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Ministério Público de Contas do
Estado do Tocantins
Ministério Público do Tocantins
1ª Promotoria de Tocantinópolis
Ministério Público de Contas do Estado do Tocantins
Av. Joaquim Teotônio Segurado, 102 Norte, Cj. 1, Lts. 1 e 2
Plano Diretor Norte - CEP: 77006-002 – Palmas/TO – Fone:
(63) 3232-5850
Ministério Público do Estado do Tocantins
Travessa Pedro Ludovico n° 310, Centro, CEP. 77.900-000
Fones (63) 3471-1455 e 4082
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR CONSELHEIRO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE
CONTAS DO ESTADO DO TOCANTINS
O MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS, por meio de seu Procurador-Geral
signatário, no exercício de suas funções institucionais e regulamentares elencadas no artigo 145
da Lei Estadual nº 1.284/2001, com fundamentos no artigo 142-A, e seguintes, do Regimento
Interno do Tribunal de Contas do Estado do Tocantins, em conjunto com O MINISTÉRIO
PÚBLICO DO ESTADO DO TOCANTINS, por meio da 1ª Promotoria de Justiça de
Tocantinópolis, no exercício de suas funções constitucionais e legais, vêm apresentar a presente
REPRESENTAÇÃO
com pedido de MEDIDA CAUTELAR INOMINADA,
em face de Erinalva Alves Braga, Prefeita Municipal de Palmeiras do Tocantins,
Leandro Carlos Aires de Sousa, Secretário Municipal de Administração, Leila Pereira de
Melo, Pregoeria Oficial, em razão da Ata de Registro de Preços/Contratação com a empresa A.
M. dos Santos Eventos – EPP, decorrente do Pregão Presencial nº 030/2017, realizado pelo
Município de Palmeiras do Tocantins/TO, cujo objeto consiste na contratação de empresa
especializada para prestação parcelada e futura dos serviços de locação e montagem de
estrutura para eventos e contratação de shows a nível regional e local para atender os
eventos do município, conforme os fatos e fundamentos doravante expostos.
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I – DA SÍNTESE FÁTICA E DOS FUNDAMENTOS
1. A Prefeitura de Palmeirante do Tocantins fez publicar no Diário Oficial do Estado do
Tocantins (DOE) nº 4900, de 30/06/2017, o aviso de licitação para o Pregão Presencial nº
030/2017 (PP 30/2017), nos seguintes termos, litteris:
AVISO DE LICITAÇÃO
A PREFEITURA MUNICIPAL DE Palmeiras do Tocantins – TO torna público
que fará realizar na sala de reuniões da Comissão Permanente de Licitação da
Prefeitura: […]
Pregão Presencial para Registro de Preço nº 030/2017, com abertura dia 12 de
julho de 2017, às 08:30 horas, visando a prestação parcelada e futura dos serviços
de locação e montagem de estrutura para eventos e contratação de shows nível
regional e local para atender os eventos do município de Palmeiras do Tocantins
– TO. […]
2. Consoante o Edital do Pregão Presencial epigrafado, visualizou-se que o valor orçado
para a contratação de estrutura para eventos alcançou o expressivo numerário de R$
1.272.410,00 (um milhão, duzentos e setenta e dois mil, quatrocentos e dez reais).
3. Após a sessão da precitada licitação, o valor registrado na Ata foi de R$ 1.239.320,00
(um milhão, duzentos e trinta e nove mil, trezentos e vinte reais), com uma única empresa
interessada, A. M. dos Santos Eventos – EPP (CNPJ 28.054.826/0001-52), representada por
Adriano Marinho dos Santos.
AUSÊNCIA DE PLANEJAMENTO E PESQUISA DE PREÇOS – SOBREPREÇO
4. O Termo de Referência, firmado pela Secretária Municipal de Administração Maria da
Luz Alves Braga, não traz qualquer tipo de evento que tenha sido planejado para se alcançar os
quantitativos solicitados.
