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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE 3º PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE Rua Tenente Manoel Cavalcante, n.º 100, Centro, São Gonçalo do Amarante/RN. CEP 59.290-000. Telefone/Fax: (84) 3278.4995 / 3278.4998 EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE/RN. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, por meio da 3ª Promotoria de Justiça da Comarca de São Gonçalo do Amarante, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, conferidas pelos artigos 129, inciso III, da Constituição Federal, no caput do artigo 5 o da Lei 7.347/85, no art. 84 do Código de Defesa do Consumidor, e com fundamentos jurídicos notadamente, no art. 225 da Constituição Federal, na Lei n.° 6.938/81, na Resolução CONAMA n.º 357/05 e demais dispositivos aplicáveis à espécie, vem, perante Vossa Excelência, com base no Inquérito Civil Público nº 06.2009.00000523-3, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE RESPONSABILIDADE POR DANOS CAUSADOS AO MEIO AMBIENTE, COM PEDIDO DE CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR em face: MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE, pessoa jurídica de direito público interno, representado legalmente por seu Prefeito Constitucional, o Sr. Jaime Calado Pereira dos Santos, com endereço para citação na sede da Prefeitura Municipal, na Travessa Pio XII, n.º 127, Centro, São Gonçalo do Amarante/RN; 1

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE 3º PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE

Rua Tenente Manoel Cavalcante, n.º 100, Centro, São Gonçalo do Amarante/RN. CEP 59.290-000. Telefone/Fax: (84) 3278.4995 / 3278.4998

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE/RN.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, por meio da 3ª Promotoria de Justiça da Comarca de São Gonçalo do

Amarante, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, conferidas pelos

artigos 129, inciso III, da Constituição Federal, no caput do artigo 5o da Lei 7.347/85,

no art. 84 do Código de Defesa do Consumidor, e com fundamentos jurídicos

notadamente, no art. 225 da Constituição Federal, na Lei n.° 6.938/81, na Resolução

CONAMA n.º 357/05 e demais dispositivos aplicáveis à espécie, vem, perante Vossa

Excelência, com base no Inquérito Civil Público nº 06.2009.00000523-3, propor a

presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE RESPONSABILIDADE POR DANOS CAUSADOS AO MEIO AMBIENTE, COM PEDIDO DE CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR

em face:

MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE, pessoa jurídica de

direito público interno, representado legalmente por seu Prefeito

Constitucional, o Sr. Jaime Calado Pereira dos Santos, com endereço para

citação na sede da Prefeitura Municipal, na Travessa Pio XII, n.º 127,

Centro, São Gonçalo do Amarante/RN;

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JAIME CALADO PEREIRA DOS SANTOS, brasileiro, Prefeito de São

Gonçalo do Amarante/RN, com endereço para citação na sede da

Prefeitura Municipal, na Travessa Pio XII, n.º 127, Centro, São Gonçalo

do Amarante/RN e;

INSTITUTO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE DO RIO GRANDE DO NORTE - IDEMA, ente público da administração indireta estadual,

localizado na Av. Nascimento de Castro, 2127, Bairro Lagoa Nova,

CEP nº 59056-450, Natal/RN, representado por seu Diretor, o Sr.

Manoel Jamir Fernandes Júnior, com endereço para citação na

Procuradoria-Geral do Estado, Avenida Afonso Pena, n.º 1155, Tirol,

Natal/RN, CEP: 59.020-100, pelas razões de fato e de direito a seguir

aduzidas.

I – DA NARRATIVA DOS FATOS

Com o objetivo de “apurar a disposição inadequada de resíduos sólidos

(lixo) em terrenos particulares/baldios no Distrito de Guajiru”, a 1ª Promotoria de

Justiça da Comarca de São Gonçalo do Amarante/RN, no dia 10.12.2009, instaurou

o Inquérito Civil Público n.º 06.2009.00000523-3, através da portaria de n.º 060/2009

(fls. 02), posteriormente redistribuído à 3ª Promotoria de Justiça.

Destaque-se que inicialmente a referida investigação possuía um

objeto mais amplo, visto que almejava averiguar a situação do lixão municipal de

São Gonçalo do Amarante/RN, localizado no distrito de Guajiru, o qual foi desativado

em decorrência de contrato com a BRASECO S/A para realização do tratamento dos

resíduos sólidos do Município, todavia denota-se ainda a necessidade de promover

a recuperação da área degradada, bem como de realizar a identificação dos outros

lixões existentes em terrenos particulares e baldios (fls. 03).

O relatório de Vistoria do IDEMA, realizado em 20.10.2008, e

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encaminhado para a Promotoria de Justiça da Comarca de São Gonçalo do

Amarante pela 41ª Promotoria de Justiça da Comarca de Natal (Ofício n.º 254/08 –

41ª PJDMA – fls. 04), apontou diversas irregularidades, tais como:

• A cerca de isolamento da área se encontrava danificada, foi verificada

a presença de catadores, de urubus, bem como foi identificado que os

resíduos sólidos estavam dispostos a céu aberto no local (fls. 05);

• Muitas áreas no distrito de Guajiru de antigos barraqueiros eram

utilizadas pelos proprietários como depósito de lixo, para realização de

aterramento, na qual ocorria o depósito de resíduos inclusive pela

própria Prefeitura Municipal de São Gonçalo do Amarante (fls. 05);

• Informações do Diretor da BRASECO, Sr. Henrique Muniz, indicaram

que apesar de o Município de São Gonçalo do Amarante/RN ter

assinado o contrato com a BRASECO para destinar os resíduos no

aterro sanitário, não havia enviado nenhum quilo de lixo (fls. 05).

Diante de tais fatos, informa o relatório que a prefeitura municipal de

São Gonçalo do Amarante foi notificada para paralisar imediatamente a disposição

do lixo no local, efetuar o recobrimento do lixo existente, destinar todo o lixo coletado

no Município para o aterro Sanitário da BRASECO, e apresentar um Plano de

Recuperação de Área Degradada – PRAD (fls. 05). Todavia, nova vistoria realizada

no dia 29.10.2008 constatou o descumprimento de tais obrigações, sendo a

Prefeitura autuada pelo não atendimento a notificação n. 2008-024267/TEC/NOT-

1028) (fls. 06).

Destaca-se que a problemática é bastante antiga, constando nos autos

ainda o Relatório de Vistoria n.º 133/2006, referente à fiscalização realizada no dia

31.05.2006, na qual foi identificada a queima de lixo no local do lixão e grande

quantidade de lixo disposto a céu aberto, motivo pelo qual foi a prefeitura notificada

para paralisar de imediato a queima do lixo (notificação n.º 2006-004032/TEC/NOT-

0191 - fls. 15-16).

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Ademais, o Relatório de Vistoria n.º 113/2008, encaminhado para a

Promotoria por meio do Ofício n.º 1483/2008-DG (fls. 30), apresenta relato acerca da

fiscalização realizada no dia 02.10.2008 em um Lixão Privado localizado em Guajiru,

de propriedade do Sr. Raimundo Crispim, indicando em síntese os seguintes pontos:

• Na propriedade do Sr. Raimundo Crispim existe apenas um depósito

de material reciclável, e o mesmo está efetuando a catação no terreno

da Sra. Maria de Oliveira (fls. 31);

• No local está se formando um novo lixão, pois os resíduos são

dispostos a céu aberto, contribuindo para a proliferação de moscas e

outros insetos (fls. 31);

• O Sr. Raimundo Crispim informou que recebe resíduos do Carrefour,

Hotel Pestana, Disk entulho e outras empresas (fls. 31);

• O Sr. Raimundo informou que “já conhece os carros de empresas

particulares que vão para o Aterro sanitário e os aborda na estrada,

solicitando que os mesmos depositem os resíduos na sua área para

catação e que após a catação os carros vêm pegar os resíduos que

não são aproveitados e levam” (fls. 31-32);

• Sr. Raimundo informou que no Distrito de Guajiru em São Gonçalo do

Amarante/RN existem vários lixões particulares (fls. 32).

