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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS 1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE ÁGUAS LINDAS DE GOIÁS Quadra 23, lote 17, Jardim Querência, Águas Lindas de Goiás, GO, CEP 72.910-000, tel. (61) 3618-2940 EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUÍZA DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ÁGUAS LINDAS DE GOIÁS – GO. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS , por seu Promotor de Justiça Substituto, abaixo assinado, com arrimo no artigo 82, inciso I, da Lei Federal n.º 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), Lei Federal n.º 7.347/85 e com base nos inclusos documentos, vem perante este Juízo, propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA (com pedido de tutela antecipada) em face de: a) FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS (FUEG) , pessoa jurídica de direito público, com sede no Campus BR 153, KM 98, Anápolis/GO, representada por seu Presidente, Luiz Antônio Arantes; Página 1 de 29

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS 1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE ÁGUAS LINDAS DE GOIÁS Quadra 23, lote 17, Jardim Querência, Águas Lindas de Goiás, GO, CEP 72.910-000, tel. (61) 3618-2940

EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUÍZA DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ÁGUAS LINDAS DE GOIÁS – GO.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por seu Promotor de Justiça Substituto, abaixo assinado, com arrimo no artigo 82, inciso I, da Lei Federal n.º 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), Lei Federal n.º 7.347/85 e com base nos inclusos documentos, vem perante este Juízo, propor

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

(com pedido de tutela antecipada)

em face de:

a) FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS (FUEG), pessoa jurídica de direito público, com sede no Campus BR 153, KM 98, Anápolis/GO, representada por seu Presidente, Luiz Antônio Arantes;

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS 1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE ÁGUAS LINDAS DE GOIÁS Quadra 23, lote 17, Jardim Querência, Águas Lindas de Goiás, GO, CEP 72.910-000, tel. (61) 3618-2940

b) UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS (UEG), com sede no Campus BR 153, KM 98, Anápolis/GO, representada por seu Reitor Luiz Antônio Arantes; e

c) SINDICATO DOS ESTABELECIMENTOS DE ENSINO NO ESTADO DE GOIÁS (SINEPE), pessoa jurídica de direito privado, com sede na Rua 117, Quadra 38, Lote 07, Setor Sul, Goiânia, representado por seu Presidente, Khihnaaor Ávila;

d) FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DO CERRADO (FUNCER), pessoa jurídica de direito privado, com sede na Rua Professor Roberto Mange, nº 29, Vila Santana, Anápolis/GO, representada por sua presidente, Vera Maria;

Pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:

1. DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Com a ação em trato, busca-se a defesa do direito subjetivo à educação pública e gratuita, conforme estabelecido no artigo 206, inciso IV, da Constituição Federal.

Dos documentos anexados à petição depreende-se que estão sendo cobradas mensalidades e matrículas dos alunos dos cursos oferecidos pela FUEG/UEG.

Ocorre, entretanto, que tanto a FUEG quanto a UEG são entidades oficiais de ensino, então, por força do artigo 206, inciso IV, da Constituição Federal, estão elas obstadas de exigir contraprestação pelo cursos oferecidos.

Os alunos que estão cursando os Cursos oferecidos pela UEG/FUEG, tais como os Curso Seqüêncial de Gestão Pública; Curso de Licenciatura Plena Parcelada em Pedagogia; Curso de Licenciatura Plena Parcelada em Matemática; Curso de Licenciatura Plena Parcelada em Letras e Curso de

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS 1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE ÁGUAS LINDAS DE GOIÁS Quadra 23, lote 17, Jardim Querência, Águas Lindas de Goiás, GO, CEP 72.910-000, tel. (61) 3618-2940

Licenciatura Plena Parcelada em História, constituem grupo de pessoas ligadas com a parte contrária por uma relação jurídica base.

Cuida-se de direito coletivo, nos termos do artigo 81, parágrafo único, inciso II, do Código de Defesa do Consumidor. Reza o estatuto consumerista:

“Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:(...)II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste Código, os transindividuais de natureza indivisível, de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base”.

Tratando-se de direito coletivo, é de se aplicar o disposto no artigo 82, inciso I, do Código de Defesa do Consumidor, que confere ao Ministério Público legitimidade para ajuizar ação civil pública em defesa desse tipo de direito.

Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)I - o Ministério Público;(...)

Não bastasse só isso para legitimar a ação do Ministério Público, dispõe o artigo 129, inciso II, da Carta Magna:

“Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:(...) II – zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias à sua garantia”.

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Deve-se ressaltar que, apesar de a Lei Federal n.ª 8.078/90 auto intitular-se de Código de Defesa do Consumidor, sua parte processual refere-se à tutela dos direitos metaindividuais amplamente considerados, não se restringindo aos direitos dos consumidores.

É que o artigo 21 da Lei da Ação Civil Pública, acrescentado pela Lei n. 8.078/90, determina que seja aplicada a parte processual do Código de Defesa do Consumidor às ações coletivas ajuizadas com base na Lei n. 7.347/85.

Em verdade, com o advento do Código de Defesa do Consumidor, criou-se um verdadeiro sistema processual de defesa dos interesses metaindividuais em juízo, formado pelas leis acima citadas.

Assim, a legitimidade do Ministério Público decorre tanto do já referido art. 129, II, da Constituição Federal, como, em base infraconstitucional, do art. 5.º da Lei da Ação Civil Pública e do Capítulo I da Lei Orgânica do Ministério Público, que prevê as atribuições pertinentes à proteção dos direitos difusos e coletivos já enunciados.