5. Ademais, é com pouco esforço que se notam fortes indícios de sobrepreço no registro
efetuado, já que os preços registrados encontram-se muito acima dos praticados no mercado,
mediante uma simples e superficial análise com outros procedimentos licitatórios, como se pode
visualizar abaixo exemplificadamente:
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PP 30-2017
Palmeiras do TO
PP 06/2016
ARP 08/2017 -
Palmas/TO
PP 01/2017
ARP 01/2017 -
Palmas/TO
PP 04/2017 -
Damianópolis/GO
Lote 2
Banheiro Químico R$ 250,00 R$ 45,00 R$ 32,50 R$ 45,00
Banheiro Químico PNE R$ 300,00
R$ 99,00
Lote 3
Grupo Gerador mín 110
KVA
R$ 3.100,00 R$ 840,00 R$ 804,00
Grupo Gerador mín 260
KVA
R$ 3.490,00 R$ 1.080,00 R$ 948,00
Lote 6
Laser R$ 320,00 R$ 239,00
Canhão de luz 4000W R$ 310,00 R$ 240,00
Lote 7 - Tendas Piramidais
5x5m R$ 415,00 R$ 90,00 R$ 129,00
10x10m R$ 545,00 R$ 103,00 R$ 350,00 R$ 150,00
Camarim 4x4m R$ 1.000,00 R$ 380,00
Lote 8 - Mesas e Cadeiras
Cadeiras de plástico R$ 4,00 R$ 1,89 R$ 1,18
Mesas de plástico R$ 9,00 R$ 5,00 R$ 4,00
6. Pode-se inferir a inexistência (ou deficiência) de pesquisa de preços apta a demonstrar
um preço médio de mercado para a reserva dos valores a serem utilizados na contratação do
objeto a ser licitado. Afinal, os preços registrados não são compatíveis com os usualmente
propostos no mercado, ou seja, os valores não foram pesquisados ou o foram de maneira
ineficaz, em prejuízo ao interesse público.
7. De modo que há inafastável necessidade de realização de uma pesquisa de preços para
a cotação do procedimento licitatório em fontes diversificadas, como orienta o TCU.
8. Esta deve ocorrer por meio de orçamentos com fornecedores, valores adjudicados em
licitações de órgãos públicos, valores registrados em atas de registro preço, etc, conforme se
extrai da recente decisão Plenária deste Tribunal, no Acórdão nº 2.170 /2017, vejamos:
REPRESENTAÇÃO. PEDIDO DE REEXAME. PREGÃO ELETRÔNICO. SERVIÇOS
DE INFORMÁTICA. REVOGAÇÃO DE MEDIDA CAUTELAR. PROVIMENTO
PARCIAL.
1. A aferição de preços nas aquisições e contratações de produtos e serviços de tecnologia
da informação, no âmbito da Administração Pública federal, na fase de estimativa de
preços, no momento de adjudicação do objeto do certame licitatório, na contratação e
alterações posteriores, deve se basear em valores aceitáveis, que se encontrem dentro da
faixa usualmente praticada pelo mercado em determinada época, obtida por meio de
pesquisa a partir de fontes diversas, como orçamentos de fornecedores, valores adjudicados
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em licitações de órgãos públicos – inclusos aqueles constantes no Comprasnet -, valores
registrados em atas de Sistema de Registro de Preços, entre outras, a exemplo de
compras/contratações realizadas por corporações privadas em condições idênticas ou
semelhantes àquelas da Administração Pública. […] [sem grifos no original]
9. Contudo, pelo que se pode inferir do vulto da Ata de Registro de Preços, não é possível
identificar que tenha havido a necessária pesquisa de preços satisfatória para a cotação dos
valores a serem utilizados na contratação advinda do Pregão Presencial nº 030/2017, de
Palmeiras do Tocantins.
