia intitulado "Minério de Ferro no Brasil: Reestruturação com Crescimento" apresenta panorama desta indústria no Brasil.
74
4.5- Perspectivas
O consumo mundial de minério de ferro atingiu 1.082 milhão de t cm 1999 com 2,7% de
acréscimo em relação ao ano anterior, quando alcançou 1.053 milhão de t. Para 2000 o
volume estimado é de aproximadamente 1.120 milhão de t ou um acréscimo de 3,5% em
relação a 1999. Para os anos de 2005 e 2010 estima -se um volume de 1.161 milhão de t e
1.251 milhão de t respectivamente, o que representa um crescimento a taxa média anual de
1,3°/9 no período 1999/2010. Estas estimativas estão contidas no quadro a seguir, bem
como aquelas relativas à produção siderúrgica mundial.
A sucata, representando atualmente 85% da matéria prima utilizada via forno elétrico,
continuará mais voltada para a produção de aços laminados longos, porém gradualmente
será, em parte, substituída pelo gusa e HBI (Hot Briquetted Iron)/DRl (Direct Reduction
Iron) obtidos pelos processos de redução direta. Ressalte-se que a oferta de ferro-gusa
75
Tabela 18-Produção de aço bruto versus consumo mundial de minério de ferro e sucata
sucata - Milhões de t
pelos produtores independentes vem se mantendo ao longo dos anos, tornando -se um
competidor da sucata no forno elétrico.
O consumo de minério de ferro tem sido mais dirigido ao longo dos anos para a fabricação de
aço pelos processos integrados a alto forno, representando 60% da produção siderúrgica.
Outros fornos obsoletos, como Siemens Martin, representam 7% da produção total de aço.
Estes processos são utilizados nas usinas integradas, tendo como principais insumos os
minérios finos e granulados, a maior parcela da oferta de pelotas, uma menor parte da oferta
de sucata, bem como a maior parcela da produção cativa de ferro -gusa. Em segundo plano
destaca-se a produção de aço, via fornos elétricos - EAF, pelas usinas soam integradas,
representando os restantes 33% da produção total de aço no mundo. Estas usinas utilizam
como insumo, a maior parcela da oferta de sucata, como também de parte da produção de
pelotas, utilizada como insumo para a produção de HB1/DRI, produtos que em conjunto com
a sucata são a base da produção de aço via forno elétrico.
HBI/DRI são insumos voltados para os fornos elétricos e que estão em constante
desenvolvimento, existindo no presente diversas tecnologias sendo empregadas. Em 1999 a
produção de HBI/DRI total atingiu 38,6 milhões de t, para um consumo de minério de ferro
da ordem de 59,6 milhões de t, send o 46,5 milhões de t de pelotas e 13,1 milhões de t de
finos/granulados.
O processo Midrex, com a utilização de pelotas, foi responsável por 67,3% da produção
destes novos insumos, ou 25.2 milhões de t. Destacam-se. também, os processos Hyl I e Hyl
III, com 22,9% de participação, utilizando finos/granulados com produção de 8,4 milhões de
t, os processos SE/RN, com 3% de participação, com produção de 1,2 milhão de t, também
utilizando finos/granulados e outros processos com 6,8% de participação c com produç ão de
3.8 milhões de t, que produzem HBI/DRI, através de gás /carvão.
76
77
Estima-se que a produção de HB1/DRI possa atingir 60 milhões de t e 75
milhões de t, respectivamente em 2005 e 2010, o que significa crescimento
médio de 6,2°/p a.a.
Para atendimento da produção estimada de HBI/DRI até 2010, haverá
necessidade de um acréscimo na oferta de minério de ferro da ordem de 57
milhões de t. menor em finos e granulados com volume incremental de 13
milhões de t e maior em pelotas com um potencial de acréscimo de
consumo da ordem de 44 milhões de t. A produção siderúrgica via fornos
elétricos, tanto nas usinas integradas com unidades de redução direta como
nas semi-integradas, deverá representar cerca de 40°/9 da produção total
de aço em 2010, contra 33°/p na posição de 1999. A Tabela 19, a seguir,
apresenta as perspectivas do consumo futuro de minério de ferro para
usinas integradas e forno elétrico.