O direito à educação está objetivado, dentre outros, no artigo 205 da Constituição Federal (A educação, direito de todos e dever do Estado e da família,...); no artigo 6º da Carta Magna (São direitos sociais a educação,...); no artigo 2º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho).

Sendo a educação um direito social, cabe ao Ministério Público zelar para que o Poder Público o respeite. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do Superior Tribunal de Justiça:

STJ: “PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO - AÇÃO CIVIL PÚBLICA – GRATUIDADE DE ENSINO - LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO E DO MUNICÍPIO - SENTENÇA MOTIVADA - DESCABIMENTO DE ANULAÇÃO - DECLARAÇÃO

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INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE - POSSIBILIDADE - ORIGEM DOS RECURSOS FINANCEIROS PARA MANUTENÇÃO DE FUNDAÇÃO PÚBLICA – INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. 1. O Ministério Público e o Município têm legitimidade ad causam para figurar, respectivamente, nos pólos ativo e passivo de ação civil pública na qual se defende a gratuidade de ensino ministrado por fundação mantida preponderantemente por recursos públicos municipais. (...)”. 1

2 – DOS FATOS E DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DOS PEDIDOS.

2.1 – Da Cobrança de Mensalidades

A FUEG/UEG, com a intermediação da SINEPE (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de Goiás) e FUNCER (Fundação Universitária do Cerrado), oferece vários cursos que deveriam ser precedidos de aprovação em vestibular.

Dentre eles, estão:

a) Curso de Licenciatura Plena Parcelada em Pedagogia;

b) Curso de Licenciatura Plena Parcelada em Matemática;

c) Curso de Licenciatura Plena Parcelada em Letras; e

1 Recurso Especial n.º 437277/SP, 2.ª Turma, Relatora Ministra Eliana Calmon, data do julgamento 07.10.2004, publicado no DJ 13.12.2004 p. 280.

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d) Curso de Licenciatura Plena Parcelada em História

A despeito de se tratar a FUEG/UEG de entidade oficial de ensino, do corpo discente dos cursos superiores ou seqüenciais de formação específica em gestão e licenciatura plena parcelada estão sendo exigidos o pagamento de matrícula e mensalidades.

Os documentos carreados aos autos (f. 25/54) são provas cabais da prática espúria de cobrar para fornecer ensino público, sob a denominação de que o aluno cursa a Univerdade Estadual de Goiás – UEG.

Além disso, a declaração prestada pelo senhor José Eduardo Pereira Lopes à f. 8, também subsidia a pretensão ministerial nestes autos, veja-se:

“que estuda na UEG e faz o curso de Gestão pública; que começou a faculdade em 2006, no 2º semestre, pagando mensalidade no valor de R$ 200,00 (duzentos reais) e matrícula no valor de R$ 45,00 (quarenta e cinco reais); que continuou pagando as mensalidades até o final do 2º semestre de 2006; que em 2007 o declarante renovou sua matrícula, pagando o mesmo valor pela renovação; que desde então o declarante deixou de pagar as mensalidade cobradas pela universidade; que no segundo semestre de 2007 o declarante conseguiu renovar sua matrícula e continuar estudando através de um ofício desta Promotoria de Justiça, o qual solicitou a renovação, esclarecendo que se tratava de Universidade Pública Estadual e que a cobrança de mensalidade, a principio, não encontrava respaldo legal; que ao apresentar tal ofício, o declarante conseguiu continuar estudante sem pagar mensalidade

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ou matrícula. Que este ano, veio até esta Promotoria de Justiça para solicitar ao Promotor de Justiça que enviasse tal ofício novamente, tendo em vista que o declarante e alguns colegas não conseguiram novamente renovar matrícula (...) a UEG se negou de renovar a matrícula do declarante e demais alunos, alegando que apenas um Mandado de Segurança resolveria o problema dos declarantes e demais”. (Sic e ênfases acrescidas).

Em resposta às requisições e recomendação do Ministério Público do Estado de Goiás (f. 2 e 6/7), a UEG - Pólo de Águas Lindas de Goiás asseverou que:

“(...) a UEG realiza processo seletivo prévio, para ingresso de estudantes em todos os seus cursos. Tanto os cursos seqüenciais, quanto os cursos oferecidos na modalidade de licenciatura plena parcelada são oferecidos pela UEG em decorrência de parceria com outras entidades contratantes que responsabilizam-se pela manutenção financeira e a UEG responsabiliza-se pela administração pedagógica e acadêmica dos cursos. Desta forma, não existe cobrança de mensalidade realizadas pela UEG, esta Universidade não mantém vínculo financeiro com os alunos”.(Ênfases acrescidas).

Ora, é claro que a UEG não cobra diretamente as mensalidades, mas permite que outras instituições privadas se utilizem de seus trabalhos para cobrá-las.

Deste modo, resta nitído que o Estado se vale de uma Fundação (FUNCER) e um Sindicato (SINEPE) para cobrar mensalidades dos alunos.

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O comportamento censurável da UEG e outras rés afronta o disposto no artigo 206, inciso IV, da Constituição Federal e artigo 3º, inciso VI, da Lei 9.394/96 (LDB), in verbis, respectivamente:

“Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:[...]IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais”;(Ênfases acrescidas).

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:[...]VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;”.(Ênfases acrescidas).