Diante de tais fatos, foram constatados pelo órgão de fiscalização os

impactos ambientais decorrentes do depósito inadequado de resíduos sólidos na

área, tais como a poluição visual, a proliferação de vetores causadores de doenças,

motivo pelo qual o Sr. Raimundo foi notificado para efetuar a limpeza do local. No

mesmo documento, o órgão fiscalizador informou que há vários pontos de lixões

particulares e que a Secretaria de Obras do município teria conhecimento acerca da

existência dos mesmos, segundo informações disponibilizadas por alguns

moradores da área (fls. 32).

Após, a promotoria de justiça requisitou ao Secretário Municipal de

Meio Ambiente de São Gonçalo do Amarante/RN a identificação dos lixões a céu

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aberto no Distrito de Guajiru, bem como os respectivos proprietários (fls. 41). Em

resposta, a prefeitura municipal encaminhou o Ofício n.º 086/2009-GS apresentando

vistoria realizada no dia 23.12.2009, aduzindo que (fls. 42-50):

• Oficialmente não existe mais o lixão localizado no distrito de Guajiru no

município de São Gonçalo do Amarante/RN, sendo os resíduos

coletados na área dispostos no Aterro de Ceará-Mirim, operado pela

empresa BRASECO S/A (fls. 43);

• Existem centenas de pequenos focos de lixo espalhados entre os

caminhos e a vegetação nativa na localidade de Guajiru (fls. 43);

• Existem dezenas de casebres instalados em meio à mata e ao próprio

lixo, e que as famílias que residem na área convivem com urubus,

porcos, garças e mau cheiro provenientes dos dejetos descartados e

do próprio lixo remanescente (fls. 44);

• É comum a presença de carcaças de animais jogadas e/ou

descartadas nas vias de acesso ao antigo lixão, bem como despejo de

podas de árvores, entulhos, metralhas, pneus e lixo doméstico, já

havendo sido inclusive utilizado como ponto para desova de cadáveres

(fls. 44);

• Foi constatada a existência de uma cratera, oriunda da extração ilegal

de saibro, com a presença de bastante lixo, aumentando a presença de

urubus e de garças na área, aumentando o perigo aviário na região (fls.

44-45);

• É necessária a elaboração de um Projeto de Gestão e Educação

Ambiental a fim de conscientizar a população residente na área, tendo

sido enviado ao Ministério do Meio Ambiente o Projeto de Educação

Ambiental “Reciclando Ideias Comportamentais – RICO” que tem como

objetivo a minimização dos impactos ambientais e formação de

agentes de educação ambiental naquela área (fls. 45-46);

Com o escopo de identificar as áreas dos pontos clandestinos de lixo

foram requisitadas informações para a Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo de

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São Gonçalo do Amarante/RN, sendo enviado o Ofício n.º 41/2010-GS e o Ofício

n.º127/2010 indicando as coordenadas geográficas de alguns pontos clandestinos

(1. 25M 0242820, 9363564; 2. 25M 0243729, 9363420; 3. 25M 0243652, 9363153;

4. 25M 0243276, 9362841), acrescentando que os lotes 319 ao 322, 334 ao 387,

394 ao 404, 842, 843, 1530 e 1531 são áreas onde ocorre disposição ilegal de

resíduos sólidos (fls. 53 e 69-72).

Ademais, a Promotoria de justiça requisitou da Secretaria do Estado de

Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte diagnóstico técnico

pertinente à disposição de Resíduos Sólidos do município de São Gonçalo do

Amarante/RN, o qual foi enviado pelo órgão à Promotoria de Justiça (Ofício n.º

231/2010-GS - fls. 056-065).

Atendendo a requerimento da 1ª PJCSGA (fls. 052), a Secretaria

Municipal de Tributação encaminhou as fichas cadastrais dos imóveis (fls. 075-148)

dos lotes mencionados no ofício n.º 41/2010, quais sejam: lotes 319 ao 322, 334 ao

387, 394 ao 404, 842, 843, 1530 e 1531, conforme quadro que segue abaixo:

Proprietário(a): Lote(s): Fls. dos autos:Marli Braz Gomes de Oliveira (Armando de Lima

Fagundes – fls. 185)

319-322 e 334-348 76-94

Aneilde Gomes Frutuoso 349 e 364 95 e 110

Maria de Lourdes Gomes Frutuoso

CPF: 323.913.824-72

350 e 365 96-111

Manoel Batista da Silva 351 97

Luiz Gonzaga Frutuoso

CPF: 011.466.374-20

352, 355, 367-370 98, 101, 113-116

Cassimiro Florêncio da Costa

CPF: 098.206.984-72

356-358, 371-372 102-104, 117-

119Imobiliária Santanna LTDA ME

CNPJ: 08.409.385/0001-57

359-363, 374-378,

381, 386, 542-843

105-109, 120-

124, 127, 136,

145-146Manoel Batista dos Santos 366 112

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Gerson Cordeiro de Souza

CPF: 020.022.134-53

379-380, 382-387,

394-395, 397-404

125-126, 128-

133, 134-135,

137-144Antônio Estácio de Souza (Luiz Barbosa – fls.

184)

1500-1531 147-148

A partir disso, foi oficiado a cada um dos proprietários dos referidos

lotes para que estes tomem ciência da realização de vistoria pela Secretaria

Municipal de Meio Ambiente e que, no prazo de 30 dias, realizem a limpeza e o

cercamento da área, sob pena de responsabilização cível e criminal. De todos os

ofícios enviados, apenas 4 (quatro) foram respondidos sendo prestadas as

informações que constam abaixo:

1) Certidão do dia 08.10.10 indica que o Sr. Carlos Alberto Costa, filho

do Sr. Cassimiro Florêncio da Costa, já falecido, informou que os lotes

que pertencem ao declarante de número 356, 357, 358, 371, 372 e 373

estão devidamente cercados e habitados, havendo nesses lotes um

imóvel residencial na área, bem como afirmou que o local onde,

provavelmente, ocorre o depósito de lixo fica entre os lotes n.º 379 e

380 (fls. 169-170);

2) Certidão do dia 19.10.2010 assevera que a Sra. Renata Cordeiro de

Araújo, neto do Sr. Gerson Cordeiro de Sousa, informou que o seu avô

já é falecido, e que a sua avó é a atual responsável pelo imóvel,

estando a área está locada à URBANA, declarando ainda que adotará

as providências cabíveis (fls. 173);

3) Certidão do dia 25.10.11 indica que a esposa do Sr. Sebastião

Germano Sobrinho informou o seu falecimento, acrescentando que o

terreno em questão foi partilhado entre os herdeiros e vendido (fls.

199v);

4) o Sr. Armando de Lima Fagundes informou que já efetuou a limpeza

e o cercamento dos lotes número 319-348, adicionalmente asseverou

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que a quadra composta pelos lotes que vão dos números 476-505

estão com muito lixo depositados por catadores em diversas áreas (fls.

