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Ministério Público do Trabalho

Procuradoria Regional do Trabalho – 3ª Região ASSESSORIA CONTÁBIL - ASCONT

“ Acidente de trabalho. A prevenção é mais eficaz e tem menor custo que o tratamento e a reabilitação. Pense nisso/Abril Verde. Pela Saúde e Segurança no Trabalho”.

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RELATÓRIO DO TRABALHO DE ASSESSORAMENTO TÉCNICO CONTÁBIL AO GRUPO DE TRABALHO INSTITUÍDO PELA PORTARIA N.º 747/2015

INVESTIGADO: ARCOS DOURADOS COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA

CNPJ 42.591.651-0003-05

I – Objetivo: apoiar tecnicamente, quanto à matéria contábil, o Grupo de Trabalho

formado para verificação do cumprimento do acordo judicial firmado no Processo n.º 0001040-74.2012.5.06.011.

Cabe ao ANALISTA DO MPU da área de PERÍCIA em CONTABILIDADE, dada a competência delegada pela Lei

Nº 11.415, DE DEZEMBRO DE 2006 e regulamentada pela Portaria PGR/MPU n.º 302, de 24 de maio de 2013, onde no seu Anexo I dispõe sobre as atribuições do Analista do MPU/Perícia/Contabilidade: realizar perícias, exames, vistorias, avaliações e estudos técnicos; coletar e analisar dados documentais e de campo; prestar

informações técnicas sob a forma de pareceres, laudos e relatórios, indicando a fundamentação técnica, métodos

e parâmetros aplicados; atuar em processos administrativos e judiciais como assistente técnico; participar de

eventos externos e reuniões técnicas quando determinado pela autoridade competente; e assessorar tecnicamente comissões, grupos e equipes de trabalho constituídos pela autoridade competente” .

II- Coordenadoria: CONAFRET – Coordenadoria Nacional de Combate às Fraudes

nas Relações de Emprego.

III - Grupo de Trabalho:

Procuradores do Trabalho: DR. LEONARDO OSÓRIO MENDONÇA, Presidente; DR. ULISSES DIAS DE CARVALHO, membro; DR. PAULO GONÇALVES VELOSO, membro; DR. JOÃO FILIPE MOREIRA LACERDA SABINO, membro e DR. JOSÉ FERNANDO RUIZ MATURANA, membro.

Analistas do MPU/Perícia/Contabilidade: GRACE KAREN DE ALMEIDA FRÓIS (PRT 3ª Região), conforme Portaria n.º 1113 PGT de 18 de dezembro de 2015, e BARAK GUEDES MIGUEL (PRT 2ª Região).




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IV – Itens do TERMO DE CONCILIAÇÃO verificados neste Relatório (3º, 5º, 6º e 7º) :

V – Multa por descumprimento do acordo (21/3/13):

VI – Período de análise do presente relatório: considerando que o último

prazo concedido para regularização da jornada foi 31/12/13, a verificação deveria abranger a partir de jan/14. Contudo, quando da primeira diligência realizada à empresa foram fornecidos dados somente a partir de mar/15. E a data final dos dados variou de estabelecimento para




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estabelecimento, sendo a maioria até out/15. Posteriormente foram enviados novos dados, em mídia eletrônica (DVD), abrangendo arquivos de jornada a partir de jan/14 a fev/15 (arquivos AFDT e ACJEF, sem constar o AFD – que possibilita a identificação do nome do empregado). Juntados também laudos emitidos pela empresa ATHOS SISTEMAS relatando a identificação de defeito no canal de comunicação da placa Corep de 12 equipamentos, o que impossibilitaria que o arquivo AFD fosse descarregado através da Porta Fiscal (datados de dez/15). Os outros documentos, juntados por amostragem, referem-se a espelhos de ponto e demonstrativos de pagamento de salário de out/15 e nov/15; bem como cópia de contratos de trabalho.

VII – 1ª etapa dos trabalhos (realizada em São Paulo):

1) Data de realização: 7/12/2015 a 11/12/2015.

2) Local: Barueri/SP, sede da empresa Arcos Dourados no Brasil e PTM de Osasco/SP.