Logo, o fato da FUEG/UEG, fundação mantida pelo Poder Público do Estado de Goiás, cobrar, ainda que de forma indireta, mensalidade dos acadêmicos dos cursos seqüenciais, viola o direito líquido e certo dos alunos de ter acesso ao ensino público e gratuito, conforme determinado pelas normas constitucionais e infraconstitucionais.

Vejamos alguns julgados a respeito:

TJSC: “AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO LIMINAR QUE SUSPENDEU A COBRANÇA DE MENSALIDADES EM CURSO DE PEDAGOGIA À DISTÂNCIA REALIZADO PELA UDESC. INEXISTÊNCIA DE DELEGAÇÃO DA UNIÃO. ATIVIDADE ADMINISTRATIVA INTERNA CORPORIS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. AUSÊNCIA

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DE PREVISÃO CONTRATUAL ACERCA DA ARRECADAÇÃO DIRETAMENTE DOS ALUNOS PELA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR. P ARECER DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO VEDANDO EXPRESSAMENTE DITA COBRANÇA PELA UDESC, AO FUNDAMENTO DE AFRONTA AO PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DO ENSINO GRATUITO EM ESTABELECIMENTOS OFICIAIS (CF, ART. 206, IV). FUMUS BONI IURIS E PERICULUM IN MORA EM FAVOR DAS IMPETRANTES. DECISÃO MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO”.2

(Ênfases acrescidas).

TJSC: “MANDADO DE SEGURANÇA - FUNDAÇÃO EDUCACIONAL - ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM NÃO CONFIGURADA - CURSO SUPERIOR DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA - CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ENTRE UDESC E CONSELHO COMUNITÁRIO PONTE DO IMARUIM - COBRANÇA INDIRETA DE MENSALIDADES - IMPOSSIBILIDADE - GRATUIDADE DO ENSINO PÚBLICO. A legitimidade do Reitor da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC, para figurar no pólo passivo do writ, decorre do fato de que, embora de forma indireta, a instituição está cobrando mensalidade pela prestação de serviço educacional que é público e gratuito. Sendo público e gratuito o ensino prestado por estabelecimentos oficiais como o da UDESC, que é mantida pelo Poder Público Estadual, é vedada a cobrança de mensalidades, ainda que de forma indireta, a teor do que dispõem os arts. 206, IV, da CF/88, 162, inciso V, da CE/89, e 3º, inciso VI, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, LBDE, Lei n. 9.394/96”. 3

(Ênfases acrescidas).2 Agravo de Instrumento n.º 2003.004776-0, 1.ª Câmara de Direito Público, Rel. Des. Vanderlei Romer,

em 11/03/2004.

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Interessante reproduzir também parte do brilhante acórdão exarado no julgamento da Apelação Cível em Mandado de Segurança de n.º 2004.033577-8, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, voto da lavra do eminente Des. Luiz Cézar Medeiros (Relator), que versa sobre caso extremamente assemelhado ao presente:

“A Fundação Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC pretende a cassação da segurança que foi definitivamente deferida em favor de Ana Rúbia Raulino, de modo a que seja restabelecida a cobrança de mensalidades pelo Curso de Pedagogia à Distância que a entidade ministra.Pelos documentos encartados, observa-se existir contrato de prestação de serviços firmado entre a Fundação Universidade do Estado de Santa Catarina e o Conselho Comunitário Ponte do Imaruim (fls. 15-21), em que foram estabelecidas condições para a execução do serviço de ensino à distância do Curso de Pedagogia, devidamente aprovado pelo Conselho Nacional de Educação - CNE e pelo Ministério da Educação - MEC, para servidores e outros interessados, em observância à legislação municipal, estadual e federal.Em relação à cobrança pelo referido curso, observa-se que a cláusula quarta do referido contrato, que trata do pagamento, estabelece que pelos serviços executados, o contratante repassará à contratada (UDESC), o valor de R$ 120,00 (cento e vinte reais) por aluno inscrito, sempre através de depósito em conta bancária. O parágrafo único deixa expresso que ‘o valor supra citado, será pago, mensalmente, pela instituição CONTRATANTE, até a conclusão do curso por parte de cada aluno indicado’ (fl. 18). Ou seja, não há previsão de cobrança por parte da UDESC diretamente aos alunos.

3 (TJ-SC, Acórdão: pelação Cível em Mandado de Segurança 2005.006778-2 Relator: Des. Jaime Ramos, Data da Decisão: 31/05/2005).

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Ressalta-se, ainda, que o Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina, quando consultado acerca da questão da possibilidade de os Municípios contratarem com a UDESC para a prestação dos serviços do Curso de Pedagogia à distância, emitiu o Parecer COG - 528/01 (fls. 60-68 dos autos), em que concluiu ser vedado à UDESC a cobrança de mensalidades diretamente dos alunos, o que caracterizaria infração ao princípio constitucional de gratuidade do ensino em estabelecimentos públicos (Constituição Federal, art. 206, V, e Constituição Estadual, art. 162, V).Não é muito difícil antever-se que, na verdade, quem está cobrando dos alunos é a UDESC, valendo-se da instituição de ensino contratante. Uma forma pouco sutil de desviar da proibição legal de manter cursos mediante contraprestação. Os documentos colacionados aos autos, principalmente o de fl. 13, demonstram de forma inquestionável que a impetrante é aluna da UDESC no Curso de Graduação em Pedagogia à Distância, o qual é ministrado por meio de prepostos ou tutores. Também é incontroverso que para participar do citado Curso está sendo cobrado, mesmo que por interposta pessoa, prestações mensais.Aliás, a renovação da matrícula, pelo que se depreende dos documentos coligidos, em especial o de fls. 22, tem deferimento ou indeferimento final pela UDESC. Alerta-se que o fato de o aluno não estar em débito é um dos requisitos importantes a ser informado para efeito da rematrícula.Isso, por óbvio espanca a argumentação da recorrente acerca de sua ilegitimidade para figurar no presente mandamus. Demais disso, se é verdade que nada cobra dos alunos, razão alguma tem para defender intransigentemente a continuidade da exigência. Afinal, pelo contrato encartado aos autos poderia ela obrigar aos contratantes que honrassem os valores ajustados, e não