211-212);

Além disso, o Ofício n.º 159/10 da 41ª Promotoria de Justiça da

Comarca de Natal/RN encaminhou relatório de Vistoria realizada pelo IDEMA no dia

08.08.2010 indicando acerca do Município de São Gonçalo do Amarante (fls. 150-

157):

“O município de São Gonçalo do Amarante, por muitos anos, no Distrito de Guajiru, foi alvo de exploração de argila, deixando como passivo ambiental várias cavas (crateras) que até hoje são utilizadas como depósito de lixo. O próprio município de São Gonçalo do Amarante utilizava uma dessas áreas como local de destino final dos resíduos sólidos gerados no município. No final do ano 2008, através da Ação do Ministério Público e do órgão ambiental estadual, por meio do controle do perigo aviário, o lixão do município foi desativado, sendo encaminhado os resíduos domiciliares gerados, para o aterro sanitário da Braseco. Contudo, mesmo com a desativação do lixão, o distrito de Guajiru ainda abriga vários lixões 'particulares'. São áreas utilizadas pelos antigos catadores do lixão, em torno de seis áreas, que segundo informações de populares que não quiseram se identificar, estes catadores recebem lixo de supermercados e shopping Center da capital, principalmente à noite.Em vistoria a um desses 'lixões particulares', podemos observar muitos materiais descartáveis, bandejas de alimentos e restos de alimentos que são utilizados na criação de porcos. Tentamos contato com um catador que estava no local e este não quis se identificar e disse não saber a procedência dos resíduos.Vale salientar que a Prefeitura de São Gonçalo do Amarante já foi notificada a apresentar uma alternativa para solucionar o problema deses lixões e até a presente data não apresentou resposta ao IDEMA”

Em conclusão, afirma que “o único município que estava recebendo

resíduos de grandes geradores, supermercados e shopping Center é o município de

São Gonçalo do Amarante, por meio de lixões particulares, onde, provavelmente os

transportadores desviam os resíduos do seu destino final” (aterro sanitário da

Braseco) (fls. 156).

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Desse modo, o Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Defesa

do Meio Ambiente (CAOP-MA), realizou vistoria no dia 17.12.2012 para avaliar os

pontos clandestinos de descarte de resíduos no Distrito de Guajiru em São Gonçalo

do Amarante/RN, analisando as áreas que seguem abaixo (Figura 1):

Em resumo, na vistoria em questão foram ressaltadas as seguintes

informações: 1) a existência de vários pontos de descarte de resíduos domiciliares e

construção civil em via pública próximos uns aos outros, bem como a presença de

um abrigo de catadores (coordenada 7); 2) pontos de descarte da construção civil,

locais de queima de madeira, resíduos de materiais eletrônicos e carcaças de

cavalos em estágio de decomposição em estágio avançado (coordenada 08); 3)

grande volume de resíduos de poda vegetal, muitas leiras de topsoil (camada

superficial do solo removida para extração mineral, resíduos de construção civil,

edificações em alvenaria e barracos de lona para moradia, nos quais existem

ligações clandestinas de energia elétrica e criação de porcos (coordenadas 2, 4 e 5);

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4) área do “aterro” de RCC ( resíduos de construção civil ) do Guajiru (coordenadas

3 e 6) (Relatório de Vistoria n.º 02/2013 Relatório de Vistoria n.º 04/2012 CAOP-MA

– fls. 217-227).

Em conclusão, constata que nas áreas indicadas pelas coordenadas de

1 a 8, permanecem os pontos de descarte inadequado de resíduos sólidos urbanos.

Todavia, não foi identificado nenhum movimento de veículos transportando e

descarregando resíduos nos pontos georreferenciados. Evidenciou-se, ainda, que o

antigo lixão do Guajiru se encontra desativado e a vegetação herbácea está em

desenvolvimento, mas ainda existem pequenos monturos de resíduos acumulados

na área. Destacou-se ainda que a situação mais crítica foi a observada na área das

coordenadas 4 e 5 na qual existe um grande volume de resíduos de diversos tipos e

uma pequena aglomeração de moradias precárias com ligações clandestinas de

energia elétrica, além de construções em alvenaria.

Em que pese a conclusão da vistoria supracitada verifica-se, em

relação ao aterro de RCC, a Cia de Serviços urbanos de Natal – URBANA possui a

licença simplificada, concedida em janeiro de 2014, com validade até o dia

08.01.2019, para a realização do despejo de entulhos de construção civilmente e de

podas de árvores ( processo n.º 2013-070490/TEC/LS-0821 - doc. 01).

É o que importa relatar.

II – DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

Diante do quadro fático exposto no tópico anterior, passa-se a analisar a

legislação aplicável ao caso, qual seja:

1. Constituição Federal;2. Lei Federal 6.938/1981 ( Política Nacional do Meio Ambiente );3. Lei Federal 11.445/2007 ( Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico );4. Lei Federal 12.305/2010 ( Política Nacional de Resíduos

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Sólidos );5. Lei Complementar do Estado do Rio Grande do Norte nº 272/2004 ( Política e o Sistema Estadual do Meio Ambiente );6. Lei Complementar 051 do Município de São Gonçalo do Amarante ( Código de Meio Ambiente ).

II. 1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL E LEI 6.938/81 ( POL Í TICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE )

O meio ambiente recebeu do legislador constitucional de 1988 especial

atenção, apontando-se os seguintes artigos relacionados diretamente à presente

demanda:

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos MUNICÍPIOS:[...]VI - proteger o Meio Ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;

O art. 225, em seu §1º, inciso IV, estabelece, por sua vez, que:

Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.[...]IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade.[…]§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

Afora os dispositivos citados, a Constituição também cuidou de fixar a

competência própria dos Municípios no que tange à prestação dos serviços públicos

de interesse local:

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Art. 30. Compete aos Municípios:(…)V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial.

Como se vê, os dispositivos constitucionais acima impõem ao Poder

Público Municipal o dever de prestar, direta ou indiretamente, os serviços de

interesse local, proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer forma,

além de fixar a exigência do licenciamento ambiental para atividades potencialmente

poluidoras.

Quanto aos conceitos de degradação, poluição e meio ambiente, vale

recorrer à Lei Federal n.° 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a

Política Nacional do Meio Ambiente, em seu artigo 3° e incisos:

Art. 3° - Para fins previstos nesta Lei, entende-se por:I – meio ambiente: o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas:II – degradação da qualidade ambiental: a alteração adversa das características do meio ambiente;III – poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população;b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;c) afetem desfavoravelmente a biota;d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões estabelecidos.

Está comprovado nos autos que o Município de São Gonçalo do

Amarante/RN, além de ter contribuído com o descarte inadequado de resíduos

sólidos, não tem exercido o seu poder de fiscalização sobre a área existente no

distrito de Guajiru, no qual tem ocorrido o descarte de forma absolutamente irregular,

prejudicando o meio ambiente e a saúde da população, conforme se extrai das

provas constantes inquérito civil anexo.

Uma vez certa a poluição causada, incide na hipótese o princípio do

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poluidor-pagador, por meio do qual objetiva-se imputar ao agente poluidor o custo

social da poluição por ele causada e, dessa forma, responsabilizá-lo pelo dano

ambiental. A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente acolheu tal princípio como

um de seus objetivos no artigo 4º, VII:

Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: (...)VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

Da mesma maneira, prevê o seu artigo 14, § 1º:

§1° - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal por danos causados ao meio ambiente.

De tal modo, surge para a administração pública a obrigação

inafastável de impedir a continuidade dos danos ambientais que vem sendo

ocasionados na área, sobretudo diante do grave risco aviário que surge com o início

da operação do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante-RN, fato esse que

evidentemente não impede ao Município o exercício do direito de regresso em face

dos poluidores particulares.