3) Trabalhados desenvolvidos: ver “ Planilha 1” a seguir. Planilha 01 – Principais atividades desenvolvidas durante a diligência




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VIII – 2ª etapa dos trabalhos (realizada em Belo Horizonte/MG – Sede da PRT 3ª Região):

Correspondeu à finalização da análise das lojas iniciadas com as letras B, M, O, X e Z; no

recebimento dos arquivos contendo a análise das demais lojas realizada pelos demais integrantes do grupo de trabalho; consolidação das apurações de descumprimento e cálculo da multa devida – considerando os dados coletados durante a diligência, abrangendo tão somente o período de mar/15 a out/15.

1. Distribuição das lojas para análise: De acordo com a lista de endereço dos estabelecimentos da empresa, fornecida durante a diligência, havia na época da diligência o total de 615 (seiscentas e quinze) lojas no Brasil (todas identificadas nos arquivos de jornada através de siglas, com três letras). Considerando a quantidade de lojas e, por consequência, a quantidade de arquivos de jornada a serem analisados foi realizada distribuição das lojas entre os integrantes do Grupo de Trabalho observando-se as letras iniciais dos estabelecimentos. Na planilha a seguir, tem-se a distribuição das lojas por integrante do grupo, observando-se a letra inicial da sigla da loja, a quantidade de lojas por letra, a quantidade de arquivos AFD´s fornecidos, total final de lojas a serem analisadas e quantidade de lojas em que foi possível realizar a análise, bem como sua identificação (por não terem sido disponibilizados os três arquivos previstos na Portaria do MTE n.º 1510/09, AFD, AFDT e ACJEF). Ressalta-se, ainda, que em alguns casos foram disponibilizados os arquivos de jornada, mas a loja não constou na lista disponibilizada pela empresa. Por exemplo, lojas AAA, ADJ e BHS. Nesse sentido, como os arquivos foram disponibilizados foram incluídas na análise.




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Planilha 2 – Lojas analisadas e lojas pendentes de análise - Período de mar/15 a out/15




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2. Quanto à metodologia de análise dos arquivos de jornada fornecidos: considerando que

a empresa adota registro de ponto eletrônico por meio do REP, nos termos da Portaria MTb n.º 1510/09, foram solicitados os seguintes arquivos: - Arquivo Fonte de Dados – AFD; - Arquivo Fonte de Dados Tratados – AFDT; - Arquivo para Controle de Jornada e Efeitos Fiscais – ACJEF.

Considerando a quantidade de estabelecimentos, o período a ser analisado e o tipo de arquivo disponibilizado optou-se por utilizar o Sistema de Apuração de Jornada do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE. O Sistema de Apuração de Jornada do MTE, disponibilizado ao Ministério Público do Trabalho através de convênio, é uma ferramenta de informática criada pela Auditoria Fiscal do MTE que lê e trata os arquivos de jornada/ponto de forma parametrizada pela regulação ministerial, gerando relatórios de análise do cumprimento dos atributos legais relativo à jornada de trabalho por estabelecimento. Nesse sentido, vale ressaltar que não foi possível analisar de uma única vez os arquivos disponibilizados pela empresa investigada, pois o Sistema de Apuração de Jornada somente permite realizar a análise por estabelecimento. Com isso, fez-se necessário analisar estabelecimento por estabelecimento, para posterior consolidação dos dados, considerando os parâmetros definidos judicialmente, para, enfim, apurar a multa devida pelos descumprimentos constatados. Importante relatar, ainda, que foram encontradas diversas inconsistências nos arquivos de jornada fornecidos pela empresa investigada. Considerando os relatório gerados no próprio Sistema de Apuração de Jornada, relativos a “ ERROS E AVISOS” , verificou-se o apontamento de diversos erros, o que prejudicou substancialmente a análise completa da jornada e a verificação do cumprimento do acordo judicial. Ver exemplos de quantitativos de erros gerados a partir dos arquivos disponibilizados pela empresa a seguir.




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a) Estabelecimento: KNO. Das 1872 jornadas registradas pelos

empregados, tem-se que foram consideradas na análise apenas 255 mais 342 (31,89%) e 1275 não foram consideradas por erro.