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simplesmente negar matrícula ou rematrícula aos alunos inadimplentes. Importante destacar as lúcidas assertivas do representante do Ministério Público de primeiro grau:‘Claro e inegável é o comando das Constituições Federais, art. 206, inciso IV, e Estadual, art. 162, inciso V, repetido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, LBDE, Lei n. 9.394/96, art. 3o, inciso VI, a respeito da gratuidade do ensino público, quando prestado em estabelecimentos oficiais. Logo, a UDESC, como estabelecimento oficial, deverá, sempre, prestar o ensino público de forma gratuita para seu corpo discente. Note-se que não há qualquer diferenciação quanto a cursos regulares ou não, nem tampouco a respeito de cursos presenciais ou à distância, embora a LDBE determine que a capacitação dos professores deverá ser feita dentro da década da educação, ainda que através de ensino à distância. Vale dizer, a própria LDBE previu o ensino à distância como instrumento válido e eficaz para a capacitação dos docentes do ensino fundamental, mas não a discriminou a obrigatoriedade do ensino público, gratuito em estabelecimentos oficiais. Assim, claro é, repita-se, o fato da UDESC dever prestar seus cursos de forma gratuita.[...]A UDESC equivocou-se ao pretender exigir de seu corpo discente, ainda que somente daqueles que freqüentam cursos à distância, a participação em seus custos financeiros, através de mensalidades, descumprindo, assim, o preceito fundamental das Constituições Federal e Estadual. E afirmo que o fez, pois fez constar do contrato firmado com a Prefeitura Municipal a obrigatoriedade desta recolher as mensalidades, indicando, inclusive, o valor de tais mensalidades. Pretender afirmar que nenhuma relação possui com os discentes, é pretender o impossível. Ademais, o curso de pedagogia à distância faz parte do que a própria UDESC convenciona chamar de 'UDESC Virtual', ou

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seja, há íntima ligação desta instituição de ensino público superior com os alunos do curso à distância. Sem se falar no fato de que a instituição credenciada pelo Ministério da Educação é a UDESC e não qualquer das outras pessoas jurídicas envolvidas.Em resumo, sendo o curso oferecido e ministrado pela UDESC, a partir de seu estabelecimento oficial, não poderá ser ele suportado por mensalidades cobradas ao corpo discente, embora possa vir a ser suportado por convênios firmados entre a UDESC e outras pessoas de direito público ou privado. Ilegal, assim, é o ato da autoridade apontada como coatora, em exigir o pagamento de mensalidade para freqüentar o curso de ensino à distância de capacitação de professores do ensino fundamental, merecendo ser esta exigência afastada, sem prejuízo da continuidade do curso' (fls. 108-109)’.Aliás, o Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina tem verberado a prática da UDESC, instituição estadual de ensino público e gratuito , de cobrar, ainda que por interposta pessoa, mensalidades dos alunos, pelos serviços educacionais que lhes presta:‘É vedado à UDESC a cobrança de mensalidades diretamente dos alunos, pois caracterizaria infração ao princípio constitucional de gratuidade do ensino em estabelecimentos públicos (art. 206, V, CF e art. 162, V, Constituição Estadual)’ (TCE - Parecer COG 528/01 - fl. 60)”. (Ênfases acrescidas)

Quanto ao convênio da SINEPE e FUNCER com a UEG/FUEG, interessante observar que, fora o contrato e o pagamento de mensalidades, todas as demais atividades são realizadas e oferecidas exclusivamente pela Universidade Estadual de Goiás.

Invocando a sentença do emérito julgador de Anápolis, em caso análogo ao presente, a nulidade na cobrança das mensalidades

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se observa tanto “por ferimento frontal do texto constitucional (CF, art. 206, IV) como pelo fato de que, ao instituir pessoas jurídicas intermediárias na relação, de forma a tentar justificar a cobrança, está o Poder Público intentando ato que tem por objetivo fraudar lei imperativa”. (Ênfases acrescidas).

Com uso, novamente, das palavras do douto julgador das Ações Civis Publicas nº 200300067288 e 200402076979 da Comarca de Anápolis:

“o exame jurídico necessário para o sucesso das pretensões ora em debate não esta em averiguar a legalidade e regularidade dos atos constitutivos das fundações envolvidas na pendência, nem de seus respectivos convênios, mas sim na violação do direito liquido e certo garantido no art. 206, V da Constituição Federal”.

Ademais é cediço que as instituições públicas estão vinculadas aos Princípios Administrativos.

As instituições privadas quando firmam qualquer negócio jurídico com a Administração Pública também se submetem aos mesmos princípios.

Não se pode olvidar ainda que a relação jurídica formada, em que pese a presença de ente público, também se sujeita ao Código de Defesa do Consumidor (Art. 3º da Lei 8078/90) no que for aplicável e não escapa à simbiose necessária com o direito privado estampado no atual Código Civil.