II.2 LEI 11.445/2007 ( SANEAMENTO BÁSICO ) e LEI 12.305/2010 ( POLÍTICA NACIONAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS )

A Lei n.º 11.445/2007 traz regras gerais a respeito do serviço de

saneamento básico e, em seu artigo 3º, define como tal a limpeza urbana e o

manejo de resíduos sólidos, dentre outros serviços. Vejamos:

Art. 3º Para os efeitos desta Lei, considera-se:I - saneamento básico: conjunto de serviços, infra-estruturas e instalações operacionais de:

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a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente;c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas;d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas;

Em complementação, no mês de agosto de 2010, entrou em vigor a Lei

n.º 12.305/2010, que dispõe a respeito da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a

qual expressamente proibiu a existência dos chamados “lixões” ( lançamento de

resíduos sólidos in natura a céu aberto ). Assim dispõe o artigo 47:

Art. 47. São proibidas as seguintes formas de destinação ou disposição final de resíduos sólidos ou rejeitos:I - lançamento em praias, no mar ou em quaisquer corpos hídricos;II - lançamento in natura a céu aberto, excetuados os resíduos de mineração;III - queima a céu aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos não licenciados para essa finalidade;IV - outras formas vedadas pelo poder público.

A responsabilidade do Município advém da sua omissão em realizar a

fiscalização na área, surgindo por consequência a obrigação de reparar os danos

ocasionados ao meio ambiente. Destaca-se que essa responsabilidade é solidária, e

se estenderá ainda para os proprietários ou possuidores dos terrenos nos quais

ocorre o despejo irregular de resíduos sólidos, bem como para os grandes

geradores, assim preceitua a Lei n.º 12.305/2010:

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Art. 25. O poder público, o setor empresarial e a coletividade são responsáveis pela efetividade das ações voltadas para assegurar a observância da Política Nacional de Resíduos Sólidos e das diretrizes e demais determinações estabelecidas nesta Lei e em seu regulamento. [...]Art. 27. As pessoas físicas ou jurídicas referidas no art. 20 são responsáveis pela implementação e operacionalização integral do plano de gerenciamento de resíduos sólidos aprovado pelo órgão competente na forma do art. 24. § 1º A contratação de serviços de coleta, armazenamento, transporte, transbordo, tratamento ou destinação final de resíduos sólidos, ou de disposição final de rejeitos, não isenta as pessoas físicas ou jurídicas referidas no art. 20 da responsabilidade por danos que vierem a ser provocados pelo gerenciamento inadequado dos respectivos resíduos ou rejeitos.

Está clara, assim, a responsabilidade do Município de São Gonçalo do

Amarante, vez que foi omisso em exercer a fiscalização da área, permitindo assim

que fossem causados danos ao meio ambiente, patrimônio a ser necessariamente

assegurado e protegido. Assim, se torna civilmente responsável, inclusive por

eventuais danos sofridos pela sociedade e pelo meio ambiente, responsabilidade

esta objetiva, nos termos do art. 14, § 1° da Lei n.° 6.938/81, pouco importando,

pois, qualquer argumentação acerca da existência de culpa ou de responsabilidade

solidária de qualquer outro empreendedor, assegurando-se ao ente municipal,

contudo, o direito de regresso em face dos poluidores.

II.2.1 DISPOSIÇÃO FINAL AMBIENTALMENTE ADEQUADA DOS REJEITOS – OBJETIVO DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

O depósito a céu aberto dos resíduos sólidos são responsáveis por

gerar, inegavelmente, graves problemas ambientais, conforme se observa nas lições

de Paulo Affonso Leme Machado:

“poluição das águas subterrâneas e por conseguinte dos cursos d'água vizinhos, proliferação de animais parasitas (insetos e roedores), odores nauseabundos de fermentação, tendo efeito adverso sobre os valores da terra, criando transtorno público, com interferência na vida comunitária e no desenvolvimento”.

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O artigo 7º da Lei n.º 12.305/2010 elenca os objetivos da Política

Nacional de Resíduos Sólidos, dentre eles, no inciso II destaca:

“a não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.”

Nesse caso, a “disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos”

é expressão conceituada no inciso VIII do artigo 3º da mesma Lei, que assim a

define:

“distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais diversos”

Mais adiante, no seu artigo 54, a mesma Lei afirma:

“A disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, observado o disposto no §1º do art. 9º, deverá ser implantada em até 4 ( quatro ) anos após a data de publicação desta Lei”.

Portanto, a Lei n.º 12.305/2010 relaciona, entre seus objetivos, a

destinação final ambientalmente adequada dos rejeitos, concedendo aos titulares do

serviço o prazo de 4 anos, a contar de sua publicação, para que cumpram tal

determinação, prazo este que se encerra em 03.08.2014.

Nada obstante o prazo legal de 4 anos para a regularização da

destinação dos resíduos sólidos, já se encontra em vigor a norma contida no artigo

47, inciso II da Lei n.º 12.305/2010, proibindo a existência de “lixões”.

Assim, pugna o Ministério Público, com base no princípio da

razoabilidade e na proteção do meio ambiente e da saúde humana, pela paralisação

imediata da disposição do lixo em toda a área do distrito de Guajiru, em São

Gonçalo do Amarante/RN (excetuando-se a área do “aterro” de RCC licenciada pelo

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IDEMA para a URBANA), efetuar o recobrimento do lixo existente, destinar todo o

lixo coletado no Município para o aterro Sanitário da BRASECO, e apresentar um

Plano de Recuperação de Área Degradada – PRAD, efetuando uma fiscalização

constante na área para evitar a ocorrência de novos despejos irregulares.

II.3. LEI COMPLEMENTAR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE Nº 272/2004 ( POLÍTICA E O SISTEMA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ).

Sobre o tema em questão, vale aqui destacar que a Lei Complementar

n.º 272/04, ao estabelecer a Política e o Sistema Estadual do Meio Ambiente do

Estado do Rio Grande do Norte, fixa que os responsáveis por fontes degradadoras,

sejam públicas ou privadas, serão obrigados a garantir a proteção contra

contaminações e poluição ambiental, nos termos da previsão do seu artigo 29, §1º:

Art. 29. Ficam proibidos o lançamento, a liberação e a disposição de poluentes no ar, no solo, no subsolo, nas águas, interiores ou costeiras, superficiais ou subterrâneas, no mar territorial, bem como qualquer outra forma de poluição ambiental.§ 1 º Os responsáveis por fontes degradadoras, públicas ou privadas, devem garantir a proteção contra contaminações e poluição ambiental. (grifos acrescidos)

Ademais, assevera que vedado a descarga ou o depósito de resíduos no solo de forma inadequada, nas propriedades públicas e particulares:

Art. 31. Os empreendimentos instalados, bem como os que venham a se instalar ou atuar no Estado são responsáveis pelo acondicionamento, estocagem, transporte, tratamento e disposição final de seus resíduos, respondendo seus titulares pelos danos que estes causem ou possam causar ao meio ambiente, mesmo após sua transferência a terceiros.§ 1º O solo somente poderá ser utilizado para destino final de resíduos de qualquer natureza, desde que sua disposição seja feita de forma adequada, estabelecida em projetos específicos, ficando vedada a simples descarga ou depósito, seja em propriedade pública ou particular.§ 2º A responsabilidade do gerador não exime a do transportador e do receptor do resíduo pelos incidentes que causem poluição ou

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degradação ambiental ocorridos, respectivamente, durante o transporte ou em suas instalações. (grifos acrescidos)

E em consonância com as previsões da Carta Magna é fixada a

obrigação de recuperar o dano, com a adoção das medidas necessárias para

promover a disposição adequada dos resíduos sólidos. Vejamos:

Art. 32. Os responsáveis por áreas contaminadas ficam obrigados à sua recuperação, assim considerada a adoção de medidas para a eliminação ou disposição adequada dos resíduos, substâncias ou produtos, à recuperação do solo ou das águas subterrâneas e à redução dos riscos a níveis aceitáveis para o uso do solo, considerando os fins a que se destina.§ 1º São considerados responsáveis solidários pela prevenção e recuperação de uma área contaminada:I – o causador da contaminação e seus sucessores;II – o proprietário ou possuidor da área; eIII – os beneficiários diretos ou indiretos da contaminação ambiental.§ 2º Na hipótese de o responsável não promover imediata remoção do perigo, tal providência poderá ser tomada subsidiariamente pelo Poder Público, garantindo-se o direito regressivo.§ 3º Para efeito desta Lei Complementar, considera-se área contaminada toda porção territorial que contenha quantidades ou concentrações de resíduos, substâncias ou produtos em condições tais que causem ou possam causar danos à saúde humana ou ao meio ambiente. Art. 33. As medidas de que trata o art. 32 desta Lei Complementar deverão estar consubstanciadas em um Plano Remediador a ser submetido e aprovado pela autoridade ambiental competente. (grifos acrescidos)

Sendo este arcabouço legal, da Política Estadual do Meio Ambiente,

diante da impossibilidade de identificar os proprietários e os geradores dos resíduos

despejados na área, que se abstiveram em promover a recuperação do meio

ambiente degradado, surge para o município de São Gonçalo do Amarante/RN a

obrigação de agir para evitar danos ainda mais irreversíveis, devendo, para tanto,

ser elaborado o devido Plano de Recuperação da Área Degradada – PRAD.