10. Frise-se também inexistir no Termo de Referência qualquer demonstração de
planejamento sobre as ditas festividades que se intenta realizar, sequer uma mínima estimativa.
Fato que impede completamente a constatação de um necessário cronograma planejado para a
realização de despesa tão vultosa para os cidadãos de Palmeiras do Tocantins.
11. Ressalte-se, portanto, que não há qualquer documentação alusiva a um mínimo
planejamento dos eventos a serem efetuados pela municipalidade para que se necessite registrar
preços com valor tão elevado.
12. É notório que a questão sob análise reveste-se de relevante repercussão social. Razão
pela qual, a atuação do Tribunal de Contas deve estar balizada no interesse público primário,
social, da coletividade, a despeito de qualquer interesse meramente patrimonial da
municipalidade.
CONSTITUIÇÃO DA EMPRESA VENCEDORA – VÍNCULO SOCIETÁRIO E
FAMILIAR
13. A empresa vencedora do Pregão Presencial nº 030/2017, A. M. dos Santos Eventos –
EPP (CNPJ 28.054.826/0001-52) foi constituída em 28/06/2017 e tem como capital social a
quantia de R$ 10.000,00 (dez mil reais), apesar de ter firmado a Ata de Registro de Preços
proveniente do Pregão Presencial nº 030/2017 no valor total de R$ 1.239.320,00 (um milhão,
duzentos e trinta e nove mil, trezentos e vinte reais) em 19/07/2017.
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14. Vê-se que a empresa A. M. dos Santos Eventos – EPP (CNPJ 28.054.826/0001-52)
detém um único sócio, o senhor Adriano Marinho dos Santos, o qual também tem sociedade
constituída com o senhor José Almir Gomes dos Reis na empresa Gomes & Marinho LTDA
(10.903.729/0001-21), conforme se visualiza abaixo:
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15. Ocorre que o senhor José Almir Gomes dos Reis (também conhecido por “Almir
Halley”) é apresentado na mídia1 e nas redes sociais como noivo da atual Prefeita Edinalva
Braga, além de ocupar cargo em comissão de Secretário Executivo de Gabinete na Prefeitura
de Palmeiras do Tocantins, com lotação no Gabinete da Prefeita.
1 Disponível em: <http://www.palmeirasdotocantins.to.gov.br/prefeitura-realizou-maior-festa-de-aniversario-da-
cidade/>, Acesso em 04 set. 2017.
<https://www.facebook.com/josealmir.almir.33>
< https://www.facebook.com/nalva.braga.14>
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16. Diante desses fatos, o vínculo societário do senhor José Almir Gomes dos Reis com o
senhor Adriano Marinho dos Santos, único sócio da recém criada A. M. dos Santos Eventos
– EPP (CNPJ 28.054.826/0001-52), ganhadora do PP 030/2017, levanta gravíssimas suspeitas
sobre eventual conluio entre estes. Até mesmo porque a empresa de ambos, a Gomes &
Marinho LTDA (CNPJ 10.903.729/0001-21), e a A. M. dos Santos Eventos – EPP (CNPJ
28.054.826/0001-52) desenvolvem idênticas atividades econômicas, com exceção de uma
única atividade, vejamos:
Atividades
Econômicas
Gomes & Marinho LTDA
CNPJ 10.903.729/0001-21
A. M. dos Santos Eventos – EPP CNPJ 28.054.826/0001-52
Principal - Atividades de sonorização e de
iluminação - Aluguel de palcos, coberturas e
outras estruturas de uso temporário,
exceto andaimes
- Aluguel de palcos, coberturas e
outras estruturas de uso temporário,
exceto andaimes
- Serviços de organização de feiras,
congressos, exposições e festas
- Casas de festas e eventos - Casas de festas e eventos
-Produção musical - Produção Musical
17. É ainda importante ressaltar que o notório vínculo familiar do senhor José Almir
Gomes dos Reis com a Prefeita Municipal Erinalva Alves Braga indica alta probabilidade de
ocorrência de nepotismo no quadro de pessoal do município de Palmeiras do Tocantins, além
do possível ajuste para o benefício da empresa A. M. dos Santos Eventos – EPP (CNPJ
28.054.826/0001-52).