Se eventualmente algum dispositivos estatutários das rés permitirem firmar convênios, não significa que estão autorizadas a firmá-los burlando às leis e a constituição da república.

Na espécie, ainda, cobram mensalidades e taxas oriundas da prestação de serviços de instituição de ensino público, em clara

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS 1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE ÁGUAS LINDAS DE GOIÁS Quadra 23, lote 17, Jardim Querência, Águas Lindas de Goiás, GO, CEP 72.910-000, tel. (61) 3618-2940

afronta ao prescrito no artigo 206, inciso IV da Constituição Federal e ao artigo 3º, inciso VI, da Lei 9.394/96.

Acaso existisse esta previsão expressa nos Estatutos das rés, configuraria clara afronta ao texto constitucional (Art. 206, IV) e a Lei Federal.

Insta destacar que o próprio curso seqüencial foi criado, em vão, com o único propósito de viabilizar a burla a exigência do ensino público gratuito.

Não há previsão legal para os cursos seqüenciais ministrados pela UEG em parceria com a FUNCER e SINEPE, senão apenas um mero contrato entre elas.

A costumeira escusa apresentada pelas rés de que a UEG enfrenta sérias dificuldades financeiras também não pode servir de escusa para a burla da norma constitucional.

Se a instituição pública não é capaz de promover novos cursos, deve restringir-se a administrar aqueles cursos com dotação e previsão orçamentária suficientes.

Por fim, importante salientar a extrema má-fé das rés que, com o estragema de usar uma fundação de fachada, burlam as normas constitucionais e enganam a prórpia opinião pública.

Oportuno também reproduzir parte sentença do nobre julgador da Comarca de Minaçu/GO, proferida nos autos n.º 200600844824, em que condenou a rés pela cobrança de mensalidades dos discentes do curso de Gestão Ambiental e Sanitário, ministrado na unidade da UEG:

“A partir do momento que se permita que, de forma transversa, oblíqua, o Estado, através de pessoas jurídicas interpostas, promova a expansão sem ônus para o ente federativo estadual transformando-se de fato em instituição privada, quiçá com lucro, senão financeiro com certeza político aos governantes, sob a propaganda de ‘levar o ensino superior a todo Estado’,

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mas guardando para si o complemento ‘às próprias expensas do povo’, certamente, a perpetuação desta situação e sua ampliação provocará nos Chefes do Executivo a acomodação administrativa espúria e a conseqüente estagnação na ampliação dos cursos institucionais e gratuitos da UEG, vez que inexistirão cobranças tenazes neste sentido, levando a destinação dos recursos públicos para a educação a outras plagas”.

2.2 – Da restituição em Dobro Das Mensalidades Pagas

A condenação das rés a devolver em dobro as quantias cobradas indevidamente dos consumidores é medida que se impõem, conforme estatuído pelo art. 42, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor, vejamos:

“Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável”.(Ênfases acrescidas).

A jurisprudência é remansosa quanto à possibilidade de se cumular o pedido de restituição em dobro em sede de ação civil pública.

Colaciona-se o recente julgado do Superior Tribunal de

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Justiça:

STJ: “PROCESSUAL CIVIL E DIREITO DO CONSUMIDOR. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. VIOLAÇÃO DO ART. 535, II, DO CPC, NÃO-CONFIGURADA. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA A TUTELA DE DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DA CONCESSIONÁRIA DO SERVIÇO DE TELEFONIA CELULAR. DIREITO À INFORMAÇÃO. FORNECIMENTO DE FATURA DETALHADA. IMPOSSIBILIDADE DE COBRANÇA. EXEGESE DO ART. 3° DA LEI N° 7.347/85. OBRIGAÇÕES DE FAZER, DE NÃO FAZER E DE PAGAR QUANTIA. POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO DE PEDIDOS. PRECEDENTES. 1. Ação civil pública proposta pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS que busca a condenação da empresa concessionária de telefonia celular, AMERICEL S/A, ao fornecimento, sem nenhum encargo, de fatura discriminada dos serviços prestados, além da devolução, em dobro, dos valores cobrados pelo detalhamento da conta telefônica. A sentença julgou o pedido formulado pelo Parquet procedente, reconhecendo-lhe a legitimidade ad causam para a tutela de direitos individuais homogêneos. No mérito, condenou a ré a emitir faturas de modo detalhado e em caráter definitivo, tendo por paradigma as da TELEBRASÍLIA, além da restituição em dobro dos valores cobrados a título de taxa pela expedição de contas telefônicas discriminadas. O acórdão recorrido manteve o decisum de primeiro grau em todos os seus termos4”.(Ênfases acrescidas).

4 Recurso Especial n.º 684712, publicado no DJ 07.11.2006.

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2.3 – Da Inversão do Ônus da Prova

Conforme consabido, existe uma interação e complementaridade entre as normas do Código de Defesa do Consumidor, do Código de Processo Civil e da Lei n. 7.347/85.

Os dispositivos processuais do Código de Processo Civil que se aplicam ao autor e ao réu, notadamente os pontos que assegurem o cumprimento da garantia constitucional da ampla defesa e do contraditório, são aplicáveis na tutela jurídica da relação de consumo.

O professor João Batista de Almeida enfoca o princípio da isonomia, dentre os princípios específicos aplicáveis a tutela do consumidor, como pilar básico que envolve essa problemática:

“Os consumidores devem ser tratados de forma desigual pelo CDC e pela legislação em geral a fim de que consigam chegar à igualdade real. Nos termos do art. 5º da Constituição Federal, todos são iguais perante a lei, entendendo-se daí que devem os desiguais ser tratados desigualmente na exata medida de suas desigualdades”5 .