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II.4 LEI COMPLEMENTAR N.° 051 DO MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE/RN ( CÓDIGO DE MEIO AMBIENTE )

Prevê o Código de Meio Ambiente do Município de São Gonçalo do

Amarante/RN que a disposição final dos resíduos sólidos deverá ser processada em

condições que não tragam malefícios ou inconvenientes à saúde, à segurança

alimentar, ao bem-estar e ao meio ambiente, conforme previsão do art. 158 abaixo:

Art. 158. O acondicionamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final dos Resíduos Sólidos Urbanos deverão ser processados em condições que não tragam malefícios ou inconvenientes à saúde, à segurança alimentar, ao bem-estar e ao meio ambiente. (grifos acrescidos)

Nesse escopo, impõe-se a obrigação de utilização dos métodos

adequados para a disposição final de resíduos no manejo de resíduos, sendo

expressamente vedada a simples descarga ou depósito, bem como disposição e

descarga de resíduos sólidos na Área de Segurança Aeroportuária – ASA, conforme

observado nos artigos abaixo:

Art. 161. No manejo de resíduos, lixo doméstico e industrial e dejetos serão observados as seguintes normas: I – utilização de métodos adequados, de acordo com os avanços da ciência e da tecnologia para a coleta, tratamento, processamento ou disposição final de resíduos, lixo, refugos e dejetos de qualquer tipo; II – promoção da investigação científica e técnica para: a) desenvolver os métodos mais adequados para a defesa do ambiente, do homem e dos demais seres vivos; b) reintegrar ao processo natural e econômico, resíduos sólidos, líquidos e gasosos, provenientes de indústrias, atividades domésticas ou de núcleos humanos em geral; c) substituir gradativamente a produção e consumo de material de difícil eliminação ou reincorporação ao processo produtivo; d) aperfeiçoar e desenvolver novos métodos para a coleta, tratamento, depósito e disposição final dos resíduos sólidos, líquidos ou gasosos não suscetíveis à reciclagem, reaproveitamento ou reuso. III - utilização de meios adequados para eliminar e controlar focos produtores de mau cheiro e de proliferação de vetores e outras pragas urbanas. §1º Todos os resíduos portadores de agentes patogênicos, inclusive

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os de estabelecimentos hospitalares e congêneres, assim como alimentos e outros produtos de consumo humano contaminado, não poderão ser dispostos no solo sem controle e deverão ser adequadamente acondicionados e conduzidos em transporte especial, definidos em projetos específicos nascondições estabelecidas pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento e de Meio Ambiente - COMDEMA. §2º É permitido descarregar, com autorização do Órgão Municipal de Meio Ambiente, os resíduos, lixo, refugos e dejetos em geral, desde que não deteriorem os solos, poluam as águas e o ar ou causem danos a pessoas ou à comunidade. §3º O solo somente poderá ser utilizado para destino final de residuais de qualquer natureza, desde que sua disposição seja feita de forma adequada, estabelecida em projetos específicos de transporte e destino final, ficando vedada a simples descarga ou depósito. Ficam proibidos ainda a disposição e descarga de resíduos sólidos na Área de Segurança Aeroportuária – ASA. (grifos nossos)

Nesses termos, verifica-se que a situação ora em análise afronta

diretamente a previsão municipal acerca do manejo dos resíduos sólidos para o

município de São Gonçalo do Amarante/RN, sendo fundamental a adoção imediata

das medidas cabíveis pelo ente da administração pública municipal.

III – JURISPRUDÊNCIA – PRECEDENTES DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO GRANDE DO NORTE

São precedentes do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do

Norte sobre a matéria em questão:

CONSTITUCIONAL, AMBIENTAL E PROCESSUAL CIVIL. APELO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANOS AO MEIO AMBIENTE. DESPEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM LOCAL INAPROPRIADO. INEXISTÊNCIA DE ATERRO SANITÁRIO E DE LICENCIAMENTO PELO ÓRGÃO DE FISCALIZAÇÃO. APLICAÇÃO DE MULTA DIÁRIA PARA O CASO DE DESCUMPRIMENTO. LEGALIDADE (ART. 11, LACP E ART. 461, CPC). RAZOABILIDADE DA MEDIDA INIBITÓRIA. PRECEDENTES DO TJRN. SENTENÇA MANTIDA. CONHECIMENTO E DESPROVIMENTO DO APELO E DA REMESSA NECESSÁRIA. ( Remessa Necessária e Apelação Cível nº 54423 RN 2011.005442-3, Origem: Vara Única da Comarca de Parelhas, Apelante: Município de

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Santana do Seridó, Procurador : Aldo de Medeiros Lima Filho. 1662/RN, Apelado: Ministério Público, Relator: Desembargador Saraiva Sobrinho; julgamento em 08.08.2011; 3ª Câmara Cível ) (grifos acrescidos).

O Acórdão supra foi julgado à unanimidade. Transcreve-se trechos do

voto do Relator, onde a parte dispositiva da sentença confirmada é transcrita:

“Trata-se de Remessa Necessária e Apelação Cível interposta pelo Município de Santana do Seridó em face da sentença do Juiz da Vara Única da Comarca de Parelhas que, nos autos da Ação Civil Pública em defesa do meio ambiente 123.06.1030-6, ajuizada pelo Ministério Público contra si e o IDEMA, julgou procedente o pedido para determinar que o apelante: "a) efetue o depósito do lixo urbano em local adequado onde não cause prejuízos ao meio ambiente e ao homem, devendo para tanto, apresentar, em um prazo de 180 (cento e oitenta) dias licença formalizada pelo IDEMA, dando conta da adequação de local para depósito do lixo , devendo, no mesmo prazo, se abster de depositar lixo no local mostrado às fls. 57/59 ; b) recupere toda a área ambiental em volta do “Lixão”, bem como dentro do próprio "Lixão" e, para tanto, deve: b.1) Apresentar, em 180 (cento e oitenta) dias, projeto de recuperação da área ambiental degradada, inclusive dos arredores do lixão, mostrado nas fotografias de fls. 57/59; b.2) Realizar, em 60 (sessenta) dias, limpeza em volta do "Lixão", devendo manter constante fiscalização na área, impedindo que lixo seja depositado por terceiros no local; b.3) Realizar constante limpeza no local; (…) (fls. 144/153). (...) Portanto, diante de vultoso contexto probatório, resta evidente o prejuízo ambiental ocorrido, não merecendo reforma a sentença nesse aspecto. De mais a mais, no atinente à fixação de multa diária para o caso de descumprimento das determinações do comando decisório, é por demais consabido a sua admissibilidade, nos termos do art. 11 [1], da Lei 7.347/85 (LACP). Ressalte-se, ainda, que a multa, estipulada no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), com fundamento legal no art. 461, §4º do CPC, não se mostra abusiva ou desproporcional, ante o dano ambiental ocasionado, com graves prejuízos à saúde pública e ao maior patrimônio da região - o meio ambiente.” (grifos nossos).