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA E ECONÔMICO-FINANCEIRA INSUFICIENTE
18. Sobre a qualificação técnica, o edital para o PP 030/2017 apenas previu a comprovação
de recebimento dos documentos, de conhecimento das informações e condições locais para o
cumprimento das obrigações, nos seguintes termos:
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA (Art. 4º, XIII da Lei nº 10.520/02 e/e art. 30, Lei nº
8.666/93).
12.2.16 Comprovação de que recebeu os documentos, e de que tomou conhecimento de
todas as informações e das condições locais para o cumprimento das obrigações objeto da
licitação, na forma do Anexo VI (art. 30, III da Lei nº. 8.666/93)
OUTROS ELEMENTOS:
12.2.17 Comprovante do cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7º da
Constituição Federal, onde comprove por meio de declaração, sob as penas da lei, que não
emprega nem mantém em seu quadro de pessoal menor de 18 (dezoito anos) em horário
noturno de trabalho ou em serviços perigosos ou insalubres, não possuindo ainda, qualquer
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trabalho de menor de 16 (dezesseis) anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14
(quatorze) anos, conforme modelo constante no Anexo V do edital;
12.2.18 Declarar, para fins do disposto no §22 do art. 32 da Lei nº 8.666, de 21 de junho
de 1993, alterado pela Lei nº 9.648, de 27 de maio de 1998, que inexistem, até a presente
data, fatos impeditivos à sua habilitação no presente procedimento licitatória, obrigando-
se a declarar, sob as penalidades legais, a superveniência de fato impeditiva da habilitação,
conforme modelo constante no Anexo V do edital; (…) [sem grifos no original]
19. Não há qualquer dificuldade em se observar que o Edital do PP 030/2017 é omisso
quanto à apresentação da documentação necessária à comprovação da qualificação técnica,
exigindo somente aquilo que não macularia o êxito da empresa A. M. dos Santos Eventos –
EPP (CNPJ 28.054.826/0001-52), pois que esta não conseguiria comprovar sua qualificação
quanto ao disposto no inciso XIII do art. 4º da Lei 10.520/2002 c/c inciso II do art. 30 da Lei nº
8.666/93:
Lei 10.520/2002
Art. 4º. A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados e
observará as seguintes regras: […]
XIII – a habilitação far-se-á com a verificação de que o licitante está em situação regular
perante a Fazenda Nacional, a Seguridade Social e o Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço – FGTS, e as Fazendas Estaduais e Municipais, quando for o caso, com a
comprovação de que atende às exigências do edital quanto à habilitação jurídica e
qualificações técnica e econômico-financeira; […]
Lei 8.666/93
Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á a:
I - registro ou inscrição na entidade profissional competente;
II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível
em características, quantidades e prazos com o objeto da licitação, e indicação das
instalações e do aparelhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a
realização do objeto da licitação, bem como da qualificação de cada um dos membros
da equipe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos;
III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que recebeu os documentos, e, quando
exigido, de que tomou conhecimento de todas as informações e das condições locais para
o cumprimento das obrigações objeto da licitação;
IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei especial, quando for o caso. (…)
[sem grifos no original]
20. De acordo com Marçal Justen Filho2, essa qualificação técnica reveste-se de tão elevada
importância que “não se pode sequer admitir a formulação de propostas por parte de quem não
dispuser de condições técnicas de executar a prestação”, pois deverá ser aferida em momento
anterior à análise das propostas apresentadas.
2 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. 11. ed. São Paulo:
Dialética, 2005. p.322.