É certo que, os dois pólos da relação de consumo são compostos por partes desiguais em ordem técnica e econômica, visto que o fornecedor possui, via de regra, a técnica da produção que vai de acordo com seus interesses e o poder econômico superior ao consumidor.

A vulnerabilidade do consumidor é patente e a sua proteção como uma garantia é uma conseqüência da evolução jurídica pela qual se passa.

5 ALMEIDA, João Batista de. A Proteção Jurídica do Consumidor, 2a ed., São Paulo: Saraiva, 2000.

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Por sua vez, o fornecedor não fica refém de um sistema protecionista, pois tem sua ampla defesa assegurada e faz uso dos instrumentos processuais necessários para sua defesa, tais como os dos artigos 301 e incisos, 265, IV, a, e 267, IV, todos do Código de Processo Civil, entre outros.

A inversão do ônus da prova como um direito básico do consumidor e as demais normas que o protege não ofendem de maneira alguma a isonomia das partes.

Ao, contrário, é um instrumento processual com vistas a impedir o desequilíbrio da relação jurídica.

A inversão do ônus da prova é um direito para facilitar sua defesa no processo civil.

A aplicação deste direito opera-se quando for verossímil a alegação do consumidor, ou quando este for hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência (art. 6º , VIII, do Código de Defesa do Consumidor).

A norma em exame estipula a inversão quando estiver presente qualquer uma das duas alternativas, a verossimilhança “ou” a hipossuficiência.

Essas são vistas como pressupostos de admissibilidade da inversão do ônus da prova.

Critério, como bem observou Luiz Antônio Rizzatto, não tem nada de subjetivo é aquilo que serve de comparação. A verossimilhança ou a hipossuficiência servirão como base para que o juiz decida pela inversão.

“(...) Presente uma das duas, está o magistrado obrigado a inverter o ônus da prova”.6

Para a professora Beatriz Catarina Dias, ao tratar de princípio da verossimilhança, tem-se que:

6 RIZZATTO NUNES, Luiz Antônio. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor, Direito Material (arts. 1a a 54), São Paulo: Saraiva, 2000.

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“Por verossimilhança entende-se algo semelhante à verdade. De acordo com esse princípio, no processo civil o juiz deverá se contentar, ante as provas produzidas, em descobrir a verdade aparente.” Ela acrescenta que deve-se ter cuidado para não relativizar demais este princípio, pois “... é indispensável que do processo resulte efetiva aparência de verdade material, sob pena de não ser acolhida a pretensão por insuficiência de prova - o que eqüivale à ausência ou insuficiência de verossimilhança”7 .

Neste sentido, a jurista Cecília Matos aponta a verossimilhança como um patamar na escala do conhecimento:

“Não mais se exige do órgão judicial a certeza sobre os fatos, contentando-se com o Código de Defesa do Consumidor com a comprovação do verossímil, que varia conforme o caso concreto8”.

O juiz deve conceder a inversão baseando-se num juízo de simples verossimilhança a respeito da verdade das alegações feitas.

Para Voltaire de Lima:

“Uma alegação torna-se verossímil quando adquire foros de veracidade, quer porque se torna aceitável diante da modalidade de relação de consumo posta em juízo, quer porque, de antemão, em sede de cognição sumária, não enseja o convencimento de que possa ser tida como descabida9”.

7 DIAS, Beatriz Catarina. A Jurisdição na Tutela Antecipada, São Paulo: Saraiva, 1999.8 MATOS, Cecília. O Ônus da Prova no Código de Defesa do Consumidor, Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de direito da Universidade de São Paulo, sob a orientação do Professor Doutor Kazuo Watanabe, 1993.9 MORAIS, Voltaire de Lima. Anotações Sobre o Ônus da Prova no Código de Processo Civil e no Código de Defesa do Consumidor, Revista do Consumidor, 5.º ano , vol. 31, São Paulo: RT, Revista dos Tribunais.

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O Desembargador aposentado do TJSP, professor Kazuo Watanabe10, ao tratar da verossimilhança, afirma que, na verdade, não há uma verdadeira inversão do ônus da prova, pois o magistrado, com a ajuda das máximas de experiência e das regras de vida (art. 335, CPC), considera produzida a prova que incumbe a uma das partes, a menos que a outra parte demonstre o contrário.

O outro critério que deve ser analisado pelo juiz para que se possa inverter o ônus da prova é o da hipossuficiência do consumidor o que se traduz em razão da capacidade econômica e técnica do consumidor.

A hipossuficiência do consumidor também demonstrada pela diminuição de capacidade do consumidor, não apenas no aspecto econômico, mas no social, de informações, de educação, de participação, de associação, entre outros.

A hipossuficiência insculpido no texto legal do Código de Defesa do Consumidor, não é econômico. É técnico.

Veja-se a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

STJ: “Direito processual civil. Ação de indenização. Saques sucessivos em conta corrente. Negativa de autoria do correntista. Inversão do ônus da prova. - É plenamente viável a inversão do ônus da prova (art. 333, II do CPC) na ocorrência de saques indevidos de contas-correntes, competindo ao banco (réu da ação de indenização) o ônus de provar os fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor. - Incumbe ao banco demonstrar, por meios idôneos, a inexistência ou impossibilidade de fraude, tendo em vista a notoriedade do reconhecimento da possibilidade de violação do sistema eletrônico de saque por meio de cartão bancário e/ou senha. Se foi o cliente que retirou o dinheiro, compete ao banco estar munido de instrumentos tecnológicos seguros para provar de forma inegável tal ocorrência. Recurso especial

10 WATANABE, Kazuo, Anotações de palestra proferida no XXI Encontro Nacional de Defesa do Consumidor, ocorrida em João Pessoa /PB em 21.06.01.