CONSTITUCIONAL. AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANOS AO MEIO AMBIENTE. DESPEJO DE DEJETOS SÓLIDOS E LÍQUIDOS ORIUNDOS DE HOSPITAL EM SOLO URBANO. CONDENAÇÃO DO

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ESTADO EM OBRIGAÇÃO DE FAZER E NÃO FAZER. (...) DETERMINAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO PARA CUMPRIMENTO DE DEVER CONSTITUCIONAL. INOCORRÊNCIA DE OFENSA À CLÁUSULA DA RESERVA DO POSSÍVEL. APLICAÇÃO DE MULTA PARA O CASO DE DESCUMPRIMENTO. LEGALIDADE. REDUÇÃO DO PRAZO PARA CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER CONSIGNADAS NA SENTENÇA. POSSIBILIDADE. RAZOABILIDADE. REFORMA DA SENTENÇA NESTE PONTO. CONHECIMENTO E PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO. - Segundo reiterada jurisprudência e abalizada doutrina, é o Estado parte legítima para figurar no polo passivo de ação civil pública na qual discute-se dano ambiental provocado por hospital público municipal, do que é gestor. - Não se aplica à cláusula da reserva do possível, seja porque não foi comprovada a incapacidade econômico-financeira do Estado, seja porque a pretensão social de um meio ambiente equilibrado, preservado e protegido se afigura razoável, estando, pois, em plena harmonia com o devido processo legal substancial. - Não implica em ofensa aos princípios da separação dos poderes, da razoabilidade, da legalidade orçamentária e da reserva do possível, determinação do Poder Judiciário para a implementação de medidas administrativas no âmbito do meio ambiente, com o fito de resguardar a integridade de direitos impregnados de estatura constitucional, quando se revela flagrante a omissão estatal. (AC , 2ª CC, Rel. Juiz Convocado Nilson Cavalcanti, Dj. 05/04/2011) (grifos acrescidos).

IV – JURISPRUDÊNCIA – PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Segue o precedente do Supremo Tribunal Federal indicando a

competência do Judiciário de exercer o controle de legalidade dos atos do Poder

Público:

1. Trata-se de pedido de suspensão de liminar ajuizado pelo Município de Maringá contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Paraná (Apelação Cível nº 322.655-5) e assim do: 1) � DIREITO CONSTITUCIONAL, AMBIENTAL E PROCESSUAL CIVIL. DEPÓSITO INADEQUADO DE LIXO. TUTELA DO MEIO AMBIENTE. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES. PRESENÇA DE TODAS AS CONDIÇÕES DA AÇÃO. a)

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Compete ao Judiciário, sempre que instado, controlar a legalidade dos atos do Poder Público. Sendo assim, uma vez verificada a ilegalidade da manutenção do lixão do Município de Maringá,� � não há que se falar em violação ao princípio da separação de poderes. b) Incabíveis, portanto, as alegações de que os pedidos formulados pelo Ministério Público são juridicamente impossíveis ou que lhe carece interesse de agir por afronta ao princípio da separação de poderes. 2) DIREITO CONSTITUCIONAL E AMBIENTAL. ILEGALIDADE DA MANUTENÇÃO DE DEPÓSITO DE LIXO A CÉU ABERTO. NECESSIDADE DE ADEQUAÇÃO DO MUNICÍPIO À LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL NO PRAZO FIXADO PELA LEI ESTADUAL Nº 12.493/1999. a) É ilegal a manutenção de lixão� � a céu aberto, sem adequados acondicionamento, tratamento e destinação final do lixo, com insuficiente sistema de drenagem do chorume, que acaba por contaminar os recursos hídricos, o que afronta não só a legislação ambiental específica, mas o próprio art. 255 da Constituição Federal. b) A Lei Estadual nº 12.493 de janeiro de 1999, fixou prazo de 1 (um) a contar da data de sua publicação para que os municípios se adequassem às exigências da lei no que se refere aos cuidados com o lixo. Portanto, o Município de Maringá encontra-se em mora, pois, passados 6 (seis) anos da expiração do prazo legal fixado, ainda não providenciou outro local para o depósito do lixo. c) Por essa mesma razão, não pode o Poder Público deixar de providenciar novo aterro alegando descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, especialmente por se estar a tratar de direito fundamental difuso, qual seja, o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado. 3) APELO A QUE SE NEGA PROVIMENTO E SENTENÇA QUE SE MANTÉM EM REEXAME NECESSÁRIO (fl. 36)� O Município alega, em síntese, grave lesão à saúde, à ordem, à segurança e à economia públicas. Requer a suspensão do acórdão� do TJ/PR que manteve a sentença do juiz de primeiro grau que proíbe o depósito de lixo no atual aterro do Município de Maringá . (fl. 32) 2.� Não é caso de suspensão. O acórdão impugnado, ao determinar o cumprimento da legislação ambiental específica e a adoção de medidas concernentes à preservação da saúde e do meio ambiente, salvaguardou, da ocorrência de danos irreparáveis ou de dificílima reparação, a efetividade do ordenamento jurídico e a manutenção de bens essenciais à sadia qualidade de vida (cf. art. 225 da CF/88).Vê-se que a suspensão dos efeitos do aresto acarretaria lesão ainda maior do que aquela que se pretende combater com a medida de contracautela. No mesmo sentido, manifestou-se o Procurador-Geral da República, ROBERTO MONTEIRO GURGEL DOS SANTOS, em parecer de fls. 87/91: (...)� Na hipótese, é a suspensão dos efeitos da decisão que determinou que o Município de Maringá se abstenha de depositar lixo em área imprópria, porque proferida em obediência às normas constitucionais e legais que tratam do direito ao meio ambiente ecologicamente

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equilibrado e do direito à saúde, que importa em risco de dano inverso aos bens tutelados pelo art. 4º, da Lei nº 8.437/92. Conforme ressaltado na inicial da Ação Civil Pública, não há dúvida de que a irregular descarga do lixo a céu aberto, sem as necessárias medidas de proteção causa desconforto e acarreta inúmeros malefícios À saúde dos moradores da região e, em consequência, ocorre mau cheiro e proliferação de roedores, vetores e outros insetos e, em especial, atingem aos que garimpam os resíduos diretamente no lixão , na� � � � sua maioria mulheres e crianças, sem qualquer proteção.É incontroverso que os resíduos são dispostos indevidamente no meio ambiente. A contaminação do lençol freático é patente devido à extensa área de distribuição desse material, sem tratamento algum, sem falar dos resíduos oriundos da queima indiscriminada de lixo e a geração de material denominado chorume que ocasiona poluição de� � rios daquela região.Os impactos ambientais causados ao meio ambiente são inestimáveis, até pela dificuldade ou impossibilidade de sua reparação, não podendo, indefinidamente, o Município de Maringá, sob a alegação de ofensa à ordem e economia públicas, postergar o cumprimento da decisão impugnada que consignou, acertadamente, às fls. 1623 do apenso 8: o MUNICÍPIO DE MARINGÁ já deveria ter� solucionado o problema há tempo, posto que tem ciência inequívoca do problema, no mínimo desde 1992, data de instauração do inquérito civil, ou seja, muito antes da vigência da Lei de Responsabilidade Fiscal (grifos nossos). 3. Nestes termos, indefiro o pedido, mantendo�� incólumes os efeitos do acórdão prolatado pelo Tribunal de Justiça do Paraná, nos autos da Ação Civil Pública nº 569/2000 (Apelação Cível nº 322.655-5). Publique-se. Int. Brasília, 16 de junho de 2010.Ministro CEZAR PELUSO Presidente. (STF - SL: 378 PR , Relator: Min. Presidente, Data de Julgamento: 16/06/2010, Data de Publicação: DJe-143 DIVULG 03/08/2010 PUBLIC 04/08/2010) (grifos acrescidos).