Tabela 19 – Perspectivas para consumo futuro de minério de ferro
5 - Minério de Ferro no Brasil: Reestruturação com Crescimento
O Brasil destaca-se no mercado mundial de minério de ferro, como um dos grandes produtores e com a liderança das exportações mundiais. A CVRD (Cia. Vale do Rio Doce) apresenta posição de grande relevância no contexto internacional como a maior empresa exportadora e também como a maior produtora mundial. Destacam -se também, as empresas MBR (Minerações Brasileiras Reunidas), Samitri (Mineração da Trindade), Samarco Mineração e Ferteco Mineração, com volumes substanciais de produção e exportação.
A produção brasileira de minério de ferro atingiu 193,0 milhões de t em 1999, sendo 156,1 milhões de t de finos e granulados e 36,9 milhões de t de pelotas. A CVRD possuía em 7999 market share de 51,7% no volume global brasileiro, com destaque na produção de pelotas, onde foi responsável por 61% do total.
Como conseqüência das crises econômicas vivenciadas, principal - mente na Ásia, grande consumidora de minério de ferro brasileiro, ocorreram quedas nas exportações, com ênfase em 1998 e primeiro semestre de 1999, afetando principalmente as exportações de pelotas e provocando a paralisação temporária de algumas unidades. O merc ado iniciou recuperação a partir do segundo semestre de 1999 e, por força da recuperação da produção mundial de aço, prevê -se continuidade desta tendência.
O mercado interno de minério de ferro mantém -se estabilizado na faixa entre 36 e 37 milhões de t/a, representando cerca de 20% da oferta nacional, mas com tendência de crescimento para os próximos anos, em atendimento à evolução da produção siderúrgica nacional.
78
5.1 - Reservas
As reservas medidas de minério de ferro no Brasil alcançam 19,7 bilhões de 1, situando o
pais em sexto lugar em relação às reservas mundiais de 306,5 bilhões de t. Entretanto,
considerando-se as reservas em termos de ferro contido no minério, o Brasil avança
algumas posições, assumindo lugar de destaque no cenário internacional. Este fato ocorre
devido ao alto teor encontrado nos minérios hematita (60% de ferro), de predominância no
Pará, e itabirito (50% de ferro), de predominância em Minas Gerais.
79
5.2 - Produção Em 1999, a produção brasileira de minério de ferro atingiu 193 milhões de t, com um decréscimo de 3,0% em relação ao ano anterior, quando alcançou 199 milhões de t. Deste total. 80% foram de minérios beneficiados, isto é, finos e granulados, enquanto os restantes 20% foram de minérios pelotizados. A CVRD mantêm-se como a maior produtora do país, com participação de 51,7% na produção total, como pode ser visto na Tabela 20, a seguir.
Tabela 20 -Produção brasileira de minério de ferro (1999) -Milhões de t
No ano 2000, a produção de minério de ferro deverá atingir cerca de 199,6 milhões de t. com acréscimo de 3,4p/° em relação ao ano passado, para atendimento das exportações c da demanda interna do setor siderúrgico, bem como dos produtores de ferro goza independentes.
80
5.3 Reestruturação e Investimentos Quase todas as empresas estão empenhadas na expansão da produção visando o atendimento do mercado interno e externo de minério de ferro. Em recente operação de aquisição realizada em maio, a CVRD adquiriu a Samitri, que pertencia ao grupo Arbed de Luxemburgo, por cerca de R$ 970 milhões. Com isto, passou a deter, através da Samitri, participação indireta de 50% na Samarco, a segunda maior produtora d e pelotas no país, ficando os outros 50% em poder da australiana BHP (Brusco Hill Proprietary). Com esta operação, mais a aquisição da Socoimex, mincradora independente em Minas Gerais, a CVRD aumenta a participação de 20% para 25% no mercado mundial de mi nério de ferro e para 55% no mercado nacional.
A CVRD também vem investindo maciçamente no setor de minério de ferro, onde vale destacar a construção da usina de pelotização de São Luís, no Maranhão, que terá uma capacidade anual de 6 milhões de t/ano. Ressalta-se também investimentos no sistema produtivo (mina, ferrovia e portos), em pesquisas em meio ambiente e na ampliação da capacidade produtiva de minério de ferro. Em Carajás, as inversões objetivam o aumento da produção de 51 milhões de t/ano para 6 2 milhões de t/ano e em Vargem Grande a construção do centro de beneficiamento de Vargem Grande para o processamento de 15 milhões de t/ano em 2002, após término da segunda fase.