Fonte: Sistema de Apuração de Jornada do MTE

b) Estabelecimento: BLE. Tem-se que 2651 jornadas não foram

consideradas por erro (26,24% do total).


c) Estabelecimento: BMG. Tem-se que 677 jornadas não foram


Fonte: Sistema de Apuração de Jornada do TEM

d) Estabelecimento: OBM. Tem-se que 4764 jornadas não foram





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Dentre os erros há a existência de diversos casos de marcação ímpar da jornada, ou seja, faltando algum registro, de entrada ou de saída, sem o tratamento devido; tratamento do ponto sem inclusão do motivo; hora com formato inválido; diversos casos em que não há o registro/cadastramento do horário contratual do empregado e divergências apuradas pelo Sistema de Apuração de Jornada entre o horário constante no arquivo ACJEF e o arquivo AFDT – ARQUIVO FONTE DE DADOS TRATADOS (ver exemplo na imagem a seguir).

Por fim, importante destacar também que gerando o relatório relativo ao HORÁRIO CONTRATUAL DOS EMPREGADOS verificou-se que há empregados que possuem mais de uma jornada diária cadastrada para um mesmo dia da semana. Ou casos em que há o cadastro de jornada diária apenas para apenas um ou dois dias da semana. Apresenta-se a seguir alguns exemplos.

a) Estabelecimento KEN: consta cadastro de jornada contratual para GABRIEL RICARDO FERMINO apenas para o sábado e consta para VINICIUS DOS SANTOS SILVA GOMES previsão de entrada tanto às 7h quanto às 15h.




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b) Estabelecimento: OBM: exemplificando tem-se que MARIA LUCIA DOS SANTOS às segundas e terças-feiras tem como horário contratual de início da jornada três horários distintos: 12h; 15h e ainda 7h. E no caso dos empregados GUSTAVO SILVA SANTOS e JESSICA JOYCE FERREIRA PINCELA há horário contratual previsto apenas para sextas-feiras.

Exemplos de horários contratuais registrados no REP – estabelecimento OBM




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c) Estabelecimento BFC: por exemplo, no caso da empregada ELISANGELA SILVA

DE PAULA, há 5 horários contratuais previstos para semana (segunda a domingo), com entrada às 8h; 8h08min; 7h30min com saída às 15h45min; 7h30min com saída às 15h54min e entrada às 10h02. E ainda há mais dois horários possíveis para o domingo

Exemplos de horários contratuais registrados no REP – estabelecimento BFC




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3. Resultados alcançados: das 618 lojas existentes no período de análise (mar/15 a

out/15) foi possível utilizar o Sistema de Apuração de Jornada/MTE para 515 lojas (ou seja, 89%), ficando pendentes de apuração o total de 103 lojas. Vale ressaltar, ainda, que mesmo a análise da jornada das referidas 515 lojas ficou prejudicada, devido aos diversos erros verificados pelo Sistema de Apuração de Jornada, como já apontado neste Relatório (item “ 2” ). Feitas as ponderações quanto ao alcance da análise do cumprimento do acordo, segue resumo das constatações. Salienta-se que para o cálculo da multa foram utilizados os totais constantes da última coluna da planilha a seguir (“ Total de Situações Irregulares por Obrigação, por Empregado e por Mês de Ocorrência” ).

Planilha 3 – Resumo das apurações de irregularidades na jornada no período de mar/15 a out/15 em relação às 515 lojas analisadas




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4. Resumo das apurações de descumprimento e cálculo da multa (com base nos

ANEXOS 1, 2, 3 e 4 deste Relatório):

Apresenta-se na Planilha “ 4” a seguir, RESUMO da apuração da multa por descumprimento do Termo de Conciliação, firmado em 21 de março de 2013, considerando as irregulares apuradas conforme ANEXO 1 deste Parecer em relação aos itens:

3º - INTERVALO INTRAJORNADA – ver PLANILHA I do Anexo 1; 5º - NÃO EXIGÊNCIA DE MAIS DE DUAS HORAS EXTRAS DIÁRIAS – ver

PLANILHA II do Anexo 1; 6º - INTERVALOS INTERJORNADAS DE 11 HORAS NO MÍNIMO – ver

PLANILHA III do Anexo 1 e 7º - DESCANSO SEMANAL DE 24 HORAS – ver PLANILHA IV do Anexo 1.

Vale ressaltar que no ANEXO 1 deste Parecer estão todas os casos de

descumprimentos apurados a partir da análise dos arquivos de jornada fornecidos (AFD, AFDT e ACJEF) através do Sistema de Apuração de Jornada do Ministério do Trabalho e Emprego/MTE.