Do mesmo modo, posicionou-se o Superior Tribunal de Justiça

indicando que as obrigações ambientais decorrentes do depósito ilegal de lixo ou

resíduos sólidos são de natureza propter rem, conforme se observa in verbis:

PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL. NATUREZA JURÍDICA DOS MANGUEZAIS E MARISMAS. TERRENOS DE MARINHA. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATERRO ILEGAL DE LIXO. DANO AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. OBRIGAÇÃO PROPTER REM. NEXO DE CAUSALIDADE. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. PAPEL DO JUIZ NA IMPLEMENTAÇÃO DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL. ATIVISMO JUDICIAL. MUDANÇAS CLIMÁTICAS. DESAFETAÇÃO OU DESCLASSIFICAÇÃO JURÍDICA TÁCITA. SÚMULA 282/STF. VIOLAÇÃO DO ART. 397 DO CPC NÃO

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CONFIGURADA. ART. 14, § 1º, DA LEI 6.938/1981. 1. Como regra, não viola o art. 397 do CPC a decisão que indefere a juntada de documentos que não se referem a fatos novos ou não foram apresentados no momento processual oportuno, ou seja, logo após a intimação da parte para se manifestar sobre o laudo pericial por ela impugnado. 2. Por séculos prevaleceu entre nós a concepção cultural distorcida que enxergava nos manguezais lato sensu (= manguezais stricto sensu e marismas) o modelo consumado do feio, do fétido e do insalubre, uma modalidade de patinho-feio dos ecossistemas ou antítese do Jardim do Éden. 3. Ecossistema-transição entre o ambiente marinho, fluvial e terrestre, os manguezais foram menosprezados, popular e juridicamente, e por isso mesmo considerados terra improdutiva e de ninguém, associados à procriação de mosquitos transmissores de doenças graves, como a malária e a febre amarela. Um ambiente desprezível, tanto que ocupado pela população mais humilde, na forma de palafitas, e sinônimo de pobreza, sujeira e párias sociais (como zonas de prostituição e outras atividades ilícitas). 4. Dar cabo dos manguezais, sobretudo os urbanos em época de epidemias, era favor prestado pelos particulares e dever do Estado, percepção incorporada tanto no sentimento do povo como em leis sanitárias promulgadas nos vários níveis de governo. 5. Benfeitor-modernizador, o adversário do manguezal era incentivado pela Administração e contava com a leniência do Judiciário, pois ninguém haveria de obstaculizar a ação de quem era socialmente abraçado como exemplo do empreendedor a serviço da urbanização civilizadora e do saneamento purificador do corpo e do espírito. 6. Destruir manguezal impunha-se como recuperação e cura de uma anomalia da Natureza, convertendo a aberração natural pela humanização, saneamento e expurgo de suas� características ecológicas no Jardim do Éden de que nunca fizera� parte. 7. No Brasil, ao contrário de outros países, o juiz não cria obrigações de proteção do meio ambiente. Elas jorram da lei, após terem passado pelo crivo do Poder Legislativo. Daí não precisarmos de juízes ativistas, pois o ativismo é da lei e do texto constitucional. Felizmente nosso Judiciário não é assombrado por um oceano de lacunas ou um festival de meias-palavras legislativas. Se lacuna existe, não é por falta de lei, nem mesmo por defeito na lei; é por ausência ou deficiência de implementação administrativa e judicial dos inequívocos deveres ambientais estabelecidos pelo legislador. 8. A legislação brasileira atual reflete a transformação científica, ética, política e jurídica que reposicionou os manguezais, levando-os da condição de risco à saúde pública ao patamar de ecossistema criticamente ameaçado. Objetivando resguardar suas funções ecológicas, econômicas e sociais, o legislador atribuiu-lhes o regime jurídico de Área de Preservação Permanente. 9. É dever de todos, proprietários ou não, zelar pela preservação dos manguezais, necessidade cada vez maior, sobretudo em época de mudanças climáticas e aumento do nível do mar. Destruí-los para uso econômico direto, sob o permanente incentivo do lucro fácil e de

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benefícios de curto prazo, drená-los ou aterrá-los para a especulação imobiliária ou exploração do solo, ou transformá-los em depósito de lixo caracterizam ofensa grave ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e ao bem-estar da coletividade, comportamento que deve ser pronta e energicamente coibido e apenado pela Administração e pelo Judiciário. 10. Na forma do art. 225, caput, da Constituição de 1988, o manguezal é bem de uso comum do povo, marcado pela imprescritibilidade e inalienabilidade. Logo, o resultado de aterramento, drenagem e degradação ilegais de manguezal não se equipara ao instituto do acrescido a terreno de marinha, previsto no art. 20, inciso VII, do texto constitucional. 11. É incompatível com o Direito brasileiro a chamada desafetação ou desclassificação jurídica tácita em razão do fato consumado. 12. As obrigações ambientais derivadas do depósito ilegal de lixo ou resíduos no solo são de natureza propter rem, o que significa dizer que aderem ao título e se transferem ao futuro proprietário, prescindindo-se de debate sobre a boa ou má-fé do adquirente, pois não se está no âmbito da responsabilidade subjetiva, baseada em culpa. 13. Para o fim de apuração do nexo de causalidade no dano ambiental, equiparam-se quem faz, quem não faz quando deveria fazer, quem deixa fazer, quem não se importa que façam, quem financia para que façam, e quem se beneficia quando outros fazem. 14. Constatado o nexo causal entre a ação e a omissão das recorrentes com o dano ambiental em questão, surge, objetivamente, o dever de promover a recuperação da área afetada e indenizar eventuais danos remanescentes, na forma do art. 14, § 1º, da Lei 6.938/81. 15. Descabe ao STJ rever o entendimento do Tribunal de origem, lastreado na prova dos autos, de que a responsabilidade dos recorrentes ficou configurada, tanto na forma comissiva (aterro), quanto na omissiva (deixar de impedir depósito de lixo na área). Óbice da Súmula 7/STJ. 16. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido. (STJ, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 23/10/2007, T2 - SEGUNDA TURMA) (grifos acrescidos).

V – DA MEDIDA LIMINAR

A medida liminar, consistente na obrigação de fazer e de não fazer, se

impõe desde já, em razão de que o provimento final poderá ser inócuo, não

garantindo a devida proteção ao meio ambiente e à coletividade, vez que são

incalculáveis os prejuízos ambientais decorrente do depósito irregular de resíduos

no distrito de Guajiru, em São Gonçalo do Amarante/RN.

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O art. 273, I, do CPC, estabelece os requisitos para a concessão do

pedido liminar, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da

verossimilhança da alegação, e que “haja fundado receio de dano irreparável ou de

difícil reparação”.

Sabe-se, portanto, que os pressupostos para a concessão liminar da

medida de urgência são a relevância do fundamento da demanda (fumus boni iuris)

e o justificado receio de ineficácia do provimento final (periculum in mora).

Em relação ao fumus boni iuris, através das vistorias realizadas restou

demonstrado que estão sendo realizadas uma série de atividades irregulares na

área diante da constatação da existência de vários pontos de descarte de resíduos

domiciliares e construção civil em via pública próximos uns aos outros, locais de

queima de madeira, resíduos de materiais eletrônicos e carcaças de cavalos em

estágio de decomposição em estágio avançado, da identificação de grande volume

de resíduos de poda vegetal, muitas leiras de topsoil (camada superficial do solo

removida para extração mineral, e da presença de edificações em alvenaria e

barracos de lona para moradia, nos quais existem ligações clandestinas de energia

elétrica e criação de porcos (Relatório de Vistoria n.º 04/2012 CAOP-MA – fls. 217-

227).