Seguindo a mesma tendência, a MBR pretende investir até 2002, através de seu Plano de Desenvolvimento de Longo Prazo (PDLP), cerca de US$ 240 milhões para a elevação de sua atual capacidade de produção de 26,5 milhões de t, por meio da instalação de uma nova unidade de processamento de minério de ferro no estado de Minas Gerais e duplicação do terminal portuário da Ilha de Guaíba, em Sepetiba, no Estado do Rio de Janeiro e que irá gerar um incremento da capacidade de embarque de minério de ferro da ordem de 20%, atingindo-se 30 milhões de t. Desta forma, prevê-se que a sua produção se elevará, até o ano 2004, para um volume de 32 milhões de t.
81
O Grupo Caemi, controlador da MBR, vem sendo alvo de disputa por grupos nacionais e internacionais, onde destacam-se a CVRD e a inglesa Rio Tinto Zinc (RTZ). No momento as negociações a nível externo vem sendo lideradas pela RTZ, que adquiriu o controle acionário da North Limited, onde já detinha 14,5%, vencendo disputa com a sul africana Anglo American.
Ressalte-se também a existência de outras possibilidades para a Caemì, como aquisição pela Billitom e fusão com a Ferteco do Grupo Thyssen Krupp entre outras.
Em relação à CVRD. também em processo de reestruturação societária com a saída do Grupo Vicunha de seu controle acionário, ressalta-se a entrada da inglesa Billiton Metais em 2,8% de seu capital votante, por conta de aquisição de participação na Sweet River acionista da Valepar.
Deste modo constata-se que a indústria de minério de ferro encontra-se em forte processo de reestruturação.
82
5.4 - Vendas Internas e Exportações O mercado nacional e de exportação de minério de ferro tem -se mostrado ativo, reagindo às crises econômicas. Uma melhor visualização pode ser obtida na Figura 38, a seguir.
Figura 38-Consumo interno e exportações (1994 -2000)
A CVRD vendeu em 1999, um volume de 96,2 milhões de t, destinando 80,2 milhões de t às exportações e o restante ao mercado interno. A empresa estima para 2000, um aumento de suas vendas em 5%, atingindo um volume de 105 milhões de t, sendo a maior parte para a exportação. A CVRD também espera aumentar em 6 milhões de t soa participação no mercado interno, onde hoje responde por 74 milhões de t.
A MBR estima que o volume de vendas internas para 2000 ficará semelhante ao de 1999, com um volume de aproximadament e 3,9 milhões de t. Entretanto, tem projeções de expansão das exportações para 2000, com volume de 23 milhões de t ou 11,1% a mais do que o ano de 1999, onde foi registrado um volume de 20,7 milhões de t. No total,
83
Fonte Sinferbras, IBS, BNDES
prevê incremento de 7,7% nas suas vendas, passando dos atuais 24,6 milhões de t para
26,9 milhões de t no ano 2000.
A Samitri no entanto, prevê manutenção de sua produção, para 2000, no mesmo nível de
1999, onde registrou um volume de c erca de 16 milhões de t, sendo aproximadamente 70%
destinado à exportação ou 12 milhões de t e o restante ao mercado interno. Já a Samarco
estima aumento da sua produção de pelotas em 14%, saindo da produção de 10,5 milhões
de t, em 1999, para 12 milhões d e t, em 2000, atingindo a plena utilização de sua
capacidade produtiva. A Tabela 21 apresenta as exportações de minério de ferro em 1999.
Tabela 21 – Exportações Nacionais de M i nério de Ferro – 1999
Trodude
Produto
V"D Fertec
o
garrerco itri Outros Total % da
rota
Pelotas 20, -3,3 10,5 - - 34,3 93,0
Fnos 54,41
7,1
9,2 1.9 9,8 I 1,5 93.9 64,1
Fonte: DNPM; Sinterbase
Nas Figuras 39 a 40, a seguir, pode-se visualizar a distribuição das exportações brasileiras.
Deve-se notar o aumento das exportações para a China que consome, atualmente, 68
milhões de t em importados, sendo 14,7 milhões de t oriundas do Brasil. Destaca -se nesta
expansão para a China a CVRD que exportou, mais de 7,3 milhões de t, sendo assim, o
maior exportador nacional para este país, seguida da MBR com 3 milhões de t de minério
de ferro.