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parcialmente conhecido, mas não provido11”.

3 – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

3.1 – Do Pedido de Antecipação de Tutela:

Reza o artigo 12 da Lei 7.347/85 que:

“poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita agravo”.

Cuida-se, no caso presente, de regra semelhante àquela prevista no artigo 273 do Código de Processo Civil, que estabelece o seguinte:

“Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação(...)”.

Está estampado nos documentos que a FUEG/UEG, FUNCER e SINEPE, ora rés nestes autos, cobraram e continuam a cobrar mensalidades e taxas de matrículas de seus alunos.

A ilegalidade dessa conduta é patente, conforme demonstrado pelos fundamentos expostos acima, mormente pela decisão do TJGO nos autos nº 200603623110 às f. 55/69.

11 Recurso Especial n.º 2005/0031192-7, Terceira Turma, Ministra Nancy Andrighy, publicado no DJ 01.02.2006, p. 553.

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Eis, pois, a prova inequívoca, exigida para a concessão de liminar.

Resta patente, também, o pericullum in mora.

Com efeito, os alunos inadimplentes estão sendo obstados de realizar provas, não têm a presença registrada nos assentamentos acadêmicos, muito menos tem direito à re-matrícula.

Desta forma, por faltas às aulas, não realização de avaliações e outras pendências, esses alunos não conseguirão concluir o curso.

Enquanto isso, o curso prossegue para aqueles que pagam a mensalidade em dia.

Se não basstasse isso, os alunos inadimplentes sofrem, rotineiramente, o constrangimento da cobrança das mensalidades atrasadas.

À vista do exposto, observado o disposto no artigo 2º da Lei 8.437/92, requer o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS a concessão de ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA, consistente em:

a) Determinação às rés para que cessem a cobrança de mensalidades e taxas de matrícula dos alunos que foram aprovados nos cursos superiores, seqüenciais de formação específica e licenciatura plena parcelada, ministrados em Águas Lindas de Goiás/GO, fixando-se multa diária no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por aluno e que se comine uma multa individual, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) diário e por aluno, ao servidor ou funcionário que descumprir a ordem judicial;

b) Determinação às rés para que se abstenham de ofertar novos cursos em Águas Lindas de Goiás/GO que sejam direta ou indiretamente, ou através de interpostas pessoas, ministrados

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pela FUEG/UEG, mediante contraprestação financeira ou pagamento de mensalidades, sob pena de multa diária no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por aluno e que se comine uma multa individual, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) diário e por aluno, ao servidor ou funcionário que descumprir a ordem judicial;

c) Determinação às rés para que realizem a matrícula dos alunos inadimplentes, independentemente do pagamento de taxas, sob pena de multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por aluno e que se comine uma multa individual, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) diário e por aluno, ao servidor ou funcionário que descumprir a ordem judicial;

d) Determinação às rés para que não incluam os alunos inadimplentes em cadastros de proteção ao crédito, sob pena de multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por aluno e que se comine uma multa individual, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) diário e por aluno, ao servidor ou funcionário que descumprir a ordem judicial;

e) Determinação às rés para que registrem, no diário de classe, a presença dos alunos às aulas a serem ministradas doravante, sob pena de multa diária de R$ 5.000,00 (cinnco mil reais) por aluno e que se comine uma multa individual, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) diário e por aluno, ao servidor ou funcionário que descumprir a ordem judicial;

f) Determinação às rés para que forneçam aos alunos inadimplentes (que foram obstados de realizar avaliações) avaliações já ministradas e a serem ministradas, sob pena de multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por aluno e que se comine uma multa individual, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) diário e por aluno, ao servidor ou funcionário

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que descumprir a ordem judicial;

g) Determinação às rés para que forneçam, independentemente da situação de inadimplência, a requerimento dos alunos, certidões a respeito de matrícula, presença em sala de aula, certificado de conclusão de curso, emissão de diplomas, e outras informações de interesse do aluno, sob pena de multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por aluno e que se comine uma multa individual, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) diário e por aluno, ao servidor ou funcionário que descumprir a ordem judicial;

Para viabilizar a aplicação da multa individual, requer a intimação pessoal, do inteiro teor da liminar, com a advertência de que o não cumprimento da ordem judicial importará em responsabilização por crime de desobediência:

do Diretor da Unidade da UEG em Águas Lindas de Goiás/GO, Professora Patrícia Alves Melo de Oliveira Cardoso, na avenida Tancredo Neves, Qd. 73, Lt. 14/20, Jardim Pérola II, nesta cidade;

do Presidente da SINEPE – Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de Goiás, Senhor Khihnaaor Ávila, na Rua 117, Quadra 38, Lote 07, Setor Sul, Goiânia/GO;

da Presidente da FUNCER – Fundação Universitária do Cerrado, Senhora Vera Maria, na Rua Professor Roberto Manje, n.º 29, Vila Santana, Anápolis;

do Reitor da UEG e presidente da FUEG, Senhor Luiz Antônio Arantes, na sede no Campus BR 153, KM 98, Anápolis/GO.