Do mesmo modo, é notório que a situação representa sério risco à

saúde dos moradores, estando estes suscetíveis à contração de um grande número

de patologias graves causadas pela inadequação de condições sanitárias da área.

Ademais, sobejam nos autos a prova inequívoca e a verossimilhança

das alegações de agressão ao meio ambiente decorrentes da conduta da empresa

demandada, especialmente considerando que no presente caso os danos

ambientais são irreversíveis ou de recuperação extremamente onerosa e demorada.

De tal forma, se torna latente a necessidade de serem adotadas

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providências urgentes para proteger o meio ambiente, sobretudo diante da sua

fragilidade, uma vez que os danos ambientais aconteceram e continuam a ocorrer

de forma indiscriminada, tornando a situação cada vez mais irreversível.

Sendo assim, é de suma importância para a preservação do meio

ambiente a concessão da presente medida, a fim de que não provoque danos de

maiores dimensões à sociedade e ao ambiente.

Por todo o exposto, requer o Ministério Público, portanto, a concessão

de MEDIDA LIMINAR, nos termos do art. 12 da Lei n.º 7.347/85, bem como no art.

461 do CPC, com a nova redação dada pela Lei n.º 10.444/02, para obrigar o

município de São Gonçalo do Amarante/RN a:

a) garantir, por meio de fiscalização e aplicação de medidas próprias do

poder de polícia da Administração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, a paralisação total da disposição de resíduos sólidos realizada

nos terrenos particulares/baldios localizados no distrito de Guajiru, de

acordo com a indicação das coordenadas apresentadas na Figura 1,

excetuando-se a área do “aterro” de RCC ( Resíduos de Construção

Civil ), comprovando documentalmente, a este Juízo, a implementação

da medida ao final do prazo;

b) realizar, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, a limpeza total da

área, efetuando o depósito adequado dos resíduos sólidos, nos termos

das normas legais pertinentes, comprovando documentalmente, a este

Juízo, a implementação da medida ao final do prazo;

c) apresentar, no prazo máximo de 30 (trinta) dias , plano de ação

permanente que indique as medidas necessárias a serem adotadas

para impedir a disposição irregular de resíduos do distrito de Guajiru no

município de São Gonçalo do Amarante/RN pelos particulares ou

possuidores de terenos na área, implementando-as, sobretudo através

de constante fiscalização na área, para evitar a ocorrência de novos

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despejos irregulares;

d) elaborar, no prazo máximo de 90 (noventa) dias, projeto/programa

com vistas à inclusão social e emancipação econômica de catadores

de materiais reutilizáveis e recicláveis, através da coleta seletiva, haja

vista a proibição de catação nas áreas de disposição final de resíduos

ou rejeitos, conforme artigo 48, inciso II da Lei n.º 12.305/2010;

Com a concessão da medida liminar, que espera seja deferida,

requer ainda o Ministério Público a fixação de multa e pessoal diária no valor de R$

1.000,00 (mil reais) pelo eventual descumprimento da decisão imposta, na forma do

art. 461, § 4° do Código de Processo Civil, para a garantia de sua eficácia, conforme

se observa in verbis:

Art. 461 - Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.[...]§ 4º - O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito.

Tal medida é plenamente justificada, tendo em vista que a grave

degradação ambiental de no distrito de Guajiru no Município de São Gonçalo do

Amarante/RN, sobretudo em face do risco que poderá surgir com a continuidade da

situação a partir do início das atividades do aeroporto de São Gonçalo do

Amarante/RN. Desta forma, a concessão de medida liminar é imprescindível para

que cessem os danos, evitando-se maiores prejuízos ao meio ambiente e à saúde

da coletividade.

Visualiza-se, pois, a urgência da medida, estando presentes os

requisitos necessários para a concessão da liminar.

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VI – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer o Ministério Público a citação dos

demandados para contestar a presente ação, sob pena de revelia e confissão, bem

como a procedência do pedido, de forma que:

1. seja deferida a medida liminar, sem a oitiva da parte contrária, sob

pena de multa diária e pessoal no valor de R$ 1.000,00 (mil reais), a ser

recolhida ao Fundo Municipal de Meio Ambiente, para obrigar o Município de São

Gonçalo do Amarante/RN a solucionar provisoriamente a situação da área, além de

outras que possam vir a ser sugeridas pelo referido órgão ambiental:

1.1 garantir, por meio de fiscalização e aplicação de medidas próprias

do poder de polícia da Administração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, a paralisação total da disposição de resíduos sólidos realizada

nos terrenos particulares/baldios localizados no distrito de Guajiru, de

acordo com a indicação das coordenadas apresentadas na Figura 1,

excetuando-se a área do “aterro” de RCC ( Resíduos de Construção

Civil ), comprovando documentalmente, a este Juízo, a implementação

da medida ao final do prazo;

1.2 realizar, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, a limpeza total da

área, efetuando o depósito adequado dos resíduos sólidos, nos termos

das normas legais pertinentes, comprovando documentalmente, a este

Juízo, a implementação da medida ao final do prazo;

1.3 apresentar, no prazo máximo de 30 (trinta) dias , plano de ação

permanente que indique as medidas necessárias a serem adotadas

para impedir a disposição irregular de resíduos do distrito de Guajiru

no município de São Gonçalo do Amarante/RN pelos particulares ou

possuidores de terenos na área, implementando-as, sobretudo através

de constante fiscalização na área, para evitar a ocorrência de novos

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despejos irregulares;

1.4 elaborar, no prazo máximo de 90 (noventa) dias,

projeto/programa com vistas à inclusão social e emancipação

econômica de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis,

através da coleta seletiva, haja vista a proibição de catação nas áreas

de disposição final de resíduos ou rejeitos, conforme artigo 48, inciso II

da Lei n.º 12.305/2010;

2. no mérito, sejam confirmados pedidos liminares acima formulados,

bem como condenado o Município de São Gonçalo do Amarante/RN e o seu

Prefeito, às seguintes obrigações de fazer, sob pena de multa diária e pessoal a este último, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais), a ser recolhida ao Fundo

Municipal de Meio Ambiente:

2.1 promover a recuperação de toda a área na qual estava sendo

realizado o depósito irregular de resíduos sólidos no Distrito de Guajiru,

em São Gonçalo do Amarante/RN, apresentando, no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, Plano de Recuperação da Área

Degradada (PRAD) executando-o até o total restabelecimento do

status quo do local afetado, ou seja, do equilíbrio ecológico, o que

deverá ser atestado ao final pelo órgão ambiental competente;

2.3 apresentar e executar projeto de educação ambiental direcionada à

comunidade, referente ao gerenciamento dos resíduos sólidos

domésticos e urbanos.

3. no mérito, seja condenado o IDEMA, sob pena de multa diária no valor de R$ 1.000,00 ( mil reais ), a ser recolhida ao Fundo Municipal de Meio

Ambiente, a acompanhar e fiscalizar a implementação das obrigações descritas nos

itens supracitados, apresentando a este Juízo, ao final dos prazos concedidos ao

Município, relatórios de fiscalização e vistoria que atestem a implementação das

medidas.

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VII – DAS PROVAS

Requer-se provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, em

especial perícias, vistorias, inspeções judiciais, juntada de documentos, depoimento

pessoal do representante legal do Réu e oitiva de testemunhas, cujo rol será

oportunamente ofertado.

Dá-se a causa o valor de R$ 200.000,00.

Termos em que pede deferimento.

São Gonçalo do Amarante, 27 de junho de 2014.

Lucy Figueira Peixoto Mariano da SilvaPromotora de Justiça em substituição legal

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