84
85
Figuras 39 e 40 - Comparação do destino das exportações (1998 e 1999 )
Espera-se um incremento das exportações nacionais, para 2000, de cerca de 5% em relação a
1999, atingindo um volume. no minimo, de 147,5 milhões de t, enquanto o consumo interno
aumentará 3,0% em relação ao ano anterior, perfazendo assim, um volume de 38 milhões de
t. Em termos de volume total de vendas, espera -se que o setor de minério de ferro alcance um
incremento de 4,7% em relação a 1999, o que significa um aumento do volume de 177,1
milhões de t, para um volume de 185,6 milhões de t em 2000. A Tabela 22 mostra a evolução
do consumo interno, exportações e preço médio para o minério de ferro de 1992 -2000.
Tabela 22-Evolução do consumo interno, exportações e preço médio
Tabela 23 -Evolução do preço de exportação do minério de ferro (US$/ t)
Os preços médios anuais, por produtos, praticados pelas empresas exportadoras no periodo 1995/1999 e a expectativa para 2000, apresentam o comportamento mostrado na Tabela 23, a seguir
Observa-se que as negociações de preço neste ano po ssibilitaram acréscimos de 4,7%, 5,2°/9 e 5,9°/d nos preços de exportação de finos, granulados e pelotas respectivamente.
86
5.5 - Perspectivas
O consumo de minério de ferro nacional está concentrado no setor siderúrgico tendo
atingido, em 1999, um volume de 36,9 milhões de t ou 1,2°/p a menos do que o ano
anterior, onde foram consumidos 37,3 milhões de t.
Para o ano 2000 o volume consumido deve atingir 38 milhões de t ou um acréscimo de
3,0p/o em relação ao ano anterior. Para os anos 2 005 e 2010 estima-se que o consumo
atinja 43 milhões de t e 50 milhões de t respectivamente, representando assim, uma taxa
média anual de crescimento de 2,8% no período de 1999/2010.
Para a obtenção destas estimativas projetou-se o crescimento da produção brasileira de aço
Tabela 24-Produção brasileira de aço bruto x consumo brasileiro de minério de
ferro e sucata-Milhões de t
87
As necessidades de minério de ferro no país estão mais vinculadas aos produtos finos c
granulados, por razões óbvias, dado a característica da nossa siderurgia, com grande
concentração da produção via alto forno, da ordem de 20 milhões de t/ano, contra cerca de
5,5 milhões de t/ano, via fomo elétrico. Cabe considerar que a utilização de pelotas em
alto-forno ainda é restrita, pois seu preço é superior, apesar de propiciar maior produtividade
à operação.
Assim sendo, o crescimento da oferta de minério de ferro continuará calcado em finos e
granulados, consolidando-se uma maior oferta de pelotas para o atendimento das
exportações. A'fabela 25 mostra as estimativas para o consumo de minério de ferro no Brasil
em 2005 e 2010.
88
5.6 As Previsões para o mercado de aço
Em relação à União Européia e EUA, o consumo aparente de aço em ambas as regiõ es aumentou
em 1998 aproximadamente 8,5%, o que se deu não somente em função do aumento do uso do
aço, mas também em função de um aumento cm seus estoques.
Para 1999, o uso real do aço cresceu um pouco mais nos EUA e caiu na União Européia. Uma
vez que os estoques foram reduzidos, o consumo aparente de aço caiu em 7,5% na União
Européia e 6% nos EUA. A posição no comércio mudou cerca de 4 milhões de toneladas em cada
região. Estava previsto uma queda de na produção de até 4% nos EUA e acima de 4,5% na
União Européia. A produção em 2000 destas áreas se recuperou cm tomo de 4% no total, uma
vez que o uso de aço expande -se e seu estoque não mais declinou.
No Japão, em 1999, estava prevista uma queda na demanda com as exportações caindo em
aproximadamente 2 mi lhões de toneladas. A produção de aço bruto deveria então cair em 1999
por volta de 5%. Nenhuma recuperação se deu em 2000.
Em 1999, a demanda de aço para a industria coreana era prevista mostrar alguma recuperação.
De qualquer forma, suas exportações de veriam declinar pelo menos em 4,5 milhões de toneladas.
A produção de aço coreana deveria então declinar em 1999 em pelo menos 1 / milhão de tonelada
(-2,5%). A produção de 2000 deve ser um pouco diferente.
A produção de aço bruto em 1999 na América do Su l e índia deve cair em um total de 7 milhões
de toneladas. A produção da Austrália e Canadá era esperada cair em um total de 1 ,5 milhões de
toneladas. Não deveriam ocorrer mudanças significantes no Mundo Ocidental.