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21. Portanto, a qualificação técnica da empresa A. M. dos Santos Eventos – EPP (CNPJ
28.054.826/0001-52) não resultou comprovada para assumir uma contratação de valor tão
elevado e discrepante do seu capital social, tendo ainda em vista a sua incipiente atuação no
mercado.
22. No que tange à qualificação econômico-financeira, a Lei de Licitações permite a
exigência um capital ou patrimônio líquido mínimo, o qual ficaria adstrito a 10% (dez por cento)
do valor previsto para a contratação, consoante se extrai da dicção contida nos §§ 2º e 3º do art.
31.
Art. 31. […]
§ 2º. A Administração, nas compras para entrega futura e na execução de obras e serviços,
poderá estabelecer, no instrumento convocatório da licitação, a exigência de capital mínimo
ou de patrimônio líquido mínimo, ou ainda as garantias previstas no § 1o do art. 56 desta
Lei, como dado objetivo de comprovação da qualificação econômico-financeira dos
licitantes e para efeito de garantia ao adimplemento do contrato a ser ulteriormente
celebrado.
§ 3º. O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que se refere o parágrafo anterior
não poderá exceder a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação, devendo a
comprovação ser feita relativamente à data da apresentação da proposta, na forma da lei,
admitida a atualização para esta data através de índices oficiais.
23. Estas medidas revestem-se da necessária importância pelo fato de resguardarem o
andamento regular da futura execução contratual, para que esta prossiga nos moldes do
ajustado, sem paralisações inoportunas.
24. Porém, não há como se inferir sobre a saúde financeira de uma empresa constituída
há somente 15 (quinze) dias do certame e com um capital social que não alcança sequer 1%
(um por cento) do valor total que pode ser contratado, como é o caso da empresa A. M. dos
Santos Eventos – EPP (CNPJ 28.054.826/0001-52), constituída em 28/06/2017, capital
social de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
25. A capacidade técnica e econômico-financeira da empresa A. M. dos Santos Eventos –
EPP (CNPJ 28.054.826/0001-52) foi parcamente demonstrada, não sendo suficiente para
comprovar a possibilidade fática de suportar os encargos decorrentes da contratação a que se
submeteu/submeterá.
26. Desta feita, a provável incapacidade técnica e econômico-financeira da empresa
vencedora do certame não comportaria a execução do contrato futuramente firmado, o que pode
sugerir ainda eventual direcionamento na realização do PP 030/2017 para que a empresa A.
M. dos Santos Eventos – EPP (CNPJ 28.054.826/0001-52) saísse vencedora.
NÃO INSERÇÃO DE DADOS NO SICAP-LCO
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27. O município de Palmeiras do Tocantins não atendeu à Recomendação Ministerial nº
04/2017, ou seja, não efetuou a alimentação do SICAP-LO, mesmo após ter havido o
conhecimento desta por meio de Ofício de lavra desta Procuradoria-Geral3, e ainda, diante da
publicação do documento em veículo oficial (Boletim Oficial nº 1868, de 13/06/2017).
28. Optou-se simplesmente por ignorar a Recomendação Ministerial supra mencionada
e, logicamente, a determinação deste Tribunal de Contas, plasmada na Instrução Normativa
nº 010/2008, haja vista a ausência de qualquer dado no SICAP-LO sobre o ano corrente.
29. Vislumbra-se, pois, diante de tudo o que se expôs, que o Pregão Presencial nº 030/2017
está eivado de vícios insanáveis, que poderão ensejar prejuízos diversos à moralidade, à
impessoalidade e ao erário públicos, pois que a contratação da empresa A. M. dos Santos
Eventos – EPP (CNPJ 28.054.826/0001-52) não se mostra razoável nem vantajosa para a
população de Palmeiras do Tocantins/TO, que também sofrerá decréscimo considerável nas
verbas municipais para a contratação de serviços voluptuários, que guardam pouco ou nenhum
interesse público.