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3.2 – Dos Pedidos Finais

Diante de todo o exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS pugna:

3.2.1 – Pelo recebimento da petição inicial;

3.2.2 – Pelo deferimento da antecipação de tutela;

3.2.3 – Nos moldes do art. 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor, pela inversão do ônus da prova, pois a verossimilhança das alegações é patente e os consumidores do serviço educacional estão em situação de exagerada desvantagem, o que torna evidente e notória as suas condições de hipossuficientes;

3.2.4 – a citação das rés para contestar a presente ação caso queiram, no prazo legal e sob pena de revelia;

3.2.4 – a condenação das rés nos seguintes termos:

a) Determinação às rés para que cessem a cobrança de mensalidades e taxas de matrícula dos alunos que foram aprovados nos cursos superiores, seqüenciais de formação específica e licenciatura plena parcelada, ministrados em Águas Lindas de Goiás/GO, fixando-se multa diária no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por aluno e que se comine uma multa individual, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais)

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diário e por aluno, ao servidor ou funcionário que descumprir a ordem judicial;

b) Determinação às rés para que se abstenham de ofertar cursos em Águas Lindas de Goiás/GO que sejam direta ou indiretamente, ou através de interpostas pessoas, ministrados pela FUEG/UEG, mediante contraprestação financeira ou pagamento de mensalidades, sob pena de multa diária no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por aluno e que se comine uma multa individual, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) diário e por aluno, ao servidor ou funcionário que descumprir a ordem judicial;

c) Determinação às rés para que realizem a matrícula dos alunos inadimplentes, independentemente do pagamento de taxas, sob pena de multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por aluno e que se comine uma multa individual, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) diário e por aluno, ao servidor ou funcionário que descumprir a ordem judicial;

d) Determinação às rés para que não incluam os alunos inadimplentes em cadastros de proteção ao crédito, sob pena de multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por aluno e que se comine uma multa individual, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) diário e por aluno, ao servidor ou funcionário que descumprir a ordem judicial;

e) Determinação às rés para que forneçam aos alunos inadimplentes (que foram obstados de realizar avaliações) avaliações já ministradas e a serem ministradas, sob pena de multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por aluno e que se comine uma multa individual, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) diário e por aluno, ao servidor ou funcionário que descumprir a ordem judicial;

f) Determinação às rés para que forneçam,

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS 1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE ÁGUAS LINDAS DE GOIÁS Quadra 23, lote 17, Jardim Querência, Águas Lindas de Goiás, GO, CEP 72.910-000, tel. (61) 3618-2940

independentemente da situação de inadimplência, a requerimento dos alunos, certidões a respeito de matrícula, presença em sala de aula, certificado de conclusão de curso, emissão de diplomas, e outras informações de interesse do aluno, sob pena de multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por aluno e que se comine uma multa individual, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) diário e por aluno, ao servidor ou funcionário que descumprir a ordem judicial;

h) Declaração de ilegalidade da cobrança de mensalidade e taxas aprovados nos cursos superiores, seqüenciais de formação específica e licenciatura plena parcelada, ministrados em Águas Lindas de Goiás/GO;

i) Condenação das rés, em solidariedade, a devolver em dobro aos alunos dos cursos superiores, seqüenciais de formação específica e licenciatura plena parcelada, ministrados em Águas Lindas de Goiás/GO, toda e qualquer quantia despendida em virtude dos referidos cursos; e,

j) Condenação das rés ao pagamento de verbas honorárias, nos termos do art. 20, § 3.º e 4.º, do Código de Processo Civil, a ser destinada ao fundo que trata o artigo 13 da Lei 7.437/85;

Requer, ainda, o Ministério Público:

a) A intimação pessoal do representante do Ministério Público, mediante entrega e vista dos autos na 1.ª Promotoria de Justiça da Comarca de Águas Lindas de Goiás/GO, dado o disposto no art. 236, § 2.º, do Código de Processo Civil;

b) A publicação de edital no órgão oficial, nos moldes do art. 94 do Código de Defesa do Consumidor; e,

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS 1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE ÁGUAS LINDAS DE GOIÁS Quadra 23, lote 17, Jardim Querência, Águas Lindas de Goiás, GO, CEP 72.910-000, tel. (61) 3618-2940

c) Para viabilizar a aplicação da multa individual, a intimação pessoal, do inteiro teor da decisão, com a advertência de que o não cumprimento da ordem judicial importará em responsabilização por crime de desobediência:

do Diretor da Unidade da UEG em Águas Lindas de Goiás/GO, Professora Patrícia Alves Melo de Oliveira Cardoso, na avenida Tancredo Neves, Qd. 73, Lt. 14/20, Jardim Pérola II, nesta cidade;

do Presidente da SINEPE – Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de Goiás, Senhor Khihnaaor Ávila, na Rua 117, Quadra 38, Lote 07, Setor Sul, Goiânia/GO;

da Presidente da FUNCER – Fundação Universitária do Cerrado, Senhora Vera Maria, na Rua Professor Roberto Manje, n.º 29, Vila Santana, Anápolis;

do Reitor da UEG e presidente da FUEG, Senhor Luiz Antônio Arantes, na sede no Campus BR 153, KM 98, Anápolis/GO.

Por fim, requer o Ministério Público a produção de todas as provas admitidas em direito.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00.

Termos em que,

Pede e aguarda deferimento.

Águas Lindas de Goiás, 8 de Abril de 2008.

João Paulo Candido S. OliveiraPromotor de Justiça Substituto

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