Para 2000, apenas as mudanças mencionada s para os EUA e União Européia são esperadas.
89
5.7 Previsões para o mercado de minério de ferro
Dadas as condições mencionadas anteriormente, em 1999, a produção de aço bruto total no
Mundo Ocidental deveria cair por volta de 4,5%, e em 2000 deve haver uma recuperação de
2%.
Usando resultados das análises do capítulo anterior, essas previsões para o aço implicavam,
para o uso real de minério de feno no Mundo Ocidental, em 1999 uma queda de 26,5 milhões
de toneladas, e para 2000 uma recuperação de 11 milhões de toneladas.
Para 1999, alguma redução nos estoques de minério de feno foi esperada, notadamente na
América do Norte.
As exportações de minério de ferro para a Europa Oriental a partir do Mundo Ocidental
deveriam cair em 1999 e suas exporta ções para a China deveriam aumentar em 1999 e 2000.
A produção de minério de ferro do Mundo Ocidental para 1999 estava prevista cair em pelo
menos 5%, sendo que em 2000 esperava -se uma recuperação de 2,5%.
Era esperado uma redução na demanda por minério de feno nos países produtores em 1999,
enquanto que as exportações do mundo ocidental deveriam cair 3%. Para 2000 previu -se
uma recuperação de no máximo 2,2% Nas exportações ocidentais.
90
7 - Conclusões.
A indústria mundial de minério de ferro está agora emergindo dentro do novo milênio com
renovado otimismo, depois de um ano difícil em 1999 marcado por cortes de preços e
reduções nos volumes de vendas. A recuperação econômica mundial agora reverteu a
tendência decrescente na demanda de aço que come çou em 1998, deflagrada pela crise
financeira asiática, e que continuou até a metade do ano de 1999. Os projetos que foram
adiados por razões econômico/financeiras foram agora reiniciados, e os maiores produtores
estão buscando .aumento de capacidade para satisfazer a demanda crescente.
Tendo previamente adiado o desenvolvimento da lavra da área C, por motivos de mercado, a
BHP está agora progredindo com o projeto. Rio finto também anunciou o compromisso de
realizar o desenvolvimento do depósito de Namuldi. Em janeiro de 2000, a North recebeu
cartas de cada uma das siderúrgicas japonesas intencionadas em comprar o minério de West
Angelas por um período de 8 anos que começaria na primeira metade de 2002. A CVRD
investiu US$152 milhões na construção da planta de pelotização com capacidade de 6Mt por
ano, em São Luiz, e investiu US$30 milhões no desenvolvimento da mina de Brucutu. Os dois
principais produtores mundiais de minério de ferro, Brasil e Austrália com aproximadamente
66% da participação do mercado internacional de exportações, continuarão o seu domínio
neste mercado.
A pressão para aumento de salários e melhorias em eficiência trarão uma renovação
necessária para a consolidação da indústria. A CVRD adquiriu a Socoimex, Samitri e entrou
em uma aliança com a BHP no controle da mina da Samarco. Rio Tinto adquiriu a North e
esperam-se novas fusões, racionalizações e montagens para a divisão das fatias do mercado
de minério de ferro.
91
A produção mundial de minério de ferro pode ser dividida cm 05 b locos, sendo dois de
maior importância: a América Latina (onde se situa o Brasil como maior produtor) e a
Oceania (com a Austrália como principal produtor). Os outros blocos são a América do
Norte, CEI ( Ex-União Soviética) e Ásia.
Durante a década de 90, a grande mudança que mareou o panorama mundial no mercado
de minério de ferro foi o desmembramento da União Soviética. reduzindo pela metade a
sua produção. paralelamente houve mu aumento na produção da China da mesma ordem
de grandeza.
Durante a metade do último século, houve grandes instabilidades nas produções e
exportações de minério do mundo inteiro, o que se deveu a vários fatores, entre eles
podem ser citados a entrada em operação de diversas minas, crises econômicas nos grandes
blocos consumidores, boicotes entre outros.
A integração mineração siderurgia que vem se desenvolvendo ao redor do mundo desde a
década de 70, em forma de joint ventures entre os produtores de minério de ferro e aço, de
forma a se assegurar a compra e venda do minério de fe rro, se desenvolveu durante a
década de 80 em forma de contratos a longo prazo, permitindo aos compradores a
obtenção de informações que aumentaram o seu poder de negociação.