III – DA MEDIDA CAUTELAR INCIDENTAL
30. Como bem delineado ao longo dessa peça, há argumentos suficientemente robustos
para que se possa inferir a existência de irregularidades relevantíssimas que maculam todo o
procedimento consubstanciado no Pregão Presencial nº 030/2017.
31. O vultoso valor registrado para contratação de estrutura para eventos – R$ 1.239.320,00
(um milhão, duzentos e trinta e nove mil, trezentos e vinte reais – sem o necessário
planejamento e pesquisa de preços, sem qualquer dúvida, ensejará grave e irreparável dano
social aos habitantes do município de Palmeiras do Tocantins, que, possivelmente, poderão
padecer com a não prestação a contento de serviços públicos essenciais.
32. Além disso, a recentíssima constituição da empresa A. M. dos Santos Eventos – EPP
(CNPJ 28.054.826/0001-52), associado ao seu ínfimo capital social para fazer frente à
contratação de valor tão considerável, não permite considerar a viabilidade da bem como ao
fato da coincidência do sócio e das atividades econômicas com a Gomes & Marinho LTDA
(CNPJ 10.903.729/0001-21), permite inferir a existência de provável ajuste para benefício da
empresa A. M. dos Santos Eventos – EPP (CNPJ 28.054.826/0001-52).
33. Nessas hipóteses o Regimento Interno desta Corte de Contas é claro em permitir a
utilização das medidas cautelares incidentais, como se verifica pelo teor do artigo 14 da Lei
3 Entregue em 06/07/2017, senhora Alessandra Alves de Sousa, JC468308175BR.
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Estadual nº 1.284/2001, com especial destaque para o inciso IV desse dispositivo, o qual serve
de alicerce ao que preceitua o artigo 162, II do Regimento Interno:
Art. 14. As medidas cautelares referidas no artigo anterior são as seguintes:
[…]
IV – outras medidas de caráter urgente, inominadas.
Art. 162 - No início ou no curso de qualquer apuração, inspeção ou auditoria, se
existirem indícios suficientes de que esteja sendo praticado ato que resulte dano
ou prejuízo ao erário, o Tribunal, de ofício ou a requerimento do Ministério
Público Especial junto ao Tribunal de Contas, poderá determinar, cautelarmente:
[…]
II – a sustação temporária do ato apontado pelo agente de controle externo como
ilegal, até que sejam concluídos os trabalhos ou que a irregularidade seja sanada.
34. Quanto ao presente caso, o Regimento Interno ainda consigna em seu art. 200 a medida
ora pleiteada, no escopo de se elevar efetiva proteção ao patrimônio público, quando este
resultar ameaçado de dano grave cuja reparação não se possa garantir, vejamos:
Art. 200. Nos termos da Lei Orgânica do Tribunal de Contas e deste Regimento,
o Relator poderá submeter ao Tribunal Pleno medida cautelar indispensável
à proteção do erário ou do patrimônio público, quando haja ameaça de grave
dano de difícil e incerta reparação ou, ainda, nos casos em que seja necessário
garantir a eficácia de decisão do Tribunal de Contas. [sem grifos no original]
35. Assim sendo, tendo em vista a consistência na demonstração de que a licitação a ser
realizada é falha em evidenciar suas justificativas, demonstrando-se desarrazoada, pelo fato
de primar por atender prestação de serviço supérflua, além de sugerir provável ajuste entre os
agentes para o favorecimento da empresa vencedora do PP 030/2017, A. M. dos Santos
Eventos – EPP (CNPJ 28.054.826/0001-52), em verdadeiro descompasso com o interesse
público primário, perfeitamente se pode verificar a presença o fumus boni iuris.
36. No que diz respeito ao perigo na demora, em decorrência dos fortes indícios de graves
prejuízos que a realização da licitação – e posterior contratação – pode ocasionar indevida
corrosão aos cofres públicos municipais, e ainda, gravíssimo dano social, ambos, talvez,
irrecuperáveis.