Considerando que a multa acordada foi de R$ 2.000,00 (dois mil reais) por mês e por empregado encontrado em situação irregular e por item descumprido, fez-se necessário apurar para cada item do acordo e por mês de análise a quantidade de empregados em situação irregular (excluindo-se os casos repetidos).

Dessa forma, os empregados em situação irregular e por mês de análise foram apurados, conforme ANEXOS 2 a 5 deste Parecer, cujos empregados foram considerados tão somente uma única vez por mês de análise e por item descumprido. E para o cálculo da multa foram somadas as quantidades de empregados de cada mês de análise e por item do ACORDO, e multiplicado pelo valor da multa (R$ 2.000,00).

TOTAL APURADO para o período de mar/15 a out/15, considerando tão somente os arquivos de controle de jornada que foram disponibilizados, SEM CORREÇÃO E SEM JUROS,

de R$ 103.260.000,00 (cento e três milhões duzentos e sessenta mil reais), conforme

Planilha 4 a seguir.




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Planilha 4 – Resumo da apuração da multa por descumprimento dos itens 3º, 5º, 6º e 7º do Termo de Conciliação – Período de apuração de mar/15 a out/15

(*) Data inicial e final dos registros de ponto variaram de loja para loja. (**) Ver ANEXOS 2 a 8 (apuração dos empregados em situação irregular, por mês e por item do acordo judicial).




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Quanto ao 3º item do acordo judicial, referente à concessão do intervalo intrajornada

(Planilha I do ANEXO 1deste Relatório) tem-se que foram apurados descumprimentos quanto à concessão do intervalo intrajornada inferior a 1 (uma) hora; superior a 2(duas) horas e diversos casos em que o intervalo não foi concedido no meio da jornada, considerando a tolerância de uma hora para mais ou para menos.

Nesse sentido, na Planilha 5 a seguir é apresentado o total de empregados encontrados em situação irregular por mês e por “ obrigação descumprida” do item 3 do acordo. E na última coluna o total de empregados, por mês, após as exclusões dos empregados repetidos com a consolidação de todos os casos de descumprimento ao item 3 por mês de análise (ver também ANEXOS 6, 7 e 8). Planilha 5 – Resumo das apurações de descumprimento por empregado, por mês e por obrigação constante do item 3 do Termo de Conciliação e total geral no período de mar/15 a out/15

*No ANEXO 2 foram consolidados os ANEXOS 6, 7 e 8 e excluídos os nomes repetidos de empregados por mês de análise.




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IX- Conclusão:

Do total de 618 (seiscentas e dezoito) lojas identificadas (sendo 615 listadas pela

empresa e 3 consideradas conforme arquivos de jornada disponibilizados – lojas AAA ADJ e BHS), foram recebidos arquivos de jornada passíveis de análise (ou seja, contemplando os

arquivos de jornada AFD/AFDT/ACJEF) de 515 (quinhentas e quinze) lojas, ou seja, cerca de

89% do total de lojas identificadas. Nesse sentido, ficaram pendentes de análise o total de

103 (cento e três) lojas.

Assim, com base nos arquivos fornecidos, e somente com base neles, e utilizando-se

do Sistema de Apuração de Jornada do Ministério do Trabalho e Emprego/MTE, chegou-se à

multa de R$ 103.260.000,00 (cento e três milhões e duzentos e

sessenta mil reais) pelo descumprimento dos itens 3º, 5º, 6º e 7º do Termo

de Conciliação, SEM CORREÇÃO E SEM JUROS.

Ressalta-se que o valor apurado não contempla todas as lojas e não contempla todo o

período após a assinatura do acordo, mas apenas a partir de mar/15 até out/15 (e mesmo

assim de forma incompleta, conforme demonstrado na planilha 2 deste Relatório).

"Este relatório se enquadra nas hipóteses previstas no art. 14, inciso I da Lei nº. 11.415/2006 e Portarias PGR/MPU nº. 290/2007 e PGT/MPT nº. 605/2007."

Belo Horizonte, 11 de abril de 2016.

Grace Karen de Almeida Fróis Analista do MPU /Perita/Contabilidade – Matrícula 6.002.830-0

CRC/MG 75.385 – O

ministério público do trabalho procuradoria regional do ... · trabalho”. 5 planilha 2 –...

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