Desta forma, os compradores, principalmente os japoneses controlavam grande part e das
mineradoras no mundo inteiro, principalmente as de maior interesse econômico. que
apresentavam maior poder de crescimento. Dentre estas empresas, se podem tomar como
exemplos a Mitsui & Co. com capital empregado na Mt. Newman. Goldswolihy, Robe River, Yanlicoogina c
MBR. Outras empresas de destaque neste tipo de investimento são as japonesas Mitsubish, Mambcni,
Nippon Steel e Sumitomo.
Como o mercado externo de minério de ferro é então controlado mais pelos compradores
que pelos produtores fornecedores, o que se nota é um jogo de inversões de
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instabilidades, na produção e exportação deste bem mineral, beneficiando os países
importadores.
Provavelmente o Brasil e a Austrália te pela estabilização das indústrias de gusa e aço do
Japão e Alemanha.
Como os grandes blocos de mercados da Europa Ocidental e japoneses são controlados
pelos consumidores mais que pelos produtores, quem na realidade controla a evolução da
produção do minério de ferro são as indústrias siderúrgicas dessas regiões.
O paralelismo e a monotonia das curvas de evolução dos preços do minério de ferro no
mercado internacional para finos, granulados e pelotas, demonstram tanto para o mercado
japonês quanto para o mercado da Europa Ocidental, um controle na formação dos preços,
que se dá a partir da realização de contratos de longo prazo. Nota -se um estabelecimento
de limites de preços fixados pelas siderúrgicas e que são então seguidos pelas empresas de
mineração, seguindo as tendências de demanda e rentabilidade da siderurgia.
Quanto à necessidade de aumento de produção, pode -se colocar que em relação às pelotas
espera-se um acréscimo de 62 milhões de t (1999/2010), com predominância para o
abastecimento do HBI/DRI em mais 44 milhões de t e 18 milhões de t para alto -forno.
Em relação aos finos e granulados: acréscimo de 107 milhões de t (1999/2010) com
predominância para o abastecimento de alto-forno, outros em mais 94 milhões de t e 13
milhões de t para HBI/DRI.
No global, serão necessários acréscimos na oferta de minério de ferro de 169 milhões de t,
dos quais 112 milhões de t para usinas integradas e 57 milhões de t para fomo elétrico.
No Brasil, a integração mineração metalurgia também apresenta relações diretas entre
proprietários, existindo um emaranhado envolvendo praticamente todas as grandes
empresas.
93
Por exemplo, a CSN, maior siderúrgica do país é dona da CSN Steel, que tem 31% das ações da
VALEPAR, que controla a CVRD. A CVRD é também súcia da CSN, através da Docenave, com
participação de 10,3%. A CVRD é tamb ém detentora de 21% do capital da USIMINAS, que
controla 50% da COSIPA. Estabelece -se então um jogo que é controlado por diversas correntes e
interesses.
A concorrência entre o Brasil e a Austrália para atender o mercado internacional de minério de
ferro tem causado instabilidades nas indústrias dos dois países. Os brasileiros têm vantagem em
relação à menor distância até a Europa maior número de clientes no mundo inteiro e boa
infra-estrutura de transporte. Os Australianos têm maior proximidade do Japão, teor elevado do
minério e menor custo de transporte das minas para o porto.
A médio e longo prazo vislumbra -se a oportunidade de crescimento da demanda por placas no
mercado livre (o mercado cativo de placas é representado pelos produtores de BQ e chapas ),
determinado por vários fatores como: crescimento das relaminadoras especialmente no sudeste
asiático; maior utilização de placas adquiridas no mercado livre pelas usinas integradas com
capacidade de aciaria insuficiente; usinas integradas com unidades u ltrapassadas e com alto custo
de produção, como algumas localizadas nos EUA, na Europa e no Japão; fechamento de aciarias
nos EUA e Europa por obsolescência e problemas ambientais.
Estimativas indicam que as placas no mercado livre representaram em 1999, algo ao redor de 5%
da demanda total de placas da ordem de 350 milhões de t, atingindo 19 milhões de t. Sem
considerar o adicional potencial existente pelas razões acima colocadas, estima -se o alcance de 25
milhões de t, em 2010, representando 5% do merca do.