37. No caso, existe fundamentação jurídica relevante, consistente na forte possibilidade de
grave violação às normativas inerentes às compras e contratações públicas, à moralidade,
à impessoalidade, com possível violação à proteção dos interesses públicos e recursos
governamentais.
38. Portanto, com a presença do fumus boni iuris e o periculum in mora, é possível, e mesmo
imprescindível, a determinação pela retenção dos pagamentos à empresa A. M. dos Santos
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Eventos – EPP (CNPJ 28.054.826/0001-52), vencedora do Pregão Presencial nº 030/2017,
dado o elevado perigo de dano irreparável ao erário e à população do município de Palmeiras
do Tocantins.
39. Logo, frise-se, tem-se a medida cautelar incidental inaudita altera pars como
adequada e necessária a ser concedida e sem a oitiva dos responsáveis pelo Relator da
Unidade Jurisdicionada (art. 19, caput, da Lei Estadual nº 1.284/01), para que determine a
retenção dos valores destinados à execução do Contrato decorrente do Pregão Presencial nº
030/2017, de Palmeiras do Tocantins, a fim de evitar efeitos deletérios ao Tesouro da
municipalidade, conduzidos pela execução de objeto mal escolhido.
IV – DOS PEDIDOS
40. Ante o exposto, este Ministério Público de Contas requer:
1) O conhecimento, recebimento e processamento desta Representação com
pedido de Cautelar Incidental, por atender os requisitos do artigo 142-A e seguintes do
Regimento Interno do Tribunal de Contas do Estado do Tocantins;
2) A concessão da pleiteada medida cautelar incidental LIMINARMENTE,
isto é, sem a oitiva dos responsáveis/interessados, consistente na determinação à Prefeita de
Palmeiras do Tocantins para que proceda à sustação de eventual contrato firmado com a
empresa A. M. dos Santos Eventos – EPP (CNPJ 28.054.826/0001-52)4, bem como para que
retenha eventuais pagamentos destinados à execução contratual, até o julgamento definitivo da
presente Recomendação, sob pena de aplicação de multa e demais medidas cabíveis previstas
tanto na Lei Orgânica quanto no Regimento Interno, ambos desta Corte de Contas;
3) A determinação aos responsáveis para que juntem aos autos toda a
documentação referente ao Pregão Presencial nº 030/2017 e à eventual contratação já
efetuada, mais especialmente, cópia integral do Processo Administrativo pertinente ao
precitado PP 030/2017;
4) Após a concessão da medida cautelar pleiteada, citar o(s) responsável(is) para
manifestação, caso assim entendam necessário, inclusive a empresa vencedora do A. M. dos
Santos Eventos – EPP (CNPJ 28.054.826/0001-52) e o senhor Adriano Marinho dos Santos,
bem como oficiar a Câmara Municipal para proceder à sustação de eventual contrato firmado e
demais providências pertinentes;
5) A tramitação regimental do feito com o envio ao Corpo Técnico e ao Corpo
Especial de Auditores, com o retorno dos autos, após o fim da instrução, a este Ministério
Público de Contas;
4 STF MS 2600.
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6) No mérito, requer o julgamento pela PROCEDÊNCIA da presente
Representação para que se reconheça a irregularidade do Pregão Presencial nº 030/2017 de
Palmeiras do Tocantins e da eventual contratação dele decorrente, com a aplicação das sanções
pertinentes ao caso (especialmente, as contidas nos arts. 38 e s.s., art. 41 da Lei Estadual nº
1.284/2001).
MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL E DE CONTAS, em Palmas/TO, aos
11 dias do mês de setembro de 2017.
Zailon Miranda Labre Rodrigues Procurador-Geral de Contas
Celsimar Custódio Silva Promotor de Justiça
1ª Promotoria de Tocantinópolis