Estes indicadores apontam para a Oportunidade das mineradoras de ferro competitivas, como as
que atuam no Brasil, de passarem a considerar a integração até a produção de placas, dado a
vantagem competitiva existente, com possibilidade de produção de p lacas a baixo custo através
de usinas à base de fornos elétricos
94.
O estudo "A Ascensão das Mini Mills no Cenário Siderúrgico Mundial" publicado em setembro
2001 pela Gerência Setorial de Mineração e Metalurgia, no BNDES -Setorial No. 12, aborda a
evolução desta rota tecnológica, assim como dos processos de redução direta no mundo.
EM 1997, H. Duisenberg apresentou um artigo no 10° Simpósio internacional do Minério de
Ferro, que se deu em abril de 1997 em Berlim, Alemanha, e outro na 2a Conferência do Minério
de Ferro, que se deu em novembro de 1997 em Charlotte, N.C., EUA.
O artigo apresentado em Berlim tinha o titulo de "O Mercado de Minério de Ferro, nos aspectos
de curto e longo prazos", c o artigo apresentado em Charlotte tinha como título "O futu ro do
minério de ferro: tudo ou nada ( B oom or bust)".
Entre outros aspectos relevantes, apresentados, é importante se notar que:
A demanda total de aço nos países desenvolvidos ( Europa Ocidental, Canadá. EUA,
Japão) e na Austrália e Nova Zelândia. pode muito bem continuar pelos próximos 10
anos ou mais, no seu ritmo atual de crescimento de 1,7% ao ano, mas depois do ano
2010 deve haver um longo período de estagnação ou mesmo declínio. Esta
conclusão é obtida a partir do modelo de simulação de demanda, desenvolvido no
início dos anos 80, e explicado em detalhes no Iron Ore Markct 1 996-UNCTAD.
Baseado em um modelo matemático de extrapolação. o Banco ING, nos Países
baixos, em sua edição de 7998 do perspectief' alcançou um resultado similar em
relação ao crescimento econômico dos Países Desenvolvidos (+Austrália e Nova
Zelândia)
• A indústria automotiva nos Países Desenvolvidos (+Austrália e Nova Zelândia),
deverá lucrar, até o ano 2003, com a demanda crescente de reposição, repetindo o
aumento das vendas de carros durante 7982-89.
• O consumo per capita de aço no Japão em 1997, muito alto em parte devido ao nível
de atividade da construção civil, que proporcionalmente é muito maior que
95
em outros países, parece agora não sustentável, ou seja, parece estar acima do
limite de equilíbrio, devendo diminuir nos próximos anos.
O consumo de aço per capita na Tailândia e Coréia aumentou a um nível acima
mesmo do nível do Japão, dando margem a ocorrência de uma mudança de
tendência repentina. Em relação à formação de preços, enquanto a sabedoria
convencional dita que a competição é o melhor modelo, o autor acha que a natureza
oligopólica de duplo lado do mercado de minério de ferro tem várias vantagens.
Esta estrutura de mercado serve ao interesse de ambos com pradores e fornecedores,
bem como ao bem estar global. Sinais atuais de descontos de preços são portanto
um sinal de desenvolvimento de distúrbio. (UNCTAI) 1999).
Que o comércio global livre é melhor é outra sabedoria convencional; isto pode ser
verdade sob certas condições. Para o comércio internacional, o modelo de
vantagens comparativas é muito mais adequado. (em economia, este conceito mede o
grau de competitividade internacional de um produto de um dada país em relação à
competitividade de um outra produto daquele mesmo país. Para o autor, parece que o
termo "vantagens comparativas " esta cada vez mais sendo usado incorretamente como
sinônima de um produto ou indústria sob discussão.) Apenas baseado neste modelo
pode-se garantir lucros a ambos os lados, independentemente do seu nível de
competitividade. Para que isto funcione, é necessário que haja a escassez de
recursos. O desemprego e o subemprego globais estão agora enfraquecendo a
dinâmica do comércio, que está se tomando mais determinado por compet itividade,
que pode resultar em um jogo de resultado nulo ou negativo. Além disso, com as
mudanças de câmbio, a competitividade de um país pode mudar da noite para o dia.
O futuro geográfico internacional do mercado é cada vez mais difícil de se prever.
Como conseqüência, uma nova capacidade em um certo ponto geográfico pode se
dar em um local errado alguns anos mais tarde. O que pode ser bom para o
crescimento econômico mas que dificilmente será para aumentar o padrão de
qualidade de Vida.
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8- Bibliografia e referência Bibliográica
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